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o teísmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe

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Com efeito, segun<strong>do</strong> Swinburne, a afirmação que Deus, por ser o to<strong>do</strong><br />

poderoso, deve impedir ou no mínimo não pode permitir <strong>mal</strong> algum é uma<br />

pr<strong>em</strong>issa que não será verdadeira, se admitirmos que algum <strong>mal</strong> pode trazer<br />

algum b<strong>em</strong>.<br />

1.1. A solução <strong>do</strong> <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong> não implica <strong>em</strong> renunciar a qualquer<br />

atributo <strong>do</strong> Deus <strong>do</strong> teísmo.<br />

À primeira vista, o <strong>mal</strong> é de fato um fenômeno antagônico à idéia, ao<br />

conceito, à forma como Deus é entendi<strong>do</strong> pela tradição monoteísta. Esse<br />

entendimento tradicional t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong> e muitas vezes na intenção de<br />

superá-lo ou “melhorá-lo” surg<strong>em</strong> pensa<strong>do</strong>res com novas formas de explicar os<br />

atributos divinos.<br />

Swinburne chama a atenção para o <strong>probl<strong>em</strong>a</strong>, como v<strong>em</strong>os a seguir:<br />

Entretanto, um grupo de escritores cristãos modernos,<br />

representantes da “Process Theology”, expressaram claramente e<br />

com seriedade o ponto de vista extr<strong>em</strong>o de que Deus não é<br />

onipotente. Para eles a ocorrência <strong>do</strong> <strong>mal</strong> é explicada pela<br />

inabilidade de Deus de eliminá-lo. Trata-se de uma característica <strong>do</strong><br />

sist<strong>em</strong>a de teologia desenvolvi<strong>do</strong> por Charles Hartshorne, John<br />

Cobb, Schubert Ogden, e muitos outros a partir da filosofia de A. N.<br />

Whitehead, na qual Deus é limita<strong>do</strong> <strong>em</strong> seu poder. 78<br />

Nessas formas s<strong>em</strong>pre está presente o risco de o próprio <strong>probl<strong>em</strong>a</strong><br />

desaparecer. Afinal, se o poder de Deus t<strong>em</strong> limites, ele não pode ser<br />

responsável por tu<strong>do</strong> que acontece de <strong>mal</strong>. Se sua bondade só se aplica <strong>em</strong><br />

alguns casos, ele não t<strong>em</strong> como impedir ou eliminar to<strong>do</strong>s os efeitos <strong>do</strong> <strong>mal</strong>.<br />

Para Swinburne, a solução não é reformular o conceito de Deus. Os<br />

atributos de Deus dev<strong>em</strong> ser compreendi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> sintonia com a sua natureza e<br />

com o que pod<strong>em</strong>os conhecer de suas intenções.<br />

Por isso a solução ao <strong>probl<strong>em</strong>a</strong> <strong>do</strong> <strong>mal</strong> deve consistir <strong>em</strong> dar uma<br />

explicação <strong>do</strong> <strong>mal</strong> e não <strong>em</strong> negar os atributos de Deus. Ou seja, cabe avaliar<br />

78 “However, one group of modern Christian writers who have clearly and seriously expressed<br />

the view that God is not omnipotent and that the occurrence of the bad is explained by his<br />

inability to eliminate it are Process Theologians. It is a feature of the syst<strong>em</strong> of theology that<br />

Charles Hartshorne, John Cobb, Schubert Ogden, and many others developed from the<br />

philosophy of A. N. Whitehead, that God is limited in his power.” (SWINBURNE, Richard,<br />

Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998. p.31).<br />

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