funções da coluna de detritos em teias de cyclosa fililineata

ça o formato do corpo da aranha. Essa quebra de
contorno, aliada ao fato de aranhas do gênero Cyclosa
apresentarem a mesma coloração dos detritos que
adicionam ao estabilimento e permanecerem com as
pernas retraídas durante o dia (Gonzaga 2007), é
um forte indício de que, nessas espécies, o
estabilimento tem função de camuflagem.
Embora o estabilimento possa camuflar a aranha
na coluna de detritos, essa estratégia pode não ser
eficiente para proteger o animal contra predadores
experientes (Gonzaga & Vasconcellos-Neto 2005).
Seah & Li (2001), por exemplo, verificaram experimentalmente
que uma aranha araneofágica ataca
com mais freqüência teias com uma estrutura de
estabilimento conhecida do que teias sem
estabilimento. Portanto, se um predador experiente
reconhece o estabilimento como sinal de presença de
recurso e o ataca, haverá uma pressão seletiva para
que as aranhas construam seus estabilimentos de
forma a evitar posicionarem-se nas regiões mais atacadas.
A preferência por posições centrais do
estabilimento pelos indivíduos observados é um
indicativo de que, na população estudada, pode existir
uma pressão maior por predadores que atacam
as extremidades do estabilimento, como vespas, do
que por aqueles que atacam o centro, como beijaflores
(M. O. Gonzaga, com. pessoal). Para verificar
qual tipo de predador exerce maior pressão na região
deste estudo, poderia ser realizado um experimento
expondo estabilimentos artificiais à predação,
como proposto por Gonzaga & Vasconcellos-Neto
(2005).
Por ter grande variação de forma e composição intra
e interespecífica, espera-se que o estabilimento possua
mais de uma função (Bruce et al. 2004; Gonzaga
& Vasconcellos-Neto 2005; Eberhard 2007). Neste
trabalho, mostramos que existe um forte indício de
que, para C. fililineata, o estabilimento tenha a função
de camuflagem, e que, possivelmente, a pressão
de predação na área estudada é maior por predadores
que atacam preferencialmente as extremidades
do estabilimento.
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Orientação: Marcelo O. Gonzaga
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