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O poder dos flex - Detran

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Capa<br />

O <strong>poder</strong> <strong>dos</strong> <strong>flex</strong><br />

Com a marca de 70% das vendas de veículos, os bicombustíveis caem no gosto e no<br />

bolso popular<br />

A possibilidade de escolher o combustível mais econômico na hora de abastecer<br />

o veículo está levando muitos motoristas a optar por um carro bicombustível, mais<br />

conhecido como Flex, na hora da compra.<br />

Superadas as primeiras desconfianças deixadas pelo derrocada <strong>dos</strong> automóveis<br />

movi<strong>dos</strong> a álcool, há alguns anos, os bicombustíveis conquistam os consumidores e já<br />

representam 70% das vendas de veículos leves no Brasil. No Paraná, as vendas já<br />

atingiram a marca de 74%. Em janeiro desde ano, foram compra<strong>dos</strong> 8.657 modelos <strong>flex</strong><br />

de um total 11.588 unidades vendidas.<br />

A frota de veículos <strong>flex</strong> no Estado cresceu 230% em 2005. Em janeiro de 2006,<br />

o número de bicombustíveis alcançou a marca de 122.275 unidades, o que representa<br />

4% da frota total de veículos. É um número alto, considerando-se que o primeiro carro<br />

bicombustível foi vendido no primeiro semestre de 2003 e que só existe no mercado a<br />

opção de veículos populares e médios com a tecnologia <strong>flex</strong>.<br />

“Hoje, todo cliente que opta por trocar de carro exige que seja bicombustível. E<br />

só existe um motivo para a escolha, que é a econômica”, diz o presidente estadual da<br />

Federação de Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave/PR), Luis<br />

Antônio Sebben. “O preço do veículo é o mesmo. Então, mesmo em perío<strong>dos</strong> como o<br />

que estamos atravessando, que o preço do álcool está muito alto, compensa comprar um<br />

bicombustível”, completa. Ele acredita que as vendas de <strong>flex</strong> não são de 100% porque<br />

os carros de luxo ainda não são fabrica<strong>dos</strong> com essa tecnologia.<br />

O gerente de negócios Alexandre Rocha Neto foi um <strong>dos</strong> que optou pelo carro<br />

<strong>flex</strong> pensando na economia. “Eu comprei para <strong>poder</strong> economizar na hora de abastecer”,<br />

confessa. Ele ressalta, no entanto, que já foi mais vantajoso ter um veículo <strong>flex</strong>.<br />

“Quando comprei o carro, há um ano, senti uma diferença grande. Hoje, como o preço<br />

do álcool subiu bastante, não está mais tão vantajoso. Toda vez que vou abastecer faço a<br />

conta para ver a opção mais econômica”, comenta. (veja box)<br />

Mesmo com a alta nas bombas, hoje o álcool corresponde a 40% das vendas nos<br />

postos de abastecimento. Outra vantagem é que o álcool é um combustível mais<br />

confiável, pois é mais difícil de ser adulterado. “Não dá para avaliar o <strong>flex</strong> só pelo lado<br />

econômico. É necessário ver também a confiança que ele oferece ao proprietário. Numa<br />

estrada, quando é preciso reabastecer o carro e o posto não desperta credibilidade, a<br />

opção mais segura é o álcool” afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista<br />

de Combustíveis e Deriva<strong>dos</strong> de Petróleo do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto<br />

Fregonese.<br />

O meio ambiente também agradece. O uso do álcool como combustível é menos<br />

poluente. Emite 80% menos gás carbono na atmosfera que a gasolina, o que o torna um<br />

aliado na busca de soluções que contribuam para a diminuição do efeito estufa e<br />

aquecimento global.<br />

Tecnologia – O sucesso <strong>dos</strong> bicombustíveis é uma conquista nacional. Tanto o<br />

desempenho do motor do veículo movido a álcool quanto a produção de uma fonte de<br />

energia alternativa e renovável são resulta<strong>dos</strong> da inteligência e de investimentos em<br />

tecnologia desenvolvida no Brasil.


Os <strong>flex</strong> possuem um sensor localizado no escapamento que avalia a queima do<br />

combustível e envia as informações para um software no centro de comando do veículo.<br />

É esse software que calcula a melhor forma do motor trabalhar com a mistura de<br />

combustível e que permite ao proprietário misturar álcool e gasolina no tanque, de<br />

acordo com o que acreditar ser mais vantajoso.<br />

Um <strong>dos</strong> problemas <strong>dos</strong> primeiros veículos a álcool foi que eles demoravam para<br />

esquentar e dar a partida nos dias frios. Hoje, tanto os veículos <strong>flex</strong> quanto os movi<strong>dos</strong><br />

só a álcool possuem um reservatório de um litro de gasolina separado do tanque que<br />

permite dar a partida em dias frios.<br />

(BOX 1)<br />

Importante saber<br />

Para garantir a economia na hora de abastecer, o proprietário do veículo <strong>flex</strong><br />

precisa estar atento ao valor do álcool e da gasolina nas bombas no momento em que for<br />

abastecer. O cálculo é simples. No geral, só é vantagem abastecer o carro com álcool<br />

quando o preço do litro for 70% menor que o da gasolina. Isso porque o consumo de<br />

álcool por quilômetro rodado com o veículo movido a álcool é maior que o movido a<br />

gasolina. Um carro médio, por exemplo, quando abastecido com álcool, roda oito<br />

quilômetros com um litro de combustível, fazendo a média entre estrada e cidade. O<br />

mesmo carro abastecido com gasolina roda cerca 12 quilômetros.<br />

A orientação do Sindicombustíveis, no entanto, é que proprietário teste o seu<br />

veículo para saber quantos quilômetros ele faz com um litro de álcool e um de gasolina,<br />

para depois estabelecer o cálculo padrão de ánalise.<br />

Faça as contas (PARA INFOGRÁFICO)<br />

Para saber qual combustível utilizar na hora de abastecer o carro, basta dividir o<br />

valor do álcool pelo da gasolina e depois multiplicar por 100. Se o número for inferior a<br />

70 ainda é vantagem abastecer com álcool.<br />

*Ex: 1,78 (álcool) / 2,48 (gasolina) = 0,72 x 100 = 72<br />

*O cálculo com base em valores nos postos de Curitiba em 24 de fevereiro<br />

(BOX 2)<br />

Porque o álcool sobe<br />

A alta do preço do álcool é atribuída pelo mercado ao crescimento da demanda,<br />

provocado pelas grandes vendas de veículos bicombustíveis. Outra justificativa é o<br />

período da entressafra da cana-de-açúcar, que vai até abril.<br />

A redução do percentual de mistura do álcool à gasolina, de 25% para 20%,<br />

economiza 100 milhões de litros, mas o consumo está aquecido e gira em torno de 1,1<br />

bilhão e 1,3 bilhão de litros por mês.<br />

O volume de álcool economizado com a redução da mistura não é suficiente para<br />

uma queda de preço e fica abaixo do já acertado pelas usinas para exportação, que tem<br />

crescimento constante. A demanda externa puxa os preços internos, pressiona<strong>dos</strong> ainda<br />

mais pelas distribuidoras, que disputam o baixo estoque de álcool neste período de<br />

entressafra.<br />

Mesmo com a entrada da safra, a redução <strong>dos</strong> preços nas usinas deve ser mais<br />

lenta neste ano do que nos anteriores, quando as cotações despencaram em maio,


principalmente se a demanda externa continuar forte. O Brasil está exportando 2,4<br />

bilhões de litros por ano, sete vezes mais que os 300 milhões de três anos atrás.<br />

(TABELA)<br />

Frota em crescimento<br />

FROTA DO PARANÁ<br />

COMBUSTÍVEL 2004 2005 %<br />

ÁLCOOL 394.615 402.313 1,95<br />

ÁLCOOL/ GÁS NATURAL VEICULAR 560 787 40,54<br />

ÁLCOOL/ GASOLINA 34.889 115.081 229,85<br />

DIESEL 353.508 371.361 5,05<br />

GASOLINA /ALCOOL/GÁS NATURAL<br />

VEICULAR 118 845 616,10<br />

GASOLINA/ GÁS NATURAL VEICULAR 11.116 13.997 25,92<br />

GASOLINA 2.281.493 2.415.052 5,85<br />

TOTAL 3.076.457 3.319.579 7,90<br />

(Legenda 1) Alexandre Rocha Neto: contas para decidir qual combustível é mais<br />

vantajoso<br />

(Legenda 2) Luis Sebben: vendas de <strong>flex</strong> não são de 100% porque os carros de<br />

luxo ainda não possuem a tecnologia<br />

(Legenda 3) Álcool é um combustível mais confiável, pois é mais difícil de ser<br />

adulterado<br />

INFRAÇÃO<br />

Sinal vermelho: não ultrapasse!


Equipamento mostra que curitibano avança o sinal a qualquer hora do dia<br />

O avanço do sinal vermelho é uma infração muito mais comum do que se<br />

imagina. Em 2005, em Curitiba, das 27.482 infrações registradas pelo Batalhão de<br />

Polícia de Trânsito (BPTran), 2.260 foram por avanço de sinal, ocupando o quinto lugar<br />

no ranking das dez principais infrações. As quatro primeiras foram não registrar o<br />

veículo em 30 dias, dirigir falando ao celular, conduzir veículo não licenciado e dirigir<br />

sem o documento do veículo.<br />

“Com base nas declarações das testemunhas, a percepção que temos é que a<br />

maioria <strong>dos</strong> acidentes atendi<strong>dos</strong> é por avanço de sinal. O problema é que a polícia só<br />

chega ao local depois que o acidente aconteceu e não há como comprovar que um ou<br />

outro motorista avançou o sinal”, diz a tenente Débora Scremin, do BPTran.<br />

Um equipamento colocado em teste pela Perkons, empresa de engenharia e<br />

segurança no trânsito, na esquina da rua Conselheiro Laurindo com a av. Silva Jardim,<br />

um <strong>dos</strong> cruzamentos mais movimenta<strong>dos</strong> de Curitiba, comprova a percepção da polícia<br />

de trânsito.<br />

O avanço de sinal foi o recordista entre as infrações registradas, com 2.900<br />

flagras por mês, em um local onde, <strong>dos</strong> 227 mil carros que passam pela esquina durante<br />

um mês, cerca de 3.300 cometem algum tipo de infração, seja por excesso de<br />

velocidade, avanço de sinal ou parada sobre a faixa.<br />

O horário em que o motorista curitibano mais fura o sinal vermelho é o da faixa<br />

das 22 horas, com uma média de 220 infrações por dia, seguido pelo horário das 18<br />

horas, com uma média de 190 avanços de sinal por dia. Durante toda a tarde, as<br />

infrações ficam entre 120 e 140 por dia. O menor número de avanços de sinal acontece<br />

entre 6 e 7 horas da manhã, com uma média de 50 infrações por dia.<br />

“Os da<strong>dos</strong> demonstram que avançar o sinal vermelho não pode ser justificado<br />

apenas como medida de segurança, como muitos alegam nos casos de avanço à noite ou<br />

na madrugada. Furar sinal acaba sendo quase um hábito, com o qual o cidadão, valen<strong>dos</strong>e<br />

do famoso jeitinho brasileiro, quer aproveitar a brecha do sinal amarelo ou o tempo<br />

que ainda resta para o outro carro arrancar”, avalia o engenheiro especialista em<br />

trânsito, José Mário de Andrade.<br />

As imagens capturadas pelo equipamento flagraram um acidente que ocorreu às<br />

13h30 de um sábado. Um veículo Monza, que vinha pela Conselheiro Laurindo a 73<br />

km/h, passou com o sinal amarelo e atingiu outro veículo, que furou o sinal vermelho na<br />

Silva Jardim. Como o equipamento possui uma câmera panorâmica, que capta imagens<br />

antes e depois da infração registrada, foi possível avaliar os erros.<br />

DICAS


Velocidade controlada<br />

As regras são diferentes para as ruas e estradas<br />

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) pune quem excede os limites de<br />

velocidade, com multa e pontos na carteira de habilitação, seja nas vias urbanas ou nas<br />

rodovias. Porém, a tolerância da legislação com o excesso de velocidade nas estradas é<br />

menor do que nas ruas das cidades.<br />

Nas vias urbanas, o motorista que excede a velocidade em até 50% comete uma<br />

infração grave, leva cinco pontos na carteira e uma multa de R$ 127,69, enquanto que<br />

nas rodovias a mesma penalidade é aplicada para os que ultrapassam a velocidade em<br />

até 20%. Se passar de 20% da velocidade permitida em uma estrada, a pena já é a<br />

suspensão do direito de dirigir por dois meses, mais multa de R$ 574,62 e sete pontos<br />

na carteira. Nas vias urbanas, somente se excedida a velocidade em mais de 50% é que<br />

o condutor terá a carteira suspensa.<br />

Essas regras não são bem aceitas por alguns motoristas, pois alguns trechos de<br />

rodovias têm limites de velocidade similares aos das cidades, por estarem próximos às<br />

áreas urbanas ou registrarem grande número de acidentes. Um condutor que trafega a 80<br />

km/h num trecho de estrada onde a máxima permitida é de 60 km/h já teria a sua<br />

carteira de habilitação suspensa, enquanto que na cidade ele teria apenas cometido uma<br />

infração de natureza grave.<br />

José Luiz Kemer, que recebeu em sua casa uma multa por trafegar a 75 km/h<br />

num trecho que a velocidade máxima permitida era de 60 km/h, é um <strong>dos</strong> que não aceita<br />

muito bem essa regra. “Na velocidade em que eu estava, dificilmente me envolveria em<br />

um acidente”, argumenta.<br />

Thiago Simões de Oliveira também foi surpreendido com uma multa por excesso<br />

de velocidade na BR-277, no km 76. Estava a 93 km/h, enquanto a velocidade máxima<br />

permitida era de 80 km/h. “Não entendo porque uma velocidade tão baixa em um trecho<br />

que possui passarelas e grades para evitar a passagem de pedestres, que aí sim <strong>poder</strong>iam<br />

ocasionar acidentes”, reclama.<br />

As polícias rodoviárias argumentam que os radares só são posiciona<strong>dos</strong> em<br />

trechos que apresentam real risco de acidente, seja por estar próximo a uma área urbana<br />

ou por ser perigoso em sua engenharia. A Polícia Rodoviária Estadual, que administra<br />

16 mil km de rodovias no Paraná, utiliza atualmente 80 radares móveis para fiscalizar a<br />

velocidade. A Polícia Rodoviária Federal também utiliza os radares móveis diariamente.<br />

No trecho em que Oliveira foi multado, aconteceram 167 acidentes em 2005, que<br />

resultaram em 122 feri<strong>dos</strong> e dez óbitos, a maioria pedestres vítimas de atropelamentos.<br />

Segundo o chefe de Operações da Polícia Rodoviária Federal do Paraná, Gilson<br />

Luiz Cortiano, o limite de velocidade estabelecido entre os quilômetros 75 e 84 da BR-<br />

277 deve-se, justamente, pelo trecho pertencer a uma área urbana, com grande fluxo de<br />

pedestres, e receber o trânsito da rodovia e urbano. “Em 2003, quando começamos a<br />

utilizar os radares, havíamos registrado 213 acidentes, com 180 feri<strong>dos</strong> e 15 mortes.<br />

Com esse trabalho, conseguimos reduzir os acidentes”, destaca.<br />

(Legenda) Radares são utiliza<strong>dos</strong> em trechos onde ocorrem mais acidentes<br />

ENTREVISTA<br />

Por um trânsito mais saudável


Participação da saúde é fundamental no desenvolvimento de ações que contribuam<br />

para reduzir o número de vítimas de acidentes<br />

No final do ano passado, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)<br />

realizou no Brasil uma conferência para discutir como a saúde pode contribuir para<br />

melhorar a segurança no trânsito. Vinte e dois países das Américas estão envolvi<strong>dos</strong><br />

nesse debate desde 2004, quando a OMS dedicou o Dia Mundial da Saúde ao tema.<br />

Para falar sobre a participação do setor em ações que busquem a diminuição do<br />

número de vítimas em acidentes de trânsito, a Detrânsito conversou com a especialista<br />

em medicina preventiva e assessora regional da OPAS/OMS em segurança no trânsito<br />

no Brasil, Eugênia Maria Silveira Rodrigues.<br />

Qual a importância de envolver outros países na discussão junto com o Brasil? O<br />

país ainda está muito atrasado em relação à prevenção de acidentes de trânsito?<br />

Os países das Américas têm problemas comuns em relação à segurança viária. O<br />

trabalho conjunto possibilita trocar experiências, compartilhar conhecimento sobre os<br />

avanços, dificuldades e maneiras de superar obstáculos. Essa troca fortalece as<br />

iniciativas uns <strong>dos</strong> outros. O Brasil fez avanços importantes no que diz respeito à<br />

legislação. Temos um Código de Trânsito adequado à realidade, uma Política Nacional<br />

de Trânsito com metas e o setor da saúde atuando de forma efetiva na agenda de<br />

governo. O que falta é intensificar a fiscalização do cumprimento à legislação. Quando<br />

o Código entrou em vigor, em 1998, a fiscalização foi mais efetiva, o que resultou na<br />

diminuição de 5.000 vítimas fatais de acidentes de 1997 para 1998.<br />

Quais os principais problemas detecta<strong>dos</strong> durante as conferências?<br />

O relatório de prevenção de lesões causadas no trânsito apresentado pela<br />

OPAS/OMS e pelo Banco Mundial em 2004, quando o Dia Mundial de Saúde foi<br />

dedicado ao tema, indica como principais geradores de acidentes o desrespeito aos<br />

limites de velocidade, a combinação de álcool e direção, o uso de motocicletas sem<br />

capacete, a falta do cinto de segurança, o transporte de crianças sem respeitar as normas<br />

de segurança e a infra-estrutura viária inadequada para pedestres e veículos. Este<br />

relatório apresenta recomendações para os países trabalharem com especial ênfase<br />

nesses fatores de risco.<br />

Uma das propostas foi a criação de um comitê estratégico envolvendo diversos<br />

setores do governo e a iniciativa privada. Qual será o papel desse comitê?<br />

A principal tarefa deste comitê será o de liderar o processo de construção de<br />

parcerias para garantir a contribuição <strong>dos</strong> diferentes setores, entre eles, o da saúde. A<br />

formação desse comitê é importante para buscar o envolvimento das autoridades<br />

políticas nas ações preventivas e propor o incremento de orçamento em programas e<br />

projetos de prevenção, atenção e reabilitação das vítimas, entre outras funções.<br />

Quais as soluções apontadas pelas conferências?<br />

A proposta é colocar o problema de segurança viária na agenda <strong>dos</strong> países de<br />

forma efetiva, com ações concretas. Alguns países que participaram das conferências<br />

trouxeram experiências importantes para a discussão. O México, por exemplo, envolveu<br />

diferentes setores nas ações de prevenção, em campanhas educativas, na melhoria do<br />

sistema de informação e na organização do atendimento às vítimas. Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong><br />

trabalham com a melhoria do sistema de informação sobre as vítimas de acidentes de


trânsito em parceria com a OPAS em alguns países da América Central e têm também<br />

uma organização não governamental atuando na área.<br />

Quais foram os avanços alcança<strong>dos</strong> desde 2004, quando foi realizada a primeira<br />

reunião da OPAS?<br />

Até agora, já obtivemos avanços de como identificar o que precisa ser revisado e<br />

melhorado, conforme as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e da<br />

OPAS/OMS; promover uma colaboração efetiva entre saúde, trânsito, transportes e<br />

outros setores; formar parceria com ONGs; investir em pesquisas, educação e sistemas<br />

de informações; e fortalecer o setor da saúde em atribuições específicas de cuidado com<br />

as vítimas.<br />

Outros pontos importantes que estão na pauta <strong>dos</strong> países envolvi<strong>dos</strong> na discussão é o<br />

papel da saúde na prevenção de acidentes de trânsito, envolvendo o consumo de álcool,<br />

e o levantamento de informações nas unidades de emergência <strong>dos</strong> hospitais para<br />

identificar o perfil e as causas de internação <strong>dos</strong> pacientes. No caso de internações por<br />

acidente de trânsito, por exemplo, são levanta<strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> sobre o tipo do acidente, o<br />

perfil da vítima e se ela era passageiro, motorista, motociclista, pedestre ou ciclista.<br />

Com essas informações em mãos é possível identificar quais são as principais vítimas e<br />

estabelecer prioridades no desenvolvimento de ações que tenham como meta aumentar a<br />

segurança no trânsito.<br />

Como é a participação do setor hoje em dia?<br />

A OPAS/OMS proporciona aos países membros cooperação técnica para definir,<br />

implementar e avaliar as políticas de promoção de segurança viária, prevenção e<br />

controle das lesões causadas no trânsito. Produz manuais para orientação, por exemplo,<br />

sobre o uso de capacetes de forma segura. Reúne, analisa, avalia e dissemina<br />

informações sobre a magnitude do problema e também sobre as experiências bem<br />

sucedidas na redução do número de vítimas de acidentes. Estimula que cada país<br />

membro desenvolva análise da situação a partir de da<strong>dos</strong> sobre os feri<strong>dos</strong> e mortos no<br />

trânsito.<br />

Como a saúde pode contribuir para aumentar a segurança no trânsito?<br />

A saúde pode atuar para melhorar o atendimento pré-hospitalar e os cuida<strong>dos</strong><br />

com as vítimas de acidentes de trânsito. Mas também pode atuar de forma efetiva nas<br />

políticas públicas sobre bebidas alcoólicas, integrar os sistemas de informação de saúde<br />

para que possam dialogar e melhorar a qualidade da informação, estimular o uso da<br />

informação como subsídio para políticas públicas de prevenção de lesões, propor<br />

incremento de orçamento para prevenção, atenção e reabilitação de vítimas, envolver os<br />

meios de comunicação em projetos de segurança viária, apoiar estu<strong>dos</strong> e pesquisas<br />

sobre o tema, compartilhar metodologias e dar sustentação às ações das instituições<br />

envolvidas.<br />

O consumo de álcool combinado à direção é uma das principais causas de<br />

acidentes no Brasil. Ainda faltam políticas públicas de prevenção e combate à<br />

combinação álcool e direção? Como o Brasil está em relação aos outros países<br />

envolvi<strong>dos</strong> nessa discussão?<br />

Os problemas e dificuldades do Brasil são semelhantes aos <strong>dos</strong> outros<br />

países participantes. Uma das recomendações da conferência foi estimular a


investigação sobre álcool e acidentes e promover mudanças na legislação para garantir<br />

seu efetivo cumprimento. No Brasil, a aprovação da lei 11.275, em fevereiro deste ano,<br />

que altera os artigos 167, 277 e 302 do Código de Trânsito Brasileiro foi um avanço. De<br />

acordo com esta lei o motorista que é pego dirigindo ou sofrer um acidente sob efeito de<br />

álcool ou entorpecentes deve ser submetido a exames clínicos ou teste que compre seu<br />

estado de embriaguez. Caso o motorista se negue a fazer o exame ou teste, a infração<br />

<strong>poder</strong>á ser caracterizada por outras provas admitidas pelo agente de trânsito com base<br />

em notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor, resultantes do consumo de álcool<br />

ou entorpecentes.<br />

(Legenda) Eugênia Rodrigues: países das Américas têm problemas comuns em<br />

relação à segurança viária<br />

GENTE<br />

Volta às aulas aos 61 anos<br />

Margarida da Silva, funcionária do <strong>Detran</strong>/PR, conclui este ano o ensino<br />

médio<br />

Após anos longe <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong>, os servidores do Paraná estão tendo a<br />

oportunidade de concluir o ensino básico por meio do Programa de Escolarização do<br />

Servidor. Desde 2004, quando o programa foi implantado, 208 servidores do Paraná<br />

puderam completar o aprendizado. Atualmente, o programa atende a 104 alunos, entre<br />

eles a copeira Margarida Marciano da Silva, de 61 anos, funcionária do <strong>Detran</strong>/PR<br />

desde 1997.<br />

Margarida forma-se ainda neste ano e diz que esta é a oportunidade da sua vida.<br />

“Deixei a escola na 4ª série e sempre quis concluir os meus estu<strong>dos</strong>. Esta foi uma<br />

oportunidade única que a vida me deu”, diz.<br />

Com uma rotina de trabalho que se inicia às 6h10 e estende-se até às 15h,<br />

Margarida afirma sentir prazer em sentar em uma das carteiras da sala de aula e estudar<br />

com os outros 42 alunos que, como ela, batalham para concluir o ensino médio.<br />

Português é a matéria que mais gosta. “Adoro estudar e aprender a cada dia coisas<br />

novas, que eu nunca tive a chance de aprender”, confessa.<br />

Margarida é natural de São Paulo, mas mora no Paraná desde os dois anos de<br />

idade. Já trabalhou também na Ciretran de Maringá, mas é de Curitiba que ela gosta.<br />

“Gosto do clima da cidade”, explica. A um ano da aposentadoria, Margarida orgulha-se<br />

da vida que teve. Além do trabalho no <strong>Detran</strong>/PR, ela é diarista nos finais de semana em<br />

três casas. “Tenho orgulho em servir às pessoas”, afirma.<br />

Entre as personalidades que já serviu, Margarida nunca se esquece do<br />

governador Roberto Requião. “Foi até engraçado, pois to<strong>dos</strong> os meus colegas estavam<br />

com vergonha de servir o café para ele, por ele ser uma pessoa tão importante. Eu<br />

assumi a função na hora e até bati um papo com ele”, ri Margarida.<br />

No <strong>Detran</strong>/PR, Margarida é popular e muito elogiada pelo café diário. Pelas suas<br />

contas, são 50 garrafas térmicas de café por dia, que atendem todo o Bloco A da sede<br />

administrativa do <strong>Detran</strong>/PR de Curitiba. “O mesmo café que é servido para o diretor<br />

geral é servido também para os vigias e, felizmente, recebo só elogios”, alegra-se.


(Legenda) Margarida: prazer em voltar a estudar<br />

COMPORTAMENTO<br />

Perigo perto de casa<br />

Acidentes e multas são comuns em pequenos percursos<br />

João Zarpellon, 23 anos, faz o mesmo trajeto to<strong>dos</strong> os dias para ir ao trabalho.<br />

A três quadras de sua casa, atravessa uma via de mão dupla preferencial que, segundo<br />

ele, costuma ter movimento em um só sentido. “Sempre que passo por lá, dou uma<br />

olhada no sentido que vem mais carros e só uma rápida olhada no outro sentido, pois<br />

raramente vem algum veículo daquele lado”, explica. Num certo dia, porém, a lógica de<br />

Zarpellon falhou e ele colidiu com outro veículo que vinha justamente daquela direção.<br />

“Eu estava habituado a cumprir aquela rotina e, infelizmente, quando vi o carro era<br />

tarde demais”, lamenta.<br />

O caso de Zarpellon não é exceção. Muitos <strong>dos</strong> acidentes de trânsito<br />

acontecem justamente perto de casa, onde a pessoa, por estar familiarizada com o<br />

ambiente, relaxa na direção e acaba se descuidando de alguns requisitos básicos de<br />

segurança no trânsito. “Além de acidentes, é muito comum flagrarmos motoristas<br />

dirigindo sem o cinto de segurança e alegarem que não usavam o equipamento porque<br />

só iam percorrer algumas quadras até a padaria, por exemplo”, comenta a tenente<br />

Débora Scremin, da assessoria militar do <strong>Detran</strong>/PR. Nesses casos, conta ela, também é<br />

comum flagrar motoristas que deixam em casa a carteira de motorista e o documento do<br />

veículo.<br />

A situação é preocupante. Segundo a organização não-governamental Criança<br />

Segura, que realiza intensa campanha a favor do uso de cadeirinhas e assentos de<br />

segurança para crianças, 50% <strong>dos</strong> acidentes graves acontecem a menos de 50 km de<br />

casa, enquanto outros 25% ocorrem de 50 km a 100 km de distância. “São da<strong>dos</strong><br />

estatísticos que mostram que a sensação de alívio que o motorista sente quando está<br />

perto de casa, de que não vai se envolver em um acidente, é falsa”, diz Nanci Takada,<br />

da Criança Segura. “O ideal é que o cinto de segurança e a cadeirinha sejam usa<strong>dos</strong> até<br />

a parada total do veiculo”, destaca.<br />

Ela também argumenta que a maioria <strong>dos</strong> acidentes ocorre em ruas com baixos<br />

limites de velocidade e que um acidente que ocorre em baixa velocidade também pode<br />

causar lesões.<br />

Marcelo Neves sabe bem que todo cuidado é pouco no trânsito. Estava em<br />

frente à sua casa, sinalizando para entrar no estacionamento, quando um carro atingiu o<br />

seu veículo em cheio, após ter derrapado na pista molhada. “Era realmente o último<br />

lugar que eu esperava me envolver em um acidente”, confessa.<br />

(Legenda) João Zarpellon: familiaridade com o ambiente não evitou o acidente<br />

NOTÍCIAS DO DETRAN<br />

Aprova<strong>dos</strong> em concurso assumem funções<br />

<strong>Detran</strong>/PR ganha o reforço de 552 novos funcionários em todo o Estado


O Departamento de Trânsito do Paraná (<strong>Detran</strong>/PR) conta com o reforço de 552<br />

funcionários desde fevereiro. Os novos contrata<strong>dos</strong> passaram no último concurso<br />

público realizado pelo órgão, em junho de 2005, e assumiram suas funções após uma<br />

semana de treinamento, que abrangeu noções de todas as áreas e procedimentos do<br />

<strong>Detran</strong>/PR, avaliações psicológicas e conhecimentos específicos da área em que cada<br />

funcionário atuará.<br />

Os novos funcionários foram recebi<strong>dos</strong> com satisfação em todas as unidades<br />

do <strong>Detran</strong>/PR. “Há mais de dez anos o <strong>Detran</strong>/PR não abria concurso público e,<br />

enquanto muitos funcionários se aposentavam ou se afastavam de suas funções, a<br />

demanda pelos serviços da área de Habilitação e Veículos só crescia”, explica o diretor<br />

geral do <strong>Detran</strong>/PR, Marcelo Almeida. “A vinda desses novos funcionários vai melhorar<br />

a qualidade de atendimento em todo o Estado”, destaca.<br />

Em Curitiba, são mais de 196 contratações, entre ensino médio e superior. O<br />

estudante de Ciências Econômicas, Bruno Henrique Oliveira, 19 anos, é um <strong>dos</strong> novos<br />

funcionários. Bruno nunca havia participado de um concurso e já largou o antigo<br />

emprego em uma livraria para se dedicar ao <strong>Detran</strong>/PR. “Para mim, tudo é novidade. Só<br />

havia ido ao <strong>Detran</strong>/PR para tirar a minha carteira de motorista e estou achando tudo<br />

muito interessante”, afirma.<br />

Já para Emerson Luiz de Moraes, 50 anos, o <strong>Detran</strong>/PR já é um ambiente<br />

familiar. Por 20 anos, trabalhou na rede ferroviária estadual, antes da privatização, e seu<br />

último emprego foi de agente de trânsito da Prefeitura de Curitiba. A experiência<br />

adquirida nessas funções ajudou muito na realização da prova e até mesmo no exercício<br />

de sua nova atividade. “Sempre trabalhei com transporte e estou gostando muito da<br />

idéia de trabalhar no <strong>Detran</strong>/PR”, comemora.<br />

Para outro novo funcionário, Enilson Monteiro Júnior, de Jacarezinho, trabalhar<br />

no <strong>Detran</strong>/PR é a realização de um sonho. Ele conta que é apaixonado por trânsito e<br />

direção e tem orgulho em afirmar que foi aprovado em to<strong>dos</strong> os testes para a Primeira<br />

Habilitação em uma única tentativa. “Na vida, ocorrem fatos, no mínimo, curiosos. Há<br />

tempos, tive a oportunidade, finalmente, de tirar minha primeira habilitação e, agora,<br />

passei no concurso do <strong>Detran</strong>/PR. Serei um funcionário que, de início, <strong>poder</strong>á não<br />

apresentar uma certa experiência, mas, com certeza, apresentarei muita consciência e<br />

informação”, garante.<br />

Enilson conta que já conheceu os nove outros funcionários da região, mas tem<br />

certeza de que o mais orgulhoso por estar entrando no <strong>Detran</strong>/PR é ele. “Foram seis<br />

horas dentro da sala fazendo a prova, mas valeu a pena. Interessante notar que meu caro<br />

examinador do <strong>Detran</strong>/PR, o senhor José Carlos Primo, chefe da Ciretran de<br />

Jacarezinho, que na época foi tão atencioso e paciencioso, hoje, é meu colega de<br />

trabalho. E, tenho certeza, com sua experiência, <strong>poder</strong>á continuar contribuindo para o<br />

meu crescimento, desta vez, profissional”, afirma.<br />

(Legenda) Novos funcionários passaram por uma semana de treinamento<br />

NOTAS<br />

Conversa com DaMatta (FOTO)<br />

O antropólogo carioca e escritor Roberto DaMatta foi o convidado de honra da 16ª<br />

edição do Conversa entre Amigos, encontro literário promovido pelo diretor geral do<br />

<strong>Detran</strong>/PR, Marcelo Almeida, com os funcionários do órgão. DaMatta falou sobre o seu<br />

mais novo livro, “Tocquevilleanas – Notícias da América”, e respondeu às perguntas


<strong>dos</strong> participantes, que leram o livro durante todo o mês de fevereiro. Após o bate-papo,<br />

DaMatta proferiu a palestra “O Trânsito e a Construção do Espaço Público”, no Teatro<br />

Fernanda Montenegro. Para um público de mais de 250 pessoas, DaMatta falou sobre o<br />

comportamento do motorista brasileiro, que dirige agressivamente e não respeita as leis<br />

de trânsito.<br />

Carnaval com blitz educativa (FOTO)<br />

O <strong>Detran</strong>/PR realizou na sexta-feira, véspera de Carnaval, blitze educativas nas saídas<br />

de Curitiba para o litoral do Paraná e de Santa Catarina. Os motoristas receberam<br />

lixinho para carro, pára-sol e o folder Você no Trânsito, conscientizando para o respeito<br />

às leis de trânsito no feriado.<br />

CARTAS<br />

“Estive recentemente no litoral paranaense e constatei de perto o trabalho de prevenção<br />

e educação para o trânsito desenvolvido pelo pessoal do <strong>Detran</strong>/PR e parabenizo-os pelo<br />

excelente desempenho da campanha, assim como também a revista Detrânsito pela<br />

divulgação.”<br />

Reinaldo Rodrigues – Cascavel/PR<br />

“Gostaria de parabenizá-los pela excelente iniciativa de desenvolver uma revista com<br />

informações que envolvem o trânsito, com temas de grande importância no nosso<br />

cotidiano.”<br />

Maura Abramovici Car<strong>dos</strong>o da Silveira – Curitiba/PR<br />

“Sou policial militar do Estado de São Paulo, já trabalhei por nove anos no trânsito<br />

urbano e hoje faço parte do corpo docente de instrutores da Polícia Militar do Estado de<br />

São Paulo na matéria de trânsito. Gosto muito da revista Detrânsito, <strong>dos</strong> assuntos<br />

publica<strong>dos</strong> e, inclusive, já usei várias matérias em sala de aula.”<br />

Elaine Ortiz - São Bernardo do Campo/SP<br />

“Parabenizo a iniciativa da produção da revista Detrânsito de produzir uma reportagem<br />

sobre os motoristas que receberam a Permissão para Dirigir durante um ano e que não<br />

conseguiram a Carteira Nacional de Habilitação, porque cometeram infração grave ou<br />

gravíssima.”<br />

Irene Rios da Silva - São José/SC

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