Marcado para a morte - Revista CristÃ£ de Espiritismo

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RA A A MORTE NESTES TEMPOS DE VIOLÊNCIA CRESCENTE, A INSEGURANÇA NOS FAZ COGITAR A ADOÇÃO DA PENA DE MORTE. ENTRETANTO, NOS PAÍSES ONDE ELA É ADOTADA, A VIOLÊNCIA NÃO DIMINUIU. SAIBA COMO O ESPIRITISMO ANALISA A QUESTÃO Edgar Massaki Egawa tal foi utilizada nos mais diversos graus e está registrada em diversos documentos desde a Antiguidade. Ela foi utilizada não só para punir criminosos, mas também para estabelecer a hegemonia política e religiosa. Fez parte também de rituais religiosos – entre os maias e os incas, por exemplo. Ao mesmo tempo em que o Pentateuco nos apresenta os Dez Mandamentos, onde se diz “Não Matarás”, o homem manda matar o ladrão e o adúltero. O profeta Elias utilizou a pena de morte para punir os sacerdotes de Baal, que o desafiaram a provar a força de seu Deus. Jesus foi condenado à morte. Abraão esteve a ponto de matar seu filho, a pedido de Jeová. No mundo greco-romano, há casos célebres de execuções, como a de Sócrates, obrigado a beber veneno, e a de Júlio César, apunhalado até pelo filho adotivo Brutus. O Império Romano foi o responsável por milhares de mortes de cristãos nos primeiros quatro séculos após a vinda do Cristo. Quando a Igreja Católica se estabeleceu, começou uma caça aos hereges e supostos bruxos, em um processo cuja agonia atingiu uma remessa de livros espíritas para a cidade de Barcelona, na Espanha, em 1862. Este ato desesperado da Inquisição ficou registrado na história do Espiritismo como o “Auto-defé de Barcelona”. A França foi atingida por uma fúria revolucionária no final do século XVIII, atingindo desde a nobreza (incluindo os reis Luis XVI e Maria Antonieta) até os mais humildes, passando pelos líderes da Revolução Francesa, Danton e Robespierre, e o inventor do principal meio de execução da época, o dr. Guillotin. Na 2 a Guerra Mundial, milhões de pessoas foram mortas em câmaras de gás, fuziladas ou simplesmente morreram de inanição ou doenças pelo simples fato de serem judias, homossexuais ou ciganas, entre outras coisas. E após a derrota da Alemanha, o tribunal de Nuremberg sentenciou vários desses assassinos à morte. Isso trouxe as vítimas de volta No Brasil, o mais célebre condenado à morte, Tiradentes, foi alçado ao posto de herói nacional com o 7
MATÉRIA DE CAPA NA 2ª GUERRA MUNDIAL, MILHÕES DE PESSOAS FORAM MORTAS PELO SIMPLES FATO DE SEREM JUDIAS, HOMOSSEXUAIS OU CIGANAS. VÁRIOS DESSES ASSASSINOS FORAM CONDENADOS À MORTE, MAS ISSO TROUXE AS VÍTIMAS DE VOLTA advento da República. Outros permanecem desconhecidos do grande público ou não são considerados dentro desta estatística. Em alguns casos, as pessoas foram classificadas como suicidas – é o caso do jornalista Wladmir Herzog, morto em 1975 –, vítimas de atropelamento ou foram enterradas em valas comuns durante o regime militar. Em muitos outros países, a pena de morte é comum e muitas vezes sumária, como nos países islâmicos, nos quais se adota o apedrejamento como forma de execução. Na maioria desses países, o regime é totalitário e não admite oposição. Mas há casos de povos ditos civilizados que adotam essa prática, como os Estados Unidos, onde foi executado há algumas semanas um deficiente mental. O Estado do Texas, onde o fato se deu, realizou até o final do ano 2000 o maior número de execuções desde 1930. Joana d’Arc, Santo Estevão, São Pedro, São Paulo, Giordano Bruno, além dos já citados, são alguns exemplos de vítimas célebres. O momento da morte foi, para quem assistiu à execução, revelador do caráter dos condenados. Enquanto Jesus pedia a Deus que nos perdoasse por que não sabíamos o que estávamos fazendo, Mussolini pedia clemência ao pelotão de fuzilamento. Além da punição autorizada por alguns governos, existem outras mais rápidas, implacáveis e, digamos, “informais”. Como exemplos, temos o Esquadrão da Morte, liderado pelo delegado Sérgio Fleury nos anos 70, a chacina da Candelária e o massacre no Pavilhão Nove do Carandiru. A PENA DE MORTE NA LITERATURA E NO CINEMA Podemos encontrar casos de pena de morte em muitas obras legadas pelos literatos em todas as épocas. Das tragédias gregas aos romances modernos e filmes, temos muitos personagens que foram executados ou condenados à morte em algum momento da trama. Em outros casos, a execução é o tema principal do filme. Antígona, filha de Édipo, foi condenada à morte pelo seu tio, o rei Creonte, por ter enterrado o irmão, considerado traidor por ter tentado conquistar o trono de Tebas com ajuda externa. Lady de Winter, espiã do Cardeal Richelieu na Inglaterra, foi condenada à morte pelo marido Athos, na obra Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, por ter matado a amada de Dartagnan e o duque de Buckingham. Na versão cinematográfica da década de 70, ela recebe uma segunda flor-de-lis (marca de sua vilania). Em O Guarani, de José de Alencar, o vilão Loredano é queimado vivo após ter sido descoberta sua traição. O filme Os Últimos Passos de um Homem trata da história do primeiro condenado à morte que a freira Helen Prejean (Susan Sarandon) acompanhou. Em Coração Valente, William Wallace (Mel Gibson) torna-se carrasco do executor de sua esposa e dos nobres que o trairam, até ser capturado e morto em Londres. No filme Espíritos, um ex-arquiteto e médium (Michael J. Fox) que se torna o suspeito de várias mortes misteriosas acontecidas desde que sua esposa morreu, descobre que pode antecipar quem será a próxima vítima ao observar um número vermelho na testa da pessoa. O assassino Um serial killer executado há dez anos. Em O Silêncio dos Inocentes, Jodie Foster procura o dr. Hannibal Lecter, um psiquiatra que se transformou em serial killer, para caçar outro assassino. No livro O que é Pena de Morte, o autor cita uma frase muito significativa do filme: “Cientificamente falando, ele é o nosso maior tesouro”. A PENA DE MORTE NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Entre os personagens da Marvel Comics, responsável pela publicação de histórias em quadrinhos de super-heróis como Capitão América, X-Men e Homem-Aranha, existe O Justiceiro (Punisher). Lançado entre o final dos anos 60 e começo dos 70, O Justiceiro foi concebido como um psicótico que perseguia e matava bandidos, devido ao trauma da perda de sua família. Graças à campanha difamatória que o Clarim Diário fazia contra o Homem-Aranha, o ex-fuzileiro naval foi em seu encalço, até que a situação foi esclarecida. O personagem foi criado em uma época na qual a pena de morte estava em baixa nos Estados Unidos, mas a situação mudou. O Justiceiro transformou-se em herói e é menos maniqueísta que no início de sua carreira. Chegou a inspirar outro personagem, na DC Comics: O Vigilante. E a pena de morte voltou a ser opção de punição em estados que a haviam abolido, como Nova York. 8
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