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MAPA DO TRABALHO INFORMAL

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presentado pelos ocupados nos postos de direção,<br />

administração e demais empregados nas<br />

atividades de produção e distribuição dos bens<br />

e serviços.<br />

A segunda forma de inserção da força de trabalho<br />

diz respeito aos segmentos da força de<br />

trabalho que sobraram das necessidades diretas<br />

do processo de acumulação de capital. Nesse<br />

caso, existe uma subdivisão no interior do<br />

excedente de mão-de-obra em relação às necessidades<br />

do capital: o desemprego aberto<br />

(visível) e as ocupações envolvidas com a própria<br />

subsistência (desemprego invisível), em<br />

geral formas capitalistas primitivas ou até précapitalistas<br />

(parte não-organizada do mercado<br />

de trabalho).<br />

Enquanto o segmento de trabalhadores na<br />

condição de desemprego aberto faz diretamente<br />

parte da concorrência no mercado de trabalho,<br />

disputando vagas e, com isso, impondo<br />

resistências maiores à elevação salarial e à<br />

melhoria das condições de trabalho, o segmento<br />

não-organizado do mercado de trabalho termina<br />

quase por não interfer direta e sistematicamente<br />

no acirramento da competição entre<br />

os trabalhadores pelo acesso a vagas. Suas estratégias<br />

de sobrevivência, ainda que rudimentares,<br />

evitam que recorrentemente este segmento<br />

tenha que depender exclusivamente da venda<br />

de sua força de trabalho.<br />

Aqui surge uma terceira consideração: o excedente<br />

de mão-de-obra é constituído por trabalhadores<br />

que sobraram das necessidades diretas<br />

do processo de acumulação de capital, sendo<br />

formado tanto pelo desemprego aberto (visível)<br />

como por trabalhadores que exercem atividades<br />

no máximo associadas ao capitalismo<br />

primitivo, mediante estratégias de sobrevivência<br />

(mercado de trabalho não-organizado).<br />

Embora não seja possível observar grandes<br />

restrições ao funcionamento das atividades do<br />

segmento não-organizado, não é conveniente<br />

entendê-lo como uma parte independente do<br />

sistema econômico capitalista. Tem sido a dinâmica<br />

capitalista o fator que apresenta maior<br />

ou menor capacidade de determinar a existência<br />

e a dimensão das atividades no segmento<br />

não-organizado do mercado de trabalho.<br />

Disso surge então uma quarta consideração:<br />

a parte do excedente de mão-de-obra que exerce<br />

atividades no segmento não-organizado do<br />

<strong>MAPA</strong> <strong>DO</strong> <strong>TRABALHO</strong> <strong>INFORMAL</strong><br />

20<br />

mercado de trabalho é dependente da dinâmica<br />

da acumulação capitalista, assim como da<br />

capacidade de atuação do Estado. Tal capacidade<br />

repercute diretamente sobre a natureza,<br />

a qualidade e a dimensão das ocupações no<br />

segmento não-organizado do mercado de trabalho.<br />

Mais recentemente, contudo, com a rápida e<br />

profunda transformação no capitalismo – por<br />

meio de uma nova onda de inovação no<br />

paradigma tecnológico e das modificações de<br />

produção e organização do trabalho, sobretudo<br />

na grande empresa – têm surgido condições<br />

novas de produção e reprodução de mão-deobra<br />

excedente. Além do desemprego aberto,<br />

há novidades interessantes em relação às<br />

oportunidades ocupacionais no segmento nãoorganizado<br />

do mercado de trabalho.<br />

A terceirização e a subcontratação de mãode-obra,<br />

a organização em redes de produção,<br />

a externalização de partes do processo produtivo<br />

contribuem para a simplificação de tarefas<br />

e ocupações que anteriormente encontravam-se<br />

presentes no interior da grande empresa.<br />

Com isso, ganharam dimensão as ocupações<br />

ligadas diretamente a esse tipo de empresa,<br />

alterando um pouco as características do<br />

segmento não-organizacional.<br />

Dessa forma, chega-se a uma quinta consideração:<br />

no interior do excedente de mão-deobra<br />

podem ser encontradas, mais recentemente,<br />

as ocupações vinculadas diretamente ao<br />

processo capitalista de produção, especialmente<br />

à grande empresa. Com isso, o segmento<br />

não-organizado poderia estar produzindo e reproduzindo<br />

não apenas formas ocupacionais<br />

do capitalismo primitivo, mas também vagas<br />

acionadas pelas grandes empresas.<br />

Em relação às economias periféricas ao<br />

desenvolvimento do centro do capitalismo<br />

mundial – que, em geral, jamais tiveram a<br />

experiência de consolidação das chamadas<br />

sociedades salariais –, prevaleceu a existência<br />

de mercados de trabalho pouco ou quase nada<br />

organizados. Ou seja, a presença do assalariamento,<br />

mesmo quando chegou a ser majoritária,<br />

jamais apresentou força suficiente para<br />

levar à homogeneização das remunerações e<br />

condições de trabalho, conforme as nações<br />

avançadas.

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