o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
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É interessante observar que Leibniz através dessas considerações chega a<br />
uma conclusão inusitada, qual seja: na criação não existe acaso, improviso:<br />
todas as coisas exist<strong>em</strong> para cumprir alguma finalidade que contribua à<br />
efetivação de toda essa harmonia. Em outras palavras, tu<strong>do</strong> que existe t<strong>em</strong> que<br />
ser como é.<br />
Entretanto, como considerar que o mun<strong>do</strong> existente seja realmente bom,<br />
ou o melhor que Deus pode fazer, diante de tantas imperfeições Por que o<br />
mun<strong>do</strong> que existe é assim e não diferente Por que os seus limites no t<strong>em</strong>po e<br />
no espaço são esses e não outros Por que há nele tantos el<strong>em</strong>entos que<br />
causam <strong>do</strong>r e sofrimento de tantas maneiras<br />
Para responder a essas questões, Leibniz pressupõe que este mun<strong>do</strong> é<br />
resulta<strong>do</strong> de uma escolha de Deus. Ora, a escolha que Ele fez só pode ser a<br />
melhor, porque: 1) Deus t<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os conjuntos de possibilidades diante dele<br />
antes mesmo que elas venham a existir. 2) A sabe<strong>do</strong>ria, o poder e a bondade<br />
são atributos que Deus possui <strong>em</strong> plenitude, de mo<strong>do</strong> que Ele t<strong>em</strong> condições<br />
de escolher o melhor. 3) “Deus é obriga<strong>do</strong> por uma necessidade moral a fazer<br />
as coisas de mo<strong>do</strong> que nada melhor seja possível.” 15 Portanto, este é o melhor<br />
<strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s porque sua existência, assim como a conhec<strong>em</strong>os, deriva <strong>do</strong><br />
cumprimento <strong>do</strong> que se pode esperar da perfeição de Deus.<br />
Em suas palavras é dito assim:<br />
Da perfeição supr<strong>em</strong>a de Deus segue-se que, produzin<strong>do</strong> o<br />
universo, ele escolheu o melhor plano possível, no qual há maior<br />
variedade unida à máxima ord<strong>em</strong>, no qual o terreno, o lugar e o<br />
t<strong>em</strong>po são os mais b<strong>em</strong> prepara<strong>do</strong>s, no qual o efeito obtém-se com<br />
os meios mais simples e as criaturas têm a maior potência,<br />
conhecimento, felicidade e bondade que o universo podia permitir.<br />
Com efeito, como to<strong>do</strong>s os possíveis almejam a existência <strong>do</strong><br />
intelecto de Deus, o resulta<strong>do</strong> de todas essas pretensões deve ser o<br />
mais perfeito mun<strong>do</strong> concreto possível. S<strong>em</strong> isso, não se poderia<br />
explicar por que as coisas são assim e não diferentes. 16<br />
Pod<strong>em</strong>os perceber que os pressupostos de Leibniz são adequa<strong>do</strong>s a<br />
sua teoria, pois se ajustam uns aos outros forman<strong>do</strong> um sist<strong>em</strong>a completo que<br />
explica a criação como resulta<strong>do</strong> da escolha de Deus. A escolha divina<br />
determina a inclusão ou exclusão deste mun<strong>do</strong> no propósito de satisfazer o<br />
15 LEIBNIZ, G.F. Theodicea, Ensayos sobre la bondad de Dios, la libertad del hombre y el<br />
origen del <strong>mal</strong>. § 201. Edición Digital. Consulta<strong>do</strong> <strong>em</strong> www.philosophia.cl/ Esc. de<br />
filosofía Universidad ARCIS. p. 168. (§ 201).<br />
16 LEIBNIZ, apud Reale, Giovanni. & Dario Antiseri. História da Filosofia, Vol. I. Edições<br />
Paulinas, São Paulo, 1990. p. 472.<br />
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