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Reabilitação pós-cirúrgica do ombro - Portal Saude Brasil . com

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Reabilitação pós-cirúrgica <strong>do</strong> <strong>ombro</strong><br />

MARCO ANTONIO CASTRO VEADO 1 , WALACE FLÓRA 2<br />

RESUMO<br />

Os autores apresentam um programa de reabilitação<br />

aplica<strong>do</strong> nas cirurgias <strong>do</strong> <strong>ombro</strong>, de forma individualizada<br />

para os diferentes procedimentos cirúrgicos. Esse programa<br />

caracteriza-se por encaminhamento precoce à fisioterapia,<br />

<strong>com</strong> mobilização articular passiva iniciada logo<br />

após o ato cirúrgico, seguida de exercícios isométricos,<br />

ativos e proprioceptivos, e finalmente exercícios ativo-resisti<strong>do</strong>s.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong> mais satisfatórios, <strong>com</strong><br />

redução <strong>do</strong> tempo de reabilitação, diminuição da incidência<br />

de rigidez articular e maior participação <strong>do</strong> paciente.<br />

O presente artigo é uma <strong>com</strong>unicação provisória, pois terá<br />

um follow-up de <strong>do</strong>is anos, para que sejam testa<strong>do</strong>s os<br />

equívocos, ainda não detecta<strong>do</strong>s, e/ou os limites <strong>do</strong> protocolo<br />

proposto.<br />

SUMMARY<br />

Post-surgical rehabilitation of the shoulder<br />

The authors present a rehabilitation program to be used<br />

in shoulder surgery as an individual basis, in different surgical<br />

procedures. The program is based on early start of physiotherapeutic<br />

treatment, with passive articular movements<br />

being introduced immediately after surgery, followed by<br />

isometrical, active and proprioceptive exercises. Eventually<br />

dynamic resistance exercises are used. The results have been<br />

satisfactory, with a reduction of the rehabilitation time, a<br />

reduction of articular stiffness, and a better participation of<br />

the patient. This paper is a previous <strong>com</strong>munication because<br />

there is less than 2 years of follow-up. Afterwards, the pitfalls<br />

will be checked, as well as the limits of the proposed<br />

program.<br />

1. Prof. da Clín. de Ortop. e Traumatol. <strong>do</strong> Hosp. Univ. São José, da Fac. de<br />

Ciências Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG; Ortop. <strong>do</strong> Hosp.<br />

Mater Dei, Belo Horizonte, MG.<br />

2. Prof. Assist. de Fisioter. <strong>do</strong> Hosp. Univ. São José e <strong>do</strong> Ambulat, Central,<br />

da Fac. de Ciências Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.<br />

Rev Bras Ortop - Vol. 29, Nº 9- Setembro, 1994<br />

O PROGRAMA DE REABILITAÇÃO<br />

O <strong>ombro</strong> é uma estrutura capaz de realizar movimentos<br />

de mais de 180 graus em alguns planos, graças aos movimentos<br />

coordena<strong>do</strong>s das várias articulações que o <strong>com</strong>põem,<br />

e possui a maior liberdade de movimento <strong>do</strong> corpo humano.<br />

Por essa razão, alguns preferem a denominação de <strong>com</strong>plexo<br />

<strong>do</strong> <strong>ombro</strong> (3) , para se referirem às articulações verdadeiras (glenumeral,<br />

acromioclavicular e esternoclavicular) e mecanismos<br />

articulares (escapulotorácico, subacromial e bicipital).<br />

Qualquer distúrbio em uma dessas articulações, ou nesses<br />

mecanismos de deslizamento, pode afetar a coordenação rítmica,<br />

acarretan<strong>do</strong> prejuízos a toda a cintura escapular (4) .<br />

O <strong>ombro</strong> está sujeito à rápida instalação de um quadro<br />

de rigidez e atrofia muscular no perío<strong>do</strong> pós-operatório. É<br />

um <strong>com</strong>plexo articular que precisa constantemente equilibrar<br />

duas forças aparentemente in<strong>com</strong>patíveis (3) : mobilidade<br />

e estabilidade.<br />

Com o volume cirúrgico crescente em nosso serviço,<br />

deparamo-nos <strong>com</strong> o problema da demora no tempo de recuperação<br />

<strong>do</strong>s pacientes opera<strong>do</strong>s. Apesar da correta prescrição<br />

<strong>do</strong>s exercícios pós-operatórios, o encaminhamento à fisioterapia<br />

se fazia tardiamente e ainda havia um hiato de<br />

tempo consideravelmente grande até a admissão no Serviço<br />

de Fisioterapia, devi<strong>do</strong> à grande demanda existente.<br />

Outro fator agravante é a tendência <strong>do</strong>s pacientes, mesmo<br />

que previamente orienta<strong>do</strong>s, a não realizar movimentos<br />

<strong>com</strong> o membro opera<strong>do</strong> e a mantê-lo junto ao corpo. Isto<br />

ocorre particularmente <strong>com</strong> os de meia-idade, os mais i<strong>do</strong>sos<br />

e aqueles psicologicamente deprimi<strong>do</strong>s.<br />

Com o objetivo de prevenir a instalação de uma capsulite<br />

adesiva, que sabemos pode ocorrer em poucas semanas após<br />

a cirurgia, e promover mais rapidamente a reabilitação, passamos<br />

a a<strong>do</strong>tar um programa de tratamento que conta desde<br />

o início <strong>com</strong> a participação efetiva <strong>do</strong> fisioterapeuta.<br />

O programa a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> só se tornou factível devi<strong>do</strong> ao bom<br />

entrosamento existente entre o fisioterapeuta e o cirurgião.<br />

As informações passadas pelo médico ao fisioterapeuta acerca<br />

<strong>do</strong> ato cirúrgico e aquelas que recebe dele a respeito de<br />

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M.A.C. VEADO & W. FLÓRA<br />

Fig. 1<br />

Movimentos<br />

pendulares em<br />

decúbito ventral<br />

Fig. 3 – Rotação externa passiva <strong>com</strong><br />

o uso de bastão<br />

Fig. 4 – Exercício isométrico<br />

de rotação externa<br />

Fig. 2<br />

Elevação passiva<br />

em decúbito <strong>do</strong>rsal<br />

to<strong>do</strong> o processo de tratamento fisioterápico contribuem sobremaneira<br />

para o sucesso.<br />

O paciente interna-se um dia antes <strong>do</strong> previsto para a<br />

operação e recebe a visita <strong>do</strong> fisioterapeuta, que lhe ensina<br />

os exercícios a serem realiza<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> de hospitalização<br />

e presta esclarecimentos adicionais sobre o processo de reabilitação<br />

a que se submeterá posteriormente. Em muitos casos,<br />

o paciente já esta familiariza<strong>do</strong> <strong>com</strong> as técnicas fisioterápicas,<br />

pois já terá cumpri<strong>do</strong> longo perío<strong>do</strong> de tratamento<br />

antes da cirurgia, <strong>com</strong>o é <strong>com</strong>um nos casos de síndrome <strong>do</strong><br />

impacto graus I e II e nas instabilidades atraumáticas (11) .<br />

Cerca de <strong>do</strong>ze horas após o ato cirúrgico, além da visita<br />

<strong>do</strong> cirurgião, o paciente tem a presença <strong>do</strong> fisioterapeuta,<br />

que inicia o trabalho de reabilitação. A tipóia é retirada e são<br />

aplicadas <strong>com</strong>pressas de gelo por 20 a 30 minutos, seguin<strong>do</strong>se<br />

exercícios ativos de flexoextensão de cotovelo e punho e<br />

elevação anterior passiva <strong>do</strong> membro, em duas sessões diárias.<br />

A participação <strong>do</strong> paciente é de fundamental importância<br />

na realização das técnicas auto-assistidas de mobilização.<br />

A elevação anterior passiva é sempre realizada nos primeiros<br />

dias <strong>com</strong> o paciente em decúbito <strong>do</strong>rsal e <strong>com</strong> o cotovelo<br />

fleti<strong>do</strong>, pois dessa maneira diminui-se o braço de alavanca<br />

e pode-se contar <strong>com</strong> a colaboração da gravidade a<br />

partir de 90 graus, dan<strong>do</strong> mais segurança ao paciente, facilitan<strong>do</strong><br />

assim o movimento (4) . Os exercícios pendulares em<br />

662<br />

decúbito ventral ou de pé são de grande valia para aliviar a<br />

<strong>do</strong>r, através <strong>do</strong> relaxamento por tração das estruturas envolvidas,<br />

permitin<strong>do</strong> mobilidade articular mais precocemente (3)<br />

(fig. 1).<br />

Os exercícios passivos são instituí<strong>do</strong>s precocemente visan<strong>do</strong><br />

manutenção e/ou restauração da mobilidade (5,9) .<br />

Exercícios devem ser vistos <strong>com</strong>o potencialmente nocivos,<br />

bem <strong>com</strong>o de grande utilidade na reabilitação <strong>do</strong> <strong>ombro</strong>,<br />

dependen<strong>do</strong> de <strong>com</strong>o são prescritos, deven<strong>do</strong>-se portanto<br />

utilizá-los <strong>com</strong> bastante cautela.<br />

Removi<strong>do</strong> o dreno, estan<strong>do</strong> o paciente bem instruí<strong>do</strong> em<br />

relação aos exercícios autopassivos, e <strong>com</strong> elevação anterior<br />

de amplitude em torno de 120 graus e rotação neutra, é dada<br />

alta hospitalar. Isso ocorre, em geral, em 48 horas (figs. 2 e<br />

3), exceto aos submeti<strong>do</strong>s a artroplastia, que permanecem<br />

mais tempo interna<strong>do</strong>s.<br />

Após a alta hospitalar, o paciente já terá seu lugar garanti<strong>do</strong><br />

no Serviço de Fisioterapia, quan<strong>do</strong> dará continuidade<br />

imediatamente ao trabalho inicia<strong>do</strong> no hospital, sempre a<strong>com</strong>panha<strong>do</strong><br />

pelo monitor de <strong>ombro</strong> e supervisiona<strong>do</strong> pelo fisioterapeuta.<br />

Preceden<strong>do</strong> a mobilização passiva, o programa<br />

terapêutico terá a cada sessão exercícios de relaxamento da<br />

cintura escapular e alongamento <strong>do</strong> trapézio, visan<strong>do</strong> manter<br />

o ritmo escapulotorácico e o abaixamento <strong>do</strong> <strong>ombro</strong> (7) .<br />

O programa terapêutico será acresci<strong>do</strong> de exercícios<br />

isométricos leves, logo na lª semana, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> procedimento<br />

cirúrgico (3,12) . Essa conduta, além de prevenir atrofia<br />

muscular e dar aporte sensorial proprioceptivo, aumenta<br />

a força muscular sem movimento articular, eliminan<strong>do</strong> o agravamento<br />

<strong>do</strong>s sintomas pela atividade dinâmica (3) (fig. 4).<br />

Nos reparos <strong>do</strong> manguito rota<strong>do</strong>r, evitamos exercícios<br />

isométricos para os rota<strong>do</strong>res externos e abdutores, até por<br />

volta da 6ª semana, tempo aproxima<strong>do</strong> de cicatrização <strong>do</strong>s<br />

tendões (11) .<br />

Rev Bras Ortop - Vol 29, N° 9- Setembro, 1994


REABILITAÇÃO PÓS-CIRÚRGICA DO OMBRO<br />

Nas capsuloplastias para<br />

as instabilidades, os isométricos<br />

para abdutores e<br />

rota<strong>do</strong>res externos são inicia<strong>do</strong>s<br />

precocemente, sen<strong>do</strong><br />

que, para os rota<strong>do</strong>res internos,<br />

somente após a 4ª semana.<br />

Vale ressaltar que a<br />

mobilização passiva, nestes<br />

casos, só pode ultrapassar<br />

45 graus de abdução e 20<br />

graus de rotação externa<br />

após a 6ª semana (9) . Nas instabilidades<br />

multidirecionais,<br />

os exercícios de fortalecimento<br />

são prescritos<br />

<strong>com</strong> cautela, <strong>com</strong>eçan<strong>do</strong> somente<br />

aos três meses <strong>com</strong><br />

exercícios isométricos leves<br />

(6,8) .<br />

Nas artroplastias parciais<br />

pós-fratura <strong>com</strong>inutiva<br />

<strong>do</strong> colo <strong>do</strong> úmero, permi-<br />

Fig. 5 – Elevação passiva <strong>com</strong> o cotovelo<br />

estendi<strong>do</strong>, em posição ortostática<br />

timos isométricos suaves para o deltóide e manguito. A rotação<br />

externa passiva deve ser lenta e delicada, respeitan<strong>do</strong> o<br />

limite dita<strong>do</strong> no ato cirúrgico. Movimentação ativa nunca<br />

deve iniciar-se antes da 8 a semana, tempo mínimo exigi<strong>do</strong><br />

para a consolidação das tuberosidades na região metafisária<br />

<strong>do</strong> úmero proximal.<br />

Nos casos em que o paciente não for capaz sequer de<br />

realizar contrações isométricas, um recurso terapêutico coadjuvante<br />

muito útil será a estimulação elétrica mioexcitante,<br />

cuja utilização dar-se-á pelo perío<strong>do</strong> estritamente necessário<br />

para que ele consiga contrair voluntariamente, o que ocorre<br />

após quatro a cinco aplicações.<br />

Na seqüência <strong>do</strong> processo de reabilitação <strong>do</strong> paciente<br />

opera<strong>do</strong>, haverá maior <strong>com</strong>plexidade na realização <strong>do</strong>s exercícios<br />

j<br />

por volta <strong>do</strong> 10° dia. Estan<strong>do</strong> o paciente mais confiante<br />

e <strong>com</strong> menos <strong>do</strong>r, poderá fazer o exercício de elevação<br />

anterior passiva <strong>com</strong> o cotovelo estendi<strong>do</strong>. Por volta <strong>do</strong> 15°<br />

dia, já senta<strong>do</strong> ou de pé, deverá fazer esse mesmo exercício<br />

em plano paralelo ou inclina<strong>do</strong> (fig. 5).<br />

A <strong>do</strong>r é um parâmetro da maior importância no segmento<br />

<strong>do</strong> processo de reabilitação. Sua continuidade deve ser<br />

reavaliada sempre que este sintoma reaparecer ou agravarse.<br />

Rev Bras Ortop – Vol. 29, N° 9 – Setembro, 1994<br />

Fig. 6 – Exercícios<br />

de resistência<br />

dinâmica <strong>com</strong> o uso<br />

de tensor elástico.<br />

Os rota<strong>do</strong>res<br />

externos, rota<strong>do</strong>res<br />

internos, deltóide<br />

anterior e lateral,<br />

bíceps e trapézio<br />

são reabilita<strong>do</strong>s.<br />

O gelo deve ser continuamente usa<strong>do</strong> durante to<strong>do</strong> o processo<br />

de reabilitação, antes e após os exercícios, por seus<br />

efeitos analgésicos e principalmente antiinflamatórios, prevenin<strong>do</strong><br />

aderências secundárias à presença de edema.<br />

A associação de calor profun<strong>do</strong> (ultra-som) e massagens<br />

é de grande valia para manter a cicatriz cirúrgica móvel e<br />

in<strong>do</strong>lor. Diatermia de ondas curtas ou microondas geralmente<br />

são aplicadas sobre <strong>ombro</strong>s que persistem difusa e inespecificamente<br />

<strong>do</strong>lorosos, mas somente após a 3ª semana, quan<strong>do</strong><br />

já houve redução <strong>do</strong> edema.<br />

Outra medida analgésica usada rotineiramente é a<br />

estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que precede<br />

o início de todas as seções de tratamento, enquanto houver<br />

sintoma de <strong>do</strong>r.<br />

A programação terapêutica deve ser seguida no <strong>do</strong>micílio<br />

pelo paciente, que fará uso de gelo e exercícios leves, de<br />

curta duração e pouca repetição, algumas vezes ao dia.<br />

Nas acromioplastias, interrompemos o uso da tipóia por<br />

volta da 3ª semana, quan<strong>do</strong> permitimos a movimentação ativa<br />

global leve <strong>do</strong> <strong>ombro</strong>, exceto nos casos em que não conseguimos<br />

uma sutura segura <strong>do</strong> deltóide no acrômio. A<strong>do</strong>tamos<br />

conduta semelhante nas luxações acromioclaviculares.<br />

Por volta da 6ª semana, nas acromioplastias, e, mais tarde<br />

ainda (8ª a 10ª semanas), nos reparos de manguito, artroplastias,<br />

capsuloplastias anteriores e osteossínteses <strong>do</strong> úmero<br />

proximal, introduzimos exercicios de resistência dinâmica<br />

<strong>com</strong> o tensor elástico. Visam enfatizar o balanço de forças<br />

objetivan<strong>do</strong> corrigir qualquer diferença biomecânica existente<br />

(8) (fig. 6). Ressaltamos que nas instabilidades multidirecionais<br />

os exercícios <strong>com</strong> tensor elástico só são introduzi<strong>do</strong>s<br />

após seis meses. Nesse momento, o paciente deve estar<br />

sem <strong>do</strong>r e <strong>com</strong> ADM <strong>com</strong>pleta ou quase <strong>com</strong>pleta. Utilizamos<br />

esquema de exercícios de baixa tensão e número modera<strong>do</strong><br />

de repetições (5) . A elevação gradual da tensão aumentan<strong>do</strong><br />

primeiramente a distância <strong>do</strong> braço de alavanca e posteriormente<br />

a largura <strong>do</strong> tensor tem por objetivo ganhar, progressiva<br />

e lentamente, resistência muscular, preparan<strong>do</strong> o<br />

paciente para retornar às atividades rotineiras.<br />

663


M.A.C. VEADO & W. FLÓRA<br />

Mobilização passiva e alongamentos da cintura escapular<br />

devem sempre preceder os exercícios ativos resisti<strong>do</strong>s,<br />

pois contribuem para a manutenção da ADM e de flexibilidade<br />

(2,5) (fig. 7).<br />

Os mecanismos de lesão, durante o exercício ativo, devem<br />

ser preveni<strong>do</strong>s, evitan<strong>do</strong>-se produzir isquemia da zona<br />

crítica <strong>do</strong> tendão <strong>do</strong> supra-espinhoso durante a adução extrema,<br />

ou reproduzir inadvertidamente os mecanismos de impacto<br />

durante a abdução (10) . Com a posição de partida sempre<br />

de 15 graus de flexão-abdução, o arco de movimento<br />

ideal para trabalho ativo esta entre 15 e 75 graus, tanto para<br />

elevação anterior, quanto para abdução. A progressão segue<br />

uma seqüência que <strong>com</strong>eça <strong>com</strong> os rota<strong>do</strong>res, avança para os<br />

flexores e termina <strong>com</strong> abdutores e adutores, que são realiza<strong>do</strong>s<br />

em outros planos de movimento que têm tendência a<br />

estressar o manguito (1) . Os músculos escapulotorácicos são<br />

subseqüentemente solicita<strong>do</strong>s para promover um balanço de<br />

força e ativação sincronizada.<br />

Um <strong>com</strong>ponente importante de nossa rotina de reabilitação<br />

pós-cirúrgica <strong>do</strong> <strong>ombro</strong> é a estimulação proprioceptiva.<br />

Ela contribui sobremaneira para a conscientização <strong>do</strong> movimento<br />

e <strong>do</strong> esquema corporal, ao mesmo tempo que dá o<br />

aporte sensorial necessário à proteção articular (5) . Sua introdução<br />

faz-se simultaneamente ao início da movimentação<br />

ativa, através <strong>do</strong> uso de bolas (fig. 8), e segue até que esteja<br />

restabeleci<strong>do</strong> o equilíbrio de forças, ao final <strong>do</strong> processo de<br />

reabilitação.<br />

Fig. 7 – Exercícios de alongamento da<br />

cintura escapular<br />

Fig. 8 – Exercício de estimulação<br />

proprioceptiva<br />

CONCLUSÃO<br />

O êxito <strong>do</strong>s procedimentos cirúrgicos <strong>do</strong> <strong>ombro</strong> deve-se<br />

a quatro princípios básicos:<br />

1) Escolha cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> paciente, que deve estar bastante<br />

motiva<strong>do</strong> e cooperativo;<br />

2) Esclarecimentos ao paciente, pela equipe interdisciplinar,<br />

quanto ao seu prognóstico e tempo de reabilitação.<br />

3) Técnica apurada, entrosamento entre o cirurgião e o<br />

fisioterapeuta e um início precoce <strong>do</strong> processo de reabilitação;<br />

4) Reavaliações constantes e a curtos perío<strong>do</strong>s, pelo cirurgião.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1.<br />

2.<br />

3.<br />

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664 Rev Bras Ortop - Vol 29, N° 9 – Setembro, 1994

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