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Pró – Reitoria <strong>de</strong> Graduação<br />
Curso <strong>de</strong> Enfermagem<br />
Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />
Trabalho <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Curso<br />
ANÁLISE DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO<br />
TRATAMENTO DE FERIDAS NO HOSPITAL REGIONAL DE<br />
CEILÂNDIA - DF<br />
Autores: <strong>Elizane</strong> <strong>Almeida</strong> <strong>de</strong> <strong>Sales</strong> e <strong>Luana</strong> <strong>Raulino</strong> <strong>Oliveira</strong><br />
Orientadora: Dra. Leila Bernarda Donato Gottems<br />
Brasília - DF<br />
2011
2<br />
ELIZANE ALMEIDA DE SALES<br />
LUANA RAULINO OLIVEIRA<br />
ANÁLISE DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO TRATAMENTO DE FERIDAS<br />
NO HOSPITAL REGIONAL DE CEILÂNDIA – DF<br />
Monografia apresentada ao curso <strong>de</strong> graduação<br />
em enfermagem da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />
Brasília, com requisito parcial para obtenção<br />
do Título <strong>de</strong> Bacharel em Enfermagem.<br />
Orientador: Dra. Leila Bernarda Donato<br />
Gottems.<br />
Co-orientadora: Daniella Melo Arnauld<br />
Sampaio Pedrosa.<br />
Brasília – DF<br />
2011
3<br />
Monografia <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong>: <strong>Elizane</strong> <strong>de</strong> <strong>Almeida</strong> <strong>Sales</strong> e <strong>Luana</strong> <strong>Raulino</strong> <strong>Oliveira</strong>,<br />
intitulada “ANÁLISE DA ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS NO TRATAMENTO DE<br />
FERIDAS NO HOSPITAL REGIONAL DE CEILÂNDIA-DF, 2011” apresentada como<br />
requisito parcial para obtenção do grau <strong>de</strong> bacharel em enfermagem da Universida<strong>de</strong> Católica<br />
<strong>de</strong> Brasília, em 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011, <strong>de</strong>fendida e aprovada pela banca examinadora abaixo<br />
assinada:<br />
______________________________________________________<br />
Prof. Drª. Leila Bernarda Donato Gottems<br />
Enfermagem-UCB<br />
________________________________________________________<br />
Prof.ª Daniella Melo Arnauld Sampaio Pedrosa<br />
Enfermagem-UCB<br />
___________________________________________________________<br />
Prof.ª MSc. Fernanda Monteiro <strong>de</strong> Castro Fernan<strong>de</strong>s<br />
Enfermagem-UCB<br />
Brasília-DF<br />
2011
4<br />
DEDICATORIA<br />
Dedicamos este trabalho primeiramente a<br />
Deus, pois sem ele nada seria possível. As<br />
nossas famílias pela confiança. Aos nossos<br />
amigos pelo apoio. Aos professores por nos<br />
proporcionar a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhar<br />
seus conhecimentos.<br />
A nossa orientadora Prof.ª Leila e coorientadora<br />
Prof.ª Daniella pela paciência<br />
<strong>de</strong>monstrada no <strong>de</strong>correr do trabalho. Enfim, a<br />
todos que <strong>de</strong> alguma forma contribuíram para<br />
o sucesso <strong>de</strong>ste trabalho.
5<br />
RESUMO<br />
SALES, A. <strong>Elizane</strong>. OLIVEIRA, R. <strong>Luana</strong>. Análise da Atuação dos Enfermeiros no<br />
Tratamento <strong>de</strong> Feridas no Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia-DF, 2011. Monografia<br />
(enfermagem)- Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Brasília, 2011.<br />
A atuação dos enfermeiros no tratamento <strong>de</strong> feridas é fator essencial para uma<br />
obtenção <strong>de</strong> êxito no processo <strong>de</strong> cicatrização e cura das mesmas, pois o enfermeiro possui<br />
autonomia para atuar com mais ou com menos empenho, visando melhores resultados. O<br />
objetivo da pesquisa realizada foi justamente comprovar através <strong>de</strong> estatísticas que<br />
profissionais com mesmo nível <strong>de</strong> formação teórico atuam na prática <strong>de</strong> forma diversificada,<br />
ocasionando assim diferentes resultados no tratamento <strong>de</strong> feridas. Trata-se <strong>de</strong> um estudo<br />
<strong>de</strong>scritivo exploratório, <strong>de</strong> abordagem quantitativa, através <strong>de</strong> questionários com perguntas<br />
fechadas aplicados aos enfermeiros do Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia-DF,2011 nos setores:<br />
pronto socorro, clínica médica, clínica cirúrgica e ortopedia. Observando-se que a forma <strong>de</strong><br />
atuação influi diretamente no processo <strong>de</strong> cura, po<strong>de</strong>-se afirmar que os resultados serão <strong>de</strong><br />
acordo com o empenho na prática <strong>de</strong> cada profissional avaliado, ou seja, profissionais que<br />
cumprem os dados teóricos a risca obtiveram maior êxito ao contrario dos que não assim o<br />
cumpriram. Conclui-se que os profissionais avaliados possuem embasamento teórico, porém<br />
não os colocam em prática.<br />
Palavras-chave: enfermeiros, tratamento <strong>de</strong> feridas, curativos.
6<br />
ABSTRACT<br />
SALES, A. <strong>Elizane</strong>. OLIVEIRA, R. <strong>Luana</strong>. Analisis of the nurses action in Wound<br />
Treatment at the Regional Hospital of Ceilandia – DF, 2011. Monography (nursing)-<br />
Catholic University of Brasilia, 2011.<br />
The role of nurses in wound treatment is an essential factor for achieving success in<br />
the healing process and cure of it, because the nurses has the autonomy to act with or without<br />
much commitment, aiming at better results. The objective of the survey was just to<br />
prove by statistics that professional, with the same level of theoretical training, act in this<br />
practice with diverse ways, causing different results in wound treatments. An exploratory<strong>de</strong>scriptive<br />
study was done on quantitative character, through questionnaires with objective<br />
questions applied to nurses of the Regional Hospital of Ceilandia – DF, 2011 in the sectors:<br />
emergency room, surgical clinic and orthopedics. Observing that the action form influences<br />
directly in the the healing process, it can be said that the results are in<br />
agreement with the commitment in the practice of each evaluated professional, in other words,<br />
professionals who satisfy the theoretical data strictly got most successful, unlike those who<br />
didn’t comply with in the same way. It is conclu<strong>de</strong>d that the evaluated professionals have<br />
more theoretical knowledge, but they don’t put into practice.<br />
Keywords: nurses, wound treatment, dressings.
7<br />
SUMÁRIO<br />
1 - INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA........................................................................... 09<br />
2 – OBJETIVOS.................................................................................................................... 10<br />
2.1 - Objetivo Geral........................................................................................................... 10<br />
2.2 - Objetivos Específicos................................................................................................ 10<br />
3 - REFERÊNCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 10<br />
3.1 – Histórico.................................................................................................................... 10<br />
3.2 - Aspectos Éticos e Legais na Assistência <strong>de</strong> Enfermagem......................................... 13<br />
3.3 - Anatomia da Pele....................................................................................................... 17<br />
3.4 – Conceito <strong>de</strong> Feridas................................................................................................... 18<br />
3.5 - Processo <strong>de</strong> Cicatrização das Feridas......................................................................... 18<br />
3.6 – Classificação das Feridas........................................................................................... 19<br />
3.7 – Etiologia das Lesões.................................................................................................. 20<br />
3.8 - Debridamento............................................................................................................. 21<br />
3.9 - Coberturas.................................................................................................................. 23<br />
4- METODOLOGIA............................................................................................................ 25<br />
4.1 – Tipo <strong>de</strong> Estudo.......................................................................................................... 25<br />
4.2 – Local da Pesquisa...................................................................................................... 26<br />
4.3 - Amostra..................................................................................................................... 26<br />
4.4 – Critérios <strong>de</strong> Inclusão................................................................................................. 26<br />
4.5 – Critérios <strong>de</strong> Exclusão................................................................................................ 27<br />
4.6 – Coleta <strong>de</strong> Dados........................................................................................................ 27<br />
4.7 - Instrumentos.............................................................................................................. 27<br />
4.8 – Análise <strong>de</strong> Dados............................................................................................... 27<br />
4.9 – Aspectos Éticos........................................................................................................ 28<br />
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 29<br />
5.1 – Perfil dos Entrevistados............................................................................................ 29<br />
5.2 – A Atuação dos Enfermeiros no Cuidados às Feridas............................................... 30<br />
5.2.1- Anotações <strong>de</strong> enfermagem............................................................................... 31<br />
5.2.2- Classificação das feridas mais tratadas............................................................ 31<br />
5.2.3- A realização dos curativos............................................................................... 33<br />
5.2.4- Existência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> cuidado para tratamento <strong>de</strong> feridas............................ 35<br />
5.2.5- Continuida<strong>de</strong> do tratamento <strong>de</strong> feridas pelos enfermeiros............................... 36<br />
5.2.6- Delegar a função <strong>de</strong> realizar curativos aos técnicos <strong>de</strong> enfermagem................ 36
8<br />
CONCLUSÃO....................................................................................................................... 38<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 39<br />
ANEXOS ............................................................................................................................... 41
9<br />
1- INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA<br />
Devido ao crescente avanço tecnológico nos últimos anos na área <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong><br />
feridas, e à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coberturas encontradas atualmente no mercado, os profissionais<br />
envolvidos no tratamento <strong>de</strong> lesões cutâneas precisam estar embasados por conhecimentos<br />
científicos abrangentes relacionados ao processo sistêmico cicatricial e às características<br />
terapêuticas dos vários produtos para curativos existentes. Só assim, a assistência será<br />
objetiva e eficaz.<br />
O papel do enfermeiro no atendimento aos portadores <strong>de</strong> ferida vem ganhando<br />
<strong>de</strong>staque pelo seu empenho e serieda<strong>de</strong>. A proximida<strong>de</strong> maior ao paciente relacionado ao<br />
maior tempo <strong>de</strong> convivência, e à conseqüente afinida<strong>de</strong> do paciente com os profissionais <strong>de</strong><br />
enfermagem resultam em uma riqueza <strong>de</strong> dados coletados e observados importantes para a<br />
escolha e implementação do tratamento.<br />
Segundo Silva (2010, p. 410), para a realização do tratamento <strong>de</strong> lesões cutâneas, fazse<br />
necessária uma capacitação permanente dos enfermeiros e sua equipe nos locais <strong>de</strong><br />
trabalho, pois, a partir das dificulda<strong>de</strong>s concretas ali vivenciadas, se iniciará um processo <strong>de</strong><br />
mudança em sua maneira <strong>de</strong> tratar esses clientes, tornando-os capazes <strong>de</strong> avaliar, prevenir e<br />
tratar as feridas, melhorando a relação cliente-enfermeiro e, conseqüentemente, a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida <strong>de</strong> sua clientela.<br />
Ainda permanece no meio assistencial uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação sobre o assunto, o<br />
que muitas vezes contribui para o insucesso do tratamento. Além disso, há o risco permanente<br />
<strong>de</strong> infecção hospitalar. É importante a elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> cuidado para a eficácia do<br />
tratamento <strong>de</strong> feridas, consi<strong>de</strong>rando que o paciente portador <strong>de</strong> lesão cutânea encontra-se<br />
fragilizado, dolorido, com odores e secreções. A auto-estima é <strong>de</strong>stroçada com a dura e<br />
prolongada recuperação.
10<br />
2 - OBJETIVOS<br />
2.1 – Objetivo Geral<br />
Avaliar os procedimentos da técnica <strong>de</strong> curativos <strong>de</strong> enfermeiros do Hospital Regional<br />
<strong>de</strong> Ceilândia - DF.<br />
2.2 – Objetivos Específicos<br />
Analisar se os enfermeiros fazem a avaliação e o plano <strong>de</strong> cuidado das feridas.<br />
Avaliar se os enfermeiros usam corretamente as coberturas.<br />
Elaborar recomendações ao serviço para melhorar as práticas no tratamento <strong>de</strong> feridas.<br />
3 - REFERENCIAL TEÓRICO<br />
3.1 – Histórico<br />
Consta que na pré-história cataplasmas <strong>de</strong> folhas e ervas eram usadas como<br />
compressas sobre a pele, e aplicadas também sobre áreas <strong>de</strong> inflamação em feridas doloridas e<br />
<strong>de</strong> difícil cicatrização com o intuito <strong>de</strong> estancar a hemorragia e facilitar o processo <strong>de</strong><br />
cicatrização (MANDELBAUM et al.,2003 p.78).<br />
Com o passar dos tempos, os métodos <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> feridas foram sendo<br />
aperfeiçoados, passando-se a utilizar emplastos <strong>de</strong> ervas, mel, banha <strong>de</strong> origem animal,<br />
cinzas, incenso mirra, e, por vezes, era realizado cauterização com óleos ferventes ou ferro<br />
quente, e o que acreditava ser uma <strong>de</strong>sinfecção das mesmas eram feitas com álcool<br />
proveniente <strong>de</strong> vinhos (CANDIDO, 2001).<br />
Os registros mais antigos consistem em manuscritos egípcios datados <strong>de</strong> 3000 a 2500<br />
a.C on<strong>de</strong> constam relatos <strong>de</strong> curativos a base <strong>de</strong> mel, fios <strong>de</strong> linho, graxa, e inclusive<br />
excrementos. Habilidosos no processo <strong>de</strong> embalsamento dos corpos, os egípcios começaram
11<br />
com os conceitos <strong>de</strong> ferida limpa e ocluída, tratando-as também com óleos vegetais,<br />
cataplasmas e faixas <strong>de</strong> algodão. Na civilização grega e posteriormente na romana o<br />
tratamento <strong>de</strong> feridas adquiriu novos conceitos com o emprego dos emplastos, banhas, óleos<br />
minerais e vinhos (MANDELBAUM et al., 2003 p.393-410).<br />
Dentre as crenças antigas propagadas pelos curan<strong>de</strong>iros xamãs, ou pessoas<br />
consi<strong>de</strong>radas com po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> cura, às plantas medicinais eram adicionadas elementos como<br />
teia <strong>de</strong> aranha, ovos, óleo e outros ingredientes aos quais empiricamente atribuía o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
cicatrização aliado ao po<strong>de</strong>r das preces direcionadas às divinda<strong>de</strong>s, próprias <strong>de</strong> cada cultura<br />
ou elementos <strong>de</strong>la representativos. Com a evolução do conhecimento, o emprego <strong>de</strong> plantas<br />
na cura ou tratamento <strong>de</strong> feridas constituiu a área atualmente <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Fitoterapia<br />
(CANDIDO, 2001).<br />
Na Grécia antiga, Hipócrates, consi<strong>de</strong>rado o “pai da medicina”, preconizou formas<br />
simples no tratamento <strong>de</strong> feridas pela aplicação <strong>de</strong> suaves bandagens para mantê-la limpas e<br />
secas, contrariando as indicações <strong>de</strong> seus pre<strong>de</strong>cessores. Ele percebeu que <strong>de</strong>ixar a natureza<br />
promover a cicatrização era a melhor maneira <strong>de</strong> curar a ferida. Consi<strong>de</strong>rou também que as<br />
bordas das feridas <strong>de</strong>veriam permanecer o mais aproximado possível, a fim <strong>de</strong> favorecer a<br />
cicatrização por primeira intenção, dai o contrario do que se acreditava até então, quando se<br />
pensava que a supuração era essencial para sua cicatrização. Recomendou, ainda, que a<br />
limpeza das mesmas fosse feitas com água morna, vinho e vinagre (MADELLA, 2006).<br />
Galeno (131 a 201 d.C), o maior médico grego <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Hipócrates, elaborou uma<br />
lista <strong>de</strong> remédios vegetais que ficaram conhecidos como “galênicos”, a maioria dos quais<br />
eram feitos com vinho. Seus escritos foram mal interpretados e seguidos sem contestação<br />
durante séculos, quando as feridas eram torturadas a fim <strong>de</strong> tornarem-se sépticas, mesmo que<br />
estivessem limpas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio. Através da cauterização com ferros quentes mantendo a<br />
ferida aberta e aplicando todos os tipos <strong>de</strong> ungüentos e pomadas, todas as tentativas para uma<br />
cicatrização natural foram frustradas (MADELLA, 2006).
12<br />
Alguns médicos famosos como Henrique <strong>de</strong> Mon<strong>de</strong>ville, no século XIII, e Paracelsus,<br />
no século XVI, tentaram retomar os métodos <strong>de</strong> Hipócrates, porém, seus colegas reacionários<br />
persistiram em intrometer-se no tratamento das feridas utilizando métodos sépticos, que se<br />
mantiveram até a Revolução Cientifica <strong>de</strong> Pasteur e Lister, no século XIX (MADELLA,<br />
2006).<br />
A partir do século XIX, principalmente durante a Guerra da Criméia, vários tipos <strong>de</strong><br />
curativos foram criados. Alguns a base <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> linho, que eram reutilizados por diversas<br />
vezes e tornavam-se mais macios, porém pouco absorventes. A enfermagem foi responsável,<br />
principalmente através <strong>de</strong> Florence Nightingale, pela introdução <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> higiene<br />
que persistem até hoje, tanto com relação ao ambiente, quanto ao paciente. Remonta <strong>de</strong>ssa<br />
época a função precípua da enfermagem <strong>de</strong> avaliar e cuidar das feridas, bem como <strong>de</strong> realizar<br />
curativos (MADELLA, 2006).<br />
Até a Segunda Guerra Mundial os recursos utilizados no tratamento <strong>de</strong> feridas<br />
baseavam-se na crença <strong>de</strong> que o ambiente seco propiciava sua melhor cicatrização. Assim,<br />
eram utilizadas substâncias tópicas que ressecavam o leito da ferida e também coberturas,<br />
fixadas com bastante fita a<strong>de</strong>siva. Por volta <strong>de</strong> 1860, foi <strong>de</strong>scoberto por Gamgee o processo<br />
<strong>de</strong> remoção do óleo da lã <strong>de</strong> algodão, criando um curativo mais absorvente, o chumaço <strong>de</strong><br />
algodão envolto com gaze, utilizado até hoje (MANDELBAUM, et al., 2003 p.396-410).<br />
Louis Pasteur, cientista francês, cujas <strong>de</strong>scobertas tiveram enorme importância na<br />
história da química e da medicina. Descobriu a técnica conhecida como pasteurização,<br />
utilizada até hoje para eliminação <strong>de</strong> bactérias <strong>de</strong> alimentos. A partir <strong>de</strong>ste conhecimento ele<br />
criou a “Teoria germinal das enfermida<strong>de</strong>s infecciosas”, segundo a qual toda enfermida<strong>de</strong><br />
infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagar-se entre as<br />
pessoas. Afirmava que o micróbio responsável por cada enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser i<strong>de</strong>ntificado<br />
para se <strong>de</strong>terminar o modo correto <strong>de</strong> combatê-lo (OLIVEIRA, 2007).<br />
Esta <strong>de</strong>scoberta influenciou, na Inglaterra, em 1865, o cirurgião Joseph Lister, que<br />
aplicou os conhecimentos <strong>de</strong> Pasteur para eliminar os microorganismos vivos em feridas e<br />
incisões cirúrgicas. Em 1871, o próprio Pasteur obrigava os médicos dos hospitais militares a<br />
ferver os instrumentais e as bandagens que seriam utilizados nos procedimentos médicos.
13<br />
Lister utilizou pela primeira vez uma solução <strong>de</strong> fenol (ácido carbólico) em compressas e<br />
suturas, conseguindo reduzir os índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> entre os pacientes (MADELLA,<br />
2006).<br />
Na Segunda Guerra Mundial disseminou-se a utilização <strong>de</strong> anti-sépticos e produtos<br />
tópicos com ação antimicrobiana no tratamento <strong>de</strong> feridas. As coberturas secas também<br />
passaram a ser utilizada graças ás <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Pasteur sobre a “Teoria dos Germes”. Nessa<br />
época foram utilizados em larga escala produtos como líquido <strong>de</strong> Dakin, Eusol, <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />
iodo, mercúrio e alumínio (MANDELBAUM, et al.,2003).<br />
Em 1945, (BLOOM Apud MANDELBAUM) relatou os benefícios na cicatrização <strong>de</strong><br />
feridas por meio da utilização <strong>de</strong> um filme transparente, permeável ao vapor, em 55 pacientes<br />
portadores <strong>de</strong> queimaduras. Em 1950, novos estudos foram <strong>de</strong>senvolvidos por (SCHLLING<br />
Apud MANDELBAUM), sobre esse tipo <strong>de</strong> filme, envolto em um a<strong>de</strong>sivo <strong>de</strong> polivinil,<br />
fundamentando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> futuros recursos utilizados no tratamento <strong>de</strong> feridas. A<br />
partir <strong>de</strong> então teve origem o pressuposto <strong>de</strong> que a manutenção <strong>de</strong> um ambiente úmido nas<br />
feridas po<strong>de</strong>ria ser benéfica no processo <strong>de</strong> cicatrização, além <strong>de</strong> reduzir a dor, <strong>de</strong>vido á<br />
proteção das terminações nervosas contra o ressecamento. Porém, ainda assim, até a década<br />
<strong>de</strong> 1960 recursos com esta finalida<strong>de</strong> não tinham sido <strong>de</strong>senvolvidos pelas indústrias.<br />
Foi a partir <strong>de</strong> 1962, com a <strong>de</strong>monstração por Winter (ROOVE apud<br />
MANDELBAUM), <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> epitelização era 50% mais rápidas em ambientes úmidos,<br />
o que também minimizava a formação <strong>de</strong> crostas, que houve interesse pelo estudo,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e comercialização <strong>de</strong> produtos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter úmido o leito das<br />
feridas. Esta foi à época <strong>de</strong> maior revolução no <strong>de</strong>senvolvimento do conceito <strong>de</strong> curativos.<br />
3.2- Aspectos Éticos e Legais na Assistência <strong>de</strong> Enfermagem<br />
Atualmente, a enfermagem por agregar no seu ethos a ciência e a técnica, <strong>de</strong>param-se<br />
com a necessida<strong>de</strong> premente <strong>de</strong> reconstruírem uma ética do seu exercício profissional que
14<br />
envolvem a responsabilida<strong>de</strong> solidária, pois a moral balizada apenas na individualida<strong>de</strong> do<br />
sujeito mostra-se totalmente ineficaz. Por sermos:<br />
[...] co-responsáveis pelo reconhecimento da liberda<strong>de</strong> e dos direitos <strong>de</strong> todos, pela<br />
solução consensual <strong>de</strong> todos os problemas do mundo da vida passíveis <strong>de</strong> consenso; por<br />
nossas ações e pelas conseqüências das nossas ações em todos os âmbitos da vida: pela<br />
organização da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suas instituições, pela conservação crítica e renovação <strong>de</strong>las<br />
(WIENS, 1990).<br />
As ações profissionais do enfermeiro constituem atos complexos que implicam o<br />
conhecimento cientifico acadêmico e técnico. No entanto, por tratar-se <strong>de</strong> uma profissão que<br />
abarca o cuidado ao ser humano, são necessários atitu<strong>de</strong>s, tendo em vista as finalida<strong>de</strong>s e as<br />
conseqüências que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar alguma ação. Isso abarca o conhecimento da moral, da<br />
bioética e da ética na atuação profissional (SILVA et al., 2010 p.03).<br />
A origem da ação é a escolha e o <strong>de</strong>sejo, juntamente com o raciocínio. Portanto, a<br />
escolha não po<strong>de</strong> existir sem razão, intelecto, e uma disposição moral. As disposições são<br />
cinco: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a razão<br />
intuitiva (DWEYER, 1992).<br />
Dantas Filho (2003), tenta analisar eticamente questões direcionadas ao tratamento <strong>de</strong><br />
lesões no Brasil ressaltando alguns pontos que precisam <strong>de</strong> reflexões.<br />
Essa postura visa buscar uma ética mais aplicada, uma vez que o tratamento <strong>de</strong> feridas<br />
vem se tornando uma área cada vez mais específica e científica, diferenciando-se<br />
progressivamente como uma especialida<strong>de</strong> no campo da atenção à saú<strong>de</strong> (CARVALHO,<br />
2003).<br />
Numa perspectiva mais objetiva, temos à nossa frente um ser humano especificamente<br />
fragilizado com odores e secreções, com dores tanto no corpo quanto na “alma”. A autoestima<br />
<strong>de</strong>stroçada, a dura e prolongada recuperação e a perspectiva das complicações e<br />
seqüelas, são fantasmas que, geralmente, acompanham o tratamento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> doente<br />
(CARVALHO, 2003).
15<br />
Já no ponto <strong>de</strong> vista mais subjetivo, o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sofre também o impacto<br />
das lesões que se dispõe a tratar (CARVALHO, 2003).<br />
Dantas Filho (2003) acrescenta dizendo que, apesar <strong>de</strong> todas as influências contrárias<br />
<strong>de</strong>vemos resgatar o sentido humanitário, a compaixão e a solidarieda<strong>de</strong> no contato com todos<br />
os nossos semelhantes e principalmente com aqueles mais <strong>de</strong>sprotegidos e doentes. Segundo<br />
ele, o cuidar da ferida <strong>de</strong> alguém vai muito além dos cuidados gerais ou da realização <strong>de</strong> um<br />
curativo. Uma ferida po<strong>de</strong> não ser apenas uma lesão física, mas algo que dói, sem<br />
necessariamente precisar <strong>de</strong> estímulos sensoriais; uma marca ou uma mágoa, uma perda<br />
irreparável ou uma perda incurável. A ferida é algo que fragiliza e muitas vezes incapacita. O<br />
portador <strong>de</strong> uma lesão orgânica carrega consigo a causa <strong>de</strong>ssa lesão: um aci<strong>de</strong>nte,<br />
queimadura, agressão, doença crônica, complicações após um procedimento cirúrgico,<br />
entretanto outros. E esta solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> passa a ser marca, sinal, lembrança <strong>de</strong> dor,<br />
<strong>de</strong> perda, mesmo após a cicatrização. Por isso é importante ressaltar que o enfermeiro <strong>de</strong>ve<br />
está atento aos problemas relatados pelo paciente que envolve aspectos psicológicos, para que<br />
junto a outros profissionais medidas condizentes a problemática possam ser tomadas com o<br />
objetivo <strong>de</strong> auxiliá-lo na recuperação (CARVALHO, 2003).<br />
Nº 005/2003 - Autonomia do profissional Enfermeiro no tratamento <strong>de</strong> feridas.<br />
Consulta <strong>de</strong> enfermagem; (CARVALHO, 2003).<br />
J - prescrição da assistência <strong>de</strong> enfermagem;<br />
M - cuidados <strong>de</strong> enfermagem <strong>de</strong> maior complexida<strong>de</strong> técnica e que exijam<br />
conhecimentos <strong>de</strong> base científica e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões imediatas;<br />
II - Como integrante da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
B - participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
C - prescrição <strong>de</strong> medicamentos estabelecidos em programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e em<br />
rotina aprovada pela instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;
16<br />
F - prevenção e controle sistemático <strong>de</strong> danos que possam ser causados à clientela<br />
durante a assistência <strong>de</strong> enfermagem;<br />
Consi<strong>de</strong>rando o Código <strong>de</strong> Ética dos profissionais <strong>de</strong> Enfermagem;<br />
Capítulo III - Das Responsabilida<strong>de</strong>s<br />
Artigo 17 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal e somente aceitar<br />
encargos ou atribuições, quando capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho seguro para si e para a clientela<br />
(CARVALHO, 2003).<br />
Artigo 18 - Manter-se atualizado ampliando seus conhecimentos técnicos, científicos e<br />
culturais, em benefício da clientela, coletivida<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>senvolvimento da profissão<br />
(CARVALHO, 2003).<br />
Capítulo V - Das Proibições Artigo 48 - Prescrever medicamento ou praticar ato<br />
cirúrgico, exceto os previstos na legislação vigente e em caso <strong>de</strong> emergência.<br />
Consi<strong>de</strong>rando Parecer Técnico COREN-DF nº 002/2001 - que versa sobre a prescrição<br />
dos produtos DERSANI e SANISKIN pelo profissional Enfermeiro no tratamento profilático<br />
<strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito (CARVALHO, 2003).<br />
Consi<strong>de</strong>rando Parecer Técnico COREN-DF nº 006/2000 - que versa sobre transporte e<br />
encaminhamento <strong>de</strong> pacientes e tratamento <strong>de</strong> feridas por profissional Enfermeiro;<br />
(CARVALHO, 2003).<br />
Conclusão: Após análise minuciosa da Legislação que regulamenta a profissão, somos<br />
<strong>de</strong> Parecer que o profissional Enfermeiro tem a competência técnica e o respaldo legal para<br />
executar <strong>de</strong> forma autônoma o tratamento <strong>de</strong> feridas (CARVALHO, 2003).<br />
Imprudência: trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> agir sem a <strong>de</strong>vida cautela, com precipitação ou<br />
insensatez (SILVA et al.,2010 p.14).
17<br />
Negligência: significa inação, inércia e passivida<strong>de</strong>, é negligente quem, po<strong>de</strong>ndo ou<br />
<strong>de</strong>vendo agir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado modo, por indolência ou preguiça mental, não o faz ou se<br />
comporta <strong>de</strong> diverso (SILA et al., 2010 p.14).<br />
p.14)<br />
Imperícia: Consiste na falta <strong>de</strong> conhecimento técnico da profissão (SILVA et al., 2010<br />
3.3 – Anatomia da Pele<br />
A pele recobre toda a superfície do corpo e é o seu maior órgão. Continua-se com as<br />
membranas mucosas que revestem os sistemas digestores, respiratório e urogenital, nos locais<br />
on<strong>de</strong> estes se abrem para a superfície. É dividida em duas camadas distintas, a epi<strong>de</strong>rme e a<br />
<strong>de</strong>rme, firmemente unidas entre si. A epi<strong>de</strong>rme é a camada mais externa composta por três<br />
diferentes linhagens celulares: os queratinócitos, os melanócitos e as células <strong>de</strong> Langerhans. A<br />
<strong>de</strong>rme é a camada mais profunda e é formada por tecido conjuntivo (CUNHA, 2006).<br />
A epi<strong>de</strong>rme organiza-se em camadas e, à medida que as mais superficiais são<br />
eliminadas, as camadas mais profundas são restauradas por divisão celular. É constituída por<br />
cinco camadas: germinativa, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. A camada germinativa é a<br />
mais profunda, e faz limite com a <strong>de</strong>rme, e a camada córnea é a mais superficial. A camada<br />
córnea, constituída por células escamosas, cheias <strong>de</strong> queratina, proporciona proteção contra<br />
traumas físicos e químicos. As várias camadas <strong>de</strong> queratinócitos intimamente unidos uns aos<br />
outros, fornecem barreira contra a invasão <strong>de</strong> microorganismos e água. O pigmento melanina<br />
na epi<strong>de</strong>rme protege os tecidos subjacentes dos efeitos nocivos da luz ultravioleta (CUNHA,<br />
2006).<br />
A <strong>de</strong>rme é uma espessa camada <strong>de</strong> tecido conjuntivo que se esten<strong>de</strong> da epi<strong>de</strong>rme até o<br />
tecido subcutâneo. Nesta camada situam-se os anexos da pele, muitos vasos sangüíneos, vasos<br />
linfáticos e nervos. Po<strong>de</strong> ser dividida em camada papilar, mais externa, e camada reticular,<br />
mais interna. A <strong>de</strong>rme contém muitos tipos diferentes <strong>de</strong> células, incluindo fibroblastos e<br />
fibrócitos, macrófagos, mastócitos e leucócitos sangüíneos, particularmente neutrófilos,<br />
eosinófilos, linfócitos e monócitos (SILVA, 2006).
18<br />
Esta camada fornece uma base firme para a epi<strong>de</strong>rme e para os anexos cutâneos. As<br />
fibras colágenas proporcionam gran<strong>de</strong> força <strong>de</strong> tensão e as fibras elásticas dão flexibilida<strong>de</strong> a<br />
pele. Os plexos vasculares fornecem sangue para a epi<strong>de</strong>rme, sem penetrá-la. O controle<br />
realizado pelo hipotálamo e pelas fibras nervosas simpáticas sobre o fluxo sangüíneo na<br />
<strong>de</strong>rme proporciona um mecanismo <strong>de</strong> termorregulação. As terminações nervosas sensoriais da<br />
<strong>de</strong>rme mantêm o indivíduo em contato com o meio ambiente (CUNHA, 2006).<br />
3.4 – Conceito <strong>de</strong> Feridas<br />
As feridas são modificações da pele ocasionadas por traumas, processos inflamatórios,<br />
<strong>de</strong>generativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> formação. É o<br />
rompimento da estrutura e do funcionamento da estrutura anatômica normal, resultante <strong>de</strong> um<br />
processo patológico que se iniciou interna ou externamente no(s) órgão(s) envolvido(s)<br />
(CUNHA, 2006).<br />
Assim, as células envolvidas nesta ferida ten<strong>de</strong>m a se regenerarem para voltarem à sua<br />
estrutura e função normal (CUNHA, 2006).<br />
3.5 – Processo <strong>de</strong> Cicatrização das Feridas<br />
A cicatrização <strong>de</strong> feridas envolve processos fisiológicos integrados. As camadas <strong>de</strong><br />
tecidos envolvidos e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regeneração <strong>de</strong>terminam o mecanismo para o reparo<br />
<strong>de</strong> qualquer ferida (DOUGHTY & SPARKS-DEFRIESE, 2007).<br />
Existem dois tipos <strong>de</strong> feridas: aquelas com perda <strong>de</strong> tecido e aquelas sem perda <strong>de</strong><br />
tecido. Uma incisão cirúrgica limpa é um exemplo <strong>de</strong> uma ferida com pouca perda <strong>de</strong> tecido.<br />
A ferida cirúrgica cicatriza por primeira intenção. As bordas da pele são aproximadas, ou<br />
fechadas, e o risco <strong>de</strong> infecção é baixo. A cicatrização ocorre rapidamente, com um mínimo<br />
<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> tecido cicatricial, contato que a infecção e uma ruptura secundária sejam<br />
prevenidas (DOUGHTY & SPARKS-DEFRIESE, 2007).
19<br />
Em contraste, uma ferida que envolve perda <strong>de</strong> tecido, tal como uma queimadura,<br />
úlcera <strong>de</strong> pressão, ou laceração severa, cicatriza por segunda intenção. A ferida é <strong>de</strong>ixada<br />
aberta até que ela se torne preenchida por tecido cicatricial. Uma ferida <strong>de</strong>mora mais tempo<br />
para cicatrizar por segunda intenção; assim, a chance <strong>de</strong> infecção é maior. Se a formação do<br />
tecido cicatricial a partir <strong>de</strong> uma cicatrização por segunda intenção for severa, existe<br />
freqüentemente uma perda permanente <strong>de</strong> função tecidual (POTTER, PERRY, 2009).<br />
Terceira intenção é uma ferida <strong>de</strong>liberadamente <strong>de</strong>ixada aberta para possibilitar a<br />
resolução <strong>de</strong> um e<strong>de</strong>ma ou uma infecção ou para permitir remoção <strong>de</strong> um exsudato,<br />
cicatrizam por intenção terciária, ou primeira intenção retardada. Essas feridas acarretam<br />
maior formação <strong>de</strong> cicatrizes do que as feridas que cicatrizam por primeira intenção, mas<br />
menos do que as feridas que cicatrizam por intenção secundária (WILLIAMS & WILKINS,<br />
2008).<br />
3.6 – Classificação das Feridas<br />
As feridas po<strong>de</strong>m ser classificadas pela origem ou pelo tipo do agente causal,<br />
analisando o grau <strong>de</strong> contaminação, on<strong>de</strong> este terá importante papel, pois orientará no<br />
tratamento com antibióticos, pelo tempo <strong>de</strong> traumatismo, pela profundida<strong>de</strong> das lesões<br />
(CUNHA, 2006).<br />
Feridas do tipo agudas são mais fáceis <strong>de</strong> tratar, pois estas respon<strong>de</strong>m ao tratamento e<br />
cicatrizam sem maiores complicações, já as feridas crônicas não respon<strong>de</strong>m tão facilmente<br />
aos tratamentos, estas duram mais ou necessitam <strong>de</strong> recidivas freqüentes (CUNHA, 2006).
20<br />
Tipo <strong>de</strong> Feridas – Tabela 1<br />
TIPO DE FERIDA<br />
COBERTURA INDICADA<br />
Tecido <strong>de</strong> granulação<br />
Hidrocolói<strong>de</strong><br />
Tecido necrosado Alginato <strong>de</strong> cálcio, colagenase ou<br />
sulfadiazina <strong>de</strong> prata<br />
Infectada com ou sem odor<br />
Alginato <strong>de</strong> cálcio e carvão ativado<br />
Tecido <strong>de</strong>svitalizado<br />
Hidrogel ou Hidrocolói<strong>de</strong><br />
Tecido <strong>de</strong>svitalizado + granulação<br />
Hemorrágica<br />
Epitelização<br />
Escara<br />
Hidrogel + Hidrocolói<strong>de</strong> ou Colagenase<br />
Alginato <strong>de</strong> cálcio<br />
Age ou hidrocolói<strong>de</strong>s<br />
Age<br />
3.7 – Etiologia das Lesões<br />
As lesões po<strong>de</strong>m ser classificadas em intencional e não-intencional:<br />
Intencional: Para fins <strong>de</strong> tratamento, como a incisão cirúrgica;<br />
Não-Intencional: Incisas, provocadas por agentes cortantes (facas, etc.); perfurantes<br />
(pregos, etc); contusas (produzidas por objetos que resultam em traumatismo das<br />
partes moles, hemorragia e e<strong>de</strong>ma); lacerantes (bordas irregulares); atrito com<br />
superfícies ásperas; queimaduras provocadas por agentes físicos (como o fogo) ou<br />
químicos (ácidos). Neste Grupo, incluem-se também as escaras, causadas por pressão<br />
em extremida<strong>de</strong>s, levando á <strong>de</strong>ficiência circulatória local e necrose tecidual, e doenças<br />
como a diabetes por <strong>de</strong>ficiência da irrigação tecidual (SOUZA, p.190).<br />
Outra forma <strong>de</strong> classificar é em relação ao grau <strong>de</strong> contaminação:<br />
Quanto ao grau <strong>de</strong> contaminação: De acordo com (SILVA et al. 2010 p247) Feridas<br />
limpas: em que não há processo inflamatório e em que não ocorreu penetração no
21<br />
trato respiratório, digestores e geniturinário, não havendo, portanto, infração dos<br />
princípios <strong>de</strong> técnicas.<br />
Potencialmente Contaminadas: aquela em que ocorre penetração no trato respiratório,<br />
digestores ou geniturinário, sem contaminação significativa; feridas causadas por<br />
cirurgia com pequenas infrações técnicas; feridas drenadas por meios mecânicos;<br />
feridas em áreas <strong>de</strong> difícil anti-sepsia (SILVA et al .2010 p.247).<br />
Contaminadas: aquelas em que há infrações técnicas; gran<strong>de</strong> contaminação a partir do<br />
trato gastrintestinal; feridas traumáticas recentes; penetração nos trato geniturinário ou<br />
biliar, na presença <strong>de</strong> urina ou bile infectada (SILVA et al ., 2010 p.247).<br />
Infectadas: feridas em que o micro-organismo causador já se encontram no campo<br />
operatório antes da cirurgia e que apresentam coleções purulentas, feridas traumáticas<br />
com tecidos <strong>de</strong>svitalizados, vísceras perfuradas, corpo estranho e/ ou contaminação<br />
fecal (SILVA et al. 2010 p.247).<br />
3.8 – Debridamento<br />
Segundo Silva (2009), O <strong>de</strong>bridamento é a remoção do tecido <strong>de</strong>svitalizado presente<br />
na ferida. Seu objetivo é promover a limpeza da ferida, <strong>de</strong>ixando-a em condições a<strong>de</strong>quadas<br />
para cicatrizar, bem como reduzir o conteúdo bacteriano, impedindo a proliferação do mesmo<br />
e ainda preparar a ferida seja para a intervenção cirúrgica ou para a cicatrização propriamente<br />
dita. Atualmente os métodos utilizados na prática clínica são o autolítico, enzimático,<br />
mecânico e cirúrgico.<br />
1) Autolítico – usa as enzimas do próprio organismo humano para dissolver o tecido<br />
necrótico. Isto ocorre quando os curativos oclusivos ou semi-oclusivos são utilizados.<br />
Geralmente não causam dor e requerem pouca habilida<strong>de</strong> técnica para sua realização. O<br />
<strong>de</strong>bridamento po<strong>de</strong> ser bastante lento, entretanto, é o mais seletivo. Na presença <strong>de</strong> infecção<br />
ou em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> necrose assim como em pacientes imuno<strong>de</strong>primidos o seu uso é<br />
contra-indicado. A ferida apresenta odor durante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bridamento. As coberturas
22<br />
sintéticas como hidrocolói<strong>de</strong>, hidrogel e filmes transparentes promovem o <strong>de</strong>bridamento<br />
autolítico (SILVA, 2009).<br />
2) Enzimático – utiliza agentes químicos que são seletivos para o tecido necrótico e<br />
causam danos mínimos em tecidos saudáveis. Po<strong>de</strong>m ser utilizados em feridas extensas com<br />
quantida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> tecido necrótico. Po<strong>de</strong>m ter custo elevado e requerer prescrição<br />
para compra. Os dois agentes mais comuns são a colagenase e papaína. A colagenase é uma<br />
enzima isolada do clostridium hystoliticum. Digere o colágeno, mas não é ativo contra a<br />
queratina, gordura ou fibrina. O pH i<strong>de</strong>al da ferida para o seu uso é 6-8. A papaína é uma<br />
enzima proteolítica <strong>de</strong>rivada do carica papaya. Nos Estados Unidos é combinada com uréia<br />
para ativação e sua ação ocorre com o pH entre 3-12. No Brasil a papaína é encontrada na<br />
forma <strong>de</strong> pó, solúvel em água ou na forma <strong>de</strong> gel. É utilizada em concentrações diferentes <strong>de</strong><br />
2% a 10%, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das características da lesão (SILVA, 2009).<br />
3) Mecânico – Usam a força física para remover o tecido necrótico sendo produzido<br />
pela fricção com pinça e gaze, pela retirada da gaze a<strong>de</strong>rida ao leito da ferida ou pela<br />
hidroterapia que força a remoção. Os curativos <strong>de</strong> gaze não são seletivos e danificam o tecido<br />
saudável ao remover o tecido necrótico; a cicatrização po<strong>de</strong> <strong>de</strong>morar mais tempo. Alguns<br />
pacientes po<strong>de</strong>m não tolerar a pressão da hidroterapia nas irrigações da ferida. Se a<br />
hidroterapia é pelo método tipo hidromassagem, a atenção precisa ser focalizada na prevenção<br />
<strong>de</strong> contaminação cruzada entre os pacientes ocasionada pelo uso comum do equipamento<br />
(SILVA, 2009).<br />
4) Debridamento Cirúrgico ou com instrumental cortante – utiliza métodos cirúrgicos<br />
para remoção do tecido necrótico. É freqüentemente consi<strong>de</strong>rado o método mais efetivo, já<br />
que uma gran<strong>de</strong> excisão po<strong>de</strong> ser feita com a remoção rápida do tecido. É utilizado para<br />
preparar uma ferida para receber o enxerto. É consi<strong>de</strong>rado invasivo e <strong>de</strong> custo elevado, requer<br />
o uso <strong>de</strong> sala cirúrgica. O <strong>de</strong>bridamento instrumental po<strong>de</strong> ser realizado no leito do paciente<br />
por profissional não médico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que habilitado. Para o enfermeiro, esta prática é<br />
regulamentada pelos Conselhos Regionais <strong>de</strong> cada estado (SILVA, 2009).
23<br />
No Brasil, o uso do mamão “in natura” ainda é encontrado como prática popular em<br />
domicílios, para curativos da úlcera na fase <strong>de</strong> necrose, porém, <strong>de</strong>ve ser ressaltada a<br />
importância da limpeza inicial da fruta, a manipulação com material plástico para cortar ou<br />
ralar e a sua refrigeração se for guardada para uso posterior (SILVA, 2009).<br />
3.9 – Coberturas<br />
O tratamento <strong>de</strong> qualquer ferida <strong>de</strong>ve ser personalizado, isto é, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar<br />
todos os fatores individuais do paciente e os recursos materiais e humanos <strong>de</strong> que dispomos.<br />
O produto <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong>ve ser avaliado com relação às indicações, às contra-indicações, aos<br />
custos e a eficácia (SILVIA, 2005).<br />
Segue abaixo alguns produtos <strong>de</strong> uso hospitalar, ambulatorial e domiciliar para o<br />
tratamento <strong>de</strong> feridas.<br />
Tabela 2: Tipos <strong>de</strong> coberturas (SILVIA, 2005)<br />
Cobertura Grupo Composição Mecanismo <strong>de</strong><br />
ação<br />
Indicação<br />
Contra - Indicação<br />
AGE<br />
Dersani<br />
Óleo vegetal<br />
e vitaminas A<br />
e E<br />
Mantém o meio<br />
úmido e acelera<br />
o processo <strong>de</strong><br />
granulação<br />
Prevenção <strong>de</strong><br />
UP e feridas<br />
abertas.<br />
Não há<br />
Alginato <strong>de</strong><br />
cálcio<br />
Absorvente<br />
e<br />
hemostático<br />
Derivados <strong>de</strong><br />
algas<br />
marinhas<br />
Feridas com<br />
exsudação<br />
Lesões<br />
superciais ou<br />
cavitárias<br />
Feridas secas<br />
Carvão ativado<br />
e prata<br />
Antibiótico<br />
bactericida<br />
Prata e em<br />
algumas<br />
<strong>de</strong>las carvão<br />
A prata é um<br />
agente<br />
antibacteriano<br />
efetivo, e o<br />
carvão absorve<br />
substâncias<br />
Feridas<br />
infectadas<br />
exsudativas<br />
Feridas secas,<br />
limpas ou<br />
queimados.
24<br />
químicas<br />
liberadas <strong>de</strong><br />
feridas com<br />
mau odor.<br />
Filme<br />
semipermeável<br />
Protetores,<br />
coberturas<br />
finas ou<br />
secundárias<br />
Filme <strong>de</strong><br />
poliuretano,<br />
transparente<br />
elástica,<br />
a<strong>de</strong>rente a<br />
superfícies<br />
secas<br />
Proporciona<br />
ambiente<br />
úmido<br />
favorável a<br />
cicatrização,<br />
possui<br />
permeabilida<strong>de</strong><br />
seletiva.<br />
Feridas secas,<br />
prevenção <strong>de</strong><br />
UP e<br />
queimaduras<br />
<strong>de</strong> 1º e 2º<br />
graus.<br />
Feridas com muito<br />
exsudato e feridas<br />
infectadas.<br />
Hidropolímeros Absorventes<br />
Almofada <strong>de</strong><br />
espuma<br />
revestida por<br />
poliuretano<br />
Proporciona<br />
um ambiente<br />
úmido e<br />
estimula o<br />
<strong>de</strong>bridamento<br />
autolítico e<br />
Absorve o<br />
exsudato.<br />
Tratamentos<br />
<strong>de</strong> feridas<br />
abertas nãoinfectadas.<br />
Queimaduras <strong>de</strong> 3º<br />
grau, feridas<br />
infectadas com<br />
tecido <strong>de</strong>svitalizado<br />
Hidrogel<br />
Umidificant<br />
e e acelera o<br />
<strong>de</strong>bridament<br />
o autolítico.<br />
Água<br />
(77,7%).<br />
Carboximetil<br />
celulose-<br />
CMC (2,3%)<br />
Propilenoglic<br />
ol-PPG<br />
(20%)<br />
Amolece e<br />
remove o<br />
tecido<br />
<strong>de</strong>svitalizado.<br />
Água: mantém<br />
meio úmido.<br />
CMC facilita a<br />
reidrataçao.<br />
PPG: estimula<br />
a liberação <strong>de</strong><br />
exsudado.<br />
Remove<br />
crostas e<br />
tecidos<br />
<strong>de</strong>svitalizados<br />
<strong>de</strong> feridas<br />
abertas.<br />
Pele íntegra e<br />
incisões cirúrgicas<br />
fechadas<br />
Hidrocoloi<strong>de</strong><br />
Umidificant<br />
es e<br />
aceleradores<br />
do<br />
<strong>de</strong>bridament<br />
o autolítico<br />
Feita <strong>de</strong><br />
celulose,<br />
gelatinas, e<br />
pectinase <strong>de</strong><br />
um<br />
revestimento<br />
<strong>de</strong> filme ou<br />
espuma <strong>de</strong><br />
poliuretano.<br />
Estimula a<br />
angiogênese e o<br />
<strong>de</strong>bridamento<br />
autolítico.<br />
Acelera o<br />
processo <strong>de</strong><br />
granulação<br />
tecidual.<br />
Prevenção <strong>de</strong><br />
tratamento <strong>de</strong><br />
feridas abertas<br />
não-infectadas<br />
Feridas infectadas,<br />
com tecido<br />
<strong>de</strong>svitalizado e<br />
queimaduras <strong>de</strong> 3º<br />
grau.
25<br />
Bota Unna<br />
Gaze elástica<br />
contendo<br />
óxido <strong>de</strong><br />
zinco,<br />
glicerina,<br />
gelatina em<br />
pó e água.<br />
Facilita o<br />
retorno venoso<br />
e auxilia na<br />
cicatrização <strong>de</strong><br />
úlceras. Evita o<br />
e<strong>de</strong>ma dos<br />
membros<br />
inferiores.<br />
Tratamento<br />
ambulatorial e<br />
domiciliar <strong>de</strong><br />
úlceras<br />
venosas <strong>de</strong><br />
perna e e<strong>de</strong>ma<br />
linfático.Úlcer<br />
a venosa e<br />
e<strong>de</strong>ma.<br />
Úlceras arteriais e<br />
úlceras<br />
arteriovenosas.<br />
Presença <strong>de</strong><br />
infecção ou milíase.<br />
Papaína<br />
Enzima<br />
proteolítica<br />
retirada do<br />
látex do<br />
vegetal mamão<br />
papaia. Po<strong>de</strong><br />
ser utilizada<br />
em forma <strong>de</strong><br />
pó ou em<br />
forma <strong>de</strong> gel.<br />
Provoca<br />
dissociação das<br />
moléculas <strong>de</strong><br />
proteínas,<br />
resultando em<br />
<strong>de</strong>sbridamento<br />
químico. Tem<br />
ação bactericida<br />
e bacteriostática,<br />
estimula a força<br />
tênsil da cicatriz<br />
e acelera a<br />
cicatrização.<br />
Tratamento <strong>de</strong><br />
úlceras abertas,<br />
infectadas e<br />
<strong>de</strong>sbridamento<br />
<strong>de</strong> tecidos<br />
<strong>de</strong>svitalizados<br />
ou necróticos.<br />
Contato.<br />
Contato com metais<br />
(oxidação).<br />
4 – METODOLOGIA<br />
4.1 – Tipo <strong>de</strong> Estudo<br />
O presente estudo é uma pesquisa exploratória e <strong>de</strong>scritiva. Segundo Gil (1996), um<br />
estudo é consi<strong>de</strong>rado exploratório quando o objetivo for proporcionar maior familiarida<strong>de</strong><br />
com o problema, permitindo assim ao investigador aumentar a sua experiência com o<br />
problema auxiliando-o na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> elementos e resultados <strong>de</strong>sejados (ALMEIDA, 2005).
26<br />
A abordagem é quantitativa. Enten<strong>de</strong>-se como estudo quantitativo, quando utiliza a<br />
coleta <strong>de</strong> dados e a análise <strong>de</strong> dados para respon<strong>de</strong>r às questões <strong>de</strong> pesquisa e testar as<br />
hipóteses estabelecidas, confia na medicação numérica, contagem e com freqüência no uso da<br />
estática para estabelecer com exatidão o comportamento <strong>de</strong> uma população (SAMPIERI,<br />
2006).<br />
4.2 – Local da Pesquisa<br />
A pesquisa foi realizada na Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pronto Socorro e<br />
Ortopedia do Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia: por ser um local <strong>de</strong> fácil acesso aos estudantes<br />
da UCB. Além disso trata-se <strong>de</strong> um hospital típico da SES-DF que aten<strong>de</strong> a população geral.<br />
4.3 – Amostra<br />
A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo, ou seja, é um<br />
subconjunto do universo (MARCONI; LAKATOS, 2003).<br />
A totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfermeiros do Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia é <strong>de</strong> 80 enfermeiros.<br />
Os entrevistados representaram 26,25% do total.<br />
4.4 – Critérios <strong>de</strong> Inclusão<br />
Ser enfermeiros;<br />
Atuar na Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pronto Socorro e Ortopedia;<br />
Realizar práticas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> feridas;<br />
Aceitar voluntariamente participar da pesquisa.
27<br />
4.5 – Critérios <strong>de</strong> Exclusão<br />
Não ser enfermeiro;<br />
Não atuar na Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pronto Socorro e Ortopedia;<br />
Não realizar práticas no tratamento <strong>de</strong> feridas;<br />
Não aceitar voluntariamente participar da pesquisa.<br />
4.6 – Coleta <strong>de</strong> Dados<br />
A coleta <strong>de</strong> dados foi realizada por meio <strong>de</strong> um questionário elaborado, com perguntas<br />
fechadas para os profissionais da enfermagem que atuam na Clínica Médica, Clínica<br />
Cirúrgica, Pronto Socorro e Ortopedia do Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia. Foram aplicados 21<br />
questionários.<br />
4.7 – Instrumentos<br />
O questionário foi elaborado com base nos principais critérios i<strong>de</strong>ntificados na<br />
literatura sobre as formas <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pacientes portadores <strong>de</strong> feridas.<br />
4.8 – Análise dos dados<br />
Os dados foram tabulados no Excel versão 2007. A análise constituiu na i<strong>de</strong>ntificação<br />
<strong>de</strong> freqüências e percentuais, bem como a i<strong>de</strong>ntificação das médias aritméticas das variáveis<br />
contidas: ida<strong>de</strong>, tempo <strong>de</strong> formação e tempo <strong>de</strong> serviço.
28<br />
4.9 – Aspectos Éticos<br />
Em relação à questão ética da pesquisa, todas as recomendações da legislação 196/96<br />
do Conselho Nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> foram respeitados, sendo garantido aos profissionais todos os<br />
direitos por meio do consentimento livre e esclarecidos. A pesquisa foi submetida ao Comitê<br />
<strong>de</strong> Ética em Pesquisa da SES-DF e foi aprovado conforme protocolo 088/2011.
29<br />
5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Foram analisados 21 questionários aplicados aos enfermeiros da Clínica Médica,<br />
Clínica Cirúrgica, Pronto Socorro e Ortopedia do Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia-DF. Os<br />
dados serão apresentados em sete tópicos: perfil dos entrevistados, a atuação dos enfermeiros<br />
no cuidado as feridas, classificação das feridas mais tratadas, a realização dos curativos,<br />
existência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> cuidados para tratamento <strong>de</strong> feridas, continuida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong><br />
feridas pelos enfermeiros e <strong>de</strong>legar a função <strong>de</strong> realizar curativos ao técnico <strong>de</strong> enfermagem.<br />
Os dados serão apresentados através <strong>de</strong> tabelas e discussões, feitas a partir da analise<br />
dos dados contidos nos questionários que foram aplicados no período <strong>de</strong> 01/04/2011 a<br />
10/04/2011.<br />
5.1 – Perfil dos Entrevistados<br />
Na faixa etária dos entrevistados prevaleceu a ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 45 anos, perfazendo um<br />
total <strong>de</strong> 17 aos 21 entrevistados, com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 48 anos. Com relação à especialida<strong>de</strong><br />
66,60% tinham algum tipo <strong>de</strong> especialização, sendo que nenhum possuía mestrado ou<br />
doutorado. Dos que informaram terem feito especialização, a maior parte era especializada em<br />
docência em ensino superior que obteve 24% dos resultados. O tempo <strong>de</strong> serviço foi <strong>de</strong> em<br />
média 20 anos e a média <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> formado foi <strong>de</strong> 18 anos. Verificamos também que 80,95%<br />
dos entrevistados participaram <strong>de</strong> cursos sobre atualização em feridas.
30<br />
Tabela 1- Perfil dos enfermeiros entrevistados por faixa etária, lotação, formação, tempo <strong>de</strong><br />
serviço e capacitação em feridas. Brasília-DF, 2011.<br />
FAIXA ETARIA<br />
30 a 34<br />
35 a 39<br />
45 a 49<br />
50 a 54<br />
Acima <strong>de</strong> 55<br />
Média<br />
LOTAÇÃO<br />
Pronto socorro<br />
Clínica médica<br />
Clínica cirúrgica<br />
Ortopedia<br />
FORMAÇÃO<br />
Graduação<br />
Especialistas<br />
TIPO DE ESPECIALIDADE<br />
Terapia intensiva<br />
Clínica médica<br />
Pediatria<br />
Docência em ensino superior<br />
Outros<br />
TEMPO DE SERVIÇO<br />
Menos <strong>de</strong> 5 anos<br />
6 a 15<br />
16 a 25<br />
Acima <strong>de</strong> 25<br />
Média<br />
TEMPO DE FORMAÇÃO<br />
Menos <strong>de</strong> 5 anos<br />
6 a 15<br />
16 a 25<br />
Acima <strong>de</strong> 25<br />
Média<br />
PARTICIPAÇÃO EM CURSOS DE FERIDAS<br />
Sim<br />
Não<br />
N %<br />
2<br />
2<br />
7<br />
5<br />
5<br />
48<br />
9<br />
4<br />
4<br />
4<br />
7<br />
14<br />
4<br />
1<br />
1<br />
5<br />
10<br />
4<br />
2<br />
6<br />
9<br />
20<br />
5<br />
3<br />
6<br />
8<br />
18<br />
17<br />
4<br />
9,52%<br />
9,52%<br />
33,30%<br />
23,80%<br />
23,80%<br />
40%<br />
20%<br />
20%<br />
20%<br />
33,30%<br />
66,66%<br />
18%<br />
5%<br />
5%<br />
24%<br />
47,6%<br />
19,04%<br />
9,52%<br />
28,57%<br />
38,09%<br />
23,80%<br />
14,28%<br />
28,57%<br />
38,09%<br />
80,95%<br />
19,04%<br />
5.2 - A Atuação dos Enfermeiros no Cuidado das Feridas<br />
Neste tópico, foi feita uma análise sobre atuação dos enfermeiros no cuidado das<br />
feridas. Essa análise foi dividida em: anotações <strong>de</strong> enfermagem, classificação das feridas mais
31<br />
tratadas, a realização dos curativos, existência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> cuidado para o tratamento <strong>de</strong><br />
feridas, <strong>de</strong>legar a função <strong>de</strong> realizar curativos ao técnico <strong>de</strong> enfermagem.<br />
5.2.1- Anotações <strong>de</strong> enfermagem<br />
Em relação às anotações <strong>de</strong> enfermagem ao término do curativo, observou-se que 90%<br />
dos profissionais realizam anotações <strong>de</strong> enfermagem ao término <strong>de</strong> cada curativo. Apenas<br />
4,76% realizam as anotações <strong>de</strong> enfermagem no prontuário, os <strong>de</strong>mais fazem as anotações no<br />
relatório <strong>de</strong> enfermagem ou no verso da prescrição.<br />
Para que se tenha uma comunicação mais concreta sobre os pacientes, é necessário<br />
que todas as anotações sejam feitas no prontuário médico, não esquecendo <strong>de</strong> que é um<br />
documento <strong>de</strong> extrema importância, e on<strong>de</strong> ficam anotadas todo o histórico do paciente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
sua internação até sua alta hospitalar.<br />
As informações do paciente, geradas durante seu internamento, construirão o<br />
documento chamado <strong>de</strong> prontuário médico (PM) que, segundo o Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Medicina-CFM (Resolução nº 1.331/89), consiste em um conjunto <strong>de</strong> documentos<br />
padronizados e or<strong>de</strong>nados, provenientes <strong>de</strong> várias fontes, <strong>de</strong>stinado ao registro dos cuidados<br />
profissionais prestados ao paciente (SOUZA, 2005).<br />
Os registros no prontuário do paciente, feitos pela equipe <strong>de</strong> enfermagem, <strong>de</strong>vem<br />
refletir as condições biopsico-sócio-espirituais, on<strong>de</strong> são relatadas todas as ocorrências que<br />
tenham relação com este paciente, possibilitando a elaboração <strong>de</strong> um plano e a continuida<strong>de</strong><br />
dos cuidados (SETZ E D’ INNOCENZO, 2007).
32<br />
5.2.2- Classificação das feridas mais tratadas<br />
As feridas mais tratadas foram as úlceras por pressão com 33,33% e os estágios <strong>de</strong>ssas<br />
úlceras eram II e III, ambas obtiveram 19,04% dos resultados. As necroses mais tratadas<br />
foram às escaras com 66.66% e o exsudato mais comum foi o purulento e serosanguinolento,<br />
ambos com 19,04% dos resultados.<br />
As úlceras por pressão (UP) sempre foram um problema para os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />
especialmente para as equipes <strong>de</strong> enfermagem e multidisciplinar, como um todo, pela<br />
incidência, prevalência e particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento, prolongando a internação e a<br />
morbida<strong>de</strong> dos pacientes (SILVIA, 2005).<br />
De acordo com a pesquisa realizada, as UP foram às feridas que mais prevaleceram, o<br />
que se torna uma condição <strong>de</strong> dor e sofrimento para os pacientes, sendo também uma porta <strong>de</strong><br />
entrada para infecções que dificultam a recuperação, aumentando assim seu tempo <strong>de</strong><br />
internação, e que também geram custos para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />
Exsudação é o extravasamento <strong>de</strong> líquido da ferida, <strong>de</strong>vido ao aumento da<br />
permeabilida<strong>de</strong> capilar. Com relação aos estágios das feridas, Souza (2005) diz que as feridas<br />
em estágio I: atingem a epi<strong>de</strong>rme; estágio II: atingem a <strong>de</strong>rme, caracterizam-se por abrasão ou<br />
úlcera, ocorrendo perda tecidual e comprometimento da epi<strong>de</strong>rme, <strong>de</strong>rme ou ambas. Estágio<br />
III: atingem o subcutâneo; caracterizando-se por presença <strong>de</strong> úlcera profunda, com<br />
comprometimento total da pele e necrose <strong>de</strong> tecido subcutâneo, porém a lesão não se esten<strong>de</strong><br />
até a fáscia muscular; estágio IV: atinge músculos e estruturas ósseas.
33<br />
Tabela 2: Classificação das feridas por: ferida mais tratada, exsudato mais comum, necrose<br />
mais comum e estagio das úlceras por pressão. Brasília-DF, 2011.<br />
FERIDAS MAIS TRATADAS<br />
Úlceras por pressão<br />
Incisas ou cortantes, escoriações e UP<br />
Corto - contusas e UP<br />
Escoriações e UP<br />
Incisas ou cortantes e UP<br />
Todas<br />
EXSUDATO MAIS COMUM<br />
Serosanguinolento<br />
Purulento<br />
Piosanguinolento<br />
Serosanguinolento e purulento<br />
Purulento e piosanguinolento<br />
Seroso, serosanguinolento e purulento<br />
Todas<br />
N %<br />
7<br />
3<br />
1<br />
2<br />
3<br />
3<br />
4<br />
4<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
5<br />
33,33%<br />
14,28%<br />
4,76%<br />
9,52%<br />
14,28%<br />
14,28%<br />
19,04%<br />
19,04%<br />
9,52%<br />
9,52%<br />
9,52%<br />
9,52%<br />
23,28%<br />
NECROSES MAIS TRATADAS<br />
Esfacelo<br />
Escaras<br />
Os dois<br />
ESTÁGIO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO<br />
I<br />
II<br />
III<br />
II e III<br />
III e IV<br />
I,III e IV<br />
I,II e III<br />
I e II<br />
Todas<br />
4<br />
14<br />
3<br />
1<br />
4<br />
4<br />
1<br />
3<br />
1<br />
2<br />
2<br />
3<br />
19,04%<br />
66,66%<br />
14,28%<br />
4,76%<br />
19,04%<br />
19,04%<br />
4,76%<br />
14,28%<br />
4,76%<br />
9,52%<br />
9,52%<br />
14,28%<br />
5.2.3 - A realização dos curativos<br />
De acordo com a pesquisa para a realização dos curativos, as coberturas mais<br />
utilizadas são o AGE e a colagenase com 23,80% dos resultados, e esses curativos são feitos<br />
apenas com luvas estéreis, obtendo 52,3% dos resultados.<br />
O procedimento técnico para a realização <strong>de</strong> qualquer procedimento tem a função <strong>de</strong><br />
padronizar e homogeneizar condutas. A técnica e os materiais para a execução dos curativos<br />
são fatores que <strong>de</strong>vem ser observados tanto quanto a escolha a<strong>de</strong>quada do produto <strong>de</strong>
34<br />
tratamento. Para a realização <strong>de</strong> curativos, há a possibilida<strong>de</strong> da escolha da técnica limpa ou<br />
estéril. (SILVIA, 2005).<br />
O AGE, <strong>de</strong> acordo com Silvia (2005), é um produto a base <strong>de</strong> ácidos graxos essenciais<br />
(ácido linoléico, ácido caprilíco e ácido cáprico), vitaminas A e E e lectina <strong>de</strong> soja. Esses<br />
produtos po<strong>de</strong>m ser utilizados tanto no tratamento <strong>de</strong> lesões como na profilaxia <strong>de</strong> úlceras <strong>de</strong><br />
pressão. Confrontando essa citação com a pesquisa realizada, significa dizer que o AGE é<br />
uma cobertura que esta sendo usada corretamente se tratando das UP que foram as feridas<br />
mais encontradas, já em feridas com cicatrização por primeira intenção o uso é ina<strong>de</strong>quado.<br />
A colagenase é um curativo composto <strong>de</strong> colágeno e alginato que fornece apoio<br />
estrutural para o crescimento celular favorecendo a condição i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> meio úmido. É<br />
altamente absorvente para feridas com mo<strong>de</strong>rada a intensa exsudação, mantém um<br />
microambiente fisiologicamente úmido na superfície da ferida que é condutiva a formação <strong>de</strong><br />
tecido <strong>de</strong> granulação, epitelização e faz com que a cicatrização ocorra mais rapidamente<br />
(SILVIA, 2005). Esse produto se tratando das feridas exsudativas, está sendo usado <strong>de</strong><br />
maneira correta, porém seu uso incorreto está em feridas sem ou com pouca exsudação.<br />
De acordo com Gomes (2005), os materiais utilizados são: ban<strong>de</strong>ja contendo 01 pacote<br />
<strong>de</strong> curativo estéril (com 02 pinças e gases); gases estéreis, esparadrapo (micropore) soro<br />
fisiológico 0,9% e luvas <strong>de</strong> procedimento.<br />
Consi<strong>de</strong>rando os materiais utilizados para realização <strong>de</strong> curativos, os resultados da<br />
pesquisa não se assemelham corretamente a citação <strong>de</strong> Gomes (2005), pois na pesquisa os<br />
curativos são feitos 52,3% apenas com luvas estéreis.
35<br />
Tabela 3: Classificação da realização dos curativos por: coberturas mais utilizadas e<br />
realização dos curativos. Brasília-DF, 2011.<br />
COBERTURAS MAIS UTILIZADAS<br />
Alginato <strong>de</strong> cálcio<br />
AGE<br />
Colagenase<br />
AGE e colagenase<br />
Purilon, alginato <strong>de</strong> cálcio e AGE<br />
AGE, colagenase e carvão ativado<br />
AGE e carvão ativado<br />
Todas<br />
REALIZAÇÃO DOS CURATIVOS<br />
Pinças<br />
Luvas estéreis<br />
Os dois ao mesmo tempo<br />
N %<br />
2<br />
3<br />
1<br />
5<br />
1<br />
1<br />
1<br />
7<br />
1<br />
11<br />
9<br />
9,52%<br />
14,28%<br />
4,76%<br />
23,80%<br />
4,76%<br />
4,76%<br />
4,76%<br />
33,33%<br />
4,76%<br />
52,3%<br />
42,8%<br />
5.2.4 - Existência <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> cuidado para tratamento <strong>de</strong> feridas<br />
Dos 21 entrevistados, 15 respon<strong>de</strong>ram que não realizam nenhum tipo <strong>de</strong> planos <strong>de</strong><br />
cuidado e apenas 6 respon<strong>de</strong>ram que sim. Os tipos <strong>de</strong> planos que os entrevistados afirmaram<br />
fazer são conforme a evolução das feridas.<br />
A <strong>de</strong>cisão quanto ao tipo do tratamento e orientações para prevenção <strong>de</strong> feridas<br />
exigem conhecimento técnico e científico <strong>de</strong> um enfermeiro. É fundamental para esses<br />
profissionais atualizarem os conhecimentos sobre esse assunto, pois a construção <strong>de</strong> pesquisas<br />
é dinâmica e, constantemente, novos conhecimentos são incorporados ou <strong>de</strong>scartados quando<br />
ultrapassados. (GARCIA, 2007).<br />
Os planos <strong>de</strong> cuidados não são feitos pela maioria dos entrevistados, o que é<br />
equivalente a 71,4% dos resultados. Isso mostra que não há uma orientação nem<br />
conhecimento técnico e cientifico para a elaboração <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> cuidados eficientes que<br />
levem a um diagnóstico positivo.
36<br />
5.2.5- Continuida<strong>de</strong> do tratamento <strong>de</strong> feridas pelos enfermeiros<br />
Em relação à continuida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong> feridas pelos enfermeiros, 52,3% dão<br />
continuida<strong>de</strong> ao tratamento <strong>de</strong> feridas. Essa continuida<strong>de</strong> é feita 28,6% pelo relatório <strong>de</strong><br />
enfermagem e passagem <strong>de</strong> plantão, apenas 14,28% fazem a continuida<strong>de</strong> através do<br />
prontuário.<br />
Os registros no prontuário do paciente feitos pela equipe <strong>de</strong> enfermagem <strong>de</strong>vem<br />
refletir as condições biopsico-sócio-espirituais, on<strong>de</strong> são relatadas todas as ocorrências que<br />
tenham relação com este paciente, possibilitando a elaboração <strong>de</strong> um plano e a continuida<strong>de</strong><br />
dos cuidados (SETZ E D’ INNOCENZO, 2007).<br />
A continuida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong> feridas não é feita corretamente, pois é preciso que<br />
essa a mesma seja feita através do prontuário médico, e pelos resultados que foram obtidos na<br />
pesquisa isso não acontece. O prontuário é o documento mais preciso, pois nele estão contidos<br />
todos os dados do paciente, po<strong>de</strong>ndo ser a principal forma <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao tratamento<br />
<strong>de</strong> feridas.<br />
5.2.6- Delegar a função <strong>de</strong> realizar curativos ao técnico <strong>de</strong> enfermagem<br />
Dos 21 sujeitos entrevistados 8 afirmam <strong>de</strong>legar essa função aos técnicos <strong>de</strong><br />
enfermagem, apenas 3 disseram que não e 10 afirmaram <strong>de</strong>legar essa função as vezes. De<br />
acordo com a pesquisa, os curativos que são <strong>de</strong>legados aos técnicos <strong>de</strong> enfermagem, 80% são<br />
os curativos simples.<br />
De acordo com o Decreto 94.406/87, que regulamenta a Lei do exercicío profissional,<br />
número 7.498/86, em seu Artigo 11 <strong>de</strong>creta que cabe ao Técnico <strong>de</strong> Enfermagem, além <strong>de</strong><br />
outras ativida<strong>de</strong>s, fazer curativos, sendo ele <strong>de</strong> característica simples.
37<br />
Consi<strong>de</strong>rando a pesquisa realizada, todo curativo complexo é feito exclusivamente<br />
pelo enfermeiro, quando algum curativo é <strong>de</strong>legado ao técnico <strong>de</strong> enfermagem, esse curativo é<br />
<strong>de</strong> característica simples.
38<br />
CONCLUSÃO<br />
Os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho eram analisar se os enfermeiros fazem a avaliação e um<br />
plano <strong>de</strong> cuidado das feridas, como também avaliar se usam corretamente as coberturas. Foi<br />
visto que 80,9% dos entrevistados participaram <strong>de</strong> cursos sobre atualização em feridas, porém<br />
não é feita uma avaliação das lesões, e que não há planos <strong>de</strong> cuidado. As anotações <strong>de</strong><br />
enfermagem pouco são feitas no prontuário dos pacientes, o que implica em uma falta <strong>de</strong><br />
comunicação, pois é no prontuário on<strong>de</strong> estão todas as informações dos pacientes.<br />
As coberturas não são usadas a<strong>de</strong>quadamente, há uma gran<strong>de</strong> falta das mesmas na<br />
unida<strong>de</strong>, impedindo assim um tratamento correto e muitas vezes agravando ainda mais a<br />
lesão. Não existe uma rotina para dar continuida<strong>de</strong> ao tratamento <strong>de</strong> feridas, e quando é feito<br />
não é da forma mais correta, pois <strong>de</strong>veriam ser através do prontuário. As informações são<br />
passadas na maior parte pela passagem <strong>de</strong> plantão e pelo relatório <strong>de</strong> enfermagem.<br />
Para que haja uma melhor prática no tratamento <strong>de</strong> feridas, é necessário que a equipe<br />
<strong>de</strong> enfermagem elabore planos <strong>de</strong> cuidados, façam as anotações <strong>de</strong> enfermagem no prontuário<br />
para que haja uma comunicação mais clara em relação aos pacientes, dando continuida<strong>de</strong> no<br />
tratamento <strong>de</strong> feridas e contribuindo assim para uma evolução positiva, não esquecendo<br />
também <strong>de</strong> fazer uma avaliação correta da lesão para que sejam usadas coberturas a<strong>de</strong>quadas<br />
para cada tipo <strong>de</strong> ferida.
39<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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SILVIA A. Jorge, Sônia Regina P. E. Dantas. Abordagem Multiprofissional do<br />
Tratamento <strong>de</strong> Feridas. São Paulo; Editora Atheneu, 2005.<br />
SILVA Carlos Lyra, FIGUEREDO Nébia Maria <strong>Almeida</strong>, MEIRELES, Isabella Barbosa.<br />
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OLIVEIRA, Juliana Trench Ciampone <strong>de</strong>. Revisão Sistemática <strong>de</strong> Literatura sobre o uso<br />
terapêutico do Ozônio em ferida. 2007. Disponível em Juliane_Trench.Acesso
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MORAIS, Gleicyane Ferreira da cruz, Simone Helena dos Santos, Maria Julia Guimarães<br />
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PEREIRA, Ângela Lima - Revisão sistematização da literatura sobre produto usado no<br />
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MONTENEGRO, Carla, Edgar <strong>de</strong> Barros Lima- Artigos A oxigenoterapia Hiperbárica<br />
como tratamento complementar das úlceras <strong>de</strong> membros inferiores Parte1. 2007.<br />
Disponível:HTTP://200.234.220.36/paginas/revistas/<strong>pdf</strong>/2003/02/medicinahiperarica.<strong>pdf</strong>>Ace<br />
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HTTP://www.scielo.br/<strong>pdf</strong>/ape/v2n/pt_18.<strong>pdf</strong>> Acesso em 20 novembro 2010
41<br />
ANEXOS<br />
Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE<br />
O (a) Senhor (a) está sendo convidada a participar do projeto: Análise da Atuação dos<br />
Enfermeiros no Tratamento <strong>de</strong> Feridas no Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia. O nosso objetivo é<br />
avaliar o grau <strong>de</strong> conhecimento e envolvimento dos profissionais <strong>de</strong> enfermagem no<br />
tratamento <strong>de</strong> feridas.<br />
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no <strong>de</strong>correr da<br />
pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo<br />
através da omissão total <strong>de</strong> quaisquer informações que permitam i<strong>de</strong>ntificá-lo (a)<br />
A sua participação será através <strong>de</strong> um questionário que você <strong>de</strong>verá respon<strong>de</strong>r na data<br />
combinada. Não existe obrigatoriamente, um tempo pré-<strong>de</strong>terminado, para respon<strong>de</strong>r o<br />
questionário. Será respeitado o tempo <strong>de</strong> cada um para respondê-lo. Informamos que a Senhor<br />
(a) po<strong>de</strong> se recusar a respon<strong>de</strong>r qualquer questão que lhe traga constrangimento, po<strong>de</strong>ndo<br />
<strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o senhor<br />
(a).<br />
Os resultados da pesquisa serão divulgados aqui no Hospital Regional <strong>de</strong> Ceilândia e<br />
na Instituição, Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Brasília po<strong>de</strong>ndo ser publicados posteriormente. Os<br />
dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do pesquisador.<br />
Se o Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para:<br />
Dr (a). Leila Bernarda Donato Gottems na instituição Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Brasília,<br />
telefone: (61)3356-9052 ou (61)3356-9225, no horário: 08h00min ao 12h00min e das<br />
14h00min ás 17h00min.<br />
Este projeto foi Aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da SES/DF. As dúvidas<br />
com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa po<strong>de</strong>m ser obtidos<br />
através do telefone: (61) 3325-4955.<br />
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador<br />
responsável e a outra com o sujeito da pesquisa.<br />
______________________________________________
42<br />
Nome / assinatura:<br />
____________________________________________<br />
Pesquisador Responsável<br />
Nome e assinatura:<br />
Brasília, ___ <strong>de</strong> __________<strong>de</strong> _______
43<br />
QUESTIONÁRIO<br />
1. Dados pessoais<br />
1.1 Ida<strong>de</strong>: ____________<br />
1.2 Lotação: ___________________________________<br />
1.3 Formação: ( ) bacharel em Enfermagem ( ) especialista ( ) mestrado ( )<br />
doutorado<br />
1.4 Qual área <strong>de</strong> especialida<strong>de</strong>?______________________________________________<br />
2. Dados funcionais<br />
2.1 Tempo <strong>de</strong> serviço: __________________<br />
2.2 Tempo <strong>de</strong> formação: ________________<br />
2.3 Realizou curso <strong>de</strong> atualização nos últimos 2 anos:? ( ) sim ( ) não<br />
Qual curso? _________________________________________________<br />
2.4 Já participou <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> atualização <strong>de</strong> feridas: ( ) sim ( ) não<br />
2.5 Como você classifica esse curso <strong>de</strong> atualização?<br />
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) insatisfatório<br />
2.6 Realiza anotações <strong>de</strong> enfermagem ao término <strong>de</strong> cada curativo?<br />
( ) sim ( ) não<br />
2.7 Aon<strong>de</strong> você realiza suas anotações?<br />
( ) prontuário ( ) relatório <strong>de</strong> enfermagem ( ) verso da prescrição médica
44<br />
3. Classificação das feridas<br />
3.1 Quanto ao agente causal, às feridas mais comuns tratadas por você são:<br />
( ) incisas ou cortantes ( ) corto-contusas ( ) perfuro-contusas ( ) escoriações<br />
( ) úlcera por pressão<br />
3.2 Qual o tipo <strong>de</strong> exsudato mais encontrado?<br />
( ) seroso ( ) serosanguinolento ( ) sanguinolento ( ) purulento ( ) piosanguinolento<br />
3.3 Qual o tipo <strong>de</strong> necrose mais comum?<br />
( ) esfacelo ( ) escara<br />
3.4 As úlceras por pressão se encontram mais em que estágio?<br />
( ) I ( ) II ( ) III ( ) V<br />
3.5 Qual a cobertura mais utilizada?<br />
( ) purilon ( ) alginato <strong>de</strong> cálcio ( ) AGE ( ) colagenase ( ) carvão ativado ( ) outra<br />
Qual?______________________________________<br />
3.6 Você realiza os curativos mais com?<br />
Pinças ( ) luva estéril ( ) com os dois ao mesmo tempo<br />
3.7 Há algum plano <strong>de</strong> cuidados para o tratamento <strong>de</strong> feridas em sua unida<strong>de</strong>?<br />
( ) sim ( ) não<br />
Qual?________________________________________________________<br />
3.8 Há continuida<strong>de</strong> no tratamento <strong>de</strong> férias pelos enfermeiros <strong>de</strong> sua unida<strong>de</strong>?<br />
Sim ( ) não ( ) às vezes ( )<br />
3.9 Como é a comunicação entre os enfermeiros para dar continuida<strong>de</strong> há tratamento<br />
uniforme <strong>de</strong> uma lesão?
45<br />
3.10 Através do prontuário ( ) Livro <strong>de</strong> Relatório <strong>de</strong> Enfermagem ( ) passagem <strong>de</strong><br />
plantão<br />
( ) não há nenhum tipo <strong>de</strong> comunicação<br />
3.11 Você <strong>de</strong>lega a função <strong>de</strong> realizar curativo ao técnico <strong>de</strong> enfermagem?<br />
Sim ( ) não ( ) às vezes ( )<br />
3.12 O curativo <strong>de</strong>legado ao técnico <strong>de</strong> enfermagem é consi<strong>de</strong>rado:<br />
( ) simples ( ) complexo