Marcado para a morte - Revista Cristã de Espiritismo
Marcado para a morte - Revista Cristã de Espiritismo
Marcado para a morte - Revista Cristã de Espiritismo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
MATÉRIA DE CAPA<br />
MARCADO PA<br />
Em 1997, a vida da família Ota,<br />
comerciantes da Zona Leste<br />
<strong>de</strong> São Paulo, foi abalada por uma tragédia.<br />
Yves, uma criança <strong>de</strong> cinco<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, foi seqüestrada em troca<br />
<strong>de</strong> um resgate. Mas o menino foi<br />
morto por ter reconhecido um dos seqüestradores,<br />
que era segurança do<br />
mercado <strong>de</strong> seu pai, Massataka Ota.<br />
Mesmo assim, os bandidos continuaram<br />
as negociações até que o escon<strong>de</strong>rijo<br />
e a verda<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>scobertos.<br />
Apesar disso, Massataka não iniciou<br />
uma campanha pela pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong>,<br />
como seria <strong>de</strong> se esperar. Pelo contrário,<br />
ele quer instituir a data da <strong>morte</strong><br />
<strong>de</strong> seu filho como o Dia Nacional do<br />
Perdão.<br />
Quando crimes hediondos são<br />
divulgados pela mídia ou somos di-<br />
retamente afetados pela violência,<br />
alguns <strong>de</strong> nós cogitamos a hipótese<br />
do retorno da pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong>.<br />
Clamamos pela sua adoção argumentando<br />
que o Estado economizaria<br />
o dinheiro gasto com os<br />
<strong>de</strong>tentos, utilizando-o em questões<br />
sociais como saú<strong>de</strong> e educação, e<br />
que muitos dos presos não têm possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> recuperação, citando<br />
como exemplo mais recente o<br />
“Bandido da Luz Vermelha”, solto<br />
após cumprir trinta anos <strong>de</strong> sentença<br />
e morto meses <strong>de</strong>pois em uma<br />
briga <strong>de</strong> bar.<br />
De acordo com o livro O que é<br />
Pena <strong>de</strong> Morte (Luís Francisco <strong>de</strong> Carvalho<br />
Filho, Editora Brasiliense), “o<br />
apoio à pena capital no Brasil não<br />
costuma resultar <strong>de</strong> uma posição ética<br />
ou estratégica, racionalmente constituída.<br />
É estimulado pelo incrível aumento<br />
da criminalida<strong>de</strong> e pelo seu impacto<br />
na mídia; pela <strong>de</strong>smoralização<br />
das instituições públicas e pelo sentimento<br />
geral <strong>de</strong> impunida<strong>de</strong> (...) É<br />
como se o restabelecimento da pena<br />
<strong>de</strong> <strong>morte</strong> representasse um antídoto”.<br />
Vamos apreciar por alguns instantes<br />
o panorama que a proposta da<br />
pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> nos oferece, <strong>para</strong> <strong>de</strong>pois<br />
comentar o que o <strong>Espiritismo</strong><br />
tem a dizer sobre o assunto.<br />
PEQUENO HISTÓRICO DA<br />
PENA DE MORTE<br />
A pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
que o homem surgiu na Terra e se<br />
organizou em grupos. Ela serve <strong>para</strong><br />
os fins mais diversos. A pena capi-<br />
6
RA A A MORTE<br />
NESTES TEMPOS DE VIOLÊNCIA<br />
CRESCENTE, A INSEGURANÇA NOS FAZ<br />
COGITAR A ADOÇÃO DA PENA DE<br />
MORTE. ENTRETANTO, NOS PAÍSES ONDE<br />
ELA É ADOTADA, A VIOLÊNCIA NÃO<br />
DIMINUIU. SAIBA COMO O ESPIRITISMO<br />
ANALISA A QUESTÃO<br />
Edgar Massaki Egawa<br />
tal foi utilizada nos mais diversos<br />
graus e está registrada em diversos<br />
documentos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong>.<br />
Ela foi utilizada não só <strong>para</strong> punir<br />
criminosos, mas também <strong>para</strong> estabelecer<br />
a hegemonia política e religiosa.<br />
Fez parte também <strong>de</strong> rituais<br />
religiosos – entre os maias e os<br />
incas, por exemplo.<br />
Ao mesmo tempo em que o<br />
Pentateuco nos apresenta os Dez<br />
Mandamentos, on<strong>de</strong> se diz “Não<br />
Matarás”, o homem manda matar o<br />
ladrão e o adúltero. O profeta Elias<br />
utilizou a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> <strong>para</strong> punir<br />
os sacerdotes <strong>de</strong> Baal, que o <strong>de</strong>safiaram<br />
a provar a força <strong>de</strong> seu Deus.<br />
Jesus foi con<strong>de</strong>nado à <strong>morte</strong>.<br />
Abraão esteve a ponto <strong>de</strong> matar seu<br />
filho, a pedido <strong>de</strong> Jeová.<br />
No mundo greco-romano, há casos<br />
célebres <strong>de</strong> execuções, como a<br />
<strong>de</strong> Sócrates, obrigado a beber veneno,<br />
e a <strong>de</strong> Júlio César, apunhalado<br />
até pelo filho adotivo Brutus. O Império<br />
Romano foi o responsável por<br />
milhares <strong>de</strong> <strong>morte</strong>s <strong>de</strong> cristãos nos<br />
primeiros quatro séculos após a vinda<br />
do Cristo. Quando a Igreja Católica<br />
se estabeleceu, começou uma<br />
caça aos hereges e supostos bruxos,<br />
em um processo cuja agonia atingiu<br />
uma remessa <strong>de</strong> livros espíritas <strong>para</strong><br />
a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelona, na Espanha,<br />
em 1862. Este ato <strong>de</strong>sesperado da<br />
Inquisição ficou registrado na história<br />
do <strong>Espiritismo</strong> como o “Auto-<strong>de</strong>fé<br />
<strong>de</strong> Barcelona”.<br />
A França foi atingida por uma<br />
fúria revolucionária no final do século<br />
XVIII, atingindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a nobreza<br />
(incluindo os reis Luis XVI e Maria<br />
Antonieta) até os mais humil<strong>de</strong>s,<br />
passando pelos lí<strong>de</strong>res da Revolução<br />
Francesa, Danton e Robespierre, e o<br />
inventor do principal meio <strong>de</strong> execução<br />
da época, o dr. Guillotin.<br />
Na 2 a Guerra Mundial, milhões<br />
<strong>de</strong> pessoas foram mortas em câmaras<br />
<strong>de</strong> gás, fuziladas ou simplesmente<br />
morreram <strong>de</strong> inanição ou doenças<br />
pelo simples fato <strong>de</strong> serem judias, homossexuais<br />
ou ciganas, entre outras<br />
coisas. E após a <strong>de</strong>rrota da Alemanha,<br />
o tribunal <strong>de</strong> Nuremberg sentenciou<br />
vários <strong>de</strong>sses assassinos à <strong>morte</strong>. Isso<br />
trouxe as vítimas <strong>de</strong> volta<br />
No Brasil, o mais célebre con<strong>de</strong>nado<br />
à <strong>morte</strong>, Tira<strong>de</strong>ntes, foi alçado<br />
ao posto <strong>de</strong> herói nacional com o<br />
7
MATÉRIA DE CAPA<br />
NA 2ª GUERRA MUNDIAL, MILHÕES DE PESSOAS<br />
FORAM MORTAS PELO SIMPLES FATO DE SEREM JUDIAS,<br />
HOMOSSEXUAIS OU CIGANAS. VÁRIOS DESSES<br />
ASSASSINOS FORAM CONDENADOS À MORTE, MAS ISSO<br />
TROUXE AS VÍTIMAS DE VOLTA<br />
advento da República. Outros permanecem<br />
<strong>de</strong>sconhecidos do gran<strong>de</strong><br />
público ou não são consi<strong>de</strong>rados<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta estatística. Em alguns<br />
casos, as pessoas foram classificadas<br />
como suicidas – é o caso do jornalista<br />
Wladmir Herzog, morto em<br />
1975 –, vítimas <strong>de</strong> atropelamento ou<br />
foram enterradas em valas comuns<br />
durante o regime militar.<br />
Em muitos outros países, a pena<br />
<strong>de</strong> <strong>morte</strong> é comum e muitas vezes<br />
sumária, como nos países islâmicos,<br />
nos quais se adota o apedrejamento<br />
como forma <strong>de</strong> execução. Na maioria<br />
<strong>de</strong>sses países, o regime é totalitário<br />
e não admite oposição. Mas há<br />
casos <strong>de</strong> povos ditos civilizados que<br />
adotam essa prática, como os Estados<br />
Unidos, on<strong>de</strong> foi executado há<br />
algumas semanas um <strong>de</strong>ficiente<br />
mental. O Estado do Texas, on<strong>de</strong> o<br />
fato se <strong>de</strong>u, realizou até o final do<br />
ano 2000 o maior número <strong>de</strong> execuções<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1930.<br />
Joana d’Arc, Santo Estevão, São<br />
Pedro, São Paulo, Giordano Bruno,<br />
além dos já citados, são alguns exemplos<br />
<strong>de</strong> vítimas célebres. O momento<br />
da <strong>morte</strong> foi, <strong>para</strong> quem assistiu à<br />
execução, revelador do caráter dos<br />
con<strong>de</strong>nados. Enquanto Jesus pedia a<br />
Deus que nos perdoasse por que não<br />
sabíamos o que estávamos fazendo,<br />
Mussolini pedia clemência ao pelotão<br />
<strong>de</strong> fuzilamento.<br />
Além da punição autorizada por<br />
alguns governos, existem outras mais<br />
rápidas, implacáveis e, digamos, “informais”.<br />
Como exemplos, temos o<br />
Esquadrão da Morte, li<strong>de</strong>rado pelo<br />
<strong>de</strong>legado Sérgio Fleury nos anos 70,<br />
a chacina da Can<strong>de</strong>lária e o massacre<br />
no Pavilhão Nove do Carandiru.<br />
A PENA DE MORTE NA<br />
LITERATURA E NO CINEMA<br />
Po<strong>de</strong>mos encontrar casos <strong>de</strong> pena<br />
<strong>de</strong> <strong>morte</strong> em muitas obras legadas pelos<br />
literatos em todas as épocas. Das<br />
tragédias gregas aos romances mo<strong>de</strong>rnos<br />
e filmes, temos muitos personagens<br />
que foram executados ou<br />
con<strong>de</strong>nados à <strong>morte</strong> em algum momento<br />
da trama. Em outros casos, a<br />
execução é o tema principal do filme.<br />
Antígona, filha <strong>de</strong> Édipo, foi con<strong>de</strong>nada<br />
à <strong>morte</strong> pelo seu tio, o rei<br />
Creonte, por ter enterrado o irmão,<br />
consi<strong>de</strong>rado traidor por ter tentado<br />
conquistar o trono <strong>de</strong> Tebas com ajuda<br />
externa.<br />
Lady <strong>de</strong> Winter, espiã do Car<strong>de</strong>al<br />
Richelieu na Inglaterra, foi con<strong>de</strong>nada<br />
à <strong>morte</strong> pelo marido Athos, na<br />
obra Os Três Mosqueteiros, <strong>de</strong> Alexandre<br />
Dumas, por ter matado a<br />
amada <strong>de</strong> Dartagnan e o duque <strong>de</strong><br />
Buckingham. Na versão cinematográfica<br />
da década <strong>de</strong> 70, ela recebe<br />
uma segunda flor-<strong>de</strong>-lis (marca <strong>de</strong><br />
sua vilania).<br />
Em O Guarani, <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Alencar,<br />
o vilão Loredano é queimado vivo<br />
após ter sido <strong>de</strong>scoberta sua traição.<br />
O filme Os Últimos Passos <strong>de</strong> um<br />
Homem trata da história do primeiro<br />
con<strong>de</strong>nado à <strong>morte</strong> que a freira<br />
Helen Prejean (Susan Sarandon)<br />
acompanhou.<br />
Em Coração Valente, William<br />
Wallace (Mel Gibson) torna-se carrasco<br />
do executor <strong>de</strong> sua esposa e<br />
dos nobres que o trairam, até ser<br />
capturado e morto em Londres.<br />
No filme Espíritos, um ex-arquiteto<br />
e médium (Michael J. Fox) que se<br />
torna o suspeito <strong>de</strong> várias <strong>morte</strong>s misteriosas<br />
acontecidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sua<br />
esposa morreu, <strong>de</strong>scobre que po<strong>de</strong><br />
antecipar quem será a próxima vítima<br />
ao observar um número vermelho na<br />
testa da pessoa. O assassino Um<br />
serial killer executado há <strong>de</strong>z anos.<br />
Em O Silêncio dos Inocentes,<br />
Jodie Foster procura o dr. Hannibal<br />
Lecter, um psiquiatra que se transformou<br />
em serial killer, <strong>para</strong> caçar outro<br />
assassino. No livro O que é Pena<br />
<strong>de</strong> Morte, o autor cita uma frase<br />
muito significativa do filme: “Cientificamente<br />
falando, ele é o nosso<br />
maior tesouro”.<br />
A PENA DE MORTE NAS<br />
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS<br />
Entre os personagens da Marvel<br />
Comics, responsável pela publicação<br />
<strong>de</strong> histórias em quadrinhos <strong>de</strong><br />
super-heróis como Capitão América,<br />
X-Men e Homem-Aranha, existe<br />
O Justiceiro (Punisher). Lançado<br />
entre o final dos anos 60 e começo<br />
dos 70, O Justiceiro foi concebido<br />
como um psicótico que perseguia e<br />
matava bandidos, <strong>de</strong>vido ao trauma<br />
da perda <strong>de</strong> sua família. Graças à<br />
campanha difamatória que o Clarim<br />
Diário fazia contra o Homem-Aranha,<br />
o ex-fuzileiro naval foi em seu<br />
encalço, até que a situação foi<br />
esclarecida. O personagem foi criado<br />
em uma época na qual a pena<br />
<strong>de</strong> <strong>morte</strong> estava em baixa nos Estados<br />
Unidos, mas a situação mudou.<br />
O Justiceiro transformou-se em herói<br />
e é menos maniqueísta que no<br />
início <strong>de</strong> sua carreira. Chegou a<br />
inspirar outro personagem, na DC<br />
Comics: O Vigilante. E a pena <strong>de</strong><br />
<strong>morte</strong> voltou a ser opção <strong>de</strong> punição<br />
em estados que a haviam abolido,<br />
como Nova York.<br />
8
O QUE DIZ O LIVRO DOS ESPÍRITOS<br />
ERRO FATAL<br />
A maioria das pessoas ignora que<br />
não se po<strong>de</strong> simplesmente executar<br />
um suspeito <strong>de</strong> cometer um crime<br />
sem provas. Quando se con<strong>de</strong>na à<br />
ca<strong>de</strong>ia alguém e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>scobrimos<br />
que ele é inocente, como foi o caso<br />
dos donos da Escola Base, acusados<br />
<strong>de</strong> praticar orgias com as crianças<br />
sob sua guarda, po<strong>de</strong>-se no mínimo<br />
oferecer uma compensação financeira<br />
pelo mal causado.<br />
Mas e quando o prisioneiro é executado<br />
e só <strong>de</strong>pois se <strong>de</strong>scobre sua<br />
inocência Como re<strong>para</strong>r o erro In<strong>de</strong>nizando<br />
sua família Durante o Império,<br />
um fazen<strong>de</strong>iro foi acusado <strong>de</strong><br />
matar toda uma família <strong>de</strong> colonos.<br />
Pela cruelda<strong>de</strong> com que foi cometido<br />
o crime, ele foi alcunhado <strong>de</strong><br />
“Fera <strong>de</strong> Macabu”. Após a sua execução,<br />
<strong>de</strong>scobriu-se que a esposa do<br />
executado foi a mandante. Dom<br />
Pedro II ficou tão chocado que nunca<br />
mais autorizou uma execução.<br />
Devido a esse risco, os presos do<br />
corredor da <strong>morte</strong> nos Estados Unidos<br />
passam pelo menos <strong>de</strong>z anos<br />
esperando que a sentença seja cumprida<br />
ou comutada em prisão perpétua,<br />
se forem culpados. O custo<br />
maior é causado pelas <strong>de</strong>spesas judiciais,<br />
muito maiores se com<strong>para</strong>das<br />
a <strong>de</strong> um preso que cumpre uma<br />
sentença <strong>de</strong> prisão. Isso se <strong>de</strong>ve,<br />
principalmente, ao risco <strong>de</strong> um erro<br />
judicial, como foi o caso da “Fera <strong>de</strong><br />
Macabu”. Por isso, um preso con<strong>de</strong>nado<br />
à <strong>morte</strong> custa mais caro que<br />
um outro sob prisão perpétua nas<br />
socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas.<br />
Entretanto, a <strong>de</strong>mora na execução<br />
da sentença po<strong>de</strong> ser avaliada como<br />
uma espécie <strong>de</strong> tortura psicológica<br />
Questão 760 – A pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong><br />
<strong>de</strong>saparecerá um dia da legislação<br />
humana<br />
A pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> <strong>de</strong>saparecerá<br />
incontestavelmente e sua supressão<br />
marcará um progresso na humanida<strong>de</strong>.<br />
Quando os homens estiverem mais<br />
esclarecidos, a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> será<br />
completamente abolida da Terra, os<br />
homens não terão mais necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
serem julgados pelos homens. Falo <strong>de</strong><br />
um tempo que ainda está muito<br />
distante <strong>de</strong> vós.<br />
Questão 761– A lei <strong>de</strong> conservação<br />
assegura ao homem o direito <strong>de</strong><br />
preservar sua própria vida; não usa<br />
<strong>de</strong>sse direito quando elimina da<br />
socieda<strong>de</strong> um membro perigoso<br />
aplicada aos presos, equivalente à<br />
roleta-russa. Chegará um momento<br />
em que a brinca<strong>de</strong>ira irá cessar ou a<br />
única bala do tambor irá finalmente<br />
cumprir sua função.<br />
QUAL É O PERFIL PSICOLÓGICO<br />
DE UM SERIAL KILLER<br />
As crônicas policiais brasileiras<br />
falam <strong>de</strong> um criminoso peculiar,<br />
uma espécie <strong>de</strong> “Jack, o estripador”<br />
tupiniquim. Chico Picadinho, como<br />
ficou conhecido, foi preso por matar<br />
e esquartejar prostitutas nos anos 60.<br />
Após <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> bom comportamento,<br />
ele obteve uma condicional<br />
e até se casou após sair da prisão.<br />
Mas não conseguiu se conter e cometeu<br />
crime semelhante. Até que<br />
ponto seu comportamento foi estudado<br />
Com que frieza ele se preparou<br />
<strong>para</strong> cometer o crime que finalmente<br />
pôs fim à sua “carreira”<br />
A frase retirada <strong>de</strong> O Silêncio dos<br />
Inocentes indica um argumento pela<br />
manutenção da vida <strong>de</strong> prisioneiros<br />
como esses. Algumas pessoas po<strong>de</strong>m<br />
perguntar: por que eu <strong>de</strong>veria poupar<br />
pessoas que causaram tanto sofrimento<br />
(e que po<strong>de</strong>m voltar a causar), enquanto<br />
suas vítimas estão no plano<br />
espiritual e suas famílias sofrem com<br />
a ausência dos entes queridos<br />
Estudando o “Maníaco do Parque”,<br />
por exemplo, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir<br />
como i<strong>de</strong>ntificar perfis semelhantes<br />
ao <strong>de</strong>le precocemente e<br />
Há outros meios <strong>de</strong> se preservar<br />
do perigo sem precisar matar. É<br />
necessário, aliás, abrir ao criminoso<br />
a porta do arrependimento e não<br />
fechá-la.<br />
Questão 762 – Se a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong><br />
po<strong>de</strong> ser banida das socieda<strong>de</strong>s<br />
civilizadas, não foi uma necessida<strong>de</strong><br />
nas épocas menos avançadas<br />
Necessida<strong>de</strong> não é bem a palavra.<br />
O homem acha sempre uma coisa<br />
necessária quando não encontra<br />
justificativa melhor; mas, à medida<br />
que se esclarece, compreen<strong>de</strong> mais<br />
acertadamente o que é justo ou<br />
injusto e repudia os excessos<br />
cometidos nos tempos <strong>de</strong> ignorância,<br />
em nome da justiça.<br />
provi<strong>de</strong>nciar tratamento psiquiátrico,<br />
<strong>para</strong> que essas pessoas não cometam<br />
crimes como o motoboy<br />
Francisco <strong>de</strong> Assis Bezerra. Também<br />
temos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar<br />
casos semelhantes ao do estudante<br />
<strong>de</strong> medicina que causou um<br />
massacre no cinema do Shopping<br />
Morumbi, em 1999.<br />
CRUELDADE E<br />
PENA DE MORTE<br />
Segundo o autor do livro O que<br />
é Pena <strong>de</strong> Morte, esse tipo <strong>de</strong> punição<br />
tem duas funções: a <strong>de</strong> satisfazer<br />
um sentimento <strong>de</strong> vingança e<br />
cumprir um papel <strong>de</strong> intimidação. A<br />
pena capital tem um <strong>para</strong>doxo, i<strong>de</strong>ntificado<br />
pelo autor: quanto menor é<br />
a agonia do prisioneiro, menor é o<br />
apoio a tal tipo <strong>de</strong> punição. Segundo<br />
Carvalho Filho, as pessoas que<br />
apóiam tal medida apreciam-na justamente<br />
pelo sofrimento que causa<br />
ao con<strong>de</strong>nado. Medidas e técnicas<br />
criadas <strong>para</strong> minimizar esse sofrimento,<br />
como a guilhotina e a injeção<br />
letal, são malvistas.<br />
Segundo o Código Penal iraniano,<br />
país que ainda adota a lapidação<br />
como forma <strong>de</strong> execução, “as pedras<br />
não <strong>de</strong>vem ser tão gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo<br />
a provocar a <strong>morte</strong> pelo golpe <strong>de</strong><br />
apenas uma ou duas <strong>de</strong>las, nem tão<br />
pequenas que não possam ser chamadas<br />
<strong>de</strong> pedras...” (O que é Pena<br />
<strong>de</strong> Morte, pág. 37).<br />
9
MATÉRIA DE CAPA<br />
Questão 763 – A restrição dos casos<br />
em que se aplica a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong><br />
é um indício <strong>de</strong> progresso na civilização<br />
Po<strong>de</strong>is duvidar disso Vosso Espírito<br />
não se revolta ao ler a narrativa<br />
das carnificinas humanas <strong>de</strong> antigamente<br />
em nome da justiça e em honra<br />
da Divinda<strong>de</strong> Das torturas que<br />
sofria o con<strong>de</strong>nado, e mesmo um simples<br />
suspeito, <strong>para</strong> lhe arrancar, pelo<br />
excesso dos sofrimentos, a confissão<br />
<strong>de</strong> um crime que muitas vezes não<br />
cometeu Pois bem! Se tivésseis vivido<br />
naquele tempo, teríeis achado isso<br />
muito natural e talvez, se juizes<br />
fôsseis, teríeis feito o mesmo. É assim<br />
que o justo <strong>de</strong> uma época parece bárbaro<br />
em outra. As leis divinas são as<br />
O QUE DIZ O LIVRO DOS ESPÍRITOS<br />
únicas eternas; as leis humanas mudam<br />
com o progresso e ainda mudarão<br />
até que sejam colocadas em harmonia<br />
com as leis divinas.<br />
Questão 764 – Jesus ensinou:<br />
“Quem matou pela espada morrerá<br />
pela espada”. Essas palavras não são<br />
a consagração da pena <strong>de</strong> talião e a<br />
<strong>morte</strong> aplicada ao homicida não é<br />
aplicação <strong>de</strong>ssa pena<br />
Tomai cuidado! Ten<strong>de</strong>s vos enganado<br />
sobre essas palavras como sobre<br />
muitas outras. A pena <strong>de</strong> talião é a justiça<br />
<strong>de</strong> Deus; é Ele que a aplica. Todos<br />
vós sofreis a cada instante essa penalida<strong>de</strong>,<br />
porque sois punidos pelos erros<br />
que cometeis, nessa vida ou em outra;<br />
aquele que fez sofrer seus seme-<br />
lhantes estará numa posição em que ele<br />
mesmo sofrerá o que tiver causado. Esse<br />
é o sentido <strong>de</strong>ssas palavras <strong>de</strong> Jesus, que<br />
também disse: “Perdoai aos vossos inimigos”,<br />
e ensinou a pedir a Deus <strong>para</strong><br />
perdoar vossas ofensas como vós mesmos<br />
tiver<strong>de</strong>s perdoado, ou seja, na mesma<br />
proporção em que perdoar<strong>de</strong>s.<br />
Deveis compreen<strong>de</strong>r bem isso<br />
Questão 765 – O que pensar da pena<br />
<strong>de</strong> <strong>morte</strong> aplicada em nome <strong>de</strong> Deus<br />
É tomar o lugar <strong>de</strong> Deus na justiça.<br />
Os que agem assim estão longe <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />
Deus e ainda têm muito a expiar.<br />
A pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> é também um crime<br />
quando aplicada em nome <strong>de</strong> Deus,<br />
e os que a or<strong>de</strong>naram são responsáveis<br />
por assassinato.<br />
São utilizados também os fuzilamentos,<br />
a forca, a ca<strong>de</strong>ira elétrica, a<br />
câmara <strong>de</strong> gás, a <strong>de</strong>capitação por<br />
sabre e até mesmo a crucificação<br />
como meios <strong>de</strong> eliminar o criminoso.<br />
Alguns <strong>de</strong>sses meios são consi<strong>de</strong>rados<br />
“humanitários” como forma<br />
<strong>de</strong> execução. Senão vejamos: na<br />
ca<strong>de</strong>ira elétrica “os olhos (do con<strong>de</strong>nado)<br />
saltam <strong>para</strong> fora, o con<strong>de</strong>nado<br />
<strong>de</strong>feca, vomita sangue... a ca<strong>de</strong>ira<br />
elétrica provoca um odor <strong>de</strong> carne<br />
queimada. Na câmara <strong>de</strong> gás, o<br />
prisioneiro baba, sua pele fica roxa,<br />
transmite aos expectadores a sensação<br />
<strong>de</strong> estrangulamento”. (O que é<br />
Pena <strong>de</strong> Morte, pág. 48).<br />
A FUNÇÃO POLÍTICA<br />
DA PENA CAPITAL<br />
O Estado transforma-se em assassino<br />
<strong>de</strong> criminosos em nome da<br />
“justiça”. Mas a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> crime<br />
po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> um país <strong>para</strong> outro.<br />
No Oci<strong>de</strong>nte, faz-se uma revisão<br />
<strong>para</strong> retirar o adultério do Código<br />
Penal; em outros países, ainda é<br />
passível <strong>de</strong> ser punido com a <strong>morte</strong>.<br />
Nas regiões mais “civilizadas”,<br />
on<strong>de</strong> essa pena continua fazendo<br />
parte do cotidiano, somente serial<br />
killers e terroristas po<strong>de</strong>m ser con<strong>de</strong>nados.<br />
Mas há uma terceira categoria:<br />
o crime político.<br />
O seu uso em regimes autoritários<br />
tem a intenção <strong>de</strong> atemorizar a<br />
oposição ou, se o país não tiver<br />
medo da pressão internacional,<br />
simplesmente eliminar os adversários<br />
políticos. Durante a Guerra<br />
Fria, pipocaram por todo o planeta<br />
ditaduras <strong>de</strong> esquerda e <strong>de</strong> direita<br />
que não admitiam oposição alguma.<br />
Brasil, Chile, Argentina, Vietnã,<br />
Cuba, a ex-Alemanha Oriental foram<br />
lançados nesse turbilhão. Dezenas<br />
<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pessoas foram<br />
perseguidas, presas, torturadas, exiladas<br />
ou mortas até o início da década<br />
<strong>de</strong> 90. Proliferaram os cemitérios<br />
clan<strong>de</strong>stinos, como o <strong>de</strong> Perus,<br />
em São Paulo, e as famílias dos<br />
mortos convivem há décadas com<br />
a incerteza sobre o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> seus<br />
entes queridos.<br />
O escritor indiano Salman<br />
Rushdie foi con<strong>de</strong>nado à <strong>morte</strong> por<br />
um tribunal xiita, por ter supostamente<br />
ofendido Maomé em seu livro<br />
Versos Satânicos, tendo que se manter<br />
escondido por vários anos.<br />
A VISÃO ESPÍRITA DA<br />
PENA DE MORTE<br />
É muito simples dizer que o <strong>Espiritismo</strong><br />
é contra a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong>.<br />
Mas é preciso que saibamos quais<br />
argumentos a Doutrina oferece.<br />
Muitos <strong>de</strong>sses argumentos são usados<br />
também por não-espíritas, como<br />
o respeito fundamental à vida e o<br />
fato da pena capital não amedrontar<br />
os criminosos em suas práticas.<br />
As questões 760 a 765 <strong>de</strong> O Livro<br />
dos Espíritos tratam do tema. Na<br />
resposta da 760, por exemplo, <strong>de</strong>clara<br />
que “sua supressão assinalará um<br />
progresso da Humanida<strong>de</strong>. Quando<br />
os homens forem mais esclarecidos,<br />
a pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> será completamente<br />
abolida da Terra”. Mas lamenta o<br />
fato <strong>de</strong>ssa época estar muito longe<br />
<strong>de</strong> nós. Temos muito trabalho até<br />
alcançarmos esse objetivo.<br />
Em apoio à tese <strong>de</strong> que a prática da<br />
pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> não diminui os índices<br />
<strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> (muito pelo contrário),<br />
Rodolfo Kon<strong>de</strong>r, em seu livro<br />
Anistia Internacional, uma porta <strong>para</strong><br />
o futuro, cita os casos da Flórida e da<br />
Geórgia. Os dois estados norte-americanos<br />
são os campeões <strong>de</strong> execuções<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979. Neles, o índice <strong>de</strong><br />
homicídios aumentou no período<br />
imediatamente posterior à retomada<br />
da pena capital. Segundo o autor, “a<br />
explicação é evi<strong>de</strong>nte: se o Estado,<br />
po<strong>de</strong>r supremo, símbolo freudiano da<br />
autorida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> recorrer a esta forma<br />
<strong>de</strong> extrema <strong>de</strong> violência <strong>para</strong> ‘fazer<br />
justiça’, por que as pessoas no âmbito<br />
particular <strong>de</strong> suas vidas não po<strong>de</strong>m<br />
fazer a mesma coisa”<br />
Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um surto obsessivo ter ajudado<br />
a aumentar a criminalida<strong>de</strong> nas<br />
regiões citadas pelo jornalista. Além<br />
do raciocínio feito acima, o Espiritis-<br />
1 0
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
SEGUNDO O AUTOR DO LIVRO O QUE É<br />
PENA DE MORTE, ESSE TIPO DE PUNIÇÃO<br />
TEM DUAS FUNÇÕES: A DE SATISFAZER UM<br />
SENTIMENTO DE VINGANÇA E CUMPRIR<br />
UM PAPEL DE INTIMIDAÇÃO.<br />
mo alerta <strong>para</strong> a influência que os<br />
espíritos dos con<strong>de</strong>nados, revoltados<br />
pela punição sofrida, po<strong>de</strong>m<br />
exercer sobre pessoas violentas ou<br />
com tendências criminosas. Na<br />
<strong>Revista</strong> Espírita <strong>de</strong> 1866 (pág. 277),<br />
um prisioneiro prestes a ser executado<br />
faz um discurso sobre a inutilida<strong>de</strong><br />
da aplicação <strong>de</strong> tal pena<br />
como meio <strong>de</strong> coibir o ato criminoso,<br />
lembrando justamente que há<br />
vida após a <strong>morte</strong>. Em sua prédica,<br />
a pessoa <strong>de</strong>clarou não ter consciência<br />
<strong>de</strong> ter cometido o crime pelo<br />
qual ele foi con<strong>de</strong>nado. O mesmo<br />
ocorreu com o <strong>de</strong>ficiente mental<br />
executado em 16/11/2000 no Estado<br />
do Texas, EUA.<br />
No capítulo V <strong>de</strong> O Evangelho<br />
Segundo o <strong>Espiritismo</strong>, Fénelon discorre<br />
acerca da longevida<strong>de</strong> do homem<br />
mau com<strong>para</strong>do à do homem<br />
<strong>de</strong> bem. Ele salienta que é muito<br />
mais produtivo <strong>para</strong> o primeiro ter<br />
uma vida longa, pois terá oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> refletir sobre sua vida e,<br />
eventualmente, arrepen<strong>de</strong>r-se. Isso<br />
abre caminho <strong>para</strong> que possa se<br />
redimir, ao passo que um jovem<br />
criminoso con<strong>de</strong>nado à <strong>morte</strong> po<strong>de</strong>rá<br />
<strong>de</strong>sencarnar revoltado e, como<br />
foi citado acima, influenciar outros<br />
criminosos.<br />
A IMPORTÂNCIA DA<br />
ASSISTÊNCIA SOCIAL<br />
Todos têm a idéia <strong>de</strong> que um presídio<br />
não passa <strong>de</strong> universida<strong>de</strong> do<br />
crime. Segundo o senso comum, um<br />
ladrão <strong>de</strong> galinhas po<strong>de</strong> sair da prisão<br />
como um traficante, seqüestrador<br />
ou assassino profissional. O que<br />
falta no sistema penitenciário brasileiro<br />
não são apenas vagas, mas<br />
ocupação <strong>para</strong> os <strong>de</strong>tentos. Da mesma<br />
maneira, executar os <strong>de</strong>tentos,<br />
como foi feito no Carandiru, não diminuirá<br />
a <strong>de</strong>manda por novas vagas<br />
<strong>para</strong> os ladrões pés-<strong>de</strong>-chinelo. É a<br />
socieda<strong>de</strong> como um todo que precisa<br />
melhorar moral, social e economicamente.<br />
E isso é papel <strong>de</strong> pessoas<br />
com um mínimo <strong>de</strong> consciência,<br />
capazes <strong>de</strong> oferecer oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>para</strong> que o pobre não vire bandido<br />
e o menino <strong>de</strong> classe média não se<br />
consi<strong>de</strong>re acima da lei.<br />
O papel dos trabalhos <strong>de</strong> assistência<br />
social <strong>de</strong>senvolvidos pelo movimento<br />
espírita e outros segmentos<br />
religiosos são <strong>de</strong> suma importância,<br />
pois o alimento e o apoio moral que<br />
levamos aos necessitados po<strong>de</strong>m<br />
abrir novas perspectivas <strong>de</strong> vida.<br />
Mas como po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir se<br />
somos contra ou a favor da pena <strong>de</strong><br />
<strong>morte</strong> Para o escritor americano<br />
Clarence Darrow (citado em O que<br />
é Pena <strong>de</strong> Morte), é mais simples do<br />
que se imagina: “É questão <strong>de</strong> saber<br />
como você se sente. Está tudo <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> você. Se gostar da idéia <strong>de</strong><br />
alguém sendo morto, então é a favor.<br />
Se você <strong>de</strong>testa a idéia <strong>de</strong> alguém<br />
sendo morto, então é contra”.<br />
REFERÊNCIAS<br />
CARVALHO FILHO, Luiz Francisco <strong>de</strong><br />
O que é Pena <strong>de</strong> Morte<br />
Ed. Brasiliense<br />
ORTIZ, Prof. Fernando<br />
A Filosofia Penal dos Espíritas<br />
Ed. Lake<br />
KONDER, Rodolfo<br />
Anistia Internacional,<br />
uma porta <strong>para</strong> o futuro<br />
Ed. Pontes<br />
IRREGULARIDADES<br />
NOS<br />
CASOS DE PENA<br />
DE MORTE<br />
Recente pesquisa <strong>de</strong>monstrou<br />
que 60% da população dos Estados<br />
Unidos é favorável à pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong>.<br />
Todavia, ficou provado também que<br />
em dois terços dos casos, os processos<br />
que resultaram na execução <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nados apresentavam irregularida<strong>de</strong>s.<br />
Ou seja, inocentes pagaram<br />
por crimes que não cometeram.<br />
[...] No passado, justificava-se a<br />
pena <strong>de</strong> <strong>morte</strong> porque o povo era<br />
ru<strong>de</strong> ao ponto <strong>de</strong> não se intimidar<br />
diante <strong>de</strong> ameaças sutis, como a <strong>de</strong><br />
prestar serviços à comunida<strong>de</strong>. Mas,<br />
o mundo evoluiu. Hoje a mo<strong>de</strong>rna<br />
criminologia consi<strong>de</strong>ra a punição<br />
também sob o aspecto da recuperação<br />
do <strong>de</strong>linqüente. Essa visão atual<br />
é, pois, incompatível com a eliminação<br />
do criminoso, que passou a ser<br />
consi<strong>de</strong>rada medida horrenda. [...]<br />
Emerson Chaves Motta<br />
O texto po<strong>de</strong> ser lido na íntegra no site www. ecmotta.hpg.com.br<br />
1 1