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Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Comparação da medida da espessura corneana central com os métodos <strong>de</strong> microscopia especular e paquimetria ultrassônica<br />

79<br />

DISCUSSÃO<br />

A paquimetria tem amplo uso na oftalmologia<br />

atual, sendo utilizada na avaliação <strong>de</strong> doenças corneanas,<br />

no pré e pós-operatório <strong>de</strong> cirurgias intra-oculares, na<br />

avaliação do impacto do uso <strong>de</strong> lentes <strong>de</strong> contato na<br />

córnea, na propedêutica do glaucoma e no planejamento<br />

<strong>de</strong> cirurgia refrativa (1-6) .<br />

No adulto, a espessura da córnea na região central<br />

varia <strong>de</strong> 500 a 570 µ m, obe<strong>de</strong>cendo a uma distribuição<br />

normal (gaussiana), com variações <strong>de</strong> acordo com o<br />

estudo. A espessura corneana é menor na área central,<br />

aumentando em direção à periferia. Nos três mm centrais<br />

a espessura é praticamente constante, enquanto na<br />

periferia a espessura é variável (1,2,7-8) .<br />

A espessura corneana apresenta uma variação<br />

diurna, sendo mais espessa pela manhã, afinando gradualmente<br />

até o entar<strong>de</strong>cer (17h), quando então volta a<br />

ficar mais espessa. Esta variação da espessura corneana<br />

ocorre mesmo com as pálpebras fechadas, não sofrendo<br />

alterações com a mudança do ciclo <strong>de</strong> sono, e parece<br />

estar relacionada ao nível sérico <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong>s (1-2) .<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> um método <strong>de</strong> paquimetria<br />

acurado é muito importante, já que uma espessura subestimada<br />

po<strong>de</strong> levar a exclusão <strong>de</strong> pacientes candidatos<br />

a cirurgia refrativa, enquanto a superestimação po<strong>de</strong><br />

levar ao afinamento inadvertido do leito estromal, aumentando<br />

o risco <strong>de</strong> ectasias corneanas secundárias (1-2) .<br />

A relação entre a espessura corneana central e a<br />

medida da pressão intra-ocular tem sido bastante discutida.<br />

O tonômetro <strong>de</strong> aplanação <strong>de</strong> Goldmann é o padrão-ouro<br />

para a medida da pressão intra-ocular; foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

para córneas <strong>de</strong> espessura central em torno<br />

<strong>de</strong> 520 µ m, po<strong>de</strong>ndo ter variações <strong>de</strong> acordo com a rigi<strong>de</strong>z<br />

e espessura corneana (1,3,7-10) . A medida da ECC tem<br />

gran<strong>de</strong> valor no diagnóstico e acompanhamento <strong>de</strong> pacientes<br />

com hipertensão ocular e glaucoma.<br />

A maioria dos estudos <strong>de</strong>monstra que não há diferença<br />

<strong>de</strong> espessura corneana entre os sexos nem entre<br />

os dois olhos, ou correlação entre a espessura corneana e<br />

o peso <strong>de</strong> nascimento, o astigmatismo corneano, o erro<br />

refracional, a acuida<strong>de</strong> visual, anormalida<strong>de</strong>s retinianas<br />

e do nervo óptico (1,3,7) . Porém, a paquimetria é adversamente<br />

influenciada por mudanças na hidratação da<br />

córnea, alterando sua transparência e gerando uma barreira<br />

à obtenção <strong>de</strong> medidas precisas. (1-2)<br />

Em uma recente metanálise, avaliando a espessura<br />

corneana em olhos consi<strong>de</strong>rados normais, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

300 artigos, os resultados indicaram variação<br />

da espessura corneana <strong>de</strong> 490 µ m a 581 µ m, com o método<br />

<strong>de</strong> paquimetria óptica e média <strong>de</strong> 554 µ m na<br />

Gráfico 1<br />

Média da espessura corneana central em xxm<br />

com os métodos <strong>de</strong> microscopia especular<br />

e paquimetria ultrassônica<br />

Tabela 1<br />

Dados <strong>de</strong>mográficos<br />

Dados<br />

Número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mográficos pacientes (%)<br />

Sexo<br />

Masculino 21(34%)<br />

Feminino 59(66%)<br />

Ida<strong>de</strong> (anos)<br />

15-29 39(49%)<br />

30-49 27(33%)<br />

50-69 14(18%)<br />

Raça<br />

Caucasiano 43(54%)<br />

Negrói<strong>de</strong> 32(40%)<br />

Oriental 5(6%)<br />

Tabela 2<br />

Média e variação da medida da espessura corneana<br />

central com os métodos <strong>de</strong> microscopia especular e<br />

paquimetria ultrassônica<br />

Técnica ECC IC<br />

média( µ m) 95%( µ m)<br />

Microscopia especular 507,25 477,43 - 537<br />

Paquimetria ultrassônica 524,60 494,62 - 554,5<br />

ECC = espessura corneana central;<br />

IC = intervalo <strong>de</strong> confiança<br />

Rev Bras Oftalmol. 2006; 65 (2): 77-81

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