A coesão textual na tessitura do texto: a ... - Celsul.org.br
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Essa mudança <strong>do</strong> status informacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> referente foi alterada paulati<strong>na</strong>mente. Na<<strong>br</strong> />
primeira retomada o pronome pessoal ele constitui ape<strong>na</strong>s uma indicação, uma<<strong>br</strong> />
si<strong>na</strong>lização para o leitor de que o referente está no foco de atenção, ou seja, está ativo.<<strong>br</strong> />
A segunda reativação se dá por meio de uma relação homonímia representada<<strong>br</strong> />
pelo vocábulo o homem, que remete ao vocábulo pai. A ativação por meio de uma<<strong>br</strong> />
expressão nomi<strong>na</strong>l definida, então, pressupõe compartilhamento de conhecimento por<<strong>br</strong> />
parte de locutor e ouvinte/ leitor.<<strong>br</strong> />
A ativação seguinte dá-se pelo uso de uma expressão nomi<strong>na</strong>l indefinida, pois<<strong>br</strong> />
quan<strong>do</strong> retrata um homem não pressupõe sua existência, não pelo menos <strong>na</strong> condição<<strong>br</strong> />
lançada ao sintagma introdutório meu pai.<<strong>br</strong> />
Quan<strong>do</strong> reativa, então, através <strong>do</strong> sintagma nomi<strong>na</strong>l a mão peluda, o uso da<<strong>br</strong> />
descrição nomi<strong>na</strong>l definida pelo <strong>na</strong>rra<strong>do</strong>r objetiva-se a identificar o referente, não<<strong>br</strong> />
haven<strong>do</strong> necessidade de pormenores. Mesmo que ainda não tenha si<strong>do</strong> mencio<strong>na</strong>da a<<strong>br</strong> />
recuperação de meu pai com o adjetivo peluda, mostra que o locutor confere que o<<strong>br</strong> />
leitor/ouvinte reconhecerá <strong>na</strong> situação discursiva o mostro, ou seja, a descrição que traz<<strong>br</strong> />
a respeito <strong>do</strong> pai. Isso porque o leitor consegue visualizar uma mão <strong>na</strong>s expressões:<<strong>br</strong> />
arrancou-me, aperto <strong>na</strong> garganta, arrastou-me, agarran<strong>do</strong>-me, açoitan<strong>do</strong>-me.<<strong>br</strong> />
A retomada seguinte, também por meio de um sintagma nomi<strong>na</strong>l defini<strong>do</strong> o<<strong>br</strong> />
algoz, recupera, não só o vocábulo pai, mas também a experiência relatada como um<<strong>br</strong> />
to<strong>do</strong>, experiência com a justiça como, o próprio <strong>na</strong>rra<strong>do</strong>r mencio<strong>na</strong> no início <strong>do</strong> conto.<<strong>br</strong> />
Assim a recuperação <strong>do</strong> referente se dá por meio das informações <strong>do</strong> próprio discurso.<<strong>br</strong> />
Meu pai, da forma como foi introduzi<strong>do</strong> o objeto-de-discurso reapareceu ao<<strong>br</strong> />
longo <strong>do</strong> <strong>texto</strong> várias vezes, com lexema idêntico, sem mudanças <strong>do</strong> determi<strong>na</strong>nte, notase<<strong>br</strong> />
com isso a intenção de escandalizar o leitor, pois toda atrocidade por que passa o<<strong>br</strong> />
<strong>na</strong>rra<strong>do</strong>r, era o<strong>br</strong>a de seu próprio pai.<<strong>br</strong> />
Para registrar a surra, o <strong>na</strong>rra<strong>do</strong>r selecionou um léxico que nos guia à ferocidade<<strong>br</strong> />
da ce<strong>na</strong>. Os sintagmas nomi<strong>na</strong>is apresenta<strong>do</strong>s vão progressivamente substituin<strong>do</strong> a<<strong>br</strong> />
concepção inicial de surra, apontada pelo <strong>na</strong>rra<strong>do</strong>r, para se transformar em algo atroz.<<strong>br</strong> />
Com interlocução distintas pode-se separar as expressões nomi<strong>na</strong>is e o léxico utiliza<strong>do</strong>s<<strong>br</strong> />
conforme o quadro abaixo:<<strong>br</strong> />
a fúria louca<<strong>br</strong> />
mo<strong>do</strong>s <strong>br</strong>utais<<strong>br</strong> />
as pancadas<<strong>br</strong> />
açoitan<strong>do</strong>-me<<strong>br</strong> />
vergastadas<<strong>br</strong> />
os sons duros<<strong>br</strong> />
gestos ameaça<strong>do</strong>res<<strong>br</strong> />
uma cólera <strong>do</strong>ida<<strong>br</strong> />
o olho duro<<strong>br</strong> />
fustigar<<strong>br</strong> />
a zanga terrível<<strong>br</strong> />
O suplício situações desse gênero<<strong>br</strong> />
A mortificação a horrível sensação<<strong>br</strong> />
O martírio o chicote<<strong>br</strong> />
A flagelação os golpes<<strong>br</strong> />
Minha tremura infeliz<<strong>br</strong> />
O <strong>texto</strong> é, então, muito mais <strong>do</strong> que um simples continente de informações, é um<<strong>br</strong> />
sistema de instruções para a construção conjunta <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, da interpretação e<<strong>br</strong> />
compreensão da mensagem e através da associação de palavras escolhidas cria a idéia<<strong>br</strong> />
GT - Processos de Construção Textual 7