PERTENÃAS FECHADAS EM ESPAÃOS ABERTOS - Acidi
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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />
mulheres, sobretudo as mais jovens, protagonizam, ou na reinterpretação<br />
já referida do significado do mês do Ramadão, em que “o mês por<br />
excelência da purificação é, também, para as mulheres, o mês do bem<br />
estar consigo própria, de se sentir bonita” (Cardeira da Silva, 1999: 166).<br />
A questão do véu, negociada com sucesso entre as mais jovens, que<br />
praticamente deixam de o usar – com excepção para as celebrações<br />
religiosas – é um exemplo visível de flexibilidade cultural e religiosa, na<br />
medida em que não se verifica uma pressão por parte dos pais para o seu<br />
uso, nem para o uso do vestuário tradicional.<br />
O menor controlo familiar face ao vestuário, tal como relativamente às<br />
práticas religiosas – embora, no modo como se apresentam no espaço<br />
público, as mulheres encontrem o peso do olhar de censura do grupo –<br />
vai de par com um controlo apertado no que diz respeito ao namoro ou à<br />
escolha do cônjuge, dimensões mais decisivas para a reprodução<br />
material e simbólica do grupo. Para além disso, convém referir a<br />
existência de outras formas de adaptação mais residuais envolvendo<br />
mulheres muçulmanas, caracterizadas por um maior fechamento intraétnico,<br />
que não permitirá o mesmo nível de negociação identitária.<br />
Exemplos disso são parcialmente adivinhados em discursos como o de<br />
Zayba relativamente ao controlo estrito do cunhado face ao vestuário da<br />
irmã.<br />
Maria Abranches<br />
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