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O gargalo para as revisões pag. 6 Acesso ao Banco de Ossos:

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Junho 2012<br />

<strong>Acesso</strong> <strong>ao</strong><br />

<strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Ossos</strong>:<br />

O <strong>gargalo</strong><br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> <strong>revisões</strong><br />

<strong>pag</strong>. 6<br />

Everardo, o gran<strong>de</strong> apoio<br />

<strong>para</strong> quem<br />

quer começar<br />

a fazer<br />

pesquisa<br />

científica<br />

<strong>pag</strong>. 16<br />

O Quadril <strong>de</strong> pai <strong>para</strong><br />

filho: <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><br />

Bruno Roos<br />

<strong>pag</strong>. 5<br />

Foto: Diogo Zanatta


Editorial<br />

Ao incluir nesta edição uma ampla matéria sobre a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acesso <strong>ao</strong>s bancos <strong>de</strong> ossos, reclamação <strong>de</strong> muitos médicos<br />

<strong>de</strong> vários Estados, a Socieda<strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ileira <strong>de</strong> Quadril abre uma<br />

discussão necessária e oportuna sobre o tema, à medida que aumenta<br />

o número <strong>de</strong> <strong>revisões</strong> realizad<strong>as</strong> e, consequentemente, a <strong>de</strong>manda por<br />

enxertos ósseos.<br />

A campanha que ora iniciamos <strong>para</strong> mudar a legislação atual,<br />

consi<strong>de</strong>rada draconiana, tem como primeiro objetivo a <strong>de</strong>svinculação<br />

do médico cre<strong>de</strong>nciado do hospital igualmente cre<strong>de</strong>nciado. É que<br />

não tem sentido algum que um especialista em quadril, <strong>de</strong>vidamente<br />

acreditado perante <strong>as</strong> autorida<strong>de</strong>s da Saú<strong>de</strong> a usar material <strong>de</strong> banco <strong>de</strong><br />

ossos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu paciente, seja cre<strong>de</strong>nciado<br />

exclusivamente <strong>para</strong> trabalhar em <strong>de</strong>terminado hospital.<br />

Essa vinculação do ortopedista <strong>ao</strong> hospital torna-se um problema<br />

quando o hospital a que <strong>de</strong>terminado paciente tem acesso por seu<br />

seguro-saú<strong>de</strong> não é aquele no qual o médico está vinculado. E é incrível<br />

que, perante a legislação, um profissional seja consi<strong>de</strong>rado perfeitamente<br />

apto a operar com enxerto em <strong>de</strong>terminado hospital, m<strong>as</strong> não em<br />

outro, como se a mudança <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço afet<strong>as</strong>se sua capacitação do<br />

profissional.<br />

Há outros problem<strong>as</strong> correlatos, a saber: a) os seis bancos <strong>de</strong><br />

ossos existentes no País precisam ter maior capacida<strong>de</strong>, <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

à crescente <strong>de</strong>manda; b) há gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> cre<strong>de</strong>nciar um<br />

hospital perante <strong>as</strong> autorida<strong>de</strong>s da Saú<strong>de</strong>, haja vista experiência <strong>de</strong><br />

hospital da Gran<strong>de</strong> São Paulo que, com condições a<strong>de</strong>quad<strong>as</strong>, não<br />

conseguiu o cre<strong>de</strong>nciamento apesar <strong>de</strong> pleitear por três anos, durante<br />

os quais o processo chegou a ser extraviado em Br<strong>as</strong>ília; c) há que<br />

facilitar o cre<strong>de</strong>nciamento dos ortopedist<strong>as</strong>, pois não tem sentido<br />

que um <strong>de</strong>ntista possa usar enxerto <strong>de</strong> osso em seu consultório e um<br />

ortopedista acreditado após o rigoroso exame da SBOT e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

aceito como <strong>as</strong>sociado da SBQ, não seja autorizado a usar o mesmo<br />

recurso numa revisão total <strong>de</strong> quadril, impedido que está <strong>de</strong> usar<br />

enxerto ósseo cedido por um banco, quando enten<strong>de</strong> que essa técnica<br />

é imperiosa <strong>para</strong> obter um bom resultado.<br />

A campanha será longa, não temos dúvida, m<strong>as</strong> nosso primeiro<br />

objetivo, <strong>para</strong> o qual conclamamos todos os <strong>as</strong>sociados, é a<br />

<strong>de</strong>svinculação do médico <strong>ao</strong> hospital e o segundo <strong>de</strong>smistificar a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um cre<strong>de</strong>nciamento com regr<strong>as</strong> rigoros<strong>as</strong>, pois se um<br />

médico é reconhecidamente capaz <strong>de</strong> fazer uma revisão, não tem<br />

cabimento que seja impedido <strong>de</strong> fazer trabalho idêntico com material<br />

cedido por um banco <strong>de</strong> ossos. Esta há <strong>de</strong> ser a nossa luta.<br />

‘O QUADRIL’ é o informativo<br />

oficial da Socieda<strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ileira<br />

<strong>de</strong> Quadril, publicação<br />

trimestral com tiragem <strong>de</strong> 9.500<br />

exemplares.<br />

Socieda<strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ileira <strong>de</strong> Quadril<br />

Rua D. Adma Jafet, 50, 8º andar<br />

São Paulo/SP<br />

CEP 01308-050<br />

Tel: (11) 3129-7686<br />

www.sbquadril.org.br<br />

Presi<strong>de</strong>nte da SBQ<br />

Sergio Ru<strong>de</strong>lli<br />

Conselho Editorial:<br />

A<strong>de</strong>mir Schuroff (PR)<br />

Milton Roos (RS)<br />

Pedro Ivo <strong>de</strong> Carvalho (RJ)<br />

Comissão Executiva:<br />

André Wever<br />

Edmilson Takata<br />

Henrique M.C. Gurgel<br />

Luc<strong>as</strong> Leite Ribeiro<br />

Marcelo Queiroz<br />

Jornalista Responsável:<br />

Luiz Roberto <strong>de</strong> Souza Queiroz<br />

(MTB 8.318)<br />

Textos e edição:<br />

Luiz Roberto <strong>de</strong> Souza Queiroz<br />

Táta Gago Coutinho<br />

Projeto gráfico:<br />

Alexandre <strong>de</strong> Paula Campos<br />

Produção:<br />

LRSQ Comunicação Empresarial<br />

www.lrsq.com.br<br />

As opiniões manifestad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong><br />

e nos artigos <strong>as</strong>sinados não refletem,<br />

necessariamente, a opinião da diretoria<br />

da SBQ.<br />

Reprodução permitida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada<br />

a fonte.<br />

O Quadril Junho 2012 3


O Quadril <strong>de</strong> pai <strong>para</strong> filho<br />

Filho do ortopedista Milton Roos, o Dr. Bruno D. Roos conta no <strong>de</strong>poimento abaixo porque<br />

escolheu a mesma profissão do pai. Esta foi a história escolhida <strong>para</strong> inaugurar uma nova coluna.<br />

Medicina, especificamente<br />

A a Ortopedia, começou cedo<br />

na minha vida. Quando criança,<br />

com 4 ou 5 anos, nos fins <strong>de</strong><br />

semana frequentava os hospitais<br />

on<strong>de</strong> meu pai p<strong>as</strong>sava visita<br />

<strong>ao</strong>s pacientes. A clínica on<strong>de</strong><br />

trabalhamos (Pronto Socorro <strong>de</strong><br />

Fratur<strong>as</strong>, hoje Hospital Ortopédico<br />

<strong>de</strong> P<strong>as</strong>so Fundo) ficava então<br />

diante do Colégio Nossa Sra. da<br />

Conceição, no qual estu<strong>de</strong>i qu<strong>as</strong>e<br />

toda minha vida. Sempre foi meu<br />

‘refúgio’ após <strong>as</strong> aul<strong>as</strong>, ou quando<br />

acontecia alguma intercorrência<br />

no recreio (cortes,fratur<strong>as</strong> e outros<br />

traum<strong>as</strong>). Certamente estes fatos<br />

influenciaram inconscientemente<br />

minha tendência <strong>para</strong> a Medicina.<br />

A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fazer vestibular<br />

<strong>para</strong> Medicina veio com força<br />

no 3º ano do Ensino Médio, na<br />

hora <strong>de</strong> me inscrever <strong>para</strong> os<br />

concursos. Residia em Porto<br />

Alegre, on<strong>de</strong> estu<strong>de</strong>i no Colégio<br />

Rosário, que, por coincidência,<br />

foi o mesmo colégio on<strong>de</strong> meu<br />

pai fez o<br />

‘Científico’.<br />

Tive a<br />

felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser aprovado<br />

em meu<br />

primeiro vestibular na PUC/<br />

RS no ano <strong>de</strong> 2000. Foi lá meu<br />

primeiro contato prático com<br />

a especialida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

fazer residência na área. Em 2006<br />

comecei no Hospital Ortopédico<br />

<strong>de</strong> P<strong>as</strong>so Fundo, em 2009 fiz a<br />

subespecialização em Cirurgia<br />

do Quadril e, em 2010 fiz alguns<br />

estágios no Br<strong>as</strong>il e no exterior<br />

com coleg<strong>as</strong> que me abriram<br />

<strong>as</strong> port<strong>as</strong> <strong>para</strong> novos conceitos<br />

<strong>de</strong> Artropl<strong>as</strong>tia e Artroscopia<br />

do Quadril (Paulo Alencar,<br />

A<strong>de</strong>mir Schuroff, Marco Pedroni,<br />

Henrique Cabrita, Allan Gross e<br />

Thom<strong>as</strong> Byrd).<br />

Apesar <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação<br />

à Ortopedia, meu pai sempre<br />

falava <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s às<br />

quais é afeito. Creio que sua<br />

influência sobre minha escolha<br />

foi menos verbal e muito mais<br />

pelo exemplo. Minh<strong>as</strong> irmãs<br />

Gabriele e Francine, foram mais<br />

influenciad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s não<br />

médic<strong>as</strong> e uma é Arquiteta e outra<br />

Engenheira.<br />

O fato <strong>de</strong> trabalharmos juntos,<br />

na mesma subespecialida<strong>de</strong> tem<br />

seus prós, e também contr<strong>as</strong>. A<br />

vantagem da experiência em uma<br />

discussão <strong>de</strong> c<strong>as</strong>os complexos, o<br />

conhecimento da direção a seguir<br />

no âmbito geral da profissão,<br />

a análise crítica <strong>de</strong> conceitos<br />

ditos ‘mo<strong>de</strong>rnos’ em ortopedia<br />

são auxílios importantes. Os<br />

prejulgamentos e inevitáveis<br />

com<strong>para</strong>ções ocorrem, porém<br />

com frequência, m<strong>as</strong> são<br />

superados sem dificulda<strong>de</strong>.<br />

Neste curto período a que me<br />

<strong>de</strong>dico à profissão, a Cirurgia do<br />

Quadril superou <strong>as</strong> expectativ<strong>as</strong><br />

iniciais. O <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

Cirurgia Preservadora do Quadril<br />

com soluções <strong>para</strong> patologi<strong>as</strong> do<br />

paciente jovem e <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> opções<br />

<strong>de</strong> superfícies dos implantes<br />

ortopédicos são <strong>as</strong>suntos<br />

extremamente recentes e muito<br />

entusi<strong>as</strong>mantes e <strong>as</strong> novida<strong>de</strong>s<br />

estimulantes <strong>de</strong> todo jovem<br />

cirurgião. Nunca esqueço um dos<br />

principais conselhos <strong>de</strong> meu pai,<br />

que sempre buscou a inovação na<br />

Cirurgia do Quadril, porém com<br />

olhar crítico: “É preciso ser muito<br />

cauteloso com o que<br />

tem menos <strong>de</strong> 10<br />

anos <strong>de</strong> história em<br />

Ortopedia”.<br />

Bruno D. Roos<br />

Foto: Diogo Zanatta<br />

Du<strong>as</strong> gerações unid<strong>as</strong> pelo Quadril<br />

O Quadril Junho 2012 5


Capa<br />

<strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Ossos</strong>: aumento do número <strong>de</strong><br />

aumento do número <strong>de</strong><br />

O <strong>revisões</strong> <strong>de</strong> próteses, que<br />

ten<strong>de</strong> a crescer ainda mais, torna<br />

necessário o cad<strong>as</strong>tramento <strong>de</strong><br />

maior número <strong>de</strong> ortopedist<strong>as</strong> e<br />

<strong>de</strong> hospitais junto <strong>ao</strong>s bancos <strong>de</strong><br />

ossos, m<strong>as</strong> muitos especialist<strong>as</strong><br />

não conseguem se cad<strong>as</strong>trar diante<br />

da complexida<strong>de</strong> do processo,<br />

b<strong>as</strong>tante burocrático e <strong>de</strong>morado.<br />

A opinião é <strong>de</strong> Emerson Honda,<br />

da Santa C<strong>as</strong>a <strong>de</strong> São Paulo que,<br />

juntamente com Cleber Furlan, da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC,<br />

<strong>as</strong>sumiu o ‘Projeto Cad<strong>as</strong>tramento<br />

<strong>ao</strong> <strong>Banco</strong> <strong>de</strong> <strong>Ossos</strong>’, que está<br />

sendo implementado pela nova<br />

gestão da SBQ.<br />

O objetivo do Projeto é amplo,<br />

conseguir que maior número <strong>de</strong><br />

ortopedist<strong>as</strong> se cad<strong>as</strong>tre facilitando<br />

o acesso às informações <strong>para</strong> tal,<br />

mostrar às autorida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais<br />

que <strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s impost<strong>as</strong> <strong>ao</strong><br />

cad<strong>as</strong>tramento estão impedindo<br />

o correto atendimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> pacientes e ampliar<br />

a capacida<strong>de</strong> dos bancos<br />

<strong>de</strong> ossos, pois os seis<br />

em funcionamento,<br />

todos no Centro-Sul –<br />

Paraná, São Paulo, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro e Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul - precisam<br />

fornecer material<br />

Emerson Honda<br />

<strong>para</strong> operações realizad<strong>as</strong> em<br />

Estados que não contam com<br />

bancos, o que sacrifica os estoques<br />

existentes, que já são poucos.<br />

Na visão <strong>de</strong> Paulo Alencar,<br />

cujo banco foi o primeiro<br />

do Br<strong>as</strong>il a ser autorizado<br />

pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, “a<br />

visão do Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

precisa evoluir um pouco neste<br />

<strong>as</strong>pecto, <strong>as</strong> Portari<strong>as</strong> precisam<br />

ser atualizad<strong>as</strong> <strong>para</strong> aumentar o<br />

número <strong>de</strong> cirurgi<strong>as</strong> que usam<br />

os bancos <strong>de</strong> ossos”. Para ele,<br />

<strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> da legislação são<br />

muito rigoros<strong>as</strong>, <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iadamente<br />

rígid<strong>as</strong> e sua esperança é que <strong>as</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s, <strong>as</strong>sessorad<strong>as</strong> pelo<br />

INTO, modifiquem a legislação<br />

<strong>para</strong> que maior número <strong>de</strong><br />

ortopedist<strong>as</strong> possa se valer da<br />

facilida<strong>de</strong> representada pelos<br />

enxertos ósseos.<br />

Na situação atual, muitos<br />

ortopedist<strong>as</strong> e hospitais sequer<br />

tentam o cre<strong>de</strong>nciamento, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> informados da experiência<br />

negativa dos coleg<strong>as</strong> que,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> terem dado<br />

entrada no processo, tiveram o<br />

cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong>negado, sem<br />

informação do por que.<br />

Também atr<strong>as</strong>a o<br />

cre<strong>de</strong>nciamento do médico o fato<br />

do hospital em que trabalha não<br />

ser cre<strong>de</strong>nciado, pois no Br<strong>as</strong>il se<br />

exige o cre<strong>de</strong>nciamento da equipe<br />

médica e, se<strong>para</strong>damente, do<br />

hospital, que é mais complicado<br />

e <strong>de</strong>morado ainda. Afinal,<br />

reclamam os médicos, os <strong>de</strong>ntist<strong>as</strong><br />

po<strong>de</strong>m trabalhar com enxerto<br />

ósseo no próprio consultório<br />

e não se explica porque um<br />

hospital tem que se submeter a<br />

um exigente processo <strong>para</strong> se<br />

cre<strong>de</strong>nciar. “Dois pesos, du<strong>as</strong><br />

medid<strong>as</strong>”, diz Paulo Alencar.<br />

No c<strong>as</strong>o dos ortopedist<strong>as</strong>,<br />

a opinião geral é que exige<br />

muito mais responsabilida<strong>de</strong><br />

e capacitação tirar um enxerto<br />

do ilíaco do paciente do que<br />

usar material <strong>de</strong> banco, m<strong>as</strong><br />

a legislação dificulta esse<br />

procedimento, sem levar em<br />

conta que os ortopedist<strong>as</strong> são<br />

altamente capacitados e que,<br />

<strong>para</strong> que possam usar o título <strong>de</strong><br />

especialista, se submetem a um<br />

dos mais rigorosos exames <strong>de</strong>ntre<br />

os d<strong>as</strong> especialida<strong>de</strong>s médic<strong>as</strong>.<br />

Em São Paulo, o ‘<strong>Banco</strong> <strong>de</strong><br />

Tecido Musculoesquelético<br />

da Santa C<strong>as</strong>a’, que funciona<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995, chegou a pre<strong>para</strong>r<br />

uma apostila dando o que<br />

internamente é chamado <strong>de</strong> o<br />

caminho d<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong>, que indica<br />

como se cad<strong>as</strong>trar no ‘Sistema<br />

Nacional <strong>de</strong> Transplantes’.<br />

É preciso formular o processo<br />

<strong>de</strong> pedido <strong>de</strong> autorização <strong>de</strong><br />

equipe e ou estabelecimento,<br />

se<strong>para</strong>damente, preencher o<br />

formulário <strong>de</strong> autorização (check<br />

list) na modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada<br />

– órgão, tecido, banco, busca<br />

ativa e captação ou retirada <strong>de</strong><br />

tecido ocular – e <strong>para</strong> cada item<br />

<strong>de</strong>ve-se anexar <strong>ao</strong> processo uma<br />

<strong>de</strong>claração ou comprovante<br />

do que está sendo <strong>as</strong>sinalado e<br />

encaminhar o processo à Central<br />

<strong>de</strong> Transplantes do Estado.<br />

Aprovado na Central <strong>de</strong><br />

Transplantes, que é vinculada à<br />

Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, o<br />

processo é encaminhado <strong>ao</strong> SNT<br />

que, c<strong>as</strong>o não haja pendênci<strong>as</strong>,<br />

agenda a vistoria técnica,<br />

<strong>de</strong>pois do que o Diário Oficial<br />

da União publica a Portaria <strong>de</strong><br />

Autorização.<br />

Para o cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong><br />

um ortopedista, o processo<br />

O Quadril Junho 2012


cad<strong>as</strong>trados é necessida<strong>de</strong> premente<br />

<strong>de</strong>mora cerca <strong>de</strong> três meses,<br />

m<strong>as</strong> o cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong> um<br />

hospital geralmente é mais<br />

<strong>de</strong>morado. Já <strong>para</strong> renovação<br />

da autorização, o procedimento<br />

inclui a apresentação <strong>de</strong> certidão<br />

negativa <strong>de</strong> infração ética dos<br />

membros da equipe, e revisão da<br />

nominata que integra a equipe,<br />

juntamente com a documentação<br />

relativa a eventuais novos<br />

membros. C<strong>as</strong>o a renovação não<br />

seja feita três meses antes da<br />

data, o cre<strong>de</strong>nciamento per<strong>de</strong> a<br />

valida<strong>de</strong> e é necessário recomeçar<br />

o processo da estaca zero.<br />

Na prática, o caminho é muito<br />

mais complexo, o site<br />

www.sau<strong>de</strong>.gov.br, do Ministério,<br />

não é amigável, no c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> São<br />

Paulo o site www.sau<strong>de</strong>.gov.br/<br />

transplantes indica como resposta<br />

que ‘o site não está disponível’<br />

e um hospital da Gran<strong>de</strong> São<br />

Paulo, ligado a uma Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Medicina, tentou por quatro<br />

vezes o cre<strong>de</strong>nciamento da<br />

equipe e do hospital e acabou<br />

<strong>de</strong>sistindo, <strong>de</strong>pois que o<br />

processo se extraviou nos órgãos<br />

governamentais e, refeito, não<br />

resultou em qualquer resposta.<br />

“É impossível sequer r<strong>as</strong>trear<br />

on<strong>de</strong> e como está o processo e<br />

muito menos saber por que não<br />

foi aprovado”, diz o médico<br />

responsável.<br />

Sem solução, o hospital, <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e fila <strong>de</strong> espera<br />

no setor <strong>de</strong> Ortopedia tem que<br />

dispensar os pacientes que<br />

precisam <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> osso,<br />

crianç<strong>as</strong> com tumores ou adultos<br />

que buscam revisão <strong>de</strong> prótese<br />

com o osso já muito prejudicado,<br />

que se tornam <strong>de</strong>ficientes<br />

crônicos, quando a Medicina tem<br />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> condições <strong>de</strong> recuperálos,<br />

m<strong>as</strong> não po<strong>de</strong>, por excesso<br />

<strong>de</strong> burocracia.<br />

Falta captação <strong>de</strong> ossos<br />

Pelo seu tamanho o Br<strong>as</strong>il<br />

tem carência <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> ossos,<br />

pois o País só conta com o mais<br />

antigo, <strong>de</strong> Curitiba, outro em<br />

P<strong>as</strong>so Fundo, no Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Sul, o banco do INTO do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, um em Marília, no Interior<br />

<strong>de</strong> São Paulo e dois na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo, da Santa C<strong>as</strong>a e do<br />

Hospital d<strong>as</strong> Clínic<strong>as</strong>.<br />

A queixa dos responsáveis<br />

por todos os bancos é o baixo<br />

número <strong>de</strong> captações e um dos<br />

administradores lembra que<br />

“após <strong>as</strong> novel<strong>as</strong> <strong>de</strong> televisão<br />

que exploraram o transplante<br />

<strong>de</strong> córnea e a divulgação pela<br />

mídia dos transplantes <strong>de</strong> rim, <strong>de</strong><br />

coração e <strong>de</strong> pulmão, tornou-se<br />

mais comum a doação <strong>de</strong> órgãos,<br />

m<strong>as</strong> não doação <strong>de</strong> ossos, que a<br />

maioria da população nem sequer<br />

sabe que é possível”.<br />

Os bancos tem dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> captar ossos, que geralmente<br />

são os ossos longos, fêmur,<br />

úmero, ilíaco, entre outros e,<br />

mesmo captado, o osso fica<br />

em quarentena, congelado no<br />

banco, pois são necessários<br />

exames acurados <strong>para</strong> verificar<br />

se é hígido, se não há doenç<strong>as</strong>,<br />

<strong>para</strong> só então seracrescentado<br />

<strong>ao</strong> estoque, explica Paulo<br />

Alencar.<br />

Outro problema é<br />

<strong>de</strong>corrente do crescimento<br />

da <strong>de</strong>manda, sem a<br />

criação <strong>de</strong> novos<br />

bancos <strong>de</strong> ossos, o<br />

que sobrecarrega<br />

os seis bancos<br />

existentes. É<br />

b<strong>as</strong>tante comum<br />

que uma equipe <strong>de</strong> um hospital<br />

cre<strong>de</strong>nciado, m<strong>as</strong> num Estado<br />

que não tem banco <strong>de</strong> ossos<br />

peça o envio <strong>de</strong> material <strong>de</strong> um<br />

banco paulista ou do INTO que,<br />

com isso, p<strong>as</strong>sa a ter seu estoque<br />

reduzido. Com a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conseguir ossos <strong>de</strong> bancos, o<br />

prejudicado é o paciente, insiste<br />

Emerson Honda, pois n<strong>as</strong> <strong>revisões</strong><br />

frequentemente se usa cimento<br />

<strong>para</strong> refazer o osso <strong>de</strong>struído,<br />

quando o uso <strong>de</strong> osso seria mais<br />

indicado. Ou então se usam os<br />

chamados substitutos ósseos<br />

que tem custo muito elevado e<br />

resultados ainda imprevisíveis.<br />

Por tudo isso a Socieda<strong>de</strong><br />

Br<strong>as</strong>ileira <strong>de</strong> Quadril está<br />

trabalhando no sentido <strong>de</strong><br />

aumentar o número <strong>de</strong> <strong>as</strong>sociados<br />

cre<strong>de</strong>nciados junto <strong>ao</strong>s bancos <strong>de</strong><br />

ossos, planejar cursos <strong>de</strong> Revisão<br />

e Técnic<strong>as</strong> com ossos <strong>de</strong> bancos,<br />

e disponibilizar <strong>as</strong> informações<br />

necessári<strong>as</strong> <strong>para</strong> o cad<strong>as</strong>tramento,<br />

m<strong>as</strong> também se propõe a procurar<br />

<strong>as</strong> autorida<strong>de</strong>s e mostrar que<br />

o excesso <strong>de</strong> exigênci<strong>as</strong> está<br />

aumentando a <strong>de</strong>manda reprimida<br />

e impedindo o tratamento<br />

<strong>de</strong> uma parcela da<br />

população que<br />

po<strong>de</strong>ria voltar a ser<br />

ativa e produtiva se<br />

pu<strong>de</strong>sse receber o<br />

transplante <strong>de</strong> osso<br />

<strong>de</strong> que necessita.<br />

Cleber Furlan<br />

O Quadril Junho 2012


Outra i<strong>de</strong>ia é criar links<br />

on<strong>de</strong> os ortopedist<strong>as</strong> possam ter<br />

uma espécie <strong>de</strong> ‘va<strong>de</strong> mecum’<br />

que indique, p<strong>as</strong>so a p<strong>as</strong>so,<br />

como obter cada um dos muitos<br />

documentos que são exigidos<br />

<strong>para</strong> o cre<strong>de</strong>nciamento d<strong>as</strong><br />

equipes. Isso apen<strong>as</strong> amenizará o<br />

problema, que pe<strong>de</strong> uma solução<br />

ampla, bem discutida e analisada.<br />

A SBQ enten<strong>de</strong> que sua missão é<br />

promover essa discussão.<br />

A discussão, inclusive com<br />

a socieda<strong>de</strong>, nunca aconteceu,<br />

diz Cleber Furlan, envolvido no<br />

projeto da SBQ, que também<br />

trabalha num hospital que por<br />

três anos tentou inutilmente<br />

seu cre<strong>de</strong>nciamento junto <strong>ao</strong><br />

Ministério e não o conseguiu,<br />

sem jamais receber uma negativa<br />

formal ou uma explicação sobre<br />

o porquê da <strong>para</strong>lização do<br />

processo. Como o hospital em<br />

que trabalha é <strong>de</strong> São Paulo e<br />

tem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> condições <strong>para</strong> usar<br />

ossos <strong>de</strong> bancos com absoluta<br />

segurança, m<strong>as</strong> mesmo <strong>as</strong>sim<br />

não consegue vencer a barreira<br />

burocrática, ele se pergunta como<br />

<strong>de</strong>ve ser muito mais difícil a<br />

tratativa com o Governo quando<br />

se trata <strong>de</strong> um hospital <strong>de</strong> um<br />

Estado menos <strong>de</strong>senvolvido<br />

e conclui: “<strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s<br />

burocrátic<strong>as</strong> estão impedindo<br />

que prestemos os serviços <strong>para</strong> os<br />

quais fomos treinados e estamos<br />

capacitados”.<br />

Fale Direto com a SBQ<br />

A SBQ abre,<br />

com esta nova<br />

sessão <strong>de</strong><br />

‘O QUADRIL’, um espaço<br />

permanente <strong>para</strong> que<br />

os <strong>as</strong>sociados possam<br />

fazer su<strong>as</strong> colocações, comentários,<br />

reclamações ou encaminhar su<strong>as</strong><br />

sugestões à Diretoria.<br />

O en<strong>de</strong>reço é www.sbquadril.org.br<br />

e o primeiro a utilizar o novo canal<br />

foi Raul Almeida, <strong>de</strong> São Luiz, do<br />

Maranhão.<br />

O resultado <strong>de</strong> sua manifestação é<br />

a ampla reportagem sobre <strong>Banco</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Ossos</strong>, que você acabou <strong>de</strong> ler.<br />

Aguardamos outr<strong>as</strong> contribuições.<br />

A mensagem do Raul<br />

“Resido e trabalho em São Luiz (MA) e atualmente<br />

estou com <strong>de</strong>manda crescente <strong>de</strong> c<strong>as</strong>os complexos<br />

<strong>de</strong> revisão com gran<strong>de</strong> perda óssea e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uso <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> osso. Sei que este é um problema<br />

que <strong>as</strong>sola todo o País e limita a solução <strong>para</strong> muitos<br />

c<strong>as</strong>os.<br />

Gostaria <strong>de</strong> discutir com a direção da SBQ uma<br />

solução <strong>para</strong> os c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> <strong>revisões</strong> com gran<strong>de</strong> perda<br />

óssea.<br />

Tenho algum<strong>as</strong> dúvid<strong>as</strong>:<br />

a) Como receber osso <strong>de</strong> banco <strong>para</strong> os c<strong>as</strong>os <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> falha óssea<br />

b) A quem solicitar<br />

c) Como solicitar e quem arca com os custos<br />

O convênio O paciente<br />

d) O que precisamos fazer <strong>para</strong> criar um banco <strong>de</strong><br />

osso na nossa cida<strong>de</strong><br />

Des<strong>de</strong> já agra<strong>de</strong>ço e espero ansiosamente pela<br />

ajuda da SBQ”.<br />

Raul Almeida - CRM 5702 - EOT 9978<br />

Ortopedia e Traumatologia Cirurgia do Quadril<br />

e Joelho - dr.raulalmeida@gmail.com<br />

8<br />

O Quadril Junho 2012


O Quadril Junho 2012<br />

9


Jornada <strong>de</strong> Cirurgia Preservadora e<br />

Artroscopia do Quadril teve 130 inscritos<br />

Foto: Cristiano Sant’Anna/índicefoto.com<br />

Da esquerda <strong>para</strong> direita: Marcus Crestani, Marco Teloken, Bernardo Aguilera,<br />

Bryan Kelly, Martin Beck, Dante Parodi e Paulo Gusmão<br />

cirurgia preservadora do<br />

A quadril, voltada <strong>para</strong>a<br />

prevenção e tratamento precoce<br />

<strong>de</strong> doenç<strong>as</strong> com potencial risco<br />

<strong>de</strong> artrose foi o tema central<br />

da ‘III Jornada <strong>de</strong> Cirurgia<br />

Preservadora e Artroscopia do<br />

Quadril’, realizada no Hospital<br />

Moinhos <strong>de</strong> Vento, em Porto<br />

Alegre.<br />

Para o presi<strong>de</strong>nte do<br />

evento, Marco Teloken, foi<br />

uma feliz surpresa o gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> cirurgiões e<br />

fisioterapeut<strong>as</strong> presentes, o que<br />

indica o crescente interesse<br />

dos especialist<strong>as</strong> “n<strong>as</strong> nov<strong>as</strong><br />

tecnologi<strong>as</strong> e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> pacientes entre a<br />

segunda e sexta décad<strong>as</strong> <strong>de</strong> vida,<br />

sem a utilização <strong>de</strong> próteses”.<br />

Além <strong>de</strong> renomados<br />

especialist<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileiros, a Jornada<br />

contou com a participação do suíço<br />

Martin Beck, dos norte-americanos<br />

Bryan Kelly e Keelan Enseki,<br />

este especialista em reabilitação,<br />

do chileno Dante Parodi e do<br />

colombiano Bernardo Aguilera.<br />

Realizado nos di<strong>as</strong> 27 e 28<br />

<strong>de</strong> abril, o evento foi o fórum<br />

<strong>de</strong> discussões sobre impacto<br />

femoroacetabular, lesões do<br />

labrum acetabular, displ<strong>as</strong>ia do<br />

quadril entre outros. Além <strong>de</strong><br />

nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> e atualização sobre<br />

procedimentos preservadores<br />

que incluem a artroscopia do<br />

quadril, osteotomi<strong>as</strong> da pelve e<br />

do fêmur. Marco Teloken lembra<br />

que os sintom<strong>as</strong> relacionados com<br />

o quadril merecem sempre ser<br />

investigados justamente <strong>para</strong> que<br />

o diagnóstico precoce possa ser<br />

estabelecido.<br />

Enfatiza, todavia, que cada<br />

vez mais os ortopedist<strong>as</strong> estão<br />

recebendo em seus consultórios<br />

pacientes mais jovens com<br />

problem<strong>as</strong> com potencial risco<br />

<strong>de</strong> progredir <strong>para</strong> a artrose. “São<br />

atlet<strong>as</strong> <strong>de</strong> alta performance ou<br />

amadores, jogadores <strong>de</strong> futebol,<br />

tenist<strong>as</strong>, praticantes <strong>de</strong> artes<br />

marciais, bailarin<strong>as</strong> com pequenos<br />

problem<strong>as</strong>, que po<strong>de</strong>m se agravar<br />

<strong>ao</strong> longo dos anos. A ‘III Jornada <strong>de</strong><br />

Cirurgia Preservadora e Artroscopia<br />

do Quadril’ teve como objetivo<br />

justamente trazer <strong>ao</strong>s ortopedist<strong>as</strong><br />

br<strong>as</strong>ileiros a mais completa<br />

informação sobre o diagnóstico e o<br />

tratamento <strong>de</strong>sses problem<strong>as</strong>.<br />

10<br />

O Quadril Junho 2012


Auditório lotado no<br />

no Congresso Internacional<br />

gran<strong>de</strong> auditório do InstitutoSírio-Libanês<br />

O <strong>de</strong> Ensino e Pesquisa, em São Paulo, ficou<br />

lotado <strong>para</strong> o ‘XIII Congresso Internacional em<br />

Cirurgia Avançada do Quadril’, que teve cerca <strong>de</strong><br />

300 ortopedist<strong>as</strong> <strong>de</strong> todo o Br<strong>as</strong>il inscritos, parte dos<br />

quais participou igualmente dos dois workshops que<br />

ocorreram simultaneamente.<br />

O evento, coor<strong>de</strong>nado por Sergio Ru<strong>de</strong>lli e<br />

Emerson Honda teve o apoio <strong>de</strong> vári<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> do<br />

setor, que montaram seus estan<strong>de</strong>s no saguão do IEP,<br />

entre <strong>as</strong> quais a Bayer, Zimmer, Lima, Stryker, Proind,<br />

além da presença <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> estan<strong>de</strong> da Livraria<br />

RebrameD Livros Científicos, com mais <strong>de</strong> 80 títulos<br />

<strong>de</strong> obr<strong>as</strong> sobre Ortopedia e Quadril, cujo responsável<br />

comemorou <strong>as</strong> bo<strong>as</strong> vend<strong>as</strong> que realizou.<br />

Além dos palestrantes nacionais, seis<br />

conferencist<strong>as</strong> internacionais partici<strong>para</strong>m do evento,<br />

Rafael Sierra, da Mayo Clinic, Roberto Giacometti, do<br />

Instituto Ortopedico Galeazzi, <strong>de</strong> Milão, Tim Chesser,<br />

da University of Bristol, Graham Gie, John Timperley<br />

e John Charity, do hospital Princess Elizabeth.<br />

Workshop<br />

<strong>de</strong> revisão<br />

com enxerto<br />

impactado PTQ<br />

Fotos: Fabio Moreira Salles<br />

Sergio Ru<strong>de</strong>lli e<br />

Emerson Honda, os<br />

coor<strong>de</strong>nadores.<br />

José Carlos Affonso Ferreira,<br />

Pedro Ivo <strong>de</strong> Carvalho e Emílio<br />

<strong>de</strong> Almendra Freit<strong>as</strong>, num raro<br />

momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração.<br />

A programação <strong>de</strong> três di<strong>as</strong> foi tão intensa, que<br />

cada palestrante tinha apen<strong>as</strong> 15 minutos <strong>para</strong> expor<br />

seu tema, entre os quais o tratamento d<strong>as</strong> fratur<strong>as</strong><br />

trocanterian<strong>as</strong>, a cirurgia artroscópica como opção<br />

<strong>para</strong> retardar ou evitar a indicação <strong>de</strong> uma prótese<br />

total, a técnica <strong>de</strong> cimentação e sua importância<br />

clínica, a experiência com prótese total metal x<br />

metal, os resultados da prótese Exeter no mundo, a<br />

recriação da biomecânica do quadril com próteses<br />

cimentad<strong>as</strong>, além <strong>de</strong> quatro mes<strong>as</strong>redond<strong>as</strong><br />

sobre prótese primária do<br />

quadril, revisão <strong>de</strong> PTQ, cimentada<br />

x não cimentada n<strong>as</strong> primári<strong>as</strong> e<br />

n<strong>as</strong> <strong>revisões</strong> <strong>de</strong> PTQe patologi<strong>as</strong><br />

incomuns na indicação <strong>de</strong> prótese<br />

total do quadril.<br />

O workshop do primeiro dia<br />

foi sobre ‘Prótese Primária Exeter’,<br />

e contou com a participação <strong>de</strong><br />

Graham Gie, Emerson Honda, John<br />

Charity e Rodrigo Guimarães e o<br />

tema do segundo dia foi ‘Revisão<br />

com enxerto impactado na prótese total do quadril’,<br />

com John Timperley, Emerson Honda, John Charity e<br />

Rodrigo Guimarães.<br />

O Quadril Junho 2012 11


Regionais<br />

NORTE-NORDESTE<br />

Centro-Oeste<br />

Para reduzir complicações, a Regional<br />

quer capacitar mais ortopedist<strong>as</strong><br />

presi<strong>de</strong>nte da Regional<br />

O Centro-Oeste, Ernesto<br />

Rodrigues Gama, comprovou que<br />

em alguns Estados em que há<br />

reduzido número <strong>de</strong> ortopedist<strong>as</strong><br />

especializados em quadril, <strong>as</strong><br />

operações têm sido feit<strong>as</strong> por<br />

médicos sem essa especialização,<br />

profissionais que fazem menos<br />

<strong>de</strong> 10 intervenções <strong>de</strong>sse tipo por<br />

ano e o resultado é que é bem<br />

maior que o esperado o número<br />

<strong>de</strong> complicações.<br />

A conclusão levou a Regional,<br />

cuja se<strong>de</strong> acaba se mudar <strong>para</strong><br />

Br<strong>as</strong>ília, a programar cursos<br />

<strong>para</strong> melhorar a capacitação dos<br />

ortopedist<strong>as</strong> e a primeira iniciativa<br />

é o minicongresso <strong>de</strong> 15 e 16 <strong>de</strong><br />

junho, que incluirá um ‘Curso<br />

Paulista<br />

O auditório da primeira Jornada<br />

Itinerante da Regional Paulista.<br />

<strong>de</strong> Cirurgia do Quadril’ com<br />

conferencist<strong>as</strong> escolhidos entre os<br />

maiores especialist<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileiros.<br />

Gama conta que no Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral há uma dúzia <strong>de</strong><br />

cirurgiões especializados em<br />

quadril, em Goiânia outros oito,<br />

m<strong>as</strong> em Mato Grosso e Mato<br />

Grosso do Sul, que integram a<br />

Regional, os especialist<strong>as</strong> não<br />

p<strong>as</strong>sam <strong>de</strong> três em cada Estado, o<br />

que gera a distorção i<strong>de</strong>ntificada,<br />

ortopedist<strong>as</strong> não especializados<br />

operando num procedimento que<br />

exige gran<strong>de</strong> capacitação.<br />

Como preceptor e chefe da<br />

Cirurgia <strong>de</strong> Quadril do Hospital<br />

<strong>de</strong> B<strong>as</strong>e <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília, o mais<br />

importante da região, Gama<br />

faz em média seis cirurgi<strong>as</strong> por<br />

semana, o que <strong>de</strong>ixa claro que<br />

mesmo em Br<strong>as</strong>ília a <strong>de</strong>manda é<br />

por mais especialist<strong>as</strong> do setor.<br />

Preocupado com a Educação<br />

Continuada, que é a b<strong>as</strong>e da<br />

sua gestão que começou há<br />

pouco, Ernesto Gama criou uma<br />

agenda <strong>para</strong> dois anos e conta<br />

com o apoio e ajuda <strong>de</strong> alguns<br />

coleg<strong>as</strong> <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília que <strong>as</strong>sumiram<br />

a causa com entusi<strong>as</strong>mo,<br />

principalmente <strong>de</strong>pois do sucesso<br />

Marília terá Jornada itinerante<br />

do Quadril di<strong>as</strong> 22 e 23 <strong>de</strong> junho<br />

programação da Regional<br />

A Paulista da SBQ inclui nos<br />

di<strong>as</strong> 22 e 23 <strong>de</strong> junho uma<br />

‘Jornada Itinerante’ a ser realizada<br />

no ‘Sun Valley Park Hotel’ na Rua<br />

Aimorés, 501, em Marília.<br />

A programação completa<br />

po<strong>de</strong> ser acessada no site www.<br />

CENTRO-OESTE<br />

PAULISTA<br />

PARANÁ<br />

SUL<br />

SUDESTE<br />

RIO DE JANEIRO<br />

da programação online <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong><br />

março, quando <strong>de</strong> Br<strong>as</strong>ília eles<br />

p<strong>as</strong>saram um c<strong>as</strong>o <strong>para</strong> o evento<br />

da Regional Paulista, na forma <strong>de</strong><br />

vi<strong>de</strong>oconferência.<br />

“Deu muito certo”, comemora<br />

Gama, <strong>para</strong> quem o caminho<br />

<strong>para</strong> difundir junto <strong>ao</strong>s<br />

ortopedist<strong>as</strong> gerais a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aprendizagem e reciclagem<br />

constante, foi justamente essa<br />

abertura tecnológica iniciada em<br />

São Paulo. “Nossa i<strong>de</strong>ia é que o<br />

cirurgião precisa aumentar sua<br />

capacitação e por isso já estamos<br />

planejando outro evento, em<br />

setembro, durante a ‘Semana do<br />

Resi<strong>de</strong>nte’, que tradicionalmente<br />

marca o aniversário do Hospital<br />

<strong>de</strong> B<strong>as</strong>e”. Para essa ‘Semana’,<br />

promete levar a Br<strong>as</strong>ília um<br />

convidado <strong>de</strong> altíssimo nível e a<br />

i<strong>de</strong>ia é convidar os ortopedist<strong>as</strong><br />

dos Estados mais próximos,<br />

oferecendo uma Educação<br />

Continuada <strong>de</strong> alto nível, que<br />

torne os ortopedist<strong>as</strong> da região<br />

tão atualizados e capacitados<br />

como os dos Estados mais<br />

<strong>de</strong>senvolvidos.<br />

sbquadril.org.br, no ícone ‘SBQ<br />

Paulista’. O evento se inclui na<br />

programação anual da Regional,<br />

que teve como última promoção<br />

a ‘Jornada’ em São José do Rio<br />

Preto, realizada em meados do<br />

mês <strong>de</strong> abril.<br />

12<br />

O Quadril Junho 2012


Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Regional Rio <strong>de</strong> Janeiro realiza<br />

A nos anos pares o tradicional<br />

‘Congresso <strong>de</strong> Artropl<strong>as</strong>tia’, em<br />

julho. Pela qualida<strong>de</strong> científica, o<br />

evento atrai cirurgiões do quadril<br />

<strong>de</strong> vários Estados e nele estão<br />

sempre representad<strong>as</strong> <strong>as</strong> principais<br />

faculda<strong>de</strong>s e serviços <strong>de</strong> ortopedia<br />

do País. A Regional está mobilizada,<br />

também, <strong>para</strong> viabilizar ainda este<br />

ano um curso com cirurgia <strong>de</strong><br />

cadáver e já trabalha na pre<strong>para</strong>ção<br />

do ‘Congresso <strong>de</strong> Itaipava’, que<br />

ocorre nos anos ímpares e no ano<br />

p<strong>as</strong>sado, excepcionalmente, teve<br />

lugar juntamente com o ‘Encontro<br />

Rio/Min<strong>as</strong> <strong>de</strong> Cirurgia do Quadril’.<br />

O ‘II Encontro’ será no segundo<br />

semestre.<br />

Com vários projetos, o<br />

presi<strong>de</strong>nte da Regional, Eduardo<br />

Rinaldi Regado, precisa do apoio<br />

<strong>de</strong> sua equipe, que inclui o vicepresi<strong>de</strong>nte<br />

Arlindo Rincon <strong>de</strong><br />

Freit<strong>as</strong> Júnior, o diretor-científico<br />

Bernardo Cury Fernan<strong>de</strong>s e o<br />

secretário Liszt Palmeira, e preten<strong>de</strong><br />

formar um Conselho Consultivo, no<br />

qual reunirá cinco ex-presi<strong>de</strong>ntes<br />

da Regional. “Esse Conselho será<br />

útil no apoio às questões técnic<strong>as</strong><br />

e logístic<strong>as</strong> dos eventos, sempre<br />

complicad<strong>as</strong>”, e também na<br />

interface à SBQ nacional.<br />

Um dos projetos que<br />

movimenta toda a Diretoria da<br />

Regional é mudar <strong>as</strong> ‘Jornad<strong>as</strong><br />

Mensais’, realizad<strong>as</strong> na segunda<br />

terça-feira <strong>de</strong> cada mês, <strong>de</strong><br />

março a <strong>de</strong>zembro, e se preten<strong>de</strong><br />

que incorporem a ferramenta<br />

da vi<strong>de</strong>oconferência. A i<strong>de</strong>ia é<br />

levar a gran<strong>de</strong> experiência dos<br />

diversos serviços <strong>de</strong> cirurgia do<br />

quadril <strong>de</strong> vários Estados a ser<br />

compartilhada , o que pressupõe<br />

que n<strong>as</strong> cida<strong>de</strong>s mais distantes<br />

da Capital haja oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ouvir apresentações dos gran<strong>de</strong>s<br />

cirurgiões e <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater online.<br />

Dos 70 <strong>as</strong>sociados da<br />

Regional, uma vintena frequenta<br />

os eventos, m<strong>as</strong> Eduardo Rinaldi<br />

acredita que, <strong>ao</strong> incrementar a<br />

programação científica e incluir<br />

a interativida<strong>de</strong> via internet<br />

certamente atrairá mais gente.<br />

Segundo o presi<strong>de</strong>nte da<br />

Regional, o <strong>de</strong>safio que a Diretoria<br />

<strong>as</strong>sumiu é <strong>de</strong> “agregar e estimular<br />

os especialist<strong>as</strong> a uma participação<br />

mais ativa, ajudar a formação <strong>de</strong><br />

novos especialist<strong>as</strong> em cirurgia<br />

do quadril e levar à inserção na<br />

SBQ <strong>de</strong> todos que trabalham na<br />

área, m<strong>as</strong> ainda não estão ligados<br />

à entida<strong>de</strong>”. Enten<strong>de</strong> que urge ter<br />

uma Regional forte, <strong>para</strong> ter voz<br />

ativa na solução dos problem<strong>as</strong>,<br />

um dos quais a dificulda<strong>de</strong> do<br />

exercício da profissão que, na<br />

área do quadril, envolve alto<br />

custo <strong>de</strong> material, dificulda<strong>de</strong>s<br />

no relacionamento com alguns<br />

convênios e com a Saú<strong>de</strong> Pública.<br />

A Secretaria da Saú<strong>de</strong> do<br />

Estado tem sido sensível às<br />

necessida<strong>de</strong>s dos cirurgiões<br />

<strong>de</strong> quadril, afirma, tanto que<br />

nos anos recentes equipou e<br />

provi<strong>de</strong>nciou materiais específicos<br />

<strong>para</strong> essa área da Ortopedia, e<br />

diversos hospitais estaduais vêm<br />

realizando procedimentos em<br />

cirurgia <strong>de</strong> quadril, <strong>de</strong>stacandose<br />

a redução d<strong>as</strong> fil<strong>as</strong> <strong>para</strong><br />

artropl<strong>as</strong>tia primária.<br />

São sete <strong>as</strong> Regionais da SBQ.<br />

Anote os contatos:<br />

As cirurgi<strong>as</strong> mais complex<strong>as</strong><br />

do SUS, como revisão do quadril,<br />

contam com a gran<strong>de</strong> estrutura da<br />

nova se<strong>de</strong> do Instituto Nacional<br />

<strong>de</strong> Traumatologia e Ortopedia –<br />

INTO, fe<strong>de</strong>ral, inaugurada no final<br />

do ano p<strong>as</strong>sado.<br />

Na visão do presi<strong>de</strong>nte<br />

da Regional fluminense,<br />

embora a Saú<strong>de</strong> Pública tenha<br />

avançado muito recentemente<br />

e os ortopedist<strong>as</strong> agra<strong>de</strong>cem<br />

o esforço inegável que vem<br />

sendo feito, “ainda enfrentamos<br />

gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> lidar<br />

com c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> infecção, também<br />

pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prolongado<br />

período <strong>de</strong> internação e carência<br />

<strong>de</strong> leitos e persistem long<strong>as</strong> fil<strong>as</strong><br />

<strong>para</strong> procedimentos eletivos”.<br />

Eduardo Rinaldi ressalta que o<br />

INTO, numa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> vanguarda,<br />

organizou a fila online, o que<br />

<strong>de</strong>u transparência <strong>ao</strong> processo,<br />

m<strong>as</strong> os ortopedist<strong>as</strong> precisam<br />

continuar pressionando tanto <strong>para</strong><br />

vencer <strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s junto <strong>ao</strong>s<br />

convênios, relativ<strong>as</strong> a conseguir<br />

leitos <strong>para</strong> c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> urgência,<br />

como na “eterna luta por melhor<br />

remuneração, já que se recebe<br />

muito aquém do merecido <strong>para</strong><br />

uma ativida<strong>de</strong> tão complexa<br />

como do cirurgião ortopédico”.<br />

Regional Norte/Nor<strong>de</strong>ste<br />

presi<strong>de</strong>nte Robson V<strong>as</strong>concelos Alves - robson.ortopedista@hotmail.com<br />

Regional Centro-Oeste<br />

presi<strong>de</strong>nte Ernesto Rodrigues Gama - drernestorg@hotmail.com<br />

Regional Su<strong>de</strong>ste<br />

presi<strong>de</strong>nte Edson Barreto Paiva - edsonbarretop@hotmail.com<br />

Regional Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

presi<strong>de</strong>nte Eduardo Rinaldi - eduardorinaldi@oi.com.br<br />

Regional Paulista<br />

presi<strong>de</strong>nte Giancarlo Polesello - giancarlopolesello@hotmail.com<br />

Regional Paraná<br />

presi<strong>de</strong>nte Marcio Pozzi - mrpozzi@uol.com.br<br />

Regional Sul<br />

presi<strong>de</strong>nte André Kruel - akruel@terra.com.br<br />

O Quadril Junho 2012 13


14<br />

O Quadril Junho 2012


Quimioprofilaxia do TEV em ATQ:<br />

AAOS ou ACCP<br />

Luiz Sérgio Marcelino Gomes*<br />

Ainda que todos reconheçamos a artropl<strong>as</strong>tia total<br />

<strong>de</strong> quadril (ATQ) como um dos procedimentos<br />

cirúrgicos <strong>de</strong> melhor relação custo benefício, seu<br />

gran<strong>de</strong> sucesso está ligado <strong>ao</strong> alívio da dor e melhora<br />

da função em pacientes portadores <strong>de</strong> distúrbios<br />

<strong>de</strong>strutivos do quadril. Assim, seu sucesso está<br />

intimamente ligado à melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

do paciente. Desta forma uma ATQ bem realizada<br />

tecnicamente po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um insucesso<br />

c<strong>as</strong>o o doente apresente infecção, TEV ou quaisquer<br />

complicações que comprometam o motivo principal do<br />

ato operatório, ou seja, a melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Portanto, a redução <strong>de</strong> complicações do<br />

procedimento é uma obrigação do cirurgião.<br />

Conseguimos reduzir a taxa <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

9% na era Charnley, <strong>para</strong> cerca <strong>de</strong> 0.5-0.8% nos di<strong>as</strong><br />

atuais, os <strong>de</strong>signs protéticos mo<strong>de</strong>rnos e a tribologia<br />

têm contribuído em muito <strong>para</strong> a redução da<br />

incidência <strong>de</strong> soltura e osteólise. A ocorrência <strong>de</strong> TEV<br />

sintomático reduziu <strong>de</strong> uma frequência <strong>de</strong> 2-5% <strong>para</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 1.5% com a quimioprofilaxia através da<br />

utilização da heparina e <strong>de</strong>rivados, <strong>as</strong>sim como pelos<br />

inibidores da vitamina k, esta última <strong>de</strong> uso ainda<br />

frequente nos Estados Unidos, que possibilitou o uso<br />

oral e <strong>as</strong>sim aumentou a a<strong>de</strong>são à profilaxia a ser<br />

mantida por cerca <strong>de</strong> 30 di<strong>as</strong>. Contudo, a ocorrência<br />

<strong>de</strong> sangramento, sobretudo no sítio cirúrgico, tem<br />

sido uma preocupação constante do cirurgião.<br />

Estes <strong>as</strong>pectos originaram divergênci<strong>as</strong> na conduta<br />

profilática do TEV com anticoagulantes entre a ACCP<br />

(American College of Chest Physicians) que preconiza<br />

o uso rotineiro <strong>de</strong> anticoagulantes na prevenção do<br />

TEV em ATQ e a Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong> Cirurgiões<br />

Ortopédicos (AAOS) que sugere estratificação <strong>de</strong><br />

risco e utilização <strong>de</strong> prevenção mecânica <strong>as</strong>sociada<br />

<strong>ao</strong> uso <strong>de</strong> ácido acetil salicílico. A AAOS argumenta<br />

ainda sobre a relação questionável entre TVP<br />

<strong>as</strong>sintomática e embolia pulmonar, tão abordada nos<br />

ensaios clínicos patrocinados pela indústria.<br />

Em relação a est<strong>as</strong> divergênci<strong>as</strong> <strong>as</strong> evidênci<strong>as</strong> nos<br />

mostram que:<br />

1. Os estudos <strong>de</strong> eficácia dos anticoagulantes<br />

já <strong>de</strong>monstraram exaustivamente que a redução<br />

da incidência <strong>de</strong> embolia pulmonar acompanha<br />

a redução da taxa <strong>de</strong> TVP (sintomática ou<br />

<strong>as</strong>sintomática). É evi<strong>de</strong>nte que sem trombo não há<br />

embolia. Acresce-se a isto a existência da embolia<br />

pulmonar <strong>as</strong>sintomática, uma vez queestudos <strong>de</strong><br />

autópsia mostram que a embolia pulmonar fatal<br />

po<strong>de</strong> ser a única manifestação <strong>de</strong> TEV. Pelo fato<br />

da diferença <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> TVP (sintomática e<br />

<strong>as</strong>sintomática) ser b<strong>as</strong>tante superior <strong>ao</strong> da embolia<br />

pulmonar, os estudos que avaliam a TVP como<br />

<strong>de</strong>sfecho, não tem potencia suficiente <strong>para</strong> <strong>de</strong>tectar<br />

a redução <strong>de</strong> embolia pulmonar, no mesmo ensaio.<br />

Como exemplo, <strong>para</strong> se <strong>de</strong>tectar a redução <strong>de</strong><br />

embolia pulmonar <strong>de</strong> 0.8% <strong>para</strong> 0.5% seriam<br />

necessários estudos randomizados com cerca <strong>de</strong><br />

30.000 pacientes. Por este motivo se utiliza a TVP<br />

como critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfecho.<br />

2. Ainda que o tratamento com anticoagulantes<br />

já tenha reduzido a incidência <strong>de</strong> TVP sintomática,<br />

esta complicação ainda é a mais frequente no<br />

período pós-operatório imediato. Uma pesquisa,<br />

não patrocinada pela indústria, realizada entre cerca<br />

<strong>de</strong> 70.000 pacientes submetidos à ATQ nos EUA<br />

mostrou a incidência <strong>de</strong> TVP <strong>de</strong> 1.05%, Luxação<br />

0.80%%, infecção 0.49% e soltura mecânica 0.22%.<br />

Estudos mais recentes mostram ainda que os novos<br />

anticoagulantes orais são mais eficazes na redução da<br />

incidência <strong>de</strong> TVP pós ATQ em relação <strong>ao</strong> tratamento<br />

padrão com enoxaparina. O ácido acetil salicílico<br />

não tem efeito maior que o placebo na prevenção <strong>de</strong><br />

tromboembolismo venoso.<br />

3. Sobre a segurança, preocupa o cirurgião a<br />

ocorrência <strong>de</strong> sangramento cirúrgico, que po<strong>de</strong><br />

levar a formação <strong>de</strong> hematoma, complicações<br />

da ferida cirúrgica e eventualmente evoluir <strong>para</strong><br />

infecção profunda. Contudo os estudos clínicos<br />

são imprecisos na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sangramento e<br />

agregam em um mesmo universo vári<strong>as</strong> situações<br />

que po<strong>de</strong>m aumentar a perda sanguínea intra<br />

e perioperatória. Recentemente, em um estudo<br />

longitudinal padronizado <strong>para</strong> técnica cirúrgica e<br />

critérios <strong>de</strong> transfusão, constatamos que a perda<br />

sanguínea perioperatória, transfusões sanguíne<strong>as</strong><br />

e complicações da ferida cirúrgica po<strong>de</strong>m ser<br />

dr<strong>as</strong>ticamente reduzid<strong>as</strong> pela hemost<strong>as</strong>ia a<strong>de</strong>quada<br />

durante o ato operatório.<br />

4. Estes conceitos têm influenciado a utilização <strong>de</strong><br />

anticoagulantes em todo o mundo.De acordo com o<br />

Registro <strong>de</strong> Artropl<strong>as</strong>tia <strong>de</strong> Quadril do Reino Unido a<br />

taxa <strong>de</strong> profilaxia com anticoagulantes aumentou <strong>de</strong><br />

63%em 2007 <strong>para</strong> 87%em 2010.<br />

Desta forma <strong>de</strong>vemos nos conscientizar que não<br />

<strong>de</strong>ve servir <strong>de</strong> conforto <strong>ao</strong> cirurgião o fato <strong>de</strong> que a<br />

artropl<strong>as</strong>tia total do quadril tenha sido bem realizada<br />

tecnicamente e está funcionante, em um paciente<br />

com limitações resultantes <strong>de</strong> complicações pósoperatóri<strong>as</strong>.<br />

Assim <strong>de</strong>vemos lembrar que o motivo<br />

primeiro do paciente e do cirurgião optar pela<br />

cirurgia é o <strong>de</strong> melhorar sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e,<br />

portanto temos que zelar igualmente pela redução<br />

d<strong>as</strong> complicações gerais <strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> <strong>ao</strong> procedimento.<br />

* O Prof. Dr. Luiz Sérgio Marcelino Gomes faz parte<br />

do Advisory Board International da Bayer HealthCare<br />

<strong>para</strong> os estudos com rivaroxabana.<br />

O Quadril Junho 2012 15


Trabalhar a informação médica <strong>ao</strong><br />

ponto <strong>de</strong> publicá-la, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> Everardo<br />

Mesmo tendo <strong>de</strong>cidido não aten<strong>de</strong>r mais a<br />

pacientes há <strong>de</strong>z anos, o oncologista clínico<br />

Everardo Saad está mais voltado <strong>para</strong> a Medicina<br />

do que nunca, m<strong>as</strong> centrado <strong>para</strong> uma área ainda<br />

pioneira no Br<strong>as</strong>il, a pesquisa clínica, uma d<strong>as</strong><br />

especialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua empresa, a ‘Dendrix’, que tem<br />

ajudado centen<strong>as</strong> <strong>de</strong> médicos, entre eles ortopedist<strong>as</strong><br />

especializados em quadril, a levantar e explorar os<br />

dados que se acumulam <strong>de</strong> forma meio caótica nos<br />

prontuários e ultimamente nos computadores.<br />

Além <strong>de</strong> oferecer marketing científico, fazer<br />

publicações médic<strong>as</strong>, se envolver com Educação<br />

Continuada e inteligência <strong>de</strong> mercado, áre<strong>as</strong><br />

necessári<strong>as</strong> <strong>para</strong> o médico, na qual muitos<br />

profissionais se acham <strong>de</strong>sconfortáveis, Everardo se<br />

<strong>de</strong>dica à Pesquisa Clínica, <strong>de</strong>ntro da qual trabalha<br />

com estatística médica, que é o ‘bicho-papão’ <strong>para</strong><br />

os novos pesquisadores. Sua empresa produz ainda<br />

fich<strong>as</strong> clínic<strong>as</strong>, protocolos e artigos científicos.<br />

“Br<strong>as</strong>ileiro faz pouca pesquisa”<br />

A visão do especialista é que embora se fale no<br />

crescimento da pesquisa br<strong>as</strong>ileira, o fato é que “o<br />

br<strong>as</strong>ileiro ainda faz pouca pesquisa relevante no<br />

cenário mundial, pois na gran<strong>de</strong> maioria dos c<strong>as</strong>os<br />

a pesquisa é <strong>de</strong>senvolvida no exterior e no Br<strong>as</strong>il<br />

apen<strong>as</strong> implementamos os protocolos que nos<br />

chegam prontinhos <strong>para</strong> serem aplicados”.<br />

Polêmico, Everardo garante que “não está<br />

aumentando a qualida<strong>de</strong> do trabalho <strong>de</strong> pesquisa<br />

br<strong>as</strong>ileiro, apen<strong>as</strong> a quantida<strong>de</strong>”, <strong>ao</strong> menos quando<br />

se consi<strong>de</strong>ra esse aumento <strong>de</strong> maneira relativa <strong>ao</strong><br />

resto do mundo, à medida que os médicos br<strong>as</strong>ileiros<br />

em geral funcionam como o braço da pesquisa, m<strong>as</strong><br />

não como o cérebro. Seu trabalho tem sido ajudar<br />

os médicos a conceberem pesquis<strong>as</strong> originais e<br />

os hospitais e clínic<strong>as</strong> a trabalharem a informação<br />

médica a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r torná-la competitiva <strong>para</strong><br />

publicação em periódicos internacionais.<br />

Para ele, o Br<strong>as</strong>il tem sido valorizado pela gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pacientes, por isso pesquisadores e<br />

empres<strong>as</strong> do exterior querem aplicar su<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

aqui, m<strong>as</strong> sem, necessariamente, dar <strong>ao</strong> pesquisador<br />

br<strong>as</strong>ileiro posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na concepção e na<br />

análise dos estudos. Everardo trabalha <strong>para</strong> mudar<br />

essa situação, por julgar que a concepção e a<br />

análise são <strong>as</strong> f<strong>as</strong>es mais importantes do ponto <strong>de</strong><br />

vista científico.<br />

Registro sistematizado<br />

Aos médicos interessados em se pre<strong>para</strong>r <strong>para</strong><br />

o futuro, Everardo dá o caminho d<strong>as</strong> pedr<strong>as</strong> e<br />

<strong>as</strong>severa que já há <strong>as</strong>sociados da SBQ trilhando<br />

essa via:<br />

1) Registrar os c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> maneira sistematizada<br />

e <strong>de</strong>finir quais informações quer <strong>de</strong> cada paciente.<br />

“Colher dados <strong>de</strong> menos leva a arrependimento<br />

futuro, dados <strong>de</strong>mais, <strong>de</strong>smotiva e custa caro”.<br />

2) É vital conversar com os coleg<strong>as</strong>, <strong>de</strong>finir em<br />

conjunto quais <strong>as</strong> informações que todos levantarão<br />

dos pacientes. M<strong>as</strong> é preciso que seja um número<br />

administrável <strong>de</strong> dados.<br />

3) Para uma pesquisa específica, o primeiro<br />

p<strong>as</strong>so é voltar <strong>ao</strong> prontuário e selecionar os<br />

pacientes candidatos a entrar no trabalho, checar <strong>as</strong><br />

informações e ir buscar o que falta - se faltar.<br />

4) Padronização é vital. Os médicos <strong>de</strong>vem<br />

promover um ‘brain storm’ sobre o que é<br />

importante, garantir a colaboração e arranjar<br />

patrocínio, pois a indústria <strong>de</strong> próteses, por<br />

exemplo, terá o maior interesse em patrocinar esse<br />

tipo <strong>de</strong> estudo.<br />

5) Ter em mente que o trabalho principal <strong>para</strong> a<br />

pesquisa d<strong>as</strong> doenç<strong>as</strong> <strong>de</strong> cada especialida<strong>de</strong> não é<br />

a montagem do banco <strong>de</strong> dados, até <strong>de</strong> um banco<br />

macro, m<strong>as</strong> garantir a alimentação do banco <strong>de</strong> dados.<br />

6) Enten<strong>de</strong>r que ab<strong>as</strong>tecer o banco <strong>de</strong> dados não<br />

é trabalho <strong>para</strong> <strong>as</strong> hor<strong>as</strong> vag<strong>as</strong>, vai exigir hor<strong>as</strong> e<br />

hor<strong>as</strong> produtiv<strong>as</strong> e exaustiv<strong>as</strong>.<br />

7) Escolher objetivos factíveis, pois “o fator<br />

limitante não é a tecnologia, é o tempo do médico”.<br />

A recomendação é planejar <strong>para</strong> ter rapidamente<br />

alguns tipos <strong>de</strong> resposta. Conseguir resultados a<br />

curto prazo que animam, pois <strong>as</strong> respost<strong>as</strong> mais<br />

complex<strong>as</strong> sempre <strong>de</strong>moram e só se conseguem<br />

com muito tempo.<br />

8) Conscientizar-se que o enfoque é a Pesquisa,<br />

não a Informática, que é um meio, não o fim.<br />

Se esse caminho for seguido, Everardo Saad tem<br />

certeza <strong>de</strong> que a Medicina br<strong>as</strong>ileira p<strong>as</strong>sará a fazer<br />

pesquisa relevante, introduzirá elementos novos no<br />

conhecimento científico e aí se inverterá o caminho,<br />

“será no exterior que os pesquisadores farão os<br />

testes <strong>para</strong> confirmar o que foi pesquisado aqui”.<br />

16<br />

O Quadril Junho 2012


indústria, m<strong>as</strong> <strong>para</strong> que realmente valha<br />

a pena a relação custo-benefício, o que<br />

é preciso não é só verba, como pensa<br />

muita gente, é ter a criativida<strong>de</strong> científica,<br />

olhar o tema com a ótica certa, fazer <strong>as</strong><br />

pergunt<strong>as</strong> corret<strong>as</strong>, buscar <strong>as</strong> respost<strong>as</strong><br />

objetiv<strong>as</strong>, <strong>de</strong>senhar os estudos, analisar os<br />

dados e escrever os artigos.<br />

A propósito, embora haja gente<br />

que veja Everardo como especialista<br />

em Informática, diz que não enten<strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> computador do que a média<br />

da população. “Eu ganho a vida é<br />

escrevendo”, afirma, m<strong>as</strong> a verda<strong>de</strong> é<br />

que ganha a vida ensinando os médicos<br />

a escreverem.<br />

Everardo Saad e a bióloga Eloísa Sá Moreira<br />

Levantar o dado é difícil<br />

Exemplo no campo do quadril, todo especialista<br />

com mais <strong>de</strong> uma década na profissão tem uma<br />

imensa b<strong>as</strong>e <strong>de</strong> dados, m<strong>as</strong> parte registrada em fich<strong>as</strong><br />

manuscrit<strong>as</strong>, os dados mais recentes no computador,<br />

o que geralmente não facilita muito, pois <strong>para</strong> saber<br />

os resultados <strong>de</strong> longo prazo em seus pacientes, o<br />

médico ou seu auxiliar precisam abrir ficha por ficha,<br />

encontrar o ano da colocação da prótese, o ano da<br />

revisão, fazer a subtração manualmente, escrever o<br />

dado e p<strong>as</strong>sar <strong>para</strong> a próxima ficha.<br />

“Imagine a dificulda<strong>de</strong> quando a pergunta é<br />

mais complexa, se implica na correlação entre<br />

informações ortopédic<strong>as</strong> e outros problem<strong>as</strong> do<br />

paciente, tais como ida<strong>de</strong>, diabetes e cardiopati<strong>as</strong>”.<br />

O tempo g<strong>as</strong>to <strong>para</strong> o levantamento é tão gran<strong>de</strong>, diz<br />

ele, que o médico geralmente <strong>de</strong>siste.<br />

Como o Br<strong>as</strong>il está atr<strong>as</strong>ado no que se refere<br />

à pesquisa em vári<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, Everardo se <strong>de</strong>dica a<br />

ajudar os futuros pesquisadores a <strong>de</strong>senharem seus<br />

estudos, a fazerem a concepção intelectual <strong>de</strong> o quê<br />

pesquisar e com que objetivo e, <strong>para</strong> isso, repete<br />

incansavelmente, “os recursos são um meio, não o<br />

fim”. Assim, ele quer dizer que recursos financeiros,<br />

equipamento <strong>de</strong> laboratório e computadores ajudam,<br />

m<strong>as</strong> não existe pesquisa sem a pergunta científica e<br />

o planejamento <strong>de</strong> como colher e analisar dados, a<br />

especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua empresa.<br />

“A pesquisa inovadora e bem feita é necessária<br />

em todos os setores”, diz, tanto que além <strong>de</strong><br />

médicos tem como clientes biólogos e a indústria<br />

farmacêutica, sua maior <strong>de</strong>manda. Uma pesquisa<br />

bem feita com 500 pacientes que usaram<br />

<strong>de</strong>terminado medicamento po<strong>de</strong> ser vital <strong>para</strong> a<br />

“Escrever é preciso”<br />

O especialista ensina que pesquisar é<br />

difícil no Br<strong>as</strong>il porque, <strong>ao</strong> contrário dos<br />

Estados Unidos e Japão, por exemplo, com exceção<br />

<strong>de</strong> poucos hospitais, o médico não é cobrado pelos<br />

hospitais, não é obrigado a registrar, a documentar<br />

o encontro com o paciente. “Em qualquer consulta,<br />

o médico conversa, conversa e <strong>de</strong> vez em quando<br />

faz uma anotação, qu<strong>as</strong>e um lembrete resumido na<br />

ficha”. A longo prazo, quando precisar informações<br />

<strong>de</strong>talhad<strong>as</strong> <strong>para</strong> um trabalho científico, não terá on<strong>de</strong><br />

procurar a informação. A situação é diferente nos<br />

EUA, on<strong>de</strong> o profissional precisa apresentar tantos<br />

<strong>de</strong>talhes sobre o atendimento à instituição, que<br />

po<strong>de</strong> g<strong>as</strong>tar mais tempo pre<strong>para</strong>ndo a ficha do que<br />

aten<strong>de</strong>ndo o paciente.<br />

Everardo garante que a mudança cultural vai<br />

ocorrer e o primeiro sintoma são os Registros, que<br />

começam a ser feitos. A Cardiologia já preparou três<br />

e a SBQ está <strong>de</strong>cidida a produzir os primeiros nessa<br />

gestão, diz, <strong>para</strong> citar apen<strong>as</strong> exemplos recentes.<br />

Aos poucos os médicos começarão a registrar mais<br />

informações, a caminhar lentamente na direção dos<br />

gran<strong>de</strong>s bancos <strong>de</strong> dados que são seus sonhos e<br />

que permitirão pesquis<strong>as</strong> originais valios<strong>as</strong>, que os<br />

pesquisadores br<strong>as</strong>ileiros se orgulharão <strong>de</strong> apresentar<br />

nos congressos internacionais.<br />

A evolução vai se tornar mais rápida à medida<br />

que o computador, hoje usado na maioria dos<br />

consultórios apen<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong>pectos administrativos,<br />

se tornar uma ferramenta mais eficiente. A prova da<br />

mudança é que alguns poucos médicos já aten<strong>de</strong>m<br />

o paciente com o computador ligado e digitam <strong>as</strong><br />

informações, <strong>ao</strong> invés <strong>de</strong> anotarem manualmente.<br />

Hospitais como o Sírio-Libanês e o Einstein já<br />

adotaram o prontuário eletrônico, m<strong>as</strong> o Br<strong>as</strong>il ainda<br />

não tem o correspon<strong>de</strong>nte à ‘Joint Comission’ dos<br />

hospitais americanos.<br />

O Quadril Junho 2012 17


H<strong>as</strong>te modular x h<strong>as</strong>te monobloco,os<br />

ortopedist<strong>as</strong> discutem su<strong>as</strong> preferênci<strong>as</strong><br />

h<strong>as</strong>te monobloco é<br />

A geralmente a primeira escolha<br />

<strong>para</strong> uma revisão em <strong>de</strong>trimento<br />

da h<strong>as</strong>te modular, segundo<br />

quatro experientes ortopedist<strong>as</strong><br />

br<strong>as</strong>ileiros. Todos afirmam que<br />

enten<strong>de</strong>ndo a aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cada <strong>de</strong>senho e começando por<br />

um planejamento pré-operatório<br />

bem executado, a escolha do<br />

implante será essencial <strong>para</strong><br />

o sucesso pós-cirúrgico e<br />

restabelecimento do paciente.<br />

Para darem sua opinião sobre<br />

o uso da h<strong>as</strong>te monobloco e<br />

modular, foram convidados <strong>para</strong><br />

comentar sobre su<strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> em<br />

revisão os cirurgiões ortopédicos<br />

Fernando Pina Cabral, que ficou<br />

à frente do Departamento <strong>de</strong><br />

Cirurgia do Quadril do INTO<br />

por mais <strong>de</strong> uma década e que<br />

consta em sua vivência clínica<br />

mais <strong>de</strong> mil <strong>revisões</strong>; Paulo<br />

Alencar, cirurgião do Hospital<br />

<strong>de</strong> Clínic<strong>as</strong> <strong>de</strong> Curitiba, que<br />

montou o primeiro banco <strong>de</strong> ossos<br />

reconhecido pelo Ministério da<br />

Saú<strong>de</strong>. Falando <strong>de</strong> São Paulo,<br />

Edmilson Takata, ortopedista da<br />

Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina, e cuja<br />

experiência em quadril ultrap<strong>as</strong>sa<br />

20 anos <strong>de</strong> prática e Luc<strong>as</strong> Leite<br />

Ribeiro, <strong>as</strong>sistente do Grupo <strong>de</strong><br />

Patologi<strong>as</strong> do Quadril da Unifesp,<br />

<strong>para</strong> quem o medo da fratura da<br />

h<strong>as</strong>te modular, “é um mito que<br />

não tem sentido após a evolução<br />

tecnológica na fabricação<br />

<strong>de</strong>ss<strong>as</strong> h<strong>as</strong>tes”.<br />

A discussão sobre o tipo<br />

<strong>de</strong> h<strong>as</strong>te <strong>para</strong> revisão ganha<br />

importância à medida que os<br />

especialist<strong>as</strong> preveem um<br />

crescimento exponencial<br />

d<strong>as</strong> <strong>revisões</strong>. Para<br />

Edmilson Takata, “o<br />

que acontece nos<br />

países <strong>de</strong>senvolvidos<br />

se repete no Br<strong>as</strong>il<br />

Edmilson Takata<br />

com anos <strong>de</strong> atr<strong>as</strong>o e vemos<br />

que na Europa, que envelheceu<br />

rapidamente, se multiplicarem os<br />

c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> <strong>revisões</strong>”. Pina Cabral<br />

acrescenta que se multiplicam<br />

“porque <strong>as</strong> próteses primári<strong>as</strong> do<br />

p<strong>as</strong>sado levavam a maior perda<br />

óssea e hoje estamos trocando<br />

próteses <strong>de</strong> 15 anos ou mais”.<br />

As primeir<strong>as</strong>,<br />

na década <strong>de</strong> 80<br />

Os entrevistados vivenciaram<br />

o início e a evolução d<strong>as</strong> h<strong>as</strong>tes <strong>de</strong><br />

revisão. Pina Cabral foi treinado<br />

por Heinz Wagner, que inventou<br />

a h<strong>as</strong>te monobloco, que leva seu<br />

nome, e <strong>as</strong>sim como Luc<strong>as</strong> Leite<br />

Ribeiro e Paulo Alencar preferem<br />

esta h<strong>as</strong>te por ter superfície<br />

pre<strong>para</strong>da <strong>para</strong> a ósteointegração,<br />

um formato cônico que impe<strong>de</strong> a<br />

migração distal e alet<strong>as</strong> que evitam<br />

a rotação, tornando-a muito estável.<br />

Aperfeiçoada <strong>para</strong> melhorar a<br />

angulação da parte proximal, há 80<br />

mil <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> próteses implantad<strong>as</strong> e<br />

lembra que só a Zimmer, um dos<br />

maiores fabricantes <strong>de</strong> implantes<br />

ortopédicos, está há 20 anos neste<br />

mercado e produzindo cada vez<br />

mais.<br />

Para o c<strong>as</strong>o clínico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

perda óssea, a h<strong>as</strong>te modular é<br />

boa opção, lembra Paulo Alencar,<br />

que confessa: “embora a prótese<br />

modular seja <strong>de</strong> mais fácil<br />

aplicação técnica, inicialmente<br />

houve relato <strong>de</strong> c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> quebra<br />

<strong>de</strong> material”. Quinze<br />

anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> operar<br />

os primeiros c<strong>as</strong>os,<br />

com h<strong>as</strong>te modular <strong>de</strong><br />

Wagner, “nunca tive<br />

que trocar uma prótese<br />

por soltura e fico<br />

<strong>de</strong>vendo um<br />

elogio a esse<br />

material.”<br />

Atualmente<br />

Luc<strong>as</strong> Leite Ribeiro<br />

Pina Cabral<br />

Paulo Alencar<br />

tem utilizado cada vez mais h<strong>as</strong>tes<br />

modulares. Todos concordam que<br />

o avanço tecnológico tornou a<br />

h<strong>as</strong>te modular muito mais seguro,<br />

fato comprovado pela c<strong>as</strong>uística<br />

dos médicos, on<strong>de</strong> não houve<br />

registro <strong>de</strong> soltura ou fratura <strong>de</strong><br />

nenhum componente d<strong>as</strong> h<strong>as</strong>tes<br />

modulares não cimentad<strong>as</strong>.<br />

A opção pela h<strong>as</strong>te monobloco<br />

ou h<strong>as</strong>te modular <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />

planejamento pré-operatório,<br />

diz Pina Cabral, e <strong>de</strong>ve ser feito<br />

com muito cuidado. É durante<br />

o planejamento que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />

que prótese usar e Takata lembra<br />

que há pouca oferta <strong>de</strong> prótese<br />

intercambiável no mercado.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do c<strong>as</strong>o, afirma:<br />

“a opção pela h<strong>as</strong>te modular<br />

é importante quando a perda<br />

óssea é significativa”. É também<br />

a colocação <strong>de</strong> Pina Cabral, que<br />

lembra os c<strong>as</strong>os em que “quando a<br />

parte proximal está insuflada,<br />

a prótese fica solta, então<br />

é preferível a opção<br />

modular”. Mesmo <strong>as</strong>sim o<br />

cirurgião confirma que<br />

a usou rar<strong>as</strong> vezes.<br />

18<br />

O Quadril Junho 2012


O Quadril Junho 2012 19


‘JOPPAQ’ mostrará a evolução real da<br />

pesquisa sobre PRP e célul<strong>as</strong> tronco<br />

15ª Jornada Paulista <strong>de</strong> Patologia do Quadril -<br />

A ‘JOPPAQ’ - promovida pela SBQ, está marcada<br />

<strong>para</strong> setembro, em Ribeirão Preto, e vai incluir um<br />

simpósio sobre a cirurgia regenerativa do quadril,<br />

apresentada por uma equipe <strong>de</strong> pesquisadores<br />

americanos cuja presença no simpósio já está<br />

confirmada, explica Luiz Sergio Marcelino Gomes,<br />

que está coor<strong>de</strong>nando a pre<strong>para</strong>ção do evento.<br />

Os especialist<strong>as</strong> norte-americanos irão apresentar<br />

no simpósio os resultados dos trabalhos clínicos que<br />

têm <strong>de</strong>senvolvido e será uma oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong><br />

uma discussão franca sobre <strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> futur<strong>as</strong>.<br />

O nome dos especialist<strong>as</strong> que serão <strong>de</strong>stacados <strong>para</strong><br />

participar do simpósio no Br<strong>as</strong>il será divulgado no<br />

site da ‘JOPPAQ’ – www.joppaq.com.br<br />

Marcelino lembra que não foi a<strong>de</strong>quada a<br />

recente divulgação na imprensa leiga dos trabalhos<br />

internacionais <strong>de</strong>senvolvidos sobre emprego <strong>de</strong><br />

célul<strong>as</strong> tronco na regeneração do quadril e chegaram<br />

a ser divulgad<strong>as</strong> informações incorret<strong>as</strong>. Por isso<br />

consi<strong>de</strong>ra necessário um evento <strong>de</strong> alto nível no qual<br />

os ortopedist<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileiros possam ter informações em<br />

primeira mão sobre o que está sendo feito no mundo<br />

e quais <strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> do emprego <strong>de</strong> PRP ecélul<strong>as</strong><br />

tronco, bem como uma previsão <strong>de</strong> quando e se esse<br />

tipo <strong>de</strong> terapia <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser experimental.<br />

O problema da divulgação pela imprensa não<br />

especializada é que, com frequência, o paciente vê<br />

a notícia <strong>de</strong> uma pesquisa, enten<strong>de</strong> erradamente<br />

que o procedimento está aprovado e tem eficácia<br />

e pressiona o médico, que precisa estar a par<br />

da evolução dos trabalhos experimentais <strong>para</strong><br />

mostrar que o que foi lido nos jornais é uma<br />

simples promessa <strong>para</strong> o futuro e não uma terapia<br />

consagrada.<br />

Embora a pesquisa com célul<strong>as</strong> tronco tenha<br />

avançado mais em relação <strong>ao</strong> joelho, Marcelino<br />

diz que há informações nov<strong>as</strong> e importantes sobre<br />

trabalhos clínicos referentes <strong>ao</strong> quadril que serão<br />

apresentad<strong>as</strong> pelos convidados internacionais e<br />

a programação do simpósio abrirá espaço <strong>para</strong><br />

uma discussão aberta e <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate com os<br />

pesquisadores que se <strong>de</strong>dicam a esse estudo e estão<br />

acumulando experiência no <strong>as</strong>sunto.<br />

A expectativa é que a ‘JOPPAQ-2012’ seja<br />

acompanhada por mais <strong>de</strong> 500 cirurgiões br<strong>as</strong>ileiros.<br />

Além d<strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> da medicina regenerativa, não<br />

artroplástica a Jornada incluirá como tem<strong>as</strong> a parte da<br />

prótese primária e <strong>de</strong> revisão e dará <strong>de</strong>staque especial<br />

às fratur<strong>as</strong> do quadril e seu tratamento.<br />

‘Escapada’ do rei da Espanha fica<br />

pública <strong>de</strong>vido a fratura <strong>de</strong> quadril<br />

rei Juan Carlos I, da Espanha, que estava na<br />

O África <strong>para</strong> uma caçada <strong>de</strong> elefantes que<br />

custou 30 mil euros, teve sua ‘escapada’ tornada<br />

pública <strong>de</strong>pois que tropeçou numa escada e<br />

precisou ser operado <strong>de</strong> uma fratura tripla no<br />

fêmur direito, que resultou na implantação <strong>de</strong> uma<br />

prótese <strong>de</strong> quadril.<br />

A operação ficou a cargo do ortopedista Angel<br />

Villamor que, há dois anos, já tinha re<strong>para</strong>do uma<br />

ruptura do tendão <strong>de</strong> Aquiles do pé esquerdo do rei<br />

que, com 74 anos, é muito dado a aci<strong>de</strong>ntes. Há<br />

dois anos Juan Carlos recebeu uma prótese no joelho<br />

direito e antes disso, também numa caçada, feriu<br />

seriamente um olho<br />

com um galho.<br />

A divulgação da<br />

notícia do aci<strong>de</strong>nte<br />

causou constrangimento à família real, pois a<br />

Espanha vive uma crise econômica. A C<strong>as</strong>a Real está<br />

sendo acusada <strong>de</strong> fazer g<strong>as</strong>tos excessivos e quatro<br />

di<strong>as</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> operado o rei, usando bengala, <strong>de</strong>u<br />

uma entrevista coletiva em que pe<strong>de</strong> perdão <strong>ao</strong>s<br />

espanhóis por ter ido caçar elefantes, caçada essa<br />

que tem a pior repercussão por ser o rei o presi<strong>de</strong>nte<br />

honorário do ‘World Wildlife Found’, que luta <strong>para</strong><br />

garantir a sobrevivência dos elefantes.<br />

20<br />

O Quadril Junho 2012


O Quadril Junho 2012 21


Em Min<strong>as</strong> Gerais, o encontro<br />

<strong>de</strong> ortopedist<strong>as</strong> aventureiros<br />

Realizou-se em abril, em<br />

Min<strong>as</strong> Gerais, o ‘I Encontro<br />

<strong>de</strong> Ortopedist<strong>as</strong> apaixonados por<br />

Trilh<strong>as</strong>, Off Road & Adventure’,<br />

em Delfinópolis, organizado por<br />

Adauto <strong>de</strong> C<strong>as</strong>tro Soares, que atua<br />

na área do quadril e <strong>de</strong> ortopedia<br />

pediátrica.<br />

Foram cerca <strong>de</strong> 100 médicos,<br />

inclusive especialist<strong>as</strong> <strong>de</strong> outr<strong>as</strong><br />

áre<strong>as</strong> que a<strong>de</strong>riram <strong>ao</strong> evento e<br />

lotaram a fazenda <strong>de</strong> Adauto,<br />

em Delfinópolis, com su<strong>as</strong><br />

motociclet<strong>as</strong> e jipes.<br />

Adauto explica que<br />

como sua b<strong>as</strong>e é a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Alfen<strong>as</strong>, no Sul <strong>de</strong> Min<strong>as</strong>,<br />

<strong>para</strong> essa primeira aventura <strong>de</strong><br />

ortopedist<strong>as</strong> convidou coleg<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo e <strong>de</strong> seu Estado,<br />

que não chegaram <strong>ao</strong> ponto<br />

<strong>de</strong> aventurar-se em barrac<strong>as</strong>,<br />

m<strong>as</strong> se instalaram n<strong>as</strong> pousad<strong>as</strong><br />

da região <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, no dia 21,<br />

saíram bem cedo em <strong>de</strong>manda<br />

da cachoeira C<strong>as</strong>ta D´Anta, na<br />

Da esquerda <strong>para</strong> a direita, os ortopedist<strong>as</strong> ‘trilheiros’ Marcelo Stegmann,<br />

Rodrigo Almeida e Adauto Soares e mais dois pediatr<strong>as</strong> ‘infiltrados’.<br />

serra da Can<strong>as</strong>tra, curtindo a<br />

natureza e evitando <strong>ao</strong> máximo<br />

falar em Ortopedia.<br />

A programação incluiu<br />

almoço com música (solo e<br />

teclado ‘tutu com caviar’),<br />

turnê ‘light’ até o mirante da<br />

Serra Preta, <strong>para</strong> “esquentar os<br />

motores”, como diz Adauto,<br />

jantar com porco no rolete e<br />

cor<strong>de</strong>iro <strong>as</strong>sado, bem <strong>ao</strong> estilo<br />

mineiro e a opção ‘porreta’ <strong>ao</strong><br />

Vale da Babilônia, com direito<br />

a aviso prévio informando que<br />

estrada estava qu<strong>as</strong>e intransitável<br />

mesmo <strong>para</strong> os jipes, já que<br />

houve queda <strong>de</strong> pontes e por<br />

isso o recomendável era ir <strong>de</strong><br />

moto. M<strong>as</strong> nada <strong>as</strong>sustou os<br />

médicos aventureiros.<br />

O grupo garante que essa foi<br />

apen<strong>as</strong> a primeira iniciativa do<br />

gênero e já está organizando<br />

outro evento, <strong>de</strong>ssa vez com<br />

ortopedist<strong>as</strong> <strong>de</strong> Estados mais<br />

distantes.<br />

22<br />

O Quadril Junho 2012


O Quadril Junho 2012 23

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