Esponjas Marinhas da Bahia - Guia de Campo e ... - Porifera Brasil
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ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA<br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> campo e laboratório
SÉRIE LIVROS<br />
ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA<br />
<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> campo e laboratório<br />
Eduardo Hajdu<br />
† Solange Peixinho<br />
Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z<br />
Com prefácio <strong>de</strong><br />
Marlene C. Peso-Aguiar<br />
Museu Nacional<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
2011
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Reitor – Prof. Carlos Antônio Levi <strong>da</strong> Conceição<br />
Museu Nacional<br />
Diretora – Claudia Rodrigues Ferreira <strong>de</strong> Carvalho<br />
Comissão <strong>de</strong> publicações do Museu Nacional<br />
Editores – Miguel Angel Monné Barrios e Ulisses Caramaschi<br />
Editores <strong>de</strong> Área – Adriano B. Kury, Ciro A. Ávila, Claudia P. Bove, Débora O. Pires, Guilherme<br />
R.S. Muricy, Izabel C.A. Dias, João A. Oliveira, João W.A. Castro, Marcela L.M. Freire, Marcelo A.<br />
Carvalho, Marcos Raposo, Maria D.B.G. Oliveira, Marília L.C.F. Soares, Rita S. Ybert, Vânia G.L.<br />
Esteves<br />
Normalização – Edson Vargas <strong>da</strong> Silva e Leandra <strong>de</strong> Oliveira<br />
Diagramação e Arte Final – Lia Ribeiro<br />
Serviços <strong>de</strong> Secretaria - Thiago Macedo dos Santos<br />
Para esta obra:<br />
Revisores – Eduardo L. Esteves (Poeciloscleri<strong>da</strong>), Gisele Lôbo Hajdu (Introdução, Glossário),<br />
Mariana S. Carvalho (Astrophori<strong>da</strong>, Halichondri<strong>da</strong>), Michelle Klautau (Calcarea), Sula Salani<br />
(Chondrosi<strong>da</strong>, Hadromeri<strong>da</strong>, Spirophori<strong>da</strong>, 2 a revisão completa), Suzi M. Ribeiro (Haploscleri<strong>da</strong>),<br />
Ulisses S. Pinheiro (Dictyocerati<strong>da</strong>, Dendrocerati<strong>da</strong>, Verongi<strong>da</strong>)<br />
Apoio Editorial – Sula Salani<br />
Projeto Gráfico – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />
Diagramação e Arte Final – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />
Capa – Beatriz Custódio, Eduardo Hajdu<br />
Desenhos – Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z, Eduardo Hajdu<br />
(Eletro)(micro)(foto)grafias – Eduardo Hajdu, Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z, Gisele Lôbo-Hajdu, Cláudio L.S.<br />
Sampaio, Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva, Michelle R.L. Klautau, Bruno Cosme, Márcio R. Custódio,<br />
Sula Salani, Philippe Willenz, Mariana S. Carvalho<br />
Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> DTP – Emma Smith<br />
MUSEU NACIONAL – Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Quinta <strong>da</strong> Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, <strong>Brasil</strong><br />
Impressão – Sermograf<br />
Impresso no <strong>Brasil</strong> / Printed in Brazil<br />
H129 Hajdu, Eduardo, 1964-<br />
<strong>Esponjas</strong> marinhas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>: guia <strong>de</strong> campo e laboratório / Eduardo<br />
Hajdu, Solange Peixinho, Júlio C. C. Fernan<strong>de</strong>z ; com prefácio <strong>de</strong> Marlene<br />
C. Peso Aguiar. – Rio <strong>de</strong> Janeiro: Museu Nacional, 2011.<br />
276 p. : il. color., mapa ; 24 cm. – (Série Livros ; 45)<br />
Bibliografia: p. 272-276.<br />
ISBN: 978-85-7427-041-8<br />
1. <strong>Esponjas</strong> – <strong>Bahia</strong> – I<strong>de</strong>ntificação. I. Peixinho, Solange. II. Fernan<strong>de</strong>z,<br />
Júlio C.C. III. Museu Nacional (<strong>Brasil</strong>). IV. Título. V. Série.<br />
CDD 593.4098142
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
AUTORES<br />
Eduardo Hajdu<br />
Departamento <strong>de</strong> Invertebrados, Museu<br />
Nacional, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, Quinta <strong>da</strong> Boa Vista, s/n, São<br />
Cristóvão. 20940–040 Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ,<br />
<strong>Brasil</strong>. E–mail: eduardo.hajdu@gmail.com<br />
† Solange Peixinho<br />
Instituto <strong>de</strong> Biologia, Departamento <strong>de</strong><br />
Zoologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>,<br />
Campus Universitário, Ondina. 40210–170,<br />
Salvador, BA, <strong>Brasil</strong>.<br />
Júlio C.C. Fernan<strong>de</strong>z<br />
Instituto <strong>de</strong> Biologia, Departamento <strong>de</strong><br />
Zoologia, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>,<br />
Campus Universitário, Ondina. 40210–170,<br />
Salvador, BA, <strong>Brasil</strong>.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
5
APRESENTAÇÃO<br />
O presente trabalho resulta <strong>de</strong> uma longa convivência com a fauna <strong>de</strong> esponjas<br />
marinhas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, particularmente em zonas rasas <strong>de</strong> uma região conheci<strong>da</strong> como<br />
Recôncavo, a qual circun<strong>da</strong> a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. As esponjas aqui <strong>de</strong>scritas<br />
representam apenas uma parcela, <strong>de</strong> uma rica e varia<strong>da</strong> fauna <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong> regiões<br />
costeiras <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
Estes resultados <strong>de</strong>rivam <strong>da</strong> colaboração entre pesquisadores <strong>da</strong>s Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
Fe<strong>de</strong>rais <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA) e do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ) no mapeamento <strong>da</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esponjas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, e nos últimos anos visando também obtenção<br />
<strong>de</strong> novos fármacos, em colaboração com a Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (São Carlos).<br />
Vale ressaltar, que entre as aplicações conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s esponjas, sua utilização como<br />
biomonitoras <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental tem sido bastante divulga<strong>da</strong>, o que lhes confere<br />
importante papel como nossas parceiras na preservação dos ambientes marinhos.<br />
Esperamos com este trabalho suprir uma lacuna no conhecimento <strong>de</strong>ste recurso<br />
biológico no litoral baiano, facilitando o contato com estes fascinantes organismos, por<br />
pesquisadores, estu<strong>da</strong>ntes, mergulhadores, os mais diversos amantes <strong>da</strong> natureza, e<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para todos, por formadores <strong>de</strong> opinião e legisladores.<br />
Na introdução do <strong>Guia</strong> incluímos uma caracterização do Filo <strong>Porifera</strong>, elementos<br />
básicos <strong>de</strong> sua classificação e filogenia, um apanhado <strong>de</strong> aspectos ecológicos, uma<br />
breve caracterização do litoral baiano e dos padrões <strong>de</strong> distribuição dos poríferos<br />
na <strong>Bahia</strong>, no <strong>Brasil</strong> e no mundo. Ilustrações e <strong>de</strong>scrições curtas, que ressaltam suas<br />
principais características, são ofereci<strong>da</strong>s para 70 espécies, <strong>de</strong>ntre as mais <strong>de</strong> 150 já<br />
registra<strong>da</strong>s para o estado. Este último número inclui algumas espécies <strong>de</strong> difícil<br />
acesso, uma vez que ocorrem em maiores profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e não se consi<strong>de</strong>rou<br />
prioritário sua inclusão neste primeiro <strong>Guia</strong> para as esponjas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
Entretanto, as estimativas do número real <strong>de</strong> espécies ocorrendo no mar <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong> situam-se na casa <strong>da</strong>s 300, consi<strong>de</strong>rando essencialmente aquelas <strong>de</strong> águas<br />
relativamente rasas (até os 30-40m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>). Parte significativa <strong>de</strong>stas<br />
espécies já foi coleta<strong>da</strong> e encontra-se tomba<strong>da</strong> em coleções nacionais <strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
biológica, tais como as do Museu Nacional (UFRJ) e do Museu <strong>de</strong> Zoologia (UFBA),<br />
porém permanece <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, no aguardo <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra especializa<strong>da</strong> para sua<br />
<strong>de</strong>scrição formal e divulgação. Várias <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>, apesar<br />
<strong>de</strong> sabi<strong>da</strong>mente ocorrendo na <strong>Bahia</strong>, há tempos, somente agora são pela primeira<br />
vez apresenta<strong>da</strong>s ao público <strong>de</strong> forma minimamente <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />
I<strong>de</strong>ntificações acura<strong>da</strong>s <strong>de</strong> organismos marinhos associam-se geralmente <strong>de</strong><br />
modo íntimo à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scrições originais. Por isso, entre encontrar um<br />
organismo casualmente, e divulgar à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tal <strong>de</strong>scoberta, po<strong>de</strong> transcorrer um<br />
largo período. Descrever <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente uma espécie leva tempo, e mesmo que não<br />
se constitua apenas em novo registro <strong>de</strong> ocorrência, tal constatação frequentemente<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> interpretação <strong>de</strong> antigos textos em alemão, francês, inglês e italiano,<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
7
Apresentação<br />
quando não russo (!), o que por si só já explicaria a <strong>de</strong>mora. Mas no fundo, o maior<br />
problema resulta <strong>de</strong> serem muitas as espécies <strong>de</strong> poríferos, e poucos os taxônomos.<br />
Como agravante, a Taxonomia é vista por muitos como uma ciência acessória, a tal<br />
ponto que costumeiramente não se permite que esta seja o cerne <strong>de</strong> uma tese <strong>de</strong><br />
doutoramento. Como os poucos taxônomos que existem são cobrados pela formação<br />
e orientação <strong>de</strong> pós-graduandos que, por sua vez, não po<strong>de</strong>m se concentrar<br />
exclusivamente em taxonomia (seja porque o curso não permite, seja porque as<br />
perspectivas <strong>de</strong> emprego são sombrias), tira-se <strong>da</strong>í que tampouco o taxônomo<br />
po<strong>de</strong> se concentrar naquilo que melhor sabe fazer. Inúmeras vezes, terá <strong>de</strong> orientar<br />
em áreas correlatas, como os estudos filogenéticos, ecológicos e biogeográficos,<br />
essenciais também, mas inevitavelmente reduzindo o ritmo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> novas<br />
<strong>de</strong>scrições.<br />
Porém, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por i<strong>de</strong>ntificações acura<strong>da</strong>s <strong>de</strong> organismos marinhos vem<br />
crescendo substancialmente no <strong>Brasil</strong>, como consequencia <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong>s leis <strong>de</strong><br />
responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental, <strong>de</strong> uma maior conscientização para o valor <strong>da</strong> natureza<br />
que nos cerca, e do crescente respeito com as gerações vindouras. <strong>Guia</strong>s <strong>de</strong> campo<br />
como o que oferecemos aqui, temos certeza, vêm <strong>de</strong> encontro à enorme se<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
informação <strong>de</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e esperamos que ressaltem o valor do taxônomo como<br />
profissional essencial à bio<strong>de</strong>scoberta e ao eficiente (sustentável) aproveitamento<br />
dos recursos contidos no imenso reservatório <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.<br />
Eduardo Hajdu<br />
Solange Peixinho<br />
Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />
8 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
AGRADECIMENTOS<br />
Esta é uma <strong>da</strong>s partes <strong>de</strong> uma obra on<strong>de</strong> imperfeições são mais nota<strong>da</strong>s. Infelizmente,<br />
com um trabalho que se arrasta há mais <strong>de</strong> duas déca<strong>da</strong>s, inevitavelmente algumas<br />
participações instrumentais para sua conclusão terão sido esqueci<strong>da</strong>s. Para estas,<br />
nosso sincero pedido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas. Dentre as que lembramos, Ana V. Ma<strong>de</strong>ira,<br />
Bruno C.S. Gomes, Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva, Claudio Sampaio, Cristiana Castelo-<br />
Branco, Cristina P. Santos, Eduardo L. Esteves, Fernan<strong>da</strong> Cavalcanti, George J.G.<br />
Santos, Gisele Lôbo Hajdu, Guilherme R.S. Muricy, Josiane G. Rocha, Laura P. Kremer,<br />
Louis Barrows, Maíra V. Oliveira, Mariana S. Carvalho, Mike Leblanc, Pablo R.D.<br />
Rodrigues, Renata G. Silvano, Roberto G.S. Berlinck, Rosana M. Rocha, Sula Salani,<br />
Ulisses S. Pinheiro e Viviane P. Santos auxiliaram com as coletas, ao nosso lado, ou<br />
conduzindo-as <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Pelo auxílio nas <strong>de</strong>scrições e i<strong>de</strong>ntificações,<br />
bem como na diagramação, <strong>de</strong> forma presencial ou trocando “figurinhas” pelo correio<br />
eletrônico, temos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à Carla Zilberberg, Claudio L.S. Sampaio, Eduardo L.<br />
Esteves, Fábio V. Araujo, Fernan<strong>da</strong> C. Azevedo, Henry M. Reiswig, José L. Carballo,<br />
Klaus Rützler, Maíra V. Oliveira, Márcio R. Custódio, Mariana S. Carvalho, Marc<br />
Laflamme, Michael Nickel, Michelle L.R. Klautau, Pedro M. Alcolado, Rob W.M. van<br />
Soest, Roberto G.S. Berlinck, Sula Salani, Sven Zea, Thiago S. <strong>de</strong> Paula, Ulisses S.<br />
Pinheiro e Vinicius Padula. Tal aju<strong>da</strong> se <strong>de</strong>u com a preparação <strong>de</strong> lâminas para estudo<br />
ao microscópio, com a observação <strong>da</strong>s mesmas, com a obtenção <strong>de</strong> micrometrias,<br />
comparação com <strong>de</strong>scrições <strong>da</strong> literatura, discussão <strong>de</strong> preferências alimentares<br />
<strong>de</strong> pre<strong>da</strong>dores <strong>de</strong> esponjas, menção a novos locais on<strong>de</strong> se encontrou algumas <strong>da</strong>s<br />
espécies incluí<strong>da</strong>s no <strong>Guia</strong>, e <strong>de</strong> muitas outras formas, mais ou menos sutis. Molly<br />
Ryan é autora <strong>de</strong> boa parte dos <strong>de</strong>senhos utilizados para ilustrar o glossário, e como tal<br />
merece um agra<strong>de</strong>cimento especial. Pelo apoio financeiro na forma <strong>de</strong> bolsas e auxílios<br />
temos <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à CAPES, ao CENPES/Petrobras, ao CNPq, à FAPERJ, à FAPESB<br />
e à FAPESP, porém também a nós mesmos, importantes contribuidores financeiros<br />
para a viabilização <strong>de</strong>sta obra, que foi diagrama<strong>da</strong> e impressa com recursos do projeto<br />
Desenvolvimento <strong>da</strong> Taxonomia <strong>de</strong> <strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> (<strong>Porifera</strong>) do <strong>Brasil</strong> (Petrobras–<br />
Agência Nacional do Petróleo SAP 4600177470), coor<strong>de</strong>nado pelo Prof. Dr. Guilherme<br />
Ramos <strong>da</strong> Silva Muricy, e integrante <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Monitoramento Ambiental Marinho<br />
<strong>da</strong> Petrobras. Graças a nossos excelentes parceiros na área ambiental <strong>da</strong> Petrobras,<br />
Ana Paula Falcão, Guarani <strong>de</strong> Hollan<strong>da</strong> Cavalcanti e Márcia <strong>de</strong> França Rocha, temos<br />
conseguido elevar nossa ciência a patamares <strong>de</strong> disseminação com os quais sequer<br />
sonhávamos há pouco mais <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong>. De suma importância para a conclusão<br />
<strong>de</strong>sta obra foi também nossa moe<strong>da</strong> afetiva. O tempo em que estivemos longe <strong>de</strong> casa<br />
colhendo informações para este <strong>Guia</strong> – ou mesmo quando estávamos em casa, porém<br />
100% absortos em sua preparação – foi subtraído <strong>da</strong>queles que mais o mereciam,<br />
nossas famílias. Para com eles nossa dívi<strong>da</strong> é impagável, e nosso agra<strong>de</strong>cimento o<br />
maior e mais sincero.<br />
Eduardo Hajdu<br />
Solange Peixinho<br />
Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
9
10 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Solange Peixinho<br />
(27.01.1946 - 11.11.2010)<br />
Solange, natural <strong>de</strong> Monte Santo (BA), cursou História Natural entre 1967 e 1970<br />
na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA). Seu Mestrado também seria cursado no<br />
<strong>Brasil</strong>, tendo <strong>de</strong>fendido sua Dissertação em 1973, pelo curso <strong>de</strong> Ciências Biológicas<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP), sobre o tema <strong>Esponjas</strong> Calcarias do <strong>Brasil</strong>.<br />
Em 1974 ingressou no quadro <strong>de</strong> docentes <strong>da</strong> UFBA, mas já em 1976 partiu em<br />
busca <strong>de</strong> conhecimentos aprofun<strong>da</strong>dos em esponjas marinhas, tomando o rumo<br />
<strong>de</strong> Paris. Ali obteve o Diploma <strong>de</strong> Estudos Aprofun<strong>da</strong>dos em 1977, e em sequência<br />
seu Doutorado, em 1980, ambos pela Université Pierre et Marie Curie. Com esta<br />
pós-graduação ela especializava-se em Histologia e Citologia. Após este período no<br />
exterior, Solange retornaria à <strong>Bahia</strong>, on<strong>de</strong> exerceu a carreira <strong>de</strong> professora universitária<br />
e pesquisadora até 2010. Em 1986, Solange se prontificaria a orientar, à distância,<br />
um grupo entusiasmado <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes cariocas que enfrentavam os percalços<br />
<strong>de</strong> iniciar estudos com esponjas na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ),<br />
quase que por conta própria. Desta iniciativa surgiu uma longa amiza<strong>de</strong> e profun<strong>da</strong><br />
admiração em mão dupla. Passo a passo estes estu<strong>da</strong>ntes foram encontrando on<strong>de</strong><br />
se apoiar, obtendo assim a confiança necessária para seguir especializando-se, e hoje<br />
compreen<strong>de</strong>m quatro professores <strong>da</strong> UFRJ e um <strong>da</strong> USP. Solange foi co-autora <strong>de</strong> 13<br />
trabalhos em química e farmacologia<br />
<strong>de</strong> produtos naturais marinhos,<br />
12 em taxonomia, e um em biomonitoramento.<br />
Afora suas publicações,<br />
Solange participou <strong>de</strong> inúmeros<br />
projetos <strong>de</strong> biomonitoramento<br />
e consultorias ambientais, on<strong>de</strong> sua<br />
ampla experiência com as esponjas<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> conferiam uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
difícil <strong>de</strong> igualar em outras partes<br />
do país.<br />
Mas Solange sempre foi muito<br />
mais que uma parceira <strong>de</strong> profissão.<br />
Seu amor pela natureza, em<br />
especial aquela <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, contagiava<br />
a todos, e sem dúvi<strong>da</strong> terá influenciado<br />
gerações <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes<br />
a respeitar o mundo que nos cerca,<br />
e em várias ocasiões, a seguir estudos<br />
aprofun<strong>da</strong>dos em ciências<br />
marinhas, ou mesmo esponjas em<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
11
particular. A celebração <strong>de</strong>ste amor alcançava seu ápice frente ao por do sol na Praia<br />
<strong>de</strong> Itapoã. Este livro era um sonho que vinha sendo perseguido “a passos <strong>de</strong> cágado”,<br />
como ela gostava <strong>de</strong> dizer. Nos últimos anos, sua li<strong>de</strong>rança neste projeto foi<br />
<strong>de</strong>cisiva para que “o cágado alçasse um vôo mais pretensioso” e finalmente o sonho<br />
aterrissasse entre nós. Solange nos <strong>de</strong>ixou em 11 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2010. Sua mãe e<br />
seu filho, moradores <strong>de</strong> Salvador, seu ex-marido, que vive na França, e todos nós que<br />
a conhecemos mais <strong>de</strong> perto, sentiremos enorme falta <strong>de</strong> sua companhia.<br />
Eduardo Hajdu<br />
Júlio César Cruz Fernan<strong>de</strong>z<br />
12 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
PREFÁCIO<br />
A partir do ano 2000 têm surgido publicações importantes que tratam <strong>da</strong> divulgação<br />
científica <strong>de</strong> invertebrados marinhos <strong>da</strong> Costa <strong>Brasil</strong>eira, <strong>de</strong>ntre as quais guias <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação para ascídias, para esponjas do su<strong>de</strong>ste do país.<br />
Neste contexto, a publicação do livro <strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> – guia <strong>de</strong> campo<br />
e laboratório, premia o esforço do trabalho empreendido pela saudosa Dra. Solange<br />
Peixinho (†2010), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>dicação ao filo, quando se incorporou ao<br />
Departamento <strong>de</strong> Zoologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (UFBA). Ao longo <strong>de</strong><br />
sua vi<strong>da</strong> acadêmica, Solange agregou uma crescente participação <strong>de</strong> colaboradores<br />
e orientandos, <strong>de</strong>stacando-se a presença constante do Dr. Eduardo Hajdu, <strong>de</strong> sua<br />
colega Dra. Carla M. Menegola <strong>da</strong> Silva e mais recentemente do Biólogo Júlio C. C.<br />
Fernan<strong>de</strong>z.<br />
Esta obra representa um marco para o registro e divulgação <strong>da</strong> espongiofauna<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> e <strong>de</strong> uma forma especial para a Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Esta última é<br />
relata<strong>da</strong> através <strong>de</strong> sua biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> muito pouco conheci<strong>da</strong>, registra<strong>da</strong> na<br />
multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossistemas disponíveis no seu entorno. Esta riqueza encontra<br />
nesta obra um oportuno <strong>de</strong>staque para a Zoologia <strong>de</strong> Invertebrados marinhos<br />
brasileiros.<br />
O envolvimento <strong>da</strong> UFBA em trabalhos <strong>de</strong> gestão ambiental realizados na costa<br />
baiana, com a participação <strong>de</strong> seu corpo acadêmico (pesquisadores, estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong><br />
graduação e pós-graduação) tem contribuído, sobremaneira, para a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> acesso aos ecossistemas oceânicos costeiros e <strong>de</strong> baías, permitindo a ampliação<br />
do conhecimento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> zoobentônica e o registro <strong>de</strong> novas ocorrências<br />
<strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, algumas <strong>da</strong>s quais estão integra<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>. Este é o caso <strong>de</strong> espécies<br />
por um lado abun<strong>da</strong>ntes, mas por outro ain<strong>da</strong> não registra<strong>da</strong>s em publicações até<br />
o presente para o <strong>Brasil</strong> como Clathria schoenus, Clathria venosa, Haliclona caerulea e<br />
outras.<br />
A <strong>de</strong>scrição cui<strong>da</strong>dosa e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>da</strong> morfologia, a ampla e primorosa<br />
documentação fotográfica associa<strong>da</strong> à sucinta <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong> ecologia acompanha<strong>da</strong><br />
do registro <strong>da</strong> distribuição geográfica <strong>da</strong>s ocorrências <strong>da</strong>s espécies, torna este <strong>Guia</strong><br />
um estímulo para pesquisadores e pós-graduandos quanto à apreciação e <strong>de</strong>safio<br />
dos estudos com esponjas, contribuindo para a ampliação do conhecimento científico<br />
<strong>de</strong>stes componentes <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> marinha, bem como para sua preservação.<br />
Março <strong>de</strong> 2011<br />
Marlene <strong>Campo</strong>s Peso-Aguiar<br />
Prof. Titular<br />
Departamento <strong>de</strong> Zoologia - UFBA<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
13
ÍNDICE<br />
Introdução ........................................................................................................................................ 19<br />
Caracterização do Filo <strong>Porifera</strong> ............................................................................... 19<br />
Classificação e caracterização <strong>da</strong>s Classes e Or<strong>de</strong>ns ........................................... 26<br />
Filogenia ..................................................................................................................... 33<br />
Aspectos ecológicos .................................................................................................. 33<br />
Litoral baiano ............................................................................................................. 39<br />
Padrões <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>........................................................................ 43<br />
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas ............................................................................................................ 49<br />
Coleta .......................................................................................................................... 49<br />
Fixação e conservação .............................................................................................. 51<br />
Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia óptica .................................................. 52<br />
Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia <strong>de</strong> varredura ...................................... 57<br />
DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES<br />
Filo <strong>Porifera</strong> Grant, 1836 ................................................................................................................ 59<br />
Classe Demospongiae Sollas, 1885 ....................................................................................... 59<br />
Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969 .................................................................. 59<br />
Família Tetilli<strong>da</strong>e Sollas, 1886 .......................................................................................... 60<br />
1 – Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929) ........................................................... 60<br />
2 – Cinachyrella apion (Uliczka, 1929) ................................................................. 63<br />
3 – Cinachyrella kuekenthali (Uliczka, 1929) ....................................................... 65<br />
4 – Craniella quirimure Peixinho, Cosme & Hajdu, 2005 ................................... 67<br />
Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888 ....................................................................................... 70<br />
Família Ancorini<strong>da</strong>e Schmidt, 1870................................................................................. 71<br />
5 – Ecionemia sp.................................................................................................... 71<br />
6 – Stelletta anancora (Sollas, 1886) .................................................................... 74<br />
7 – Tribrachium schmidti Weltner, 1882 ............................................................... 78<br />
Família Geodi<strong>da</strong>e Gray, 1867 ................................................................................. 81<br />
8 – Erylus formosus Sollas, 1886 .......................................................................... 81<br />
9 – Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio,<br />
Russo & Peixinho, 1992 ................................................................................. 84<br />
10 – Geodia gibberosa Lamarck, 1815.................................................................... 86<br />
Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894 ................................................................................... 88<br />
Família Clionai<strong>da</strong>e D’Orbigny, 1851 ...................................................................... 89<br />
11 – Complexo Cliona celata Grant, 1826 ........................................................... 89<br />
12 – Cliona <strong>de</strong>litrix Pang, 1973 ............................................................................. 92<br />
13 – Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864) ....................................... 94<br />
Família Placospongii<strong>da</strong>e Gray, 1867 .............................................................................. 96<br />
14 – Placospongia sp. ............................................................................................ 96<br />
Família Spirastrelli<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886 ............................................................... 98<br />
14 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Índice<br />
15 – Spirastrella hartmani Boury–Esnault, Klautau, Bézac,<br />
Wulff & Solé–Cava, 1999 ............................................................................... 98<br />
Família Suberiti<strong>da</strong>e Schmidt, 1870 ................................................................................. 100<br />
16 – Aaptos spp. ................................................................................................... 100<br />
17 – Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti,1864) ............................ 102<br />
18 – Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864 ........................................... 104<br />
Família Tethyi<strong>da</strong>e Gray, 1867 ........................................................................................... 106<br />
19 – Tethya maza Selenka, 1879 ............................................................................ 106<br />
20 – Tethya sp. ....................................................................................................... 110<br />
Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury–Esnault & Lopès, 1985 ........................................................ 112<br />
Família Chondrilli<strong>da</strong>e Gray, 1872 .................................................................................... 113<br />
21 – Chondrilla aff. nucula Schmidt, 1862 ........................................................... 113<br />
22 – Chondrosia sp. Nardo, 1847 ......................................................................... 116<br />
Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray, 1867 ....................................................................................... 118<br />
Família Axinelli<strong>da</strong>e Carter, 1875 ..................................................................................... 119<br />
23 – Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886) ..................................... 119<br />
24 – Ptilocaulis walpersi (Duchassaing & Michelotti, 1864) ............................... 122<br />
Família Dictyonelli<strong>da</strong>e van Soest, Diaz & Pomponi, 1990 .......................................... 124<br />
25 – Scopalina ruetzleri (Wi<strong>de</strong>nmayer, 1977) ....................................................... 124<br />
Família Halichondrii<strong>da</strong>e Vosmaer, 1887 ........................................................................ 126<br />
26 – Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)......................................... 126<br />
27 – Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001 ....... 128<br />
28 – Topsentia ophiraphidites <strong>de</strong> Laubenfels, 1934 .............................................. 130<br />
Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928 .............................................................................. 132<br />
Subor<strong>de</strong>m Microcionina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ....................................... 133<br />
Família Microcioni<strong>da</strong>e Carter, 1875 ............................................................................... 133<br />
29 – Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936) ...................................................... 133<br />
30 – Clathria venosa Alcolado, 1984 .................................................................... 136<br />
Família Raspailli<strong>da</strong>e Hentschel, 1923 ............................................................................ 138<br />
31 – Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983 ..................................................... 138<br />
32 – Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864) .................................... 140<br />
33 – Thrinacophora funiformis Ridley & Dendy, 1886 ........................................ 142<br />
Subor<strong>de</strong>m Myxillina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ............................................... 144<br />
Família Coelosphaeri<strong>da</strong>e Lévi, 1963 ............................................................................... 144<br />
34 – Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis (Carter, 1882) ..................................................... 144<br />
Família Crambei<strong>da</strong>e Lévi, 1963 ........................................................................................ 146<br />
35 – Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864) ......................... 146<br />
Família Desmacidi<strong>da</strong>e Schmidt, 1870 ............................................................................ 151<br />
36 – Desmapsamma anchorata (Carter, 1882) ....................................................... 151<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
15
Índice<br />
Família Iotrochoti<strong>da</strong>e Dendy, 1922 ................................................................................. 155<br />
37 – Iotrochota birotulata (Higgin, 1877) ............................................................. 155<br />
Família Te<strong>da</strong>nii<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886 ...................................................................... 157<br />
38 – Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864) ......................................... 157<br />
Subor<strong>de</strong>m Mycalina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994 ............................................... 161<br />
Família Mycali<strong>da</strong>e Lundbeck, 1905 ................................................................................ 161<br />
39 – Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................... 161<br />
40 – Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................... 165<br />
41 – Mycale microsigmatosa Arndt, 1927 ............................................................. 168<br />
Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928 ................................................................................. 170<br />
Subor<strong>de</strong>m Haplosclerina Topsent, 1928 ........................................................................ 171<br />
Família Callyspongii<strong>da</strong>e De Laubenfels, 1936............................................................... 171<br />
42 – Callyspongia sp. 1.......................................................................................... 171<br />
43 – Callyspongia sp. 2 ......................................................................................... 174<br />
44 – Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881) .................................................. 176<br />
45 – Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814) ....................................................... 178<br />
Família Chalini<strong>da</strong>e Gray, 1867 ......................................................................................... 180<br />
46 – Haliclona caerulea (Hechtel, 1965) ............................................................... 180<br />
47 – Haliclona implexiformis (Hechtel,1965) ....................................................... 182<br />
48 – Haliclona manglaris Alcolado, 1984 ............................................................. 184<br />
49 – Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999 ................................................... 186<br />
50 – Haliclona sp.................................................................................................... 188<br />
Família Niphati<strong>da</strong>e van Soest, 1980 ............................................................................... 191<br />
51 –Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864 ................................. 191<br />
52 –Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864 ......................................... 193<br />
Subor<strong>de</strong>m Petrosina Boury–Esnault & van Beveren, 1982 ......................................... 196<br />
Família Petrosii<strong>da</strong>e van Soest, 1980 .............................................................................. 196<br />
53 – Petrosia weinbergi van Soest, 1980 ............................................................... 196<br />
54 – Xestospongia muta (Schmidt, 1870) .............................................................. 198<br />
Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900 ................................................................................ 200<br />
Família Dysi<strong>de</strong>i<strong>da</strong>e Gray, 1867 ......................................................................................... 201<br />
55 – Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936 ........................................................... 201<br />
56 – Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864) ....................................... 204<br />
57 – Dysi<strong>de</strong>a robusta Villanova & Muricy, 2001 .................................................. 206<br />
Família Ircinii<strong>da</strong>e Gray, 1867 ........................................................................................... 208<br />
58 – Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864) ............................................ 208<br />
59 – Ircinia strobilina (Lamarck, 1816) ................................................................ 210<br />
Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900 .............................................................................. 212<br />
Família Darwinelli<strong>da</strong>e Merejkowsky, 1879 ................................................................... 213<br />
16 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Índice<br />
60 – Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876) ................................................................ 213<br />
61 – Chelonaplysilla aff. erecta (Row, 1911) .......................................................... 218<br />
Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978 ........................................................................... 220<br />
Família Aplysini<strong>da</strong>e Carter, 1875 ........................................................................... 221<br />
62 – Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875) ................................................................... 221<br />
63 – Aplysina cauliformis (Carter,1882) ............................................................... 224<br />
64 – Aplysina fistularis (Lamarck,1814) .............................................................. 227<br />
65 – Aplysina fulva (Pallas,1766) ......................................................................... 230<br />
66 – Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864) ................................. 233<br />
67 – Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007 ............................... 236<br />
Classe Calcarea Bowerbank, 1864 ........................................................................................ 240<br />
Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Minchin, 1900................................................................................. 241<br />
Família Amphorisci<strong>da</strong>e Dendy, 1892 .............................................................................. 242<br />
68 – Leucilla spp.................................................................................................... 242<br />
Família Heteropii<strong>da</strong>e Dendy, 1893 .................................................................................. 244<br />
69 – Grantessa sp. ................................................................................................. 244<br />
Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958 ...................................................................................... 248<br />
Família Clathrini<strong>da</strong>e Dendy, 1892 ................................................................................... 249<br />
70 – Clathrina spp. ............................................................................................... 249<br />
Glossário .............................................................................................................................. 252<br />
Literatura recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> ................................................................................................... 270<br />
Referências bibliográficas ............................................................................................... 272<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
17
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Poças <strong>de</strong> maré em ambiente misto na Praia <strong>de</strong> Ondina (Salvador),<br />
Jul/2006. Diversas espécies <strong>de</strong> esponjas po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>da</strong>s no local,<br />
principalmente em fen<strong>da</strong>s e pequenas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s abriga<strong>da</strong>s do embate direto<br />
<strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e do pisoteio dos visitantes. Este ambiente inclui rochas graníticas<br />
e areníticas, além <strong>de</strong> corais e algas coralináceas como principais frações do<br />
substrato consoli<strong>da</strong>do.<br />
18 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
INTRODUÇÃO<br />
O interesse pelos organismos marinhos, particularmente algas, esponjas, cnidários,<br />
briozoários e ascídias, cresceu significativamente nas últimas déca<strong>da</strong>s, principalmente<br />
pelo fato <strong>de</strong> terem servido como fonte <strong>de</strong> numerosos metabólitos com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
farmacológicas. Apenas as esponjas e seus microorganismos associados geraram<br />
mais <strong>de</strong> 5000 compostos até 2008. Alguns <strong>de</strong>stes metabólitos <strong>de</strong>ram origem a<br />
substâncias comercializa<strong>da</strong>s na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> para o tratamento <strong>de</strong> enfermi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />
afligem gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas em todo o mundo. Dentre estes, o Aciclovir (Ara<br />
A), utilizado no tratamento <strong>da</strong> Herpes do tipo 2, a Citarabina (Ara C), um potente<br />
tratamento para algumas leucemias e linfomas, e o AZT, que compõe um dos<br />
primeiros coquetéis anti-AIDS.<br />
Além do rico espectro <strong>de</strong> substâncias bioativas que produzem, esponjas são<br />
potenciais bioindicadoras <strong>de</strong> poluição, o que <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> serem sésseis e filtradoras, e<br />
em sua maioria, sensíveis a alterações <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ambiental. As esponjas são também<br />
excelentes mo<strong>de</strong>los para a pesquisa básica, em função <strong>de</strong> sua organização relativamente<br />
simples e prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>de</strong> grau celular, o que contribui para tornar este<br />
grupo uma <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s no estudo <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do bentos marinho.<br />
Caracterização do Filo <strong>Porifera</strong><br />
As esponjas formam um grupo bem sucedido nos mares atuais e sua história<br />
geológica é muito antiga, com registro fóssil no Vendiano superior, cerca <strong>de</strong> 600<br />
milhões <strong>de</strong> anos atrás. Ao longo <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> anos, estes organismos<br />
foram os principais construtores <strong>de</strong> recifes, <strong>de</strong>sempenhando, portanto papel<br />
estrutural essencial, marca<strong>da</strong>mente associado ao incremento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Semelhante contraste se observa no presente, quando comparamos um recife <strong>de</strong><br />
coral ao fundo <strong>de</strong> areia ou lama que o cerca.<br />
Nos ambientes marinhos costeiros, as esponjas chamam a atenção<br />
principalmente por suas cores e formas varia<strong>da</strong>s. Porém, menos alar<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s no<br />
dia a dia <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> aula e noticiários, o mais comum é que sejam confundi<strong>da</strong>s<br />
com algas, corais ou mesmo rochas, como consequência <strong>de</strong> seu hábito séssil,<br />
aparentemente estático. Seu tamanho também varia muito, pois há esponjas que<br />
se me<strong>de</strong> em milímetros, enquanto outras ultrapassam um ou mais metros, seja<br />
em comprimento, altura ou diâmetro. São notoriamente assimétricas, porém<br />
há exceções. Organizações anatômicas em disposição radial são relativamente<br />
comuns, e em casos mais raros, geralmente no mar profundo, po<strong>de</strong>-se observar<br />
padrões que assemelham-se superficialmente ao bilateral e até mesmo ao<br />
metamérico.<br />
O nome do Filo – <strong>Porifera</strong> (do latim porus = poro; e ferre = portador) significa<br />
poroso, esponjoso, e <strong>de</strong>ve-se à presença <strong>de</strong> numerosos poros na superfície <strong>de</strong>stes<br />
animais. Apesar <strong>de</strong> o termo esponjoso <strong>da</strong>r idéia <strong>de</strong> macio, não há apenas espécies<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
19
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
20 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
moles ou muito moles (p.ex. Aplysilla aff. rosea), existem também espécies tão duras<br />
que po<strong>de</strong>m ser confundi<strong>da</strong>s com rochas (p.ex. Ecionemia sp., Placospongia sp.). No BOX<br />
1 (p 22) estão incluídos diversos aspectos que caracterizam o Filo <strong>de</strong> forma sucinta.<br />
O corpo <strong>de</strong> uma esponja está organizado em três cama<strong>da</strong>s: a pinaco<strong>de</strong>rme, o<br />
mesoílo e a coano<strong>de</strong>rme. As células superficiais, os pinacócitos, revestem tanto a<br />
superfície externa como a basal <strong>de</strong> uma esponja, assim como a superfície dos canais<br />
internos, presentes na maioria <strong>da</strong>s esponjas, e próximo dos quais se encontram os<br />
coanócitos. Estes estão organizados em uma monocama<strong>da</strong> contínua, em gran<strong>de</strong>s<br />
sacos, ou em pequenas câmaras. Entre as cama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pinacócitos e <strong>de</strong> coanócitos<br />
há o mesoílo com sua matriz fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> fibrilas <strong>de</strong> colágeno, frequentemente<br />
associa<strong>da</strong> a outros elementos esqueléticos, sejam <strong>de</strong> natureza orgânica ou inorgânica,<br />
bem como alguns tipos celulares coletivamente <strong>de</strong>nominados “amebócitos”. Entre<br />
esses se <strong>de</strong>stacam os arqueócitos com funções <strong>de</strong> digestão, reprodução e regeneração,<br />
cujo grau <strong>de</strong> totipotência é muito alto, ou seja, estas células indiferencia<strong>da</strong>s são<br />
capazes <strong>de</strong> se transformar em todos os outros tipos celulares – são “as células tronco<br />
<strong>da</strong>s esponjas”!<br />
O sistema aquífero <strong>da</strong>s esponjas po<strong>de</strong> apresentar três tipos básicos <strong>de</strong> organização,<br />
do mais simples para o mais complexo – asconói<strong>de</strong>, siconói<strong>de</strong> e leuconói<strong>de</strong>,<br />
mas com alguns padrões intermediários, por exemplo, sileibi<strong>de</strong>, transição <strong>de</strong><br />
siconói<strong>de</strong> para leuconói<strong>de</strong>. O padrão mais complexo é o presente na ampla maioria<br />
<strong>da</strong>s esponjas, ampliando suas superfícies <strong>de</strong> contato com o meio, o que facilita o<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> diversas funções fisiológicas, ao mesmo tempo em que permite<br />
a algumas <strong>de</strong>stas esponjas alcançar gran<strong>de</strong>s dimensões. O percurso <strong>da</strong> água em<br />
uma esponja leuconói<strong>de</strong> é o seguinte: entra<strong>da</strong> por pequenos orifícios inalantes<br />
(poros, óstios, ostíolos), passagem por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais inalantes até atingir os<br />
motores do sistema, as câmaras coanocitárias, on<strong>de</strong> o batimento dos flagelos dos<br />
coanócitos geram uma corrente <strong>de</strong> água que sai por uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais exalantes<br />
que convergem aos ósculos <strong>da</strong> esponja, para retorno ao meio circun<strong>da</strong>nte. A página<br />
eletrônica <strong>Porifera</strong> <strong>Brasil</strong> apresenta uma animação <strong>de</strong>ste processo em http://www.<br />
poriferabrasil.mn.ufrj.br/8-ferramentas/animacoes/aquifero.htm.<br />
As esponjas mais simples, do tipo asconói<strong>de</strong>, têm canais ou uma câmara única<br />
Formas <strong>de</strong> crescimento e típicos relevos <strong>da</strong> superfície frequentemente observados entre<br />
as esponjas: 1, arborecente; 2, areola<strong>da</strong>; 3, caliciforme; 4, ren<strong>da</strong><strong>da</strong>; 5, clava<strong>da</strong>; 6, colunar;<br />
7, conulosa; 8, corruga<strong>da</strong>; 9, digitiforme; 10, incrustante; 11, endopsâmica; 12, excavadora;<br />
13, ficiforme (em forma <strong>de</strong> figo); 14, fistulosa; 15, flabela<strong>da</strong>; 16, flageliforme; 17, foliácea; 18,<br />
globular; 19, híspi<strong>da</strong>; 20, em forma <strong>de</strong> colméia; 21, infundibuliforme (afunila<strong>da</strong>); 22, oval; 23,<br />
palma<strong>da</strong>; 24, papila<strong>da</strong>; 25, peduncula<strong>da</strong>; 26, peniforme; 27, reptante (paralela ao substrato,<br />
tocando-o em diversos pontos, como uma serpente em movimento); 28, estriado; 29, rugosa;<br />
30, espina<strong>da</strong>; 31, cauliforme (sustenta<strong>da</strong> por pedúnculo longo); 32, sulca<strong>da</strong>; 33, tubular; 34,<br />
turbina<strong>da</strong> (em forma <strong>de</strong> cone invertido); 35, verrucosa; 36, hirsuta. Retirado <strong>de</strong> Boury-Esnault &<br />
Rützler (1997, Thesaurus of Sponge Morphology. Smithsonian Contributions to Zoology 596).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
21
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Características gerais <strong>da</strong>s esponjas<br />
1 - Metazoários sésseis no estádio adulto;<br />
2 - Dimensões variando <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> milímetros a metros;<br />
3 - Prepon<strong>de</strong>rantemente assimétricos;<br />
4 - Plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> acentua<strong>da</strong>: uma mesma espécie po<strong>de</strong> ter diferentes formas<br />
em resposta às condições ambientais (p.ex. hidrodinamismo, taxas <strong>de</strong><br />
sedimentação);<br />
5 - Coloração varia<strong>da</strong>, inclusive em uma mesma espécie;<br />
6 - Nível celular <strong>de</strong> organização prevalece, à exceção dos epitélios, que<br />
funcionam como tecidos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros, inclusive com lâmina basal em<br />
alguns táxons;<br />
7 - Coanócitos, pinacócitos e “amebócitos”, formam respectivamente<br />
a coano<strong>de</strong>rme, a pinaco<strong>de</strong>rme (exo-, endo-, e basopinaco<strong>de</strong>rme; =<br />
epitélios) e o mesoílo (este último ain<strong>da</strong> com elementos adicionais<br />
diversificados);<br />
8 - Sistema aquífero bastante variado: múltiplos poros inalantes (óstios)<br />
e uma ou muitas aberturas exalantes (ósculos), câmaras coanocitárias<br />
reduzi<strong>da</strong>s ou numerosas, com presença ou ausência <strong>de</strong> canais;<br />
9 - Esqueleto formado por elementos minerais, e/ou orgânicos, como<br />
fibras, fibrilas e/ ou espiculói<strong>de</strong>s;<br />
10 - Filtradores ativos do tipo micrófago, excetuando–se algumas esponjas<br />
carnívoras; os coanócitos capturam diminutas partículas (p.ex.<br />
bactérias) nas microvilosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do colarinho <strong>da</strong> célula;<br />
11 - Digestão intracelular nos amebócitos do tipo arqueócito, que receberam<br />
o alimento dos coanócitos;<br />
12 - Os produtos <strong>de</strong> excreção são geralmente nitrogenados,<br />
13 - Respiração por simples difusão entre células e a água circun<strong>da</strong>nte;<br />
14 - Respostas coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s a estímulos na forma <strong>de</strong> contração oscular,<br />
interrupção e mesmo reversão do fluxo <strong>de</strong> água;<br />
15 - Gran<strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> regeneração – em alguns casos a esponja po<strong>de</strong><br />
ter suas células dissocia<strong>da</strong>s mecanicamente e reassumir a forma <strong>de</strong><br />
uma esponja funcional em segui<strong>da</strong> (passados alguns dias);<br />
16 - Reprodução assexua<strong>da</strong> por brotamento, gemulação ou fissão;<br />
17 - Reprodução sexua<strong>da</strong> em padrão monóico ou dióico; do tipo ovíparo ou<br />
vivíparo, com larvas no estádio blástula (anfiblástulas, calciblástulas,<br />
cinctoblástulas, clavablástulas, disférulas, hoplitomelas, parenquimelas<br />
e triquimelas).<br />
22 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
(átrio), revestidos por uma monocama<strong>da</strong> <strong>de</strong> coanócitos. Neste caso, o fluxo <strong>de</strong> água<br />
gerado para fora <strong>da</strong> esponja força a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> água nos canais, o que em alguns casos<br />
se dá através <strong>de</strong> células especializa<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s porócitos, que funcionam como<br />
um “microcano” (canalículo) <strong>de</strong> contato entre o interior dos tubos e o meio externo.<br />
A distribuição <strong>da</strong>s células e do esqueleto são testemunhos <strong>da</strong> integração <strong>de</strong> todo o<br />
sistema corporal. As diferentes categorias celulares não se distribuem ao acaso, mas<br />
obe<strong>de</strong>cem a um esquema relacionado ao funcionamento do animal, estruturado em<br />
função do sistema aquífero.<br />
Há três famílias que incluem espécies carnívoras – Cladorhizi<strong>da</strong>e, Guitarri<strong>da</strong>e<br />
e Esperiopsi<strong>da</strong>e, as duas últimas com apenas uma espécie supostamente carnívora<br />
registra<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong>. Estas esponjas usam espículas especiais, distribuí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma a<br />
atuar como um velcro, com as quais elas capturam suas presas, geralmente pequenos<br />
crustáceos. A digestão inicia-se extracelularmente e se completa no interior <strong>da</strong>s células.<br />
Portanto, é nessas esponjas que surge pela primeira vez a digestão extracelular, e não<br />
nos cnidários como se pensava até então.<br />
Plano básico <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> uma esponja (as setas indicam o caminho percorrido<br />
pela corrente <strong>de</strong> água no interior <strong>da</strong> esponja): 1, exopinacócito (revestimento externo); 2,<br />
actinócito (célula contrátil); 3, esclerócito (secreção <strong>de</strong> espiculas); 4, coanócitos (corrente<br />
<strong>de</strong> água); 5, espongina; 6, basopinacócito (revestimento basal); 7, célula esferulosa;<br />
8, espongócito (secreção <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina); 9, lofócito (tipo <strong>de</strong> colêncito com<br />
um tufo <strong>de</strong> fibrilas <strong>de</strong> colágeno presas em seu pólo posterior); 10, arqueócito (célula<br />
totipotente); 11, endopinacócito (revestimento interno); 12, colêncito (secreção <strong>de</strong><br />
colágeno). Retirado <strong>de</strong> Boury-Esnault & Rützler (1997, Thesaurus of Sponge Morphology.<br />
Smithsonian Contributions to Zoology 596).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
23
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Eletromicrografia <strong>de</strong> um<br />
arranjo siconói<strong>de</strong> do sistema<br />
aquífero <strong>de</strong> Sycon sycandra<br />
(Len<strong>de</strong>nfeld, 1895). CC, câmara<br />
coanocitária. A, cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial.<br />
Retirado <strong>de</strong> De Vos et al. (1991),<br />
Atlas of Sponge Morphology.<br />
Smithsonian Institution Press,<br />
Washington D.C.<br />
Microscleras do tipo anisoquela palma<strong>da</strong>, dispostas<br />
sobre feixes <strong>de</strong> megascleras, formando um arranjo<br />
similar ao do velcro, utilizado aqui para captura<br />
<strong>de</strong> presas. Eletromicrografia <strong>de</strong> uma esponja <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Bacia <strong>de</strong> <strong>Campo</strong>s (RJ).<br />
A maioria <strong>da</strong>s esponjas possui um esqueleto interno, secretado por células do<br />
mesoílo ou “roubado” ao meio. Os esqueletos secretados compreen<strong>de</strong>m elementos<br />
silicosos ou calcários, e elementos orgânicos. Elementos silicosos po<strong>de</strong>m ser<br />
espículas isola<strong>da</strong>s ou em distintos graus <strong>de</strong> fusionamento, até tornar a esponja dura<br />
feito uma rocha, como no caso <strong>de</strong> muitas espécies litistí<strong>de</strong>as e algumas “esponjas<br />
<strong>de</strong> vidro” (Classe Hexactinelli<strong>da</strong>, ver a seguir). Já se conhece no <strong>Brasil</strong> exemplos<br />
dos dois casos. Elementos calcários também po<strong>de</strong>m ocorrer como espículas isola<strong>da</strong>s,<br />
ou formar arcabouços sólidos em algumas espécies conheci<strong>da</strong>s como esponjas<br />
coralinas. Este tipo <strong>de</strong> organização ain<strong>da</strong> não foi observado em nenhuma esponja<br />
brasileira. Os elementos orgânicos são principalmente na forma <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong><br />
espongina, mas há também alguns poucos casos com notáveis reforços estruturais<br />
<strong>de</strong> colágeno fibrilar, e em outros, espiculói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espongina isolados. A espongina é<br />
uma escleroproteína, um composto orgânico semelhante à quitina, ao colágeno e à<br />
queratina, presente nota<strong>da</strong>mente nas esponjas <strong>de</strong> banho, principalmente dos gêneros<br />
Spongia e Hippospongia, comuns no mar Mediterrâneo. Conhece-se algumas espécies<br />
<strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong> banho do mar brasileiro, mas ain<strong>da</strong> não se <strong>de</strong>tectou alguma em<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> minimamente satisfatória para viabilizar sua exploração comercial. Este<br />
24 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
<strong>Guia</strong> apresenta diversas espécies com abun<strong>da</strong>nte ocorrência <strong>de</strong> espongina em seus<br />
esqueletos, com <strong>de</strong>staque para aquelas dos gêneros Aplysina, Callyspongia e Ircinia.<br />
Por fim, nem sempre a esponja secreta a integrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu esqueleto, sendo<br />
comum apo<strong>de</strong>rar-se especialmente <strong>de</strong> componentes minerais do meio circun<strong>da</strong>nte.<br />
Estes po<strong>de</strong>m ser sedimentos, frequentemente selecionados, e em alguns casos com<br />
uma curiosa preferência por espículas ou fragmentos <strong>de</strong> espículas, ou hastes <strong>de</strong><br />
sustentação construí<strong>da</strong>s por outros organismos, como no caso dos esqueletos <strong>da</strong><br />
alga Jania adherens. São nestes componentes do esqueleto <strong>da</strong>s esponjas que se baseia<br />
prepon<strong>de</strong>rantemente a classificação do Filo, uma consequência natural <strong>da</strong> observa<strong>da</strong><br />
plastici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aspectos externos, associa<strong>da</strong> ao mau estado <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> boa<br />
parte <strong>da</strong>s amostras estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s antes do advento do mergulho autônomo em meados<br />
do século XX.<br />
A respiração é feita por difusão, sendo o processo facilitado pela enorme superfície<br />
<strong>de</strong> contato com o meio líquido, <strong>de</strong>corrente do amplo sistema <strong>de</strong> canais e<br />
lacunas. Este sistema permite que ca<strong>da</strong> célula supra suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> oxigênio e<br />
<strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> gases e excretas nitrogenados, seja por estar em contato direto com<br />
o meio, ou à curta distância do mesmo. <strong>Esponjas</strong> não têm nem células sensoriais,<br />
nem células nervosas. No entanto, são capazes <strong>de</strong> respostas coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s, como no<br />
fechamento <strong>de</strong> óstios e ósculos, interrupção e reversão <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> água, na liberação<br />
sincroniza<strong>da</strong> <strong>de</strong> gametas, e em outras distintas situações. Nestes casos, tal feito<br />
é atingido através <strong>da</strong> transmissão célula à célula por actinócitos, ou por transmissão<br />
<strong>de</strong> substâncias mensageiras, chama<strong>da</strong>s alomônios. Apenas as esponjas <strong>de</strong> ambientes<br />
dulciaquícolas necessitam <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> osmorregulação, e este é constituído<br />
por vacúolos contráteis, à semelhança <strong>de</strong> protozoários que vivem nestes mesmos<br />
ambientes.<br />
As esponjas marinhas po<strong>de</strong>m se reproduzir assexua<strong>da</strong> ou sexua<strong>da</strong>mente. No<br />
primeiro caso as formas mais comuns são o brotamento, que po<strong>de</strong> ocorrer o ano<br />
todo, e a fissão. Esta última po<strong>de</strong> estar mais atrela<strong>da</strong> a fenômenos naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
escala como as tempesta<strong>de</strong>s tropicais e os furacões. Especialmente nas esponjas dulciaquícolas,<br />
períodos <strong>de</strong> seca ou maior frio po<strong>de</strong>m induzir a produção <strong>de</strong> gêmulas,<br />
que são corpos <strong>de</strong> resistência.<br />
São conheci<strong>da</strong>s numerosas espécies monóicas ou dióicas, embora a primeira<br />
estratégia seja a mais frequente, normalmente com produção <strong>de</strong> células masculinas<br />
e femininas em períodos alternados. A formação <strong>de</strong> gametas é geralmente sazonal e<br />
implica na <strong>de</strong>sdiferenciação e rediferenciação <strong>de</strong> arqueócitos e coanócitos, tanto na<br />
ovogênese como na espermatogênese. Em muitas esponjas a fecun<strong>da</strong>ção é externa,<br />
contudo, nas esponjas vivíparas o espermatozói<strong>de</strong> é eliminado para o ambiente,<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> será capturado aci<strong>de</strong>ntalmente por outra esponja. Ao penetrar no sistema<br />
aquífero <strong>de</strong>sta outra esponja <strong>de</strong> sua espécie, será capturado por um coanócito,<br />
que sob a forma amebói<strong>de</strong> o transferirá para o óvulo. Esta fecun<strong>da</strong>ção é indireta e<br />
absolutamente original.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
25
Classificação e caracterização <strong>da</strong>s classes e or<strong>de</strong>ns<br />
As diagnoses apresenta<strong>da</strong>s para Classes, Subclasses e Or<strong>de</strong>ns são traduções e em<br />
alguns casos a<strong>da</strong>ptações <strong>da</strong>quelas ofereci<strong>da</strong>s por diversos autores na obra Systema<br />
<strong>Porifera</strong> (ver Hooper e Van Soest nas referências, uma compilação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos <strong>de</strong><br />
distintos autores).<br />
CLASSE CALCAREA Bowerbank, 1864. <strong>Esponjas</strong> com esqueleto mineral composto<br />
inteiramente <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> cálcio, consistindo <strong>de</strong> espículas di-, tri-, e/ou tetractinais<br />
livres, raramente conecta<strong>da</strong>s ou cimenta<strong>da</strong>s, às vezes com um esqueleto calcítico<br />
basal sólido, e com larvas do tipo blástula e reprodução vivípara. Duas subclasses<br />
recentes são reconheci<strong>da</strong>s, contendo cinco or<strong>de</strong>ns, 22 famílias e 75 gêneros válidos,<br />
com espécies exclusivamente marinhas e distribuição global. Apresenta a maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> organização básica do sistema aquífero – ascon, sicon e leucon,<br />
e estádios intermediários.<br />
SUBCLASSE CALCINEA Bid<strong>de</strong>r, 1898. Calcarea com triactinas regulares (equiangulares<br />
e equirradia<strong>da</strong>s) ou excepcionalmente parassagitais ou sagitais, e/ou um<br />
sistema basal <strong>de</strong> tetractinas. Em adição às espículas livres po<strong>de</strong> haver um esqueleto<br />
calcário basal não espicular. Em termos <strong>de</strong> ontogenia, as triactinas são as primeiras<br />
espículas secreta<strong>da</strong>s. Os coanócitos possuem núcleos basais esféricos. O corpo basal<br />
do flagelo não é adjacente ao núcleo. Espécies <strong>de</strong>sta subclasse incubam larvas do<br />
tipo coeloblástula.<br />
Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958. Calcinea com o esqueleto composto exclusivamente<br />
<strong>de</strong> espículas livres, sem reforços hipercalcificados não espiculares, feixes<br />
espiculares, escamas ou placas calcárias. Inclui seis famílias e 16 gêneros.<br />
Or<strong>de</strong>m Murrayoni<strong>da</strong> Vacelet, 1981. Calcinea com esqueleto reforçado consistindo<br />
<strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcita, placas calcárias, ou <strong>de</strong> feixes espiculares geralmente<br />
compostos <strong>de</strong> triactinas do tipo diapasão. Sistema leuconói<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais. Inclui<br />
três famílias, três gêneros recentes válidos, e apenas três espécies recentes <strong>de</strong><br />
cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em recifes <strong>de</strong> corais. Não há registros para o <strong>Brasil</strong>.<br />
SUBCLASSE CALCARONEA Bid<strong>de</strong>r, 1898. Calcarea com diactinas e/ou triactinas<br />
e tetractinas sagitais, raramente também com espículas regulares. Em adição às espículas<br />
livres, po<strong>de</strong> haver um esqueleto calcário basal não espicular, no qual espículas<br />
basais estão cimenta<strong>da</strong>s umas às outras, ou completamente imersas no cimento<br />
calcário circun<strong>da</strong>nte. Em sua ontogenia as primeiras espículas produzi<strong>da</strong>s em larvas<br />
assenta<strong>da</strong>s são diactinas. Os coanócitos possuem núcleos apicais, e o sistema basal<br />
do flagelo é adjacente à região apical do núcleo. Espécies <strong>de</strong>sta subclasse incubam<br />
larvas do tipo anfiblástula.<br />
26 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Classificação <strong>da</strong>s esponjas recentes<br />
Filo <strong>Porifera</strong><br />
Classe Calcarea<br />
Subclasse Calcinea<br />
Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Murrayoni<strong>da</strong><br />
Subclasse Calcaronea<br />
Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Lithoni<strong>da</strong><br />
Classe Demospongiae<br />
Or<strong>de</strong>m Agelasi<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Halisarci<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Homosclerophori<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong><br />
“Lithisti<strong>da</strong>”<br />
Classe Hexactinelli<strong>da</strong><br />
Subclasse Amphidiscophora<br />
Or<strong>de</strong>m Amphidiscosi<strong>da</strong><br />
Subclasse Hexasterophora<br />
Or<strong>de</strong>m Aulocalycoi<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Hexactinosi<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Lychniscosi<strong>da</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Lyssacinosi<strong>da</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
27
Introdução<br />
Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Hartman, 1958. Calcaronea com um esqueleto composto<br />
exclusivamente <strong>de</strong> espículas livres, sem reforços hipercalcificados não espiculares.<br />
O sistema aquífero é asconói<strong>de</strong>, siconói<strong>de</strong>, sileibi<strong>de</strong> ou leuconói<strong>de</strong>. No último<br />
caso, a organização radial em torno <strong>de</strong> um átrio central po<strong>de</strong> ser geralmente<br />
<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> por um esqueleto atrial bem formado tangencial à pare<strong>de</strong> do átrio, e/<br />
ou um esqueleto subatrial consistindo <strong>de</strong> tri- ou tetractinas subatriais com as<br />
actinas pares tangenciais à pare<strong>de</strong> do átrio e a actina ímpar per<strong>de</strong>ndicular à esta.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento pós-larval passa (presumivelmente sempre) por um estádio<br />
olintus. Inclui nove famílias e 52 gêneros.<br />
Or<strong>de</strong>m Lithoni<strong>da</strong> Vacelet, 1981. Calcaronea com esqueleto reforçado consistindo<br />
ou <strong>de</strong> tetractinas com suas actinas basais uni<strong>da</strong>s ou cimenta<strong>da</strong>s, ou <strong>de</strong> uma massa<br />
rígi<strong>da</strong> <strong>de</strong> calcita. Espículas do tipo diapasão geralmente presentes. Sistema<br />
leuconói<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais. Inclui duas famílias e seis gêneros recentes válidos. Não há<br />
registros para o <strong>Brasil</strong>.<br />
Or<strong>de</strong>m Baeri<strong>da</strong> Borojevic, Boury-Esnault & Vacelet, 2000. Calcaronea leuconói<strong>de</strong>s,<br />
com o esqueleto composto ou exclusivamente <strong>de</strong> microdiactinas, ou no qual<br />
as microdiactinas constituem exclusiva ou predominantemente um setor específico<br />
do esqueleto, assim como o coanossomal ou atrial. Espículas gran<strong>de</strong>s ou<br />
gigantes estão frequentemente presentes no esqueleto cortical, a partir do qual<br />
elas po<strong>de</strong>m invadir parcial ou completamente o coanossoma. Em esponjas com<br />
córtex reforçado, os poros inalantes po<strong>de</strong>m estar restritos a regiões portadoras<br />
<strong>de</strong> óstios, semelhantes a uma peneira. Pequenas tetractinas em forma <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ga<br />
(pugioles) são frequentemente o único esqueleto do sistema aquífero exalante.<br />
Inclui três famílias e oito gêneros recentes válidos.<br />
CLASSE DEMOSPONGIAE Sollas, 1885. <strong>Porifera</strong> com espículas silicosas e/ou um<br />
esqueleto fibroso, ou ocasionalmente sem esqueleto. Hipercalcificações basais são raras,<br />
assim como hipersilicificações. Espículas são monaxonais (monactinas ou diactinas)<br />
ou tetraxônicas (tetractinas), nunca triaxônicas. O filamento axial está inserido em<br />
uma cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> triangular ou hexagonal. Compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 85% <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as espécies<br />
recentes <strong>de</strong>scritas, incluindo 13 or<strong>de</strong>ns, 88 famílias e aproxima<strong>da</strong>mente 500 gêneros.<br />
Or<strong>de</strong>m Agelasi<strong>da</strong> Hartman, 1980. Demospongiae com megascleras monactinais<br />
com espinhos verticilados.<br />
Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888. Demospongiae com microscleras asterosas, as<br />
vezes com micróxeas e microrráfi<strong>de</strong>s, e com megascleras tetractinais e óxeas dispostas<br />
radialmente ao menos na periferia. Megascleras tetractinais ou microscleras<br />
asterosas po<strong>de</strong>m estar ausentes.<br />
28 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury-Esnault & Lopès, 1985. Demospongiae, incrustantes<br />
ou maciças, com um córtex distinto, enriquecido com colágeno fibrilar, com aberturas<br />
inalantes localiza<strong>da</strong>s em re<strong>de</strong>s-porais ou cones cribriporais e um esqueleto<br />
frequentemente ausente, composto quando presente por fibras nodulares <strong>de</strong> espongina<br />
ou microscleras asterosas apenas (nunca megascleras). Colágeno sempre<br />
muito abun<strong>da</strong>nte. Ovíparas. Inclui uma família.<br />
Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900. Demospongiae nas quais um esqueleto<br />
<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina está sempre presente, mas se comparado ao <strong>de</strong> Dictyocerati<strong>da</strong>,<br />
é reduzido em relação ao volume total <strong>da</strong> esponja. O esqueleto po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>ndrítico ou anastomosante, mas nunca se observa clara distinção entre<br />
componentes primários e secundários. As fibras sempre contêm medula e são<br />
fortemente lamina<strong>da</strong>s. Espículas fibrosas livres (espiculói<strong>de</strong>s) po<strong>de</strong>m suplementar<br />
o esqueleto. Câmaras coanocitárias são euripilosas. <strong>Esponjas</strong> frequentemente<br />
macias e frágeis. As larvas são gran<strong>de</strong>s parenquimelas incuba<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> estrutura<br />
complexa, histologia diferencia<strong>da</strong> e um tufo terminal <strong>de</strong> cílios longos. Inclui duas<br />
famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900. Demospongiae nas quais um esqueleto <strong>de</strong><br />
fibras <strong>de</strong> espongina, que representa uma porção significativa do volume corporal,<br />
está universalmente presente e é construído em um plano anastomosante. O<br />
esqueleto se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> múltiplos pontos <strong>de</strong> fixação e, exceto em dois gêneros<br />
on<strong>de</strong> as fibras primárias estão ausentes, é organizado em uma hierarquia <strong>de</strong> elementos<br />
primários, secundários, e às vezes terciários. Em uma família, o esqueleto<br />
reticulado é suplementado por filamentos colagenosos dispersos pelo mesoílo. A<br />
construção <strong>da</strong>s fibras ou é homogênia, sem medula, com lâminas <strong>de</strong> crescimento<br />
firmemente a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s e apenas <strong>de</strong>tectáveis, ou com medula e fortemente lamina<strong>da</strong>s,<br />
com medula se transformando em córtex. Neste, lâminas consecutivas estão<br />
marca<strong>da</strong>s mas permanecem a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s umas às outras. Inclui quatro famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894. Demospongiae com megascleras monaxônicas<br />
(tilóstilos, subtilóstilos, óxeas ou <strong>de</strong>rivados) formando um arranjo esquelético<br />
radial ou subradial, às vezes visível apenas na região periférica; espículas do<br />
ectossoma frequentemente menores que as do coanossoma, e quando presentes<br />
po<strong>de</strong>m produzir um esqueleto cortical; espongina muitas vezes esparsa, produzindo<br />
consistência não elástica; microscleras po<strong>de</strong>m incluir várias formas <strong>de</strong> euásteres,<br />
espirásteres, microrrabdos, micróxeas e/ou ráfi<strong>de</strong>s em tricodragmas, ou<br />
estar ausentes em vários táxons. Inclui 13 famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray, 1867. Demospongiae com estilos, óxeas, estrôngilos<br />
ou espículas intermediárias, <strong>de</strong> tamanhos amplamante divergentes, e não<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
29
Introdução<br />
localiza<strong>da</strong>s funcionalmente; esqueleto plumorreticulado, <strong>de</strong>ndrítico ou confuso;<br />
microscleras se presentes micróxeas e/ou tricodragmas. Inclui cinco famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m Halisarci<strong>da</strong> Bergquist, 1996. Demospongiae nas quais as câmaras coanocitárias<br />
são tubulares, ramifica<strong>da</strong>s ou <strong>de</strong> boca-larga. Larvas são parenquimelas<br />
incuba<strong>da</strong>s (disférulas) com histologia simples, não diferencia<strong>da</strong> e cílios <strong>de</strong> comprimento<br />
uniforme. O esqueleto se constitui <strong>de</strong> colágeno fibrilar apenas, não há<br />
elementos fibrosos ou minerais; o colágeno ectossomal e subectossomal é altamente<br />
organizado. Inclui uma família, e um único gênero.<br />
Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928. Demospongiae nas quais o esqueleto principal<br />
é parcialmente ou inteiramente composto por uma reticulação isodictial anisotrópica<br />
ou isotrópica, ocasionalmente alveola<strong>da</strong>, <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina e/ou<br />
espículas, com feixes uni- a multiespiculares <strong>de</strong> espículas diactinais formando<br />
malhas triangulares, retangulares ou poligonais. Megascleras são exclusivamente<br />
óxeas ou estrôngilos, uni<strong>da</strong>s com espongina ou incluí<strong>da</strong>s em fibras <strong>de</strong> espongina;<br />
microscleras, se presentes, po<strong>de</strong>m incluir sigmas e/ou toxas (ambas frequentemente<br />
centroangula<strong>da</strong>s), micróxeas ou microestrôngilos, e em um grupo anfidiscos.<br />
Inclui seis famílias marinhas e sete dulciaquícolas. No esquema classificatório<br />
vigente, to<strong>da</strong>s as esponjas dulciaquícolas classificam-se nesta or<strong>de</strong>m.<br />
Or<strong>de</strong>m Homosclerophori<strong>da</strong> Dendy, 1905. Demospongiae com exo- e endopinacócitos<br />
flagelados, uma membrana basal revestindo tanto a coano<strong>de</strong>rme quanto a<br />
pinaco<strong>de</strong>rme, câmaras coanocitárias ovais a esféricas, com organização leuconói<strong>de</strong><br />
ou semelhante à sileibi<strong>de</strong>, e um tipo larval único, a cinctoblástula. Espículas, quando<br />
presentes, são tetractinas peculiares (caltrops) e <strong>de</strong>rivativos através <strong>de</strong> redução<br />
(diodos e triodos) ou através <strong>de</strong> ramificação <strong>de</strong> uma a to<strong>da</strong>s as quatro actinas<br />
(caltrops lofosos). Atualmente <strong>de</strong>bate-se a elevação <strong>de</strong>ste táxon ao nível <strong>de</strong> Classe.<br />
Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent, 1928. Demospongiae com esqueleto composto<br />
<strong>de</strong> espículas silicosas discretas; esqueleto principal composto <strong>de</strong> megascleras<br />
(monactinais, diactinais ou ambas) e fibras <strong>de</strong> espongina em vários estádios <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Tanto as fibras quanto o esqueleto mineral sempre exibem diferenciação<br />
regional <strong>de</strong> tal forma que as megascleras são frequentemente diferencia<strong>da</strong>s<br />
em componentes ectossomais e coanossomais. Microscleras incluem<br />
formas meniscói<strong>de</strong>s como quelas (restritas à or<strong>de</strong>m), sigmas e <strong>de</strong>rivativos <strong>de</strong><br />
sigmancistras, e outras formas diversas como toxas, ráfi<strong>de</strong>s, micróxeas e microrrabdos<br />
com discos. A or<strong>de</strong>m é predominantemente vivípara com larvas parenquimelas<br />
incompletamente cilia<strong>da</strong>s (uma família ovípara – Raspailii<strong>da</strong>e, e outra<br />
possivelmente ovípara – Rhab<strong>de</strong>remii<strong>da</strong>e, são incluí<strong>da</strong>s também). É a maior or<strong>de</strong>m<br />
em Demospongiae, incluindo 25 famílias.<br />
30 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969. Demospongiae com megascleras<br />
do tipo triênio e microscleras sigmaspiras. Inclui três famílias recentes.<br />
Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978. Demospongiae nas quais o esqueleto anastomosante<br />
é composto por malhas poligonais, e não se observa distinção entre<br />
fibras primárias e secundárias. As fibras po<strong>de</strong>m se organizar em um plano por<br />
to<strong>da</strong> a esponja, ou em lamelas próximas à superfície; e por vezes fascículos fibrosos<br />
emaranhados enfatizam esta especialização <strong>da</strong> superfície. A típica organização<br />
<strong>da</strong>s fibras inclui uma medula <strong>de</strong> fibrilas finas envolta por um córtex marca<strong>da</strong>mente<br />
laminar e concêntrico. Ambos po<strong>de</strong>m estar praticamente perdidos em<br />
alguns gêneros. Fibras secas parecem ocas. As câmaras coanocitárias são diploi<strong>da</strong>is<br />
ou euripilosas, e a matriz do mesoílo é <strong>de</strong>nsamente infiltra<strong>da</strong> por colágeno<br />
fibrilar. Uma pigmentação muito comum é amarelo sulfúreo com nuances ver<strong>de</strong>s,<br />
que se oxi<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente para marrom-escuro/preto. A reprodução é ovípara e<br />
a estrutura <strong>da</strong> larva é <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>. Compostos brominados ocorrem em todos<br />
os gêneros que já foram estu<strong>da</strong>dos. Inclui quatro famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m incerta (ex-Lithisti<strong>da</strong>). Demospongiae caracteriza<strong>da</strong>s por espículas coanossomais<br />
articula<strong>da</strong>s <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s <strong>de</strong>smas, formando um esqueleto rígido na<br />
maioria dos gêneros. Inclui 13 famílias.<br />
CLASSE HEXACTINELLIDA Schmidt, 1870. <strong>Porifera</strong> com espículas silicosas <strong>de</strong> simetria<br />
triaxônica (cúbica) ou <strong>de</strong>rivações <strong>de</strong>sta forma básica. Espículas típicas são hexactinais<br />
em forma, os três eixos se interceptando em ângulos retos; per<strong>da</strong> <strong>de</strong> um ou<br />
mais raios resulta em espículas <strong>de</strong> forma pentactinal, tetractinal, triactinal, diactinal<br />
ou monactinal. O filamento axial é quadrado em seção transversal.<br />
SUBCLASSE AMPHIDISCOPHORA Schulze, 1886. Hexactinelli<strong>da</strong> lofofitosas que<br />
sempre contêm microscleras do tipo anfidisco ou alguma variação <strong>de</strong>stes, e microscleras<br />
triaxônicas que nunca possuem ramificações terminais em seus raios (nunca microscleras<br />
asterosas). O esqueleto coanossomal consiste <strong>de</strong> megascleras livres, nunca<br />
fusiona<strong>da</strong>s, na forma <strong>de</strong> hexactinas, pentactinas, estauractinas, tauactinas, diactinas<br />
ou uma combinação <strong>de</strong>stas. Hipo<strong>de</strong>rmalia usualmente como pentactinas, raramente<br />
hexactinas e estauractinas. Inclui apenas uma or<strong>de</strong>m recente e três famílias.<br />
Or<strong>de</strong>m Amphidiscosi<strong>da</strong> Schrammen, 1924. Idêntica à Subclasse.<br />
SUBCLASSE HEXASTEROPHORA Schulze, 1886. Hexactinelli<strong>da</strong> basifitosas, rizofitosas<br />
ou lofofitosas, nas quais as microscleras são principalmente asterosas, tipicamente<br />
hexásteres. Anfidiscos ocorrem apenas raramente como variações <strong>de</strong> discohexactinas.<br />
Esqueletos coanossomais po<strong>de</strong>m se constituir inteiramente <strong>de</strong> espículas<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
31
Introdução<br />
livres, às vezes irregularmente agrupa<strong>da</strong>s por sinaptículos ou sílica cimentante nos<br />
pontos <strong>de</strong> contato, ou <strong>de</strong> hexactinas fusiona<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira regular, formando um<br />
arcabouço dictional. Nós dictionais, on<strong>de</strong> presentes, po<strong>de</strong>m ser inteiramente simples<br />
ou como licniscos (nós tipo lampião).<br />
Or<strong>de</strong>m Aulocalycoi<strong>da</strong> Tabachnick & Reiswig, 2000. Hexasterophora basifitosas<br />
nas quais um arcabouço dictional rígido é construído ao redor <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />
linhas primárias longitudinais forma<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> longas extensões dos raios<br />
dictionais. Estas linhas são uniaxiais, ca<strong>da</strong> qual composta <strong>de</strong> um único raio dictional<br />
<strong>de</strong> comprimento ilimitado (padrão aulocalicói<strong>de</strong>), ou multiaxiais, ca<strong>da</strong><br />
qual composta <strong>de</strong> raios sobrepostos <strong>de</strong> uma série dictional longitudinal (padrão<br />
para-aulocalicói<strong>de</strong>).<br />
Or<strong>de</strong>m Hexactinosi<strong>da</strong> Schrammen, 1903. Hexasterophora basifitosas nas quais<br />
um arcabouço dictional rígido é formado pela fusão <strong>de</strong> hexactinas simples. Dictionalias<br />
fusiona<strong>da</strong>s ao longo dos raios dispostos lado a lado, nas junções <strong>da</strong>s<br />
pontas dos raios e dos nós <strong>de</strong> outras dictionalias, ou nas pontas dos raios com as<br />
pontas dos raios <strong>de</strong> outros raios dictionais. O comprimento dos raios dictionais é<br />
limitado ao comprimento <strong>da</strong>s laterais <strong>da</strong>s malhas.<br />
Or<strong>de</strong>m Lyssacinosi<strong>da</strong> Zittel, 1877. Hexasterophora nas quais as megascleras coanossomais<br />
permanecem como componentes esqueléticos separados, ou, on<strong>de</strong><br />
fusão ocorre, esta é por <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sílica em pontos <strong>de</strong> contato, ou como sinaptículos<br />
entre megascleras diactinas, tauactinas ou estauractinas levemente separa<strong>da</strong>s.<br />
Não se forma um arcabouço dictional <strong>de</strong> hexactinas fusiona<strong>da</strong>s.<br />
Or<strong>de</strong>m Lychniscosi<strong>da</strong> Schrammen, 1903. Hexasterophora nas quais o arcabouço<br />
dictional rígido <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> fusão <strong>de</strong> hexactinas dictionais formando licniscos.<br />
Callyspongia sp.<br />
1 – Praia do Porto <strong>da</strong><br />
Barra (Salvador), 5 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/<br />
Dez/2007. Notar quatro<br />
tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s distintas: azul<br />
(canto superior esquerdo),<br />
esver<strong>de</strong>ado (esquer<strong>da</strong>,<br />
centro, topo), laranja<br />
(centro) e avermelhado<br />
(canto inferior direito).<br />
32 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Filogenia<br />
<strong>Esponjas</strong> já “passearam” bastante em termos <strong>de</strong> hipóteses evolutivas, mas seu<br />
posicionamento atual em Metazoa está firmemente estabelecido. Os primeiros<br />
registros fósseis <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong>tam <strong>de</strong> 750 milhões <strong>de</strong> anos atrás, o que lhes confere o<br />
status <strong>de</strong> anciãs <strong>de</strong>ntre os animais, e, curiosamente, seu plano básico <strong>de</strong> organização<br />
pouco mudou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Cambriano Superior (509 MAA). Tanto <strong>da</strong>dos moleculares<br />
como morfológicos sustentam a inclusão <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> em Metazoa. Dentre estes<br />
últimos po<strong>de</strong>mos listar cinco aspectos compartilhados pelas esponjas e os <strong>de</strong>mais<br />
animais metazoários: (1) multicelulari<strong>da</strong><strong>de</strong> diplói<strong>de</strong>, (2) meiose, (3) padrão <strong>da</strong><br />
oogênese, (4) padrão <strong>da</strong> espermatogênese, e (5) plano básico <strong>da</strong> célula do esperma.<br />
Apesar <strong>de</strong> bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s quanto ao seu conteúdo, as relações filogenéticas<br />
<strong>da</strong>s três classes <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> mantêm-se em intenso <strong>de</strong>bate, com diversas hipóteses<br />
conflitantes. A secreção mineral sugere maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Demospongiae e<br />
Hexactinelli<strong>da</strong> (“Silicea”). A organização celular aponta para afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Calcarea<br />
e Demospongiae (“Cellularia”). Dados ultraestruturais <strong>de</strong>rivados dos coanócitos,<br />
corroborados por uma base ca<strong>da</strong> vez mais ampla <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos moleculares apontam<br />
para a parafilia <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, com Calcarea mais próxima dos eumetazoários<br />
diploblásticos. Em mais <strong>de</strong> um trabalho, Calcarea aproximou-se <strong>de</strong> Cni<strong>da</strong>ria ou<br />
<strong>de</strong> Ctenophora. Estudos recentes vêm encontrando novas evidências <strong>da</strong> parafilia<br />
do filo, agora apontando para maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Homosclerophori<strong>da</strong> aos<br />
<strong>de</strong>mais Eumetazoa, o que já se suspeitava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scoberta <strong>da</strong> membrana basal<br />
nestas esponjas, conferindo às suas pinaco<strong>de</strong>rmes o status <strong>de</strong> epitélio ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro.<br />
Entretanto, também com relação ao posicionamento <strong>de</strong> Homosclerophori<strong>da</strong> não há<br />
consenso, com maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> à Calcarea tendo sido proposta mais <strong>de</strong> uma vez,<br />
inclusive recentemente. Esta hipótese <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> aspectos <strong>da</strong> morfologia larval, bem<br />
como <strong>de</strong> alguns <strong>da</strong>dos moleculares.<br />
Estas questões evolutivas acerca dos metazoários basais continuam sendo amplas<br />
aveni<strong>da</strong>s para pesquisa, e as três classes <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong>, bem como as Homosclerophori<strong>da</strong>,<br />
estão no cerne do problema. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> com que novas abor<strong>da</strong>gens moleculares<br />
surgem, bem como os ca<strong>da</strong> vez maiores volumes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos analisados em tempos<br />
ca<strong>da</strong> vez menores, permitem antever gran<strong>de</strong>s novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nesta arena ao longo dos<br />
próximos anos.<br />
Aspectos ecológicos<br />
Como dito acima, o plano organizacional básico <strong>de</strong> uma esponja pouco se alterou<br />
ao longo do último ½ bilhão <strong>de</strong> anos. Entretanto, o papel ecológico prepon<strong>de</strong>rante<br />
exercido teve alteração mais drástica, uma vez que no Paleozóico e Mesozóico os<br />
principais construtores <strong>de</strong> recifes eram esponjas, e não corais e algas como em nosso<br />
tempo. Os poríferos que ocorrem em recifes hoje <strong>de</strong>sempenham diversos papéis entre<br />
filtragem <strong>da</strong> água, ampliação <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> tridimensional (> tridimensionali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
= + nichos = + biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>), bioerosão e cimentação do arcabouço recifal,<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
33
Introdução<br />
<strong>de</strong>ntre outros. Porém, não são mais os principais construtores <strong>de</strong>ste arcabouço.<br />
Poríferos ocorrem em todos os principais mares e oceanos, entre os polos e o<br />
Equador, e do entremarés às gran<strong>de</strong>s profun<strong>de</strong>zas oceânicas (> 8800 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>!).<br />
Sua relativa simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural é comumente associa<strong>da</strong> a uma suposta<br />
alta a<strong>da</strong>ptabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que lhes confere papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na competição por<br />
substrato, especialmente consoli<strong>da</strong>dos (substrato duro) e <strong>de</strong> iluminação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
à ausente. Nesses ambientes, os poríferos são frequentemente dominantes. Em<br />
ambientes profundos, a situação se repete, estando as maiores riquezas conheci<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> poríferos associa<strong>da</strong>s a locais <strong>de</strong> maior complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> estrutural, usualmente<br />
encontrados em setores <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais acentua<strong>da</strong> (talu<strong>de</strong>, cânions, montes<br />
submarinos), on<strong>de</strong> os substratos são mais consoli<strong>da</strong>dos. Nesses “oásis” profundos,<br />
poríferos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar papel estruturador, conferindo maior complexi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
tridimensional como fazem em ambientes rasos também. O sistema aquífero<br />
<strong>de</strong> inúmeras esponjas funciona como uma casa labiríntica para muitos inquilinos,<br />
alguns dos quais aí encontrados pela primeira vez, quando não exclusivos <strong>de</strong>ste<br />
habitat.<br />
Equino<strong>de</strong>rmo (crinói<strong>de</strong>, lírio do mar) habitando o interior <strong>de</strong> uma esponja em forma <strong>de</strong><br />
vaso em Carrie Bow Cay (barreira <strong>de</strong> recifes <strong>de</strong> coral <strong>de</strong> Belize). A esponja é uma Callyspongia<br />
plicifera (Lamarck, 1814), com cerca <strong>de</strong> 10 cm <strong>de</strong> diâmetro na porção apical <strong>de</strong> sua cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
atrial, e o crinói<strong>de</strong> Davi<strong>da</strong>ster rubiginosa (Pourtalès, 1869). A ampla maioria dos inquilinos<br />
<strong>da</strong>s esponjas se constitui <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong> menores dimensões, como, por exemplo,<br />
outros equino<strong>de</strong>rmos (ofiúros) que aparecem em mais <strong>de</strong> uma ilustração neste <strong>Guia</strong> (p.ex.<br />
Callyspongia sp. 1, Haliclona melana, Monanchora arbuscula).<br />
34 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Poríferos estão representados por cerca <strong>de</strong> 150 espécies em habitats dulciaquícolas,<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 1/3 <strong>da</strong>s quais ocorre no <strong>Brasil</strong>, literalmente do Oiapoque ao<br />
Chuí. Estão distribuí<strong>da</strong>s em lagos, brejos e rios, em distintas altitu<strong>de</strong>s, por vezes com<br />
poucos milímetros <strong>de</strong> diâmetro, às vezes do tamanho <strong>de</strong> bolas <strong>de</strong> basquetebol. Nestes<br />
ambientes frequentemente apresentam ciclos anuais <strong>de</strong> crescimento, regressão,<br />
encistamento e renascimento. Na época <strong>da</strong>s vazantes em bacias como a Amazônica e<br />
a do São Francisco, não raro, observam-se esponjas fixa<strong>da</strong>s em galhos e troncos localizados<br />
a alguns metros acima do nível <strong>da</strong> água. Uma <strong>da</strong>s espécies que ocorre nestes<br />
habitats é Drulia browni (Bowerbank, 1863), que se assemelha a um ninho <strong>de</strong> vespa<br />
às margens <strong>de</strong> diversos rios. Na época <strong>da</strong>s secas estas esponjas regri<strong>de</strong>m ao estádio<br />
<strong>de</strong> gêmula, que são pequenos corpos (geralmente < 0,5 mm <strong>de</strong> diâmetro) resistentes<br />
ao ressecamento, providos <strong>de</strong> células totipotentes e a<strong>da</strong>ptados para dispersão. Esta<br />
po<strong>de</strong> se <strong>da</strong>r simplesmente por que<strong>da</strong> e transporte pela correnteza, ou através <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>rência às penas <strong>de</strong> aves e pelos <strong>de</strong> mamíferos. Esta última opção é a explicação<br />
encontra<strong>da</strong> para as amplas distribuições <strong>de</strong> algumas espécies, por vezes registra<strong>da</strong>s<br />
em mais <strong>de</strong> um continente. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gêmulas flutuantes em alguns rios po<strong>de</strong><br />
ser tal que constituem um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, tendo sido relatados casos <strong>de</strong><br />
infecções oculares <strong>de</strong> variados níveis <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Algumas famílias <strong>de</strong> poríferos compreen<strong>de</strong>m espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s ao modo <strong>de</strong><br />
vi<strong>da</strong> escavador, o que <strong>de</strong>sempenham com surpreen<strong>de</strong>nte eficiência. Espécies dos<br />
gêneros Aka <strong>de</strong> Laubenfels, 1936 (Phloeodictyi<strong>da</strong>e), Cliona Grant, 1826 e Pione Gray,<br />
1867 (ambos Clionai<strong>da</strong>e), <strong>de</strong>ntre outros, ocorrem em todos os oceanos, perfurando<br />
maiores ou menores galerias em substratos calcários, tais como conchas, corais, e<br />
mesmo rochas calcárias. Seu ritmo <strong>de</strong> perfuração inicia-se acelerado, porém esponjas<br />
adultas o apresentam estabilizado em valores relativamente baixos. Cálculos efetuados<br />
em ambientes recifais na região do Caribe estabeleceram o valor <strong>de</strong> 256 g /<br />
m 2 / ano como a produção <strong>de</strong> sedimento calcário por estas esponjas, gerando cerca<br />
<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> todo o sedimento em alguns setores <strong>de</strong>stes recifes. Estimou-se que a taxa<br />
<strong>de</strong> bioerosão po<strong>de</strong>ria alcançar 3 kg / m 2 / ano em locais com maior infestação por<br />
esponjas escavadoras. Valores semelhantes foram obtidos para o potencial escavador<br />
<strong>de</strong> Cliona aff. celata Grant, 1826 no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
O uso <strong>de</strong> poríferos como biomonitores <strong>de</strong> poluição foi proposto em mais <strong>de</strong> uma<br />
ocasião, <strong>de</strong>correndo <strong>de</strong> algumas características compartilha<strong>da</strong>s com outros grupos<br />
taxonômicos sésseis. Um dos pontos ressaltados é a necessária íntima relação entre<br />
um organismo filtrador e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água filtra<strong>da</strong> pelo mesmo, sendo comum<br />
observar-se que ambientes prístinos apresentam maior diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e por vezes menor<br />
abundância <strong>de</strong> espécies, ao passo que ambientes com algum nível <strong>de</strong> alteração,<br />
costumeiramente possuirão menor diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> em alguns casos po<strong>de</strong>r<br />
abrigar maior abundância <strong>de</strong>stas espécies mais resistentes. Assim, as propostas <strong>de</strong><br />
biomonitoramento incluem tanto o uso <strong>de</strong> espécies indicadoras, como o <strong>de</strong> índices<br />
ecológicos que avaliam a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies que integram<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
35
Introdução<br />
Igarapé dos Macacos, Rio Tarumã (afluente do rio Negro – Manaus, AM) na época <strong>da</strong> seca em<br />
12/Dez/2006. Espécime <strong>da</strong> esponja dulciaquícola Drulia browni, <strong>de</strong> aspecto semelhante a um<br />
vespeiro preso em um galho (1,5 m acima do solo). Notar abundância <strong>de</strong> gêmulas (pequenas<br />
esferas esbranquiça<strong>da</strong>s). FOTO POR M.R. CUSTÓDIO.<br />
uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste caso, alterações nos índices espelhariam alterações<br />
ao meio ambiente.<br />
Dentre os ambientes mais extremos habitados por esponjas está a região entremarés,<br />
sujeita à ampla variação em diversos fatores abióticos. A ocorrência <strong>de</strong> poríferos<br />
nestes ambientes é mais notável nas partes abriga<strong>da</strong>s <strong>da</strong> iluminação direta,<br />
pois nas marés mais baixas é comum a exposição <strong>de</strong>sta zona à irradiação solar direta.<br />
Mesmo ao abrigo <strong>da</strong> luz, estas esponjas ain<strong>da</strong> precisam estar a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a variações<br />
significativas na salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e no hidrodinamismo. A primeira po<strong>de</strong> cair drasticamente<br />
quando coincidirem chuva e maré baixa, e o segundo, acentua-se a ca<strong>da</strong> maré<br />
vazante e enchente, potencializado por ventos. Regiões entremarés que se expõe<br />
regularmente a hidrodinamismo acentuado abrigam esponjas prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
sob rochas e blocos calcários, em frestas e túneis nos recifes, ou simplesmente sob<br />
tufos <strong>de</strong> algas calcárias <strong>de</strong> maior rigi<strong>de</strong>z. Neste <strong>Guia</strong> são apresenta<strong>da</strong>s diversas espécies<br />
que ocorrem na faixa entremarés, como por exemplo Cliona varians, Haliclona<br />
implexiformis e Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />
Mesmo <strong>de</strong>ntre as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong> ocorrência restrita ao infralitoral,<br />
ain<strong>da</strong> se observa espécies com nota<strong>da</strong> preferência por habitats abrigados <strong>da</strong> ilumi-<br />
36 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Ilha do Pati (Madre <strong>de</strong> Deus, BA) na baixamar <strong>de</strong> 20/Mai/2008, com diversos espécimes <strong>de</strong><br />
Te<strong>da</strong>nia ignis expostos ao sol. No mesmo ambiente foram observa<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> outras espécies<br />
apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong> – Haliclona caerulea, H. implexiformis, H. melana e Tethya maza.<br />
nação direta, o que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> alguma maior sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> à luz, ou como se<br />
acredita ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro para a maioria dos casos, por exclusão competitiva. <strong>Esponjas</strong><br />
que crescem expostas à iluminação direta competem com outros grupos faunísticos<br />
e florísticos, <strong>de</strong>ntre os quais muitos se beneficiam diretamente <strong>da</strong> própria iluminação<br />
para acelerar seu crescimento através <strong>da</strong> fotossíntese. Algas e macrófitas<br />
realizam fotossíntese, mas organismos associados a estas também po<strong>de</strong>m se valer<br />
<strong>da</strong> técnica para acelerar seu próprio crescimento. Tal feito é uma estratégia bem conheci<strong>da</strong><br />
entre os corais hermatípicos (construtores <strong>de</strong> recifes), mas também entre<br />
diversas esponjas. A associação com organismos fotossintetizantes observa<strong>da</strong> mais<br />
comumente entre os poríferos é com as cianobactérias, que costumam atribuir coloração<br />
amarronza<strong>da</strong> ás esponjas. Este é o caso <strong>da</strong> espécie do complexo Chondrilla<br />
nucula apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>. Associação com algas eucariotas do tipo zooxantelas,<br />
como nos corais, se observa na esponja Cliona varians. Em ambos casos, trata-se <strong>de</strong><br />
espécies <strong>de</strong> ocorrência prepon<strong>de</strong>rante em habitats bem iluminados.<br />
Para uma importante fração <strong>da</strong>s esponjas crescendo nestes ambientes, a <strong>de</strong>fesa<br />
contra pre<strong>da</strong>ção é possivelmente a conquista mais importante <strong>de</strong> suas linhagens<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
37
Introdução<br />
evolutivas. Como esponjas não correm, não se retraem rapi<strong>da</strong>mente, e não mor<strong>de</strong>m,<br />
a <strong>de</strong>fesa precisa ser alcança<strong>da</strong> por outros meios. E é <strong>de</strong>ntre as plantas, bem como<br />
entre outros organismos bentônicos sésseis que se encontram a<strong>da</strong>ptações semelhantes,<br />
seja na concha <strong>de</strong> um molusco ou no veneno <strong>de</strong> uma planta. As “conchas” dos<br />
poríferos tratam-se na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crostas espiculares <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que visam<br />
<strong>de</strong>sestimular a pre<strong>da</strong>ção em consequência <strong>de</strong> sua dureza. Já os “venenos” são frequentes<br />
entre os metabólitos secundários dos poríferos. A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> química é tamanha,<br />
que apesar dos 60 anos <strong>de</strong> estudos mais <strong>de</strong>talhados sobre o tema, não param<br />
<strong>de</strong> surgir novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Importantes pesquisas nesta área também são <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />
no <strong>Brasil</strong>, por um lado com uma curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> intrínseca pelo ineditismo estrutural <strong>de</strong><br />
diversas moléculas, e por outro, em uma busca incessante por possíveis aplicações<br />
farmacológicas <strong>de</strong>stas moléculas. Afinal, se o objetivo <strong>de</strong>sta conquista evolutiva foi o<br />
<strong>de</strong> proteger as esponjas <strong>de</strong> seus pre<strong>da</strong>dores, porque não verificar se este arsenal não<br />
po<strong>de</strong>ria proteger a nós também <strong>de</strong> nossos “pre<strong>da</strong>dores” (bactérias, protozoários, vírus,<br />
e até como repelente <strong>de</strong> tubarões!!)<br />
Algumas esponjas encontraram uma solução pitoresca para sua imobili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
– a epibiose sobre organismos vágeis. As ditas “esponjas móveis”<br />
ocorrem sobre conchas <strong>de</strong> moluscos bivalves ou gastrópo<strong>de</strong>s, neste último<br />
caso frequentemente em conchas habita<strong>da</strong>s por caranguejos-ermitões, sobre<br />
caranguejos propriamente ditos, a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s às carapaças ou carrega<strong>da</strong>s como um chapéu,<br />
e sobre espinhos <strong>de</strong> ouriços. No <strong>Brasil</strong>, um dos bivalves móveis mais costumeiramente<br />
portador <strong>de</strong> esponjas epibiontes é o pectiní<strong>de</strong>o (vieira) Lyropecten nodosus<br />
(Linnaeus, 1758), mas além <strong>de</strong> raras, as esponjas não ultrapassam 1-2 mm <strong>de</strong> espessura.<br />
A associação entre esponjas e caranguejos-ermitões é bem conheci<strong>da</strong> para<br />
algumas espécies <strong>de</strong> Suberites Nardo, 1833, principalmente no hemisfério norte. Entretanto,<br />
a associação ocorre também no <strong>Brasil</strong>, já tendo sido registra<strong>da</strong> do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro até o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Os caranguejos sobre os quais as esponjas crescem<br />
a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong>s integram principalmente a família Maji<strong>da</strong>e. Não raro, aparentam se tratar<br />
<strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras alegorias, <strong>da</strong><strong>da</strong> a abundância <strong>de</strong> organismos epibiontes. Já com<br />
os Dromii<strong>da</strong>e a relação é diferente, e dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> sutilezas ain<strong>da</strong> não perfeitamente<br />
Plakortí<strong>de</strong>o-P, isolado<br />
<strong>da</strong> esponja Plakortis<br />
angulospiculatus (Carter,<br />
1882) coleta<strong>da</strong> em Salvador<br />
(BA). A molécula tem<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s antiparasíticas<br />
(contra Leishmaniose e Mal <strong>de</strong><br />
Chagas), citotóxica mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> e<br />
antineuroinflamatória. Imagem<br />
gera<strong>da</strong> por R.G.S. Berlinck.<br />
38 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
esclareci<strong>da</strong>s. Estes caranguejos conseguem recortar esponjas em um formato que<br />
lhes convenha, segurando-as sobre sua carapaça com auxílio <strong>de</strong> suas patas posteriores.<br />
O interessante é que mesmo esponjas que se <strong>da</strong>nificam marca<strong>da</strong>mente após sua<br />
coleta com faca, po<strong>de</strong>m manter-se em aparentem bom estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sobre estes<br />
caranguejos. Por exemplo, a espécie Mycale laxissima, apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>, dissolve-se<br />
quase que por completo em muco após corta<strong>da</strong> e manusea<strong>da</strong> durante uma<br />
coleta. Entretanto, já foi vista sobre caranguejos dromii<strong>de</strong>os em bom estado, apesar<br />
<strong>de</strong> supostamente terem sido secciona<strong>da</strong>s pelos mesmos. Outra espécie vista mais <strong>de</strong><br />
uma vez sobre estes caranguejos é Dysi<strong>de</strong>a etheria, também apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>.<br />
Em resumo, esponjas integram uma intrica<strong>da</strong> teia <strong>de</strong> relações inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>da</strong> qual fazem parte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as bactérias que lhes servem <strong>de</strong> alimento, passando por<br />
uma ampla gama <strong>de</strong> competidores por espaço, com <strong>de</strong>staque para algas em habitats<br />
bem iluminados, ou outras esponjas em ambientes semiobscuros, até seus pre<strong>da</strong>dores<br />
diretos mais notáveis, como alguns equino<strong>de</strong>rmos, peixes-anjo ou mesmo as<br />
tartarugas <strong>de</strong> pente. Estimou-se que os poríferos ocorrendo em um típico recife <strong>de</strong><br />
coral têm a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> filtrar em 24 h, to<strong>da</strong> a coluna d’água sobre o recife, o<br />
que dá uma dimensão <strong>da</strong> importância <strong>de</strong>stes organismos para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> recifal<br />
como um todo. Como recorrente em diversos outros organismos, esponjas também<br />
se divi<strong>de</strong>m entre oportunistas e especialistas. As primeiras, frequentemente mais<br />
abun<strong>da</strong>ntes, mais amplamente e homogeneamente distribuí<strong>da</strong>s, e as outras, mais<br />
raras, com manchas <strong>de</strong> distribuição intercala<strong>da</strong>s a gran<strong>de</strong>s lacunas.<br />
Litoral baiano<br />
Litoral Norte<br />
Esten<strong>de</strong>ndo-se <strong>da</strong> divisa com o Estado <strong>de</strong> Sergipe até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador, na<br />
entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, esta costa praticamente retilínea intercala<br />
amplas restingas e pequenas barras <strong>de</strong> rios, e é alvo <strong>de</strong> intensa pressão imobiliária.<br />
Importantes trechos <strong>de</strong> recifes <strong>de</strong> franja observam-se nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Praia do<br />
Forte, Itacimirim, Guarajuba, Arembepe, Jauá, entre outras locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Nas marés<br />
baixas há boas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> observação e coleta <strong>de</strong> poríferos na zona entremarés,<br />
bem como em piscinas <strong>de</strong> dimensões varia<strong>da</strong>s, que se observa em diversos recifes.<br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos – BTS (Recôncavo)<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma <strong>da</strong>s maiores baías brasileiras, com aproxima<strong>da</strong>mente 300 km <strong>de</strong><br />
perímetro, 80 km <strong>de</strong> penetração continente a <strong>de</strong>ntro, e 1223 km 2 <strong>de</strong> superfície. Sua<br />
barra tem 14 km <strong>de</strong> extensão, com profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que oscilam entre os 25 e 35 m.<br />
Em sua bor<strong>da</strong> leste <strong>de</strong>staca-se a escarpa <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong> se observa também<br />
uma prepon<strong>de</strong>rância <strong>de</strong> costões rochosos, característica mais frequente na região<br />
su<strong>de</strong>ste. Entretanto, <strong>de</strong>ntre os substratos rochosos mais importantes estão os<br />
quebramares artificiais <strong>de</strong> proteção do porto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, um com aproxima<strong>da</strong>mente<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
39
A<br />
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
B<br />
C<br />
D<br />
E<br />
F<br />
G<br />
H<br />
40 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
900 m <strong>de</strong> extensão (Quebramar Sul, ou <strong>da</strong> Capitania dos Portos), o outro com 1300 m<br />
(Quebramar Norte), on<strong>de</strong> a abundância <strong>de</strong> poríferos é uma <strong>da</strong>s maiores observa<strong>da</strong>s<br />
em todo o <strong>Brasil</strong>. To<strong>da</strong>via, a maior parte do perímetro <strong>da</strong> BTS está revesti<strong>da</strong> por<br />
manguesais, sendo possível encontrar esponjas em planícies <strong>de</strong> marés, tais como nas<br />
proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Ilha do Pati (ver Aspectos Ecológicos), <strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong>s Fontes e <strong>da</strong> Ilha<br />
do Medo. As duas principais ilhas no interior <strong>de</strong>sta baía são a Ilha <strong>de</strong> Itaparica e a<br />
Ilha dos Fra<strong>de</strong>s. A primeira abriga os únicos e importantes recifes <strong>de</strong> coral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos – Recife <strong>da</strong>s Pinaúnas e Recife <strong>da</strong>s Caramuanas, respectivamente em<br />
suas faces leste/su<strong>de</strong>ste e sul. O Canal <strong>de</strong> Itaparica, situado entre a ilha e o continente<br />
a oeste, afunila em rumo sudoeste, apresentando amplos manguesais especialmente<br />
em suas porções mais estreitas. Algumas espécies <strong>de</strong> poríferos só foram encontra<strong>da</strong>s<br />
nesta área.<br />
É importante assinalar que até a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70 o interesse pelas questões<br />
ambientais no <strong>Brasil</strong> ain<strong>da</strong> era muito incipiente, assim, numerosas indústrias se<br />
A – Piscina do Papagente na Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João) em 07/Jun/2009, ilustrando a<br />
vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s piscinas <strong>de</strong> maré. Apenas neste dia foram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> visitantes.<br />
B – Maré baixa e recife arenítico na Praia <strong>de</strong> Arembepe (Camaçari) em 25/Jul/2006. Sobre o<br />
recife encontram-se poças e pequenas piscinas <strong>de</strong> maré, e entre aquele e a praia forma-se<br />
um ambiente lagunar. Comumente se observa fauna <strong>de</strong> poríferos distinta nas faces oceânica,<br />
superior e continental <strong>de</strong>stes recifes, o que se explica em parte pelo menor hidrodinamismo<br />
enfrentado pela face continental, porém associado a maiores flutuações <strong>de</strong> temperatura,<br />
salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e turbidêz.<br />
C – Vista aérea do Porto <strong>de</strong> Salvador e cercanias, on<strong>de</strong> estão visíveis alguns dos principais<br />
pontos <strong>de</strong> coleta dos materiais apresentados neste <strong>Guia</strong>: Quebramar Sul (perpendicular à<br />
costa), Quebramar Norte (paralelo à costa) e Ponta <strong>de</strong> Humaitá (no canto superior direito).<br />
D – Quebramar Sul e Ilha <strong>de</strong> Itaparica (ao fundo), vistos do alto do Elevador Lacer<strong>da</strong>, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
alta <strong>de</strong> Salvador. O acesso a este quebramar necessita <strong>de</strong> permissão <strong>da</strong> Capitania dos Portos.<br />
E – Vista aérea do trecho <strong>de</strong> costões localizado entre o Farol <strong>da</strong> Barra (canto inferior<br />
esquerdo) e a praia do Porto <strong>da</strong> Barra (canto superior direito) em Salvador, i<strong>de</strong>al para<br />
amostragens em apnéia. A maior parte <strong>da</strong>s esponjas apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong> ocorre<br />
neste setor. Notar recifes paralelos à Praia <strong>da</strong> Barra (indicados pelo quebrar <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s –<br />
extremo inferior <strong>da</strong> imagem).<br />
F – Praia do Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador) em 02/Dez/2010, on<strong>de</strong> se tem o mais fácil acesso ao maior<br />
número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos em Salvador, seja para coletas em apnéia seja com SCUBA.<br />
G – Vista aérea <strong>da</strong> porção norte <strong>da</strong> Ilha <strong>de</strong> Itaparica (Itaparica) em 13/Jun/2009, com Canal <strong>de</strong><br />
Itaparica ao fundo, e Recife <strong>da</strong>s Pinaúnas, uma APA, visível como uma linha clara paralela à<br />
costa. Esta área foi amostra<strong>da</strong> muito superficialmente para a realização <strong>de</strong>ste <strong>Guia</strong>. Supomos<br />
que a riqueza <strong>de</strong> poríferos aí seja comparável àquela <strong>de</strong> Salvador.<br />
H – Praia do Forte (Itaparica) em 05/Dez/2010. Águas claras e quentes, nutri<strong>da</strong>s por manguesais<br />
relativamente próximos, localizados ao fundo <strong>da</strong> BTS e na face continental do Canal <strong>de</strong><br />
Itaparica, fazem <strong>da</strong> face insular <strong>de</strong>ste canal um ambiente propício ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
poríferos em abundância.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
41
A<br />
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
B<br />
C<br />
D<br />
A – Ilha do Sapinho na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009. Localiza<strong>da</strong> próxima à barra <strong>da</strong> baía,<br />
a influência do mar aberto atenua as oscilações <strong>de</strong> salini<strong>da</strong><strong>de</strong> e a alta turbidêz, típicas dos manguesais,<br />
tornando o local propício ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> poríferos.<br />
B – Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009, ilustrando a mescla <strong>de</strong> mangue,<br />
substrato rochoso e águas claras, característico <strong>de</strong>ste setor <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Camamu. Foto por G. Lôbo Hajdu.<br />
C – Ilha Gran<strong>de</strong> ou Ilha Pequena na Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), em 30/Jul/2009, com promontórios<br />
rochosos conspícuos e mangue pouco <strong>de</strong>senvolvido. Área <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> diversas espécies<br />
apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>.<br />
D – Piscinas <strong>de</strong> Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), em 26/Jul/2009, com túneis, canais e amplo habitat lagunar.<br />
Uma fauna rica, porém pouco abun<strong>da</strong>nte, po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> no local, que inclui diversas espécies<br />
apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>, e diversas outras sequer i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s.<br />
estabeleceram em torno <strong>da</strong> BTS, <strong>de</strong>ntre as quais gran<strong>de</strong>s empresas do setor petroquímico,<br />
on<strong>de</strong> vêm lançando <strong>de</strong>jetos <strong>de</strong> natureza muito varia<strong>da</strong>. Às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais somam-se<br />
outras <strong>de</strong> origem portuária, turística, e <strong>de</strong>spejos <strong>de</strong> esgotos domésticos, que vêm causando<br />
impactos importantes nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s marinhas. Um estudo que avaliou a estrutura <strong>de</strong><br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s bentônicas <strong>de</strong> substrato inconsoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> zona entremarés no fundo <strong>da</strong> BTS,<br />
observou um gradiente <strong>de</strong> estresse, particularmente nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma refinaria<br />
localiza<strong>da</strong> no município <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Deus.<br />
42 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
Litoral Sul<br />
Este é o segmento mais longo <strong>da</strong> costa <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, com mais <strong>de</strong> 500 km <strong>de</strong> extensão e importantes<br />
feições geomorfológicas. O Litoral Sul abriga os recifes coralinos mais <strong>de</strong>senvolvidos do<br />
país, mas também a foz <strong>de</strong> importantes rios, e os manguesais associados aos estuários que<br />
aí se formam. Assim como no Litoral Norte, a pressão imobiliária é gran<strong>de</strong>, e o turismo<br />
crescente. Aí estão alguns dos <strong>de</strong>stinos mais cobiçados do litoral brasileiro – Morro <strong>de</strong> São<br />
Paulo, Maraú, Itacaré, Coman<strong>da</strong>tuba, Porto Seguro, Corumbau, Caravelas, <strong>de</strong>ntre outros. Os<br />
principais rios que <strong>de</strong>ságuam neste setor são o Rio <strong>da</strong>s Contas, o Rio Pardo, o Jequitinhonha<br />
e o Buranhém. A presença <strong>de</strong>stes rios perenes implica em alterações significativas dos<br />
parâmetros ambientais, especialmente carga <strong>de</strong> sedimentos em suspensão, as quais, por sua<br />
vez, se traduzem em alterações no encaixe dos ecossistemas costeiros. Próximo à foz dos rios,<br />
quando há recifes, estes são costumeiramente areníticos, e não raro, <strong>de</strong> baixa biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
À relativa distância, a existência dos rios po<strong>de</strong> ser benéfica por um incremento no aporte <strong>de</strong><br />
nutrientes minerais e orgânicos, e seu efeito em cascata ascen<strong>de</strong>nte sobre os diversos elos<br />
<strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia alimentar. Estes recifes mais afastados têm maior presença <strong>de</strong> um componente<br />
biológico construtor, como corais e algas coralinas. As principais formações recifais neste<br />
trecho do litoral baiano são as <strong>da</strong> Costa do Descobrimento (Coroa Alta, <strong>de</strong> Fora, Itacolomis)<br />
e as <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Abrolhos (<strong>da</strong>s Timbebas, Pare<strong>de</strong>s, Abrolhos, Sebastião Gomes, Coroa<br />
Vermelha, Viçosa). A riqueza <strong>de</strong> poríferos neste setor está absolutamente subavalia<strong>da</strong>, com<br />
apenas alguns poucos registros apresentados neste <strong>Guia</strong>.<br />
Padrões <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> Poríferos<br />
O entendimento dos padrões atuais <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> poríferos passa pelo estudo <strong>de</strong> seu<br />
potencial <strong>de</strong> dispersão, que aparenta ser bastante limitado na maioria <strong>da</strong>s espécies. Isto<br />
porque observou-se diversas vezes que as larvas <strong>de</strong> esponjas, além <strong>de</strong> ter vi<strong>da</strong> curta, com<br />
fase livre natante muito rápi<strong>da</strong>, logo em segui<strong>da</strong> tornam-se <strong>de</strong>mersais, ou seja, rastejantes<br />
sobre o fundo. Isto explicaria, em parte, a existência <strong>de</strong> agrupamentos (cenoses) distintos<br />
<strong>de</strong> esponjas, mesmo em escala bastante reduzi<strong>da</strong>, também conhecido como padrão <strong>de</strong> distribuição<br />
do tipo “colcha <strong>de</strong> retalhos”, ou em manchas.<br />
Distribuição Geográfica Global <strong>de</strong> esponjas marinhas<br />
Assim como observado em diversos outros grupos <strong>de</strong> organismos marinhos (táxons), os<br />
centros <strong>de</strong> maior riqueza e diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esponjas também estão nos trópicos, e em especial,<br />
no triângulo formado pelas Filipinas, Papua Nova Guiné e Indonésia, área que<br />
abarca milhares <strong>de</strong> ilhas, entre minúsculas e enormes (p.ex. Sumatra, Bornéu), e também<br />
conheci<strong>da</strong> como Triângulo dos Corais. Em meados dos anos <strong>de</strong> 1990, já haviam sido registra<strong>da</strong>s<br />
cerca <strong>de</strong> 1000 espécies <strong>de</strong> poríferos marinhos nesta área, mas a estimativa é que<br />
o número <strong>de</strong> espécies que efetivamente ocorrem aí seja no mínimo o dobro ou o triplo.<br />
Outras gran<strong>de</strong>s áreas notáveis por sua alta riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos são todo o perímetro<br />
australiano, o Oceano Índico Oci<strong>de</strong>ntal (costa leste <strong>da</strong> África, Ma<strong>da</strong>gascar e uma<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
43
Introdução<br />
série <strong>de</strong> pequenos arquipélagos), o Mar do Caribe e o Mar Mediterrâneo, em or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies. Esta alta diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> observa<strong>da</strong> neste cinturão<br />
circumtropical é sugestiva <strong>de</strong> uma história evolutiva relaciona<strong>da</strong> ao Oceano Tethys,<br />
que se estendia entre o sul do supercontinente <strong>de</strong> Laurásia e o norte do supercontinente<br />
<strong>de</strong> Gondwana na Era Mesozóica. De fato, cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos gêneros marinhos<br />
<strong>da</strong> Classe Demospongiae conhecidos atualmente, têm distribuição circumtropical<br />
ou quase (com algumas lacunas). Outros padrões <strong>de</strong> distribuição observados<br />
<strong>de</strong>ntre os gêneros <strong>de</strong>sta Classe são o austral, o boreal, o bipolar, o australiano e o <strong>de</strong>scontínuo.<br />
Padrões <strong>de</strong> distribuição gritantemente <strong>de</strong>scontínuos são explicáveis por<br />
três alternativas principais – (1) insuficiência amostral (o padrão não é <strong>de</strong>scontínuo,<br />
apenas incompletamente conhecido), (2) consi<strong>de</strong>rável extinção ao longo <strong>da</strong> história<br />
evolutiva do táxon em questão (o padrão não era <strong>de</strong>scontínuo, e a tendência é que<br />
estas populações isola<strong>da</strong>s venham a ser reconheci<strong>da</strong>s como espécies distintas em<br />
algum momento nos próximos milhares ou milhões <strong>de</strong> anos), ou (3) falha na i<strong>de</strong>ntificação<br />
(a distribuição não é <strong>de</strong>scontínua, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> trata-se <strong>de</strong> um complexo<br />
<strong>de</strong> espécies crípticas). Infelizmente, o registro fóssil <strong>de</strong> poríferos com esqueletos <strong>de</strong>sarticulados<br />
(não fusionados) é ínfimo, <strong>de</strong> tal forma que as investigações acerca <strong>de</strong><br />
sua história evolutiva <strong>de</strong>vem, necessariamente, basear-se em gran<strong>de</strong> parte nas relações<br />
inferi<strong>da</strong>s a partir do estudo <strong>de</strong> espécies recentes. A ampla maioria <strong>da</strong>s esponjas<br />
viventes apresenta esqueletos não fusionados, e portanto apenas precariamente<br />
fossilizáveis.<br />
No mar profundo ain<strong>da</strong> não há uma regionalização <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, pois o conhecimento<br />
nesta área caminha a passos mais lentos, por razões óbvias. Entretanto, em<br />
termos gerais, repetem-se algumas regras observa<strong>da</strong>s em águas mais rasas. <strong>Esponjas</strong><br />
preferem regiões <strong>de</strong> substratos consoli<strong>da</strong>dos (ou semi-consoli<strong>da</strong>dos), como junto aos<br />
bancos <strong>de</strong> corais e esponjas, com ocorrência prepon<strong>de</strong>rante em áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive mais<br />
acentuado, como em montes submarinos, cânions e alguns setores dos talu<strong>de</strong>s continentais.<br />
Um dos grupos taxonômicos presentes nestes locais, cujo conhecimento tem<br />
avançado possivelmente mais rápido que o dos <strong>de</strong>mais é o <strong>da</strong>s esponjas carnívoras<br />
(Cladorhizi<strong>da</strong>e), com mais <strong>de</strong> 20 espécies novas registra<strong>da</strong>s na última déca<strong>da</strong>, entre<br />
<strong>de</strong>scritas e por <strong>de</strong>screver.<br />
Distribuição <strong>de</strong> esponjas marinhas no <strong>Brasil</strong><br />
Historicamente, a espongiofauna marinha brasileira foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma versão empobreci<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> caribenha, apesar <strong>de</strong> seu notório en<strong>de</strong>mismo, situado na casa dos 30%<br />
do total <strong>de</strong> espécies registra<strong>da</strong>s. Esta fauna <strong>de</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> marcantemente caribenha,<br />
que integra uma fauna maior <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> <strong>de</strong> Atlântica Tropical Oci<strong>de</strong>ntal, esten<strong>de</strong>se<br />
até algum ponto <strong>da</strong> costa brasileira, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do táxon em consi<strong>de</strong>ração. Assim,<br />
<strong>de</strong>ntre as espécies <strong>de</strong> poríferos registra<strong>da</strong>s para nosso litoral, e também conheci<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong> região do Caribe, algumas têm o limite sul <strong>de</strong> sua distribuição conheci<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong><br />
(p.ex. Callyspongia vaginalis); outras no Espírito Santo (p.ex. Cliona varians); na Baía<br />
44 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
<strong>de</strong> Ilha Gran<strong>de</strong>, no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (p.ex. Desmapsamma anchorata); no Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo, área do Canal <strong>de</strong> São Sebastião (p.ex. Aplysina fulva, Haliclona melana);<br />
e por fim, algumas se esten<strong>de</strong>m até o litoral do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina (p.ex.<br />
Dragmacidon reticulatum, Hymeniacidon heliophila, Te<strong>da</strong>nia ignis). Esses múltiplos limites<br />
<strong>de</strong> distribuição austral <strong>de</strong> espécies tropicais fizeram com que to<strong>da</strong> a área ao sul<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (ou do ES, do RJ, ...) fosse consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> como uma área <strong>de</strong> transição entre<br />
a Província <strong>Brasil</strong>eira (tropical) e uma fauna patagônica (subtropical). Entretanto,<br />
esta sugestão ignora o fato <strong>de</strong> que os costões rochosos encontrados em boa parte do<br />
SE e S do país abrigam uma espongiofauna <strong>de</strong> características particulares, ain<strong>da</strong> em<br />
boa parte <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>, haja vista que o grosso dos materiais disponíveis em coleções<br />
ain<strong>da</strong> não foi formalmente <strong>de</strong>scrito. Apesar <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste inventário,<br />
o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos provisoriamente endêmicas <strong>de</strong>sta faixa do litoral<br />
que se esten<strong>de</strong> <strong>da</strong> Região do Cabo Frio até a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis, já é consi<strong>de</strong>rável<br />
(> 10). E como tal, justificativa para o reconhecimento <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo,<br />
para a qual se propôs no passado o termo <strong>de</strong> Província Paulista, e hoje integra<br />
o mapa global <strong>de</strong> ecorregiões marinhas como a Ecorregião Marinha do Su<strong>de</strong>ste<br />
do <strong>Brasil</strong>.<br />
Um aspecto importante a ressaltar é que esta marca<strong>da</strong> afini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> espongiofauna<br />
marinha brasileira com a caribenha, que ultrapassa 50% <strong>de</strong> espécies compartilha<strong>da</strong>s<br />
mesmo no litoral do Estado <strong>de</strong> São Paulo (75% – 52/70 – <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s<br />
neste <strong>Guia</strong>), é indicativa <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um fluxo relativamente gran<strong>de</strong> entre as<br />
duas áreas. Isto, a <strong>de</strong>speito <strong>da</strong> suposta barreira exerci<strong>da</strong> pelo imenso aporte <strong>de</strong> água<br />
doce e sedimentos em suspensão na foz do Amazonas. Sabe-se que, possivelmente<br />
em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua menor <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> boa luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (ao contrário <strong>da</strong>s<br />
algas e dos corais zooxantelados), poríferos não encontraram maiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
em se estabelecer mais fundo, ao largo do Amazonas, abaixo <strong>da</strong> influência <strong>de</strong>sta<br />
pluma amazônica <strong>de</strong> água-doce, criando assim um corredor para intercâmbio <strong>de</strong> espécies<br />
entre a Província do Caribe e a <strong>Brasil</strong>eira. É notória, por exemplo, a ocorrência<br />
<strong>de</strong> peixes recifais nesta área, valendo-se <strong>de</strong>ste corredor <strong>de</strong> esponjas como se fora um<br />
recife <strong>de</strong> água rasas. Dentre as espécies aqui <strong>de</strong>scritas do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, algumas<br />
também foram registra<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ste “corredor sub-amazônico”, p.ex. Monanchora arbuscula<br />
e Xestospongia muta.<br />
Em 2007 foram lista<strong>da</strong>s 110 espécies <strong>de</strong> poríferos conhecidos <strong>de</strong> águas brasileiras<br />
com mais <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, registrados ao largo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z estados costeiros.<br />
Os estados on<strong>de</strong> este conhecimento está mais avançado são São Paulo (40 spp), Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro (19 spp), Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (17 spp) e Espírito Santo (16 spp). Este panorama<br />
já sofreu algumas alterações em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> recente publicação <strong>de</strong> novos<br />
registros para a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> montes submarinos Vitória-Trin<strong>da</strong><strong>de</strong> (ES), o monte submarino<br />
Almirante Sal<strong>da</strong>nha (ES/RJ) e a Bacia <strong>de</strong> <strong>Campo</strong>s (setor RJ), com base em<br />
materiais coletados pelo Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável<br />
dos Recursos Vivos <strong>da</strong> Zona <strong>de</strong> Exclusão Econômica) e pela Petrobrás.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
45
Introdução<br />
Distribuição <strong>de</strong> esponjas marinhas na <strong>Bahia</strong><br />
O Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> é privilegiado no contexto nacional quando o assunto é litoral:<br />
trata-se do maior litoral <strong>de</strong>ntre os estados brasileiros, com 932 km <strong>de</strong> extensão em<br />
linha reta. Porém, não é só a extensão <strong>de</strong>ste litoral que chama a atenção, mas também<br />
algumas <strong>de</strong> suas feições, como a presença <strong>de</strong> duas <strong>da</strong>s maiores baías brasileiras, Baía<br />
<strong>de</strong> Todos os Santos e Baía <strong>de</strong> Camamu, do Banco e Arquipélago dos Abrolhos, e do<br />
trecho, ao largo <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong> a plataforma continental brasileira é mais estreita,<br />
com apenas 8 km <strong>de</strong> largura, facilitando sobremaneira o acesso e estudo do talu<strong>de</strong><br />
continental.<br />
Ambas gran<strong>de</strong>s baías baianas são “paraísos” espongiológicos. Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> Camamu<br />
apenas começam a surgir, e <strong>de</strong>verão ser motivo <strong>de</strong> estudos futuros mais <strong>de</strong>talhados.<br />
Entretanto, o acúmulo <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos acerca <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos já vai<br />
completando 40 anos, e po<strong>de</strong>mos afirmar com convicção que há no Atlântico poucos<br />
locais que rivalizem em termos <strong>de</strong> abundância <strong>de</strong> poríferos. Conhecem-se cerca <strong>de</strong><br />
100 espécies <strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong>sta baía, mas estima-se que o número real situe-se na<br />
casa <strong>da</strong>s 200, o que po<strong>de</strong>ria vir a ser confirmado caso se obtivesse os meios para<br />
estudo <strong>da</strong>s coleções já disponíveis em instituições brasileiras que abrigam coleções<br />
biológicas. As maiores coleções <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> estão na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro e na Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, totalizando alguns milhares <strong>de</strong> espécimes<br />
coligidos, principalmente dos anos 1960 até o momento atual. A última gran<strong>de</strong> coleta<br />
ocorreu em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007, no âmbito <strong>de</strong> projeto voltado para o estudo <strong>da</strong><br />
química <strong>de</strong> produtos naturais marinhos, encabeçado por pesquisadores do Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo, <strong>da</strong> qual alguns <strong>de</strong> nós tiveram o prazer <strong>de</strong> participar.<br />
Com o conhecimento acumulado ao longo <strong>de</strong>stes anos no que tange à distribuição<br />
<strong>de</strong> poríferos na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong>-se afirmar que há ao menos três<br />
principais comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s marinhas com significativa ocorrência <strong>de</strong> poríferos na área: o<br />
litoral rochoso raso <strong>de</strong> Salvador até a região <strong>da</strong> Ribeira, as áreas com prepon<strong>de</strong>rância<br />
<strong>de</strong> mangues marinhos no fundo <strong>da</strong> baía e no Canal <strong>de</strong> Itaparica, e os fundos arenosos<br />
inconsoli<strong>da</strong>dos, presentes em boa parte <strong>da</strong> baía. No caso dos dois primeiros, as esponjas<br />
são frequentemente o elemento dominante <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Porém nos fundos arenosos<br />
têm distribuição mais esparsa, e restrita a algumas poucas espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s<br />
a estas condições (p.ex. Oceanapia sp., Tribrachium schmidti). Dentre as espécies mais<br />
abun<strong>da</strong>ntes do litoral próximo à Salvador estão Callyspongia sp. 1, Desmapsamma anchorata,<br />
Ircinia felix e I. strobilina; e nas regiões <strong>de</strong> mangue, Haliclona caerulea e Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />
Os ambientes recifais não foram ain<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>dos, mas supomos que a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
abundância <strong>de</strong> poríferos aí, equipare-se àquela dos costões rochosos.<br />
Observados ain<strong>da</strong> nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Salvador, porém presentes ao longo <strong>de</strong><br />
todo o litoral do estado estão os fundos <strong>de</strong> rodolitos, um ambiente parcialmente<br />
acessível ao mergulho livre e autônomo, pois po<strong>de</strong> ser observado mesmo em locais<br />
bastante rasos. Nestes casos, observa-se frequentemente uma marcante cobertura <strong>de</strong><br />
algas, cabendo às esponjas colonizar os interstícios <strong>de</strong>stas “pedras vivas”. Porém,<br />
46 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Introdução<br />
38º30’ O<br />
<strong>Bahia</strong><br />
Litoral Norte<br />
<strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos<br />
13º S<br />
Litoral Sul<br />
200 km<br />
Mapa do estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, ressaltando seu litoral. O mesmo encontra-se dividido em setores<br />
– Litoral Norte, Baía <strong>de</strong> Todos os Santos e Litoral Sul.<br />
em locais mais fundos, especialmente abaixo dos 30 m, já em uma área <strong>de</strong> acesso<br />
mais restrito aos mergulhadores, poríferos passam mais uma vez a ser o elemento<br />
dominante <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, como bem exemplificado pelas quantificações efetua<strong>da</strong>s<br />
no âmbito do Programa REVIZEE. Algumas <strong>da</strong>s estações <strong>de</strong> maior riqueza e abundância<br />
<strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> projeto nacional foram encontra<strong>da</strong>s<br />
na <strong>Bahia</strong>, especialmente na faixa dos 50-60 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dentre estas, <strong>de</strong>staque<br />
para duas estações, uma situa<strong>da</strong> em frente à Salvador (do navio avistavam-se<br />
os prédios <strong>da</strong> Barra e <strong>de</strong> Ondina) e outra no Banco Royal Charlotte, ao largo <strong>de</strong><br />
Canavieiras (16º19’S). Algumas <strong>da</strong>s esponjas mais frequentemente encontra<strong>da</strong>s nas<br />
dragagens efetua<strong>da</strong>s neste ambiente foram Aiolochroia crassa, diversas espécies <strong>de</strong><br />
Aplysina, Cinachyrella kuekenthali e Topsentia ophiraphidites.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
47
Introdução<br />
Passando ao talu<strong>de</strong> continental, mais uma vez o Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> esteve à frente,<br />
uma vez que a vin<strong>da</strong> do Navio Oceanográfico francês, N/O Thalassa, em 2000,<br />
possibilitou a realização <strong>de</strong> arrastos a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s praticamente jamais visita<strong>da</strong>s<br />
no <strong>Brasil</strong>. Obteve-se <strong>de</strong>stes cruzeiros esponjas <strong>de</strong> até 2137 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nesta<br />
expedição foram coletados alguns espécimes <strong>de</strong> poríferos <strong>da</strong> Classe Hexactinelli<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong>ntre os quais uma Euplectella suberea Thomson, 1876, espécie que, coinci<strong>de</strong>ntemente,<br />
já havia sido registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>, há mais <strong>de</strong> um século atrás, após estudo<br />
publicado em 1887 dos materiais coligidos pela expedição britânica do H.M.S.<br />
Challenger, transcorri<strong>da</strong> entre 1873 e 1876.<br />
Por fim, merece <strong>de</strong>staque também a região dos Abrolhos, on<strong>de</strong> melhor se <strong>de</strong>senvolvem<br />
recifes <strong>de</strong> corais no litoral brasileiro. <strong>Esponjas</strong> são abun<strong>da</strong>ntes tanto nas<br />
ilhas que compõem o arquipélago, quanto nos bancos <strong>de</strong> corais próximos, notórios<br />
pela formação <strong>de</strong> chapeirões - formações colunares, gran<strong>de</strong>s, em forma <strong>de</strong> cogumelo<br />
com o topo aplanado. Algumas espécies particularmente comuns são compartilha<strong>da</strong>s<br />
com Salvador, tais como Aplysina fulva, Ircinia felix e I. strobilina.<br />
<strong>Esponjas</strong> diversas coleta<strong>da</strong>s arriba<strong>da</strong>s na Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong> (Marau, Baía <strong>de</strong> Camamu),<br />
entremarés, 30/Jul/2009. Esponja vermelha à esquer<strong>da</strong> – Desmapsamma anchorata (Carter,<br />
1882). Esponja ver<strong>de</strong> no centro – Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864. Esponja<br />
roxa ramifica<strong>da</strong> à direita – Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864).<br />
48 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
IDENTIFICAÇÃO DE ESPONJAS<br />
Coleta<br />
As esponjas po<strong>de</strong>m ser coleta<strong>da</strong>s em todos os ambientes <strong>da</strong>s zonas costeiras,<br />
predominantemente fixas a substratos duros, como rochas, pilares, cor<strong>da</strong>s e garrafas<br />
<strong>de</strong> vidro, assim como o fazem a maioria <strong>da</strong>s espécies apresenta<strong>da</strong>s neste <strong>Guia</strong>.<br />
Porém, em regiões lodosas algumas se fixam nas raízes <strong>de</strong> mangues (p.ex. Te<strong>da</strong>nia<br />
ignis), e umas poucas espécies estabelecem–se no sedimento inconsoli<strong>da</strong>do, seja pelo<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> espículas especiais <strong>de</strong> ancoragem (p.ex. Craniella quirimure),<br />
seja pelo recurso <strong>de</strong> enterramento <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seu corpo (p.ex. Tribrachium schmidti).<br />
Estas últimas são <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong>s psamófilas.<br />
As espécies pequenas (<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> poucos milímetros) <strong>de</strong>vem ser procura<strong>da</strong>s<br />
com cui<strong>da</strong>do sob ou sobre pedras e manusea<strong>da</strong>s com pinça, <strong>de</strong> preferência<br />
plástica. Formas maiores, incrustantes, arborescentes ou globosas são melhor<br />
coleta<strong>da</strong>s com o auxílio <strong>de</strong> uma faca, que auxilia em <strong>de</strong>stacá-las do substrato, ou<br />
em seccionar um fragmento para trazer, <strong>de</strong>ixando o resto <strong>da</strong> esponja a cicatrizarse<br />
(elas são surpreen<strong>de</strong>ntemente boas nisso!). As incrustantes <strong>de</strong>vem ser coleta<strong>da</strong>s<br />
juntamente com o substrato, o que por vezes obriga o uso <strong>de</strong> marreta e talha<strong>de</strong>ira.<br />
Do contrário, convertem-se em pequenos flocos ou pó após a coleta, tornando seu<br />
estudo taxonômico subsequente <strong>de</strong>veras mais difícil, <strong>de</strong>ntre outros motivos, pela<br />
enorme dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> separar eventuais espécies distintas que se tenham mesclado<br />
inadverti<strong>da</strong>mente durante a coleta. Algumas esponjas produzem substâncias tóxicas<br />
ou possuem espículas em forma <strong>de</strong> farpas projetando-se <strong>de</strong> seus corpos, que po<strong>de</strong>m<br />
causar <strong>de</strong>rmatites, sendo portanto recomen<strong>da</strong>do o uso <strong>de</strong> luvas no manuseio <strong>de</strong>stes<br />
animais, no campo, e posteriormente no laboratório.<br />
Como algumas espécies po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s pelos caracteres – cor, forma<br />
consistência, presença <strong>de</strong> muco e ornamentação <strong>da</strong> superfície, é muito importante<br />
que estes sejam anotados antes <strong>da</strong> fixação, sendo altamente recomendável a toma<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> fotos in situ, ou o mais imediatamente possível após a coleta. É bom ressaltar<br />
que tanto a coloração como a morfologia po<strong>de</strong>m mu<strong>da</strong>r bastante após o manuseio e<br />
especialmente após imersão em etanol.<br />
Uma sequência típica <strong>de</strong> imagens toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> um espécime que se preten<strong>de</strong><br />
coletar inclui: (1) duas, três, ou mais imagens do espécime in situ, em diferentes<br />
ângulos e aproximações, se possível ilustrando também seu habitat; (2) uma ou mais<br />
imagens do espécime ao lado <strong>de</strong> uma escala <strong>de</strong> tamanho (temos utilizado braça<strong>de</strong>iras<br />
plásticas para tal fim, com resultados satisfatórios); (3) uma ou mais imagens do<br />
computador <strong>de</strong> mergulho, <strong>de</strong> forma a registrar profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> e temperatura no local<br />
<strong>da</strong> coleta; (4) uma ou mais imagens do código <strong>de</strong> campo ou número <strong>de</strong> registro na<br />
coleção que caberá ao espécime coletado.<br />
IMPORTANTE! - É essencial que a partir <strong>de</strong>ste momento, espécime e seu número <strong>de</strong><br />
registro não se separem mais. Colocar vários espécimes e seus respectivos números<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
49
A<br />
<strong>Esponjas</strong><br />
<strong>Guia</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
<strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
B<br />
C<br />
D<br />
E<br />
F<br />
A – coleta no entremarés lamoso <strong>da</strong> Ilha do Pati (Madre <strong>de</strong> Deus, BA) em 04/Jun/2004. FOTO POR<br />
C.P. SANTOS.<br />
B – coleta com toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> fotografias in situ através <strong>de</strong> mergulho em apnéia, em Taipú <strong>de</strong> Fora<br />
(Maraú, BA) em 27/Jul/2009. FOTO POR G. LÔBO HAJDU.<br />
C-F – sequência mínima necessária <strong>de</strong> imagens que antece<strong>de</strong>m a coleta <strong>de</strong> um espécime, aqui<br />
no caso, Ptilocaulis walpersi, apresenta<strong>da</strong> no <strong>Guia</strong>.<br />
C – espécime em seu habitat. D – espécime em seu habitat, junto à escala com dimensão <strong>de</strong> 5<br />
cm (parte branca). E – computador <strong>de</strong> mergulho indicando a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> coleta (4,9 m) e a<br />
temperatura <strong>da</strong> água (26°C). F – código <strong>de</strong> registro na coleção do Museu Nacional.<br />
50 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
soltos no interior <strong>de</strong> uma bolsa <strong>de</strong> coleta, não serve, pois os espécimes se fragmentam,<br />
contraem e mu<strong>da</strong>m <strong>de</strong> cor, <strong>de</strong> forma que ao final é impossível saber ao certo a qual<br />
número correspon<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos fragmentos que se têm. Nós utilizamos sacos<br />
plásticos previamente numerados, quando possível com etiquetas plastifica<strong>da</strong>s. Em<br />
situações emergenciais, números po<strong>de</strong>m ser escritos com caneta <strong>de</strong> retroprojetor no<br />
saco plástico, o que resiste bastante bem à água do mar. Entretanto, a primeira gota<br />
<strong>de</strong> etanol é suficiente para borrar estes números por completo. Assim, no laboratório,<br />
antes <strong>de</strong> qualquer ação com as amostras coleta<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sta forma, preparam-se etiquetas<br />
a lápis ou nanquim, para que se possa então começar a abrir os sacos e trabalhar com<br />
etanol. O uso <strong>de</strong> potes plásticos previamente numerados também funciona, porém<br />
ocupam muito espaço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> quantos espécimes efetivamente<br />
sejam coletados. O excesso <strong>de</strong> volume acaba atrapalhando a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> imagens.<br />
Por fim, não custa lembrar que os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong>vem ser sempre anotados o<br />
mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente possível, o que nos dias <strong>de</strong> hoje inclui o georeferenciamento<br />
<strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta.<br />
Fixação e conservação<br />
Animais que se <strong>de</strong>stinam ao estudo taxonômico com base em arquitetura esquelética<br />
e componente espicular, ou para coleções científicas ou didáticas, <strong>de</strong>vem ser<br />
colocados imediatamente após a coleta em etanol a 80–90%, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem permanecer<br />
por 24 horas ao menos. A conservação a largo prazo é feita com etanol a 70–80% que<br />
<strong>de</strong>ve sempre cobrir a amostra por completo. Para tal, a revisão do nível do fixador<br />
é uma tarefa constante em curadoria <strong>de</strong> coleções fixa<strong>da</strong>s em etanol, <strong>de</strong>vendo-se<br />
adotar as melhores práticas para minimizar a evaporação do etanol. Um aspecto que<br />
salientamos é que com o passar do tempo, mesmo uma coleção bem geri<strong>da</strong> quanto à<br />
reposição do fixador, necessitará <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong> concentração do mesmo, uma vez<br />
que a água mistura<strong>da</strong> ao etanol evapora mais lentamente que este.<br />
A fixação em formol <strong>de</strong>ve se restringir a fins específicos, como quando se almeja<br />
obtenção <strong>de</strong> preparações histológicas, e por curto período <strong>de</strong> tempo (24 horas), pois<br />
a formalina macera as esponjas. Para fins <strong>de</strong> microscopia mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>, existem<br />
ain<strong>da</strong> outros fixadores que po<strong>de</strong>m ser utilizados, como o Bouin, e o glutaral<strong>de</strong>ido<br />
pós-fixado com tetróxido <strong>de</strong> ósmio. Recomen<strong>da</strong>mos consulta a manuais <strong>de</strong> histologia<br />
ou artigos científicos que <strong>de</strong>talhem estes métodos, que apenas muito raramente se<br />
utilizam em estudos taxonômicos. Algumas esponjas que requerem tais preparações<br />
mais complexas são as Homosclerophori<strong>da</strong> e Chondrosi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espículas,<br />
bem como as Halisarci<strong>da</strong>.<br />
Para estudos ao nível molecular, ca<strong>da</strong> dia mais difundidos entre os taxônomos e<br />
filogeneticistas, inúmeras alternativas <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> espécimes existem, sempre<br />
com a preocupação <strong>de</strong> manter ADN e ARN o mais intactos possível. Dentre as que<br />
já utilizamos constam (1) inserção imediata <strong>de</strong> microfragmentos (diâmetro 1–2<br />
mm, altura 5–10 mm) <strong>da</strong> esponja alvo em etanol 96%; (2) inserção <strong>de</strong> fragmentos<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
51
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
comparáveis, porém picotados adicionalmente, em tampão <strong>de</strong> lise (contendo<br />
hidrocloreto <strong>de</strong> guanidina); (3) inserção <strong>de</strong> microfragmentos picotados em silica-gel<br />
em pó; e (4) congelamento imediato <strong>de</strong> microfragmentos em gelo-seco ou nitrogênio<br />
líquido. Recentemente sugeriu-se que o uso <strong>de</strong> uma salmoura (300 g/L <strong>de</strong> NaCl em<br />
água) é um bom fixador temporário para a morfologia e moléculas <strong>da</strong>s esponjas. Em<br />
to<strong>da</strong>s estas opções, faz-se normalmente uso <strong>de</strong> tubos do tipo Eppendorf para o<br />
acondicionamento dos microfragmentos.<br />
Preparação <strong>de</strong> lâminas para microscopia óptica<br />
Espículas calcárias isola<strong>da</strong>s<br />
Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja sobre lâmina e cubra com uma lamínula.<br />
<br />
<strong>de</strong> uma pipeta Pasteur ou conta-gotas, e <strong>de</strong>ixe dissolver totalmente a peça.<br />
<br />
líquidos com tiras <strong>de</strong> papel <strong>de</strong> filtro dispostas na bor<strong>da</strong> oposta <strong>da</strong> lamínula<br />
<br />
passar roupa em temperatura mínima, etc, ...) e retire cui<strong>da</strong>dosamente a lamínula.<br />
<br />
Araldite) e cubra com uma lamínula limpa. Obs. o Bálsamo do Canadá po<strong>de</strong> se<br />
acidificar com o tempo e dissolver as espículas calcárias.<br />
Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s (lâmina rápi<strong>da</strong>)<br />
Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja sobre lâmina.<br />
<br />
<br />
pinça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, e preferencialmente fazendo uso <strong>de</strong> óculos <strong>de</strong> proteção e guar<strong>da</strong>pó.<br />
O material <strong>de</strong>ve ser fervido até <strong>de</strong>sintegrar-se por completo, ou até pouco antes<br />
que o ácido forme uma crosta esturrica<strong>da</strong>, <strong>de</strong> difícil remoção subsequente.<br />
<br />
orgânica aparente estar totalmente dissolvi<strong>da</strong>. A fumaça exala<strong>da</strong> ao ferver-se o<br />
ácido se tornará mais clara.<br />
<br />
com etanol, sempre levando à chama para secar a água ou queimar o etanol –<br />
até que a preparação pareça satisfatoriamente limpa e seca. CUIDADO!<br />
A aplicação <strong>de</strong> etanol sobre a lâmina quente po<strong>de</strong> gerar uma explosão se isso se<br />
<strong>de</strong>r <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente próximo <strong>da</strong> lamparina acesa. Afaste a lâmina <strong>da</strong> lamparina,<br />
40–50 cm, goteje o etanol, e então retorne a preparação à chama. A preparação <strong>de</strong>ve<br />
ser manti<strong>da</strong> em movimento constante sobre a chama, na horizontal, para evitar a<br />
ruptura <strong>da</strong> lâmina.<br />
<br />
52 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
calcárias, tendo em mente que com as silicosas a acidificação do Bálsamo do<br />
Canadá no longo prazo não oferece <strong>de</strong>svantagem, e este é um meio <strong>de</strong> montagem<br />
<strong>de</strong> baixo custo e baixa toxici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s (lâmina lenta)<br />
Coloque um microfragmento <strong>da</strong> esponja (2–5 vezes maior que nas preparações<br />
sobre lâmina) em um tubo <strong>de</strong> ensaio refratário.<br />
<br />
<br />
e goteje ácido adicional (5–10 gotas).<br />
<br />
com uma pinça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, com os cui<strong>da</strong>dos sugeridos acima. O material <strong>de</strong>ve ser<br />
fervido até <strong>de</strong>sintegrar-se totalmente, o que ocorrerá muito antes que o ácido seque<br />
por completo, ou do contrário seu material não será dissolvido sob hipótese alguma.<br />
DICA! Fixe duas pinças <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para tubos <strong>de</strong> ensaio, uma <strong>de</strong> costas para a outra.<br />
Desta forma você po<strong>de</strong>rá levar dois tubos <strong>de</strong> ensaio por vez à chama <strong>da</strong> lamparina.<br />
<br />
o jato d’água para suspen<strong>de</strong>r e misturar bem as espículas.<br />
<br />
centrífuga clínica), ou <strong>de</strong>ixe-o <strong>de</strong>cantar por 1–2 h.<br />
<br />
para não per<strong>de</strong>r parte do precipitado <strong>de</strong> espículas.<br />
<br />
com etanol 92–96%. O etanol <strong>de</strong>scartado é guar<strong>da</strong>do para uso na alimentação <strong>da</strong><br />
lamparina.<br />
<br />
suspen<strong>da</strong> as espículas, e aplique com uma pipeta Pasteur limpa 1–2 gotas <strong>da</strong><br />
suspensão espicular sobre uma lâmina para microscopia. A abertura <strong>da</strong> pipeta<br />
<strong>de</strong>ve ser condizente com o tamanho <strong>da</strong>s espículas que se preten<strong>de</strong> pipetar. Desta<br />
forma, não raro é necessário quebrar ou cortar a ponta <strong>da</strong> pipeta para conseguir<br />
um maior calibre na sucção. Em alguns casos, faz-se uso <strong>de</strong> um pincel para retirar<br />
espículas do precipitado, especialmente quando estas estão <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente<br />
enovela<strong>da</strong>s. Obs. Este método po<strong>de</strong> parecer muito <strong>de</strong>morado, mas a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se trabalhar com uma linha <strong>de</strong> montagem, com 20, 30, 50 tubos ao mesmo tempo,<br />
po<strong>de</strong> ser vantajosa, especialmente em função <strong>da</strong> alta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> obti<strong>da</strong> ao final.<br />
<br />
por completo sobre uma placa aquecedora.<br />
<br />
Fibras <strong>de</strong> espongina isola<strong>da</strong>s<br />
Maceração em água morna: coloque um fragmento <strong>da</strong> esponja (aproxima<strong>da</strong>mente 1<br />
cm 3 ) em água a 30–37°C e observe sua <strong>de</strong>composição dia após dia até que se alcance<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
53
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
o efeito <strong>de</strong>sejado. Só troque a água se o cheiro estiver <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente forte, o que<br />
também po<strong>de</strong> ser minimizado ampliando-se o volume <strong>de</strong> água relativo ao tamanho<br />
do fragmento <strong>da</strong> esponja. Uma vez concluído o processo, lava-se as fibras com água<br />
limpa, <strong>de</strong>sidrata-se com etanol 80–96% e passa-se à montagem sobre lâmina.<br />
Maceração em água-sanitária (hipoclorito <strong>de</strong> sódio) a 10–20%: coloque um<br />
fragmento <strong>da</strong> esponja (aproxima<strong>da</strong>mente 1 cm 3 ) em solução diluí<strong>da</strong> <strong>de</strong> água-sanitária<br />
a frio (1 parte <strong>de</strong> água-sanitária + 4–9 partes <strong>de</strong> água, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za do<br />
material). Trabalhe em ambiente bem ventilado ou em capela <strong>de</strong> exaustão. A amostra<br />
po<strong>de</strong>rá ser pressiona<strong>da</strong> repeti<strong>da</strong>s vezes, porém com suavi<strong>da</strong><strong>de</strong> (pinça <strong>de</strong> ponta<br />
larga) para facilitar o acesso do cloro às partes internas <strong>da</strong> amostra. Também se po<strong>de</strong><br />
utilizar uma siringa, não para perfurar a amostra, mas para gerar jatos <strong>de</strong> solução<br />
que auxiliarão no <strong>de</strong>smantelamento do mesoílo <strong>da</strong> esponja, <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-o <strong>da</strong>s<br />
fibras <strong>de</strong> espongina. O procedimento <strong>de</strong>ve ser observado <strong>de</strong> perto, com intervalos<br />
não superiores a alguns poucos minutos, especialmente no caso <strong>de</strong> amostras mais<br />
<strong>de</strong>lica<strong>da</strong>s, ou do contrário po<strong>de</strong>-se per<strong>de</strong>r to<strong>da</strong> a amostra. Alcançado o efeito<br />
<strong>de</strong>sejado lava-se a amostra com água limpa, <strong>de</strong>sidrata-a com etanol 80–96% e passase<br />
a cortá-la, se for o caso, para aplicação sobre lâmina e montagem.<br />
Maceração enzimática (papaína): incube um fragmento <strong>da</strong> esponja com 1–2 cm 3<br />
em 3 mL <strong>de</strong> tampão <strong>de</strong> digestão (100 mM <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> sódio; pH 5,0; cisteína 5 mM;<br />
EDTA 5 mM) por 24 horas a 4º C. Adicione 1 mL <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> papaína a 3% (feita<br />
com tampão <strong>de</strong> digestão fresco) ao tubo contendo o fragmento, e incube por novas<br />
24h, agora a 60°C. Lave o fragmento digerido com jatos <strong>de</strong> água para <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r<br />
sobras <strong>de</strong> mesoílo <strong>da</strong>s fibras. Alcançado o efeito <strong>de</strong>sejado lava-se a amostra com<br />
água limpa, <strong>de</strong>sidrata-a com etanol 80–96% e passa-se a cortá-la, se for o caso, para<br />
aplicação sobre lâmina e montagem.<br />
Maceração sob lupa (microscópio estereoscópico): procedimento que po<strong>de</strong> ser<br />
utilizado só, ou combinado aos <strong>de</strong>mais, que consiste em auxiliar o <strong>de</strong>sprendimento<br />
<strong>da</strong>s fibras com uma pinça <strong>de</strong> ponta fina. Se estiver trabalhando com água-sanitária<br />
faça-o em ambiente bem ventilado ou em capela <strong>de</strong> exaustão. Conclua a limpeza,<br />
<strong>de</strong>sidratação e montagem como <strong>de</strong>scrito acima.<br />
Cortes espessos rápidos (Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Com lâmina <strong>de</strong> barbear ou bisturi, corte a esponja em seções perpendiculares e<br />
tangenciais, não misturando os dois tipos <strong>de</strong> cortes. Por vezes po<strong>de</strong> ser mais cômodo<br />
separar <strong>da</strong> amostra um fragmento com ângulos retos, a partir do qual se ensaia<br />
a obtenção <strong>da</strong>s seções perpendiculares e tangenciais. Algumas esponjas são mais<br />
fáceis <strong>de</strong> cortar. Para outras, po<strong>de</strong> ser preferível secá-las primeiro por completo, ou<br />
até mesmo congelá-las, <strong>de</strong> modo a obter-se estrutura mais firme para o corte. Os<br />
cortes <strong>de</strong>vem ter preferencialmente menos <strong>de</strong> 0,5 mm <strong>de</strong> espessura.<br />
<br />
perpendiculares, e indicando na etiqueta quais são uns e quais são os outros.<br />
54 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
<br />
60°C) ou sob lâmpa<strong>da</strong> incan<strong>de</strong>scente. DICA! Caso os cortes estejam niti<strong>da</strong>mente se<br />
enrolando ao secar, reidrate-os com etanol e reaplique-os sobre a lâmina, <strong>de</strong>sta vez<br />
cobertos por uma ou mais lamínulas, sobre a qual se apoiará um pequeno peso<br />
(por exemplo – chumbo <strong>de</strong> pesca, parafuso com porcas – 20–40 gr por lamínula <strong>de</strong><br />
18x18 mm).<br />
<br />
acima.<br />
Cortes espessos lentos (Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Corte com auxílio <strong>de</strong> lâmina <strong>de</strong> barbear ou bisturi um pequeno bloco <strong>da</strong> esponja<br />
fixa<strong>da</strong>, prestando atenção para não confundir a superfície externa <strong>da</strong> esponja<br />
(ectossoma) com as superfícies internas (coanossomais) obti<strong>da</strong>s através do corte.<br />
DICA! Em algumas esponjas você po<strong>de</strong> conseguir fazer uma marca a lápis no<br />
ectossoma. Em outras, po<strong>de</strong> marcá-lo com uma pincela<strong>da</strong> <strong>de</strong> fucsina áci<strong>da</strong> 1% em<br />
solução alcoólica a 80%.<br />
<br />
banhos em xilol, <strong>de</strong> mesma duração, sob exaustão constante. IMPORTANTE! O xilol<br />
usado <strong>de</strong>ve ser mantido em um recipiente <strong>de</strong> vidro, fechado hermeticamente com<br />
uma tampa resistente aos vapores <strong>de</strong>ste solvente, para <strong>de</strong>scarte futuro através <strong>de</strong><br />
empresa especializa<strong>da</strong> no manejo <strong>de</strong> resíduos químicos.<br />
<br />
<strong>de</strong> papel toalha.<br />
<br />
e repita o procedimento com parafina nova. A parafina usa<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong><br />
para o primeiro banho <strong>de</strong> outras amostras. Costumamos usar pequenos frascos <strong>de</strong><br />
vidro para os banhos<br />
<br />
preferencialmente <strong>de</strong>smontável (mas forma <strong>de</strong> empa<strong>da</strong> também serve),<br />
preencha meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu volume com parafina líqui<strong>da</strong> nova (po<strong>de</strong> ser a parafina<br />
utiliza<strong>da</strong> no segundo banho); e imediatamente a seguir, coloque na forma o<br />
bloco <strong>de</strong> esponja (sem per<strong>de</strong>r a noção <strong>de</strong> qual é sua superfície ectossomal),<br />
e cubra-o com parafina líqui<strong>da</strong> adicional até completar o volume <strong>da</strong> forma.<br />
DICA! O volume do emblocador <strong>de</strong>ve ser bem maior que o <strong>da</strong> amostra a emblocar,<br />
ou do contrário, com a retração <strong>da</strong> parafina durante seu esfriamento, surgirão<br />
superfícies expostas do material biológico on<strong>de</strong> será mais difícil obter-se uma seção<br />
<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os emblocadores que utilizamos são constituídos <strong>de</strong> uma placa <strong>de</strong><br />
metal com 7x7 cm e dois “L” <strong>de</strong> metal, que <strong>de</strong>slizam sobre a placa, permitindo a<br />
montagem <strong>de</strong> blocos maiores ou menores, <strong>de</strong> acordo com o encaixe eleito para os<br />
“L”. Alternativamente, se po<strong>de</strong> montar um cubinho <strong>de</strong> papel <strong>de</strong> alumínio com<br />
uma face aberta, utilizando papel <strong>de</strong> alumínio dobrado em 3 ou 4 cama<strong>da</strong>s para<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
55
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
maior firmeza. É recomendável que seu bloco esteja etiquetado, e um jeito eficiente<br />
<strong>de</strong> fazê-lo é com uma etiqueta autoa<strong>de</strong>siva dobra<strong>da</strong> sobre um fio <strong>de</strong>ntal com 5–10<br />
cm <strong>de</strong> comprimento (ou barbante fino), a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong> em si própria, inserindo-se a<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> do fio na forma com a parafina ain<strong>da</strong> líqui<strong>da</strong>, <strong>de</strong> maneira que fique<br />
preso após o endurecimento do bloco.<br />
<br />
gela<strong>de</strong>ira, e solte-o <strong>da</strong> forma.<br />
<br />
para não cortar o material emblocado, nem tampouco quebrar o bloco. Este <strong>de</strong>sbaste<br />
<strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> modo a aproximar as superfícies que se <strong>de</strong>seja seccionar na<br />
esponja, <strong>da</strong> superfície do bloco <strong>de</strong> parafina – lembrando que mantém-se aqui o<br />
objetivo <strong>de</strong> obter-se seções transversais e tangenciais.<br />
me<br />
<strong>de</strong>scrito acima na técnica rápi<strong>da</strong>.<br />
<br />
ciais para <strong>de</strong>sparafinização, com dois banhos <strong>de</strong> xilol <strong>de</strong> 30 min, o primeiro com solvente<br />
usado, o último com solvente novo. Nesta fase costumamos utilizar pequenas<br />
placas <strong>de</strong> petri cobertas, com 4 cm <strong>de</strong> diâmetro. O resultado final <strong>de</strong>ve ser monitorado<br />
visualmente, sendo importante que a os cortes permaneçam no solvente por ao<br />
menos 10 min ain<strong>da</strong>, após não ser mais possível <strong>de</strong>tectar-se visualmente a presença<br />
<strong>de</strong> parafina. Lembramos que todo o trabalho com solventes <strong>de</strong>ve ser feito sob exaustão,<br />
ou na pior <strong>da</strong>s hipóteses, em ambiente extremamente bem ventilado.<br />
Cortes espessos: Calcarea<br />
Corte longitudinalmente um exemplar conservado em etanol.<br />
Core ½ ou ¼ do espécime com fucsina áci<strong>da</strong> 1% em solução alcoólica a 80%, por 20<br />
min., removendo o excesso em etanol 80%.<br />
Desidrate em etanol a 92–96% (20 min) e xilol normal (2x, 30 min).<br />
Coloque o bloco em um banho <strong>de</strong> parafina histológica líqui<strong>da</strong> (60°C) por 90–120<br />
min, e repita o procedimento com parafina nova.<br />
Siga os passos listados acima em Cortes espessos lentos<br />
(Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
para emblocamento, <strong>de</strong>sbaste, corte,<br />
<strong>de</strong>sparafinização e montagem dos<br />
cortes.<br />
Placa metálica e dois “L” <strong>de</strong> metal<br />
utilizados para emblocamento em parafina<br />
<strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> esponjas,conforme<br />
<strong>de</strong>talhamento no texto acima.<br />
56 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> esponjas<br />
Preparação <strong>de</strong> lâminas para Microscopia Eletrônica <strong>de</strong> Varredura (MEV)<br />
Espículas silicosas isola<strong>da</strong>s para MEV<br />
Siga todos os passos listados acima para <br />
, até o estádio <strong>da</strong> fervura em ácido nítrico do fragmento do qual se preten<strong>de</strong><br />
isolar as espículas.<br />
Com o volume do ácido bem reduzido pela fervura, acrescente nova dose <strong>de</strong> ácido<br />
e siga fervendo por ao menos mais 30 seg.<br />
Na fase <strong>da</strong> lavagem e <strong>de</strong>sidratação com etanol, repita os passos, porém aumentando<br />
o número <strong>de</strong> lavagens com água e posteriormente com etanol. O último banho<br />
<strong>de</strong> etanol <strong>de</strong>ve ser com etanol absoluto (99%), preferencialmente <strong>de</strong> grau P.A. <strong>de</strong><br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A suspensão espicular final é aplica<strong>da</strong> sobre um suporte metálico apropriado para<br />
o equipamento que se preten<strong>de</strong> utilizar, seguindo-se os seguintes passos: cole uma<br />
lamínula <strong>de</strong> vidro sobre o suporte metálico, assegurando-se que suas bor<strong>da</strong>s não<br />
ultrapassem as do suporte; a colagem é feita i<strong>de</strong>almente com fita carbônica <strong>de</strong> dupla<br />
face, mas fita dupla face comum também costuma ser utiliza<strong>da</strong>, <strong>da</strong> mesma forma<br />
que resinas acrílicas <strong>de</strong> montagem e secagem rápi<strong>da</strong>; aplique uma ou mais gotas<br />
<strong>da</strong> suspensão espicular sobre a lamínula, <strong>de</strong>ixando secar sob luz incan<strong>de</strong>scente,<br />
com o suporte e a amostra cobertos por uma placa <strong>de</strong> petri para proteção; uma vez<br />
alcança<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> almeja<strong>da</strong> <strong>de</strong> espículas sobre a lamínula (o que po<strong>de</strong> ser<br />
verificado em microscópio estereoscópico) e estando esta bem seca, aplique uma<br />
pequena cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> cola <strong>de</strong> prata ou <strong>de</strong> carbono no entorno <strong>da</strong> lamínula, com<br />
o objetivo <strong>de</strong> fechar a condutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre a superfície superior <strong>da</strong> lamínula e o<br />
suporte metálico (se optou por uso <strong>da</strong> resina, espere até que esteja 100% seca antes<br />
<strong>de</strong> aplicar a cola <strong>de</strong> prata); após alguns minutos o suporte e amostra estão prontos<br />
para a metalização a vácuo. CUIDADO! Tanto as resinas acrílicas (meios <strong>de</strong><br />
montagem), quanto a cola <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>vem i<strong>de</strong>almente ser utilizados sob exaustão.<br />
A aplicação <strong>da</strong> cola <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>ve ter a cautela <strong>de</strong> não lambuzar a superfície <strong>da</strong><br />
lamínula, pois aí não se conseguirá analisar as espículas. O transporte dos suportes<br />
até o metalizador <strong>de</strong>ve ser feito com cui<strong>da</strong>do para evitar per<strong>da</strong> <strong>de</strong> muitas espículas<br />
em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> vento ou que<strong>da</strong>, mas também para evitar a mistura <strong>de</strong> espículas<br />
entre distintos suportes, o que é tão mais grave quão mais próximas forem as<br />
espécies estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, quando tais <strong>de</strong>slizes po<strong>de</strong>m acarretar <strong>de</strong>scrições espúrias.<br />
Espículas calcárias isola<strong>da</strong>s para MEV<br />
Utilize o mesmo procedimento <strong>de</strong>scrito para espículas silicosas, substituindo o<br />
ácido nítrico por hipoclorito <strong>de</strong> sódio, e centrifugando as espículas a não mais que<br />
1000 rpm em centrífuga clínica.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
57
ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
FILO PORIFERA Grant, 1836<br />
Classe Demospongiae Sollas 1885<br />
Or<strong>de</strong>m Spirophori<strong>da</strong> Bergquist & Hogg, 1969<br />
Cinachyrella apion (Uliczka, 1929). Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />
entremarés, 21/Mai/2008.<br />
NOTA Em sua ampla maioria, os valores micrométricos apresentados neste<br />
<strong>Guia</strong> para as megascleras compreen<strong>de</strong>m comprimento / espessura, e para<br />
as microscleras apenas comprimento.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Tetilli<strong>da</strong>e Sollas, 1886<br />
Gênero Cinachyrella Wilson, 1925<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 39 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três ocorrem<br />
no <strong>Brasil</strong>. Não há distinção na morfologia externa <strong>de</strong> C. allocla<strong>da</strong>,<br />
C. apion e C. kuekenthali em vários locais. Os tipos espiculares<br />
confirmam os status específicos e em geral as dimensões <strong>da</strong>s<br />
espículas são maiores <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s baías. Em habitats mais profundos<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, 15–20 m, C. kuekenthali predomina, e<br />
alcança dimensões maiores que as <strong>de</strong>mais espécies, com espécimes<br />
frequentemente maiores que 10 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
1. Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />
Morfologia<br />
Subesférica com cerca <strong>de</strong> 40 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro e 25 mm <strong>de</strong> altura, a coloração<br />
<strong>da</strong> esponja viva é amarelo ouro ou bege,<br />
e creme ou ocre quando preserva<strong>da</strong> em<br />
álcool. Superfície áspera, com aberturas<br />
rasas (porocálices) circulares a ovais <strong>de</strong><br />
1 a 2 mm <strong>de</strong> diâmetro. A consistência<br />
é muito firme ou levemente compressível<br />
em vi<strong>da</strong>. Esqueleto ectossomal<br />
com 180–840 μm <strong>de</strong> espessura, on<strong>de</strong> lacunas<br />
sub<strong>de</strong>rmais estão presentes, composto<br />
pelas terminações dos feixes coanossomais<br />
que se projetam através <strong>da</strong><br />
Quebramar Norte (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
60 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />
Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />
óxeas e protriênios projetando-se além <strong>da</strong><br />
superfície <strong>da</strong> esponja.<br />
superfície <strong>da</strong> esponja. Esqueleto coanossomal<br />
formado por feixes <strong>de</strong> triênios e<br />
óxeas em disposição radial, confuso em<br />
sua porção central. Espículas: protriênios<br />
ou prodiênios, rabdomas com 1296–3197<br />
/ 5–14 μm e cládios com 30–190 / 2–5 μm;<br />
anatriênios, rabdomas com 1051–2900 /<br />
3–5 μm e cládios com 36–72 / 2–14 μm;<br />
óxeas I (lisas), 1900–4500 / 14–38 μm;<br />
óxeas II (lisas), 1144–1440 / 11–14 μm;<br />
óxeas III (lisas), 63–172 / 7–11 μm; sigmaspiras,<br />
7–11 μm.<br />
Ecologia<br />
Cinachyrella allocla<strong>da</strong> se estabelece em<br />
rochas cobertas <strong>de</strong> areia, frequentemente<br />
sob uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> sedimento, com<br />
apenas algumas aberturas visíveis. A espécie<br />
ocorre exposta à luz no entremarés<br />
<strong>de</strong> praias com afloramentos rochosos na<br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, inclusive em<br />
áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, bem como<br />
em todo litoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> até seu extremo<br />
sul. Foi também coleta<strong>da</strong> em 28–30 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> no litoral norte, em substrato<br />
composto <strong>de</strong> areias e cascalhos<br />
bio<strong>de</strong>tríticos.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III; D, protriênio<br />
e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E, anatriênio e<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; F, sigmaspira.<br />
Distribuição geográfica<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Dry Tortugas, Bahamas,<br />
Cuba, Jamaica, México, Panamá, Venezuela).<br />
<strong>Brasil</strong> [CE, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE,<br />
AL, BA (Mata <strong>de</strong> São João, Salvador,<br />
Vera Cruz, Itaparica, Baía <strong>de</strong> Camamu,<br />
Porto Seguro), RJ, SP].<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
61
Cinachyrella allocla<strong>da</strong> (Uliczka, 1929)<br />
Eletromicrografias <strong>da</strong>s<br />
sigmaspiras <strong>de</strong> Cinachyrella spp.<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. Acima, à esquer<strong>da</strong> –<br />
C. allocla<strong>da</strong>; acima, C. apion; ao<br />
lado, C. kuekenthali.<br />
62 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
2. Cinachyrella apion (Uliczka, 1929)<br />
Morfologia<br />
Subesférica à esférica (raramente), com<br />
diâmetro <strong>de</strong> 40–100 mm. Cor em vi<strong>da</strong><br />
amarelo–ouro ou bege externamente,<br />
bege ao marrom no álcool. Superfície<br />
é híspi<strong>da</strong>, contendo porocálices com<br />
diâmetros <strong>de</strong> 1–7 mm. A consistência é<br />
compressível. Córtex fino, fibroso, indistinguível<br />
do ectossoma. Esqueleto ectossomal<br />
indiferenciado. Esqueleto coanossomal<br />
formado por feixes <strong>de</strong> triênios e<br />
óxeas em disposição radial que se projetam<br />
através <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja,<br />
confuso em sua porção central. Espículas:<br />
protriênios a prodiênios I, rabdomas<br />
com 961–5760 / 7–14 μm e cládios com<br />
78–155 μm; protriênios a prodiênios II,<br />
rabdomas com 83–1256 / 2–3,5 μm e cládios<br />
com 18–39 μm; anatriênios, rabdomas<br />
com 1891–2064 / 3,5–7 μm e cládios<br />
com 47–78 μm; óxeas (lisas), 2200–5480<br />
/ 10–110 μm; sigmaspiras, 11–35 μm;<br />
ráfi<strong>de</strong>s (às vezes em tricodragmas), 212–<br />
259 μm.<br />
Ecologia<br />
Idêntica à Cinachyrella allocla<strong>da</strong>, espécie<br />
que frequentemente ocorre em simpatria.<br />
Na região <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Deus, ao<br />
norte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, só C.<br />
apion foi assinala<strong>da</strong>.<br />
Distribuição geográfica<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Ilhas Virgens, Belize, Panamá). <strong>Brasil</strong><br />
[CE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL,<br />
BA (São Francisco do Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong><br />
Deus, Salvador), SP].<br />
Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>), entremarés, 21/Mai/2008.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
63
Cinachyrella apion (Uliczka, 1929)<br />
Ilha <strong>da</strong>s Fontes (São Francisco do Con<strong>de</strong>), entremarés, 21/Mai/2008, cohabitando o mangue<br />
com o molusco mitilí<strong>de</strong>o Mytella falcata (D’Orbigny, 1846) (sururu).<br />
Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />
óxeas, protriênios e anatriênios projetando-se<br />
além <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja.<br />
A, óxea; B, protriênio I; C, protriênio<br />
II e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; D, anatriênio<br />
e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E,<br />
sigmaspira; F, ráfi<strong>de</strong>.<br />
64 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
3. Cinachyrella kuekenthali (Uliczka,1929)<br />
Morfologia<br />
Subesférica, às vezes em forma <strong>de</strong> pêra,<br />
po<strong>de</strong>ndo atingir 20 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor<br />
em vi<strong>da</strong> amarela alaranja<strong>da</strong> e creme no<br />
álcool. Superfície levemente híspi<strong>da</strong>,<br />
com porocálices. Esqueleto ectossomal<br />
composto pelas terminações dos feixes<br />
coanossomais que se projetam através <strong>da</strong><br />
superfície <strong>da</strong> esponja, e por abun<strong>da</strong>ntes<br />
micróxeas dispersas. Esqueleto coanossomal<br />
formado por feixes <strong>de</strong> triênios<br />
e óxeas em disposição radial, confuso<br />
em sua porção central. Espículas: protriênios,<br />
rabdomas com 2268–3852 / 11–<br />
18 μm e cládios com 32–65 / 8–15 μm;<br />
anatriênios, rabdomas com 2340–3960 /<br />
5–7 μm e cládios com 29–50 / 6–8 μm;<br />
óxeas I (lisas), 2916–5040 / 29–47 μm; óxeas<br />
II (lisas), 1944–2808 / 11–29 μm; óxeas<br />
III (microespina<strong>da</strong>s), 119–194 / 3,5–5<br />
μm; sigmaspiras, 7–18 μm.<br />
Ecologia<br />
Esta esponja só foi encontra<strong>da</strong> no infralitoral.<br />
Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, inclusive<br />
nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador, ocorrem em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
maiores que 10 metros e neste caso as dimensões<br />
dos exemplares po<strong>de</strong>m variar<br />
<strong>de</strong> 10 a 20 cm <strong>de</strong> diâmetro, sendo bem<br />
maiores que os indivíduos coletados no<br />
litoral norte (Camaçari).<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Dry Tortugas, Bahamas,<br />
Cuba, Jamaica, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />
Belize, Barbados, Colômbia, Venezuela).<br />
<strong>Brasil</strong> [PA, RN, PB, PE, BA (Camaçari,<br />
Salvador), ES, RJ].<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,2 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Notar abundância<br />
<strong>de</strong> epibiontes.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
65
Cinachyrella kuekenthali (Uliczka,1929)<br />
Quebramar Norte (Salvador),<br />
11 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
Epibiose pela esponja Niphates<br />
erecta (acima, à esquer<strong>da</strong>).<br />
Superfície com abun<strong>da</strong>ntes<br />
porocálices (acima). Tonali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
levemente mais páli<strong>da</strong> do<br />
coanossoma (à esquer<strong>da</strong>).<br />
Arquitetura radial, notando-se gran<strong>de</strong>s<br />
óxeas e protriênios projetando-se além<br />
<strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja. Notar gran<strong>de</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> óxeas III dispersas.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III e <strong>de</strong>talhe<br />
<strong>de</strong> sua microespinação; D, protriênio e<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; E, anatriênio e<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; F, sigmaspira.<br />
66 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Gênero Craniella Schmidt, 1870<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 45 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Tratam-se <strong>de</strong> esponjas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à vi<strong>da</strong><br />
em substratos areno-lamosos, ao qual se fixam por projeções<br />
radiculares constituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> feixes <strong>de</strong> espículas longas e com<br />
garras na ponta.<br />
4. Craniella quirimure Peixinho, Cosme & Hajdu, 2005<br />
Morfologia<br />
Irregularmente ovói<strong>de</strong>, elíptica a quase<br />
esférica, com altura máxima <strong>de</strong> 25 mm<br />
e diâmetro máximo <strong>de</strong> 23 mm. Cor em<br />
vi<strong>da</strong> ver<strong>de</strong> externamente, particularmente<br />
quando submersos, e amarelados<br />
internamente. Cor marrom no álcool.<br />
Em geral a superfície é lisa, porém po<strong>de</strong><br />
apresentar algumas partes rugosas.<br />
Geralmente há um único ósculo apical e<br />
na porção basal apresenta longas extensões<br />
espiculares <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a mantê–la<br />
ancora<strong>da</strong> ao substrato. A consistência<br />
varia <strong>de</strong> facilmente compressível a quase<br />
incompressível. Esqueleto radial quase<br />
perfeito, com feixes espirais. Espículas:<br />
protriênios I (prodiênios e promonênios),<br />
rabdomas com 1434–3156 / 4–8 μm e<br />
Espécimes <strong>da</strong> Barra do Jacuruna (Nazaré),<br />
fotografados em aquário na UFBA. O maior<br />
espécime tem 3 cm <strong>de</strong> altura.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
67
Craniella quirimure Peixinho et al., 2005<br />
cladomas com 21–54 / 13–33 μm; protriênios<br />
II, rabdomas com 210-908 / 1-2<br />
μm e cladomas com 15–65 / 5–44 μm;.<br />
anatriênios, rabdomas com até 9600 /<br />
4–9 μm e cladomas com 18–41 μm; óxeas<br />
I, 1363–2705 / 7–26 μm; óxeas II, 493–<br />
1221 / 12–32 μm; óxeas III, 381–1221 /<br />
12–32 μm; óxeas IV, 269–881 / 6–25 μm;<br />
sigmaspiras, 6–12 μm.<br />
Ecologia<br />
Essas esponjas são abun<strong>da</strong>ntes em<br />
uma região <strong>de</strong> manguezal <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos, a Barra do Jacuruna,<br />
on<strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi calcula<strong>da</strong><br />
em aproxima<strong>da</strong>mente 12 indivíduos<br />
por metro quadrado. A espécie também<br />
foi assinala<strong>da</strong> no infralitoral, em<br />
frente à marina <strong>de</strong> Itaparica e na Baía <strong>de</strong><br />
Camamu.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong> – Itaparica, Vera Cruz, Camamu,<br />
Maraú).<br />
Espécime recém coletado na Barra do Jacuruna. Observar o tufo radicular <strong>de</strong> espículas,<br />
enovelado após a coleta, porém ain<strong>da</strong> com abun<strong>da</strong>nte lama do manguesal.<br />
68 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Craniella quirimure Peixinho et al., 2005<br />
Organização radial do esqueleto com<br />
feixes ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> óxeas maiores.<br />
Tufos corticais <strong>de</strong> óxeas menores.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, óxea III; D, óxea IV; E, protriênio I e<br />
modificações em prodiênios; F, protriênio II; G, anatriênio; H,<br />
sigmaspira.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
69
Or<strong>de</strong>m Astrophori<strong>da</strong> Sollas, 1888<br />
Microsclera esterraster do tipo <strong>de</strong> Geodia neptuni (Sollas, 1886) –<br />
a<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> eletromicrografia obti<strong>da</strong> por S. Salani."
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Ancorini<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />
Gênero Ecionemia Bowerbank, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 39 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />
ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
5. Ecionemia sp<br />
Morfologia<br />
Maciça, ereta, irregularmente cilíndrica<br />
(loba<strong>da</strong>), com 3–4 cm <strong>de</strong> diâmetro e até 15<br />
cm <strong>de</strong> comprimento. Cor em vi<strong>da</strong>, externa<br />
cinza escura e interna bege. No álcool<br />
as tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s tonam-se mais esmaeci<strong>da</strong>s.<br />
Superfície geralmente coberta por<br />
sedimentos e/ou epibiontes variados.<br />
Ósculos circulares, apicais, raros, com<br />
cerca <strong>de</strong> 4 mm <strong>de</strong> diâmetro. Consistência<br />
rígi<strong>da</strong>, incompressível. O esqueleto<br />
ectossomal é formado externamente por<br />
uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> oxiásteres, e internamente<br />
pelos cladomas dos dicotriênios<br />
dispostos lado a lado e entremeados às<br />
terminações dos feixes radiais coanossomais<br />
formados por óxeas gran<strong>de</strong>s e<br />
algumas óxeas menores. Gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> óxeas dispersas mascara o<br />
padrão <strong>de</strong> organização. Microrrábdos e<br />
oxiásteres distribuídos aleatoriamente<br />
por todo o coanossoma. Espículas: dicotriênios<br />
(ocasionalmente ortotriênios),<br />
rabdomas com 602–1050 / 42–56 μm e<br />
cládios com 70–168 / 42–56 μm; óxeas I,<br />
1190–1372 / 56–70 μm; óxeas II, 187–237 /<br />
3,6 μm; microrrábdos, 68–79 / 7,2–10,8<br />
μm; oxiásteres com 4–8 raios, 5,4–7,2 μm.<br />
Comentário<br />
Este é o primeiro registro <strong>de</strong>ste gênero<br />
para a costa brasileira. A relativa rari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
dos triênios torna esta espécie facilmente<br />
confundível com um Melophlus Thiele,<br />
1899, gênero que se distingue <strong>de</strong> Ecionemia<br />
principalmente pela ausência <strong>de</strong>stas<br />
espículas. Como ambos gêneros ocorrem<br />
no litoral brasileiro, <strong>de</strong>ve-se prestar redobra<strong>da</strong><br />
atenção em sua i<strong>de</strong>ntificação.<br />
Ecologia<br />
A espécie é rara, e apresenta esponjas e<br />
cnidários frequentemente a<strong>de</strong>ridos em<br />
sua superfície. Espécimes do interior<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos ocorrem em<br />
áreas com consi<strong>de</strong>rável sedimentação.<br />
Foi encontra<strong>da</strong> entre os 5 e 11 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
inclusive próximo às áreas<br />
urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (BA – Salvador).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
71
Ecionemia sp.<br />
Boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s, <strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos, 5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 21/Jun/2004, em habitat sujeito à forte sedimentação.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, dicotriênio e<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> seu cladoma; D, microrrabdo; E,<br />
oxiáster.<br />
72 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Ecionemia sp.<br />
Espécime recém coletado em frente ao bairro <strong>de</strong> Ondina (Salvador), fotografado sobre a<br />
banca<strong>da</strong> do laboratório (UFBA).<br />
Microrrabdos eletromicrografados em Microscópio Eletrônico <strong>de</strong> Varredura (espécime do<br />
boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s, <strong>Bahia</strong> <strong>de</strong> Todos os Santos). A maior<br />
espícula tem 84 μm <strong>de</strong> comprimento.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
73
Gênero Stelletta Schmidt, 1862<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 146 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> conhecem-se ain<strong>da</strong> S.<br />
anasteria (Esteves & Muricy, 2005), S. crassispicula (Sollas, 1886),<br />
S. kallitetilla (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936) e S. soteropolitana Cosme &<br />
Peixinho, 2007.<br />
6. Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />
Morfologia<br />
Maciça, irregular à arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>, po<strong>de</strong>ndo<br />
atingir cerca <strong>de</strong> 7 cm no maior<br />
diâmetro. Cor em vivo, externa é branca,<br />
marrom, ver<strong>de</strong> ou violeta, no álcool é<br />
bege clara a escura. Superfície híspi<strong>da</strong><br />
e frequentemente recoberta por algas.<br />
Ósculos localizados no topo e na lateral<br />
<strong>da</strong> esponja, 1–3 por exemplar, e com<br />
diâmetros <strong>de</strong> 1–8 mm. Consistência<br />
dura, pouco compressível. A arquitetura<br />
esquelética inclui um córtex rico em colágeno<br />
e com espículas isola<strong>da</strong>s ou em<br />
feixes oriundos <strong>da</strong> região coanossomal,<br />
além <strong>de</strong> uma fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> oxiásteres<br />
na sua porção mais interna. O coanossoma<br />
tem feixes radiais <strong>de</strong> plagiotriênios<br />
e óxeas. Espículas: plagiotriênios I, rabdomas<br />
com 910–1920 / 28–42 μm e cladomas<br />
com 140–294 / 18–25 μm; plagiotriênios<br />
II, rabdomas com 476–1092<br />
/ 14–28 μm e cladomas com 56–140 /<br />
15–18 μm; plagiotriênios III, rabdomas<br />
com 126–406 / 4–14 μm e cladomas com<br />
20–50 / 5–10 μm; óxeas I, 630–1806 /<br />
6–21 μm; óxeas II, 910–1414 / 14–31 μm;<br />
oxiásteres, 7–18 μm.<br />
Comentário<br />
Esta espécie foi registra<strong>da</strong> pela primeira<br />
vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a partir <strong>de</strong> material<br />
coletado na <strong>Bahia</strong> pela expedição<br />
<strong>de</strong> circumnavegação global do navio inglês<br />
H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong> entre os<br />
anos <strong>de</strong> 1873 e 1876.<br />
Ecologia<br />
Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos a espécie foi<br />
observa<strong>da</strong> principalmente em substrato<br />
consoli<strong>da</strong>do, especialmente costões rochosos,<br />
com apenas um espécime encontrado<br />
em manguezais. Sua profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ocorrência foi do entremarés aos 10 m. Os<br />
<strong>de</strong>mais exemplares foram coletados no<br />
litoral norte em substrato inconsoli<strong>da</strong>do,<br />
com sedimento <strong>de</strong> areia e cascalho bio<strong>de</strong>trítico,<br />
em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 23–25 m.<br />
Esta espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Caribe (registros duvidosos). <strong>Brasil</strong> [PE,<br />
SE, <strong>Bahia</strong> (Arembepe, Camaçari, Salvador),<br />
ES].<br />
74 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />
Iate Clube (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2006. Notar<br />
abundância <strong>de</strong> epibiontes, incluindo ao menos três espécies <strong>de</strong> esponjas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
75
Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007. Notar a<br />
camuflagem do espécime, traí<strong>da</strong> apenas por<br />
seu ósculo apical com 1 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, plagiotriênio I; D,<br />
plagiotriênio II; E, plagiotriênio III; F, oxiáster.<br />
76 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Stelletta anancora (Sollas, 1886)<br />
Mesmo espécime, recém coletado. Coanossoma com canais aquiferos <strong>de</strong> distintos calibres,<br />
com <strong>de</strong>staque para os maiores, que rumam para os ósculos.<br />
Arquitetura esquelética com feixes radiais <strong>de</strong> plagiotriênios e óxeas, formando um<br />
escudo protetor na região ectossomal. MICROFOTOGRAFIA POR B. COSME.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
77
Gênero Tribrachium Bowerbank, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> duas espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
uma ocorre no <strong>Brasil</strong>. Trata-se <strong>de</strong> esponjas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à<br />
vi<strong>da</strong> em substratos arenosos, ao qual se fixam pela inserção<br />
<strong>da</strong> porção esférica <strong>de</strong> seu corpo.<br />
7. Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />
Morfologia<br />
Esponja em formato <strong>de</strong> pirulito invertido,<br />
on<strong>de</strong> a base esférica está enterra<strong>da</strong> no<br />
substrato, <strong>da</strong> qual parte um tubo oscular<br />
cilíndrico (fístula) que projeta-se alguns<br />
centímetros acima do substrato. O comprimento<br />
total (bulbo e tubo) dos espécimes<br />
observados é <strong>de</strong> 6–82 mm. Diâmetro<br />
Hábito <strong>de</strong> espécime do Litoral Norte <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong>, após preservação em álcool.<br />
do bulbo 1,4–13,5 mm, e do tubo oscular<br />
0,12–5,64 mm. Cor em vi<strong>da</strong>, branca a<br />
marrom escura na base, e branca a marrom<br />
amarelado no tubo. No álcool a cor<br />
é branca a amarela<strong>da</strong>. Superfície <strong>da</strong> base<br />
microhíspi<strong>da</strong> e do tubo lisa. O único ósculo<br />
visível é o do ápice do tubo. Consistência<br />
pouco compressível, nota<strong>da</strong>mente na<br />
base, tubo frágil. O esqueleto do bulbo é<br />
radial com uma cama<strong>da</strong> pigmenta<strong>da</strong> e<br />
abun<strong>da</strong>ntemente preenchi<strong>da</strong> por sanidásteres.<br />
O esqueleto do tubo é uma malha <strong>de</strong><br />
ortodiênios justapostos com sanidásteres<br />
entremea<strong>da</strong>s. Espículas: ortodiênios (tubo<br />
oscular), rabdomas com 2808–3456 / 29–<br />
54 μm e cládios com 288–648 / 25–32 μm;<br />
dicotriênios (bulbo), rabdomas com 1260–<br />
3132 / 29–72 μm e cládios com 108–468 /<br />
11–36 μm; anatriênios (bulbo), rabdomas<br />
com 826–1680 / 7–14 e cládios com 27–49<br />
/ 7–14 μm; óxeas, 2844–3528 / 14–36 μm;<br />
sanidásteres I (ectossoma do bulbo e tubo<br />
oscular), 13 / 2 μm; sanidásteres II (coanossoma<br />
do bulbo), 7 / 1 μm.<br />
Comentário<br />
Esta espécie também foi registra<strong>da</strong> pela<br />
primeira vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a<br />
partir <strong>de</strong> material coletado na <strong>Bahia</strong> pela<br />
expedição <strong>de</strong> circumnavegação global<br />
do navio inglês H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong><br />
entre os anos <strong>de</strong> 1873 e 1876.<br />
78 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />
Ecologia<br />
Esponja psamófila. Todos os espécimes<br />
observados foram provenientes <strong>de</strong><br />
areia, lama ou cascalho bio<strong>de</strong>trítico em<br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 26–91 m. O primeiro<br />
registro <strong>da</strong> espécie para a <strong>Bahia</strong> apontou<br />
sua ocorrência já a partir dos 7 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México (Cuba). <strong>Brasil</strong> [AP, PA, BA (Camaçari,<br />
Salvador, Cairu, Belmonte), RJ].<br />
A, óxea; B, ortodiênio; C, dicotriênio e <strong>de</strong>talhe<br />
<strong>de</strong> seu cladoma; D, anatriênio; E, sanidáster.<br />
Arquitetura esquelética <strong>da</strong> base, com feixes<br />
radiais <strong>de</strong> dicotriênios e óxeas.<br />
Arquitetura esquelética do tubo com<br />
ortodiênios justapostos.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
79
Tribrachium schmidti Weltner, 1882<br />
Prancha XVII <strong>de</strong> Sollas (1888) – apenas algumas figuras estão legen<strong>da</strong><strong>da</strong>s aqui. 1, hábito; 2,<br />
óxea; 3, ortotriênio pequeno; 4, anatriênio; 5, cladoma do anatriênio; 6, cladoma <strong>de</strong> um anatriênio<br />
reduzido a anamonênio; 7, ortodiênio do tubo; 8, sanidásteres; 9, seção vertical mediana <strong>da</strong> porção<br />
basal <strong>da</strong> esponja; 10, <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong> região <strong>de</strong> fusão do tubo com a base <strong>da</strong> esponja em seção vertical<br />
mediana; 11, esqueleto <strong>da</strong> parte basal do tubo.<br />
80 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Geodii<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />
Gênero Erylus Lamarck, 1815<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 67 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z ocorrem<br />
no <strong>Brasil</strong>, e apenas uma é conheci<strong>da</strong> do litoral do Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
8. Erylus formosus Sollas, 1886<br />
Morfologia<br />
Maciça com lóbulos, às vezes com predomínio<br />
<strong>de</strong> crescimento vertical. Espécimes<br />
usualmente recobrindo áreas<br />
inferiores a 5 x 5 cm, esporadicamente<br />
até 10 x 15 cm. Lóbulos com até 5 cm <strong>de</strong><br />
altura. Cor em vi<strong>da</strong>, roxo ou roxo amarronzado<br />
externamente, às vezes com<br />
manchas avermelha<strong>da</strong>s, branca internamente<br />
e, quando em álcool, bege escu-<br />
ro acinzentado, interna e externamente.<br />
Superfície irregular, lisa a discretamente<br />
híspi<strong>da</strong>, com processos lobulares pequenos.<br />
Ósculos prepon<strong>de</strong>rantemente apicais,<br />
circulares, com 0,5–4 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Consistência firme e compressível,<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 8,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008. O espécime tem<br />
14 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
81
Erylus formosus Sollas, 1886<br />
Arquitetura esquelética em<br />
seção transversal.<br />
facilmente <strong>de</strong>formável e rasgável quando<br />
pressiona<strong>da</strong>. Esqueleto ectossomal com<br />
crosta <strong>de</strong> microestrôngilos centrotilotos<br />
e aspidásteres. A região subectossomal<br />
possui triênios justapostos, com os cladomas<br />
sustentando a crosta ectossomal.<br />
Esqueleto coanossomal radial com feixes<br />
ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> óxeas, estrongilásteres<br />
em uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> variável<br />
logo abaixo dos cladomas dos triênios,<br />
microestrôngilos centrotilotos dispersos,<br />
e mais abaixo oxiásteres também em<br />
<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> variável. Espículas: ortotriênios,<br />
rabdomas com 308–616/ 14–28 μm<br />
e cládios com 120–180 / 11–28 μm; óxeas,<br />
742–1064 / 14–28 μm; aspidásteres, 140–<br />
224 / 14–42 μm; microestrôngilos centrotilotos,<br />
32–68 / 2–4 μm; oxiásteres, 36–68<br />
μm; estrongilásteres, 11–18 μm.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Jamaica, Panamá,<br />
Barbados, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
[MA, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PB, PE,<br />
Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Camaçari,<br />
Salvador), ES].<br />
Ecologia<br />
Observa<strong>da</strong> em substrato rochoso na Baía<br />
<strong>de</strong> Todos os Santos em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
inferiores a 10 m, também foi encontra<strong>da</strong><br />
no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, a mais <strong>de</strong> 20<br />
m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em fundos <strong>de</strong> areia<br />
e <strong>de</strong>tritos. A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
A, óxea; B, ortotriênio; C, microestrôngilo<br />
centrotiloto; D, aspidáster; E, estrongiláster;<br />
F, oxiáster.<br />
82 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Erylus formosus Sollas, 1886<br />
Quebramar Norte (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
Notar sedimentação mais acentua<strong>da</strong> e aparente epibiose por algas<br />
filamentosas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
83
Gênero Geodia Lamarck, 1815<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 120 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
nove ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Afora as espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, estão<br />
registra<strong>da</strong>s para a <strong>Bahia</strong> G. glariosa (Sollas, 1886) e G. papyracea<br />
Hechtel, 1965.<br />
9. Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio, Russo & Peixinho, 1992<br />
Morfologia<br />
Maciças–globosas a lamelares e eretas,<br />
variavelmente cerebriformes, com até<br />
7 cm <strong>de</strong> altura. Cor em vi<strong>da</strong> alaranja<strong>da</strong><br />
brilhante ou mais páli<strong>da</strong>, quando no<br />
álcool laranja clara ou bege. Superfície<br />
levemente híspi<strong>da</strong>, ósculos simples com<br />
1–2 mm <strong>de</strong> diâmetro ou em crivos. Consistência<br />
geralmente firme. Córtex com<br />
estilos e óxeas em sua cama<strong>da</strong> mais externa,<br />
esterrásteres e oxiásteres II logo<br />
abaixo, em segui<strong>da</strong> uma cama<strong>da</strong> rica em<br />
colágeno e pobre em espículas, e por fim<br />
os cladomas dos ortotriênios sustentando<br />
o ectossoma. Esqueleto coanossomal<br />
radial com feixes <strong>de</strong> óxeas e ortotriênios,<br />
com oxiásteres I nos espaços intermediários.<br />
Espículas: ortotriênios, rabdomas<br />
com 392–1190 / 3–28 μm e cládios<br />
com 132–163 / 8–11 μm; óxeas, 100–1414<br />
/ 1,5–28 μm; estilos, 238–1134 / 4–20 μm;<br />
esterrásteres, 22–68 μm; oxiásteres I, 11–<br />
43 μm; oxiásteres II, 4–10 μm.<br />
Comentários<br />
Geodia corticostylifera vem sendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
intensamente com um foco químico-farmacológico.<br />
Já foi revela<strong>da</strong> em seus extratos,<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> antitumoral seletiva (câncer<br />
<strong>de</strong> mama), e fungos isolados <strong>de</strong>sta esponja<br />
mostraram-se com potencial para uso<br />
na <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do pestici<strong>da</strong> DDT.<br />
Ecologia<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, tendo sido<br />
observa<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />
em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 2–16 m. Também<br />
foram obtidos espécimes dos fundos areno-<strong>de</strong>tríticos<br />
do litoral norte (Camaçari),<br />
em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> até 63 m.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Venezuela, Trini<strong>da</strong>d & Tobago). <strong>Brasil</strong><br />
[CE, RN, PE, AL, BA (Camaçari, Salvador),<br />
ES, RJ, SP].<br />
Espécime recém coletado em frente ao<br />
bairro <strong>de</strong> Ondina (Salvador), fotografado<br />
sobre a banca<strong>da</strong> do laboratório (UFBA).<br />
Diâmetro máximo = 5,5 cm.<br />
84 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Geodia corticostylifera Hajdu, Muricy, Custódio, Russo & Peixinho, 1992<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal<br />
A-B, óxeas; C, estilos corticais; D-E, ortotriênios;<br />
F, esterráster; G, oxiesferáster; H,<br />
oxiáster I; I, oxiáster II.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 7,7 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Jun/2009. Altura do espécime = 2,5 cm.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
85
10. Geodia gibberosa Lamarck, 1815<br />
Morfologia<br />
Maciça irregular à maciça globosa, po<strong>de</strong>ndo<br />
ultrapassar 50 cm 2 <strong>de</strong> área. Cor<br />
em vi<strong>da</strong>, geralmente branca externamente,<br />
eventualmente com manchas<br />
roxas, esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s ou marrons, e internamente<br />
sempre creme. Superfície com<br />
regiões mais ou menos híspi<strong>da</strong>s ao tato<br />
e com ósculos geralmente agrupados em<br />
crivos, com diâmetro <strong>de</strong> 0,5–1 mm. Externamente<br />
a esponja é dura, com uma<br />
capa coriácea, internamente é macia e<br />
quebradiça. Córtex, que po<strong>de</strong> ultrapassar<br />
1 mm <strong>de</strong> espessura, com cama<strong>da</strong> mais<br />
externa fina e <strong>de</strong>scontínua com estrongilásteres<br />
e óxeas pequenas, e espessa cama<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> esterrásteres logo abaixo. Nesta<br />
última há poros inalantes circun<strong>da</strong>dos<br />
por estrongilásteres e oxiásteres. Amplas<br />
cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s subcorticais estão circun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
prepon<strong>de</strong>rantemente por oxiásteres.<br />
Esqueleto coanossomal com feixes radiais<br />
<strong>de</strong> óxeas e triênios que atravessam<br />
todo o córtex. Espículas: ortotriênios,<br />
rabdomas com 370–1480 / 6–43 μm e cládios<br />
com 71–163 / 8–15 μm; anatriênios,<br />
rabdomas com 1321–1341 / 5–10 μm e<br />
cládios com 2,5–6; óxeas I, 73–200/ 1,5–9<br />
μm; óxeas II, 1040–1680 / 25–40 μm; esterrásteres,<br />
43–71 μm; oxiásteres 12–36<br />
μm; estrongilásteres, 5–11 μm.<br />
Ecologia<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Em certas<br />
regiões <strong>de</strong> manguezais são abun<strong>da</strong>ntes<br />
sob, sobre e entre blocos <strong>de</strong> folhelhos<br />
(p.ex. Ilha do Medo), participando do<br />
concrecionamento <strong>de</strong>stes blocos; também<br />
ocorrem nas faces internas <strong>de</strong> blocos<br />
rochosos (graníticos, areníticos) no<br />
entremarés e zonas infralitorâneas rasas,<br />
particularmente na Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, México,<br />
Jamaica, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />
Colômbia, Venezuela, Barbados, <strong>Guia</strong>nas).<br />
<strong>Brasil</strong> [CE, RN, PE, BA (Mata <strong>de</strong><br />
São João, Salvador, Vera Cruz, Maraú),<br />
ES, RJ, SP]. Registros que necessitam <strong>de</strong><br />
vali<strong>da</strong>ção - Pacífico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal<br />
(Panamá), África Oci<strong>de</strong>ntal, Patagônia.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
86 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Esponja branca – Praia do Forte (Mata <strong>de</strong><br />
São João), entremarés, 07/Jun/2009. Habitat<br />
críptico, recifal, on<strong>de</strong> caracteristicamente<br />
observam-se poríferos em intensa competição<br />
por espaço.<br />
A, óxea I; B, óxea II; C, ortotriênio; D,<br />
esterráster; E, oxiásrter; F, estrongiláster.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
87
Or<strong>de</strong>m Hadromeri<strong>da</strong> Topsent, 1894<br />
Timea sp., espécie não apresenta<strong>da</strong> neste <strong>Guia</strong>, reconhecível por suas<br />
fen<strong>da</strong>s porais e hábito incrustante. Outra espécie com hábito semelhante é<br />
Placospongia sp., porém esta é muito mais dura. Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São<br />
João), 1-2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Jun/2009.
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Clionai<strong>da</strong>e D’Orbigny, 1851<br />
Gênero Cliona Grant, 1825<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 76 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais sete<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s três espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, está<br />
também registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> C. dyorissa (<strong>de</strong> Laubenfels, 1950).<br />
Esta família inclui espécies a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s à perfuração <strong>de</strong> substratos<br />
calcários (conchas, corais, rodolitos), o que é alcançado através<br />
<strong>de</strong> mecanismos celulares que liberam pequenos chips <strong>de</strong> formato<br />
característico. Mais <strong>de</strong> 90% do substrato perfurado é convertido<br />
em chips. Cálculos efetuados em ambientes recifais na região<br />
do Caribe estabeleceram o valor <strong>de</strong> 256 g / m 2 / ano como a<br />
produção <strong>de</strong> sedimento calcário por estas esponjas, gerando cerca<br />
<strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> todo o sedimento em alguns setores <strong>de</strong>stes recifes.<br />
Estimou-se que a taxa <strong>de</strong> bioerosão po<strong>de</strong>ria alcançar 3 kg / m 2<br />
/ ano em locais com maior infestação por esponjas escavadoras.<br />
Valores semelhantes foram obtidos para o potencial escavador <strong>de</strong><br />
Cliona aff. celata Grant, 1826 no litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
11. Complexo Cliona celata Grant, 1826<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante (perfurante <strong>de</strong> substratos<br />
calcários) com papilas. Por vezes<br />
apenas as papilas (2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
1-4 mm <strong>de</strong> altura) estão visíveis, estádio<br />
<strong>de</strong> crescimento conhecido como alfa, por<br />
vezes os espécimes recobrem também o<br />
substrato entre as papilas, estádio beta.<br />
Foram observados espécimes com área<br />
superior a 30 x 30 cm. Em estádios mais<br />
avançados, espécimes aparentemente<br />
incrustantes, revelam–se com até 1 cm<br />
<strong>de</strong> espessura, já tendo dissolvido porção<br />
consi<strong>de</strong>rável do substrato calcário. Cor<br />
em vi<strong>da</strong> amarelo–vivo ou mais pálido.<br />
No fixador a cor torna–se marrom. Superfície<br />
híspi<strong>da</strong>, áspera ao toque. Ósculos<br />
distribuídos aleatoriamente ao nível<br />
<strong>da</strong> superfície, com até 5 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Aberturas inalantes agrupa<strong>da</strong>s em<br />
papilas. Consistência firme, pouco compressível,<br />
em parte em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong><br />
fragmentos <strong>de</strong> substrato em seu interior.<br />
Esqueleto ectossomal com uma contínua<br />
paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> espículas perpendiculares à<br />
superfície. Esqueleto coanossomal <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado<br />
com espículas em feixes <strong>de</strong>nsos.<br />
Espículas: tilóstilos, 252–378 / 7–11μm.<br />
Comentários<br />
Cliona celata é um caso clássico <strong>de</strong> espécie<br />
<strong>de</strong> porífero até a pouco consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
notoriamente cosmopolita. Resultados<br />
recentes revelaram a existência <strong>de</strong> um<br />
complexo <strong>de</strong> espécies crípticas, inclusive<br />
nas ilhas britânicas, locali<strong>da</strong><strong>de</strong> tipo<br />
<strong>da</strong> espécie. No <strong>Brasil</strong>, aparentemente<br />
as populações do NE e do SE não pertenceriam<br />
à mesma espécie (T. <strong>de</strong> Paula,<br />
com. pess.).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
89
Complexo Cliona celata Grant, 1826<br />
Ecologia<br />
O complexo po<strong>de</strong> ser encontrado próximo<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong><br />
é relativamente comum no mesolitoral e<br />
raro no infralitoral consoli<strong>da</strong>do. Costuma<br />
ocorrer em <strong>de</strong>nsas manchas populacionais,<br />
frequentemente distribuí<strong>da</strong>s por<br />
vários metros quadrados <strong>de</strong> sedimento<br />
calcáreo (p.ex. ao largo <strong>de</strong> Jiribatuba, Canal<br />
<strong>de</strong> Itaparica, região <strong>de</strong> manguezal).<br />
Distribuição<br />
Provisoriamente cosmopolita. <strong>Brasil</strong><br />
[CE, RN, PE, AL, BA (Camaçari, Salvador,<br />
Maraú), ES, RJ, SP].<br />
Ilha <strong>da</strong> Pedra Fura<strong>da</strong>, Baía <strong>de</strong> Camamu (Maraú), 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 30/Jul/2009.<br />
90 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Notam-se apenas as<br />
papilas exalantes (com ósculos) e inalantes (fecha<strong>da</strong>s). O resto <strong>da</strong> esponja habita o<br />
interior do substrato.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal. No <strong>de</strong>talhe, ponto<br />
<strong>de</strong> ruptura do corte, ilustrando as bases dos tilóstilos dispostos<br />
aleatoriamente (não se trata <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja).<br />
A, tilóstilo; B,<br />
tilóstilo jovem<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
91
12. Cliona <strong>de</strong>litrix Pang, 1973<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante (perfurante) com papilas<br />
gran<strong>de</strong>s (até 20 mm <strong>de</strong> diâmetro).<br />
Por vezes apenas as papilas (2–5 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro, 1-4 mm <strong>de</strong> altura) estão visíveis,<br />
estádio <strong>de</strong> crescimento alfa, por<br />
vezes os espécimes recobrem também o<br />
substrato entre as papilas, estádio beta.<br />
Foram observados espécimes com área<br />
superior a 50 x 50 cm. Normalmente perfura<br />
cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com alguns centímetros<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, permitindo a retira<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> esponja durante<br />
a coleta. Cor em vi<strong>da</strong> laranja–avermelhado.<br />
No fixador a cor torna-se marrom-escura.<br />
Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera ao toque.<br />
Aberturas exalantes dispersas e pouco<br />
abun<strong>da</strong>ntes, com 5–20 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
permitem ampla visualização <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
atrial. Aberturas inalantes agrupa<strong>da</strong>s<br />
em papilas semi–translúci<strong>da</strong>s, muito<br />
mais abun<strong>da</strong>ntes, com discreta reticulação<br />
superficial. Um espécime <strong>da</strong> Ilha do<br />
Fra<strong>de</strong> tinha cerca <strong>de</strong> 100 papilas inalantes,<br />
e apenas duas exalantes (ósculos),<br />
enquanto outro exibia uma proporção <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 50 / 5. Papilas, tanto inalantes<br />
quanto exalantes, contraem–se bastante<br />
após a coleta. Consistência mais macia<br />
que C. celata, possivelmente em <strong>de</strong>corrência<br />
<strong>da</strong>s amplas cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s interiores<br />
(forma mais cavernosa). Esqueleto ectossomal<br />
radial com feixes se formando na<br />
região mais externa do coanosssoma e<br />
atravessando o ectossoma. As espículas<br />
estão organiza<strong>da</strong>s com o tilo orientado<br />
para o coanossoma e a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> fina<br />
para o ectossoma. Esqueleto coanossomal<br />
completamente preenchido por tilóstilos,<br />
sem uma organização evi<strong>de</strong>nte.<br />
Espículas: tilóstilos, 364–420 / 8–14 μm.<br />
Arquitetura<br />
esquelética em seção<br />
transversal.<br />
92 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006.<br />
Comentários<br />
A espécie é bastante conspícua em to<strong>da</strong> a<br />
<strong>Bahia</strong>, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua abundância,<br />
tamanho e cor chamativa, à exceção<br />
<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> manguesal.<br />
Ecologia<br />
Cliona <strong>de</strong>litrix po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> perfurando<br />
corais, especialmente os mortos,<br />
e outros substratos calcários diversos. A<br />
espécie ocorre também próxima <strong>da</strong>s áreas<br />
urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, México, Ilhas<br />
Cayman, Jamaica, Belize, Honduras, Panamá,<br />
Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
<strong>Brasil</strong> (RN, PE, BA – Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador,<br />
Maraú, Abrolhos).<br />
A, tilóstilo.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
93
13. Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça, com até 5 cm <strong>de</strong> espessura,<br />
po<strong>de</strong>ndo recobrir metros e metros <strong>de</strong><br />
substrato, porém frequentemente os espécimes<br />
não ultrapassam 50 x 50 cm. Cor<br />
em vi<strong>da</strong> marrom, externamente, e bege<br />
internamente. No fixador a cor é bege.<br />
Superfície híspi<strong>da</strong>, avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Aberturas<br />
exalantes pequenas (1–4 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />
distribui<strong>da</strong>s aleatoriamente; aberturas<br />
inalantes não visíveis a olho nu, e<br />
não agrupa<strong>da</strong>s em papilas. Consistência<br />
firme, pouco compressível. Esqueleto<br />
ectossomal com feixes <strong>de</strong>nsos <strong>de</strong> megascleras<br />
e coanossomal com espículas em<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, frequentemente entrecruza-<br />
<strong>da</strong>s. Espículas: tilóstilos, 392–476 / 9–18<br />
μm; espirásteres, 11–18 μm.<br />
Comentários<br />
Os maiores espécimes observados ocorriam<br />
nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Farol <strong>da</strong> Barra<br />
(Salvador) e na Coroa Vermelha (Santa<br />
Cruz <strong>de</strong> Cabrália).<br />
Ecologia<br />
Cliona varians po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. A espécie<br />
é relativamente comum no mesoli-<br />
Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), entremarés,<br />
26/Jul/2009.<br />
94 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Cliona varians (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
toral e no infralitoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> recobrindo<br />
substratos areno–calcários consoli<strong>da</strong>dos.<br />
Exemplares <strong>de</strong>sta espécie costumam<br />
abrigar cracas (Membranobalanus <strong>de</strong>clivis)<br />
como hóspe<strong>de</strong>s, as quais se alojam nas<br />
aberturas osculares. Na praia <strong>de</strong> Pituba<br />
foi <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,6<br />
cracas/ cm 2 <strong>de</strong> superfície <strong>da</strong> esponja.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, México,<br />
Honduras, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Panamá, Colômbia).<br />
<strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, AL, BA (Salvador,<br />
Maraú, Porto Seguro, Santa Cruz <strong>de</strong> Cabrália,<br />
Abrolhos), ES].<br />
A, tilóstilo; B, espirásteres.<br />
Quebramar Norte<br />
(Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/<br />
Mar/2009; FOTO POR C.M.<br />
MENEGOLA DA SILVA.<br />
Recife <strong>da</strong><br />
Pituba (Salvador),<br />
entremarés, 26/<br />
Set/2004.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
95
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Placospongii<strong>da</strong>e Gray, 1867b<br />
Gênero Placospongia Gray, 1867b<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> sete espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />
estão cita<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Apenas P. cristata Boury-Esnault, 1973<br />
está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>. Estudos recentes revelaram a ampla<br />
ocorrência <strong>de</strong> especiação críptica neste gênero, sugerindo que o<br />
número <strong>de</strong> espécies viventes é bem maior que o que se conhece.<br />
O casamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições morfológicas <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s e revisões<br />
ao nível molecular <strong>de</strong> populações em diversas partes do mundo<br />
estão em curso, e <strong>de</strong>verão ampliar consi<strong>de</strong>ravelmente o número<br />
<strong>de</strong> espécies conheci<strong>da</strong>s.<br />
14. Placospongia sp.<br />
Morfologia<br />
Forma normalmente incrustante espessa<br />
(2–5 mm <strong>de</strong> espessura), com placas rígi<strong>da</strong>s<br />
justapostas, <strong>de</strong>linea<strong>da</strong>s por fen<strong>da</strong>s<br />
que suprem a água ao sistema aquífero<br />
<strong>da</strong> esponja, mas que po<strong>de</strong>m fechar-se<br />
completamente quando os espécimes<br />
são coletados ou sujeitos a maior hidrodinamismo.<br />
Fen<strong>da</strong>s recobertas por uma<br />
re<strong>de</strong> <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>, somente observa<strong>da</strong> em<br />
espécimes não contraídos. Cor em vi<strong>da</strong><br />
marrom escuro externamente, e begeesbranquiçado<br />
por <strong>de</strong>ntro. Superfície<br />
áspera. Aberturas inalantes e ósculos<br />
(raros, diâmetro 1 mm) concentra<strong>da</strong>s<br />
nas fen<strong>da</strong>s. Consistência rígi<strong>da</strong>. Esqueleto<br />
ectossomal formado por uma grossa<br />
cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> selenasteres, atravessa<strong>da</strong><br />
por feixes <strong>de</strong> tilóstilos. Esqueleto coanossomal<br />
radial com <strong>de</strong>nsos feixes <strong>de</strong><br />
tilóstilos. Espículas: tilóstilos I, 568–1097<br />
/ 10–13 (largura <strong>da</strong> haste) / 13–20 μm<br />
(largura <strong>da</strong> cabeça); tilóstilos II, 53–233 /<br />
2,5–5 (largura <strong>da</strong> haste) / 5 (largura <strong>da</strong><br />
cabeça) μm; selenásteres, 56–84 μm; esferásteres,<br />
11–18 μm; espirásteres, 13–23<br />
μm; microestrôngilos, 5–12 μm.<br />
Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009.<br />
96 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Placospongia sp.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
A, tilóstilos; B, selenáster; C, esferáster;<br />
D, espiráster (<strong>de</strong>senho por Erik Hajdu); E,<br />
microestrôngilos.<br />
Comentário<br />
A <strong>de</strong>scrição apresenta<strong>da</strong> aqui é uma<br />
composição <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um espécime,<br />
possivelmente englobando mais <strong>de</strong> uma<br />
espécie<br />
Ecologia<br />
Placospongia sp. é pouco comum no infralitoral<br />
consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />
os Santos e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta. A espécie<br />
é mais facilmente encontra<strong>da</strong> sob<br />
blocos <strong>de</strong> substrato calcário e arenítico,<br />
em águas rasas ou piscinas <strong>de</strong> marés. Alguns<br />
indivíduos foram vistos ao largo <strong>de</strong><br />
Jiribatuba (Canal <strong>de</strong> Itaparica) formando<br />
ramas rasteiras com mais <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong><br />
comprimento.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (CE, PB, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
AL, BA – Mata <strong>de</strong> São João, Salvador,<br />
Vera Cruz, Maraú, Mucuri).<br />
Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), entremarés, 26/<br />
Jul/2007. As aberturas inalantes e um ósculo<br />
(seta) estão visíveis no interior <strong>da</strong>s fen<strong>da</strong>s.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
97
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Spirastrelli<strong>da</strong>e Ridley & Dendy,1886<br />
Gênero Spirastrella Schmidt, 1868<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
duas ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong><br />
na <strong>Bahia</strong>.<br />
15. Spirastrella hartmani Boury-Esnault, Klautau, Bézac, Wulff & Solé-Cava, 1999<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante (2–3 mm <strong>de</strong> espessura),<br />
<strong>de</strong> contorno irregular. Alguns espécimes<br />
foram observados recobrindo áreas<br />
<strong>de</strong> até 50 cm 2 . Coloração salmão claro a<br />
cor <strong>de</strong> tijolo, tornando–se bege no fixador.<br />
Superfície lisa, po<strong>de</strong>ndo apresentar canais<br />
sub<strong>de</strong>rmais confluindo para os ósculos,<br />
visíveis apenas em exemplares vivos. Ósculos<br />
dispersos, pouco abun<strong>da</strong>ntes, com<br />
2–3 mm <strong>de</strong> diâmetro. Consistência geralmente<br />
firme. Esqueleto ectossomal constituído<br />
por uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> espirásteres e<br />
alguns tilóstilos que atravessam a superfície,<br />
enquanto o coanossomal é constituído<br />
pelos tilóstilos, às vezes subtilóstilos, e<br />
espirásteres em menor <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> que no<br />
ectossoma. Espículas: tilóstilos, 213–514 /<br />
2,5–16 μm; espirásteres I, 12–46 / 18–30<br />
μm; espirásteres II, 4-9 μm.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />
Ilhas Cayman, Jamaica, Belize, Panamá,<br />
Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> (Arquipélago<br />
São Pedro e São Paulo, RN, Atol <strong>da</strong>s<br />
Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, AL,<br />
BA – Mata <strong>de</strong> São João, São Francisco do<br />
Con<strong>de</strong>, Salvador, Maraú).<br />
Ecologia<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, sendo relativamente<br />
rara no infralitoral consoli<strong>da</strong>do<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, porém<br />
comum em águas rasas e piscinas costeiras<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (Mata <strong>de</strong> São João, Maraú),<br />
on<strong>de</strong> costuma ficar ao abrigo <strong>da</strong> luz, sob<br />
blocos <strong>de</strong> rochas e corais.<br />
Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1–2 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009. A tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais<br />
clara é típica dos ambientes mas abrigados<br />
<strong>da</strong> luz.<br />
98 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Spirastrella hartmani Boury-Esnault, Klautau, Bézac, Wulff & Solé-Cava, 1999<br />
Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1–2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009. Notar que há dois<br />
ósculos em 1º plano e outro um pouco à esquer<strong>da</strong> (setas), mas os orifícios restantes, apesar<br />
do diâmetro similar, indicam a presença <strong>de</strong> cirripédios associados. A área compreendi<strong>da</strong> na<br />
imagem tem 10 cm <strong>de</strong> largura.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
A, tilóstilos;<br />
B, espirásteres.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
99
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Suberiti<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />
Gênero Aaptos Gray, 1867<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 20 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> também A. bergmanni <strong>de</strong><br />
Laubenfels, 1950.<br />
16. Aaptos spp.<br />
Morfologia<br />
Forma variando entre esférica, semi-esférica<br />
e maciça, e espécimes frequentemente<br />
atingindo 15–20 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />
e 10 cm <strong>de</strong> espessura. Cor em vi<strong>da</strong> amarela-viva<br />
por fora, com frequentes man-<br />
chas amarronza<strong>da</strong>s, e páli<strong>da</strong> por <strong>de</strong>ntro.<br />
No fixador a cor torna–se marrom-escura.<br />
Superfície com montículos baixos<br />
dispersos. Ósculos conspícuos (3–5<br />
mm <strong>de</strong> diâmetro) que po<strong>de</strong>m ocorrer<br />
dispersos ou agrupados (até 15 mm <strong>de</strong><br />
Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus), 2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008. O espécime tem<br />
10 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo. Notar a alta sedimentação no local."<br />
100 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aaptos spp.<br />
diâmetro máximo), contraindo-se bastante<br />
após a coleta. Consistência dura, pouco<br />
compressível. Esqueleto ectossomal composto<br />
<strong>de</strong> megascleras menores dispostas<br />
perpendicularmente à superfície, praticamente<br />
formando uma paliça<strong>da</strong>. O arranjo<br />
se confun<strong>de</strong> com as terminações dos <strong>de</strong>nsos<br />
feixes <strong>de</strong> megascleras coanossomais<br />
que alcançam a superfície. Esqueleto coanossomal<br />
<strong>de</strong>nso, confuso nas porções<br />
mais distantes <strong>da</strong> superfície, e adquirindo<br />
padrão radial à medi<strong>da</strong> que se aproxima<br />
do ectossoma. Espículas: estrongilóxeas I,<br />
1046–1320 / 23–30 μm; estrongilóxeas II,<br />
208–950 / 5–25 μm; estilos (raros), 549–<br />
569 / 15 μm.<br />
Ecologia<br />
Aaptos spp. são comuns no infralitoral<br />
consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />
e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta, tendo sido observados<br />
até os 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> [RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, AL, BA<br />
(Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador, Cairu, Porto<br />
Seguro), ES, RJ, SP].<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
A, estrongilóxea I; B, estrongilóxea II; C,<br />
modificação <strong>da</strong> estrongilóxea I<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
101
Gênero Suberites Nardo, 1833<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 72 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />
17. Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Maciça à ramosa com ramificações simples,<br />
ramos cilíndricos, irregulares com<br />
poucas bifurcações, eventualmente com<br />
lobos achatados. Os espécimes po<strong>de</strong>m<br />
ultrapassar 10 cm <strong>de</strong> altura e 20 cm <strong>de</strong><br />
largura. Coloração externa em vi<strong>da</strong> azul,<br />
laranja, vermelho alaranjado, vermelha<br />
ou uma mistura <strong>de</strong>stas; e interna amarela<br />
à laranja. Consistência firme, mas flexível.<br />
O ectossoma não possui especialização,<br />
sendo atravessado por buquês <strong>de</strong><br />
tilóstilos formados nas terminações dos<br />
feixes ascen<strong>de</strong>ntes coanossomais, que<br />
po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> formar malhas grosseiras<br />
no coanossoma. Superfície levemente<br />
híspi<strong>da</strong>, com ósculos dispersos, medindo<br />
2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro. Espículas: tilóstilos,<br />
121–833 / 5–15 (largura <strong>da</strong> haste) /<br />
5–15 μm (largura <strong>da</strong> cabeça).<br />
Ecologia<br />
Estabelecem–se em substratos rochosos,<br />
fragmentos <strong>de</strong> folhelho e conchas, particularmente<br />
em manguezais na porção<br />
norte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Nesta<br />
área costumam ser abun<strong>da</strong>ntes na zona<br />
entremarés <strong>de</strong> locais mais poluídos, principalmente<br />
nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> refinaria<br />
Landulfo Alves. Um estudo recente<br />
feito nesta região por pesquisadores <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, sugeriu<br />
esta espécie como bioindicadora <strong>de</strong><br />
Comentários<br />
Esta espécie já foi referi<strong>da</strong> com diversos<br />
nomes na bibliografia especializa<strong>da</strong>: Laxosuberites<br />
aurantiaca, Laxosuberites sp.,<br />
Suberites aurantiaca, Terpios sp., Terpios<br />
aurantiacus. Por vezes se reconhecem<br />
duas categorias <strong>de</strong> tilóstilos na espécie.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
102 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Suberites aurantiacus (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Salvador, infralitoral, Ago/1999.<br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), Jan/1997.<br />
ambientes fortemente impactados por<br />
petróleo. A espécie também po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />
Salvador, porém em abundância bastante<br />
reduzi<strong>da</strong>.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />
Cuba, México, Belize, Jamaica, Ilhas<br />
Virgens, Panamá, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas, <strong>Guia</strong>nas). <strong>Brasil</strong> [CE, PE,<br />
BA (Mataripe, Salvador), RJ, SP, SC]. A<br />
espécie também foi cita<strong>da</strong> para o Pacífico<br />
Central (Havaí), on<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
uma espécie invasora, e Pacífico Tropical<br />
Oriental (Panamá).<br />
A-C, tilóstilos compondo uma única<br />
categoria <strong>de</strong> dimensões muito varia<strong>da</strong>s.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
103
Gênero Terpios Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />
18. Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
Morfologia<br />
Forma finamente incrustante, com dimensões<br />
frequentemente inferiores a 5 x<br />
5 cm, mas po<strong>de</strong>ndo por vezes ultrapassar<br />
os 20 x 20 cm em área. Cor em vi<strong>da</strong><br />
azul (cobalto a marinho), e azul–cobalto<br />
no etanol. Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera ao<br />
toque. Aberturas não visíveis. Consistência<br />
macia. Esqueleto ectossomal não<br />
especializado, constituido <strong>da</strong>s terminações<br />
dos vagos feixes espiculares coanossomais.<br />
Esqueleto coanossomal com<br />
feixes pauciespiculares ascen<strong>de</strong>ntes e<br />
esparsos, além <strong>de</strong> megascleras eretas no<br />
substrato ou dispersas. Espículas: tilóstilos,<br />
108–365 / 3,6–8 μm.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />
Ecologia<br />
Terpios fugax é relativamente comum no<br />
entremarés e infralitoral consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos e adjacências,<br />
on<strong>de</strong> apresenta uma preferência por ambientes<br />
abrigados <strong>da</strong> iluminação intensa.<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />
Cuba, Porto Rico, Ilhas Virgens, Belize,<br />
Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
[PE, BA (Salvador), RJ, SP]. Registros<br />
efetuados para outras partes do mundo<br />
são consi<strong>de</strong>rados duvidosos, tais<br />
como para a Irlan<strong>da</strong>, Mônaco e as Ilhas<br />
Seychelles.<br />
104 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Terpios fugax Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006. O espécime é uma crosta com<br />
fração <strong>de</strong> milímetro <strong>de</strong> espessura.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
A, tilóstilos e <strong>de</strong>talhes<br />
<strong>de</strong> suas bases.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
105
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Tethyi<strong>da</strong>e Gray, 1848<br />
Gênero Tethya Lamarck, 1814<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 90 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong>z<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Da <strong>Bahia</strong> conhecem-se ain<strong>da</strong> T. brasiliana<br />
Ribeiro & Muricy, 2004, T. cyanae R. & M., 2004, T. ignis R. & M.,<br />
2004 e T. rubra R. & M., 2004, to<strong>da</strong>s oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Abrolhos. A<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Tethya requer estudo <strong>de</strong>talhado <strong>da</strong> morfologia<br />
<strong>de</strong> suas microscleras. No estádio atual do inventário <strong>de</strong>stas<br />
espécies na <strong>Bahia</strong>, faz-se necessário uso intensivo <strong>de</strong> microscopia<br />
eletrônica <strong>de</strong> varredura. Espera-se que uma vez avançado este<br />
estudo, passe a ser possível reconhecer as espécies valendo-se<br />
apenas do microscópio óptico.<br />
19. Tethya maza Selenka, 1879<br />
Morfologia<br />
Forma esférica ou subesférica, com 10 a<br />
30 mm <strong>de</strong> diâmetro. Cor em vi<strong>da</strong> é alaranja<strong>da</strong>,<br />
avermelha<strong>da</strong> ou rosa<strong>da</strong>. No etanol<br />
a cor é bege clara ou um pouco mais<br />
escura. Superfície verrucosa, eventualmente<br />
com filamentos basais, po<strong>de</strong>ndo<br />
apresentar brotos pedunculados. Um ou<br />
mais ósculos que se contraem bastante<br />
após a coleta, localizados na região superior<br />
ou próxima à base. Quando viva<br />
a consistência é mole e elástica, mas conserva<strong>da</strong><br />
é apenas levemente elástica ou<br />
pouco compressível à dura. O esqueleto<br />
ectossomal é composto por um córtex<br />
(0,5–3 mm <strong>de</strong> espessura) com duas cama<strong>da</strong>s,<br />
a mais superficial com numerosos<br />
tilásteres e a mais interna contendo<br />
esferásteres e tilásteres. Este córtex é<br />
atravessado por feixes radiais <strong>de</strong>nsos<br />
<strong>de</strong> estrongilóxeas que se originam no<br />
coanossoma. Cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sub <strong>de</strong>rmais<br />
estão presentes nos espécimes pouco<br />
contraídos. Coanossoma com feixes <strong>de</strong><br />
estrongilóxeas, e entre estes <strong>de</strong>nsos tufos<br />
confusos <strong>de</strong> estrongilóxeas. No entorno<br />
dos canais mais internos, são visíveis<br />
inúmeras tilásteres. Espículas: anisoestrongilóxeas<br />
I, 1476–1548 / 20–25 μm;<br />
anisoestrongilóxeas II, 756–910 / 7–14<br />
μm; esferásteres, 35–42 μm; oxiásteres I,<br />
28–43 μm; oxiásteres II, 8–10 μm; estrongilásteres,<br />
10–14 μm; tilásteres, 10–13<br />
μm. As esferásteres são megásteres e as<br />
<strong>de</strong>mais ásteres, micrásteres.<br />
Ecologia<br />
Tethya maza é relativamente comum, porém<br />
pouco numerosa, no entremarés e<br />
infralitoral consoli<strong>da</strong>do, inclusive próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, bem<br />
como em áreas <strong>de</strong> manguezal <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos e suas cercanias. Observações<br />
efetua<strong>da</strong>s em aquário evi<strong>de</strong>nciaram<br />
como funciona o brotamento nesta<br />
espécie, que consiste no alongamento e<br />
a<strong>de</strong>lgaçamento dos pedúnculos até seu<br />
ponto <strong>de</strong> ruptura, o que não raro ocorre<br />
apenas após que uma superfície favorável<br />
a sua fixação tenha sido alcança-<br />
106 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Tethya maza Selenka, 1879<br />
Espécime recém coletado, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> água do mar, em seção longitudinal (Ponta<br />
<strong>de</strong> Humaitá, Salvador, Jan/1997). Notar disposição radial do esqueleto evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> pelo<br />
contraste entre a cor branca <strong>da</strong>s espículas silicosas e o amarelo e vermelho do restante<br />
<strong>da</strong> esponja. A crosta <strong>de</strong> esferásteres que circun<strong>da</strong> a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> esponja sob as lacunas<br />
sub<strong>de</strong>rmais e apóia-se nos feixes radias <strong>de</strong> megascleras, confere uma maior resistência a<br />
estas esponjas.<br />
<strong>da</strong>. Entretanto, locais mais afastados <strong>da</strong><br />
esponja-mãe po<strong>de</strong>m ser alcançados pelo<br />
“lançamento” <strong>de</strong> brotos ao sabor <strong>da</strong>s<br />
correntes, ou pela migração dos brotos<br />
que haviam se fixado próximos à esponja-mãe.<br />
O movimento em Tethya é claramente<br />
visível em escala <strong>de</strong> dias, já tendo<br />
sido mensurado em algumas espécies –<br />
po<strong>de</strong> alcançar 3 mm ao dia em vidro, e<br />
um pouco menos em substratos naturais<br />
(M. Nickel, com. pess.).<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe (Jamaica,<br />
Ilhas Virgens, Colômbia). <strong>Brasil</strong><br />
[AL, BA (São Francisco do Con<strong>de</strong>, Salvador),<br />
ES, RJ, SP, SC].<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
107
Tethya maza Selenka, 1879<br />
Arquitetura<br />
esquelética em seção<br />
transversal. Notar<br />
arranjo radial, lacunas<br />
sub<strong>de</strong>rmais e crosta<br />
<strong>de</strong> esferásteres na<br />
base do córtex.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 10,6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007<br />
108 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Tethya maza Selenka, 1879<br />
Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />
entremarés, 04/Jun/2004.<br />
A, anisoestrongilóxea I;<br />
B, anisoestrongilóxea II; C, esferáster;<br />
D, oxiáster I; E, estrongiliáster; F,<br />
tiláster; G, oxiáster II.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
109
20. Tethya sp.<br />
Morfologia<br />
Forma subesférica com a porção basal<br />
achata<strong>da</strong>, diâmetro máximo 20-25 mm.<br />
Cor em vi<strong>da</strong> alaranja<strong>da</strong>, tornando-se<br />
bege em etanol. Superfície com cônulos<br />
baixos e brotos ovais pedunculados, dispersos,<br />
e <strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> um pouco mais<br />
clara. Ósculos não foram observados.<br />
Consistência em vi<strong>da</strong> macia, no etanol<br />
mais firme. Arquitetura esquelética<br />
composta <strong>de</strong> córtex e coanossoma, em<br />
disposição radial. Córtex com cerca <strong>de</strong><br />
1 mm <strong>de</strong> espessura, composto <strong>de</strong> cama<strong>da</strong><br />
mais externa <strong>de</strong> micrásteres pequenas,<br />
cama<strong>da</strong> sub<strong>de</strong>rmal com marca<strong>da</strong><br />
presença <strong>de</strong> canais aquíferos (200–300<br />
μm <strong>de</strong> diâmetro), localiza<strong>da</strong> sobre uma<br />
<strong>de</strong>nsa capa basal <strong>de</strong> megásteres (400–500<br />
μm <strong>de</strong> espessura). O córtex é perfurado a<br />
ca<strong>da</strong> 500 μm por feixes multiespiculares<br />
coanossomais (diâmetro 200 μm), que se<br />
abrem em buquês (diâmetro 700 μm), e<br />
sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície. Os<br />
buquês estão entremeados a abun<strong>da</strong>ntes<br />
micrásteres e megásteres, e observa-se<br />
algumas megascleras dispersas <strong>de</strong> forma<br />
confusa. O coanossoma também apresenta<br />
arquitetura complexa. Além dos<br />
feixes multiespiculares radiais já mencionados,<br />
há tufos <strong>de</strong>nsos <strong>de</strong> megascleras<br />
na região subcortical, aparentemente<br />
<strong>de</strong>svinculados dos feixes radiais. Atravessa<strong>da</strong>s<br />
nos tufos e nos feixes, se vêem<br />
megascleras transversais, fechando a estratégia<br />
<strong>de</strong>stas esponjas por uma maior<br />
resistência à ruptura. Espículas: anisoestrongilóxeas<br />
I, 680–1200 μm / 17–30 μm;<br />
anisoestrongilóxeas II, 300–500 μm / 3–4<br />
μm; esferásteres, 25–50 μm; oxiásteres I,<br />
16–32 μm; oxiásteres II, 7–8 μm; estrongilásteres,<br />
8–10 μm; tilásteres, 8–9 μm. As<br />
esferásteres são megásteres e as <strong>de</strong>mais<br />
ásteres, micrásteres.<br />
Ecologia<br />
Tethya sp. foi coleta<strong>da</strong> em uma pequena<br />
poça <strong>de</strong> maré no recife <strong>da</strong> Praia <strong>da</strong> Pituba<br />
(Salvador), um ecossistema sujeito a<br />
ampla variação no que tange à eutrofização.<br />
Distribuição<br />
Desconheci<strong>da</strong>.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal – <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong> região cortical.<br />
110 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Tethya sp.<br />
Recife <strong>da</strong> Pituba (Salvador), entremarés, 08/Mai/2008.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal. Notar arranjo radial, lacunas<br />
sub<strong>de</strong>rmais e crosta <strong>de</strong> esferásteres na base<br />
do córtex.<br />
A, anisoestrongilóxea I; B,<br />
anisoestrongilóxea II; C, esferáster;<br />
D, oxiáster I; E, oxiáster II; F,<br />
estrongiláster; G, tiláster.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
111
Or<strong>de</strong>m Chondrosi<strong>da</strong> Boury-Esnault<br />
& Lopès, 1985<br />
Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001), Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />
1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Chondrilli<strong>da</strong>e Gray, 1872<br />
Gênero Chondrilla Schmidt, 1862<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 17 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas<br />
uma está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. Entretanto, estudos genéticos<br />
já apontaram para a existência <strong>de</strong> ao menos quatro espécies no<br />
litoral brasileiro e ilhas oceânicas, às quais, infelizmente, ain<strong>da</strong><br />
não foi possível associar caracteres morfológicos diagnósticos.<br />
Os resultados mais recentes apontam para a ocorrência <strong>de</strong> ao<br />
menos duas espécies geneticamente isola<strong>da</strong>s em Salvador (C.<br />
Zilberberg, com. pess.).<br />
21. Complexo Chondrilla nucula Schmidt, 1862<br />
Morfologia<br />
Incrustante com cerca <strong>de</strong> 2–5 mm <strong>de</strong> espessura,<br />
cor externa cinza, bege ou negra,<br />
às vezes bege com manchas escuras,<br />
e interna bege; geralmente os exemplares<br />
encontrados ao abrigo <strong>da</strong> luz são<br />
mais claros; a coloração em etanol é<br />
bege. Superfície lisa, brilhante. Ósculos<br />
com 1–2 mm <strong>de</strong> diâmetro em vi<strong>da</strong>, e bastante<br />
contraídos quando o exemplar é<br />
coletado. Consistência elástica, às vezes<br />
cartilaginosa. O esqueleto ectossomal<br />
forma um córtex muito pigmentado,<br />
com gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> espículas.<br />
No coanossoma a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas<br />
é costumeiramente menor. Espículas:<br />
oxiesferásteres, 7–34 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Ecologia<br />
Frequente no entremarés e zonas infralitorâneas<br />
rasas, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>da</strong>s<br />
tanto na condição fotófila como<br />
ciáfila. A espécie é abun<strong>da</strong>nte mesmo na<br />
proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />
tais como o Farol <strong>da</strong> Barra e o Porto<br />
<strong>da</strong> Barra.<br />
Distribuição<br />
O complexo tem distribuição cosmopolita<br />
(Mediterrâneo, Caribe, África do Sul,<br />
Austrália). <strong>Brasil</strong> [AP, RN, Rocas, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, PE, AL, SE, BA (Salvador,<br />
Itaparica), ES, Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
RJ, SP, SC].<br />
Espécime em vi<strong>da</strong> (Farol <strong>da</strong> Barra,<br />
Salvador, 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
04/Dez/2010).
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
114 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Complexo Chondrilla nucula Schmidt, 1862<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime em 1º plano tem<br />
6 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
A, esferásteres em<br />
distintos graus <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Espécime em vi<strong>da</strong> (Farol <strong>da</strong> Barra, Salvador, 1 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
115
Gênero Chondrosia Nardo, 1847<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 10 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie está registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>,<br />
porém ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um nome. Esta situação <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> ter<br />
sido revelado por um estudo genético que populações do Atlântico<br />
Tropical Oci<strong>de</strong>ntal, outrora atribuí<strong>da</strong>s à C. reniformis Nardo, 1847,<br />
eram geneticamente isola<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s populações do Mediterrâneo, <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> a espécie foi <strong>de</strong>scrita originalmente.<br />
22. Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001)<br />
Morfologia<br />
Incrustante à maciça com cerca <strong>de</strong> 2–10<br />
mm <strong>de</strong> espessura, por vezes com gran<strong>de</strong>s<br />
projeções lobulares pen<strong>de</strong>ntes. Alguns<br />
dos espécimes observados ultrapassavam<br />
20 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor externa em<br />
vi<strong>da</strong> branca a bege, frequentemente com<br />
manchas marrons ou cinzas. Cor interna<br />
branca. Superfície lisa, com ósculos (2–8<br />
mm <strong>de</strong> diâmetro) dispostos prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
no topo <strong>de</strong> chaminés curtas,<br />
distribuí<strong>da</strong>s aleatoriamente. Os ósculos<br />
contraem-se completamente após a coleta.<br />
Consistência elástica, às vezes cartilaginosa.<br />
A anatomia caracteriza-se pela<br />
presença <strong>de</strong> um córtex bem evi<strong>de</strong>nte,<br />
atravessado por alguns canais do sistema<br />
aquífero, e po<strong>de</strong>ndo apresentar também<br />
um sistema <strong>de</strong> pequenas lacunas<br />
subectossomais. No coanossoma, afora<br />
os canais, po<strong>de</strong>-se notar a presença <strong>de</strong><br />
abun<strong>da</strong>ntes câmeras coanocitárias caso<br />
a preparação tenha sido fixa<strong>da</strong> e cora<strong>da</strong><br />
a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente.<br />
Comentário<br />
Os maiores espécimes estão em locas,<br />
on<strong>de</strong> frequentemente observam-se projeções<br />
lobulares pen<strong>de</strong>ntes. A ruptura<br />
<strong>de</strong> tais projeções após certo tamanho<br />
viabiliza uma reprodução assexua<strong>da</strong> por<br />
fissão gravitacional. A ausência <strong>de</strong> ilustração<br />
<strong>da</strong> anatomia <strong>da</strong> espécie <strong>de</strong>corre<br />
<strong>da</strong> falta <strong>de</strong> estruturas conspícuas tanto<br />
no ectossoma quanto no coanossoma. É<br />
relativamente comum confundir-se alguns<br />
tunicados coloniais com espécies<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,7 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
116 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Chondrosia sp. sensu Lazoski et al. (2001)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />
Taipu <strong>de</strong> Fora (Marau), entremarés,<br />
28/Jul/2009.<br />
<strong>de</strong> Chondrosia, porém a presença <strong>de</strong> zoói<strong>de</strong>s<br />
nos primeiros é facilmente <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong><br />
em um microscópio estereoscópico, caso<br />
a amostra esteja bem preserva<strong>da</strong>.<br />
Ecologia<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, on<strong>de</strong><br />
ocorre exclusivamente em ambientes<br />
abrigados <strong>da</strong> iluminação direta.<br />
Anatomia em seção transversal. Notar o<br />
córtex fibrilar e a ausência <strong>de</strong> espículas.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s).<br />
<strong>Brasil</strong> [Arquipélago São Pedro e<br />
São Paulo, Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong><br />
Noronha, PE, BA (Salvador, Maraú), Ilha<br />
<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, RJ, SP].<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
117
Or<strong>de</strong>m Halichondri<strong>da</strong> Gray 1867<br />
Halichondria cf. melanadocia (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936), espécie não apresenta<strong>da</strong><br />
neste guia, reconhecível por sua cor ver<strong>de</strong>-escura à preta, superfície reticula<strong>da</strong><br />
e consistência firme. Quebramar Norte (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente 7,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Axinelli<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />
Gênero Dragmacidon Hallman, 1917<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 24 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />
ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
23. Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886)<br />
Morfologia<br />
Esponja maciça, usualmente com menos<br />
<strong>de</strong> 10 cm em seu maior diâmetro. Apresenta<br />
um morfotipo globoso em alguns<br />
setores <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, com<br />
3-5 cm <strong>de</strong> diâmetro. Cor em vi<strong>da</strong> vermelha<br />
escarlate ou laranja-avermelhado.<br />
Superfície rugosa, áspera, levemente<br />
híspi<strong>da</strong>. Ósculos circun<strong>da</strong>dos por uma<br />
membrana com 2 mm <strong>de</strong> diâmetro médio.<br />
Consistência pouco compressível. O<br />
esqueleto ectossomal é composto pelas<br />
terminações em buquê dos feixes coanossomais<br />
ascen<strong>de</strong>ntes e multiespiculares.<br />
O esqueleto coanossomal possui adicionalmente<br />
uma re<strong>de</strong> secundária confusa e<br />
sobreposta. Espículas: estilos, 188–342 /<br />
6–13 μm; óxeas, 230–367 / 6–13 μm.<br />
Comentários<br />
Registros <strong>de</strong>sta espécie para o <strong>Brasil</strong> já<br />
foram efetuados na bibliografia especializa<strong>da</strong><br />
com os nomes Pseu<strong>da</strong>xinella lunaecharta<br />
e P. reticulata. O morfotipo subesférico<br />
(“esponja-bola”) <strong>de</strong> D. reticulatum<br />
é comercializado para fins ornamentais.<br />
Informações obti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um atacadista<br />
do setor <strong>de</strong> aquariofilia <strong>de</strong> Salvador dizem<br />
que 757 exemplares coletados entre<br />
a Praia <strong>de</strong> Cantagalo e a Ribeira (Salvador)<br />
foram comercializados entre julho<br />
<strong>de</strong> 2001 e junho <strong>de</strong> 2002 (C. Sampaio,<br />
com. pess.). A mesma é relativamente<br />
fácil <strong>de</strong> confundir com Acarnus innominatus<br />
Gray, 1867 em vi<strong>da</strong>, porém facilmente<br />
distinguível pelo exame <strong>de</strong> suas<br />
espículas, muito mais diversas nesta última.<br />
Outras peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>correm <strong>da</strong><br />
produção <strong>de</strong> algum muco pela Dragmacidon,<br />
bem como consistência um pouco<br />
mais firme, enquanto o Acarnus esfarelase<br />
com maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e agarra-se às<br />
luvas <strong>de</strong> algodão como um velcro.<br />
Ecologia<br />
A espécie é comum em todo o litoral<br />
baiano, estando frequentemente situa<strong>da</strong><br />
em locais com alta sedimentação, especialmente<br />
por areia. Po<strong>de</strong> também ser<br />
encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Cuba, México, Jamaica, República<br />
Dominicana, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />
Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
<strong>Brasil</strong> [AP, PA, MA, CE, RN,<br />
Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
PE, AL, BA (Salvador, Maraú), ES, RJ, SP,<br />
SC, RS].<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
119
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
120 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Dragmacidon reticulatum (Ridley & Dendy, 1886)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime tem 4 cm <strong>de</strong><br />
largura na horizontal.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João), 1 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009.<br />
A, óxea; B, estilo.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
121
Gênero Ptilocaulis Carter, 1883<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 13 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Esta é sua primeira citação para a <strong>Bahia</strong>. Três<br />
espécies foram registra<strong>da</strong>s por Hechtel (1983) exclusivamente<br />
para Pernambuco: P. bystila, P. braziliensis e P. fosteri. Ptilocaulis<br />
marquezi (Duchassaing & Michelotti, 1864) foi registra<strong>da</strong> para São<br />
Paulo em uma Dissertação <strong>de</strong> Mestrado.<br />
24. Ptilocaulis walpersi (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Arbustiva com pedúnculo curto, com<br />
ramos curtos fusionados longitudinalmente,<br />
provistos <strong>de</strong> inúmeras projeções<br />
espatuliformes (bico <strong>de</strong> pato). Os espécimes<br />
observados na Baía <strong>de</strong> Todos<br />
os Santos não ultrapassavam os 5 cm <strong>de</strong><br />
altura. Cor em vi<strong>da</strong> laranja, e bege no<br />
etanol. Superfície híspi<strong>da</strong>, áspera, com<br />
ósculos dispersos em pequeno número<br />
(1 mm <strong>de</strong> diâmetro). Consistência firme,<br />
um pouco flexível. O esqueleto ectossomal<br />
é composto pelas terminações em<br />
buquê dos feixes coanossomais primários.<br />
Esqueleto coanossomal com feixes<br />
primários ascen<strong>de</strong>ntes, pauci- ou multiespiculares,<br />
e secundários interligando<br />
os feixes primários. O padrão geral <strong>de</strong><br />
organização é plumorreticulado, e notase<br />
expressiva quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina.<br />
Espículas: estilos I (raros), 610–798 / 10–<br />
11 μm; estilos II, 265–350 / 5–15 μm.<br />
Comentário<br />
Confundível com Axinella corrugata (George<br />
& Wilson, 1919) no campo, diferenciando-se<br />
facilmente no laboratório.<br />
Ptilocaulis walpersi possui apenas estilos<br />
e torna-se bege no álcool, enquanto<br />
A. corrugata possui óxeas e estrôngilos,<br />
além dos estilos, e escurece marca<strong>da</strong>mente<br />
no álcool.<br />
Ecologia<br />
Ocorrem mais frequentemente em substrato<br />
consoli<strong>da</strong>do recoberto por fina capa<br />
<strong>de</strong> areia, inclusive próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador.<br />
A, estilos I; B, estilos II.<br />
122 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 8,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 4,9 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
México, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />
República Dominicana, Porto Rico, Ilhas<br />
Virgens, Belize, Honduras, Costa Rica,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [RN, BA (Salvador)].<br />
Arquitetura<br />
esquelética em seção<br />
transversal.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
123
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Familia Dictyonelli<strong>da</strong>e van Soest, Diaz & Pomponi, 1990<br />
Gênero Scopalina Schmidt, 1862<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 12 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma<br />
está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>.<br />
25. Scopalina ruetzleri (Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977)<br />
Morfologia<br />
Esponja incrustante à maciça, por vezes<br />
com projeções arbustivas, usualmente<br />
com diâmetro inferior a 10 cm, porém<br />
espécimes com mais <strong>de</strong> 1 m 2 já foram<br />
observados no infralitoral. Quando viva<br />
sua cor é laranja brilhante ou mais pálido,<br />
tornando-se bege no álcool. Superfície<br />
lisa, conulosa com uma reticulação<br />
característica visível nos espécimes vivos.<br />
Espécimes mais espessos ou arbustivos<br />
apresentam dobras e projeções<br />
irregulares. Ósculos pequenos (2–4 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro) e circulares dispersos aleatoriamente.<br />
Consistência muito macia,<br />
frágil e com muito muco. Esqueleto ectossomal<br />
não especializado, composto<br />
<strong>da</strong>s terminações dos feixes espiculares<br />
coanossomais, projetando-se no interior<br />
dos cônulos <strong>da</strong> superfície. Esqueleto coanossomal<br />
com feixes ascen<strong>de</strong>ntes pauciespiculares,<br />
esparsos e sinuosos, com<br />
espongina conspícua. Espículas: estilos<br />
(por vezes modificados em estrôngilos<br />
ou óxeas), 574–840 / 7–11 μm.<br />
Ecologia<br />
Comum em costões rochosos <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos e adjacências, on<strong>de</strong> costuma<br />
fixar-se em locais semiprotegidos<br />
<strong>da</strong> luz. A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />
mas também em áreas recifais <strong>de</strong> todo os<br />
estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bahamas, Cuba, México, Belize,<br />
Costa Rica, Colômbia, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />
República Dominicana, Panamá,<br />
Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
[Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e São Paulo,<br />
Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
AL, BA (Mata <strong>de</strong> São João, Madre<br />
<strong>de</strong> Deus, Salvador, Itaparica, Maraú,<br />
Abrolhos), RJ, SP, SC].<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
Microfotografia por M. <strong>de</strong> S. Carvalho, a partir <strong>de</strong><br />
material coletado no litoral <strong>de</strong> São Paulo, após<br />
tratamento enzimático com papaína.<br />
124 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Scopalina ruetzleri (Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977)<br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador) – 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
02/Dez/2006.<br />
A, estilos a estrôngilos, e<br />
<strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> seu ápice.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007.<br />
Praia do Forte (Mata <strong>de</strong> São João),<br />
2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 06/Jun/2009;<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
125
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Familia Halichondrii<strong>da</strong>e Vosmaer, 1887<br />
Gênero Petromica Topsent, 1898<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> nove espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Na hipótese mais recente acerca <strong>da</strong>s relações<br />
evolutivas entre espécies <strong>de</strong> Petromica, ambas as espécies brasileiras<br />
agruparam-se com uma espécie australiana. Há dois cenários<br />
evolutivos principais para explicar tais relações: 1) <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><br />
fragmentação do supercontinente Gondwana, ou 2) <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />
dispersão por longa distância. No primeiro, uma alta improbabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>riva do longo tempo transcorrido, e a relativamente baixa<br />
diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> do táxon refleti<strong>da</strong> em sua distribuição <strong>de</strong>scontínua.<br />
O segundo também é altamente improvável, em consequência <strong>da</strong><br />
imensidão a percorrer nesta rota <strong>de</strong> dispersão, e a associa<strong>da</strong> suposta<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que o trânsito tenha se <strong>da</strong>do várias vezes. Do contrário,<br />
se estaria postulando o surgimento <strong>de</strong> uma nova espécie a partir <strong>de</strong><br />
um único evento fortuito <strong>de</strong> dispersão por apenas um, ou alguns<br />
poucos indivíduos. Por mais improvável que aparente ser, é possível<br />
que esse capítulo <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> biota marinha brasileira não seja<br />
totalmente fictício (p.ex. artefato <strong>da</strong> análise filogenética), uma vez que<br />
outros gêneros ilustram afini<strong>da</strong><strong>de</strong>s semelhantes.<br />
26. Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)<br />
Morfologia<br />
Base espessa (até 1–2 cm), maciça, <strong>da</strong><br />
qual se projetam fístulas cegas <strong>de</strong> contorno<br />
irregular, isola<strong>da</strong>s ou variavelmente<br />
fusiona<strong>da</strong>s, com até 12x2 cm (altura vs.<br />
maior diâmetro), porém geralmente<br />
não ultrapassando 6x0,7 cm. Cor em<br />
vi<strong>da</strong> branco-amarelado, amarelo-claro,<br />
um pouco translúci<strong>da</strong> nas fístulas. No<br />
etanol mantém praticamente a mesma<br />
coloração. Textura <strong>da</strong> fístula levemente<br />
áspera ao toque, e a <strong>da</strong> base variando <strong>de</strong><br />
acordo com a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sedimento<br />
a<strong>de</strong>rido. A superfície é lisa, levemente<br />
híspi<strong>da</strong>. Ósculos não visíveis nem no<br />
campo nem após a coleta. Consistência<br />
<strong>da</strong>s fístulas macia e elástica, e <strong>da</strong> base<br />
quebradiça, com algumas porções mais<br />
rígi<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>vido à incorporação <strong>de</strong> sedimento.<br />
Esqueleto ectossomal uma confusa<br />
reticulação tangencial, sustenta<strong>da</strong><br />
por espículas <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s na base <strong>da</strong><br />
esponja. Esqueleto coanossomal <strong>de</strong>nso,<br />
confuso, com <strong>de</strong>smas na região subectossomal<br />
<strong>da</strong> porção basal <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Nas fístulas observam-se tufos <strong>de</strong> óxeas<br />
vagos, porém <strong>de</strong>nsos, perpendiculares à<br />
superfície. Uma cama<strong>da</strong> <strong>de</strong>scontínua <strong>de</strong><br />
óxeas tangenciais reveste a luz <strong>da</strong>s fístulas.<br />
Espículas: óxeas, 392–614 / 8–21 μm;<br />
<strong>de</strong>smas, 384–726 (comprimento total) /<br />
80–213 (comprimento <strong>da</strong> epirráb<strong>de</strong>) /<br />
26–51 (diâmetro <strong>da</strong> epirráb<strong>de</strong>) / 130–375<br />
μm (comprimento dos cládios); ráfi<strong>de</strong>s,<br />
221–307 μm.<br />
126 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s (van Soest & Zea, 1986)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Mai/2008.<br />
Ecologia<br />
Fixa<strong>da</strong> em substrato duro sob cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
areia <strong>de</strong> espessura variável (2–10 mm).<br />
Comum no infralitoral raso <strong>de</strong> Salvador<br />
próximo à abertura <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos (2–17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>) e no<br />
Litoral Norte (Mata <strong>de</strong> São João, 21 m).<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Saba, Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> [PE,<br />
Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Mata <strong>de</strong> São<br />
João, Salvador), RJ].<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
No <strong>de</strong>talhe, uma <strong>de</strong>sma.<br />
A, óxeas; B, <strong>de</strong>smas; C, ráfi<strong>de</strong>s.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
127
27. Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001<br />
Morfologia<br />
Forma maciça, irregular, com base espessa<br />
(0,5–2 cm) e projeções baixas, irregulares.<br />
Por vezes apresentam pequenas projeções<br />
fistulares (8 / 1 mm). Cor em vi<strong>da</strong><br />
amarelo, esmaecendo consi<strong>de</strong>ravelmente<br />
no álcool. Superfície híspi<strong>da</strong>, com projeções<br />
conulosas e verrucosas. Ósculos<br />
apicais, raros, com 3–4 mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Consistência mais firme na base que nas<br />
projeções. Esqueleto ectossomal uma reticulação<br />
tangencial <strong>de</strong> óxeas, irregular,<br />
com alguns feixes sinuosos pauciespiculares<br />
<strong>de</strong>stas mesmas espículas. Esqueleto<br />
coanossomal com feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />
sinuosos, que atravessam o ectossoma<br />
projetando-se no interior dos cônulos e<br />
frequentemente perfurando a superfície.<br />
Desmas isola<strong>da</strong>s estão presentes nas<br />
porções mais internas <strong>da</strong> esponja. Espículas:<br />
óxeas (por vezes estilos e estrôngilos),<br />
199–1020 / 5–25 μm; <strong>de</strong>smas, 278–557 μm<br />
(comprimento total). Micróxeas, possivelmente<br />
rugosas, ocorrem mas não está claro<br />
se são próprias, 73–75 / < 1 μm.<br />
Ecologia<br />
Espécie aparentemente rara na Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos, ocorrendo em substrato<br />
duro recoberto por fina cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
areia. Os espécimes observados, todos<br />
próximos à abertura <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos, ocorriam em 6–17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Distribuição<br />
Endêmica do <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ,<br />
SP, SC].<br />
128 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Petromica citrina Muricy, Hajdu, Minervino, Ma<strong>de</strong>ira & Peixinho, 2001<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. O espécime tem 5,5 cm <strong>de</strong><br />
largura na horizontal.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
No <strong>de</strong>talhe, uma <strong>de</strong>sma.<br />
A, óxeas e suas modificações a<br />
estilos e estrôngilos; B, <strong>de</strong>sma.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/<br />
Jun/2004.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
129
Gênero Topsentia Berg, 1899<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 34 espécies no mundo, apenas uma encontra<strong>da</strong><br />
no <strong>Brasil</strong>.<br />
28. Topsentia ophiraphidites (<strong>de</strong> Laubenfels, 1934)<br />
Morfologia<br />
Esponja maciça, <strong>de</strong> forma varia<strong>da</strong>. Foram<br />
observados espécimes em cama<strong>da</strong><br />
espessa (até 20 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo),<br />
com projeções cilíndricas robustas, curtas<br />
(até 3 cm <strong>de</strong> comprimento) e sinuosas,<br />
com ramas rasteiras irregulares, ou<br />
sem quaisquer projeções; e outros, eretos<br />
(até 20 / 10 cm), lobulares <strong>de</strong> seção irregular,<br />
com projeções apicais longas, <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s<br />
e <strong>de</strong> ápice afilado (até 10 / 1 cm).<br />
Cor externa em vi<strong>da</strong>, branca a vermelho<br />
escuro (vinho tinto), ambas po<strong>de</strong>ndo ser<br />
a tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> majoritária. Espécimes acinzentados<br />
também foram vistos. Internamente<br />
a coloração é esbraquiça<strong>da</strong>. No<br />
álcool torna-se bege, com a maioria <strong>da</strong>s<br />
manchas <strong>de</strong>saparecendo por completo.<br />
Superfície microhíspi<strong>da</strong> com relevo oscilando<br />
do quase liso ao monticulado. Ósculos<br />
pequenos (2–5 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />
dispersos, rasteiros ou situados no topo<br />
<strong>de</strong> pequenas projeções vulcaniformes.<br />
Consistência firme, quebradiça, apenas<br />
levemente compressível nas porções maciças.<br />
Mais frágil nas fístulas. Esqueleto<br />
ectossomal formado por tufos <strong>de</strong> óxeas<br />
frouxos e justapostos. Esqueleto coanossomal<br />
<strong>de</strong>nso e confuso. Espículas: óxeas,<br />
239–1126 / 7–30 μm.<br />
Ecologia<br />
Topsentia ophiraphidites foi encontra<strong>da</strong><br />
em substratos duros <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />
os Santos, nas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 5–16 m.<br />
Alguns espécimes foram observados em<br />
locais com alta sedimentação, tendo em<br />
alguns casos pouco mais que suas fístulas<br />
livres <strong>de</strong> uma capa <strong>de</strong> sedimento fino.<br />
Epibiontes diversos pu<strong>de</strong>ram ser observados<br />
por vezes, especialmente tunicados<br />
e outras esponjas. A espécie po<strong>de</strong> ser<br />
encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
130 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Topsentia ophiraphidites (<strong>de</strong> Laubenfels, 1934)<br />
A, óxeas.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Bahamas, Cuba, Belize, Ilhas Cayman,<br />
Jamaica, República Dominicana, Porto<br />
Rico, Barbados, Colômbia, Venezuela,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [MA, CE,<br />
RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PE, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
BA (Salvador), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />
Quebramar Norte, Salvador, 8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. Esponja ereta,<br />
branca, com sua meta<strong>de</strong> inferior recoberta<br />
por epibiontes e sedimento.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
131
Or<strong>de</strong>m Poeciloscleri<strong>da</strong> Topsent 1928<br />
Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864) – naufrágio<br />
Blackad<strong>de</strong>r, Praia <strong>de</strong> Boa Viagem (Salvador), aprox. 8,0 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.
Subor<strong>de</strong>m Microcionina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />
Família Microcioni<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Gênero Clathria Schmidt, 1862<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 350 espécies no mundo, <strong>da</strong>s<br />
quais <strong>de</strong>z ocorrem no <strong>Brasil</strong>. As duas espécies apresenta<strong>da</strong>s a seguir<br />
são novos registros para a <strong>Bahia</strong> e para o <strong>Brasil</strong>. Outras duas espécies<br />
foram registra<strong>da</strong>s para o Estado <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, C. calypso Boury-Esnault,<br />
1973 e C. procera (Ridley, 1884). Esta última espécie, originalmente<br />
encontra<strong>da</strong> na Austrália, é muito provavelmente um registro equivocado<br />
para o <strong>Brasil</strong>. A opção <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> uma espécie invasora, lá ou cá,<br />
só <strong>de</strong>ve ser aventa<strong>da</strong> uma vez que se proce<strong>da</strong> à revisão <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
populações oriun<strong>da</strong>s <strong>de</strong>stas e <strong>de</strong> outras locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a espécie já<br />
foi registra<strong>da</strong> (p.ex. África do Sul, Seychelles, Mar Vermelho, Índia, Sri<br />
Lanka, Indonésia, Havaí).<br />
29. Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936)<br />
Morfologia<br />
Incrustante à maciça, po<strong>de</strong>ndo ultrapassar<br />
1 cm <strong>de</strong> espessura e recobrir áreas<br />
superiores a 30x15 cm. Cor em vi<strong>da</strong><br />
vermelha escarlate, passando a bege<br />
acinzenta<strong>da</strong> no álcool. Superfície lisa<br />
à monticula<strong>da</strong>, com ósculos (1–3 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro) dispersos, rasteiros ou<br />
situados no topo <strong>de</strong> pequenas projeções<br />
vulcaniformes. Consistência macia. Es-<br />
queleto ectossomal composto por uma<br />
<strong>de</strong>nsa paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> buquês justapostos <strong>de</strong><br />
subtilóstilos auxiliares. Esqueleto coanossomal<br />
com feixes ascen<strong>de</strong>ntes plumorreticulados<br />
<strong>de</strong> subtilóstilos principais,<br />
equinados por acantóstilos acessórios.<br />
Espículas: subtilóstilos principais,<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
133
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4,6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 13/Dez/2007.<br />
430–500 / 5 μm; subtilóstilos auxiliares,<br />
190–230 / 3,5 μm; acantóstilos acessórios,<br />
60–80 / 10–12 μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s<br />
I, 15–27 μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s II,<br />
9–12 μm; toxas, 10–34 μm.<br />
Ecologia<br />
Observa<strong>da</strong> na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos,<br />
po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas<br />
urbanas <strong>de</strong> Salvador, sobre substrato<br />
duro, em locais com boa circulação <strong>de</strong><br />
água (correntes <strong>de</strong> maré), em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> 3–13 m, on<strong>de</strong> é relativamente<br />
comum.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, Belize,<br />
Panamá, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
(BA – Salvador).<br />
Arquitetura<br />
esquelética em seção<br />
transversal.<br />
134 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Clathria schoenus (<strong>de</strong> Laubenfels, 1936)<br />
Eletromicrografias do componente<br />
espicular: A, subtilóstilo principal;<br />
B, base <strong>de</strong> um subtilóstilo auxiliar;<br />
C, acantóstilos acessórios; D,<br />
isoquelas I; E, isoquelas II; F, toxas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
135
30. Clathria venosa (Alcolado, 1984)<br />
Morfologia<br />
Incrustante à maciça, po<strong>de</strong>ndo ultrapassar<br />
1 cm <strong>de</strong> espessura e recobrir áreas superiores<br />
à 40x40 cm. Cor em vi<strong>da</strong> branca<br />
acinzenta<strong>da</strong>, passando a bege no álcool.<br />
Superfície lisa, <strong>de</strong> textura avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
com finos canais radiais convergindo<br />
para os ósculos (1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />
que estão dispersos, situados no topo<br />
<strong>de</strong> pequenas chaminés membranosas.<br />
Aberturas inalantes abun<strong>da</strong>ntes, formando<br />
uma microrreticulação na superfície<br />
<strong>da</strong> esponja. Consistência macia,<br />
frágil. Esqueleto ectossomal composto<br />
por buquês justapostos e entrecruzados<br />
<strong>de</strong> subtilóstilos auxiliares. Esqueleto<br />
coanossomal com feixes sinuosos ascen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> subtilóstilos principais,<br />
com acantóstilos acessórios localizados<br />
prepon<strong>de</strong>rantemente junto à placa basal<br />
<strong>de</strong> espongina. Espículas: estilos (a subtilóstilos)<br />
principais, 150–256 / 5–7 μm;<br />
subtilóstilos auxiliares I, 198–302 / 4–5<br />
μm; subtilóstilos auxiliares II, 90–153 /<br />
2 μm; acantóstilos acessórios, 40–72 / 3–5<br />
μm; isoquelas palma<strong>da</strong>s, 4–10 μm; toxas<br />
I, 106–294 μm; toxas II, 6–10 μm.<br />
Comentários<br />
No Caribe C. venosa é aparentemente<br />
oportunista, com maiores abundâncias<br />
registra<strong>da</strong>s em ambientes alterados e<br />
expostos a enriquecimento orgânico.<br />
Nestes locais, sua cor prevalescente inclui<br />
diversos tons <strong>de</strong> laranja.<br />
Ecologia<br />
Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos é comum em<br />
substratos duros, naturais e artificiais<br />
próximos à abertura <strong>da</strong> baía, <strong>da</strong> região<br />
entre marés à 3-4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A<br />
espécie ocorre em abundância, próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Cuba, Belize, Martinica, Panamá, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (BA – Salvador).<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010.<br />
136 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010. Outras esponjas ao fundo são<br />
Desmapsamma anchorata (rosa<strong>da</strong>) e Te<strong>da</strong>nia ignis (avermelha<strong>da</strong>).<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
A, subtilóstilo principal; B, subtilóstilo<br />
auxiliar I; C, subtilóstilo auxiliar II, e <strong>de</strong>talhe<br />
<strong>de</strong> sua base; D, acantóstilo acessório; E,<br />
isoquela palma<strong>da</strong>; F, toxas I; G, toxa II.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
137
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Raspailii<strong>da</strong>e Hentschel, 1923<br />
Gênero Echinodictyum Ridley, 1881<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 29 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas ocorrem<br />
no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />
31. Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983<br />
Morfologia<br />
Forma arbustiva, mais comumente alonga<strong>da</strong>,<br />
cavernosa, com até 15 cm <strong>de</strong> altura,<br />
mas frequentemente não ultrapassando<br />
os 10 cm. Consistência firme porém compressível<br />
e elástica. Cor em vi<strong>da</strong> marrom–<br />
escuro a preto externamente e marrom–<br />
amarelado internamente. No fixador, a<br />
cor permanece marrom–escura por fora e<br />
mais clara por <strong>de</strong>ntro. Superfície irregular,<br />
<strong>de</strong>vido às projeções <strong>da</strong>s terminações<br />
<strong>da</strong>s fibras coanossomais. Ósculos circu-<br />
lares com cerca <strong>de</strong> 3 mm <strong>de</strong> diâmetro, e<br />
localiza<strong>da</strong>s no topo <strong>de</strong> chaminés membranosas.<br />
Arquitetura ectossomal composta<br />
por cama<strong>da</strong> <strong>de</strong>lga<strong>da</strong> <strong>de</strong> óxeas tangenciais<br />
dispostas confusamente em uma fina<br />
membrana, separa<strong>da</strong> do sistema esquelético<br />
coanossomal por um <strong>de</strong>lgado lençol<br />
aquífero. Coanossoma com reticulação<br />
<strong>de</strong> feixes multiespiculares <strong>de</strong> óxeas, com<br />
diâmetro <strong>de</strong> até 300 μm na região periférica<br />
<strong>da</strong> esponja. Estes feixes estão equinados<br />
por acantóstilos, mais frequentes<br />
Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009. A esponja<br />
azula<strong>da</strong> ao fundo é uma Mycale angulosa.<br />
138 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s Hechtel, 1983<br />
na região periférica, com seus ápices perfurando<br />
levemente a superfície ou situados<br />
logo abaixo <strong>de</strong>sta. Espículas: estilos,<br />
650–1138 / 5–10 μm; óxeas, 183–691 / 3–8<br />
μm; acantóstilos, 80–121 / 5–7 μm.<br />
Distribuição<br />
Endêmica do <strong>Brasil</strong> [CE, RN, PE, AL, BA<br />
(Salvador), RJ].<br />
Ecologia<br />
Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s é relativamente<br />
rara no infralitoral <strong>de</strong> costões rochosos <strong>da</strong><br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, e po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />
Salvador. Os maiores espécimes observados<br />
ocorriam no Canal <strong>de</strong> Itaparica. A<br />
espécie assemelha-se quanto ao hábito a<br />
Pan<strong>da</strong>ros sp., registra<strong>da</strong> para o Rio Gran<strong>de</strong><br />
do Norte. Porém, ao microscópio é facilmente<br />
distinguível pela posse <strong>de</strong> estilos<br />
que ultrapassam os 1000 μm <strong>de</strong> comprimento,<br />
ao passo que a espécie potiguar<br />
apresenta como suas maiores megascleras,<br />
óxeas pouco maiores que 500 μm.<br />
A, estilo; B, óxeas; C, acantóstilo.<br />
Arquitetura<br />
esquelética em seção<br />
transversal.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
139
Gênero Ectyoplasia Topsent, 1930<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> quatro espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s quais<br />
ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
32. Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça com projeções vulcaniformes,<br />
no topo <strong>da</strong>s quais se situam os ósculos,<br />
caracteristicamente circun<strong>da</strong>dos por<br />
um anel <strong>de</strong> pigmentação mais clara. Os<br />
espécimes po<strong>de</strong>m alcançar mais <strong>de</strong> 40 cm<br />
<strong>de</strong> comprimento e 15 a 20 cm <strong>de</strong> largura,<br />
e a espessura, frequentemente supera os<br />
4 cm. A consistência é macia, compressível,<br />
e a superfície é lisa, com textura<br />
avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>, estando perfura<strong>da</strong> por miría<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> aberturas inalantes. Os ósculos<br />
possuem 2 à 5 mm <strong>de</strong> diâmetro. A coloração<br />
em vi<strong>da</strong> é um laranja–avermelhado<br />
ou amarronzado que lembra cor <strong>de</strong><br />
telhas <strong>de</strong> barro. No fixador os espécimes<br />
tornam–se beges. Esqueleto ectossomal<br />
indistinto do coanossomal, perfurando<br />
levemente a superfície. Coanossoma formado<br />
por feixes paucispiculares ascen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> subtilóstilos/rabdóstilos, com<br />
pouca ramificação e anastomoses. Em alguns<br />
trechos a espongina envolve completamente<br />
as espículas. Megascleras<br />
são estilos com algumas modificações a<br />
óxeas, 250–410 / 5–20μm.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
13/Dez/2007.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />
140 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Ectyoplasia ferox (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
Ecologia<br />
Ectyoplasia ferox é relativamente rara<br />
na <strong>Bahia</strong>. Na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos<br />
foi observa<strong>da</strong> mais frequentemente em<br />
pare<strong>de</strong>s verticais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rochas, em<br />
locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> espécies. A<br />
espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
A, estilos.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, México,<br />
Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />
Dominicana, Ilhas Virgens, Barbados,<br />
Belize, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [CE, Atol<br />
<strong>da</strong>s Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, BA<br />
(Salvador), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />
Quebramar N (Salvador), 5, 0 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
141
Gênero Thrinacophora Ridley, 1885<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> sete espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s<br />
quais ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
33. Thrinacophora funiformis (Ridley & Dendy, 1886)<br />
Morfologia<br />
Forma alonga<strong>da</strong>, cilíndrica (como uma<br />
cor<strong>da</strong>), mas levemente fusiforme, afilando<br />
rumo ao ápice. A esponja se <strong>de</strong>ita sobre<br />
o substrato ao sabor <strong>da</strong>s correntes <strong>de</strong><br />
maré. Os indivíduos po<strong>de</strong>m alcançar 40<br />
cm <strong>de</strong> comprimento e ser compostos <strong>de</strong><br />
várias projeções alonga<strong>da</strong>s (“cor<strong>da</strong>s”),<br />
ramifica<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> uma base comum,<br />
Prancha XXIV <strong>de</strong> Ridley & Dendy (1887) –<br />
as três esponjas alonga<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> superfície<br />
erissa<strong>da</strong> representam o material tipo <strong>da</strong><br />
espécie apresenta<strong>da</strong> aqui.<br />
com até 3 cm <strong>de</strong> diâmetro ca<strong>da</strong> projeção.<br />
Sua consistência é flexível e bastante<br />
compressível em vi<strong>da</strong>, adquirindo maior<br />
firmeza quando contraídos após a coleta.<br />
Sua superfície é irregular, salpica<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
inúmeras projeções acantosas. Ósculos<br />
não são visíveis nos espécimes fixados. A<br />
cor em vi<strong>da</strong> é um laranja–avermelhado,<br />
tornando–se bege ou marrom–escuro<br />
no fixador. Seu esqueleto coanossomal<br />
é composto <strong>de</strong> um eixo central longitudinal<br />
com uma <strong>de</strong>nsa reticulação <strong>de</strong><br />
óxeas curtas sem espongina aparente, e<br />
um arranjo extra–axial plumoso/radial<br />
<strong>de</strong> feixes paucispiculares <strong>de</strong> estilos e<br />
anisóxeas longos, que se projeta através<br />
<strong>da</strong> superfície, conferindo–lhe o aspecto<br />
acantoso mencionado. Circun<strong>da</strong>ndo os<br />
feixes, próximo à superfície, buquês eretos,<br />
ou quase, <strong>de</strong> estilos ectossomais. Espículas:<br />
estilos I, 840–1260 / 10–20 μm;<br />
anisóxeas, 960–1400 / 15–25 μm (possivelmente<br />
pertencentes à mesma classe<br />
espicular dos estilos); estilos II, 410–480<br />
/ 5–10 μm; óxeas, 260–490 / 10–20 μm;<br />
tricodragmas, 51–81 / 8 – 16 μm.<br />
Ecologia<br />
Thrinacophora funiformis só foi observa<strong>da</strong><br />
no Canal <strong>de</strong> Itaparica, ao largo <strong>de</strong><br />
Jiribatuba, em uma locali<strong>da</strong><strong>de</strong> submeti<strong>da</strong><br />
a intenso fluxo <strong>de</strong> maré, alta turbi<strong>de</strong>z<br />
e associa<strong>da</strong> farta alimentação, on<strong>de</strong><br />
142 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Thrinacophora funiformis (Ridley & Dendy, 1886)<br />
ocorreu apenas nos primeiros metros<br />
do infralitoral. Neste local a espécie é<br />
bastante abun<strong>da</strong>nte.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Colômbia). <strong>Brasil</strong> (BA –<br />
Nazaré).<br />
A, estilo I e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />
B, estilo II e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;<br />
C, óxeas; D, ráfi<strong>de</strong>s em tricodragmas.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
Barra do Jacuruna (Nazaré), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Jun/2004. Gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> material em suspensão <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> maré<br />
vazante e proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> a manguesais.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
143
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Subor<strong>de</strong>m Myxillina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />
Família Coelosphaeri<strong>da</strong>e Dendy, 1922<br />
Gênero Lisso<strong>de</strong>ndoryx Topsent, 1892<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais três<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Foram encontra<strong>da</strong>s duas espécies na <strong>Bahia</strong>, uma <strong>da</strong>s<br />
quais é apresenta<strong>da</strong> aqui. A espécie adicional, <strong>de</strong> coloração rosa<strong>da</strong> em<br />
vi<strong>da</strong>, é uma Lisso<strong>de</strong>ndoryx sp. coleta<strong>da</strong> em Salvador.<br />
34. Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis (Carter, 1882)<br />
Morfologia<br />
Esponja incrustante, o único exemplar<br />
observado não ultrapassando 6 cm <strong>de</strong><br />
diâmetro, <strong>de</strong> cor azul cobalto em vi<strong>da</strong><br />
e branco acinzentado no fixador. Superfície<br />
com características áreas porais em<br />
<strong>de</strong>pressões (crivos, cribriporos) e abun<strong>da</strong>ntes<br />
ósculos (1–3 mm <strong>de</strong> diâmetro).<br />
Consistência macia, frágil. Arquitetura<br />
ectossomal constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> tufos <strong>de</strong> tilotos.<br />
Coanossoma com uma reticulação <strong>de</strong><br />
estilos. Microscleras dispersas por to<strong>da</strong> a<br />
esponja. Espículas: tilotos, 182–228 / 5<br />
μm; estilos, 157–190 / 2,5–5 μm; sigmas,<br />
16–21 μm; isoquelas, 21–26 μm.<br />
Ecologia<br />
O espécime observado incrustava a superfície<br />
superior, irregular, exposta à luz,<br />
<strong>de</strong> uma placa rígi<strong>da</strong>, aparentemente <strong>de</strong><br />
recife algálico. O mesmo encontrava-se<br />
entremeado a pólipos <strong>de</strong> zoantí<strong>de</strong>os, em<br />
uma profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 m.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Belize, Panamá, Colômbia,<br />
Venezuela). <strong>Brasil</strong> (PE, AL, BA - Salvador).<br />
Registros <strong>da</strong> espécie para outros mares e<br />
oceanos precisam ser confirmados.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal (acima) e tangencial (abaixo).<br />
144 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />
A, tiloto; B, estilo; C, sigma; D, isoquela<br />
arcua<strong>da</strong>.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
145
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Crambei<strong>da</strong>e Lévi,1963<br />
Gênero Monanchora Carter, 1883<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas foram<br />
registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Entretanto, o gênero foi revisto em escala<br />
mundial no âmbito <strong>de</strong> uma Tese <strong>de</strong> Doutorado, on<strong>de</strong> foi constata<strong>da</strong> a<br />
existência <strong>de</strong> diversas espécies novas no <strong>Brasil</strong>, inclusive na <strong>Bahia</strong>, e<br />
no mundo.<br />
35. Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma variando <strong>de</strong> finamente incrustante,<br />
com pequenas elevações cônicas digitiformes<br />
ou vulcaniformes dispersas, a<br />
capas mais espessas com cristas e sulcos,<br />
ou mesmo formas ramifica<strong>da</strong>s ou eretas,<br />
com variados graus <strong>de</strong> fusão dos ramos.<br />
Alguns espécimes recobrem mais <strong>de</strong> 1<br />
m 2 , porém a maioria não ultrapassa os 20<br />
cm <strong>de</strong> diâmetro. A cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />
vermelha–carmim ou vermelha–<br />
alaranja<strong>da</strong>, mas espécimes amarelados,<br />
quase brancos também existem. A superfície<br />
é lisa e costuma apresentar uma<br />
marca registra<strong>da</strong> <strong>da</strong> espécie, seus canais<br />
vermelhos, ou mais frequentemente, esbranquiçados.<br />
Estes canais, mais nítidos<br />
em espécimes carmim, convergem em<br />
padrão estrelado aos ósculos <strong>da</strong> esponja<br />
(diâmetro, 1–3 mm), dispersos na superfície.<br />
A consistência é macia e facilmente<br />
rasgável. A arquitetura coanossomal compreen<strong>de</strong><br />
megascleras mais robustas com<br />
suas bases inseri<strong>da</strong>s em lâmina basal <strong>de</strong><br />
espongina, a partir <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
<strong>da</strong> espessura do espécime, po<strong>de</strong>m partir<br />
feixes espiculares ascen<strong>de</strong>ntes, com espongina<br />
bem visível, especialmente em<br />
suas porções mais basais. Por cima <strong>de</strong>stes,<br />
as mesmas megasleras po<strong>de</strong>m estar dispostas<br />
aleatoriamente. Em espécimes mais<br />
espessos, estes feixes se ramificam e anastomosam,<br />
formando uma plumorreticulação<br />
coanossomal. O esqueleto ectossomal<br />
situa-se sobre as terminações dos feixes<br />
coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes, e constitui-se<br />
<strong>de</strong> tufos ou pequenos feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> megascleras mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s. Isoquelas<br />
unguifera<strong>da</strong>s são muito raras, e sigmói<strong>de</strong>s<br />
relativamente comuns. Espículas: subtilóstilos<br />
coanossomais, 181–412 / 5–10 μm;<br />
subtilóstilos ectossomais, 191–342 / 2–5<br />
μm; isoquelas unguifera<strong>da</strong>s, 18–25 μm;<br />
isoquelas sigmói<strong>de</strong>s, 9–13 μm.<br />
Comentários<br />
Estudos químico–farmacológicos revelaram<br />
que esta espécie é possuidora <strong>de</strong><br />
toxinas po<strong>de</strong>rosas, com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s antibacteriana,<br />
antimicobacteriana (contra<br />
o bacilo <strong>da</strong> tuberculose) e citotóxica. A<br />
espécie po<strong>de</strong>, às vezes, ser confundi<strong>da</strong><br />
com Desmapsamma anchorata (ver abaixo)<br />
por seu hábito. Ao microscópio, po<strong>de</strong><br />
ser confundi<strong>da</strong> com espécies do gênero<br />
Desmacella Schmidt, 1870, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
rari<strong>da</strong><strong>de</strong> ou até mesmo ausência <strong>de</strong> suas<br />
isoquelas ancora<strong>da</strong>s, bem como ocasional<br />
dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no reconhecimento <strong>de</strong> uma<br />
Praia <strong>da</strong> Paciência (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
01/Dez/2006."<br />
146 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
147
Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
<strong>da</strong>s categorias <strong>de</strong> megascleras. Um observador<br />
incauto po<strong>de</strong> ter a falsa impressão<br />
<strong>de</strong> estar frente a uma esponja com<br />
uma única categoria <strong>de</strong> (sub)tilóstilos<br />
como megascleras e uma <strong>de</strong> sigmas, na<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong> isoquelas sigmói<strong>de</strong>s, como microscleras.<br />
Ecologia<br />
Monanchora arbuscula é muito comum<br />
em Salvador e Abrolhos. Ocorre nos substratos<br />
mais diversificados, tais como<br />
rochas areníticas, graníticas, cascos sossobrados<br />
<strong>de</strong> embarcações e ampla gama<br />
<strong>de</strong> substratos calcários. É conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
faixa infralitoral dos 2 aos 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Formas incrustantes são<br />
prepon<strong>de</strong>rantes em águas mais rasas,<br />
e as ramosas em águas mais fun<strong>da</strong>s. A<br />
espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> em gran<strong>de</strong><br />
abundância nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas<br />
urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica,<br />
República Dominicana, Porto Rico, Ilhas<br />
Virgens, México, Belize, Costa Rica,<br />
Panamá, Barbados, Colômbia, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [PA, CE, PE, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador, Belmonte,<br />
Abrolhos), RJ, SP].<br />
Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />
148 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 9 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
11/Dez/2007.<br />
A, subtilóstilo coanossomal; B,<br />
subtilóstilo ectossomal; C, isoquela<br />
unguifera<strong>da</strong>; D, isoquela sigmói<strong>de</strong>.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
149
Monanchora arbuscula (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 07/<br />
Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G. LOBO-<br />
HAJDU.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
150 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Desmacidi<strong>da</strong>e Schmidt, 1870<br />
Gênero Desmapsamma Burton, 1934<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> três espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s quais<br />
ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
36. Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />
Morfologia<br />
Forma ramosa com ramos cilíndricos irregulares<br />
(até 60x3 cm), ou maciça em cristas,<br />
recobrindo até 40x40 cm. As primeiras<br />
são características <strong>de</strong> locais abrigados,<br />
enquanto as últimas se observam em ambientes<br />
sujeitos a maior hidrodinamismo.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> é vermelha–rosa<strong>da</strong> externamente,<br />
por vezes quase branca, e avermelha<strong>da</strong><br />
por <strong>de</strong>ntro. No fixador torna–se<br />
bege. Alguns espécimes apresentam canais<br />
esbranquiçados na superfície, que é<br />
lisa e avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Ósculos se dispõem nos<br />
ápices <strong>da</strong>s ramificações ou sobre pequenas<br />
elevações nas formas maciças. Consistência<br />
macia, facilmente rasgável. Arquitetura<br />
ectossomal composta por uma<br />
<strong>de</strong>nsa reticulação <strong>de</strong> óxeas avulsas<br />
ou em feixes, acresci<strong>da</strong> <strong>de</strong> variável<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> areia e<br />
espículas exógenas. Esqueleto<br />
coanossomal reticulado a plumorreticulado<br />
formado por feixes multiespiculares<br />
irregulares e óxeas avulsas, com malhas<br />
<strong>de</strong> formas e dimensões varia<strong>da</strong>s. Alguns<br />
feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes são reconhecíveis,<br />
e areia está presente em pequena<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>. Espículas: óxeas, 127–198 /<br />
2,5–5 μm; isoquelas ancora<strong>da</strong>s I, 15–21<br />
μm; isoquelas ancora<strong>da</strong>s II, 7–12 μm; sigmas<br />
I, 35–40 μm; sigmas II, 8–20 μm.<br />
Comentários<br />
Alguns espécimes po<strong>de</strong>m apresentar um<br />
sistema <strong>de</strong> canais na superfície que lembra<br />
o aspecto <strong>de</strong> Monanchora arbuscula (ver<br />
acima). Porém o contraste entre um ectossoma<br />
claro e coanossoma vermelho normalmente<br />
<strong>de</strong>nota tratar-se <strong>de</strong> D. anchorata.<br />
Em alguns casos, a certeza na i<strong>de</strong>ntificação<br />
só se consegue no laboratório, com estudo<br />
do componente espicular.<br />
Ecologia<br />
Desmapsamma anchorata é uma <strong>da</strong>s esponjas<br />
mais abun<strong>da</strong>ntes na Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> com<br />
facili<strong>da</strong><strong>de</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />
Salvador. Po<strong>de</strong> estar firmemente a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong><br />
ao substrato, formar projeções flamulantes<br />
ao sabor <strong>da</strong>s correntes, ou, por vezes<br />
Quebramar Norte (Salvador), 3-5 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
151
Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />
ain<strong>da</strong>, recobrir seus vizinhos através <strong>de</strong><br />
um crescimento reptante, sendo uma <strong>da</strong>s<br />
principais esponjas epibiontes sobre outros<br />
organismos (inclusive outras esponjas).<br />
A espécie foi observa<strong>da</strong> do entremarés<br />
até 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas em<br />
outros estados já foi coleta<strong>da</strong> abaixo dos<br />
20 m. Estudos recentes i<strong>de</strong>ntificaram D.<br />
anchorata como sendo uma <strong>da</strong>s esponjas<br />
preferi<strong>da</strong>s na dieta do peixe-anjo Holacanthus<br />
tricolor em Salvador.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, República<br />
Dominicana, Antigua, Barbados,<br />
Belize, Costa Rica, Panamá, Colômbia,<br />
Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
[RN, PE, <strong>Bahia</strong> (Salvador, Itaparica,<br />
Vera Cruz), RJ]. Há também uma série <strong>de</strong><br />
registros para os Oceanos Índico e Pacífico<br />
que carecem <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> sua<br />
coespecifici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />
152 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal.<br />
Arquitetura esquelética em seção tangencial.<br />
A, óxea; B, sigma I; C, sigma II; D,<br />
isoquela ancora<strong>da</strong> I; E, isoquela ancora<strong>da</strong> II.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
153
Desmapsamma anchorata (Carter, 1882)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 01/Dez/2010.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />
154 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Iotrochoti<strong>da</strong>e Dendy, 1922<br />
Gênero Iotrochota Ridley, 1884<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 14 espécies no mundo, apenas uma <strong>da</strong>s<br />
quais ocorre no <strong>Brasil</strong>. A espécie I. bistylata Boury-Esnault, 1973,<br />
originalmente registra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Sergipe e <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, é atualmente<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> sinônima <strong>de</strong> I. birotulata (<strong>de</strong>scrita a seguir).<br />
37. Iotrochota birotulata (Higgin, 1877)<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante à maciça ou ereta com<br />
projeções alonga<strong>da</strong>s irregulares. Consistência<br />
firme nos espécimes maciços e<br />
eretos. Superfície irregular <strong>de</strong>vido à projeção<br />
<strong>de</strong> feixes espiculares subjacentes,<br />
com padrão <strong>de</strong> cristas e sulcos. Cor<br />
em vi<strong>da</strong> preto, por vezes com nuances<br />
ver<strong>de</strong>–escuras ou amarelas. No fixador,<br />
torna–se roxo mais ou menos escuro. Esqueleto<br />
ectossomal composto <strong>de</strong> espículas<br />
dispersas e alguns feixes irregulares.<br />
Coanossoma com reticulação <strong>de</strong> feixes<br />
multiespiculares, com maior ou menor<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina. Espículas<br />
dispersas também abun<strong>da</strong>m no coanossoma,<br />
e uma <strong>de</strong>nsa pigmentação escura<br />
dificulta a visualização dos padrões com<br />
clareza. A abundância <strong>de</strong> birrótulas é<br />
variável, porém frequentemente muito<br />
baixa. Espículas: estrôngilos, 93–216 /<br />
3-7 μm; estilos, 133–226 / 4–5 μm; birrótulas,<br />
11–22 μm.<br />
Ecologia<br />
Iotrochota birotulata é relativamente rara<br />
em águas rasas <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. A espécie integra<br />
a dieta do ouriço-satélite, Euci<strong>da</strong>ris<br />
tribuloi<strong>de</strong>s (Lamarck, 1816), em Salvador.<br />
Iate Clube (Salvador), 3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
04/Dez/2006.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
155
Iotrochota birotulata (Higgin, 1877)<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />
Ilhas Cayman, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Barbados, México,<br />
Belize, Costa Rica, Colômbia, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela). <strong>Brasil</strong> [PE, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, AL, SE, BA (Salvador,<br />
Belmonte)].<br />
A, estrôngilo; B, estilo; C, birrótula.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 7,9 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.<br />
156 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Te<strong>da</strong>nii<strong>da</strong>e Ridley & Dendy, 1886<br />
Gênero Te<strong>da</strong>nia Gray, 1867<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>, e uma está cita<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong>. Há um morfotipo<br />
em Salvador que po<strong>de</strong>ria se tratar <strong>de</strong> uma segun<strong>da</strong> espécie. Sua<br />
espiculação, à primeira vista, é idêntica àquela <strong>de</strong> T. ignis (<strong>de</strong>scrita<br />
abaixo), porém sua cor em vi<strong>da</strong> é singular – vermelho mais escuro e<br />
com pontos esbranquiçados.<br />
38. Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma frequentemente maciça com ou<br />
sem projeções cônicas ou vulcaniformes.<br />
Os espécimes po<strong>de</strong>m alcançar 10 cm <strong>de</strong><br />
espessura e cobrir áreas superiores a<br />
0,5 m 2 . A cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />
vermelho–alaranja<strong>da</strong>. No fixador tornam–se<br />
bege ou branco–amarelado.<br />
Sua superfície é lisa, levemente áspera.<br />
Ósculos estão localizados dispersamente<br />
ou no topo <strong>da</strong>s projeções, e possuem<br />
até 1 cm <strong>de</strong> diâmetro, e membrana perioscular<br />
em forma <strong>de</strong> chaminé. Consistência<br />
facilmente rasgável e compressível,<br />
ou mais resistente, po<strong>de</strong>ndo<br />
tornar–se esfarelenta no material fixado.<br />
Espécime contraído, exposto ao sol na maré<br />
baixa. Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />
entremarés, 20/Mai/2008.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
157
Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
A arquitetura ectossomal se constitui <strong>de</strong><br />
tilotos dispostos lado a lado como em<br />
uma palissa<strong>da</strong>, perpendicularmente à<br />
superfície, que é perfura<strong>da</strong> por essas espículas.<br />
O arranjo coanossomal consiste<br />
<strong>de</strong> feixes primários <strong>de</strong> estilos, frequentemente<br />
inconspícuos, e <strong>de</strong> uma reticulação<br />
secundária <strong>de</strong>stas mesmas espículas, que<br />
também po<strong>de</strong> estar mascara<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas dispostas aleatoriamente,<br />
megascleras e microscleras.<br />
A forma e espesura <strong>da</strong>s megascleras, em<br />
especial dos estilos, po<strong>de</strong> variar consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />
Espículas: estilos (raramente<br />
estrôngilos), 218–273 / 2,5–14 μm; tilotos,<br />
217–245 / 2–6 μm; oniquetas I, 125–239<br />
μm; oniquetas II, 40–74 μm.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), infralitoral,<br />
02-05/Dez/2010.<br />
158 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />
infralitoral, 02-05/Dez/2010.<br />
Ecologia<br />
Te<strong>da</strong>nia ignis é comum em todo o litoral<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, po<strong>de</strong>ndo atingir gran<strong>de</strong><br />
abundância em áreas mais quentes e <strong>de</strong><br />
menor circulação, tais como o fundo <strong>da</strong><br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Nestes locais,<br />
gran<strong>de</strong>s espécimes maciços se <strong>de</strong>senvolvem<br />
sobre os menores fragmentos<br />
<strong>de</strong> substrato consoli<strong>da</strong>do, literalmente<br />
inseridos em um “mar <strong>de</strong> lama” circun<strong>da</strong>nte.<br />
A espécie também po<strong>de</strong> ser<br />
encontra<strong>da</strong> em abundância nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
A, estilo; B, tiloto; C, oniqueta<br />
I; D, oniqueta II; E, extremi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>da</strong> oniqueta I; F, extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />
oniqueta II.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
159
Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Te<strong>da</strong>nia ignis costuma causar <strong>de</strong>rmatite<br />
em contato direto com a pele humana,<br />
po<strong>de</strong>ndo gerar inchaço e vermelhidão<br />
<strong>da</strong> palma <strong>da</strong>s mãos que a tenham manuseado.<br />
Em um estudo <strong>de</strong> monitoramento<br />
ambiental mostrou-se uma possível<br />
biomonitora <strong>de</strong> ambientes poluídos.<br />
Estudos recentes i<strong>de</strong>ntificaram também<br />
que T. ignis é uma <strong>da</strong>s esponjas preferi<strong>da</strong>s<br />
na dieta dos peixes-anjo Holacanthus<br />
tricolor e Pomacanthus paru, em Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Bahamas,<br />
Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Ilhas Virgens, México,<br />
Panamá, Belize, Antigua, Colômbia,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela). <strong>Brasil</strong><br />
[AP, MA, PI, CE, RN, Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
PE, AL, <strong>Bahia</strong> (Salvador, Madre<br />
<strong>de</strong> Deus, Maraú, Porto Seguro), ES, RJ,<br />
SP, SC].<br />
Espécime contraído, exposto ao sol na maré. Ilha do Pati (São Francisco do<br />
Con<strong>de</strong>), entremarés, 20/Mai/2008.<br />
160 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Subor<strong>de</strong>m Mycalina Hajdu, van Soest & Hooper, 1994<br />
Família Mycali<strong>da</strong>e Lundbeck, 1905<br />
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Gênero Mycale Gray, 1867<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 230 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
14 ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Estão registra<strong>da</strong>s para a <strong>Bahia</strong> seis espécies,<br />
o que inclui, afora as espécies <strong>de</strong>scritas a seguir, M. escarlatei<br />
Hajdu, Zea, Kielman & Peixinho, 1995, M. laevis (Carter, 1882) e<br />
M. quadripartita Boury-Esnault, 1973. Adicionalmente, a coleção do<br />
Museu Nacional possui alguns novos registros, os quais carecem <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação completa e/ou <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>: M. arenaria Hajdu<br />
& Desqueyroux-Faún<strong>de</strong>z, 1994, <strong>de</strong> Salvador; M. cf. arcuiris Lerner &<br />
Hajdu, 2002, <strong>de</strong> Mata <strong>de</strong> São João (Praia do Forte); e Mycale spp., <strong>de</strong><br />
Caravelas (Abrolhos).<br />
39. Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça ou ereta com projeções cilíndricas<br />
irregulares, ramificantes, sinuosas,<br />
<strong>de</strong> até 75x3 cm (altura x diâmetro).<br />
Os espécimes maciços po<strong>de</strong>m alcançar<br />
mais <strong>de</strong> 5 cm <strong>de</strong> espessura. A cor em vi<strong>da</strong><br />
é mais costumeiramente roxo, por vezes<br />
amarronzado, mas espécimes azuis,<br />
vermelhos, amarelos e brancos também<br />
já foram vistos ao longo do litoral brasileiro.<br />
A superfície é lisa, avelu<strong>da</strong><strong>da</strong>, com<br />
um conspícuo padrão reticulado visível<br />
a olho nu, e facilmente <strong>de</strong>stacável do resto<br />
do organismo. Ósculos dispersos pela<br />
superfície (diâmetro 2–5 mm), portando<br />
pequenas chaminés membranosas periosculares,<br />
situados ao final <strong>de</strong> curtos,<br />
porém amplos canais subsuperficiais. A<br />
consistência é macia e os espécimes são<br />
relativamente fáceis <strong>de</strong> rasgar. A arquitetura<br />
ectossomal constitui-se <strong>de</strong> uma<br />
níti<strong>da</strong> reticulação <strong>de</strong> feixes espiculares<br />
tangenciais formando malhas tri- ou<br />
quadrangulares (diâmetro 200–500 μm),<br />
apoia<strong>da</strong>s sobre as terminações dos feixes<br />
coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes. Rosetas <strong>de</strong><br />
anisoquelas I estão sempre presentes.<br />
O esqueleto coanossomal é plumorreticulado,<br />
composto <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsos feixes <strong>de</strong><br />
subtilóstilos com abun<strong>da</strong>nte espongina,<br />
<strong>de</strong>ntre os quais se percebe feixes primários<br />
ascen<strong>de</strong>ntes, que divergem em<br />
buquês na região subectossomal. Espículas:<br />
subtilóstilos, 224–305 / 6–10 μm;<br />
anisoquelas I, 40–51 μm; anisoquelas II,<br />
15–20 μm; isoquelas, 10–13 μm; sigmas<br />
I, frequentemente contorci<strong>da</strong>s, 78–94<br />
μm; sigmas II, 13–40 μm; toxas com curvatura<br />
central suave, 53–83 μm; ráfi<strong>de</strong>s,<br />
75–232 μm.<br />
Ecologia<br />
Esta espécie é bastante comum em substratos<br />
consoli<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Em locais<br />
sujeitos a maiores taxas <strong>de</strong> sedimentação,<br />
como nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do porto <strong>de</strong><br />
Salvador, ou nos canais entre as ilhas do<br />
fundo <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
161
Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
<strong>de</strong>senvolver–se notavelmente mesmo se<br />
ancora<strong>da</strong> apenas por pequenos seixos ou<br />
conchas.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Cuba, Jamaica, Ilhas Virgens,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, Venezuela).<br />
<strong>Brasil</strong> [RN, PE, BA (Salvador, São Francisco<br />
do Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica,<br />
Maraú), RJ, SP]. Registros <strong>de</strong>sta espécie<br />
para a costa Tropical Atlântica <strong>da</strong> África<br />
são duvidosos e carecem <strong>de</strong> revisão.<br />
A, subtilóstilo; B, sigma I; C, sigma II; D,<br />
anisoquela palma<strong>da</strong> I; E, anisoquela palma<strong>da</strong><br />
II; F, isoquela palma<strong>da</strong>; G, toxa; H, ráfi<strong>de</strong>s<br />
organiza<strong>da</strong>s em tricodragma; I, roseta <strong>de</strong><br />
anisoquelas I.<br />
Arquitetura esquelética em seções<br />
transversal (a esquer<strong>da</strong>) e tangencial (a<br />
direita).<br />
Quebramar Norte (Salvador), 5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009. A escala branca<br />
(bastão plástico) tem 5 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />
A esponja azul tem mais <strong>de</strong> 60 cm <strong>de</strong> altura.<br />
No <strong>de</strong>talhe, aspecto reticulado <strong>da</strong> superfície<br />
<strong>de</strong> outro espécime na mesma locali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
162 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
163
Mycale angulosa (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />
164 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
40. Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça com projeções cônicas<br />
ou loba<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>ndo recobrir áreas <strong>de</strong><br />
20x20 cm e possuir altura <strong>de</strong> até 10 cm.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> mais comum é o vermelho<br />
a vermelho-carmim com características<br />
pintas claras (brancas, ver<strong>de</strong>s, amarelas,<br />
turquesas). A superfície é geralmente<br />
dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> inúmeros cônulos macios, terminações<br />
dos feixes espiculares coanossomais<br />
que se projetam além <strong>da</strong> superfície.<br />
Os ósculos, frequentemente situados<br />
no topo <strong>da</strong>s projeções cônicas, po<strong>de</strong>m<br />
alcançar 3 cm <strong>de</strong> diâmetro, e estão envoltos<br />
por <strong>de</strong>lica<strong>da</strong> e transparente membrana<br />
perioscular. A consistência é extremamente<br />
macia. Não há especialização<br />
ectossomal do esqueleto. A arquitetura<br />
coanossomal se constitui <strong>de</strong> uma reticulação<br />
quadrangular <strong>de</strong> feixes robustos,<br />
formando malhas com 640–1690 μm <strong>de</strong><br />
diâmetro. Raras rosetas <strong>de</strong> anisoquelas<br />
po<strong>de</strong>m ser vistas em placa <strong>de</strong> espongina<br />
rente ao substrato. Espículas: subtilóstilos,<br />
241–283 / 3–8 μm; anisoquelas,<br />
19–36 μm; sigmas, 70–90 μm.<br />
Comentários<br />
Na última déca<strong>da</strong> surgiram espécimes<br />
quase incrustantes, azuis claros, que se<br />
assemelham muito a espécimes <strong>de</strong> Mycale<br />
mirabilis observados na Gran<strong>de</strong> Barreira<br />
<strong>de</strong> Corais (Austrália). Um estudo <strong>de</strong><br />
revisão é necessário para compreen<strong>de</strong>r o<br />
real limite <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> morfológica<br />
nesta espécie, que a<strong>de</strong>mais, não forma<br />
no <strong>Brasil</strong> os tubos tão característicos<br />
Quebramar Sul (Salvador), anos 1980 ou<br />
1990.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
165
Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Boião <strong>de</strong><br />
sinalização naval<br />
entre Salvador e Ilha<br />
dos Fra<strong>de</strong>s (<strong>Bahia</strong> <strong>de</strong><br />
Todos os Santos), 5<br />
m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
21/Jun/2004.<br />
Praia <strong>de</strong> Cantagalo<br />
(Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/<br />
Dez/2007.<br />
que ocorrem em espécimes <strong>da</strong> região do<br />
Caribe. Esta espécie foi registra<strong>da</strong> pela<br />
primeira vez para o <strong>Brasil</strong> em 1886 a<br />
partir <strong>de</strong> material coletado na <strong>Bahia</strong> pela<br />
expedição <strong>de</strong> circumnavegação global<br />
do navio inglês H.M.S. Challenger, ocorri<strong>da</strong><br />
entre os anos <strong>de</strong> 1873 e 1876. Este<br />
material original foi i<strong>de</strong>ntificado como<br />
Esperella nu<strong>da</strong> Ridley & Dendy, 1886, espécie<br />
que atualmente integra a lista <strong>de</strong><br />
sinônimas <strong>de</strong> M. laxissima.<br />
Ecologia<br />
Esta espécie é relativamente comum<br />
em áreas abriga<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador. Ao<br />
ser manusea<strong>da</strong>, e especialmente após a<br />
coleta, <strong>de</strong>smancha-se rapi<strong>da</strong>mente em<br />
muco. Ao final resta apenas o esqueleto<br />
reticulado <strong>de</strong> feixes espiculares envoltos<br />
em espongina.<br />
166 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Mycale laxissima (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Distribuição<br />
Tropical Anfi–atlântica. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, Jamaica,<br />
Porto Rico, Ilhas Virgens, México,<br />
Honduras, Belize, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />
Colômbia). <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ,<br />
SP]. África Tropical Oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5,3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal, com fibras isola<strong>da</strong>s após<br />
tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />
A, subtilóstilo e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas bases; B,<br />
sigma; C, anisoquelas palma<strong>da</strong>s <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s<br />
a partir <strong>de</strong> eletromicrografias (p.ex. espícula<br />
à direita) obti<strong>da</strong>s do holótipo <strong>de</strong> M. nu<strong>da</strong><br />
(Ridley & Dendy, 1886) (= M. laxissima).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
167
41. Mycale microsigmatosa Arndt, 1927<br />
Morfologia<br />
Forma geralmente incrustante, salvo se<br />
associa<strong>da</strong> a endobiontes quando po<strong>de</strong><br />
alcançar maior espessura (até 2–3 cm).<br />
Sua cor em vi<strong>da</strong> é vermelho-carmim, ou<br />
mais raramente alaranjado ou amarelo,<br />
adquirindo cor bege no fixador. Sua superfície<br />
é geralmente lisa e <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> reticulação visível ao olho nu, mas<br />
po<strong>de</strong> apresentar-se irregular em <strong>de</strong>corrência<br />
<strong>da</strong> presença <strong>de</strong> endobiontes. Ósculos<br />
(diâmetro até 1 cm) estão dispostos<br />
aleatoriamente, por vezes no topo <strong>de</strong><br />
discretas elevações, e usualmente estão<br />
circun<strong>da</strong>dos por membrana peri–oscular.<br />
A consistência é normalmente compressível<br />
e rasgável, mas po<strong>de</strong> ser firme<br />
em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> endobiontes. Não há<br />
especialização ectossomal do esqueleto,<br />
observando-se apenas umas poucas<br />
espículas dispersas tangencialmente<br />
na membrana superficial. O esqueleto<br />
coanossomal é composto por feixes ascen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> espessura e sinuosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
variável, ramificantes, ou por vezes se<br />
anastomosando em um padrão plumorreticulado.<br />
Estes feixes se constituem <strong>de</strong><br />
subtilóstilos e variável quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
espongina, e divergem acentua<strong>da</strong>mente<br />
próximo à superfície, formando tufos<br />
que sustentam o ectossoma e perfuram<br />
levemente a superfície. Megascleras e<br />
microscleras isola<strong>da</strong>s estão dispersas por<br />
to<strong>da</strong> a esponja, porém as sigmas possuem<br />
abundância muito variável, enquanto as<br />
anisoquelas são frequentemente muito<br />
raras. Espículas: subtilóstilos, 183–264 /<br />
2,5–5 μm; anisoquelas, 8–13 μm; sigmas,<br />
18–43 μm.<br />
Comentários<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser confundi<strong>da</strong> no campo<br />
com Monanchora arbuscula (p. 146)<br />
quando esta não apresenta seus característicos<br />
canais dispostos em padrão<br />
estrelado. O exame ao microscópio <strong>da</strong><br />
amostra em mãos, contrastado às <strong>de</strong>scrições<br />
aqui apresenta<strong>da</strong>s para ambas as<br />
espécies, não <strong>de</strong>ixará dúvi<strong>da</strong>s quanto a<br />
sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Ecologia<br />
Mycale microsigmatosa é relativamente<br />
comum nas águas mais rasas <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador,<br />
on<strong>de</strong> ocorre prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
em ambientes expostos à iluminação, <strong>de</strong><br />
boa circulação <strong>de</strong> água e baixa sedimentação.<br />
Está frequentemente associa<strong>da</strong> a<br />
endobiontes tais como os poliquetos <strong>da</strong><br />
família Spioni<strong>da</strong>e e crustáceos anfípodos.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Jamaica,<br />
Belize, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />
Venezuela). <strong>Brasil</strong> [BA (Salvador, Maraú),<br />
RJ, SP, SC].<br />
168 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Dez/2010.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal, com<br />
fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong><br />
sódio diluído.<br />
A, subtilóstilo; B, sigma; C,<br />
anisoquela palma<strong>da</strong>.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
169
Or<strong>de</strong>m Haploscleri<strong>da</strong> Topsent 1928<br />
Haliclona manglaris Alcolado, 1984. Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Subor<strong>de</strong>m Haplosclerina Topsent, 1928<br />
Família Callyspongii<strong>da</strong>e <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />
Gênero Callyspongia Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 180 espécies no mundo, <strong>da</strong>s<br />
quais 13 ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s espécies <strong>de</strong>scritas a seguir,<br />
também ocorrem na <strong>Bahia</strong> C. fibrosa (Ridley & Dendy, 1886),<br />
C. laboreli Hechtel, 1983, C. palli<strong>da</strong> Hechtel, 1965 e C. pseudotoxa<br />
Muricy & Ribeiro, 1999.<br />
42. Callyspongia sp. 1<br />
Morfologia<br />
Forma ereta-ramosa-tubular ou mais<br />
raramente cilíndrica–reptante com até<br />
15–20 cm <strong>de</strong> altura e 3–4 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />
dos tubos. Os tubos se ramificam ou<br />
anastomosam, e po<strong>de</strong>m estar totalmente<br />
coalescidos longitudinalmente. A cor<br />
em vi<strong>da</strong> é muito variável, mas a predominância<br />
é <strong>de</strong> espécimes roxos ou rosados.<br />
Outras tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s observa<strong>da</strong>s são<br />
o azul, o vermelho e o laranja. Em etanol<br />
assume cor bege escura. A superfície é<br />
craveja<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s espinhos fibrosos,<br />
em forma <strong>de</strong> cônulos, sustentados<br />
por fibras esqueletais, e uma reticulação<br />
subjacente é niti<strong>da</strong>mente visível a olho<br />
nu. Os ósculos, normalmente no ápice<br />
dos tubos, po<strong>de</strong>m ter até 4 cm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
e permitem observar o interior<br />
<strong>de</strong> ampla cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial em ca<strong>da</strong> tubo.<br />
Alguns ósculos menores (diâmetro até<br />
5 mm) situam–se no topo <strong>de</strong> pequenas<br />
projeções em forma <strong>de</strong> lobos, possivelmente<br />
tubos em formação. A consistência<br />
é firme, porém compressível, e os espécimes<br />
são bastante flexíveis e elásticos. A<br />
arquitetura ectossomal compreen<strong>de</strong> uma<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
171
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 4-5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA DE G. LÔBO-HAJDU.<br />
reticulação tangencial dupla, com um retículo<br />
primário mais grosseiro, formando<br />
amplas malhas poligonais irregulares, e<br />
um secundário mais <strong>de</strong>lgado, entremeado<br />
com o primeiro. O esqueleto coanossomal<br />
se compõe <strong>de</strong> feixes longitudinais<br />
principais robustos e uma reticulação<br />
que diverge <strong>de</strong>stes feixes rumo à superfície,<br />
interconecta<strong>da</strong> irregularmente por<br />
fibras terciárias. Espículas: óxeas, 93–106<br />
/ 1–3 μm; toxas, 12–43 μm.<br />
Comentários<br />
A comparação <strong>de</strong>sta espécie com to<strong>da</strong>s<br />
as <strong>de</strong>mais Callyspongia com toxas do<br />
Atlântico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal não en-<br />
controu nenhuma que se assemelhe, <strong>de</strong><br />
modo que o material examinado <strong>de</strong>ve se<br />
tratar <strong>de</strong> uma espécie nova.<br />
Ecologia<br />
Callyspongia sp. 1 é relativamente comum<br />
no infralitoral com substrato consoli<strong>da</strong>do<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, po<strong>de</strong>ndo<br />
ser um dos elementos mais conspícuos<br />
do bentos em alguns setores, tais como<br />
a área do Porto <strong>da</strong> Barra, Forte <strong>de</strong> São<br />
Marcelo e quebra-mares portuários.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
– Salvador, Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica).<br />
172 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Callyspongia sp. 1<br />
Iate Clube (Salvador), 3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
04/Dez/2006.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA DE G.<br />
LÔBO-HAJDU.<br />
A, óxeas; B, terminações <strong>da</strong>s óxeas;<br />
C, toxas.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
tangencial, em visão panorâmica (A) e em<br />
<strong>de</strong>talhe (B).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
173
43. Callyspongia sp. 2<br />
Morfologia<br />
Os espécimes são ramosos e reptantes,<br />
frequentemente se ramificando em<br />
padrão radial. Os ramos são cilíndricos,<br />
<strong>de</strong>lgados (até 1,5 cm <strong>de</strong> espessura) e irregulares,<br />
terminando em extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
afila<strong>da</strong>s. Os maiores espécimes observados<br />
tinham 20–30 cm <strong>de</strong> diâmetro, mas<br />
no geral não passam <strong>de</strong> 10–15 cm. A cor<br />
em vi<strong>da</strong> é geralmente ver<strong>de</strong> acinzentado,<br />
mas espécimes com manchas laranja são<br />
comuns. No fixador, assumem coloração<br />
bege. A superfície é levemente áspera. Ósculos<br />
(diâmetro 2–5 mm) foram observados<br />
no topo <strong>de</strong> pequenas projeções vulcaniformes,<br />
na parte superior dos ramos. A<br />
consistência é esponjosa, facilmente compressível,<br />
porém um pouco resistente ao<br />
<strong>da</strong>no. A arquitetura ectossomal é reticula<strong>da</strong>,<br />
com fibras primárias (diâmetro 45–90<br />
μm), secundárias (20–30 μm e terciárias<br />
(8–10 μm). O esqueleto coanossomal também<br />
possui fibras primárias (diâmetro<br />
45–80 μm), secundárias (30–40 μm) e terciárias<br />
(15 μm). As fibras primárias apresentam<br />
fasciculação ao aproximar-se <strong>da</strong><br />
superfície. Espículas: óxeas, 88–104 μm /<br />
1,5–4 μm.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010. A esponja<br />
azul-cobalto é uma Dysi<strong>de</strong>a etheria.<br />
174 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Callyspongia sp. 2<br />
Comentários<br />
Ao comparar esta espécie com to<strong>da</strong>s as<br />
<strong>de</strong>mais Callyspongia do Atlântico Tropical<br />
Oci<strong>de</strong>ntal não foi encontra<strong>da</strong> nenhuma<br />
que se assemelhe, <strong>de</strong> modo que<br />
o material examinado <strong>de</strong>ve se tratar <strong>de</strong><br />
uma espécie nova.<br />
Ecologia<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador, e é mais<br />
comum em superfícies planas, bem ilumina<strong>da</strong>s<br />
e cobertas por areia ou algas filamentosas.<br />
Seus limites batimétricos conhecidos<br />
são 3–15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong> – Salvador).<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007. Escala vermelha<br />
do espécime com 5 cm <strong>de</strong> largura.<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial (A) e transversal (B). A, óxeas; B,<br />
terminações <strong>da</strong>s óxeas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
175
44. Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881)<br />
Morfologia<br />
Esponja reptante, lamelar, com até 10<br />
cm <strong>de</strong> comprimento. As duas únicas<br />
lamelas observa<strong>da</strong>s apresentavam 2–3<br />
cm <strong>de</strong> largura e 0,5 cm <strong>de</strong> espessura,<br />
e formavam um arco. A cor em vi<strong>da</strong><br />
era bege rosado, tornando-se bege no<br />
fixador. A superfície é um pouco áspera,<br />
niti<strong>da</strong>mente reticula<strong>da</strong> e relativamente<br />
fácil <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar, sendo absolutamente<br />
plana à exceção <strong>da</strong> margem oscular,<br />
que apresenta agumas curtas projeções<br />
conferindo-lhe contorno irregular.<br />
Ósculos (diâmetro 1 mm) estão dispostos<br />
<strong>de</strong> forma alinha<strong>da</strong> nas margens<br />
interna e externa dos arcos lamelares.<br />
Consistência elástica, compressível. A<br />
arquitetura ectossomal é reticula<strong>da</strong>, com<br />
fibras secundárias (diâmetro 20–81) e<br />
terciárias (8–20), que se sustentam em<br />
um arcabouço subectossomal robusto <strong>de</strong><br />
fibras primárias (41–102). No coanossoma<br />
observam-se fibras primárias ascententes<br />
(41–112) e secundárias transversais<br />
(31–102). As últimas, frequentemente<br />
<strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espículas. Espongina é<br />
abun<strong>da</strong>nte em todos os segmentos do<br />
esqueleto e ca<strong>da</strong> fibra possui um feixe<br />
uniespicular <strong>de</strong> óxeas em seu interior.<br />
Espículas: óxeas, 57–83 / 3–5 μm.<br />
Comentários<br />
A <strong>de</strong>scrição original <strong>da</strong> espécie baseou-se<br />
em espécime praticamente idêntico ao<br />
encontrado em Salvador, porém proveniente<br />
do Banco Hotspur.<br />
Espécime logo após à coleta, ain<strong>da</strong> <strong>de</strong>baixo<br />
d’água.<br />
176 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Callyspongia pergamentacea (Ridley, 1881)<br />
Ecologia<br />
A espécie foi coleta<strong>da</strong> entre 15 e 64 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em Salvador ocorre<br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
em substrato vertical, junto à rica<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> bentônica séssil.<br />
Distribuição<br />
Endêmica do <strong>Brasil</strong> [Fernando <strong>de</strong><br />
Noronha, BA (Salvador, Banco Hotspur,<br />
Abrolhos)].<br />
Bóia <strong>de</strong> sinalização naval do Farol <strong>da</strong><br />
Barra (Salvador), 13,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
12/Dez/2007. A esponja vermelha epibionte<br />
é uma Monanchora arbuscula.<br />
Arquitetura esquelética em seções transversal (A) e<br />
tangencial (B), esta última também em <strong>de</strong>talhe (C).<br />
A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />
terminações.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
177
45. Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814)<br />
Morfologia<br />
Espécimes com tubos curtos (altura até<br />
5 cm), anastomosados, com pseudo-ósculos<br />
apicais gran<strong>de</strong>s (2–5 cm <strong>de</strong> diâmetro)<br />
e irregulares. Estes frequentemente se<br />
fun<strong>de</strong>m formando longas estruturas exalantes<br />
(com até 10 x 2 cm), marca registra<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>sta espécie, que alcança até 30 cm<br />
<strong>de</strong> diâmetro máximo. A pare<strong>de</strong> dos tubos<br />
não ultrapassa 1 cm <strong>de</strong> espessura, afinando-se<br />
na direção do pseudo-ósculo, que é<br />
bor<strong>de</strong>ado por uma margem bastante <strong>de</strong>lica<strong>da</strong><br />
(espessura 1–2 mm). A cor em vi<strong>da</strong><br />
é sempre ver<strong>de</strong> claro, levemente acinzentado,<br />
que se altera para marrom em etanol.<br />
Sua superfície é majoritariamente lisa<br />
tanto na face externa dos tubos quanto na<br />
interna, mas cônulos gran<strong>de</strong>s (altura 1–3<br />
mm) costumam ocorrer na parte externa.<br />
Consistência um pouco firme, elástica.<br />
Arquitetura ectossomal reticula<strong>da</strong>, com<br />
fibras primárias (diâmetro 25–90 μm);<br />
secundárias (11–20 μm); e terciárias (4–12<br />
μm). No esqueleto coanossomal, observam-se<br />
fibras primárias (diâmetro 30–110<br />
μm), secundárias (10–40 μm), e terciárias<br />
(10–15 μm). Espículas: óxeas, 68–109 /<br />
1.3–7 μm.<br />
Ecologia<br />
A espécie é relativamente rara no litoral<br />
raso <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, tendo sido encontra<strong>da</strong><br />
em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 5–17 m. A espécie<br />
po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas<br />
urbanas <strong>de</strong> Salvador. Na região do Caribe<br />
po<strong>de</strong> formar tubos com mais <strong>de</strong> 1 m<br />
<strong>de</strong> altura.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Ilhas Virgens, St. Martin, Gua<strong>da</strong>lupe,<br />
México, Belize, Panamá, Colômbia,<br />
Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />
Trini<strong>da</strong>d & Tobago). <strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol<br />
<strong>da</strong>s Rocas, BA (Salvador, Abrolhos)].<br />
Comentários<br />
Espécimes manchados <strong>de</strong> laranja foram<br />
vistos entre as incrustações sobre um<br />
naufrágio, o que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>corrente<br />
dos processos <strong>de</strong> corrosão ocorrendo em<br />
seu substrato.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007. O pseudo-ósculo<br />
alongado tem cerca <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />
178 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Callyspongia vaginalis (Lamarck, 1814)<br />
Bóia <strong>de</strong> sinalização naval do Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 12/Dez/2007.<br />
A esponja cinza-escura é possivelmente uma Dysi<strong>de</strong>a robusta.<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial (A) e transversal (B). A, óxeas; B,<br />
terminações <strong>da</strong>s óxeas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
179
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Chalini<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />
Gênero Haliclona Grant, 1835<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 400 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
<strong>de</strong>z ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Dentre as cinco espécies apresenta<strong>da</strong>s a<br />
seguir, H. caerulea e H. implexiformis são novos registros para o<br />
<strong>Brasil</strong>; H. manglaris é um novo registro para a <strong>Bahia</strong>; e Haliclona sp.<br />
é possivelmente uma espécie nova.<br />
46. Haliclona caerulea (Hechtel, 1965)<br />
Morfologia<br />
Esponja maciça com projeções lobulares<br />
ou vulcaniformes irregulares curtas,<br />
alcançando 15 x 9 x 5 cm (maior x<br />
menor diâmetro x espessura/altura).<br />
As projeções são em sua maioria coalescentes,<br />
mas ramos <strong>de</strong>lgados irregulares<br />
também foram observados e po<strong>de</strong>riam<br />
representar estruturas a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s para<br />
reprodução assexua<strong>da</strong> por fissura. A cor<br />
em vi<strong>da</strong> é um azul-turqueza fosco, que<br />
se torna bege no fixador. A superfície é<br />
áspera, po<strong>de</strong>ndo ser bastante irregular<br />
Ilha do Pati (São Francisco do<br />
Con<strong>de</strong>), entremarés, 20/Mai/2008.<br />
180 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Haliclona caerulea (Hechtel, 1965)<br />
em algumas partes. Ósculos (diâmetro<br />
2–5 mm) estão dispersos, porém sempre<br />
localizados no ápice <strong>da</strong>s projeções. Consistência<br />
firme. Arquitetura ectossomal<br />
composta <strong>de</strong> uma reticulação regular,<br />
uniespicular e tangencial, com espículas<br />
uni<strong>da</strong>s por suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Esqueleto<br />
coanossomal com reticulação similar, um<br />
pouco mais <strong>de</strong>nsa, sem feixes espiculares<br />
nítidos. A arquitetura é cavernosa com<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> diâmetros<br />
variados. Espículas: óxeas, 112–213 /<br />
3–10 μm; sigmas 18–23 μm.<br />
Ecologia<br />
Haliclona caerulea é relativamente rara no<br />
infralitoral <strong>de</strong> costões rochosos <strong>da</strong> Baía<br />
<strong>de</strong> Todos os Santos.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Cuba, Jamaica, Porto<br />
Rico, Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
Novo registro para o <strong>Brasil</strong><br />
(BA – São Francisco do Con<strong>de</strong>). Registros<br />
duvidosos: Pacífico Tropical Oriental<br />
(México, Panamá).<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />
(no topo) e transversal (acima), esta última em<br />
vista panorâmica (A) e em <strong>de</strong>talhe (B).<br />
A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />
terminações; B, sigma.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
181
47. Haliclona implexiformis (Hechtel, 1965)<br />
Morfologia<br />
Esponja maciça com cristas e tubos cilíndricos<br />
curtos, alcançando 6 x 5 x 3 cm<br />
(maior x menor diâmetro x espessura/<br />
altura). Quando viva sua cor é rosa intenso<br />
brilhante. No fixador, assume uma<br />
cor bege páli<strong>da</strong>. Sua superfície é lisa,<br />
ocasionalmente tubercula<strong>da</strong>, e possui<br />
ósculos simples (diâmetro até 3 mm),<br />
regularmente distribuídos no topo <strong>da</strong>s<br />
cristas. Sua consistência é muito macia.<br />
Arquitetura ectossomal composta<br />
<strong>de</strong> uma reticulação regular, uniespicular<br />
e tangencial, com espículas uni<strong>da</strong>s<br />
por seus ápices. Esqueleto coanossomal<br />
com reticulação similar, um pouco mais<br />
<strong>de</strong>nsa, sem feixes espiculares nítidos. Espículas:<br />
óxeas, 133–173 / 3–8 μm.<br />
A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong><br />
suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Arquitetura esquelética em<br />
seções tangencial (acima)<br />
e transversal (à direita), esta<br />
última em <strong>de</strong>talhe (A) e em vista<br />
panorâmica (B).<br />
182 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Haliclona implexiformis (Hechtel, 1965)<br />
Ecologia<br />
Encontra<strong>da</strong> principalmente em poças rasas<br />
<strong>de</strong> maré, em afloramentos rochosos<br />
em áreas <strong>de</strong> manguezais ao norte <strong>da</strong> Baía<br />
<strong>de</strong> Todos os Santos.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo<br />
do México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />
Bahamas, Cuba, Jamaica, República<br />
Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />
Barbu<strong>da</strong>, Gua<strong>da</strong>lupe, Martinica, Belize,<br />
Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
<strong>Brasil</strong> (BA – São Francisco do Con<strong>de</strong>,<br />
Madre <strong>de</strong> Deus, Itaparica, Salvador,<br />
Cairú).<br />
Ilha do Pati (São Francisco do Con<strong>de</strong>),<br />
entremarés, 20/Mai/2008.<br />
A esponja vermelha é uma Te<strong>da</strong>nia ignis.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
183
48. Haliclona manglaris Alcolado, 1984<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante-reptante, ramifica<strong>da</strong>,<br />
com prolongamentos cilíndricos <strong>de</strong>lgados,<br />
que po<strong>de</strong>m apresentar um padrão<br />
reticulado em função do frequente fusionamento<br />
<strong>de</strong> ramos sobrepostos ou<br />
adjacentes. A área <strong>de</strong> cobertura total<br />
po<strong>de</strong> superar os 15 x 15 cm, porém com<br />
gran<strong>de</strong>s lacunas entremea<strong>da</strong>s. A altura<br />
dos espécimes geralmente não ultrapassa<br />
2 cm. Cor em vi<strong>da</strong> ver<strong>de</strong>–clara; no<br />
fixador, bege-amarela<strong>da</strong>. Superfície levemente<br />
híspi<strong>da</strong>, por vezes com pequenas<br />
projeções em forma <strong>de</strong> vulcão. Ósculos<br />
circulares relativamente alinhados no<br />
dorso dos ramos rasteiros, pequenos<br />
(diâmetro 1–3 mm), <strong>de</strong>lineados por cur-<br />
tas membranas periosculares. Consistência<br />
extremamente macia e facilmente rasgável,<br />
um pouco esfarelável. Arquitetura<br />
ectossomal composta <strong>de</strong> uma reticulação<br />
regular, uniespicular e tangencial, com<br />
espículas uni<strong>da</strong>s por suas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Esqueleto coanossomal mais <strong>de</strong>nso,<br />
porém também formado prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
por uma reticulação uniespicular.<br />
Apenas alguns feixes frouxos são discerníveis.<br />
Além <strong>de</strong> amplas lacunas coanossomais<br />
(diâmetro geralmente <strong>de</strong> 500<br />
μm), há também um sistema <strong>de</strong> pequenas<br />
lacunas subectossomais formando<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6-7 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />
184 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Haliclona manglaris Alcolado, 1984<br />
um vasto lençol aquífero imediatamente<br />
sob a superfície <strong>da</strong> esponja (cerca <strong>de</strong> 50<br />
μm <strong>de</strong> altura). Espículas: óxeas, 50–72 /<br />
3,5 μm.<br />
Ecologia<br />
Haliclona manglaris é bastante comum no<br />
entremarés e infralitoral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos<br />
os Santos, po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Foi observa<strong>da</strong> com frequência em<br />
manguezais, recifes e ensea<strong>da</strong>s rasas.<br />
Esta espécie foi aponta<strong>da</strong> como potencial<br />
biomonitora <strong>de</strong> poluição.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />
Martinica, Grana<strong>da</strong>, Granadinas, Belize,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [AL, BA (Madre <strong>de</strong><br />
Deus, Salvador, Nazaré, Maraú)].<br />
A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas<br />
terminações.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
tangencial.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal,<br />
com vista em <strong>de</strong>talhe (A) e panorâmica (B).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
185
49. Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999<br />
Morfologia<br />
Esponja geralmente incrustante, com<br />
ou sem projeções em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos<br />
curtos (altura 2–3 cm), as quais se fusionam<br />
umas às outras em distintos graus.<br />
Também se encontram espécimes em cama<strong>da</strong><br />
espessa, <strong>de</strong> aspecto monticulado.<br />
Sua cor, quando viva é preta, passando<br />
a preta amarronza<strong>da</strong> no fixador. Apresenta<br />
superfície lisa, porém frequentemente<br />
<strong>de</strong> contorno irregular. Os ósculos<br />
são abun<strong>da</strong>ntes (diâmetro 1–3 mm) e<br />
estão geralmente localizados no ápice<br />
<strong>da</strong>s projeções ou dos montículos. Consistência<br />
macia, sendo muito fácil rasgar<br />
estas esponjas. A arquitetura ectossomal<br />
consiste <strong>de</strong> uma reticulação uniespicular<br />
e alguns feixes pauciespiculares esparsos,<br />
entremeados a ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais<br />
circulares que conferem aspecto alveolado<br />
à construção. Espongina é visível<br />
nos nós <strong>da</strong> reticulação. Células pigmenta<strong>da</strong>s<br />
são abun<strong>da</strong>ntes, e por vezes alinham-<br />
se em maior número junto aos feixes<br />
espiculares. O esqueleto coanossomal<br />
consiste <strong>de</strong> uma reticulação uniespicular<br />
atravessa<strong>da</strong> por alguns poucos feixes<br />
pauciespiculares ascen<strong>de</strong>ntes. O sistema<br />
aquífero se faz presente, não como um<br />
sistema alveolar regular, mas como canais<br />
isolados e pequenas lacunas sub<strong>de</strong>rmais.<br />
Células pigmenta<strong>da</strong>s formam traços frouxos<br />
paralelos à superfície. Espículas: óxeas,<br />
105–159 / 4–6 μm; toxas 31–76 μm.<br />
Ecologia<br />
Haliclona melana é frequente no mesolitoral<br />
e infralitoral <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos,<br />
particularmente em costões rochosos,<br />
mas também po<strong>de</strong> ocorrer em áreas<br />
<strong>de</strong> manguezais <strong>da</strong> baía. A espécie po<strong>de</strong><br />
ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador.<br />
Iate Clube (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2006.<br />
186 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Haliclona melana Muricy & Ribeiro, 1999<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Santa Lúcia). <strong>Brasil</strong> [AL, BA (São Francisco<br />
do Con<strong>de</strong>, Salvador, Maraú), SP].<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />
(topo) e transversal (acima), com vista em<br />
<strong>de</strong>talhe (A) e panorâmica (B).<br />
A, óxeas e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> suas terminações;<br />
B, toxas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
187
50. Haliclona sp.<br />
Morfologia<br />
Forma reptante, tubular. Espécimes alcançam<br />
25 x 15 x 5 cm (maior x menor diâmetro<br />
x espessura/altura). Tubos eretos<br />
projetam-se a partir <strong>de</strong> um tubo horizontal,<br />
basal, e po<strong>de</strong>m estar <strong>de</strong>nsamente justapostos<br />
em arranjo que remete às flautas<br />
andinas. Os tubos costumam apresentar<br />
projeções <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s na forma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
espinhos (altura até 1 cm). A cor em vi<strong>da</strong><br />
é o bege, do rosado ao amarelado, pouco<br />
se alterando no fixador, on<strong>de</strong> se mantêm<br />
em tom bege-claro. Sua superfície é lisa,<br />
todo relevo sendo <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> tubos<br />
em início <strong>de</strong> formação ou dos espinhos<br />
já mencionados. Nota-se um intrincado<br />
sistema <strong>de</strong> veios subsuperficiais, disposto<br />
em padrão reticulado e visível a olho<br />
nu, que <strong>de</strong>saparece no <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> preparação<br />
<strong>de</strong> seções anatômicas para exame<br />
do esqueleto. Ósculos abun<strong>da</strong>ntes,<br />
gran<strong>de</strong>s (diâmetro 1–15 mm), geralmente<br />
circulares e localizados no ápice dos<br />
tubos eretos, mas também nos tubos horizontais.<br />
Consistência macia, facilmente<br />
rasgável. Arquitetura ectossomal composta<br />
por uma reticulação uniespicular,<br />
observando-se feixes pauci- a multiespiculares<br />
irregulares, curtos e dispersos.<br />
Um sistema alveolar <strong>de</strong> malhas está <strong>de</strong>limitado<br />
pela reticulação. Esqueleto coanossomal<br />
idêntico ao ectossomal, porém<br />
os feixes espiculares agora são ascen<strong>de</strong>ntes,<br />
oscilando entre uni- e pauciespiculares.<br />
Espículas: óxeas, 47–99 / 1–5 μm;<br />
toxas, 14–27 μm.<br />
Comentários<br />
Ao se comparar esta espécie com to<strong>da</strong>s<br />
as <strong>de</strong>mais Haliclona com toxas do Atlântico<br />
Tropical Oci<strong>de</strong>ntal não foi encontra<strong>da</strong><br />
nenhuma que se assemelhe, <strong>de</strong> modo<br />
que o material examinado <strong>de</strong>ve se tratar<br />
<strong>de</strong> uma espécie nova.<br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3-5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Jan/1997.<br />
Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), 1 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 27/Jul/2009. O maior ósculo<br />
tem 1 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
188 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
189
Haliclona sp.<br />
Ecologia<br />
Espécie rara, do infralitoral superior, em<br />
locais <strong>de</strong> boa iluminação e circulação<br />
<strong>de</strong> água, porém hidrodinamismo relativamente<br />
baixo. Os maiores espécimes<br />
foram encontrados em Taipú <strong>de</strong> Fora<br />
(Maraú). Foi observa<strong>da</strong> nas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> 1–5 m.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong> – Salvador, Maraú).<br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3-5 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Jan/1997.<br />
A-B, óxeas e <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> sua extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />
C, eletromicrografia <strong>de</strong> uma toxa.<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />
(topo) e transversal (acima), esta última em<br />
<strong>de</strong>talhe (A) e em vista panorâmica (B).<br />
190 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Niphati<strong>da</strong>e van Soest, 1980<br />
Gênero Amphimedon Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais cinco<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />
Na Região do Caribe há outra espécie ver<strong>de</strong>, Amphimedon erina (<strong>de</strong><br />
Laubenfels, 1936), que também já foi cita<strong>da</strong> para a costa brasileira.<br />
Entretanto, em ambas as vezes, acreditamos tratar-se <strong>de</strong> A. viridis, uma<br />
vez que a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> origem dos registros, litoral norte do Estado <strong>de</strong><br />
São Paulo, foi intensamente amostra<strong>da</strong> por E. Hajdu, sendo A. viridis a<br />
única espécie do gênero encontra<strong>da</strong>. Por sinal, trata-se <strong>de</strong> uma espécie<br />
comum naquela região.<br />
51. Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante espessa, maciça <strong>de</strong><br />
contorno irregular ou até mesmo com<br />
projeções como <strong>de</strong>dos ou pequenos vulcões.<br />
Po<strong>de</strong> alcançar 20 x 30 x 4 cm (maior<br />
x menor diâmetro x espessura/altura). A<br />
cor em vi<strong>da</strong> é mais frequentemente ver<strong>de</strong>,<br />
mas espécimes ver<strong>de</strong>–azulados também<br />
já foram observados na <strong>Bahia</strong>. De Alagoas<br />
conhecem-se espécimes amarronzados<br />
também. No fixador adquire coloração<br />
bege. Sua superfície é finamente rugosa,<br />
com ósculos circulares (diâmetro 1–3<br />
mm) mais frequentemente situados no<br />
topo <strong>da</strong>s projeções. Poros abun<strong>da</strong>ntes em<br />
to<strong>da</strong> a superfície formam uma conspícua<br />
malha visível a olho nú. Sua consistência<br />
é macia, compressível e um pouco elástica,<br />
porém rompe–se facilmente. Produz<br />
muco em abundância quando manipula<strong>da</strong>.<br />
A arquitetura ectossomal consiste <strong>de</strong><br />
uma reticulação multiespicular formando<br />
malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s, com mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espongina. O esqueleto<br />
coanossomal inclui feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes<br />
com variável quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
espículas, além <strong>da</strong>s mesmas espículas<br />
isola<strong>da</strong>s ou em feixes secundários interconectando<br />
os primários. Canais do<br />
sistema aquífero (diâmetro 280–420 μm)<br />
ocorrem <strong>de</strong> forma dispersa. Espículas:<br />
óxeas, 108–140 / 1,5–10 μm.<br />
Comentários<br />
Esta espécie possui um complexo <strong>de</strong><br />
moléculas tóxicas conhecido como Halitoxina,<br />
para o qual já foram aponta<strong>da</strong>s<br />
diversas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas, tais como<br />
inibidora <strong>da</strong> mitose, antibacteriana, hemolítica,<br />
ictiotóxica, neurotóxica e citotóxica<br />
(antitumoral).<br />
Ecologia<br />
Amphimedon viridis era uma esponja comum<br />
no infralitoral com substrato consoli<strong>da</strong>do<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, on<strong>de</strong><br />
ocorria preferencialmente exposta à luz.<br />
Porém, em uma série <strong>de</strong> mergulhos realizados<br />
em Dezembro <strong>de</strong> 2010, essa espécie<br />
não foi encontra<strong>da</strong> nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), don<strong>de</strong> se supõe<br />
que ao menos sua frequência tenha<br />
diminuído drasticamente.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
191
Amphimedon viridis Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Porto Rico, Ilhas Virgens, Martinica,<br />
Gua<strong>da</strong>lupe, México, Belize, Costa<br />
Rica, Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas,<br />
Venezuela). <strong>Brasil</strong> (Atol <strong>da</strong>s<br />
Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL,<br />
BA – Mata <strong>de</strong> São João, São Francisco do<br />
Con<strong>de</strong>, Madre <strong>de</strong> Deus, Salvador, Itaparica,<br />
Maraú – RJ, SP). Registros efetuados<br />
para outros oceanos, em sua maioria, já<br />
foram assinalados a outras espécies.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal.<br />
A, óxeas.<br />
Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus), 2-3 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008.<br />
192 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Gênero Niphates Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 19 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais quatro<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Apenas uma espécie foi encontra<strong>da</strong> na <strong>Bahia</strong>.<br />
52. Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
Morfologia<br />
Forma frequentemente reptante. Espécimes<br />
constituídos prepon<strong>de</strong>rantemente <strong>de</strong><br />
ramos <strong>de</strong>lgados e/ou placas irregulares,<br />
rentes ao substrato. Os maiores espécimes<br />
com esta forma alcançavam 15 x 10 x 5 cm<br />
e 20 x 5 x 3 cm (maior x menor diâmetro<br />
x espessura/altura). Espécimes eretos<br />
também ocorrem, com ramos alcançando<br />
20 x 2 cm (altura x diâmetro), por vezes<br />
alargando-se um pouco apicalmente. Em<br />
ambos casos po<strong>de</strong> haver elevações em<br />
forma <strong>de</strong> vulcões ou chaminés na superfície.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> é variável, havendo<br />
indivíduos roxos, rosados, ver<strong>de</strong>–azulados<br />
e quase brancos. No fixador tornamse<br />
marrom-claro-alaranjado. A superfície<br />
po<strong>de</strong> ser quase absolutamente lisa, ou<br />
apresentar cônulos espinhosos, semelhantes<br />
aos <strong>de</strong> Callyspongia sp. 1 (<strong>de</strong>scrita<br />
acima). Ósculos circulares (diâmetro 1–5<br />
mm) situados nas elevações ou rentes à<br />
superfície. A consistência é firme, flexível<br />
e elástica. A arquitetura ectossomal consiste<br />
<strong>de</strong> uma reticulação paratangencial<br />
irregular <strong>de</strong> fibras multiespiculares formando<br />
malhas poligonais. O esqueleto<br />
coanossomal é composto <strong>de</strong> uma reticulação<br />
<strong>de</strong> feixes multiespiculares formadora<br />
<strong>de</strong> malhas circulares ou poligonais. Os<br />
feixes primários (diâmetro 100–200 μm),<br />
ascen<strong>de</strong>ntes, frequentemente fusionamse,<br />
<strong>da</strong>ndo origem a fascículos (diâmetro<br />
300 μm ou mais). Os secundários (diâmetro<br />
20–60 μm), interconectantes, po<strong>de</strong>m<br />
por vezes formar malhas secundárias.<br />
Espículas: óxeas, 195–258 / 5–15 μm; sigmas<br />
não foram observa<strong>da</strong>s nos espécimes<br />
analisados.<br />
Ecologia<br />
Niphates erecta é uma esponja relativamente<br />
comum no infralitoral com substrato<br />
consoli<strong>da</strong>do <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os<br />
Santos, tendo sido observa<strong>da</strong> em diversos<br />
pontos próximos a Salvador.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />
Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />
Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (Atol <strong>da</strong>s Rocas, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, PE, BA – Salvador,<br />
Itaparica, Abrolhos).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
193
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
194 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Niphates erecta Duchassaing & Michelotti, 1864<br />
A, óxeas.<br />
Arquitetura esquelética em seções tangencial<br />
(topo) e transversal (acima).<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 5-6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008.<br />
Ilha do Fra<strong>de</strong> (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente<br />
4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 15/Dez/2007.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
195
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Subor<strong>de</strong>m Petrosina BouryEsnault & van Beveren, 1982<br />
Família Petrosii<strong>da</strong>e van Soest, 1980<br />
Gênero Petrosia Vosmaer, 1885<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 55 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais apenas uma foi<br />
encontra<strong>da</strong> no <strong>Brasil</strong>.<br />
53. Petrosia weinbergi van Soest, 1980<br />
Morfologia<br />
Espécimes em forma <strong>de</strong> cama<strong>da</strong> espessa,<br />
po<strong>de</strong>ndo superar dimensões <strong>de</strong> 20 x 15 x<br />
1 cm (maior x menor diâmetro x espessura/altura),<br />
frequentemente beges (café<br />
com leite) em vi<strong>da</strong> e branco-acinzentados<br />
no etanol. Espécimes cinza-escuros com<br />
manchas mais claras também foram vistos.<br />
Sua superfície é essencialmente lisa,<br />
porém a textura é bastante áspera. Ósculos<br />
(diâmetro 1–3 mm) estão distribuídos<br />
regularmente, situando-se no topo <strong>de</strong><br />
pequenas elevações em forma <strong>de</strong> vulcão,<br />
e caracteristicamente <strong>de</strong> bor<strong>da</strong>s esbranquiça<strong>da</strong>s.<br />
A consistência é dura, apenas<br />
levemente compressível. Os espécimes<br />
são quebradiços, porém não esfarelam<br />
com facili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A arquitetura ectossomal<br />
consiste <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> confusa <strong>de</strong> espículas<br />
dispostas tangencialmente, apoia<strong>da</strong><br />
sobre uma reticulação subectossomal<br />
<strong>de</strong> feixes multiespiculares formando<br />
malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s. O esqueleto coanossomal<br />
também apresenta tais malhas<br />
circulares <strong>de</strong>linea<strong>da</strong>s pelos feixes robustos,<br />
porém o arranjo geral é obscurecido<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente pela ocorrência <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas avulsas<br />
dispostas confusamente. Espículas: óxeas<br />
I, 213–325 / 8–13 μm; óxeas II, 71–178<br />
/ 8–13 μm; oxea III: 31–71 / 2,5–8 μm.<br />
Ecologia<br />
Espécie relativamente rara, tendo sido<br />
observa<strong>da</strong> apenas em ambientes crípticos<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos (superfícies<br />
verticais no interior <strong>de</strong> locas), inclusive<br />
nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> áreas urbanas<br />
<strong>de</strong> Salvador.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 13 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 21/Jun/2004.<br />
196 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Petrosia weinbergi van Soest, 1980<br />
Praia <strong>de</strong> Cantagalo (Salvador), 7,9 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 31/Mai/2009.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Caribe<br />
(Bahamas, Cuba, Jamaica, México, Belize,<br />
Panamá, Colômbia, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
Brazil [MA, Atol <strong>da</strong>s Rocas,<br />
Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador),<br />
Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />
Óxeas I, II e III.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
197
Gênero Xestospongia <strong>de</strong> Laubenfels, 1932<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 33 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas<br />
ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong> espécie apresenta<strong>da</strong> a seguir, outra<br />
Xestospongia <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, uma esponja branca <strong>de</strong> arquitetura<br />
cavernosa, coleta<strong>da</strong> próximo ao Porto <strong>de</strong> Salvador, aguar<strong>da</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação completa e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />
54. Xestospongia muta (Schmidt, 1870)<br />
Morfologia<br />
Espécimes relativamente pequenos, o<br />
maior dos quais não ultrapassando 20 x<br />
10 cm (diâmetro x altura). Em forma <strong>de</strong><br />
vulcão, com uma gran<strong>de</strong> cratera apical.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> compreen<strong>de</strong> uma série<br />
<strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s entre rosa e vermelho-vinho,<br />
que formam manchas em <strong>de</strong>gradê<br />
por to<strong>da</strong> a superfície externa <strong>da</strong> esponja.<br />
A superfície interna (cratera) apresenta<br />
coloração mais homogênea e próxima<br />
do vermelho-vinho. No fixador adquire<br />
coloração bege. Superfície externa<br />
reticula<strong>da</strong> ao olho nu, bastante áspera,<br />
com alguma rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e com cônulos<br />
gran<strong>de</strong>s, bastante conspícuos (altura até<br />
1 cm). A superfície no interior <strong>da</strong> cratera<br />
também é reticula<strong>da</strong> e áspera, porém<br />
com padrão lobular, não conuloso. Ósculos,<br />
supostamente no interior <strong>da</strong> cratera,<br />
porém não observados. Consistência firme,<br />
porém compressível e esfarelante. A<br />
arquitetura ectossomal consiste <strong>de</strong> uma<br />
reticulação multiespicular formando<br />
malhas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s. O esqueleto coanossomal<br />
compreen<strong>de</strong> feixes primários<br />
ascen<strong>de</strong>ntes com quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> variável <strong>de</strong><br />
espículas, e as mesmas espículas isola<strong>da</strong>s<br />
ou em feixes menores interconectando<br />
os feixes primários. Canais do sistema<br />
aquífero com 280–420 μm <strong>de</strong> diâmetro<br />
po<strong>de</strong>m ser vistos esparsamente. Espículas:<br />
óxeas, 320–427 / 8–15 μm.<br />
Comentários<br />
Novo registro para a <strong>Bahia</strong>. Esta espécie<br />
possui compostos inibitórios <strong>da</strong> reprodução<br />
do HIV. Espécimes com mais <strong>de</strong><br />
1m <strong>de</strong> altura po<strong>de</strong>m ter mais <strong>de</strong> 100 anos<br />
<strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, e estimativas <strong>de</strong> até 2.300 anos<br />
foram obti<strong>da</strong>s para os maiores espécimes<br />
conhecidos na Região do Caribe.<br />
Ecologia<br />
Xestospongiae muta é uma esponja aparentemente<br />
rara no infralitoral consoli<strong>da</strong>do<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Os<br />
poucos indivíduos observados ocorriam<br />
abaixo <strong>de</strong> 15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na entra<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> baía.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />
Ilhas Cayman, República Dominicana,<br />
Porto Rico, México, Belize, Costa Rica,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> (Fernando <strong>de</strong> Noronha,<br />
BA – Salvador).<br />
198 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Bóia <strong>de</strong> sinalização naval próxima ao Farol<br />
<strong>da</strong> Barra (Salvador), 17 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
03/Jun/2004.<br />
A, óxeas.<br />
Arquitetura esquelética em seções<br />
tangencial (ao lado, no topo: A, <strong>de</strong>talhe; B,<br />
panorâmica) e transversal (ao lado).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
199
Or<strong>de</strong>m Dictyocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />
Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864) - Porto <strong>da</strong><br />
Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/Dez/2007.
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Dysi<strong>de</strong>i<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />
Gênero Dysi<strong>de</strong>a Johnston, 1842<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
seis ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Afora as espécies apresenta<strong>da</strong>s a seguir,<br />
Dysi<strong>de</strong>a fragilis (Montagu, 1818) também foi registra<strong>da</strong> para a<br />
<strong>Bahia</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um registro duvidoso, uma vez que a espécie<br />
foi originalmente <strong>de</strong>scrita do nor<strong>de</strong>ste do Atlântico, área <strong>de</strong> ínfima<br />
afini<strong>da</strong><strong>de</strong> faunística com o setor tropical <strong>da</strong> costa brasileira.<br />
55. Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />
Morfologia<br />
Forma irregular, maciça ou ereta, com<br />
lobos mais ou menos proeminentes, frequentemente<br />
alcançando 15 cm <strong>de</strong> diâmetro<br />
e 10 cm <strong>de</strong> altura. Sua cor em vi<strong>da</strong><br />
é tipicamente azul, variando <strong>de</strong> tons<br />
cobalto a azul-claro pálido ou lilás, com<br />
alguns espécimes quase brancos. Tons<br />
acinzentados ou rosados também po<strong>de</strong>m<br />
aparecer, e são os prevalecentes no<br />
material fixado em etanol. Superfície conulosa<br />
e quase sempre visivelmente reticula<strong>da</strong>.<br />
Os cônulos são esbranquiçados,<br />
mais claros que a película <strong>de</strong>rmal que os<br />
cerca, o que é tão mais visível, quão mais<br />
escuro o espécime. Ósculos variam <strong>de</strong> 1<br />
a mais <strong>de</strong> 5 mm, e po<strong>de</strong>m estar circun<strong>da</strong>dos<br />
por uma chaminé membranosa<br />
transparente. Consistência extremamente<br />
macia e relativamente fácil <strong>de</strong> rasgar.<br />
Arquitetura ectossomal sem especialização,<br />
composta apenas <strong>da</strong>s terminações<br />
dos feixes primários ascen<strong>de</strong>ntes,<br />
formadores dos cônulos <strong>da</strong> superfície.<br />
Coanossoma com uma reticulação irregular<br />
<strong>de</strong> malhas prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
quadrangulares, composta <strong>de</strong> fibras primárias<br />
ascen<strong>de</strong>ntes e secundárias transversais.<br />
Sedimento po<strong>de</strong> estar incluído<br />
em ambas as fibras. A espécie apresenta<br />
uma aparente preferência por incorporar<br />
espículas e fragmentos <strong>de</strong> espículas em<br />
suas fibras. Espículas próprias ausentes.<br />
Ecologia<br />
Geralmente exposta á luz, em substratos<br />
duros sujeitos à maior ou menor sedimentação.<br />
Ocorre associa<strong>da</strong> a diversos<br />
organismos, tendo sido observa<strong>da</strong> do<br />
entremarés aos 18 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
inclusive próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />
Salvador.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />
2-3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
201
Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Bahamas,<br />
Flóri<strong>da</strong>, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />
República Dominicana, Ilhas Virgens,<br />
México, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />
Colômbia, Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas).<br />
<strong>Brasil</strong> [Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e<br />
São Paulo, CE, Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE,<br />
AL, BA (Salvador, São Francisco do Con<strong>de</strong>,<br />
Itaparica, Prado, Abrolhos), ES, RJ, SP].<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal com fibras isola<strong>da</strong>s após<br />
tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluido.<br />
A, panorâmica <strong>da</strong> arquitetura; B, <strong>de</strong>talhe <strong>da</strong>s<br />
fibrasmostrando inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. Espécime com<br />
10 cm <strong>de</strong> altura.<br />
Ilha Maria Guar<strong>da</strong> (Madre <strong>de</strong> Deus),<br />
3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 20/Mai/2008.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 0,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />
202 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
203
56. Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia:<br />
Forma tubular com agregados irregulares<br />
<strong>de</strong> tubos curtos, a fusão longitudinal<br />
dos quais po<strong>de</strong> ser tal que o hábito<br />
adquire aspecto maciço ou <strong>de</strong> crista. Os<br />
espécimes frequentemente superam os<br />
10 cm <strong>de</strong> diâmetro, porém raramente<br />
ultrapassam 5 cm <strong>de</strong> altura. Ca<strong>da</strong> tubo<br />
tem costumeiramente menos <strong>de</strong> 1 cm<br />
<strong>de</strong> diâmetro. A cor em vi<strong>da</strong> e no álcool é<br />
praticamente branca em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esqueletos <strong>da</strong> alga calcária<br />
Jania sobre os quais a esponja se <strong>de</strong>senvolve.<br />
Tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s rosa<strong>da</strong>s, azula<strong>da</strong>s<br />
ou esver<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s também po<strong>de</strong>m ocorrer<br />
em vi<strong>da</strong>. Mais frequentemente, a superfície<br />
<strong>da</strong> esponja está completamente<br />
mascara<strong>da</strong> pelas algas que a perfuram.<br />
Em pequenos trechos aparenta ser lisa.<br />
Ósculos situam-se principalmente nas<br />
porções apicais dos tubos, mas on<strong>de</strong> a<br />
fusão <strong>de</strong>stes é completa, estão alinhados<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2010.<br />
204 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Dysi<strong>de</strong>a janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
sobre cristas ou dispersos. Seu diâmetro<br />
varia <strong>de</strong> 2 a 5 mm, sendo regulado por<br />
uma membrana transparente contrátil.<br />
Consistência frágil, facilmente rasgável,<br />
porém um pouco enrigeci<strong>da</strong> pela presença<br />
<strong>da</strong>s algas calcárias. Não se observou<br />
qualquer especialização ectossomal<br />
do esqueleto, e no coanossoma a estrutura<br />
é amplamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong>s algas<br />
para sustentação, que <strong>de</strong>sempenham o<br />
papel <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsa paliça<strong>da</strong> <strong>de</strong> fibras<br />
primárias, com um pouco <strong>de</strong> anastomose<br />
e ramificação. Fibras <strong>de</strong> espongina<br />
com inclusão <strong>de</strong> sedimentos são visíveis<br />
apenas com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>corre<br />
<strong>de</strong> sua rari<strong>da</strong><strong>de</strong> e dimensões reduzi<strong>da</strong>s.<br />
Espículas próprias ausentes.<br />
Ecologia<br />
Associação obrigatória com a alga vermelha<br />
Jania adherens Lamouroux, 1816,<br />
que por sua vez po<strong>de</strong> ocorrer isola<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
esponja. Ocorre em águas rasas expostas<br />
à luz, e suporta hidrodinamismo mo<strong>de</strong>rado.<br />
A espécie po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />
Bahamas, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Ilhas Virgens, Martinica,<br />
México, Belize, Costa Rica, Colômbia,<br />
Venezuela, Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong><br />
[BA (Salvador, Abrolhos), RJ, SP].<br />
Arquitetura esquelética<br />
em seção transversal, com<br />
prepon<strong>de</strong>rância <strong>da</strong> alga Jania<br />
adherens como elemento <strong>de</strong><br />
sustentação. No <strong>de</strong>talhe, fibras<br />
<strong>de</strong> espongina com fragmentos<br />
<strong>de</strong> espículas inseridos,<br />
envolvendo talos <strong>da</strong> alga. A,<br />
panorâmica <strong>da</strong> arquitetura. B,<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>da</strong>s fibras mostrando<br />
inclusão <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
205
57. Dysi<strong>de</strong>a robusta Vilanova & Muricy, 2001<br />
Morfologia<br />
Forma maciça, loba<strong>da</strong>, bastante irregular.<br />
Lobos eretos, <strong>de</strong> contorno irregular, cilíndricos<br />
ou levemente lamelares, com 2–3<br />
cm <strong>de</strong> diâmetro máximo, e normalmente<br />
fusionados em agregados <strong>de</strong> dois ou mais<br />
lobos. Espécimes com até 25–30 x 10 cm<br />
(diâmetro x altura). Sua cor em vi<strong>da</strong> é<br />
cinza-amarronzado, mantendo-se praticamente<br />
inaltera<strong>da</strong> no álcool, o qual adquire<br />
tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> ver<strong>de</strong>-escura. Espécimes<br />
com superfície rugosa/conulosa e quase<br />
sempre visivelmente reticula<strong>da</strong>. Cônulos<br />
frequentemente não ultrapassando<br />
1 mm <strong>de</strong> altura, e com seus ápices visivelmente<br />
mais claros, esbranquiçados.<br />
Ósculos circulares dispersos com 1–4 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro, circun<strong>da</strong>dos por pequenas<br />
chaminés membranosas transparentes.<br />
Consistência firme, pouco compressível,<br />
algo elástica. Arquitetura ectossomal não<br />
especializa<strong>da</strong>, constituí<strong>da</strong> apenas <strong>da</strong>s<br />
terminações <strong>da</strong>s fibras coanossomais ascen<strong>de</strong>ntes.<br />
Coanossoma com reticulação<br />
irregular <strong>de</strong> fibras difíceis <strong>de</strong> classificar<br />
em primárias e secundárias. Fibras com<br />
abun<strong>da</strong>nte <strong>de</strong>trito incluído, frequentemente<br />
alcançando 500 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Malhas <strong>de</strong> geometria irregular, circulares,<br />
quadrangulares e poligonais. Espículas<br />
próprias ausentes.<br />
Ecologia<br />
Geralmente associa<strong>da</strong> a algas<br />
e exposta à luz. Suporta<br />
hidrodinamismo mo<strong>de</strong>rado<br />
e mesmo a fricção<br />
com areia, característica do<br />
infralitoral raso em que habita,<br />
por exemplo, nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
do Cristo e do<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador).<br />
Já foi observa<strong>da</strong> também<br />
no entremarés.<br />
Distribuição<br />
Endêmica do <strong>Brasil</strong> [BA<br />
(Salvador, Abrolhos), RJ].<br />
Arquitetura esquelética em<br />
seção transversal, em vista<br />
panorâmica (A) e em <strong>de</strong>talhe (B).<br />
Fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento<br />
com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 1 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />
206 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
207
Família Ircinii<strong>da</strong>e Gray, 1867<br />
Gênero Ircinia Nardo, 1833<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
cinco ocorrem no <strong>Brasil</strong>. Além <strong>da</strong>s duas apresenta<strong>da</strong>s abaixo,<br />
também foi registra<strong>da</strong> para a <strong>Bahia</strong> I. ramosa (Keller, 1889). Trata-se<br />
<strong>de</strong> um registro duvidoso, uma vez que a espécie foi originalmente<br />
<strong>de</strong>scrita do sul do Mar Vermelho (Eritreia), área <strong>de</strong> ínfima afini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
faunística com a costa brasileira. Observaram-se alguns espécimes<br />
mais esféricos, com ósculos situados em pequenos lobos com 1 cm<br />
<strong>de</strong> altura e 0,5 cm <strong>de</strong> diâmetro. Os lobos costumam estar alinhados,<br />
como em uma crista. Esses espécimes são quase brancos (beje claro,<br />
acinzentado), e acima <strong>de</strong> tudo, a região perioscular é ain<strong>da</strong> mais clara<br />
que seu entorno. Faz-se necessária uma revisão taxonômica <strong>de</strong> Ircinia<br />
do <strong>Brasil</strong>, pois o muito que se vem observando em termos <strong>de</strong> hábito<br />
<strong>de</strong> populações em vi<strong>da</strong> acompanha-se <strong>de</strong> muito pouco em termos <strong>de</strong><br />
estudos anatômicos aprofun<strong>da</strong>dos.<br />
58. Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça globular, loba<strong>da</strong> ou ramosa.<br />
O diâmetro dos espécimes raramente<br />
ultrapassa os 20 cm, mas indivíduos com<br />
mais <strong>de</strong> 50 cm já foram vistos várias vezes.<br />
I<strong>de</strong>m com a altura, normalmente inferior<br />
a 5 cm, mas até 15–20 cm sendo encontrado<br />
com frequencia. Lobos gran<strong>de</strong>s<br />
e irregulares, com 2–3 x 2–4 cm. A cor em<br />
vi<strong>da</strong> é tipicamente o marrom, porém em<br />
diversas tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, do beje ao marromescuro,<br />
e por vezes puxando para o acinzentado.<br />
Sua superfície é reticula<strong>da</strong>, conulosa,<br />
com cônulos baixos, normalmente<br />
<strong>de</strong> até 1 mm <strong>de</strong> altura, e frequentemente<br />
mais claros que seu entorno. Ósculos com<br />
1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro, frequentemente<br />
agrupados em pequenas projeções em<br />
forma <strong>de</strong> vulcão, <strong>de</strong> topo mais escuro que<br />
seu entorno. Consistência firme, compressível,<br />
elástica e muito resistente ao<br />
corte. Arquitetura ectossomal reticula<strong>da</strong><br />
no entorno <strong>da</strong>s aberturas inalantes, algo<br />
radia<strong>da</strong> a partir dos cônulos, e com presença<br />
<strong>de</strong> sedimento incluido. Coanossoma<br />
com abundância <strong>de</strong> filamentos sinuosos<br />
<strong>de</strong> espongina (diâmetro 4–6 μm),<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente entrelaçados, e com<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G.<br />
LÔBO HAJDU.<br />
208 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Ircinia felix (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s terminando em<br />
uma esfera quase perfeita (diâmetro 10<br />
μm). Estes filamentos conferem a gran<strong>de</strong><br />
resistência ao corte <strong>de</strong>sta espécie. Em menor<br />
proporção observam-se fibras <strong>de</strong> espongina<br />
formando uma reticulação, on<strong>de</strong><br />
as primárias, ascen<strong>de</strong>ntes, fusionam-se<br />
em agregados <strong>de</strong>nominados fascículos.<br />
Estes po<strong>de</strong>m ultrapassar 500 μm <strong>de</strong> espessura,<br />
carregam sedimento incluído e<br />
sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície. Espículas<br />
próprias ausentes.<br />
Ecologia<br />
Espécie comum no infralitoral raso <strong>de</strong><br />
Salvador, especialmente junto à abertura<br />
<strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Sua superfície<br />
está mais frequentemente livre <strong>de</strong> epibiontes,<br />
porém pequenos ofiuros cor <strong>de</strong><br />
laranja po<strong>de</strong>m ser vistos com facili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />
Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2-3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 1987.<br />
Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [CE, RN, Atol <strong>da</strong>s<br />
Rocas, Fernando <strong>de</strong> Noronha, BA (Salvador,<br />
Maraú), Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />
Arquitetura esquelética em seções transversais – vista panorâmica (A),<br />
fascículo formado pela fusão <strong>de</strong> fibras (B) e filamentos <strong>de</strong> espongina (C).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
209
59. Ircinia strobilina (Lamarck, 1816)<br />
Morfologia<br />
Hábito maciço, em forma <strong>de</strong> vulcão,<br />
frequentemente alcançando gran<strong>de</strong>s dimensões<br />
(até 40x65x30 cm, altura x largura<br />
x espessura). Projeções colunares<br />
po<strong>de</strong>m estar presentes, frequentemente<br />
representando 20–50% <strong>da</strong> altura total<br />
<strong>de</strong> um espécime. Sua cor em vi<strong>da</strong> é tipicamente<br />
negra, porém espécimes cinza,<br />
<strong>de</strong> tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> diversa, também foram<br />
observados. A cor externa frequentemente<br />
está mascara<strong>da</strong> por epibiontes,<br />
tais como algas filamentosas. Em álcool<br />
mantêm-se acinzentados. Sua superfície<br />
é conulosa, com cônulos <strong>de</strong> até 2–3 mm<br />
<strong>de</strong> altura, mais afastados entre si, e mais<br />
obtusos que os <strong>de</strong> Ircinia felix (<strong>de</strong>scrita<br />
acima). Ósculos com 1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
frequentemente agrupados em<br />
áreas <strong>de</strong> contorno irregular, no topo <strong>da</strong>s<br />
projeções, ou alinhados em cristas. Consistência<br />
firme, compressível, elástica e<br />
muito resistente ao corte. Arquitetura ectossomal<br />
com significativa presença <strong>de</strong><br />
sedimento. Coanossoma cavernoso, com<br />
amplos canais aquíferos. Filamentos sinuosos<br />
<strong>de</strong> espongina (diâmetro 4–6 μm)<br />
também são abun<strong>da</strong>ntes nesta espécie,<br />
dispõem-se consi<strong>de</strong>ravelmente entrelaçados<br />
e apresentam uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
com uma cabeça <strong>de</strong> contorno irregular<br />
(diâmetro 10 μm). Aqui também<br />
são os filamentos que conferem gran<strong>de</strong><br />
resistência ao corte. Fibras <strong>de</strong> espongina<br />
são abun<strong>da</strong>ntes, formando uma reticulação,<br />
on<strong>de</strong> as primárias, ascen<strong>de</strong>ntes, fusionam-se<br />
em agregados <strong>de</strong>nominados<br />
fascículos. Estes po<strong>de</strong>m ultrapassar 500<br />
μm <strong>de</strong> espessura, carregam sedimento<br />
incluído e sustentam os cônulos <strong>da</strong> superfície.<br />
Espículas próprias ausentes.<br />
Ecologia<br />
Espécie comum no infralitoral raso <strong>de</strong><br />
Salvador (até os 15–20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>),<br />
especialmente junto à abertura <strong>da</strong><br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos. Sua superfície<br />
está mais frequentemente livre <strong>de</strong> epibiontes,<br />
porém ocorre entremea<strong>da</strong> a diversos<br />
outros organismos bentônicos.<br />
Bióloga, mergulhadora,<br />
ao lado <strong>de</strong> espécime<br />
<strong>de</strong> Ircinia strobilina em<br />
vi<strong>da</strong> (bóia <strong>de</strong> sinalização<br />
naval próxima ao<br />
Farol <strong>da</strong> Barra, 16 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/<br />
Jun/2009).<br />
210 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Ircinia strobilina (Lamarck, 1816)<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>,<br />
Bahamas, Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />
República Dominicana, Porto Rico,<br />
Ilhas Virgens, Gua<strong>da</strong>lupe, México, Belize,<br />
Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas, <strong>Guia</strong>nas).<br />
<strong>Brasil</strong> [AP, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas, PB,<br />
Fernando <strong>de</strong> Noronha, PE, AL, BA (Salvador,<br />
Abrolhos), ES, Ilha <strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>].<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010. Esponja com 35 cm<br />
<strong>de</strong> largura, quase integralmente recoberta por<br />
algas.<br />
Arquitetura esquelética em seções<br />
transversais. A, vista panorâmica; B,<br />
fascículos e filamentos; C, fibras primárias e<br />
secundárias; D, fascículos e fibras primárias.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3-4 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 07/Mai/2008. FOTOGRAFIA POR G.<br />
LÔBO HAJDU.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
211
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Dendrocerati<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />
Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911) - Quebramar Norte (Salvador),<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
212 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Darwinelli<strong>da</strong>e Merejkowsky, 1879<br />
Gênero Aplysilla Schulze, 1878<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> nove espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
apenas uma está registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. Porém, a coleção do<br />
Museu Nacional possui alguns novos registros, os quais ain<strong>da</strong><br />
carecem <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação completa e/ou <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>.<br />
Dentre estes, os mais comuns são espécimes que eram amarelos<br />
em vi<strong>da</strong>, portanto aproximando-se <strong>de</strong> A. sulfurea Schulze, 1878,<br />
um provável complexo <strong>de</strong> espécies já registrado em diversas<br />
partes do mundo.<br />
60. Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876)<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante à maciça <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>,<br />
com ou sem projeções loba<strong>da</strong>s irregulares,<br />
com até 10–15 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo<br />
e altura <strong>de</strong> 0,5–2 cm. Cor em vi<strong>da</strong><br />
rosa vivo, tornando-se beje no álcool.<br />
Superfície com reticulação visível a olho<br />
nu, frequentemente também com cônulos<br />
conspícuos. Estes são agudos, por<br />
vezes perfurados pelas fibras <strong>de</strong> espongina<br />
que os sustentam, e possuem 0,5–5<br />
mm <strong>de</strong> altura. Alguns cônulos po<strong>de</strong>m<br />
ser bífidos ou trífidos. Ósculos circulares,<br />
dispersos, frequentemente providos <strong>de</strong><br />
uma chaminé membranosa, com 1–5 mm<br />
Naufrágio Cavo Artemidi (Salvador), 18,7 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
213
Aplysilla aff. rosea (Barrois, 1876)<br />
<strong>de</strong> diâmetro. Consistência extremamente<br />
macia e fácil <strong>de</strong> rasgar. Arquitetura<br />
ectossomal consistindo <strong>de</strong> uma reticulação<br />
<strong>de</strong>lica<strong>da</strong>, com fibras primárias<br />
radiais a partir dos cônulos, interconecta<strong>da</strong>s<br />
por secundárias transversais, que<br />
também se conectam entre si. As malhas<br />
assim forma<strong>da</strong>s têm dimensões bastante<br />
homogênias, porém forma irregular. Co-<br />
anossoma com feixes <strong>de</strong>ndríticos <strong>de</strong> espongina<br />
(<strong>de</strong> tom ocre translúcido), pouco<br />
ramificados, esparsos, ascen<strong>de</strong>ntes,<br />
com cerca 280 μm na base, 100–220 μm<br />
em sua porção central, e afilando ain<strong>da</strong><br />
mais rumo a seus ápices.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), aproxima<strong>da</strong>mente<br />
2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2010.<br />
Quebramar Sul (Salvador), 7,2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007.<br />
214 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
215
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
216 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Comentários<br />
Espécie impossível <strong>de</strong> diferenciar <strong>da</strong><br />
espécie caribenha Darwinella rosacea Hechtel,<br />
1965 sem exame ao microscópio<br />
para verificar a presença <strong>de</strong> espiculói<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> espongina. Como a última espécie já<br />
foi reconheci<strong>da</strong> do litoral do Estado <strong>de</strong><br />
São Paulo, é provável que também ocorra<br />
no litoral <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>. O material examinado<br />
em <strong>de</strong>talhe aqui não possui espiculói<strong>de</strong>s<br />
e, portanto, pertence ao gênero<br />
Aplysilla. Porém, é muito pouco provável<br />
que o material do <strong>Brasil</strong> seja coespecífico<br />
à A. rosea, que apesar <strong>de</strong> ti<strong>da</strong> como cosmopolita,<br />
foi originalmente <strong>de</strong>scrita do<br />
Mar do Norte.<br />
Ecologia<br />
Esponja comum <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos, até os 20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
exposta à iluminação mo<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>,<br />
po<strong>de</strong>ndo ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s<br />
áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> [BA (Salvador), RJ, SP]. A coespecífici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> populações isola<strong>da</strong>s em<br />
diferentes mares e oceanos precisa ser<br />
comprova<strong>da</strong>.<br />
Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído. No <strong>de</strong>talhe a laminação <strong>de</strong> uma fibra.<br />
Ponta do Humaitá (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
217
Gênero Chelonaplysilla <strong>de</strong> Laubenfels, 1948<br />
O gênero possui 12 espécies no mundo, e até o presente apenas<br />
uma, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação incerta, está cita<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong>. A espécie<br />
C. violacea é um item predileto na dieta <strong>de</strong> diversos nudibrânquios<br />
no Indo-Pacífico.<br />
61. Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911)<br />
Morfologia<br />
Forma incrustante à maciça, com cristas<br />
abaula<strong>da</strong>s e/ou pequenas projeções loba<strong>da</strong>s,<br />
ou até ten<strong>de</strong>ndo a arbustiva. São<br />
frequentes também cavi<strong>da</strong><strong>de</strong>s caliciformes<br />
na superfície. Espécimes normalmente<br />
com 5–10 cm <strong>de</strong> diâmetro e altura<br />
inferior a 1 cm, alcançando 3 cm apenas<br />
quando o hábito é arbustivo. Cor em<br />
vi<strong>da</strong> roxo-escura, que se mantém praticamente<br />
inalterado no álcool. Superfície<br />
com microrreticulação visível a olho nu e<br />
abun<strong>da</strong>ntes cônulos (1–3 mm <strong>de</strong> altura),<br />
sobre os quais se pendura uma membrana<br />
<strong>de</strong>rmal. Ósculos circulares dispersos,<br />
especialmente nas regiões apicais, com<br />
Quebramar Sul (Salvador), 7,8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007. A esponja rosa<strong>da</strong><br />
é uma Desmapsamma anchorata e a ver<strong>de</strong>azula<strong>da</strong>,<br />
uma Haliclona manglaris.<br />
218 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Chelonaplysilla cf. erecta (Row, 1911)<br />
1–4 mm <strong>de</strong> diâmetro e circun<strong>da</strong>dos por<br />
chaminés membranosas translúci<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
tom violeta. Consistência extremamente<br />
macia e fácil <strong>de</strong> rasgar. Arquitetura ectossomal<br />
composta <strong>de</strong> uma reticulação <strong>de</strong><br />
feixes <strong>de</strong> espongina com sedimento incluído,<br />
cuja tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais clara facilita<br />
sua visualização a olho nu. As malhas<br />
forma<strong>da</strong>s têm 200–500 μm <strong>de</strong> diâmetro.<br />
Coanossoma com feixes <strong>de</strong>ndríticos <strong>de</strong><br />
espongina (<strong>de</strong> tom violeta), pouco ramificados,<br />
esparsos, ascen<strong>de</strong>ntes, com cerca<br />
80–100 μm em sua porção central.<br />
Comentários<br />
É muito pouco provável que as populações<br />
do Atlântico Tropical Oci<strong>de</strong>ntal sejam<br />
coespecíficas com as dos Mares Mediterrâneo<br />
e Vermelho, como sugerido<br />
por diversos autores. Por isso, o uso do<br />
“cf.” aqui. Esta espécie necessita <strong>de</strong> revisão,<br />
possivelmente incluindo também<br />
C. violacea (Len<strong>de</strong>nfeld, 1883) (<strong>da</strong> Austrália),<br />
que in situ se assemelha marcantemente<br />
ao material do Atlântico. Um dos<br />
aspectos a resolver é se C. erecta (Row,<br />
1911), do Mar Vermelho, é coespecífica<br />
com sua homônima do Mediterrâneo<br />
Oriental (C. erecta Tsurnamal, 1967).<br />
Ecologia<br />
Esta espécie já foi mais comum em Salvador<br />
(Baía <strong>de</strong> Todos os Santos), mas<br />
atualmente é relativamente rara. Ocorre<br />
em substrato duro, exposta à luz direta<br />
(mais frequentemente) ou indireta. Um<br />
dos espécimes fotografados em vi<strong>da</strong> possuía<br />
número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> poliquetos<br />
tubícolas associados, com seus tubos<br />
perfurando a superfície <strong>da</strong> esponja. Já<br />
se observou pre<strong>da</strong>ção do nudibrânquio<br />
Chromodoris binza Marcus & Marcus,<br />
1963 sobre Chelonaplysilla aff. erecta (V.<br />
Padula, com. pess.).<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> [CE, BA (Salvador), RJ, SP]. A espécie<br />
C. erecta foi originalmente <strong>de</strong>scrita<br />
do Mar Vermelho, e já foi registra<strong>da</strong> também<br />
do Mediterrâneo e Caribe.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
tangencial.<br />
Arquitetura esquelética com<br />
fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com<br />
hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
219
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Verongi<strong>da</strong> Bergquist, 1978<br />
Aplysina sp. Naufrágios próximos ao Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador),<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
NOTA Espécies pertencentes a esta Or<strong>de</strong>m frequentemente tingem seu<br />
fixador com uma tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> escura, quase negra, muito intensa. A<br />
consequência mais direta disto é o semelhante tingimento <strong>de</strong> outras<br />
esponjas que se encontrem no mesmo recipiente, e mesmo <strong>da</strong> etiqueta,<br />
que por vezes po<strong>de</strong> se tornar ilegível com o passar do tempo. Já tivemos<br />
sucesso em recuperar a legibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> etiquetas colocando-as em um<br />
recipiente com hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído à 5-10%. É necessário portanto<br />
cui<strong>da</strong>do na interpretação <strong>da</strong> coloração após a fixação <strong>de</strong> espécimes<br />
provenientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s expedições, que po<strong>de</strong>m ter sido fixados a bordo<br />
em conjunto com espécimes <strong>de</strong>sta Or<strong>de</strong>m.<br />
220 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Aplysini<strong>da</strong>e Carter, 1875<br />
Gênero Aiolochroia Wie<strong>de</strong>nmayer, 1977<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> apenas três espécies no mundo, uma <strong>da</strong>s<br />
quais ocorre no <strong>Brasil</strong>.<br />
62. Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875)<br />
Morfologia<br />
Forma maciça loba<strong>da</strong>, globular ou com<br />
projeções tubulares um pouco cônicas, alcançando<br />
15–20 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo<br />
e até 8–10 cm <strong>de</strong> altura. Sua cor em vi<strong>da</strong><br />
é mais comumente amarelo vivo, mas<br />
tons esver<strong>de</strong>ados e amarronzados (ocre)<br />
também ocorrem. No fixador, torna-se<br />
roxo-escura, i<strong>de</strong>m para o álcool. Superfície<br />
conulosa ou monticula<strong>da</strong>/verrucosa.<br />
Nem cônulos, nem montículos costumam<br />
ter mais que 1 mm <strong>de</strong> altura. Alguns segmentos<br />
<strong>da</strong> superfície são totalmente lisos,<br />
em especial nas áreas que concentram<br />
ósculos. Estes são majoritariamente circulares,<br />
com 1–5 mm <strong>de</strong> diâmetro, providos<br />
<strong>de</strong> membrana perioscular plana, e<br />
costumam estar situados nas porções apicais<br />
<strong>da</strong> esponja. Em segmentos diversos,<br />
sejam entremeados aos ósculos, ou não,<br />
notam-se áreas porais, cujo padrão reticulado<br />
é visível a olho nu. A consistência<br />
é firme, compressível, pouco elástica. A<br />
arquitetura ectossomal é <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
qualquer especialização. O coanossoma<br />
apresenta fibras robustas e nodosas <strong>de</strong><br />
espongina, <strong>de</strong> córtex fino, amarelado;<br />
medula espessa, geralmente negra, sem<br />
inclusões. Estas fibras apresentam padrão<br />
<strong>de</strong>ndrítico <strong>de</strong> organização, e não formam<br />
um arcabouço muito <strong>de</strong>nso. Seu diâmetro<br />
frequentemente ultrapassa os 500 μm,<br />
50–90% dos quais se referem à medula.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6–8 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 16/Dez/2007.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
221
Aiolochroia crassa (Hyatt, 1875)<br />
Comentários<br />
Esta espécie produz uma série <strong>de</strong> compostos<br />
brominados, <strong>de</strong>ntre os quais a fistularina-3<br />
isola<strong>da</strong> <strong>de</strong> espécimes <strong>de</strong> Belize<br />
mostrou-se seletivamente tóxica contra o<br />
bacilo <strong>da</strong> tuberculose.<br />
Ecologia<br />
Espécie relativamente comum em águas<br />
rasas <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, assim<br />
como na plataforma continental do estado,<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> é conheci<strong>da</strong> até os 100 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> coletas efetua<strong>da</strong>s<br />
pelo Programa REVIZEE. É comum<br />
observar epibiontes, principalmente algas,<br />
outras esponjas e tunicados. A espécie<br />
po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima <strong>da</strong>s<br />
áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Quebramar Norte (Salvador), 9,2 m<br />
<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica, República<br />
Dominicana, Porto Rico, Ilhas Virgens,<br />
Antigua, México, Belize, Honduras,<br />
Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz do<br />
Amazonas, Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro<br />
e São Paulo, CE, RN, Atol <strong>da</strong>s Rocas,<br />
Fernando <strong>de</strong> Noronha, PB, PE, BA (Salvador,<br />
ao largo <strong>de</strong> Cairu, Itacaré, Prado,<br />
ao largo <strong>de</strong> Caravelas, Banco Hotspur,<br />
Banco Minerva, Banco Rodgers), ES, Ilha<br />
<strong>da</strong> Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>, RJ].<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2–3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Dez/2010. A esponja<br />
vermelha, acima <strong>da</strong> Aiolochroia (marrom), é<br />
uma Te<strong>da</strong>nia ignis (Duchassaing & Michelotti,<br />
1864).<br />
Arquitetura esquelética com fibra isola<strong>da</strong><br />
após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
223
Gênero Aplysina Nardo, 1834<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 37 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais 15 ocorrem<br />
no <strong>Brasil</strong>. São apresenta<strong>da</strong>s cinco espécies a seguir, mas outras sete<br />
espécies já foram encontra<strong>da</strong>s na <strong>Bahia</strong>: A. alcicornis Pinheiro, Hajdu<br />
& Custódio, 2007, A. cristagallus P., H. & C., 2007, A. lactuca P., H. &<br />
C., 2007, A. lacunosa (Lamarck, 1814), A. lingua P., H. & C., 2007, A.<br />
orthoreticulata P., H. & C., 2007 e A. pseudolacunosa P., H. & C., 2007.<br />
Coletas recentes efetua<strong>da</strong>s na Baía <strong>de</strong> Todos os Santos já revelaram ao<br />
menos uma nova espécie, ain<strong>da</strong> por <strong>de</strong>screver. Aplysina é o primeiro<br />
gênero <strong>de</strong> <strong>Porifera</strong> a contradizer a noção corrente <strong>de</strong> que a fauna<br />
marinha brasileira é uma versão empobreci<strong>da</strong> <strong>da</strong>quela <strong>da</strong> região<br />
do Caribe. Até recentemente, as espécies A. fistularis, A. fulva e A.<br />
insularis eram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s meras formas <strong>de</strong> uma única espécie, A.<br />
fistularis. O uso <strong>de</strong> marcadores moleculares ain<strong>da</strong> não conseguiu<br />
clarificar essa questão, mas é a esperança quando se associam poucos<br />
caracteres morfológicos disponíveis e gran<strong>de</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />
mesmos, como ocorre neste gênero.<br />
63. Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />
Morfologia<br />
Forma ramosa, com ramos cilíndricos,<br />
<strong>de</strong>lgados e <strong>de</strong> diâmetro regular. Os ramos<br />
ocorrem solitários ou em pequenos<br />
grupos, ramificando-se ou não. O<br />
comprimento máximo observado foi <strong>de</strong><br />
50–60 cm, com diâmetro <strong>de</strong> 1,5–2,5 cm.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta esponja é mais frequentemente<br />
marrom, mas também se<br />
observaram espécimes ocre e amarelo–<br />
pálidos. Estes últimos, em locais abrigados<br />
<strong>de</strong> iluminação direta. Em álcool assume<br />
coloração marrom–arroxea<strong>da</strong>. Sua<br />
superfície é mais frequentemente lisa,<br />
com ósculos (diâmetro 1–3 mm) prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
alinhados e quase equidistantes<br />
(a ca<strong>da</strong> 2–3 cm). Consistência<br />
firme, pouco compressível, algo elástica.<br />
Arquitetura ectossomal não especiali-<br />
za<strong>da</strong>. Coanossoma com reticulação <strong>de</strong><br />
fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />
tridimensionais irregulares. Fibras com<br />
córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />
o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a<br />
última mais frequentemente negra. Diâmetro<br />
<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 20–200 μm, <strong>da</strong>s<br />
medulas <strong>de</strong> cerca 10–120 μm, sendo as<br />
maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />
mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Comentários<br />
Esta espécie produz a fistularina-3 e a<br />
11-<strong>de</strong>oxi-fistularina-3, substâncias com<br />
potencial para guiar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> novos agentes para o combate ao bacilo<br />
<strong>da</strong> tuberculose. O material utilizado<br />
nestas pesquisas foi coletado na Baía <strong>de</strong><br />
Todos os Santos.<br />
224 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />
Espécimen em vi<strong>da</strong> (Quebramar Norte, Salvador, 5,3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
225
Aplysina cauliformis (Carter, 1882)<br />
Espécimen em vi<strong>da</strong> (Quebramar Norte, Salvador, 5,3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 11/Dez/2007).<br />
Ecologia<br />
Exemplares ou fragmentos <strong>de</strong> A. cauliformis<br />
são comuns ao longo <strong>da</strong>s praias <strong>da</strong><br />
zona costeira <strong>de</strong> Salvador, nota<strong>da</strong>mente<br />
em Itapuã, Stella Maris e adjacências. Na<br />
Baía <strong>de</strong> Todos os Santos é relativamente<br />
rara. A espécie já foi registra<strong>da</strong> em 3–15<br />
m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> na <strong>Bahia</strong>. Em outros<br />
estados é conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong> até 100 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
tendo estes registros mais<br />
profundos sido obtidos pelo Programa<br />
REVIZEE em bancos submarinos <strong>da</strong> região<br />
su<strong>de</strong>ste.<br />
Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />
após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba,<br />
Jamaica, Porto Rico, Ilhas Virgens, Antigua,<br />
Barbu<strong>da</strong>, Belize, Panamá, Colômbia,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz do<br />
Amazonas, CE, RN, PE, BA (Salvador, ao<br />
largo <strong>de</strong> Belmonte, Porto Seguro, Prado,<br />
Caravelas, Abrolhos), ES, RJ].<br />
226 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
64. Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />
Morfologia<br />
Forma tubular, cilíndrica, com tubos<br />
solitários ou em grupos pequenos (2–4<br />
tubos), eretos, por vezes com consi<strong>de</strong>rável<br />
anastomose. Seu comprimento<br />
po<strong>de</strong> ultrapassar 1 m, porém o mais frequente<br />
em águas rasas é que não passe<br />
<strong>de</strong> 30 cm. O diâmetro dos tubos é proporcional<br />
ao seu comprimento, po<strong>de</strong>ndo<br />
alcançar 9 cm ou mais nos maiores espécimes,<br />
porém frequentemente não ultrapassando<br />
5 cm. A cor em vi<strong>da</strong> é usualmente<br />
amarelo-viva, às vezes marrom, e<br />
no álcool, quase sempre roxo–escura ou<br />
preta. A superfície <strong>da</strong> esponja po<strong>de</strong> ser<br />
nota<strong>da</strong>mente lisa ou conulosa, e também<br />
se observou tubos com projeções laterais<br />
diversas, as mais comuns consistindo <strong>de</strong><br />
pequenos cilindros, cristas ou lobos <strong>de</strong><br />
contorno irregular. As aberturas exalantes<br />
consistem <strong>de</strong> pseudo-ósculos apicais<br />
com 1–8 cm <strong>de</strong> diâmetro, circun<strong>da</strong>dos<br />
por membranas periosculares planas, do<br />
tipo diafragma, e por vezes também por<br />
uma palissa<strong>da</strong> contínua ou <strong>de</strong>scontínua<br />
<strong>de</strong> pequenas projeções fistulares. Raramente<br />
se observaram pequenos ósculos<br />
laterais. A consistência é firme, porém<br />
facilmente compressível e elástica. Arquitetura<br />
ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />
Quebramar Sul (Salvador), 7,6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 14/Dez/2007<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
227
Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />
228 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aplysina fistularis (Pallas, 1766)<br />
Coanossoma com reticulação <strong>de</strong> fibras<br />
<strong>de</strong> espongina, formando malhas tridimensionais<br />
irregulares. Fibras com córtex<br />
e medula facilmente reconhecíveis, o<br />
primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a última<br />
mais frequentemente negra. Diâmetro<br />
<strong>da</strong>s fibras 30–280 μm, <strong>da</strong>s medulas 10–60<br />
μm, sendo as maiores seções observa<strong>da</strong>s<br />
nas porções mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Comentários<br />
Esta espécie produz a fistularina-3 e a<br />
11-cetofistularina-3, substâncias com potencial<br />
para guiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
novos agentes para o combate ao bacilo<br />
<strong>da</strong> tuberculose. O material utilizado nestas<br />
pesquisas foi coletado na Baía <strong>de</strong> Todos<br />
os Santos.<br />
Ecologia<br />
Esta espécie é relativamente rara em boa<br />
parte <strong>da</strong> Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, preferindo<br />
locais <strong>de</strong> baixo hidrodinamismo e<br />
águas relativamente claras. Também foi<br />
encontra<strong>da</strong> em 3–15 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
na <strong>Bahia</strong> e em 20 m no Ceará. Alguns dos<br />
epibiontes observados mais frequentemente<br />
foram outras esponjas, especialmente<br />
Desmapsamma anchorata (<strong>de</strong>scrita<br />
acima). Aplysina fistularis po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong><br />
Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Ilhas Cayman, Jamaica,<br />
República Dominicana, Porto Rico,<br />
Ilhas Virgens, Gua<strong>da</strong>lupe, México,<br />
Belize, Costa Rica, Panamá, Venezuela,<br />
Antilhas Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [Foz<br />
do Amazonas, CE, RN, Fernando <strong>de</strong><br />
Noronha, PE, BA (Salvador, Prado,<br />
Abrolhos)].<br />
Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />
após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído.<br />
Boião <strong>de</strong> sinalização naval entre Salvador e Ilha dos Fra<strong>de</strong>s (<strong>Bahia</strong><br />
<strong>de</strong> Todos os Santos), 21/Jun/2004.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
229
65. Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />
Morfologia<br />
Forma extremamente varia<strong>da</strong>. A maior<br />
frequência é <strong>de</strong> indivíduos compostos<br />
por grupos <strong>de</strong> ramos cilíndricos <strong>de</strong> contorno<br />
irregular, on<strong>de</strong> ramificações são relativamente<br />
raras, e anastomoses relativamente<br />
comuns. Os ramos cilíndricos são<br />
prepon<strong>de</strong>rantemente eretos, mas formas<br />
reptantes também são vistas, especialmente<br />
em ambientes <strong>de</strong> maior hidrodinamismo.<br />
A seção dos ramos po<strong>de</strong> ser quase<br />
circular ou marca<strong>da</strong>mente lamelar. O<br />
comprimento <strong>de</strong>stes ramos po<strong>de</strong> chegar<br />
a 2 m, mas o mais comum é que não passem<br />
dos 20–30 cm. O diâmetro dos ramos<br />
situa-se geralmente entre 2 e 3 cm. A cor<br />
em vi<strong>da</strong> inclui diversas tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
amarelo, ocre e marrom. No álcool mais<br />
frequentemente torna-se negra, roxa ou<br />
marrom-escura, mas algumas exceções ficaram<br />
rosa<strong>da</strong>s. Superfície lisa ou conulosa,<br />
por vezes discretamente monticula<strong>da</strong> ou<br />
rugosa. Ósculos com 0,5–2 mm <strong>de</strong> diâmetro,<br />
distribuídos aleatoriamente, e apenas<br />
rararamente localizados na porção apical<br />
dos ramos. Ósculos apicais ocorrem principalmente<br />
em formas reptantes, quando<br />
po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> estar alinhados como em<br />
A. cauliformis. Consistência variando <strong>de</strong><br />
macia à dura. Arquitetura ectossomal não<br />
especializa<strong>da</strong>. Coanossoma com reticulação<br />
<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina, formando<br />
malhas tridimensionais irregulares. Fibras<br />
com córtex e medula facilmente reco-<br />
nhecíveis, o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar<br />
e a última mais frequentemente negra.<br />
Diâmetro <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–210 μm,<br />
<strong>da</strong>s medulas <strong>de</strong> cerca 10–60 μm, sendo as<br />
maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />
mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Comentários<br />
Essa espécie é a <strong>de</strong> morfologia mais variável<br />
<strong>de</strong>ntre as Aplysina brasileiras. Em<br />
parte, isso <strong>de</strong>corre por ser também possivelmente<br />
a mais abun<strong>da</strong>nte, ou pelo<br />
menos a mais acessível, o que se traduz<br />
em maior número <strong>de</strong> observações. Entretanto,<br />
uma suposta gran<strong>de</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
morfológica sugere a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> confirmação<br />
<strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ntificações por outros<br />
meios. Um estudo químico recente verificou<br />
a distribuição <strong>de</strong> 19 compostos em espécimes<br />
<strong>de</strong> A. fulva <strong>da</strong> Georgia (E.U.A.),<br />
além <strong>de</strong> Salvador e Nazaré, na <strong>Bahia</strong>, e<br />
Arraial do Cabo, Angra dos Reis e São<br />
Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />
após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído.<br />
230 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />
Porto <strong>da</strong> Barra<br />
(Salvador), 6,5 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 09/<br />
Dez/2007.<br />
Sebastião, na Região Su<strong>de</strong>ste. A variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
química observa<strong>da</strong> foi notável, com<br />
um composto presente em três amostras,<br />
três compostos presentes em duas amostras,<br />
e os <strong>de</strong>mais 15 compostos presentes<br />
ca<strong>da</strong> qual em uma única amostra. Por<br />
outro lado, um estudo citológico não observou<br />
diferenças ao nível celular em distintas<br />
populações do su<strong>de</strong>ste.<br />
Ecologia<br />
Na <strong>Bahia</strong> a espécie foi observa<strong>da</strong> em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> 1–40 m, e no restante do<br />
país até os 78 m. A espécie é conheci<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
ampla gama <strong>de</strong> ambientes no que tange<br />
ao hidrodinamismo e às taxas <strong>de</strong> sedimentação,<br />
está associa<strong>da</strong> à gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> endo-, bem como ectosimbiontes, e<br />
ain<strong>da</strong> integra a dieta alimentar <strong>de</strong> vários<br />
organismos entre equino<strong>de</strong>rmos, peixes e<br />
tartarugas. Aplysina fulva po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong><br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Um estudo recente observou que<br />
as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s bacterianas associa<strong>da</strong>s à<br />
A. fulva em Búzios (RJ) são ricas, além <strong>de</strong><br />
distintas <strong>da</strong>quelas presentes na água do<br />
mar próxima <strong>da</strong>s esponjas, bem como <strong>da</strong>quelas<br />
registra<strong>da</strong>s para outras espécies <strong>de</strong><br />
esponjas, conforme estudos publicados<br />
para outras partes do mundo.<br />
Distribuição<br />
Noroeste do Atlântico. Golfo do México.<br />
Caribe (Flóri<strong>da</strong>, Bahamas, Cuba, Ilhas<br />
Cayman, Jamaica, República Dominicana,<br />
Porto Rico, Ilhas Virgens, St. Martin,<br />
Barbados, México, Belize, Costa Rica,<br />
Panamá, Colômbia, Venezuela, Antilhas<br />
Holan<strong>de</strong>sas). <strong>Brasil</strong> [AP, Arquipélago <strong>de</strong><br />
São Pedro e São Paulo, CE, RN, Fernando<br />
<strong>de</strong> Noronha, PE, AL, BA (Salvador,<br />
Itaparica, Cairu, Maraú, Itacaré, Prado,<br />
Caravelas, Abrolhos, Nova Viçosa), ES,<br />
RJ, SP].<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
231
Aplysina fulva (Pallas, 1766)<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 2 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 02/Dez/2006.<br />
232 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
66. Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Morfologia<br />
Forma tubular, com tubos baixos, frequentemente<br />
anastomosados em amplas<br />
áreas <strong>de</strong> contato, até o ponto <strong>de</strong> não se<br />
reconhecer mais ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> em separado.<br />
Tubos geralmente com altura<br />
inferior a 10 cm, e diâmetro <strong>de</strong> até 5 cm<br />
<strong>de</strong> diâmetro, ou mais, no caso <strong>de</strong> tubos<br />
integralmente fusionados. Os tubos têm<br />
geralmente contorno irregular, frequentemente<br />
expandindo-se apicalmente, e por<br />
vezes possuem pequenos lobos periféricos.<br />
A cor em vi<strong>da</strong> é amarela ou ocre,<br />
tornando-se negra no álcool. A superfície<br />
<strong>da</strong> esponja é lisa ou rugosa. Ósculos<br />
são apicais, geralmente com 2–10 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro. Consistência bastante macia.<br />
Arquitetura ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />
Coanossoma com reticulação <strong>de</strong><br />
fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />
tridimensionais irregulares. Fibras com<br />
córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />
o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar e a<br />
última mais frequentemente negra. Diâmetro<br />
<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–120 μm, <strong>da</strong>s<br />
medulas <strong>de</strong> cerca 10–40 μm, sendo as<br />
maiores seções observa<strong>da</strong>s nas porções<br />
mais internas <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Comentários<br />
Alguns espécimes mais esféricos apresentavam<br />
ósculos com até 2–3 cm <strong>de</strong><br />
diâmetro, mas sua coespecifici<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />
o presente material é incerta. Frequente-<br />
Iate Clube (Salvador), 3–4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
04/Dez/2006 – a esponja amarelo-clara, ao fundo,<br />
é uma Aplysina fulva.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
233
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
234 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aplysina insularis (Duchassaing & Michelotti, 1864)<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007;<br />
mente a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna <strong>de</strong>stas esponjas<br />
estava repleta <strong>de</strong> areia.<br />
Ecologia<br />
Espécimes provenientes <strong>de</strong> 3–12 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> ser encontra<strong>da</strong> próxima<br />
<strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Distribuição<br />
Tropical Atlântica Oci<strong>de</strong>ntal. Golfo do<br />
México. Caribe (Bermu<strong>da</strong>s, Flóri<strong>da</strong>, Bahamas,<br />
Cuba, Jamaica, Porto Rico, Ilhas<br />
Virgens, México, Belize, Costa Rica, Panamá,<br />
Colômbia, Venezuela). <strong>Brasil</strong> (BA –<br />
Salvador, Abrolhos).<br />
Arquitetura esquelética com fibras isola<strong>da</strong>s<br />
após tratamento com hipoclorito <strong>de</strong> sódio<br />
diluído.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
235
67. Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />
Morfologia<br />
Forma maciça <strong>de</strong> contorno variável, <strong>de</strong>corrente<br />
<strong>da</strong> anastomose <strong>de</strong> lamelas e projeções<br />
digitiformes em distintos graus. É<br />
comum o afilamento rumo às porções apicais,<br />
bem como a presença <strong>de</strong> uma franja<br />
<strong>de</strong> pequenas projeções fistulares (altura 2<br />
mm) no bordo apical <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> lamela ou<br />
dígito. Estas pequenas fístulas ten<strong>de</strong>m a<br />
se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r do espécime após o manuseio<br />
e fixação. Suas dimensões raramente<br />
ultrapassam os 10 cm <strong>de</strong> altura, e esta,<br />
normalmente não ultrapassa muito a<br />
maior largura <strong>da</strong> esponja. Em vi<strong>da</strong> estas<br />
esponjas têm coloração entre o amarelo e<br />
o ocre, por vezes com nuances roxas, tornando-se<br />
marrom-escuras após a fixação<br />
com álcool. Superfície lisa a levemente<br />
rugosa, passando a conulosa no fixador.<br />
Ósculos com 1–2mm <strong>de</strong> diâmetro, espalhados<br />
por to<strong>da</strong> a esponja. Sua consistência<br />
é macia e compressível, e um pouco<br />
elástica. Arquitetura ectossomal não especializa<strong>da</strong>.<br />
Coanossoma com reticulação<br />
<strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> espongina, formando malhas<br />
tridimensionais irregulares. Fibras com<br />
córtex e medula facilmente reconhecíveis,<br />
o primeiro <strong>de</strong> coloração âmbar, e a última<br />
mais frequentemente negra. Diâmetro<br />
<strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> cerca 30–140 μm, <strong>da</strong>s medulas<br />
<strong>de</strong> cerca 5–75 μm, sendo as maiores<br />
seções observa<strong>da</strong>s nas porções mais internas<br />
<strong>da</strong>s esponjas.<br />
Comentários<br />
Alguns espécimes com forma lamelar<br />
mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong> situavam-se em posição<br />
intermediária ao conceito corrente <strong>de</strong><br />
Aplysina solangeae e o <strong>de</strong> A. lactuca. Em<br />
se tratando <strong>de</strong> esponjas <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
esqueleto mineral, e portando arquitetura<br />
esquelética muito variável, resta a<br />
morfologia externa para ensaiar o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> espécies. Porém, parâmetros<br />
ambientais, especialmente no que<br />
concerne ao hidrodinamismo e às taxas<br />
<strong>de</strong> sedimentação, oscilam <strong>de</strong> forma drástica<br />
próximo à costa, po<strong>de</strong>ndo acarretar<br />
Arquitetura esquelética com<br />
fibras isola<strong>da</strong>s após tratamento com<br />
hipoclorito <strong>de</strong> sódio diluído.<br />
Porto <strong>da</strong> Barra (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 04/Dez/2010.<br />
236 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
237
Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />
Ponta <strong>de</strong> Humaitá (Salvador), 3 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Dez/2006.<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
238 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Aplysina solangeae Pinheiro, Hajdu & Custódio, 2007<br />
a<strong>da</strong>ptações morfológicas que venham a<br />
dificultar o reconhecimento <strong>de</strong> espécies<br />
próximas. Portanto, por um lado o conhecimento<br />
morfológico <strong>de</strong>stas espécies<br />
precisa avançar através <strong>da</strong> observação <strong>de</strong><br />
populações em distintas profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<br />
e por outro, novos caracteres, tais como<br />
os moleculares, <strong>de</strong>vem ser utilizados na<br />
busca por congruência e maior confiabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
nas diagnoses propostas.<br />
Ecologia<br />
A espécie só foi observa<strong>da</strong> em águas rasas,<br />
até 5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ocorrendo<br />
próxima <strong>da</strong>s áreas urbanas <strong>de</strong> Salvador.<br />
Epibiontes são relativamente comuns,<br />
sendo que algas filamentosas po<strong>de</strong>m<br />
recobri-la quase que por completo. As<br />
fístulas presentes em seu ápice <strong>de</strong>vem<br />
estar associa<strong>da</strong>s à reprodução assexua<strong>da</strong><br />
por brotamento, uma vez que ten<strong>de</strong>m a<br />
formar pequenas bolinhas, semelhantes<br />
às observa<strong>da</strong>s em Tethya spp. (<strong>de</strong>scritas<br />
acima).<br />
Distribuição<br />
Endêmica do <strong>Brasil</strong> [CE, BA (Salvador)].<br />
Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6 m <strong>de</strong><br />
profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 10/Dez/2007.<br />
Iate Clube (Salvador), 4 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
04/Dez/2006.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
239
240240 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Classe Calcarea Bowerbank, 1864<br />
Or<strong>de</strong>m Leucosoleni<strong>da</strong> Minchin, 1900<br />
Grantessa sp. (esponja branca) e Leucascus roseus Lanna, Rossi,<br />
Cavalcanti, Hajdu & Klautau, 2007. Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />
(Caravelas), 4-5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987. O Leucascus não foi<br />
apresentado neste guia. Trata-se <strong>de</strong> uma Clathrini<strong>da</strong> não reencontra<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta imagem.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
241
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Amphorisci<strong>da</strong>e Dendy, 1892<br />
Gênero Leucilla Haeckel, 1872<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> 10 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais duas estão<br />
registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. O primeiro registro <strong>de</strong> Leucilla para a<br />
<strong>Bahia</strong> foi <strong>da</strong> espécie L. australiensis (Carter, 1886), originária <strong>da</strong><br />
Austrália e subsequentemente consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma espécie cosmopolita.<br />
Há dúvi<strong>da</strong>s, entretanto, quanto à i<strong>de</strong>ntificação dos espécimes <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong>, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> dois aspectos principais: 1) distribuições<br />
cosmopolitas <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> poríferos, inclusive em Calcarea, são<br />
altamente improváveis; e 2) mencionou-se importante variabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
no material brasileiro estu<strong>da</strong>do (<strong>da</strong>s latitu<strong>de</strong>s 1–24°S), mas essa não<br />
foi caracteriza<strong>da</strong> em <strong>de</strong>talhe. A <strong>de</strong>scrição a seguir ilustra um espécime<br />
com paliça<strong>da</strong> bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>, porém a anatomia é <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
outro espécime, possuidor <strong>de</strong> uma paliça<strong>da</strong> mais rudimentar. Estudos<br />
em an<strong>da</strong>mento encontraram significativa diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies<br />
<strong>de</strong> Leucilla na <strong>Bahia</strong>, a maioria provavelmente espécies novas (M.<br />
Klautau, com. pess.), sugerindo também que a <strong>de</strong>scrição a seguir<br />
<strong>de</strong>rive na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> duas espécies distintas.<br />
68. Leucilla spp.<br />
Morfologia<br />
Forma ovói<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> barril, com até 5 x<br />
3 mm. A cor no álcool é branca ou bege<br />
e supõe-se que não difira muito <strong>da</strong> cor<br />
em vi<strong>da</strong>. Superfície áspera, com um único<br />
ósculo apical <strong>de</strong> contorno irregular e<br />
inteira ou parcialmente circun<strong>da</strong>do por<br />
uma coroa oscular <strong>de</strong> diactinas gran<strong>de</strong>s<br />
(tricóxeas). Consistência relativamente<br />
firme. Sistema aquífero <strong>de</strong> padrão leuconoi<strong>de</strong>.<br />
Córtex formado por gran<strong>de</strong>s<br />
tetractinas com actinas basais dispostas<br />
tangencialmente à superfície, e actina<br />
apical apontando para o centro <strong>da</strong> esponja.<br />
Estas actinas corticais internaliza<strong>da</strong>s<br />
integram também o esqueleto coanossomal<br />
inarticulado junto às actinas<br />
ímpares <strong>da</strong>s tetractinas subatriais, e <strong>de</strong><br />
algumas triactinas. O esqueleto atrial é<br />
composto somente <strong>de</strong> tetractinas. Espículas:<br />
tricóxeas, ultrapassam 1000 μm;<br />
tetractinas corticais, actinas basais 400 /<br />
30 μm, actina apical, 550 / 50 μm; tetractinas<br />
subatriais, actinas basais 370 / 35<br />
μm, actina apical, 490 / 30 μm; triactinas<br />
subatriais, actinas pares 250 / 20, actinas<br />
ímpares 350 / 15 μm.<br />
Ecologia<br />
Encontra<strong>da</strong> no sedimento <strong>de</strong> áreas adjacentes<br />
à Baía <strong>de</strong> Todos os Santos, sobre<br />
pequenas rochas soltas ou em cascalhos<br />
biogênicos. No litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
(município <strong>de</strong> Camaçari) a espécie foi<br />
coleta<strong>da</strong> a cerca <strong>de</strong> 20 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
em placas <strong>de</strong> alumínio e em substrato<br />
biogênico, apresentando hábito<br />
tanto fotófilo quanto ciáfilo.<br />
242 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Espécime fixado, fotografado<br />
sobre a banca<strong>da</strong> do laboratório<br />
(UFBA). Altura: 25 mm.<br />
Distribuição<br />
Material estu<strong>da</strong>do aqui: <strong>Brasil</strong> (BA – Camaçari).<br />
O gênero distribui-se amplamente<br />
nos três principais oceanos.<br />
Arquitetura esquelética em seção<br />
transversal. A coloração vermelho-escura<br />
<strong>de</strong>ve-se ao uso <strong>de</strong> fucsina áci<strong>da</strong> com o<br />
objetivo <strong>de</strong> realçar o componente celular.<br />
FOTOMICROGRAFIA POR M. KLAUTAU.<br />
A, tetractina subatrial; B, tetractina<br />
cortical; C, triactina subatrial.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
243
Família Heteropii<strong>da</strong>e Dendy, 1893<br />
Gênero Grantessa Len<strong>de</strong>nfeld,1885<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 25 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais<br />
apenas uma foi registra<strong>da</strong> para o <strong>Brasil</strong> até o presente, G. anisactina<br />
Borojevic & Peixinho, 1976, obti<strong>da</strong> na Paraíba. Esta espécie difere<br />
do material apresentado aqui por uma série <strong>de</strong> caracteres, <strong>de</strong>ntre os<br />
quais os mais notáveis são a presença <strong>de</strong> triactinas que superam os<br />
1000 μm <strong>de</strong> comprimento, enquanto aquelas observa<strong>da</strong>s no material<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> sequer alcançam os 500 μm, assim como a completa<br />
ausência <strong>de</strong> tetractinas em G. anisactina. Praticamente to<strong>da</strong>s as<br />
<strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> Grantessa são originais do Indo-Pacífico, o que<br />
sugere que a espécie baiana seja nova.<br />
69. Grantessa sp.<br />
Morfologia<br />
Forma tubular agrega<strong>da</strong>, com tubos <strong>de</strong><br />
dimensões varia<strong>da</strong>s, conectados em seu<br />
terço inferior, e portando uma base irregular.<br />
Os agregados po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r<br />
mais <strong>de</strong> 40 tubos, com altura <strong>de</strong><br />
3–20 mm, diâmetro <strong>de</strong> 1,5–4,5 mm e espessura<br />
<strong>da</strong> pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente<br />
0,5 mm. Alguns tubos foram vistos<br />
ramificando-se. Cor in vivo branca ou<br />
levemente amarela<strong>da</strong>, mantendo-se inaltera<strong>da</strong><br />
em álcool. O perímetro oscular<br />
costuma ser ain<strong>da</strong> mais branco. Superfície<br />
externa levemente áspera <strong>de</strong>vido<br />
às microdiactinas implanta<strong>da</strong>s verticalmente<br />
e distribuí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma esparça<br />
ou agrupa<strong>da</strong>. Ósculos apicais, um<br />
para ca<strong>da</strong> tubo, circun<strong>da</strong>dos por uma<br />
coroa baixa (altura 0,5 mm) composta<br />
<strong>de</strong> microdiactinas. Sistema aquífero<br />
em padrão siconói<strong>de</strong> sem que os cones<br />
distais sejam visíveis na superfície externa.<br />
Consistência macia, quebradiça.<br />
Arquitetura esquelética complexa, com<br />
padrão radial <strong>de</strong> organização em seção<br />
transversal. Coroa oscular composta por<br />
microdiactinas mais espessas e triactinas<br />
sagitais. Porção mediana <strong>de</strong> um tubo<br />
em seção transversal – cinco regiões <strong>de</strong><br />
fora para <strong>de</strong>ntro. (1) O esqueleto cortical<br />
apresenta diactinas mais <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s e<br />
dispostas perpendicularmente, entremea<strong>da</strong>s<br />
a triactinas em sagitais organiza<strong>da</strong>s<br />
em 3–4 cama<strong>da</strong>s. O esqueleto cortical se<br />
sustenta sobre (2) triactinas su<strong>de</strong>rmais<br />
sagitais dos cones distais, com uma actina<br />
par disposta centripetamente. Esta<br />
actina se emparelha às actinas ímpares<br />
(centrífugas) (3) <strong>da</strong>s triactinas e tetractinas<br />
tubares. Estas últimas estão dispostas<br />
em diversas cama<strong>da</strong>s articula<strong>da</strong>s, em<br />
um padrão que remete àquele ilustrado<br />
neste <strong>Guia</strong> para o tubo <strong>de</strong> Tribrachium<br />
schmidti. As triactinas pseudossagitais<br />
também ocorrem entre as cama<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> triactinas tubares. (4) Na região subatrial,<br />
logo abaixo <strong>da</strong>s triactinas tubares,<br />
está o esqueleto subatrial, formado por<br />
triactinas sagitais e situado sobre (5) as<br />
triactinas e tetractinas (iguais proporções)<br />
atrais. Superfície atrial levemente<br />
híspi<strong>da</strong> com apópilos amplos. Espículas:<br />
244 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
diactinas <strong>da</strong> coroa oscular e <strong>da</strong> superfície<br />
60–165 / 4–6 μm; triactinas <strong>da</strong> região<br />
oscular, actina ímpar 120–140 / 8 μm,<br />
actina par 100 / 8 μm; triactinas corticais,<br />
actina ímpar 25–55 / 9 μm, actina<br />
par 60–65 / 8 μm; triactinas pseudosagitais<br />
do cone distal, actina ímpar retilínea<br />
60–175 / 8–9 μm, actina par radial 70–75<br />
/ 8 μm, actina par cortical 25–35 / 3–8<br />
μm; triactinas tubares, actina ímpar 180<br />
/ 12 μm, actina par 80 / 8 μm; tetractinas<br />
tubares, actina ímpar 120–230 / 7–8<br />
μm, actina par 60–90 / 7–8 μm; triactinas<br />
subatriais, actina ímpar 180 / 8 μm,<br />
actina par 100–110 / 8 μm; triactinas<br />
atriais sagitais, actina ímpar 130 / 7 μm,<br />
actina par 80 / 6–7 μm; tetractinas atriais<br />
sagitais, actina ímpar 135 / 7 μm, actina<br />
par 80 / 5–7 μm.<br />
Ecologia<br />
Exposta à luz, prepon<strong>de</strong>rantemente<br />
em substratos verticais, na faixa <strong>de</strong><br />
6–19 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> (C. Sampaio,<br />
com. pess.).<br />
Distribuição<br />
<strong>Brasil</strong> (provisoriamente endêmica <strong>da</strong><br />
<strong>Bahia</strong> – Salvador, Vera Cruz, Maraú,<br />
Abrolhos).<br />
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />
(Caravelas), 4–5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987.<br />
As esponjas vermelha e rosa<strong>da</strong> pertencem ao<br />
gênero Monanchora.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
245
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
A, diactinas <strong>da</strong> superfície; B,<br />
triactinas <strong>da</strong> região oscular; C,<br />
triactinas corticais; D, triactinas<br />
pseudossagitais; E, triactinas tubares;<br />
F, tetractinas tubares; G, triactinas<br />
subatriais; H, triactinas atriais sagitais;<br />
I, tetractinas atriais sagitais.<br />
Arquitetura esquelética em seção transversal. A, seção <strong>de</strong> um tubo (a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> interna se<br />
<strong>de</strong>nomina atrial); B, <strong>de</strong>talhe do esqueleto cortical e do cone distal; C, <strong>de</strong>talhe do esqueleto<br />
subatrial e atrial.<br />
246 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Barra Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> Camamu (Maraú), 14–19 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 05/Out/2009.<br />
FOTO DE C.L.S. SAMPAIO.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
247
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Or<strong>de</strong>m Clathrini<strong>da</strong> Hartman, 1958<br />
Clathrina sp. Farol <strong>da</strong> Barra (Salvador), 6,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 03/Jun/2009.<br />
248 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
Família Clathrini<strong>da</strong>e Minchin, 1900<br />
Gênero Clathrina Gray, 1867<br />
O gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60 espécies no mundo, <strong>da</strong>s quais 12 já<br />
foram registra<strong>da</strong>s para o <strong>Brasil</strong>. Destas, apenas C. atlantica (Thacker,<br />
1908); C. aurea Solé-Cava, Klautau, Boury-Esnault, Borojevic &<br />
Thorpe, 1991; e C. reticulum (Schmidt, 1862) haviam até o presente<br />
sido cita<strong>da</strong>s para a Região Nor<strong>de</strong>ste. A real diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Clathrina<br />
só veio à tona com o início do uso <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gens moleculares no<br />
estudo <strong>de</strong> populações, ocorrido no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980. Des<strong>de</strong><br />
então, to<strong>da</strong> distribuição postula<strong>da</strong>mente muito ampla <strong>de</strong> espécies<br />
<strong>de</strong> Clathrina passou a ser suspeita, em especial quando transpondo<br />
gran<strong>de</strong>s barreiras biogeográficas, tornando-se candi<strong>da</strong>ta natural<br />
à verificação por métodos moleculares associados a revisões<br />
minuciosas <strong>da</strong> morfologia. Este é o caso <strong>de</strong> C. atlantica e C. reticulum,<br />
originalmente registra<strong>da</strong>s para Cabo Ver<strong>de</strong> e a costa mediterrânea<br />
<strong>da</strong> França, respectivamente, agora na fila <strong>da</strong> revisão. Sem sombra <strong>de</strong><br />
dúvi<strong>da</strong>s, o gênero compreen<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma espécie na <strong>Bahia</strong>, haja<br />
vista as marcantes diferenças morfológicas observa<strong>da</strong>s mesmo a olho<br />
nu em diferentes espécimes, com <strong>de</strong>staque para a cor em vi<strong>da</strong>, que<br />
po<strong>de</strong> ser branca ou amarela.<br />
70. Clathrina spp.<br />
Morfologia<br />
Forma <strong>de</strong> novelo <strong>de</strong> contorno irregular,<br />
composto por tubos <strong>de</strong>lgados (até 1 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro), longos, frequentemente<br />
anastomosando-se. Pare<strong>de</strong>s dos tubos<br />
com menos <strong>de</strong> 0,1 mm <strong>de</strong> espessura. Os<br />
maiores espécimes observados alcançavam<br />
2,5 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo e 1 cm<br />
<strong>de</strong> altura. Os menores, praticamente incrustantes,<br />
assemelhavam-se a uma re<strong>de</strong><br />
ou teia <strong>de</strong> aranha. Cor em vi<strong>da</strong> branca<br />
ou amarela, e branca em álcool. Superfície<br />
lisa a olho nu, ou miroespina<strong>da</strong> ao<br />
microscópio. Ósculos circulares pequenos<br />
e dispersos, com 1 mm <strong>de</strong> diâmetro<br />
ou menos, por vezes situados no topo<br />
<strong>de</strong> pequenas chaminés coletoras para<br />
as quais convergem diversos tubos.<br />
Consistência extremamente macia e<br />
frágil. Arquitetura esquelética confusa,<br />
com espículas dispersas nas finas<br />
pare<strong>de</strong>s dos tubos. Espículas: triactinas<br />
robustas equiangulares, actina ímpar<br />
A, triactinas robustas; B, triactinas <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
249
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
190 / 25 μm, actinas pares 150 / 25 μm;<br />
triactinas <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s equiangulares e<br />
equirradia<strong>da</strong>s, actinas 120 / 15 μm.<br />
Comentários<br />
Espécies <strong>de</strong> Clathrina po<strong>de</strong>m apresentar<br />
como espículas uma combinação <strong>de</strong> trie<br />
tetractinas, às quais po<strong>de</strong>m estar agrega<strong>da</strong>s<br />
diactinas e tripódios. No material<br />
<strong>da</strong> <strong>Bahia</strong>, somente diactinas não foram<br />
ain<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong>s. Porém, no espécime<br />
cujas espículas são apresenta<strong>da</strong>s aqui,<br />
proveniente do Litoral Norte do Estado,<br />
ocorrem apenas triactinas.<br />
Ecologia<br />
A espécie é fotófila em placas <strong>de</strong> alumínio,<br />
porém <strong>de</strong> hábito ciáfilo em ambiente<br />
natural. No litoral norte <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong> (município<br />
<strong>de</strong> Camaçari) a espécie foi coleta<strong>da</strong><br />
a 25m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em placas <strong>de</strong><br />
alumínio.<br />
Distribuição<br />
Material apresentado aqui: <strong>Brasil</strong> (BA –<br />
Camaçari, Salvador, Maraú, Abrolhos).<br />
O gênero está amplamente distribuido<br />
nos três oceanos.<br />
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos<br />
(Caravelas), 2–3 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Fev/1987.<br />
A esponja vermelha é uma Monanchora<br />
arbuscula.<br />
Taipú <strong>de</strong> Fora (Maraú), 0,5 m <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
28/Jul/2009<br />
250 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
<strong>Esponjas</strong> <strong>Marinhas</strong> <strong>da</strong> <strong>Bahia</strong><br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
251
GLOSSÁRIO<br />
O foco <strong>de</strong>ste glossário foi nos termos técnicos constantes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>scrições apresenta<strong>da</strong>s<br />
neste <strong>Guia</strong>. Outros termos, como por exemplo, aqueles que constam <strong>da</strong><br />
seção Classificação e caracterização <strong>da</strong>s classes e or<strong>de</strong>ns, não estão todos representados<br />
aqui. A maior parte <strong>da</strong>s ilustrações utiliza<strong>da</strong>s neste glossário veio <strong>da</strong><br />
obra Thesaurus of Sponge Morphology, edita<strong>da</strong> por Boury-Esnault et al. (1997).<br />
Acanto (prefixo)<br />
Possuidor <strong>de</strong> espinhos<br />
Acantóstilo<br />
Actina<br />
Estilo espinado (p.ex Clathria<br />
schoenus).<br />
Um raio partindo do centro <strong>de</strong> uma megasclera, contendo um eixo ou<br />
canal axial.<br />
Actina apical<br />
(Calcarea)<br />
A quarta actina <strong>de</strong> uma tetractina,<br />
que se une ao sistema trirradial<br />
basal.<br />
Actina ímpar<br />
(Calcarea)<br />
Em espículas tri e tetractinas sagitais<br />
e parassagitais (A), é a actina (ai) do<br />
sistema basal que se diferencia por<br />
ser mais longa ou mais curta, ou por<br />
ser oposta a um ângulo diferente<br />
dos <strong>de</strong>mais, o qual se forma entre<br />
as actinas pares. Em espículas<br />
pseudossagitais (B), é a actina (ai)<br />
que se projeta para a superfície <strong>da</strong><br />
esponja, juntamente com uma <strong>da</strong>s<br />
actinas pares, formando com esta<br />
um ângulo sempre menor que o<br />
formado entre a actina par volta<strong>da</strong><br />
para a superfície e a projeta<strong>da</strong> para<br />
o interior.<br />
Actinas pares<br />
(Calcarea)<br />
Um ou dois raios equivalentes <strong>de</strong> uma espícula sagital.<br />
Algálica(o)<br />
Relativo às algas.<br />
252 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Anastomosado,<br />
esqueleto<br />
Tratos, linhas ou fibras são<br />
interconecta<strong>da</strong>s (= reticulado).<br />
Anatriênio<br />
Triênio no qual os cládios são<br />
fortemente curvados para trás. (p.ex.<br />
Cinachyrella spp.).<br />
Ancora<strong>da</strong>, quela<br />
Quela com três ou mais alas livres<br />
em ca<strong>da</strong> extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em forma <strong>de</strong><br />
garras (unguifera<strong>da</strong>s) ou lâminas<br />
(espatulíferas), e duas alas laterais<br />
incipientes ao longo do eixo.<br />
Anfiblástula<br />
(Calcarea)<br />
Larva ovói<strong>de</strong>, oca, com a porção<br />
anterior flagela<strong>da</strong> e a posterior não<br />
flagela<strong>da</strong>. Típica <strong>de</strong> Calcaronea.<br />
Anfidisco<br />
(Amphidiscophora)<br />
Diactina com ambas as extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
umbela<strong>da</strong>s, frequentemente <strong>de</strong><br />
tamanhos iguais.<br />
Aniso (prefixo)<br />
Desigual, diferente.<br />
Anisoquela<br />
Quela com duas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>siguais (p.ex. Mycale spp.).<br />
Apical<br />
Superior.<br />
Apópilo<br />
Abertura na qual a câmara<br />
coanocitária se abre para o átrio<br />
ou em um canal exalante. As setas<br />
indicam o fluxo <strong>de</strong> água.<br />
Arcabouço<br />
primário<br />
Parte <strong>de</strong> um esqueleto dictional formado na margem <strong>de</strong> crescimento;<br />
um esqueleto secundário po<strong>de</strong> ser adicionado nas superfícies interna e<br />
externa.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
253
Glossário<br />
Asconói<strong>de</strong><br />
(Calcarea)<br />
Sistema aquífero no qual a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
interna principal <strong>da</strong> esponja é<br />
totalmente recoberta por coanócitos.<br />
Não há canais inalantes nem exalantes<br />
(p.ex. Clathrina spp.). As setas indicam<br />
o fluxo <strong>de</strong> água.<br />
Aspidáster<br />
Microsclera alonga<strong>da</strong> e achata<strong>da</strong>, com<br />
numerosos raios fusionados e com<br />
minúsculas projeções estrela<strong>da</strong>s (p.ex.<br />
Erylus formosus).<br />
Áster<br />
Termo coletivo para microscleras<br />
portadoras <strong>de</strong> centro (euásteres)<br />
ou eixo central (p.ex. espirásteres,<br />
sanidásteres), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se projetam<br />
espinhos/raios.<br />
Átrio<br />
Cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> localiza<strong>da</strong> antes do ósculo. Este termo é usado para <strong>de</strong>signar<br />
especificamente a cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> central exalante.<br />
Aulocalicoi<strong>de</strong>,<br />
esqueleto<br />
Avelu<strong>da</strong>do<br />
Arquitetura com raios uniaxiais <strong>da</strong>s<br />
hexactinas dictionais, ou sinaptículos<br />
anaxiais, como elementos <strong>de</strong> conexão<br />
do arcabouço; elementos estruturais<br />
primários usualmente extensões<br />
longitudinais conspícuas <strong>de</strong> raios<br />
dictionais avulsos. Re<strong>de</strong>senhado a<br />
partir <strong>de</strong> Reiswig (2002).<br />
Superfície: com projeções espiculares curtas e <strong>de</strong>nsas, macia e suave<br />
ao toque (p.ex. Cliona varians, Ectyoplasia ferox).<br />
Axial, esqueleto<br />
Organização típica <strong>de</strong> esqueleto<br />
no qual alguns elementos estão<br />
con<strong>de</strong>nsados formando uma região<br />
central ou um eixo (p.ex. Thrinacophora<br />
funiformis).<br />
Basalia<br />
Espículas que se projetam <strong>da</strong> superfície<br />
inferior (basal) <strong>da</strong> esponja, para fixação<br />
no substrato.<br />
Basifitosa<br />
(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Bentônico<br />
<strong>Esponjas</strong> que se fixam em substrato duro através <strong>da</strong> placa basal.<br />
Organismos aquáticos que vivem na superfície do substrato.<br />
254 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Birrótula<br />
Buquê<br />
Caliciforme<br />
Tipo <strong>de</strong> microsclera que possui<br />
um eixo fino e as terminações com<br />
múltiplos <strong>de</strong>ntes dispostos lado a<br />
lado, em forma <strong>de</strong> guar<strong>da</strong>-chuva (p.ex.<br />
Iotrochota birotulata).<br />
Escova ectossomal <strong>de</strong> espículas<br />
perpendiculares à superfície <strong>da</strong><br />
esponja, com final pontiagudo saindo<br />
do ectossoma. (p.ex. Suberites<br />
aurantiacus).<br />
Depressão em forma <strong>de</strong> cálice (p.ex. Chelonaplysilla cf. erecta).<br />
Caltrops<br />
Megasclera tetraxônica equiangular e<br />
equirradial.<br />
Câmara<br />
coanocitária<br />
Câmaras discretas, dispersas<br />
no mesoílo, com coanócitos.<br />
Eletromicrografia retira<strong>da</strong> do Atlas of<br />
Sponge Morphology, <strong>de</strong> De Vos et al.<br />
(1991).<br />
Cavernoso<br />
Centrotiloto<br />
Cerebriforme<br />
Ciáfilos<br />
Tipo <strong>de</strong> coanossoma amplamente perfurado por gran<strong>de</strong>s canais<br />
aquíferos (p.ex. Ircinia strobilina).<br />
Quando o tilo encontra-se no centro<br />
<strong>da</strong> espícula (p.ex. Erylus formosus).<br />
Forma arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> com sulcos e cristas, que se assemelha a um<br />
cérebro (p.ex. Geodia corticostylifera).<br />
Organismos que crescem na sombra.<br />
Cinctoblástula<br />
Larva oca, inteiramente flagela<strong>da</strong>, com<br />
um anel central <strong>de</strong> células pigmenta<strong>da</strong>s<br />
(Homoscleromorpha).<br />
Cládio<br />
Cladoma<br />
Coanossoma<br />
Qualquer raio ou ramo axial, com eixo ou canal axial confluente com o<br />
do protocládio ou protorabdo em qualquer tipo espicular; termo usado<br />
principalmente em triênios e seus <strong>de</strong>rivados, para <strong>de</strong>nominar um dos<br />
raios menores.<br />
O conjunto <strong>de</strong> cládios (raios mais curtos<br />
e simétricos) em um triênio, em oposição<br />
ao rabdoma (raio mais longo).<br />
Região interna <strong>da</strong> esponja aon<strong>de</strong> se concentram as câmaras <strong>de</strong><br />
coanócitos.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
255
Glossário<br />
Coanossomal,<br />
esqueleto<br />
Esqueleto do corpo principal, que dá suporte ao sistema <strong>de</strong> canais e é<br />
responsável pela forma <strong>da</strong> esponja.<br />
Coeloblástula<br />
Larva oca composta por células<br />
equipotentes; com células maiores não<br />
flagela<strong>da</strong>s em seu pólo posterior.<br />
Colágeno<br />
Proteína estrutural mais importante nos animais. Principal componente<br />
<strong>da</strong> matriz extracelular e <strong>da</strong>s fibras <strong>de</strong> espongina <strong>da</strong>s esponjas.<br />
Confuso,<br />
esqueleto<br />
Megascleras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s no<br />
esqueleto (p.ex. Aaptos sp., Petromica<br />
ciocalyptoi<strong>de</strong>s).<br />
Cônulo,<br />
conuloso<br />
Cormus<br />
Superfície com numerosas projeções em forma <strong>de</strong> cone.<br />
Corpo formado por uma massa <strong>de</strong> tubos anastomosados (p.ex.<br />
Clathrina)<br />
Córtex<br />
Uma região superficial <strong>da</strong> esponja<br />
reforça<strong>da</strong> por um esqueleto orgânico<br />
ou inorgânico diferente <strong>da</strong>quele do<br />
coanossoma (p.ex. Geodia spp.,Tethya<br />
spp.).<br />
Cosmopolita<br />
Diz-se <strong>da</strong> espécie que se encontra dispersa por todo o mundo.<br />
Costão rochoso<br />
Ambiente costeiro formado por rochas.<br />
Cribriporal<br />
Área especializa<strong>da</strong> do ectossoma com<br />
vários poros formando uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
contorno circular.<br />
Dendrítico,<br />
esqueleto<br />
Tipo <strong>de</strong> esqueleto em que as fibras se<br />
ramificam como em uma árvore, mas<br />
nunca formam malhas.<br />
Desma<br />
Espícula com formas ramifica<strong>da</strong>s e<br />
irregulares, por vezes rugosas ou<br />
espina<strong>da</strong>s. Po<strong>de</strong>m estar fusiona<strong>da</strong>s ou<br />
dispersas na base <strong>da</strong> esponja (p.ex.<br />
Petromica spp.).<br />
256 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Diactina<br />
(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Espícula birradia<strong>da</strong> com raios alinhados<br />
em um único eixo; ambos os raios<br />
frequentemente possuem terminações<br />
similares.<br />
Diodo<br />
(Homosclerophori<strong>da</strong>)<br />
Espícula diactinal, geralmente <strong>de</strong><br />
contorno irregular, com uma dupla<br />
dobra central.<br />
Diplo<strong>da</strong>l<br />
Câmara coanocitária que se conecta<br />
com os canais inalantes através <strong>de</strong> um<br />
canalículo chamado prósodo, e com o<br />
canal exalante através <strong>de</strong> uma apópila<br />
prolonga<strong>da</strong> com outro canalículo, o<br />
áfodo. As setas indicam o fluxo <strong>de</strong><br />
água.<br />
Discohexactina<br />
(Hexasterophora)<br />
Espícula hexarradia<strong>da</strong> com<br />
terminações discoi<strong>da</strong>is; equivalente ao<br />
hexadisco em Amphidiscophora.<br />
Ectossoma<br />
Região superficial <strong>da</strong> esponja que não possui câmaras coanocitárias.<br />
Ectossomal,<br />
esqueleto<br />
Esqueleto <strong>da</strong> região superficial<br />
<strong>da</strong> esponja, distinto do esqueleto<br />
coanossomal.<br />
Elástica,<br />
consistência<br />
Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar à forma original após uma <strong>de</strong>formação. (p.ex.<br />
Callyspongia pergamentacea, Echinodictyum <strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s).<br />
Endobionte<br />
Epibionte<br />
Qualquer organismo que vive no interior do corpo ou <strong>da</strong>s células <strong>de</strong><br />
outro organismo.<br />
Qualquer organismo que vive na superfície <strong>de</strong> outros seres vivos.<br />
Equinante,<br />
espícula<br />
Megasclera que se projeta<br />
perpendicularmente <strong>da</strong> superfície<br />
<strong>da</strong> esponja, <strong>de</strong> uma fibra ou <strong>de</strong> um<br />
trato espicular. (p.ex. Echinodictyum<br />
<strong>de</strong>ndroi<strong>de</strong>s).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
257
Glossário<br />
Ereto, hábito<br />
Termo generalizado para crescimento vertical (p.ex. Aplysina fistularis).<br />
Esferáster<br />
Euáster com raios curtos e centro<br />
espesso, cujo diâmetro (> 50% do<br />
diâmetro total) exce<strong>de</strong> o comprimento<br />
dos raios (p.ex. Chondrilla nucula).<br />
Esferoxiáster<br />
Euáster com um centro discreto que<br />
é maior que um terço do diâmetro<br />
total <strong>da</strong> espícula (p.ex. Tethya spp.).<br />
Eletromicrografia por P. Willenz.<br />
Especiação<br />
Espícula<br />
Espícula regular<br />
(Calcarea)<br />
Espícula<br />
tangencial<br />
Espiculói<strong>de</strong><br />
(Dendrocerati<strong>da</strong>)<br />
Espiráster<br />
Processo evolutivo pelo qual as espécies vivas se formam.<br />
Componente mineral do esqueleto. Tipicamente composta <strong>de</strong> sílica<br />
(Demospongiae e Hexactinelli<strong>da</strong>) ou carbonato <strong>de</strong> cálcio (Calcarea).<br />
Espícula disposta paralelamente á superfície.<br />
Espícula triactina ou tetractina com<br />
raios basais <strong>de</strong> tamanhos e ângulos<br />
iguais entre eles (120 o ), quando<br />
projetados em um plano perpendicular<br />
ao eixo óptico.<br />
Espícula <strong>de</strong> espongina, diactinal ou triactinal, geralmente <strong>de</strong> contorno<br />
irregular.<br />
Microsclera em forma <strong>de</strong> vareta com<br />
curvaturas helicoi<strong>da</strong>is ou em ziguezague,<br />
com espinhos periféricos (p.ex.<br />
Spirastrella hartmani).<br />
Espongina<br />
Substância esquelética em Demospongiae composta por microfibrilas<br />
<strong>de</strong> colágeno com cerca <strong>de</strong> 10 μm <strong>de</strong> diâmetro, observa<strong>da</strong> mais<br />
frequentemente como fibras ou placa basal.<br />
Estauractina<br />
Hexactina reduzi<strong>da</strong>, com quatro raios,<br />
todos dispostos em um plano.<br />
Esterráster<br />
Microsclera esférica, oval ou elipsói<strong>de</strong><br />
com numerosos raios fusionados e<br />
com terminações estrela<strong>da</strong>s. (p.ex.<br />
Geodia spp.). Eletromicrografia por S.<br />
Salani.<br />
258 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Estilo<br />
Megasclera monaxônica com uma<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> pontiagu<strong>da</strong> e a outra<br />
arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> (p.ex. Dragmacidon<br />
reticulatum, Iotrochota birotulata).<br />
Estrongiláster<br />
Áster com raios isodiamétricos,<br />
livres e <strong>de</strong> pontas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
(p.ex. Erylus formosus, Tethya maza).<br />
Eletromicrografia por P. Willenz.<br />
Estrôngilo<br />
Euáster<br />
Euripilosa<br />
Megasclera monaxônica com ambas<br />
pontas arredon<strong>da</strong><strong>da</strong>s (p.ex. Iotrochota<br />
birotulata).<br />
Termo coletivo para microscleras asterosas on<strong>de</strong> os raios irradiam <strong>de</strong><br />
um ponto central (p.ex. esterráster, estrongiláster, oxiáster).<br />
Câmara coanocitária que se conecta<br />
diretamente com canais inalantes<br />
através <strong>de</strong> prosópilos e com canais<br />
exalantes através <strong>de</strong> apópilas; muitas<br />
câmaras conectam-se no mesmo canal<br />
exalante. As setas indicam o fluxo <strong>de</strong><br />
água.<br />
Feixe<br />
Coluna <strong>de</strong> megascleras alinha<strong>da</strong>s.<br />
Fibra<br />
Coluna <strong>de</strong> espongina que forma um<br />
esqueleto <strong>de</strong>ndrítico ou reticulado,<br />
com ou sem inclusão <strong>de</strong> espículas ou<br />
material externo. (p.ex. Aplysina spp.,<br />
Callyspongia spp.).<br />
Fístula<br />
Protuberância digitiforme <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>,<br />
projetando-se <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja<br />
(p.ex. Petromica ciocalyptoi<strong>de</strong>s,<br />
Tribrachium schmidti).<br />
Fotófilo<br />
Organismo com preferência por ambientes iluminados.<br />
Fusiforme<br />
Espícula monaxônica cuja forma afina gradualmente rumo as pontas.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
259
Glossário<br />
Hexactina<br />
Espícula triaxônica, hexarradia<strong>da</strong>,<br />
com raios <strong>de</strong> comprimentos iguais e<br />
perpendiculares uns aos outros.<br />
Hexadisco<br />
(Amphidiscophora)<br />
Hidrodinamismo<br />
Hipo<strong>de</strong>rmalia<br />
Hexadictina cujos raios possuem<br />
terminações discoi<strong>da</strong>is; em<br />
Hexasterophora, <strong>de</strong>nomina-se a<br />
mesma espícula <strong>de</strong> discohexactina.<br />
Neste <strong>Guia</strong> refere-se ao embate <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s correntes<br />
marinhas.<br />
Pentactinas gran<strong>de</strong>s cujos<br />
raios tangenciais se situam<br />
paratangencialmente logo abaixo <strong>da</strong><br />
superfície <strong>de</strong>rmal, ca<strong>da</strong> qual com o<br />
raio proximal dirigido para o interior<br />
<strong>da</strong> esponja; sustentam a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
espículas <strong>de</strong>rmais; raios centrais e<br />
tangenciais po<strong>de</strong>m estar projetados<br />
além <strong>da</strong> superfície <strong>de</strong>rmal, mas ain<strong>da</strong><br />
se <strong>de</strong>nominam hipo<strong>de</strong>rmalia como<br />
reflexo <strong>de</strong> sua origem.<br />
Inarticulado,<br />
esqueleto<br />
(Calcarea)<br />
Esqueleto coanossomal composto<br />
somente pelos raios ímpares <strong>da</strong>s<br />
espículas subatriais e um dos raios<br />
<strong>da</strong>s espículas subcorticais ou corticais.<br />
Sem espículas específicas do esqueleto<br />
coanossomal (p.ex. Leucilla).<br />
Incrustante,<br />
hábito<br />
Infralitoral<br />
Iso (prefixo)<br />
Forma <strong>de</strong> crescimento como fina cama<strong>da</strong> a<strong>de</strong>ri<strong>da</strong> ao substrato (p.ex.<br />
Clathria schoenus, C. venosa, Terpios fugax).<br />
Zona litorânea sempre submersa, inclusive nas marés baixas <strong>de</strong> sizígia.<br />
Igual.<br />
Isodictial,<br />
reticulação<br />
Reticulação isotrópica com malhas<br />
triangulares; laterais com apenas<br />
uma espícula <strong>de</strong> comprimento (p.ex.<br />
Haliclona spp.).<br />
Isoquela<br />
Quela com extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s iguais.<br />
260 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Isotrópica,<br />
reticulação<br />
Reticulação on<strong>de</strong> não se diferenciam<br />
feixes primários ou secundários.<br />
Lamelar<br />
Leuconói<strong>de</strong><br />
Em forma <strong>de</strong> lamela(s) – placas eretas (p.ex. Aplysina solangeae).<br />
Sistema aquífero on<strong>de</strong> os coanócitos<br />
estão restritos a câmaras discretas,<br />
dispersas no mesoílo, interliga<strong>da</strong>s com<br />
os poros e ósculos através <strong>de</strong> canais<br />
inalantes e exalantes (p.ex. Demospongiae).<br />
A seta indica o fluxo <strong>de</strong> água.<br />
Licnisco<br />
Espículas hexactinais com um octaedro<br />
<strong>de</strong> 12 suportes silicosos fusionados,<br />
formado ao redor do centro ou nó<br />
dictional.<br />
Lóbulo<br />
Lofofitosa<br />
(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Medula (fibra)<br />
Megasclera<br />
Megásteres<br />
Mesolitoral<br />
(entre marés)<br />
Micráster<br />
Diminutivo <strong>de</strong> lobo, semelhante à porção basal <strong>da</strong>s orelhas (p.ex.<br />
Chondrosia sp., Erylus formosus).<br />
<strong>Esponjas</strong> que se fixam em substrato duro ou mole através <strong>de</strong> espículas<br />
<strong>da</strong> basália, com o corpo suspenso acima ou parcialmente embebido no<br />
substrato.<br />
Parte central <strong>de</strong> uma fibra <strong>de</strong> espongina,<br />
feita <strong>de</strong> colágeno granular ou em forma<br />
<strong>de</strong> fibras difusas. Fotomicrografias por<br />
U. dos S. Pinheiro.<br />
Espícula relativamente gran<strong>de</strong>, principal componente do esqueleto <strong>da</strong><br />
esponja, frequentemente com função estrutural.<br />
Ásteres gran<strong>de</strong>s, formando uma crosta com função estrutural – termo<br />
<strong>de</strong> uso exclusivo em Tethyi<strong>da</strong>e (p.ex. Tethya spp.).<br />
Região sujeita às flutuações <strong>da</strong> maré, submersa nas marés altas e<br />
exposta durante a maré baixa.<br />
Ásteres pequenas, geralmente não formando uma crosta – termo <strong>de</strong><br />
uso exclusivo em Tethyi<strong>da</strong>e (p.ex. Tethya spp.).<br />
Microdiactina<br />
(Calcarea)<br />
Espícula diactinal pequena.<br />
Microsclera<br />
Micróxea<br />
Espícula relativamente pequena, mais frequentemente <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
função estrutural óbvia.<br />
Microsclera com forma <strong>de</strong> óxea pequena, frequentemente<br />
microacantosa.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
261
Glossário<br />
Nó dictional<br />
Pontos <strong>de</strong> fusão <strong>de</strong> um esqueleto<br />
dictional.<br />
Nodosa, fibra<br />
Fibra que forma caroços (p.ex. Aiolochroia crassa).<br />
Olintus<br />
(Calcarea)<br />
Estádio jovem <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
com um sistema aquífero funcional que<br />
possui uma câmara coanocitária aberta<br />
diretamente no ósculo.<br />
Oniqueta<br />
Ortotriênio<br />
Microsclera semelhante a uma ráfi<strong>de</strong><br />
ou uma óxea finíssima, com farpas<br />
(p.ex. Te<strong>da</strong>nia ignis). Eletromicrografias<br />
por P. Willenz.<br />
Triênio on<strong>de</strong> os cládios são<br />
perpendiculares (ou quase) ao rabdoma<br />
(p.ex. Geodia corticostylifera).<br />
Ósculo<br />
Abertura através <strong>da</strong> qual a água sai<br />
<strong>da</strong> esponja; porta <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> do sistema<br />
aquífero.<br />
Óstio / Poro<br />
Abertura através <strong>da</strong> qual a água<br />
entra na esponja; porta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> do<br />
sistema aquífero. A imagem ilustra<br />
papilas inalantes provi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> inúmeros<br />
óstios ou poros.<br />
Espícula monaxônica diactinal com ambas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pontiagu<strong>da</strong>s.<br />
Diferentes tipos são distinguíveis pela forma e tipo morfológico.<br />
angula<strong>da</strong><br />
Óxea<br />
centrotilota<br />
curva<strong>da</strong><br />
flexuosa ou sinuosa<br />
fusiforme<br />
262 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
acera<strong>da</strong> assimétrica arredon<strong>da</strong><strong>da</strong> cônica<br />
Óxea<br />
hasta<strong>da</strong> mucrona<strong>da</strong> telescópica simétrica<br />
Papila<br />
Protuberância mamiliforme que se<br />
projeta <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> esponja,<br />
contendo ósculos, poros, ou ambos.<br />
Paratangencial,<br />
esqueleto<br />
Arranjo <strong>da</strong>s espículas ectossomais<br />
intermediário entre os tipos paliçádico<br />
e tangencial; ou <strong>da</strong>s fibras ectossomais<br />
entre o tangencial e o perpendicular<br />
(p.ex. Niphates erecta).<br />
Parenquimela<br />
Larva composta por uma massa <strong>de</strong><br />
células internas envolvi<strong>da</strong>s por células<br />
flagela<strong>da</strong>s.<br />
Paucispicular,<br />
feixe<br />
Feixe espicular com poucas fileiras<br />
<strong>de</strong> espículas (p.ex. Haliclona melana,<br />
Petromica citrina, Scopalina ruetzleri).<br />
Pentactina<br />
(Hexactinelli<strong>da</strong>)<br />
Espícula triaxônica com raio ímpar<br />
perpendicular aos pares e os<br />
raios pares formando dois eixos<br />
perpendiculares entre si.<br />
Perioscular<br />
Em volta do ósculo.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
263
Glossário<br />
Placa basal<br />
(placa<br />
basidictional)<br />
Arcabouço silicoso formado pela<br />
primeira cama<strong>da</strong> (basal) <strong>de</strong> espículas<br />
hexactinais, elementos espiculares<br />
irregulares e sinaptículos, os quais<br />
servem para a fixação em substrato<br />
duro; disco basal.<br />
Plagiotriênio<br />
Triênio com cládios formando um<br />
ângulo <strong>de</strong> 135 o (ou quase) com o<br />
rabdoma (p.ex. Stelletta anancora).<br />
Plumorreticulado,<br />
esqueleto<br />
Tipo <strong>de</strong> esqueleto plumoso no qual<br />
ocorrem feixes conectantes cruzados<br />
(p.ex. Clathria schoenus, Mycale<br />
angulosa).<br />
Plumoso,<br />
esqueleto<br />
Organização semelhante à <strong>de</strong>ndrítica,<br />
com feixes ascen<strong>de</strong>ntes primários cujas<br />
espículas se irradiam obliquamente, e<br />
anastomoses ocorrem com frequência.<br />
Poça <strong>de</strong> maré<br />
Locais, maiores ou menores, com água<br />
represa<strong>da</strong> durante as marés baixas.<br />
Porocálice<br />
Depressão na superfície em forma<br />
<strong>de</strong> cálice na qual se concentram os<br />
poros inalantes (p.ex. Cinachyrella<br />
kuekenthali).<br />
Primário(a), feixe<br />
ou fibra<br />
Prodiênio<br />
Feixes ou fibras ascen<strong>de</strong>ntes que<br />
formam um ângulo reto com o<br />
ectossoma; normalmente são mais<br />
espessos que os <strong>de</strong>mais, e este é o<br />
único critério para seu reconhecimento<br />
no esqueleto ectossomal (p.ex.<br />
Callyspongia spp.).<br />
Diênio com cládios formando um<br />
ângulo > 135º com o rabdoma<br />
(p.ex. Cinachyrella apion, Craniella<br />
quirimure).<br />
264 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Prosópilo<br />
Abertura <strong>de</strong> um canal inalante em uma<br />
câmara coanocitária. As setas indicam<br />
o fluxo <strong>de</strong> água.<br />
Protriênio<br />
Triênio com cládios formando um<br />
ângulo > 135º com o rabdoma (p.ex.<br />
Cinachyrella spp., Craniella quirimure).<br />
Psamófila<br />
A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> à vi<strong>da</strong> em substratos não consoli<strong>da</strong>dos como areia e areialodosa<br />
(p.ex. Craniella quirimure, Tribrachium schmidti).<br />
Pseudossagital,<br />
espícula<br />
(Calcarea)<br />
Triactina subcortical essencialmente<br />
sagital, porém com raios <strong>de</strong><br />
comprimento e curvatura distintos<br />
em ca<strong>da</strong> lado dos ângulos ímpares; a<br />
actina mais longa, parea<strong>da</strong>, se dirige ao<br />
interior (p.ex. Grantessa spp.).<br />
Pugiole<br />
(Baeri<strong>da</strong>)<br />
Pequenas tetractinas em forma <strong>de</strong><br />
a<strong>da</strong>ga.<br />
Quela<br />
Microsclera com eixo curvado e uma<br />
ala recurva<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> final. Veja:<br />
Isoquela e anisoquela.<br />
Rabdoma<br />
Eixo principal (raio mais longo) <strong>de</strong> um<br />
triênio, diênio ou monênio.<br />
Rabdóstilo<br />
Estilo com curvatura acentua<strong>da</strong> na<br />
meta<strong>de</strong> basal (p.ex. Ectyoplasia ferox).<br />
Radial,<br />
esqueleto<br />
Arquitetura cujos componentes<br />
estruturais divergem <strong>de</strong> uma região<br />
central rumo à superfície <strong>da</strong> esponja<br />
(p.ex. Craniella quirimure, Tethya spp.).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
265
Glossário<br />
Ráfi<strong>de</strong><br />
Microsclera muito fina, similar a um fio<br />
<strong>de</strong> cabelo, frequentemente agrupa<strong>da</strong><br />
em tricodragmas (p.ex. Cinachyrella<br />
apion, Mycale angulosa).<br />
Reticulado,<br />
esqueleto<br />
Risofitosa<br />
Arquitetura tridimensional forma<strong>da</strong><br />
por fibras, feixes ou espículas isola<strong>da</strong>s<br />
(p.ex. Aplysina spp., Callyspongia<br />
spp., Haliclona spp., Desmapsamma<br />
anchorata)<br />
<strong>Esponjas</strong> com processos (prolongamentos) corporais basais ao invés <strong>de</strong><br />
tufos espiculares projetados.<br />
Roseta<br />
Grupo <strong>de</strong> quelas uni<strong>da</strong>s por uma<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, formando um círculo ou<br />
esfera (p.ex. Mycale angulosa).<br />
Sagital, espícula<br />
(Calcarea)<br />
Triactina ou tetractina com dois<br />
ângulos iguais (pares) e um diferente<br />
(ímpar), visíveis quando a espícula é<br />
projeta<strong>da</strong> em um plano perpendicular<br />
ao eixo óptico (p.ex. Grantessa sp.).<br />
Sanidáster<br />
Microsclera monaxônica reta, com<br />
espinhos transversais dispostos<br />
em intervalos regulares ao longo<br />
do eixo, e espinhos oblíquos nas<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (p.ex. Tribrachium<br />
schmidti). Eletromicrografia por M. <strong>de</strong><br />
S. Carvalho.<br />
Secundário(a),<br />
feixe ou fibra<br />
Feixes ou fibras que conectam os feixes<br />
ou fibras primários (p.ex. Callyspongia<br />
spp.).<br />
Selenáster<br />
Espiráster que se aproxima <strong>da</strong> forma<br />
<strong>de</strong> uma esterráster (p.ex. Placospongia<br />
sp.). Eletromicrografia retira<strong>da</strong> do Atlas<br />
of Sponge Morphology, <strong>de</strong> De Vos et<br />
al. (1991).<br />
266 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Siconói<strong>de</strong><br />
Sistema aquífero com câmaras <strong>de</strong><br />
coanócitos (cc) alonga<strong>da</strong>s dispostas<br />
radialmente, com cones distais livres<br />
ou esten<strong>de</strong>ndo-se do átrio ao córtex<br />
(p.ex. Sycon sp.). Eletromicrografia<br />
retira<strong>da</strong> do Atlas of Sponge<br />
Morphology, <strong>de</strong> De Vos et al. (1991).<br />
Sigma<br />
Microsclera em forma <strong>de</strong> “C” ou “S”<br />
(p.ex. Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis,<br />
Monanchora arbuscula, Mycale<br />
angulosa). Eletromicrografia retira<strong>da</strong><br />
do Atlas of Sponge Morphology, <strong>de</strong> De<br />
Vos et al. (1991).<br />
Sigmancistra<br />
(Poeciloscleri<strong>da</strong>)<br />
Sigma com seção transversal em<br />
forma <strong>de</strong> gota; por vezes com sulcos<br />
subterminais discretos em sua face<br />
interna. Eletromicrografia por D.A.<br />
Lopes.<br />
Sigmaspira<br />
Microsclera sigmói<strong>de</strong> contorci<strong>da</strong> e<br />
espina<strong>da</strong> (p.ex. Craniella quirimure,<br />
Cinachyrella spp.)<br />
Sileibi<strong>de</strong><br />
Sistema aquífero com câmaras<br />
coanocitárias alonga<strong>da</strong>s organiza<strong>da</strong>s<br />
radialmente em torno <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong><strong>de</strong> atrial<br />
Simpatria<br />
Coexistência. Espécies que habitam uma mesma área são ditas<br />
simpátri<strong>da</strong>s.<br />
Sinaptículo<br />
São as ligações (pontes) que unem as<br />
espículas, compostas por um cimento<br />
silicoso.<br />
Sistema<br />
aquífero<br />
Subcortical<br />
Substrato<br />
inconsli<strong>da</strong>do<br />
Sistema <strong>de</strong> canais (inalantes e exalantes) e câmaras <strong>de</strong> coanócitos por<br />
on<strong>de</strong> a água circula no interior <strong>da</strong> esponja.<br />
Adjacente à base do córtex.<br />
Relativamente fluido – cascalho, areia, lama.<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
267
Glossário<br />
Subtilóstilo<br />
Tilóstilo com uma extremi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
pontiagu<strong>da</strong> e a outra levemente<br />
expandi<strong>da</strong>, formando uma "cabeça"<br />
mal-<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> (p.ex. Clathria venosa,<br />
Monanchora arbuscula, Mycale<br />
angulosa). Eletromicrografias por E.L.<br />
Esteves.<br />
Tauactina<br />
(Amphidiscophora)<br />
Espícula diaxônica com tres raios<br />
situados em um único plano; em forma<br />
<strong>de</strong> T.<br />
Telescópica<br />
Termo usado para <strong>de</strong>signar o final <strong>da</strong> espícula que possui constrições<br />
escalona<strong>da</strong>s (p.ex. Scopalina ruetzleri). Veja Óxea.<br />
Terciária, fibra<br />
Fibra que interconecta as fibras<br />
secundárias (ou estas com as<br />
primárias) em um esqueleto reticulado<br />
(p.ex. Callyspongia pergamentacea).<br />
Tetractina<br />
(Calcarea)<br />
Espícula calcária com quatro raios<br />
(p.ex. Grantessa sp., Leucilla sp.).<br />
Tiláster<br />
Euáster com raios livres, com a<br />
ponta expandi<strong>da</strong> (p.ex. Tethya maza).<br />
Eletromicrografia por P. Willenz.<br />
Tilo<br />
Espessamento semi-esférico no eixo<br />
<strong>de</strong> uma espícula; em uma ou ambas<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s; ou ao longo do eixo,<br />
uma ou múltiplas vezes.<br />
Tilóstilo<br />
Tiloto<br />
Megasclera monactinal com tilo basal<br />
bem <strong>de</strong>lineado (p.ex. Cliona celata,<br />
Spirastrella hartmani, Suberites<br />
aurantiacus).<br />
Megasclera diactinal com tilos<br />
em ambas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s (p.ex.<br />
Lisso<strong>de</strong>ndoryx isodictyalis, Te<strong>da</strong>nia<br />
ignis).<br />
268 ESPONJAS MARINHAS DA BAHIA
Glossário<br />
Toxa<br />
Microsclera em forma <strong>de</strong> arco<br />
(p.ex. Clathria schoenus, C. venosa<br />
Haliclona melana, H. rodriguesi).<br />
Eletromicrografias por B. Cosme.<br />
Triactina<br />
(Calcarea)<br />
Tricodragma<br />
Tricóxea<br />
Triênio<br />
Uma espícula <strong>de</strong> três raios. Veja<br />
parasagital, pseudosagital, regular, and<br />
espícula sagital, parasagital, pseudo<br />
sagital e regular (p.ex. Clathrina sp.,<br />
Grantessa sp., Leucilla sp.).<br />
Feixe <strong>de</strong> ráfi<strong>de</strong>s (p.ex. Mycale angulosa, Thrinacophora funiformis).<br />
Óxea muito fina e compri<strong>da</strong> (p.ex. Leucilla).<br />
Termo coletivo para megascleras tetraxônicas com um raio <strong>de</strong>sigual<br />
(rabdoma), muito mais longo que os outros três (os cládios, que<br />
coletivamente formam o cladoma).<br />
Triodo<br />
(Homosclerophori<strong>da</strong>)<br />
Triactina em que os raios são iguais,<br />
retos, em um plano, e divergentes em<br />
um ângulo <strong>de</strong> 120º.<br />
Tripódio<br />
(Calcarea)<br />
Triactina regular, cujo centro está<br />
em um plano distinto <strong>da</strong>quele <strong>da</strong>s<br />
extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos raios.<br />
Unguifera<strong>da</strong>,<br />
isoquela<br />
Uma isoquela ancora<strong>da</strong> com alas<br />
livres <strong>de</strong>lga<strong>da</strong>s e pontiagu<strong>da</strong>s<br />
(p.ex. Monanchora arbuscula).<br />
Eletromicrografias por Eduardo L.<br />
Esteves.<br />
Uniespicular,<br />
feixe<br />
Feixe com uma única fileira <strong>de</strong><br />
espículas (p.ex. Haliclona spp.).<br />
Verticilado<br />
Diz-se dos acantóstilos com espinhos<br />
organizados em anéis.<br />
Vulcaniforme<br />
Projeções cônicas ou abaula<strong>da</strong>s baixas; em forma <strong>de</strong> vulcão (p.ex.<br />
Haliclona caerulea, Xestospongia muta).<br />
EDUARDO HAJDU, † SOLANGE PEIXINHO, JÚLIO C.C. FERNANDEZ<br />
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