Folha de Jacarandá - Ano XIX - n.15 - 2015
Jornal elaborado por uma comissão formada por membros da escola, mães e pais voluntários. Publicado bimestralmente, tem distribuição interna e gratuita.
Jornal elaborado por uma comissão formada por membros da escola, mães e pais voluntários. Publicado bimestralmente, tem distribuição interna e gratuita.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
folhajacaranda_ed15_revale.indd 1 06/05/15 16:02
EDITORIAL<br />
2<br />
AÇÃO–EDUCAÇÃO- MEDIAÇÃO<br />
Que instrumentos mais preciosos e especificamente<br />
humanos são as nossas mãos!<br />
Primeira parte do próprio corpo que o bebê<br />
se <strong>de</strong>tém a olhar, primeiro brinquedo que<br />
se move, que proporciona variadas visões e<br />
sensações, essas extremida<strong>de</strong>s são, <strong>de</strong>pois<br />
da boca, a região mais <strong>de</strong>senvolvida do corpo<br />
logo ao nascer. Além da percepção <strong>de</strong> si, a<br />
mão é a ponte para o <strong>de</strong>sconhecido. Com<br />
suas mãozinhas as crianças po<strong>de</strong>m tocar o<br />
outro, fazer um carinho, alcançar um brinquedo<br />
e por aí vai... Não é à toa que as crianças<br />
veem com as mãos, colocando-as em<br />
tudo!<br />
Num semestre <strong>de</strong>dicado ao estudo das artes<br />
visuais, é significativo termos chegado às<br />
mãos como pauta principal <strong>de</strong>sse número<br />
do Jornal. Na educação infantil, mais importante<br />
do que cultivar a apreciação visual e a<br />
leitura <strong>de</strong> imagens, é preciso proporcionar às<br />
crianças oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pôr as mãos na<br />
massa, <strong>de</strong> explorar seu tato e suas possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> interferir nos elementos, <strong>de</strong> produzir<br />
e criar. O que fazemos com as mãos <strong>de</strong>ixa<br />
um registro in<strong>de</strong>lével na memória – quem se<br />
lembra <strong>de</strong> passar cola em figurinhas, <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras<br />
com palitos à mesa ou com gravetinhos<br />
na terra? O que escrevemos a mão é<br />
mais facilmente lembrado do que aquilo que<br />
digitamos num teclado. Nossas mãos <strong>de</strong>ixam<br />
marcas!<br />
Na escola, procuramos <strong>de</strong>ixar ao alcance<br />
das mãos os brinquedos e objetos <strong>de</strong> uso<br />
das crianças, resguardando somente aqueles<br />
que precisam <strong>de</strong> supervisão do adulto,<br />
por segurança das crianças ou por características<br />
do próprio objeto (jogo com regras,<br />
livro <strong>de</strong>licado, etc). Em casa e na escola, as<br />
crianças apren<strong>de</strong>m a usar instrumentos que<br />
requerem um refinamento cada vez maior<br />
<strong>de</strong> movimentos: os talheres, lápis, pincel,<br />
tesoura, escovas, assim como botões, zíperes,<br />
trincos...<br />
Mãozinhas curiosas querem tocar e pegar<br />
tudo, mas é preciso mediação dos adultos.<br />
Cuidar das crianças e, ao mesmo tempo,<br />
ampliar seu mundo e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ação é o eterno <strong>de</strong>safio da educação.<br />
Este jornal, como já foi dito há algum tempo,<br />
é feito a muitas mãos e esperamos que vocês<br />
aproveitem: <strong>de</strong>pois da leitura... Mãos à obra!<br />
Um abraço,<br />
Tânia<br />
Palavra<br />
da direção<br />
Cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> histórias<br />
Todo mês o Agrupa ouve<br />
uma história e se lança a<br />
fazer <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> o prato<br />
que aparece no livro. Começaram<br />
com O Sanduíche da<br />
Maricota (Avelino Gue<strong>de</strong>s)<br />
e vão percorrer outras <strong>de</strong>lícias<br />
literárias e culinárias:<br />
o lanche da Chapeuzinho<br />
Vermelho, o pão da Galinha<br />
Ruiva e o bolinho do<br />
O caso do bolinho (Tatiana<br />
Belinky).<br />
B M Um varal <strong>de</strong> sons<br />
É fácil fazer um varal <strong>de</strong> sons: numa corda <strong>de</strong> varal, pendure saquinhos <strong>de</strong><br />
tecido recheados <strong>de</strong> diferentes objetos: grãos, botões, guizos, tampinhas<br />
plásticas... cada um produz um som! Enfeitados com fitinhas coloridas,<br />
oferecem aos bebês <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s uma divertida brinca<strong>de</strong>ira, para suas<br />
mãozinhas curiosas e para todos os sentidos!<br />
G2 M Mãos na terra<br />
Após ouvir a história O Gran<strong>de</strong> rabanete, <strong>de</strong> Tatiana Belinky, vamos plantar<br />
sementes <strong>de</strong> rabanete. Mexer na terra, regar, tirar as ervas daninhas... Que<br />
emoção será ver <strong>de</strong>spontar os primeiros brotinhos!<br />
G3 T Ta Ta Tum<br />
Batendo as mãos e os pés<br />
Novo som vou encontrar.<br />
A cada batida<br />
Um ritmo tocar.<br />
O Grupo 3 se diverte<br />
Aos sons explorar.<br />
B T Primeiros livros<br />
Além da curiosida<strong>de</strong> por verem os<br />
adultos sempre com um livro na mão,<br />
os bebês têm interesse nesses objetos<br />
fascinantes: ao virar as páginas,<br />
fazem as figuras aparecerem... e<br />
<strong>de</strong>saparecerem! Alguns já começam<br />
a i<strong>de</strong>ntificar as imagens, outros ainda<br />
preferem sentir com a boca. Os livros<br />
que oferecemos são <strong>de</strong> diferentes<br />
materiais e os bebês <strong>de</strong>dicam um bom<br />
tempo passando as mãos sobre as<br />
páginas com texturas variadas.<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 2 06/05/15 16:03
NOTÍCIAS DOS GRUPOS<br />
G5 aT Brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> mão<br />
Estamos fazendo brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> mão: adoleta, quaqua<strong>de</strong>la,<br />
barra-manteiga, <strong>de</strong>ntre outras. De mão em mão cantam,<br />
brincam e se aproximam uns dos outros por meio do<br />
contato corporal e da música!<br />
G1 M Caixa surpresa<br />
O que tem <strong>de</strong>ntro da caixa-surpresa? Precisa abrir a tampa<br />
e pôr a mão lá <strong>de</strong>ntro! A cada dia, a professora coloca um<br />
novo objeto ou material: folhas <strong>de</strong> jornal, argolas coloridas,<br />
embalagens vazias, pincel <strong>de</strong> barbear e outros objetos para<br />
fazer massagem... A proposta é manusear, explorar e brincar!<br />
G 3 + 4 M De mão em mão<br />
Olhar, folhear e emprestar o livro ao amigo! Os cantinhos<br />
<strong>de</strong> livros são momentos muito esperados pelo grupo e<br />
manusear os livros com cuidado é um gran<strong>de</strong> aprendizado.<br />
Depois da história, em roda, ficam admirando as ilustrações<br />
e passam o livro ao colega.<br />
G5 bT Agir e transformar<br />
Fazer experimentos diversos e reinventar o uso dos materiais<br />
e instrumentos <strong>de</strong> arte é o maior interesse atual do<br />
grupo. Com papel, fazem amassados, rasgados, torcidos,<br />
enrolados. Para pintar, que tal além do pincel usar um copo<br />
para jogar a tinta <strong>de</strong> longe? Os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> canetinha<br />
ganham novos contornos e cores com água ou álcool espirrado<br />
por cima. Ter liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar suas possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> ação e observar as transformações é realmente<br />
entusiasmante: “hoje nós fizemos pintura e até mágica!”<br />
G1 T De abóbora faz melão...<br />
... e faz tinta cor-<strong>de</strong>-abóbora! Com tintas <strong>de</strong> abóbora, cenoura,<br />
beterraba e caqui, o grupo já pintou em diversas superfícies.<br />
Alguns tocam a tinta com receio, outros se sentem à<br />
vonta<strong>de</strong> para se lambuzar por inteiro! Quer experimentar?<br />
Segue a receita da tinta que ficou mais bonita: cozinhe uma<br />
beterraba em água e <strong>de</strong>ixe esfriar; bata no liquidificador<br />
com um pouquinho da água e pronto! Se ficar muito rala,<br />
po<strong>de</strong> levar ao fogo com um pouco <strong>de</strong> maisena para engrossar.<br />
G5 M Meu poema favorito<br />
Nós adoramos poemas e <strong>de</strong>cidimos compartilhá-los com<br />
nossos amigos dos grupos 3, 4 e 5. Nosso favorito é “O<br />
Elefantinho”, <strong>de</strong> Vinicius <strong>de</strong> Moraes. Através <strong>de</strong> bilhetes<br />
trocados com outros grupos, apren<strong>de</strong>mos novos poemas e<br />
histórias. Você tem alguma dica?<br />
G4T Esculturas <strong>de</strong> papel<br />
Inspirados na história da Tomie Ohtake e no seu Monumento<br />
80 anos da Imigração Japonesa, as crianças criaram<br />
livremente com uma tira <strong>de</strong> papel vermelho. Estão<br />
explorando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazer colagens tridimensionais<br />
- “quando faz sombrinha no papel” – com diferentes<br />
materiais (papel, palito, papel alumínio e outros).<br />
G2 T Mexe e remexe<br />
Com sucatas enviadas <strong>de</strong> casa, as crianças inventaram mil<br />
e uma brinca<strong>de</strong>iras e enfrentaram <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> todo o tipo.<br />
Ban<strong>de</strong>jinhas <strong>de</strong> isopor foram picadas e viraram comidinhas,<br />
guardadas em latas, que também serviram para rolar<br />
e bater, fazendo aquele barulho! Abrir e fechar tampas <strong>de</strong><br />
rosca, cheirar embalagens e <strong>de</strong>scobrir o sabor do suco, abrir<br />
caixinhas <strong>de</strong> papelão e empilhá-las... Como é bom ter um<br />
material que po<strong>de</strong> ser mexido e remexido sem receio!<br />
VEJA MAIS EM <br />
3<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 3 06/05/15 16:03
TROCANDO IDEIAS<br />
OS OLHOS DA<br />
MÃO<br />
- Filho, eu já te mostrei o vaso. Precisa pegar<br />
também?<br />
- Precisa. É que minha mão ainda não viu.<br />
Ué, a mão tem olhos?<br />
A anatomia humana diz que não. As crianças talvez<br />
discor<strong>de</strong>m.<br />
Pras crianças, a mão tem olhos, ouvido, nariz e boca. A<br />
mão é o corpo todo. É uma porta, uma janela, um mundo<br />
e uma chance. Chance <strong>de</strong> explorar, experimentar e<br />
transformar o entorno. Uma panela e uma colher <strong>de</strong><br />
pau, nas mãos dos pequenos, se transforma em bateria<br />
<strong>de</strong> escola <strong>de</strong> samba. Um lenço po<strong>de</strong> virar um filhote <strong>de</strong><br />
gato, um chapéu e até o mar.<br />
Essa autonomia exploratória fica um pouco prejudicada<br />
no corre-corre dos dias. Até porque ela po<strong>de</strong> gerar<br />
certos inconvenientes banais e, nem por isso, menos<br />
irritantes. Situações bem conhecidas <strong>de</strong> qualquer pai e<br />
mãe. A gente lava a louça e, quando vê, a criança abriu<br />
o armário da pia, arrancou todas as panelas, potes e<br />
assa<strong>de</strong>iras fazendo um museu no chão da cozinha. A<br />
gente põe a roupa na mala, a criança tira a roupa da<br />
mala. A gente põe, a criança tira. Põe, tira. Isso sem<br />
falar nos múltiplos ataques cardíacos quando notamos<br />
que aquela faca <strong>de</strong>saparecida da mesa está na mão do<br />
filho e sendo apontada para o gato que dorme gostoso<br />
no sofá.<br />
Então, seja por falta <strong>de</strong> paciência, seja por receio,<br />
corremos o risco <strong>de</strong> “blindar” as crianças, extraindo<br />
parte do potencial criativo e até mesmo da diversão<br />
do cotidiano.<br />
Até por isso, vale lembrar que a noção <strong>de</strong> preservação<br />
do objeto manuseado, ou mesmo <strong>de</strong> autopreservação<br />
- diante do eventual perigo que o objeto acarrete - são<br />
ainda incipientes ou inexistentes nas crianças.<br />
Filha, vamos brincar <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar? E a filha rasga a<br />
folha. Vamos construir uma torre? E a filha <strong>de</strong>rruba<br />
todos os blocos no chão. Vamos brincar <strong>de</strong> fazer<br />
bonecos <strong>de</strong> massinha? E a filha arranca as cabeças.<br />
No entanto, é justamente essa inconsequência que<br />
amplia as possibilida<strong>de</strong>s, a noção <strong>de</strong> mundo. É na<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir que a criança vai ter segurança<br />
para, em seguida, construir.<br />
Quando possível, vale a pena respirar fundo e <strong>de</strong>morar<br />
um pouco mais para concluir aquela arrumação,<br />
<strong>de</strong>ixando a criança arrancar as roupas, correr o zíper,<br />
entrar na mala.<br />
Sem medo <strong>de</strong> colocar a mão na massa!<br />
Paula Man<strong>de</strong>l<br />
“A criança conhece o mundo experimentando”<br />
Para dar mais sabor à nossa discussão, fomos falar com quem enten<strong>de</strong> do assunto. Abaixo, uma rápida entrevista com Tânia<br />
Fukelmann Landau e Lena Bartman Marko, da CONVERSO Assessoria Pedagógica<br />
1. Qual a importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar as<br />
crianças tocarem nos objetos para<br />
apren<strong>de</strong>r?<br />
A criança pequena apren<strong>de</strong><br />
principalmente pela experiência<br />
direta. Para conhecer o frio e o<br />
quente, distinguir o liso do áspero,<br />
o leve do pesado, precisa vivenciar<br />
diretamente estas sensações.<br />
Nesta fase, até 2 e 3 anos,<br />
chamada <strong>de</strong> sensório-motora, a<br />
criança conhece o mundo através<br />
da boca, mexendo, chacoalhando,<br />
atirando objetos, observando e<br />
experimentando, através <strong>de</strong> sua<br />
ação sobre os objetos e pessoas.<br />
É a chamada “inteligência prática”<br />
<strong>de</strong> que nos fala Piaget. Permitir<br />
que a criança atue sobre os objetos<br />
e pessoas, então, é essencial<br />
para que <strong>de</strong>scubra o mundo e<br />
faça suas pesquisas. A partir<br />
<strong>de</strong>sta ida<strong>de</strong>, o manuseio continua<br />
importante porque constrói<br />
significado para as coisas ao se<br />
relacionar diretamente com elas.<br />
Por exemplo: quando transforma<br />
uma vassoura em cavalinho, um<br />
lápis em avião ou entra <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong><br />
uma mesa fazendo <strong>de</strong> conta que é<br />
sua casa. Seu pensamento e sua<br />
criativida<strong>de</strong> estão diretamente<br />
ligados à sua ação, ao seu “fazer”.<br />
Os instrumentos para conhecer<br />
o mundo nesta faixa-etária estão<br />
em seu próprio corpo, conhece<br />
4<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 4 06/05/15 16:03
as cores, as formas, o cheiro,<br />
o toque, através <strong>de</strong> sensações,<br />
emoções, <strong>de</strong> “experiências para<br />
ver”, que realiza, por meio do<br />
sentir, tocar, chupar, atirar, rolar.<br />
Materiais diversos, que possam<br />
ser experimentados sem risco,<br />
precisam ser oferecidos para<br />
enriquecer a vivencia da criança.<br />
2. No ensino <strong>de</strong> música e artes é<br />
ou não importante ensinar a ver e<br />
ouvir sem botar a mão?<br />
Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada material,<br />
contexto e objetivos das ativida<strong>de</strong>s<br />
e da faixa-etária da criança. Em<br />
algumas situações é possível e<br />
interessante que a criança possa<br />
tocar nos objetos e instrumentos<br />
e experimentá-los, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não<br />
haja nenhum risco, nem para a<br />
criança, nem para o instrumento.<br />
Mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za<br />
do <strong>de</strong>le, por exemplo, po<strong>de</strong>mos<br />
pedir que apenas olhem, sem<br />
tocar, o que vão apren<strong>de</strong>ndo a<br />
fazer paulatinamente. É preciso<br />
dosar as propostas para que sejam<br />
intercaladas ativida<strong>de</strong>s nas quais<br />
a criança vai apenas contemplar e<br />
outras em que vai ter a liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> manuseio, exploração e<br />
<strong>de</strong>scobertas.<br />
3. Com que ida<strong>de</strong> as crianças<br />
po<strong>de</strong>m manusear corretamente os<br />
instrumentos <strong>de</strong> música e artes?<br />
É possível prever uma sequência<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>safios, sempre maiores, para<br />
cada situação. Um pan<strong>de</strong>iro, um<br />
agogô ou uma flauta po<strong>de</strong>m ser<br />
manuseados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> bebês. Já um<br />
violão ou um berimbau, requerem<br />
uma ida<strong>de</strong> mais avançada. Quanto<br />
ao manuseio “correto”, isto se dá<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um processo, em que<br />
inicialmente a criança experimenta<br />
“do seu jeito”, mas vai sendo aos<br />
poucos orientada sobre maneiras<br />
mais usuais e sofisticadas <strong>de</strong> usar<br />
ou tocar instrumentos e materiais.<br />
O primeiro contato com novos<br />
instrumentos e materiais tem que<br />
ser uma experiência prazerosa, que<br />
<strong>de</strong>sperte sua curiosida<strong>de</strong>. Escolher<br />
materiais a<strong>de</strong>quados é importante,<br />
pois se esta experiência vem<br />
carregada <strong>de</strong> limites e regras, fica<br />
difícil a criança encontrar prazer<br />
nela.<br />
4. Devemos ensinar ou <strong>de</strong>ixar<br />
que as crianças aprendam por si<br />
próprias?<br />
É importante que a criança explore<br />
materiais e objetos, pesquisando<br />
por si própria a partir <strong>de</strong> perguntas<br />
e propostas inteligentes e<br />
instigantes. Em alguns momentos,<br />
uma dica, uma orientação, um<br />
“mostrar como se faz” ou “como<br />
é que funciona” po<strong>de</strong>m fazer a<br />
criança avançar e/ou perguntarse<br />
sobre questões relacionadas<br />
TROCANDO IDEIAS<br />
àqueles instrumentos ou<br />
objetos. Os educadores precisam<br />
observar as ações e processos <strong>de</strong><br />
investigação das crianças para<br />
saber como agir e intervir, sem<br />
atropelar a pesquisa da criança<br />
nem se antecipar em relação às<br />
suas <strong>de</strong>scobertas. O que torna<br />
a experiência mais significativa<br />
para a criança é a vivencia e a<br />
<strong>de</strong>scoberta, por isso dar a resposta,<br />
mostrar como se faz, sem antes<br />
permitir a exploração, não ajuda a<br />
tornar a experiência significativa<br />
para ela. O professor po<strong>de</strong> intervir<br />
<strong>de</strong> formas indiretas, organizando<br />
os espaços, selecionando os<br />
materiais, fazendo perguntas e<br />
trazendo informações que agregam<br />
novos conhecimentos, para que as<br />
crianças solucionem os problemas<br />
com os quais se <strong>de</strong>param.<br />
5<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 5 06/05/15 16:03
adaptação: Lucas Valadares<br />
6<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 6 06/05/15 16:03
folhajacaranda_ed15_revale.indd 7 06/05/15 16:03<br />
7
TROCANDO IDEIAS<br />
“Eu acho que nós bois, assim como os cachorros, as<br />
pedras, as árvores, somos pessoas soltas, com beiradas,<br />
começo e fim. O homem, não: o homem po<strong>de</strong> se ajuntar<br />
com as coisas, se encostar nelas, crescer, mudar <strong>de</strong><br />
forma e <strong>de</strong> jeito… o homem tem partes mágicas… são as<br />
mãos… eu sei”.<br />
Conversa com bois – Guimarães Rosa<br />
Ah, as mãos. Elas que nos apresenta o <strong>de</strong>sconhecido, que nos<br />
faz sentir as maiores e melhores sensações, nos torna artistas,<br />
se gran<strong>de</strong> nos remete a infância, se pequeno nos faz acreditar<br />
que somos capazes e que o mundo po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser mágico.<br />
Não é <strong>de</strong> hoje que apoiamos o uso das mãos na rotina<br />
do pequeno, lembro quando ainda estávamos grávidos, e<br />
pensávamos na introdução alimentar, optamos pelo BLW<br />
(Baby Led Weaning), é lindo presenciar o bebê se alimentando<br />
sozinho, sentindo a textura <strong>de</strong> cada alimento, levando com as<br />
próprias mãos a manga até a boca, rindo alto cada vez que a<br />
manga escapa da mão e cai na ca<strong>de</strong>ira, no chão, na mesa...<br />
Foi na introdução alimentar <strong>de</strong> Felipe que passamos a valorizar<br />
ainda mais a sensação <strong>de</strong> utilizar a mão no novo.<br />
E a primeira vez na praia? A mão cheia <strong>de</strong> areia que<br />
rapidamente levada à boca faz a criança sentir o gostinho do<br />
mar.<br />
Depois que passamos a vivenciar esse mundo, pu<strong>de</strong>mos<br />
perceber que a busca por ativida<strong>de</strong>s lúdicas com o uso das<br />
mãos é gran<strong>de</strong> e a oferta nem se fala. Oficinas <strong>de</strong> culinária,<br />
oficinas <strong>de</strong> sensações, ateliê <strong>de</strong> artes, fábrica <strong>de</strong> brinquedos...<br />
Isso é ótimo. Mas o dito “mãos na massa” po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser<br />
praticado no ambiente da criança, na cozinha, no quarto,<br />
na sala, na hora do banho... E você não precisa ser nenhum<br />
artista para fazer isso acontecer, concorda?<br />
Por mais que a primeira cena que lhe venha à cabeça seja a<br />
da criança riscando o sofá, as pare<strong>de</strong>s, pintado às louças, os<br />
cachorros e etc, ao limitar esse tipo <strong>de</strong> experiência também<br />
per<strong>de</strong>-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar a criança as noções <strong>de</strong><br />
limites <strong>de</strong> tempo e espaço.<br />
Já pensou o quanto po<strong>de</strong> ser prazeroso a construção <strong>de</strong> um<br />
brinquedo em família? Aquela velha caixa <strong>de</strong> papelão que iria<br />
para o lixo, po<strong>de</strong> virar um carrinho, um pebolim, um violão ou<br />
simplesmente um objeto para criança pintar e explorar.<br />
Que tal inserir nos afazeres da semana, um dia <strong>de</strong> culinária?<br />
Eles curtem muito! Aqui, uma vez por semana Felipe fica<br />
responsável por fazer o pão, o bolo ou a carne moída. Sim,<br />
tudo isso com a mão na massa, mãos para fazer bolinhas,<br />
mãos para temperar e mãos para misturar os ingredientes<br />
do bolo. São nessas brinca<strong>de</strong>iras que as crianças passam a<br />
conviver com o “proibido” e enten<strong>de</strong>r o motivo pelo qual eles<br />
ainda não po<strong>de</strong>m manusear a faca, ligar o fogão ou brincar<br />
com copos <strong>de</strong> vidro. E enquanto a comida está no<br />
forno/fogo, você po<strong>de</strong> puxar um banquinho e chamá-lo para<br />
ajudar na louça. Criança adora a combinação: água x sabão x<br />
esponja.<br />
Penso que não precisamos <strong>de</strong> muito para fazer isso acontecer.<br />
As possibilida<strong>de</strong>s são infinitas. Massinhas caseiras, pintura<br />
com as mãos, brinquedos fabricados, plantar mudinhas, cobrir<br />
objetos com a<strong>de</strong>sivos, arrumar o guarda roupa. E quanto ao<br />
espaço? Po<strong>de</strong> ser ali, aqui ou lá. Você não precisa morar em<br />
uma casa com quintal e área ver<strong>de</strong>, o “ateliê temporário” po<strong>de</strong><br />
ser montando no meio da sua sala, acredite.<br />
A criança conseguirá <strong>de</strong>senvolver o passo a passo da<br />
brinca<strong>de</strong>ira, sem necessariamente ser guiado por um adulto<br />
em tudo que for explorar. Guar<strong>de</strong> os objetos ao alcance <strong>de</strong><br />
suas mãos.<br />
Proporcione a liberda<strong>de</strong> do criar e <strong>de</strong>ixe a criança ser o agente<br />
da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida, imaginando, fantasiando e vivendo<br />
a realida<strong>de</strong>, construindo diversas interpretações para um<br />
mesmo ato, <strong>de</strong>senvolvendo o lado motor, cognitivo e afetivo e<br />
consequentemente conhecendo o limite <strong>de</strong> suas mãos.<br />
O retorno é extremamente gratificante. Quadros pintados,<br />
cheiro <strong>de</strong> tinta pela casa, carrinhos <strong>de</strong> papelão, aquele bolo<br />
fresquinho feito pelo filho, pinturas nos azulejos do banheiro,<br />
coleção <strong>de</strong> aventais, e uma criança que adora colocar a mão<br />
na massa.<br />
Isso só <strong>de</strong>spertou ainda mais a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcar um encontro<br />
<strong>de</strong> pais e filhos com a mão na massa? Topam?<br />
Depoimento: Renata Pereira<br />
8<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 8 06/05/15 16:03
folhajacaranda_ed15_revale.indd 9 06/05/15 16:03<br />
9
TRAVESSURAS E GOSTOSURAS<br />
Pão <strong>de</strong> Q<br />
Ingredientes:<br />
Biscoito com Goiabada<br />
Ingredientes:<br />
5 ou 6 mandioquinhas pequenas ou 4 médias<br />
1 cenoura média<br />
2 xíc <strong>de</strong> polvilho doce<br />
1 xíc <strong>de</strong> polvilho azedo<br />
1/4 xíc <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> girassol<br />
1/4 xic <strong>de</strong> azeite<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> sal<br />
1/4 xíc <strong>de</strong> água no máximo<br />
Modo <strong>de</strong> Preparo:<br />
Fazer um purê dos legumes cozidos e misturar<br />
com os outros ingredientes com as mãos até chegar<br />
no ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r fazer as bolinhas sem grudar<br />
(adicionar a água ao final e aos poucos para não<br />
per<strong>de</strong>r o ponto-que é como massa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar).<br />
Feito isso, assar todos <strong>de</strong> uma vez em forno médio ou<br />
guardar uma parte da enrolada no freezer.<br />
250 g. <strong>de</strong> manteiga (em temperatura ambiente)<br />
1 xíc. <strong>de</strong> açúcar<br />
3 xíc. <strong>de</strong> farinha<br />
Goiabada<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Coloque a manteiga em um recipiente e acrescente o<br />
açúcar;<br />
Com o auxílio <strong>de</strong> uma colher, amasse a manteiga e açúcar;<br />
Então acrescente a farinha e logo é hora <strong>de</strong> colocar a mão<br />
na massa;<br />
Trabalhe a massa até que fique no ponto <strong>de</strong> fazer bolinhas;<br />
Unte a assa<strong>de</strong>ira com manteiga e farinha;<br />
Coloque as bolinhas na assa<strong>de</strong>ira e um cubinho <strong>de</strong><br />
goiabada em cima <strong>de</strong> cada biscoito;<br />
Levar a assa<strong>de</strong>ira ao forno aquecido a 180° C, por cerca<br />
<strong>de</strong> 20 min.<br />
O biscoito estará pronto.<br />
Bom apetite!<br />
AS MÃOS DE MARIA ou, amarradas umas nas<br />
outras, se transformavam em<br />
10<br />
Pelas mãos da Maria passam as crianças do G1.<br />
Pelas mãos da Maria também passam muitas das<br />
brinca<strong>de</strong>iras, criações e inspirações que essas crianças<br />
apren<strong>de</strong>m todos os dias através <strong>de</strong> recortes, dobraduras,<br />
colagens, tudo o que mãos po<strong>de</strong>m fazer <strong>de</strong> mais divertido<br />
e encantador.<br />
É assim que as mãos da Maria passam a maior parte do<br />
tempo: brincando e educando.<br />
E isso não é <strong>de</strong> agora.<br />
Des<strong>de</strong> pequena em Campo Maior, no sertão do Piauí,<br />
ela e os 11 irmãos apren<strong>de</strong>ram a criar seus próprios<br />
brinquedos, suas próprias diversões.<br />
Tudo ao redor podia virar brinquedos.<br />
Naquele tempo, naquele lugar não<br />
existiam, como diz Maria com seu jeito<br />
doce, os “brinquedos <strong>de</strong> comprar”.<br />
Da árvore Carnaúba caíam<br />
coquinhos, palhas e pedaços das<br />
folhas. Juntando uma coisa na outra...<br />
pronto, surgia um cavalo-<strong>de</strong>-pau.<br />
Era assim com as bolas feitas <strong>de</strong><br />
meia<br />
Era assim com os sabugos <strong>de</strong> milho,<br />
que com alguns panos, linha e botão,<br />
viravam bonecas.<br />
Era assim com as latas <strong>de</strong> sardinha,<br />
que ela e os irmãos abriam raspando<br />
nas pedras para ajudar no almoço e<br />
<strong>de</strong>pois, vazias, se tornavam carrinhos<br />
um trem.<br />
Maria veio para São Paulo com seus dois filhos, seus<br />
sonhos e sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar objetos em<br />
diversão e arte.<br />
No início <strong>de</strong> sua nova vida, trabalhou como babá<br />
durante muitos anos.<br />
Até que foi convidada por sua irmã, que na época<br />
trabalhava na <strong>Jacarandá</strong>, a cobrir por uma semana as<br />
férias <strong>de</strong> uma outra professora.<br />
Era para ser 7 dias. Mas Maria, para sorte das nossas<br />
crianças, está aqui até hoje.<br />
Na <strong>Jacarandá</strong>, Maria po<strong>de</strong> colocar em prática o<br />
que ela apren<strong>de</strong>u com a vida e principalmente com<br />
os seus pais, que ensinaram que tudo<br />
po<strong>de</strong> virar brinca<strong>de</strong>ira. Até hoje Maria<br />
lembra <strong>de</strong> sua mãe cantando enquanto<br />
cozinhava, com as crianças em volta do<br />
fogão, acompanhando tudo e cantando<br />
também.<br />
Maria ama criar com as mãos e<br />
<strong>de</strong> mostrar para as crianças que a<br />
hora <strong>de</strong> fazer um brinquedo já é uma<br />
brinca<strong>de</strong>ira. Nossa querida Maria sabe<br />
que uma criança que apren<strong>de</strong> a brincar,<br />
construir, criar e fazer com as mãos, é<br />
uma criança que voa com sua própria<br />
imaginação.<br />
Depois <strong>de</strong> todos esses ensinamentos,<br />
o que nos resta é pegar nossas mãos e<br />
aplaudir e abraçar a Maria!<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 10 06/05/15 16:03
Ciência e arte para ver e tocar<br />
Já que essa edição é sobre o tátil e o manual, a<br />
<strong>Folha</strong> <strong>de</strong> <strong>Jacarandá</strong> foi a campo para encontrar<br />
algumas experiências <strong>de</strong> museus e exposições<br />
interativas, acessíveis para crianças. O primeiro<br />
e gran<strong>de</strong> campeão é o Catavento Cultural http://<br />
www.cataventocultural.org.br/, museu <strong>de</strong> ciências<br />
e vivências, em que as crianças po<strong>de</strong>m tocar<br />
meteoritos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, arrepiar os cabelos,<br />
produzir uma bolha <strong>de</strong> sabão gigante e fazer várias<br />
experiências <strong>de</strong> química e física (das divertidas!). A<br />
proposta é toda interativa e são poucas as peças<br />
que não po<strong>de</strong>m ser tocadas pelas crianças.<br />
Outros museus mais “recentes” <strong>de</strong> São Paulo<br />
também apostam na interativida<strong>de</strong>, como o Museu<br />
da Língua Portuguesa (legal mesmo para quem não<br />
sabe ler - http://www.museudalinguaportuguesa.<br />
org.br/) e o Museu do Futebol http://museudofutebol.<br />
org.br/, aqui pertinho, no qual a criança chuta<br />
bolas verda<strong>de</strong>iras e virtuais, ouve a arquibancada<br />
vibrando, mexe em quadros e ainda vê o estádio por<br />
<strong>de</strong>ntro. O Museu do Instituto Biológico http://www.<br />
biologico.sp.gov.br/museu.php também permite<br />
um contato – para os <strong>de</strong>stemidos! - com bichospau,<br />
bichos da seda e baratas <strong>de</strong> Madagascar. A<br />
Pinacoteca do Estado http://www.pinacoteca.org.<br />
br/pinacoteca-pt/ não é propriamente interativa, e<br />
a gente po<strong>de</strong> reclamar porque a Galeria Tátil só é<br />
manuseável por cegos (e as crianças????), mas ela<br />
também oferece jogos divertido na entrada, para<br />
11<br />
quem solicitar, que ajudam a envolver a criança na<br />
exposição e tornar a visita mais instigante.<br />
Um pouquinho mais longe, o Sabina Escola<br />
Parque do Conhecimento <strong>de</strong> Santo André http://<br />
www2.santoandre.sp.gov.br/in<strong>de</strong>x.php/sabina-eplanetario<br />
tem escavações na areia, simulador que<br />
vivencia fenômenos da natureza e uma bonecona<br />
que representa o sistema digestivo (o mais<br />
divertido é “virar cocô” no final do trajeto). E um<br />
poucão mais longe, o Instituto Inhotim, em Minas<br />
Gerais http://www.inhotim.org.br/ , alcança o auge<br />
da interativida<strong>de</strong>: pisar em cacos <strong>de</strong> vidro com<br />
Cildo Meireles, pular na espuma ou em balões com o<br />
Helio Oiticica e até entrar na piscina-obra <strong>de</strong> Jorge<br />
Macchi.<br />
Isso, sem esquecer as exposições temporárias,<br />
algumas <strong>de</strong>las muito atraentes e interativas<br />
para crianças. Atualmente, está em São Paulo a<br />
exposição “Lugares”, da Stela Barbieri, exposição<br />
premiada <strong>de</strong> arte para crianças que contém<br />
cinco “obras oficinas”: Lugar para ler; Lugar<br />
para <strong>de</strong>senhar; Lugar <strong>de</strong> combinações líquidas<br />
(laboratório <strong>de</strong> cores, tecidos, algodões); Lugar<br />
para criar espaços e Lugar para semear (nos Sesc<br />
Belenzinho, Santana e Bom Retiro). Para ver,<br />
tocar, sentir, cheirar, ouvir e curtir!!! http://www.<br />
sescsp.org.br/programacao/42520_LUGARES#/<br />
content=programacao<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 11 06/05/15 16:03
SAÚDE<br />
FAZ BEM SE SUJAR!<br />
Todos nós concordamos que o simples ato <strong>de</strong> lavar as mãos é <strong>de</strong> importância fundamental no nosso cotidiano.<br />
Higienizar as mãos antes e <strong>de</strong>pois das refeições, após as idas ao banheiro, ao chegar da rua e <strong>de</strong>pois do contato<br />
com objetos sujos como o dinheiro, por exemplo, é uma das principais formas <strong>de</strong> evitar inúmeras doenças como<br />
diarreia, hepatite, gripe e infecções intestinais. Mãos sujas são o paraíso das bactérias.<br />
É tão importante o ato <strong>de</strong> lavar as mãos que a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) propôs que, todo ano, no<br />
dia 5 <strong>de</strong> maio, fosse realizada uma campanha mundial divulgando a necessida<strong>de</strong> da higienização das mãos, uma<br />
forma econômica <strong>de</strong> manter a saú<strong>de</strong>, acessível a todos. E este ano não será diferente.<br />
Mas aí vem a seguinte pergunta: até on<strong>de</strong> vai a neurose, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lavar as mãos a toda hora, o cuidado em<br />
não <strong>de</strong>ixar a criança sujar as mãos e colocar, literalmente, a “mão na massa”? É uma mania <strong>de</strong> hipocondríaco?<br />
Estamos sendo zelosos <strong>de</strong>mais? Ou não?<br />
A pergunta é ampla e exige atenção. Segundo o pediatra Dr. Luiz Fernando <strong>de</strong> Barros Carvalho, cada germe<br />
estimula o sistema imunológico, a formação <strong>de</strong> anticorpos. Assim, todas as crianças precisam estimular os<br />
sentidos e experimentar o mundo real para garantir um crescimento saudável, acrescenta o pediatra. Essa<br />
estimulação passa, naturalmente, pelo contato mais amplo possível com germes. Por outro lado, ter contato<br />
com sujeira não só é importante para a saú<strong>de</strong>, mas também para o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico <strong>de</strong> nossas<br />
crianças.<br />
Pais excessivamente zelosos po<strong>de</strong>m privar seus filhos <strong>de</strong>ssa experimentação, por morrer <strong>de</strong> medo da criança<br />
apanhar uma pneumonia porque andou <strong>de</strong>scalça pela casa. Por não querer que ela se suje <strong>de</strong> terra, não permitem<br />
que ela role na grama, pinte uma amarelinha no chão, sinta a lama macia,<br />
ou por medo <strong>de</strong> quedas não a <strong>de</strong>ixam subir em árvore, pegar<br />
manga no pé, entre outras experiências sensoriais e <strong>de</strong><br />
vida, e po<strong>de</strong>m assim impedir seus filhos <strong>de</strong> interagir com<br />
o mundo e dificultar sua aprendizagem.<br />
Por outro lado, como já comentado no<br />
início <strong>de</strong>ste texto, é muito importante<br />
lavar as mãos porque elas são as<br />
principais vias <strong>de</strong> transmissões <strong>de</strong> doenças e,<br />
por isso, a lavagem correta das mãos po<strong>de</strong> evitar<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>las.<br />
Mas sejamos sensatos e equilibrados: criança<br />
saudável e feliz é também aquela que brinca, que se suja e experimenta. Então, que tal lavar as mãos após a<br />
brinca<strong>de</strong>ira?<br />
lifercar@uol.com.br<br />
12<br />
Datas especiais<br />
Nascimentos:<br />
Em 23 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2014,<br />
nasceu o Joaquim, irmão da Helena<br />
(G3e4m). A Sofia, irmã do Felipe<br />
(G5m), nasceu dia 02 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.<br />
Em <strong>2015</strong>, foi no dia 17 <strong>de</strong> janeiro<br />
que nasceu a Catarina, filha da<br />
professora Gabriela. Em 24 <strong>de</strong><br />
fevereiro, nasceu a irmã da Maria<br />
Luiza (G5At), Ana Helena. E para<br />
finalizar, nasceu a Melissa, no dia<br />
27/04, irmã do Benjamin (G3e4m).<br />
Desejamos muita saú<strong>de</strong> e felicida<strong>de</strong><br />
aos bebês, seus pais e irmãos!<br />
Dia 16 <strong>de</strong> maio, sábado, será a nossa<br />
festa do Dia das Mães. Reservem a<br />
agenda para uma manhã cheia <strong>de</strong><br />
arte!<br />
Expediente<br />
<strong>Jacarandá</strong>: Alessandra Nogueira, Tânia Rezen<strong>de</strong> e Vitória Sá<br />
Participaram <strong>de</strong>sta edição: Ana Cecília Aranha (mãe da Isabel F. e da Beatriz), Débora Lublinski (mãe da Marina C.), Haydée Zanetti<br />
(mãe do Noah), Leandro Castilho (pai do Vittorio), Lucas Valadares (pai da Maria), Marcio Men<strong>de</strong>s (pai do Luca), Maria Leopoldina<br />
(mãe do José), Paula Man<strong>de</strong>l (mãe da Nara e do Lev), Rafaela Bernar<strong>de</strong>s (mãe do Guilherme P.), Renata Pereira (mãe do Felipe A.)<br />
e Tatiana Cymbalista (mãe da Clara e do Max).<br />
folhajacaranda_ed15_revale.indd 12 06/05/15 16:03