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Monitoramento e avaliação de projetos - Ministério do Meio Ambiente

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12<strong>Monitoramento</strong> e<strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>:méto<strong>do</strong>s e experiências3456781


<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> – MMACentro <strong>de</strong> Informação, Documentação Ambiental e Editoração – CID AmbientalEsplanada <strong>do</strong>s <strong>Ministério</strong>s – Bloco B – térreo70.068-900 Brasília - DFTel.: 55 61 317 1235Fax: 55 61 224 5222e-mail: cid@mma.gov.brProjeto <strong>de</strong> Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise - AMASCS, Quadra 06, Bloco A, Ed. Sofia, 1º andar.CEP: 70.306-000 Brasília – DF Brasilhttp://www.mma.gov.br/ppg72


12<strong>Monitoramento</strong> e<strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>:méto<strong>do</strong>s e experiências3456<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>Secretaria <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação da Amazônia - SCAPrograma Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> BrasilProjeto <strong>de</strong> Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise - AMA78Brasília, 20043


ExpedienteProjeto Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise – AMACoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r: Brent MillikanComissão Organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Seminário “Méto<strong>do</strong>s e experiências emmonitoramento e <strong>avaliação</strong>”:Petra AscherAlice GuimarãesBrent MillikanÉrika ChadEdição:Petra Ascher e Alice GuimarãesRevisão Técnica:Alice Guimarães e Petra AscherEquipe <strong>de</strong> EditoraçãoCoor<strong>de</strong>nação:Thaïs <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nçaLiliana SalvoKelerson Semerene CostaProjeto Gráfico e Diagramação:Isabela LaraRevisão <strong>de</strong> Texto:Magda MontenegroThaïs <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nçaRaïssa GuerraKelerson Semerene CostaCapa:Isabela Lara, sobre foto <strong>de</strong> Juan PratginestósFotos:Fotos: Ricar<strong>do</strong> Russo / PDA (p.12 e 62), CéliaChaves (p. 34), Fernan<strong>do</strong> Franco (p.76), AlexandreFernan<strong>de</strong>s / MMA (p. 86 e 120), PPP / GEF /PNUD (p.150), Maurício Guerrero (cap. 7), AMA /GTZ (p.220)Apoio:Deutsche Gesellschaft für TechnischeZusammenarbeit (GTZ) GmbHISBN 85-87166-64-6<strong>Monitoramento</strong> e <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>: méto<strong>do</strong>s e experiências / <strong>Ministério</strong><strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>, Secretaria <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação da Amazônia, ProgramaPiloto para a Proteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil, Projeto <strong>de</strong>Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise. – Brasília : <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong>, 2004. 243 p.: il. ; 23 cm. (Série <strong>Monitoramento</strong> & Avaliação ; 1)I. Brasil. <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>. Programa Piloto para a Proteçãodas Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil. Projeto <strong>de</strong> Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> eAnálise. II. SérieCDU 502.334Conceitos emiti<strong>do</strong>s e informações prestadas nesta publicaçãosão <strong>de</strong> inteira responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s autores


Sumário1Introdução 71. Aprendiza<strong>do</strong> prático com monitoramento e <strong>avaliação</strong>Estímulo à reflexãoPor Markus Brose 122. A experiência da ActionAid BrasilConstrução participativa <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong> participativaPor Alberto Gomes Silva 343. <strong>Monitoramento</strong> participativoDas práticas agroecológicas implantadas no entorno da ReservaMata <strong>do</strong> Sossego <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Projeto Doces Matas.Por Fernan<strong>do</strong> Silveira Franco 624. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong>práticas agroecológicasPor Eugênio A. Ferrari 865. A experiência <strong>de</strong> pesquisa e monitoramento naReserva Extrativista <strong>do</strong> Alto JuruáPor Eliza M. Lozano Costa, Mauro W. B. <strong>de</strong> Almeida,Augusto Postigo, Raimun<strong>do</strong> Farias Ramos 12023456785


6. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> pequenos <strong>projetos</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentávelA experiência <strong>do</strong> PPPPor Mônica Nogueira 1507. Entre erros e acertosO mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> medir o êxito <strong>do</strong> programa Alas <strong>de</strong> las Américas,Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus, Equa<strong>do</strong>rPor Mauricio Guerrero G. 1708. Elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong>impacto em <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa PilotoPor Petra Ascher e Alice Guimarães 2206


Introdução1Petra Ascher e Alice GuimarãesO Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil é umainiciativa conjunta <strong>do</strong> Governo, da socieda<strong>de</strong> civil brasileira e da comunida<strong>de</strong>internacional, que visa encontrar formas inova<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> conservar asflorestas tropicais brasileiras, promoven<strong>do</strong> melhoria na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidada população local.Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>, o Programa Piloto éimplementa<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> parcerias em diferentes níveis, envolven<strong>do</strong>órgãos governamentais, entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil e setor priva<strong>do</strong>. OPrograma é composto por uma ampla carteira <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, que se enquadramem cinco linhas <strong>de</strong> ação: Experimentação e Demonstração; Conservação<strong>de</strong> Áreas Protegidas; Fortalecimento Institucional; Pesquisa Científica;e Lições e Disseminação.O Projeto <strong>de</strong> Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise (AMA), principal projetoda linha <strong>de</strong> Lições e Disseminação, tem como um <strong>de</strong> seus objetivos fortaleceros sistemas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> visan<strong>do</strong>: permitiranálises <strong>de</strong> estratégias e ajustes <strong>de</strong> rumos; promover a aprendizagemcoletiva nos mais varia<strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>; e ampliar oalcance <strong>de</strong> seus impactos.O sistema <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> (M&A), utiliza<strong>do</strong> sob a ótica <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> aprendizagem social, é uma ferramentapo<strong>de</strong>rosa para os <strong>projetos</strong> melhorarem seus processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoe ajustarem as linhas <strong>de</strong> intervenção, <strong>de</strong> forma a obter maior conservação<strong>do</strong>s recursos naturais da Amazônia e <strong>do</strong> bioma Mata Atlântica, aliadaao maior benefício possível para suas populações.Atualmente, vários <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto passam por uma fase <strong>de</strong>consolidação <strong>de</strong> experiências e incorporação <strong>de</strong> lições aprendidas empolíticas públicas regionais. Neste contexto, os <strong>projetos</strong> têm busca<strong>do</strong>consolidar bons sistemas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar,sistematizar e disseminar conhecimentos e práticas inova<strong>do</strong>ras.23456787


De forma a fortalecer esse processo o AMA vem oferecen<strong>do</strong> aos <strong>projetos</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> 2002 uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capacitação e assessoriatécnica em meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong>. No final <strong>de</strong> 2002,foi promovida uma oficina para intercâmbio <strong>de</strong> experiências: Méto<strong>do</strong>s eExperiências <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> e Avaliação. Para apresentar as palestrasforam convida<strong>do</strong>s profissionais com experiência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um ano naimplementação <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong>. O objetivoera relatar, para os <strong>de</strong>mais participantes, como as ferramentas estavamsen<strong>do</strong> utilizadas, e o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>corrente. As experiências escolhidasforam <strong>projetos</strong> com foco em <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, tanto no âmbito<strong>do</strong> Programa Piloto como fora <strong>de</strong>le.O livro <strong>Monitoramento</strong> e <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>: méto<strong>do</strong>s e experiências éfruto <strong>de</strong>ssa oficina e tem como mérito o <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong>s instrumentosutiliza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma a permitir que o leitor possa escolher, <strong>de</strong>ntre asferramentas relatadas, aquelas que possam servir <strong>de</strong> subsídios para a elaboração<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> seu projeto.O primeiro texto da publicação - O aprendiza<strong>do</strong> prático commonitoramento e <strong>avaliação</strong>: um estímulo à reflexão, <strong>do</strong> agrônomo MarkusBrose, faz uma análise <strong>de</strong> quais aspectos são necessários para tornar oM&A inova<strong>do</strong>r, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> não só o conteú<strong>do</strong> técnico, mas também asdimensões administrativa e política, com base em duas experiências <strong>de</strong>elaboração <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res no âmbito <strong>do</strong> Projeto PRORENDA RS.O segun<strong>do</strong> texto - Construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong> participativa: a experiência da ActionAid Brasil,<strong>do</strong> sociólogo Alberto Silva, trata <strong>do</strong> <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> se construir um sistema <strong>de</strong>M&A que tenha, efetivamente, um caráter <strong>de</strong> formação para os diversosatores envolvi<strong>do</strong>s nos <strong>projetos</strong>. Nesse artigo, Alberto <strong>de</strong>talha a filosofia eos principais instrumentos <strong>do</strong> sitema aplica<strong>do</strong> e faz uma análise <strong>do</strong> primeiroano <strong>de</strong> sua implementação em <strong>do</strong>is <strong>projetos</strong> na área rural <strong>do</strong> Maranhão.8Em seguida, o artigo <strong>Monitoramento</strong> participativo das práticasagroecológicas implantadas no entorno da Reserva Mata <strong>do</strong> Sossego<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Projeto Doces Matas, <strong>do</strong> engenheiro florestal Fernan<strong>do</strong> Franco,<strong>de</strong>talha o processo <strong>de</strong> monitoramento participativo <strong>do</strong>s impactos <strong>de</strong>correntes<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> práticas agroecológicas no entorno <strong>de</strong> uma Reserva Particular<strong>do</strong> Patrimônio Natural, em Minas Gerais. O texto pontua as etapas <strong>de</strong>construção e aplicação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento participativo, assimcomo as ferramentas utilizadas para garantir a participação <strong>do</strong>s agricultores.


O quarto texto - O monitoramento <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong> práticasagroecológicas, <strong>do</strong> engenheiro agrônomo Eugênio Ferrari, relata a aplicação<strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> monitoramento fundamentada em instrumentos<strong>de</strong> pesquisa, visan<strong>do</strong> a análise <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho econômico das práticasagroecológicas difundidas pelo Centro <strong>de</strong> Tecnologias Alternativas, naZona da Mata mineira. No artigo, foi <strong>de</strong>talhada a meto<strong>do</strong>logia, assimcomo os resulta<strong>do</strong>s principais e as lições aprendidas no processo.O quinto artigo <strong>de</strong>ste livro - A experiência <strong>de</strong> pesquisa e monitoramentona Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá, foi elabora<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong>pesquisa<strong>do</strong>res da Unicamp e por um seringueiro da Reserva <strong>do</strong> Alto Juruá.Difere <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais artigos aqui apresenta<strong>do</strong>s, na medida em que trata <strong>do</strong>monitoramento ambiental e social <strong>de</strong> toda uma reserva extrativista e nãoapenas <strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> um projeto. Traz um interessante relato daaplicação <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias participativas para monitorar a natureza e acomunida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> parceria entre pesquisa<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res dafloresta. Embora fuja um pouco <strong>do</strong> foco <strong>de</strong>sta publicação, consi<strong>de</strong>rou-seque as ferramentas usadas nesta experiência são aplicáveis aomonitoramento <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong> alguns <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto.O sexto artigo - <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável:a experiência <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pequenos Projetos, da antropólogaMônica Nogueira, <strong>de</strong>screve a experiência <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong> programa,cuja área <strong>de</strong> atuação é o Cerra<strong>do</strong> brasileiro. A autora relata os elementos<strong>de</strong>ste sistema, a maneira como a pequena equipe, baseada em Brasília, vemconseguin<strong>do</strong> acompanhar e dar apoio aos <strong>projetos</strong>, e as dificulda<strong>de</strong>sintrínsecas <strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> um programa com pequenos <strong>projetos</strong>muito varia<strong>do</strong>s.O sétimo texto - Avalian<strong>do</strong> o sucesso <strong>do</strong> Programa ‘Alas <strong>de</strong> las Américas’,Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus, <strong>do</strong> biólogo Mauricio Gutiérrez, especifica osinstrumentos utiliza<strong>do</strong>s no monitoramento <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> conservaçãoda biodiversida<strong>de</strong> no Equa<strong>do</strong>r, com ênfase nos aprendiza<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s.No artigo, Gutiérrez apresenta algumas técnicas <strong>de</strong> monitoramento poucocomuns, como o uso <strong>de</strong> fotografias para a visualização <strong>de</strong> mudanças e <strong>de</strong>diários <strong>de</strong> campo, entre outros.O oitavo e último texto - Sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto: processo<strong>de</strong> construção, da economista Petra Ascher e da bióloga Alice Guimarães,apresenta um conceito <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto e uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> elaboração<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto. O texto aborda em912345678


<strong>de</strong>talhe o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> impacto que vemsen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> pelo AMA, como um <strong>do</strong>s elementos da assessoria técnicaprestada aos <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto.<strong>Monitoramento</strong> e Avaliação – breve reflexãoO sistema <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como peça central<strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável . Os indica<strong>do</strong>res aserem aplica<strong>do</strong>s no sistema são parte da matriz lógica <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e,portanto, estão nos contratos iniciais firma<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, aimplementação <strong>de</strong> um sistema completo <strong>de</strong> monitoramento que inclua umcronograma <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento, com dimensionamento <strong>de</strong>custos e responsabilida<strong>de</strong>s, é usualmente negligenciada nos <strong>projetos</strong>. Osindica<strong>do</strong>res muitas vezes não são nem mesmo aplica<strong>do</strong>s, e quan<strong>do</strong> são,não geram informação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para que os <strong>projetos</strong> possam fazerajustes <strong>de</strong> rumos, retroalimentar seus processos <strong>de</strong> planejamento e mesmorefletir sobre os problemas que porventura estejam dificultan<strong>do</strong> o alcance<strong>do</strong>s seus objetivos.Entre os problemas da aplicação <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res da matriz lógica estão suarigi<strong>de</strong>z e forma <strong>de</strong> elaboração. Muitas vezes esses indica<strong>do</strong>res sãoconstruí<strong>do</strong>s anos antes da implementação <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e não são adapta<strong>do</strong>spara a nova situação. Quan<strong>do</strong> o projeto começa, <strong>de</strong>ve-se revisar amatriz lógica pensan<strong>do</strong> em um sistema <strong>de</strong> monitoramento criativo eaberto. Um sistema <strong>de</strong>sses po<strong>de</strong> incluir diferentes instrumentos, comoindica<strong>do</strong>res, estu<strong>do</strong>s, pesquisas <strong>de</strong> opinião e construção <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>reflexão conjunta da equipe.Atualmente, no cenário internacional, tem-se da<strong>do</strong> ênfase aomonitoramento centra<strong>do</strong> na aprendizagem coletiva e na maximização <strong>do</strong>simpactos positivos gera<strong>do</strong>s pelos <strong>projetos</strong>. A mudança <strong>do</strong> foco <strong>do</strong>monitoramento <strong>do</strong> controle externo - volta<strong>do</strong> para prestação <strong>de</strong> contas aosfinancia<strong>do</strong>res - para um processo interno <strong>de</strong> aprendizagem, no qual o focoestá na geração <strong>de</strong> conhecimento e na formação <strong>do</strong>s diversos atores envolvi<strong>do</strong>s,altera não só os instrumentos usa<strong>do</strong>s como os resulta<strong>do</strong>s.10A abordagem voltada para aprendizagem e impacto permite a maiorflexibilização <strong>do</strong>s instrumentos utiliza<strong>do</strong>s no dia-a-dia <strong>do</strong> monitoramento


<strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Contu<strong>do</strong>, essa flexibilização também traz <strong>de</strong>safios intrínsecos:que instrumentos seriam, então, mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s? De que forma <strong>de</strong>veseutilizar estes instrumentos para o aprimoramento <strong>do</strong> monitoramento?Quais ferramentas aplicadas por outros se mostraram ina<strong>de</strong>quadas e porquê?O AMA produziu este livro com o intuito <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a estas questões.Agora, o <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> leitor é filtrar aquilo que lhe parece a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e tentaradaptar à sua realida<strong>de</strong>. Construir um bom sistema <strong>de</strong> monitoramento e<strong>avaliação</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições dadas. Um sistema po<strong>de</strong> funcionar paraum projeto, e não funcionar para outro; assim como instrumentosparticipativos po<strong>de</strong>m ser úteis para um grupo e, para outro, não. Conhecero que outros fizeram e apren<strong>de</strong>ram em condições semelhantes leva aalguns esclarecimentos sobre o assunto e evita possíveis erros, o que po<strong>de</strong>significar uma economia <strong>de</strong> tempo, dinheiro e, principalmente, <strong>de</strong> energia.1234567811


Resumo12Exposição que enfoca o tema monitoria e <strong>avaliação</strong>- M&A, área <strong>do</strong> conhecimento tradicional noâmbito da gestão <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>. Para sua utilizaçãosistemática em processos <strong>de</strong> profissionalização <strong>do</strong>setor público e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento institucionalno terceiro setor, existem práticas e instrumentosconsolida<strong>do</strong>s, porém, sua aplicação está distanteda experiência disponível e constitui uma das principaislacunas em <strong>projetos</strong> e programas públicos.Nesse contexto, o <strong>de</strong>staque que o enfoqueparticipativo da monitoria e <strong>avaliação</strong> vem receben<strong>do</strong>,permite salientar a importância <strong>do</strong> acompanhamentosistemático <strong>do</strong>s efeitos e impactos<strong>de</strong> <strong>projetos</strong> e programas, o que se quer mostrarneste texto. A sugestão para essa nova fase <strong>de</strong>valorização da monitoria e <strong>avaliação</strong> participativaé que não se atenha apenas aos aspectos técnicos,mas que se i<strong>de</strong>ntifique e consi<strong>de</strong>re igualmente asdimensões administrativa e política da matéria,para que seja possível maior grau <strong>de</strong>institucionalização <strong>de</strong> seus instrumentos.


Aprendiza<strong>do</strong> prático commonitoramento e <strong>avaliação</strong>Estímulo à reflexãoMarkus Brose*12IntroduçãoO ano <strong>de</strong> 2002 revelou-se profícuo para os profissionais que trabalhamcom instrumentos <strong>de</strong> monitoria e <strong>avaliação</strong> - M&A. Em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2002,um conjunto <strong>de</strong> organizações governamentais e <strong>do</strong> terceiro setor promoveua formação da Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> e Avaliação -REBRAMA, visan<strong>do</strong> trocar e aperfeiçoar experiências similares e estabelecerparâmetros <strong>de</strong> ética e qualida<strong>de</strong> nessa área <strong>de</strong> atuação.Nesse contexto, mostrou-se igualmente oportuna a iniciativa <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong>Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise - AMA no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> incentivar odiálogo técnico entre orgãos integrantes <strong>do</strong> Programa Piloto e representantes<strong>de</strong> outras organizações que operam sistemas participativos <strong>de</strong> M&A nasua prática cotidiana.A proposta <strong>de</strong>ste artigo é estimular a reflexão sobre o tema monitoria eanálise participativa, passan<strong>do</strong> por quatro etapas. Na primeira etapa, sãoapresentadas e contextualizadas duas experiências práticas referentes ao<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> escolher indica<strong>do</strong>res que constituam a base <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>M&A, bem como as limitações impostas a esse tipo <strong>de</strong> trabalho pelaracionalida<strong>de</strong> político-administrativa freqüentemente encontrada no setorpúblico.Na segunda etapa, são questiona<strong>do</strong>s e examina<strong>do</strong>s alguns conceitos básicos<strong>de</strong> M&A presentes na literatura especializada, a partir da experiência vividae exemplificada na primeira etapa. Esses <strong>de</strong>bates são amplia<strong>do</strong>s na terceiraetapa, que apresenta prováveis contextos e áreas <strong>de</strong> conhecimento nas*Agrônomo, mestre em Política Pública e Gerenciamento. Doutoran<strong>do</strong> em Sociologia.Contato: www.markus.brose.com.br13345678


quais talvez se insira nova discussão sobre a conceituação da M&A. Oraciocínio proposto nasce, portanto, <strong>do</strong> particular – alguns exemplos <strong>do</strong>aprendiza<strong>do</strong> prático e as limitações à racionalida<strong>de</strong> eminentemente técnica– para tentar chegar então a um aspecto geral, inova<strong>do</strong>r, que englobepontos <strong>de</strong> vista políticos e administrativos na conceituação <strong>de</strong> M&A. Aquarta etapa traz algumas propostas sobre como aprofundar e ampliar o<strong>de</strong>bate.Elaboração <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res: <strong>do</strong>is exemplosEsta comunicação baseia-se em experiência acumulada no ProgramaNacional <strong>de</strong> Viabilização <strong>de</strong> Espaços Econômicos para Populações <strong>de</strong>Baixa Renda - PRORENDA 1 especificamente no que concerne a sua execuçãono Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, por meio <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> cooperaçãotécnica entre o governo <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e o da Alemanha, representa<strong>do</strong>pela GTZ, e <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> entre os anos <strong>de</strong> 1990 e 2002.Dois <strong>projetos</strong> setoriais experimentais tiveram início em 1990, no RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, no âmbito <strong>do</strong> PRORENDA - PRORENDA Agricultura Familiar ePRORENDA Urbano - ambos volta<strong>do</strong>s para a busca <strong>de</strong> novos instrumentos<strong>de</strong> combate à pobreza. Em 1992, o componente geração <strong>de</strong> renda <strong>do</strong>PRORENDA Urbano foi transforma<strong>do</strong> em projeto autônomo, dan<strong>do</strong> origemao PRORENDA Microempresas. Em 1999, as experiências realizadas e oconhecimento adquiri<strong>do</strong> com esses <strong>projetos</strong> passaram a integrar apenasum, o PRORENDA Desenvolvimento Local, finaliza<strong>do</strong> em 2002.Em primeiro lugar, serão mostra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is exemplos <strong>de</strong>sse programa, relaciona<strong>do</strong>sa uma das tarefas mais <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>ras da M&A, a construção coletiva<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res.Indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ‘empo<strong>de</strong>ramento’Terminada a fase piloto <strong>do</strong> projeto PRORENDA Agricultura Familiar – <strong>de</strong>introdução e teste <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> extensão rural – surgiu, em mea<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s anos noventa, a <strong>de</strong>manda pelo estabelecimento <strong>de</strong> sistemática <strong>de</strong>141BARTH, J.; BROSE, M. Participação e <strong>de</strong>senvolvimento local: balanço <strong>de</strong> uma década <strong>de</strong> cooperaçãotécnica alemã no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Porto Alegre: Sulina, 2002.


acompanhamento da etapa <strong>de</strong> expansão que se iniciava, <strong>de</strong> cunhometo<strong>do</strong>lógico, <strong>de</strong> abrangência geográfica e amplitu<strong>de</strong> institucional.O foco das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas junto às comunida<strong>de</strong>s rurais queparticiparam da fase piloto, estava centra<strong>do</strong> no apoio à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>auto-gestão <strong>de</strong> grupos comunitários, os quais podiam ser informais,recém-cria<strong>do</strong>s, ou ainda organizações mais antigas existentes na comunida<strong>de</strong>,como por exemplo um núcleo da cooperativa ou associação comunitária,sindicato ou grupo <strong>de</strong> trabalho da igreja.A proposta consistiu em possibilitar, por meio <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><strong>de</strong> ações promovidas no âmbito <strong>do</strong> projeto, o fortalecimento <strong>do</strong>s gruposcomunitários, tornan<strong>do</strong>-os autônomos, a partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>‘empo<strong>de</strong>ramento’. Portanto, a pergunta central da M&A era: Como medira ampliação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-gestão grupal <strong>de</strong>sse processo?Com vista na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sistemática <strong>de</strong> M&A, <strong>de</strong>senhou-se um exemplo<strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> um grupo comunitário, estabelecen<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>almente, oponto <strong>de</strong> partida e o ponto <strong>de</strong> chegada <strong>de</strong>sse processo, e dividin<strong>do</strong> atrajetória a ser percorrida em etapas sucessivas. Dessa forma, foi construí<strong>do</strong>um mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> um grupo comunitário, composto <strong>de</strong> seisfases:fase 1, inicial – Proposta <strong>do</strong> projeto apresentada; grupo em formação;primeiros passos <strong>do</strong> planejamento participativo; grupo acompanha<strong>do</strong><strong>de</strong> perto;fase 2, estruturação – Grupo mais coeso; <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objetivos iniciais;li<strong>de</strong>ranças se fortalecen<strong>do</strong>; grupo acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> perto;fase 3, negociação – Definição <strong>do</strong> primeiro plano <strong>de</strong> ação; começo daarticulação com <strong>de</strong>mais atores; primeiros investimentos conjuntos;assessoria ao grupo passa a ter caráter técnico; 1fase 4, consolidação – Grupo assume novas responsabilida<strong>de</strong>s e mobilizaoutros recursos; li<strong>de</strong>ranças em renovação e com mais iniciativas;assessoria focalizada em <strong>de</strong>mandas específicas;fase 5, autonomia – Atuação e iniciativas autônomas; li<strong>de</strong>ranças emrenovação e atuantes; negociação rotineira com outros atores; assessoriaeventual;1512345678


fase 0, inativa – Processos inicia<strong>do</strong>s que não tiveram continuida<strong>de</strong>.Com esse mo<strong>de</strong>lo foi possível estabelecer consenso <strong>de</strong>ntro da equipe <strong>do</strong>projeto, <strong>de</strong> que, i<strong>de</strong>almente, to<strong>do</strong>s os grupos <strong>de</strong>veriam, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>tempo, chegar o mais próximo possível da fase 5 quan<strong>do</strong>, então, não seriamais necessário o apoio da equipe.Mesmo saben<strong>do</strong> das dificulda<strong>de</strong>s individuais existentes nas comunida<strong>de</strong>s, eque a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo seria diferenciada em cada realida<strong>de</strong>, foipossível estabelecer, a partir daí, conjunto <strong>de</strong> nove indica<strong>do</strong>res indiretos,que permitiriam ao observa<strong>do</strong>r externo i<strong>de</strong>ntificar em qual etapa se encontravao grupo nesse mo<strong>de</strong>lo. Os indica<strong>do</strong>res são:1. conhecimento sobre o projeto PRORENDA;2. participação ativa das famílias no grupo;3. manutenção <strong>de</strong> procedimentos administrativos;4. fortalecimento da ajuda mútua;5. gerenciamento compartilha<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos financeiros;6. interação com outros atores, novas responsabilida<strong>de</strong>s;7. planejamento, execução e <strong>avaliação</strong> conjunta <strong>de</strong> iniciativas;8. formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças;9. gerenciamento conjunto <strong>de</strong> patrimônio.Como esse conjunto <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res referia-se ao ponto <strong>de</strong> chegada <strong>do</strong>processo <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘empo<strong>de</strong>ramento’, distribuiu-se os nove para fins <strong>de</strong>M&A, nas cinco fases <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> grupo, estabelecen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssaforma, grau diferencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> exigências crescentes quanto às capacida<strong>de</strong>sque um grupo <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>senvolver ao longo da caminhada rumo à autonomia.Isso implicou <strong>de</strong>mandas e ações diferenciadas <strong>de</strong> assessoria por parteda equipe <strong>do</strong> projeto, em cada fase.16


A partir <strong>de</strong>ssa conceituação foi possível <strong>de</strong>talhar o mo<strong>de</strong>lo paraviabilização da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Como cada um <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res englobavadiversas gran<strong>de</strong>zas, elas <strong>de</strong>veriam ser explicitadas, para que houvesse redução<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> inerente ao registro <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s sobre o grupo.Assim, por exemplo, para o indica<strong>do</strong>r 1, conhecimento <strong>do</strong> projeto, apergunta central foi: Como saber se o grupo comunitário conhece oprojeto?Para a resposta a esta pergunta, <strong>de</strong>finiu-se cinco <strong>de</strong>scritores simples, quepermitiram, <strong>de</strong> forma padronizada, concluir se o grupo conhecia ou não oprojeto. Para o exemplo utiliza<strong>do</strong>, o indica<strong>do</strong>r 1, os <strong>de</strong>scritores foram:os integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem os objetivos <strong>do</strong> projeto;123os integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem a estrutura <strong>do</strong> projeto;os integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem o processo <strong>de</strong> planejamento comunitárioparticipativo;4os integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem a atuação <strong>do</strong> projeto na região;os integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem os instrumentos <strong>de</strong> trabalhoparticipativo em grupo.Ao to<strong>do</strong>, foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s 38 <strong>de</strong>scritores para o conjunto <strong>de</strong> nove indica<strong>do</strong>res.Mas, na prática <strong>de</strong> um grupo comunitário a resposta à pergunta: Osintegrantes <strong>do</strong> grupo conhecem o projeto, via <strong>de</strong> regra, não constituiumero sim ou não, mas mais ou menos, o que dificultou a <strong>de</strong>cisão a respeito<strong>de</strong> ações corretivas.Os <strong>de</strong>scritores foram então <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>s em uma escala entre <strong>do</strong>is pólosopostos, <strong>do</strong> sim e <strong>do</strong> não, o que ensejou o registro, tanto padroniza<strong>do</strong>como diferencia<strong>do</strong>, da situação <strong>do</strong> grupo. Para o exemplo <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r nº1, o conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scritores em um relatório <strong>de</strong> M&A teve a configuraçãomostrada abaixo.567817


Tabela 1Configuração <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scritores para o indica<strong>do</strong>r nº 11. Integrantes <strong>do</strong> grupo conhecem, ou não, o projetointegrantes conhecemos objetivos <strong>do</strong> projeto ---4---2---0--- integrantes não conhecemos objetivos <strong>do</strong> projetointegrantes conhecema estrutura <strong>do</strong> projeto ---2---1---0--- integrantes não conhecema estrutura <strong>do</strong> projetointegrantes conhecemo processo <strong>do</strong> projeto ---2---1---0--- integrantes não conhecemo processo <strong>do</strong> projetointegrantes conhecema atuação <strong>do</strong> projeto ---2---1---0--- integrantes não conhecema atuação <strong>do</strong> projetointegrantes conheceminstrumentospar ticipativos---4---2---0---integrantes não conheceminstrumentospar ticipativosCada escala está subdividida em três graus diferentes <strong>de</strong> medição, o quepermite diferenciação <strong>de</strong>talhada para cada grupo. Além disso, foramatribuí<strong>do</strong>s pesos diferentes aos <strong>de</strong>scritores, à medida que eles não possuíama mesma relevância. Aqueles <strong>de</strong>scritores consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s significativos pelaequipe receberam peso maior, possibilitan<strong>do</strong> que a <strong>avaliação</strong> qualitativafosse apoiada por uma medição feita pela soma <strong>do</strong>s pontos.Discuti<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> 1996, utilizou-se esse conjunto <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res, emfase <strong>de</strong> teste, entre os anos <strong>de</strong> 1997 e 1998, a fim <strong>de</strong> registrar e permitir aunificação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s sobre os cerca <strong>de</strong> trezentos grupos comunitários queparticiparam <strong>do</strong> projeto. Para essa fase, foi produzi<strong>do</strong> um jogo <strong>de</strong> formulários,e realizada capacitação para as equipes municipais encarregadas <strong>de</strong>compilar os da<strong>do</strong>s, paralelamente ao seu trabalho <strong>de</strong> assessoria aos grupos.Testou-se, <strong>de</strong> início, o ritmo trimestral <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, o qual mostrouser irrealista frente ao acúmulo <strong>de</strong> tarefas que o corpo <strong>de</strong> técnicos em ummunicípio enfrenta no dia-a-dia. O ritmo passou então a ser semestral,possibilitan<strong>do</strong> a elaboração <strong>de</strong> relatórios <strong>de</strong> monitoria <strong>do</strong> projeto queunificavam as informações oriundas <strong>do</strong>s municípios.18


Apesar <strong>de</strong> apreciar o esforço empreendi<strong>do</strong> e valer-se <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>satualiza<strong>do</strong>s que passou a estar disponível no projeto, a coor<strong>de</strong>naçãoacabou por não utilizar os relatórios semestrais como base para a tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão; as informações recebidas eram registradas pelos coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<strong>do</strong> projeto, que não faziam análise sistemática <strong>de</strong>ssas informações, nem se<strong>de</strong>cidiam por ações corretivas, no caso <strong>de</strong> falhas apontadas nos relatórios.O estilo gerencial continuou a ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo contato pessoal diretoentre os coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto e os técnicos <strong>de</strong> campo, utilizan<strong>do</strong>-se<strong>de</strong>ssa base informal <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, na esfera dasdiversas limitações impostas ao projeto pela falta <strong>de</strong> apoio político <strong>do</strong>governo estadual.Na estrutura <strong>de</strong> governo funcionavam simultaneamente três sistemasinformatiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoria, volta<strong>do</strong>s para abastecer a secretaria <strong>de</strong> governoe o gabinete <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r com da<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhofinanceiro e indica<strong>do</strong>res quantitativos <strong>de</strong> cada órgão setorial, mas nãocomo instrumentos <strong>de</strong> gestão.Ten<strong>do</strong> em vista o fato <strong>de</strong> que o instrumental <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> acabou nãosen<strong>do</strong> institucionaliza<strong>do</strong>, a fase <strong>de</strong> teste encerrou-se sem que houvessecontinuida<strong>de</strong> na proposta <strong>de</strong> monitoria. Assim, também não se chegou atestar o uso <strong>de</strong>ste instrumental <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scentralizada, e os indica<strong>do</strong>resforam usa<strong>do</strong>s diretamente nos municípios pelos atores locais, como forma<strong>de</strong> aperfeiçoar o gerenciamento das ações.12345Indica<strong>do</strong>res para aferição <strong>de</strong> impacto em <strong>de</strong>senvolvimento localO segun<strong>do</strong> exemplo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res se referia a uma faseposterior <strong>do</strong> Programa PRORENDA no RS, a fase <strong>de</strong> consolidação, com aintegração, a partir <strong>de</strong> 1999, <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> PRORENDA Agricultura Familiar,PRORENDA Urbano e PRORENDA Microempresas na configuração <strong>do</strong> projetoPRORENDA Promoção <strong>do</strong> Desenvolvimento Local. Ten<strong>do</strong> em vista as experiênciasfeitas nos três <strong>projetos</strong> setoriais <strong>de</strong> combate à pobreza ao longo <strong>do</strong>sanos noventa, a proposta <strong>do</strong> PRORENDA Desenvolvimento Local foi a <strong>de</strong>integrar esse conhecimento e viabilizar sua institucionalização nas políticaspúblicas <strong>do</strong> governo estadual.Mas, para permitir a <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> impacto <strong>de</strong>sse enfoque, era necessário<strong>de</strong>finir o que as pessoas envolvidas enten<strong>de</strong>m como <strong>de</strong>senvolvimento local,19678


à medida que as interpretações <strong>do</strong> cita<strong>do</strong> conceito e, portanto, as avaliaçõesfeitas são bastante diferenciadas. Como construir os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>impacto <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> promoção <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local?Pela prática existente, po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar quatro abordagens básicas, quetêm si<strong>do</strong> utilizadas para a <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentono setor público e no terceiro setor, a saber:na ‘abordagem retrospectiva’, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res é feita durantea fase inicial <strong>de</strong> planejamento, e a <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto consiste nacomparação entre a antiga situação e a <strong>do</strong> momento. Como em muitos<strong>projetos</strong> e programas não existem indica<strong>do</strong>res previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s,pois o processo <strong>de</strong> planejamento pára na etapa <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong> orçamento,a <strong>avaliação</strong> acaba incluin<strong>do</strong> uma etapa <strong>de</strong> consenso sobreindica<strong>do</strong>res, para posterior aferição;pela ‘abordagem <strong>de</strong> construção conjunta <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res’, a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>sobjetivos e indica<strong>do</strong>res se dá <strong>de</strong> forma participativa, envolven<strong>do</strong> diretamentea população. A <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto procura então ater-se, oquanto possível, à perspectiva <strong>de</strong>sses mesmos participantes quanto aoprojeto e às mudanças provocadas;por meio da ‘abordagem amplificada’, <strong>de</strong>fine-se marco referencial maiorno âmbito <strong>do</strong> qual esteja inseri<strong>do</strong> o escopo <strong>do</strong> projeto; os indica<strong>do</strong>resentão <strong>de</strong>vem se a<strong>de</strong>quar a este marco e a <strong>avaliação</strong> baseia-se essencialmente,na análise das mudanças provocadas sob a ótica <strong>de</strong>sta referênciamaior;na ‘abordagem sem indica<strong>do</strong>res’ a <strong>avaliação</strong> se dá mediante o uso <strong>de</strong><strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>talhadas e análises qualificadas acerca <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>sno âmbito <strong>do</strong> projeto.Na esfera <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> PRORENDA Desenvolvimento Local, selecionou-se aabordagem amplificada, como nortea<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong>impacto. Para situar uma <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> projeto, seria necessário,portanto, ter uma <strong>de</strong>finição consensuada <strong>do</strong> que é <strong>de</strong>senvolvimento local,o que não era o caso no projeto. Assim, a pergunta básica a ser respondidaera: O que se enten<strong>de</strong> como <strong>de</strong>senvolvimento local?20A primeira tentativa <strong>de</strong> resposta a esta pergunta consistiu em revisãobibliográfica sobre o tema, que se revelou pouco operacional. No conjunto<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos que abordam o tema, <strong>de</strong>senvolvimento local é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>


habitualmente como uma nova meto<strong>do</strong>logia, ou uma nova forma <strong>de</strong>atuação <strong>do</strong> setor público, ou ainda uma nova estratégia <strong>de</strong> intervenção.Essa percepção sobre o que vem a ser <strong>de</strong>senvolvimento local pouco contribuipara o <strong>de</strong>bate, pois <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o enfoque <strong>do</strong> projeto PRORENDAque enten<strong>de</strong> ‘empo<strong>de</strong>ramento’ como variável fundamental para a superaçãoda pobreza, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento não <strong>de</strong>ve ser visto comoalgo restrito, no tempo, a um projeto, ou mesmo limita<strong>do</strong> à intervenção<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.A partir <strong>de</strong>ssa constatação o <strong>de</strong>senvolvimento local passou a ser entendi<strong>do</strong>como um processo contínuo <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população<strong>de</strong> certo território – o local, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser comunitário, municipal oumicrorregional – com base no esforço e no trabalho da população <strong>de</strong>sseterritório, população essa composta <strong>de</strong> famílias produtoras, empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ras,comerciantes e políticos. O setor público po<strong>de</strong> apoiar - ou não - esteprocesso mas <strong>de</strong> forma alguma o <strong>de</strong>senvolvimento local po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong>como mero instrumento, ou nova receita <strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong> setorpúblico.Com base no consenso sobre o que se enten<strong>de</strong> por <strong>de</strong>senvolvimento local,a próxima pergunta é: Como po<strong>de</strong>mos medir o <strong>de</strong>senvolvimento local?Para respondê-la foi realizada pesquisa em cerca <strong>de</strong> cinqüenta municípios<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, no intuito <strong>de</strong> conhecer e <strong>de</strong>screver, em breves estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caso,as iniciativas bem-sucedidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local que existem, efetivamente,e estão em curso no país². O conhecimento adquiri<strong>do</strong> com esselevantamento <strong>de</strong> campo tornou possível i<strong>de</strong>ntificar que o <strong>de</strong>senvolvimento,tal como se processa no espaço local, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito como umprocesso lento, <strong>de</strong>sigual entre seus elementos mas contínuo, que compreen<strong>de</strong>,essencialmente, cinco dimensões:1. ações <strong>de</strong> inclusão social;2. fortalecimento da economia local;12345673. iniciativas <strong>de</strong> renovar a gestão pública;4. gestão ambiental e o uso racional <strong>de</strong> recursos naturais; e82BROSE, M. Fortalecen<strong>do</strong> a <strong>de</strong>mocracia e o <strong>de</strong>senvolvimento local: 103 experiências inova<strong>do</strong>ras no meiorural gaúcho. Santa Cruz <strong>do</strong> Sul: EDUNISC, GTZ, 2000.21


5. ações para mobilização da socieda<strong>de</strong> civil.Ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, a partir da práxis, o marco referencial que caracterizaprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local em municípios <strong>de</strong> caráter rural, apróxima questão a respon<strong>de</strong>r era: Como medir essas dimensões?Questionou-se: Quais seriam os indica<strong>do</strong>res que possibilitariam <strong>de</strong>screver,<strong>de</strong> forma razoavelmente objetiva, as ações, procedimentos e mudanças aserem observa<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> lugar para que fosse possível afirmar seestavam, ou não, ocorren<strong>do</strong> processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local?Com base nos 103 estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caso efetua<strong>do</strong>s para a pesquisa, <strong>de</strong>finiu-seum conjunto básico <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res em potencial para as cinco dimensões<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local contidas no marco referencial, apresenta<strong>do</strong> natabela 2, a seguir. A tabela traz a síntese <strong>do</strong> consenso alcança<strong>do</strong> quanto aoentendimento <strong>do</strong> que vem a ser <strong>de</strong>senvolvimento local, e o mo<strong>do</strong> como oPRORENDA Desenvolvimento Local se insere, ou não, nesse processo.Definida a base conceitual, fez-se a revisão e o aperfeiçoamento <strong>do</strong> marcológico <strong>do</strong> projeto por meio <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho interdisciplinar, o quepossibilitou o estabelecimento <strong>de</strong> hierarquia <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e <strong>de</strong> planosemestral <strong>de</strong> monitoria.Porém, contrarian<strong>do</strong> as previsões iniciais, otimistas, a instância <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<strong>do</strong> projeto, criada na Secretaria Estadual <strong>de</strong> Planejamento, mostrousepouco operacional ao longo <strong>do</strong> tempo. Com receio <strong>de</strong> criar áreas <strong>de</strong>atrito com os três órgãos setoriais participantes <strong>do</strong> projeto, a instância <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação da citada secretaria optou por uma gestão concilia<strong>do</strong>ra e umestilo diplomático <strong>de</strong> trabalho, no qual não cabia enérgico <strong>de</strong>bate técnicotrimestral ou semestral sobre objetivos, metas e indica<strong>do</strong>res, o que, inevitavelmente,<strong>de</strong>u origem a cobranças e eventuais rusgas pessoais. Em umprojeto que tinha baixa priorida<strong>de</strong> política, os diversos interlocutorespreferiram não se arriscar, e após uma fase <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> meio ano,encerrou-se a experiência <strong>de</strong> monitoria ainda no ano 2000.22Toman<strong>do</strong> como base essas duas experiências vivenciadas diretamente e quenão tiveram continuida<strong>de</strong>, bem como observan<strong>do</strong> ocorrências similarespouco <strong>de</strong>stoantes <strong>de</strong>sse padrão em outros <strong>projetos</strong>, torna-se relevante apergunta: Como enten<strong>de</strong>r a M&A, suas potencialida<strong>de</strong>s e limitações frenteà realida<strong>de</strong> adversa com a qual se <strong>de</strong>para na gestão <strong>do</strong> setor público?


Tabela 2Indica<strong>do</strong>res em potencial para as cinco dimensões <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento localem municípios rurais1InclusãosocialFortalecimentodaeconomialocalInovação nagestãopúblicaGestãoambientaluso racional<strong>do</strong>s recursosMobilizaçãoda socieda<strong>de</strong>civil2Erradicação<strong>do</strong>analfabetismoGar antia dasegurançaalimentarMecanismos<strong>de</strong>participaçãona gestãomunicipalMecanismos<strong>de</strong> proteçãoao meioambienteFor talecimentodacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>auto-gestão3Acesso àeducaçãopública <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>Valor ização<strong>do</strong>s produtoslocaisEliminação <strong>de</strong>brechas parao mau uso <strong>de</strong>recursospúblicosRecuperação<strong>de</strong> áreas<strong>de</strong>gradadasMaiorcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>co-gestão <strong>do</strong>satores locais4Acesso àsaú<strong>de</strong> pública<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>Profissionalizaçãonospostos <strong>de</strong>trabalhoexistentesGestão combase em visãoestratégicaUso racional<strong>de</strong> recursosnaturaisIniciativas apar tir <strong>de</strong>organizaçõescomunitáriase <strong>do</strong> terceirosetor5Acesso àmoradiasalubreFomento anovosnegóciosMaiorprofissionalismona gestãolocalTest e edifusão <strong>de</strong>novastecnologiasParceriascom o setorpúblico6Acesso àinformaçãoCaptação ereinvestimentodapoupançalocalSiner gia entr eprogramaspúblicosSegurançahídrica7Assistênciadirecionada agruposexcluí<strong>do</strong>sFormação <strong>de</strong>re<strong>de</strong>sempresariaisApoio aossistemaslocais <strong>de</strong>produçãoNovos canais<strong>de</strong> informaçãoe diálogoSegurançaenergética238


Monitoria e <strong>avaliação</strong>A peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> públicosPartin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista formal, <strong>de</strong> um entendimento bastante usualna bibliografia da gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> no setor priva<strong>do</strong>, <strong>avaliação</strong> significamedir sistematicamente – sobre uma base continuada <strong>de</strong> tempo – osresulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por unida<strong>de</strong> organizacional, e comparar esses resulta<strong>do</strong>scom o que foi planeja<strong>do</strong> a fim <strong>de</strong> elevar a eficiência e a produtivida<strong>de</strong> daunida<strong>de</strong> em análise.Os indica<strong>do</strong>res assumem então papel fundamental, pois apenas com aqualificação e quantificação das gran<strong>de</strong>zas contidas nos objetivos por meioda formulação <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res é que se torna possível a medição e, assim,chegar à essência da M&A: a comparação. A escolha <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e a<strong>de</strong>cisão sobre sua utilização constitui, portanto, exercício <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na unida<strong>de</strong> organizacional.Nessa conceituação, avaliar implica trabalhar três etapas, em seqüência:medir continuadamente; comparar entre o obti<strong>do</strong> e o previsto; tomar<strong>de</strong>cisão sobre medidas corretivas que reduzam falhas e elevem a eficiência;ou seja, um procedimento contínuo integra<strong>do</strong> ao sistema <strong>de</strong> gestão.No entanto, sain<strong>do</strong> da área restrita da gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, e focan<strong>do</strong> emespecial <strong>projetos</strong> no setor público, o PRORENDA Desenvolvimento Localconstitui apenas mais uma unida<strong>de</strong> organizacional?A resposta é não. O projeto tem caráter único e inova<strong>do</strong>r, que o distingueda rotina e, portanto, das <strong>de</strong>mais unida<strong>de</strong>s organizacionais <strong>de</strong> caráterpermanente. Não obstante, tal qual na iniciativa privada, o projeto públicoproduzir bens e/ou serviços inova<strong>do</strong>res, mais que isso, o projeto constituiespaço <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>. Espaço esse que é temporário, com orçamentoespecífico, ten<strong>do</strong> como propósito básico <strong>de</strong>senvolver e testar procedimentosque possam ser amplia<strong>do</strong>s no futuro, e se tornem rotinas.Nesse senti<strong>do</strong>, a M&A po<strong>de</strong> ser vista como ultrapassan<strong>do</strong> a condição <strong>de</strong>ferramenta <strong>de</strong> comparação para subsidiar a gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, masconstituin<strong>do</strong>-se em elemento fundamental <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>organizacional. Deve-se enten<strong>de</strong>r a M&A abrangen<strong>do</strong> duas dimensões: uma24


técnica, no que se refere à escolha e uso <strong>do</strong>s instrumentos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, eoutra política, no que se refere à tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e o po<strong>de</strong>r paraimplementar as <strong>de</strong>liberações tomadas. Ter a prerrogativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir significa<strong>de</strong>ter po<strong>de</strong>r.Além <strong>de</strong>sse diferencial no que diz respeito a <strong>projetos</strong> e unida<strong>de</strong>sorganizacionais rotineiras, há o aspecto <strong>de</strong> que enquanto a gerência <strong>de</strong><strong>projetos</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento organizacional constituem áreas consolidadas<strong>de</strong> análise e estu<strong>do</strong>, a M&A tem caráter quase artesanal, dada a impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> padronizar indica<strong>do</strong>res. Neste senti<strong>do</strong>, o uso pleno <strong>do</strong> potencialdisponível na M&A <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, sobremaneira, da prática e da articulaçãoorganizacional, on<strong>de</strong> técnicas participativas permitem ultrapassar enfoquemínimo <strong>do</strong> controle da legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> gasto.123Papel central <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res nas diferentes etapas <strong>do</strong> projetoO potencial - via <strong>de</strong> regra pouco explora<strong>do</strong> - inerente ao sistema <strong>de</strong> M&Atorna-se evi<strong>de</strong>nte quan<strong>do</strong> da sistematização <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res quesão possíveis na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sistemática <strong>de</strong> medição e aferição <strong>de</strong> processos<strong>de</strong> mudança.Em mo<strong>de</strong>lo didático simplifica<strong>do</strong>, apresenta<strong>do</strong> a seguir na tabela 3, umprocesso <strong>de</strong> mudança necessita <strong>de</strong> insumos para ocorrer e produzir resulta<strong>do</strong>s.Esse processo po<strong>de</strong> ser subdivi<strong>do</strong> em partes suscetíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição, e,portanto, <strong>de</strong> análise a <strong>avaliação</strong>. O ponto inicial <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo básico <strong>de</strong>processos <strong>de</strong> mudança está na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> insumos; esses po<strong>de</strong>m sertangíveis, como os recursos (humanos, materiais, financeiros), ou intangíveis,como existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas, vonta<strong>de</strong> política, tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão,apoio e planejamento aprova<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> há disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, esses são emprega<strong>do</strong>s na consecução<strong>de</strong> ações, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s concretas ou mudanças <strong>de</strong> postura e procedimentos.Esse conjunto <strong>de</strong> ações, cuja amplitu<strong>de</strong> e duração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dacomplexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo, gera algum tipo <strong>de</strong> saída; são consi<strong>de</strong>radassaídas <strong>do</strong> sistema os produtos e serviços únicos e inova<strong>do</strong>res gera<strong>do</strong>s porum projeto, e freqüentemente <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.Para cada uma <strong>de</strong>stas fases <strong>do</strong> processo po<strong>de</strong>m ser estabeleci<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>-4567825


es que permitem um tipo específico <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>. A <strong>avaliação</strong> básicaconsiste na aferição <strong>do</strong> uso correto <strong>do</strong>s recursos disponibiliza<strong>do</strong>s, tarefaque no âmbito <strong>do</strong> setor público – e parte <strong>do</strong> terceiro setor – é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas.To<strong>do</strong> esse percurso inicial <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> mudança, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os insumosaté os resulta<strong>do</strong>s, está no âmbito da governabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>(s) ator(es)responsável(is) e sua aferição se dá pela <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho. Aspróximas etapas são marcadas por grau <strong>de</strong> incerteza muito maior.Produtos e serviços únicos e inova<strong>do</strong>res gera<strong>do</strong>s nesse processo não têmum fim em si mesmos; são postos à disposição <strong>de</strong> alguém conheci<strong>do</strong>como usuário, beneficiário, grupo-alvo ou cidadão, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com ojargão técnico usa<strong>do</strong>. O ato <strong>do</strong> usuário aceitar, assimilar e se apropriar <strong>de</strong>serviços e produtos que lhe são ofereci<strong>do</strong>s constitui a próxima etapa <strong>do</strong>processo, <strong>de</strong>nominada efeito, e que contém em si certo grau <strong>de</strong> incerteza àmedida que esse ator social não está sob a governabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quemconduz a parte inicial <strong>do</strong> processo.A partir <strong>do</strong> uso, da incorporação, da institucionalização <strong>do</strong>s produtos eserviços <strong>de</strong>ve ocorrer um benefício conheci<strong>do</strong> como impacto <strong>do</strong> processoque po<strong>de</strong> ser direto ou indireto, previsto ou não planeja<strong>do</strong>, e às vezespo<strong>de</strong>m inclusive ocorrer impactos negativos imprevistos. O conjunto <strong>de</strong>aferição <strong>de</strong>ssas mudanças está a cargo da <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto e contémgrau eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> incertezas.Dessa forma, o mo<strong>de</strong>lo apresenta<strong>do</strong> na tabela 3 torna possível <strong>de</strong>finir umahierarquia <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res para um processo <strong>de</strong> mudança, composta tambémpor indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> entrada, <strong>de</strong> processo, <strong>de</strong> saída, <strong>de</strong> efeito e <strong>de</strong>impacto. A <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho me<strong>de</strong> essencialmente a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produzir outros procedimentos, enquanto a <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto me<strong>de</strong> sehá capacida<strong>de</strong> em a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s novos procedimentos a uma realida<strong>de</strong>em constante mudança.26


Tabela 3Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> hierarquia <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res como base da <strong>avaliação</strong>1Insumos Projeto SaídasInício <strong>de</strong>processos <strong>de</strong>mudançasResulta<strong>do</strong>s Efeitos Impactos2RecursosApoioDemandaProdutosServiçosSustentabilida<strong>de</strong>das mudanças3Indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>entradaIndica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>processoIndica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>saídaIndica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>efeitoIndica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>impactoAvaliação <strong>de</strong> DesempenhoA capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>produzir mudanças eprocedimentos inova<strong>do</strong>resAvaliação <strong>de</strong> impactoA capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quaros novos procedimentosEmpo<strong>de</strong>ramento4Amplian<strong>do</strong> o potencial para <strong>de</strong>bater M&ADe um ponto <strong>de</strong> vista formal, conceitual, o <strong>de</strong>bate sobre M&A está circunscritoà área da gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, inserida em estu<strong>do</strong>s e pesquisas<strong>do</strong> contexto <strong>de</strong> ciências <strong>de</strong> administração, em especial, administração <strong>de</strong>empresas.Mas, conforme se quer <strong>de</strong>monstrar, um enfoque meramente técnico sobreM&A a partir da gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> limita o entendimento <strong>de</strong> como lidarcom a matéria na prática, e como utilizar melhor to<strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>existente no trabalho com indica<strong>do</strong>res. Ou seja, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>incluir as dimensões política e administrativa <strong>do</strong> setor público na análise.Procuran<strong>do</strong> outras formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a M&A, novos contextos nos quaispossam ser encaixa<strong>do</strong>s seus potenciais e limites, po<strong>de</strong>-se escolher diversosmo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> contextualizar sistemas <strong>de</strong> M&A para além da área <strong>de</strong> gerência<strong>de</strong> <strong>projetos</strong>. E, assim, ressaltar a sua importância e interpretar as suasfunções. Vamos nos referir aqui a três possibilida<strong>de</strong>s:<strong>de</strong>senvolvimento organizacional;sistemas <strong>de</strong> informação; egestão <strong>de</strong> conhecimento275678


Desenvolvimento organizacionalA área <strong>de</strong>senvolvimento organizacional dispõe <strong>de</strong> amplo leque <strong>de</strong> instrumentose procedimentos consolida<strong>do</strong>s, os quais favorecem a a<strong>de</strong>quação daunida<strong>de</strong> organizacional às mudanças processadas em seu ambiente. Umadas ferramentas utilizadas para tanto é o projeto, que possibilita a formação<strong>de</strong> espaço interdisciplinar <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e inovação, que tem seusresulta<strong>do</strong>s sistematiza<strong>do</strong>s e as lições aprendidas replicadas para o interiorda unida<strong>de</strong> organizacional, permitin<strong>do</strong> que essa alcance novo patamar <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> em suas ações. A gerência <strong>do</strong> projeto, por intermédio dasferramentas <strong>de</strong> M&A, tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhar, <strong>do</strong>cumentar eanalisar esse processo <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> organizacional <strong>de</strong> forma sistematizada,propician<strong>do</strong> o repasse e a disseminação <strong>do</strong> que for aprendi<strong>do</strong>. A M&Agarante que quan<strong>do</strong> uma organização <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> realizar um projeto, que oaprendiza<strong>do</strong> feito ali seja efetivamente utiliza<strong>do</strong> para benefício posterior daorganização.Sistemas <strong>de</strong> informaçãoA área sistemas <strong>de</strong> informação tem a função <strong>de</strong> registrar, processar etransferir informações <strong>de</strong> forma organizada e objetiva. Ao contrário <strong>do</strong> quefaz crer a constante pressão exercida pelo merca<strong>do</strong> da informática, sistemas<strong>de</strong> informação não são equivalentes à informatização; sistemas <strong>de</strong> informaçãosão forma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> componentes humanos e tecnológicos, basea<strong>do</strong>s emdiferentes combinações <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (humanas), registro em papel etecnologia <strong>de</strong> informática. São sistemas sociais centra<strong>do</strong>s no registro eprocessamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, em que as diversas etapas entre a entrada <strong>de</strong>ssesda<strong>do</strong>s, a informação e o conhecimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> processamento <strong>do</strong>intelecto humano, estan<strong>do</strong> sujeitos, portanto, a todas as incertezas inerentesà ativida<strong>de</strong> intelectual. A M&A constitui sistema <strong>de</strong> informação específicoque, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser construí<strong>do</strong> artesanalmente, no que se refere aosindica<strong>do</strong>res, precisa receber atenção especial, representan<strong>do</strong> um <strong>de</strong>safio àcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operacionalização <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> informação em um ambiente<strong>de</strong> constantes mudanças, como o <strong>de</strong> projeto.Gestão <strong>de</strong> conhecimento28Por gestão <strong>de</strong> conhecimento enten<strong>de</strong>-se um sistema volta<strong>do</strong> ao aperfeiçoamentoda capacida<strong>de</strong> operacional da unida<strong>de</strong> organizacional, por meio <strong>de</strong>


estratégia apta a gerar, armazenar e aplicar conhecimento <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>comprovada e longa durabilida<strong>de</strong>, que via <strong>de</strong> regra, encontra-se armazena<strong>do</strong>apenas no intelecto humano e é intangível. O interesse está no conhecimentoimplícito, que é o conhecimento individual e pessoal, basea<strong>do</strong> emconclusões subjetivas e intuitivas, <strong>de</strong> difícil transmissão e que se multiplicaquanto mais é utiliza<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, um diagnóstico <strong>de</strong> problemas, porexemplo, constitui um mapeamento <strong>de</strong> lacunas <strong>de</strong> conhecimento, o plano<strong>do</strong> projeto estabelece uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> intenções <strong>do</strong> conhecimento a sergera<strong>do</strong>, ou o conhecimento existente a ser complementa<strong>do</strong>, e o sistema <strong>de</strong>M&A permite a sistematização e transferência efetivas <strong>de</strong>sse conhecimento.Há décadas, o setor público conhece o <strong>de</strong>bate sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>qualificar suas ações. No perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Governo Vargas, a partir <strong>de</strong> 1930,teve início ampla ação sistemática <strong>de</strong> qualificação e profissionalização <strong>do</strong>setor público, fundamentada, entre outras, na experiência adquirida durantea ditadura positivista no governo estadual <strong>do</strong> RS, entre 1893 e 1930, aprimeira experiência <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma burocracia públicaprofissionalizada no país. A segunda fase <strong>de</strong> profissionalização <strong>do</strong> setorpúblico começou no Governo JK e alcançou sua realização plena noperío<strong>do</strong> militar. Para vencer as resistências das oligarquias regionais que seopunham à profissionalização da coisa pública e, portanto, à redução <strong>de</strong>sua influência e ingerência, este processo ficou limita<strong>do</strong> basicamente aogoverno fe<strong>de</strong>ral on<strong>de</strong> foi aplica<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma autoritária, em certas instânciasque se tornaram ilhas <strong>de</strong> eficiência, como por exemplo o Banco <strong>do</strong>Brasil, a Receita Fe<strong>de</strong>ral, a Petrobrás, e o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> Planejamento.Nesse contexto o setor público, em senti<strong>do</strong> amplo para além das ilhas <strong>de</strong>excelência, é objeto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> capacitação, <strong>de</strong> consultoria e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoinstitucional – antigamente chamadas <strong>de</strong> administração científicaou mo<strong>de</strong>rna – pelos mais varia<strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e programas, a partir da década<strong>de</strong> 1930. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então são repassa<strong>do</strong>s aos gestores públicos conhecimentose informações sobre a gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>. Aparentemente, esse esforçoteve pouco impacto, à medida que, hoje, ainda são encontra<strong>do</strong>s gestorespúblicos que <strong>de</strong>sconhecem M&A, ou mesmo conhecen<strong>do</strong>-a, não a utilizam.A socieda<strong>de</strong> se acostumou, portanto, ao fato <strong>de</strong> a gerência <strong>de</strong> projetoimplicar, para o gestor público, na ampliação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório, noacesso a recursos especiais e, eventualmente, na oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>candidatar-se a algum cargo eletivo, mas, no entanto, não existe pressãosocial para que a gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> inclua a M&A sistemática.1234567829


Os três enfoques complementares mostra<strong>do</strong>s aqui, o <strong>de</strong>senvolvimentoorganizacional, o uso <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> informação e a gestão <strong>de</strong> conhecimentorepresentam novida<strong>de</strong>; surgiram há pouco tempo no cenário da gestãopública e têm encontra<strong>do</strong> aceitação e receptivida<strong>de</strong> por parte da socieda<strong>de</strong>.Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos noventa iniciou-se processo - ainda lento - <strong>de</strong> inclusão<strong>de</strong> órgãos públicos em programas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> E-governance, <strong>de</strong>certificação por normas ISO, da Lei <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> fiscal e assim pordiante. Nesse movimento, ainda incipiente, mas que vem toman<strong>do</strong> corpona coisa pública, surge nova chance <strong>de</strong> institucionalizar a M&A - não maiscomo elemento integrante apenas da gerência <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, estratégia quepouco vingou - mas agora como parte <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoorganizacional, ou como base <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> informação, ou aindacomo parte da gestão <strong>de</strong> conhecimento.Apresenta-se, portanto, nova chance <strong>de</strong> institucionalizar a M&A comoação permanente no âmbito da gestão pública, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser meroinstrumento obrigatório <strong>de</strong> cumprimento da lei ou atendimento a exigências<strong>de</strong> financia<strong>do</strong>res externos. Por intermédio <strong>do</strong> enfoque participativo e<strong>de</strong> novo contexto, a M&A po<strong>de</strong> passar a integrar esforço da socieda<strong>de</strong>como um to<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> dar maior transparência e ampliar o controlesocial sobre a coisa pública. Que o digam os membros <strong>do</strong> orçamentoparticipativo, que não por mero acaso foi cria<strong>do</strong> no Brasil e tornou-seproduto <strong>de</strong> exportação.Como renovar a M&A (ou como tornar a M&A uma novida<strong>de</strong>?)Esta pergunta vem sen<strong>do</strong> feita há bastante tempo, mas como não existeresposta padronizada, ela continua sujeita ao <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> idéias e propostas.Tem-se, hoje em dia, o privilégio <strong>de</strong> conhecer algumas respostas básicas,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> profissionais, há décadas, se fezpergunta idêntica.Em primeiro lugar, parece importante frisar que <strong>projetos</strong> - sejam eles <strong>de</strong>órgãos públicos ou <strong>de</strong> organizações <strong>do</strong> terceiro setor - têm como princípiobásico da justificativa <strong>de</strong> sua existência, a posterior transformação empolítica pública. Assim, levan<strong>do</strong> em conta essa premissa, a sistemática <strong>de</strong>M&A testada ao longo <strong>de</strong> um projeto tem também como justificativa suaposterior incorporação e assimilação no setor público.30


Tal qual no caso da introdução <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em umaorganização, sabe-se que a M&A apenas possui chance <strong>de</strong> ser utilizada <strong>de</strong>forma regular e institucionalizada se a <strong>de</strong>cisão vier da alta direção <strong>do</strong>órgão. Em geral as tentativas <strong>de</strong> introduzir e tornar rotineira a M&A pormeio <strong>do</strong> enfoque ‘boas práticas’, na esfera técnica, não têm obti<strong>do</strong> êxito. Éessencial que a <strong>de</strong>cisão a favor da utilização <strong>de</strong> M&A seja tomada peloescalão superior e perpasse toda a organização.De experiências anteriores, sabe-se que a capacitação sobre o uso e aplicaçãoda M&A <strong>de</strong>ve ser massiva, tal qual no emprego <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> trabalhoem grupo, por exemplo; a capacitação <strong>de</strong> uma ou duas pessoas em umaorganização, não é, em geral, suficiente para criar massa crítica a fim <strong>de</strong>romper as barreiras culturais contra o uso sistemático <strong>de</strong> M&A.Salvo exceções, o aprendiza<strong>do</strong> sobre M&A não se dá apenas mediante aaplicação <strong>de</strong> cursos; cursos po<strong>de</strong>m representar o primeiro contato, mas é apartir da experiência vivida <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> planejamento e acompanhamento<strong>de</strong> um projeto que o aprendiza<strong>do</strong> se internaliza, tornan<strong>do</strong>-se conhecimentoindividual. O impacto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong> M&A, portanto, não émensura<strong>do</strong> pelo número <strong>de</strong> cursos realiza<strong>do</strong>s, ou o total <strong>de</strong> horas <strong>de</strong>treinamento, mas pelo número <strong>de</strong> pessoas que a<strong>do</strong>taram as técnicas <strong>de</strong>M&A em seu cotidiano.Outro aprendiza<strong>do</strong>, também disponível, se refere à sustentabilida<strong>de</strong> daintrodução <strong>de</strong> M&A em um órgão público. Apesar <strong>de</strong> haver sempre, emcada caso, argumentação e motivos os mais varia<strong>do</strong>s para que uma pessoanão concursada e sem estabilida<strong>de</strong> no setor público participe <strong>do</strong>s cursos edas ações <strong>de</strong> M&A, a prática mostra que esse investimento em capitalhumano, na maioria das vezes, acaba se per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>. A M&A <strong>de</strong>ve serobjeto <strong>de</strong> capacitação, formação e acompanhamento em serviço paraservi<strong>do</strong>res públicos concursa<strong>do</strong>s e com estabilida<strong>de</strong>, que permaneçamocupan<strong>do</strong> seu posto mesmo com o término <strong>do</strong> projeto.Dada a fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s órgãos da administração públicaem esfera subnacional, tem se mostra<strong>do</strong> difícil implantar sistemas <strong>de</strong> M&Aquan<strong>do</strong> não está assegurada certa autonomia funcional <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res dadireção <strong>do</strong> projeto, responsáveis pela M&A. Isso varia <strong>de</strong> órgão para órgão,e <strong>de</strong> projeto para projeto, mas, tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> complexos, érecomendável instalar unida<strong>de</strong>s autônomas <strong>de</strong> M&A – que não <strong>de</strong>vemser utilizadas como substitutas para assistentes e estagiários em falta – <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> que haja um mínimo <strong>de</strong> isenção e continuida<strong>de</strong> no trabalho comda<strong>do</strong>s e informações.3112345678


32Porém, o aspecto inova<strong>do</strong>r e que ainda aguarda por sua institucionalizaçãoe disseminação ampla, está no enfoque participativo da M&A. As liçõesaprendidas, apresentadas aqui, se referem muito aos aspectos técnico,político e organizacional da M&A; trata-se, por assim dizer, <strong>do</strong>s requisitosmínimos espera<strong>do</strong>s. Mas o pleno aproveitamento <strong>do</strong> seu potencial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><strong>do</strong> uso <strong>de</strong> instrumentos participativos <strong>de</strong> M&A, tanto internamente, naorganização, como em conjunto, pela organização e os usuários <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>, e <strong>de</strong> forma autônoma, entre os usuários. A consolidação da M&Ae <strong>do</strong> seu potencial <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma direta, da consolidação<strong>de</strong> seus instrumentos participativos.


Referências bibliográficasBARTH, J.; BROSE, M. Participação e <strong>de</strong>senvolvimento local: balanço <strong>de</strong> umadécada <strong>de</strong> cooperação técnica alemã no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Porto Alegre:Sulina, 2002.BROSE, M. Agricultura familiar, <strong>de</strong>senvolvimento local e políticas públicas: noveanos <strong>de</strong> experiência <strong>do</strong> projeto PRORENDA Agricultura Familiar no RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Santa Cruz <strong>do</strong> Sul: EDUNISC, GTZ, 1999.______. Fortalecen<strong>do</strong> a <strong>de</strong>mocracia e o <strong>de</strong>senvolvimento local: 103 experiênciasinova<strong>do</strong>ras no meio rural gaúcho. Santa Cruz <strong>do</strong> Sul: EDUNISC, GTZ,2000.______. Monitoria e <strong>avaliação</strong> participativa. In: ______. (Org.)Meto<strong>do</strong>logia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. PortoAlegre: TOMO Editorial, 2001. p. 295-302.______. Avaliação em <strong>projetos</strong> públicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local: o caso<strong>do</strong> projeto PRORENDA no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. In: FISCHER, T. (Org.)Gestão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e po<strong>de</strong>res locais: marcos teóricos e <strong>avaliação</strong>. Salva<strong>do</strong>r:Escola <strong>de</strong> Administração da UFBA, 2002. p. 194-211.1234567833


ResumoO processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> sistema participativo<strong>de</strong> planejamento, monitoramento e <strong>avaliação</strong> daActionAid Brasil expõe os fundamentos <strong>do</strong> sistemabem como os <strong>de</strong>safios encontra<strong>do</strong>s na buscada consolidação. O texto <strong>de</strong>monstra que os propósitosda ActionAid são ainda <strong>de</strong> dar às suasativida<strong>de</strong>s no Brasil o caráter <strong>de</strong> formação e aprendiza<strong>do</strong>para to<strong>do</strong>s os atores implica<strong>do</strong>s. A atuaçãoda organização está centrada também no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> estruturar o sistema <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que seconverta em ferramenta útil para os participantes,visan<strong>do</strong> seu fortalecimento institucional e aotimização <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> em benefício<strong>de</strong> toda a população envolvida.34


A experiência da ActionAid BrasilConstrução participativa <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>planejamento, monitoramento e <strong>avaliação</strong>participativa12Alberto Gomes Silva*3IntroduçãoEste texto <strong>de</strong>screve a experiência que vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvida pelaActionAid Brasil, por meio <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> diálogo com seus parceirosem <strong>projetos</strong> locais, ten<strong>do</strong> em vista a construção <strong>de</strong> um sistemaparticipativo <strong>de</strong> planejamento, monitoramento e <strong>avaliação</strong>. Por se tratar <strong>de</strong>processo inacaba<strong>do</strong> e, portanto, aberto, aborda-se muito mais o esforço <strong>de</strong>construção, que, por coerência, se dá também <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> participativo. Éum esforço que pressupõe o diálogo e a negociação como elementoschave,o que, em si, constitui um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a relaçãofinancia<strong>do</strong>r e financia<strong>do</strong>. Trata-se também <strong>do</strong> enfrentamento entre duasdimensões – a técnica e a política – pois parte <strong>do</strong> pressuposto <strong>de</strong> que aprimeira é função da segunda. Para tratar <strong>de</strong>ssas questões, o texto apresentaum breve histórico da ActionAid Brasil e sua estratégia nacional, a proposta<strong>do</strong> sistema em seus aspectos conceituais, <strong>do</strong>s instrumentos que vêmsen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s e o processo em <strong>de</strong>senvolvimento, além <strong>de</strong> comentáriossobre as experiências com <strong>do</strong>is parceiros rurais. O texto revela o esforço <strong>de</strong>sistematização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> reflexão coletiva empreendi<strong>do</strong> pela equipeda ActionAid e seus parceiros; com ele, preten<strong>de</strong>-se oferecer contribuiçãoao <strong>de</strong>bate sobre a temática planejamento, monitoramento e <strong>avaliação</strong>, quecada vez mais ganha relevância no chama<strong>do</strong> terceiro setor.4567*Forma<strong>do</strong> em ciências sociais, com pós graduação em sociologia urbana e planejamentourbano e regional. Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> programas da ActionAid Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000, atuan<strong>do</strong> commonitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> locais.358


Sobre a ActionAidOrganização <strong>de</strong> origem inglesa fundada há trinta anos, a ActionAid atuaem 42 países - sete no hemisfério norte, on<strong>de</strong> se concentra a arrecadação<strong>de</strong> recursos, e 35 na África, na Ásia e na América Latina, regiões nas quaisapóia <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> combate à pobreza.A partir da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos noventa, a ActionAid a<strong>do</strong>ta novaestratégia <strong>de</strong> ação que <strong>de</strong>nominou Fighting poverty together 1 (Combaten<strong>do</strong>a pobreza juntos), estabelecen<strong>do</strong> como visão um mun<strong>do</strong> sem pobreza,no qual to<strong>do</strong>s os indivíduos possam exercer seus direitos, na busca pelavida com dignida<strong>de</strong>. E, como missão: trabalhar para o empo<strong>de</strong>ramento <strong>do</strong>spobres, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que possam lutar contra a pobreza, por meio da superaçãoda exclusão, das injustiças e da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>ssaestratégia implicou processo <strong>de</strong> mudanças na organização, ainda em curso,as quais referem-se à introdução <strong>de</strong> outro sistema <strong>de</strong> planejamento emonitoramento para a realização da nova estratégia.É nesse contexto que a ActionAid inicia, em 1999, as ativida<strong>de</strong>s no Brasil,on<strong>de</strong> lança, no final <strong>do</strong> ano 2000, sua estratégia nacional 2 para o perío<strong>do</strong>2001-2003, a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> brasileira a estratégia internacional. Aspalavras ‘pobreza’ e ‘empo<strong>de</strong>ramento’ representam categorias centrais naestratégia da organização no Brasil. O emprego <strong>do</strong> vocábuloempo<strong>de</strong>ramento é relativamente recente no Brasil 3 ; pobreza, por sua vez, étermo muito conheci<strong>do</strong> e se refere à situação tão comum quanto <strong>de</strong>masiadamentegrave. Em que pese tal diferença, ambos trazem controvérsia evários significa<strong>do</strong>s e senti<strong>do</strong>s, o que justifica <strong>de</strong>terminar qual o entendimentoda ActionAid Brasil. Pobreza é um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>se capacida<strong>de</strong>s, e é entendida como resultante <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> empobrecimentoque têm origem em relações <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação, em que os empobreci<strong>do</strong>socupam posição <strong>de</strong>sfavorável.Já a noção <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento tem orienta<strong>do</strong> as ações realizadas e apoiadaspela ActionAid Brasil no combate à pobreza. Em artigo recente, JorgeRomano (2003) <strong>de</strong>fine empo<strong>de</strong>ramento como uma “abordagem que coloca361ActionAid. Fighting poverty together. 2000.2O texto completo da estratégia nacional da ActionAid Brasil po<strong>de</strong> ser acessa<strong>do</strong> em:www.actionaid.org.br3Ainda não está relaciona<strong>do</strong> no Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (2ª edição,Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras, 1998), no qual encontra-se apenas o verbo empo<strong>de</strong>rar.


as pessoas e o po<strong>de</strong>r no centro <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento” e,também, como umprocesso pelo qual as pessoas, as organizações, as comunida<strong>de</strong>s tomam ocontrole <strong>de</strong> seus próprios assuntos, <strong>de</strong> sua própria vida e tomam consciênciada sua habilida<strong>de</strong> e competência para produzir, criar e gerir.Ainda segun<strong>do</strong> Romano:12O empo<strong>de</strong>ramento é um meio e um fim para a transformação dasrelações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existentes e para superar o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> pobreza. É ummeio <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um futuro possível, palpável, capaz <strong>de</strong> recuperaras esperanças da população e <strong>de</strong> mobilizar suas energias para a luta pordireitos no plano local, nacional e internacional. Mas o empo<strong>de</strong>ramentotambém é um fim, porque o po<strong>de</strong>r está na essência da <strong>de</strong>finição e dasuperação da pobreza. O empo<strong>de</strong>ramento necessita constantemente serrenova<strong>do</strong> para garantir que a correlação <strong>de</strong> forças não volte a reproduziras relações <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação que caracterizam a pobreza.34Outra expressão, igualmente controversa, presente na estratégia é <strong>de</strong>senvolvimentolocal. A idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sempre remete à noção <strong>de</strong>progresso <strong>de</strong> forças produtivas, mas oculta o <strong>de</strong>bate sobre as relações <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r que também movem o <strong>de</strong>senvolvimento . O quadro <strong>de</strong> extrema<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social que caracteriza o Brasil é exemplo perverso <strong>de</strong>sseprocesso. Para a ActionAid Brasil, a abordagem <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento permitechamar a atenção para a questão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,ou seja, é fundamental saber o que da<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentopromove ou altera em termos <strong>de</strong> relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Vista <strong>de</strong>ssaforma, a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local ganha senti<strong>do</strong>, à medida quesignifica superação da pobreza e das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais por meio <strong>do</strong>empo<strong>de</strong>ramento <strong>do</strong>s empobreci<strong>do</strong>s, ou seja, <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sempobrecimento.Dentro <strong>de</strong>ssa visão, o empo<strong>de</strong>ramento <strong>do</strong>s pobres e <strong>de</strong> suas organizaçõesrepresenta combater a pobreza <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sustentável; é construir a plenacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sujeitos individuais ou coletivos para usarem <strong>de</strong> seusrecursos econômicos, sociais, políticos e culturais <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que sua atuaçãoseja <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> no espaço público, em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus direitos,influencian<strong>do</strong> ações <strong>de</strong> governos na distribuição <strong>de</strong> serviços e recursos,isto é, efetivar a cidadania e a <strong>de</strong>mocracia como valores centrais.375678


A ActionAid trabalha no Brasil por meio <strong>de</strong> parcerias em <strong>projetos</strong> locais eem campanhas por políticas públicas, estimulan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>atores sociais e políticos. Os <strong>projetos</strong> locais estão situa<strong>do</strong>s no Nor<strong>de</strong>sterural e no Su<strong>de</strong>ste urbano. Nas áreas rurais, têm como foco principal o<strong>de</strong>senvolvimento da agroecologia como alternativa para a agriculturafamiliar, e a luta por políticas públicas; e nas áreas urbanas, os <strong>projetos</strong>têm como foco a atenção à criança e ao a<strong>do</strong>lescente e também a luta porpolíticas públicas.Processos <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento exigem prazos relativamente amplos para suaefetivação.Assim, as parcerias firmadas pela ActionAid Brasil baseiam-se em <strong>projetos</strong><strong>de</strong> médio a longo prazo (cinco a <strong>de</strong>z anos), <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s em planos anuais<strong>de</strong> trabalho.Accountability Learning Planning System - ALPSEste novo sistema, ALPS, foi concebi<strong>do</strong> para ser uma ferramenta a mais naimplantação da estratégia da ActionAid; em outros termos, <strong>de</strong>ve funcionarcomo ferramenta <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento. Significa dizer que o sistema obe<strong>de</strong>cea uma lógica política que subordina seus aspectos técnicos. Por isso, onovo sistema <strong>de</strong>ve ser entendi<strong>do</strong> como uma concepção, pois procuraorientar-se por uma lógica política, da qual a busca pela eficiência administrativo-financeiraé uma função; como sistema, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> reunir umconjunto <strong>de</strong> instrumentos e procedimentos; e, sobretu<strong>do</strong>, como umprocesso, por reconhecer a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir, levan<strong>do</strong> em contadiferentes dinâmicas <strong>do</strong>s diversos <strong>projetos</strong> e organizações. Nesse senti<strong>do</strong>, aconstrução <strong>do</strong> ALPS tem implica<strong>do</strong> um duplo processo: construir umsistema <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> das ações que a ActionAid Brasil<strong>de</strong>senvolve ou apóia e, ao mesmo tempo, contribuir para a introdução ouaprimoramento das capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s parceiros, em planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong>, como instrumento para a otimização <strong>do</strong>sesforços ten<strong>do</strong> em vista a realização <strong>de</strong> seus objetivos estratégicos.Concepção38O ALPS propõe que os <strong>projetos</strong> sejam avaliza<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> uma perspectivaestratégica, e está basea<strong>do</strong> nos seguintes temas centrais 4 : prestação <strong>de</strong>


contas/transparência (accountability), participação, aprendizagem, gênero erelações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.Prestação <strong>de</strong> contas / Transparência (Accountability)O sistema utiliza<strong>do</strong> anteriormente privilegiava um fluxo <strong>de</strong> informaçõesprovenientes <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e enviadas para a ActionAid, a qual também<strong>de</strong>terminava que tipos <strong>de</strong> informação eram necessários.12Fiigura 1Sistema anterior3Doa<strong>do</strong>r ActionAid ONG/Org <strong>de</strong> Base ou Movimento Social Comunida<strong>de</strong>O sistema atual preten<strong>de</strong> alterar o fluxo <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> acima, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>sua utilida<strong>de</strong> e utilização, sobretu<strong>do</strong> para os envolvi<strong>do</strong>s nos <strong>projetos</strong>. Apalavra accountability está carregada <strong>de</strong> forte conteú<strong>do</strong> político; a traduçãosugere a idéia <strong>de</strong> ‘prestação <strong>de</strong> contas ou responsabilida<strong>de</strong>’, mas seusenti<strong>do</strong> seria mais amplo, aproximan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> termo transparência, <strong>de</strong>senti<strong>do</strong> político. Ser transparente é prestar contas <strong>do</strong> que se faz, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>compreensível, para to<strong>do</strong>s os possíveis interessa<strong>do</strong>s, ou seja, a prestação <strong>de</strong>contas <strong>de</strong>ve estar ao alcance <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>sejarem ter acesso às informações.Deve ser possível ‘ver’ o que se faz, seja no caso <strong>de</strong> governo, <strong>de</strong>política pública, <strong>de</strong> projeto comunitário ou <strong>de</strong> uma campanha. Em senti<strong>do</strong>radical, seria ‘controle social’, que sugere, além <strong>de</strong> saber o que é feito,que é possível fiscalizar, controlar. O sistema <strong>de</strong>ve permitir que as açõesexecutadas ou apoiadas pela ActionAid Brasil sejam transparentes, emespecial para os participantes <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Portanto, as informaçõescoletadas e usadas <strong>de</strong>vem ser relevantes também para eles e não apenaspara a organização parceira e para a ActionAid Brasil.45674Em 2001, a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Impacto da ActionAid publicou asNotes to Accompany Alps, on<strong>de</strong> estes temas centrais são <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. A ActionAid Brasil fezuma tradução <strong>de</strong>ssas notas para o português para circulação entre seus parceiros:ALPS – Sistema Participativo <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong>, Avaliação, Aprendizagem e Planejamento2001. [S.l.]: ActionAid, Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Impacto, 2001. Não publica<strong>do</strong>.398


Figura 2Sistema atualDoa<strong>do</strong>r ActionAid ONG/Org <strong>de</strong> Base ou Movimento Social Comunida<strong>de</strong>ParticipaçãoO sistema <strong>de</strong>ve permitir que beneficiários das ações <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> sejamefetiva<strong>do</strong>s como ‘participantes’, isto é, tornem-se sujeitos capazes <strong>de</strong>influir nos rumos <strong>de</strong>ssas ações. Nesse senti<strong>do</strong>, participação vai além <strong>de</strong>momentos on<strong>de</strong> são feitas consultas ou passadas informações. Participar épo<strong>de</strong>r influenciar nas <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>cidir.O que se almeja é que a experiência <strong>de</strong> participar da gestão <strong>de</strong> um projetocomunitário ou <strong>de</strong> uma campanha por políticas públicas faça com que aspessoas <strong>de</strong>scubram-se capazes <strong>de</strong> intervir em políticas públicas que afetamsuas próprias vidas.AprendizagemO sistema <strong>de</strong>ve estimular processos <strong>de</strong> reflexão, nos quais o exercício dacrítica e da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> eventuais falhas ganhe senti<strong>do</strong> positivo epropositivo, e que promovam o crescimento <strong>do</strong>s grupos envolvi<strong>do</strong>s. Aprincipal pergunta que <strong>de</strong>ve ser feita a cada momento é: que lições apren<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>ssa vez?Figura 3Ação Aprendizagem Planejamento Ação ReflexãoGênero40Dentro da abordagem <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento com a qual a ActionAid trabalha,a busca pelo equilíbrio nas relações <strong>de</strong> gênero é fundamental. Éimportante estimular processos que garantam essa possibilida<strong>de</strong> em todas


as suas etapas, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a situação e os impactos das ações para oshomens e as mulheres das diferentes gerações (adultos, jovens e crianças).1Relações <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>rO sistema <strong>de</strong>ve possibilitar analisar em que medida o projeto está interferin<strong>do</strong>nas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, observan<strong>do</strong> quem estaria sen<strong>do</strong> empo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>nas organizações, nas comunida<strong>de</strong>s, na socieda<strong>de</strong>. E também se estãosen<strong>do</strong> criadas condições para que principalmente os participantes <strong>do</strong>projeto <strong>de</strong>senvolvam sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer análises <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.Como SistemaPara implementar essa concepção, um conjunto <strong>de</strong> instrumentos e procedimentosvem sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> com base num diálogo com os parceiros,ao longo <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is últimos anos. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, foi realiza<strong>do</strong> o IIEncontro <strong>de</strong> Parceiros da ActionAid Brasil. Durante as reuniões, <strong>de</strong>bateu-sesobre o novo sistema e foi aprovada proposta a ser experimentada no<strong>de</strong>correr <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2002. Ou seja, ‘instrumentos e procedimentos pratica<strong>do</strong>stêm caráter experimental’ e sua aplicação busca a<strong>de</strong>quar, da melhormaneira possível, as condições e necessida<strong>de</strong>s da ActionAid Brasil e <strong>de</strong> seusparceiros.2345O que mu<strong>do</strong>u a partir <strong>de</strong> 2002Para aten<strong>de</strong>r aos temas centrais <strong>do</strong> ALPS, a nova proposta procurou,basicamente:reduzir a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> informações da ActionAid para os parceiros –até 2001, os parceiros locais <strong>de</strong>veriam apresentar além, <strong>de</strong> um projeto<strong>de</strong> médio prazo e <strong>do</strong>s Planos Anuais <strong>de</strong> Trabalho, outros <strong>de</strong>z <strong>do</strong>cumentos:quatro Relatórios Trimestrais <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s e quatro RelatóriosTrimestrais Financeiros, além <strong>de</strong> um Relatório Anual <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s eoutro financeiro; tal volume <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos certamente tomava bastantetempo, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> campo. A partir <strong>de</strong> 2002,foram manti<strong>do</strong>s os Relatórios Trimestrais Financeiros, um RelatórioParcial <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s e um Relatório Anual <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s conten<strong>do</strong> oPlano <strong>de</strong> Trabalho para o ano seguinte;41678


introduzir fluxo <strong>de</strong> informações da ActionAid para os parceiros –os oficiais <strong>de</strong> projeto da ActionAid Brasil <strong>de</strong>vem elaborar relatórios paracada visita e pareceres semestrais sobre projeto, basea<strong>do</strong>s nas visitas enos relatórios trimestrais. Esses <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong>vem ser encaminha<strong>do</strong>saos parceiros; antes, isso não acontecia;reforçar a idéia <strong>de</strong> ciclo e a perspectiva da aprendizagem – o sistemapreten<strong>de</strong> reforçar a idéia <strong>de</strong> ciclo e superar a prática que trata planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong> como processos isola<strong>do</strong>s, ou quecoloca o monitoramento e <strong>avaliação</strong> - MA em segun<strong>do</strong> plano. Assim, osistema baseia-se na idéia <strong>de</strong> um ciclo que envolve planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong> como partes <strong>de</strong> um mesmo processo econsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s igualmente relevantes. O que dá unida<strong>de</strong> a esse ciclo é osenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendizagem que <strong>de</strong>ve promover. Monitorar, avaliar ereplanejar significa rever práticas, com o propósito <strong>de</strong> apropriar-se daslições para otimizar a utilização <strong>do</strong>s recursos disponíveis e perceber se orumo escolhi<strong>do</strong> está correto.Figura 4Diagnóstico(Re) PlanejamentoAvaliaçãoAprendizagemImplementação<strong>Monitoramento</strong>Os instrumentos e a dinâmica <strong>do</strong> sistema42Projeto <strong>de</strong> Médio Prazo (3 a 5 anos)Uma parceria da ActionAid, em situação i<strong>de</strong>al, é estabelecida a partir <strong>de</strong>um projeto <strong>de</strong> médio prazo, no qual são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s os objetivos gerais e aslinhas <strong>de</strong> ação. A ActionAid estimula que o <strong>do</strong>cumento em pauta sejaproduzi<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> como base a realização <strong>de</strong> um Diagnóstico Participativo– DRP, pois o que se preten<strong>de</strong> é que o projeto seja produto <strong>do</strong> diagnóstico.Nos casos <strong>de</strong> parcerias da ActionAid Brasil, a elaboração <strong>de</strong> diagnósticose a construção <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> tiveram duração média <strong>de</strong> seis meses; esse<strong>do</strong>cumento representa a principal referência para a <strong>avaliação</strong> estratégica daparceria. Oito das nove parcerias em <strong>projetos</strong> locais manti<strong>do</strong>s pelaActionAid Brasil hoje tiveram por base um DRP.


Plano Anual <strong>de</strong> TrabalhoUma vez aprova<strong>do</strong> o projeto, o parceiro <strong>de</strong>ve apresentar o Plano Anual <strong>de</strong>Trabalho, conten<strong>do</strong> os objetivos, resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s, ativida<strong>de</strong>s,cronograma e orçamento. Esse segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento marca o início <strong>do</strong>ciclo anual <strong>do</strong> projeto, <strong>de</strong>talha as ações para o perío<strong>do</strong> e constitui aprincipal referência para o monitoramento <strong>do</strong> projeto ao longo <strong>do</strong> ano.Processos Participativos <strong>de</strong> Revisão e Reflexão – R&RO principal instrumento <strong>do</strong> ALPS é o Processo Participativo <strong>de</strong> Revisão eReflexão - R&R. Esse processo <strong>de</strong>ve representar oportunida<strong>de</strong> para osparticipantes <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> apropriarem-se das lições aprendidas até aquelemomento, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a influir na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> novos passos. É importantegarantir que o olhar crítico sobre o que foi realiza<strong>do</strong> tenha, nesses processos,senti<strong>do</strong> positivo e propositivo.O méto<strong>do</strong> para se chegar aos R&R consiste, basicamente, na retomada <strong>do</strong>plano anual <strong>de</strong> trabalho. Participarão <strong>do</strong> processo os atores-chave <strong>do</strong>projeto, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelos parceiros. A coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong>ve tornardisponível ao grupo as informações sobre o que foi realiza<strong>do</strong> (ativida<strong>de</strong>s efinanças) até o momento <strong>do</strong> R&R. A previsão é que o processo dure <strong>de</strong><strong>do</strong>is a três dias. Os <strong>de</strong>bates <strong>de</strong>vem ser orienta<strong>do</strong>s para verificar:1. on<strong>de</strong> estamos – é a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s avanços e <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong>projeto;2. como estamos – constitui a leitura das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nas quais oprojeto está inseri<strong>do</strong>, quais são e como estão (em relação ao projeto)os alia<strong>do</strong>s e adversários;3. o que fazer para avançar – quais os encaminhamentos necessárioscom vista a potencializar os avanços e superar os limites.A ActionAid Brasil sugere a utilização <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias e técnicasparticipativas como forma <strong>de</strong> dinamizar o processo; técnicas como aconstrução coletiva <strong>de</strong> diagramas e mapas, uso <strong>de</strong> imagens, visitas <strong>de</strong>campo e dramatização são alguns exemplos e po<strong>de</strong>m contribuir paraampliar a participação.A proposta aprovada para 2002 estabeleceu a realização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is R&R, umparcial e outro anual, sen<strong>do</strong> que ambos contariam com a participação daActionAid Brasil, a qual <strong>de</strong>sempenharia o papel <strong>de</strong> interlocutor <strong>do</strong> processo,apresentan<strong>do</strong> suas opiniões, mas respeitan<strong>do</strong> a autonomia <strong>do</strong> parceiro.4312345678


A perspectiva é <strong>de</strong> buscar a construção <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s em torno da estratégia<strong>do</strong> projeto.Também foi firma<strong>do</strong> na proposta que os R&R ocorreriam nos momentosmais convenientes para os parceiros, aproveitan<strong>do</strong> eventos para os quaisprogramaram realizar ativida<strong>de</strong>s por eles consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> monitoramentoou <strong>avaliação</strong>. Por essa razão, a ActionAid optou por não fixar um formatopara o R&R parcial. No entanto, a equipe apontou as seguintes expectativasem relação a esses processos:1. analisar os avanços e os limites em relação ao plano anual;2. construir quadro <strong>do</strong> contexto <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r noqual o projeto está inseri<strong>do</strong>;3. <strong>de</strong>finir indica<strong>do</strong>res para o monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> projeto;4. i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> apoio técnico e <strong>de</strong> recursos;5. conhecer melhor os sistemas <strong>de</strong> planejamento e monitoramento utiliza<strong>do</strong>spelos parceiros, em especial, as estratégias <strong>de</strong> transparência e prestação<strong>de</strong> contas <strong>do</strong> projeto.Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> R&R parcial <strong>de</strong>vem ser registra<strong>do</strong>s em um RelatórioParcial, conten<strong>do</strong> a <strong>avaliação</strong>, em termos <strong>de</strong> avanços e limites, <strong>do</strong> que foirealiza<strong>do</strong>, e as eventuais propostas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação para o restante <strong>do</strong> ano.Quanto aos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> R&R anual, <strong>de</strong>vem gerar um Relatório Anual,referente ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 12 meses, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os mesmos aspectos <strong>do</strong>Relatório Parcial e mais as lições aprendidas, além <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalhopara o ano seguinte.Cabe ao oficial responsável a elaboração <strong>de</strong> Relatório <strong>de</strong> Visita sobre suaparticipação nos processos <strong>de</strong> R&R, no qual são registra<strong>do</strong>s os principaisacontecimentos e questões tratadas. Esse relatório <strong>de</strong>ve ser encaminha<strong>do</strong>para a ActionAid e para o parceiro, o qual tem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acrescentarseus comentários.44Relatório Financeiro TrimestralAlém <strong>de</strong>sses <strong>do</strong>cumentos, os parceiros <strong>de</strong>vem apresentar relatórios financeirostrimestrais, conten<strong>do</strong> balanço <strong>do</strong>s gastos por ativida<strong>de</strong>, bem comosolicitação <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>sembolsos.


Consi<strong>de</strong>rações sobre as mudanças <strong>do</strong> sistemaO novo sistema reduziu <strong>de</strong> 11 para seis o número <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos que oparceiro apresenta ao longo <strong>do</strong> ano para a ActionAid, já que o relatórioanual e o plano anual <strong>de</strong> trabalho vão constituir apenas um <strong>do</strong>cumento.Com a participação da ActionAid nos R&R e o envio <strong>do</strong>s relatórios <strong>de</strong>visita aos parceiros, os processos ganham senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> troca e não mais <strong>de</strong>coleta <strong>de</strong> informações por parte da organização. As relações assumemsenti<strong>do</strong> horizontal, fortalecen<strong>do</strong> a idéia <strong>de</strong> parceria.Ao introduzir a questão ‘o que fazer para avançar’, seja para superar limites,seja para potencializar avanços, o R&R propõe-se a ser mais que ummomento <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>: orienta<strong>do</strong> para o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendizagem, eleincorpora a tarefa <strong>de</strong> replanejamento das ações, a fim <strong>de</strong> efetivar a idéia<strong>de</strong> ciclo (representa<strong>do</strong> na figura 4), isto é, como um processo <strong>de</strong> açãoreflexão- ação.1234A questão <strong>do</strong>s Indica<strong>do</strong>resOs indica<strong>do</strong>res, além <strong>de</strong> parte fundamental <strong>do</strong> sistema, representam, aomesmo tempo, um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio. Para a maioria <strong>do</strong>s parceiros, trata-se <strong>de</strong>discussão nova. A literatura disponível ten<strong>de</strong> a apresentar o <strong>de</strong>bate comgrau eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> e sofisticação, o que dificulta a compreensão,sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se preten<strong>de</strong> construir indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>participativo, reunin<strong>do</strong> técnicos, li<strong>de</strong>ranças e representantes das comunida<strong>de</strong>s.Na quase totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s casos, os indica<strong>do</strong>res sugeri<strong>do</strong>s referem-se àsativida<strong>de</strong>s e são <strong>de</strong> caráter quantitativo ou <strong>de</strong> difícil verificação.O que a ActionAid Brasil buscava era formular indica<strong>do</strong>res que tornassempossível realizar mediações entre os diferentes <strong>projetos</strong> e a estratégia daorganização. Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que, ao <strong>de</strong>finir indica<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>termina tambémtipos <strong>de</strong> informação necessários, acredita que tais indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vem serfixa<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> diálogo com os vários <strong>projetos</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a manter acoerência com a concepção <strong>do</strong> sistema.567845


O ProcessoApós conhecer a proposta <strong>do</strong> ALPS para 2002, é interessante observarcomo ocorreu sua realização, em especial, no que se refere aos R&R, já queesses constituem o instrumento central <strong>do</strong> sistema.À medida que os R&R foram sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s é que se tornou possívelcompreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> efetivo, seus limites e potencialida<strong>de</strong>s como instrumentos<strong>de</strong> implementação <strong>do</strong> ALPS, bem como verificar em que medidaas práticas <strong>do</strong>s parceiros correspondiam aos pressupostos <strong>do</strong> sistema. OsR&R parciais tiveram mais o caráter formativo, informativo e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaçãodas práticas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s parceiros <strong>do</strong> que <strong>de</strong>monitoramento <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho propriamente ditos. Já os R&Ranuais, ao mesmo tempo em que mantiveram o caráter <strong>de</strong> formação,cumpriram a função <strong>de</strong> tornar possível a <strong>avaliação</strong> e o replanejamento <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>.Com o propósito <strong>de</strong> ilustrar to<strong>do</strong> esse processo, serão apresentadas, aseguir, sínteses sobre as experiências <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong>s R&R parcial eanual com <strong>do</strong>is parceiros rurais da ActionAid Brasil: a Associação emÁreas <strong>de</strong> Assentamento no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão – ASSEMA 1 e o Movimento<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra <strong>do</strong> Maranhão – MST/MA 2.O R&R Parcial com a ASSEMAPartiu da ASSEMA convite para a ActionAid estar presente em sua assembléiasemestral e na reunião com a equipe técnica, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater o temamonitoramento. A assembléia é evento regular da ASSEMA e, nessa oportu-1A Assema atua em 22 comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seis municípios da região <strong>do</strong> médio Mearim e compõese<strong>de</strong> 26 organizações <strong>de</strong> agricultores familiares e mulheres quebra<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> coco babaçu. Oprojeto apoia<strong>do</strong> pela ActionAid está volta<strong>do</strong> para o fortalecimento da agricultura familiarmediante o <strong>de</strong>senvolvimento da agroecologia e <strong>do</strong> agroextrativismo e da diversificação eampliação da produção e comercialização, principalmente <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> babaçu;<strong>do</strong> fortalecimento <strong>do</strong> protagonismo da mulheres e <strong>do</strong>s jovens nas organizações, e <strong>do</strong> trabalho<strong>de</strong> influência em políticas públicas, em especial a campanha Babaçu Livre, que visa garantir oacesso das quebra<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> coco a essa riqueza natural e a preservação das florestas babaçuais.462O projeto <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra <strong>do</strong> Maranhão– MST/MA tem como gran<strong>de</strong>s linhas <strong>de</strong> atuação: o <strong>de</strong>senvolvimento da agroecologia para aconsolidação <strong>do</strong>s assentamento <strong>de</strong> reforma agrária (em caráter experimental, em três assentamentos);o fortalecimento das organizações <strong>do</strong>s assentamentos; a luta por políticas públicas e otrabalho <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> preventiva junto aos assenta<strong>do</strong>s (esses últimos, no conjunto <strong>do</strong>s assentamentos<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>).


nida<strong>de</strong>, em maio <strong>de</strong> 2002, reuniram-se 126 representantes eleitos em préassembléiasdas várias organizações associadas, para discutir e aprovar osrelatórios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e financeiro <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2001. A dinâmica utilizadana assembléia foi a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates em plenário.Já o encontro sobre monitoramento foi um evento extraordinário, nãoten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> inicialmente previsto. Nele, reuniram-se a direção e a equipetécnica da ASSEMA, foram examinadas proposta <strong>do</strong> ALPS e a questão <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> projeto, e ainda foi feita<strong>avaliação</strong> da relação da assembléia com proposta <strong>do</strong> R&R.Ficou evi<strong>de</strong>nte, durante os <strong>de</strong>bates da assembléia, como a ausência <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res limita o aprofundamento das avaliações. Por exemplo, osda<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s para 2001 não tinham parâmetros <strong>de</strong> comparação comos <strong>do</strong> ano anterior, embora houvesse da<strong>do</strong>s passíveis <strong>de</strong> serem utiliza<strong>do</strong>s.Este fato limitou a percepção sobre os avanços ou entraves ocorri<strong>do</strong>s <strong>de</strong>um ano para outro.Chegou-se ao entendimento <strong>de</strong> que a assembléia contempla, em gran<strong>de</strong>medida, a proposta <strong>do</strong> R&R. Contu<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> levantamento sobre aparticipação <strong>do</strong>s representantes, houve consenso <strong>de</strong> que a dinâmica utilizadafavoreceu àqueles mais habitua<strong>do</strong>s a fazer uso da fala, sobretu<strong>do</strong> pormeio <strong>de</strong> microfone; praticamente, apenas diretores e técnicos falaram. Emoutras assembléias, quan<strong>do</strong> ocorreram trabalhos em grupos, houve participaçãomais intensa. Buscaram-se sugestões para encontrar meios <strong>de</strong> aumentara participação <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s e para que fosse da<strong>do</strong> caráter político àdiscussão sobre a parte financeira.É conveniente registrar a relação <strong>do</strong>s temas centrais <strong>do</strong> ALPS com oseventos realiza<strong>do</strong>s pela ASSEMA. A assembléia representa momento interessante<strong>de</strong> prática da transparência (accountability), já que mostra claramenteos da<strong>do</strong>s para o conjunto <strong>de</strong> representantes, tanto sobre as ativida<strong>de</strong>scomo sobre o <strong>de</strong>sempenho financeiro da entida<strong>de</strong>. A limitação se <strong>de</strong>ve aofato <strong>de</strong> que a discussão da parte financeira é, além <strong>de</strong> fria, muito técnica enão possibilita aprofundar o senti<strong>do</strong> político que uma discussão sobrealocação <strong>de</strong> recursos traz em si mesma. Sobre participação, a assembléiapo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um bom momento <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> acesso <strong>do</strong>sparticipantes e pelo seu caráter <strong>de</strong>liberativo. Contu<strong>do</strong>, a dinâmica utilizadatalvez tenha inibi<strong>do</strong> uma participação mais intensa. Sob o aspecto aprendizagem,entendida como percepção das lições para aprimorar as ações,talvez a direção e o quadro técnico da entida<strong>de</strong> tenham obti<strong>do</strong> maior4712345678


proveito <strong>do</strong> que o conjunto <strong>do</strong>s participantes, em virtu<strong>de</strong> da falta <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registrá-las. No que se refere à questão <strong>de</strong> gênero, houveequilíbrio, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à política da entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> favorecer a participação dasmulheres em seus eventos. Quanto às relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, sob o aspectointerno à ASSEMA, a reunião significou mais um momento <strong>de</strong> equilíbrioentre o saber (e o po<strong>de</strong>r) <strong>do</strong>s técnicos e das li<strong>de</strong>ranças, o que po<strong>de</strong> serilustra<strong>do</strong> pelo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na assembléia, na qual apenas os representantes<strong>do</strong>s agricultores familiares po<strong>de</strong>m votar, embora to<strong>do</strong>s os presentestenham direito a voz. Do ponto <strong>de</strong> vista das relações externas, a assembléiaabriu discussão sobre a relação com os governos <strong>do</strong>s municípioson<strong>de</strong> a ASSEMA atua, avalian<strong>do</strong> seu papel e o <strong>de</strong> seus alia<strong>do</strong>s.No que diz respeito às expectativas da ActionAid para o R&R, po<strong>de</strong>mosconsi<strong>de</strong>rar que foram satisfatoriamente atendidas. Sobre o balanço <strong>do</strong>plano <strong>de</strong> trabalho, a ActionAid concor<strong>do</strong>u em acatar o relatório semestral<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, o que já é rotina da ASSEMA. A discussão sobre as relaçõescom os governos municipais contemplou, <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong>, a questão <strong>do</strong>contexto das relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r. Quanto aos indica<strong>do</strong>res, adireção da entida<strong>de</strong> comprometeu-se a dar continuida<strong>de</strong> às discussões afim <strong>de</strong> chegar a uma <strong>de</strong>finição.O R&R Parcial com o MST MAO MST/MA preparou reunião com membros da direção estadual, técnicosresponsáveis pelo acompanhamento <strong>do</strong>s assentamentos, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong>ssetores <strong>de</strong> organização, produção e saú<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s assentamentosapoia<strong>do</strong>s pelo projeto, num total <strong>de</strong> nove pessoas. Esse grupo discutiu aconjuntura <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão, o ALPS e a proposta <strong>do</strong> R&R, oseventos que po<strong>de</strong>m compor o sistema <strong>de</strong> planejamento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>movimento, e fez um balanço <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho, revisan<strong>do</strong> os objetivose ativida<strong>de</strong>s e i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong>.O <strong>de</strong>bate sobre a conjuntura <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s é, em geral, prática <strong>do</strong> MST e foida maior utilida<strong>de</strong> para a compreensão da situação <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> movimentofrente às relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão, naquele momento.48Após apresentação <strong>do</strong> ALPS e da proposta <strong>do</strong> R&R, os representantes <strong>do</strong>MST fizeram exposição sobre seus processos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>contar com sistema bastante rico e complexo <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>,


<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os assentamentos, que culminam no encontro estadual, quan<strong>do</strong> sereúnem to<strong>do</strong>s os coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res (<strong>de</strong> assentamentos) e setores <strong>do</strong> movimentono esta<strong>do</strong>. Contu<strong>do</strong>, com base no <strong>de</strong>bate anterior sobre o ALPS, osmembros <strong>do</strong> MST apontaram duas conclusões importantes: os eventosrealiza<strong>do</strong>s não costumam utilizar indica<strong>do</strong>res preestabeleci<strong>do</strong>s para <strong>avaliação</strong>e o processo <strong>de</strong> análise das ações <strong>do</strong> projeto corre paralelo a esseseventos.O ponto seguinte da reunião foi a revisão <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho. A <strong>avaliação</strong><strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho até aquele momento foi orientada pelas trêsquestões que norteiam o R&R (on<strong>de</strong> estamos; como estamos e o que fazerpara avançar). As discussões conduziram a algumas modificações, resultantes<strong>de</strong> uma maior compreensão da proposta <strong>de</strong> trabalho e não simplesmente<strong>de</strong> ajustes técnicos ou <strong>de</strong> redação. A título <strong>de</strong> ilustração, a tabela abaixoapresenta as mudanças feitas em uma das linhas <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong>Trabalho <strong>do</strong> MST/MA.Tabela 1Demonstrativo <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Revisão <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Trabalho <strong>do</strong>MST/MA 20022º Linha: Desenvolvimento e difusão da produção agroecológica e agroextrativista nosassentamentos <strong>de</strong> reforma agrária CIGRA, Conceição Rosa (CR) 4 <strong>de</strong> Maio (4M).ObjetivosEspecíficosAtivida<strong>de</strong>s Mês Resulta<strong>do</strong>s Modificações12345(A) consolidare ampliarpráticasagroecológicas02.01- oficinas <strong>de</strong>SAFs (CIGRA - 02,CR - 01, 4M - 01)02.02 - 04cursos (CIGRA -02, CR - 01, 4M -01) sobre manejoagroecológico <strong>de</strong>solo (tema:adubaçãoorgânica)02.03 - 04oficinas <strong>de</strong>agroquintal(CIGRA - 02, CR -01, 4M - 01)02.09 -assessoriaagroecológica10 - 12 95 famílias (CIGRA- 65; CR - 15; 4M -15) a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> aprática agroecológicaem roças ou7-9quintais7 - 91 - 1249678


Cont.ObjetivosEspecíficosAtivida<strong>de</strong>s Mês Resulta<strong>do</strong>s Modificações(B) consolidarSAFs(C) ampliar aatuação <strong>do</strong>banco <strong>de</strong>sementes(D) mudarsistemas <strong>de</strong>produçãoexistentes;implantarapicultura(4M);(E) ampliar acapacitação daassessoriaagroecológicaàs famílias02.04 - produção<strong>de</strong> mudas02.09 -assessoriaagroecológica02.05 - ampliação<strong>do</strong> banco <strong>de</strong>sementesestadual02.09 -assessoriaagroecológica02.06 -treinamento nomanejo <strong>de</strong>meliponário02.07 - aquisição<strong>de</strong> equipamentospara apicultura02.08 -assessoriaagroecológica02.08 - 06viagens <strong>de</strong>intercâmbioagroecológico :ASSEMA02.09 -assessoriaagroecológica9-10 mudas produzidaspara área<strong>de</strong>monstrativa,<strong>do</strong>ações,campanhas <strong>de</strong>1 - 12reflorestamento,03 SAF'simplanta<strong>do</strong>s na CR1 - 12 150 famíliasutilizan<strong>do</strong>leguminosas parafor talecimento dafer tilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s1 - 12solos em quintaisou roças (no tocoou campo agrícola)5 05 famíliaspratican<strong>do</strong> aapicultura;6 a sustentabilida<strong>de</strong>genética dacolméia adquirida1 - 127 12 pessoastrocan<strong>do</strong>experiências econhecen<strong>do</strong>:ensaios1 - 12agroecológicos;comercializaçãoObjetivo retira<strong>do</strong> porestar contempla<strong>do</strong> peloanterior.Resulta<strong>do</strong>: no que serefere à produção <strong>de</strong>mudas, foi indica<strong>do</strong> umcrescimento <strong>de</strong> 20% daprodução.Objetivo: mudar sistemas<strong>de</strong> produção existentesfoi retira<strong>do</strong> por ser maisamplo que a proposta.Objetivo retira<strong>do</strong> porestar conti<strong>do</strong> noprimeiro. As ativida<strong>de</strong>spassam para o objetivoA. Nos resulta<strong>do</strong>s,retirar a referência àcomercialização, poisnão se aplica.50Na <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s participantes, a reunião possibilitou maior clareza sobreo plano <strong>de</strong> trabalho como estratégia, uma vez que nem to<strong>do</strong>s tinham umavisão <strong>do</strong> seu conjunto. Outra conclusão foi sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutiro projeto e o plano <strong>de</strong> trabalho nos assentamentos, como forma <strong>de</strong>estimular a participação e o compromisso com as ativida<strong>de</strong>s. A revisão <strong>do</strong>s


objetivos e ativida<strong>de</strong>s, bem como a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res, serviramtambém para <strong>de</strong>smistificar o tema monitoramento e a <strong>avaliação</strong>.Quanto aos temas centrais <strong>do</strong> ALPS, o exercício com o MST/MA permitealguns comentários. Sobre a transparência, ela ocorre no plano da direção,entre técnicos e a representação <strong>do</strong>s assentamentos; <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>projeto (e não das ações <strong>do</strong> movimento como um to<strong>do</strong>), faltaria levar oprocesso para a população <strong>do</strong>s assentamentos. O mesmo se aplica emrelação à participação. No que diz respeito à aprendizagem, a tabela<strong>de</strong>monstra como o exercício serviu para melhorar a compreensão sobre asações <strong>de</strong>senvolvidas. Sobre a questão <strong>de</strong> gênero, é política da organizaçãoestimular a eqüida<strong>de</strong> na participação, mas o grupo composto para realizaro exercício contou apenas com uma mulher. Esse fato <strong>de</strong>veu-se mais àscircunstâncias da reunião <strong>do</strong> que à falta <strong>de</strong> preocupação com a questão.De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, anotou-se a observação e firmou-se compromisso <strong>de</strong>constituir representação equilibrada nos próximos eventos. As relações <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r foram consi<strong>de</strong>radas por meio <strong>de</strong> análise da conjuntura. Quanto àsexpectativas para o R&R, cumpriram-se todas.1234Os R&R AnuaisA partir da <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s R&R parciais, ficou evi<strong>de</strong>nte que mesmo aproveitan<strong>do</strong>eventos promovi<strong>do</strong>s por parceiros, seria necessária estruturaçãomínima <strong>do</strong> R&R anual. Manten<strong>do</strong> o pressuposto <strong>de</strong> aproveitar eventosprevistos pelos parceiros, <strong>de</strong>finiu-se que os R&R <strong>de</strong>vem gerar <strong>do</strong>is produtos,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>s formatos emprega<strong>do</strong>s:1. registro <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong> processo - a idéia é que o <strong>do</strong>cumento se <strong>de</strong>tenhasobre o registro analítico da revisão e reflexão <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>2002, em vez <strong>de</strong> limitar-se a uma <strong>de</strong>scrição, e que apresente os da<strong>do</strong>squantitativos e qualitativos em função das análises e avaliações queforem realizadas. Nesse senti<strong>do</strong>, incluiria: breve registro da meto<strong>do</strong>logia<strong>do</strong> processo; <strong>avaliação</strong> sobre o ano 2002; da<strong>do</strong>s quantitativos e qualitativosque sustentem essa análise; lições <strong>de</strong> 2002 para 2003 (o que semantém, o que se modifica e outros);5672. quadro-resumo <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho 2003 – <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>finir os elementosprincipais <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho 2003, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a adiantar o máximopossível o processo <strong>de</strong> sua elaboração. Dessa forma, abrangeria: resumo518


da <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> 2002; objetivos para 2003; ponto <strong>de</strong> partida (ou marcozero) em relação aos objetivos para 2003; <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>monitoramento e <strong>avaliação</strong> para 2003.A equipe da ActionAid Brasil procurou também avançar no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>finição <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res, oportunida<strong>de</strong> em que se admitiu a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> firmar alguns indica<strong>do</strong>res comuns à parceria e outros que atendam osinteresses próprios <strong>de</strong> cada parceiro. Toman<strong>do</strong> o ‘empo<strong>de</strong>ramento’ comofoco <strong>de</strong> sua estratégia, a ActionAid i<strong>de</strong>ntificou o aspecto central a sermonitora<strong>do</strong> e avalia<strong>do</strong> nos <strong>projetos</strong>:Em que medida esses <strong>projetos</strong> estão alteran<strong>do</strong> as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem favor <strong>do</strong>s pobres?Para uma primeira mediação entre esse plano geral e os <strong>projetos</strong>, foramlevantadas ainda as seguintes questões:pobreza – Para romper o ciclo <strong>de</strong> crescimento das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais eda pobreza, que relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r precisam ser mudadas? Em quemedida o plano <strong>de</strong> trabalho está contribuin<strong>do</strong> para modificar isso?gênero – Que relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r geram <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre homens emulheres? Em que medida o plano <strong>de</strong> trabalho está contribuin<strong>do</strong> paramudar isso?participação – Que canais e espaços <strong>de</strong> participação política existem nacomunida<strong>de</strong> para as relações com o po<strong>de</strong>r público? Em que medida oplano <strong>de</strong> trabalho está contribuin<strong>do</strong> para que a população local se sintacapaz <strong>de</strong> ocupá-los?52Com base nessas questões, que emergem da estratégia da ActionAid paraos <strong>projetos</strong>, propôs-se aos parceiros exercício <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> mo<strong>do</strong>como tais questões po<strong>de</strong>m ser especificadas em cada projeto, com aexpectativa <strong>de</strong> incorporar informações e da<strong>do</strong>s que permitam a reflexãosobre objetivos estratégicos <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho. Ou seja, i<strong>de</strong>ntificarquais os melhores indica<strong>do</strong>res (qualitativos e quantitativos), <strong>de</strong> coleta fácile ágil, que colaborem para o avanço da reflexão. Com o objetivo <strong>de</strong>simplificar o exercício <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res, a ActionAid sugeriuque a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>sses representasse simultaneamente as metas a seremalcançadas. Por exemplo:


Aumento em 30 % no número <strong>de</strong> agricultores a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> práticasagroecológicas. (meta) (indica<strong>do</strong>r)1O R&R Anual com a ASSEMAA ActionAid recebeu convite da ASSEMA para participar <strong>de</strong> seminário <strong>de</strong>planejamento que promove a cada ano e que contou com grupo <strong>de</strong> 50pessoas, entre técnicos e li<strong>de</strong>ranças. Na pauta <strong>do</strong> evento, cuja duração foi<strong>de</strong> três dias, constavam os seguintes temas: análise <strong>de</strong> conjuntura; <strong>de</strong>batesobre participação, planejamento, monitoramento e indica<strong>do</strong>res consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>as questões propostas pela ActionAid; e o planejamento propriamentedito. A dinâmica <strong>do</strong> evento alternou trabalhos em grupos e plenárias.Nos grupos, utilizou-se a técnica ‘chuva <strong>de</strong> idéias’ para estimular aparticipação. O <strong>de</strong>bate sobre monitoramento e indica<strong>do</strong>res levou em contaquestões propostas pela ActionAid. O processo <strong>de</strong> planejamento coletivoincluiu a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> partida e <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res e metas para2003. Esse exercício, que consi<strong>de</strong>rou os objetivos estratégicos da ASSEMA, asquestões propostas pela ActionAid, além <strong>de</strong> reflexão sobre as condições<strong>de</strong> realização da entida<strong>de</strong>, conduziu à retomada das avaliações <strong>de</strong> 2002 e àrevisão <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s objetivos propostos pela direção da organização. Tãorelevantes quanto os resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s, foram os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>várias li<strong>de</strong>ranças, que <strong>de</strong>ixaram clara a idéia <strong>do</strong> planejamento como umcompromisso coletivo e não como peça formal.Apresentam-se, na tabela a seguir, a título <strong>de</strong> exemplo, três objetivosestratégicos e seus respectivos indica<strong>do</strong>res e marcos zeros <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s noseminário da ASSEMA para o plano anual <strong>de</strong> trabalho 2003. Como po<strong>de</strong> serobserva<strong>do</strong>, na maioria <strong>do</strong>s casos, na coluna referente ao marco zero, háapenas a referência ao ano 2002. Isso se <strong>de</strong>ve, em parte, ao fato <strong>de</strong> quemuitos <strong>de</strong>sses da<strong>do</strong>s, embora disponíveis, não são sistematiza<strong>do</strong>s para fins<strong>de</strong> monitoramento, como ocorre, por exemplo, em relação à participaçãofeminina. Em outros casos, até aquele momento, os da<strong>do</strong>s ainda nãotinham si<strong>do</strong> computa<strong>do</strong>s integralmente.234567853


Tabela 2Demonstrativo <strong>de</strong> objetivos, indica<strong>do</strong>res e marco zero no Plano Anual <strong>de</strong>Trabalho da ASSEMA para 20031º Linha: Melhoria da renda das famílias agroextrativistasIndica<strong>do</strong>res Instrumentos Marco ZeroAumento <strong>de</strong> 5 a 12% daprodução e produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sistema agroextrativistaAumento em 15% <strong>de</strong> vendas<strong>do</strong>s produtos " Babaçu Livre"Planilhas <strong>do</strong> programa Ano base 2002Planilhas <strong>de</strong> vendas Ano base 20022º Linha: fortalecer o papel das mulheres para equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneroIndica<strong>do</strong>res Instrumentos Marco ZeroAumento <strong>de</strong> 10% <strong>do</strong> número<strong>de</strong> mulheres nas diretorias enos quadros <strong>de</strong> associa<strong>do</strong>snas organizaçõesAumento em 10% <strong>de</strong>mulheres par ticipan<strong>do</strong> dasdiscussões políticas noseventos internos e externosda ASSEMARegistro das participantes Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2002Quadro <strong>de</strong> associadas ediretorasDa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 20024º Linha: consolidação e ampliação <strong>do</strong> agroextrativismoIndica<strong>do</strong>res Instrumentos Marco ZeroAmpliar em 15% o número <strong>de</strong>famíliasAmpliar a área plantada em25%Planilhas <strong>do</strong> programaPlanilhas <strong>do</strong> programa76 famíliasexperimentan<strong>do</strong>técnicasagroextrativistas.32 hectares54


Os exemplos mostram pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res quantitativos e<strong>de</strong>monstram também que houve dificulda<strong>de</strong>s para i<strong>de</strong>ntificar indica<strong>do</strong>resque façam a mediação com as questões gerais propostas pela ActionAid.Por outro la<strong>do</strong>, os referenciais para o trabalho durante o ano estão coloca<strong>do</strong>scom objetivida<strong>de</strong>, o que ten<strong>de</strong> a favorecer o processo <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>. Doponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s temas centrais <strong>do</strong> ALPS, o seminário <strong>de</strong> planejamentoda ASSEMA <strong>de</strong>monstrou contempla-los, o que reafirma a opção <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar,sempre que possível, o sistema às práticas <strong>do</strong>s parceiros.12O R&R Anual com o MST-MAO MST/MA preparou reunião <strong>de</strong> planejamento com um grupo <strong>de</strong> 15pessoas, entre dirigentes, técnicos e representantes <strong>do</strong>s assentamentosenvolvi<strong>do</strong>s nos <strong>projetos</strong>, sen<strong>do</strong> seis mulheres e nove homens. O processoteve duração <strong>de</strong> três dias. No primeiro dia, o grupo realizou a <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>ano 2002 e nos <strong>do</strong>is dias seguintes foi feita análise <strong>de</strong> conjuntura, umadiscussão sobre o ALPS, que incluiu <strong>de</strong>bate sobre as questões sugeridaspela ActionAid referentes aos indica<strong>do</strong>res, apresentação da <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong>2002 e o processo <strong>de</strong> planejamento para 2003. O exercício para <strong>de</strong>finirobjetivos, pontos <strong>de</strong> partida e indica<strong>do</strong>res provocou a retomada da <strong>avaliação</strong>e o entendimento <strong>de</strong> que, embora cansativo, possibilitou maior clarezasobre o projeto. O grupo propôs que o mesmo exercício fosse retoma<strong>do</strong>nos assentamentos, como estratégia <strong>de</strong> estimular a participação nas ações<strong>do</strong> projeto.Apresentam-se na tabela a seguir, como exemplo, o objetivo específico,ponto <strong>de</strong> partida (marco atual) e indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s para uma daslinhas <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> MST/MA no plano <strong>de</strong> trabalho 2003.34567855


Tabela 3Demonstrativo <strong>de</strong> objetivos, indica<strong>do</strong>res e marco zero no Plano Anual <strong>de</strong>Trabalho <strong>do</strong> MST/MA para 2003Objetivo específico Marco atual Indica<strong>do</strong>resLinha 2• Consolidar práticasagroecológicasAtivida<strong>de</strong>s:• oficinas <strong>de</strong> SAF's• oficinas <strong>de</strong>agroquintais• curso manejo <strong>de</strong> solo(adubação orgânica)• curso <strong>de</strong> apicultura• viagens <strong>de</strong> intercâmbio• aquisição <strong>de</strong> materialtécnico científico sobreagroecologia• reuniões <strong>do</strong> setor <strong>de</strong>produção• 101 famíliasa<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> práticasagroecológicas• 4 <strong>de</strong> Maio eConceição sofremqueimadas externas• sementesdistribuídas para 45assentamentos• existe 01 banco <strong>de</strong>sementes• existe setor queplaneja e acompanhao projetoagroecológico• aumento para 200famílias pratican<strong>do</strong> aagroecologia• Controle total <strong>do</strong> fogo noassentamento 4 <strong>de</strong> Maio• Aumento <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>no banco <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong>04 leguminosas (burdão,fava <strong>de</strong> paca, feijão <strong>de</strong>porco, sombreiro)• Inclusão <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong>milho e arroz no banco• Implanta<strong>do</strong> o banco <strong>de</strong>sementes estadualTambém nesse caso, os exemplos mostram que os indica<strong>do</strong>res ainda sereferem mais aos resulta<strong>do</strong>s imediatos <strong>do</strong> que a uma perspectiva estratégica,embora tenham si<strong>do</strong> <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s parâmetros objetivos para o acompanhamento<strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho ao longo <strong>do</strong> ano.Comentários Gerais sobre o ProcessoOs exercícios <strong>de</strong> R&R em 2002 ainda <strong>de</strong>monstram momentos <strong>de</strong> formaçãoe construção <strong>do</strong> ALPS Brasil. Como processo, permitem afirmar quealgumas pré-condições para concretização <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> ALPS estãosen<strong>do</strong> alcançadas, tais como:56sair <strong>de</strong> um conhecimento elementar <strong>de</strong> fiscalização/controle, parauma noção <strong>de</strong> parceria/aprendizagem – não se po<strong>de</strong> negar que, comofinancia<strong>do</strong>ra, a ActionAid Brasil está numa condição diferenciada <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r em relação às organizações que apóia; portanto, construir umaparceria efetiva pressupõe estabelecer relações <strong>de</strong> confiança; o processo


em curso tem possibilita à ActionAid constituir-se como mais uminterlocutor <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e não como um agente externo e fiscaliza<strong>do</strong>r;<strong>do</strong> planejamento formal para o planejamento real – superar a visão<strong>de</strong> que planejar é tarefa <strong>de</strong> técnicos e que serve para aten<strong>de</strong>r a formalida<strong>de</strong>se tornar participativo o processo <strong>de</strong> planejamento, monitoramento e<strong>avaliação</strong>, como forma <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> compromissos coletivos, tarefaeminentemente política. E, sen<strong>do</strong> assim, participar <strong>de</strong> tal processo édireito e está ao alcance <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s nos <strong>projetos</strong>.12DesafiosO <strong>de</strong>bate contínuo entre a ActionAid Brasil e seus parceiros permitiui<strong>de</strong>ntificar uma série <strong>de</strong> questões que ainda constituem <strong>de</strong>safios a seremenfrenta<strong>do</strong>s. Esses <strong>de</strong>safios serão apresenta<strong>do</strong>s a seguir, com a ressalva <strong>de</strong>que a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> apresentação não expressa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> importância.Trabalho em parceria – O fato <strong>de</strong> trabalhar em parceria significa atuarnuma zona <strong>de</strong> confluência das estratégias da ActionAid e <strong>do</strong>s parceiros;mesmo os <strong>projetos</strong> apoia<strong>do</strong>s pela ActionAid também, via <strong>de</strong> regra, sãoapoia<strong>do</strong>s por outras organizações (ver figura 5)Figura 5Estratégia daActionAidEstratégia <strong>do</strong>ProjetoEstratégia <strong>do</strong>ParceiroIsso quer dizer que o objeto <strong>do</strong> sistema é a própria relação <strong>de</strong> parceria. Acomplexida<strong>de</strong> aumenta pelo fato <strong>de</strong> cada projeto ter suas especificida<strong>de</strong>sem termos <strong>de</strong> temáticas, dinâmicas e estrutura <strong>de</strong> gestão. Essas característicastêm implicações diretas sobre a questão da construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res.Outro aspecto relevante é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliar as <strong>de</strong>mandas formais einstitucionais com a dinâmica <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> projeto, a qual estásubordinada a processos <strong>de</strong> negociação, com ritmos próprios e diferencia<strong>do</strong>s.34567857


Cultura <strong>de</strong> não registrar informações - Trata-se <strong>de</strong> marca bem forte,sobretu<strong>do</strong> nas organizações comunitárias, o que conduz à perda <strong>de</strong>informações, em muitos casos relevantes para <strong>de</strong>monstrar a evolução<strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s.Pensamento <strong>de</strong> curto prazo - Talvez, em virtu<strong>de</strong> da eterna escassez <strong>de</strong>recursos e pela premência das situações, as organizações se envolvamnum ativismo, por vezes frenético, sem que esses esforços somem parauma estratégia <strong>de</strong> ação ampla. É preciso insistir na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umavisão estratégica <strong>de</strong> longo prazo <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>.Planejamento como formalida<strong>de</strong> – A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento emgeral é consi<strong>de</strong>rada tarefa <strong>de</strong> técnicos e feita para aten<strong>de</strong>r a exigências <strong>de</strong>financia<strong>do</strong>res, sem que reflita um acor<strong>do</strong> com a comunida<strong>de</strong> em torno<strong>de</strong> uma estratégia clara <strong>de</strong> ação.Estrutura <strong>de</strong> pensamento diferente das estruturas <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>planejamento - As agências <strong>de</strong> cooperação importam meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>planejamento que, em geral, obe<strong>de</strong>cem a uma racionalida<strong>de</strong> bastantediferente da cultura <strong>do</strong> país, o que reforça a formalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentoselabora<strong>do</strong>s com vista a obter recursos.Exigências diferentes <strong>de</strong> cada financia<strong>do</strong>r - Os parceiros têm queaten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> cada financia<strong>do</strong>r, o que toma muito tempocom a produção <strong>de</strong> relatórios e outros <strong>do</strong>cumentos.Mo<strong>de</strong>los diferentes a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelos parceiros - A relação com váriosfinancia<strong>do</strong>res faz com que cada parceiro a<strong>do</strong>te rotinas e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>registro <strong>de</strong> informações também diferentes.Cultura oral como limita<strong>do</strong>r - A implantação <strong>de</strong> processosparticipativos esbarra numa cultura <strong>de</strong> reuniões em que aqueles quemais falam, discursam e conhecem o vocabulário próprio da militânciasocial ou política <strong>do</strong>minam os espaços e, muitas vezes, sem perceber,inibem o aumento da participação <strong>do</strong>s presentes.58Resistência às técnicas participativas - Por outro la<strong>do</strong>, as tentativas <strong>de</strong>introdução <strong>de</strong> técnicas baseadas em outras linguagens tropeçam naresistência tanto <strong>do</strong>s que têm facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se expressar, como <strong>do</strong>s quecostumam ficar cala<strong>do</strong>s nas reuniões.


Do monitoramento das ativida<strong>de</strong>s ao monitoramento da estratégia - Háuma tendência <strong>de</strong> o monitoramento ser toma<strong>do</strong> como ativida<strong>de</strong> basicamentetécnica e limitada ao próprio plano das ativida<strong>de</strong>s – se foram ounão realizadas, quantos compareceram, em <strong>de</strong>trimento da análise <strong>do</strong>alcance <strong>do</strong> objetivo persegui<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> tarefa técnica, não é <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>li<strong>de</strong>ranças e participantes <strong>do</strong> projeto, motivo pelo qual tem si<strong>do</strong> necessárioqualificar o <strong>de</strong>bate por meio <strong>de</strong> conhecimentos e informações sobre otema, e evitar, ao mesmo tempo, sofisticação <strong>de</strong>masiada das discussões afim <strong>de</strong> modificar essa tendência. O investimento na formação <strong>de</strong> técnicos,li<strong>de</strong>ranças e representantes das comunida<strong>de</strong>s envolvidas nos <strong>projetos</strong> éfundamental para garantir os conhecimentos técnicos necessários, paraqualificar as intervenções e a contribuição <strong>do</strong>s participantes.123Comentários finaisPor certo, o processo experimenta<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2002 trouxemaior clareza para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> planejamento,monitoramento e <strong>avaliação</strong> a partir <strong>de</strong> 2003. Embora tenha havi<strong>do</strong> avançona compreensão da proposta <strong>do</strong> ALPS, fica claro também que o sistemanão está termina<strong>do</strong>. Contu<strong>do</strong>, o mais importante é que a construção <strong>do</strong>sistema busca respeitar diferentes ritmos e conhecimento das pessoas eorganizações envolvidas. Por meio da construção participativa, está sen<strong>do</strong>possível conseguir a coerência com os aspectos conceituais <strong>do</strong> sistema,pois não se trata apenas <strong>de</strong> introduzir elementos técnicos externos eobrigações burocráticas em troca <strong>de</strong> recursos. E também não se preten<strong>de</strong>mensurar relações <strong>de</strong> custo/beneficio <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> financia<strong>do</strong>r. AActionAid Brasil está empenhada em dar sua contribuição no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>construir uma cultura <strong>de</strong> planejamento participativo como ferramentaefetiva <strong>de</strong> organização para ação <strong>de</strong> ‘empo<strong>de</strong>ramento’ <strong>de</strong>ssas pessoas e seusorganismos, com o propósito <strong>de</strong> superar a pobreza e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>ssociais.4567859


Referências bibliográficasACTIONAID. ALPS: Accountability, learning and planning system. Lon<strong>do</strong>n,2000.ACTIONAID BRASIL. Estratégia Nacional: 2001 – 2003. Rio <strong>de</strong> Janeiro,2000.ACTIONAID UNITED KINGDOM. Fighting poverty together: ActionAid’sstrategy 1999 – 2003. Lon<strong>do</strong>n, 1999.ACTIONAID. ALPS – Sistema Participativo <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong>, Avaliação,Aprendizagem e Planejamento 2001. Tradução feita pela ActionAid Brasil,Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2001. Não publica<strong>do</strong>ROMANO, Jorge. Empo<strong>de</strong>ramento: recuperan<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r nocombate à pobreza. In: ROMANO, Jorge; ANTUNES, Marta (orgs).Empo<strong>de</strong>ramento e direitos no combate à pobreza. Rio <strong>de</strong> Janeiro: ActionAidBrasil, 2003.60


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ResumoEste <strong>do</strong>cumento relata os primeiros passos na implantação<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramentoparticipativo das práticas ambientais sustentáveis,parte das ações <strong>do</strong> Projeto Doces Matas na Comunida<strong>de</strong><strong>do</strong> Sossego, Simonésia, Minas Gerais.A estratégia seguida foi consi<strong>de</strong>rar as práticas testadascomo ativida<strong>de</strong>s com diferentes objetivosecológicos e econômicos. A partir <strong>de</strong>sses objetivos,foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> impactopara cada prática e os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, sempre com a participação efetiva <strong>do</strong>satores envolvi<strong>do</strong>s no Projeto.62Discutiu-se, na <strong>avaliação</strong>, a forma <strong>de</strong> utilizar asinformações obtidas, verifican<strong>do</strong>-se que, além <strong>do</strong>sajustes, alguns resulta<strong>do</strong>s já po<strong>de</strong>m ser emprega<strong>do</strong>sna divulgação da efetivida<strong>de</strong> das práticasagroecológicas testadas com outros agricultores.Para alguns <strong>de</strong>les, o trabalho já não representauma experiência, por as terem incorpora<strong>do</strong> nosistema <strong>de</strong> produção.


<strong>Monitoramento</strong> ParticipativoDas práticas agroecológicas implantadas noentorno da Reserva Mata <strong>do</strong> Sossego <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> Projeto Doces Matas.12Fernan<strong>do</strong> Silveira Franco *31. IntroduçãoInformação geral sobre o Projeto Doces MatasA criação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UCs) tem si<strong>do</strong> uma das alternativaspara a proteção da biodiversida<strong>de</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Noentanto, esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> conservação tem-se confronta<strong>do</strong> com as concepçõeslocais <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>s recursos naturais e ocupação <strong>do</strong> solo. Configura-se,<strong>de</strong>ssa forma, um foco <strong>de</strong> conflito, cuja prevenção e resolução passamnecessariamente pelo estabelecimento <strong>de</strong> parcerias e <strong>de</strong> uma política efetiva<strong>de</strong> participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os atores envolvi<strong>do</strong>s. Além disso, um outroobjetivo da interação <strong>do</strong> entorno com as áreas protegidas é o estímulo apráticas que sejam sustentáveis <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista ecológico, político, sociale econômico. Dessa forma, preten<strong>de</strong>-se alcançar, além da aceitação local, aconservação das UCs a longo prazo por iniciativas locais.Nesse contexto, tem si<strong>do</strong> efetiva<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995, no âmbito da CooperaçãoTécnica Internacional entre Brasil e Alemanha, o Projeto Doces Matas,com a meta <strong>de</strong> estabelecer um sistema participativo <strong>de</strong> manejo para aproteção da biodiversida<strong>de</strong>. Preten<strong>de</strong>-se assegurar a preservação nas trêsUCs que <strong>de</strong>le participam e apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável noentorno <strong>de</strong>ssas áreas. O Projeto <strong>de</strong> Conservação e Manejo <strong>do</strong>s RecursosNaturais na Mata Atlântica <strong>de</strong> Minas Gerais recebeu o nome <strong>de</strong> ProjetoDoces Matas por ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em áreas <strong>de</strong> remanescentes <strong>de</strong> MataAtlântica na Bacia <strong>do</strong> Rio Doce (Mannigel et alli, 2002). Desse projeto*Doutor em Engenharia Florestal6345678


participam as UCs discriminadas a seguir:Parque Estadual <strong>do</strong> Rio Doce - Localiza<strong>do</strong> no Vale <strong>do</strong> Aço, com umaárea <strong>de</strong> aproximadamente 36.000 ha, é o maior remanescente <strong>de</strong> MataAtlântica em Minas Gerais. O parque dispõe <strong>de</strong> uma boa infra-estruturae <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong>s para pesquisas científicas. Os principais problemas são apressão <strong>de</strong>mográfica na região norte e os incêndios não controla<strong>do</strong>s nasáreas vizinhas, que o ameaçam constantemente.Parque Nacional <strong>do</strong> Caparaó - Com uma área <strong>de</strong> 31.800 ha, abrangeparte da Serra da Mantiqueira, on<strong>de</strong> se eleva um <strong>do</strong>s pontos culminantes<strong>do</strong> Brasil, o Pico da Ban<strong>de</strong>ira, com 2.890 m. O parque tem excelentepotencial turístico e é muito visita<strong>do</strong>, o que também causa impactosnegativos. Um <strong>do</strong>s principais problemas <strong>do</strong> parque é a sua situaçãofundiária, parcialmente in<strong>de</strong>finida.Reserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio Natural Mata <strong>do</strong> Sossego - Criadagraças a um movimento local nos municípios <strong>de</strong> Simonésia eManhuaçu. Apesar <strong>de</strong> ter uma área relativamente pequena (180 ha),abriga vários elementos da fauna ameaçada <strong>de</strong> extinção, como o monocarvoeiro (Brachyteles arachnoi<strong>de</strong>s), mas, para a sobrevivência a longoprazo das espécies locais, é imprescindível assegurar a conservação <strong>do</strong>sremanescentes florestais vizinhos.Participam <strong>do</strong> Projeto três instituições brasileiras, cada uma <strong>de</strong>las responsávelpelo gerenciamento <strong>de</strong> uma das UCs, e uma instituição alemã. Noâmbito estadual, o Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas (IEF/MG) é responsávelpelo Parque Estadual <strong>do</strong> Rio Doce; no fe<strong>de</strong>ral, o Instituto Brasileiro <strong>do</strong><strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis (IBAMA/MG)gerencia o Parque Nacional <strong>do</strong> Caparaó; em nível priva<strong>do</strong>, a FundaçãoBiodiversitas é responsável pela RPPN Mata <strong>do</strong> Sossego. Do la<strong>do</strong> alemão,participa a Agência Alemã <strong>de</strong> Cooperação Técnica (GTZ).A Estratégia <strong>do</strong> ProjetoO Projeto propõe a introdução <strong>de</strong> <strong>do</strong>is componentes no gerenciamento emanejo <strong>de</strong> UCs: a articulação interinstitucional e o fortalecimento daparticipação comunitária. Na fase atual, o Projeto trabalha com quatroobjetivos principais, cada um representan<strong>do</strong> uma situação que se esperaalcançar ao término <strong>do</strong> mesmo. São eles:641. Processo <strong>de</strong> participação integrada <strong>do</strong>s diversos atores envolvi<strong>do</strong>s com as UCs;2. Práticas ambientais sustentáveis a<strong>do</strong>tadas no entorno das UCs;


3. Planos <strong>de</strong> gestão implanta<strong>do</strong>s nas UCs;4. Cooperação intra e interinstitucional assegurada.1O Projeto Doces Matas objetiva realizar uma inovação ao executar umtrabalho participativo com a população vizinha das UCs.As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>vem contribuir para a solução <strong>do</strong>s problemasambientais e socioeconômicos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s prioritários para a comunida<strong>de</strong>a fim <strong>de</strong> que um projeto <strong>de</strong> cunho ambiental justifique o trabalhocom os agricultores resi<strong>de</strong>ntes próximo às UCs.O presente estu<strong>do</strong> está relaciona<strong>do</strong> principalmente ao objetivo 2, sen<strong>do</strong> aárea geográfica específica o entorno da RPPN Mata <strong>do</strong> Sossego.A tabela 1 mostra como as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas junto aos agricultores<strong>do</strong> entorno da RPPN tentam solucionar os problemas ambientais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>sa partir da realização <strong>de</strong> um Diagnóstico Rural Participativo (DRP)(Fundação Biodiversitas/Projeto Doces Matas, 1998).Tabela 1Relação <strong>do</strong>s problemas e das respectivas soluções trabalhadas pelo ProjetoDoces Matas no entorno da RPPN Mata <strong>do</strong> Sossego.Problema <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursosnaturais no entorno da RPPN Mata<strong>do</strong> SossegoSolução trabalhada pelo ProjetoDoces Matas2345Desmatamento e uso <strong>do</strong> fogoComprometimento <strong>do</strong>s recursoshídricosErosão, perda <strong>de</strong> fer tilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo eassoreamento <strong>do</strong>s cursos d'águaUso indiscrimina<strong>do</strong> <strong>de</strong> agrotóxicosMelhoria e diversificação dacafeicultura, campanhas <strong>de</strong> prevençãoe controle <strong>de</strong> queimadas, alternativasàs queimadasProteção <strong>de</strong> nascentes, recomposiçãoda mata ciliar, manejo integra<strong>do</strong> <strong>de</strong>bacias hidrográficas e apoio aosaneamento básico junto aos órgãoscompetentesConservação e recuperação <strong>do</strong> soloatravés <strong>de</strong> sua cober tura, adubaçãover<strong>de</strong>, diversificação e agrossilviculturaCampanhas <strong>de</strong> esclarecimento,alternativas ao uso <strong>de</strong> agrotóxicos65678


Em relação ao trabalho <strong>de</strong> conservação e recuperação <strong>de</strong> solos, uma dasativida<strong>de</strong>s foi a implementação <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> experimentaçãoparticipativa <strong>de</strong> técnicas ambientais sustentáveis. Os experimentos empequena escala visam motivar os agricultores(as) para mudanças nos seussistemas <strong>de</strong> produção e passam a servir como pontos <strong>de</strong> difusão dasexperiências bem sucedidas.Vários procedimentos vêm sen<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong>s pela equipe técnica,como experimentos em sistemas agroflorestais, técnicas <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong>solo, diversificação da produção, agricultura orgânica e recuperação davegetação.Um <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong>sses procedimentos é fornecer produtos florestais, aexemplo da lenha e da ma<strong>de</strong>ira para construção, como subsídio para aeconomia familiar. O Projeto po<strong>de</strong>ria, <strong>de</strong>ssa forma, auxiliar a reduzir apressão sobre os remanescentes florestais da região.Outra finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Projeto é aumentar a oferta <strong>de</strong> alimentos e a renda dasfamílias, bem como a fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e o controle da erosão.Em um trabalho <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> participativa das práticas ambientais sustentáveis,realiza<strong>do</strong> no final <strong>de</strong> 2000, foram discutidas algumas propostasrelacionadas à continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Projeto Doces Matas. As discussões referentesàs técnicas, como a forma <strong>de</strong> plantio, o manejo e as espécies potenciais,entre outras, revelaram as dúvidas <strong>do</strong>s participantes e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>maior número <strong>de</strong> visitas <strong>de</strong> intercâmbio. Tornou-se evi<strong>de</strong>nte que o trabalho<strong>de</strong> capacitação e conscientização <strong>de</strong>veria ser contínuo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato<strong>de</strong> essas técnicas serem ainda pouco conhecidas pelos agricultores.A divulgação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s também fez parte <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>,constituin<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ampliar a abrangência <strong>do</strong> Projeto. Na ocasião, foiconstatada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor sistematização <strong>de</strong>sses resulta<strong>do</strong>s a fim<strong>de</strong> se obter maior eficiência na divulgação <strong>do</strong>s mesmos.Chegou-se à conclusão <strong>de</strong> que seria necessário elaborar um sistema <strong>de</strong>monitoramento em que fossem coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> maneiraperiódica, utilizan<strong>do</strong>-se indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a revelar os resulta<strong>do</strong>s acurto, médio e longo prazos e envolven<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> efetivo, to<strong>do</strong>s osparticipantes.66Este <strong>do</strong>cumento visa a relatar os primeiros passos para a implantação <strong>do</strong>sistema <strong>de</strong> monitoramento participativo <strong>do</strong> Projeto Doces Matas.


2. Desenho meto<strong>do</strong>lógico <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvmento <strong>de</strong> umsistema <strong>de</strong> monitoramento participativoPelo fato <strong>de</strong> o sistema <strong>de</strong> monitoramento participativo constituir umprocesso contínuo, sua representação foi a <strong>de</strong> um ciclo composto pordiferentes etapas (fig. 1), ou seja, roteiros a serem segui<strong>do</strong>s por ocasião <strong>do</strong>sseminários e das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo.Figura 1Passos na implementação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> Participativo1 Definição <strong>do</strong>sobjetivos <strong>do</strong>monitoramento2 I<strong>de</strong>ntificação dasativida<strong>de</strong>s a seremmonitoradas123Sistematização,7análise e usodas informações3 Esclarecimento<strong>do</strong>s objetivos edas ativida<strong>de</strong>s4Coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s 65 Definição <strong>de</strong>méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>levantamento ecoleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s4 Desenvolvimento<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res56Esse tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição, com diferentes etapas, visa a simplificação daanálise. As etapas, contu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ocorrer em seqüência diversa daapresentada, como no caso <strong>de</strong> ser necessário o levantamento das informaçõesnecessárias (etapa 5) antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver os indica<strong>do</strong>res (etapa 4).Durante to<strong>do</strong> o processo, torna-se importante a revisão <strong>do</strong>s passos anterioresa fim <strong>de</strong> verificar e assegurar a coerência entre as diversas fases <strong>do</strong>ciclo. Deve-se ressaltar que essa meto<strong>do</strong>logia se baseia nas propostas <strong>de</strong>Guijt (1999) e foi adaptada às condições locais.A primeira ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento foi arealização <strong>de</strong> um seminário na Comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sossego em maio <strong>de</strong> 2001.6778


To<strong>do</strong>s os participantes já se achavam envolvi<strong>do</strong>s com o trabalho <strong>de</strong> experimentaçãoparticipativa <strong>de</strong> práticas ambientais sustentáveis, no ProjetoDoces Matas naquela comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, quan<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> oDiagnóstico Rural Participativo.Encontravam-se também presentes ao seminário agricultores <strong>de</strong> outrascomunida<strong>de</strong>s, técnicos <strong>do</strong> IBAMA, <strong>do</strong> IEF, <strong>do</strong> Ampromatas, da FundaçãoBiodiversitas e <strong>do</strong> GTZ.2.1. Primeiro seminário - implantação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramentoparticipativoO objetivo <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> seminário foi sensibilizar e esclarecer aos participantesos conceitos relativos ao monitoramento, além <strong>de</strong> planejar o sistemaa ser implanta<strong>do</strong> no Projeto.Passo 1: Resgate <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> experimentação participativaInicialmente, foi apresenta<strong>do</strong> um histórico <strong>do</strong> trabalho, incluin<strong>do</strong> a<strong>avaliação</strong> realizada no ano anterior, a qual <strong>de</strong>u origem ao processo.Passo 2: Sensibilização sobre monitoramento - (Observar e apren<strong>de</strong>r)Nesse passo, realizou-se a dinâmica <strong>de</strong> visualização e sensibilização <strong>de</strong>nominadaObservar e Apren<strong>de</strong>r. O monitoramento foi apresenta<strong>do</strong> comoforma <strong>de</strong> observação <strong>do</strong>s eventos que constituem a rotina diária <strong>do</strong> grupo,a exemplo da lavoura <strong>de</strong> café.Figura 2Observar68O quê?PreçoForçaViçosoTerra com VidaPlanta InvasoraComo?Matéria Orgânica (esterco)Pesar 1.000 Pés <strong>de</strong> CaféOuvir os Preços <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>Terra FrescaPara quê?Boa ColheitaPragas e DoençasMelhoria <strong>de</strong> VidaApren<strong>de</strong>rAvaliar as ExperiênciasRegistrarCorrigir ErrosAcompanhar a EnxurradaComo Estão as FlorestasDivulgar Resulta<strong>do</strong>s


A discussão abrangeu também os objetivos e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidaspelo Projeto relativas às práticas agroecológicas, sen<strong>do</strong>, na ocasião, introduzi<strong>do</strong>o conceito <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>r, ou seja, os elementos que se <strong>de</strong>ve utilizar natomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. Estes se <strong>de</strong>stinam a facilitar a medição e a <strong>avaliação</strong>das finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um projeto, o que, no caso, se relacionava à experimentaçãocom as práticas sustentáveis.O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta e registro <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s foi outro tópico aborda<strong>do</strong>; suafinalida<strong>de</strong> é obter, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong>, as informações necessárias.Esse tópico terminou com a realização <strong>de</strong> um exercício entre os participantes,visan<strong>do</strong> a aplicar os conceitos à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto.Passo 3: Esclarecimento <strong>do</strong>s objetivos da experimentação <strong>de</strong> técnicasambientais – árvores <strong>de</strong> objetivosEssa dinâmica objetivou aprofundar uma discussão sobre os resulta<strong>do</strong>sfinais relaciona<strong>do</strong>s às ativida<strong>de</strong>s já <strong>de</strong>senvolvidas que foram consi<strong>de</strong>radasprioritárias.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> os experimenta<strong>do</strong>res haverem <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> monitorartodas as ativida<strong>de</strong>s, entrou na pauta <strong>de</strong> discussão a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> osdiversos parceiros utilizarem as informações <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong> evisan<strong>do</strong> interesses diferentes, o que <strong>de</strong>veria ser leva<strong>do</strong> em conta no planejamento<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento. Estabeleceu-se,então, como i<strong>de</strong>al, que cada parceiro elaborasse uma série <strong>de</strong> objetivospara cada uma das ativida<strong>de</strong>s, em forma <strong>de</strong> árvore, cuja finalida<strong>de</strong> seriatrabalhar os indica<strong>do</strong>res em questão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passarem por uma síntese.Como tal não foi possível <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a questões operacionais, o grupo foidividi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is subgrupos, o <strong>do</strong>s agricultores e o <strong>do</strong>s técnicos.As árvores (fig. 3) seguiram um processo <strong>de</strong> “causa - efeito”, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>o curto, o médio e o longo prazos, com os objetivos situa<strong>do</strong>s nosníveis inferiores representan<strong>do</strong> a conseqüência <strong>do</strong> alcance <strong>do</strong>s objetivosnos níveis superiores.1234567869


Figura 3Exemplo <strong>de</strong> árvore <strong>de</strong> objetivos construídas no Seminário <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> –Adubação Ver<strong>de</strong> – AgricultoresAdubo Ver<strong>de</strong>MenosMão-<strong>de</strong>-obraAdubar aTerraEsterco daTerraControle <strong>de</strong>EnxurradaRecuperara TerraMenosCustosMenosAdubo QuímicoRecuperara TerraMaior Absorção<strong>de</strong> ÁguaMaior Quantida<strong>de</strong>e Qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> ÁguaMenosDívidasMaiorLucroMelhorQualida<strong>de</strong>Terra maisUmidaReforça asNascentesMaisMaiorInvestimentos Maior Qualida<strong>de</strong> ProduçãoDe VidaMaisSaú<strong>de</strong>MenosRemédiosMaiorQualida<strong>de</strong><strong>de</strong> VidaMais AlegriaPasso 4: Comparação das árvores <strong>de</strong> objetivos elaboradas pelos diferentesgruposEssa etapa, cuja realização havia si<strong>do</strong> inicialmente planejada para outraoportunida<strong>de</strong>, foi realizada na plenária <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à escassez <strong>de</strong> tempo.A discussão versou sobre os objetivos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s prioritários, incluin<strong>do</strong>aqueles consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s importantes por algum grupo.70Foram observa<strong>do</strong>s inúmeros pontos comuns em ambos os grupos, e aelaboração <strong>de</strong> árvores <strong>de</strong>talhadas por parte <strong>do</strong>s agricultores <strong>de</strong>monstra ofato <strong>de</strong> muitos já possuírem visão abrangente sobre a conservação <strong>do</strong>srecursos naturais e a sustentabilida<strong>de</strong>.


Passo 5: Hierarquização <strong>do</strong>s objetivos para o <strong>Monitoramento</strong>Essa etapa foi realizada em reunião plenária, a partir <strong>do</strong>s critérios apresenta<strong>do</strong>spelos agricultores. Como exemplos <strong>de</strong>sses critérios, po<strong>de</strong>m-se citar aimportância <strong>de</strong> serem apresenta<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s em curto, médio e longoprazos e a viabilida<strong>de</strong> e a praticida<strong>de</strong> para analisar o objetivo.Passou-se, a seguir, à priorização <strong>do</strong>s objetivos a serem analisa<strong>do</strong>s nessafase inicial, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-se ressaltar que os agricultores <strong>de</strong>cidiram eleger,inicialmente, apenas um objetivo para cada ativida<strong>de</strong>, conforme a fig. 4.Figura 4Hierarquização <strong>do</strong>s objetivos das ativida<strong>de</strong>s a serem monitoradas.123Adubação Ver<strong>de</strong>Análise da TerraSuper MagroAgrossilviculturaMenosMão-<strong>de</strong>-obraCobertura<strong>do</strong> SoloDiminuir aEnxurradaMelhorar a TerraMenos AduboProduçãoMelhor Qualida<strong>de</strong>AcompanharMudançasSaú<strong>de</strong>Menos Custo<strong>de</strong> ProduçãoMenos AduboProduçãoControlarPragas eDoençasFortalecer aPlantaIn<strong>de</strong>pendência<strong>de</strong> AgrotóxicosProduçãoQualida<strong>de</strong>Menos Custo<strong>de</strong> ProduçãoCobertura<strong>do</strong> SoloErosãoMais InimigosNaturaisProduçãoDiminuirAduboQualida<strong>de</strong>Melhorara TerraSombra456DiversificaçãoPasso 6: Definição <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res para os objetivos prioriza<strong>do</strong>sOs indica<strong>do</strong>res para cada objetivo encontram-se expostos na fig. 5, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-seesclarecer que, na medida em que o processo <strong>de</strong> monitoramento se<strong>de</strong>senvolva, po<strong>de</strong>rão ser introduzi<strong>do</strong>s ou retira<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res.7871


Figura 5Indica<strong>do</strong>res para os objetivos a serem monitora<strong>do</strong>sAdubação Ver<strong>de</strong>Análise da TerraSuper MagroAgrossilviculturaMenosmão-<strong>de</strong>-obraCobertura<strong>do</strong> soloAcompanharmudançasControlarpragas e<strong>do</strong>ençasCobertura<strong>do</strong> soloGasto <strong>de</strong>mão-<strong>de</strong>-obraSe o soloestá expostoCompararanálises <strong>de</strong>um ano parao outroSe ocorrempragas e<strong>do</strong>ençasSe o soloestá expostoPasso 7: I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta a serem utiliza<strong>do</strong>s porindica<strong>do</strong>rInicialmente, fez-se uma apresentação <strong>do</strong>s diferentes méto<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> se<strong>de</strong>finir quais <strong>de</strong>les seriam utiliza<strong>do</strong>s para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res.É essa a maneira <strong>de</strong> anotar, <strong>de</strong> forma organizada, as informaçõesnecessárias a fim <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r o que o indica<strong>do</strong>r irá revelar sobre a ativida<strong>de</strong>monitorada.Foram apresenta<strong>do</strong>s os seguintes méto<strong>do</strong>s: medições diretas, fichas, mapas,fluxogramas, fotografias (e ví<strong>de</strong>o), diagrama <strong>de</strong> sistema, matrizes <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>e matriz <strong>de</strong> histórica.Passo 8: Planejamento da aplicação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>sPara <strong>de</strong>senvolver o planejamento, foram apresentadas as seguintes questões,relativas a cada um <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res, e montadas matrizes com as respostas(ver tabela 2).72Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta: como coletar e registrar ?Freqüência: quantas vezes por ano coletar ?Quan<strong>do</strong>: qual a época ou mês <strong>do</strong> ano ?Quem faz: quem vai coletar ?Quem usa: como as informações vão ser utilizadas ? (planejar, alterarpráticas, divulgar resulta<strong>do</strong>s, sensibilizar)Local: on<strong>de</strong> vai acontecer a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ? Vai ser feito por to<strong>do</strong> ogrupo ou somente por uma parte <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res ?


Tabela 2Exemplo <strong>de</strong> planilha <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res.1Indica<strong>do</strong>r: Gasto <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obraméto<strong>do</strong>quantas vezes por anoquem fazquem utiliza ainformaçãonível <strong>de</strong> coletalocalanotar em calendário, a cada mês, quantos ser viços(homens/ dia) foram gastos na lavoura com adubover<strong>de</strong> e sem adubo ver<strong>de</strong>uma vez por mês, ao final.to<strong>do</strong>s os que plantaram feijões <strong>de</strong> adubo ver<strong>de</strong>.(Jovens: ajuda na coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s)agricultores, Projeto Doces Matas, STR, Emater,Fundação Biodiversitas, Ampromatas, IEF, outrascomunida<strong>de</strong>sexperiência em proprieda<strong>de</strong>nas lavouras <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res: Wan<strong>de</strong>rlei, Lelei,Gregório, Chico Salviano, Valdir, Geral<strong>do</strong>, Davi, Marcos,Tonico, Pitito, Sr. Lula, Zé <strong>do</strong> Lula, Geral<strong>do</strong> <strong>do</strong> Lula.234Proce<strong>de</strong>u-se a um planejamento completo <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> serressalta<strong>do</strong> o gran<strong>de</strong> interesse <strong>do</strong>s jovens presentes em participar <strong>do</strong> processo.Foi aprovada, na ocasião, a proposta <strong>de</strong> se criar o “grupo <strong>do</strong>monitoramento”, forma<strong>do</strong> pelos agricultores e pelos jovens.Além das reuniões mensais e das visitas aos locais das experiências, forammarca<strong>do</strong>s seminários <strong>de</strong> monitoramento, a cada quatro meses, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à<strong>avaliação</strong> e aos possíveis ajustes.567873


Figura 6Exemplo <strong>de</strong> ficha usada para coletar da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>resFUNDAÇÃO BIODIVERSITAS - RPPN MATA DO SOSSEGO - PROJETO DOCES MATASMONITORAMENTO PARTICIPATIVO DE PRÁTICAS AGROECOLÓGICASCOMUNIDADE CÓRREGO DO SOSSEGO - SIMONÉSIA/MGEXPERIMENTADOR:___________________________________Robson PereiraINDICADORCOBERTURA DO SOLOMÊSJULHODATA:___/____/____30 07 01Lançar o quadra<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1m por 1 metro, 5 vezes, on<strong>de</strong> tiver e on<strong>de</strong> não tiver planta<strong>do</strong>feijão, ou <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> árvores plantadas, quan<strong>do</strong> tiver cobertura (folhas e galhos).Fazer o <strong>de</strong>senho <strong>do</strong> quanto <strong>de</strong> cobertura preencheu o quadra<strong>do</strong>.ÁREA COM EXPERIMENTOÁREA SEM EXPERIMENTO1ª vez 2ª vez1ª vez 2ª vez3ª vez 4ª vez3ª vez 4ª vez5ª vez5ª vezQuais as espécies <strong>de</strong> mato que foram encontra<strong>do</strong>s (por exemplo: picão, serralha,feijão <strong>de</strong> porco, samambaia, folhas <strong>de</strong> árvores, quebra-pedra, siririca e outras).741. picão2. cipó e carrapicho3.poejo seco


2.2. Segun<strong>do</strong> seminário - Avaliação <strong>do</strong> monitoramento participativo -um ano <strong>de</strong>poisObjetivou avaliar o processo <strong>de</strong> monitoramento já implanta<strong>do</strong> e analisaros da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s durante um ano a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>trabalho <strong>de</strong> experimentação participativa.Resgate <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> monitoramento participativoRealizou-se uma discussão sobre o ciclo <strong>do</strong> monitoramento (fig. 1, pág.67), na qual foram relembra<strong>do</strong>s os elementos básicos <strong>do</strong> processo até omomento atual, que compreen<strong>de</strong> a sistematização e a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>scoleta<strong>do</strong>s.Após um ano <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong> projeto, po<strong>de</strong>-se dizer que os agricultoresconseguiram compreen<strong>de</strong>r o processo em sua totalida<strong>de</strong>, bem comoseus elementos mais importantes.Destacou-se a relevância da análise como forma <strong>de</strong> ajustar e corrigir possíveisproblemas, tanto na aplicação da meto<strong>do</strong>logia como na própriaprática agrícola em fase <strong>de</strong> teste.A divulgação, para outros agricultores, da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns resulta<strong>do</strong>sjá obti<strong>do</strong>s, bem como <strong>do</strong>s ajustes realiza<strong>do</strong>s, foi outro tema aborda<strong>do</strong> nosegun<strong>do</strong> seminário, sen<strong>do</strong> feita uma comparação <strong>do</strong> projeto com as pesquisasque envolvem novas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas.No que se refere ao café, foi citada a evolução <strong>do</strong> cultivo <strong>de</strong> Bourbon,Moca, Novo Mun<strong>do</strong> e Catuaí, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se o fato <strong>de</strong> o trabalho, quegera mudanças radicais no sistema <strong>de</strong> produção, levar tempo para serconcretiza<strong>do</strong>, daí a importância das experimentações em realização e <strong>do</strong>monitoramento, com a participação efetiva da comunida<strong>de</strong>.Avaliação da participaçãoTeve como finalida<strong>de</strong> a <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> experimentaçãoparticipativa, com início nas mudanças ocorridas no grupo <strong>de</strong>experimenta<strong>do</strong>res, suas causas e conseqüências para a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>trabalho.1234567875


Visan<strong>do</strong> analisar as modificações verificadas após <strong>do</strong>is anos, foireapresenta<strong>do</strong> o mapa elabora<strong>do</strong> em 2000 e também um novo mapa,conten<strong>do</strong> apenas os pontos <strong>de</strong> referência, no qual os agricultores procuraramlocalizar novamente os seus experimentos. Para essa atualização, foielabora<strong>do</strong> o seguinte roteiro (fig. 7);To<strong>do</strong>s os experimenta<strong>do</strong>resOs que pararam (e porquê)Os que continuamOs que entraram no trabalhoOs que estão em processo <strong>de</strong> conversão para café orgânicoDurante a dinâmica, buscou-se avaliar o andamento <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>global, abordan<strong>do</strong>-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar a sua abrangência na comunida<strong>de</strong><strong>do</strong> Sossego e nas comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> seu entorno.Figura 7Mapas <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res antes e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> início <strong>do</strong> monitoramento.76


Análise das experiências com os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>sPara esse trabalho, foi implementada a seguinte dinâmica:1. distribuíram-se os da<strong>do</strong>s, organiza<strong>do</strong>s em gráficos e tabelas, entre osparticipantes, dividi<strong>do</strong>s em grupos, haven<strong>do</strong> um indica<strong>do</strong>r por grupo;2. foi proposta ao grupo a confecção <strong>de</strong> um cartaz que apresentasse oque <strong>de</strong>monstravam as informações das medições; cada grupo contavacom pelo menos um técnico para auxiliar na organização e na discussão<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s;3. os resulta<strong>do</strong>s e conclusões foram apresenta<strong>do</strong>s em uma plenária geral,que incluiu to<strong>do</strong>s os grupos;4. as principais conclusões por indica<strong>do</strong>r encerraram a dinâmica.123Cada indica<strong>do</strong>r apresentou os seguintes itens:i) Incidência <strong>de</strong> pragas e <strong>do</strong>ençasAs tabelas <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res, conten<strong>do</strong> os valores dasincidências <strong>de</strong> cada praga ou <strong>do</strong>ença (consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as áreas com e semexperimento) ao longo <strong>do</strong>s meses estuda<strong>do</strong>s, foram distribuí<strong>do</strong>s ao grupo.Este confeccionou um gráfico <strong>de</strong> barras com tarjetas <strong>de</strong> diferentes cores etamanhos, representan<strong>do</strong> os níveis médios das <strong>do</strong>enças, uma a uma,ocorridas em cada mês <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> (gráfico 1).Gráfico 1Gráfico construí<strong>do</strong> na análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Indica<strong>do</strong>r Pragas e Doenças.Pragas e Doenças456Com ExpBicho MineiroFerrugemFormigaColchon.ColchonilaBic. MineiroFerrugemFomaBicho MineiroColchonilaFerrugemFomaForm. KorkCigarraBic. MineiroColchonilaFerrugem Foma7Sem ExpJulBicho MineiroFerrugemAgoCochonilaFormigaSetCochonilaOutBic. MineiroNovFerrugemBicho ADezBicho MineiroCochonilaFomaCigarraFerrugemJanFevMarForm. KorkBic. MineiroAbrFerrugemMaiColchonila FomaCigarraJun778


ii) Fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> soloNo caso <strong>de</strong>sse indica<strong>do</strong>r, foram confecciona<strong>do</strong>s cartazes com papel kraft,relativos a cada experimenta<strong>do</strong>r, conten<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s das análises <strong>de</strong>solo, das áreas com e sem experimento, nos anos <strong>de</strong> 2001 e 2002. A fim <strong>de</strong>facilitar a compreensão, os valores <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> nutrientes foram converti<strong>do</strong>sem cores que representavam a situação <strong>do</strong> solo no aspecto qualitativo.Foi seguida a 5ª Aproximação da Recomendação <strong>de</strong> Adubação para oEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, usada pela Emater, sen<strong>do</strong> o ver<strong>de</strong> indicativo <strong>de</strong>solo cujos níveis apresentavam valores altos, o que foi representa<strong>do</strong> nocartaz como Bom; o amarelo, para o nível médio, registra<strong>do</strong> no cartazcomo Médio, e o vermelho, para o solo cujos níveis apresentavam valoresbaixos, caso típico <strong>do</strong> solo com baixa fertilida<strong>de</strong>, classifica<strong>do</strong> como Fraco(tabela 3).Tabela 3Exemplo <strong>de</strong> painel feito para analisar o indica<strong>do</strong>r Fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Solo.Experimenta<strong>do</strong>r:LeleipHPKCaMgAlMat. Org.mcom` 01 com` 02 sem` 01 sem` 02Legendabommédiofracoiii) Mão-<strong>de</strong>-obra78Os da<strong>do</strong>s relativos à mão-<strong>de</strong>-obra foram registra<strong>do</strong>s em um gráfico <strong>de</strong>barras, que incluía o número <strong>de</strong> diárias gasto no prazo <strong>de</strong> um ano, nasáreas on<strong>de</strong> o experimento foi realiza<strong>do</strong> e naquelas em que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> serfeito. O grupo anotou no gráfico o tipo <strong>de</strong> serviço implementa<strong>do</strong> em cadaépoca, o que permitiu melhor compreensão da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obrano <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> ano (gráfico 2).


iv) Cobertura <strong>do</strong> soloEsta também foi estudada por meio <strong>de</strong> um gráfico <strong>de</strong> barras, sen<strong>do</strong>registra<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s durante os meses <strong>de</strong> medição. A discussãoenvolveu a comparação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s das áreas com e sem experimento eesclareceu aspectos relevantes liga<strong>do</strong>s ao cultivo <strong>de</strong> leguminosas e <strong>do</strong> café(gráfico 3).O gráfico não revelou pronunciada diferença entre os <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> experimento,mas os experimenta<strong>do</strong>res revelaram que o cultivo das leguminosase das árvores propiciou maior cobertura <strong>do</strong> solo e um efeito indireto, ocontrole <strong>de</strong> erosão, o que ficou mais evi<strong>de</strong>nte durante os meses chuvosos.Avaliação <strong>do</strong> Processo <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> e Continuida<strong>de</strong>123Análise <strong>do</strong>s objetivos escolhi<strong>do</strong>sEssa proposta foi a <strong>de</strong> analisar o processo <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> formaglobal, com a revisão <strong>do</strong>s objetivos que <strong>de</strong>veriam continuar vigoran<strong>do</strong> e apossível inclusão <strong>de</strong> novos objetivos.Foi reapresenta<strong>do</strong> o painel <strong>do</strong> primeiro seminário, que incluía as ativida<strong>de</strong>se a escolha <strong>de</strong> objetivos, e o painel conten<strong>do</strong> os indica<strong>do</strong>res para cada um<strong>de</strong>les.45A discussão realizada a seguir abor<strong>do</strong>u os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s no diaanterior.Gráfico 2Gráfico feito para analisar o indica<strong>do</strong>r mão-<strong>de</strong>-obra.640,0Diárias35,030,025,020,0Com ExpSem Exp715,010,05,080,0Jul 01AgoSetOutNovDezJan 02FevMarAbrMaiJun79Meses


Gráfico 3Gráfico da análise <strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r cobertura <strong>do</strong> solo.120100Com ExpSem Exp8060402000Jun 01JulAgoSetOutNovDezJan 02FevMarAbrMaiSelecionaram-se, no processo <strong>de</strong> monitoramento passa<strong>do</strong>, os indica<strong>do</strong>resrelaciona<strong>do</strong>s a alguns objetivos das práticas experimentadas, na impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se discutir to<strong>do</strong>s eles.Segue-se o resulta<strong>do</strong> da análise realizada na ocasião:Mão-<strong>de</strong>-obra: esse indica<strong>do</strong>r já teria cumpri<strong>do</strong> a sua função, com menor<strong>de</strong>manda após o uso das práticas sustentáveis, concluin<strong>do</strong>-se que nãohaveria mais necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se continuar a medi-lo.Cobertura <strong>do</strong> solo: um consenso indicou que a proteção <strong>do</strong> solo proporcionadapelas leguminosas controlou a enxurrada e a erosão, aventan<strong>do</strong>-sea possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se usar as informações obtidas com a aplicação<strong>de</strong>sses indica<strong>do</strong>res para repassar conhecimento a outras pessoasinteressadas no uso das práticas agrícolas sustentáveis.80Análise <strong>de</strong> solo: <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os agricultores, ainda seria necessáriocontinuar acompanhan<strong>do</strong> esse indica<strong>do</strong>r a fim <strong>de</strong> realizar algumascorreções e verificar as iniciativas a serem aplicadas. Foi constata<strong>do</strong> queo tempo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse indica<strong>do</strong>r ainda não havia si<strong>do</strong>suficiente para <strong>de</strong>tectar mudanças nos níveis analíticos, sen<strong>do</strong> necessáriomantê-lo. Deve-se ressaltar que os resulta<strong>do</strong>s da análise <strong>de</strong> solo são


elevantes para o trabalho <strong>de</strong> conversão <strong>do</strong> café orgânico, <strong>do</strong> qual fezparte a maioria <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res.Pragas e <strong>do</strong>enças: não foi possível analisar esse indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato<strong>de</strong> nenhum agricultor ter utiliza<strong>do</strong> a varieda<strong>de</strong> Super Magro <strong>de</strong> formasistemática. Dessa forma, será necessário realizar efetivamente a experiênciae acompanhá-la. Verifica-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testar novas formas <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> pragas e <strong>do</strong>enças e <strong>de</strong> adubação permitidas pelas normas dacertificação orgânica.Propostas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>A discussão que tratou da seqüência <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> monitoramento apresentouas seguintes <strong>de</strong>cisões:Ativida<strong>de</strong>s monitoradasAs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> experimentação com as práticas (Super Magro, adubaçãover<strong>de</strong>, agrossilvicultura e análise <strong>do</strong> solo) ainda passarão por um acompanhamento,retiran<strong>do</strong>-se, no entanto, os indica<strong>do</strong>res mão-<strong>de</strong>-obra e cobertura<strong>de</strong> solo. Alguns agricultores se dispuseram a experimentar produtosconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s biológicos para realizar o controle <strong>de</strong> pragas (Super Magro eViça Café Plus) a fim <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r analisar o indica<strong>do</strong>r pragas e <strong>do</strong>enças.A agrossilvicultura será realizada e monitorada sistematicamente porexperimenta<strong>do</strong>res cujas experiências já se encontram bem adiantadas, oque constituirá ponto <strong>de</strong> referência para aqueles que preferiram continuarapenas com a adubação ver<strong>de</strong>.O trabalho <strong>de</strong> análise <strong>do</strong> solo será continua<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, da mesmaforma, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter resulta<strong>do</strong>s mais concretos.Objetivos monitora<strong>do</strong>sA discussão sobre esse tema revelou terem si<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>s os objetivosrelaciona<strong>do</strong>s à sustentabilida<strong>de</strong> ecológica <strong>do</strong>s sistemas implanta<strong>do</strong>s, mastorna-se necessário atingir os objetivos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a garantir também asustentabilida<strong>de</strong> econômica, ou seja, os aspectos que se relacionam àquestão produtiva e <strong>de</strong> renda.Foram escolhi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ssa forma, novos objetivos a serem monitora<strong>do</strong>s e, emseguida, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s os respectivos indica<strong>do</strong>res.8112345678


Definiram-se, a seguir, os indica<strong>do</strong>res para cada objetivo, como <strong>de</strong>scritoabaixo:qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> café = classificação <strong>do</strong> cafémenor custo <strong>de</strong> produção = <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produçãoprodução = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> café limpo (saco <strong>de</strong> 60 Kg.)No momento, encontram-se em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>medição e em fase <strong>de</strong> elaboração as fichas e esquemas <strong>de</strong> campo para asanotações <strong>do</strong>s novos indica<strong>do</strong>res e daqueles remanescentes <strong>do</strong> ano anterior.No que se refere ao trabalho com as práticas agroecológicas, o grupo<strong>de</strong>cidiu, a partir <strong>do</strong> monitoramento, continuar o trabalho sem a preocupação<strong>de</strong> incluir maior número <strong>de</strong> pessoas, mas, sim, a <strong>de</strong> conseguir bonsresulta<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o interesse pelo projeto. O monitoramento,nesse senti<strong>do</strong>, possui importantes funções, como a <strong>de</strong> sistematizar, analisare divulgar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais preciso e confiável.1. Consi<strong>de</strong>rações FinaisFoi constata<strong>do</strong> que os agricultores compreen<strong>de</strong>ram o processo e os seuselementos constituí<strong>do</strong>s mais importantes. A forma <strong>de</strong> utilizar as informaçõesobtidas tornou-se mais clara, salientan<strong>do</strong>-se que, além <strong>do</strong>s eventuaisajustes, alguns resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s já po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s na divulgação daefetivida<strong>de</strong> das práticas agroecológicas testadas, o que permitirá melhorconsecução <strong>do</strong> trabalho.Verifica-se, no entanto, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundar a discussão em umaperspectiva agroecológica, que consi<strong>de</strong>re o sistema <strong>de</strong> produção da proprieda<strong>de</strong>como um to<strong>do</strong>, e não apenas com o objetivo <strong>de</strong> melhorar a produção<strong>do</strong> café.82A escassez <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao trabalho <strong>de</strong> sensibilização e planejamentofoi uma das dificulda<strong>de</strong>s encontradas nesse processo (passos 1 ao 5 <strong>do</strong>ciclo da fig. 1). Realiza<strong>do</strong> em um final <strong>de</strong> semana, essas duas etapas continhammuitas informações novas para os agricultores, o que prejudicou aboa compreensão das mesmas. Alguns só foram capazes <strong>de</strong> chegar a umavisão mais ampla <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> monitoramento após a sistematização e aanálise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s.


É necessário ressaltar que os diversos passos <strong>de</strong>vem ser realiza<strong>do</strong>s comalgum intervalo <strong>de</strong> tempo, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a haver maior assimilação <strong>do</strong> processo.A discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s permitiu a abordagem <strong>de</strong> alguns aspectostécnicos das propostas, oportunida<strong>de</strong> que inclui também a troca <strong>de</strong> experiências.Esse fato reforça a importância <strong>do</strong> monitoramento como forma <strong>de</strong>resgate <strong>do</strong>s conhecimentos obti<strong>do</strong>s nas experiências individuais, <strong>de</strong> intercâmbio<strong>do</strong>s mesmos e <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para dirimir dúvidas. Deve-seacrescentar que a discussão representou uma estratégia para envolver osjovens no trabalho, o que po<strong>de</strong>rá contribuir, a longo prazo, para mantê-losna zona rural.O monitoramento participativo, além <strong>do</strong> acompanhamento técnico,permite, <strong>de</strong>ssa forma, a ampliação <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s, articulan<strong>do</strong>, motivan<strong>do</strong>e tornan<strong>do</strong> acessíveis conhecimentos e idéias, o que muito contribuiupara a concretização <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local.Foi lembra<strong>do</strong> nas discussões o fato <strong>de</strong> os agricultores da comunida<strong>de</strong>estarem aguardan<strong>do</strong> a certificação <strong>do</strong> café orgânico, trabalho que envolvea maioria <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> experimenta<strong>do</strong>res e que sinaliza a busca <strong>de</strong> umcaminho diferente para a agricultura.Muitos agricultores <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Simonésia passaram também a fazerparte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> conversão. Em conseqüência, o grupo <strong>do</strong> Sossego eos <strong>de</strong> outras comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno que estão testan<strong>do</strong> as práticasagroecológicas terão importante papel a <strong>de</strong>sempenhar na divulgação <strong>do</strong>trabalho, já que to<strong>do</strong>s se verão obriga<strong>do</strong>s a buscar novas formas <strong>de</strong> manejoe adubação a fim <strong>de</strong> se enquadrarem no sistema <strong>de</strong> produção orgânico.1234562. Agra<strong>de</strong>cimentoO autor agra<strong>de</strong>ce aos técnicos da Fundação Biodiversitas e <strong>do</strong> ProjetoDoces Matas/GTZ pela oportunida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong>ste trabalho etambém aos agricultores experimenta<strong>do</strong>res da Comunida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sossegopor todas as contribuições e boa vonta<strong>de</strong> durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>processo.7883


Referências bibliográficasFUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s – 1998.Simonésia, 1999.GUIJT, I., ABBOT, J. Novas Visões sobre Mudança Ambiental: AbordagensParticipativas <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong>. Tradução <strong>de</strong> John Cunha Comerford.Rio <strong>de</strong> Janeiro: ASPTA, 1999.GUIJT, I. <strong>Monitoramento</strong> Participativo: Conceitos e Ferramentas Práticaspara a Agricultura Sustentável. Tradução <strong>de</strong> Annemarie Höhn. Rio <strong>de</strong>Janeiro: ASPTA, 1999.MANNIGEL, E.; PARAÍSO, L.B.; PARREIRAS, C.P. Participação comoestratégia para resolução <strong>de</strong> conflitos em três unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaçãoambiental da Mata Atlântica em Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASI-LEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 3., 2002, Fortaleza.Anais. Fortaleza: Re<strong>de</strong> Nacional Pró-Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação; FundaçãoBoticário <strong>de</strong> Proteção à Natureza; Associação Caatinga, 2002, p. 433-442.84


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ResumoO Centro <strong>de</strong> Tecnologias Alternativas da Zonada Mata (CTA), uma ONG que tem como objetivocontribuir na construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento rural sustentável para a regiãoon<strong>de</strong> atua, passou a enfrentar o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolversistemas <strong>de</strong> monitoramento e aprendizagem.No enfrentamento <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>safio surgem váriosdilemas: Como conciliar estas diferentes <strong>de</strong>mandas<strong>de</strong> informação em um sistema <strong>de</strong>monitoramento? Como fazer com que o sistema<strong>de</strong> monitoramento não fique engessa<strong>do</strong>, que dêconta <strong>de</strong> ir se adaptan<strong>do</strong> às novas situações? Ainda:como fazer com que o monitoramento sejarealmente um processo participativo, envolven<strong>do</strong>ativamente beneficiários e parceiros <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>?No processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>stes sistemas iniciou-seuma experiência <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>simpactos econômicos das propostasagroecológicas.86


<strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactoseconômicos <strong>de</strong> práticasagroecológicas12Eugênio A. Ferrari 1I. Introdução<strong>Monitoramento</strong> é um tema presente na agenda <strong>de</strong> muitas organizações,não só para uma melhor prestação <strong>de</strong> contas aos seus financia<strong>do</strong>res, maspela crescente percepção da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar informações relevantes,tanto para a qualificação <strong>de</strong> suas próprias intervenções, como para ampliara base <strong>de</strong> apoio às propostas que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m. Mas também são generalizadasas dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas na implementação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong>monitoramento e aprendizagem que sejam ao mesmo tempo eficientes eviáveis para estas organizações.Este artigo se <strong>de</strong>stina a socializar um pouco <strong>do</strong>s aprendiza<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>safiosque surgiram nas experiências <strong>de</strong> organizações que atuam no campo <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento rural sustentável, buscan<strong>do</strong> implementar sistemas <strong>de</strong>monitoramento adapta<strong>do</strong>s ao seu campo específico <strong>de</strong> intervenção.A partir <strong>de</strong> uma breve caracterização <strong>do</strong> perfil institucional <strong>de</strong> nossaorganização - o CTA – vamos discutin<strong>do</strong> os <strong>de</strong>safios e os caminhos queoptamos, na construção das nossas estratégias e sistemas <strong>de</strong>monitoramento, e da nossa própria visão em relação a este tema, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>já alguns aprendiza<strong>do</strong>s.Em seguida, o artigo aborda, em mais <strong>de</strong>talhe, nossa experiência com omonitoramento <strong>de</strong> impactos econômicos das propostas agroecológicas,que ajudamos a construir e difundir junto a agricultores/as familiares daZona da Mata mineira. Descrevemos os pressupostos conceituais e1Engenheiro Agrônomo, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Executivo <strong>do</strong> CTA – Zona da Mata87345678


meto<strong>do</strong>lógicos, os passos segui<strong>do</strong>s na aplicação da meto<strong>do</strong>logia e osresulta<strong>do</strong>s a que chegamos. Finalmente <strong>de</strong>stacamos as principais liçõesaprendidas neste processo específico <strong>de</strong> monitoramento.O CTA - Centro <strong>de</strong> Tecnologias Alternativas da Zona da Mata <strong>de</strong> MG -O CTA é uma organização não governamental com se<strong>de</strong> em Viçosa, criadaem 1987 por li<strong>de</strong>ranças sindicais, técnicos/as, professores/as e pesquisa<strong>do</strong>res/ascomprometi<strong>do</strong>s/as com a construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentorural sustentável para a região da Zona da Mata <strong>de</strong> Minas Gerais.Em sua estratégia atual o CTA procura consolidar experiências <strong>de</strong>monstrativas<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local, por meio da elaboração e implementação<strong>de</strong> planos municipais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural sustentáveis e <strong>de</strong> umprograma volta<strong>do</strong> para a promoção da agricultura sustentável e conservaçãoda Mata Atlântica, no entorno <strong>do</strong> Parque Estadual da Serra <strong>do</strong> Briga<strong>de</strong>iro.Ao mesmo tempo implementa os programas <strong>de</strong> Formação,Associativismo e Comercialização, <strong>de</strong> abrangência regional, que visam criaras condições para que se multipliquem as iniciativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentolocal na zona da mata mineira. Atua ainda <strong>de</strong> forma mais ampla, <strong>do</strong> nívellocal ao nacional, promoven<strong>do</strong> o <strong>de</strong>bate público em torno <strong>de</strong> temasrelaciona<strong>do</strong>s ao seu campo <strong>de</strong> ação, a partir <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> PromoçãoPública da Agroecologia e da Agricultura Familiar.O CTA busca assim exercer um papel técnico, político e articula<strong>do</strong>r,implementan<strong>do</strong> experiências concretas em agroecologia, inseridas emprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local e articuladas a estratégias que visam àirradiação <strong>do</strong>s seus efeitos.88Para exercer este papel estratégico, o <strong>de</strong>safio que passamos a enfrentar foi<strong>de</strong> encontrarmos as formas para i<strong>de</strong>ntificar, mensurar e qualificar osresulta<strong>do</strong>s e impactos obti<strong>do</strong>s pela atuação <strong>do</strong> CTA. Estas informaçõeseram vistas como fundamentais para sensibilizar outras organizações epessoas, influenciar as políticas públicas e também prestar contas a diversossegmentos da socieda<strong>de</strong>, especialmente aos parceiros e financia<strong>do</strong>res daentida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo esta idéia <strong>do</strong> monitoramento se relacionava ànecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperar a experiência acumulada pela entida<strong>de</strong> (permitin<strong>do</strong>o seu autoconhecimento) e i<strong>de</strong>ntificar os principais entraves para suaatuação, fornecen<strong>do</strong> elementos que permitissem um contínuo aprimoramento<strong>de</strong> suas estratégias e meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> intervenção.


No enfrentamento <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>safio surgem vários dilemas. Os financia<strong>do</strong>ressolicitam informações precisas a partir <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. Para oprocesso <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> e planejamento <strong>do</strong> CTA são necessárias tambéminformações sobre o andamento <strong>do</strong>s processos, das questões novas quesurgem, etc. Já para a influência nas políticas públicas se exige mais rigornas informações (menos “impressões”) e a valorização da relação comtemas emergentes na socieda<strong>de</strong>, no momento. Como conciliar estas diferentes<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> informação em um sistema <strong>de</strong> monitoramento? Alémdisso, uma entida<strong>de</strong> como o CTA está em contínuo processo <strong>de</strong> mudança:nas estratégias, nos programas, nas alianças e parcerias. Como fazer comque o sistema <strong>de</strong> monitoramento não fique engessa<strong>do</strong>, com que dê conta<strong>de</strong> ir se adaptan<strong>do</strong> às novas situações? Ainda como fazer que omonitoramento seja realmente um processo participativo, envolven<strong>do</strong>ativamente beneficiários e parceiros <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>?123II. As estratégias <strong>de</strong> monitoramentoEm to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> enfrentamos problemas sérios em relação ao meioambiente e a exclusão social <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> parcela da população. Cadavez mais fica evi<strong>de</strong>nte que, para resolver esta crise, uma só organizaçãotem pouca chance <strong>de</strong> conseguir produzir e implementar todas as soluções.Parcerias <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s é cada vez mais a maneira preferida/sugerida paratrabalhar nossa crise.Por serem problemas complexos, necessitan<strong>do</strong> soluções inova<strong>do</strong>ras eestratégias não conhecidas, as quais não sabemos exatamente nem comovai funcionar nem qual será o resulta<strong>do</strong> final, essas parcerias seguem (maisou menos explicitamente) um processo <strong>de</strong> aprendizagem dinâmico econtínuo. Cada uma das entida<strong>de</strong>s já tem o seu espaço e ritmo <strong>de</strong>monitorar 2 e refletir sobre as suas ações e as ações coletivas – formas maisou menos sistemáticas, <strong>de</strong>talhadas, <strong>do</strong>cumentadas. Nesses espaços analisamo contexto, geram novos conhecimentos e entendimentos, e tomam <strong>de</strong>cisõessobre os novos passos – um processo <strong>de</strong> aprendizagem 3 . Mas é impor-45672Se utiliza aqui uma <strong>de</strong>finição ampla para monitorar, não apenas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> medirindica<strong>do</strong>res quantitativos, mas incluin<strong>do</strong> os momentos informais, por exemplo, <strong>de</strong> bater papoquan<strong>do</strong> surge uma novida<strong>de</strong>.3Se utiliza aqui o conceito <strong>de</strong> aprendizagem elabora<strong>do</strong> por David Kolb que cita quatro passosindispensáveis para uma experiência realmente trazer um aprendiza<strong>do</strong>: (1) o próprio processoda experiência, (2) a reflexão sobre o que aconteceu, quan<strong>do</strong>, como, etc.; (3) a conceitualizaçãosobre o que aconteceu; e (4) a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> mudanças para o futuro, da situação atual.898


tante se obter um certo grau <strong>de</strong> reflexão e análise em comum para conseguiruma ação uni-direcional (e evitar contradições). Então, como construirum processo coletivo <strong>de</strong> monitorar e refletir sobre a ação coletiva ?Primeiros aprendiza<strong>do</strong>s na estruturação <strong>de</strong> sistemas participativos<strong>de</strong> monitoramentoBuscan<strong>do</strong> enfrentar a questão anterior, o CTA implementou o projeto<strong>Monitoramento</strong> Participativo da Agricultura Sustentável no Brasil”, emparceria com o IIED 4 e AS-PTA 5 . Nele testamos uma meto<strong>do</strong>logia nomonitoramento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local, implementa<strong>do</strong> nomunicípio <strong>de</strong> Araponga. O que acontece quan<strong>do</strong> os sistemas distintos <strong>do</strong>sparceiros se juntam e tentam apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma forma coletiva? Nos primeirospassos com este projeto financia<strong>do</strong> pelo DFID 6 , apren<strong>de</strong>mos váriosaspectos da aprendizagem coletiva que po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s no Box,adiante.Alguns aprendiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto“<strong>Monitoramento</strong> participativo <strong>de</strong> agricultura sustentável no Brasil”A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mais realista sobre o que é a “parceria” e portanto não supormais participação <strong>do</strong> que cada um <strong>do</strong>s “parceiros” pensa que seja necessário eviável, e portanto planejar elementos <strong>de</strong> monitoramento que sejam em parceria eoutros que sejam só por conta <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s parceiros, porque representa um interesseindividual.Ver o monitoramento com toda a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas e momentos, não apenasatravés <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s e nos espaços coletivos. Então, além <strong>de</strong>monitoramento mais regular, vai ter formas mais pontuais <strong>de</strong> mini-pesquisas, paralevantar o que talvez seja só <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> CTA.Vincular o monitoramento com os outros elementos da meto<strong>do</strong>logia/estratégia <strong>do</strong>trabalho, para ter um uso mais ativo da informação e não aumentar <strong>de</strong>mais a carga<strong>de</strong> trabalho.Em função <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> certeza e clareza sobre o assunto/ativida<strong>de</strong> a monitorar,pensar sobre a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar indica<strong>do</strong>res pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong>ixar oprocesso <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> informação mais solto e mais qualitativo (pelo menos noinício). Quanto menos claro e mais variáveis possíveis, menos útil correr atrás <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. Então, pensar bem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> trabalho,quan<strong>do</strong> um processo mais estrutura<strong>do</strong>, mais amplo em termos <strong>de</strong> atores seja útil, equan<strong>do</strong> um processo mais intuitivo, menos amplo, seria mais útil.904International Institute for Environment and Development5Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa6Department for International Development – Londres/Inglaterra


Além disso, nesta primeira experiência, foi monitorada apenas uma parte<strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> CTA. Ainda ficamos com a pergunta <strong>de</strong>como conseguir uma visão mais completa <strong>de</strong> como uma entida<strong>de</strong> comtantos parceiros, objetivos e ativida<strong>de</strong>s – e sempre evoluin<strong>do</strong> – po<strong>de</strong>construir um conjunto <strong>de</strong> elementos que representam um sistema maiscompreensivo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r sobre o trabalho?12Construin<strong>do</strong> um Plano <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> InstitucionalEm primeiro lugar, passamos a ver o monitoramento <strong>de</strong> forma mais ampla,também como um processo <strong>de</strong> aprendizagem. É comum a visão <strong>do</strong>monitoramento apenas como a verificação sistemática <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res pré<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s(como duas colunas <strong>do</strong> marco lógico), mas precisamospensar em vários monitoramentos, para fins distintos. “Cada tipo <strong>de</strong>mecanismo <strong>de</strong> feedback dá uma contribuição específica para uma aprendizagemsocial, e cada tipo tem características específicas em termos <strong>de</strong>:prazo para implementar o monitoramento (<strong>de</strong> longo prazo até um processobreve), grau <strong>de</strong> rigor necessário, vínculo, ou não, com um processo <strong>de</strong>tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, grau <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> (participação), profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong>análise, necessida<strong>de</strong>, ou não, <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentar, etc.”(Guijt, 2003)O CTA tinha, e ainda tem, uma gama <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, organizadas emdiferentes programas, vários objetivos institucionais <strong>de</strong> abrangênciasgeográficas e graus <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong> diferentes, com muitos parceiros euma varieda<strong>de</strong> das relações com os mesmos, com apoio financeiro <strong>de</strong>vários financia<strong>do</strong>res (com suas próprias <strong>de</strong>mandas em termos <strong>de</strong> informação),utilizan<strong>do</strong> diversas estratégias e meto<strong>do</strong>logias.O melhor caminho encontra<strong>do</strong>, então, para começar a estruturar os fluxos<strong>de</strong> informação foi um recorte por programa. Foi o recorte mais fácil, útil ejá mais enraiza<strong>do</strong> no CTA. Nos níveis mais altos da entida<strong>de</strong> (AssembléiaGeral, Conselho <strong>de</strong> Cooperação e Diretoria) o CTA usa e lida com informaçãopor programa, o que nos levou a buscar a construção <strong>de</strong> umsistema <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> informação por programa, para <strong>de</strong>pois se juntar aosníveis mais altos.34567891


Isto implicou, em primeiro lugar, na revisão <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> planejamento<strong>do</strong> plano trienal <strong>do</strong> CTA. Toman<strong>do</strong> por base o marco lógico, buscamossuperar algumas inconsistências <strong>do</strong> plano trienal anterior, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> maisclaros os objetivos, resulta<strong>do</strong>s, ativida<strong>de</strong>s, indica<strong>do</strong>res, premissas e a própriaarticulação entre os diferentes programas, em relação ao alcance <strong>do</strong>snossos objetivos institucionais.A partir daí passamos a nos colocar um conjunto <strong>de</strong> questões (box abaixo),a serem respondidas por programa. Em reuniões com o conjunto daequipe e em subgrupos, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estas questões, estamos estruturan<strong>do</strong>um Plano <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> Institucional (PMI) para o CTA, toman<strong>do</strong>como base o Plano Trienal 2002/2004.Perguntas respondidas por programaO que queremos apren<strong>de</strong>r em relação a esse programa? São lições sobre as fraquezase as fortalezas <strong>do</strong>s processos segui<strong>do</strong>s, ou da<strong>do</strong>s mais precisos sobre a abrangênciaou o impacto, ou tu<strong>do</strong> isto, ou algo diferente?Para que vamos usar o que vamos apren<strong>de</strong>r/saber? Qual seria o uso final dasrespostas, e quan<strong>do</strong> (no ano)?Para respon<strong>de</strong>r às perguntas anteriores, que tipo <strong>de</strong> informação precisamos? Istopo<strong>de</strong> incluir indica<strong>do</strong>res mais quantitativos, mas po<strong>de</strong> incluir também informaçãocomo a história <strong>do</strong> processo, sobre opiniões das pessoas, etc.Por programa, com a lista das perguntas e os tipos <strong>de</strong> informação, po<strong>de</strong>mos discutircomo já está sen<strong>do</strong> feito o processo <strong>de</strong> aprendizagem incluin<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s/observaçõesjá sen<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>s. Com essa base, po<strong>de</strong>mos nos perguntar se o sistemaexistente (das dinâmicas atuais <strong>de</strong> reflexão e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão) é suficiente pararespon<strong>de</strong>r às perguntas e, se não, como po<strong>de</strong>mos melhorar o sistema. Significai<strong>de</strong>ntificar mais/outros méto<strong>do</strong>s e responsabilida<strong>de</strong>s, etc. – sempre vincula<strong>do</strong>s comas dinâmicas existentes.Até que ponto é viável, útil e possível conseguir uma participação <strong>do</strong>s parceiros na<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um processo mais estrutura<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendizagem ? Quem <strong>de</strong>ve/po<strong>de</strong>participar em respon<strong>de</strong>r a estas perguntas ?92Porém, uma dimensão <strong>do</strong> monitoramento pretendi<strong>do</strong> pelo CTA, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong>o início <strong>de</strong>ste processo se colocava como um <strong>de</strong>safio, era <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong>aos impactos, sobretu<strong>do</strong> econômicos, das práticas agroecológicas<strong>de</strong>senvolvidas e/ou difundidas pelo CTA. Afinal a agroecologia – vista pormuitos como utopia - é uma base, é um pressuposto importante <strong>do</strong> trabalho<strong>do</strong> CTA. Isto nos levou a realizar um esforço paralelo (ao processo <strong>de</strong>


construção <strong>do</strong> PMI) no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia voltadapara este <strong>de</strong>safio específico.Como a construção <strong>do</strong> PMI ainda está em andamento e, por outro la<strong>do</strong>, ameto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>s impactos econômicos já foi aplicadaem campo, já ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> um processo coletivo <strong>de</strong> reflexão sobreas lições aprendidas, a partir da sua aplicação, consi<strong>de</strong>ramos mais oportunonos ater, neste artigo, a esta experiência específica <strong>de</strong> monitoramento.12<strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos das práticasagroecológicasEm uma iniciativa conjunta envolven<strong>do</strong> organizações da Re<strong>de</strong> PTA 7 queparticipam <strong>de</strong> consórcios apoia<strong>do</strong>s pela EED 8 e Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Parceria Ford/Funbio, o CTA se propôs ao <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> experimentar uma meto<strong>do</strong>logiafundamentada em instrumentos <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> análise <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenhoeconômico <strong>de</strong> sistemas agroecológicos. O objetivo é monitorar o impactoeconômico <strong>de</strong> práticas agroecológicas sobre os sistemas <strong>de</strong> produçãoagrícola na região <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> CTA, para utilizar estas informações no<strong>de</strong>bate local e nacional sobre políticas públicas e para o próprio processo<strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> e planejamento <strong>do</strong> CTA. Com este trabalho queremos também<strong>de</strong>senvolver méto<strong>do</strong>s que sejam úteis aos/às próprios/as agricultores/as.A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter informações consistentes sobre esses impactos vemsen<strong>do</strong> colocada para estas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> conjuntoda Re<strong>de</strong> PTA, no qual foi enfatizada, <strong>de</strong>ntre outras, a carência <strong>de</strong> sistematizaçõesdas experiências <strong>de</strong>senvolvidas e a <strong>de</strong>monstração <strong>do</strong>s seusimpactos, especialmente em relação à sustentabilida<strong>de</strong> econômica daspropostas agroecológicas. Especificamente para o CTA esta questão vemsurgin<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997 com a implementação, em parceria com os STRs daZona da Mata, da Campanha em Defesa da Vida e <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>.Esta campanha sensibilizou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> agricultores/as para osriscos <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> agrotóxicos e, ao mesmo tempo, criou a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>informações da viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sistemas agroecológicos <strong>de</strong> produção <strong>do</strong>café. A questão ganhou ainda mais força nos <strong>de</strong>bates e formulação <strong>de</strong>políticas públicas a partir <strong>do</strong>s Planos Municipais <strong>de</strong> Desenvolvimento7AS-PTA, Sasop e Terra Viva8Serviço Evangélico Alemão para o Desenvolvimento – Bonn/Alemanha93345678


Rural Sustentáveis (PMDRS) implementa<strong>do</strong>s nos últimos anos, nos municípios<strong>de</strong> Tombos e Araponga e <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> diálogo, pretendi<strong>do</strong> peloCTA, com o conjunto <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno da Serra <strong>do</strong> Briga<strong>de</strong>iro.Duas hipóteses estão no ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong>ste trabalho: a primeira –testada com este monitoramento - é a da maior eficiência econômica <strong>do</strong>ssistemas agroecológicos <strong>de</strong> produção, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s a sistemastradicionais ou químico-mecaniza<strong>do</strong>s. A segunda – a ser testada futuramente- estabelece que a produção e difusão <strong>de</strong> informações sistemáticas econsistentes que comprovem a superiorida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sistemas agroecológicosconstituem um passo indispensável para a incorporação massiva daspropostas agroecológicas pelas famílias <strong>de</strong> agricultores.Os procedimentos convencionais que têm si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s para a análiseeconômica da agricultura familiar e da agricultura sustentável são, emgeral, insuficientes ou simplesmente ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para incorporar novoselementos à análise da sustentabilida<strong>de</strong> econômica, como a existência <strong>de</strong>variáveis não quantificáveis, a integração <strong>de</strong> parâmetros biofísicos e agronômicoscom processos econômicos, <strong>de</strong>ntre outros.O <strong>de</strong>safio coloca<strong>do</strong> para as entida<strong>de</strong>s participantes <strong>do</strong>s consórcios EED eFord/Funbio era <strong>de</strong> que se fazia “necessário <strong>de</strong>senvolver uma outra concepção<strong>de</strong> medida econômica <strong>do</strong> sistema produtivo para pensar o que nãopo<strong>de</strong> ser monetariza<strong>do</strong> como, por exemplo, a diversida<strong>de</strong> produtiva <strong>do</strong>ssistemas, que <strong>de</strong>termina em gran<strong>de</strong> parte uma maior flexibilida<strong>de</strong> e autonomia<strong>do</strong> agricultor frente as adversida<strong>de</strong>s e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potencializarconjunturas favoráveis. O potencial conti<strong>do</strong> na idéia <strong>de</strong> valor <strong>de</strong>ve serexplora<strong>do</strong> em termos quantitativos e qualitativos, engloban<strong>do</strong> rendamonetária, não monetária e patrimônio. O conjunto das rendas geradasnos sistemas inclui os serviços ambientais presta<strong>do</strong>s pela manutenção daagrobiodiversida<strong>de</strong>, através da estratégia <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong> patrimônionatural associada ao valor <strong>de</strong> uso” (Consórcio EZE, 2000). O <strong>de</strong>safio,portanto, era <strong>de</strong> ter uma visão sistêmica e não compartimentalizada.94Neste primeiro momento, não houve a preocupação <strong>de</strong> se enfocar omonitoramento em unida<strong>de</strong>s representativas <strong>de</strong> uma tipologia <strong>do</strong>s sistemasagrícolas regionais. Trabalhou-se com casos significativos <strong>de</strong> sistemasagrícolas em níveis distintos <strong>de</strong> transição para a agroecologia, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>universo <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> CTA. Foram selecionadas quatro unida<strong>de</strong>s produtivasfamiliares no município <strong>de</strong> Araponga, on<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>mina a exploração<strong>do</strong> café.


O foco <strong>do</strong> monitoramento foi verificar o impacto das diferentes propostasincorporadas pelos agricultores nos seus sistemas <strong>de</strong> produção. E istoincluiu não somente aquelas tecnologias e processos implementa<strong>do</strong>s nacultura <strong>do</strong> café, mas também no sistema como um to<strong>do</strong>, na medida emque mudanças em outros subsistemas da proprieda<strong>de</strong> interferem nosubsistema <strong>do</strong> café e vice-versa. Para se ter um referencial comparativo,foram monitoradas duas unida<strong>de</strong>s produtivas agroecológicas (ou maisagroecológicas) e duas convencionais (ou mais convencionais).12As propostas que estão sen<strong>do</strong> incorporadas pelas famílias <strong>de</strong>Araponga, a partir da ação <strong>do</strong> CTA, e portanto objeto <strong>do</strong>monitoramento são as seguintes:Inovações técnicas (agroecológicas) utilizadas1. Manejo que contribua com a fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo2. Correção <strong>do</strong> solo em função da necessida<strong>de</strong> (calcário, adubos orgânicos equímicos)3. Manejo que evite o uso <strong>de</strong> agrotóxicos4. Diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> múltiplas funções nos sistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> café5. Sistemas Agroflorestais6. Diversificação na produção e na renda da proprieda<strong>de</strong>7. Resgate, conservação, <strong>avaliação</strong> e uso <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s locais8. Recuperação <strong>de</strong> nascentes com árvores nativas e frutíferasInovações e/ou Estruturas sócio-organizativas1. Conquista da terra em conjunto2. Beneficia<strong>do</strong>ra volante <strong>do</strong> café3. Construção e uso <strong>de</strong> um engenho coletivo p/ produção <strong>de</strong> rapadura e açúcar4. Compra conjunta <strong>de</strong> insumos5. Aquisição <strong>de</strong> um micro trator e máquina <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> arroz6. Comercialização via criação <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> local por um <strong>do</strong>s agricultores <strong>do</strong>grupoTo<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> monitoramento foi realiza<strong>do</strong> em estreita articulaçãocom o Sindicato <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res Rurais <strong>de</strong> Araponga. Após a apresentaçãoe discussão da proposta com o grupo <strong>de</strong> agricultoresexperimenta<strong>do</strong>res, vincula<strong>do</strong>s ao STR, formou-se uma equipe responsávelpela pesquisa, composta por 2 técnicos <strong>do</strong> CTA (Araponga e Viçosa), 1agricultor <strong>do</strong> STR <strong>de</strong> Araponga e uma pesquisa<strong>do</strong>ra (mestranda da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> Wargeningen/Holanda).95345678


III. Implementação <strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> impactoseconômicos e práticas agroecológicasA meto<strong>do</strong>logia utilizada se baseou no Termo <strong>de</strong> Referência para o<strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> Impactos Econômicos <strong>de</strong> Práticas Agroecológicas, frutodas discussões realizadas pelos Consórcios Ford/Funbio e EED. Além <strong>de</strong>explicitar os pressupostos conceituais e meto<strong>do</strong>lógicos, os passos lógicos eos instrumentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a balizar e organizar o monitoramento, o TdRincorpora, como o elemento construtivo básico, a idéia <strong>do</strong> confrontopermanente <strong>de</strong>sta proposta meto<strong>do</strong>lógica com a prática, bem como outrasmeto<strong>do</strong>logias e experiências, numa perspectiva <strong>do</strong> seu avanço e aprimoramento.Pressupostos conceituais e meto<strong>do</strong>lógicos1. O primeiro pressuposto se refere ao caráter sistêmico e multifuncionaldas economias familiares, enquanto:unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> consumo;voltadas para a otimização da renda monetária e não-monetária geradano conjunto <strong>do</strong> sistema;organizadas em torno <strong>de</strong> valores, mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vida e <strong>projetos</strong> sociais queconstituem um comprovante essencial das estratégias reprodutivas;fundadas na diversificação das ativida<strong>de</strong>s agrícolas e não-agrícolas comobase da valorização da mão-<strong>de</strong>-obra, <strong>do</strong>s recursos naturais disponíveis eda formação das rendas;<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes tanto <strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s internas como <strong>de</strong> suas relaçõescom o “exterior”;vinculadas <strong>de</strong> diferentes formas aos processos locais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoe <strong>de</strong> gestão coletiva <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> serviços (ambientais, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,etc.);unida<strong>de</strong>s que combinam no núcleo familiar as funções <strong>de</strong> gestão eexecução das ativida<strong>de</strong>s.962. O segun<strong>do</strong> pressuposto postula que os atributos associa<strong>do</strong>s ao conceito<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> permitem i<strong>de</strong>ntificar e analisar <strong>de</strong> forma sistêmica osimpactos econômicos das inovações agroecológicas. O monitoramentotrabalha com os seguintes atributos (especifica<strong>do</strong>s com variáveis eindica<strong>do</strong>res correspon<strong>de</strong>ntes):Produtivida<strong>de</strong>: é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o agroecossistema prover o nívela<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> bens, serviços e retorno econômico às famílias num<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>;


Estabilida<strong>de</strong>/Resiliência: refere-se à capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema manter umesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> equilíbrio dinâmico estável e absorver efeitos <strong>de</strong> perturbaçõesgraves, retornan<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> equilíbrio;Flexibilida<strong>de</strong>: é a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema se adaptar a mudanças (econômicas,tecnológicas, biofísicas, etc.) a longo prazo;Eqüida<strong>de</strong>: é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o sistema gerir <strong>de</strong> forma justa e equilibradasuas relações sociais (internas e externas) e com o meio físico;Autonomia: é a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema regular e controlar suas relaçõescom agentes externos.3. O terceiro pressuposto indica que a análise <strong>do</strong> impacto econômico dasinovações agroecológicas implica necessariamente um enfoque comparativo.A sustentabilida<strong>de</strong> não é um valor absoluto e estático. Trata-se <strong>de</strong>um processo dinâmico e complexo e, portanto, só po<strong>de</strong> ser medidaatravés da comparação entre sistemas, subsistemas ou ativida<strong>de</strong>s distintasou entre fases distintas <strong>de</strong> um mesmo sistema/subsistema em termos<strong>de</strong> “esse sistema (subsistema ou ativida<strong>de</strong>) é mais ou menos sustentável<strong>do</strong> que aquele”.4. Um último pressuposto diz respeito à participação <strong>do</strong>s agricultores/agricultoras e <strong>de</strong> suas organizações em todas as etapas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>monitoramento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a formulação da proposta até a socialização <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s.Fases <strong>do</strong> monitoramentoDo ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s passos lógicos, o princípio geral <strong>de</strong> méto<strong>do</strong> queorienta o monitoramento correspon<strong>de</strong> à sucessão indução ® <strong>de</strong>dução ®indução, envolven<strong>do</strong> as seguintes fases consi<strong>de</strong>radas na or<strong>de</strong>m lógica:1) Descrição inicial <strong>do</strong> sistemaEsta primeira fase <strong>do</strong> monitoramento é dirigida principalmente para aobservação, coleta e registro <strong>de</strong> informações, com o objetivo <strong>de</strong> formaruma visão transversal e o mais abrangente possível sobre as característicasestruturais <strong>do</strong> sistema nos campos sócio-econômico, produtivo e ambientale as percepções que <strong>de</strong>le têm as famílias, sobretu<strong>do</strong> em relação às inovaçõesagroecológicas. Trata-se ainda <strong>de</strong> um esforço <strong>de</strong> apreensão fundamentalmente<strong>de</strong>scritiva, ainda imperfeita e parcial <strong>do</strong> sistema como um to<strong>do</strong>.Esse conjunto <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>verá nos permitir enfocar a configuraçãoatual <strong>do</strong> sistema, não como um da<strong>do</strong>, mas como o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> umaevolução histórica, alicerçada nos objetivos e estratégias produtivas e9712345678


econômicas da família e em potencialida<strong>de</strong>s e restrições ambientais, sócioeconômicas,técnicas, culturais e políticas <strong>de</strong> diversos tipos. Este é umaspecto cujo entendimento é crucial para a análise econômica <strong>do</strong>s sistemasagrícolas familiares. Ele <strong>de</strong>verá permear to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong>monitoramento, abrin<strong>do</strong> pistas e hipóteses em cada uma <strong>de</strong> suas fases.2) Análise <strong>do</strong>s subsistemasFeita uma primeira aproximação, ainda que imperfeita, <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>agroecossistema, o passo seguinte consiste na <strong>de</strong>composição ou dissecação<strong>de</strong>sse conjunto, para analisar cada um <strong>de</strong> seus componentes (ossubsistemas) <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> sua estrutura e <strong>do</strong>s fluxos internos eexternos <strong>de</strong> recursos (mão <strong>de</strong> obra, insumos, capital, etc.) que o caracterizam,<strong>de</strong> forma a que possamos tratá-los como objeto <strong>de</strong> análise econômica:subsistemas <strong>de</strong> cultivo, <strong>de</strong> criação, autoconsumo, extrativismo,processamento, etc.Um aspecto indispensável nessa fase da <strong>avaliação</strong> é fazer aparecer e avaliaros fundamentos econômicos e o valor (quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>) implícitosnas estratégias produtivas e nas práticas <strong>de</strong> manejo a<strong>do</strong>tadas pelos agricultores.Esses fundamentos e esse valor se expressam nos diferentes fluxos (<strong>de</strong>mão <strong>de</strong> obra, <strong>de</strong> insumos, <strong>de</strong> biomassa, <strong>de</strong> dinheiro, etc.) internos aosubsistema, nos fluxos com o “exterior” e nas relações <strong>de</strong> sinergia e/ou <strong>de</strong>concorrência que cada subsistema mantém com outros ou com o conjunto<strong>do</strong> sistema.Finalmente, a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s custos <strong>de</strong> produção, <strong>do</strong> produto bruto eda renda <strong>de</strong> cada subsistema é uma etapa central da análise econômica.Para tanto, to<strong>do</strong> o trabalho estará centra<strong>do</strong> no cálculo <strong>do</strong> valor agrega<strong>do</strong>(VA), visto que este conceito situa o trabalho da família como elementocentral <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> geração da riqueza e permite estabelecer as proporçõesnas quais essa riqueza é repartida entre a família e outros agentes,revelan<strong>do</strong> relações <strong>de</strong> interesse e correlações <strong>de</strong> força presentes na dinâmica<strong>do</strong> sistema.983) Recomposição <strong>do</strong> to<strong>do</strong>: análise <strong>do</strong> sistemaEsta fase <strong>do</strong> monitoramento envolve um esforço <strong>de</strong> síntese. Conheci<strong>do</strong>s e<strong>de</strong>scritos a estrutura e os fluxos presentes nos subsistemas, cabe então“reconstituir” o sistema <strong>de</strong> produção na sua totalida<strong>de</strong>, como um conjuntomais ou menos articula<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> relações sociais movi<strong>do</strong>s pelafamília. O que orienta as preocupações e a utilização <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong>


análise nesta fase é o conhecimento <strong>do</strong>s fundamentos e a valoração (quantida<strong>de</strong>e qualida<strong>de</strong>) <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s econômicos das associações <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>se das práticas agrícolas a<strong>do</strong>tadas no conjunto <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> produção.É necessário, como primeiro passo, agregar, or<strong>de</strong>nar e relacionar na escala<strong>do</strong> sistema como um to<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>scrição inicial <strong>do</strong>sistema e na análise <strong>do</strong>s subsistemas, ten<strong>do</strong> como referência as variáveis eos indica<strong>do</strong>res seleciona<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> “quadro operacional” (Anexo 1).Este quadro foi elabora<strong>do</strong> com base no méto<strong>do</strong> Mesmis (com algumasadaptações), on<strong>de</strong> se relacionam atributos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, variáveis queespecificam cada atributo e indica<strong>do</strong>res associa<strong>do</strong>s a cada uma <strong>de</strong>ssasvariáveis. Nem todas as variáveis e os indica<strong>do</strong>res, propostos inicialmenteno âmbito <strong>do</strong>s Consórcios Ford/Funbio e EED foram incorpora<strong>do</strong>s aoplano <strong>de</strong> monitoramento específico <strong>do</strong> CTA.O segun<strong>do</strong> passo é o da síntese propriamente dita, através da qual fazemosum esforço explicativo da racionalida<strong>de</strong> que organiza o sistema produtivoe <strong>do</strong> valor e da sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s econômicos. Trata-se <strong>de</strong>estabelecer nexos ou relações entre componentes, práticas, associaçõesprodutivas, fluxos internos e com o “exterior”, o contexto sócio-econômicoe ambiental, etc. para explicar os processos constitutivos da economiafamiliar e da riqueza criada em função <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>distribuição e uso <strong>de</strong> recursos (Anexo 2).4) Análise comparativa <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>sO último passo <strong>do</strong> monitoramento é a apresentação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Sen<strong>do</strong>a comparação o principal critério <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> da sustentabilida<strong>de</strong> (“não há<strong>de</strong>finição sem comparação”), cabe nesta etapa emitir um juízo <strong>de</strong> valorsobre os sistemas agrícolas (subsistemas ou práticas) analisa<strong>do</strong>s, fundamentan<strong>do</strong>esse julgamento numa análise comparativa <strong>do</strong>s sistemas em termos<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.A comparação é organizada em função <strong>do</strong>s “atributos sistêmicos <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>” referi<strong>do</strong>s às variáveis e aos indica<strong>do</strong>res monitora<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>ntro da lógica “este sistema é mais ou menos sustentável <strong>do</strong> que aquele”.O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s subsistemas e <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s sistemas agroecológicos etradicionais/convencionais feito nas etapas prece<strong>de</strong>ntes será o subsídioprincipal para essa comparação.1234567899


Aplicação da Meto<strong>do</strong>logiaA partir <strong>de</strong>sses pressupostos e passos lógicos, a operacionalização <strong>do</strong>monitoramento em campo envolveu as seguintes ativida<strong>de</strong>s:1. Apresentação e discussão da proposta com o grupo <strong>de</strong> agricultoresexperimenta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Araponga, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>-se casos significativos a seremestuda<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s seguintes critérios:estágio <strong>de</strong> consolidação da experiência;a família ter autonomia no manejo da proprieda<strong>de</strong>;não <strong>de</strong>dicar muito tempo fora da agricultura;estrato <strong>de</strong> produtores(as) bastante <strong>de</strong>scapitaliza<strong>do</strong>s.Ainda nesta primeira reunião nos <strong>de</strong>paramos com a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comoter acesso a casos <strong>de</strong> sistemas convencionais. A solução encontrada foi aescolha <strong>de</strong> famílias mais convencionais, mas interessadas em mudanças nosseus sistemas <strong>de</strong> produção. Finalmente, ainda nesta reunião, foi formada aequipe, responsável pela pesquisa.2. Primeira visita em cada proprieda<strong>de</strong>Na primeira visita realizada em cada uma das 4 famílias selecionadas parao monitoramento (1 dia/família) se dava uma olhada geral na proprieda<strong>de</strong>,através <strong>de</strong> uma caminhada por toda esta e <strong>de</strong> muita conversa (mais informal)com toda a família. Com a sistematização das informações e <strong>de</strong>finição<strong>do</strong>s subsistemas obtivemos uma <strong>de</strong>scrição inicial <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong>produção <strong>de</strong> cada família.3. Segunda visitaNa segunda visita, que durou <strong>de</strong> 2 a 3 dias/ família, fez-se um levantamento<strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cada subsistema, a partir <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res préestabeleci<strong>do</strong>s.Utilizamos várias técnicas <strong>de</strong> DRP como o mapa da proprieda<strong>de</strong>;calendário sazonal; rotina diária e entrevistas semi-estruturadas,envolven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os membros da família.4. Sistematização e análise preliminarCom a sistematização <strong>de</strong>stas informações, feitas por <strong>do</strong>is membros daequipe técnica, obtivemos uma <strong>de</strong>scrição e uma análise preliminar <strong>de</strong> cadaproprieda<strong>de</strong>, nos permitin<strong>do</strong> montar um primeiro quadro comparativo.100


5. Terceira visitaNa terceira visita às famílias, novamente com a participação <strong>de</strong> toda aequipe <strong>de</strong> pesquisa, foi realizada uma apresentação e discussão da análisepreliminar para a verificação/complementação das informações e revisãoda análise.6. Levantamento complementarPara complementar as informações obtidas junto às famílias foram necessáriasvisitas em Araponga para levantamento <strong>de</strong> preços no merca<strong>do</strong> local,conversas com comerciantes, dirigentes <strong>do</strong> STR e técnico da EMATER.7. Sistematização e análiseDois membros da equipe fizeram uma nova sistematização on<strong>de</strong> se obtiveramquadros comparativos com da<strong>do</strong>s sobre Produção (PB); Renda Agrícola(RA), etc. e comparações entre diferentes subsistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>café.8. Encontro Local para a sistematização e análiseO primeiro encontro <strong>de</strong> sistematização e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>monitoramento econômico, envolven<strong>do</strong> 24 agricultores/as <strong>de</strong> Araponga (8mulheres, 8 homens e 8 crianças/ a<strong>do</strong>lescentes), foi realiza<strong>do</strong> nos dias 07 e08/09/2001 em duas etapas.Primeiro fez-se uma visita <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o grupo em cada uma das 4 proprieda<strong>de</strong>s,on<strong>de</strong>, numa rodada na proprieda<strong>de</strong>, a família mostrava como estaestava organizada e funcionava e respondia às perguntas <strong>do</strong>s visitantes. Foiuma etapa fundamental, que além <strong>de</strong> permitir a to<strong>do</strong>s um bom referencialpara análise e comparação <strong>do</strong>s sistemas, permitiu um rico processo <strong>de</strong>troca <strong>de</strong> experiências práticas entre os participantes.Na segunda etapa realizamos uma reunião on<strong>de</strong> os participantes foramdividi<strong>do</strong>s em grupos para respon<strong>de</strong>r às seguintes questões:1. Qual a diferença que se vê entre as proprieda<strong>de</strong>s que foram visitadas?2. O que foi visto <strong>de</strong> potencial e/ou limitação para a sustentabilida<strong>de</strong>econômica da família?Após a exposição <strong>do</strong>s grupos se suce<strong>de</strong>u um intenso <strong>de</strong>bate só interrompi<strong>do</strong>para a apresentação, pela equipe, <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s sistematiza<strong>do</strong>s junto àsfamílias (principalmente da<strong>do</strong>s quantitativos e comparações entre12345678101


subsistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> café). Com mais um pouco <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate oencontro foi encerra<strong>do</strong> <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>-se os próximos passos <strong>do</strong> trabalho,<strong>de</strong>ntre eles a preparação <strong>de</strong> um informe com os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cada proprieda<strong>de</strong>para as respectivas famílias e <strong>de</strong> uma cartilha com os da<strong>do</strong>s principais, paradivulgar para outros agricultores.Principais resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s1. Impactos na Sustentabilida<strong>de</strong> Econômica das FamíliasA primeira etapa <strong>de</strong> monitoramento, realizada em 2001, permitiu que sefizesse várias consi<strong>de</strong>rações sobre a sustentabilida<strong>de</strong> econômica das propostasagroecológicas, que vem confirman<strong>do</strong> a hipótese funda<strong>do</strong>ra, ou seja:que os sistemas <strong>de</strong> produção “mais agroecológicos” são economicamentemais eficientes que os “mais convencionais”.Em primeiro lugar, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> famílias (“maisagroecológicas” e “mais convencionais”), constatamos que estes vêma<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> diferentes estratégias econômicas, refletidas nas opções produtivasdas famílias e nas relações estabelecidas <strong>de</strong>ntro das proprieda<strong>de</strong>s e como meio externo: a comunida<strong>de</strong>, o merca<strong>do</strong>. Estas diferentes estratégias<strong>de</strong>correm da origem e história <strong>de</strong> cada família, das relações que estabeleceram,na sua trajetória com as organizações <strong>de</strong> base da igreja ou com o STRpor exemplo, mas também tiveram influência da ação <strong>do</strong> CTA.No Quadro 1, po<strong>de</strong>mos visualizar as diferentes estratégias a<strong>do</strong>tadas pelos<strong>do</strong>is grupos, as quais já nos dão indicações <strong>de</strong> uma maior autonomia dasfamílias “agroecológicas” em comparação com as “mais convencionais”,quan<strong>do</strong> analisamos as informações sobre as alternativas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> rendae priorida<strong>de</strong>s no seu uso. Em relação ao atributo da eqüida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mostambém observar um papel mais ativo <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos/as agricultores/asagroecológicos/as na socieda<strong>de</strong>, resgatan<strong>do</strong> valores comunitários, asolidarieda<strong>de</strong> através <strong>do</strong>s mutirões e troca <strong>de</strong> dias, ao contrário da conduta<strong>do</strong>s “convencionais”, caraterizada por um maior isolamento e individualismo.102


Quadro 1Algumas condicionantes, relações e opções que ilustram distintas estratégiaseconômicas <strong>do</strong>s 2 grupos <strong>de</strong> famílias1Famílias "agroecológicas"Famílias "convencionais"História anterior <strong>de</strong>posse <strong>de</strong> terraMobilida<strong>de</strong> socialcomparada com geraçãoanteriorEscala <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>caféMeeiros / Compra conjunta <strong>de</strong>terraAscen<strong>de</strong>nteDonos <strong>de</strong> terra / herançaDescen<strong>de</strong>nte ou manten<strong>do</strong>< (12-20 sacas) > (81-56 sacas)Renda Agrícola (RA) (R$ 3.595,00 - R$ 5.799,00) (R$ 5874,25 -R$ 9.792,00 -)Renda Monetária (RM) < (R$1.290,00-R$2.466,00) > (R$4.094.00 - R$7.040,00)23Priorida<strong>de</strong>s no uso darendaVariação na renda (nos 3últimos anos)Alternativas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong>renda (além <strong>do</strong> café)Relações <strong>de</strong> trabalho<strong>de</strong>ntro da proprieda<strong>de</strong>Oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhofora da proprieda<strong>de</strong>Relação e integraçãocom a comunida<strong>de</strong>Atitu<strong>de</strong> frente àcomunida<strong>de</strong>Dependência dacomunida<strong>de</strong>- Renda da diversificação usadap/ pequenas <strong>de</strong>spesascorriqueiras- Renda <strong>do</strong> café usada p/investimentos (luz, terra etc)- Renda <strong>do</strong> trabalho fora daproprieda<strong>de</strong> usada p/<strong>de</strong>spesas da casaAscen<strong>de</strong>nte(aumentan<strong>do</strong> a produção <strong>de</strong>café)Açúcar, mel, frutas hor taliças,produtos caseirosPresença <strong>de</strong> relações nãomonetarizadasPedreiro; parceria; diarista;<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> trabalho noengenhoCooperativoSolidarieda<strong>de</strong>Mais inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte- Principal fonte <strong>de</strong> renda é ocafé (preocupação com asvariações no preço)- Gastos da família feitos com arenda <strong>do</strong> café- Usam recursos <strong>de</strong> trabalhofora para investir no caféOscilante (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> dabianualida<strong>de</strong> da produção <strong>do</strong>café e seu preço)Produção <strong>de</strong> milho e feijãoPresença <strong>de</strong> relaçõesmonetarizadasPedreiro; diarista na panha <strong>do</strong>caféCompetitivoIndividualistaMais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte45678103


Já o Quadro 2 apresenta informações mais <strong>de</strong>talhadas sobre duas famílias.A Família 1 acompanha o trabalho <strong>do</strong> CTA há vários anos, incorporan<strong>do</strong>em seu sistema produtivo diferentes propostas agroecológicas. A Família 2vem, recentemente, se interessan<strong>do</strong> pelas ações <strong>do</strong> STR e CTA. Seu sistema<strong>de</strong> produção é bastante característico <strong>do</strong>s agricultores que a<strong>do</strong>taram -mesmo que parcialmente - o pacote tecnológico da revolução ver<strong>de</strong>, com autilização intensiva <strong>de</strong> insumos químicos e especialização da proprieda<strong>de</strong>na monocultura <strong>do</strong> café. Para obter estes da<strong>do</strong>s, foram computa<strong>do</strong>s osvalores <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos produzi<strong>do</strong>s e consumi<strong>do</strong>s pelas famílias.Levou-se em conta que se eles não fossem produzi<strong>do</strong>s teriam que seradquiri<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> local.Quadro 2Resumo <strong>de</strong> 2 proprieda<strong>de</strong>s (Família 1 - “+ agroecológica” e Família 2 -“+convencional” )Família 1 Família 2Trabalho disponível 2 adultos 2 adultosNº <strong>de</strong> pessoas na casa 4 4Área total 8 ha 12 haÁrea com pasto 4 ha 6,5 haÁrea c/ mata/ capoeira 2 ha -Área com café 1,24 ha 4,5 ha% da área com café 15,5% 36%Nº <strong>de</strong> pés <strong>de</strong> café +/ - 4.000 +/ - 13.000Renda agrícola total R$ 5799,00 R$ 5874,25Custos/ Produção (autonomia) 0,11 0,32Outros produtos (exceto hor ta,pomar e mandioca/ polvilho,presentes nas duas)Milho, feijão, cana,amen<strong>do</strong>im (farinha),ga<strong>do</strong>, cabras, mel,própolis, banana,galinhas, porcos,açúcar mascavo,rapaduraFeijão, ga<strong>do</strong>104Os da<strong>do</strong>s mostram que as duas famílias dispõem <strong>de</strong> recursos similares emtermos <strong>de</strong> tamanho da proprieda<strong>de</strong> e mão-<strong>de</strong>-obra disponível, assim como


é similar a renda agrícola total das 2 proprieda<strong>de</strong>s. Entretanto, revelamestratégias econômicas distintas: uma família aposta na diversificação daprodução e na redução da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recursos externos à proprieda<strong>de</strong>,e a outra na especialização produtiva e maior relação com o merca<strong>do</strong>.O primeiro aspecto analisa<strong>do</strong>, novamente, é o da autonomia. A relaçãoentre o custo e o valor da produção - menor no sistema da Família 1 quena Família 2 - mostra que a primeira tem maior autonomia e menor<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recursos externos e que, numa situação <strong>de</strong> aumento noscustos <strong>do</strong>s insumos ou queda nos preços <strong>do</strong>s produtos, estará sujeita amenos riscos que a segunda. Nota-se aí o impacto das inovações técnicasque promovem a redução <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>pendência.123Café cima 6%Beneficiamento 7%Porcos 5%Outro la<strong>do</strong> 4%Galinha 2%Cabra 1%Ga<strong>do</strong> 18%Família 1Viveiro mudas 7%Apicultura 8%Quintal 10%Horta 13%Café grota 19%45A análise anterior nos leva à questão da flexibilida<strong>de</strong>. A diversificação dasativida<strong>de</strong>s permite otimizar o uso da mão-<strong>de</strong>-obra, da área, <strong>do</strong>s recursosnaturais e econômicos disponíveis, garantin<strong>do</strong> maior flexibilida<strong>de</strong> para aFamília 1, tanto para reagir a conjunturas adversas como para potencializarcondições favoráveis - menor taxa <strong>de</strong> risco. Os diagramas a seguir,visualizam a composição da renda agrícola nas duas famílias, a partir <strong>do</strong>sdiferentes subsistemas que manejam. A diversificação da produção nãoimplica apenas em melhores condições <strong>de</strong> se enfrentar as oscilações nopreço <strong>do</strong> café, por exemplo, mas também é um fator <strong>de</strong>terminante nasegurança alimentar da família. Fica evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> o impacto não só dasinovações técnicas que contribuem para a diversificação da produçãocomo das “inovações e/ou estruturas sócio-organizativas” que possibilitamo processamento local <strong>do</strong>s produtos e melhor acesso a merca<strong>do</strong>s.105678


Família 2Horta 12%Frutas 8%Ga<strong>do</strong> 7%Mandioca 9%Café/feijão 64%Diversos fatores, no entanto, como o da segurança alimentar, não foramquantifica<strong>do</strong>s ou converti<strong>do</strong>s em renda no trabalho <strong>de</strong> monitoramento e<strong>avaliação</strong> econômica. Afinal, quanto vale a segurança alimentar da família?Qual o valor <strong>de</strong> uma alimentação saudável? Quanto custa o contatofreqüente com agrotóxicos? Quanto vale um solo conserva<strong>do</strong>, com capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> produção renovada a cada ano? Da mesma forma, não atribuímosvalor monetário a diversos serviços ambientais presta<strong>do</strong>s à coletivida<strong>de</strong>,realiza<strong>do</strong>s pelos agricultores/as que estão implementan<strong>do</strong> sistemasagroecológicos. A proteção e a conservação <strong>de</strong> nascentes e cursos d’água,por meio <strong>do</strong> reflorestamento e manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>do</strong>s solos; a conservaçãoda fauna, especialmente <strong>do</strong>s pássaros, com o plantio <strong>de</strong> espécies nativas efrutíferas <strong>de</strong>stinadas à sua alimentação, alia<strong>do</strong> ao não uso <strong>de</strong> agrotóxicos; aconservação e a valorização da agrobiodiversida<strong>de</strong>..., são apenas algunsexemplos <strong>de</strong>stes serviços ambientais que não foram monetariza<strong>do</strong>s, masque são imprescindíveis para uma análise consistente da sustentabilida<strong>de</strong>econômica <strong>de</strong>sses sistemas <strong>de</strong> produção. Portanto muitos impactos econômicosnão são necessariamente monetariza<strong>do</strong>s e é fundamental encontrarformas <strong>de</strong> valorizá-los na análise. 91069No Anexo 2 apresentamos o mapa <strong>de</strong> uma das proprieda<strong>de</strong>s segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> um diagrama(construí<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> mapa) que <strong>de</strong>monstra os serviços ambientais presta<strong>do</strong>s por uma famíliaque a<strong>do</strong>ta um sistema <strong>de</strong> produção “mais agroecológico”. Este diagrama po<strong>de</strong> ser compara<strong>do</strong>com outro, <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> “mais convencional”, que ilustre os “<strong>de</strong>serviços” presta<strong>do</strong>s, poresta, à coletivida<strong>de</strong>. Tanto os “serviços” como os “<strong>de</strong>serviços” têm impacto na sustentabilida<strong>de</strong>econômica das próprias proprieda<strong>de</strong>s como nas <strong>do</strong>s vizinhos. Este é apenas um exemplo <strong>de</strong>como po<strong>de</strong>mos valorizar estes resulta<strong>do</strong>s não “moneterizáveis”.


No Quadro 3, analisan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> quatro subsistemas <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> café, percebemos a importância <strong>de</strong> sistemas mais intensivos <strong>de</strong> uso<strong>do</strong> solo, através <strong>do</strong>s policultivos/ sistemas agroflorestais, principalmentepara a viabilida<strong>de</strong> econômica das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> menores dimensões. E,ao contrário <strong>do</strong> que se possa imaginar, são justamente nas áreas maisintensivamente exploradas que são mais visíveis a recuperação da fertilida<strong>de</strong>e estrutura <strong>do</strong>s solos.Quadro 3Comparação entre quatro subsistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> café, presentes emtrês das quatro proprieda<strong>de</strong>s pesquisadas, sen<strong>do</strong> o primeiro <strong>de</strong> umaproprieda<strong>de</strong> “mais convencional” e os <strong>de</strong>mais das “mais agroecológicas”Café(solteiro/sistemaconvencional)Café, bananasoja, morangaabacaxi,árvoresnativasCafé, bananacana/ açúcarfeijão, milho,morangaCafé, milhosoja, inhame,cará, frutas,amen<strong>do</strong>imcana etc.Produção <strong>de</strong> café 20 sc / ha 29 sc / ha 22 sc / ha 21 sc / haValor da produção 9.780,00 4.210,00 4.670,00 1.960,00Renda Agrícola 8.600,00 3.690,00 4.530,00 1.790,00Renda agrícola / 2.100,00 3.690,00 5.800,00 8.950,00haRenda agrícola /Dias <strong>de</strong> trabalho22,00 22,00 23,00 31,00Área ocupada 4,1 ha 1 ha 0,8 ha 0,2 haAinda no Quadro 3, po<strong>de</strong>mos observar que a produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> café nossistemas agroecológicos superou <strong>de</strong> 5 a 45% a da lavoura convencional. Seconsi<strong>de</strong>rarmos a produtivida<strong>de</strong> total por área a diferença é ainda maior. Seanalisarmos a renda obtida por área, os sistemas agroecológicos são respectivamente75%, 176% e 326% superiores. Deve-se consi<strong>de</strong>rar que sistemasmuito intensivos, como este último, são implementa<strong>do</strong>s apenas em pequenasáreas, ou seja, a ampliação <strong>de</strong> sua escala é limitada.É também surpreen<strong>de</strong>nte a remuneração <strong>do</strong> trabalho obtida nesta áreamenor (0,2 ha), on<strong>de</strong> a família transformou uma pequena parte <strong>do</strong> cafezalem um “quintal agroflorestal” altamente produtivo e estratégico na segurançaalimentar da família. Nesta área, além <strong>do</strong> café, são cultivadas nada10712345678


menos que 17 espécies <strong>de</strong> frutíferas e pelo menos outras 16 espécies <strong>de</strong>plantas que a família faz uso, como abóboras, mandioca, batatinha, cará,inhame, batata <strong>do</strong>ce, etc. Isto sem falar nas plantas medicinais utilizadas,que no conjunto da proprieda<strong>de</strong> somam cerca <strong>de</strong> 45 espécies diferentes.2. Resulta<strong>do</strong>s Processuais <strong>do</strong> <strong>Monitoramento</strong>No município <strong>de</strong> Araponga são <strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s diretamenterelacionadas a vários programas <strong>do</strong> CTA. As informações (e o próprioprocesso) <strong>do</strong> monitoramento econômico estão sen<strong>do</strong> utilizadas comoinsumo em cada um <strong>de</strong>stes programas, mas também ao nível institucional.No Programa <strong>de</strong> Associativismo e Comercialização, no qual elaboramosum plano estratégico <strong>de</strong> negócios para o café, as informações <strong>do</strong>monitoramento nos ajudaram a enten<strong>de</strong>r melhor os sistemas <strong>de</strong> produçãoque estavam sen<strong>do</strong> levanta<strong>do</strong>s neste plano e nos aju<strong>do</strong>u a fazer umareflexão mais estratégica acerca das potencialida<strong>de</strong>s que o merca<strong>do</strong> apresentava.No Programa <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Agricultores/as Promotores/as, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>a formar multiplica<strong>do</strong>res/difusores <strong>de</strong> sistemas orgânicos <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> café, as informações <strong>do</strong> monitoramento são insumos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevânciapara o processo <strong>de</strong> formação. Para os Programas <strong>de</strong> DesenvolvimentoLocal e Conservação da Mata Atlântica, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s pontos críticospara a sustentabilida<strong>de</strong>, por exemplo, têm si<strong>do</strong> elementos importantes nosespaços <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> e planejamento <strong>de</strong>stes programas. Finalmente, ao nívelinstitucional, preten<strong>de</strong>mos utilizar as informações no <strong>de</strong>bate mais estratégico<strong>do</strong> CTA, sobre a aposta que temos feito ao longo <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> que ossistemas <strong>de</strong> agroecológicos são os mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para se buscar asustentabilida<strong>de</strong>, a superação da pobreza e da fome.Além <strong>de</strong> obter informações fundamentais para a <strong>avaliação</strong> e planejamento<strong>do</strong> nosso trabalho e para prestar contas aos nossos financia<strong>do</strong>res, omonitoramento tem possibilita<strong>do</strong> ao CTA qualificar o diálogo tanto comas organizações e as famílias <strong>de</strong> agricultores/as com as quais trabalhamos,quanto no <strong>de</strong>bate com públicos externos, os quais queremos influenciar.No diálogo externo po<strong>de</strong>mos citar a participação <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong>ferentes entida<strong>de</strong>s(que atuam nas cinco regiões <strong>do</strong> país) em eventos <strong>de</strong> socialização dasexperiências relacionadas com o monitoramento, palestra proferida na IConferência <strong>de</strong> Segurança Alimentar e Nutricional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> MinasGerais e um artigo divulga<strong>do</strong> em nossa revista comemorativa <strong>do</strong>s 15 anos.108


IV. Lições aprendidas em relação à meto<strong>do</strong>logiaCom o objetivo <strong>de</strong> intercambiar experiências e refletir sobre elas, foramrealizadas várias ativida<strong>de</strong>s conjuntas com outras organizações:Visita para Intercâmbio com o Terra Viva (na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CTA e emAraponga);Encontro c/ Parceiros <strong>do</strong> Ford/Funbio (na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> CTA e emAraponga);Participação no Seminário Interno da AS-PTA (em União da Vitoria –PR)Foram estes momentos e outras reuniões/conversas na equipe <strong>do</strong> CTA quenos permitiram i<strong>de</strong>ntificar algumas das lições aprendidas, que apresentamosa seguir:1. Consi<strong>de</strong>ramos que na formação da equipe <strong>de</strong> pesquisa foi fundamentalter pessoas que conhecem bem a localida<strong>de</strong> (o técnico local e oagricultor), para contribuir com a visão <strong>de</strong>les sobre problemas e tambémpara estabelecer o contato <strong>de</strong> uma pessoa <strong>de</strong> fora (pesquisa<strong>do</strong>ra)com os agricultores. Por outro la<strong>do</strong> percebemos que é preciso organizardiscussões mais freqüentes nesse grupo. Tivemos alguns problemascomo, por exemplo, as dificulda<strong>de</strong>s que a pesquisa<strong>do</strong>ra encontrou nacontextualização da pesquisa, na compreensão das inovações a seremmonitoradas e a conseqüente dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r os critérios e asescolhas das famílias a serem monitoradas. Houve uma certa dificulda<strong>de</strong>em distinguir uma <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> impacto <strong>de</strong> inovações agroecológicasa<strong>do</strong>tadas por algumas famílias <strong>de</strong> uma <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> impacto da ação <strong>do</strong>CTA.2. A seleção das famílias foi um problema, pois tínhamos que conjugaros diferentes critérios estabeleci<strong>do</strong>s para a escolha com o interesse edisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas para o trabalho. O maior problema foi i<strong>de</strong>ntificaras famílias “convencionais” dispostas a participar e fornecer informaçõesfi<strong>de</strong>dignas para o estu<strong>do</strong>. A alternativa encontrada, <strong>de</strong> escolhercomo famílias “mais convencionais” aquelas já sensibilizadas para umatransição rumo à agroecologia, trouxe vantagens e <strong>de</strong>svantagens. Aprincipal vantagem foi o impulso que o monitoramento resultou naincorporação <strong>de</strong> inovações agroecológicas por estas famílias e a <strong>de</strong>svantagemfoi que isto resulta em dificulda<strong>de</strong>s no referencial comparativo,ten<strong>do</strong> em vista que já começavam a incorporar propostas agroecológicasem seus sistemas <strong>de</strong> produção.10912345678


3. Comparação <strong>de</strong> sistemas que são muito diversos. Mesmo conseguin<strong>do</strong>selecionar casos que tem uma boa semelhança em termos <strong>do</strong>número e ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s membros das famílias, outras variáveis importantessão muito diversas, como o tempo que estão na proprieda<strong>de</strong>, a rendafamiliar, etc. Alguns agricultores argumentam que há alguns anos eramais fácil perceber as diferenças porque estas eram muito mais fortes,pois muitas famílias apostavam no sistema tradicional, no milho híbri<strong>do</strong>,etc. “Hoje to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fala no trabalho natural, ninguém assume oconvencional, quase to<strong>do</strong>s incorporam os <strong>do</strong>is sistemas.”Na comparação realizada entre diferentes subsistemas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cafésurgiu a questão, por exemplo, <strong>de</strong> como consi<strong>de</strong>rar as diferentes condiçõesbiofísicas (qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, face <strong>de</strong> exposição solar das lavouras, etc.) enão somente as informações sobre práticas e insumos utiliza<strong>do</strong>s, custos,etc., para nossa análise econômica.Daí resultou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> na próxima etapa <strong>do</strong> monitoramento, em 2002,não continuar perseguin<strong>do</strong> a idéia <strong>de</strong> comparação entre proprieda<strong>de</strong>s/famílias, passan<strong>do</strong> a focalizar mais a comparação no tempo (autoreferenciada),que permita acompanhar a evolução <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong>stasquatro famílias.Vimos também, a partir da troca <strong>de</strong> experiências com a AS-PTA, a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> fazer comparações com os da<strong>do</strong>s existentes nas instituições <strong>de</strong>pesquisa e extensão, mesmo estes se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> médias locais/regionais.4.Tivemos dificulda<strong>de</strong>s em como proce<strong>de</strong>r e organizar os da<strong>do</strong>s, acomparação. Na sistematização da enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informaçõesque surgem não é muito fácil encontrar uma forma <strong>de</strong> organizá-las <strong>de</strong>forma útil para a discussão com os/as agricultores/as. Inicialmentetentamos organizar as informações colhidas segun<strong>do</strong> os atributos dasustentabilida<strong>de</strong>. Esse caminho dificultou a participação <strong>do</strong>s agricultores/asna discussão e análise compartilhada <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s levanta<strong>do</strong>s, namedida em que os atributos correspon<strong>de</strong>m a um certo nível <strong>de</strong> abstraçãoao trabalhar com certa fragmentação da realida<strong>de</strong> imediata.110Tanto as famílias “mais convencionais” como as “mais agroecológicas”apresentam um nível razoável <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> cultivos e criaçõesquan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra a exploração familiar como um to<strong>do</strong>. No entanto estadiversificação se apresenta como distintas glebas <strong>de</strong> produção (subsistemas)no caso das primeiras e nas <strong>de</strong>mais, além <strong>do</strong>s diferentes subsistemas, adiversificação se apresenta <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada subsistema, com o estabeleci-


mento <strong>de</strong> múltiplos consórcios. A pesquisa<strong>do</strong>ra teve dificulda<strong>de</strong>s emdistinguir diferentes impactos nas duas estratégias <strong>de</strong> produção. Questionoua pertinência <strong>de</strong>sta comparação. Mas houve quem consi<strong>de</strong>rasse quefaltou uma análise mais agronômica e ambiental que evi<strong>de</strong>nciasse possíveisvantagens econômicas <strong>de</strong> uma em relação à outra.Muitas <strong>de</strong>stas análises foram feitas pelos agricultores/as, no momento davisita e reunião realizada com o conjunto das famílias 10 , mas não foramsistematizadas, nem aprofundadas. Procuramos agregar estas análisesposteriormente, mas <strong>de</strong> toda forma esta comparação se mostrou problemática.No intercâmbio com a AS-PTA <strong>de</strong>scobrimos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizá-lasa partir <strong>do</strong>s componentes estruturais <strong>do</strong>s sistemas (produção, insumos,mão-<strong>de</strong>-obra e renda), colocan<strong>do</strong> no centro <strong>do</strong> trabalho a construção eanálise coletiva <strong>do</strong>s diagramas <strong>de</strong> fluxo. Esse méto<strong>do</strong> permitiu colar oprocesso às referências práticas <strong>do</strong>s agricultores/as, estimulan<strong>do</strong> a participação<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Com isso, não foi aban<strong>do</strong>nada a análise <strong>do</strong>s atributos, queapenas passaram a ser discuti<strong>do</strong>s “por <strong>de</strong>ntro” <strong>do</strong>s componentes estruturais.5. Pu<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso das informações apartir <strong>de</strong>sse monitoramento:Institucionalmente, po<strong>de</strong> orientar um processo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> conhecimentosna entida<strong>de</strong>, agregan<strong>do</strong> valor aos nossos conhecimentos,nas nossas diferentes áreas <strong>de</strong> intervenção;Po<strong>de</strong> melhorar nosso diálogo com pesquisa<strong>do</strong>res, com os quais nosrelacionamos. É um instrumento po<strong>de</strong>roso para formularmos melhoras perguntas para a pesquisa e levantar propostas <strong>de</strong> campos <strong>de</strong>cooperação com este setor.6. Este primeiro exercício com o monitoramento <strong>do</strong>s impactos econômicos,<strong>de</strong> certa forma, nos permitiu sair <strong>do</strong> campo das meto<strong>do</strong>logias parao campo <strong>do</strong>s pressupostos. Tem nos permiti<strong>do</strong> não somente a apropriação<strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia, mas uma forma <strong>de</strong> “olhar” a agricultura, ossistemas <strong>de</strong> produção, a economia local e das famílias, as relaçõesestabelecidas, etc. Por exemplo, a partir <strong>de</strong>ste monitoramento a123456710Um <strong>de</strong>talhe importante nestas visitas foi a or<strong>de</strong>m das famílias, partin<strong>do</strong>-se daquela tida comomais convencional, in<strong>do</strong> em seguida a uma mais diversificada e por último ao sistema commaior número <strong>de</strong> inovações incorporadas e/ou <strong>de</strong>senvolvidas - esta opção revelou-se fundamentalpara criar um ambiente <strong>de</strong> motivação para as famílias “convencionais”.1118


noção <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, para nós, hoje inclui muitos mais fatores <strong>do</strong>que antes. No Box a seguir, on<strong>de</strong> são lista<strong>do</strong>s os pontos críticos para asustentabilida<strong>de</strong> levanta<strong>do</strong>s com os/as agricultores/as, aqueles que estãosublinha<strong>do</strong>s são elementos novos, que não estavam tão evi<strong>de</strong>ntes paraserem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s na análise <strong>de</strong> nossa intervenção técnica e social.Pontos críticos para a sustentabilida<strong>de</strong>(Segun<strong>do</strong> levantamento feito com os/as agricultores/as)1. Recursos disponíveis nas proprieda<strong>de</strong>s e vizinhança (área da terra, fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>solo, florestas, energia, nascentes, água potável, esterco)2. Práticas visan<strong>do</strong> a conservação <strong>do</strong>s recursos (biodiversida<strong>de</strong>, solo e água)3. Diversificação para autoconsumo (pomares, hortas)4. Uso <strong>de</strong> produtos da proprieda<strong>de</strong> para consumo <strong>do</strong>méstico (redução <strong>de</strong> gastospara aquisição <strong>de</strong> produtos externos e padrões <strong>de</strong> consumo das famílias)5. Diversificação na produção visan<strong>do</strong> diversificação na renda (incluin<strong>do</strong>processamento)6. Participação nas ativida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> e interesse para mudar7. Organização da comunida<strong>de</strong> visan<strong>do</strong> estimular mudança e alcançar resulta<strong>do</strong>s8. Participação em re<strong>de</strong>s facilitan<strong>do</strong> mudança: organizações externas (CTA), trocas<strong>de</strong> dias9. Conhecimento sobre como mudar (ambiente)10. Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arranjos para trabalho naproprieda<strong>de</strong>11. História da família estimulan<strong>do</strong> mudança12. História da comunida<strong>de</strong> em estimular ações coletivas e superar problemas13. Aspirações e expectativas <strong>do</strong>s membros das famílias14. Alto custo <strong>de</strong> recursos externos e variações nos preços <strong>do</strong> café15. Possibilida<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>senvolver merca<strong>do</strong>s alternativos16. Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter ou aumentar nível <strong>de</strong> produção1127. Uma lição importante foi o processo <strong>de</strong> reflexão e <strong>de</strong>bate, realiza<strong>do</strong>principalmente nos encontros e visitas com os/as agricultores/as. Paraeles, em termos da utilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo no planejamento <strong>de</strong> suasproprieda<strong>de</strong>s, talvez os principais resulta<strong>do</strong>s, até o momento, <strong>de</strong>correramda troca <strong>de</strong> experiências que o monitoramento possibilitou, dan<strong>do</strong>mais segurança e novas idéias para uns e para outros. Além disso, foramo estímulo necessário para implementar mudanças em seus sistemas <strong>de</strong>produção. Foram surpreen<strong>de</strong>ntes as mudanças <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelasfamílias “mais convencionais” em seus sistemas <strong>de</strong> produção a partir <strong>do</strong>monitoramento. Sem esses momentos <strong>de</strong> troca, reflexão e <strong>de</strong>batescertamente não teríamos alcança<strong>do</strong> estes resulta<strong>do</strong>s.


8. Entran<strong>do</strong> neste monitoramento com um enfoque <strong>de</strong> gênero, procuran<strong>do</strong>,por exemplo, fazer o trabalho com o conjunto da família, cuidan<strong>do</strong>para garantir a expressão <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, ele abre, tanto para os/as técnicos/ascomo para os/as agricultores/as, novas fronteiras para o diálogo sobreas relações sociais <strong>de</strong> gênero, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o papel estratégico que otrabalho das mulheres - nas ativida<strong>de</strong>s voltadas para o autoconsumo –<strong>de</strong>sempenha na sustentabilida<strong>de</strong> econômica das famílias. O que já é umpasso para rever possíveis relações <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong> existentes na família.12Conclusões sobre a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> monitoramentoDo ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s custos, a primeira etapa <strong>do</strong> monitoramento foirealizada nos meses <strong>de</strong> julho a setembro <strong>de</strong> 2001, ten<strong>do</strong> a pesquisa<strong>do</strong>ratrabalha<strong>do</strong> em tempo integral e os <strong>de</strong>mais membros da equipe em tempoparcial, atuan<strong>do</strong> em algumas visitas às famílias e nos momentos coletivos<strong>de</strong> sistematização e análise. Contabilizamos que foram investi<strong>do</strong>s aproximadamente120 dias <strong>de</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o conjunto da equipe(quatro pessoas). Não se contabiliza aí o tempo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a três eventos <strong>de</strong>intercâmbio que realizamos/participamos, que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>smomentos <strong>de</strong> capacitação da equipe e <strong>do</strong>s/as agricultores/as envolvi<strong>do</strong>s e,ao mesmo tempo, momentos <strong>de</strong> difusão <strong>do</strong>s aprendiza<strong>do</strong>s da experiênciapara outras organizações e agricultores/as. Além disso foram investi<strong>do</strong>srecursos financeiros e materiais na execução das ativida<strong>de</strong>s, que seguramentenão ultrapassaram 30% <strong>do</strong>s gastos com pessoal. Estima-se que estesrecursos somam aproximadamente 3,5% <strong>do</strong>s gastos operacionais <strong>do</strong> CTAno ano <strong>de</strong> 2001.Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> processo é preciso ter claro que não é tão simples o<strong>de</strong>senvolvimento e a aplicação <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias participativas. Mesmo em“parcerias” haverão sempre interesses, necessida<strong>de</strong>s, disponibilida<strong>de</strong>s ehabilida<strong>de</strong>s diferentes. É preciso encontrar, e as vezes “construir”, espaçoscomuns <strong>de</strong> diálogo que oportunizem uma “troca” fecunda para o conjunto(ou subconjunto) <strong>do</strong>s parceiros. Isto não quer dizer que as necessida<strong>de</strong>sindividuais <strong>de</strong> informação não <strong>de</strong>vam ser buscadas, só é preciso i<strong>de</strong>ntificarbem as necessida<strong>de</strong>s, interesses etc., para que uns não sejam usa<strong>do</strong>s poroutros.345678113


Referências bibliográficasABBOT, Joanne; GUIJT, Irene. Novas visões sobre mudança ambiental: abordagensparticipativas <strong>de</strong> monitoramento. Tradução <strong>de</strong> John CunhaComerford. Rio <strong>de</strong> Janeiro: AS-PTA; Lon<strong>do</strong>n: IIED, 1999. 96 p.ALMEIDA, Sílvio Gomes <strong>de</strong>; FERNANDES, Gabriel Bianconi (Org.).Sustentabilida<strong>de</strong> econômica em sistemas familiares <strong>de</strong> produção agroecológica: <strong>do</strong>isestu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caso. Rio <strong>de</strong> Janeiro: AS-PTA, 2002. 27 p.ALMEIDA, Sílvio Gomes <strong>de</strong> et al. Transição agroecológica: estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso noagreste paraibano. Rio <strong>de</strong> Janeiro, AS-PTA, 2002. 48 p.ALMEIDA, Sílvio Gomes <strong>de</strong>. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong> práticasagroecológicas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: AS-PTA, 2001. (Termo <strong>de</strong> referência)_____________. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong> práticasagroecológicas. Rio <strong>de</strong> Janeiro: AS-PTA, 2001. 16 p.AS-PTA. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong> práticas agroecológicas: informesobre os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caso <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela AS-PTA (2001-2002). Rio <strong>de</strong>Janeiro: AS-PTA, 2002. np.CTA-ZM. <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> impactos econômicos <strong>de</strong> práticas agroecológicas. Viçosa,2001. (Termo <strong>de</strong> referência)______. <strong>Monitoramento</strong> <strong>do</strong>s impactos econômicos das propostas agroecológicas(relatório <strong>do</strong> 1 º ciclo <strong>do</strong> monitoramento – 2001/2002); projeto sustentabilida<strong>de</strong>econômica com base na valorização da biodiversida<strong>de</strong> em sistemas agrícolas familiares(parceria FUNBIO, Fundação FORD, AS-PTA, CTA-ZM, Terra Viva).Viçosa, 2002.______. <strong>Monitoramento</strong> <strong>do</strong>s impactos econômicos das propostas agroecológicas:memória das 4 proprieda<strong>de</strong>s. Viçosa, 2002. 59p.GUIJT, Irene. <strong>Monitoramento</strong> participativo: conceitos e ferramentas práticaspara a agricultura sustentável. Tradução <strong>de</strong> Annemarie Höhn. Rio <strong>de</strong>Janeiro: AS-PTA, 1999. 143 p._________. Seeking surprise: the role of monitoring to trigger learning incollective rural resource management. Published PhD thesis.Wageningen University, Wageningen, 2003.114


IIED; CTA-ZM. Pior que tiririca! <strong>Monitoramento</strong> participativo da agriculturasustentável: O primeiro passo em Minas Gerais. Viçosa, 1996.____________. Tiran<strong>do</strong> a tiririca! <strong>Monitoramento</strong> participativo daagricultura sustentavel: O segun<strong>do</strong> passo em Minas Gerais. Viçosa, 1997.____________. Mudanças significativas no monitoramento participativo e<strong>avaliação</strong> participativa da agricultura sustentável: o terceiro passo em MinasGerais. Viçosa, 1998.MASERA, Omar; ASTIER, Marta; LÓPEZ-RIDAURA, Santiago,Sustentabilida<strong>de</strong> y manejo <strong>de</strong> recursos naturales – El marco <strong>de</strong> evaluaciónMESMIS, Grupo Interdisciplinario <strong>de</strong> Tecnología Rural Apropiada(GIRA). México: Mundi-Prensa, 2000.MIRANDA, Denise <strong>de</strong>. Those folks with a lot of dirt in their coffee fields -Agroecological innovations and peasants livelihood sustainnability: thesinergy of peasants, grassroot movements and na NGO in Araponga,Brazil. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>), Wageningen University and Research –WUR, 2002.PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA INCRA/FAO, GuiaMeto<strong>do</strong>lógico. Diagnóstico <strong>de</strong> Sistemas Agrários. 1999. 58p.SEMINÁRIO DE INTERCÂMBIO DO PROJETO:SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA COM BASE NA VALORIZAÇÃODA BIODIVERSIDADE EM SISTEMAS AGRÍCOLAS FAMILIARES.Relatório. Viçosa, 2002.SEMINÁRIO DE MONITORAMENTO COLETIVO DO CONSÓRCIOEZE, 2000, Petrópolis. Relatório. Petrópolis: Consórcio EZE, 2000. 8 p.SEMINÁRIO DE MONITORAMENTO COLETIVO DO CONSÓRCIOEZE, 2001, Baía <strong>de</strong> Camamu. Relatório. Bahia: Consórcio EZE, 2001. 31 p.VISITA DE INTERCÂMBIO SOBRE MONITORAMENTO ECONÔMI-CO DE PROPOSTAS AGROECOLÓGICAS. Relatório. Viçosa: CTA-ZM,2001.12345678115


ANEXO 1QUADRO OPERACIONAL PARA O MONITORAMENTO(Variáveis e indica<strong>do</strong>res focaliza<strong>do</strong>s no 1 º Ciclo <strong>de</strong> monitoramento)Atributos <strong>de</strong>Sustentabilida<strong>de</strong>VariáveisIndica<strong>do</strong>resProdutivida<strong>de</strong>- Eficiência- Rentabilida<strong>de</strong>- Valor agrega<strong>do</strong> (VA) na produção agrícola- VA na comercialização / transformação- Renda agrícola (RA)- RA(Ha e RA/ F.Tf)Estabilida<strong>de</strong>Resiliência- Diversida<strong>de</strong> espacial e temporaldas ativida<strong>de</strong>s- Diversida<strong>de</strong> das fontes <strong>de</strong> renda- Tendência e variação da renda- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong>emprego familiar- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-regulaçãofrente a perturbações- Diversida<strong>de</strong> das espéciesmanejadas no sistema- Mecanismos <strong>de</strong> distribuição/enfrentamento <strong>do</strong> risco- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reprodução <strong>do</strong>srecur sos naturais e econômicosutiliza<strong>do</strong>s no sistema- % da RA <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> diferentes ativida<strong>de</strong>sagrícolas- Variações da RA nos últimos 3 anos- Tendência <strong>de</strong> preços nos últimos anos(insumos e produtos)- Possibilida<strong>de</strong>s para preços diferencia<strong>do</strong>s- Custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> da força <strong>de</strong> trabalhox remuneração <strong>do</strong> trabalho familiar- Opções técnicas e econômicas alternativasdisponíveis- Mecanismos <strong>de</strong> controle sem as fontes <strong>de</strong>água- Nº <strong>de</strong> espécies e varieda<strong>de</strong>s presentes("mapa da biodiversida<strong>de</strong>")- Rendas alternativas, crédito- Estoque <strong>de</strong> capital monetário, ambiental,produtivo e biológico para reaplicação nosistema- Balanço utilização x reposição <strong>de</strong> recursosnaturais e genéticos- Percepção <strong>de</strong> mudanças na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>srecursos- Aprendizagem, capacitação, acesso àinformação visan<strong>do</strong> inovação/ mudanças- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgamento sobre inovaçõese mudanças- Percepção <strong>do</strong>s agricultores sobre suahabilida<strong>de</strong>/ capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar comativida<strong>de</strong>s da produtivida<strong>de</strong>- Participação em grupos que discutemalternativas para as práticas agrícolas- Evolução <strong>do</strong>s recursos naturais eeconômicos internos e externos mobiliza<strong>do</strong>spelo sistema- Evolução <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>produção, <strong>do</strong>s itinerários técnicos e dasrelações com o entorno- Nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> e rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong>ssubsistemas e itinerários técnicos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s- Opções técnicas e econômicas alternativasdisponíveis (atuais e evolução no tempo)- Tipo e nº <strong>de</strong> experimentações <strong>de</strong> inovaçõestécnicas presentes e incorporadas aosistema116Flexibilida<strong>de</strong>- Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação eadaptação a mudanças


cont.Atributos <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>VariáveisIndica<strong>do</strong>res1Eqüida<strong>de</strong>- Mecanismos <strong>de</strong> gestão- Divisão técnica e econômica <strong>do</strong>trabalho (por gênero e geração)- Dinamização da economia local- Serviços ambientais- Relação com o entornoAutonomia - Nível <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> /subsídios internos ao sistema- Distribuição <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r (participação) natomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões (por gênero e geração)- Distribuição <strong>de</strong> funções (tipo, número,tempo)- Papel <strong>de</strong> homem e mulher na geraçãop <strong>de</strong>renda- Acesso e controle da renda e distribuição<strong>de</strong> benefícios- Emprego <strong>de</strong> M.O., compra <strong>de</strong> insumos locais(esterco, sementes), outros serviços locais- Valoração <strong>de</strong> alimentos produzi<strong>do</strong>slocalmente- Nível <strong>de</strong> poluição/ contaminação poragrotóxicos; nível <strong>de</strong> erosão, <strong>de</strong> matériaorgânica; nível <strong>de</strong> biodiversificação; valorbiológico <strong>do</strong>s alimentos produzi<strong>do</strong>s- Presença <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> troca com vizinhos- Objetivos alcança<strong>do</strong>s pela afiliação emgrupos- Tipo <strong>de</strong> participação em grupos (ativo,passivo)- Visão <strong>do</strong>s agricultores s/ relações sociaisna comunida<strong>de</strong> (atitu<strong>de</strong> solidária ouindividualista)- Custos <strong>de</strong> produção / produto bruto (oucustos externos / PB)234- Grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> insumosexternos- Segurança alimentar- Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão em pontoscríticos <strong>do</strong> sistema- Nível <strong>de</strong> endivida<strong>de</strong>mento/autofinanciamento- Recursos próprios / total <strong>de</strong> custos <strong>de</strong>produção- Grau <strong>de</strong> adaptação local <strong>do</strong>s sistemas, uso<strong>de</strong> conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s locais- % das necessida<strong>de</strong>s básicas cobertas comprodução própria- Integração com agroindústrias, vendascasadas, pacotes técnicos- % da dívida sobre RA ou % <strong>do</strong> VA <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>ao pagamento <strong>de</strong> juros bancários5678117


ANEXO 2Divisa com cerca <strong>de</strong> arame com Jesus La<strong>de</strong>iraDivisa com cerca <strong>de</strong> arame com Ilson LopesApiculturaPastoNascenteLavouranovaBananasEstradaCastanhaMineiraMilhoBananaMangaGoiabaAbacateVerdurasPalmitoLeguminosasFeijãoEstradaCasa<strong>do</strong> melNascenteDivisa com cerca <strong>de</strong> arame com AnteroDivisa com cerca no brejoDivisa com cerca <strong>de</strong>arame DilemarDivisa com cerca <strong>de</strong> arame com Mauro <strong>do</strong> CarmoDivisa comPedro Bueira118


Diagrama <strong>de</strong> Fluxos: Serviços Ambientais presta<strong>do</strong>s “para <strong>de</strong>ntro” e “parafora” da proprieda<strong>de</strong>.1CapoeiraApiculturaCafé Consorcia<strong>do</strong>2FamíliaNascenteNascente3PastagemGa<strong>do</strong>Conservação da Biodiversida<strong>de</strong>Conservação da ÁguaPolinizaçãoVizinhosComunida<strong>de</strong>Socieda<strong>de</strong>45678119


Resumo120Iniciou-se uma experiência <strong>de</strong> monitoramentoambiental e social em uma área amazônica <strong>de</strong>alta biodiversida<strong>de</strong>, em um projeto administra<strong>do</strong>pela Associação <strong>do</strong>s Seringueiros e Agricultoresda Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá, com o apoio<strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> diferentes instituições científicas.O eixo <strong>de</strong>ssa experiência é a participaçãoativa <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes, homens e mulheres, na pesquisae no monitoramento <strong>de</strong> aspectos ambientaisda reserva, utilizan<strong>do</strong> como méto<strong>do</strong> principal osdiários <strong>de</strong> monitores, mas também outros méto<strong>do</strong>s,como a observação <strong>de</strong> bioindica<strong>do</strong>res e ainterpretação <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite. Foram obti<strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s iniciais que indicam o potencial<strong>de</strong>sse méto<strong>do</strong>, particularmente na <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> da fauna sujeita a pressão <strong>de</strong> caça, e <strong>do</strong>grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento. O objetivo visa<strong>do</strong> é nãoapenas sensibilizar, porém capacitar um grupo <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>res para a observação, registro,quantificação e análise <strong>de</strong> mudanças ambientais esociais na reserva, contribuin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa maneira,para a sua gestão.


A experiência <strong>de</strong> pesquisa emonitoramento na ReservaExtrativista <strong>do</strong> Alto JuruáEliza M. Lozano Costa 1 , Mauro W. B. <strong>de</strong> Almeida 2 ,Augusto Postigo 3 , Raimun<strong>do</strong> Farias Ramos 4123IntroduçãoEste artigo apresenta uma experiência <strong>de</strong> monitoramento social eambiental participativo em uma área <strong>de</strong> alta biodiversida<strong>de</strong>. A área <strong>de</strong>atuação <strong>de</strong>ste projeto é um território com cerca <strong>de</strong> 500.000 hectaressituada no oeste <strong>do</strong> Acre, na fronteira <strong>do</strong> Brasil com o Peru (Mapa 1). Oterritório correspon<strong>de</strong> à Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá, criada por<strong>de</strong>creto-lei <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1990 como uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação<strong>de</strong>stinada ao uso sustentável por populações tradicionais.A Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá localiza-se em terras que eram habitadasaté fins <strong>do</strong> século XIX por povos indígenas <strong>de</strong> língua Pano (Kaxinawá,Jaminawá, Amoaca, Arara e outros) e também por visitantes <strong>de</strong> línguaKarib (Ashaninka ou Campa), vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ucaiali. A maior parte <strong>de</strong>ssapopulação foi dizimada pela frente extrativista que chegou à região a partirda década <strong>de</strong> 1890.Os índios que sobreviveram ao massacre inicial ganharam direitosterritoriais, reconheci<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> final <strong>do</strong>s anos 1970, em um processoainda não encerra<strong>do</strong>. Os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s seringueiros que aportaram àregião, muitos <strong>de</strong>les <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ameríndias, ali se fixaram, e começaramtambém, seguin<strong>do</strong> o próprio exemplo indígena, a reivindicar territóri-45671Doutoranda em Ciências Sociais, IFCH/UNICAMP2Professor <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Antropologia, IFCH/UNICAMP3Doutoran<strong>do</strong> em Ciências Sociais, IFCH/UNICAMP4Seringueiro e agricultor, monitor da Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá1218


os para seu uso permanente. A criação da Reserva, em 1990, foi ao mesmotempo o primeiro território <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos seringueiros e a primeira unida<strong>de</strong><strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>stinada a populações ditas tradicionais. Suai<strong>de</strong>alização e <strong>de</strong>senho em mapa, feito por Antonio Batista <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong>,com a colaboração <strong>de</strong> Mauro W. B. <strong>de</strong> Almeida, <strong>de</strong>u importância central àpreservação da integrida<strong>de</strong> da bacia <strong>do</strong> Alto Juruá e à função da novareserva <strong>de</strong> conectar as terras indígenas entre si e com o parque nacional.No total <strong>de</strong> municípios compreendi<strong>do</strong>s na bacia <strong>do</strong> Juruá acreano, asterras indígenas e reservas extrativistas perfazem 39% <strong>do</strong> território, dividi<strong>do</strong>s<strong>de</strong> maneira equilibrada entre os <strong>do</strong>is grupos (21% em Terras Indígenas,18% em Reservas Extrativistas). Soma<strong>do</strong>s ao Parque Nacional da Serra <strong>do</strong>Divisor, formam uma extensão quase contínua <strong>de</strong> áreas protegidas queabrange 49% <strong>do</strong> vale ou 30.694 km 2 (Tabela 1, Mapa 2).Tabela 1Áreas Protegidas no Alto Juruá acreano - 2000Qt<strong>de</strong>. Área em km2 População % da áreaTerras Indígenas 19 13282 4435 21%Reservas Extrativistas 3 11362 8193 18%Parques Nacionais 1 6050 2500 10%Total <strong>de</strong> Áreas Protegidas 23 30694 15128 48,9%Outras áreas 1 32090 - 51,1%Total <strong>do</strong> Alto Juruá 62784 15128 100%Fontes: FUNAI, IBAMA.122Esse mosaico <strong>de</strong> terras indígenas, reservas extrativistas e parque nacionalrevela-se assim como um exemplo <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> social combinada àdiversida<strong>de</strong> biológica (Ricar<strong>do</strong>, 2002). É também uma área em que afloresta natural apresenta uma taxa da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um por cento <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento, para a região como um to<strong>do</strong> (Ruiz-Pérez et al., 2003). Alémdisso, apresenta alguns <strong>do</strong>s mais altos índices <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> járegistra<strong>do</strong>s para a floresta tropical amazônica, com índices máximos paraborboletas e libélulas, anuros e aves (Brown Jr. e V. Freitas, 2002; Barbosa eCar<strong>do</strong>so, 2002; Whittaker et al., 2002). É bem possível que haja umacorrelação entre o baixíssimo <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> floresta, a altíssima diversida<strong>de</strong>biológica e a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> social e cultural das populações que habi-


tam a região com baixas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. A conexão entre a natureza e apopulação passa por técnicas <strong>de</strong> baixo impacto - ativida<strong>de</strong>s agrícolas <strong>de</strong>impacto mínimo e extrativismo renovável <strong>de</strong> produtos não-ma<strong>de</strong>ireiros - eexpressa-se no profun<strong>do</strong> conhecimento da natureza que é característico <strong>do</strong>sgrupos sociais da região (Carneiro da Cunha e Almeida, 2002).A criação das reservas extrativistas se <strong>de</strong>u em um momento <strong>de</strong> para<strong>do</strong>xalconsternação e otimismo. A consternação veio <strong>do</strong> assassinato <strong>de</strong> ChicoMen<strong>de</strong>s no final <strong>de</strong> 1988; o otimismo, da impressão <strong>de</strong> que a mensagem<strong>de</strong> Chico Men<strong>de</strong>s – conciliar a conservação da floresta com a <strong>de</strong>fesa davida <strong>de</strong> seus habitantes indígenas e seringueiros – começava a se tornarrealida<strong>de</strong>. Havia, contu<strong>do</strong>, dúvidas. As populações pobres <strong>de</strong>ssas áreasbiologicamente ricas seriam capazes <strong>de</strong> manter áreas tais como reservasextrativistas bem conservadas e, ao mesmo tempo, sair da pobreza? Ora,pensamos que o sucesso das reservas extrativistas - como exemplo <strong>de</strong>melhoria <strong>de</strong> vida com conservação - <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res<strong>de</strong> gerir seus territórios, visan<strong>do</strong> melhorar o bem-estar e conservar osecossistemas. Essa capacida<strong>de</strong> inclui monitorar o ambiente e administrar ouso das regras estabelecidas para a reserva.Isso tu<strong>do</strong> significa, por um la<strong>do</strong>, que o Alto Juruá acreano po<strong>de</strong> serencara<strong>do</strong> como um importante experimento <strong>de</strong> conservação da floresta eda biodiversida<strong>de</strong>. Para que a socieda<strong>de</strong> possa tirar as lições plenas <strong>de</strong>sseexperimento, é importante que a pesquisa não se limite a um <strong>de</strong> seusaspectos – o biológico ou o sociocultural -, e também que esses aspectossejam contempla<strong>do</strong>s, não em separa<strong>do</strong>, mas como variáveis relacionadasentre si. A fim <strong>de</strong> avaliar os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse experimento, omonitoramento, isto é, a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s sobre o sistema biológico esocial, que possam servir <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mudanças e tendências, adquireimportância particular. O monitoramento da cobertura da floresta e dabiodiversida<strong>de</strong>, por exemplo, permitirá saber se, no futuro, manter-se-ão asexcepcionais características que se exibe no presente. O monitoramento<strong>do</strong>s aspectos humanos <strong>de</strong>sse sistema <strong>de</strong>ve incluir, primeiro, o acompanhamento<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> uso e <strong>de</strong> conhecimento que se interpõem entre osmora<strong>do</strong>res e a natureza (com regras <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> recursos, bem comoas técnicas). Também é importante o acompanhamento da qualida<strong>de</strong> dasaú<strong>de</strong> e da educação, além <strong>de</strong> outras dimensões <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimentohumano.Não existe ainda um sistema <strong>de</strong> monitoramento abrangente com taiscaracterísticas, ainda que o Centro Nacional das Populações Tradicionais12312345678


(CNPT), órgão fe<strong>de</strong>ral responsável pela administração das reservasextrativistas, esteja <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um sistema basea<strong>do</strong> na aplicação <strong>de</strong>questionários <strong>de</strong> acompanhamento.O que fizemos foi iniciar uma ativida<strong>de</strong>-piloto, que indica meios relativamentesimples para monitorar a natureza e a socieda<strong>de</strong>, e cuja estratégiaprincipal é a co-gestão e co-realização da pesquisa, entre parceiros: acomunida<strong>de</strong> científica (sem barreiras entre biólogos e antropólogos) e aspopulações locais interessadas (sem barreiras entre especialistas e leigos).Numa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa natureza, o risco é a perda <strong>de</strong> precisão ecomparabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. O ganho notório é a difusão e uso imediato<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s pela população que participa da pesquisa. Entre o riscopotencial e o benefício há uma margem <strong>de</strong> incerteza que só experiênciasconcretas po<strong>de</strong>m reduzir. O projeto <strong>de</strong> “Pesquisa e <strong>Monitoramento</strong>Participativos em Áreas <strong>de</strong> Conservação Co-gerenciadas por PopulaçõesTradicionais” é uma experiência concreta <strong>de</strong>sse tipo.Quais são seus resulta<strong>do</strong>s? Um <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s é que há um potencial parao sucesso das reservas extrativistas como sistemas <strong>de</strong> uso humano <strong>de</strong>territórios e conservação <strong>de</strong> seu patrimônio natural, incluin<strong>do</strong> a coberturaflorestal e gran<strong>de</strong> parte da biodiversida<strong>de</strong> ali contida. Mas esse potencial<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, para se concretizar, da capacida<strong>de</strong> institucional <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>gerir seus territórios (monitorar o ambiente e administrar o uso das regrasestabelecidas). E essa capacida<strong>de</strong> está ligada aos recursos técnicos e financeirosexternos. Isso significa que, na ausência <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s para fazer face acustos institucionais e <strong>de</strong> um sistema permanente <strong>de</strong> cooperação técnica, acapacida<strong>de</strong> não será realizada.Perfil Básico <strong>do</strong> Projeto124OrigensO projeto <strong>de</strong> pesquisa e monitoramento originou-se com o assessoramentoao movimento <strong>de</strong> seringueiros que se formou na década <strong>de</strong> 1980, e aassistência à concepção e implantação <strong>de</strong> Reservas Extrativistas ao longoda década <strong>de</strong> 1990. Mais exatamente, a idéia <strong>de</strong> que os próprios mora<strong>do</strong>resseriam capazes <strong>de</strong> participar da pesquisa e monitoramento das áreas emque vivem teve início com Francisco Barbosa <strong>de</strong> Melo (Chico Ginu),seringueiro das cabeceiras <strong>do</strong> rio Tejo, afluente <strong>do</strong> Juruá, e então <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>


sindical, que costumava fazer anotações sobre suas ativida<strong>de</strong>s enquantosindicalista. Chico Ginu passou a recolher da<strong>do</strong>s mais extensos sobre osmora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> atuação, participan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um pequeno projeto <strong>de</strong>pesquisa financia<strong>do</strong> pelo Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Apoio ao Ensino e Pesquisa (FAEP/UNICAMP) em 1988, sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Mauro Almeida. Já na década <strong>de</strong>1990, Antônio Barbosa <strong>de</strong> Melo (Roxo), também sem escolarida<strong>de</strong> formal,resolveu seguir os passos <strong>do</strong> irmão, registran<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa vez, suas ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> seringueiro. Tornou-se claro, com os ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Roxo, que era possívelque um mora<strong>do</strong>r sem escolarização apren<strong>de</strong>sse ao mesmo tempo a escrevere a coletar da<strong>do</strong>s relevantes sobre os recursos <strong>de</strong> sua colocação.Em 1994, como parte <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa realiza<strong>do</strong> por Manuela daCunha, Keith Brown Jr. e Mauro Almeida, a equipe coor<strong>de</strong>nada peloúltimo orientou um grupo <strong>de</strong> cinco estudantes-pesquisa<strong>do</strong>res a incentivarmora<strong>do</strong>res interessa<strong>do</strong>s no preenchimento <strong>de</strong> tabelas com registro <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caça, pesca, agricultura e extrativismo. Em 1995, um balanço<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> inicial junto aos mora<strong>do</strong>res mostrou que o formato <strong>de</strong>tabelas não havia ti<strong>do</strong> sucesso. Para além <strong>do</strong> preenchimento das casas comnúmeros, os mora<strong>do</strong>res escreviam, nas colunas, comentários <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s ebastante interessantes. As tabelas foram substituídas por ca<strong>de</strong>rnos, a seremcompleta<strong>do</strong>s como se fossem diários.Na fase iniciada em 1995, as ativida<strong>de</strong>s com aqueles mora<strong>do</strong>res eram umsubproduto das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa científica. Com o fim <strong>do</strong> projetocoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Manuela Carneiro da Cunha, Keith Brown Jr. e MauroAlmeida (apoia<strong>do</strong> pela Fundação McArthur, Fapesp e Ibama), a partir <strong>de</strong>1996 um acor<strong>do</strong> entre UNICAMP e Center for International ForestryResearch (CIFOR) permitiu o prosseguimento <strong>do</strong> trabalho com a equipe <strong>de</strong>‘diaristas’. Assim, continuou haven<strong>do</strong> uma rotina <strong>de</strong> viagens a campo <strong>de</strong>pesquisa<strong>do</strong>res (professores e também estudantes) que, <strong>de</strong>ntre outras ativida<strong>de</strong>s,recolhiam os ca<strong>de</strong>rnos produzi<strong>do</strong>s por esses mora<strong>do</strong>res, conversavamcom eles sobre o material produzi<strong>do</strong>, e entregavam nova leva <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos,canetas, lápis colori<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> cada qual, conforme seu interesse e talento,ia fazen<strong>do</strong> suas próprias observações a respeito da realida<strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong>da<strong>do</strong>s numéricos sobre caça e pesca até mapas, questões pessoais e fatos dahistória local. Nesta fase <strong>do</strong> trabalho, o projeto coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por MauroAlmeida passou a ser administra<strong>do</strong> a partir da UNICAMP por Eliza M. L.Costa, com apoio <strong>de</strong> Augusto Postigo.Durante esse perío<strong>do</strong>, o número <strong>de</strong> diaristas foi amplia<strong>do</strong>, e os poucospioneiros converteram-se em uma equipe que incluía agora diferentes áreas12512345678


da reserva: o rio Tejo (centros) e a margem <strong>do</strong> Juruá. Sem voltar às tabelasmal-sucedidas, o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s diários foi aprimora<strong>do</strong>. Os diaristas recebiaminstruções, primeiro verbais, <strong>de</strong>pois escritas na primeira página <strong>do</strong>s ca<strong>de</strong>rnos,para registrar um conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s – no caso da caça, por exemplo,dia da observação, início e fim da expedição, tipo e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> animalcoleta<strong>do</strong>, e assim por diante. Essas instruções foram se tornan<strong>do</strong> mais<strong>de</strong>talhadas com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> trabalho, ao mesmo tempo em quefalhas meto<strong>do</strong>lógicas eram observadas (por exemplo, ainda no caso dacaça, os diaristas foram instruí<strong>do</strong>s a fazer algum registro para to<strong>do</strong>s os diasda semana, e não apenas para os dias <strong>de</strong> caça; os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar opeso foram especifica<strong>do</strong>s). Por sua vez, os próprios diaristas começaram aintroduzir observações sobre o tipo <strong>de</strong> floresta percorrida, sobre animaisavista<strong>do</strong>s e outros aspectos das caçadas. O passo seguinte foi trabalharcom mapas <strong>do</strong> território <strong>de</strong> caçadas, acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> levantamento dapopulação total em cada território. Os primeiros mapas <strong>de</strong>sse tipo foramfeitos por Chico Ginu e por seu irmão Roxo, inspira<strong>do</strong>s nos mapas queviam em mãos <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.126Em 1999, foi apresenta<strong>do</strong> o Projeto <strong>de</strong> Pesquisa e <strong>Monitoramento</strong>Participativo. Com ele, pela primeira vez, as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>resseringueiros, agora chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitores, eram o centro <strong>de</strong> um projeto.Ao mesmo tempo, a articulação entre pesquisa<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res passava aser a estratégia central <strong>de</strong> pesquisa aplicada. Dada a exigüida<strong>de</strong> <strong>do</strong> prazo, aidéia foi discutida por telefone e fax com Francisco Barbosa <strong>de</strong> Melo(Chico Ginu), representante regional <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong> Seringueiros<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Juruá, e com o Sr. Antônio <strong>de</strong> Paula, então presi<strong>de</strong>nte daAssociação <strong>de</strong> Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista <strong>do</strong> AltoJuruá (ASAREAJ). Ambos eram pioneiros: um ainda guardava sua carteirinha<strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> 1988; o outro era bem familiariza<strong>do</strong> com a importânciada pesquisa e havia participa<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Reserva. Ficouacerta<strong>do</strong> então que o projeto seria executa<strong>do</strong> pela própria ASAREAJ. Essaidéia <strong>de</strong>corria <strong>do</strong> pressuposto <strong>de</strong> que uma das condições necessárias paraconsolidar o monitoramento da Reserva é a cooperação entre governo,cientistas e mora<strong>do</strong>res, com responsabilida<strong>de</strong>s assumidas por cada uma daspartes. Assim, a produção <strong>de</strong> informações e análises relativas ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>secossistemas e à ação humana sobre eles <strong>de</strong>veria se assentar no papel ativoe responsável das instituições locais no processo <strong>de</strong> monitoramento egerenciamento, ao longo <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> aprendizagem que incluemtentativa e erro. Esses princípios estão na base <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa emonitoramento participativos.


ObjetivosOs objetivos principais <strong>do</strong> projeto são: (a) <strong>de</strong>senvolver méto<strong>do</strong>sparticipativos <strong>de</strong> pesquisa e monitoramento <strong>do</strong>s ecossistemas e da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida e (b) fortalecer a capacida<strong>de</strong> das populações tradicionais <strong>de</strong>administrar o uso <strong>do</strong>s recursos naturais. Suas metas foram assim formuladasem 1999:(1) produzir conhecimentos sobre os ecossistemas naturais e sobre asocieda<strong>de</strong>;(2) gerar méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas;(3) treinar mora<strong>do</strong>res com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitorar o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>secossistemas e avaliar os resulta<strong>do</strong>s da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento; e(4) contribuir para o fortalecimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerenciamentolocal.A meta (1) visava produzir conhecimentos sobre a cobertura vegetal, adiversida<strong>de</strong> biológica (medida por grupos indica<strong>do</strong>res como borboletas eanuros), o esta<strong>do</strong> da fauna submetida à caça; e a capacida<strong>de</strong> institucional.A meta (2) visava a consolidação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong>s diários,com revisão individualizada; <strong>do</strong>s treinamentos coletivos <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong>da<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> campo e mapeamento em oficinas e da produção <strong>de</strong>mapas, resultan<strong>do</strong> em manuais e cartilhas. A meta (3) visava chegar a umcorpo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 mora<strong>do</strong>res treina<strong>do</strong>s no uso <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s, a partir <strong>de</strong>uma equipe inicial <strong>de</strong> 50 mora<strong>do</strong>res. A meta (4) seria um resulta<strong>do</strong> dasanteriores, na qual a própria Associação atua como gerente.BeneficiáriosOs beneficiários imediatos são os mora<strong>do</strong>res da área <strong>de</strong> conservação, osseringueiros e agricultores da Reserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá, da formaindicada acima.De maneira direta, o projeto atualmente tem a participação <strong>de</strong> 50 mora<strong>do</strong>resque são os pesquisa<strong>do</strong>res-monitores. Além <strong>de</strong> receber treinamento, elesforam beneficia<strong>do</strong>s com uma ajuda <strong>de</strong> custo para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> realização<strong>de</strong> diários. O projeto fortaleceu a própria executora, a Associação <strong>de</strong>Seringueiros e Agricultores, com equipamento <strong>de</strong> transporte fluvial, computa<strong>do</strong>re acesso à internet, e com assessoria em sua interlocução comagências financia<strong>do</strong>ras. Po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como beneficiários osmora<strong>do</strong>res da Reserva e também os habitantes <strong>do</strong>s territórios protegi<strong>do</strong>s.12345678127


Organização: estrutura <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e execução <strong>do</strong> projetoUm projeto <strong>de</strong>ssa natureza apresenta dificulda<strong>de</strong>s especiais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação,resultantes <strong>de</strong> <strong>do</strong>is aspectos da sua estratégia. O primeiro aspecto é aarticulação entre a equipe científica, a Associação e os mora<strong>do</strong>res dafloresta. O segun<strong>do</strong> aspecto é a natureza multidisciplinar e multiinstitucionalda equipe científica. Esses <strong>do</strong>is aspectos geram problemas <strong>de</strong>comunicação e <strong>de</strong> planejamento. Passamos a <strong>de</strong>screver a organização criadapara resolver essas questões, tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s três planos: equipe científica,Associação e mora<strong>do</strong>res da floresta, conforme tabela a seguir.Tabela 2OrganogramaNome Entida<strong>de</strong> Cargo Descrição <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>sMauro W. B. <strong>de</strong>AlmeidaUNICAMP Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r científico Coor<strong>de</strong>nação científicaFrancisco OrleirFor tunato daSilvaASAREAJ(presi<strong>de</strong>nte)Responsável pelaexecuçãoParticipar das <strong>de</strong>cisões dacoor<strong>de</strong>nação científica eadjuntaEliza M. L. Cost aMariana PantojaFr anco eAugusto PostigoUNICAMP Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra-adjunta Coor<strong>de</strong>nação geral.Comunicação entrepesquisa<strong>do</strong>res, associação e aentida<strong>de</strong> financia<strong>do</strong>ra. Coadministraçãocom oor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas.Supervisão da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monitores (treinamento erelatórios)Augusto Postigo UNICAMP Coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong>processamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s(estudantes graduan<strong>do</strong>s emestran<strong>do</strong>s)AntonioMascena <strong>do</strong>sSantosASAREAJ(tesoureiro)Or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong><strong>de</strong>spesasAdministração (com apoio dacoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra-adjunta)Raimun<strong>do</strong> FariasRamosSeringueiroe agricultorSupervisor <strong>de</strong> campo(rio Bagé)Altemir Firmino Agricultor Supervisor <strong>de</strong> campo(rio Juruá)Coleta <strong>do</strong> material produzi<strong>do</strong>pelos monitores, canal entremonitores e Associação,orientação localJosé da CostaFerreiraSeringueiroe agricultorSupervisor <strong>de</strong> campo(rio Tejo)128Fr anciscoNogueira <strong>de</strong>QueirozPiloto <strong>de</strong> barcosPilotagem e manutenção <strong>de</strong>canoas, acompanhamento <strong>do</strong>spesquisa<strong>do</strong>res no campo


Parceiros científicosA realização <strong>do</strong> projeto envolveu diferentes tipos <strong>de</strong> colaboração científica,a saber:Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Rurais (CERES) - IFCH – UNICAMP - (Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra:Dra. Maria Emília Pietrafesa). É a base institucional das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>projeto na Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas.CIFOR - Apoiou as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto, através <strong>de</strong> convênio com aUNICAMP - Departamento <strong>de</strong> Antropologia (representa<strong>do</strong>s por MauroAlmeida e Manuel Ruiz-Pérez).INPA - Instituição à qual pertence o Dr. Bruce Nelson.UFAC/NYBG - Professor Marcos Silveira e equipe, e professor DouglasDaly.UFSC - Professora Dra. Cristina S. Wolff.Início <strong>de</strong> execução e duração previstaA duração prevista inicialmente foi <strong>de</strong> 2000 a 2002. Esse perío<strong>do</strong> foiestendi<strong>do</strong> a maio <strong>de</strong> 2003.Fontes <strong>de</strong> financiamentoEste é um Projeto <strong>de</strong> Pesquisa Dirigida (PPD) cuja fonte <strong>de</strong> financiamentoprincipal é a comunida<strong>de</strong> européia, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa Piloto para aProteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil (PPG7), com recursos administra<strong>do</strong>spela Financia<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Projetos (FINEP/ <strong>Ministério</strong> <strong>de</strong>Ciência e Tecnologia). O valor total a ser recebi<strong>do</strong> pelo projeto é <strong>de</strong> 238mil euros. Na execução <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, contou-se também com recursos daCIFOR e com apoio institucional da UNICAMP, através <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>sRurais (CERES). O CNPT, com o apoio institucional da<strong>do</strong> à ASAREAJ,teve papel importante na fase <strong>de</strong> implementação. Parte <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> baseutiliza<strong>do</strong>s foram produzi<strong>do</strong>s com recursos da Fundação McArthur e USP.Alguns pesquisa<strong>do</strong>res receberam recursos para viagem <strong>do</strong> convênio entre aUFAC e o New York Botanical Gar<strong>de</strong>n (NYBG), e outros <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>pesquisa individuais junto à FAPESP.Previsão sobre a utilização <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> monitoramento e<strong>avaliação</strong>O principal objetivo <strong>do</strong> projeto é a criação <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramentoa partir <strong>do</strong> encontro entre o conhecimento científico produzi<strong>do</strong> na Universida<strong>de</strong>e o <strong>do</strong>s habitantes da floresta, que possam ser utiliza<strong>do</strong>s diretamentepelos mora<strong>do</strong>res da Reserva para acompanhamento da situação12912345678


local. Preten<strong>de</strong>-se que a equipe <strong>de</strong> monitores formada possa acompanhar asmudanças locais, discuti-las e propor soluções para a comunida<strong>de</strong> e osrepresentantes. Um <strong>do</strong>s monitores, e também um <strong>do</strong>s autores, po<strong>de</strong> servircomo um exemplo da assimilação <strong>de</strong> idéias <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s e monitoramento.Suas freqüentes observações e análises sobre a necessida<strong>de</strong> da conservaçãoambiental e suas dificulda<strong>de</strong>s foram reunidas em um livro em vias <strong>de</strong>publicação. Este livro integra uma série, que além <strong>de</strong> manuais <strong>de</strong>monitoramento traz resulta<strong>do</strong>s da reflexão individual <strong>de</strong> alguns monitores.O que esses monitores continuam fazen<strong>do</strong>, mesmo na ausência <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res<strong>de</strong> fora, é utilizar os instrumentos apreendi<strong>do</strong>s e o hábito daescrita e <strong>do</strong> registro <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> durante o projeto. De fato, isto está <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com a estratégia <strong>do</strong> projeto: além <strong>de</strong> criar um méto<strong>do</strong> fixo <strong>de</strong>acompanhamento também se procurou dar liberda<strong>de</strong> para os monitores,que po<strong>de</strong>m pensar e selecionar temas para a observação.A estratégia <strong>do</strong> monitoramento participativoOs MonitoresPara compreen<strong>de</strong>r melhor as dificulda<strong>de</strong>s e vantagens <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong><strong>de</strong>sse tipo na região, é interessante acompanhar certas situações e processoslocais.No perío<strong>do</strong> em que eram voluntários, por exemplo, esses monitores, além<strong>de</strong> fazer registros por vezes diários <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, esforçan<strong>do</strong>-se no aprimoramento<strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> nova como era a lida com ca<strong>de</strong>rnos e canetas,ainda tinham que conviver com inusita<strong>do</strong>s comentários locais. Como ascríticas <strong>de</strong> que eles estariam per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tempo com aquelas anotações semreceber remuneração, e que os tais ca<strong>de</strong>rnos po<strong>de</strong>riam estar sen<strong>do</strong> “vendi<strong>do</strong>s”no Sul, dan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s lucros aos pesquisa<strong>do</strong>res. Apesar <strong>de</strong>ssesquestionamentos, os cerca <strong>de</strong> 10 voluntários que iniciaram as ativida<strong>de</strong>s em1994, em 1998 eram 38, incluin<strong>do</strong> convida<strong>do</strong>s, mas principalmente parentese vizinhos <strong>do</strong>s monitores iniciais. Os monitores explicavam que otrabalho e as críticas eram compensa<strong>do</strong>s pelo conhecimento adquiri<strong>do</strong>com os pesquisa<strong>do</strong>res e a prática <strong>de</strong>senvolvida na escrita.130Logo que o projeto foi aprova<strong>do</strong>, pesquisa<strong>do</strong>res participaram <strong>de</strong> umareunião da diretoria ampliada da Associação local, on<strong>de</strong> essas críticas edúvidas foram explicitadas e abertamente discutidas.


Com o projeto preven<strong>do</strong> uma ajuda <strong>de</strong> custo no valor <strong>de</strong> R$50,00 mensais,a equipe <strong>de</strong> monitores, além <strong>de</strong> aumentar, passou a receber maior respeitabilida<strong>de</strong>local, a ponto <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> necessário limitar a entrada <strong>de</strong> novosmembros na equipe, fechan<strong>do</strong>-a com o número <strong>de</strong> 50 em toda a Reserva.Um <strong>do</strong>s pontos fundamentais para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s com mora<strong>do</strong>resdispersos ao longo da floresta é a comunicação. Existe um programa<strong>de</strong> mensagens numa rádio local, por meio <strong>do</strong> qual se po<strong>de</strong> comunicardatas <strong>de</strong> treinamentos. A radiofonia atinge seis pontos diferentes da Reserva.No entanto, há uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação entre mora<strong>do</strong>res, a Associaçãoe o mun<strong>do</strong> urbano, on<strong>de</strong> notícias são filtradas, aumentadas ou alteradas,sen<strong>do</strong>, portanto, fundamental uma comunicação constante e a presença<strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res na área.Foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s: treinamentos e visitasmonitoradas.TreinamentosOs treinamentos, com a presença <strong>de</strong> professores e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>do</strong>stemas, são realiza<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is ou três dias, em pontos <strong>de</strong> maior facilida<strong>de</strong><strong>de</strong> acesso para os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> diferentes regiões da Reserva, com oobjetivo <strong>de</strong> discutir as linhas gerais <strong>do</strong> monitoramento, mas tambémreforçar a formação <strong>de</strong> uma equipe, sempre da diretoria da Associaçãolocal.Sem exceção, os treinamentos terminam com observações <strong>do</strong>s monitores<strong>de</strong> que o tempo é insuficiente, que eles tinham algo mais a apren<strong>de</strong>r.Realmente, a duração <strong>do</strong>s treinamentos é <strong>de</strong>finida pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sprofessores, pois a realização <strong>de</strong> <strong>do</strong>is treinamentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is dias em cadalocal, entre a saída e a chegada, não leva menos <strong>de</strong> 10 dias. Os custos sãorelativamente altos, com alimentação, combustível para canoas e algunsserviços. Esses treinamentos são realiza<strong>do</strong>s na Reserva, em galpões daAssociação ou escolas das colocações e, além <strong>do</strong>s monitores, conta com apresença sempre ativa <strong>de</strong> parentes e interessa<strong>do</strong>s das vizinhanças. Mulheres,por exemplo, não costumam sair <strong>de</strong> casa sem pais ou mari<strong>do</strong>s, filhosmenores também acompanham as mães, que geralmente ainda trazem umfilho ou filha maior para cuidar <strong>do</strong>s pequenos. Esse público varia<strong>do</strong>,apesar <strong>de</strong> aumentar as <strong>de</strong>spesas, também é fundamental para que as idéiasdiscutidas sejam divulgadas pela Reserva.12345678131


Um <strong>do</strong>s treinamentos sobre borboletas bioindica<strong>do</strong>ras, por exemplo,sugeriu uma caminhada <strong>do</strong>s monitores em áreas <strong>de</strong> florestas e capoeiras,ativida<strong>de</strong> prevista para to<strong>do</strong>s os monitores. As mulheres, entretanto, sentiram-seconstrangidas a participar, visto que não é comum andarem pelamata sem seus familiares. Após algumas discussões, optou-se pela ida,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que uma pesquisa<strong>do</strong>ra mulher acompanhasse a caminhada. Já ostreinamentos com anuros, realiza<strong>do</strong>s na mata <strong>de</strong> dia e também <strong>de</strong> noite,<strong>de</strong>spertaram intenso interesse na região e se tornaram ativida<strong>de</strong>s obrigatoriamentemasculinas. Um monitor comentou que antes, se visse um sapo nomeio <strong>do</strong> caminho, “o que fazia era chutar”. Hoje é capaz <strong>de</strong> reconhecersons <strong>de</strong> diferentes espécies, saber que os machos é que cantam e, mesmosem vê-los, é capaz <strong>de</strong> apontar as características da espécie e seu local <strong>de</strong>moradia. Um monitor mais aplica<strong>do</strong> nas ativida<strong>de</strong>s com as borboletas –ativida<strong>de</strong>, aliás, bastante complexa pela gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies –orgulha-se em dizer que é capaz <strong>de</strong>, por meio da observação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>stipos, reconhecer diferentes características <strong>do</strong> ambiente, sem nunca teresta<strong>do</strong> no local, saben<strong>do</strong> também muitos nomes científicos.Até o momento, no âmbito <strong>de</strong>ste projeto, foram realiza<strong>do</strong>s três treinamentoscoletivos para o monitoramento da caça; <strong>do</strong>is treinamentos para aanálise <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite e elaboração <strong>de</strong> mapas em escala; um paramonitoramento a partir <strong>de</strong> borboletas e libélulas; <strong>do</strong>is para monitoramento<strong>de</strong> anuros e <strong>do</strong>is para a produção <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> história local. Tambémforam realiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is treinamentos em pequenos grupos para monitoresem coleta, armazenagem e classificação <strong>de</strong> espécies vegetais, e um paramonitoramento <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> cipós. A<strong>de</strong>mais, foi feita uma série <strong>de</strong> treinamentosem gran<strong>de</strong> parte das colocações da Reserva para melhoria daprodução <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> mandioca, principal produto alimentar da região,realiza<strong>do</strong> por um agricultor local, com gran<strong>de</strong> experiência em técnicasagroflorestais. Após os treinamentos, são realiza<strong>do</strong>s relatórios, que sãoenvia<strong>do</strong>s para o arquivo da se<strong>de</strong> da Associação e uma cópia, geralmentecom fotos, é entregue a to<strong>do</strong>s os monitores no treinamento seguinte.VisitasUma condição especial que dá a fundamentação ao projeto é a convivênciadura<strong>do</strong>ura entre pesquisa<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res. Ao longo <strong>de</strong> anos, pesquisa<strong>do</strong>respassaram até meses nas casas <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s que hoje sãomonitores, participan<strong>do</strong> das suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas, estabelecen<strong>do</strong>relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e confiança.132Enquanto os treinamentos são fundamentais para a troca <strong>de</strong> conhecimentosentre pesquisa<strong>do</strong>res e mora<strong>do</strong>res, e para a consolidação <strong>do</strong> trabalho em


equipe; as visitas são um momento importante para as discussões individuais,on<strong>de</strong> os diários são revisa<strong>do</strong>s com os monitores e po<strong>de</strong>-se perceber asdificulda<strong>de</strong>s e os interesses <strong>de</strong> cada um.Nessas visitas, percebeu-se o gran<strong>de</strong> interesse em escrever os diários nalinguagem formal <strong>do</strong> português, <strong>de</strong>ntro das regras gramaticais. Inicialmenteisso não era uma preocupação <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res, pois a idéia era que cadaum fizesse registros conforme suas próprias capacida<strong>de</strong>s. Uma escrita<strong>de</strong>ntro das regras formais é difícil <strong>de</strong> ser encontrada ali, pois a maiorianunca chegou a freqüentar uma escola, e foi apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a lidar com aescrita com a ajuda <strong>de</strong> parentes e familiares, ajuda que normalmente acabaquan<strong>do</strong> se é capaz <strong>de</strong> reconhecer as palavras e escrever algumas outras.Mesmo professores da re<strong>de</strong> pública local apresentam <strong>de</strong>ficiências nalinguagem escrita. Monitores começaram a solicitar dicionários, mas nasvisitas percebeu-se que é bastante difícil encontrar uma <strong>de</strong>terminada palavraquan<strong>do</strong> não existe agilida<strong>de</strong> na leitura. Mas o tempo <strong>de</strong>monstra comoa linguagem vai sen<strong>do</strong> formalizada e esse aprendiza<strong>do</strong> é, como ressaltamos,sempre comenta<strong>do</strong> como uma das principais vantagens da participação noprojeto.Um <strong>do</strong>s problemas e, ao mesmo tempo, a gran<strong>de</strong> riqueza <strong>do</strong> materialproduzi<strong>do</strong> pelos monitores está na pluralida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s talentos e criativida<strong>de</strong>slocais. Durante as visitas po<strong>de</strong>-se então tentar facilitar o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>ssa capacida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> seus próprios interesses, trabalhan<strong>do</strong> commatemática, construção <strong>de</strong> tabelas, escrita formal ou análise <strong>de</strong> mapas.É nessas visitas que se po<strong>de</strong> notar que um monitor não quer restringir asanotações a um único tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, como a caça, se acha que o seudiário <strong>de</strong>ve contemplar também outras ativida<strong>de</strong>s, para que ele mesmopossa analisar seu cotidiano. Outros já <strong>de</strong>monstram habilida<strong>de</strong> em colocarda<strong>do</strong>s em tabelas, pois estão mais preocupa<strong>do</strong>s com uma visão da situaçãoao longo <strong>do</strong> tempo. Alguns procuram ter uma visão espacial da situação,fazen<strong>do</strong> mapas <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s sobre a região. Alguns começam a mostrartalento para o <strong>de</strong>senho, ou na invenção escrita <strong>de</strong> histórias e poesias.Jovens comparam o gasto da munição entre diferentes caça<strong>do</strong>res, utilizan<strong>do</strong>os da<strong>do</strong>s para brinca<strong>de</strong>iras locais, mas que são uma análise interessanteda relação entre o esforço empenha<strong>do</strong> em tempo e recursos e o ganho soba forma <strong>de</strong> quilos <strong>de</strong> alimento. Nas visitas, discutem-se essas análises, on<strong>de</strong>os monitores levantam suas próprias hipóteses, como o porquê <strong>de</strong> em umano haver uma piracema maior e em outro menor, ou se o aumento dacaça se refere a mudanças internas ou externas.13312345678


Além <strong>de</strong> procurar incentivar essas capacida<strong>de</strong>s individuais, as visitas tambémtêm um papel social, pois receber pessoas <strong>de</strong> fora em casa, oferecerum almoço, jantar ou hospedagem, também é motivo <strong>de</strong> valorização dafunção <strong>do</strong> monitor.Geralmente, os assuntos que suscitam maior entusiasmo são aqueles liga<strong>do</strong>sàs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> caça, pois to<strong>do</strong>s têm histórias <strong>de</strong> caçadas a contar emuita informação sobre a história natural <strong>de</strong> diferentes animais.Já os assuntos que geram maior curiosida<strong>de</strong> são aqueles liga<strong>do</strong>s à zoologiae botânica, ou seja, aqueles em que pesquisa<strong>do</strong>res especialistas andaramcom os monitores pela mata, <strong>de</strong>ram aulas, enfim, alimentaram a curiosida<strong>de</strong><strong>do</strong>s monitores discutin<strong>do</strong> hábitos e especificida<strong>de</strong>s das espécies. Algunsmonitores começaram a se esmerar em <strong>de</strong>corar os nomes científicos <strong>de</strong>plantas e animais, outra atitu<strong>de</strong> não esperada pelos pesquisa<strong>do</strong>res, quepreviam que eles se restringiriam a um conhecimento mais utilitário. Aocontrário, o convívio com os pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sperta uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>conhecer, pelo próprio prazer <strong>do</strong> conhecimento. A seguir segue a citação<strong>de</strong> algumas passagens da introdução ao manual <strong>de</strong> borboletas, ilustran<strong>do</strong>coisas que monitores apren<strong>de</strong>m com pesquisa<strong>do</strong>res.134Durante as excursões na mata <strong>do</strong> professor Keith Brown, muitas vezesacompanha<strong>do</strong> pelo biólogo André Victor e pelo monitor Irineu, uma dascoisas que mais impressionavam os mora<strong>do</strong>res era que o professor Quítiparecia conhecer lugares on<strong>de</strong> nunca tinha esta<strong>do</strong>.” “- Estamos chegan<strong>do</strong>no igapó, não é, Irineu?”, “O segre<strong>do</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adivinhação <strong>de</strong>Keith Brown era o seu conhecimento sobre as borboletas. Conhece<strong>do</strong>rda vida <strong>do</strong>s insetos, ele sabia que há qualida<strong>de</strong>s (ou espécies) <strong>de</strong> borboletasque só sobrevivem perto <strong>do</strong>s igapós, e também que há qualida<strong>de</strong>s que<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> tabocal; que há as que aparecem mais na capoeira e outrasque vivem na floresta cerrada. (...) Na última visita que fizeram à ReservaExtrativista <strong>do</strong> Alto Juruá, os biólogos André Victor e Ronal<strong>do</strong> Francini(da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos) estavam in<strong>do</strong> para a colocação Mato Grosso,quan<strong>do</strong> começaram a notar que muitas espécies <strong>de</strong> borboletas <strong>de</strong> áreasabertas e capoeiras estavam aparecen<strong>do</strong>, coisa que não acontecia antes.Meia hora <strong>de</strong>pois eles encontraram uma clareira enorme que havia si<strong>do</strong>cortada recentemente. Eles lembraram <strong>do</strong> que havia si<strong>do</strong> explica<strong>do</strong> antes:se as borboletas <strong>de</strong> mata cerrada já começavam a sumir, surgia o me<strong>do</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais uns anos a caça e as plantas úteis po<strong>de</strong>riamtambém <strong>de</strong>saparecer, prejudican<strong>do</strong> a vida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da colocação<strong>do</strong> Mato Grosso.


Há também coisas que os pesquisa<strong>do</strong>res apren<strong>de</strong>m com os monitores.Com anos <strong>de</strong> observação da floresta, os monitores sabem e <strong>de</strong>scobremmuitas coisas que os cientistas ainda não sabem. Por exemplo, há algunsanos os pesquisa<strong>do</strong>res da UNICAMP receberam um vidrinho manda<strong>do</strong> porIrineu, com duas “casquinhas”. Essas casquinhas eram encantos (oupupas) <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> borboleta que os pesquisa<strong>do</strong>res conheciam nafase adulta, mas nunca tinham visto antes naquela fase <strong>de</strong> pupa. Ocorreque Irineu lembrou-se <strong>de</strong> uma conversa que teve num treinamento, quan<strong>do</strong>um pesquisa<strong>do</strong>r contou que queria muito <strong>de</strong>scobrir qual era o encanto(pupa) daquela espécie. Mais <strong>de</strong> quatro anos <strong>de</strong>pois, quan<strong>do</strong> Irineu trabalhava,viu a borboleta sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> encanto e na hora pegou as casquinhas eenviou para Campinas por uma amiga que estava viajan<strong>do</strong>. Um outroexemplo: seringueiros <strong>do</strong> alto rio Tejo fazem <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>talhadas ecircunstanciadas sobre a ocorrência e hábitos <strong>do</strong> soim-<strong>de</strong>-duas-cores(Saguinus bicolor bicolor), que só havia si<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> até agora empequenas áreas ao norte <strong>do</strong> rio Amazonas.Fazen<strong>do</strong> diáriosA qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> material produzi<strong>do</strong> pelos monitores, a serieda<strong>de</strong> e a participaçãonas questões variam conforme o empenho individual. Entretanto,estão liga<strong>do</strong>s, principalmente, ao tempo <strong>de</strong> envolvimento <strong>do</strong>s monitorescom os pesquisa<strong>do</strong>res. Um <strong>do</strong>s maiores problemas enfrenta<strong>do</strong>s ao longo<strong>do</strong> projeto foi a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a freqüência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sesperada. Os valores parcela<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto foram sempre recebi<strong>do</strong>s comatraso, geran<strong>do</strong> interrupções que prejudicaram sobremaneira seu andamento.Como a maior parte <strong>do</strong>s trabalhos se iniciou no rio Tejo e afluentes,os diários <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da margem <strong>de</strong>sses rios foram muito menosafeta<strong>do</strong>s pelas inconstâncias <strong>do</strong> projeto. Já no rio Juruá, on<strong>de</strong> essas ativida<strong>de</strong>ssão mais recentes, após um certo tempo em que a comunicação searrefece, alguns monitores páram as ativida<strong>de</strong>s ou as interrompem parcialmente,retoman<strong>do</strong>-as somente quan<strong>do</strong> há certeza da presença <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.Mesmo com algumas interrupções, os diários realiza<strong>do</strong>s cobrem observaçõesrealizadas ao longo <strong>de</strong> vários anos. Esses da<strong>do</strong>s são tabela<strong>do</strong>s poruma equipe <strong>de</strong> estudantes na Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas,retornan<strong>do</strong> aos monitores para análises. Alguns monitores, ao final <strong>do</strong>sca<strong>de</strong>rnos, já estão construin<strong>do</strong> suas próprias tabelas, tiran<strong>do</strong> algumasconclusões próprias.12345678135


Temas <strong>de</strong> pesquisa e resulta<strong>do</strong>s iniciaisAs ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto foram divididas em diversas áreas <strong>de</strong> pesquisa etreinamento. Na maioria <strong>do</strong>s casos, cada coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r trabalhou comoutros pesquisa<strong>do</strong>res, estudantes e monitores, forman<strong>do</strong> ao to<strong>do</strong> umaequipe <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 membros, em diferentes etapas <strong>do</strong> projeto.Tabela 3Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> pesquisaCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Instituição Área Ativida<strong>de</strong>s136Bruce Nelson INPA Cober turavegetalManuel Ruiz-Pérez CIFORAndreaAlechandre;Foster BrownUFACCober turavegetalElaboração<strong>de</strong> mapas(aplicação amanejo)Keith S. Brown Jr UNICAMP Diversida<strong>de</strong>biológica(insetos)Moisés Barbosa<strong>de</strong> SouzaMarcos Silveira;Douglas DalyJosé MarceloTor ezanMauro W. B.AlmeidaManuela L.Carneiro daCunhaCristina ScheibeWolffMauro W. B.AlmeidaAntonio Teixeirada SilvaPr of. UFACUFAC; NewYor kBotanicalGar<strong>de</strong>nsUNESPUNICAMPUniversida<strong>de</strong><strong>de</strong>ChicagoUFSCUNICAMPAgricultorDiver sida<strong>de</strong>biológica(anuros)Diversida<strong>de</strong>biológica(vegetação)Diversida<strong>de</strong>biológica(cipós)Usos <strong>de</strong>recursosHistóriasocialResolução<strong>de</strong> ConflitosNovosProdutosCar tilha para interpretação <strong>de</strong>imagens <strong>de</strong> satéliteAnálise <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento naReser vaTreinamento para elaboração<strong>de</strong> mapas em escala porméto<strong>do</strong>s simples (passoscalibra<strong>do</strong>s)Treinamento e elaboração <strong>de</strong>car tilha com espéciesindica<strong>do</strong>ras (borboletas elibélulas).Treinamentos e elaboração <strong>de</strong>car tilha (anuros)Levantamentos e treinamento<strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res em técnicas <strong>de</strong>extração <strong>de</strong> amostras e palhasLevantamentos e treinamentoslocaliza<strong>do</strong>s para melhoria nacoleta <strong>de</strong> palheirasTreinamentos emmonitoramento <strong>de</strong> caçaOficinas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> textose elaboração <strong>de</strong> car tilha <strong>de</strong>história localAnálise <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>implementação <strong>de</strong> regras <strong>de</strong>uso e <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong>recursos/ processos <strong>de</strong>resolução <strong>de</strong> conflitoTreinamentos para melhoria daprodução <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong>mandioca


Tema 1: Cobertura vegetalEvolução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento na Reserva na década <strong>de</strong> 1990-2000Os da<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s aqui resultam das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> convênio entre o Centerfor International Forestry Research (CIFOR) e o Departamento <strong>de</strong> Antropologiada UNICAMP, em vigor <strong>de</strong> 1996 a 2001. Esse convênio apoiou ostrabalhos com monitores voluntários da Reserva, entre 1996 a 1999. Umadas ativida<strong>de</strong>s realizadas foi a análise <strong>de</strong> mudanças na cobertura vegetal emuma série <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite (Landast TM5).Para essa análise, as imagens foram submetidas a uma classificação simples,que distinguiu (em cada pixel) três categorias: com cobertura vegetal, semcobertura florestal (área nua ou em processo recente <strong>de</strong> regeneração) eterreno não-classifica<strong>do</strong> (água, nuvens e outros). Reconhecemos que essaclassificação é muito simples para permitir uma <strong>avaliação</strong> direta <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>da cobertura florestal, já que não distingue claramente entre a coberturavegetal em regeneração (haven<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s em distinguir estágios <strong>de</strong>floresta em regeneração e matas <strong>de</strong> bambu, por exemplo). Porém a classificaçãorealizada foi aplicada para distinguir taxas, a saber: taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento bruto (mudança <strong>de</strong> área florestada para área <strong>de</strong>smatada);taxa <strong>de</strong> reflorestamento (mudança <strong>de</strong> área <strong>de</strong>smatada para área florestada);e taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong> (taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento menos taxa <strong>de</strong>reflorestamento). A informação fornecida pelas taxas é mais clara que a<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s brutos. Assim, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento me<strong>de</strong> o <strong>de</strong>smatamento<strong>de</strong> áreas antes cobertas por floresta (antiga ou em regeneração), enquanto ataxa <strong>de</strong> reflorestamento me<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> regeneração da coberturaflorestal. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong> me<strong>de</strong> o excesso <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento novo (em floresta antiga ou em regeneração) sobre a regeneração.Dessa forma, seria possível ter uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong>zero e ao mesmo tempo um processo <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> mata antiga pormata recente. Assim, os da<strong>do</strong>s constituem apenas uma primeira aproximação,não obstante, suficiente para os fins <strong>do</strong> monitoramento. Apresentamosagora alguns diagramas ilustran<strong>do</strong> as tendências encontradas.12345678137


Gráfico 1Evolução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento bruto, incluin<strong>do</strong> floresta primária e secundária(1992-2000).Área sem vegetação em Km 2501,0%450,9%400,8%350,7%300,6%250,5%200,4%150,3%100,2%50,1%00,0%1992 1995 1998 2001Ao consi<strong>de</strong>rar a Gráfico 1, <strong>de</strong>vemos ter em mente que a área total daReserva é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5.000 km 2 . O eixo vertical na esquerda indica que aárea <strong>de</strong>smatada (terra nua para roça<strong>do</strong>s ou pasto) é menos <strong>de</strong> 50 km 2 , ouum por cento da área total, conforme se vê também no eixo da direita.Note-se o ligeiro aumento da área <strong>de</strong>smatada <strong>de</strong> 1992 a 1995, seguida <strong>de</strong><strong>de</strong>créscimo em 1999 e 2000.Gráfico 2Evolução <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong> (1992-2000).138Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong> por ano0,25%0,20%0,15%0,10%0,05%0,00 %1992 1995 1998 2001


No Gráfico 2, vemos as taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento líqui<strong>do</strong>. A tendência é <strong>de</strong><strong>de</strong>clínio, o que significa que houve não só redução da área <strong>de</strong>smatadatotal (como terra nua), conforme a Figura 1, mas também uma redução noexcesso <strong>de</strong> novo <strong>de</strong>smatamento sobre áreas regeneradas.Vamos a seguir indicar que essa tendência <strong>de</strong> redução no <strong>de</strong>smatamentonão é um simples efeito <strong>do</strong> pequeno <strong>de</strong>clínio populacional da Reserva nomesmo perío<strong>do</strong>. Para esse fim, usamos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1991 sobre a populaçãototal da Reserva (em projeto da ASAREAJ, com apoio técnico <strong>do</strong> ISA ecoor<strong>de</strong>nação da UNICAMP) e <strong>de</strong> 1999 (ASAREAJ e CNPT).Tabela 4Evolução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento por família1231991 1999Famílias 857 77 0Área (km2) <strong>de</strong>smatada 44,6 36,74Ha/ Família 5,2 4,8Os da<strong>do</strong>s mostram que, embora tenha havi<strong>do</strong> <strong>de</strong> fato redução na populaçãototal da Reserva (a população caiu em 1999 a 90% <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> 1991), aqueda na área <strong>de</strong>smatada foi proporcionalmente ainda maior (82% <strong>do</strong>nível inicial). Isso significa também que a área <strong>de</strong>smatada por grupo<strong>do</strong>méstico caiu <strong>de</strong> 5,2 hectares para 4,8 hectares.Treinamento <strong>de</strong> monitores na interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sEm vez <strong>de</strong> apresentar aos monitores da<strong>do</strong>s numéricos como os das tabelasacima, foram distribuí<strong>do</strong>s a eles imagens <strong>de</strong> satélite em distintos pontos <strong>do</strong>tempo. Essas imagens abrangiam áreas reduzidas da Reserva (em vez <strong>de</strong>cobrirem toda a imagem <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5.000 km 2 para a Reserva, cobriamextensões da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 500 km 2 – no Alto rio Tejo e na Restauração). Essasimagens podiam ser interpretadas visualmente a partir da experiência <strong>do</strong>smora<strong>do</strong>res, que tratavam <strong>de</strong> reconhecer primeiro o local (orienta<strong>do</strong>s pelare<strong>de</strong> hidrográfica), e <strong>de</strong>pois passavam a indicar causas e processos associa<strong>do</strong>saos efeitos observa<strong>do</strong>s. Damos abaixo exemplos <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> imagensutilizadas em oficinas, ilustran<strong>do</strong> o efeito-borda: o impacto <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>colonização agrícola na fronteira norte da Reserva; o crescimento <strong>do</strong>núcleo urbano da se<strong>de</strong> municipal, combina<strong>do</strong> ao efeito-rio (ativida<strong>de</strong>s1395678


agrícolas ribeirinhas on<strong>de</strong> se concentra a maior parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamentonovo).Figura 1Material <strong>de</strong> treinamento: fronteira da reserva com a se<strong>de</strong> municipal ilustran<strong>do</strong>a zona <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> assentamento, núcleo urbano e o efeitomargem(1989-1999)Figura 2Página da cartilha <strong>de</strong> interpretação da imagem (<strong>de</strong>talhe amplia<strong>do</strong> da imagemanterior)1= área construída?2 = igarapé (barrento?)3 = rio Juruá4 = banco <strong>de</strong> areia5 = provavelmente capoeira6 = floresta alta7 = duas roças pequenas, <strong>de</strong> 1/2 hectare(Ilustração da cartilha elaboradapor Bruce Nelson, INPA)140


Treinamento <strong>de</strong> monitores: mapas temáticos sem escalaHá uma dificulda<strong>de</strong> para elaborar mapas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> recursosnaturais dispersos pela floresta em áreas <strong>de</strong> 400 ha ou mais. Entretanto, osmora<strong>do</strong>res usuários <strong>de</strong>sses recursos são capazes <strong>de</strong> elaborar mapas bastanteprecisos. Utilizan<strong>do</strong> seus mapas, e pontos <strong>de</strong> referência em pequenonúmero, po<strong>de</strong>-se então obter representações satisfatórias a baixo custo,apoiadas no conhecimento local. Um exemplo é o <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> distribuição<strong>de</strong> seringueiras em exploração em uma estrada <strong>de</strong> seringa, realiza<strong>do</strong>pelos irmãos Francisco H. da Costa Ferreira (Ico) e José da Costa Ferreira“Bé”, em colaboração com Eliza M. L. Costa, no Alto rio Tejo (cadaárvore é numerada e acompanhada <strong>de</strong> uma breve <strong>de</strong>scrição).Figura 3Distribuição <strong>de</strong> seringueiras123456Fonte: Mapa elabora<strong>do</strong> por Francisco Henrique F. da Costa (Ico) e José Ferreira daCosta (Bé)Pela colaboração no treinamento <strong>de</strong> seringueiros em técnicas simples <strong>de</strong>mapeamento, agra<strong>de</strong>cemos a Andréa Alechandre e à equipe <strong>do</strong> prof. IrvingFoster Brown, da UFAC - Parque Zoobotânico.78141


Tema 2: Diversida<strong>de</strong> biológicaO esforço <strong>de</strong> pesquisa li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelos professores Keith S. Brown Jr., AdãoCar<strong>do</strong>so e outros relevou altíssimos índices <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> animal naReserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá. A Tabela 5 apresenta da<strong>do</strong>s compara<strong>do</strong>ssobre a diversida<strong>de</strong> biológica encontrada em alguns grupos animais emdiferentes locais da Amazônia que foram bem estuda<strong>do</strong>s: a própria Reserva(REAJ), no Acre, Caucaulândia em Rondônia, e Pakitza e Tambopata noPeru. Para cada localida<strong>de</strong>, a tabela dá o esforço <strong>de</strong> pesquisa (em dias ouem horas) e o número <strong>de</strong> espécies encontradas. A título <strong>de</strong> exemplo, atabela permite ver que no caso das borboletas, com um esforço <strong>de</strong> 1034horas <strong>de</strong> pesquisa (primeira coluna), obteve-se um total <strong>de</strong> 1536 espécies(segunda coluna). A riqueza <strong>de</strong> borboletas na REAJ é tão alta que emapenas um dia <strong>de</strong> trabalho os cientistas chegaram a avistar quase 500qualida<strong>de</strong>s diferentes.Tabela 5Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> compara<strong>do</strong>sREAJAcreCaucaulândiaRondôniaPakitzaPeruTambopat aPeruGrupoEsforço <strong>de</strong>pesquisaNúmero <strong>de</strong>espéciesFonte: Keith S. Brown Jr.EsforçoNúmero <strong>de</strong>espéciesEsforçoNúmero <strong>de</strong>espéciesEsforçoNúmero <strong>de</strong>espéciesPrimatas Pequeno 16 10 13 13Aves 105 dias 549 Mais <strong>de</strong> Cerca <strong>de</strong> >1000 dias 554 Anos 572200 dias 50 nSapos c.120 ? ? 115 dias 79/ 60 79Libélulas 60 dias 47 Mais <strong>de</strong>200 diasBorboletas 1034horas1536 5000horasCerca <strong>de</strong>60? ? 200 dias 441622 1311 horas 1300 1300 1234horas142A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa durante a vigência <strong>do</strong> projeto em questão permitiuatualizar os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, elevan<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> sapos <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 96 para cerca <strong>de</strong> 120. Permitiu também elevar o número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>borboletas a 1536. Encontram-se em vias <strong>de</strong> publicação os manuais <strong>de</strong>monitoramento referentes a sapos, conten<strong>do</strong> a lista completa para a Reservae para o vizinho Parque Nacional da Serra <strong>do</strong> Divisor, elaborada peloprofessor Moisés Barbosa, da UFAC, e uma lista <strong>de</strong> espécies indica<strong>do</strong>ras,no caso das borboletas, preparada por uma equipe li<strong>de</strong>rada pelo professorKeith S. Brown Jr. e que inclui um <strong>do</strong>s monitores. Algumas espécies sãomuito sensíveis a pequenas mudanças ambientais – por exemplo, a transiçãoda mata bruta para áreas <strong>de</strong> capoeira, ou a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> igapós.


Outras são <strong>de</strong> fácil discriminação. Com base nesses <strong>do</strong>is critérios escolheram-seas espécies indica<strong>do</strong>ras. Com os manuais, os monitores percorrem amata e registram as espécies observadas. Os primeiros manuais foramreformula<strong>do</strong>s, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a pedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s próprios monitores, para torná-losmais abrangentes, incluin<strong>do</strong> os nomes científicos, cuja memorização,conforme salienta<strong>do</strong>, tornou-se motivo <strong>de</strong> orgulho para alguns. O resulta<strong>do</strong>é que os envolvi<strong>do</strong>s passaram a conhecer melhor esses grupos <strong>de</strong> animais <strong>de</strong>pouca importância na vida prática imediata, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua importânciacomo indica<strong>do</strong>res da riqueza natural. Os “monitores <strong>de</strong> sapos”, por exemplo,orgulham-se <strong>de</strong> seus conhecimentos especializa<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> distinguir pelonome e pelo habitat espécies que passavam <strong>de</strong>spercebidas no ambiente queconhecem extremamente bem sob outros aspectos (sobretu<strong>do</strong> os mamíferose aves, que são objeto das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta para alimentação).123Tema 3: O uso da fauna silvestreO registro da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caça <strong>de</strong>spertou muito interesse <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o iníciodas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto, ainda mais entre os homens. A caçada semprefoi motivo <strong>de</strong> conversas diárias. Os caça<strong>do</strong>res da floresta se interessamprofundamente pelos hábitos animais, pela associação entre espécies eambientes florestais, pela abundância e escassez, e pelo efeito <strong>de</strong> diferentestécnicas <strong>de</strong> caça (caçada “a curso”, caçada com cachorros, espera).De mo<strong>do</strong> geral, os mora<strong>do</strong>res percebem uma mudança significativa naabundância <strong>de</strong> animais silvestres na Reserva. Essa mudança teve lugar,segun<strong>do</strong> eles, no <strong>de</strong>correr da última década – da criação da Reserva atéhoje. É percebida pela volta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ban<strong>do</strong>s <strong>de</strong> queixadas e porcos <strong>do</strong>mato, acompanhada pela presença crescente <strong>de</strong> onças e gatos-<strong>do</strong>-mato.Esses ban<strong>do</strong>s eram quase inexistentes há uma década no Alto rio Tejo e emoutras localida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seringueiros era alta (e.g. 1,5 hab/km 2 ), embora fossem vistos nas zonas mais <strong>de</strong>sabitadas da reserva. Outrogrupo cuja abundância aumentou em zonas mais habitadas foram osvea<strong>do</strong>s, embora em menor incidência. Os monitores pu<strong>de</strong>ram apoiar essapercepção generalizada com da<strong>do</strong>s quantitativos, como no caso <strong>de</strong>Raimun<strong>do</strong> Farias Ramos (Caboré), cujos diários abrangem o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>1995 a 2002. O resulta<strong>do</strong> prático tem si<strong>do</strong> uma melhora clara na situaçãoalimentar <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res.Eles têm uma explicação quase unânime para esse aumento na abundância<strong>de</strong> queixadas, porcos-<strong>do</strong>-mato, onças e vea<strong>do</strong>s: a proibição da caçada comcachorro, que consta <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Uso elabora<strong>do</strong> em assembléia, no final14345678


<strong>de</strong> 1991. Essa ativida<strong>de</strong>, polêmica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a chegada <strong>do</strong>s primeiros cachorrostrazi<strong>do</strong>s pelos antigos patrões, foi sen<strong>do</strong> paulatinamente aban<strong>do</strong>nada,influenciada pelo papel <strong>do</strong> IBAMA e da ASAREAJ na região quanto àimplementação <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Uso, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que hoje a técnica <strong>de</strong> caçadacom cães praticamente <strong>de</strong>sapareceu. Um efeito imediato tem si<strong>do</strong> o aumento<strong>de</strong> onças que rondam as residências, predan<strong>do</strong> os porcos <strong>do</strong>mésticosque eram cria<strong>do</strong>s soltos na mata.Os monitores gostam <strong>de</strong> comparar seus da<strong>do</strong>s: quantos dias <strong>de</strong> caçadafizeram por ano, as horas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> esforço. Assim,além <strong>do</strong> orgulho por melhorar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrita, afirmam, comoAntônio Barbosa <strong>de</strong> Melo (Roxo), que com os diários po<strong>de</strong>m “controlar ogiro da mata” – quanto está sain<strong>do</strong> e quanto está entran<strong>do</strong>.A ativida<strong>de</strong> com os monitores <strong>de</strong> caçada inclui agora diferentes ativida<strong>de</strong>s.A principal são os diários com ênfase quantitativa – associa<strong>do</strong>s a mapas daárea <strong>de</strong> caçada e da<strong>do</strong>s da população local. Há também as <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong>“história natural”, acompanhadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos e poesias: trata-se <strong>de</strong> relatosobre o comportamento <strong>do</strong> animal observa<strong>do</strong> em seu contexto. Por fim,há as “histórias <strong>de</strong> caçada”, que <strong>de</strong>screvem com <strong>de</strong>talhes as estratégiasusadas pelos caça<strong>do</strong>res e pelos animais. Um exemplo <strong>de</strong> pequenas narrativas<strong>de</strong> “história natural” aplicada ao cairara (Cebus albifrons):“Eu vou contar a história <strong>de</strong> um ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> quati com um ban<strong>do</strong> <strong>de</strong>cairara que foi a coisa que eu mais admirei. Eu não sabia que cairarabrincava com quati. Eu pensava que os bichos to<strong>do</strong>s fossem políticos umcom o outro, mas não. Tem bicho que tem união com outro, como oquati com o cairara. Porque eu já vi eles brincan<strong>do</strong> no chão como sefosse uma família. Só eu conto esta história <strong>de</strong> vista porque eu presteiatenção, isso aconteceu no dia 18 <strong>de</strong> janeiro <strong>do</strong> ano 2000.” (João EugênioAmorim, “João Gonzaga”)144Embora manten<strong>do</strong> o formato <strong>de</strong> diário, os da<strong>do</strong>s são transferi<strong>do</strong>s paratabelas. A ilustração abaixo contém apenas uma parte <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s quantitativos<strong>de</strong>ssas tabelas. Com o tempo, alguns monitores apren<strong>de</strong>ram a convertereles mesmos seus da<strong>do</strong>s em tabelas. Os da<strong>do</strong>s são utiliza<strong>do</strong>s em discussõesnos treinamentos, para totalizações e comparações. Está sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>um manual <strong>de</strong> monitoramento para animais caça<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> listase história natural <strong>de</strong>talhada para primatas e alguns outros grupos seleciona<strong>do</strong>s,elabora<strong>do</strong> por uma equipe composta por antropólogos, biólogos eseringueiros <strong>do</strong> projeto.


Tabela 6Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diário em forma <strong>de</strong> tabela. Raimun<strong>do</strong> Farias Ramos (Caboré)1Caca<strong>do</strong>r Data Inicio Fim NoCaç.AnimaisAvista<strong>do</strong>sAnimaiscaça<strong>do</strong>sQt<strong>de</strong>.Caboré 11/ 02/ 97 06:15 11:00 1 Cutia,jacamim,nanbu-galinhaMacaco-prego,papagaiourubuJoão 15/ 02/ 97 06:00 14:00 1 Porco-<strong>do</strong>-mato 1Caboré 22/ 02/ 97 06:30 14:00 1 Porco Vea<strong>do</strong> 1Caboré 06/ 03/ 97 07:00 14:00 1 Vea<strong>do</strong>, rastro<strong>de</strong> porco-<strong>do</strong>matoJoão 01/ 03/ 97 06:00 14:00 1 Jacu, macacoguariba2Caboré 07/ 03/ 97 12:15 17:00 1João 08/ 03/ 97 06:30 14:00 1 Cutia, nambugalinha2Caboré 12/ 03/ 97 17:00 18:00 1 Nambu-galinha 1Caboré 14/ 03.97 14:00 18:00 1 Jacu 1Caboré 21/ 03/ 97 15:00 17:00 1 Nambu-galinha, 2aracoãCaboré 01/ 04/ 97 06:00 09:00 1 Porco-catitu 2Caboré 16/ 04/ 97 06:00 09:00 1 Pporco-catitu 1Caboré 23/ 04/ 97 06:00 11:00 1 Porco-catitu Jacu, cutia, 2nambu-galinhaCaboré 28/ 04/ 97 06:20 14:00 1 Porco-catitu 3Caboré 16/ 05/ 97 07:00 14:00 1 Rastro <strong>de</strong> Quatipuru, 3porco, vea<strong>do</strong>,queixadacutiaCaboré 07/ 06/ 97 14:00 1 Cutia,3quatipuru,nambu-galinhaCaboré 11/ 06/ 97 21:30 23:00 1 Paca 1Caboré 13/ 06/ 97 07:00 09:00 1 Quatipuru 3Caboré 01/ 07/ 97 14:00 18:00 1 Cutia, nambu-3galinha,quatipu-ruCaboré 05/ 07/ 97 06:00 11:00 1 Jacu 2Caboré 13/ 08/ 97 16:00 19:00 1 Jacu Nambu-galinha 121452345678


ProdutosOs produtos finais <strong>do</strong> projeto, em fase <strong>de</strong> elaboração, incluem publicaçõescientíficas e manuais para uso <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res da reserva. Nas publicaçõescientíficas, os monitores-pesquisa<strong>do</strong>res são trata<strong>do</strong>s, como é natural, comoco-autores. Os manuais, alguns <strong>de</strong>les várias vezes reelabora<strong>do</strong>s, terão suaversão final discutida com os mora<strong>do</strong>res.ConclusõesO projeto encontra-se na fase <strong>de</strong> finalização. Contu<strong>do</strong>, conclui-se que épossível realizar o monitoramento ambiental <strong>de</strong> maneira participativa. Aexperiência realizada mostrou que os mora<strong>do</strong>res, sen<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong>s evaloriza<strong>do</strong>s, mostram interesse, vocação e capacida<strong>de</strong> para a pesquisa. Sãocapazes <strong>de</strong> aplicar sistematicamente méto<strong>do</strong>s complexos <strong>de</strong> levantamento<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> contribuir para o aperfeiçoamento da meto<strong>do</strong>logia, e <strong>de</strong>analisar os resulta<strong>do</strong>s. Ao final <strong>do</strong>s três anos <strong>do</strong> projeto, consoli<strong>do</strong>u-se umgrupo <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res altamente motiva<strong>do</strong>s e com potencial para dar continuida<strong>de</strong>a um sistema <strong>de</strong> monitoramento apoia<strong>do</strong> na população local.A meto<strong>do</strong>logia participativa utilizada requer um alto envolvimento pessoal<strong>de</strong> ambas as partes. Ao mesmo tempo em que os monitores apren<strong>de</strong>m,pesquisa<strong>do</strong>res e estudantes se envolvem com os problemas enfrenta<strong>do</strong>spela população. O envolvimento <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alto nível e <strong>de</strong> umaequipe <strong>de</strong> estudantes muito motiva<strong>do</strong>s gerou entusiasmo com a ativida<strong>de</strong>.Do la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, há a percepção <strong>de</strong> que estão apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a observare a analisar o meio que já conhecem com instrumentos novos, <strong>de</strong> quea ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa e monitoramento realmente po<strong>de</strong> fazer diferençapara conservar a floresta, e <strong>de</strong> que seu conhecimento e seu papel naconservação é respeita<strong>do</strong>. Do la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res, alguns <strong>de</strong>les absorvi<strong>do</strong>sna pesquisa <strong>de</strong> ponta em suas áreas, há a noção <strong>de</strong> que a distânciaentre a pesquisa científica e a aplicação prática po<strong>de</strong> ser reduzida, pelodiálogo respeitoso com mora<strong>do</strong>res da floresta.146


Referências bibliográficasRUIZ PÉREZ, Manuel et al. Conservation and Development inAmazonian Extractive Reserves: the case of Alto Juruá. AMBIO. A Journalof the Human Environment. The Royal Swedish Aca<strong>de</strong>my of Science. 2003.(Aceito para publicação).RICARDO, Carlos Alberto. Sociodiversida<strong>de</strong> e biodiversida<strong>de</strong>. In:CAPOBIANCO, João P. R. et al (orgs.). Biodiversida<strong>de</strong> Amazônica: Avaliaçãoe Ações Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição<strong>de</strong> Benefícios. São Paulo: Estação Liberda<strong>de</strong>/Instituto Socioambiental,2001.BROWN S. JR.; Keith e FREITAS, André Victor L. Diversida<strong>de</strong> biológicano Alto Juruá: <strong>avaliação</strong>, causas e manutenção. In: CARNEIRO DACUNHA, M. Manuela; ALMEIDA, Mauro W. B. <strong>de</strong> (orgs). A Enciclopédiada floresta. O Alto Juruá: prática e conhecimentos das populações. SãoPaulo: Cia. das Letras, 2002. p. 33-42.SOUZA, Moisés Barbosa e CARDOSO, Adão J. Anfíbios registra<strong>do</strong>s naReserva Extrativista <strong>do</strong> Alto Juruá. In: CARNEIRO DA CUNHA, M.Manuela; ALMEIDA, Mauro W. B. <strong>de</strong> (orgs). A Enciclopédia da floresta. OAlto Juruá: prática e conhecimentos das populações. São Paulo: Cia. dasLetras, 2002. p. 101-04.WHITTAKER, Andrew et al. Aves registradas na Reserva Extractivista <strong>do</strong>Alto Juruá. In: CARNEIRO DA CUNHA, M. Manuela; ALMEIDA, MauroW. B. <strong>de</strong> (orgs). A Enciclopédia da floresta. O Alto Juruá: prática e conhecimentosdas populações. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. p. 81-103.CARNEIRO DA CUNHA, M. Manuela; ALMEIDA, Mauro W. B. <strong>de</strong>.Introdução. In: A Enciclopédia da floresta. O Alto Juruá: prática e conhecimentosdas populações. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. p. 9-28.12345678147


AnexosMapa 1Localização <strong>do</strong> projeto148


Mapa 2Mosaico <strong>de</strong> áreas protegidas na região <strong>do</strong> Alto Juruá – Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre1234Município <strong>de</strong> Marechal ThaumaturgoReserva Extrativista <strong>do</strong> Alto JuruáReserva Extrativista <strong>do</strong> Alto TarauacáParque Nacional Serra <strong>do</strong> DivisorTerras IndígenasProjetos <strong>de</strong> Assentamento5678149


Resumo150Apresentação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>Programa <strong>de</strong> Pequenos Projetos – PPP, versão brasileira<strong>do</strong> Small Grants Programme-SGP, <strong>do</strong> GlobalEnvironment Fund-GEF (Fun<strong>do</strong> para o <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong> Mundial) e <strong>do</strong> Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento-PNUD. O PPPconce<strong>de</strong> pequenas <strong>do</strong>ações a organizações nãogovernamentaise organizações <strong>de</strong> base comunitária,para a execução <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> que promovammeios <strong>de</strong> vida sustentáveis no Cerra<strong>do</strong>, sob a coor<strong>de</strong>naçãotécnico-administrativa <strong>do</strong> InstitutoSocieda<strong>de</strong>, População e Natureza-ISPN, ONGbrasileira. A experiência <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong> PPP é abrangente, como <strong>de</strong>monstra estetrabalho, pois integra as diferentes etapas <strong>de</strong> umprojeto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamento até a sua <strong>avaliação</strong>final, bem como as diversas perspectivas e habilida<strong>de</strong>s<strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s. Trata-se <strong>de</strong> práticaautêntica, que se orienta pelas premissas <strong>de</strong> que omonitoramento <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, no âmbito <strong>de</strong> umprograma, <strong>de</strong>ve se basear em canais flui<strong>do</strong>s <strong>de</strong>comunicação e no registro sistemático, mas<strong>de</strong>scomplica<strong>do</strong>, para garantir dinamismo e aprendizagemaos envolvi<strong>do</strong>s.


<strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> pequenos<strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentávelA experiência <strong>do</strong> PPP12Mônica Nogueira*IntroduçãoEste texto <strong>de</strong>screve a experiência <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pequenos Projetos - PPPno Brasil, que tem o objetivo <strong>de</strong> socializar estratégias, meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>senvolvidase lições aprendidas pelo programa no campo <strong>do</strong> monitoramento.Vale <strong>de</strong>stacar que o termo monitoramento, nesse caso, se refere a amploconjunto <strong>de</strong> práticas que enca<strong>de</strong>iam, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, o acompanhamento<strong>do</strong> planejamento e da implementação <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, a geração <strong>de</strong> conhecimentorelativo a esses processos e os resulta<strong>do</strong>s qualitativos, quantitativos,diretos e indiretos alcança<strong>do</strong>s.A concepção <strong>de</strong> monitoramento, a<strong>do</strong>tada pela equipe <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>PPP no Brasil, é <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> exercício sistemático e contínuo <strong>de</strong>reconhecimento e registro <strong>de</strong> mudanças e <strong>do</strong>s meios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s paraalcançá-las. Desse exercício participam diferentes atores: a própria coor<strong>de</strong>nação<strong>do</strong> PPP, as ONGs que executam ou assessoram a implementação<strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, as organizações <strong>de</strong> base comunitária-OBCs e comunida<strong>de</strong>s,beneficiárias finais <strong>do</strong> programa. As estratégias e meto<strong>do</strong>logias a<strong>do</strong>tadaspelo PPP partem <strong>de</strong>ssa premissa e, por isso, buscam integrar as diferentesperspectivas, habilida<strong>de</strong>s e motivações <strong>de</strong>sses atores para o monitoramento.Em outras palavras, trata-se <strong>de</strong> experiência <strong>de</strong> parceria, que conjuga esforçosem diferentes níveis e estimula a participação, a aprendizagem social ea geração <strong>de</strong> conhecimento sobre os <strong>projetos</strong> e suas ações para o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável.* Antropóloga e mestre em Gestão Ambiental e Políticas Públicas pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Brasília; atua como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> e assessora o Programa <strong>de</strong> Pequenos Projetos-PPP,no Instituto Socieda<strong>de</strong>, População e Natureza-ISPN. Contatos: monica@ispn.org.br151345678


Caracterização <strong>do</strong> PPPO Programa <strong>de</strong> Pequenos Projetos é a versão brasileira <strong>do</strong> Small GrantsProgramme-SGP, linha <strong>de</strong> apoio a <strong>projetos</strong> cuja criação foi proposta porONGs presentes à Rio 92, ao Conselho <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> para o <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>Mundial (Global Environment Facility-GEF), com o apoio <strong>do</strong> Programadas Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD.O PPP conce<strong>de</strong> pequenas <strong>do</strong>ações a ONGs e OBCs, para a execução <strong>de</strong><strong>projetos</strong> que promovam meios sustentáveis <strong>de</strong> vida no Cerra<strong>do</strong>. A cadaprojeto são concedi<strong>do</strong>s até 30 mil dólares, para execução em até <strong>do</strong>is anos.Para se candidatarem à <strong>do</strong>ação, os <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r a uma dasseguintes áreas prioritárias selecionadas pelo GEF:conservação da diversida<strong>de</strong> biológica em ecossistemas florestais, aquáticosou semi-ári<strong>do</strong>s;redução <strong>do</strong> aquecimento global por meio da conservação e eficiênciaenergética ou energia renovável;águas internacionais; 1 redução da <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> solo e <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong><strong>de</strong>sertificação; e/ougestão integrada <strong>de</strong> ecossistemas.No Brasil, o PPP tem enfoque geográfico no bioma Cerra<strong>do</strong>, o segun<strong>do</strong>maior <strong>do</strong> país e da América <strong>do</strong> Sul. Abrangen<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong>km² em 14 esta<strong>do</strong>s, essa extensa região é ainda pouco priorizada por outraslinhas <strong>de</strong> financiamento, apesar <strong>de</strong> sua rica diversida<strong>de</strong> biológica e dapressão da expansão da fronteira agrícola, que já eliminou cerca da meta<strong>de</strong><strong>de</strong> sua vegetação nativa.Cria<strong>do</strong> em 1994 no Brasil, o PPP já apoiou, até seu oitavo edital, lança<strong>do</strong>em maio <strong>de</strong> 2002, um total <strong>de</strong> 107 <strong>projetos</strong>. As iniciativas se referem a:extrativismo e processamento comercial <strong>de</strong> plantas medicinais, flores efrutas nativas <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>;criação <strong>de</strong> animais silvestres;manejo e conservação <strong>do</strong> solo e <strong>de</strong> nascentes;ações para o uso controla<strong>do</strong> <strong>do</strong> fogo e combate a incêndios;1521O termo águas internacionais refere-se a cursos ou corpos d´água (<strong>do</strong>ce e salgada) compartilha<strong>do</strong>spor <strong>do</strong>is ou mais países.


capacitação para geração <strong>de</strong> renda em ativida<strong>de</strong>s como o ecoturismo;uso <strong>de</strong> energia solar;criação <strong>de</strong> abelhas nativas e européias.O PPP é coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo escritório local <strong>do</strong> PNUD e sua ação é norteadapela estratégia nacional <strong>de</strong>finida pelo Comitê <strong>do</strong> Programa-CP, compostopor representantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>z instituições, entre entida<strong>de</strong>s governamentais,não-governamentais, internacionais e acadêmicas. A Coor<strong>de</strong>nação Técnico-Administrativa-CTA está a cargo <strong>do</strong> Instituto Socieda<strong>de</strong>, População eNatureza-ISPN, que é responsável pela divulgação, análise preliminar,encaminhamento ao CP, acompanhamento e <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Tratase<strong>de</strong> arranjo institucional inova<strong>do</strong>r face ao padrão <strong>do</strong> programa, que emoutros países é coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por profissional contrata<strong>do</strong> pelo PNUD,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estabelecer sua base <strong>de</strong> trabalho no próprio escritório <strong>do</strong> PNUDou numa ONG anfitriã. No caso <strong>do</strong> Brasil, o ISPN assumeinstitucionalmente a coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> PPP, dan<strong>do</strong> à versão brasileira maisestabilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> técnica, já que em lugar <strong>de</strong> um único profissionalresponsável, conta com equipe <strong>de</strong> quatro técnicos envolvi<strong>do</strong>s nasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, sen<strong>do</strong> um coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r nacional, ponto focalcom tempo integral <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação ao programa, e <strong>do</strong>is assessores, esses emtempo parcial.Cabe ao ponto focal a administração cotidiana <strong>do</strong> PPP e <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> queapóia, rotina que integra ativida<strong>de</strong>s burocráticas e <strong>de</strong> assessoria técnica. Osassessores, por sua vez, dão reforço em momentos específicos <strong>do</strong> cicloanual <strong>do</strong> PPP, como a fase <strong>de</strong> seleção, capacitação <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s executoras<strong>de</strong> <strong>projetos</strong> e visitas <strong>de</strong> campo.O PPP no Brasil tem <strong>do</strong>tação anual <strong>de</strong> US$ 500 mil, <strong>do</strong>s quais cerca <strong>de</strong>20% se <strong>de</strong>stinam à coor<strong>de</strong>nação técnico-administrativa, incluin<strong>do</strong> remuneração<strong>do</strong> pessoal, <strong>de</strong>spesas gerais <strong>de</strong> escritório, administração, comunicação,<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> viagens, etc; não são cobertas pela taxa <strong>de</strong> administraçãoapenas as oficinas <strong>de</strong> planejamento, para as quais tem si<strong>do</strong> aloca<strong>do</strong> anualmenterecurso suplementar.A seleção <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> ocorre por meio <strong>de</strong> editais anuais, <strong>do</strong>cumentospúblicos divulga<strong>do</strong>s nacionalmente, que orientam sobre o envio <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>(Anexo 1). O formulário para elaboração <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> é bastante simples(Anexo 2) e po<strong>de</strong> ser obti<strong>do</strong> na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> ISPN, em Brasília.12345678153


Na CTA, os <strong>projetos</strong> passam por triagem e uma pré-<strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com os seguintes critérios:inovação (em senti<strong>do</strong> amplo, abrangen<strong>do</strong> tecnologias, estratégias sociaise/ou problemáticas novas);participação da comunida<strong>de</strong> na concepção, planejamento, execução e<strong>avaliação</strong> das experiências;replicabilida<strong>de</strong>, ou seja, potencial <strong>de</strong> reprodução das experiências e/ou<strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s para outras comunida<strong>de</strong>s;em casos <strong>de</strong> pesquisa, seu grau <strong>de</strong> relevância e aplicabilida<strong>de</strong> para asuperação <strong>de</strong> problemas sociais e ambientais.Os <strong>projetos</strong> pré-seleciona<strong>do</strong>s são encaminha<strong>do</strong>s ao CP para apreciação; oCP realiza a seleção final <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a importância estratégica <strong>de</strong> cadaum, no cumprimento <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> PPP.A partir <strong>do</strong> momento em que os <strong>projetos</strong> são seleciona<strong>do</strong>s, tem início oprocesso <strong>de</strong> monitoramento, conforme a concepção a<strong>do</strong>tada pelo PPP noBrasil, na qual esse processo não se restringe à aferição e registro quantitativo<strong>de</strong> metas alcançadas, segun<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res pré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, nem merocontrole físico-financeiro <strong>do</strong> projeto. Cabe à CTA a condução das estratégiase aplicação <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> monitoramento, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>programa, o que faz em parceria com as ONGs e organizações <strong>de</strong> basecomunitária, executoras <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, e seus beneficiários diretos, conformeserá <strong>de</strong>scrito adiante.Experiência <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong> PPPO monitoramento tem ligação com as diferentes fases <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> umprojeto: planejamento, execução, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento propriamentedito, sistematização e <strong>avaliação</strong>. Como a CTA não se relacionacotidiana e diretamente com a execução, nem com a realida<strong>de</strong> e osbeneficiários <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, o <strong>de</strong>senho <strong>do</strong> monitoramento no PPP sebaseia no enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> estratégias que asseguram fluxosatisfatório <strong>de</strong> informação, em senti<strong>do</strong> bidirecional, entre os <strong>projetos</strong> eaquela unida<strong>de</strong>. A experiência brasileira <strong>de</strong>monstra que o monitoramento,<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> apoio a <strong>projetos</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> emgran<strong>de</strong> medida <strong>de</strong>ssa comunicação.154


“Informação é a matéria-prima essencial para a formulação <strong>de</strong> umapolítica e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Para alcançar-se o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,quem toma as <strong>de</strong>cisões precisa saber qual é o seu ponto <strong>de</strong> partida,on<strong>de</strong> quer chegar e quan<strong>do</strong> ou se ocorreu um <strong>de</strong>svio <strong>do</strong> caminhopreviamente traça<strong>do</strong>...” (Ro<strong>de</strong>nburg, apud Guijt, 1999, p.11)As entida<strong>de</strong>s executoras e comunida<strong>de</strong>s beneficiárias dispõem <strong>de</strong> condiçõesobjetivas para gerar informação sobre as mudanças ocorridas a partir <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>, no âmbito <strong>do</strong> PPP; por essa razão, o monitoramento realiza<strong>do</strong>pela CTA tem-se basea<strong>do</strong>, em larga medida, no diálogo com os executorese beneficiários <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, numa abordagem orientada para a aprendizagem,a reflexão e o aprimoramento das ações planejadas. Omonitoramento revela-se, assim, ferramenta que dá suporte à tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão e ao planejamento, fornecen<strong>do</strong> informações a respeito <strong>de</strong> tendênciase <strong>de</strong> mudanças no que está funcionan<strong>do</strong> ou como as ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>mser aprimoradas.São muitas as etapas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>sse processo que, afinal, diz respeitoa uma parceria <strong>de</strong> trabalho e a uma relação <strong>de</strong> confiança a ser firmadaentre a coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> programa e seus beneficiários. Esse é um aspectorelevante, em particular, na experiência <strong>do</strong> PPP, ten<strong>do</strong> em vista que asexigências <strong>de</strong> monitoramento são freqüentemente interpretadas comomecanismos <strong>de</strong> controle e vigilância <strong>de</strong> financia<strong>do</strong>res sobre as entida<strong>de</strong>s eo seu <strong>de</strong>sempenho na implementação <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>. Essa é apenas uma visãoparcial <strong>do</strong> monitoramento, que não privilegia a sua função instrumentalpara o próprio aprendiza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s num projeto, inclusive dacoor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> apoio.É importante <strong>de</strong>stacar que há uma série <strong>de</strong> constrangimentos intrínsecos àcondição da CTA para a realização <strong>do</strong> monitoramento, tais como: adistância e relação indireta com a implementação <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>; a escassez<strong>de</strong> recursos e as gran<strong>de</strong>s distâncias geográficas, que impe<strong>de</strong>m visitas freqüentesa um mesmo projeto; o pequeno número <strong>de</strong> profissionais envolvi<strong>do</strong>snesse trabalho; e a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s e passíveis <strong>de</strong>ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelas entida<strong>de</strong>s executoras e comunida<strong>de</strong>s beneficiárias. Paraenfrentar esses constrangimentos, a CTA procura estabelecer diálogo comquem está na execução direta, a partir <strong>do</strong>s meios e recursos <strong>de</strong> que dispõe,e assume atitu<strong>de</strong> proativa com relação ao andamento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, questionan<strong>do</strong>e provocan<strong>do</strong> as entida<strong>de</strong>s à reflexão e ao aprendiza<strong>do</strong> em algunsmomentos, fazen<strong>do</strong> recomendações em outros, e oferecen<strong>do</strong> ainda apoiotécnico.15512345678


As nuances na relação que se estabelece entre a CTA e as entida<strong>de</strong>s executorase comunida<strong>de</strong>s revelam-se com clareza no cotidiano <strong>do</strong> programa, oque será visto nas seções seguintes <strong>de</strong>ste artigo. É nessa rotina que sãoenca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s os diferentes momentos <strong>de</strong> interação entre a CTA e as entida<strong>de</strong>sexecutoras e comunida<strong>de</strong>s beneficiárias <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, abrangen<strong>do</strong> asfases <strong>de</strong> seleção, planejamento, monitoramento e <strong>avaliação</strong>.Para começo <strong>de</strong> conversa, conhecer os <strong>projetos</strong>Como foi antes menciona<strong>do</strong>, a seleção <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> pelo PPP no Brasil éfeita por editais anuais, em que prazos, critérios e orientações para apresentaçãosão pré-fixa<strong>do</strong>s. Concorrem ao PPP, a cada ano, cerca <strong>de</strong> 200 propostas,que passam por uma primeira análise da CTA, a fim <strong>de</strong> verificarseu enquadramento aos critérios <strong>de</strong> elegibilida<strong>de</strong> e priorida<strong>de</strong>. Os <strong>projetos</strong>aponta<strong>do</strong>s nessa fase são então encaminha<strong>do</strong>s ao CP para seleção final.Des<strong>de</strong> a fase <strong>de</strong> seleção, a CTA examina com rigor os riscos e lacunas; opróprio roteiro <strong>de</strong> apresentação contém uma série <strong>de</strong> questões que visamsubsidiar essa análise. Daí resulta um conjunto <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quações e condiçõesque são sugeridas às respectivas entida<strong>de</strong>s proponentes, a fim <strong>de</strong> que os<strong>projetos</strong> alcancem melhor enquadramento às regras e diretrizes <strong>do</strong> PPP eviabilida<strong>de</strong> social, política, econômica e ambiental. São também solicita<strong>do</strong>sesclarecimentos sobre pontos que se mostrem obscuros. Nesse momento,além <strong>de</strong> provocar as entida<strong>de</strong>s para a reflexão sobre aspectos frágeis oususcetíveis a risco, a CTA estabelece a primeira fase <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> diálogoque busca manter, pelo menos, durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> execução <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>.156A proposição <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quações se fundamenta, em larga medida, no aprendiza<strong>do</strong>que a CTA acumulou sobre condições necessárias ou recomendáveis,em <strong>projetos</strong> passa<strong>do</strong>s e atuais, para garantir-lhes maior sustentabilida<strong>de</strong>.Por exemplo: o ajuste <strong>de</strong> uma planta baixa <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> beneficiamento<strong>de</strong> frutos nativos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que atenda minimamente às exigências davigilância sanitária, evitan<strong>do</strong> interdição <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>; ou a inclusão <strong>de</strong>espécies alimentares <strong>de</strong> ciclo curto, em <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> sistemas agroflorestais- SAFs, como uma forma <strong>de</strong> assegurar envolvimento e interesse das famíliaspor esse sistema <strong>de</strong> produção, levan<strong>do</strong> em conta casos registra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> SAFs, que se tornaram onerosos para as famílias <strong>de</strong> produto-


es. Orientações como essas resultam <strong>de</strong> monitoramento anteriormenteapoia<strong>do</strong> pelo PPP e <strong>de</strong>monstram como a geração <strong>de</strong> informação relevantea respeito <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> po<strong>de</strong> contribuir para o seu aperfeiçoamento e parao próprio programa.Nessa fase, são também solicitadas informações complementares ao projetobem como a integração <strong>de</strong> componentes <strong>de</strong> monitoramento e sistematizaçãoda experiência, caso não tenham si<strong>do</strong> contempla<strong>do</strong>s na versão original.A solicitação <strong>de</strong> informações adicionais é <strong>de</strong> suma importância na hora,porque auxilia na montagem inicial <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> parâmetros ereferências para o monitoramento, à medida que esclarece a CTA sobre ocontexto original <strong>do</strong> projeto.São comuns questões sobre o número e as características das famíliasenvolvidas ou beneficiárias, sobre as características e resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> parceriasanteriores ou atuais firmadas pelo grupo, já que esses vão constituir ospontos <strong>de</strong> partida <strong>do</strong> projeto. Essa última questão merece <strong>de</strong>staque, porquegran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> conta com diferentes parceiros que, apesar<strong>de</strong> se complementem e serem fundamentais para a ampliação e consolidaçãodas experiências, também, por vezes, vêem os resulta<strong>do</strong>s das dinâmicassocial e ambiental por eles apoia<strong>do</strong>s se interpenetrar, confundin<strong>do</strong>-se. Sãocomuns casos <strong>de</strong> grupos e experiências que contam com o apoio simultâneoou seqüencia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Subprograma <strong>de</strong> Projetos Demonstrativos – PDA,<strong>do</strong> Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>PPP, sem que isso signifique sobreposição <strong>de</strong> recursos. Contu<strong>do</strong>, ao sebuscar aferir o impacto, tem-se mostra<strong>do</strong> difícil distinguir a zona <strong>de</strong>influência <strong>de</strong> uma ou outra ação. Por essa razão, é preciso conhecer asituação <strong>de</strong> origem <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, as ações e parcerias que os antece<strong>de</strong>ram,se não para solucionar essa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação sobre os resulta<strong>do</strong>s,ao menos para que se possa registrar mudanças percebidas, com as<strong>de</strong>vidas ressalvas sobre os <strong>de</strong>mais esforços que se somaram.As respostas fornecidas pelas entida<strong>de</strong>s proponentes às a<strong>de</strong>quações eesclarecimentos solicita<strong>do</strong>s auxiliam sobremaneira a CTA na compreensão<strong>do</strong> contexto <strong>de</strong> origem das propostas, sobre a experiência da entida<strong>de</strong> notema, a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> envolvimento da comunida<strong>de</strong> beneficiária, a relação<strong>do</strong> projeto com as metas <strong>de</strong> conservação ambiental <strong>do</strong> PPP. Nos casos emque as a<strong>de</strong>quações sugeridas se revelem impróprias, as entida<strong>de</strong>s proponentestêm a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o fato à CTA. Nessa fase, portanto,são esclareci<strong>do</strong>s pontos obscuros <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, mas também se dá início àinteração entre a CTA e as entida<strong>de</strong>s proponentes.15712345678


A<strong>de</strong>quações e esclarecimentos são apresenta<strong>do</strong>s antes da assinatura <strong>do</strong>memoran<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> - MOA, <strong>do</strong>cumento que consagra o apoio <strong>do</strong>programa a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> projeto. Esse processo também antece<strong>de</strong> a realização<strong>de</strong> oficina <strong>de</strong> planejamento que reúne os <strong>projetos</strong> seleciona<strong>do</strong>s a cadaedital, on<strong>de</strong>, tanto a análise <strong>de</strong> risco é retomada e aprofundada, como sãodiscutidas as modificações necessárias.To<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> análise e complementação <strong>de</strong> informações ajuda noenquadramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> seleciona<strong>do</strong>s, que po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s emtrês categorias. Um projeto que apresente perfeito enquadramento aoscritérios e priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> programa, bem como apresenta baixo nível <strong>de</strong>risco, recebe apoio integral e segue a proposta <strong>de</strong> calendário <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolsosugerida pela entida<strong>de</strong> executora. Essa é a categoria chamada plenoinvestimento.Contu<strong>do</strong>, diante <strong>de</strong> situações complexas, envolven<strong>do</strong> ações inova<strong>do</strong>ras,sobre as quais haja pouca experiência por parte da entida<strong>de</strong> executora e <strong>do</strong>próprio programa e, portanto, maior grau <strong>de</strong> risco, sugere-se a criação <strong>de</strong>etapa <strong>de</strong> pré-investimentos, antece<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o início <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s estruturais<strong>do</strong> projeto, tal como <strong>de</strong>scritas na sua versão original. A fase <strong>de</strong> pré-investimentoinclui ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diagnóstico, estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e legislaçãoespecífica, planejamento participativo, entre outras, e visa construir basessólidas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> projeto.A terceira forma <strong>de</strong> enquadramento é chamada planning grant e estáprevista no manual <strong>do</strong> programa, sen<strong>do</strong> utilizada com freqüência tambémpor outros países que sediam o PPP. Trata-se <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> apoio novalor <strong>de</strong> US$ 3 mil, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento ou re<strong>de</strong>senho<strong>de</strong> <strong>projetos</strong> que não tenham consegui<strong>do</strong> enquadramento satisfatório àsregras <strong>do</strong> programa, mas que se mostrem inova<strong>do</strong>res e estratégicos. NoBrasil, os <strong>projetos</strong> que recebem esse enquadramento obtêm o recurso epassam a dispor <strong>de</strong> prazo máximo <strong>de</strong> seis meses para serem reformula<strong>do</strong>s ereapresenta<strong>do</strong>s, conforme as orientações da CTA.As fases <strong>de</strong> pré-investimento e planning grant, para os <strong>projetos</strong> enquadra<strong>do</strong>s<strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> contribuem para a construção <strong>de</strong> bases para omonitoramento, porque se <strong>de</strong>stinam a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento e diagnósticoe, portanto, geram informações relevantes também sobre o marcoinicial <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>.158


Oficina <strong>de</strong> planejamentoRespondidas as a<strong>de</strong>quações e condições <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> apoio, as entida<strong>de</strong>sbeneficiárias <strong>do</strong> PPP participam da oficina <strong>de</strong> planejamento. Esse é umponto alto no processo <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong>s canais <strong>de</strong> comunicação entre aCTA e as entida<strong>de</strong>s proponentes, contribuin<strong>do</strong> sobremaneira para a afirmaçãoda parceria necessária ao monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e ao estabelecimento<strong>de</strong> linguagem comum <strong>de</strong> trabalho.Em geral, as entida<strong>de</strong>s, proponentes formais <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, são ONGs <strong>de</strong>assessoria técnica. Embora o formulário para apresentação <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> aoPPP seja bastante simples, na maioria <strong>de</strong>les as ONGs assumem a função <strong>de</strong>entida<strong>de</strong> executora, median<strong>do</strong> a relação PPP e OBCs ou comunida<strong>de</strong>s semorganização formal. A CTA tem dirigi<strong>do</strong> to<strong>do</strong> seu esforço no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>aproximar-se o mais possível <strong>de</strong>ssas organizações <strong>de</strong> base e comunida<strong>de</strong>s,em geral, beneficiários diretos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> que apóia. Por isso, a CTAestimula a participação <strong>de</strong> representante da comunida<strong>de</strong> beneficiária naoficina <strong>de</strong> planejamento, em lugar <strong>do</strong> técnico <strong>de</strong> ONG, para quem muitasvezes a rotina técnico-burocrática é bem conhecida. Em muitos casos, umadupla participa da oficina: um técnico da ONG executora e um representanteda comunida<strong>de</strong>, o que tem se mostra<strong>do</strong> o melhor arranjo.A oficina <strong>de</strong> planejamento visa:apresentar o PPP aos novos beneficiários, seu organograma, membros,composição <strong>do</strong> comitê e da CTA, e experiências apoiadas;oferecer um conjunto <strong>de</strong> exercícios práticos a fim <strong>de</strong> provocar a discussão,reflexão e aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> elementos básicos das diferentes fases easpectos <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> um projeto, que são: a elaboração <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> eplanos <strong>de</strong> trabalho; elaboração <strong>de</strong> relatórios e prestações <strong>de</strong> contas;análise <strong>de</strong> riscos e resolução <strong>de</strong> conflitos; divulgação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s eresulta<strong>do</strong>s; contato com a mídia (jornal, rádio e TV), articulação com asesferas <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral e estratégias parainfluenciar políticas públicas locais;aproximar a CTA e os <strong>projetos</strong>; efavorecer o intercâmbio.A oficina se realiza em Brasília, durante quatro dias; as sessões são divididasem exposições breves sobre alguns tópicos, mostras <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, trabalhosem grupo e individuais, dinâmicas <strong>de</strong> entrosamento, oficinas <strong>de</strong> rádio,jornal, exercícios com teatro-fórum. 2 As oficinas abrangem explanações15912345678


teóricas e ativida<strong>de</strong>s práticas, a fim <strong>de</strong> capacitar os participantes para asferramentas propostas. Na oficina <strong>de</strong> rádio, por exemplo, é planeja<strong>do</strong> eexecuta<strong>do</strong> um programa, com entrevistas e spots promocionais <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>,a fim <strong>de</strong> que os participantes se familiarizem com a linguagem específica<strong>do</strong> meio e conheçam seu potencial <strong>de</strong> divulgação.Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> monitoramento, merecem <strong>de</strong>staque as ativida<strong>de</strong>srelativas à relatoria, que orientam os participantes sobre o que se espera<strong>do</strong>s relatórios, como registro periódico <strong>de</strong> mudanças significativas, dificulda<strong>de</strong>sencontradas, soluções e resulta<strong>do</strong>s não espera<strong>do</strong>s. As entida<strong>de</strong>sexecutoras são também estimuladas a envolver as comunida<strong>de</strong>s nesseprocesso, com a apresentação <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> diários, mapas mentais, fitas<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e áudio, como alternativas <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> relatos comunitáriossobre o andamento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>.Em gran<strong>de</strong> parte das ativida<strong>de</strong>s da oficina, o grupo manuseia instrumentose informações <strong>de</strong> um projeto simula<strong>do</strong>, que reúne situações e característicasrecorrentes a muitos <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> PPP. A perspectiva é reduzir o quantopossível a distância entre teoria e prática, e favorecer a participação ativa<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s na discussão e proposição <strong>de</strong> soluções às situações-problemalevantadas. Desse mo<strong>do</strong>, no que se refere à relatoria, os participantesrealizam trabalho em grupo em que, a partir <strong>do</strong> diário <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s personagens<strong>do</strong> projeto fictício, testam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tradução <strong>de</strong> um instrumento,como esse para o preenchimento <strong>do</strong> roteiro <strong>de</strong> relatório. O exercíciotem dupla função: <strong>de</strong>smistificar a produção <strong>de</strong> relatórios pelosbeneficiários e sensibilizar os técnicos <strong>de</strong> ONGs para o potencial <strong>de</strong>envolvimento das comunida<strong>de</strong>s nessa ativida<strong>de</strong>.Outra ativida<strong>de</strong> relacionada ao monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> durante aoficina é a negociação em torno <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho, em que cadadupla ou representante se <strong>de</strong>dica à revisão <strong>de</strong> seu próprio plano. Nessemomento, a perspectiva é dar clareza e realismo aos planos <strong>de</strong> trabalho,buscan<strong>do</strong> discutir resulta<strong>do</strong>s e indica<strong>do</strong>res entre beneficiários, técnicos emembros da CTA. O princípio que norteia esse trabalho é <strong>de</strong> que os1602Técnica <strong>de</strong>senvolvida pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal, em que o teatro é utiliza<strong>do</strong>como ferramenta para a reflexão e ensaio <strong>de</strong> soluções em situações <strong>de</strong> ‘opressão’. Na oficina <strong>de</strong>planejamento, o teatro-fórum é utiliza<strong>do</strong> para a discussão sobre análise <strong>de</strong> riscos e resolução <strong>de</strong>conflitos no contexto <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>; situações <strong>de</strong> conflito recorrentes em <strong>projetos</strong> são encenadas,ocasião em que os presentes po<strong>de</strong>m intervir, assumin<strong>do</strong> a posição <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s personagens,para testar diferentes estratégias <strong>de</strong> solução. Ver BOAL, A. Stop: c’est magique! Rio <strong>de</strong> Janeiro:Civilização Brasileira, 1980.


objetivos para o monitoramento variam <strong>de</strong> ator para ator, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> comsua inserção na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um projeto (agência financia<strong>do</strong>ra - entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>assessoria técnica - comunida<strong>de</strong>) e seu <strong>do</strong>mínio sobre os aspectos <strong>do</strong>contexto envolvente. Por essa razão, fala-se na negociação <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong>trabalho; trata-se, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, <strong>de</strong> estratégia para animar as diferentesmotivações para o monitoramento.Para exemplificar, num mesmo projeto integran<strong>do</strong> ativida<strong>de</strong>s com viveiro<strong>de</strong> espécies nativas, extrativismo <strong>de</strong> frutos e sementes e técnicasagroecológicas, as motivações <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais, da ONG <strong>de</strong> assessoriatécnica e da CTA mostram-se distintas. Para o trabalha<strong>do</strong>r rural, omonitoramento <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong>ve gerar provas sobre os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seusesforços para si mesmo, os seus vizinhos e outros atores locais. Para aONG, o monitoramento é útil para relatar à CTA em que medida osobjetivos estabeleci<strong>do</strong>s foram atingi<strong>do</strong>s; para ajudar no planejamento <strong>do</strong>projeto; para <strong>de</strong>monstrar a outros potenciais parceiros o êxito <strong>do</strong> trabalhoe para reforçar a confiança <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> beneficiários. Já para a CTA,monitorar é importante para medir o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>,a fim <strong>de</strong> discernir lições valiosas para o conjunto <strong>do</strong> programa e aspectossensíveis que precisem <strong>de</strong> reforço técnico.Em relação a cada uma <strong>de</strong>ssas motivações, vão variar também os instrumentos<strong>de</strong> verificação e registro da mudança. Por isso, a negociação sobreo plano <strong>de</strong> trabalho esten<strong>de</strong>-se à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s e indica<strong>do</strong>res,ainda que <strong>de</strong> forma preliminar. Sobre o consorciamento <strong>de</strong> baru (Dipteryxalata) e espécies alimentares <strong>de</strong> ciclo curto, como feijão e abóbora, osindica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> impacto percebi<strong>do</strong>s pelo trabalha<strong>do</strong>r rural sãoo aumento da produção, a área <strong>de</strong> sombra em sua proprieda<strong>de</strong> e a rendaque po<strong>de</strong> obter com a comercialização <strong>do</strong> produto. Para a ONG e a CTAinteressam também o número <strong>de</strong> pés <strong>de</strong> baru manti<strong>do</strong>s em pé, o número<strong>de</strong> espécies e espécimes efetivamente plantadas, o total <strong>de</strong> famílias quepassaram a a<strong>do</strong>tar o consorciamento e a participar das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>projeto, <strong>de</strong>ntre outras. A CTA vai tentar ainda aferir indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> aprendizagemsocial, dificulda<strong>de</strong>s encontradas e resulta<strong>do</strong>s não espera<strong>do</strong>s peloprojeto, como novas parcerias firmadas ou <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos das ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>senvolvidas.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> trabalho utiliza<strong>do</strong> pelo PPP é bastante simples eestá orienta<strong>do</strong> por resulta<strong>do</strong>s; na sua forma transparece o empenho daCTA para torná-lo o mais claro possível quanto às informações correspon<strong>de</strong>ntesa cada campo, a fim <strong>de</strong> facilitar sua interpretação e preenchimento.16112345678


Tabela 1Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> PPPResulta<strong>do</strong>sespera<strong>do</strong>s <strong>do</strong>projetoAtivida<strong>de</strong>s aserem<strong>de</strong>senvolvidaspara alcançaros resulta<strong>do</strong>sResponsáveispelasativida<strong>de</strong>sPrazos paraa realização<strong>de</strong> cadaativida<strong>de</strong>Indica<strong>do</strong>respara verificarresulta<strong>do</strong>salcança<strong>do</strong>sconservação<strong>de</strong> espéciesnativas comvaloreconômicomapeamento<strong>de</strong> espécies eespécimesestagiários dauniversida<strong>de</strong> emembros dacomunida<strong>de</strong>janeiro efevereirolocalização enúmero <strong>de</strong>espécies eespécimesconheci<strong>do</strong>scoleta <strong>de</strong>sementescriação <strong>de</strong>viveirocapacitaçãosobretécnicasagroflorestaisi<strong>de</strong>mmembros dacomunida<strong>de</strong>técnicoagrônomo daONG <strong>de</strong>assessoriaem perío<strong>do</strong>salterna<strong>do</strong>s, aolongo <strong>do</strong>primeiro anomarço e abrilmarçotaxas <strong>de</strong>germinação ecrescimento<strong>de</strong> espécies eespécimesnúmero <strong>de</strong>produtoresque a<strong>do</strong>taramtécnicasagroflorestaisA tabela é incompleta, porque se presta apenas a ilustrar o mo<strong>de</strong>lo utiliza<strong>do</strong>pelo PPP. De qualquer mo<strong>do</strong>, na negociação <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho, apreocupação não é esgotar todas as possibilida<strong>de</strong>s quanto à <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res ou outros campos <strong>do</strong> plano. O objetivo principal éproblematizar os planos e sensibilizar os participantes para a importância<strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto e para as diferenças <strong>de</strong> perspectiva<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s. Como estão presentes na oficina apenas <strong>do</strong>isrepresentantes por projeto, esses, ao retornar às suas comunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vemrediscutir e consolidar o plano <strong>de</strong> trabalho, antes da assinatura <strong>do</strong> memoran<strong>do</strong><strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o PPP.162Durante a negociação <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho, são também retoma<strong>do</strong>s ospontos propostos pela CTA na fase <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quações e esclarecimentos; nessemomento, é possível verificar em que medida as a<strong>de</strong>quações sugeridas


foram internalizadas no plano e, naturalmente, a CTA tem oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> conhecer melhor as propostas, esclarecen<strong>do</strong> dúvidas e dan<strong>do</strong> idéias aosproponentes.Como po<strong>de</strong> ser verifica<strong>do</strong>, o plano <strong>de</strong> trabalho proposto pelo PPP ébastante simplifica<strong>do</strong>, não correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> propriamente a uma matrizlógica, como as que são a<strong>do</strong>tadas, em geral, na estruturação <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>médio e gran<strong>de</strong> porte. Reflete, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, um ajuste <strong>de</strong> escala,implementa<strong>do</strong> pelo PPP no Brasil, <strong>de</strong>sse tradicional méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> planejamentoe monitoramento, para torná-lo apropria<strong>do</strong> ao contexto <strong>de</strong> pequenos<strong>projetos</strong>.O limite <strong>de</strong> duração <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> imposto pelo programa, <strong>de</strong> apenas <strong>do</strong>isanos, dificulta sobremaneira a verificação <strong>de</strong> muitos impactos. Para daruma medida <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong>, o tempo <strong>de</strong> maturação <strong>de</strong> SAFs leva emmédia, <strong>de</strong> três a cinco anos; talvez por isso, as entida<strong>de</strong>s tendam a proporapenas indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> processo, por exemplo, número <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>resrurais capacita<strong>do</strong>s, como indica<strong>do</strong>r relaciona<strong>do</strong> à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitaçãonesses sistemas. Por essa razão e não obstante a utilização <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong>trabalho como estratégia para sensibilização ao monitoramento, os relatórios<strong>de</strong> progresso <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, principal meio <strong>de</strong> comunicação sobre o seuandamento, são narrativos.Desse mo<strong>do</strong>, o plano <strong>de</strong> trabalho constitui um parâmetro para a CTA epara as entida<strong>de</strong>s executoras sobre on<strong>de</strong> querem chegar com o projeto;nesse senti<strong>do</strong>, presta-se também à sensibilização para o temamonitoramento, por ocasião da oficina. Mas não há no PPP uma rotina <strong>de</strong>preenchimento <strong>de</strong> matrizes <strong>de</strong> monitoramento para verificação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong>fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto em relação ao seu plano <strong>de</strong> trabalho original, emboraele seja sempre parâmetro para medir o cumprimento das ativida<strong>de</strong>s eobjetivos <strong>de</strong>linea<strong>do</strong>s. Uma pergunta específica sobre os resulta<strong>do</strong>s previstosno plano <strong>de</strong> trabalho está contida no formulário <strong>de</strong> relatório <strong>de</strong>progresso.1234567Registro etnográficoO registro sistemático sobre os contatos da CTA e membros <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>talvez seja a característica mais peculiar ao sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>PPP no Brasil. Isso porque com o início da execução <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, o1638


monitoramento realiza<strong>do</strong> pela CTA está basea<strong>do</strong> em contatos telefônicos,visitas a campo e participação em eventos <strong>de</strong> confluência <strong>de</strong> beneficiários<strong>do</strong> PPP, ten<strong>do</strong> em vista constrangimentos já aponta<strong>do</strong>s, para que a CTAcumpra com essa tarefa. Em todas essas situações <strong>de</strong> contato é dada atençãoespecial ao registro <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e impressões relativas ao andamento <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>; um telefonema é registra<strong>do</strong> em pontos e arquiva<strong>do</strong> na pasta <strong>do</strong>projeto (Anexo 3). A visita a estan<strong>de</strong>s ou uma conversa, por ocasião <strong>de</strong> umevento, como o Encontro e Feira <strong>do</strong>s Povos <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, também é registradae arquivada, assim como as visitas <strong>de</strong> campo. Não se trata <strong>de</strong> registroburocrático, mas <strong>de</strong> relatos etnográficos <strong>do</strong> contato com beneficiáriosdiretos <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, seus produtos, paisagens, realida<strong>de</strong>s e falas (Nogueira,2001).Conversas e visitas <strong>de</strong> campo feitas para monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> nãoseguem roteiro fixo <strong>de</strong> questões a serem observadas. Algumas entrevistas,sejam feitas por telefone sejam in loco, são semi-estruturadas a partir <strong>de</strong>uma revisão prévia <strong>do</strong>s arquivos <strong>do</strong> projeto e <strong>de</strong> seu plano <strong>de</strong> trabalho.Essa revisão tem o propósito <strong>de</strong> orientar a atenção <strong>do</strong> técnico da CTAsobre os aspectos mais importantes a abordar numa conversa ou visita, nocontexto <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> <strong>de</strong> cada projeto. Para que <strong>de</strong> fato esse sistema sejafuncional numa equipe <strong>de</strong> quatro pessoas, esses registros <strong>de</strong> conversas evisitas são sistematicamente socializa<strong>do</strong>s entre seus membros, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> quefiquem informa<strong>do</strong>s sobre a promoção <strong>de</strong> cada projeto.Como menciona<strong>do</strong>, as gran<strong>de</strong>s distâncias e os altos custos <strong>de</strong> viagemtornam difíceis as visitas a campo, com a frequência <strong>de</strong>sejável; em geral,cada projeto é visita<strong>do</strong> pelo menos uma vez. Visan<strong>do</strong> reduzir custos, àsvezes a equipe da CTA organiza expedições, enca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> várias visitas emlocalida<strong>de</strong>s próximas (por exemplo, <strong>projetos</strong> no Sul e Oeste <strong>do</strong> Maranhãoe Bico <strong>do</strong> Papagaio, no Tocantins). O monitoramento em campo po<strong>de</strong>esten<strong>de</strong>r-se <strong>de</strong> três a sete dias, perío<strong>do</strong> no qual invariavelmente é organizadauma reunião com a comunida<strong>de</strong> beneficiária, para discussão <strong>do</strong>s avançose impasses, visitas às unida<strong>de</strong>s instaladas pelo projeto (viveiros, fábricas,sistemas agroflorestais, etc), encontros com parceiros locais (prefeituras,secretarias municipais, sindicatos, entre outros).164Nas viagens a campo muitos da<strong>do</strong>s são registra<strong>do</strong>s e ocorre mais umaetapa <strong>de</strong> sensibilização da comunida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s técnicos <strong>de</strong> ONGs para aimportância <strong>do</strong> monitoramento <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s. Em muitoscasos, esses atores têm respostas ‘na ponta da língua’ sobre índices <strong>de</strong>produção, envolvimento <strong>do</strong> grupo etc., mas não o hábito <strong>do</strong> registro. Para


todas as viagens e contatos com <strong>projetos</strong> são, portanto, produzi<strong>do</strong>s relatóriospela CTA, com o intuito <strong>de</strong> registrar impressões, lições aprendidas,da<strong>do</strong>s sobre os avanços, conflitos, técnicas utilizadas, contexto local erecomendações. Esses relatórios são socializa<strong>do</strong>s com os membros <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>, para que possam conhecer a visão da CTA, questioná-la e/ouincorporar recomendações encaminhadas.12RelatóriosEntida<strong>de</strong>s executoras e comunida<strong>de</strong>s também são responsáveis pela apresentação<strong>de</strong> um a três relatórios <strong>de</strong> progresso, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> número <strong>de</strong>parcelas em que seja dividi<strong>do</strong> o apoio; a liberação <strong>de</strong> cada uma das parcelasé condicionada à apresentação e aprovação <strong>do</strong>s relatórios.Os relatórios <strong>de</strong> progresso são narrativos e constituem <strong>do</strong>cumentaçãofundamental <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, com narrativas <strong>de</strong>talhadas sobre processos emotivos sobre ocorrência <strong>de</strong> fatos, dificulda<strong>de</strong>s encontradas, atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>grupo, suas impressões, etc. Os relatórios seguem o seguinte roteiro:1. Implementação <strong>do</strong> projeto;2. Avaliação <strong>do</strong> que foi realiza<strong>do</strong>, face ao plano <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> eos resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s;3. Problemas e/ou dificulda<strong>de</strong>s encontra<strong>do</strong>s;4. Soluções encontradas para os problemas e dificulda<strong>de</strong>s;5. Ativida<strong>de</strong>s a serem realizadas;6. Contribuição <strong>do</strong> projeto para a conservação da biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong>;7. Disseminação das ativida<strong>de</strong>s e lições <strong>do</strong> projeto (em que se sugereanexar cópias <strong>de</strong> matérias <strong>de</strong> jornal e revista, fitas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o e áudio comprogramas <strong>de</strong> TV e rádio, fotos e panfletos);8. Proposta <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho, para aresolução <strong>de</strong> problemas surgi<strong>do</strong>s (opcional, caben<strong>do</strong> aos casos em queaparece tal <strong>de</strong>manda).De forma similar ao processo <strong>de</strong> proposição <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quações, condições <strong>de</strong>efetivida<strong>de</strong> e solicitação <strong>de</strong> esclarecimentos na fase <strong>de</strong> seleção, a CTAtambém reage aos <strong>projetos</strong> solicitan<strong>do</strong> esclarecimentos e propon<strong>do</strong> ajustese estratégias <strong>de</strong> ação, a partir <strong>do</strong>s pontos relata<strong>do</strong>s. Portanto, à apresentação<strong>do</strong> relatório <strong>de</strong> progresso segue-se perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> diálogo entre CTA e165345678


<strong>projetos</strong>. Os meios para o diálogo são correspondências (por correio ou e-mail) e telefonemas. O plano <strong>de</strong> trabalho é sempre uma referência nessaocasião, porém, passível <strong>de</strong> alteração, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> processo dialoga<strong>do</strong> <strong>de</strong>revisão <strong>de</strong> estratégias, ativida<strong>de</strong>s e resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.Des<strong>de</strong> a oficina <strong>de</strong> planejamento, as entida<strong>de</strong>s executoras são orientadaspara buscar incorporar às suas práticas <strong>de</strong> relatoria a participação socialdas comunida<strong>de</strong>s beneficiárias. Desse mo<strong>do</strong>, a CTA tem recebi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>forma crescente, diários manuscritos, <strong>de</strong>senhos (especialmente mapasmentais <strong>de</strong> SAFs, diagnósticos florísticos, etc.), fotografias e ví<strong>de</strong>os queretratam dinâmicas sociais geradas a partir <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>; essas bases <strong>de</strong>registro também são consi<strong>de</strong>radas quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> monitoramento. Nos casosem que o projeto é executa<strong>do</strong> pelas próprias organizações <strong>de</strong> base, torna-seevi<strong>de</strong>nte o potencial para a aprendizagem social que têm essas estratégias<strong>de</strong> diálogo e flexibilização <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> registro. Isso porque as organizações<strong>de</strong> base, em geral, não têm capacida<strong>de</strong> técnico-burocrática instaladapara conduzir tais processos <strong>de</strong> relatoria e prestação <strong>de</strong> contas; <strong>de</strong>ssemo<strong>do</strong>, experiências que proporcionem esse aprendiza<strong>do</strong> às entida<strong>de</strong>s,contribuem para o seu fortalecimento e autonomia na proposição eexecução <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>.Para exemplificar: num projeto sobre resgate <strong>de</strong> espécies nativas comproprieda<strong>de</strong>s medicinais, a CTA verificou baixo <strong>de</strong>sempenho na apresentação<strong>do</strong>s relatórios <strong>de</strong> progresso, sempre excessivamente sucintos e comfalhas <strong>de</strong> conexão entre os fatos relata<strong>do</strong>s. Por meio <strong>de</strong> conversas portelefone, buscou-se i<strong>de</strong>ntificar as dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas pelo grupo paraa elaboração <strong>do</strong>s relatórios. A solução encontrada foi a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> umdiário (Anexo 4), em que o grupo passou a registrar com liberda<strong>de</strong> asmudanças percebidas ao longo <strong>do</strong> projeto. Próximo à apresentação <strong>de</strong> umsegun<strong>do</strong> relatório <strong>de</strong> progresso, com a orientação da CTA, o grupo partiu<strong>do</strong> diário para respon<strong>de</strong>r aos pontos <strong>do</strong> roteiro, procuran<strong>do</strong>, no registrocomunitário e cotidiano, as informações solicitadas pelo programa.166Para muitas entida<strong>de</strong>s, especialmente as organizações <strong>de</strong> base comunitária,o PPP é o primeiro apoio concedi<strong>do</strong>, da<strong>do</strong> que se trata <strong>de</strong> programasimples, <strong>de</strong> pequena <strong>do</strong>tação e com pouca burocracia. Para essas entida<strong>de</strong>s,faz-se processo <strong>de</strong> aprendizagem sobre como relatar os avanços e dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> um projeto, como organizar <strong>do</strong>cumentos e fatos relativos à aplicação<strong>do</strong>s recursos, habilida<strong>de</strong>s técnico-burocráticas exigidas nesse campo.Desse mo<strong>do</strong>, a flexibilização <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> registro não é a<strong>do</strong>tada em


substituição absoluta <strong>do</strong>s relatórios formais, exigi<strong>do</strong>s pelo programa noplano global. Os meios alternativos <strong>de</strong> registro são a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s em carátercomplementar e/ou intermediário, no processo <strong>de</strong> diálogo CTA/ entida<strong>de</strong>executora. Com base nele, a CTA po<strong>de</strong> dinamizar a problematização <strong>de</strong>pontos específicos <strong>do</strong> projeto, propor contatos, estratégias e o aprendiza<strong>do</strong>paulatino <strong>de</strong> conversão, por exemplo, <strong>do</strong> diário em relatório.Outro aprendiza<strong>do</strong> que resulta <strong>de</strong>sse processo se refere à própria utilida<strong>de</strong><strong>do</strong> registro e monitoramento <strong>de</strong> um projeto: Quais os benefícios reais<strong>de</strong>sse esforço? Como po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s? e Quem po<strong>de</strong>rá fazer uso <strong>do</strong>registro e monitoramento <strong>de</strong> um projeto? Essas questões não estão evi<strong>de</strong>ntespara os membros <strong>de</strong> um projeto, até que possam experimentar algumbenefício proveniente <strong>do</strong> monitoramento como, por exemplo, a <strong>de</strong>monstraçãopara a própria comunida<strong>de</strong> sobre a viabilida<strong>de</strong> da proposta e osresulta<strong>do</strong>s já alcança<strong>do</strong>sAs informações que resultam <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> visitas a campo, relatórios <strong>de</strong>progresso, registros <strong>de</strong> correspondências e conversas telefônicas, auxiliam aequipe da CTA a ter uma visão <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> cada projeto e <strong>do</strong>portifólio <strong>do</strong> programa. Em momentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> ou frente a oportunida<strong>de</strong>spara as entida<strong>de</strong>s e comunida<strong>de</strong>s beneficiárias <strong>do</strong> PPP, o esforçocontínuo <strong>de</strong> monitoramento permite que a CTA possa sugerir medidas <strong>de</strong>ajuste, mediar contatos com novas fontes, premiações, outras experiênciasbem-sucedidas.A cada seis meses, a CTA elabora relatório-síntese <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>PPP e, a cada <strong>do</strong>is anos, faz a revisão bianual <strong>do</strong> programa-RBP. O relatóriosemestral é apresenta<strong>do</strong> sob a forma <strong>de</strong> quadro, para o qual confluemas informações resultantes <strong>do</strong>s diferentes instrumentos <strong>de</strong> monitoramento.O quadro intitula<strong>do</strong> Relatório Semi-Anual-RSA é dirigi<strong>do</strong> ao PNUD eUNOPS, além <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> CP. A forma <strong>de</strong> estruturação <strong>do</strong> RSApermite a or<strong>de</strong>nação sistemática <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, dificulda<strong>de</strong>s e liçõesaprendidas <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, especialmente da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em visitas <strong>de</strong> campoaos <strong>projetos</strong>. A RBP é um relatório narrativo, mas para a produção <strong>de</strong>ambos - o relatório semi-anual e a revisão bianual -, a CTA exercita, muitasvezes, a ‘tradução’ das informações coletadas <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, utilizan<strong>do</strong> osrelatórios <strong>de</strong> progresso, visitas <strong>de</strong> campo, registros <strong>de</strong> conversa e outrosmeios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s. Essa tradução mostra-se necessáriaespecialmente na <strong>de</strong>monstração da relação <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, ativida<strong>de</strong>s e resulta<strong>do</strong>scom a conservação da biodiversida<strong>de</strong> e benefícios globais.16712345678


Consi<strong>de</strong>rações finaisO monitoramento <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> apoio a pequenos <strong>projetos</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável está estreitamente relaciona<strong>do</strong> aos canais <strong>de</strong>comunicação estabeleci<strong>do</strong>s entre a sua equipe <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e os <strong>projetos</strong>em execução. To<strong>do</strong>s os instrumentos cria<strong>do</strong>s para o monitoramentodas ativida<strong>de</strong>s e resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pelos <strong>projetos</strong> visam coletar eregistrar essa informação, para confrontá-la ao plano original e verificar emque medida foi realiza<strong>do</strong> ou para adaptá-lo a novos <strong>de</strong>safios, dificulda<strong>de</strong>s,aprendiza<strong>do</strong>s ou oportunida<strong>de</strong>s que surgem naturalmente ao longo <strong>do</strong>ciclo <strong>de</strong> um projeto. Portanto, o monitoramento, além <strong>de</strong> se propor àverificação da execução <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> trabalho, é instrumento <strong>de</strong> apoioà gestão, processo para o qual a comunicação é fundamental.To<strong>do</strong> o esforço da coor<strong>de</strong>nação técnico-administrativa <strong>do</strong> PPP no Brasiltem si<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> estabelecer canais flui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comunicação com os<strong>projetos</strong>. Dessa forma, em lugar <strong>do</strong> monitoramento basea<strong>do</strong> apenas emmeios formais <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s e ata<strong>do</strong> a um plano <strong>de</strong>trabalho rígi<strong>do</strong>, abrem-se possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>:maior dinamismo, com um diálogo permanente sobre estratégias,ativida<strong>de</strong>s e adaptação <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> trabalho, quan<strong>do</strong> necessária;aprendiza<strong>do</strong> social <strong>de</strong> grupos ainda incipientes na execução <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>;verificação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s inespera<strong>do</strong>s que naturalmente se agregam agran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>;geração <strong>de</strong> informação qualitativa, passível <strong>de</strong> ser compartilhada comoutros <strong>projetos</strong>.Sem dúvida, há limites ainda a superar no sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>PPP. Contu<strong>do</strong>, trata-se <strong>de</strong> sistema concreto, e, portanto, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> sobconstrangimentos, muitas vezes intrínsecos à natureza <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>apoio a <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O presente texto é,portanto, menos uma exposição teórica e mais um relato da prática <strong>de</strong>senvolvidapelo PPP. Como tal, é uma experiência para ser compartilhadacom programas similares, experiência essa que se caracteriza por darpreferência ao processo, à informação qualitativa e <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong> que amaioria <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> registro em matrizes <strong>de</strong> monitoramento permite.Desse mo<strong>do</strong>, busca também potencializar a participação e a aprendizagemlocal <strong>de</strong>sses processos (observação, registro, <strong>avaliação</strong>).168


Referências bibliográficasBOAL, A. Stop: c’est magique! Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.GEF Small Grants Programme: second operational phase. New York:[s.n.], 1999.GUIJT,I. <strong>Monitoramento</strong> participativo: conceitos e ferramentas práticaspara a agricultura sustentável. Rio <strong>de</strong> Janeiro: AS-PTA, 1999.NOGUEIRA, M. Lições aprendidas: uma análise comparativa <strong>de</strong> pequenos<strong>projetos</strong>. 2001. Dissertação (mestra<strong>do</strong>) - Centro <strong>de</strong> DesenvolvimentoSustentável/ Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, Brasília, 2001.PROGRAMME impact gui<strong>de</strong>lines. New York: GEF, SGP, 199612345678169


ResumoApresentação <strong>do</strong> programa Alas <strong>de</strong> las Américas,realiza<strong>do</strong> no sul <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r, em parceria com aFundação Ecológica Arco-Íris, cujo propósito éconservar, a longo prazo, aves e habitats <strong>do</strong> ParqueNacional Po<strong>do</strong>carpus e <strong>de</strong> sua zona <strong>de</strong> amortecimento.Para tanto, <strong>de</strong>finiram-se componentese estratégias sob o marco <strong>de</strong> um programa integral<strong>de</strong> conservação e <strong>de</strong>senvolvimento. A problemáticaé complexa e é necessário trabalhar estreitamentecom as pessoas. Entre erros e acertos, oprograma vem experimentan<strong>do</strong> ações, com o intuito<strong>de</strong> alcançar a meta proposta e avaliar seuimpacto. Este artigo relata experiências vividasdurante o trabalho, relacionadas ao mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res e às tarefas <strong>de</strong> monitoramento, quenão estão necessariamente <strong>de</strong>scritas em <strong>do</strong>cumentossobre esses temas. A experiência <strong>do</strong> programaconstitui um interessante exemplo <strong>de</strong> integraçãoentre as práticas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong>.170


Entre erros e acertosO mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> medir o êxito <strong>do</strong> programa Alas <strong>de</strong>las Américas, Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus,Equa<strong>do</strong>r 1 Mauricio Guerrero G. **Informação GeralAlas <strong>de</strong> las Américas é um programa promovi<strong>do</strong> pela The NatureConservancy – TNC (organização conservacionista <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s),para conservar aves e habitats <strong>do</strong> continente americano. Uma vez que elasprecisam <strong>de</strong> lugares a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para sobrevivência, um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong>programa é estabelecer uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas protegidas nas Américas, parasalvar, em conjunto, os habitats das aves emrisco.O programa começou no Caribe e na AméricaCentral, on<strong>de</strong> a TNC estabeleceu vínculosentre as reservas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e asáreas protegidas <strong>de</strong>ssas regiões,a fim <strong>de</strong> preservar habitats para as avescom a participação <strong>de</strong> organizações locais.Com a experiência alcançada nesses lugares,a TNC continuou esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o programana América <strong>do</strong> Sul. Assim, em mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong>1999, iniciou-se um vínculo <strong>de</strong> cooperaçãoentre as áreas protegidas e as organizações. Por umla<strong>do</strong>, a Bioreserva Pocono (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s)e a TNC ; por outro, o Parque Nacional7**Correio eletrônico: m.guerrero@gmx.<strong>de</strong>1Mais <strong>de</strong>talhes em: Fundação Ecológica Arco-Íris; Programa Alas <strong>de</strong> las Américas; Telefax:(593-7) 577-449 ou 572-926; Caixa Postal: 11-01-860, Loja – Equa<strong>do</strong>r; e-mail:wingsecua<strong>do</strong>r@easynet.net.ec1718


Po<strong>do</strong>carpus (sul <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r) e a Fundação Ecológica Arco-Íris (organizaçãoequatoriana reconhecida pelo seu trabalho no sul <strong>do</strong> país). Destamaneira, começou um esforço conjunto e um intercâmbio <strong>de</strong> experiências<strong>de</strong> conservação <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a proteger habitats e aves nessas duas regiões.O Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus (146.280ha) mantém rica diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>flora e fauna com significativos níveis <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo. Não obstante, váriosproblemas afetam sua integrida<strong>de</strong> e seu valor biológico. O <strong>de</strong>smatamento étalvez o problema mais grave, causa<strong>do</strong> pelo corte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira (como oPo<strong>do</strong>carpus sp.), ou pela expansão da fronteira agrícola e pecuária, comefeitos adicionais em virtu<strong>de</strong> da aplicação <strong>de</strong> práticas danosas (exploraçãoexcessiva e possível erosão <strong>do</strong> solo, uso <strong>de</strong> agroquímicos na produção, usoirracional <strong>do</strong> fogo, o qual provocou incêndios florestais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>).A mineração é um problema que afeta o parque; com a exploraçãoartesanal que se <strong>de</strong>senvolve no centro da área protegida, vários habitatsforam <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s e parte das águas contaminadas. Outro conflito é apresença <strong>de</strong> invasores <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Parque, tanto <strong>de</strong> forma legal,como <strong>de</strong> forma ilegal; suas práticas, em vários casos, prejudicam os recursosnaturais.O programa no Equa<strong>do</strong>r tem duração prevista para cinco anos, cominvestimentos econômicos principalmente da TNC (Pensilvânia), ao qual seadicionaram, no segun<strong>do</strong> e terceiro anos, investimentos <strong>do</strong> National Fishand Wildlife Service – NFWS, para realizar ações complementares e paralelas,a fim <strong>de</strong> aumentar o impacto. Adicionalmente, recebeu-se apoioeconômico <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, governos locais e outrosinvestimentos menores da Fundação Ecológica Arco-Íris.Filosofia <strong>do</strong> programaTen<strong>do</strong> em vista que a problemática que afeta as aves e habitats no ParqueNacional Po<strong>do</strong>carpus e sua zona <strong>de</strong> amortecimento é complexa, foi necessárioanalisar o marco filosófico que orientaria o programa. A TNCinicialmente consi<strong>de</strong>rou que o programa Alas <strong>de</strong> las Américas teria comoidéia central a conservação e a pesquisa. Não obstante, como os problemaseram diversos e complexos, consi<strong>de</strong>rou-se que o programa Alas das Américas<strong>de</strong>veria estabelecer-se como um Programa Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conservação eDesenvolvimento.172A natureza e seus componentes são afeta<strong>do</strong>s pelas ativida<strong>de</strong>s humanas. Énecessário trabalhar com pessoas causa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> problemas. A reflexão


ealizada <strong>de</strong>senvolveu-se com base no esquema a seguir, o qual estabeleceque “as pessoas são o problema e a solução”.1Gráfico 1Pessoas: o problema e a soluçãoAnáliseDesenho <strong>de</strong> ações2<strong>Ambiente</strong>Comportamentohumano problemáticoImpactoValores epercepçõespo<strong>de</strong>r para atuarProjetos integraisAção3Modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>: mapa analítico, reflexivo e participativo da sustentabilida<strong>de</strong> – MARPS,Imbach et al. 1997. UICNPara compreen<strong>de</strong>r os problemas ambientais, é preciso conhecer a relaçãoexistente entre as ações humanas e o ambiente. Os problemas ambientaistêm efeitos no âmbito social e econômico. Por isso, é preciso conhecernão só o que fazem as pessoas, mas o porquê <strong>de</strong> suas ações. Devemosenten<strong>de</strong>r os valores que levam as pessoas a agir <strong>de</strong> formas diferentes.Mesmo assim, temos que compreen<strong>de</strong>r como o po<strong>de</strong>r - ou a falta <strong>de</strong>le -influi na realização <strong>de</strong> certas ações, já que constitui instrumento paracolocar em prática certos valores. Ao compreen<strong>de</strong>r a inter-relação <strong>do</strong> ambiente,com as pessoas e os seus efeitos, estan<strong>do</strong> conscientes <strong>de</strong> que o campo <strong>de</strong> açãopo<strong>de</strong> influir nos valores humanos e no po<strong>de</strong>r, iniciaremos um processo real <strong>de</strong>troca e impacto com as ações <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> (Imbach et al. 1997).456Com base em mo<strong>de</strong>los existentesUma vez que se <strong>de</strong>cidiu que as ações seriam emolduradas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umPrograma Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Conservação e Desenvolvimento, continuou-se aestruturar os diferentes campos <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> programa Alas <strong>de</strong> Las Américas.Para isso, tomamos vários mo<strong>de</strong>los existentes como base, com a finalida<strong>de</strong><strong>de</strong> estruturar um esquema próprio, que permita integrar diversos campos ecomponentes, para dar maiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> impacto. Alguns mo<strong>de</strong>lossão apresenta<strong>do</strong>s em círculos e outros em quadra<strong>do</strong>s mas, <strong>de</strong> forma geral, aintenção é mostrar processos cíclicos. A seguir, a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> algunsesquemas:17378


O processo <strong>de</strong> conservação daTNC apresenta um esquema<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Planificação para aConservação. Esse esquemacompreen<strong>de</strong> quatro componentesfundamentais: (1) priorida<strong>de</strong>splanejadas em nível regional; (2)estratégias para conservar áreasprioritárias; (3) ações diretas <strong>de</strong>conservação; e (4) <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>êxito da conservação. Forampropostos <strong>do</strong>is objetivos estratégicosfundamentais: (a) reduzir asGráfico 2Planificação para a conservaçãoAvaliar oêxitoEstabelecerpriorida<strong>de</strong>sImplementaraçõesElaborarestratégiasameaças existentes nos sistemas naturais, e (b) restaurar ou manejar ecologicamenteesses sistemas (TNC 2000). Uma das ferramentas utilizadas paraimplementar os objetivos estratégicos é o Planejamento para a Conservação<strong>de</strong> Terrenos – PCT, que i<strong>de</strong>ntifica oito objetos-alvo <strong>de</strong> conservação,estratégias para reduzir as ameaças e um sistema para medir o êxito dasações <strong>de</strong> conservação.174O mo<strong>de</strong>lo da sustentabilida<strong>de</strong> mostra três círculos, cada um representan<strong>do</strong>uma dimensão da sustentabilida<strong>de</strong>: ecológica, social e econômica. O<strong>de</strong>senvolvimento é sustentávelquan<strong>do</strong> engloba as três dimensões,<strong>de</strong> forma que exista umequilíbrio entre essas por meio<strong>de</strong> suas inter-relações. Dessamaneira, a dimensão ecológicapreten<strong>de</strong> manter a diversida<strong>de</strong>das espécies e a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sprocessos ecológicos; a dimensãoeconômica trata <strong>de</strong> manter bonsníveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, eficáciae eficiência, enquanto a dimensãosocial preten<strong>de</strong> respeitar osdireitos humanos e a igualda<strong>de</strong>entre os diferentes grupos sociais(Burgwall & Cuellar 1999). AssimGráfico 3Dimensões dasustentabilida<strong>de</strong>SocialEcológicaEconômicase diz que o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável é um <strong>de</strong>senvolvimento quesatisfaz as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> presente, sem menosprezar a capacida<strong>de</strong> dasfuturas gerações <strong>de</strong> satisfazer suas próprias necessida<strong>de</strong>s.


Nós consi<strong>de</strong>ramos a dimensãoecológica, ouambiental, a base para o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável,na qual se <strong>de</strong>senvolvemoutras dimensões. Dessaforma, efeitos negativos nadimensão ambiental teriamimpactos negativos, amédio e longo prazo sobreas outras dimensões,econômica e social. Tu<strong>do</strong>está inter-relaciona<strong>do</strong>,portanto, uma políticaa<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> conservação,na dimensão ecológica,possibilitaria um <strong>de</strong>senvolvimentoharmônico dasdimensões social e econômicaa longo prazo.O mo<strong>de</strong>lo da agroecologiaé exposto como uma edificação <strong>de</strong> blocos ou quadra<strong>do</strong>s, em que a basecompõe-se <strong>de</strong> três elementos naturais fundamentais: floresta, água e solo. Aesses se sobrepõe (como em um edifício), elementos adicionais daagroecologia relaciona<strong>do</strong>s com o manejo produtivo: vegetal (agrícola) eanimal (pecuária). São adiciona<strong>do</strong>s outros elementos relaciona<strong>do</strong>s aoprocessamento, que contemplam alguns aspectos sociais; e acomercialização, diretamente relacionada a aspectos econômicos(Rodríguez & Hesse–Rodríguez 2000). Dessa forma, também no mo<strong>de</strong>loagroecológico estão expostas as dimensões da sustentabilida<strong>de</strong>.A U T O C O N S U M OComercialização <strong>de</strong>ProdutosProcessa<strong>do</strong>sProcessamentoProduçãoAnimalProduçãoVegetalSolo Água Floresta123456Os elementos <strong>de</strong> base - floresta, água e solo - constituem para os agricultoresos principais elementos <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. No solo se <strong>de</strong>senvolvemas ativida<strong>de</strong>s agrícolas e pecuárias, e <strong>de</strong> seu manejo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m osníveis produtivos. A água constitui elemento relaciona<strong>do</strong> com a vida,graças a ela se estabelecem as vilas, se modificam os níveis produtivos e épossível a própria existência. O elemento floresta é uma importante fonte<strong>de</strong> recursos para a medicina e para a construção.78175


Em que e como trabalhamos? Novo mo<strong>de</strong>loCom base na análise <strong>do</strong>s diversos mo<strong>de</strong>los, o programa estruturou umamatriz na qual incluiu os principais elementos <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>scritosanteriormente, e incorporou outros consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s importantes para enfrentaro problema que afetava as aves e os habitats. A matriz com to<strong>do</strong>s oselementos, problemas gerais existentes, estratégias e indica<strong>do</strong>res será <strong>de</strong>scritaa seguir:Cenário: Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus – PNP e zona <strong>de</strong> amortecimento– ZA.Limites estratégicos: Bacias hidrográficas <strong>de</strong> interesse (e setores <strong>de</strong>Cajanuma e Bombuscaro-PNP + cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Loja e Zamora)Atores: famílias, comunida<strong>de</strong>(s), cida<strong>de</strong>(s) e governos locais, <strong>Ministério</strong><strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>Tabela 1Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpusDimensãoObjetos <strong>de</strong>Conservação ouElementosProblemática geral noParque e sua Zona <strong>de</strong>AmortecimentoEstratégiasIndica<strong>do</strong>resEcológica Floresta Conversão <strong>de</strong> hábitats(<strong>de</strong>sflorestamento)Educação ambientalInvestigaçãoÁrea (ha) ou taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>sflorestamento juntoou nos limites <strong>do</strong> PNP,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> intervirÁguaRedução qualida<strong>de</strong> eEducação ambientalNúmero <strong>de</strong> conflitosquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água(contaminação)Reflorestamentopor mau manejo daágua (contaminação)Aves(biodiversida<strong>de</strong>)Escasso valor econhecimento dabiodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PNPPesquisaDifusãoIncremento <strong>de</strong>informação sobre asaves e sua dinâmica emzonas naturais ealteradasSoloDegradação <strong>do</strong> solo(por causa <strong>de</strong>exploração e erosão)Manejo integral <strong>do</strong>ssolos (diversida<strong>de</strong> eassociação <strong>de</strong>cultivos, cercas vivas,terraços, etc.)Área (ha) recuperada(fer tilida<strong>de</strong>) ou sobsistemas <strong>de</strong> manejoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>176Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> TNC (PCT) ou Objetos <strong>de</strong> conservaçãoMo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agroecologia (+ elementos floresta e água) Outros elementos <strong>de</strong> interesse


Econômica Produção animal(pecuária)Baixa produtivida<strong>de</strong>(práticas erradas)Manejo pecuáriosustentávelNúmero <strong>de</strong> famílias queutilizam melhorestécnicas <strong>de</strong> manejo1Produção vegetalBaixa produtivida<strong>de</strong>(práticas erradas, uso<strong>de</strong> agroquímicos, etc.)Manejo agrícolasustentável (orgânico)Número <strong>de</strong>camponeses que usamnovas técnicas <strong>de</strong>cultivo2Comer cializaçãoSistema <strong>de</strong>comercializaçãoincipienteFormalizar o merca<strong>do</strong>% <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> produtosorgânicosSocialOrganização epo<strong>de</strong>r socialBaixos níveisorganizacionaisEscassa ou nulapar ticipação e autogestãoFortalecimentoorganizacionalCapacitaçãoNúmero <strong>de</strong>camponeses associa<strong>do</strong>se nível <strong>de</strong> par ticipaçãonúmero <strong>de</strong> eventospromovi<strong>do</strong>s e exitosos3Conflitos sociaisConflitos <strong>de</strong> posse <strong>de</strong>terras (limites)Manejo <strong>de</strong> conflitos(negociação)ConvêniosNúmero <strong>de</strong> conflitosenfrenta<strong>do</strong>s eresolvi<strong>do</strong>s4Percepção evalores(consciência)Escasso conhecimentosobre a impor tância danaturezaEducação ambientalCampanhas e difusãoTroca <strong>de</strong> cer tos valorese atitu<strong>de</strong>s (manejo,água e lixo)Infra-estrutura(áreas <strong>de</strong>visitantes <strong>do</strong>PNP)Infra-estrutura nãofuncional e incompletaMini <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> InfraestruturaInfra-estruturamelhorada5Atores <strong>de</strong>interesse(capacitação)Escassa capacitação <strong>de</strong>guardas florestais eoutros atoresCapacitação eassessoría% <strong>de</strong> guardas florestaisque utilizam osconhecimentos6Colocan<strong>do</strong> no papelApós todas as análises <strong>de</strong>scritas previamente, o programa <strong>de</strong>veria colocartu<strong>do</strong> por escrito, dan<strong>do</strong> início a uma fase <strong>de</strong> planejamento. Foiestrutura<strong>do</strong> um plano estratégico para cinco anos, com a meta <strong>de</strong> contribuirpara a conservação das aves e seus habitats no Parque NacionalPo<strong>do</strong>carpus e na zona <strong>de</strong> amortecimento, o que incluiu cinco <strong>projetos</strong>(<strong>de</strong>scritos a seguir). Com o objetivo <strong>de</strong> manter o programa e seus <strong>projetos</strong>17778


vincula<strong>do</strong>s como um to<strong>do</strong>, e evitar o isolamento <strong>do</strong>s diferentes componentes,estabeleceu-se um Marco Lógico em cascata (MDF 1993), cujo esquemaé:Tabela 2Marco lógicoPrograma Projeto(s) Componente(s)Objetivo Ger alObjetivo(s) Específico(s)Objetivo Geral- Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>s Objetivo(s) Específico(s) Objetivo Geral- Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>s Objetivo(s) Específico(s)- Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>sProjetos <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pelo programa:1. Conservação e Manejo – impulsionar ações <strong>de</strong> conservação e manejoem habitats críticos para garantir a conservação <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> interesseespecial. Esse projeto trabalha em várias ações junto ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong><strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>, nos setores Cajanuma e Bombuscaro, e com os governoslocais, principalmente municípios;2. Pesquisa – gerar informação científica que dê elementos para a conservaçãodas aves e seus habitats no Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus. Oprojeto <strong>de</strong> pesquisa focaliza os estu<strong>do</strong>s em aves (migratórias e resi<strong>de</strong>ntes)e habitats, na capacitação <strong>de</strong> profissionais locais para o estu<strong>do</strong> dabiodiversida<strong>de</strong>, assim como no fomento e popularização da observaçãodas aves;1783. Manejo comunitário <strong>de</strong> habitats – consolidar alternativas compatíveis<strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>s recursos naturais com as comunida<strong>de</strong>s assentadas nazona <strong>de</strong> amortecimento, a fim <strong>de</strong> diminuir a pressão humana no parque.O projeto dirige esforços a <strong>do</strong>is setores rurais (as bacias hidrográficas<strong>do</strong>s rios Campana e El Limón), com comunida<strong>de</strong>s que vivem juntas e<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque. <strong>Ambiente</strong>s, mora<strong>do</strong>res e problemas sãodiferentes, sen<strong>do</strong> necessário implementar diversas ações, mas principalmentecom a estratégia <strong>de</strong> agroecologia;


4. Educação ambiental – gerar e fortalecer a cultura ambiental, embenefício da biodiversida<strong>de</strong> e <strong>do</strong>s recursos naturais <strong>do</strong> Parque NacionalPo<strong>do</strong>carpus, que contribuam diretamente com a conservação das aves ehabitats. Esse projeto é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> tanto nos setores rurais antesmenciona<strong>do</strong>s, como nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Loja e Zamora pela proximida<strong>de</strong> erelação com o parque. Como as metas são diversas, as ações tambémsão distintas para os setores rurais e urbanos;5. Fortalecimento Interinstitucional – fortalecer o vínculo e coor<strong>de</strong>nação<strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong> Alas <strong>de</strong> las Américas <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r e da Pensilvânia, além<strong>de</strong> outros atores (organismos estatais e priva<strong>do</strong>s), em prol da conservaçãodas duas áreas protegidas. Esse projeto promove a troca <strong>de</strong> experiências<strong>de</strong> manejo entre as duas reservas protegidas, assim como acapacitação da equipe técnica e <strong>de</strong> outros atores importantes (guardasflorestais), e a difusão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e êxitos <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o programa;Como as ações <strong>de</strong> cada projeto são diferentes, os beneficiários também osão. Em geral, no termo beneficiários consi<strong>de</strong>ram-se pessoas, comunida<strong>de</strong>shumanas, que recebem assistência por meio <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosocial. Em contraste, num projeto <strong>de</strong> conservação se trabalha peloambiente (habitats, processos ecológicos, espécies), mesmo que esses nãosejam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s beneficiários. Não obstante, a recuperação, manejosustentável ou manutenção <strong>de</strong> certos recursos naturais beneficiam camponeses(manutenção <strong>de</strong> bons níveis produtivos), ou também mora<strong>do</strong>res dascida<strong>de</strong>s (com água <strong>do</strong>ce <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>). No contexto, é difícil <strong>de</strong>finirquem foi beneficiário <strong>do</strong> programa. Além disso, trabalha-se em nívelcomunitário com uma média <strong>de</strong> 340 famílias que vivem na zona <strong>de</strong> amortecimento<strong>do</strong> parque e o pressionam <strong>de</strong> alguma forma. Nas cida<strong>de</strong>s Loja eZamora as ações têm cobertura para uma média <strong>de</strong> 420.000 mora<strong>do</strong>res,que seriam beneficiários indiretos.A fim <strong>de</strong> administrar o programa <strong>de</strong> maneira efetiva foi estabelecida aseguinte estrutura:12345678179


Gráfico 4Administração <strong>do</strong> programaTNC PensilvâniaTNC QuitoArco-írisdireçãoNível avalia<strong>do</strong>re revisor(direção e <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res)ProgramaDiretorNível executorConservação emanejoPesquisaManejocomunitário <strong>de</strong>hábitatsEducaçãoambientalFortalecimentointer-InstitucionalElementos <strong>de</strong> planejamento, acompanhamento,<strong>avaliação</strong> e monitoramentoMesmo com a estrutura, conceito e parte filosófica <strong>do</strong> programa <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s,ainda é necessário <strong>de</strong>terminar os melhores mecanismos para <strong>de</strong>senvolveras ações. Com base em vários <strong>do</strong>cumentos relaciona<strong>do</strong>s ao tema,chegou-se ao seguinte formato <strong>do</strong> Ciclo <strong>de</strong> Gestão <strong>do</strong>s Projetos:Gráfico 5Ciclo <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>Definir estratégias<strong>de</strong> intervençãoExecutar ações<strong>de</strong> conservaçãoAvaliar esistematizarMonitorare adaptarContextoecológico+humanoSustentabilida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar epriorizarproblemasambientaisAnalisar in situ:diagnósticos,estu<strong>do</strong>s, etc.PlanejamentoExecuçãoAvaliação esistematizaçãoCiclo <strong>de</strong>monitoramento180Analisar situaçãoambiental


Observaram-se os seguintes aspectos no processo <strong>de</strong> planejamento:Tabela 3Processo <strong>de</strong> planejamento1Elementos <strong>do</strong>planejamentoQuem realiza Objetivos Documnetosusa<strong>do</strong>s2PlanoestratégicoEquipe técnica e umassessor (+ revisão<strong>de</strong> diretores (FAI),<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res (TNC) e<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong>)Estabelecer um guia alongo prazo que orienteas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa Alas <strong>de</strong> lasAméricas em cincoanos. (Documentoprepara<strong>do</strong> nosprimeiros meses <strong>do</strong>programa)Informação <strong>do</strong>Par queInformação <strong>do</strong>Programa (TNC)3Plano OperativoAnual (POA)Matriz semanal<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s(ver Anexo 1)Equipe técnicaTo<strong>do</strong> o pessoalDefinir todas asativida<strong>de</strong>s a serem<strong>de</strong>senvolvidas (este<strong>do</strong>cumento éprepara<strong>do</strong> com cincomeses <strong>de</strong>antecedência)Coor<strong>de</strong>nar todas asativida<strong>de</strong>s semanaisentre a equipe técnicae a administrativaPlano estratégico.Informes anuais <strong>do</strong>sanos anteriores.Plano operacionalanual45Com o objetivo <strong>de</strong> usar a mesma linguagem, discutimos o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong>acompanhamento, <strong>avaliação</strong> e monitoramento. Esses conceitos costumamser vistos sob nomes diferentes segun<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> cada autor, causan<strong>do</strong>certa confusão. Dessa forma, acordamos o significa<strong>do</strong> próprio <strong>do</strong>s termos:Acompanhamento – é a vigilância contínua <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia da execuçãodas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto. A finalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminar se as coisas corrembem (luz ver<strong>de</strong>), <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Plano Operacional Anual, ou seexistem problemas e alerta (luz amarela), que <strong>de</strong>vem ser enfrenta<strong>do</strong>s.Com o acompanhamento po<strong>de</strong>mos saber em que momento e lugar daestrada nos encontramos (relaciona<strong>do</strong> ao POA), e se é necessário fazercorreções para solucionar qualquer problema apresenta<strong>do</strong>. No caso <strong>do</strong>181678


programa Alas <strong>de</strong> las Américas, o acompanhamento aconteceu por meio<strong>de</strong> reuniões semanais da equipe; os técnicos ensinavam aos camponeseso uso <strong>do</strong> ca<strong>de</strong>rno da comunida<strong>de</strong> e o revisavam semanalmente; alémdisso, o diretor <strong>do</strong> programa realizava visitas periódicas às comunida<strong>de</strong>sou ao parque para verificar o avanço das ativida<strong>de</strong>s. Adicionalmente,foram organizadas reuniões com outros atores <strong>de</strong> interesse.Tabela 4AcompanhamentoElementos <strong>do</strong>acompanhamentoQuem realiza Objetivos Documentosusa<strong>do</strong>sFichas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s(ver anexo 2)Cada técnicoResumir ativida<strong>de</strong>ssemanais ou eventosrealiza<strong>do</strong>s (ainformação <strong>de</strong>scritaajuda na preparação <strong>de</strong>relatórios trimestrais)Reuniões semanais Equipe técnica I<strong>de</strong>ntificar problemas esoluções <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> POACa<strong>de</strong>rno dacomunida<strong>de</strong>(ver anexo 3)Visitas aos locais <strong>de</strong>trabalhoReuniões bimestraiscom pessoal <strong>do</strong><strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong>Promotor/ a +assistência <strong>de</strong>técnicoDiretor <strong>do</strong>Programa etécnicosDiretor e umtécnico +pessoal <strong>do</strong><strong>Ministério</strong> ePNPAnalisar o avanço <strong>do</strong>trabalho em nívelfamiliarAvaliar e assessorar asituação diretamenteno campoAnalisar o avanço <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>sCoor<strong>de</strong>nar açõesconjuntasPlano OperacionalAnualPlano OperacionalAnualFichas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sMatriz semanalCa<strong>de</strong>rnocomunitário <strong>de</strong> cadapromotor.Plano OperacionalAnualPlano OperacionalAnual.Fichas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sPlano OperacionalAnual.Memórias <strong>de</strong>reuniões1822O ca<strong>de</strong>rno da comunida<strong>de</strong> apresenta um grupo <strong>de</strong> matrizes que são manejadas por cadapromotor com o objetivo <strong>de</strong> assistir às famílias fazen<strong>de</strong>iras no avanço das ativida<strong>de</strong>sagroecológicas. As matrizes são completadas pelo promotor semanal ou mensalmente, segun<strong>do</strong>o caso, com base no planejamento <strong>do</strong> POA, e revisadas pelo técnico semanalmente.


Avaliação – está relacionada com a qualida<strong>de</strong> e eficiência <strong>de</strong> certasestratégias e com os resulta<strong>do</strong>s imediatos <strong>do</strong> projeto. I<strong>de</strong>ntificamostambém uma <strong>avaliação</strong> em curso, o que nos permitia fazer ajustes acertas ações estratégicas <strong>do</strong> programa, se essas fossem funcionais nadinâmica local. Geralmente, os erros, trocas ou ajustes i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>seram menciona<strong>do</strong>s na seção “Passos Futuros” <strong>do</strong>s relatórios trimestrais;nas sugestões <strong>do</strong>s relatórios anuais, assim como durante as reuniõessemestrais <strong>do</strong> programa. Os <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res enviavam um técnico anualmentepara realizar visitas <strong>de</strong> campo e familiarizar-se com a situação <strong>do</strong> trabalho.12Tabela 5<strong>Monitoramento</strong>Elementos <strong>do</strong>acompanhamentoQuem realiza Objetivos Documentosusa<strong>do</strong>s3Relatór iostrimestrais(ver anexo 4)Técnicoencarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong>cada projeto +diretorDescrever as açõesrealizadas (ou não), aolongo <strong>do</strong> trimestrePlano OperacionalAnual.Fichas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.4Relatórios anuaisTécnicoencarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong>cada projeto +diretorDescrever osresulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>sno ano em nível <strong>do</strong>scomponentes ou dasestratégias.Relatór iostrimestrais.Memórias <strong>de</strong> visitas<strong>de</strong> campo.5Visitas <strong>de</strong> campoDiretor(bimestral) eDoa<strong>do</strong>res (anual)Diretor: avaliar oavanço e situação dasativida<strong>de</strong>s. Doa<strong>do</strong>res:comprovar a situação<strong>do</strong> programa efamiliarizar-se com ocenário <strong>de</strong> trabalho..Relatór iostrimestrais.Relatórios anuais.Plano OperacionalAnual.6Outros informes:por exemplorelaciona<strong>do</strong>sestu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> avesDiretor outécnicoApresentar resulta<strong>do</strong>s<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s ou eventosPlano OperacionalAnual.Fichas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.7Reuniõessemestrais <strong>de</strong><strong>avaliação</strong>Diretor etécnicosAvaliar os êxitos eimpactos <strong>do</strong> programa.Avaliar resulta<strong>do</strong>s eimpactos <strong>do</strong> programa(através <strong>de</strong> umaconversa com ostécnicos, diretorese/ ou <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res)Plano OperacionalAnual.Relatór iostrimestrais.Memórias <strong>de</strong> visitas<strong>de</strong> campo.1838


<strong>Monitoramento</strong> – constitui a <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong>s impactos (positivos ounegativos), produzi<strong>do</strong>s pelo projeto. De que maneira o projeto teve efeitosno ambiente, a economia e/ou aspectos sociais <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> setor? Suaresposta utiliza informação sobre as condições iniciais <strong>do</strong> local <strong>de</strong> trabalho(linha <strong>de</strong> base ou marco zero), prevê a intervenção <strong>de</strong> um projeto. Dessamaneira é possível comparar o antes e o <strong>de</strong>pois. Mas, o que é importante,por intermédio <strong>do</strong> monitoramento po<strong>de</strong>m ser adaptadas (ou modificadas)certas ações <strong>de</strong> manejo, com o objetivo <strong>de</strong> causar impacto positivo edireto sobre as metas. O monitoramento é realiza<strong>do</strong> a longo e médioprazo, inclusive a posteriori, ou seja, quan<strong>do</strong> o projeto foi concluí<strong>do</strong>. Parao caso <strong>do</strong> programa não se contou com o marco zero, pois esse foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>com o avanço das ativida<strong>de</strong>s, e pelo uso <strong>de</strong> questionário (o qual eraaplica<strong>do</strong> anualmente, ou a cada seis meses, segun<strong>do</strong> cada caso, aosbeneficiários <strong>do</strong> programa). Também foram utilizadas fotos para evi<strong>de</strong>nciaras mudanças <strong>de</strong> antes e <strong>de</strong>pois e elabora<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s ou consultoriaspontuais.Dessa maneira, o processo <strong>de</strong> monitoramento, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> manejo <strong>do</strong>srecursos naturais, foi entendi<strong>do</strong> como um processo padroniza<strong>do</strong> e periódicoque <strong>de</strong>termina o êxito, ou não, <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> certo recurso ou grupo<strong>de</strong> recursos. Essa informação permite ampliar, corrigir ou <strong>de</strong>scartar essetipo <strong>de</strong> manejo, <strong>de</strong> maneira que se adapte às respostas ambientais (manejoadaptativo). Assim, a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s é utilizada para fortalecer ou trocaras estratégias <strong>de</strong> conservação e manejo <strong>do</strong>s recursos naturais, refletin<strong>do</strong>sobre as mudanças e seus efeitos, junto aos principais atores que contribuemna conservação <strong>do</strong> Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus.De tropeços e pequenos passos, a saltos segurosDurante o primeiro ano <strong>do</strong> programa, o acompanhamento e a <strong>avaliação</strong> seconcentraram no cumprimento <strong>de</strong> metas físicas. Comparou-se o planeja<strong>do</strong>(no POA) e o executa<strong>do</strong> (relatórios trimestrais e anuais). Mesmo que osrelatórios indicassem o cumprimento ou não das ativida<strong>de</strong>s planejadas, umsério limite <strong>de</strong>monstrava alguma situação crítica somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> suaapresentação. A carência <strong>de</strong> mecanismo <strong>de</strong> alerta efetivo constituía graveproblema para o programa. Além disso, as capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s técnicos foramsuperestimadas.184


Para enfrentar os limites existentes, foram i<strong>de</strong>ntificadas e utilizadas açõespermanentes e concretas <strong>de</strong> acompanhamento, que ajudassem a i<strong>de</strong>ntificarproblemas a tempo, e apontassem soluções concretas (<strong>de</strong>scritas no quadro<strong>de</strong> acompanhamento). Esses ajustes começam a partir <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong> (julho 2000 – junho 2001), quan<strong>do</strong> é importante ressaltar que aformação <strong>do</strong>s promotores possibilitou avançar mais efetivamente nasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agroecologia familiar. Quanto à <strong>avaliação</strong>, os principaisajustes foram feitos na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s com as ativida<strong>de</strong>s(relatórios trimestrais), e impactos (relatórios finais). As correções feitaspermitiram i<strong>de</strong>ntificar capacida<strong>de</strong>s e habilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s técnicos, com basenas quais foram <strong>de</strong>cididas várias mudanças pessoais, e implementadas ações<strong>de</strong> capacitação.Foto 1Os promotoresparticipam comotimismo <strong>do</strong>s processos<strong>de</strong> acompanhamento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s e capacitação<strong>de</strong> camponeses. Acapacitação, fazen<strong>de</strong>iroa fazen<strong>de</strong>iro, facilita acomunicação, ointercâmbio <strong>de</strong> idéias ea solução <strong>de</strong> conflitos,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao uso <strong>de</strong>similares linguagens oucódigos.Feitos os ajustes o programa foi fortaleci<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira que se ganhoumais espaço e confiança nas comunida<strong>de</strong>s, com o pessoal <strong>do</strong> parque, como governo local e com os <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res. Cada vez que os ajustes se mostravamevi<strong>de</strong>ntes, as <strong>de</strong>mandas e petições das comunida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong> pessoal <strong>do</strong> parquee <strong>do</strong> governo local aumentavam progressivamente e <strong>de</strong> forma paralela aosresulta<strong>do</strong>s positivos. Tais situações pareciam indicar que estávamos nocaminho certo. Não obstante, os resulta<strong>do</strong>s não <strong>de</strong>monstravam se asestratégias utilizadas contribuíam para a solução da problemáticai<strong>de</strong>ntificada, e em que medida estavam sen<strong>do</strong> feitas. De ali em diante,iniciou-se formalmente, no terceiro ano <strong>do</strong> programa, um processo <strong>de</strong>monitoramento para medir o êxito <strong>do</strong> trabalho na conservação <strong>de</strong> aves ehabitats no Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpus e na sua zona <strong>de</strong> amortecimento.18512345678


Medin<strong>do</strong> o êxito e o impactoDurante o segun<strong>do</strong> ano <strong>do</strong> programa, nem a Arco-Íris, nem os <strong>do</strong>a<strong>do</strong>reshaviam <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> um sistema concreto para medir o impacto <strong>de</strong> seus<strong>projetos</strong> ou programas. Mesmo assim, as duas organizações tinham interesseem conhecer melhor o impacto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao aparente êxito alcança<strong>do</strong>.Logo após a <strong>avaliação</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, sugeriu-se a incorporação<strong>de</strong> um sistema que permitisse medir o êxito, revolucionan<strong>do</strong> commetas <strong>de</strong> conservação específicas. Dessa maneira, preten<strong>de</strong>u-se respon<strong>de</strong>r àsperguntas que surgiram: em que medida estamos contribuin<strong>do</strong> com aconservação <strong>de</strong> aves e habitats? Como evi<strong>de</strong>nciar essa contribuição? Queoutras estratégias po<strong>de</strong>riam aumentar o sucesso <strong>do</strong> programa? As ativida<strong>de</strong>srealizadas com sucesso e a aceitação <strong>de</strong> camponeses estão ajudan<strong>do</strong> areduzir os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento e a conservar os habitats das aves?Para respon<strong>de</strong>r a essas perguntas, era necessário <strong>de</strong>finir e utilizar umsistema <strong>de</strong> monitoramento que possibilitasse medir os sucessos, fortalecercertas estratégias ou i<strong>de</strong>ntificar novas. Utilizou-se um grupo <strong>de</strong> perguntas,basea<strong>do</strong> principalmente no <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> Margolius & Salafsky (1998). Ogrupo <strong>de</strong> perguntas foi adapta<strong>do</strong> à realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> programa, incluin<strong>do</strong>alguns elementos da meto<strong>do</strong>logia da TNC e as i<strong>de</strong>alizações <strong>do</strong> programa,por meio <strong>do</strong> monitoramento. A seguir, um exemplo parcial da matriz <strong>de</strong>monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>:PROJETO: MANEJO COMUNITÁRIO DE HÁBITATS (BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMPANA)Ecosistema: bosque MontanoObjetos <strong>de</strong> conservação: água, bosque Montano e soloObjetivo geral: promover o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável da baciaCampana, a fim <strong>de</strong> reduzir a pressão sobre os recursos naturais <strong>do</strong> PNPe sua zona <strong>de</strong> amortização.Meta <strong>de</strong> conservação: reduzir na bacia Campana 50% das práticasina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>s recursos naturais.Fontes (ameaças): ina<strong>de</strong>quadas práticas agropecuárias; ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>manejo <strong>de</strong> resíduos, baixos níveis organizacionais.186Efeitos (impactos): <strong>de</strong>gradação e conversão <strong>de</strong> habitats, alterações naqualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água.


Tabela 6Matriz <strong>de</strong> monitoramento1Elementos <strong>do</strong>acompanhamentoQuem realiza Objetivos Documentosusa<strong>do</strong>sQuestionários,entrevistas,pesquisas(ver anexo 5)Técnicos +diretor(os questionáriossão aplica<strong>do</strong>s aoscamponeses)Determinar mudançasno manejo <strong>de</strong> diversosrecursos naturais,assim como mudança<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s.Observação direta Técnico Evi<strong>de</strong>nciar mudanças nouso, manejo ou atitu<strong>de</strong>sque afetam cer tosrecursos, for talecem aorganização oupromovem mudançasna qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.Plano OperacionalAnual.Plano EstratégicoPlano OperacionalAnual.Visitas <strong>de</strong> campo.234Comparação <strong>de</strong>fotosTécnicoConsultorias Consultores +diretor outécnicosRecompilar mudançasgráficas com o tempo.Realizar estu<strong>do</strong>spontuais quei<strong>de</strong>ntifiquem impactosPlano OperacionalAnual.Fotos comparativas<strong>do</strong> antes e <strong>de</strong>poisPlano OperacionalAnual.Plano Estratégico.5<strong>do</strong> programa ou<strong>de</strong>terminem cer tasLinhas <strong>de</strong> Base (marcozero) para omonitoramento.Informes trimestraise anuais.6O indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> impacto incluiria as seções: o que medir, quan<strong>do</strong>, quem eon<strong>de</strong>; enquanto o verifica<strong>do</strong>r teria a seção: como medir.7A fim <strong>de</strong> prover mais idéias <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no programa Alas<strong>de</strong> las Américas, <strong>de</strong>screvem-se a seguir vários exemplos:8187


Projeto: MANEJO COMUNITÁRIO DE HÁBITATSObjetivo – Reduzir a pressão humana no PNP, nas bacias hidrográficas<strong>do</strong>s rios Campana e El Limón.Situação geral na bacia <strong>do</strong> rio Campana – os camponeses vivemprincipalmente da agricultura, mas a falta <strong>de</strong> assessoria e conhecimentoconduziram à exploração e esgotamento excessivo <strong>do</strong> solo, e ao uso <strong>de</strong>erradas práticas, que <strong>de</strong>terioram os recursos naturais da zona. Na partealta da bacia (que faz parte <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque), os camponesesfazem agricultura temporal.Reflexão (valores, percepções, po<strong>de</strong>r) – os camponeses vão até oslimites <strong>do</strong> parque, pois manifestam que a terra nessa área produz melhore durante to<strong>do</strong> o ano. Ressaltam ainda que suas terras nas partesbaixas estão cansadas e a produção é cada vez mais reduzida, portantorecorreram ao uso <strong>de</strong> agroquímicos para manter os níveis produtivos,mas mesmo assim não alcançaram os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.Efeitos principais - no solo: exploração exagerada, ampliação <strong>de</strong> zonas passíveis<strong>de</strong> erosão; na floresta: <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parquepelo avanço da fronteira agrícola; na água: redução da qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong>.Ações gerais – mudança das práticas agrícolas para recuperar a fertilida<strong>de</strong><strong>do</strong> solo, diversificar e associar cultivos para manter níveis produtivos,fomentar a produção orgânica, etc.Ações pontuais – estabelecimento <strong>de</strong> terraços <strong>de</strong> cultivos, capacitação eimplementação em manejo <strong>de</strong> hortas orgânicas, biofertilizantes e remédiosnaturais, manejo <strong>de</strong> composto orgânico, uso <strong>de</strong> cercas vivas,reflorestamento com espécies úteis, etc.Tabela 7Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> objetivoObjetivo Indica<strong>do</strong>r O que medir Como medir Quem e quan<strong>do</strong>188Reduzir apressãohumana noPNP e suazona <strong>de</strong>amor tecimento,nas baciashidrográficas<strong>do</strong>s riosCampana e ElLimón.São reduzi<strong>do</strong>s,em pelo menos50%, o númeroe quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>eventosnegativos dapar te alta dafloresta.Aumento daprodução nasterras baixas,sob novossistemasprodutivos.Comparan<strong>do</strong>fotos aéreas(vários anos);observaçãodireta; uso <strong>de</strong>questionáriomúltiplo; análisecom estu<strong>do</strong>(consultoria) <strong>de</strong>cober turavegetal.O técnico teráresulta<strong>do</strong>sparciais a cadaano, e aofinalizar oterceiro equinto ano.Análisecomparativa(consultoria).


Tabela 8Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> estratégias e componentes1Estratégia O que medir Como medir Quan<strong>do</strong> Quem On<strong>de</strong>AgroecologiaNúmero <strong>de</strong>famíliasmanejan<strong>do</strong>práticasagropecuáriassustentáveisPesquisa -Questionárioantes e <strong>de</strong>poisda intervençãoNo início efim <strong>do</strong> ano<strong>de</strong> trabalhoTécnicoscamponeses(ajuda <strong>de</strong>promotores)Comunida<strong>de</strong>e análise noescritório2Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>lenha utilizadaÁrea (ha)reflorestada e% <strong>de</strong> plantasemcrescimentoEntrevistas oupesquisas -Questionáriosobre o uso <strong>de</strong>lenha comestufasmelhoradasObservaçãodireta -Fotografia daárea antes e<strong>de</strong>pois <strong>do</strong>reflorestamentoAntes e<strong>de</strong>pois <strong>do</strong>uso <strong>de</strong>estufasAntes daativida<strong>de</strong> e acada seismesesTécnicos porfamíliasbeneficiadas(ajuda <strong>de</strong>promotores)Técnico epromotoresComunida<strong>de</strong>e análise noescritórioComunida<strong>de</strong>345Capacitação eextensão% <strong>de</strong>camponesesque mostrammudanças naspráticas <strong>de</strong>manejo econservação<strong>do</strong>s recursosnaturaisObservaçãodireta - Visitase entrevistasnas casas <strong>de</strong>famíliasCada seismesesTécnicos porfamílias(com ajuda<strong>de</strong>promotores)Comunida<strong>de</strong>,escola eanálise noescritório6For talecimentoorganizacionalCategoria <strong>de</strong>organizaçãoalcançada e %<strong>de</strong> par ticipaçãoObservaçãodireta - Nívelpar ticipativo eforma <strong>de</strong> tomar<strong>de</strong>cisõesCada seismesesTécnicos(ajuda <strong>de</strong>promotores)Comunida<strong>de</strong>e análise noescritório78189


Projeto – MANEJO COMUNITÁRIO DE HÁBITATSObjetivo – reduzir a pressão humana no PNP e sua zona <strong>de</strong> amortecimento,nas bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios Campana e El Limón.Situação geral da bacia <strong>do</strong> rio El Limón – os camponeses <strong>de</strong>ssa baciase <strong>de</strong>dicam principalmente à criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e, em menor escala, àvenda <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. O terreno em geral apresenta inclinações muitofortes, e naquela zona, as chuvas são periódicas. A produção não é boa,então ocorre <strong>de</strong>sflorestamento das zonas da floresta (<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> parque)e reposição por pastos para o ga<strong>do</strong>.Reflexão (valores, percepções, po<strong>de</strong>r) – os camponeses indicam que aúnica opção para sobreviver é a pecuária. Sabem que mantêm zonas <strong>de</strong>pastos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque, mas indicam que <strong>de</strong>sconhecem oslimites. Dizem que o ga<strong>do</strong> produziria melhor se tivessem assistênciatécnica, ou que se <strong>de</strong>dicariam a outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manejo, tão rentávelcomo o ga<strong>do</strong>, mas não asseguram que preten<strong>de</strong>m aban<strong>do</strong>nar totalmentea pecuária mesmo que tivessem outra opção rentável.Efeitos principais – na floresta: <strong>de</strong>sflorestamento <strong>de</strong> amplas zonas<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque para convertê-las em pastos para pecuária;no solo: compactação e erosão <strong>do</strong> solo; na água: contaminação porresíduos <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, principalmente.Ações gerais – consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que os camponeses não <strong>de</strong>ixaram a criação<strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, realizaram-se ações para mudar as práticas tradicionais <strong>de</strong>manejo incluin<strong>do</strong>-se ações agroflorestais e <strong>de</strong> reflorestamento, manejo<strong>do</strong>s animais menores, solução <strong>de</strong> conflitos (posse <strong>de</strong> terra e limites).Ações pontuais – estabelecimento <strong>de</strong> quartéis <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, oficinas <strong>de</strong>capacitação no manejo <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e pastos, uso <strong>do</strong> nível em A, cercasvivas, mapeamento <strong>de</strong> granjas.190


Tabela 9Outros indica<strong>do</strong>res1Estratégia Componente Indica<strong>do</strong>r O que medir Como medir Quem e quan<strong>do</strong>AgroecologiaEducação ambientalCampanhas edifusãoManejo animal(pecuário)Percepção evalores(consciência)O número e aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>smonte da par tealta da bacia éreduzi<strong>do</strong> em até50%, pelo aumentona produção <strong>do</strong>ga<strong>do</strong> maneja<strong>do</strong> emquar téis versussistemastradicionais.60% das famíliasfazen<strong>de</strong>iraspar ticipam dacampanha <strong>de</strong>manejo <strong>do</strong>sresíduos, reduzin<strong>do</strong>os problemascausa<strong>do</strong>s pelo seumanejo errôneo.Área <strong>de</strong> pastos oupotreiros (ha)manejada emquar téisNúmero <strong>de</strong> famíliasque manejam osresíduos (manejo <strong>do</strong>lixo).Obser vação direta:comparação <strong>de</strong>zonas sob manejo<strong>de</strong> quar téis epastos tradicionais.Pesquisas:comparação <strong>de</strong>níveis produtivos <strong>do</strong>ga<strong>do</strong>, antes e <strong>de</strong>poisda intervenção.Obser vação direta:visita às famíliasantes e <strong>de</strong>pois dascampanhas ecapacitaçãorealizadas. Pesquisa:realizar umapesquisa com asfamílias dacomunida<strong>de</strong>.O técnico obterá osda<strong>do</strong>s no início e nofinal <strong>de</strong> cada ano <strong>de</strong>trabalho.O técnico realizarávisitas a cada seismeses e aplicará apesquisa na meta<strong>de</strong><strong>do</strong> ano.234Consultorias como parte <strong>do</strong> monitoramentoNem todas as ações <strong>de</strong> monitoramento são realizadas pela equipe técnica.Des<strong>de</strong> o segun<strong>do</strong> ano <strong>do</strong> programa vários estu<strong>do</strong>s foram executa<strong>do</strong>s porconsultores, outros da<strong>do</strong>s foram recompila<strong>do</strong>s para estabelecer a linha <strong>de</strong>base ou o marco zero <strong>de</strong> elementos, como floresta e água. Pesquisasrelacionadas ao esta<strong>do</strong> da cobertura vegetal e às mudanças periódicas dacobertura vegetal foram feitas por meio <strong>de</strong> consultorias. Analisaram-setambém estu<strong>do</strong>s sobre qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> em várias fontes <strong>de</strong> água,incluin<strong>do</strong> aquelas que são utilizadas para consumo humano. To<strong>do</strong>s osestu<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>ram nas bacias hidrográficas <strong>do</strong>s rios Campanae El Limón, assim como em outra bacia que tem origem no parque (<strong>do</strong> rioZamora Huayco), on<strong>de</strong> se iniciaram ações em razão <strong>de</strong> sua importânciapor prover água na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Loja (com uma população <strong>de</strong> 420.000habitantes).A informação obtida das consultorias servirá para estabelecer comparaçõessobre as mudanças periódicas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> da cobertura vegetal, logo <strong>de</strong>pois1915678


da intervenção <strong>do</strong> programa. Dessa forma, espera-se conhecer como asações estão reduzin<strong>do</strong> (ou não), a taxa regular <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento ou apressão no parque. No caso da água, serão feitas análises comparativas emcada bacia hidrográfica, para <strong>de</strong>terminar as mudanças relacionadas àqualida<strong>de</strong> e à quantida<strong>de</strong>, tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> valorar os efeitos <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>Alas <strong>de</strong> las Américas, em relação ao combate <strong>de</strong> ameaças que afetam orecurso água. Nova análise global <strong>do</strong>s impactos será realizada no quintoano e se espera contar com fun<strong>do</strong>s suficientes para fazer comparaçõesperiódicas das mudanças <strong>de</strong> cobertura vegetal, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluir o programa.Fotografias no monitoramento e na reflexãoOs da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em diversas ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> monitoramento contribuempara refletir profundamente sobre os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s. Com oscamponeses, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> conseguir resulta<strong>do</strong> positivo e significativo, sepensou sobre o mesmo. Essa reflexão incluiu: (a) recordar e analisar o que,por que e on<strong>de</strong> se realizava algum tipo <strong>de</strong> manejo que tivesse efeito negativo;(b) recordar quais alternativas surgiram, quais foram executadas e porque funcionaram; e (c) refletir sobre a mudança alcançada e seu impactoou efeito em nível social, econômico e ambiental. Dessa forma, os camponeseseram mais conscientes <strong>de</strong> como a participação <strong>de</strong>les conseguiumudar algum tipo <strong>de</strong> prática negativa e quais benefícios foram obti<strong>do</strong>s. Oesquema a seguir ilustra os elementos <strong>de</strong> reflexão.Gráfico 6ReflexãoAçõesO que fazem,por que,quemEfeitosPositivos e negativosEm Nível:Social, econômico eambiental192Estratégias <strong>de</strong> ConservaçãoAgroecologiaEducação ambientalFortalecimento organizacionalÊxito e impactoReflexão


As fotografias representam parte importante nos eventos <strong>de</strong> reflexão. Namaioria <strong>do</strong>s casos, a intenção era recompilar fotos que ilustram o momentoantes e <strong>de</strong>pois. Dessa maneira, as fotos são da<strong>do</strong>s relevantes para omonitoramento, mas muito mais para a reflexão, não só <strong>de</strong> camponeses,mas também <strong>de</strong> toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão; facilitam a análise sobre o usoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (ou não) <strong>de</strong> diversos recursos naturais, e como esse tipo <strong>de</strong>manejo afeta a vida das pessoas.Nas comunida<strong>de</strong>s camponesas, o uso da fotografia facilita comsignificância a comunicação e a compreensão <strong>de</strong> como e por que certasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser realizadas. Os camponeses <strong>de</strong> maneira geral estão maisfamiliariza<strong>do</strong>s com imagens concretas <strong>do</strong> que com idéias abstratas. Graçasaos fotógrafos, os camponeses pu<strong>de</strong>ram ver melhor os problemas e osresulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s, recordan<strong>do</strong> como se <strong>de</strong>u tal situação no passa<strong>do</strong>,como esta afetava sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e como se conseguiu mudar. Ouso <strong>de</strong> fotografias permite que a memória entre em ação, aumentan<strong>do</strong> ovalor <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> positivo e geran<strong>do</strong> confiança nos camponeses a fim <strong>de</strong>propor novas ações, com a sua própria visão. Por outro la<strong>do</strong>, o uso <strong>de</strong>imagens fotográficas em eventos <strong>de</strong> sucesso contribui para o início <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s numa nova bacia hidrográfica (<strong>do</strong> rio Zamora Huayco).As imagens a seguir, por exemplo, ilustram a mudança alcançada pelaimplementação e uso <strong>de</strong> estufas melhoradas nas casas das famílias camponesas.Com esse retrato da situação, os camponeses recordam as diferençasentre o uso da estufa tradicional e da melhorada, e como essas afetavamsuas vidas além <strong>do</strong>s recursos naturais, como a lenha.As imagens mostram adiferença em usar fogãotradicional e estufamelhorada. O uso <strong>de</strong>estufas reduz o consumo<strong>de</strong> lenha em 50%.1234567Foto 28193Foto 3


O fogão tradicional (aberto) foi substituí<strong>do</strong> pela estufa melhorada, com oobjetivo <strong>de</strong> reduzir o consumo <strong>de</strong> lenha. Nos setores <strong>de</strong> trabalho, quase100% das famílias utilizavam o fogão aberto e os gastos com lenha erammuito altos. Vários mora<strong>do</strong>res obtinham lenha <strong>de</strong> locais críticos, como asmargens <strong>do</strong>s rios, o que não só aumentava o <strong>de</strong>smatamento, mas tambéma pressão sobre áreas florestais. Em junho <strong>de</strong> 2002, 70% das famíliascontavam com estufas melhoradas, economizan<strong>do</strong> 50% em comparação aofogão aberto. As estufas contribuíram também com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidadiminuin<strong>do</strong> o tempo gasto na cozinha, a fumaça <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa (agora saipela chaminé), e melhoran<strong>do</strong> o sabor e qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s alimentos cozi<strong>do</strong>sna estufa. Setenta por cento <strong>do</strong>s camponeses das bacias <strong>do</strong>s rios Campanae El Limón utilizam atualmente novos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong> solo ecultivos, a fim <strong>de</strong> recuperar a fertilida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong>. As fotografias aseguir mostram as mudanças no manejo <strong>do</strong> solo no setor <strong>do</strong> rio Campanae o aumento na produção por meio da implementação <strong>de</strong> terraços paracultivo:Foto 4Muitos camponeses <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> usar o solopela baixa produção e pela forte inclinação,enquanto pressionavam e <strong>de</strong>smatavam outroslugares. O estabelecimento <strong>de</strong> terraços paracultivos associa<strong>do</strong>s melhorou a produção <strong>do</strong>ssolos aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e facilitou o trabalhoagrícola. Assim, essa terra alcançounovamente importância para os camponeses.Os produtos vendi<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> hoje sãomais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à alimentação, reduzin<strong>do</strong>-se apressão em zonas naturais da florestaFoto 5 Foto 6194


12Foto 7 Foto 8As fotografias foram utilizadas também para tratar <strong>de</strong> um tema <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> ecomplexo, como a posse <strong>de</strong> terra. Alguns camponeses estão ilegalmente<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> parque, e não querem oferecer informação sobresuas terras e o uso <strong>de</strong>las. Durante uma oficina com esses trabalha<strong>do</strong>res,utilizaram-se fotos <strong>de</strong> cada bacia, nas quais eles assinalaram suas terras eindicaram as ativida<strong>de</strong>s ali <strong>de</strong>senvolvidas. É importante mencionar que essainformação não tinha si<strong>do</strong> obtida <strong>de</strong> outra forma e graças às fotos elesresolveram oferecer informações, mesmo estan<strong>do</strong> ilegais em alguns lugares.Com os da<strong>do</strong>s, foram elabora<strong>do</strong>s mapas incluin<strong>do</strong> os limites <strong>do</strong> parquepara i<strong>de</strong>ntificar aqueles locais e proprietários em conflito. Essa informaçãoserve atualmente ao <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> e ao pessoal <strong>do</strong> parque,na solução e negociação <strong>do</strong>s conflitos existentes, e foram iniciadas conversascom vários proprietários. Espera-se que a negociação feita pelo <strong>Ministério</strong>possa resolver os problemas i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e também que voltem arespeitar os limites <strong>do</strong> parque.3456Lições aprendidasVale a pena tanto esforço?O sistema <strong>de</strong> acompanhamento, <strong>avaliação</strong> e monitoramento é elementoimportante em um projeto. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir o sucesso <strong>de</strong> umainiciativa possibilita repetir essas experiências ou i<strong>de</strong>ntificar alternativaspara solucionar problemas que o afetariam. O uso <strong>de</strong>sses sistemas influino crescimento profissional <strong>do</strong>s técnicos, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> qualida<strong>de</strong>sanalíticas, pois normalmente estão acostuma<strong>do</strong>s a cumprir metas semrefletir sobre a causa <strong>do</strong> impacto nos objetivos propostos. Os camponeses,19578


graças a esses sistemas, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>monstrar os resulta<strong>do</strong>s e mudançasalcança<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong>-se cada vez mais críticos e participativos, enquantoos <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res contam com elementos pontuais para avaliar a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>seu investimento.Flexibilida<strong>de</strong>Geralmente na América Latina, diferente <strong>de</strong> países da América <strong>do</strong> Norte eEuropa, a cultura <strong>de</strong> planejamento, acompanhamento e <strong>avaliação</strong> é escassa.Por isso, a aplicação <strong>de</strong> novos processos é <strong>de</strong>morada e se estabelece vagarosamente.Os <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vem conhecer essa situação, com o objetivo <strong>de</strong>orientar e adaptar os mo<strong>de</strong>los propostos a essa realida<strong>de</strong>. Por isso, énecessária certa flexibilida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> aceitar os mo<strong>de</strong>los locais ou asadaptações ao mo<strong>de</strong>lo original. Essas adaptações constituem importantesfontes <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para os processos feitos pelos <strong>do</strong>a<strong>do</strong>rescom os mo<strong>de</strong>los. Em geral a rigi<strong>de</strong>z na aplicação <strong>de</strong> padrões pré-estabeleci<strong>do</strong>sconduz à extinção paulatina <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um projeto, retornan<strong>do</strong>à situação inicial assim que concluí<strong>do</strong>.Gráfico 7Lições aprendidasAB196Um mo<strong>de</strong>lo pré-estabeleci<strong>do</strong> preten<strong>de</strong>, no geral, que um projeto alcance asituação i<strong>de</strong>al B (estrela), cumprin<strong>do</strong> vários passos (linha), partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> umproblema concreto que motivou a realização <strong>do</strong> projeto (situação A). Seum mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>ssa forma é aplica<strong>do</strong> com rigi<strong>de</strong>z, os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sapareceme volta-se na prática ao esta<strong>do</strong> inicial <strong>do</strong> projeto. No trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pelo programa Alas <strong>de</strong> las Américas, adaptamos o mo<strong>de</strong>lo inicial àscircunstâncias locais, tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> manter certas flexibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>uma categoria aceitável (flecha), para alcançar uma situação B sólida edura<strong>do</strong>ura (não a i<strong>de</strong>al mas similar à estrela). Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa situação B egraças à reflexão sobre as mudanças e resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s (impacto), por


parte <strong>do</strong>s diferentes atores, se consolida a autogestão, dan<strong>do</strong> lugar à situaçãoi<strong>de</strong>al (estrela).1Cada caso é únicoNão existem receitas nem mo<strong>de</strong>los únicos para sistemas <strong>de</strong> acompanhamento,<strong>avaliação</strong> e monitoramento (inclusive planejamento e execução) <strong>de</strong><strong>projetos</strong>. Na realida<strong>de</strong>, há somente guias que orientam, pois as condiçõesou características <strong>de</strong> cada local on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve um projeto são diferentes,conferin<strong>do</strong>-lhe certas particularida<strong>de</strong>s. Os mo<strong>de</strong>los não funcionamnecessariamente em to<strong>do</strong>s os lugares e é preciso adaptá-los às condições <strong>de</strong>cada lugar <strong>de</strong> maneira criativa, mas objetiva. O ponto chave é analisar arealida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada lugar (problemas, participação, aceitação, condições,interesses, etc.), para ajustar o mo<strong>de</strong>lo. Essa análise permite <strong>de</strong>finir umsistema <strong>de</strong> intervenção mais objetivo, e <strong>de</strong>senvolver também os mecanismosa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acompanhamento, <strong>avaliação</strong> e monitoramento. Comocada caso é único, é importante <strong>do</strong>cumentar as experiências alcançadas, afim <strong>de</strong> oferecer exemplos práticos a outros <strong>projetos</strong> e lições, evitan<strong>do</strong> erroscomuns.Integrar to<strong>do</strong>s os elementosO acompanhamento, <strong>avaliação</strong> e monitoramento constituem parte significativano ciclo <strong>do</strong> projeto, e <strong>de</strong>vem estar integra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma prática eobjetiva. Caso contrário acontece um <strong>de</strong>sequilíbrio, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à ênfase (ounão) em um <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> projeto. Esses <strong>de</strong>sequilíbrios conduzema uma perda <strong>de</strong> perspectiva com conseqüências negativas para to<strong>do</strong> oprojeto. No programa Alas <strong>de</strong> las Américas, foram integra<strong>do</strong>s progressivamenteto<strong>do</strong>s os elementos e, no monitoramento, todas as ativida<strong>de</strong>s foramincorporadas ao Plano Operacional Anual <strong>de</strong> cada projeto, já que elasrequeriam responsáveis, prazos concretos e quantida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong>dinheiro.23456Quan<strong>do</strong> medir?Para <strong>de</strong>terminar o impacto <strong>de</strong> um projeto não po<strong>de</strong>mos, nem <strong>de</strong>vemosmedi-lo no total. Se <strong>de</strong>dicamos muito tempo a obter da<strong>do</strong>s, fazer pesquisas,consultorias, teremos pouco tempo para executar o projeto. Quantomais sensato for o sistema <strong>de</strong> monitoramento, mais reflexivo eparticipativo será, aumentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma o impacto <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>. É importante<strong>de</strong>finir indica<strong>do</strong>res claros que ofereçam da<strong>do</strong>s concretos e que seusresulta<strong>do</strong>s sejam verifica<strong>do</strong>s com facilida<strong>de</strong>.19778


CapacitaçãoO monitoramento <strong>de</strong> impactos é um processo complexo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umprojeto, mas que contribui significativamente na sua consolidação. Acapacitação <strong>do</strong>s técnicos é tema importante, já que incrementa seu grau <strong>de</strong>análise e facilita a preparação <strong>de</strong> planos operacionais, informes trimestraise anuais, além <strong>de</strong> ajudar no trabalho <strong>de</strong> monitoramento e reflexão com ascomunida<strong>de</strong>s e mora<strong>do</strong>res, assim como com os governos locais, com osquais se acrescenta o êxito <strong>de</strong> cada projeto.LinguagemÉ importante usar linguagens semelhantes em relação a vários termos e seualcance, não só entre os técnicos ou membros <strong>de</strong> uma organização e<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res, como também com os camponeses. Dessa forma, os camponesespo<strong>de</strong>m prover informação útil para a <strong>avaliação</strong> e monitoramento, envolven<strong>do</strong>-seintensamente na vida <strong>do</strong> projeto.A linha <strong>de</strong> base ou marco zeroUm <strong>do</strong>s principais limites <strong>do</strong> programa foi o estabelecimento <strong>do</strong> marcozero. Normalmente o trabalho nas comunida<strong>de</strong>s começa com ações concretasimediatamente <strong>de</strong>pois da aceitação <strong>de</strong> trabalhar em conjunto, e darealização <strong>do</strong> diagnóstico. Um diagnóstico rápi<strong>do</strong> não oferece a informaçãorequerida para o marco zero. Em geral não existe clareza sobre asações a serem executadas. Enquanto se trabalha numa comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-seincorporar informação ao diagnóstico inicial e adicionalmente estabelecero marco zero. Um passo importante <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> programa foi a revisão <strong>do</strong>plano estratégico <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> primeiro ano <strong>de</strong> trabalho, visan<strong>do</strong> ser maisrealista e prover da<strong>do</strong>s para o marco zero. Por outro la<strong>do</strong>, está sen<strong>do</strong>utiliza<strong>do</strong> um questionário que além <strong>de</strong> servir ao monitoramento <strong>de</strong> impacto,facilitará a integração <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o marco zero.198Fraquezas em escala espacialDentro <strong>do</strong> programa consi<strong>de</strong>ra-se que existe uma fraqueza em escalaespacial <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> monitoramento. Até o momento foramrevisa<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s vários impactos em uma escala pequena, uma vezque muitos indica<strong>do</strong>res me<strong>de</strong>m somente o êxito na escala da comunida<strong>de</strong>ou da família. Não obstante, a área <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> programa é mais ampla quea comunida<strong>de</strong>, e estão sen<strong>do</strong> feitos ajustes para medir os impactos numaescala mais ampla, pois parte <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s acontece em nível <strong>de</strong> baciahidrográfica.


Estratégias <strong>de</strong> disseminaçãoNão só as campanhas contribuíram na difusão e reflexão sobre o manejoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos naturais. Para o programa, a criação <strong>do</strong> mascoteJuantucán (simboliza uma espécie <strong>de</strong> tucano da montanha em risco <strong>de</strong>extinção), influiu positivamente nos processos <strong>de</strong> capacitação e reflexão <strong>de</strong>camponeses e cidadãos. Por meio da difusão, também é possível consolidaros processos <strong>de</strong> reflexão, importantes para avaliar o impacto <strong>de</strong> um projeto.12Foto 9Cartilhas345678199


Referências bibliográficasBURGWALL, G. ; CUELLAR, J.C. Planificación estratégica y operativa:aplicada a gobiernos locales. Quito: Abya Yala, 1999.IMBACH, A. et al. Mapeo analítico, reflexivo y participativo <strong>de</strong> la sostenibilidadMARPS. Gland: UICN, 1977. 55 p.MARGOLIUS, R.; SALAFSKY, N. Measures of Success: Designing,Managing, and Monitoring Conservation and Development Projects.Washington, D.C: Island Press, 1998.MDF. Manual: Gestión <strong>de</strong>l ciclo <strong>de</strong> un proyecto: enfoque integra<strong>do</strong> y marcológico. Comisión <strong>de</strong> las comunida<strong>de</strong>s europeas, 1993. (Série méto<strong>do</strong>s einstrumentos, nº 1).RODRÍGUEZ, R.; HESSE-RODRÍGUEZ, M. Al andar se hace camino: guíameto<strong>do</strong>lógica para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>nar procesos autogestionarios alre<strong>de</strong><strong>do</strong>r <strong>de</strong>experiencias agro ecológicas. Colômbia: PODION y CELAM, 2000. 213pTHE NATURE CONSERVANCY. Esquema <strong>de</strong> las cinco S para la conservación<strong>de</strong> sitios: Manual <strong>de</strong> planificación para la conservación <strong>de</strong> sitios y lamedición <strong>de</strong>l éxito en conservación, 2000.WINGS. Plan Estratégico <strong>de</strong>l Programa Alas <strong>de</strong> las Américas, Parque NacionalPo<strong>do</strong>carpus: julio 1999 – junio 2004. Fundación Ecológica Arcoiris.1999._______. Informes trimestrales y anuales, Programa Alas <strong>de</strong> las Américas.Fundación Ecológica Arcoiris. (2000, 2001, 2002).200


AnexosAnexo 1Ficha <strong>de</strong> planejamento semanalPrograma Alas <strong>de</strong> Las AmericasPlanejamento semanal <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> dia __________________ ao _____________________Técnico/ Dia Segunda-feira Terça-feira Quar ta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sãba<strong>do</strong> DomingoKRAFGSWGJCGJCVD/ IAtivida<strong>de</strong>s Lugares Requisit osad = administração p = permissão v = férias Q = Quito EL = El Limón A = Albergue (V) = Vehiculor = reuniões FAI c = campo o = Outros L = Loja C = Campana O = Outro (Ma)=M. audiovisualrw = reuniõestc = oficina oucursoZ = Zamora P = Potopamba (P) = Papeleria78201


Anexo 2Ficha <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s Programa Alas <strong>de</strong> las AméricasPlanejamentoProjeto: ________________________________________________________Ativida<strong>de</strong> (s) <strong>do</strong> POA: ____________________________________________________________________________Data e lugar: ____________________Responsável direto: ______________________________________________Acompanhantes: ________________________________________________Outros acompanhantes (voluntários,promotores etc.): _______________________________________________Materiais requeri<strong>do</strong>s:________________________________________Problemas apresenta<strong>do</strong>s e soluçõespropostas: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Acompanhamento e AvaliaçãoResulta<strong>do</strong>s (êxitos) ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Projeções ou Observações:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Assinatura: ______________________202


Anexo 3Ca<strong>de</strong>rno ComunitárioCa<strong>de</strong>rno ComunitárioComunida<strong>de</strong>: El Líbano (Río El Limón)Promotor: Luis MorochoPerío<strong>do</strong>: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jan-2001 até <strong>de</strong>z-2001Informação geralFamílias participantesNome/ Família Nª Membros da família Data Assinatura Obs.H M Total Entrada1 Luz Cobos 3 2 5 21/ 02/ 011232 Luis Estrada 4 4 8 13/ 05/ 013 María Guerrero 2 4 6 25/ 09/ 01 Viúva4 Pedro López 1 3 4 12/ 01/ 015 Jorge Sanmartín 3 7 10 22/ 02/ 0146 Rosa Sanmartín 5 3 8 25/ 01/ 017895Quadro <strong>de</strong> assistências ativida<strong>de</strong>s comunitárias mensaisAssistências / datas; ano 2001Nome <strong>do</strong>s Sócios 25/ 01 17/ 04 04/ 07 Total1 Luz Cobos Sim Não Sim62 Luis Estrada Sim Sim Sim3 María Guerrero Sim Sim Sim74 Pedro López Não Não Sim5 Jorge Sanmar tín Sim Não Sim6 Rosa Sanmartín7892038


Avaliação mensal (<strong>do</strong> promotor)Promotor: ___________________________Data: _______________________________Ativida<strong>de</strong> Desempenho Por que? SugestõesB R MVisita à familia CobosXAvaliou somente a hor ta enão os frangosOutr a visit aEntrega material Fam.LópezXOrganizar reuniãomensalXNão entregou convites ato<strong>do</strong>sPostergar reuniãoAssinatura <strong>do</strong> técnico responsávelAssinatura <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte comunida<strong>de</strong>Plano mensal <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s comunais:MêsAtivida<strong>de</strong> / Semana 1 2 3 4 ResponsáveisVisitar município (gestãotijolos escola)xDireçãoCoor<strong>de</strong>nar visita <strong>de</strong>médicosRealizar reuniãocomunitáriaxxDireção e comitê <strong>de</strong>apoioDireçãoResumo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s comunitárias (acompanhamento <strong>do</strong> planocomunitário mensal) :Data: 4/4/2002Ativida<strong>de</strong>: Reunião comunitáriaO que aconteceu? (<strong>de</strong>screva):A reunião foi postergada por to<strong>do</strong>s não terem recebi<strong>do</strong> os convitesA reunião se realizará no día 27 <strong>de</strong> fevereiro às 17h204assinatura <strong>do</strong> promotor:


Material <strong>de</strong> compra da comunida<strong>de</strong>:Data: 4/4/2002Nome <strong>do</strong>s SóciosQuantida<strong>de</strong> e Compra11 Luz Cobos 20 postes <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, 5m. <strong>de</strong> cabo2 Luis Estrada 2lb <strong>de</strong> semente3 María Guerrero preparar almoço4 Pedro López 1 qq <strong>de</strong> abono25 Jorge Sanmar tín6 Rosa Sanmartín73Material <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> projeto:Data: 4/4/2002Nome <strong>do</strong>s técnicos <strong>do</strong> projeto: Juan Carlos García, Wilson GusmánQuantida<strong>de</strong> e compra Entregue a: Assinatura4400m <strong>de</strong> mangueira <strong>de</strong> 4''Dez sacos <strong>de</strong> cimentoQuatro lb <strong>de</strong> pregos <strong>de</strong> 2.5''Luís CobosMaría GuerreroMaría Guerrero5Acompanhamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s familiaresSócio / Família: Luz CobosData: 10/05/2002Ativida<strong>de</strong>s Prog Problemas Sugestões6X Viveiro 50% plantas estragadas pelo sol colocar malhaX Hor ta 100% nenhumX Galinhas 20% nenhumPorquinhosda índiaValet asX Biol 100% nenhum78205


Anexo 4Exemplo (parcial)Conservação e ManejoRelatório trimestral <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sProjeto: Conservação e ManejoSetor: Parque Nacional Po<strong>do</strong>carpusResponsável: Wilson Guzmán O.Perío<strong>do</strong>: janeiro – março 2002Objetivo <strong>do</strong> Projeto:Impulsionar ações <strong>de</strong> conservação e manejo em habitats críticos a fim <strong>de</strong>garantir a conservação <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> interesse especial.206Resulta<strong>do</strong>s das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s componentes1. Centros Bombuscaro y Cajanuma.1.1. Posse <strong>de</strong> terras.1.1.1. Elaborar um <strong>do</strong>cumento sobre critérios institucionais comrelação à aquisição <strong>de</strong> terras.1.1.2. Foi elaborada uma pesquisa com o apoio <strong>de</strong> MauricioGuerrero, com o objetivo <strong>de</strong> recopilar critérios sobre essatemática, cujos resulta<strong>do</strong>s servirão <strong>de</strong> base para estruturar um<strong>do</strong>cumento com fundamentos sobre a aquisição <strong>de</strong> terras.1.2. Assessoria manejo <strong>do</strong> PNP.1.2.1. Apoiar a implementação <strong>de</strong> infra-estrutura para o Centro <strong>de</strong>Visitantes (Bombuscaro).Uma das ações tem si<strong>do</strong> a preparação <strong>de</strong> uma propostaarquitetônica para reabilitar o centro <strong>de</strong> visitantes <strong>do</strong> setor <strong>de</strong>Bombuscaro. Essa proposta foi preparada por <strong>do</strong>is forman<strong>do</strong>sda escola <strong>de</strong> arquitetura e apresentada a vários diretores <strong>de</strong><strong>projetos</strong> da Arco-Íris, e planeja-se apresentá-la ao <strong>Ministério</strong><strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>, como ao Programa Po<strong>do</strong>carpus, com oobjetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar opções <strong>de</strong> apoio, assim como recebersugestões.1.2.2. Apoiar e avaliar ações <strong>de</strong> voluntários <strong>do</strong> PNP (Bombuscaro).Os guias voluntários <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> Bombuscaro estão realizan<strong>do</strong>tours nos fins <strong>de</strong> semana, segun<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> no plano


piloto. O acompanhamento é realiza<strong>do</strong> mensalmente, avalian<strong>do</strong>as ativida<strong>de</strong>s realizadas e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> novas ações.1.2.3. Desenvolver uma oficina <strong>de</strong> capacitação para o pessoal <strong>do</strong><strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>Essa oficina será realizada na terceira semana <strong>de</strong> abril combase em conversas com o pessoal <strong>do</strong> MMA.1.2.5. Elaborar e colocar <strong>do</strong>is pôsteres “Aves únicas”Os pôsteres estão prontos, o pessoal <strong>do</strong> MMA está avalian<strong>do</strong>o lugar para serem fixa<strong>do</strong>s.12Fundação Ecológica Arco-ÍrisPrograma Alas <strong>de</strong> las AméricasQuestionário <strong>de</strong> monitoramentoData: _______ Pesquisa<strong>do</strong>r(es): _____________ Pesquisa n°.: _________Bairro: _________________, Comunida<strong>de</strong>: ______________________,Bacia hidrográfica: ___________________________________________Nome <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>: _______________________________________,Ida<strong>de</strong>: ____Beneficiário da Arco-Íris <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> (ano):_____________Manejo <strong>do</strong> soloProprietário (ano): ___, Posseiro (ano): ___, Arrendatário (ano): ______Quem é <strong>do</strong>no: ________________________________Área total da proprieda<strong>de</strong>: ______ (ha); área trabalhada: _____ (ha)Pastos: ___ (ha), cultivos: ___ (ha), residência: ___ (ha),bosque: ___ (ha), outros: _____A proprieda<strong>de</strong> é plana: ___ (ha), ondulada ___ (ha),em <strong>de</strong>clive: ___ (ha), em sopé: ____ (ha)Existem zonas erodidas na sua proprieda<strong>de</strong>: NÃO ___ SIM ___quantas (ha) __________________________207345678


Possui cercas vivas: NÃO ___ SIM ___, quantas (ha / m): _____ <strong>de</strong>s<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>: _________ (meses ou anos)Para que possui as cercas vivas:_________________________________Usa o nível em “A”: NÃO ___ SIM ___, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>______________, quantos m. preparou: ______________Para que usa: ______________________________________________Semeia em curvas <strong>de</strong> nível: NÃO ____ SIM ____,quantas (ha / m 2 / quarteirões) _____ <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>: _________Qual sementeira possui lá: ____________________________________Associa cultivos: NÃO ____ SIM ____ <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> associa cultivos:__________________ (meses/anos)Quais cultivos associava antes da intervenção da Arco-Íris___________________________________________________________________________________________________________________________________________Quais cultivos associa agora:______________________________________________________________________________________________________________________________________________Realiza queimadas em sua terra: NÃO ___ SIM ___,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>: ___________________(meses ou anos)Para que as realiza:_________________________________________________________________Em qual época realiza as queimadas:_________________________________________________________O senhor realizou alguma queimada para fazer os seus cultivos:NÃO ___ SIM ___, quantas (ha) _________A queimada transformou-se em incêndio florestal: NÃO ___ SIM ___qual extensão foi queimada(ha) ______Manejo da águaPossui água para consumo em sua casa: NÃO ___ SIM: ___ possuiágua para rega: NÃO ___ SIM ___De on<strong>de</strong> vem a água consumida em sua casa:_____________________________________________De on<strong>de</strong> vem a água utilizada para regar:_____________________________________________Tem ti<strong>do</strong> problemas com água: NÃO ___ SIM ___208


Que tipo <strong>de</strong> problemas:______________________________________________________________Em que épocas (meses) ______________________________________Para que é importante ter água:___________________________________________________________________________________________________________________________________________Aplica as seguintes práticas <strong>de</strong> conservação água (<strong>de</strong> forma familiar = f,ou em comunida<strong>de</strong> = c):Protege o canal <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> água ___ Despeja lixo no rio ou emquebrada ____ Está próximo a origem da água ____Que espécies <strong>de</strong> plantas utilizou para o cerca<strong>do</strong>:___________________________________________________________________________________________________________________________________________123Manejo <strong>do</strong> bosquePara que é importante o bosque:_________________________________________________________________________________________________________________________________________Tem utiliza<strong>do</strong> alguma árvore <strong>do</strong> bosque, por exemplo para construircasa, móveis, etc., NÃO ___ SIM ___45Quais ÁrvoresPara que foi utilizada67Possui pastagens ou cultivos na parte alta <strong>do</strong> vale, junto ao bosque:NÃO ___ SIM ___Quantas (ha) possui ali _______, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> possui essas pastagens/cultivos ali _____________ (mês e ano)Que tipo <strong>de</strong> pasto ou cultivos possui ali:___________________________________________________2098


A cada quanto tempo semeia: ___________________________A produção ali é: ______ (boa, regular, má)Quan<strong>do</strong> foi a última vez que aplainou a parte alta <strong>do</strong> bosque: __ (ano),quantos (ha) ____Por que fez este aplainamento:___________________________________________________________Realiza práticas <strong>de</strong> reflorestamento: NÃO ___ SIM ___Des<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>: _____________ (meses ou anos)Por que refloresta:__________________________________________________________________Quem o ensinou a reflorestar: _________________________________Com que espécies refloresta:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________Possui viveiro florestal: NÃO ___ SIM ___ Des<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> possui oviveiro ____________ (meses ou anos)Quais espécies produz:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________Colhe sementes para o seu viveiro: NÃO ___ SIM ___, em que épocacolhe: ______________________Possui potreiros: NÃO ___ SIM ___ quantas (ha / quadras) _____Existem árvores nos potreros: NÃO ___ SIM ___. As árvores servem<strong>de</strong> cercas ____ para sombra ____ para forragem ____ para proteger asfontes <strong>de</strong> água ____LenhaPossui estufa melhorada: NÃO ___ SIM ___<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ______________ (meses ou anos)Possui cozinha a gás: NÃO ___ SIM ___,quanto tempo _______________ (meses ou anos)Possui fogão tradicional: NÃO ___ SIM ___,quanto tempo _____________ (meses ou anos)210Quanta lenha utiliza no fogão tradicional: ___por semana = s /mes = mQuanta lenha utiliza agora com a estufa melhorada: ____ (poucas) porsemana = s / mes = mA cada quanto tempo recolhe lenha para o fogão __________________para a estufa __________________


Espécies preferidas como lenhaPor que12Cozinha Problemas VantagensFogão tradicional3Cozinha a gásEstufa melhorada4Produção AnimalManeja tradicionalmente o ga<strong>do</strong>: ___ Quantos potreiros possui para oga<strong>do</strong>: _____. Quantas (ha) ou quadras terá <strong>de</strong> potreiros ______ (ha /cuadras). Quantas cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> (x ha) _____.Maneja pastos para o ga<strong>do</strong>: ___ Quantos potreiros possui paracuartoes: _____ Quantas (ha) ou quadras terá <strong>de</strong> cuartoes ______ (ha /cuadras). Quantas cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> (x ha) ______.Faz rotação <strong>de</strong> potreiros: NÃO ___ SIM ___ A cada quanto tempo faza rotação <strong>de</strong> potreiros _______ (semanas, meses)Qual pasto utiliza:_________________________________________________________________Como o maneja:________________________________________________________________Vacina o ga<strong>do</strong>: NÃO ___ SIM ___567Vacina Contra De quanto em quanto tempo8211


Utiliza parasiticida no ga<strong>do</strong>: NÃO ___ SIM ___Remédio Contra De quanto em quanto tempoQuais são os animais <strong>de</strong> pequeno porte que possui:Tipo Qt<strong>de</strong>. Infra-estruturaSim/ NãoVacinaSim/ NãoPerío<strong>do</strong><strong>de</strong> tempoUtiliza pesticidaSim/ NãoPerío<strong>do</strong> <strong>de</strong>tempoFrangosPorquinhosda-índiaPor cosAbelhasQuais problemas/<strong>do</strong>enças possuem:Tipo Problema Como SolucionaFrangosPorquinhos--da-índiaPor cosAbelhas212


Como maneja os animais <strong>de</strong> pequeno porteTipoFr angosPorquinhos--da-índiaPor cosAbelhasComo manejavaantigamenteComo maneja agoraven<strong>de</strong> (V) ou Consume (C)123Produção VegetalQuais são os problemas regulares nos seus cultivos:4Pragas e <strong>do</strong>enças Quais plantas afeta Como as combate5Quais agroquímicos utilizou no último cultivo (semeadura ou horta):6Nome Quantida<strong>de</strong> usada Motivo CategoríaMaatiónGramoxoneRangerInseticidaHerbicidaHerbicida710 -30 - 10 Fer tilizante8213


Conhece alguém que teve algum problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aosagroquímicos: NÃO ___ SIM ___O que aconteceu:_________________________________________________________________________O senhor sabe que agroquímicos trazem danos à saú<strong>de</strong>: NÃO___ SIM ___Quais problemas acontecem: ________________________Como apren<strong>de</strong>u: __________________Possui horta familiar: NÃO ___ SIM ___ que tamanho ____ m 2Des<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ________ (meses ou anos)Que hortaliças e verduras cultiva:___________________________________________________________________________________________________________________________________________Associa cultivos na horta: NÃO ___ SIM ___; Faz rodízio <strong>de</strong> cultivosna horta: NÃO ___ SIM ___Semeia plantas medicinais na horta: NÃO ___ SIM ___Para que: ___________________________Quais plantas medicinais semeia:____________________________________________________Possui um fertilizante (biológico) na sua horta: NÃO ___ SIM ___<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong>: __________ (meses / anos)Para que utiliza o produto biológico:______________________________________________________Deu bons resulta<strong>do</strong>s: NÃO ___ SIM ___Faz controle natural <strong>de</strong> pragas: NÃO ___ SIM ___<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ____________ (meses ou anos)Quais remédios naturais utiliza:________________________________________________________________________________________________________________________________________214Como fertiliza o solo : com fertilizantes ___ com biofertilizantes _____Quais fertilizantes utilizou:____________________________________Utiliza cinza em seus cultivos: NÃO ___ SIM ___ para que:_________Utiliza adubos ver<strong>de</strong>s: NÃO ___ SIM ___ para que:________________________________________Possui composteira / minhocultura: NÃO ___ SIM ___ <strong>de</strong> que tamanhoé a fossa : _____ m 2 .Os produtos da horta são utiliza<strong>do</strong>s para: consumo próprio ______ %.Venda ______ % (usar porcentagens %)


ComercializaçãoQuais produtos comercializou na última colheita (<strong>do</strong>s cultivos e dahorta):Produto Quantida<strong>de</strong> On<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>u Quanto ganhouMilhoCafé123Quais são os problemas mais sérios para comercializar os produtos:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Com que gasta o dinheiro ganho na comercialização:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Comercializou alguns animais menores:45ProdutoQuantos paravendaQuantos paraconsumopróprioOn<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>uQuanto ganhouFrangosPorquinhos-daíndia6PorcosLeiteQueijo78215


Comercializou ma<strong>de</strong>ira:Especie*Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>iraOn<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>uQuanto ganhouCedroRomerilloSangr eGuayacánHiguerónYamiaCanoónOrganizaçãoQuantas pessoas participam da direção da comunida<strong>de</strong>: _____(homens ____ mulheres ____)A cada quanto tempo eles se reúnem:____ ou quantas vezespor ano _____A direção possui um plano <strong>de</strong> trabalho: NÃO ___ SIM ___ ,por que: ____________________________________________________________________________________________________________________________________Existe pagamento: NÃO ___ SIM ___ <strong>de</strong> quanto ________,a cada quanto tempo pagam__________________Como o senhor vê a direção: boa ____ regular ____ má ____O que <strong>de</strong>veria ser feito para melhorar o funcionamento:___________________________________________________________________________________________________________________________________________A direção o aju<strong>do</strong>u <strong>de</strong> alguma maneira: NÃO (ten<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong>) ___SIM ___no que aju<strong>do</strong>u: ___________________________________________216* Em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> imprecisão conti<strong>do</strong> na tradução da nomenclatura popular, optou-sepor manter os nomes originais em espanhol (Nota <strong>do</strong> Editor)


Po<strong>de</strong>r socialQuais são os ganhos mais importantes da organização durante os últimos<strong>do</strong>is anos:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________Qual ativida<strong>de</strong> o senhor gostaria que a organização fizesse este ano:___________________________________________________________________________________________________________________________________________Gostaria <strong>de</strong> participar da direção: SIM ___ NÃO ___Por que: ____________________________________________________________________________________________________________________________________Como qualifica o trabalho <strong>do</strong>s/as promotores/as:(Promotor 1) muito bom ____ bom ___ regular ___ mal ___Como melhorar:____________________________________________________________________(Promotor 2) muito bom ____ bom ___ regular ___ mal ___Como melhorar:____________________________________________________________________(Promotor 3) muito bom ____ bom ___ regular ___ mal ___Como melhorar:____________________________________________________________________12345ConflitosLixoOn<strong>de</strong> joga o lixoNo rio / quebradaQueimaEnt er r aJoga atrás <strong>de</strong> casaColeta seletivaPor que678217


Como classifica o lixoO lixo vaiQue tipo <strong>de</strong> lixoAo aterro sanitárioÀ composteiraComo alimento <strong>de</strong> animais menoresComo adubo diretoQue fazia antes com o lixoPor queJogava no rio/ quebradaQueimavaEnt er r avaJogava atrás da casaPossui fossa séptica em sua casa: SIM ___ NÃO ___ On<strong>de</strong> realiza suasnecesimda<strong>de</strong>s: _______________________Tem ti<strong>do</strong> assitência médica: SIM ___ NÃO ___ On<strong>de</strong>: _____________Quan<strong>do</strong>: ___________A que intervalo recebe atenção médica _________ (meses/anos),Quem dá ____________Quantos membros <strong>de</strong> sua família migraram: ____ Homens, ______Mulheres________Estão trabalhan<strong>do</strong>: No mesmo esta<strong>do</strong> ___ Em outros esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>país ___ Fora <strong>do</strong> país ___.As pessoas que estão fora o apóiam economicamente:SIM ___ NÃO ___Que faz com o que enviam: Paga dívidas ___ Alimentação evestuário ___ Compra terrenos ___ Construção ___ Compra ga<strong>do</strong> ___Manutenção <strong>de</strong> potreiros______ Incremento <strong>de</strong> potreiros______Outras coisas mais: _________________________________________Quem realiza agora os trabalhos <strong>de</strong> campo: Mais velhos ____Jovens ____ Mulheres _____ Crianças _____218Os cursos da Arco-Íris ajudam em seu trabalho: SIM ___ NÃO ___Por que _________________________Que outras coisas gostaria <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r nos cursos:_________________________________________


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ResumoO artigo propõe uma meto<strong>do</strong>logia para elaboração<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong><strong>projetos</strong>, com base na experiência <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong>Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise - AMA juntocom a Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e os<strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto. Descreve, passo apasso, utilizan<strong>do</strong> exemplos, uma forma <strong>de</strong> elaborarsistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto queofereçam insumos para que ajustes e mudanças<strong>de</strong> rumos possam ser efetua<strong>do</strong>s ainda durante <strong>de</strong>execução <strong>do</strong> projeto. O monitoramento <strong>do</strong>s impactos,quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> em um ambiente quepermite o erro e valoriza o aprendiza<strong>do</strong> das pessoase das instituições, é uma excelente ferramentapara i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lições que possam serutilizadas por outros <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>ntro da mesmainstituição e por outras instituições.220


Elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> impacto em<strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto12Petra Ascher 1 e Alice Guimarães 2Projetos e Programas estão usualmente promoven<strong>do</strong> uma série <strong>de</strong> açõescom o intuito <strong>de</strong> mudar uma realida<strong>de</strong> pré-existente. Para saber se osrecursos financeiros estão sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma correta, se suas açõesestão sen<strong>do</strong> realizadas da forma planejada e, principalmente, se as mudançasque o projeto preten<strong>de</strong> alcançar estão efetivamente acontecen<strong>do</strong>, os<strong>projetos</strong> precisam <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> e Avaliação (M&A) queincluam vários elementos. Os elementos mais importantes e conheci<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> M&A são: monitoramento financeiro, monitoramento <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s, monitoramento <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s e, por último, monitoramento <strong>de</strong>impactos. Embora o monitoramento financeiro seja sempre realiza<strong>do</strong> equase sempre seja realiza<strong>do</strong> o monitoramento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e resulta<strong>do</strong>s, omonitoramento orienta<strong>do</strong> aos impactos poucas vezes é incorpora<strong>do</strong> àrotina <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>.Esse quadro vem se modifican<strong>do</strong> em razão da discussão internacional quesurgiu nos últimos <strong>de</strong>z anos, questionan<strong>do</strong> os impactos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e da cooperação internacional técnica e financeira emdiversos países. O questionamento aumentou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprova-34561Graduada e com mestra<strong>do</strong> em Economia pela Universida<strong>de</strong> Carl von Ossietzky, <strong>de</strong>Ol<strong>de</strong>nburg, com pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável na Universida<strong>de</strong>Humboldt zu Berlim. Trabalha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 90 com <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento naAmérica Latina. Antes <strong>de</strong> fazer parte <strong>do</strong> corpo técnico da GTZ (Cooperação Técnica Alemã),trabalhou, na Costa Rica, em monitoramento e <strong>avaliação</strong> <strong>de</strong> <strong>projetos</strong> na Organização dasNações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO); petra.ascher@mma.gov.br2Graduada em Biologia pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnB, com mestra<strong>do</strong> em Ecologia,Conservação e Manejo <strong>de</strong> Vida Silvestre pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais – UFMG.Trabalha há quatro anos no Programa Piloto, on<strong>de</strong> se especializou em <strong>Monitoramento</strong> eAvaliação <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Gestão Ambiental; alice.guimaraes@mma.gov.br22178


ção <strong>do</strong>s impactos e funcionou como um propulsor da incorporação <strong>de</strong>ssetipo <strong>de</strong> monitoramento ao ciclo <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Nos últimos anos, omonitoramento <strong>de</strong> impacto tem se consolida<strong>do</strong> como uma ferramenta paraa gestão que permite uma análise mais aprofundada das estratégias <strong>de</strong>implementação <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e a conseqüente proposição <strong>de</strong> ajustes emudanças, <strong>de</strong> forma a melhor alcançarem seus objetivos.No Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais, tambémcresceu o interesse pelo monitoramento <strong>de</strong> impacto e a maioria <strong>de</strong> seus<strong>projetos</strong> já elaborou e está aprimoran<strong>do</strong> seus sistemas <strong>de</strong> monitoramento,<strong>de</strong> forma a funcionarem como uma ferramenta efetiva <strong>de</strong> gestão e <strong>de</strong>aprendizagem. No caso <strong>do</strong> Programa Piloto, além da influência da questãointernacional acima mencionada, os <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> preparação da próxima fase<strong>do</strong> Programa - que ressaltaram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se incorporar <strong>de</strong> formasistemática no planejamento estratégico as lições aprendidas - foram aspectoscruciais nesse processo. Outro motiva<strong>do</strong>r para o aumento <strong>de</strong> interesseno monitoramento <strong>de</strong> impacto foi a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> contribuircom sua experiência para a formulação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong>manejo sustentável <strong>de</strong> recursos naturais <strong>do</strong> novo Governo.O Projeto AMA 3 teve um papel fundamental no estímulo à criação <strong>de</strong>uma cultura <strong>de</strong> excelência em monitoramento <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa. OAMA tem como uma <strong>de</strong> suas linhas <strong>de</strong> ação dar suporte aos outros <strong>projetos</strong>na área <strong>de</strong> monitoramento e análise <strong>de</strong> lições e tem consegui<strong>do</strong>, nosúltimos anos, com a realização <strong>de</strong> oficinas, cursos e assessoria, enriquecer adiscussão sobre <strong>Monitoramento</strong> e Avaliação no Programa, difundir técnicase méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento e fortalecer e aprimorar os sistemas <strong>de</strong>monitoramento <strong>do</strong>s Projetos.Para o enfoque <strong>do</strong> AMA <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e análise <strong>de</strong> lições aprendidas, omonitoramento <strong>de</strong> impacto se mostra essencial. Para apren<strong>de</strong>r a partir daatuação <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, é necessário não somente observar o que foi feito,foco <strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, mas principalmente monitorar e2223O projeto AMA - “Apoio ao <strong>Monitoramento</strong> e Análise“ - é um projeto <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> “ProgramaPiloto para a Proteção das Florestas Tropicais”, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong><strong>Ambiente</strong> junto com parceiros internacionais, e se vincula à Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>do</strong> Programa.O projeto tem como missão principal contribuir para a i<strong>de</strong>ntificação, análise, sistematização edisseminação <strong>de</strong> lições aprendidas e conhecimentos estratégicos e está organiza<strong>do</strong> em trêscomponentes: 1) <strong>Monitoramento</strong>, 2) Estu<strong>do</strong>s e Análises e 3) Disseminação e Intercâmbio.


analisar o que mu<strong>do</strong>u com a atuação <strong>do</strong> projeto. Existe uma seqüêncialógica nesses <strong>do</strong>is enfoques, pois as ativida<strong>de</strong>s e resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um projeto<strong>de</strong>vem conduzir ou não às mudanças esperadas.Um projeto gera diversas mudanças em diferentes níveis e momentos. Essasmudanças ou impactos po<strong>de</strong>m ser intencionais, não intencionais, espera<strong>do</strong>sou não espera<strong>do</strong>s, ou até negativos. Nem todas as mudanças po<strong>de</strong>mser previstas ou medidas com exatidão. Não existe um sistema <strong>de</strong>monitoramento já monta<strong>do</strong> ou um conjunto <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res único quesirva para monitorar os impactos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>projetos</strong>. O monitoramento<strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>ve ser elabora<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com cada projeto, dadas asdiferenças <strong>de</strong> atores, objetivos e contextos que cada um apresenta.O projeto AMA <strong>de</strong>senvolveu e utiliza uma maneira sistemática <strong>de</strong> trabalhare implementar sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto junto com os<strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto. Essa meto<strong>do</strong>logia tem seu fundamentoconceitual no “mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong>s impactos” <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela GTZ (DeutscheGesellschaft für Technische Zusammenarbeit – Cooperação Técnica Alemã)4 .O presente artigo apresenta esse mo<strong>de</strong>lo e as experiências <strong>do</strong> Projeto AMAna elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto em três etapas:1. apresentação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela GTZ, que servecomo base conceitual para a criação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong>impacto;2. <strong>de</strong>scrição da forma <strong>de</strong> estruturar oficinas para criação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> impacto, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as experiências <strong>do</strong> AMA;3. lições <strong>do</strong> processo e dicas para elaboração, implementação e ajustes <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto em <strong>projetos</strong>.12345674Ver: GTZ: Wirkungsorientiertes Monitoring – ein Leitfa<strong>de</strong>n für Vorhaben <strong>de</strong>r TechnischenZusammenarbeit; Thoms Kuby, Martina Vahlhaus: Gui<strong>de</strong>lines for Impact Monitoring inEconomic and Employment Promotion Projects with Special Reference to Poverty ReductionImpacts; P. Müller-Glod<strong>de</strong> (Hrsg.), Orientierungsrahmen für das Wirkungsmonitoring inProjekten <strong>de</strong>r Wirtschafts- und Beschäftigungsför<strong>de</strong>rung unter beson<strong>de</strong>rer Berücksichtigungarmutsmin<strong>de</strong>rn<strong>de</strong>r Wirkungen.2238


O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ImpactoO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto utiliza como base a hierarquia da Matriz Lógica etrabalha a relação entre as ativida<strong>de</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um projeto, comos seus objetivos e impactos. A vantagem <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo em relação àmatriz é que ele <strong>de</strong>talha a passagem <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s até os objetivos. De ummo<strong>do</strong> geral, os <strong>projetos</strong> que se baseiam no uso da matriz assumem queapós disponibilizarem seus produtos os objetivos seriam atingi<strong>do</strong>s. Omo<strong>de</strong>lo em questão propõe que se pense em duas etapas adicionais entreos resulta<strong>do</strong>s (produtos) e os objetivos. De acor<strong>do</strong> com o mo<strong>de</strong>lo, éimportante pensar: 1) em como se espera que o grupo alvo vá utilizar osprodutos <strong>do</strong> projeto e 2) que benefícios diretos o grupo terá com o uso<strong>de</strong>stes produtos. Estas duas etapas preenchem uma lacuna <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo damatriz essencial para o monitoramento <strong>do</strong>s impactos. Normalmente, comoas pessoas só pensam no impacto relaciona<strong>do</strong> ao objetivo geral e este éconstruí<strong>do</strong> num âmbito muito distante da prática <strong>do</strong> projeto, se alega quea medição <strong>de</strong> impacto somente teria senti<strong>do</strong> alguns anos após a finalização<strong>do</strong> projeto e que, mesmo assim, sofreria a influência <strong>de</strong> um número muitogran<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores externos. Com o uso <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo em questão, omonitoramento das etapas uso <strong>do</strong>s produtos e benefícios diretos, que jáestão no âmbito <strong>do</strong>s impactos, permite ao projeto perceber em tempohábil se está no caminho certo para contribuir com os objetivos maisgerais, mesmo que estes muitas vezes só venham a ser atingi<strong>do</strong>s após afinalização <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> projeto.Abaixo, <strong>de</strong>screve-se um exemplo didático para auxiliar na compreensão <strong>do</strong>mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto. O projeto exemplifica<strong>do</strong> atua na área <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>uso da terra e tem como ativida<strong>de</strong> principal o incentivo ao uso sustentável<strong>do</strong> solo. De acor<strong>do</strong> com a análise <strong>do</strong>s problemas da área, a erosão <strong>do</strong> solovem aumentan<strong>do</strong>. Essa <strong>de</strong>gradação acontece principalmente por causa <strong>do</strong>sméto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cultivo <strong>do</strong>s produtores locais, que plantam em colinas semproteger o solo. Para parar a <strong>de</strong>gradação e também para manter fértil oterreno <strong>do</strong>s produtores a médio e longo prazo, os méto<strong>do</strong>s atuais <strong>de</strong>vemser modifica<strong>do</strong>s. Em razão <strong>de</strong> experiências positivas adquiridas em outroslugares, o projeto <strong>de</strong>cidiu pela seguinte estratégia: (i) a capacitação <strong>do</strong>sagricultores nas práticas sustentáveis e mais produtivas; (ii) o estabelecimento<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>monstrativos, e (iii) a disseminação das técnicas paraum público maior.224


Hipóteses sobre os impactosObjetivo superiorImpacto indiretoBenefícios ouimpactos diretosMo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Impacto linearO exemplo <strong>de</strong> um projeto trabalhan<strong>do</strong> compráticas sustentáveis <strong>de</strong> uso da terraProgresso <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimentoaltamente agrega<strong>do</strong>Possíveis benefíciosindiretos <strong>do</strong> projetoDiminuição da pobrezaAumento da renda familiar,melhoria na fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> soloAumento da produtivida<strong>de</strong>,diminuição da <strong>de</strong>gradação da terra12Uso <strong>do</strong>s produtosProdutos (serviços)<strong>do</strong> projetoAtivida<strong>de</strong>sInsumosAplicação <strong>de</strong> práticas sustentáveis <strong>de</strong> uso da terra pelosprodutoresAgricultores capacita<strong>do</strong>s, mo<strong>de</strong>los estabeleci<strong>do</strong>s, tecnologiadisseminadaCapacitação, fortalecimento institucional, assessoria, semináriocoor<strong>de</strong>nação, comunicaçãoRecursos humanos e financeiros, materiais, conceitosA resolução <strong>do</strong> problema da erosão <strong>do</strong> solo e da baixa produtivida<strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtores rurais utilizarem as propostas (produtos) <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong> e aplicarem as práticas e conhecimentos que lhes são passa<strong>do</strong>satravés <strong>de</strong> seminários, assistência e encontros. Espera-se, como beneficiodireto para os grupos-alvo, que a aplicação <strong>de</strong>stas novas práticas contribuapara a redução da erosão <strong>do</strong> solo e o aumento da produção. A conseqüênciaa longo prazo (impactos indiretos) <strong>do</strong> aumento da produção seria umaumento na renda <strong>do</strong>s produtores rurais e uma melhoria na fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>solo, que vai <strong>de</strong> forma mais indireta contribuir para a diminuição dapobreza na região. No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto linear, po<strong>de</strong>m ser visualizadasas ligações lógicas entre os elementos da matriz <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong> 5 .Em primeiro lugar, são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s os produtos <strong>do</strong> projeto, ou seja, oconjunto <strong>de</strong> bens e serviços que o projeto está oferecen<strong>do</strong> ao seu grupoalvo. Esse nível está geralmente <strong>de</strong>scrito na matriz lógica como resulta<strong>do</strong>.Entretanto, em algumas matrizes são também <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produtos.Depois, <strong>de</strong>screve-se como e por quem, hipoteticamente, vão ser utiliza<strong>do</strong>sos produtos <strong>do</strong> projeto e <strong>de</strong>fine-se qual seria o impacto ou benefício5Por méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> planejamento enten<strong>de</strong>-se aqui a Matriz Lógica (Logical framework), méto<strong>do</strong>atualmente muito utiliza<strong>do</strong> em <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. To<strong>do</strong>s os <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> ProgramaPiloto são planeja<strong>do</strong>s com auxílio da Matriz Lógica.225345678


direto <strong>de</strong>ssa utilização. Finalmente, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>screver qual a contribuição<strong>do</strong> impacto direto ao alcance <strong>de</strong> um impacto mais abrangente e, portanto,mais indireto. Normalmente, o último nível também está <strong>de</strong>scrito comoobjetivo geral ou superior <strong>de</strong> projeto na matriz lógica.Um projeto, com os insumos à sua disposição, influi diretamente narealização das ativida<strong>de</strong>s e na disponibilização <strong>do</strong>s produtos. Esta é umaárea em que o projeto tem quase total governabilida<strong>de</strong>. Já no nível <strong>de</strong> uso<strong>do</strong>s produtos até os impactos indiretos, muitos outros fatores começam ater influência, e o projeto passa a ter cada vez menos governabilida<strong>de</strong>. Noexemplo da<strong>do</strong>, o projeto não tem controle total sobre o grau <strong>de</strong> assimilação<strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> projeto pelos produtores e menos ainda sobre oalcance <strong>do</strong>s impactos <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s.É possível um projeto monitorar e comprovar a utilização <strong>do</strong>s seus produtos,uma vez disponibiliza<strong>do</strong>s, e os benefícios diretos advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stautilização. Muito mais difícil, e quase fora <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s, é <strong>de</strong>terminarexatamente que parcela <strong>do</strong> alcance <strong>do</strong> objetivo superior se <strong>de</strong>ve aoimpacto direto da sua atuação. Por esse motivo, a observação sistemáticadas etapas mais próximas à atuação <strong>do</strong> projeto (grau <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong>sprodutos e benefícios <strong>do</strong>s grupos alvos, nos diferentes níveis), é importantepara analisar se ele está no caminho certo para alcançar os impactossuperiores espera<strong>do</strong>s.Deve-se ressaltar que o mo<strong>de</strong>lo utiliza<strong>do</strong> apresenta uma visãosimplificada, na qual não se prevê um complexo processo <strong>de</strong> interaçãoque leve em conta mudanças sociais, econômicas, culturais, técnicas oupolíticas. A complexida<strong>de</strong> das interações po<strong>de</strong> ser vista mais a<strong>de</strong>quadamenteno mo<strong>de</strong>lo abaixo 6 . As setas apresentam os diferentes fatores <strong>de</strong>influência que po<strong>de</strong>riam intervir no alcance <strong>do</strong>s impactos. Os sistemas<strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>vem fornecer da<strong>do</strong>s que lhes permitamavaliar se seus produtos estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s e se estão contribuin<strong>do</strong>para o alcance <strong>do</strong>s benefícios diretos. Os benefícios indiretos, porsofrerem influência <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> fatores muito ampla, não precisamser monitora<strong>do</strong>s <strong>de</strong> perto, mas <strong>de</strong>veriam ser observa<strong>do</strong>s. (ver gráfico aola<strong>do</strong>)2266GTZ, traduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos não publica<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento Stabsstelle 04 da CooperaçãoTécnica Alemã.


Atribuições no Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Impacto1Uso <strong>do</strong>sprodutos <strong>do</strong>projetoBenefìcioBeneficiodiretoBeneficio Benefícioindireto2Produtos<strong>do</strong> projetoDiminuição dapobreza3Ativida<strong>de</strong>sPassos para a elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> ImpactoEste item <strong>de</strong>screve as experiências <strong>do</strong> Projeto AMA com a elaboração <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto junto a diferentes <strong>projetos</strong> <strong>do</strong>Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais <strong>do</strong> Brasil.Um “sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto” é composto por quatroelementos: i) a <strong>de</strong>finição e a escolha <strong>do</strong>s impactos nos diferentes níveis daexecução <strong>do</strong> projeto que se preten<strong>de</strong> observar; (ii) <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>respara po<strong>de</strong>r aferir os impactos; (iii) um plano <strong>de</strong> trabalho, que <strong>de</strong>ve<strong>de</strong>terminar como, quem e quan<strong>do</strong> as informações com relação aos impactosserão levantadas ou medidas; e (iv) um cálculo <strong>do</strong>s recursos necessáriospara implementação <strong>do</strong> monitoramento.A criação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto é feita com a equipetécnica <strong>do</strong> projeto em duas etapas. O i<strong>de</strong>al é fazer duas oficinas <strong>de</strong> <strong>do</strong>is atrês dias cada uma. O número <strong>de</strong> participantes nas oficinas realizadas atéagora foi entre <strong>de</strong>z e 15 pessoas. Participaram em todas as oficinas aequipe <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e parceiros com os quais existe uma cooperaçãoestreita. O número <strong>de</strong> participantes não <strong>de</strong>ve exce<strong>de</strong>r 15 pessoas. A segundaoficina <strong>de</strong>ve ser realizada aproximadamente <strong>de</strong> um a três meses após aprimeira.22745678


Na primeira oficina, é apresenta<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto aos participantes,<strong>de</strong> forma que os mesmos possam se acostumar com ele, analisar e <strong>de</strong>finiras “etapas <strong>de</strong> impacto” para o seu projeto e alguns indica<strong>do</strong>res básicos. Asidéias sobre como os indica<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>riam ser levanta<strong>do</strong>s já po<strong>de</strong>riam seranotadas. A segunda oficina serve para o aprimoramento das etapas já<strong>de</strong>finidas, para a <strong>de</strong>finição exata <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res e das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>levantamento das informações necessárias, assim como para a elaboração<strong>do</strong> plano <strong>de</strong> trabalho. As oficinas <strong>de</strong>vem ter mo<strong>de</strong>ração e os resulta<strong>do</strong>s<strong>de</strong>vem ser visualiza<strong>do</strong>s com ajuda <strong>de</strong> datashow, fichas ou flipchart.A primeira oficina: <strong>de</strong>finição da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos espera<strong>do</strong>s 7O <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong> projeto é o ponto <strong>de</strong> partida para otrabalho na oficina. Como os <strong>projetos</strong> <strong>do</strong> Programa Piloto são, em suamaioria, complexos e suas estratégias compostas por diferentes linhas <strong>de</strong>ação, componentes ou áreas <strong>de</strong> impacto, é necessário fazer, antes <strong>do</strong>começo <strong>do</strong> trabalho, uma escolha entre trabalhar com cada componenteou cada linha <strong>de</strong> ação ou trabalhar com cada área <strong>de</strong> impacto.Essa escolha é discutida pelos participantes da oficina e po<strong>de</strong> seguirdiferentes critérios. Alguns <strong>projetos</strong> escolhem a organização <strong>de</strong>scrita nos<strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> planejamento, como por exemplo, componentes ou linhas<strong>de</strong> ação; outros <strong>projetos</strong> escolhem a diferenciação por áreas <strong>de</strong> impactopor terem componentes transversais e que, por si sós, normalmente nãocausam impacto. No caso <strong>de</strong> se optar por trabalhar com cada componenteou linha <strong>de</strong> ação, é importante que ao final se visualize o projeto comoum to<strong>do</strong>, já que sempre po<strong>de</strong>m surgir outros impactos da inter-relaçãoentre as linhas ou componentes. É importante frisar que a soma <strong>do</strong>simpactos em cada área não é necessariamente a mesma <strong>do</strong> impacto <strong>de</strong>to<strong>do</strong> o projeto.Na discussão e <strong>de</strong>finição da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> que aspectosparecem ser mais importantes e quais <strong>de</strong>vem ser monitora<strong>do</strong>s. Nesta etapa,também po<strong>de</strong> ser feito um esboço <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res a serem utiliza<strong>do</strong>s.2287O foco das oficinas é a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s impactos que se preten<strong>de</strong> atingir com a implementação<strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Como um projeto sempre corre o risco <strong>de</strong> também causar impactos negativos, ounão espera<strong>do</strong>s, esses também <strong>de</strong>vem ser observa<strong>do</strong>s. A equipe <strong>do</strong> AMA percebeu, nas suasoficinas, que quan<strong>do</strong> se trabalha ao mesmo tempo to<strong>do</strong>s os impactos, sobrecarregam-se asoficinas e confun<strong>de</strong>m-se os participantes. O exercício <strong>de</strong> construção da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto járequer muita concentração. Contu<strong>do</strong>, normalmente, embora os impactos negativos não sejamenfatiza<strong>do</strong>s, nas discussões eles sempre aparecem. Recomendamos anotar esses riscos durante aoficina e fazer uma consi<strong>de</strong>ração e reflexão mais profundas em outro momento.


As seguintes perguntas estruturam e auxiliam o processo <strong>de</strong> trabalho daprimeira oficina:11. O que é o projeto e quem faz parte <strong>de</strong>le?2. Quais são os produtos <strong>do</strong> projeto?3. Que mudanças preten<strong>de</strong>mos?4. O que esperamos que aconteça com os produtos <strong>do</strong> projeto,quem os utiliza ou vai utilizar?5. A utilização <strong>do</strong>s produtos promove que benefícios diretos (impactos)para o grupo alvo ou intermediários?6. Contribuímos, com estes impactos, para o objetivo superior <strong>do</strong>projeto? Como?7. Quais são as principais etapas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong>nosso projeto que queremos monitorar?8. Que outras áreas atingimos com a intervenção <strong>do</strong> projeto?A seguir, preten<strong>de</strong>-se mostrar como po<strong>de</strong> ser visto um exemplo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> impacto, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma primeira oficina. O exemplo é <strong>do</strong> mesmoprojeto apresenta<strong>do</strong> acima (p. 224-25) e que atua na área <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>uso da terra.2345Impactos indiretosCa<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos eindica<strong>do</strong>resAumento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida(renda familiar, condições <strong>de</strong> moradia,segurança alimentar entre outros )Verifica<strong>do</strong>res e ativida<strong>de</strong>spara levantamento <strong>de</strong>informações6Impactos diretosbenefíciosUso <strong>do</strong>sprodutosAumento da produtivida<strong>de</strong>(Aumento <strong>do</strong> rendimento da safra <strong>do</strong>sprodutores que a<strong>do</strong>tam a nova tecnologia)Diminuição da <strong>de</strong>gradação da terra(Redução da erosão <strong>do</strong> solo)A<strong>do</strong>ção das novas tecnologias pelos agricultorescapacita<strong>do</strong>s (60% <strong>do</strong>s produtores capacita<strong>do</strong>scontinuam a utilizar as novas praticas)Outros agricultores a<strong>do</strong>tam as novas tecnologias(30% <strong>do</strong>s produtores da bacia (1000) a<strong>do</strong>tam as novaspráticas disseminadas)7Produtos(serviços)<strong>do</strong> projetoAgricultores capacita<strong>do</strong>s e assisti<strong>do</strong>s em novastecnologias (500 agricultores capacita<strong>do</strong>s)Mo<strong>de</strong>los sustentáveis <strong>de</strong> uso da terra estabeleci<strong>do</strong>s(03 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativas estabelecidas)Intercâmbios realiza<strong>do</strong>s (06 intercâmbios por ano, com300 agricultores)Material didático produzi<strong>do</strong> (08 folhetos, 02 ví<strong>de</strong>os)2298


Depois da apresentação e <strong>de</strong>bate <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> impacto e <strong>do</strong>sindica<strong>do</strong>res por meio <strong>de</strong> alguns exemplos, o grupo <strong>de</strong> trabalho continua arespon<strong>de</strong>r, passo a passo, às perguntas listadas acima com relação ao seupróprio projeto. A construção da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos com a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>sprodutos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, <strong>do</strong>s usuários e <strong>do</strong>s benefícios que esperamos queeles tenham já ocupa muito tempo e muitas vezes causa discussões intensas.Nessa primeira oficina, é importante <strong>de</strong>finir as etapas e selecionaraquelas que se preten<strong>de</strong> monitorar.Vale ressaltar que o projeto causa muito mais impactos que aqueles queaparecem na ca<strong>de</strong>ia. No exemplo em questão, o projeto vai causar outrosimpactos como, por exemplo, melhoria na fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo, melhoria daconsciência ambiental, entre outros. Contu<strong>do</strong>, um projeto, em geral, nãodispõe <strong>de</strong> recursos para aferir todas as mudanças esperadas e possíveis. Porisso, é preciso fazer uma seleção das etapas centrais.No exemplo acima, foi <strong>de</strong>finida como uma das etapas mais importantes aa<strong>do</strong>ção das práticas promovidas pelos agricultores. Espera-se que os produtos<strong>do</strong> projeto interessem aos produtores, que 60% daqueles que participam<strong>do</strong> programa <strong>de</strong> capacitação continuem a utilizar as práticas e que,em médio prazo, 30% <strong>do</strong>s produtores da bacia a<strong>do</strong>tem as técnicas. Comoconseqüência, seria possível reduzir até o final <strong>do</strong> projeto as práticasdanosas <strong>de</strong> produção agrícola e aumentar a produtivida<strong>de</strong>.Seguin<strong>do</strong> a mesma lógica, o projeto espera contribuir com essas mudançaspara a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das famílias da bacia. Com relação aesse indica<strong>do</strong>r, não vai ser possível comprovar uma relação causal únicaentre mudanças observadas no nível <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s habitantes da bacia e aatuação <strong>do</strong> projeto. Contu<strong>do</strong>, é importante que o projeto observe essesindica<strong>do</strong>res, durante a sua implementação, para po<strong>de</strong>r analisar se existeuma coerência entre os impactos diretos alcança<strong>do</strong>s e a contribuição aoobjetivo superior. Neste caso concreto, significaria analisar se existe umarelação plausível entre o aumento <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s agricultores e adiminuição da <strong>de</strong>gradação da terra com melhorias na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidadas populações.230


A segunda oficina: aperfeiçoamento da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos,formulação <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e planejamento das ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>monitoramentoNa segunda oficina, que <strong>de</strong>ve acontecer entre um e três meses após aprimeira, é feita uma revisão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Depois que as etapas <strong>de</strong>impacto forem revisadas, <strong>de</strong>ve-se priorizar aquelas mais importantes paraque o projeto monitore, formular os indica<strong>do</strong>res para essas etapas, a forma<strong>de</strong> levantamento das informações que estes requerem e, finalmente, ointervalo no qual o levantamento das informações <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong>.As seguintes perguntas estruturam e auxiliam o processo <strong>de</strong> trabalho dasegunda oficina:1231. O que e quais etapas precisamos/queremos monitorar?2. Com quais indica<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>mos observar as mudanças nasetapas intermediárias?3. Com quais instrumentos e on<strong>de</strong> conseguimos as informações?4. Qual a relação custo/benefício das informações a seremcoletadas?5. Há informações cujo custo impossibilita o seu levantamento?6. Que ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento são necessárias?7. Quem é responsável pelo levantamento das informações?8. Quanto custa a realização <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s?45678231


Impactos indiretosCa<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos eindica<strong>do</strong>resAumento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida(renda familiar, condições <strong>de</strong> moradia,segurança alimentar entre outros )Verifica<strong>do</strong>res e ativida<strong>de</strong>spara levantamento <strong>de</strong> informaçõescom relação aos impactosVerificar indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida comorenda, segurança alimentar, condições <strong>de</strong> moradiapor amostragem em três comunida<strong>de</strong>s junto comparceiros e outros <strong>projetos</strong> (<strong>de</strong>z 2004 e 2007)Impactos diretosbenefíciosUso <strong>do</strong>sprodutosAumento da produtivida<strong>de</strong>(Aumento <strong>do</strong> rendimento da safra <strong>do</strong>sprodutores que a<strong>do</strong>tam a nova tecnologia)Diminuição da <strong>de</strong>gradação da terra(Redução da erosão <strong>do</strong> solo)A<strong>do</strong>ção das novas tecnologias pelos agricultorescapacita<strong>do</strong>s (60% <strong>do</strong>s produtores capacita<strong>do</strong>scontinuam a utilizar as novas praticas)Outros agricultores a<strong>do</strong>tam as novas tecnologias(30% <strong>do</strong>s produtores da bacia (1000) a<strong>do</strong>tam as novaspráticas disseminadas)Medir com 10 diferentes produtores, que utilizamas novas práticas, o rendimento da safra eregistrar os resulta<strong>do</strong>s (perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> medição<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> cultivo: cada ano <strong>de</strong> 2004 -2007)Medir continuamente a erosão <strong>do</strong> solo nasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativas estabelecidas e junto a10 diferentes produtores e registrar os resulta<strong>do</strong>s(duas vezes ao ano, entre 2004-2007)Realizar uma pesquisa <strong>de</strong> campo com osprodutores da região sobre o grau da a<strong>do</strong>ção dasnovas tecnologias (<strong>de</strong>z entre 2004-2007)Produtos(serviços)<strong>do</strong> projetoAgricultores capacita<strong>do</strong>s e assisti<strong>do</strong>s em novastecnologias (500 agricultores capacita<strong>do</strong>s)Mo<strong>de</strong>los sustentáveis <strong>de</strong> uso da terra estabeleci<strong>do</strong>s(03 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativas estabelecidas)Intercâmbios realiza<strong>do</strong>s (06 intercâmbios por ano, com300 agricultores)Material didático produzi<strong>do</strong> (08 folhetos, 02 ví<strong>de</strong>os)Na segunda oficina, é aprimorada a formulação <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res com asmetas esperadas para o final da fase <strong>de</strong> execução <strong>do</strong> projeto para cada um<strong>do</strong>s usos <strong>do</strong>s produtos e <strong>do</strong>s impactos diretos que foram elabora<strong>do</strong>s naoficina anterior. Para cada um <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res, são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s ativida<strong>de</strong>s eprazos <strong>do</strong> monitoramento.Depois <strong>de</strong> realizada esta etapa para to<strong>do</strong>s os componentes ou linhas <strong>de</strong>ação <strong>do</strong> projeto, elabora-se o plano <strong>de</strong> monitoramento. Este <strong>de</strong>ve ter amesma estrutura <strong>do</strong> plano operacional <strong>do</strong> projeto (ver exemplo na próximapágina), para que possa ser integra<strong>do</strong> ao plano principal sem problemas.Como último passo, faz-se a estimativa <strong>de</strong> custo <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>monitoramento. De acor<strong>do</strong> com os recursos a serem disponibiliza<strong>do</strong>s,talvez seja necessário fazer uma adaptação, tentan<strong>do</strong> preservar omonitoramento <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res que a equipe <strong>do</strong> projeto consi<strong>de</strong>re ser osmais importantes.232A seguir, apresentamos um exemplo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> trabalho parao monitoramento <strong>de</strong> impacto. O primeiro é um plano global que resumetodas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento conforme foram planejadas paratoda a fase da execução. A partir <strong>de</strong>ste plano, po<strong>de</strong>m-se calcular os custostotais <strong>de</strong> monitoramento. Recomenda-se anotar neste plano também osindica<strong>do</strong>res e verifica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na oficina.


Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>recursos04 homens/dias/ ano3000 reais porano20 homens/dias/ ano1000 reais porano80 homens/dias/ ano1300 reais porano10 000 reais noprimeiro ano06 homens/dias/ ano3000 reais porano1Plano 1Plano Global <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> Impacto <strong>de</strong> 2004 - 20072004 2005 2006 2007Ativida<strong>de</strong>s Indica<strong>do</strong>res Verifica<strong>do</strong>res I II III IV I II III IV I II III IV I II III IVPesquisa com osprodutores (<strong>de</strong>zembro,cada ano entre 2005 e2007)Uso <strong>do</strong> produto: 60%<strong>do</strong>s produtorescapacita<strong>do</strong>s continuam autilizar as novas práticas,entre 2005 e 2007- 30% <strong>do</strong>s produtoresda bacia (1000) a<strong>do</strong>tamas novas práticasdisseminadasRealizar uma pesquisa<strong>de</strong> campo com osprodutores da regiãosobre o grau <strong>de</strong> a<strong>do</strong>çãodas novas tecnologiasos meses <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> cultivoMedição no campo nasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativase junto a 10 agricultores(perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> medição<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>cultivo: cada ano 2004(marco zero) ate 2007Impacto direto:Aumento <strong>do</strong> rendimentoda safra <strong>do</strong>s produtoresque a<strong>do</strong>tam a novatecnologia em 30 %Medir com 10 diferentesprodutores, que utilizamas novas práticas, e nasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativaso rendimento da safra eregistrar os resulta<strong>do</strong>sos meses <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das condições climáticasMedição no campo nasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativase junto a 10 agricultores(cada ano entre 2004(marco zero) e 2007)Impacto direto: 70 % <strong>de</strong>redução da erosão <strong>do</strong>solo (t/ ha/ ano) nasáreas <strong>de</strong> produtores quea<strong>do</strong>tam as tecnologiasMedir continuamente aerosão <strong>do</strong> solo nosmo<strong>de</strong>los estabeleci<strong>do</strong>s ejunto a 10 diferentesprodutores e registraros resulta<strong>do</strong>sAmostra em trêscomunida<strong>de</strong>s junto comparceiros e outros<strong>projetos</strong>Impacto indireto:Aumento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida (renda familiar,condições <strong>de</strong> moradia,segurança alimentarentre outros)Verificar indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida comorenda, segurançaalimentar, condições <strong>de</strong>moradia poramostragem em trêscomunida<strong>de</strong>s junto comparceiros e outros<strong>projetos</strong>2332345678


O segun<strong>do</strong> é um plano operacional anual <strong>de</strong> monitoramento, no qual sãotambém <strong>de</strong>terminadas as responsabilida<strong>de</strong>s e reuniões para apresentar ediscutir os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento.Plano 2Ativida<strong>de</strong>s Anuais <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> <strong>de</strong> Impacto 20042004M A M J J A S O N DAtivida<strong>de</strong>s Responsável OrçamentoRealizar uma pesquisa <strong>de</strong>campo com osprodutores da regiãosobre o grau da a<strong>do</strong>çãodas novas tecnologiasMedir com 10 diferentesprodutores, que utilizamas novas práticas, e nasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativaso rendimento da safra eregistrar os resulta<strong>do</strong>sMedir continuamente aerosão <strong>do</strong> solo nosmo<strong>de</strong>los estabeleci<strong>do</strong>s ejunto a 10 diferentesprodutores e registrar osresulta<strong>do</strong>sVerificar indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida comorenda, segurançaalimentar, condições <strong>de</strong>moradia poramostragem em trêscomunida<strong>de</strong>s junto comparceiros e outros<strong>projetos</strong>os meses <strong>de</strong> medição<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> cultivoos meses <strong>de</strong> medição<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das condiçõesclimáticasMariaRicar<strong>do</strong>Ricar<strong>do</strong>Maria4 dias3000 reais20 dias1000 reais80 dias11300 reais6 homens/dias/ ano3000 reaispor anoO estabelecimento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is planos <strong>de</strong> monitoramento - o plano geral e oanual - é o último passo na elaboração <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong>impacto. A implementação <strong>de</strong>sse plano é parte fundamental da gestão <strong>do</strong>projeto e <strong>de</strong>ve estar sob responsabilida<strong>de</strong> da coor<strong>de</strong>nação. Ummonitoramento <strong>de</strong> impacto requer profissionais qualifica<strong>do</strong>s e recursosfinanceiros próprios. No próximo item, apresentam-se algumas lições edicas com relação à elaboração, implementação e utilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>monitoramento.234


Lições e dicasEm todas as oficinas que o projeto AMA assessorou, o exercício <strong>de</strong> elaborarum sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto e <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>impactos espera<strong>do</strong>s para um projeto resultou em importantes reflexões ediscussões sobre suas estratégias, <strong>de</strong>ntro da equipe e com os parceiros <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>. Ao final <strong>do</strong> exercício, sempre ficou mais clara para to<strong>do</strong>s osparticipantes a estratégia <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> projeto.As perguntas com relação à “utilização <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> projeto” e aos“benefícios diretos espera<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta utilização” ajudaram a esclarecer aon<strong>de</strong>o projeto queria chegar e como esperava chegar lá. Especialmente a perguntaque se refere ao uso <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> projeto permitiu que muitosparticipantes passassem a ver o projeto com novos olhos. O <strong>de</strong>talhamentoda ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos muitas vezes permitiu às equipes perceber queexistiam falhas na sua estratégia e que precisariam <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s complementarespara atingir seus objetivos ou, até mesmo, se necessário, ajustar oplanejamento estratégico <strong>do</strong> projeto.A etapa mais difícil das oficinas foi a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s impactos espera<strong>do</strong>s,especificamente a diferenciação entre “uso <strong>do</strong>s produtos” e “impactodireto” (beneficio direto). As dificulda<strong>de</strong>s ocorrem da<strong>do</strong> que as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>impactos nem sempre po<strong>de</strong>m ser montadas da mesma maneira. A formação<strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> projeto e da estratégia<strong>de</strong> execução. Existe, por exemplo, uma diferença no tamanho da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>impacto se os produtos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> estão volta<strong>do</strong>s diretamente para osbeneficiários finais ou para entida<strong>de</strong>s. Em <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> apoio à promoção<strong>de</strong> mudanças em políticas públicas, por exemplo, existem várias etapas atéque possam ser nota<strong>do</strong>s ganhos para os beneficiários finais. Exemplos reais<strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto, elabora<strong>do</strong>s em oficinas assessoradaspelo AMA para duas diferentes estratégias <strong>de</strong> <strong>projetos</strong>, po<strong>de</strong>m serconsulta<strong>do</strong>s nos anexos <strong>de</strong>ste artigo.Nem sempre é bem visível a passagem <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s produtos para os impactosdiretos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>. Contu<strong>do</strong>, pequenas incertezas não influenciam naqualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sistemas. É essencial para uma boa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactos que oobjetivo <strong>do</strong> projeto seja bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> e que as etapas mais importantessejam monitoradas, geran<strong>do</strong> informação que permita saber em tempo hábilse o projeto está no caminho correto para atingir os impactos espera<strong>do</strong>s.12345678235


Com o trabalho nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> impacto, o sistema <strong>de</strong> monitoramentoainda não está pronto. É extremamente importante para o monitoramentoque as ativida<strong>de</strong>s previstas, como, por exemplo, levantamento <strong>de</strong> informaçõespor medição, observação, pesquisa etc., sejam integradas ao planoprincipal <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> projeto e que os recursos sejam disponibiliza<strong>do</strong>s.Um projeto estabelece e aprimora sua estratégia durante a sua execução, jáque a experiência adquirida, as lições aprendidas e mudanças nas condiçõesgerais permitem estipular melhor as suas possibilida<strong>de</strong>s. A adaptaçãoconstante da concepção <strong>do</strong> projeto, que também é causada pelomonitoramento, muitas vezes leva a uma modificação da estratégia e, comisso, a uma mudança <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res. Nesta flexibilida<strong>de</strong>, entre a estratégiacambiante <strong>do</strong> projeto e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constância <strong>de</strong> alguns indica<strong>do</strong>res,é que surge o <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> monitoramento.O objetivo final <strong>do</strong> monitoramento não é ser meramente um medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sucesso e sim ser uma ferramenta <strong>de</strong> gestão e <strong>de</strong> aprendizagem. Os melhores<strong>projetos</strong> não são necessariamente aqueles que realizam todas as ativida<strong>de</strong>splanejadas, mas os que ajustam sua gestão com base em um processocontínuo <strong>de</strong> observação e aprendizagem, e têm capacida<strong>de</strong> para gerar liçõesaprendidas. Ajustes estratégicos não <strong>de</strong>vem ser vistos como erros. Pelocontrário, adaptações como resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um processo sistemático <strong>de</strong>observação e análise são positivas e <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas como tais.Monitorar os impactos <strong>de</strong> um projeto, em um ambiente que permite oerro e valoriza o aprendiza<strong>do</strong> das pessoas e das instituições, é uma excelenteferramenta para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lições que possam ser utilizadas poroutros <strong>projetos</strong> <strong>de</strong>ntro da mesma instituição ou mesmo por outras instituições.Contu<strong>do</strong>, para que isso aconteça, é necessário que existam espaçosnos <strong>projetos</strong> para que as informações geradas pelo monitoramento sejamdiscutidas pelos seus diversos participantes (beneficiários-técnicos-coor<strong>de</strong>nação)e que haja abertura para críticas, inovações e criativida<strong>de</strong>. Portanto,além <strong>de</strong> implementar um bom sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto, énecessário que os <strong>projetos</strong> pensem em como será o fluxo das informaçõesgeradas neste sistema no seu dia-a-dia.236


Referências BibliográficasGTZ – DEUTSCHE GESELLSCHAFT FÜR TECHNISCHEZUSAMMENARBEIT. Wirkungsorientiertes Monitoring: ein Leitfa<strong>de</strong>n fürVorhaben <strong>de</strong>r Technischen Zusammenarbeit. GTZ Stabsstelle 04Unternehmensentwicklung, Interne Evaluierung, Janeiro 2004.KUBY, Thoms; VAHLHAUS, Martina. Gui<strong>de</strong>lines fir Impact Monitoring inEconomic and Employment Promotion Projects with Special Reference to PovertyReduction Impacts. Part 1: Why <strong>do</strong> Impact Monitoring? A Gui<strong>de</strong>.Eschborn: GTZ, 2001.123MÜLLER-GLODDE, P. (HRSG): Orientierungsrahmen für dasWirkungsmonitoring in Projekten <strong>de</strong>r Wirtschafts: undBeschäftigungsför<strong>de</strong>rung unter beson<strong>de</strong>rer Berücksichtigungarmutsmin<strong>de</strong>rn<strong>de</strong>r Wirkungen, vol. I e II. GTZ, 2000.4PROJETO MANEJO DOS RECURSOS NATURAIS DA VÁRZEA.Resulta<strong>do</strong>s da Segunda Oficina sobre Sistemas <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong> e Avaliação <strong>do</strong>Projeto ProVárzea, 2003.5678237


AnexosCa<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> componente monitoramento <strong>do</strong> Projeto AMAO componente <strong>de</strong> monitoramento tem como um <strong>do</strong>s seus principaisobjetivos o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong><strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> e subprogramas <strong>do</strong> Programa Piloto, por meio <strong>de</strong> capacitação,assessoria técnica e acompanhamento em méto<strong>do</strong>s e instrumentos <strong>de</strong>monitoramento e <strong>avaliação</strong>, visan<strong>do</strong> melhorar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>impactos e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lições aprendidas.Por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> capacitação, oficinas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto,assessoria técnica às equipes <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>, elaboração <strong>de</strong> materialdidático, entre outros recursos, <strong>de</strong>finiram-se como produtos: técnicos <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong> capacita<strong>do</strong>s em méto<strong>do</strong>s e ferramentas <strong>de</strong> monitoramento, assistênciana elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto e materialdidático sobre sistemas <strong>de</strong> M&A produzi<strong>do</strong>. O AMA espera que os <strong>projetos</strong>utilizem os produtos e, a partir daí, aperfeiçoem seus sistemas <strong>de</strong>monitoramento e <strong>avaliação</strong>, implementem os sistemas <strong>de</strong> monitoramento<strong>de</strong> impacto elabora<strong>do</strong>s com auxílio <strong>do</strong> AMA e valorizem os produtos(serviços) <strong>do</strong> AMA. Como benefício ou impacto direto <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s produtos<strong>do</strong> AMA, espera-se que os <strong>projetos</strong> conheçam e analisem seus própriosimpactos, geran<strong>do</strong> conhecimento e lições e, num nível mais alto, que osconhecimentos e lições gera<strong>do</strong>s sirvam para que os <strong>projetos</strong> ajustem suasestratégias usan<strong>do</strong> o monitoramento como instrumento <strong>de</strong> gestão.238


Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> componente monitoramento1Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> impactosComponente 1: <strong>Monitoramento</strong>Verifica<strong>do</strong>res e ativida<strong>de</strong>sImpacto indireto =impacto ao nível<strong>do</strong> projetoGeração <strong>de</strong> conhecimentos eaplicação <strong>de</strong> lições estratégicas <strong>do</strong>Programa Piloto2Mudançasesperadas comoimpactos diretos<strong>do</strong> componenteProjetos conhecem ou observam osimpactos, geram conhecimento e liçõesPelo menos 70% <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> capacita<strong>do</strong>sgeram lições aprendidas por meio <strong>do</strong>s seussistemas <strong>de</strong> monitoramento e <strong>avaliação</strong>Projetos usam monitoramento <strong>de</strong> impactocomo instrumento <strong>de</strong> gestãoEm 50% <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> a análise das lições éusada como instrumento <strong>de</strong> gestãoRealizar um pesquisa junto aos<strong>projetos</strong> sobre o nível <strong>de</strong> implementação<strong>de</strong> monitoramento e uso <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>sNovembro 2004, Novembro 2005Revisar os relatórios <strong>de</strong> monitoramentoe progresso <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong>Anualmente em Novembro3Uso <strong>do</strong>sprodutosProdutosAtivida<strong>de</strong>s1. Projetos melhoram sistemas <strong>de</strong> monitoramento apartir da oferta <strong>do</strong> AMA (80 % <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> têm uma<strong>avaliação</strong> positiva da atuação <strong>do</strong> AMA e percebem aevolução <strong>do</strong> monitoramento)2. Projetos implementam o sistema <strong>de</strong> monitoramento<strong>de</strong> impacto(70% <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> capacita<strong>do</strong>s têm indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>impacto e levantam as informações)1. Técnicos <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> capacita<strong>do</strong>s2. Assistência na elaboração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> impacto3. Material didático produzi<strong>do</strong>Realizar um pesquisa <strong>de</strong> opinião juntoaos secretários técnicos e pessoalresponsável pelo monitoramento <strong>do</strong>s<strong>projetos</strong>Dezembro 2003, Novembro 2004Revisar relatórios anuais e <strong>de</strong>monitoramento <strong>do</strong>s <strong>projetos</strong> paraverificar se levantam informações sobreindica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> impactoDezembro 2003, Novembro 2004Cursos <strong>de</strong> capacitação, oficinas <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto, assessoria técnica, elaborar material didáctico45O contexto <strong>do</strong> Projeto ProVárzeaO Projeto Manejo <strong>do</strong>s Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea) é umprojeto <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa Piloto, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo Instituto Brasileiro<strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A várzeaé um <strong>do</strong>s ecossistemas mais ricos da bacia amazônica em termos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>biológica, biodiversida<strong>de</strong> e recursos naturais. Apesar <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong>produtiva e resiliência natural, o atual processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoestá levan<strong>do</strong> à sua <strong>de</strong>gradação progressiva. Entre os principais fatores <strong>de</strong><strong>de</strong>gradação, incluem-se os <strong>de</strong>smatamentos, o assoreamento <strong>do</strong>s rios, aturvação das águas pela ativida<strong>de</strong>s pecuária, agrícola e urbana, e a <strong>de</strong>struiçãodas lagoas marginais em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s.678239


As principais causas <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação da várzea são o baixo valoreconômico <strong>do</strong>s seus produtos naturais, a falta <strong>de</strong> políticas especificas parapromover o <strong>de</strong>senvolvimento racional em seu ambiente, a escassez <strong>de</strong> sistemasefetivos <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>s recursos naturais, a <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>monitoramento e controle ambiental, e a falta <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> conservaçãoespecífica para o ecossistema <strong>de</strong> várzea.O ProVárzea tem como objetivo estabelecer bases científicas, técnicas epolíticas para a conservação e o manejo ambiental e socialmente sustentável<strong>do</strong>s recursos naturais das várzeas da calha central da bacia amazônica,com ênfase nos recursos pesqueiros.O Projeto preten<strong>de</strong> alcançar os seguintes objetivos:políticas públicas mais específicas e a<strong>de</strong>quadas à várzea implementadas;sistemas <strong>de</strong> produção testa<strong>do</strong>s e a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s contribuem para asustentabilida<strong>de</strong> ambiental, social e econômica <strong>do</strong>s recursos;processo <strong>de</strong> Co-Gestão (PCO) a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelos órgãos ambientais;meto<strong>do</strong>logia e/ou ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelos <strong>projetos</strong> são assumidaspor órgãos ambientais (sistemas <strong>de</strong> monitoramento e controle e promoção<strong>de</strong> co-gestão);O ProVárzea está estrutura<strong>do</strong> em três componentes : 1. Estu<strong>do</strong>s Estratégicos;2. Iniciativas Promissoras; 3. <strong>Monitoramento</strong> e Controle, além dacoor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> projeto, que é um componente transversal 1 .O sistema <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> impacto foi elabora<strong>do</strong> em duas oficinascom a equipe <strong>do</strong> projeto e alguns parceiros institucionais. Na primeiraoficina, optou-se por estruturar as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> impacto por componente e,<strong>de</strong>pois, visualizar o projeto como um to<strong>do</strong>.Para cada componente, partiu-se <strong>do</strong>s produtos, ten<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração osobjetivos específicos <strong>do</strong>s componentes tal como <strong>de</strong>scrito na Matriz Lógica<strong>do</strong> projeto (ver box no la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> superior das ca<strong>de</strong>ias a seguir apresentadas).A discussão sobre as etapas da estratégia <strong>do</strong>s componentes permitiuformular <strong>de</strong> maneira mais concreta os objetivos específicos e os impactosdiretos <strong>de</strong>sses componentes (ver ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> impactos).2401Para maiores informações sobre o Projeto ProVárzea, consulte www.ibama.gov.br/provarzea/inicio/home.php


Depois da <strong>de</strong>finição das ca<strong>de</strong>ias, verificou-se que os impactos indiretos <strong>do</strong>scomponentes, quan<strong>do</strong> soma<strong>do</strong>s, traduziram bem o objetivo superior <strong>do</strong>projeto.No caso <strong>do</strong> ProVárzea, existe uma gran<strong>de</strong> sinergia entre os componentes,<strong>de</strong> forma que muitas etapas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les se relacionam com etapas <strong>de</strong>outros. Por exemplo, o uso <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> componente 1 é um <strong>do</strong>sinsumos para os componentes 2 e 3.Um outro aspecto interessante da oficina <strong>do</strong> ProVárzea é que, enquanto seestava <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> as etapas <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, percebeu-se que existiam algumasetapas adicionais àquelas propostas, que seriam importantes para omonitoramento. Por esse motivo, incluiram-se essas etapas no mesmoesquema. Um exemplo disso é a etapa “60% <strong>do</strong>s usuários/beneficiáriosi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s para cada estu<strong>do</strong> conhecem os resulta<strong>do</strong>s após seis meses <strong>do</strong>término <strong>do</strong> mesmo”, que, apesar <strong>de</strong> ainda não refletir o uso <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s,foi incluída nessa categoria por ter si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rada uma etapa essenciale complexa a ser monitorada.1234É importante frisar que se adaptou a nomenclatura das etapas à MatrizLógica <strong>do</strong> projeto, tal como se vê nas ca<strong>de</strong>ias construídas.ProVárzea Impactos - Componente 1: Estu<strong>do</strong>s estratégicos: Promover subsídiospara a formulação <strong>de</strong> políticas publicas e fornecer informações para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> manejo, monitoramento e controleAtivida<strong>de</strong>s e verifica<strong>do</strong>res5Impactos indiretos= impacto ao nível<strong>do</strong> projetoObjetivosespecíficos<strong>do</strong> componentePolíticas públicas mais específicase a<strong>de</strong>quadas à várzea implementadasPolíticas públicas, originadas pelo ProVárzea,mais a<strong>de</strong>quadas à várzea incorporadas naagenda <strong>de</strong> discussão <strong>do</strong>s toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong><strong>de</strong>cisãoMarco Zero:- Esta<strong>do</strong> atual das políticas públicas existentessobre o tema <strong>de</strong> cada estu<strong>do</strong> eaplicação das mesmas sobre as várzeas;Verificar junto aos meios <strong>de</strong> disseminação(sites, diário oficial, etc) das instituiçõespúblicas a discussão das propostasoriginadas <strong>do</strong> ProVárzea a partir <strong>de</strong>2004 - semestralmente (Fev/Ago)6ImpactosdiretosUso <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>sResulta<strong>do</strong>sUtilização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s na elaboração<strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> políticas públicas:01 proposta <strong>de</strong> política pública elaborada com base emcada estu<strong>do</strong>, articulada e referendada por diversosgrupos <strong>de</strong> interesse a <strong>de</strong>finir para cada proposta.2 º semestre <strong>de</strong> 2002 até o final <strong>do</strong> projeto60% <strong>do</strong>s usuários/beneficiários, forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong>opinião i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s para cada estu<strong>do</strong> conhecem osresulta<strong>do</strong>s após 06 meses <strong>do</strong> término <strong>do</strong> mesmo.Resulta<strong>do</strong>s incorpora<strong>do</strong>s aos componentes 2 e 3.Os bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s incorpora<strong>do</strong>s no SIG e EstatísticaPesqueira após a conclusão <strong>de</strong> cada estu<strong>do</strong>.No máximo até 05 meses após o término <strong>de</strong> cada estu<strong>do</strong>1.1 Estu<strong>do</strong>s1.2 Estratégias <strong>de</strong> disseminação1.3 Proposição <strong>de</strong> políticas publicasVerificar a elaboração <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong>políticas e a participação <strong>de</strong> diversosgrupos <strong>de</strong> interesse através <strong>de</strong>:Minutas <strong>de</strong> propostas (IN, Portarias,Decretos, Leis, Resoluções, etc);Protocolos <strong>de</strong> intenção,Relatórios <strong>de</strong> Workshops e <strong>de</strong> Progresso.Anualmente em agostoPesquisa <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> conhecimentosobre os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e<strong>de</strong>mandas geradas.Relatórios internos <strong>do</strong> ProjetoOutubro 2003 e 200424178


ProVárzea Impactos - Componente 2: Iniciativas promissoras: - Desenvolvere testar sistemas inova<strong>do</strong>res <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong>s recursos naturais da várzeaque sejam econômica, social e ambientalmente sustentáveisAtivida<strong>de</strong>s e verifica<strong>do</strong>resImpactos indiretos= impacto ao nível<strong>do</strong> projetoObjetivosespecíficos <strong>do</strong>componenteSistemas a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s contribuem para asustentabilida<strong>de</strong> ambiental, social eeconômica <strong>do</strong>s recursos.Comunida<strong>de</strong>s/Instituições a<strong>do</strong>tam sistemas<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e testa<strong>do</strong>s – 10%Marco Zero:Sistemas <strong>de</strong> manejo participativo localiza<strong>do</strong>s, em faseexperimental e sem sustentabilida<strong>de</strong> comprovadaDefinição <strong>do</strong> marco zero com base em matriz sobreas características institucionais das organizações.Até o final <strong>do</strong> 1º semestre/2003.Avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte através <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> casossobre os sistemas a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, consultan<strong>do</strong> os registros<strong>de</strong> intercâmbio <strong>do</strong>s sub<strong>projetos</strong> e os promovi<strong>do</strong>spelo ProVárzea – Inicio <strong>de</strong> 2005ImpactosdiretosGeração <strong>de</strong> impactos positivos nos sub<strong>projetos</strong>apoia<strong>do</strong>s pelo ProVárzea.Organizações <strong>de</strong> base apoiadas pelo ProVárzeafortalecidas institucionalmente (gestão <strong>de</strong> recursos,pessoal capacita<strong>do</strong>, planejamento, organização,li<strong>de</strong>ranças, etc).06 das novas comunida<strong>de</strong>s por ano a<strong>do</strong>tam ossistemas inova<strong>do</strong>res <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s.A partir <strong>de</strong> 2004- Elaborar com cada subprojeto um sistema <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> impacto – 2º semestre <strong>de</strong> 2003- Elaborar semestralmente relatórios <strong>de</strong> monitoramento<strong>do</strong>s sub<strong>projetos</strong> – FEV/AGO <strong>de</strong> cada ano –a partir <strong>de</strong> 2003- Incluir no seminário <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> experiências questões<strong>de</strong> fortalecimento institucional – novembro/2003/2004/2005. Relatório <strong>do</strong> seminário- Avaliação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sobre impactos atingi<strong>do</strong>s eprocessos <strong>de</strong> fortalecimento das organizações <strong>de</strong>base – Anualmente,final 2003 a 2005- Relatório <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gestão Participativa <strong>do</strong>Componente 1 – Final <strong>de</strong> 2003Uso <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>sResulta<strong>do</strong>s10 novas comunida<strong>de</strong>s/instituições por ano conhecemos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas inova<strong>do</strong>res<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s e testa<strong>do</strong>sApós 01 ano <strong>do</strong> inicio <strong>de</strong> cada subprojeto2.1 Processo <strong>de</strong> tramitação2.2 Novos mo<strong>de</strong>los alternativosContratação <strong>de</strong> consultoria in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para verificarse os sistemas inova<strong>do</strong>res foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s.Julho <strong>de</strong> 2004, julho <strong>de</strong> 2005Levantar os intercâmbios <strong>de</strong> informações, promovi<strong>do</strong>spelos sub<strong>projetos</strong>, registran<strong>do</strong> a dinâmica <strong>do</strong>número e tipo <strong>de</strong> participantes (relatórios semestrais,analise anual, Relatórios <strong>de</strong> Dias <strong>de</strong> Campo) –a partir <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2003Pesquisas sobre efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> informaçõesgeradas pelos sistemas <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s,através <strong>de</strong> consultoria in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Outubro2003, 2004 e 2005242


ProVárzea Impactos - Componente 3: <strong>Monitoramento</strong> e controle: Desenvolver,testar, implementar e disponibilizar sistema piloto integra<strong>do</strong>, participativoe <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> monitoramento e controle <strong>de</strong> uso <strong>do</strong>s recursosnaturais <strong>de</strong> várzeaImpactos indiretos= impacto ao nível<strong>do</strong> projetoObjetivosespecíficos <strong>do</strong>componenteProcesso <strong>de</strong> Co-Gestão (PCO) a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>spelos Órgãos Ambientais.Sistema <strong>de</strong> <strong>Monitoramento</strong>, e Controle(SMC) <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, testa<strong>do</strong> e a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelosórgãos ambientais e usuários - Até 2005.Ativida<strong>de</strong>s e verifica<strong>do</strong>resMarco Zero:- Gestão ineficiente por ser centraliza<strong>do</strong> e poucoparticipativo.- Sistema <strong>de</strong> informações tecnicamente <strong>de</strong>ficiente.Normas, procedimentos e diretrizes estabelecidaspelos órgãos ambientais que prevêem a co-gestão- 2005Solicitações <strong>de</strong> informações ao ProVárzeaPesquisa junto aos diversos usuários (OEMAs,IBAMA, prefeituras, ONG´s, etc) sobre a a<strong>do</strong>ção euso <strong>do</strong> SMC. - 200512Impactosdiretos- Redução <strong>de</strong> 50% das infrações ambientais nas áreaspiloto associadas aos planos <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong>s AAV eIBAMA.- Consolidação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> integrada interinstitucional <strong>de</strong>controle e fiscalização (convênios assina<strong>do</strong>s, disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> recursos humanos, financeiros e <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong><strong>Monitoramento</strong> e Controle (SMC) <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, testa<strong>do</strong>e a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelos órgãos ambientais e usuários - Até2005. infra-estrutura, procedimentos jurídicos estabeleci<strong>do</strong>s)e aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> ações fiscalizatóriasrealizadas.- Aumento da produtivida<strong>de</strong> pesqueira e/ou tamanhomédio <strong>do</strong>s peixes em 03 sistemas <strong>de</strong> lagos maneja<strong>do</strong>snas áreas piloto.- Realizar levantamento <strong>do</strong>s autos <strong>de</strong> infração e notificaçõeslavra<strong>do</strong>s pelo IBAMA e autos <strong>de</strong> constataçãolavra<strong>do</strong>s pelo AAV (relatórios <strong>de</strong> monitoramentoe Banco <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> AAV) – agosto/cada anoImplementar sistema <strong>de</strong> amostragens pelos comunitáriospara monitorar os acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesca nos lagosmaneja<strong>do</strong>s das regiões <strong>de</strong> Maicá, Ituqui, e LGCuruai, ao longo <strong>de</strong> um ano – iniciar em Abril/2003- Realizar levantamento <strong>do</strong> n° <strong>de</strong> ações fiscalizatóriase procedimentos técnicos, administrativos e jurídicorealiza<strong>do</strong>s e estabeleci<strong>do</strong>s pela unida<strong>de</strong> integradainterinstitucional (atas <strong>de</strong> reuniões, convênios,relatórios <strong>de</strong> ação fiscalizatória, etc) – agosto/cada ano3Uso <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s- As comunida<strong>de</strong>s das áreas piloto que participam <strong>do</strong>sConselhos Regionais e <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursos consi<strong>de</strong>ram o processo transparente,legítimo e 75% cumprem as regras estabelecidas(PCO).- Número crescente <strong>de</strong> normas e regulamentações <strong>de</strong>uso <strong>do</strong>s recursos naturais formuladas a partir das informaçõesgeradas pelo SIG e SEP, nas áreas piloto.- Realizar uma pesquisa sobre a transparência <strong>do</strong>sprocedimentos e cumprimentos <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s nasáreas piloto. – 2º semestre/2003 e 2º semestre/2005- Pesquisa junto às instituições para aferir o grau <strong>de</strong>uso das informações geradas pelo SIG e SEP naformulação <strong>de</strong> novas normas <strong>de</strong> regulamentações –(SEP/SIG). Agosto/20044Resulta<strong>do</strong>s- Mais <strong>de</strong> 50% das comunida<strong>de</strong>s das áreas piloto participam<strong>do</strong>s Conselhos Regionais e <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursos (PCO).- 50% das comunida<strong>de</strong>s das áreas piloto organizadas emestruturas formais conhecem as - geradas pelo SIG eSEP (SMC).- 10 instituições governamentais e não-governamentaisem diferentes níveis conhecem as informações geradaspelo SIG e SEP (SMC) por área piloto. 33.1 Sistema SIG3.2 Sistema Estatística Pesqueira (SEP)3.3. Sistema <strong>de</strong> Co-Gestão3.4 Normas, procedimentos e instrumentos <strong>de</strong> monitoramento e controle- Verificar a dinâmica <strong>do</strong> n° e tipo <strong>de</strong> participantesnos processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões (acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pesca, fóruns municipais, conselhos <strong>de</strong> pesca, grupos<strong>de</strong> trabalhos, relatório <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gestão Participativa,etc) nas áreas piloto – setembro cada ano- Pesquisa para avaliar o grau <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong>satores sobre as informações geradas – Outubro2004-20055678243


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