05.01.2015 Views

Esponjas Marinhas da Bahia - Guia de Campo e ... - Porifera Brasil

Esponjas Marinhas da Bahia - Guia de Campo e ... - Porifera Brasil

Esponjas Marinhas da Bahia - Guia de Campo e ... - Porifera Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA<br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> campo e laboratório


SÉRIE LIVROS<br />

ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA<br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> campo e laboratório<br />

Eduardo Hajdu<br />

† Solange Peixinho<br />

Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z<br />

Com prefácio <strong>de</strong><br />

Marlene C. Peso-Aguiar<br />

Museu Nacional<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2011


Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Reitor – Prof. Carlos Antônio Levi <strong>da</strong> Conceição<br />

Museu Nacional<br />

Diretora – Claudia Rodrigues Ferreira <strong>de</strong> Carvalho<br />

Comissão <strong>de</strong> publicações do Museu Nacional<br />

Editores – Miguel Angel Monné Barrios e Ulisses Caramaschi<br />

Editores <strong>de</strong> Área – Adriano B. Kury, Ciro A. Ávila, Claudia P. Bove, Débora O. Pires, Guilherme<br />

R.S. Muricy, Izabel C.A. Dias, João A. Oliveira, João W.A. Castro, Marcela L.M. Freire, Marcelo A.<br />

Carvalho, Marcos Raposo, Maria D.B.G. Oliveira, Marília L.C.F. Soares, Rita S. Ybert, Vânia G.L.<br />

Esteves<br />

Normalização – Edson Vargas <strong>da</strong> Silva e Leandra <strong>de</strong> Oliveira<br />

Diagramação e Arte Final – Lia Ribeiro<br />

Serviços <strong>de</strong> Secretaria - Thiago Macedo dos Santos<br />

Para esta obra:<br />

Revisores – Eduardo L. Esteves (Poeciloscleri<strong>da</strong>), Gisele Lôbo Hajdu (Introdução, Glossário),<br />

Mariana S. Carvalho (Astrophori<strong>da</strong>, Halichondri<strong>da</strong>), Michelle Klautau (Calcarea), Sula Salani<br />

(Chondrosi<strong>da</strong>, Hadromeri<strong>da</strong>, Spirophori<strong>da</strong>, 2 a revisão completa), Suzi M. Ribeiro (Haploscleri<strong>da</strong>),<br />

Ulisses S. Pinheiro (Dictyocerati<strong>da</strong>, Dendrocerati<strong>da</strong>, Verongi<strong>da</strong>)<br />

Apoio Editorial – Sula Salani<br />

Projeto Gráfico – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />

Diagramação e Arte Final – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />

Capa – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />

Desenhos – Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z, Eduardo Hajdu<br />

(Eletro)(micro)(foto)grafias – Eduardo Hajdu, Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z, Gisele Lôbo-Hajdu, Cláudio L.S.<br />

Sampaio, Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva, Michelle R.L. Klautau, Bruno Cosme, Márcio R. Custódio,<br />

Sula Salani, Philippe Willenz, Mariana S. Carvalho<br />

Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> DTP – Emma Smith<br />

MUSEU NACIONAL – Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Quinta <strong>da</strong> Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, <strong>Brasil</strong><br />

Impressão – Sermograf<br />

Impresso no <strong>Brasil</strong> / Printed in Brazil<br />

H129 Hajdu, Eduardo, 1964-<br />

<strong>Esponjas</strong> marinhas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>: guia <strong>de</strong> campo e laboratório / Eduardo<br />

Hajdu, Solange Peixinho, Júlio C. C. Fernan<strong>de</strong>z ; com prefácio <strong>de</strong> Marlene<br />

C. Peso Aguiar. – Rio <strong>de</strong> Janeiro: Museu Nacional, 2011.<br />

276 p. : il. color., mapa ; 24 cm. – (Série Livros ; 45)<br />

Bibliografia: p. 272-276.<br />

ISBN: 978-85-7427-041-8<br />

1. <strong>Esponjas</strong> – <strong>Bahia</strong> – I<strong>de</strong>ntificação. I. Peixinho, Solange. II. Fernan<strong>de</strong>z,<br />

Júlio C.C. III. Museu Nacional (<strong>Brasil</strong>). IV. Título. V. Série.<br />

CDD 593.4098142


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

AUTORES<br />

Eduardo Hajdu<br />

Departamento <strong>de</strong> Invertebrados, Museu<br />

Nacional, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Quinta <strong>da</strong> Boa Vista, s/n, São<br />

Cristóvão. 20940–040 Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ,<br />

<strong>Brasil</strong>. E–mail: eduardo.hajdu@gmail.com<br />

† Solange Peixinho<br />

Instituto <strong>de</strong> Biologia, Departamento <strong>de</strong><br />

Zoologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>,<br />

Campus Universitário, Ondina. 40210–170,<br />

Salvador, BA, <strong>Brasil</strong>.<br />

Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z<br />

Instituto <strong>de</strong> Biologia, Departamento <strong>de</strong><br />

Zoologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>,<br />

Campus Universitário, Ondina. 40210–170,<br />

Salvador, BA, <strong>Brasil</strong>.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

5


APRESENTAÇÃO<br />

O presente trabalho resulta <strong>de</strong> uma longa convivência com a fauna <strong>de</strong> esponjas<br />

marinhas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, particularmente em zonas rasas <strong>de</strong> uma região conheci<strong>da</strong> como<br />

Recôncavo, a qual circun<strong>da</strong> a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. As esponjas aqui <strong>de</strong>scritas<br />

representam apenas uma parcela, <strong>de</strong> uma rica e varia<strong>da</strong> fauna <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong> regiões<br />

costeiras <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

Estes resultados <strong>de</strong>rivam <strong>da</strong> colaboração entre pesquisadores <strong>da</strong>s Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

Fe<strong>de</strong>rais <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA) e do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ) no mapeamento <strong>da</strong><br />

biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esponjas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, e nos últimos anos visando também obtenção<br />

<strong>de</strong> novos fármacos, em colaboração com a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (São Carlos).<br />

Vale ressaltar, que entre as aplicações conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s esponjas, sua utilização como<br />

biomonitoras <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental tem sido bastante divulga<strong>da</strong>, o que lhes confere<br />

importante papel como nossas parceiras na preservação dos ambientes marinhos.<br />

Esperamos com este trabalho suprir uma lacuna no conhecimento <strong>de</strong>ste recurso<br />

biológico no litoral baiano, facilitando o contato com estes fascinantes organismos, por<br />

pesquisadores, estu<strong>da</strong>ntes, mergulhadores, os mais diversos amantes <strong>da</strong> natureza, e<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para todos, por formadores <strong>de</strong> opinião e legisladores.<br />

Na introdução do <strong>Guia</strong> incluímos uma caracterização do Filo <strong>Porifera</strong>, elementos<br />

básicos <strong>de</strong> sua classificação e filogenia, um apanhado <strong>de</strong> aspectos ecológicos, uma<br />

breve caracterização do litoral baiano e dos padrões <strong>de</strong> distribuição dos poríferos<br />

na <strong>Bahia</strong>, no <strong>Brasil</strong> e no mundo. Ilustrações e <strong>de</strong>scrições curtas, que ressaltam suas<br />

principais características, são ofereci<strong>da</strong>s para 70 espécies, <strong>de</strong>ntre as mais <strong>de</strong> 150 já<br />

registra<strong>da</strong>s para o estado. Este último número inclui algumas espécies <strong>de</strong> difícil<br />

acesso, uma vez que ocorrem em maiores profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e não se consi<strong>de</strong>rou<br />

prioritário sua inclusão neste primeiro <strong>Guia</strong> para as esponjas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

Entretanto, as estimativas do número real <strong>de</strong> espécies ocorrendo no mar <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong> situam-se na casa <strong>da</strong>s 300, consi<strong>de</strong>rando essencialmente aquelas <strong>de</strong> águas<br />

relativamente rasas (até os 30-40m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>). Parte significativa <strong>de</strong>stas<br />

espécies já foi coleta<strong>da</strong> e encontra-se tomba<strong>da</strong> em coleções nacionais <strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

biológica, tais como as do Museu Nacional (UFRJ) e do Museu <strong>de</strong> Zoologia (UFBA),<br />

porém permanece <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, no aguardo <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra especializa<strong>da</strong> para sua<br />

<strong>de</strong>scrição formal e divulgação. Várias <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>, apesar<br />

<strong>de</strong> sabi<strong>da</strong>mente ocorrendo na <strong>Bahia</strong>, há tempos, somente agora são pela primeira<br />

vez apresenta<strong>da</strong>s ao público <strong>de</strong> forma minimamente <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />

I<strong>de</strong>ntificações acura<strong>da</strong>s <strong>de</strong> organismos marinhos associam-se geralmente <strong>de</strong><br />

modo íntimo à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scrições originais. Por isso, entre encontrar um<br />

organismo casualmente, e divulgar à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tal <strong>de</strong>scoberta, po<strong>de</strong> transcorrer um<br />

largo período. Descrever <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente uma espécie leva tempo, e mesmo que não<br />

se constitua apenas em novo registro <strong>de</strong> ocorrência, tal constatação frequentemente<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> interpretação <strong>de</strong> antigos textos em alemão, francês, inglês e italiano,<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

7


Apresentação<br />

quando não russo (!), o que por si só já explicaria a <strong>de</strong>mora. Mas no fundo, o maior<br />

problema resulta <strong>de</strong> serem muitas as espécies <strong>de</strong> poríferos, e poucos os taxônomos.<br />

Como agravante, a Taxonomia é vista por muitos como uma ciência acessória, a tal<br />

ponto que costumeiramente não se permite que esta seja o cerne <strong>de</strong> uma tese <strong>de</strong><br />

doutoramento. Como os poucos taxônomos que existem são cobrados pela formação<br />

e orientação <strong>de</strong> pós-graduandos que, por sua vez, não po<strong>de</strong>m se concentrar<br />

exclusivamente em taxonomia (seja porque o curso não permite, seja porque as<br />

perspectivas <strong>de</strong> emprego são sombrias), tira-se <strong>da</strong>í que tampouco o taxônomo<br />

po<strong>de</strong> se concentrar naquilo que melhor sabe fazer. Inúmeras vezes, terá <strong>de</strong> orientar<br />

em áreas correlatas, como os estudos filogenéticos, ecológicos e biogeográficos,<br />

essenciais também, mas inevitavelmente reduzindo o ritmo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> novas<br />

<strong>de</strong>scrições.<br />

Porém, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por i<strong>de</strong>ntificações acura<strong>da</strong>s <strong>de</strong> organismos marinhos vem<br />

crescendo substancialmente no <strong>Brasil</strong>, como consequencia <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong>s leis <strong>de</strong><br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental, <strong>de</strong> uma maior conscientização para o valor <strong>da</strong> natureza<br />

que nos cerca, e do crescente respeito com as gerações vindouras. <strong>Guia</strong>s <strong>de</strong> campo<br />

como o que oferecemos aqui, temos certeza, vêm <strong>de</strong> encontro à enorme se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

informação <strong>de</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e esperamos que ressaltem o valor do taxônomo como<br />

profissional essencial à bio<strong>de</strong>scoberta e ao eficiente (sustentável) aproveitamento<br />

dos recursos contidos no imenso reservatório <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />

Eduardo Hajdu<br />

Solange Peixinho<br />

Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />

8 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


AGRADECIMENTOS<br />

Esta é uma <strong>da</strong>s partes <strong>de</strong> uma obra on<strong>de</strong> imperfeições são mais nota<strong>da</strong>s. Infelizmente,<br />

com um trabalho que se arrasta há mais <strong>de</strong> duas déca<strong>da</strong>s, inevitavelmente algumas<br />

participações instrumentais para sua conclusão terão sido esqueci<strong>da</strong>s. Para estas,<br />

nosso sincero pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas. Dentre as que lembramos, Ana V. Ma<strong>de</strong>ira,<br />

Bruno C.S. Gomes, Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva, Claudio Sampaio, Cristiana Castelo-<br />

Branco, Cristina P. Santos, Eduardo L. Esteves, Fernan<strong>da</strong> Cavalcanti, George J.G.<br />

Santos, Gisele Lôbo Hajdu, Guilherme R.S. Muricy, Josiane G. Rocha, Laura P. Kremer,<br />

Louis Barrows, Maíra V. Oliveira, Mariana S. Carvalho, Mike Leblanc, Pablo R.D.<br />

Rodrigues, Renata G. Silvano, Roberto G.S. Berlinck, Rosana M. Rocha, Sula Salani,<br />

Ulisses S. Pinheiro e Viviane P. Santos auxiliaram com as coletas, ao nosso lado, ou<br />

conduzindo-as <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Pelo auxílio nas <strong>de</strong>scrições e i<strong>de</strong>ntificações,<br />

bem como na diagramação, <strong>de</strong> forma presencial ou trocando “figurinhas” pelo correio<br />

eletrônico, temos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à Carla Zilberberg, Claudio L.S. Sampaio, Eduardo L.<br />

Esteves, Fábio V. Araujo, Fernan<strong>da</strong> C. Azevedo, Henry M. Reiswig, José L. Carballo,<br />

Klaus Rützler, Maíra V. Oliveira, Márcio R. Custódio, Mariana S. Carvalho, Marc<br />

Laflamme, Michael Nickel, Michelle L.R. Klautau, Pedro M. Alcolado, Rob W.M. van<br />

Soest, Roberto G.S. Berlinck, Sula Salani, Sven Zea, Thiago S. <strong>de</strong> Paula, Ulisses S.<br />

Pinheiro e Vinicius Padula. Tal aju<strong>da</strong> se <strong>de</strong>u com a preparação <strong>de</strong> lâminas para estudo<br />

ao microscópio, com a observação <strong>da</strong>s mesmas, com a obtenção <strong>de</strong> micrometrias,<br />

comparação com <strong>de</strong>scrições <strong>da</strong> literatura, discussão <strong>de</strong> preferências alimentares<br />

<strong>de</strong> pre<strong>da</strong>dores <strong>de</strong> esponjas, menção a novos locais on<strong>de</strong> se encontrou algumas <strong>da</strong>s<br />

espécies incluí<strong>da</strong>s no <strong>Guia</strong>, e <strong>de</strong> muitas outras formas, mais ou menos sutis. Molly<br />

Ryan é autora <strong>de</strong> boa parte dos <strong>de</strong>senhos utilizados para ilustrar o glossário, e como tal<br />

merece um agra<strong>de</strong>cimento especial. Pelo apoio financeiro na forma <strong>de</strong> bolsas e auxílios<br />

temos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à CAPES, ao CENPES/Petrobras, ao CNPq, à FAPERJ, à FAPESB<br />

e à FAPESP, porém também a nós mesmos, importantes contribuidores financeiros<br />

para a viabilização <strong>de</strong>sta obra, que foi diagrama<strong>da</strong> e impressa com recursos do projeto<br />

Desenvolvimento <strong>da</strong> Taxonomia <strong>de</strong> <strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> (<strong>Porifera</strong>) do <strong>Brasil</strong> (Petrobras–<br />

Agência Nacional do Petróleo SAP 4600177470), coor<strong>de</strong>nado pelo Prof. Dr. Guilherme<br />

Ramos <strong>da</strong> Silva Muricy, e integrante <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Monitoramento Ambiental Marinho<br />

<strong>da</strong> Petrobras. Graças a nossos excelentes parceiros na área ambiental <strong>da</strong> Petrobras,<br />

Ana Paula Falcão, Guarani <strong>de</strong> Hollan<strong>da</strong> Cavalcanti e Márcia <strong>de</strong> França Rocha, temos<br />

conseguido elevar nossa ciência a patamares <strong>de</strong> disseminação com os quais sequer<br />

sonhávamos há pouco mais <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong>. De suma importância para a conclusão<br />

<strong>de</strong>sta obra foi também nossa moe<strong>da</strong> afetiva. O tempo em que estivemos longe <strong>de</strong> casa<br />

colhendo informações para este <strong>Guia</strong> – ou mesmo quando estávamos em casa, porém<br />

100% absortos em sua preparação – foi subtraído <strong>da</strong>queles que mais o mereciam,<br />

nossas famílias. Para com eles nossa dívi<strong>da</strong> é impagável, e nosso agra<strong>de</strong>cimento o<br />

maior e mais sincero.<br />

Eduardo Hajdu<br />

Solange Peixinho<br />

Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

9


10 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Solange Peixinho<br />

(27.01.1946 - 11.11.2010)<br />

Solange, natural <strong>de</strong> Monte Santo (BA), cursou História Natural entre 1967 e 1970<br />

na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA). Seu Mestrado também seria cursado no<br />

<strong>Brasil</strong>, tendo <strong>de</strong>fendido sua Dissertação em 1973, pelo curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), sobre o tema <strong>Esponjas</strong> Calcarias do <strong>Brasil</strong>.<br />

Em 1974 ingressou no quadro <strong>de</strong> docentes <strong>da</strong> UFBA, mas já em 1976 partiu em<br />

busca <strong>de</strong> conhecimentos aprofun<strong>da</strong>dos em esponjas marinhas, tomando o rumo<br />

<strong>de</strong> Paris. Ali obteve o Diploma <strong>de</strong> Estudos Aprofun<strong>da</strong>dos em 1977, e em sequência<br />

seu Doutorado, em 1980, ambos pela Université Pierre et Marie Curie. Com esta<br />

pós-graduação ela especializava-se em Histologia e Citologia. Após este período no<br />

exterior, Solange retornaria à <strong>Bahia</strong>, on<strong>de</strong> exerceu a carreira <strong>de</strong> professora universitária<br />

e pesquisadora até 2010. Em 1986, Solange se prontificaria a orientar, à distância,<br />

um grupo entusiasmado <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes cariocas que enfrentavam os percalços<br />

<strong>de</strong> iniciar estudos com esponjas na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ),<br />

quase que por conta própria. Desta iniciativa surgiu uma longa amiza<strong>de</strong> e profun<strong>da</strong><br />

admiração em mão dupla. Passo a passo estes estu<strong>da</strong>ntes foram encontrando on<strong>de</strong><br />

se apoiar, obtendo assim a confiança necessária para seguir especializando-se, e hoje<br />

compreen<strong>de</strong>m quatro professores <strong>da</strong> UFRJ e um <strong>da</strong> USP. Solange foi co-autora <strong>de</strong> 13<br />

trabalhos em química e farmacologia<br />

<strong>de</strong> produtos naturais marinhos,<br />

12 em taxonomia, e um em biomonitoramento.<br />

Afora suas publicações,<br />

Solange participou <strong>de</strong> inúmeros<br />

projetos <strong>de</strong> biomonitoramento<br />

e consultorias ambientais, on<strong>de</strong> sua<br />

ampla experiência com as esponjas<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> conferiam uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

difícil <strong>de</strong> igualar em outras partes<br />

do país.<br />

Mas Solange sempre foi muito<br />

mais que uma parceira <strong>de</strong> profissão.<br />

Seu amor pela natureza, em<br />

especial aquela <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, contagiava<br />

a todos, e sem dúvi<strong>da</strong> terá influenciado<br />

gerações <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes<br />

a respeitar o mundo que nos cerca,<br />

e em várias ocasiões, a seguir estudos<br />

aprofun<strong>da</strong>dos em ciências<br />

marinhas, ou mesmo esponjas em<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

11


particular. A celebração <strong>de</strong>ste amor alcançava seu ápice frente ao por do sol na Praia<br />

<strong>de</strong> Itapoã. Este livro era um sonho que vinha sendo perseguido “a passos <strong>de</strong> cágado”,<br />

como ela gostava <strong>de</strong> dizer. Nos últimos anos, sua li<strong>de</strong>rança neste projeto foi<br />

<strong>de</strong>cisiva para que “o cágado alçasse um vôo mais pretensioso” e finalmente o sonho<br />

aterrissasse entre nós. Solange nos <strong>de</strong>ixou em 11 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2010. Sua mãe e<br />

seu filho, moradores <strong>de</strong> Salvador, seu ex-marido, que vive na França, e todos nós que<br />

a conhecemos mais <strong>de</strong> perto, sentiremos enorme falta <strong>de</strong> sua companhia.<br />

Eduardo Hajdu<br />

Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />

12 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


PREFÁCIO<br />

A partir do ano 2000 têm surgido publicações importantes que tratam <strong>da</strong> divulgação<br />

científica <strong>de</strong> invertebrados marinhos <strong>da</strong> Costa <strong>Brasil</strong>eira, <strong>de</strong>ntre as quais guias <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação para ascídias, para esponjas do su<strong>de</strong>ste do país.<br />

Neste contexto, a publicação do livro <strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> – guia <strong>de</strong> campo<br />

e laboratório, premia o esforço do trabalho empreendido pela saudosa Dra. Solange<br />

Peixinho (†2010), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>dicação ao filo, quando se incorporou ao<br />

Departamento <strong>de</strong> Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA). Ao longo <strong>de</strong><br />

sua vi<strong>da</strong> acadêmica, Solange agregou uma crescente participação <strong>de</strong> colaboradores<br />

e orientandos, <strong>de</strong>stacando-se a presença constante do Dr. Eduardo Hajdu, <strong>de</strong> sua<br />

colega Dra. Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva e mais recentemente do Biólogo Júlio C. C.<br />

Fernan<strong>de</strong>z.<br />

Esta obra representa um marco para o registro e divulgação <strong>da</strong> espongiofauna<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> e <strong>de</strong> uma forma especial para a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Esta última é<br />

relata<strong>da</strong> através <strong>de</strong> sua biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> muito pouco conheci<strong>da</strong>, registra<strong>da</strong> na<br />

multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas disponíveis no seu entorno. Esta riqueza encontra<br />

nesta obra um oportuno <strong>de</strong>staque para a Zoologia <strong>de</strong> Invertebrados marinhos<br />

brasileiros.<br />

O envolvimento <strong>da</strong> UFBA em trabalhos <strong>de</strong> gestão ambiental realizados na costa<br />

baiana, com a participação <strong>de</strong> seu corpo acadêmico (pesquisadores, estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong><br />

graduação e pós-graduação) tem contribuído, sobremaneira, para a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acesso aos ecossistemas oceânicos costeiros e <strong>de</strong> baías, permitindo a ampliação<br />

do conhecimento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> zoobentônica e o registro <strong>de</strong> novas ocorrências<br />

<strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, algumas <strong>da</strong>s quais estão integra<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>. Este é o caso <strong>de</strong> espécies<br />

por um lado abun<strong>da</strong>ntes, mas por outro ain<strong>da</strong> não registra<strong>da</strong>s em publicações até<br />

o presente para o <strong>Brasil</strong> como Clathria schoenus, Clathria venosa, Haliclona caerulea e<br />

outras.<br />

A <strong>de</strong>scrição cui<strong>da</strong>dosa e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>da</strong> morfologia, a ampla e primorosa<br />

documentação fotográfica associa<strong>da</strong> à sucinta <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> ecologia acompanha<strong>da</strong><br />

do registro <strong>da</strong> distribuição geográfica <strong>da</strong>s ocorrências <strong>da</strong>s espécies, torna este <strong>Guia</strong><br />

um estímulo para pesquisadores e pós-graduandos quanto à apreciação e <strong>de</strong>safio<br />

dos estudos com esponjas, contribuindo para a ampliação do conhecimento científico<br />

<strong>de</strong>stes componentes <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> marinha, bem como para sua preservação.<br />

Março <strong>de</strong> 2011<br />

Marlene <strong>Campo</strong>s Peso-Aguiar<br />

Prof. Titular<br />

Departamento <strong>de</strong> Zoologia - UFBA<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

13


ÍNDICE<br />

Introdução ........................................................................................................................................ 19<br />

Caracterização do Filo <strong>Porifera</strong> ............................................................................... 19<br />

Classificação e caracterização <strong>da</strong>s Classes e Or<strong>de</strong>ns ........................................... 26<br />

Filogenia ..................................................................................................................... 33<br />

Aspectos ecológicos .................................................................................................. 33<br />

Litoral baiano ............................................................................................................. 39<br />

Padrões <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>........................................................................ 43<br />

I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas ............................................................................................................ 49<br />

Coleta .......................................................................................................................... 49<br />

Fixação e conservação .............................................................................................. 51<br />

Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia óptica .................................................. 52<br />

Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia <strong>de</strong> varredura ...................................... 57<br />

DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES<br />

Filo <strong>Porifera</strong> Grant, 1836 ................................................................................................................ 59<br />

Classe Demospongiae Sollas, 1885 ....................................................................................... 59<br />

Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969 .................................................................. 59<br />

Família Tetilli<strong>da</strong>e Sollas, 1886 .......................................................................................... 60<br />

1 – Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929) ........................................................... 60<br />

2 – Cinachyrella apion (Uliczka, 1929) ................................................................. 63<br />

3 – Cinachyrella kuekenthali (Uliczka, 1929) ....................................................... 65<br />

4 – Craniella quirimure Peixinho, Cosme & Hajdu, 2005 ................................... 67<br />

Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888 ....................................................................................... 70<br />

Família Ancorini<strong>da</strong>e Schmidt, 1870................................................................................. 71<br />

5 – Ecionemia sp.................................................................................................... 71<br />

6 – Stelletta anancora (Sollas, 1886) .................................................................... 74<br />

7 – Tribrachium schmidti Weltner, 1882 ............................................................... 78<br />

Família Geodi<strong>da</strong>e Gray, 1867 ................................................................................. 81<br />

8 – Erylus formosus Sollas, 1886 .......................................................................... 81<br />

9 – Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio,<br />

Russo & Peixinho, 1992 ................................................................................. 84<br />

10 – Geodia gibberosa Lamarck, 1815.................................................................... 86<br />

Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894 ................................................................................... 88<br />

Família Clionai<strong>da</strong>e D’Orbigny, 1851 ...................................................................... 89<br />

11 – Complexo Cliona celata Grant, 1826 ........................................................... 89<br />

12 – Cliona <strong>de</strong>litrix Pang, 1973 ............................................................................. 92<br />

13 – Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864) ....................................... 94<br />

Família Placospongii<strong>da</strong>e Gray, 1867 .............................................................................. 96<br />

14 – Placospongia sp. ............................................................................................ 96<br />

Família Spirastrelli<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886 ............................................................... 98<br />

14 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Índice<br />

15 – Spirastrella hartmani Boury–Esnault, Klautau, Bézac,<br />

Wulff & Solé–Cava, 1999 ............................................................................... 98<br />

Família Suberiti<strong>da</strong>e Schmidt, 1870 ................................................................................. 100<br />

16 – Aaptos spp. ................................................................................................... 100<br />

17 – Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti,1864) ............................ 102<br />

18 – Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864 ........................................... 104<br />

Família Tethyi<strong>da</strong>e Gray, 1867 ........................................................................................... 106<br />

19 – Tethya maza Selenka, 1879 ............................................................................ 106<br />

20 – Tethya sp. ....................................................................................................... 110<br />

Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury–Esnault & Lopès, 1985 ........................................................ 112<br />

Família Chondrilli<strong>da</strong>e Gray, 1872 .................................................................................... 113<br />

21 – Chondrilla aff. nucula Schmidt, 1862 ........................................................... 113<br />

22 – Chondrosia sp. Nardo, 1847 ......................................................................... 116<br />

Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray, 1867 ....................................................................................... 118<br />

Família Axinelli<strong>da</strong>e Carter, 1875 ..................................................................................... 119<br />

23 – Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886) ..................................... 119<br />

24 – Ptilocaulis walpersi (Duchassaing & Michelotti, 1864) ............................... 122<br />

Família Dictyonelli<strong>da</strong>e van Soest, Diaz & Pomponi, 1990 .......................................... 124<br />

25 – Scopalina ruetzleri (Wi<strong>de</strong>nmayer, 1977) ....................................................... 124<br />

Família Halichondrii<strong>da</strong>e Vosmaer, 1887 ........................................................................ 126<br />

26 – Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)......................................... 126<br />

27 – Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001 ....... 128<br />

28 – Topsentia ophiraphidites <strong>de</strong> Laubenfels, 1934 .............................................. 130<br />

Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928 .............................................................................. 132<br />

Subor<strong>de</strong>m Microcionina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ....................................... 133<br />

Família Microcioni<strong>da</strong>e Carter, 1875 ............................................................................... 133<br />

29 – Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936) ...................................................... 133<br />

30 – Clathria venosa Alcolado, 1984 .................................................................... 136<br />

Família Raspailli<strong>da</strong>e Hentschel, 1923 ............................................................................ 138<br />

31 – Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983 ..................................................... 138<br />

32 – Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864) .................................... 140<br />

33 – Thrinacophora funiformis Ridley & Dendy, 1886 ........................................ 142<br />

Subor<strong>de</strong>m Myxillina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ............................................... 144<br />

Família Coelosphaeri<strong>da</strong>e Lévi, 1963 ............................................................................... 144<br />

34 – Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis (Carter, 1882) ..................................................... 144<br />

Família Crambei<strong>da</strong>e Lévi, 1963 ........................................................................................ 146<br />

35 – Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864) ......................... 146<br />

Família Desmacidi<strong>da</strong>e Schmidt, 1870 ............................................................................ 151<br />

36 – Desmapsamma anchorata (Carter, 1882) ....................................................... 151<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

15


Índice<br />

Família Iotrochoti<strong>da</strong>e Dendy, 1922 ................................................................................. 155<br />

37 – Iotrochota birotulata (Higgin, 1877) ............................................................. 155<br />

Família Te<strong>da</strong>nii<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886 ...................................................................... 157<br />

38 – Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864) ......................................... 157<br />

Subor<strong>de</strong>m Mycalina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ............................................... 161<br />

Família Mycali<strong>da</strong>e Lundbeck, 1905 ................................................................................ 161<br />

39 – Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................... 161<br />

40 – Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................... 165<br />

41 – Mycale microsigmatosa Arndt, 1927 ............................................................. 168<br />

Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928 ................................................................................. 170<br />

Subor<strong>de</strong>m Haplosclerina Topsent, 1928 ........................................................................ 171<br />

Família Callyspongii<strong>da</strong>e De Laubenfels, 1936............................................................... 171<br />

42 – Callyspongia sp. 1.......................................................................................... 171<br />

43 – Callyspongia sp. 2 ......................................................................................... 174<br />

44 – Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881) .................................................. 176<br />

45 – Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814) ....................................................... 178<br />

Família Chalini<strong>da</strong>e Gray, 1867 ......................................................................................... 180<br />

46 – Haliclona caerulea (Hechtel, 1965) ............................................................... 180<br />

47 – Haliclona implexiformis (Hechtel,1965) ....................................................... 182<br />

48 – Haliclona manglaris Alcolado, 1984 ............................................................. 184<br />

49 – Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999 ................................................... 186<br />

50 – Haliclona sp.................................................................................................... 188<br />

Família Niphati<strong>da</strong>e van Soest, 1980 ............................................................................... 191<br />

51 –Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864 ................................. 191<br />

52 –Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864 ......................................... 193<br />

Subor<strong>de</strong>m Petrosina Boury–Esnault & van Beveren, 1982 ......................................... 196<br />

Família Petrosii<strong>da</strong>e van Soest, 1980 .............................................................................. 196<br />

53 – Petrosia weinbergi van Soest, 1980 ............................................................... 196<br />

54 – Xestospongia muta (Schmidt, 1870) .............................................................. 198<br />

Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900 ................................................................................ 200<br />

Família Dysi<strong>de</strong>i<strong>da</strong>e Gray, 1867 ......................................................................................... 201<br />

55 – Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936 ........................................................... 201<br />

56 – Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864) ....................................... 204<br />

57 – Dysi<strong>de</strong>a robusta Villanova & Muricy, 2001 .................................................. 206<br />

Família Ircinii<strong>da</strong>e Gray, 1867 ........................................................................................... 208<br />

58 – Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864) ............................................ 208<br />

59 – Ircinia strobilina (Lamarck, 1816) ................................................................ 210<br />

Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900 .............................................................................. 212<br />

Família Darwinelli<strong>da</strong>e Merejkowsky, 1879 ................................................................... 213<br />

16 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Índice<br />

60 – Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876) ................................................................ 213<br />

61 – Chelonaplysilla aff. erecta (Row, 1911) .......................................................... 218<br />

Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978 ........................................................................... 220<br />

Família Aplysini<strong>da</strong>e Carter, 1875 ........................................................................... 221<br />

62 – Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875) ................................................................... 221<br />

63 – Aplysina cauliformis (Carter,1882) ............................................................... 224<br />

64 – Aplysina fistularis (Lamarck,1814) .............................................................. 227<br />

65 – Aplysina fulva (Pallas,1766) ......................................................................... 230<br />

66 – Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................. 233<br />

67 – Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007 ............................... 236<br />

Classe Calcarea Bowerbank, 1864 ........................................................................................ 240<br />

Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Minchin, 1900................................................................................. 241<br />

Família Amphorisci<strong>da</strong>e Dendy, 1892 .............................................................................. 242<br />

68 – Leucilla spp.................................................................................................... 242<br />

Família Heteropii<strong>da</strong>e Dendy, 1893 .................................................................................. 244<br />

69 – Grantessa sp. ................................................................................................. 244<br />

Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958 ...................................................................................... 248<br />

Família Clathrini<strong>da</strong>e Dendy, 1892 ................................................................................... 249<br />

70 – Clathrina spp. ............................................................................................... 249<br />

Glossário .............................................................................................................................. 252<br />

Literatura recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> ................................................................................................... 270<br />

Referências bibliográficas ............................................................................................... 272<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

17


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Poças <strong>de</strong> maré em ambiente misto na Praia <strong>de</strong> Ondina (Salvador),<br />

Jul/2006. Diversas espécies <strong>de</strong> esponjas po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>da</strong>s no local,<br />

principalmente em fen<strong>da</strong>s e pequenas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s abriga<strong>da</strong>s do embate direto<br />

<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e do pisoteio dos visitantes. Este ambiente inclui rochas graníticas<br />

e areníticas, além <strong>de</strong> corais e algas coralináceas como principais frações do<br />

substrato consoli<strong>da</strong>do.<br />

18 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


INTRODUÇÃO<br />

O interesse pelos organismos marinhos, particularmente algas, esponjas, cnidários,<br />

briozoários e ascídias, cresceu significativamente nas últimas déca<strong>da</strong>s, principalmente<br />

pelo fato <strong>de</strong> terem servido como fonte <strong>de</strong> numerosos metabólitos com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

farmacológicas. Apenas as esponjas e seus microorganismos associados geraram<br />

mais <strong>de</strong> 5000 compostos até 2008. Alguns <strong>de</strong>stes metabólitos <strong>de</strong>ram origem a<br />

substâncias comercializa<strong>da</strong>s na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o tratamento <strong>de</strong> enfermi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />

afligem gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas em todo o mundo. Dentre estes, o Aciclovir (Ara<br />

A), utilizado no tratamento <strong>da</strong> Herpes do tipo 2, a Citarabina (Ara C), um potente<br />

tratamento para algumas leucemias e linfomas, e o AZT, que compõe um dos<br />

primeiros coquetéis anti-AIDS.<br />

Além do rico espectro <strong>de</strong> substâncias bioativas que produzem, esponjas são<br />

potenciais bioindicadoras <strong>de</strong> poluição, o que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> serem sésseis e filtradoras, e<br />

em sua maioria, sensíveis a alterações <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental. As esponjas são também<br />

excelentes mo<strong>de</strong>los para a pesquisa básica, em função <strong>de</strong> sua organização relativamente<br />

simples e prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>de</strong> grau celular, o que contribui para tornar este<br />

grupo uma <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estudo <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do bentos marinho.<br />

Caracterização do Filo <strong>Porifera</strong><br />

As esponjas formam um grupo bem sucedido nos mares atuais e sua história<br />

geológica é muito antiga, com registro fóssil no Vendiano superior, cerca <strong>de</strong> 600<br />

milhões <strong>de</strong> anos atrás. Ao longo <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos, estes organismos<br />

foram os principais construtores <strong>de</strong> recifes, <strong>de</strong>sempenhando, portanto papel<br />

estrutural essencial, marca<strong>da</strong>mente associado ao incremento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Semelhante contraste se observa no presente, quando comparamos um recife <strong>de</strong><br />

coral ao fundo <strong>de</strong> areia ou lama que o cerca.<br />

Nos ambientes marinhos costeiros, as esponjas chamam a atenção<br />

principalmente por suas cores e formas varia<strong>da</strong>s. Porém, menos alar<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s no<br />

dia a dia <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> aula e noticiários, o mais comum é que sejam confundi<strong>da</strong>s<br />

com algas, corais ou mesmo rochas, como consequência <strong>de</strong> seu hábito séssil,<br />

aparentemente estático. Seu tamanho também varia muito, pois há esponjas que<br />

se me<strong>de</strong> em milímetros, enquanto outras ultrapassam um ou mais metros, seja<br />

em comprimento, altura ou diâmetro. São notoriamente assimétricas, porém<br />

há exceções. Organizações anatômicas em disposição radial são relativamente<br />

comuns, e em casos mais raros, geralmente no mar profundo, po<strong>de</strong>-se observar<br />

padrões que assemelham-se superficialmente ao bilateral e até mesmo ao<br />

metamérico.<br />

O nome do Filo – <strong>Porifera</strong> (do latim porus = poro; e ferre = portador) significa<br />

poroso, esponjoso, e <strong>de</strong>ve-se à presença <strong>de</strong> numerosos poros na superfície <strong>de</strong>stes<br />

animais. Apesar <strong>de</strong> o termo esponjoso <strong>da</strong>r idéia <strong>de</strong> macio, não há apenas espécies<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

19


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

20 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

moles ou muito moles (p.ex. Aplysilla aff. rosea), existem também espécies tão duras<br />

que po<strong>de</strong>m ser confundi<strong>da</strong>s com rochas (p.ex. Ecionemia sp., Placospongia sp.). No BOX<br />

1 (p 22) estão incluídos diversos aspectos que caracterizam o Filo <strong>de</strong> forma sucinta.<br />

O corpo <strong>de</strong> uma esponja está organizado em três cama<strong>da</strong>s: a pinaco<strong>de</strong>rme, o<br />

mesoílo e a coano<strong>de</strong>rme. As células superficiais, os pinacócitos, revestem tanto a<br />

superfície externa como a basal <strong>de</strong> uma esponja, assim como a superfície dos canais<br />

internos, presentes na maioria <strong>da</strong>s esponjas, e próximo dos quais se encontram os<br />

coanócitos. Estes estão organizados em uma monocama<strong>da</strong> contínua, em gran<strong>de</strong>s<br />

sacos, ou em pequenas câmaras. Entre as cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pinacócitos e <strong>de</strong> coanócitos<br />

há o mesoílo com sua matriz fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> fibrilas <strong>de</strong> colágeno, frequentemente<br />

associa<strong>da</strong> a outros elementos esqueléticos, sejam <strong>de</strong> natureza orgânica ou inorgânica,<br />

bem como alguns tipos celulares coletivamente <strong>de</strong>nominados “amebócitos”. Entre<br />

esses se <strong>de</strong>stacam os arqueócitos com funções <strong>de</strong> digestão, reprodução e regeneração,<br />

cujo grau <strong>de</strong> totipotência é muito alto, ou seja, estas células indiferencia<strong>da</strong>s são<br />

capazes <strong>de</strong> se transformar em todos os outros tipos celulares – são “as células tronco<br />

<strong>da</strong>s esponjas”!<br />

O sistema aquífero <strong>da</strong>s esponjas po<strong>de</strong> apresentar três tipos básicos <strong>de</strong> organização,<br />

do mais simples para o mais complexo – asconói<strong>de</strong>, siconói<strong>de</strong> e leuconói<strong>de</strong>,<br />

mas com alguns padrões intermediários, por exemplo, sileibi<strong>de</strong>, transição <strong>de</strong><br />

siconói<strong>de</strong> para leuconói<strong>de</strong>. O padrão mais complexo é o presente na ampla maioria<br />

<strong>da</strong>s esponjas, ampliando suas superfícies <strong>de</strong> contato com o meio, o que facilita o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> diversas funções fisiológicas, ao mesmo tempo em que permite<br />

a algumas <strong>de</strong>stas esponjas alcançar gran<strong>de</strong>s dimensões. O percurso <strong>da</strong> água em<br />

uma esponja leuconói<strong>de</strong> é o seguinte: entra<strong>da</strong> por pequenos orifícios inalantes<br />

(poros, óstios, ostíolos), passagem por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais inalantes até atingir os<br />

motores do sistema, as câmaras coanocitárias, on<strong>de</strong> o batimento dos flagelos dos<br />

coanócitos geram uma corrente <strong>de</strong> água que sai por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais exalantes<br />

que convergem aos ósculos <strong>da</strong> esponja, para retorno ao meio circun<strong>da</strong>nte. A página<br />

eletrônica <strong>Porifera</strong> <strong>Brasil</strong> apresenta uma animação <strong>de</strong>ste processo em http://www.<br />

poriferabrasil.mn.ufrj.br/8-ferramentas/animacoes/aquifero.htm.<br />

As esponjas mais simples, do tipo asconói<strong>de</strong>, têm canais ou uma câmara única<br />

Formas <strong>de</strong> crescimento e típicos relevos <strong>da</strong> superfície frequentemente observados entre<br />

as esponjas: 1, arborecente; 2, areola<strong>da</strong>; 3, caliciforme; 4, ren<strong>da</strong><strong>da</strong>; 5, clava<strong>da</strong>; 6, colunar;<br />

7, conulosa; 8, corruga<strong>da</strong>; 9, digitiforme; 10, incrustante; 11, endopsâmica; 12, excavadora;<br />

13, ficiforme (em forma <strong>de</strong> figo); 14, fistulosa; 15, flabela<strong>da</strong>; 16, flageliforme; 17, foliácea; 18,<br />

globular; 19, híspi<strong>da</strong>; 20, em forma <strong>de</strong> colméia; 21, infundibuliforme (afunila<strong>da</strong>); 22, oval; 23,<br />

palma<strong>da</strong>; 24, papila<strong>da</strong>; 25, peduncula<strong>da</strong>; 26, peniforme; 27, reptante (paralela ao substrato,<br />

tocando-o em diversos pontos, como uma serpente em movimento); 28, estriado; 29, rugosa;<br />

30, espina<strong>da</strong>; 31, cauliforme (sustenta<strong>da</strong> por pedúnculo longo); 32, sulca<strong>da</strong>; 33, tubular; 34,<br />

turbina<strong>da</strong> (em forma <strong>de</strong> cone invertido); 35, verrucosa; 36, hirsuta. Retirado <strong>de</strong> Boury-Esnault &<br />

Rützler (1997, Thesaurus of Sponge Morphology. Smithsonian Contributions to Zoology 596).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

21


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Características gerais <strong>da</strong>s esponjas<br />

1 - Metazoários sésseis no estádio adulto;<br />

2 - Dimensões variando <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> milímetros a metros;<br />

3 - Prepon<strong>de</strong>rantemente assimétricos;<br />

4 - Plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> acentua<strong>da</strong>: uma mesma espécie po<strong>de</strong> ter diferentes formas<br />

em resposta às condições ambientais (p.ex. hidrodinamismo, taxas <strong>de</strong><br />

sedimentação);<br />

5 - Coloração varia<strong>da</strong>, inclusive em uma mesma espécie;<br />

6 - Nível celular <strong>de</strong> organização prevalece, à exceção dos epitélios, que<br />

funcionam como tecidos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros, inclusive com lâmina basal em<br />

alguns táxons;<br />

7 - Coanócitos, pinacócitos e “amebócitos”, formam respectivamente<br />

a coano<strong>de</strong>rme, a pinaco<strong>de</strong>rme (exo-, endo-, e basopinaco<strong>de</strong>rme; =<br />

epitélios) e o mesoílo (este último ain<strong>da</strong> com elementos adicionais<br />

diversificados);<br />

8 - Sistema aquífero bastante variado: múltiplos poros inalantes (óstios)<br />

e uma ou muitas aberturas exalantes (ósculos), câmaras coanocitárias<br />

reduzi<strong>da</strong>s ou numerosas, com presença ou ausência <strong>de</strong> canais;<br />

9 - Esqueleto formado por elementos minerais, e/ou orgânicos, como<br />

fibras, fibrilas e/ ou espiculói<strong>de</strong>s;<br />

10 - Filtradores ativos do tipo micrófago, excetuando–se algumas esponjas<br />

carnívoras; os coanócitos capturam diminutas partículas (p.ex.<br />

bactérias) nas microvilosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do colarinho <strong>da</strong> célula;<br />

11 - Digestão intracelular nos amebócitos do tipo arqueócito, que receberam<br />

o alimento dos coanócitos;<br />

12 - Os produtos <strong>de</strong> excreção são geralmente nitrogenados,<br />

13 - Respiração por simples difusão entre células e a água circun<strong>da</strong>nte;<br />

14 - Respostas coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s a estímulos na forma <strong>de</strong> contração oscular,<br />

interrupção e mesmo reversão do fluxo <strong>de</strong> água;<br />

15 - Gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> regeneração – em alguns casos a esponja po<strong>de</strong><br />

ter suas células dissocia<strong>da</strong>s mecanicamente e reassumir a forma <strong>de</strong><br />

uma esponja funcional em segui<strong>da</strong> (passados alguns dias);<br />

16 - Reprodução assexua<strong>da</strong> por brotamento, gemulação ou fissão;<br />

17 - Reprodução sexua<strong>da</strong> em padrão monóico ou dióico; do tipo ovíparo ou<br />

vivíparo, com larvas no estádio blástula (anfiblástulas, calciblástulas,<br />

cinctoblástulas, clavablástulas, disférulas, hoplitomelas, parenquimelas<br />

e triquimelas).<br />

22 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

(átrio), revestidos por uma monocama<strong>da</strong> <strong>de</strong> coanócitos. Neste caso, o fluxo <strong>de</strong> água<br />

gerado para fora <strong>da</strong> esponja força a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> água nos canais, o que em alguns casos<br />

se dá através <strong>de</strong> células especializa<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s porócitos, que funcionam como<br />

um “microcano” (canalículo) <strong>de</strong> contato entre o interior dos tubos e o meio externo.<br />

A distribuição <strong>da</strong>s células e do esqueleto são testemunhos <strong>da</strong> integração <strong>de</strong> todo o<br />

sistema corporal. As diferentes categorias celulares não se distribuem ao acaso, mas<br />

obe<strong>de</strong>cem a um esquema relacionado ao funcionamento do animal, estruturado em<br />

função do sistema aquífero.<br />

Há três famílias que incluem espécies carnívoras – Cladorhizi<strong>da</strong>e, Guitarri<strong>da</strong>e<br />

e Esperiopsi<strong>da</strong>e, as duas últimas com apenas uma espécie supostamente carnívora<br />

registra<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong>. Estas esponjas usam espículas especiais, distribuí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma a<br />

atuar como um velcro, com as quais elas capturam suas presas, geralmente pequenos<br />

crustáceos. A digestão inicia-se extracelularmente e se completa no interior <strong>da</strong>s células.<br />

Portanto, é nessas esponjas que surge pela primeira vez a digestão extracelular, e não<br />

nos cnidários como se pensava até então.<br />

Plano básico <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> uma esponja (as setas indicam o caminho percorrido<br />

pela corrente <strong>de</strong> água no interior <strong>da</strong> esponja): 1, exopinacócito (revestimento externo); 2,<br />

actinócito (célula contrátil); 3, esclerócito (secreção <strong>de</strong> espiculas); 4, coanócitos (corrente<br />

<strong>de</strong> água); 5, espongina; 6, basopinacócito (revestimento basal); 7, célula esferulosa;<br />

8, espongócito (secreção <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina); 9, lofócito (tipo <strong>de</strong> colêncito com<br />

um tufo <strong>de</strong> fibrilas <strong>de</strong> colágeno presas em seu pólo posterior); 10, arqueócito (célula<br />

totipotente); 11, endopinacócito (revestimento interno); 12, colêncito (secreção <strong>de</strong><br />

colágeno). Retirado <strong>de</strong> Boury-Esnault & Rützler (1997, Thesaurus of Sponge Morphology.<br />

Smithsonian Contributions to Zoology 596).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

23


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Eletromicrografia <strong>de</strong> um<br />

arranjo siconói<strong>de</strong> do sistema<br />

aquífero <strong>de</strong> Sycon sycandra<br />

(Len<strong>de</strong>nfeld, 1895). CC, câmara<br />

coanocitária. A, cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial.<br />

Retirado <strong>de</strong> De Vos et al. (1991),<br />

Atlas of Sponge Morphology.<br />

Smithsonian Institution Press,<br />

Washington D.C.<br />

Microscleras do tipo anisoquela palma<strong>da</strong>, dispostas<br />

sobre feixes <strong>de</strong> megascleras, formando um arranjo<br />

similar ao do velcro, utilizado aqui para captura<br />

<strong>de</strong> presas. Eletromicrografia <strong>de</strong> uma esponja <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Bacia <strong>de</strong> <strong>Campo</strong>s (RJ).<br />

A maioria <strong>da</strong>s esponjas possui um esqueleto interno, secretado por células do<br />

mesoílo ou “roubado” ao meio. Os esqueletos secretados compreen<strong>de</strong>m elementos<br />

silicosos ou calcários, e elementos orgânicos. Elementos silicosos po<strong>de</strong>m ser<br />

espículas isola<strong>da</strong>s ou em distintos graus <strong>de</strong> fusionamento, até tornar a esponja dura<br />

feito uma rocha, como no caso <strong>de</strong> muitas espécies litistí<strong>de</strong>as e algumas “esponjas<br />

<strong>de</strong> vidro” (Classe Hexactinelli<strong>da</strong>, ver a seguir). Já se conhece no <strong>Brasil</strong> exemplos<br />

dos dois casos. Elementos calcários também po<strong>de</strong>m ocorrer como espículas isola<strong>da</strong>s,<br />

ou formar arcabouços sólidos em algumas espécies conheci<strong>da</strong>s como esponjas<br />

coralinas. Este tipo <strong>de</strong> organização ain<strong>da</strong> não foi observado em nenhuma esponja<br />

brasileira. Os elementos orgânicos são principalmente na forma <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong><br />

espongina, mas há também alguns poucos casos com notáveis reforços estruturais<br />

<strong>de</strong> colágeno fibrilar, e em outros, espiculói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espongina isolados. A espongina é<br />

uma escleroproteína, um composto orgânico semelhante à quitina, ao colágeno e à<br />

queratina, presente nota<strong>da</strong>mente nas esponjas <strong>de</strong> banho, principalmente dos gêneros<br />

Spongia e Hippospongia, comuns no mar Mediterrâneo. Conhece-se algumas espécies<br />

<strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong> banho do mar brasileiro, mas ain<strong>da</strong> não se <strong>de</strong>tectou alguma em<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> minimamente satisfatória para viabilizar sua exploração comercial. Este<br />

24 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

<strong>Guia</strong> apresenta diversas espécies com abun<strong>da</strong>nte ocorrência <strong>de</strong> espongina em seus<br />

esqueletos, com <strong>de</strong>staque para aquelas dos gêneros Aplysina, Callyspongia e Ircinia.<br />

Por fim, nem sempre a esponja secreta a integrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu esqueleto, sendo<br />

comum apo<strong>de</strong>rar-se especialmente <strong>de</strong> componentes minerais do meio circun<strong>da</strong>nte.<br />

Estes po<strong>de</strong>m ser sedimentos, frequentemente selecionados, e em alguns casos com<br />

uma curiosa preferência por espículas ou fragmentos <strong>de</strong> espículas, ou hastes <strong>de</strong><br />

sustentação construí<strong>da</strong>s por outros organismos, como no caso dos esqueletos <strong>da</strong><br />

alga Jania adherens. São nestes componentes do esqueleto <strong>da</strong>s esponjas que se baseia<br />

prepon<strong>de</strong>rantemente a classificação do Filo, uma consequência natural <strong>da</strong> observa<strong>da</strong><br />

plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aspectos externos, associa<strong>da</strong> ao mau estado <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> boa<br />

parte <strong>da</strong>s amostras estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s antes do advento do mergulho autônomo em meados<br />

do século XX.<br />

A respiração é feita por difusão, sendo o processo facilitado pela enorme superfície<br />

<strong>de</strong> contato com o meio líquido, <strong>de</strong>corrente do amplo sistema <strong>de</strong> canais e<br />

lacunas. Este sistema permite que ca<strong>da</strong> célula supra suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> oxigênio e<br />

<strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> gases e excretas nitrogenados, seja por estar em contato direto com<br />

o meio, ou à curta distância do mesmo. <strong>Esponjas</strong> não têm nem células sensoriais,<br />

nem células nervosas. No entanto, são capazes <strong>de</strong> respostas coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s, como no<br />

fechamento <strong>de</strong> óstios e ósculos, interrupção e reversão <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> água, na liberação<br />

sincroniza<strong>da</strong> <strong>de</strong> gametas, e em outras distintas situações. Nestes casos, tal feito<br />

é atingido através <strong>da</strong> transmissão célula à célula por actinócitos, ou por transmissão<br />

<strong>de</strong> substâncias mensageiras, chama<strong>da</strong>s alomônios. Apenas as esponjas <strong>de</strong> ambientes<br />

dulciaquícolas necessitam <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> osmorregulação, e este é constituído<br />

por vacúolos contráteis, à semelhança <strong>de</strong> protozoários que vivem nestes mesmos<br />

ambientes.<br />

As esponjas marinhas po<strong>de</strong>m se reproduzir assexua<strong>da</strong> ou sexua<strong>da</strong>mente. No<br />

primeiro caso as formas mais comuns são o brotamento, que po<strong>de</strong> ocorrer o ano<br />

todo, e a fissão. Esta última po<strong>de</strong> estar mais atrela<strong>da</strong> a fenômenos naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

escala como as tempesta<strong>de</strong>s tropicais e os furacões. Especialmente nas esponjas dulciaquícolas,<br />

períodos <strong>de</strong> seca ou maior frio po<strong>de</strong>m induzir a produção <strong>de</strong> gêmulas,<br />

que são corpos <strong>de</strong> resistência.<br />

São conheci<strong>da</strong>s numerosas espécies monóicas ou dióicas, embora a primeira<br />

estratégia seja a mais frequente, normalmente com produção <strong>de</strong> células masculinas<br />

e femininas em períodos alternados. A formação <strong>de</strong> gametas é geralmente sazonal e<br />

implica na <strong>de</strong>sdiferenciação e rediferenciação <strong>de</strong> arqueócitos e coanócitos, tanto na<br />

ovogênese como na espermatogênese. Em muitas esponjas a fecun<strong>da</strong>ção é externa,<br />

contudo, nas esponjas vivíparas o espermatozói<strong>de</strong> é eliminado para o ambiente,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> será capturado aci<strong>de</strong>ntalmente por outra esponja. Ao penetrar no sistema<br />

aquífero <strong>de</strong>sta outra esponja <strong>de</strong> sua espécie, será capturado por um coanócito,<br />

que sob a forma amebói<strong>de</strong> o transferirá para o óvulo. Esta fecun<strong>da</strong>ção é indireta e<br />

absolutamente original.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

25


Classificação e caracterização <strong>da</strong>s classes e or<strong>de</strong>ns<br />

As diagnoses apresenta<strong>da</strong>s para Classes, Subclasses e Or<strong>de</strong>ns são traduções e em<br />

alguns casos a<strong>da</strong>ptações <strong>da</strong>quelas ofereci<strong>da</strong>s por diversos autores na obra Systema<br />

<strong>Porifera</strong> (ver Hooper e Van Soest nas referências, uma compilação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />

distintos autores).<br />

CLASSE CALCAREA Bowerbank, 1864. <strong>Esponjas</strong> com esqueleto mineral composto<br />

inteiramente <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio, consistindo <strong>de</strong> espículas di-, tri-, e/ou tetractinais<br />

livres, raramente conecta<strong>da</strong>s ou cimenta<strong>da</strong>s, às vezes com um esqueleto calcítico<br />

basal sólido, e com larvas do tipo blástula e reprodução vivípara. Duas subclasses<br />

recentes são reconheci<strong>da</strong>s, contendo cinco or<strong>de</strong>ns, 22 famílias e 75 gêneros válidos,<br />

com espécies exclusivamente marinhas e distribuição global. Apresenta a maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> organização básica do sistema aquífero – ascon, sicon e leucon,<br />

e estádios intermediários.<br />

SUBCLASSE CALCINEA Bid<strong>de</strong>r, 1898. Calcarea com triactinas regulares (equiangulares<br />

e equirradia<strong>da</strong>s) ou excepcionalmente parassagitais ou sagitais, e/ou um<br />

sistema basal <strong>de</strong> tetractinas. Em adição às espículas livres po<strong>de</strong> haver um esqueleto<br />

calcário basal não espicular. Em termos <strong>de</strong> ontogenia, as triactinas são as primeiras<br />

espículas secreta<strong>da</strong>s. Os coanócitos possuem núcleos basais esféricos. O corpo basal<br />

do flagelo não é adjacente ao núcleo. Espécies <strong>de</strong>sta subclasse incubam larvas do<br />

tipo coeloblástula.<br />

Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958. Calcinea com o esqueleto composto exclusivamente<br />

<strong>de</strong> espículas livres, sem reforços hipercalcificados não espiculares, feixes<br />

espiculares, escamas ou placas calcárias. Inclui seis famílias e 16 gêneros.<br />

Or<strong>de</strong>m Murrayoni<strong>da</strong> Vacelet, 1981. Calcinea com esqueleto reforçado consistindo<br />

<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcita, placas calcárias, ou <strong>de</strong> feixes espiculares geralmente<br />

compostos <strong>de</strong> triactinas do tipo diapasão. Sistema leuconói<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais. Inclui<br />

três famílias, três gêneros recentes válidos, e apenas três espécies recentes <strong>de</strong><br />

cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em recifes <strong>de</strong> corais. Não há registros para o <strong>Brasil</strong>.<br />

SUBCLASSE CALCARONEA Bid<strong>de</strong>r, 1898. Calcarea com diactinas e/ou triactinas<br />

e tetractinas sagitais, raramente também com espículas regulares. Em adição às espículas<br />

livres, po<strong>de</strong> haver um esqueleto calcário basal não espicular, no qual espículas<br />

basais estão cimenta<strong>da</strong>s umas às outras, ou completamente imersas no cimento<br />

calcário circun<strong>da</strong>nte. Em sua ontogenia as primeiras espículas produzi<strong>da</strong>s em larvas<br />

assenta<strong>da</strong>s são diactinas. Os coanócitos possuem núcleos apicais, e o sistema basal<br />

do flagelo é adjacente à região apical do núcleo. Espécies <strong>de</strong>sta subclasse incubam<br />

larvas do tipo anfiblástula.<br />

26 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Classificação <strong>da</strong>s esponjas recentes<br />

Filo <strong>Porifera</strong><br />

Classe Calcarea<br />

Subclasse Calcinea<br />

Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Murrayoni<strong>da</strong><br />

Subclasse Calcaronea<br />

Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Lithoni<strong>da</strong><br />

Classe Demospongiae<br />

Or<strong>de</strong>m Agelasi<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Halisarci<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Homosclerophori<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong><br />

“Lithisti<strong>da</strong>”<br />

Classe Hexactinelli<strong>da</strong><br />

Subclasse Amphidiscophora<br />

Or<strong>de</strong>m Amphidiscosi<strong>da</strong><br />

Subclasse Hexasterophora<br />

Or<strong>de</strong>m Aulocalycoi<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Hexactinosi<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Lychniscosi<strong>da</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Lyssacinosi<strong>da</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

27


Introdução<br />

Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Hartman, 1958. Calcaronea com um esqueleto composto<br />

exclusivamente <strong>de</strong> espículas livres, sem reforços hipercalcificados não espiculares.<br />

O sistema aquífero é asconói<strong>de</strong>, siconói<strong>de</strong>, sileibi<strong>de</strong> ou leuconói<strong>de</strong>. No último<br />

caso, a organização radial em torno <strong>de</strong> um átrio central po<strong>de</strong> ser geralmente<br />

<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> por um esqueleto atrial bem formado tangencial à pare<strong>de</strong> do átrio, e/<br />

ou um esqueleto subatrial consistindo <strong>de</strong> tri- ou tetractinas subatriais com as<br />

actinas pares tangenciais à pare<strong>de</strong> do átrio e a actina ímpar per<strong>de</strong>ndicular à esta.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento pós-larval passa (presumivelmente sempre) por um estádio<br />

olintus. Inclui nove famílias e 52 gêneros.<br />

Or<strong>de</strong>m Lithoni<strong>da</strong> Vacelet, 1981. Calcaronea com esqueleto reforçado consistindo<br />

ou <strong>de</strong> tetractinas com suas actinas basais uni<strong>da</strong>s ou cimenta<strong>da</strong>s, ou <strong>de</strong> uma massa<br />

rígi<strong>da</strong> <strong>de</strong> calcita. Espículas do tipo diapasão geralmente presentes. Sistema<br />

leuconói<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais. Inclui duas famílias e seis gêneros recentes válidos. Não há<br />

registros para o <strong>Brasil</strong>.<br />

Or<strong>de</strong>m Baeri<strong>da</strong> Borojevic, Boury-Esnault & Vacelet, 2000. Calcaronea leuconói<strong>de</strong>s,<br />

com o esqueleto composto ou exclusivamente <strong>de</strong> microdiactinas, ou no qual<br />

as microdiactinas constituem exclusiva ou predominantemente um setor específico<br />

do esqueleto, assim como o coanossomal ou atrial. Espículas gran<strong>de</strong>s ou<br />

gigantes estão frequentemente presentes no esqueleto cortical, a partir do qual<br />

elas po<strong>de</strong>m invadir parcial ou completamente o coanossoma. Em esponjas com<br />

córtex reforçado, os poros inalantes po<strong>de</strong>m estar restritos a regiões portadoras<br />

<strong>de</strong> óstios, semelhantes a uma peneira. Pequenas tetractinas em forma <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ga<br />

(pugioles) são frequentemente o único esqueleto do sistema aquífero exalante.<br />

Inclui três famílias e oito gêneros recentes válidos.<br />

CLASSE DEMOSPONGIAE Sollas, 1885. <strong>Porifera</strong> com espículas silicosas e/ou um<br />

esqueleto fibroso, ou ocasionalmente sem esqueleto. Hipercalcificações basais são raras,<br />

assim como hipersilicificações. Espículas são monaxonais (monactinas ou diactinas)<br />

ou tetraxônicas (tetractinas), nunca triaxônicas. O filamento axial está inserido em<br />

uma cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> triangular ou hexagonal. Compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 85% <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as espécies<br />

recentes <strong>de</strong>scritas, incluindo 13 or<strong>de</strong>ns, 88 famílias e aproxima<strong>da</strong>mente 500 gêneros.<br />

Or<strong>de</strong>m Agelasi<strong>da</strong> Hartman, 1980. Demospongiae com megascleras monactinais<br />

com espinhos verticilados.<br />

Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888. Demospongiae com microscleras asterosas, as<br />

vezes com micróxeas e microrráfi<strong>de</strong>s, e com megascleras tetractinais e óxeas dispostas<br />

radialmente ao menos na periferia. Megascleras tetractinais ou microscleras<br />

asterosas po<strong>de</strong>m estar ausentes.<br />

28 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury-Esnault & Lopès, 1985. Demospongiae, incrustantes<br />

ou maciças, com um córtex distinto, enriquecido com colágeno fibrilar, com aberturas<br />

inalantes localiza<strong>da</strong>s em re<strong>de</strong>s-porais ou cones cribriporais e um esqueleto<br />

frequentemente ausente, composto quando presente por fibras nodulares <strong>de</strong> espongina<br />

ou microscleras asterosas apenas (nunca megascleras). Colágeno sempre<br />

muito abun<strong>da</strong>nte. Ovíparas. Inclui uma família.<br />

Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900. Demospongiae nas quais um esqueleto<br />

<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina está sempre presente, mas se comparado ao <strong>de</strong> Dictyocerati<strong>da</strong>,<br />

é reduzido em relação ao volume total <strong>da</strong> esponja. O esqueleto po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>ndrítico ou anastomosante, mas nunca se observa clara distinção entre<br />

componentes primários e secundários. As fibras sempre contêm medula e são<br />

fortemente lamina<strong>da</strong>s. Espículas fibrosas livres (espiculói<strong>de</strong>s) po<strong>de</strong>m suplementar<br />

o esqueleto. Câmaras coanocitárias são euripilosas. <strong>Esponjas</strong> frequentemente<br />

macias e frágeis. As larvas são gran<strong>de</strong>s parenquimelas incuba<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> estrutura<br />

complexa, histologia diferencia<strong>da</strong> e um tufo terminal <strong>de</strong> cílios longos. Inclui duas<br />

famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900. Demospongiae nas quais um esqueleto <strong>de</strong><br />

fibras <strong>de</strong> espongina, que representa uma porção significativa do volume corporal,<br />

está universalmente presente e é construído em um plano anastomosante. O<br />

esqueleto se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> múltiplos pontos <strong>de</strong> fixação e, exceto em dois gêneros<br />

on<strong>de</strong> as fibras primárias estão ausentes, é organizado em uma hierarquia <strong>de</strong> elementos<br />

primários, secundários, e às vezes terciários. Em uma família, o esqueleto<br />

reticulado é suplementado por filamentos colagenosos dispersos pelo mesoílo. A<br />

construção <strong>da</strong>s fibras ou é homogênia, sem medula, com lâminas <strong>de</strong> crescimento<br />

firmemente a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s e apenas <strong>de</strong>tectáveis, ou com medula e fortemente lamina<strong>da</strong>s,<br />

com medula se transformando em córtex. Neste, lâminas consecutivas estão<br />

marca<strong>da</strong>s mas permanecem a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s umas às outras. Inclui quatro famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894. Demospongiae com megascleras monaxônicas<br />

(tilóstilos, subtilóstilos, óxeas ou <strong>de</strong>rivados) formando um arranjo esquelético<br />

radial ou subradial, às vezes visível apenas na região periférica; espículas do<br />

ectossoma frequentemente menores que as do coanossoma, e quando presentes<br />

po<strong>de</strong>m produzir um esqueleto cortical; espongina muitas vezes esparsa, produzindo<br />

consistência não elástica; microscleras po<strong>de</strong>m incluir várias formas <strong>de</strong> euásteres,<br />

espirásteres, microrrabdos, micróxeas e/ou ráfi<strong>de</strong>s em tricodragmas, ou<br />

estar ausentes em vários táxons. Inclui 13 famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray, 1867. Demospongiae com estilos, óxeas, estrôngilos<br />

ou espículas intermediárias, <strong>de</strong> tamanhos amplamante divergentes, e não<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

29


Introdução<br />

localiza<strong>da</strong>s funcionalmente; esqueleto plumorreticulado, <strong>de</strong>ndrítico ou confuso;<br />

microscleras se presentes micróxeas e/ou tricodragmas. Inclui cinco famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m Halisarci<strong>da</strong> Bergquist, 1996. Demospongiae nas quais as câmaras coanocitárias<br />

são tubulares, ramifica<strong>da</strong>s ou <strong>de</strong> boca-larga. Larvas são parenquimelas<br />

incuba<strong>da</strong>s (disférulas) com histologia simples, não diferencia<strong>da</strong> e cílios <strong>de</strong> comprimento<br />

uniforme. O esqueleto se constitui <strong>de</strong> colágeno fibrilar apenas, não há<br />

elementos fibrosos ou minerais; o colágeno ectossomal e subectossomal é altamente<br />

organizado. Inclui uma família, e um único gênero.<br />

Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928. Demospongiae nas quais o esqueleto principal<br />

é parcialmente ou inteiramente composto por uma reticulação isodictial anisotrópica<br />

ou isotrópica, ocasionalmente alveola<strong>da</strong>, <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina e/ou<br />

espículas, com feixes uni- a multiespiculares <strong>de</strong> espículas diactinais formando<br />

malhas triangulares, retangulares ou poligonais. Megascleras são exclusivamente<br />

óxeas ou estrôngilos, uni<strong>da</strong>s com espongina ou incluí<strong>da</strong>s em fibras <strong>de</strong> espongina;<br />

microscleras, se presentes, po<strong>de</strong>m incluir sigmas e/ou toxas (ambas frequentemente<br />

centroangula<strong>da</strong>s), micróxeas ou microestrôngilos, e em um grupo anfidiscos.<br />

Inclui seis famílias marinhas e sete dulciaquícolas. No esquema classificatório<br />

vigente, to<strong>da</strong>s as esponjas dulciaquícolas classificam-se nesta or<strong>de</strong>m.<br />

Or<strong>de</strong>m Homosclerophori<strong>da</strong> Dendy, 1905. Demospongiae com exo- e endopinacócitos<br />

flagelados, uma membrana basal revestindo tanto a coano<strong>de</strong>rme quanto a<br />

pinaco<strong>de</strong>rme, câmaras coanocitárias ovais a esféricas, com organização leuconói<strong>de</strong><br />

ou semelhante à sileibi<strong>de</strong>, e um tipo larval único, a cinctoblástula. Espículas, quando<br />

presentes, são tetractinas peculiares (caltrops) e <strong>de</strong>rivativos através <strong>de</strong> redução<br />

(diodos e triodos) ou através <strong>de</strong> ramificação <strong>de</strong> uma a to<strong>da</strong>s as quatro actinas<br />

(caltrops lofosos). Atualmente <strong>de</strong>bate-se a elevação <strong>de</strong>ste táxon ao nível <strong>de</strong> Classe.<br />

Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928. Demospongiae com esqueleto composto<br />

<strong>de</strong> espículas silicosas discretas; esqueleto principal composto <strong>de</strong> megascleras<br />

(monactinais, diactinais ou ambas) e fibras <strong>de</strong> espongina em vários estádios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Tanto as fibras quanto o esqueleto mineral sempre exibem diferenciação<br />

regional <strong>de</strong> tal forma que as megascleras são frequentemente diferencia<strong>da</strong>s<br />

em componentes ectossomais e coanossomais. Microscleras incluem<br />

formas meniscói<strong>de</strong>s como quelas (restritas à or<strong>de</strong>m), sigmas e <strong>de</strong>rivativos <strong>de</strong><br />

sigmancistras, e outras formas diversas como toxas, ráfi<strong>de</strong>s, micróxeas e microrrabdos<br />

com discos. A or<strong>de</strong>m é predominantemente vivípara com larvas parenquimelas<br />

incompletamente cilia<strong>da</strong>s (uma família ovípara – Raspailii<strong>da</strong>e, e outra<br />

possivelmente ovípara – Rhab<strong>de</strong>remii<strong>da</strong>e, são incluí<strong>da</strong>s também). É a maior or<strong>de</strong>m<br />

em Demospongiae, incluindo 25 famílias.<br />

30 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969. Demospongiae com megascleras<br />

do tipo triênio e microscleras sigmaspiras. Inclui três famílias recentes.<br />

Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978. Demospongiae nas quais o esqueleto anastomosante<br />

é composto por malhas poligonais, e não se observa distinção entre<br />

fibras primárias e secundárias. As fibras po<strong>de</strong>m se organizar em um plano por<br />

to<strong>da</strong> a esponja, ou em lamelas próximas à superfície; e por vezes fascículos fibrosos<br />

emaranhados enfatizam esta especialização <strong>da</strong> superfície. A típica organização<br />

<strong>da</strong>s fibras inclui uma medula <strong>de</strong> fibrilas finas envolta por um córtex marca<strong>da</strong>mente<br />

laminar e concêntrico. Ambos po<strong>de</strong>m estar praticamente perdidos em<br />

alguns gêneros. Fibras secas parecem ocas. As câmaras coanocitárias são diploi<strong>da</strong>is<br />

ou euripilosas, e a matriz do mesoílo é <strong>de</strong>nsamente infiltra<strong>da</strong> por colágeno<br />

fibrilar. Uma pigmentação muito comum é amarelo sulfúreo com nuances ver<strong>de</strong>s,<br />

que se oxi<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente para marrom-escuro/preto. A reprodução é ovípara e<br />

a estrutura <strong>da</strong> larva é <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>. Compostos brominados ocorrem em todos<br />

os gêneros que já foram estu<strong>da</strong>dos. Inclui quatro famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m incerta (ex-Lithisti<strong>da</strong>). Demospongiae caracteriza<strong>da</strong>s por espículas coanossomais<br />

articula<strong>da</strong>s <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s <strong>de</strong>smas, formando um esqueleto rígido na<br />

maioria dos gêneros. Inclui 13 famílias.<br />

CLASSE HEXACTINELLIDA Schmidt, 1870. <strong>Porifera</strong> com espículas silicosas <strong>de</strong> simetria<br />

triaxônica (cúbica) ou <strong>de</strong>rivações <strong>de</strong>sta forma básica. Espículas típicas são hexactinais<br />

em forma, os três eixos se interceptando em ângulos retos; per<strong>da</strong> <strong>de</strong> um ou<br />

mais raios resulta em espículas <strong>de</strong> forma pentactinal, tetractinal, triactinal, diactinal<br />

ou monactinal. O filamento axial é quadrado em seção transversal.<br />

SUBCLASSE AMPHIDISCOPHORA Schulze, 1886. Hexactinelli<strong>da</strong> lofofitosas que<br />

sempre contêm microscleras do tipo anfidisco ou alguma variação <strong>de</strong>stes, e microscleras<br />

triaxônicas que nunca possuem ramificações terminais em seus raios (nunca microscleras<br />

asterosas). O esqueleto coanossomal consiste <strong>de</strong> megascleras livres, nunca<br />

fusiona<strong>da</strong>s, na forma <strong>de</strong> hexactinas, pentactinas, estauractinas, tauactinas, diactinas<br />

ou uma combinação <strong>de</strong>stas. Hipo<strong>de</strong>rmalia usualmente como pentactinas, raramente<br />

hexactinas e estauractinas. Inclui apenas uma or<strong>de</strong>m recente e três famílias.<br />

Or<strong>de</strong>m Amphidiscosi<strong>da</strong> Schrammen, 1924. Idêntica à Subclasse.<br />

SUBCLASSE HEXASTEROPHORA Schulze, 1886. Hexactinelli<strong>da</strong> basifitosas, rizofitosas<br />

ou lofofitosas, nas quais as microscleras são principalmente asterosas, tipicamente<br />

hexásteres. Anfidiscos ocorrem apenas raramente como variações <strong>de</strong> discohexactinas.<br />

Esqueletos coanossomais po<strong>de</strong>m se constituir inteiramente <strong>de</strong> espículas<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

31


Introdução<br />

livres, às vezes irregularmente agrupa<strong>da</strong>s por sinaptículos ou sílica cimentante nos<br />

pontos <strong>de</strong> contato, ou <strong>de</strong> hexactinas fusiona<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira regular, formando um<br />

arcabouço dictional. Nós dictionais, on<strong>de</strong> presentes, po<strong>de</strong>m ser inteiramente simples<br />

ou como licniscos (nós tipo lampião).<br />

Or<strong>de</strong>m Aulocalycoi<strong>da</strong> Tabachnick & Reiswig, 2000. Hexasterophora basifitosas<br />

nas quais um arcabouço dictional rígido é construído ao redor <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

linhas primárias longitudinais forma<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> longas extensões dos raios<br />

dictionais. Estas linhas são uniaxiais, ca<strong>da</strong> qual composta <strong>de</strong> um único raio dictional<br />

<strong>de</strong> comprimento ilimitado (padrão aulocalicói<strong>de</strong>), ou multiaxiais, ca<strong>da</strong><br />

qual composta <strong>de</strong> raios sobrepostos <strong>de</strong> uma série dictional longitudinal (padrão<br />

para-aulocalicói<strong>de</strong>).<br />

Or<strong>de</strong>m Hexactinosi<strong>da</strong> Schrammen, 1903. Hexasterophora basifitosas nas quais<br />

um arcabouço dictional rígido é formado pela fusão <strong>de</strong> hexactinas simples. Dictionalias<br />

fusiona<strong>da</strong>s ao longo dos raios dispostos lado a lado, nas junções <strong>da</strong>s<br />

pontas dos raios e dos nós <strong>de</strong> outras dictionalias, ou nas pontas dos raios com as<br />

pontas dos raios <strong>de</strong> outros raios dictionais. O comprimento dos raios dictionais é<br />

limitado ao comprimento <strong>da</strong>s laterais <strong>da</strong>s malhas.<br />

Or<strong>de</strong>m Lyssacinosi<strong>da</strong> Zittel, 1877. Hexasterophora nas quais as megascleras coanossomais<br />

permanecem como componentes esqueléticos separados, ou, on<strong>de</strong><br />

fusão ocorre, esta é por <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sílica em pontos <strong>de</strong> contato, ou como sinaptículos<br />

entre megascleras diactinas, tauactinas ou estauractinas levemente separa<strong>da</strong>s.<br />

Não se forma um arcabouço dictional <strong>de</strong> hexactinas fusiona<strong>da</strong>s.<br />

Or<strong>de</strong>m Lychniscosi<strong>da</strong> Schrammen, 1903. Hexasterophora nas quais o arcabouço<br />

dictional rígido <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> fusão <strong>de</strong> hexactinas dictionais formando licniscos.<br />

Callyspongia sp.<br />

1 – Praia do Porto <strong>da</strong><br />

Barra (Salvador), 5 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/<br />

Dez/2007. Notar quatro<br />

tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s distintas: azul<br />

(canto superior esquerdo),<br />

esver<strong>de</strong>ado (esquer<strong>da</strong>,<br />

centro, topo), laranja<br />

(centro) e avermelhado<br />

(canto inferior direito).<br />

32 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Filogenia<br />

<strong>Esponjas</strong> já “passearam” bastante em termos <strong>de</strong> hipóteses evolutivas, mas seu<br />

posicionamento atual em Metazoa está firmemente estabelecido. Os primeiros<br />

registros fósseis <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong>tam <strong>de</strong> 750 milhões <strong>de</strong> anos atrás, o que lhes confere o<br />

status <strong>de</strong> anciãs <strong>de</strong>ntre os animais, e, curiosamente, seu plano básico <strong>de</strong> organização<br />

pouco mudou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Cambriano Superior (509 MAA). Tanto <strong>da</strong>dos moleculares<br />

como morfológicos sustentam a inclusão <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> em Metazoa. Dentre estes<br />

últimos po<strong>de</strong>mos listar cinco aspectos compartilhados pelas esponjas e os <strong>de</strong>mais<br />

animais metazoários: (1) multicelulari<strong>da</strong><strong>de</strong> diplói<strong>de</strong>, (2) meiose, (3) padrão <strong>da</strong><br />

oogênese, (4) padrão <strong>da</strong> espermatogênese, e (5) plano básico <strong>da</strong> célula do esperma.<br />

Apesar <strong>de</strong> bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s quanto ao seu conteúdo, as relações filogenéticas<br />

<strong>da</strong>s três classes <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> mantêm-se em intenso <strong>de</strong>bate, com diversas hipóteses<br />

conflitantes. A secreção mineral sugere maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Demospongiae e<br />

Hexactinelli<strong>da</strong> (“Silicea”). A organização celular aponta para afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Calcarea<br />

e Demospongiae (“Cellularia”). Dados ultraestruturais <strong>de</strong>rivados dos coanócitos,<br />

corroborados por uma base ca<strong>da</strong> vez mais ampla <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos moleculares apontam<br />

para a parafilia <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, com Calcarea mais próxima dos eumetazoários<br />

diploblásticos. Em mais <strong>de</strong> um trabalho, Calcarea aproximou-se <strong>de</strong> Cni<strong>da</strong>ria ou<br />

<strong>de</strong> Ctenophora. Estudos recentes vêm encontrando novas evidências <strong>da</strong> parafilia<br />

do filo, agora apontando para maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Homosclerophori<strong>da</strong> aos<br />

<strong>de</strong>mais Eumetazoa, o que já se suspeitava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> membrana basal<br />

nestas esponjas, conferindo às suas pinaco<strong>de</strong>rmes o status <strong>de</strong> epitélio ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro.<br />

Entretanto, também com relação ao posicionamento <strong>de</strong> Homosclerophori<strong>da</strong> não há<br />

consenso, com maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> à Calcarea tendo sido proposta mais <strong>de</strong> uma vez,<br />

inclusive recentemente. Esta hipótese <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> aspectos <strong>da</strong> morfologia larval, bem<br />

como <strong>de</strong> alguns <strong>da</strong>dos moleculares.<br />

Estas questões evolutivas acerca dos metazoários basais continuam sendo amplas<br />

aveni<strong>da</strong>s para pesquisa, e as três classes <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, bem como as Homosclerophori<strong>da</strong>,<br />

estão no cerne do problema. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> com que novas abor<strong>da</strong>gens moleculares<br />

surgem, bem como os ca<strong>da</strong> vez maiores volumes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos analisados em tempos<br />

ca<strong>da</strong> vez menores, permitem antever gran<strong>de</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesta arena ao longo dos<br />

próximos anos.<br />

Aspectos ecológicos<br />

Como dito acima, o plano organizacional básico <strong>de</strong> uma esponja pouco se alterou<br />

ao longo do último ½ bilhão <strong>de</strong> anos. Entretanto, o papel ecológico prepon<strong>de</strong>rante<br />

exercido teve alteração mais drástica, uma vez que no Paleozóico e Mesozóico os<br />

principais construtores <strong>de</strong> recifes eram esponjas, e não corais e algas como em nosso<br />

tempo. Os poríferos que ocorrem em recifes hoje <strong>de</strong>sempenham diversos papéis entre<br />

filtragem <strong>da</strong> água, ampliação <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> tridimensional (> tridimensionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

= + nichos = + biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>), bioerosão e cimentação do arcabouço recifal,<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

33


Introdução<br />

<strong>de</strong>ntre outros. Porém, não são mais os principais construtores <strong>de</strong>ste arcabouço.<br />

Poríferos ocorrem em todos os principais mares e oceanos, entre os polos e o<br />

Equador, e do entremarés às gran<strong>de</strong>s profun<strong>de</strong>zas oceânicas (> 8800 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>!).<br />

Sua relativa simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural é comumente associa<strong>da</strong> a uma suposta<br />

alta a<strong>da</strong>ptabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que lhes confere papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na competição por<br />

substrato, especialmente consoli<strong>da</strong>dos (substrato duro) e <strong>de</strong> iluminação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

à ausente. Nesses ambientes, os poríferos são frequentemente dominantes. Em<br />

ambientes profundos, a situação se repete, estando as maiores riquezas conheci<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> poríferos associa<strong>da</strong>s a locais <strong>de</strong> maior complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural, usualmente<br />

encontrados em setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais acentua<strong>da</strong> (talu<strong>de</strong>, cânions, montes<br />

submarinos), on<strong>de</strong> os substratos são mais consoli<strong>da</strong>dos. Nesses “oásis” profundos,<br />

poríferos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar papel estruturador, conferindo maior complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

tridimensional como fazem em ambientes rasos também. O sistema aquífero<br />

<strong>de</strong> inúmeras esponjas funciona como uma casa labiríntica para muitos inquilinos,<br />

alguns dos quais aí encontrados pela primeira vez, quando não exclusivos <strong>de</strong>ste<br />

habitat.<br />

Equino<strong>de</strong>rmo (crinói<strong>de</strong>, lírio do mar) habitando o interior <strong>de</strong> uma esponja em forma <strong>de</strong><br />

vaso em Carrie Bow Cay (barreira <strong>de</strong> recifes <strong>de</strong> coral <strong>de</strong> Belize). A esponja é uma Callyspongia<br />

plicifera (Lamarck, 1814), com cerca <strong>de</strong> 10 cm <strong>de</strong> diâmetro na porção apical <strong>de</strong> sua cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

atrial, e o crinói<strong>de</strong> Davi<strong>da</strong>ster rubiginosa (Pourtalès, 1869). A ampla maioria dos inquilinos<br />

<strong>da</strong>s esponjas se constitui <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong> menores dimensões, como, por exemplo,<br />

outros equino<strong>de</strong>rmos (ofiúros) que aparecem em mais <strong>de</strong> uma ilustração neste <strong>Guia</strong> (p.ex.<br />

Callyspongia sp. 1, Haliclona melana, Monanchora arbuscula).<br />

34 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Poríferos estão representados por cerca <strong>de</strong> 150 espécies em habitats dulciaquícolas,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 1/3 <strong>da</strong>s quais ocorre no <strong>Brasil</strong>, literalmente do Oiapoque ao<br />

Chuí. Estão distribuí<strong>da</strong>s em lagos, brejos e rios, em distintas altitu<strong>de</strong>s, por vezes com<br />

poucos milímetros <strong>de</strong> diâmetro, às vezes do tamanho <strong>de</strong> bolas <strong>de</strong> basquetebol. Nestes<br />

ambientes frequentemente apresentam ciclos anuais <strong>de</strong> crescimento, regressão,<br />

encistamento e renascimento. Na época <strong>da</strong>s vazantes em bacias como a Amazônica e<br />

a do São Francisco, não raro, observam-se esponjas fixa<strong>da</strong>s em galhos e troncos localizados<br />

a alguns metros acima do nível <strong>da</strong> água. Uma <strong>da</strong>s espécies que ocorre nestes<br />

habitats é Drulia browni (Bowerbank, 1863), que se assemelha a um ninho <strong>de</strong> vespa<br />

às margens <strong>de</strong> diversos rios. Na época <strong>da</strong>s secas estas esponjas regri<strong>de</strong>m ao estádio<br />

<strong>de</strong> gêmula, que são pequenos corpos (geralmente < 0,5 mm <strong>de</strong> diâmetro) resistentes<br />

ao ressecamento, providos <strong>de</strong> células totipotentes e a<strong>da</strong>ptados para dispersão. Esta<br />

po<strong>de</strong> se <strong>da</strong>r simplesmente por que<strong>da</strong> e transporte pela correnteza, ou através <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rência às penas <strong>de</strong> aves e pelos <strong>de</strong> mamíferos. Esta última opção é a explicação<br />

encontra<strong>da</strong> para as amplas distribuições <strong>de</strong> algumas espécies, por vezes registra<strong>da</strong>s<br />

em mais <strong>de</strong> um continente. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gêmulas flutuantes em alguns rios po<strong>de</strong><br />

ser tal que constituem um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, tendo sido relatados casos <strong>de</strong><br />

infecções oculares <strong>de</strong> variados níveis <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Algumas famílias <strong>de</strong> poríferos compreen<strong>de</strong>m espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s ao modo <strong>de</strong><br />

vi<strong>da</strong> escavador, o que <strong>de</strong>sempenham com surpreen<strong>de</strong>nte eficiência. Espécies dos<br />

gêneros Aka <strong>de</strong> Laubenfels, 1936 (Phloeodictyi<strong>da</strong>e), Cliona Grant, 1826 e Pione Gray,<br />

1867 (ambos Clionai<strong>da</strong>e), <strong>de</strong>ntre outros, ocorrem em todos os oceanos, perfurando<br />

maiores ou menores galerias em substratos calcários, tais como conchas, corais, e<br />

mesmo rochas calcárias. Seu ritmo <strong>de</strong> perfuração inicia-se acelerado, porém esponjas<br />

adultas o apresentam estabilizado em valores relativamente baixos. Cálculos efetuados<br />

em ambientes recifais na região do Caribe estabeleceram o valor <strong>de</strong> 256 g /<br />

m 2 / ano como a produção <strong>de</strong> sedimento calcário por estas esponjas, gerando cerca<br />

<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> todo o sedimento em alguns setores <strong>de</strong>stes recifes. Estimou-se que a taxa<br />

<strong>de</strong> bioerosão po<strong>de</strong>ria alcançar 3 kg / m 2 / ano em locais com maior infestação por<br />

esponjas escavadoras. Valores semelhantes foram obtidos para o potencial escavador<br />

<strong>de</strong> Cliona aff. celata Grant, 1826 no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

O uso <strong>de</strong> poríferos como biomonitores <strong>de</strong> poluição foi proposto em mais <strong>de</strong> uma<br />

ocasião, <strong>de</strong>correndo <strong>de</strong> algumas características compartilha<strong>da</strong>s com outros grupos<br />

taxonômicos sésseis. Um dos pontos ressaltados é a necessária íntima relação entre<br />

um organismo filtrador e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água filtra<strong>da</strong> pelo mesmo, sendo comum<br />

observar-se que ambientes prístinos apresentam maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e por vezes menor<br />

abundância <strong>de</strong> espécies, ao passo que ambientes com algum nível <strong>de</strong> alteração,<br />

costumeiramente possuirão menor diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> em alguns casos po<strong>de</strong>r<br />

abrigar maior abundância <strong>de</strong>stas espécies mais resistentes. Assim, as propostas <strong>de</strong><br />

biomonitoramento incluem tanto o uso <strong>de</strong> espécies indicadoras, como o <strong>de</strong> índices<br />

ecológicos que avaliam a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies que integram<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

35


Introdução<br />

Igarapé dos Macacos, Rio Tarumã (afluente do rio Negro – Manaus, AM) na época <strong>da</strong> seca em<br />

12/Dez/2006. Espécime <strong>da</strong> esponja dulciaquícola Drulia browni, <strong>de</strong> aspecto semelhante a um<br />

vespeiro preso em um galho (1,5 m acima do solo). Notar abundância <strong>de</strong> gêmulas (pequenas<br />

esferas esbranquiça<strong>da</strong>s). FOTO POR M.R. CUSTÓDIO.<br />

uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste caso, alterações nos índices espelhariam alterações<br />

ao meio ambiente.<br />

Dentre os ambientes mais extremos habitados por esponjas está a região entremarés,<br />

sujeita à ampla variação em diversos fatores abióticos. A ocorrência <strong>de</strong> poríferos<br />

nestes ambientes é mais notável nas partes abriga<strong>da</strong>s <strong>da</strong> iluminação direta,<br />

pois nas marés mais baixas é comum a exposição <strong>de</strong>sta zona à irradiação solar direta.<br />

Mesmo ao abrigo <strong>da</strong> luz, estas esponjas ain<strong>da</strong> precisam estar a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a variações<br />

significativas na salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e no hidrodinamismo. A primeira po<strong>de</strong> cair drasticamente<br />

quando coincidirem chuva e maré baixa, e o segundo, acentua-se a ca<strong>da</strong> maré<br />

vazante e enchente, potencializado por ventos. Regiões entremarés que se expõe<br />

regularmente a hidrodinamismo acentuado abrigam esponjas prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

sob rochas e blocos calcários, em frestas e túneis nos recifes, ou simplesmente sob<br />

tufos <strong>de</strong> algas calcárias <strong>de</strong> maior rigi<strong>de</strong>z. Neste <strong>Guia</strong> são apresenta<strong>da</strong>s diversas espécies<br />

que ocorrem na faixa entremarés, como por exemplo Cliona varians, Haliclona<br />

implexiformis e Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />

Mesmo <strong>de</strong>ntre as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong> ocorrência restrita ao infralitoral,<br />

ain<strong>da</strong> se observa espécies com nota<strong>da</strong> preferência por habitats abrigados <strong>da</strong> ilumi-<br />

36 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Ilha do Pati (Madre <strong>de</strong> Deus, BA) na baixamar <strong>de</strong> 20/Mai/2008, com diversos espécimes <strong>de</strong><br />

Te<strong>da</strong>nia ignis expostos ao sol. No mesmo ambiente foram observa<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> outras espécies<br />

apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong> – Haliclona caerulea, H. implexiformis, H. melana e Tethya maza.<br />

nação direta, o que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> alguma maior sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> à luz, ou como se<br />

acredita ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro para a maioria dos casos, por exclusão competitiva. <strong>Esponjas</strong><br />

que crescem expostas à iluminação direta competem com outros grupos faunísticos<br />

e florísticos, <strong>de</strong>ntre os quais muitos se beneficiam diretamente <strong>da</strong> própria iluminação<br />

para acelerar seu crescimento através <strong>da</strong> fotossíntese. Algas e macrófitas<br />

realizam fotossíntese, mas organismos associados a estas também po<strong>de</strong>m se valer<br />

<strong>da</strong> técnica para acelerar seu próprio crescimento. Tal feito é uma estratégia bem conheci<strong>da</strong><br />

entre os corais hermatípicos (construtores <strong>de</strong> recifes), mas também entre<br />

diversas esponjas. A associação com organismos fotossintetizantes observa<strong>da</strong> mais<br />

comumente entre os poríferos é com as cianobactérias, que costumam atribuir coloração<br />

amarronza<strong>da</strong> ás esponjas. Este é o caso <strong>da</strong> espécie do complexo Chondrilla<br />

nucula apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>. Associação com algas eucariotas do tipo zooxantelas,<br />

como nos corais, se observa na esponja Cliona varians. Em ambos casos, trata-se <strong>de</strong><br />

espécies <strong>de</strong> ocorrência prepon<strong>de</strong>rante em habitats bem iluminados.<br />

Para uma importante fração <strong>da</strong>s esponjas crescendo nestes ambientes, a <strong>de</strong>fesa<br />

contra pre<strong>da</strong>ção é possivelmente a conquista mais importante <strong>de</strong> suas linhagens<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

37


Introdução<br />

evolutivas. Como esponjas não correm, não se retraem rapi<strong>da</strong>mente, e não mor<strong>de</strong>m,<br />

a <strong>de</strong>fesa precisa ser alcança<strong>da</strong> por outros meios. E é <strong>de</strong>ntre as plantas, bem como<br />

entre outros organismos bentônicos sésseis que se encontram a<strong>da</strong>ptações semelhantes,<br />

seja na concha <strong>de</strong> um molusco ou no veneno <strong>de</strong> uma planta. As “conchas” dos<br />

poríferos tratam-se na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crostas espiculares <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que visam<br />

<strong>de</strong>sestimular a pre<strong>da</strong>ção em consequência <strong>de</strong> sua dureza. Já os “venenos” são frequentes<br />

entre os metabólitos secundários dos poríferos. A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> química é tamanha,<br />

que apesar dos 60 anos <strong>de</strong> estudos mais <strong>de</strong>talhados sobre o tema, não param<br />

<strong>de</strong> surgir novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Importantes pesquisas nesta área também são <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />

no <strong>Brasil</strong>, por um lado com uma curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> intrínseca pelo ineditismo estrutural <strong>de</strong><br />

diversas moléculas, e por outro, em uma busca incessante por possíveis aplicações<br />

farmacológicas <strong>de</strong>stas moléculas. Afinal, se o objetivo <strong>de</strong>sta conquista evolutiva foi o<br />

<strong>de</strong> proteger as esponjas <strong>de</strong> seus pre<strong>da</strong>dores, porque não verificar se este arsenal não<br />

po<strong>de</strong>ria proteger a nós também <strong>de</strong> nossos “pre<strong>da</strong>dores” (bactérias, protozoários, vírus,<br />

e até como repelente <strong>de</strong> tubarões!!)<br />

Algumas esponjas encontraram uma solução pitoresca para sua imobili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

– a epibiose sobre organismos vágeis. As ditas “esponjas móveis”<br />

ocorrem sobre conchas <strong>de</strong> moluscos bivalves ou gastrópo<strong>de</strong>s, neste último<br />

caso frequentemente em conchas habita<strong>da</strong>s por caranguejos-ermitões, sobre<br />

caranguejos propriamente ditos, a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s às carapaças ou carrega<strong>da</strong>s como um chapéu,<br />

e sobre espinhos <strong>de</strong> ouriços. No <strong>Brasil</strong>, um dos bivalves móveis mais costumeiramente<br />

portador <strong>de</strong> esponjas epibiontes é o pectiní<strong>de</strong>o (vieira) Lyropecten nodosus<br />

(Linnaeus, 1758), mas além <strong>de</strong> raras, as esponjas não ultrapassam 1-2 mm <strong>de</strong> espessura.<br />

A associação entre esponjas e caranguejos-ermitões é bem conheci<strong>da</strong> para<br />

algumas espécies <strong>de</strong> Suberites Nardo, 1833, principalmente no hemisfério norte. Entretanto,<br />

a associação ocorre também no <strong>Brasil</strong>, já tendo sido registra<strong>da</strong> do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro até o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Os caranguejos sobre os quais as esponjas crescem<br />

a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s integram principalmente a família Maji<strong>da</strong>e. Não raro, aparentam se tratar<br />

<strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras alegorias, <strong>da</strong><strong>da</strong> a abundância <strong>de</strong> organismos epibiontes. Já com<br />

os Dromii<strong>da</strong>e a relação é diferente, e dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> sutilezas ain<strong>da</strong> não perfeitamente<br />

Plakortí<strong>de</strong>o-P, isolado<br />

<strong>da</strong> esponja Plakortis<br />

angulospiculatus (Carter,<br />

1882) coleta<strong>da</strong> em Salvador<br />

(BA). A molécula tem<br />

proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s antiparasíticas<br />

(contra Leishmaniose e Mal <strong>de</strong><br />

Chagas), citotóxica mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> e<br />

antineuroinflamatória. Imagem<br />

gera<strong>da</strong> por R.G.S. Berlinck.<br />

38 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

esclareci<strong>da</strong>s. Estes caranguejos conseguem recortar esponjas em um formato que<br />

lhes convenha, segurando-as sobre sua carapaça com auxílio <strong>de</strong> suas patas posteriores.<br />

O interessante é que mesmo esponjas que se <strong>da</strong>nificam marca<strong>da</strong>mente após sua<br />

coleta com faca, po<strong>de</strong>m manter-se em aparentem bom estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre estes<br />

caranguejos. Por exemplo, a espécie Mycale laxissima, apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>, dissolve-se<br />

quase que por completo em muco após corta<strong>da</strong> e manusea<strong>da</strong> durante uma<br />

coleta. Entretanto, já foi vista sobre caranguejos dromii<strong>de</strong>os em bom estado, apesar<br />

<strong>de</strong> supostamente terem sido secciona<strong>da</strong>s pelos mesmos. Outra espécie vista mais <strong>de</strong><br />

uma vez sobre estes caranguejos é Dysi<strong>de</strong>a etheria, também apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>.<br />

Em resumo, esponjas integram uma intrica<strong>da</strong> teia <strong>de</strong> relações inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

<strong>da</strong> qual fazem parte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as bactérias que lhes servem <strong>de</strong> alimento, passando por<br />

uma ampla gama <strong>de</strong> competidores por espaço, com <strong>de</strong>staque para algas em habitats<br />

bem iluminados, ou outras esponjas em ambientes semiobscuros, até seus pre<strong>da</strong>dores<br />

diretos mais notáveis, como alguns equino<strong>de</strong>rmos, peixes-anjo ou mesmo as<br />

tartarugas <strong>de</strong> pente. Estimou-se que os poríferos ocorrendo em um típico recife <strong>de</strong><br />

coral têm a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> filtrar em 24 h, to<strong>da</strong> a coluna d’água sobre o recife, o<br />

que dá uma dimensão <strong>da</strong> importância <strong>de</strong>stes organismos para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> recifal<br />

como um todo. Como recorrente em diversos outros organismos, esponjas também<br />

se divi<strong>de</strong>m entre oportunistas e especialistas. As primeiras, frequentemente mais<br />

abun<strong>da</strong>ntes, mais amplamente e homogeneamente distribuí<strong>da</strong>s, e as outras, mais<br />

raras, com manchas <strong>de</strong> distribuição intercala<strong>da</strong>s a gran<strong>de</strong>s lacunas.<br />

Litoral baiano<br />

Litoral Norte<br />

Esten<strong>de</strong>ndo-se <strong>da</strong> divisa com o Estado <strong>de</strong> Sergipe até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, na<br />

entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, esta costa praticamente retilínea intercala<br />

amplas restingas e pequenas barras <strong>de</strong> rios, e é alvo <strong>de</strong> intensa pressão imobiliária.<br />

Importantes trechos <strong>de</strong> recifes <strong>de</strong> franja observam-se nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Praia do<br />

Forte, Itacimirim, Guarajuba, Arembepe, Jauá, entre outras locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Nas marés<br />

baixas há boas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação e coleta <strong>de</strong> poríferos na zona entremarés,<br />

bem como em piscinas <strong>de</strong> dimensões varia<strong>da</strong>s, que se observa em diversos recifes.<br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos – BTS (Recôncavo)<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s maiores baías brasileiras, com aproxima<strong>da</strong>mente 300 km <strong>de</strong><br />

perímetro, 80 km <strong>de</strong> penetração continente a <strong>de</strong>ntro, e 1223 km 2 <strong>de</strong> superfície. Sua<br />

barra tem 14 km <strong>de</strong> extensão, com profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que oscilam entre os 25 e 35 m.<br />

Em sua bor<strong>da</strong> leste <strong>de</strong>staca-se a escarpa <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong> se observa também<br />

uma prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> costões rochosos, característica mais frequente na região<br />

su<strong>de</strong>ste. Entretanto, <strong>de</strong>ntre os substratos rochosos mais importantes estão os<br />

quebramares artificiais <strong>de</strong> proteção do porto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, um com aproxima<strong>da</strong>mente<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

39


A<br />

<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

G<br />

H<br />

40 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

900 m <strong>de</strong> extensão (Quebramar Sul, ou <strong>da</strong> Capitania dos Portos), o outro com 1300 m<br />

(Quebramar Norte), on<strong>de</strong> a abundância <strong>de</strong> poríferos é uma <strong>da</strong>s maiores observa<strong>da</strong>s<br />

em todo o <strong>Brasil</strong>. To<strong>da</strong>via, a maior parte do perímetro <strong>da</strong> BTS está revesti<strong>da</strong> por<br />

manguesais, sendo possível encontrar esponjas em planícies <strong>de</strong> marés, tais como nas<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Ilha do Pati (ver Aspectos Ecológicos), <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong>s Fontes e <strong>da</strong> Ilha<br />

do Medo. As duas principais ilhas no interior <strong>de</strong>sta baía são a Ilha <strong>de</strong> Itaparica e a<br />

Ilha dos Fra<strong>de</strong>s. A primeira abriga os únicos e importantes recifes <strong>de</strong> coral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos – Recife <strong>da</strong>s Pinaúnas e Recife <strong>da</strong>s Caramuanas, respectivamente em<br />

suas faces leste/su<strong>de</strong>ste e sul. O Canal <strong>de</strong> Itaparica, situado entre a ilha e o continente<br />

a oeste, afunila em rumo sudoeste, apresentando amplos manguesais especialmente<br />

em suas porções mais estreitas. Algumas espécies <strong>de</strong> poríferos só foram encontra<strong>da</strong>s<br />

nesta área.<br />

É importante assinalar que até a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 o interesse pelas questões<br />

ambientais no <strong>Brasil</strong> ain<strong>da</strong> era muito incipiente, assim, numerosas indústrias se<br />

A – Piscina do Papagente na Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João) em 07/Jun/2009, ilustrando a<br />

vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s piscinas <strong>de</strong> maré. Apenas neste dia foram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> visitantes.<br />

B – Maré baixa e recife arenítico na Praia <strong>de</strong> Arembepe (Camaçari) em 25/Jul/2006. Sobre o<br />

recife encontram-se poças e pequenas piscinas <strong>de</strong> maré, e entre aquele e a praia forma-se<br />

um ambiente lagunar. Comumente se observa fauna <strong>de</strong> poríferos distinta nas faces oceânica,<br />

superior e continental <strong>de</strong>stes recifes, o que se explica em parte pelo menor hidrodinamismo<br />

enfrentado pela face continental, porém associado a maiores flutuações <strong>de</strong> temperatura,<br />

salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e turbidêz.<br />

C – Vista aérea do Porto <strong>de</strong> Salvador e cercanias, on<strong>de</strong> estão visíveis alguns dos principais<br />

pontos <strong>de</strong> coleta dos materiais apresentados neste <strong>Guia</strong>: Quebramar Sul (perpendicular à<br />

costa), Quebramar Norte (paralelo à costa) e Ponta <strong>de</strong> Humaitá (no canto superior direito).<br />

D – Quebramar Sul e Ilha <strong>de</strong> Itaparica (ao fundo), vistos do alto do Elevador Lacer<strong>da</strong>, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

alta <strong>de</strong> Salvador. O acesso a este quebramar necessita <strong>de</strong> permissão <strong>da</strong> Capitania dos Portos.<br />

E – Vista aérea do trecho <strong>de</strong> costões localizado entre o Farol <strong>da</strong> Barra (canto inferior<br />

esquerdo) e a praia do Porto <strong>da</strong> Barra (canto superior direito) em Salvador, i<strong>de</strong>al para<br />

amostragens em apnéia. A maior parte <strong>da</strong>s esponjas apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong> ocorre<br />

neste setor. Notar recifes paralelos à Praia <strong>da</strong> Barra (indicados pelo quebrar <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s –<br />

extremo inferior <strong>da</strong> imagem).<br />

F – Praia do Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador) em 02/Dez/2010, on<strong>de</strong> se tem o mais fácil acesso ao maior<br />

número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos em Salvador, seja para coletas em apnéia seja com SCUBA.<br />

G – Vista aérea <strong>da</strong> porção norte <strong>da</strong> Ilha <strong>de</strong> Itaparica (Itaparica) em 13/Jun/2009, com Canal <strong>de</strong><br />

Itaparica ao fundo, e Recife <strong>da</strong>s Pinaúnas, uma APA, visível como uma linha clara paralela à<br />

costa. Esta área foi amostra<strong>da</strong> muito superficialmente para a realização <strong>de</strong>ste <strong>Guia</strong>. Supomos<br />

que a riqueza <strong>de</strong> poríferos aí seja comparável àquela <strong>de</strong> Salvador.<br />

H – Praia do Forte (Itaparica) em 05/Dez/2010. Águas claras e quentes, nutri<strong>da</strong>s por manguesais<br />

relativamente próximos, localizados ao fundo <strong>da</strong> BTS e na face continental do Canal <strong>de</strong><br />

Itaparica, fazem <strong>da</strong> face insular <strong>de</strong>ste canal um ambiente propício ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

poríferos em abundância.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

41


A<br />

<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

B<br />

C<br />

D<br />

A – Ilha do Sapinho na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009. Localiza<strong>da</strong> próxima à barra <strong>da</strong> baía,<br />

a influência do mar aberto atenua as oscilações <strong>de</strong> salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e a alta turbidêz, típicas dos manguesais,<br />

tornando o local propício ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> poríferos.<br />

B – Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009, ilustrando a mescla <strong>de</strong> mangue,<br />

substrato rochoso e águas claras, característico <strong>de</strong>ste setor <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Camamu. Foto por G. Lôbo Hajdu.<br />

C – Ilha Gran<strong>de</strong> ou Ilha Pequena na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009, com promontórios<br />

rochosos conspícuos e mangue pouco <strong>de</strong>senvolvido. Área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> diversas espécies<br />

apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>.<br />

D – Piscinas <strong>de</strong> Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), em 26/Jul/2009, com túneis, canais e amplo habitat lagunar.<br />

Uma fauna rica, porém pouco abun<strong>da</strong>nte, po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> no local, que inclui diversas espécies<br />

apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>, e diversas outras sequer i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s.<br />

estabeleceram em torno <strong>da</strong> BTS, <strong>de</strong>ntre as quais gran<strong>de</strong>s empresas do setor petroquímico,<br />

on<strong>de</strong> vêm lançando <strong>de</strong>jetos <strong>de</strong> natureza muito varia<strong>da</strong>. Às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais somam-se<br />

outras <strong>de</strong> origem portuária, turística, e <strong>de</strong>spejos <strong>de</strong> esgotos domésticos, que vêm causando<br />

impactos importantes nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s marinhas. Um estudo que avaliou a estrutura <strong>de</strong><br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s bentônicas <strong>de</strong> substrato inconsoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> zona entremarés no fundo <strong>da</strong> BTS,<br />

observou um gradiente <strong>de</strong> estresse, particularmente nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma refinaria<br />

localiza<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Deus.<br />

42 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

Litoral Sul<br />

Este é o segmento mais longo <strong>da</strong> costa <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, com mais <strong>de</strong> 500 km <strong>de</strong> extensão e importantes<br />

feições geomorfológicas. O Litoral Sul abriga os recifes coralinos mais <strong>de</strong>senvolvidos do<br />

país, mas também a foz <strong>de</strong> importantes rios, e os manguesais associados aos estuários que<br />

aí se formam. Assim como no Litoral Norte, a pressão imobiliária é gran<strong>de</strong>, e o turismo<br />

crescente. Aí estão alguns dos <strong>de</strong>stinos mais cobiçados do litoral brasileiro – Morro <strong>de</strong> São<br />

Paulo, Maraú, Itacaré, Coman<strong>da</strong>tuba, Porto Seguro, Corumbau, Caravelas, <strong>de</strong>ntre outros. Os<br />

principais rios que <strong>de</strong>ságuam neste setor são o Rio <strong>da</strong>s Contas, o Rio Pardo, o Jequitinhonha<br />

e o Buranhém. A presença <strong>de</strong>stes rios perenes implica em alterações significativas dos<br />

parâmetros ambientais, especialmente carga <strong>de</strong> sedimentos em suspensão, as quais, por sua<br />

vez, se traduzem em alterações no encaixe dos ecossistemas costeiros. Próximo à foz dos rios,<br />

quando há recifes, estes são costumeiramente areníticos, e não raro, <strong>de</strong> baixa biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

À relativa distância, a existência dos rios po<strong>de</strong> ser benéfica por um incremento no aporte <strong>de</strong><br />

nutrientes minerais e orgânicos, e seu efeito em cascata ascen<strong>de</strong>nte sobre os diversos elos<br />

<strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia alimentar. Estes recifes mais afastados têm maior presença <strong>de</strong> um componente<br />

biológico construtor, como corais e algas coralinas. As principais formações recifais neste<br />

trecho do litoral baiano são as <strong>da</strong> Costa do Descobrimento (Coroa Alta, <strong>de</strong> Fora, Itacolomis)<br />

e as <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Abrolhos (<strong>da</strong>s Timbebas, Pare<strong>de</strong>s, Abrolhos, Sebastião Gomes, Coroa<br />

Vermelha, Viçosa). A riqueza <strong>de</strong> poríferos neste setor está absolutamente subavalia<strong>da</strong>, com<br />

apenas alguns poucos registros apresentados neste <strong>Guia</strong>.<br />

Padrões <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> Poríferos<br />

O entendimento dos padrões atuais <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> poríferos passa pelo estudo <strong>de</strong> seu<br />

potencial <strong>de</strong> dispersão, que aparenta ser bastante limitado na maioria <strong>da</strong>s espécies. Isto<br />

porque observou-se diversas vezes que as larvas <strong>de</strong> esponjas, além <strong>de</strong> ter vi<strong>da</strong> curta, com<br />

fase livre natante muito rápi<strong>da</strong>, logo em segui<strong>da</strong> tornam-se <strong>de</strong>mersais, ou seja, rastejantes<br />

sobre o fundo. Isto explicaria, em parte, a existência <strong>de</strong> agrupamentos (cenoses) distintos<br />

<strong>de</strong> esponjas, mesmo em escala bastante reduzi<strong>da</strong>, também conhecido como padrão <strong>de</strong> distribuição<br />

do tipo “colcha <strong>de</strong> retalhos”, ou em manchas.<br />

Distribuição Geográfica Global <strong>de</strong> esponjas marinhas<br />

Assim como observado em diversos outros grupos <strong>de</strong> organismos marinhos (táxons), os<br />

centros <strong>de</strong> maior riqueza e diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esponjas também estão nos trópicos, e em especial,<br />

no triângulo formado pelas Filipinas, Papua Nova Guiné e Indonésia, área que<br />

abarca milhares <strong>de</strong> ilhas, entre minúsculas e enormes (p.ex. Sumatra, Bornéu), e também<br />

conheci<strong>da</strong> como Triângulo dos Corais. Em meados dos anos <strong>de</strong> 1990, já haviam sido registra<strong>da</strong>s<br />

cerca <strong>de</strong> 1000 espécies <strong>de</strong> poríferos marinhos nesta área, mas a estimativa é que<br />

o número <strong>de</strong> espécies que efetivamente ocorrem aí seja no mínimo o dobro ou o triplo.<br />

Outras gran<strong>de</strong>s áreas notáveis por sua alta riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos são todo o perímetro<br />

australiano, o Oceano Índico Oci<strong>de</strong>ntal (costa leste <strong>da</strong> África, Ma<strong>da</strong>gascar e uma<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

43


Introdução<br />

série <strong>de</strong> pequenos arquipélagos), o Mar do Caribe e o Mar Mediterrâneo, em or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies. Esta alta diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> observa<strong>da</strong> neste cinturão<br />

circumtropical é sugestiva <strong>de</strong> uma história evolutiva relaciona<strong>da</strong> ao Oceano Tethys,<br />

que se estendia entre o sul do supercontinente <strong>de</strong> Laurásia e o norte do supercontinente<br />

<strong>de</strong> Gondwana na Era Mesozóica. De fato, cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos gêneros marinhos<br />

<strong>da</strong> Classe Demospongiae conhecidos atualmente, têm distribuição circumtropical<br />

ou quase (com algumas lacunas). Outros padrões <strong>de</strong> distribuição observados<br />

<strong>de</strong>ntre os gêneros <strong>de</strong>sta Classe são o austral, o boreal, o bipolar, o australiano e o <strong>de</strong>scontínuo.<br />

Padrões <strong>de</strong> distribuição gritantemente <strong>de</strong>scontínuos são explicáveis por<br />

três alternativas principais – (1) insuficiência amostral (o padrão não é <strong>de</strong>scontínuo,<br />

apenas incompletamente conhecido), (2) consi<strong>de</strong>rável extinção ao longo <strong>da</strong> história<br />

evolutiva do táxon em questão (o padrão não era <strong>de</strong>scontínuo, e a tendência é que<br />

estas populações isola<strong>da</strong>s venham a ser reconheci<strong>da</strong>s como espécies distintas em<br />

algum momento nos próximos milhares ou milhões <strong>de</strong> anos), ou (3) falha na i<strong>de</strong>ntificação<br />

(a distribuição não é <strong>de</strong>scontínua, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> trata-se <strong>de</strong> um complexo<br />

<strong>de</strong> espécies crípticas). Infelizmente, o registro fóssil <strong>de</strong> poríferos com esqueletos <strong>de</strong>sarticulados<br />

(não fusionados) é ínfimo, <strong>de</strong> tal forma que as investigações acerca <strong>de</strong><br />

sua história evolutiva <strong>de</strong>vem, necessariamente, basear-se em gran<strong>de</strong> parte nas relações<br />

inferi<strong>da</strong>s a partir do estudo <strong>de</strong> espécies recentes. A ampla maioria <strong>da</strong>s esponjas<br />

viventes apresenta esqueletos não fusionados, e portanto apenas precariamente<br />

fossilizáveis.<br />

No mar profundo ain<strong>da</strong> não há uma regionalização <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, pois o conhecimento<br />

nesta área caminha a passos mais lentos, por razões óbvias. Entretanto, em<br />

termos gerais, repetem-se algumas regras observa<strong>da</strong>s em águas mais rasas. <strong>Esponjas</strong><br />

preferem regiões <strong>de</strong> substratos consoli<strong>da</strong>dos (ou semi-consoli<strong>da</strong>dos), como junto aos<br />

bancos <strong>de</strong> corais e esponjas, com ocorrência prepon<strong>de</strong>rante em áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive mais<br />

acentuado, como em montes submarinos, cânions e alguns setores dos talu<strong>de</strong>s continentais.<br />

Um dos grupos taxonômicos presentes nestes locais, cujo conhecimento tem<br />

avançado possivelmente mais rápido que o dos <strong>de</strong>mais é o <strong>da</strong>s esponjas carnívoras<br />

(Cladorhizi<strong>da</strong>e), com mais <strong>de</strong> 20 espécies novas registra<strong>da</strong>s na última déca<strong>da</strong>, entre<br />

<strong>de</strong>scritas e por <strong>de</strong>screver.<br />

Distribuição <strong>de</strong> esponjas marinhas no <strong>Brasil</strong><br />

Historicamente, a espongiofauna marinha brasileira foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma versão empobreci<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> caribenha, apesar <strong>de</strong> seu notório en<strong>de</strong>mismo, situado na casa dos 30%<br />

do total <strong>de</strong> espécies registra<strong>da</strong>s. Esta fauna <strong>de</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> marcantemente caribenha,<br />

que integra uma fauna maior <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> Atlântica Tropical Oci<strong>de</strong>ntal, esten<strong>de</strong>se<br />

até algum ponto <strong>da</strong> costa brasileira, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do táxon em consi<strong>de</strong>ração. Assim,<br />

<strong>de</strong>ntre as espécies <strong>de</strong> poríferos registra<strong>da</strong>s para nosso litoral, e também conheci<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> região do Caribe, algumas têm o limite sul <strong>de</strong> sua distribuição conheci<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong><br />

(p.ex. Callyspongia vaginalis); outras no Espírito Santo (p.ex. Cliona varians); na Baía<br />

44 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

<strong>de</strong> Ilha Gran<strong>de</strong>, no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (p.ex. Desmapsamma anchorata); no Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, área do Canal <strong>de</strong> São Sebastião (p.ex. Aplysina fulva, Haliclona melana);<br />

e por fim, algumas se esten<strong>de</strong>m até o litoral do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina (p.ex.<br />

Dragmacidon reticulatum, Hymeniacidon heliophila, Te<strong>da</strong>nia ignis). Esses múltiplos limites<br />

<strong>de</strong> distribuição austral <strong>de</strong> espécies tropicais fizeram com que to<strong>da</strong> a área ao sul<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (ou do ES, do RJ, ...) fosse consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma área <strong>de</strong> transição entre<br />

a Província <strong>Brasil</strong>eira (tropical) e uma fauna patagônica (subtropical). Entretanto,<br />

esta sugestão ignora o fato <strong>de</strong> que os costões rochosos encontrados em boa parte do<br />

SE e S do país abrigam uma espongiofauna <strong>de</strong> características particulares, ain<strong>da</strong> em<br />

boa parte <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, haja vista que o grosso dos materiais disponíveis em coleções<br />

ain<strong>da</strong> não foi formalmente <strong>de</strong>scrito. Apesar <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste inventário,<br />

o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos provisoriamente endêmicas <strong>de</strong>sta faixa do litoral<br />

que se esten<strong>de</strong> <strong>da</strong> Região do Cabo Frio até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, já é consi<strong>de</strong>rável<br />

(> 10). E como tal, justificativa para o reconhecimento <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo,<br />

para a qual se propôs no passado o termo <strong>de</strong> Província Paulista, e hoje integra<br />

o mapa global <strong>de</strong> ecorregiões marinhas como a Ecorregião Marinha do Su<strong>de</strong>ste<br />

do <strong>Brasil</strong>.<br />

Um aspecto importante a ressaltar é que esta marca<strong>da</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> espongiofauna<br />

marinha brasileira com a caribenha, que ultrapassa 50% <strong>de</strong> espécies compartilha<strong>da</strong>s<br />

mesmo no litoral do Estado <strong>de</strong> São Paulo (75% – 52/70 – <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s<br />

neste <strong>Guia</strong>), é indicativa <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um fluxo relativamente gran<strong>de</strong> entre as<br />

duas áreas. Isto, a <strong>de</strong>speito <strong>da</strong> suposta barreira exerci<strong>da</strong> pelo imenso aporte <strong>de</strong> água<br />

doce e sedimentos em suspensão na foz do Amazonas. Sabe-se que, possivelmente<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua menor <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> boa luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (ao contrário <strong>da</strong>s<br />

algas e dos corais zooxantelados), poríferos não encontraram maiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

em se estabelecer mais fundo, ao largo do Amazonas, abaixo <strong>da</strong> influência <strong>de</strong>sta<br />

pluma amazônica <strong>de</strong> água-doce, criando assim um corredor para intercâmbio <strong>de</strong> espécies<br />

entre a Província do Caribe e a <strong>Brasil</strong>eira. É notória, por exemplo, a ocorrência<br />

<strong>de</strong> peixes recifais nesta área, valendo-se <strong>de</strong>ste corredor <strong>de</strong> esponjas como se fora um<br />

recife <strong>de</strong> água rasas. Dentre as espécies aqui <strong>de</strong>scritas do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, algumas<br />

também foram registra<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ste “corredor sub-amazônico”, p.ex. Monanchora arbuscula<br />

e Xestospongia muta.<br />

Em 2007 foram lista<strong>da</strong>s 110 espécies <strong>de</strong> poríferos conhecidos <strong>de</strong> águas brasileiras<br />

com mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, registrados ao largo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z estados costeiros.<br />

Os estados on<strong>de</strong> este conhecimento está mais avançado são São Paulo (40 spp), Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro (19 spp), Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (17 spp) e Espírito Santo (16 spp). Este panorama<br />

já sofreu algumas alterações em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> recente publicação <strong>de</strong> novos<br />

registros para a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> montes submarinos Vitória-Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> (ES), o monte submarino<br />

Almirante Sal<strong>da</strong>nha (ES/RJ) e a Bacia <strong>de</strong> <strong>Campo</strong>s (setor RJ), com base em<br />

materiais coletados pelo Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável<br />

dos Recursos Vivos <strong>da</strong> Zona <strong>de</strong> Exclusão Econômica) e pela Petrobrás.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

45


Introdução<br />

Distribuição <strong>de</strong> esponjas marinhas na <strong>Bahia</strong><br />

O Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> é privilegiado no contexto nacional quando o assunto é litoral:<br />

trata-se do maior litoral <strong>de</strong>ntre os estados brasileiros, com 932 km <strong>de</strong> extensão em<br />

linha reta. Porém, não é só a extensão <strong>de</strong>ste litoral que chama a atenção, mas também<br />

algumas <strong>de</strong> suas feições, como a presença <strong>de</strong> duas <strong>da</strong>s maiores baías brasileiras, Baía<br />

<strong>de</strong> Todos os Santos e Baía <strong>de</strong> Camamu, do Banco e Arquipélago dos Abrolhos, e do<br />

trecho, ao largo <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong> a plataforma continental brasileira é mais estreita,<br />

com apenas 8 km <strong>de</strong> largura, facilitando sobremaneira o acesso e estudo do talu<strong>de</strong><br />

continental.<br />

Ambas gran<strong>de</strong>s baías baianas são “paraísos” espongiológicos. Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> Camamu<br />

apenas começam a surgir, e <strong>de</strong>verão ser motivo <strong>de</strong> estudos futuros mais <strong>de</strong>talhados.<br />

Entretanto, o acúmulo <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos acerca <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos já vai<br />

completando 40 anos, e po<strong>de</strong>mos afirmar com convicção que há no Atlântico poucos<br />

locais que rivalizem em termos <strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> poríferos. Conhecem-se cerca <strong>de</strong><br />

100 espécies <strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong>sta baía, mas estima-se que o número real situe-se na<br />

casa <strong>da</strong>s 200, o que po<strong>de</strong>ria vir a ser confirmado caso se obtivesse os meios para<br />

estudo <strong>da</strong>s coleções já disponíveis em instituições brasileiras que abrigam coleções<br />

biológicas. As maiores coleções <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> estão na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro e na Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, totalizando alguns milhares <strong>de</strong> espécimes<br />

coligidos, principalmente dos anos 1960 até o momento atual. A última gran<strong>de</strong> coleta<br />

ocorreu em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007, no âmbito <strong>de</strong> projeto voltado para o estudo <strong>da</strong><br />

química <strong>de</strong> produtos naturais marinhos, encabeçado por pesquisadores do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo, <strong>da</strong> qual alguns <strong>de</strong> nós tiveram o prazer <strong>de</strong> participar.<br />

Com o conhecimento acumulado ao longo <strong>de</strong>stes anos no que tange à distribuição<br />

<strong>de</strong> poríferos na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong>-se afirmar que há ao menos três<br />

principais comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s marinhas com significativa ocorrência <strong>de</strong> poríferos na área: o<br />

litoral rochoso raso <strong>de</strong> Salvador até a região <strong>da</strong> Ribeira, as áreas com prepon<strong>de</strong>rância<br />

<strong>de</strong> mangues marinhos no fundo <strong>da</strong> baía e no Canal <strong>de</strong> Itaparica, e os fundos arenosos<br />

inconsoli<strong>da</strong>dos, presentes em boa parte <strong>da</strong> baía. No caso dos dois primeiros, as esponjas<br />

são frequentemente o elemento dominante <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Porém nos fundos arenosos<br />

têm distribuição mais esparsa, e restrita a algumas poucas espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s<br />

a estas condições (p.ex. Oceanapia sp., Tribrachium schmidti). Dentre as espécies mais<br />

abun<strong>da</strong>ntes do litoral próximo à Salvador estão Callyspongia sp. 1, Desmapsamma anchorata,<br />

Ircinia felix e I. strobilina; e nas regiões <strong>de</strong> mangue, Haliclona caerulea e Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />

Os ambientes recifais não foram ain<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>dos, mas supomos que a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

abundância <strong>de</strong> poríferos aí, equipare-se àquela dos costões rochosos.<br />

Observados ain<strong>da</strong> nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Salvador, porém presentes ao longo <strong>de</strong><br />

todo o litoral do estado estão os fundos <strong>de</strong> rodolitos, um ambiente parcialmente<br />

acessível ao mergulho livre e autônomo, pois po<strong>de</strong> ser observado mesmo em locais<br />

bastante rasos. Nestes casos, observa-se frequentemente uma marcante cobertura <strong>de</strong><br />

algas, cabendo às esponjas colonizar os interstícios <strong>de</strong>stas “pedras vivas”. Porém,<br />

46 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Introdução<br />

38º30’ O<br />

<strong>Bahia</strong><br />

Litoral Norte<br />

<strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos<br />

13º S<br />

Litoral Sul<br />

200 km<br />

Mapa do estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, ressaltando seu litoral. O mesmo encontra-se dividido em setores<br />

– Litoral Norte, Baía <strong>de</strong> Todos os Santos e Litoral Sul.<br />

em locais mais fundos, especialmente abaixo dos 30 m, já em uma área <strong>de</strong> acesso<br />

mais restrito aos mergulhadores, poríferos passam mais uma vez a ser o elemento<br />

dominante <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, como bem exemplificado pelas quantificações efetua<strong>da</strong>s<br />

no âmbito do Programa REVIZEE. Algumas <strong>da</strong>s estações <strong>de</strong> maior riqueza e abundância<br />

<strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> projeto nacional foram encontra<strong>da</strong>s<br />

na <strong>Bahia</strong>, especialmente na faixa dos 50-60 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dentre estas, <strong>de</strong>staque<br />

para duas estações, uma situa<strong>da</strong> em frente à Salvador (do navio avistavam-se<br />

os prédios <strong>da</strong> Barra e <strong>de</strong> Ondina) e outra no Banco Royal Charlotte, ao largo <strong>de</strong><br />

Canavieiras (16º19’S). Algumas <strong>da</strong>s esponjas mais frequentemente encontra<strong>da</strong>s nas<br />

dragagens efetua<strong>da</strong>s neste ambiente foram Aiolochroia crassa, diversas espécies <strong>de</strong><br />

Aplysina, Cinachyrella kuekenthali e Topsentia ophiraphidites.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

47


Introdução<br />

Passando ao talu<strong>de</strong> continental, mais uma vez o Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> esteve à frente,<br />

uma vez que a vin<strong>da</strong> do Navio Oceanográfico francês, N/O Thalassa, em 2000,<br />

possibilitou a realização <strong>de</strong> arrastos a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s praticamente jamais visita<strong>da</strong>s<br />

no <strong>Brasil</strong>. Obteve-se <strong>de</strong>stes cruzeiros esponjas <strong>de</strong> até 2137 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nesta<br />

expedição foram coletados alguns espécimes <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong> Classe Hexactinelli<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong>ntre os quais uma Euplectella suberea Thomson, 1876, espécie que, coinci<strong>de</strong>ntemente,<br />

já havia sido registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>, há mais <strong>de</strong> um século atrás, após estudo<br />

publicado em 1887 dos materiais coligidos pela expedição britânica do H.M.S.<br />

Challenger, transcorri<strong>da</strong> entre 1873 e 1876.<br />

Por fim, merece <strong>de</strong>staque também a região dos Abrolhos, on<strong>de</strong> melhor se <strong>de</strong>senvolvem<br />

recifes <strong>de</strong> corais no litoral brasileiro. <strong>Esponjas</strong> são abun<strong>da</strong>ntes tanto nas<br />

ilhas que compõem o arquipélago, quanto nos bancos <strong>de</strong> corais próximos, notórios<br />

pela formação <strong>de</strong> chapeirões - formações colunares, gran<strong>de</strong>s, em forma <strong>de</strong> cogumelo<br />

com o topo aplanado. Algumas espécies particularmente comuns são compartilha<strong>da</strong>s<br />

com Salvador, tais como Aplysina fulva, Ircinia felix e I. strobilina.<br />

<strong>Esponjas</strong> diversas coleta<strong>da</strong>s arriba<strong>da</strong>s na Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong> (Marau, Baía <strong>de</strong> Camamu),<br />

entremarés, 30/Jul/2009. Esponja vermelha à esquer<strong>da</strong> – Desmapsamma anchorata (Carter,<br />

1882). Esponja ver<strong>de</strong> no centro – Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864. Esponja<br />

roxa ramifica<strong>da</strong> à direita – Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864).<br />

48 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


IDENTIFICAÇÃO DE ESPONJAS<br />

Coleta<br />

As esponjas po<strong>de</strong>m ser coleta<strong>da</strong>s em todos os ambientes <strong>da</strong>s zonas costeiras,<br />

predominantemente fixas a substratos duros, como rochas, pilares, cor<strong>da</strong>s e garrafas<br />

<strong>de</strong> vidro, assim como o fazem a maioria <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>.<br />

Porém, em regiões lodosas algumas se fixam nas raízes <strong>de</strong> mangues (p.ex. Te<strong>da</strong>nia<br />

ignis), e umas poucas espécies estabelecem–se no sedimento inconsoli<strong>da</strong>do, seja pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> espículas especiais <strong>de</strong> ancoragem (p.ex. Craniella quirimure),<br />

seja pelo recurso <strong>de</strong> enterramento <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seu corpo (p.ex. Tribrachium schmidti).<br />

Estas últimas são <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s psamófilas.<br />

As espécies pequenas (<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> poucos milímetros) <strong>de</strong>vem ser procura<strong>da</strong>s<br />

com cui<strong>da</strong>do sob ou sobre pedras e manusea<strong>da</strong>s com pinça, <strong>de</strong> preferência<br />

plástica. Formas maiores, incrustantes, arborescentes ou globosas são melhor<br />

coleta<strong>da</strong>s com o auxílio <strong>de</strong> uma faca, que auxilia em <strong>de</strong>stacá-las do substrato, ou<br />

em seccionar um fragmento para trazer, <strong>de</strong>ixando o resto <strong>da</strong> esponja a cicatrizarse<br />

(elas são surpreen<strong>de</strong>ntemente boas nisso!). As incrustantes <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>da</strong>s<br />

juntamente com o substrato, o que por vezes obriga o uso <strong>de</strong> marreta e talha<strong>de</strong>ira.<br />

Do contrário, convertem-se em pequenos flocos ou pó após a coleta, tornando seu<br />

estudo taxonômico subsequente <strong>de</strong>veras mais difícil, <strong>de</strong>ntre outros motivos, pela<br />

enorme dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> separar eventuais espécies distintas que se tenham mesclado<br />

inadverti<strong>da</strong>mente durante a coleta. Algumas esponjas produzem substâncias tóxicas<br />

ou possuem espículas em forma <strong>de</strong> farpas projetando-se <strong>de</strong> seus corpos, que po<strong>de</strong>m<br />

causar <strong>de</strong>rmatites, sendo portanto recomen<strong>da</strong>do o uso <strong>de</strong> luvas no manuseio <strong>de</strong>stes<br />

animais, no campo, e posteriormente no laboratório.<br />

Como algumas espécies po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s pelos caracteres – cor, forma<br />

consistência, presença <strong>de</strong> muco e ornamentação <strong>da</strong> superfície, é muito importante<br />

que estes sejam anotados antes <strong>da</strong> fixação, sendo altamente recomendável a toma<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> fotos in situ, ou o mais imediatamente possível após a coleta. É bom ressaltar<br />

que tanto a coloração como a morfologia po<strong>de</strong>m mu<strong>da</strong>r bastante após o manuseio e<br />

especialmente após imersão em etanol.<br />

Uma sequência típica <strong>de</strong> imagens toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> um espécime que se preten<strong>de</strong><br />

coletar inclui: (1) duas, três, ou mais imagens do espécime in situ, em diferentes<br />

ângulos e aproximações, se possível ilustrando também seu habitat; (2) uma ou mais<br />

imagens do espécime ao lado <strong>de</strong> uma escala <strong>de</strong> tamanho (temos utilizado braça<strong>de</strong>iras<br />

plásticas para tal fim, com resultados satisfatórios); (3) uma ou mais imagens do<br />

computador <strong>de</strong> mergulho, <strong>de</strong> forma a registrar profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> e temperatura no local<br />

<strong>da</strong> coleta; (4) uma ou mais imagens do código <strong>de</strong> campo ou número <strong>de</strong> registro na<br />

coleção que caberá ao espécime coletado.<br />

IMPORTANTE! - É essencial que a partir <strong>de</strong>ste momento, espécime e seu número <strong>de</strong><br />

registro não se separem mais. Colocar vários espécimes e seus respectivos números<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

49


A<br />

<strong>Esponjas</strong><br />

<strong>Guia</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

<strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

A – coleta no entremarés lamoso <strong>da</strong> Ilha do Pati (Madre <strong>de</strong> Deus, BA) em 04/Jun/2004. FOTO POR<br />

C.P. SANTOS.<br />

B – coleta com toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> fotografias in situ através <strong>de</strong> mergulho em apnéia, em Taipú <strong>de</strong> Fora<br />

(Maraú, BA) em 27/Jul/2009. FOTO POR G. LÔBO HAJDU.<br />

C-F – sequência mínima necessária <strong>de</strong> imagens que antece<strong>de</strong>m a coleta <strong>de</strong> um espécime, aqui<br />

no caso, Ptilocaulis walpersi, apresenta<strong>da</strong> no <strong>Guia</strong>.<br />

C – espécime em seu habitat. D – espécime em seu habitat, junto à escala com dimensão <strong>de</strong> 5<br />

cm (parte branca). E – computador <strong>de</strong> mergulho indicando a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> coleta (4,9 m) e a<br />

temperatura <strong>da</strong> água (26°C). F – código <strong>de</strong> registro na coleção do Museu Nacional.<br />

50 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

soltos no interior <strong>de</strong> uma bolsa <strong>de</strong> coleta, não serve, pois os espécimes se fragmentam,<br />

contraem e mu<strong>da</strong>m <strong>de</strong> cor, <strong>de</strong> forma que ao final é impossível saber ao certo a qual<br />

número correspon<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos fragmentos que se têm. Nós utilizamos sacos<br />

plásticos previamente numerados, quando possível com etiquetas plastifica<strong>da</strong>s. Em<br />

situações emergenciais, números po<strong>de</strong>m ser escritos com caneta <strong>de</strong> retroprojetor no<br />

saco plástico, o que resiste bastante bem à água do mar. Entretanto, a primeira gota<br />

<strong>de</strong> etanol é suficiente para borrar estes números por completo. Assim, no laboratório,<br />

antes <strong>de</strong> qualquer ação com as amostras coleta<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sta forma, preparam-se etiquetas<br />

a lápis ou nanquim, para que se possa então começar a abrir os sacos e trabalhar com<br />

etanol. O uso <strong>de</strong> potes plásticos previamente numerados também funciona, porém<br />

ocupam muito espaço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> quantos espécimes efetivamente<br />

sejam coletados. O excesso <strong>de</strong> volume acaba atrapalhando a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> imagens.<br />

Por fim, não custa lembrar que os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>vem ser sempre anotados o<br />

mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente possível, o que nos dias <strong>de</strong> hoje inclui o georeferenciamento<br />

<strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta.<br />

Fixação e conservação<br />

Animais que se <strong>de</strong>stinam ao estudo taxonômico com base em arquitetura esquelética<br />

e componente espicular, ou para coleções científicas ou didáticas, <strong>de</strong>vem ser<br />

colocados imediatamente após a coleta em etanol a 80–90%, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem permanecer<br />

por 24 horas ao menos. A conservação a largo prazo é feita com etanol a 70–80% que<br />

<strong>de</strong>ve sempre cobrir a amostra por completo. Para tal, a revisão do nível do fixador<br />

é uma tarefa constante em curadoria <strong>de</strong> coleções fixa<strong>da</strong>s em etanol, <strong>de</strong>vendo-se<br />

adotar as melhores práticas para minimizar a evaporação do etanol. Um aspecto que<br />

salientamos é que com o passar do tempo, mesmo uma coleção bem geri<strong>da</strong> quanto à<br />

reposição do fixador, necessitará <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong> concentração do mesmo, uma vez<br />

que a água mistura<strong>da</strong> ao etanol evapora mais lentamente que este.<br />

A fixação em formol <strong>de</strong>ve se restringir a fins específicos, como quando se almeja<br />

obtenção <strong>de</strong> preparações histológicas, e por curto período <strong>de</strong> tempo (24 horas), pois<br />

a formalina macera as esponjas. Para fins <strong>de</strong> microscopia mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, existem<br />

ain<strong>da</strong> outros fixadores que po<strong>de</strong>m ser utilizados, como o Bouin, e o glutaral<strong>de</strong>ido<br />

pós-fixado com tetróxido <strong>de</strong> ósmio. Recomen<strong>da</strong>mos consulta a manuais <strong>de</strong> histologia<br />

ou artigos científicos que <strong>de</strong>talhem estes métodos, que apenas muito raramente se<br />

utilizam em estudos taxonômicos. Algumas esponjas que requerem tais preparações<br />

mais complexas são as Homosclerophori<strong>da</strong> e Chondrosi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espículas,<br />

bem como as Halisarci<strong>da</strong>.<br />

Para estudos ao nível molecular, ca<strong>da</strong> dia mais difundidos entre os taxônomos e<br />

filogeneticistas, inúmeras alternativas <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> espécimes existem, sempre<br />

com a preocupação <strong>de</strong> manter ADN e ARN o mais intactos possível. Dentre as que<br />

já utilizamos constam (1) inserção imediata <strong>de</strong> microfragmentos (diâmetro 1–2<br />

mm, altura 5–10 mm) <strong>da</strong> esponja alvo em etanol 96%; (2) inserção <strong>de</strong> fragmentos<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

51


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

comparáveis, porém picotados adicionalmente, em tampão <strong>de</strong> lise (contendo<br />

hidrocloreto <strong>de</strong> guanidina); (3) inserção <strong>de</strong> microfragmentos picotados em silica-gel<br />

em pó; e (4) congelamento imediato <strong>de</strong> microfragmentos em gelo-seco ou nitrogênio<br />

líquido. Recentemente sugeriu-se que o uso <strong>de</strong> uma salmoura (300 g/L <strong>de</strong> NaCl em<br />

água) é um bom fixador temporário para a morfologia e moléculas <strong>da</strong>s esponjas. Em<br />

to<strong>da</strong>s estas opções, faz-se normalmente uso <strong>de</strong> tubos do tipo Eppendorf para o<br />

acondicionamento dos microfragmentos.<br />

Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia óptica<br />

Espículas calcárias isola<strong>da</strong>s<br />

Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja sobre lâmina e cubra com uma lamínula.<br />

<br />

<strong>de</strong> uma pipeta Pasteur ou conta-gotas, e <strong>de</strong>ixe dissolver totalmente a peça.<br />

<br />

líquidos com tiras <strong>de</strong> papel <strong>de</strong> filtro dispostas na bor<strong>da</strong> oposta <strong>da</strong> lamínula<br />

<br />

passar roupa em temperatura mínima, etc, ...) e retire cui<strong>da</strong>dosamente a lamínula.<br />

<br />

Araldite) e cubra com uma lamínula limpa. Obs. o Bálsamo do Canadá po<strong>de</strong> se<br />

acidificar com o tempo e dissolver as espículas calcárias.<br />

Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s (lâmina rápi<strong>da</strong>)<br />

Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja sobre lâmina.<br />

<br />

<br />

pinça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, e preferencialmente fazendo uso <strong>de</strong> óculos <strong>de</strong> proteção e guar<strong>da</strong>pó.<br />

O material <strong>de</strong>ve ser fervido até <strong>de</strong>sintegrar-se por completo, ou até pouco antes<br />

que o ácido forme uma crosta esturrica<strong>da</strong>, <strong>de</strong> difícil remoção subsequente.<br />

<br />

orgânica aparente estar totalmente dissolvi<strong>da</strong>. A fumaça exala<strong>da</strong> ao ferver-se o<br />

ácido se tornará mais clara.<br />

<br />

com etanol, sempre levando à chama para secar a água ou queimar o etanol –<br />

até que a preparação pareça satisfatoriamente limpa e seca. CUIDADO!<br />

A aplicação <strong>de</strong> etanol sobre a lâmina quente po<strong>de</strong> gerar uma explosão se isso se<br />

<strong>de</strong>r <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente próximo <strong>da</strong> lamparina acesa. Afaste a lâmina <strong>da</strong> lamparina,<br />

40–50 cm, goteje o etanol, e então retorne a preparação à chama. A preparação <strong>de</strong>ve<br />

ser manti<strong>da</strong> em movimento constante sobre a chama, na horizontal, para evitar a<br />

ruptura <strong>da</strong> lâmina.<br />

<br />

52 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

calcárias, tendo em mente que com as silicosas a acidificação do Bálsamo do<br />

Canadá no longo prazo não oferece <strong>de</strong>svantagem, e este é um meio <strong>de</strong> montagem<br />

<strong>de</strong> baixo custo e baixa toxici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s (lâmina lenta)<br />

Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja (2–5 vezes maior que nas preparações<br />

sobre lâmina) em um tubo <strong>de</strong> ensaio refratário.<br />

<br />

<br />

e goteje ácido adicional (5–10 gotas).<br />

<br />

com uma pinça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, com os cui<strong>da</strong>dos sugeridos acima. O material <strong>de</strong>ve ser<br />

fervido até <strong>de</strong>sintegrar-se totalmente, o que ocorrerá muito antes que o ácido seque<br />

por completo, ou do contrário seu material não será dissolvido sob hipótese alguma.<br />

DICA! Fixe duas pinças <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para tubos <strong>de</strong> ensaio, uma <strong>de</strong> costas para a outra.<br />

Desta forma você po<strong>de</strong>rá levar dois tubos <strong>de</strong> ensaio por vez à chama <strong>da</strong> lamparina.<br />

<br />

o jato d’água para suspen<strong>de</strong>r e misturar bem as espículas.<br />

<br />

centrífuga clínica), ou <strong>de</strong>ixe-o <strong>de</strong>cantar por 1–2 h.<br />

<br />

para não per<strong>de</strong>r parte do precipitado <strong>de</strong> espículas.<br />

<br />

com etanol 92–96%. O etanol <strong>de</strong>scartado é guar<strong>da</strong>do para uso na alimentação <strong>da</strong><br />

lamparina.<br />

<br />

suspen<strong>da</strong> as espículas, e aplique com uma pipeta Pasteur limpa 1–2 gotas <strong>da</strong><br />

suspensão espicular sobre uma lâmina para microscopia. A abertura <strong>da</strong> pipeta<br />

<strong>de</strong>ve ser condizente com o tamanho <strong>da</strong>s espículas que se preten<strong>de</strong> pipetar. Desta<br />

forma, não raro é necessário quebrar ou cortar a ponta <strong>da</strong> pipeta para conseguir<br />

um maior calibre na sucção. Em alguns casos, faz-se uso <strong>de</strong> um pincel para retirar<br />

espículas do precipitado, especialmente quando estas estão <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente<br />

enovela<strong>da</strong>s. Obs. Este método po<strong>de</strong> parecer muito <strong>de</strong>morado, mas a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se trabalhar com uma linha <strong>de</strong> montagem, com 20, 30, 50 tubos ao mesmo tempo,<br />

po<strong>de</strong> ser vantajosa, especialmente em função <strong>da</strong> alta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> obti<strong>da</strong> ao final.<br />

<br />

por completo sobre uma placa aquecedora.<br />

<br />

Fibras <strong>de</strong> espongina isola<strong>da</strong>s<br />

Maceração em água morna: coloque um fragmento <strong>da</strong> esponja (aproxima<strong>da</strong>mente 1<br />

cm 3 ) em água a 30–37°C e observe sua <strong>de</strong>composição dia após dia até que se alcance<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

53


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

o efeito <strong>de</strong>sejado. Só troque a água se o cheiro estiver <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente forte, o que<br />

também po<strong>de</strong> ser minimizado ampliando-se o volume <strong>de</strong> água relativo ao tamanho<br />

do fragmento <strong>da</strong> esponja. Uma vez concluído o processo, lava-se as fibras com água<br />

limpa, <strong>de</strong>sidrata-se com etanol 80–96% e passa-se à montagem sobre lâmina.<br />

Maceração em água-sanitária (hipoclorito <strong>de</strong> sódio) a 10–20%: coloque um<br />

fragmento <strong>da</strong> esponja (aproxima<strong>da</strong>mente 1 cm 3 ) em solução diluí<strong>da</strong> <strong>de</strong> água-sanitária<br />

a frio (1 parte <strong>de</strong> água-sanitária + 4–9 partes <strong>de</strong> água, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za do<br />

material). Trabalhe em ambiente bem ventilado ou em capela <strong>de</strong> exaustão. A amostra<br />

po<strong>de</strong>rá ser pressiona<strong>da</strong> repeti<strong>da</strong>s vezes, porém com suavi<strong>da</strong><strong>de</strong> (pinça <strong>de</strong> ponta<br />

larga) para facilitar o acesso do cloro às partes internas <strong>da</strong> amostra. Também se po<strong>de</strong><br />

utilizar uma siringa, não para perfurar a amostra, mas para gerar jatos <strong>de</strong> solução<br />

que auxiliarão no <strong>de</strong>smantelamento do mesoílo <strong>da</strong> esponja, <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-o <strong>da</strong>s<br />

fibras <strong>de</strong> espongina. O procedimento <strong>de</strong>ve ser observado <strong>de</strong> perto, com intervalos<br />

não superiores a alguns poucos minutos, especialmente no caso <strong>de</strong> amostras mais<br />

<strong>de</strong>lica<strong>da</strong>s, ou do contrário po<strong>de</strong>-se per<strong>de</strong>r to<strong>da</strong> a amostra. Alcançado o efeito<br />

<strong>de</strong>sejado lava-se a amostra com água limpa, <strong>de</strong>sidrata-a com etanol 80–96% e passase<br />

a cortá-la, se for o caso, para aplicação sobre lâmina e montagem.<br />

Maceração enzimática (papaína): incube um fragmento <strong>da</strong> esponja com 1–2 cm 3<br />

em 3 mL <strong>de</strong> tampão <strong>de</strong> digestão (100 mM <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> sódio; pH 5,0; cisteína 5 mM;<br />

EDTA 5 mM) por 24 horas a 4º C. Adicione 1 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> papaína a 3% (feita<br />

com tampão <strong>de</strong> digestão fresco) ao tubo contendo o fragmento, e incube por novas<br />

24h, agora a 60°C. Lave o fragmento digerido com jatos <strong>de</strong> água para <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r<br />

sobras <strong>de</strong> mesoílo <strong>da</strong>s fibras. Alcançado o efeito <strong>de</strong>sejado lava-se a amostra com<br />

água limpa, <strong>de</strong>sidrata-a com etanol 80–96% e passa-se a cortá-la, se for o caso, para<br />

aplicação sobre lâmina e montagem.<br />

Maceração sob lupa (microscópio estereoscópico): procedimento que po<strong>de</strong> ser<br />

utilizado só, ou combinado aos <strong>de</strong>mais, que consiste em auxiliar o <strong>de</strong>sprendimento<br />

<strong>da</strong>s fibras com uma pinça <strong>de</strong> ponta fina. Se estiver trabalhando com água-sanitária<br />

faça-o em ambiente bem ventilado ou em capela <strong>de</strong> exaustão. Conclua a limpeza,<br />

<strong>de</strong>sidratação e montagem como <strong>de</strong>scrito acima.<br />

Cortes espessos rápidos (Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Com lâmina <strong>de</strong> barbear ou bisturi, corte a esponja em seções perpendiculares e<br />

tangenciais, não misturando os dois tipos <strong>de</strong> cortes. Por vezes po<strong>de</strong> ser mais cômodo<br />

separar <strong>da</strong> amostra um fragmento com ângulos retos, a partir do qual se ensaia<br />

a obtenção <strong>da</strong>s seções perpendiculares e tangenciais. Algumas esponjas são mais<br />

fáceis <strong>de</strong> cortar. Para outras, po<strong>de</strong> ser preferível secá-las primeiro por completo, ou<br />

até mesmo congelá-las, <strong>de</strong> modo a obter-se estrutura mais firme para o corte. Os<br />

cortes <strong>de</strong>vem ter preferencialmente menos <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> espessura.<br />

<br />

perpendiculares, e indicando na etiqueta quais são uns e quais são os outros.<br />

54 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

<br />

60°C) ou sob lâmpa<strong>da</strong> incan<strong>de</strong>scente. DICA! Caso os cortes estejam niti<strong>da</strong>mente se<br />

enrolando ao secar, reidrate-os com etanol e reaplique-os sobre a lâmina, <strong>de</strong>sta vez<br />

cobertos por uma ou mais lamínulas, sobre a qual se apoiará um pequeno peso<br />

(por exemplo – chumbo <strong>de</strong> pesca, parafuso com porcas – 20–40 gr por lamínula <strong>de</strong><br />

18x18 mm).<br />

<br />

acima.<br />

Cortes espessos lentos (Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Corte com auxílio <strong>de</strong> lâmina <strong>de</strong> barbear ou bisturi um pequeno bloco <strong>da</strong> esponja<br />

fixa<strong>da</strong>, prestando atenção para não confundir a superfície externa <strong>da</strong> esponja<br />

(ectossoma) com as superfícies internas (coanossomais) obti<strong>da</strong>s através do corte.<br />

DICA! Em algumas esponjas você po<strong>de</strong> conseguir fazer uma marca a lápis no<br />

ectossoma. Em outras, po<strong>de</strong> marcá-lo com uma pincela<strong>da</strong> <strong>de</strong> fucsina áci<strong>da</strong> 1% em<br />

solução alcoólica a 80%.<br />

<br />

banhos em xilol, <strong>de</strong> mesma duração, sob exaustão constante. IMPORTANTE! O xilol<br />

usado <strong>de</strong>ve ser mantido em um recipiente <strong>de</strong> vidro, fechado hermeticamente com<br />

uma tampa resistente aos vapores <strong>de</strong>ste solvente, para <strong>de</strong>scarte futuro através <strong>de</strong><br />

empresa especializa<strong>da</strong> no manejo <strong>de</strong> resíduos químicos.<br />

<br />

<strong>de</strong> papel toalha.<br />

<br />

e repita o procedimento com parafina nova. A parafina usa<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong><br />

para o primeiro banho <strong>de</strong> outras amostras. Costumamos usar pequenos frascos <strong>de</strong><br />

vidro para os banhos<br />

<br />

preferencialmente <strong>de</strong>smontável (mas forma <strong>de</strong> empa<strong>da</strong> também serve),<br />

preencha meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu volume com parafina líqui<strong>da</strong> nova (po<strong>de</strong> ser a parafina<br />

utiliza<strong>da</strong> no segundo banho); e imediatamente a seguir, coloque na forma o<br />

bloco <strong>de</strong> esponja (sem per<strong>de</strong>r a noção <strong>de</strong> qual é sua superfície ectossomal),<br />

e cubra-o com parafina líqui<strong>da</strong> adicional até completar o volume <strong>da</strong> forma.<br />

DICA! O volume do emblocador <strong>de</strong>ve ser bem maior que o <strong>da</strong> amostra a emblocar,<br />

ou do contrário, com a retração <strong>da</strong> parafina durante seu esfriamento, surgirão<br />

superfícies expostas do material biológico on<strong>de</strong> será mais difícil obter-se uma seção<br />

<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os emblocadores que utilizamos são constituídos <strong>de</strong> uma placa <strong>de</strong><br />

metal com 7x7 cm e dois “L” <strong>de</strong> metal, que <strong>de</strong>slizam sobre a placa, permitindo a<br />

montagem <strong>de</strong> blocos maiores ou menores, <strong>de</strong> acordo com o encaixe eleito para os<br />

“L”. Alternativamente, se po<strong>de</strong> montar um cubinho <strong>de</strong> papel <strong>de</strong> alumínio com<br />

uma face aberta, utilizando papel <strong>de</strong> alumínio dobrado em 3 ou 4 cama<strong>da</strong>s para<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

55


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

maior firmeza. É recomendável que seu bloco esteja etiquetado, e um jeito eficiente<br />

<strong>de</strong> fazê-lo é com uma etiqueta autoa<strong>de</strong>siva dobra<strong>da</strong> sobre um fio <strong>de</strong>ntal com 5–10<br />

cm <strong>de</strong> comprimento (ou barbante fino), a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong> em si própria, inserindo-se a<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> do fio na forma com a parafina ain<strong>da</strong> líqui<strong>da</strong>, <strong>de</strong> maneira que fique<br />

preso após o endurecimento do bloco.<br />

<br />

gela<strong>de</strong>ira, e solte-o <strong>da</strong> forma.<br />

<br />

para não cortar o material emblocado, nem tampouco quebrar o bloco. Este <strong>de</strong>sbaste<br />

<strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> modo a aproximar as superfícies que se <strong>de</strong>seja seccionar na<br />

esponja, <strong>da</strong> superfície do bloco <strong>de</strong> parafina – lembrando que mantém-se aqui o<br />

objetivo <strong>de</strong> obter-se seções transversais e tangenciais.<br />

me<br />

<strong>de</strong>scrito acima na técnica rápi<strong>da</strong>.<br />

<br />

ciais para <strong>de</strong>sparafinização, com dois banhos <strong>de</strong> xilol <strong>de</strong> 30 min, o primeiro com solvente<br />

usado, o último com solvente novo. Nesta fase costumamos utilizar pequenas<br />

placas <strong>de</strong> petri cobertas, com 4 cm <strong>de</strong> diâmetro. O resultado final <strong>de</strong>ve ser monitorado<br />

visualmente, sendo importante que a os cortes permaneçam no solvente por ao<br />

menos 10 min ain<strong>da</strong>, após não ser mais possível <strong>de</strong>tectar-se visualmente a presença<br />

<strong>de</strong> parafina. Lembramos que todo o trabalho com solventes <strong>de</strong>ve ser feito sob exaustão,<br />

ou na pior <strong>da</strong>s hipóteses, em ambiente extremamente bem ventilado.<br />

Cortes espessos: Calcarea<br />

Corte longitudinalmente um exemplar conservado em etanol.<br />

Core ½ ou ¼ do espécime com fucsina áci<strong>da</strong> 1% em solução alcoólica a 80%, por 20<br />

min., removendo o excesso em etanol 80%.<br />

Desidrate em etanol a 92–96% (20 min) e xilol normal (2x, 30 min).<br />

Coloque o bloco em um banho <strong>de</strong> parafina histológica líqui<strong>da</strong> (60°C) por 90–120<br />

min, e repita o procedimento com parafina nova.<br />

Siga os passos listados acima em Cortes espessos lentos<br />

(Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

para emblocamento, <strong>de</strong>sbaste, corte,<br />

<strong>de</strong>sparafinização e montagem dos<br />

cortes.<br />

Placa metálica e dois “L” <strong>de</strong> metal<br />

utilizados para emblocamento em parafina<br />

<strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> esponjas,conforme<br />

<strong>de</strong>talhamento no texto acima.<br />

56 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />

Preparação <strong>de</strong> lâminas para Microscopia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (MEV)<br />

Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s para MEV<br />

Siga todos os passos listados acima para <br />

, até o estádio <strong>da</strong> fervura em ácido nítrico do fragmento do qual se preten<strong>de</strong><br />

isolar as espículas.<br />

Com o volume do ácido bem reduzido pela fervura, acrescente nova dose <strong>de</strong> ácido<br />

e siga fervendo por ao menos mais 30 seg.<br />

Na fase <strong>da</strong> lavagem e <strong>de</strong>sidratação com etanol, repita os passos, porém aumentando<br />

o número <strong>de</strong> lavagens com água e posteriormente com etanol. O último banho<br />

<strong>de</strong> etanol <strong>de</strong>ve ser com etanol absoluto (99%), preferencialmente <strong>de</strong> grau P.A. <strong>de</strong><br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A suspensão espicular final é aplica<strong>da</strong> sobre um suporte metálico apropriado para<br />

o equipamento que se preten<strong>de</strong> utilizar, seguindo-se os seguintes passos: cole uma<br />

lamínula <strong>de</strong> vidro sobre o suporte metálico, assegurando-se que suas bor<strong>da</strong>s não<br />

ultrapassem as do suporte; a colagem é feita i<strong>de</strong>almente com fita carbônica <strong>de</strong> dupla<br />

face, mas fita dupla face comum também costuma ser utiliza<strong>da</strong>, <strong>da</strong> mesma forma<br />

que resinas acrílicas <strong>de</strong> montagem e secagem rápi<strong>da</strong>; aplique uma ou mais gotas<br />

<strong>da</strong> suspensão espicular sobre a lamínula, <strong>de</strong>ixando secar sob luz incan<strong>de</strong>scente,<br />

com o suporte e a amostra cobertos por uma placa <strong>de</strong> petri para proteção; uma vez<br />

alcança<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> almeja<strong>da</strong> <strong>de</strong> espículas sobre a lamínula (o que po<strong>de</strong> ser<br />

verificado em microscópio estereoscópico) e estando esta bem seca, aplique uma<br />

pequena cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cola <strong>de</strong> prata ou <strong>de</strong> carbono no entorno <strong>da</strong> lamínula, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> fechar a condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre a superfície superior <strong>da</strong> lamínula e o<br />

suporte metálico (se optou por uso <strong>da</strong> resina, espere até que esteja 100% seca antes<br />

<strong>de</strong> aplicar a cola <strong>de</strong> prata); após alguns minutos o suporte e amostra estão prontos<br />

para a metalização a vácuo. CUIDADO! Tanto as resinas acrílicas (meios <strong>de</strong><br />

montagem), quanto a cola <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>vem i<strong>de</strong>almente ser utilizados sob exaustão.<br />

A aplicação <strong>da</strong> cola <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>ve ter a cautela <strong>de</strong> não lambuzar a superfície <strong>da</strong><br />

lamínula, pois aí não se conseguirá analisar as espículas. O transporte dos suportes<br />

até o metalizador <strong>de</strong>ve ser feito com cui<strong>da</strong>do para evitar per<strong>da</strong> <strong>de</strong> muitas espículas<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> vento ou que<strong>da</strong>, mas também para evitar a mistura <strong>de</strong> espículas<br />

entre distintos suportes, o que é tão mais grave quão mais próximas forem as<br />

espécies estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, quando tais <strong>de</strong>slizes po<strong>de</strong>m acarretar <strong>de</strong>scrições espúrias.<br />

Espículas calcárias isola<strong>da</strong>s para MEV<br />

Utilize o mesmo procedimento <strong>de</strong>scrito para espículas silicosas, substituindo o<br />

ácido nítrico por hipoclorito <strong>de</strong> sódio, e centrifugando as espículas a não mais que<br />

1000 rpm em centrífuga clínica.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

57


ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


FILO PORIFERA Grant, 1836<br />

Classe Demospongiae Sollas 1885<br />

Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969<br />

Cinachyrella apion (Uliczka, 1929). Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />

entremarés, 21/Mai/2008.<br />

NOTA Em sua ampla maioria, os valores micrométricos apresentados neste<br />

<strong>Guia</strong> para as megascleras compreen<strong>de</strong>m comprimento / espessura, e para<br />

as microscleras apenas comprimento.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Tetilli<strong>da</strong>e Sollas, 1886<br />

Gênero Cinachyrella Wilson, 1925<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 39 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três ocorrem<br />

no <strong>Brasil</strong>. Não há distinção na morfologia externa <strong>de</strong> C. allocla<strong>da</strong>,<br />

C. apion e C. kuekenthali em vários locais. Os tipos espiculares<br />

confirmam os status específicos e em geral as dimensões <strong>da</strong>s<br />

espículas são maiores <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s baías. Em habitats mais profundos<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, 15–20 m, C. kuekenthali predomina, e<br />

alcança dimensões maiores que as <strong>de</strong>mais espécies, com espécimes<br />

frequentemente maiores que 10 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

1. Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />

Morfologia<br />

Subesférica com cerca <strong>de</strong> 40 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro e 25 mm <strong>de</strong> altura, a coloração<br />

<strong>da</strong> esponja viva é amarelo ouro ou bege,<br />

e creme ou ocre quando preserva<strong>da</strong> em<br />

álcool. Superfície áspera, com aberturas<br />

rasas (porocálices) circulares a ovais <strong>de</strong><br />

1 a 2 mm <strong>de</strong> diâmetro. A consistência<br />

é muito firme ou levemente compressível<br />

em vi<strong>da</strong>. Esqueleto ectossomal<br />

com 180–840 μm <strong>de</strong> espessura, on<strong>de</strong> lacunas<br />

sub<strong>de</strong>rmais estão presentes, composto<br />

pelas terminações dos feixes coanossomais<br />

que se projetam através <strong>da</strong><br />

Quebramar Norte (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

60 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />

Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />

óxeas e protriênios projetando-se além <strong>da</strong><br />

superfície <strong>da</strong> esponja.<br />

superfície <strong>da</strong> esponja. Esqueleto coanossomal<br />

formado por feixes <strong>de</strong> triênios e<br />

óxeas em disposição radial, confuso em<br />

sua porção central. Espículas: protriênios<br />

ou prodiênios, rabdomas com 1296–3197<br />

/ 5–14 μm e cládios com 30–190 / 2–5 μm;<br />

anatriênios, rabdomas com 1051–2900 /<br />

3–5 μm e cládios com 36–72 / 2–14 μm;<br />

óxeas I (lisas), 1900–4500 / 14–38 μm;<br />

óxeas II (lisas), 1144–1440 / 11–14 μm;<br />

óxeas III (lisas), 63–172 / 7–11 μm; sigmaspiras,<br />

7–11 μm.<br />

Ecologia<br />

Cinachyrella allocla<strong>da</strong> se estabelece em<br />

rochas cobertas <strong>de</strong> areia, frequentemente<br />

sob uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> sedimento, com<br />

apenas algumas aberturas visíveis. A espécie<br />

ocorre exposta à luz no entremarés<br />

<strong>de</strong> praias com afloramentos rochosos na<br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, inclusive em<br />

áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, bem como<br />

em todo litoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> até seu extremo<br />

sul. Foi também coleta<strong>da</strong> em 28–30 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> no litoral norte, em substrato<br />

composto <strong>de</strong> areias e cascalhos<br />

bio<strong>de</strong>tríticos.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III; D, protriênio<br />

e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E, anatriênio e<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; F, sigmaspira.<br />

Distribuição geográfica<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Dry Tortugas, Bahamas,<br />

Cuba, Jamaica, México, Panamá, Venezuela).<br />

<strong>Brasil</strong> [CE, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE,<br />

AL, BA (Mata <strong>de</strong> São João, Salvador,<br />

Vera Cruz, Itaparica, Baía <strong>de</strong> Camamu,<br />

Porto Seguro), RJ, SP].<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

61


Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />

Eletromicrografias <strong>da</strong>s<br />

sigmaspiras <strong>de</strong> Cinachyrella spp.<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. Acima, à esquer<strong>da</strong> –<br />

C. allocla<strong>da</strong>; acima, C. apion; ao<br />

lado, C. kuekenthali.<br />

62 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


2. Cinachyrella apion (Uliczka, 1929)<br />

Morfologia<br />

Subesférica à esférica (raramente), com<br />

diâmetro <strong>de</strong> 40–100 mm. Cor em vi<strong>da</strong><br />

amarelo–ouro ou bege externamente,<br />

bege ao marrom no álcool. Superfície<br />

é híspi<strong>da</strong>, contendo porocálices com<br />

diâmetros <strong>de</strong> 1–7 mm. A consistência é<br />

compressível. Córtex fino, fibroso, indistinguível<br />

do ectossoma. Esqueleto ectossomal<br />

indiferenciado. Esqueleto coanossomal<br />

formado por feixes <strong>de</strong> triênios e<br />

óxeas em disposição radial que se projetam<br />

através <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja,<br />

confuso em sua porção central. Espículas:<br />

protriênios a prodiênios I, rabdomas<br />

com 961–5760 / 7–14 μm e cládios com<br />

78–155 μm; protriênios a prodiênios II,<br />

rabdomas com 83–1256 / 2–3,5 μm e cládios<br />

com 18–39 μm; anatriênios, rabdomas<br />

com 1891–2064 / 3,5–7 μm e cládios<br />

com 47–78 μm; óxeas (lisas), 2200–5480<br />

/ 10–110 μm; sigmaspiras, 11–35 μm;<br />

ráfi<strong>de</strong>s (às vezes em tricodragmas), 212–<br />

259 μm.<br />

Ecologia<br />

Idêntica à Cinachyrella allocla<strong>da</strong>, espécie<br />

que frequentemente ocorre em simpatria.<br />

Na região <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Deus, ao<br />

norte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, só C.<br />

apion foi assinala<strong>da</strong>.<br />

Distribuição geográfica<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Ilhas Virgens, Belize, Panamá). <strong>Brasil</strong><br />

[CE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL,<br />

BA (São Francisco do Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong><br />

Deus, Salvador), SP].<br />

Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>), entremarés, 21/Mai/2008.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

63


Cinachyrella apion (Uliczka, 1929)<br />

Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>), entremarés, 21/Mai/2008, cohabitando o mangue<br />

com o molusco mitilí<strong>de</strong>o Mytella falcata (D’Orbigny, 1846) (sururu).<br />

Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />

óxeas, protriênios e anatriênios projetando-se<br />

além <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja.<br />

A, óxea; B, protriênio I; C, protriênio<br />

II e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; D, anatriênio<br />

e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E,<br />

sigmaspira; F, ráfi<strong>de</strong>.<br />

64 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


3. Cinachyrella kuekenthali (Uliczka,1929)<br />

Morfologia<br />

Subesférica, às vezes em forma <strong>de</strong> pêra,<br />

po<strong>de</strong>ndo atingir 20 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor<br />

em vi<strong>da</strong> amarela alaranja<strong>da</strong> e creme no<br />

álcool. Superfície levemente híspi<strong>da</strong>,<br />

com porocálices. Esqueleto ectossomal<br />

composto pelas terminações dos feixes<br />

coanossomais que se projetam através <strong>da</strong><br />

superfície <strong>da</strong> esponja, e por abun<strong>da</strong>ntes<br />

micróxeas dispersas. Esqueleto coanossomal<br />

formado por feixes <strong>de</strong> triênios<br />

e óxeas em disposição radial, confuso<br />

em sua porção central. Espículas: protriênios,<br />

rabdomas com 2268–3852 / 11–<br />

18 μm e cládios com 32–65 / 8–15 μm;<br />

anatriênios, rabdomas com 2340–3960 /<br />

5–7 μm e cládios com 29–50 / 6–8 μm;<br />

óxeas I (lisas), 2916–5040 / 29–47 μm; óxeas<br />

II (lisas), 1944–2808 / 11–29 μm; óxeas<br />

III (microespina<strong>da</strong>s), 119–194 / 3,5–5<br />

μm; sigmaspiras, 7–18 μm.<br />

Ecologia<br />

Esta esponja só foi encontra<strong>da</strong> no infralitoral.<br />

Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, inclusive<br />

nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador, ocorrem em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

maiores que 10 metros e neste caso as dimensões<br />

dos exemplares po<strong>de</strong>m variar<br />

<strong>de</strong> 10 a 20 cm <strong>de</strong> diâmetro, sendo bem<br />

maiores que os indivíduos coletados no<br />

litoral norte (Camaçari).<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Dry Tortugas, Bahamas,<br />

Cuba, Jamaica, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />

Belize, Barbados, Colômbia, Venezuela).<br />

<strong>Brasil</strong> [PA, RN, PB, PE, BA (Camaçari,<br />

Salvador), ES, RJ].<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,2 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Notar abundância<br />

<strong>de</strong> epibiontes.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

65


Cinachyrella kuekenthali (Uliczka,1929)<br />

Quebramar Norte (Salvador),<br />

11 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

Epibiose pela esponja Niphates<br />

erecta (acima, à esquer<strong>da</strong>).<br />

Superfície com abun<strong>da</strong>ntes<br />

porocálices (acima). Tonali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

levemente mais páli<strong>da</strong> do<br />

coanossoma (à esquer<strong>da</strong>).<br />

Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />

óxeas e protriênios projetando-se além<br />

<strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja. Notar gran<strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> óxeas III dispersas.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III e <strong>de</strong>talhe<br />

<strong>de</strong> sua microespinação; D, protriênio e<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E, anatriênio e<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; F, sigmaspira.<br />

66 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Gênero Craniella Schmidt, 1870<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 45 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Tratam-se <strong>de</strong> esponjas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à vi<strong>da</strong><br />

em substratos areno-lamosos, ao qual se fixam por projeções<br />

radiculares constituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> feixes <strong>de</strong> espículas longas e com<br />

garras na ponta.<br />

4. Craniella quirimure Peixinho, Cosme & Hajdu, 2005<br />

Morfologia<br />

Irregularmente ovói<strong>de</strong>, elíptica a quase<br />

esférica, com altura máxima <strong>de</strong> 25 mm<br />

e diâmetro máximo <strong>de</strong> 23 mm. Cor em<br />

vi<strong>da</strong> ver<strong>de</strong> externamente, particularmente<br />

quando submersos, e amarelados<br />

internamente. Cor marrom no álcool.<br />

Em geral a superfície é lisa, porém po<strong>de</strong><br />

apresentar algumas partes rugosas.<br />

Geralmente há um único ósculo apical e<br />

na porção basal apresenta longas extensões<br />

espiculares <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a mantê–la<br />

ancora<strong>da</strong> ao substrato. A consistência<br />

varia <strong>de</strong> facilmente compressível a quase<br />

incompressível. Esqueleto radial quase<br />

perfeito, com feixes espirais. Espículas:<br />

protriênios I (prodiênios e promonênios),<br />

rabdomas com 1434–3156 / 4–8 μm e<br />

Espécimes <strong>da</strong> Barra do Jacuruna (Nazaré),<br />

fotografados em aquário na UFBA. O maior<br />

espécime tem 3 cm <strong>de</strong> altura.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

67


Craniella quirimure Peixinho et al., 2005<br />

cladomas com 21–54 / 13–33 μm; protriênios<br />

II, rabdomas com 210-908 / 1-2<br />

μm e cladomas com 15–65 / 5–44 μm;.<br />

anatriênios, rabdomas com até 9600 /<br />

4–9 μm e cladomas com 18–41 μm; óxeas<br />

I, 1363–2705 / 7–26 μm; óxeas II, 493–<br />

1221 / 12–32 μm; óxeas III, 381–1221 /<br />

12–32 μm; óxeas IV, 269–881 / 6–25 μm;<br />

sigmaspiras, 6–12 μm.<br />

Ecologia<br />

Essas esponjas são abun<strong>da</strong>ntes em<br />

uma região <strong>de</strong> manguezal <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos, a Barra do Jacuruna,<br />

on<strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi calcula<strong>da</strong><br />

em aproxima<strong>da</strong>mente 12 indivíduos<br />

por metro quadrado. A espécie também<br />

foi assinala<strong>da</strong> no infralitoral, em<br />

frente à marina <strong>de</strong> Itaparica e na Baía <strong>de</strong><br />

Camamu.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong> – Itaparica, Vera Cruz, Camamu,<br />

Maraú).<br />

Espécime recém coletado na Barra do Jacuruna. Observar o tufo radicular <strong>de</strong> espículas,<br />

enovelado após a coleta, porém ain<strong>da</strong> com abun<strong>da</strong>nte lama do manguesal.<br />

68 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Craniella quirimure Peixinho et al., 2005<br />

Organização radial do esqueleto com<br />

feixes ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> óxeas maiores.<br />

Tufos corticais <strong>de</strong> óxeas menores.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III; D, óxea IV; E, protriênio I e<br />

modificações em prodiênios; F, protriênio II; G, anatriênio; H,<br />

sigmaspira.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

69


Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888<br />

Microsclera esterraster do tipo <strong>de</strong> Geodia neptuni (Sollas, 1886) –<br />

a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> eletromicrografia obti<strong>da</strong> por S. Salani."


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Ancorini<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />

Gênero Ecionemia Bowerbank, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 39 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />

ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

5. Ecionemia sp<br />

Morfologia<br />

Maciça, ereta, irregularmente cilíndrica<br />

(loba<strong>da</strong>), com 3–4 cm <strong>de</strong> diâmetro e até 15<br />

cm <strong>de</strong> comprimento. Cor em vi<strong>da</strong>, externa<br />

cinza escura e interna bege. No álcool<br />

as tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s tonam-se mais esmaeci<strong>da</strong>s.<br />

Superfície geralmente coberta por<br />

sedimentos e/ou epibiontes variados.<br />

Ósculos circulares, apicais, raros, com<br />

cerca <strong>de</strong> 4 mm <strong>de</strong> diâmetro. Consistência<br />

rígi<strong>da</strong>, incompressível. O esqueleto<br />

ectossomal é formado externamente por<br />

uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> oxiásteres, e internamente<br />

pelos cladomas dos dicotriênios<br />

dispostos lado a lado e entremeados às<br />

terminações dos feixes radiais coanossomais<br />

formados por óxeas gran<strong>de</strong>s e<br />

algumas óxeas menores. Gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> óxeas dispersas mascara o<br />

padrão <strong>de</strong> organização. Microrrábdos e<br />

oxiásteres distribuídos aleatoriamente<br />

por todo o coanossoma. Espículas: dicotriênios<br />

(ocasionalmente ortotriênios),<br />

rabdomas com 602–1050 / 42–56 μm e<br />

cládios com 70–168 / 42–56 μm; óxeas I,<br />

1190–1372 / 56–70 μm; óxeas II, 187–237 /<br />

3,6 μm; microrrábdos, 68–79 / 7,2–10,8<br />

μm; oxiásteres com 4–8 raios, 5,4–7,2 μm.<br />

Comentário<br />

Este é o primeiro registro <strong>de</strong>ste gênero<br />

para a costa brasileira. A relativa rari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

dos triênios torna esta espécie facilmente<br />

confundível com um Melophlus Thiele,<br />

1899, gênero que se distingue <strong>de</strong> Ecionemia<br />

principalmente pela ausência <strong>de</strong>stas<br />

espículas. Como ambos gêneros ocorrem<br />

no litoral brasileiro, <strong>de</strong>ve-se prestar redobra<strong>da</strong><br />

atenção em sua i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Ecologia<br />

A espécie é rara, e apresenta esponjas e<br />

cnidários frequentemente a<strong>de</strong>ridos em<br />

sua superfície. Espécimes do interior<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos ocorrem em<br />

áreas com consi<strong>de</strong>rável sedimentação.<br />

Foi encontra<strong>da</strong> entre os 5 e 11 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

inclusive próximo às áreas<br />

urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (BA – Salvador).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

71


Ecionemia sp.<br />

Boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s, <strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos, 5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 21/Jun/2004, em habitat sujeito à forte sedimentação.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, dicotriênio e<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; D, microrrabdo; E,<br />

oxiáster.<br />

72 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Ecionemia sp.<br />

Espécime recém coletado em frente ao bairro <strong>de</strong> Ondina (Salvador), fotografado sobre a<br />

banca<strong>da</strong> do laboratório (UFBA).<br />

Microrrabdos eletromicrografados em Microscópio Eletrônico <strong>de</strong> Varredura (espécime do<br />

boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s, <strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos). A maior<br />

espícula tem 84 μm <strong>de</strong> comprimento.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

73


Gênero Stelletta Schmidt, 1862<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 146 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> conhecem-se ain<strong>da</strong> S.<br />

anasteria (Esteves & Muricy, 2005), S. crassispicula (Sollas, 1886),<br />

S. kallitetilla (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936) e S. soteropolitana Cosme &<br />

Peixinho, 2007.<br />

6. Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />

Morfologia<br />

Maciça, irregular à arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>, po<strong>de</strong>ndo<br />

atingir cerca <strong>de</strong> 7 cm no maior<br />

diâmetro. Cor em vivo, externa é branca,<br />

marrom, ver<strong>de</strong> ou violeta, no álcool é<br />

bege clara a escura. Superfície híspi<strong>da</strong><br />

e frequentemente recoberta por algas.<br />

Ósculos localizados no topo e na lateral<br />

<strong>da</strong> esponja, 1–3 por exemplar, e com<br />

diâmetros <strong>de</strong> 1–8 mm. Consistência<br />

dura, pouco compressível. A arquitetura<br />

esquelética inclui um córtex rico em colágeno<br />

e com espículas isola<strong>da</strong>s ou em<br />

feixes oriundos <strong>da</strong> região coanossomal,<br />

além <strong>de</strong> uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> oxiásteres<br />

na sua porção mais interna. O coanossoma<br />

tem feixes radiais <strong>de</strong> plagiotriênios<br />

e óxeas. Espículas: plagiotriênios I, rabdomas<br />

com 910–1920 / 28–42 μm e cladomas<br />

com 140–294 / 18–25 μm; plagiotriênios<br />

II, rabdomas com 476–1092<br />

/ 14–28 μm e cladomas com 56–140 /<br />

15–18 μm; plagiotriênios III, rabdomas<br />

com 126–406 / 4–14 μm e cladomas com<br />

20–50 / 5–10 μm; óxeas I, 630–1806 /<br />

6–21 μm; óxeas II, 910–1414 / 14–31 μm;<br />

oxiásteres, 7–18 μm.<br />

Comentário<br />

Esta espécie foi registra<strong>da</strong> pela primeira<br />

vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a partir <strong>de</strong> material<br />

coletado na <strong>Bahia</strong> pela expedição<br />

<strong>de</strong> circumnavegação global do navio inglês<br />

H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong> entre os<br />

anos <strong>de</strong> 1873 e 1876.<br />

Ecologia<br />

Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos a espécie foi<br />

observa<strong>da</strong> principalmente em substrato<br />

consoli<strong>da</strong>do, especialmente costões rochosos,<br />

com apenas um espécime encontrado<br />

em manguezais. Sua profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrência foi do entremarés aos 10 m. Os<br />

<strong>de</strong>mais exemplares foram coletados no<br />

litoral norte em substrato inconsoli<strong>da</strong>do,<br />

com sedimento <strong>de</strong> areia e cascalho bio<strong>de</strong>trítico,<br />

em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 23–25 m.<br />

Esta espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Caribe (registros duvidosos). <strong>Brasil</strong> [PE,<br />

SE, <strong>Bahia</strong> (Arembepe, Camaçari, Salvador),<br />

ES].<br />

74 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />

Iate Clube (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2006. Notar<br />

abundância <strong>de</strong> epibiontes, incluindo ao menos três espécies <strong>de</strong> esponjas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

75


Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007. Notar a<br />

camuflagem do espécime, traí<strong>da</strong> apenas por<br />

seu ósculo apical com 1 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, plagiotriênio I; D,<br />

plagiotriênio II; E, plagiotriênio III; F, oxiáster.<br />

76 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />

Mesmo espécime, recém coletado. Coanossoma com canais aquiferos <strong>de</strong> distintos calibres,<br />

com <strong>de</strong>staque para os maiores, que rumam para os ósculos.<br />

Arquitetura esquelética com feixes radiais <strong>de</strong> plagiotriênios e óxeas, formando um<br />

escudo protetor na região ectossomal. MICROFOTOGRAFIA POR B. COSME.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

77


Gênero Tribrachium Bowerbank, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> duas espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

uma ocorre no <strong>Brasil</strong>. Trata-se <strong>de</strong> esponjas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à<br />

vi<strong>da</strong> em substratos arenosos, ao qual se fixam pela inserção<br />

<strong>da</strong> porção esférica <strong>de</strong> seu corpo.<br />

7. Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />

Morfologia<br />

Esponja em formato <strong>de</strong> pirulito invertido,<br />

on<strong>de</strong> a base esférica está enterra<strong>da</strong> no<br />

substrato, <strong>da</strong> qual parte um tubo oscular<br />

cilíndrico (fístula) que projeta-se alguns<br />

centímetros acima do substrato. O comprimento<br />

total (bulbo e tubo) dos espécimes<br />

observados é <strong>de</strong> 6–82 mm. Diâmetro<br />

Hábito <strong>de</strong> espécime do Litoral Norte <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong>, após preservação em álcool.<br />

do bulbo 1,4–13,5 mm, e do tubo oscular<br />

0,12–5,64 mm. Cor em vi<strong>da</strong>, branca a<br />

marrom escura na base, e branca a marrom<br />

amarelado no tubo. No álcool a cor<br />

é branca a amarela<strong>da</strong>. Superfície <strong>da</strong> base<br />

microhíspi<strong>da</strong> e do tubo lisa. O único ósculo<br />

visível é o do ápice do tubo. Consistência<br />

pouco compressível, nota<strong>da</strong>mente na<br />

base, tubo frágil. O esqueleto do bulbo é<br />

radial com uma cama<strong>da</strong> pigmenta<strong>da</strong> e<br />

abun<strong>da</strong>ntemente preenchi<strong>da</strong> por sanidásteres.<br />

O esqueleto do tubo é uma malha <strong>de</strong><br />

ortodiênios justapostos com sanidásteres<br />

entremea<strong>da</strong>s. Espículas: ortodiênios (tubo<br />

oscular), rabdomas com 2808–3456 / 29–<br />

54 μm e cládios com 288–648 / 25–32 μm;<br />

dicotriênios (bulbo), rabdomas com 1260–<br />

3132 / 29–72 μm e cládios com 108–468 /<br />

11–36 μm; anatriênios (bulbo), rabdomas<br />

com 826–1680 / 7–14 e cládios com 27–49<br />

/ 7–14 μm; óxeas, 2844–3528 / 14–36 μm;<br />

sanidásteres I (ectossoma do bulbo e tubo<br />

oscular), 13 / 2 μm; sanidásteres II (coanossoma<br />

do bulbo), 7 / 1 μm.<br />

Comentário<br />

Esta espécie também foi registra<strong>da</strong> pela<br />

primeira vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a<br />

partir <strong>de</strong> material coletado na <strong>Bahia</strong> pela<br />

expedição <strong>de</strong> circumnavegação global<br />

do navio inglês H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong><br />

entre os anos <strong>de</strong> 1873 e 1876.<br />

78 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />

Ecologia<br />

Esponja psamófila. Todos os espécimes<br />

observados foram provenientes <strong>de</strong><br />

areia, lama ou cascalho bio<strong>de</strong>trítico em<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 26–91 m. O primeiro<br />

registro <strong>da</strong> espécie para a <strong>Bahia</strong> apontou<br />

sua ocorrência já a partir dos 7 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México (Cuba). <strong>Brasil</strong> [AP, PA, BA (Camaçari,<br />

Salvador, Cairu, Belmonte), RJ].<br />

A, óxea; B, ortodiênio; C, dicotriênio e <strong>de</strong>talhe<br />

<strong>de</strong> seu cladoma; D, anatriênio; E, sanidáster.<br />

Arquitetura esquelética <strong>da</strong> base, com feixes<br />

radiais <strong>de</strong> dicotriênios e óxeas.<br />

Arquitetura esquelética do tubo com<br />

ortodiênios justapostos.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

79


Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />

Prancha XVII <strong>de</strong> Sollas (1888) – apenas algumas figuras estão legen<strong>da</strong><strong>da</strong>s aqui. 1, hábito; 2,<br />

óxea; 3, ortotriênio pequeno; 4, anatriênio; 5, cladoma do anatriênio; 6, cladoma <strong>de</strong> um anatriênio<br />

reduzido a anamonênio; 7, ortodiênio do tubo; 8, sanidásteres; 9, seção vertical mediana <strong>da</strong> porção<br />

basal <strong>da</strong> esponja; 10, <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong> região <strong>de</strong> fusão do tubo com a base <strong>da</strong> esponja em seção vertical<br />

mediana; 11, esqueleto <strong>da</strong> parte basal do tubo.<br />

80 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Geodii<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />

Gênero Erylus Lamarck, 1815<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 67 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z ocorrem<br />

no <strong>Brasil</strong>, e apenas uma é conheci<strong>da</strong> do litoral do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

8. Erylus formosus Sollas, 1886<br />

Morfologia<br />

Maciça com lóbulos, às vezes com predomínio<br />

<strong>de</strong> crescimento vertical. Espécimes<br />

usualmente recobrindo áreas<br />

inferiores a 5 x 5 cm, esporadicamente<br />

até 10 x 15 cm. Lóbulos com até 5 cm <strong>de</strong><br />

altura. Cor em vi<strong>da</strong>, roxo ou roxo amarronzado<br />

externamente, às vezes com<br />

manchas avermelha<strong>da</strong>s, branca internamente<br />

e, quando em álcool, bege escu-<br />

ro acinzentado, interna e externamente.<br />

Superfície irregular, lisa a discretamente<br />

híspi<strong>da</strong>, com processos lobulares pequenos.<br />

Ósculos prepon<strong>de</strong>rantemente apicais,<br />

circulares, com 0,5–4 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Consistência firme e compressível,<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 8,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008. O espécime tem<br />

14 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

81


Erylus formosus Sollas, 1886<br />

Arquitetura esquelética em<br />

seção transversal.<br />

facilmente <strong>de</strong>formável e rasgável quando<br />

pressiona<strong>da</strong>. Esqueleto ectossomal com<br />

crosta <strong>de</strong> microestrôngilos centrotilotos<br />

e aspidásteres. A região subectossomal<br />

possui triênios justapostos, com os cladomas<br />

sustentando a crosta ectossomal.<br />

Esqueleto coanossomal radial com feixes<br />

ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> óxeas, estrongilásteres<br />

em uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> variável<br />

logo abaixo dos cladomas dos triênios,<br />

microestrôngilos centrotilotos dispersos,<br />

e mais abaixo oxiásteres também em<br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> variável. Espículas: ortotriênios,<br />

rabdomas com 308–616/ 14–28 μm<br />

e cládios com 120–180 / 11–28 μm; óxeas,<br />

742–1064 / 14–28 μm; aspidásteres, 140–<br />

224 / 14–42 μm; microestrôngilos centrotilotos,<br />

32–68 / 2–4 μm; oxiásteres, 36–68<br />

μm; estrongilásteres, 11–18 μm.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Jamaica, Panamá,<br />

Barbados, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

[MA, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PB, PE,<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Camaçari,<br />

Salvador), ES].<br />

Ecologia<br />

Observa<strong>da</strong> em substrato rochoso na Baía<br />

<strong>de</strong> Todos os Santos em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

inferiores a 10 m, também foi encontra<strong>da</strong><br />

no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, a mais <strong>de</strong> 20<br />

m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em fundos <strong>de</strong> areia<br />

e <strong>de</strong>tritos. A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

A, óxea; B, ortotriênio; C, microestrôngilo<br />

centrotiloto; D, aspidáster; E, estrongiláster;<br />

F, oxiáster.<br />

82 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Erylus formosus Sollas, 1886<br />

Quebramar Norte (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

Notar sedimentação mais acentua<strong>da</strong> e aparente epibiose por algas<br />

filamentosas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

83


Gênero Geodia Lamarck, 1815<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 120 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

nove ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Afora as espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, estão<br />

registra<strong>da</strong>s para a <strong>Bahia</strong> G. glariosa (Sollas, 1886) e G. papyracea<br />

Hechtel, 1965.<br />

9. Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio, Russo & Peixinho, 1992<br />

Morfologia<br />

Maciças–globosas a lamelares e eretas,<br />

variavelmente cerebriformes, com até<br />

7 cm <strong>de</strong> altura. Cor em vi<strong>da</strong> alaranja<strong>da</strong><br />

brilhante ou mais páli<strong>da</strong>, quando no<br />

álcool laranja clara ou bege. Superfície<br />

levemente híspi<strong>da</strong>, ósculos simples com<br />

1–2 mm <strong>de</strong> diâmetro ou em crivos. Consistência<br />

geralmente firme. Córtex com<br />

estilos e óxeas em sua cama<strong>da</strong> mais externa,<br />

esterrásteres e oxiásteres II logo<br />

abaixo, em segui<strong>da</strong> uma cama<strong>da</strong> rica em<br />

colágeno e pobre em espículas, e por fim<br />

os cladomas dos ortotriênios sustentando<br />

o ectossoma. Esqueleto coanossomal<br />

radial com feixes <strong>de</strong> óxeas e ortotriênios,<br />

com oxiásteres I nos espaços intermediários.<br />

Espículas: ortotriênios, rabdomas<br />

com 392–1190 / 3–28 μm e cládios<br />

com 132–163 / 8–11 μm; óxeas, 100–1414<br />

/ 1,5–28 μm; estilos, 238–1134 / 4–20 μm;<br />

esterrásteres, 22–68 μm; oxiásteres I, 11–<br />

43 μm; oxiásteres II, 4–10 μm.<br />

Comentários<br />

Geodia corticostylifera vem sendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

intensamente com um foco químico-farmacológico.<br />

Já foi revela<strong>da</strong> em seus extratos,<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> antitumoral seletiva (câncer<br />

<strong>de</strong> mama), e fungos isolados <strong>de</strong>sta esponja<br />

mostraram-se com potencial para uso<br />

na <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do pestici<strong>da</strong> DDT.<br />

Ecologia<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, tendo sido<br />

observa<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />

em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 2–16 m. Também<br />

foram obtidos espécimes dos fundos areno-<strong>de</strong>tríticos<br />

do litoral norte (Camaçari),<br />

em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 63 m.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Venezuela, Trini<strong>da</strong>d & Tobago). <strong>Brasil</strong><br />

[CE, RN, PE, AL, BA (Camaçari, Salvador),<br />

ES, RJ, SP].<br />

Espécime recém coletado em frente ao<br />

bairro <strong>de</strong> Ondina (Salvador), fotografado<br />

sobre a banca<strong>da</strong> do laboratório (UFBA).<br />

Diâmetro máximo = 5,5 cm.<br />

84 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio, Russo & Peixinho, 1992<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal<br />

A-B, óxeas; C, estilos corticais; D-E, ortotriênios;<br />

F, esterráster; G, oxiesferáster; H,<br />

oxiáster I; I, oxiáster II.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 7,7 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Jun/2009. Altura do espécime = 2,5 cm.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

85


10. Geodia gibberosa Lamarck, 1815<br />

Morfologia<br />

Maciça irregular à maciça globosa, po<strong>de</strong>ndo<br />

ultrapassar 50 cm 2 <strong>de</strong> área. Cor<br />

em vi<strong>da</strong>, geralmente branca externamente,<br />

eventualmente com manchas<br />

roxas, esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s ou marrons, e internamente<br />

sempre creme. Superfície com<br />

regiões mais ou menos híspi<strong>da</strong>s ao tato<br />

e com ósculos geralmente agrupados em<br />

crivos, com diâmetro <strong>de</strong> 0,5–1 mm. Externamente<br />

a esponja é dura, com uma<br />

capa coriácea, internamente é macia e<br />

quebradiça. Córtex, que po<strong>de</strong> ultrapassar<br />

1 mm <strong>de</strong> espessura, com cama<strong>da</strong> mais<br />

externa fina e <strong>de</strong>scontínua com estrongilásteres<br />

e óxeas pequenas, e espessa cama<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> esterrásteres logo abaixo. Nesta<br />

última há poros inalantes circun<strong>da</strong>dos<br />

por estrongilásteres e oxiásteres. Amplas<br />

cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s subcorticais estão circun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

prepon<strong>de</strong>rantemente por oxiásteres.<br />

Esqueleto coanossomal com feixes radiais<br />

<strong>de</strong> óxeas e triênios que atravessam<br />

todo o córtex. Espículas: ortotriênios,<br />

rabdomas com 370–1480 / 6–43 μm e cládios<br />

com 71–163 / 8–15 μm; anatriênios,<br />

rabdomas com 1321–1341 / 5–10 μm e<br />

cládios com 2,5–6; óxeas I, 73–200/ 1,5–9<br />

μm; óxeas II, 1040–1680 / 25–40 μm; esterrásteres,<br />

43–71 μm; oxiásteres 12–36<br />

μm; estrongilásteres, 5–11 μm.<br />

Ecologia<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Em certas<br />

regiões <strong>de</strong> manguezais são abun<strong>da</strong>ntes<br />

sob, sobre e entre blocos <strong>de</strong> folhelhos<br />

(p.ex. Ilha do Medo), participando do<br />

concrecionamento <strong>de</strong>stes blocos; também<br />

ocorrem nas faces internas <strong>de</strong> blocos<br />

rochosos (graníticos, areníticos) no<br />

entremarés e zonas infralitorâneas rasas,<br />

particularmente na Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, México,<br />

Jamaica, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />

Colômbia, Venezuela, Barbados, <strong>Guia</strong>nas).<br />

<strong>Brasil</strong> [CE, RN, PE, BA (Mata <strong>de</strong><br />

São João, Salvador, Vera Cruz, Maraú),<br />

ES, RJ, SP]. Registros que necessitam <strong>de</strong><br />

vali<strong>da</strong>ção - Pacífico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal<br />

(Panamá), África Oci<strong>de</strong>ntal, Patagônia.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

86 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Esponja branca – Praia do Forte (Mata <strong>de</strong><br />

São João), entremarés, 07/Jun/2009. Habitat<br />

críptico, recifal, on<strong>de</strong> caracteristicamente<br />

observam-se poríferos em intensa competição<br />

por espaço.<br />

A, óxea I; B, óxea II; C, ortotriênio; D,<br />

esterráster; E, oxiásrter; F, estrongiláster.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

87


Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894<br />

Timea sp., espécie não apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>, reconhecível por suas<br />

fen<strong>da</strong>s porais e hábito incrustante. Outra espécie com hábito semelhante é<br />

Placospongia sp., porém esta é muito mais dura. Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São<br />

João), 1-2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Jun/2009.


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Clionai<strong>da</strong>e D’Orbigny, 1851<br />

Gênero Cliona Grant, 1825<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 76 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais sete<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s três espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, está<br />

também registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> C. dyorissa (<strong>de</strong> Laubenfels, 1950).<br />

Esta família inclui espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à perfuração <strong>de</strong> substratos<br />

calcários (conchas, corais, rodolitos), o que é alcançado através<br />

<strong>de</strong> mecanismos celulares que liberam pequenos chips <strong>de</strong> formato<br />

característico. Mais <strong>de</strong> 90% do substrato perfurado é convertido<br />

em chips. Cálculos efetuados em ambientes recifais na região<br />

do Caribe estabeleceram o valor <strong>de</strong> 256 g / m 2 / ano como a<br />

produção <strong>de</strong> sedimento calcário por estas esponjas, gerando cerca<br />

<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> todo o sedimento em alguns setores <strong>de</strong>stes recifes.<br />

Estimou-se que a taxa <strong>de</strong> bioerosão po<strong>de</strong>ria alcançar 3 kg / m 2<br />

/ ano em locais com maior infestação por esponjas escavadoras.<br />

Valores semelhantes foram obtidos para o potencial escavador <strong>de</strong><br />

Cliona aff. celata Grant, 1826 no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

11. Complexo Cliona celata Grant, 1826<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante (perfurante <strong>de</strong> substratos<br />

calcários) com papilas. Por vezes<br />

apenas as papilas (2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

1-4 mm <strong>de</strong> altura) estão visíveis, estádio<br />

<strong>de</strong> crescimento conhecido como alfa, por<br />

vezes os espécimes recobrem também o<br />

substrato entre as papilas, estádio beta.<br />

Foram observados espécimes com área<br />

superior a 30 x 30 cm. Em estádios mais<br />

avançados, espécimes aparentemente<br />

incrustantes, revelam–se com até 1 cm<br />

<strong>de</strong> espessura, já tendo dissolvido porção<br />

consi<strong>de</strong>rável do substrato calcário. Cor<br />

em vi<strong>da</strong> amarelo–vivo ou mais pálido.<br />

No fixador a cor torna–se marrom. Superfície<br />

híspi<strong>da</strong>, áspera ao toque. Ósculos<br />

distribuídos aleatoriamente ao nível<br />

<strong>da</strong> superfície, com até 5 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Aberturas inalantes agrupa<strong>da</strong>s em<br />

papilas. Consistência firme, pouco compressível,<br />

em parte em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong><br />

fragmentos <strong>de</strong> substrato em seu interior.<br />

Esqueleto ectossomal com uma contínua<br />

paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> espículas perpendiculares à<br />

superfície. Esqueleto coanossomal <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado<br />

com espículas em feixes <strong>de</strong>nsos.<br />

Espículas: tilóstilos, 252–378 / 7–11μm.<br />

Comentários<br />

Cliona celata é um caso clássico <strong>de</strong> espécie<br />

<strong>de</strong> porífero até a pouco consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

notoriamente cosmopolita. Resultados<br />

recentes revelaram a existência <strong>de</strong> um<br />

complexo <strong>de</strong> espécies crípticas, inclusive<br />

nas ilhas britânicas, locali<strong>da</strong><strong>de</strong> tipo<br />

<strong>da</strong> espécie. No <strong>Brasil</strong>, aparentemente<br />

as populações do NE e do SE não pertenceriam<br />

à mesma espécie (T. <strong>de</strong> Paula,<br />

com. pess.).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

89


Complexo Cliona celata Grant, 1826<br />

Ecologia<br />

O complexo po<strong>de</strong> ser encontrado próximo<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong><br />

é relativamente comum no mesolitoral e<br />

raro no infralitoral consoli<strong>da</strong>do. Costuma<br />

ocorrer em <strong>de</strong>nsas manchas populacionais,<br />

frequentemente distribuí<strong>da</strong>s por<br />

vários metros quadrados <strong>de</strong> sedimento<br />

calcáreo (p.ex. ao largo <strong>de</strong> Jiribatuba, Canal<br />

<strong>de</strong> Itaparica, região <strong>de</strong> manguezal).<br />

Distribuição<br />

Provisoriamente cosmopolita. <strong>Brasil</strong><br />

[CE, RN, PE, AL, BA (Camaçari, Salvador,<br />

Maraú), ES, RJ, SP].<br />

Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong>, Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 30/Jul/2009.<br />

90 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Notam-se apenas as<br />

papilas exalantes (com ósculos) e inalantes (fecha<strong>da</strong>s). O resto <strong>da</strong> esponja habita o<br />

interior do substrato.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal. No <strong>de</strong>talhe, ponto<br />

<strong>de</strong> ruptura do corte, ilustrando as bases dos tilóstilos dispostos<br />

aleatoriamente (não se trata <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja).<br />

A, tilóstilo; B,<br />

tilóstilo jovem<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

91


12. Cliona <strong>de</strong>litrix Pang, 1973<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante (perfurante) com papilas<br />

gran<strong>de</strong>s (até 20 mm <strong>de</strong> diâmetro).<br />

Por vezes apenas as papilas (2–5 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro, 1-4 mm <strong>de</strong> altura) estão visíveis,<br />

estádio <strong>de</strong> crescimento alfa, por<br />

vezes os espécimes recobrem também o<br />

substrato entre as papilas, estádio beta.<br />

Foram observados espécimes com área<br />

superior a 50 x 50 cm. Normalmente perfura<br />

cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com alguns centímetros<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, permitindo a retira<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> esponja durante<br />

a coleta. Cor em vi<strong>da</strong> laranja–avermelhado.<br />

No fixador a cor torna-se marrom-escura.<br />

Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera ao toque.<br />

Aberturas exalantes dispersas e pouco<br />

abun<strong>da</strong>ntes, com 5–20 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

permitem ampla visualização <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

atrial. Aberturas inalantes agrupa<strong>da</strong>s<br />

em papilas semi–translúci<strong>da</strong>s, muito<br />

mais abun<strong>da</strong>ntes, com discreta reticulação<br />

superficial. Um espécime <strong>da</strong> Ilha do<br />

Fra<strong>de</strong> tinha cerca <strong>de</strong> 100 papilas inalantes,<br />

e apenas duas exalantes (ósculos),<br />

enquanto outro exibia uma proporção <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 50 / 5. Papilas, tanto inalantes<br />

quanto exalantes, contraem–se bastante<br />

após a coleta. Consistência mais macia<br />

que C. celata, possivelmente em <strong>de</strong>corrência<br />

<strong>da</strong>s amplas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s interiores<br />

(forma mais cavernosa). Esqueleto ectossomal<br />

radial com feixes se formando na<br />

região mais externa do coanosssoma e<br />

atravessando o ectossoma. As espículas<br />

estão organiza<strong>da</strong>s com o tilo orientado<br />

para o coanossoma e a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> fina<br />

para o ectossoma. Esqueleto coanossomal<br />

completamente preenchido por tilóstilos,<br />

sem uma organização evi<strong>de</strong>nte.<br />

Espículas: tilóstilos, 364–420 / 8–14 μm.<br />

Arquitetura<br />

esquelética em seção<br />

transversal.<br />

92 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006.<br />

Comentários<br />

A espécie é bastante conspícua em to<strong>da</strong> a<br />

<strong>Bahia</strong>, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua abundância,<br />

tamanho e cor chamativa, à exceção<br />

<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> manguesal.<br />

Ecologia<br />

Cliona <strong>de</strong>litrix po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> perfurando<br />

corais, especialmente os mortos,<br />

e outros substratos calcários diversos. A<br />

espécie ocorre também próxima <strong>da</strong>s áreas<br />

urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, México, Ilhas<br />

Cayman, Jamaica, Belize, Honduras, Panamá,<br />

Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

<strong>Brasil</strong> (RN, PE, BA – Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador,<br />

Maraú, Abrolhos).<br />

A, tilóstilo.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

93


13. Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça, com até 5 cm <strong>de</strong> espessura,<br />

po<strong>de</strong>ndo recobrir metros e metros <strong>de</strong><br />

substrato, porém frequentemente os espécimes<br />

não ultrapassam 50 x 50 cm. Cor<br />

em vi<strong>da</strong> marrom, externamente, e bege<br />

internamente. No fixador a cor é bege.<br />

Superfície híspi<strong>da</strong>, avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Aberturas<br />

exalantes pequenas (1–4 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />

distribui<strong>da</strong>s aleatoriamente; aberturas<br />

inalantes não visíveis a olho nu, e<br />

não agrupa<strong>da</strong>s em papilas. Consistência<br />

firme, pouco compressível. Esqueleto<br />

ectossomal com feixes <strong>de</strong>nsos <strong>de</strong> megascleras<br />

e coanossomal com espículas em<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, frequentemente entrecruza-<br />

<strong>da</strong>s. Espículas: tilóstilos, 392–476 / 9–18<br />

μm; espirásteres, 11–18 μm.<br />

Comentários<br />

Os maiores espécimes observados ocorriam<br />

nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Farol <strong>da</strong> Barra<br />

(Salvador) e na Coroa Vermelha (Santa<br />

Cruz <strong>de</strong> Cabrália).<br />

Ecologia<br />

Cliona varians po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. A espécie<br />

é relativamente comum no mesoli-<br />

Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), entremarés,<br />

26/Jul/2009.<br />

94 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

toral e no infralitoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> recobrindo<br />

substratos areno–calcários consoli<strong>da</strong>dos.<br />

Exemplares <strong>de</strong>sta espécie costumam<br />

abrigar cracas (Membranobalanus <strong>de</strong>clivis)<br />

como hóspe<strong>de</strong>s, as quais se alojam nas<br />

aberturas osculares. Na praia <strong>de</strong> Pituba<br />

foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,6<br />

cracas/ cm 2 <strong>de</strong> superfície <strong>da</strong> esponja.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, México,<br />

Honduras, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Panamá, Colômbia).<br />

<strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, AL, BA (Salvador,<br />

Maraú, Porto Seguro, Santa Cruz <strong>de</strong> Cabrália,<br />

Abrolhos), ES].<br />

A, tilóstilo; B, espirásteres.<br />

Quebramar Norte<br />

(Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/<br />

Mar/2009; FOTO POR C.M.<br />

MENEGOLA DA SILVA.<br />

Recife <strong>da</strong><br />

Pituba (Salvador),<br />

entremarés, 26/<br />

Set/2004.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

95


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Placospongii<strong>da</strong>e Gray, 1867b<br />

Gênero Placospongia Gray, 1867b<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> sete espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />

estão cita<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Apenas P. cristata Boury-Esnault, 1973<br />

está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>. Estudos recentes revelaram a ampla<br />

ocorrência <strong>de</strong> especiação críptica neste gênero, sugerindo que o<br />

número <strong>de</strong> espécies viventes é bem maior que o que se conhece.<br />

O casamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições morfológicas <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s e revisões<br />

ao nível molecular <strong>de</strong> populações em diversas partes do mundo<br />

estão em curso, e <strong>de</strong>verão ampliar consi<strong>de</strong>ravelmente o número<br />

<strong>de</strong> espécies conheci<strong>da</strong>s.<br />

14. Placospongia sp.<br />

Morfologia<br />

Forma normalmente incrustante espessa<br />

(2–5 mm <strong>de</strong> espessura), com placas rígi<strong>da</strong>s<br />

justapostas, <strong>de</strong>linea<strong>da</strong>s por fen<strong>da</strong>s<br />

que suprem a água ao sistema aquífero<br />

<strong>da</strong> esponja, mas que po<strong>de</strong>m fechar-se<br />

completamente quando os espécimes<br />

são coletados ou sujeitos a maior hidrodinamismo.<br />

Fen<strong>da</strong>s recobertas por uma<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>, somente observa<strong>da</strong> em<br />

espécimes não contraídos. Cor em vi<strong>da</strong><br />

marrom escuro externamente, e begeesbranquiçado<br />

por <strong>de</strong>ntro. Superfície<br />

áspera. Aberturas inalantes e ósculos<br />

(raros, diâmetro 1 mm) concentra<strong>da</strong>s<br />

nas fen<strong>da</strong>s. Consistência rígi<strong>da</strong>. Esqueleto<br />

ectossomal formado por uma grossa<br />

cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> selenasteres, atravessa<strong>da</strong><br />

por feixes <strong>de</strong> tilóstilos. Esqueleto coanossomal<br />

radial com <strong>de</strong>nsos feixes <strong>de</strong><br />

tilóstilos. Espículas: tilóstilos I, 568–1097<br />

/ 10–13 (largura <strong>da</strong> haste) / 13–20 μm<br />

(largura <strong>da</strong> cabeça); tilóstilos II, 53–233 /<br />

2,5–5 (largura <strong>da</strong> haste) / 5 (largura <strong>da</strong><br />

cabeça) μm; selenásteres, 56–84 μm; esferásteres,<br />

11–18 μm; espirásteres, 13–23<br />

μm; microestrôngilos, 5–12 μm.<br />

Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009.<br />

96 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Placospongia sp.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

A, tilóstilos; B, selenáster; C, esferáster;<br />

D, espiráster (<strong>de</strong>senho por Erik Hajdu); E,<br />

microestrôngilos.<br />

Comentário<br />

A <strong>de</strong>scrição apresenta<strong>da</strong> aqui é uma<br />

composição <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um espécime,<br />

possivelmente englobando mais <strong>de</strong> uma<br />

espécie<br />

Ecologia<br />

Placospongia sp. é pouco comum no infralitoral<br />

consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta. A espécie<br />

é mais facilmente encontra<strong>da</strong> sob<br />

blocos <strong>de</strong> substrato calcário e arenítico,<br />

em águas rasas ou piscinas <strong>de</strong> marés. Alguns<br />

indivíduos foram vistos ao largo <strong>de</strong><br />

Jiribatuba (Canal <strong>de</strong> Itaparica) formando<br />

ramas rasteiras com mais <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong><br />

comprimento.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (CE, PB, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

AL, BA – Mata <strong>de</strong> São João, Salvador,<br />

Vera Cruz, Maraú, Mucuri).<br />

Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), entremarés, 26/<br />

Jul/2007. As aberturas inalantes e um ósculo<br />

(seta) estão visíveis no interior <strong>da</strong>s fen<strong>da</strong>s.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

97


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Spirastrelli<strong>da</strong>e Ridley & Dendy,1886<br />

Gênero Spirastrella Schmidt, 1868<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

duas ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong><br />

na <strong>Bahia</strong>.<br />

15. Spirastrella hartmani Boury-Esnault, Klautau, Bézac, Wulff & Solé-Cava, 1999<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante (2–3 mm <strong>de</strong> espessura),<br />

<strong>de</strong> contorno irregular. Alguns espécimes<br />

foram observados recobrindo áreas<br />

<strong>de</strong> até 50 cm 2 . Coloração salmão claro a<br />

cor <strong>de</strong> tijolo, tornando–se bege no fixador.<br />

Superfície lisa, po<strong>de</strong>ndo apresentar canais<br />

sub<strong>de</strong>rmais confluindo para os ósculos,<br />

visíveis apenas em exemplares vivos. Ósculos<br />

dispersos, pouco abun<strong>da</strong>ntes, com<br />

2–3 mm <strong>de</strong> diâmetro. Consistência geralmente<br />

firme. Esqueleto ectossomal constituído<br />

por uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> espirásteres e<br />

alguns tilóstilos que atravessam a superfície,<br />

enquanto o coanossomal é constituído<br />

pelos tilóstilos, às vezes subtilóstilos, e<br />

espirásteres em menor <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> que no<br />

ectossoma. Espículas: tilóstilos, 213–514 /<br />

2,5–16 μm; espirásteres I, 12–46 / 18–30<br />

μm; espirásteres II, 4-9 μm.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />

Ilhas Cayman, Jamaica, Belize, Panamá,<br />

Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> (Arquipélago<br />

São Pedro e São Paulo, RN, Atol <strong>da</strong>s<br />

Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, AL,<br />

BA – Mata <strong>de</strong> São João, São Francisco do<br />

Con<strong>de</strong>, Salvador, Maraú).<br />

Ecologia<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, sendo relativamente<br />

rara no infralitoral consoli<strong>da</strong>do<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, porém<br />

comum em águas rasas e piscinas costeiras<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (Mata <strong>de</strong> São João, Maraú),<br />

on<strong>de</strong> costuma ficar ao abrigo <strong>da</strong> luz, sob<br />

blocos <strong>de</strong> rochas e corais.<br />

Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1–2 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009. A tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais<br />

clara é típica dos ambientes mas abrigados<br />

<strong>da</strong> luz.<br />

98 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Spirastrella hartmani Boury-Esnault, Klautau, Bézac, Wulff & Solé-Cava, 1999<br />

Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1–2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009. Notar que há dois<br />

ósculos em 1º plano e outro um pouco à esquer<strong>da</strong> (setas), mas os orifícios restantes, apesar<br />

do diâmetro similar, indicam a presença <strong>de</strong> cirripédios associados. A área compreendi<strong>da</strong> na<br />

imagem tem 10 cm <strong>de</strong> largura.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

A, tilóstilos;<br />

B, espirásteres.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

99


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Suberiti<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />

Gênero Aaptos Gray, 1867<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 20 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> também A. bergmanni <strong>de</strong><br />

Laubenfels, 1950.<br />

16. Aaptos spp.<br />

Morfologia<br />

Forma variando entre esférica, semi-esférica<br />

e maciça, e espécimes frequentemente<br />

atingindo 15–20 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />

e 10 cm <strong>de</strong> espessura. Cor em vi<strong>da</strong> amarela-viva<br />

por fora, com frequentes man-<br />

chas amarronza<strong>da</strong>s, e páli<strong>da</strong> por <strong>de</strong>ntro.<br />

No fixador a cor torna–se marrom-escura.<br />

Superfície com montículos baixos<br />

dispersos. Ósculos conspícuos (3–5<br />

mm <strong>de</strong> diâmetro) que po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

dispersos ou agrupados (até 15 mm <strong>de</strong><br />

Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus), 2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008. O espécime tem<br />

10 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo. Notar a alta sedimentação no local."<br />

100 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aaptos spp.<br />

diâmetro máximo), contraindo-se bastante<br />

após a coleta. Consistência dura, pouco<br />

compressível. Esqueleto ectossomal composto<br />

<strong>de</strong> megascleras menores dispostas<br />

perpendicularmente à superfície, praticamente<br />

formando uma paliça<strong>da</strong>. O arranjo<br />

se confun<strong>de</strong> com as terminações dos <strong>de</strong>nsos<br />

feixes <strong>de</strong> megascleras coanossomais<br />

que alcançam a superfície. Esqueleto coanossomal<br />

<strong>de</strong>nso, confuso nas porções<br />

mais distantes <strong>da</strong> superfície, e adquirindo<br />

padrão radial à medi<strong>da</strong> que se aproxima<br />

do ectossoma. Espículas: estrongilóxeas I,<br />

1046–1320 / 23–30 μm; estrongilóxeas II,<br />

208–950 / 5–25 μm; estilos (raros), 549–<br />

569 / 15 μm.<br />

Ecologia<br />

Aaptos spp. são comuns no infralitoral<br />

consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />

e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta, tendo sido observados<br />

até os 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> [RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, AL, BA<br />

(Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador, Cairu, Porto<br />

Seguro), ES, RJ, SP].<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

A, estrongilóxea I; B, estrongilóxea II; C,<br />

modificação <strong>da</strong> estrongilóxea I<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

101


Gênero Suberites Nardo, 1833<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 72 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />

17. Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Maciça à ramosa com ramificações simples,<br />

ramos cilíndricos, irregulares com<br />

poucas bifurcações, eventualmente com<br />

lobos achatados. Os espécimes po<strong>de</strong>m<br />

ultrapassar 10 cm <strong>de</strong> altura e 20 cm <strong>de</strong><br />

largura. Coloração externa em vi<strong>da</strong> azul,<br />

laranja, vermelho alaranjado, vermelha<br />

ou uma mistura <strong>de</strong>stas; e interna amarela<br />

à laranja. Consistência firme, mas flexível.<br />

O ectossoma não possui especialização,<br />

sendo atravessado por buquês <strong>de</strong><br />

tilóstilos formados nas terminações dos<br />

feixes ascen<strong>de</strong>ntes coanossomais, que<br />

po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> formar malhas grosseiras<br />

no coanossoma. Superfície levemente<br />

híspi<strong>da</strong>, com ósculos dispersos, medindo<br />

2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro. Espículas: tilóstilos,<br />

121–833 / 5–15 (largura <strong>da</strong> haste) /<br />

5–15 μm (largura <strong>da</strong> cabeça).<br />

Ecologia<br />

Estabelecem–se em substratos rochosos,<br />

fragmentos <strong>de</strong> folhelho e conchas, particularmente<br />

em manguezais na porção<br />

norte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Nesta<br />

área costumam ser abun<strong>da</strong>ntes na zona<br />

entremarés <strong>de</strong> locais mais poluídos, principalmente<br />

nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> refinaria<br />

Landulfo Alves. Um estudo recente<br />

feito nesta região por pesquisadores <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, sugeriu<br />

esta espécie como bioindicadora <strong>de</strong><br />

Comentários<br />

Esta espécie já foi referi<strong>da</strong> com diversos<br />

nomes na bibliografia especializa<strong>da</strong>: Laxosuberites<br />

aurantiaca, Laxosuberites sp.,<br />

Suberites aurantiaca, Terpios sp., Terpios<br />

aurantiacus. Por vezes se reconhecem<br />

duas categorias <strong>de</strong> tilóstilos na espécie.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

102 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Salvador, infralitoral, Ago/1999.<br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), Jan/1997.<br />

ambientes fortemente impactados por<br />

petróleo. A espécie também po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Salvador, porém em abundância bastante<br />

reduzi<strong>da</strong>.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />

Cuba, México, Belize, Jamaica, Ilhas<br />

Virgens, Panamá, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas, <strong>Guia</strong>nas). <strong>Brasil</strong> [CE, PE,<br />

BA (Mataripe, Salvador), RJ, SP, SC]. A<br />

espécie também foi cita<strong>da</strong> para o Pacífico<br />

Central (Havaí), on<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

uma espécie invasora, e Pacífico Tropical<br />

Oriental (Panamá).<br />

A-C, tilóstilos compondo uma única<br />

categoria <strong>de</strong> dimensões muito varia<strong>da</strong>s.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

103


Gênero Terpios Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />

18. Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

Morfologia<br />

Forma finamente incrustante, com dimensões<br />

frequentemente inferiores a 5 x<br />

5 cm, mas po<strong>de</strong>ndo por vezes ultrapassar<br />

os 20 x 20 cm em área. Cor em vi<strong>da</strong><br />

azul (cobalto a marinho), e azul–cobalto<br />

no etanol. Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera ao<br />

toque. Aberturas não visíveis. Consistência<br />

macia. Esqueleto ectossomal não<br />

especializado, constituido <strong>da</strong>s terminações<br />

dos vagos feixes espiculares coanossomais.<br />

Esqueleto coanossomal com<br />

feixes pauciespiculares ascen<strong>de</strong>ntes e<br />

esparsos, além <strong>de</strong> megascleras eretas no<br />

substrato ou dispersas. Espículas: tilóstilos,<br />

108–365 / 3,6–8 μm.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />

Ecologia<br />

Terpios fugax é relativamente comum no<br />

entremarés e infralitoral consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos e adjacências,<br />

on<strong>de</strong> apresenta uma preferência por ambientes<br />

abrigados <strong>da</strong> iluminação intensa.<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />

Cuba, Porto Rico, Ilhas Virgens, Belize,<br />

Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

[PE, BA (Salvador), RJ, SP]. Registros<br />

efetuados para outras partes do mundo<br />

são consi<strong>de</strong>rados duvidosos, tais<br />

como para a Irlan<strong>da</strong>, Mônaco e as Ilhas<br />

Seychelles.<br />

104 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006. O espécime é uma crosta com<br />

fração <strong>de</strong> milímetro <strong>de</strong> espessura.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

A, tilóstilos e <strong>de</strong>talhes<br />

<strong>de</strong> suas bases.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

105


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Tethyi<strong>da</strong>e Gray, 1848<br />

Gênero Tethya Lamarck, 1814<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 90 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Da <strong>Bahia</strong> conhecem-se ain<strong>da</strong> T. brasiliana<br />

Ribeiro & Muricy, 2004, T. cyanae R. & M., 2004, T. ignis R. & M.,<br />

2004 e T. rubra R. & M., 2004, to<strong>da</strong>s oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Abrolhos. A<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Tethya requer estudo <strong>de</strong>talhado <strong>da</strong> morfologia<br />

<strong>de</strong> suas microscleras. No estádio atual do inventário <strong>de</strong>stas<br />

espécies na <strong>Bahia</strong>, faz-se necessário uso intensivo <strong>de</strong> microscopia<br />

eletrônica <strong>de</strong> varredura. Espera-se que uma vez avançado este<br />

estudo, passe a ser possível reconhecer as espécies valendo-se<br />

apenas do microscópio óptico.<br />

19. Tethya maza Selenka, 1879<br />

Morfologia<br />

Forma esférica ou subesférica, com 10 a<br />

30 mm <strong>de</strong> diâmetro. Cor em vi<strong>da</strong> é alaranja<strong>da</strong>,<br />

avermelha<strong>da</strong> ou rosa<strong>da</strong>. No etanol<br />

a cor é bege clara ou um pouco mais<br />

escura. Superfície verrucosa, eventualmente<br />

com filamentos basais, po<strong>de</strong>ndo<br />

apresentar brotos pedunculados. Um ou<br />

mais ósculos que se contraem bastante<br />

após a coleta, localizados na região superior<br />

ou próxima à base. Quando viva<br />

a consistência é mole e elástica, mas conserva<strong>da</strong><br />

é apenas levemente elástica ou<br />

pouco compressível à dura. O esqueleto<br />

ectossomal é composto por um córtex<br />

(0,5–3 mm <strong>de</strong> espessura) com duas cama<strong>da</strong>s,<br />

a mais superficial com numerosos<br />

tilásteres e a mais interna contendo<br />

esferásteres e tilásteres. Este córtex é<br />

atravessado por feixes radiais <strong>de</strong>nsos<br />

<strong>de</strong> estrongilóxeas que se originam no<br />

coanossoma. Cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sub <strong>de</strong>rmais<br />

estão presentes nos espécimes pouco<br />

contraídos. Coanossoma com feixes <strong>de</strong><br />

estrongilóxeas, e entre estes <strong>de</strong>nsos tufos<br />

confusos <strong>de</strong> estrongilóxeas. No entorno<br />

dos canais mais internos, são visíveis<br />

inúmeras tilásteres. Espículas: anisoestrongilóxeas<br />

I, 1476–1548 / 20–25 μm;<br />

anisoestrongilóxeas II, 756–910 / 7–14<br />

μm; esferásteres, 35–42 μm; oxiásteres I,<br />

28–43 μm; oxiásteres II, 8–10 μm; estrongilásteres,<br />

10–14 μm; tilásteres, 10–13<br />

μm. As esferásteres são megásteres e as<br />

<strong>de</strong>mais ásteres, micrásteres.<br />

Ecologia<br />

Tethya maza é relativamente comum, porém<br />

pouco numerosa, no entremarés e<br />

infralitoral consoli<strong>da</strong>do, inclusive próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, bem<br />

como em áreas <strong>de</strong> manguezal <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos e suas cercanias. Observações<br />

efetua<strong>da</strong>s em aquário evi<strong>de</strong>nciaram<br />

como funciona o brotamento nesta<br />

espécie, que consiste no alongamento e<br />

a<strong>de</strong>lgaçamento dos pedúnculos até seu<br />

ponto <strong>de</strong> ruptura, o que não raro ocorre<br />

apenas após que uma superfície favorável<br />

a sua fixação tenha sido alcança-<br />

106 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Tethya maza Selenka, 1879<br />

Espécime recém coletado, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> água do mar, em seção longitudinal (Ponta<br />

<strong>de</strong> Humaitá, Salvador, Jan/1997). Notar disposição radial do esqueleto evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> pelo<br />

contraste entre a cor branca <strong>da</strong>s espículas silicosas e o amarelo e vermelho do restante<br />

<strong>da</strong> esponja. A crosta <strong>de</strong> esferásteres que circun<strong>da</strong> a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> esponja sob as lacunas<br />

sub<strong>de</strong>rmais e apóia-se nos feixes radias <strong>de</strong> megascleras, confere uma maior resistência a<br />

estas esponjas.<br />

<strong>da</strong>. Entretanto, locais mais afastados <strong>da</strong><br />

esponja-mãe po<strong>de</strong>m ser alcançados pelo<br />

“lançamento” <strong>de</strong> brotos ao sabor <strong>da</strong>s<br />

correntes, ou pela migração dos brotos<br />

que haviam se fixado próximos à esponja-mãe.<br />

O movimento em Tethya é claramente<br />

visível em escala <strong>de</strong> dias, já tendo<br />

sido mensurado em algumas espécies –<br />

po<strong>de</strong> alcançar 3 mm ao dia em vidro, e<br />

um pouco menos em substratos naturais<br />

(M. Nickel, com. pess.).<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe (Jamaica,<br />

Ilhas Virgens, Colômbia). <strong>Brasil</strong><br />

[AL, BA (São Francisco do Con<strong>de</strong>, Salvador),<br />

ES, RJ, SP, SC].<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

107


Tethya maza Selenka, 1879<br />

Arquitetura<br />

esquelética em seção<br />

transversal. Notar<br />

arranjo radial, lacunas<br />

sub<strong>de</strong>rmais e crosta<br />

<strong>de</strong> esferásteres na<br />

base do córtex.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 10,6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007<br />

108 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Tethya maza Selenka, 1879<br />

Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />

entremarés, 04/Jun/2004.<br />

A, anisoestrongilóxea I;<br />

B, anisoestrongilóxea II; C, esferáster;<br />

D, oxiáster I; E, estrongiliáster; F,<br />

tiláster; G, oxiáster II.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

109


20. Tethya sp.<br />

Morfologia<br />

Forma subesférica com a porção basal<br />

achata<strong>da</strong>, diâmetro máximo 20-25 mm.<br />

Cor em vi<strong>da</strong> alaranja<strong>da</strong>, tornando-se<br />

bege em etanol. Superfície com cônulos<br />

baixos e brotos ovais pedunculados, dispersos,<br />

e <strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> um pouco mais<br />

clara. Ósculos não foram observados.<br />

Consistência em vi<strong>da</strong> macia, no etanol<br />

mais firme. Arquitetura esquelética<br />

composta <strong>de</strong> córtex e coanossoma, em<br />

disposição radial. Córtex com cerca <strong>de</strong><br />

1 mm <strong>de</strong> espessura, composto <strong>de</strong> cama<strong>da</strong><br />

mais externa <strong>de</strong> micrásteres pequenas,<br />

cama<strong>da</strong> sub<strong>de</strong>rmal com marca<strong>da</strong><br />

presença <strong>de</strong> canais aquíferos (200–300<br />

μm <strong>de</strong> diâmetro), localiza<strong>da</strong> sobre uma<br />

<strong>de</strong>nsa capa basal <strong>de</strong> megásteres (400–500<br />

μm <strong>de</strong> espessura). O córtex é perfurado a<br />

ca<strong>da</strong> 500 μm por feixes multiespiculares<br />

coanossomais (diâmetro 200 μm), que se<br />

abrem em buquês (diâmetro 700 μm), e<br />

sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície. Os<br />

buquês estão entremeados a abun<strong>da</strong>ntes<br />

micrásteres e megásteres, e observa-se<br />

algumas megascleras dispersas <strong>de</strong> forma<br />

confusa. O coanossoma também apresenta<br />

arquitetura complexa. Além dos<br />

feixes multiespiculares radiais já mencionados,<br />

há tufos <strong>de</strong>nsos <strong>de</strong> megascleras<br />

na região subcortical, aparentemente<br />

<strong>de</strong>svinculados dos feixes radiais. Atravessa<strong>da</strong>s<br />

nos tufos e nos feixes, se vêem<br />

megascleras transversais, fechando a estratégia<br />

<strong>de</strong>stas esponjas por uma maior<br />

resistência à ruptura. Espículas: anisoestrongilóxeas<br />

I, 680–1200 μm / 17–30 μm;<br />

anisoestrongilóxeas II, 300–500 μm / 3–4<br />

μm; esferásteres, 25–50 μm; oxiásteres I,<br />

16–32 μm; oxiásteres II, 7–8 μm; estrongilásteres,<br />

8–10 μm; tilásteres, 8–9 μm. As<br />

esferásteres são megásteres e as <strong>de</strong>mais<br />

ásteres, micrásteres.<br />

Ecologia<br />

Tethya sp. foi coleta<strong>da</strong> em uma pequena<br />

poça <strong>de</strong> maré no recife <strong>da</strong> Praia <strong>da</strong> Pituba<br />

(Salvador), um ecossistema sujeito a<br />

ampla variação no que tange à eutrofização.<br />

Distribuição<br />

Desconheci<strong>da</strong>.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal – <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong> região cortical.<br />

110 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Tethya sp.<br />

Recife <strong>da</strong> Pituba (Salvador), entremarés, 08/Mai/2008.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal. Notar arranjo radial, lacunas<br />

sub<strong>de</strong>rmais e crosta <strong>de</strong> esferásteres na base<br />

do córtex.<br />

A, anisoestrongilóxea I; B,<br />

anisoestrongilóxea II; C, esferáster;<br />

D, oxiáster I; E, oxiáster II; F,<br />

estrongiláster; G, tiláster.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

111


Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury-Esnault<br />

& Lopès, 1985<br />

Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001), Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />

1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Chondrilli<strong>da</strong>e Gray, 1872<br />

Gênero Chondrilla Schmidt, 1862<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 17 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas<br />

uma está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. Entretanto, estudos genéticos<br />

já apontaram para a existência <strong>de</strong> ao menos quatro espécies no<br />

litoral brasileiro e ilhas oceânicas, às quais, infelizmente, ain<strong>da</strong><br />

não foi possível associar caracteres morfológicos diagnósticos.<br />

Os resultados mais recentes apontam para a ocorrência <strong>de</strong> ao<br />

menos duas espécies geneticamente isola<strong>da</strong>s em Salvador (C.<br />

Zilberberg, com. pess.).<br />

21. Complexo Chondrilla nucula Schmidt, 1862<br />

Morfologia<br />

Incrustante com cerca <strong>de</strong> 2–5 mm <strong>de</strong> espessura,<br />

cor externa cinza, bege ou negra,<br />

às vezes bege com manchas escuras,<br />

e interna bege; geralmente os exemplares<br />

encontrados ao abrigo <strong>da</strong> luz são<br />

mais claros; a coloração em etanol é<br />

bege. Superfície lisa, brilhante. Ósculos<br />

com 1–2 mm <strong>de</strong> diâmetro em vi<strong>da</strong>, e bastante<br />

contraídos quando o exemplar é<br />

coletado. Consistência elástica, às vezes<br />

cartilaginosa. O esqueleto ectossomal<br />

forma um córtex muito pigmentado,<br />

com gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> espículas.<br />

No coanossoma a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas<br />

é costumeiramente menor. Espículas:<br />

oxiesferásteres, 7–34 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Ecologia<br />

Frequente no entremarés e zonas infralitorâneas<br />

rasas, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>da</strong>s<br />

tanto na condição fotófila como<br />

ciáfila. A espécie é abun<strong>da</strong>nte mesmo na<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />

tais como o Farol <strong>da</strong> Barra e o Porto<br />

<strong>da</strong> Barra.<br />

Distribuição<br />

O complexo tem distribuição cosmopolita<br />

(Mediterrâneo, Caribe, África do Sul,<br />

Austrália). <strong>Brasil</strong> [AP, RN, Rocas, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, PE, AL, SE, BA (Salvador,<br />

Itaparica), ES, Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

RJ, SP, SC].<br />

Espécime em vi<strong>da</strong> (Farol <strong>da</strong> Barra,<br />

Salvador, 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

04/Dez/2010).


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

114 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Complexo Chondrilla nucula Schmidt, 1862<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime em 1º plano tem<br />

6 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

A, esferásteres em<br />

distintos graus <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Espécime em vi<strong>da</strong> (Farol <strong>da</strong> Barra, Salvador, 1 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

115


Gênero Chondrosia Nardo, 1847<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 10 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie está registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>,<br />

porém ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um nome. Esta situação <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> ter<br />

sido revelado por um estudo genético que populações do Atlântico<br />

Tropical Oci<strong>de</strong>ntal, outrora atribuí<strong>da</strong>s à C. reniformis Nardo, 1847,<br />

eram geneticamente isola<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s populações do Mediterrâneo, <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> a espécie foi <strong>de</strong>scrita originalmente.<br />

22. Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001)<br />

Morfologia<br />

Incrustante à maciça com cerca <strong>de</strong> 2–10<br />

mm <strong>de</strong> espessura, por vezes com gran<strong>de</strong>s<br />

projeções lobulares pen<strong>de</strong>ntes. Alguns<br />

dos espécimes observados ultrapassavam<br />

20 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor externa em<br />

vi<strong>da</strong> branca a bege, frequentemente com<br />

manchas marrons ou cinzas. Cor interna<br />

branca. Superfície lisa, com ósculos (2–8<br />

mm <strong>de</strong> diâmetro) dispostos prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

no topo <strong>de</strong> chaminés curtas,<br />

distribuí<strong>da</strong>s aleatoriamente. Os ósculos<br />

contraem-se completamente após a coleta.<br />

Consistência elástica, às vezes cartilaginosa.<br />

A anatomia caracteriza-se pela<br />

presença <strong>de</strong> um córtex bem evi<strong>de</strong>nte,<br />

atravessado por alguns canais do sistema<br />

aquífero, e po<strong>de</strong>ndo apresentar também<br />

um sistema <strong>de</strong> pequenas lacunas<br />

subectossomais. No coanossoma, afora<br />

os canais, po<strong>de</strong>-se notar a presença <strong>de</strong><br />

abun<strong>da</strong>ntes câmeras coanocitárias caso<br />

a preparação tenha sido fixa<strong>da</strong> e cora<strong>da</strong><br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente.<br />

Comentário<br />

Os maiores espécimes estão em locas,<br />

on<strong>de</strong> frequentemente observam-se projeções<br />

lobulares pen<strong>de</strong>ntes. A ruptura<br />

<strong>de</strong> tais projeções após certo tamanho<br />

viabiliza uma reprodução assexua<strong>da</strong> por<br />

fissão gravitacional. A ausência <strong>de</strong> ilustração<br />

<strong>da</strong> anatomia <strong>da</strong> espécie <strong>de</strong>corre<br />

<strong>da</strong> falta <strong>de</strong> estruturas conspícuas tanto<br />

no ectossoma quanto no coanossoma. É<br />

relativamente comum confundir-se alguns<br />

tunicados coloniais com espécies<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,7 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

116 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />

Taipu <strong>de</strong> Fora (Marau), entremarés,<br />

28/Jul/2009.<br />

<strong>de</strong> Chondrosia, porém a presença <strong>de</strong> zoói<strong>de</strong>s<br />

nos primeiros é facilmente <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong><br />

em um microscópio estereoscópico, caso<br />

a amostra esteja bem preserva<strong>da</strong>.<br />

Ecologia<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong><br />

ocorre exclusivamente em ambientes<br />

abrigados <strong>da</strong> iluminação direta.<br />

Anatomia em seção transversal. Notar o<br />

córtex fibrilar e a ausência <strong>de</strong> espículas.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s).<br />

<strong>Brasil</strong> [Arquipélago São Pedro e<br />

São Paulo, Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha, PE, BA (Salvador, Maraú), Ilha<br />

<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, RJ, SP].<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

117


Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray 1867<br />

Halichondria cf. melanadocia (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936), espécie não apresenta<strong>da</strong><br />

neste guia, reconhecível por sua cor ver<strong>de</strong>-escura à preta, superfície reticula<strong>da</strong><br />

e consistência firme. Quebramar Norte (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente 7,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Axinelli<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />

Gênero Dragmacidon Hallman, 1917<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 24 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />

ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

23. Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886)<br />

Morfologia<br />

Esponja maciça, usualmente com menos<br />

<strong>de</strong> 10 cm em seu maior diâmetro. Apresenta<br />

um morfotipo globoso em alguns<br />

setores <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, com<br />

3-5 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor em vi<strong>da</strong> vermelha<br />

escarlate ou laranja-avermelhado.<br />

Superfície rugosa, áspera, levemente<br />

híspi<strong>da</strong>. Ósculos circun<strong>da</strong>dos por uma<br />

membrana com 2 mm <strong>de</strong> diâmetro médio.<br />

Consistência pouco compressível. O<br />

esqueleto ectossomal é composto pelas<br />

terminações em buquê dos feixes coanossomais<br />

ascen<strong>de</strong>ntes e multiespiculares.<br />

O esqueleto coanossomal possui adicionalmente<br />

uma re<strong>de</strong> secundária confusa e<br />

sobreposta. Espículas: estilos, 188–342 /<br />

6–13 μm; óxeas, 230–367 / 6–13 μm.<br />

Comentários<br />

Registros <strong>de</strong>sta espécie para o <strong>Brasil</strong> já<br />

foram efetuados na bibliografia especializa<strong>da</strong><br />

com os nomes Pseu<strong>da</strong>xinella lunaecharta<br />

e P. reticulata. O morfotipo subesférico<br />

(“esponja-bola”) <strong>de</strong> D. reticulatum<br />

é comercializado para fins ornamentais.<br />

Informações obti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um atacadista<br />

do setor <strong>de</strong> aquariofilia <strong>de</strong> Salvador dizem<br />

que 757 exemplares coletados entre<br />

a Praia <strong>de</strong> Cantagalo e a Ribeira (Salvador)<br />

foram comercializados entre julho<br />

<strong>de</strong> 2001 e junho <strong>de</strong> 2002 (C. Sampaio,<br />

com. pess.). A mesma é relativamente<br />

fácil <strong>de</strong> confundir com Acarnus innominatus<br />

Gray, 1867 em vi<strong>da</strong>, porém facilmente<br />

distinguível pelo exame <strong>de</strong> suas<br />

espículas, muito mais diversas nesta última.<br />

Outras peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>correm <strong>da</strong><br />

produção <strong>de</strong> algum muco pela Dragmacidon,<br />

bem como consistência um pouco<br />

mais firme, enquanto o Acarnus esfarelase<br />

com maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e agarra-se às<br />

luvas <strong>de</strong> algodão como um velcro.<br />

Ecologia<br />

A espécie é comum em todo o litoral<br />

baiano, estando frequentemente situa<strong>da</strong><br />

em locais com alta sedimentação, especialmente<br />

por areia. Po<strong>de</strong> também ser<br />

encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Cuba, México, Jamaica, República<br />

Dominicana, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />

Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

<strong>Brasil</strong> [AP, PA, MA, CE, RN,<br />

Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

PE, AL, BA (Salvador, Maraú), ES, RJ, SP,<br />

SC, RS].<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

119


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

120 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime tem 4 cm <strong>de</strong><br />

largura na horizontal.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009.<br />

A, óxea; B, estilo.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

121


Gênero Ptilocaulis Carter, 1883<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 13 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Esta é sua primeira citação para a <strong>Bahia</strong>. Três<br />

espécies foram registra<strong>da</strong>s por Hechtel (1983) exclusivamente<br />

para Pernambuco: P. bystila, P. braziliensis e P. fosteri. Ptilocaulis<br />

marquezi (Duchassaing & Michelotti, 1864) foi registra<strong>da</strong> para São<br />

Paulo em uma Dissertação <strong>de</strong> Mestrado.<br />

24. Ptilocaulis walpersi (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Arbustiva com pedúnculo curto, com<br />

ramos curtos fusionados longitudinalmente,<br />

provistos <strong>de</strong> inúmeras projeções<br />

espatuliformes (bico <strong>de</strong> pato). Os espécimes<br />

observados na Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos não ultrapassavam os 5 cm <strong>de</strong><br />

altura. Cor em vi<strong>da</strong> laranja, e bege no<br />

etanol. Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera, com<br />

ósculos dispersos em pequeno número<br />

(1 mm <strong>de</strong> diâmetro). Consistência firme,<br />

um pouco flexível. O esqueleto ectossomal<br />

é composto pelas terminações em<br />

buquê dos feixes coanossomais primários.<br />

Esqueleto coanossomal com feixes<br />

primários ascen<strong>de</strong>ntes, pauci- ou multiespiculares,<br />

e secundários interligando<br />

os feixes primários. O padrão geral <strong>de</strong><br />

organização é plumorreticulado, e notase<br />

expressiva quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina.<br />

Espículas: estilos I (raros), 610–798 / 10–<br />

11 μm; estilos II, 265–350 / 5–15 μm.<br />

Comentário<br />

Confundível com Axinella corrugata (George<br />

& Wilson, 1919) no campo, diferenciando-se<br />

facilmente no laboratório.<br />

Ptilocaulis walpersi possui apenas estilos<br />

e torna-se bege no álcool, enquanto<br />

A. corrugata possui óxeas e estrôngilos,<br />

além dos estilos, e escurece marca<strong>da</strong>mente<br />

no álcool.<br />

Ecologia<br />

Ocorrem mais frequentemente em substrato<br />

consoli<strong>da</strong>do recoberto por fina capa<br />

<strong>de</strong> areia, inclusive próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador.<br />

A, estilos I; B, estilos II.<br />

122 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 8,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 4,9 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

México, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />

República Dominicana, Porto Rico, Ilhas<br />

Virgens, Belize, Honduras, Costa Rica,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [RN, BA (Salvador)].<br />

Arquitetura<br />

esquelética em seção<br />

transversal.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

123


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Familia Dictyonelli<strong>da</strong>e van Soest, Diaz & Pomponi, 1990<br />

Gênero Scopalina Schmidt, 1862<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 12 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />

está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>.<br />

25. Scopalina ruetzleri (Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977)<br />

Morfologia<br />

Esponja incrustante à maciça, por vezes<br />

com projeções arbustivas, usualmente<br />

com diâmetro inferior a 10 cm, porém<br />

espécimes com mais <strong>de</strong> 1 m 2 já foram<br />

observados no infralitoral. Quando viva<br />

sua cor é laranja brilhante ou mais pálido,<br />

tornando-se bege no álcool. Superfície<br />

lisa, conulosa com uma reticulação<br />

característica visível nos espécimes vivos.<br />

Espécimes mais espessos ou arbustivos<br />

apresentam dobras e projeções<br />

irregulares. Ósculos pequenos (2–4 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro) e circulares dispersos aleatoriamente.<br />

Consistência muito macia,<br />

frágil e com muito muco. Esqueleto ectossomal<br />

não especializado, composto<br />

<strong>da</strong>s terminações dos feixes espiculares<br />

coanossomais, projetando-se no interior<br />

dos cônulos <strong>da</strong> superfície. Esqueleto coanossomal<br />

com feixes ascen<strong>de</strong>ntes pauciespiculares,<br />

esparsos e sinuosos, com<br />

espongina conspícua. Espículas: estilos<br />

(por vezes modificados em estrôngilos<br />

ou óxeas), 574–840 / 7–11 μm.<br />

Ecologia<br />

Comum em costões rochosos <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos e adjacências, on<strong>de</strong> costuma<br />

fixar-se em locais semiprotegidos<br />

<strong>da</strong> luz. A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />

mas também em áreas recifais <strong>de</strong> todo os<br />

estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bahamas, Cuba, México, Belize,<br />

Costa Rica, Colômbia, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />

República Dominicana, Panamá,<br />

Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

[Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e São Paulo,<br />

Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

AL, BA (Mata <strong>de</strong> São João, Madre<br />

<strong>de</strong> Deus, Salvador, Itaparica, Maraú,<br />

Abrolhos), RJ, SP, SC].<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

Microfotografia por M. <strong>de</strong> S. Carvalho, a partir <strong>de</strong><br />

material coletado no litoral <strong>de</strong> São Paulo, após<br />

tratamento enzimático com papaína.<br />

124 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Scopalina ruetzleri (Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977)<br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador) – 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

02/Dez/2006.<br />

A, estilos a estrôngilos, e<br />

<strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> seu ápice.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007.<br />

Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João),<br />

2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009;<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

125


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Familia Halichondrii<strong>da</strong>e Vosmaer, 1887<br />

Gênero Petromica Topsent, 1898<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> nove espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Na hipótese mais recente acerca <strong>da</strong>s relações<br />

evolutivas entre espécies <strong>de</strong> Petromica, ambas as espécies brasileiras<br />

agruparam-se com uma espécie australiana. Há dois cenários<br />

evolutivos principais para explicar tais relações: 1) <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><br />

fragmentação do supercontinente Gondwana, ou 2) <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

dispersão por longa distância. No primeiro, uma alta improbabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>riva do longo tempo transcorrido, e a relativamente baixa<br />

diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do táxon refleti<strong>da</strong> em sua distribuição <strong>de</strong>scontínua.<br />

O segundo também é altamente improvável, em consequência <strong>da</strong><br />

imensidão a percorrer nesta rota <strong>de</strong> dispersão, e a associa<strong>da</strong> suposta<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que o trânsito tenha se <strong>da</strong>do várias vezes. Do contrário,<br />

se estaria postulando o surgimento <strong>de</strong> uma nova espécie a partir <strong>de</strong><br />

um único evento fortuito <strong>de</strong> dispersão por apenas um, ou alguns<br />

poucos indivíduos. Por mais improvável que aparente ser, é possível<br />

que esse capítulo <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> biota marinha brasileira não seja<br />

totalmente fictício (p.ex. artefato <strong>da</strong> análise filogenética), uma vez que<br />

outros gêneros ilustram afini<strong>da</strong><strong>de</strong>s semelhantes.<br />

26. Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)<br />

Morfologia<br />

Base espessa (até 1–2 cm), maciça, <strong>da</strong><br />

qual se projetam fístulas cegas <strong>de</strong> contorno<br />

irregular, isola<strong>da</strong>s ou variavelmente<br />

fusiona<strong>da</strong>s, com até 12x2 cm (altura vs.<br />

maior diâmetro), porém geralmente<br />

não ultrapassando 6x0,7 cm. Cor em<br />

vi<strong>da</strong> branco-amarelado, amarelo-claro,<br />

um pouco translúci<strong>da</strong> nas fístulas. No<br />

etanol mantém praticamente a mesma<br />

coloração. Textura <strong>da</strong> fístula levemente<br />

áspera ao toque, e a <strong>da</strong> base variando <strong>de</strong><br />

acordo com a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sedimento<br />

a<strong>de</strong>rido. A superfície é lisa, levemente<br />

híspi<strong>da</strong>. Ósculos não visíveis nem no<br />

campo nem após a coleta. Consistência<br />

<strong>da</strong>s fístulas macia e elástica, e <strong>da</strong> base<br />

quebradiça, com algumas porções mais<br />

rígi<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>vido à incorporação <strong>de</strong> sedimento.<br />

Esqueleto ectossomal uma confusa<br />

reticulação tangencial, sustenta<strong>da</strong><br />

por espículas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s na base <strong>da</strong><br />

esponja. Esqueleto coanossomal <strong>de</strong>nso,<br />

confuso, com <strong>de</strong>smas na região subectossomal<br />

<strong>da</strong> porção basal <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Nas fístulas observam-se tufos <strong>de</strong> óxeas<br />

vagos, porém <strong>de</strong>nsos, perpendiculares à<br />

superfície. Uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong>scontínua <strong>de</strong><br />

óxeas tangenciais reveste a luz <strong>da</strong>s fístulas.<br />

Espículas: óxeas, 392–614 / 8–21 μm;<br />

<strong>de</strong>smas, 384–726 (comprimento total) /<br />

80–213 (comprimento <strong>da</strong> epirráb<strong>de</strong>) /<br />

26–51 (diâmetro <strong>da</strong> epirráb<strong>de</strong>) / 130–375<br />

μm (comprimento dos cládios); ráfi<strong>de</strong>s,<br />

221–307 μm.<br />

126 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008.<br />

Ecologia<br />

Fixa<strong>da</strong> em substrato duro sob cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

areia <strong>de</strong> espessura variável (2–10 mm).<br />

Comum no infralitoral raso <strong>de</strong> Salvador<br />

próximo à abertura <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos (2–17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>) e no<br />

Litoral Norte (Mata <strong>de</strong> São João, 21 m).<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Saba, Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> [PE,<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Mata <strong>de</strong> São<br />

João, Salvador), RJ].<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

No <strong>de</strong>talhe, uma <strong>de</strong>sma.<br />

A, óxeas; B, <strong>de</strong>smas; C, ráfi<strong>de</strong>s.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

127


27. Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001<br />

Morfologia<br />

Forma maciça, irregular, com base espessa<br />

(0,5–2 cm) e projeções baixas, irregulares.<br />

Por vezes apresentam pequenas projeções<br />

fistulares (8 / 1 mm). Cor em vi<strong>da</strong><br />

amarelo, esmaecendo consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

no álcool. Superfície híspi<strong>da</strong>, com projeções<br />

conulosas e verrucosas. Ósculos<br />

apicais, raros, com 3–4 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Consistência mais firme na base que nas<br />

projeções. Esqueleto ectossomal uma reticulação<br />

tangencial <strong>de</strong> óxeas, irregular,<br />

com alguns feixes sinuosos pauciespiculares<br />

<strong>de</strong>stas mesmas espículas. Esqueleto<br />

coanossomal com feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />

sinuosos, que atravessam o ectossoma<br />

projetando-se no interior dos cônulos e<br />

frequentemente perfurando a superfície.<br />

Desmas isola<strong>da</strong>s estão presentes nas<br />

porções mais internas <strong>da</strong> esponja. Espículas:<br />

óxeas (por vezes estilos e estrôngilos),<br />

199–1020 / 5–25 μm; <strong>de</strong>smas, 278–557 μm<br />

(comprimento total). Micróxeas, possivelmente<br />

rugosas, ocorrem mas não está claro<br />

se são próprias, 73–75 / < 1 μm.<br />

Ecologia<br />

Espécie aparentemente rara na Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos, ocorrendo em substrato<br />

duro recoberto por fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

areia. Os espécimes observados, todos<br />

próximos à abertura <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos, ocorriam em 6–17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Distribuição<br />

Endêmica do <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ,<br />

SP, SC].<br />

128 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime tem 5,5 cm <strong>de</strong><br />

largura na horizontal.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

No <strong>de</strong>talhe, uma <strong>de</strong>sma.<br />

A, óxeas e suas modificações a<br />

estilos e estrôngilos; B, <strong>de</strong>sma.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/<br />

Jun/2004.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

129


Gênero Topsentia Berg, 1899<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 34 espécies no mundo, apenas uma encontra<strong>da</strong><br />

no <strong>Brasil</strong>.<br />

28. Topsentia ophiraphidites (<strong>de</strong> Laubenfels, 1934)<br />

Morfologia<br />

Esponja maciça, <strong>de</strong> forma varia<strong>da</strong>. Foram<br />

observados espécimes em cama<strong>da</strong><br />

espessa (até 20 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo),<br />

com projeções cilíndricas robustas, curtas<br />

(até 3 cm <strong>de</strong> comprimento) e sinuosas,<br />

com ramas rasteiras irregulares, ou<br />

sem quaisquer projeções; e outros, eretos<br />

(até 20 / 10 cm), lobulares <strong>de</strong> seção irregular,<br />

com projeções apicais longas, <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s<br />

e <strong>de</strong> ápice afilado (até 10 / 1 cm).<br />

Cor externa em vi<strong>da</strong>, branca a vermelho<br />

escuro (vinho tinto), ambas po<strong>de</strong>ndo ser<br />

a tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> majoritária. Espécimes acinzentados<br />

também foram vistos. Internamente<br />

a coloração é esbraquiça<strong>da</strong>. No<br />

álcool torna-se bege, com a maioria <strong>da</strong>s<br />

manchas <strong>de</strong>saparecendo por completo.<br />

Superfície microhíspi<strong>da</strong> com relevo oscilando<br />

do quase liso ao monticulado. Ósculos<br />

pequenos (2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />

dispersos, rasteiros ou situados no topo<br />

<strong>de</strong> pequenas projeções vulcaniformes.<br />

Consistência firme, quebradiça, apenas<br />

levemente compressível nas porções maciças.<br />

Mais frágil nas fístulas. Esqueleto<br />

ectossomal formado por tufos <strong>de</strong> óxeas<br />

frouxos e justapostos. Esqueleto coanossomal<br />

<strong>de</strong>nso e confuso. Espículas: óxeas,<br />

239–1126 / 7–30 μm.<br />

Ecologia<br />

Topsentia ophiraphidites foi encontra<strong>da</strong><br />

em substratos duros <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos, nas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 5–16 m.<br />

Alguns espécimes foram observados em<br />

locais com alta sedimentação, tendo em<br />

alguns casos pouco mais que suas fístulas<br />

livres <strong>de</strong> uma capa <strong>de</strong> sedimento fino.<br />

Epibiontes diversos pu<strong>de</strong>ram ser observados<br />

por vezes, especialmente tunicados<br />

e outras esponjas. A espécie po<strong>de</strong> ser<br />

encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

130 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Topsentia ophiraphidites (<strong>de</strong> Laubenfels, 1934)<br />

A, óxeas.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Bahamas, Cuba, Belize, Ilhas Cayman,<br />

Jamaica, República Dominicana, Porto<br />

Rico, Barbados, Colômbia, Venezuela,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [MA, CE,<br />

RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

BA (Salvador), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />

Quebramar Norte, Salvador, 8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. Esponja ereta,<br />

branca, com sua meta<strong>de</strong> inferior recoberta<br />

por epibiontes e sedimento.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

131


Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent 1928<br />

Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864) – naufrágio<br />

Blackad<strong>de</strong>r, Praia <strong>de</strong> Boa Viagem (Salvador), aprox. 8,0 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.


Subor<strong>de</strong>m Microcionina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />

Família Microcioni<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />

<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Gênero Clathria Schmidt, 1862<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 350 espécies no mundo, <strong>da</strong>s<br />

quais <strong>de</strong>z ocorrem no <strong>Brasil</strong>. As duas espécies apresenta<strong>da</strong>s a seguir<br />

são novos registros para a <strong>Bahia</strong> e para o <strong>Brasil</strong>. Outras duas espécies<br />

foram registra<strong>da</strong>s para o Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, C. calypso Boury-Esnault,<br />

1973 e C. procera (Ridley, 1884). Esta última espécie, originalmente<br />

encontra<strong>da</strong> na Austrália, é muito provavelmente um registro equivocado<br />

para o <strong>Brasil</strong>. A opção <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> uma espécie invasora, lá ou cá,<br />

só <strong>de</strong>ve ser aventa<strong>da</strong> uma vez que se proce<strong>da</strong> à revisão <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

populações oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong>stas e <strong>de</strong> outras locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a espécie já<br />

foi registra<strong>da</strong> (p.ex. África do Sul, Seychelles, Mar Vermelho, Índia, Sri<br />

Lanka, Indonésia, Havaí).<br />

29. Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936)<br />

Morfologia<br />

Incrustante à maciça, po<strong>de</strong>ndo ultrapassar<br />

1 cm <strong>de</strong> espessura e recobrir áreas<br />

superiores a 30x15 cm. Cor em vi<strong>da</strong><br />

vermelha escarlate, passando a bege<br />

acinzenta<strong>da</strong> no álcool. Superfície lisa<br />

à monticula<strong>da</strong>, com ósculos (1–3 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro) dispersos, rasteiros ou<br />

situados no topo <strong>de</strong> pequenas projeções<br />

vulcaniformes. Consistência macia. Es-<br />

queleto ectossomal composto por uma<br />

<strong>de</strong>nsa paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> buquês justapostos <strong>de</strong><br />

subtilóstilos auxiliares. Esqueleto coanossomal<br />

com feixes ascen<strong>de</strong>ntes plumorreticulados<br />

<strong>de</strong> subtilóstilos principais,<br />

equinados por acantóstilos acessórios.<br />

Espículas: subtilóstilos principais,<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

133


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4,6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 13/Dez/2007.<br />

430–500 / 5 μm; subtilóstilos auxiliares,<br />

190–230 / 3,5 μm; acantóstilos acessórios,<br />

60–80 / 10–12 μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s<br />

I, 15–27 μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s II,<br />

9–12 μm; toxas, 10–34 μm.<br />

Ecologia<br />

Observa<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos,<br />

po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas<br />

urbanas <strong>de</strong> Salvador, sobre substrato<br />

duro, em locais com boa circulação <strong>de</strong><br />

água (correntes <strong>de</strong> maré), em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> 3–13 m, on<strong>de</strong> é relativamente<br />

comum.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, Belize,<br />

Panamá, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

(BA – Salvador).<br />

Arquitetura<br />

esquelética em seção<br />

transversal.<br />

134 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936)<br />

Eletromicrografias do componente<br />

espicular: A, subtilóstilo principal;<br />

B, base <strong>de</strong> um subtilóstilo auxiliar;<br />

C, acantóstilos acessórios; D,<br />

isoquelas I; E, isoquelas II; F, toxas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

135


30. Clathria venosa (Alcolado, 1984)<br />

Morfologia<br />

Incrustante à maciça, po<strong>de</strong>ndo ultrapassar<br />

1 cm <strong>de</strong> espessura e recobrir áreas superiores<br />

à 40x40 cm. Cor em vi<strong>da</strong> branca<br />

acinzenta<strong>da</strong>, passando a bege no álcool.<br />

Superfície lisa, <strong>de</strong> textura avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

com finos canais radiais convergindo<br />

para os ósculos (1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />

que estão dispersos, situados no topo<br />

<strong>de</strong> pequenas chaminés membranosas.<br />

Aberturas inalantes abun<strong>da</strong>ntes, formando<br />

uma microrreticulação na superfície<br />

<strong>da</strong> esponja. Consistência macia,<br />

frágil. Esqueleto ectossomal composto<br />

por buquês justapostos e entrecruzados<br />

<strong>de</strong> subtilóstilos auxiliares. Esqueleto<br />

coanossomal com feixes sinuosos ascen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> subtilóstilos principais,<br />

com acantóstilos acessórios localizados<br />

prepon<strong>de</strong>rantemente junto à placa basal<br />

<strong>de</strong> espongina. Espículas: estilos (a subtilóstilos)<br />

principais, 150–256 / 5–7 μm;<br />

subtilóstilos auxiliares I, 198–302 / 4–5<br />

μm; subtilóstilos auxiliares II, 90–153 /<br />

2 μm; acantóstilos acessórios, 40–72 / 3–5<br />

μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s, 4–10 μm; toxas<br />

I, 106–294 μm; toxas II, 6–10 μm.<br />

Comentários<br />

No Caribe C. venosa é aparentemente<br />

oportunista, com maiores abundâncias<br />

registra<strong>da</strong>s em ambientes alterados e<br />

expostos a enriquecimento orgânico.<br />

Nestes locais, sua cor prevalescente inclui<br />

diversos tons <strong>de</strong> laranja.<br />

Ecologia<br />

Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos é comum em<br />

substratos duros, naturais e artificiais<br />

próximos à abertura <strong>da</strong> baía, <strong>da</strong> região<br />

entre marés à 3-4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />

espécie ocorre em abundância, próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Cuba, Belize, Martinica, Panamá, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (BA – Salvador).<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010.<br />

136 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010. Outras esponjas ao fundo são<br />

Desmapsamma anchorata (rosa<strong>da</strong>) e Te<strong>da</strong>nia ignis (avermelha<strong>da</strong>).<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

A, subtilóstilo principal; B, subtilóstilo<br />

auxiliar I; C, subtilóstilo auxiliar II, e <strong>de</strong>talhe<br />

<strong>de</strong> sua base; D, acantóstilo acessório; E,<br />

isoquela palma<strong>da</strong>; F, toxas I; G, toxa II.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

137


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Raspailii<strong>da</strong>e Hentschel, 1923<br />

Gênero Echinodictyum Ridley, 1881<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 29 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas ocorrem<br />

no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />

31. Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983<br />

Morfologia<br />

Forma arbustiva, mais comumente alonga<strong>da</strong>,<br />

cavernosa, com até 15 cm <strong>de</strong> altura,<br />

mas frequentemente não ultrapassando<br />

os 10 cm. Consistência firme porém compressível<br />

e elástica. Cor em vi<strong>da</strong> marrom–<br />

escuro a preto externamente e marrom–<br />

amarelado internamente. No fixador, a<br />

cor permanece marrom–escura por fora e<br />

mais clara por <strong>de</strong>ntro. Superfície irregular,<br />

<strong>de</strong>vido às projeções <strong>da</strong>s terminações<br />

<strong>da</strong>s fibras coanossomais. Ósculos circu-<br />

lares com cerca <strong>de</strong> 3 mm <strong>de</strong> diâmetro, e<br />

localiza<strong>da</strong>s no topo <strong>de</strong> chaminés membranosas.<br />

Arquitetura ectossomal composta<br />

por cama<strong>da</strong> <strong>de</strong>lga<strong>da</strong> <strong>de</strong> óxeas tangenciais<br />

dispostas confusamente em uma fina<br />

membrana, separa<strong>da</strong> do sistema esquelético<br />

coanossomal por um <strong>de</strong>lgado lençol<br />

aquífero. Coanossoma com reticulação<br />

<strong>de</strong> feixes multiespiculares <strong>de</strong> óxeas, com<br />

diâmetro <strong>de</strong> até 300 μm na região periférica<br />

<strong>da</strong> esponja. Estes feixes estão equinados<br />

por acantóstilos, mais frequentes<br />

Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009. A esponja<br />

azula<strong>da</strong> ao fundo é uma Mycale angulosa.<br />

138 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983<br />

na região periférica, com seus ápices perfurando<br />

levemente a superfície ou situados<br />

logo abaixo <strong>de</strong>sta. Espículas: estilos,<br />

650–1138 / 5–10 μm; óxeas, 183–691 / 3–8<br />

μm; acantóstilos, 80–121 / 5–7 μm.<br />

Distribuição<br />

Endêmica do <strong>Brasil</strong> [CE, RN, PE, AL, BA<br />

(Salvador), RJ].<br />

Ecologia<br />

Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s é relativamente<br />

rara no infralitoral <strong>de</strong> costões rochosos <strong>da</strong><br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, e po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Salvador. Os maiores espécimes observados<br />

ocorriam no Canal <strong>de</strong> Itaparica. A<br />

espécie assemelha-se quanto ao hábito a<br />

Pan<strong>da</strong>ros sp., registra<strong>da</strong> para o Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte. Porém, ao microscópio é facilmente<br />

distinguível pela posse <strong>de</strong> estilos<br />

que ultrapassam os 1000 μm <strong>de</strong> comprimento,<br />

ao passo que a espécie potiguar<br />

apresenta como suas maiores megascleras,<br />

óxeas pouco maiores que 500 μm.<br />

A, estilo; B, óxeas; C, acantóstilo.<br />

Arquitetura<br />

esquelética em seção<br />

transversal.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

139


Gênero Ectyoplasia Topsent, 1930<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> quatro espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s quais<br />

ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

32. Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça com projeções vulcaniformes,<br />

no topo <strong>da</strong>s quais se situam os ósculos,<br />

caracteristicamente circun<strong>da</strong>dos por<br />

um anel <strong>de</strong> pigmentação mais clara. Os<br />

espécimes po<strong>de</strong>m alcançar mais <strong>de</strong> 40 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento e 15 a 20 cm <strong>de</strong> largura,<br />

e a espessura, frequentemente supera os<br />

4 cm. A consistência é macia, compressível,<br />

e a superfície é lisa, com textura<br />

avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>, estando perfura<strong>da</strong> por miría<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aberturas inalantes. Os ósculos<br />

possuem 2 à 5 mm <strong>de</strong> diâmetro. A coloração<br />

em vi<strong>da</strong> é um laranja–avermelhado<br />

ou amarronzado que lembra cor <strong>de</strong><br />

telhas <strong>de</strong> barro. No fixador os espécimes<br />

tornam–se beges. Esqueleto ectossomal<br />

indistinto do coanossomal, perfurando<br />

levemente a superfície. Coanossoma formado<br />

por feixes paucispiculares ascen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> subtilóstilos/rabdóstilos, com<br />

pouca ramificação e anastomoses. Em alguns<br />

trechos a espongina envolve completamente<br />

as espículas. Megascleras<br />

são estilos com algumas modificações a<br />

óxeas, 250–410 / 5–20μm.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

13/Dez/2007.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />

140 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

Ecologia<br />

Ectyoplasia ferox é relativamente rara<br />

na <strong>Bahia</strong>. Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />

foi observa<strong>da</strong> mais frequentemente em<br />

pare<strong>de</strong>s verticais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rochas, em<br />

locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> espécies. A<br />

espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

A, estilos.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, México,<br />

Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />

Dominicana, Ilhas Virgens, Barbados,<br />

Belize, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [CE, Atol<br />

<strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, BA<br />

(Salvador), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />

Quebramar N (Salvador), 5, 0 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

141


Gênero Thrinacophora Ridley, 1885<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> sete espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s<br />

quais ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

33. Thrinacophora funiformis (Ridley & Dendy, 1886)<br />

Morfologia<br />

Forma alonga<strong>da</strong>, cilíndrica (como uma<br />

cor<strong>da</strong>), mas levemente fusiforme, afilando<br />

rumo ao ápice. A esponja se <strong>de</strong>ita sobre<br />

o substrato ao sabor <strong>da</strong>s correntes <strong>de</strong><br />

maré. Os indivíduos po<strong>de</strong>m alcançar 40<br />

cm <strong>de</strong> comprimento e ser compostos <strong>de</strong><br />

várias projeções alonga<strong>da</strong>s (“cor<strong>da</strong>s”),<br />

ramifica<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> uma base comum,<br />

Prancha XXIV <strong>de</strong> Ridley & Dendy (1887) –<br />

as três esponjas alonga<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> superfície<br />

erissa<strong>da</strong> representam o material tipo <strong>da</strong><br />

espécie apresenta<strong>da</strong> aqui.<br />

com até 3 cm <strong>de</strong> diâmetro ca<strong>da</strong> projeção.<br />

Sua consistência é flexível e bastante<br />

compressível em vi<strong>da</strong>, adquirindo maior<br />

firmeza quando contraídos após a coleta.<br />

Sua superfície é irregular, salpica<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

inúmeras projeções acantosas. Ósculos<br />

não são visíveis nos espécimes fixados. A<br />

cor em vi<strong>da</strong> é um laranja–avermelhado,<br />

tornando–se bege ou marrom–escuro<br />

no fixador. Seu esqueleto coanossomal<br />

é composto <strong>de</strong> um eixo central longitudinal<br />

com uma <strong>de</strong>nsa reticulação <strong>de</strong><br />

óxeas curtas sem espongina aparente, e<br />

um arranjo extra–axial plumoso/radial<br />

<strong>de</strong> feixes paucispiculares <strong>de</strong> estilos e<br />

anisóxeas longos, que se projeta através<br />

<strong>da</strong> superfície, conferindo–lhe o aspecto<br />

acantoso mencionado. Circun<strong>da</strong>ndo os<br />

feixes, próximo à superfície, buquês eretos,<br />

ou quase, <strong>de</strong> estilos ectossomais. Espículas:<br />

estilos I, 840–1260 / 10–20 μm;<br />

anisóxeas, 960–1400 / 15–25 μm (possivelmente<br />

pertencentes à mesma classe<br />

espicular dos estilos); estilos II, 410–480<br />

/ 5–10 μm; óxeas, 260–490 / 10–20 μm;<br />

tricodragmas, 51–81 / 8 – 16 μm.<br />

Ecologia<br />

Thrinacophora funiformis só foi observa<strong>da</strong><br />

no Canal <strong>de</strong> Itaparica, ao largo <strong>de</strong><br />

Jiribatuba, em uma locali<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong><br />

a intenso fluxo <strong>de</strong> maré, alta turbi<strong>de</strong>z<br />

e associa<strong>da</strong> farta alimentação, on<strong>de</strong><br />

142 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Thrinacophora funiformis (Ridley & Dendy, 1886)<br />

ocorreu apenas nos primeiros metros<br />

do infralitoral. Neste local a espécie é<br />

bastante abun<strong>da</strong>nte.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Colômbia). <strong>Brasil</strong> (BA –<br />

Nazaré).<br />

A, estilo I e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

B, estilo II e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />

C, óxeas; D, ráfi<strong>de</strong>s em tricodragmas.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

Barra do Jacuruna (Nazaré), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Jun/2004. Gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> material em suspensão <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> maré<br />

vazante e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> a manguesais.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

143


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Subor<strong>de</strong>m Myxillina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />

Família Coelosphaeri<strong>da</strong>e Dendy, 1922<br />

Gênero Lisso<strong>de</strong>ndoryx Topsent, 1892<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Foram encontra<strong>da</strong>s duas espécies na <strong>Bahia</strong>, uma <strong>da</strong>s<br />

quais é apresenta<strong>da</strong> aqui. A espécie adicional, <strong>de</strong> coloração rosa<strong>da</strong> em<br />

vi<strong>da</strong>, é uma Lisso<strong>de</strong>ndoryx sp. coleta<strong>da</strong> em Salvador.<br />

34. Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis (Carter, 1882)<br />

Morfologia<br />

Esponja incrustante, o único exemplar<br />

observado não ultrapassando 6 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro, <strong>de</strong> cor azul cobalto em vi<strong>da</strong><br />

e branco acinzentado no fixador. Superfície<br />

com características áreas porais em<br />

<strong>de</strong>pressões (crivos, cribriporos) e abun<strong>da</strong>ntes<br />

ósculos (1–3 mm <strong>de</strong> diâmetro).<br />

Consistência macia, frágil. Arquitetura<br />

ectossomal constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> tufos <strong>de</strong> tilotos.<br />

Coanossoma com uma reticulação <strong>de</strong><br />

estilos. Microscleras dispersas por to<strong>da</strong> a<br />

esponja. Espículas: tilotos, 182–228 / 5<br />

μm; estilos, 157–190 / 2,5–5 μm; sigmas,<br />

16–21 μm; isoquelas, 21–26 μm.<br />

Ecologia<br />

O espécime observado incrustava a superfície<br />

superior, irregular, exposta à luz,<br />

<strong>de</strong> uma placa rígi<strong>da</strong>, aparentemente <strong>de</strong><br />

recife algálico. O mesmo encontrava-se<br />

entremeado a pólipos <strong>de</strong> zoantí<strong>de</strong>os, em<br />

uma profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 m.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Belize, Panamá, Colômbia,<br />

Venezuela). <strong>Brasil</strong> (PE, AL, BA - Salvador).<br />

Registros <strong>da</strong> espécie para outros mares e<br />

oceanos precisam ser confirmados.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal (acima) e tangencial (abaixo).<br />

144 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />

A, tiloto; B, estilo; C, sigma; D, isoquela<br />

arcua<strong>da</strong>.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

145


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Crambei<strong>da</strong>e Lévi,1963<br />

Gênero Monanchora Carter, 1883<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas foram<br />

registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Entretanto, o gênero foi revisto em escala<br />

mundial no âmbito <strong>de</strong> uma Tese <strong>de</strong> Doutorado, on<strong>de</strong> foi constata<strong>da</strong> a<br />

existência <strong>de</strong> diversas espécies novas no <strong>Brasil</strong>, inclusive na <strong>Bahia</strong>, e<br />

no mundo.<br />

35. Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma variando <strong>de</strong> finamente incrustante,<br />

com pequenas elevações cônicas digitiformes<br />

ou vulcaniformes dispersas, a<br />

capas mais espessas com cristas e sulcos,<br />

ou mesmo formas ramifica<strong>da</strong>s ou eretas,<br />

com variados graus <strong>de</strong> fusão dos ramos.<br />

Alguns espécimes recobrem mais <strong>de</strong> 1<br />

m 2 , porém a maioria não ultrapassa os 20<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro. A cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />

vermelha–carmim ou vermelha–<br />

alaranja<strong>da</strong>, mas espécimes amarelados,<br />

quase brancos também existem. A superfície<br />

é lisa e costuma apresentar uma<br />

marca registra<strong>da</strong> <strong>da</strong> espécie, seus canais<br />

vermelhos, ou mais frequentemente, esbranquiçados.<br />

Estes canais, mais nítidos<br />

em espécimes carmim, convergem em<br />

padrão estrelado aos ósculos <strong>da</strong> esponja<br />

(diâmetro, 1–3 mm), dispersos na superfície.<br />

A consistência é macia e facilmente<br />

rasgável. A arquitetura coanossomal compreen<strong>de</strong><br />

megascleras mais robustas com<br />

suas bases inseri<strong>da</strong>s em lâmina basal <strong>de</strong><br />

espongina, a partir <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

<strong>da</strong> espessura do espécime, po<strong>de</strong>m partir<br />

feixes espiculares ascen<strong>de</strong>ntes, com espongina<br />

bem visível, especialmente em<br />

suas porções mais basais. Por cima <strong>de</strong>stes,<br />

as mesmas megasleras po<strong>de</strong>m estar dispostas<br />

aleatoriamente. Em espécimes mais<br />

espessos, estes feixes se ramificam e anastomosam,<br />

formando uma plumorreticulação<br />

coanossomal. O esqueleto ectossomal<br />

situa-se sobre as terminações dos feixes<br />

coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes, e constitui-se<br />

<strong>de</strong> tufos ou pequenos feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> megascleras mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s. Isoquelas<br />

unguifera<strong>da</strong>s são muito raras, e sigmói<strong>de</strong>s<br />

relativamente comuns. Espículas: subtilóstilos<br />

coanossomais, 181–412 / 5–10 μm;<br />

subtilóstilos ectossomais, 191–342 / 2–5<br />

μm; isoquelas unguifera<strong>da</strong>s, 18–25 μm;<br />

isoquelas sigmói<strong>de</strong>s, 9–13 μm.<br />

Comentários<br />

Estudos químico–farmacológicos revelaram<br />

que esta espécie é possuidora <strong>de</strong><br />

toxinas po<strong>de</strong>rosas, com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s antibacteriana,<br />

antimicobacteriana (contra<br />

o bacilo <strong>da</strong> tuberculose) e citotóxica. A<br />

espécie po<strong>de</strong>, às vezes, ser confundi<strong>da</strong><br />

com Desmapsamma anchorata (ver abaixo)<br />

por seu hábito. Ao microscópio, po<strong>de</strong><br />

ser confundi<strong>da</strong> com espécies do gênero<br />

Desmacella Schmidt, 1870, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

rari<strong>da</strong><strong>de</strong> ou até mesmo ausência <strong>de</strong> suas<br />

isoquelas ancora<strong>da</strong>s, bem como ocasional<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no reconhecimento <strong>de</strong> uma<br />

Praia <strong>da</strong> Paciência (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

01/Dez/2006."<br />

146 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

147


Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

<strong>da</strong>s categorias <strong>de</strong> megascleras. Um observador<br />

incauto po<strong>de</strong> ter a falsa impressão<br />

<strong>de</strong> estar frente a uma esponja com<br />

uma única categoria <strong>de</strong> (sub)tilóstilos<br />

como megascleras e uma <strong>de</strong> sigmas, na<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> isoquelas sigmói<strong>de</strong>s, como microscleras.<br />

Ecologia<br />

Monanchora arbuscula é muito comum<br />

em Salvador e Abrolhos. Ocorre nos substratos<br />

mais diversificados, tais como<br />

rochas areníticas, graníticas, cascos sossobrados<br />

<strong>de</strong> embarcações e ampla gama<br />

<strong>de</strong> substratos calcários. É conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

faixa infralitoral dos 2 aos 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Formas incrustantes são<br />

prepon<strong>de</strong>rantes em águas mais rasas,<br />

e as ramosas em águas mais fun<strong>da</strong>s. A<br />

espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> em gran<strong>de</strong><br />

abundância nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas<br />

urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica,<br />

República Dominicana, Porto Rico, Ilhas<br />

Virgens, México, Belize, Costa Rica,<br />

Panamá, Barbados, Colômbia, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [PA, CE, PE, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador, Belmonte,<br />

Abrolhos), RJ, SP].<br />

Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />

148 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 9 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

11/Dez/2007.<br />

A, subtilóstilo coanossomal; B,<br />

subtilóstilo ectossomal; C, isoquela<br />

unguifera<strong>da</strong>; D, isoquela sigmói<strong>de</strong>.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

149


Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 07/<br />

Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G. LOBO-<br />

HAJDU.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

150 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Desmacidi<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />

Gênero Desmapsamma Burton, 1934<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> três espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s quais<br />

ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

36. Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />

Morfologia<br />

Forma ramosa com ramos cilíndricos irregulares<br />

(até 60x3 cm), ou maciça em cristas,<br />

recobrindo até 40x40 cm. As primeiras<br />

são características <strong>de</strong> locais abrigados,<br />

enquanto as últimas se observam em ambientes<br />

sujeitos a maior hidrodinamismo.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> é vermelha–rosa<strong>da</strong> externamente,<br />

por vezes quase branca, e avermelha<strong>da</strong><br />

por <strong>de</strong>ntro. No fixador torna–se<br />

bege. Alguns espécimes apresentam canais<br />

esbranquiçados na superfície, que é<br />

lisa e avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Ósculos se dispõem nos<br />

ápices <strong>da</strong>s ramificações ou sobre pequenas<br />

elevações nas formas maciças. Consistência<br />

macia, facilmente rasgável. Arquitetura<br />

ectossomal composta por uma<br />

<strong>de</strong>nsa reticulação <strong>de</strong> óxeas avulsas<br />

ou em feixes, acresci<strong>da</strong> <strong>de</strong> variável<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> areia e<br />

espículas exógenas. Esqueleto<br />

coanossomal reticulado a plumorreticulado<br />

formado por feixes multiespiculares<br />

irregulares e óxeas avulsas, com malhas<br />

<strong>de</strong> formas e dimensões varia<strong>da</strong>s. Alguns<br />

feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes são reconhecíveis,<br />

e areia está presente em pequena<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Espículas: óxeas, 127–198 /<br />

2,5–5 μm; isoquelas ancora<strong>da</strong>s I, 15–21<br />

μm; isoquelas ancora<strong>da</strong>s II, 7–12 μm; sigmas<br />

I, 35–40 μm; sigmas II, 8–20 μm.<br />

Comentários<br />

Alguns espécimes po<strong>de</strong>m apresentar um<br />

sistema <strong>de</strong> canais na superfície que lembra<br />

o aspecto <strong>de</strong> Monanchora arbuscula (ver<br />

acima). Porém o contraste entre um ectossoma<br />

claro e coanossoma vermelho normalmente<br />

<strong>de</strong>nota tratar-se <strong>de</strong> D. anchorata.<br />

Em alguns casos, a certeza na i<strong>de</strong>ntificação<br />

só se consegue no laboratório, com estudo<br />

do componente espicular.<br />

Ecologia<br />

Desmapsamma anchorata é uma <strong>da</strong>s esponjas<br />

mais abun<strong>da</strong>ntes na Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> com<br />

facili<strong>da</strong><strong>de</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Salvador. Po<strong>de</strong> estar firmemente a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong><br />

ao substrato, formar projeções flamulantes<br />

ao sabor <strong>da</strong>s correntes, ou, por vezes<br />

Quebramar Norte (Salvador), 3-5 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

151


Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />

ain<strong>da</strong>, recobrir seus vizinhos através <strong>de</strong><br />

um crescimento reptante, sendo uma <strong>da</strong>s<br />

principais esponjas epibiontes sobre outros<br />

organismos (inclusive outras esponjas).<br />

A espécie foi observa<strong>da</strong> do entremarés<br />

até 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas em<br />

outros estados já foi coleta<strong>da</strong> abaixo dos<br />

20 m. Estudos recentes i<strong>de</strong>ntificaram D.<br />

anchorata como sendo uma <strong>da</strong>s esponjas<br />

preferi<strong>da</strong>s na dieta do peixe-anjo Holacanthus<br />

tricolor em Salvador.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, República<br />

Dominicana, Antigua, Barbados,<br />

Belize, Costa Rica, Panamá, Colômbia,<br />

Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

[RN, PE, <strong>Bahia</strong> (Salvador, Itaparica,<br />

Vera Cruz), RJ]. Há também uma série <strong>de</strong><br />

registros para os Oceanos Índico e Pacífico<br />

que carecem <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> sua<br />

coespecifici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />

152 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />

Arquitetura esquelética em seção tangencial.<br />

A, óxea; B, sigma I; C, sigma II; D,<br />

isoquela ancora<strong>da</strong> I; E, isoquela ancora<strong>da</strong> II.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

153


Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />

154 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Iotrochoti<strong>da</strong>e Dendy, 1922<br />

Gênero Iotrochota Ridley, 1884<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, apenas uma <strong>da</strong>s<br />

quais ocorre no <strong>Brasil</strong>. A espécie I. bistylata Boury-Esnault, 1973,<br />

originalmente registra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Sergipe e <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, é atualmente<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> sinônima <strong>de</strong> I. birotulata (<strong>de</strong>scrita a seguir).<br />

37. Iotrochota birotulata (Higgin, 1877)<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante à maciça ou ereta com<br />

projeções alonga<strong>da</strong>s irregulares. Consistência<br />

firme nos espécimes maciços e<br />

eretos. Superfície irregular <strong>de</strong>vido à projeção<br />

<strong>de</strong> feixes espiculares subjacentes,<br />

com padrão <strong>de</strong> cristas e sulcos. Cor<br />

em vi<strong>da</strong> preto, por vezes com nuances<br />

ver<strong>de</strong>–escuras ou amarelas. No fixador,<br />

torna–se roxo mais ou menos escuro. Esqueleto<br />

ectossomal composto <strong>de</strong> espículas<br />

dispersas e alguns feixes irregulares.<br />

Coanossoma com reticulação <strong>de</strong> feixes<br />

multiespiculares, com maior ou menor<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina. Espículas<br />

dispersas também abun<strong>da</strong>m no coanossoma,<br />

e uma <strong>de</strong>nsa pigmentação escura<br />

dificulta a visualização dos padrões com<br />

clareza. A abundância <strong>de</strong> birrótulas é<br />

variável, porém frequentemente muito<br />

baixa. Espículas: estrôngilos, 93–216 /<br />

3-7 μm; estilos, 133–226 / 4–5 μm; birrótulas,<br />

11–22 μm.<br />

Ecologia<br />

Iotrochota birotulata é relativamente rara<br />

em águas rasas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. A espécie integra<br />

a dieta do ouriço-satélite, Euci<strong>da</strong>ris<br />

tribuloi<strong>de</strong>s (Lamarck, 1816), em Salvador.<br />

Iate Clube (Salvador), 3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

04/Dez/2006.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

155


Iotrochota birotulata (Higgin, 1877)<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />

Ilhas Cayman, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Barbados, México,<br />

Belize, Costa Rica, Colômbia, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela). <strong>Brasil</strong> [PE, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, AL, SE, BA (Salvador,<br />

Belmonte)].<br />

A, estrôngilo; B, estilo; C, birrótula.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 7,9 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.<br />

156 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Te<strong>da</strong>nii<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886<br />

Gênero Te<strong>da</strong>nia Gray, 1867<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>, e uma está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>. Há um morfotipo<br />

em Salvador que po<strong>de</strong>ria se tratar <strong>de</strong> uma segun<strong>da</strong> espécie. Sua<br />

espiculação, à primeira vista, é idêntica àquela <strong>de</strong> T. ignis (<strong>de</strong>scrita<br />

abaixo), porém sua cor em vi<strong>da</strong> é singular – vermelho mais escuro e<br />

com pontos esbranquiçados.<br />

38. Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma frequentemente maciça com ou<br />

sem projeções cônicas ou vulcaniformes.<br />

Os espécimes po<strong>de</strong>m alcançar 10 cm <strong>de</strong><br />

espessura e cobrir áreas superiores a<br />

0,5 m 2 . A cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />

vermelho–alaranja<strong>da</strong>. No fixador tornam–se<br />

bege ou branco–amarelado.<br />

Sua superfície é lisa, levemente áspera.<br />

Ósculos estão localizados dispersamente<br />

ou no topo <strong>da</strong>s projeções, e possuem<br />

até 1 cm <strong>de</strong> diâmetro, e membrana perioscular<br />

em forma <strong>de</strong> chaminé. Consistência<br />

facilmente rasgável e compressível,<br />

ou mais resistente, po<strong>de</strong>ndo<br />

tornar–se esfarelenta no material fixado.<br />

Espécime contraído, exposto ao sol na maré<br />

baixa. Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />

entremarés, 20/Mai/2008.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

157


Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

A arquitetura ectossomal se constitui <strong>de</strong><br />

tilotos dispostos lado a lado como em<br />

uma palissa<strong>da</strong>, perpendicularmente à<br />

superfície, que é perfura<strong>da</strong> por essas espículas.<br />

O arranjo coanossomal consiste<br />

<strong>de</strong> feixes primários <strong>de</strong> estilos, frequentemente<br />

inconspícuos, e <strong>de</strong> uma reticulação<br />

secundária <strong>de</strong>stas mesmas espículas, que<br />

também po<strong>de</strong> estar mascara<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas dispostas aleatoriamente,<br />

megascleras e microscleras.<br />

A forma e espesura <strong>da</strong>s megascleras, em<br />

especial dos estilos, po<strong>de</strong> variar consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

Espículas: estilos (raramente<br />

estrôngilos), 218–273 / 2,5–14 μm; tilotos,<br />

217–245 / 2–6 μm; oniquetas I, 125–239<br />

μm; oniquetas II, 40–74 μm.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), infralitoral,<br />

02-05/Dez/2010.<br />

158 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />

infralitoral, 02-05/Dez/2010.<br />

Ecologia<br />

Te<strong>da</strong>nia ignis é comum em todo o litoral<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, po<strong>de</strong>ndo atingir gran<strong>de</strong><br />

abundância em áreas mais quentes e <strong>de</strong><br />

menor circulação, tais como o fundo <strong>da</strong><br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Nestes locais,<br />

gran<strong>de</strong>s espécimes maciços se <strong>de</strong>senvolvem<br />

sobre os menores fragmentos<br />

<strong>de</strong> substrato consoli<strong>da</strong>do, literalmente<br />

inseridos em um “mar <strong>de</strong> lama” circun<strong>da</strong>nte.<br />

A espécie também po<strong>de</strong> ser<br />

encontra<strong>da</strong> em abundância nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

A, estilo; B, tiloto; C, oniqueta<br />

I; D, oniqueta II; E, extremi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> oniqueta I; F, extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

oniqueta II.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

159


Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Te<strong>da</strong>nia ignis costuma causar <strong>de</strong>rmatite<br />

em contato direto com a pele humana,<br />

po<strong>de</strong>ndo gerar inchaço e vermelhidão<br />

<strong>da</strong> palma <strong>da</strong>s mãos que a tenham manuseado.<br />

Em um estudo <strong>de</strong> monitoramento<br />

ambiental mostrou-se uma possível<br />

biomonitora <strong>de</strong> ambientes poluídos.<br />

Estudos recentes i<strong>de</strong>ntificaram também<br />

que T. ignis é uma <strong>da</strong>s esponjas preferi<strong>da</strong>s<br />

na dieta dos peixes-anjo Holacanthus<br />

tricolor e Pomacanthus paru, em Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Bahamas,<br />

Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Ilhas Virgens, México,<br />

Panamá, Belize, Antigua, Colômbia,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela). <strong>Brasil</strong><br />

[AP, MA, PI, CE, RN, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

PE, AL, <strong>Bahia</strong> (Salvador, Madre<br />

<strong>de</strong> Deus, Maraú, Porto Seguro), ES, RJ,<br />

SP, SC].<br />

Espécime contraído, exposto ao sol na maré. Ilha do Pati (São Francisco do<br />

Con<strong>de</strong>), entremarés, 20/Mai/2008.<br />

160 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Subor<strong>de</strong>m Mycalina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />

Família Mycali<strong>da</strong>e Lundbeck, 1905<br />

<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Gênero Mycale Gray, 1867<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 230 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

14 ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Estão registra<strong>da</strong>s para a <strong>Bahia</strong> seis espécies,<br />

o que inclui, afora as espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, M. escarlatei<br />

Hajdu, Zea, Kielman & Peixinho, 1995, M. laevis (Carter, 1882) e<br />

M. quadripartita Boury-Esnault, 1973. Adicionalmente, a coleção do<br />

Museu Nacional possui alguns novos registros, os quais carecem <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação completa e/ou <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>: M. arenaria Hajdu<br />

& Desqueyroux-Faún<strong>de</strong>z, 1994, <strong>de</strong> Salvador; M. cf. arcuiris Lerner &<br />

Hajdu, 2002, <strong>de</strong> Mata <strong>de</strong> São João (Praia do Forte); e Mycale spp., <strong>de</strong><br />

Caravelas (Abrolhos).<br />

39. Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça ou ereta com projeções cilíndricas<br />

irregulares, ramificantes, sinuosas,<br />

<strong>de</strong> até 75x3 cm (altura x diâmetro).<br />

Os espécimes maciços po<strong>de</strong>m alcançar<br />

mais <strong>de</strong> 5 cm <strong>de</strong> espessura. A cor em vi<strong>da</strong><br />

é mais costumeiramente roxo, por vezes<br />

amarronzado, mas espécimes azuis,<br />

vermelhos, amarelos e brancos também<br />

já foram vistos ao longo do litoral brasileiro.<br />

A superfície é lisa, avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>, com<br />

um conspícuo padrão reticulado visível<br />

a olho nu, e facilmente <strong>de</strong>stacável do resto<br />

do organismo. Ósculos dispersos pela<br />

superfície (diâmetro 2–5 mm), portando<br />

pequenas chaminés membranosas periosculares,<br />

situados ao final <strong>de</strong> curtos,<br />

porém amplos canais subsuperficiais. A<br />

consistência é macia e os espécimes são<br />

relativamente fáceis <strong>de</strong> rasgar. A arquitetura<br />

ectossomal constitui-se <strong>de</strong> uma<br />

níti<strong>da</strong> reticulação <strong>de</strong> feixes espiculares<br />

tangenciais formando malhas tri- ou<br />

quadrangulares (diâmetro 200–500 μm),<br />

apoia<strong>da</strong>s sobre as terminações dos feixes<br />

coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes. Rosetas <strong>de</strong><br />

anisoquelas I estão sempre presentes.<br />

O esqueleto coanossomal é plumorreticulado,<br />

composto <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsos feixes <strong>de</strong><br />

subtilóstilos com abun<strong>da</strong>nte espongina,<br />

<strong>de</strong>ntre os quais se percebe feixes primários<br />

ascen<strong>de</strong>ntes, que divergem em<br />

buquês na região subectossomal. Espículas:<br />

subtilóstilos, 224–305 / 6–10 μm;<br />

anisoquelas I, 40–51 μm; anisoquelas II,<br />

15–20 μm; isoquelas, 10–13 μm; sigmas<br />

I, frequentemente contorci<strong>da</strong>s, 78–94<br />

μm; sigmas II, 13–40 μm; toxas com curvatura<br />

central suave, 53–83 μm; ráfi<strong>de</strong>s,<br />

75–232 μm.<br />

Ecologia<br />

Esta espécie é bastante comum em substratos<br />

consoli<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Em locais<br />

sujeitos a maiores taxas <strong>de</strong> sedimentação,<br />

como nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do porto <strong>de</strong><br />

Salvador, ou nos canais entre as ilhas do<br />

fundo <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

161


Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

<strong>de</strong>senvolver–se notavelmente mesmo se<br />

ancora<strong>da</strong> apenas por pequenos seixos ou<br />

conchas.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Cuba, Jamaica, Ilhas Virgens,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela).<br />

<strong>Brasil</strong> [RN, PE, BA (Salvador, São Francisco<br />

do Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica,<br />

Maraú), RJ, SP]. Registros <strong>de</strong>sta espécie<br />

para a costa Tropical Atlântica <strong>da</strong> África<br />

são duvidosos e carecem <strong>de</strong> revisão.<br />

A, subtilóstilo; B, sigma I; C, sigma II; D,<br />

anisoquela palma<strong>da</strong> I; E, anisoquela palma<strong>da</strong><br />

II; F, isoquela palma<strong>da</strong>; G, toxa; H, ráfi<strong>de</strong>s<br />

organiza<strong>da</strong>s em tricodragma; I, roseta <strong>de</strong><br />

anisoquelas I.<br />

Arquitetura esquelética em seções<br />

transversal (a esquer<strong>da</strong>) e tangencial (a<br />

direita).<br />

Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009. A escala branca<br />

(bastão plástico) tem 5 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />

A esponja azul tem mais <strong>de</strong> 60 cm <strong>de</strong> altura.<br />

No <strong>de</strong>talhe, aspecto reticulado <strong>da</strong> superfície<br />

<strong>de</strong> outro espécime na mesma locali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

162 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

163


Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />

164 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


40. Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça com projeções cônicas<br />

ou loba<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>ndo recobrir áreas <strong>de</strong><br />

20x20 cm e possuir altura <strong>de</strong> até 10 cm.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> mais comum é o vermelho<br />

a vermelho-carmim com características<br />

pintas claras (brancas, ver<strong>de</strong>s, amarelas,<br />

turquesas). A superfície é geralmente<br />

dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> inúmeros cônulos macios, terminações<br />

dos feixes espiculares coanossomais<br />

que se projetam além <strong>da</strong> superfície.<br />

Os ósculos, frequentemente situados<br />

no topo <strong>da</strong>s projeções cônicas, po<strong>de</strong>m<br />

alcançar 3 cm <strong>de</strong> diâmetro, e estão envoltos<br />

por <strong>de</strong>lica<strong>da</strong> e transparente membrana<br />

perioscular. A consistência é extremamente<br />

macia. Não há especialização<br />

ectossomal do esqueleto. A arquitetura<br />

coanossomal se constitui <strong>de</strong> uma reticulação<br />

quadrangular <strong>de</strong> feixes robustos,<br />

formando malhas com 640–1690 μm <strong>de</strong><br />

diâmetro. Raras rosetas <strong>de</strong> anisoquelas<br />

po<strong>de</strong>m ser vistas em placa <strong>de</strong> espongina<br />

rente ao substrato. Espículas: subtilóstilos,<br />

241–283 / 3–8 μm; anisoquelas,<br />

19–36 μm; sigmas, 70–90 μm.<br />

Comentários<br />

Na última déca<strong>da</strong> surgiram espécimes<br />

quase incrustantes, azuis claros, que se<br />

assemelham muito a espécimes <strong>de</strong> Mycale<br />

mirabilis observados na Gran<strong>de</strong> Barreira<br />

<strong>de</strong> Corais (Austrália). Um estudo <strong>de</strong><br />

revisão é necessário para compreen<strong>de</strong>r o<br />

real limite <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> morfológica<br />

nesta espécie, que a<strong>de</strong>mais, não forma<br />

no <strong>Brasil</strong> os tubos tão característicos<br />

Quebramar Sul (Salvador), anos 1980 ou<br />

1990.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

165


Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Boião <strong>de</strong><br />

sinalização naval<br />

entre Salvador e Ilha<br />

dos Fra<strong>de</strong>s (<strong>Bahia</strong> <strong>de</strong><br />

Todos os Santos), 5<br />

m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

21/Jun/2004.<br />

Praia <strong>de</strong> Cantagalo<br />

(Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/<br />

Dez/2007.<br />

que ocorrem em espécimes <strong>da</strong> região do<br />

Caribe. Esta espécie foi registra<strong>da</strong> pela<br />

primeira vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a<br />

partir <strong>de</strong> material coletado na <strong>Bahia</strong> pela<br />

expedição <strong>de</strong> circumnavegação global<br />

do navio inglês H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong><br />

entre os anos <strong>de</strong> 1873 e 1876. Este<br />

material original foi i<strong>de</strong>ntificado como<br />

Esperella nu<strong>da</strong> Ridley & Dendy, 1886, espécie<br />

que atualmente integra a lista <strong>de</strong><br />

sinônimas <strong>de</strong> M. laxissima.<br />

Ecologia<br />

Esta espécie é relativamente comum<br />

em áreas abriga<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Ao<br />

ser manusea<strong>da</strong>, e especialmente após a<br />

coleta, <strong>de</strong>smancha-se rapi<strong>da</strong>mente em<br />

muco. Ao final resta apenas o esqueleto<br />

reticulado <strong>de</strong> feixes espiculares envoltos<br />

em espongina.<br />

166 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Distribuição<br />

Tropical Anfi–atlântica. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, Jamaica,<br />

Porto Rico, Ilhas Virgens, México,<br />

Honduras, Belize, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />

Colômbia). <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ,<br />

SP]. África Tropical Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5,3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal, com fibras isola<strong>da</strong>s após<br />

tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />

A, subtilóstilo e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas bases; B,<br />

sigma; C, anisoquelas palma<strong>da</strong>s <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s<br />

a partir <strong>de</strong> eletromicrografias (p.ex. espícula<br />

à direita) obti<strong>da</strong>s do holótipo <strong>de</strong> M. nu<strong>da</strong><br />

(Ridley & Dendy, 1886) (= M. laxissima).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

167


41. Mycale microsigmatosa Arndt, 1927<br />

Morfologia<br />

Forma geralmente incrustante, salvo se<br />

associa<strong>da</strong> a endobiontes quando po<strong>de</strong><br />

alcançar maior espessura (até 2–3 cm).<br />

Sua cor em vi<strong>da</strong> é vermelho-carmim, ou<br />

mais raramente alaranjado ou amarelo,<br />

adquirindo cor bege no fixador. Sua superfície<br />

é geralmente lisa e <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> reticulação visível ao olho nu, mas<br />

po<strong>de</strong> apresentar-se irregular em <strong>de</strong>corrência<br />

<strong>da</strong> presença <strong>de</strong> endobiontes. Ósculos<br />

(diâmetro até 1 cm) estão dispostos<br />

aleatoriamente, por vezes no topo <strong>de</strong><br />

discretas elevações, e usualmente estão<br />

circun<strong>da</strong>dos por membrana peri–oscular.<br />

A consistência é normalmente compressível<br />

e rasgável, mas po<strong>de</strong> ser firme<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> endobiontes. Não há<br />

especialização ectossomal do esqueleto,<br />

observando-se apenas umas poucas<br />

espículas dispersas tangencialmente<br />

na membrana superficial. O esqueleto<br />

coanossomal é composto por feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> espessura e sinuosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

variável, ramificantes, ou por vezes se<br />

anastomosando em um padrão plumorreticulado.<br />

Estes feixes se constituem <strong>de</strong><br />

subtilóstilos e variável quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espongina, e divergem acentua<strong>da</strong>mente<br />

próximo à superfície, formando tufos<br />

que sustentam o ectossoma e perfuram<br />

levemente a superfície. Megascleras e<br />

microscleras isola<strong>da</strong>s estão dispersas por<br />

to<strong>da</strong> a esponja, porém as sigmas possuem<br />

abundância muito variável, enquanto as<br />

anisoquelas são frequentemente muito<br />

raras. Espículas: subtilóstilos, 183–264 /<br />

2,5–5 μm; anisoquelas, 8–13 μm; sigmas,<br />

18–43 μm.<br />

Comentários<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser confundi<strong>da</strong> no campo<br />

com Monanchora arbuscula (p. 146)<br />

quando esta não apresenta seus característicos<br />

canais dispostos em padrão<br />

estrelado. O exame ao microscópio <strong>da</strong><br />

amostra em mãos, contrastado às <strong>de</strong>scrições<br />

aqui apresenta<strong>da</strong>s para ambas as<br />

espécies, não <strong>de</strong>ixará dúvi<strong>da</strong>s quanto a<br />

sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ecologia<br />

Mycale microsigmatosa é relativamente<br />

comum nas águas mais rasas <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />

on<strong>de</strong> ocorre prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

em ambientes expostos à iluminação, <strong>de</strong><br />

boa circulação <strong>de</strong> água e baixa sedimentação.<br />

Está frequentemente associa<strong>da</strong> a<br />

endobiontes tais como os poliquetos <strong>da</strong><br />

família Spioni<strong>da</strong>e e crustáceos anfípodos.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica,<br />

Belize, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />

Venezuela). <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador, Maraú),<br />

RJ, SP, SC].<br />

168 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Dez/2010.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal, com<br />

fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong><br />

sódio diluído.<br />

A, subtilóstilo; B, sigma; C,<br />

anisoquela palma<strong>da</strong>.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

169


Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent 1928<br />

Haliclona manglaris Alcolado, 1984. Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Subor<strong>de</strong>m Haplosclerina Topsent, 1928<br />

Família Callyspongii<strong>da</strong>e <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />

Gênero Callyspongia Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 180 espécies no mundo, <strong>da</strong>s<br />

quais 13 ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s espécies <strong>de</strong>scritas a seguir,<br />

também ocorrem na <strong>Bahia</strong> C. fibrosa (Ridley & Dendy, 1886),<br />

C. laboreli Hechtel, 1983, C. palli<strong>da</strong> Hechtel, 1965 e C. pseudotoxa<br />

Muricy & Ribeiro, 1999.<br />

42. Callyspongia sp. 1<br />

Morfologia<br />

Forma ereta-ramosa-tubular ou mais<br />

raramente cilíndrica–reptante com até<br />

15–20 cm <strong>de</strong> altura e 3–4 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />

dos tubos. Os tubos se ramificam ou<br />

anastomosam, e po<strong>de</strong>m estar totalmente<br />

coalescidos longitudinalmente. A cor<br />

em vi<strong>da</strong> é muito variável, mas a predominância<br />

é <strong>de</strong> espécimes roxos ou rosados.<br />

Outras tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s observa<strong>da</strong>s são<br />

o azul, o vermelho e o laranja. Em etanol<br />

assume cor bege escura. A superfície é<br />

craveja<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s espinhos fibrosos,<br />

em forma <strong>de</strong> cônulos, sustentados<br />

por fibras esqueletais, e uma reticulação<br />

subjacente é niti<strong>da</strong>mente visível a olho<br />

nu. Os ósculos, normalmente no ápice<br />

dos tubos, po<strong>de</strong>m ter até 4 cm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

e permitem observar o interior<br />

<strong>de</strong> ampla cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial em ca<strong>da</strong> tubo.<br />

Alguns ósculos menores (diâmetro até<br />

5 mm) situam–se no topo <strong>de</strong> pequenas<br />

projeções em forma <strong>de</strong> lobos, possivelmente<br />

tubos em formação. A consistência<br />

é firme, porém compressível, e os espécimes<br />

são bastante flexíveis e elásticos. A<br />

arquitetura ectossomal compreen<strong>de</strong> uma<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

171


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4-5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA DE G. LÔBO-HAJDU.<br />

reticulação tangencial dupla, com um retículo<br />

primário mais grosseiro, formando<br />

amplas malhas poligonais irregulares, e<br />

um secundário mais <strong>de</strong>lgado, entremeado<br />

com o primeiro. O esqueleto coanossomal<br />

se compõe <strong>de</strong> feixes longitudinais<br />

principais robustos e uma reticulação<br />

que diverge <strong>de</strong>stes feixes rumo à superfície,<br />

interconecta<strong>da</strong> irregularmente por<br />

fibras terciárias. Espículas: óxeas, 93–106<br />

/ 1–3 μm; toxas, 12–43 μm.<br />

Comentários<br />

A comparação <strong>de</strong>sta espécie com to<strong>da</strong>s<br />

as <strong>de</strong>mais Callyspongia com toxas do<br />

Atlântico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal não en-<br />

controu nenhuma que se assemelhe, <strong>de</strong><br />

modo que o material examinado <strong>de</strong>ve se<br />

tratar <strong>de</strong> uma espécie nova.<br />

Ecologia<br />

Callyspongia sp. 1 é relativamente comum<br />

no infralitoral com substrato consoli<strong>da</strong>do<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser um dos elementos mais conspícuos<br />

do bentos em alguns setores, tais como<br />

a área do Porto <strong>da</strong> Barra, Forte <strong>de</strong> São<br />

Marcelo e quebra-mares portuários.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

– Salvador, Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica).<br />

172 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Callyspongia sp. 1<br />

Iate Clube (Salvador), 3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

04/Dez/2006.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA DE G.<br />

LÔBO-HAJDU.<br />

A, óxeas; B, terminações <strong>da</strong>s óxeas;<br />

C, toxas.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

tangencial, em visão panorâmica (A) e em<br />

<strong>de</strong>talhe (B).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

173


43. Callyspongia sp. 2<br />

Morfologia<br />

Os espécimes são ramosos e reptantes,<br />

frequentemente se ramificando em<br />

padrão radial. Os ramos são cilíndricos,<br />

<strong>de</strong>lgados (até 1,5 cm <strong>de</strong> espessura) e irregulares,<br />

terminando em extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

afila<strong>da</strong>s. Os maiores espécimes observados<br />

tinham 20–30 cm <strong>de</strong> diâmetro, mas<br />

no geral não passam <strong>de</strong> 10–15 cm. A cor<br />

em vi<strong>da</strong> é geralmente ver<strong>de</strong> acinzentado,<br />

mas espécimes com manchas laranja são<br />

comuns. No fixador, assumem coloração<br />

bege. A superfície é levemente áspera. Ósculos<br />

(diâmetro 2–5 mm) foram observados<br />

no topo <strong>de</strong> pequenas projeções vulcaniformes,<br />

na parte superior dos ramos. A<br />

consistência é esponjosa, facilmente compressível,<br />

porém um pouco resistente ao<br />

<strong>da</strong>no. A arquitetura ectossomal é reticula<strong>da</strong>,<br />

com fibras primárias (diâmetro 45–90<br />

μm), secundárias (20–30 μm e terciárias<br />

(8–10 μm). O esqueleto coanossomal também<br />

possui fibras primárias (diâmetro<br />

45–80 μm), secundárias (30–40 μm) e terciárias<br />

(15 μm). As fibras primárias apresentam<br />

fasciculação ao aproximar-se <strong>da</strong><br />

superfície. Espículas: óxeas, 88–104 μm /<br />

1,5–4 μm.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010. A esponja<br />

azul-cobalto é uma Dysi<strong>de</strong>a etheria.<br />

174 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Callyspongia sp. 2<br />

Comentários<br />

Ao comparar esta espécie com to<strong>da</strong>s as<br />

<strong>de</strong>mais Callyspongia do Atlântico Tropical<br />

Oci<strong>de</strong>ntal não foi encontra<strong>da</strong> nenhuma<br />

que se assemelhe, <strong>de</strong> modo que<br />

o material examinado <strong>de</strong>ve se tratar <strong>de</strong><br />

uma espécie nova.<br />

Ecologia<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, e é mais<br />

comum em superfícies planas, bem ilumina<strong>da</strong>s<br />

e cobertas por areia ou algas filamentosas.<br />

Seus limites batimétricos conhecidos<br />

são 3–15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong> – Salvador).<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Escala vermelha<br />

do espécime com 5 cm <strong>de</strong> largura.<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial (A) e transversal (B). A, óxeas; B,<br />

terminações <strong>da</strong>s óxeas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

175


44. Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881)<br />

Morfologia<br />

Esponja reptante, lamelar, com até 10<br />

cm <strong>de</strong> comprimento. As duas únicas<br />

lamelas observa<strong>da</strong>s apresentavam 2–3<br />

cm <strong>de</strong> largura e 0,5 cm <strong>de</strong> espessura,<br />

e formavam um arco. A cor em vi<strong>da</strong><br />

era bege rosado, tornando-se bege no<br />

fixador. A superfície é um pouco áspera,<br />

niti<strong>da</strong>mente reticula<strong>da</strong> e relativamente<br />

fácil <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar, sendo absolutamente<br />

plana à exceção <strong>da</strong> margem oscular,<br />

que apresenta agumas curtas projeções<br />

conferindo-lhe contorno irregular.<br />

Ósculos (diâmetro 1 mm) estão dispostos<br />

<strong>de</strong> forma alinha<strong>da</strong> nas margens<br />

interna e externa dos arcos lamelares.<br />

Consistência elástica, compressível. A<br />

arquitetura ectossomal é reticula<strong>da</strong>, com<br />

fibras secundárias (diâmetro 20–81) e<br />

terciárias (8–20), que se sustentam em<br />

um arcabouço subectossomal robusto <strong>de</strong><br />

fibras primárias (41–102). No coanossoma<br />

observam-se fibras primárias ascententes<br />

(41–112) e secundárias transversais<br />

(31–102). As últimas, frequentemente<br />

<strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espículas. Espongina é<br />

abun<strong>da</strong>nte em todos os segmentos do<br />

esqueleto e ca<strong>da</strong> fibra possui um feixe<br />

uniespicular <strong>de</strong> óxeas em seu interior.<br />

Espículas: óxeas, 57–83 / 3–5 μm.<br />

Comentários<br />

A <strong>de</strong>scrição original <strong>da</strong> espécie baseou-se<br />

em espécime praticamente idêntico ao<br />

encontrado em Salvador, porém proveniente<br />

do Banco Hotspur.<br />

Espécime logo após à coleta, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>baixo<br />

d’água.<br />

176 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881)<br />

Ecologia<br />

A espécie foi coleta<strong>da</strong> entre 15 e 64 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em Salvador ocorre<br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

em substrato vertical, junto à rica<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> bentônica séssil.<br />

Distribuição<br />

Endêmica do <strong>Brasil</strong> [Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha, BA (Salvador, Banco Hotspur,<br />

Abrolhos)].<br />

Bóia <strong>de</strong> sinalização naval do Farol <strong>da</strong><br />

Barra (Salvador), 13,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

12/Dez/2007. A esponja vermelha epibionte<br />

é uma Monanchora arbuscula.<br />

Arquitetura esquelética em seções transversal (A) e<br />

tangencial (B), esta última também em <strong>de</strong>talhe (C).<br />

A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />

terminações.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

177


45. Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814)<br />

Morfologia<br />

Espécimes com tubos curtos (altura até<br />

5 cm), anastomosados, com pseudo-ósculos<br />

apicais gran<strong>de</strong>s (2–5 cm <strong>de</strong> diâmetro)<br />

e irregulares. Estes frequentemente se<br />

fun<strong>de</strong>m formando longas estruturas exalantes<br />

(com até 10 x 2 cm), marca registra<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>sta espécie, que alcança até 30 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro máximo. A pare<strong>de</strong> dos tubos<br />

não ultrapassa 1 cm <strong>de</strong> espessura, afinando-se<br />

na direção do pseudo-ósculo, que é<br />

bor<strong>de</strong>ado por uma margem bastante <strong>de</strong>lica<strong>da</strong><br />

(espessura 1–2 mm). A cor em vi<strong>da</strong><br />

é sempre ver<strong>de</strong> claro, levemente acinzentado,<br />

que se altera para marrom em etanol.<br />

Sua superfície é majoritariamente lisa<br />

tanto na face externa dos tubos quanto na<br />

interna, mas cônulos gran<strong>de</strong>s (altura 1–3<br />

mm) costumam ocorrer na parte externa.<br />

Consistência um pouco firme, elástica.<br />

Arquitetura ectossomal reticula<strong>da</strong>, com<br />

fibras primárias (diâmetro 25–90 μm);<br />

secundárias (11–20 μm); e terciárias (4–12<br />

μm). No esqueleto coanossomal, observam-se<br />

fibras primárias (diâmetro 30–110<br />

μm), secundárias (10–40 μm), e terciárias<br />

(10–15 μm). Espículas: óxeas, 68–109 /<br />

1.3–7 μm.<br />

Ecologia<br />

A espécie é relativamente rara no litoral<br />

raso <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, tendo sido encontra<strong>da</strong><br />

em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 5–17 m. A espécie<br />

po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas<br />

urbanas <strong>de</strong> Salvador. Na região do Caribe<br />

po<strong>de</strong> formar tubos com mais <strong>de</strong> 1 m<br />

<strong>de</strong> altura.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Ilhas Virgens, St. Martin, Gua<strong>da</strong>lupe,<br />

México, Belize, Panamá, Colômbia,<br />

Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />

Trini<strong>da</strong>d & Tobago). <strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol<br />

<strong>da</strong>s Rocas, BA (Salvador, Abrolhos)].<br />

Comentários<br />

Espécimes manchados <strong>de</strong> laranja foram<br />

vistos entre as incrustações sobre um<br />

naufrágio, o que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>corrente<br />

dos processos <strong>de</strong> corrosão ocorrendo em<br />

seu substrato.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007. O pseudo-ósculo<br />

alongado tem cerca <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />

178 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814)<br />

Bóia <strong>de</strong> sinalização naval do Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 12/Dez/2007.<br />

A esponja cinza-escura é possivelmente uma Dysi<strong>de</strong>a robusta.<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial (A) e transversal (B). A, óxeas; B,<br />

terminações <strong>da</strong>s óxeas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

179


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Chalini<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />

Gênero Haliclona Grant, 1835<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 400 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

<strong>de</strong>z ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Dentre as cinco espécies apresenta<strong>da</strong>s a<br />

seguir, H. caerulea e H. implexiformis são novos registros para o<br />

<strong>Brasil</strong>; H. manglaris é um novo registro para a <strong>Bahia</strong>; e Haliclona sp.<br />

é possivelmente uma espécie nova.<br />

46. Haliclona caerulea (Hechtel, 1965)<br />

Morfologia<br />

Esponja maciça com projeções lobulares<br />

ou vulcaniformes irregulares curtas,<br />

alcançando 15 x 9 x 5 cm (maior x<br />

menor diâmetro x espessura/altura).<br />

As projeções são em sua maioria coalescentes,<br />

mas ramos <strong>de</strong>lgados irregulares<br />

também foram observados e po<strong>de</strong>riam<br />

representar estruturas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s para<br />

reprodução assexua<strong>da</strong> por fissura. A cor<br />

em vi<strong>da</strong> é um azul-turqueza fosco, que<br />

se torna bege no fixador. A superfície é<br />

áspera, po<strong>de</strong>ndo ser bastante irregular<br />

Ilha do Pati (São Francisco do<br />

Con<strong>de</strong>), entremarés, 20/Mai/2008.<br />

180 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Haliclona caerulea (Hechtel, 1965)<br />

em algumas partes. Ósculos (diâmetro<br />

2–5 mm) estão dispersos, porém sempre<br />

localizados no ápice <strong>da</strong>s projeções. Consistência<br />

firme. Arquitetura ectossomal<br />

composta <strong>de</strong> uma reticulação regular,<br />

uniespicular e tangencial, com espículas<br />

uni<strong>da</strong>s por suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Esqueleto<br />

coanossomal com reticulação similar, um<br />

pouco mais <strong>de</strong>nsa, sem feixes espiculares<br />

nítidos. A arquitetura é cavernosa com<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> diâmetros<br />

variados. Espículas: óxeas, 112–213 /<br />

3–10 μm; sigmas 18–23 μm.<br />

Ecologia<br />

Haliclona caerulea é relativamente rara no<br />

infralitoral <strong>de</strong> costões rochosos <strong>da</strong> Baía<br />

<strong>de</strong> Todos os Santos.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Cuba, Jamaica, Porto<br />

Rico, Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

Novo registro para o <strong>Brasil</strong><br />

(BA – São Francisco do Con<strong>de</strong>). Registros<br />

duvidosos: Pacífico Tropical Oriental<br />

(México, Panamá).<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />

(no topo) e transversal (acima), esta última em<br />

vista panorâmica (A) e em <strong>de</strong>talhe (B).<br />

A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />

terminações; B, sigma.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

181


47. Haliclona implexiformis (Hechtel, 1965)<br />

Morfologia<br />

Esponja maciça com cristas e tubos cilíndricos<br />

curtos, alcançando 6 x 5 x 3 cm<br />

(maior x menor diâmetro x espessura/<br />

altura). Quando viva sua cor é rosa intenso<br />

brilhante. No fixador, assume uma<br />

cor bege páli<strong>da</strong>. Sua superfície é lisa,<br />

ocasionalmente tubercula<strong>da</strong>, e possui<br />

ósculos simples (diâmetro até 3 mm),<br />

regularmente distribuídos no topo <strong>da</strong>s<br />

cristas. Sua consistência é muito macia.<br />

Arquitetura ectossomal composta<br />

<strong>de</strong> uma reticulação regular, uniespicular<br />

e tangencial, com espículas uni<strong>da</strong>s<br />

por seus ápices. Esqueleto coanossomal<br />

com reticulação similar, um pouco mais<br />

<strong>de</strong>nsa, sem feixes espiculares nítidos. Espículas:<br />

óxeas, 133–173 / 3–8 μm.<br />

A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong><br />

suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Arquitetura esquelética em<br />

seções tangencial (acima)<br />

e transversal (à direita), esta<br />

última em <strong>de</strong>talhe (A) e em vista<br />

panorâmica (B).<br />

182 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Haliclona implexiformis (Hechtel, 1965)<br />

Ecologia<br />

Encontra<strong>da</strong> principalmente em poças rasas<br />

<strong>de</strong> maré, em afloramentos rochosos<br />

em áreas <strong>de</strong> manguezais ao norte <strong>da</strong> Baía<br />

<strong>de</strong> Todos os Santos.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo<br />

do México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />

Bahamas, Cuba, Jamaica, República<br />

Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />

Barbu<strong>da</strong>, Gua<strong>da</strong>lupe, Martinica, Belize,<br />

Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

<strong>Brasil</strong> (BA – São Francisco do Con<strong>de</strong>,<br />

Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica, Salvador,<br />

Cairú).<br />

Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />

entremarés, 20/Mai/2008.<br />

A esponja vermelha é uma Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

183


48. Haliclona manglaris Alcolado, 1984<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante-reptante, ramifica<strong>da</strong>,<br />

com prolongamentos cilíndricos <strong>de</strong>lgados,<br />

que po<strong>de</strong>m apresentar um padrão<br />

reticulado em função do frequente fusionamento<br />

<strong>de</strong> ramos sobrepostos ou<br />

adjacentes. A área <strong>de</strong> cobertura total<br />

po<strong>de</strong> superar os 15 x 15 cm, porém com<br />

gran<strong>de</strong>s lacunas entremea<strong>da</strong>s. A altura<br />

dos espécimes geralmente não ultrapassa<br />

2 cm. Cor em vi<strong>da</strong> ver<strong>de</strong>–clara; no<br />

fixador, bege-amarela<strong>da</strong>. Superfície levemente<br />

híspi<strong>da</strong>, por vezes com pequenas<br />

projeções em forma <strong>de</strong> vulcão. Ósculos<br />

circulares relativamente alinhados no<br />

dorso dos ramos rasteiros, pequenos<br />

(diâmetro 1–3 mm), <strong>de</strong>lineados por cur-<br />

tas membranas periosculares. Consistência<br />

extremamente macia e facilmente rasgável,<br />

um pouco esfarelável. Arquitetura<br />

ectossomal composta <strong>de</strong> uma reticulação<br />

regular, uniespicular e tangencial, com<br />

espículas uni<strong>da</strong>s por suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Esqueleto coanossomal mais <strong>de</strong>nso,<br />

porém também formado prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

por uma reticulação uniespicular.<br />

Apenas alguns feixes frouxos são discerníveis.<br />

Além <strong>de</strong> amplas lacunas coanossomais<br />

(diâmetro geralmente <strong>de</strong> 500<br />

μm), há também um sistema <strong>de</strong> pequenas<br />

lacunas subectossomais formando<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6-7 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />

184 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Haliclona manglaris Alcolado, 1984<br />

um vasto lençol aquífero imediatamente<br />

sob a superfície <strong>da</strong> esponja (cerca <strong>de</strong> 50<br />

μm <strong>de</strong> altura). Espículas: óxeas, 50–72 /<br />

3,5 μm.<br />

Ecologia<br />

Haliclona manglaris é bastante comum no<br />

entremarés e infralitoral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Foi observa<strong>da</strong> com frequência em<br />

manguezais, recifes e ensea<strong>da</strong>s rasas.<br />

Esta espécie foi aponta<strong>da</strong> como potencial<br />

biomonitora <strong>de</strong> poluição.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />

Martinica, Grana<strong>da</strong>, Granadinas, Belize,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [AL, BA (Madre <strong>de</strong><br />

Deus, Salvador, Nazaré, Maraú)].<br />

A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />

terminações.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

tangencial.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal,<br />

com vista em <strong>de</strong>talhe (A) e panorâmica (B).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

185


49. Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999<br />

Morfologia<br />

Esponja geralmente incrustante, com<br />

ou sem projeções em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos<br />

curtos (altura 2–3 cm), as quais se fusionam<br />

umas às outras em distintos graus.<br />

Também se encontram espécimes em cama<strong>da</strong><br />

espessa, <strong>de</strong> aspecto monticulado.<br />

Sua cor, quando viva é preta, passando<br />

a preta amarronza<strong>da</strong> no fixador. Apresenta<br />

superfície lisa, porém frequentemente<br />

<strong>de</strong> contorno irregular. Os ósculos<br />

são abun<strong>da</strong>ntes (diâmetro 1–3 mm) e<br />

estão geralmente localizados no ápice<br />

<strong>da</strong>s projeções ou dos montículos. Consistência<br />

macia, sendo muito fácil rasgar<br />

estas esponjas. A arquitetura ectossomal<br />

consiste <strong>de</strong> uma reticulação uniespicular<br />

e alguns feixes pauciespiculares esparsos,<br />

entremeados a ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais<br />

circulares que conferem aspecto alveolado<br />

à construção. Espongina é visível<br />

nos nós <strong>da</strong> reticulação. Células pigmenta<strong>da</strong>s<br />

são abun<strong>da</strong>ntes, e por vezes alinham-<br />

se em maior número junto aos feixes<br />

espiculares. O esqueleto coanossomal<br />

consiste <strong>de</strong> uma reticulação uniespicular<br />

atravessa<strong>da</strong> por alguns poucos feixes<br />

pauciespiculares ascen<strong>de</strong>ntes. O sistema<br />

aquífero se faz presente, não como um<br />

sistema alveolar regular, mas como canais<br />

isolados e pequenas lacunas sub<strong>de</strong>rmais.<br />

Células pigmenta<strong>da</strong>s formam traços frouxos<br />

paralelos à superfície. Espículas: óxeas,<br />

105–159 / 4–6 μm; toxas 31–76 μm.<br />

Ecologia<br />

Haliclona melana é frequente no mesolitoral<br />

e infralitoral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos,<br />

particularmente em costões rochosos,<br />

mas também po<strong>de</strong> ocorrer em áreas<br />

<strong>de</strong> manguezais <strong>da</strong> baía. A espécie po<strong>de</strong><br />

ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador.<br />

Iate Clube (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2006.<br />

186 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Santa Lúcia). <strong>Brasil</strong> [AL, BA (São Francisco<br />

do Con<strong>de</strong>, Salvador, Maraú), SP].<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />

(topo) e transversal (acima), com vista em<br />

<strong>de</strong>talhe (A) e panorâmica (B).<br />

A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas terminações;<br />

B, toxas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

187


50. Haliclona sp.<br />

Morfologia<br />

Forma reptante, tubular. Espécimes alcançam<br />

25 x 15 x 5 cm (maior x menor diâmetro<br />

x espessura/altura). Tubos eretos<br />

projetam-se a partir <strong>de</strong> um tubo horizontal,<br />

basal, e po<strong>de</strong>m estar <strong>de</strong>nsamente justapostos<br />

em arranjo que remete às flautas<br />

andinas. Os tubos costumam apresentar<br />

projeções <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s na forma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

espinhos (altura até 1 cm). A cor em vi<strong>da</strong><br />

é o bege, do rosado ao amarelado, pouco<br />

se alterando no fixador, on<strong>de</strong> se mantêm<br />

em tom bege-claro. Sua superfície é lisa,<br />

todo relevo sendo <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> tubos<br />

em início <strong>de</strong> formação ou dos espinhos<br />

já mencionados. Nota-se um intrincado<br />

sistema <strong>de</strong> veios subsuperficiais, disposto<br />

em padrão reticulado e visível a olho<br />

nu, que <strong>de</strong>saparece no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> preparação<br />

<strong>de</strong> seções anatômicas para exame<br />

do esqueleto. Ósculos abun<strong>da</strong>ntes,<br />

gran<strong>de</strong>s (diâmetro 1–15 mm), geralmente<br />

circulares e localizados no ápice dos<br />

tubos eretos, mas também nos tubos horizontais.<br />

Consistência macia, facilmente<br />

rasgável. Arquitetura ectossomal composta<br />

por uma reticulação uniespicular,<br />

observando-se feixes pauci- a multiespiculares<br />

irregulares, curtos e dispersos.<br />

Um sistema alveolar <strong>de</strong> malhas está <strong>de</strong>limitado<br />

pela reticulação. Esqueleto coanossomal<br />

idêntico ao ectossomal, porém<br />

os feixes espiculares agora são ascen<strong>de</strong>ntes,<br />

oscilando entre uni- e pauciespiculares.<br />

Espículas: óxeas, 47–99 / 1–5 μm;<br />

toxas, 14–27 μm.<br />

Comentários<br />

Ao se comparar esta espécie com to<strong>da</strong>s<br />

as <strong>de</strong>mais Haliclona com toxas do Atlântico<br />

Tropical Oci<strong>de</strong>ntal não foi encontra<strong>da</strong><br />

nenhuma que se assemelhe, <strong>de</strong> modo<br />

que o material examinado <strong>de</strong>ve se tratar<br />

<strong>de</strong> uma espécie nova.<br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3-5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Jan/1997.<br />

Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), 1 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 27/Jul/2009. O maior ósculo<br />

tem 1 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

188 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

189


Haliclona sp.<br />

Ecologia<br />

Espécie rara, do infralitoral superior, em<br />

locais <strong>de</strong> boa iluminação e circulação<br />

<strong>de</strong> água, porém hidrodinamismo relativamente<br />

baixo. Os maiores espécimes<br />

foram encontrados em Taipú <strong>de</strong> Fora<br />

(Maraú). Foi observa<strong>da</strong> nas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> 1–5 m.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong> – Salvador, Maraú).<br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3-5 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Jan/1997.<br />

A-B, óxeas e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> sua extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />

C, eletromicrografia <strong>de</strong> uma toxa.<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />

(topo) e transversal (acima), esta última em<br />

<strong>de</strong>talhe (A) e em vista panorâmica (B).<br />

190 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Niphati<strong>da</strong>e van Soest, 1980<br />

Gênero Amphimedon Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />

Na Região do Caribe há outra espécie ver<strong>de</strong>, Amphimedon erina (<strong>de</strong><br />

Laubenfels, 1936), que também já foi cita<strong>da</strong> para a costa brasileira.<br />

Entretanto, em ambas as vezes, acreditamos tratar-se <strong>de</strong> A. viridis, uma<br />

vez que a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos registros, litoral norte do Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo, foi intensamente amostra<strong>da</strong> por E. Hajdu, sendo A. viridis a<br />

única espécie do gênero encontra<strong>da</strong>. Por sinal, trata-se <strong>de</strong> uma espécie<br />

comum naquela região.<br />

51. Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante espessa, maciça <strong>de</strong><br />

contorno irregular ou até mesmo com<br />

projeções como <strong>de</strong>dos ou pequenos vulcões.<br />

Po<strong>de</strong> alcançar 20 x 30 x 4 cm (maior<br />

x menor diâmetro x espessura/altura). A<br />

cor em vi<strong>da</strong> é mais frequentemente ver<strong>de</strong>,<br />

mas espécimes ver<strong>de</strong>–azulados também<br />

já foram observados na <strong>Bahia</strong>. De Alagoas<br />

conhecem-se espécimes amarronzados<br />

também. No fixador adquire coloração<br />

bege. Sua superfície é finamente rugosa,<br />

com ósculos circulares (diâmetro 1–3<br />

mm) mais frequentemente situados no<br />

topo <strong>da</strong>s projeções. Poros abun<strong>da</strong>ntes em<br />

to<strong>da</strong> a superfície formam uma conspícua<br />

malha visível a olho nú. Sua consistência<br />

é macia, compressível e um pouco elástica,<br />

porém rompe–se facilmente. Produz<br />

muco em abundância quando manipula<strong>da</strong>.<br />

A arquitetura ectossomal consiste <strong>de</strong><br />

uma reticulação multiespicular formando<br />

malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s, com mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina. O esqueleto<br />

coanossomal inclui feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes<br />

com variável quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espículas, além <strong>da</strong>s mesmas espículas<br />

isola<strong>da</strong>s ou em feixes secundários interconectando<br />

os primários. Canais do<br />

sistema aquífero (diâmetro 280–420 μm)<br />

ocorrem <strong>de</strong> forma dispersa. Espículas:<br />

óxeas, 108–140 / 1,5–10 μm.<br />

Comentários<br />

Esta espécie possui um complexo <strong>de</strong><br />

moléculas tóxicas conhecido como Halitoxina,<br />

para o qual já foram aponta<strong>da</strong>s<br />

diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas, tais como<br />

inibidora <strong>da</strong> mitose, antibacteriana, hemolítica,<br />

ictiotóxica, neurotóxica e citotóxica<br />

(antitumoral).<br />

Ecologia<br />

Amphimedon viridis era uma esponja comum<br />

no infralitoral com substrato consoli<strong>da</strong>do<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, on<strong>de</strong><br />

ocorria preferencialmente exposta à luz.<br />

Porém, em uma série <strong>de</strong> mergulhos realizados<br />

em Dezembro <strong>de</strong> 2010, essa espécie<br />

não foi encontra<strong>da</strong> nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), don<strong>de</strong> se supõe<br />

que ao menos sua frequência tenha<br />

diminuído drasticamente.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

191


Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Porto Rico, Ilhas Virgens, Martinica,<br />

Gua<strong>da</strong>lupe, México, Belize, Costa<br />

Rica, Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />

Venezuela). <strong>Brasil</strong> (Atol <strong>da</strong>s<br />

Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL,<br />

BA – Mata <strong>de</strong> São João, São Francisco do<br />

Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador, Itaparica,<br />

Maraú – RJ, SP). Registros efetuados<br />

para outros oceanos, em sua maioria, já<br />

foram assinalados a outras espécies.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal.<br />

A, óxeas.<br />

Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus), 2-3 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008.<br />

192 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Gênero Niphates Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 19 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />

52. Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

Morfologia<br />

Forma frequentemente reptante. Espécimes<br />

constituídos prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>de</strong><br />

ramos <strong>de</strong>lgados e/ou placas irregulares,<br />

rentes ao substrato. Os maiores espécimes<br />

com esta forma alcançavam 15 x 10 x 5 cm<br />

e 20 x 5 x 3 cm (maior x menor diâmetro<br />

x espessura/altura). Espécimes eretos<br />

também ocorrem, com ramos alcançando<br />

20 x 2 cm (altura x diâmetro), por vezes<br />

alargando-se um pouco apicalmente. Em<br />

ambos casos po<strong>de</strong> haver elevações em<br />

forma <strong>de</strong> vulcões ou chaminés na superfície.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> é variável, havendo<br />

indivíduos roxos, rosados, ver<strong>de</strong>–azulados<br />

e quase brancos. No fixador tornamse<br />

marrom-claro-alaranjado. A superfície<br />

po<strong>de</strong> ser quase absolutamente lisa, ou<br />

apresentar cônulos espinhosos, semelhantes<br />

aos <strong>de</strong> Callyspongia sp. 1 (<strong>de</strong>scrita<br />

acima). Ósculos circulares (diâmetro 1–5<br />

mm) situados nas elevações ou rentes à<br />

superfície. A consistência é firme, flexível<br />

e elástica. A arquitetura ectossomal consiste<br />

<strong>de</strong> uma reticulação paratangencial<br />

irregular <strong>de</strong> fibras multiespiculares formando<br />

malhas poligonais. O esqueleto<br />

coanossomal é composto <strong>de</strong> uma reticulação<br />

<strong>de</strong> feixes multiespiculares formadora<br />

<strong>de</strong> malhas circulares ou poligonais. Os<br />

feixes primários (diâmetro 100–200 μm),<br />

ascen<strong>de</strong>ntes, frequentemente fusionamse,<br />

<strong>da</strong>ndo origem a fascículos (diâmetro<br />

300 μm ou mais). Os secundários (diâmetro<br />

20–60 μm), interconectantes, po<strong>de</strong>m<br />

por vezes formar malhas secundárias.<br />

Espículas: óxeas, 195–258 / 5–15 μm; sigmas<br />

não foram observa<strong>da</strong>s nos espécimes<br />

analisados.<br />

Ecologia<br />

Niphates erecta é uma esponja relativamente<br />

comum no infralitoral com substrato<br />

consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos, tendo sido observa<strong>da</strong> em diversos<br />

pontos próximos a Salvador.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />

Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />

Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, PE, BA – Salvador,<br />

Itaparica, Abrolhos).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

193


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

194 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864<br />

A, óxeas.<br />

Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />

(topo) e transversal (acima).<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5-6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />

Ilha do Fra<strong>de</strong> (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente<br />

4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 15/Dez/2007.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

195


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Subor<strong>de</strong>m Petrosina BouryEsnault & van Beveren, 1982<br />

Família Petrosii<strong>da</strong>e van Soest, 1980<br />

Gênero Petrosia Vosmaer, 1885<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 55 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma foi<br />

encontra<strong>da</strong> no <strong>Brasil</strong>.<br />

53. Petrosia weinbergi van Soest, 1980<br />

Morfologia<br />

Espécimes em forma <strong>de</strong> cama<strong>da</strong> espessa,<br />

po<strong>de</strong>ndo superar dimensões <strong>de</strong> 20 x 15 x<br />

1 cm (maior x menor diâmetro x espessura/altura),<br />

frequentemente beges (café<br />

com leite) em vi<strong>da</strong> e branco-acinzentados<br />

no etanol. Espécimes cinza-escuros com<br />

manchas mais claras também foram vistos.<br />

Sua superfície é essencialmente lisa,<br />

porém a textura é bastante áspera. Ósculos<br />

(diâmetro 1–3 mm) estão distribuídos<br />

regularmente, situando-se no topo <strong>de</strong><br />

pequenas elevações em forma <strong>de</strong> vulcão,<br />

e caracteristicamente <strong>de</strong> bor<strong>da</strong>s esbranquiça<strong>da</strong>s.<br />

A consistência é dura, apenas<br />

levemente compressível. Os espécimes<br />

são quebradiços, porém não esfarelam<br />

com facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A arquitetura ectossomal<br />

consiste <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> confusa <strong>de</strong> espículas<br />

dispostas tangencialmente, apoia<strong>da</strong><br />

sobre uma reticulação subectossomal<br />

<strong>de</strong> feixes multiespiculares formando<br />

malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s. O esqueleto coanossomal<br />

também apresenta tais malhas<br />

circulares <strong>de</strong>linea<strong>da</strong>s pelos feixes robustos,<br />

porém o arranjo geral é obscurecido<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente pela ocorrência <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas avulsas<br />

dispostas confusamente. Espículas: óxeas<br />

I, 213–325 / 8–13 μm; óxeas II, 71–178<br />

/ 8–13 μm; oxea III: 31–71 / 2,5–8 μm.<br />

Ecologia<br />

Espécie relativamente rara, tendo sido<br />

observa<strong>da</strong> apenas em ambientes crípticos<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos (superfícies<br />

verticais no interior <strong>de</strong> locas), inclusive<br />

nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas urbanas<br />

<strong>de</strong> Salvador.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 21/Jun/2004.<br />

196 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Petrosia weinbergi van Soest, 1980<br />

Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 7,9 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />

(Bahamas, Cuba, Jamaica, México, Belize,<br />

Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

Brazil [MA, Atol <strong>da</strong>s Rocas,<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador),<br />

Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />

Óxeas I, II e III.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

197


Gênero Xestospongia <strong>de</strong> Laubenfels, 1932<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 33 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />

ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong> espécie apresenta<strong>da</strong> a seguir, outra<br />

Xestospongia <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, uma esponja branca <strong>de</strong> arquitetura<br />

cavernosa, coleta<strong>da</strong> próximo ao Porto <strong>de</strong> Salvador, aguar<strong>da</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação completa e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />

54. Xestospongia muta (Schmidt, 1870)<br />

Morfologia<br />

Espécimes relativamente pequenos, o<br />

maior dos quais não ultrapassando 20 x<br />

10 cm (diâmetro x altura). Em forma <strong>de</strong><br />

vulcão, com uma gran<strong>de</strong> cratera apical.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> compreen<strong>de</strong> uma série<br />

<strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre rosa e vermelho-vinho,<br />

que formam manchas em <strong>de</strong>gradê<br />

por to<strong>da</strong> a superfície externa <strong>da</strong> esponja.<br />

A superfície interna (cratera) apresenta<br />

coloração mais homogênea e próxima<br />

do vermelho-vinho. No fixador adquire<br />

coloração bege. Superfície externa<br />

reticula<strong>da</strong> ao olho nu, bastante áspera,<br />

com alguma rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e com cônulos<br />

gran<strong>de</strong>s, bastante conspícuos (altura até<br />

1 cm). A superfície no interior <strong>da</strong> cratera<br />

também é reticula<strong>da</strong> e áspera, porém<br />

com padrão lobular, não conuloso. Ósculos,<br />

supostamente no interior <strong>da</strong> cratera,<br />

porém não observados. Consistência firme,<br />

porém compressível e esfarelante. A<br />

arquitetura ectossomal consiste <strong>de</strong> uma<br />

reticulação multiespicular formando<br />

malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s. O esqueleto coanossomal<br />

compreen<strong>de</strong> feixes primários<br />

ascen<strong>de</strong>ntes com quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> variável <strong>de</strong><br />

espículas, e as mesmas espículas isola<strong>da</strong>s<br />

ou em feixes menores interconectando<br />

os feixes primários. Canais do sistema<br />

aquífero com 280–420 μm <strong>de</strong> diâmetro<br />

po<strong>de</strong>m ser vistos esparsamente. Espículas:<br />

óxeas, 320–427 / 8–15 μm.<br />

Comentários<br />

Novo registro para a <strong>Bahia</strong>. Esta espécie<br />

possui compostos inibitórios <strong>da</strong> reprodução<br />

do HIV. Espécimes com mais <strong>de</strong><br />

1m <strong>de</strong> altura po<strong>de</strong>m ter mais <strong>de</strong> 100 anos<br />

<strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, e estimativas <strong>de</strong> até 2.300 anos<br />

foram obti<strong>da</strong>s para os maiores espécimes<br />

conhecidos na Região do Caribe.<br />

Ecologia<br />

Xestospongiae muta é uma esponja aparentemente<br />

rara no infralitoral consoli<strong>da</strong>do<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Os<br />

poucos indivíduos observados ocorriam<br />

abaixo <strong>de</strong> 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na entra<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> baía.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />

Ilhas Cayman, República Dominicana,<br />

Porto Rico, México, Belize, Costa Rica,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />

BA – Salvador).<br />

198 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Bóia <strong>de</strong> sinalização naval próxima ao Farol<br />

<strong>da</strong> Barra (Salvador), 17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

03/Jun/2004.<br />

A, óxeas.<br />

Arquitetura esquelética em seções<br />

tangencial (ao lado, no topo: A, <strong>de</strong>talhe; B,<br />

panorâmica) e transversal (ao lado).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

199


Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />

Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864) - Porto <strong>da</strong><br />

Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007.


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Dysi<strong>de</strong>i<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />

Gênero Dysi<strong>de</strong>a Johnston, 1842<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

seis ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Afora as espécies apresenta<strong>da</strong>s a seguir,<br />

Dysi<strong>de</strong>a fragilis (Montagu, 1818) também foi registra<strong>da</strong> para a<br />

<strong>Bahia</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um registro duvidoso, uma vez que a espécie<br />

foi originalmente <strong>de</strong>scrita do nor<strong>de</strong>ste do Atlântico, área <strong>de</strong> ínfima<br />

afini<strong>da</strong><strong>de</strong> faunística com o setor tropical <strong>da</strong> costa brasileira.<br />

55. Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />

Morfologia<br />

Forma irregular, maciça ou ereta, com<br />

lobos mais ou menos proeminentes, frequentemente<br />

alcançando 15 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />

e 10 cm <strong>de</strong> altura. Sua cor em vi<strong>da</strong><br />

é tipicamente azul, variando <strong>de</strong> tons<br />

cobalto a azul-claro pálido ou lilás, com<br />

alguns espécimes quase brancos. Tons<br />

acinzentados ou rosados também po<strong>de</strong>m<br />

aparecer, e são os prevalecentes no<br />

material fixado em etanol. Superfície conulosa<br />

e quase sempre visivelmente reticula<strong>da</strong>.<br />

Os cônulos são esbranquiçados,<br />

mais claros que a película <strong>de</strong>rmal que os<br />

cerca, o que é tão mais visível, quão mais<br />

escuro o espécime. Ósculos variam <strong>de</strong> 1<br />

a mais <strong>de</strong> 5 mm, e po<strong>de</strong>m estar circun<strong>da</strong>dos<br />

por uma chaminé membranosa<br />

transparente. Consistência extremamente<br />

macia e relativamente fácil <strong>de</strong> rasgar.<br />

Arquitetura ectossomal sem especialização,<br />

composta apenas <strong>da</strong>s terminações<br />

dos feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes,<br />

formadores dos cônulos <strong>da</strong> superfície.<br />

Coanossoma com uma reticulação irregular<br />

<strong>de</strong> malhas prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

quadrangulares, composta <strong>de</strong> fibras primárias<br />

ascen<strong>de</strong>ntes e secundárias transversais.<br />

Sedimento po<strong>de</strong> estar incluído<br />

em ambas as fibras. A espécie apresenta<br />

uma aparente preferência por incorporar<br />

espículas e fragmentos <strong>de</strong> espículas em<br />

suas fibras. Espículas próprias ausentes.<br />

Ecologia<br />

Geralmente exposta á luz, em substratos<br />

duros sujeitos à maior ou menor sedimentação.<br />

Ocorre associa<strong>da</strong> a diversos<br />

organismos, tendo sido observa<strong>da</strong> do<br />

entremarés aos 18 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

inclusive próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Salvador.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />

2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

201


Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Bahamas,<br />

Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />

República Dominicana, Ilhas Virgens,<br />

México, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />

Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />

<strong>Brasil</strong> [Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e<br />

São Paulo, CE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE,<br />

AL, BA (Salvador, São Francisco do Con<strong>de</strong>,<br />

Itaparica, Prado, Abrolhos), ES, RJ, SP].<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal com fibras isola<strong>da</strong>s após<br />

tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluido.<br />

A, panorâmica <strong>da</strong> arquitetura; B, <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong>s<br />

fibrasmostrando inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. Espécime com<br />

10 cm <strong>de</strong> altura.<br />

Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus),<br />

3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 0,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />

202 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

203


56. Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia:<br />

Forma tubular com agregados irregulares<br />

<strong>de</strong> tubos curtos, a fusão longitudinal<br />

dos quais po<strong>de</strong> ser tal que o hábito<br />

adquire aspecto maciço ou <strong>de</strong> crista. Os<br />

espécimes frequentemente superam os<br />

10 cm <strong>de</strong> diâmetro, porém raramente<br />

ultrapassam 5 cm <strong>de</strong> altura. Ca<strong>da</strong> tubo<br />

tem costumeiramente menos <strong>de</strong> 1 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro. A cor em vi<strong>da</strong> e no álcool é<br />

praticamente branca em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esqueletos <strong>da</strong> alga calcária<br />

Jania sobre os quais a esponja se <strong>de</strong>senvolve.<br />

Tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s rosa<strong>da</strong>s, azula<strong>da</strong>s<br />

ou esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s também po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

em vi<strong>da</strong>. Mais frequentemente, a superfície<br />

<strong>da</strong> esponja está completamente<br />

mascara<strong>da</strong> pelas algas que a perfuram.<br />

Em pequenos trechos aparenta ser lisa.<br />

Ósculos situam-se principalmente nas<br />

porções apicais dos tubos, mas on<strong>de</strong> a<br />

fusão <strong>de</strong>stes é completa, estão alinhados<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.<br />

204 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

sobre cristas ou dispersos. Seu diâmetro<br />

varia <strong>de</strong> 2 a 5 mm, sendo regulado por<br />

uma membrana transparente contrátil.<br />

Consistência frágil, facilmente rasgável,<br />

porém um pouco enrigeci<strong>da</strong> pela presença<br />

<strong>da</strong>s algas calcárias. Não se observou<br />

qualquer especialização ectossomal<br />

do esqueleto, e no coanossoma a estrutura<br />

é amplamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>s algas<br />

para sustentação, que <strong>de</strong>sempenham o<br />

papel <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsa paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> fibras<br />

primárias, com um pouco <strong>de</strong> anastomose<br />

e ramificação. Fibras <strong>de</strong> espongina<br />

com inclusão <strong>de</strong> sedimentos são visíveis<br />

apenas com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>corre<br />

<strong>de</strong> sua rari<strong>da</strong><strong>de</strong> e dimensões reduzi<strong>da</strong>s.<br />

Espículas próprias ausentes.<br />

Ecologia<br />

Associação obrigatória com a alga vermelha<br />

Jania adherens Lamouroux, 1816,<br />

que por sua vez po<strong>de</strong> ocorrer isola<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

esponja. Ocorre em águas rasas expostas<br />

à luz, e suporta hidrodinamismo mo<strong>de</strong>rado.<br />

A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />

Bahamas, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Ilhas Virgens, Martinica,<br />

México, Belize, Costa Rica, Colômbia,<br />

Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />

[BA (Salvador, Abrolhos), RJ, SP].<br />

Arquitetura esquelética<br />

em seção transversal, com<br />

prepon<strong>de</strong>rância <strong>da</strong> alga Jania<br />

adherens como elemento <strong>de</strong><br />

sustentação. No <strong>de</strong>talhe, fibras<br />

<strong>de</strong> espongina com fragmentos<br />

<strong>de</strong> espículas inseridos,<br />

envolvendo talos <strong>da</strong> alga. A,<br />

panorâmica <strong>da</strong> arquitetura. B,<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>da</strong>s fibras mostrando<br />

inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

205


57. Dysi<strong>de</strong>a robusta Vilanova & Muricy, 2001<br />

Morfologia<br />

Forma maciça, loba<strong>da</strong>, bastante irregular.<br />

Lobos eretos, <strong>de</strong> contorno irregular, cilíndricos<br />

ou levemente lamelares, com 2–3<br />

cm <strong>de</strong> diâmetro máximo, e normalmente<br />

fusionados em agregados <strong>de</strong> dois ou mais<br />

lobos. Espécimes com até 25–30 x 10 cm<br />

(diâmetro x altura). Sua cor em vi<strong>da</strong> é<br />

cinza-amarronzado, mantendo-se praticamente<br />

inaltera<strong>da</strong> no álcool, o qual adquire<br />

tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-escura. Espécimes<br />

com superfície rugosa/conulosa e quase<br />

sempre visivelmente reticula<strong>da</strong>. Cônulos<br />

frequentemente não ultrapassando<br />

1 mm <strong>de</strong> altura, e com seus ápices visivelmente<br />

mais claros, esbranquiçados.<br />

Ósculos circulares dispersos com 1–4 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro, circun<strong>da</strong>dos por pequenas<br />

chaminés membranosas transparentes.<br />

Consistência firme, pouco compressível,<br />

algo elástica. Arquitetura ectossomal não<br />

especializa<strong>da</strong>, constituí<strong>da</strong> apenas <strong>da</strong>s<br />

terminações <strong>da</strong>s fibras coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes.<br />

Coanossoma com reticulação<br />

irregular <strong>de</strong> fibras difíceis <strong>de</strong> classificar<br />

em primárias e secundárias. Fibras com<br />

abun<strong>da</strong>nte <strong>de</strong>trito incluído, frequentemente<br />

alcançando 500 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Malhas <strong>de</strong> geometria irregular, circulares,<br />

quadrangulares e poligonais. Espículas<br />

próprias ausentes.<br />

Ecologia<br />

Geralmente associa<strong>da</strong> a algas<br />

e exposta à luz. Suporta<br />

hidrodinamismo mo<strong>de</strong>rado<br />

e mesmo a fricção<br />

com areia, característica do<br />

infralitoral raso em que habita,<br />

por exemplo, nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do Cristo e do<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador).<br />

Já foi observa<strong>da</strong> também<br />

no entremarés.<br />

Distribuição<br />

Endêmica do <strong>Brasil</strong> [BA<br />

(Salvador, Abrolhos), RJ].<br />

Arquitetura esquelética em<br />

seção transversal, em vista<br />

panorâmica (A) e em <strong>de</strong>talhe (B).<br />

Fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento<br />

com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />

206 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

207


Família Ircinii<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />

Gênero Ircinia Nardo, 1833<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

cinco ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s duas apresenta<strong>da</strong>s abaixo,<br />

também foi registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> I. ramosa (Keller, 1889). Trata-se<br />

<strong>de</strong> um registro duvidoso, uma vez que a espécie foi originalmente<br />

<strong>de</strong>scrita do sul do Mar Vermelho (Eritreia), área <strong>de</strong> ínfima afini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

faunística com a costa brasileira. Observaram-se alguns espécimes<br />

mais esféricos, com ósculos situados em pequenos lobos com 1 cm<br />

<strong>de</strong> altura e 0,5 cm <strong>de</strong> diâmetro. Os lobos costumam estar alinhados,<br />

como em uma crista. Esses espécimes são quase brancos (beje claro,<br />

acinzentado), e acima <strong>de</strong> tudo, a região perioscular é ain<strong>da</strong> mais clara<br />

que seu entorno. Faz-se necessária uma revisão taxonômica <strong>de</strong> Ircinia<br />

do <strong>Brasil</strong>, pois o muito que se vem observando em termos <strong>de</strong> hábito<br />

<strong>de</strong> populações em vi<strong>da</strong> acompanha-se <strong>de</strong> muito pouco em termos <strong>de</strong><br />

estudos anatômicos aprofun<strong>da</strong>dos.<br />

58. Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça globular, loba<strong>da</strong> ou ramosa.<br />

O diâmetro dos espécimes raramente<br />

ultrapassa os 20 cm, mas indivíduos com<br />

mais <strong>de</strong> 50 cm já foram vistos várias vezes.<br />

I<strong>de</strong>m com a altura, normalmente inferior<br />

a 5 cm, mas até 15–20 cm sendo encontrado<br />

com frequencia. Lobos gran<strong>de</strong>s<br />

e irregulares, com 2–3 x 2–4 cm. A cor em<br />

vi<strong>da</strong> é tipicamente o marrom, porém em<br />

diversas tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, do beje ao marromescuro,<br />

e por vezes puxando para o acinzentado.<br />

Sua superfície é reticula<strong>da</strong>, conulosa,<br />

com cônulos baixos, normalmente<br />

<strong>de</strong> até 1 mm <strong>de</strong> altura, e frequentemente<br />

mais claros que seu entorno. Ósculos com<br />

1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro, frequentemente<br />

agrupados em pequenas projeções em<br />

forma <strong>de</strong> vulcão, <strong>de</strong> topo mais escuro que<br />

seu entorno. Consistência firme, compressível,<br />

elástica e muito resistente ao<br />

corte. Arquitetura ectossomal reticula<strong>da</strong><br />

no entorno <strong>da</strong>s aberturas inalantes, algo<br />

radia<strong>da</strong> a partir dos cônulos, e com presença<br />

<strong>de</strong> sedimento incluido. Coanossoma<br />

com abundância <strong>de</strong> filamentos sinuosos<br />

<strong>de</strong> espongina (diâmetro 4–6 μm),<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente entrelaçados, e com<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G.<br />

LÔBO HAJDU.<br />

208 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s terminando em<br />

uma esfera quase perfeita (diâmetro 10<br />

μm). Estes filamentos conferem a gran<strong>de</strong><br />

resistência ao corte <strong>de</strong>sta espécie. Em menor<br />

proporção observam-se fibras <strong>de</strong> espongina<br />

formando uma reticulação, on<strong>de</strong><br />

as primárias, ascen<strong>de</strong>ntes, fusionam-se<br />

em agregados <strong>de</strong>nominados fascículos.<br />

Estes po<strong>de</strong>m ultrapassar 500 μm <strong>de</strong> espessura,<br />

carregam sedimento incluído e<br />

sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície. Espículas<br />

próprias ausentes.<br />

Ecologia<br />

Espécie comum no infralitoral raso <strong>de</strong><br />

Salvador, especialmente junto à abertura<br />

<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Sua superfície<br />

está mais frequentemente livre <strong>de</strong> epibiontes,<br />

porém pequenos ofiuros cor <strong>de</strong><br />

laranja po<strong>de</strong>m ser vistos com facili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />

Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 1987.<br />

Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol <strong>da</strong>s<br />

Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador,<br />

Maraú), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />

Arquitetura esquelética em seções transversais – vista panorâmica (A),<br />

fascículo formado pela fusão <strong>de</strong> fibras (B) e filamentos <strong>de</strong> espongina (C).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

209


59. Ircinia strobilina (Lamarck, 1816)<br />

Morfologia<br />

Hábito maciço, em forma <strong>de</strong> vulcão,<br />

frequentemente alcançando gran<strong>de</strong>s dimensões<br />

(até 40x65x30 cm, altura x largura<br />

x espessura). Projeções colunares<br />

po<strong>de</strong>m estar presentes, frequentemente<br />

representando 20–50% <strong>da</strong> altura total<br />

<strong>de</strong> um espécime. Sua cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />

negra, porém espécimes cinza,<br />

<strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> diversa, também foram<br />

observados. A cor externa frequentemente<br />

está mascara<strong>da</strong> por epibiontes,<br />

tais como algas filamentosas. Em álcool<br />

mantêm-se acinzentados. Sua superfície<br />

é conulosa, com cônulos <strong>de</strong> até 2–3 mm<br />

<strong>de</strong> altura, mais afastados entre si, e mais<br />

obtusos que os <strong>de</strong> Ircinia felix (<strong>de</strong>scrita<br />

acima). Ósculos com 1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

frequentemente agrupados em<br />

áreas <strong>de</strong> contorno irregular, no topo <strong>da</strong>s<br />

projeções, ou alinhados em cristas. Consistência<br />

firme, compressível, elástica e<br />

muito resistente ao corte. Arquitetura ectossomal<br />

com significativa presença <strong>de</strong><br />

sedimento. Coanossoma cavernoso, com<br />

amplos canais aquíferos. Filamentos sinuosos<br />

<strong>de</strong> espongina (diâmetro 4–6 μm)<br />

também são abun<strong>da</strong>ntes nesta espécie,<br />

dispõem-se consi<strong>de</strong>ravelmente entrelaçados<br />

e apresentam uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

com uma cabeça <strong>de</strong> contorno irregular<br />

(diâmetro 10 μm). Aqui também<br />

são os filamentos que conferem gran<strong>de</strong><br />

resistência ao corte. Fibras <strong>de</strong> espongina<br />

são abun<strong>da</strong>ntes, formando uma reticulação,<br />

on<strong>de</strong> as primárias, ascen<strong>de</strong>ntes, fusionam-se<br />

em agregados <strong>de</strong>nominados<br />

fascículos. Estes po<strong>de</strong>m ultrapassar 500<br />

μm <strong>de</strong> espessura, carregam sedimento<br />

incluído e sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície.<br />

Espículas próprias ausentes.<br />

Ecologia<br />

Espécie comum no infralitoral raso <strong>de</strong><br />

Salvador (até os 15–20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>),<br />

especialmente junto à abertura <strong>da</strong><br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Sua superfície<br />

está mais frequentemente livre <strong>de</strong> epibiontes,<br />

porém ocorre entremea<strong>da</strong> a diversos<br />

outros organismos bentônicos.<br />

Bióloga, mergulhadora,<br />

ao lado <strong>de</strong> espécime<br />

<strong>de</strong> Ircinia strobilina em<br />

vi<strong>da</strong> (bóia <strong>de</strong> sinalização<br />

naval próxima ao<br />

Farol <strong>da</strong> Barra, 16 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/<br />

Jun/2009).<br />

210 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Ircinia strobilina (Lamarck, 1816)<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />

Bahamas, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />

República Dominicana, Porto Rico,<br />

Ilhas Virgens, Gua<strong>da</strong>lupe, México, Belize,<br />

Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, <strong>Guia</strong>nas).<br />

<strong>Brasil</strong> [AP, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PB,<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL, BA (Salvador,<br />

Abrolhos), ES, Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010. Esponja com 35 cm<br />

<strong>de</strong> largura, quase integralmente recoberta por<br />

algas.<br />

Arquitetura esquelética em seções<br />

transversais. A, vista panorâmica; B,<br />

fascículos e filamentos; C, fibras primárias e<br />

secundárias; D, fascículos e fibras primárias.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G.<br />

LÔBO HAJDU.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

211


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />

Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911) - Quebramar Norte (Salvador),<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

212 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Darwinelli<strong>da</strong>e Merejkowsky, 1879<br />

Gênero Aplysilla Schulze, 1878<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> nove espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

apenas uma está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. Porém, a coleção do<br />

Museu Nacional possui alguns novos registros, os quais ain<strong>da</strong><br />

carecem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação completa e/ou <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />

Dentre estes, os mais comuns são espécimes que eram amarelos<br />

em vi<strong>da</strong>, portanto aproximando-se <strong>de</strong> A. sulfurea Schulze, 1878,<br />

um provável complexo <strong>de</strong> espécies já registrado em diversas<br />

partes do mundo.<br />

60. Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876)<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante à maciça <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>,<br />

com ou sem projeções loba<strong>da</strong>s irregulares,<br />

com até 10–15 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo<br />

e altura <strong>de</strong> 0,5–2 cm. Cor em vi<strong>da</strong><br />

rosa vivo, tornando-se beje no álcool.<br />

Superfície com reticulação visível a olho<br />

nu, frequentemente também com cônulos<br />

conspícuos. Estes são agudos, por<br />

vezes perfurados pelas fibras <strong>de</strong> espongina<br />

que os sustentam, e possuem 0,5–5<br />

mm <strong>de</strong> altura. Alguns cônulos po<strong>de</strong>m<br />

ser bífidos ou trífidos. Ósculos circulares,<br />

dispersos, frequentemente providos <strong>de</strong><br />

uma chaminé membranosa, com 1–5 mm<br />

Naufrágio Cavo Artemidi (Salvador), 18,7 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

213


Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876)<br />

<strong>de</strong> diâmetro. Consistência extremamente<br />

macia e fácil <strong>de</strong> rasgar. Arquitetura<br />

ectossomal consistindo <strong>de</strong> uma reticulação<br />

<strong>de</strong>lica<strong>da</strong>, com fibras primárias<br />

radiais a partir dos cônulos, interconecta<strong>da</strong>s<br />

por secundárias transversais, que<br />

também se conectam entre si. As malhas<br />

assim forma<strong>da</strong>s têm dimensões bastante<br />

homogênias, porém forma irregular. Co-<br />

anossoma com feixes <strong>de</strong>ndríticos <strong>de</strong> espongina<br />

(<strong>de</strong> tom ocre translúcido), pouco<br />

ramificados, esparsos, ascen<strong>de</strong>ntes,<br />

com cerca 280 μm na base, 100–220 μm<br />

em sua porção central, e afilando ain<strong>da</strong><br />

mais rumo a seus ápices.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente<br />

2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />

Quebramar Sul (Salvador), 7,2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.<br />

214 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

215


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

216 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Comentários<br />

Espécie impossível <strong>de</strong> diferenciar <strong>da</strong><br />

espécie caribenha Darwinella rosacea Hechtel,<br />

1965 sem exame ao microscópio<br />

para verificar a presença <strong>de</strong> espiculói<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> espongina. Como a última espécie já<br />

foi reconheci<strong>da</strong> do litoral do Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo, é provável que também ocorra<br />

no litoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. O material examinado<br />

em <strong>de</strong>talhe aqui não possui espiculói<strong>de</strong>s<br />

e, portanto, pertence ao gênero<br />

Aplysilla. Porém, é muito pouco provável<br />

que o material do <strong>Brasil</strong> seja coespecífico<br />

à A. rosea, que apesar <strong>de</strong> ti<strong>da</strong> como cosmopolita,<br />

foi originalmente <strong>de</strong>scrita do<br />

Mar do Norte.<br />

Ecologia<br />

Esponja comum <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos, até os 20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

exposta à iluminação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s<br />

áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ, SP]. A coespecífici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> populações isola<strong>da</strong>s em<br />

diferentes mares e oceanos precisa ser<br />

comprova<strong>da</strong>.<br />

Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído. No <strong>de</strong>talhe a laminação <strong>de</strong> uma fibra.<br />

Ponta do Humaitá (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

217


Gênero Chelonaplysilla <strong>de</strong> Laubenfels, 1948<br />

O gênero possui 12 espécies no mundo, e até o presente apenas<br />

uma, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação incerta, está cita<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. A espécie<br />

C. violacea é um item predileto na dieta <strong>de</strong> diversos nudibrânquios<br />

no Indo-Pacífico.<br />

61. Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911)<br />

Morfologia<br />

Forma incrustante à maciça, com cristas<br />

abaula<strong>da</strong>s e/ou pequenas projeções loba<strong>da</strong>s,<br />

ou até ten<strong>de</strong>ndo a arbustiva. São<br />

frequentes também cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s caliciformes<br />

na superfície. Espécimes normalmente<br />

com 5–10 cm <strong>de</strong> diâmetro e altura<br />

inferior a 1 cm, alcançando 3 cm apenas<br />

quando o hábito é arbustivo. Cor em<br />

vi<strong>da</strong> roxo-escura, que se mantém praticamente<br />

inalterado no álcool. Superfície<br />

com microrreticulação visível a olho nu e<br />

abun<strong>da</strong>ntes cônulos (1–3 mm <strong>de</strong> altura),<br />

sobre os quais se pendura uma membrana<br />

<strong>de</strong>rmal. Ósculos circulares dispersos,<br />

especialmente nas regiões apicais, com<br />

Quebramar Sul (Salvador), 7,8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. A esponja rosa<strong>da</strong><br />

é uma Desmapsamma anchorata e a ver<strong>de</strong>azula<strong>da</strong>,<br />

uma Haliclona manglaris.<br />

218 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911)<br />

1–4 mm <strong>de</strong> diâmetro e circun<strong>da</strong>dos por<br />

chaminés membranosas translúci<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

tom violeta. Consistência extremamente<br />

macia e fácil <strong>de</strong> rasgar. Arquitetura ectossomal<br />

composta <strong>de</strong> uma reticulação <strong>de</strong><br />

feixes <strong>de</strong> espongina com sedimento incluído,<br />

cuja tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais clara facilita<br />

sua visualização a olho nu. As malhas<br />

forma<strong>da</strong>s têm 200–500 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Coanossoma com feixes <strong>de</strong>ndríticos <strong>de</strong><br />

espongina (<strong>de</strong> tom violeta), pouco ramificados,<br />

esparsos, ascen<strong>de</strong>ntes, com cerca<br />

80–100 μm em sua porção central.<br />

Comentários<br />

É muito pouco provável que as populações<br />

do Atlântico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal sejam<br />

coespecíficas com as dos Mares Mediterrâneo<br />

e Vermelho, como sugerido<br />

por diversos autores. Por isso, o uso do<br />

“cf.” aqui. Esta espécie necessita <strong>de</strong> revisão,<br />

possivelmente incluindo também<br />

C. violacea (Len<strong>de</strong>nfeld, 1883) (<strong>da</strong> Austrália),<br />

que in situ se assemelha marcantemente<br />

ao material do Atlântico. Um dos<br />

aspectos a resolver é se C. erecta (Row,<br />

1911), do Mar Vermelho, é coespecífica<br />

com sua homônima do Mediterrâneo<br />

Oriental (C. erecta Tsurnamal, 1967).<br />

Ecologia<br />

Esta espécie já foi mais comum em Salvador<br />

(Baía <strong>de</strong> Todos os Santos), mas<br />

atualmente é relativamente rara. Ocorre<br />

em substrato duro, exposta à luz direta<br />

(mais frequentemente) ou indireta. Um<br />

dos espécimes fotografados em vi<strong>da</strong> possuía<br />

número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> poliquetos<br />

tubícolas associados, com seus tubos<br />

perfurando a superfície <strong>da</strong> esponja. Já<br />

se observou pre<strong>da</strong>ção do nudibrânquio<br />

Chromodoris binza Marcus & Marcus,<br />

1963 sobre Chelonaplysilla aff. erecta (V.<br />

Padula, com. pess.).<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> [CE, BA (Salvador), RJ, SP]. A espécie<br />

C. erecta foi originalmente <strong>de</strong>scrita<br />

do Mar Vermelho, e já foi registra<strong>da</strong> também<br />

do Mediterrâneo e Caribe.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

tangencial.<br />

Arquitetura esquelética com<br />

fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com<br />

hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

219


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978<br />

Aplysina sp. Naufrágios próximos ao Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

NOTA Espécies pertencentes a esta Or<strong>de</strong>m frequentemente tingem seu<br />

fixador com uma tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> escura, quase negra, muito intensa. A<br />

consequência mais direta disto é o semelhante tingimento <strong>de</strong> outras<br />

esponjas que se encontrem no mesmo recipiente, e mesmo <strong>da</strong> etiqueta,<br />

que por vezes po<strong>de</strong> se tornar ilegível com o passar do tempo. Já tivemos<br />

sucesso em recuperar a legibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> etiquetas colocando-as em um<br />

recipiente com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído à 5-10%. É necessário portanto<br />

cui<strong>da</strong>do na interpretação <strong>da</strong> coloração após a fixação <strong>de</strong> espécimes<br />

provenientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s expedições, que po<strong>de</strong>m ter sido fixados a bordo<br />

em conjunto com espécimes <strong>de</strong>sta Or<strong>de</strong>m.<br />

220 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Aplysini<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />

Gênero Aiolochroia Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> apenas três espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s<br />

quais ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />

62. Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875)<br />

Morfologia<br />

Forma maciça loba<strong>da</strong>, globular ou com<br />

projeções tubulares um pouco cônicas, alcançando<br />

15–20 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo<br />

e até 8–10 cm <strong>de</strong> altura. Sua cor em vi<strong>da</strong><br />

é mais comumente amarelo vivo, mas<br />

tons esver<strong>de</strong>ados e amarronzados (ocre)<br />

também ocorrem. No fixador, torna-se<br />

roxo-escura, i<strong>de</strong>m para o álcool. Superfície<br />

conulosa ou monticula<strong>da</strong>/verrucosa.<br />

Nem cônulos, nem montículos costumam<br />

ter mais que 1 mm <strong>de</strong> altura. Alguns segmentos<br />

<strong>da</strong> superfície são totalmente lisos,<br />

em especial nas áreas que concentram<br />

ósculos. Estes são majoritariamente circulares,<br />

com 1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro, providos<br />

<strong>de</strong> membrana perioscular plana, e<br />

costumam estar situados nas porções apicais<br />

<strong>da</strong> esponja. Em segmentos diversos,<br />

sejam entremeados aos ósculos, ou não,<br />

notam-se áreas porais, cujo padrão reticulado<br />

é visível a olho nu. A consistência<br />

é firme, compressível, pouco elástica. A<br />

arquitetura ectossomal é <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

qualquer especialização. O coanossoma<br />

apresenta fibras robustas e nodosas <strong>de</strong><br />

espongina, <strong>de</strong> córtex fino, amarelado;<br />

medula espessa, geralmente negra, sem<br />

inclusões. Estas fibras apresentam padrão<br />

<strong>de</strong>ndrítico <strong>de</strong> organização, e não formam<br />

um arcabouço muito <strong>de</strong>nso. Seu diâmetro<br />

frequentemente ultrapassa os 500 μm,<br />

50–90% dos quais se referem à medula.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6–8 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

221


Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875)<br />

Comentários<br />

Esta espécie produz uma série <strong>de</strong> compostos<br />

brominados, <strong>de</strong>ntre os quais a fistularina-3<br />

isola<strong>da</strong> <strong>de</strong> espécimes <strong>de</strong> Belize<br />

mostrou-se seletivamente tóxica contra o<br />

bacilo <strong>da</strong> tuberculose.<br />

Ecologia<br />

Espécie relativamente comum em águas<br />

rasas <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, assim<br />

como na plataforma continental do estado,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> é conheci<strong>da</strong> até os 100 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> coletas efetua<strong>da</strong>s<br />

pelo Programa REVIZEE. É comum<br />

observar epibiontes, principalmente algas,<br />

outras esponjas e tunicados. A espécie<br />

po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s<br />

áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Quebramar Norte (Salvador), 9,2 m<br />

<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />

Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />

Antigua, México, Belize, Honduras,<br />

Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz do<br />

Amazonas, Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro<br />

e São Paulo, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas,<br />

Fernando <strong>de</strong> Noronha, PB, PE, BA (Salvador,<br />

ao largo <strong>de</strong> Cairu, Itacaré, Prado,<br />

ao largo <strong>de</strong> Caravelas, Banco Hotspur,<br />

Banco Minerva, Banco Rodgers), ES, Ilha<br />

<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, RJ].<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010. A esponja<br />

vermelha, acima <strong>da</strong> Aiolochroia (marrom), é<br />

uma Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti,<br />

1864).<br />

Arquitetura esquelética com fibra isola<strong>da</strong><br />

após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

223


Gênero Aplysina Nardo, 1834<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 37 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais 15 ocorrem<br />

no <strong>Brasil</strong>. São apresenta<strong>da</strong>s cinco espécies a seguir, mas outras sete<br />

espécies já foram encontra<strong>da</strong>s na <strong>Bahia</strong>: A. alcicornis Pinheiro, Hajdu<br />

& Custódio, 2007, A. cristagallus P., H. & C., 2007, A. lactuca P., H. &<br />

C., 2007, A. lacunosa (Lamarck, 1814), A. lingua P., H. & C., 2007, A.<br />

orthoreticulata P., H. & C., 2007 e A. pseudolacunosa P., H. & C., 2007.<br />

Coletas recentes efetua<strong>da</strong>s na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos já revelaram ao<br />

menos uma nova espécie, ain<strong>da</strong> por <strong>de</strong>screver. Aplysina é o primeiro<br />

gênero <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> a contradizer a noção corrente <strong>de</strong> que a fauna<br />

marinha brasileira é uma versão empobreci<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela <strong>da</strong> região<br />

do Caribe. Até recentemente, as espécies A. fistularis, A. fulva e A.<br />

insularis eram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s meras formas <strong>de</strong> uma única espécie, A.<br />

fistularis. O uso <strong>de</strong> marcadores moleculares ain<strong>da</strong> não conseguiu<br />

clarificar essa questão, mas é a esperança quando se associam poucos<br />

caracteres morfológicos disponíveis e gran<strong>de</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

mesmos, como ocorre neste gênero.<br />

63. Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />

Morfologia<br />

Forma ramosa, com ramos cilíndricos,<br />

<strong>de</strong>lgados e <strong>de</strong> diâmetro regular. Os ramos<br />

ocorrem solitários ou em pequenos<br />

grupos, ramificando-se ou não. O<br />

comprimento máximo observado foi <strong>de</strong><br />

50–60 cm, com diâmetro <strong>de</strong> 1,5–2,5 cm.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta esponja é mais frequentemente<br />

marrom, mas também se<br />

observaram espécimes ocre e amarelo–<br />

pálidos. Estes últimos, em locais abrigados<br />

<strong>de</strong> iluminação direta. Em álcool assume<br />

coloração marrom–arroxea<strong>da</strong>. Sua<br />

superfície é mais frequentemente lisa,<br />

com ósculos (diâmetro 1–3 mm) prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

alinhados e quase equidistantes<br />

(a ca<strong>da</strong> 2–3 cm). Consistência<br />

firme, pouco compressível, algo elástica.<br />

Arquitetura ectossomal não especiali-<br />

za<strong>da</strong>. Coanossoma com reticulação <strong>de</strong><br />

fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />

tridimensionais irregulares. Fibras com<br />

córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />

o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a<br />

última mais frequentemente negra. Diâmetro<br />

<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 20–200 μm, <strong>da</strong>s<br />

medulas <strong>de</strong> cerca 10–120 μm, sendo as<br />

maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />

mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Comentários<br />

Esta espécie produz a fistularina-3 e a<br />

11-<strong>de</strong>oxi-fistularina-3, substâncias com<br />

potencial para guiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> novos agentes para o combate ao bacilo<br />

<strong>da</strong> tuberculose. O material utilizado<br />

nestas pesquisas foi coletado na Baía <strong>de</strong><br />

Todos os Santos.<br />

224 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />

Espécimen em vi<strong>da</strong> (Quebramar Norte, Salvador, 5,3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

225


Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />

Espécimen em vi<strong>da</strong> (Quebramar Norte, Salvador, 5,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007).<br />

Ecologia<br />

Exemplares ou fragmentos <strong>de</strong> A. cauliformis<br />

são comuns ao longo <strong>da</strong>s praias <strong>da</strong><br />

zona costeira <strong>de</strong> Salvador, nota<strong>da</strong>mente<br />

em Itapuã, Stella Maris e adjacências. Na<br />

Baía <strong>de</strong> Todos os Santos é relativamente<br />

rara. A espécie já foi registra<strong>da</strong> em 3–15<br />

m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>Bahia</strong>. Em outros<br />

estados é conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong> até 100 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

tendo estes registros mais<br />

profundos sido obtidos pelo Programa<br />

REVIZEE em bancos submarinos <strong>da</strong> região<br />

su<strong>de</strong>ste.<br />

Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />

após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />

Jamaica, Porto Rico, Ilhas Virgens, Antigua,<br />

Barbu<strong>da</strong>, Belize, Panamá, Colômbia,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz do<br />

Amazonas, CE, RN, PE, BA (Salvador, ao<br />

largo <strong>de</strong> Belmonte, Porto Seguro, Prado,<br />

Caravelas, Abrolhos), ES, RJ].<br />

226 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


64. Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />

Morfologia<br />

Forma tubular, cilíndrica, com tubos<br />

solitários ou em grupos pequenos (2–4<br />

tubos), eretos, por vezes com consi<strong>de</strong>rável<br />

anastomose. Seu comprimento<br />

po<strong>de</strong> ultrapassar 1 m, porém o mais frequente<br />

em águas rasas é que não passe<br />

<strong>de</strong> 30 cm. O diâmetro dos tubos é proporcional<br />

ao seu comprimento, po<strong>de</strong>ndo<br />

alcançar 9 cm ou mais nos maiores espécimes,<br />

porém frequentemente não ultrapassando<br />

5 cm. A cor em vi<strong>da</strong> é usualmente<br />

amarelo-viva, às vezes marrom, e<br />

no álcool, quase sempre roxo–escura ou<br />

preta. A superfície <strong>da</strong> esponja po<strong>de</strong> ser<br />

nota<strong>da</strong>mente lisa ou conulosa, e também<br />

se observou tubos com projeções laterais<br />

diversas, as mais comuns consistindo <strong>de</strong><br />

pequenos cilindros, cristas ou lobos <strong>de</strong><br />

contorno irregular. As aberturas exalantes<br />

consistem <strong>de</strong> pseudo-ósculos apicais<br />

com 1–8 cm <strong>de</strong> diâmetro, circun<strong>da</strong>dos<br />

por membranas periosculares planas, do<br />

tipo diafragma, e por vezes também por<br />

uma palissa<strong>da</strong> contínua ou <strong>de</strong>scontínua<br />

<strong>de</strong> pequenas projeções fistulares. Raramente<br />

se observaram pequenos ósculos<br />

laterais. A consistência é firme, porém<br />

facilmente compressível e elástica. Arquitetura<br />

ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />

Quebramar Sul (Salvador), 7,6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

227


Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />

228 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />

Coanossoma com reticulação <strong>de</strong> fibras<br />

<strong>de</strong> espongina, formando malhas tridimensionais<br />

irregulares. Fibras com córtex<br />

e medula facilmente reconhecíveis, o<br />

primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a última<br />

mais frequentemente negra. Diâmetro<br />

<strong>da</strong>s fibras 30–280 μm, <strong>da</strong>s medulas 10–60<br />

μm, sendo as maiores seções observa<strong>da</strong>s<br />

nas porções mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Comentários<br />

Esta espécie produz a fistularina-3 e a<br />

11-cetofistularina-3, substâncias com potencial<br />

para guiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novos agentes para o combate ao bacilo<br />

<strong>da</strong> tuberculose. O material utilizado nestas<br />

pesquisas foi coletado na Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos.<br />

Ecologia<br />

Esta espécie é relativamente rara em boa<br />

parte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, preferindo<br />

locais <strong>de</strong> baixo hidrodinamismo e<br />

águas relativamente claras. Também foi<br />

encontra<strong>da</strong> em 3–15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

na <strong>Bahia</strong> e em 20 m no Ceará. Alguns dos<br />

epibiontes observados mais frequentemente<br />

foram outras esponjas, especialmente<br />

Desmapsamma anchorata (<strong>de</strong>scrita<br />

acima). Aplysina fistularis po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />

República Dominicana, Porto Rico,<br />

Ilhas Virgens, Gua<strong>da</strong>lupe, México,<br />

Belize, Costa Rica, Panamá, Venezuela,<br />

Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz<br />

do Amazonas, CE, RN, Fernando <strong>de</strong><br />

Noronha, PE, BA (Salvador, Prado,<br />

Abrolhos)].<br />

Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />

após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído.<br />

Boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s (<strong>Bahia</strong><br />

<strong>de</strong> Todos os Santos), 21/Jun/2004.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

229


65. Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />

Morfologia<br />

Forma extremamente varia<strong>da</strong>. A maior<br />

frequência é <strong>de</strong> indivíduos compostos<br />

por grupos <strong>de</strong> ramos cilíndricos <strong>de</strong> contorno<br />

irregular, on<strong>de</strong> ramificações são relativamente<br />

raras, e anastomoses relativamente<br />

comuns. Os ramos cilíndricos são<br />

prepon<strong>de</strong>rantemente eretos, mas formas<br />

reptantes também são vistas, especialmente<br />

em ambientes <strong>de</strong> maior hidrodinamismo.<br />

A seção dos ramos po<strong>de</strong> ser quase<br />

circular ou marca<strong>da</strong>mente lamelar. O<br />

comprimento <strong>de</strong>stes ramos po<strong>de</strong> chegar<br />

a 2 m, mas o mais comum é que não passem<br />

dos 20–30 cm. O diâmetro dos ramos<br />

situa-se geralmente entre 2 e 3 cm. A cor<br />

em vi<strong>da</strong> inclui diversas tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

amarelo, ocre e marrom. No álcool mais<br />

frequentemente torna-se negra, roxa ou<br />

marrom-escura, mas algumas exceções ficaram<br />

rosa<strong>da</strong>s. Superfície lisa ou conulosa,<br />

por vezes discretamente monticula<strong>da</strong> ou<br />

rugosa. Ósculos com 0,5–2 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />

distribuídos aleatoriamente, e apenas<br />

rararamente localizados na porção apical<br />

dos ramos. Ósculos apicais ocorrem principalmente<br />

em formas reptantes, quando<br />

po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> estar alinhados como em<br />

A. cauliformis. Consistência variando <strong>de</strong><br />

macia à dura. Arquitetura ectossomal não<br />

especializa<strong>da</strong>. Coanossoma com reticulação<br />

<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina, formando<br />

malhas tridimensionais irregulares. Fibras<br />

com córtex e medula facilmente reco-<br />

nhecíveis, o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar<br />

e a última mais frequentemente negra.<br />

Diâmetro <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–210 μm,<br />

<strong>da</strong>s medulas <strong>de</strong> cerca 10–60 μm, sendo as<br />

maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />

mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Comentários<br />

Essa espécie é a <strong>de</strong> morfologia mais variável<br />

<strong>de</strong>ntre as Aplysina brasileiras. Em<br />

parte, isso <strong>de</strong>corre por ser também possivelmente<br />

a mais abun<strong>da</strong>nte, ou pelo<br />

menos a mais acessível, o que se traduz<br />

em maior número <strong>de</strong> observações. Entretanto,<br />

uma suposta gran<strong>de</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

morfológica sugere a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> confirmação<br />

<strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ntificações por outros<br />

meios. Um estudo químico recente verificou<br />

a distribuição <strong>de</strong> 19 compostos em espécimes<br />

<strong>de</strong> A. fulva <strong>da</strong> Georgia (E.U.A.),<br />

além <strong>de</strong> Salvador e Nazaré, na <strong>Bahia</strong>, e<br />

Arraial do Cabo, Angra dos Reis e São<br />

Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />

após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído.<br />

230 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />

Porto <strong>da</strong> Barra<br />

(Salvador), 6,5 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/<br />

Dez/2007.<br />

Sebastião, na Região Su<strong>de</strong>ste. A variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

química observa<strong>da</strong> foi notável, com<br />

um composto presente em três amostras,<br />

três compostos presentes em duas amostras,<br />

e os <strong>de</strong>mais 15 compostos presentes<br />

ca<strong>da</strong> qual em uma única amostra. Por<br />

outro lado, um estudo citológico não observou<br />

diferenças ao nível celular em distintas<br />

populações do su<strong>de</strong>ste.<br />

Ecologia<br />

Na <strong>Bahia</strong> a espécie foi observa<strong>da</strong> em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> 1–40 m, e no restante do<br />

país até os 78 m. A espécie é conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

ampla gama <strong>de</strong> ambientes no que tange<br />

ao hidrodinamismo e às taxas <strong>de</strong> sedimentação,<br />

está associa<strong>da</strong> à gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> endo-, bem como ectosimbiontes, e<br />

ain<strong>da</strong> integra a dieta alimentar <strong>de</strong> vários<br />

organismos entre equino<strong>de</strong>rmos, peixes e<br />

tartarugas. Aplysina fulva po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Um estudo recente observou que<br />

as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s bacterianas associa<strong>da</strong>s à<br />

A. fulva em Búzios (RJ) são ricas, além <strong>de</strong><br />

distintas <strong>da</strong>quelas presentes na água do<br />

mar próxima <strong>da</strong>s esponjas, bem como <strong>da</strong>quelas<br />

registra<strong>da</strong>s para outras espécies <strong>de</strong><br />

esponjas, conforme estudos publicados<br />

para outras partes do mundo.<br />

Distribuição<br />

Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />

Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, Ilhas<br />

Cayman, Jamaica, República Dominicana,<br />

Porto Rico, Ilhas Virgens, St. Martin,<br />

Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />

Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />

Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [AP, Arquipélago <strong>de</strong><br />

São Pedro e São Paulo, CE, RN, Fernando<br />

<strong>de</strong> Noronha, PE, AL, BA (Salvador,<br />

Itaparica, Cairu, Maraú, Itacaré, Prado,<br />

Caravelas, Abrolhos, Nova Viçosa), ES,<br />

RJ, SP].<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

231


Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006.<br />

232 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


66. Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Morfologia<br />

Forma tubular, com tubos baixos, frequentemente<br />

anastomosados em amplas<br />

áreas <strong>de</strong> contato, até o ponto <strong>de</strong> não se<br />

reconhecer mais ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> em separado.<br />

Tubos geralmente com altura<br />

inferior a 10 cm, e diâmetro <strong>de</strong> até 5 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro, ou mais, no caso <strong>de</strong> tubos<br />

integralmente fusionados. Os tubos têm<br />

geralmente contorno irregular, frequentemente<br />

expandindo-se apicalmente, e por<br />

vezes possuem pequenos lobos periféricos.<br />

A cor em vi<strong>da</strong> é amarela ou ocre,<br />

tornando-se negra no álcool. A superfície<br />

<strong>da</strong> esponja é lisa ou rugosa. Ósculos<br />

são apicais, geralmente com 2–10 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro. Consistência bastante macia.<br />

Arquitetura ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />

Coanossoma com reticulação <strong>de</strong><br />

fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />

tridimensionais irregulares. Fibras com<br />

córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />

o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a<br />

última mais frequentemente negra. Diâmetro<br />

<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–120 μm, <strong>da</strong>s<br />

medulas <strong>de</strong> cerca 10–40 μm, sendo as<br />

maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />

mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Comentários<br />

Alguns espécimes mais esféricos apresentavam<br />

ósculos com até 2–3 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro, mas sua coespecifici<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

o presente material é incerta. Frequente-<br />

Iate Clube (Salvador), 3–4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

04/Dez/2006 – a esponja amarelo-clara, ao fundo,<br />

é uma Aplysina fulva.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

233


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

234 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007;<br />

mente a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna <strong>de</strong>stas esponjas<br />

estava repleta <strong>de</strong> areia.<br />

Ecologia<br />

Espécimes provenientes <strong>de</strong> 3–12 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />

<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Distribuição<br />

Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />

México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />

Cuba, Jamaica, Porto Rico, Ilhas<br />

Virgens, México, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />

Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> (BA –<br />

Salvador, Abrolhos).<br />

Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />

após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />

diluído.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

235


67. Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />

Morfologia<br />

Forma maciça <strong>de</strong> contorno variável, <strong>de</strong>corrente<br />

<strong>da</strong> anastomose <strong>de</strong> lamelas e projeções<br />

digitiformes em distintos graus. É<br />

comum o afilamento rumo às porções apicais,<br />

bem como a presença <strong>de</strong> uma franja<br />

<strong>de</strong> pequenas projeções fistulares (altura 2<br />

mm) no bordo apical <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lamela ou<br />

dígito. Estas pequenas fístulas ten<strong>de</strong>m a<br />

se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r do espécime após o manuseio<br />

e fixação. Suas dimensões raramente<br />

ultrapassam os 10 cm <strong>de</strong> altura, e esta,<br />

normalmente não ultrapassa muito a<br />

maior largura <strong>da</strong> esponja. Em vi<strong>da</strong> estas<br />

esponjas têm coloração entre o amarelo e<br />

o ocre, por vezes com nuances roxas, tornando-se<br />

marrom-escuras após a fixação<br />

com álcool. Superfície lisa a levemente<br />

rugosa, passando a conulosa no fixador.<br />

Ósculos com 1–2mm <strong>de</strong> diâmetro, espalhados<br />

por to<strong>da</strong> a esponja. Sua consistência<br />

é macia e compressível, e um pouco<br />

elástica. Arquitetura ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />

Coanossoma com reticulação<br />

<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />

tridimensionais irregulares. Fibras com<br />

córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />

o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar, e a última<br />

mais frequentemente negra. Diâmetro<br />

<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–140 μm, <strong>da</strong>s medulas<br />

<strong>de</strong> cerca 5–75 μm, sendo as maiores<br />

seções observa<strong>da</strong>s nas porções mais internas<br />

<strong>da</strong>s esponjas.<br />

Comentários<br />

Alguns espécimes com forma lamelar<br />

mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong> situavam-se em posição<br />

intermediária ao conceito corrente <strong>de</strong><br />

Aplysina solangeae e o <strong>de</strong> A. lactuca. Em<br />

se tratando <strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

esqueleto mineral, e portando arquitetura<br />

esquelética muito variável, resta a<br />

morfologia externa para ensaiar o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> espécies. Porém, parâmetros<br />

ambientais, especialmente no que<br />

concerne ao hidrodinamismo e às taxas<br />

<strong>de</strong> sedimentação, oscilam <strong>de</strong> forma drástica<br />

próximo à costa, po<strong>de</strong>ndo acarretar<br />

Arquitetura esquelética com<br />

fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com<br />

hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />

Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />

236 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

237


Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />

Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

238 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />

a<strong>da</strong>ptações morfológicas que venham a<br />

dificultar o reconhecimento <strong>de</strong> espécies<br />

próximas. Portanto, por um lado o conhecimento<br />

morfológico <strong>de</strong>stas espécies<br />

precisa avançar através <strong>da</strong> observação <strong>de</strong><br />

populações em distintas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />

e por outro, novos caracteres, tais como<br />

os moleculares, <strong>de</strong>vem ser utilizados na<br />

busca por congruência e maior confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

nas diagnoses propostas.<br />

Ecologia<br />

A espécie só foi observa<strong>da</strong> em águas rasas,<br />

até 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ocorrendo<br />

próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />

Epibiontes são relativamente comuns,<br />

sendo que algas filamentosas po<strong>de</strong>m<br />

recobri-la quase que por completo. As<br />

fístulas presentes em seu ápice <strong>de</strong>vem<br />

estar associa<strong>da</strong>s à reprodução assexua<strong>da</strong><br />

por brotamento, uma vez que ten<strong>de</strong>m a<br />

formar pequenas bolinhas, semelhantes<br />

às observa<strong>da</strong>s em Tethya spp. (<strong>de</strong>scritas<br />

acima).<br />

Distribuição<br />

Endêmica do <strong>Brasil</strong> [CE, BA (Salvador)].<br />

Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />

Iate Clube (Salvador), 4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

04/Dez/2006.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

239


240240 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Classe Calcarea Bowerbank, 1864<br />

Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />

Grantessa sp. (esponja branca) e Leucascus roseus Lanna, Rossi,<br />

Cavalcanti, Hajdu & Klautau, 2007. Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />

(Caravelas), 4-5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987. O Leucascus não foi<br />

apresentado neste guia. Trata-se <strong>de</strong> uma Clathrini<strong>da</strong> não reencontra<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta imagem.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

241


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Amphorisci<strong>da</strong>e Dendy, 1892<br />

Gênero Leucilla Haeckel, 1872<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> 10 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas estão<br />

registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. O primeiro registro <strong>de</strong> Leucilla para a<br />

<strong>Bahia</strong> foi <strong>da</strong> espécie L. australiensis (Carter, 1886), originária <strong>da</strong><br />

Austrália e subsequentemente consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma espécie cosmopolita.<br />

Há dúvi<strong>da</strong>s, entretanto, quanto à i<strong>de</strong>ntificação dos espécimes <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong>, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> dois aspectos principais: 1) distribuições<br />

cosmopolitas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos, inclusive em Calcarea, são<br />

altamente improváveis; e 2) mencionou-se importante variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

no material brasileiro estu<strong>da</strong>do (<strong>da</strong>s latitu<strong>de</strong>s 1–24°S), mas essa não<br />

foi caracteriza<strong>da</strong> em <strong>de</strong>talhe. A <strong>de</strong>scrição a seguir ilustra um espécime<br />

com paliça<strong>da</strong> bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, porém a anatomia é <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

outro espécime, possuidor <strong>de</strong> uma paliça<strong>da</strong> mais rudimentar. Estudos<br />

em an<strong>da</strong>mento encontraram significativa diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies<br />

<strong>de</strong> Leucilla na <strong>Bahia</strong>, a maioria provavelmente espécies novas (M.<br />

Klautau, com. pess.), sugerindo também que a <strong>de</strong>scrição a seguir<br />

<strong>de</strong>rive na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> duas espécies distintas.<br />

68. Leucilla spp.<br />

Morfologia<br />

Forma ovói<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> barril, com até 5 x<br />

3 mm. A cor no álcool é branca ou bege<br />

e supõe-se que não difira muito <strong>da</strong> cor<br />

em vi<strong>da</strong>. Superfície áspera, com um único<br />

ósculo apical <strong>de</strong> contorno irregular e<br />

inteira ou parcialmente circun<strong>da</strong>do por<br />

uma coroa oscular <strong>de</strong> diactinas gran<strong>de</strong>s<br />

(tricóxeas). Consistência relativamente<br />

firme. Sistema aquífero <strong>de</strong> padrão leuconoi<strong>de</strong>.<br />

Córtex formado por gran<strong>de</strong>s<br />

tetractinas com actinas basais dispostas<br />

tangencialmente à superfície, e actina<br />

apical apontando para o centro <strong>da</strong> esponja.<br />

Estas actinas corticais internaliza<strong>da</strong>s<br />

integram também o esqueleto coanossomal<br />

inarticulado junto às actinas<br />

ímpares <strong>da</strong>s tetractinas subatriais, e <strong>de</strong><br />

algumas triactinas. O esqueleto atrial é<br />

composto somente <strong>de</strong> tetractinas. Espículas:<br />

tricóxeas, ultrapassam 1000 μm;<br />

tetractinas corticais, actinas basais 400 /<br />

30 μm, actina apical, 550 / 50 μm; tetractinas<br />

subatriais, actinas basais 370 / 35<br />

μm, actina apical, 490 / 30 μm; triactinas<br />

subatriais, actinas pares 250 / 20, actinas<br />

ímpares 350 / 15 μm.<br />

Ecologia<br />

Encontra<strong>da</strong> no sedimento <strong>de</strong> áreas adjacentes<br />

à Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, sobre<br />

pequenas rochas soltas ou em cascalhos<br />

biogênicos. No litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

(município <strong>de</strong> Camaçari) a espécie foi<br />

coleta<strong>da</strong> a cerca <strong>de</strong> 20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

em placas <strong>de</strong> alumínio e em substrato<br />

biogênico, apresentando hábito<br />

tanto fotófilo quanto ciáfilo.<br />

242 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Espécime fixado, fotografado<br />

sobre a banca<strong>da</strong> do laboratório<br />

(UFBA). Altura: 25 mm.<br />

Distribuição<br />

Material estu<strong>da</strong>do aqui: <strong>Brasil</strong> (BA – Camaçari).<br />

O gênero distribui-se amplamente<br />

nos três principais oceanos.<br />

Arquitetura esquelética em seção<br />

transversal. A coloração vermelho-escura<br />

<strong>de</strong>ve-se ao uso <strong>de</strong> fucsina áci<strong>da</strong> com o<br />

objetivo <strong>de</strong> realçar o componente celular.<br />

FOTOMICROGRAFIA POR M. KLAUTAU.<br />

A, tetractina subatrial; B, tetractina<br />

cortical; C, triactina subatrial.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

243


Família Heteropii<strong>da</strong>e Dendy, 1893<br />

Gênero Grantessa Len<strong>de</strong>nfeld,1885<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 25 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />

apenas uma foi registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong> até o presente, G. anisactina<br />

Borojevic & Peixinho, 1976, obti<strong>da</strong> na Paraíba. Esta espécie difere<br />

do material apresentado aqui por uma série <strong>de</strong> caracteres, <strong>de</strong>ntre os<br />

quais os mais notáveis são a presença <strong>de</strong> triactinas que superam os<br />

1000 μm <strong>de</strong> comprimento, enquanto aquelas observa<strong>da</strong>s no material<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> sequer alcançam os 500 μm, assim como a completa<br />

ausência <strong>de</strong> tetractinas em G. anisactina. Praticamente to<strong>da</strong>s as<br />

<strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> Grantessa são originais do Indo-Pacífico, o que<br />

sugere que a espécie baiana seja nova.<br />

69. Grantessa sp.<br />

Morfologia<br />

Forma tubular agrega<strong>da</strong>, com tubos <strong>de</strong><br />

dimensões varia<strong>da</strong>s, conectados em seu<br />

terço inferior, e portando uma base irregular.<br />

Os agregados po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r<br />

mais <strong>de</strong> 40 tubos, com altura <strong>de</strong><br />

3–20 mm, diâmetro <strong>de</strong> 1,5–4,5 mm e espessura<br />

<strong>da</strong> pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente<br />

0,5 mm. Alguns tubos foram vistos<br />

ramificando-se. Cor in vivo branca ou<br />

levemente amarela<strong>da</strong>, mantendo-se inaltera<strong>da</strong><br />

em álcool. O perímetro oscular<br />

costuma ser ain<strong>da</strong> mais branco. Superfície<br />

externa levemente áspera <strong>de</strong>vido<br />

às microdiactinas implanta<strong>da</strong>s verticalmente<br />

e distribuí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma esparça<br />

ou agrupa<strong>da</strong>. Ósculos apicais, um<br />

para ca<strong>da</strong> tubo, circun<strong>da</strong>dos por uma<br />

coroa baixa (altura 0,5 mm) composta<br />

<strong>de</strong> microdiactinas. Sistema aquífero<br />

em padrão siconói<strong>de</strong> sem que os cones<br />

distais sejam visíveis na superfície externa.<br />

Consistência macia, quebradiça.<br />

Arquitetura esquelética complexa, com<br />

padrão radial <strong>de</strong> organização em seção<br />

transversal. Coroa oscular composta por<br />

microdiactinas mais espessas e triactinas<br />

sagitais. Porção mediana <strong>de</strong> um tubo<br />

em seção transversal – cinco regiões <strong>de</strong><br />

fora para <strong>de</strong>ntro. (1) O esqueleto cortical<br />

apresenta diactinas mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s e<br />

dispostas perpendicularmente, entremea<strong>da</strong>s<br />

a triactinas em sagitais organiza<strong>da</strong>s<br />

em 3–4 cama<strong>da</strong>s. O esqueleto cortical se<br />

sustenta sobre (2) triactinas su<strong>de</strong>rmais<br />

sagitais dos cones distais, com uma actina<br />

par disposta centripetamente. Esta<br />

actina se emparelha às actinas ímpares<br />

(centrífugas) (3) <strong>da</strong>s triactinas e tetractinas<br />

tubares. Estas últimas estão dispostas<br />

em diversas cama<strong>da</strong>s articula<strong>da</strong>s, em<br />

um padrão que remete àquele ilustrado<br />

neste <strong>Guia</strong> para o tubo <strong>de</strong> Tribrachium<br />

schmidti. As triactinas pseudossagitais<br />

também ocorrem entre as cama<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> triactinas tubares. (4) Na região subatrial,<br />

logo abaixo <strong>da</strong>s triactinas tubares,<br />

está o esqueleto subatrial, formado por<br />

triactinas sagitais e situado sobre (5) as<br />

triactinas e tetractinas (iguais proporções)<br />

atrais. Superfície atrial levemente<br />

híspi<strong>da</strong> com apópilos amplos. Espículas:<br />

244 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

diactinas <strong>da</strong> coroa oscular e <strong>da</strong> superfície<br />

60–165 / 4–6 μm; triactinas <strong>da</strong> região<br />

oscular, actina ímpar 120–140 / 8 μm,<br />

actina par 100 / 8 μm; triactinas corticais,<br />

actina ímpar 25–55 / 9 μm, actina<br />

par 60–65 / 8 μm; triactinas pseudosagitais<br />

do cone distal, actina ímpar retilínea<br />

60–175 / 8–9 μm, actina par radial 70–75<br />

/ 8 μm, actina par cortical 25–35 / 3–8<br />

μm; triactinas tubares, actina ímpar 180<br />

/ 12 μm, actina par 80 / 8 μm; tetractinas<br />

tubares, actina ímpar 120–230 / 7–8<br />

μm, actina par 60–90 / 7–8 μm; triactinas<br />

subatriais, actina ímpar 180 / 8 μm,<br />

actina par 100–110 / 8 μm; triactinas<br />

atriais sagitais, actina ímpar 130 / 7 μm,<br />

actina par 80 / 6–7 μm; tetractinas atriais<br />

sagitais, actina ímpar 135 / 7 μm, actina<br />

par 80 / 5–7 μm.<br />

Ecologia<br />

Exposta à luz, prepon<strong>de</strong>rantemente<br />

em substratos verticais, na faixa <strong>de</strong><br />

6–19 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> (C. Sampaio,<br />

com. pess.).<br />

Distribuição<br />

<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />

<strong>Bahia</strong> – Salvador, Vera Cruz, Maraú,<br />

Abrolhos).<br />

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />

(Caravelas), 4–5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987.<br />

As esponjas vermelha e rosa<strong>da</strong> pertencem ao<br />

gênero Monanchora.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

245


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

A, diactinas <strong>da</strong> superfície; B,<br />

triactinas <strong>da</strong> região oscular; C,<br />

triactinas corticais; D, triactinas<br />

pseudossagitais; E, triactinas tubares;<br />

F, tetractinas tubares; G, triactinas<br />

subatriais; H, triactinas atriais sagitais;<br />

I, tetractinas atriais sagitais.<br />

Arquitetura esquelética em seção transversal. A, seção <strong>de</strong> um tubo (a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna se<br />

<strong>de</strong>nomina atrial); B, <strong>de</strong>talhe do esqueleto cortical e do cone distal; C, <strong>de</strong>talhe do esqueleto<br />

subatrial e atrial.<br />

246 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Barra Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Camamu (Maraú), 14–19 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Out/2009.<br />

FOTO DE C.L.S. SAMPAIO.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

247


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958<br />

Clathrina sp. Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Jun/2009.<br />

248 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

Família Clathrini<strong>da</strong>e Minchin, 1900<br />

Gênero Clathrina Gray, 1867<br />

O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais 12 já<br />

foram registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Destas, apenas C. atlantica (Thacker,<br />

1908); C. aurea Solé-Cava, Klautau, Boury-Esnault, Borojevic &<br />

Thorpe, 1991; e C. reticulum (Schmidt, 1862) haviam até o presente<br />

sido cita<strong>da</strong>s para a Região Nor<strong>de</strong>ste. A real diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Clathrina<br />

só veio à tona com o início do uso <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gens moleculares no<br />

estudo <strong>de</strong> populações, ocorrido no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980. Des<strong>de</strong><br />

então, to<strong>da</strong> distribuição postula<strong>da</strong>mente muito ampla <strong>de</strong> espécies<br />

<strong>de</strong> Clathrina passou a ser suspeita, em especial quando transpondo<br />

gran<strong>de</strong>s barreiras biogeográficas, tornando-se candi<strong>da</strong>ta natural<br />

à verificação por métodos moleculares associados a revisões<br />

minuciosas <strong>da</strong> morfologia. Este é o caso <strong>de</strong> C. atlantica e C. reticulum,<br />

originalmente registra<strong>da</strong>s para Cabo Ver<strong>de</strong> e a costa mediterrânea<br />

<strong>da</strong> França, respectivamente, agora na fila <strong>da</strong> revisão. Sem sombra <strong>de</strong><br />

dúvi<strong>da</strong>s, o gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma espécie na <strong>Bahia</strong>, haja<br />

vista as marcantes diferenças morfológicas observa<strong>da</strong>s mesmo a olho<br />

nu em diferentes espécimes, com <strong>de</strong>staque para a cor em vi<strong>da</strong>, que<br />

po<strong>de</strong> ser branca ou amarela.<br />

70. Clathrina spp.<br />

Morfologia<br />

Forma <strong>de</strong> novelo <strong>de</strong> contorno irregular,<br />

composto por tubos <strong>de</strong>lgados (até 1 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro), longos, frequentemente<br />

anastomosando-se. Pare<strong>de</strong>s dos tubos<br />

com menos <strong>de</strong> 0,1 mm <strong>de</strong> espessura. Os<br />

maiores espécimes observados alcançavam<br />

2,5 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo e 1 cm<br />

<strong>de</strong> altura. Os menores, praticamente incrustantes,<br />

assemelhavam-se a uma re<strong>de</strong><br />

ou teia <strong>de</strong> aranha. Cor em vi<strong>da</strong> branca<br />

ou amarela, e branca em álcool. Superfície<br />

lisa a olho nu, ou miroespina<strong>da</strong> ao<br />

microscópio. Ósculos circulares pequenos<br />

e dispersos, com 1 mm <strong>de</strong> diâmetro<br />

ou menos, por vezes situados no topo<br />

<strong>de</strong> pequenas chaminés coletoras para<br />

as quais convergem diversos tubos.<br />

Consistência extremamente macia e<br />

frágil. Arquitetura esquelética confusa,<br />

com espículas dispersas nas finas<br />

pare<strong>de</strong>s dos tubos. Espículas: triactinas<br />

robustas equiangulares, actina ímpar<br />

A, triactinas robustas; B, triactinas <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

249


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

190 / 25 μm, actinas pares 150 / 25 μm;<br />

triactinas <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s equiangulares e<br />

equirradia<strong>da</strong>s, actinas 120 / 15 μm.<br />

Comentários<br />

Espécies <strong>de</strong> Clathrina po<strong>de</strong>m apresentar<br />

como espículas uma combinação <strong>de</strong> trie<br />

tetractinas, às quais po<strong>de</strong>m estar agrega<strong>da</strong>s<br />

diactinas e tripódios. No material<br />

<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, somente diactinas não foram<br />

ain<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong>s. Porém, no espécime<br />

cujas espículas são apresenta<strong>da</strong>s aqui,<br />

proveniente do Litoral Norte do Estado,<br />

ocorrem apenas triactinas.<br />

Ecologia<br />

A espécie é fotófila em placas <strong>de</strong> alumínio,<br />

porém <strong>de</strong> hábito ciáfilo em ambiente<br />

natural. No litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (município<br />

<strong>de</strong> Camaçari) a espécie foi coleta<strong>da</strong><br />

a 25m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em placas <strong>de</strong><br />

alumínio.<br />

Distribuição<br />

Material apresentado aqui: <strong>Brasil</strong> (BA –<br />

Camaçari, Salvador, Maraú, Abrolhos).<br />

O gênero está amplamente distribuido<br />

nos três oceanos.<br />

Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />

(Caravelas), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987.<br />

A esponja vermelha é uma Monanchora<br />

arbuscula.<br />

Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), 0,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

28/Jul/2009<br />

250 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

251


GLOSSÁRIO<br />

O foco <strong>de</strong>ste glossário foi nos termos técnicos constantes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>scrições apresenta<strong>da</strong>s<br />

neste <strong>Guia</strong>. Outros termos, como por exemplo, aqueles que constam <strong>da</strong><br />

seção Classificação e caracterização <strong>da</strong>s classes e or<strong>de</strong>ns, não estão todos representados<br />

aqui. A maior parte <strong>da</strong>s ilustrações utiliza<strong>da</strong>s neste glossário veio <strong>da</strong><br />

obra Thesaurus of Sponge Morphology, edita<strong>da</strong> por Boury-Esnault et al. (1997).<br />

Acanto (prefixo)<br />

Possuidor <strong>de</strong> espinhos<br />

Acantóstilo<br />

Actina<br />

Estilo espinado (p.ex Clathria<br />

schoenus).<br />

Um raio partindo do centro <strong>de</strong> uma megasclera, contendo um eixo ou<br />

canal axial.<br />

Actina apical<br />

(Calcarea)<br />

A quarta actina <strong>de</strong> uma tetractina,<br />

que se une ao sistema trirradial<br />

basal.<br />

Actina ímpar<br />

(Calcarea)<br />

Em espículas tri e tetractinas sagitais<br />

e parassagitais (A), é a actina (ai) do<br />

sistema basal que se diferencia por<br />

ser mais longa ou mais curta, ou por<br />

ser oposta a um ângulo diferente<br />

dos <strong>de</strong>mais, o qual se forma entre<br />

as actinas pares. Em espículas<br />

pseudossagitais (B), é a actina (ai)<br />

que se projeta para a superfície <strong>da</strong><br />

esponja, juntamente com uma <strong>da</strong>s<br />

actinas pares, formando com esta<br />

um ângulo sempre menor que o<br />

formado entre a actina par volta<strong>da</strong><br />

para a superfície e a projeta<strong>da</strong> para<br />

o interior.<br />

Actinas pares<br />

(Calcarea)<br />

Um ou dois raios equivalentes <strong>de</strong> uma espícula sagital.<br />

Algálica(o)<br />

Relativo às algas.<br />

252 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Anastomosado,<br />

esqueleto<br />

Tratos, linhas ou fibras são<br />

interconecta<strong>da</strong>s (= reticulado).<br />

Anatriênio<br />

Triênio no qual os cládios são<br />

fortemente curvados para trás. (p.ex.<br />

Cinachyrella spp.).<br />

Ancora<strong>da</strong>, quela<br />

Quela com três ou mais alas livres<br />

em ca<strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em forma <strong>de</strong><br />

garras (unguifera<strong>da</strong>s) ou lâminas<br />

(espatulíferas), e duas alas laterais<br />

incipientes ao longo do eixo.<br />

Anfiblástula<br />

(Calcarea)<br />

Larva ovói<strong>de</strong>, oca, com a porção<br />

anterior flagela<strong>da</strong> e a posterior não<br />

flagela<strong>da</strong>. Típica <strong>de</strong> Calcaronea.<br />

Anfidisco<br />

(Amphidiscophora)<br />

Diactina com ambas as extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

umbela<strong>da</strong>s, frequentemente <strong>de</strong><br />

tamanhos iguais.<br />

Aniso (prefixo)<br />

Desigual, diferente.<br />

Anisoquela<br />

Quela com duas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>siguais (p.ex. Mycale spp.).<br />

Apical<br />

Superior.<br />

Apópilo<br />

Abertura na qual a câmara<br />

coanocitária se abre para o átrio<br />

ou em um canal exalante. As setas<br />

indicam o fluxo <strong>de</strong> água.<br />

Arcabouço<br />

primário<br />

Parte <strong>de</strong> um esqueleto dictional formado na margem <strong>de</strong> crescimento;<br />

um esqueleto secundário po<strong>de</strong> ser adicionado nas superfícies interna e<br />

externa.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

253


Glossário<br />

Asconói<strong>de</strong><br />

(Calcarea)<br />

Sistema aquífero no qual a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

interna principal <strong>da</strong> esponja é<br />

totalmente recoberta por coanócitos.<br />

Não há canais inalantes nem exalantes<br />

(p.ex. Clathrina spp.). As setas indicam<br />

o fluxo <strong>de</strong> água.<br />

Aspidáster<br />

Microsclera alonga<strong>da</strong> e achata<strong>da</strong>, com<br />

numerosos raios fusionados e com<br />

minúsculas projeções estrela<strong>da</strong>s (p.ex.<br />

Erylus formosus).<br />

Áster<br />

Termo coletivo para microscleras<br />

portadoras <strong>de</strong> centro (euásteres)<br />

ou eixo central (p.ex. espirásteres,<br />

sanidásteres), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se projetam<br />

espinhos/raios.<br />

Átrio<br />

Cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> localiza<strong>da</strong> antes do ósculo. Este termo é usado para <strong>de</strong>signar<br />

especificamente a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> central exalante.<br />

Aulocalicoi<strong>de</strong>,<br />

esqueleto<br />

Avelu<strong>da</strong>do<br />

Arquitetura com raios uniaxiais <strong>da</strong>s<br />

hexactinas dictionais, ou sinaptículos<br />

anaxiais, como elementos <strong>de</strong> conexão<br />

do arcabouço; elementos estruturais<br />

primários usualmente extensões<br />

longitudinais conspícuas <strong>de</strong> raios<br />

dictionais avulsos. Re<strong>de</strong>senhado a<br />

partir <strong>de</strong> Reiswig (2002).<br />

Superfície: com projeções espiculares curtas e <strong>de</strong>nsas, macia e suave<br />

ao toque (p.ex. Cliona varians, Ectyoplasia ferox).<br />

Axial, esqueleto<br />

Organização típica <strong>de</strong> esqueleto<br />

no qual alguns elementos estão<br />

con<strong>de</strong>nsados formando uma região<br />

central ou um eixo (p.ex. Thrinacophora<br />

funiformis).<br />

Basalia<br />

Espículas que se projetam <strong>da</strong> superfície<br />

inferior (basal) <strong>da</strong> esponja, para fixação<br />

no substrato.<br />

Basifitosa<br />

(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Bentônico<br />

<strong>Esponjas</strong> que se fixam em substrato duro através <strong>da</strong> placa basal.<br />

Organismos aquáticos que vivem na superfície do substrato.<br />

254 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Birrótula<br />

Buquê<br />

Caliciforme<br />

Tipo <strong>de</strong> microsclera que possui<br />

um eixo fino e as terminações com<br />

múltiplos <strong>de</strong>ntes dispostos lado a<br />

lado, em forma <strong>de</strong> guar<strong>da</strong>-chuva (p.ex.<br />

Iotrochota birotulata).<br />

Escova ectossomal <strong>de</strong> espículas<br />

perpendiculares à superfície <strong>da</strong><br />

esponja, com final pontiagudo saindo<br />

do ectossoma. (p.ex. Suberites<br />

aurantiacus).<br />

Depressão em forma <strong>de</strong> cálice (p.ex. Chelonaplysilla cf. erecta).<br />

Caltrops<br />

Megasclera tetraxônica equiangular e<br />

equirradial.<br />

Câmara<br />

coanocitária<br />

Câmaras discretas, dispersas<br />

no mesoílo, com coanócitos.<br />

Eletromicrografia retira<strong>da</strong> do Atlas of<br />

Sponge Morphology, <strong>de</strong> De Vos et al.<br />

(1991).<br />

Cavernoso<br />

Centrotiloto<br />

Cerebriforme<br />

Ciáfilos<br />

Tipo <strong>de</strong> coanossoma amplamente perfurado por gran<strong>de</strong>s canais<br />

aquíferos (p.ex. Ircinia strobilina).<br />

Quando o tilo encontra-se no centro<br />

<strong>da</strong> espícula (p.ex. Erylus formosus).<br />

Forma arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> com sulcos e cristas, que se assemelha a um<br />

cérebro (p.ex. Geodia corticostylifera).<br />

Organismos que crescem na sombra.<br />

Cinctoblástula<br />

Larva oca, inteiramente flagela<strong>da</strong>, com<br />

um anel central <strong>de</strong> células pigmenta<strong>da</strong>s<br />

(Homoscleromorpha).<br />

Cládio<br />

Cladoma<br />

Coanossoma<br />

Qualquer raio ou ramo axial, com eixo ou canal axial confluente com o<br />

do protocládio ou protorabdo em qualquer tipo espicular; termo usado<br />

principalmente em triênios e seus <strong>de</strong>rivados, para <strong>de</strong>nominar um dos<br />

raios menores.<br />

O conjunto <strong>de</strong> cládios (raios mais curtos<br />

e simétricos) em um triênio, em oposição<br />

ao rabdoma (raio mais longo).<br />

Região interna <strong>da</strong> esponja aon<strong>de</strong> se concentram as câmaras <strong>de</strong><br />

coanócitos.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

255


Glossário<br />

Coanossomal,<br />

esqueleto<br />

Esqueleto do corpo principal, que dá suporte ao sistema <strong>de</strong> canais e é<br />

responsável pela forma <strong>da</strong> esponja.<br />

Coeloblástula<br />

Larva oca composta por células<br />

equipotentes; com células maiores não<br />

flagela<strong>da</strong>s em seu pólo posterior.<br />

Colágeno<br />

Proteína estrutural mais importante nos animais. Principal componente<br />

<strong>da</strong> matriz extracelular e <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> espongina <strong>da</strong>s esponjas.<br />

Confuso,<br />

esqueleto<br />

Megascleras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s no<br />

esqueleto (p.ex. Aaptos sp., Petromica<br />

ciocalyptoi<strong>de</strong>s).<br />

Cônulo,<br />

conuloso<br />

Cormus<br />

Superfície com numerosas projeções em forma <strong>de</strong> cone.<br />

Corpo formado por uma massa <strong>de</strong> tubos anastomosados (p.ex.<br />

Clathrina)<br />

Córtex<br />

Uma região superficial <strong>da</strong> esponja<br />

reforça<strong>da</strong> por um esqueleto orgânico<br />

ou inorgânico diferente <strong>da</strong>quele do<br />

coanossoma (p.ex. Geodia spp.,Tethya<br />

spp.).<br />

Cosmopolita<br />

Diz-se <strong>da</strong> espécie que se encontra dispersa por todo o mundo.<br />

Costão rochoso<br />

Ambiente costeiro formado por rochas.<br />

Cribriporal<br />

Área especializa<strong>da</strong> do ectossoma com<br />

vários poros formando uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

contorno circular.<br />

Dendrítico,<br />

esqueleto<br />

Tipo <strong>de</strong> esqueleto em que as fibras se<br />

ramificam como em uma árvore, mas<br />

nunca formam malhas.<br />

Desma<br />

Espícula com formas ramifica<strong>da</strong>s e<br />

irregulares, por vezes rugosas ou<br />

espina<strong>da</strong>s. Po<strong>de</strong>m estar fusiona<strong>da</strong>s ou<br />

dispersas na base <strong>da</strong> esponja (p.ex.<br />

Petromica spp.).<br />

256 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Diactina<br />

(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Espícula birradia<strong>da</strong> com raios alinhados<br />

em um único eixo; ambos os raios<br />

frequentemente possuem terminações<br />

similares.<br />

Diodo<br />

(Homosclerophori<strong>da</strong>)<br />

Espícula diactinal, geralmente <strong>de</strong><br />

contorno irregular, com uma dupla<br />

dobra central.<br />

Diplo<strong>da</strong>l<br />

Câmara coanocitária que se conecta<br />

com os canais inalantes através <strong>de</strong> um<br />

canalículo chamado prósodo, e com o<br />

canal exalante através <strong>de</strong> uma apópila<br />

prolonga<strong>da</strong> com outro canalículo, o<br />

áfodo. As setas indicam o fluxo <strong>de</strong><br />

água.<br />

Discohexactina<br />

(Hexasterophora)<br />

Espícula hexarradia<strong>da</strong> com<br />

terminações discoi<strong>da</strong>is; equivalente ao<br />

hexadisco em Amphidiscophora.<br />

Ectossoma<br />

Região superficial <strong>da</strong> esponja que não possui câmaras coanocitárias.<br />

Ectossomal,<br />

esqueleto<br />

Esqueleto <strong>da</strong> região superficial<br />

<strong>da</strong> esponja, distinto do esqueleto<br />

coanossomal.<br />

Elástica,<br />

consistência<br />

Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar à forma original após uma <strong>de</strong>formação. (p.ex.<br />

Callyspongia pergamentacea, Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s).<br />

Endobionte<br />

Epibionte<br />

Qualquer organismo que vive no interior do corpo ou <strong>da</strong>s células <strong>de</strong><br />

outro organismo.<br />

Qualquer organismo que vive na superfície <strong>de</strong> outros seres vivos.<br />

Equinante,<br />

espícula<br />

Megasclera que se projeta<br />

perpendicularmente <strong>da</strong> superfície<br />

<strong>da</strong> esponja, <strong>de</strong> uma fibra ou <strong>de</strong> um<br />

trato espicular. (p.ex. Echinodictyum<br />

<strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

257


Glossário<br />

Ereto, hábito<br />

Termo generalizado para crescimento vertical (p.ex. Aplysina fistularis).<br />

Esferáster<br />

Euáster com raios curtos e centro<br />

espesso, cujo diâmetro (> 50% do<br />

diâmetro total) exce<strong>de</strong> o comprimento<br />

dos raios (p.ex. Chondrilla nucula).<br />

Esferoxiáster<br />

Euáster com um centro discreto que<br />

é maior que um terço do diâmetro<br />

total <strong>da</strong> espícula (p.ex. Tethya spp.).<br />

Eletromicrografia por P. Willenz.<br />

Especiação<br />

Espícula<br />

Espícula regular<br />

(Calcarea)<br />

Espícula<br />

tangencial<br />

Espiculói<strong>de</strong><br />

(Dendrocerati<strong>da</strong>)<br />

Espiráster<br />

Processo evolutivo pelo qual as espécies vivas se formam.<br />

Componente mineral do esqueleto. Tipicamente composta <strong>de</strong> sílica<br />

(Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>) ou carbonato <strong>de</strong> cálcio (Calcarea).<br />

Espícula disposta paralelamente á superfície.<br />

Espícula triactina ou tetractina com<br />

raios basais <strong>de</strong> tamanhos e ângulos<br />

iguais entre eles (120 o ), quando<br />

projetados em um plano perpendicular<br />

ao eixo óptico.<br />

Espícula <strong>de</strong> espongina, diactinal ou triactinal, geralmente <strong>de</strong> contorno<br />

irregular.<br />

Microsclera em forma <strong>de</strong> vareta com<br />

curvaturas helicoi<strong>da</strong>is ou em ziguezague,<br />

com espinhos periféricos (p.ex.<br />

Spirastrella hartmani).<br />

Espongina<br />

Substância esquelética em Demospongiae composta por microfibrilas<br />

<strong>de</strong> colágeno com cerca <strong>de</strong> 10 μm <strong>de</strong> diâmetro, observa<strong>da</strong> mais<br />

frequentemente como fibras ou placa basal.<br />

Estauractina<br />

Hexactina reduzi<strong>da</strong>, com quatro raios,<br />

todos dispostos em um plano.<br />

Esterráster<br />

Microsclera esférica, oval ou elipsói<strong>de</strong><br />

com numerosos raios fusionados e<br />

com terminações estrela<strong>da</strong>s. (p.ex.<br />

Geodia spp.). Eletromicrografia por S.<br />

Salani.<br />

258 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Estilo<br />

Megasclera monaxônica com uma<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> pontiagu<strong>da</strong> e a outra<br />

arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> (p.ex. Dragmacidon<br />

reticulatum, Iotrochota birotulata).<br />

Estrongiláster<br />

Áster com raios isodiamétricos,<br />

livres e <strong>de</strong> pontas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

(p.ex. Erylus formosus, Tethya maza).<br />

Eletromicrografia por P. Willenz.<br />

Estrôngilo<br />

Euáster<br />

Euripilosa<br />

Megasclera monaxônica com ambas<br />

pontas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s (p.ex. Iotrochota<br />

birotulata).<br />

Termo coletivo para microscleras asterosas on<strong>de</strong> os raios irradiam <strong>de</strong><br />

um ponto central (p.ex. esterráster, estrongiláster, oxiáster).<br />

Câmara coanocitária que se conecta<br />

diretamente com canais inalantes<br />

através <strong>de</strong> prosópilos e com canais<br />

exalantes através <strong>de</strong> apópilas; muitas<br />

câmaras conectam-se no mesmo canal<br />

exalante. As setas indicam o fluxo <strong>de</strong><br />

água.<br />

Feixe<br />

Coluna <strong>de</strong> megascleras alinha<strong>da</strong>s.<br />

Fibra<br />

Coluna <strong>de</strong> espongina que forma um<br />

esqueleto <strong>de</strong>ndrítico ou reticulado,<br />

com ou sem inclusão <strong>de</strong> espículas ou<br />

material externo. (p.ex. Aplysina spp.,<br />

Callyspongia spp.).<br />

Fístula<br />

Protuberância digitiforme <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>,<br />

projetando-se <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja<br />

(p.ex. Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s,<br />

Tribrachium schmidti).<br />

Fotófilo<br />

Organismo com preferência por ambientes iluminados.<br />

Fusiforme<br />

Espícula monaxônica cuja forma afina gradualmente rumo as pontas.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

259


Glossário<br />

Hexactina<br />

Espícula triaxônica, hexarradia<strong>da</strong>,<br />

com raios <strong>de</strong> comprimentos iguais e<br />

perpendiculares uns aos outros.<br />

Hexadisco<br />

(Amphidiscophora)<br />

Hidrodinamismo<br />

Hipo<strong>de</strong>rmalia<br />

Hexadictina cujos raios possuem<br />

terminações discoi<strong>da</strong>is; em<br />

Hexasterophora, <strong>de</strong>nomina-se a<br />

mesma espícula <strong>de</strong> discohexactina.<br />

Neste <strong>Guia</strong> refere-se ao embate <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s correntes<br />

marinhas.<br />

Pentactinas gran<strong>de</strong>s cujos<br />

raios tangenciais se situam<br />

paratangencialmente logo abaixo <strong>da</strong><br />

superfície <strong>de</strong>rmal, ca<strong>da</strong> qual com o<br />

raio proximal dirigido para o interior<br />

<strong>da</strong> esponja; sustentam a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

espículas <strong>de</strong>rmais; raios centrais e<br />

tangenciais po<strong>de</strong>m estar projetados<br />

além <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong>rmal, mas ain<strong>da</strong><br />

se <strong>de</strong>nominam hipo<strong>de</strong>rmalia como<br />

reflexo <strong>de</strong> sua origem.<br />

Inarticulado,<br />

esqueleto<br />

(Calcarea)<br />

Esqueleto coanossomal composto<br />

somente pelos raios ímpares <strong>da</strong>s<br />

espículas subatriais e um dos raios<br />

<strong>da</strong>s espículas subcorticais ou corticais.<br />

Sem espículas específicas do esqueleto<br />

coanossomal (p.ex. Leucilla).<br />

Incrustante,<br />

hábito<br />

Infralitoral<br />

Iso (prefixo)<br />

Forma <strong>de</strong> crescimento como fina cama<strong>da</strong> a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong> ao substrato (p.ex.<br />

Clathria schoenus, C. venosa, Terpios fugax).<br />

Zona litorânea sempre submersa, inclusive nas marés baixas <strong>de</strong> sizígia.<br />

Igual.<br />

Isodictial,<br />

reticulação<br />

Reticulação isotrópica com malhas<br />

triangulares; laterais com apenas<br />

uma espícula <strong>de</strong> comprimento (p.ex.<br />

Haliclona spp.).<br />

Isoquela<br />

Quela com extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s iguais.<br />

260 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Isotrópica,<br />

reticulação<br />

Reticulação on<strong>de</strong> não se diferenciam<br />

feixes primários ou secundários.<br />

Lamelar<br />

Leuconói<strong>de</strong><br />

Em forma <strong>de</strong> lamela(s) – placas eretas (p.ex. Aplysina solangeae).<br />

Sistema aquífero on<strong>de</strong> os coanócitos<br />

estão restritos a câmaras discretas,<br />

dispersas no mesoílo, interliga<strong>da</strong>s com<br />

os poros e ósculos através <strong>de</strong> canais<br />

inalantes e exalantes (p.ex. Demospongiae).<br />

A seta indica o fluxo <strong>de</strong> água.<br />

Licnisco<br />

Espículas hexactinais com um octaedro<br />

<strong>de</strong> 12 suportes silicosos fusionados,<br />

formado ao redor do centro ou nó<br />

dictional.<br />

Lóbulo<br />

Lofofitosa<br />

(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Medula (fibra)<br />

Megasclera<br />

Megásteres<br />

Mesolitoral<br />

(entre marés)<br />

Micráster<br />

Diminutivo <strong>de</strong> lobo, semelhante à porção basal <strong>da</strong>s orelhas (p.ex.<br />

Chondrosia sp., Erylus formosus).<br />

<strong>Esponjas</strong> que se fixam em substrato duro ou mole através <strong>de</strong> espículas<br />

<strong>da</strong> basália, com o corpo suspenso acima ou parcialmente embebido no<br />

substrato.<br />

Parte central <strong>de</strong> uma fibra <strong>de</strong> espongina,<br />

feita <strong>de</strong> colágeno granular ou em forma<br />

<strong>de</strong> fibras difusas. Fotomicrografias por<br />

U. dos S. Pinheiro.<br />

Espícula relativamente gran<strong>de</strong>, principal componente do esqueleto <strong>da</strong><br />

esponja, frequentemente com função estrutural.<br />

Ásteres gran<strong>de</strong>s, formando uma crosta com função estrutural – termo<br />

<strong>de</strong> uso exclusivo em Tethyi<strong>da</strong>e (p.ex. Tethya spp.).<br />

Região sujeita às flutuações <strong>da</strong> maré, submersa nas marés altas e<br />

exposta durante a maré baixa.<br />

Ásteres pequenas, geralmente não formando uma crosta – termo <strong>de</strong><br />

uso exclusivo em Tethyi<strong>da</strong>e (p.ex. Tethya spp.).<br />

Microdiactina<br />

(Calcarea)<br />

Espícula diactinal pequena.<br />

Microsclera<br />

Micróxea<br />

Espícula relativamente pequena, mais frequentemente <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

função estrutural óbvia.<br />

Microsclera com forma <strong>de</strong> óxea pequena, frequentemente<br />

microacantosa.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

261


Glossário<br />

Nó dictional<br />

Pontos <strong>de</strong> fusão <strong>de</strong> um esqueleto<br />

dictional.<br />

Nodosa, fibra<br />

Fibra que forma caroços (p.ex. Aiolochroia crassa).<br />

Olintus<br />

(Calcarea)<br />

Estádio jovem <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

com um sistema aquífero funcional que<br />

possui uma câmara coanocitária aberta<br />

diretamente no ósculo.<br />

Oniqueta<br />

Ortotriênio<br />

Microsclera semelhante a uma ráfi<strong>de</strong><br />

ou uma óxea finíssima, com farpas<br />

(p.ex. Te<strong>da</strong>nia ignis). Eletromicrografias<br />

por P. Willenz.<br />

Triênio on<strong>de</strong> os cládios são<br />

perpendiculares (ou quase) ao rabdoma<br />

(p.ex. Geodia corticostylifera).<br />

Ósculo<br />

Abertura através <strong>da</strong> qual a água sai<br />

<strong>da</strong> esponja; porta <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> do sistema<br />

aquífero.<br />

Óstio / Poro<br />

Abertura através <strong>da</strong> qual a água<br />

entra na esponja; porta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> do<br />

sistema aquífero. A imagem ilustra<br />

papilas inalantes provi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> inúmeros<br />

óstios ou poros.<br />

Espícula monaxônica diactinal com ambas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pontiagu<strong>da</strong>s.<br />

Diferentes tipos são distinguíveis pela forma e tipo morfológico.<br />

angula<strong>da</strong><br />

Óxea<br />

centrotilota<br />

curva<strong>da</strong><br />

flexuosa ou sinuosa<br />

fusiforme<br />

262 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

acera<strong>da</strong> assimétrica arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> cônica<br />

Óxea<br />

hasta<strong>da</strong> mucrona<strong>da</strong> telescópica simétrica<br />

Papila<br />

Protuberância mamiliforme que se<br />

projeta <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja,<br />

contendo ósculos, poros, ou ambos.<br />

Paratangencial,<br />

esqueleto<br />

Arranjo <strong>da</strong>s espículas ectossomais<br />

intermediário entre os tipos paliçádico<br />

e tangencial; ou <strong>da</strong>s fibras ectossomais<br />

entre o tangencial e o perpendicular<br />

(p.ex. Niphates erecta).<br />

Parenquimela<br />

Larva composta por uma massa <strong>de</strong><br />

células internas envolvi<strong>da</strong>s por células<br />

flagela<strong>da</strong>s.<br />

Paucispicular,<br />

feixe<br />

Feixe espicular com poucas fileiras<br />

<strong>de</strong> espículas (p.ex. Haliclona melana,<br />

Petromica citrina, Scopalina ruetzleri).<br />

Pentactina<br />

(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />

Espícula triaxônica com raio ímpar<br />

perpendicular aos pares e os<br />

raios pares formando dois eixos<br />

perpendiculares entre si.<br />

Perioscular<br />

Em volta do ósculo.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

263


Glossário<br />

Placa basal<br />

(placa<br />

basidictional)<br />

Arcabouço silicoso formado pela<br />

primeira cama<strong>da</strong> (basal) <strong>de</strong> espículas<br />

hexactinais, elementos espiculares<br />

irregulares e sinaptículos, os quais<br />

servem para a fixação em substrato<br />

duro; disco basal.<br />

Plagiotriênio<br />

Triênio com cládios formando um<br />

ângulo <strong>de</strong> 135 o (ou quase) com o<br />

rabdoma (p.ex. Stelletta anancora).<br />

Plumorreticulado,<br />

esqueleto<br />

Tipo <strong>de</strong> esqueleto plumoso no qual<br />

ocorrem feixes conectantes cruzados<br />

(p.ex. Clathria schoenus, Mycale<br />

angulosa).<br />

Plumoso,<br />

esqueleto<br />

Organização semelhante à <strong>de</strong>ndrítica,<br />

com feixes ascen<strong>de</strong>ntes primários cujas<br />

espículas se irradiam obliquamente, e<br />

anastomoses ocorrem com frequência.<br />

Poça <strong>de</strong> maré<br />

Locais, maiores ou menores, com água<br />

represa<strong>da</strong> durante as marés baixas.<br />

Porocálice<br />

Depressão na superfície em forma<br />

<strong>de</strong> cálice na qual se concentram os<br />

poros inalantes (p.ex. Cinachyrella<br />

kuekenthali).<br />

Primário(a), feixe<br />

ou fibra<br />

Prodiênio<br />

Feixes ou fibras ascen<strong>de</strong>ntes que<br />

formam um ângulo reto com o<br />

ectossoma; normalmente são mais<br />

espessos que os <strong>de</strong>mais, e este é o<br />

único critério para seu reconhecimento<br />

no esqueleto ectossomal (p.ex.<br />

Callyspongia spp.).<br />

Diênio com cládios formando um<br />

ângulo > 135º com o rabdoma<br />

(p.ex. Cinachyrella apion, Craniella<br />

quirimure).<br />

264 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Prosópilo<br />

Abertura <strong>de</strong> um canal inalante em uma<br />

câmara coanocitária. As setas indicam<br />

o fluxo <strong>de</strong> água.<br />

Protriênio<br />

Triênio com cládios formando um<br />

ângulo > 135º com o rabdoma (p.ex.<br />

Cinachyrella spp., Craniella quirimure).<br />

Psamófila<br />

A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> à vi<strong>da</strong> em substratos não consoli<strong>da</strong>dos como areia e areialodosa<br />

(p.ex. Craniella quirimure, Tribrachium schmidti).<br />

Pseudossagital,<br />

espícula<br />

(Calcarea)<br />

Triactina subcortical essencialmente<br />

sagital, porém com raios <strong>de</strong><br />

comprimento e curvatura distintos<br />

em ca<strong>da</strong> lado dos ângulos ímpares; a<br />

actina mais longa, parea<strong>da</strong>, se dirige ao<br />

interior (p.ex. Grantessa spp.).<br />

Pugiole<br />

(Baeri<strong>da</strong>)<br />

Pequenas tetractinas em forma <strong>de</strong><br />

a<strong>da</strong>ga.<br />

Quela<br />

Microsclera com eixo curvado e uma<br />

ala recurva<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> final. Veja:<br />

Isoquela e anisoquela.<br />

Rabdoma<br />

Eixo principal (raio mais longo) <strong>de</strong> um<br />

triênio, diênio ou monênio.<br />

Rabdóstilo<br />

Estilo com curvatura acentua<strong>da</strong> na<br />

meta<strong>de</strong> basal (p.ex. Ectyoplasia ferox).<br />

Radial,<br />

esqueleto<br />

Arquitetura cujos componentes<br />

estruturais divergem <strong>de</strong> uma região<br />

central rumo à superfície <strong>da</strong> esponja<br />

(p.ex. Craniella quirimure, Tethya spp.).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

265


Glossário<br />

Ráfi<strong>de</strong><br />

Microsclera muito fina, similar a um fio<br />

<strong>de</strong> cabelo, frequentemente agrupa<strong>da</strong><br />

em tricodragmas (p.ex. Cinachyrella<br />

apion, Mycale angulosa).<br />

Reticulado,<br />

esqueleto<br />

Risofitosa<br />

Arquitetura tridimensional forma<strong>da</strong><br />

por fibras, feixes ou espículas isola<strong>da</strong>s<br />

(p.ex. Aplysina spp., Callyspongia<br />

spp., Haliclona spp., Desmapsamma<br />

anchorata)<br />

<strong>Esponjas</strong> com processos (prolongamentos) corporais basais ao invés <strong>de</strong><br />

tufos espiculares projetados.<br />

Roseta<br />

Grupo <strong>de</strong> quelas uni<strong>da</strong>s por uma<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, formando um círculo ou<br />

esfera (p.ex. Mycale angulosa).<br />

Sagital, espícula<br />

(Calcarea)<br />

Triactina ou tetractina com dois<br />

ângulos iguais (pares) e um diferente<br />

(ímpar), visíveis quando a espícula é<br />

projeta<strong>da</strong> em um plano perpendicular<br />

ao eixo óptico (p.ex. Grantessa sp.).<br />

Sanidáster<br />

Microsclera monaxônica reta, com<br />

espinhos transversais dispostos<br />

em intervalos regulares ao longo<br />

do eixo, e espinhos oblíquos nas<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (p.ex. Tribrachium<br />

schmidti). Eletromicrografia por M. <strong>de</strong><br />

S. Carvalho.<br />

Secundário(a),<br />

feixe ou fibra<br />

Feixes ou fibras que conectam os feixes<br />

ou fibras primários (p.ex. Callyspongia<br />

spp.).<br />

Selenáster<br />

Espiráster que se aproxima <strong>da</strong> forma<br />

<strong>de</strong> uma esterráster (p.ex. Placospongia<br />

sp.). Eletromicrografia retira<strong>da</strong> do Atlas<br />

of Sponge Morphology, <strong>de</strong> De Vos et<br />

al. (1991).<br />

266 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Siconói<strong>de</strong><br />

Sistema aquífero com câmaras <strong>de</strong><br />

coanócitos (cc) alonga<strong>da</strong>s dispostas<br />

radialmente, com cones distais livres<br />

ou esten<strong>de</strong>ndo-se do átrio ao córtex<br />

(p.ex. Sycon sp.). Eletromicrografia<br />

retira<strong>da</strong> do Atlas of Sponge<br />

Morphology, <strong>de</strong> De Vos et al. (1991).<br />

Sigma<br />

Microsclera em forma <strong>de</strong> “C” ou “S”<br />

(p.ex. Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis,<br />

Monanchora arbuscula, Mycale<br />

angulosa). Eletromicrografia retira<strong>da</strong><br />

do Atlas of Sponge Morphology, <strong>de</strong> De<br />

Vos et al. (1991).<br />

Sigmancistra<br />

(Poeciloscleri<strong>da</strong>)<br />

Sigma com seção transversal em<br />

forma <strong>de</strong> gota; por vezes com sulcos<br />

subterminais discretos em sua face<br />

interna. Eletromicrografia por D.A.<br />

Lopes.<br />

Sigmaspira<br />

Microsclera sigmói<strong>de</strong> contorci<strong>da</strong> e<br />

espina<strong>da</strong> (p.ex. Craniella quirimure,<br />

Cinachyrella spp.)<br />

Sileibi<strong>de</strong><br />

Sistema aquífero com câmaras<br />

coanocitárias alonga<strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s<br />

radialmente em torno <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial<br />

Simpatria<br />

Coexistência. Espécies que habitam uma mesma área são ditas<br />

simpátri<strong>da</strong>s.<br />

Sinaptículo<br />

São as ligações (pontes) que unem as<br />

espículas, compostas por um cimento<br />

silicoso.<br />

Sistema<br />

aquífero<br />

Subcortical<br />

Substrato<br />

inconsli<strong>da</strong>do<br />

Sistema <strong>de</strong> canais (inalantes e exalantes) e câmaras <strong>de</strong> coanócitos por<br />

on<strong>de</strong> a água circula no interior <strong>da</strong> esponja.<br />

Adjacente à base do córtex.<br />

Relativamente fluido – cascalho, areia, lama.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

267


Glossário<br />

Subtilóstilo<br />

Tilóstilo com uma extremi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pontiagu<strong>da</strong> e a outra levemente<br />

expandi<strong>da</strong>, formando uma "cabeça"<br />

mal-<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> (p.ex. Clathria venosa,<br />

Monanchora arbuscula, Mycale<br />

angulosa). Eletromicrografias por E.L.<br />

Esteves.<br />

Tauactina<br />

(Amphidiscophora)<br />

Espícula diaxônica com tres raios<br />

situados em um único plano; em forma<br />

<strong>de</strong> T.<br />

Telescópica<br />

Termo usado para <strong>de</strong>signar o final <strong>da</strong> espícula que possui constrições<br />

escalona<strong>da</strong>s (p.ex. Scopalina ruetzleri). Veja Óxea.<br />

Terciária, fibra<br />

Fibra que interconecta as fibras<br />

secundárias (ou estas com as<br />

primárias) em um esqueleto reticulado<br />

(p.ex. Callyspongia pergamentacea).<br />

Tetractina<br />

(Calcarea)<br />

Espícula calcária com quatro raios<br />

(p.ex. Grantessa sp., Leucilla sp.).<br />

Tiláster<br />

Euáster com raios livres, com a<br />

ponta expandi<strong>da</strong> (p.ex. Tethya maza).<br />

Eletromicrografia por P. Willenz.<br />

Tilo<br />

Espessamento semi-esférico no eixo<br />

<strong>de</strong> uma espícula; em uma ou ambas<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s; ou ao longo do eixo,<br />

uma ou múltiplas vezes.<br />

Tilóstilo<br />

Tiloto<br />

Megasclera monactinal com tilo basal<br />

bem <strong>de</strong>lineado (p.ex. Cliona celata,<br />

Spirastrella hartmani, Suberites<br />

aurantiacus).<br />

Megasclera diactinal com tilos<br />

em ambas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (p.ex.<br />

Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis, Te<strong>da</strong>nia<br />

ignis).<br />

268 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Glossário<br />

Toxa<br />

Microsclera em forma <strong>de</strong> arco<br />

(p.ex. Clathria schoenus, C. venosa<br />

Haliclona melana, H. rodriguesi).<br />

Eletromicrografias por B. Cosme.<br />

Triactina<br />

(Calcarea)<br />

Tricodragma<br />

Tricóxea<br />

Triênio<br />

Uma espícula <strong>de</strong> três raios. Veja<br />

parasagital, pseudosagital, regular, and<br />

espícula sagital, parasagital, pseudo<br />

sagital e regular (p.ex. Clathrina sp.,<br />

Grantessa sp., Leucilla sp.).<br />

Feixe <strong>de</strong> ráfi<strong>de</strong>s (p.ex. Mycale angulosa, Thrinacophora funiformis).<br />

Óxea muito fina e compri<strong>da</strong> (p.ex. Leucilla).<br />

Termo coletivo para megascleras tetraxônicas com um raio <strong>de</strong>sigual<br />

(rabdoma), muito mais longo que os outros três (os cládios, que<br />

coletivamente formam o cladoma).<br />

Triodo<br />

(Homosclerophori<strong>da</strong>)<br />

Triactina em que os raios são iguais,<br />

retos, em um plano, e divergentes em<br />

um ângulo <strong>de</strong> 120º.<br />

Tripódio<br />

(Calcarea)<br />

Triactina regular, cujo centro está<br />

em um plano distinto <strong>da</strong>quele <strong>da</strong>s<br />

extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos raios.<br />

Unguifera<strong>da</strong>,<br />

isoquela<br />

Uma isoquela ancora<strong>da</strong> com alas<br />

livres <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s e pontiagu<strong>da</strong>s<br />

(p.ex. Monanchora arbuscula).<br />

Eletromicrografias por Eduardo L.<br />

Esteves.<br />

Uniespicular,<br />

feixe<br />

Feixe com uma única fileira <strong>de</strong><br />

espículas (p.ex. Haliclona spp.).<br />

Verticilado<br />

Diz-se dos acantóstilos com espinhos<br />

organizados em anéis.<br />

Vulcaniforme<br />

Projeções cônicas ou abaula<strong>da</strong>s baixas; em forma <strong>de</strong> vulcão (p.ex.<br />

Haliclona caerulea, Xestospongia muta).<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

269


LITERATURA RECOMENDADA PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA<br />

Bergquist, P.R. 1978. Sponges. Hutchinson & Co,<br />

London. 268 p.<br />

Berlinck, R.G.S.; Hajdu, E.; <strong>da</strong> Rocha, R.M.;<br />

<strong>de</strong> Oliveira, J.H.H.L.; Hernan<strong>de</strong>z, I.L.C.;<br />

Seleghim, M.H.R.; Granato, A.C.; <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>,<br />

E.V.R.; Nunez, C.V.; Muricy, G.; Peixinho, S.;<br />

Pessoa, C.; Moraes, M.O.; Cavalcanti, B.C.;<br />

Nascimento, G.G.F.; Thiemann, O.; Silva, M.;<br />

Souza, A.O.; Silva, C.L. & Minarini, P.R.R. 2004.<br />

Challenges and rewards of research in marine<br />

natural products chemistry in Brazil. Journal<br />

of Natural Products 67: 510-522.<br />

Borojevic, R. & Peixinho, S. 1976. Éponges<br />

calcaires du nord-nord-est du Brésil. Bulletin<br />

du Muséum national d’Histoire naturelle (3,<br />

A) 402: 987-1036.<br />

Boury-Esnault, N. & Rützler, K. (Eds.)<br />

1997. Thesaurus of sponge morphology.<br />

Smithsonian Contributions to Zoology<br />

596: i-iv, 1-55. [disponível em hdl.handle.<br />

net/10088/5449]<br />

Brusca, R.C. & Brusca, G.J. 2007. Invertebrados.<br />

2a.ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

968 p.<br />

Custódio, M.; Hajdu, E. & Muricy, G. 2000.<br />

<strong>Porifera</strong> <strong>Brasil</strong>. Disponível em http://www.<br />

poriferabrasil.mn.ufrj.br/.<br />

Custódio, M.R., Lôbo-Hajdu, G., Hajdu, E. &<br />

Muricy, G. (Orgs) 2007. <strong>Porifera</strong> Research.<br />

Biodiversity, Innovation, Sustainability.<br />

Museu Nacional, Série Livros 28, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. 684 p. [disponível em http://www.<br />

poriferabrasil.mn.ufrj.br/iss/]<br />

De Vos, L.; Boury-Esnault, N.; Rützler, K.;<br />

Dona<strong>de</strong>y, C. & Vacelet, J. 1991. Atlas<br />

of Sponge Morphology. Smithsonian<br />

Institution Press, Washington D.C. i-xi, 117 p.<br />

[disponível em http://si-pddr.si.edu/jspui/<br />

handle/10088/7829]<br />

Hajdu, E.; Muricy, G.; Berlinck, R.G.S. & Freitas,<br />

J.C. 1996. Marine porifera diversity in Brazil:<br />

through knowledge to management. In:<br />

Bicudo, C.E.M. & Menezes, N.A. (Eds).<br />

Biodiversity in Brazil: a first approach.<br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico, São Paulo. p. 157-172.<br />

Hajdu, E.; Berlinck, R.G.S. & Freitas, J.C.1999.<br />

<strong>Porifera</strong>. In: Migotto, A.E., Tiago, C.G. (Eds),<br />

Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> no estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />

<strong>Brasil</strong>: Síntese do conhecimento ao final<br />

do século XX. 3: Invertebrados marinhos.<br />

FAPESP. cap. 4, p. 21-31. [disponível em<br />

http://www.biota.org.br/pdf/v3cap04.pdf]<br />

Hajdu, E.; Santos, C.P.; Lopes, D.A.; Oliveira,<br />

M.V.; Moreira, M.C.F.; Carvalho, M.S. &<br />

Klautau, M. 2004. Filo <strong>Porifera</strong>. In: Amaral,<br />

A.C.Z.; Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-<br />

Wongtschowski. (Org.). Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Bentônica <strong>da</strong> Região Su<strong>de</strong>ste-Sul do <strong>Brasil</strong> –<br />

Plataforma Externa e Talu<strong>de</strong> Superior. Série<br />

Documentos REVIZEE – Score Sul. São<br />

Paulo: Instituto Oceanográfico. p. 49-56.<br />

Hechtel, G.J. 1976. Zoogeography of Brazilian<br />

marine Demospongiae. In: Harrison, F.W.<br />

& Cow<strong>de</strong>n, R.R., eds. Aspects of sponge<br />

biology. Nova Iorque: Aca<strong>de</strong>mic Press. p.<br />

237-260.<br />

Hooper, J.N.A. & van Soest, R.W.M. 2002.<br />

Systema <strong>Porifera</strong>: A Gui<strong>de</strong> to the<br />

Classification of Sponges, vol. 1-2.<br />

Nova Iorque: Kluwer Aca<strong>de</strong>mic/Plenum<br />

Publishers. xlviii + 1810 p.<br />

Moraes, F.; Ventura, M.; Klautau, M.; Hajdu,<br />

E. & Muricy, G. 2006. Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esponjas <strong>da</strong>s Ilhas Oceânicas <strong>Brasil</strong>eiras.<br />

In: Alves, R.J.V. & Castro, J.W. <strong>de</strong> A., orgs.<br />

Ilhas Oceânicas <strong>Brasil</strong>eiras – <strong>da</strong> pesquisa<br />

ao manejo. Brasília: Ministério do Meio<br />

Ambiente. cap. 6, 147-177 p.<br />

Mothes, B.; Lerner, C. & Silva, C.M.M. 2006.<br />

<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong>: Costa Sul-<strong>Brasil</strong>eira.<br />

<strong>Guia</strong> Ilustrado. 2ª edição Coleção Manuais<br />

<strong>de</strong> <strong>Campo</strong> USEB 1. Pelotas: USEB. 124 p.<br />

Muricy, G.; Esteves, E.L., Moraes, F., Santos,<br />

J.S.,<strong>da</strong> Silva, S.M.S., Klautau, M. & Lanna,<br />

E. 2008. Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> marinha <strong>da</strong> bacia<br />

Potiguar: <strong>Porifera</strong>. Museu Nacional, Série<br />

Livros 29. 156 pags.<br />

Muricy, G. & Hajdu, E. 2006. <strong>Porifera</strong> <strong>Brasil</strong>is:<br />

guia <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s esponjas marinhas<br />

mais comuns do su<strong>de</strong>ste do <strong>Brasil</strong>. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Museu Nacional, Série Livros 17,<br />

1-104 p.<br />

270 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Literatura Recomen<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

Muricy, G.; Moraes, F.; Klautau, M.; Menegola,<br />

C.; Lopes, D.A.; Pinheiro, U.S.; Hajdu, E.<br />

& Carvalho, M.S. Catalogue of Brazilian<br />

<strong>Porifera</strong>. A ser submetido à Zootaxa.<br />

Muricy, G.; Santos, C.P.; Batista, D.; Lopes, D.A.;<br />

Pagnoncelli, D.; Monteiro, L.C.; Oliveira,<br />

M.V.; Moreira, M.C.F.; Carvalho, M. <strong>de</strong> S.;<br />

Melão, M.; Klautau, M.; Rodriguez, P.R.D.;<br />

Costa, R.N.; Silvano, R.G.; Schwientek, S.;<br />

Ribeiro, S.M.; Pinheiro, U.S. & Hajdu, E. 2006.<br />

Filo <strong>Porifera</strong>. In: Lavrado, H.P. & Ignácio,<br />

B.L., orgs. Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> bentônica <strong>da</strong><br />

região central <strong>da</strong> Zona Econômica Exclusiva<br />

brasileira. Museu Nacional, Série Livros 18,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, pp. 109-145.<br />

Seleghim, M.H.R.; Lira, S.P.; Kossuga, M.H.;<br />

Batista, T.; Berlinck, R.G.S.; Hajdu, E.; Muricy,<br />

G.; Rocha, R.M.; Nascimento, G.G.F.; Silva,<br />

M.; Pimenta, E.F.; Thiemann, O.H.; Oliva, G.;<br />

Cavalcanti, B.C.; Pessoa, C.; Moraes, M.O.;<br />

Galetti, F.C.S.; Silva, C.L.; Souza, A.O. &<br />

Peixinho, S. 2007. Antibiotic, cytotoxic and<br />

enzyme inhibitory activity of cru<strong>de</strong> extracts<br />

from Brazilian marine invertebrates. Revista<br />

<strong>Brasil</strong>eira <strong>de</strong> Farmacognosia 17: 287-318.<br />

Zea, A. 1987. <strong>Esponjas</strong> <strong>de</strong>l Caribe Colombiano.<br />

Bogotá: Catálogo Científico. 286 p.<br />

Zilberberg, C.; Klautau, M.; Menegola, C.;<br />

Berlink, R.G.S. & Hajdu, E. 2009. <strong>Porifera</strong>.<br />

In: Zoologia no <strong>Brasil</strong>. Estado <strong>da</strong> arte<br />

e perspectivas. Congresso <strong>Brasil</strong>eiro <strong>de</strong><br />

Zoologia, Curitiba. Curitiba: UFPR. 17-28 p.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

271


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ORIGINAIS PARA AS ESPÉCIES INCLUIDAS<br />

NESTE GUIA, OU CONSULTADAS PARA ELABORAÇÃO DOS COMENTÁRIOS<br />

Ab’Sáber, A.N. 2001. Litoral do <strong>Brasil</strong>.<br />

Metalivros, São Paulo. 287 p.<br />

Alan<strong>de</strong>r, H. 1935. Additions to the Swedish<br />

sponge fauna. Arkiv för Zoologi 28B (5): 1-6.<br />

Alcolado, P.M. 1984. Nuevas especies <strong>de</strong><br />

esponjas encontra<strong>da</strong>s en Cuba. Poeyana 271:<br />

1-22.<br />

Alcolado, P. 2007. Reading the co<strong>de</strong> of coral<br />

reef sponge community composition and<br />

structure for environmental biomonitoring:<br />

some experiences from Cuba. In: Custódio,<br />

M.R.; Lôbo-Hajdu, G.; Hajdu, E. & Muricy,<br />

G. (Eds). <strong>Porifera</strong> Research: Biodiversity,<br />

Innovation and Sustainability. Museu<br />

Nacional, Rio <strong>de</strong> Janeiro. p.3-10.<br />

Andrea, B.; Batista, D.; Sampaio, C.L.S &<br />

Muricy, G. 2007. Spongivory by juvenile<br />

angelfish (Pomacanthi<strong>da</strong>e) in Salvador,<br />

<strong>Bahia</strong> State, Brazil. In: Custódio, M.R.; Lôbo-<br />

Hajdu, G.; Hajdu, E. & Muricy, G. (Eds).<br />

<strong>Porifera</strong> Research: Biodiversity, Innovation<br />

and Sustainability. Museu Nacional, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. p.131-137.<br />

Arndt, W. 1927. Kalk- und Kieselschwämme<br />

von Curaçao. Bijdragen tot <strong>de</strong> Dierkun<strong>de</strong><br />

25: 133-158.<br />

Barrois, C. 1876. Mémoire sur l’embryologie <strong>de</strong><br />

quelques Éponges <strong>de</strong> la Manche. Annales<br />

<strong>de</strong>s Sciences Naturelles (6) 3 (11): 57-59.<br />

Berlinck, R.G.S.; Ogawa, C.A.; Almei<strong>da</strong>,<br />

A.M.P.; Sanchez, M.A.A.; Malpezzi, E.L.A.;<br />

Costa, L.V.; Hajdu, E. & Freitas, J.C. <strong>de</strong><br />

1996. Chemical and pharmacological<br />

characterization of Halitoxin from<br />

Amphimedon viridis (<strong>Porifera</strong>) from the<br />

southeastern brazilian coast. Comparative<br />

Biochemistry and Physiology 115C: 155-163.<br />

Borojevic, R. & Peixinho, S. 1976. Eponges<br />

calcaires du Nord-Nord-Est du Brésil.<br />

Bulletin du Muséum national d’Histoire<br />

naturelle 3A, 402: 987-1036.<br />

Boury-Esnault, N.; Klautau, M.; Bezac,<br />

C.; Wulff, J. & Solé-Cava, A.M. 1999.<br />

Comparative study of putative conspecific<br />

sponge populations from both si<strong>de</strong>s of<br />

the Isthmus of Panama. Journal Marine<br />

Biological Associations United Kingdom<br />

79: 39-50.<br />

Carter, H.J. 1882. Some Sponges from the<br />

West Indies and Acapulco in the Liverpool<br />

Free Museum <strong>de</strong>scribed, with general<br />

and classificatory Remarks. Annals and<br />

Magazine of Natural History (5) 9 (52): 266-<br />

301,346-368, pls XI-XII.<br />

Carter, H.J. 1886. Descriptions of Sponges from<br />

the Neighbourhood of Port Phillip Heads,<br />

South Australia, continued. Annals and<br />

Magazine of Natural History (5) 18: 34-55,<br />

126-149.<br />

Ciminiello, P.; Dell’Aversano, C.; Fattorusso, E.;<br />

Magno, S. & Pansini, M. 1999. Chemistry of<br />

Verongi<strong>da</strong> Sponges. 9. Secon<strong>da</strong>ry Metabolite<br />

Composition of the Caribbean Sponge<br />

Aplysina cauliformis. Journal of Natural<br />

Products 62: 590–593.<br />

Collette, B. & Rützler, K. 1977. Reef fishes<br />

over sponge bottoms off the mouth of<br />

the Amazon river. Proceedings Third<br />

International Coral Reef Symposium: 305-<br />

310.<br />

Da Silva, E.M.; Peso-Aguiar, M.C.; Navarro,<br />

M.F.T. & Chastinet, C.B.A. 1997. Impact<br />

of petroleum pollution on aquatic coastal<br />

ecosystems in Brazil. Environmental<br />

Toxicology and Chemistry 16: 112-118.<br />

<strong>de</strong> Laubenfels, M.W. 1934. New sponges<br />

from the Puerto Rican <strong>de</strong>ep. Smithsonian<br />

Miscellaneous Collections 91(17): 1-28.<br />

<strong>de</strong> Laubenfels, M.W. 1936. A Discussion of<br />

the Sponge Fauna of the Dry Tortugas<br />

in Particular and the West Indies in<br />

General, with Material for a Revision of<br />

the Families and Or<strong>de</strong>rs of the <strong>Porifera</strong>.<br />

Carnegie Institute of Washington (Tortugas<br />

Laboratory Paper N° 467) 30: 1-225, pls 1-22.<br />

Duchassaing <strong>de</strong> Fonbressin, P. & Michelotti,<br />

G. 1864. Spongiaires <strong>de</strong> la mer Caraïbe.<br />

Natuurkundige verhan<strong>de</strong>lingen van<br />

<strong>de</strong> Hollandsche maatschappij <strong>de</strong>r<br />

wetenschappen te Haarlem 21 (2): 1-124, pls<br />

I-XXV.<br />

Erwin, P.M. & Thacker, R.W. 2007. Phylogenetic<br />

272 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Referências Bibliográficas<br />

analyses of marine sponges within the or<strong>de</strong>r<br />

Verongi<strong>da</strong>: a comparison of morphological<br />

and molecular <strong>da</strong>ta. Invertebrate Biology<br />

126: 220–234.<br />

Esteves, E.L. 2009. Revisão taxonômica<br />

e filogenia <strong>de</strong> Crambe Vosmaer, 1880 e<br />

Monanchora Carter, 1883 (Crambei<strong>da</strong>e,<br />

Poeciloscleri<strong>da</strong>, Demospongiae). Tese <strong>de</strong><br />

doutorado. Museu Nacional, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

313p.<br />

Gandolfi, R.; Medina, M.B.; Berlinck, R.G.S.;<br />

Lira, S. P. <strong>de</strong>; Galetti, F.C.S.; Silva, C.L.;<br />

Veloso, K.; Ferreira, A.G.; Hajdu, E. &<br />

Peixinho, S. 2010. Metabólitos secundários<br />

<strong>da</strong>s esponjas Aplysina fistularis e Dysi<strong>de</strong>a<br />

sp. e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> antituberculose <strong>da</strong><br />

11-cetofistularina-3. Química Nova 33: 1853-<br />

1858.<br />

Gao, H.; Kelly, M. & Hamann, M.T. 1999.<br />

Bromotyrosine-<strong>de</strong>rived metabolites from the<br />

sponge Aiolochroia crassa. Tetrahedron 55:<br />

9717-9726.<br />

George, W.C. & Wilson, H.V. 1919. Sponges of<br />

Beaufort (N.C.) Harbor and Vicinity. Bulletin<br />

of the Bureau of Fisheries 36: 129-179, pls<br />

LVI-LXVI.<br />

Grant, R.E. 1826. Notice of a New Zoophyte<br />

(Cliona celata Gr.) from the Firth of Forth.<br />

Edinburgh New Philosophical Journal 1:<br />

78-81.<br />

Gray, J.E. 1867. Notes on the Arrangement<br />

of Sponges, with the Descriptions of some<br />

New Genera. Proceedings of the Zoological<br />

Society of London 2: 492-558, pls XXVII-<br />

XXVIII.<br />

Hajdu, E. & Desqueyroux-Faún<strong>de</strong>z, R. 1994.<br />

A synopsis of South American Mycale<br />

(Mycale) (Poeciloscleri<strong>da</strong>, Demospongiae),<br />

with <strong>de</strong>scription of three new species and<br />

a cladistic analysis of Mycali<strong>da</strong>e. Revue<br />

Suisse <strong>de</strong> Zoologie 101: 563-600.<br />

Hajdu, E.; Muricy G.; Custódio, M., Russo, C.<br />

& Peixinho, S. 1992. Geodia corticorticostylifera<br />

(Demospongiae, <strong>Porifera</strong>) new astrophorid<br />

from the Brazilian coast (Southwestern<br />

Atlantic). Bulletin of Marine Science 51:<br />

204-217.<br />

Hajdu, E.; Zea, S.; Kielman, M. & Peixinho,<br />

S. 1995. Mycale escarlatei n.sp. and Mycale<br />

unguifera n.sp. (Mycali<strong>da</strong>e, Poeciloscleri<strong>da</strong>,<br />

Demospongiae) from the Tropical-western<br />

Atlantic. Beaufortia 45: 1-16.<br />

Hardoim, C.C.; Costa, R.; Araújo, F.V.; Hajdu,<br />

E.; Peixoto, R.; Lins, U.; Rosado, A.S. & van<br />

Elsas, J.D. 2009. Diversity of bacteria in the<br />

marine sponge Aplysina fulva in Brazilian<br />

coastal waters. Applied and Environmental<br />

Microbiology 75 (10): 3331-3343.<br />

Hechtel, G.J. 1965. A Systematic Study of the<br />

Demospongiae of Port Royal, Jamaica.<br />

Bulletin of the Peabody Museum of<br />

Natural History 20: 1-103.<br />

Hechtel, G.J. 1976. Zoogeography of Brazilian<br />

marine Demospongiae. In: Harrison, F.W.<br />

& Cow<strong>de</strong>n, R.R. (Eds.) Aspects of Sponge<br />

Biology. Nova Iorque: Aca<strong>de</strong>mic Press. p.<br />

237-260.<br />

Hechtel, G.J. 1983. New species of marine<br />

Demospongiae from Brazil. Iheringia, Série<br />

Zoologia 63: 59-89.<br />

Heim, I.; Nickel, M. & Brümmer, F. 2007.<br />

Molecular markers for species discrimination<br />

in poriferans: a case study on species of the<br />

genus Aplysina. In: Custódio, M.R.; Lôbo-<br />

Hajdu, G.; Hajdu, E. & Muricy, G. (Eds).<br />

<strong>Porifera</strong> Research: Biodiversity, Innovation<br />

and Sustainability. Museu Nacional, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. p. 361-371.<br />

Heim, I.; Hammel, J.U.; Nickel, M. & Brümmer,<br />

F. 2007. Salting sponges: a reliable nontoxic<br />

and cost-effective method to preserve<br />

poriferans in the field for subsequent<br />

DNA-work. In: Custódio, M.R.; Lôbo-Hajdu,<br />

G.; Hajdu, E. & Muricy, G. (Eds). <strong>Porifera</strong><br />

Research: Biodiversity, Innovation and<br />

Sustainability. Museu Nacional, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. p. 373-377.<br />

Higgin, T. 1877. Description of some Sponges<br />

obtained during a Cruise of the Steam-Yacht<br />

‘Argo’ in the Caribbean and neighbouring<br />

Seas. Annals and Magazine of Natural<br />

History (4) 19: 291-299, pl. XIV.<br />

Hyatt, A. 1875. Revision of the North American<br />

<strong>Porifera</strong>e; with Remarks upon Foreign<br />

Species. Part I. Memoirs of the Boston<br />

Society of Natural History 2: 399-408, pl.<br />

XIII.<br />

Isbister, G.K. & Hooper, J.N.A. 2005. Clinical<br />

effects of stings by sponges of the genus<br />

Te<strong>da</strong>nia and a review of sponge stings<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

273


Referências Bibliográficas<br />

worldwi<strong>de</strong>. Toxicon 46: 782-785.<br />

Keller, C. 1889. Die Spongienfauna <strong>de</strong>s<br />

rothen Meeres (I. Hälfte). Zeitschrift für<br />

Wissenschaftliche Zoologie 48: 311-405, pls<br />

XX-XXV<br />

Klautau, M.; Russo, C.; Lazoski, C.; Boury-<br />

Esnault, N.; Thorpe, J. & Solé-Cava, A.<br />

1999. Does cosmopolitanism result from<br />

overconservative systematics A case study<br />

using the marine sponge Chondrilla nucula.<br />

Evolution 53: 1414-1422.<br />

Kossuga, M.H.; Lira, S.P. <strong>de</strong>; Nascimento,<br />

A.; Gambar<strong>de</strong>lla, M.T.P.; Berlinck, R.G.S.;<br />

Torres, Y.R.; Nascimento, G.G.F.; Pimenta,<br />

E.; Silva, M.; Thiemann, O. & Hajdu, E.<br />

2007. Isolamento e Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s Biológicas<br />

<strong>de</strong> Produtos Naturais <strong>da</strong>s <strong>Esponjas</strong><br />

Monanchora arbuscula, Aplysina sp., Petromica<br />

ciocalyptoi<strong>de</strong>s e Topsentia ophiraphidites, <strong>da</strong><br />

Ascídia Di<strong>de</strong>mnum ligulum e do Octocoral<br />

Carijoa riisei. Química Nova 30: 1194-1202.<br />

Kossuga, M.H.; Nascimento, A.; Reimão, J.Q.;<br />

Tempone, A.G.; Taniwakin N.N.; Veloso,<br />

K.; Ferreira, A.G.; Cavalcanti, B.C.; Pessoa,<br />

C.; Moraes, M.O.; Mayer, A.M.S.; Hajdu,<br />

E. & Berlinck, R.G.S. 2008. Antiparasitic,<br />

antineuroinflammatory, and cytotoxic<br />

polyketi<strong>de</strong>s from the marine sponge Plakortis<br />

angulospiculatus collected in Brazil. Journal<br />

of Natural Products 71: 334–339.<br />

Lamarck, J.B.P. 1814. Sur les polypiers empâtés.<br />

Suite du mémoire intitulé: Sur les Polypiers<br />

empâtés. Suite <strong>de</strong>s éponges. Annales du<br />

Muséum national d’histoire naturelle 20<br />

(6): 432-458.<br />

Lamarck, J.B.P. 1815 [1814]. Suite <strong>de</strong>s polypiers<br />

empâtés. Mémoires du Muséum d’Histoire<br />

Naturelle 1: 69-80, 162-168, 331-340.<br />

Lamarck, J.B.P. 1816. Histoire naturelle <strong>de</strong>s<br />

animaux sans vertèbres, présentant les<br />

caractères généraux et particuliers <strong>de</strong> ces<br />

animaux, leur distribution, leurs classes,<br />

leurs familles, leurs genres, et la citation<br />

<strong>de</strong>s principales espèces qui s’y rapportent.<br />

2. Paris: Verdière. 568p.<br />

Lazoski, C.; Solé-Cava, A.M.; Boury-Esnault,<br />

N.; Klautau, M. & Russo, C.A.M. 2001.<br />

Cryptic speciation in a high gene flow<br />

scenario in the oviparous marine sponge<br />

Chondrosia reniformis. Marine Biology 139:<br />

421-429.<br />

von Len<strong>de</strong>nfeld, R. 1883. Über<br />

Coelenteraten <strong>de</strong>r Südsee. II. Mittheilung.<br />

Neue Aplysini<strong>da</strong>e. Zeitschrift für<br />

wissenschaftliche Zoologie 38 (2): 234-313,<br />

pls X-XIII.<br />

Lerner, C. & Hajdu, E. 2002. Two new<br />

Mycale (Naviculina) Gray (Mycali<strong>da</strong>e,<br />

Poeciloscleri<strong>da</strong>, Demospongiae) from<br />

the Paulista Biogeographic Province<br />

(Southwestern Atlantic). Revista <strong>Brasil</strong>eira<br />

<strong>de</strong> Zoologia 19: 109-122.<br />

Marcus, E. du. B.-R. & Marcus, E. 1963.<br />

Opisthobranchs from the Lesser Antilles.<br />

Studies on the Fauna of Curaçao and other<br />

Caribbean Islands 19 (79) 1-76.<br />

McMurray, S.E.; Blum, J.E. & Pawlik, J.R. 2008.<br />

Redwood of the reef: Growth and age of the<br />

giant barrel sponge Xestospongia muta in the<br />

Flori<strong>da</strong> Keys. Marine Biology 155: 159–171.<br />

Montagu, G. 1818. An Essay on Sponges, with<br />

Descriptions of all the Species that have been<br />

discovered on the Coast of Great Britain.<br />

Memoirs of the Wernerian Natural History<br />

Society 2 (1): 67-122, pls III-XVI.<br />

Muricy, G.; Hajdu, E.; Minervino, J.V.; Ma<strong>de</strong>ira,<br />

A.V. & Peixinho, S. 2001. Systematic<br />

revision of the genus Petromica Topsent<br />

(Demospongiae: Halichondri<strong>da</strong>), with a<br />

new species from the southwestern Atlantic.<br />

Hydrobiologia 443: 103-128.<br />

Muricy, G & Ribeiro, S. 1999: Shallow-water<br />

Haploscleri<strong>da</strong> (<strong>Porifera</strong>, Demospongiae)<br />

from Rio <strong>de</strong> Janeiro state, Brazil<br />

(Southwestern Atlantic). Beaufortia 49 (9):<br />

83-108.<br />

Nuñez, C.V.; <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, E.V.R.; Granato,<br />

A.C.; Marques, S.O.; Santos, K.O.; Pereira,<br />

F.R.; Macedo, M.L.; Ferreira, A.G.; Hajdu,<br />

E.; Pinheiro, U.S.; Muricy, G.; Peixinho, S.;<br />

Freeman, C.J.; Gleason, D.F. & Berlinck,<br />

R.G.S. 2008. Chemical variability within the<br />

marine sponge Aplysina fulva. Biochemical<br />

Systematics Ecology 36: 283–296.<br />

Pallas, P.S. 1766. Elenchus Zoophytorum<br />

sistens generum adumbrationes<br />

generaliores et specierum cognitarum<br />

succinctas <strong>de</strong>scriptiones cum selectis<br />

auctorum synonymis. Haia: Peter van Cleef.<br />

451p.<br />

Pang, R.K. 1973. The systematics of some<br />

274 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA


Referências Bibliográficas<br />

Jamaican excavating sponges (<strong>Porifera</strong>).<br />

Postilla 161: 1-75.<br />

Patil, A.D.; Kokke, W.C.; Cochran, S.; Francis,<br />

T.A.; Tomszek, T. & Westley, J.W. 1992.<br />

Brominated Polyacetylenic Acids from the<br />

Marine Sponge Xestospongia muta: Inhibitors<br />

of HIV Protease. Journal of Natural.<br />

Products 55: 1170–1177.<br />

Peixinho, S.; Cosme, B. & Hajdu, E. 2005.<br />

Craniella quirimure sp. nov. from the<br />

mangroves of <strong>Bahia</strong> (Brazil) (Tetilli<strong>da</strong>e,<br />

Spirophori<strong>da</strong>, Demospongiae). Zootaxa<br />

1036: 31-42.<br />

Peso-Aguiar, M.C.; Smith, D.H.; Assis, R.C.F.;<br />

Isabel, L.M.S.; Peixinho, S.; Gouvea, E.P.;<br />

Almei<strong>da</strong>, T.C.A.; Andra<strong>de</strong>, W.S.; Carqueija,<br />

C.R.G.; Kelmo, F.; Carrozzo, G.; Rodrigues,<br />

C.V.; Carvalho, G.C. & Jesus, A.C.S. 2000.<br />

Effects of Petroleum and its <strong>de</strong>rivatives<br />

in benthic communities at Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos/ Todos os Santos Bay, <strong>Bahia</strong>,<br />

Brazil. Aquatic Ecosystem Health and<br />

Management 3: 459-470.<br />

Pinheiro, U.S.; Hajdu, E. & Custodio, M.R.<br />

2007. Aplysina Nardo (<strong>Porifera</strong>, Verongi<strong>da</strong>,<br />

Aplysini<strong>da</strong>e) from the Brazilian coast with<br />

<strong>de</strong>scriptions of eight new species. Zootaxa<br />

1609: 1-51.<br />

Reis, M.A.C. & Leão, Z.M.A.N. 2000.<br />

Bioerosion rate of the sponge Cliona celata<br />

(Grant 1826) from reefs in turbid waters,<br />

north <strong>Bahia</strong>, Brazil. Proceedings 9th<br />

International Coral Reef Symposium 1:<br />

273-278.<br />

Reiswig, H.M. 2002. Family Aulocalyci<strong>da</strong>e<br />

Family Aulocalyci<strong>da</strong>e Ijima, 1927. Pp.<br />

1362-1371. In Hooper, J. N. A. & Van Soest,<br />

R. W. M. (ed.) Systema <strong>Porifera</strong>. A gui<strong>de</strong><br />

to the classification of sponges. 2. Nova<br />

Iorque, Boston, Dordrecht, Londres, Moscou:<br />

Kluwer Aca<strong>de</strong>mic/ Plenum Publishers.<br />

Ribeiro, S.M. & Muricy, G. 2004. Four new<br />

sympatric species of Tethya (Demospongiae:<br />

Hadromeri<strong>da</strong>) from Abrolhos Achipelago<br />

(<strong>Bahia</strong> State, Brazil). Zootaxa 557: 1-16.<br />

Ribeiro, S.; Omena, E. & Muricy, G. 2003.<br />

Macrofauna associated to Mycale<br />

microsigmatosa (<strong>Porifera</strong>, Demospongiae) in<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro State, SE Brazil. Estuarine,<br />

Coastal and Shelf Sciense 57: 951-959<br />

Ridley, S.O. 1881. XI. Spongi<strong>da</strong>. Horny and<br />

Siliceous Sponges of Magellan Straits,<br />

S.W. Chili, and Atlantic off S.W. Brazil. In:<br />

Gunther, A., ed. Account on the Zoological<br />

Collections ma<strong>de</strong> during the Survey of<br />

H.M.S. ‘Alert’ in the Straits of Magellan<br />

and on the Coast of Patagonia. p. 107-<br />

137,140-141, pls X-XI.<br />

Ridley, S.O. 1884. Spongii<strong>da</strong>. In: Report on the<br />

Zoological Collections ma<strong>de</strong> in the Indo-<br />

Pacific Ocean during the Voyage of H.M.S.<br />

‘Alert’, 1881-2. British Museum (Natural<br />

History). London. p. 366-482, pls 39-43; 582-<br />

630, pls 53-54.<br />

Ridley, S.O. & Dendy, D. 1887. Preliminary<br />

report on the Monaxoni<strong>da</strong> collected by<br />

H.M.S. ‘Challenger’ during the years 1873-<br />

1876. Report on the Scientific Results of the<br />

Voyage of H.M.S. “Challenger”. 1873-1876.<br />

Zoology 20 (59): I – 1xvii, 1-275, pls I-LI.<br />

Rützler, K. 1975. The role of burrowing sponges<br />

in bioerosion. Oecologia 19: 203-216.<br />

Row, R.W.H. 1911. Reports on the Marine<br />

Biology of the Su<strong>da</strong>nese Red Sea, from<br />

Collections ma<strong>de</strong> by Cyril Crossland, M.A.,<br />

B.Sc., F.Z.S. XIX. Report on the Sponges<br />

collected by Mr. Cyril Crossland in 1904-<br />

5. Part II. Non-Calcarea. Journal of the<br />

Linnean Society. Zoology 31 (208): 287-400,<br />

pls 35-41.<br />

Santos, C.P.; Coutinho, A.B. & Hajdu, E. 2002.<br />

Spongivory by Euci<strong>da</strong>ris tribuloi<strong>de</strong>s from<br />

Salvador, <strong>Bahia</strong>. Journal of the Marine<br />

Biological Association of the United<br />

Kingdom 82: 295-297.<br />

Schmidt, O. 1862. Die Spongien <strong>de</strong>s<br />

adriatischen Meeres. Leipzig: Wilhelm<br />

Engelmann. p. i-viii, 1-88, pls 1-7.<br />

Schmidt, O. 1870. Grundzüge einer Spongien-<br />

Fauna <strong>de</strong>s atlantischen Gebietes. Leipzig:<br />

Wilhelm Engelmann. p. iii-iv, 1-88, pls I-VI.<br />

Schmitt, S.; Hentschel, U.; Zea, S.; Dan<strong>de</strong>kar,<br />

T. & Wolf, M. 2005. ITS-2 and 18S rRNA<br />

gene phylogeny of Aplysini<strong>da</strong>e (Verongi<strong>da</strong>,<br />

Demospongiae). Journal of Molecular<br />

Evolution 60: 327-336<br />

Selenka, E. 1879 [1880]. Ueber einen<br />

Kieselschwamm von achtstrahligen Bau, und<br />

über Entwicklung <strong>de</strong>r Schwammknospen.<br />

Zeitschrift für wissenschaftliche Zoologie<br />

33: 467-476, pls XXVII-XXVIII.<br />

EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />

275


Referências Bibliográficas<br />

Sollas, W.J. 1886. Preliminary account of the<br />

tetraxinellid sponges Dredged by H.M.S.<br />

‘Challenger’ during the years 1872-1876. Part<br />

I. The Choristi<strong>da</strong>. Scientific Proceedings of<br />

the Royal Dublin Society (new series) 5:<br />

177-199.<br />

Tavares, R.; Daloze, D.; Braekman, J.C.;<br />

Hajdu, E.; Muricy, G. & van Soest, R.W.M.<br />

1994. Isolation of crambescidin 800 from<br />

Monanchora arbuscula (<strong>Porifera</strong>). Biochemical<br />

Systematics Ecology 22 (6): 645-646.<br />

Thacker, A.G. 1908. On collections of the<br />

Cape Ver<strong>de</strong> Islands fauna ma<strong>de</strong> by Cyril<br />

Crossland, M.A. The Calcareous sponges.<br />

Proceedings of the Zoological Society of<br />

London 49: 757-782.<br />

Tsurnamal, M. 1967. Chelonaplysilla erecta<br />

n.sp. (Demospongiae, Keratosa) from<br />

mediterranean Coast of Israel. Israel Journal<br />

of Zoology 16: 96-100.<br />

Uliczka, E. 1929. Die tetraxonen Schwämme<br />

Westindiens (auf Grund <strong>de</strong>r Ergebnisse <strong>de</strong>r<br />

Reise Kükenthal-Hartmeyer). In: Kükenthal,<br />

W. & Hartmeyer, R., eds. Ergebnisse<br />

einer zoologischen Forschungsreise nach<br />

Westindien. Zoologische Jahrbücher.<br />

Abteilung für Systematik, Geographie und<br />

Biologie <strong>de</strong>r Thiere 16: p. 35-62<br />

van Soest, R.W.M. 1980. Marine sponges from<br />

Curaçao and other Caribbean localities. Part<br />

II. Haploscleri<strong>da</strong>. In: Hummelinck, P.W. &<br />

Van <strong>de</strong>r Steen, L.J., eds. Uitgaven van <strong>de</strong><br />

Natuurwetenschappelijke Studiekring voor<br />

Suriname en <strong>de</strong> Ne<strong>de</strong>rlandse Antillen. No.<br />

104. Studies on the Fauna of Curaçao and<br />

other Caribbean Islands 62 (191): 1–173.<br />

van Soest, R.W.M; Boury-Esnault, N.; Hooper,<br />

J.N.A.; Rützler, K; <strong>de</strong> Voogd, N.J.; Alvarez <strong>de</strong><br />

Glasby, B.; Hajdu, E.; Pisera, A.B.; Manconi,<br />

R.; Schoenberg, C.; Janussen, D.; Tabachnick,<br />

K.R.; Klautau, M.; Picton, B. & Kelly, M. 2011.<br />

World <strong>Porifera</strong> <strong>da</strong>tabase. Disponível em:<br />

http://www.marinespecies.org/porifera.<br />

van Soest, R.W.M. & Zea, S. 1986. A new<br />

sublithistid sponge Monanthus ciocalyptoi<strong>de</strong>s<br />

n. sp. (<strong>Porifera</strong>, Halichondri<strong>da</strong>) from the<br />

West Indian region. Bulletin Zoologisch<br />

Museum, Universiteit van Amster<strong>da</strong>m 10<br />

(24): 201-205.<br />

Vilanova, E. & Muricy, G. 2001. Taxonomy<br />

and distribution of the sponge genus<br />

Dysi<strong>de</strong>a Johnston, 1842 (Demospongiae,<br />

Dendrocerati<strong>da</strong>) in the extractive reserve of<br />

Arraial do Cabo, SE Brazil (SW Atlantic).<br />

Boletim do Museu Nacional, Nova Série,<br />

Zoologia 453: 1-16.<br />

Weltner, W. 1882. Beiträge zur Kenntniss <strong>de</strong>r<br />

Spongien. Inaugural Dissertation. Freiburg.<br />

1-62, pls I-III.<br />

Wie<strong>de</strong>nmayer, F. 1977. A monograph of the<br />

shallow-water sponges of the western<br />

Bahamas. Birkhäuser Verlag, Basel und<br />

Stuttgart. Experientia Supplementum 28:<br />

1-287, pls. 1-43.<br />

Xavier, J.R.; Rachello-Dolmen, P.G.; Parra-<br />

Velandia, F.; Schönberg, C.H.L.; Breeuwer,<br />

J.A.J. & van Soest, R.W.M. 2010. Molecular<br />

evi<strong>de</strong>nce of cryptic speciation in the<br />

“cosmopolitan” excavating sponge Cliona<br />

celata (<strong>Porifera</strong>, Clionai<strong>da</strong>e). Molecular<br />

Phylogenetics and Evolution 56 (1): 13-20<br />

276 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!