o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
se há algum tipo de <strong>mal</strong> que é justificável ou se é justificável que Deus não<br />
interrompa um <strong>mal</strong> que Ele não tenha provoca<strong>do</strong>, mesmo que pudesse acabar<br />
com o sofrimento <strong>em</strong> questão.<br />
Consideran<strong>do</strong> a forma da argumentação desenvolvida pelo ateísmo, o<br />
<strong>probl<strong>em</strong>a</strong> recai sobre um <strong>do</strong>s seus postula<strong>do</strong>s, que é: um ser perfeitamente<br />
bom nunca permitirá que algo mau ocorra se puder impedi-lo. Esse postula<strong>do</strong><br />
é coloca<strong>do</strong> <strong>em</strong> questão porque com ele se questiona um <strong>do</strong>s atributos de Deus,<br />
a sua bondade. O ateísmo não leva <strong>em</strong> conta a possibilidade de uma coisa que<br />
não é boa, ou que é má <strong>em</strong> determina<strong>do</strong> contexto, não ser simplesmente má,<br />
da<strong>do</strong> que por ela pode-se adquirir algum b<strong>em</strong>.<br />
Com uma abrangente argumentação <strong>em</strong> torno dessa pr<strong>em</strong>issa, e<br />
procuran<strong>do</strong>-a reformular para melhor qualificá-la, Swinburne entende que a<br />
permissão de Deus para um evento mau pode ser entendida se tal permissão<br />
t<strong>em</strong> por objetivo que algum benefício seja alcança<strong>do</strong>.<br />
Consideran<strong>do</strong> que as ações de Deus são intencionais e que Deus t<strong>em</strong> o<br />
direito de permitir que algum evento mau aconteça, o teísta deve na verdade se<br />
preocupar com os princípios gerais que apontam para o senti<strong>do</strong> moral das<br />
ações desenvolvidas por Deus.<br />
Entenda-se que para o teísta o argumento deve ter a seguinte forma:<br />
(a) Deus t<strong>em</strong> o direito de permitir que E (algum evento mau) ocorra.<br />
(b) Permitir que E (ou algo tão mau ou pior) ocorra, é a única maneira<br />
moralmente permissível para que Deus realize uma condição<br />
logicamente necessária de um b<strong>em</strong> G.<br />
(c) Deus faz qualquer outra coisa logicamente possível para realizar G.<br />
(d) O valor espera<strong>do</strong> por ter permiti<strong>do</strong> E, da<strong>do</strong> (c), é positivo. 79<br />
O desafio a ser supera<strong>do</strong> é que se Deus permite algum tipo de <strong>mal</strong>,<br />
Deus deve ter boas razões para permitir que isso ocorra. Assim, o teísta terá<br />
que justificar cada <strong>mal</strong> que acontece, pois será preciso explicar como<br />
determina<strong>do</strong> <strong>mal</strong> pode, no conjunto das ações, trazer algo bom. Só assim ele<br />
poderá fazer um balanço adequa<strong>do</strong> das razões de Deus para não impedir que<br />
79 “(a) God has the right to allow E to occur.<br />
(b) Allowing E (or a state as bad or worse) to occur is the only morally permissible way in<br />
which God can bring about a logically necessary condition of a good G.<br />
(c) God <strong>do</strong>es everything else logically possible to bring about G.<br />
(d) The expected value of allowing E, given (c), is positive.” (SWINBURNE, Richard,<br />
Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998.p.14).<br />
94