refugiados ambientais: uma nova categoria de ... - Reid.org.br
refugiados ambientais: uma nova categoria de ... - Reid.org.br
refugiados ambientais: uma nova categoria de ... - Reid.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL Artigo<<strong>br</strong> />
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA<<strong>br</strong> />
CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM<<strong>br</strong> />
JURÍDICA INTERNACIONAL<<strong>br</strong> />
Maria José Galleno <strong>de</strong> Souza Oliveira*<<strong>br</strong> />
“Bem me diziam que a terra se faz mais <strong>br</strong>anda e<<strong>br</strong> />
macia quando mais do litoral a viagem se aproxima.<<strong>br</strong> />
Agora afinal cheguei nesta terra que diziam.<<strong>br</strong> />
Como ela é <strong>uma</strong> terra doce para os pés e para a vista.<<strong>br</strong> />
Os rios que correm aqui têm água vitalícia.<<strong>br</strong> />
Cacimbas por todo lado cavando o chão, água mina.<<strong>br</strong> />
Vejo agora que é verda<strong>de</strong> o que pensei ser mentira<<strong>br</strong> />
Quem sabe se nesta terra não plantarei minha sina?<<strong>br</strong> />
Não tenho medo <strong>de</strong> terra (cavei pedra toda a vida), e<<strong>br</strong> />
para quem lutou a <strong>br</strong>aço contra a piçarra da Caatinga<<strong>br</strong> />
será fácil amansar esta aqui, tão feminina.”<<strong>br</strong> />
(Morte e Vida Severina. João Ca<strong>br</strong>al <strong>de</strong> Melo Neto)<<strong>br</strong> />
RESUMO: O presente artigo discute so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
questão ambiental no âmbito do direito internacional.<<strong>br</strong> />
Procura-se levantar as conseqüências<<strong>br</strong> />
advindas da problemática da <strong>de</strong>gradação ambiental<<strong>br</strong> />
cada vez mais crescente, o que propiciou o<<strong>br</strong> />
surgimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> <strong>categoria</strong> <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong>:<<strong>br</strong> />
os <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> (ou climáticos). E, a<<strong>br</strong> />
necessida<strong>de</strong> do reconhecimento no or<strong>de</strong>namento<<strong>br</strong> />
jurídico internacional <strong>de</strong>sses <strong>refugiados</strong>, para que<<strong>br</strong> />
lhes sejam garantidas as condições mínimas para<<strong>br</strong> />
a preservação <strong>de</strong> sua dignida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na.<<strong>br</strong> />
Palavras-chave: Refugiados <strong>ambientais</strong>. Direito<<strong>br</strong> />
ambiental. Direitos h<strong>uma</strong>nos. Novos direitos.<<strong>br</strong> />
ABSTRACT: The following article discusses<<strong>br</strong> />
the environmental question into the international<<strong>br</strong> />
law. It tries to <strong>br</strong>ing to nowadays the consequences<<strong>br</strong> />
from growing environmental <strong>de</strong>struction,<<strong>br</strong> />
which has created a new category of refugees: the<<strong>br</strong> />
*<<strong>br</strong> />
Mestre em Direito Público. Foi Professora Assistente da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Mem<strong>br</strong>o do Centro <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Problemas Ambiental/USP no período <strong>de</strong> 2005-2008. Consultora Ambiental para ONGs.<<strong>br</strong> />
Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010<<strong>br</strong> />
123
OLIVEIRA, M. J. G. S.<<strong>br</strong> />
environmental refugees (or climate). And it also<<strong>br</strong> />
raises the need of recognizing the rights of these<<strong>br</strong> />
refugees, in or<strong>de</strong>r to ensure then some guarantees<<strong>br</strong> />
to preserve their h<strong>uma</strong>n dignity.<<strong>br</strong> />
Keywords: Environmental refugees. Environmental<<strong>br</strong> />
law. H<strong>uma</strong>n rights. New rights.<<strong>br</strong> />
1. CONSIDERAÇOES INTRODUTÓ-<<strong>br</strong> />
RIAS: A preocupação mundial com a<<strong>br</strong> />
questão ambiental<<strong>br</strong> />
Nos últimos trinta anos, <strong>uma</strong> questão tem<<strong>br</strong> />
assolado e preocupado a socieda<strong>de</strong> mundial: o<<strong>br</strong> />
meio ambiente. Após a certeza <strong>de</strong> que os recursos<<strong>br</strong> />
naturais são findáveis, a mo<strong>de</strong>rna socieda<strong>de</strong> capitalista<<strong>br</strong> />
encontra-se frente ao dilema <strong>de</strong> manter<<strong>br</strong> />
a sua maneira <strong>de</strong> viver ou mudar esse estilo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
vida.<<strong>br</strong> />
Assim, o meio ambiente tornou-se tema<<strong>br</strong> />
central <strong>de</strong> encontros governamentais, científicos<<strong>br</strong> />
e sociais da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, tanto no âmbito interno<<strong>br</strong> />
quanto internacional. Não há mais como negar<<strong>br</strong> />
que a <strong>de</strong>gradação do planeta, em ritmo cada vez<<strong>br</strong> />
mais acelerada, é o gran<strong>de</strong> causador do aquecimento<<strong>br</strong> />
global e dos cataclismos <strong>ambientais</strong>,<<strong>br</strong> />
levando a <strong>uma</strong> verda<strong>de</strong>ira Catástrofe Ambiental 1 ,<<strong>br</strong> />
que po<strong>de</strong>rá tornar impraticável a vida em <strong>de</strong>terminados<<strong>br</strong> />
locais do planeta terra. O que <strong>de</strong>monstra<<strong>br</strong> />
a vulnerabilida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na diante da natureza e<<strong>br</strong> />
as conseqüências <strong>de</strong>sproporcionais que po<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
advir para as populações, principalmente aquelas<<strong>br</strong> />
mais <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> recursos econômicos e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
subsistência, quando diante <strong>de</strong> catástrofes naturais<<strong>br</strong> />
e produzidas pelo homem.<<strong>br</strong> />
Portanto, há necessida<strong>de</strong>s urgentes <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />
medidas <strong>de</strong> impactos <strong>de</strong>vam ser tomadas, para<<strong>br</strong> />
evitar esse <strong>de</strong>sastre ambiental, o que torna o tema<<strong>br</strong> />
em posição <strong>de</strong> relevante <strong>de</strong>staque e priorida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
dos Estados. Mas, a vista <strong>de</strong>sses problemas, vê-se<<strong>br</strong> />
que há <strong>uma</strong> conseqüência ainda mais alarmante<<strong>br</strong> />
para a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> – o fenômeno da expulsão e<<strong>br</strong> />
dos <strong>de</strong>slocamentos involuntários <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
populações, gerando <strong>uma</strong> massa <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
2. REFUGIADOS AMBIENTAIS<<strong>br</strong> />
– inocentes silenciosos dos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sastres <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
2.1. A Convenção <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />
Estatuto <strong>de</strong> Refugiados<<strong>br</strong> />
O reconhecimento no âmbito internacional<<strong>br</strong> />
do status <strong>de</strong> refugiado é dado pela Convenção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Gene<strong>br</strong>a, em 1951, e o Protocolo so<strong>br</strong>e o Estatuto<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Refugiados <strong>de</strong> New York (1967) 2 .<<strong>br</strong> />
Por esses dois documentos internacionais,<<strong>br</strong> />
o termo refugiado 3 vem a <strong>de</strong>signar todas e quaisquer<<strong>br</strong> />
pessoas que em conseqüência <strong>de</strong> <strong>de</strong>vidos e<<strong>br</strong> />
fundados temores e receios, em razão <strong>de</strong> serem<<strong>br</strong> />
perseguidas em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua raça, nacionalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
filiação em certo grupo social ou das suas<<strong>br</strong> />
opiniões políticas; e que se encontre fora do país<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> sua nacionalida<strong>de</strong> e encontrando-se fora do<<strong>br</strong> />
país no qual tinha a sua residência habitual, não<<strong>br</strong> />
possa, ou em virtu<strong>de</strong> daqueles acontecimentos,<<strong>br</strong> />
não queira regressar a ele (art. 1.A.2).<<strong>br</strong> />
Portanto, a Convenção aponta quatro elementos<<strong>br</strong> />
para <strong>de</strong>finir a condição <strong>de</strong> refugiado: (1)<<strong>br</strong> />
o indivíduo está fora do seu país <strong>de</strong> origem; (2)<<strong>br</strong> />
seu país <strong>de</strong> origem está incapacitado <strong>de</strong> proporcionar-lhe<<strong>br</strong> />
proteção ou <strong>de</strong> facilitar seu retorno;<<strong>br</strong> />
(3) esta incapacida<strong>de</strong> ser atribuída a <strong>uma</strong> causa<<strong>br</strong> />
inevitável que provoca o <strong>de</strong>slocamento, e que<<strong>br</strong> />
esta causa se basta em razões <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />
raça opinião política, ou pertencer a um grupo<<strong>br</strong> />
social; e, (4) que haja fundado receio ou temor.<<strong>br</strong> />
Dentre as causas que asseguram a condição<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> refugiado se encontram: as políticas (guerras<<strong>br</strong> />
civis, conflitos internacionais, divisões <strong>de</strong> Estados,<<strong>br</strong> />
conflitos étnicos) e questões econômicas<<strong>br</strong> />
(po<strong>br</strong>eza e transtornos econômicos).<<strong>br</strong> />
O conceito clássico <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> sofreu<<strong>br</strong> />
alg<strong>uma</strong>s alterações, introduzidas pela Convenção<<strong>br</strong> />
da Organização <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Africana (1969) e<<strong>br</strong> />
pela Declaração <strong>de</strong> Cartagena <strong>de</strong> 1984 (1980),<<strong>br</strong> />
que acrescentaram outras formas <strong>de</strong> perseguições,<<strong>br</strong> />
tais como: agressão externa, ocupação,<<strong>br</strong> />
domínio estrangeiro e acontecimentos que perturbam<<strong>br</strong> />
gravemente a or<strong>de</strong>m pública.<<strong>br</strong> />
Porém, como é possível observar no<<strong>br</strong> />
próprio texto da Convenção <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a, no<<strong>br</strong> />
Protocolo <strong>de</strong> New York (1967), na Convenção<<strong>br</strong> />
124 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Africana (1969) e na Declaração<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Cartagena (1980), as questões envolvendo<<strong>br</strong> />
o meio ambiente, não são consi<strong>de</strong>radas para<<strong>br</strong> />
atribuir aos indivíduos a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
2.2. Origem do termo “refugiado ambiental”<<strong>br</strong> />
e o conceito.<<strong>br</strong> />
A Conferência da ONU, em Estocolmo<<strong>br</strong> />
(1972) produziu a Declaração <strong>de</strong> Estocolmo<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o Ambiente H<strong>uma</strong>no e criou o Programa<<strong>br</strong> />
das Nações Unidas so<strong>br</strong>e o Meio Ambiente<<strong>br</strong> />
(PNUMA), com o objetivo <strong>de</strong> monitorar o avanço<<strong>br</strong> />
dos problemas <strong>ambientais</strong> do mundo. No documento<<strong>br</strong> />
que aprovou a criação do PNUMA, foi<<strong>br</strong> />
introduzida a expressão Environmental Refugees<<strong>br</strong> />
– Refugiados <strong>ambientais</strong>, que se caracterizou-se<<strong>br</strong> />
como “pessoas que foram o<strong>br</strong>igadas a abandonar<<strong>br</strong> />
temporária ou <strong>de</strong>finitivamente a zona on<strong>de</strong> tradicionalmente<<strong>br</strong> />
vivem, <strong>de</strong>vido ao visível <strong>de</strong>clínio<<strong>br</strong> />
do ambiente (por razoes naturais ou h<strong>uma</strong>nas)<<strong>br</strong> />
perturbando a sua existência e/ou a qualida<strong>de</strong> da<<strong>br</strong> />
mesma <strong>de</strong> tal maneira que a subsistência <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
indivíduos torna-se perigosa” 4 .<<strong>br</strong> />
Na realida<strong>de</strong>, a expressão passou a ser<<strong>br</strong> />
difundida perante os estudiosos dos problemas<<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>, a partir <strong>de</strong> 1985, com a publicação<<strong>br</strong> />
dos estudos <strong>de</strong> Essan El-Hinnawi, <strong>de</strong>nominado<<strong>br</strong> />
Environmental Refugees 5 , que consi<strong>de</strong>ra como<<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> todas as pessoas que fugiram<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> seus habitat natural, <strong>de</strong> forma temporal<<strong>br</strong> />
ou permanente, <strong>de</strong>vido a <strong>uma</strong> <strong>br</strong>usca mudança<<strong>br</strong> />
ambiental, seja por causas naturais ou provocadas<<strong>br</strong> />
pela ativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na (tais como aci<strong>de</strong>ntes<<strong>br</strong> />
industriais, gran<strong>de</strong>s projetos econômicos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento, mal processamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> resíduos tóxicos); os quais tornaram suas<<strong>br</strong> />
vidas insustentáveis e ameaçadas no seu local <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
origem, se viram o<strong>br</strong>igados a emigrar.<<strong>br</strong> />
Portanto, todas as pessoas que se encontram<<strong>br</strong> />
forçados a abandonar (transitória ou <strong>de</strong>finitiva)<<strong>br</strong> />
seus territórios, <strong>de</strong>vido a motivos gerados<<strong>br</strong> />
por fatores <strong>ambientais</strong> anômalos, po<strong>de</strong>m ser<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>nominadas <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
Por fim, <strong>de</strong>ve-se registrar a necessida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> distinguir entre “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>” 6 e<<strong>br</strong> />
“flagelados <strong>ambientais</strong>”. Os primeiros, conforme<<strong>br</strong> />
se procurou evi<strong>de</strong>nciar são todas as pessoas que<<strong>br</strong> />
se encontram forçadas a abandonar (transitória<<strong>br</strong> />
ou <strong>de</strong>finitiva) seus territórios, <strong>de</strong>vido a motivos<<strong>br</strong> />
gerados por fatores <strong>ambientais</strong> anômalos, com<<strong>br</strong> />
dimensões mundiais e transfronteiriços. O segundo,<<strong>br</strong> />
isto é, “flagelados <strong>ambientais</strong>” 7 são as<<strong>br</strong> />
vitimas momentâneas <strong>de</strong> acontecimentos naturais,<<strong>br</strong> />
tais como enchentes, secas, <strong>de</strong>slizamentos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> encostas, etc; e que têm proporções locais ou<<strong>br</strong> />
regionalizadas. Passando o evento que causou o<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>slocamento local <strong>de</strong>ssas pessoas, elas geralmente<<strong>br</strong> />
retornam aos seus antigos lares.<<strong>br</strong> />
2.3. Causas reconhecidas como geradoras<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>”<<strong>br</strong> />
O <strong>de</strong>slocamento forçados das populações<<strong>br</strong> />
causadas por questões <strong>ambientais</strong> dão origem a<<strong>br</strong> />
três <strong>categoria</strong>s <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> 8 , que<<strong>br</strong> />
são assim compreendidos.<<strong>br</strong> />
(a) Aqueles que têm se <strong>de</strong>slocados temporariamente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido a pressões <strong>ambientais</strong>, tais como<<strong>br</strong> />
um abalo sísmico, um ciclone (ou furação), ou<<strong>br</strong> />
<strong>uma</strong> tempesta<strong>de</strong> que causa alagamentos – e<<strong>br</strong> />
que após passada, provavelmente os habitantes<<strong>br</strong> />
da região irão regressar a seu habitat<<strong>br</strong> />
natural;<<strong>br</strong> />
(b) Aqueles que se <strong>de</strong>slocaram permanentemente<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido a mudanças <strong>de</strong>finitivas do seu habitat,<<strong>br</strong> />
tais como represas ou lagos artificiais; e,<<strong>br</strong> />
(c) Aqueles que se <strong>de</strong>slocam permanentemente<<strong>br</strong> />
em busca <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, posto<<strong>br</strong> />
que seu habitat natural encontra-se incapaz<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> provê-los em suas necessida<strong>de</strong>s mínimas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>gradações progressivas dos seus<<strong>br</strong> />
recursos naturais básicos.<<strong>br</strong> />
Assim, po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas como<<strong>br</strong> />
causas da condição <strong>de</strong> “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>”:<<strong>br</strong> />
(a) ligadas ao primeiro grupo <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>,<<strong>br</strong> />
tem-se as mudanças temporal <strong>de</strong>vido<<strong>br</strong> />
a um perigo físico; (b) em relação ao segundo<<strong>br</strong> />
grupo, há as causas originárias <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>senvolvimento que o<strong>br</strong>igam os indivíduos a<<strong>br</strong> />
se reestabelecerem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mesma região<<strong>br</strong> />
(e nesses casos há <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<<strong>br</strong> />
reconhecer quantos <strong>refugiados</strong> internos são formados<<strong>br</strong> />
neste processo); e, (c) quanto ao terceiro<<strong>br</strong> />
grupo, no qual há o <strong>de</strong>slocamento voluntário mas<<strong>br</strong> />
Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010<<strong>br</strong> />
125
OLIVEIRA, M. J. G. S.<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido a crescente e contínua <strong>de</strong>gradação do seu<<strong>br</strong> />
habitat original.<<strong>br</strong> />
Outros fatores que são reconhecidos como<<strong>br</strong> />
causas da migração <strong>de</strong>vida a questões <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
são: <strong>de</strong>sertificação, <strong>de</strong>struição das florestas, <strong>de</strong>saparecimento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> rios e lagos, mudanças <strong>de</strong> nível<<strong>br</strong> />
do mar 9 , <strong>de</strong>gradação terrestre e a <strong>de</strong>gradação<<strong>br</strong> />
das águas e do ar, aquecimento global 10 . Cabe<<strong>br</strong> />
também acrescentar, que há <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
por conta <strong>de</strong> reassentamentos involutários,<<strong>br</strong> />
provocados ou por aci<strong>de</strong>ntes industriais, ou por<<strong>br</strong> />
conflitos bélicos, ou por mudanças climáticas<<strong>br</strong> />
drásticas. Por fim, há autores que compreen<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
o surgimento dos “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>” como<<strong>br</strong> />
conseqüências <strong>de</strong> pressões <strong>ambientais</strong> originadas<<strong>br</strong> />
por causas exclusivamente naturais; ou por causas<<strong>br</strong> />
antropológicas. Neste último caso, <strong>de</strong>rivadas<<strong>br</strong> />
da ativida<strong>de</strong> propriamente h<strong>uma</strong>na, baseada no<<strong>br</strong> />
crescimento <strong>de</strong>smesurado, que origina um gran<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
impacto ambiental; e, também da situação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> po<strong>br</strong>eza que atinge gran<strong>de</strong> contingente das<<strong>br</strong> />
populações como conseqüência do aumento <strong>de</strong>mográfico<<strong>br</strong> />
e da escassez dos recursos naturais 11 .<<strong>br</strong> />
2.4. Alguns casos <strong>de</strong> “<strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>”<<strong>br</strong> />
Os habitantes do pequeno país <strong>de</strong>nominado<<strong>br</strong> />
Tuvalu, no meio do pacífico, na Polinésia, foram<<strong>br</strong> />
oficialmente reconhecidos pela ONU 12 como<<strong>br</strong> />
sendo os primeiros “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>”, com<<strong>br</strong> />
o processo <strong>de</strong> evacuação <strong>de</strong> aproximadamente<<strong>br</strong> />
11.000 dos seus habitantes, em conseqüência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
que a ilha está a apenas 10 centímetros acima do<<strong>br</strong> />
nível do mar, engolida pelo oceano, <strong>de</strong>vido ao<<strong>br</strong> />
aquecimento global.<<strong>br</strong> />
Em <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2004, um tsunami varreu<<strong>br</strong> />
a costa <strong>de</strong> diversos países asiáticos e africanos,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixando aproximadamente 300 mil mortos e<<strong>br</strong> />
milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>igados. Vilas inteiras foram<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>struídas, enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> so<strong>br</strong>eviventes<<strong>br</strong> />
precisaram caminhar dias até os a<strong>br</strong>igos<<strong>br</strong> />
temporários on<strong>de</strong> muitos vivem ainda hoje.<<strong>br</strong> />
Oito meses após o trágico aci<strong>de</strong>nte ambiental<<strong>br</strong> />
ocorrido no Pacífico, o Furacão Katrina,<<strong>br</strong> />
atingiu a costa do golfo do México e colocou um<<strong>br</strong> />
milhão <strong>de</strong> norte-americanos na estrada. Não havia<<strong>br</strong> />
se passado seis semanas <strong>de</strong>sse acontecimento,<<strong>br</strong> />
um terremoto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções atingiu o<<strong>br</strong> />
sul da Ásia, n<strong>uma</strong> tragédia que gerou inclusive<<strong>br</strong> />
acordos diplomáticos entre Índia e Paquistão –<<strong>br</strong> />
inimigos há décadas – para que a abertura da<<strong>br</strong> />
fronteira na região da Caxemira permitisse o<<strong>br</strong> />
fluxo <strong>de</strong> pessoas afetadas 13 .<<strong>br</strong> />
Outro triste exemplo das conseqüências<<strong>br</strong> />
dos problemas <strong>ambientais</strong> é o que ocorre com<<strong>br</strong> />
os habitantes da ilha <strong>de</strong> Kiribati, pequeno país<<strong>br</strong> />
localizado no Pacífico sul, cuja população está<<strong>br</strong> />
abandonando seu território <strong>de</strong>vido ao fato que<<strong>br</strong> />
o oceano está a cada dia afundando-o gradativamente.<<strong>br</strong> />
A água invadiu casas e causa graves<<strong>br</strong> />
erosões. Em alg<strong>uma</strong>s regiões, é possível atingir<<strong>br</strong> />
a água cavando apenas um metro <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Com o aumento repentino da maré, as<<strong>br</strong> />
plantações <strong>de</strong> bwabwai (as raízes <strong>de</strong>ssa planta<<strong>br</strong> />
é rica em amido) ficam alagadas, o que causa a<<strong>br</strong> />
sua <strong>de</strong>struíção. E, por sua vez, também aniquila a<<strong>br</strong> />
economia local, posto que a lavoura <strong>de</strong> bwabwai<<strong>br</strong> />
é <strong>uma</strong> das principais ativida<strong>de</strong>s economicas do<<strong>br</strong> />
país. O caos chegou a tal ponto que os moradores<<strong>br</strong> />
estão buscando em outras regiões 80% dos<<strong>br</strong> />
alimentos. Além disso, quando o nível do mar<<strong>br</strong> />
volta ao normal, os problemas se duplicam, pois<<strong>br</strong> />
a terra fica salgada e a vegetação seca.<<strong>br</strong> />
Outro exemplo recente envolvendo a questão<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres <strong>ambientais</strong>, refere-se ao continente<<strong>br</strong> />
Africano. No Quênia eles estão lidando<<strong>br</strong> />
com um problema cuja causa é ambiental, mas<<strong>br</strong> />
que perpassa diferentes aspectos da vida cotidiana.<<strong>br</strong> />
As secas ao norte da Somália e a falta <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
estabilida<strong>de</strong> no país faz que a capital do Quênia,<<strong>br</strong> />
Nairóbi, receba <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
vindos daquelas regiões. O que gera outros<<strong>br</strong> />
problemas, porém, o mais sensível <strong>de</strong> todos é<<strong>br</strong> />
o que se refere à falta <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no país<<strong>br</strong> />
vizinho. Em conseqüência da falta <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
saú<strong>de</strong>, as crianças não são vacinadas contra poliomielite,<<strong>br</strong> />
sarampo e outras doenças infantis. E,<<strong>br</strong> />
assim, quando os pais chegam ao Quênia, trazem<<strong>br</strong> />
junto com seus filhos os vírus daquelas doenças,<<strong>br</strong> />
que se espalham por toda a região queniana. As<<strong>br</strong> />
autorida<strong>de</strong>s locais tentam trabalhar em conjunto<<strong>br</strong> />
nas fronteiras, mas os problemas políticos e a<<strong>br</strong> />
pressão feita pelas mudanças climáticas são um<<strong>br</strong> />
forte fator das migrações <strong>de</strong>stas populações 14 .<<strong>br</strong> />
126 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL<<strong>br</strong> />
O Alaska também se encontra com graves<<strong>br</strong> />
problemas <strong>de</strong> migração forçada das suas comunida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
indígenas.Conforme explica Robin<<strong>br</strong> />
Bronen 15 , as mudanças climáticas no Alaska<<strong>br</strong> />
são evi<strong>de</strong>ntes. E, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1974, a temperatura está<<strong>br</strong> />
aumentando em torno <strong>de</strong> 2 a 3,5 graus Celsius,<<strong>br</strong> />
o que está causando o <strong>de</strong>rretimento das geleiras<<strong>br</strong> />
e o <strong>de</strong>saparecimento das milenar floresta boreal.<<strong>br</strong> />
Com isso, as comunida<strong>de</strong>s indígenas do Alaska<<strong>br</strong> />
estão sendo o<strong>br</strong>igadas a serem <strong>de</strong>slocadas<<strong>br</strong> />
para outras regiões. Nos últimos anos quatro<<strong>br</strong> />
comunida<strong>de</strong>s indígenas tiveram que ser removidas<<strong>br</strong> />
imediatamente e, mais doze comunida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
encontram-se em áreas <strong>de</strong> risco. As regiões mais<<strong>br</strong> />
atingidas são Shishmaref, Kivalina, Shaktoolik<<strong>br</strong> />
and Newtok, posto se localizarem na região<<strong>br</strong> />
costeira do Alaska.<<strong>br</strong> />
Observa-se que, como conseqüências <strong>de</strong>sse<<strong>br</strong> />
crescente número 16 <strong>de</strong> pessoas afetadas pelas<<strong>br</strong> />
catástrofes <strong>ambientais</strong>, outros problemas passam<<strong>br</strong> />
a coexistir, agravando ainda mais a situação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
“precarieda<strong>de</strong>” e “abandono” nos quais se encontram<<strong>br</strong> />
esses indivíduos. De um modo geral, po<strong>de</strong>se<<strong>br</strong> />
dizer que esses problemas são, entre outros:<<strong>br</strong> />
(a) o aumento no número <strong>de</strong> problemas nas áreas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação e alimentação; (b) os países<<strong>br</strong> />
mais po<strong>br</strong>es serão afetados mais diretamente e<<strong>br</strong> />
crescentemente, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> não possuírem<<strong>br</strong> />
reservas econômicas e não existir um sistema<<strong>br</strong> />
mínimo tecnológico para lhes dá proteção contra<<strong>br</strong> />
as constantes e <strong>br</strong>uscas alterações climáticas; (c)<<strong>br</strong> />
o aumento progressivo do número <strong>de</strong> pessoas<<strong>br</strong> />
miseráveis, em conseqüência das catástrofes<<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>; (d) o <strong>de</strong>slocamento forçado <strong>de</strong> toda<<strong>br</strong> />
<strong>uma</strong> população do seu habitat natural; (e) o <strong>de</strong>saparecimento<<strong>br</strong> />
e a <strong>de</strong>scaracterização <strong>de</strong> culturas,<<strong>br</strong> />
etnias e socieda<strong>de</strong>s <strong>org</strong>anizadas há séculos em<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminadas regiões; e, (f) abalar diretamente<<strong>br</strong> />
os direitos h<strong>uma</strong>nos fundamentais, posto que,<<strong>br</strong> />
essas populações ficam <strong>de</strong>sprovidas das mínimas<<strong>br</strong> />
condições para <strong>uma</strong> vida com dignida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Portanto, faz-se necessário colocar nas<<strong>br</strong> />
agendas das <strong>org</strong>anizações estatais mundiais a<<strong>br</strong> />
problemática dos <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>, buscando<<strong>br</strong> />
fortalecer no âmbito jurídico internacional<<strong>br</strong> />
o reconhecimento da posição <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
3. A perspectiva mundial do<<strong>br</strong> />
problema dos <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
O último relatório da ONU so<strong>br</strong>e o meio<<strong>br</strong> />
ambiente expôs a dimensão dos problemas<<strong>br</strong> />
causados pelas modificações <strong>br</strong>uscas no meio<<strong>br</strong> />
ambiente.<<strong>br</strong> />
Segundo o relatório “Alterações Climáticas<<strong>br</strong> />
e Cenários <strong>de</strong> Migrações Forçadas”, elaborado<<strong>br</strong> />
pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável,<<strong>br</strong> />
para a Comissão Européia, e apresentado<<strong>br</strong> />
durante a Conferência <strong>de</strong> Poznan (Polônia, 1° a<<strong>br</strong> />
12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2008), o total <strong>de</strong> pessoas que<<strong>br</strong> />
foram forçadas a se <strong>de</strong>slocarem dos seus habitat<<strong>br</strong> />
natural em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> problemas <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
já ultrapassa o número <strong>de</strong> 25 milhões <strong>de</strong> pessoas,<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>ndo chegar até o ano 2010 ao total <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
50 milhões. Tal fato também foi observado por<<strong>br</strong> />
Erika Feller, alta-comissária adjunta das Nações<<strong>br</strong> />
Unidas para os Refugiados (ACNUR). Para ela,<<strong>br</strong> />
diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />
repensada a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong>, para abarcar<<strong>br</strong> />
os atuais problemas <strong>ambientais</strong> 17 .<<strong>br</strong> />
Afirma Janos Bogardi, diretor do Instituto<<strong>br</strong> />
para Meio Ambiente e Segurança H<strong>uma</strong>na da<<strong>br</strong> />
UNU, que os “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>” po<strong>de</strong>m,<<strong>br</strong> />
em <strong>br</strong>eve, ultrapassar o número oficial <strong>de</strong> pessoas<<strong>br</strong> />
em situação <strong>de</strong> risco contabilizado pelo<<strong>br</strong> />
Alto Comissariado da ONU para os Refugiados<<strong>br</strong> />
(ACNUR). E, conforme apontam as recentes<<strong>br</strong> />
estimativas da Cruz Vermelha, existem hoje no<<strong>br</strong> />
mundo mais pessoas <strong>de</strong>slocadas por <strong>de</strong>sastres<<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong> do que por guerras.<<strong>br</strong> />
Diante <strong>de</strong> tão relevantes dados, não há mais<<strong>br</strong> />
como negar que essa <strong>nova</strong> realida<strong>de</strong> – aumento<<strong>br</strong> />
dos <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> – o que torna urgente<<strong>br</strong> />
a discussão em torno das políticas referentes aos<<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> mundiais.<<strong>br</strong> />
4. O Brasil e a questão dos<<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
No Brasil, o problema dos <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
existe há longas décadas 18 . Mas, nunca<<strong>br</strong> />
Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010<<strong>br</strong> />
127
OLIVEIRA, M. J. G. S.<<strong>br</strong> />
foi tratado com conseqüência <strong>de</strong> problemas<<strong>br</strong> />
oriundos do meio ambiente 19 . Um exemplo é o<<strong>br</strong> />
fenômeno da migração das pessoas oriundas da<<strong>br</strong> />
região nor<strong>de</strong>ste – <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> retirantes 20 ,<<strong>br</strong> />
mais especificamente do <strong>de</strong>nominado “perímetro<<strong>br</strong> />
das secas”. Esse fenômeno foi e continua sendo<<strong>br</strong> />
responsável pelas constantes migrações <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> indivíduos do nor<strong>de</strong>ste do país<<strong>br</strong> />
para as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s do su<strong>de</strong>ste <strong>br</strong>asileiro. E,<<strong>br</strong> />
sempre foi visto como problemas econômicos,<<strong>br</strong> />
cujas soluções passam longe <strong>de</strong> discussões voltadas<<strong>br</strong> />
para a questão ambiental.<<strong>br</strong> />
Nos últimos 50 anos, o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
um imenso contingente <strong>de</strong> pessoas advindas das<<strong>br</strong> />
regiões do nor<strong>de</strong>ste <strong>br</strong>asileiro em <strong>de</strong>corrência das<<strong>br</strong> />
secas não foi tratado com a <strong>de</strong>vida serieda<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />
responsabilida<strong>de</strong> pelo governo fe<strong>de</strong>ral <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />
Na realida<strong>de</strong>, não houve por parte <strong>de</strong>sses<<strong>br</strong> />
governos, políticas e programas governamentais<<strong>br</strong> />
voltados para manutenção e conservação <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
populações nas suas regiões. Muito pelo contrário,<<strong>br</strong> />
essas pessoas sempre foram encaradas como<<strong>br</strong> />
párias, flagelados, alvo <strong>de</strong> discriminações. E,<<strong>br</strong> />
na maioria das vezes, utilizados por indivíduos<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> ética, que os usam para obter<<strong>br</strong> />
ganhos econômicos e políticos.<<strong>br</strong> />
Diante do crescente e constante aumento <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pessoas e populações inteiras o<strong>br</strong>igadas a abandonar,<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> maneira temporária ou permanente,<<strong>br</strong> />
suas regiões <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong>vido aos problemas<<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>, vê-se a necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
normas internas e internacionais voltadas para<<strong>br</strong> />
proteção <strong>de</strong>ssa <strong>nova</strong> <strong>categoria</strong> <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> – os<<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
5. O reconhecimento do status<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> refugiado ambiental na or<strong>de</strong>m<<strong>br</strong> />
internacional – a normatização<<strong>br</strong> />
jurídica internacional<<strong>br</strong> />
O meio ambiente tem na or<strong>de</strong>m internacional<<strong>br</strong> />
<strong>uma</strong> proteção gran<strong>de</strong>, principalmente<<strong>br</strong> />
após os anos sessenta, com a conscientização<<strong>br</strong> />
dos problemas causados ao meio ambiente pela<<strong>br</strong> />
intensificação do crescimento industrial, econômico<<strong>br</strong> />
e o aumento do consumo mundial.<<strong>br</strong> />
Vários encontros e conferências foram<<strong>br</strong> />
realizados; tratados e acordos internacionais<<strong>br</strong> />
foram promovidos e assinados. Na agenda global<<strong>br</strong> />
a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m é i<strong>de</strong>ntificar e combater os<<strong>br</strong> />
elementos que geram efeitos negativos ao meio<<strong>br</strong> />
ambiente. Surge a idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />
sustentável, com seus três pilares inseparáveis:<<strong>br</strong> />
proteção do meio ambiente; <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />
econômico responsável e equili<strong>br</strong>ado; e, sustentabilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />
Além <strong>de</strong>ssas preocupações acrescentam-se<<strong>br</strong> />
ao <strong>de</strong>bate da questão ambiental: a vinculação das<<strong>br</strong> />
questões <strong>ambientais</strong> aos problemas sociais típicos<<strong>br</strong> />
dos países sub<strong>de</strong>senvolvidos – <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
e injustiças sociais.<<strong>br</strong> />
Apesar do reconhecimento <strong>de</strong> que as<<strong>br</strong> />
questões <strong>ambientais</strong> encontram-se no centro das<<strong>br</strong> />
preocupações mundiais foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado, ou<<strong>br</strong> />
melhor, fora esquecido, o <strong>de</strong>slocamento forçados<<strong>br</strong> />
das populações, causados pelas mazelas <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
globais, dando origem a mo<strong>de</strong>rna diáspora<<strong>br</strong> />
ambiental – bem com os <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
Este contingente <strong>de</strong> pessoas vivem atualmente<<strong>br</strong> />
um dos maiores dilemas referentes ao<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>slocamento forçado – <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong>s catástrofes<<strong>br</strong> />
naturais, cada vez mais constantes. Daí, a<<strong>br</strong> />
necessida<strong>de</strong> preeminente <strong>de</strong> trazer ao <strong>de</strong>bate a<<strong>br</strong> />
criação <strong>de</strong> normas internacionais para proteger<<strong>br</strong> />
esse contingente <strong>de</strong> pessoas.<<strong>br</strong> />
Na atualida<strong>de</strong> não é dado aos <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>, proteção material e jurídica. Posto<<strong>br</strong> />
eles não se enquadrarem <strong>de</strong>ntro do critério <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
seleção taxativo da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> refugiado prevista<<strong>br</strong> />
no Tratado <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a so<strong>br</strong>e Refugiados.<<strong>br</strong> />
De modo geral, os <strong>de</strong>slocamentos causados por<<strong>br</strong> />
problemas <strong>ambientais</strong>, são vistos apenas sob<<strong>br</strong> />
o ponto <strong>de</strong> vista econômico e social, e poucas<<strong>br</strong> />
consi<strong>de</strong>rações so<strong>br</strong>e o ponto <strong>de</strong> vista jurídico.<<strong>br</strong> />
Ao serem consultados so<strong>br</strong>e a possibilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> reconhecer a <strong>categoria</strong> <strong>de</strong> “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>”,<<strong>br</strong> />
os governos internacionais alegam que<<strong>br</strong> />
seu reconhecimento jurídico, po<strong>de</strong>rá causar <strong>uma</strong><<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>svalorização na atual proteção dos <strong>refugiados</strong>,<<strong>br</strong> />
haja vista a excepcionalida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>slocamentos<<strong>br</strong> />
causados por fatores <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
Além disso, esses governos observam que<<strong>br</strong> />
tal reconhecimento, também significaria a<strong>de</strong>n-<<strong>br</strong> />
128 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL<<strong>br</strong> />
trar na soberania dos Estados, pois a maioria<<strong>br</strong> />
dos <strong>de</strong>slocamentos populacionais forçados por<<strong>br</strong> />
problemas <strong>ambientais</strong> ocorrem <strong>de</strong>ntro dos limites<<strong>br</strong> />
fronteiriços dos Estados, o que <strong>de</strong> antemão excluiria<<strong>br</strong> />
a proteção jurídica material da Convenção<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a <strong>de</strong> 1951.<<strong>br</strong> />
Outro argumento utilizado pelos governos,<<strong>br</strong> />
é que o reconhecimento <strong>de</strong> “refugiado ambiental”<<strong>br</strong> />
po<strong>de</strong>rá aumentar os <strong>de</strong>slocamentos populacionais,<<strong>br</strong> />
o que traria transtornos econômicos,<<strong>br</strong> />
sociais e políticos ao país que <strong>de</strong>sse tal asilo.<<strong>br</strong> />
Porém, é preciso enten<strong>de</strong>r que todas essas<<strong>br</strong> />
alegações <strong>de</strong>srespeitam as <strong>de</strong>clarações so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
direitos h<strong>uma</strong>nos e as proteções internacionais<<strong>br</strong> />
dadas aos povos, criando assim <strong>uma</strong> situação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
discriminação e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />
Portanto, como acima <strong>de</strong>monstrado, apesar<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> não se enquadrarem a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
prevista na Declaração <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a (1951), os<<strong>br</strong> />
<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> necessitam <strong>de</strong> um estatuto<<strong>br</strong> />
jurídico mundial que os reconheça, posto<<strong>br</strong> />
que somente ao serem reconhecidos como tais<<strong>br</strong> />
e amparados juridicamente, é que po<strong>de</strong>rão obter<<strong>br</strong> />
assistência h<strong>uma</strong>nitária para corrigir a situação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo jurídico, econômico e social que<<strong>br</strong> />
aqueles se encontram em <strong>de</strong>corrência da <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação<<strong>br</strong> />
ambiental mundial.<<strong>br</strong> />
Dessa forma, os estados terão que dar<<strong>br</strong> />
asilo aquelas pessoas <strong>de</strong>claradas “<strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong>”, proporcionando-lhes assistência<<strong>br</strong> />
social, econômica, psíquica, jurídica, e inclusão<<strong>br</strong> />
aos programas <strong>de</strong> socorro h<strong>uma</strong>nitário 21 . Isto é,<<strong>br</strong> />
aplicam-se a eles o mesmo tratamento <strong>de</strong>ferido<<strong>br</strong> />
aos <strong>refugiados</strong> políticos, tais como: repatriação<<strong>br</strong> />
voluntária ou retorno voluntário ao país <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
origem, o reassentamento ou translado dos <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong> a um terceiro país distintos<<strong>br</strong> />
ao <strong>de</strong> asilo, e a integração local ou permanência<<strong>br</strong> />
no país que lhes <strong>de</strong>u acolhida 22 .<<strong>br</strong> />
Para isso, faz-se necessário o reconhecimento<<strong>br</strong> />
jurídico da pessoa <strong>de</strong> “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>”,<<strong>br</strong> />
o que será possível se for ampliado o<<strong>br</strong> />
conceito <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> previsto no artigo 1.A.2<<strong>br</strong> />
da Convenção <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a (1951).<<strong>br</strong> />
Outra forma <strong>de</strong> solucionar a questão, é por<<strong>br</strong> />
meio da realização <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Conferência internacional<<strong>br</strong> />
com a participação <strong>de</strong> vários <strong>org</strong>anismos<<strong>br</strong> />
internacionais, para <strong>de</strong>liberarem <strong>uma</strong> convenção<<strong>br</strong> />
especifica so<strong>br</strong>e <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
6. Conclusão<<strong>br</strong> />
A questão dos <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>, conforme<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrado é um problema preeminente<<strong>br</strong> />
e necessita <strong>de</strong> medidas urgentes. O <strong>de</strong>bate está<<strong>br</strong> />
aberto, e as soluções são possíveis e reais, bastará<<strong>br</strong> />
que o homem e as socieda<strong>de</strong>s internacionais<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>monstrem interesse e responsabilida<strong>de</strong> 23 .<<strong>br</strong> />
O auxilio a populações inteiras que sofrem<<strong>br</strong> />
os efeitos catastróficos dos problemas <strong>ambientais</strong>,<<strong>br</strong> />
não po<strong>de</strong> ser encarado apenas como um<<strong>br</strong> />
problema local e regional; mas, principalmente,<<strong>br</strong> />
como <strong>uma</strong> questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mundial.<<strong>br</strong> />
Posto que há o compartilhamento <strong>de</strong> todo<<strong>br</strong> />
o espaço terrestre pelos Estados – e os danos<<strong>br</strong> />
<strong>ambientais</strong> são transfronteiriços, exige-se dos<<strong>br</strong> />
Estados a efetivida<strong>de</strong> do princípio da solidarieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
internacional 24 , pois conforme proclama o<<strong>br</strong> />
preâmbulo da Declaração do Rio: “A terra é o lar<<strong>br</strong> />
da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, constituindo um todo marcado<<strong>br</strong> />
pela inter<strong>de</strong>pendência.” Portanto, <strong>de</strong>vemos protegê-la<<strong>br</strong> />
e guardá-la, para a própria so<strong>br</strong>evivência<<strong>br</strong> />
da espécie h<strong>uma</strong>na.<<strong>br</strong> />
Notas<<strong>br</strong> />
1<<strong>br</strong> />
No dia 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1976, Seveso, cida<strong>de</strong> italiana próximo<<strong>br</strong> />
a Milão, acordou coberta por <strong>uma</strong> <strong>de</strong>nsa nuvem <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>sfoliante conhecido por agente laranja, o que casou a<<strong>br</strong> />
retirada <strong>de</strong> aproximadamente 733 familias da região. No<<strong>br</strong> />
dia 26 <strong>de</strong> a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 1986, o aci<strong>de</strong>nte na usina <strong>de</strong> Chernobynl<<strong>br</strong> />
(localizada na ex-URSS) causou a morte <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pessoas. E, também a retirada apressada <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
pessoas, que nunca mais pu<strong>de</strong>ram voltar para os seus lares.<<strong>br</strong> />
2<<strong>br</strong> />
Por meio do Decreto n. 50.215, <strong>de</strong> 28 e janeiro <strong>de</strong> 1961,<<strong>br</strong> />
o Brasil promulgou a Convenção <strong>de</strong> Gene<strong>br</strong>a so<strong>br</strong>e o Estatuto<<strong>br</strong> />
dos Refugiados (1951). E o Protocolo <strong>de</strong> New York<<strong>br</strong> />
(1967), foi reconhecido pelo Decreto n. 70.946, <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
agosto <strong>de</strong> 1972. A Lei n. 9.474/1997, <strong>de</strong>fine mecanismos<<strong>br</strong> />
para a implementação do Estatuto <strong>de</strong> Refugiados.<<strong>br</strong> />
3<<strong>br</strong> />
Curiosamente um dos primeiros documentos que a história<<strong>br</strong> />
reconhece as características <strong>de</strong> Tratado Internacional é o<<strong>br</strong> />
“Tratado <strong>de</strong> Pérola”, que foi concluído entre Ramsés II e<<strong>br</strong> />
o rei do Hititas (ano <strong>de</strong> 1292 a.C.). Este documento, além<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> fixar os princípios <strong>de</strong> <strong>uma</strong> aliança, tratava da matéria<<strong>br</strong> />
referente a extradição <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> políticos.<<strong>br</strong> />
4<<strong>br</strong> />
LISER – Living Space for Environmental Refugees –<<strong>br</strong> />
www.liser.<strong>org</strong><<strong>br</strong> />
Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010<<strong>br</strong> />
129
OLIVEIRA, M. J. G. S.<<strong>br</strong> />
5<<strong>br</strong> />
United Nations Environment Programm, Naiorobi, Kenia,<<strong>br</strong> />
1985.<<strong>br</strong> />
6<<strong>br</strong> />
A Suhrke distingue entre <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> que<<strong>br</strong> />
respon<strong>de</strong>m a <strong>uma</strong> combinação <strong>de</strong> fatores, entre eles o<<strong>br</strong> />
ambiental; e, aqueles <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong> que representam<<strong>br</strong> />
<strong>uma</strong> população especialmente vulnerável e que se<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>slocou dos seus habitat natural em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> <strong>uma</strong><<strong>br</strong> />
situação extremada <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental. SUHRKE,<<strong>br</strong> />
A. Environmental Degradation and population flows,<<strong>br</strong> />
Journal of International Affairs, p. 473-396, n. 47, 1994.<<strong>br</strong> />
7<<strong>br</strong> />
O exemplo mais recente que houve no Brasil e caracteriza<<strong>br</strong> />
a figura <strong>de</strong> “flagelado <strong>ambientais</strong>”, foram causados pelas<<strong>br</strong> />
chuvas torrenciais que atingiram vários Estados <strong>br</strong>asileiros,<<strong>br</strong> />
entre eles, o Estado <strong>de</strong> Santa Catarina. Neste Estado, as<<strong>br</strong> />
chuvas <strong>de</strong>ixaram a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ilhota completamente <strong>de</strong>struída,<<strong>br</strong> />
sendo que treze municípios da região sul <strong>de</strong> Santa<<strong>br</strong> />
Catarina encaminharam <strong>de</strong>creto à Defesa Civil do Estado<<strong>br</strong> />
oficializando que estavam em situação <strong>de</strong> emergência<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>vido às chuvas. Segundo a Defesa Civil, foram 109<<strong>br</strong> />
mortos, 789 pessoas <strong>de</strong>sa<strong>br</strong>igadas e 3.078 <strong>de</strong>salojadas no<<strong>br</strong> />
Estado.<<strong>br</strong> />
8<<strong>br</strong> />
PENTINAT, Susana B. Refugiados ambientales: El nuevo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho internacional <strong>de</strong>l médio ambiente,<<strong>br</strong> />
Revista <strong>de</strong> Derecho, p. 95, v. 19, n. 2, diciem<strong>br</strong>e <strong>de</strong> 2006.<<strong>br</strong> />
9<<strong>br</strong> />
Hans Joachim Schellnhuber, diretor do Instituto <strong>de</strong> Potsdam<<strong>br</strong> />
para Pesquisas Climáticas, alertou que até o final do<<strong>br</strong> />
século XXI, o nível do mar ten<strong>de</strong> a aumentar em um metro.<<strong>br</strong> />
10<<strong>br</strong> />
O aquecimento global tem sido consi<strong>de</strong>rado um dos mais<<strong>br</strong> />
significativos exemplos dos problemas envolvendo o<<strong>br</strong> />
meio ambiente. Apenas para se ter idéia, cientificamente<<strong>br</strong> />
está comprovada que as alterações climáticas que aconteceram<<strong>br</strong> />
nos últimos 60 anos, com o aumento médio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
2°C na temperatura do planeta, é responsável por várias<<strong>br</strong> />
modificações <strong>ambientais</strong>, tais como: modificação na fauna<<strong>br</strong> />
e flora, Aumento das ondas <strong>de</strong> calor, com prejuízo da saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
h<strong>uma</strong>na, maior consumo <strong>de</strong> energia utilizada em sistemas<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> arrefecimento, diminuição da precipitação, com escassez<<strong>br</strong> />
e diminuição da qualida<strong>de</strong> dos recursos hídricos que<<strong>br</strong> />
levam à DESERTIFICAÇÃO, precipitação excessiva, com<<strong>br</strong> />
riscos <strong>de</strong> cheias, alteração das flutuações climáticas anuais<<strong>br</strong> />
que interferem com a produção agrícola.<<strong>br</strong> />
11<<strong>br</strong> />
PENTINAT, Susana B. Refugiados ambientales: El nuevo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho internaciontal <strong>de</strong>l médio ambiente, Revista<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Derecho, p. 95-96, v. 19, n. 2, diciem<strong>br</strong>e <strong>de</strong> 2006.<<strong>br</strong> />
12<<strong>br</strong> />
Dados do painel Intergovernamental so<strong>br</strong>e mudanças<<strong>br</strong> />
climáticas (IPCC) indicam que a previsão <strong>de</strong> elevação do<<strong>br</strong> />
nível do mar nos próximos 100 anos será <strong>de</strong> 80 cm a 1m.<<strong>br</strong> />
13<<strong>br</strong> />
CAMPOS, André. Revista Problemas Brasileiros, n.378,<<strong>br</strong> />
nov./<strong>de</strong>z. 2006.<<strong>br</strong> />
14<<strong>br</strong> />
SUASSUNA, Karen. 14 <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2006 – site<<strong>br</strong> />
WWF Brasil.<<strong>br</strong> />
15<<strong>br</strong> />
BRONEN, Robin. Forced migration of Alaskan Indigenous<<strong>br</strong> />
communities due to climate change: creating a h<strong>uma</strong>n<<strong>br</strong> />
rights response. http://www.iom.int/jahia/webdav/site/<<strong>br</strong> />
myjahiasite/shared/shared/mainsite/events/docs/abstract.<<strong>br</strong> />
pdf. Acesso em 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2009.<<strong>br</strong> />
16<<strong>br</strong> />
Acredita-se que mais <strong>de</strong> 360 milhões <strong>de</strong> pessoas serão<<strong>br</strong> />
atingidas nos próximos 50 anos por problemas relativos<<strong>br</strong> />
a alterações climáticas <strong>br</strong>uscas, o que vai elevar so<strong>br</strong>emaneira<<strong>br</strong> />
o número <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>.<<strong>br</strong> />
17<<strong>br</strong> />
Conforme relatorio do ACNUR, O número <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong><<strong>br</strong> />
no ano <strong>de</strong> 2007 atingiu valores recor<strong>de</strong>s, sendo que,<<strong>br</strong> />
somente sob sua jurisdição, o ACNUR tinha aproximadamente<<strong>br</strong> />
11,4 milhões <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong>, aos quais se juntam 4, 5<<strong>br</strong> />
milhões <strong>de</strong> <strong>refugiados</strong> palestinos e 25 milhões <strong>de</strong> pessoas<<strong>br</strong> />
que foram o<strong>br</strong>igadas a <strong>de</strong>slocarem-se no interior do seu<<strong>br</strong> />
país em <strong>de</strong>corrência dos conflitos internos.<<strong>br</strong> />
18<<strong>br</strong> />
Des<strong>de</strong> o século XVI foi registrada pelos portugueses as<<strong>br</strong> />
secas no Nor<strong>de</strong>ste e no sertão da Bahia. Mas existem<<strong>br</strong> />
registros que datam <strong>de</strong> 1606, 1615, 1652, 1692/1693,<<strong>br</strong> />
1709/1711, 1720/1721, 1723/1727, 1736/1737,1736/1737.<<strong>br</strong> />
Assim, percebe-se que havia um ciclo <strong>de</strong> secas, que se repetia<<strong>br</strong> />
a cada 10 anos, nos séculos XVII e XVIII. E, foi diminuindo,<<strong>br</strong> />
no século XIX - <strong>de</strong> 3 em 3 anos. A mais grave seca<<strong>br</strong> />
do período Imperial ocorreu entre os anos <strong>de</strong> 1877 a 1879,<<strong>br</strong> />
o que levou a <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> migração da população cearense<<strong>br</strong> />
para a Amazônia. Devido aos constantes problemas das<<strong>br</strong> />
secas no nor<strong>de</strong>ste do país, em 1909, foi criada a Inspetoria<<strong>br</strong> />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as Contra as Secas (IFOCS), transformada<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> em 1945 no Departamento Nacional <strong>de</strong> O<strong>br</strong>as<<strong>br</strong> />
contra as Secas (DNOCS). Em 1956, foi criado Grupo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Trabalho para o Desenvolvimento do Nor<strong>de</strong>ste (GTDN).<<strong>br</strong> />
E, em 1959, a SUDENE que, entre outras ações, tinha<<strong>br</strong> />
por finalida<strong>de</strong> “propor e coor<strong>de</strong>nar ações <strong>de</strong>finitivas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
combate às secas”. Hoje, é a <strong>de</strong>sertificação agravada pelas<<strong>br</strong> />
secas que <strong>de</strong>safia os governos.<<strong>br</strong> />
19<<strong>br</strong> />
Um dos principais <strong>de</strong>safios para o Brasil no século XXI<<strong>br</strong> />
são as mudanças climáticas. Os cientistas têm o consenso<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e o aquecimento global. E, já apontam o aumento<<strong>br</strong> />
da temperatura mundial como um dos obstáculos que o<<strong>br</strong> />
país tem <strong>de</strong> começar a enfrentar agora. Caso contrário, as<<strong>br</strong> />
conseqüências po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vastadoras. Conforme observa<<strong>br</strong> />
os cientistas, se a temperatura sobe 2 graus, os sistemas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
chuvas e secas já se alteram, mas as formas <strong>de</strong> vida que conhecemos<<strong>br</strong> />
ainda conseguem se adaptar. Contudo, com <strong>uma</strong><<strong>br</strong> />
elevação <strong>de</strong> 5 graus, o clima da Terra entra em colapso.<<strong>br</strong> />
Como conseqüência, haverá o extermínio da agricultura e<<strong>br</strong> />
da pecuária em boa parte das zonas tropicais, e a inundação<<strong>br</strong> />
das cida<strong>de</strong>s litorâneas. Além disso, tornam-se freqüentes os<<strong>br</strong> />
furacões em quase todos os oceanos, inclusive no Atlântico<<strong>br</strong> />
Sul. (ARINI, Juliana. REVISTA ÉPOCA, Edição n° 463,<<strong>br</strong> />
09/04/2008.)<<strong>br</strong> />
20<<strong>br</strong> />
Veja que bela passagem so<strong>br</strong>e o retirante que João Ca<strong>br</strong>al<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Melo <strong>de</strong>screve no poema “Morte e vida Severina”: “...<<strong>br</strong> />
Pois sempre fui lavrador, lavrador <strong>de</strong> terra má, Não há<<strong>br</strong> />
espécie <strong>de</strong> terra que eu não possa cultivar.<<strong>br</strong> />
- Isso aqui <strong>de</strong> nada adianta, pouco existe o que lavrar, mas<<strong>br</strong> />
diga-me, retirante, o que mais fazia por lá?<<strong>br</strong> />
- Também lá na minha terra, <strong>de</strong> terra mesmo pouco há, mas<<strong>br</strong> />
até a calva <strong>de</strong> pedra sinto-me capaz <strong>de</strong> arar.”<<strong>br</strong> />
21<<strong>br</strong> />
O problema que atinge os “<strong>refugiados</strong> <strong>ambientais</strong>” é tão<<strong>br</strong> />
grave, que se observa não ser somente <strong>uma</strong> questão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
território, posto que a<strong>br</strong>ange inclusive a perda da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
cultural. A exemplo po<strong>de</strong> ser citado as populações<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> Kiribati e Tuvulu, que aos serem “expulsas” dos seus<<strong>br</strong> />
países foram buscar a<strong>br</strong>igo em países como a Nova<<strong>br</strong> />
Zelândia e Austrália. Nestes países, aquelas populações<<strong>br</strong> />
tiveram que se adaptar a novo estilo <strong>de</strong> viver, tendo que<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado as suas culturas e tradições. Além disso,<<strong>br</strong> />
outro problema <strong>de</strong>ve ser acrescentado, refere-se ao fato <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
130 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010
REFUGIADOS AMBIENTAIS: UMA NOVA CATEGORIA DE PESSOAS NA ORDEM JURÍDICA INTERNACIONAL<<strong>br</strong> />
que tanto a Nova Zelandia quanto a Austrália, impuseram<<strong>br</strong> />
medidas limitativas ao ingresso nos seus territórios dos<<strong>br</strong> />
habitantes <strong>de</strong> Kiribati e Tuvalu. Apenas para se ter idéia, o<<strong>br</strong> />
governo australiano proibiu que os “<strong>refugiados</strong>” <strong>de</strong> Tuvalu<<strong>br</strong> />
e Kiribati se mudassem para a Austrália. E, o governo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
Nova Zelândia impôs cotas para o ingresso por ano <strong>de</strong>ssas<<strong>br</strong> />
populações – a quantia <strong>de</strong> setenta e cinco por ano.<<strong>br</strong> />
22<<strong>br</strong> />
PENTINAT, Susana B. Refugiados ambientales: El nuevo<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>safio <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho internacional <strong>de</strong>l médio ambiente,<<strong>br</strong> />
Revista <strong>de</strong> Derecho, p. 94, v. 19, n. 2, diciem<strong>br</strong>e <strong>de</strong> 2006.<<strong>br</strong> />
23<<strong>br</strong> />
A Convenção <strong>de</strong> Estocolmo <strong>de</strong> 1972, já previa o reconhecimento<<strong>br</strong> />
das responsabilida<strong>de</strong>s primeiras e diferenciadas dos<<strong>br</strong> />
Estados. E, a Declaração do Rio so<strong>br</strong>e o Meio Ambiente<<strong>br</strong> />
e Desenvolvimento, no principio 13, também prevê a<<strong>br</strong> />
responsabilida<strong>de</strong> dos Estados pelos danos <strong>ambientais</strong><<strong>br</strong> />
e a cooperação <strong>de</strong>sses Estados para o <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> normas <strong>de</strong> direito ambiental internacional relativas a<<strong>br</strong> />
responsabilida<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>nização por efeitos adversos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
danos <strong>ambientais</strong> causados.<<strong>br</strong> />
24<<strong>br</strong> />
O principio da cooperação internacional é expresso no<<strong>br</strong> />
principio 7° da Declaração do Rio, enten<strong>de</strong> que os Estados<<strong>br</strong> />
têm o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cooperar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um espírito <strong>de</strong> parceria<<strong>br</strong> />
mundial tendo em vista conservar, proteger e reestabelecer<<strong>br</strong> />
a saú<strong>de</strong> e a integrida<strong>de</strong> do ecossistema terrestre.<<strong>br</strong> />
Referências<<strong>br</strong> />
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES<<strong>br</strong> />
UNIDAS PARA OS REFUGIADOS (ACNUR).<<strong>br</strong> />
Estatuto dos Refugiados. Disponível em:
OLIVEIRA, M. J. G. S.<<strong>br</strong> />
Red Cross/Red Crescent Centre on Climate<<strong>br</strong> />
Change and Disaster Preparedness; Red Cross/<<strong>br</strong> />
Red Crescent Climate Gui<strong>de</strong>, www.climatecentre.<strong>org</strong>.<<strong>br</strong> />
Acesso em 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2009.<<strong>br</strong> />
SILVA, G. E. do Nascimento; ACCIOLY, Hil<strong>de</strong><strong>br</strong>ando.<<strong>br</strong> />
Manual <strong>de</strong> direito internacional público.<<strong>br</strong> />
15.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002.<<strong>br</strong> />
SOARES, Guido F. S. Curso <strong>de</strong> direito internacional<<strong>br</strong> />
público. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004.<<strong>br</strong> />
SUASSUNA, Karen. 14 <strong>de</strong> novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2006<<strong>br</strong> />
– site WWF Brasil.<<strong>br</strong> />
SUHRKE, A. Environmental Degradation and<<strong>br</strong> />
population flows, Journal of International<<strong>br</strong> />
Affairs, p. 473-396, n. 47, 1994.<<strong>br</strong> />
TRINDADE, Antonio A. C. Tratado <strong>de</strong> direito<<strong>br</strong> />
internacional dos direitos h<strong>uma</strong>nos. Porto<<strong>br</strong> />
Alegre: Sergio Antonio Fa<strong>br</strong>is Editor, 1999. V.<<strong>br</strong> />
I, II, e III.<<strong>br</strong> />
__________ . O direito internacional em um<<strong>br</strong> />
mundo em transformação: ensaios, 1976-2001.<<strong>br</strong> />
Rio <strong>de</strong> Janeiro: Re<strong>nova</strong>r, 2002.<<strong>br</strong> />
UNU-EHS Media Release; As Ranks of “Environmental<<strong>br</strong> />
Refugees” Swell Worldwi<strong>de</strong>, Calls<<strong>br</strong> />
Grow for Better Definition, Recognition, Support,<<strong>br</strong> />
Bonn, UNU-EHS, 11/10/05.<<strong>br</strong> />
UNDP. H<strong>uma</strong>n Development Report 2007/2008.<<strong>br</strong> />
Disponível em: http://hdr.undp.<strong>org</strong>/en/reports/<<strong>br</strong> />
global/hdrq007-2008. Acesso em 10 <strong>de</strong> janeiro<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> 2009.<<strong>br</strong> />
132 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 7, p. 123-132, junho/2010