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UNDERGROUND ROCK REPORT - 2

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<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 1


2 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


ÍNDICE<br />

NervoChaos<br />

Págs. 4, 5, 6, 7 e 8<br />

Lascia<br />

Págs. 9, 10 e 11<br />

Pop Javali<br />

Págs. 12 e 13<br />

Blackning<br />

Págs. 14 e 15<br />

Crom<br />

Pág. 16<br />

Cemitério<br />

Pág. 17<br />

God Seed<br />

Pág. 18<br />

King Fear<br />

Pág. 19<br />

Creptum<br />

Págs. 20 e 21<br />

Valhalla<br />

Págs. 22 e 23<br />

Metalhead<br />

Pág. 24<br />

Comportamento<br />

Págs. 26 e 27<br />

Terra Santa<br />

Págs. 28,29 e 30<br />

Agamenon Project<br />

Pág. 31<br />

Releases<br />

Págs. 32 e 33, 34<br />

e 35<br />

Acheron<br />

Págs. 36 e 37<br />

Fatal<br />

Págs. 38 e 39<br />

V8<br />

Pág. 40<br />

Palco Report<br />

Págs. 41, 42 e 43<br />

Santa Hates You<br />

Págs. 44 e 45<br />

EEditorial<br />

<strong>UNDERGROUND</strong><br />

com respeito e dedicação<br />

Apresentamos a vocês a Undergroud Rock Report #2.<br />

O primeiro número lançado no final de setembro de 2014<br />

obteve aceitação imediata do público, chegando a 9.500 visualizações<br />

de seu conteúdo em um curtíssimo espaço de tempo.<br />

Isso nos motivou e fomos atrás de novo material, para<br />

que o segundo número fosse um pouco mais abrangente.<br />

Agregamos colunistas, novas seções na revista e revisamos<br />

algumas particularidades da Underground Rock Report, buscando<br />

mais qualidade e facilitando o acesso a todos que se<br />

interessem pelo conteúdo que a revista traz.<br />

Assim como também colocamos as matérias principais e de<br />

destaque em nosso blog, facilitando ainda mais o acesso do<br />

CCapa<br />

Nervochaos, incinerando a arte da vingança<br />

Formado em Setembro de 1996, o NERVOCHAOS nasceu com a<br />

ideia de fazer um som nervoso e agressivo, sem se prender a rótulos<br />

pré-estipulados. Um mês depois é lançada a primeira demo-tape,<br />

auto-intitulada “NervoChaos”. A banda então dá início a sua 1ª turnê,<br />

percorrendo os quatro cantos do Brasil durante o ano de 1997 emeados<br />

de 1998. Partindo para o primeiro disco, a banda entra no Mr Som estúdios<br />

e grava o debut com a produção de Heros Trench (Korzus). “Pay<br />

Back Time”, que foi lançado pela Tumba Records em dezembro 1998<br />

a mistura feroz do grindcore inspirado em Napalm Death e o Thrash<br />

Metal ‘anos 80’ quebraram todos os preconceitos de como uma banda<br />

de Metal deve soar.<br />

Já o novo album, ‘The Art Of Vengeance’ também foi lançado no<br />

Brasil pela Cogumelo Records e no resto do mundo pela Greyhaze.<br />

“The Art of Vengeance” é o sexto trabalho de estúdio da banda que vive<br />

o mais expressivo momento, tanto em produtividade como em criatividade<br />

de toda sua carreira.<br />

leitor ao conteúdo editorial da revista.<br />

Neste número a capa vem como o Nervochaos, banda veterana<br />

do cenário Death Metal brasileiro e um dos representantes<br />

de peso de nosso país.<br />

Claro, estamos apenas no segundo número, orgulhosos dos<br />

elogios e determinados a sanar alguns pontos negativos que<br />

nos foram apontados. E claro, sempre enaltecendo o cenário<br />

do Rock brasileiro e internacional e ampliando os horizontes<br />

para levar ao leitor todas as manifestações culturais possíveis<br />

e dentro do aspecto editorial de nossa publicação.<br />

Este é apenas o segundo número! Apreciem a leitura!<br />

JP Carvalho<br />

Expediente<br />

Editor responsável: JP Carvalho - Redator Chefe: Leonardo Morais - Jornalista Responsável: Laryssa Martins MTb:<br />

52.455 Web Designer: Ygor Nogueira - Staff Editorial: Christiano K.O.D.A., Darlene Carvalho, Julie Sousa, Lary Durant,<br />

Marcos Garcia, Maurício Martins, Michele Dupont, Vitor Hugo Franceschini, Ygor Nogueira, Wagner Cyco.<br />

revista Underground Rock Report é uma publicação digital, de atualização permanente. O conteúdo editorial é produzido pela equipe de redação e as<br />

A imagens cedidas por representantes ou assessorias de imprensa. Todo o conteúdo é protegido pelas leis que regulamentam o Direito Autoral e a reprodução<br />

(de parte, ou completa) das matérias. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a postura ideológica<br />

da publicação. Envie sugestões, comentários e críticas para a revista: E-mail: rrraicttuff@yahoo.com.br ou para Rua Nilo Luis Mazzei, 66 - Vila Guilherme<br />

- São Paulo - SP - CEP: 02081-070.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 3


RRock Report<br />

Por Leonardo Moraes<br />

Formado em Setembro de<br />

1996, o Nervochaos nasceu<br />

com a ideia de fazer um som<br />

nervoso e agressivo, sem se<br />

prender a rótulos pré-estipulados.<br />

Um mês depois é lançada a<br />

primeira demo-tape, contendo<br />

quatro faixas, auto-intitulada<br />

“NervoChaos”. A banda então<br />

dá início a sua 1ª turnê (“Nervo<br />

Tour”), percorrendo os quatro<br />

cantos do Brasil durante o ano<br />

de 1997 emeados de 1998. Durante<br />

a turnê, o Nervochaos divide<br />

o palco com grandes bandas<br />

internacionais como DRI,<br />

Biohazard, Napalm Death,<br />

Kreator, Agnostic Front, além<br />

das diversas bandas nacionais<br />

de renome tais como Krisiun,<br />

Korzus, Dorsal Atlântica entre<br />

outras.<br />

Partindo para o primeiro disco,<br />

a banda entra no Mr Som<br />

estúdios e grava o debut com<br />

a produção de Heros Trench<br />

(Korzus). “Pay Back Time”,<br />

que foi lançado pela Tumba<br />

Records em dezembro 1998<br />

e foi um verdadeiro presente<br />

para os fãs da cena metálica.<br />

A mistura feroz do grindcore<br />

inspirado em Napalm Death e<br />

o Thrash Metal ‘anos 80’ quebraram<br />

todos os preconceitos<br />

de como uma banda de Metal<br />

deve soar. Assim que o disco<br />

foi lançado, caem na estrada<br />

para realizar a sua 2ª turnê, a<br />

“Pay Back Tour”, que se estende<br />

até o final do ano de 1999.<br />

Atingindo mais cidades brasileiras<br />

do que na turnê anterior;<br />

e chegando inclusive a tocar<br />

fora o país, na Bolívia.<br />

Uma legião de fãs começa a<br />

acompanhar o grupo que sempre<br />

manteve fortes laços com a<br />

cena underground. Durante esta<br />

turnê, o Nervochaos, mais uma<br />

vez, divide palco com nomes de<br />

expressão no cenário mundial,<br />

tais como Disgorge, Deeds Of<br />

Flesh, Vulcano e outras mais. O<br />

debute álbum “Pay Back Time”<br />

rendeu títulos como o de melhor<br />

álbum do ano pela crítica<br />

especializada, uma das melhores<br />

capas e umas das bandas<br />

favoritas do público.<br />

O próximo passo, no início<br />

de 2000, é o lançamento da segunda<br />

demo-tape “Disfigured<br />

Christ”. Novamente, assim que<br />

a demo-tape é lançada, a banda<br />

dá início a 3ª turnê brasileira a<br />

“Disfigured Tour” que começa<br />

em meados de 2000 e se estende<br />

até o final do ano de 2001.<br />

O novo trabalho mostra uma<br />

banda mais madura com uma<br />

sonoridade mais agressiva e<br />

ainda mais brutal. A temática<br />

da banda retrata desde a dura<br />

realidade do dia-a-dia até temas<br />

mais obscuros e satânicos.<br />

Durante esta terceira turnê,<br />

o Nervochaos divide o palco<br />

com bandas como Siegrid Ingrid,<br />

Rebaelliun, Funeratus, De<br />

Incinerando a arte<br />

da vingança<br />

Menos Crime e muitas mais.<br />

O ano 2002 marca uma nova<br />

etapa na história da banda.<br />

O Nervochaos assina com a<br />

Destroyer Records para o lançamento<br />

de seu 2º álbum “Legion<br />

of Spirits Infernal”. São<br />

14 faixas de um Death Metal<br />

direto, tradicional e agressivo;<br />

com letras ácidas e repletas de<br />

blasfêmias. Assim que o trabalho<br />

é lançado, a banda dá início<br />

a sua 4ª turnê brasileira, a “Infernal<br />

Legion Tour”. Apesar do<br />

pouco trabalho de divulgação e<br />

promoção da nova gravadora,<br />

o disco é extremamente bem<br />

recebido pela crítica e público,<br />

elevando a banda ao patamar<br />

de uma das principais bandas<br />

da cena metálica, no underground<br />

nacional.<br />

O Nervochaos sempre manteve<br />

fortes laços com a cena<br />

underground, nunca deixando<br />

de ser fiel às suas raízes e sem<br />

se deixar levar pelos modismos<br />

que assolam a cena. Durante a<br />

4ª turnê a banda divide o palco<br />

com artistas como Monstrosity,<br />

Torture Squad, Pandemia,<br />

TFD, Ocultan...<br />

“Necro Satanic Cult” é o<br />

nome da nova demo-tape da<br />

banda. Descontentes com o<br />

trabalho da Destroyer Records,<br />

a banda opta por voltar ao seu<br />

antigo selo, a Tumba Records.<br />

A 3ª demo-tape traz 4 faixas<br />

que mostram uma banda com<br />

um som ainda mais trabalhado,<br />

chegando próximo de atingir<br />

uma sonoridade própria, sem<br />

medo de inovar, mas ao mesmo<br />

tempo, sem deixar de transitar<br />

livremente entre o Death Metal,<br />

Thrash Metal, Grindcore e até o<br />

Black Metal. A temática deste<br />

trabalho é mais focada no Splatter<br />

Gore com um ‘feeling’ satânico.<br />

Apesar desta demo-tape<br />

ter sido lançada apenas no início<br />

de 2004, o Nervochaos dá<br />

início, em meados 2003, a sua<br />

5ª turnê “Necro Satanic Tour”,<br />

que se estende até o ano seguinte,<br />

tocando ao lado de bandas<br />

como Cannibal Corpse, Dismember,<br />

Iconoclasm e outras.<br />

A banda entra em estúdio,<br />

entre 2004/2005, para a gravação<br />

do seu mais novo trabalho.<br />

“Quarrel in Hell” foi gravado e<br />

mixado no 624 estúdios. O 3º<br />

álbum contém 10 novas faixas<br />

com participações especiais de<br />

John Mcentee (Incantation),<br />

Alex Camargo (Krisiun), Mark<br />

“Barney” Greenway (Napalm<br />

Death), Sanguine & Wrath<br />

(Averse Sefira) e Emperor Magnus<br />

Calígula (Dark Funeral).<br />

No final de 2006 a banda dá<br />

início a sua 6ª turnê, a “Age of<br />

Quarrel Tour” que se estende<br />

durante o ano de 2007. A banda<br />

assina com a Ibex Moon Records<br />

para o lançamento deste<br />

3º CD nos Estados Unidos,<br />

Canadá e México. O álbum foi<br />

lançado em Junho 2007 com<br />

nova arte gráfica, fotos e faixa<br />

4 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


multimídia de bônus.<br />

Em 2008, a banda parte para<br />

a sua 1ª turnê europeia “Quarrel<br />

Over Europe”, fazendo 24<br />

shows em 25 dias por 10 países.<br />

Assim que retornam ao Brasil,<br />

dão sequência a sua turnê brasileira,<br />

“Quarrel Over Brazil”.<br />

Durante essa turnê a banda divide<br />

o palco com Possessed,<br />

Carcass, Asesion, Mayhem,<br />

Sadistic Intent e muitas outras<br />

mais. Foi a maior e mais bem<br />

sucedida turnê da banda até o<br />

momento, atingindo a marca<br />

de 60 shows em 1 ano.<br />

Em 2009, a banda entra em<br />

estúdio para a gravação do seu<br />

mais novo CD “Battalions of<br />

Hate”, lançado em Março do<br />

ano de 2010. “Battalions of<br />

Hate” saiu em Digipack Luxo<br />

em formato de cruz invertida<br />

e o material foi aclamado pela<br />

mídia especializada, mantendo<br />

o nome do Nervochaos entre<br />

as maiores bandas do cenário<br />

nacional. Em Novembro a<br />

banda volta aos palcos com a<br />

sua mais nova turnê “Lords of<br />

Chaos Tour”, que rodou Brasil,<br />

América do Sul todo o ano de<br />

2009 e 2010. Em 2011 a banda<br />

partiu para sua segunda turnê<br />

Europeia, com 31 shows em 31<br />

dias, acompanhados pelo Ragnarok.<br />

A turnê rendeu o álbum<br />

ao vivo “Live Rituals”, que<br />

contou com 10 músicas gravadas<br />

durante a tour.<br />

A banda iniciou 2012 com<br />

uma extensa agenda de shows e<br />

também iniciou a pré produção<br />

do novo álbum. Intitulado “To<br />

the Death” o novo material foi<br />

lançado no Brasil pela renomada<br />

gravadora Cogumelo Records<br />

e nos Estados Unidos e Europa<br />

pela Grayhaze Records. O álbum<br />

foi extremamente bem recebido<br />

pela crítica especializada,<br />

levando o nome do Nervochaos<br />

a entrar em várias listas de melhores<br />

do ano. Considerado o<br />

melhor álbum da banda pelos<br />

críticos, To The Death foi eleito<br />

o lançamento de 2012.<br />

Em 2013 iniciou turnê que<br />

novamente passou por grande<br />

parte do mundo. Em paralelo<br />

foi sendo preparado o lançamento<br />

de “To The Death” em<br />

vinil, também pela Cogumelo<br />

Records, e um DVD, ainda não<br />

intitulado, ambos para lançamento<br />

ainda em 2013.<br />

Já o novo album, ‘The Art<br />

Of Vengeance’ também foi lançado<br />

no Brasil pela Cogumelo<br />

Records e no resto do mundo<br />

pela Greyhaze.<br />

O material foi gravado no<br />

Rio de Janeiro no estúdio HR.<br />

O novo álbum conta com a produção<br />

de Alex Azzali, italiano<br />

que também foi responsável<br />

pela produção do disco anterior<br />

da banda, ‘To the Death’<br />

As gravações também contaram<br />

com os engenheiros de<br />

som Felipe Eregion e Daniel<br />

Escobar.<br />

“The Art of Vengeance” é o<br />

sexto trabalho de estúdio da<br />

banda que vive o mais expressivo<br />

momento, tanto em produtividade<br />

como em criatividade de<br />

toda sua carreira, fazendo com<br />

que “The Art of Vengeance”<br />

não seja apenas um grande lançamento<br />

do NervoChaos, mas<br />

sim um marco no cenário Heavy<br />

Metal brasileiro. Confira a<br />

seguir nas palavras de Edu Lane<br />

, tudo o que tem acontecido ao<br />

NervoChaos ultimamente.<br />

Underground Rock Report:<br />

O novo álbum The Art<br />

Of Vengeance acaba de ser<br />

lançado e novamente tem<br />

sido tratado como um dos<br />

principais lançamentos do<br />

ano. Vocês esperavam por<br />

essa recepção?<br />

Edu Lane: Na verdade não.<br />

Quando compusemos o álbum<br />

não ficamos pensando nisso,<br />

alias, nunca pensamos nestas<br />

coisas em qualquer álbum que<br />

escrevemos. Focamos mais em<br />

fazer o que nos agrada musicalmente;<br />

também não nos preocupamos<br />

em fazer um estilo<br />

especifico, apenas buscamos a<br />

nossa sonoridade própria e permanecemos<br />

fies a nossa proposta<br />

inicial. Com o novo álbum,<br />

procuramos evoluir como banda,<br />

tanto na parte sonora, como<br />

lírica e ate na arte gráfica. A receptividade<br />

tem sido extremamente<br />

positiva e ficamos muito<br />

contentes e honrados com isso.<br />

Não sabíamos como as pessoas<br />

iriam reagir ao novo trabalho<br />

mas estamos muito satisfeitos<br />

com o novo CD.<br />

URR: É a segunda vez que<br />

vocês trabalham com o italiano<br />

Alex Azzali. A banda<br />

encontrou o produtor certo?<br />

Edu: Conhecemos o Alex na<br />

tour pela Europa que fizemos<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 5


junto com o Ragnarok (Nor)<br />

em 2011. Resolvemos mandar<br />

o “To The Death” para ele<br />

mixar e masterizar e gostamos<br />

do trabalho dele. No “The Art<br />

of Vengeance” chamamos ele<br />

para participar do processo<br />

todo, como produtor. Ele fez<br />

também a mixagem e masterizacao.<br />

Gostamos demais do<br />

trabalho todo, acho que a parceria<br />

ficou muito interessante.<br />

URR: Conte-nos um pouco<br />

sobre o DVD que acompanha<br />

o lançamento do CD.<br />

Edu: Fizemos o box-set com<br />

2 DVDs e acabou sobrando<br />

um monte de material. Resolvemos<br />

concluir o ciclo iniciado<br />

no box-set, em especial no<br />

segundo DVD, e fizemos a<br />

parte dois dele. Incluímos dois<br />

shows na integra para aqueles<br />

que sentiram falta de assistir<br />

apenas ao show e incluímos<br />

também alguns bônus. Assim<br />

como no box-set, nao ha ‘overdubs’<br />

ou correções de estúdio e<br />

a parte sonora foi extraída direto<br />

das câmeras, ou seja, não<br />

foi gravado através da mesa de<br />

som, dando uma ideia verdadeira<br />

de tudo. Queríamos fazer<br />

algo especial para a primeira<br />

prensagem deste novo trabalho<br />

e resolvemos incluir este DVD<br />

com bonus no CD.<br />

URR: Este ano o Nervo-<br />

Chaos excursionou mais uma<br />

vez pela Europa. Daria para<br />

traçar um paralelo entre as<br />

turnês europeias feitas pelo<br />

grupo?<br />

Edu: Ate o momento fizemos<br />

cinco turnês pela Europa.<br />

Todas foram especiais e importantes<br />

a sua maneira, mas esta<br />

ultima creio que foi a melhor<br />

de todas que já fizemos. Isto<br />

porque, aos poucos, estamos<br />

conseguindo estabelecer uma<br />

base solida de fãs, estamos<br />

trabalhando forte assim como<br />

estamos fazendo a anos no<br />

Brasil. Os shows começam a<br />

ter mais publico, aos poucos<br />

estamos conseguindo entrar na<br />

rota dos festivais, difundir e divulgar<br />

mais o nosso nome e o<br />

nosso trabalho, alem da venda<br />

de merchandise que tem evoluído<br />

muito bem também. Ha<br />

muito que ainda precisar ser<br />

feito e também que desejamos<br />

fazer mas acreditamos estar no<br />

caminho certo com esse formato<br />

de trabalho.<br />

URR: O NervoChaos está<br />

sempre na estrada tocando.<br />

Como é para conciliar a<br />

agenda pessoal e profissional<br />

com a da banda?<br />

Edu: Boa pergunta! As vezes<br />

nem eu sei como conseguimos,<br />

mas de uma maneira ou de outra<br />

temos sido bem sucedidos<br />

nisso. Não É uma tarefa fácil e<br />

demanda planejamento e dedicação.<br />

URR: Vivemos em uma<br />

época que cada vez menos<br />

bandas lançam álbuns em<br />

formato físico. Vocês já imaginaram<br />

o NervoChaos lançando<br />

discos apenas virtualmente?<br />

Qual a opinião sobre<br />

o formato?<br />

Edu: Já temos quase todos os<br />

nossos discos no mundo digital<br />

mas ainda queremos lançar CDs<br />

físicos. Acho interessante o formato<br />

digital mas sou adepto, e<br />

prefiro, o formato físico. Uso<br />

muito o digital para ouvir ou<br />

conhecer alguma banda, mas<br />

quando gosto, compro o físico.<br />

URR: Você considera que<br />

Art of Vengeance representa<br />

enfim uma estabilidade para<br />

a banda, no que diz respeito<br />

ao line up?<br />

Edu: Espero que sim. Estamos<br />

com o line-up estável já a<br />

quase cinco anos e isso ajuda<br />

bastante no ritmo de trabalho<br />

que conseguimos ter com a<br />

banda. Claro que também ajuda<br />

demais na hora de compor e<br />

assim espero que continuemos<br />

desta forma e sem surpresas.<br />

URR: Falando um pouco<br />

sobre o To the Death, esse álbum<br />

representou uma espécie<br />

de divisor de águas para<br />

a banda?<br />

Edu: Todos os discos são importantes<br />

para a banda, mas com<br />

o “To the Death” certamente iniciamos<br />

um novo capitulo. Foi<br />

nosso primeiro disco com a Cogumelo,<br />

foi a primeira vez que<br />

saímos de São Paulo para gravar,<br />

foi o primeiro disco com o Guiller<br />

nos vocais e também a primeira<br />

vez que trabalhamos com o Alex<br />

Azzali e com o Joe Petagono. O<br />

disco tem musicas muito fortes e<br />

continua sendo muito bem aceito/vendido.<br />

Este foi também o<br />

primeiro CD que tivemos lançado<br />

em formato de LP.<br />

URR: To the Death foi lançado<br />

em 2012, certo? Art of<br />

Vengeance em 2014, a tendência<br />

é que a banda solte<br />

um novo disco a cada 2 anos<br />

por questões contratuais? Ou<br />

nada haver?<br />

Edu: Na verdade, desde<br />

2010, intensificamos a freqüência<br />

de lançamentos da<br />

banda. Lançamos em 2010 o<br />

“Battalions of Hate”, em 2011<br />

o “Live Rituals”, em 2012 o<br />

“To The Death”, em 2013 o<br />

box-set “17 Years of Chaos” e<br />

6 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


agora em 2014 o “The Art of<br />

Vengeance”. Intensificamos<br />

também a freqüência de shows<br />

e acredito que estamos no caminho<br />

certo com essa estratégia.<br />

Se for pensar em termos de<br />

discos de estúdio com musicas<br />

inéditas, acredito que a cada<br />

dois anos seria o nosso objetivo,<br />

não tem nada a ver com<br />

questões contratuais.<br />

URR: Como está a parceria<br />

com a Cogumelo?<br />

Edu: Tem fluido muito bem.<br />

Estamos trabalhando forte com<br />

os lançamento que fizemos<br />

com eles e as vendas tem sido<br />

muito boas. Estamos totalmente<br />

satisfeitos em fazer parte do<br />

cast da Cogumelo e acredito<br />

que eles também estão satisfeitos<br />

conosco. Acredito que essa<br />

parceria deve durar e render<br />

excelentes frutos para ambos.<br />

URR: A versão que vocês<br />

fizeram para Lightless ficou<br />

fantástica,por que a escolha<br />

de um cover do Head Hunter<br />

DC, isso pode ser considerado<br />

uma tendência para os<br />

próximos álbuns do Nervo<br />

Chaos,sempre ter um cover<br />

de alguma banda?<br />

Edu: Fico contente que você<br />

gostou da versão que fizemos.<br />

Fomos convidados a participar<br />

do tributo ao Headhunter<br />

DC e estávamos para entrar em<br />

estúdio na ocasião. Gravamos<br />

a versão e gostamos tanto que<br />

resolvemos incluir no disco. Pedimos<br />

autorização ao pessoal da<br />

banda e acabou rolando. A gente<br />

acha muito importante homenagear<br />

as bandas que gostamos,<br />

mas em especial as bandas nacionais…<br />

Já fizemos versões<br />

para musica do Vulcano, Sepultura,<br />

Stomachal Corrosion e<br />

agora o Headhunter DC.<br />

URR: A capa de Art of Vengeance<br />

está bem estilo British<br />

Heavy Metal,mas o ouvinte<br />

ao deparar com o CD, verá<br />

que se trata de uma banda de<br />

Death Metal, foi proposital a<br />

escolha dessa capa?<br />

Edu: Sim, foi proposital e<br />

estamos muito satisfeitos com<br />

o trabalho feito pelo Marco Donida.<br />

Ele conseguiu captar exatamente<br />

o que queríamos para a<br />

capa e para o conceito do disco.<br />

Nunca nos prendemos a determinado<br />

estilo ou rotulo, sempre<br />

navegamos livremente entre<br />

as diversas vertentes da musica<br />

extrema e fazemos apenas<br />

aquilo que gostamos. Neste disco<br />

resolvemos fazer as coisas<br />

de forma diferente, buscando<br />

evoluir e crescer como banda,<br />

e acredito que fomos bem sucedidos.<br />

Sem esta capa o processo<br />

certamente estaria incompleto.<br />

URR: Quais as diferenças<br />

que você pontuaria entre To<br />

the Death e Art of Vengeance<br />

?<br />

Edu: Creio que no novo disco<br />

a gente conseguiu atingir a<br />

nossa sonoridade própria que<br />

tanto buscamos ao longo dos<br />

anos. Vejo o novo trabalho<br />

mais maduro, mais variado e<br />

de mais fácil assimilação ao<br />

ouvinte. Temos musicas mais<br />

pesadas, algo inédito ate então<br />

para a banda. Também temos<br />

musicas mais cadenciadas,<br />

mais Thrash Metal, algo de<br />

Black Metal, alguma coisa de<br />

Crossover e claro o bom e velho<br />

Death Metal também continua<br />

conosco. Conseguimos<br />

evoluir sem deixar de ser fiel a<br />

nossa proposta.<br />

URR: O CD Art of Vengeance<br />

contem a parte II do<br />

DVD Warriors On the Road,<br />

no qual a parte I está naquele<br />

DVD comemorativo de 17<br />

anos da banda. Esse material<br />

em DVD não coube na edição<br />

comemorativa por isso foi<br />

lançado junto com o CD? Em<br />

síntese,o material em vídeo do<br />

Nervo Chaos até To the Death<br />

se esgotou e agora entra uma<br />

nova fase para a banda?<br />

Edu: Exatamente, você<br />

conseguiu captar a ideia.<br />

Quando fizemos o box-set<br />

incluímos o primeiro ano da<br />

tour do “To The Death” e<br />

acabamos ficando com um<br />

extenso material, que não entrou<br />

no box-set, referente ao<br />

segundo ano desta tour. Queríamos<br />

fazer algo especial<br />

para a primeira edição deste<br />

novo CD e então resolvemos<br />

incluir este segundo ano de<br />

tour do “To The Death” como<br />

bonus DVD. Incluímos também<br />

no DVD alguns bônus<br />

como a gravação do novo<br />

CD, as participações nos tributos<br />

ao Headhunter DC e ao<br />

Stomachal Corrosion e ainda<br />

temos dois shows na integra<br />

pra galera que sentiu falta nos<br />

lançamentos anteriores.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 7


URR: Como foram as turnês<br />

do Nervo Chaos em 2014<br />

no Brasil e exterior, algum<br />

show em particular que você<br />

destacaria?<br />

Edu: 2014 foi o nosso melhor<br />

ano em termos de turnê<br />

pois conseguimos atingir a<br />

marca de 100 shows em um<br />

ano. Tivemos a oportunidade<br />

de fazer algumas turnês conjuntas<br />

com duas ou três bandas que<br />

também foram extremamente<br />

positivas para todos. Saímos<br />

em turnê no inicio do ano junto<br />

com o War-Head, Headhunter<br />

DC e Khorphus. Depois<br />

fizemos uma turnê junto com<br />

o Centurian e Warcursed pela<br />

Europa. Em seguida saímos<br />

em tour com o Funerus e Coldblood.<br />

Atualmente estamos<br />

em tour com o Amazarak e no<br />

fim do ano sairemos em turne<br />

junto com o Blood Red Throne.<br />

Tivemos shows memoráveis<br />

em diversos locais, dividimos o<br />

palco com diversas bandas excelentes,<br />

atingimos cidades/países<br />

que antes nunca havíamos<br />

tocado e o novo CD tem sido<br />

muito bem recebido.<br />

URR: Você tem sentido que<br />

o cenário para bandas nacionais<br />

está mudando, no sentido<br />

de maiores oportunidades<br />

podendo viver da música ou<br />

isso ainda é uma realidade<br />

muito distante?<br />

Edu: O cenário tem as suas<br />

dificuldades como em qualquer<br />

lugar do mundo mas<br />

acredito que as bandas que são<br />

estradeiras e que realmente<br />

batalham sentem e percebem<br />

que o cenário esta forte, ativo<br />

e crescendo. Não é tarefa fácil<br />

viver de musica, ainda mais<br />

no Brasil e dentro do estilo<br />

que optamos por tocar, mas<br />

não fazemos isso por dinheiro<br />

ou qualquer outra baboseira<br />

desta e sim por um idealismo e<br />

por um estilo de vida. A grana<br />

e conseguir viver da musica é<br />

conseqüência de muito trabalho<br />

e dedicação.<br />

URR: A pergunta que não<br />

quer calar: Todo mundo sabe<br />

que você esteve a frente da<br />

Tumba Records por anos,<br />

trazendo bandas excepcionais<br />

e shows memoráveis,<br />

existe alguma possibilidade<br />

de você reativar a Tumba<br />

ou retornar com algum outro<br />

projeto? Como você vê a<br />

demanda de shows no Brasil<br />

após o fim da Tumba?<br />

Edu: Claro que existe a possibilidade<br />

de eu reativar a Tumba<br />

ou mesmo voltar com outro projeto<br />

no futuro, mas no momento<br />

estou focado e totalmente dedicado<br />

a outras coisas. Foram 17<br />

anos de muitos shows, tours e<br />

onde aprendi demais e conheci<br />

muitas pessoas legais também.<br />

Chegou um momento que o ciclo<br />

foi concluído e eu precisava<br />

reconhecer isso e encerrar as<br />

atividades. Passaram-se alguns<br />

anos já e percebo que algumas<br />

coisas mudaram em termos de<br />

shows pelo Brasil, mas no geral<br />

o cenário continua forte, ha<br />

produtores decentes e que tem<br />

movimentado a cena de forma<br />

verdadeira e é claro, os aproveitadores<br />

sempre existiram e<br />

sempre irão existir. Cabe a gente<br />

saber quem verdadeiramente<br />

devemos apoiar ou apenas se<br />

contentar num conformismo<br />

idiota e ver toda a exploração<br />

que rola solta em nossa cena-<br />

….e todo mundo sabe quem é<br />

quem.<br />

URR: O que os fãs podem<br />

esperar da banda para o final<br />

deste ano e começo do ano<br />

que vem?<br />

Edu: Vamos seguir em tour<br />

ate o final deste ano e daremos<br />

sequencia no ano que vem inteiro<br />

a divulgação deste novo<br />

CD. Estamos trabalhando em<br />

diversos projetos simultaneamente<br />

mas para este ano esperando<br />

conseguir ainda lançar<br />

mais um vídeo clipe. Ano que<br />

vem queremos relançar os dois<br />

primeiros CDs da banda e alguns<br />

‘splits’ também.<br />

8 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


RRock Report<br />

Lascia: eu aprendo, eu me renovo, me reinvento<br />

Por: JP Carvalho<br />

Lascia é uma banda brasileira de Heavy Metal, formada na cidade de<br />

A São Paulo no final de 2012 pela vocalista Débora Nunes e pelo guitarrista<br />

Diego Franco, que possui como característica o híbrido de riffs pesados<br />

e letras sombrias e que aborda temas voltados para o terror e horror.<br />

Logo após criar duas músicas para a sua primeira Demo, “Falling” e “Getting<br />

Away”, a referida dupla, por volta do meio do ano de 2013, resolveu<br />

buscar integrantes e, após divulgar o single “Nightmare”, em outubro do<br />

mesmo ano, conseguiu uma formação estável, seguindo com o projeto de<br />

criar um EP que levaria o mesmo nome do single.<br />

Em agosto de 2014, o EP “Nightmare”, que contém quatro faixas, foi disponibilizado<br />

para download gratuito no perfil da banda, no site Palco MP3.<br />

Ainda em 2014, a Lascia está em pleno processo de composição do seu<br />

debut álbum. O material tem previsão de lançamento para o primeiro semestre<br />

de 2015, através da MS Metal Records, que resolveu apostar todas<br />

as suas fichas nesta nova revelação da música pesada brasileira, garantindo<br />

a distribuição do material nas principais lojas especializadas e MegaStores<br />

do Brasil através da Voice Music.<br />

Débora Nunes tem clareza imensa de ideias e posições muito claras a<br />

respeito do que quer para sua banda e sua música, ela nos brindou com uma<br />

conversa franca e muito proveitosa. Confiram!<br />

Underground Rock Report: Olá Débora, obrigado pelo seu tempo<br />

e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você e<br />

suas atividades.<br />

Débora Nunes: Obrigada, é um imenso prazer participar dessa conversa.<br />

É sempre um pouco complicado falar de nós mesmos (risos), vamos lá!<br />

Sou bastante determinada, gosto de correr atrás de tudo o que idealizo,<br />

sou bastante focada, criativa, um pouco pilhada até, amo música, amo cantar<br />

e amo filmes de terror.<br />

Eu sou bacharel em comunicação social e artes, rádio e televisão, trabalho<br />

também com produção de TV e atuo como vocalista da banda Lascia.<br />

A arte e a música sempre me atraíram, com 14 anos consegui realizar o<br />

sonho de estudar música, violão, teclado, e então parti para aulas de canto,<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 9


URR: Como foi para você começar a cantar e por que a preferência<br />

pelo Heavy Metal?<br />

Débora: Eu sempre admirei a arte de cantar, mas nunca havia me arriscado.Começar<br />

a cantar foi um achado dentro de mim, antes de conhecer o<br />

rock, o metal, eu achava que apenas pessoas com vozes estabelecidas pelo<br />

que tocava na mídia popular eram as certas para cantar, eu não tinha noção<br />

da amplitude do negócio.<br />

Em casa o som pesado não fazia parte da seleção de músicas, porém<br />

havia muito material de músicas internacionais, LPS de novelas, que quase<br />

sempre tinha uma balada de banda de Rock. Eu me identificava com aquelas<br />

músicas, o som parecia fazer parte de mim, até que percebi que era confortável<br />

cantá-las, comecei a comprar CDs, revistas, e queria cantar aquelas<br />

músicas com técnica para conseguir fazer o que eu não conseguia sozinha.<br />

Quanto ao estilo, fui atrás de cada banda com a qual me identificava, seja<br />

pelo som, pela voz, pela letra ou ideologia. Primeiro nas bandas de Hard<br />

Rock, e aí foi só um pequeno passo para o Heavy Metal.<br />

Meu maior desejo era estudar canto para conseguir cantar tudo que parecia<br />

difícil, minhas músicas preferidas e fazê-lo bem feito. A preferência<br />

pelo Heavy Metal é porque é um som que mexe comigo de diversas formas,<br />

eu me encontro nele, eu aprendo, eu me renovo, me reinvento.<br />

no decorrer dos anos fiz aulas de coral, canto popular, técnica vocal, por<br />

sete anos, e canto lírico. Logo montei minha primeira banda e passei a tocar<br />

em diversas bandas covers, até me encontrar definitivamente na Lascia.<br />

URR: E porque você optou por comunicação social?<br />

Débora: Por incrível que pareça foi aos 45 do segundo tempo, eu estava<br />

pronta para seguir carreira em ciência da computação, quando me ocorreu<br />

que eu queria algo mais dinâmico, e aí o curso de comunicação tinha muito<br />

a me oferecer, incluindo como lhe dar com as pessoas de forma geral. Em<br />

especial, rádio e televisão era um conjunto de tudo que eu admirava e tinha<br />

curiosidade em aprender e saber como funcionava, além de, na parte técnica,<br />

oferecer muito conhecimento, isso ia fornecer os pilares essenciais para<br />

desenvolver qualquer trabalho artístico com qualidade e objetivo.<br />

URR: Dentro desses trabalhos artísticos, fora a banda, você tem planos<br />

para esta área?<br />

Débora: Eu trabalho com isso atualmente, mas tenho muito que aprender<br />

ainda, tenho planos para trabalhar com edição, mas isso vai depender<br />

de muita coisa.<br />

URR: Você acha que todas as pessoas devem perseguir os seus sonhos,<br />

independente da aparente distância que eles parecem ter?<br />

Débora: Com certeza, acho que devemos ser persistentes, pois nunca<br />

sabemos o quão distantes ou não nossos objetivos estão, tudo pode acontecer,<br />

claro que as coisas não acontecem como mágica ,mas muito depende<br />

da nossa vontade e determinação.<br />

URR: Como é ser uma mulher em uma banda de homens?<br />

Débora: É divertido! A parte da organização e os comunicados ficam<br />

por minha conta, dou opinião nos looks para sessão de fotos. É uma honra,<br />

me sinto lisonjeada, é gratificante, sempre me dei melhor com amizades do<br />

sexo masculino, no caso da banda, um deles é meu namorado e os demais<br />

são verdadeiros irmãos, amigos, pessoas maravilhosas e de muita confiança<br />

que tive a sorte de encontrar e dividir o palco e as ideias.<br />

URR: Fale sobre a Lascia.<br />

Débora: Adoro essa parte (risos), a Lascia marcou uma nova era para<br />

mim, foi quando resolvemos deixar de vez de fazer cover e pegar pesado<br />

com o som próprio. No início ainda estávamos um pouco em dúvida com<br />

relação ao estilo, quem ouviu as demos sabe que era algo bem mais alternativo,<br />

com sampler e voz mais limpa, mas está no sangue (risos). Som pesado<br />

e vocal rasgado era a preferência, e não demorou muito para encontrar<br />

10 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


o estilo ideal para a banda, logo associamos a temática das letras, a paixão<br />

pelos filmes de terror, e as fórmulas da Lascia começaram a ganhar consistência.<br />

Demorou um pouco para encontrarmos as pessoas certas, com<br />

as ideias certas, dispostas a um trabalho sério praticamente começando do<br />

zero, não foi fácil, mas como costumo dizer, valeu a pena esperar, e agradeço<br />

a cada não de outros integrantes, porque esse time é exatamente o que<br />

eu buscava desde o inicio. É um time de peso, que faz a banda ser o que<br />

é. O Diego sempre opta por riffs marcados e de peso, o Humberto é muito<br />

criativo nas linhas de bateria, o Allan sempre percebe os detalhes, cria dedilhados<br />

lindos e melódicos, o Denis sempre acrescenta peso e cria ótimas<br />

linhas para baixo. Acho que a Lascia tem muita sorte, embora haja muito a<br />

ser feito, vamos crescer muito juntos, sempre aprendo com cada um.<br />

URR: Vocês lançaram agora o EP “Nightmare”, como vem sendo a<br />

aceitação do material?<br />

Débora: Sim, acabamos de lançar o “Nightmare” e é uma grande realização<br />

para todos nós, estamos muito felizes com esse momento, e por<br />

outro lado temos muito trabalho com nosso futuro álbum que está em fase<br />

de composição. A aceitação tem sido bastante adequada, recebemos críticas<br />

muito positivas, tivemos um retorno bem bacana principalmente por se tratar<br />

de uma banda relativamente nova no cenário, muitos estão descobrindo<br />

a Lascia agora, através desse lançamento, é bem legal ver pessoas desconhecidas,<br />

e até mesmo de outros países, nos parabenizando pelo trabalho,<br />

por enquanto estamos divulgando a versão on-line do material, mas vamos<br />

fazer as cópias físicas também.<br />

URR: Apesar de intimamente ligado ao estilo, poucas bandas hoje em<br />

dia abordam temas de terror. Por que vocês seguiram por este caminho?<br />

Débora: Bem, o macabro tem lá seu charme (risos), além de gostarmos<br />

muito de filmes do gênero, seria a deixa perfeita para nossas letras , não<br />

queríamos trabalhar com temas pessoais apenas, queríamos algo abrangente,<br />

e esse tema tem muito a nos oferecer, além de que podemos dizer muito<br />

nas entrelinhas, é uma inspiração para a parte sonora também, as composições<br />

ganham um “Q” a mais baseadas nisso , o clima de mistério é bem<br />

atrativo e nos dá uma ampla visão para performances e para a construção<br />

do show, o peso do som colabora para deixar tudo extremamente favorável.<br />

URR: E como é o desenvolvimento da parte lírica?<br />

Débora: É preciso inspiração mesmo tendo um tema pré-estabelecido,<br />

dependendo do personagem, tento captar o melhor, a essência, e tento ao<br />

máximo expressar com palavras o tipo de sentimento do personagem ou<br />

da cena em questão, dor, agonia, adrenalina. Tento viver aquilo por alguns<br />

instantes para retratar da melhor forma. Não é apenas contar uma história,<br />

é preciso senti-la.<br />

Já trabalho isso em cima das bases da música, quando percebo, a melodia<br />

também está criada.<br />

URR: Então você se vale da literatura para criar suas letras? O que<br />

você pensa da literatura de terror brasileira?<br />

Débora: Atualmente estamos mais voltados para filmes norte americanos,<br />

alguns clássicos, outros não, mas a literatura está presente o tempo<br />

todo, até porque boa parte dos bons filmes vem de bons livros e, em alguns<br />

casos, até quadrinhos, como é o caso do Corvo. Quanto à literatura de terror<br />

nacional, eu considero bastante atrativa, creio que dariam bons filmes<br />

também, temos ótimos autores aqui, que<br />

não devem nada para os grandes mestres<br />

do horror estrangeiros, em quem provavelmente<br />

se inspiraram.<br />

URR: Como vem sendo os shows da<br />

Lascia? Você acha que o público prestigia<br />

e dá força para os eventos de bandas<br />

nacionais?<br />

Débora: Então, a Lascia vai começar<br />

os shows agora, nós preferimos finalizar<br />

o EP antes de qualquer coisa, e por isso<br />

nos privamos dos shows durante o período<br />

de composições e gravações, agora<br />

vamos descobrir de fato.<br />

Quanto ao apoio do público, infelizmente<br />

muitos ainda preferem ir a shows de bandas covers, porém muitos<br />

não frequentam shows de bandas autorais pelo fato de não conhecê-las, por<br />

outro lado, os que frequentam são bastante fiéis.<br />

URR: Na sua visão, qual seria a fórmula mágica para mudar essa<br />

realidade?<br />

Débora: É complicado, acho que não existe uma formula mágica, talvez<br />

mais eventos voltados para bandas autorais, mais mídias, talvez a partir do<br />

momento em que as bandas autorais tiverem mais espaço, o público vai<br />

crescer, o público não pode apoiar ou gostar de algo que não conhece, que<br />

não os atinge. Precisamos atingir essas pessoas, por outro lado falta um<br />

pouco de interesse do público, pois quem procurar bandas autorais de som<br />

pesado, com certeza vai encontrar diversas, muito boas, creio que por parte<br />

das bandas todos fazem o possível, mas precisamos de mais apoio.<br />

URR: Mas a mídia especializada está aí, nos mais diversos formatos<br />

e segmentos. Não será por que o brasileiro tem o péssimo hábito de<br />

se colocar em segundo lugar, e com isso não valorizar sua cena e suas<br />

bandas por achar que têm menor qualidade?<br />

Débora: Essa é uma boa questão, eu também sou muito fã de bandas<br />

internacionais, as minhas maiores influencias são internacionais. É verdade,<br />

a mídia especializada esta aí, mas no país do samba, sertanejo, pagode<br />

e funk, ainda temos pouco espaço, na cultura brasileira tem pouquíssimo<br />

espaço para o rock. A cena cresce a cada dia, mas não dá para dizer que somos<br />

maioria, não acho que o brasileiro se coloca em segundo lugar por ser<br />

fã ou valorizar bandas de fora, aqui existem ótimas bandas, e se forem de<br />

qualidade e tiverem o espaço merecido, vamos gostar e apoiá-las da mesma<br />

forma. Existem bandas com qualidade e sem qualidade em qualquer lugar,<br />

se uma banda é realmente boa e tem os elementos certos, ela vai aparecer<br />

no cenário mais cedo ou mais tarde, ela pode não ficar super famosa, mas<br />

terá seu trabalho destacado onde for. Não posso julgar ninguém por ser fã<br />

de grandes nomes do metal internacional, mas acredito que com um bom<br />

trabalho temos reconhecimento em qualquer lugar do mundo.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Débora: Meus planos para o futuro têm tudo a ver com a Lascia, muitos<br />

shows, muitos álbuns e o que de melhor possa vir a nós.<br />

URR: Resuma Débora Nunes em uma frase ou palavra.<br />

Débora: Essa é difícil, vou tentar: Determinação!<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo<br />

bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />

Débora: Eu que agradeço o tempo e espaço cedidos, foi um grande prazer<br />

poder falar um pouco de mim, e em especial da Lascia, esse momento<br />

está sendo muito bom para a banda.<br />

Bem, a mensagem que eu deixo é: Corram atrás de seus objetivos, e<br />

ouçam nosso primeiro EP, que acabou de ser lançado.<br />

Obrigada a toda equipe da Underground Rock Report, muito sucesso a<br />

vocês.<br />

Não poderia deixar de citar nosso slogan:<br />

Stay Awake, Stay Alive.<br />

Obrigada JP, foi um prazer.<br />

URR: Qual a sua opinião sobre o cenário<br />

da música pesada brasileira?<br />

Débora: O cenário da música pesada<br />

brasileira tem bandas muito boas, mas<br />

uma grande parte delas com pouquíssima<br />

divulgação, infelizmente existe pouco espaço,<br />

espero que esse cenário cresça cada<br />

vez mais e conquiste o espaço merecido.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11


RRock Report<br />

Jogando as Cartas da Incerteza<br />

com muito Hard Rock<br />

Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

nome do Power Trio Pop Javali , vindo de Americana (SP), se torna mais e mais<br />

O uma certeza na cena brasileira, fruto de muitos anos de lutas e esforços e de dois<br />

discos fortes, onde a mistura do Hard Rock limpo e pesado com elementos de Rock<br />

Progressivo e Rock setentista anda angariando fãs e mais fãs, ainda mais tendo em<br />

seu currículo shows como “Opening Act” de bandas como Deep Purple, Uriah Heep,<br />

Ugly Kid Joe, além de dividirem palco com nomes como André Matos e Nando Reis.<br />

Mas sua música pode ser conferida em seus dois trabalhos, o “No Reason to Be<br />

Lonely” e o mais recente, o ótimo “The Game of Fate”.<br />

Aproveitando o bom momento, fomos bater um papo com Marcelo Frizzo, baixista<br />

e vocalista do trio, e conhecer um pouco mais da história, planos, conquistas e<br />

metas do Pop Javali.<br />

Underground Rock Report: Primeiramente, permita-me agradecer pela oportunidade<br />

de entrevistar você, e vamos começar com a mais clichê das perguntas:<br />

como foi que surgiu a idéia de forma o Pop Javali, ainda no início dos anos 90?<br />

E como o estilo musical de vocês foi se formando? E um fato que sempre me chamou<br />

a atenção é que vocês são de Americana, uma cidade com história no Metal<br />

nacional (Nota: foi em Americana que o Vulcano gravou o famoso “Live”, disco<br />

que lançou a banda para o sucesso no underground brasileiro), e por falar nisso,<br />

a distância até a cidade de São Paulo não chega a ser um inconveniente?<br />

Marcelo Frizzo: Eu que agradeço e destaco que é uma honra falar contigo!<br />

Eu, o Loks e o Jaéder já nos conhecíamos, pois todos tocavam na mesma cidade,<br />

somos “nativos”. Como havia um respeito mútuo entre os músicos e uma vontade<br />

comum de fazer um som autoral, decidimos juntar as forças, em princípio por hobby.<br />

Mas logo de cara deu pra perceber que não daria pra ficar só na brincadeira,<br />

pois desde o início sentimos uma energia bem positiva, uma química muito acima<br />

da média, não só pela musicalidade dos integrantes, mas principalmente por uma<br />

amizade que é sincera e sólida até hoje. Começamos, ali, uma “família”. A música<br />

foi uma conseqüência.<br />

Hard Rock com pitadas de Progressivo: era isso o que a gente queria logo de cara,<br />

e continuamos fazendo até hoje. Nos mantemos fiéis à proposta por mais de 20 anos,<br />

e isso nos alegra e nos realiza.<br />

Levamos 1 (uma) hora e 15 minutos pra ir até a capital, isso não atrapalha em<br />

nada. É mais rápido do que atravessar a marginal de uma ponta a outra (risos).<br />

URR: A mais comum de todas as perguntas: o nome Pop Javali é bem incomum,<br />

então, de onde ele surgiu? Existe uma idéia principal, ou motivação para ele?<br />

MF: Sim. A idéia principal é que a banda precisava ter um nome (risos)... e as<br />

primeiras sugestões foram terríveis...<br />

Então decidimos que seria assim: escrevemos várias palavras aleatoriamente em<br />

pedacinhos de papel e colocamos tudo pra sorteio. Ficou decidido que seriam duas<br />

palavras... e teríamos que aceitá-las sem questionar... Saíram “Javali” e “Pop”. E<br />

é assim até hoje. Nós gostamos muito! Por fim, não queríamos um nome em inglês,<br />

mas em português pra destacar que a banda é brasileira.<br />

12 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

A motivação você mesmo destacou na sua pergunta: É bem incomum, e isso é<br />

ótimo! Não tem chance de se achar dois iguais no Google (risos).<br />

URR: Uma coisa um pouco incomum é que levaram quase 20 anos para gravarem<br />

seu primeiro disco, “No Reason to be Lonely”. Qual, ou quais, seriam os<br />

fatores que influenciaram nessa demora?<br />

MF: Falta de grana, em primeiro lugar (risos). Isso é mais do que comum nesse meio...<br />

Mas também tivemos outros projetos musicais e pessoais ao longo dos anos o que<br />

acabou por atrasar o primeiro CD.<br />

E isso foi excelente! Tínhamos mais de 50 composições em 20 anos de carreira.<br />

Em 2007 fizemos um EP Demo, com 6 músicas. Colocamos na internet e chamou a<br />

atenção da Oversonic Music, gravadora que decidiu lançar o “No Reason...”.<br />

Então escolhemos as 10 músicas que achávamos as melhores.<br />

O resultado foi ótimo, ficamos bastante satisfeitos.<br />

URR: E por falar em “No Reason to be Lonely”, como foi a repercussão do<br />

álbum? Chegou a ser o que esperavam?<br />

Superou as expectativas em termos de repercussão de mídia, crítica e público.<br />

Éramos totalmente desconhecidos, mais uma banda do interior disputando o concorrido<br />

espaço underground. Com “No Reason...”, tivemos projeção com clipe na<br />

MTV, VH1, pintaram shows de grande porte, e a imprensa especializada se manifestou<br />

de forma muito favorável. O disco rendeu muitos elogios.<br />

URR: Bem, vocês abriram shows de bandas bem famosas para promover o “No<br />

Reason to be Lonely”, como o Ugly Kid Joe e o Deep Purple. Como foi fazer esses<br />

shows? E imagino que o coração bateu mais forte quando estiveram perto do Purple,<br />

pois de certa forma, é uma referência sonora para muitas bandas como o Pop Javali...<br />

MF: “Opening acts” são eventos poderosos em termos de projetar o nome da<br />

banda. Nesses eventos há uma grande concentração de público e quase a totalidade<br />

ainda não conhece a ‘banda de abertura’. Então é algo que funciona muito bem pra<br />

divulgar o trabalho.<br />

Tocar com o “Purple”, no mesmo palco, passar o dia todo com os caras nos camarins<br />

foi um sonho. Cresci ouvindo os caras, sempre foram meus ídolos! Foi um<br />

evento daqueles em que a ficha demora pra cair (risos).<br />

E os caras o “UKJ” esbanjaram simpatia conosco. Muito gente boa!<br />

Experiências únicas!<br />

URR: Falando de “The Game of Fate”, qual foi o conceito por trás do nome? E quais<br />

seriam as maiores diferenças entre ele e “No Reason to be Lonely” em sua visão?<br />

MF: “The Game of Fate” mostra o amadurecimento da banda.<br />

Evidentemente que não somos mais “jovens rebeldes”, mas senhores que sabem<br />

o que querem em termos de música. O tempo é – realmente – senhor da razão, a<br />

despeito do chavão (risos). O fato é que nós queremos deixar uma mensagem, além<br />

do entretenimento natural que a música promove.<br />

Neste sentido, queremos compartilhar um sentimento de que você faz o seu des-


famílias andam tendo com suas crianças e jovens. E como falamos em Rock’n’Roll,<br />

lidamos muito com a rebeldia. Como vocês, que são um pouco mais experientes, lidam<br />

com isso? Mesmo porque acho que alguns de vocês já devem ser pais...<br />

MF: Tenho dois filhos, o Jaéder tem 2 filhos e 1 neto, o Loks tem 3 filhos e 3 netos<br />

(risos)! Sim, somos experiente!!! (risos)<br />

Nós temos consciência de nossa responsabilidade enquanto “entertainers”, por<br />

isso nos esforçamos por resgatar os bons momentos do Rock e suas vertentes na<br />

intenção de deixar um legado pra gerações futuras.<br />

Vejo bandas com jovens de 25 anos hoje em dia que fazem uma música de gosto<br />

muito questionável... e ainda se arriscam a rotular como “rock”... Mas não é culpa<br />

deles. Pare pra pensar: que música eles ouviam há uns vinte anos, quando estavam<br />

formando seus primeiros conceitos e tendo seus primeiros contatos com a música?<br />

Eu creio muito na geração dos adolescentes de hoje! Eles foram “salvos”, por volta<br />

do ano 2000, pelo vídeo game, o “Guitar Hero” que ensinou o que é rock pra eles<br />

enquanto ainda eram crianças! Surgirão bons músicos daqui há alguns anos fazendo<br />

muito rock do jeito que deve ser feito!<br />

tino; não pode culpar os outros quando algo dá errado, nem mesmo ficar esperando<br />

por eles pra que algo dê certo. Está tudo em você mesmo. Esse é o segredo do jogo!<br />

URR: Em “The Game of Fate”, vocês trabalharam no estúdio Sonata 84, e<br />

trabalharam com dois produtores de peso, os irmãos Ivan e Andria Busic do Dr.<br />

Sin. Como foi trabalhar com essa dupla? E digamos de passagem: o trabalho deles<br />

na produção, mixagem e masterização foi fantástico! E invejo vocês, que já os<br />

encontraram, enquanto eu ainda não (risos).<br />

MF: Nunca escondemos que temos uma forte influência do Dr Sin. E os caras são<br />

nossos amigos pessoais. Isso facilitou demais o entrosamento entre as partes.<br />

O trabalho primoroso deles deu o requinte ao CD do jeito que esperávamos. Trabalhar<br />

com os Busic, além de ser uma honra, é agradável demais. A gente deu risada<br />

juntos o tempo todo!<br />

URR: Ao ouvirmos as músicas de “The Game of Fate”, fica evidente que vocês<br />

se esforçaram bastante em termos de composição, mas ao mesmo tempo, a diferença<br />

de tempo entre ele e “No Reason to be Lonely” é de dois anos. Como foi o<br />

processo de composição das 11 faixas? E por um acaso existem aquelas famosas<br />

“guardadas” que vão estar em um futuro EP ou coletânea?<br />

MF: “No Reason...” trazia composições feitas entre 1992 e 2011. “The Game...”<br />

traz 11 compostas entre 2012 e 2013. Foram peças feitas “sob medida” para este CD.<br />

Felizmente, temos uma boa facilidade de processo criativo e grande entrosamento<br />

na hora de compor.<br />

Já temos material para o próximo CD (essa notícia é um “furo”, em primeira mão<br />

pra você). E temos muita música “antiga” que (quem sabe) podem ser aproveitadas.<br />

URR: Um aspecto que chama bastante a atenção é que as letras parecem ser<br />

um ponto de preocupação de vocês, pois “The Game of Fate”, “Healing no More”,<br />

“Free Men”, e mesmo “A Friend that I’ve Lost” mostram uma necessidade de<br />

expressar idéias, não apenas de dar uma estrutura vocal. Isso é fato? E de onde<br />

vem as inspirações para as letras?<br />

MF: É fato. Como eu disse, temos interesse total em passar uma mensagem.<br />

Por isso escolhemos o idioma inglês (apesar do nome da banda ser em português),<br />

por ser o “primeiro idioma” e universalmente falado.<br />

A inspiração vem das “coisas da vida”. Nada complexo, filosófico. Mas que tenha<br />

otimismo, positivismo.<br />

URR: Voltando a falar de música: vocês, este ano, foram “opening act” para o<br />

URIAH HEEP em São Paulo. Inclusive, o Rock Expresss elogiou bastante o show<br />

de vocês. Quais as melhores lembranças do show? Acreditam que ganharam mais<br />

alguns fãs nele?<br />

MF: Sem dúvida a melhor parte dos “openings” é a divulgação pra um público<br />

que, em sua maioria, ainda não conhece seu trabalho. Podemos medir as reações com<br />

os comentários, elogios e pelos novos amigos que fazemos nas redes sociais. Isso é<br />

muito gratificante!<br />

URR: E por falar em shows, a quantas andam os shows de vocês? Já existem<br />

propostas e planos para saírem de SP e irem a outros estados? Espero futuramente<br />

vê-los aqui no RJ!<br />

MF: A “copa do mundo” atrapalhou muito. Agora estamos retomando com tudo.<br />

Paraná, Minas e Rio estão no roteiro. Em breve teremos a divulgação das datas!<br />

URR: Ainda é cedo, mas a quantas anda a repercussão e vendas de “The Game<br />

of Fate”? E já existem planos para um sucessor dele?<br />

MF: Sites e revistas especializados tem elogiado muito o álbum. Os fãs também<br />

gostaram demais e até aqueles que já acompanham a banda há 20 anos se surpreenderam<br />

com o trabalho. Tem sido muito bom!<br />

Nossos planos são, principalmente, termos saúde física, mental e espiritual pra<br />

mais 22 anos de Rock (risos) e neste tempo todo fazer vários novos álbuns com a<br />

mesma disposição!<br />

URR: Bem, é isso. Agradeço demais pela paciência, e o espaço é de vocês para<br />

sua mensagem final.<br />

MF: Galera, bom humor é sinal de inteligência! Portanto, seja inteligente e bem<br />

humorado o tempo todo!<br />

Mantenha o astral lá em cima e – pode acreditar – o Rock’n’Roll é uma das<br />

melhores fórmulas pra isso! Big Daddy, sabes que tens nosso respeito e admiração!<br />

Muitíssimo obrigado pelo espaço! Saúde!<br />

Stay close to Us:<br />

Pop Javali na WEB:<br />

www.facebook.com/popjavali<br />

https://www.youtube.com/channel/UCdEge5MUAdo-gIo5k-iczRA<br />

http://popjavali.com.br/site<br />

Entrevista concedida e originalmente publicada no site<br />

Metal Samsara - http://metalsamsara.blogspot.com/<br />

URR: A pergunta pode parecer meio alienígena, mas o tema corrido dos famosos<br />

downloads ilegais chega a afetar vocês de alguma forma? O espaço é de vocês.<br />

MF: O artista (pelo menos o de pequeno e médio porte) não vive mais de venda<br />

de discos, isso é sabido.<br />

De certa forma, os ‘downloads’ funcionam como um propulsor de divulgação do<br />

trabalho. Se o público gosta da banda, vai acabar indo ao show, que é onde o artista<br />

consegue “ganhar seu pão”.<br />

Mas nada substitui a cópia física do trabalho em mãos, poder ver o encarte, com<br />

fotos, letras, ficha técnica... sem contar que a sonoridade do CD é muito melhor e<br />

mais fiel ao que foi gravado no estúdio do que qualquer download.<br />

Infelizmente, pouca gente atualmente valoriza a arte musical com essa visão. A<br />

“virtualidade das coisas” é uma característica contemporânea e me parece – pelo<br />

menos hoje – algo de difícil reversibilidade...<br />

URR: Vocês soltaram há um tempo o vídeo de divulgação de “Healing no More”,<br />

uma das melhores faixas do CD (por favor, sem desmerecer as outra, longe disso). Como<br />

foi a escolha justamente dela para vídeo promocional? E como foi o alcance dela?<br />

MF: “Healing no More” foi a primeira música que disponibilizamos pra audição<br />

na internet, bem antes do lançamento do CD. E obteve um êxito surpreendente.<br />

Quando começamos a fazer os primeiros shows de lançamento observamos que já<br />

tinha gente cantando o refrão junto. Nosso amigo e produtor Luciano Piantonni também<br />

teve participação decisiva na escolha, sugerindo-a para o clipe.<br />

Ela tem um potencial radiofônico, bem “oitentista”. Nos dias atuais em que os<br />

veículos de massa insistem em perder - e fazer perder - a referência musical, um<br />

pouco de “Old School” faz um bem danado! (risos)<br />

URR: Bem, hoje vemos uma sociedade ao nosso redor que, de certa forma, é fútil.<br />

Vemos pessoas usando e trapaceando outras, ao mesmo tempo em que a desonestidade<br />

e corrupção parecem devorar a todos nós. E um dos pontos mais citados<br />

como problemático é justamente a desestruturação e mesmo irresponsabilidade que as<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 13


RRock Report<br />

Seja feita sua vontade<br />

Por JP Carvalho<br />

Blackning é uma banda<br />

A nova, formada em dezembro<br />

de 2013, mas isso não significa<br />

que é formada por novatos. Pelo<br />

contrário, é formada por veteranos<br />

da cena, que em muito contribuíram<br />

e contribuem para a<br />

disseminação e o crescimento do<br />

cenário Heavy Metal brasileiro.<br />

Formada pelo guitarrista e<br />

vocalista Cleber Orsioli do Andralls,<br />

pelo baixista Francisco<br />

Stanich, ex-Woslom e pelo baterista<br />

Elvis Santos, ex-Postwar, o<br />

power trio Blackning, como você<br />

pode perceber tem suas raízes<br />

fincadas no Thrash Metal, absorvendo<br />

influências e referencias<br />

dos ícones do estilo, o que deter-<br />

mina que sua música seja rápida,<br />

agressiva com groove interessante<br />

e melodias bonitas.<br />

Com apenas quatro meses de<br />

sua formação a banda trouxe a<br />

vida seu primeiro trabalho, Order<br />

of Chaos, um CD de qualidade<br />

inquestionável, com gravação e<br />

produção muito acima da média,<br />

comandada por Fabiano Penna,<br />

renomado músico que já passou<br />

por bandas como Andralls, Blessed,<br />

Horned God, Konsfearacy,<br />

Rebaelliun e The Ordher, e que<br />

trouxe toda a sua bagagem musical<br />

ao Blackning e brinca o ouvindo<br />

com som cristalino e pesado<br />

em seus mais de 35 minutos.<br />

Além do vídeo clipe muito interessante<br />

para a música que abre<br />

o CD, Thy Will Be Done.<br />

Com tanta urgência em seus<br />

trabalhos de estréia, se tornou impossível<br />

não ir atrás de uma banda<br />

tão determinada, se tornou quase<br />

imperativo descobrir como agregaram<br />

tanta qualidade e conteúdo<br />

em um só produto. Conversamos<br />

com o baixista Francisco Staniche<br />

e descobrimos muito mais do<br />

que trabalho, percebemos também<br />

uma vontade imensa de tocar, de<br />

compor e como não podia deixar<br />

de ser, continuar trilhando o caminho<br />

escolhido por eles: o Heavy<br />

Metal. Confiram a seguir!<br />

Underground Rock Report:<br />

Antes de começarmos, obrigado<br />

pelo seu tempo e por nos<br />

dar o privilégio dessa conversa.<br />

Agora, fale-nos sobre você e<br />

suas atividades.<br />

Francisco Stanich: Eu agradeço<br />

a oportunidade! Este ano<br />

foi um ano muito corrido. Em<br />

junho saí oficialmente da banda<br />

Woslom, banda que montei e<br />

que atuei por 17 anos. Meu último<br />

trabalho na banda foi o DVD<br />

“DestrucTVision”, trabalho que<br />

não vi finalizado, pois saí da banda<br />

antes do seu lançamento. Logo<br />

após minha saída, fui convidado<br />

pelo Cleber Orsioli e pelo Elvis<br />

Santos a fazer parte de uma nova<br />

banda que eles estavam montando,<br />

a Blackning. E é nesta banda<br />

que minhas atividades estão concentradas<br />

no momento. Nestes<br />

quase quatro meses de banda estamos<br />

em um processo de trabalho<br />

muito corrido, mas também<br />

14 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


muito gratificante. Neste tempo<br />

finalizamos as músicas, letras,<br />

gravamos, fizemos o videoclipe<br />

e todas as atividades necessárias<br />

para poder lançar nosso primeiro<br />

CD, “Order Of Chaos”, que<br />

inclusive já está na fábrica sendo<br />

prensado, com previsão para<br />

lançamento ainda este ano. Posso<br />

dizer que está sendo muito gratificante.<br />

Na Blackning, os caras<br />

têm sangue nos olhos, não têm<br />

frescura. Imaginar que estamos<br />

pra lançar nosso primeiro CD em<br />

praticamente quatro meses de trabalho<br />

da banda, sendo que apenas<br />

nós três fazemos as correrias, é<br />

algo que mostra que a banda virá<br />

com tudo, com o bom e velho<br />

Thrash Metal. E graças ao foco<br />

que estamos tendo, já conseguimos<br />

algumas parcerias importantes<br />

para a banda.<br />

URR: E qual foi a grande diferença<br />

no modo de trabalho?<br />

Você acredita que, como um<br />

trio, a fórmula se torna mais<br />

dinâmica?<br />

Francisco: Na Blackning são<br />

três pessoas com experiência e<br />

vivência de outras bandas. E estamos<br />

podendo unir toda essa<br />

experiência, tanto nos erros como<br />

nos acertos, fazendo as coisas<br />

de forma mais rápida do que estávamos<br />

acostumados. E por ser<br />

algo novo, estamos aprendendo<br />

mais ainda. Com certeza, por ser<br />

apenas três integrantes, as coisas<br />

fluem mais rápido. Estamos focados<br />

em fazer o melhor para a Blackning.<br />

Mas o que faz a fórmula<br />

da banda ser mais dinâmica, além<br />

de sermos um trio, é o “sangue<br />

nos olhos” de cada um de nós em<br />

fazermos a banda crescer. Estamos<br />

bem alinhados no nosso trabalho<br />

e no que temos que fazer,<br />

visando o melhor para a banda.<br />

URR: E como foi para você<br />

estar fora do Woslom, depois<br />

de 17 anos?<br />

Francisco: Bem, sinceramente,<br />

nos primeiros meses foi meio<br />

difícil, acompanhar a banda nas<br />

redes sociais e ver que eu não<br />

estava mais lá, mas após o convite<br />

para entrar na Blackning,<br />

isto mudou. Nada como voltar à<br />

ativa para as coisas voltarem ao<br />

normal. Aproveito para desmentir<br />

alguns boatos que surgiram,<br />

dizendo que eu saí do Woslom<br />

para entrar na Blackning. Não sei<br />

quem inventou isto e também não<br />

quero saber. Saí porque era contra<br />

a postura que a banda tinha internamente,<br />

minha saída não teve<br />

nada a ver com estilo musical e<br />

nem com a forma da banda trabalhar,<br />

mas sim de como a banda<br />

estava agindo internamente,<br />

na minha visão. Quando saí do<br />

Woslom, saí com um sentimento<br />

de não querer tocar mais profissionalmente,<br />

simplesmente guardei<br />

meu baixo no armário, pois<br />

sempre me imaginei tocando com<br />

meus irmãos. Porra, era a banda<br />

que eu montei junto com o Fê, a<br />

qual demos o nome, tive momentos<br />

difíceis e alegres durante anos.<br />

Mas um tempo depois da minha<br />

saída, depois que anunciamos oficialmente<br />

que eu não fazia mais<br />

parte da banda, o Cleber Orsioli<br />

mandou uma mensagem falando<br />

que estava montando uma banda<br />

e estava procurando um baixista.<br />

No primeiro momento eu recusei,<br />

mas pensando depois nesta possibilidade<br />

e conversando com ele,<br />

percebi que tocar estava dentro<br />

de mim, no meu sangue. Quando<br />

ele mandou alguns riffs das futuras<br />

músicas eu não tive como negar,<br />

e aceitei imediatamente, pois<br />

vi amor e paixão à música!<br />

Com tudo isto que aconteceu,<br />

aprendi algo: se você ama o que<br />

faz, faça, não importa como, mas<br />

faça sempre com respeito, amor<br />

e sem ferrar ninguém. Pelo menos<br />

pra mim, não conseguiria<br />

estar no Woslom infeliz e também<br />

não iria conseguir estar na<br />

Blackning me lamentando de ter<br />

saído do Woslom. Quando entrei<br />

na Blackning foi pra começar do<br />

zero, por ser algo que amo fazer.<br />

Espero e desejo que a Blackning<br />

tenha um futuro próspero e também<br />

agradeço por poder tocar<br />

com profissionais de alto nível<br />

como meus novos irmãos Cleber<br />

Orsioli e Elvis Santos. Sobre<br />

o Woslom, foi uma questão de<br />

ponto de vista de cada um, não há<br />

culpados. Continuo amando eles<br />

e a banda, e desejo todo sucesso<br />

ao novo integrante. Não tenho<br />

como apagar meu passado e nem<br />

quero. Espero poder estar um dia<br />

bebendo com todos meus irmãos<br />

sem mágoas. Desejo a eles toda a<br />

sorte que quero pra mim e para a<br />

Blackning.. E como sempre digo,<br />

nos veremos na estrada!<br />

URR: Com a sua colocação,<br />

acredito que foi colocada uma<br />

pedra nessa questão. Explique,<br />

por favor, qual a fórmula mágica<br />

do seu processo de composição<br />

e gravação do debut da<br />

Blackning, já que tudo foi feito<br />

de forma muito rápida.<br />

Francisco: Sim, bola pra frente<br />

(risos). Fórmula mágica não<br />

teve, teve muito trabalho mesmo<br />

(risos). Na verdade, quando entrei<br />

na Blackning, os riffs já estavam<br />

criados e o Cleber e o Elvis<br />

já estavam numa rotina de ensaios<br />

constantes para montar as<br />

estruturas das músicas. Estavam<br />

faltando as melodias de voz,<br />

letras e o arranjo do baixo. Aí<br />

foi questão de nos encontramos<br />

para finalizar esta parte. Durante<br />

a semana, eles, por morarem<br />

perto um do outro, se encontravam<br />

quase que diariamente e eu<br />

me juntava de final de semana,<br />

dando continuidade ao processo.<br />

E isto fez com que as músicas<br />

fossem finalizadas mais rapidamente.<br />

Algo que ajudou muito<br />

para cumprirmos os prazos foi<br />

ter tudo planejado com data certa<br />

para terminarmos, e isto nos<br />

permitiu ficarmos focados em<br />

entregar cada atividade dentro<br />

do cronograma estipulado.<br />

URR: Então o que podemos<br />

esperar para um próximo trabalho<br />

da Blackning, já que agora<br />

vocês irão compor juntos?<br />

Francisco: Acho que é cedo<br />

para falar de um futuro trabalho,<br />

pois ainda estamos trabalhando<br />

neste primeiro álbum. Estamos<br />

no momento de divulgação do<br />

“Order Of Chaos” e estamos loucos<br />

pra começar a tocar em todos<br />

os cantos pra mostrar a Blackning<br />

pra galera. Mas acho que o processo<br />

não mudará muito, deveremos<br />

trabalhar desta mesma forma<br />

no futuro. Mesmo eu tendo entrado<br />

depois, já tive muito trabalho<br />

(risos), o que mudará para o próximo<br />

é que a banda terá uma participação<br />

minha desde o começo<br />

de todo o processo.<br />

URR: Order Of Chaos tem<br />

uma das capas mais bonitas que<br />

vi. O que você pode nos falar<br />

sobre o conceito e o trabalho do<br />

artista Marcus Zerma, da Black<br />

Plague Design de Curitiba?<br />

Francisco: Que bom que gostou!<br />

Sobre a capa, queríamos algo<br />

simples e direto, mas que ao mesmo<br />

tempo mostrasse a agressividade<br />

e o conceito das músicas. Foi<br />

muito tranquilo o trabalho com o<br />

Marcus, da Black Plague. O Cleber<br />

já conhecia o trabalho dele.<br />

Nós mostramos algumas músicas<br />

e ele sacou na hora como deveria<br />

ser o conceito da capa. Foi um<br />

processo muito rápido. Já na primeira<br />

versão que ele enviou, nós<br />

fechamos a ideia e aí fomos fazendo<br />

alguns ajustes.<br />

URR: Desejo toda a sorte do<br />

mundo a vocês! Fica aqui o espaço<br />

para suas considerações e uma<br />

mensagem aos nossos leitores.<br />

Francisco: Queria agradecer a<br />

oportunidade de poder falar um<br />

pouco sobre a Blackning. Como<br />

sempre, é um prazer poder falar<br />

com vocês, que estão sempre<br />

apoiando o cenário underground!<br />

Para quem quiser conhecer mais<br />

sobre a Blackning, é só entrar no<br />

site www.blackning.com, acompanhar<br />

a banda em sua página<br />

no facebook. Também tem o videoclipe<br />

que acabamos de lançar,<br />

Thy Will Be Done. Vamos nos<br />

ver na estrada!<br />

Contatos:<br />

Site: www.blackning.com<br />

Management:<br />

www.metalmedia.com/blackning<br />

Booking (shows) e Merchandising:<br />

blackningthrash@gmail.com<br />

Fone: +55 11 9 8607 8281<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 15


RRock Report<br />

Heavy Metal Tradicional feito seguindo<br />

a cartilha da velha escola<br />

Por JP Carvalho<br />

Muita técnica, energia e<br />

sentimento. O Crom prova<br />

que manter as raízes e continuar<br />

sendo honesto é imprescindível<br />

para que a música continue<br />

a fluir!<br />

A banda de Heavy Metal Crom<br />

foi formada em 1992 pelo guitarrista<br />

Altemar Lima e pelo então<br />

vocalista Cezar Heavy, que logo<br />

assumiu também o posto de baixista,<br />

cargo que comanda até<br />

hoje.<br />

Cezar começou cedo sua carreira<br />

na música, aos dezesseis<br />

anos, e já passou por bandas de<br />

Heavy, Rock e mesmo Grind,<br />

com a banda Sanitário. Multi-<br />

-instumentista, Cezar tem, além<br />

do Crom, uma carreira sólida<br />

com a banda de Hard/Stoner/<br />

Blues Tublues.<br />

O Crom teve um começo meteórico,<br />

e no mesmo ano de sua<br />

criação, lançou seu primeiro<br />

registro, a Demo ‘The Hate Of<br />

World’, trabalho que rendeu<br />

elogios e status ao grupo, além<br />

de várias apresentações memoráveis.<br />

Mesmo com este resultado<br />

positivo, a banda não resistiu<br />

e encerrou suas atividades em<br />

1997.<br />

Atividades que ficaram paradas<br />

por exatos vinte anos, até<br />

sua reativação em 2014 com uma<br />

nova e sólida formação, contando<br />

com músicos que já passaram<br />

pela banda e novos talentos.<br />

A dupla de guitarras é formada<br />

pelo membro fundador Altemar<br />

Lima e Pedro Luiz Marcondes.<br />

Altemar é músico profissional e<br />

já tocou em diversas bandas em<br />

todo o território nacional nos<br />

mais variados estilos musicais.<br />

Pedro Luiz, que também teve<br />

uma passagem pelo Crom nos<br />

anos 90, desenvolveu o gosto pela<br />

música desde criança através do<br />

pai formado em violão clássico,<br />

que deixou grande influência.<br />

As baquetas são comandadas<br />

por Claudivam Silva, baterista<br />

nato, que desde 1991 vem professando<br />

seu amor pelo instrumento.<br />

Também teve seu nome registrado<br />

na primeira encarnação do<br />

Crom, nos anos 90, e já tocou em<br />

bandas como Madre Nua, The<br />

Clavion, Viudecavêz, além de dividir<br />

seu trabalho como baterista<br />

a atividades com violão, voz,<br />

percussão e trabalhos free lances.<br />

Completando o lineup, o Crom<br />

conta com os talentosos vocais de<br />

Robson Luiz, que por influência<br />

do irmão Cezar começou a cantar<br />

logo cedo. Já emprestou sua<br />

voz para bandas de rock, metal<br />

e blues, tendo sempre destaque<br />

cantando covers do Manowar.<br />

No ano de 2014, com o Crom de<br />

volta à ativa, a banda se prepara<br />

para enfim lançar novo material<br />

e voltar a excursionar. Aguardem<br />

Informações:<br />

www.facebook.com/crombrazil<br />

cezar-heavy@bol.com.br<br />

16 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Metal Extremo ‘old school’<br />

Por Vitor Hugo Franceschini<br />

Despretensiosamente, Hugo Golon (Blasthrash, Comando<br />

Nuclear, Infected, Side Effectz, ex-Em Ruínas, entre<br />

outros) resolveu gravar um trabalho e chamar seu projeto<br />

de Cemitério. Um álbum auto-intitulado foi o fruto disso e<br />

é uma verdadeira ode às raízes do Metal extremo. Conversamos<br />

com Hugo, que de forma simpática e sincera, falou<br />

sobre sua nova empreitada.<br />

Underground Rock Report: Primeiramente conte-nos<br />

como surgiu a ideia de criar o Cemitério?<br />

Hugo Golon - Eu sempre quis gravar e produzir algo sozinho<br />

e, com a facilidade que se tem hoje em dia, de investir<br />

pouca grana e comprar bons equipamentos, gravar em casa<br />

da maneira que lhe agrada, sem ilusão, sem pressão e sem<br />

gastar tubos de dinheiro, me vi na obrigação de correr atrás, sempre com a ajuda do<br />

meu parceiro Ronaldo Bodão.<br />

URR: E como foi o processo de composição do primeiro álbum?<br />

Hugo - O processo foi o mais espontâneo e instantâneo possível. Foram duas semanas<br />

nas quais eu fazia até três músicas por dia e, quando criava o riff, já o gravava<br />

e é o que está no disco. Quando estava na segunda ou terceira música, nem lembrava<br />

mais da primeira, no dia seguinte chegava a serem quase inéditas pra mim. Gravei a<br />

bateria por último, tocando de duas em duas peças no controlador de midi (teclado),<br />

sem sequenciar e editar, com erro mesmo!<br />

URR: A sonoridade voltada ao Metal Extremo ‘old school’ sempre foi o seu<br />

objetivo?<br />

Hugo - Sem dúvidas! Minha inspiração principal foi a sonoridade dos primeiros<br />

discos do Death, Possessed e do Pestilence.<br />

URR: Você integrou e integra diversas bandas de estilos distintos. De alguma<br />

forma isso influenciou o som do Cemitério ou você procurou fugir disso?<br />

Hugo - Algo do Side Effectz pode me influenciar, mas bem pouco, pois o Side<br />

Effectz tinha riffs de Thrash em meio à porradaria Death/Grind. Já no Cemitério,<br />

os riffs são macabros e os vocais mais cavernosos. Eu estou com uma banda nova<br />

também com elementos de Death Metal ‘old school’, o Virgin’s Vomit. Porém, nosso<br />

som vai do Motorhead, passa pelo “Show No Mercy” do Slayer vai até o “Scream<br />

Bloody Gore” do Death, pitadas de “Altars Of Madness” do Morbid Angel, com<br />

vocais na linha do Kam Lee (Mantas, Massacre). Chamamos de Speed/Death Metal<br />

e a banda conta comigo na batera e vocal, Whipstriker no Baixo e Poisonhell na<br />

guitarra, ambos do Farscape e meus irmãos de estrada.<br />

URR: Além da veia ‘old school’, “Cemitério” mostra uma sonoridade que nos<br />

remete a nomes nacionais como Dorsal Atlântica e Vulcano. Essas bandas fazem<br />

parte da sua influência?<br />

Hugo - Certamente! Os primeiros do Dorsal são foda e o Vulcano nem se fala!<br />

No caso do Dorsal, houve mais um acaso na parte vocal, pois é em português. Se eu<br />

cantasse em inglês, ninguém citaria a influência. Vários riffs foram inspirados pelos<br />

primeiros do Sepultura, Mutilator, Chakal, Vulcano, Dorsal... Inclusive se eu fosse<br />

citar influências em vocal nacional, seriam o Uruka do Vulcano e o Korg do Chakal,<br />

que pra mim são dos melhores do mundo! Para escrever as letras, eu pensava nas<br />

métricas do Slayer, Possessed e do Pestilence.<br />

URR: A temática do disco aborda temas de filmes de horror. Por que decidiu<br />

abordar estes temas?<br />

Hugo - Ouço Metal e vejo filmes de terror desde muito criança. Fazer letra<br />

sempre foi a parte mais chata pra mim, então quando fui fazer<br />

a primeira letra, pensei em ‘A Volta dos Mortos Vivos’<br />

(N.E.: filme de 1985 com direção de Dan O’Bannon), que<br />

encaixava perfeitamente com o riff. Então, não pestanejei<br />

em seguir adiante com a temática.<br />

URR: Qual critério você usou na escolha dos filmes?<br />

Algum filme que você queria colocar no álbum chegou a<br />

ficar de fora?<br />

Hugo - Primeiramente, procurei escolher filmes que<br />

gosto e, junto com o Bodão selecionei títulos que não repetissem<br />

palavras, o que é muito comum em filmes de terror<br />

(sinistro, macabro...). Ficaram vários filmes de fora e, tenho<br />

uma lista pra mais dois discos e um EP, só esperando pelas<br />

músicas e letras, que já estão começando a serem gravadas.<br />

URR: O trabalho todo, inclusive a produção foi feito por você. Por que decidiu<br />

trabalhar dessa forma, ou seja, completamente sozinho?<br />

Hugo - Eu sempre quis aprender a gravar e produzir. Hoje em dia a informação<br />

está muito fácil, então fui atrás de vídeos no YouTube que dão dicas, baixei os<br />

programas necessários e não perdi tempo. Ou eu gravava sozinho ou esse play não<br />

seria gravado, pois não tinha ninguém com tempo livre na ocasião. Foi tudo feito no<br />

meu quarto, só saí dele pra gravar os vocais, no quarto que minha mãe passa roupas!<br />

URR: Somente na arte gráfica você contou com a ajuda de Wanderley Perna<br />

(Genocído). Como chegou até ele e como foi trabalhar com Perna?<br />

Hugo - Eu sou fã do Genocídio desde o início dos anos 90, inclusive vi um show deles<br />

com o Dorsal no Aeroanta! Eu conheço ele faz bastante tempo, inclusive fez a capa do<br />

CD “Traitors Execution” (2002) do Side Effectz. Foi muito tranquilo pois o cara manja<br />

muito e é brother, consertou minhas cagadas e adicionou coisas sensacionais!<br />

URR: Como tem sido a repercussão de “Cemitério” até então? E como está o<br />

trabalho com a Kill Again Records, que lançou o disco?<br />

Hugo - Para um projeto despretensioso, que talvez não saísse do meu computador<br />

e, só saiu por insistência de amigos, principalmente o Bodão, sem link patrocinado,<br />

assessoria e jabá zero, está muito boa e verdadeira a repercussão! O trabalho<br />

realizado pelo Rolldão da Kill Again é referência, isso é sabido por todos que vivenciam<br />

de fato a cena underground. Fiquei muito surpreso quando ele entrou em<br />

contato comigo. Logo mais sairá em vinil, não vejo a hora!<br />

URR: Você pretende montar uma banda para te acompanhar em apresentações?<br />

Hugo - Eu teria que dispor de muito tempo e dinheiro, pra passar todas as músicas<br />

para uma banda inteira. Se um dia eu tiver tais condições, certamente o farei e<br />

até tenho quem me acompanhe e, poderia ter diferentes formações, de acordo com a<br />

disponibilidade do pessoal, porém falta grana e tempo mesmo.<br />

URR: Muito obrigado pela entrevista, pode deixar uma mensagem.<br />

Hugo - Muito obrigado você Vitor, pelo interesse no meu projeto e parabéns<br />

pelo trabalho! Queria agradecer ao Ronaldo Bodão, Antonio Rolldão & Kill Again,<br />

Wanderley Perna e Daniel Golon e todos que compraram o CD, valeu mesmo!<br />

Contatos:<br />

https://www.facebook.com/cemiteriodeathmetalbrasil<br />

cemiteriodeathmetal@gmail.com<br />

Matéria originalmente publicada no site Arte Metal<br />

http://blogartemetal.blogspot.com.br/<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 17


RRock Report<br />

Deixando o passado<br />

para trás<br />

Por Leonardo Moraes<br />

Quem acompanha o universo Black Metal sabe muito bem que o God<br />

Seed surgiu após uma ruptura entre os membros do Gorgoroth. De um<br />

lado, tivemos King ov Hel e Gaahl e de outro, Infernus numa disputa judicial<br />

pelos direitos do nome Gorgoroth, que se arrastou entre os anos 2008 e 2009,<br />

culminando com a vitória do Infernus. Após meses e meses de tentativas de<br />

contato, finalmente King ov Hel atendeu à Underground Rock Report e nos<br />

concedeu uma entrevista falando brevemente sobre a era Gorgoroth, além do<br />

último trabalho do God Seed, intitulado I Begin, e de seus outros projetos paralelos.<br />

Confiram:<br />

Underground Rock Report: King, obrigado por nos conceder essa entrevista.<br />

Para começar, você poderia comentar sobre o impacto que I Begin<br />

teve na mídia?<br />

King: Pra ser sincero não prestei muita atenção na reação dos fãs depois<br />

que ele foi lançado. A intenção não era causar nenhum impacto. Eu vejo esse<br />

álbum mais como uma realização pessoal. Gaahl e eu usamos todas as nossas<br />

influências das bandas dos anos 70 na composição do álbum e o resultado final<br />

foi a criação de um som bem diferente e que ninguém havia feito antes. Foi do<br />

mesmo modo como desenvolvíamos nossas músicas no Gorgoroth. A intenção<br />

é continuarmos mantendo essa linha nos próximos álbuns.<br />

URR: Qual o significado por trás do título I Begin?<br />

King: Ele representa a perspectiva individual do God Seed. Em outras palavras<br />

representa a solidão, você pode estar num grupo com várias pessoas, mas<br />

sempre no final você acaba sozinho. Representa a liberdade de quando você está<br />

completamente só e essa liberdade que a solidão traz representa um novo começo.<br />

URR: I Begin era pra ter sido lançado entre 2009 e 2010 e acabou saindo<br />

só em 2011, você poderia comentar um pouco sobre as implicações do atraso<br />

na época?<br />

King: Naquela época, Gaahl e eu tivemos um monte de problemas por conta<br />

do processo judicial do Gorgoroth. Foi um período muito estressante. Tínhamos<br />

um material já gravado na ocasião e tivemos alguns encontros com o baterista<br />

do Slipknot, Joey Jordison, para ele ser o baterista em I Begin. Porém, durante<br />

esses encontros, decidimos fazer algo totalmente novo e não utilizar esse material<br />

gravado. Ao mesmo tempo, Shagrath, do Dimmu Borgir, me procurou para<br />

gravarmos um projeto juntos e acabamos utilizando esse material já gravado<br />

para lançarmos o OV HELL. De repente, Gaahl decidiu dar um tempo nas atividades<br />

como vocalista, isolando-se, o que atrasou um pouco mais o lançamento<br />

de I Begin. Felizmente, Gaahl retornou alguns meses depois e desistimos de<br />

contratar Joey como baterista e recrutamos novos membros e compusemos material<br />

totalmente novo que está no I Begin.<br />

URR: A música This From the Past é uma espécie de resposta para o fim<br />

do período que você e Gaahl viveram no Gorgoroth?<br />

King: Simbolicamente representa a passagem do Gorgoroth para o God<br />

Seed. Mas como foi o Gaahl que escreveu as letras, ele certamente colocou<br />

muito mais simbolismo nela e só ele poderia responder melhor essa pergunta.<br />

Mas, musicalmente falando, faz totalmente sentido a associação que você fez.<br />

URR: Falando um pouco sobre o Live at Wacken, por que a decisão de<br />

lançar um álbum ao vivo antes de ter um primeiro álbum de estúdio lançado?<br />

Os fãs podem considerar esse álbum como o primeiro do God Seed?<br />

King: Sim, devem considerar! Até porque nós quisemos lançar esse álbum<br />

para já sermos conhecidos pelos fãs antes de lançarmos qualquer material novo.<br />

Para nós não faria sentido lançar o Live At Wacken depois de I Begin, porque<br />

aquele material foi gravado enquanto Gaahl e eu estávamos no Gorgoroth.<br />

URR: Como você vê o Gorgoroth hoje em dia? Você ainda tem contato<br />

com o Infernus?<br />

King: Não tenho nenhum tipo de contato e nem quero ter. Não faço a menor<br />

ideia de como está o Gorgoroth hoje em dia e acho que não é da minha conta<br />

também. Pra mim, o Gorgoroth não existe mais, não tem nada mais a ver comigo,<br />

é uma página virada.<br />

URR: Enquanto as atividades do God Seed estavam suspensas, você<br />

montou com Shagrath o OV HELL. Há alguma chance de ter um segundo<br />

álbum desse projeto?<br />

King: Acho muito difícil isso acontecer tão breve. Tanto eu como Shagrath<br />

estamos ocupados com nossas outras atividades e projetos. Mas a ideia de um<br />

segundo álbum do OV HELL não está totalmente descartada. Shagrath é um<br />

músico extremamente talentoso e um grande amigo.<br />

URR: Lembro que você tinha mencionado que o God Seed seria uma das<br />

atrações do Zombie Ritual Fest no Brasil ano passado, por que isso acabou<br />

não rolando?<br />

King: Acabou ficando só na especulação na ocasião. Atualmente estamos negociando<br />

outras ofertas de nos apresentarmos ai no Brasil entre novembro e dezembro<br />

desse ano, por enquanto nada confirmado ainda. Espero que se concretize.<br />

URR: Planos para o sucessor de I Begin?<br />

King: Já temos oito músicas prontas. Não começamos as gravações do novo<br />

álbum, mas eu acredito que o lançamento deve se realizar entre o final desse ano<br />

e começo do ano que vem.<br />

URR: Para terminar, vi que você iniciou um projeto com Dani Filth, intitulado<br />

Temple of Black Moon. Poderia nos contar mais sobre esse projeto?<br />

King: Na verdade, temos só uma única música completa, a Infernal Desire<br />

Machine. Os vocais do Dani Filth estão todos gravados. Em julho de 2013, fui<br />

para Los Angeles e finalizamos a bateria com John Tempesta (The Cult, Rob<br />

Zombie). O problema é que Rob Caggiano está muito ocupado com o Volbeat<br />

e, apesar de já termos contrato assinado com gravadora, não tenho como dar<br />

uma previsão de quando o álbum estará definitivamente terminado, é um longo<br />

projeto. (Risos)<br />

18 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


RRock Report<br />

Decretos sobre o Medo e o Gelo<br />

Por: Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

King Fear é um novo nome entre os maníacos por Black Metal no mundo inteiro,<br />

em parte devido à boa recepção que seu primeiro álbum, o sombrio e obscuro<br />

“Frostbite”, lançado ano passado, ter tido uma boa recepção por parte da imprensa<br />

especializada.<br />

E como a Shinigami Records lançou a versão brasileira do álbum, tendo alguns<br />

grandes bônus, tivemos a oportunidade de entrevistá-los e falar sobre várias coisas.<br />

URR: Antes de tudo, queremos agradecer muito pela entrevista, e vamos começar<br />

com uma pergunta bem clichê: por favor, nos conte um pouco sobre a<br />

história do King Fear, como se juntaram, e até chegar ao lançamento de “Frostbite”.<br />

E o quais eram as bandas onde você sestavam antes do King Fear surgir?<br />

Mål Dæth: Oi, Big Daddy, aqui é Mål, guitarrista e compsitor do King Fear. Obrigado<br />

por nos entrevistar!<br />

Somos uma banda de Black Metal de Hamburgo/Alemanha. O King Fear começou<br />

suas atividades em 2011, fundado por mim. Nosso vocalista, Nachtgarm,<br />

chegou um pouco depois. O baterista BoneInn era um músico contratado no início,<br />

mas logo se juntou a banda no início das gravações de “Frostbite”. E claro que<br />

tocamos ou ainda tocamos em outras bandas antes. Bullbar, Eisenvater e Negator<br />

para citar alguns. Nachtgarm tembém foi vocalista do Dark Funeral e até chegou<br />

a excursionar no Brasil.<br />

URR: Quando vimos a arte de “Frostbite” pela primeira vez, a coisa que<br />

mais chamou a atenção foi o uso de branco, cinza e azul na are, contrastando<br />

com a maioria das bandas de Black Metal que preferem tons de prento, branco<br />

e cinza escuro. Como tiveram esta idéia? É ela uma arte que expressa a alma<br />

da banda, ou tentaram quebrar algumas pré concepções com ela? Se existe um<br />

significado mais profundo, poderia nos dizer qual é?<br />

Mål: Como você disse, o álbum é chamado “Frostbite”, e então quisemos manter<br />

a capa a mais fria possível. As fotos que você vê no encarte Eu recebi de um amigo.<br />

No minuto em que as vi, , sabia que elas se ajustavam perfeitamente ao que queríamos.<br />

Ele tirou as fotos em Spitzbergen, um dos lugares mais inóspitos da terra. Se<br />

quis dizer por que a arte não é feita em tons de preto, branco e cinza escuro, em nossa<br />

visão, ela é ainda mais ameaçadora em tons de branco.<br />

URR: E as letras? De onde vem a inspiração para elas? E tem algum significado<br />

mais profundo nelas que poderia nos dizer?<br />

Mål: A parte lírica do King Fear tem sido sempre muito importante para nós. Para<br />

o trabalho de “Frostbite”, fomos ainda mais longe e criamos um álbum conceitual. O<br />

conceito é baseado em “Conquest of the Useless” (NR: aparentemente, a referência<br />

é um livro de Herman Herzog) - o possessivo desejo da humanidade de atingir os<br />

picos das montanhas mais altas. Todas as canções seguem aquela linha de estória. De<br />

morte, frio extremo, tempestades até contos das mais inacreditáveis campanhas de<br />

conquista... Mitos de sobre deuses vivendo nas montanhas, ou no mal preso dentro<br />

da montanha... Este tópico oferece tudo que um disco de Black Metal precisa!<br />

URR: Esta é para Natchgarm: você foi vocalista do Dark Funeral por algum<br />

tempo, mas nos parece que foi pouco após sua saída que o primeiro EP da banda,<br />

“King Fear”, foi lançado. Isso é certo? Ou o King Fear estava trabalhando<br />

de uma forma paralela antes de você sair?<br />

Mål: Como eu disse antes, Nachtgarm estava no Dark Funeral, mas o King Fear<br />

foi fundado antes dele se juntar a eles. Tudo que fizemos até então fizemos de forma<br />

paralela, porque nunca seria um problema para nós, já que nunca pretendemos sair<br />

excursionando.<br />

URR: Me perdoem por tocar nesse assunto, mas muitas coisas foram ditas<br />

sobre a excursão brasileira do Dark Funeral<br />

de 2011, quando um monte de pessoas<br />

culparam você, Natchgarm, por todo o ocorrido na época. Mas o Metal<br />

Samsara acredita que você tem o direito a dizer algo sobre tudo aquilo, pata<br />

mostrar o seu lado na questão. O espaço é todo seu.<br />

Mål: Desculpe, mas não sei de nada sobre aquilo... Enquanto eles estava excursionando,<br />

eu estava na Áustria e escrevi o “Frostbite”.<br />

URR: Voltando a falar sobre o King Fear, tanto o EP como “Frostbite” são<br />

mostras de Black Metal na linha da Second Wave, sendo cru, áspero e agressivo,<br />

mas também obscuro e mórbido. Mas ao mesmo tempo, eles possuem uma boa<br />

qualidade sonora, e o resultado final é muito bom. Acha que fãs mais ortodoxos<br />

podem dizer algo estranho sobre “Frostbite”? E a qualidade mais limpa foi algo<br />

espontâneo ou planejado desde o início?<br />

Mål: Sim, claro que foi planejado! Quero dizer, tudo que fazemos é, de alguma<br />

forma, planejado. Quando criamos música, dificilmente fazemos sem ter uma visão.<br />

É preciso que saibam que não estamos mais nos anos 90. Não me entendam mal,<br />

ainda gosto do Black Metal dos anos 90, mas estamos em outro tempo agora. Nosso<br />

objetivo é de criar música negra, e para mantê-la real, nós a fazemos como NÓS<br />

fazemos agora, não como os outros fizeram antes.<br />

Se algumas pessoas da Velha Escola não entenderam o que fazemos... OK, então<br />

eles devem comprar outro disco.<br />

URR: Vocês são um trio, como você, Mål Dæth, tocando todas as guitarras e<br />

baixo no álbum, mas acreditamos que o King Fear é uma banda que toque ao<br />

vivo, que realmente gostaria de fazer alguns shows. Estamos ceros sobre isso? E<br />

se sim, um quaro membro se juntará ao King Fear? Ou algum músico contratado<br />

fará os shows, e a formação para gravações será a mesma?<br />

Mål: Não, o King Fear não é uma banda que toca ao vivo, pelo menos até agora.<br />

Então, não temos que nos preocupar com isso.<br />

URR: “Frostbite” recebeu muitas boas resenhas da imprensa especializada<br />

em Metal por todo o mundo, mas sabe dizer algo sobre a recepção dos fãs?<br />

Como as coisas estão se saindo com os fãs de Metal?<br />

Mål: A mesma coisa de sempre: muitas pessoas parecem ter gostado de nosso<br />

novo material. Ainda estamos esperando por reações ruins. Como uma banda de<br />

Black Metal, é muito bom sermos odiados também (risos)...<br />

URR: Aqui no Brasil, a Shinigami Records lançou uma versão para “Frostbite”,<br />

tendo o primeiro EP como um bônus para os fãs. Quais são suas impressões<br />

para essa versão? Quem sabe se um dia vocês não venham tocar para nós.... E<br />

por favor, esqueçam as coisas ruins, pois temos promoters honestos por aqui,<br />

trabalhando de forma séria para fazer os shows acontecerem aqui de formas<br />

boas tanto para o público quanto para as bandas.<br />

Mål: Acho que é uma boa idéia para os fãs brasileiros. Mas os fãs mais extremos<br />

deveriam ter todas as versões com certeza. Não tocamos ao vivo, mas quem sabe se<br />

o Brasil não nos faz mudar de idéia (risos).<br />

URR: Agradecemos demais pela entrevista. Por favor, deixe sua mensagem<br />

para os fãs.<br />

Mål: Obrigado pelo apoio! Longa Vida ao REI!<br />

Gostaríamos de agradecer a Shinigami Records por tonar esta entrevista<br />

possível, bem como a Mål Dæth por sua cortesia e gentileza.<br />

Entrevista concedida e originalmente publicada no<br />

site Metal Samsara - http://metalsamsara.blogspot.com/<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 19


RRock Report<br />

Animus Atra (bateria)<br />

Tanatos (guitarra/vocal)<br />

Deimous Nefus (guitarra)<br />

O retorno da escuridão<br />

Por JP Carvalho<br />

ano zero foi 2001, com o nome de Nekros,<br />

O formada por Tanatos e Animus Atra em São<br />

Paulo, Brasil.<br />

Sem grandes pretensões do mainstream, o objetivo<br />

era destilar o Black Metal em sua vertente<br />

mais crua, com riffs simples e letras diretas, influenciados<br />

por bandas como Gorgoroth, Marduk<br />

e Sarcófago.<br />

Em 2003, após a definição do line-up com<br />

Tanatos (vocal/guitarra), Animus Atra (bateria),<br />

Deimous Nefus (baixo) e Anduscias (guitarra),<br />

foi gravado o primeiro material, “...make this<br />

world burn”.<br />

Mesmo após a boa receptividade do público<br />

à primeira demo, e com novos sons preparados,<br />

Tanatos deixou a banda em 2004.<br />

No mesmo ano, com uma nova formação,<br />

Animus Atra (bateria), Deimous Nefus (guitarra),<br />

Necro Occult Lord (vocal) e Phlegethon<br />

(baixo), a banda gravou seu segundo material de estúdio, “The Age of<br />

Darkness”.<br />

Após concluírem as apresentações de divulgação deste trabalho, a banda<br />

resolveu se afastar por um tempo dos palcos e estúdio. Este hiato durou<br />

cerca de oito anos, com o retorno anunciado em 2013.<br />

Em 2014 é anunciado o definitivo retorno, com a regravação da demo<br />

“The Age of Darkness” e o lançamento de um novo material, com músicas<br />

inéditas para o segundo semestre.<br />

Mas é muito comum olharmos de fora do cenário Black Metal e termos<br />

uma visão completamente errada do que realmente é o estilo. Conversamos<br />

com Tanatos, vocalista e guitarrista da banda Creptum, que nos<br />

atendeu prontamente e mostrou ser um cara ligado com o cenário como<br />

um todo, e também deixou bem claro o que o Black Metal e sua banda,<br />

Creptum, significam para ele. Confiram.<br />

Underground Rock Report: Antes de começarmos,<br />

obrigado pelo seu tempo e por nos<br />

dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-<br />

-nos sobre você e suas atividades.<br />

Tanatos: Primeiramente, eu agradeço pelo<br />

espaço e apoio. Sou vocalista, guitarrista e um<br />

dos fundadores da banda Creptum.<br />

A ideia de criar o Creptum surgiu em 2001<br />

junto com Animus Atra (atualmente baterista)<br />

com a amizade e afinidades na música e nas<br />

ideologias que temos desde adolescentes. Nessa<br />

época, escutávamos muito bandas como Slayer,<br />

Marduk, Dark Funeral, Immortal, e isso fez com<br />

que crescesse uma vontade de, à nossa maneira,<br />

poder tocar e dizer coisas como eles.<br />

Sempre estudei e trabalhei com design, isso<br />

ajudou bastante a criar uma identidade para o<br />

Creptum, não só musical, mas também estética.<br />

Depois de gravar a demo “...make this world<br />

burn”, em 2003, e com o aumento gradativo da<br />

quantidade de shows, decidi, por motivos pessoais, me afastar da banda.<br />

Assim, não só me afastei da banda, como também da cena. Deixando o<br />

Creptum nas mãos do Animus. Depois de quase nove anos sem contato<br />

direto, nos encontramos casualmente e vimos que a amizade e a ideia<br />

do Creptum poderia voltar com uma força ainda maior, devido à nossa<br />

experiência de vida adquirida nesses anos.<br />

Nesta nova reunião, preparada com paciência e cuidado, procuramos<br />

adotar uma nova postura (inclusive visual) para a banda, não é mais um<br />

projeto de adolescentes. Estamos mais velhos e o negócio não é sermos<br />

‘rockstar’. Queremos espalhar o metal negro ríspido e cru, porém com<br />

profissionalismo e maturidade. Ainda abordamos temas como ocultismo,<br />

principalmente o desprezo aos dogmas religiosos, sabendo que isso é um<br />

assunto muito mais profundo do que simplesmente pintar a cara e dizer<br />

que vai matar todo cristão no mundo.<br />

20 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


URR: O que você acha de bandas que banalizam o ocultismo e a<br />

ciência negra e partem para a agressão propriamente dita? Não seria<br />

por casos como este que o público em geral tem uma visão um tanto<br />

distorcida do que o Black Metal se tornou?<br />

Tanatos: Não acho que seja apenas uma banalização. Vejo mais como<br />

uma dificuldade de interpretar as coisas. Se você pegar uma religião de<br />

dogmas como o cristianismo, “virar de ponta cabeça” e começar a cagar<br />

regras e verdades absolutas, você faz exatamente as mesmas coisas, não<br />

há diferença. Talvez seja por isso que uma grande parte das pessoas com<br />

a mente mais fechada tende a abandonar o estilo e se juntar à religião. Há<br />

uma necessidade de seguir regras, e fica difícil se desvincular. Acredito que<br />

uma emancipação do ser humano seja a ideia mais próxima de um Black<br />

Metal puro.<br />

URR: Não é desestimulador para você ver essa fraqueza nos seres<br />

humanos e saber que você leva a ideologia apenas aos já “convertidos”?<br />

Tanatos: Sinceramente não. Posso tocar pra dez pessoas, isso pra mim<br />

está de bom tamanho. Se a pessoa teve algum interesse no Creptum, seja<br />

pelo som, letra ou até pela capa do disco, sei que esta pessoa tem alguma<br />

coisa em comum com nossa ideologia e isso já me deixa satisfeito.<br />

URR: E,na sua visão, como é o cenário Black Metal como um todo<br />

hoje?<br />

Tanatos: Atualmente vejo com bons olhos. Apesar do que falamos anteriormente,<br />

sobre uma interpretação equivocada do estilo por algumas pessoas,<br />

o cenário nacional é muito rico.<br />

Tendo em vista o acesso mais fácil aos grandes nomes internacionais,<br />

que agora vêm com mais frequência ao Brasil, o cenário nacional precisou<br />

sair um pouco do amadorismo e criar uma maturidade.<br />

Grande parte das bandas aqui não devem nada para as de fora. A qualidade<br />

é notada desde as gravações de alto nível e até a parte gráfica dos álbuns<br />

e demos. Sou extremamente chato com isso (risos).<br />

URR: E como tem sido o comparecimento do público aos shows?<br />

Tanatos: Vou responder pelos eventos que tenho ido, pois o Creptum<br />

voltará aos palcos somente em novembro.<br />

Apesar da grande qualidade da maioria das bandas nacionais, não vejo<br />

uma presença efetiva do público. É claro, em alguns shows internacionais<br />

isso muda de figura, mas aí é que está a dificuldade das bandas brasileiras, a<br />

galera fala muito de apoio à cena underground, mas poucos o fazem de verdade.<br />

Gasta-se um bom dinheiro em ingressos, onde no cast colocam apenas<br />

uma ou duas bandas locais, e em eventos undergrounds onde o ingresso<br />

custa de dez a vinte reais, a galera não comparece com a mesma frequência.<br />

Como espectador, é claro que gosto de ver as bandas que nunca pensei<br />

em ver ao vivo. Os produtores poderiam equilibrar, dar mais espaço para as<br />

bandas novas aparecerem, em vez de inflar um festival com cinco bandas<br />

gringas e uma única brasileira. Um grande exemplo positivo é o Zoombie<br />

Ritual, um festival de grandes proporções com quinze atrações internacionais,<br />

porém quase trinta bandas nacionais. Mais eventos como este poderiam<br />

rolar por todo o país.<br />

URR: Será que as condições tributárias do nosso país impedem uma<br />

maior realização desse tipo de evento?<br />

Tanatos: Nossa questão tributária é bem complicada mesmo, mas não<br />

pode ser usada como desculpa sempre. Existe, é claro, uma dificuldade<br />

financeira em produzir um evento de qualidade, mas o interesse em fazer<br />

um festival com determinadas bandas internacionais e não equilibrar o cast<br />

com bandas daqui é escolha da organização do evento.<br />

A questão é aproveitar a oportunidade onde é esperada a presença do<br />

público em maior número, como em shows internacionais, para poder dar<br />

uma força às bandas locais.<br />

Já cheguei a ouvir casos que há produtores cobrando para colocar bandas<br />

nacionais para abrir shows gringos. É inadmissível que uma banda precise<br />

pagar para ter espaço junto a bandas internacionais no Brasil!<br />

Metal. Concordo que hoje o acesso aos “ídolos” ficou mais fácil, mas isso é<br />

positivo. É fácil dizer isto quando as tais bandas obscuras sempre tocaram<br />

na sua cidade. Quando adolescente, comprava revistas gringas mais antigas<br />

nos sebos próximos à galeria do rock pra conhecer essas bandas. A internet<br />

trouxe isso mais próximo de nós, e como banda independente, levou o<br />

Creptum para onde eu nunca pensei que pudesse chegar.<br />

URR: E com a facilidade de acesso, não teria o público banalizado o<br />

acesso às informações e se acomodado, já que basta querer e estão lá,<br />

fotos, releases, CDs completos?<br />

Tanatos: Não vejo dessa maneira. Talvez porque sempre fui daqueles<br />

que, mesmo tendo acesso a tudo de uma banda, vê-la ao vivo sempre agradou<br />

muito mais. E não só as grandes bandas de fora, tenho muita amizade<br />

com o pessoal do Amazarak e o Paolo do Desdominus, por exemplo. E<br />

mesmo tendo acesso direto a eles, vê-los tocando ao vivo é sempre gratificante.<br />

Facilitar o acesso ao que oferecemos é um dever nosso. Não é porque em<br />

outros tempos era mais complicado e “suado” conseguir as coisas, que vou<br />

querer que uma pessoa interessada no Creptum passe por isso. Fazemos<br />

música para ser ouvida, não importa se é em CD original, mp3 via torrent,<br />

youtube ou ao vivo.<br />

URR: O Creptum lançou duas demos em 2003 e 2004 e só voltou a<br />

lançar material agora em 2014, por que a demora?<br />

Tanatos: Eu deixei o Creptum em 2004 mesmo, pouco antes da gravação<br />

da segunda demo. A banda continuou com outra formação até meados de<br />

2005. Após isso, o pessoal foi deixando de ensaiar até parar totalmente.<br />

Animus já estava no Carpatus e Nefus estava envolvido em outros projetos.<br />

Então, apenas em 2012, se não me engano, reencontrei os dois ocasionalmente.<br />

Percebemos que o Creptum poderia voltar, e com a formação mais<br />

próxima da original.<br />

URR: E você percebeu uma evolução na cena de 2005 para cá? Ou<br />

quando voltou sentiu que tudo ainda era igual?<br />

Tanatos: Bem, posso dizer que houve uma evolução. Principalmente<br />

quanto à quantidade e à qualidade dos shows. Mas houve uma ligeira diminuição<br />

do público. Fui inúmeras vezes à Fofinho aqui em São Paulo, com<br />

casa cheia, a galera dando apoio de verdade. Recentemente fui a um evento<br />

lá, com bandas de altíssima qualidade e que raramente tocam em SP, porém<br />

o público deixou muito a desejar, a casa estava bem vazia.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Tanatos: Atualmente estou focado na volta aos palcos, que vai ocorrer<br />

em novembro, com o Creptum. Já fechamos mais algumas datas e em paralelo<br />

trabalhamos em um material totalmente inédito para ser lançado no<br />

primeiro semestre de 2015.<br />

URR: Resuma Tanatos em uma frase ou palavra.<br />

Tanatos: Verdadeiro. Não estou aqui de brincadeira.<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo<br />

bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />

Tanatos: Gostaria de agradecer a oportunidade e o apoio que tem dado<br />

não só a mim e ao Creptum, mas à cena underground como um todo. Essas<br />

atitudes deveriam ser mais vezes repetidas.<br />

Peço aos leitores da Underground Rock Report que participem, apoiem<br />

efetivamente a cena. Vão aos shows do seu bairro, conheçam as bandas à<br />

sua volta e valorizem-nas.<br />

Vida longa ao metal underground!<br />

URR: Concordo com você. Como você usa a internet como ferramenta<br />

para a divulgação do seu trabalho?<br />

Tanatos: É impossível não usar as ferramentas web. Principalmente para<br />

bandas independentes como nós.<br />

Atualmente fazemos uso dos principais canais como: facebook, youtube,<br />

bandcamp, reverbnation, lastfm, bandsintown (que, aliás, é uma das ferramentas<br />

que considero mais interessantes para bandas atualmente), instagram<br />

e outras mais.<br />

Até muito pouco tempo atrás, coisa de dez anos, ainda era bem difícil<br />

conseguir material de bandas independentes. De lá pra cá, essas ferramentas<br />

só fizeram ajudar na divulgação.<br />

Recentemente li uma entrevista com o vocalista do Emperor, Ihsahn, falando<br />

que com a internet perdeu-se o mistério por trás das bandas de Black<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 21


RRock Report<br />

Por Julie Sousa<br />

Propondo um Death Metal agressivo e pesado, a Valhalla<br />

iniciou sua longa e intensa trajetória em 1990, liderada<br />

pela então vocalista e fundadora Andréa Tavares. Inicialmente,<br />

havia uma proposta despretensiosa e o passo inicial foi<br />

dado quando as irmãs Andréa e Adriana montaram no final<br />

de 1988 a banda Phobia. Sem registrarem material sonoro,<br />

nem se apresentarem ao vivo, a Phobia se extingue com a<br />

saída da guitarrista Adriana. Entretanto, o gosto musical e a<br />

mesma ideologia uniram a Andréa e sua outra irmã Alessandra<br />

Tavares (guitarra) na empreitada de iniciar as atividades<br />

da Valhalla, compondo músicas e apresentando-se ao vivo.<br />

No início de 1992 a banda registra oficialmente seu primeiro<br />

trabalho com a gravação da primeira Demo-tape, que traz<br />

também de volta a irmã Adriana Tavares (guitarra) na formação,<br />

agregando uma conduta mais extrema, que vem sendo<br />

mantida ao longo desses 20 anos de existência da banda.<br />

No intuito de progredir musicalmente a banda lança em<br />

1994, pelo já extinto selo Sub Way, o LP intitulado “... In The<br />

Darkness of Limb”. Este registro proporcionou um maior reconhecimento<br />

destas mulheres na mídia especializada, além da<br />

admiração de muitos. Porém, devido a constantes mudanças de<br />

componentes na banda, a Valhalla ficou desativada por algum<br />

tempo. O retorno se deu em 1999, com novas composições e a<br />

realização de alguns shows locais. Em 2000 ocorre mais uma<br />

baixa na formação: Andrea deixa a banda, ficando por conta<br />

das irmãs guitarristas a continuidade ao trabalho iniciado.<br />

Recrutando novos componentes, as guitarristas conseguem<br />

manter a Valhalla na ativa. Com a intenção de divulgar as músicas<br />

com a nova formação, a banda grava o MCD For The<br />

Might Of Chaos … For The Force Inside, contendo quatro<br />

faixas. Esse MCD proporcionou várias apresentações ao lado<br />

de conceituadas bandas do cenário mundial, além de ótimas<br />

críticas em zines, sites e revistas. O resultado não poderia ser<br />

diferente: a banda assinou um contrato com a Hellion Records<br />

lançando em 2001 o principal trabalho de sua história, o CD<br />

Petrean Self. O álbum foi distribuído em mais de 28 países e<br />

novos convites para shows nacionais e turnê no exterior foram<br />

recebidos pela banda, mas a instabilidade na formação impe-<br />

22 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


diu que a Valhalla galgasse caminhos internacionais.<br />

Dentre os vários problemas em consolidar a formação, encontrar<br />

um baterista que estivesse disposto a levar a Valhalla com<br />

seriedade foi sem dúvida o maior deles.<br />

Nos idos de 2005, Ariadne Souza assume definitivamente as baquetas<br />

da banda e assim, a Valhalla torna-se então, exclusivamente<br />

formada por mulheres.<br />

Mesmo com a ausência temporária da guitarrista e fundadora<br />

Alessandra, a banda gravou em 2009, três músicas que compõe o<br />

MCD Innerstorm com o objetivo de divulgar a formação, que até<br />

então a Valhalla mantinha, e mostrar que a ideia inicial prevalecia:<br />

fazer Death Metal.<br />

Atualmente, a Valhalla segue sua em sua jornada consolidada<br />

como um power trio. E que trio!<br />

Adriana Tavares – Guitarra<br />

Alessandra Tavares – Baixo<br />

Ariadne Souza – Bateria e vocal<br />

Foto: Henrique François<br />

Underground Rock Report: Primeiramente gostaria de<br />

agradecer sua disponibilidade em fornecer essa entrevista<br />

para que os leitores possam conhecer um pouco mais do seu<br />

trabalho como musicista.<br />

A Valhalla é uma banda com vários anos de estrada, e além<br />

de bastante conceituada na cena Metal brasileira, lançou alguns<br />

trabalhos em vinil/cd’s, com diferentes formações. O que<br />

significa pra você fazer parte dessa história, e como surgiu a<br />

oportunidade de tocar com a banda?<br />

Ariadne: Tenho grande orgulho em poder participar da história<br />

da Valhalla, ainda mais por ser a primeira baterista mulher efetiva<br />

na banda. Em 2005, eu tocava em algumas bandas, então a Alessandra<br />

me procurou para fazer um teste na Valhalla. Tirei algumas<br />

músicas do cd Petrean Self e desde então estou na banda.<br />

URR: Você é considerada uma das melhores bateristas de<br />

Metal Extremo do país. Como você lida com isso, e o que a fez<br />

dedicar-se a tocar esse gênero?<br />

Ariadne: Obrigada pelo elogio. Desde o início sempre tive<br />

interesse em tocar estilos mais agressivos, como o death metal, e<br />

foi até por isso que já comecei a tocar bateria com o pedal duplo.<br />

Segui esse direcionamento naturalmente pelo meu gosto musical.<br />

O esforço e o grau de dificuldade desse estilo são superados<br />

pelo prazer em tocar death metal.<br />

URR: Sobre se profissionalizar no instrumento, quais são<br />

seus planos e objetivos nesse sentido?<br />

Ariadne: Os dois primeiros anos em que estudei bateria foram<br />

muito proveitosos, mas em razão da minha profissão, meu tempo<br />

para dedicação ao instrumento foi bastante reduzido. Contudo, espero<br />

reorganizar minha rotina para poder aumentar esse estudo.<br />

URR: A Valhalla consolidou sua formação em um trio.<br />

Quais são os planos da banda para 2015 e onde os leitores<br />

podem conferir o trabalho de vocês?<br />

Ariadne: No início deste ano lançamos de forma independente<br />

o EP “Evil fills me”, com quatro faixas. No segundo<br />

semestre assinamos um contrato com a gravadora inglesa,<br />

Secrets Services Records, para o relançamento especial desse<br />

EP “Evil fills me”. Será um trabalho divulgado em vários<br />

países, inclusive no Brasil, e contará com músicas de álbuns<br />

anteriores e algumas regravações. Além disso, até o final do<br />

ano sairá o DVD “Território Metálico”, com uma excelente<br />

produção, gravado aqui em Brasília com diversas bandas locais.<br />

Aguardem!<br />

URR: Ariadne, esse espaço é seu. Fique à vontade para dar<br />

o seu recado e suas considerações finais.<br />

Ariadne: Para mim foi uma honra receber o convite para participar<br />

dessa entrevista. Tenho um grande prazer em divulgar o<br />

novo trabalho da Valhalla aqui. Muito obrigada pelo apoio e parabéns<br />

pela iniciativa de vocês.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 23


MMetalhead<br />

A importância da figura feminina no Underground<br />

Por Michele Dupont<br />

Machismo. Isso é a primeira<br />

característica do mundo<br />

Metal. Ledo engano. O Underground,<br />

bem como suas bandas,<br />

sempre colocou a mulher como<br />

a figura e tema principal de suas<br />

músicas. Sempre existem a lúxuria,<br />

o coração partido e a devoção.<br />

A beleza das formas femininas,<br />

inclusive em vertentes mais “lado<br />

b” ainda, como o gore/grind. O<br />

ponto é: existe a admiração pela<br />

figura feminina nos encartes, capas<br />

de álbuns, banners, etc.<br />

Mulheres tendem a se sentirem<br />

ofendidas com o corpo feminino<br />

ou masculino nu, algo<br />

que a igreja cristã criou como<br />

dito pecado. Infelizmente, mesmo<br />

quem não segue religiões<br />

tem essa tendência, porque desde<br />

pequeno aprende que a nudez<br />

é algo ruim.<br />

O Underground aderiu aos<br />

símbolos que são contra o sistema,<br />

como nudez, sexo, heresia<br />

e objetos satanistas ou imorais,<br />

como necrofilia, sadismo, e o<br />

próprio capiroto. Sempre foi<br />

uma forma de dizermos: não fa-<br />

zemos parte do que vocês querem<br />

que façamos.<br />

E claro, a figura feminina,<br />

com suas curvas pecaminosas,<br />

são o centro de tudo isso. Surge<br />

então Lilith, Kali Ma , bruxas e<br />

succubus , todas representando a<br />

força da mulher. Temos que ver<br />

pelo lado figurativo de cada uma<br />

delas, sexo, morte e devastação.<br />

O metal é tudo isso e tem mais,<br />

tem aquilo que te dá animo para<br />

continuar lutando.<br />

Gostaria de citar algumas<br />

grandes mulheres do Underground,<br />

sem ordem, somente<br />

as que me lembro no momento.<br />

Jinx Dawson, vocal da eterna<br />

Coven. A primeira a perpetuar o<br />

satanismo como tema musical.<br />

Também uma das primeiras a<br />

usar o famoso “horns up”, obrigatório<br />

em todo show metal.<br />

Outras mulheres da quais me<br />

orgulho de comentar aqui são integrantes<br />

de duas bandas de Black<br />

Metal nacional, a Morrigan,<br />

vocal e tecladista do Profane<br />

Souls e a Joycethorns, baixista<br />

da mesma banda. Não poderia<br />

deixar de falar, claro, da Lady of<br />

Blood (Diana Lob), guitarrista<br />

da Ocultan e Khaotic, um trabalho<br />

sensacional. Mulheres a serem<br />

admiradas, por mostrarem<br />

respeito à cena e às mulheres<br />

que fazem parte dela.<br />

Quer fazer sua parte? Seja autêntica.<br />

Apresentadora na Dark Radio<br />

Brasil, modelo e mulher<br />

24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 25


CComportamento<br />

A tatuagem nossa de cada dia<br />

Por: JP Carvalho<br />

tatuagem (também referida como<br />

A tattoo na sua forma em inglês) ou<br />

dermopigmentação é uma das formas<br />

de modificação do corpo mais conhecidas<br />

e cultuadas do mundo. Trata-<br />

-se de um desenho permanente feito<br />

na pele humana que, tecnicamente,<br />

é uma aplicação subcutânea obtida<br />

através da introdução de pigmentos<br />

por agulhas, um procedimento que<br />

durante muitos séculos foi completamente<br />

irreversível (embora dependendo<br />

do caso, mesmo as técnicas de<br />

remoção atuais possam deixar cicatrizes<br />

e variações de cor sobre a pele). A<br />

motivação para os cultuadores dessa<br />

arte é ser uma obra de arte viva, e<br />

temporal tanto quanto a vida.<br />

História<br />

Existem muitas provas arqueológicas<br />

que afirmam que tatuagens foram<br />

feitas no Egito entre 4000 e 2000 a.C.<br />

e também por nativos da Polinésia,<br />

Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia<br />

(maori),tatuavam-se em rituais ligados<br />

a religião.<br />

A Igreja Católica na Idade Média<br />

baniu a tatuagem da Europa (Em 787,<br />

ela foi proibida pelo Papa), sendo<br />

considerada como uma pratica demoníaca,<br />

comumente caracterizando-a<br />

como pratica de vandalismo no proprio<br />

corpo, afirmando em sua doutrina<br />

como maneira de vilipendiar o<br />

templo do Espirito Santo, o corpo,<br />

levando seus fiéis a uma forma verdadeiramente<br />

reta de louvor a Deus.<br />

O termo tatuagem, pelo francês<br />

tatouage e, por sua vez, do inglês tattoo,<br />

tem sua origem em línguas polinésias<br />

(taitiano) na palavra tatau 2 e<br />

supõe-se que todos os povos circunvizinhos<br />

ao Oceano Pacífico possuíam<br />

a tradição da tatuagem além das<br />

dos Mares do Sul.<br />

James Cook<br />

O pai da palavra “tattoo” que conhecemos<br />

atualmente foi o capitão<br />

James Cook (também descobridor<br />

do surf), que escreveu em seu diário<br />

a palavra “tattow”, também conhecida<br />

como “tatau” (era o som feito<br />

durante a execução da tatuagem,em<br />

que se utilizavam ossos finos como<br />

agulhas e uma espécie de martelinho<br />

para introduzir a tinta na pele). Com<br />

a circulação dos marinheiros ingleses<br />

a tatuagem e a palavra Tattoo entraram<br />

em contato com diversas outras<br />

civilizações pelo mundo novamente.<br />

Porém o Governo da Inglaterra adotou<br />

a tatuagem como uma forma de<br />

identificação de criminosos em 1879,<br />

a partir daí a tatuagem ganhou uma<br />

conotação fora-da-lei no Ocidente.<br />

Aparelho elétrico para<br />

se fazer tatuagens<br />

Em 1891, Samuel O’Reilly desenvolveu<br />

um aparelho elétrico para<br />

fazer tatuagens, baseado em outro<br />

aparelho extremamente parecido que<br />

havia sido criado e patenteado pelo<br />

próprio Thomas Edson<br />

Durante a Segunda Guerra Mundial,<br />

a tatuagem foi muito utilizada<br />

por soldados e marinheiros, que gravavam<br />

o nome da pessoa amada nos<br />

seus corpos.<br />

Perspectiva religiosa<br />

Cristianismo: Historicamente, o<br />

declínio na tatuagem tribal na Europa<br />

ocorreu com a expansão do Cristianismo.<br />

No entanto, alguns grupos<br />

cristãos como os Cavaleiros de São<br />

João de Malta ainda tinham o costume<br />

de fazer tatuagens em seus membros.<br />

O declínio ocorreu em outras<br />

culturas durante a tentativa europeia<br />

de se converter povos aborígenes<br />

ao cristianismo, alegando que as<br />

práticas de se fazer tatuagens eram<br />

práticas pagãs. Em algumas culturas<br />

indígenas a tatuagem era realizada<br />

no contexto da passagem da infância<br />

para a fase adulta.<br />

A maioria dos cristãos não vê problemas<br />

com a prática, enquanto uma<br />

minoria usa a visão dos Hebreus contra<br />

as tatuagens baseado no livro de<br />

Levítico da Bíblia. Não ha proibição<br />

por parte da Igreja Católica contra as<br />

tatuagens, não sendo considerada sacrilégio,<br />

blasfêmia ou obscena.<br />

Mórmons: Membros da A Igreja<br />

de Jesus Cristo dos Santos dos<br />

Últimos Dias são avisados por seus<br />

líderes a não tatuar seus corpos. Os<br />

mórmons acreditam que o corpo é um<br />

templo sagrado, assim dito no Novo<br />

Testamento , e que seus fiéis devem<br />

deixar seus corpos limpos. A prática<br />

da tatuagem é desencorajada e não<br />

recomendada.<br />

Islamismo: Tatuagens são proibidas<br />

no Sunismo, mas permitidas no<br />

Xiismo. Vários muçulmanos sunitas<br />

acreditam que se tatuar é um pecado,<br />

pois isso envolve em mudar a criação<br />

de Alá (Surah 4 Verso 117-120). No<br />

entanto existem opiniões diferentes<br />

entre os sunitas do porque as tatuagens<br />

serem proibidas.<br />

Alguns muçulmanos, baseando-<br />

-se num hadith duvidoso, dizem que<br />

o Profeta Maomé teria amaldiçoado<br />

quem se tatua, mas convenientemente<br />

se esquecem de que ele disse: “Em<br />

verdade, não fui enviado ao mundo<br />

pra amaldiçoar, mas sim como um<br />

exemplo de misericórdia.”<br />

Judaísmo: As tatuagens são proibidas<br />

no Judaísmo, baseado no livro<br />

de Levítico do Torah (19:28).<br />

A proibição é explicada por rabinos<br />

contemporâneos como sendo parte<br />

da proibição geral de modificações<br />

do corpo (com a exceção do ritual da<br />

circuncisão) que não sejam feitas por<br />

razões médicas. Maimonides, líder<br />

judeu do século 12, explicou que a<br />

proibição da tatuagem é uma resposta<br />

judia contra o paganismo.<br />

Nos tempos modernos, a associação<br />

da tatuagem com o Holocausto<br />

e com os campos de concentração<br />

durante a Segunda Guerra Mundial,<br />

devido ao fato dos prisioneiros serem<br />

26 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


tatuados para identificação, fez com<br />

que a tatuagem seja vista com um<br />

nível maior de repulsa dentro da religião.<br />

A crença de que qualquer judeu<br />

com tatuagens não poder ser enterrado<br />

em cemitérios judaicos é um mito.<br />

Hinduísmo: No Hinduísmo, fazer<br />

uma marca na testa é encorajada,<br />

pois se acredita que isso aumente o<br />

bem-estar espiritual. Várias mulheres<br />

hindus tatuam seus rostos com pontos,<br />

especialmente ao redor dos olhos<br />

e queixo, para espantar o mal e aumentar<br />

a beleza. Tribos locais usam a<br />

tatuagem para se diferenciar de certos<br />

clãs e grupos étnicos.<br />

Uma das deusas do Hinduísmo,<br />

Lirbai Mata, é representada com tatuagens<br />

nos braços e nas pernas. Ela<br />

é venerada pelos grupos Marwari e<br />

Rabari.<br />

Tatuagem no Brasil<br />

No Brasil a tatuagem elétrica é<br />

uma arte muito recente, surgiu em<br />

meados dos anos 60 na cidade portuária<br />

de Santos e foi introduzida<br />

pelo dinamarquês Knud Harld Lucky<br />

Gregersen (também conhecido como<br />

Lucky Tattoo), que teve sua loja nas<br />

proximidades do cais, onde na época<br />

era a zona de boemia e prostituição<br />

da cidade de Santos.<br />

Isto contribuiu bastante para a disseminação<br />

de preconceitos e discriminação<br />

da atividade. A localização<br />

da loja era zona de intensa circulação<br />

de imigrantes embarcados, muitas<br />

vezes bêbados, arruaceiros e envolvidos<br />

com drogas e prostitutas; gerando<br />

um estigma de arte marginal que perdurou<br />

por décadas.<br />

Hoje em dia, devido à circulação<br />

de informação pela televisão e por<br />

meios de comunicação como a internet,<br />

a tatuagem vem atingindo todas<br />

as camadas das populações brasileiras<br />

sem distinções.<br />

Temas<br />

Os temas são infinitos e variam<br />

tanto quanto as personalidades - dos<br />

tatuadores e tatuados. As motivações<br />

são inúmeras, e não há uma forma<br />

definida ou percurso que explique o<br />

desejo e sua efetivação na realização<br />

da tatuagem, um evento a princípio<br />

antinatural (biologicamente). Portanto<br />

considera-se um movimento do ser<br />

simbólico-social, que supera o instinto<br />

de autopreservação, uma característica<br />

absolutamente humana.<br />

O contexto, o ambiente, a época,<br />

o nível cultural, as influências, modismos,<br />

ideologias, crença e espírito<br />

despojado são alguns dos níveis<br />

que podem dar vazão ao processo.<br />

Nenhuma teoria psicológica, psicanalítica,<br />

religiosa, antropológica ou<br />

médica apresenta uma explicação exclusiva<br />

e final para a tatuagem. Considera-se<br />

um movimento complexo<br />

sobredeterminado, desde sua origem<br />

histórica até o contínuo uso na contemporaneidade.<br />

Cuidados antes e pós-tatuagem<br />

Certos cuidados devem ser tomados<br />

antes de se fazer uma tatuagem.<br />

Primeiramente deve-se se fazer uma<br />

pesquisa e visitar os possíveis estúdios<br />

de tatuagens a serem escolhidos,<br />

procurando saber se eles são certificados<br />

pela Anvisa e se seguem todas<br />

as normas e regulamentações de<br />

segurança determinadas pelo órgão,<br />

como ter um ambiente esterilizado e<br />

o uso de materiais descartáveis utilizados<br />

para a realização da tatuagem,<br />

por exemplo. É possível consultar se<br />

o estúdio escolhido é certificado pela<br />

Anvisa através de seu site.<br />

Também é importante fazer uma<br />

pesquisa de preço, consultando diferentes<br />

estúdios e não dar preferência<br />

para aqueles que cobram mais barato,<br />

lembrando que a tatuagem é algo permanente<br />

e que muitas vezes o barato<br />

pode sair caro.<br />

Vários são os cuidados a serem<br />

tomados depois de se realizar a tatuagem,<br />

sendo extremamente recomendável<br />

seguir as orientações passadas<br />

por tatuadores profissionais no que se<br />

deve fazer depois de realizar o procedimento.<br />

Em casos adversos e não<br />

esperados, procure um médico para<br />

diagnosticar doenças, indicar tratamentos<br />

e receitar remédios.<br />

Muitos tatuadores recomendam o<br />

recobrimento do local da tatuagem<br />

recém-feita com plástico de embalar<br />

alimentos, por pelo menos três dias.<br />

No entanto, nem todos os tatuadores<br />

compartilham da mesma opinião,<br />

pois alega-se que a pele recoberta por<br />

plástico, com resíduos de pele e líquidos<br />

(linfa, sangue, tinta, suor) podem<br />

gerar uma ambiente propício para a<br />

formação de colônias de bactérias.<br />

Alguns recomendam manter por no<br />

mínimo cinco horas, tempo suficiente<br />

para cicatrização inicial, e depois<br />

retirar só recolocando à noite para<br />

não grudar no lençol, no primeiro ao<br />

terceiro dia.<br />

A recomendação de uso do plástico<br />

também está associada ao contato da<br />

tatuagem recente com tecidos: a cicatrização<br />

que pode ocorrer logo após o<br />

processo ou à noite, com vazamento<br />

de linfa e consequente aderência do<br />

lençol ou roupa ao desenho, gera o<br />

risco de remoção da camada (epiderme<br />

e derme ) superficial onde estão<br />

alojadas as tintas. A consequência<br />

pode ser a formação de falhas em alguns<br />

pontos<br />

Deve-se lavar a região com sabonete<br />

neutro durante o banho, após<br />

algumas horas, para manter o local<br />

limpo, já que a pomada também sairá<br />

na lavagem. Além disso, os resíduos<br />

podem criar uma superfície de risco<br />

por falta de assepsia.<br />

A água é um elemento importante<br />

para o processo químico de cicatrização,<br />

fazendo parte da cadeia de fixação<br />

do colágeno. A pele muito seca<br />

pode perder mais células ou demorar<br />

mais para cicatrizar. Por outro lado,<br />

o excesso de água também prejudica,<br />

ao amolecer a casquinha. Por isso, é<br />

muito importante não deixar a tatuagem<br />

exposta ao sol, não ir à praia,<br />

piscinas, saunas, nem tomar banhos<br />

longos, e não esfregar com buchas<br />

abrasivas ou sabonetes fortes.<br />

Procure o seu médico para diagnosticar<br />

doenças, indicar tratamentos<br />

e receitar remédios.<br />

Não se deve puxar a crosta. É o<br />

conselho de todo tatuador. Para algumas<br />

pessoas, uma tarefa fácil. Para<br />

outras, nem tanto: é um ritual viciante<br />

e somado à curiosidade, puxar as<br />

crostas para que “cicatrize logo”<br />

pode abrir buracos nos desenhos,<br />

mesmo quando a crosta parece fina e<br />

superficial. Além disso, uma coceira<br />

frequente devido à retração da pele<br />

provoca o desejo de se encravar as<br />

unhas no local. Via de regra, jamais<br />

arranque a crosta.<br />

Deve-se tomar cuidado com a ingestão<br />

de alimentos que possam causar<br />

alergia no período de cicatrização<br />

do trabalho, pois em algumas pessoas<br />

a pele pode adquirir um comportamento<br />

reativo e comprometer o resultado<br />

da tatuagem.<br />

Costuma-se recomendar a suspensão<br />

de alimentos muito gordurosos,<br />

carne de porco, frutos do mar, comida<br />

japonesa , chocolates e pimentas.<br />

Elementos que determinam o<br />

resultado da tatuagem:<br />

Ajuste da máquina: Para contorno,<br />

a agulha deve penetrar aproximadamente,<br />

em torno de 1,7mm na<br />

pele. Para preenchimento também,<br />

mas eventualmente um pouco mais:<br />

2,5mm. Estas medidas são aproximadas,<br />

e dependem do tatuador, do tipo<br />

de ponta e do tipo de traço pretendido.<br />

Frequência de vibração e força<br />

da máquina: Máquinas fracas nem<br />

sempre conseguem introduzir a agulha<br />

na pele, conforme o local. Já a frequência,<br />

se for muito alta pode “rasgar”<br />

a pele ao invés de marcar o traço, e<br />

depois perde-se tinta na cicatrização.<br />

Qualidade das tintas: Algumas<br />

tintas podem gerar alergia, dependendo<br />

do tipo de pele. Não há uma regra,<br />

mas há predominância do vermelho,<br />

por exemplo, entre os pigmentos que<br />

geram alergia. Mas todos podem gerar,<br />

dependendo da pessoa. Além disso,<br />

há no mercado muitas tintas para<br />

iniciantes, que são mais “lavadas”. O<br />

pigmento mais inócuo é o preto, por<br />

ser feito (normalmente) à base de carvão<br />

de origem animal ou vegetal, e<br />

portanto, quimicamente muito estável.<br />

Tipo de pele e o local do corpo: Algumas<br />

pessoas incorporam mais a tinta,<br />

e outras eliminam quase toda a tinta.<br />

Procedimento: Como foi executado<br />

o desenho.<br />

Padrões de soldagem: Textura e<br />

espessura das agulhas<br />

Cor da pele: Mesmo em peles de<br />

tons médios, a tatuagem inicialmente<br />

fica bem colorida, mas depois o pigmento<br />

natural da pele (melanina), que<br />

é produzido acima da camada onde se<br />

aloja a tinta, cobre o desenho, escurecendo-o.<br />

Assim, este é outro motivo<br />

para evitar o sol.<br />

Profissional: É o responsável pela<br />

maior parte dos itens listados acima.<br />

Remoção de tatuagem<br />

Apesar das tatuagens serem consideradas<br />

permanentes, é possível a<br />

remoção delas, total ou parcialmente,<br />

com o uso de tratamentos a laser.<br />

Normalmente, o preto e algumas<br />

tintas coloridas usadas nas tatuagens<br />

podem ser removidas com mais facilidade<br />

do que tatuagens que usem<br />

outros tipos de tintas. O custo e a<br />

dor de se retirar uma tatuagem são<br />

tipicamente maiores do que o custo<br />

e dor de se aplicar uma. Métodos de<br />

remoção pré-laser incluem dermoabrasão<br />

e salabrasão (esfregar a pele<br />

com Sal), mas esses métodos antigos<br />

foram quase completamente substituídos<br />

pelo uso do laser, que se mostra<br />

mais eficaz e rápido.<br />

Fonte: Wikipédia<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 27


RRock Report<br />

...a musica vai além das notas, e<br />

as letras vão alem de um texto...<br />

Por: JP Carvalho<br />

João Pedro “Jilão” Oliveira, guitarrista e vocalista da banda Terra Santa, originada<br />

em Miguel Pereira, região serrana do Rio de Janeiro e que pratica uma mistura<br />

bem inusitada de Reggae e Death Metal. Estranhou? Eu também, mas depois de ouvir<br />

o trabalho dos caras e verificar na fonte que por mais estranho que posso parecer,<br />

a banda consegue sim, unir os dois estilos e ainda fazer um trabalho digno de nota<br />

e atenção. Com o primeiro trabalho de estudio já gravado, o álbum com 13 faixas<br />

intitulado “NyahGrooves”, o Terra Santa segue gravando seu segundo álbum “População<br />

Chorume”, e trazendo em seus shows muita atitude, energia e peso, em um<br />

elenco de musicas que trazem, além das musicas autorais, clássicos como Sepultura,<br />

Megadeth e outros.<br />

Jiláo nos concedeu esta entrevista e deixou claro porque dessa mistura e diversos<br />

outros assunto muito interessantes, confiram!<br />

Underground Rock Report: Antes de tudo, obrigado pelo seu tempo e pro nos<br />

dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos fale sobre você e suas atividades.<br />

Jilão: Olá JP, primeiro fica aqui também o nosso muito obrigado pela oportunidade.<br />

Bem, Somos a Terra Santa, uma banda de Thrash/ Roots/ Goove Metal de<br />

Miguel Pereira, região serrana do Rio de Janeiro. Começamos a banda em meados<br />

de 2011 e de lá pra cá já gravamos um álbum com 12 faixas e estamos caminhando<br />

para o segundo, buscando sempre evoluir a banda sem perder as raizes da porradaria.<br />

URR: Conte-nos um pouco sobre a Terra Santa.<br />

Jilão: Terra Santa é uma banda de Thrash/ Roots Metal com fortes influências no<br />

Reggae, na cultura e nas raízes brasileiras, a banda traz um som rústico e de grande<br />

peso, buscando sempre cultivar nossas origens e as verdadeiras atitudes a serem<br />

tomadas. Com o primeiro trabalho de estúdio já gravado, intitulado “NyahGrooves”,<br />

o Terra Santa segue gravando seu segundo álbum, e trazendo em seus shows muita<br />

atitude, energia e peso, em um elenco de musicas que trazem, além das musicas<br />

autorais, clássicos como Sepultura e Megadeth.<br />

Buscamos realmente unir estilos musicais e fazer algo irreverente no metal, que<br />

ninguém nunca tenha chegado a um ponto tão extremo de mesclagem como nós.<br />

Bem, esse é o nosso release padrão (risos), mas assim, a Terra Santa é uma banda<br />

que nos deu e dá apesar de tudo, muitos bons frutos e trabalhos satisfatórios e aqui<br />

na nossa região, até que somos conhecidos, tocamos em eventos e a galera curte<br />

bastante. Aqui na nossa cidade as pessoas até cantam nossa canção “Morte Súbita”<br />

em coro nos shows e é muito maneiro, é um retorno em escala e dimensão muito menores,<br />

mais que nos causam grande satisfação, e acredito que até nos prepare e nos<br />

inspire para situações maiores e com maiores proporções, que é o rumo que estamos<br />

querendo tomar com o lançamento dos novos singles.<br />

URR: Por mesclar a sonoridade do Death Metal com a Cultura Nyahbinghi?<br />

Jilão: Sim. Não é porque é a minha banda, mas eu realmente acho que somos uma<br />

banda versátil e estamos fazendo algo realmente diferente e fora dos padrões comuns<br />

que se vê no metal atual. Acredito que as pessoas sentem certa insegurança ou talvez<br />

até preconceito com nosso som, por mesclar culturas que “não tem ligação alguma”.<br />

Mas quando as pessoas passam por essa barreira e escutam alguma musica nossa,<br />

muitas vezes se surpreendem e tem uma reação positiva, o que é muito bom! Tenho<br />

certeza que apesar dessa nova ideia que estamos tentando passar no metal, ainda<br />

pouco conhecida, deixamos claro para quem ouve nosso som, que mesmo com a<br />

mistura de ideias e culturas, não perdemos as raízes nem a verdade dos nossos ideais<br />

e da nossa mensagem. Somos todos amantes do reggae e da cultura que o rodeia, e<br />

principalmente, compomos e tocamos o que nós queremos, gostamos e acreditamos,<br />

e acho que esse seja o principal motivo de estarmos tão a vontade e satisfeitos com<br />

nossa música. A cultura Nyahbinghi é uma cultura muito antiga ligada à igualdade,<br />

prosperidade e, principalmente à vida! Somos uma banda de Metal extremo que<br />

enaltece a vida e os direitos iguais, somos totalmente positivos e tentamos alertar as<br />

pessoas da situação em que vivemos atualmente, principalmente no nosso estado,<br />

o Rio de Janeiro e lembrar a elas as atitudes que realmente deveriam ser tomadas.<br />

Tudo isso de forma violenta musicalmente, e pacífica idealmente. Buscamos fazer<br />

isso através de dois dos estilos musicais que mais representam uma verdade e um<br />

ideal, o Metal Extremo e o Reggae/ Dub.<br />

URR: Você não acha que a princípio, as pessoas vão estranhar essa sonoridade?<br />

Digo tanto do lado do Metal, quanto do lado do Reggae?<br />

Jilão: Acho sim JP, na verdade a maioria das pessoas tem muito medo e repreensão<br />

pelo “diferente” em geral. Não considero a Terra Santa como uma banda de reggae.<br />

Somos uma banda de Metal extremo e isso fica claro no nosso som. Mas somos<br />

três caras com um turbilhão de ideias 24 horas na mente, com varias influencias e<br />

28 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


por sempre termos ouvido muita musica, de todos os estilos, e julgado o que era bom<br />

pra nos, não queremos deixar nenhum tipo de criação ou ideia de fora das nossas<br />

composições, para nós, toda ideia é válida, não importa se está ou não no “padrão”<br />

das bandas do nosso estilo. Somos uma banda de metal fixada no rastafarianismo,<br />

que é uma religião que admiramos de coração, e não somos os primeiros a fazer<br />

algo assim. Existem outras bandas pacíficas e diferentes no metal, com influências<br />

de estilos até parecidas com as nossas. Bandas como o próprio Sepultura no álbum<br />

“Roots”, Soulfly, Eyesburn, enfim, já mesclaram de certa forma esses dois estilos<br />

musicais, mas realmente acho que não chegaram a um ponto tão extremo como nós.<br />

Talvez realmente sejamos uma banda complicada de compreender a principio, agora,<br />

os amantes de Metal extremo não tem motivos para não nos classificar nesse estilo<br />

musical, Nossa raiz da porradaria, está presente em tudo, inclusive em alguns reggaes<br />

que compomos e resolvemos gravar, que estão no nosso álbum “NyahGrooves”.<br />

Quem quiser, é só conferir!<br />

URR: E como se dá o processo de composição da Terra Santa?<br />

Jilão: Bom, a maioria das musicas é composta basicamente por mim, e depois se<br />

necessário, tem algumas coisas alteradas no baixo ou bateria de acordo com a ideia<br />

que os outros integrantes tenham em seu próprio instrumento. As letras também<br />

são todas minhas. Sempre que começamos a ensaiar alguma musica nova acabamos<br />

mudando muita coisa e deixando a musica com a cara que ela vai ficar, com a pegada<br />

individual de cada um, que acaba se unindo e dando a característica específica da<br />

nossa banda. Dê uns tempos pra cá, começaram a surgir mais ideias coletivas e nosso<br />

próximo álbum já tem musicas que foram compostas por toda a banda, coisa que não<br />

aconteceu no NyahGrooves. Nosso baixista, Lucas (Çuça), é parte muito importante<br />

nesse processo de criação também, ele é quem produz a banda, mixa e faz todas essas<br />

coisas e manda muito bem. Ele tem muitas influencias de Jazz e principalmente<br />

do DUB, e depois que as musicas estão gravadas, ele senta naquele PC e dá um<br />

molho legal nas canções, colocando elementos eletrônicos diversos e psicodelia, em<br />

meio a toda a porradaria do Metal.<br />

Uso bastante o Guitar Pro no processo de composição, para escrever o “esqueleto”<br />

das musicas e não deixar nenhum resquício de ideia passar despercebido.<br />

URR: E quais são os temas que você abrange em suas letras?<br />

Jilão: As letras falam basicamente de igualdade de direitos para todos, Críticas<br />

sociais (Que apesar de ser um “clichê” de letras de metal, no mundo em que vivemos<br />

hoje em dia é meio difícil não lidar com esse assunto), abominação a qualquer tipo<br />

de racismo ou preconceito religioso, cultural, ou qualquer outro. Nossa mensagem<br />

é: Se você é uma boa pessoa, tem bom caráter, lembre-se que existimos para vivermos<br />

juntos e em paz, não podemos deixar os hipócritas e canalhas controlarem nossas<br />

vidas e nossas atitudes. Vamos celebrar a união, a comunhão, viver de maneira<br />

simples e obtermos, cada um, sucesso físico e espiritual. Só continuaremos nossa<br />

evolução de onde paramos, quando aprendermos a viver unidos, com simplicidade<br />

e paz, e livre de preconceitos e lavagens cerebrais. Já passou da hora de a humanidade<br />

começar a consertar seus vários erros e ninguém parece se importar com isso,<br />

estão todos acomodados com tamanha hipocrisia, e nós escrevemos as musicas para<br />

alertar a sociedade.<br />

URR: Então você acredita que através da música é possível mostrar tanto o lado<br />

bom, quanto o lado ruim das coisas?<br />

Jilão: Com certeza. Esse foi um ponto bom que você tocou. A grande maioria das<br />

bandas, principalmente de Metal, falam sempre sobre o lado ruim das coisas. Nós<br />

falamos sim, do lado ruim das coisas, mas também procuramos enaltecer o lado<br />

bom, que sempre existe, a luz no fim do túnel da esperança cada um. A música, em<br />

minha opinião, é o melhor veículo para passar uma mensagem, principalmente quando<br />

você toca e escreve com amor no que está fazendo. A música vai além das notas,<br />

e as letras vão além de um texto. Música envolve sentimento, e uma vez despertado<br />

esse sentimento em alguém, ele nunca mais vai embora. Fazemos nossas musicas e<br />

letras com muito amor, fé e esperança de estar ajudando a propagar uma ideia válida<br />

que possa ser boa para alguém.<br />

URR: Você acha que o ser humano precisa de melhores exemplos para se tornarem<br />

melhores? Ou vai da carga genética de cada um?<br />

Jilão: Não somente exemplos. Os exemplos são uma maneira ótima de atingir alguém,<br />

porém, a verdade, é que infelizmente a maior fonte de “exemplos” que temos<br />

no Brasil hoje, são as redes de jornal e televisão, que sugam as famílias e crianças<br />

ao redor do país, introduzindo, mesmo que subliminarmente, hipocrisia e imundice,<br />

como qualquer um pode ver em reportagens e informações alteradas, cenas de novela,<br />

etc. Que parecem muito inocentes e responsáveis, mas em minha opinião, lá<br />

no fundo da consciência de cada um, acaba atingindo e alterando uma coisa muito<br />

importante que é a índole. Na questão da genética, não sei se é tão influente, pois seja<br />

você de qualquer crença, cultura raça, ou “classe social”, o caráter e o verdadeiro<br />

sentido de estarmos aqui, vivos, já está embutido dentro de cada um de nós, desde<br />

sempre, resta é ter certeza e atitude para não deixar isso morrer dentro de você colocar<br />

em prática e tentar, despertar essa virtude, da maneira que você conseguir, passar<br />

isso para outras gerações, coisa que já vem sendo feita a muitas décadas, seja através<br />

da música, texto, vídeos ou qualquer outro meio, mas que para mim, até hoje não<br />

pareceu surtir efeito na grande maioria, maioria essa que assiste TV Globo e compra<br />

álbuns de sertanejo universitário da som livre, para ouvir enquanto enche a cara em<br />

uma festinha, ou fazendo uma putaria, sem pensar no que está por trás de tudo isso<br />

que os meios de comunicação ensinam que é bacana e “tá na moda”, e em como isso<br />

afeta o país e a humanidade de maneira geral.<br />

URR: E você também acredita que com uma educação de qualidade, maior<br />

exposição a diferentes culturas e artes, as pessoas podem crescer e se desenvolver<br />

de forma mais... Humana?<br />

Jilão: Certamente. É claro que o que a pessoa é, é totalmente influenciado pelo que<br />

ela viveu, pela educação e a qualidade de vida em todos os aspectos. Não acho que se<br />

deva vitimizar pessoas que fazem merda, que sabem que são erradas, por ela ser pobre<br />

ou algo do tipo. Mas também não creio que devamos condenar. Isso é um problema<br />

social, causado na grande maioria, pelo descaso do governo com todas as principais<br />

atividades que deveriam ser de primeira qualidade em qualquer país, como educação,<br />

saúde e cultura, e que infelizmente, são postas em segundo plano quando se trata de<br />

Brasil, quando se trata da galera mais humilde. E nas favelas, onde por mais que os<br />

moradores queiram uma qualidade de vida melhor, existe muita dificuldade em ter<br />

acesso ao que precisam, o que os torna, na grande maioria, os “monstros” e o “resto”,<br />

como são classificados inconscientemente pela sociedade “perfeita”, que inclui<br />

os mentirosos, canalhas, soberbos e ricos, que dão valor ao dinheiro acima de tudo, e<br />

não tem a menor ideia do que é sentir certas coisas na própria pele, por isso se acham<br />

no direito de julgar. Nosso próximo álbum, vai se chamar “População Chorume”, está<br />

sendo gravado nesse momento e trata justamente sobre esse assunto.<br />

URR: Como você vê hoje o cenário da música pesada no Brasil?<br />

Jilão: Bem, o cenário Underground do Metal, já teve seus anos dourados ao redor<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 29


do mundo, e não é atualmente. Mas apesar disso, eu vejo sim, muitas bandas ótimas,<br />

verdadeiras e o principal, fazendo seu trabalho de maneira independente e conseguindo<br />

um lugar pra si. As grandes gravadoras não estão muito interessadas nesse estilo<br />

musical ultimamente, o que não impediu o cenário Underground do Brasil de continuar<br />

vivo, graças ao trabalho das bandas, e aos fãs de música pesada, que já tem o rótulo<br />

muito bem colocado de serem fiéis! Nós já tivemos a oportunidade de dividir o palco<br />

com bandas conhecidas do Rio de Janeiro, muito boas, como Orrör, Demolishment, e<br />

conheço uma galera de bandas Underground muito brabas e boas, como a Not Dead<br />

de Nilópolis. Isso me deixa muito alegre e faz eu não perder o tesão de acreditar nesse<br />

estilo musical, acredito que não importa o que nos imponham o que aconteça, o cenário<br />

do peso sempre vai estar ai, pra quem quiser conhecer. Um dos principais meios<br />

de propagar esse cenário, para mim, é com as bandas trocando ideia e perdendo um<br />

pouco do seu tempo sim, ajudando as outras reciprocamente. Na verdade isso gera<br />

frutos muito maiores, em dimensões muito maiores. Quando você ajuda uma banda,<br />

você perde o tempo que poderia estar divulgando mais a sua, mas ajuda a manter um<br />

cenário que até hoje não conseguiram eliminar. Por mais que esse estilo de música sofra<br />

todos os preconceitos que sofre, todos nós que trabalhamos duro (e sabemos disso)<br />

para manter uma banda, mostramos a todos que estamos aqui sim, e para ficar, sempre!<br />

URR: As bandas, atualmente, reclamam muito da falta de espaço para shows<br />

de bandas autoriais. Estando em Miguel Pereira, como você vê essa reclamação?<br />

Jilão: É uma reclamação que faz todo o sentido sim. As únicas bandas autorais que<br />

você vê hoje em dia com um espaço considerável nas mídias, são hipster, ou indies<br />

ou seja lá como quer que chamem. Muitas bandas também se sentem oprimidas para<br />

tocar canções autorais e caem nessa de fazer cover para poder mostrar seu talento, o<br />

que eu não acho bacana. Aqui em Miguel Pereira, até temos nosso espaço, pequeno,<br />

mas temos. É uma cidade ligeiramente pequena, com trinta mil habitantes, onde todo<br />

mundo acaba se conhecendo pessoalmente e se tornando amigo. Isso é bom, porque<br />

o fato da geral nos conhecer e parar no bar com a gente e tal, cria certa intimidade,<br />

pois grande parte do público dos festivais de bandas que rolam aqui são nossos<br />

amigos e nos dão a maior força, porque tem contato direto com qualquer novidade e<br />

música autoral da banda, não nos deixando em posições sem graça ao tocar nossas<br />

músicas autorais. Graças a Deus, em todos os lugares que tocamos músicas autorais,<br />

tivemos um ótimo resultado, mas infelizmente essa não é a realidade da maioria das<br />

bandas novas e independentes.<br />

URR: E na sua visão, qual seria a solução para este problema?<br />

Jilão: A solução eu não sei te dizer, acho que no fundo essa repressão contra o<br />

Underground da “massa” acaba dando o intuito da parada, a magia. Porque é muito<br />

trabalho e muitas exigências para conseguir um espaço sem se vender ou tocar covers<br />

ou algo do tipo. É difícil conseguir renda, que não deixa de ser algo necessário<br />

para a existência de uma banda com músicas autorais. Só quem chega lá ou pelo ou<br />

menos conseguem, se manter, são os verdadeiros, aqueles que estão ali para representar<br />

e cultivar uma cena. A maioria adora repreender o “diferente”, e nós adoramos<br />

o “repreendido”. Isso dá mais vontade de gritar uma idéia cada vez mais alto.<br />

URR: Você acha que os incentivos fiscais dados pelo governo ou até mesmo o<br />

apoio financeiro as artes em geral, seria uma forma de tentar reativar esse cenário<br />

com produções de shows melhores?<br />

Jilião: Então, o governo mais parece estar interessado naquilo que lhe convém, ou<br />

seja, lucro e boas jogadas de politicagem (não cabe dizer política), portanto o cenário<br />

que vemos, são de grandes espetáculos com conteúdo artístico duvidoso, atualmente<br />

o cenário artístico vem buscando alternativas de forma independente, muitas vezes<br />

até contra as permissões do governo. (Bailes Funks, músicos que tocam nas praças<br />

públicas por exemplo.) Essa “clandestinidade” da arte poderia ser evitada se houvesse<br />

mais diálogo direto com os governantes e que esses respeitassem a liberdade<br />

de expressão e reconhecerem o poder cultural que isso tem. As leis de incentivo são<br />

ótimas formas para conseguir elaborar novos projetos, no entanto, o processo é burocrático<br />

e há grande dificuldade de conseguir bons acordos com a iniciativa privada.<br />

O que mais vemos são artistas que não conseguem viver de sua arte e precisam optar<br />

por outros caminhos que não satisfaçam seus desejos pessoais.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Jilão: Bem, finalizar a gravação do nosso novo trabalho, “População Chorume”, buscar<br />

novos contatos e apresentações para divulgar nossa ideia e material. Compartilhar<br />

nosso sentimento com outras tribos e eventos, em picos conhecidos do Underground.<br />

URR: Resuma Jilão em uma frase.<br />

Jilão: Bem, Jilão em uma frase? Difícil (risos). Bem é uma frase simples e minha,<br />

que está na canção Morte Súbita: “O que se leva da vida, é a consciência” acho que<br />

essa frase traduz um pouco de todos os membros da banda.<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-papo,<br />

deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />

Jilão: Galera que está aqui sacando um pouco do nosso trampo e da nossa opinião,<br />

muito obrigado. Abram os olhos de todos ao seu redor, vamos escutar mais música,<br />

vamos melhorar nossa condição! Só depende de nós! Vamos manter as bandas e o<br />

cenário Underground vivo, e não deixar que enterrem nossos ideais! Espero que curtam<br />

essa entrevista e procurem saber mais sobre nossa banda e passar adiante! Um<br />

grande abraço em todos os leitores e ao blog HM Breakdown! Muito obrigado JP,<br />

por esse espaço e continue com seu trabalho aqui que é magnífico e muito importante<br />

mesmo! E é isso. Terra Santa Porra!<br />

Entrevista concedida e originalmente publicada pelo site<br />

Heavy Metal Breakdown - http://hmbreakdown.blogspot.com.br/<br />

30 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Por Christiano K.O.D.A<br />

projeto é totalmente na veia Grind/Crust Death. Toda a barulheira feita<br />

por um só ser, nominado Arthu. É ele o responsável pelo grande<br />

O<br />

Agamenon Project, cuja discografia só deve perder para a da Agathocles<br />

em termos de quantidade. Aliás, enquanto você lê a entrevista, é capaz de<br />

já ter saído material novo! Brincadeiras à parte, o criador fala sobre sua<br />

banda, revelando sua paixão pelo underground e a vontade de seguir em<br />

frente sempre.<br />

Underground Rock Report: Conte um pouco da trajetória da Agamenon<br />

Project e de onde saiu o nome dessa one-man-band?<br />

Arthu: Pode até ser que soe clichê, mas antes de tudo, valeu mesmo<br />

pelo espaço e pela força que você tem dado ao projeto... Assim, chamo de<br />

projeto, mas é praticamente a minha banda até porque toma mais tempo<br />

que a minha de verdade (risos). Então, o primeiro lançamento foi em 2007,<br />

um split com outro projeto sueco (Social Success Project) e em tape, que eu<br />

mesmo lancei. Então assim, foram dois lançamentos de uma vez, o Agamenon<br />

Project e o Who Cares? Records, que criei para fazer os lançamentos<br />

do projeto. A ideia de fazer algo nessa linha é um pouco mais antiga, creio<br />

que em 2004/2005, quando um grande amigo me mostrou Vomitorial Corpulence<br />

e falou que o cara fazia tudo sozinho, aí veio a luz. A ideia mesmo<br />

tomou mais força quando soube da existência do Besthoven e da fama que<br />

tinha. Então decidi inventar essa coisa de one-man band. O interessante foi<br />

que veio tudo de uma vez, o projeto, o selo e as ideias de gravar em casa.<br />

Quanto ao nome, eu queria algo que soasse como Armagedom, mas não<br />

igual, e na época eu trabalhava alimentando banco de dados de uma empresa,<br />

e apareceu o nome “Agamenon bla bla bla”. Cara, na hora me deu um<br />

estalo e pensei: ‘taí o nome do projeto!’. Tanto que o primeiro logo que eu<br />

fiz é praticamente a cópia do logo do Armagedom.<br />

URR: O quão complicado (ou não) é compor músicas sozinho?<br />

Arthu: Confesso que tenho mais facilidade em fazer tudo sozinho do<br />

que com pitaco de outras pessoas. Às vezes uma opinião aqui ou ali se faz<br />

necessário, mas não é sempre. Gosto de tomar as rédeas e fazer tudo de<br />

uma vez, testando mil opções de batidas, riffs, timbres, andamentos etc.<br />

Às vezes as coisas não fluem tão facilmente, mas quando sai... Podem ser<br />

umas doze músicas (ou até mais, dependendo) em uma semana.<br />

URR: Em termos de números de registros lançados, você ainda vai<br />

passar o Agathocles (risos). É intencional soltar tanto material assim?<br />

Arthu: Assim, Agathocles é referência tanto para o som que faço quanto<br />

pela quantidade de lançamentos que possui. A intenção é espalhar o<br />

meu som por cada canto possível do planeta! Exageros à parte, não tenho<br />

pretensão alguma em ganhar dinheiro, até porque, só gasto (risos), mas é<br />

gratificante ver alguém do Japão curtindo, um cara da Alemanha elogiando,<br />

pessoas de outros países lançando e por aí vai. Às vezes chego a desanimar,<br />

pois todo esforço que eu coloco no projeto, para muitos pode ser que soe<br />

forçado, mas não, não é. Faço realmente porque<br />

gosto, praticamente por amor mesmo ao Grind/<br />

Crust/Death Metal e demais estilos que me agradam.<br />

URR: Aliás, qual o lançamento mais atual?<br />

O que pode dizer sobre ele?<br />

Arthu: Em termos de ‘full’, é o “Waiting The<br />

Bombs Fall”, que em breve vai ser lançado na Tailândia<br />

em tape por um selo que eu não me recordo<br />

agora, mas porra... gratificante pra caramba! Demorei<br />

pouco mais que quatro meses nele, gravei<br />

duas guitarras, baixo, vocais, fiz a mix e a master<br />

com mais calma, e se comparado com o ‘full’ anterior,<br />

“Faces of Death”, ele soa melhor, mas não<br />

chega a ser tão trabalhado quanto. As músicas do<br />

“Waiting...” são mais pesadas e diretas, confesso<br />

que tentei fazer um lance mais Death Metal ‘old<br />

school’ mesmo e ele não tem tanto rodeio. Fiquei satisfeito com o resultado<br />

que tive, porém, ainda não o lancei em CDR PRO. Estava correndo atrás<br />

de alguns selos, mas vou fazer sozinho mesmo e em quantidades limitadas,<br />

no máximo cinquenta e no mínimo 25. Por enquanto, está disponível no<br />

bandcamp (www.agamenonproject.bandcamp.com) para download gratuito,<br />

exceto que na versão física vou incluir o cover que fiz do Carcass,<br />

“Tools of the Trade”.<br />

URR: Falando nessa quantidade, consegue dizer, até hoje, qual o<br />

material da A.P. que você mais curte?<br />

Arthu: Não consigo mesmo. Teve uma música que regravei há pouco<br />

tempo, que se chama “Get a Head”. O inglês deve estar errado (risos),<br />

mas acho a música sensacional. Gostei muito do resultado da regravação<br />

e quem sabe não vira bônus quando lançar o “Waiting...” no físico? Agora,<br />

em se tratando de um split ou qualquer outro lançamento, não consigo<br />

chegar a um preferido.<br />

URR: E claro, o que vem pela frente com a A.P.?<br />

Arthu: Bom, apesar do desânimo que aparece com frequência, não tenho<br />

intenção de parar... Tenho alguns splits pendentes até. Sempre lanço<br />

uns EPs virtuais e estou sempre à procura de bandas para lançar split.<br />

Tenho planejado o lançamento de outro ‘full’ que está pronto. São doze<br />

músicas, apenas dez minutos, e um cover do ROT.<br />

URR: Você se apresenta ao vivo? Se não, já pensou nessa possibilidade?<br />

Arthu: Não, nunca me apresentei, mas já tive vontade... Já pensei sim<br />

e alguns amigos até se propuseram a ajudar, mas sempre deixei pra outra<br />

hora, que nunca chegou (risos).<br />

URR: Aliás, não pensa em transformar a one-man-band em um negócio<br />

com integrantes de verdade, além obviamente de você?<br />

Arthu: Acho que não, a coisa quando vira uma banda mesmo toma<br />

outra proporção e sei lá, tem mais dificuldades também. É aquela coisa de<br />

depender da disponibilidade de um pra poder ensaiar, de juntar grana pra<br />

poder gravar num estúdio de verdade etc, acaba que tudo dificulta e até pelo<br />

estresse que “ter uma banda” causa, prefiro mesmo ficar apenas eu. Pelo<br />

menos ao se tratar do Agamenon Project.<br />

URR: Valeu demais pela entrevista! Manda um salve pra quem a leu!<br />

Arthu: Pô, mais uma vez, muito obrigado mesmo por todo espaço que<br />

você tem dado no seu blog, e não deixe isso morrer nunca, por favor! Hoje<br />

em dia precisamos de pessoas assim. Muitos deixam de oferecer tal espaço<br />

por ego ou até mesmo por preconceito idiota. O<br />

underground não precisa de pessoas assim... Enfim,<br />

espero que quem tenha lido a entrevista, tenha<br />

curtido, claro.<br />

E curta a página no facebook (www.facebook.<br />

com/agamenongrindproject), ouça as músicas no<br />

bandcamp (agamenonproject.bandcamp.com) e<br />

acesse a “página” às vezes (agamenonproject.wordpress.com).<br />

Em breve vão sair alguns materiais<br />

bem legais e tudo em cópias limitadas! E como<br />

sempre... Trocas são mais que bem-vindas e não<br />

faço questão de vender ou ter lucro, a ideia é simplesmente<br />

espalhar o meu som! Muito obrigado<br />

mesmo!<br />

Matéria originalmente publicada<br />

no site Som Extremo<br />

http://somextremo.blogspot.com.br/<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 31


RReleases<br />

Apoteom<br />

Alienation<br />

MS Metal Press - nacional<br />

Você olha a bela capa e o encarte,<br />

bastante caprichados, com layout<br />

refinado, enfim, e alimenta expectativas<br />

à altura da parte gráfica. Ao dar o play,<br />

percebe que o som desse pessoal de Santa<br />

Maria, Rio Grande do Sul, toca Metal que<br />

transita pelo Thrash (o mais marcante), o<br />

Heavy e até, lá e cá, pelo Death Metal.<br />

As músicas são pesadas e agressivas,<br />

com diversas mudanças de andamento<br />

e ‘groovie’ para dar e vender. Mostram<br />

que potencial não falta no ‘debut’.<br />

Se alguém pensa que o vocal de Pedro<br />

Ferreira (também guitarrista) vai pro<br />

gutural ou berrado, engana-se: o sujeito<br />

manda ver em sua voz limpa, porém áspera,<br />

potente e com um timbre bacana.<br />

Parece que tudo acabará bem, né?<br />

Parece... com um investimento na mencionada<br />

parte gráfica e no poderio das<br />

composições, por que diabos também<br />

não pegaram firme em um dos mais importantes<br />

aspectos, a gravação?<br />

Estou torcendo para que tenha sido<br />

algum problema unicamente no CD<br />

que recebi. Afinal, parece um registro<br />

amador, retirado de alguma antiga fita<br />

cassete lá do início da década de noventa,<br />

com sérios problemas na sonoridade<br />

da bateria (o bumbo é lamentável) e das<br />

cordas, especialmente nos riffs mais<br />

distorcidos. Apenas a voz se salvou<br />

aqui. E sim, isso fez com que a nota baixasse<br />

consideravelmente.<br />

Como deixaram acontecer? Um negócio<br />

bem abafado, ‘clipado’, enfim,<br />

um fiasco. Esse fator colocou tudo a<br />

perder, sério. Desperdício de talento.<br />

Repito: torço para que o problema tenha<br />

sido somente na minha cópia do material.<br />

Se sim, podem desconsiderar tudo o que<br />

foi relatado sobre a gravação e o aumento<br />

da nota será substancial. Mas se todos estão<br />

assim... puxa, nem quero pensar.<br />

Que a banda tem futuro, não há dúvida.<br />

Mas falta um tratamento profissional<br />

no próximo registro.(CK)<br />

Beastkrieg<br />

Beastkrieg (demo)<br />

Independente – Nacional<br />

amor pela música extrema é tão<br />

O marcante que, por mais que já te-<br />

32 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

nham anunciado um zilhão de vezes<br />

que o Metal irá morrer (ou que está<br />

morto), sempre haverá aqueles que resgatam<br />

o estilo. Neste caso específico, os<br />

primórdios do Black e do Death Metal.<br />

A Beastkrieg, de São Carlos/SP, nos<br />

brinda com uma homenagem muito<br />

bem executada, primando pelo primeiro<br />

estilo mencionado. Até os pseudônimos<br />

dos integrantes têm seu charme: Emperor<br />

of Evil Chants (vocal/baixo), Gordo<br />

Butcher (guitarra) e Perversor of The<br />

Holy Order (bateria).<br />

A sonoridade é algo demoníaco,<br />

como já era de se esperar, não muito<br />

veloz (claro que há exceções), mas violento<br />

a ponto de causar pesadelos, com<br />

uma aura malévola e empolgante. As influências?<br />

Surrupiando da própria página<br />

da banda: Sarcófago, Mystifier, Holocausto,<br />

Mutilator, Venom, Bathory,<br />

Hellhammer, Sabbat, Blasphemy. Seis<br />

faixas de alto quilate!<br />

A gravação, felizmente, está muito<br />

boa (para os padrões), coisa que ainda<br />

não era possível ter lá nos anos oitenta.<br />

Portanto, escutar essa demo é uma<br />

tarefa (tarefa?) ainda mais prazerosa.<br />

Mas não esperem algo cristalino saindo<br />

das caixas de som não, hein? É sujo na<br />

medida certa!<br />

E nessa atmosfera maligna, merece<br />

menção também a bonita capa, criada por<br />

Emerson Maia. Mais “true”, impossível.<br />

Está aí uma grata surpresa do nosso<br />

underground, que merece ser espalhada<br />

mundo afora. No que depender desse<br />

trio, as raízes da música extrema sempre<br />

estarão a salvo! (CK)<br />

Brutal Exuberância<br />

Território Perdido<br />

Independente – 2012 – Brasil<br />

Manaus/Amazonas está bem barulhenta!<br />

Dez anos de experiência<br />

no Crossover/Thrash Metal trazem um<br />

‘debut’ de repeito por parte da Brutal<br />

Exuberância! E chama a atenção o fato<br />

de o pessoal cantar quase todas as músicas<br />

em português. Sabe que ficou interessante<br />

o resultado?<br />

Pois então, com essa proposta de<br />

estilo, o negócio não poderia ser outra<br />

coisa senão extremo e veloz. São faixas<br />

relativamente simples, bem na fuça, dotadas<br />

de uma energia que te faria entrar<br />

no ‘mosh pit’ sem pensar duas vezes.<br />

Porrada mesmo, meu amigo!<br />

A paixão dos integrantes pela música<br />

pesada está devidamente registrada<br />

com “Metal, Essa é Minha Vida”. Mas<br />

nem precisava desse título para constar<br />

que os caras realmente gostam do que<br />

fazem.<br />

Enfim, é algo bem tradicional e ‘old<br />

school’, com uma produção acima da<br />

média (o timbre do baixo está lindo!) e<br />

uma arte bem bonita do encarte. É curto<br />

– pouco mais de vinte minutos -, mas<br />

faz um bom estrago! Fãs de Thrash/<br />

Crossover, isso é pra vocês!(CK)<br />

Cemitério<br />

Cemitério<br />

Kill Again Records – Nacional<br />

Vou ser sincero: poucas vezes vi<br />

um projeto assim dar tão certo<br />

e ser tão agradável! Trata-se de<br />

uma one-man band cujo responsável<br />

é Hugo Golon, que também atua na<br />

Blasthrash, Side Effectz e em outras<br />

podreiras. Aqui, o negócio é Thrash/<br />

Death Metal bem ‘old school’. Fantástico!<br />

O músico investe na velocidade em<br />

quase todo o registro, seja na bateria<br />

(mas não chega nos ‘blast beats’),<br />

seja nos riffs brutais e extremamente<br />

inspirados. Sim, a guitarra aqui é um<br />

elemento de muito destaque no CD.<br />

O timbre vocal de Golon lembra<br />

uma boa mistura entre Chuck Schuldiner<br />

da primeira fase da Death, com<br />

John Tardy (Obituary). Falando nisso,<br />

vale mencionar que o cara canta muito<br />

rápido, com poucos momentos para<br />

pegar fôlego. Ficou demais!<br />

Por sua vez, as letras também são<br />

um show à parte: homenageiam diversos<br />

filmes clássicos de terror com<br />

letras que contam uma espécie de<br />

resumo das películas. Tudo muito divertido.<br />

Além da sonoridade, a produção<br />

cuidadosamente suja e crua deixou<br />

o material ainda mais interessante,<br />

assim como a arte gráfica que, embora<br />

seja bastante simples, ilustra bem<br />

cada um dos filmes abordados.<br />

Enfim, um dos mais empolgantes e<br />

viciantes discos do ano, em um resgate<br />

fenomenal da velha escolha. Kill<br />

Again Records (www.killagainrec.<br />

com.br): vocês se superaram mais<br />

uma vez! (CK)<br />

Creptum<br />

The Age of Darkness<br />

Independente – 2014 - Brasil<br />

Caramba, como uma banda desse<br />

nível ainda não é tão conhecida<br />

assim no nosso cenário extremo? Falo<br />

na cara: uma das melhores demos de<br />

2014, e fim! É um Black Metal furioso,<br />

barulhento, sem frescuras. Ah,<br />

e trata-se de uma regravação do material,<br />

lançado originalmente há uma<br />

década.<br />

Velocidade máxima, quase ininterrupta,<br />

riffs típicos, vocal rasgado/<br />

rouco/sombrio, enfim, esses itens de<br />

qualidade estão todos presentes, de<br />

modo que fã nenhum do estilo terá do<br />

que reclamar.<br />

São seis faixas, sendo que as duas<br />

últimas são na verdade bônus do primeiro<br />

registro dos caras, a também<br />

demo “...Make This World Burn”.<br />

Vale lembrar que a blasfêmia veio<br />

num envelope caprichado, profissional<br />

mesmo, bem no clima obscuro<br />

da sonoridade da banda. E a gravação<br />

está excelente, com o charme da aura<br />

noventista nórdica. Um show!<br />

Mas não temam, afoitos por Metal<br />

negro bem feito, pois é possível fazer<br />

download gratuito dessa maravilha!<br />

Bem, agora vou intimar: e aí, Creptum,<br />

quando sai o ‘debut’?? Porque<br />

isso aqui instiga demais, rapaziada!<br />

Passou da hora de presentear ainda<br />

mais o nosso underground, hein?<br />

Longa vida ao trio Animus Atra<br />

(bateria), Deimous Nefus (guitarra/<br />

baixo) e Tanatos (guitarra/vocal), que<br />

espalha a ótima maldade sonora (sub)<br />

mundo afora! (CK)<br />

The Assault<br />

The Assault (demo)<br />

Independente – 2014 – Brasil<br />

Eis o primeiro registro da araraquarense<br />

The Assault, que traz<br />

um Heavy/Thrash Metal porrada na<br />

face. É uma sonoridade trabalhada,<br />

cheia de mudanças de andamento e<br />

que realmente caminha nessa linha<br />

tênue entre os dois estilos mencionados.<br />

O vocal de Artur Rinaldi, também<br />

guitarrista, é venenoso, meio rasgado<br />

e rouco. Acreditem, tem um quê<br />

surpreendente de... Janis Joplin! Mas<br />

calma, a semelhança (pouca) é só no<br />

timbre vocal e nada mais! (mesmo<br />

assim, sei que vão falar que viajei na<br />

comparação)<br />

São seis faixas executadas com<br />

raça, bem “fala você mesmo”, com<br />

destaque para “Jump of Death (D-<br />

Day)” e sua agressividade desenfreada.<br />

Frescura aqui passa bem longe!<br />

Apesar de a produção mostrar bem<br />

o baixo (bacana!), ela ficou um tanto<br />

crua. O reverb no vocal também ficou<br />

meio esquisito, mas é muito legal<br />

constatar que a demo está cheia de<br />

boas ideias e que sim, a The Assault é<br />

uma banda promissora.<br />

Inclusive há até um cover de “Troops<br />

of Doom” (Sepultura), pra mostrar<br />

que essa molecada está cercada de<br />

boas influências para evoluir.<br />

Parece que agora estão investindo<br />

no ‘debut’! Se levarmos em consideração<br />

o que foi apresentado aqui, a<br />

expectativa para o vindouro ‘full’ é<br />

positiva! (CK)


Symphony Draconis<br />

Supreme Art of Renunciation<br />

Eternal Hatred Records/Misanthopic<br />

Records/Corvo Records – Nacional<br />

Black Metal nacional vem ganhando<br />

cada vez mais força (não me<br />

O<br />

diga...)! E importante reforçar: com<br />

bandas que realmente têm qualidade!<br />

Apesar de surgida em 2006, foi em<br />

2013 que a Symphony Draconis soltou<br />

seu ‘debut’. É latente que os anos de estrada<br />

trouxeram ótimos resultados para<br />

o registro.<br />

E engana-se quem acha que o som<br />

tem aquela pegada mais modernosa,<br />

com teclados, orquestrações, diferentes<br />

vocais ou coisas do tipo. Não, a banda<br />

consegue fazer um ótimo trabalho tocando<br />

o tradicional do estilo. Ponto pra ela!<br />

Mas não se trata daquele Black ríspido<br />

e movido a pura velocidade não:<br />

é algo mais trabalhado, sem deixar de<br />

ser extremo, e muito, muito bem feito e<br />

hipnotizante.<br />

Os bumbos do baterista Helles Vogel<br />

quase não cessam, o que dá uma pegada<br />

ainda mais agressiva às músicas que, por<br />

sua vez, contam com certa quantidade de<br />

melodia. Mas calma, é aquela melodia<br />

típica do Black Metal! Portanto, há um<br />

equilíbrio no quesito brutalidade.<br />

Veja bem, isso não significa que só<br />

tem faixas cadenciadas não, hein? Confiram,<br />

por exemplo, as mortais “The Visions<br />

and Mysteries of the Great Ones”<br />

e “Crushing the Concepts”.<br />

A capa é linda, assim como o restante<br />

do caprichado encarte. E a gravação<br />

está tinindo, pesada na medida certa!<br />

Souberam fazer um investimento profissional!<br />

Nota 10!<br />

Pode ser pretensão, mas parece que<br />

estamos diante de uma boa revelação<br />

do Metal negro tupiniquim. Tá dado o<br />

recado! (CK)<br />

Slasher<br />

Katharsis<br />

Programa de Ação Cultural do<br />

Estado de São Paulo – Nacional<br />

Esse aqui já é certeza: estará em diversas<br />

listas de melhores de 2014.<br />

Impossível ficar fora delas. A Slasher<br />

soltou um dos mais surpreendentes discos<br />

dos últimos tempos. Afinal, anteriormente,<br />

já estavam bem cotados com<br />

“Pray for the Dead” (2011), um Thrash<br />

Metal comum, mas bem executado.<br />

Agora, essa obra prima “Katharsis”<br />

impressiona – E MUITO – pelo fato de<br />

eles alcançarem outro nível em termos<br />

de qualidade. Sério, é quase incomparável<br />

com o ‘full’ anterior!<br />

O que antes era mais veloz e direto<br />

recebeu uma belíssima roupagem cheia<br />

de ‘groovie’ e uma refinada geral nas<br />

composições. Mas não deixaram de ser<br />

agressivos em nenhum momento. Aliás,<br />

talvez o novo petardo esteja até mais<br />

violento, e essa impressão aumenta<br />

quando percebemos o competente vocal<br />

de Skeeter, que deixou a sonoridade da<br />

banda ainda mais extrema.<br />

A aula de Thrash Metal é tanta, que<br />

destacar uma ou outra canção é tarefa<br />

inexecutável. E pra que se importar com<br />

isso, quando todas elas são absolutamente<br />

fodas? Mas só pra registro, a faixa<br />

“Hostile” é a mais porrada, como o título<br />

sugere, enquanto a que fecha o disco,<br />

“All Covered in Blood”, destoa um pouco<br />

das músicas restantes, com variações<br />

vocais e estruturas mais trabalhadas.<br />

Ah, e também tem um cover de “Suffocated”,<br />

da Mosh. O que já era bom,<br />

ficou mais assassino.<br />

A produção está espetacular, seja na<br />

gravação pesadíssima e límpida, seja na<br />

parte visual, cujo capricho nos brindou<br />

com a ilustração fantástica da capa e o<br />

lançamento em digipack.<br />

Sem exagero, isso aqui tem tudo pra se<br />

tornar um clássico do Metal extremo nacional.<br />

Ainda está lendo aqui??? Que perda<br />

de tempo... cara, sai correndo pra adquirir<br />

esse material excepcional! Não haverá arrependimentos.<br />

Só dores no pescoço.(CK)<br />

Scourge – Hate Metal<br />

Cogumelo Records/Greyhaze<br />

Records – Nacional<br />

Pra situar: banda de Death Metal vindo<br />

de Minas Gerais, e cheirando a<br />

registros noventistas daquele estado.<br />

Pronto, já é motivo para você se preocupar<br />

em ir atrás desse material. Incrivelmente,<br />

até a gravação remete àquela<br />

época. Calma, ela é muito boa, refinada<br />

mesmo.<br />

E que clima sombrio e malévolo tem<br />

esse petardo! Varia a velocidade, puxando<br />

vez ou outra até para o Doom (no<br />

andamento), e outras, para os ‘blast beats’<br />

característicos do Death. A técnica<br />

está acima da média.<br />

Pois bem, se passou pela sua cabeça<br />

Sarcófago com o descrito até o momento,<br />

você pensou em uma boa referência<br />

sobre “Hate Metal”. É perceptível a<br />

influência aqui, a começar pelo próprio<br />

nome da banda.<br />

A qualidade fala alto no disco, já que<br />

as composições são bem elaboradas,<br />

coesas, pesadas, desgraçadas. Tanto é<br />

que se você escolher aleatoriamente alguma<br />

para escutar, vai se empolgar com<br />

a mesma intensidade em cada uma. Em<br />

outras palavras, o destaque real é para<br />

todas as faixas, inclusive a “Intro - Sentenced<br />

to Die”. Apenas para constar,<br />

a que fecha o play, a faixa-título, nos<br />

invoca a berrar junto o refrão: “HATE<br />

METAL, HATE METAL”!<br />

É no bom sentido que direi isso, obviamente:<br />

se quer um exemplo de uma<br />

sonoridade maldita, violenta e densa,<br />

Scourge é a opção, com um dos melhores<br />

álbuns recentes retratando o underground<br />

nacional do início dos anos<br />

noventa. (CK)<br />

Tellus Terror<br />

EZ Life DV8: Easy Life Deviate<br />

Independente – Nacional<br />

Mesclando os mais variados gêneros<br />

derivados do rock n’ roll, o<br />

Tellus Terror, banda carioca de Niterói<br />

foi fundada exatamente no dia 17 de<br />

Novembro de 2012.<br />

Tiveram como primeiro desafio definir<br />

o próprio estilo da banda, para o<br />

som idealizado, e com isso foi criado o<br />

M.M.S – Mixed Metal Styles -, deixando<br />

a banda livre para misturar em suas<br />

composições o Death Metal, Black Metal,<br />

Thrash Metal, Doom Metal, Gothic<br />

Metal, Heavy Metal, Power Metal,<br />

Splatter, Grindcore, Hard Rock e etc.<br />

Criatividade, muita técnica e ousadia<br />

em excesso definem muito bem<br />

o Tellus Terror, que é sem duvidas,<br />

uma magnifica miscelânea de ritmos e<br />

timbres do metal. O talento que esses<br />

grandes músicos tem para diferenciar e<br />

impressionar o ouvinte em uma musica<br />

para outra é monstruosamente avassalador!<br />

Não é repetitivo, nem cansativo.<br />

É exclusivo, inesperado, energético e<br />

muito precisamente bem elaborado.<br />

“EZ Life DV8: Easy Life Deviate“<br />

é de um vasto conteúdo musical e<br />

lírico. O disco, como define Felipe Borges,<br />

vocalista: “conta um pouco sobre<br />

como nossa vida começou, como tudo<br />

começou a ser formado (de acordo com<br />

o que nossa espécie conhece atualmente),<br />

sobre como Tellus (Tellus significa<br />

Planeta Terra em Latim), tomou forma,<br />

sobre o posicionamento do nosso planeta<br />

em nossa galáxia, falando um pouco<br />

também sobre fenômenos naturais, a<br />

adaptação do ser Humano na Terra, e de<br />

como somos capazes de gerar grandes<br />

conflitos por poder, em que na verdade<br />

onde nós vivemos é o verdadeiro inferno,<br />

refletindo sobre como seria o nosso<br />

definitivo Panorama do Fim dos Tempos,<br />

e finalmente a conclusão de que<br />

nós não sabemos nada, e que tudo que<br />

possamos imaginar sobre o fim do mundo<br />

ou a continuação da nossa espécie é<br />

um Erro.”<br />

O mais impressionante é que cada<br />

vez que se escuta ”EZ Life DV8”, descobrimos<br />

algo novo. Um som, um timbre,<br />

um arranjo, um compasso. O disco<br />

é realmente cheio de detalhes, que você<br />

só vai percebendo aos poucos. Relativamente<br />

nova, a banda acertou em cheio<br />

quando decidiu não optar por um EP ou<br />

uma DEMO, logo de início nos trouxeram<br />

10 faixas viciantes e instigantes<br />

para apreciadores do metal.<br />

Se o primeiro disco já tem arrancado<br />

respeito e admiração de muitos headbangers,<br />

estou ansioso para ver o que<br />

pode vir num provável segundo disco!<br />

Tellus Terror é uma banda na qual eu pagaria<br />

para ver uma apresentação, e conferir<br />

tudo isso na primeira fileira! (YN)<br />

Mutran<br />

A Life Preview<br />

Black Legion Productions – Nacional<br />

full-length “Yellow Pictures”<br />

O (2013) da banda carioca Mutran<br />

já mostrava suas qualidades com um<br />

Hard/Classic Rock de primeira, que<br />

trazia influências de Blues e da Black<br />

Music.<br />

“A Life Preview” já tem início com<br />

uma faixa potente, pois Signor Luiz já<br />

abre o trabalho de forma enérgica e empolgante,<br />

com um refrão muito legal e<br />

uma mescla de estilos bem característico<br />

da banda. Preste bastante atenção na<br />

letra e proposta da canção no clipe do<br />

final da resenha.<br />

O novo EP mostra que é uma continuação<br />

natural de “Yellow Pictures” e<br />

a evolução é latente. Hungry mostra o<br />

lado Blues e Progressivo da banda, com<br />

ótimos arranjos, enquanto Close Your<br />

Eyes, mesmo sendo cadenciada, é uma<br />

das faixas mais pesadas da banda com<br />

um ótimo riff.<br />

O EP ainda conta com três composições<br />

ao vivo em estúdio que mostra<br />

a coesão da banda e dá uma noção da<br />

qualidade dos músicos. São elas Galactic<br />

Tales: The Legend Of Captain Pollen,<br />

Are You Still Out There? e Crossroad.<br />

Não há dúvidas que o Mutran é uma<br />

banda diferenciada. (VHF)<br />

Crown of Scorn<br />

Agenda 21<br />

Alldead Records/Black Legion<br />

Produtions – Nacional<br />

Desta vez a assessoria e selo Black<br />

Legion Productions trouxe<br />

uma banda das terras do Tio Sam que<br />

debuta neste trabalho curiosamente<br />

chamado “Agenda 21”. O quarteto<br />

formado em 2012 conta com Allyan<br />

Lang Lopes (de origem brasileira) no<br />

vocal, Don Dumond (guitarra), Steve<br />

Grayson (baixo) e Alan Alsheimer<br />

(bateria) – sendo que Rob Cadrain<br />

gravou a guitarra, mas não faz mais<br />

parte da banda.<br />

O som da banda transita entre o<br />

Thrash Metal e o Death Metal, assim<br />

como as influências caminham entre<br />

uma tênue linha entre o ‘old school’<br />

e o contemporâneo. Portanto, sua música<br />

possui elementos tanto do Metal<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 33


das antigas quanto uma roupagem<br />

mais atual.<br />

O som passa longe de tendências,<br />

e o mérito que o faz não soar datado é<br />

da produção a cargo da banda e Steve<br />

McCabe, que conseguiram tirar uma<br />

ótima sonoridade carregada e de muito<br />

peso dos instrumentos. E não tem<br />

como negar a positividade deste fato<br />

que engrandece o disco.<br />

Muito bom o trabalho das guitarras<br />

abafadas que dão um peso absurdo<br />

às músicas, principalmente quando se<br />

aliam a uma cozinha tão consistente<br />

e de pegada forte. Allyan tem um potente<br />

gogó e sua versatilidade faz com<br />

que seu timbre vá do gutural ao rasgado<br />

da forma mais natural possível.<br />

Destaque para a ótima Corporatocracy,<br />

que sabiamente foi escolhida<br />

como primeiro single, Earth Is No<br />

More e a bela inclusão de vocais ‘cleans’,<br />

além da rifferama e a ótima quebrada<br />

em Sustainable Developments.<br />

A arte gráfica é do brasileiro Gustavo<br />

Sazes (Sepultura, Morbid Angel) dispensa<br />

apresentações. (VHF)<br />

Necrobiotic<br />

Death Metal Machine<br />

Songs For Satan/Culto ao Metal<br />

Distro – Nacional<br />

Uma verdadeira ode ao Death Metal!<br />

É isso que propõe o quarteto<br />

oriundo de Divinópolis/MG que chega<br />

ao seu segundo álbum. A banda<br />

tem 20 anos de fundação, mas ficou<br />

11 inativa, o que não significa que<br />

desaprenderam ou perderam a linha,<br />

até porque o debut também foi lançado<br />

após o retorno.<br />

Bebendo nas melhores fontes<br />

‘old school’, a banda faz questão de<br />

focar suas composições em algo visceral<br />

e mais orgânico. Ainda há resquícios<br />

de Thrash Metal, principalmente<br />

em alguns andamentos, mas a<br />

paixão e conhecimento de causa fazem<br />

com que o som da banda transite<br />

mesmo pelo Metal da morte.<br />

Os pontos fortes do disco ficam<br />

entre a variação rítmica que deixa<br />

o som mais atraente, além do ótimo<br />

trabalho de guitarras com riffs<br />

típicos e solos na medida certa e a<br />

agressividade equilibrada. Importante<br />

ressaltar como a banda consegue<br />

explorar vários caminhos em músicas<br />

curtas.<br />

A opção em cantar em inglês e<br />

português pode tirar um pouco da<br />

identidade do Necrobiótic, já que<br />

sua linha de composição parece soar<br />

mais forte quando o grupo opta por<br />

cantar na língua estrangeira. Mas, as<br />

faixas cantadas na língua pátria passam<br />

longe de serem inferiores.<br />

A produção a cargo do baixista<br />

Fabrício Franco e da banda mostra<br />

certa rusticidade e combinou com<br />

o som proposto, principalmente pelos<br />

timbres escolhidos e por fugir<br />

dos padrões ‘plastificados’ atuais. A<br />

curiosidade fica por conta da banda<br />

não trazer muita influência do Metal<br />

extremo mineiro antigo, já que o grupo<br />

é oriundo daquele estado. (VHF)<br />

Land of Tears<br />

The Ancient Ages of Makind<br />

Black Legions Productions – Nacional<br />

segundo álbum da banda fluminense<br />

Land of Tears, este “The<br />

O<br />

Ancient Ages of Mankind”, é memorável<br />

e no mínimo empunha a bandeira<br />

do Metal extreme nacional, além<br />

de honrá-lo com maestria.<br />

Afinal, trata-se de um disco<br />

abrangente, com variação rítmica e<br />

uma pegada digna do Metal feito no<br />

Brasil. Unindo o Death Metal, o Black<br />

Metal e o Doom Metal, além de<br />

uma aura épica, a banda destila nove<br />

hinos com elegância e a brutalidade<br />

necessária, sem exageros.<br />

Explorando bastante a variação<br />

rítmica, o quarteto mantém um bom<br />

equilíbrio e sabe também dosar a<br />

agressividade. Sem extrapolar na velocidade,<br />

a banda consegue equalizar<br />

essa agressividade tanto nos momentos<br />

rápidos, quanto nos cadenciados,<br />

gerando uma sonoridade muito interessante.<br />

Com um baixo vibrante de S.<br />

Vianna, riffs de guitarras carregados<br />

e ótimos solos da dupla Robson<br />

Night Arrow (também vocalista) e<br />

Leandro Xsa, a banda possui uma<br />

base excelentíssima que dá bastante<br />

espaço para a bateria de Orion Gobath<br />

destilar sua técnica e explorar os<br />

pratos de uma forma diferenciada. Os<br />

vocais urrados de Robson casam perfeitamente<br />

com a música da banda.<br />

The Colossus of Rhodes e sua<br />

dinâmica, a melódica e emotiva The<br />

Ancient Ages of Makind, a diferenciada<br />

Mega Alexandros e a vibrante<br />

e hino de guerra Pentekontoros são<br />

os grandes destaques e parte do disco<br />

conceitual que aborda temas antigos<br />

da humanidade. O levíssimo abafamento<br />

na produção fez um ‘risquinho’<br />

na lataria dessa bela máquina do<br />

Metal extremo, mas isso é culpa do<br />

‘detalhismo’. (VHF)<br />

Espiritual Void<br />

I<br />

Independente – Nacional<br />

Muitos sabem fazer o stoner metal,<br />

mas poucos sabem se manter<br />

dentro dele. Mas, os cariocas da Spiritual<br />

Void fazem isso com todo gás e<br />

compromisso. Liderada pelos vocais<br />

marcantes de Thiago Norviço, a banda<br />

com mais de dois anos de carreira,<br />

mostra-se preparada alavancar novos<br />

caminhos.<br />

Seu primeiro EP, intitulado “I”, traz<br />

4 faixas de stoner fucking metal de primeira.<br />

Bem executado, bem planejado,<br />

refrões que grudam na mente e rítmos<br />

que te fazem lembrar grandes nomes<br />

como Kyuss, Melvins, Queens OF The<br />

Stone Age e Orange Globin.<br />

Gravado e mixado em Janeiro de<br />

2014, no Anderson Engel Stúdio, de<br />

forma independente, “I” ganha sua<br />

atenção logo de cara com a canção<br />

“Fall in Disgrace”, numa balada contagiante<br />

que logo dá lugar para velocidade<br />

de “Hate & Pride”, e em seguida<br />

o peso arrastado de “The Shadow“,<br />

finalizando com “ (You Need To) Find<br />

Your Way“. A capa ficou a cargo de<br />

Wendell Frank – guitarrista da banda<br />

- e a agência Nós Desing, chamando<br />

atenção por seu estilo desgastado e ao<br />

mesmo tempo sombrio.<br />

Apesar de ainda bem jovial, Spiritual<br />

Void vem obtido uma excelente<br />

reposta com seu primeiro trabalho e<br />

conquistado um bom público a cada<br />

apresentação. (YN)<br />

Bandanos - Nobody Brings<br />

My Conffin Until I Die<br />

Läjä Rekords – Nacional<br />

Crossover tem reaparecido e<br />

O estado em muita evidência nos<br />

últimos tempos, fruto de um fenômeno<br />

bem comum em termos de Metal:<br />

nenhum estilo morre, apenas sai dos<br />

grandes veículos de imprensa, conforme<br />

as pessoas começam a sentir-<br />

-se empazinadas. Foi assim e sempre<br />

será, mas há um lado positivo: sempre<br />

surgem ótimas bandas, que tendem<br />

a permanecer ativas e mantendo<br />

a chama acesa. E no Brasil, antenado<br />

com a realidade mundial, não é diferente,<br />

pois uma nova safra de bandas<br />

de Crossover andam aparecendo, e<br />

bem. E um dos nomes mais famigerados<br />

é do quarteto paulista Bandanos,<br />

que é bem conhecido pela energia e<br />

força de sua música, e da insanidade<br />

em seus shows. E provando que são<br />

raçudos até os ossos, acabam de lançar<br />

“Nobody Brings My Coffin Until<br />

I Die”, seu novo trabalho, cuspindo<br />

raiva para todos os lados em forma<br />

de música.<br />

Conseguindo realmente associarem<br />

o Thrash Metal (em termos de<br />

peso e arranjos) e o HC (a energia,<br />

velocidade e garra), o quarteto não<br />

está para brincadeiras, já que a banda<br />

é raivosa, com uma música cheia de<br />

vida e energia, que empolga qualquer<br />

um que se atreva a ouvir sua música.<br />

Os vocais são ótimos, com timbres<br />

rasgados e boa dicção, os riffs de<br />

guitarra são ganchudos, agressivos e<br />

bem diretos, baixo com boa técnica<br />

e sabendo dar peso à base rítmica, e<br />

a bateria mostra-se muito bem, em<br />

levadas pesadas, boas conduções nos<br />

bumbos e viradas técnicas. Embora a<br />

banda não tenha um trabalho voltado<br />

à técnica, podemos dizer que “Nobody<br />

Brings My Coffin Until I Die” é o<br />

disco onde esse aspecto do Bandanos<br />

ficou mais evidente, embora banda<br />

continue despojada e furiosa, gerando<br />

uma música em que o que importa<br />

é o todo, não destaques individuais.<br />

Produzido pelo próprio grupo junto<br />

com Ciero nos estúdio Da Tribo,<br />

sendo que esta aliança mixou e masterizou<br />

o disco. O que fica claro é<br />

que buscaram uma sonoridade mais<br />

seca e despojada, evocando o espírito<br />

dos primeiros discos de Crossover<br />

dos anos 80, mas sem abrir mão de<br />

uma qualidade que permita ao ouvinte<br />

reconhecer cada instrumento<br />

musical, ao mesmo tempo em que a<br />

proposta é ser o mais próximo possível<br />

de uma apresentação ao vivo.<br />

E digamos de passagem: ficou bem<br />

próximo mesmo.<br />

A arte, um trabalho combinado da<br />

banda com Jeff Gaither (para a capa)<br />

e outros artistas, ficou muito, muito<br />

bom. O mesmo feeling despojado<br />

que temos ao ver discos seminais<br />

de bandas como D.R.I., SUicidal<br />

Tendencies, C.O.C., S.O.D. e outros<br />

mestres está ali, presente e visualmente<br />

de bom gosto. E outro ponto:<br />

no encarte temos as traduções das letras<br />

da banda para o inglês.<br />

O Bandanos não brinca em serviço,<br />

verdade seja dita, descendo a<br />

marreta na cara de quem meter os<br />

bedelhos com sua música. Mas nem<br />

por isso podemos dizer que seu trabalho<br />

é simplista, longe disso. a banda<br />

faz bons arranjos musicais, capazes<br />

de prender o ouvinte no lugar até o<br />

disco terminar, com boa dinâmica em<br />

cada canção e refrões muito fortes e<br />

ganchudos.<br />

Destaques no meio de 13 pauladas:<br />

a bruta e dura “Fato ou Mentira”<br />

(com belos solos e trabalho fantástico<br />

do baixo), a forte e irônica “Vynil<br />

Addiction” (com refrão em inglês,<br />

com muitos bons vocais), a raivosa<br />

e intensa “Falsas Ambições” (que<br />

começa mais cadenciada, antes de<br />

explodir com a velocidade característica<br />

do Crossover, onde a bateria dá<br />

um show à parte), “Meus Inimigos”<br />

(onde vemos uma queda mais para o<br />

lado do Thrash Metal, com boa dinâmica<br />

guiada pelos riffs ferozes), a<br />

ótima “Urban Thrash Skate Maniacs”<br />

(outra onde o baixo mostra um excelente<br />

trabalho, com o detalhe de ser<br />

cantada em inglês), a homenagem<br />

ao Bay Area Thrash Metal em “Bay<br />

Area Seduction”, a destruidora de<br />

tímpanos “Idiossincrasia”, a paulada<br />

na cara de “Velhos Heróis” (belas<br />

vocalizações, diga-se de passagem),<br />

e a puro mosh pit chamada “Escravo<br />

do Relógio”. Mas o disco é excelente<br />

como um todo, logo, é apertar a tecla<br />

“play” e se preparar para aturar os<br />

vizinhos reclamando em seu portão<br />

(mas no fundo, a maioria merece).<br />

Excelente disco, e pede a compra<br />

de uma cópia física. Downloads ilegais<br />

são coisa de pela-sacos... (MG)<br />

34 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Nitrominds<br />

Tributo ao Nitrominds<br />

Two Hands Records – Nacional<br />

Tributos são em sua grande maioria<br />

uma caixinha de surpresa, ou CD<br />

no caso, né? A verdade é que juntando<br />

várias bandas tocando clássicos de<br />

uma banda venerada e reconhecida fica<br />

muito difícil agradar todo mundo.<br />

Quando a banda convidada para<br />

o tributo tem interesse em fazer uma<br />

versão da música original então, quase<br />

sempre é alvo fácil de críticas, narizes<br />

torcidos e muita aporrinhação. Mas o<br />

que difere um ótimo e interessante tributo<br />

daquele álbum típico caça-níquel<br />

está na qualidade das bandas e também<br />

no artista homenageado, claro.<br />

Além disso, a diferença também<br />

pode estar na união das bandas em prol<br />

do projeto, na vontade e garra que cada<br />

grupo se entrega para a música a ser<br />

interpretada. Por isso é possível dizer<br />

que o álbum Many Minds, tributo ao<br />

Nitrominds, é uma das pérolas lançadas<br />

neste ano e que merecem toda a sua<br />

atenção. O motivo vamos contar agora,<br />

tenha paciência, pois eu sei que você<br />

já deve ter lido sobre este álbum em<br />

algum lugar por aí. Vamos tentar fazer<br />

algo diferente para te dar uma real<br />

ideia da importância deste tributo.<br />

Para começar este tributo surgiu<br />

da cabeça de um fã da banda, o Fabio<br />

Chagas, proprietário do selo Two<br />

Hands Records. O selo já assume pra<br />

si um papel fundamental neste projeto.<br />

Em seguida vêm as parcerias: Monophono<br />

Estúdio (masterização), Q<br />

Arte Studio (arte e encarte), além do<br />

apoio do Chagaz Tattoo Studio. Logo<br />

depois estão as bandas, cada uma com<br />

a sua história, importância e peso, e<br />

bota peso nisso.<br />

Antes é preciso dizer que o Nitrominds<br />

foi uma das bandas mais importantes<br />

do país, não só pela qualidade<br />

musical do trio formado por André,<br />

Lalo e Edu, mas também pela sua coragem<br />

de botar a mão na massa, organizando<br />

as próprias turnês, lutando todo<br />

dia contra um tubarão e sobrevivendo<br />

por quase 20 anos na estrada. É muita<br />

história pra contar, muitos shows, muita<br />

música, tudo muito. Muito foda!<br />

O bom de um tributo como este é que<br />

faz ressurgir um novo público que nunca<br />

deve ter escutado Nitrominds e que<br />

irá procurá-los só para saber se os caras<br />

eram tudo isso. Já consigo imaginar uma<br />

galera boquiaberta constatando o óbvio:<br />

sim, eles eram tudo isso. E o primeiro<br />

som do tributo só dá provas disso…<br />

O álbum começa te jogando na parede,<br />

é com a música “Imperialism” se<br />

encaixando perfeita com a banda Ação<br />

Direta que o álbum mostra ao que veio.<br />

Não espere menos, logo você estará<br />

ouvindo o som no último volume. Tenho<br />

dó dos seus vizinhos (mentira, que<br />

se fodam os seus vizinhos).<br />

Depois vem a banda Austin apresentando<br />

a melódica “Down and Away”. A<br />

música com maior frescor de juventude<br />

do álbum. Me fez lembrar dos tempos<br />

que ficava vadiando pela rua, com<br />

meu tênis All Star quase rasgando, ainda<br />

num tempo que arranhava um pouco<br />

de guitarra, saia na madruga para beber<br />

pinga com Coca-Cola com os amigos.<br />

Bons tempos, mas acho que acabei divagando<br />

um pouco, vamos voltar para<br />

o tributo.<br />

Em seguida vem a música “Something<br />

to Believe”, interpretada pela<br />

Kacttus, banda do qual nunca negou<br />

possuir Nitrominds em suas veias.<br />

Uma das melhores músicas do álbum,<br />

sem dúvida nenhuma.<br />

A banda Q.I? traz “About The<br />

Truth” com uma introdução bem bacana.<br />

Não sei o que o André, Lalo ou<br />

Edu pensaram a respeito quando ouviram<br />

este som, mas acredito que ficaram<br />

bem orgulhosos, não consigo ver onde<br />

é possível reclamar dessa faixa.<br />

Fiquei feliz em saber que pelo menos<br />

um dos sons do Nitrominds cantados<br />

em português tenha recebido a<br />

devida menção. A banda La Marca,<br />

formada em 2009, manteve a pegada<br />

da música original, mas é claro que é<br />

possível ver que existem elementos da<br />

banda na música. Afinal, é tributo, não<br />

cover.<br />

Minha favorita, a que ouvi repetidas<br />

e repetidas vezes é “Room With Parasites”.<br />

A banda Bambix dá o recado<br />

e mostra toda a sua qualidade nessa<br />

maravilhosa faixa. Vale citar que a participação<br />

da Bambix nesta coletânea<br />

é mais do que sincera, a banda já fez<br />

algumas turnês com o Nitrominds e até<br />

podemos dizer que existem influências<br />

mutuas. Essa música já vale o álbum,<br />

mas ainda tem muita coisa boa.<br />

O céu desaba na sétima faixa, Sistema<br />

Sangria apresenta/representa “Policemen”.<br />

Grindcore, punk/ metal. Tudo<br />

junto e tudo muito bom. Repare que no<br />

meio da música surge uma referência ao<br />

Black Sabbath, reparou? Não? Volte para<br />

o início do álbum e escute tudo de novo!<br />

A música “Fences All Over” é outra<br />

versão incrível contida neste álbum.<br />

Interpretada pela banda Gagged. Não<br />

sou do tipo que fica dando nota para<br />

álbuns e bandas, como se isso significasse<br />

alguma merda. Mas é preciso<br />

dizer que ficou nota dez essa versão…<br />

hehehehe<br />

A banda Nox entra com a faixa<br />

“Flowers and Common View”, dá pra<br />

sentir uma pegada também melódica,<br />

um pouco diferente da original no começo<br />

da música, porém também boa.<br />

De qualquer forma me fez procurar<br />

pela banda na web.<br />

Na décima faixa surge “Sick Man”<br />

pelas mãos da banda Caffeine Blues.<br />

Excelente ideia de cantar o refrão dessa<br />

música em português, deixando até<br />

mais forte a canção. Outra banda nascida<br />

em Santo André, deixando claro<br />

também que além das influências naturais<br />

pelo estilo de som, o Nitrominds<br />

também foi uma inspiração para o surgimento<br />

de diversas bandas no ABC.<br />

Em seguida vem a banda Typhoon<br />

Motor Dudes com “Sun Shines Outside”.<br />

Confesso que na primeira vez que<br />

ouvi não curti muito, mas na segunda<br />

vez, prestando um pouco mais de atenção,<br />

reparei que essa música ficou com<br />

uma levada meio Billy Idol. E não, isso<br />

não é uma crítica, é um elogio!<br />

Logo depois vem a banda Taiko<br />

com “We Need To Realize”. Não vou<br />

bancar o sabichão aqui, não conhecia<br />

a banda. Uma ótima surpresa, essa versão<br />

mais gutural e com a batera super<br />

trabalhada deu um grande peso para a<br />

música.<br />

Ao contrário de vários sites por aí<br />

que ignoraram algumas das bandas<br />

presentes neste tributo, algo que considero<br />

meio ilógico porque justiça<br />

deve ser feita (ou se fala de todas ou<br />

de nenhuma), achei estranho o pouco<br />

que foi citado dessa versão do Mollotov<br />

Attack para “Fire and Gasoline”.<br />

Porradaria digna de nota e bem como<br />

citou a resenha do Resgate HC, é um<br />

hardcore lindo mesmo!<br />

Como na música “Punk Inglês” do<br />

Fogo Cruzado, eu diria que “aqui não<br />

é Londres para entender inglês”. Pois<br />

é, com essa prévia diria que a banda<br />

FISTT desempenhou com muita dignidade<br />

a música “Seeds In The Ground”.<br />

Vale lembrar que os caras estão na ativa<br />

desde 1994, por isso todo o respeito<br />

a banda pela sua história.<br />

Na décima quinta faixa está a banda<br />

350ml com a bela “On the road”.<br />

Os caras vieram com a mesma pegada<br />

da canção original. Acredito que neste<br />

caso fizeram o certo mesmo, pra que<br />

tentar criar algo em cima de algo que<br />

já está ali, ótimo.<br />

A música “Usefull For Losers” ficou<br />

com a banda Bullhead que mudou o<br />

início da música dando um tom mais<br />

“we are the world” pra mesma, mesmo<br />

assim ficou bacana. É o clima de<br />

despedida do álbum, chegamos aos últimos<br />

sons do tributo.<br />

A banda Visão Vermelha fez algo<br />

incrível na “Gunshot”, música instrumental<br />

do Nitrominds. Parecia que a<br />

polícia tinha invadido a minha casa e<br />

começado a metralhar tudo. Impressionante<br />

a energia depositada pela banda<br />

nessa música. Baixo sujo, guitarra<br />

distorcida e bateria simplesmente fodástica.<br />

Para fechar o tributo tem “Modern<br />

Family” interpretada apenas na bateria<br />

pelo Daniel Blume. Confesso que<br />

senti muito a falta da guitarra e do<br />

baixo, mas quem conhece pelo menos<br />

um pouco de bateria sabe o quanto foi<br />

corajoso o Daniel. Mas no fim não é<br />

de coragem que se precisa, mas de técnica<br />

e qualidade. Isso foi apresentado<br />

de sobra.<br />

Como não poderia ser diferente, o<br />

próprio Nitrominds encerra o álbum.<br />

Os caras aparecem com uma versão<br />

ao vivo de “We Can Only Live Now”.<br />

Os mais saudosistas devem ter chorado<br />

nesta parte, quase fui um deles.<br />

Tributo incrível e que merece toda a<br />

sua atenção. Para ouvir o álbum acesse<br />

o Bandcamp da Two Hands Records<br />

(http://selotwohandsrecords.bandcamp.com/).<br />

(MM)<br />

Begative Control<br />

Além do seu Limite<br />

Independente – Nacional<br />

Antes mesmo do fim do primeiro<br />

compasso da faixa de abertura,<br />

“Mostre sua verdade”, já dá pra ter<br />

uma certeza sobre o álbum: o Negative<br />

Control não vai aliviar! Com o respaldo<br />

de uma cozinha perfeita, fruto dos<br />

anos de entrosamento entre o baterista<br />

Pingo e o baixista Junior, a guitarra<br />

dispara riffs certeiros, como na roleta<br />

russa de diversões sádicas, que soam<br />

ainda mais fortes sobre a ótima linha<br />

de baixo, enquanto a vocalista Cláudia<br />

dá uma pequena amostra de toda a<br />

agressão que está por vir.<br />

Vista o capacete, porque seja colocando<br />

em cheque as escolhas da vida<br />

moderna ou te desafiando a fazer a diferença<br />

no mundo, é impossível não se<br />

deixar contagiar pela energia do disco<br />

e pelo vocal destruidor, que te faz querer<br />

chutar até o teto da sala!<br />

A qualidade excelente da gravação<br />

colabora para tornar a audição desse<br />

álbum uma experiência ainda mais<br />

profunda. A produção é fantástica e te<br />

leva por um passeio muito interessante,<br />

principalmente à bordo de um bom<br />

par de fones de ouvido, onde o trabalho<br />

feito na mixagem fica ainda mais perceptível.<br />

Difícil vai ser segurar a onda<br />

no volume…<br />

É tanto tapa na cara, que vale um<br />

aviso aos mais impressionáveis. Muitas<br />

vezes você irá perceber a vocalista<br />

falando diretamente com você. Não<br />

pense que é uma indireta. É um direto,<br />

no queixo, daqueles que te deixam<br />

falando fofo. E sempre acompanhado<br />

de todo o peso das baquetas de Pingo,<br />

com a habitual precisão e velocidade.<br />

Mas não leve para o lado pessoal, eles<br />

só precisavam aliviar o rancor.<br />

Uma das novidades fica por conta<br />

das guitarras. É nítida a opção da banda<br />

por um timbre menos sujo, onde ficam<br />

mais explícitas as qualidades do<br />

guitarrista André, tanto na execução<br />

dos riffs quanto no uso dos efeitos, que<br />

em alguns momentos lembram bastante<br />

a abordagem de Tom Morello (Rage<br />

Against the Machine), deixando de se<br />

dedicar exclusivamente às bases das<br />

músicas, como nos trabalhos anteriores,<br />

e trazendo novas texturas e ambiências.<br />

Destaque para o riff de “Guerreiro”,<br />

que faz sua cabeça balançar até<br />

gastar as dobradiças do pescoço.<br />

Claro que a crítica social não poderia<br />

ficar de fora, e segue bem representada<br />

pelas ótimas “Desocupação”<br />

e “Onde está a paz?”, assim como o<br />

bom e velho hardcore, que ainda corre<br />

quente nas veias do quarteto, como nas<br />

faixas “Insensível conduta” e “Suplantar<br />

apatia”.<br />

“Faça a diferença” e “Lado a lado”<br />

tem um enorme potencial radiofônico e<br />

não será nenhuma surpresa olhar pelo<br />

vidro do carro e ver alguém se descabelando<br />

ao som de uma delas, naquelas<br />

programações da hora do rush das<br />

‘rádio rock’ país afora. Um dos destaques<br />

do disco fica por conta da faixa<br />

“O preço do progresso”, com uma letra<br />

que é uma verdadeira facada no rim da<br />

geração Facebook/Instagram e ainda<br />

tem uma linda linha de baixo.<br />

O álbum, que ainda conta com<br />

a participação especial de Priscila<br />

(Trassas), dividindo os vocais com<br />

Claudia na faixa “Mente positiva”,<br />

vem pra reforçar o momento de ótimos<br />

lançamentos da música independente<br />

brasileira e deixar um recado: o<br />

Negative Control está de volta, e não<br />

está pra brincadeira.<br />

Para fazer o download do álbum<br />

basta acessar o link: http://migre.me/<br />

mhGeD. (WC)<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 35


RRock Report<br />

Enaltecendo o Culto ao Ódio<br />

Por Leonardo Moraes<br />

Fundada em 1988 pelo baixista/vocalista Vincent Crowley , o Acheron<br />

(nome tirado da mitologia grega que quer dizer “rio da aflição”) é<br />

uma das bandas que fizeram parte da cena inicial do Death Metal norte<br />

americano no final dos anos 80 juntamente com Deicide, Morbid Angel e<br />

Cannibal Corpse. Diferentemente dessas bandas, o Acheron ficou um tempo<br />

popularmente conhecido pela associação do vocalista com a Church of<br />

Satan (igreja fundada pelo já falecido Anton Szandor LaVey) e por ter participado<br />

de debates religiosos com evangélicos pela TV nos EUA, apesar de<br />

limitada produção de álbuns da banda nessa fase, o Acheron sempre contou<br />

com a participação de músicos convidados ao longo da sua carreira. Em<br />

2014 o line up da banda é: Vincent Crowley, Art Taylor, Vincent Crowley,<br />

Bradon Howe and Shaun Cothron. Vincent Crowley atendeu gentilmente<br />

a Underground Rock Report e conversamos um pouco sobre a Church of<br />

Satan, turnês, mudanças de line up e sobre o último álbum confira:<br />

Underground Rock Report: Se você não se importa, poderia nos contar<br />

um pouco como foi seu envolvimento com a Church of Satan e se eles<br />

ainda existem nos EUA?<br />

Vincent Crowley: Eu já tinha ouvido falar da Church of Satan muitos anos<br />

antes de eu entrar. Mas somente quando o Acheron trabalhou com Peter H<br />

Gilmore (que atualmente é o sacerdote supremo da Church of Satan) foi quando<br />

ele me apresentou outros membros da Ordem que me apresentaram ao<br />

fundador da Church of Satan ,Anton Szandor LaVey. Depois de trabalhar junto<br />

com o Dr La Vey, aí sim é que me tornei sacerdote da Church of Satan, por<br />

uns 10 anos. Nesse tempo conheci muita gente interessante e talentosa no qual<br />

aprendi muito, mas é claro, havia também aqueles que eu chamava de ovelha<br />

negra dentro da organização, que davam o mesmo tipo de trabalho que dão<br />

essas aberrações evangélicas. E eu tinha que corta-los do grupo ou de qualquer<br />

outra atividade relacionada com a Church of Satan. Eu me dediquei a ordem<br />

como um todo e a tudo a que se referia a ela, não apenas a um grupo de pessoas<br />

isoladas ou determinados grupos afiliados a Church of Satan. Sim, eles ainda<br />

existem mas não faço idéia como estão as coisas atualmente.<br />

URR: Eu soube que você atualmente não faz mais parte da Church of<br />

Satan ou de qualquer outra seita satânica. Por que você tomou essa decisão?<br />

VC: Porque eu simplesmente não acredito mais em nenhum tipo de organização<br />

religiosa. Satanismo é coisa pessoal, eu sou a igreja de mim mesmo,<br />

não preciso freqüentar nenhum lugar pra confirmar minhas crenças. Eu posso<br />

trabalhar com outras pessoas que compartilham o mesmo ponto de vista que<br />

o meu e está ótimo pra mim. Acho que os seres humanos não deveriam confiar<br />

tanto em nenhum tipo de associação religiosa, pois acabam deixando pra<br />

trás seu verdadeiro estilo de vida por conta desta ou aquela afiliação religiosa.<br />

URR: Você acredita que na época em que você esteve envolvido na<br />

Church of Satan, foi bom pra promover a banda na mídia?<br />

36 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


VC: Na verdade, nossa afiliação com a Church of Satan não nos ajudou<br />

em nada (risos). Claro, não vou mentir que até tivemos uma pequena atenção<br />

da mídia por conta disso mas, ao mesmo tempo tivemos muitos problemas<br />

também como contrato de gravadora e shows cancelados. Agora está muito<br />

melhor porque não temos vinculo com ninguém a não ser com nós mesmos.<br />

URR: Em 2003, você gravou um álbum de covers, a Tribute to the Devils<br />

Music. A escolha particular daquelas musicas tinham algo a ver com<br />

Satanismo ou eram simplesmente seus grupos favoritos?<br />

VC: Um pouco de cada coisa, mas na verdade eu cresci ouvindo aquelas bandas<br />

(Iron Maiden, Judas Priest, Kreator, Venom), além disso, tínhamos anteriormente<br />

gravado aqueles sons em outros álbuns tributos, alguns deles até difícil de<br />

achar hoje em dia. Então a idéia era colocar tudo em um único cd, para nossos fãs<br />

pegarem as musicas e não ter que sair comprando os outros CDs.<br />

URR: Você poderia falar um pouco sobre Kult Des Hasses, o siginificado<br />

da escolha desse titulo para o álbum e quais as diferenças entre o<br />

ultimo álbum, The Final Conflit, the Last Days of God?<br />

VC: Sim! Nós já tínhamos algumas músicas prontas há um bom tempo,<br />

para o lançamento de Kult Des Hasses”: Satan Holds Dominion, Thy<br />

Father Suicide, Whores And Harlots, Jesus Wept, Asphyxiation (Hands of<br />

God), que inclusive estávamos executando ao vivo. Só estávamos a procura<br />

de uma gravadora nova para lança-lo uma vez que não fazíamos mais<br />

parte da Displeased Records, até que encontramos a Listenable Records,<br />

que se interessou em lançá-lo. O significado do título está em alemão,<br />

que inglês significa “Cult of Hatred” (Culto de ódio em português). Eu<br />

pessoalmente acho que esse álbum foi o melhor escrito e composto que já<br />

fizemos. Todas as músicas são cativantes mas sem perder a agressividade e<br />

a obscuridade. Dan Swanno mixou e masterizou “Kult Des Hasses” dando<br />

nos um resultado matador, que parece que estamos de volta aos primeiros<br />

dias do Death Metal anos 80 e começo dos anos 90. Acho que o novo álbum<br />

não perdeu a essência do que você pode ouvir em The Final Conflit, porém<br />

ele está muito mais pesado, com mais riffs de guitarra, estamos muito satisfeitos<br />

com o resultado.<br />

URR: Porque o titulo Concubina do Diabo está em português? Uma<br />

homenagem ao Brasil? Fale-nos um pouco mais...<br />

VC: Nós fizemos nossa segunda turnê brasileira ao lado do Obituary em<br />

2012 e foi um grande sucesso. Tivemos uma boa receptividade das pessoas<br />

e fizemos grandes amigos nos lugares que passamos, eu senti que tínhamos<br />

que retribuir de algum modo e achamos que colocar uma música com o<br />

título em português seria uma ótima maneira de retribuir.<br />

URR: Um bom tempo atrás eu lembro que você tinha publicado no<br />

Facebook que achava um absurdo as pessoas perderem tempo publicando<br />

falsas noticias, o que concordo com você. A notícia, então dizia que o<br />

baterista Kyle Severn tinha deixado o Acheron, o que acabou acontecendo<br />

algum tempo depois na verdade. Foi coincidência? E quais foram os<br />

motivos que o levaram a deixar a banda? Vocês ainda são amigos?<br />

VC: Foi coincidência! Kyle e eu trabalhamos juntos por anos. No passado<br />

éramos amigos pessoais e isso fazia com que trabalhássemos melhor<br />

juntos, mas as coisas mudam com o passar dos anos e foi o que exatamente<br />

aconteceu. Eu não tenho nenhum ressentimento por isso e fico contente<br />

dele ter feito parte da historia do Acheron. Mas, nenhum de nós quer trabalhar<br />

juntos novamente isso já está definido. O Incantation é dele e o Acheron<br />

é meu! Acho que nós dois estamos menos estressados agora (Risos)<br />

URR: Você consideraria que o Line up do Acheron está muito melhor<br />

atualmente?<br />

VC: Através dos anos eu tenho trabalhado com muitos músicos talentosos,<br />

então eu não gosto de afirmar que este line up é melhor que aquele<br />

pois, cada pessoa é uma pessoa diferente e tem seu modo particular de<br />

fazer as coisas. A única preocupação através dos anos foi reunir uma boa<br />

energia juntos e botar pra quebrar. Atualmente eu também estou com músicos<br />

talentosos e deixo para os fãs decidirem qual line up é melhor. Nossa<br />

única preocupação é botar pra quebrar sempre ao vivo e gravar um próximo<br />

álbum ainda melhor que Kult Des Hasses.<br />

URR: Como está o relacionamento com a nova gravadora, a Listenable<br />

Records? Melhor que a antiga Displeased Records?<br />

VC: Melhor impossível! A Listenable Records apóia o Acheron em<br />

100%! Eles são mil vezes melhor que a antiga gravadora Displeased Records.<br />

Sem mencionar que o proprietário da Listenable, Laurent, é fã do<br />

Acheron. Ele acredita na nossa música e quer elevar a banda no mais alto<br />

nível, sinceramente eles têm sido a melhor gravadora que já trabalhamos.<br />

URR: Qual sua opinião sobre o Death Tribute Project - DTA?<br />

VC: Eu acho legal! Acredito que é uma homenagem à altura para os fãs<br />

do Death, tenho certeza de que Chuck aprovaria.<br />

URR: Como estão às turnês do Acheron em 2014? Você poderia dar<br />

um resumo do que tem acontecido?<br />

Vc: Infelizmente o Acheron não fez nenhuma turnê em 2014! Uma das<br />

razões foi a procura de um novo baterista e um segundo guitarrista permanente,<br />

se fizermos algum show será localmente entre novembro e dezembro,<br />

mas não é certeza. Mas para 2015 nós planejamos colocar o pé na<br />

estrada novamente.<br />

URR: Atualmente você está envolvido em algum projeto que você gostaria<br />

de mencionar?<br />

VC: Sim, eu toco também no CRIMSON HEROIN mas não tem nada<br />

haver com Death ou Black Metal. A banda é influenciada por industrial/<br />

eletrônico/heavy metal, é bem diferente mas é algo legal de estar fazendo.<br />

URR: Em sua opinião o Death metal pode ser composto de diferentes<br />

e novos elementos na musica, como fez o Morbid Angel no ultimo disco?<br />

Falando nisso o que você achou dos últimos álbuns do Deicide e Morbid<br />

Angel?<br />

VC: Depende muito da banda em questão e dos músicos. Acho que cada<br />

um faz o que quiser. O resultado pode ser tanto positivo como negativo. O<br />

ultimo álbum do Deicide eu curti muito, tem mantido a mesma linha mas<br />

realmente eu não gostei do novo disco do Morbid Angel.<br />

URR: o que você acha da atual cena do Death Metal nos EUA e no<br />

mundo? Há alguma banda de Death Metal que você acha que tem se<br />

destacado atualmente na cena atualmente?<br />

VC: A cena só existe para quem realmente curte o estilo, mas infelizmente<br />

nos Estados Unidos ela não é grande por conta de porcarias como Hip<br />

Hop, Rap que predomina na cultura norte americana, destruindo o cenário<br />

musical de outros estilos. Eu acho que o cenário Europeu é muito mais<br />

aberto a todos os estilos de metal do que o norte americano, sem duvida.<br />

Mas eu confesso a você que na America do Sul é aonde a cena Metal é a<br />

maior do mundo. Os fãs nessa região são simplesmente demais. Acho que<br />

o Belphegor tem se destacado bem atualmente na cena de Death Metal, eu<br />

realmente tenho curtido seus últimos álbuns.<br />

URR: Para terminar, o Acheron fez uma tour no Brasil no final de<br />

2008, mas os fãs da cidade de São Paulo ficaram frustrados porque o<br />

show foi cancelado. Você lembra o que aconteceu na época?<br />

VC: Ah sim, eu lembro! Eu e Kyle (o então, baterista) ficamos presos no<br />

aeroporto de Nova York por conta do atraso do vôo devido ao mau tempo e<br />

acabamos perdendo o vôo de conexão que nos levaria para São Paulo. Foi<br />

um verdadeiro pesadelo aquilo, principalmente porque o show de São Paulo<br />

seria no dia do meu aniversário e tivemos que ficar num hotel até o dia<br />

seguinte para pegar o próximo vôo. O restante da tour pelo Brasil ocorreu<br />

bem. Apenas no final da tour, já no nosso ultimo dia antes de voltar é que<br />

ficamos em São Paulo e demos uma volta pela Galeria do Rock, achei incrível<br />

aquele lugar,varias lojas de CDs muito legais, tudo muito fantástico.<br />

Felizmente pudemos fazer uma tour completa no Brasil em 2012 ao lado<br />

do Obituary, e Nervo Chaos que simplesmente foi demais!! Não vejo a hora<br />

de retornarmos ao Brasil e encontrar nossos fãs.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 37


RRock Report<br />

Um brilhante caminho pela frente<br />

Por JP Carvalho<br />

Um dos prazeres desta vida está em descobrir as coisas! Sinto-me privilegiado<br />

em poder conversar com tantas pessoas e descobrir um pouquinho<br />

mais de cada um deles. Mas quando me deparo com pessoas muito<br />

mais jovens do que eu, e que possuem conteúdo, mostram que sabem exatamente<br />

o que querem da vida e lutam bravamente por isso, muitas vezes<br />

chego perto das lágrimas. Com Renato Pestana, baterista da banda Fatal,<br />

foi assim, já o conhecia de vista, mas ter esse bate papo repleto de sintonia<br />

e caráter, me deixou feliz, e com certeza renovou minhas esperanças na<br />

juventude deste país.<br />

A banda Fatal pratica um Thrash Metal e nasceu na Zona Norte da cidade<br />

de São Paulo em meados de 2012.<br />

Desde que a formação se estabilizou com os músicos Julia Yago no<br />

contrabaixo, Lucas Chuluc e João Dias nas guitarras, o já citado, Renato<br />

Pestana na bateria e Abracax nos vocais, o grupo vem investindo em suas<br />

composições, que possuem fortes influências do hardcore punk/crossover e<br />

se inspirando em bandas como Exodus, Venom e Cro-Mags.<br />

A temática das letras é, resumidamente, influenciada pelos pecados capitais,<br />

com bases na literatura religiosa, cinema e na realidade humana.<br />

Já tocou ao lado de bandas como FireStrike, Trevas, Bandanos, Imminent<br />

Attack, Chemical, Rider, e muitas outras e em casas localizadas desde<br />

o centro de São Paulo até lugares como Jandira. Entre essas casas, destaca-<br />

-se o Inferno Club na Rua Augusta.<br />

Atualmente, a banda está finalizando as gravações de seu EP, que tem<br />

previsão de lançamento para Novembro de 2014.<br />

Confira a seguir entrevista com o baterista Renato Pestana.<br />

Underground Rock Report: Antes de começarmos, obrigado pelo seu<br />

tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, fale-nos sobre<br />

você e suas atividades.<br />

Renato Pestana: Opa! Primeiramente gostaria de agradecer pela oportunidade,<br />

estou bem feliz de poder conversar com vocês. Obrigado!<br />

Bom, sou o baterista da banda Fatal, que mesmo existindo desde meados<br />

de 2011 (com outros integrantes e até outro nome), tem aparecido um pouco<br />

mais no cenário paulistano de Thrash Metal no ultimo ano.<br />

Tenho estado bastante ocupado com os diversos shows e as gravações do<br />

nosso primeiro EP que acabaram recentemente. Com o pouco tempo que<br />

38 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

me sobra, me mantenho ativo estudando o instrumento, fazendo trabalhos<br />

freelance, gravando para alguns amigos e até mesmo dando aulas.<br />

A parte de tudo isso, tenho um projeto de rock progressivo que logo<br />

entrará em estúdio e lançará material próprio também.<br />

URR: Como você se tornou baterista?<br />

Renato: Meu primeiro contato com a bateria foi aos 8 anos, eu acho.<br />

Meu irmão estudava violão e um dia fui visitar a escola onde ele tinha as<br />

aulas. Eu vi uma bateria pequena e posso dizer com certeza que foi amor a<br />

primeira vista. Lembro que passei a tarde toda batendo nos tambores sem<br />

ter a mínima noção do que estava fazendo (risos).<br />

Mais tarde, lá pelos meus 10 anos de idade, minha mãe me viu fazendo<br />

air drums e me prometeu que um dia me daria uma bateria. Ela cumpriu a<br />

promessa e aos 12 anos ganhei meu primeiro kit.<br />

Comecei a estudar sem saber muito bem o que queria com o instrumento.<br />

Acho que passei praticamente um ano sem ter muita ideia do que queria.<br />

Isso mudou completamente a partir do momento em que conheci o Ian Paice<br />

e o Deep Purple. Foi ali, que decidi que me tornaria um verdadeiro baterista.<br />

URR: E como foi o seu primeiro contato com um professor? Você acha<br />

que aulas de música deveriam figurar na grade escolar de todo o país?<br />

Renato: Com certeza! Música é cultura e, apesar de o Brasil ter uma<br />

cultura muito rica, ela não é bem disseminada.<br />

Creio que se lecionassem música nas escolas públicas como parte da<br />

grade curricular, já haveria um grande avanço na disseminação cultural e<br />

abriria mais espaço para música boa na mídia em geral. Nunca tive professores<br />

de nome e nunca estudei em escolas de música famosas, mas devo<br />

muito aos professores que tive, pois me ensinaram a gostar de tudo o que é<br />

bom e bem feito. E me mostraram que música é, acima de tudo, sentimento.<br />

URR: Fico muito feliz em ouvir isso! Como é a sua relação com outros<br />

tipos de músicas que não o Heavy Metal ou o Rock em geral?<br />

Renato: Não me prendo muito a estilos musicais. Sempre ouvi de tudo,<br />

gosto de música em geral, desde que soe boa aos meus ouvidos.<br />

Cresci ouvindo MPB, Bossa Nova e Samba e acho que isso contribuiu<br />

muito para o meu gosto musical hoje em dia.<br />

Gosto muito das músicas dos anos 60 e 70, pois foi uma época em que


havia muito experimentalismo, não haviam muitos limites na música e as<br />

pessoas tinham liberdade pra criar, mudar e mesclar estilos a bel prazer.<br />

E, por incrível que pareça, não sou um grande fã do Heavy Metal e nem<br />

das suas vertentes mais pesadas. É um dos estilos que menos ouço, na verdade.<br />

Não é algo que me influencia tanto.<br />

URR: E isso de alguma forma influência na sua maneira de tocar,<br />

melhor, você agrega diversos outros estilos na hora da criação das suas<br />

linhas de bateria?<br />

Renato: Sim, com certeza! Apesar de o Thrash Metal ter linhas de bateria<br />

um tanto limitadas, tento sempre colocar um pouco do swing e do<br />

feeling que trago do Jazz e do Funk.<br />

Muitos bateristas de Metal atuais se esquecem de onde vieram. A história<br />

da bateria esta intimamente ligada à história do Jazz e foi a partir dali que<br />

a maioria dos estilos evoluiu.<br />

Bateristas como John Bonham, Cozy Powell, Mitch Mitchel e Ian Paice<br />

beberam da mesma fonte e essa fonte é o Jazz. E, se todos eles são admirados<br />

hoje em dia, então por que não bebemos o mesmo que eles para, quem<br />

sabe, sermos admirados num futuro distante?<br />

URR: E como é a receptividade das suas ideias na banda Fatal?<br />

Renato: Minhas ideias são sempre muito bem aceitas assim como as<br />

dos outros integrantes, tanto na hora de compor quanto na hora de decidir<br />

alguma coisa relacionada ao futuro da banda.<br />

Somos bem unidos e pensamos de forma bem parecida, isso contribui<br />

muito para as composições também. Sempre que discordamos em algum<br />

ponto, tentamos melhorar aquilo de forma que todos fiquem satisfeitos.<br />

URR: A banda é bem jovem, isso cria algum tipo de problema para<br />

vocês na hora de agendar shows? E como tem sido a aceitação do público<br />

aos shows de vocês?<br />

Renato: Até hoje não tivemos muitos problemas com agendamento de shows<br />

e, por sermos novos, temos até uma aceitação um pouco maior do publico.<br />

A galera sempre acha legal gente da nossa idade fazendo um som direto e com<br />

tanta influencia do Thrash dos anos 80. Mas para nós é normal, temos varias<br />

bandas parceiras que fazem o mesmo tipo de som e não estranhamos nada disso.<br />

URR: O que você pode nos adiantar sobre o EP da Fatal?<br />

Renato: Se eu te contar, vou ter que te matar. (Risos)<br />

Mas posso adiantar que vem coisa boa por aí! Como a maioria sabe,<br />

gravamos no DaTribo e a rapaziada lá é bem qualificada e gente fina. Foi<br />

um trabalho bem bacana, ficamos bem a vontade com eles e estamos bem<br />

confiantes.<br />

O EP será intitulado Fatal Attack e com certeza fará jus ao nome. Os sons<br />

são rápidos e pesados, com riffs marcantes e vocais potentes e diretos. Há<br />

inclusive uma faixa com partes mais cadenciadas e pesadas que, acho que<br />

vai agradar bastante o publico.<br />

Tenho certeza que a galera não vai se decepcionar!<br />

mas com pouquíssimo apoio por parte da mídia e do publico.<br />

Poucas pessoas compram o material das bandas, poucas pessoas divulgam<br />

e poucas vão aos shows. Infelizmente essa é a realidade da cena nacional<br />

nos últimos anos.<br />

Na cena paulistana, é dado mais valor às bandas covers do que às bandas<br />

autorais e isso é muito triste e faz com que algumas pessoas acabem desistindo<br />

de seus trabalhos autorais por não receberem o prestigio merecido.<br />

Diversos bares e casas de show simplesmente fecham as portas para bandas<br />

autorais, isso quando não cobram uma fortuna para ter a banda tocando no<br />

local.<br />

Há também, um certo preconceito entre bandas, algumas são muito mal<br />

vistas por alguns músicos e eles mesmos se fecham para o próximo. Isso<br />

acaba ‘elitizando’ a cena e eu, pessoalmente, não gosto nem um pouco<br />

disso. Deveríamos nos unir, e não nos separar ainda mais.<br />

Mas creio também que houve uma certa melhora nos últimos tempos,<br />

mas ainda há muito o que mudar. Mas isso vem com o tempo.<br />

Vamos continuar lutando para que a cena independente do metal nacional<br />

continue crescendo!<br />

URR: Você acha que falta iniciativa do público em ir aos shows ou<br />

a qualidade das bandas autorais fica devendo e por isso não desperta o<br />

interesse das pessoas?<br />

Renato: Com certeza falta iniciativa do publico. Há bandas sensacionais<br />

na cena nacional, porém as pessoas estão acomodadas com o que conhecem<br />

e não têm a mínima vontade de conhecer coisas novas, infelizmente é<br />

a mentalidade de muitos brasileiros.<br />

URR: O cenário Metal no Brasil é enorme, mas escassa dentro da sua<br />

própria casa, você enxerga alguma mudança em um curto prazo e quais<br />

deveriam ser nossas atitudes para que essa realidade mudasse?<br />

Renato: É difícil saber. Como disse antes, tenho visto uma certa melhora<br />

nos últimos tempos, mas ainda está longe de ser o que a maioria das bandas<br />

idealiza.<br />

Acho que quem deve tomar atitudes para mudar essa realidade não são<br />

apenas os músicos e as bandas, que nunca deixam de correr atrás, mas os<br />

produtores e administradores de bares e casas de show.<br />

Algumas casas já começaram a mudar e estão aceitando mais bandas<br />

independentes em seus palcos, como, por exemplo, o Inferno Club com o<br />

Hell Metal Fest, que já na segunda edição está reunindo um line-up muito<br />

bacana, recheado de bandas ótimas.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Renato: Não tenho muitos planos para o futuro, não gosto muito de pensar<br />

no amanhã... Só quero prosperar com a Fatal e com todos os meus projetos<br />

paralelos e amadurecer profissionalmente, creio que sejam os meus<br />

principais objetivos no momento.<br />

URR: Resuma Renato Pestana em uma frase ou palavra.<br />

Renato: Diria que sou um cara muito tranquilo e sereno e me dou bem<br />

com todos à minha volta.<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-<br />

-papo, deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />

Renato: Eu é que agradeço pela conversa e pela oportunidade, foi muito<br />

bacana!<br />

Quem curtiu o papo e estiver a fim de saber mais sobre a Fatal, curte a<br />

pagina no Facebook e, se quiser saber sobre algum dos projetos paralelos,<br />

me adicione! Valeu, abraço!<br />

www.facebook.com/BandaFatal<br />

URR: Certo! Quais são as temáticas líricas da Fatal e quais são as<br />

expectativas da banda com esse futuro lançamento?<br />

Renato: Bom, temos temáticas variadas. Nos inspiramos na literatura<br />

religiosa, em filmes, em livros e na realidade humana.<br />

É um pouco difícil de explicar, mas temos a ideia de seguir um conceito<br />

baseado nos sete pecados capitais e através desse conceito ir trabalhando<br />

nossas músicas de acordo com esse tema.<br />

Quanto às expectativas, estamos bastante esperançosos. Depois do lançamento<br />

pretendemos fazer um videoclipe com uma das músicas que estará no EP e<br />

depois é provável que façamos uma pequena tour para promover o mesmo.<br />

URR: Como você vê o cenário da música pesada brasileira?<br />

Renato: É uma cena forte, que tem uma infinidade de ótimas bandas,<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 39


PProfile<br />

Luchando Por El Metal<br />

V8 foi uma banda de Heavy Metal oriunda da Argentina nos anos 80 (1980-<br />

O 1987), e foi, depois da banda Riff, um dos primeiros grupos a ter destaque<br />

dentro deste gênero na Argentina. Eles gravaram três álbuns de estúdio durante<br />

sua existência, e a maioria dos seus membros mais tarde fez parte de outros grupos<br />

de Heavy Metal da Argentina igualmente notáveis. Entre eles, se destaca, Ricardo<br />

Iorio, que tem a maior trajetória discográfica mais extensa do gênero no país.<br />

A história do V8 começa no final de 1979, quando Ricardo Iorio e Ricardo<br />

Moreno Chofa, decidir deixar o grupo Comunión Humana, para formar um novo<br />

grupo, tentando se mais pesado do que a anterior. Após dois meses de ensaios<br />

em que haviam escrito canções como Voy a Enloquecer, Asqueroso, Cansancio<br />

y Maligno, chega a hora de incorporar um baterista e publicado um anúncio na<br />

revista Segunda Mano, que foi respondido por Gerardo Osemberg.<br />

O grupo ainda não tinha nome, mas chegou a adotar alguns como, Hydra,<br />

RGR e Bloke, mas uma reunião à tarde os três na vereda de Chofa, Anibal<br />

Britos foi quem sugeriu-lhes para colocar V8, como o motor V8. Após prós e<br />

contras concordaram que V8 seria o nome que os representaria, já que sugere<br />

velocidade, potência e peso.<br />

Em julho de 1980, ocorre a primeira apresentação ao vivo, no Clube Sahores<br />

de Villa Park, Buenos Aires, com Ricardo “Chofa” Moreno (guitarra), Ricardo<br />

Iorio (baixo) e Gerardo Osemberg (bateria).<br />

Algum tempo depois, Iorio conheceu Alberto Zamambirde e tornaram-se<br />

amigos. Quando “Beto” Zamambirde decidiu sair de sua antiga banda, W.C.,<br />

devido a problemas com o guitarrista, passou a ser o novo vocalista do V8.<br />

Até o ano de 1982, Osvaldo Civile (que se suicidou no ano de 1999, quando<br />

terminou de gravar o último álbum do Horcas) tocava em uma banda chamada<br />

Té De Brujas; era famoso por ter uma parede de Mihuras (um amplificador da<br />

época). Em maio de 1982 entrou para o V8 substituindo Ricardo “Chofa” Moreno<br />

(guitarrista fundador), que saía da banda por problemas de saúde. No primeiro<br />

ensaio, o baterista Alejandro “Pesadilla” Colantonio destruiu a bateria com a<br />

qual estava tocando; antes do ensaio seguinte, Iorio despediu o baterista, que foi<br />

substituído por Gustavo Rowek (dono da bateria destruída, ex-companheiro de<br />

Alberto Zamambirde na banda W.C e futuro baterista do Rata Blanca, na época).<br />

Com o apadrinhamento de Norberto Pappo Napolitano, um guitarrista, cantor<br />

e compositor de Blues, Rock e Metal argentino, conhecido artisticamento como<br />

Pappo e apelidado “El Carpo” que é, sem dúvida o mais importante guitarrista da<br />

Argentina. Tocaram ao vivo pela primeira vez no B.A. Rock do 82 (onde Piero<br />

pedia isqueiros e dedos em formato da letra V para cantar Manso y Tranquilo),<br />

no meio de grupos hippies que se recusaram plenamente.<br />

O primeiro álbum, Luchando Por El Metal, foi lançado em março de 1983, na<br />

etapa de maior popularidade do gênero musical, colocando-os como segunda banda<br />

mais importante da Argentina, atrás apenas do legendário Riff. Os hits eram Hiena De<br />

Metal (Com Pappo na guitarra), Destrucción (ambos haviam sido incluídos na demo)<br />

e Brigadas Metálicas. No mês de julho abriram o show do Riff no estádio da equipe<br />

de futebol Vélez Sarsfield (com uma performance muito ruim, devido às condições<br />

da produção sonora) e do espanhol Barón Rojo, em outubro, no estádio Obras.<br />

No dia 23 de dezembro apresentaram-se no campo da equipe de futebol<br />

Platense. Em ambos os shows houve incidentes muito graves, feito que colocou<br />

em perigo a continuidade não só da banda, mas de todo o Heavy Metal na Argentina.<br />

Durante todo o ano de 1984 reduziram consideravelmente o número de<br />

shows e dedicaram mais tempo à preparação do segundo álbum, Um Paso Más<br />

En La Batalla. O disco recém-gravado foi posto à venda apenas em fevereiro de<br />

1985; este período tão grande de inatividade reduziu a popularidade da banda.<br />

Realizaram algumas apresentações em no Brasil, São Paulo, mas houve<br />

desentendimentos que fizeram Iorio e Alberto Zamambirde voltarem a Buenos<br />

Aires. Chamam logo Gustavo Rowek para retornar ao V8, mas este não quis<br />

voltar à banda. Junto com Gustavo Rowek, Osvaldo Civile também se separa. A<br />

solução foi substituir este dois integrantes por Gustavo “Turco” Andino (bateria),<br />

Walter Giardino (guitarrista que mais tarde fundou o Rata Blanca) e Miguel<br />

Roldán (guitarra). Oito meses e quatro shows mais tarde, Walter Giardino foi<br />

expulso da banda, e junto com ele Gustavo “Turco” Andino também se afastou.<br />

A última formação acabou por ser um quarteto, com Adrián Cenci na bateria.<br />

Com a conversão de Alberto Zamambirde e Miguel Roldán ao cristianismo<br />

(algo inimaginável poucos meses antes), a banda lança o último disco que o<br />

contrato exigia, “El Fin De Los Inicuos”, de 1986. Os fãs não puderam acreditar<br />

que estes músicos (agressivos e pesados), a quem idolatravam, agora cantavam<br />

mensagens cristãs.<br />

No ano de 1992 foi lançado “No Se Rindan”, uma coletânea que resume o<br />

material mais compacto do grupo.<br />

Em 1996, no Estadio Obras, juntou-se parte dos ex-membros da conhecida<br />

formação do V8 para celebrar o Metal Rock Festival, como banda principal; a este<br />

acontecimento somente faltou Iorio. Outras bandas que também tocaram foram<br />

Vibrión, Horcas (de Osvaldo Civile), Logos (de Alberto Zamambirde e Miguel<br />

Roldán) e Rata Blanca (de Walter Giardino). Isso fez com que circulassem rumores<br />

que asseguravam a existência de promotores dispostos a colocar meio milhão de<br />

dólares para realizar uma re-união formal do V8, o que infelizmente não aconteceu.<br />

Formação mais importante da banda:<br />

Alberto Zamambirde- Vocal<br />

Osvaldo Civile- Guitarra<br />

Ricardo Iorio- Baixo<br />

Gustavo Rowek- Bateria<br />

Discografia<br />

1 - Demo - 1982<br />

2 - Luchando por Metal - 1983<br />

3 - Un mais passo na batalha - 1985<br />

4 - El End of the Wicked - 1986<br />

5 - No (coleção) rendição - 1991<br />

6 - Homenaje (Live) - 1996<br />

7 - No (versão remasterizada) Surrender - 2001<br />

8 - Antología - 2001 - 4CD (alguns vivem)<br />

40 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


PPalco Report<br />

BRUJERIA<br />

CLASH CLUB, São Paulo/SP,<br />

9/03/2014<br />

Dois anos depois de uma bem sucedida<br />

apresentação em São Paulo, o Brujeria<br />

retorna a capital paulistana para<br />

uma das seis datas da turnê brasileira<br />

que já passou por Curitiba, Brasilia,<br />

Palmas e deverá encerrar a passagem<br />

do grupo no Brasil passando por Rio de<br />

Janeiro e Manaus.<br />

O Clash Club abriu suas portas as 18<br />

horas como estava no flyer, mas a banda<br />

de abertura só entrou no palco às 19h45.<br />

E por falar em banda de abertura,<br />

achei bastante original a apresentação<br />

do Test, principalmente pelo visual da<br />

banda e o lance do vocalista tocar de<br />

lado para o público e de frente pro baterista,<br />

lembrando vagamente uma versão<br />

grindcore do The White Stripes. A banda<br />

é um duo formado por João Kombi nas<br />

guitarras e vocais e Thiago Barata na bateria.<br />

O Test já abriu pro Mayhem ano<br />

passado e é bem conhecido no circuito<br />

underground paulistano por fazer várias<br />

apresentações gratuitas pela cidade.<br />

O Test faz um grindcore splatter cantado<br />

em português numa velocidade<br />

descomunal que você acaba no final<br />

das contas não ligando em qual idioma<br />

o vocalista está cantando, único ponto<br />

negativo foi o som embolado já no quase<br />

final da apresentação do grupo que<br />

durou perto de meia hora.<br />

Era quase 21 horas, algumas figuras<br />

inconfundíveis do público headbanger<br />

como Shane Embury (Napalm Death)<br />

Jeff Walker (Carcass) e Nick Barker (Ex<br />

Dimmu Borgir, Cradle of filth e outros)<br />

estavam acertando os últimos detalhes<br />

da passagem de som antes de entrarem<br />

definitivamente no palco. Não demorou<br />

muito para os outros integrantes, Juan<br />

Brujo, Fantasma, Ak, subirem no palco<br />

e na seqüência, Jeff já caracterizado<br />

como El Cynico, Shane já como Hongo<br />

e Nick como Hongo Jr. Nos primeiros<br />

acordes de Verga Del Brujo, uma roda<br />

gigantesca se abriu no meio da Clash<br />

Club, levando a todos a completa histeria,<br />

o caos estava instalado, a galera<br />

agitou sem parar durante todo o set de<br />

1h15! O Brujeria completa, em 2014,<br />

25 anos de estrada, anunciou que está<br />

pra lançar um álbum novo até o final<br />

desse ano mas ainda sem data definida,<br />

sob o titulo Pocho Aztlan, música esta<br />

que foi executada durante o set list.<br />

O som não estava lá 100% no Clash<br />

Club, alternava de embolado a guitarras<br />

altas demais. Mas isso foi o de menos,<br />

show do Brujeria é diversão garantida<br />

isso é o que importa. O público parecia<br />

não se importar nem mesmo no momento<br />

em que os fios dos microfones de Juan<br />

Brujo e Fantasma se embolaram nos fios<br />

da guitarra de Hongo causando uma breve<br />

pausa na apresentação e arrancando<br />

risos dos músicos. O calor insuportável<br />

que fazia dentro da Clash era regado<br />

com os arremessos de garrafinhas de<br />

água pelo baixista El Cynico entre suas<br />

pausas para tomar uma cerveja.<br />

A apresentação do Brujeria teve até<br />

referências sobre os médicos cubanos<br />

contratados pelo governo brasileiro que<br />

serviu de introdução para a música Anti<br />

Castro, música que faz uma critica ao<br />

ex- ditador cubando Fidel Castro. Além<br />

dessa música, o destaque ficou para as<br />

canções mais conhecidas como La<br />

Migra, Matando Güeros, División Del<br />

Norte, Marcha de Odio, Brujerízmo e<br />

Consejos Narcos, entre as batidas do<br />

facão de Juan Brujo na caixa de som ou<br />

em qualquer outra superfície no palco.<br />

Outra coisa bem legal foi a interação<br />

dos vocalistas Fantasma e Juan Brujo<br />

com o público que foi muito grande<br />

boa parte do tempo, arriscando até no<br />

portunhol com a galera e um dos momentos<br />

mais engraçado foi quando os<br />

dois vocalistas simulavam negociações<br />

de contrabando com o público.<br />

Confira na integra o set list de mais<br />

um show memorável do Brujeria na capital<br />

paulistana, banda que certamente<br />

deve retornar em breve como eles disseram<br />

na despedida.<br />

GUNS N ROSES<br />

Arena Anhembi, São Paulo,<br />

28/03/2014<br />

Assistir um show do Guns N Roses é<br />

no mínimo curioso.<br />

Se você não é fã da banda, curiosidade<br />

não é o suficiente para ir. É preciso<br />

também se abstrair de conceitos e preconceitos<br />

e encarar a atração como um<br />

evento musical e artístico como qualquer<br />

outro, aí a coisa flui bem.<br />

Fundada há 29 anos, o Guns N Roses<br />

na verdade só teve 7 anos que merecem<br />

uma boa atenção. Quem viveu<br />

a adolescência nesse período de 1987<br />

a 1994, lembra perfeitamente que o<br />

Guns N Roses foi um dos gigantes da<br />

musica mundial, praticamente só se<br />

ouvia falar deles no rádio e nas revistas<br />

especializadas naquela época. A<br />

banda vendeu horrores com os álbuns<br />

Appetite For Destruction e GNR Lies,<br />

foi um dos fenômenos mundiais que<br />

lotou estádios em vários países com<br />

turnês que duravam até dois anos e<br />

meio na época dos álbuns Use Your<br />

Ilusions I e II. Depois veio o inicio da<br />

decadência com o álbum The Spaghetti<br />

Incident, mudanças na formação, ficando<br />

praticamente Axl Rose como único<br />

membro original e surgiu um tenebroso<br />

hiato que durou até o aparecimento de<br />

Chinese Democracy, o que rendeu apresentações<br />

esporádicas ao vivo do grupo<br />

já reformulado,embora atualmente não<br />

exista nenhuma previsão do Guns N<br />

Roses gravar um álbum novo.<br />

Um misto de devoção pelo que o<br />

Guns N Roses foi um dia e curiosidade<br />

levaram 22 mil pessoas a arena do<br />

Anhembi em uma sexta -feira a noite.<br />

A abertura do show de São Paulo ficou<br />

por conta do Doctor Pheabes e do<br />

Plebe Rude que fizeram um show curto<br />

para aquecer a galera até a entrada do<br />

Guns n Roses no palco que estava prevista<br />

para às 22 horas, embora atrasos<br />

já eram previstos pelos fãs, como é de<br />

costume nas apresentações ao vivo do<br />

Guns N Roses.<br />

De repente as luzes se apagaram e<br />

é tocada a introdução “Far From Any<br />

Road” que pertence a um grupo de musica<br />

country norte americano chamado<br />

“ The Handsome Family”, enquanto nos<br />

telões caveiras apareciam florescendo,<br />

dando origem ao simbolo utilizado pelo<br />

Guns N Roses. Axl Rose só entrou no<br />

palco as 23h35, com uma hora e meia<br />

de atraso iniciando os acordes com Chinese<br />

Democracy, faixa titulo do último<br />

álbum da banda que não empolgou a<br />

galera de imediato, no sentido “que música<br />

é essa?” e assim foi essa reação do<br />

público com as outras músicas de Chinese<br />

Democracy , que na minha opinião<br />

é o álbum certo mas na época errada. Se<br />

esse álbum tivesse sido lançado ainda<br />

nos anos 90, acredito que a rejeição seria<br />

bem menor atualmente. Talvez nem<br />

existisse rejeição ou tanto desconhecimento<br />

das músicas devido ao grande<br />

numero de bandas novas que estouraram<br />

nos anos 90 com muito experimentalismo<br />

e novidade, diferente do que<br />

vemos na cena metálica em geral dos<br />

anos 2000 pra cá: a maioria das bandas<br />

apresentando material no esquema mais<br />

do mesmo do que outras bandas já fizeram<br />

e Chinese Democracy se encaixa<br />

perfeitamente nesse contexto.<br />

A segunda música Welcome to The Jungle<br />

fez a galera pegar fogo junto com os<br />

efeitos de pirotecnia no palco e agitar seguidamente<br />

nas musicas conhecidas como<br />

Its so Easy, Mr Brownstone e Estranged.<br />

Então foi a vez de Better mais uma<br />

do Chinese Democracy pra dar um break<br />

na galera. Na sequencia Rocket Queen<br />

pra não deixar a peteca cair.<br />

De repente, Axl Rose foi para os<br />

bastidores trocar de jaqueta e chapéu,<br />

foi a vez do guitarrista Richard Fortus<br />

executar um solo de guitarra. Esse tipo<br />

de apresentação solo se repetiu durante<br />

o restante do set com os guitarrista<br />

Dj Ashba e Ron Bumblefoot e teve<br />

também com o pianista Dizzy Reed. A<br />

impressão que ficou é que Axl cedeu<br />

espaço para seus músicos não tão famosos<br />

quanto Slash, Izzy e Duff brilharem.<br />

Embora Axl esteja acompanhado atualmente<br />

de excelentes músicos o resultado<br />

final foi uma apresentação de técnica<br />

instrumental solo bem chata, desnecessária<br />

e interminável.<br />

Axl retornou ao palco e foi a vez do<br />

cover Live and Let Die, musica imortalizada<br />

na voz de Paul McCartney<br />

nos tempos do The Wings que agitou<br />

a galera novamente. Depois um balde<br />

de água fria com This I love, mais<br />

uma do Chinese Democracy e para dar<br />

uma esquentada nada como Holidays<br />

in the Sun, cover do Sex Pistols com<br />

o baixista Tommy Stilson fazendo os<br />

vocais. Na sequencia um solo de piano<br />

que introduziu mais uma do Chinese<br />

Democracy, Catcher in the Rye. O solo<br />

inconfundível da introdução de bateria<br />

de You Could be Mine levou a galera<br />

ao delírio, mas principalmente nessa<br />

música ficou visível que a potência da<br />

voz de Axl Rose nos agudos não é a<br />

mesma dos tempos de Use Your Ilusion<br />

I e II. Aliás nem o próprio Axl Rose é<br />

o mesmo de antigamente. A impressão<br />

que eu fiquei é que Axl Rose não quis<br />

se mostrar muito para os fãs, de óculos<br />

escuros boa parte do tempo, chapéu e<br />

jaqueta fechada o show inteiro e fez<br />

longos intervalos entre as músicas. Atitude<br />

condizente com os boatos de sua<br />

aparência física detonada.<br />

Como já citado anteriormente, foi a<br />

vez do excelente guitarrista Dj Ashba<br />

fazer um solo que na sequencia foi a<br />

introdução de Sweet Child o Mine, musica<br />

que como as outras conhecidas a<br />

galera cantou em coro.<br />

Agora ao invés de solados, a banda<br />

de Axl Rose fez uma jam, enquanto<br />

os Roadies arrastaram um piano para<br />

o palco, era a vez de November Rain,<br />

mais uma das musicas famosas do Guns<br />

ovacionadas pelos fãs.<br />

A apresentação da música Abnormal<br />

com o guitarrista Bumblefoot nos vocais<br />

eu achei completamente desnecessária,<br />

tipo encheção de linguiça assim<br />

como os solos intermináveis durante os<br />

intervalos ao longo do show. E por falar<br />

em solos Bumblefoot solou o “Tema da<br />

Vitória” em homenagem a Ayrton Senna,<br />

mostrando grande admiração pelo<br />

piloto de Formula 1 brasileiro.<br />

O ponto alto da apresentação do<br />

Guns N Roses foi nessa sequencia com<br />

as musicas Dont Cry, Knockin on Heavens<br />

Door ( Cover de Bob Dylan),Civil<br />

War e Nightrain .<br />

A parte final da apresentação do<br />

Guns n Roses em São Paulo ficou mesclada<br />

entre as jams totalmente dispensáveis<br />

com as músicas Patience e The<br />

Seeker que é um cover do The Who .<br />

Paradise City fechou definitivamente<br />

com chave de ouro em meio a uma explosão<br />

de pirotecnia e chuva de papel<br />

picado vermelho.<br />

No final das contas, o saldo foi positivo<br />

ver o Guns n Roses ao vivo durante<br />

2h30 de show executando músicas<br />

que marcaram época mesmo com essas<br />

pausas com os solos e jams exagerados<br />

demais que foram responsáveis pela<br />

extensão do show. Ficou provado que<br />

Axl Rose era a unica razão para 22 mil<br />

pessoas estarem num Anhembi e ele se<br />

esforçou para fazer jus a isso.<br />

A banda retorna ao Palco do Anhembi<br />

para agradecer os fãs e ainda com direito a<br />

Axl Rose chutar o pedestal do microfone.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 41


HIM<br />

HSBC Brasil, São Paulo<br />

(30/03/2014)<br />

Não há um consenso geral entre os<br />

fãs do HIM sobre que estilo de música<br />

o grupo pertence. Há quem diga que é<br />

simplesmente Pop Rock, outros Gothic<br />

Hard Rock, há também quem diga que<br />

é Rock Gótico Progressivo, outros fãs<br />

defendem que o grupo faz uma fusão<br />

de todos esses estilos denominado Love<br />

Metal, pelas letras do grupo abordarem o<br />

tema amor e morte.<br />

Enfim, rótulos não importam. O importante<br />

é que foi mais um evento realizado<br />

pela Radio& TV Corsário de grande<br />

sucesso, era impressionante as filas ao<br />

redor do HSBC Brasil que davam voltas<br />

no quarteirão, dando quase lotação máxima<br />

da casa em um Domingo a noite.<br />

Um outro grande atrativo foi o fator<br />

novidade: o HIM nunca tocou antes no<br />

Brasil e sem dúvida foi uma das poucas<br />

atrações inéditas previstas a passar pelo<br />

Brasil em 2014.<br />

O HIM existe desde 1991, começou<br />

como qualquer banda, fazendo covers<br />

de suas bandas preferidas. Mas eu só<br />

fui me tocar da existência do HIM em<br />

2005, exatamente quando eles lançaram<br />

o álbum Dark Light, eu estava em Helsinque<br />

na capital finlandesa. Não dei a<br />

menor bola na ocasião, estava mais<br />

interessado na coleção de compactos<br />

raros do Venom, Darkthrone, Impaled<br />

Nazarene e entre vários outros que um<br />

amigo meu finlandês tinha na casa dele<br />

do que ficar escutando HIM. Até que<br />

a namorada dele apareceu com o CD<br />

Dark Light dizendo que aquele CD era<br />

melhor do que todas aquelas bandas que<br />

estávamos ouvindo. Não que ela estivesse<br />

100% certa na hora,mas o Dark Light<br />

virou meu CD preferido deles anos depois,<br />

o que me traz boas recordações da<br />

minha visita a Finlândia até hoje.<br />

Fazia tempo que não ia a um show<br />

onde a histeria coletiva fosse do começo<br />

ao fim, pontualmente às 21h30, a introdução<br />

de Lucifers Chorale deu inicio<br />

a passagem do HIM por São Paulo.<br />

De repente os integrantes do HIM<br />

um a um vão aparecendo no palco e<br />

iniciam os acordes de Buried Alive by<br />

Love, que foi cantada em coro pela galera.<br />

Depois foi a vez de Rip Out the<br />

Wings of a Butterfly levando a galera<br />

em total êxtase e a uma comoção geral.<br />

Para manter o clima foi a vez de Right<br />

Here in My Arms. Kiss of Dawn trouxe<br />

um dos momentos mais pesados do<br />

show, levando ao público dentro de uma<br />

atmosfera um tanto mais gótica.<br />

All Lips Go Blue foi o momento<br />

acústico do show que precedeu ao clássico<br />

Join me in Death e na sequencia foram<br />

Sweet Six,Six,Six, Passions Killing<br />

Floor e Soul on Fire. Nesse ínterim, alguém<br />

jogou uma camiseta da seleção<br />

brasileira com o nome do vocalista do<br />

HIM, Ville Vallo, estampado atrás, deixando<br />

o vocalista extremamente agradecido.<br />

Pouco depois alguém jogou<br />

uma bandeira brasileira personalizada<br />

com o simbolo da banda, o Hertagram e<br />

contabilizo mais um sutiã que foi atirado<br />

ao palco também pouco antes deles<br />

tocarem Wicked Game, que é um cover<br />

do cantor americano Chris Isaak.<br />

Seria extremamente redundante ficar<br />

mencionando toda hora a reação do<br />

publico, que não parava de cantar todas<br />

as musicas do set, algumas garotas<br />

passaram mal durante o show e foram<br />

atendidas pelos brigadistas de plantão e<br />

talvez levadas para algum pronto socorro<br />

próximo do HSBC Brasil. Mas nada<br />

que impactasse o show. Até mesmo as<br />

três invasões que ocorreram no palco,<br />

algumas delas frustradas pelos seguranças,<br />

de tentar abraçar Ville Vallo.<br />

A partir de Tears on Tape um momento<br />

de calmaria aparente se instalou na<br />

casa mesmo após a sequencia Poison<br />

Girl, For you e The Funeral of Hearts.<br />

Uma situação bastante inusitada embora<br />

um tanto perigosa em termos de segurança,<br />

foi quando Ville Vallo acendeu um<br />

cigarro em pleno palco, deixando o clima<br />

do HSBC de balada de casa noturna. A<br />

Rock Brigade soube que a produção do<br />

show foi avisada em tempo de alertar o<br />

musico dessa proibição, o que não causou<br />

nenhum transtorno também.<br />

Ville Vallo agredecia sempre o público<br />

e interagia bastante, hora falando da<br />

primeira vez no Brasil, hora das influencias<br />

musicais de determinadas músicas.<br />

O bis que encerrou esse primeiro show<br />

histórico do HIM no Brasil contou com as<br />

músicas Into the Night, Its All Tears (Drown<br />

in this Love), When Love and Death<br />

Embrace e Sleepwalking Past Hope.<br />

Não fica barato uma viagem da Finlândia<br />

para o Brasil, se pensarmos também<br />

na quantidade de integrantes da<br />

banda, roadies, cachês, hotel ,etc. Mesmo<br />

assim acredito que o HIM retorne<br />

em breve para o Brasil até mesmo para<br />

mais de um show, ao menos é a impressão<br />

que todos ficaram no HSBC Brasil<br />

pelo excelente espetáculo.<br />

Ghost<br />

HSBC Brasil<br />

São Paulo/SP, 5 de Setembro de 2014<br />

Praticamente um ano depois da apresentação<br />

da banda no Rock in Rio e na<br />

arena do Anhembi em São Paulo, o Ghost<br />

retornou ao Brasil para duas datas nas respectivas<br />

cidades como parte final da turnê<br />

Sul Americana de Infestissuman.<br />

A grande diferença em relação a<br />

apresentação do Ghost no Brasil ano<br />

passado, é que dessa vez a banda trouxe<br />

ao Brasil seu repertório completo baseado<br />

nos três lançamentos do grupo:<br />

Opus Eponymous, Infestissuman e If<br />

You have Ghosts e ainda com direito a<br />

cenário de palco imitando uma Igreja,<br />

totalizando quase duas horas inacreditáveis<br />

de show.<br />

O HSBC Brasil abriu suas portas<br />

ao público às 20 horas, o acesso estava<br />

bem tranquilo nas dependências da<br />

casa, podendo, sem afobes, comprar<br />

uma cerveja ou o Merchandise Oficial<br />

da banda, que estava simplesmente fantástico<br />

e teve muita procura.<br />

Como o show estava previsto pra<br />

começar às 22 horas, o público foi chegando<br />

gradualmente, porém, para uma<br />

casa de grande porte como é o HSBC<br />

Brasil a lotação no final ficou mediana<br />

mas foi suficiente para testemunhar esse<br />

grande evento.<br />

Perto das 22 horas a ansiedade do público<br />

já era contagiante com uma música<br />

tipica de igreja que vinha de atrás do<br />

palco, que convidava a todos a entrarem<br />

no clima sombrio do Ghost.<br />

De repente a galera veio a delírio durante<br />

a introdução de Infestissuman ao<br />

mesmo tempo que as cortinas se abriram<br />

dando vista aos Nameless Ghouls<br />

já posicionados e ao fundo os vitrais<br />

de uma igreja satânica no melhor estilo<br />

Anton La Vey. Surge então Papa Emeritus<br />

II dando inicio a cerimônia religiosa<br />

nada pouco convencional com Per Aspera<br />

Ad Inferi.<br />

A próxima musica, Ritual, conduziu<br />

a multidão definitivamente ao universo<br />

mágico do Ghost. A multidão de fieis<br />

profundamente envolvidos naquela<br />

atmosfera cantaram em coro praticamente<br />

todas as musicas durante toda a<br />

apresentação do Ghost, como em uma<br />

cerimônia religiosa às avessas. Na sequência<br />

foram Primer Mover e Secular<br />

Haze. Papa Emeritus II soltou um “boa<br />

noite” em português emendando frases<br />

em inglês dizendo que era muito bom<br />

estar aqui novamente numa simpática<br />

interação com a platéia. Satans Prayer<br />

praticamente foi cantada inteira pelo<br />

público, os solos de guitarras em Con<br />

Clavi Con Dio estavam magníficos ,<br />

logo depois foi a vez da já considerada<br />

clássica, Elizabeth. Ao término de<br />

Elizabeth, Papa Emeritus II reservou<br />

uma surpresa ao público, chamou duas<br />

freiras ao palco para oferecerem hóstia<br />

e o vinho que estas carregavam em<br />

referência a próxima canção na sequência,<br />

Body & Blood. Durante a curta<br />

apresentação das freiras, Papa Emeritus<br />

II pediu ao público para que se comportasse<br />

diante das belas moças, imaginei<br />

que rolaria um Strip Tease básico,mas<br />

acabou só ficando no suspense. A música<br />

seguinte foi a Death Knell que não<br />

é tão comum deles tocarem ao vivo e<br />

o resultado foi sensacional, na minha<br />

opinião é bem nítida a referência de<br />

Mercyful Fate nessa música.<br />

Um outro grande momento foi a execução<br />

do cover dos Beatles, Here Comes<br />

42 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


the Sun e depois nada melhor do que a<br />

excitante Stand By Him e a boa Genesis.<br />

Year Zero deu a impressão de que<br />

o HSBC ia explodir em um inferno na<br />

terra num ensurdecedor coro de “Belial,<br />

Behemoth, Belzebu, Asmodeus, Sathanas,<br />

Lucifer.”<br />

O cover de Roky Erickson, If you<br />

have Ghosts do último lançamento deles<br />

foi um momento bem descontraído.<br />

Parecia que o show tinha terminado<br />

com a saída deles do palco após If<br />

You Have Ghosts, quando o público<br />

gritava insistentemente por Ghuleh/<br />

Zombie Queen alternando com um olê,<br />

olê Ghostê, Ghostê como se estivessem<br />

em um estádio. A banda retorna ao<br />

palco atendendo o pedido e encerrou a<br />

turnê de Infestissuman com a excelente<br />

Monstrance Clock.<br />

Quem teve a oportunidade de ver o<br />

Ghost ao vivo ano passado no Rock In<br />

Rio ou no Anhembi há de concordar que<br />

a banda funciona melhor em uma casa<br />

de show do que ao ar livre, a impressão<br />

que eles passaram foi que a banda<br />

pode ser bem melhor ao vivo do que no<br />

CD, principalmente pelo teatralismo,<br />

algo que ficou pouco explorado na curta<br />

apresentação deles ano passado, o que<br />

tornou essa apresentação bem superior.<br />

A banda pretende agora se trancar em<br />

estúdio para a gravação do próximo álbum<br />

com previsão de lançamento para<br />

2015, ainda sem titulo definido. O que<br />

se sabe por enquanto é que Papa Emeritus<br />

II será substituido por um novo<br />

Papa, o que nas entrelinhas significa<br />

que Tobias Forge,nome real do vocalista,<br />

deverá surpreender os fãs da banda<br />

com uma nova maquiagem do personagem<br />

e que certamente renderá muitas<br />

turnês pelo mundo.<br />

Death DTA<br />

Via Marquês<br />

São Paulo, SP 7 de Setembro de 2014<br />

A banda Death dispensa quaisquer<br />

comentários, sinopse ou introdução<br />

pra começar essa resenha, quem curte<br />

o estilo Death Metal de verdade<br />

sabe muito bem a história da banda.<br />

A grande questão é que estamos<br />

falando aqui do Tributo ao Death e<br />

não da banda Death.<br />

Foi incrível a quantidade de pessoas<br />

que confundiram esse conceito nas redes<br />

sociais, associando a apresentação<br />

que ocorreu no ultimo 7 de Setembro a<br />

de uma banda cover qualquer.<br />

Para começo de conversa, banda<br />

cover não é engajada em causas sociais,<br />

só para ficar clara a diferença.<br />

Até concordo com o argumento<br />

de alguns que eu li por ai nas redes<br />

sociais, “não existe Queen sem Freddie<br />

Mercury, Metallica sem James<br />

ou até mesmo Megadeth sem Dave”<br />

e por ai vai, a lista estava grande. É<br />

preciso ter cuidado com certos argumentos<br />

que se lê por ai para não<br />

tomar como verdade absoluta, nem<br />

sempre uma banda que reúne antigos<br />

membros, mesmo sem seu fundador<br />

original, pode ser considerada oportunista.<br />

Ainda mais se a questão é<br />

reunir membros para fazer homenagem<br />

ao vocalista falecido há mais<br />

de 10 anos e ter uma causa social por<br />

de trás do projeto, acho extremamente<br />

louvável como é o caso do Death<br />

DTA.<br />

O projeto Death To All existe<br />

desde 2012 e quando foi criado, 20<br />

% da renda obtida dos ingressos e<br />

merchandise foi destinada ao fundo<br />

Sweet Relief, maiores informações<br />

acesse: https://www.sweetrelief.org.<br />

A Death to All Tour foi idealizada<br />

por Gene Hoglan que tocou<br />

nos albuns“Individual Thought Patterns”<br />

e “Symbolic” do Death. Além<br />

de Gene, temos Danny Walker que<br />

toca no Intronaut, Bereft e Sean<br />

Reinert que tocou no álbum Human<br />

do Death. No baixo, temos o<br />

grande Steve DiGiorgio que tocou<br />

nos álbuns “Human” e“Individual<br />

Thought Patterns” e Scott Clendenin<br />

que tocou no álbum do Death “The<br />

Sound Of Perseverance”. Os trabalhos<br />

de guitarra estão sendo compartilhados<br />

por Paul Masvidal que<br />

tocou no álbum “Human”, Hamm<br />

Shannon (“The Sound of Perseverance”)<br />

e Koelble Bobby (“Symbolic”).<br />

Enquanto isso, os vocais foram<br />

sendo divididos desde o inicio<br />

por Matt Harvey do Exhumed , Steffen<br />

Kummerer do Obscura, Charles<br />

Elliott do Abysmal Dawn e Bereft e<br />

Max Phelps do Cynic.<br />

O line up que tocou no Brasil<br />

contou com Gene Hoglan (bateria),<br />

Bobby Koelble (guitarra, ex-Death),<br />

Steve DiGiorgio (baixo - ex-Death,<br />

Autopsy, Testament, Iced Earth),<br />

Max Phelps do Cynic a frente do<br />

show a maior parte do tempo e Steffen<br />

Kummerer do Obscura como segundo<br />

vocalista.<br />

A abertura ficou a cargo do Test<br />

e do D.E.R que fizeram uma fusão<br />

interessante no palco, transformando<br />

duas bandas em uma unica banda<br />

de abertura, prendendo a atenção da<br />

galera e esquentando o público do<br />

Via Marques que já se encontrava<br />

lotado .<br />

Aproximadamente uma meia hora<br />

depois do término do Test/D.E.R as<br />

cortinas se abrem e é executada uma<br />

introdução de Out of touch do álbum<br />

Individual Throught Patterns e a sequencia<br />

não poderia ter sido melhor,<br />

The Philosopher, para dar inicio a<br />

esse show esperado por muitos fãs<br />

há anos.<br />

Max Phelps foi considerado por<br />

muitos ali presentes como se tivesse<br />

incorporado a alma de Chuck Schuldiner,<br />

os vocais e os trejeitos dele no<br />

palco eram bem semelhantes ao de<br />

Chuck somado ao set list matador<br />

apresentado por ele, fez muito marmanjo<br />

barbado chorar. Quem conhece<br />

o trabalho do Max no Cynic e viu<br />

ele ao vivo no DTA, não diz que é a<br />

mesma pessoa.<br />

Max Phelps cantou as outras sete<br />

músicas da primeira parte do show<br />

que foram a dobradinha Leprosy/Left<br />

to Die, na sequencia Living Monstrosity,<br />

Suicide Machine, in Human<br />

Form, Lack of Comprehension outra<br />

dobradinha com Spiritual Healing/<br />

Whitin the Mind e Flattening of<br />

Emotions.<br />

A segunda parte do show ficou<br />

liderada pelo vocalista Steffen Kummerer<br />

que tocou apenas quatro músicas,<br />

as excelentes Symbolic e Zero<br />

Tolerance e depois as Bite the Pain<br />

e Overactive Imagination. Foi uma<br />

apresentação cheia de personalidade<br />

mas nada semelhante a apresentação<br />

de Max Phelps, que retornou ao palco<br />

para as três músicas finais.<br />

O Encore ficou com a dobradinha<br />

Zombie Ritual/Baptized in Blood e<br />

depois foram Crystal Mountain e Pull<br />

The Plug que encerraram a apresentação<br />

de um grande show, onde muita<br />

gente nem imaginava que um dia fosse<br />

assistir, sem contar que tratou-se<br />

de uma das poucas atrações inéditas<br />

que passaram pelo Brasil em 2014.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 43


RRock Report<br />

44 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Por Leonardo Moraes<br />

Santa Hates You é uma banda alemã formada no Outono de 2007. A banda<br />

tem quatro álbuns lançados, mas por fazerem parte de uma gravadora<br />

bem underground, boa parte dos CDs é quase impossível de achar hoje em<br />

dia, com exceção do último lançamento da banda “its Alive” de 2012.Os<br />

membros e fundadores da banda são o ícone musical Peter Spilles (conhecido<br />

pelo seus trabalhos a frente do Project Pitchfork) e a vocalista italiana,<br />

a enigmática Jinxy. Diz a lenda que eles se conheceram no Ohlsdorfer<br />

Cemitério em Hamburgo, onde dizem que eles acidentalmente “assustou o<br />

demônio para fora de si” durante esse encontro. Aparentemente, foi então<br />

que Peter notou a voz incomum de Jinxy, ele ficou bastante intrigado com<br />

o que ouviu.<br />

Depois de descobrir a sua paixão comum pela música obscura, artes macabras<br />

e humor rebelde, os dois se tornaram amigos e logo decidiu começar<br />

uma banda juntos.<br />

Spilles lembra: “ Era uma noite fria e tudo que tínhamos era vinho tinto<br />

e uma atitude insubordinada Isso é basicamente como Santa Hates You<br />

nasceu ....Depois disso, tudo foi muito rápido! Era como se estivéssemos<br />

embriagado, quase em transe de trabalho.... Noite após noite, logo tivemos<br />

pistas suficientes para o nosso primeiro álbum. E o resto é história. “<br />

Trabalhar à noite permaneceu uma das idiossincrasias peculiares da banda<br />

e logo se tornou uma tradição.<br />

Santa Hates You apresenta um moderno dark-electro, com características<br />

industriais e batidas extremamente dançantes de um lado, e as sequências<br />

cativantes, bem como elementos góticos e electro-punk, por outro.<br />

Enquanto a banda descreve seu som como “suculento-electronic-gótico<br />

industrial”, muitos outros tentaram, ao longo dos últimos anos, caracterizar<br />

o estilo do Santa Hates You como :<br />

“Um turbilhão musical”; “A trilha sonora perfeita para uma Rave ou Sex<br />

Hardcore”; “bizarro e grotesco como uma espécie de sexy freak show”;<br />

“som difícil de engolir, mas contagiante como o inferno” e “de mau gosto,<br />

rebelde, maldoso, depravado e perigoso para a nossa juventude”.<br />

Essas são apenas algumas das tentativas mais coloridas de tentar rotulá-<br />

-los.<br />

Há quem curte o estilo vocal da banda Santa Hates You, dizendo que são<br />

poderosos vocais outro traço inconfundível do duo.<br />

Santa Hates You na verdade é um projeto musical subversivo, e isso se<br />

reflete nas letras e na imagem da banda.<br />

A banda muitas vezes expressa seu amor pela literatura européia e da<br />

arte do século 19 e início do século 20, e abertamente reconhece movimentos<br />

artísticos como o simbolismo, o surrealismo eo movimento decadente<br />

como uma fonte de inspiração estilística.<br />

O conhecimento e paixão para diferentes perspectivas e abordagens psicológicas<br />

também deve ser mencionado como um elemento inspirador imperdível<br />

no processo criativo da banda.<br />

Eles estão atualmente com a Trisol Music Group mas não há uma previsão<br />

de lançamento de um novo álbum desde 2012... Confira abaixo uma<br />

mini entrevista que fizemos com o Duo:<br />

Underground Rock Report: Como foi a ideia de criar a banda?<br />

Peter: Foi em 2007 que nos encontramos pela primeira vez, ela gostava<br />

do meu trabalho com o Project Pitchfork e eu gostei da voz dela e foi isso...<br />

URR: Por que a escolha do nome Santa Hates You?<br />

Peter: Porque é um nome impactante e dificil das pessoas esquecerem,<br />

eu sou Santa e Jinxy Hates You (risos).<br />

URR: Qual é a sensação que você sente estando no palco?<br />

Peter: É maravilhoso, quente, excitante e tudo de bom que você possa<br />

imaginar.<br />

URR: Você tem uma musica favorita entre várias outras que vocês já<br />

compuseram?<br />

Jinxy: Nãoooooo.<br />

Peter: Eu gosto de todas, acho que cada uma delas traz algo divertido<br />

para nós.<br />

URR: Qual seus gostos pessoais, comida, musica, filmes, etc?<br />

Jinxy: Comida é boooom.<br />

Peter: Eu escuto jazz<br />

Jinxy: Comida é boooom<br />

Peter: Filmes? Gosto mais do clássico de terror, depende muito...<br />

Jinxy: Quando estamos no estudio gravando assistimos uns pornôs (risos).<br />

URR: Qual é a imagem que você quer passar para as pessoas com o<br />

visual da banda?<br />

Peter: A Bela e a Fera, medo, dominação...<br />

URR: Quais são os planos para o futuro?<br />

Peter: (longa pausa) Aterrorizar a casa dos pais dos nossos fãs...<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 45


Arte<br />

Fotografia<br />

Design Gráfico e Digital<br />

46 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>

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