Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras
Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras
Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Da Costa e Silva e o sincretismo<br />
Sauda<strong>de</strong>! Olhar <strong>de</strong> minha mãe rezando,<br />
E o pranto lento <strong>de</strong>slizando em fio...<br />
Sauda<strong>de</strong>! Amor da minha terra... O rio<br />
Cantigas <strong>de</strong> águas claras soluçando.<br />
Noites <strong>de</strong> junho... O caburé com frio,<br />
Ao luar, sobre o arvoredo... piando, piando...<br />
E, ao vento, as folhas lívidas cantando<br />
A sauda<strong>de</strong> mortal <strong>de</strong> um sol <strong>de</strong> estio.<br />
Sauda<strong>de</strong>! Asa <strong>de</strong> dor do pensamento!<br />
Gemidos vãos <strong>de</strong> canaviais ao vento...<br />
As mortalhas <strong>de</strong> névoa sobre a serra.<br />
Sauda<strong>de</strong>! O Parnaíba – velho monge<br />
As barbas brancas alongando... E, ao longe,<br />
O mugido dos bois da minha terra... 4<br />
Zodíaco<br />
Em 1917, publica o poeta dois livros, Zodíaco e Verhaeren. O primeiro é tido<br />
como uma a<strong>de</strong>são ao Parnasianismo, o que contrasta com o segundo, o qual<br />
celebra, em versos polimétricos, a liberda<strong>de</strong> e a gran<strong>de</strong>za da poesia <strong>de</strong> Emile<br />
4 Segundo Alberto da Costa e Silva (Obras completas <strong>de</strong> Da Costa e Silva. 3 a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova<br />
Fronteira, 1985), na lição original <strong>de</strong> Sangue eram assim os seguintes versos:<br />
5 Noites <strong>de</strong> junho. O caburé com frio,<br />
7 E à noite as folhas lívidas cantando<br />
8 A sauda<strong>de</strong> infeliz <strong>de</strong> um sol <strong>de</strong> estio.<br />
11 Ai! mortalhas <strong>de</strong> neve sobre a serra.<br />
13 As barbas brancas alongando... E ao longe<br />
127