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<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 1
2 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
ÍNDICE<br />
NervoChaos<br />
Págs. 4, 5, 6, 7 e 8<br />
Lascia<br />
Págs. 9, 10 e 11<br />
Pop Javali<br />
Págs. 12 e 13<br />
Blackning<br />
Págs. 14 e 15<br />
Crom<br />
Pág. 16<br />
Cemitério<br />
Pág. 17<br />
God Seed<br />
Pág. 18<br />
King Fear<br />
Pág. 19<br />
Creptum<br />
Págs. 20 e 21<br />
Valhalla<br />
Págs. 22 e 23<br />
Metalhead<br />
Pág. 24<br />
Comportamento<br />
Págs. 26 e 27<br />
Terra Santa<br />
Págs. 28,29 e 30<br />
Agamenon Project<br />
Pág. 31<br />
Releases<br />
Págs. 32 e 33, 34<br />
e 35<br />
Acheron<br />
Págs. 36 e 37<br />
Fatal<br />
Págs. 38 e 39<br />
V8<br />
Pág. 40<br />
Palco Report<br />
Págs. 41, 42 e 43<br />
Santa Hates You<br />
Págs. 44 e 45<br />
EEditorial<br />
<strong>UNDERGROUND</strong><br />
com respeito e dedicação<br />
Apresentamos a vocês a Undergroud Rock Report #2.<br />
O primeiro número lançado no final de setembro de 2014<br />
obteve aceitação imediata do público, chegando a 9.500 visualizações<br />
de seu conteúdo em um curtíssimo espaço de tempo.<br />
Isso nos motivou e fomos atrás de novo material, para<br />
que o segundo número fosse um pouco mais abrangente.<br />
Agregamos colunistas, novas seções na revista e revisamos<br />
algumas particularidades da Underground Rock Report, buscando<br />
mais qualidade e facilitando o acesso a todos que se<br />
interessem pelo conteúdo que a revista traz.<br />
Assim como também colocamos as matérias principais e de<br />
destaque em nosso blog, facilitando ainda mais o acesso do<br />
CCapa<br />
Nervochaos, incinerando a arte da vingança<br />
Formado em Setembro de 1996, o NERVOCHAOS nasceu com a<br />
ideia de fazer um som nervoso e agressivo, sem se prender a rótulos<br />
pré-estipulados. Um mês depois é lançada a primeira demo-tape,<br />
auto-intitulada “NervoChaos”. A banda então dá início a sua 1ª turnê,<br />
percorrendo os quatro cantos do Brasil durante o ano de 1997 emeados<br />
de 1998. Partindo para o primeiro disco, a banda entra no Mr Som estúdios<br />
e grava o debut com a produção de Heros Trench (Korzus). “Pay<br />
Back Time”, que foi lançado pela Tumba Records em dezembro 1998<br />
a mistura feroz do grindcore inspirado em Napalm Death e o Thrash<br />
Metal ‘anos 80’ quebraram todos os preconceitos de como uma banda<br />
de Metal deve soar.<br />
Já o novo album, ‘The Art Of Vengeance’ também foi lançado no<br />
Brasil pela Cogumelo Records e no resto do mundo pela Greyhaze.<br />
“The Art of Vengeance” é o sexto trabalho de estúdio da banda que vive<br />
o mais expressivo momento, tanto em produtividade como em criatividade<br />
de toda sua carreira.<br />
leitor ao conteúdo editorial da revista.<br />
Neste número a capa vem como o Nervochaos, banda veterana<br />
do cenário Death Metal brasileiro e um dos representantes<br />
de peso de nosso país.<br />
Claro, estamos apenas no segundo número, orgulhosos dos<br />
elogios e determinados a sanar alguns pontos negativos que<br />
nos foram apontados. E claro, sempre enaltecendo o cenário<br />
do Rock brasileiro e internacional e ampliando os horizontes<br />
para levar ao leitor todas as manifestações culturais possíveis<br />
e dentro do aspecto editorial de nossa publicação.<br />
Este é apenas o segundo número! Apreciem a leitura!<br />
JP Carvalho<br />
Expediente<br />
Editor responsável: JP Carvalho - Redator Chefe: Leonardo Morais - Jornalista Responsável: Laryssa Martins MTb:<br />
52.455 Web Designer: Ygor Nogueira - Staff Editorial: Christiano K.O.D.A., Darlene Carvalho, Julie Sousa, Lary Durant,<br />
Marcos Garcia, Maurício Martins, Michele Dupont, Vitor Hugo Franceschini, Ygor Nogueira, Wagner Cyco.<br />
revista Underground Rock Report é uma publicação digital, de atualização permanente. O conteúdo editorial é produzido pela equipe de redação e as<br />
A imagens cedidas por representantes ou assessorias de imprensa. Todo o conteúdo é protegido pelas leis que regulamentam o Direito Autoral e a reprodução<br />
(de parte, ou completa) das matérias. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a postura ideológica<br />
da publicação. Envie sugestões, comentários e críticas para a revista: E-mail: rrraicttuff@yahoo.com.br ou para Rua Nilo Luis Mazzei, 66 - Vila Guilherme<br />
- São Paulo - SP - CEP: 02081-070.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 3
RRock Report<br />
Por Leonardo Moraes<br />
Formado em Setembro de<br />
1996, o Nervochaos nasceu<br />
com a ideia de fazer um som<br />
nervoso e agressivo, sem se<br />
prender a rótulos pré-estipulados.<br />
Um mês depois é lançada a<br />
primeira demo-tape, contendo<br />
quatro faixas, auto-intitulada<br />
“NervoChaos”. A banda então<br />
dá início a sua 1ª turnê (“Nervo<br />
Tour”), percorrendo os quatro<br />
cantos do Brasil durante o ano<br />
de 1997 emeados de 1998. Durante<br />
a turnê, o Nervochaos divide<br />
o palco com grandes bandas<br />
internacionais como DRI,<br />
Biohazard, Napalm Death,<br />
Kreator, Agnostic Front, além<br />
das diversas bandas nacionais<br />
de renome tais como Krisiun,<br />
Korzus, Dorsal Atlântica entre<br />
outras.<br />
Partindo para o primeiro disco,<br />
a banda entra no Mr Som<br />
estúdios e grava o debut com<br />
a produção de Heros Trench<br />
(Korzus). “Pay Back Time”,<br />
que foi lançado pela Tumba<br />
Records em dezembro 1998<br />
e foi um verdadeiro presente<br />
para os fãs da cena metálica.<br />
A mistura feroz do grindcore<br />
inspirado em Napalm Death e<br />
o Thrash Metal ‘anos 80’ quebraram<br />
todos os preconceitos<br />
de como uma banda de Metal<br />
deve soar. Assim que o disco<br />
foi lançado, caem na estrada<br />
para realizar a sua 2ª turnê, a<br />
“Pay Back Tour”, que se estende<br />
até o final do ano de 1999.<br />
Atingindo mais cidades brasileiras<br />
do que na turnê anterior;<br />
e chegando inclusive a tocar<br />
fora o país, na Bolívia.<br />
Uma legião de fãs começa a<br />
acompanhar o grupo que sempre<br />
manteve fortes laços com a<br />
cena underground. Durante esta<br />
turnê, o Nervochaos, mais uma<br />
vez, divide palco com nomes de<br />
expressão no cenário mundial,<br />
tais como Disgorge, Deeds Of<br />
Flesh, Vulcano e outras mais. O<br />
debute álbum “Pay Back Time”<br />
rendeu títulos como o de melhor<br />
álbum do ano pela crítica<br />
especializada, uma das melhores<br />
capas e umas das bandas<br />
favoritas do público.<br />
O próximo passo, no início<br />
de 2000, é o lançamento da segunda<br />
demo-tape “Disfigured<br />
Christ”. Novamente, assim que<br />
a demo-tape é lançada, a banda<br />
dá início a 3ª turnê brasileira a<br />
“Disfigured Tour” que começa<br />
em meados de 2000 e se estende<br />
até o final do ano de 2001.<br />
O novo trabalho mostra uma<br />
banda mais madura com uma<br />
sonoridade mais agressiva e<br />
ainda mais brutal. A temática<br />
da banda retrata desde a dura<br />
realidade do dia-a-dia até temas<br />
mais obscuros e satânicos.<br />
Durante esta terceira turnê,<br />
o Nervochaos divide o palco<br />
com bandas como Siegrid Ingrid,<br />
Rebaelliun, Funeratus, De<br />
Incinerando a arte<br />
da vingança<br />
Menos Crime e muitas mais.<br />
O ano 2002 marca uma nova<br />
etapa na história da banda.<br />
O Nervochaos assina com a<br />
Destroyer Records para o lançamento<br />
de seu 2º álbum “Legion<br />
of Spirits Infernal”. São<br />
14 faixas de um Death Metal<br />
direto, tradicional e agressivo;<br />
com letras ácidas e repletas de<br />
blasfêmias. Assim que o trabalho<br />
é lançado, a banda dá início<br />
a sua 4ª turnê brasileira, a “Infernal<br />
Legion Tour”. Apesar do<br />
pouco trabalho de divulgação e<br />
promoção da nova gravadora,<br />
o disco é extremamente bem<br />
recebido pela crítica e público,<br />
elevando a banda ao patamar<br />
de uma das principais bandas<br />
da cena metálica, no underground<br />
nacional.<br />
O Nervochaos sempre manteve<br />
fortes laços com a cena<br />
underground, nunca deixando<br />
de ser fiel às suas raízes e sem<br />
se deixar levar pelos modismos<br />
que assolam a cena. Durante a<br />
4ª turnê a banda divide o palco<br />
com artistas como Monstrosity,<br />
Torture Squad, Pandemia,<br />
TFD, Ocultan...<br />
“Necro Satanic Cult” é o<br />
nome da nova demo-tape da<br />
banda. Descontentes com o<br />
trabalho da Destroyer Records,<br />
a banda opta por voltar ao seu<br />
antigo selo, a Tumba Records.<br />
A 3ª demo-tape traz 4 faixas<br />
que mostram uma banda com<br />
um som ainda mais trabalhado,<br />
chegando próximo de atingir<br />
uma sonoridade própria, sem<br />
medo de inovar, mas ao mesmo<br />
tempo, sem deixar de transitar<br />
livremente entre o Death Metal,<br />
Thrash Metal, Grindcore e até o<br />
Black Metal. A temática deste<br />
trabalho é mais focada no Splatter<br />
Gore com um ‘feeling’ satânico.<br />
Apesar desta demo-tape<br />
ter sido lançada apenas no início<br />
de 2004, o Nervochaos dá<br />
início, em meados 2003, a sua<br />
5ª turnê “Necro Satanic Tour”,<br />
que se estende até o ano seguinte,<br />
tocando ao lado de bandas<br />
como Cannibal Corpse, Dismember,<br />
Iconoclasm e outras.<br />
A banda entra em estúdio,<br />
entre 2004/2005, para a gravação<br />
do seu mais novo trabalho.<br />
“Quarrel in Hell” foi gravado e<br />
mixado no 624 estúdios. O 3º<br />
álbum contém 10 novas faixas<br />
com participações especiais de<br />
John Mcentee (Incantation),<br />
Alex Camargo (Krisiun), Mark<br />
“Barney” Greenway (Napalm<br />
Death), Sanguine & Wrath<br />
(Averse Sefira) e Emperor Magnus<br />
Calígula (Dark Funeral).<br />
No final de 2006 a banda dá<br />
início a sua 6ª turnê, a “Age of<br />
Quarrel Tour” que se estende<br />
durante o ano de 2007. A banda<br />
assina com a Ibex Moon Records<br />
para o lançamento deste<br />
3º CD nos Estados Unidos,<br />
Canadá e México. O álbum foi<br />
lançado em Junho 2007 com<br />
nova arte gráfica, fotos e faixa<br />
4 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
multimídia de bônus.<br />
Em 2008, a banda parte para<br />
a sua 1ª turnê europeia “Quarrel<br />
Over Europe”, fazendo 24<br />
shows em 25 dias por 10 países.<br />
Assim que retornam ao Brasil,<br />
dão sequência a sua turnê brasileira,<br />
“Quarrel Over Brazil”.<br />
Durante essa turnê a banda divide<br />
o palco com Possessed,<br />
Carcass, Asesion, Mayhem,<br />
Sadistic Intent e muitas outras<br />
mais. Foi a maior e mais bem<br />
sucedida turnê da banda até o<br />
momento, atingindo a marca<br />
de 60 shows em 1 ano.<br />
Em 2009, a banda entra em<br />
estúdio para a gravação do seu<br />
mais novo CD “Battalions of<br />
Hate”, lançado em Março do<br />
ano de 2010. “Battalions of<br />
Hate” saiu em Digipack Luxo<br />
em formato de cruz invertida<br />
e o material foi aclamado pela<br />
mídia especializada, mantendo<br />
o nome do Nervochaos entre<br />
as maiores bandas do cenário<br />
nacional. Em Novembro a<br />
banda volta aos palcos com a<br />
sua mais nova turnê “Lords of<br />
Chaos Tour”, que rodou Brasil,<br />
América do Sul todo o ano de<br />
2009 e 2010. Em 2011 a banda<br />
partiu para sua segunda turnê<br />
Europeia, com 31 shows em 31<br />
dias, acompanhados pelo Ragnarok.<br />
A turnê rendeu o álbum<br />
ao vivo “Live Rituals”, que<br />
contou com 10 músicas gravadas<br />
durante a tour.<br />
A banda iniciou 2012 com<br />
uma extensa agenda de shows e<br />
também iniciou a pré produção<br />
do novo álbum. Intitulado “To<br />
the Death” o novo material foi<br />
lançado no Brasil pela renomada<br />
gravadora Cogumelo Records<br />
e nos Estados Unidos e Europa<br />
pela Grayhaze Records. O álbum<br />
foi extremamente bem recebido<br />
pela crítica especializada,<br />
levando o nome do Nervochaos<br />
a entrar em várias listas de melhores<br />
do ano. Considerado o<br />
melhor álbum da banda pelos<br />
críticos, To The Death foi eleito<br />
o lançamento de 2012.<br />
Em 2013 iniciou turnê que<br />
novamente passou por grande<br />
parte do mundo. Em paralelo<br />
foi sendo preparado o lançamento<br />
de “To The Death” em<br />
vinil, também pela Cogumelo<br />
Records, e um DVD, ainda não<br />
intitulado, ambos para lançamento<br />
ainda em 2013.<br />
Já o novo album, ‘The Art<br />
Of Vengeance’ também foi lançado<br />
no Brasil pela Cogumelo<br />
Records e no resto do mundo<br />
pela Greyhaze.<br />
O material foi gravado no<br />
Rio de Janeiro no estúdio HR.<br />
O novo álbum conta com a produção<br />
de Alex Azzali, italiano<br />
que também foi responsável<br />
pela produção do disco anterior<br />
da banda, ‘To the Death’<br />
As gravações também contaram<br />
com os engenheiros de<br />
som Felipe Eregion e Daniel<br />
Escobar.<br />
“The Art of Vengeance” é o<br />
sexto trabalho de estúdio da<br />
banda que vive o mais expressivo<br />
momento, tanto em produtividade<br />
como em criatividade de<br />
toda sua carreira, fazendo com<br />
que “The Art of Vengeance”<br />
não seja apenas um grande lançamento<br />
do NervoChaos, mas<br />
sim um marco no cenário Heavy<br />
Metal brasileiro. Confira a<br />
seguir nas palavras de Edu Lane<br />
, tudo o que tem acontecido ao<br />
NervoChaos ultimamente.<br />
Underground Rock Report:<br />
O novo álbum The Art<br />
Of Vengeance acaba de ser<br />
lançado e novamente tem<br />
sido tratado como um dos<br />
principais lançamentos do<br />
ano. Vocês esperavam por<br />
essa recepção?<br />
Edu Lane: Na verdade não.<br />
Quando compusemos o álbum<br />
não ficamos pensando nisso,<br />
alias, nunca pensamos nestas<br />
coisas em qualquer álbum que<br />
escrevemos. Focamos mais em<br />
fazer o que nos agrada musicalmente;<br />
também não nos preocupamos<br />
em fazer um estilo<br />
especifico, apenas buscamos a<br />
nossa sonoridade própria e permanecemos<br />
fies a nossa proposta<br />
inicial. Com o novo álbum,<br />
procuramos evoluir como banda,<br />
tanto na parte sonora, como<br />
lírica e ate na arte gráfica. A receptividade<br />
tem sido extremamente<br />
positiva e ficamos muito<br />
contentes e honrados com isso.<br />
Não sabíamos como as pessoas<br />
iriam reagir ao novo trabalho<br />
mas estamos muito satisfeitos<br />
com o novo CD.<br />
URR: É a segunda vez que<br />
vocês trabalham com o italiano<br />
Alex Azzali. A banda<br />
encontrou o produtor certo?<br />
Edu: Conhecemos o Alex na<br />
tour pela Europa que fizemos<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 5
junto com o Ragnarok (Nor)<br />
em 2011. Resolvemos mandar<br />
o “To The Death” para ele<br />
mixar e masterizar e gostamos<br />
do trabalho dele. No “The Art<br />
of Vengeance” chamamos ele<br />
para participar do processo<br />
todo, como produtor. Ele fez<br />
também a mixagem e masterizacao.<br />
Gostamos demais do<br />
trabalho todo, acho que a parceria<br />
ficou muito interessante.<br />
URR: Conte-nos um pouco<br />
sobre o DVD que acompanha<br />
o lançamento do CD.<br />
Edu: Fizemos o box-set com<br />
2 DVDs e acabou sobrando<br />
um monte de material. Resolvemos<br />
concluir o ciclo iniciado<br />
no box-set, em especial no<br />
segundo DVD, e fizemos a<br />
parte dois dele. Incluímos dois<br />
shows na integra para aqueles<br />
que sentiram falta de assistir<br />
apenas ao show e incluímos<br />
também alguns bônus. Assim<br />
como no box-set, nao ha ‘overdubs’<br />
ou correções de estúdio e<br />
a parte sonora foi extraída direto<br />
das câmeras, ou seja, não<br />
foi gravado através da mesa de<br />
som, dando uma ideia verdadeira<br />
de tudo. Queríamos fazer<br />
algo especial para a primeira<br />
prensagem deste novo trabalho<br />
e resolvemos incluir este DVD<br />
com bonus no CD.<br />
URR: Este ano o Nervo-<br />
Chaos excursionou mais uma<br />
vez pela Europa. Daria para<br />
traçar um paralelo entre as<br />
turnês europeias feitas pelo<br />
grupo?<br />
Edu: Ate o momento fizemos<br />
cinco turnês pela Europa.<br />
Todas foram especiais e importantes<br />
a sua maneira, mas esta<br />
ultima creio que foi a melhor<br />
de todas que já fizemos. Isto<br />
porque, aos poucos, estamos<br />
conseguindo estabelecer uma<br />
base solida de fãs, estamos<br />
trabalhando forte assim como<br />
estamos fazendo a anos no<br />
Brasil. Os shows começam a<br />
ter mais publico, aos poucos<br />
estamos conseguindo entrar na<br />
rota dos festivais, difundir e divulgar<br />
mais o nosso nome e o<br />
nosso trabalho, alem da venda<br />
de merchandise que tem evoluído<br />
muito bem também. Ha<br />
muito que ainda precisar ser<br />
feito e também que desejamos<br />
fazer mas acreditamos estar no<br />
caminho certo com esse formato<br />
de trabalho.<br />
URR: O NervoChaos está<br />
sempre na estrada tocando.<br />
Como é para conciliar a<br />
agenda pessoal e profissional<br />
com a da banda?<br />
Edu: Boa pergunta! As vezes<br />
nem eu sei como conseguimos,<br />
mas de uma maneira ou de outra<br />
temos sido bem sucedidos<br />
nisso. Não É uma tarefa fácil e<br />
demanda planejamento e dedicação.<br />
URR: Vivemos em uma<br />
época que cada vez menos<br />
bandas lançam álbuns em<br />
formato físico. Vocês já imaginaram<br />
o NervoChaos lançando<br />
discos apenas virtualmente?<br />
Qual a opinião sobre<br />
o formato?<br />
Edu: Já temos quase todos os<br />
nossos discos no mundo digital<br />
mas ainda queremos lançar CDs<br />
físicos. Acho interessante o formato<br />
digital mas sou adepto, e<br />
prefiro, o formato físico. Uso<br />
muito o digital para ouvir ou<br />
conhecer alguma banda, mas<br />
quando gosto, compro o físico.<br />
URR: Você considera que<br />
Art of Vengeance representa<br />
enfim uma estabilidade para<br />
a banda, no que diz respeito<br />
ao line up?<br />
Edu: Espero que sim. Estamos<br />
com o line-up estável já a<br />
quase cinco anos e isso ajuda<br />
bastante no ritmo de trabalho<br />
que conseguimos ter com a<br />
banda. Claro que também ajuda<br />
demais na hora de compor e<br />
assim espero que continuemos<br />
desta forma e sem surpresas.<br />
URR: Falando um pouco<br />
sobre o To the Death, esse álbum<br />
representou uma espécie<br />
de divisor de águas para<br />
a banda?<br />
Edu: Todos os discos são importantes<br />
para a banda, mas com<br />
o “To the Death” certamente iniciamos<br />
um novo capitulo. Foi<br />
nosso primeiro disco com a Cogumelo,<br />
foi a primeira vez que<br />
saímos de São Paulo para gravar,<br />
foi o primeiro disco com o Guiller<br />
nos vocais e também a primeira<br />
vez que trabalhamos com o Alex<br />
Azzali e com o Joe Petagono. O<br />
disco tem musicas muito fortes e<br />
continua sendo muito bem aceito/vendido.<br />
Este foi também o<br />
primeiro CD que tivemos lançado<br />
em formato de LP.<br />
URR: To the Death foi lançado<br />
em 2012, certo? Art of<br />
Vengeance em 2014, a tendência<br />
é que a banda solte<br />
um novo disco a cada 2 anos<br />
por questões contratuais? Ou<br />
nada haver?<br />
Edu: Na verdade, desde<br />
2010, intensificamos a freqüência<br />
de lançamentos da<br />
banda. Lançamos em 2010 o<br />
“Battalions of Hate”, em 2011<br />
o “Live Rituals”, em 2012 o<br />
“To The Death”, em 2013 o<br />
box-set “17 Years of Chaos” e<br />
6 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
agora em 2014 o “The Art of<br />
Vengeance”. Intensificamos<br />
também a freqüência de shows<br />
e acredito que estamos no caminho<br />
certo com essa estratégia.<br />
Se for pensar em termos de<br />
discos de estúdio com musicas<br />
inéditas, acredito que a cada<br />
dois anos seria o nosso objetivo,<br />
não tem nada a ver com<br />
questões contratuais.<br />
URR: Como está a parceria<br />
com a Cogumelo?<br />
Edu: Tem fluido muito bem.<br />
Estamos trabalhando forte com<br />
os lançamento que fizemos<br />
com eles e as vendas tem sido<br />
muito boas. Estamos totalmente<br />
satisfeitos em fazer parte do<br />
cast da Cogumelo e acredito<br />
que eles também estão satisfeitos<br />
conosco. Acredito que essa<br />
parceria deve durar e render<br />
excelentes frutos para ambos.<br />
URR: A versão que vocês<br />
fizeram para Lightless ficou<br />
fantástica,por que a escolha<br />
de um cover do Head Hunter<br />
DC, isso pode ser considerado<br />
uma tendência para os<br />
próximos álbuns do Nervo<br />
Chaos,sempre ter um cover<br />
de alguma banda?<br />
Edu: Fico contente que você<br />
gostou da versão que fizemos.<br />
Fomos convidados a participar<br />
do tributo ao Headhunter<br />
DC e estávamos para entrar em<br />
estúdio na ocasião. Gravamos<br />
a versão e gostamos tanto que<br />
resolvemos incluir no disco. Pedimos<br />
autorização ao pessoal da<br />
banda e acabou rolando. A gente<br />
acha muito importante homenagear<br />
as bandas que gostamos,<br />
mas em especial as bandas nacionais…<br />
Já fizemos versões<br />
para musica do Vulcano, Sepultura,<br />
Stomachal Corrosion e<br />
agora o Headhunter DC.<br />
URR: A capa de Art of Vengeance<br />
está bem estilo British<br />
Heavy Metal,mas o ouvinte<br />
ao deparar com o CD, verá<br />
que se trata de uma banda de<br />
Death Metal, foi proposital a<br />
escolha dessa capa?<br />
Edu: Sim, foi proposital e<br />
estamos muito satisfeitos com<br />
o trabalho feito pelo Marco Donida.<br />
Ele conseguiu captar exatamente<br />
o que queríamos para a<br />
capa e para o conceito do disco.<br />
Nunca nos prendemos a determinado<br />
estilo ou rotulo, sempre<br />
navegamos livremente entre<br />
as diversas vertentes da musica<br />
extrema e fazemos apenas<br />
aquilo que gostamos. Neste disco<br />
resolvemos fazer as coisas<br />
de forma diferente, buscando<br />
evoluir e crescer como banda,<br />
e acredito que fomos bem sucedidos.<br />
Sem esta capa o processo<br />
certamente estaria incompleto.<br />
URR: Quais as diferenças<br />
que você pontuaria entre To<br />
the Death e Art of Vengeance<br />
?<br />
Edu: Creio que no novo disco<br />
a gente conseguiu atingir a<br />
nossa sonoridade própria que<br />
tanto buscamos ao longo dos<br />
anos. Vejo o novo trabalho<br />
mais maduro, mais variado e<br />
de mais fácil assimilação ao<br />
ouvinte. Temos musicas mais<br />
pesadas, algo inédito ate então<br />
para a banda. Também temos<br />
musicas mais cadenciadas,<br />
mais Thrash Metal, algo de<br />
Black Metal, alguma coisa de<br />
Crossover e claro o bom e velho<br />
Death Metal também continua<br />
conosco. Conseguimos<br />
evoluir sem deixar de ser fiel a<br />
nossa proposta.<br />
URR: O CD Art of Vengeance<br />
contem a parte II do<br />
DVD Warriors On the Road,<br />
no qual a parte I está naquele<br />
DVD comemorativo de 17<br />
anos da banda. Esse material<br />
em DVD não coube na edição<br />
comemorativa por isso foi<br />
lançado junto com o CD? Em<br />
síntese,o material em vídeo do<br />
Nervo Chaos até To the Death<br />
se esgotou e agora entra uma<br />
nova fase para a banda?<br />
Edu: Exatamente, você<br />
conseguiu captar a ideia.<br />
Quando fizemos o box-set<br />
incluímos o primeiro ano da<br />
tour do “To The Death” e<br />
acabamos ficando com um<br />
extenso material, que não entrou<br />
no box-set, referente ao<br />
segundo ano desta tour. Queríamos<br />
fazer algo especial<br />
para a primeira edição deste<br />
novo CD e então resolvemos<br />
incluir este segundo ano de<br />
tour do “To The Death” como<br />
bonus DVD. Incluímos também<br />
no DVD alguns bônus<br />
como a gravação do novo<br />
CD, as participações nos tributos<br />
ao Headhunter DC e ao<br />
Stomachal Corrosion e ainda<br />
temos dois shows na integra<br />
pra galera que sentiu falta nos<br />
lançamentos anteriores.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 7
URR: Como foram as turnês<br />
do Nervo Chaos em 2014<br />
no Brasil e exterior, algum<br />
show em particular que você<br />
destacaria?<br />
Edu: 2014 foi o nosso melhor<br />
ano em termos de turnê<br />
pois conseguimos atingir a<br />
marca de 100 shows em um<br />
ano. Tivemos a oportunidade<br />
de fazer algumas turnês conjuntas<br />
com duas ou três bandas que<br />
também foram extremamente<br />
positivas para todos. Saímos<br />
em turnê no inicio do ano junto<br />
com o War-Head, Headhunter<br />
DC e Khorphus. Depois<br />
fizemos uma turnê junto com<br />
o Centurian e Warcursed pela<br />
Europa. Em seguida saímos<br />
em tour com o Funerus e Coldblood.<br />
Atualmente estamos<br />
em tour com o Amazarak e no<br />
fim do ano sairemos em turne<br />
junto com o Blood Red Throne.<br />
Tivemos shows memoráveis<br />
em diversos locais, dividimos o<br />
palco com diversas bandas excelentes,<br />
atingimos cidades/países<br />
que antes nunca havíamos<br />
tocado e o novo CD tem sido<br />
muito bem recebido.<br />
URR: Você tem sentido que<br />
o cenário para bandas nacionais<br />
está mudando, no sentido<br />
de maiores oportunidades<br />
podendo viver da música ou<br />
isso ainda é uma realidade<br />
muito distante?<br />
Edu: O cenário tem as suas<br />
dificuldades como em qualquer<br />
lugar do mundo mas<br />
acredito que as bandas que são<br />
estradeiras e que realmente<br />
batalham sentem e percebem<br />
que o cenário esta forte, ativo<br />
e crescendo. Não é tarefa fácil<br />
viver de musica, ainda mais<br />
no Brasil e dentro do estilo<br />
que optamos por tocar, mas<br />
não fazemos isso por dinheiro<br />
ou qualquer outra baboseira<br />
desta e sim por um idealismo e<br />
por um estilo de vida. A grana<br />
e conseguir viver da musica é<br />
conseqüência de muito trabalho<br />
e dedicação.<br />
URR: A pergunta que não<br />
quer calar: Todo mundo sabe<br />
que você esteve a frente da<br />
Tumba Records por anos,<br />
trazendo bandas excepcionais<br />
e shows memoráveis,<br />
existe alguma possibilidade<br />
de você reativar a Tumba<br />
ou retornar com algum outro<br />
projeto? Como você vê a<br />
demanda de shows no Brasil<br />
após o fim da Tumba?<br />
Edu: Claro que existe a possibilidade<br />
de eu reativar a Tumba<br />
ou mesmo voltar com outro projeto<br />
no futuro, mas no momento<br />
estou focado e totalmente dedicado<br />
a outras coisas. Foram 17<br />
anos de muitos shows, tours e<br />
onde aprendi demais e conheci<br />
muitas pessoas legais também.<br />
Chegou um momento que o ciclo<br />
foi concluído e eu precisava<br />
reconhecer isso e encerrar as<br />
atividades. Passaram-se alguns<br />
anos já e percebo que algumas<br />
coisas mudaram em termos de<br />
shows pelo Brasil, mas no geral<br />
o cenário continua forte, ha<br />
produtores decentes e que tem<br />
movimentado a cena de forma<br />
verdadeira e é claro, os aproveitadores<br />
sempre existiram e<br />
sempre irão existir. Cabe a gente<br />
saber quem verdadeiramente<br />
devemos apoiar ou apenas se<br />
contentar num conformismo<br />
idiota e ver toda a exploração<br />
que rola solta em nossa cena-<br />
….e todo mundo sabe quem é<br />
quem.<br />
URR: O que os fãs podem<br />
esperar da banda para o final<br />
deste ano e começo do ano<br />
que vem?<br />
Edu: Vamos seguir em tour<br />
ate o final deste ano e daremos<br />
sequencia no ano que vem inteiro<br />
a divulgação deste novo<br />
CD. Estamos trabalhando em<br />
diversos projetos simultaneamente<br />
mas para este ano esperando<br />
conseguir ainda lançar<br />
mais um vídeo clipe. Ano que<br />
vem queremos relançar os dois<br />
primeiros CDs da banda e alguns<br />
‘splits’ também.<br />
8 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
RRock Report<br />
Lascia: eu aprendo, eu me renovo, me reinvento<br />
Por: JP Carvalho<br />
Lascia é uma banda brasileira de Heavy Metal, formada na cidade de<br />
A São Paulo no final de 2012 pela vocalista Débora Nunes e pelo guitarrista<br />
Diego Franco, que possui como característica o híbrido de riffs pesados<br />
e letras sombrias e que aborda temas voltados para o terror e horror.<br />
Logo após criar duas músicas para a sua primeira Demo, “Falling” e “Getting<br />
Away”, a referida dupla, por volta do meio do ano de 2013, resolveu<br />
buscar integrantes e, após divulgar o single “Nightmare”, em outubro do<br />
mesmo ano, conseguiu uma formação estável, seguindo com o projeto de<br />
criar um EP que levaria o mesmo nome do single.<br />
Em agosto de 2014, o EP “Nightmare”, que contém quatro faixas, foi disponibilizado<br />
para download gratuito no perfil da banda, no site Palco MP3.<br />
Ainda em 2014, a Lascia está em pleno processo de composição do seu<br />
debut álbum. O material tem previsão de lançamento para o primeiro semestre<br />
de 2015, através da MS Metal Records, que resolveu apostar todas<br />
as suas fichas nesta nova revelação da música pesada brasileira, garantindo<br />
a distribuição do material nas principais lojas especializadas e MegaStores<br />
do Brasil através da Voice Music.<br />
Débora Nunes tem clareza imensa de ideias e posições muito claras a<br />
respeito do que quer para sua banda e sua música, ela nos brindou com uma<br />
conversa franca e muito proveitosa. Confiram!<br />
Underground Rock Report: Olá Débora, obrigado pelo seu tempo<br />
e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e<br />
suas atividades.<br />
Débora Nunes: Obrigada, é um imenso prazer participar dessa conversa.<br />
É sempre um pouco complicado falar de nós mesmos (risos), vamos lá!<br />
Sou bastante determinada, gosto de correr atrás de tudo o que idealizo,<br />
sou bastante focada, criativa, um pouco pilhada até, amo música, amo cantar<br />
e amo filmes de terror.<br />
Eu sou bacharel em comunicação social e artes, rádio e televisão, trabalho<br />
também com produção de TV e atuo como vocalista da banda Lascia.<br />
A arte e a música sempre me atraíram, com 14 anos consegui realizar o<br />
sonho de estudar música, violão, teclado, e então parti para aulas de canto,<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 9
URR: Como foi para você começar a cantar e por que a preferência<br />
pelo Heavy Metal?<br />
Débora: Eu sempre admirei a arte de cantar, mas nunca havia me arriscado.Começar<br />
a cantar foi um achado dentro de mim, antes de conhecer o<br />
rock, o metal, eu achava que apenas pessoas com vozes estabelecidas pelo<br />
que tocava na mídia popular eram as certas para cantar, eu não tinha noção<br />
da amplitude do negócio.<br />
Em casa o som pesado não fazia parte da seleção de músicas, porém<br />
havia muito material de músicas internacionais, LPS de novelas, que quase<br />
sempre tinha uma balada de banda de Rock. Eu me identificava com aquelas<br />
músicas, o som parecia fazer parte de mim, até que percebi que era confortável<br />
cantá-las, comecei a comprar CDs, revistas, e queria cantar aquelas<br />
músicas com técnica para conseguir fazer o que eu não conseguia sozinha.<br />
Quanto ao estilo, fui atrás de cada banda com a qual me identificava, seja<br />
pelo som, pela voz, pela letra ou ideologia. Primeiro nas bandas de Hard<br />
Rock, e aí foi só um pequeno passo para o Heavy Metal.<br />
Meu maior desejo era estudar canto para conseguir cantar tudo que parecia<br />
difícil, minhas músicas preferidas e fazê-lo bem feito. A preferência<br />
pelo Heavy Metal é porque é um som que mexe comigo de diversas formas,<br />
eu me encontro nele, eu aprendo, eu me renovo, me reinvento.<br />
no decorrer dos anos fiz aulas de coral, canto popular, técnica vocal, por<br />
sete anos, e canto lírico. Logo montei minha primeira banda e passei a tocar<br />
em diversas bandas covers, até me encontrar definitivamente na Lascia.<br />
URR: E porque você optou por comunicação social?<br />
Débora: Por incrível que pareça foi aos 45 do segundo tempo, eu estava<br />
pronta para seguir carreira em ciência da computação, quando me ocorreu<br />
que eu queria algo mais dinâmico, e aí o curso de comunicação tinha muito<br />
a me oferecer, incluindo como lhe dar com as pessoas de forma geral. Em<br />
especial, rádio e televisão era um conjunto de tudo que eu admirava e tinha<br />
curiosidade em aprender e saber como funcionava, além de, na parte técnica,<br />
oferecer muito conhecimento, isso ia fornecer os pilares essenciais para<br />
desenvolver qualquer trabalho artístico com qualidade e objetivo.<br />
URR: Dentro desses trabalhos artísticos, fora a banda, você tem planos<br />
para esta área?<br />
Débora: Eu trabalho com isso atualmente, mas tenho muito que aprender<br />
ainda, tenho planos para trabalhar com edição, mas isso vai depender<br />
de muita coisa.<br />
URR: Você acha que todas as pessoas devem perseguir os seus sonhos,<br />
independente da aparente distância que eles parecem ter?<br />
Débora: Com certeza, acho que devemos ser persistentes, pois nunca<br />
sabemos o quão distantes ou não nossos objetivos estão, tudo pode acontecer,<br />
claro que as coisas não acontecem como mágica ,mas muito depende<br />
da nossa vontade e determinação.<br />
URR: Como é ser uma mulher em uma banda de homens?<br />
Débora: É divertido! A parte da organização e os comunicados ficam<br />
por minha conta, dou opinião nos looks para sessão de fotos. É uma honra,<br />
me sinto lisonjeada, é gratificante, sempre me dei melhor com amizades do<br />
sexo masculino, no caso da banda, um deles é meu namorado e os demais<br />
são verdadeiros irmãos, amigos, pessoas maravilhosas e de muita confiança<br />
que tive a sorte de encontrar e dividir o palco e as ideias.<br />
URR: Fale sobre a Lascia.<br />
Débora: Adoro essa parte (risos), a Lascia marcou uma nova era para<br />
mim, foi quando resolvemos deixar de vez de fazer cover e pegar pesado<br />
com o som próprio. No início ainda estávamos um pouco em dúvida com<br />
relação ao estilo, quem ouviu as demos sabe que era algo bem mais alternativo,<br />
com sampler e voz mais limpa, mas está no sangue (risos). Som pesado<br />
e vocal rasgado era a preferência, e não demorou muito para encontrar<br />
10 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
o estilo ideal para a banda, logo associamos a temática das letras, a paixão<br />
pelos filmes de terror, e as fórmulas da Lascia começaram a ganhar consistência.<br />
Demorou um pouco para encontrarmos as pessoas certas, com<br />
as ideias certas, dispostas a um trabalho sério praticamente começando do<br />
zero, não foi fácil, mas como costumo dizer, valeu a pena esperar, e agradeço<br />
a cada não de outros integrantes, porque esse time é exatamente o que<br />
eu buscava desde o inicio. É um time de peso, que faz a banda ser o que<br />
é. O Diego sempre opta por riffs marcados e de peso, o Humberto é muito<br />
criativo nas linhas de bateria, o Allan sempre percebe os detalhes, cria dedilhados<br />
lindos e melódicos, o Denis sempre acrescenta peso e cria ótimas<br />
linhas para baixo. Acho que a Lascia tem muita sorte, embora haja muito a<br />
ser feito, vamos crescer muito juntos, sempre aprendo com cada um.<br />
URR: Vocês lançaram agora o EP “Nightmare”, como vem sendo a<br />
aceitação do material?<br />
Débora: Sim, acabamos de lançar o “Nightmare” e é uma grande realização<br />
para todos nós, estamos muito felizes com esse momento, e por<br />
outro lado temos muito trabalho com nosso futuro álbum que está em fase<br />
de composição. A aceitação tem sido bastante adequada, recebemos críticas<br />
muito positivas, tivemos um retorno bem bacana principalmente por se tratar<br />
de uma banda relativamente nova no cenário, muitos estão descobrindo<br />
a Lascia agora, através desse lançamento, é bem legal ver pessoas desconhecidas,<br />
e até mesmo de outros países, nos parabenizando pelo trabalho,<br />
por enquanto estamos divulgando a versão on-line do material, mas vamos<br />
fazer as cópias físicas também.<br />
URR: Apesar de intimamente ligado ao estilo, poucas bandas hoje em<br />
dia abordam temas de terror. Por que vocês seguiram por este caminho?<br />
Débora: Bem, o macabro tem lá seu charme (risos), além de gostarmos<br />
muito de filmes do gênero, seria a deixa perfeita para nossas letras , não<br />
queríamos trabalhar com temas pessoais apenas, queríamos algo abrangente,<br />
e esse tema tem muito a nos oferecer, além de que podemos dizer muito<br />
nas entrelinhas, é uma inspiração para a parte sonora também, as composições<br />
ganham um “Q” a mais baseadas nisso , o clima de mistério é bem<br />
atrativo e nos dá uma ampla visão para performances e para a construção<br />
do show, o peso do som colabora para deixar tudo extremamente favorável.<br />
URR: E como é o desenvolvimento da parte lírica?<br />
Débora: É preciso inspiração mesmo tendo um tema pré-estabelecido,<br />
dependendo do personagem, tento captar o melhor, a essência, e tento ao<br />
máximo expressar com palavras o tipo de sentimento do personagem ou<br />
da cena em questão, dor, agonia, adrenalina. Tento viver aquilo por alguns<br />
instantes para retratar da melhor forma. Não é apenas contar uma história,<br />
é preciso senti-la.<br />
Já trabalho isso em cima das bases da música, quando percebo, a melodia<br />
também está criada.<br />
URR: Então você se vale da literatura para criar suas letras? O que<br />
você pensa da literatura de terror brasileira?<br />
Débora: Atualmente estamos mais voltados para filmes norte americanos,<br />
alguns clássicos, outros não, mas a literatura está presente o tempo<br />
todo, até porque boa parte dos bons filmes vem de bons livros e, em alguns<br />
casos, até quadrinhos, como é o caso do Corvo. Quanto à literatura de terror<br />
nacional, eu considero bastante atrativa, creio que dariam bons filmes<br />
também, temos ótimos autores aqui, que<br />
não devem nada para os grandes mestres<br />
do horror estrangeiros, em quem provavelmente<br />
se inspiraram.<br />
URR: Como vem sendo os shows da<br />
Lascia? Você acha que o público prestigia<br />
e dá força para os eventos de bandas<br />
nacionais?<br />
Débora: Então, a Lascia vai começar<br />
os shows agora, nós preferimos finalizar<br />
o EP antes de qualquer coisa, e por isso<br />
nos privamos dos shows durante o período<br />
de composições e gravações, agora<br />
vamos descobrir de fato.<br />
Quanto ao apoio do público, infelizmente<br />
muitos ainda preferem ir a shows de bandas covers, porém muitos<br />
não frequentam shows de bandas autorais pelo fato de não conhecê-las, por<br />
outro lado, os que frequentam são bastante fiéis.<br />
URR: Na sua visão, qual seria a fórmula mágica para mudar essa<br />
realidade?<br />
Débora: É complicado, acho que não existe uma formula mágica, talvez<br />
mais eventos voltados para bandas autorais, mais mídias, talvez a partir do<br />
momento em que as bandas autorais tiverem mais espaço, o público vai<br />
crescer, o público não pode apoiar ou gostar de algo que não conhece, que<br />
não os atinge. Precisamos atingir essas pessoas, por outro lado falta um<br />
pouco de interesse do público, pois quem procurar bandas autorais de som<br />
pesado, com certeza vai encontrar diversas, muito boas, creio que por parte<br />
das bandas todos fazem o possível, mas precisamos de mais apoio.<br />
URR: Mas a mídia especializada está aí, nos mais diversos formatos<br />
e segmentos. Não será por que o brasileiro tem o péssimo hábito de<br />
se colocar em segundo lugar, e com isso não valorizar sua cena e suas<br />
bandas por achar que têm menor qualidade?<br />
Débora: Essa é uma boa questão, eu também sou muito fã de bandas<br />
internacionais, as minhas maiores influencias são internacionais. É verdade,<br />
a mídia especializada esta aí, mas no país do samba, sertanejo, pagode<br />
e funk, ainda temos pouco espaço, na cultura brasileira tem pouquíssimo<br />
espaço para o rock. A cena cresce a cada dia, mas não dá para dizer que somos<br />
maioria, não acho que o brasileiro se coloca em segundo lugar por ser<br />
fã ou valorizar bandas de fora, aqui existem ótimas bandas, e se forem de<br />
qualidade e tiverem o espaço merecido, vamos gostar e apoiá-las da mesma<br />
forma. Existem bandas com qualidade e sem qualidade em qualquer lugar,<br />
se uma banda é realmente boa e tem os elementos certos, ela vai aparecer<br />
no cenário mais cedo ou mais tarde, ela pode não ficar super famosa, mas<br />
terá seu trabalho destacado onde for. Não posso julgar ninguém por ser fã<br />
de grandes nomes do metal internacional, mas acredito que com um bom<br />
trabalho temos reconhecimento em qualquer lugar do mundo.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Débora: Meus planos para o futuro têm tudo a ver com a Lascia, muitos<br />
shows, muitos álbuns e o que de melhor possa vir a nós.<br />
URR: Resuma Débora Nunes em uma frase ou palavra.<br />
Débora: Essa é difícil, vou tentar: Determinação!<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo<br />
bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Débora: Eu que agradeço o tempo e espaço cedidos, foi um grande prazer<br />
poder falar um pouco de mim, e em especial da Lascia, esse momento<br />
está sendo muito bom para a banda.<br />
Bem, a mensagem que eu deixo é: Corram atrás de seus objetivos, e<br />
ouçam nosso primeiro EP, que acabou de ser lançado.<br />
Obrigada a toda equipe da Underground Rock Report, muito sucesso a<br />
vocês.<br />
Não poderia deixar de citar nosso slogan:<br />
Stay Awake, Stay Alive.<br />
Obrigada JP, foi um prazer.<br />
URR: Qual a sua opinião sobre o cenário<br />
da música pesada brasileira?<br />
Débora: O cenário da música pesada<br />
brasileira tem bandas muito boas, mas<br />
uma grande parte delas com pouquíssima<br />
divulgação, infelizmente existe pouco espaço,<br />
espero que esse cenário cresça cada<br />
vez mais e conquiste o espaço merecido.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11
RRock Report<br />
Jogando as Cartas da Incerteza<br />
com muito Hard Rock<br />
Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
nome do Power Trio Pop Javali , vindo de Americana (SP), se torna mais e mais<br />
O uma certeza na cena brasileira, fruto de muitos anos de lutas e esforços e de dois<br />
discos fortes, onde a mistura do Hard Rock limpo e pesado com elementos de Rock<br />
Progressivo e Rock setentista anda angariando fãs e mais fãs, ainda mais tendo em<br />
seu currículo shows como “Opening Act” de bandas como Deep Purple, Uriah Heep,<br />
Ugly Kid Joe, além de dividirem palco com nomes como André Matos e Nando Reis.<br />
Mas sua música pode ser conferida em seus dois trabalhos, o “No Reason to Be<br />
Lonely” e o mais recente, o ótimo “The Game of Fate”.<br />
Aproveitando o bom momento, fomos bater um papo com Marcelo Frizzo, baixista<br />
e vocalista do trio, e conhecer um pouco mais da história, planos, conquistas e<br />
metas do Pop Javali.<br />
Underground Rock Report: Primeiramente, permita-me agradecer pela oportunidade<br />
de entrevistar você, e vamos começar com a mais clichê das perguntas:<br />
como foi que surgiu a idéia de forma o Pop Javali, ainda no início dos anos 90?<br />
E como o estilo musical de vocês foi se formando? E um fato que sempre me chamou<br />
a atenção é que vocês são de Americana, uma cidade com história no Metal<br />
nacional (Nota: foi em Americana que o Vulcano gravou o famoso “Live”, disco<br />
que lançou a banda para o sucesso no underground brasileiro), e por falar nisso,<br />
a distância até a cidade de São Paulo não chega a ser um inconveniente?<br />
Marcelo Frizzo: Eu que agradeço e destaco que é uma honra falar contigo!<br />
Eu, o Loks e o Jaéder já nos conhecíamos, pois todos tocavam na mesma cidade,<br />
somos “nativos”. Como havia um respeito mútuo entre os músicos e uma vontade<br />
comum de fazer um som autoral, decidimos juntar as forças, em princípio por hobby.<br />
Mas logo de cara deu pra perceber que não daria pra ficar só na brincadeira,<br />
pois desde o início sentimos uma energia bem positiva, uma química muito acima<br />
da média, não só pela musicalidade dos integrantes, mas principalmente por uma<br />
amizade que é sincera e sólida até hoje. Começamos, ali, uma “família”. A música<br />
foi uma conseqüência.<br />
Hard Rock com pitadas de Progressivo: era isso o que a gente queria logo de cara,<br />
e continuamos fazendo até hoje. Nos mantemos fiéis à proposta por mais de 20 anos,<br />
e isso nos alegra e nos realiza.<br />
Levamos 1 (uma) hora e 15 minutos pra ir até a capital, isso não atrapalha em<br />
nada. É mais rápido do que atravessar a marginal de uma ponta a outra (risos).<br />
URR: A mais comum de todas as perguntas: o nome Pop Javali é bem incomum,<br />
então, de onde ele surgiu? Existe uma idéia principal, ou motivação para ele?<br />
MF: Sim. A idéia principal é que a banda precisava ter um nome (risos)... e as<br />
primeiras sugestões foram terríveis...<br />
Então decidimos que seria assim: escrevemos várias palavras aleatoriamente em<br />
pedacinhos de papel e colocamos tudo pra sorteio. Ficou decidido que seriam duas<br />
palavras... e teríamos que aceitá-las sem questionar... Saíram “Javali” e “Pop”. E<br />
é assim até hoje. Nós gostamos muito! Por fim, não queríamos um nome em inglês,<br />
mas em português pra destacar que a banda é brasileira.<br />
12 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
A motivação você mesmo destacou na sua pergunta: É bem incomum, e isso é<br />
ótimo! Não tem chance de se achar dois iguais no Google (risos).<br />
URR: Uma coisa um pouco incomum é que levaram quase 20 anos para gravarem<br />
seu primeiro disco, “No Reason to be Lonely”. Qual, ou quais, seriam os<br />
fatores que influenciaram nessa demora?<br />
MF: Falta de grana, em primeiro lugar (risos). Isso é mais do que comum nesse meio...<br />
Mas também tivemos outros projetos musicais e pessoais ao longo dos anos o que<br />
acabou por atrasar o primeiro CD.<br />
E isso foi excelente! Tínhamos mais de 50 composições em 20 anos de carreira.<br />
Em 2007 fizemos um EP Demo, com 6 músicas. Colocamos na internet e chamou a<br />
atenção da Oversonic Music, gravadora que decidiu lançar o “No Reason...”.<br />
Então escolhemos as 10 músicas que achávamos as melhores.<br />
O resultado foi ótimo, ficamos bastante satisfeitos.<br />
URR: E por falar em “No Reason to be Lonely”, como foi a repercussão do<br />
álbum? Chegou a ser o que esperavam?<br />
Superou as expectativas em termos de repercussão de mídia, crítica e público.<br />
Éramos totalmente desconhecidos, mais uma banda do interior disputando o concorrido<br />
espaço underground. Com “No Reason...”, tivemos projeção com clipe na<br />
MTV, VH1, pintaram shows de grande porte, e a imprensa especializada se manifestou<br />
de forma muito favorável. O disco rendeu muitos elogios.<br />
URR: Bem, vocês abriram shows de bandas bem famosas para promover o “No<br />
Reason to be Lonely”, como o Ugly Kid Joe e o Deep Purple. Como foi fazer esses<br />
shows? E imagino que o coração bateu mais forte quando estiveram perto do Purple,<br />
pois de certa forma, é uma referência sonora para muitas bandas como o Pop Javali...<br />
MF: “Opening acts” são eventos poderosos em termos de projetar o nome da<br />
banda. Nesses eventos há uma grande concentração de público e quase a totalidade<br />
ainda não conhece a ‘banda de abertura’. Então é algo que funciona muito bem pra<br />
divulgar o trabalho.<br />
Tocar com o “Purple”, no mesmo palco, passar o dia todo com os caras nos camarins<br />
foi um sonho. Cresci ouvindo os caras, sempre foram meus ídolos! Foi um<br />
evento daqueles em que a ficha demora pra cair (risos).<br />
E os caras o “UKJ” esbanjaram simpatia conosco. Muito gente boa!<br />
Experiências únicas!<br />
URR: Falando de “The Game of Fate”, qual foi o conceito por trás do nome? E quais<br />
seriam as maiores diferenças entre ele e “No Reason to be Lonely” em sua visão?<br />
MF: “The Game of Fate” mostra o amadurecimento da banda.<br />
Evidentemente que não somos mais “jovens rebeldes”, mas senhores que sabem<br />
o que querem em termos de música. O tempo é – realmente – senhor da razão, a<br />
despeito do chavão (risos). O fato é que nós queremos deixar uma mensagem, além<br />
do entretenimento natural que a música promove.<br />
Neste sentido, queremos compartilhar um sentimento de que você faz o seu des-
famílias andam tendo com suas crianças e jovens. E como falamos em Rock’n’Roll,<br />
lidamos muito com a rebeldia. Como vocês, que são um pouco mais experientes, lidam<br />
com isso? Mesmo porque acho que alguns de vocês já devem ser pais...<br />
MF: Tenho dois filhos, o Jaéder tem 2 filhos e 1 neto, o Loks tem 3 filhos e 3 netos<br />
(risos)! Sim, somos experiente!!! (risos)<br />
Nós temos consciência de nossa responsabilidade enquanto “entertainers”, por<br />
isso nos esforçamos por resgatar os bons momentos do Rock e suas vertentes na<br />
intenção de deixar um legado pra gerações futuras.<br />
Vejo bandas com jovens de 25 anos hoje em dia que fazem uma música de gosto<br />
muito questionável... e ainda se arriscam a rotular como “rock”... Mas não é culpa<br />
deles. Pare pra pensar: que música eles ouviam há uns vinte anos, quando estavam<br />
formando seus primeiros conceitos e tendo seus primeiros contatos com a música?<br />
Eu creio muito na geração dos adolescentes de hoje! Eles foram “salvos”, por volta<br />
do ano 2000, pelo vídeo game, o “Guitar Hero” que ensinou o que é rock pra eles<br />
enquanto ainda eram crianças! Surgirão bons músicos daqui há alguns anos fazendo<br />
muito rock do jeito que deve ser feito!<br />
tino; não pode culpar os outros quando algo dá errado, nem mesmo ficar esperando<br />
por eles pra que algo dê certo. Está tudo em você mesmo. Esse é o segredo do jogo!<br />
URR: Em “The Game of Fate”, vocês trabalharam no estúdio Sonata 84, e<br />
trabalharam com dois produtores de peso, os irmãos Ivan e Andria Busic do Dr.<br />
Sin. Como foi trabalhar com essa dupla? E digamos de passagem: o trabalho deles<br />
na produção, mixagem e masterização foi fantástico! E invejo vocês, que já os<br />
encontraram, enquanto eu ainda não (risos).<br />
MF: Nunca escondemos que temos uma forte influência do Dr Sin. E os caras são<br />
nossos amigos pessoais. Isso facilitou demais o entrosamento entre as partes.<br />
O trabalho primoroso deles deu o requinte ao CD do jeito que esperávamos. Trabalhar<br />
com os Busic, além de ser uma honra, é agradável demais. A gente deu risada<br />
juntos o tempo todo!<br />
URR: Ao ouvirmos as músicas de “The Game of Fate”, fica evidente que vocês<br />
se esforçaram bastante em termos de composição, mas ao mesmo tempo, a diferença<br />
de tempo entre ele e “No Reason to be Lonely” é de dois anos. Como foi o<br />
processo de composição das 11 faixas? E por um acaso existem aquelas famosas<br />
“guardadas” que vão estar em um futuro EP ou coletânea?<br />
MF: “No Reason...” trazia composições feitas entre 1992 e 2011. “The Game...”<br />
traz 11 compostas entre 2012 e 2013. Foram peças feitas “sob medida” para este CD.<br />
Felizmente, temos uma boa facilidade de processo criativo e grande entrosamento<br />
na hora de compor.<br />
Já temos material para o próximo CD (essa notícia é um “furo”, em primeira mão<br />
pra você). E temos muita música “antiga” que (quem sabe) podem ser aproveitadas.<br />
URR: Um aspecto que chama bastante a atenção é que as letras parecem ser<br />
um ponto de preocupação de vocês, pois “The Game of Fate”, “Healing no More”,<br />
“Free Men”, e mesmo “A Friend that I’ve Lost” mostram uma necessidade de<br />
expressar idéias, não apenas de dar uma estrutura vocal. Isso é fato? E de onde<br />
vem as inspirações para as letras?<br />
MF: É fato. Como eu disse, temos interesse total em passar uma mensagem.<br />
Por isso escolhemos o idioma inglês (apesar do nome da banda ser em português),<br />
por ser o “primeiro idioma” e universalmente falado.<br />
A inspiração vem das “coisas da vida”. Nada complexo, filosófico. Mas que tenha<br />
otimismo, positivismo.<br />
URR: Voltando a falar de música: vocês, este ano, foram “opening act” para o<br />
URIAH HEEP em São Paulo. Inclusive, o Rock Expresss elogiou bastante o show<br />
de vocês. Quais as melhores lembranças do show? Acreditam que ganharam mais<br />
alguns fãs nele?<br />
MF: Sem dúvida a melhor parte dos “openings” é a divulgação pra um público<br />
que, em sua maioria, ainda não conhece seu trabalho. Podemos medir as reações com<br />
os comentários, elogios e pelos novos amigos que fazemos nas redes sociais. Isso é<br />
muito gratificante!<br />
URR: E por falar em shows, a quantas andam os shows de vocês? Já existem<br />
propostas e planos para saírem de SP e irem a outros estados? Espero futuramente<br />
vê-los aqui no RJ!<br />
MF: A “copa do mundo” atrapalhou muito. Agora estamos retomando com tudo.<br />
Paraná, Minas e Rio estão no roteiro. Em breve teremos a divulgação das datas!<br />
URR: Ainda é cedo, mas a quantas anda a repercussão e vendas de “The Game<br />
of Fate”? E já existem planos para um sucessor dele?<br />
MF: Sites e revistas especializados tem elogiado muito o álbum. Os fãs também<br />
gostaram demais e até aqueles que já acompanham a banda há 20 anos se surpreenderam<br />
com o trabalho. Tem sido muito bom!<br />
Nossos planos são, principalmente, termos saúde física, mental e espiritual pra<br />
mais 22 anos de Rock (risos) e neste tempo todo fazer vários novos álbuns com a<br />
mesma disposição!<br />
URR: Bem, é isso. Agradeço demais pela paciência, e o espaço é de vocês para<br />
sua mensagem final.<br />
MF: Galera, bom humor é sinal de inteligência! Portanto, seja inteligente e bem<br />
humorado o tempo todo!<br />
Mantenha o astral lá em cima e – pode acreditar – o Rock’n’Roll é uma das<br />
melhores fórmulas pra isso! Big Daddy, sabes que tens nosso respeito e admiração!<br />
Muitíssimo obrigado pelo espaço! Saúde!<br />
Stay close to Us:<br />
Pop Javali na WEB:<br />
www.facebook.com/popjavali<br />
https://www.youtube.com/channel/UCdEge5MUAdo-gIo5k-iczRA<br />
http://popjavali.com.br/site<br />
Entrevista concedida e originalmente publicada no site<br />
Metal Samsara - http://metalsamsara.blogspot.com/<br />
URR: A pergunta pode parecer meio alienígena, mas o tema corrido dos famosos<br />
downloads ilegais chega a afetar vocês de alguma forma? O espaço é de vocês.<br />
MF: O artista (pelo menos o de pequeno e médio porte) não vive mais de venda<br />
de discos, isso é sabido.<br />
De certa forma, os ‘downloads’ funcionam como um propulsor de divulgação do<br />
trabalho. Se o público gosta da banda, vai acabar indo ao show, que é onde o artista<br />
consegue “ganhar seu pão”.<br />
Mas nada substitui a cópia física do trabalho em mãos, poder ver o encarte, com<br />
fotos, letras, ficha técnica... sem contar que a sonoridade do CD é muito melhor e<br />
mais fiel ao que foi gravado no estúdio do que qualquer download.<br />
Infelizmente, pouca gente atualmente valoriza a arte musical com essa visão. A<br />
“virtualidade das coisas” é uma característica contemporânea e me parece – pelo<br />
menos hoje – algo de difícil reversibilidade...<br />
URR: Vocês soltaram há um tempo o vídeo de divulgação de “Healing no More”,<br />
uma das melhores faixas do CD (por favor, sem desmerecer as outra, longe disso). Como<br />
foi a escolha justamente dela para vídeo promocional? E como foi o alcance dela?<br />
MF: “Healing no More” foi a primeira música que disponibilizamos pra audição<br />
na internet, bem antes do lançamento do CD. E obteve um êxito surpreendente.<br />
Quando começamos a fazer os primeiros shows de lançamento observamos que já<br />
tinha gente cantando o refrão junto. Nosso amigo e produtor Luciano Piantonni também<br />
teve participação decisiva na escolha, sugerindo-a para o clipe.<br />
Ela tem um potencial radiofônico, bem “oitentista”. Nos dias atuais em que os<br />
veículos de massa insistem em perder - e fazer perder - a referência musical, um<br />
pouco de “Old School” faz um bem danado! (risos)<br />
URR: Bem, hoje vemos uma sociedade ao nosso redor que, de certa forma, é fútil.<br />
Vemos pessoas usando e trapaceando outras, ao mesmo tempo em que a desonestidade<br />
e corrupção parecem devorar a todos nós. E um dos pontos mais citados<br />
como problemático é justamente a desestruturação e mesmo irresponsabilidade que as<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 13
RRock Report<br />
Seja feita sua vontade<br />
Por JP Carvalho<br />
Blackning é uma banda<br />
A nova, formada em dezembro<br />
de 2013, mas isso não significa<br />
que é formada por novatos. Pelo<br />
contrário, é formada por veteranos<br />
da cena, que em muito contribuíram<br />
e contribuem para a<br />
disseminação e o crescimento do<br />
cenário Heavy Metal brasileiro.<br />
Formada pelo guitarrista e<br />
vocalista Cleber Orsioli do Andralls,<br />
pelo baixista Francisco<br />
Stanich, ex-Woslom e pelo baterista<br />
Elvis Santos, ex-Postwar, o<br />
power trio Blackning, como você<br />
pode perceber tem suas raízes<br />
fincadas no Thrash Metal, absorvendo<br />
influências e referencias<br />
dos ícones do estilo, o que deter-<br />
mina que sua música seja rápida,<br />
agressiva com groove interessante<br />
e melodias bonitas.<br />
Com apenas quatro meses de<br />
sua formação a banda trouxe a<br />
vida seu primeiro trabalho, Order<br />
of Chaos, um CD de qualidade<br />
inquestionável, com gravação e<br />
produção muito acima da média,<br />
comandada por Fabiano Penna,<br />
renomado músico que já passou<br />
por bandas como Andralls, Blessed,<br />
Horned God, Konsfearacy,<br />
Rebaelliun e The Ordher, e que<br />
trouxe toda a sua bagagem musical<br />
ao Blackning e brinca o ouvindo<br />
com som cristalino e pesado<br />
em seus mais de 35 minutos.<br />
Além do vídeo clipe muito interessante<br />
para a música que abre<br />
o CD, Thy Will Be Done.<br />
Com tanta urgência em seus<br />
trabalhos de estréia, se tornou impossível<br />
não ir atrás de uma banda<br />
tão determinada, se tornou quase<br />
imperativo descobrir como agregaram<br />
tanta qualidade e conteúdo<br />
em um só produto. Conversamos<br />
com o baixista Francisco Staniche<br />
e descobrimos muito mais do<br />
que trabalho, percebemos também<br />
uma vontade imensa de tocar, de<br />
compor e como não podia deixar<br />
de ser, continuar trilhando o caminho<br />
escolhido por eles: o Heavy<br />
Metal. Confiram a seguir!<br />
Underground Rock Report:<br />
Antes de começarmos, obrigado<br />
pelo seu tempo e por nos<br />
dar o privilégio dessa conversa.<br />
Agora, fale-nos sobre você e<br />
suas atividades.<br />
Francisco Stanich: Eu agradeço<br />
a oportunidade! Este ano<br />
foi um ano muito corrido. Em<br />
junho saí oficialmente da banda<br />
Woslom, banda que montei e<br />
que atuei por 17 anos. Meu último<br />
trabalho na banda foi o DVD<br />
“DestrucTVision”, trabalho que<br />
não vi finalizado, pois saí da banda<br />
antes do seu lançamento. Logo<br />
após minha saída, fui convidado<br />
pelo Cleber Orsioli e pelo Elvis<br />
Santos a fazer parte de uma nova<br />
banda que eles estavam montando,<br />
a Blackning. E é nesta banda<br />
que minhas atividades estão concentradas<br />
no momento. Nestes<br />
quase quatro meses de banda estamos<br />
em um processo de trabalho<br />
muito corrido, mas também<br />
14 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
muito gratificante. Neste tempo<br />
finalizamos as músicas, letras,<br />
gravamos, fizemos o videoclipe<br />
e todas as atividades necessárias<br />
para poder lançar nosso primeiro<br />
CD, “Order Of Chaos”, que<br />
inclusive já está na fábrica sendo<br />
prensado, com previsão para<br />
lançamento ainda este ano. Posso<br />
dizer que está sendo muito gratificante.<br />
Na Blackning, os caras<br />
têm sangue nos olhos, não têm<br />
frescura. Imaginar que estamos<br />
pra lançar nosso primeiro CD em<br />
praticamente quatro meses de trabalho<br />
da banda, sendo que apenas<br />
nós três fazemos as correrias, é<br />
algo que mostra que a banda virá<br />
com tudo, com o bom e velho<br />
Thrash Metal. E graças ao foco<br />
que estamos tendo, já conseguimos<br />
algumas parcerias importantes<br />
para a banda.<br />
URR: E qual foi a grande diferença<br />
no modo de trabalho?<br />
Você acredita que, como um<br />
trio, a fórmula se torna mais<br />
dinâmica?<br />
Francisco: Na Blackning são<br />
três pessoas com experiência e<br />
vivência de outras bandas. E estamos<br />
podendo unir toda essa<br />
experiência, tanto nos erros como<br />
nos acertos, fazendo as coisas<br />
de forma mais rápida do que estávamos<br />
acostumados. E por ser<br />
algo novo, estamos aprendendo<br />
mais ainda. Com certeza, por ser<br />
apenas três integrantes, as coisas<br />
fluem mais rápido. Estamos focados<br />
em fazer o melhor para a Blackning.<br />
Mas o que faz a fórmula<br />
da banda ser mais dinâmica, além<br />
de sermos um trio, é o “sangue<br />
nos olhos” de cada um de nós em<br />
fazermos a banda crescer. Estamos<br />
bem alinhados no nosso trabalho<br />
e no que temos que fazer,<br />
visando o melhor para a banda.<br />
URR: E como foi para você<br />
estar fora do Woslom, depois<br />
de 17 anos?<br />
Francisco: Bem, sinceramente,<br />
nos primeiros meses foi meio<br />
difícil, acompanhar a banda nas<br />
redes sociais e ver que eu não<br />
estava mais lá, mas após o convite<br />
para entrar na Blackning,<br />
isto mudou. Nada como voltar à<br />
ativa para as coisas voltarem ao<br />
normal. Aproveito para desmentir<br />
alguns boatos que surgiram,<br />
dizendo que eu saí do Woslom<br />
para entrar na Blackning. Não sei<br />
quem inventou isto e também não<br />
quero saber. Saí porque era contra<br />
a postura que a banda tinha internamente,<br />
minha saída não teve<br />
nada a ver com estilo musical e<br />
nem com a forma da banda trabalhar,<br />
mas sim de como a banda<br />
estava agindo internamente,<br />
na minha visão. Quando saí do<br />
Woslom, saí com um sentimento<br />
de não querer tocar mais profissionalmente,<br />
simplesmente guardei<br />
meu baixo no armário, pois<br />
sempre me imaginei tocando com<br />
meus irmãos. Porra, era a banda<br />
que eu montei junto com o Fê, a<br />
qual demos o nome, tive momentos<br />
difíceis e alegres durante anos.<br />
Mas um tempo depois da minha<br />
saída, depois que anunciamos oficialmente<br />
que eu não fazia mais<br />
parte da banda, o Cleber Orsioli<br />
mandou uma mensagem falando<br />
que estava montando uma banda<br />
e estava procurando um baixista.<br />
No primeiro momento eu recusei,<br />
mas pensando depois nesta possibilidade<br />
e conversando com ele,<br />
percebi que tocar estava dentro<br />
de mim, no meu sangue. Quando<br />
ele mandou alguns riffs das futuras<br />
músicas eu não tive como negar,<br />
e aceitei imediatamente, pois<br />
vi amor e paixão à música!<br />
Com tudo isto que aconteceu,<br />
aprendi algo: se você ama o que<br />
faz, faça, não importa como, mas<br />
faça sempre com respeito, amor<br />
e sem ferrar ninguém. Pelo menos<br />
pra mim, não conseguiria<br />
estar no Woslom infeliz e também<br />
não iria conseguir estar na<br />
Blackning me lamentando de ter<br />
saído do Woslom. Quando entrei<br />
na Blackning foi pra começar do<br />
zero, por ser algo que amo fazer.<br />
Espero e desejo que a Blackning<br />
tenha um futuro próspero e também<br />
agradeço por poder tocar<br />
com profissionais de alto nível<br />
como meus novos irmãos Cleber<br />
Orsioli e Elvis Santos. Sobre<br />
o Woslom, foi uma questão de<br />
ponto de vista de cada um, não há<br />
culpados. Continuo amando eles<br />
e a banda, e desejo todo sucesso<br />
ao novo integrante. Não tenho<br />
como apagar meu passado e nem<br />
quero. Espero poder estar um dia<br />
bebendo com todos meus irmãos<br />
sem mágoas. Desejo a eles toda a<br />
sorte que quero pra mim e para a<br />
Blackning.. E como sempre digo,<br />
nos veremos na estrada!<br />
URR: Com a sua colocação,<br />
acredito que foi colocada uma<br />
pedra nessa questão. Explique,<br />
por favor, qual a fórmula mágica<br />
do seu processo de composição<br />
e gravação do debut da<br />
Blackning, já que tudo foi feito<br />
de forma muito rápida.<br />
Francisco: Sim, bola pra frente<br />
(risos). Fórmula mágica não<br />
teve, teve muito trabalho mesmo<br />
(risos). Na verdade, quando entrei<br />
na Blackning, os riffs já estavam<br />
criados e o Cleber e o Elvis<br />
já estavam numa rotina de ensaios<br />
constantes para montar as<br />
estruturas das músicas. Estavam<br />
faltando as melodias de voz,<br />
letras e o arranjo do baixo. Aí<br />
foi questão de nos encontramos<br />
para finalizar esta parte. Durante<br />
a semana, eles, por morarem<br />
perto um do outro, se encontravam<br />
quase que diariamente e eu<br />
me juntava de final de semana,<br />
dando continuidade ao processo.<br />
E isto fez com que as músicas<br />
fossem finalizadas mais rapidamente.<br />
Algo que ajudou muito<br />
para cumprirmos os prazos foi<br />
ter tudo planejado com data certa<br />
para terminarmos, e isto nos<br />
permitiu ficarmos focados em<br />
entregar cada atividade dentro<br />
do cronograma estipulado.<br />
URR: Então o que podemos<br />
esperar para um próximo trabalho<br />
da Blackning, já que agora<br />
vocês irão compor juntos?<br />
Francisco: Acho que é cedo<br />
para falar de um futuro trabalho,<br />
pois ainda estamos trabalhando<br />
neste primeiro álbum. Estamos<br />
no momento de divulgação do<br />
“Order Of Chaos” e estamos loucos<br />
pra começar a tocar em todos<br />
os cantos pra mostrar a Blackning<br />
pra galera. Mas acho que o processo<br />
não mudará muito, deveremos<br />
trabalhar desta mesma forma<br />
no futuro. Mesmo eu tendo entrado<br />
depois, já tive muito trabalho<br />
(risos), o que mudará para o próximo<br />
é que a banda terá uma participação<br />
minha desde o começo<br />
de todo o processo.<br />
URR: Order Of Chaos tem<br />
uma das capas mais bonitas que<br />
vi. O que você pode nos falar<br />
sobre o conceito e o trabalho do<br />
artista Marcus Zerma, da Black<br />
Plague Design de Curitiba?<br />
Francisco: Que bom que gostou!<br />
Sobre a capa, queríamos algo<br />
simples e direto, mas que ao mesmo<br />
tempo mostrasse a agressividade<br />
e o conceito das músicas. Foi<br />
muito tranquilo o trabalho com o<br />
Marcus, da Black Plague. O Cleber<br />
já conhecia o trabalho dele.<br />
Nós mostramos algumas músicas<br />
e ele sacou na hora como deveria<br />
ser o conceito da capa. Foi um<br />
processo muito rápido. Já na primeira<br />
versão que ele enviou, nós<br />
fechamos a ideia e aí fomos fazendo<br />
alguns ajustes.<br />
URR: Desejo toda a sorte do<br />
mundo a vocês! Fica aqui o espaço<br />
para suas considerações e uma<br />
mensagem aos nossos leitores.<br />
Francisco: Queria agradecer a<br />
oportunidade de poder falar um<br />
pouco sobre a Blackning. Como<br />
sempre, é um prazer poder falar<br />
com vocês, que estão sempre<br />
apoiando o cenário underground!<br />
Para quem quiser conhecer mais<br />
sobre a Blackning, é só entrar no<br />
site www.blackning.com, acompanhar<br />
a banda em sua página<br />
no facebook. Também tem o videoclipe<br />
que acabamos de lançar,<br />
Thy Will Be Done. Vamos nos<br />
ver na estrada!<br />
Contatos:<br />
Site: www.blackning.com<br />
Management:<br />
www.metalmedia.com/blackning<br />
Booking (shows) e Merchandising:<br />
blackningthrash@gmail.com<br />
Fone: +55 11 9 8607 8281<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 15
RRock Report<br />
Heavy Metal Tradicional feito seguindo<br />
a cartilha da velha escola<br />
Por JP Carvalho<br />
Muita técnica, energia e<br />
sentimento. O Crom prova<br />
que manter as raízes e continuar<br />
sendo honesto é imprescindível<br />
para que a música continue<br />
a fluir!<br />
A banda de Heavy Metal Crom<br />
foi formada em 1992 pelo guitarrista<br />
Altemar Lima e pelo então<br />
vocalista Cezar Heavy, que logo<br />
assumiu também o posto de baixista,<br />
cargo que comanda até<br />
hoje.<br />
Cezar começou cedo sua carreira<br />
na música, aos dezesseis<br />
anos, e já passou por bandas de<br />
Heavy, Rock e mesmo Grind,<br />
com a banda Sanitário. Multi-<br />
-instumentista, Cezar tem, além<br />
do Crom, uma carreira sólida<br />
com a banda de Hard/Stoner/<br />
Blues Tublues.<br />
O Crom teve um começo meteórico,<br />
e no mesmo ano de sua<br />
criação, lançou seu primeiro<br />
registro, a Demo ‘The Hate Of<br />
World’, trabalho que rendeu<br />
elogios e status ao grupo, além<br />
de várias apresentações memoráveis.<br />
Mesmo com este resultado<br />
positivo, a banda não resistiu<br />
e encerrou suas atividades em<br />
1997.<br />
Atividades que ficaram paradas<br />
por exatos vinte anos, até<br />
sua reativação em 2014 com uma<br />
nova e sólida formação, contando<br />
com músicos que já passaram<br />
pela banda e novos talentos.<br />
A dupla de guitarras é formada<br />
pelo membro fundador Altemar<br />
Lima e Pedro Luiz Marcondes.<br />
Altemar é músico profissional e<br />
já tocou em diversas bandas em<br />
todo o território nacional nos<br />
mais variados estilos musicais.<br />
Pedro Luiz, que também teve<br />
uma passagem pelo Crom nos<br />
anos 90, desenvolveu o gosto pela<br />
música desde criança através do<br />
pai formado em violão clássico,<br />
que deixou grande influência.<br />
As baquetas são comandadas<br />
por Claudivam Silva, baterista<br />
nato, que desde 1991 vem professando<br />
seu amor pelo instrumento.<br />
Também teve seu nome registrado<br />
na primeira encarnação do<br />
Crom, nos anos 90, e já tocou em<br />
bandas como Madre Nua, The<br />
Clavion, Viudecavêz, além de dividir<br />
seu trabalho como baterista<br />
a atividades com violão, voz,<br />
percussão e trabalhos free lances.<br />
Completando o lineup, o Crom<br />
conta com os talentosos vocais de<br />
Robson Luiz, que por influência<br />
do irmão Cezar começou a cantar<br />
logo cedo. Já emprestou sua<br />
voz para bandas de rock, metal<br />
e blues, tendo sempre destaque<br />
cantando covers do Manowar.<br />
No ano de 2014, com o Crom de<br />
volta à ativa, a banda se prepara<br />
para enfim lançar novo material<br />
e voltar a excursionar. Aguardem<br />
Informações:<br />
www.facebook.com/crombrazil<br />
cezar-heavy@bol.com.br<br />
16 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Metal Extremo ‘old school’<br />
Por Vitor Hugo Franceschini<br />
Despretensiosamente, Hugo Golon (Blasthrash, Comando<br />
Nuclear, Infected, Side Effectz, ex-Em Ruínas, entre<br />
outros) resolveu gravar um trabalho e chamar seu projeto<br />
de Cemitério. Um álbum auto-intitulado foi o fruto disso e<br />
é uma verdadeira ode às raízes do Metal extremo. Conversamos<br />
com Hugo, que de forma simpática e sincera, falou<br />
sobre sua nova empreitada.<br />
Underground Rock Report: Primeiramente conte-nos<br />
como surgiu a ideia de criar o Cemitério?<br />
Hugo Golon - Eu sempre quis gravar e produzir algo sozinho<br />
e, com a facilidade que se tem hoje em dia, de investir<br />
pouca grana e comprar bons equipamentos, gravar em casa<br />
da maneira que lhe agrada, sem ilusão, sem pressão e sem<br />
gastar tubos de dinheiro, me vi na obrigação de correr atrás, sempre com a ajuda do<br />
meu parceiro Ronaldo Bodão.<br />
URR: E como foi o processo de composição do primeiro álbum?<br />
Hugo - O processo foi o mais espontâneo e instantâneo possível. Foram duas semanas<br />
nas quais eu fazia até três músicas por dia e, quando criava o riff, já o gravava<br />
e é o que está no disco. Quando estava na segunda ou terceira música, nem lembrava<br />
mais da primeira, no dia seguinte chegava a serem quase inéditas pra mim. Gravei a<br />
bateria por último, tocando de duas em duas peças no controlador de midi (teclado),<br />
sem sequenciar e editar, com erro mesmo!<br />
URR: A sonoridade voltada ao Metal Extremo ‘old school’ sempre foi o seu<br />
objetivo?<br />
Hugo - Sem dúvidas! Minha inspiração principal foi a sonoridade dos primeiros<br />
discos do Death, Possessed e do Pestilence.<br />
URR: Você integrou e integra diversas bandas de estilos distintos. De alguma<br />
forma isso influenciou o som do Cemitério ou você procurou fugir disso?<br />
Hugo - Algo do Side Effectz pode me influenciar, mas bem pouco, pois o Side<br />
Effectz tinha riffs de Thrash em meio à porradaria Death/Grind. Já no Cemitério,<br />
os riffs são macabros e os vocais mais cavernosos. Eu estou com uma banda nova<br />
também com elementos de Death Metal ‘old school’, o Virgin’s Vomit. Porém, nosso<br />
som vai do Motorhead, passa pelo “Show No Mercy” do Slayer vai até o “Scream<br />
Bloody Gore” do Death, pitadas de “Altars Of Madness” do Morbid Angel, com<br />
vocais na linha do Kam Lee (Mantas, Massacre). Chamamos de Speed/Death Metal<br />
e a banda conta comigo na batera e vocal, Whipstriker no Baixo e Poisonhell na<br />
guitarra, ambos do Farscape e meus irmãos de estrada.<br />
URR: Além da veia ‘old school’, “Cemitério” mostra uma sonoridade que nos<br />
remete a nomes nacionais como Dorsal Atlântica e Vulcano. Essas bandas fazem<br />
parte da sua influência?<br />
Hugo - Certamente! Os primeiros do Dorsal são foda e o Vulcano nem se fala!<br />
No caso do Dorsal, houve mais um acaso na parte vocal, pois é em português. Se eu<br />
cantasse em inglês, ninguém citaria a influência. Vários riffs foram inspirados pelos<br />
primeiros do Sepultura, Mutilator, Chakal, Vulcano, Dorsal... Inclusive se eu fosse<br />
citar influências em vocal nacional, seriam o Uruka do Vulcano e o Korg do Chakal,<br />
que pra mim são dos melhores do mundo! Para escrever as letras, eu pensava nas<br />
métricas do Slayer, Possessed e do Pestilence.<br />
URR: A temática do disco aborda temas de filmes de horror. Por que decidiu<br />
abordar estes temas?<br />
Hugo - Ouço Metal e vejo filmes de terror desde muito criança. Fazer letra<br />
sempre foi a parte mais chata pra mim, então quando fui fazer<br />
a primeira letra, pensei em ‘A Volta dos Mortos Vivos’<br />
(N.E.: filme de 1985 com direção de Dan O’Bannon), que<br />
encaixava perfeitamente com o riff. Então, não pestanejei<br />
em seguir adiante com a temática.<br />
URR: Qual critério você usou na escolha dos filmes?<br />
Algum filme que você queria colocar no álbum chegou a<br />
ficar de fora?<br />
Hugo - Primeiramente, procurei escolher filmes que<br />
gosto e, junto com o Bodão selecionei títulos que não repetissem<br />
palavras, o que é muito comum em filmes de terror<br />
(sinistro, macabro...). Ficaram vários filmes de fora e, tenho<br />
uma lista pra mais dois discos e um EP, só esperando pelas<br />
músicas e letras, que já estão começando a serem gravadas.<br />
URR: O trabalho todo, inclusive a produção foi feito por você. Por que decidiu<br />
trabalhar dessa forma, ou seja, completamente sozinho?<br />
Hugo - Eu sempre quis aprender a gravar e produzir. Hoje em dia a informação<br />
está muito fácil, então fui atrás de vídeos no YouTube que dão dicas, baixei os<br />
programas necessários e não perdi tempo. Ou eu gravava sozinho ou esse play não<br />
seria gravado, pois não tinha ninguém com tempo livre na ocasião. Foi tudo feito no<br />
meu quarto, só saí dele pra gravar os vocais, no quarto que minha mãe passa roupas!<br />
URR: Somente na arte gráfica você contou com a ajuda de Wanderley Perna<br />
(Genocído). Como chegou até ele e como foi trabalhar com Perna?<br />
Hugo - Eu sou fã do Genocídio desde o início dos anos 90, inclusive vi um show deles<br />
com o Dorsal no Aeroanta! Eu conheço ele faz bastante tempo, inclusive fez a capa do<br />
CD “Traitors Execution” (2002) do Side Effectz. Foi muito tranquilo pois o cara manja<br />
muito e é brother, consertou minhas cagadas e adicionou coisas sensacionais!<br />
URR: Como tem sido a repercussão de “Cemitério” até então? E como está o<br />
trabalho com a Kill Again Records, que lançou o disco?<br />
Hugo - Para um projeto despretensioso, que talvez não saísse do meu computador<br />
e, só saiu por insistência de amigos, principalmente o Bodão, sem link patrocinado,<br />
assessoria e jabá zero, está muito boa e verdadeira a repercussão! O trabalho<br />
realizado pelo Rolldão da Kill Again é referência, isso é sabido por todos que vivenciam<br />
de fato a cena underground. Fiquei muito surpreso quando ele entrou em<br />
contato comigo. Logo mais sairá em vinil, não vejo a hora!<br />
URR: Você pretende montar uma banda para te acompanhar em apresentações?<br />
Hugo - Eu teria que dispor de muito tempo e dinheiro, pra passar todas as músicas<br />
para uma banda inteira. Se um dia eu tiver tais condições, certamente o farei e<br />
até tenho quem me acompanhe e, poderia ter diferentes formações, de acordo com a<br />
disponibilidade do pessoal, porém falta grana e tempo mesmo.<br />
URR: Muito obrigado pela entrevista, pode deixar uma mensagem.<br />
Hugo - Muito obrigado você Vitor, pelo interesse no meu projeto e parabéns<br />
pelo trabalho! Queria agradecer ao Ronaldo Bodão, Antonio Rolldão & Kill Again,<br />
Wanderley Perna e Daniel Golon e todos que compraram o CD, valeu mesmo!<br />
Contatos:<br />
https://www.facebook.com/cemiteriodeathmetalbrasil<br />
cemiteriodeathmetal@gmail.com<br />
Matéria originalmente publicada no site Arte Metal<br />
http://blogartemetal.blogspot.com.br/<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 17
RRock Report<br />
Deixando o passado<br />
para trás<br />
Por Leonardo Moraes<br />
Quem acompanha o universo Black Metal sabe muito bem que o God<br />
Seed surgiu após uma ruptura entre os membros do Gorgoroth. De um<br />
lado, tivemos King ov Hel e Gaahl e de outro, Infernus numa disputa judicial<br />
pelos direitos do nome Gorgoroth, que se arrastou entre os anos 2008 e 2009,<br />
culminando com a vitória do Infernus. Após meses e meses de tentativas de<br />
contato, finalmente King ov Hel atendeu à Underground Rock Report e nos<br />
concedeu uma entrevista falando brevemente sobre a era Gorgoroth, além do<br />
último trabalho do God Seed, intitulado I Begin, e de seus outros projetos paralelos.<br />
Confiram:<br />
Underground Rock Report: King, obrigado por nos conceder essa entrevista.<br />
Para começar, você poderia comentar sobre o impacto que I Begin<br />
teve na mídia?<br />
King: Pra ser sincero não prestei muita atenção na reação dos fãs depois<br />
que ele foi lançado. A intenção não era causar nenhum impacto. Eu vejo esse<br />
álbum mais como uma realização pessoal. Gaahl e eu usamos todas as nossas<br />
influências das bandas dos anos 70 na composição do álbum e o resultado final<br />
foi a criação de um som bem diferente e que ninguém havia feito antes. Foi do<br />
mesmo modo como desenvolvíamos nossas músicas no Gorgoroth. A intenção<br />
é continuarmos mantendo essa linha nos próximos álbuns.<br />
URR: Qual o significado por trás do título I Begin?<br />
King: Ele representa a perspectiva individual do God Seed. Em outras palavras<br />
representa a solidão, você pode estar num grupo com várias pessoas, mas<br />
sempre no final você acaba sozinho. Representa a liberdade de quando você está<br />
completamente só e essa liberdade que a solidão traz representa um novo começo.<br />
URR: I Begin era pra ter sido lançado entre 2009 e 2010 e acabou saindo<br />
só em 2011, você poderia comentar um pouco sobre as implicações do atraso<br />
na época?<br />
King: Naquela época, Gaahl e eu tivemos um monte de problemas por conta<br />
do processo judicial do Gorgoroth. Foi um período muito estressante. Tínhamos<br />
um material já gravado na ocasião e tivemos alguns encontros com o baterista<br />
do Slipknot, Joey Jordison, para ele ser o baterista em I Begin. Porém, durante<br />
esses encontros, decidimos fazer algo totalmente novo e não utilizar esse material<br />
gravado. Ao mesmo tempo, Shagrath, do Dimmu Borgir, me procurou para<br />
gravarmos um projeto juntos e acabamos utilizando esse material já gravado<br />
para lançarmos o OV HELL. De repente, Gaahl decidiu dar um tempo nas atividades<br />
como vocalista, isolando-se, o que atrasou um pouco mais o lançamento<br />
de I Begin. Felizmente, Gaahl retornou alguns meses depois e desistimos de<br />
contratar Joey como baterista e recrutamos novos membros e compusemos material<br />
totalmente novo que está no I Begin.<br />
URR: A música This From the Past é uma espécie de resposta para o fim<br />
do período que você e Gaahl viveram no Gorgoroth?<br />
King: Simbolicamente representa a passagem do Gorgoroth para o God<br />
Seed. Mas como foi o Gaahl que escreveu as letras, ele certamente colocou<br />
muito mais simbolismo nela e só ele poderia responder melhor essa pergunta.<br />
Mas, musicalmente falando, faz totalmente sentido a associação que você fez.<br />
URR: Falando um pouco sobre o Live at Wacken, por que a decisão de<br />
lançar um álbum ao vivo antes de ter um primeiro álbum de estúdio lançado?<br />
Os fãs podem considerar esse álbum como o primeiro do God Seed?<br />
King: Sim, devem considerar! Até porque nós quisemos lançar esse álbum<br />
para já sermos conhecidos pelos fãs antes de lançarmos qualquer material novo.<br />
Para nós não faria sentido lançar o Live At Wacken depois de I Begin, porque<br />
aquele material foi gravado enquanto Gaahl e eu estávamos no Gorgoroth.<br />
URR: Como você vê o Gorgoroth hoje em dia? Você ainda tem contato<br />
com o Infernus?<br />
King: Não tenho nenhum tipo de contato e nem quero ter. Não faço a menor<br />
ideia de como está o Gorgoroth hoje em dia e acho que não é da minha conta<br />
também. Pra mim, o Gorgoroth não existe mais, não tem nada mais a ver comigo,<br />
é uma página virada.<br />
URR: Enquanto as atividades do God Seed estavam suspensas, você<br />
montou com Shagrath o OV HELL. Há alguma chance de ter um segundo<br />
álbum desse projeto?<br />
King: Acho muito difícil isso acontecer tão breve. Tanto eu como Shagrath<br />
estamos ocupados com nossas outras atividades e projetos. Mas a ideia de um<br />
segundo álbum do OV HELL não está totalmente descartada. Shagrath é um<br />
músico extremamente talentoso e um grande amigo.<br />
URR: Lembro que você tinha mencionado que o God Seed seria uma das<br />
atrações do Zombie Ritual Fest no Brasil ano passado, por que isso acabou<br />
não rolando?<br />
King: Acabou ficando só na especulação na ocasião. Atualmente estamos negociando<br />
outras ofertas de nos apresentarmos ai no Brasil entre novembro e dezembro<br />
desse ano, por enquanto nada confirmado ainda. Espero que se concretize.<br />
URR: Planos para o sucessor de I Begin?<br />
King: Já temos oito músicas prontas. Não começamos as gravações do novo<br />
álbum, mas eu acredito que o lançamento deve se realizar entre o final desse ano<br />
e começo do ano que vem.<br />
URR: Para terminar, vi que você iniciou um projeto com Dani Filth, intitulado<br />
Temple of Black Moon. Poderia nos contar mais sobre esse projeto?<br />
King: Na verdade, temos só uma única música completa, a Infernal Desire<br />
Machine. Os vocais do Dani Filth estão todos gravados. Em julho de 2013, fui<br />
para Los Angeles e finalizamos a bateria com John Tempesta (The Cult, Rob<br />
Zombie). O problema é que Rob Caggiano está muito ocupado com o Volbeat<br />
e, apesar de já termos contrato assinado com gravadora, não tenho como dar<br />
uma previsão de quando o álbum estará definitivamente terminado, é um longo<br />
projeto. (Risos)<br />
18 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
RRock Report<br />
Decretos sobre o Medo e o Gelo<br />
Por: Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
King Fear é um novo nome entre os maníacos por Black Metal no mundo inteiro,<br />
em parte devido à boa recepção que seu primeiro álbum, o sombrio e obscuro<br />
“Frostbite”, lançado ano passado, ter tido uma boa recepção por parte da imprensa<br />
especializada.<br />
E como a Shinigami Records lançou a versão brasileira do álbum, tendo alguns<br />
grandes bônus, tivemos a oportunidade de entrevistá-los e falar sobre várias coisas.<br />
URR: Antes de tudo, queremos agradecer muito pela entrevista, e vamos começar<br />
com uma pergunta bem clichê: por favor, nos conte um pouco sobre a<br />
história do King Fear, como se juntaram, e até chegar ao lançamento de “Frostbite”.<br />
E o quais eram as bandas onde você sestavam antes do King Fear surgir?<br />
Mål Dæth: Oi, Big Daddy, aqui é Mål, guitarrista e compsitor do King Fear. Obrigado<br />
por nos entrevistar!<br />
Somos uma banda de Black Metal de Hamburgo/Alemanha. O King Fear começou<br />
suas atividades em 2011, fundado por mim. Nosso vocalista, Nachtgarm,<br />
chegou um pouco depois. O baterista BoneInn era um músico contratado no início,<br />
mas logo se juntou a banda no início das gravações de “Frostbite”. E claro que<br />
tocamos ou ainda tocamos em outras bandas antes. Bullbar, Eisenvater e Negator<br />
para citar alguns. Nachtgarm tembém foi vocalista do Dark Funeral e até chegou<br />
a excursionar no Brasil.<br />
URR: Quando vimos a arte de “Frostbite” pela primeira vez, a coisa que<br />
mais chamou a atenção foi o uso de branco, cinza e azul na are, contrastando<br />
com a maioria das bandas de Black Metal que preferem tons de prento, branco<br />
e cinza escuro. Como tiveram esta idéia? É ela uma arte que expressa a alma<br />
da banda, ou tentaram quebrar algumas pré concepções com ela? Se existe um<br />
significado mais profundo, poderia nos dizer qual é?<br />
Mål: Como você disse, o álbum é chamado “Frostbite”, e então quisemos manter<br />
a capa a mais fria possível. As fotos que você vê no encarte Eu recebi de um amigo.<br />
No minuto em que as vi, , sabia que elas se ajustavam perfeitamente ao que queríamos.<br />
Ele tirou as fotos em Spitzbergen, um dos lugares mais inóspitos da terra. Se<br />
quis dizer por que a arte não é feita em tons de preto, branco e cinza escuro, em nossa<br />
visão, ela é ainda mais ameaçadora em tons de branco.<br />
URR: E as letras? De onde vem a inspiração para elas? E tem algum significado<br />
mais profundo nelas que poderia nos dizer?<br />
Mål: A parte lírica do King Fear tem sido sempre muito importante para nós. Para<br />
o trabalho de “Frostbite”, fomos ainda mais longe e criamos um álbum conceitual. O<br />
conceito é baseado em “Conquest of the Useless” (NR: aparentemente, a referência<br />
é um livro de Herman Herzog) - o possessivo desejo da humanidade de atingir os<br />
picos das montanhas mais altas. Todas as canções seguem aquela linha de estória. De<br />
morte, frio extremo, tempestades até contos das mais inacreditáveis campanhas de<br />
conquista... Mitos de sobre deuses vivendo nas montanhas, ou no mal preso dentro<br />
da montanha... Este tópico oferece tudo que um disco de Black Metal precisa!<br />
URR: Esta é para Natchgarm: você foi vocalista do Dark Funeral por algum<br />
tempo, mas nos parece que foi pouco após sua saída que o primeiro EP da banda,<br />
“King Fear”, foi lançado. Isso é certo? Ou o King Fear estava trabalhando<br />
de uma forma paralela antes de você sair?<br />
Mål: Como eu disse antes, Nachtgarm estava no Dark Funeral, mas o King Fear<br />
foi fundado antes dele se juntar a eles. Tudo que fizemos até então fizemos de forma<br />
paralela, porque nunca seria um problema para nós, já que nunca pretendemos sair<br />
excursionando.<br />
URR: Me perdoem por tocar nesse assunto, mas muitas coisas foram ditas<br />
sobre a excursão brasileira do Dark Funeral<br />
de 2011, quando um monte de pessoas<br />
culparam você, Natchgarm, por todo o ocorrido na época. Mas o Metal<br />
Samsara acredita que você tem o direito a dizer algo sobre tudo aquilo, pata<br />
mostrar o seu lado na questão. O espaço é todo seu.<br />
Mål: Desculpe, mas não sei de nada sobre aquilo... Enquanto eles estava excursionando,<br />
eu estava na Áustria e escrevi o “Frostbite”.<br />
URR: Voltando a falar sobre o King Fear, tanto o EP como “Frostbite” são<br />
mostras de Black Metal na linha da Second Wave, sendo cru, áspero e agressivo,<br />
mas também obscuro e mórbido. Mas ao mesmo tempo, eles possuem uma boa<br />
qualidade sonora, e o resultado final é muito bom. Acha que fãs mais ortodoxos<br />
podem dizer algo estranho sobre “Frostbite”? E a qualidade mais limpa foi algo<br />
espontâneo ou planejado desde o início?<br />
Mål: Sim, claro que foi planejado! Quero dizer, tudo que fazemos é, de alguma<br />
forma, planejado. Quando criamos música, dificilmente fazemos sem ter uma visão.<br />
É preciso que saibam que não estamos mais nos anos 90. Não me entendam mal,<br />
ainda gosto do Black Metal dos anos 90, mas estamos em outro tempo agora. Nosso<br />
objetivo é de criar música negra, e para mantê-la real, nós a fazemos como NÓS<br />
fazemos agora, não como os outros fizeram antes.<br />
Se algumas pessoas da Velha Escola não entenderam o que fazemos... OK, então<br />
eles devem comprar outro disco.<br />
URR: Vocês são um trio, como você, Mål Dæth, tocando todas as guitarras e<br />
baixo no álbum, mas acreditamos que o King Fear é uma banda que toque ao<br />
vivo, que realmente gostaria de fazer alguns shows. Estamos ceros sobre isso? E<br />
se sim, um quaro membro se juntará ao King Fear? Ou algum músico contratado<br />
fará os shows, e a formação para gravações será a mesma?<br />
Mål: Não, o King Fear não é uma banda que toca ao vivo, pelo menos até agora.<br />
Então, não temos que nos preocupar com isso.<br />
URR: “Frostbite” recebeu muitas boas resenhas da imprensa especializada<br />
em Metal por todo o mundo, mas sabe dizer algo sobre a recepção dos fãs?<br />
Como as coisas estão se saindo com os fãs de Metal?<br />
Mål: A mesma coisa de sempre: muitas pessoas parecem ter gostado de nosso<br />
novo material. Ainda estamos esperando por reações ruins. Como uma banda de<br />
Black Metal, é muito bom sermos odiados também (risos)...<br />
URR: Aqui no Brasil, a Shinigami Records lançou uma versão para “Frostbite”,<br />
tendo o primeiro EP como um bônus para os fãs. Quais são suas impressões<br />
para essa versão? Quem sabe se um dia vocês não venham tocar para nós.... E<br />
por favor, esqueçam as coisas ruins, pois temos promoters honestos por aqui,<br />
trabalhando de forma séria para fazer os shows acontecerem aqui de formas<br />
boas tanto para o público quanto para as bandas.<br />
Mål: Acho que é uma boa idéia para os fãs brasileiros. Mas os fãs mais extremos<br />
deveriam ter todas as versões com certeza. Não tocamos ao vivo, mas quem sabe se<br />
o Brasil não nos faz mudar de idéia (risos).<br />
URR: Agradecemos demais pela entrevista. Por favor, deixe sua mensagem<br />
para os fãs.<br />
Mål: Obrigado pelo apoio! Longa Vida ao REI!<br />
Gostaríamos de agradecer a Shinigami Records por tonar esta entrevista<br />
possível, bem como a Mål Dæth por sua cortesia e gentileza.<br />
Entrevista concedida e originalmente publicada no<br />
site Metal Samsara - http://metalsamsara.blogspot.com/<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 19
RRock Report<br />
Animus Atra (bateria)<br />
Tanatos (guitarra/vocal)<br />
Deimous Nefus (guitarra)<br />
O retorno da escuridão<br />
Por JP Carvalho<br />
ano zero foi 2001, com o nome de Nekros,<br />
O formada por Tanatos e Animus Atra em São<br />
Paulo, Brasil.<br />
Sem grandes pretensões do mainstream, o objetivo<br />
era destilar o Black Metal em sua vertente<br />
mais crua, com riffs simples e letras diretas, influenciados<br />
por bandas como Gorgoroth, Marduk<br />
e Sarcófago.<br />
Em 2003, após a definição do line-up com<br />
Tanatos (vocal/guitarra), Animus Atra (bateria),<br />
Deimous Nefus (baixo) e Anduscias (guitarra),<br />
foi gravado o primeiro material, “...make this<br />
world burn”.<br />
Mesmo após a boa receptividade do público<br />
à primeira demo, e com novos sons preparados,<br />
Tanatos deixou a banda em 2004.<br />
No mesmo ano, com uma nova formação,<br />
Animus Atra (bateria), Deimous Nefus (guitarra),<br />
Necro Occult Lord (vocal) e Phlegethon<br />
(baixo), a banda gravou seu segundo material de estúdio, “The Age of<br />
Darkness”.<br />
Após concluírem as apresentações de divulgação deste trabalho, a banda<br />
resolveu se afastar por um tempo dos palcos e estúdio. Este hiato durou<br />
cerca de oito anos, com o retorno anunciado em 2013.<br />
Em 2014 é anunciado o definitivo retorno, com a regravação da demo<br />
“The Age of Darkness” e o lançamento de um novo material, com músicas<br />
inéditas para o segundo semestre.<br />
Mas é muito comum olharmos de fora do cenário Black Metal e termos<br />
uma visão completamente errada do que realmente é o estilo. Conversamos<br />
com Tanatos, vocalista e guitarrista da banda Creptum, que nos<br />
atendeu prontamente e mostrou ser um cara ligado com o cenário como<br />
um todo, e também deixou bem claro o que o Black Metal e sua banda,<br />
Creptum, significam para ele. Confiram.<br />
Underground Rock Report: Antes de começarmos,<br />
obrigado pelo seu tempo e por nos<br />
dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-<br />
-nos sobre você e suas atividades.<br />
Tanatos: Primeiramente, eu agradeço pelo<br />
espaço e apoio. Sou vocalista, guitarrista e um<br />
dos fundadores da banda Creptum.<br />
A ideia de criar o Creptum surgiu em 2001<br />
junto com Animus Atra (atualmente baterista)<br />
com a amizade e afinidades na música e nas<br />
ideologias que temos desde adolescentes. Nessa<br />
época, escutávamos muito bandas como Slayer,<br />
Marduk, Dark Funeral, Immortal, e isso fez com<br />
que crescesse uma vontade de, à nossa maneira,<br />
poder tocar e dizer coisas como eles.<br />
Sempre estudei e trabalhei com design, isso<br />
ajudou bastante a criar uma identidade para o<br />
Creptum, não só musical, mas também estética.<br />
Depois de gravar a demo “...make this world<br />
burn”, em 2003, e com o aumento gradativo da<br />
quantidade de shows, decidi, por motivos pessoais, me afastar da banda.<br />
Assim, não só me afastei da banda, como também da cena. Deixando o<br />
Creptum nas mãos do Animus. Depois de quase nove anos sem contato<br />
direto, nos encontramos casualmente e vimos que a amizade e a ideia<br />
do Creptum poderia voltar com uma força ainda maior, devido à nossa<br />
experiência de vida adquirida nesses anos.<br />
Nesta nova reunião, preparada com paciência e cuidado, procuramos<br />
adotar uma nova postura (inclusive visual) para a banda, não é mais um<br />
projeto de adolescentes. Estamos mais velhos e o negócio não é sermos<br />
‘rockstar’. Queremos espalhar o metal negro ríspido e cru, porém com<br />
profissionalismo e maturidade. Ainda abordamos temas como ocultismo,<br />
principalmente o desprezo aos dogmas religiosos, sabendo que isso é um<br />
assunto muito mais profundo do que simplesmente pintar a cara e dizer<br />
que vai matar todo cristão no mundo.<br />
20 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
URR: O que você acha de bandas que banalizam o ocultismo e a<br />
ciência negra e partem para a agressão propriamente dita? Não seria<br />
por casos como este que o público em geral tem uma visão um tanto<br />
distorcida do que o Black Metal se tornou?<br />
Tanatos: Não acho que seja apenas uma banalização. Vejo mais como<br />
uma dificuldade de interpretar as coisas. Se você pegar uma religião de<br />
dogmas como o cristianismo, “virar de ponta cabeça” e começar a cagar<br />
regras e verdades absolutas, você faz exatamente as mesmas coisas, não<br />
há diferença. Talvez seja por isso que uma grande parte das pessoas com<br />
a mente mais fechada tende a abandonar o estilo e se juntar à religião. Há<br />
uma necessidade de seguir regras, e fica difícil se desvincular. Acredito que<br />
uma emancipação do ser humano seja a ideia mais próxima de um Black<br />
Metal puro.<br />
URR: Não é desestimulador para você ver essa fraqueza nos seres<br />
humanos e saber que você leva a ideologia apenas aos já “convertidos”?<br />
Tanatos: Sinceramente não. Posso tocar pra dez pessoas, isso pra mim<br />
está de bom tamanho. Se a pessoa teve algum interesse no Creptum, seja<br />
pelo som, letra ou até pela capa do disco, sei que esta pessoa tem alguma<br />
coisa em comum com nossa ideologia e isso já me deixa satisfeito.<br />
URR: E,na sua visão, como é o cenário Black Metal como um todo<br />
hoje?<br />
Tanatos: Atualmente vejo com bons olhos. Apesar do que falamos anteriormente,<br />
sobre uma interpretação equivocada do estilo por algumas pessoas,<br />
o cenário nacional é muito rico.<br />
Tendo em vista o acesso mais fácil aos grandes nomes internacionais,<br />
que agora vêm com mais frequência ao Brasil, o cenário nacional precisou<br />
sair um pouco do amadorismo e criar uma maturidade.<br />
Grande parte das bandas aqui não devem nada para as de fora. A qualidade<br />
é notada desde as gravações de alto nível e até a parte gráfica dos álbuns<br />
e demos. Sou extremamente chato com isso (risos).<br />
URR: E como tem sido o comparecimento do público aos shows?<br />
Tanatos: Vou responder pelos eventos que tenho ido, pois o Creptum<br />
voltará aos palcos somente em novembro.<br />
Apesar da grande qualidade da maioria das bandas nacionais, não vejo<br />
uma presença efetiva do público. É claro, em alguns shows internacionais<br />
isso muda de figura, mas aí é que está a dificuldade das bandas brasileiras, a<br />
galera fala muito de apoio à cena underground, mas poucos o fazem de verdade.<br />
Gasta-se um bom dinheiro em ingressos, onde no cast colocam apenas<br />
uma ou duas bandas locais, e em eventos undergrounds onde o ingresso<br />
custa de dez a vinte reais, a galera não comparece com a mesma frequência.<br />
Como espectador, é claro que gosto de ver as bandas que nunca pensei<br />
em ver ao vivo. Os produtores poderiam equilibrar, dar mais espaço para as<br />
bandas novas aparecerem, em vez de inflar um festival com cinco bandas<br />
gringas e uma única brasileira. Um grande exemplo positivo é o Zoombie<br />
Ritual, um festival de grandes proporções com quinze atrações internacionais,<br />
porém quase trinta bandas nacionais. Mais eventos como este poderiam<br />
rolar por todo o país.<br />
URR: Será que as condições tributárias do nosso país impedem uma<br />
maior realização desse tipo de evento?<br />
Tanatos: Nossa questão tributária é bem complicada mesmo, mas não<br />
pode ser usada como desculpa sempre. Existe, é claro, uma dificuldade<br />
financeira em produzir um evento de qualidade, mas o interesse em fazer<br />
um festival com determinadas bandas internacionais e não equilibrar o cast<br />
com bandas daqui é escolha da organização do evento.<br />
A questão é aproveitar a oportunidade onde é esperada a presença do<br />
público em maior número, como em shows internacionais, para poder dar<br />
uma força às bandas locais.<br />
Já cheguei a ouvir casos que há produtores cobrando para colocar bandas<br />
nacionais para abrir shows gringos. É inadmissível que uma banda precise<br />
pagar para ter espaço junto a bandas internacionais no Brasil!<br />
Metal. Concordo que hoje o acesso aos “ídolos” ficou mais fácil, mas isso é<br />
positivo. É fácil dizer isto quando as tais bandas obscuras sempre tocaram<br />
na sua cidade. Quando adolescente, comprava revistas gringas mais antigas<br />
nos sebos próximos à galeria do rock pra conhecer essas bandas. A internet<br />
trouxe isso mais próximo de nós, e como banda independente, levou o<br />
Creptum para onde eu nunca pensei que pudesse chegar.<br />
URR: E com a facilidade de acesso, não teria o público banalizado o<br />
acesso às informações e se acomodado, já que basta querer e estão lá,<br />
fotos, releases, CDs completos?<br />
Tanatos: Não vejo dessa maneira. Talvez porque sempre fui daqueles<br />
que, mesmo tendo acesso a tudo de uma banda, vê-la ao vivo sempre agradou<br />
muito mais. E não só as grandes bandas de fora, tenho muita amizade<br />
com o pessoal do Amazarak e o Paolo do Desdominus, por exemplo. E<br />
mesmo tendo acesso direto a eles, vê-los tocando ao vivo é sempre gratificante.<br />
Facilitar o acesso ao que oferecemos é um dever nosso. Não é porque em<br />
outros tempos era mais complicado e “suado” conseguir as coisas, que vou<br />
querer que uma pessoa interessada no Creptum passe por isso. Fazemos<br />
música para ser ouvida, não importa se é em CD original, mp3 via torrent,<br />
youtube ou ao vivo.<br />
URR: O Creptum lançou duas demos em 2003 e 2004 e só voltou a<br />
lançar material agora em 2014, por que a demora?<br />
Tanatos: Eu deixei o Creptum em 2004 mesmo, pouco antes da gravação<br />
da segunda demo. A banda continuou com outra formação até meados de<br />
2005. Após isso, o pessoal foi deixando de ensaiar até parar totalmente.<br />
Animus já estava no Carpatus e Nefus estava envolvido em outros projetos.<br />
Então, apenas em 2012, se não me engano, reencontrei os dois ocasionalmente.<br />
Percebemos que o Creptum poderia voltar, e com a formação mais<br />
próxima da original.<br />
URR: E você percebeu uma evolução na cena de 2005 para cá? Ou<br />
quando voltou sentiu que tudo ainda era igual?<br />
Tanatos: Bem, posso dizer que houve uma evolução. Principalmente<br />
quanto à quantidade e à qualidade dos shows. Mas houve uma ligeira diminuição<br />
do público. Fui inúmeras vezes à Fofinho aqui em São Paulo, com<br />
casa cheia, a galera dando apoio de verdade. Recentemente fui a um evento<br />
lá, com bandas de altíssima qualidade e que raramente tocam em SP, porém<br />
o público deixou muito a desejar, a casa estava bem vazia.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Tanatos: Atualmente estou focado na volta aos palcos, que vai ocorrer<br />
em novembro, com o Creptum. Já fechamos mais algumas datas e em paralelo<br />
trabalhamos em um material totalmente inédito para ser lançado no<br />
primeiro semestre de 2015.<br />
URR: Resuma Tanatos em uma frase ou palavra.<br />
Tanatos: Verdadeiro. Não estou aqui de brincadeira.<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo<br />
bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Tanatos: Gostaria de agradecer a oportunidade e o apoio que tem dado<br />
não só a mim e ao Creptum, mas à cena underground como um todo. Essas<br />
atitudes deveriam ser mais vezes repetidas.<br />
Peço aos leitores da Underground Rock Report que participem, apoiem<br />
efetivamente a cena. Vão aos shows do seu bairro, conheçam as bandas à<br />
sua volta e valorizem-nas.<br />
Vida longa ao metal underground!<br />
URR: Concordo com você. Como você usa a internet como ferramenta<br />
para a divulgação do seu trabalho?<br />
Tanatos: É impossível não usar as ferramentas web. Principalmente para<br />
bandas independentes como nós.<br />
Atualmente fazemos uso dos principais canais como: facebook, youtube,<br />
bandcamp, reverbnation, lastfm, bandsintown (que, aliás, é uma das ferramentas<br />
que considero mais interessantes para bandas atualmente), instagram<br />
e outras mais.<br />
Até muito pouco tempo atrás, coisa de dez anos, ainda era bem difícil<br />
conseguir material de bandas independentes. De lá pra cá, essas ferramentas<br />
só fizeram ajudar na divulgação.<br />
Recentemente li uma entrevista com o vocalista do Emperor, Ihsahn, falando<br />
que com a internet perdeu-se o mistério por trás das bandas de Black<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 21
RRock Report<br />
Por Julie Sousa<br />
Propondo um Death Metal agressivo e pesado, a Valhalla<br />
iniciou sua longa e intensa trajetória em 1990, liderada<br />
pela então vocalista e fundadora Andréa Tavares. Inicialmente,<br />
havia uma proposta despretensiosa e o passo inicial foi<br />
dado quando as irmãs Andréa e Adriana montaram no final<br />
de 1988 a banda Phobia. Sem registrarem material sonoro,<br />
nem se apresentarem ao vivo, a Phobia se extingue com a<br />
saída da guitarrista Adriana. Entretanto, o gosto musical e a<br />
mesma ideologia uniram a Andréa e sua outra irmã Alessandra<br />
Tavares (guitarra) na empreitada de iniciar as atividades<br />
da Valhalla, compondo músicas e apresentando-se ao vivo.<br />
No início de 1992 a banda registra oficialmente seu primeiro<br />
trabalho com a gravação da primeira Demo-tape, que traz<br />
também de volta a irmã Adriana Tavares (guitarra) na formação,<br />
agregando uma conduta mais extrema, que vem sendo<br />
mantida ao longo desses 20 anos de existência da banda.<br />
No intuito de progredir musicalmente a banda lança em<br />
1994, pelo já extinto selo Sub Way, o LP intitulado “... In The<br />
Darkness of Limb”. Este registro proporcionou um maior reconhecimento<br />
destas mulheres na mídia especializada, além da<br />
admiração de muitos. Porém, devido a constantes mudanças de<br />
componentes na banda, a Valhalla ficou desativada por algum<br />
tempo. O retorno se deu em 1999, com novas composições e a<br />
realização de alguns shows locais. Em 2000 ocorre mais uma<br />
baixa na formação: Andrea deixa a banda, ficando por conta<br />
das irmãs guitarristas a continuidade ao trabalho iniciado.<br />
Recrutando novos componentes, as guitarristas conseguem<br />
manter a Valhalla na ativa. Com a intenção de divulgar as músicas<br />
com a nova formação, a banda grava o MCD For The<br />
Might Of Chaos … For The Force Inside, contendo quatro<br />
faixas. Esse MCD proporcionou várias apresentações ao lado<br />
de conceituadas bandas do cenário mundial, além de ótimas<br />
críticas em zines, sites e revistas. O resultado não poderia ser<br />
diferente: a banda assinou um contrato com a Hellion Records<br />
lançando em 2001 o principal trabalho de sua história, o CD<br />
Petrean Self. O álbum foi distribuído em mais de 28 países e<br />
novos convites para shows nacionais e turnê no exterior foram<br />
recebidos pela banda, mas a instabilidade na formação impe-<br />
22 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
diu que a Valhalla galgasse caminhos internacionais.<br />
Dentre os vários problemas em consolidar a formação, encontrar<br />
um baterista que estivesse disposto a levar a Valhalla com<br />
seriedade foi sem dúvida o maior deles.<br />
Nos idos de 2005, Ariadne Souza assume definitivamente as baquetas<br />
da banda e assim, a Valhalla torna-se então, exclusivamente<br />
formada por mulheres.<br />
Mesmo com a ausência temporária da guitarrista e fundadora<br />
Alessandra, a banda gravou em 2009, três músicas que compõe o<br />
MCD Innerstorm com o objetivo de divulgar a formação, que até<br />
então a Valhalla mantinha, e mostrar que a ideia inicial prevalecia:<br />
fazer Death Metal.<br />
Atualmente, a Valhalla segue sua em sua jornada consolidada<br />
como um power trio. E que trio!<br />
Adriana Tavares – Guitarra<br />
Alessandra Tavares – Baixo<br />
Ariadne Souza – Bateria e vocal<br />
Foto: Henrique François<br />
Underground Rock Report: Primeiramente gostaria de<br />
agradecer sua disponibilidade em fornecer essa entrevista<br />
para que os leitores possam conhecer um pouco mais do seu<br />
trabalho como musicista.<br />
A Valhalla é uma banda com vários anos de estrada, e além<br />
de bastante conceituada na cena Metal brasileira, lançou alguns<br />
trabalhos em vinil/cd’s, com diferentes formações. O que<br />
significa pra você fazer parte dessa história, e como surgiu a<br />
oportunidade de tocar com a banda?<br />
Ariadne: Tenho grande orgulho em poder participar da história<br />
da Valhalla, ainda mais por ser a primeira baterista mulher efetiva<br />
na banda. Em 2005, eu tocava em algumas bandas, então a Alessandra<br />
me procurou para fazer um teste na Valhalla. Tirei algumas<br />
músicas do cd Petrean Self e desde então estou na banda.<br />
URR: Você é considerada uma das melhores bateristas de<br />
Metal Extremo do país. Como você lida com isso, e o que a fez<br />
dedicar-se a tocar esse gênero?<br />
Ariadne: Obrigada pelo elogio. Desde o início sempre tive<br />
interesse em tocar estilos mais agressivos, como o death metal, e<br />
foi até por isso que já comecei a tocar bateria com o pedal duplo.<br />
Segui esse direcionamento naturalmente pelo meu gosto musical.<br />
O esforço e o grau de dificuldade desse estilo são superados<br />
pelo prazer em tocar death metal.<br />
URR: Sobre se profissionalizar no instrumento, quais são<br />
seus planos e objetivos nesse sentido?<br />
Ariadne: Os dois primeiros anos em que estudei bateria foram<br />
muito proveitosos, mas em razão da minha profissão, meu tempo<br />
para dedicação ao instrumento foi bastante reduzido. Contudo, espero<br />
reorganizar minha rotina para poder aumentar esse estudo.<br />
URR: A Valhalla consolidou sua formação em um trio.<br />
Quais são os planos da banda para 2015 e onde os leitores<br />
podem conferir o trabalho de vocês?<br />
Ariadne: No início deste ano lançamos de forma independente<br />
o EP “Evil fills me”, com quatro faixas. No segundo<br />
semestre assinamos um contrato com a gravadora inglesa,<br />
Secrets Services Records, para o relançamento especial desse<br />
EP “Evil fills me”. Será um trabalho divulgado em vários<br />
países, inclusive no Brasil, e contará com músicas de álbuns<br />
anteriores e algumas regravações. Além disso, até o final do<br />
ano sairá o DVD “Território Metálico”, com uma excelente<br />
produção, gravado aqui em Brasília com diversas bandas locais.<br />
Aguardem!<br />
URR: Ariadne, esse espaço é seu. Fique à vontade para dar<br />
o seu recado e suas considerações finais.<br />
Ariadne: Para mim foi uma honra receber o convite para participar<br />
dessa entrevista. Tenho um grande prazer em divulgar o<br />
novo trabalho da Valhalla aqui. Muito obrigada pelo apoio e parabéns<br />
pela iniciativa de vocês.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 23
MMetalhead<br />
A importância da figura feminina no Underground<br />
Por Michele Dupont<br />
Machismo. Isso é a primeira<br />
característica do mundo<br />
Metal. Ledo engano. O Underground,<br />
bem como suas bandas,<br />
sempre colocou a mulher como<br />
a figura e tema principal de suas<br />
músicas. Sempre existem a lúxuria,<br />
o coração partido e a devoção.<br />
A beleza das formas femininas,<br />
inclusive em vertentes mais “lado<br />
b” ainda, como o gore/grind. O<br />
ponto é: existe a admiração pela<br />
figura feminina nos encartes, capas<br />
de álbuns, banners, etc.<br />
Mulheres tendem a se sentirem<br />
ofendidas com o corpo feminino<br />
ou masculino nu, algo<br />
que a igreja cristã criou como<br />
dito pecado. Infelizmente, mesmo<br />
quem não segue religiões<br />
tem essa tendência, porque desde<br />
pequeno aprende que a nudez<br />
é algo ruim.<br />
O Underground aderiu aos<br />
símbolos que são contra o sistema,<br />
como nudez, sexo, heresia<br />
e objetos satanistas ou imorais,<br />
como necrofilia, sadismo, e o<br />
próprio capiroto. Sempre foi<br />
uma forma de dizermos: não fa-<br />
zemos parte do que vocês querem<br />
que façamos.<br />
E claro, a figura feminina,<br />
com suas curvas pecaminosas,<br />
são o centro de tudo isso. Surge<br />
então Lilith, Kali Ma , bruxas e<br />
succubus , todas representando a<br />
força da mulher. Temos que ver<br />
pelo lado figurativo de cada uma<br />
delas, sexo, morte e devastação.<br />
O metal é tudo isso e tem mais,<br />
tem aquilo que te dá animo para<br />
continuar lutando.<br />
Gostaria de citar algumas<br />
grandes mulheres do Underground,<br />
sem ordem, somente<br />
as que me lembro no momento.<br />
Jinx Dawson, vocal da eterna<br />
Coven. A primeira a perpetuar o<br />
satanismo como tema musical.<br />
Também uma das primeiras a<br />
usar o famoso “horns up”, obrigatório<br />
em todo show metal.<br />
Outras mulheres da quais me<br />
orgulho de comentar aqui são integrantes<br />
de duas bandas de Black<br />
Metal nacional, a Morrigan,<br />
vocal e tecladista do Profane<br />
Souls e a Joycethorns, baixista<br />
da mesma banda. Não poderia<br />
deixar de falar, claro, da Lady of<br />
Blood (Diana Lob), guitarrista<br />
da Ocultan e Khaotic, um trabalho<br />
sensacional. Mulheres a serem<br />
admiradas, por mostrarem<br />
respeito à cena e às mulheres<br />
que fazem parte dela.<br />
Quer fazer sua parte? Seja autêntica.<br />
Apresentadora na Dark Radio<br />
Brasil, modelo e mulher<br />
24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 25
CComportamento<br />
A tatuagem nossa de cada dia<br />
Por: JP Carvalho<br />
tatuagem (também referida como<br />
A tattoo na sua forma em inglês) ou<br />
dermopigmentação é uma das formas<br />
de modificação do corpo mais conhecidas<br />
e cultuadas do mundo. Trata-<br />
-se de um desenho permanente feito<br />
na pele humana que, tecnicamente,<br />
é uma aplicação subcutânea obtida<br />
através da introdução de pigmentos<br />
por agulhas, um procedimento que<br />
durante muitos séculos foi completamente<br />
irreversível (embora dependendo<br />
do caso, mesmo as técnicas de<br />
remoção atuais possam deixar cicatrizes<br />
e variações de cor sobre a pele). A<br />
motivação para os cultuadores dessa<br />
arte é ser uma obra de arte viva, e<br />
temporal tanto quanto a vida.<br />
História<br />
Existem muitas provas arqueológicas<br />
que afirmam que tatuagens foram<br />
feitas no Egito entre 4000 e 2000 a.C.<br />
e também por nativos da Polinésia,<br />
Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia<br />
(maori),tatuavam-se em rituais ligados<br />
a religião.<br />
A Igreja Católica na Idade Média<br />
baniu a tatuagem da Europa (Em 787,<br />
ela foi proibida pelo Papa), sendo<br />
considerada como uma pratica demoníaca,<br />
comumente caracterizando-a<br />
como pratica de vandalismo no proprio<br />
corpo, afirmando em sua doutrina<br />
como maneira de vilipendiar o<br />
templo do Espirito Santo, o corpo,<br />
levando seus fiéis a uma forma verdadeiramente<br />
reta de louvor a Deus.<br />
O termo tatuagem, pelo francês<br />
tatouage e, por sua vez, do inglês tattoo,<br />
tem sua origem em línguas polinésias<br />
(taitiano) na palavra tatau 2 e<br />
supõe-se que todos os povos circunvizinhos<br />
ao Oceano Pacífico possuíam<br />
a tradição da tatuagem além das<br />
dos Mares do Sul.<br />
James Cook<br />
O pai da palavra “tattoo” que conhecemos<br />
atualmente foi o capitão<br />
James Cook (também descobridor<br />
do surf), que escreveu em seu diário<br />
a palavra “tattow”, também conhecida<br />
como “tatau” (era o som feito<br />
durante a execução da tatuagem,em<br />
que se utilizavam ossos finos como<br />
agulhas e uma espécie de martelinho<br />
para introduzir a tinta na pele). Com<br />
a circulação dos marinheiros ingleses<br />
a tatuagem e a palavra Tattoo entraram<br />
em contato com diversas outras<br />
civilizações pelo mundo novamente.<br />
Porém o Governo da Inglaterra adotou<br />
a tatuagem como uma forma de<br />
identificação de criminosos em 1879,<br />
a partir daí a tatuagem ganhou uma<br />
conotação fora-da-lei no Ocidente.<br />
Aparelho elétrico para<br />
se fazer tatuagens<br />
Em 1891, Samuel O’Reilly desenvolveu<br />
um aparelho elétrico para<br />
fazer tatuagens, baseado em outro<br />
aparelho extremamente parecido que<br />
havia sido criado e patenteado pelo<br />
próprio Thomas Edson<br />
Durante a Segunda Guerra Mundial,<br />
a tatuagem foi muito utilizada<br />
por soldados e marinheiros, que gravavam<br />
o nome da pessoa amada nos<br />
seus corpos.<br />
Perspectiva religiosa<br />
Cristianismo: Historicamente, o<br />
declínio na tatuagem tribal na Europa<br />
ocorreu com a expansão do Cristianismo.<br />
No entanto, alguns grupos<br />
cristãos como os Cavaleiros de São<br />
João de Malta ainda tinham o costume<br />
de fazer tatuagens em seus membros.<br />
O declínio ocorreu em outras<br />
culturas durante a tentativa europeia<br />
de se converter povos aborígenes<br />
ao cristianismo, alegando que as<br />
práticas de se fazer tatuagens eram<br />
práticas pagãs. Em algumas culturas<br />
indígenas a tatuagem era realizada<br />
no contexto da passagem da infância<br />
para a fase adulta.<br />
A maioria dos cristãos não vê problemas<br />
com a prática, enquanto uma<br />
minoria usa a visão dos Hebreus contra<br />
as tatuagens baseado no livro de<br />
Levítico da Bíblia. Não ha proibição<br />
por parte da Igreja Católica contra as<br />
tatuagens, não sendo considerada sacrilégio,<br />
blasfêmia ou obscena.<br />
Mórmons: Membros da A Igreja<br />
de Jesus Cristo dos Santos dos<br />
Últimos Dias são avisados por seus<br />
líderes a não tatuar seus corpos. Os<br />
mórmons acreditam que o corpo é um<br />
templo sagrado, assim dito no Novo<br />
Testamento , e que seus fiéis devem<br />
deixar seus corpos limpos. A prática<br />
da tatuagem é desencorajada e não<br />
recomendada.<br />
Islamismo: Tatuagens são proibidas<br />
no Sunismo, mas permitidas no<br />
Xiismo. Vários muçulmanos sunitas<br />
acreditam que se tatuar é um pecado,<br />
pois isso envolve em mudar a criação<br />
de Alá (Surah 4 Verso 117-120). No<br />
entanto existem opiniões diferentes<br />
entre os sunitas do porque as tatuagens<br />
serem proibidas.<br />
Alguns muçulmanos, baseando-<br />
-se num hadith duvidoso, dizem que<br />
o Profeta Maomé teria amaldiçoado<br />
quem se tatua, mas convenientemente<br />
se esquecem de que ele disse: “Em<br />
verdade, não fui enviado ao mundo<br />
pra amaldiçoar, mas sim como um<br />
exemplo de misericórdia.”<br />
Judaísmo: As tatuagens são proibidas<br />
no Judaísmo, baseado no livro<br />
de Levítico do Torah (19:28).<br />
A proibição é explicada por rabinos<br />
contemporâneos como sendo parte<br />
da proibição geral de modificações<br />
do corpo (com a exceção do ritual da<br />
circuncisão) que não sejam feitas por<br />
razões médicas. Maimonides, líder<br />
judeu do século 12, explicou que a<br />
proibição da tatuagem é uma resposta<br />
judia contra o paganismo.<br />
Nos tempos modernos, a associação<br />
da tatuagem com o Holocausto<br />
e com os campos de concentração<br />
durante a Segunda Guerra Mundial,<br />
devido ao fato dos prisioneiros serem<br />
26 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
tatuados para identificação, fez com<br />
que a tatuagem seja vista com um<br />
nível maior de repulsa dentro da religião.<br />
A crença de que qualquer judeu<br />
com tatuagens não poder ser enterrado<br />
em cemitérios judaicos é um mito.<br />
Hinduísmo: No Hinduísmo, fazer<br />
uma marca na testa é encorajada,<br />
pois se acredita que isso aumente o<br />
bem-estar espiritual. Várias mulheres<br />
hindus tatuam seus rostos com pontos,<br />
especialmente ao redor dos olhos<br />
e queixo, para espantar o mal e aumentar<br />
a beleza. Tribos locais usam a<br />
tatuagem para se diferenciar de certos<br />
clãs e grupos étnicos.<br />
Uma das deusas do Hinduísmo,<br />
Lirbai Mata, é representada com tatuagens<br />
nos braços e nas pernas. Ela<br />
é venerada pelos grupos Marwari e<br />
Rabari.<br />
Tatuagem no Brasil<br />
No Brasil a tatuagem elétrica é<br />
uma arte muito recente, surgiu em<br />
meados dos anos 60 na cidade portuária<br />
de Santos e foi introduzida<br />
pelo dinamarquês Knud Harld Lucky<br />
Gregersen (também conhecido como<br />
Lucky Tattoo), que teve sua loja nas<br />
proximidades do cais, onde na época<br />
era a zona de boemia e prostituição<br />
da cidade de Santos.<br />
Isto contribuiu bastante para a disseminação<br />
de preconceitos e discriminação<br />
da atividade. A localização<br />
da loja era zona de intensa circulação<br />
de imigrantes embarcados, muitas<br />
vezes bêbados, arruaceiros e envolvidos<br />
com drogas e prostitutas; gerando<br />
um estigma de arte marginal que perdurou<br />
por décadas.<br />
Hoje em dia, devido à circulação<br />
de informação pela televisão e por<br />
meios de comunicação como a internet,<br />
a tatuagem vem atingindo todas<br />
as camadas das populações brasileiras<br />
sem distinções.<br />
Temas<br />
Os temas são infinitos e variam<br />
tanto quanto as personalidades - dos<br />
tatuadores e tatuados. As motivações<br />
são inúmeras, e não há uma forma<br />
definida ou percurso que explique o<br />
desejo e sua efetivação na realização<br />
da tatuagem, um evento a princípio<br />
antinatural (biologicamente). Portanto<br />
considera-se um movimento do ser<br />
simbólico-social, que supera o instinto<br />
de autopreservação, uma característica<br />
absolutamente humana.<br />
O contexto, o ambiente, a época,<br />
o nível cultural, as influências, modismos,<br />
ideologias, crença e espírito<br />
despojado são alguns dos níveis<br />
que podem dar vazão ao processo.<br />
Nenhuma teoria psicológica, psicanalítica,<br />
religiosa, antropológica ou<br />
médica apresenta uma explicação exclusiva<br />
e final para a tatuagem. Considera-se<br />
um movimento complexo<br />
sobredeterminado, desde sua origem<br />
histórica até o contínuo uso na contemporaneidade.<br />
Cuidados antes e pós-tatuagem<br />
Certos cuidados devem ser tomados<br />
antes de se fazer uma tatuagem.<br />
Primeiramente deve-se se fazer uma<br />
pesquisa e visitar os possíveis estúdios<br />
de tatuagens a serem escolhidos,<br />
procurando saber se eles são certificados<br />
pela Anvisa e se seguem todas<br />
as normas e regulamentações de<br />
segurança determinadas pelo órgão,<br />
como ter um ambiente esterilizado e<br />
o uso de materiais descartáveis utilizados<br />
para a realização da tatuagem,<br />
por exemplo. É possível consultar se<br />
o estúdio escolhido é certificado pela<br />
Anvisa através de seu site.<br />
Também é importante fazer uma<br />
pesquisa de preço, consultando diferentes<br />
estúdios e não dar preferência<br />
para aqueles que cobram mais barato,<br />
lembrando que a tatuagem é algo permanente<br />
e que muitas vezes o barato<br />
pode sair caro.<br />
Vários são os cuidados a serem<br />
tomados depois de se realizar a tatuagem,<br />
sendo extremamente recomendável<br />
seguir as orientações passadas<br />
por tatuadores profissionais no que se<br />
deve fazer depois de realizar o procedimento.<br />
Em casos adversos e não<br />
esperados, procure um médico para<br />
diagnosticar doenças, indicar tratamentos<br />
e receitar remédios.<br />
Muitos tatuadores recomendam o<br />
recobrimento do local da tatuagem<br />
recém-feita com plástico de embalar<br />
alimentos, por pelo menos três dias.<br />
No entanto, nem todos os tatuadores<br />
compartilham da mesma opinião,<br />
pois alega-se que a pele recoberta por<br />
plástico, com resíduos de pele e líquidos<br />
(linfa, sangue, tinta, suor) podem<br />
gerar uma ambiente propício para a<br />
formação de colônias de bactérias.<br />
Alguns recomendam manter por no<br />
mínimo cinco horas, tempo suficiente<br />
para cicatrização inicial, e depois<br />
retirar só recolocando à noite para<br />
não grudar no lençol, no primeiro ao<br />
terceiro dia.<br />
A recomendação de uso do plástico<br />
também está associada ao contato da<br />
tatuagem recente com tecidos: a cicatrização<br />
que pode ocorrer logo após o<br />
processo ou à noite, com vazamento<br />
de linfa e consequente aderência do<br />
lençol ou roupa ao desenho, gera o<br />
risco de remoção da camada (epiderme<br />
e derme ) superficial onde estão<br />
alojadas as tintas. A consequência<br />
pode ser a formação de falhas em alguns<br />
pontos<br />
Deve-se lavar a região com sabonete<br />
neutro durante o banho, após<br />
algumas horas, para manter o local<br />
limpo, já que a pomada também sairá<br />
na lavagem. Além disso, os resíduos<br />
podem criar uma superfície de risco<br />
por falta de assepsia.<br />
A água é um elemento importante<br />
para o processo químico de cicatrização,<br />
fazendo parte da cadeia de fixação<br />
do colágeno. A pele muito seca<br />
pode perder mais células ou demorar<br />
mais para cicatrizar. Por outro lado,<br />
o excesso de água também prejudica,<br />
ao amolecer a casquinha. Por isso, é<br />
muito importante não deixar a tatuagem<br />
exposta ao sol, não ir à praia,<br />
piscinas, saunas, nem tomar banhos<br />
longos, e não esfregar com buchas<br />
abrasivas ou sabonetes fortes.<br />
Procure o seu médico para diagnosticar<br />
doenças, indicar tratamentos<br />
e receitar remédios.<br />
Não se deve puxar a crosta. É o<br />
conselho de todo tatuador. Para algumas<br />
pessoas, uma tarefa fácil. Para<br />
outras, nem tanto: é um ritual viciante<br />
e somado à curiosidade, puxar as<br />
crostas para que “cicatrize logo”<br />
pode abrir buracos nos desenhos,<br />
mesmo quando a crosta parece fina e<br />
superficial. Além disso, uma coceira<br />
frequente devido à retração da pele<br />
provoca o desejo de se encravar as<br />
unhas no local. Via de regra, jamais<br />
arranque a crosta.<br />
Deve-se tomar cuidado com a ingestão<br />
de alimentos que possam causar<br />
alergia no período de cicatrização<br />
do trabalho, pois em algumas pessoas<br />
a pele pode adquirir um comportamento<br />
reativo e comprometer o resultado<br />
da tatuagem.<br />
Costuma-se recomendar a suspensão<br />
de alimentos muito gordurosos,<br />
carne de porco, frutos do mar, comida<br />
japonesa , chocolates e pimentas.<br />
Elementos que determinam o<br />
resultado da tatuagem:<br />
Ajuste da máquina: Para contorno,<br />
a agulha deve penetrar aproximadamente,<br />
em torno de 1,7mm na<br />
pele. Para preenchimento também,<br />
mas eventualmente um pouco mais:<br />
2,5mm. Estas medidas são aproximadas,<br />
e dependem do tatuador, do tipo<br />
de ponta e do tipo de traço pretendido.<br />
Frequência de vibração e força<br />
da máquina: Máquinas fracas nem<br />
sempre conseguem introduzir a agulha<br />
na pele, conforme o local. Já a frequência,<br />
se for muito alta pode “rasgar”<br />
a pele ao invés de marcar o traço, e<br />
depois perde-se tinta na cicatrização.<br />
Qualidade das tintas: Algumas<br />
tintas podem gerar alergia, dependendo<br />
do tipo de pele. Não há uma regra,<br />
mas há predominância do vermelho,<br />
por exemplo, entre os pigmentos que<br />
geram alergia. Mas todos podem gerar,<br />
dependendo da pessoa. Além disso,<br />
há no mercado muitas tintas para<br />
iniciantes, que são mais “lavadas”. O<br />
pigmento mais inócuo é o preto, por<br />
ser feito (normalmente) à base de carvão<br />
de origem animal ou vegetal, e<br />
portanto, quimicamente muito estável.<br />
Tipo de pele e o local do corpo: Algumas<br />
pessoas incorporam mais a tinta,<br />
e outras eliminam quase toda a tinta.<br />
Procedimento: Como foi executado<br />
o desenho.<br />
Padrões de soldagem: Textura e<br />
espessura das agulhas<br />
Cor da pele: Mesmo em peles de<br />
tons médios, a tatuagem inicialmente<br />
fica bem colorida, mas depois o pigmento<br />
natural da pele (melanina), que<br />
é produzido acima da camada onde se<br />
aloja a tinta, cobre o desenho, escurecendo-o.<br />
Assim, este é outro motivo<br />
para evitar o sol.<br />
Profissional: É o responsável pela<br />
maior parte dos itens listados acima.<br />
Remoção de tatuagem<br />
Apesar das tatuagens serem consideradas<br />
permanentes, é possível a<br />
remoção delas, total ou parcialmente,<br />
com o uso de tratamentos a laser.<br />
Normalmente, o preto e algumas<br />
tintas coloridas usadas nas tatuagens<br />
podem ser removidas com mais facilidade<br />
do que tatuagens que usem<br />
outros tipos de tintas. O custo e a<br />
dor de se retirar uma tatuagem são<br />
tipicamente maiores do que o custo<br />
e dor de se aplicar uma. Métodos de<br />
remoção pré-laser incluem dermoabrasão<br />
e salabrasão (esfregar a pele<br />
com Sal), mas esses métodos antigos<br />
foram quase completamente substituídos<br />
pelo uso do laser, que se mostra<br />
mais eficaz e rápido.<br />
Fonte: Wikipédia<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 27
RRock Report<br />
...a musica vai além das notas, e<br />
as letras vão alem de um texto...<br />
Por: JP Carvalho<br />
João Pedro “Jilão” Oliveira, guitarrista e vocalista da banda Terra Santa, originada<br />
em Miguel Pereira, região serrana do Rio de Janeiro e que pratica uma mistura<br />
bem inusitada de Reggae e Death Metal. Estranhou? Eu também, mas depois de ouvir<br />
o trabalho dos caras e verificar na fonte que por mais estranho que posso parecer,<br />
a banda consegue sim, unir os dois estilos e ainda fazer um trabalho digno de nota<br />
e atenção. Com o primeiro trabalho de estudio já gravado, o álbum com 13 faixas<br />
intitulado “NyahGrooves”, o Terra Santa segue gravando seu segundo álbum “População<br />
Chorume”, e trazendo em seus shows muita atitude, energia e peso, em um<br />
elenco de musicas que trazem, além das musicas autorais, clássicos como Sepultura,<br />
Megadeth e outros.<br />
Jiláo nos concedeu esta entrevista e deixou claro porque dessa mistura e diversos<br />
outros assunto muito interessantes, confiram!<br />
Underground Rock Report: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e pro nos<br />
dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.<br />
Jilão: Olá JP, primeiro fica aqui também o nosso muito obrigado pela oportunidade.<br />
Bem, Somos a Terra Santa, uma banda de Thrash/ Roots/ Goove Metal de<br />
Miguel Pereira, região serrana do Rio de Janeiro. Começamos a banda em meados<br />
de 2011 e de lá pra cá já gravamos um álbum com 12 faixas e estamos caminhando<br />
para o segundo, buscando sempre evoluir a banda sem perder as raizes da porradaria.<br />
URR: Conte-nos um pouco sobre a Terra Santa.<br />
Jilão: Terra Santa é uma banda de Thrash/ Roots Metal com fortes influências no<br />
Reggae, na cultura e nas raízes brasileiras, a banda traz um som rústico e de grande<br />
peso, buscando sempre cultivar nossas origens e as verdadeiras atitudes a serem<br />
tomadas. Com o primeiro trabalho de estúdio já gravado, intitulado “NyahGrooves”,<br />
o Terra Santa segue gravando seu segundo álbum, e trazendo em seus shows muita<br />
atitude, energia e peso, em um elenco de musicas que trazem, além das musicas<br />
autorais, clássicos como Sepultura e Megadeth.<br />
Buscamos realmente unir estilos musicais e fazer algo irreverente no metal, que<br />
ninguém nunca tenha chegado a um ponto tão extremo de mesclagem como nós.<br />
Bem, esse é o nosso release padrão (risos), mas assim, a Terra Santa é uma banda<br />
que nos deu e dá apesar de tudo, muitos bons frutos e trabalhos satisfatórios e aqui<br />
na nossa região, até que somos conhecidos, tocamos em eventos e a galera curte<br />
bastante. Aqui na nossa cidade as pessoas até cantam nossa canção “Morte Súbita”<br />
em coro nos shows e é muito maneiro, é um retorno em escala e dimensão muito menores,<br />
mais que nos causam grande satisfação, e acredito que até nos prepare e nos<br />
inspire para situações maiores e com maiores proporções, que é o rumo que estamos<br />
querendo tomar com o lançamento dos novos singles.<br />
URR: Por mesclar a sonoridade do Death Metal com a Cultura Nyahbinghi?<br />
Jilão: Sim. Não é porque é a minha banda, mas eu realmente acho que somos uma<br />
banda versátil e estamos fazendo algo realmente diferente e fora dos padrões comuns<br />
que se vê no metal atual. Acredito que as pessoas sentem certa insegurança ou talvez<br />
até preconceito com nosso som, por mesclar culturas que “não tem ligação alguma”.<br />
Mas quando as pessoas passam por essa barreira e escutam alguma musica nossa,<br />
muitas vezes se surpreendem e tem uma reação positiva, o que é muito bom! Tenho<br />
certeza que apesar dessa nova ideia que estamos tentando passar no metal, ainda<br />
pouco conhecida, deixamos claro para quem ouve nosso som, que mesmo com a<br />
mistura de ideias e culturas, não perdemos as raízes nem a verdade dos nossos ideais<br />
e da nossa mensagem. Somos todos amantes do reggae e da cultura que o rodeia, e<br />
principalmente, compomos e tocamos o que nós queremos, gostamos e acreditamos,<br />
e acho que esse seja o principal motivo de estarmos tão a vontade e satisfeitos com<br />
nossa música. A cultura Nyahbinghi é uma cultura muito antiga ligada à igualdade,<br />
prosperidade e, principalmente à vida! Somos uma banda de Metal extremo que<br />
enaltece a vida e os direitos iguais, somos totalmente positivos e tentamos alertar as<br />
pessoas da situação em que vivemos atualmente, principalmente no nosso estado,<br />
o Rio de Janeiro e lembrar a elas as atitudes que realmente deveriam ser tomadas.<br />
Tudo isso de forma violenta musicalmente, e pacífica idealmente. Buscamos fazer<br />
isso através de dois dos estilos musicais que mais representam uma verdade e um<br />
ideal, o Metal Extremo e o Reggae/ Dub.<br />
URR: Você não acha que a princípio, as pessoas vão estranhar essa sonoridade?<br />
Digo tanto do lado do Metal, quanto do lado do Reggae?<br />
Jilão: Acho sim JP, na verdade a maioria das pessoas tem muito medo e repreensão<br />
pelo “diferente” em geral. Não considero a Terra Santa como uma banda de reggae.<br />
Somos uma banda de Metal extremo e isso fica claro no nosso som. Mas somos<br />
três caras com um turbilhão de ideias 24 horas na mente, com varias influencias e<br />
28 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
por sempre termos ouvido muita musica, de todos os estilos, e julgado o que era bom<br />
pra nos, não queremos deixar nenhum tipo de criação ou ideia de fora das nossas<br />
composições, para nós, toda ideia é válida, não importa se está ou não no “padrão”<br />
das bandas do nosso estilo. Somos uma banda de metal fixada no rastafarianismo,<br />
que é uma religião que admiramos de coração, e não somos os primeiros a fazer<br />
algo assim. Existem outras bandas pacíficas e diferentes no metal, com influências<br />
de estilos até parecidas com as nossas. Bandas como o próprio Sepultura no álbum<br />
“Roots”, Soulfly, Eyesburn, enfim, já mesclaram de certa forma esses dois estilos<br />
musicais, mas realmente acho que não chegaram a um ponto tão extremo como nós.<br />
Talvez realmente sejamos uma banda complicada de compreender a principio, agora,<br />
os amantes de Metal extremo não tem motivos para não nos classificar nesse estilo<br />
musical, Nossa raiz da porradaria, está presente em tudo, inclusive em alguns reggaes<br />
que compomos e resolvemos gravar, que estão no nosso álbum “NyahGrooves”.<br />
Quem quiser, é só conferir!<br />
URR: E como se dá o processo de composição da Terra Santa?<br />
Jilão: Bom, a maioria das musicas é composta basicamente por mim, e depois se<br />
necessário, tem algumas coisas alteradas no baixo ou bateria de acordo com a ideia<br />
que os outros integrantes tenham em seu próprio instrumento. As letras também<br />
são todas minhas. Sempre que começamos a ensaiar alguma musica nova acabamos<br />
mudando muita coisa e deixando a musica com a cara que ela vai ficar, com a pegada<br />
individual de cada um, que acaba se unindo e dando a característica específica da<br />
nossa banda. Dê uns tempos pra cá, começaram a surgir mais ideias coletivas e nosso<br />
próximo álbum já tem musicas que foram compostas por toda a banda, coisa que não<br />
aconteceu no NyahGrooves. Nosso baixista, Lucas (Çuça), é parte muito importante<br />
nesse processo de criação também, ele é quem produz a banda, mixa e faz todas essas<br />
coisas e manda muito bem. Ele tem muitas influencias de Jazz e principalmente<br />
do DUB, e depois que as musicas estão gravadas, ele senta naquele PC e dá um<br />
molho legal nas canções, colocando elementos eletrônicos diversos e psicodelia, em<br />
meio a toda a porradaria do Metal.<br />
Uso bastante o Guitar Pro no processo de composição, para escrever o “esqueleto”<br />
das musicas e não deixar nenhum resquício de ideia passar despercebido.<br />
URR: E quais são os temas que você abrange em suas letras?<br />
Jilão: As letras falam basicamente de igualdade de direitos para todos, Críticas<br />
sociais (Que apesar de ser um “clichê” de letras de metal, no mundo em que vivemos<br />
hoje em dia é meio difícil não lidar com esse assunto), abominação a qualquer tipo<br />
de racismo ou preconceito religioso, cultural, ou qualquer outro. Nossa mensagem<br />
é: Se você é uma boa pessoa, tem bom caráter, lembre-se que existimos para vivermos<br />
juntos e em paz, não podemos deixar os hipócritas e canalhas controlarem nossas<br />
vidas e nossas atitudes. Vamos celebrar a união, a comunhão, viver de maneira<br />
simples e obtermos, cada um, sucesso físico e espiritual. Só continuaremos nossa<br />
evolução de onde paramos, quando aprendermos a viver unidos, com simplicidade<br />
e paz, e livre de preconceitos e lavagens cerebrais. Já passou da hora de a humanidade<br />
começar a consertar seus vários erros e ninguém parece se importar com isso,<br />
estão todos acomodados com tamanha hipocrisia, e nós escrevemos as musicas para<br />
alertar a sociedade.<br />
URR: Então você acredita que através da música é possível mostrar tanto o lado<br />
bom, quanto o lado ruim das coisas?<br />
Jilão: Com certeza. Esse foi um ponto bom que você tocou. A grande maioria das<br />
bandas, principalmente de Metal, falam sempre sobre o lado ruim das coisas. Nós<br />
falamos sim, do lado ruim das coisas, mas também procuramos enaltecer o lado<br />
bom, que sempre existe, a luz no fim do túnel da esperança cada um. A música, em<br />
minha opinião, é o melhor veículo para passar uma mensagem, principalmente quando<br />
você toca e escreve com amor no que está fazendo. A música vai além das notas,<br />
e as letras vão além de um texto. Música envolve sentimento, e uma vez despertado<br />
esse sentimento em alguém, ele nunca mais vai embora. Fazemos nossas musicas e<br />
letras com muito amor, fé e esperança de estar ajudando a propagar uma ideia válida<br />
que possa ser boa para alguém.<br />
URR: Você acha que o ser humano precisa de melhores exemplos para se tornarem<br />
melhores? Ou vai da carga genética de cada um?<br />
Jilão: Não somente exemplos. Os exemplos são uma maneira ótima de atingir alguém,<br />
porém, a verdade, é que infelizmente a maior fonte de “exemplos” que temos<br />
no Brasil hoje, são as redes de jornal e televisão, que sugam as famílias e crianças<br />
ao redor do país, introduzindo, mesmo que subliminarmente, hipocrisia e imundice,<br />
como qualquer um pode ver em reportagens e informações alteradas, cenas de novela,<br />
etc. Que parecem muito inocentes e responsáveis, mas em minha opinião, lá<br />
no fundo da consciência de cada um, acaba atingindo e alterando uma coisa muito<br />
importante que é a índole. Na questão da genética, não sei se é tão influente, pois seja<br />
você de qualquer crença, cultura raça, ou “classe social”, o caráter e o verdadeiro<br />
sentido de estarmos aqui, vivos, já está embutido dentro de cada um de nós, desde<br />
sempre, resta é ter certeza e atitude para não deixar isso morrer dentro de você colocar<br />
em prática e tentar, despertar essa virtude, da maneira que você conseguir, passar<br />
isso para outras gerações, coisa que já vem sendo feita a muitas décadas, seja através<br />
da música, texto, vídeos ou qualquer outro meio, mas que para mim, até hoje não<br />
pareceu surtir efeito na grande maioria, maioria essa que assiste TV Globo e compra<br />
álbuns de sertanejo universitário da som livre, para ouvir enquanto enche a cara em<br />
uma festinha, ou fazendo uma putaria, sem pensar no que está por trás de tudo isso<br />
que os meios de comunicação ensinam que é bacana e “tá na moda”, e em como isso<br />
afeta o país e a humanidade de maneira geral.<br />
URR: E você também acredita que com uma educação de qualidade, maior<br />
exposição a diferentes culturas e artes, as pessoas podem crescer e se desenvolver<br />
de forma mais... Humana?<br />
Jilão: Certamente. É claro que o que a pessoa é, é totalmente influenciado pelo que<br />
ela viveu, pela educação e a qualidade de vida em todos os aspectos. Não acho que se<br />
deva vitimizar pessoas que fazem merda, que sabem que são erradas, por ela ser pobre<br />
ou algo do tipo. Mas também não creio que devamos condenar. Isso é um problema<br />
social, causado na grande maioria, pelo descaso do governo com todas as principais<br />
atividades que deveriam ser de primeira qualidade em qualquer país, como educação,<br />
saúde e cultura, e que infelizmente, são postas em segundo plano quando se trata de<br />
Brasil, quando se trata da galera mais humilde. E nas favelas, onde por mais que os<br />
moradores queiram uma qualidade de vida melhor, existe muita dificuldade em ter<br />
acesso ao que precisam, o que os torna, na grande maioria, os “monstros” e o “resto”,<br />
como são classificados inconscientemente pela sociedade “perfeita”, que inclui<br />
os mentirosos, canalhas, soberbos e ricos, que dão valor ao dinheiro acima de tudo, e<br />
não tem a menor ideia do que é sentir certas coisas na própria pele, por isso se acham<br />
no direito de julgar. Nosso próximo álbum, vai se chamar “População Chorume”, está<br />
sendo gravado nesse momento e trata justamente sobre esse assunto.<br />
URR: Como você vê hoje o cenário da música pesada no Brasil?<br />
Jilão: Bem, o cenário Underground do Metal, já teve seus anos dourados ao redor<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 29
do mundo, e não é atualmente. Mas apesar disso, eu vejo sim, muitas bandas ótimas,<br />
verdadeiras e o principal, fazendo seu trabalho de maneira independente e conseguindo<br />
um lugar pra si. As grandes gravadoras não estão muito interessadas nesse estilo<br />
musical ultimamente, o que não impediu o cenário Underground do Brasil de continuar<br />
vivo, graças ao trabalho das bandas, e aos fãs de música pesada, que já tem o rótulo<br />
muito bem colocado de serem fiéis! Nós já tivemos a oportunidade de dividir o palco<br />
com bandas conhecidas do Rio de Janeiro, muito boas, como Orrör, Demolishment, e<br />
conheço uma galera de bandas Underground muito brabas e boas, como a Not Dead<br />
de Nilópolis. Isso me deixa muito alegre e faz eu não perder o tesão de acreditar nesse<br />
estilo musical, acredito que não importa o que nos imponham o que aconteça, o cenário<br />
do peso sempre vai estar ai, pra quem quiser conhecer. Um dos principais meios<br />
de propagar esse cenário, para mim, é com as bandas trocando ideia e perdendo um<br />
pouco do seu tempo sim, ajudando as outras reciprocamente. Na verdade isso gera<br />
frutos muito maiores, em dimensões muito maiores. Quando você ajuda uma banda,<br />
você perde o tempo que poderia estar divulgando mais a sua, mas ajuda a manter um<br />
cenário que até hoje não conseguiram eliminar. Por mais que esse estilo de música sofra<br />
todos os preconceitos que sofre, todos nós que trabalhamos duro (e sabemos disso)<br />
para manter uma banda, mostramos a todos que estamos aqui sim, e para ficar, sempre!<br />
URR: As bandas, atualmente, reclamam muito da falta de espaço para shows<br />
de bandas autoriais. Estando em Miguel Pereira, como você vê essa reclamação?<br />
Jilão: É uma reclamação que faz todo o sentido sim. As únicas bandas autorais que<br />
você vê hoje em dia com um espaço considerável nas mídias, são hipster, ou indies<br />
ou seja lá como quer que chamem. Muitas bandas também se sentem oprimidas para<br />
tocar canções autorais e caem nessa de fazer cover para poder mostrar seu talento, o<br />
que eu não acho bacana. Aqui em Miguel Pereira, até temos nosso espaço, pequeno,<br />
mas temos. É uma cidade ligeiramente pequena, com trinta mil habitantes, onde todo<br />
mundo acaba se conhecendo pessoalmente e se tornando amigo. Isso é bom, porque<br />
o fato da geral nos conhecer e parar no bar com a gente e tal, cria certa intimidade,<br />
pois grande parte do público dos festivais de bandas que rolam aqui são nossos<br />
amigos e nos dão a maior força, porque tem contato direto com qualquer novidade e<br />
música autoral da banda, não nos deixando em posições sem graça ao tocar nossas<br />
músicas autorais. Graças a Deus, em todos os lugares que tocamos músicas autorais,<br />
tivemos um ótimo resultado, mas infelizmente essa não é a realidade da maioria das<br />
bandas novas e independentes.<br />
URR: E na sua visão, qual seria a solução para este problema?<br />
Jilão: A solução eu não sei te dizer, acho que no fundo essa repressão contra o<br />
Underground da “massa” acaba dando o intuito da parada, a magia. Porque é muito<br />
trabalho e muitas exigências para conseguir um espaço sem se vender ou tocar covers<br />
ou algo do tipo. É difícil conseguir renda, que não deixa de ser algo necessário<br />
para a existência de uma banda com músicas autorais. Só quem chega lá ou pelo ou<br />
menos conseguem, se manter, são os verdadeiros, aqueles que estão ali para representar<br />
e cultivar uma cena. A maioria adora repreender o “diferente”, e nós adoramos<br />
o “repreendido”. Isso dá mais vontade de gritar uma idéia cada vez mais alto.<br />
URR: Você acha que os incentivos fiscais dados pelo governo ou até mesmo o<br />
apoio financeiro as artes em geral, seria uma forma de tentar reativar esse cenário<br />
com produções de shows melhores?<br />
Jilião: Então, o governo mais parece estar interessado naquilo que lhe convém, ou<br />
seja, lucro e boas jogadas de politicagem (não cabe dizer política), portanto o cenário<br />
que vemos, são de grandes espetáculos com conteúdo artístico duvidoso, atualmente<br />
o cenário artístico vem buscando alternativas de forma independente, muitas vezes<br />
até contra as permissões do governo. (Bailes Funks, músicos que tocam nas praças<br />
públicas por exemplo.) Essa “clandestinidade” da arte poderia ser evitada se houvesse<br />
mais diálogo direto com os governantes e que esses respeitassem a liberdade<br />
de expressão e reconhecerem o poder cultural que isso tem. As leis de incentivo são<br />
ótimas formas para conseguir elaborar novos projetos, no entanto, o processo é burocrático<br />
e há grande dificuldade de conseguir bons acordos com a iniciativa privada.<br />
O que mais vemos são artistas que não conseguem viver de sua arte e precisam optar<br />
por outros caminhos que não satisfaçam seus desejos pessoais.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Jilão: Bem, finalizar a gravação do nosso novo trabalho, “População Chorume”, buscar<br />
novos contatos e apresentações para divulgar nossa ideia e material. Compartilhar<br />
nosso sentimento com outras tribos e eventos, em picos conhecidos do Underground.<br />
URR: Resuma Jilão em uma frase.<br />
Jilão: Bem, Jilão em uma frase? Difícil (risos). Bem é uma frase simples e minha,<br />
que está na canção Morte Súbita: “O que se leva da vida, é a consciência” acho que<br />
essa frase traduz um pouco de todos os membros da banda.<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo,<br />
deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Jilão: Galera que está aqui sacando um pouco do nosso trampo e da nossa opinião,<br />
muito obrigado. Abram os olhos de todos ao seu redor, vamos escutar mais música,<br />
vamos melhorar nossa condição! Só depende de nós! Vamos manter as bandas e o<br />
cenário Underground vivo, e não deixar que enterrem nossos ideais! Espero que curtam<br />
essa entrevista e procurem saber mais sobre nossa banda e passar adiante! Um<br />
grande abraço em todos os leitores e ao blog HM Breakdown! Muito obrigado JP,<br />
por esse espaço e continue com seu trabalho aqui que é magnífico e muito importante<br />
mesmo! E é isso. Terra Santa Porra!<br />
Entrevista concedida e originalmente publicada pelo site<br />
Heavy Metal Breakdown - http://hmbreakdown.blogspot.com.br/<br />
30 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por Christiano K.O.D.A<br />
projeto é totalmente na veia Grind/Crust Death. Toda a barulheira feita<br />
por um só ser, nominado Arthu. É ele o responsável pelo grande<br />
O<br />
Agamenon Project, cuja discografia só deve perder para a da Agathocles<br />
em termos de quantidade. Aliás, enquanto você lê a entrevista, é capaz de<br />
já ter saído material novo! Brincadeiras à parte, o criador fala sobre sua<br />
banda, revelando sua paixão pelo underground e a vontade de seguir em<br />
frente sempre.<br />
Underground Rock Report: Conte um pouco da trajetória da Agamenon<br />
Project e de onde saiu o nome dessa one-man-band?<br />
Arthu: Pode até ser que soe clichê, mas antes de tudo, valeu mesmo<br />
pelo espaço e pela força que você tem dado ao projeto... Assim, chamo de<br />
projeto, mas é praticamente a minha banda até porque toma mais tempo<br />
que a minha de verdade (risos). Então, o primeiro lançamento foi em 2007,<br />
um split com outro projeto sueco (Social Success Project) e em tape, que eu<br />
mesmo lancei. Então assim, foram dois lançamentos de uma vez, o Agamenon<br />
Project e o Who Cares? Records, que criei para fazer os lançamentos<br />
do projeto. A ideia de fazer algo nessa linha é um pouco mais antiga, creio<br />
que em 2004/2005, quando um grande amigo me mostrou Vomitorial Corpulence<br />
e falou que o cara fazia tudo sozinho, aí veio a luz. A ideia mesmo<br />
tomou mais força quando soube da existência do Besthoven e da fama que<br />
tinha. Então decidi inventar essa coisa de one-man band. O interessante foi<br />
que veio tudo de uma vez, o projeto, o selo e as ideias de gravar em casa.<br />
Quanto ao nome, eu queria algo que soasse como Armagedom, mas não<br />
igual, e na época eu trabalhava alimentando banco de dados de uma empresa,<br />
e apareceu o nome “Agamenon bla bla bla”. Cara, na hora me deu um<br />
estalo e pensei: ‘taí o nome do projeto!’. Tanto que o primeiro logo que eu<br />
fiz é praticamente a cópia do logo do Armagedom.<br />
URR: O quão complicado (ou não) é compor músicas sozinho?<br />
Arthu: Confesso que tenho mais facilidade em fazer tudo sozinho do<br />
que com pitaco de outras pessoas. Às vezes uma opinião aqui ou ali se faz<br />
necessário, mas não é sempre. Gosto de tomar as rédeas e fazer tudo de<br />
uma vez, testando mil opções de batidas, riffs, timbres, andamentos etc.<br />
Às vezes as coisas não fluem tão facilmente, mas quando sai... Podem ser<br />
umas doze músicas (ou até mais, dependendo) em uma semana.<br />
URR: Em termos de números de registros lançados, você ainda vai<br />
passar o Agathocles (risos). É intencional soltar tanto material assim?<br />
Arthu: Assim, Agathocles é referência tanto para o som que faço quanto<br />
pela quantidade de lançamentos que possui. A intenção é espalhar o<br />
meu som por cada canto possível do planeta! Exageros à parte, não tenho<br />
pretensão alguma em ganhar dinheiro, até porque, só gasto (risos), mas é<br />
gratificante ver alguém do Japão curtindo, um cara da Alemanha elogiando,<br />
pessoas de outros países lançando e por aí vai. Às vezes chego a desanimar,<br />
pois todo esforço que eu coloco no projeto, para muitos pode ser que soe<br />
forçado, mas não, não é. Faço realmente porque<br />
gosto, praticamente por amor mesmo ao Grind/<br />
Crust/Death Metal e demais estilos que me agradam.<br />
URR: Aliás, qual o lançamento mais atual?<br />
O que pode dizer sobre ele?<br />
Arthu: Em termos de ‘full’, é o “Waiting The<br />
Bombs Fall”, que em breve vai ser lançado na Tailândia<br />
em tape por um selo que eu não me recordo<br />
agora, mas porra... gratificante pra caramba! Demorei<br />
pouco mais que quatro meses nele, gravei<br />
duas guitarras, baixo, vocais, fiz a mix e a master<br />
com mais calma, e se comparado com o ‘full’ anterior,<br />
“Faces of Death”, ele soa melhor, mas não<br />
chega a ser tão trabalhado quanto. As músicas do<br />
“Waiting...” são mais pesadas e diretas, confesso<br />
que tentei fazer um lance mais Death Metal ‘old<br />
school’ mesmo e ele não tem tanto rodeio. Fiquei satisfeito com o resultado<br />
que tive, porém, ainda não o lancei em CDR PRO. Estava correndo atrás<br />
de alguns selos, mas vou fazer sozinho mesmo e em quantidades limitadas,<br />
no máximo cinquenta e no mínimo 25. Por enquanto, está disponível no<br />
bandcamp (www.agamenonproject.bandcamp.com) para download gratuito,<br />
exceto que na versão física vou incluir o cover que fiz do Carcass,<br />
“Tools of the Trade”.<br />
URR: Falando nessa quantidade, consegue dizer, até hoje, qual o<br />
material da A.P. que você mais curte?<br />
Arthu: Não consigo mesmo. Teve uma música que regravei há pouco<br />
tempo, que se chama “Get a Head”. O inglês deve estar errado (risos),<br />
mas acho a música sensacional. Gostei muito do resultado da regravação<br />
e quem sabe não vira bônus quando lançar o “Waiting...” no físico? Agora,<br />
em se tratando de um split ou qualquer outro lançamento, não consigo<br />
chegar a um preferido.<br />
URR: E claro, o que vem pela frente com a A.P.?<br />
Arthu: Bom, apesar do desânimo que aparece com frequência, não tenho<br />
intenção de parar... Tenho alguns splits pendentes até. Sempre lanço<br />
uns EPs virtuais e estou sempre à procura de bandas para lançar split.<br />
Tenho planejado o lançamento de outro ‘full’ que está pronto. São doze<br />
músicas, apenas dez minutos, e um cover do ROT.<br />
URR: Você se apresenta ao vivo? Se não, já pensou nessa possibilidade?<br />
Arthu: Não, nunca me apresentei, mas já tive vontade... Já pensei sim<br />
e alguns amigos até se propuseram a ajudar, mas sempre deixei pra outra<br />
hora, que nunca chegou (risos).<br />
URR: Aliás, não pensa em transformar a one-man-band em um negócio<br />
com integrantes de verdade, além obviamente de você?<br />
Arthu: Acho que não, a coisa quando vira uma banda mesmo toma<br />
outra proporção e sei lá, tem mais dificuldades também. É aquela coisa de<br />
depender da disponibilidade de um pra poder ensaiar, de juntar grana pra<br />
poder gravar num estúdio de verdade etc, acaba que tudo dificulta e até pelo<br />
estresse que “ter uma banda” causa, prefiro mesmo ficar apenas eu. Pelo<br />
menos ao se tratar do Agamenon Project.<br />
URR: Valeu demais pela entrevista! Manda um salve pra quem a leu!<br />
Arthu: Pô, mais uma vez, muito obrigado mesmo por todo espaço que<br />
você tem dado no seu blog, e não deixe isso morrer nunca, por favor! Hoje<br />
em dia precisamos de pessoas assim. Muitos deixam de oferecer tal espaço<br />
por ego ou até mesmo por preconceito idiota. O<br />
underground não precisa de pessoas assim... Enfim,<br />
espero que quem tenha lido a entrevista, tenha<br />
curtido, claro.<br />
E curta a página no facebook (www.facebook.<br />
com/agamenongrindproject), ouça as músicas no<br />
bandcamp (agamenonproject.bandcamp.com) e<br />
acesse a “página” às vezes (agamenonproject.wordpress.com).<br />
Em breve vão sair alguns materiais<br />
bem legais e tudo em cópias limitadas! E como<br />
sempre... Trocas são mais que bem-vindas e não<br />
faço questão de vender ou ter lucro, a ideia é simplesmente<br />
espalhar o meu som! Muito obrigado<br />
mesmo!<br />
Matéria originalmente publicada<br />
no site Som Extremo<br />
http://somextremo.blogspot.com.br/<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 31
RReleases<br />
Apoteom<br />
Alienation<br />
MS Metal Press - nacional<br />
Você olha a bela capa e o encarte,<br />
bastante caprichados, com layout<br />
refinado, enfim, e alimenta expectativas<br />
à altura da parte gráfica. Ao dar o play,<br />
percebe que o som desse pessoal de Santa<br />
Maria, Rio Grande do Sul, toca Metal que<br />
transita pelo Thrash (o mais marcante), o<br />
Heavy e até, lá e cá, pelo Death Metal.<br />
As músicas são pesadas e agressivas,<br />
com diversas mudanças de andamento<br />
e ‘groovie’ para dar e vender. Mostram<br />
que potencial não falta no ‘debut’.<br />
Se alguém pensa que o vocal de Pedro<br />
Ferreira (também guitarrista) vai pro<br />
gutural ou berrado, engana-se: o sujeito<br />
manda ver em sua voz limpa, porém áspera,<br />
potente e com um timbre bacana.<br />
Parece que tudo acabará bem, né?<br />
Parece... com um investimento na mencionada<br />
parte gráfica e no poderio das<br />
composições, por que diabos também<br />
não pegaram firme em um dos mais importantes<br />
aspectos, a gravação?<br />
Estou torcendo para que tenha sido<br />
algum problema unicamente no CD<br />
que recebi. Afinal, parece um registro<br />
amador, retirado de alguma antiga fita<br />
cassete lá do início da década de noventa,<br />
com sérios problemas na sonoridade<br />
da bateria (o bumbo é lamentável) e das<br />
cordas, especialmente nos riffs mais<br />
distorcidos. Apenas a voz se salvou<br />
aqui. E sim, isso fez com que a nota baixasse<br />
consideravelmente.<br />
Como deixaram acontecer? Um negócio<br />
bem abafado, ‘clipado’, enfim,<br />
um fiasco. Esse fator colocou tudo a<br />
perder, sério. Desperdício de talento.<br />
Repito: torço para que o problema tenha<br />
sido somente na minha cópia do material.<br />
Se sim, podem desconsiderar tudo o que<br />
foi relatado sobre a gravação e o aumento<br />
da nota será substancial. Mas se todos estão<br />
assim... puxa, nem quero pensar.<br />
Que a banda tem futuro, não há dúvida.<br />
Mas falta um tratamento profissional<br />
no próximo registro.(CK)<br />
Beastkrieg<br />
Beastkrieg (demo)<br />
Independente – Nacional<br />
amor pela música extrema é tão<br />
O marcante que, por mais que já te-<br />
32 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
nham anunciado um zilhão de vezes<br />
que o Metal irá morrer (ou que está<br />
morto), sempre haverá aqueles que resgatam<br />
o estilo. Neste caso específico, os<br />
primórdios do Black e do Death Metal.<br />
A Beastkrieg, de São Carlos/SP, nos<br />
brinda com uma homenagem muito<br />
bem executada, primando pelo primeiro<br />
estilo mencionado. Até os pseudônimos<br />
dos integrantes têm seu charme: Emperor<br />
of Evil Chants (vocal/baixo), Gordo<br />
Butcher (guitarra) e Perversor of The<br />
Holy Order (bateria).<br />
A sonoridade é algo demoníaco,<br />
como já era de se esperar, não muito<br />
veloz (claro que há exceções), mas violento<br />
a ponto de causar pesadelos, com<br />
uma aura malévola e empolgante. As influências?<br />
Surrupiando da própria página<br />
da banda: Sarcófago, Mystifier, Holocausto,<br />
Mutilator, Venom, Bathory,<br />
Hellhammer, Sabbat, Blasphemy. Seis<br />
faixas de alto quilate!<br />
A gravação, felizmente, está muito<br />
boa (para os padrões), coisa que ainda<br />
não era possível ter lá nos anos oitenta.<br />
Portanto, escutar essa demo é uma<br />
tarefa (tarefa?) ainda mais prazerosa.<br />
Mas não esperem algo cristalino saindo<br />
das caixas de som não, hein? É sujo na<br />
medida certa!<br />
E nessa atmosfera maligna, merece<br />
menção também a bonita capa, criada por<br />
Emerson Maia. Mais “true”, impossível.<br />
Está aí uma grata surpresa do nosso<br />
underground, que merece ser espalhada<br />
mundo afora. No que depender desse<br />
trio, as raízes da música extrema sempre<br />
estarão a salvo! (CK)<br />
Brutal Exuberância<br />
Território Perdido<br />
Independente – 2012 – Brasil<br />
Manaus/Amazonas está bem barulhenta!<br />
Dez anos de experiência<br />
no Crossover/Thrash Metal trazem um<br />
‘debut’ de repeito por parte da Brutal<br />
Exuberância! E chama a atenção o fato<br />
de o pessoal cantar quase todas as músicas<br />
em português. Sabe que ficou interessante<br />
o resultado?<br />
Pois então, com essa proposta de<br />
estilo, o negócio não poderia ser outra<br />
coisa senão extremo e veloz. São faixas<br />
relativamente simples, bem na fuça, dotadas<br />
de uma energia que te faria entrar<br />
no ‘mosh pit’ sem pensar duas vezes.<br />
Porrada mesmo, meu amigo!<br />
A paixão dos integrantes pela música<br />
pesada está devidamente registrada<br />
com “Metal, Essa é Minha Vida”. Mas<br />
nem precisava desse título para constar<br />
que os caras realmente gostam do que<br />
fazem.<br />
Enfim, é algo bem tradicional e ‘old<br />
school’, com uma produção acima da<br />
média (o timbre do baixo está lindo!) e<br />
uma arte bem bonita do encarte. É curto<br />
– pouco mais de vinte minutos -, mas<br />
faz um bom estrago! Fãs de Thrash/<br />
Crossover, isso é pra vocês!(CK)<br />
Cemitério<br />
Cemitério<br />
Kill Again Records – Nacional<br />
Vou ser sincero: poucas vezes vi<br />
um projeto assim dar tão certo<br />
e ser tão agradável! Trata-se de<br />
uma one-man band cujo responsável<br />
é Hugo Golon, que também atua na<br />
Blasthrash, Side Effectz e em outras<br />
podreiras. Aqui, o negócio é Thrash/<br />
Death Metal bem ‘old school’. Fantástico!<br />
O músico investe na velocidade em<br />
quase todo o registro, seja na bateria<br />
(mas não chega nos ‘blast beats’),<br />
seja nos riffs brutais e extremamente<br />
inspirados. Sim, a guitarra aqui é um<br />
elemento de muito destaque no CD.<br />
O timbre vocal de Golon lembra<br />
uma boa mistura entre Chuck Schuldiner<br />
da primeira fase da Death, com<br />
John Tardy (Obituary). Falando nisso,<br />
vale mencionar que o cara canta muito<br />
rápido, com poucos momentos para<br />
pegar fôlego. Ficou demais!<br />
Por sua vez, as letras também são<br />
um show à parte: homenageiam diversos<br />
filmes clássicos de terror com<br />
letras que contam uma espécie de<br />
resumo das películas. Tudo muito divertido.<br />
Além da sonoridade, a produção<br />
cuidadosamente suja e crua deixou<br />
o material ainda mais interessante,<br />
assim como a arte gráfica que, embora<br />
seja bastante simples, ilustra bem<br />
cada um dos filmes abordados.<br />
Enfim, um dos mais empolgantes e<br />
viciantes discos do ano, em um resgate<br />
fenomenal da velha escolha. Kill<br />
Again Records (www.killagainrec.<br />
com.br): vocês se superaram mais<br />
uma vez! (CK)<br />
Creptum<br />
The Age of Darkness<br />
Independente – 2014 - Brasil<br />
Caramba, como uma banda desse<br />
nível ainda não é tão conhecida<br />
assim no nosso cenário extremo? Falo<br />
na cara: uma das melhores demos de<br />
2014, e fim! É um Black Metal furioso,<br />
barulhento, sem frescuras. Ah,<br />
e trata-se de uma regravação do material,<br />
lançado originalmente há uma<br />
década.<br />
Velocidade máxima, quase ininterrupta,<br />
riffs típicos, vocal rasgado/<br />
rouco/sombrio, enfim, esses itens de<br />
qualidade estão todos presentes, de<br />
modo que fã nenhum do estilo terá do<br />
que reclamar.<br />
São seis faixas, sendo que as duas<br />
últimas são na verdade bônus do primeiro<br />
registro dos caras, a também<br />
demo “...Make This World Burn”.<br />
Vale lembrar que a blasfêmia veio<br />
num envelope caprichado, profissional<br />
mesmo, bem no clima obscuro<br />
da sonoridade da banda. E a gravação<br />
está excelente, com o charme da aura<br />
noventista nórdica. Um show!<br />
Mas não temam, afoitos por Metal<br />
negro bem feito, pois é possível fazer<br />
download gratuito dessa maravilha!<br />
Bem, agora vou intimar: e aí, Creptum,<br />
quando sai o ‘debut’?? Porque<br />
isso aqui instiga demais, rapaziada!<br />
Passou da hora de presentear ainda<br />
mais o nosso underground, hein?<br />
Longa vida ao trio Animus Atra<br />
(bateria), Deimous Nefus (guitarra/<br />
baixo) e Tanatos (guitarra/vocal), que<br />
espalha a ótima maldade sonora (sub)<br />
mundo afora! (CK)<br />
The Assault<br />
The Assault (demo)<br />
Independente – 2014 – Brasil<br />
Eis o primeiro registro da araraquarense<br />
The Assault, que traz<br />
um Heavy/Thrash Metal porrada na<br />
face. É uma sonoridade trabalhada,<br />
cheia de mudanças de andamento e<br />
que realmente caminha nessa linha<br />
tênue entre os dois estilos mencionados.<br />
O vocal de Artur Rinaldi, também<br />
guitarrista, é venenoso, meio rasgado<br />
e rouco. Acreditem, tem um quê<br />
surpreendente de... Janis Joplin! Mas<br />
calma, a semelhança (pouca) é só no<br />
timbre vocal e nada mais! (mesmo<br />
assim, sei que vão falar que viajei na<br />
comparação)<br />
São seis faixas executadas com<br />
raça, bem “fala você mesmo”, com<br />
destaque para “Jump of Death (D-<br />
Day)” e sua agressividade desenfreada.<br />
Frescura aqui passa bem longe!<br />
Apesar de a produção mostrar bem<br />
o baixo (bacana!), ela ficou um tanto<br />
crua. O reverb no vocal também ficou<br />
meio esquisito, mas é muito legal<br />
constatar que a demo está cheia de<br />
boas ideias e que sim, a The Assault é<br />
uma banda promissora.<br />
Inclusive há até um cover de “Troops<br />
of Doom” (Sepultura), pra mostrar<br />
que essa molecada está cercada de<br />
boas influências para evoluir.<br />
Parece que agora estão investindo<br />
no ‘debut’! Se levarmos em consideração<br />
o que foi apresentado aqui, a<br />
expectativa para o vindouro ‘full’ é<br />
positiva! (CK)
Symphony Draconis<br />
Supreme Art of Renunciation<br />
Eternal Hatred Records/Misanthopic<br />
Records/Corvo Records – Nacional<br />
Black Metal nacional vem ganhando<br />
cada vez mais força (não me<br />
O<br />
diga...)! E importante reforçar: com<br />
bandas que realmente têm qualidade!<br />
Apesar de surgida em 2006, foi em<br />
2013 que a Symphony Draconis soltou<br />
seu ‘debut’. É latente que os anos de estrada<br />
trouxeram ótimos resultados para<br />
o registro.<br />
E engana-se quem acha que o som<br />
tem aquela pegada mais modernosa,<br />
com teclados, orquestrações, diferentes<br />
vocais ou coisas do tipo. Não, a banda<br />
consegue fazer um ótimo trabalho tocando<br />
o tradicional do estilo. Ponto pra ela!<br />
Mas não se trata daquele Black ríspido<br />
e movido a pura velocidade não:<br />
é algo mais trabalhado, sem deixar de<br />
ser extremo, e muito, muito bem feito e<br />
hipnotizante.<br />
Os bumbos do baterista Helles Vogel<br />
quase não cessam, o que dá uma pegada<br />
ainda mais agressiva às músicas que, por<br />
sua vez, contam com certa quantidade de<br />
melodia. Mas calma, é aquela melodia<br />
típica do Black Metal! Portanto, há um<br />
equilíbrio no quesito brutalidade.<br />
Veja bem, isso não significa que só<br />
tem faixas cadenciadas não, hein? Confiram,<br />
por exemplo, as mortais “The Visions<br />
and Mysteries of the Great Ones”<br />
e “Crushing the Concepts”.<br />
A capa é linda, assim como o restante<br />
do caprichado encarte. E a gravação<br />
está tinindo, pesada na medida certa!<br />
Souberam fazer um investimento profissional!<br />
Nota 10!<br />
Pode ser pretensão, mas parece que<br />
estamos diante de uma boa revelação<br />
do Metal negro tupiniquim. Tá dado o<br />
recado! (CK)<br />
Slasher<br />
Katharsis<br />
Programa de Ação Cultural do<br />
Estado de São Paulo – Nacional<br />
Esse aqui já é certeza: estará em diversas<br />
listas de melhores de 2014.<br />
Impossível ficar fora delas. A Slasher<br />
soltou um dos mais surpreendentes discos<br />
dos últimos tempos. Afinal, anteriormente,<br />
já estavam bem cotados com<br />
“Pray for the Dead” (2011), um Thrash<br />
Metal comum, mas bem executado.<br />
Agora, essa obra prima “Katharsis”<br />
impressiona – E MUITO – pelo fato de<br />
eles alcançarem outro nível em termos<br />
de qualidade. Sério, é quase incomparável<br />
com o ‘full’ anterior!<br />
O que antes era mais veloz e direto<br />
recebeu uma belíssima roupagem cheia<br />
de ‘groovie’ e uma refinada geral nas<br />
composições. Mas não deixaram de ser<br />
agressivos em nenhum momento. Aliás,<br />
talvez o novo petardo esteja até mais<br />
violento, e essa impressão aumenta<br />
quando percebemos o competente vocal<br />
de Skeeter, que deixou a sonoridade da<br />
banda ainda mais extrema.<br />
A aula de Thrash Metal é tanta, que<br />
destacar uma ou outra canção é tarefa<br />
inexecutável. E pra que se importar com<br />
isso, quando todas elas são absolutamente<br />
fodas? Mas só pra registro, a faixa<br />
“Hostile” é a mais porrada, como o título<br />
sugere, enquanto a que fecha o disco,<br />
“All Covered in Blood”, destoa um pouco<br />
das músicas restantes, com variações<br />
vocais e estruturas mais trabalhadas.<br />
Ah, e também tem um cover de “Suffocated”,<br />
da Mosh. O que já era bom,<br />
ficou mais assassino.<br />
A produção está espetacular, seja na<br />
gravação pesadíssima e límpida, seja na<br />
parte visual, cujo capricho nos brindou<br />
com a ilustração fantástica da capa e o<br />
lançamento em digipack.<br />
Sem exagero, isso aqui tem tudo pra se<br />
tornar um clássico do Metal extremo nacional.<br />
Ainda está lendo aqui??? Que perda<br />
de tempo... cara, sai correndo pra adquirir<br />
esse material excepcional! Não haverá arrependimentos.<br />
Só dores no pescoço.(CK)<br />
Scourge – Hate Metal<br />
Cogumelo Records/Greyhaze<br />
Records – Nacional<br />
Pra situar: banda de Death Metal vindo<br />
de Minas Gerais, e cheirando a<br />
registros noventistas daquele estado.<br />
Pronto, já é motivo para você se preocupar<br />
em ir atrás desse material. Incrivelmente,<br />
até a gravação remete àquela<br />
época. Calma, ela é muito boa, refinada<br />
mesmo.<br />
E que clima sombrio e malévolo tem<br />
esse petardo! Varia a velocidade, puxando<br />
vez ou outra até para o Doom (no<br />
andamento), e outras, para os ‘blast beats’<br />
característicos do Death. A técnica<br />
está acima da média.<br />
Pois bem, se passou pela sua cabeça<br />
Sarcófago com o descrito até o momento,<br />
você pensou em uma boa referência<br />
sobre “Hate Metal”. É perceptível a<br />
influência aqui, a começar pelo próprio<br />
nome da banda.<br />
A qualidade fala alto no disco, já que<br />
as composições são bem elaboradas,<br />
coesas, pesadas, desgraçadas. Tanto é<br />
que se você escolher aleatoriamente alguma<br />
para escutar, vai se empolgar com<br />
a mesma intensidade em cada uma. Em<br />
outras palavras, o destaque real é para<br />
todas as faixas, inclusive a “Intro - Sentenced<br />
to Die”. Apenas para constar,<br />
a que fecha o play, a faixa-título, nos<br />
invoca a berrar junto o refrão: “HATE<br />
METAL, HATE METAL”!<br />
É no bom sentido que direi isso, obviamente:<br />
se quer um exemplo de uma<br />
sonoridade maldita, violenta e densa,<br />
Scourge é a opção, com um dos melhores<br />
álbuns recentes retratando o underground<br />
nacional do início dos anos<br />
noventa. (CK)<br />
Tellus Terror<br />
EZ Life DV8: Easy Life Deviate<br />
Independente – Nacional<br />
Mesclando os mais variados gêneros<br />
derivados do rock n’ roll, o<br />
Tellus Terror, banda carioca de Niterói<br />
foi fundada exatamente no dia 17 de<br />
Novembro de 2012.<br />
Tiveram como primeiro desafio definir<br />
o próprio estilo da banda, para o<br />
som idealizado, e com isso foi criado o<br />
M.M.S – Mixed Metal Styles -, deixando<br />
a banda livre para misturar em suas<br />
composições o Death Metal, Black Metal,<br />
Thrash Metal, Doom Metal, Gothic<br />
Metal, Heavy Metal, Power Metal,<br />
Splatter, Grindcore, Hard Rock e etc.<br />
Criatividade, muita técnica e ousadia<br />
em excesso definem muito bem<br />
o Tellus Terror, que é sem duvidas,<br />
uma magnifica miscelânea de ritmos e<br />
timbres do metal. O talento que esses<br />
grandes músicos tem para diferenciar e<br />
impressionar o ouvinte em uma musica<br />
para outra é monstruosamente avassalador!<br />
Não é repetitivo, nem cansativo.<br />
É exclusivo, inesperado, energético e<br />
muito precisamente bem elaborado.<br />
“EZ Life DV8: Easy Life Deviate“<br />
é de um vasto conteúdo musical e<br />
lírico. O disco, como define Felipe Borges,<br />
vocalista: “conta um pouco sobre<br />
como nossa vida começou, como tudo<br />
começou a ser formado (de acordo com<br />
o que nossa espécie conhece atualmente),<br />
sobre como Tellus (Tellus significa<br />
Planeta Terra em Latim), tomou forma,<br />
sobre o posicionamento do nosso planeta<br />
em nossa galáxia, falando um pouco<br />
também sobre fenômenos naturais, a<br />
adaptação do ser Humano na Terra, e de<br />
como somos capazes de gerar grandes<br />
conflitos por poder, em que na verdade<br />
onde nós vivemos é o verdadeiro inferno,<br />
refletindo sobre como seria o nosso<br />
definitivo Panorama do Fim dos Tempos,<br />
e finalmente a conclusão de que<br />
nós não sabemos nada, e que tudo que<br />
possamos imaginar sobre o fim do mundo<br />
ou a continuação da nossa espécie é<br />
um Erro.”<br />
O mais impressionante é que cada<br />
vez que se escuta ”EZ Life DV8”, descobrimos<br />
algo novo. Um som, um timbre,<br />
um arranjo, um compasso. O disco<br />
é realmente cheio de detalhes, que você<br />
só vai percebendo aos poucos. Relativamente<br />
nova, a banda acertou em cheio<br />
quando decidiu não optar por um EP ou<br />
uma DEMO, logo de início nos trouxeram<br />
10 faixas viciantes e instigantes<br />
para apreciadores do metal.<br />
Se o primeiro disco já tem arrancado<br />
respeito e admiração de muitos headbangers,<br />
estou ansioso para ver o que<br />
pode vir num provável segundo disco!<br />
Tellus Terror é uma banda na qual eu pagaria<br />
para ver uma apresentação, e conferir<br />
tudo isso na primeira fileira! (YN)<br />
Mutran<br />
A Life Preview<br />
Black Legion Productions – Nacional<br />
full-length “Yellow Pictures”<br />
O (2013) da banda carioca Mutran<br />
já mostrava suas qualidades com um<br />
Hard/Classic Rock de primeira, que<br />
trazia influências de Blues e da Black<br />
Music.<br />
“A Life Preview” já tem início com<br />
uma faixa potente, pois Signor Luiz já<br />
abre o trabalho de forma enérgica e empolgante,<br />
com um refrão muito legal e<br />
uma mescla de estilos bem característico<br />
da banda. Preste bastante atenção na<br />
letra e proposta da canção no clipe do<br />
final da resenha.<br />
O novo EP mostra que é uma continuação<br />
natural de “Yellow Pictures” e<br />
a evolução é latente. Hungry mostra o<br />
lado Blues e Progressivo da banda, com<br />
ótimos arranjos, enquanto Close Your<br />
Eyes, mesmo sendo cadenciada, é uma<br />
das faixas mais pesadas da banda com<br />
um ótimo riff.<br />
O EP ainda conta com três composições<br />
ao vivo em estúdio que mostra<br />
a coesão da banda e dá uma noção da<br />
qualidade dos músicos. São elas Galactic<br />
Tales: The Legend Of Captain Pollen,<br />
Are You Still Out There? e Crossroad.<br />
Não há dúvidas que o Mutran é uma<br />
banda diferenciada. (VHF)<br />
Crown of Scorn<br />
Agenda 21<br />
Alldead Records/Black Legion<br />
Produtions – Nacional<br />
Desta vez a assessoria e selo Black<br />
Legion Productions trouxe<br />
uma banda das terras do Tio Sam que<br />
debuta neste trabalho curiosamente<br />
chamado “Agenda 21”. O quarteto<br />
formado em 2012 conta com Allyan<br />
Lang Lopes (de origem brasileira) no<br />
vocal, Don Dumond (guitarra), Steve<br />
Grayson (baixo) e Alan Alsheimer<br />
(bateria) – sendo que Rob Cadrain<br />
gravou a guitarra, mas não faz mais<br />
parte da banda.<br />
O som da banda transita entre o<br />
Thrash Metal e o Death Metal, assim<br />
como as influências caminham entre<br />
uma tênue linha entre o ‘old school’<br />
e o contemporâneo. Portanto, sua música<br />
possui elementos tanto do Metal<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 33
das antigas quanto uma roupagem<br />
mais atual.<br />
O som passa longe de tendências,<br />
e o mérito que o faz não soar datado é<br />
da produção a cargo da banda e Steve<br />
McCabe, que conseguiram tirar uma<br />
ótima sonoridade carregada e de muito<br />
peso dos instrumentos. E não tem<br />
como negar a positividade deste fato<br />
que engrandece o disco.<br />
Muito bom o trabalho das guitarras<br />
abafadas que dão um peso absurdo<br />
às músicas, principalmente quando se<br />
aliam a uma cozinha tão consistente<br />
e de pegada forte. Allyan tem um potente<br />
gogó e sua versatilidade faz com<br />
que seu timbre vá do gutural ao rasgado<br />
da forma mais natural possível.<br />
Destaque para a ótima Corporatocracy,<br />
que sabiamente foi escolhida<br />
como primeiro single, Earth Is No<br />
More e a bela inclusão de vocais ‘cleans’,<br />
além da rifferama e a ótima quebrada<br />
em Sustainable Developments.<br />
A arte gráfica é do brasileiro Gustavo<br />
Sazes (Sepultura, Morbid Angel) dispensa<br />
apresentações. (VHF)<br />
Necrobiotic<br />
Death Metal Machine<br />
Songs For Satan/Culto ao Metal<br />
Distro – Nacional<br />
Uma verdadeira ode ao Death Metal!<br />
É isso que propõe o quarteto<br />
oriundo de Divinópolis/MG que chega<br />
ao seu segundo álbum. A banda<br />
tem 20 anos de fundação, mas ficou<br />
11 inativa, o que não significa que<br />
desaprenderam ou perderam a linha,<br />
até porque o debut também foi lançado<br />
após o retorno.<br />
Bebendo nas melhores fontes<br />
‘old school’, a banda faz questão de<br />
focar suas composições em algo visceral<br />
e mais orgânico. Ainda há resquícios<br />
de Thrash Metal, principalmente<br />
em alguns andamentos, mas a<br />
paixão e conhecimento de causa fazem<br />
com que o som da banda transite<br />
mesmo pelo Metal da morte.<br />
Os pontos fortes do disco ficam<br />
entre a variação rítmica que deixa<br />
o som mais atraente, além do ótimo<br />
trabalho de guitarras com riffs<br />
típicos e solos na medida certa e a<br />
agressividade equilibrada. Importante<br />
ressaltar como a banda consegue<br />
explorar vários caminhos em músicas<br />
curtas.<br />
A opção em cantar em inglês e<br />
português pode tirar um pouco da<br />
identidade do Necrobiótic, já que<br />
sua linha de composição parece soar<br />
mais forte quando o grupo opta por<br />
cantar na língua estrangeira. Mas, as<br />
faixas cantadas na língua pátria passam<br />
longe de serem inferiores.<br />
A produção a cargo do baixista<br />
Fabrício Franco e da banda mostra<br />
certa rusticidade e combinou com<br />
o som proposto, principalmente pelos<br />
timbres escolhidos e por fugir<br />
dos padrões ‘plastificados’ atuais. A<br />
curiosidade fica por conta da banda<br />
não trazer muita influência do Metal<br />
extremo mineiro antigo, já que o grupo<br />
é oriundo daquele estado. (VHF)<br />
Land of Tears<br />
The Ancient Ages of Makind<br />
Black Legions Productions – Nacional<br />
segundo álbum da banda fluminense<br />
Land of Tears, este “The<br />
O<br />
Ancient Ages of Mankind”, é memorável<br />
e no mínimo empunha a bandeira<br />
do Metal extreme nacional, além<br />
de honrá-lo com maestria.<br />
Afinal, trata-se de um disco<br />
abrangente, com variação rítmica e<br />
uma pegada digna do Metal feito no<br />
Brasil. Unindo o Death Metal, o Black<br />
Metal e o Doom Metal, além de<br />
uma aura épica, a banda destila nove<br />
hinos com elegância e a brutalidade<br />
necessária, sem exageros.<br />
Explorando bastante a variação<br />
rítmica, o quarteto mantém um bom<br />
equilíbrio e sabe também dosar a<br />
agressividade. Sem extrapolar na velocidade,<br />
a banda consegue equalizar<br />
essa agressividade tanto nos momentos<br />
rápidos, quanto nos cadenciados,<br />
gerando uma sonoridade muito interessante.<br />
Com um baixo vibrante de S.<br />
Vianna, riffs de guitarras carregados<br />
e ótimos solos da dupla Robson<br />
Night Arrow (também vocalista) e<br />
Leandro Xsa, a banda possui uma<br />
base excelentíssima que dá bastante<br />
espaço para a bateria de Orion Gobath<br />
destilar sua técnica e explorar os<br />
pratos de uma forma diferenciada. Os<br />
vocais urrados de Robson casam perfeitamente<br />
com a música da banda.<br />
The Colossus of Rhodes e sua<br />
dinâmica, a melódica e emotiva The<br />
Ancient Ages of Makind, a diferenciada<br />
Mega Alexandros e a vibrante<br />
e hino de guerra Pentekontoros são<br />
os grandes destaques e parte do disco<br />
conceitual que aborda temas antigos<br />
da humanidade. O levíssimo abafamento<br />
na produção fez um ‘risquinho’<br />
na lataria dessa bela máquina do<br />
Metal extremo, mas isso é culpa do<br />
‘detalhismo’. (VHF)<br />
Espiritual Void<br />
I<br />
Independente – Nacional<br />
Muitos sabem fazer o stoner metal,<br />
mas poucos sabem se manter<br />
dentro dele. Mas, os cariocas da Spiritual<br />
Void fazem isso com todo gás e<br />
compromisso. Liderada pelos vocais<br />
marcantes de Thiago Norviço, a banda<br />
com mais de dois anos de carreira,<br />
mostra-se preparada alavancar novos<br />
caminhos.<br />
Seu primeiro EP, intitulado “I”, traz<br />
4 faixas de stoner fucking metal de primeira.<br />
Bem executado, bem planejado,<br />
refrões que grudam na mente e rítmos<br />
que te fazem lembrar grandes nomes<br />
como Kyuss, Melvins, Queens OF The<br />
Stone Age e Orange Globin.<br />
Gravado e mixado em Janeiro de<br />
2014, no Anderson Engel Stúdio, de<br />
forma independente, “I” ganha sua<br />
atenção logo de cara com a canção<br />
“Fall in Disgrace”, numa balada contagiante<br />
que logo dá lugar para velocidade<br />
de “Hate & Pride”, e em seguida<br />
o peso arrastado de “The Shadow“,<br />
finalizando com “ (You Need To) Find<br />
Your Way“. A capa ficou a cargo de<br />
Wendell Frank – guitarrista da banda<br />
- e a agência Nós Desing, chamando<br />
atenção por seu estilo desgastado e ao<br />
mesmo tempo sombrio.<br />
Apesar de ainda bem jovial, Spiritual<br />
Void vem obtido uma excelente<br />
reposta com seu primeiro trabalho e<br />
conquistado um bom público a cada<br />
apresentação. (YN)<br />
Bandanos - Nobody Brings<br />
My Conffin Until I Die<br />
Läjä Rekords – Nacional<br />
Crossover tem reaparecido e<br />
O estado em muita evidência nos<br />
últimos tempos, fruto de um fenômeno<br />
bem comum em termos de Metal:<br />
nenhum estilo morre, apenas sai dos<br />
grandes veículos de imprensa, conforme<br />
as pessoas começam a sentir-<br />
-se empazinadas. Foi assim e sempre<br />
será, mas há um lado positivo: sempre<br />
surgem ótimas bandas, que tendem<br />
a permanecer ativas e mantendo<br />
a chama acesa. E no Brasil, antenado<br />
com a realidade mundial, não é diferente,<br />
pois uma nova safra de bandas<br />
de Crossover andam aparecendo, e<br />
bem. E um dos nomes mais famigerados<br />
é do quarteto paulista Bandanos,<br />
que é bem conhecido pela energia e<br />
força de sua música, e da insanidade<br />
em seus shows. E provando que são<br />
raçudos até os ossos, acabam de lançar<br />
“Nobody Brings My Coffin Until<br />
I Die”, seu novo trabalho, cuspindo<br />
raiva para todos os lados em forma<br />
de música.<br />
Conseguindo realmente associarem<br />
o Thrash Metal (em termos de<br />
peso e arranjos) e o HC (a energia,<br />
velocidade e garra), o quarteto não<br />
está para brincadeiras, já que a banda<br />
é raivosa, com uma música cheia de<br />
vida e energia, que empolga qualquer<br />
um que se atreva a ouvir sua música.<br />
Os vocais são ótimos, com timbres<br />
rasgados e boa dicção, os riffs de<br />
guitarra são ganchudos, agressivos e<br />
bem diretos, baixo com boa técnica<br />
e sabendo dar peso à base rítmica, e<br />
a bateria mostra-se muito bem, em<br />
levadas pesadas, boas conduções nos<br />
bumbos e viradas técnicas. Embora a<br />
banda não tenha um trabalho voltado<br />
à técnica, podemos dizer que “Nobody<br />
Brings My Coffin Until I Die” é o<br />
disco onde esse aspecto do Bandanos<br />
ficou mais evidente, embora banda<br />
continue despojada e furiosa, gerando<br />
uma música em que o que importa<br />
é o todo, não destaques individuais.<br />
Produzido pelo próprio grupo junto<br />
com Ciero nos estúdio Da Tribo,<br />
sendo que esta aliança mixou e masterizou<br />
o disco. O que fica claro é<br />
que buscaram uma sonoridade mais<br />
seca e despojada, evocando o espírito<br />
dos primeiros discos de Crossover<br />
dos anos 80, mas sem abrir mão de<br />
uma qualidade que permita ao ouvinte<br />
reconhecer cada instrumento<br />
musical, ao mesmo tempo em que a<br />
proposta é ser o mais próximo possível<br />
de uma apresentação ao vivo.<br />
E digamos de passagem: ficou bem<br />
próximo mesmo.<br />
A arte, um trabalho combinado da<br />
banda com Jeff Gaither (para a capa)<br />
e outros artistas, ficou muito, muito<br />
bom. O mesmo feeling despojado<br />
que temos ao ver discos seminais<br />
de bandas como D.R.I., SUicidal<br />
Tendencies, C.O.C., S.O.D. e outros<br />
mestres está ali, presente e visualmente<br />
de bom gosto. E outro ponto:<br />
no encarte temos as traduções das letras<br />
da banda para o inglês.<br />
O Bandanos não brinca em serviço,<br />
verdade seja dita, descendo a<br />
marreta na cara de quem meter os<br />
bedelhos com sua música. Mas nem<br />
por isso podemos dizer que seu trabalho<br />
é simplista, longe disso. a banda<br />
faz bons arranjos musicais, capazes<br />
de prender o ouvinte no lugar até o<br />
disco terminar, com boa dinâmica em<br />
cada canção e refrões muito fortes e<br />
ganchudos.<br />
Destaques no meio de 13 pauladas:<br />
a bruta e dura “Fato ou Mentira”<br />
(com belos solos e trabalho fantástico<br />
do baixo), a forte e irônica “Vynil<br />
Addiction” (com refrão em inglês,<br />
com muitos bons vocais), a raivosa<br />
e intensa “Falsas Ambições” (que<br />
começa mais cadenciada, antes de<br />
explodir com a velocidade característica<br />
do Crossover, onde a bateria dá<br />
um show à parte), “Meus Inimigos”<br />
(onde vemos uma queda mais para o<br />
lado do Thrash Metal, com boa dinâmica<br />
guiada pelos riffs ferozes), a<br />
ótima “Urban Thrash Skate Maniacs”<br />
(outra onde o baixo mostra um excelente<br />
trabalho, com o detalhe de ser<br />
cantada em inglês), a homenagem<br />
ao Bay Area Thrash Metal em “Bay<br />
Area Seduction”, a destruidora de<br />
tímpanos “Idiossincrasia”, a paulada<br />
na cara de “Velhos Heróis” (belas<br />
vocalizações, diga-se de passagem),<br />
e a puro mosh pit chamada “Escravo<br />
do Relógio”. Mas o disco é excelente<br />
como um todo, logo, é apertar a tecla<br />
“play” e se preparar para aturar os<br />
vizinhos reclamando em seu portão<br />
(mas no fundo, a maioria merece).<br />
Excelente disco, e pede a compra<br />
de uma cópia física. Downloads ilegais<br />
são coisa de pela-sacos... (MG)<br />
34 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Nitrominds<br />
Tributo ao Nitrominds<br />
Two Hands Records – Nacional<br />
Tributos são em sua grande maioria<br />
uma caixinha de surpresa, ou CD<br />
no caso, né? A verdade é que juntando<br />
várias bandas tocando clássicos de<br />
uma banda venerada e reconhecida fica<br />
muito difícil agradar todo mundo.<br />
Quando a banda convidada para<br />
o tributo tem interesse em fazer uma<br />
versão da música original então, quase<br />
sempre é alvo fácil de críticas, narizes<br />
torcidos e muita aporrinhação. Mas o<br />
que difere um ótimo e interessante tributo<br />
daquele álbum típico caça-níquel<br />
está na qualidade das bandas e também<br />
no artista homenageado, claro.<br />
Além disso, a diferença também<br />
pode estar na união das bandas em prol<br />
do projeto, na vontade e garra que cada<br />
grupo se entrega para a música a ser<br />
interpretada. Por isso é possível dizer<br />
que o álbum Many Minds, tributo ao<br />
Nitrominds, é uma das pérolas lançadas<br />
neste ano e que merecem toda a sua<br />
atenção. O motivo vamos contar agora,<br />
tenha paciência, pois eu sei que você<br />
já deve ter lido sobre este álbum em<br />
algum lugar por aí. Vamos tentar fazer<br />
algo diferente para te dar uma real<br />
ideia da importância deste tributo.<br />
Para começar este tributo surgiu<br />
da cabeça de um fã da banda, o Fabio<br />
Chagas, proprietário do selo Two<br />
Hands Records. O selo já assume pra<br />
si um papel fundamental neste projeto.<br />
Em seguida vêm as parcerias: Monophono<br />
Estúdio (masterização), Q<br />
Arte Studio (arte e encarte), além do<br />
apoio do Chagaz Tattoo Studio. Logo<br />
depois estão as bandas, cada uma com<br />
a sua história, importância e peso, e<br />
bota peso nisso.<br />
Antes é preciso dizer que o Nitrominds<br />
foi uma das bandas mais importantes<br />
do país, não só pela qualidade<br />
musical do trio formado por André,<br />
Lalo e Edu, mas também pela sua coragem<br />
de botar a mão na massa, organizando<br />
as próprias turnês, lutando todo<br />
dia contra um tubarão e sobrevivendo<br />
por quase 20 anos na estrada. É muita<br />
história pra contar, muitos shows, muita<br />
música, tudo muito. Muito foda!<br />
O bom de um tributo como este é que<br />
faz ressurgir um novo público que nunca<br />
deve ter escutado Nitrominds e que<br />
irá procurá-los só para saber se os caras<br />
eram tudo isso. Já consigo imaginar uma<br />
galera boquiaberta constatando o óbvio:<br />
sim, eles eram tudo isso. E o primeiro<br />
som do tributo só dá provas disso…<br />
O álbum começa te jogando na parede,<br />
é com a música “Imperialism” se<br />
encaixando perfeita com a banda Ação<br />
Direta que o álbum mostra ao que veio.<br />
Não espere menos, logo você estará<br />
ouvindo o som no último volume. Tenho<br />
dó dos seus vizinhos (mentira, que<br />
se fodam os seus vizinhos).<br />
Depois vem a banda Austin apresentando<br />
a melódica “Down and Away”. A<br />
música com maior frescor de juventude<br />
do álbum. Me fez lembrar dos tempos<br />
que ficava vadiando pela rua, com<br />
meu tênis All Star quase rasgando, ainda<br />
num tempo que arranhava um pouco<br />
de guitarra, saia na madruga para beber<br />
pinga com Coca-Cola com os amigos.<br />
Bons tempos, mas acho que acabei divagando<br />
um pouco, vamos voltar para<br />
o tributo.<br />
Em seguida vem a música “Something<br />
to Believe”, interpretada pela<br />
Kacttus, banda do qual nunca negou<br />
possuir Nitrominds em suas veias.<br />
Uma das melhores músicas do álbum,<br />
sem dúvida nenhuma.<br />
A banda Q.I? traz “About The<br />
Truth” com uma introdução bem bacana.<br />
Não sei o que o André, Lalo ou<br />
Edu pensaram a respeito quando ouviram<br />
este som, mas acredito que ficaram<br />
bem orgulhosos, não consigo ver onde<br />
é possível reclamar dessa faixa.<br />
Fiquei feliz em saber que pelo menos<br />
um dos sons do Nitrominds cantados<br />
em português tenha recebido a<br />
devida menção. A banda La Marca,<br />
formada em 2009, manteve a pegada<br />
da música original, mas é claro que é<br />
possível ver que existem elementos da<br />
banda na música. Afinal, é tributo, não<br />
cover.<br />
Minha favorita, a que ouvi repetidas<br />
e repetidas vezes é “Room With Parasites”.<br />
A banda Bambix dá o recado<br />
e mostra toda a sua qualidade nessa<br />
maravilhosa faixa. Vale citar que a participação<br />
da Bambix nesta coletânea<br />
é mais do que sincera, a banda já fez<br />
algumas turnês com o Nitrominds e até<br />
podemos dizer que existem influências<br />
mutuas. Essa música já vale o álbum,<br />
mas ainda tem muita coisa boa.<br />
O céu desaba na sétima faixa, Sistema<br />
Sangria apresenta/representa “Policemen”.<br />
Grindcore, punk/ metal. Tudo<br />
junto e tudo muito bom. Repare que no<br />
meio da música surge uma referência ao<br />
Black Sabbath, reparou? Não? Volte para<br />
o início do álbum e escute tudo de novo!<br />
A música “Fences All Over” é outra<br />
versão incrível contida neste álbum.<br />
Interpretada pela banda Gagged. Não<br />
sou do tipo que fica dando nota para<br />
álbuns e bandas, como se isso significasse<br />
alguma merda. Mas é preciso<br />
dizer que ficou nota dez essa versão…<br />
hehehehe<br />
A banda Nox entra com a faixa<br />
“Flowers and Common View”, dá pra<br />
sentir uma pegada também melódica,<br />
um pouco diferente da original no começo<br />
da música, porém também boa.<br />
De qualquer forma me fez procurar<br />
pela banda na web.<br />
Na décima faixa surge “Sick Man”<br />
pelas mãos da banda Caffeine Blues.<br />
Excelente ideia de cantar o refrão dessa<br />
música em português, deixando até<br />
mais forte a canção. Outra banda nascida<br />
em Santo André, deixando claro<br />
também que além das influências naturais<br />
pelo estilo de som, o Nitrominds<br />
também foi uma inspiração para o surgimento<br />
de diversas bandas no ABC.<br />
Em seguida vem a banda Typhoon<br />
Motor Dudes com “Sun Shines Outside”.<br />
Confesso que na primeira vez que<br />
ouvi não curti muito, mas na segunda<br />
vez, prestando um pouco mais de atenção,<br />
reparei que essa música ficou com<br />
uma levada meio Billy Idol. E não, isso<br />
não é uma crítica, é um elogio!<br />
Logo depois vem a banda Taiko<br />
com “We Need To Realize”. Não vou<br />
bancar o sabichão aqui, não conhecia<br />
a banda. Uma ótima surpresa, essa versão<br />
mais gutural e com a batera super<br />
trabalhada deu um grande peso para a<br />
música.<br />
Ao contrário de vários sites por aí<br />
que ignoraram algumas das bandas<br />
presentes neste tributo, algo que considero<br />
meio ilógico porque justiça<br />
deve ser feita (ou se fala de todas ou<br />
de nenhuma), achei estranho o pouco<br />
que foi citado dessa versão do Mollotov<br />
Attack para “Fire and Gasoline”.<br />
Porradaria digna de nota e bem como<br />
citou a resenha do Resgate HC, é um<br />
hardcore lindo mesmo!<br />
Como na música “Punk Inglês” do<br />
Fogo Cruzado, eu diria que “aqui não<br />
é Londres para entender inglês”. Pois<br />
é, com essa prévia diria que a banda<br />
FISTT desempenhou com muita dignidade<br />
a música “Seeds In The Ground”.<br />
Vale lembrar que os caras estão na ativa<br />
desde 1994, por isso todo o respeito<br />
a banda pela sua história.<br />
Na décima quinta faixa está a banda<br />
350ml com a bela “On the road”.<br />
Os caras vieram com a mesma pegada<br />
da canção original. Acredito que neste<br />
caso fizeram o certo mesmo, pra que<br />
tentar criar algo em cima de algo que<br />
já está ali, ótimo.<br />
A música “Usefull For Losers” ficou<br />
com a banda Bullhead que mudou o<br />
início da música dando um tom mais<br />
“we are the world” pra mesma, mesmo<br />
assim ficou bacana. É o clima de<br />
despedida do álbum, chegamos aos últimos<br />
sons do tributo.<br />
A banda Visão Vermelha fez algo<br />
incrível na “Gunshot”, música instrumental<br />
do Nitrominds. Parecia que a<br />
polícia tinha invadido a minha casa e<br />
começado a metralhar tudo. Impressionante<br />
a energia depositada pela banda<br />
nessa música. Baixo sujo, guitarra<br />
distorcida e bateria simplesmente fodástica.<br />
Para fechar o tributo tem “Modern<br />
Family” interpretada apenas na bateria<br />
pelo Daniel Blume. Confesso que<br />
senti muito a falta da guitarra e do<br />
baixo, mas quem conhece pelo menos<br />
um pouco de bateria sabe o quanto foi<br />
corajoso o Daniel. Mas no fim não é<br />
de coragem que se precisa, mas de técnica<br />
e qualidade. Isso foi apresentado<br />
de sobra.<br />
Como não poderia ser diferente, o<br />
próprio Nitrominds encerra o álbum.<br />
Os caras aparecem com uma versão<br />
ao vivo de “We Can Only Live Now”.<br />
Os mais saudosistas devem ter chorado<br />
nesta parte, quase fui um deles.<br />
Tributo incrível e que merece toda a<br />
sua atenção. Para ouvir o álbum acesse<br />
o Bandcamp da Two Hands Records<br />
(http://selotwohandsrecords.bandcamp.com/).<br />
(MM)<br />
Begative Control<br />
Além do seu Limite<br />
Independente – Nacional<br />
Antes mesmo do fim do primeiro<br />
compasso da faixa de abertura,<br />
“Mostre sua verdade”, já dá pra ter<br />
uma certeza sobre o álbum: o Negative<br />
Control não vai aliviar! Com o respaldo<br />
de uma cozinha perfeita, fruto dos<br />
anos de entrosamento entre o baterista<br />
Pingo e o baixista Junior, a guitarra<br />
dispara riffs certeiros, como na roleta<br />
russa de diversões sádicas, que soam<br />
ainda mais fortes sobre a ótima linha<br />
de baixo, enquanto a vocalista Cláudia<br />
dá uma pequena amostra de toda a<br />
agressão que está por vir.<br />
Vista o capacete, porque seja colocando<br />
em cheque as escolhas da vida<br />
moderna ou te desafiando a fazer a diferença<br />
no mundo, é impossível não se<br />
deixar contagiar pela energia do disco<br />
e pelo vocal destruidor, que te faz querer<br />
chutar até o teto da sala!<br />
A qualidade excelente da gravação<br />
colabora para tornar a audição desse<br />
álbum uma experiência ainda mais<br />
profunda. A produção é fantástica e te<br />
leva por um passeio muito interessante,<br />
principalmente à bordo de um bom<br />
par de fones de ouvido, onde o trabalho<br />
feito na mixagem fica ainda mais perceptível.<br />
Difícil vai ser segurar a onda<br />
no volume…<br />
É tanto tapa na cara, que vale um<br />
aviso aos mais impressionáveis. Muitas<br />
vezes você irá perceber a vocalista<br />
falando diretamente com você. Não<br />
pense que é uma indireta. É um direto,<br />
no queixo, daqueles que te deixam<br />
falando fofo. E sempre acompanhado<br />
de todo o peso das baquetas de Pingo,<br />
com a habitual precisão e velocidade.<br />
Mas não leve para o lado pessoal, eles<br />
só precisavam aliviar o rancor.<br />
Uma das novidades fica por conta<br />
das guitarras. É nítida a opção da banda<br />
por um timbre menos sujo, onde ficam<br />
mais explícitas as qualidades do<br />
guitarrista André, tanto na execução<br />
dos riffs quanto no uso dos efeitos, que<br />
em alguns momentos lembram bastante<br />
a abordagem de Tom Morello (Rage<br />
Against the Machine), deixando de se<br />
dedicar exclusivamente às bases das<br />
músicas, como nos trabalhos anteriores,<br />
e trazendo novas texturas e ambiências.<br />
Destaque para o riff de “Guerreiro”,<br />
que faz sua cabeça balançar até<br />
gastar as dobradiças do pescoço.<br />
Claro que a crítica social não poderia<br />
ficar de fora, e segue bem representada<br />
pelas ótimas “Desocupação”<br />
e “Onde está a paz?”, assim como o<br />
bom e velho hardcore, que ainda corre<br />
quente nas veias do quarteto, como nas<br />
faixas “Insensível conduta” e “Suplantar<br />
apatia”.<br />
“Faça a diferença” e “Lado a lado”<br />
tem um enorme potencial radiofônico e<br />
não será nenhuma surpresa olhar pelo<br />
vidro do carro e ver alguém se descabelando<br />
ao som de uma delas, naquelas<br />
programações da hora do rush das<br />
‘rádio rock’ país afora. Um dos destaques<br />
do disco fica por conta da faixa<br />
“O preço do progresso”, com uma letra<br />
que é uma verdadeira facada no rim da<br />
geração Facebook/Instagram e ainda<br />
tem uma linda linha de baixo.<br />
O álbum, que ainda conta com<br />
a participação especial de Priscila<br />
(Trassas), dividindo os vocais com<br />
Claudia na faixa “Mente positiva”,<br />
vem pra reforçar o momento de ótimos<br />
lançamentos da música independente<br />
brasileira e deixar um recado: o<br />
Negative Control está de volta, e não<br />
está pra brincadeira.<br />
Para fazer o download do álbum<br />
basta acessar o link: http://migre.me/<br />
mhGeD. (WC)<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 35
RRock Report<br />
Enaltecendo o Culto ao Ódio<br />
Por Leonardo Moraes<br />
Fundada em 1988 pelo baixista/vocalista Vincent Crowley , o Acheron<br />
(nome tirado da mitologia grega que quer dizer “rio da aflição”) é<br />
uma das bandas que fizeram parte da cena inicial do Death Metal norte<br />
americano no final dos anos 80 juntamente com Deicide, Morbid Angel e<br />
Cannibal Corpse. Diferentemente dessas bandas, o Acheron ficou um tempo<br />
popularmente conhecido pela associação do vocalista com a Church of<br />
Satan (igreja fundada pelo já falecido Anton Szandor LaVey) e por ter participado<br />
de debates religiosos com evangélicos pela TV nos EUA, apesar de<br />
limitada produção de álbuns da banda nessa fase, o Acheron sempre contou<br />
com a participação de músicos convidados ao longo da sua carreira. Em<br />
2014 o line up da banda é: Vincent Crowley, Art Taylor, Vincent Crowley,<br />
Bradon Howe and Shaun Cothron. Vincent Crowley atendeu gentilmente<br />
a Underground Rock Report e conversamos um pouco sobre a Church of<br />
Satan, turnês, mudanças de line up e sobre o último álbum confira:<br />
Underground Rock Report: Se você não se importa, poderia nos contar<br />
um pouco como foi seu envolvimento com a Church of Satan e se eles<br />
ainda existem nos EUA?<br />
Vincent Crowley: Eu já tinha ouvido falar da Church of Satan muitos anos<br />
antes de eu entrar. Mas somente quando o Acheron trabalhou com Peter H<br />
Gilmore (que atualmente é o sacerdote supremo da Church of Satan) foi quando<br />
ele me apresentou outros membros da Ordem que me apresentaram ao<br />
fundador da Church of Satan ,Anton Szandor LaVey. Depois de trabalhar junto<br />
com o Dr La Vey, aí sim é que me tornei sacerdote da Church of Satan, por<br />
uns 10 anos. Nesse tempo conheci muita gente interessante e talentosa no qual<br />
aprendi muito, mas é claro, havia também aqueles que eu chamava de ovelha<br />
negra dentro da organização, que davam o mesmo tipo de trabalho que dão<br />
essas aberrações evangélicas. E eu tinha que corta-los do grupo ou de qualquer<br />
outra atividade relacionada com a Church of Satan. Eu me dediquei a ordem<br />
como um todo e a tudo a que se referia a ela, não apenas a um grupo de pessoas<br />
isoladas ou determinados grupos afiliados a Church of Satan. Sim, eles ainda<br />
existem mas não faço idéia como estão as coisas atualmente.<br />
URR: Eu soube que você atualmente não faz mais parte da Church of<br />
Satan ou de qualquer outra seita satânica. Por que você tomou essa decisão?<br />
VC: Porque eu simplesmente não acredito mais em nenhum tipo de organização<br />
religiosa. Satanismo é coisa pessoal, eu sou a igreja de mim mesmo,<br />
não preciso freqüentar nenhum lugar pra confirmar minhas crenças. Eu posso<br />
trabalhar com outras pessoas que compartilham o mesmo ponto de vista que<br />
o meu e está ótimo pra mim. Acho que os seres humanos não deveriam confiar<br />
tanto em nenhum tipo de associação religiosa, pois acabam deixando pra<br />
trás seu verdadeiro estilo de vida por conta desta ou aquela afiliação religiosa.<br />
URR: Você acredita que na época em que você esteve envolvido na<br />
Church of Satan, foi bom pra promover a banda na mídia?<br />
36 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
VC: Na verdade, nossa afiliação com a Church of Satan não nos ajudou<br />
em nada (risos). Claro, não vou mentir que até tivemos uma pequena atenção<br />
da mídia por conta disso mas, ao mesmo tempo tivemos muitos problemas<br />
também como contrato de gravadora e shows cancelados. Agora está muito<br />
melhor porque não temos vinculo com ninguém a não ser com nós mesmos.<br />
URR: Em 2003, você gravou um álbum de covers, a Tribute to the Devils<br />
Music. A escolha particular daquelas musicas tinham algo a ver com<br />
Satanismo ou eram simplesmente seus grupos favoritos?<br />
VC: Um pouco de cada coisa, mas na verdade eu cresci ouvindo aquelas bandas<br />
(Iron Maiden, Judas Priest, Kreator, Venom), além disso, tínhamos anteriormente<br />
gravado aqueles sons em outros álbuns tributos, alguns deles até difícil de<br />
achar hoje em dia. Então a idéia era colocar tudo em um único cd, para nossos fãs<br />
pegarem as musicas e não ter que sair comprando os outros CDs.<br />
URR: Você poderia falar um pouco sobre Kult Des Hasses, o siginificado<br />
da escolha desse titulo para o álbum e quais as diferenças entre o<br />
ultimo álbum, The Final Conflit, the Last Days of God?<br />
VC: Sim! Nós já tínhamos algumas músicas prontas há um bom tempo,<br />
para o lançamento de Kult Des Hasses”: Satan Holds Dominion, Thy<br />
Father Suicide, Whores And Harlots, Jesus Wept, Asphyxiation (Hands of<br />
God), que inclusive estávamos executando ao vivo. Só estávamos a procura<br />
de uma gravadora nova para lança-lo uma vez que não fazíamos mais<br />
parte da Displeased Records, até que encontramos a Listenable Records,<br />
que se interessou em lançá-lo. O significado do título está em alemão,<br />
que inglês significa “Cult of Hatred” (Culto de ódio em português). Eu<br />
pessoalmente acho que esse álbum foi o melhor escrito e composto que já<br />
fizemos. Todas as músicas são cativantes mas sem perder a agressividade e<br />
a obscuridade. Dan Swanno mixou e masterizou “Kult Des Hasses” dando<br />
nos um resultado matador, que parece que estamos de volta aos primeiros<br />
dias do Death Metal anos 80 e começo dos anos 90. Acho que o novo álbum<br />
não perdeu a essência do que você pode ouvir em The Final Conflit, porém<br />
ele está muito mais pesado, com mais riffs de guitarra, estamos muito satisfeitos<br />
com o resultado.<br />
URR: Porque o titulo Concubina do Diabo está em português? Uma<br />
homenagem ao Brasil? Fale-nos um pouco mais...<br />
VC: Nós fizemos nossa segunda turnê brasileira ao lado do Obituary em<br />
2012 e foi um grande sucesso. Tivemos uma boa receptividade das pessoas<br />
e fizemos grandes amigos nos lugares que passamos, eu senti que tínhamos<br />
que retribuir de algum modo e achamos que colocar uma música com o<br />
título em português seria uma ótima maneira de retribuir.<br />
URR: Um bom tempo atrás eu lembro que você tinha publicado no<br />
Facebook que achava um absurdo as pessoas perderem tempo publicando<br />
falsas noticias, o que concordo com você. A notícia, então dizia que o<br />
baterista Kyle Severn tinha deixado o Acheron, o que acabou acontecendo<br />
algum tempo depois na verdade. Foi coincidência? E quais foram os<br />
motivos que o levaram a deixar a banda? Vocês ainda são amigos?<br />
VC: Foi coincidência! Kyle e eu trabalhamos juntos por anos. No passado<br />
éramos amigos pessoais e isso fazia com que trabalhássemos melhor<br />
juntos, mas as coisas mudam com o passar dos anos e foi o que exatamente<br />
aconteceu. Eu não tenho nenhum ressentimento por isso e fico contente<br />
dele ter feito parte da historia do Acheron. Mas, nenhum de nós quer trabalhar<br />
juntos novamente isso já está definido. O Incantation é dele e o Acheron<br />
é meu! Acho que nós dois estamos menos estressados agora (Risos)<br />
URR: Você consideraria que o Line up do Acheron está muito melhor<br />
atualmente?<br />
VC: Através dos anos eu tenho trabalhado com muitos músicos talentosos,<br />
então eu não gosto de afirmar que este line up é melhor que aquele<br />
pois, cada pessoa é uma pessoa diferente e tem seu modo particular de<br />
fazer as coisas. A única preocupação através dos anos foi reunir uma boa<br />
energia juntos e botar pra quebrar. Atualmente eu também estou com músicos<br />
talentosos e deixo para os fãs decidirem qual line up é melhor. Nossa<br />
única preocupação é botar pra quebrar sempre ao vivo e gravar um próximo<br />
álbum ainda melhor que Kult Des Hasses.<br />
URR: Como está o relacionamento com a nova gravadora, a Listenable<br />
Records? Melhor que a antiga Displeased Records?<br />
VC: Melhor impossível! A Listenable Records apóia o Acheron em<br />
100%! Eles são mil vezes melhor que a antiga gravadora Displeased Records.<br />
Sem mencionar que o proprietário da Listenable, Laurent, é fã do<br />
Acheron. Ele acredita na nossa música e quer elevar a banda no mais alto<br />
nível, sinceramente eles têm sido a melhor gravadora que já trabalhamos.<br />
URR: Qual sua opinião sobre o Death Tribute Project - DTA?<br />
VC: Eu acho legal! Acredito que é uma homenagem à altura para os fãs<br />
do Death, tenho certeza de que Chuck aprovaria.<br />
URR: Como estão às turnês do Acheron em 2014? Você poderia dar<br />
um resumo do que tem acontecido?<br />
Vc: Infelizmente o Acheron não fez nenhuma turnê em 2014! Uma das<br />
razões foi a procura de um novo baterista e um segundo guitarrista permanente,<br />
se fizermos algum show será localmente entre novembro e dezembro,<br />
mas não é certeza. Mas para 2015 nós planejamos colocar o pé na<br />
estrada novamente.<br />
URR: Atualmente você está envolvido em algum projeto que você gostaria<br />
de mencionar?<br />
VC: Sim, eu toco também no CRIMSON HEROIN mas não tem nada<br />
haver com Death ou Black Metal. A banda é influenciada por industrial/<br />
eletrônico/heavy metal, é bem diferente mas é algo legal de estar fazendo.<br />
URR: Em sua opinião o Death metal pode ser composto de diferentes<br />
e novos elementos na musica, como fez o Morbid Angel no ultimo disco?<br />
Falando nisso o que você achou dos últimos álbuns do Deicide e Morbid<br />
Angel?<br />
VC: Depende muito da banda em questão e dos músicos. Acho que cada<br />
um faz o que quiser. O resultado pode ser tanto positivo como negativo. O<br />
ultimo álbum do Deicide eu curti muito, tem mantido a mesma linha mas<br />
realmente eu não gostei do novo disco do Morbid Angel.<br />
URR: o que você acha da atual cena do Death Metal nos EUA e no<br />
mundo? Há alguma banda de Death Metal que você acha que tem se<br />
destacado atualmente na cena atualmente?<br />
VC: A cena só existe para quem realmente curte o estilo, mas infelizmente<br />
nos Estados Unidos ela não é grande por conta de porcarias como Hip<br />
Hop, Rap que predomina na cultura norte americana, destruindo o cenário<br />
musical de outros estilos. Eu acho que o cenário Europeu é muito mais<br />
aberto a todos os estilos de metal do que o norte americano, sem duvida.<br />
Mas eu confesso a você que na America do Sul é aonde a cena Metal é a<br />
maior do mundo. Os fãs nessa região são simplesmente demais. Acho que<br />
o Belphegor tem se destacado bem atualmente na cena de Death Metal, eu<br />
realmente tenho curtido seus últimos álbuns.<br />
URR: Para terminar, o Acheron fez uma tour no Brasil no final de<br />
2008, mas os fãs da cidade de São Paulo ficaram frustrados porque o<br />
show foi cancelado. Você lembra o que aconteceu na época?<br />
VC: Ah sim, eu lembro! Eu e Kyle (o então, baterista) ficamos presos no<br />
aeroporto de Nova York por conta do atraso do vôo devido ao mau tempo e<br />
acabamos perdendo o vôo de conexão que nos levaria para São Paulo. Foi<br />
um verdadeiro pesadelo aquilo, principalmente porque o show de São Paulo<br />
seria no dia do meu aniversário e tivemos que ficar num hotel até o dia<br />
seguinte para pegar o próximo vôo. O restante da tour pelo Brasil ocorreu<br />
bem. Apenas no final da tour, já no nosso ultimo dia antes de voltar é que<br />
ficamos em São Paulo e demos uma volta pela Galeria do Rock, achei incrível<br />
aquele lugar,varias lojas de CDs muito legais, tudo muito fantástico.<br />
Felizmente pudemos fazer uma tour completa no Brasil em 2012 ao lado<br />
do Obituary, e Nervo Chaos que simplesmente foi demais!! Não vejo a hora<br />
de retornarmos ao Brasil e encontrar nossos fãs.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 37
RRock Report<br />
Um brilhante caminho pela frente<br />
Por JP Carvalho<br />
Um dos prazeres desta vida está em descobrir as coisas! Sinto-me privilegiado<br />
em poder conversar com tantas pessoas e descobrir um pouquinho<br />
mais de cada um deles. Mas quando me deparo com pessoas muito<br />
mais jovens do que eu, e que possuem conteúdo, mostram que sabem exatamente<br />
o que querem da vida e lutam bravamente por isso, muitas vezes<br />
chego perto das lágrimas. Com Renato Pestana, baterista da banda Fatal,<br />
foi assim, já o conhecia de vista, mas ter esse bate papo repleto de sintonia<br />
e caráter, me deixou feliz, e com certeza renovou minhas esperanças na<br />
juventude deste país.<br />
A banda Fatal pratica um Thrash Metal e nasceu na Zona Norte da cidade<br />
de São Paulo em meados de 2012.<br />
Desde que a formação se estabilizou com os músicos Julia Yago no<br />
contrabaixo, Lucas Chuluc e João Dias nas guitarras, o já citado, Renato<br />
Pestana na bateria e Abracax nos vocais, o grupo vem investindo em suas<br />
composições, que possuem fortes influências do hardcore punk/crossover e<br />
se inspirando em bandas como Exodus, Venom e Cro-Mags.<br />
A temática das letras é, resumidamente, influenciada pelos pecados capitais,<br />
com bases na literatura religiosa, cinema e na realidade humana.<br />
Já tocou ao lado de bandas como FireStrike, Trevas, Bandanos, Imminent<br />
Attack, Chemical, Rider, e muitas outras e em casas localizadas desde<br />
o centro de São Paulo até lugares como Jandira. Entre essas casas, destaca-<br />
-se o Inferno Club na Rua Augusta.<br />
Atualmente, a banda está finalizando as gravações de seu EP, que tem<br />
previsão de lançamento para Novembro de 2014.<br />
Confira a seguir entrevista com o baterista Renato Pestana.<br />
Underground Rock Report: Antes de começarmos, obrigado pelo seu<br />
tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre<br />
você e suas atividades.<br />
Renato Pestana: Opa! Primeiramente gostaria de agradecer pela oportunidade,<br />
estou bem feliz de poder conversar com vocês. Obrigado!<br />
Bom, sou o baterista da banda Fatal, que mesmo existindo desde meados<br />
de 2011 (com outros integrantes e até outro nome), tem aparecido um pouco<br />
mais no cenário paulistano de Thrash Metal no ultimo ano.<br />
Tenho estado bastante ocupado com os diversos shows e as gravações do<br />
nosso primeiro EP que acabaram recentemente. Com o pouco tempo que<br />
38 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
me sobra, me mantenho ativo estudando o instrumento, fazendo trabalhos<br />
freelance, gravando para alguns amigos e até mesmo dando aulas.<br />
A parte de tudo isso, tenho um projeto de rock progressivo que logo<br />
entrará em estúdio e lançará material próprio também.<br />
URR: Como você se tornou baterista?<br />
Renato: Meu primeiro contato com a bateria foi aos 8 anos, eu acho.<br />
Meu irmão estudava violão e um dia fui visitar a escola onde ele tinha as<br />
aulas. Eu vi uma bateria pequena e posso dizer com certeza que foi amor a<br />
primeira vista. Lembro que passei a tarde toda batendo nos tambores sem<br />
ter a mínima noção do que estava fazendo (risos).<br />
Mais tarde, lá pelos meus 10 anos de idade, minha mãe me viu fazendo<br />
air drums e me prometeu que um dia me daria uma bateria. Ela cumpriu a<br />
promessa e aos 12 anos ganhei meu primeiro kit.<br />
Comecei a estudar sem saber muito bem o que queria com o instrumento.<br />
Acho que passei praticamente um ano sem ter muita ideia do que queria.<br />
Isso mudou completamente a partir do momento em que conheci o Ian Paice<br />
e o Deep Purple. Foi ali, que decidi que me tornaria um verdadeiro baterista.<br />
URR: E como foi o seu primeiro contato com um professor? Você acha<br />
que aulas de música deveriam figurar na grade escolar de todo o país?<br />
Renato: Com certeza! Música é cultura e, apesar de o Brasil ter uma<br />
cultura muito rica, ela não é bem disseminada.<br />
Creio que se lecionassem música nas escolas públicas como parte da<br />
grade curricular, já haveria um grande avanço na disseminação cultural e<br />
abriria mais espaço para música boa na mídia em geral. Nunca tive professores<br />
de nome e nunca estudei em escolas de música famosas, mas devo<br />
muito aos professores que tive, pois me ensinaram a gostar de tudo o que é<br />
bom e bem feito. E me mostraram que música é, acima de tudo, sentimento.<br />
URR: Fico muito feliz em ouvir isso! Como é a sua relação com outros<br />
tipos de músicas que não o Heavy Metal ou o Rock em geral?<br />
Renato: Não me prendo muito a estilos musicais. Sempre ouvi de tudo,<br />
gosto de música em geral, desde que soe boa aos meus ouvidos.<br />
Cresci ouvindo MPB, Bossa Nova e Samba e acho que isso contribuiu<br />
muito para o meu gosto musical hoje em dia.<br />
Gosto muito das músicas dos anos 60 e 70, pois foi uma época em que
havia muito experimentalismo, não haviam muitos limites na música e as<br />
pessoas tinham liberdade pra criar, mudar e mesclar estilos a bel prazer.<br />
E, por incrível que pareça, não sou um grande fã do Heavy Metal e nem<br />
das suas vertentes mais pesadas. É um dos estilos que menos ouço, na verdade.<br />
Não é algo que me influencia tanto.<br />
URR: E isso de alguma forma influência na sua maneira de tocar,<br />
melhor, você agrega diversos outros estilos na hora da criação das suas<br />
linhas de bateria?<br />
Renato: Sim, com certeza! Apesar de o Thrash Metal ter linhas de bateria<br />
um tanto limitadas, tento sempre colocar um pouco do swing e do<br />
feeling que trago do Jazz e do Funk.<br />
Muitos bateristas de Metal atuais se esquecem de onde vieram. A história<br />
da bateria esta intimamente ligada à história do Jazz e foi a partir dali que<br />
a maioria dos estilos evoluiu.<br />
Bateristas como John Bonham, Cozy Powell, Mitch Mitchel e Ian Paice<br />
beberam da mesma fonte e essa fonte é o Jazz. E, se todos eles são admirados<br />
hoje em dia, então por que não bebemos o mesmo que eles para, quem<br />
sabe, sermos admirados num futuro distante?<br />
URR: E como é a receptividade das suas ideias na banda Fatal?<br />
Renato: Minhas ideias são sempre muito bem aceitas assim como as<br />
dos outros integrantes, tanto na hora de compor quanto na hora de decidir<br />
alguma coisa relacionada ao futuro da banda.<br />
Somos bem unidos e pensamos de forma bem parecida, isso contribui<br />
muito para as composições também. Sempre que discordamos em algum<br />
ponto, tentamos melhorar aquilo de forma que todos fiquem satisfeitos.<br />
URR: A banda é bem jovem, isso cria algum tipo de problema para<br />
vocês na hora de agendar shows? E como tem sido a aceitação do público<br />
aos shows de vocês?<br />
Renato: Até hoje não tivemos muitos problemas com agendamento de shows<br />
e, por sermos novos, temos até uma aceitação um pouco maior do publico.<br />
A galera sempre acha legal gente da nossa idade fazendo um som direto e com<br />
tanta influencia do Thrash dos anos 80. Mas para nós é normal, temos varias<br />
bandas parceiras que fazem o mesmo tipo de som e não estranhamos nada disso.<br />
URR: O que você pode nos adiantar sobre o EP da Fatal?<br />
Renato: Se eu te contar, vou ter que te matar. (Risos)<br />
Mas posso adiantar que vem coisa boa por aí! Como a maioria sabe,<br />
gravamos no DaTribo e a rapaziada lá é bem qualificada e gente fina. Foi<br />
um trabalho bem bacana, ficamos bem a vontade com eles e estamos bem<br />
confiantes.<br />
O EP será intitulado Fatal Attack e com certeza fará jus ao nome. Os sons<br />
são rápidos e pesados, com riffs marcantes e vocais potentes e diretos. Há<br />
inclusive uma faixa com partes mais cadenciadas e pesadas que, acho que<br />
vai agradar bastante o publico.<br />
Tenho certeza que a galera não vai se decepcionar!<br />
mas com pouquíssimo apoio por parte da mídia e do publico.<br />
Poucas pessoas compram o material das bandas, poucas pessoas divulgam<br />
e poucas vão aos shows. Infelizmente essa é a realidade da cena nacional<br />
nos últimos anos.<br />
Na cena paulistana, é dado mais valor às bandas covers do que às bandas<br />
autorais e isso é muito triste e faz com que algumas pessoas acabem desistindo<br />
de seus trabalhos autorais por não receberem o prestigio merecido.<br />
Diversos bares e casas de show simplesmente fecham as portas para bandas<br />
autorais, isso quando não cobram uma fortuna para ter a banda tocando no<br />
local.<br />
Há também, um certo preconceito entre bandas, algumas são muito mal<br />
vistas por alguns músicos e eles mesmos se fecham para o próximo. Isso<br />
acaba ‘elitizando’ a cena e eu, pessoalmente, não gosto nem um pouco<br />
disso. Deveríamos nos unir, e não nos separar ainda mais.<br />
Mas creio também que houve uma certa melhora nos últimos tempos,<br />
mas ainda há muito o que mudar. Mas isso vem com o tempo.<br />
Vamos continuar lutando para que a cena independente do metal nacional<br />
continue crescendo!<br />
URR: Você acha que falta iniciativa do público em ir aos shows ou<br />
a qualidade das bandas autorais fica devendo e por isso não desperta o<br />
interesse das pessoas?<br />
Renato: Com certeza falta iniciativa do publico. Há bandas sensacionais<br />
na cena nacional, porém as pessoas estão acomodadas com o que conhecem<br />
e não têm a mínima vontade de conhecer coisas novas, infelizmente é<br />
a mentalidade de muitos brasileiros.<br />
URR: O cenário Metal no Brasil é enorme, mas escassa dentro da sua<br />
própria casa, você enxerga alguma mudança em um curto prazo e quais<br />
deveriam ser nossas atitudes para que essa realidade mudasse?<br />
Renato: É difícil saber. Como disse antes, tenho visto uma certa melhora<br />
nos últimos tempos, mas ainda está longe de ser o que a maioria das bandas<br />
idealiza.<br />
Acho que quem deve tomar atitudes para mudar essa realidade não são<br />
apenas os músicos e as bandas, que nunca deixam de correr atrás, mas os<br />
produtores e administradores de bares e casas de show.<br />
Algumas casas já começaram a mudar e estão aceitando mais bandas<br />
independentes em seus palcos, como, por exemplo, o Inferno Club com o<br />
Hell Metal Fest, que já na segunda edição está reunindo um line-up muito<br />
bacana, recheado de bandas ótimas.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Renato: Não tenho muitos planos para o futuro, não gosto muito de pensar<br />
no amanhã... Só quero prosperar com a Fatal e com todos os meus projetos<br />
paralelos e amadurecer profissionalmente, creio que sejam os meus<br />
principais objetivos no momento.<br />
URR: Resuma Renato Pestana em uma frase ou palavra.<br />
Renato: Diria que sou um cara muito tranquilo e sereno e me dou bem<br />
com todos à minha volta.<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-<br />
-papo, deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Renato: Eu é que agradeço pela conversa e pela oportunidade, foi muito<br />
bacana!<br />
Quem curtiu o papo e estiver a fim de saber mais sobre a Fatal, curte a<br />
pagina no Facebook e, se quiser saber sobre algum dos projetos paralelos,<br />
me adicione! Valeu, abraço!<br />
www.facebook.com/BandaFatal<br />
URR: Certo! Quais são as temáticas líricas da Fatal e quais são as<br />
expectativas da banda com esse futuro lançamento?<br />
Renato: Bom, temos temáticas variadas. Nos inspiramos na literatura<br />
religiosa, em filmes, em livros e na realidade humana.<br />
É um pouco difícil de explicar, mas temos a ideia de seguir um conceito<br />
baseado nos sete pecados capitais e através desse conceito ir trabalhando<br />
nossas músicas de acordo com esse tema.<br />
Quanto às expectativas, estamos bastante esperançosos. Depois do lançamento<br />
pretendemos fazer um videoclipe com uma das músicas que estará no EP e<br />
depois é provável que façamos uma pequena tour para promover o mesmo.<br />
URR: Como você vê o cenário da música pesada brasileira?<br />
Renato: É uma cena forte, que tem uma infinidade de ótimas bandas,<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 39
PProfile<br />
Luchando Por El Metal<br />
V8 foi uma banda de Heavy Metal oriunda da Argentina nos anos 80 (1980-<br />
O 1987), e foi, depois da banda Riff, um dos primeiros grupos a ter destaque<br />
dentro deste gênero na Argentina. Eles gravaram três álbuns de estúdio durante<br />
sua existência, e a maioria dos seus membros mais tarde fez parte de outros grupos<br />
de Heavy Metal da Argentina igualmente notáveis. Entre eles, se destaca, Ricardo<br />
Iorio, que tem a maior trajetória discográfica mais extensa do gênero no país.<br />
A história do V8 começa no final de 1979, quando Ricardo Iorio e Ricardo<br />
Moreno Chofa, decidir deixar o grupo Comunión Humana, para formar um novo<br />
grupo, tentando se mais pesado do que a anterior. Após dois meses de ensaios<br />
em que haviam escrito canções como Voy a Enloquecer, Asqueroso, Cansancio<br />
y Maligno, chega a hora de incorporar um baterista e publicado um anúncio na<br />
revista Segunda Mano, que foi respondido por Gerardo Osemberg.<br />
O grupo ainda não tinha nome, mas chegou a adotar alguns como, Hydra,<br />
RGR e Bloke, mas uma reunião à tarde os três na vereda de Chofa, Anibal<br />
Britos foi quem sugeriu-lhes para colocar V8, como o motor V8. Após prós e<br />
contras concordaram que V8 seria o nome que os representaria, já que sugere<br />
velocidade, potência e peso.<br />
Em julho de 1980, ocorre a primeira apresentação ao vivo, no Clube Sahores<br />
de Villa Park, Buenos Aires, com Ricardo “Chofa” Moreno (guitarra), Ricardo<br />
Iorio (baixo) e Gerardo Osemberg (bateria).<br />
Algum tempo depois, Iorio conheceu Alberto Zamambirde e tornaram-se<br />
amigos. Quando “Beto” Zamambirde decidiu sair de sua antiga banda, W.C.,<br />
devido a problemas com o guitarrista, passou a ser o novo vocalista do V8.<br />
Até o ano de 1982, Osvaldo Civile (que se suicidou no ano de 1999, quando<br />
terminou de gravar o último álbum do Horcas) tocava em uma banda chamada<br />
Té De Brujas; era famoso por ter uma parede de Mihuras (um amplificador da<br />
época). Em maio de 1982 entrou para o V8 substituindo Ricardo “Chofa” Moreno<br />
(guitarrista fundador), que saía da banda por problemas de saúde. No primeiro<br />
ensaio, o baterista Alejandro “Pesadilla” Colantonio destruiu a bateria com a<br />
qual estava tocando; antes do ensaio seguinte, Iorio despediu o baterista, que foi<br />
substituído por Gustavo Rowek (dono da bateria destruída, ex-companheiro de<br />
Alberto Zamambirde na banda W.C e futuro baterista do Rata Blanca, na época).<br />
Com o apadrinhamento de Norberto Pappo Napolitano, um guitarrista, cantor<br />
e compositor de Blues, Rock e Metal argentino, conhecido artisticamento como<br />
Pappo e apelidado “El Carpo” que é, sem dúvida o mais importante guitarrista da<br />
Argentina. Tocaram ao vivo pela primeira vez no B.A. Rock do 82 (onde Piero<br />
pedia isqueiros e dedos em formato da letra V para cantar Manso y Tranquilo),<br />
no meio de grupos hippies que se recusaram plenamente.<br />
O primeiro álbum, Luchando Por El Metal, foi lançado em março de 1983, na<br />
etapa de maior popularidade do gênero musical, colocando-os como segunda banda<br />
mais importante da Argentina, atrás apenas do legendário Riff. Os hits eram Hiena De<br />
Metal (Com Pappo na guitarra), Destrucción (ambos haviam sido incluídos na demo)<br />
e Brigadas Metálicas. No mês de julho abriram o show do Riff no estádio da equipe<br />
de futebol Vélez Sarsfield (com uma performance muito ruim, devido às condições<br />
da produção sonora) e do espanhol Barón Rojo, em outubro, no estádio Obras.<br />
No dia 23 de dezembro apresentaram-se no campo da equipe de futebol<br />
Platense. Em ambos os shows houve incidentes muito graves, feito que colocou<br />
em perigo a continuidade não só da banda, mas de todo o Heavy Metal na Argentina.<br />
Durante todo o ano de 1984 reduziram consideravelmente o número de<br />
shows e dedicaram mais tempo à preparação do segundo álbum, Um Paso Más<br />
En La Batalla. O disco recém-gravado foi posto à venda apenas em fevereiro de<br />
1985; este período tão grande de inatividade reduziu a popularidade da banda.<br />
Realizaram algumas apresentações em no Brasil, São Paulo, mas houve<br />
desentendimentos que fizeram Iorio e Alberto Zamambirde voltarem a Buenos<br />
Aires. Chamam logo Gustavo Rowek para retornar ao V8, mas este não quis<br />
voltar à banda. Junto com Gustavo Rowek, Osvaldo Civile também se separa. A<br />
solução foi substituir este dois integrantes por Gustavo “Turco” Andino (bateria),<br />
Walter Giardino (guitarrista que mais tarde fundou o Rata Blanca) e Miguel<br />
Roldán (guitarra). Oito meses e quatro shows mais tarde, Walter Giardino foi<br />
expulso da banda, e junto com ele Gustavo “Turco” Andino também se afastou.<br />
A última formação acabou por ser um quarteto, com Adrián Cenci na bateria.<br />
Com a conversão de Alberto Zamambirde e Miguel Roldán ao cristianismo<br />
(algo inimaginável poucos meses antes), a banda lança o último disco que o<br />
contrato exigia, “El Fin De Los Inicuos”, de 1986. Os fãs não puderam acreditar<br />
que estes músicos (agressivos e pesados), a quem idolatravam, agora cantavam<br />
mensagens cristãs.<br />
No ano de 1992 foi lançado “No Se Rindan”, uma coletânea que resume o<br />
material mais compacto do grupo.<br />
Em 1996, no Estadio Obras, juntou-se parte dos ex-membros da conhecida<br />
formação do V8 para celebrar o Metal Rock Festival, como banda principal; a este<br />
acontecimento somente faltou Iorio. Outras bandas que também tocaram foram<br />
Vibrión, Horcas (de Osvaldo Civile), Logos (de Alberto Zamambirde e Miguel<br />
Roldán) e Rata Blanca (de Walter Giardino). Isso fez com que circulassem rumores<br />
que asseguravam a existência de promotores dispostos a colocar meio milhão de<br />
dólares para realizar uma re-união formal do V8, o que infelizmente não aconteceu.<br />
Formação mais importante da banda:<br />
Alberto Zamambirde- Vocal<br />
Osvaldo Civile- Guitarra<br />
Ricardo Iorio- Baixo<br />
Gustavo Rowek- Bateria<br />
Discografia<br />
1 - Demo - 1982<br />
2 - Luchando por Metal - 1983<br />
3 - Un mais passo na batalha - 1985<br />
4 - El End of the Wicked - 1986<br />
5 - No (coleção) rendição - 1991<br />
6 - Homenaje (Live) - 1996<br />
7 - No (versão remasterizada) Surrender - 2001<br />
8 - Antología - 2001 - 4CD (alguns vivem)<br />
40 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
PPalco Report<br />
BRUJERIA<br />
CLASH CLUB, São Paulo/SP,<br />
9/03/2014<br />
Dois anos depois de uma bem sucedida<br />
apresentação em São Paulo, o Brujeria<br />
retorna a capital paulistana para<br />
uma das seis datas da turnê brasileira<br />
que já passou por Curitiba, Brasilia,<br />
Palmas e deverá encerrar a passagem<br />
do grupo no Brasil passando por Rio de<br />
Janeiro e Manaus.<br />
O Clash Club abriu suas portas as 18<br />
horas como estava no flyer, mas a banda<br />
de abertura só entrou no palco às 19h45.<br />
E por falar em banda de abertura,<br />
achei bastante original a apresentação<br />
do Test, principalmente pelo visual da<br />
banda e o lance do vocalista tocar de<br />
lado para o público e de frente pro baterista,<br />
lembrando vagamente uma versão<br />
grindcore do The White Stripes. A banda<br />
é um duo formado por João Kombi nas<br />
guitarras e vocais e Thiago Barata na bateria.<br />
O Test já abriu pro Mayhem ano<br />
passado e é bem conhecido no circuito<br />
underground paulistano por fazer várias<br />
apresentações gratuitas pela cidade.<br />
O Test faz um grindcore splatter cantado<br />
em português numa velocidade<br />
descomunal que você acaba no final<br />
das contas não ligando em qual idioma<br />
o vocalista está cantando, único ponto<br />
negativo foi o som embolado já no quase<br />
final da apresentação do grupo que<br />
durou perto de meia hora.<br />
Era quase 21 horas, algumas figuras<br />
inconfundíveis do público headbanger<br />
como Shane Embury (Napalm Death)<br />
Jeff Walker (Carcass) e Nick Barker (Ex<br />
Dimmu Borgir, Cradle of filth e outros)<br />
estavam acertando os últimos detalhes<br />
da passagem de som antes de entrarem<br />
definitivamente no palco. Não demorou<br />
muito para os outros integrantes, Juan<br />
Brujo, Fantasma, Ak, subirem no palco<br />
e na seqüência, Jeff já caracterizado<br />
como El Cynico, Shane já como Hongo<br />
e Nick como Hongo Jr. Nos primeiros<br />
acordes de Verga Del Brujo, uma roda<br />
gigantesca se abriu no meio da Clash<br />
Club, levando a todos a completa histeria,<br />
o caos estava instalado, a galera<br />
agitou sem parar durante todo o set de<br />
1h15! O Brujeria completa, em 2014,<br />
25 anos de estrada, anunciou que está<br />
pra lançar um álbum novo até o final<br />
desse ano mas ainda sem data definida,<br />
sob o titulo Pocho Aztlan, música esta<br />
que foi executada durante o set list.<br />
O som não estava lá 100% no Clash<br />
Club, alternava de embolado a guitarras<br />
altas demais. Mas isso foi o de menos,<br />
show do Brujeria é diversão garantida<br />
isso é o que importa. O público parecia<br />
não se importar nem mesmo no momento<br />
em que os fios dos microfones de Juan<br />
Brujo e Fantasma se embolaram nos fios<br />
da guitarra de Hongo causando uma breve<br />
pausa na apresentação e arrancando<br />
risos dos músicos. O calor insuportável<br />
que fazia dentro da Clash era regado<br />
com os arremessos de garrafinhas de<br />
água pelo baixista El Cynico entre suas<br />
pausas para tomar uma cerveja.<br />
A apresentação do Brujeria teve até<br />
referências sobre os médicos cubanos<br />
contratados pelo governo brasileiro que<br />
serviu de introdução para a música Anti<br />
Castro, música que faz uma critica ao<br />
ex- ditador cubando Fidel Castro. Além<br />
dessa música, o destaque ficou para as<br />
canções mais conhecidas como La<br />
Migra, Matando Güeros, División Del<br />
Norte, Marcha de Odio, Brujerízmo e<br />
Consejos Narcos, entre as batidas do<br />
facão de Juan Brujo na caixa de som ou<br />
em qualquer outra superfície no palco.<br />
Outra coisa bem legal foi a interação<br />
dos vocalistas Fantasma e Juan Brujo<br />
com o público que foi muito grande<br />
boa parte do tempo, arriscando até no<br />
portunhol com a galera e um dos momentos<br />
mais engraçado foi quando os<br />
dois vocalistas simulavam negociações<br />
de contrabando com o público.<br />
Confira na integra o set list de mais<br />
um show memorável do Brujeria na capital<br />
paulistana, banda que certamente<br />
deve retornar em breve como eles disseram<br />
na despedida.<br />
GUNS N ROSES<br />
Arena Anhembi, São Paulo,<br />
28/03/2014<br />
Assistir um show do Guns N Roses é<br />
no mínimo curioso.<br />
Se você não é fã da banda, curiosidade<br />
não é o suficiente para ir. É preciso<br />
também se abstrair de conceitos e preconceitos<br />
e encarar a atração como um<br />
evento musical e artístico como qualquer<br />
outro, aí a coisa flui bem.<br />
Fundada há 29 anos, o Guns N Roses<br />
na verdade só teve 7 anos que merecem<br />
uma boa atenção. Quem viveu<br />
a adolescência nesse período de 1987<br />
a 1994, lembra perfeitamente que o<br />
Guns N Roses foi um dos gigantes da<br />
musica mundial, praticamente só se<br />
ouvia falar deles no rádio e nas revistas<br />
especializadas naquela época. A<br />
banda vendeu horrores com os álbuns<br />
Appetite For Destruction e GNR Lies,<br />
foi um dos fenômenos mundiais que<br />
lotou estádios em vários países com<br />
turnês que duravam até dois anos e<br />
meio na época dos álbuns Use Your<br />
Ilusions I e II. Depois veio o inicio da<br />
decadência com o álbum The Spaghetti<br />
Incident, mudanças na formação, ficando<br />
praticamente Axl Rose como único<br />
membro original e surgiu um tenebroso<br />
hiato que durou até o aparecimento de<br />
Chinese Democracy, o que rendeu apresentações<br />
esporádicas ao vivo do grupo<br />
já reformulado,embora atualmente não<br />
exista nenhuma previsão do Guns N<br />
Roses gravar um álbum novo.<br />
Um misto de devoção pelo que o<br />
Guns N Roses foi um dia e curiosidade<br />
levaram 22 mil pessoas a arena do<br />
Anhembi em uma sexta -feira a noite.<br />
A abertura do show de São Paulo ficou<br />
por conta do Doctor Pheabes e do<br />
Plebe Rude que fizeram um show curto<br />
para aquecer a galera até a entrada do<br />
Guns n Roses no palco que estava prevista<br />
para às 22 horas, embora atrasos<br />
já eram previstos pelos fãs, como é de<br />
costume nas apresentações ao vivo do<br />
Guns N Roses.<br />
De repente as luzes se apagaram e<br />
é tocada a introdução “Far From Any<br />
Road” que pertence a um grupo de musica<br />
country norte americano chamado<br />
“ The Handsome Family”, enquanto nos<br />
telões caveiras apareciam florescendo,<br />
dando origem ao simbolo utilizado pelo<br />
Guns N Roses. Axl Rose só entrou no<br />
palco as 23h35, com uma hora e meia<br />
de atraso iniciando os acordes com Chinese<br />
Democracy, faixa titulo do último<br />
álbum da banda que não empolgou a<br />
galera de imediato, no sentido “que música<br />
é essa?” e assim foi essa reação do<br />
público com as outras músicas de Chinese<br />
Democracy , que na minha opinião<br />
é o álbum certo mas na época errada. Se<br />
esse álbum tivesse sido lançado ainda<br />
nos anos 90, acredito que a rejeição seria<br />
bem menor atualmente. Talvez nem<br />
existisse rejeição ou tanto desconhecimento<br />
das músicas devido ao grande<br />
numero de bandas novas que estouraram<br />
nos anos 90 com muito experimentalismo<br />
e novidade, diferente do que<br />
vemos na cena metálica em geral dos<br />
anos 2000 pra cá: a maioria das bandas<br />
apresentando material no esquema mais<br />
do mesmo do que outras bandas já fizeram<br />
e Chinese Democracy se encaixa<br />
perfeitamente nesse contexto.<br />
A segunda música Welcome to The Jungle<br />
fez a galera pegar fogo junto com os<br />
efeitos de pirotecnia no palco e agitar seguidamente<br />
nas musicas conhecidas como<br />
Its so Easy, Mr Brownstone e Estranged.<br />
Então foi a vez de Better mais uma<br />
do Chinese Democracy pra dar um break<br />
na galera. Na sequencia Rocket Queen<br />
pra não deixar a peteca cair.<br />
De repente, Axl Rose foi para os<br />
bastidores trocar de jaqueta e chapéu,<br />
foi a vez do guitarrista Richard Fortus<br />
executar um solo de guitarra. Esse tipo<br />
de apresentação solo se repetiu durante<br />
o restante do set com os guitarrista<br />
Dj Ashba e Ron Bumblefoot e teve<br />
também com o pianista Dizzy Reed. A<br />
impressão que ficou é que Axl cedeu<br />
espaço para seus músicos não tão famosos<br />
quanto Slash, Izzy e Duff brilharem.<br />
Embora Axl esteja acompanhado atualmente<br />
de excelentes músicos o resultado<br />
final foi uma apresentação de técnica<br />
instrumental solo bem chata, desnecessária<br />
e interminável.<br />
Axl retornou ao palco e foi a vez do<br />
cover Live and Let Die, musica imortalizada<br />
na voz de Paul McCartney<br />
nos tempos do The Wings que agitou<br />
a galera novamente. Depois um balde<br />
de água fria com This I love, mais<br />
uma do Chinese Democracy e para dar<br />
uma esquentada nada como Holidays<br />
in the Sun, cover do Sex Pistols com<br />
o baixista Tommy Stilson fazendo os<br />
vocais. Na sequencia um solo de piano<br />
que introduziu mais uma do Chinese<br />
Democracy, Catcher in the Rye. O solo<br />
inconfundível da introdução de bateria<br />
de You Could be Mine levou a galera<br />
ao delírio, mas principalmente nessa<br />
música ficou visível que a potência da<br />
voz de Axl Rose nos agudos não é a<br />
mesma dos tempos de Use Your Ilusion<br />
I e II. Aliás nem o próprio Axl Rose é<br />
o mesmo de antigamente. A impressão<br />
que eu fiquei é que Axl Rose não quis<br />
se mostrar muito para os fãs, de óculos<br />
escuros boa parte do tempo, chapéu e<br />
jaqueta fechada o show inteiro e fez<br />
longos intervalos entre as músicas. Atitude<br />
condizente com os boatos de sua<br />
aparência física detonada.<br />
Como já citado anteriormente, foi a<br />
vez do excelente guitarrista Dj Ashba<br />
fazer um solo que na sequencia foi a<br />
introdução de Sweet Child o Mine, musica<br />
que como as outras conhecidas a<br />
galera cantou em coro.<br />
Agora ao invés de solados, a banda<br />
de Axl Rose fez uma jam, enquanto<br />
os Roadies arrastaram um piano para<br />
o palco, era a vez de November Rain,<br />
mais uma das musicas famosas do Guns<br />
ovacionadas pelos fãs.<br />
A apresentação da música Abnormal<br />
com o guitarrista Bumblefoot nos vocais<br />
eu achei completamente desnecessária,<br />
tipo encheção de linguiça assim<br />
como os solos intermináveis durante os<br />
intervalos ao longo do show. E por falar<br />
em solos Bumblefoot solou o “Tema da<br />
Vitória” em homenagem a Ayrton Senna,<br />
mostrando grande admiração pelo<br />
piloto de Formula 1 brasileiro.<br />
O ponto alto da apresentação do<br />
Guns N Roses foi nessa sequencia com<br />
as musicas Dont Cry, Knockin on Heavens<br />
Door ( Cover de Bob Dylan),Civil<br />
War e Nightrain .<br />
A parte final da apresentação do<br />
Guns n Roses em São Paulo ficou mesclada<br />
entre as jams totalmente dispensáveis<br />
com as músicas Patience e The<br />
Seeker que é um cover do The Who .<br />
Paradise City fechou definitivamente<br />
com chave de ouro em meio a uma explosão<br />
de pirotecnia e chuva de papel<br />
picado vermelho.<br />
No final das contas, o saldo foi positivo<br />
ver o Guns n Roses ao vivo durante<br />
2h30 de show executando músicas<br />
que marcaram época mesmo com essas<br />
pausas com os solos e jams exagerados<br />
demais que foram responsáveis pela<br />
extensão do show. Ficou provado que<br />
Axl Rose era a unica razão para 22 mil<br />
pessoas estarem num Anhembi e ele se<br />
esforçou para fazer jus a isso.<br />
A banda retorna ao Palco do Anhembi<br />
para agradecer os fãs e ainda com direito a<br />
Axl Rose chutar o pedestal do microfone.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 41
HIM<br />
HSBC Brasil, São Paulo<br />
(30/03/2014)<br />
Não há um consenso geral entre os<br />
fãs do HIM sobre que estilo de música<br />
o grupo pertence. Há quem diga que é<br />
simplesmente Pop Rock, outros Gothic<br />
Hard Rock, há também quem diga que<br />
é Rock Gótico Progressivo, outros fãs<br />
defendem que o grupo faz uma fusão<br />
de todos esses estilos denominado Love<br />
Metal, pelas letras do grupo abordarem o<br />
tema amor e morte.<br />
Enfim, rótulos não importam. O importante<br />
é que foi mais um evento realizado<br />
pela Radio& TV Corsário de grande<br />
sucesso, era impressionante as filas ao<br />
redor do HSBC Brasil que davam voltas<br />
no quarteirão, dando quase lotação máxima<br />
da casa em um Domingo a noite.<br />
Um outro grande atrativo foi o fator<br />
novidade: o HIM nunca tocou antes no<br />
Brasil e sem dúvida foi uma das poucas<br />
atrações inéditas previstas a passar pelo<br />
Brasil em 2014.<br />
O HIM existe desde 1991, começou<br />
como qualquer banda, fazendo covers<br />
de suas bandas preferidas. Mas eu só<br />
fui me tocar da existência do HIM em<br />
2005, exatamente quando eles lançaram<br />
o álbum Dark Light, eu estava em Helsinque<br />
na capital finlandesa. Não dei a<br />
menor bola na ocasião, estava mais<br />
interessado na coleção de compactos<br />
raros do Venom, Darkthrone, Impaled<br />
Nazarene e entre vários outros que um<br />
amigo meu finlandês tinha na casa dele<br />
do que ficar escutando HIM. Até que<br />
a namorada dele apareceu com o CD<br />
Dark Light dizendo que aquele CD era<br />
melhor do que todas aquelas bandas que<br />
estávamos ouvindo. Não que ela estivesse<br />
100% certa na hora,mas o Dark Light<br />
virou meu CD preferido deles anos depois,<br />
o que me traz boas recordações da<br />
minha visita a Finlândia até hoje.<br />
Fazia tempo que não ia a um show<br />
onde a histeria coletiva fosse do começo<br />
ao fim, pontualmente às 21h30, a introdução<br />
de Lucifers Chorale deu inicio<br />
a passagem do HIM por São Paulo.<br />
De repente os integrantes do HIM<br />
um a um vão aparecendo no palco e<br />
iniciam os acordes de Buried Alive by<br />
Love, que foi cantada em coro pela galera.<br />
Depois foi a vez de Rip Out the<br />
Wings of a Butterfly levando a galera<br />
em total êxtase e a uma comoção geral.<br />
Para manter o clima foi a vez de Right<br />
Here in My Arms. Kiss of Dawn trouxe<br />
um dos momentos mais pesados do<br />
show, levando ao público dentro de uma<br />
atmosfera um tanto mais gótica.<br />
All Lips Go Blue foi o momento<br />
acústico do show que precedeu ao clássico<br />
Join me in Death e na sequencia foram<br />
Sweet Six,Six,Six, Passions Killing<br />
Floor e Soul on Fire. Nesse ínterim, alguém<br />
jogou uma camiseta da seleção<br />
brasileira com o nome do vocalista do<br />
HIM, Ville Vallo, estampado atrás, deixando<br />
o vocalista extremamente agradecido.<br />
Pouco depois alguém jogou<br />
uma bandeira brasileira personalizada<br />
com o simbolo da banda, o Hertagram e<br />
contabilizo mais um sutiã que foi atirado<br />
ao palco também pouco antes deles<br />
tocarem Wicked Game, que é um cover<br />
do cantor americano Chris Isaak.<br />
Seria extremamente redundante ficar<br />
mencionando toda hora a reação do<br />
publico, que não parava de cantar todas<br />
as musicas do set, algumas garotas<br />
passaram mal durante o show e foram<br />
atendidas pelos brigadistas de plantão e<br />
talvez levadas para algum pronto socorro<br />
próximo do HSBC Brasil. Mas nada<br />
que impactasse o show. Até mesmo as<br />
três invasões que ocorreram no palco,<br />
algumas delas frustradas pelos seguranças,<br />
de tentar abraçar Ville Vallo.<br />
A partir de Tears on Tape um momento<br />
de calmaria aparente se instalou na<br />
casa mesmo após a sequencia Poison<br />
Girl, For you e The Funeral of Hearts.<br />
Uma situação bastante inusitada embora<br />
um tanto perigosa em termos de segurança,<br />
foi quando Ville Vallo acendeu um<br />
cigarro em pleno palco, deixando o clima<br />
do HSBC de balada de casa noturna. A<br />
Rock Brigade soube que a produção do<br />
show foi avisada em tempo de alertar o<br />
musico dessa proibição, o que não causou<br />
nenhum transtorno também.<br />
Ville Vallo agredecia sempre o público<br />
e interagia bastante, hora falando da<br />
primeira vez no Brasil, hora das influencias<br />
musicais de determinadas músicas.<br />
O bis que encerrou esse primeiro show<br />
histórico do HIM no Brasil contou com as<br />
músicas Into the Night, Its All Tears (Drown<br />
in this Love), When Love and Death<br />
Embrace e Sleepwalking Past Hope.<br />
Não fica barato uma viagem da Finlândia<br />
para o Brasil, se pensarmos também<br />
na quantidade de integrantes da<br />
banda, roadies, cachês, hotel ,etc. Mesmo<br />
assim acredito que o HIM retorne<br />
em breve para o Brasil até mesmo para<br />
mais de um show, ao menos é a impressão<br />
que todos ficaram no HSBC Brasil<br />
pelo excelente espetáculo.<br />
Ghost<br />
HSBC Brasil<br />
São Paulo/SP, 5 de Setembro de 2014<br />
Praticamente um ano depois da apresentação<br />
da banda no Rock in Rio e na<br />
arena do Anhembi em São Paulo, o Ghost<br />
retornou ao Brasil para duas datas nas respectivas<br />
cidades como parte final da turnê<br />
Sul Americana de Infestissuman.<br />
A grande diferença em relação a<br />
apresentação do Ghost no Brasil ano<br />
passado, é que dessa vez a banda trouxe<br />
ao Brasil seu repertório completo baseado<br />
nos três lançamentos do grupo:<br />
Opus Eponymous, Infestissuman e If<br />
You have Ghosts e ainda com direito a<br />
cenário de palco imitando uma Igreja,<br />
totalizando quase duas horas inacreditáveis<br />
de show.<br />
O HSBC Brasil abriu suas portas<br />
ao público às 20 horas, o acesso estava<br />
bem tranquilo nas dependências da<br />
casa, podendo, sem afobes, comprar<br />
uma cerveja ou o Merchandise Oficial<br />
da banda, que estava simplesmente fantástico<br />
e teve muita procura.<br />
Como o show estava previsto pra<br />
começar às 22 horas, o público foi chegando<br />
gradualmente, porém, para uma<br />
casa de grande porte como é o HSBC<br />
Brasil a lotação no final ficou mediana<br />
mas foi suficiente para testemunhar esse<br />
grande evento.<br />
Perto das 22 horas a ansiedade do público<br />
já era contagiante com uma música<br />
tipica de igreja que vinha de atrás do<br />
palco, que convidava a todos a entrarem<br />
no clima sombrio do Ghost.<br />
De repente a galera veio a delírio durante<br />
a introdução de Infestissuman ao<br />
mesmo tempo que as cortinas se abriram<br />
dando vista aos Nameless Ghouls<br />
já posicionados e ao fundo os vitrais<br />
de uma igreja satânica no melhor estilo<br />
Anton La Vey. Surge então Papa Emeritus<br />
II dando inicio a cerimônia religiosa<br />
nada pouco convencional com Per Aspera<br />
Ad Inferi.<br />
A próxima musica, Ritual, conduziu<br />
a multidão definitivamente ao universo<br />
mágico do Ghost. A multidão de fieis<br />
profundamente envolvidos naquela<br />
atmosfera cantaram em coro praticamente<br />
todas as musicas durante toda a<br />
apresentação do Ghost, como em uma<br />
cerimônia religiosa às avessas. Na sequência<br />
foram Primer Mover e Secular<br />
Haze. Papa Emeritus II soltou um “boa<br />
noite” em português emendando frases<br />
em inglês dizendo que era muito bom<br />
estar aqui novamente numa simpática<br />
interação com a platéia. Satans Prayer<br />
praticamente foi cantada inteira pelo<br />
público, os solos de guitarras em Con<br />
Clavi Con Dio estavam magníficos ,<br />
logo depois foi a vez da já considerada<br />
clássica, Elizabeth. Ao término de<br />
Elizabeth, Papa Emeritus II reservou<br />
uma surpresa ao público, chamou duas<br />
freiras ao palco para oferecerem hóstia<br />
e o vinho que estas carregavam em<br />
referência a próxima canção na sequência,<br />
Body & Blood. Durante a curta<br />
apresentação das freiras, Papa Emeritus<br />
II pediu ao público para que se comportasse<br />
diante das belas moças, imaginei<br />
que rolaria um Strip Tease básico,mas<br />
acabou só ficando no suspense. A música<br />
seguinte foi a Death Knell que não<br />
é tão comum deles tocarem ao vivo e<br />
o resultado foi sensacional, na minha<br />
opinião é bem nítida a referência de<br />
Mercyful Fate nessa música.<br />
Um outro grande momento foi a execução<br />
do cover dos Beatles, Here Comes<br />
42 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
the Sun e depois nada melhor do que a<br />
excitante Stand By Him e a boa Genesis.<br />
Year Zero deu a impressão de que<br />
o HSBC ia explodir em um inferno na<br />
terra num ensurdecedor coro de “Belial,<br />
Behemoth, Belzebu, Asmodeus, Sathanas,<br />
Lucifer.”<br />
O cover de Roky Erickson, If you<br />
have Ghosts do último lançamento deles<br />
foi um momento bem descontraído.<br />
Parecia que o show tinha terminado<br />
com a saída deles do palco após If<br />
You Have Ghosts, quando o público<br />
gritava insistentemente por Ghuleh/<br />
Zombie Queen alternando com um olê,<br />
olê Ghostê, Ghostê como se estivessem<br />
em um estádio. A banda retorna ao<br />
palco atendendo o pedido e encerrou a<br />
turnê de Infestissuman com a excelente<br />
Monstrance Clock.<br />
Quem teve a oportunidade de ver o<br />
Ghost ao vivo ano passado no Rock In<br />
Rio ou no Anhembi há de concordar que<br />
a banda funciona melhor em uma casa<br />
de show do que ao ar livre, a impressão<br />
que eles passaram foi que a banda<br />
pode ser bem melhor ao vivo do que no<br />
CD, principalmente pelo teatralismo,<br />
algo que ficou pouco explorado na curta<br />
apresentação deles ano passado, o que<br />
tornou essa apresentação bem superior.<br />
A banda pretende agora se trancar em<br />
estúdio para a gravação do próximo álbum<br />
com previsão de lançamento para<br />
2015, ainda sem titulo definido. O que<br />
se sabe por enquanto é que Papa Emeritus<br />
II será substituido por um novo<br />
Papa, o que nas entrelinhas significa<br />
que Tobias Forge,nome real do vocalista,<br />
deverá surpreender os fãs da banda<br />
com uma nova maquiagem do personagem<br />
e que certamente renderá muitas<br />
turnês pelo mundo.<br />
Death DTA<br />
Via Marquês<br />
São Paulo, SP 7 de Setembro de 2014<br />
A banda Death dispensa quaisquer<br />
comentários, sinopse ou introdução<br />
pra começar essa resenha, quem curte<br />
o estilo Death Metal de verdade<br />
sabe muito bem a história da banda.<br />
A grande questão é que estamos<br />
falando aqui do Tributo ao Death e<br />
não da banda Death.<br />
Foi incrível a quantidade de pessoas<br />
que confundiram esse conceito nas redes<br />
sociais, associando a apresentação<br />
que ocorreu no ultimo 7 de Setembro a<br />
de uma banda cover qualquer.<br />
Para começo de conversa, banda<br />
cover não é engajada em causas sociais,<br />
só para ficar clara a diferença.<br />
Até concordo com o argumento<br />
de alguns que eu li por ai nas redes<br />
sociais, “não existe Queen sem Freddie<br />
Mercury, Metallica sem James<br />
ou até mesmo Megadeth sem Dave”<br />
e por ai vai, a lista estava grande. É<br />
preciso ter cuidado com certos argumentos<br />
que se lê por ai para não<br />
tomar como verdade absoluta, nem<br />
sempre uma banda que reúne antigos<br />
membros, mesmo sem seu fundador<br />
original, pode ser considerada oportunista.<br />
Ainda mais se a questão é<br />
reunir membros para fazer homenagem<br />
ao vocalista falecido há mais<br />
de 10 anos e ter uma causa social por<br />
de trás do projeto, acho extremamente<br />
louvável como é o caso do Death<br />
DTA.<br />
O projeto Death To All existe<br />
desde 2012 e quando foi criado, 20<br />
% da renda obtida dos ingressos e<br />
merchandise foi destinada ao fundo<br />
Sweet Relief, maiores informações<br />
acesse: https://www.sweetrelief.org.<br />
A Death to All Tour foi idealizada<br />
por Gene Hoglan que tocou<br />
nos albuns“Individual Thought Patterns”<br />
e “Symbolic” do Death. Além<br />
de Gene, temos Danny Walker que<br />
toca no Intronaut, Bereft e Sean<br />
Reinert que tocou no álbum Human<br />
do Death. No baixo, temos o<br />
grande Steve DiGiorgio que tocou<br />
nos álbuns “Human” e“Individual<br />
Thought Patterns” e Scott Clendenin<br />
que tocou no álbum do Death “The<br />
Sound Of Perseverance”. Os trabalhos<br />
de guitarra estão sendo compartilhados<br />
por Paul Masvidal que<br />
tocou no álbum “Human”, Hamm<br />
Shannon (“The Sound of Perseverance”)<br />
e Koelble Bobby (“Symbolic”).<br />
Enquanto isso, os vocais foram<br />
sendo divididos desde o inicio<br />
por Matt Harvey do Exhumed , Steffen<br />
Kummerer do Obscura, Charles<br />
Elliott do Abysmal Dawn e Bereft e<br />
Max Phelps do Cynic.<br />
O line up que tocou no Brasil<br />
contou com Gene Hoglan (bateria),<br />
Bobby Koelble (guitarra, ex-Death),<br />
Steve DiGiorgio (baixo - ex-Death,<br />
Autopsy, Testament, Iced Earth),<br />
Max Phelps do Cynic a frente do<br />
show a maior parte do tempo e Steffen<br />
Kummerer do Obscura como segundo<br />
vocalista.<br />
A abertura ficou a cargo do Test<br />
e do D.E.R que fizeram uma fusão<br />
interessante no palco, transformando<br />
duas bandas em uma unica banda<br />
de abertura, prendendo a atenção da<br />
galera e esquentando o público do<br />
Via Marques que já se encontrava<br />
lotado .<br />
Aproximadamente uma meia hora<br />
depois do término do Test/D.E.R as<br />
cortinas se abrem e é executada uma<br />
introdução de Out of touch do álbum<br />
Individual Throught Patterns e a sequencia<br />
não poderia ter sido melhor,<br />
The Philosopher, para dar inicio a<br />
esse show esperado por muitos fãs<br />
há anos.<br />
Max Phelps foi considerado por<br />
muitos ali presentes como se tivesse<br />
incorporado a alma de Chuck Schuldiner,<br />
os vocais e os trejeitos dele no<br />
palco eram bem semelhantes ao de<br />
Chuck somado ao set list matador<br />
apresentado por ele, fez muito marmanjo<br />
barbado chorar. Quem conhece<br />
o trabalho do Max no Cynic e viu<br />
ele ao vivo no DTA, não diz que é a<br />
mesma pessoa.<br />
Max Phelps cantou as outras sete<br />
músicas da primeira parte do show<br />
que foram a dobradinha Leprosy/Left<br />
to Die, na sequencia Living Monstrosity,<br />
Suicide Machine, in Human<br />
Form, Lack of Comprehension outra<br />
dobradinha com Spiritual Healing/<br />
Whitin the Mind e Flattening of<br />
Emotions.<br />
A segunda parte do show ficou<br />
liderada pelo vocalista Steffen Kummerer<br />
que tocou apenas quatro músicas,<br />
as excelentes Symbolic e Zero<br />
Tolerance e depois as Bite the Pain<br />
e Overactive Imagination. Foi uma<br />
apresentação cheia de personalidade<br />
mas nada semelhante a apresentação<br />
de Max Phelps, que retornou ao palco<br />
para as três músicas finais.<br />
O Encore ficou com a dobradinha<br />
Zombie Ritual/Baptized in Blood e<br />
depois foram Crystal Mountain e Pull<br />
The Plug que encerraram a apresentação<br />
de um grande show, onde muita<br />
gente nem imaginava que um dia fosse<br />
assistir, sem contar que tratou-se<br />
de uma das poucas atrações inéditas<br />
que passaram pelo Brasil em 2014.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 43
RRock Report<br />
44 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por Leonardo Moraes<br />
Santa Hates You é uma banda alemã formada no Outono de 2007. A banda<br />
tem quatro álbuns lançados, mas por fazerem parte de uma gravadora<br />
bem underground, boa parte dos CDs é quase impossível de achar hoje em<br />
dia, com exceção do último lançamento da banda “its Alive” de 2012.Os<br />
membros e fundadores da banda são o ícone musical Peter Spilles (conhecido<br />
pelo seus trabalhos a frente do Project Pitchfork) e a vocalista italiana,<br />
a enigmática Jinxy. Diz a lenda que eles se conheceram no Ohlsdorfer<br />
Cemitério em Hamburgo, onde dizem que eles acidentalmente “assustou o<br />
demônio para fora de si” durante esse encontro. Aparentemente, foi então<br />
que Peter notou a voz incomum de Jinxy, ele ficou bastante intrigado com<br />
o que ouviu.<br />
Depois de descobrir a sua paixão comum pela música obscura, artes macabras<br />
e humor rebelde, os dois se tornaram amigos e logo decidiu começar<br />
uma banda juntos.<br />
Spilles lembra: “ Era uma noite fria e tudo que tínhamos era vinho tinto<br />
e uma atitude insubordinada Isso é basicamente como Santa Hates You<br />
nasceu ....Depois disso, tudo foi muito rápido! Era como se estivéssemos<br />
embriagado, quase em transe de trabalho.... Noite após noite, logo tivemos<br />
pistas suficientes para o nosso primeiro álbum. E o resto é história. “<br />
Trabalhar à noite permaneceu uma das idiossincrasias peculiares da banda<br />
e logo se tornou uma tradição.<br />
Santa Hates You apresenta um moderno dark-electro, com características<br />
industriais e batidas extremamente dançantes de um lado, e as sequências<br />
cativantes, bem como elementos góticos e electro-punk, por outro.<br />
Enquanto a banda descreve seu som como “suculento-electronic-gótico<br />
industrial”, muitos outros tentaram, ao longo dos últimos anos, caracterizar<br />
o estilo do Santa Hates You como :<br />
“Um turbilhão musical”; “A trilha sonora perfeita para uma Rave ou Sex<br />
Hardcore”; “bizarro e grotesco como uma espécie de sexy freak show”;<br />
“som difícil de engolir, mas contagiante como o inferno” e “de mau gosto,<br />
rebelde, maldoso, depravado e perigoso para a nossa juventude”.<br />
Essas são apenas algumas das tentativas mais coloridas de tentar rotulá-<br />
-los.<br />
Há quem curte o estilo vocal da banda Santa Hates You, dizendo que são<br />
poderosos vocais outro traço inconfundível do duo.<br />
Santa Hates You na verdade é um projeto musical subversivo, e isso se<br />
reflete nas letras e na imagem da banda.<br />
A banda muitas vezes expressa seu amor pela literatura européia e da<br />
arte do século 19 e início do século 20, e abertamente reconhece movimentos<br />
artísticos como o simbolismo, o surrealismo eo movimento decadente<br />
como uma fonte de inspiração estilística.<br />
O conhecimento e paixão para diferentes perspectivas e abordagens psicológicas<br />
também deve ser mencionado como um elemento inspirador imperdível<br />
no processo criativo da banda.<br />
Eles estão atualmente com a Trisol Music Group mas não há uma previsão<br />
de lançamento de um novo álbum desde 2012... Confira abaixo uma<br />
mini entrevista que fizemos com o Duo:<br />
Underground Rock Report: Como foi a ideia de criar a banda?<br />
Peter: Foi em 2007 que nos encontramos pela primeira vez, ela gostava<br />
do meu trabalho com o Project Pitchfork e eu gostei da voz dela e foi isso...<br />
URR: Por que a escolha do nome Santa Hates You?<br />
Peter: Porque é um nome impactante e dificil das pessoas esquecerem,<br />
eu sou Santa e Jinxy Hates You (risos).<br />
URR: Qual é a sensação que você sente estando no palco?<br />
Peter: É maravilhoso, quente, excitante e tudo de bom que você possa<br />
imaginar.<br />
URR: Você tem uma musica favorita entre várias outras que vocês já<br />
compuseram?<br />
Jinxy: Nãoooooo.<br />
Peter: Eu gosto de todas, acho que cada uma delas traz algo divertido<br />
para nós.<br />
URR: Qual seus gostos pessoais, comida, musica, filmes, etc?<br />
Jinxy: Comida é boooom.<br />
Peter: Eu escuto jazz<br />
Jinxy: Comida é boooom<br />
Peter: Filmes? Gosto mais do clássico de terror, depende muito...<br />
Jinxy: Quando estamos no estudio gravando assistimos uns pornôs (risos).<br />
URR: Qual é a imagem que você quer passar para as pessoas com o<br />
visual da banda?<br />
Peter: A Bela e a Fera, medo, dominação...<br />
URR: Quais são os planos para o futuro?<br />
Peter: (longa pausa) Aterrorizar a casa dos pais dos nossos fãs...<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 45
Arte<br />
Fotografia<br />
Design Gráfico e Digital<br />
46 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>