Dê adeus às desculpas - joaocordeiro.com.br
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jogador que põe a culpa de uma derrota em outros mem<strong>br</strong>os do time e se gaba de<<strong>br</strong> />
ser o grande responsável pelas vitórias não tem nenhuma chance de se destacar.<<strong>br</strong> />
A inteligência aliada ao esforço não determina necessariamente o sucesso<<strong>br</strong> />
duradouro. É preciso algo mais. Alguém duvida que o fundador da Gurgel, fá<strong>br</strong>ica<<strong>br</strong> />
de automóveis totalmente <strong>br</strong>asileira, fosse inteligente e esforçado? Desde a<<strong>br</strong> />
juventude, João Augusto de Amaral Gurgel sonhava <strong>com</strong> um carro <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />
Estudou engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
trabalho de conclusão do curso, apresentou um veículo de dois cilindros, o ‘Tião’.<<strong>br</strong> />
Ouviu de um dos professores: "Carro não se fa<strong>br</strong>ica, Gurgel, carro se <strong>com</strong>pra!".<<strong>br</strong> />
Quase foi reprovado.<<strong>br</strong> />
Visionário, criador e inovador, fez pós-‐graduação nos Estados Unidos e em 1958<<strong>br</strong> />
montou um fá<strong>br</strong>ica de plásticos e de fi<strong>br</strong>a de vidro, a Moplast. Em 1969, fundou a<<strong>br</strong> />
Gurgel Motores em Rio Claro, no interior de São Paulo. Lá, para orgulho de<<strong>br</strong> />
muitos <strong>br</strong>asileiros, <strong>com</strong>eçou a produzir o Ipanema, primeiro carro cem por cento<<strong>br</strong> />
nacional. Todos os carros da Gurgel tinham nomes que homenageavam o Brasil,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o Xavante, Carajás e Tocantins. Em 1981, quando nenhuma montadora<<strong>br</strong> />
levava a sério veículos hí<strong>br</strong>idos ou elétricos, Amaral Gurgel lançou o Itaipu. Ele<<strong>br</strong> />
tinha um bom relacionamento <strong>com</strong> o governo e forneceu veículos para o exército<<strong>br</strong> />
por muitos anos. Mas, em 1990, quando Fernando Collor de Melo assumiu a<<strong>br</strong> />
presidência, o mercado <strong>br</strong>asileiro, fechado desde 1976, foi aberto para as<<strong>br</strong> />
importações. Isto foi ótimo para muita gente, mas provocou uma grande crise nas<<strong>br</strong> />
empresas que vicejavam protegidas pela restrição aos importados. No caso dos<<strong>br</strong> />
automóveis, especificamente, quase todas as grandes marcas passaram a ser<<strong>br</strong> />
vendidas no Brasil. Até o Lada russo! Com o real valendo 1 dólar, o sonho de ter<<strong>br</strong> />
um carro importado passou a ser acessível. E o que aconteceu <strong>com</strong> Gurgel?<<strong>br</strong> />
Pessoas muito inteligentes têm mais dificuldade que as outras para mudar de<<strong>br</strong> />
opinião. Quando se apegam a uma idéia, fica difícil para essas pessoas perceber<<strong>br</strong> />
outras oportunidades e visualizar as escolhas que podem fazer. Gurgel tinha<<strong>br</strong> />
algumas opções: poderia continuar fa<strong>br</strong>icando seus carros <strong>com</strong> motores e<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>ponentes vindos de outros países ou poderia passar a importar carros e<<strong>br</strong> />
retomar sua produção aos poucos, conforme a reação do mercado. Mas ele<<strong>br</strong> />
continuou preso à ideia do carro “100% nacional”. Quatro anos depois que as<<strong>br</strong> />
importações foram liberadas, teve que pedir concordata. Percebemos que<<strong>br</strong> />
depositou confiança excessiva no governo e no consumidor. Mas governo e<<strong>br</strong> />
consumidores mudam... E é preciso saber mudar <strong>com</strong> eles. Depositar excesso de<<strong>br</strong> />
expectativa nos outros (mercado, governo, cliente, etc.) é uma forma de jogar a<<strong>br</strong> />
responsabilidade para fora de nós, para as circunstâncias. E isso é o oposto de<<strong>br</strong> />
ser Accountable.<<strong>br</strong> />
Na vida pessoal e profissional não basta fazer o melhor, temos que fazer o que for<<strong>br</strong> />
necessário para sermos bem sucedidos. E o que é necessário é um grande esforço<<strong>br</strong> />
para nos tornarmos cada vez melhores. Isso diz respeito <strong>às</strong> nossas escolhas, que<<strong>br</strong> />
vão sendo feitas todos os dias. Quem escolhe ser bem sucedido assume a<<strong>br</strong> />
responsabilidade pela sua vida.