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Mar-Abr - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Causas <strong>de</strong> ambliopia e resultados do tratamento<br />

107<br />

Ganho<br />

Tabela 5<br />

Distribuição do ganho <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual final em<br />

função do intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> oclusão<br />

Intervalo<br />

< 1 ano 1 – 2 anos > 2 anos<br />

1 ou 2 L 7 (23%) 13 (27%) 17 (29%)<br />

3 ou 4 L 9 (30%) 16 (34%) 17 (29%)<br />

> 5 L 14 (46%) 18 (38%) 24 (41%)<br />

Total 30 47 58<br />

oclusão do olho amblíope por um dia apenas.<br />

As crianças foram divididas em grupos segundo o<br />

tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio apresentado e estudadas quanto à melhora<br />

da acuida<strong>de</strong> visual e o tempo <strong>de</strong> tratamento necessário<br />

para esse fim.<br />

Os resultados estão apresentados segundo a Freqüência<br />

<strong>de</strong> Ocorrência e em percentuais.<br />

RESULTADOS<br />

Foram incluídas no estudo 158 crianças, distribuídas<br />

igualmente entre os sexos. Houve necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

exclusão <strong>de</strong> 47 por falta das informações necessárias<br />

nos prontuários <strong>de</strong> atendimento ou não informação da<br />

acuida<strong>de</strong> visual.<br />

O estrabismo foi responsável pela maioria das<br />

causas <strong>de</strong> ambliopia, sendo que 70,2% apresentavam<br />

esotropia (ET), 13,2% exotropia (XT), 0,7% hipertropia<br />

(HT), 4,4% <strong>de</strong>svio horizontal associado ao vertical<br />

(H+V) e 11,4% eram ortofóricos (orto); 6,6% apresentavam<br />

anisometropia, 0,7% catarata congênita e 6,6%<br />

outros diagnósticos (atrofia <strong>de</strong> papila, placa central <strong>de</strong><br />

retinocoroidite ou associação <strong>de</strong> diagnósticos anteriores)<br />

(Gráfico 1).<br />

O início do tratamento se <strong>de</strong>u mais<br />

freqüentemente na faixa dos 4 aos 7 anos.<br />

Foram 135 (85,5%) as crianças que apresentaram<br />

melhora da acuida<strong>de</strong> visual com o tratamento<br />

oclusivo e 23 (14,5%), as que não melhoraram.<br />

Avaliou-se o tempo para melhora da acuida<strong>de</strong><br />

visual com relação à presença e ao tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio ocular<br />

(Tabela 1). O ganho <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual foi mais rápido<br />

nas crianças ortofóricas, sendo que cerca <strong>de</strong> 50% das<br />

crianças tiveram ganho <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual em tempo<br />

menor que 3 meses; <strong>de</strong>ntre as crianças com <strong>de</strong>svio ocular,<br />

o ganho foi mais rápido do que nas com esotropia ou<br />

com <strong>de</strong>svio horizontal associado ao vertical.<br />

Analisando-se a melhora da acuida<strong>de</strong> visual em<br />

função do tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio (Tabela 2), em todos os tipos <strong>de</strong><br />

estrabismo ou nas crianças ortofóricas, o ganho foi, no<br />

mínimo, <strong>de</strong> 84,7%.<br />

Ao término do tratamento, o ganho <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong><br />

visual final foi <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 5 linhas em 83,3% dos <strong>de</strong>svios<br />

horizontal e vertical associados, 62,5% nas ortofóricas e<br />

40,5% nas com esotropia; porém, apenas 16,0% das crianças<br />

com exotropia e nenhuma com hipertropia, tiveram<br />

ganho visual maior que 5 linhas (Tabela 3).<br />

O tempo <strong>de</strong> oclusão foi longo para todos os tipos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>svio, durando mais do que 2 anos (Tabela 4).<br />

Os pacientes que obtiveram melhora da acuida<strong>de</strong><br />

visual, ao final do tratamento oclusivo, foram os tratados<br />

por período maior que 2 anos (Tabela 5).<br />

DISCUSSÃO<br />

O presente estudo não evi<strong>de</strong>nciou diferença estatística<br />

entre os sexos, havendo distribuição eqüitativa<br />

das crianças amblíopes com relação a este parâmetro.<br />

O estrabismo ocupou papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>ntre as<br />

causas <strong>de</strong> ambliopia no presente estudo, sendo esta uma<br />

das causas principais <strong>de</strong> ambliopia, juntamente com as<br />

ametropias. (7)<br />

Com relação ao tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio ocular, tanto no<br />

presente, quanto em estudos anteriores, (8) a esotropia é a<br />

que mais se associa com a presença <strong>de</strong> ambliopia.<br />

Muitas modalida<strong>de</strong>s terapêuticas foram testadas<br />

para tratar a ambliopia, mas a oclusão ainda é a <strong>de</strong> melhores<br />

resultados (11;12) , po<strong>de</strong>ndo ter resultados satisfatórios<br />

mesmo quando as crianças já ultrapassaram os 7 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> (8;13) , como também aqui constatado.<br />

Outros tratamentos po<strong>de</strong>riam ser a “penalização”<br />

com atropina, que produz bons resultados nos casos <strong>de</strong><br />

ambliopia mo<strong>de</strong>rada, <strong>de</strong>vido à sua alta aceitabilida<strong>de</strong><br />

pelos pacientes e pelos pais, po<strong>de</strong>ndo ser empregado<br />

como tratamento primário da ambliopia mo<strong>de</strong>rada e em<br />

final <strong>de</strong> tratamento. Outra opção seria substituir o uso do<br />

oclusor, nos casos em que há reação alérgica na pele,<br />

pelo uso <strong>de</strong> lente <strong>de</strong> contato gelatinosa oclusiva.<br />

Foi possível observar neste estudo que o ganho<br />

visual com o tratamento oclusivo foi mais rápido nos<br />

casos <strong>de</strong> ambliopia ortofórica e esotrópica, com melhora<br />

já nos primeiros meses <strong>de</strong> uso (ganho <strong>de</strong> pelo menos<br />

uma linha <strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual para a maioria das crianças<br />

tratadas), o que estimula muito a a<strong>de</strong>rência ao tratamento.<br />

Há indicações <strong>de</strong> efeito ótimo da oclusão nos primeiros<br />

6 meses <strong>de</strong> tratamento. (8)<br />

Já com relação à quantida<strong>de</strong> do ganho visual, foi<br />

Rev Bras Oftalmol. 2006; 65 (2): 104-8

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