o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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De acor<strong>do</strong> com esse processo bastante comum no campo das ciências<br />
modernas, o interesse de Swinburne “será avaliar a probabilidade da hipótese<br />
de que ‘Deus existe’ com base <strong>em</strong> diferentes tipos de indícios.” (SWINBURNE,<br />
R. 2004, p.20). Ao usar esse critério, próprio das ciências <strong>em</strong> geral, ele<br />
precisará enfrentar o <strong>mal</strong> como um desses indícios encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> nossa<br />
experiência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e determinar <strong>em</strong> que medida isso pode interferir no grau<br />
de verdade da hipótese teísta.<br />
Entretanto, surge aqui um aparente <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> na teodicéia elaborada por<br />
Swinburne. Ao nosso ver, ele não trata <strong>do</strong> <strong>mal</strong> como uma evidência que deva<br />
ser ponderada pelos padrões epistêmicos que ele mesmo sugere como critério<br />
de justificação da hipótese teísta <strong>em</strong> seu livro The Existence of God.<br />
A sua estratégia, no livro Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, é<br />
caracterizada por uma argumentação que apresenta razões que justificariam o<br />
porquê <strong>do</strong> <strong>mal</strong>. Apesar da amplitude da explicação, <strong>em</strong> vez de realmente<br />
esclarecer, por que o <strong>mal</strong> não deve ser toma<strong>do</strong> como um forte argumento <strong>do</strong><br />
tipo C-indutivo contra a existência de Deus ( aquele tipo de argumento que<br />
aumenta ou diminui a probabilidade da hipótese da<strong>do</strong> que é assumi<strong>do</strong> com<br />
base <strong>em</strong> um determina<strong>do</strong> indício). Swinburne se atém à tentativa de<br />
d<strong>em</strong>onstrar que a idéia de um Deus onipotente e bom é compatível mesmo<br />
com a enormidade <strong>do</strong> <strong>mal</strong> que existe no mun<strong>do</strong> por ele cria<strong>do</strong>.<br />
Mais claramente, poder-se-ia perguntar: sen<strong>do</strong> um indício encontra<strong>do</strong><br />
nesse mun<strong>do</strong>, não seria o <strong>mal</strong> uma razão suficient<strong>em</strong>ente forte contra o<br />
teísmo Swinburne, ao que parece, não responde diretamente a essa questão,<br />
i.e. sua teodicéia não confronta expressamente o fato <strong>do</strong> <strong>mal</strong> como uma das<br />
razões que o levam a a<strong>do</strong>tar a hipótese teísta, ponderan<strong>do</strong> a força respectiva<br />
de cada argumento <strong>em</strong> vista da aferição <strong>do</strong> grau de probabilidade da hipótese.<br />
Não obstante esta aparente lacuna, sua teodicéia apresenta alguns<br />
novos traços que pod<strong>em</strong> repercutir positivamente na continuidade <strong>do</strong> debate<br />
<strong>em</strong> torno <strong>do</strong> t<strong>em</strong>a. Além da introdução <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> da inferência indutiva na<br />
discussão acerca da existência de Deus, ele procurou mostrar como<br />
determina<strong>do</strong>s valores fundamentais para a plena realização da vida humana<br />
não pod<strong>em</strong> ser obti<strong>do</strong>s s<strong>em</strong> a experiência da <strong>do</strong>r e <strong>do</strong> sofrimento. Esta<br />
tentativa de justificar o <strong>mal</strong> tanto físico quanto moral como condição para o<br />
desenvolvimento de atitudes morais, como p.ex. a compaixão e a firmeza de<br />
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