o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
o teÃsmo e o problema do mal em richard swinburne - FaJe
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
o <strong>mal</strong> aconteça. É imprescindível que o teísta tenha à sua disposição os<br />
critérios epist<strong>em</strong>ológicos que tornam possível essa justificação.<br />
Essa é a tarefa da teodicéia, segun<strong>do</strong> diz Swinburne:<br />
Eu enten<strong>do</strong> por teodicéia não uma enumeração das reais razões de<br />
Deus para permitir que algo mau ocorra, mas uma apresentação de<br />
suas possíveis razões (isto é, razões, que Deus t<strong>em</strong> para permitir<br />
que algo mau ocorra, quer sejam quer não as que o tenham<br />
motiva<strong>do</strong>). 80<br />
Buscar critérios para entender essas razões é a tarefa proposta. T<strong>em</strong>os<br />
nas palavras de Swinburne o que é o sucesso de uma teodicéia:<br />
Se o teísta puder fornecer para cada situação de sofrimento uma<br />
razão aceitável pela qual Deus poderia estar justifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> permitir<br />
que aquela situação ocorresse – p.ex, o sofrimento causa<strong>do</strong><br />
deliberadamente por seres humanos justifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> função <strong>do</strong> b<strong>em</strong><br />
que significa para os seres humanos ter a liberdade de escolher<br />
causar ou não deliberadamente um sofrimento a outros – ele teria<br />
forneci<strong>do</strong> uma teodicéia total adequada. 81<br />
A justificação deve atender principalmente à d<strong>em</strong>anda das implicações<br />
morais que justifiqu<strong>em</strong> a idéia de que de to<strong>do</strong> tipo de <strong>mal</strong> pode advir um<br />
benefício maior que o prejuízo sofri<strong>do</strong>. Nesse caso, o teísta precisa justificar<br />
que aquele <strong>mal</strong> trará algum b<strong>em</strong> para mostrar que sua crença é correta <strong>do</strong><br />
ponto de vista epistêmico e conseqüent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> ponto de vista moral.<br />
Diante das questões que envolv<strong>em</strong> o debate <strong>em</strong> volta da formação de<br />
crenças, Swinburne, que, como já diss<strong>em</strong>os, assume a perspectiva internalista,<br />
defende que o teísta deve partir <strong>do</strong> padrão, por ele defendi<strong>do</strong>, de que as<br />
crenças são sustentadas pelas d<strong>em</strong>ais crenças que um indivíduo t<strong>em</strong><br />
experimenta<strong>do</strong> ao longo da vida. Se elas pod<strong>em</strong> ser confirmadas por razões<br />
externas, muito melhor.<br />
Isso leva Swinburne a afirmar que:<br />
Segue-se que se um teísta precisa ou não de uma teodicéia para<br />
cada esta<strong>do</strong> de coisas más por ele conhecida, a fim de crer<br />
80 “I thus understand by a ‘theodicy’ not an account of God's actual reasons for allowing a bad<br />
state to occur, but an account of his possible reasons (i.e. reasons which God has for allowing<br />
the bad state to occur, whether or not those are the ones which motivate him).” (SWINBURNE,<br />
Richard, Providence and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998. p.15).<br />
81 “If the theist can provide for states of each kind a reason why God could justifiably allow a<br />
state of that kind to occur—e.g. pain deliberately caused by humans being justified in terms of<br />
the good of humans having a free choice of whether or not to cause pain deliberately to<br />
others—he will have provided an adequate total theodicy.” (SWINBURNE, Richard, Providence<br />
and the Probl<strong>em</strong> of Evil, Claren<strong>do</strong>n Press, Oxford.1998.p.15.).<br />
95