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PERTENÇAS FECHADAS EM ESPAÇOS ABERTOS - Acidi

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PERTENÇAS <strong>FECHADAS</strong> <strong>EM</strong> ESPAÇOS <strong>ABERTOS</strong> – Estratégias de (re)Construção Identitária de Mulheres Muçulmanas em Portugal<br />

em alguns casos, para a concretização do desejo de ganhar uma maior<br />

autonomia e realização pessoal por parte destas mulheres, embora este<br />

desejo surja frequentemente como uma intenção associada ao objectivo<br />

migratório principal, e possa adquirir forma apenas após a chegada ao<br />

país de acolhimento e o contacto com os modos de vida no destino.<br />

No que diz respeito ao contexto económico e social da sociedade<br />

receptora, verifica-se, em primeiro lugar, uma ligação entre a participação<br />

da mulher imigrante na esfera produtiva e a procura de mão-de-<br />

-obra no sector dos serviços. De facto, é nos países onde a procura é<br />

maior neste sector, muitas vezes ligado a trabalhos pouco qualificados e<br />

mal remunerados deixados livres pelas mulheres autóctones, que mais<br />

se desenvolvem fluxos migratórios onde predominam as mulheres. Num<br />

estudo comparativo entre mulheres imigrantes em Portugal e Espanha<br />

(Oso e Catarino, 1997), conclui-se que as grandes cidades espanholas<br />

facilitam, mais do que Portugal, a chegada de mulheres que migram sozinhas,<br />

iniciando fluxos migratórios femininos de carácter económico.<br />

De facto, o aumento da escolaridade e da qualificação profissional das<br />

mulheres autóctones, que passam a poder ocupar postos mais<br />

qualificados, criou uma necessidade de mão-de-obra nas actividades não<br />

qualificadas em Espanha, nomeadamente os serviços domésticos, em<br />

particular os serviços domésticos internos, para a qual se recorre às<br />

trabalhadoras estrangeiras. Em Portugal, por sua vez, a qualificação<br />

profissional das mulheres é mais baixa, não produzindo, por enquanto,<br />

efeitos de substituição no mercado de trabalho feminino com as mesmas<br />

dimensões que em Espanha, embora também aqui a presença de<br />

estrangeiras nestas actividades seja cada vez mais visível. O relativo<br />

menor desenvolvimento do sector terciário no nosso país, tradicionalmente<br />

criador de emprego feminino e, em particular, de emprego de<br />

mulheres imigrantes noutros países europeus, não possibilita o mesmo<br />

poder de atracção para a formação de redes femininas de imigração.<br />

A situação do mercado de trabalho é, portanto, menos favorável às<br />

mulheres imigrantes em Portugal, que conhecem uma maior taxa de<br />

desemprego do que os homens estrangeiros residentes no nosso país, ao<br />

contrário do que acontece, por exemplo, em Espanha. No país vizinho,<br />

deve atribuir-se especial atenção às mulheres de origem dominicana,<br />

peruana e filipina que, na sua maioria, tornaram-se pioneiras de um<br />

projecto migratório de cariz económico, não se incluindo, assim, no tradicional<br />

reagrupamento familiar.<br />

A imigração de mulheres filipinas apresenta um carácter ainda mais<br />

antigo em Itália, onde fortes redes familiares se encontram estabelecidas<br />

Maria Abranches<br />

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