Como nasce um empreendimento inovador
Como nasce um empreendimento inovador
Como nasce um empreendimento inovador
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
COMO NASCE UM EMPRENDIMENTO INOVADOR: RISCOS E CHANCES DE<br />
SUCESSO<br />
Ana Lucia M. M. Golin 1<br />
RESUMO<br />
Este trabalho descreve <strong>um</strong>a empresa de pequeno porte que lançou <strong>um</strong> tipo<br />
de macaxeira recheada, para venda na beira da praia, no município de Cabedelo,<br />
Paraíba. A circunstâncias do sucesso obtido, deixam claro que os<br />
empreendedores, focando inicialmente o seu negócio n<strong>um</strong> ambiente de economia<br />
informal, foram hábeis ao perceberem a demanda de turistas e moradores locais,<br />
por <strong>um</strong>a comida tipicamente nordestina, criando <strong>um</strong> novo tipo de fast food de alta<br />
aceitação. O sucesso obtido evidencia <strong>um</strong>a forma <strong>inovador</strong>a do despertar do<br />
espírito empreendedor, caracterizando ainda <strong>um</strong> exemplo positivo para aqueles<br />
que não conseguem enxergar <strong>um</strong> futuro promissor em <strong>um</strong>a empresa de pequeno<br />
porte, que tenha como base à economia informal. Os autores objetivaram, ao<br />
relatar de forma detalhada, a evolução dos negócios mostrando como a família<br />
proprietária encontrou o sucesso do seu negócio, n<strong>um</strong> cenário de comércio<br />
alternativo imposto pela economia brasileira, o qual pode servir de modelo em<br />
outros ambientes e em outras regiões, desde que alg<strong>um</strong>as ferramentas simples de<br />
planejamento e gestão tenham o seu uso facilitado.<br />
Palavras-chave: empreendedor; micro e pequenas empresas; economia informal;<br />
macaxeira; inovação.<br />
1 E-mail: analuciagolin@yahoo.com.br
INTRODUÇÃO<br />
O ato de empreender no Brasil advém, muitas vezes, da necessidade de<br />
sobrevivência, o que leva ao despertar do espírito <strong>inovador</strong> e da capacidade de<br />
empreender. Muitas pessoas, percebendo-se em situações de dificuldade<br />
financeira, optam pelo que acreditam ser <strong>um</strong>a ótima forma de investimento, e este<br />
anseio, gerado pela motivação de se tornar <strong>um</strong>a pessoa livre das obrigações<br />
cotidianas geradas por <strong>um</strong> emprego, como por exemplo, o c<strong>um</strong>primento ao horário<br />
pré-estabelecido pela empregadora e a execução de tarefas pouco satisfatórias,<br />
apressam a tomada de decisão dos futuros empreendedores, no qual estes<br />
acabam por abrir sua empresa, mesmo sem obter <strong>um</strong>a visão/análise completa do<br />
cenário economicamente ativo da região, principalmente quanto às oportunidades<br />
de negócio existente no ambiente em que almeja atuar. Desta forma, o novo<br />
empresário, já estabelecido no mercado, acaba sendo estimulado a criar e<br />
encontrar soluções <strong>inovador</strong>as, a fim de encantar e atender as necessidades do<br />
público que pretende atingir, quando este também não é descoberto por acaso.<br />
Deixar se levar apenas pela intuição, ou abrir <strong>um</strong>a empresa porque se<br />
familiariza com o negócio, sem ter executado <strong>um</strong> plano de negócio previamente, é<br />
típico do empreendedor brasileiro, que deixa a motivação e a extrema vontade de<br />
sobrevivência ditar o r<strong>um</strong>o da nova empresa. A existência de pessoas motivadas a<br />
tal atitude é considerada positiva para o crescimento econômico do país, embora<br />
possa ser <strong>um</strong> tanto perigoso se não executado de maneira conveniente e<br />
adequada à cultura regional, à possibilidade financeira para investimento e,<br />
principalmente a aceitação do publico que se pretende atingir.<br />
Um fator relevante e que muitas vezes pode ser o causador da falência<br />
prematura de novas empresas esta relacionado ao investimento inicial, que por<br />
falta de alguns conhecimentos administrativos do empreendedor, acaba por<br />
induzir a abertura de inúmeras micro e pequenas empresas, mas com <strong>um</strong>a alta<br />
probabilidade de não se manterem no mercado por muito tempo. A lógica<br />
ultrapassada é a de que se não investirem muito no início do <strong>empreendimento</strong>, os
candidatos a empresários não correrão maiores riscos de prejuízos caso as coisas<br />
não dêem certo.<br />
As pessoas que pretendem abrir <strong>um</strong>a empresa, muitas vezes não realizam<br />
este sonho por medo de iniciar seu negócio em <strong>um</strong> lugar sem que haja <strong>um</strong>a infraestrutura<br />
satisfatória. Sendo que recursos físicos, h<strong>um</strong>anos e financeiros não<br />
significam a viabilidade do negócio (Trajan, 2003).<br />
Por sua vez, Gonçalves (2003), complementa, afirmando que a inspiração<br />
que os novos empreendedores encontram em empresas que <strong>nasce</strong>ram<br />
literalmente na garagem, os ajuda a vencer o primeiro obstáculo do preconceito,<br />
que o próprio empreendedor carrega, de que o dinheiro seja condição essencial<br />
para a vitória. A “garagem” colocada por Gonçalves faz <strong>um</strong>a apologia às empresas<br />
que começam tão pequenas que nem tem lugar para se instalar, e que tendo o<br />
produto ou serviço oferecido com qualidade, poderá sim manter se no mercado<br />
sem o apoio de <strong>um</strong>a incubadora para auxiliá-lo nos primeiros anos de atuação.<br />
Portanto, este artigo descreve brevemente o surgimento de <strong>um</strong>a pequena<br />
empresa, denominada pelos seus criadores de Mac´Xeira, voltada ao<br />
fornecimento de alimentos típicos da região nordeste do Brasil, n<strong>um</strong> cenário<br />
litorâneo, onde turistas de diferentes origens e moradores locais, buscam<br />
entretenimento. Antes de fazer a descrição, os autores fizeram <strong>um</strong>a breve<br />
conceituação sobre empreendedorismo e negócios, objetivando construir <strong>um</strong>a<br />
análise situacional.<br />
1 O EMPREENDEDORISMO E SUAS CONCEPÇÕES<br />
Se fosse possível misturar em <strong>um</strong> recipiente <strong>um</strong>a pitada de inovação e de<br />
boas ideais, e a tudo isso fosse adicionado <strong>um</strong>a determinada força de vontade,<br />
sem duvida o produto final do cozimento destes ingredientes seria <strong>um</strong>a ação<br />
empreendedora. Por isso, empreender está totalmente relacionado ao<br />
desenvolvimento – “fazer” – positivo de <strong>um</strong>a determinada atitude. Desta forma:
“Empreender enseja quebrar <strong>um</strong>a lógica de mercado,<br />
modificar <strong>um</strong>a dinâmica até então válida e oferecer ao<br />
mercado <strong>um</strong> negócio realmente novo. Não é por outro<br />
motivo que inovação e criatividade andam de braços dados<br />
com o empreendedorismo” (Gonçalves, 2003, p.19)<br />
Esta lógica de visão empresarial ainda pode ser res<strong>um</strong>ida por Tranjan<br />
(2003) da seguinte forma:<br />
“A maneira como escolhemos olhar para o mundo ao redor<br />
molda tanto a nossa mente como o nosso coração. O<br />
mesmo vale para as empresas: a maneira como seus<br />
dirigentes escolhem olhar para o mercado e, a partir daí,<br />
atuar determina o seu destino de sucesso ou fracasso”<br />
(p.16).<br />
Todas as ações realizadas a fim de atingir <strong>um</strong>a satisfação financeira ou<br />
pessoal podem estar vinculadas ao empreendedorismo, da perspectiva positiva<br />
com se enxerga o futuro de <strong>um</strong> negócio até o mesmo sentimento desempenhado<br />
a efetivação de <strong>um</strong> relacionamento considerado significativo.<br />
Tais afirmações caracterizam o que é chamado de espírito empreendedor,<br />
que já vem enunciado por muitos autores contemporâneos, entre os quais<br />
destaca-se Max Weber (1947), com a sua obra “A ética protestante e o espírito do<br />
capitalismo”. Nela, o autor, munido de visão empreendedora própria, faz <strong>um</strong>a<br />
comparação entre economias de países liderados por católicos, como é o caso do<br />
Brasil, e de economias sob a égide dos protestantes. Da obra extraiu-se o<br />
seguinte:<br />
“O alheamento do mundo do catolicismo, levou seus<br />
seguidores a <strong>um</strong>a maior indiferença frente aos bens desse<br />
mundo. Pelo lado dos protestantes, essa concepção é usada<br />
para criticar o desprezo ao chamado ‘materialismo’<br />
perseguido por estes, por considerá-lo como a mola mestre<br />
do capitalismo”. (p.23)
De acordo com a visão do autor, a valorização do lucro como crença,<br />
contribui para ampliar as chances de sucesso nos negócios, o que amplia as<br />
possibilidades dos protestantes em gerar lucros e enxergar as oportunidades,<br />
enquanto que os católicos teriam, por causa da cultura religiosa, menos visão<br />
focada nestes itens. Infelizmente, tais abordagens não são muito freqüentes no<br />
nosso País, mesmo admitindo-se que poderiam existir, em contrapartida,<br />
vantagens competitivas dos grupos católicos, por exemplo, na socialização do<br />
lucro.<br />
Completando este raciocínio, sabe-se que também há outras influências<br />
que contribuem para o surgimento de <strong>empreendimento</strong>s, conforme citado por<br />
Dolabela (1999): “os empresários de sucesso são influenciados por<br />
empreendedores do seu círculo de relações (família, amigos)...” (p. 33). Assim<br />
sendo, aceitando tal assertiva, o convívio com pessoas que se apresentam<br />
<strong>inovador</strong>as e capazes de enxergar precocemente <strong>um</strong>a oportunidade de negócio,<br />
fomentará, em terceiros, tais particularidades.<br />
Muitas pessoas acreditam ter herdado alg<strong>um</strong>as características<br />
empreendedoras de seus familiares, mas acredita-se também, que apenas o<br />
convívio com pessoas que apresentam tais características, possa ser o suficiente<br />
para que se aprenda a empreender, ou seja, pessoas que não se consideram<br />
suficientemente capazes de enxergar novas oportunidades e de agir de forma<br />
<strong>inovador</strong>a podem, facilmente, aprender a ser.<br />
Em vista do exposto, no bojo de <strong>um</strong> grupo social onde predominam as<br />
características acima citadas, os empreendedores estão sendo formados, em sua<br />
maioria, em atividades de grupos, contribuindo-se assim para desfazer o<br />
paradigma de que empreendedorismo é fruto, apenas, da hereditariedade. Estes<br />
conceitos estão bem alicerçados por Filion (1991) apud Dolabela (1999), que diz<br />
textualmente:<br />
”Sabe-se que o Empreendedorismo é <strong>um</strong> fenômeno cultural,<br />
ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas.<br />
Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim
como cidades, regiões, países. Na verdade aprende-se a ser<br />
empreendedor pela convivência com outros<br />
empreendedores... os empreendedores de sucesso quase<br />
sempre têm <strong>um</strong> modelo, alguém a quem admirar e imitar”.<br />
(p.33)<br />
Especificamente, enquanto individuo, o empreendedor é caracterizado,<br />
segundo Dornelas apud Machado et al (2001), como <strong>um</strong> indivíduo que “introduz<br />
novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela<br />
exploração de novos recursos e materiais” (p. 36). Sua inquietante dedicação ao<br />
trabalho, a facilidade em identificar oportunidades de negócios, traz consigo <strong>um</strong>a<br />
grande probabilidade de ter sucesso em seus investimentos, até porque aquele<br />
que é considerado, realmente <strong>um</strong> empreendedor, aprende com seus erros e<br />
cresce empresarialmente frente a <strong>um</strong> possível fracassos, diante dos quais não se<br />
abate.<br />
Outra característica marcante na personalidade destes empresários é a de<br />
que arriscam e não tem medo do fracasso, embora invistam sabendo muito bem<br />
dos riscos que envolvem o futuro negócio, ou seja, têm <strong>um</strong> mínimo de<br />
conhecimento sobre o assunto e a área que pretendem atuar. A motivação e a<br />
força de vontade fazem deles os maiores apostadores naquilo que acreditam que<br />
pode dar certo, irradiando o seu euforismo a todas as pessoas que o cercam.<br />
Tornam-se, dessa forma, líderes cheios de motivações e altamente consciente do<br />
ambiente em que atuam. (Dolabela, 1999)<br />
Mas, ainda é muito com<strong>um</strong> encontrar pessoas que abrem <strong>um</strong>a empresa<br />
sem analisar os contextos que a rodeiam, e, logo nos primeiros anos, são<br />
obrigados a fechar as portas. Por isso, hoje é imprescindível a elaboração de <strong>um</strong><br />
plano de negócio para que se possa analisar com mais coerência as<br />
possibilidades de sucesso, ou fracasso, antes de se injetar dinheiro no que pode<br />
não ser <strong>um</strong> investimento seguro, ou que não traga <strong>um</strong> retorno financeiro como o<br />
previsto. (Dolabela, 1999)
2 UM EXEMPLO DE EMPRESA BRASILEIRA QUE FUGIU A REGRA<br />
• ANTECEDENTES<br />
A primeira autora deste artigo teve contato com o casal Jaíza Tenório Torres de<br />
Oliveira e João Torres no verão de 2003/2004, durante férias na Paraíba, quando<br />
conheceu o <strong>empreendimento</strong> aqui enfocado, <strong>um</strong>a rede de fast food bastante<br />
original. Vinham estes de <strong>um</strong>a experiência empresarial de mais de 30 anos, no<br />
ramo da construção e manutenção elétrica, onde capitaneavam empresa de certa<br />
solidez, com mais de 100 operários, nos estados da Paraíba e de Pernambuco.<br />
Recentemente, em virtude das privatizações no setor elétrico brasileiro, foram<br />
engolidos pelas novas tendências econômicas, o que os levou à falência.<br />
<strong>Como</strong> não poderia deixar de ser, o casal entrou em desespero porque além<br />
de assistirem o desabamento de anos de esforços, já tinham mais de cinqüenta<br />
anos de idade, o que os tornaria menos competitivos caso tivessem que enfrentar<br />
<strong>um</strong> concurso em busca de <strong>um</strong>a vaga por emprego. Contudo, graças ao espírito<br />
empresarial de que eram dotados, decidiram abrir <strong>um</strong> novo negócio. E foi isso que<br />
fizeram, encontrando no decorrer do caminho alg<strong>um</strong>as frustrações e insucessos.<br />
Quando não restava mais nenh<strong>um</strong>a esperança resolveram apelar para o<br />
mercado informal, o que no inicio trouxe-lhes inúmeras inseguranças e<br />
constrangimentos. Resolveram então, em 1999 na praia de Intermares, Cabedelo<br />
–PB, vender churrasquinho em <strong>um</strong>a barraca à beira mar, durante o período<br />
noturno. Tão logo iniciaram o negócio, perceberam que havia <strong>um</strong> mercado ainda<br />
não explorado pela região, que era a grande procura por comidas típicas do<br />
nordeste, desde que oferecidas de <strong>um</strong>a maneira menos formal, de preferência no<br />
calçadão da praia, mantendo, assim, as características adotadas no início do<br />
<strong>empreendimento</strong> com churrasquinhos.<br />
Surgiu então o “Mac’xeira”, marca própria que também reflete o tino<br />
empresarial dos dois empreendedores. No inicio vendiam apenas a tradicional<br />
macaxeira com inúmeros recheios, tais como: carne-de-sol, charque, galinha de<br />
capoeira, bode, picado de galinha e paçoca. Aos poucos ampliaram as opções,
passando a oferecer ainda, tapioca recheada, rubacão (baião-de-dois), cachorroquente,<br />
batata recheada e crepes. Atendendo, dessa forma, jovens e adultos com<br />
paladares distintos.<br />
Quando resolveram ampliar este tipo de atividade, não obtiveram<br />
financiamento para investir em instalações físicas, devido a gastos e dívidas que<br />
tiveram de que arcar quando do encerramento da antiga empresa, o que os<br />
obrigou a optarem pela economia alternativa de forma a eliminar custos. Isto é,<br />
com o a<strong>um</strong>ento da demanda trataram de re-investir e a<strong>um</strong>entar sua modesta infraestrutura<br />
a fim de melhor atender a ampla clientela, pois nem eles previam que a<br />
demanda por locais mais simples era grande. E por isso, conforme a empresa foi<br />
se expandindo, os recursos capitalizados foram sendo direcionados à qualidade<br />
dos alimentos e a inserção de novos produtos à barraca. Os recursos direcionados<br />
à infra-estrutura foram apenas em função do grande número de cliente, e não, na<br />
modificação das caracteristicas adotadas inicialmente pelos empreendedores.<br />
A localização escolhida por Jaiza e João também é outro ponto forte, pois<br />
privilegia os clientes com a brisa do mar e o movimento noturno do calçadão,<br />
dando <strong>um</strong> charme especial a <strong>um</strong>a das barracas mais famosa entre as praias da<br />
região de João Pessoa -PB.<br />
• ANALISE GERAL<br />
<strong>Como</strong> afirma Dolabela (1999), <strong>um</strong>a empresa mais modesta percebe<br />
demandas no meio ambiente com mais facilidade e agilidade. Embora empreender<br />
ainda seja <strong>um</strong>a decisão difícil a se tomar o Brasil encontra-se entre os dez países<br />
mais empreendedores do mundo, segundo Instituto Brasileiro de Qualidade e<br />
Produtividade, podendo esta ser considerada decorrência da criatividade aliada a<br />
necessidade de sobrevivência da população brasileira.<br />
Percebemos então, que os brasileiros estão vencendo o medo e abrindo<br />
suas empresas, mas será que estes investidores estão analisando se a economia<br />
da região comporta este novo <strong>empreendimento</strong> Empreender não significa apenas<br />
abrir as portas e esperar o que poderá acontecer, significa sim, ter a capacidade
de pres<strong>um</strong>ir o que poderá ser <strong>um</strong> grande investimento no futuro, enxergar além<br />
das necessidades, e fazer o uso incansável da criatividade em prol do sucesso<br />
empresarial.<br />
Contudo, a economia informal atua precocemente nesta área, podendo-se<br />
encontrar inúmeras pessoas que desejam se tornar empresários, mas que não<br />
pretendem elaborar <strong>um</strong>a análise capaz de avaliar, antecipadamente o contexto<br />
econômico e situacional do local onde será implantado o novo <strong>empreendimento</strong>.<br />
Possivelmente, por não gozar de grande investimento e obter pouca noção ou<br />
acompanhamento administrativo, ainda pouco se preocupam com o fato de a nova<br />
empresa não ir adiante e ter que fechar às portas em menos de dois anos.<br />
Portanto, a probabilidade de insucesso das empresas que abrem as portas<br />
sem que haja <strong>um</strong> estudo capaz de detectar as potencialidades locais é muito<br />
maior. Embora o vasto território brasileiro ainda possibilite a atuação de<br />
desbravadores e profissionais sem conhecimento técnico na área. E dependendo<br />
do local escolhido para empreender pode-se trabalhar em <strong>um</strong>a nova empresa,<br />
mesmo que esta não analisada e planejada previamente.<br />
CONSIDERAÇÕES<br />
Após <strong>um</strong>a rápida análise da estratégia utilizada pelos proprietários do<br />
Mac’xeira para sua inserção no mercado gastronômico do nordeste brasileiro<br />
notou-se que sua extrema perseverança e força de vontade, caracteristicas natas<br />
de empreendedores, levou-os a enxergarem possibilidades de lucro em <strong>um</strong><br />
produto bastante com<strong>um</strong> na região, mas pouco explorado no ambiente de trabalho<br />
que se inseriram. Tudo isso, possivelmente, deve-se ao fato de já gozarem de<br />
conhecimento técnico/administrativo, pois já haviam lidado como empresários em<br />
<strong>um</strong>a outra oportunidade e, este fator, veio de encontro ao que eles ainda nem<br />
sonhavam obter neste ramo de atividade, o sucesso.<br />
A influencia religiosa também teve seu peso relevante, verificando o grande<br />
n<strong>um</strong>ero de católicos residentes no nordeste, este casal pode ter sido influenciado
pela igreja ortodoxa que é considerada o ponto médio entre católicos fervorosos e<br />
protestantes radicais, de forma que tal conduta não os impediu de almejar o<br />
sucesso empresarial, conseqüência direta da maximização do lucro.<br />
O empreendedorismo, que é considerado não a intenção, mas sim a atitude<br />
tomada por <strong>um</strong>a pessoa com o objetivo de inovar a partir do crescimento<br />
econômico de <strong>um</strong>a empresa ou região, pode ser realizada em qualquer ramo de<br />
atividade e em qualquer lugar do mundo, basta o indivíduo se sentir apto para esta<br />
atitude. O texto também coloca que alg<strong>um</strong>as pessoas agem de forma<br />
empreendedora, mesmo sem saber o nome da ânsia, ou do desejo, que os motiva<br />
e leva ao desenvolvimento de atos empreendedores, devendo este ser conhecido<br />
previamente para que se busquem formas mais corretas para a implantação de<br />
<strong>um</strong>a empresa, visando sua permanência futura por <strong>um</strong> longo período.<br />
REFERÊNCIAS<br />
TRAJAN, Roberto Adami. Qual é o seu mercado In Revista Empreendedor;<br />
Editora Empreendedor, Ano 9, N° 107, setembro 2003.<br />
DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura Editores<br />
Associados, 1999.<br />
GONÇALVES, Alexandre. Da Garagem para o Sucesso. In Revista<br />
Empreendedor; Editora Empreendedor, Ano 9, N° 107, setembro 2003.<br />
WEBER, MAX. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Livraria<br />
Pioneira Editora, 1947.<br />
LAMBRANHO, Lúcio. Empreendedor ou virador. In Revista Empreendedor; Editora<br />
Empreendedor, Ano 10, N° 109, novembro 2003.<br />
MACHADO, H. P. V; PALHANO, D. Y. M; BARROS, G.V de. Mulheres<br />
empreendedoras e tipologias: implicações no campo de estudos do<br />
empreendedorismo feminino In Caderno de Administração, Maringá: Universidade<br />
Estadual de Maringá, Vol. 10, n. 2, jul/dez 2002.
LEITE, E. O Fenômeno do Empreendedorismo: Criando Riquezas. Recife: Ed.<br />
Bagaço, 2000.<br />
SENGE, P. M; A Quinta Disciplina. Best Seller, 1990.<br />
FILION, L. J; O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial:<br />
Identifique <strong>um</strong>a visão e avalie o seu sistema de relações. In Revista de<br />
Administração de Empresas, São Paulo, Vol.31, n. 3, jul/set 1991.