PERTENÃAS FECHADAS EM ESPAÃOS ABERTOS - Acidi
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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />
sobretudo a minorias que se enquadram num tipo de imigração laboral<br />
(Machado, 2002). O tipo de inserção socioeconómica que caracteriza a<br />
maioria da população indiana, permitindo-lhe criar condições sociais<br />
mais favoráveis do que as da generalidade dos guineenses, contribuirá,<br />
portanto, para um menor registo de envolvimento no associativismo<br />
formal que, mesmo quando existe, não se liga tanto a dimensões políticas<br />
ou de reivindicação, mas mais de “expressão” (Ávila e Alves, 1993).<br />
Entre as mulheres indianas mais velhas, apenas Fatimah e Fariah pertencem<br />
a uma associação, a Associação Feminina da Mesquita de Lisboa,<br />
recentemente criada em ligação com a Mesquita Central de Lisboa.<br />
Reúnem-se semanalmente nesse local, aos sábados, onde se dedicam<br />
sobretudo às orações, mas onde o convívio ocupa também lugar importante.<br />
Para além disso, os objectivos da associação ligam-se à criação de redes de<br />
entreajuda, sendo paga uma pequena quota mensal destinada a ser usada<br />
em situações de necessidade de um membro do grupo, tais como doença,<br />
morte de um familiar ou outras dificuldades familiares ou económicas:<br />
“Sábados, quando tenho tempo, vou à mesquita, porque costuma<br />
haver cerimónia na mesquita. Quando saio cedo do trabalho,<br />
então vou direita à mesquita assistir àquela cerimónia do nosso<br />
grupo. Faz-se oração, depois ficamos ali… as mulheres”. (Fariah,<br />
68 anos, origem indiana)<br />
“Faço parte do grupo das senhoras, já formámos uma comissão<br />
das senhoras. As reuniões, e tudo, é feito lá na mesquita. Até já<br />
temos o nome da comissão: «Associação Feminina da Mesquita<br />
de Lisboa». (…) Quando uma pessoa da nossa religião, por exemplo,<br />
está hospitalizada, basta termos conhecimento qual é a<br />
enfermaria e vamos lá visitar. E, se morre alguém, se essa pessoa<br />
faz parte da comissão, em nome da comissão... Porque já abrimos<br />
uma conta também em nome da comissão. Pagamos quota, por<br />
mês é 1 Euro e, depois, quando acontece uma desgraça numa<br />
família, por exemplo, em nome da comissão metemos uns 50<br />
Euros, para ajudar. Não é nada, mas... Depois vamos lá oferecer<br />
ao pai ou ao marido, ou filho, irmã, irmão, mãe, e isso tudo”.<br />
(Fatimah, 58 anos, origem indiana)<br />
Embora seja uma organização religiosa de âmbito genérico, a ela pertencem<br />
quase exclusivamente mulheres de origem indiana. Fatimah<br />
refere a rara participação de guineenses, salientando mais uma vez o<br />
afastamento já referido no capítulo 2, que se observa entre ambos os<br />
grupos:<br />
“Temos lá umas duas ou três guineenses na associação, porque<br />
elas também são um bocadinho complicado de entrar. Elas... quer<br />
Maria Abranches<br />
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