Escola de Engenharia de Lorena â EEL - Sistemas
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />
<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Lorena</strong> – <strong>EEL</strong><br />
Resistência dos Materiais – Prof. Carlos Baptista<br />
Introdução à Análise <strong>de</strong> Tensão: O Estado <strong>de</strong> Tensão em um Ponto<br />
Componentes <strong>de</strong> máquinas e estruturas são normalmente submetidos a diferentes tipos <strong>de</strong><br />
carregamentos, que causam tensões e <strong>de</strong>formações no material. O pressuposto da análise <strong>de</strong> tensões<br />
é que o componente – e todo e qualquer ponto pertencente a ele – esteja em equilíbrio.<br />
Consi<strong>de</strong>re um corpo <strong>de</strong>formável qualquer, em equilíbrio sob a ação <strong>de</strong> forças externas,<br />
conforme a figura abaixo. Seja um ponto P qualquer pertencente a este corpo, e seja um plano <strong>de</strong><br />
corte passando por este ponto, dividindo o corpo em duas partes, A e B. Consi<strong>de</strong>re o equilíbrio <strong>de</strong><br />
uma <strong>de</strong>ssas partes (por exemplo, da parte B). Em geral, este equilíbrio requer a presença <strong>de</strong> esforços<br />
internos (forças e momentos), atuando no plano <strong>de</strong> corte. Essas forças e momentos são resultantes<br />
<strong>de</strong> esforços que se distribuem continuamente pela seção <strong>de</strong> corte, mas em geral variam <strong>de</strong><br />
intensida<strong>de</strong> e direção ao longo da área do corte.<br />
Tensão é o termo usado para <strong>de</strong>signar a intensida<strong>de</strong> e direção <strong>de</strong>sses esforços internos<br />
atuando num ponto do corpo, a um dado plano <strong>de</strong> corte. O plano <strong>de</strong> corte é <strong>de</strong>finido pelo vetor<br />
unitário (versor) normal a este plano, η r . Consi<strong>de</strong>rando uma área elementar ∆A contendo o ponto P,<br />
e a parcela ∆F η dos esforços internos correspon<strong>de</strong>nte a essa área, o valor da tensão T neste ponto é<br />
<strong>de</strong>terminado pela expressão dada a seguir. Esta tensão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composta em componentes<br />
normal (σ) e tangencial (τ) ao plano <strong>de</strong> corte, conforme mostrado na figura.<br />
T<br />
∆Fη<br />
= lim<br />
∆A→0<br />
∆A<br />
Contudo, pelo mesmo ponto P po<strong>de</strong>mos passar infinitos planos <strong>de</strong> corte. A cada plano<br />
correspon<strong>de</strong>rá um valor diferente dos esforços internos atuando na área <strong>de</strong> corte, e,<br />
conseqüentemente, valores diferentes dos componentes <strong>de</strong> tensão atuando no ponto P.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />
<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> <strong>Lorena</strong> – <strong>EEL</strong><br />
Lembre que, quando um corpo está sob a ação <strong>de</strong> esforços externos, sua <strong>de</strong>formação po<strong>de</strong><br />
ser observada (ou medida). Dizemos que a tensão é a causadora da <strong>de</strong>formação, ou seja, a tensão é<br />
uma “abstração matemática” justificada pela existência da <strong>de</strong>formação. Num caso geral, além <strong>de</strong><br />
variar com o plano <strong>de</strong> corte, a tensão varia <strong>de</strong> ponto a ponto em um corpo.<br />
Assim, num único ponto do corpo, a tensão po<strong>de</strong>ria assumir infinitos valores, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
do plano <strong>de</strong> corte escolhido. Para assegurar que um componente mecânico não sofra falha em<br />
serviço, o projetista <strong>de</strong>ve localizar os pontos <strong>de</strong> tensão mais severa e analisar a tensão nestes pontos,<br />
ou seja, <strong>de</strong>terminar como os componentes <strong>de</strong> tensão variam com o plano <strong>de</strong> corte, <strong>de</strong> modo a<br />
i<strong>de</strong>ntificar seus valores extremos.<br />
Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>monstrar que: “Se por um ponto são passados 3 planos <strong>de</strong> corte mutuamente<br />
perpendiculares, então os componentes <strong>de</strong> tensão neste ponto, correspon<strong>de</strong>ntes a qualquer outro<br />
plano <strong>de</strong> corte, po<strong>de</strong>m ser escritos em função dos componentes nesses 3 planos iniciais”.<br />
Seja então um sistema <strong>de</strong> eixos cartesianos xyz. Por meio <strong>de</strong> cortes perpendiculares a esses<br />
eixos, <strong>de</strong>fine-se um volume elementar contendo o ponto P. Para diferenciar os componentes <strong>de</strong><br />
tensão atuando nas faces <strong>de</strong>ste elemento, estes são referenciados em relação aos eixos cartesianos,<br />
conforme indicado na figura abaixo.<br />
Assim, para que a tensão em um ponto seja completamente <strong>de</strong>finida, é necessário conhecer<br />
seus 9 componentes: matematicamente isto significa que a tensão num ponto é um tensor <strong>de</strong><br />
segunda or<strong>de</strong>m, cuja representação matricial é dada abaixo. Pela imposição do equilíbrio em torno<br />
<strong>de</strong> cada um dos eixos coor<strong>de</strong>nados, verifica-se a simetria do tensor tensão, ou seja, sua matriz é<br />
simétrica em relação à diagonal principal, e portanto existem <strong>de</strong> fato 6 componentes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
O conjunto <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> tensão correspon<strong>de</strong>ntes aos 3 planos <strong>de</strong> corte mutuamente<br />
perpendiculares <strong>de</strong>fine o Estado <strong>de</strong> Tensão no ponto analisado.<br />
⎡σ<br />
r<br />
x<br />
⎢<br />
T = ⎢τ<br />
yx<br />
⎢<br />
⎣<br />
τ zx<br />
τ<br />
σ<br />
τ<br />
xy<br />
y<br />
zy<br />
τ xz<br />
⎤<br />
⎥<br />
τ yz ⎥<br />
σ ⎥<br />
z ⎦<br />
Quando todos os componentes não-nulos da tensão estão contidos num único plano (por<br />
exemplo, todos os componentes na direção z iguais a zero, situação encontrada em chapas finas e<br />
em superfícies livres <strong>de</strong> carregamento), tem-se o caso particular <strong>de</strong>nominado Tensão Plana.