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UNDERGROUND ROCK REPORT - 3

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<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 1


PRÓXIMOS RELANÇAMENTOS<br />

Death Trabalhado - Imp. USA<br />

Thrash Punk<br />

C R O W N O F S C O R N<br />

Agenda 21<br />

Heavy Metal Black Metal<br />

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2 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


ÍNDICE<br />

Anthares<br />

Págs. 4, 5, 6, 7 e 8<br />

DNR<br />

Págs. 9<br />

Devil´s Punch<br />

Págs. 10,11, 12 e 13<br />

Statik Magik<br />

Págs. 14 e 15<br />

Lacerated and Carbonized<br />

Págs. 16 , 17 e 18<br />

Chaotic System<br />

Págs. 19<br />

Silent Cry<br />

Págs. 20,21, 22, 23, 24 e 25<br />

NoWrong<br />

Págs. 26, 27 e 28<br />

O Olho da Carranca Baiana<br />

Págs. 30<br />

Beast Food<br />

Págs. 31<br />

...ao caos...<br />

Págs. 32<br />

Daniele Corpse<br />

Págs. 34 e 35<br />

A história Sobre Duas Rodas<br />

Págs. 36 e 37<br />

Ratas Rabiosas<br />

Págs. 38, 39, 40 e 41<br />

Releases<br />

Págs. 42 e 43<br />

Labirinto<br />

Págs. 44, 45 e 46<br />

Genicídio<br />

Págs. 48 e 49<br />

Metalizer<br />

Págs. 50 e 51<br />

Memest<br />

Págs. 52, 53 e 54<br />

EDITORIAL<br />

EDITORIAL<br />

D<br />

esde o final dos anos 60 alguma coisa mudou as vida de<br />

muitos jovens pelo mundo, claro, não foi um boom que<br />

assolou o mundo, mas o foi comendo pelas beiradas.<br />

Aquela música baseada no Blues-Rock emanava uma<br />

energia diferente para os padrões musicais da época, cresceu<br />

e se tornou gigantesco, com a sua consolidação e pico<br />

de popularidade nos anos 80, um apanhado de notas e vocalizações,<br />

representava uma parcela significativa da humanidade,<br />

sendo a bandeira de pessoas que se sentiam excluídas,<br />

e que com esse rock, se amontoavam, se conheciam e criavam<br />

assim uma realidade e uma vida diferente dos padrões<br />

impostos pela dita “sociedade normal”.<br />

Ídolos nasceram e se tornaram imortais nos corações de<br />

muitos, outros angariavam a adoração daquela juventude,<br />

que se dispunham, pelo menos, em ouvir o que esse alguém<br />

tinha a dizer, e com isso criou-se todo um comercio paralelo,<br />

onde as trocas de produtos e informações eram moedas<br />

de troca e de muito valor para aquelas comunidades<br />

que angariavam tudo que podiam, iam conferir “in loco”<br />

tudo que pudessem, e claro, dentro da realidade monetária<br />

de cada país e de cada um, uns tinham mais outros menos,<br />

mas sempre havia uma confraternização, onde os que pertenciam<br />

ao mesmo grupo estavam juntos e dividiam cada<br />

coisa com seus parceiros, amigos e até mesmo com novas<br />

caras que surgissem.<br />

Aquilo que se convencionou chamar de Heavy Metal<br />

dava sentido à vida de alguns e se tornara vida de outros,<br />

mas todos em sua forma mais pura nutriam amor incondicional<br />

pela sua música. Nem mesmo com o restante da sociedade<br />

empunhando a bandeira do anti-Rock pesado, como<br />

mostram histórias espalhadas pelo mundo todo, quem havia<br />

sido “contaminado” pelo Rock Pesado, jamais o deixaria, não<br />

por imposição, talvez por um motivo ou outro, relativo a vida<br />

de cada, uma, mas o Heavy Metal sempre teve os fãs mais<br />

fieis e os defensores mais empenhados na causa, mesmo que<br />

espalhados pelos muitos subgêneros criados, ao meu ver, para<br />

identificar muito mais os grupos que a música em si.<br />

Hoje, já passados os cataclismos que extinguiriam a humanidade,<br />

“nossa música”, ainda perpetua nos corações e<br />

revelou muito mais talentos e clássicos gravados do que<br />

qualquer outro estilo musical deste planeta.<br />

Triste é perceber que hoje, o Heavy Metal, em muitos<br />

casos, se atém a ser apenas uma bandeira esticada na varanda<br />

da casa para grande parte desta nação, que incorporou as<br />

modernidades e facilidades da tecnologia, e associou isso a<br />

ser o mais presente na arte de ser ausente.<br />

Mas, quem sabe um dia isso mude...<br />

JP Carvalho<br />

CAPA<br />

ANTHARES<br />

Estrela de primeira<br />

grandeza<br />

que podemos dizer de uma<br />

O banda que sempre levantou<br />

a bandeira do Heavy Metal brasileiro,<br />

de uma formação que<br />

encabeçou os primórdios do<br />

que se convencionou chamar de<br />

Thrash Metal, que foi relevante<br />

em suas apresentações e deixou<br />

marcas profundas em toda uma<br />

geração com o lançamento do<br />

seu, até então, único registro?<br />

Nesse papo abordamos a carreira<br />

do Anthares em vários aspectos,<br />

bem como a gravação e<br />

o lançamento de sua nova obra:<br />

“O Caos da Razão” que encerra<br />

um jejum de 28 anos e inaugura<br />

uma nova realidade deste ícone<br />

do Thrash Metal nacional.<br />

E nesta edição ainda temos o<br />

espanhol Memest, uma banda em<br />

franca ascensão, além de Devil´s<br />

Punch, Statik Magic, Lacerated<br />

and Carbonized, NoWrong, Genocídio,<br />

Laritinto, Silent Cry,<br />

Ratas Rabiosas, Metalizer e<br />

um papo interessantíssimo com<br />

Dani Corpse.<br />

Além de novos colunistas<br />

como: Panda Reis, Alan Cavalcanti,<br />

Daniel Ávila, cada<br />

um deles demostrando um lado<br />

diferente do cenário da música<br />

pesada brasileira, seja abordando<br />

temas gastronomicos,<br />

políticos ou pessoais, mas colaboranco<br />

com a URR e trazendo<br />

mis diversidade aos temas<br />

abordados por cada um. Espero<br />

que se divirtam. Boa leitura!<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 3


RRock Report<br />

Estrela de primeira grandeza<br />

Por: JP Carvalho<br />

que podemos dizer de uma banda que sempre levantou<br />

a bandeira do Heavy Metal brasileiro, de uma<br />

O<br />

formação que encabeçou os primórdios do que se convencionou<br />

chamar de Thrash Metal, que foi relevante em suas<br />

apresentações e deixou marcas profundas em toda uma geração<br />

com o lançamento do seu, até então, único registro?<br />

Falar do Anthares e tentar compreender o sentimento<br />

que permeava por toda uma “família” de Headbangers<br />

espalhada por nosso país, e resgatar parte<br />

de uma história cheia de altos e baixos, mas que jamais<br />

deixou de ser expressivo em sua proposta. Hoje<br />

com o lançamento de um novo material, a banda traça<br />

novos rumos, novas aspirações e mostra que depois<br />

de trinta anos, continua sendo fiel a sua proposta<br />

e verdadeiro em sua música.<br />

4 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Underground Rock Report: Antes de começarmos, gostaria<br />

de agradecer pela oportunidade de ter o Anthares em<br />

nossas páginas. Primeiramente gostaria que vocês falassem<br />

sobre o novo trabalho, “O Caos da Razão”.<br />

Evandro Jr.: Definitivamente acredito que “O Caos da<br />

Razão” seja tão ou mais importante que o “No Limite da Força”<br />

de 1987. 28 anos se passaram até que nós reuníssemos<br />

forças e pudéssemos nos concentrar na produção deste novo<br />

álbum, que representa o divisor de águas entre o presente e<br />

o passado. Foi um desafio para nós, mas é um álbum feito<br />

com muita dedicação e atenção aos detalhes, produzido com<br />

a intenção de homenagear todos aqueles que nos apoiaram<br />

ao longo de 03 décadas, a todos aqueles que continuam nos<br />

apoiando. A banda viveu caminhos tortuosos ao longo da sua<br />

história, o fim, o recomeço, mudanças de formação, centenas<br />

de shows pelo país, demo-tapes lançadas nos anos 90, mas<br />

faltava esse álbum, e estamos realizados e na ansiedade pelo<br />

lançamento dele. “O Caos da Razão” trará 10 composições,<br />

algumas inéditas, algumas regravações de musicas de nossas<br />

demos anteriores, porém repaginadas, enfim uma mescla de<br />

toda a carreira musical da banda. A arte da capa foi feita pelo<br />

Thomas Pinheiro, o mesmo artista responsável pela capa do<br />

“No Limite da Força”, e a produção é do Beto Toledo do Estúdio<br />

44 que fez um trabalho excelente!<br />

URR: Desde 1985, ano de formação da banda, o Anthares<br />

sempre teve um grande apoio do público e da mídia especializada,<br />

porque, então, houve esses hiatos em toda sua<br />

carreira?<br />

Mauricio Amaral: Cada período que o Anthares parou as<br />

atividades teve um motivo diferente.<br />

Entre 89 e 91 foi devido à mudança na formação e necessidade<br />

de recriar a banda com a minha entrada e a do Topera<br />

(Topperman) nas guitarras, e do Renato Higa como vocalista.<br />

Entre 96 e 2004 a banda havia realmente encerrado as atividades,<br />

que foram retomadas a partir de 2005.<br />

Entre 2007 e 2008 ficamos parados, pois a volta em 2005<br />

com o Frank Gasparotto no vocal estava sem foco, ou seja,<br />

havíamos voltado, mas não estávamos com metas definidas.<br />

No fim de 2008, com a entrada do Diego Nogueira, nós<br />

começamos a pensar na gravação de um novo álbum.<br />

Evandro Jr.: Sim, foram várias mudanças na formação,<br />

e é importante ressaltar que a mais profunda delas aconteceu<br />

em 1990 quando o Henrique “Poço” saiu da banda, e no<br />

ano seguinte o Aranha (guitarrista original) também. Talvez o<br />

Anthares tivesse acabado ali, mas a gente queria mais, queria<br />

seguir em frente, gravar material novo, mas para isso enfrentamos<br />

uma barra que não tinha fim até conseguir estabilizar<br />

uma nova formação.<br />

URR: A saída do vocalista Henrique “Poço” foi tida na<br />

época, como irreparável, mas hoje, com a entrada de Diego<br />

Nogueira, o Anthares não apenas deu continuidade ao<br />

trabalho, como finalmente nos brindou com um novo CD,<br />

como foi a entrada e a adaptação do Diego a banda?<br />

Mauricio Amaral: A entrada do Diego na banda ocorreu<br />

após eu assistir a um show do Infected onde o Diego deu<br />

uma canja cantando muito bem uma música, o que me chamou<br />

bastante a atenção. Naquele momento, último trimestre<br />

de 2008, o Anthares havia marcado o seu retorno aos palcos,<br />

mas o Frank havia anunciado sua saída da banda, portanto<br />

nós convidamos o Diego para se integrar à banda. O período<br />

de adaptação do Diego foi desafiador, pois ele precisava se<br />

acostumar a não tocar baixo, seu instrumento de origem, e<br />

ainda teve que enfrentar a responsabilidade de substituir o<br />

Poço. Com o passar do tempo, cada vez mais o Diego foi se<br />

soltando e melhorando tecnicamente.<br />

Diego Nogueira: Com certeza foi muito desafiador. Con-<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 5


forme o Mauricio citou, foi diferente para mim, pois eu nunca<br />

tinha atuado efetivamente como vocalista. Até desenvolver<br />

uma postura de palco, trabalhar melhor a voz, e afins, foi somente<br />

com a ajuda dos caras da banda, e com a vivencia no<br />

palco. Confesso, que até hoje ainda tremo, antes de cada apresentação,<br />

pois para mim, continuo sendo o moleque que era<br />

fã da banda. Fui (e ainda sou) muito criticado até hoje, por alguns<br />

fãs da banda, que não aceitam a formação sem o “Poço”<br />

nos vocais. E justamente esse desafio, que me fez ter mais<br />

vontade de melhorar, e não querer ser uma Copia do “Poço”,<br />

e sim poder criar uma identidade própria, para agradar os fãs<br />

da banda. Fico feliz, com a aceitação da maioria da galera.<br />

URR: Em um show de vocês no Dymano, juntamente<br />

com o Desaster, tivemos o privilégio de ver Diego e Henrique<br />

“Poço” dividindo o palco e os vocais, em seguida em<br />

uma entrevista que fiz com o Henrique, questionei sobre ele<br />

ter passado o bastão para o Diego, já que “para sempre” ele<br />

será o vocalista do Anthares e ele disse que teve mesmo esse<br />

sentimento e ficava feliz de ter feito isso em vida. Como foi<br />

para vocês na banda esse acontecimento?<br />

Evandro Jr.: Para mim foi um acontecimento bem marcante<br />

aquele show no Dynamite Pub, especialmente no final<br />

quando alguns ex-membros da banda subiram ao palco prá<br />

cantar o refrão da “Chacina”, foi sensacional! Mas é sempre<br />

bom lembrar que o “Poço” é considerado ainda como o vocalista<br />

do Anthares não só pela performance extraordinária<br />

dele no disco de 87, bem como nos palcos e na sua atitude,<br />

mas também pelo fato da banda nunca mais ter gravado outro<br />

álbum, com outro vocalista, mesmo tendo passado 03 outros<br />

vocalistas pela formação antes da chegada do Diego, que está<br />

no Anthares desde 2008, portanto a 07 anos, e agora vai ter<br />

seu trabalho reconhecido com o lançamento do álbum novo.<br />

Diego: Com certeza, esse dia no Dynamite, foi memorável,<br />

assim como a Participação dele no Show de Caruarú,<br />

em 2012, serão para sempre marcos na minha vida, pois querendo<br />

ou não, mesmo sendo o Atual vocalista do Anthares,<br />

sinto-me como um dos Moleques que ouvia o “No limite da<br />

força”, e Simplesmente, subi ao palco, para estar com eles.<br />

Nesse dia, no Dynamite, o Poço disse que nunca mais faria<br />

Jams conosco, pois o ciclo dele, havia se encerrado. Mas nós<br />

sempre faremos questão da presença dele.<br />

URR: Costumo dizer que o Diego foi o cara que mais se<br />

dedicou ao Anthares, sem desmerecer os vocalistas anteriores,<br />

Vocês acham certo afirmar que a entrada dele na banda<br />

foi fundamental para o momento que vocês vivem hoje?<br />

Evandro Jr.: Concordo totalmente, e já complemento a<br />

minha resposta da pergunta anterior: O Diego é o vocalista<br />

com mais “longevidade” entre todas as formações da banda<br />

ao longo desses 30 anos de Anthares, e é responsável direto<br />

pela trajetória extremamente ativa da banda que se iniciou<br />

após a sua chegada.<br />

Diego: Agradeço pelas palavras. Acho que o meu papel,<br />

foi simplesmente, empurrar os caras, para voltarem a criar,<br />

pois além de ótimas pessoas, são músicos espetaculares, então,<br />

quando eles me chamaram para entrar na banda, disse<br />

que entraria desde que fizéssemos algo novo. Trabalhamos na<br />

reestruturação de músicas antigas, e compusemos outras novas,<br />

dando essa cara mais bruta ao Anthares. Além também,<br />

de direciona-los, ao momento atual da cena. Acho o mais legal<br />

de tudo, é que eles sempre me escutaram muito, E nunca<br />

me trataram como “um moleque”. O que facilitou no meu<br />

trabalho com eles.<br />

URR: Conte-nos como foi a gravação de “O Caos da Razão”?<br />

Evandro Jr.: Iniciamos as sessões de bateria no Estúdio<br />

44 em São Paulo em Abril/2013 e a partir daí fomos gravando<br />

pausadamente, de acordo com os intervalos na agenda<br />

de shows e com verba disponível para as despesas com<br />

a produção do disco. Algumas ideias surgiram no decorrer<br />

do processo de gravação, mas basicamente já tínhamos em<br />

mente o que fazer. Houve muito cuidado e atenção em cada<br />

detalhe da produção e isso também contribuiu para alguns<br />

atrasos porque toda vez que a gente ouvia as sessões em casa,<br />

voltávamos para o estúdio para corrigir algo, e isso dependia<br />

também de disponibilidade de datas no estúdio. Foi um<br />

processo longo e carregado de uma aura de responsabilidade<br />

geral, mas no final cada um fez o melhor que podia, e quando<br />

ouvimos o disco finalmente pronto, tivemos essa sensação de<br />

dever cumprido e trabalho bem feito.<br />

6 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Machado Pinheiro, o mesmo que desenhou a capa de No<br />

Limite da Força, o que vocês podem nos contar sobre o conceito<br />

desta capa? E porque trabalhar com o mesmo artista?<br />

Evandro Jr.: O Thomas é nosso camarada e fã da banda<br />

a muitos anos, e também um grande artista plástico, responsável<br />

não só pela arte do primeiro disco, mas também por<br />

todos os banners de shows da banda e estampas de camisetas<br />

nos anos 80. Quando decidimos gravar o novo álbum, uma<br />

das prioridades iniciais era que a arte do novo disco também<br />

fosse feita por ele, que prontamente aceitou o convite e nos<br />

apresentou esse trabalho surrealista, bem ao estilo Salvador<br />

Dali, que representa o Caos, tanto numa visão global (guerras,<br />

fome, desespero, violência social) como também numa<br />

visão intimista do ser humano (ódio, preconceito, loucura).<br />

Portanto, essa arte pode ser interpretada como o caos da razão<br />

numa visão surrealista.<br />

URR: Como está sendo a parceria com a Mutilation Recods?<br />

Diego: Até o momento bem positiva, mas ainda não podemos<br />

dar um respaldo geral, pois o disco ainda não saiu. Mas<br />

espero que seja uma parceria, longa e duradoura. Meu contato<br />

com o Selo vem paralelo com a parceria da Mutilation com<br />

minha outra banda, o Blasthrash, que faz parte do cast do<br />

Selo desde 2007, o que facilitou para as coisas acontecessem<br />

para o Anthares também. Vamos aguardar!<br />

URR: Vocês pretendem fazer algo especial para este<br />

lançamento já que ele meio que comemora três décadas da<br />

banda?<br />

Evandro Jr.: Só o lançamento deste novo álbum em si já<br />

representa algo muito especial para nós! Ele é o motivo prin-<br />

URR: Comparado a “No Limite da Força” você acham<br />

que o avanço das tecnologias de gravação, conferiu ao Anthares<br />

a sua verdadeira sonoridade?<br />

Evandro Jr.: Não dá para pensar dessa forma, são épocas<br />

e tecnologias diferentes. Depende do ponto de vista de cada<br />

um, para alguns, discos gravados naquela época dos anos 80<br />

- como é o caso do “No Limite da Força” - soam toscos, mal<br />

gravados em relação ao que se pode fazer hoje. Para outras<br />

pessoas, aqueles álbuns soam verdadeiros, orgânicos. O que<br />

realmente importa é a música, a arte, é isso que transcende as<br />

eras e faz um disco se tornar um clássico.<br />

Diego: O Único cuidado que tivemos, é que a gravação<br />

não soasse plástica, mas que soasse contemporânea. Hoje em<br />

dia, é muito difícil você conseguir colocar na cabeça de um<br />

produtor que, muitas vezes, o excesso de tecnologia, joga<br />

contra o som da banda. Principalmente no Heavy Metal, e<br />

seus derivados.<br />

URR: O lançamento será feiro agora em Março, conte-<br />

-nos como estão os preparativos para isso.<br />

Evandro Jr.: Estamos começando a traçar planos com a<br />

Mutilation na questão da divulgação do lançamento nas diversas<br />

mídias, mas a banda vem fazendo também esse trabalho<br />

desde 2013. Certamente hoje tem muita gente ciente<br />

de que o Anthares está lançando um novo álbum, e a gente<br />

já sabe que há muita expectativa pelo lançamento. Também<br />

faremos um show especial de lançamento do disco, ao lado<br />

de bandas bem legais como convidadas e estamos elaborando<br />

um merchandise focado na arte da capa.<br />

URR: Por falar nisso a arte da capa foi feita por Thomas<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 7


cipal desta comemoração de 30 anos de existência do Anthares.<br />

E nesta parceria com a Mutilation, isso foi levado muito em consideração,<br />

tanto que o lançamento virá no formato digipack de<br />

luxo, com livreto de 16 páginas, numa edição prá lá de especial,<br />

principalmente para colecionadores. Também está nos planos do<br />

selo uma versão em vinil do álbum, e o relançamento do “No<br />

Limite da Força” em vinil e em CD ainda em 2015! E temos<br />

outro desafio pela frente que é a produção do nosso DVD comemorativo.<br />

Nós temos muitas imagens arquivadas, de diferentes<br />

épocas, e um esboço de como deverá ser esse DVD. Deve levar<br />

ainda algum tempo para finalizar, mas ele virá!<br />

URR: Deixe uma mensagem aos nossos leitores.<br />

Evandro Jr.: Nós gostaríamos de agradecer a todos que<br />

nos apoiaram ao longo desses 30 anos, que nos incentivaram,<br />

que nos deram força prá continuar. A todos que continuam<br />

nos apoiando! Este novo album é dedicado a vocês, e ficaremos<br />

na esperança de que o aprovem e de que curtam o trabalho.<br />

Ele representa a razão de estarmos na ativa, fazendo shows<br />

em todos os lugares possíveis e compondo material. Nos<br />

veremos na estrada em 2015! Obrigado JP e Underground<br />

Rock Report pela oportunidade.<br />

8 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


RRock Report<br />

Do Not Resuscitate<br />

Esses caras aqui gostam de infernizar quando o<br />

assunto é música pesada. Soltaram em 2013 o<br />

elogiado “Do Not Resuscitate” e agora, invocam o<br />

caos por onde passam. Confiram aí!<br />

Por: Christiano K.O.D.A<br />

Underground Rock Report: De<br />

onde surgiu a ideia de usar o nome<br />

D.N.R. (Do Not Resuscitate)?<br />

Quando formamos a banda em fevereiro<br />

de 2000, tinha acabado de sair o ‘The<br />

Gathering’, do Testament (1999). Antes,<br />

porém, tínhamos colocado vários nomes<br />

que não estavam ficando legais, foi aí<br />

então que nosso primeiro baixista (Paulo<br />

Felipe) deu a ideia de batizar a banda<br />

com o nome da primeira faixa do CD, que<br />

por sinal é uma das melhores músicas de<br />

Thrash Metal, em nossa opinião.<br />

URR: Apesar de a banda ter sido<br />

formada em 2000, apenas em 2013 foi<br />

lançado o primeiro álbum. Qual o motivo<br />

deste intervalo?<br />

Ahhh, foram vários (risos)... Primeiro,<br />

foi a constante mudança de formação:<br />

antes do meu irmão (Raphael Zavatti)<br />

assumir os vocais, passaram pela<br />

banda Flavio Ribeiro (ex- Corporate<br />

Death) e Guto Terue.,No baixo, não<br />

foi diferente, porém, com nosso grande<br />

amigo Luciano Fraga nas cinco cordas,<br />

chegamos à nossa primeira demo<br />

(“Dope Head”) em 2002, e finalizando,<br />

em 2007 tivemos a entrada de Zé Cantelli<br />

no baixo, completando a formação<br />

que está até hoje.<br />

Outro lance que influencia, e muito, é<br />

o fato de que, com o decorrer dos anos,<br />

nós começamos a aprimorar muito nosso<br />

som, tentando achar a nossa “cara”,<br />

procurando sempre deixar as músicas<br />

com o máximo de peso e agressividade<br />

possível. Nós nos cobramos muito, e<br />

finalmente em 2010, quando estávamos<br />

satisfeitos com nossa sonoridade, decidimos<br />

que era a hora de entrar no estúdio<br />

e dar vida ao nosso trabalho.<br />

URR: O álbum ‘D.N.R.’ foi lançado<br />

em 2013. Como tem sido a aceitações<br />

dele até o momento?<br />

Foda demais!!! Estávamos confiantes<br />

de que seria bem aceito, mas não<br />

tanto, afinal se trata de uma música que<br />

não segue nenhuma tendência e não é<br />

tão fácil de ser digerida. De uma forma<br />

geral, todos os blogs e sites especializados<br />

falaram muito bem até agora e o<br />

principal são as pessoas que compraram<br />

ou baixaram pela net, foram centenas de<br />

pessoas de vários lugares do país e pelo<br />

mundo vindo nos elogiar pessoalmente<br />

ou por meio de e-mails e redes sociais.<br />

Consequentemente, nosso público nos<br />

shows tem aumentado consideravelmente<br />

e conseguimos uma interação<br />

muito maior com eles.<br />

URR: O estilo do grupo percorre o<br />

Thrash, Hardcore e mesmo o Death.<br />

Essa mistura é intencional na hora de<br />

compor?<br />

Eu diria que é natural, ouvimos muitas<br />

coisas diferentes, desde Punk até<br />

Death Metal. Não temos problema algum<br />

em ouvir e saber curtir o que cada<br />

estilo sonoro tem a nos oferecer, isso só<br />

nos faz crescer como músicos. Como já<br />

temos nossa linha de raciocínio musical,<br />

colocamos todas essas influências<br />

no liquidificador e as deixamos sair de<br />

maneira com que nossa música soe orgânica<br />

e não seguindo fórmulas.<br />

URR: As letras são em português.<br />

Nunca pensaram em trabalhar em inglês?<br />

Sim, antigamente cantávamos em inglês,<br />

mas a partir de 2004 começamos<br />

a berrar em português, e acredite se<br />

quiser, é muito mais difícil. Passamos<br />

pra português, pois queríamos expor<br />

nossas ideias com nossa língua, com a<br />

nossa forma de expressão. Com isso,<br />

nosso conteúdo lírico melhorou muito<br />

e a agressividade transmitida também.<br />

URR: Como é a cena na região de<br />

Jundiaí?<br />

Gosto de dizer que é algo cíclico: nos<br />

anos 90 até meados de 2005, isso aqui<br />

era um inferno na terra, qualquer show<br />

underground lotava. Após isso, tivemos<br />

um inverno meio sombrio, que durou<br />

alguns anos, casas fechando, galera desinteressada<br />

por bandas de som próprio e<br />

por aí vai. Não é diferente do que vemos<br />

acontecendo em outras regiões, temos<br />

amigos de banda em todos os cantos e o<br />

discurso é sempre o mesmo. Porém, da<br />

metade do ano passado pra cá, a coisa<br />

se ergueu de uma forma surpreendente,<br />

novas bandas boas surgindo, muitas casas<br />

pra tocar com qualidade de primeira,<br />

shows com bandas de grande porte<br />

vindo direto - até o Warrel Dane passou<br />

por aqui -, e o principal, a galera voltou a<br />

encher os picos e abrir uns mosh pits de<br />

arregaçar! Não podemos reclamar!!!!!<br />

URR: Fale-nos um pouco dos planos<br />

futuros.<br />

Estamos trabalhando em novas composições<br />

e assim que terminarmos, iremos<br />

gravar mais um ou dois singles pra<br />

sentir como essas novas músicas vão<br />

soar gravadas antes de fazermos um<br />

novo ‘full’. Também vamos continuar<br />

tentando tocar o máximo possível, tanto<br />

aqui na região, quanto em outros estados.<br />

Entrevista concedida e originalmente<br />

publicada no site Som Extremo -<br />

http://somextremo.blogspot.com.br/<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 9


RRock Report<br />

Crawling in your veins<br />

Por: JP Carvalho<br />

Banda Devil´s Punch foi formada na cidade de Avaré no<br />

A final de 2013, em agosto para ser mais exato, por Jony<br />

Rock, Henrique Lex, Daniel Jr e Hiago Rubio com o intuito<br />

de ter uma banda focada em tocar músicas de sua autoria.<br />

A banda foi idealizada inicialmente por Jony Roque quando<br />

em meados de 2013 sua antiga banda entrou em hiato. Jony<br />

convidou Rick, Daniel e Hiago para montar uma banda cuja<br />

sonoridade tivesse o peso do Heavy Metal, mas que não perdesse<br />

a pegada livre do Rock n’ Roll, assim nascia a Devil’s<br />

Punch.<br />

Antes de começarem a ensaiar Jony e Rick se reuniram<br />

algumas vezes para trabalhar em algumas ideias que os dois<br />

tinham para a composição de algumas músicas, gravaram algumas<br />

demos e passaram para Daniel e Hiago. Assim em Setembro<br />

de 2013 a Devil’s Punch começa a ensaiar.<br />

No inicio de novembro a banda vai para o estúdio Chapeira<br />

Som na Cidade de Botucatu e sob a produção de Bruno<br />

Nogueira gravam seu primeiro single, a música “Crawling in<br />

your veins” que foi muito bem recebida pelo público tendo<br />

mais de 3 mil audições em apenas um mês no soundcloud.<br />

A banda inicia 2014 fazendo alguns shows em sua cidade<br />

e se preparando para entrar novamente em estúdio para gravar<br />

seu primeiro EP. Porém em março de 2014 por questões pessoais<br />

Hiago deixa o posto de baixista da banda atrasando os<br />

planos da Devil’s Punch.<br />

Com a saída de Hiago, Jony assume também o baixo fixando<br />

a formação da Devil’s Punch como um Power Trio, Jony<br />

Roque (Vocal e Baixo), Rick Lex (Guitarra e Backing Vocal)<br />

e Daniel Jr (bateria).<br />

O trio adia a gravação do EP para retrabalhar as músicas e<br />

volta a se apresentar em festivais na sua cidade. Em Julho de<br />

2014 a Devil’s Punch faz suas duas maiores apresentações tocando<br />

ao lado de Periferia S/A, banda com os membros originais<br />

do Ratos de Porão em Botucatu no festival “Dia mundial<br />

do Rock” e com o Ultraje a Rigor no Festival “Rock in Rio<br />

Pardo” em Santa Cruz do Rio Pardo, festival que contou com<br />

Ultraje a Rigor e Raimundos tendo um publico estimado de<br />

25 mil pessoas nos dois dias de realização do evento.<br />

Em setembro de 2014 a banda entra no estúdio SIOD na<br />

cidade de Avaré e começa a tão esperada gravação do seu primeiro<br />

EP com a produção de Umberto Buldrini e Fabiano Gil.<br />

Ainda em setembro Jony Roque decide se dedicar somente<br />

aos vocais da Devil’s Punch chamando seu irmão mais novo,<br />

Gill Roque que já tocava com os músicos da banda em outros<br />

projetos, para assumir o baixo fixando a formação da banda<br />

em um quarteto novamente.<br />

Neste caso aqui, eu confesso! Entrevistar uma pessoa que<br />

você admira, não apenas pela qualidade de seus trabalhos artísticos,<br />

mas por também, existir uma amizade muito forte, é<br />

difícil. Mas, falar com Jony Roque sempre foi uma experiência<br />

agradável, o cara nasceu municiado com muito talento,<br />

bom humor, bom senso e humildade. Então, para não ficar<br />

aqui jogando confete, confiram tudo nessa conversa prá lá de<br />

descontraída.<br />

Underground Rock Report: Olá Jony, obrigado pelo seu<br />

tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos<br />

fale sobre você e suas atividades.<br />

Jony Roque: Boa noite galera da Underground Rock Report,<br />

primeiramente muito obrigado por me procurar e com<br />

certeza vai ser um prazer bater esse papo, estou acompanhando<br />

o trabalho de vocês e está excelente.<br />

10 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Bem, o que eu posso dizer sobre mim (risos), meu nome<br />

é Jony Roque e sou um músico de Heavy Metal e Rock n’<br />

Roll do interior paulista, mais precisamente Avaré, sou fã de<br />

Heavy/Rock desde a adolescência e além de tocar em algumas<br />

bandas tenho alguns outros projetos dentro do mundo do<br />

Rock/Metal.<br />

Atualmente participo de alguns projetos que são:<br />

Radio88: Eu sou vocalista dessa banda que é voltada para<br />

o Rock n’ Roll clássico e a usamos pra satisfazer nosso desejo<br />

de tocar alguns cover das bandas que nos influenciam e que<br />

tanto amamos (risos).<br />

Devil’s Punch: Sou Vocalista dessa banda de som autoral<br />

fundada no final de 2013, lançamos até agora um single,<br />

“Crawling in your veins”, que teve uma aceitação muito boa<br />

até o momento e estamos preparando nosso primeiro EP que<br />

começará a ser gravado em dois meses, o som dessa banda é<br />

mais voltado para o Stoner com uma pegada forte de Heavy<br />

Metal e Southern Metal, nossas influências são: Down, Texas<br />

Hippie Coalition, Kill Devil Hills, Pantera e por ai vai.<br />

D.I.E.: Juntei-me há pouco tempo a essa banda sensacional<br />

que é a D.I.E., já era amigo dos caras há anos e acompanhava<br />

o trabalho deles desde o início, fazemos um Hardcore<br />

Crossover bem raivoso por assim dizer, com letras de cunho<br />

social, politico e (anti) religioso e também é uma banda autoral,<br />

sensacional tocar com esses caras, nela eu sou baixista.<br />

On The Rock: O On The Rock é um programa de rádio<br />

apresentado por mim todas as quintas feiras das 20 às 22 horas<br />

pela Radio Cidadania e que também pode ser ouvida on-<br />

-line pelo link: www.radiocidadania.com.br, como tenho carta<br />

branca nessa emissora rolam todas vertentes do Rock/Metal<br />

desde Punk até Black Metal, sem exagero é isso mesmo (risos).<br />

E também procuro rolar muito som de bandas independentes.<br />

Anti-Heroi Recordz: O Anti-Heroi Recordz é um blog que<br />

eu fundei há algum tempo com o intuito de divulgar as bandas<br />

Undergrounds do Brasil, mas estamos começando a abrir<br />

espaço para bandas gringas também, desde que sejam independentes,<br />

estamos abrindo esse espaço porque ajuda na visualização<br />

das bandas nacionais fora do país. Faço esse blog<br />

junto com o meu grande brother JP Carvalho da banda Yekun<br />

de São Paulo e minha amiga Camila Moreira, uma grande fã e<br />

conhecedora de Heavy Metal. O mais legal de trabalhar com<br />

esse blog é ter possibilidade de conhecer inúmeras bandas<br />

excelentes e ter um contato mais próximo com elas.<br />

URR: Como você organiza seu tempo para tantas atividades?<br />

Jony: Complicado responder está pergunta (risos), às vezes<br />

nem eu mesmo sei como arranjo tempo pra tanta coisa.<br />

Mas eu acho que consigo principalmente por definir as prioridades<br />

e vou encaixando cada coisa conforme eu tenho tempo.<br />

As minhas prioridades são as atividades exercidas com as<br />

bandas, até porque tenho que adequar as agendas de shows<br />

para não prejudicar nenhuma, primeiro defino em qual dia<br />

farei cada coisa e vou encaixando o restante conforme tenho<br />

tempo, o On The Rock eu apresento toda quinta, já é uma data<br />

fixa então não tem como correr disso, e vou alocando o tempo<br />

entre as bandas e no espaço que sobra, encaixo as atividades<br />

do Anti-Herói Recordz. Acho que funciona mais ou menos<br />

assim (risos).<br />

URR: Como você vê a cena da música pesada brasileira?<br />

Jony: Musicalmente falando a cena da música pesada Brasileira<br />

é ótima, temos milhares de bandas que vem fazendo<br />

um excelente trabalho, eu perderia o restante do dia listando<br />

essas bandas. Por outro lado temos ainda uma estrutura precária<br />

que não corresponde à qualidade dos nossos músicos.<br />

Creio que as bandas nacionais não devem em nada para as<br />

bandas estrangeiras, já a nossa cena perde muito comparada,<br />

principalmente, com Europa e Estados Unidos, basta você<br />

ver as entrevistas das bandas brasileiras logo após retornarem<br />

de turnês nos Estados Unidos ou Europa, não estou dizendo<br />

que lá fora tudo é perfeito, isso seria utopia só estou dizendo<br />

que estão um pouco à nossa frente. Não conseguimos, infe-<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11


lizmente, oferecer às nossas bandas uma estrutura boa para<br />

desempenharem seu trabalho. Ainda hoje é difícil para nós<br />

músicos de Heavy Metal termos acesso a instrumentos e equipamentos<br />

profissionais, tudo é muito caro no Brasil, gravar e<br />

lançar nossos trabalhos de forma independente também, tudo<br />

dispende muito dinheiro: gravar, prensar, fazer a arte gráfica,<br />

divulgar, gravar um clipe, fazer uma turnê etc. Ou seja, nada<br />

é fácil e o apoio e retorno financeiro praticamente zero, só<br />

continua na cena quem verdadeiramente faz por amor, que<br />

acho que seja até um diferencial brasileiro: passar por cima<br />

das dificuldades e fazer não importa como, somos muito bons<br />

nisso (risos).<br />

URR: Realmente somos! Partindo do que você disse, será<br />

que uma reformulação tributária não facilitaria, em muito,<br />

o acesso a instrumentos e serviços? E a partir disso, você<br />

acha que, a própria cena mudaria, visto que com mais facilidades,<br />

haveria mais investimentos?<br />

Jony: Bem, na questão dos equipamentos com certeza,<br />

pois bandas, casas de shows e estúdio teriam condições para<br />

adquirir equipamentos melhores e serviços com um preço<br />

mais acessível.<br />

Quanto à parte de investimentos creio que isso não dependa<br />

de uma reforma tributaria ou de preços menores, depende<br />

sim da mudança cultural de quem está inserido nessa cena,<br />

principalmente por parte do publico, empresários e produtores<br />

do ramo acreditarem nas bandas brasileiras e dar o devido<br />

valor a elas. Veja bem, há uma discussão enorme sobre o<br />

publico valorizar muito mais as bandas de fora do que às daqui<br />

e essa discussão vai perdurar por muitos anos, vindo uma<br />

reforma tributária ou não. Uma das formas de mudar isso é<br />

comparecer aos eventos e pagar a entrada sem ficar chorando<br />

por R$5,00 que é o que os eventos do Underground cobram<br />

na sua maioria. A matemática é simples: se o publico comparece<br />

aumentam os eventos bem estruturados e com bandas de<br />

qualidade, se o publico não comparece aumentam os eventos<br />

precários feitos por produtores pilantras que só querem explorar<br />

bandas e publico. É o que eu penso.<br />

URR: Ou seja, basta quem está na cena, dar valor ao que tem?<br />

Jony: Basicamente isso, são muitos fatores a serem analisados,<br />

ficaríamos o dia discutindo isso, mas basicamente é<br />

isso mesmo!<br />

URR: Como você vê a atuação da OMB (Ordem dos Músicos<br />

do Brasil)? Acredita que esta seja uma instituição séria?<br />

Jony: Até hoje não vi a OMB fazer nada de útil para o<br />

músico brasileiro, seja de qualquer estilo, então não consigo<br />

opinar firmemente sobre isso, mas a impressão que eu tenho é<br />

que se trata de mais uma organização inútil.<br />

URR: Como andam os trabalhos com o Devil´s Punch?<br />

Jony: A Devil’s Punch agora está a todo vapor, ficamos<br />

parados por alguns meses devido a alguns problemas, mas<br />

agora nos firmamos com um quarteto e estamos pré produzindo<br />

o EP que será lançado até o meio do ano.<br />

URR: Quais as perspectivas para este lançamento?<br />

Jony: O plano é gravar quatro músicas novas e lançar de<br />

duas maneiras, como um web-EP que poderá ser baixado gratuitamente<br />

e também em formato físico, além disso, uma das<br />

musicas ganhara um clipe que será lançado junto com este EP.<br />

URR: Que tipo de mídia vocês usam para a divulgação<br />

do seu trabalho?<br />

Jony: Usamos tudo disponível para a divulgação do trabalho,<br />

Internet, correio, e também trabalhamos desde o início<br />

da banda com a Metal Media Management dos meus grandes<br />

brothers Rodrigo Balan e Débora Brandão, fazem um excelente<br />

trabalho e ajudam muito na administração da banda.<br />

12 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


URR: Visto que você atua em diferentes estilos, você tem<br />

algum preparo especial para sua voz e para seu condicionamento<br />

físico?<br />

Jony: Bem eu estudo técnica vocal desde a adolescência,<br />

quando comecei pra valer em bandas de rock, então sempre<br />

me preocupei com saúde vocal, em cantar corretamente e isso<br />

segue até hoje. Engraçado que quando você começa a estudar<br />

técnicas vocais você fica neurótico com tantas lendas que<br />

rondam por ai como: o que comer ou o que beber, chás milagrosos<br />

e toda essas historias mirabolantes, mas depois que<br />

você pega um pouco de experiência você percebe que o melhor<br />

é sempre o básico: exercitar respiração, aquecimento e<br />

afinação, você fazendo isso frequentemente e de maneira correta<br />

sua evolução vem naturalmente. Quanto a atuar em vários<br />

estilos isso é algo que todo vocalista deveria fazer, pois cada<br />

estilo tem algo novo a acrescentar e quanto mais confortável<br />

você se sente cantando estilos diferentes mais você consegue<br />

adicionar no seu jeito próprio de cantar.<br />

URR: Você cantava em uma banda que eu, particularmente,<br />

achava sensacional! Porque o Steps of Silence acabou?<br />

E porque resolveu formar o Devil´s Punch?<br />

Jony: Eu não diria que a Steps of Silence acabou, diria<br />

que entramos em um hiato. As muitas mudanças de formação<br />

acabaram nos desgastando e chegou a um ponto que precisávamos<br />

de uma pausa disso tudo. Foi difícil trocar de formação<br />

quando começamos a gravar o EP, foi difícil terminar a gravação<br />

com mais uma mudança e foi mais difícil ainda tentar<br />

fazer shows com as mudanças acontecendo. Mas esses dias<br />

mesmo eu e o Ricardo (Fusco, guitarrista e letrista) conversamos<br />

e levantamos a hipótese de gravar as músicas que estão<br />

prontas e eu creio que isso possa acontecer até o fim do ano,<br />

mesmo com esse hiato o Ricardo é um dos meus melhores<br />

amigos e com certeza faz falta tocar na Steps of Silence com<br />

ele e com o restante da banda, principalmente do início que<br />

são Gabriel e o Rodrigo, mas quem sabe né, veremos (risos).<br />

Já a Devil’s Punch veio naturalmente, com esse hiato da Steps<br />

of Silence eu precisava de uma válvula de escape e precisava<br />

estar em ação compondo, gravando e tocando e era algo que<br />

eu já tinha em mente a algum tempo que era fazer um som<br />

diferente da Steps of Silence com uma pegada mais Southern/<br />

Rocker/Stoner e por ai vai, tive a sorte de encontrar os caras<br />

certos pra fazer esse som. O Rick e o Dani encaixaram perfeitamente<br />

na banda e estamos trabalhando duro para lançar<br />

o próximo trabalho.<br />

URR: Algum conselho aos cantores iniciantes?<br />

Jony: Que estudem e treinem o máximo que puderem, que<br />

tenham a mente aberta para sempre aprender mais e que independente<br />

de técnica que cantem com feeling a cima de tudo.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Jony: Gravar e lançar os próximos trabalhos da D.I.E. e<br />

Devil´s Punch e estar no palco o máximo que eu puder e ter<br />

mais tempo para o Anti-Heroi Recordz também.<br />

URR: Resuma Jony Roque em uma frase.<br />

Jony: “Stand up and FIGHT” (risos).<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar<br />

este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos<br />

leitores.<br />

Jony: Eu que agradeço a oportunidade de poder falar um<br />

pouco sobre meu trabalho e gostaria de dar meus parabéns<br />

a URR que está a cada dia melhor e mais forte, que tenham<br />

sucesso nessa empreitada. Acho que a única mensagem que<br />

poderia deixar para os leitores da URR é que apoiem as bandas<br />

locais, que compareçam aos eventos e que deem valor ao<br />

que temos, no mais é isso, abraços.<br />

Matéria originalmente publicada no<br />

site Heavy Metal Breakdown<br />

http://hmbreakdown.blogspot.com.br<br />

Devil’s Punch<br />

Damn Road (EP)<br />

Independente<br />

Há algum tempo, a mistura<br />

entre o Metal tradicional<br />

e aspectos do Southern Rock<br />

americano nos concede alguns<br />

trabalhos muito bons. Bandas<br />

como Black Label Society ganharam<br />

uma enorme expressão<br />

e servem como modelos para as<br />

mais novas gerações. E um dos<br />

nomes mais interessantes dessa<br />

turma aqui no Brasil é o do<br />

grupo Devil’s Punch, de Avaré<br />

(SP), que lançou há pouco tempo<br />

seu primeiro trabalho, o EP<br />

digital “Damn Road”.<br />

Antes de tudo, a banda não<br />

nega de um lado a influência<br />

clara do Metal tradicional, sensível<br />

devido ao peso e mesmo<br />

ao som das guitarras, mas no<br />

meio da estruturação harmônica<br />

de suas músicas, o jeitão<br />

Southern/Country Rock é bem<br />

claro, dando aquele toque de<br />

“Whiskey Feeling” muito raçudo,<br />

tornando o trabalho muito<br />

interessante e cheio de energia.<br />

Os vocais são em timbres normais,<br />

sabendo casar melodia e<br />

agressividade na dose certa; os<br />

riffs são econômicos do ponto<br />

de vista técnico, mas muito<br />

ganchudos, enquanto os solos<br />

usam e abusam do feeling Southern<br />

Rock; a base baixo/bateria<br />

é até comportada, mas nada de<br />

soar simplista. A banda consegue,<br />

assim, criar algo que não<br />

é extremamente inovador, mas<br />

que tem muitos méritos.<br />

Devil’s Punch<br />

A produção ficou bem seca<br />

e direta, faltando um pouco<br />

daquele clima “esfumaçado”<br />

e “gorduroso”, aquela famosa<br />

sujeira intencional necessária,<br />

que poderia ajudar ainda mais<br />

o trabalho do grupo. Mas temos<br />

qualidade e clareza em bom<br />

nível, nos permitindo compreender<br />

o que eles estão tocando,<br />

logo, o saldo é bem positivo<br />

nesse quesito.<br />

Em termos musicais, podemos<br />

perceber que o grupo é<br />

uma ótima promessa. Sim, apesar<br />

de “Damn Road” ter um nível<br />

muito bom, percebe-se que<br />

o trio ainda não gastou todo<br />

seu potencial, que ainda possui<br />

uns ases na manga para usar na<br />

hora certa.<br />

As quatro composições do<br />

EP são muito boas. “Lost My<br />

Pride” começa bem calma,<br />

para depois virar uma pancada<br />

com forte dose de Southern<br />

Rock, com riffs que entram pelos<br />

ouvidos e não saem mais,<br />

fora um trabalho bem legal<br />

da bateria. Mais acessível,a<br />

música “The End of the Line”<br />

mostra um lado mais voltado<br />

ao Hard Rock clássico, com<br />

bons vocais, com ótimos coros<br />

e um solo bem carregado<br />

de wah-wah. Pesada e com<br />

um jeitão de Metal tradicional,<br />

temos “Waste My Time”,<br />

uma pancada bem pesada com<br />

o andamento em meio tempo,<br />

baixo presente e firme na marcação.<br />

Fechando o EP, temos<br />

a climática “Damn Road”,<br />

que inicia mais introspectiva e<br />

com belos arranjos no baixo,<br />

mas depois vira uma tijolada<br />

à lá Down e Black Label Society,<br />

com peso e técnica equilibrados,<br />

e vocais azedos bem<br />

postados.<br />

Como dito acima, o Devil’s<br />

Punch ainda tende a evoluir<br />

bastante, fica claro ao ouvir<br />

“Damn Road”, mas mesmo<br />

agora, a banda mostra um trabalho<br />

muito bom e agradável.<br />

Logo, aproveitem, baixem o<br />

EP aqui porque é de graça, ou<br />

ouçam por streaming abaixo. E<br />

boa diversão!<br />

Por Marcos “Big Daddy”<br />

Garcia<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 13


RRock Report<br />

Por: JP Carvalho<br />

Statik Majik começou suas atividades em 2002<br />

A quando na época, Luis Carlos (baterista) desestimulado<br />

com suas bandas atuais, resolveu fazer um som que<br />

mais o inspirava musicalmente, e já batizada de Statik<br />

Majik, gravou sua primeira demo em 2003 com apenas<br />

6 meses de trabalho, intitulada: “Be Magic!”. A repercussão<br />

na mídia especializada foi boa e assim como o<br />

trabalho foi bem recebido entre os amantes do gênero<br />

musical assim como boas resenhas em revistas especializadas.<br />

A repercussão fez com que a banda participasse<br />

de 2 coletâneas: “Locos Gringos have a Party” que contava<br />

com Bandas da Argentina, Chile e Peru, e “Extreme<br />

Underground 2”, com Bandas brasileiras.<br />

Diante da boa receptividade, a Banda entra em estúdio<br />

em 2004 para gravação de um novo trabalho em formato<br />

demo, chamado: “Utopia Sunrise”. Este trabalho<br />

trazia 6 músicas, e contrário do trabalho anterior, vinha<br />

mais diversificado em suas influências, inclusive com a<br />

adição de teclados. Novamente as resenhas foram muito<br />

positivas, e no ano seguinte a Banda ainda participou<br />

de mais uma coletânea, que lançada em vinil e chamada<br />

“Warriors of Dark Sun”, que teve uma ótima repercussão<br />

no exterior, porém, nem tudo estava indo bem com<br />

a Banda já que havia conflitos internos entre alguns integrantes<br />

e a banda acabou por encerrar suas atividades<br />

por um curto período.<br />

Em 2006 era hora de dar a volta por cima, então, Luis<br />

Carlos resolveu retornar suas atividades com a banda,<br />

reformulando toda formação e trazendo pra Statik Majik,<br />

o baixista Evandro de Souza, que já estava em sua<br />

formação anterior, adicionando o vocalista Rafael Tavares<br />

e o guitarrista Marlon Guedes. Assim a Banda iniciou<br />

o projeto de lançar um Ep, com músicas novas e<br />

regravações, e assim saiu em 2007: “Redemption”, um<br />

trabalho que, se musicalmente não mostrava uma evolução<br />

sonora da banda, estava concentrado ali uma fúria<br />

contida em 4 músicas e no desejo incomum de seguir<br />

em frente. A Statik Majik começou a fazer shows de divulgação,<br />

tendo feito apresentações fora do RJ (capital)<br />

pela primeira vez, tocando em Macaé, Minas Gerais (no<br />

roça and roll pra um público de 5 mil pessoas e com<br />

Bandas importantes como Sepultura), Uberlândia, etc.<br />

Mas, apesar de todas as conquistas, os problemas internos<br />

continuaram e nas gravações do seu primeiro Cd<br />

eles vieram à tona, e mesmo com o lançamento do single<br />

“Shadows of Hope”, mudar a formação foi a solução<br />

ideal para que a banda continuasse com seu trabalho, então,<br />

com a saída de Rafael e Marlon, a banda prosseguiu<br />

e que no momento que já contava com Thiago Velásquez<br />

14 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


no baixo, agora assumia também o posto de vocalista,<br />

fazendo com que a Banda se tornasse definitivamente<br />

um trio. Isso acarretou uma demora na na gravação, mas<br />

também, que a banda alcançasse um melhor resultado<br />

e uma identidade maior em sua sonoridade. O trabalho<br />

intitulado “Stoned on Musik” continha 9 músicas e a<br />

produção ficou a cargo de Flavio Pascarillo (baterista da<br />

banda Nordheim e Tribuzy), além da supervisão e apoio<br />

que teve de pessoas importantes do rock pesado Brasileiro<br />

como Carlos Lopes (Dorsal Atlântica / Mustang).<br />

Em 2010, o primeiro Cd foi lançado e com isso uma<br />

tour com bastantes shows pelo Brasil, e com a adição de<br />

Thiago D`Lopes na Guitarra. Os shows da turnê tiveram<br />

divulgação durante todo anos de 2011 e 2012, além da<br />

divulgação do primeiro clipe da Banda, da música “Statik<br />

Majik”, que obteve excelente aceitação.<br />

Em 2013, focaram na gravação do segundo CD intitulado<br />

“Wrath of Mind” e dessa vez, contando com a<br />

excelente produção de Renato Tribuzy, mas mesmo com<br />

todo trabalho de uma gravação, a Banda não parou e<br />

fizeram turnês que passaram pelo Equador, Peru, Alemanha,<br />

França, Italia, Espanha, Holanda e Belgica, além<br />

de um turnê Brasileira pelo Norte/Nordeste do Brasil,<br />

que passou pelo Ceará, Maranhão, Tocantins, Para, Rio<br />

Grande do Norte, além de apresentações por outros estados,<br />

com destaque para abertura da Banda Canadense<br />

Anvil. No meio de todo esse trabalho, a Banda lançou<br />

um single virtual e um clipe da música “Drowning in<br />

Despair”. Em Novembro, o segundo CD foi lançado e<br />

assim, a Banda vem divulgando o trabalho em todas as<br />

mídias possíveis, encerrando o ano de 2013 com 2 excelentes<br />

shows pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais, e<br />

estreando Leonardo Cintra na Guitarra. Para este ano, a<br />

Banda já tem programada novas turnês, que deverá passar<br />

pela Colombia, Bolivia, Equador e Peru, e também<br />

alguns estados do Brasil como Para, Minas Gerais, etc.<br />

Neste ano, a Statik Majik tem feito divulgação em veículos<br />

importantes da mídia, como entrevistas na Revista<br />

Roadie Crew, Jornal Extra, Músicas veiculadas em<br />

importantes Rádios do Brasil como a Kiss FM, Rádio<br />

Corsário, Programa Metal Heart, Clipe novo “Paradox<br />

of Self-Existence” sendo veiculado na no Canal NGT<br />

e na PLAY TV, além da continuação da turnê que estará<br />

passando por vários estados do Brasil como SP, MG,<br />

BA, ES. Mais recentemente a Banda fez abertura dos<br />

shows do Black Label Society no RJ e SP tocando para<br />

um público estimado entre 2 e 3 mil pessoas, obtendo<br />

excelente receptividade do público.<br />

www.statikmajik.com.br<br />

smajik@hotmail.com<br />

Luciana Pires<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 15


RRock Report<br />

Por: JP Carvalho<br />

Lacerated And Carbonized foi formado em 2006 por<br />

O Jonathan Cruz (vocal), Caio Mendonça (guitarra),<br />

Paulo Doc (baixo) e Victor Mendonça (bateria).<br />

A banda vem do Rio de Janeiro, uma cidade que comporta<br />

ao mesmo tempo maravilhas naturais mundialmente<br />

conhecidas e um submundo de violência e degradação quase<br />

nunca visto por estrangeiros. Essa atmosfera é refletida<br />

em todos os aspectos do Death Metal visceral e implacável<br />

trazido pelo grupo.<br />

“Homicidal Rapture”, seu álbum de estréia lançado em<br />

2011, recebeu elogios da mídia especializada brasileira e<br />

apresentou a banda ao mundo, conquistando também resenhas<br />

positivas ao redor do planeta. O disco foi seguido de<br />

uma bem-sucedida turnê Sul-Americana que passou por<br />

Chile, Equador, Colômbia, Bolívia e Peru, além de levar a<br />

banda a tocar em grandes festivais pelo Brasil ao lado de<br />

grupos como Sepultura, Mayhem, Belphegor E Immolation.<br />

2012 foi um ano marcante para o Lacerated And Carbonized.<br />

Com seu single “Third World Slavery” (que contou<br />

com o renomado Andy Classen - Destruction/ Krisiun/<br />

Tankard/ Legion Of The Damned - Na mixagem e masterização),<br />

lançado no Brasil pelo selo Eternal Hatred Records,<br />

a banda passou a integrar o cast da Flaming Arts<br />

Agency, em uma parceria que promoveu esse trabalho e<br />

uma extensa turnê européia ao lado dos americanos do<br />

Vile tocando em festivais junto a bandas como Grave, Malignant<br />

Tumour, ProPain e muitas outras.<br />

Em junho de 2013 a banda lançou seu novo álbum, “The<br />

Core Of Disruption”, contendo onze faixas de um Death<br />

Metal inovador e implacável. O lançamento foi realizado<br />

no Brasil através da Eternal Hatred Records e na América<br />

do Norte pela Mulligore Records. Abordando a realidade<br />

violenta da cidade em que vive, Rio de Janeiro, o Lacerated<br />

And Carbonized mistura ao seu som extremo toda<br />

sua visão crua de um submundo marcado por tráfico de<br />

drogas, abuso policial, corrupção e domínio de milícias armadas.<br />

Além disso, para enriquecer mais ainda o material,<br />

o álbum trouxe participações mais do que especiais: Felipe<br />

Chehuan & Max Moraes (Confronto), Eregion (Unearthly)<br />

e Guilherme Sevens (Painside). Mixagem e Masterização<br />

ficaram também por conta do renomado produtor Andy<br />

Classen.<br />

www.laceratedandcarbonized.com<br />

contact@laceratedandcarbonized.com<br />

Underground Rock Report: Obrigado pelo seu tempo<br />

16 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


e por este bate papo, fale-nos sobre o inicio do Lacerated<br />

And Carbonized?<br />

Victor Mendonça - Caio, Jonathan e Paulo são amigos<br />

de longa data e já tocavam juntos em outros projetos.<br />

Como eles sempre tiveram vontade de tocar Death Metal,<br />

a formação do Lacerated And Carbonized foi muito natural.<br />

Eles começaram a compor as primeiras músicas e,<br />

antes de gravá-las, me convidaram para entrar na banda.<br />

Nossa intenção já era fazer um Death Metal violento, e a<br />

consequência disso foi o lançamento da demo “Chainsaw<br />

Deflesher”.<br />

URR: O álbum de estréia da banda, Homicidal Rapture,<br />

foi lançado em 2010, o que mudou de lá para cá?<br />

Victor - Em 2010, fizemos nossa primeira turnê internacional.<br />

De lá para cá, caímos de cabeça na estrada e já<br />

tocamos em mais de vinte países. Somos uma banda muito<br />

mais madura e sabemos o que fazer para ter o resultado<br />

mais efetivo e brutal, tanto ao vivo quanto em estúdio.<br />

URR: Como foi para vocês fazer uma turnê sul-americana<br />

para promover Homicidal Rapture?<br />

Victor - A “Homicidal South American Tour” foi feita<br />

em suporte ao álbum, que foi lançado por uma gravadora<br />

peruana. Fizemos cerca de vinte shows entre Bolívia,<br />

Peru, Chile, Equador e Colômbia. O feedback que tivemos<br />

foi extremamente positivo e pudemos ter uma ideia de<br />

quanto o Metal brasileiro é respeitado no continente. Em<br />

todos os lugares o público é insano, caloroso e possui uma<br />

maneira muito intensa de demonstrar que está curtindo o<br />

show. Vendemos todo o nosso merchandising antes do fim<br />

da tour e tocamos com excelentes bandas locais, além de<br />

participar de festivais junto ao Monstrosity, que também<br />

estava passando pelos países latinos na mesma época.<br />

URR: Em 2012, vocês partiram para o Velho Mundo<br />

ao lado do Vile e conseguiram impor o nome da banda<br />

tanto lá, como trazer o interesse para vocês dentro da<br />

sua própria casa, quais foram as maiores conquistas da<br />

banda nesse período?<br />

Victor - Primeiramente, banda que é banda vive de estrada.<br />

É sempre importante mostrar seu som para o maior<br />

número de pessoas possível, pois a resposta que você tem<br />

com uma turnê é impressionante. Tivemos ótimos momentos<br />

e aprendemos muito em cada país que passamos. Uma<br />

das maiores conquistas provenientes desta turnê de 2012<br />

foi ter tocado em festivais ao lado de grandes bandas como<br />

Grave, Malignant Tumour, ProPain e muitas outras. Destes<br />

festivais, destaco o “NRW Death Fest”, que foi muito<br />

marcante para mim. Lembro que na noite anterior tocamos<br />

em Bern, na Suíça, e viajamos para o festival em Wermelskirchen,<br />

Alemanha. A receptividade foi 100%, fizemos<br />

amigos e tivemos a oportunidade de mostrar nosso som<br />

para um público com casa cheia e que pirou no LAC. Diversos<br />

headbangers se espancando, cantando e aplaudindo<br />

nossa música. As vezes, passa um filme na cabeça, pois<br />

banda sempre tem dificuldades (ainda mais se tratando de<br />

Heavy Metal), e o LAC, apesar de tudo, sempre enfrentou<br />

as dificuldades com sangue nos olhos e nunca deixou a<br />

peteca cair.<br />

URR: O mais recente trabalho “The Core Of Disruption”<br />

aborda a realidade de quem vive em um Rio de Janeiro<br />

muito diferente do vendido pela mídia e pelas agencias<br />

de turismo. Qual foi a reação das pessoas a este tema<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 17


e ao trabalho em geral?<br />

Victor - Posso informar que nossa real intenção era<br />

destacar esse contraste que existe entre as classes culturais<br />

cativas no RJ. A nossa vivência nos deu um know-<br />

-how para abordar o assunto, que é natural e concreto para<br />

nós, pois vivenciamos todos os dias a violência contínua,<br />

descaso político, domínio das milícias e o tráfico de drogas.<br />

O nosso público elogiou<br />

bastante esta iniciativa, justamente<br />

pela naturalidade com<br />

que esse tema foi executado.<br />

URR: Como foi contar<br />

com Andy Classen na mixagem<br />

e masterização?<br />

Victor - Já conversávamos<br />

há um tempo sobre trabalharmos<br />

juntos nesse álbum<br />

e acabou que conseguímos<br />

conciliar a agenda de todos<br />

os envolvidos. O Andy Classen<br />

é um excelente profissional<br />

e trabalha muito bem.<br />

Gravamos o álbum no HR<br />

Studios, no RJ, e lá tivemos<br />

as ferramentas necessárias<br />

para extrair o nosso melhor e<br />

ter uma matéria-prima de alta<br />

qualidade para que o Andy<br />

pudesse executar o seu trabalho sem dificuldades. O resultado<br />

ficou excelente e todos podem conferi-lo no álbum<br />

“The Core of Disruption”.<br />

URR: O CD também conta com participações mais<br />

que especiais, conte-nos como surgiu a ideia e como foram<br />

essas participações.<br />

Victor - Tivemos a participação de Felipe Chehuan & Max<br />

Moraes (Confronto), Eregion (Unearthly) e Guilherme Sevens<br />

(Painside). Nós queríamos incluir participações que realmente<br />

pudessem agregar ao trabalho. Além de amigos, todos eles<br />

são extremamente talentosos<br />

e fazem parte de algumas das<br />

melhores bandas de nosso cenário.<br />

O ponto crucial de todo<br />

esse processo foi que todos eles<br />

são moradores do RJ e possuem<br />

essa visão raio-x do nosso estado.<br />

O resultado ficou matador!<br />

URR: Deixem uma mensagem<br />

aos nossos leitores.<br />

Victor - Primeiramente,<br />

agradeço aos redatores da Underground<br />

Rock Report pelo<br />

apoio e por esta entrevista.<br />

Neste momento, estamos em<br />

processo de composição do<br />

nosso novo trabalho, que será<br />

gravado no primeiro semestre<br />

de 2015. Fiquem atentos nas<br />

novidades, pois vem pedrada<br />

pela frente. Esperamos ver<br />

todos na estrada, que é o lugar natural do Lacerated And<br />

Carbonized. Um forte abraço a todos que curtem o LAC e<br />

que apoiam o Undeground nacional em geral.<br />

18 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


RRock Report<br />

CHAOTIC SYSTEM<br />

Por: JP Carvalho<br />

Após o fim da banda Thrash Metal, Mastery em 2008, no<br />

mesmo ano Magno Vieira (vocal e guitarra) fundou o<br />

Chaotic System. O primeiro integrante a ser convidado para<br />

fazer parte do line up foi o baixista Adans Bethke, logo em<br />

seguida o baterista Luiz “vulgo” Mazzaropi e por ultimo para<br />

assumir a segunda guitarra, Thiago Assis. Essa formação durou<br />

pouco tempo, ensaiaram alguns meses que se resultou em<br />

uma pausa precoce, ficando parados por longos quatro anos.<br />

Em agosto de 2012 a banda volta com quase o mesmo line<br />

up, já que Thiago Assis opetou em não participar do retorno.<br />

Então, como power trio pegam pesado nos ensaios e nas composições<br />

e em outubro do mesmo ano a banda opta por não<br />

trabalhar mais com Luiz na bateria e o subtituiem por Thiago<br />

Splatter.<br />

No final de de 2012 com o line up completo e cheios de planos<br />

para o ano seguinte, a banda segue ensaiando e participam de uma<br />

série de shows em 2013 em eventos e lugares interessantes como<br />

Cordeiro RJ, Curitiba PR, Presidente Prudente SP e outros.<br />

Em 2013 gravaram seu primeiro registro um EP com quatro<br />

músicas próprias e uma versão para “The Possibility Of<br />

Life’s Destruction” do Discharge, o EP foi relançado em formato<br />

Split CD com a banda SxFxD pelos selos Danger Productinos<br />

(Brasil) e Dissident Noize Records (Austrália).<br />

O ano de 2014 não foi muito produtivo, o vocalista e guitarrista<br />

Magno Vieira se muda para Curitiba, fixando 50% da<br />

banda por lá, não sendo possível a continuidade do trabalho e<br />

dos planos que envolviam a banda. Com o passar do tempo, o<br />

baterista Thiago Splatter, perde o interesse pelo Chaotic System,<br />

e em junho de 2014 sai oficialmente da banda.<br />

Atualmente o Chaotic System se encontra fixo em sua nova<br />

cidade Curitiba, em busca de um novo baterista para dar continuidade<br />

as suas atividades, mesmo assim a banda continua<br />

a compor novas músicas e em breve nova formação promete<br />

o restabelecimento de uma formação<br />

Contatos:<br />

magno_vieira84@hotmail.com<br />

www.facebook.com/chaoticsystemcrustgrindc<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 19


RRock Report<br />

Por: Gisela Cardoso<br />

Após alguns anos em hiato, a banda mineira Silent Cry<br />

anunciou o seu retorno em meados de 2013, e não demorou<br />

muito para mostrar que não é à toa que sempre foi considerada<br />

um dos ícones do Gothic/Doom Metal brasileiro. Já<br />

em seus primeiros shows de retorno, o grupo reencontrou um<br />

público fiel e faminto por novidades, dando as “boas vindas<br />

de volta” pra lá de receptivas e calorosas.<br />

Formada em 1994, em Governador Valadares, o Silent<br />

Cry chamou a atenção de todo o cenário nacional já com o<br />

seu primeiro álbum, “Remembrance” (1999). Tratando-se de<br />

uma um trabalho diferenciado e autêntico dentro do Metal,<br />

mesclando o Doom Metal e Atmosferic Gothic, a banda expressa<br />

o sentimento em forma de música, o que certamente<br />

colaborou para sua posição de reconhecimento na cena brasileira.<br />

De lá pra cá, o Silent Cry foi servindo de inspiração<br />

para outras bandas de Metal Gótico, na medida em que mais<br />

sucessos foram vindo, como “Goddess Of Tears” (2000),<br />

“Dance Of Shadows” (2002) e o “Darklife” (2005). No entanto,<br />

depois de seu último lançamento, o Silent Cry entrou<br />

em um período de hibernação, principalmente em relação a<br />

shows e turnês, devido ao desgaste das sucessivas alterações<br />

em sua lineup, além dos prejuízos com a reviravolta no mercado<br />

fonográfico nos primeiros anos da década 2000.<br />

Porém, apesar das inúmeras mudanças em sua formação<br />

e outras turbulências passadas, o Silent Cry reergueu a sua<br />

bandeira firme, decidindo que já estava mais do que na hora<br />

de voltar à ativa. Com um novo gás, o Silent Cry agora conta<br />

com Joyce Vasconcelos (vocal), Peterson Camargos (guitarra),<br />

Wagner Oliveira (bateria), e os membros originais Dilpho Castro<br />

(guitarra/vocal) e Roberto Freitas (baixo). Aliás, quando foi<br />

anunciado o seu retorno, a banda não só prometeu shows e aparições<br />

em festivais: como também um novo álbum a caminho!<br />

Intitulado “Hypnosis”, o primeiro álbum do Silent Cry em<br />

quase dez anos se encontra em fase de produção, e promete<br />

trazer o que faz o som do Silent Cry ser único em meio à<br />

diversidade: a sua essência original, a qual sempre esteve presente<br />

ao longo dos anos. E, pela primeira vez em sua história,<br />

a banda lança um álbum temático, com a abordagem de um<br />

personagem lidando com a hipnose para enfrentar seus desejos<br />

e desafios diários.<br />

Em entrevista à Undergroud <strong>ROCK</strong> Report, o guitarrista<br />

Dilpho Castro fala mais a respeito de “Hypnosis” e sua respectiva<br />

abordagem, os desafios ao longo de sua carreira e,<br />

claro, sobre a nova era do Silent Cry.<br />

Underground Rock Report: O Silent Cry anunciou seu<br />

retorno no fim de 2013, já com muitos shows e um trabalho<br />

em estúdio programados na agenda. Quando e como foi<br />

decidido que era hora de voltar? Aliás, como foi subir aos<br />

palcos com a banda novamente?<br />

20 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Dilpho Castro: Sofremos uma pausa que durou quase<br />

quatro anos, o MP3 e a queda nas vendas de CDs do mercado<br />

fonográfico nos afetaram bastante, além de mudanças na formação.<br />

Tudo isso freiava nosso retorno, mas os apreciadores<br />

de nossa música nunca nos “deixaram em paz”, só tenho a<br />

agradecer essa galera, pois com certeza esse foi o combustível<br />

que não deixou a chama se apagar. Durante todo esse<br />

tempo, as pessoas não paravam de mandar recado e continuar<br />

consumindo CDs mesmo diante toda crise neste sentido.<br />

Todos os álbuns do Silent Cry se esgotaram, e tudo isso deu<br />

“start” a uma nova fase. Voltar ao palco está sendo maravilhoso!<br />

As novas canções estão soando muito bem ao vivo e<br />

a resposta da galera não poderia ser melhor. Devemos tudo a<br />

quem absorve nossa música, muito obrigado sempre!<br />

URR: Desde então, vocês têm se apresentado em muitos<br />

festivais, inclusive no Roça’n’Roll 2014, em Varginha.<br />

Como tem sido o retorno do público para esta nova fase do<br />

Silent Cry?<br />

Dilpho: Não poderia ser melhor! A banda está mais madura<br />

e com muita vontade. Estar na estrada é como reviver os<br />

melhores momentos do passado. Agora, estamos finalizando<br />

os últimos arranjos do novo álbum e a ideia circula muito.<br />

URR: Além de você e o Roberto Freitas (baixo), o Silent<br />

Cry agora conta com a Joyce Vasconcelos (vocal), Peterson<br />

Camargos (guitarra) e o Wagner Oliveira (baterista). Como<br />

se deu a escolha desses novos integrantes, e quais têm sido<br />

as suas maiores contribuições ao Silent Cry?<br />

Dilpho: Já eram pessoas próximas à banda, e 100% capacitadas<br />

para os devidos cargos. Estamos trabalhando da seguinte<br />

forma: apresento a caveira da música e todos somam<br />

ideias, cada um explorando e jogando pela música em primeiro<br />

plano. Na música do Silent Cry, não há espaço para o individualismo<br />

e a galera entendeu bem isso. O mais importante<br />

é a obra inteira, e por enquanto tudo caminha bem.<br />

URR: O Silent Cry passou por muitas mudanças em sua<br />

formação no passado. Alguma vez você encarou isso como<br />

um desafio difícil para ser superado?<br />

Dilpho: Todas as vezes encarei como desafio, a prova disso<br />

foi em 1998, que me vi sozinho no Silent Cry. E, após a boa<br />

aceitação da demo ‘Tears Of Serenity”, com certeza as pessoas<br />

não esperavam um debut como o “Remembrance” - me lembro<br />

que muitos não gostaram das mudanças, o que é natural. Mas<br />

ao ouvir o álbum, eles viram que a essência estava ali e mais<br />

apurada mesmo com outra formação. Acredito que agora está<br />

se repetindo esse episódio, só que ao vivo a banda já foi aprovada<br />

e temos recebido muito apoio. As pessoas demonstram<br />

muito afeto pela nossa música, são 20 anos e o Silent Cry já faz<br />

parte de mim, e desistir no momento não é uma opção.<br />

URR: Cada álbum do Silent Cry soa de uma forma diferente,<br />

mas a identidade musical da banda sempre esteve<br />

ali presente. Podemos dizer que as particularidades de cada<br />

disco podem ser reflexos das mudanças que o grupo sofreu<br />

em sua formação ao longo do tempo?<br />

Dilpho: Com certeza se refletiu, porém a cúpula compositora<br />

sempre foi eu e mais um - exceto no novo álbum, em<br />

que eu estou compondo o álbum todo, mas a pré produção<br />

está fazendo uma grande diferença. Desta vez, estamos vendo<br />

todos os detalhes antes de entrar em estúdio, assim teremos<br />

menos surpresas com o resultado final do álbum. Enquanto a<br />

música não soar 100% ao vivo, não a consideramos pronta.<br />

URR: Mesmo com o tempo em hiato, a banda Silent Cry<br />

sempre foi lembrada como um dos maiores ícones do Gothic/Doom<br />

Metal nacional. Quando começou, lá em meados<br />

da década de 1990, você imaginou que conseguiria alcançar<br />

um status como esse?<br />

Dilpho: Me lembro que, após as gravações do primeiro álbum,<br />

sentia que tínhamos algo realmente diferente e especial<br />

em mãos, simplesmente porque era 100% honesto, mas não<br />

achei que marcaria e seria lembrado por tantos anos. Sinto<br />

também que ainda temos muito o que oferecer, essa é a energia<br />

que nos move neste momento.<br />

URR: Ainda sobre a questão de seu gênero, o Brasil tem<br />

um grande público apreciador do Gótico e Doom Metal. E,<br />

além da Silent Cry, também temos outras excelentes bandas,<br />

como Imago Mortis, Ravenland e Noturna, por exemplo.<br />

Em sua visão, qual é o diferencial da Silent Cry, que a<br />

faz se destacar em seu cenário?<br />

Dilpho: O celeiro brasileiro, de uma forma geral, é bem<br />

autêntico. Para a gente e para as outras bandas, geralmente<br />

o que falta á produção e recurso financeiro para se igualar a<br />

grandes nomes estrangeiros. O Silent Cry sempre teve a preocupação<br />

de não copiar ninguém, a autenticidade é uma latente<br />

em nossa música, acho que muitos já identificaram isso.<br />

URR: Sobre o seu novo álbum, “Hypnosis”, como foi a<br />

sua concepção?<br />

Dilpho: Mesmo com a banda parada, eu estava constantemente<br />

compondo e registrando coisas. Ao voltar, entendemos<br />

que precisaríamos de um CD forte de impacto. Muitas<br />

músicas foram compostas em total contato com a natureza<br />

- me lembro de ter me isolado em uma montanha por quatro<br />

dias, apenas eu, a Joyce e uma câmera para registrar. A única<br />

finalidade é deixar fluir naturalmente, isso tem feito uma boa<br />

diferença. A música está sendo calmamente planejada, estou<br />

fazendo o que mais amo e, apesar de estar ansioso para ouvir<br />

o álbum pronto, também estou curtindo trabalhar nele.<br />

URR: Em “Hypnosis”, a banda, pela primeira vez, abordará<br />

um tema lírico específico, o qual se refere à hipnose,<br />

em que um personagem busca o controle de suas ações, independente<br />

de vontades e desejos na intenção de encontrar<br />

a plenitude em seu bem estar e paz interior. Quais foram as<br />

suas maiores inspirações para chegar a este conceito lírico?<br />

Dilpho: Sou um praticante apaixonado pela meditação,<br />

com certeza isso me inspirou. A meditação é basicamente treinar<br />

nossa mente para termos o controle de nossas emoções e,<br />

como consequência, vencer vontades indesejadas, e obtemos<br />

o máximo de controle possível. É a maior busca do ser humano,<br />

alto controle e bem estar. No CD, temos um personagem<br />

que passou por diversos ‘perrenges’. Em cada letra, ele passa<br />

por uma dificuldade profunda específica e precisa continuar.<br />

Uma pessoa que viveu diversos problemas provavelmente se<br />

sairá melhor em situações difíceis de nosso cotidiano, assim<br />

nosso personagem passa por tanta coisa, e como consequên-<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 21


cia absorve e aprende sempre, até adquirir o discernimento<br />

para administrar os problemas e o sofrimento que os trágicos<br />

acontecimentos acarretam. É a primeira vez que trabalho em<br />

um álbum temático, nem precisa falar o quanto estou feliz em<br />

escrever sobre este assunto tão íntimo para mim.<br />

URR: O novo álbum também conta com uma regravação<br />

da “Tragic Memory”, de seu álbum de estreia, “Remembrance”.<br />

Nessa nova versão para “Tragic Memory”, é possível<br />

notar “o novo Silent Cry”, mas também mesclado à<br />

sua essência inicial?<br />

Dilpho: Esta versão, em particular, vai ser bem fiel à original.<br />

As mudanças serão mais a produção da gravação e o<br />

fato que trocamos os teclados por orquestra de verdade -o<br />

‘Hypnosis’ vem todo orquestral. O Silent Cry é novo, a essência<br />

não.<br />

URR: Em um depoimento em vídeo, você declarou que a<br />

banda explora um novo direcionamento musical em “Hypnosis”.<br />

Atualmente, há certa preocupação dos fãs, e até mesmo<br />

da mídia especializada, pelas bandas preservarem os seus<br />

elementos originais, provenientes de sua “época de ouro”, de<br />

forma minuciosa. Você sentiu essa espécie de preocupação<br />

em querer inovar, mas trazendo algo do início da carreira?<br />

Dilpho: A maturidade musical tem feito essa inovação em<br />

nossa música, todos têm somado em prol da música. No momento,<br />

a música é a única prioridade. Após a gravação, a turnê<br />

é a prioridade e assim sucessivamente - e isto, de alguma<br />

forma, está lembrando o nosso passado, talvez pelo meu jeito<br />

de compor o novo está soando como antigo, e a pré produção<br />

em grupo vem trazendo a maturidade musical que toda banda<br />

busca conquistar. Porém, os gritos de lamento e doçura da<br />

leveza musical, características do Silent Cry, estão mais latentes<br />

que nunca.<br />

URR: Vocês lançaram em agosto a faixa “Hypnotized By<br />

Love”, que está presente no novo álbum, e nela, é realmente<br />

possível notar a nova pegada da banda, mas também possui<br />

os elementos que constituíram o Silent Cry no passado.<br />

Como foi o retorno para este single, tanto a faixa em estúdio<br />

como ao vivo?<br />

Dilpho: Ela é uma música de difícil execução por ser bem<br />

“clean” e atmosférica. Ela lembra o passado, apesar do CD estar<br />

bem pesado como um todo. Queríamos mostrar como naturalmente<br />

nossa música está soando diferente, mas com a mesma<br />

atmosfera antiga. Por isso, a escolhemos para o single online.<br />

22 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


URR: O selo Secret Service Records é o responsável<br />

pelo lançamento do “Hypnosis” no Reino Unido. Além disso,<br />

o álbum “Dark Life”, originalmente lançado em 2005,<br />

será disponibilizado no exterior por esta mesma gravadora.<br />

Como aconteceu esta parceria?<br />

Dilpho: Eles estão em busca de bandas brasileiras que se<br />

destacaram. Então, a parceria foi feita para esse lançamento<br />

e está atrasado, pois tivemos alguns problemas de data para<br />

entrega dos bônus track de duas músicas que saem juntas ao<br />

“Dark Life”. Estaremos entregando o material para lançamento<br />

mês que vem - regra vamos as músicas “Ilusions Of<br />

Perfection”, do “Goddess Of Tears”, e uma versão acústica<br />

para a “Celestial Tears”, do Remembrance, e ambas saem<br />

como bônus exclusivos à Secret Service.<br />

URR: Mais uma vez, o Silent Cry é um dos maiores expoentes<br />

de seu estilo no Brasil, sendo até reconhecido internacionalmente,<br />

que sempre viveu no underground. Em<br />

sua opinião, quais são os maiores desafios das bandas que<br />

vivem no underground brasileiro?<br />

Dilpho: Acho que os maiores desafios são encontrar um<br />

grupo estável e compromissado com a música, e a perseverança.<br />

Tendo isso, a vontade de produzir vem a todo instante.<br />

URR: Algumas bandas do underground preferem lançar<br />

seus trabalhos de maneira independente, ao invés de investir<br />

em selos para a divulgação. Também, em sua opinião, o<br />

que incentiva a esses grupos recorrerem aos seus próprios<br />

métodos de lançamento?<br />

Dilpho: A gente mesmo vai cuidar de nossa carreira apenas<br />

licenciando o álbum em parcerias de distribuição exclusiva<br />

territorial, assim a banda não fica presa. E se uma grande<br />

oportunidade aparecer estaremos prontos para tal, o mercado<br />

musical mudou e estamos nos adaptando a ele.<br />

URR: Muito obrigada pela entrevista! Agora deixo o espaço<br />

para você!<br />

Dilpho: Eu que agradeço pela entrevista! É notável como<br />

você conhece bem o trabalho da banda, quero também agradecer<br />

a todos que, de alguma forma, se identificam com a atmosfera<br />

do Silent Cry e divulgam o som, espalhando-o como<br />

um orgulho do metal nacional. São essas pessoas que mantêm<br />

a banda viva! Quero que o fã de Death, Black, Doom, Gothic,<br />

Heavy e todas vertentes do Metal dêem uma oportunidade ao<br />

“Hypnosis”. A recepção nos shows está muito bacana e estamos<br />

ansiosos para sentir o feedback do álbum devidamente<br />

lançado. Muito obrigado pela entrevista e ótimas perguntas!<br />

Wagner Oliveira, o homem por trás do praticável<br />

Por: JP Carvalho<br />

responsável pela sessão<br />

O rítmica do Silent Cry, sua<br />

história começa aos 13 anos<br />

de idade quando ouviu seu primeiro<br />

álbum de Rock’n Roll,<br />

a banda era o Nirvana, a partir<br />

daí não saiu mais do meio musical.<br />

Aos 15 anos de idade,<br />

em um evento realizado pela<br />

prefeitura de sua cidade, pôde<br />

ver de perto uma banda, quando<br />

surgiu uma imensa curiosidade<br />

e um grande interesse<br />

pela bateria. Esta vontade se<br />

estendeu por muito tempo. Por<br />

não ter acesso a professores e<br />

nem a condições de estudo,<br />

mas com uma força de vontade<br />

imensa, Wagner começou<br />

a estudar sozinho, buscando<br />

se aperfeiçoar a cada dia. Sua<br />

carreira teve início quando ele<br />

e três amigos, Rugel Lacerda,<br />

Sergio Paes e Caleb Meirelles,<br />

montaram sua primeira<br />

banda de Heavy Metal melódico,<br />

em 1998, dando início<br />

à sua trajetória no mundo do<br />

metal. Após pouco menos de<br />

um ano, Wagner teve o prazer<br />

de também participar de uma<br />

das bandas que hoje faz parte,<br />

Silent Cry. O pouco conhecimento<br />

na bateria e a falta de<br />

experiência fizeram com que<br />

ele não se mantivesse na banda.<br />

Com isso, não tendo parado<br />

no tempo, estudou música<br />

no Brasil e nos Estados Uni-<br />

dos, onde morou por quatro<br />

anos, tendo se aperfeiçoado<br />

em vários estilos do metal.<br />

Nessa trajetória teve a<br />

oportunidade de participar de<br />

grandes workshops de bateristas<br />

renomados, como Mike<br />

Portnoy (Dream Theater),<br />

Neil Peart (Rush). De volta<br />

ao Brasil pode retornar ao Silent<br />

Cry, e também assumiu as<br />

baquetas de outras bandas de<br />

estilos diferenciados.<br />

Atualmente com 18 anos<br />

de bateria, Wagner Oliveira<br />

faz parte das bandas: Silent<br />

Cry, Atheistc, Demolition e<br />

Matchbox, esta última uma<br />

banda cover de clássicos do<br />

Heavy Rock internacional,<br />

como Iron Maiden, Metallica,<br />

Dio, Ozzy, Deep Purple, Motorhead<br />

e Black Sabbath.<br />

Patrocinado pela Stagg<br />

Cymbals e também endorser<br />

da marca Sport Made, responsável<br />

pela fabricação de cases<br />

personalizados e cuidando das<br />

customizações de baterias,<br />

pratos e manutenção de instrumentos,<br />

além da fabricação<br />

com a mais alta qualidade.<br />

Tem como influências desde<br />

bandas nacionais, como<br />

Sepultura, Torture Squad, Krisium,<br />

Korzus, até banda internacionais<br />

como, Destruction,<br />

Rotting Crist, Rush, Katatonia,<br />

My dying Bride, Slayer,<br />

Led Zeppelin e várias outras<br />

bandas. Sem se esquecer de<br />

alguns mestres bateristas que<br />

foram um pontapé inicial para<br />

sua jornada, como Igor cavalera<br />

(ex-Sepultura), Amilca<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 23


Cristófaro (Torture Squad),<br />

John Bonham (Led Zeppelin),<br />

Neil Peart (Rush), Tomas Haake<br />

(Meshuggah), Dave Lombardo<br />

(ex-Slayer) e outros.<br />

Tivemos uma rápida conversa<br />

com Wagner por e-mail, confira<br />

a seguir<br />

Underground Rock Report:<br />

Antes de começarmos<br />

gostaria de agradecer pelo<br />

seu tempo. O que você pode<br />

nos dizer sobre o começo do<br />

Silent Cry?<br />

Wagner Oliveira: A ideia<br />

do Silent Cry sempre foi em<br />

primeiro plano a satisfação<br />

pessoal, por isso a música é<br />

tão particular. Basicamente foi<br />

um grupo de amigos tentando<br />

expressar sentimento em forma<br />

de música, a banda foi formada<br />

em 94 por Dilpho Castro<br />

e Jeferson Brito. E mesmo com<br />

todas as mudanças o bom ouvinte<br />

ainda pode perceber essa<br />

essência em nossa música.<br />

URR: Pesquisando na<br />

Internet, percebi que houve<br />

diversas mudanças de formação<br />

e que também existe<br />

muita informação desencontrada,<br />

o que deixa a história<br />

da banda um tanto confusa,<br />

qual seria o caminho para<br />

quem busca informações<br />

concretas sobre o Silent Cry?<br />

Wagner: Estamos no interior<br />

de Minas Gerais, é muito<br />

complicado manter uma<br />

formação devido a inúmeros<br />

fatores, mas foram justamente<br />

estas mudanças que mantiveram<br />

a banda viva, muitas<br />

vezes em pause, uma vez que<br />

muitos traçaram outros planos<br />

fora da música. No momento a<br />

banda se encontra em um foco<br />

único em prol do novo álbum.<br />

As pessoas devem buscar<br />

informações em nossa pagina<br />

oficial no facebook, lá se encontra<br />

o realize atualizado e todas<br />

as informações sobre a formação<br />

atual do Silent Cry, contatos<br />

de todos os músicos da banda,<br />

por onde também mantemos<br />

uma relação muito estreita com<br />

os fãs que sempre demonstra<br />

extremo carinho à banda.<br />

URR: Eu soube que você<br />

começou tocando Metal melódico,<br />

você acha que um instrumentista<br />

deve ser capaz de<br />

tocar estilos bem diferentes<br />

dos que o tornam conhecido?<br />

Wagner: Sim, comecei<br />

em uma idade razoavelmente<br />

nova, aprendendo sozinho<br />

24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

entrei em uma banda de metal<br />

melódico, foi uma experiência<br />

bacana pra se iniciar uma carreira<br />

na música tendo em vista que<br />

eu nunca tinha tido oportunidade<br />

de tocar em nenhuma banda e já<br />

de inicio pegar um estilo bem<br />

complicado de se tocar, mas foi<br />

um aprendizado legal.<br />

E com respeito a outros<br />

estilos, com certeza pra se tornar<br />

um músico versátil, você<br />

tem que entender sobre outros<br />

estilos musicais, por exemplo,<br />

os ritmos brasileiros, que<br />

abrem um leque de possibilidades<br />

para que você possa<br />

utilizar técnicas e variações,<br />

mesmo que seja um conhecimento<br />

superficial, isso já vai<br />

ajudar muito a não ficar preso<br />

somente naquele estilo que a<br />

banda toca, ate porque se um<br />

dia precisar fazer algo fora<br />

da banda, você não terá muitos<br />

problemas e dificuldades,<br />

então acredito que mesmo<br />

não sendo o que você gosta e<br />

sempre bom ter uma base de<br />

outras estilos musicais, afinal<br />

de contas a música não tem<br />

limites, quanto mais se aprender<br />

melhor...<br />

URR: Atualmente você<br />

toca em outras bandas, ou se<br />

dedica exclusivamente ao Silent<br />

Cry?<br />

Wagner: Todas as bandas<br />

que toco são prioridades, não<br />

é porque uma tem mais tempo<br />

ou e mais conhecida que<br />

dou mais atenção, hoje o Silent<br />

Cry e a Demolition estão<br />

dando mais gasto de tempo e<br />

pedem uma atenção maior,<br />

por causa da pré-produção do<br />

novo álbum do Silent e do primeiro<br />

EP da Demolition que<br />

será lançado nesse primeiro<br />

semestre de 2015, quem me<br />

conhece sabe que nunca verá<br />

falta de interesse ou dar mais<br />

atenção para uma do que para<br />

outra banda, e meu trabalho<br />

que está em jogo, quero que<br />

seja perfeito.<br />

A Demolition, que foi criada<br />

este ano, partindo de uma<br />

antiga vontade de ter uma<br />

banda de Thrash Metal tradicional.<br />

Então chamei o guitarrista<br />

Filipe Brian, integrante<br />

da banda Misbeliever (Black<br />

metal), que também sempre<br />

teve essa vontade e com isso<br />

rolou e esse semestre também<br />

terá o lançamento do primeiro<br />

EP da banda. Estamos em fase<br />

de pré-produção, as músicas<br />

que estão apenas com guitarra<br />

e bateria que estamos postando<br />

é para galera já ir conhecendo<br />

o trabalho, e esta sendo<br />

muito bem aceito, e as críticas<br />

estão sendo as melhores possíveis,<br />

tanto da parte de amigos<br />

e pessoas que já seguem<br />

a banda, como por parte de<br />

pessoas da mídia, no mês de<br />

abril, gravaremos uma música<br />

para um single no Estúdio<br />

Simil aqui mesmo de Governador<br />

Valadares, é um ótimo<br />

estúdio, com uma qualidade<br />

muito boa, e para galera que<br />

quiser curtir a banda completa<br />

e conferir o vídeo clipe,podem<br />

acessar nossa página no facebook:<br />

www.facebook.com/<br />

pages/Demolition-Thrash-<br />

-Metal/440623046086715<br />

URR: Você é baterista desde<br />

novo, quais foram às dificuldades<br />

que você encontrou,<br />

ou encontra, no Brasil, para se<br />

atualizar em seu instrumento?<br />

Wagner: Essa dificuldade<br />

era mais no início quando me<br />

apaixonei pela bateria, não era<br />

como hoje que um cara entra<br />

no Youtube e tem várias vídeo<br />

aulas, e ótimas explicações,<br />

antigamente, eu particularmente,<br />

não tinha condição de pagar<br />

uma aula de bateria, então o<br />

jeito era entrar nas igrejas (risos),<br />

ver os bateras tocando e<br />

tentar gravar aquilo na mente,<br />

bater no sofá em casa ou em<br />

almofadas, porque os shows<br />

também eram muito raros.<br />

Hoje as coisas já estão<br />

mais fáceis, e é claro que eu<br />

sempre vou ser a favor da pessoa<br />

ter um professor pra tirar<br />

duvidas, pegar técnicas corretas,<br />

mas mesmo assim a internet<br />

ajuda demais hoje em dia.<br />

URR: Qual a sua visão<br />

da indústria de instrumentos<br />

musicais em nosso país?<br />

Wagner: Cara, a indústria<br />

sempre foi muito boa, tanto na<br />

parte de instrumentos de qualidade,<br />

quanto de variedades,<br />

marcas e modelos e a cada<br />

ano que passa se nota melhoria,<br />

isto é fato, mas penso que<br />

deveriam criar algo inovador<br />

se tratando de incentivo aos<br />

músicos. Porque hoje em dia<br />

para se conseguir um apoio de<br />

alguma marca mesmo que seja<br />

pequena, é quase impossível.<br />

Se você não esta na mídia, as<br />

marcas não olham pra você,<br />

claro que a marca quer um<br />

batera que venda o nome dela<br />

em vários lugares e várias pessoas,<br />

mas penso que as grandes<br />

indústrias de instrumentos<br />

musicais deveriam criar um<br />

projeto de incentivo aos bateras<br />

que não tem condições<br />

muitas vezes de comprar um<br />

par de baquetas, mas que são<br />

donos de um talento incrível.<br />

Outro dia assisti a um vídeo<br />

que um amigo batera postou, de<br />

um garoto tocando em baldes<br />

de tinta e suas baquetas eram<br />

barrinhas de alumínio, hi-hat<br />

era coroa de bicicleta, o garoto<br />

fez vários ritmos e com uma<br />

precisão que muitos bateras<br />

ralam pra conseguir, eu fiquei<br />

emocionado de ver que até em<br />

lugares precários existem talentos<br />

com grandes chances de se<br />

tornarem um musico reconhecido,<br />

só que a falta de condição<br />

e incentivo, pode acabar fazendo<br />

com que esse talento morra<br />

pelo caminho.<br />

Minha visão sempre será<br />

ótima em relação às grandes<br />

fabricas de instrumentos, só<br />

penso que deveriam ter um<br />

projeto como esse intuito, pois<br />

a acessibilidade a um instrumento<br />

no Brasil e muito difícil,<br />

tudo muito caro, falo porque<br />

morei nos Estados Unidos<br />

por cinco anos, estudei musica<br />

lá e qualquer pessoa consegue<br />

um instrumento de qualidade,<br />

já aqui no Brasil nunca foi assim,<br />

e acho que nunca será! Se<br />

não houver essa boa vontade!<br />

Eu particularmente fui conseguir<br />

meus primeiros patrocínios,<br />

depois de 17 anos! Ok,<br />

consegui alguma coisa, bacana;<br />

mas e quem passa a vida<br />

toda tentando e não consegue?<br />

URR: E a sua visão do cenário<br />

Heavy Metal nacional?<br />

Wagner: Cara! vou falar<br />

num modo geral do Metal nacional<br />

que na minha opnião<br />

sempre teve força, desde o<br />

inicio com Sarcófago, Sepultura,<br />

Krisiun. Teve sua época<br />

de estagnação, por bons anos<br />

a cena esteve meio morta, mas<br />

não por culpa das bandas ou<br />

dos músicos, porque sempre<br />

foi um cenário de respeito,<br />

os caras levantaram o nome<br />

do Brasil lá fora, hoje a cena<br />

voltou a crescer e evoluir de<br />

uma forma assustadora, tanto<br />

as bandas como os músicos<br />

que surgem hoje, os moleques<br />

estão agressivos e tocando<br />

muito, isso e ótimo para o Metal<br />

brasileiro. Essa evolução<br />

musical até nos estilos mais<br />

extremos com esses músicos<br />

mais virtuosos, claro que<br />

quem vem das antigas, podem


achar que estão mudando<br />

coisa que não se pode mudar,<br />

mas o bacana da música<br />

e isso, sempre vai haver publico<br />

que vai gostar e outros<br />

que não, a mÚsica não tem<br />

limites, e tenho certeza que<br />

qualquer banda hoje que for<br />

pra fora em um fest, ou tocar<br />

com os gringos aqui no Brasil,<br />

será de mesmo nível, se<br />

não mais alto.<br />

URR: Deixe uma mensagem<br />

aos nossos leitores.<br />

Wagner: Queria deixar três<br />

recados. O primeiro é pra galerinha<br />

que esta iniciando no<br />

mundo da batera ou outro instrumento,<br />

não desistam, vão<br />

aparecer pessoas para tentar te<br />

desanimar, tentar de derrubar,<br />

mas vai atrás, corra atrás e tenha<br />

dedicação total e muito amor ao<br />

que você escolher fazer, que<br />

uma hora sua vez vai chegar.<br />

O outro recado e para os<br />

fãs do Silent Cry, que esse<br />

ano, o novo álbum “hypnosis”<br />

será lançado com muitas<br />

surpresas; para os amantes do<br />

Metal de todas as áreas, tanto<br />

Doom Metal quando as pessoas<br />

que gostam de sons mais<br />

extremos. E para a galera que<br />

curte Thrash Metal de qualidade,<br />

a Demolition Thrash,<br />

estará lançando o EP, com um<br />

Thrash diferente, onde a galera<br />

verá uma banda com uma<br />

identidade diferente de tudo<br />

aquilo que já viu no meio do<br />

Thrash Metal, podem esperar<br />

que esse EP será muito foda<br />

e com uma qualidade sonora,<br />

musical e técnica muito boa.<br />

Saudações e muito obrigado<br />

a Underground Rock Report<br />

pela força.<br />

Contatos:<br />

Facebook: www.facebook.com/wagnersilentcry - Fanpage: www.facebook.com/WagnerOliveira01<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 25


RRock Report<br />

Por: JP Carvalho<br />

Formado em meados de 2010 na cidade de Osasco (SP),<br />

o Nowrong é uma junção de sonhos, experiências e pensamentos<br />

de quatro amigos, Dio Madlock - guitarra e vocal,<br />

John Wolf - baixo, Arth - bateria e Rafael Bread - guitarra. No<br />

início se tratava apenas uma brincadeira, de um projeto paralelo,<br />

mas com o passar do tempo o Nowrong foi se tornando<br />

prioridade na vida de seus integrantes.<br />

Com uma sonoridade áspera, pesada e visceral mesclada<br />

com letras que vão muito além da crítica à sociedade moderna<br />

demonstrando argumentos e pontos de vista diferentes<br />

para cada situação tratada, e algumas pitadas das coisas boas<br />

da vida como mulheres, bebida e Rock N Roll.<br />

O Nowrong apresenta uma proposta fora dos padrões do<br />

Heavy Metal tradicional, uma proposta mais próxima da realidade,<br />

realidade que pode ser defrontada diariamente por<br />

qualquer um dos componentes de uma sociedade urbana subdesenvolvida<br />

do século XXI.<br />

A banda mantém a mesma formação desde seus primórdios,<br />

fator este que mantém a banda entrosada e explica a<br />

qualidade de seus shows, sempre positivamente criticados.<br />

O grupo realizou performances em tradicionais casas noturnas<br />

da grande São Paulo e em todos os extremos do estado de<br />

São Paulo, sempre com apresentações energéticas e explosivas.<br />

Atualmente a banda promove seu primeiro álbum, ‘Prognostic<br />

of a Great Disaster’, lançado no primeiro semestre de<br />

2014 pelo renomado selo brasileiro Shinigami Records. Batemos<br />

um papo rápido com o guitarrista Dio Madlock, confiram.<br />

Underground Rock Report: Antes de começarmos, gostaria<br />

de agradecer pelo tempo e por aceitarem conversar<br />

conosco. Por favor, fale sobre a No Wrong.<br />

Dio Madlock: Em primeiro lugar, nós que agradecemos<br />

pelo espaço! Adoramos poder compartilhar nossas bobagens<br />

com o pessoal! O Nowrong começou numa brincadeira e acabou<br />

vingando (para nossa surpresa). Viemos todos de escolas<br />

muito diferentes dentro do rock, no começo nosso set list era<br />

uma salada mista, a maior zona do mundo. Daí resolvemos<br />

que queríamos pegar firme com esse negócio de banda e<br />

quem sabe ficar mundialmente famosos e ricos e tudo o mais.<br />

Obviamente com o tempo percebemos que não daria certo<br />

(risos), mas esse na verdade nunca foi nosso foco. Tudo o que<br />

queríamos era escrever nossas músicas para colocar para fora<br />

tudo o que a gente sente (apesar de parecer meio clichê). O<br />

Nowrong, mais do que uma banda, é nossa válvula de escape<br />

do mundo, e esse mesmo mundo serve de cenário pras nossas<br />

aventuras musicais.<br />

URR: Mesmo sendo a No Wrong uma banda relativamente<br />

nova, percebemos que existe um forte conhecimento<br />

26 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


e um aprofundamento de cada integrante em seu instrumento,<br />

Quais são as motivações para o desenvolvimento do<br />

trabalho?<br />

Dio Madlock: Antigamente as motivações eram “Quero<br />

ser o melhor guitarrista do mundo!”, “quero ser reconhecido<br />

por dominar a técnica X!” e toda essa coisa. Hoje, acho que a<br />

maior motivação é não passar vergonha (risos). A quantidade<br />

de bons músicos que temos no Underground é quase infinita!<br />

A cada show de banda nacional que eu frequento eu fico mais<br />

abismado com a qualidade dos músicos. O Nowrong nunca<br />

foi muito dessa de “vamos fazer músicas complexas e difíceis,<br />

mostrar toda nossa técnica numa música só!” nem nada<br />

disso. Na real, estudamos muito nossos instrumentos porque<br />

dessa forma fica mais fácil de passar nossas ideias para o<br />

âmbito “Sônico” da coisa. Todos nós trabalhamos e estudamos,<br />

ficamos as vezes muito tempo sem poder tocar nossos<br />

instrumentos, o que nos incentiva a estudar ao máximo os<br />

mesmos para aproveitar o pouco tempo que temos com eles.<br />

Isso também ajuda muito a banda a se entender e a compor<br />

juntos. Não que seja um requisito para fazer boas músicas,<br />

bem longe disso, mas eu creio que fica mais fácil escrever<br />

uma linha melódica ou harmônica quando você domina seu<br />

instrumento. Não que algum de nós domine e toque horrores,<br />

mas fazemos o possível pra melhorar sempre (risos)!<br />

URR: Recentemente vocês lançaram o CD “Prognostic<br />

of a Great Disaster” pela Shinigami Records, como se deu<br />

essa parceria?<br />

Dio Madlock: Chegamos até a Shinigami Records por indicação<br />

da Metal Media. Queríamos lançar o CD, mas estava<br />

difícil para fazer a prensagem, então a Shinigami acabou entrando,<br />

fizemos a prensagem com eles e o CD saiu pelo selo<br />

deles também. Foi muito bom para nós pois, tivemos uma boa<br />

visibilidade por conta disso.<br />

URR: o CD foi gravado no Lau Studuio, em Osasco, com<br />

produção da banda e de Lau Andrade, como foi o processo<br />

de gravação?<br />

Dio Madlock: Foi o inferno na terra (risos)! Ter banda é<br />

como ter uma segunda familia! Tem muitas coisas boas, mas<br />

a parte de gravação é muito estressante para todos nós. Divergências<br />

de opiniões, problemas financeiros e parece que tudo<br />

de errado acontece quando a gente se propõe a fazer algo dessa<br />

magnitude (Inclusive, estamos tentando gravar o clipe por<br />

esses meses, nem preciso dizer que tudo de errado que pode<br />

acontecer já está nos rondando né (risos)? Mas tirando os atritos<br />

e os problemas, foi uma experiência maravilhosa! Fizemos<br />

uma pré-produção detalhada, tentando acertar cada detalhe antes<br />

de apertar o REC. O Lau Andrade nos ajudou muito com<br />

relação a busca da sonoridade e para tentar obter o máximo<br />

do nosso Equipamento, que nunca foi aquela maravilha toda.<br />

Aliás, posso dizer que ele conseguiu tirar leite de pedra, o cara<br />

é muito competente quando o assunto é Gravação, pena que é<br />

um mau elemento e perdido na vida, mas faz parte do Rock!<br />

Demoramos quase um ano com as gravações porquê sempre<br />

queríamos mudar alguma coisa, sempre queríamos fazer<br />

algo diferentes, fizemos muitas sessões de “recall” para que<br />

tudo soasse como queríamos, e posso garantir ainda assim<br />

que não está 100%. Acho que esse é o problema da música:<br />

Nunca estamos satisfeitos!<br />

URR: A arte da capa e o encarte do CD são muito boni-<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 27


tos em seu conceito, o que você pode nos falar sobre ele?<br />

Dio Madlock: Prognostic of a Great Disaster é um album<br />

“semi-conceitual”. Ele segue uma linha de raciocínio e uma<br />

ordem cronológica, mas não necessariamente uma música<br />

depende da outra para que o contexto do álbum seja entendido.<br />

Na capa queríamos retratar o nascimento de uma pessoa<br />

normal (claro que de uma forma mais dramática), e a influência<br />

que ela já sofre desde o nascimento (de forma a, com<br />

o tempo, deixar de ser uma pessoa e se tornar um produto).<br />

Se o encarte for visto do começo ao vim, é possível perceber<br />

a transição da vida na capa, contra capa e no lado traseiro do<br />

CD (nascer, crescer e morrer). O Artista que fez nossa capa,<br />

o Michell da Designations, é craque em passar nossas ideias<br />

para imagens! Fora que o cara é muito bom para sugerir as<br />

coisas. Ele fez tudo muito rápido, nós pensávamos que iria<br />

demorar muito para que ficasse pronto, e no final agradou a<br />

todos!<br />

URR: Ao vivo a No Wrong é muito entrosada e faz um<br />

show muito empolgante, já tive o privilégio de vê-los ao vivo<br />

e percebi que a banda tem muita interação e emana uma<br />

felicidade imensa por estarem no palco. Como é para vocês<br />

tocar ao vivo?<br />

Dio Madlock: A gente se esforça muito pra fazer um show<br />

legal! Sempre que vamos em um show, além de curtir e agitar<br />

os sons, queremos ver a banda gostando do que está fazendo,<br />

não prezamos muito por esse lance de fazer cara de mal ou<br />

aquela frieza técnica que as vezes vemos por aí. Gostamos<br />

muito de tocar ao vivo, nunca escolhemos set list para show,<br />

vai tudo no improviso mesmo! Então, dependendo da vibe<br />

que estamos, se estamos mais deprimidos, mais felizes e tal,<br />

a performance vai ser afetada! Tentamos nos divertir ao máximo<br />

nesse momento porque, como eu disse antes, além de<br />

um projeto de vida, o Nowrong é nossa válvula de escape do<br />

mundo real!<br />

URR: Deixe uma mensagem aos nossso leitores?<br />

Dio Madlock: Agradeço muito pelo tempo que vocês perderam<br />

lendo as bobagens que eu disse. Agradeço por todos<br />

que ouviram nosso som e nos apoiam e também agradeço a<br />

todos que não gostaram, que odeiam e que nos xingam, que<br />

nos cobram, que querem bater em nós, enfim, agradecemos<br />

a todos e principalmente ao Underground Rock Report pelo<br />

espaço cedido e pelo apoio incrível que vocês tem dado para<br />

o precário cenário do Metal Underground! HAIL!<br />

28 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

No Wrong<br />

Prognostic of a<br />

Great Disaster<br />

Shinigami Records<br />

muito legal quando as<br />

É bandas jovens que rebuscam<br />

o Thrash Metal dos anos<br />

80 conseguem dar um gás na<br />

música, pois é justamente isso<br />

que difere os grupos de agora<br />

daqueles que eram daquela<br />

década. E isso torna o trabalho<br />

atual, já que boa música<br />

não tem época. E o quarteto<br />

Nowrong de Osasco (SP) sabe<br />

o que faz, já com seu primeiro<br />

Full Length “Prognostic of a<br />

Great Disaster” soa atual e poderoso,<br />

mesmo fazendo um<br />

estilo mais retrô. E que belo<br />

lançamento da Shinigami Records,<br />

diga-se de passagem.<br />

Aqui vemos o Thrash<br />

Metal anos 80 pré-1986, ou<br />

seja, quando o estilo ainda<br />

não tinha suas fronteiras tão<br />

bem definidas, permitindo-se<br />

ter grandes doses de melodias<br />

muito bem sacadas, grandes<br />

coros, ótimos refrões e riffs<br />

poderosos. Está na linha de<br />

bandas como Testament, Metallica<br />

e Megadeth de seus<br />

primeiros discos, onde as<br />

melodias eram muito mais<br />

evidentes, fora algumas belas<br />

doses de Hard’n’Heavy aqui e<br />

ali, e pitadas de Motorhead.<br />

Ótimo vocais em timbres<br />

agressivos normais (nada de<br />

rasgado ou gutural), riffs de<br />

guitarra inspirados (e solos<br />

bem melodiosos), base rítmica<br />

baixo/bateria bem coesa<br />

e pesada, com boa técnica e<br />

peso exacerbado. E apesar de<br />

não soar nada novo (e precisa<br />

disso para ser bom?), é<br />

honesto e muito, muito bom.<br />

NoWrong<br />

Tendo a produção do<br />

próprio grupo em parceria<br />

com Lau Andrade, e isso<br />

acabou dando ao grupo um<br />

belo equilíbrio entre a clareza<br />

necessária para se ouvir os<br />

instrumentos separadamente<br />

e o peso que a banda precisa<br />

ter (isso é um disco de Metal,<br />

oras!), mas que poderia<br />

ser um pouco melhor, pois<br />

apesar do bom nível, há momentos<br />

em que o som soa um<br />

pouco “oco”, mas não chega a<br />

ser danoso ao trabalho. Já o<br />

trabalho artístico é simples e<br />

bem feito, mas brilhante, em<br />

um trabalho ótimo de Jean<br />

Michel, da Designation Artwork.<br />

Em termos de composição,<br />

o que mais salta os olhos não<br />

é apenas o equilíbrio entre<br />

agressividade e melodia que<br />

eles atingiram, mas a espontaneidade<br />

musical do grupo.<br />

Nenhuma canção soa forçada<br />

a ser algo longe do que eles<br />

almejam fazer. E acreditem:<br />

é bem claro isso, bem como a<br />

qualidade musical se distribui<br />

pelas 13 faixas do CD.<br />

Melhores momentos: a<br />

ótima “Psycho Violence (Proletarian)”<br />

(percebam como a<br />

adrenalina atinge níveis bem<br />

altos devido aos ótimos riffs<br />

sobre um andamento moderado<br />

muito bem conduzido<br />

pela bateria), “End of Question”<br />

(aquela pegada bem<br />

ganchuda, com um ótimo<br />

trabalho de bateria), a trabalhada<br />

e empolgante “Discourse<br />

of the Wicked” (belos<br />

vocais e riffs muito encorpados),<br />

a abrasiva “Taste the<br />

Hate” (com um andamento<br />

não tão veloz, e belos coros),<br />

a ganchuda “Angels in Hell”<br />

(chega a ter uns toques de<br />

Hard’n’Roll à lá NWOBHM<br />

aqui e ali, com um forte odor<br />

de Motorhead, com o baixo<br />

mostrando serviço), a mais<br />

refreada “The Morals”, a forte<br />

e trampada “Cyborg”, a ótima<br />

“Epic Fail” (mais uma com<br />

boas doses de Rock’n’Metal,<br />

bem empolgante e a ótima<br />

versão para “Trem do Inferno”<br />

do grupo de Rock’n’Roll<br />

Cretinos e Canalhas de SP,<br />

que ganhou uma roupagem à<br />

lá AC/DC e Motorhead.<br />

Ótimo trabalho, sem sombra<br />

de dúvidas, e esses caras<br />

podem almejar objetivos bem<br />

elevados se continuarem a<br />

fazer música nesse nível!<br />

Por: Marcos “Big Daddy”<br />

Garcia


<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 29


OO Olho da Carranca Baiana<br />

A era do Rádio. A importância<br />

das rádios no underground<br />

Por Alan Cavalcanti<br />

Eu, morador de uma cidade<br />

do interior baiano, no<br />

tempo de minha adolescência<br />

só o que rolava na época<br />

era o vinil (graças a Deus),<br />

mas imaginem as chances<br />

que tinha pra se escutar um<br />

rock novo, os lançamentos<br />

da época eram muitos, a<br />

transição do hard rock para<br />

o grunje estava acontecendo<br />

em pleno vapor, mas a minha<br />

geração tinha três opções pra<br />

escutar lançamento de alguma<br />

banda de rock. Primeiro,<br />

se compra o vinil, que era<br />

bem caro. A segunda opção<br />

era ter um amigo riquinho e<br />

gente boa (duas qualidades<br />

que na época, dificilmente<br />

aconteciam em uma pessoa<br />

só) e esse também, teria que<br />

ter bom gosto (aí é querer demais),<br />

pra comprar um bom<br />

disco e gravar aquela K7, pra<br />

se escutar até quebrar a fita.<br />

E por último esperar sair nas<br />

rádios locais, aí meus amigos<br />

era mais fácil ter um amigo<br />

rico, gente boa e de bom gosto<br />

musical. Era foda!<br />

As rádios da minha cidade<br />

eram péssimas quando se<br />

tratava de rock n’roll, cidade<br />

que consumia o axé baiano,<br />

depois veio à época do dan-<br />

30 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

ce, lambada, funk carioca,<br />

axé de novo, pagode carioca,<br />

axé mais uma vez e por<br />

último e não melhor o ziriguidum<br />

do pagode baiano<br />

(também conhecido de “risca<br />

faca”), era difícil escutar<br />

um pop, quem dera um rock<br />

em nossas rádios.<br />

Do meio pro fim da década<br />

de 90, surgiram os primeiros<br />

vestígios que o rock poderia<br />

preencher um pequeno<br />

espaço das ondas sonoras,<br />

entre a porcaria das músicas<br />

ruins que eram a minoria e<br />

as propagandas que eram a<br />

grande maioria das programações<br />

da minha região. Os<br />

primeiros a abrir um espaço<br />

underground aqui na região<br />

foram a Cultura FM com o<br />

“Usina do Rock e o Reggae<br />

Nighit” e a Del FM com o<br />

“Alta Tensão” que disponibilizaram<br />

algumas horas<br />

de suas programações com<br />

o rock e o reggae, não nos<br />

traziam novidades, mas pelo<br />

menos escutávamos som de<br />

boa qualidade naqueles horários,<br />

época dos grandes<br />

clássicos, lembrando que<br />

esses programas existem até<br />

hoje. Depois surgiu a “Independente<br />

FM” rádio alternativa<br />

e meio piratesca, que<br />

só tocava rock e reggae aos<br />

sons ainda de vinis e cd’s,<br />

computador era coisa de burguês.<br />

No começo dos anos<br />

2000, surgiu uma das coisas<br />

mais importantes da nossa<br />

cena underground, uma<br />

rádio de amigos chamada<br />

“Phala Sério FM”, meio run<br />

montila (salve o pirata), essa<br />

galera misturou boa música<br />

e irreverência, colocando<br />

somente rock, reggae, rap e<br />

suas vertentes como opção<br />

musical em suas 24 horas<br />

de programação, misturando<br />

o clássico e o alternativo, a<br />

rádio conseguiu empolgar<br />

os músicos da região a saírem<br />

das garagens para os<br />

palcos, mais que isso, os artistas<br />

entraram nos estúdios,<br />

saindo assim do papel clássicos<br />

como “Velho Chico”,<br />

“Bardiei” e “Barrados no<br />

CC”, entre acústicos, ao vivos<br />

e entrevistas tivemos a<br />

visita ilustre do ex-baixista<br />

da banda Charlie Brown Jr,<br />

Champignon. Depois vieram<br />

alguns outros espaços, mas<br />

o que mais se destaca é o<br />

programa dominical “Pedras<br />

Que Rolam” da rádio Xingó<br />

FM apresentando pelo amigo<br />

Beto Feitosa, que há cinco<br />

anos nos alegra durante 3<br />

horas de muito rock nas ondas<br />

do rádio e na web.<br />

As rádios são de grande<br />

importância no cotidiano das<br />

novas bandas e também para<br />

as antigas já que o mercado<br />

é cada vez menor para o<br />

alternativo ou para o underground.<br />

No caso das bandas<br />

novas é a melhor forma de se<br />

divulgar seus sons sem que<br />

seja por download, já que<br />

músico também come, paga<br />

aluguel, tem família e sonhos<br />

a realizar. Cd’s ou vinis<br />

tem que ser comprados e não<br />

só baixados, não to dizendo<br />

que não faço download, mas<br />

faço questão de comprar os<br />

discos das bandas que estão<br />

começando. Não valorizo a<br />

galera que paga R$ 200,00<br />

pra ir num show gringo e não<br />

pagam R$ 10 contos pra ir no<br />

show da banda de um amigo<br />

e ainda pedem o cd do amigo<br />

pra tirar uma cópia, isso<br />

não é incentivo. Se continuar<br />

assim, o rock vai morrer e viveremos<br />

só dos fantasmas do<br />

passado.<br />

“As Web rádios”<br />

Uma das mais fáceis<br />

ferramentas de comunicação<br />

dos últimos tempos,<br />

em minha opinião nunca irá<br />

suprir as ondas sonoras das<br />

rádios tradicionais, mas são<br />

de muita importância, principalmente<br />

pras cenas locais,<br />

pois se em cada cidade<br />

pequena existisse uma<br />

web rádio e essa desse o<br />

espaço merecido às bandas<br />

locais, não só as bandas receberiam<br />

um bom incentivo,<br />

mas a própria rádio ganharia<br />

maior apoio público<br />

e privado por divulgar a<br />

cena local, gerando assim<br />

um ciclo entre artistas, público<br />

e a rádio.


BBeast Food<br />

“Cannibal Burger”<br />

Por: Daniel Ávila<br />

Hail Bangers, como vai<br />

essa força?!<br />

Como esse é o primeiro<br />

momento culinário do “Beast<br />

Food”, não sei bem como<br />

começar o texto, então vamos<br />

nessa. A primeira coisa<br />

que eu proponho é, sempre<br />

que cozinhar coloque o som<br />

que você curta, bem já que<br />

aqui a proposta é ogronizar,<br />

claro que com o som não<br />

será diferente!<br />

Bem, como a primeira receita<br />

escolhi um prato que é<br />

muito significativo e foi elaborado<br />

por mim e pelo meu<br />

grande amigo e co-piloto<br />

Uesllen, que é o “Cannibal<br />

Burger”, esse (que com este<br />

apelidinho carinhoso), se tornou<br />

a marca registrada das<br />

festas de final de ano que eu e<br />

meus amigos fazemos, o Dezembro<br />

Negro. Esse ano será<br />

a IV edição, e a terceira consecutiva<br />

do nosso pequenino<br />

monstro.<br />

Então, vamos parar de<br />

enrolação e bora para a receita...<br />

Pensando bem, antes<br />

a set list;<br />

Torture Squad – Hellbound<br />

Brujeria – Brujerismo<br />

Brujeria – Matando Gueros<br />

Dio – Holy Diver<br />

Rainbow – Ritchie<br />

Blackmore’s Rainbow<br />

AC/DC – Back in Black<br />

Jethro Tull – Aqualung<br />

Definido isso, dá para começarmos<br />

a pensar em cozinhar.<br />

Cara, para este burgão<br />

vamos precisar de:<br />

5kg de carne moída<br />

5 pct de creme de cebola<br />

1 cabeça de alho<br />

3 cebolas<br />

1 ramo de tomilho fresco<br />

1 galo pequeno de alecrim<br />

Pimenta calabresa a gosto<br />

3 dúzias de ovos<br />

1kg de queijo<br />

1 peça fechada de bacon<br />

Pão (bem, aqui onde eu<br />

moro só conseguimos achar<br />

o pão certo encomendando<br />

na padoca).<br />

Vamos dividir a receita<br />

em duas partes. A primeira no<br />

processo de feitura da carne e<br />

o segundo o bônus da receita,<br />

a nossa BACONESE.<br />

Para fazer a carne não<br />

tem muito mistério, basta<br />

misturar a carne, os cremes<br />

de cebola, o alho e as cebolas<br />

cortados em cubinhos,<br />

o tomilho, o alecrim e a pimenta<br />

calabresa cortados<br />

bem pequenos quase como<br />

se triturados. Confere o sal,<br />

e deixa descansar por pelo<br />

menos umas cinco horas na<br />

geladeira. Ah, na hora de<br />

cozinhar eu recomendo que<br />

asse a carne, ou grelhe na<br />

churrasqueira porque a ela<br />

fica muito alta para fazer na<br />

frigideira.<br />

Agora para a Baconese:<br />

Primeiramente deve-se<br />

cortar a peça de bacon em<br />

quadradinhos, para que na<br />

hora da fritura ele solte bastante<br />

óleo. O bacon deve ser<br />

frito também em bastante<br />

óleo, mas porquê? Somos<br />

bangers, porra!! E porque<br />

vamos precisar de bastante<br />

óleo para a maionese, fica<br />

essa dica ai. (risos).<br />

Frito toda a peça de bacon,<br />

junta-se todo o óleo que<br />

sair em garrafas, não jogue<br />

nem uma gota fora, esse é o<br />

elixir da parada toda. Recolhido<br />

todo o óleo, não lave<br />

a panela, raspe aquele fundo<br />

de panela, com os pedaços de<br />

bacon que estão ali e por fim,<br />

comece o preparo da maionese.<br />

Eu gosto de fazer devagar,<br />

então começo batendo<br />

dois ovos, uma pitada de sal,<br />

vinagre, ligo o liquidificador<br />

e vou jogando o óleo de bacon.<br />

Quando encorpa e dá o<br />

ponto de maionese, guardo a<br />

pronta, lavo o copo do liquidificador<br />

e começo de novo.<br />

Até acabar o óleo.<br />

Pronto, agora é só montar.<br />

Bem provavelmente<br />

vocês vão ter ai uns 4kg de<br />

bacon já fritos, deve sobrar<br />

umas 2 dúzias de ovos mais<br />

ou menos, o queijo e com<br />

essa receita da para fazer uns<br />

3 hambugers sendo generoso<br />

na quantidade de carne.<br />

E ai curtiram? Não?! Foda-se<br />

e até a próxima!!!<br />

Set list (em random):<br />

Slayer – Reign Blood<br />

Slayer – Divine Intervention<br />

Slayer – World Painted<br />

Blood<br />

Deicide – Legion<br />

Deicide- Scars of the Crucifi<br />

x<br />

Cannibal Corpse – Vile<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 31


C ...ao caos...<br />

Por: Panda Reis<br />

Um homem vende abacates na<br />

calçada próximo ao metro<br />

Jabaquara, aqui em São Paulo,<br />

todos passam e ninguém se quer<br />

notam as frutas para ver se elas<br />

estão boas, pouco importa se<br />

aquele homem de mais de 50 anos<br />

esta tentando não ser excluído da<br />

sociedade por não ter trabalho<br />

formal, pouco importa quantos<br />

o esperam retornar com algum<br />

dinheiro para comprar arroz e<br />

feijão. Aquele homem sempre<br />

percebeu sua exclusão na sociedade,<br />

mas ele não quis roubar ou<br />

mendigar, quis trabalhar, mas na<br />

sua idade e sua condição social,<br />

não consegue mais um trabalho,<br />

digamos digno, mas acredita no<br />

neoliberalismo puro, da direita<br />

brasileira, e acreditou no neoliberalismo<br />

mascarado de esquerda,<br />

ambos... situação e oposição os<br />

traíram, e também não o notaram<br />

na calçada vendendo abacates.<br />

Não perceberam as condições<br />

de uma maioria periférica,<br />

que tem o mínimo da riqueza<br />

produzida pelo País, perceberam<br />

seus votos e como podem ser<br />

usados como massa de manobra.<br />

A dita situação seja ela qual<br />

for, nos momentos ou período<br />

histórico, ou a oposição, seja<br />

ela qual for, não agem de maneira<br />

que se espera em uma democracia,<br />

um estado de direito<br />

democrático. Mas por quê? Se,<br />

basta às eleições acabarem e<br />

horas depois já existe uma oposição<br />

ferrenha dos partidos que<br />

perderam? Eles seriam oposição<br />

apenas por que perderam?<br />

A oposição serve apenas para<br />

ser adversário ou pior, inimigo<br />

da situação? Ignorando sistematicamente<br />

tudo que venha<br />

do governo democraticamente<br />

constituído? E isso no congresso?<br />

No senado? Continua apenas<br />

ser rasteiramente brigas de ego e<br />

briga política? Um enorme jogo<br />

de damas com peças vermelhas<br />

( que cá entre nós nem são mais<br />

tão vermelhas assim ) e azuis.<br />

Vemos um exemplo claro<br />

disso na nossa política, que de<br />

tão nova, às vezes se faz con-<br />

32 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

Oposição da Oposição<br />

fusa, contraditória e atrasada. A<br />

dita situação conseguiu isso nas<br />

últimas eleições com um discurso<br />

político baseado nos últimos<br />

governos da atual presidenta e<br />

de seu antecessor, porém ao se<br />

eleger se afastou ou foi afastada<br />

da plataforma política, e a<br />

oposição por sua vez, tomou um<br />

caminho vingativo e de ataques<br />

sistemáticos e baseados em motivos<br />

meramente políticos, e não<br />

sociais. Não vou entrar nos méritos<br />

de cada lado ou inclinação<br />

política, se esquerda esta certa<br />

ou direita errada ou vise versa,<br />

mas no ponto mais importante,<br />

a meu ver, enquanto eles brigam<br />

por poderes, dinheiro e visibilidade<br />

política e o velho e pré-<br />

-neoliberalismo: O Poder.<br />

Aquele senhor continua tentando<br />

vender abacates, continua<br />

tentando o mínimo para sobreviver,<br />

a situação e oposição brigam<br />

por aprovações de CPI de<br />

uns e não aprovação de outras,<br />

uma verdadeira lição ao mundo<br />

de como a democracia não deve<br />

ser feita. Se partidos aliados do<br />

governo tem membros em determinada<br />

fraude, todo esforço da<br />

bancada de oposição se empenha<br />

nisso, e em blindar aliados<br />

de outras CPIs e vise e versa. O<br />

mais contraditório na nossa política<br />

são as alianças políticas,<br />

efetuadas para se ganhar eleições,<br />

manobras políticas para<br />

conseguir votos de partidários<br />

políticos, antigos rivais, opositores,<br />

situação e oposição, se tornam<br />

aliados, base de um governo,<br />

tudo pela partilha de cargos<br />

e ministérios, uma verdadeira<br />

carnificina contra a democracia (<br />

democracias que a meu ver são<br />

todas neoliberais ou até mesmo<br />

quase ditatoriais, ainda tenho<br />

uma crítica muito forte sobre o<br />

que “se tornou” a democracia )<br />

O que tem me chamado ainda<br />

mais a atenção nesses últimos<br />

dias é uma manifestação orquestrada<br />

da classe média e da classe<br />

abastada da sociedade brasileira,<br />

clamando por impeachment,<br />

clamando por uma intervenção<br />

militar, berrando em alto e bom<br />

som, por um país mais neoliberal,<br />

por um país de menos<br />

igualdade e por um país aonde<br />

a divisão de riquezas não venha<br />

acontecer, isso tudo orquestrado<br />

e subsidiado por nossa mídia elitista,<br />

seja ela virtual, de papel,<br />

televisiva ou nas ondas do rádio.<br />

Muitos revoltosos (ou ditos que<br />

assim estão), por causa de problemas<br />

com a economia, alguns<br />

ataques até fora do contexto, a<br />

quem não compactua com esse<br />

pensamento, que a meu ver beira<br />

o golpista, ou se não o é, tem lideres<br />

e bases políticas que assim<br />

pensam. A derrubada do governo<br />

democraticamente eleito, seria a<br />

saída da crise, para os neoliberais...<br />

mas e depois? O que fazer<br />

quando o poder cair no colo da<br />

oposição (hoje ela o é... por interesses,<br />

que te garanto, não são os<br />

mesmos interesses da maioria da<br />

população espremida nas periferias<br />

das cidades)??<br />

Eis a questão, manobras políticas<br />

são feitas o dia inteiro entre<br />

os parlamentares, a nossa democracia<br />

é uma dança frenética,<br />

aonde alianças são feitas, desfeitas<br />

para aprovar ou não CPI,<br />

para aprovar ou não leis que só<br />

os favorecem... mas quando o assunto<br />

em pauta são os benefícios<br />

de todos, situação e oposição, ai<br />

eles se unem e aprovam em pouco<br />

mais de uma hora, o aumento<br />

salarial deles próprios, nesse<br />

momento se alinham e pensam<br />

todos da mesma maneira, para<br />

depois voltarem com o teatro<br />

de situação e oposição, que o<br />

povo não percebe, como massa<br />

de manobra alienada por anos,<br />

não percebem as anomalias,<br />

que a catarata ideológica brasileira,<br />

a manipulação feita por<br />

todos esses anos, fizeram todos<br />

os absurdos políticos e sociais,<br />

se tornarem normais, a classe<br />

média ( de verdade, e não a<br />

“promovida pelo governo” ) não<br />

se preocupam com isso, então<br />

imitam outras burguesias com<br />

panelas e barulho, então imitam<br />

outras burguesias demonstrando<br />

repúdio não com os milhares que<br />

morrem nas periferias, a falta de<br />

moradia para milhares de pessoas,<br />

a fome passada por milhares<br />

nas ruas, nos campos, a falta ou<br />

a precariedade dos hospitais, assassinatos<br />

injustos (como se um<br />

assassinado se justificasse) pela<br />

PM, não estão preocupados com<br />

a divisão semi-escravista do trabalho,<br />

do sucateamento que esta<br />

nossa educação... não. A elite<br />

não se interessa por isso, o capitalismo<br />

selvagem, a mais valia,<br />

esta tão enraizada em nossa<br />

cultura, que acham normal um<br />

político envolvido no lava a jato,<br />

ser mais corrupto do que outro<br />

envolvido da “farra” dos convênios<br />

médicos, simplesmente por<br />

causa das siglas... simplesmente<br />

por causa das cores.<br />

A oposição brasileira é uma<br />

farsa, ridiculamente retrógrada,<br />

elitista, egocêntrica, que não<br />

brigam pelo povo, mas por interesses<br />

partidários e interesses<br />

monetários. Mesmo sabendo que<br />

nenhum governo, governou, governa<br />

ou governará para o povo,<br />

visando seus interesses, mas alguns<br />

governos no exterior disfarçam<br />

bem melhor.<br />

A política brasileira precisava<br />

ter uma oposição verdadeiramente<br />

de oposição, seja<br />

ela qual for, em qual momento<br />

político seja, e com qualquer<br />

partido político no poder, pois<br />

se a oposição tem como dever<br />

fiscalizar , deveriam ser os primeiros<br />

a apoiarem a entrega das<br />

listas de seus parlamentares envolvidos<br />

em escândalos, serem<br />

os primeiros a realmente buscarem<br />

a verdade e ajudar , eu disse<br />

AJUDAR, a situação governar o<br />

País. Não somente nesse caso do<br />

lava a jato, não somente nesse<br />

caso da Petrobrás, não somente<br />

no caso dos convênios médicos<br />

... mas em todos, em tudo.<br />

Todos sabem que sou crítico<br />

a democracia neoliberal em que<br />

estamos, todos sabem que penso<br />

além do socialismo praticado no<br />

mundo e todos sabem que para<br />

mim, a evolução política será<br />

sim a auto gestão. Mas enquanto<br />

isso não ocorre ( e m pergunto da<br />

possibilidade de um dia vir acontecer<br />

!?), brigo por uma situação<br />

que pense na parte mais pobre da<br />

população e não nos que detém<br />

a maior parte da riqueza , não<br />

aqueles que lutam para tirar e<br />

sugar mais ainda do povo, nos<br />

fazendo retornar a um pseudo<br />

feudalismo, de tão austera que<br />

é. Enquanto isso não acontece,<br />

brigo por uma oposição que realmente<br />

lute , fiscalize o governo<br />

para que esse, governe para o<br />

povo e não para banqueiros , não<br />

para milionários internacionais e<br />

nem monopólios capitalistas.<br />

A oposição atual grita por um<br />

impeachment que traria de volta de<br />

governantes que olhem para cima<br />

e não para baixo , apesar de que até<br />

agora nenhum deles , desde que José<br />

Sarney assumiu, no lugar do Tancredo<br />

Neves (que ironia do destino ...) ,<br />

olhou realmente aqui pra baixo.<br />

Oposição e Situação , são<br />

fases da mesma moeda, talvez<br />

esteja na hora de trocar a moeda.<br />

pandadrums@hotmail.com


<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 33


RRock Report<br />

34 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Por Julie Sousa<br />

Daniele Corpse, é uma verdadeira sumidade quando se<br />

trata de maquiagem Dark. Inspirada nop Rock e no Heavy<br />

Metal, hoje tem mais de 50 mil seguidores no YouTube<br />

e outros 100 mil em sua página no Facebook. Tivemos essa<br />

conversa descontraída e Dani se mostrou uma pessoa gentil e<br />

muito antenada, e você confere a segui.<br />

Underground Rock Report: Oi, Dani! Muitas meninas<br />

do meio Heavy Metal acompanham seu trabalho e te seguem<br />

em suas redes sociais. Conte um pouco sobre como<br />

surgiu a ideia do blog e canal.<br />

Daniele Corpse: Primeiramente, obrigada pela oportunidade!<br />

Eu sempre gostei muito de produtos de beleza e quando<br />

descobri vídeos de maquiagem no Youtube, achei muito legal<br />

todos àqueles tutoriais ensinando como se maquiar, mas não<br />

me identificava com nenhuma daquelas maquiagens coloridas<br />

estilo pavão e batom rosa. Na época que criei meu canal<br />

no Youtube (em 2009) não havia ninguém aqui no Brasil que<br />

fazia maquiagens voltadas para o Rock´n Roll, então eu pensei:<br />

“porque eu mesma não crio meu próprio canal?”. Mesmo<br />

não sabendo muita coisa na época, criei coragem e fiz minha<br />

conta. Alguns anos depois veio o blog, que é uma extensão do<br />

canal do Youtube!)<br />

URR: Como é o processo de criação das suas makes e<br />

cabelos? Você se inspira em alguma banda, musicista, personagem<br />

ou cria sozinha, seus próprios visuais?<br />

Dani Corpse: Tento sempre pegar inspiração de algo relacionado<br />

ao Heavy Metal ou ao universo geek. Na maioria das<br />

vezes eu me inspiro em alguma cantora (como Tarja Turunen<br />

e Simone Simmons), personagens (Tanya do Mortal Kombat,<br />

Lightning do Final Fantasy) e até capas de álbuns (como a do<br />

“The Laws of Scourge” do Sarcófago).<br />

URR: Como é ser referência para assuntos de beleza<br />

Dark para várias meninas que se identificam com o seu trabalho?<br />

Dani Corpse: Eu acho isso fantástico e eu fico muito feliz<br />

quando alguém fala que curte e acompanha meu trabalho.<br />

Quando resolvi criar meu canal no Youtube e o blog, eu fiz<br />

sem pretensão alguma. Jamais imaginaria que eu alcançaria<br />

um público tão grande, e isso é muito bacana!<br />

URR: A Tracta lançou recentemente um batom com o<br />

nome do blog, que por sinal é muito lindo (risos). Como<br />

surgiu esse convite e como tem sido o retorno das leitoras?<br />

Dani Corpse: Essa parceria com a Tracta foi uma das coisas<br />

mais legais que aconteceram comigo.<br />

O convite rolou através de uma votação entre as outras<br />

blogueiras participantes do Projeto Tracta Blogs. Foi unânime!<br />

Todas gostaram de um post no Beauty and Brains que<br />

falava sobre um produto da marca, e a Tracta me convidou<br />

para fazer meu próprio batom.<br />

Eu participei de todo processo e ele saiu do jeito que eu tinha<br />

imaginado: um roxo escuro maravilhoso! Roxo é uma das<br />

minhas cores favoritas e eu sempre sonhei em ter um batom<br />

dessa cor. Na época que ele foi lançado era muito difícil encontrar<br />

marcas nacionais que fabricassem batom roxo, ele foi um<br />

dos primeiros. E o feedback foi melhor do que eu esperava: as<br />

vendas estão muito boas e o público alternativo amou!<br />

URR: Por vezes o meio da moda e beleza é considerado<br />

um ambiente fútil e desnecessário, embora saibamos que não<br />

é bem assim. Qual a sua opinião sobre esse tipo de crítica?<br />

Dani Corpse: Eu pensava exatamente dessa forma antes de<br />

me apaixonar por maquiagem. Visitava alguns blogs e a única<br />

coisa que eu via era um incentivo ao consumismo desenfreado<br />

e a superficialidade, mas logo vi que não era bem assim.<br />

Recebo muitos recados de meninas me agradecendo por<br />

tê-las ajudado a se sentirem mais confiantes, mais bonitas e<br />

até de ter transformado a vida delas de alguma forma, como<br />

saírem de problemas como a depressão. Muitas pessoas buscam<br />

nos blogs um refúgio. Gostar de se maquiar, de se vestir<br />

bem, de cuidar do corpo, da saúde, do cabelo, da pele. Pra<br />

mim não é futilidade. Futilidade pra mim é não saber olhar<br />

além do que nos aparece em frente aos olhos.<br />

URR: Através do blog, muitas meninas ligadas à música<br />

extrema passaram a se interessar por maquiagem e afins.<br />

Como você vê esse fato?<br />

Dani Corpse: Acho demais! Quem disse que as meninas<br />

tr00 não são vaidosas (risos)? Muita gente ainda acha que<br />

grande parte das mulheres do Metal usam camisetas largas de<br />

banda e maquiagem borrada, e hoje em dia sabemos que não<br />

é mais assim.<br />

As maquiagens para o público extremo é as que eu mais<br />

gosto de fazer, e fico extremamente feliz quando os vejo se<br />

reproduzindo e quando vem trocar uma ideia comigo, falando<br />

que começou a se interessar por essas coisas através de mim.<br />

URR: Com essa quantidade enorme de views e acessos<br />

no blog, você ainda mantém boa interação com suas leitoras<br />

no grupo do facebook e whatsApp. Como conciliar vida<br />

particular e os trabalhos com o blog?<br />

Dani Corpse: Ás vezes eu acho que não consigo dar conta,<br />

porque realmente é muita gente. São muitas pessoas, muitos<br />

e-mails, muitas mensagens todos os dias e nem se eu ficasse o<br />

dia todo no computador, eu conseguiria responder todo mundo.<br />

Mas eu faço o possível! Gosto muito de ter contato com<br />

as leitoras (vide o grupo no facebook e whatsapp). É bem<br />

gostoso. Além de aprender muito com elas, já fiz amizades<br />

incríveis que vou levar para o resto da vida!<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 35


CComportamento<br />

36 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />

Tudo começou em 1869<br />

A motocicleta foi inventada simultaneamente por um americano<br />

e um francês, sem se conhecerem e pesquisando em<br />

seus países de origem. Sylvester Roper nos Estados Unidos e<br />

Louis Perreaux, do outro lado do atlântico, fabricaram um tipo<br />

de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869. Nessa época<br />

os navios e locomotivas movidas a vapor já eram comuns,<br />

tanto na Europa como nos EUA, e na França e na Inglaterra<br />

os ônibus a vapor já estavam circulando normalmente. As<br />

experiências para se adaptar um motor a vapor em veículos<br />

leves foram se sucedendo, e mesmo com o advento do motor a<br />

gasolina, continuou até 1920, quando foram abandonadas definitivamente.<br />

O inventor da motocicleta com motor de combustão interna<br />

foi o alemão Gottlieb Daimler, que, ajudado por Wilhelm Maybach,<br />

em 1885, instalou um motor a gasolina de um cilindro,<br />

leve e rápido, numa bicicleta de madeira adaptada, com o objetivo<br />

de testar a praticidade do novo propulsor. A glória de ser o<br />

primeiro piloto de uma moto acionada por um motor (combustão<br />

interna) foi de Paul Daimler, um garoto de 16 anos filho de<br />

Gottlieb. O curioso nessa história é que Daimler, um dos pais<br />

do automóvel, não teve a menor intenção de fabricar veículos<br />

motorizados sobre duas rodas. O fato é que, depois dessa máquina<br />

pioneira, nunca mais ele construiu outra, dedicando-se<br />

exclusivamente ao automóvel.<br />

Onde colocar o motor?<br />

O motor de combustão interna possibilitou a fabricação<br />

de motocicletas em escala industrial, mas o motor de Daimler<br />

e Maybach, que funcionava pelo ciclo Otto e tinha quatro<br />

tempos, dividia a preferência com os motores de dois tempos,<br />

que eram menores, mais leves e mais baratos. No entanto, o<br />

problema maior dos fabricantes de ciclomotores - veículos intermediários<br />

entre a bicicleta e a motocicleta - era onde instalar<br />

o propulsor: se atrás do selim ou na frente do guidão,<br />

dentro ou sob o quadro da bicicleta, no cubo da roda dianteira<br />

ou da traseira? Como de início não houve um consenso, todas<br />

essas alternativas foram adotadas e ainda existem exemplares<br />

de vários modelos. Só no início do século XX os fabricantes<br />

chegaram a um consenso sobre o melhor local para se instalar<br />

o motor, ou seja, a parte interna do triângulo formado pelo quadro,<br />

norma seguida até os dias atuais.<br />

A primeira fábrica<br />

A primeira fábrica de motocicletas surgiu em 1894, na Alemanha,<br />

e se chamava Hildebrandt & Wolfmüller. No ano seguinte<br />

construíram a fábrica Stern e em 1896 apareceram a<br />

Bougery, na França, e a Excelsior, na Inglaterra. No início do


século XX já existiam cerca de 43 fábricas espalhadas pela<br />

Europa. Muitas indústrias pequenas surgiram desde então e, já<br />

em 1910, existiam 394 empresas do ramo no mundo, 208 delas<br />

na Inglaterra. A maioria fechou por não resistir à concorrência.<br />

Nos Estados Unidos as primeiras fábricas - Columbia, Orient<br />

e Minneapolis - surgiram em 1900, chegando a 20 empresas<br />

em 1910.<br />

Tamanha era a concorrência que fabricantes do mundo inteiro<br />

começaram a introduzir inovações e aperfeiçoamentos,<br />

cada um deles tentando ser mais original. Estavam disponíveis<br />

motores de um a cinco cilindros, de dois a quatro tempos. As<br />

suspensões foram aperfeiçoadas para oferecer maior conforto<br />

e segurança. A fábrica alemã NSU já oferecia, em 1914, a suspensão<br />

traseira do tipo monochoque (usado até hoje). A Minneapollis<br />

inventou um sistema de suspensão dianteira que se<br />

generalizou na década de 50 e continua sendo usada, hoje mais<br />

aperfeiçoada. Mas a moto mais confortável existente em 1914<br />

e durante toda a década era a Indian de 998cm3 que possuía<br />

braços oscilantes na suspensão traseira e partida elétrica, um<br />

requinte que só foi adotado pelas outras marcas recentemente.<br />

Em 1923 a motocicleta inglesa Douglas já utilizava os freios<br />

a disco em provas de velocidade. Porém, foi nos motores que<br />

se observou a maior evolução, a tecnologia alcançando níveis<br />

jamais imaginados. Apenas como comparação, seriam necessários<br />

mais de 260 motores iguais ao da primeira motocicleta<br />

para se obter uma potência equivalente a uma moto moderna<br />

de mil cilindradas. Após a Segunda Grande Guerra, observou-<br />

-se a invasão progressiva das máquina japonesas no mercado<br />

mundial. Fabricando motos com alta tecnologia, design moderno,<br />

motor potente e leve, confortáveis e baratas, o Japão<br />

causou o fechamento de fábricas no mundo inteiro. Nos EUA<br />

só restou a tradicional Harley-Davidson. Mas hoje o mercado<br />

está equilibrado e com espaço para todo mundo.<br />

A Motocicleta no Brasil<br />

A história da motocicleta no Brasil começa no início do<br />

século passado com a importação de muitas motos européias<br />

e algumas de fabricação americana, juntamente com veículos<br />

similares como sidecars e triciclos com motores. No final da<br />

década de 10 já existiam cerca de 19 marcas rodando no país,<br />

entre elas as americanas Indian e Harley-Davidson, a belga FN<br />

de 4 cilindros, a inglesa Henderson e a alemã NSU. A grande<br />

diversidade de modelos de motos provocou o aparecimento de<br />

diversos clubes e de competições, como o raid do Rio de Janeiro<br />

a São Paulo, numa época em que não existia nem a antiga<br />

estrada Rio-São Paulo.<br />

No final da década de 30 começaram a chegar ao Brasil<br />

as máquinas japonesas, a primeira da marca Asahi. Durante a<br />

guerra as importações de motos foram suspensas, mas retornaram<br />

com força após o final do conflito. Chegaram NSU, BMW,<br />

Zündapp (alemãs), Triumph, Norton, Vincent, Royal-Enfield,<br />

Matchless (inglesas), Indian e Harley-Davidson (americanas),<br />

Guzzi (italiana), Jawa (tcheca), entre outras.<br />

A primeira motocicleta fabricada no Brasil foi a Monark<br />

(ainda com motor inglês BSA de 125cm3), em 1951. Depois<br />

a fábrica lançou três modelos maiores com propulsores CZ e<br />

Jawa, da Tchecoslováquia e um ciclomotor (Monareta) equipado<br />

com motor NSU alemão. Nesta mesma década apareceram<br />

em São Paulo as motonetas Lambreta, Saci e Moskito<br />

e no Rio de Janeiro começaram a fabricar a Iso, que vinha<br />

com um motor italiano de 150cm3, a Vespa e o Gulliver, um<br />

ciclomotor.<br />

O crescimento da indústria automobilística no Brasil, juntamente<br />

com a facilidade de compra dos carros, a partir da<br />

década de 60, praticamente paralisou a indústria de motocicletas.<br />

Somente na década de 70 o motociclismo ressurgiu<br />

com força, verificando-se a importação de motos japonesas<br />

(Honda,Yamaha, Susuki) e italianas. Surgiram também as brasileiras<br />

FBM e a AVL. No final dos anos 70, início dos 80,<br />

surgiram várias montadoras, como a Honda, Yamaha, Piaggio,<br />

Brumana, Motovi (nome usado pela Harley-Davidson na fábrica<br />

do Brasil), Alpina, etc. Nos anos 80 observou-se outra<br />

retração no mercado de motocicletas, quando várias montadoras<br />

fecharam as portas. Foi quando apareceu a maior motocicleta<br />

do mundo, a Amazonas, que tinha motor Volkswagen de<br />

1600cm3. Atualmente a Honda e a Yamaha dominam o mercado<br />

brasileiro, mas aí já deixou de ser história.<br />

Texto extraído com autorização do site : www.motoesporte.<br />

com.br<br />

A Origem da Harley-Davidson<br />

Milwaukee é uma sossegada cidade no estado de Wisconsin,<br />

onde em 1901 dois amigos decidiram deslocar-se mais<br />

rápida e confortavelmente, sobretudo nas subidas. Para atingirem<br />

esse objectivo pensaram em aplicar um motor ao quadro<br />

das suas bicicletas. Esses dois jovens eram Arthur Davidson,<br />

de 2o anos, e William S. Harley de 21 anos. Sem saberem,<br />

durante os três anos seguintes iriam fazer nascer a marca de<br />

motos mais célebre de sempre.<br />

O primeiro protótipo construído tinha, entre outras características,<br />

uma lata de conservas como carburador. Apesar de ter<br />

sido construído já com a ajuda de Walter Davidson, irmão de<br />

Arthur, os resultados foram medíocres. O motor era demasiado<br />

fraco para conseguir subir a mais pequena elevação sem a<br />

ajuda dos pedais.<br />

Não desistindo, começaram de imediato a trabalhar num segundo<br />

protótipo, usando desta vez um motor de 405 cm³, bem<br />

mais poderoso que o inicial. Nesta segunda versão receberam<br />

também a ajuda do inventor norueguês Ole Evinrude, cuja experiência<br />

em motores foi muito útil.<br />

Na sua minúscula oficina de 8 metros quadrados situada no<br />

quintal da casa dos Davidson’s, entre avanços animadores e algumas<br />

desilusões, finalmente conseguiram obter a sua primeira<br />

criação, a lendária Silent Grey Fellow, com uma potência de<br />

3 cavalos, válvula de admissão automática e transmissão com<br />

correia. Produziram 3 modelos em cinzento, a cor da marca.<br />

Estávamos em Setembro de 1904 e esta primeira versão seria<br />

vendida até 1912.<br />

Harley-Davidson Silent Grey Fellow de 1905<br />

O teste a esta primeira Harley foi feito quando participou<br />

numa corrida de motos no State Fair Park em Milwaukee, tendo<br />

ficado em quarto lugar. Este é o primeiro registo histórico<br />

documentado de uma Harley-Davidson.<br />

Em 1905 foram vendidas três Harley através do primeiro<br />

revendedor oficial da marca, Carl H. Lang, de Chicago. Nesse<br />

ano foram construídas cerca de 12 Harley’s na mesma oficina<br />

do seu nascimento.<br />

A primeira fábrica da Harley-Davidson nasceu em 1906.<br />

Tinha 216 metros quadrados e permitiu uma produção de 50<br />

motos nesse ano.<br />

O ano seguinte foi um excelente ano para a empresa. Harley<br />

terminou a faculdade como engenheiro mecânico, a fabrica<br />

expandiu-se e a polícia americana tomou a decisão de se equipar<br />

com motos Harley-Davidson, lançando definitivamente a<br />

marca. Foi também neste ano que uma importante inovação<br />

técnica surgiu: o primeiro modelo com motor a 45º V Twin<br />

com 880cc, com 7 cavalos de potência e atingia os 100km/h,<br />

algo sensacional para a época. Apesar disso poucos modelos V<br />

Twin foram produzidos até 1910.<br />

Em 1911 um motor V Twin melhorado deu o empurrão necessário<br />

para que as vendas subissem e levou a que a Harley-<br />

-Davidson dominasse as corridas de motos até 1914, ano em<br />

que já eram produzidas mais de 14 mil motos Harley por ano.<br />

Apesar de ainda estar longe do mito em que haveria de tornar,<br />

o caminho para lá chegar já estava a ser percorrido.<br />

Actualmente a Harley-Davidson é reconhecida em todo o<br />

mundo como a marca mais mítica relacionada com motos.<br />

Curiosidades:<br />

- A Harley-Davidson é uma moto para quem quer força mas<br />

não exige altas velocidades. A velocidade máxima ronda os<br />

180km/h, porém o ideal é conduzi-la a um ritmo bem mais<br />

lento, como que a saborear a viagem.<br />

- As motos da Harley-Davidson são usadas em vários filmes<br />

e vídeos de músicas, pois resumem com precisão o sentido da<br />

liberdade e da subversão.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 37


RRock Report<br />

38 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Por: JP Carvalho<br />

Ratas Rabiosas é uma banda de Punk Rock feminista, que se formou<br />

na cidade de São Paulo em 2013, com ideais anarquistas e<br />

uma linguagem clara e objetiva suas letras são compostas de mensagens<br />

anti-governo, militarismo, machismo, racismo, fascismo e<br />

homofobia. As levadas variam entre o clássico Punk até levadas<br />

mais pesadas do Hardcore, tudo bem misturado, e característico.<br />

Formada por Oxy - vocal, Angelita -baixo e backing vocals, Ju<br />

Malvina - guitarra e Lary - batera e backing vocals, a banda disponibilizou<br />

no soundcloud sua primeira demo, gravada no estúdio<br />

“Sem Frescura” de forma experimental e que conta com quatro faixas,<br />

A banda também participou de uma coletânea de bandas com<br />

vocais femininos chamada “ Mulheres em Perigo”, que tem como<br />

principal objetivo divulgar a mulherada do rock, e também trabalhar<br />

assuntos como machismo na sociedade atual, violência contra a<br />

mulher, discriminação. Onde gravaram duas musicas inéditas, Essa<br />

coletânea está prevista para ser lançada em outubro.<br />

A banda edita um fanzines, o Ratazine, que contém algumas letras<br />

com resenhas sobre as mesmas, e textos explorando temas da atualidade<br />

aplicando o ponto de vista da banda e sua distribuição é gratuita.<br />

Conversamos com a baterista Lary Durante, que também é colaboradora<br />

da Hi Hat Magazine e uma apaixonada por música e arte.<br />

Num bate papo muito inteligente, Lary se mostrou antenada com<br />

a nossa realidade e muito mais que isso, nos mostrou, novamente,<br />

que as pessoas que ficam, lá atrás do praticável, tem muito, mas<br />

muito mesmo a dizer. Confiram!<br />

Underground Rock Report: Antes de começarmos, obrigado<br />

pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora,<br />

fale-nos sobre você e suas atividades.<br />

Lary Durante: Imagine, eu é quem agradeço a oportunidade<br />

deste bate papo. Bem, me chamo Larissa, mais conhecida como<br />

Lary ou Larys, tenho 24 anos e moro na cidade de São Paulo.<br />

Sou baterista da banda de Punk Rock / Hardcore, Ratas Rabiosas,<br />

colaboradora da revista eletrônica Hi Hat Girls Magazine que<br />

é uma revista totalmente voltada para bateristas mulheres, e essas<br />

são as atividades (não remuneradas, risos) que eu exerço com muito<br />

amor e carinho!<br />

Além disso, sou formada em Comunicação e Marketing, mas infelizmente<br />

não atuo profissionalmente na área. Sou apaixonada por<br />

música, comunicação, arte de rua, e movimentos culturais. Adoro<br />

conhecer gente nova e bandas, fazer amizades, bater um papo legal<br />

e frequentar shows de rock pesadão (risos)!<br />

compartilha, mas na vida real o que te define são as suas atitudes.<br />

HMB: Qual é a sua visão do cenário da música pesada hoje?<br />

Lary: Em relação às bandas, acho muito bom! Temos excelentes<br />

bandas, excelentes músicos, e alguns espaços bem legais para tocar.<br />

Agora em relação à organização de eventos e ao pensamento do<br />

público no geral, eu acho que ainda há muito que se melhorar sim!<br />

Sair de casa e ir tocar para mim é sempre um desafio, pois eu nunca<br />

sei o que vou encontrar (risos)! Já cheguei para tocar em lugares que<br />

não tinha bateria, não tinha equipamento de som, ( “Era um showzinho<br />

muito engraçado, não tinha batera não tinha nada!”, risos), tive<br />

que mostrar meu lado Punk (D.I.Y.) e improvisar uma bateria com<br />

caixote, cadeira, e uma “estante humana” pra fazer um som porque<br />

colou uma galera de longe para assistir nosso show. Já improvisei<br />

ferragens com pneus também. Sou quase uma Macgyver (risos)!<br />

Fora as baterias tortas, quebradas, caindo aos pedaços, emendadas<br />

com fita, que destrói a coluna do peão né?! Mas tamô aí, né?<br />

No geral, não ter um equipamento decente, atrasos de horas nos<br />

shows, entre outras, são coisas que eu acho broxante, considero<br />

uma falta de respeito com a banda. Não estou dizendo que eu quero<br />

cachê, camarim com frutas da época, Chandon, toalhas brancas felpudas<br />

(risos), e sim o mínimo que uma banda precisa ter para tocar.<br />

Afinal, antes de a banda subir no palco, ela gastou uma grana com<br />

ensaios, transporte e é tudo muito caro.<br />

Fora a galera que fica na porta do show enchendo a cara (risos),<br />

não entra para ver as bandas, e ainda reclama, fica cornetando,<br />

sabe?! Reclama que não tem show, mas quando tem não vai, e<br />

quando vai ao invés de entrar no show para ver as bandas, fica na<br />

porta. Vai entender...<br />

Acredito que essas observações que fiz, são observações bem<br />

recorrentes né?! Todos que tem o já tiveram banda sabem como<br />

é, ou tem alguma história do tipo para contar. Não dá pra viver do<br />

underground no Brasil. O que a gente faz, fazemos porque amamos<br />

mesmo! Não há lucros, só prejú (risos).<br />

URR: Sim, são observações bem recorrentes, pelo menos aqui no<br />

HMB! Como você se decidiu pela bateria, já era uma paixão antiga?<br />

Lary: Então, meu primeiro contato com um instrumento foi aos<br />

10 anos quando entrei na Fanfarra da escola, eu tocava pratos, adorava<br />

aquilo, depois passei para a caixa, e quando ia para bateria, a<br />

fanfarra estava precisando de trompetista então eu resolvi passar<br />

URR: Como é ser baterista de uma banda de Hardcore feminina?<br />

Já que este é um mundo masculino e extremamente machista?<br />

Lary: Bem, desde quando comecei a tocar bateria até hoje nunca<br />

rolou algo que fosse ofensivo, desagradável em relação ao machismo.<br />

Pelo contrário, sempre fui tratada com respeito e amizade, de<br />

igual pra igual, nunca tive e nem quero ter privilégios por ser uma<br />

mulher baterista. Carrego meus equipamentos pesados, monto e<br />

desmonto tudo sozinha, sem fazer doce, sem reclamar, pois essa foi<br />

minha escolha. É claro que para quem não conhece muitas mulheres<br />

que tocam bateria é um tanto quanto curioso né, mas ninguém<br />

nunca chegou até a mim de forma desrespeitosa não.<br />

Mas que o machismo é presente no Hardcore, punk, metal,<br />

grind, Rock n’ Roll , no underground no geral isso é fato, porém<br />

hoje em dia tento encarar essa questão com um pouco mais de “leveza”,<br />

apesar do machismo ser um assunto sério! Por exemplo, eu<br />

acredito que a melhor maneira de responder a um cara que cria um<br />

grupo no Whats App titulado de “KINGS” para expor a intimidade<br />

das mulheres “pagando de comedor”, é ironizando, fazendo uma<br />

letra que exponha a sua opinião a respeito disso, de repente com a<br />

sua letra, sua música você atinja a mais pessoas e as coloque para<br />

pensar um pouco a respeito do assunto. Ficar se fazendo de vitima,<br />

coitadinha, não é a melhor forma de se impor e combater o que lhe<br />

incomoda, o que lhe faz mal.<br />

URR: Mas você não acha que muitos desses detratores e engraçadinho<br />

do cenário, se escondem por trás do anonimato que a rede permite?<br />

Lary: Ah sim, sem dúvida! É fácil pra caramba ser machista,<br />

ou “Hater” atrás de um computador né. Na rede você é o que você<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 39


para os instrumentos de sopro. Toquei trompete dois anos, trompa<br />

dois anos. Mais tarde surgiu a oportunidade de aprender a tocar violoncelo<br />

em um projeto da orquestra do Pão de Açúcar, esse estudo<br />

durou dois anos também. Foram experiências bem maneiras, pois<br />

tive a oportunidade de conhecer, e estudar música erudita, aprender<br />

teoria musical, partitura, história da música e etc, tudo isso era fascinante.<br />

Os anos passaram eu fui ficando grandinha e tive que me<br />

afastar um pouco da música para trabalhar (risos). Quando tudo já<br />

estava mais ou menos encaminhado, estava terminando a escola,<br />

e já tinha me adaptado à rotina de trabalhar e estudar, eu percebi<br />

que ainda estava faltando alguma coisa na minha vida, pois eu não<br />

estava feliz. Faltava uma peça para o quebra cabeças. Então decidi<br />

voltar a estudar música. Como tinha um grupo de “amigas” que<br />

estavam a fim de montar uma banda de punk rock, talvez tenha<br />

me motivado a voltar a tocar. Optei pela batera porque era algo<br />

“pendente” na minha vida, algo que com 10 anos de idade eu quis<br />

aprender, mas não dei muita atenção na época. Entrei para um conservatório<br />

musical, e fui estudar bateria, a banda nunca vingou (risos),<br />

se quer teve seu primeiro ensaio, mas eu estava decidida a<br />

resolver essa pendência, e desde então não parei mais, e estou tentando<br />

resolvê-la até hoje (risos)!<br />

URR: Você acha que o ensino musical nas escolas públicas,<br />

seria um grande incentivador para o crescimento cultural do país,<br />

que apesar de rico neste aspecto, sofre de uma desvalorização<br />

pelo próprio povo?<br />

Lary: Sem sombras de dúvidas! Afirmo com propriedade, pois<br />

sou fruto disso. Estudei a vida toda em escola pública e sempre participei<br />

dos projetos da escola, hoje eu sei o diferencial que isso me<br />

trouxe como pessoa. A bagagem cultural que carrego, devo a todo<br />

o aprendizado que adquiri com esses projetos. Estudei tudo o que<br />

pude e achava um barato! Fiz música, teatro, dança, programa de<br />

rádio, tudo isso me agregou muito. Um dia espero poder retribuir<br />

a tudo de alguma forma. Gostaria muito que em todas as escolas<br />

publicas, sem exceção, tivessem projetos iguais aos que eu participei,<br />

pois sei o diferencial que isso traz para a criança/adolescente,<br />

sei o quanto agrega. Uma criança que aprende música, ou qualquer<br />

outra forma de arte, tem um universo de possibilidades a sua frente.<br />

Através da música que aprendi na escola tive a oportunidade de conhecer<br />

lugares diferentes, fazer amizades, entre outras coisas. Essa<br />

convivência toda, com um universo de possibilidades me deixou<br />

desinibida, e isso me ajudou bastante a enfrentar as dificuldades<br />

acadêmicas, a ter disciplina, pois se eu fosse mal, nas aulas corria<br />

o risco de não poder mais participar dos projetos, coisa que eu<br />

não queria, pois eu gostava muito. Sempre detestei matemática, a<br />

música conseguiu me ajudar até nisso, pois para tocar eu precisava<br />

contar os tempos (risos)! Acredito que a música traz essa leveza ao<br />

aprendizado no geral, além de aprender a contar o tempo (risos), eu<br />

aprendia a analisar as letras das músicas, aprendi a desenvolver o<br />

senso crítico, analisar, formar opinião, e expressá-las abertamente.<br />

Por esse motivo que eu acredito e defendo essa tese.<br />

URR: O ensino musical foi banido em 1970, desde então vem<br />

ensaiando uma volta, e só existem aulas de música em algumas<br />

escolas públicas por iniciativa das pessoas de lá. Qual seria o caminho<br />

para que o ensino musical voltasse a fazer parte do currículo<br />

normal?<br />

Lary: O caminho seria investir forte nos três “I’s”: Informação,<br />

Iniciativa, e Interesse. Acredito que se as pessoas soubessem a importância<br />

e os benefícios que a música proporciona na questão do<br />

aprendizado acadêmico e desenvolvimento social, cultural e talvez<br />

acreditassem mais nessa tese, com isso apareceriam mais projetos<br />

que aguçariam a curiosidade e o interesse da molecada, e então todos<br />

abraçariam a causa com certeza.<br />

URR: E como você vê o ensino público de uma forma geral?<br />

Lary: Calamidade!<br />

Mas o que se esperar de um país, onde um jogador de futebol<br />

ganha milhões por mês e é visto como “rei”, e um professor que<br />

tem papel fundamental na educação e formação dos cidadãos, ganha<br />

uma mixaria e é visto como um nada? O professor vive de migalhas,<br />

é humilhado, maltratado, ofendido, desrespeitado e muitas<br />

40 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


vezes agredido dentro da sala de aula, e isso é muito triste, é lamentável<br />

mesmo! Admiro muito essa profissão. Acho que os professores<br />

que dão aula na rede pública são verdadeiros guerreiros, são<br />

heróis, e dão aula, pois realmente amam o que fazem, porque não<br />

e fácil. E tudo isso tudo é reflexo de um povo sem cultura e desse<br />

grande descaso do governo.<br />

URR: E na verdade, não existe interesse no bem estar da população.<br />

Você consegue visualizar um futuro melhor para este<br />

país, ainda dentro das próximas três ou quatro gerações?<br />

Lary: Poxa, por mais que eu tente, não consigo ver ou acreditar<br />

nessa melhora, isso pra mim é uma grande utopia. Cada dia que<br />

passa, vejo mais retrocesso.<br />

URR: E de onde vem essa visão tão pessimista da nossa realidade?<br />

Lary: (risos) Na verdade é uma visão realista. É que a nossa<br />

realidade é péssima (risos), por isso soa como pessimismo.<br />

Não dá para acreditar num futuro melhor de um país onde os governantes<br />

abandonam seu povo, e os deixam “viver” em situações<br />

desumanas. E o povo covarde, de certa forma se adaptou, e aprendeu<br />

a conviver e sobreviver na desgraça sabe?! É cultural isso, e faz<br />

parte do famoso “Jeitinho Brasileiro de ser”, de se adaptar rápido,<br />

se adequar as diversas situações, de dar um jeito de se virar mesmo<br />

em situações extremas. Tem um lado positivo nisso? Tem claro!<br />

As pessoas aprendem a se virar logo cedo, e isso é bom, porem se<br />

acomodam, e aceitam facilmente até aquilo que lhes prejudicam,<br />

que lhes fazem mal, e isso não é bom. Querer levar vantagem em<br />

tudo, ser mais esperto que os outros também é um agravante, para<br />

mim uma pessoa que fura uma fila, que embolsa um troco que veio<br />

a mais, é tão corrupta quando o político que rouba a grana do povo.<br />

Especular e acreditar, em uma melhora, é como dar soco em<br />

ponta de faca. A massa vive em tempos de apatia, de agonia, com<br />

cérebros atrofiados, e um povo assim é mais fácil de ser manipulado,<br />

e acredito que, seja exatamente isso que os governantes querem,<br />

um povo sem informação, sem cultura, doente, jogado as traças.<br />

Por mais que tenham Brasileiros iludidos, que pregam e acreditam<br />

em uma melhora, no fundo, no fundo até eles já sabem que a<br />

“merda” já está feita. E que não! Não haverá progresso, não haverá<br />

futuro. A banda Olho Seco já propagava isso nos anos 80: “Mãos<br />

estendidas, mãos trêmulas, de um corpo fraco, mostrando sempre a<br />

palma da mão”.<br />

URR: Você crê que a conscientização das massas seria um primeiro<br />

passo para uma reorganização do Estado, ou isso também<br />

é utopia?<br />

Lary: Sim, apesar de acreditar que esse trabalho de conscientização<br />

das massas seria um trabalho de formiguinha. Mas de fato<br />

seria um primeiro e memorável passo.<br />

URR: Planos para o futuro?<br />

Lary: Bem, tenho alguns planos e projetos pendentes (risos).<br />

Vou entrar em processo de gravação nos próximos meses, para<br />

lançar o primeiro trabalho da minha banda, participaremos também<br />

de uma coletânea. Pretendo dedicar um tempo aos estudos baterísticos,<br />

e mais para frente produzir uns vídeos fazendo play along e<br />

postar no youtube, um dos vídeos que pretendo produzir será em<br />

parceria com um guitarrista muito supimpa da cena do “Hardcorepunkmetalgrind-crust666motherfuck”<br />

(risos), o Fábio da banda<br />

Sistema Sangria, penso em fazer algo com a mulherada da batera<br />

também. Fora a revista, Hi Hat Girls Magazine, né? Continuar divulgando<br />

o trabalho da mulherada baterista, incentivar, apoiar, e<br />

buscar novas parcerias para quem sabe um dia realizar nosso sonho<br />

de torna lá física, real.<br />

URR: Resuma Lary Durante em uma frase.<br />

Lary: Batatinha quando nasce (risos), brincadeira.<br />

Uma das frases que me define é “Quem tem vontade, tem metade”.<br />

URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este<br />

belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para nossos leitores.<br />

Lary: Ahhh, já acabouuuuu (risos)? Poxa, eu é quem agradeço à<br />

você JP e a Underground Rock Report pelo espaço e oportunidade<br />

cedida a mim, muito maneira mesmo a sua iniciativa. Eu adorei,<br />

nosso bate papo, foi bem divertido. Aos leitores da Underground<br />

Rock Report, um grande abraço! Espero que tenham curtido, e<br />

aproveitem esse espaço, aproveitem as oportunidades de adicionar<br />

com quem está a fim de fazer a cena do Rock Pesado se movimentar,<br />

sem por a frente interesses pessoais. Vamos fortalecer o Underground,<br />

usar todos os espaços e ferramentas disponíveis a nosso<br />

favor. União, Igualdade e Respeito acima de tudo!<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 41


RReleases<br />

Sweet Storm<br />

Collectors of Souls<br />

Independente - Nacional<br />

Esse trio vindo de Uberaba (MG)<br />

pratica o que costumamos chamar de<br />

Death Metal old school, se bem que<br />

existem melodias muito bonitas espalhadas<br />

por todo o CD, o que dá um ar<br />

mais moderno e atual ao som praticado<br />

pela banda.<br />

Composto por seis faixas e um<br />

bônus, este Collector of Souls foi<br />

totalmente gravado e produzido pela<br />

banda, numa empreitada 100% independente<br />

e auto-suficiente, os instrumentos<br />

estão bem timbrados e é<br />

possível ouvir tudo aqui. Aos meus<br />

ouvidos, apenas uma ou outra guitarra<br />

com mais saturação não agrada,<br />

mas de uma forma geral o Sweet<br />

Storm não faz feio.<br />

O vocal de Camilla Porto tem<br />

personalidade, com um gutural soturno<br />

que aliado aos timbres graves<br />

e afinações baixas, mas de muita<br />

personalidade do baixista Peterson<br />

“Jarrão” e do guitarrista Raphael Tanaka,<br />

que conferem ao trabalho, que<br />

é baseado na obra a Divina Comédia<br />

de Dante Alighieri, uma carga pesadíssima<br />

e um clima de fim do mundo<br />

permeia por todo o CD.<br />

O uso de bateria programada é de<br />

bom gosto, e não chega a assustar, já<br />

que o Sweet Storm não faz uso de velocidades<br />

alucinantes em seu som.<br />

Claro, os puristas dirão: o CD poderia<br />

ser mais cristalino e essas coisas, mas<br />

a paixão com que este disco foi feito,<br />

supera todos os melindres técnicos, bem<br />

como a falta deles. Mas, pode apostar<br />

que no meu player ele ainda vai ficar por<br />

um longo tempo.<br />

JP Carvalho<br />

Realidade Encoberta<br />

Momentos Antes do Caos<br />

Independente - Nacional<br />

Crossover de responsa esse praticado<br />

pela banda pernambucana<br />

Realidade Encoberta. Sendo este o<br />

primeiro CD completo da banda que<br />

foi formada em 1987, a banda mostra<br />

maturidade e criatividade, além de<br />

doses cavalares de peso, riffs bonitos<br />

e velozes, batera e baixo pesados e<br />

bem timbrados e os típicos vocais e<br />

backings na linha do Hardcore.<br />

Ainda podemos encontrar muitos<br />

traços de Heavy Metal em várias<br />

vertentes espalhados ao longo do CD,<br />

mas a crueza com que o Realidade<br />

Encoberta pratica sua música associada<br />

a letras de protesto muito bem<br />

sacadas que são a tônica de todo o<br />

trabalho.<br />

O trabalho conta com as participações<br />

especiais de Jorge Picasso<br />

(do Oddium) e de Henrique “Poço”<br />

Soares (ex-vocalista do Anthares) na<br />

faixa Mergulhado em Poças de Sangue,<br />

que tem andamento mais levado<br />

e acaba sendo, para mim, o destaque<br />

do trabalho.<br />

Enfim, o Realidade Encoberta<br />

tem conhecimento de causa e sabe<br />

muito bem como fazer sua música,<br />

deixando Momentos Antes do Caos<br />

um trampo primoroso e cheio de<br />

energia. Corra atrás deste CD.<br />

JP Carvalho<br />

Hatend<br />

Unloading 13 Live<br />

Independente- Nacional<br />

Dois full leight, diversos shows<br />

na bagagem e eis que o monstro, denominado<br />

Hatend de Paulo Afonso<br />

na Bahia nos mostra que está mais<br />

vivo que nunca!<br />

Tudo que se pode esperar de<br />

um disco ao vivo está aqui neste<br />

Hatend - Unloading 13 Live, já que<br />

se trata de um disco 100% ao vivo,<br />

sem nenhum tipo de tratamento<br />

pós-show, e isso é o que mais impressiona<br />

neste live.<br />

A pegada, a sintonia dos músicos<br />

e a energia que emana do palco,<br />

sem firulas ou malabarismos, o Hatend<br />

é a verdadeira força do metal<br />

nacional, calcando seu Thrash/Death<br />

Metal com toques modernos,<br />

acrescido de guitarras melodiosas,<br />

teclados na medida certa e a cozinha<br />

aliada ao vocal feroz de Jurandir<br />

Roque Lima, perpetuam o cataclismo<br />

sonoro.<br />

Ao longo das 12 faixas que<br />

compõem esse lançamento, a banda<br />

mostra que tem identidade, proposito<br />

e sabe muito bem lidar com as<br />

características e particularidades de<br />

sua música, já que além da ferocidade<br />

já citada o Hatend nos brinda<br />

com momentos de pura introspecção,<br />

que somam melodias belíssimas<br />

e climas viajantes, mas a carga<br />

emocional se rende mesmo ao peso<br />

e o andamento down-tempo.<br />

Definitivamente o Hatend, vai<br />

galgar vários degraus no cenário da<br />

música pesada brasileira com este<br />

Unloading 13 Live. Ao vivo como<br />

deve ser.<br />

JP Carvalho<br />

Esgoto<br />

Maldição<br />

Independente - Nacional<br />

A banda Esgoto vem desde o final<br />

dos anos 80, bradando a indignação<br />

e o descontentamento das massas<br />

através da sua música. E possui em<br />

sua discografia muitos dos clássicos<br />

do Punk Rock nacional. E para<br />

nossa felicidade soltaram agora, em<br />

2015 o CD Maldição, que novamente<br />

nos traz uma banda coesa, limpa,<br />

cheia de garra e vontade. Destaque<br />

absoluto para os vocais potentes e<br />

característicos de Godzilla, que dá a<br />

característica marcante no som por<br />

eles praticado.<br />

As guitarras de Ledis associados<br />

ao baixo pesadíssimo de Neno, criam<br />

o clima perfeito para as voziferações<br />

de Godzila e o batera Batata conduz<br />

tudo com conhecimento de causa e<br />

bom gosto.<br />

O CD foi produzido no Estúdio<br />

Noise Terror e a miagem e masterização<br />

ficaram por conta do guitarrista<br />

da banda Phobia, Demente, que deixou<br />

o som cristalino e equilibrado<br />

onde podemos ouvir todos os instrumentos,<br />

mas sem perder aquela sujeira<br />

caratérística do estilo, que dá um<br />

molho todo especial a gravação.<br />

Se você gosta de música sincera,<br />

simples e cheia de atitude, Maldição<br />

será o próximo CD que você vai comprar.<br />

Recomendadíssimo!<br />

JP Carvalho<br />

Memest<br />

Bastards and Liars<br />

Discos Macarras - Importado<br />

Formado por Carlos Matheu<br />

(guitarra e vocal), Daniel Audí (bateria),<br />

Jaume Estupiñà (guitarra) e Anselm<br />

Horta (baixo), este quarteto de<br />

Tortosa faz um som que caminha pelo<br />

Heavy Metal, Rock´n Roll, Stoner e<br />

mais alem na minha opinião. Na verdade<br />

é o tipo de banda que tem vida<br />

propria, personalidade no que faz e<br />

simplesmente não dá para colocar um<br />

rotulo em sua musica.<br />

Depois do grande “Lucky Dead<br />

Man” , seu album de estreia, Memest<br />

nos presenteia com “Bastards and<br />

Liars” . É, este album é um presente<br />

para os ouvidos. Gravado no Axtudios,<br />

com a excelente produção de<br />

Óscar ‘AX’ Davi, apresenta a evolução<br />

de seu predecessor. Peso, agressividade,<br />

musicas mais elaboradas,<br />

porem não menos impactantes. É um<br />

album poderoso. Quando voce começa<br />

a escuta-lo tem a impressão que se<br />

não sair correndo vai ser atropelado.<br />

Alias é daqueles sons que te dão vontade<br />

de correr, estar numa estrada,<br />

voando baixo. Força, peso, potencia,<br />

grande trabalho vocal, guitarras com<br />

riffs e solos cortantes, poderosos e<br />

ainda assim swingados, aliados a um<br />

trabalho de bateria e baixo fortes,<br />

precisos, criativos. Musica feita com<br />

atenção, com vontade...<br />

Se voce gosta de Rock´n Roll,<br />

Heavy, Sludge, Stoner tem que ouvir.<br />

Gosta de Motorhead? Então corra<br />

para garantir seu Bastards and Liars.<br />

Rockin Memest!<br />

Vlademir Gonzales<br />

Marasme<br />

De Ilums I Ombres<br />

Discos Macarras - Importado<br />

Marasme é uma banda de<br />

Maiorca, nas Ilhas Baleares, Espanha.<br />

Formada em 2008, por Jeroni<br />

Sancho, vocal; Tomeu Canyelles,<br />

guitarra; Manel Oriol, guitarra;<br />

Chús Ponce, baixo e David ‘ Dubi’<br />

Álvarez, bateria. Sua sonoridade<br />

passeia pelo post-metal, black metal,<br />

post-hardcore e experimental<br />

Trata-se do segundo album<br />

deste quinteto, que já tem em sua<br />

trajetoria um ep, “Marasme”, em<br />

2008, o full, “Mirror” em 2010 e<br />

o single,”Aqui les ombres mai no<br />

arribaran” em 2013. “De Ilums I<br />

Ombres” lançado em 2014, foi gravado<br />

no estudio La Porta Cosmica<br />

de Palam, em Palma de Maiorca,<br />

produzido por Toni Toledo.<br />

Trata-se de um trabalho inquietante,<br />

introspectivo, onde a<br />

atmosfera fria e acida, extremamente<br />

intensa deste grupo, criam<br />

um clima introspectivo e emocional,<br />

levando o ouvinte atento a um<br />

mergulho pessoal, uma viagem<br />

poetica, tal qual um vislumbre da<br />

luz, um extase perdido em meio ao<br />

caos.<br />

A estrutura das musicas, produção<br />

impecavel, peso, melodias<br />

intensas, riffs massivos e solos<br />

gelidos, ritmo desolado e pulsante,<br />

vocais rascantes, tudo contribui<br />

ao clima de desolação, onde<br />

voce é levado do abismo ao topo<br />

em segundos. É uma grande e grata<br />

experiencia.<br />

Se voce curte sons pesados<br />

e experimentais terá otimos momentos<br />

ao som de Marasme.<br />

Vlademir Gonzales<br />

42 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Aathma<br />

Deadly Lake<br />

Discos Macarras - Importado<br />

Trio madrilenho que trilha a vertente<br />

do doom/sludgemetal, surgido<br />

em 2007 e formado por Juan, vocal,<br />

guitarras e sintes; Mario, baixo e<br />

Álex, bateria. “Deadly Lake” é um<br />

ep, terceiro lançamento do grupo, antecedido<br />

por “ The Call of Shiva” e “<br />

Decline..Towers of Silence”.<br />

Na musica do Aathma há muita<br />

personalidade, muita alma. “Deadly<br />

Lake” é uma perola, uma peça<br />

de arte. Foi gravado e mixado no<br />

Sadman Studios (Madri) por Carlos<br />

Santos e masterizado no Fascination<br />

Street Studios (Suecia) por Jens Bogren.<br />

E que produção maravilhosa...<br />

São camadas de peso, distorção,<br />

riffs monstruosos, climas, noise, estrutura<br />

ritmica marcante, poderosa.<br />

Vocais interpretativos que te conduzem<br />

tal qual um maestro, a uma<br />

viagem epica e obscura, repleta de<br />

sensações.<br />

Há muitos pequenos detalhes e<br />

elementos musicais mais experimentais,<br />

noise e post rock, que voce pode<br />

perceber e sentir, alem daqueles caracteristicos<br />

do doom, sludge e stoner<br />

nesta musica criativa. Não dá para<br />

destacar uma musica. Deadly Lake,<br />

Valpur, In the Deep Dark Woods e<br />

G.O.D., todas as quatro faixas deste<br />

ep são incriveis e a sensação ao final<br />

é de querer mais...Deadly Lake<br />

é daqueles albuns que se voce não<br />

ouvir, estará perdendo algo grandioso.<br />

Recomendo muito...valera cada<br />

segundo.<br />

Vlademir Gonzales<br />

Ain Sof Aur<br />

Ophis Christos<br />

Sulphur Records<br />

O Planalto Central do nosso país<br />

já deu muitas bandas à cena nacional,<br />

indo do Metal mais melodioso até o<br />

extremo, com trabalhos excelentes de<br />

ambos os lados. E algumas contribuições<br />

são muito importantes para nossa<br />

história. Desd que bandas como o<br />

P.U.S., Abhorrent, Volkana E Valhala<br />

ajudaram a criar o nome da cena<br />

extreme de Brasília, permitindo que<br />

bandas e mais bandas de Metal extremo<br />

surjam naquelas terras. E é com<br />

imenso prazer que ouvimos o trabalho<br />

do quarteto Ain Sof AuR, que chega ao<br />

Metal Samsara com seu segundo trabalho,<br />

“Ophis Christos”, que a Sulphur<br />

Records colocou no mercado.<br />

O trabalho da banda é focado no<br />

Black Metal, mas longe de ser pura<br />

e simplesmente isso. Apesar de usar<br />

de um formato mais bruto e bem<br />

agressivo, a banda lança mão de elementos<br />

mais atmosféricos e soturnos,<br />

ao mesmo tempo em que a tônica<br />

de seu trabalho não é velocidade<br />

sem sentido ou mesmo brutalidade<br />

apenas por si mesma. Não, antes de<br />

tudo, percebe-se vida inteligente sob<br />

a colcha de vocais urrados em tons<br />

mais guturais, riffs de guitarra fortes<br />

e mesmo inserindo melodias soturnas<br />

aqui e ali, base rítmica muito pesada<br />

e esbanjando técnica. E como<br />

dito antes, tem uma personalidade<br />

forte, uma vontade de ser diferente e<br />

de fugir dos modelos padrões muito<br />

clara. E meus caros, isso faz a diferença<br />

em prol deles.<br />

A produção sonora está bruta e<br />

soando um pouco esfumaçada. Mas<br />

não chega a tornar o trabalho deles<br />

incompreensível ou que as nuances<br />

musicais sejam perdidas. Longe disso,<br />

no meio dessa gravação mais suja<br />

é que o trabalho do grupo consegue<br />

sair do ponto comum e ser criativo.<br />

A arte, verdade seja dita, ficou em<br />

um padrão muito elevado, com um<br />

Digipack em três páginas, encarte<br />

usando de muitas citações filosóficas<br />

entre as letras.<br />

Ouçam, comprem e curtam a<br />

viagem, pois o Ain Sof Aur é uma<br />

banda que merece não só respeito e<br />

atenção, mas uma apreciação demorada<br />

e com vagar.<br />

Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

Mortifera<br />

IV: Sanctii Tristhess<br />

Drakkar Productions Brasil<br />

A simplicidade musical pode ser<br />

uma das maiores aliadas de bandas de<br />

quase todas as vertentes musicais no<br />

Metal. Sempre, já que quanto mais<br />

uma banda procurar colocar notas em<br />

uma canção, na maioria dos casos,<br />

ela acaba soando artificial, mecânica<br />

e sem vida. Nada contra a técnica<br />

instrumental, longe disso, mas ela<br />

não deve ser a tônica de um trabalho.<br />

A tônica deve vir, antes de tudo, do<br />

que o coração do músico está dizendo.<br />

Somente assim existe a sinergia<br />

entre banda e fãs. E um ótimo exemplo<br />

é do grupo francês Mortifera, que<br />

mais uma vez abrilhanta as páginas<br />

do Metal Samsara com seu mais recente<br />

trabalho, intitulado “IV: Sanctii<br />

Tristhess” e que a Drakkar Brasil colocou<br />

no mercado nacional, tornando<br />

o acesso ao disco mais fácil.<br />

Antes de tudo, é preciso dizer<br />

que Noktu (vocalista/guitarrista/líder<br />

da banda, que já foi músico ao vivo<br />

do Mütiilation e membro do celestia,<br />

entre outros trabalhos) realmente<br />

sabe o que quer de seu trabalho. Em<br />

“IV: Sanctii Tristhess”, vemos a banda<br />

dando um passo adiante de “Bleüu de<br />

Morte”, mas sem fugir daquele Black<br />

Metal climático e opressivo de antes.<br />

Sim, por ser francês, vemos que o<br />

CD tem aquela forte aura das bandas<br />

da LLN, mas não se precipitem: o<br />

Mortifera tem muito a oferecer aqui,<br />

já que o trabalho soa mais limpo e<br />

pesado que antes, com o acréscimo<br />

de arranjos mais melodiosos (só um<br />

pouco, nada exagerado), o que reforça<br />

ainda mais a aura sinistra do álbum.<br />

De resto, ótimos vocais rasgados, riffs<br />

excelentes, baixo e bateria em uma<br />

cozinha rítmica mais simples, mas pesada<br />

e aparecendo nas horas devidas.<br />

Resultado: um CD excelente!<br />

Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

Syren<br />

Motordevil<br />

Shinigami Records<br />

E eis que a máquina mortífera do<br />

Metal carioca volta, detonando tudo e<br />

todos que tentarem ficar em sua frente,<br />

desembestada como uma carruagem<br />

de peso que desce morro abaixo!<br />

Sim, o quarteto Syren volta à<br />

carga com seu mais novo trabalho, o<br />

álbum “Motordevil”, que a Shinigami<br />

Records acaba de pôr no mercado<br />

nacional.<br />

Antes de tudo, que se fale que os<br />

“Brazilian Metal Bastards” tiveram<br />

mudanças de formação enormes entre<br />

“Heavy Metal”, seu álbum anterior,<br />

e “Motordevil”: a banda virou<br />

um quarteto, usando apenas uma<br />

guitarra, deixando o som um pouco<br />

mais seco, um pouco simples e pesado<br />

que antes, mas ainda melodioso e<br />

forte. Maurício Martins (baixo) e Julio<br />

Martins (bateria) formam uma cozinha<br />

rítmica pesada e com ótimo nível<br />

técnico, ao passo que o guitarrista<br />

Guilherme De Siervi mostra habilidade<br />

nas seis cordas, com bases ótimas e<br />

solos melodiosos com refinamento. E<br />

o veterano, fundador e único membro<br />

que restou da formação que gravou o<br />

disco anterior, o vocalista Luiz Syren,<br />

mostra o porquê de ser uma das melhores<br />

vozes do Metal do Brasil: uma<br />

voz forte, vigorosa, bela, bem postada,<br />

cheia de melodia e leve agressividade,<br />

além de uma interpretação que só os<br />

grandes possuem. E o resultado dessa<br />

mistura é um Heavy Metal tradicional<br />

atualizado, melodioso e agressivo nas<br />

medidas certas, com uma banda que<br />

soube dar uma boa evoluída em si<br />

mesma, sem perder sua identidade.<br />

Em termos de sonoridade, não se<br />

pode negar que o produto é bem caprichado.<br />

Todos os instrumentos estão<br />

extremamente claros e com bons<br />

timbres, os vocais bem encaixados, e<br />

soando com peso e coesão, e o que se<br />

houve no CD é o que realmente ouvirá<br />

ao vivo. E o trabalho artístico de<br />

Antonio Cesar da Not.A.Pipe é ótima,<br />

apresentando bem a banda e sua<br />

proposta sonora.<br />

Ao ouvir as músicas, fica clara<br />

a competência e espontaneidade da<br />

banda na composição de seu trabalho.<br />

Os arranjos são caprichados, mas sem<br />

exageros técnicos que tirariam o foco<br />

do que é mais importante na música<br />

do Syren: a unidade como grupo.<br />

Aula de Metal tradicional em<br />

todos os sentidos, um dos melhores<br />

lançamentos do ano, e que todo bom<br />

Headbanger que se preza precisa ouvir<br />

e adquirir. Em tempo: o guitarrista<br />

Guilherme De Siervi se desligou da<br />

banda no início deste ano.<br />

Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

U.D.O.<br />

Decadent<br />

Shinigami Records<br />

Quando bandas clássicas sofrem<br />

processos de ruptura, ou seja, um<br />

membro icônico sai, são postos em<br />

xeque, de uma única vez, a carreira<br />

do grupo e daquele que saiu. Há casos<br />

onde tudo deu errado para ambos os<br />

lados, outros em que um dos lados se<br />

prejudicou (ou a banda ou o músico),<br />

ou mesmo em que ambos os lados se<br />

deram muito bem. Neste último, podemos<br />

encaixar o vocalista Udo Dirkschneider,<br />

que após sair do Accept<br />

(várias vezes, diga-se de passagem),<br />

formou o U.D.O. Ótimos discos como<br />

“Animal House” e “Mean Machine”<br />

são mostras que o baixinho poderia ir<br />

adiante sem seus colegas, seu novo álbum,<br />

“Decadent”, mostra que ele e sua<br />

banda ainda possuem muita lenha para<br />

queimar. E a Shinigami Records nos<br />

deu mais uma vez de conseguir uma<br />

versão nacional com qualidade, já que<br />

a atual crise econômica no Brasil está<br />

tornando os importados, mais uma<br />

vez, inacessíveis a grande parte do<br />

público. E com duas músicas a mais!<br />

Uma das maiores qualidade de<br />

“Decadent” é justamente a personalidade<br />

do grupo, pois a única coisa<br />

que lembra o Accept é mesmo a voz<br />

de Udo, sem os famosos corais característicos.<br />

Aqui, temos um Metal<br />

tradicional híbrido entre o tradicional<br />

clássico e o moderno, com ótimos refrões<br />

e ótimas melodias, seja nos momentos<br />

agressivos, outros mais amenos<br />

ou mesmo em alguns soturnos.<br />

O trabalho do U.D.O. não soa datado<br />

ou como quem vive da fama de<br />

seu vocalista, mas tem uma sonoridade<br />

viva e bem atual. Uma mostra de<br />

que a energia e juventude dos membros<br />

mais novatos (que nasceram<br />

quando Udo já era bem famoso) com<br />

a experiência de Udo e Fitty resulta<br />

em música bem arranjadas. E além<br />

do quinteto, ainda temos a presença<br />

de Ingmar Viertel e Claus Rettkowski<br />

nos backing vocals.<br />

E não, Udo e sua banda não estão<br />

decadente, muito longe disso, como<br />

“Decadent” mostra explicitamente,<br />

logo, adquira logo o seu sem medo.<br />

Marcos “Big Daddy” Garcia<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 43


RRock Report<br />

44 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Por: JP carvalho<br />

grupo instrumental Labirinto chega aos dez anos de trajetória,<br />

e celebra 2015 com uma extensa turnê europeia<br />

O<br />

e o segundo álbum de estúdio, com lançamento agendado<br />

para o segundo semestre do ano. Ao longo de sua carreira,<br />

seus discos têm sido lançados pelos selos estrangeiros Con-<br />

Souling Sounds (Bélgica), Oxide Tones (Alemanha), Pirate<br />

Ship Records (Eua), e o brasileiro Dissenso Records, responsável<br />

pelo mais recente single Masao, após sete discos<br />

anteriores - entre eles seu aclamado álbum de estreia Anatema,<br />

em 2010, e o split Labirinto & Thisquietarmy, indicado<br />

pelo jornalista Fabio Massari como um dos cinco melhores<br />

lançamentos de 2013.<br />

Após mais de 50 apresentações realizadas em 13 países<br />

estrangeiros, participações em festivais de relevância,<br />

e shows muito bem qualificados pela mídia especializada<br />

nacional, o Labirinto é hoje um dos principais nomes da<br />

música experimental brasileira.<br />

Com o seu som experimental repleto de texturas, o sexteto<br />

instrumental Labirinto não deve nada para os artistas de<br />

vanguarda com os quais costuma se apresentar no exterior,<br />

como I Like Trains, Syndrome e Stephen O’Malley - com<br />

quem tocaram no belga Dunk!festival, em 2013, o maior<br />

evento de pós-rock do mundo - e nem para o Godspeed You!<br />

Black Emperor ou Isis, duas das principais referências do<br />

grupo.<br />

Dito isto, é natural que o Labirinto, que está completando<br />

dez anos de estrada, tenha construído uma sólida carreira<br />

no exterior, com turnês muito bem-sucedidas na Europa, na<br />

América do Norte e em seu país, o Brasil.<br />

Em 2010, a banda lançou seu primeiro álbum, “Anatema”,<br />

após quatro EPs e participação em coletâneas. Gravado<br />

em São Paulo, no Dissenso Studio, mixado e materizado<br />

em Chicago, EUA, por Greg Norman (Neurosis, Russian<br />

Circles) e Bob Weston (Mission of Burma, Shellac), o disco<br />

representou um marco no trajeto da banda; foi responsável<br />

por grande repercussão em território nacional e estrangeiro.<br />

O lançamento de “Anatema” rendeu ao grupo sua primeira<br />

turnê ao exterior, em 2011, durante o lançamento de sua<br />

versão em vinil duplo, e muitas matérias na mídia especializada<br />

brasileira - Rolling Stone, Destak, Correio Braziliense,<br />

Diário de Guarulhos, entre diversos outros - e internacional,<br />

incluindo uma matéria no blog do jornal britânico The<br />

Guardian, indicando o Labirinto como uma das melhores<br />

bandas de 2010, representando o Brasil.<br />

Kadjwynh foi o álbum lançado no ano seguinte, em 2012:<br />

um EP com quatro composições, totalizando 22 minutos, e<br />

uma animação da terceira faixa, “Piam Ket”, dirigida por<br />

Ricardo Sasaki (Peixonauta).<br />

O video teve lançamento exclusivo pelo Canal Brasil, na<br />

programação do canal e na web, e foi selecionado e exibido<br />

no festival Animamundi. As cópias físicas do EP sairam em<br />

vinil picture disc, com as minusciosas e detalhadas ilustrações<br />

de Sasaki nos dois lados da bolacha, cd e álbum digital.<br />

Novamente, a banda teve a oportunidade de trabalhar<br />

com ouvidos mais experientes no estilo musical que desenvolve;<br />

em 2013, o produtor Tony Doogan (Arcade Fire, Mogwai)<br />

trabalhou na mixagem e masterização de três faixas<br />

inéditas, para o disco “Labirinto & Thisquietarmy”. O split<br />

com o músico canadense Thsiquietarmy foi lançado na Europa<br />

pelo selo ConSouling Sound, nos EUA pelo Pirate Ship<br />

Records, e no Brasil pelo Dissenso Records, com ampla distribuição<br />

e venda em todos os continentes.<br />

O disco foi indicado pelo jornalista Fabio Massari como<br />

um dos cinco melhores lançamentos do ano, na edição especial<br />

da Revista Bizz. O disco resultou em uma turnê com<br />

22 apresentações do Thisquietarmy pelo Brasil, em parceria<br />

com o Labirinto.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 45


Em 2014, após sete lançamentos físicos, o grupo finalizou<br />

as gravações do single Masao no Dissenso Studio,<br />

em São Paulo. A faixa, com 25 minutos de duração, teve<br />

mixagem de Greg Norman (Electrical Audio, Chicago), e<br />

Muriel Curi, baterista e produtora da banda. O selo Dissenso<br />

Records, com apoio do inglês The Sirens Sound e do<br />

alemão Oxide Tones, foi responsável pela produção física<br />

em Masao, em apenas 300 cópias limitadas em embalagem<br />

digipak. O lançamento foi marcado por uma apresentação<br />

no Teatro Municipal Paiol, de Curitiba e em São Paulo, no<br />

Sesc Vila Mariana, com ingressos esgotados.<br />

Ao longo dos últimos anos, a banda vem realizando<br />

apresentações em São Paulo e outras cidades, tendo passado<br />

por algumas unidades do SESC - Choperia do Sesc<br />

Pompeia, Belenzinho, Vila Mariana, Sorocaba, Araraquara<br />

-, Virada Cultural, Teatro Municipal de Cabo Frio, Centro<br />

Cultural São Paulo, e shows no exterior, com passagens por<br />

festivais de relevância como South by Southwest, Heart of<br />

Texas Rockfest, North by Northeast, Dunk! Festival e Canadian<br />

Music Fest.<br />

Ao longo de 2014, a banda se apresentou em dois grandes<br />

festivais no Brasil; A Música Muda - ao lado dos japoneses<br />

do Mouse on the Keys, Dub Trio e duas atrações<br />

brasileiras - e o Overload Music Fest, dividindo o palco com<br />

o grande nome do pós-rock europeu God Is An Astronaut,<br />

Alcest e mais duas bandas internacionais. Labirinto ainda<br />

realizou shows com o projeto solo Syndrome, do guitarrista<br />

do Amenra, em sua vinda ao Brasil, e também viajou para<br />

Belo Horizonte, onde realizou um show com ingressos esgotados<br />

no SESC Palladium. A banda encerrou o ano com<br />

o anúncio do início das gravações do próximo álbum e da<br />

próxima turnê internacional.<br />

Contatos<br />

www.facebook.com/labirintoband<br />

www.labirinto.bandcamp.com<br />

www.labirinto.mus.br<br />

Dissenso - email@dissensorecords.com<br />

Telefone - (11) 7755-9563<br />

46 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


Arte<br />

Fotografia<br />

Design Gráfico e Digital<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 47


RRock Report<br />

Por: Leonardo Moraes<br />

Mesmo que na década de 1940 a palavra GENOCIDIO não tivesse<br />

sido criada, seria impossível batizar de outra forma o<br />

grupo formado nos anos 80 por Wanderley Perna (Guitarra) e Marcão<br />

(Baixo e Vocal), pois a sonoridade criada pela dupla – acrescida<br />

à época por Zé Galinha (Bateria) – já poderia figurar na trilha sonora<br />

do Armagedom. Para a nossa sorte a música e integridade deles<br />

continua intacta mesmo após tanto tempo e diversas mudanças na<br />

formação. Os shows começaram pouco após os primeiros ensaios,<br />

inicialmente em São Paulo e imediações. Não demorou a assinarem<br />

com o selo Ultra Violence para o registro de seu primeiro EP, batizado<br />

com o nome do grupo, seguido de uma expressiva discografia<br />

com álbuns relevantes.<br />

O seu mais recente trabalho In Love With Hatred sairá em versão<br />

CD pela Urubuz Records dia 25 de novembro. O Genocidio,<br />

inovador nato, está apaixonado pela raiva, e é por ela que se expressará<br />

daqui em diante. Confiram o bate papo com a banda.<br />

URR: O álbum Hoctaedrom virou uma espécie de referência<br />

entre os fãs quando se fala na banda Genocídio. Até que ponto<br />

isso incomoda vocês?<br />

Murillo Leite: O Hoctaedrom é o nosso terceiro álbum e o fato<br />

de ele ser referência não nos incomoda de jeito nenhum, pelo contrário,<br />

nos orgulhamos muito de ter gravado esse álbum, pois foi<br />

nele que o Genocídio definiu seu estilo, mesclando Death Metal<br />

com elementos de música gótica. Além disso, foi o primeiro registro<br />

da banda como quarteto e particularmente tenho um apreço<br />

especial por este trabalho, pelo fato de ter sido o primeiro disco que<br />

gravei na vida.<br />

URR: O álbum Rebellion de 2001 foi relançado no ano passado<br />

pela Mafer Records em LP, gostaria que você comentasse<br />

o porque da escolha desse álbum para o relançamento e se você<br />

acha que na época do lançamento original ele não teve uma grande<br />

repercussão?<br />

Wanderley Perna: Foi uma escolha da Mafer Records. O fato<br />

do álbum não ter sido divulgado na época e logo ficou fora de catálogo,<br />

pelo fato da banda ter parado logo após o lançamento, ajudou<br />

bastante na escolha, pois é um disco que os fãs procuram bastante!<br />

URR: O Genocídio nunca tocou fora do país nesses anos todos<br />

de estrada, o que você acha que está faltando para isso acontecer?<br />

Wanderley Perna: Tivemos alguns convites, mas nada concretizado,<br />

hoje temos que pensar duas vezes antes de aceitar, temos<br />

trabalho, família, e precisa ser bem feito, tocar por tocar apenas não<br />

é compensador!<br />

Murillo Leite: O que está faltando? Hum... Talvez um convite<br />

(risos). Falando sério, creio que em breve faremos shows fora do<br />

Brasil, pois há contatos sendo realizados e estamos ansiosos para<br />

que uma oportunidade como esta aconteça para o Genocídio.<br />

URR: Sobre o ultimo álbum do grupo In Love With Hatred,<br />

você consideraria o trabalho mais Death Metal do Genocídio?<br />

Murillo Leite: Difícil falar se é o mais Death Metal, que ele contém<br />

muita pegada desse estilo é inegável, mas temos que considerar<br />

que nosso primeiro EP, Hoctaedrom e Rebellion são fortemente calcados<br />

no Death Metal, ainda que cada um deles encaixado em seu<br />

devido contexto de época e formação.<br />

Wanderley Perna: É um disco mais agressivo que o anterior sem<br />

dúvida, mas não diria que é o disco mais Death Metal do Genocídio.<br />

Rafael Orsi: Talvez por ter menos elementos de Doom/Gothic<br />

dê essa impressão.<br />

URR: Ainda sobre In Love withHatred, como foi que rolaram<br />

as participações de Manu Joker (ex-Sarcofago) na faixa “I Deny”<br />

48 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


e de Vitor Rodrigues (Voodoopriest) na faixa “Unseendeath”?<br />

Murillo Leite: Ambas as participações somaram muito às composições<br />

em que foram inseridas, o Manu por ser um amigo de muito<br />

tempo e que fez parte de uma importantíssima banda brasileira, o<br />

Sarcófago. O dueto de “I Deny” ficou muito interessante, com muito<br />

punch! O Vitinho foi um escolha óbvia pelo alcance vocal que<br />

possui, ele gravou diversos tipos de vozes para serem sobrepostas<br />

e o resultado comprova a versatilidade que ele imprimiu à música.<br />

URR: O Genocídio sempre fez versões fantásticas de outras<br />

bandas que influenciaram o grupo nos álbuns anteriores, dessa<br />

vez a banda escolhida foi Mercyful Fate para o último álbum.<br />

Comente sobre a escolha de “Come to the Sabbath”.<br />

Wanderley Perna: Essa é a parte mais difícil nas gravações do Genocídio,<br />

qual banda faremos uma versão? Sentimos que o momento era<br />

tocar Mercyful Fate, fazer uma homenagem ao mestre King Diamond!<br />

Murillo Leite: Mercyful Fate é um ponto comum entre todos os<br />

integrantes da banda, somos muito fãs e fomos influenciados por<br />

eles, então, quando surgiu a ideia de tocarmos “Come to the Sabbath”<br />

veio junto uma grande responsabilidade para fazermos uma<br />

versão que mantivesse o esqueleto original da música e ao mesmo<br />

tempo trouxesse a característica do Genocídio. Em minha opinião,<br />

conseguimos nosso objetivo e a aceitação foi excelente, tanto nos<br />

shows como nas visualizações do clipe via Youtube.<br />

URR: Quais diferenças que você pontuaria entre os álbuns In<br />

Love with Hatred e o anterior The Clan?<br />

Murillo Leite: Não conseguiríamos fazer In Love With Hatred<br />

sem termos feito The Clan, foi uma sequência natural. Tivemos o<br />

mesmo produtor em ambos os álbuns, porém, compomos e gravamos<br />

de maneira diferente. A sonoridade de In Love With Hatred é<br />

mais baseada no Death Metal enquanto The Clan eu enxergo como<br />

um disco de Heavy Metal, apesar das diversas nuances sonoras que<br />

este álbum apresentou.<br />

Rafael Orsi: In Love With Hatred definitivamente é mais direto,<br />

não que seja menos trabalhado, apenas foi feito de outra forma.<br />

URR: Você consideraria que a formação do Genocídio atualmente<br />

está mais estabilizada se comparada as anteriores?<br />

Murillo Leite: Comparar formações é uma tarefa que não compete<br />

a nós da banda, pois cada uma teve sua importância dentro da<br />

época em que esteve ativa, mas seguramente esta formação está<br />

entre as melhores que tivemos, seja por talentos individuais bem<br />

como por entrosamento musical e pessoal.<br />

Rafael Orsi: Acredito que todos estão dando seu melhor nessa<br />

formação, apesar de eu participar apenas dessa, temos orgulho de<br />

tudo que estamos fazendo nos shows e no disco.<br />

URR: Uma pergunta que eu sempre faço para as bandas nacionais<br />

e que não deve faltar é como você vê a cena metal brasileira<br />

atualmente, englobando ai ofertas de shows, gravadoras,<br />

reconhecimento<br />

Murillo Leite: Do ponto de vista de bandas a safra está excelente,<br />

temos bandas de mais de três décadas ainda ativas, fazendo obras<br />

pertinentes e temos também uma leva mais recente que faz jus à história<br />

do Metal brasileiro. Com relação às gravadoras nossa relação<br />

com elas sempre foi limitada, portanto se mudou algo durante esses<br />

anos não sentiríamos o impacto. Em termos de shows temos o fato<br />

de bandas estrangeiras estarem tocando frequentemente no Brasil<br />

e isso pode ser positivo ou negativo. Para nós, tocarmos com essa<br />

infra é excelente, atingimos um número maior de pessoas e nosso<br />

merchandise gera um retorno maior. Os locais onde a música autoral<br />

é praticada precisam passar por uma reciclagem para oferecer ao<br />

público e às bandas mais qualidade no evento. Finalmente, sobre o<br />

reconhecimento tenho a dizer que é extremamente importante ter o<br />

feedback das pessoas sobre o trabalho, ainda mais quando ele é elogioso...de<br />

todos os aspectos da cena este é o mais recompensador.<br />

Wanderley Perna: Muita coisa mudou deste os primeiros anos<br />

da banda, hoje temos a comodidade da internet para divulgar o trabalho<br />

da banda, temos muitos shows gringos nos quais as bandas<br />

nacionais estão tendo uma oportunidade de tocar e assim continuar<br />

mostrando seu trabalho, as pessoas só precisam entender que a cena<br />

metal nacional sempre existiu, mesmo antes do Brasil ser rota de<br />

tour das bandas europeias e americanas.<br />

Rafael Orsi: Temos boas ofertas de show fora da capital, e acredito<br />

que em pouco tempo, será fora das capitais que a cena realmente<br />

pagará fogo! Faltando apenas investir em infraestrutura para termos<br />

condições de mostrar nossa música do jeito que gostaríamos.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 49


RRock Report<br />

Por: JP Carvalho<br />

Metalizer iniciou suas atividades na cidade de Nova<br />

A odessa (SP), no começo de 2004 e a banda entra em estúdio<br />

em junho/julho de 2005 para gravar sua primeira demo<br />

Electric homicide. A banda segue compondo e fazendo shows<br />

até o final de 2006, quando entram em estúdio novamente<br />

para gravar uma nova demo. Esse novo trabalho agora é lançado<br />

sob o nome de Weapons of Metalization,como uma homenagem<br />

a persistência, a superação e ao apoio de pessoas.<br />

Após uma sucessão de mudanças de formação, estabilizou<br />

o line-ip com Sandro Maués - Vocal, Douglas Lima - Guitarra,<br />

Nilao - Baixo e Thiago Agressor - Bateria e Vocal.<br />

Em junho de 2012 a banda entra em estúdio para gravar<br />

seu novo trabalho. Weapons of Metalization foi bem recebido<br />

pelo publico na época e rendeu uma boa repercussão para<br />

a banda, boas resenhas, entrevistas e rendeu apresentações<br />

da banda por São Paulo e interior, com diversas bandas do<br />

Underground paulistano e do restante do País. Atualmente a<br />

banda esta em trabalho de divulgação de seu debut intitulado<br />

The Thrashing Force conta com nove petardos, sendo que<br />

algumas são regravações de faixas ja registradas nas demos<br />

anteriores e foi lançado de forma independente.<br />

https://soundcloud.com/metalizer-thrash<br />

Conversamos com a banda num bate papo rápido e descontraído<br />

que você confere a seguir<br />

Underground Rock Report: Olá, para começar, nos fale<br />

como foi o início do Metalizer?<br />

Thiago Cruz: Olá, antes de tudo quero agradecer a Underground<br />

Rock Report pelo espaço cedido ao Metalizer e<br />

aos leitores por estarem dando um pouco de sua atenção ao<br />

nosso trabalho. Bom o Metalizer propriamente dito surgiu em<br />

2004, mas desde meados dos ano 90 eu sonhava em ter uma<br />

banda de Thrash, somente precisava de um tempo pra aprender<br />

algum instrumento musical e encontrar alguns amigos pra<br />

formar uma banda. Tudo levou um tempo mas o Metalizer<br />

surgiu comigo, o primeiro guitarrista Leandro Psicopata, Carlão<br />

no baixo. Ai o Carlão se mudou da cidade, e eu fui para<br />

o baixo e chamamos o Mateus pro vocal e o Luciano “Lars”<br />

Completou a formação na batera. O Mateus logo saiu e eu<br />

fiquei no baixo e vocal, e essa formação gravou a primeira<br />

demo: Electric Homicide (2005).<br />

URR: Porque houveram tantas trocas de formação ao<br />

longo dos anos?<br />

Thiago: Por diversas razões, cada caso é um caso. Uma<br />

mudança chave foi quando o Douglas substituiu o Leandro<br />

na guitarra, ele disse que não tava mais afim de tocar Thrash,<br />

mas acho que as ideias de composição entre mim e ele não<br />

estavam muito sintonizadas, mas enfim, o Douglas entrou em<br />

2005 e já vai fazer 10 anos de banda, então acredito que aca-<br />

50 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


ou dando mais do que certo (risos). Outra perca que atrasou<br />

muito o lado foi quando o Luciano saiu da batera, ele é um<br />

grande brother e um batera muito inteligente, mas teve complicações<br />

com o tempo, trampo, família e etc. Foi difícil achar<br />

outro batera, tivemos o Erik e o Tiaguinho, ambos legais e<br />

bons bateristas, mas não estavam tão afim de tocar Thrash<br />

Metal, ai como vi que ia ser difícil achar alguém e perderíamos<br />

muito tempo, resolvi aprender tocar essa bagaça, puta<br />

instrumento difícil de conseguir alguém pra tocar (risos). O<br />

Nilão foi na época que eu era ainda baixo e vocal, e estava<br />

me sentindo limitado na hora de colocar o vocal nas músicas<br />

e resolvi chama-lo, pois ele é meu irmão, baixista e desde<br />

sempre deu muita força pra banda. Depois dessa loucura toda<br />

de acontecimentos, me vi na batera e sem conseguir continuar<br />

no vocal, ai precisávamos de alguém, tivemos o Wesley<br />

por 1 ano, mas ele tinha um vocal mais pro Hardcore, Crossover<br />

e tal, e não tava ficando como imaginávamos, acabou<br />

não rolando e pensamos no Sandrão, que sempre cantou mais<br />

Heavy Metal, só que sempre percebi que ele tinha uma boa<br />

dose de agressividade em seu vocal, e que se tentasse fazer<br />

um Thrash rolaria perfeito. Dito e feito, encaixou como uma<br />

luva (risos).<br />

URR: The Thrashing Force recebeu ótimas criticas da<br />

mídia especializada, você acha que este trabalho superou as<br />

suas expectativas?<br />

Thiago: Ficamos muito felizes com a recepção tanto da<br />

mídia especializada, quanto dos bangers que adquiriram o<br />

material e fizeram comentários positivos pra gente, foi muito<br />

foda, mas não por vaidade ou ego, e sim por sabermos de<br />

toda a luta que foi pra manter a banda viva e trabalhando, por<br />

lembrar de quando eu e o Douglas caminhávamos por horas<br />

no fim de semana com baixo e guitarra nas costas pra ir até a<br />

casa do Luciano ensaiar nosso som, pois ele morava em outra<br />

cidade, então enfim, é um trabalho de muito valor pra gente.<br />

URR: Como foram as gravações do debut, e a parceria<br />

entre vocês e Studio Radioative?<br />

Thiago: Foram no mínimo inusitadas (risos). A idéia inicial<br />

era gravar uma demo, ou um EP, com cinco músicas,<br />

separei uma grana para 4 horas de gravação, por que achava<br />

que a banda tinha que fazer alguma coisa, pra compensar o<br />

tempo sem lançar nada. Fomos ao estúdio gravar, eu era um<br />

batera muito iniciante ainda, e resolvemos gravar direto sem<br />

metrônomo e nada do tipo, o Douglas ligou a guitarra e eu<br />

fui tocando com ele. Só que em 1 hora e meia já tínhamos<br />

gravado a bateria desses 5 sons, ai conversamos entre nós e<br />

falamos “pelo andar da carruagem da para gravar todos que<br />

pensávamos pra um debut” e foi o que fizemos, a partir daí<br />

fomos gravando o resto do play. Já havíamos gravado nossas<br />

demos lá, e eu pessoalmente tenho algumas ressalvas quanto<br />

a gravação do disco, mas foi o que deu pra fazer com a grana<br />

que tínhamos no momento e nos abriu muitas portas, então o<br />

saldo foi muito positivo.<br />

Fernando fez a capa do disco Following the Funeral, e a gente<br />

achou excelente. Daí entramos em contato e passamos a ideia<br />

pra ele. Acredito que tenha sido um desafio novo pra ele ter<br />

feito essa capa, pela temática Thrash em si, mas com certeza<br />

ele fez mais um grande trampo. Gostamos muito e ele já fez<br />

também a capa que estará em nosso segundo disco.<br />

URR: Quais as expectativas para um próximo trabalho<br />

de estúdio?<br />

Thiago: São as melhores, o disco já está gravado, e dia 4<br />

de Abril vamos no estúdio terminar a mixagem e masterização.<br />

O nosso segundo álbum se chamará Your Nightmare e<br />

produzimos ele no Estúdio Mix Music na cidade de Amparo,<br />

junto com o Fábio, que também é guitarrista da banda Sangrena.<br />

Um produtor muito profissinal, dedicado e com um<br />

ouvido biônico (risos). Ele nos mandou uma prévia da mix/<br />

master, feita em uma das músicas e gostamos muito e não<br />

vemos a hora de ter nosso play em mãos.<br />

URR: Deixe uma mensagem aos nosso leitores<br />

Thiago: Queria agradecer todos vocês que estão lendo<br />

esta entrevista e doando um pouco do seu tempo ao nosso<br />

trabalho. Queria agradecer mais uma vez ao Underground<br />

Rock Report por esse espaço, é muito valioso pra gente poder<br />

divulgar nosso som aqui. Também queria agradecer ao Alex<br />

Chagas pelo contato e pela força que nos dá com a Black<br />

Legion. Mais uma vez obrigado, quem quiser pode entrar em<br />

contato conosco pelo Email: metalizer_thrash@hotmail.com,<br />

ou pela nossa no Facebook: www.facebook.com/metalizermetal.<br />

Um forte abraço e aguardem novidades.<br />

URR: A capa de The Thrashing Force já nos remete ao<br />

cenário Thrash Metal, e foi elabora pelo artista Fernando<br />

Lima, do Drowned, como foi o contato e a escolha dele para<br />

este trabalho?<br />

Thiago: Foi muito natural, pois o Sandro é baterista do<br />

Zênite (e eu atualmente sou um dos guitarristas também) e o<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 51


RRock Report<br />

Por: Vlademir Gonzales<br />

banda Memest foi formado na cidade Tortosa, na provincia<br />

de Tarragona, Espanha em 2002. Seus mem-<br />

A<br />

bros já vinham de uma trajetoria na cena underground<br />

catalã, sendo alguns inclusive parte remanescente do Human<br />

Waste, banda notoria na cena death local.<br />

Já em 2004 lançam um mini CD , “A wall between our<br />

love and yours”, produzido e editado de forma independente,<br />

por eles mesmos.<br />

E vem algumas mudanças de formação, e a banda se<br />

estabiliza em 2007, adotando um estilo mais agressivo,<br />

primitivo, forte, tendo como principal caracteristica as<br />

bases e sonoridade nas bases do Heavy Metal, com pitadas<br />

de Doom e Stoner.<br />

Em 2009 lançam uma demo, novamente produzida independentemente,<br />

buscando apresentar a cena seu trabalho<br />

e funcionando como um preparativo ao lançamento<br />

de seu primeiro álbum.<br />

“Lucky Dead Man “ sai em 2010. Gravado no Moontower<br />

Studios em Barcelona, com a produçaõ de Javier<br />

Félez e lançado pelo selo Discos Macarras, apresenta um<br />

Heavy Rock vigoroso, pesado, e solidificou a presença<br />

do Memest na cena Underground espanhola, levando-os<br />

a dividir os palcos com bandas da cena local, alem de<br />

americanas e portuguesas, como Santo Rostro, Cementerio,<br />

Looking for a An Answer, Windhand , Pilgrim e<br />

Miss Lava.<br />

Apos um período de quatro anos lançam em 2014, “<br />

Bastards and Liars”. Gravado no AXTudios de Barcelona<br />

, contando com a grande produção de Óscar ‘AX’ David,<br />

“Bastards and Liars” mantem a veia Rock/Heavy Metal/<br />

Stoner apresentanda anteriormente, com peso, agressividade,<br />

sonoridade setentista aliada a produção moderna e<br />

muita personalidade.<br />

Conversamos com Anselm , baixista do Memest, para<br />

entender um pouco mais sobre o processo de produção de<br />

“Bastards and Liars”, a historia e trajetoria da banda no<br />

decorrer destes anos e a cena na Espanha. Confira como<br />

foi essa conversa com estes hermanos do outro lado do<br />

Atlantico. Com voces Memest.<br />

Underground Rock Report: Sejam benvindos a Underground<br />

Rock Report. Antes de tudo, meus parabéns<br />

pelo seu trabalho. Para quem não conhece o Memest<br />

poderiam se apresentar?<br />

Anselm Horta: Olá, muito obrigado por suas felici-<br />

52 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>


tações. Aqui Anselm, o baixista da banda. Em Memest<br />

somos Carlos Matheu (vocal e guitarra), Jaume Estupiña<br />

(guitarra), Daniel Audi (bateria) e eu. A nossa onda se<br />

enquadra no rock pesado dos anos 70, nós bebemos dos<br />

ancestrais do gênero, mas com um som e produção contemporâneos.<br />

URR: O Memest esta ai desde 2002 e teve suas origens<br />

no Human Waste, banda representativa no cenário<br />

Death Metal espanhol. Hoje o Memest, apresenta<br />

um som pesado, agressivo, raivoso e muito Rock´n roll<br />

. Como vocês analisam as mudanças ocorridas desde<br />

seu inicio ate o momento? Foi um processo natural que<br />

transcorreu ao longo do tempo?<br />

Anselm: Eu não fazia parte do tempo do Human Waste,<br />

ainda assim, te respondo. Human Waste foi evoluindo<br />

em sua carreira, a um tal ponto que eram grandes as diferenças<br />

entre o seu último trabalho e o estilo de sua criação.<br />

A Human Waste esteve um par de anos totalmente<br />

inativo, e então retornando para retomar ensaios e objetivos<br />

musicais, tanto Charles e Daniel (ambos fundadores<br />

da Human Waste), consideraram que o estilo pouco tinha<br />

a ver com o que Human Waste havia sido, dai a razão pela<br />

qual eles decidiram diferenciar claramente uma banda da<br />

outra banda, renomeando, adicionando novos membros<br />

para o projeto, daí surgiu a Memest em 2002. A mudança<br />

de um projeto para outro não foi premeditado, apenas<br />

aconteceu, naturalmente.<br />

URR: O que a musica representa em suas vidas?<br />

Anselm: Os quatro membros da Memest são muito<br />

diferentes entre si, em termos de personalidade. Vamos<br />

dizer que a música é o elo comum que nos une! Vivemos<br />

e sentimos o Rock e Metal, desde sua vertente mais clássica,<br />

ate os sons mais imundos, macabros e extremas.<br />

URR: Noto algumas diferenças entre o seu primeiro<br />

álbum Lucky Dead Man e o ultimo Bastards and Liars.<br />

No primeiro percebe-se certa urgência, aliado a agressividade,<br />

algo típico em bandas hardcore. Já no segundo,<br />

a agressividade esta presente, porém a sonoridade é<br />

mais rocker, mais fluida e pesada. Este processo se deu<br />

de forma natural ou era algo que a banda já buscava?<br />

Anselm: No Memest sofremos de transtorno de dupla<br />

personalidade, para colocarmos de alguma forma (risos).<br />

Passamos de escrever temas Rock`n Roll primitivo e rasgado<br />

a la Motörhead, e logo em seguida, mergulhamos<br />

nos terrenos pantanosos do Metal primitivo com ritmos<br />

lentos, que emanam dos primeiros do Black Sabbath. Em<br />

nosso primeiro trabalho, a veia mais rápida talvez esteja<br />

mais presente: em geral, temas curtos, diretos, com uma<br />

clara base de Rock´n Roll e um som mais garagem-Punk.<br />

Bastards and Liars também tem ambas as extremidades,<br />

ainda assim, depois de ouvir o álbum como um todo,<br />

o sentimento não é de tanta selvageria e urgência, podemos<br />

constatar que as músicas são mais pensadas e trabalhadas.<br />

O álbum se identifica mais como um disco de<br />

Heavy Metal das antigas do que com esta veia hardcore<br />

punk que comentou.<br />

URR: Há diferenças sensíveis na produção de seus<br />

dois álbuns. Gosto muito de Lucky Dead Man, mas Bastards<br />

and Liars soa para mim muito mais claro, nítido<br />

e alto. Como foi o processo de produção e composição<br />

deste álbum? Alguma técnica especifica em mixagem e<br />

gravação?<br />

Anselm: Depois de editar Lucky Dead Man em 2010,<br />

percebemos que havia muitos aspectos a melhorar; um,<br />

muito importante e básico era a produção do disco. Os<br />

temas do nosso novo álbum, Bastards and Liars, têm mais<br />

profundidade, mais nuances, estão mais amadurecidos,<br />

tanto a nível de composição, como de vozes e coros. Talvez<br />

em Lucky Dead Man se perceba mais espontaneidade<br />

e crueza, como eu comentei na pergunta anterior, mas<br />

pelo nosso conhecimento hoje, talvez falte alguma precisão,<br />

definição e som equilibrado. Focarmos neste aspecto<br />

tem sido um objetivo consciente e acreditamos que bem<br />

sucedido. A nível de composição, a forma de trabalhar<br />

os temas foi a mesma que no álbum anterior, mas temos<br />

feito com mais calma, sem pressa. Porra, tivemos quatro<br />

anos! Em termos de produção, é verdade que, desta vez,<br />

como uma banda, tenhamos tido mais preocupação com o<br />

resultado final e nós aproveitamos de que Carlos viva em<br />

Barcelona e esta relativamente próximo ao estúdio para<br />

acompanhar mais de perto os detalhes da mixagem, masterização,<br />

som, etc. Oscar “AX” David, o guru do AXTudios,<br />

foi muito paciente conosco e com nossas manias,<br />

até encontrar o som e o equilibrio que esperávamos. Nós<br />

sabíamos onde queríamos ir e não nos preocupava ter que<br />

retroceder para voltar a avançar na direção certa se não<br />

estivéssemos seguros com o resultado obtido.<br />

URR: Quais reações tem obtido, após o lançamento<br />

deste ultimo trabalho?<br />

Anselm: As resenhas que vieram a nós têm sido muito<br />

positivas, tanto as que foram feitas em fóruns e publicações<br />

espanholas como os que nos vêm de fora das<br />

nossas fronteiras. Muitos foram aqueles que avaliaram<br />

posititivamente a melhoria em termos de produção e de<br />

som que tem Bastards and Liars em comparação com o<br />

seu antecessor.<br />

URR: Quais suas principais influencias? Pelo que<br />

ouvimos em Bastards and Liars, Stoner, Doom, Hardcore,<br />

Rock’n Roll e evidentemente Motorhead, Black Sabbath<br />

estão ai. Mas além deles, o que ouvem? O que os<br />

emociona musicalmente?<br />

Anselm: No Memest ouvimos bandas de todo o espectro<br />

de Hard Rock e Metal, e em todas as suas variantes.<br />

Há muitos anos somos metalheads, e, em algum momento<br />

ou outro seguimos bandas muito diferentes. Obviamente,<br />

como já discutido, Sabbath e Motorhead estão presentes,<br />

e os primórdios do AC/DC, Maiden, Priest, Saint Vituse<br />

também Rainbow. Mas o Thrash e o Death Metal primitivos<br />

também deixaram sua marca no nosso subconsciente<br />

através de bandas como Morbid Angel, Slayer, Entombed,<br />

Dismember, Kreator, Exodus. É complicado orientar<br />

a resposta em uma só direção! No meu caso particular,<br />

por exemplo, algumas compras recentes que fiz foram<br />

materiais do Katatonia, Bathory, Pentagram, Godflesh ou<br />

Darkthrone. A priori, essas bandas têm muito pouco a ver<br />

com Memest, não é? É um mistério.<br />

URR: Ainda pensando nas composição , letras, o que<br />

os inspira? E qual o primeiro passo para uma musica<br />

nova do Memest?<br />

Anselm: A maioria das letras giram em torno de um<br />

mesmo conceito, muito ligado à solidão, a falta de ajuste,<br />

aos falsos dogmas. O que nos leva a mais miserável das<br />

existências. São letras pouco explícitas, mais muito metafóricas.<br />

Começamos com alguns riffs que vêm à mente<br />

e esmagam nossos cérebros até que os capturemos nas<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 53


guitarras e os libertamos de nossas mentes, deixando-os<br />

fluir. Às vezes, Carlos vem com alguma melodia cantada<br />

e gravada em seu celular e nos baseamos nela para compor<br />

uma nova canção (risos). Eu acho que em seu celular,<br />

podem já estar gravados os próximos dois ou três álbuns<br />

do Memest!<br />

URR: Gostei muito da foto da contracapa. Para mim<br />

é bastante evidente a referencia que vocês fizeram. Foi<br />

uma homenagem, um toque de humor ou ambos?<br />

Anselm: Tinhamos bem claro que queríamos uma contracapa<br />

diferente das atuais. Ocorreu-nos a idéia de tomar<br />

como referencia a contracapa de “Reign In Blood ‘ do<br />

Slayer, um disco para nós, clássico e que cultuamos. Nós<br />

pensamos que seria uma boa homenagem, obviamente,<br />

com humor, como você bem disse, a uma das maiores<br />

influências do Metal extremo. A foto ficou muito boa e<br />

decidimos aproveitar para fazer nossa versão livre, com<br />

o sabor dos back-covers dos anos 80.<br />

URR: Como vocês veem a indústria musical hoje em dia?<br />

Anselm: Vemo-la com desconfiança, há muitas bandas<br />

boas, a internet desempenha um grande papel: a qualquer<br />

momento podes ouvir o que você quiser com apenas<br />

um clique. Ainda assim, acreditamos que muitas bandas<br />

baseiam a sua proposta em uma grande qualidade técnica<br />

ou numa imagem de banda comercial, mas achamos,<br />

sinceramente, que há pobreza de alma e gênio ruim nisso.<br />

Antigamente, para ter acesso a bandas underground,<br />

era muito complexo se você não vivesse em uma cidade<br />

grande, onde havia uma loja especializada. Ou tinha que<br />

comprar a partir de um catálogo, ou obter os vinis por<br />

importação. E com todas essas facilidades e campanhas<br />

de marketing, acreditamos que hoje não se valorize tanto<br />

o acesso a boas bandas. É uma vergonha!<br />

URR: O que podem dizer nos sobre o cenário Underground<br />

na Espanha ? Há um nicho especifico, ou<br />

nichos de acordo com as regiões do pais? Espaço para<br />

shows, rádios, clubes, etc?<br />

Anselm: A cena underground em Espanha é principalmente<br />

centralizada em três áreas: Madrid, Barcelona e<br />

Euskalherria. Fora deste triângulo, uma programação de<br />

shows de bandas underground é bastante escassa, não há<br />

nenhum circuito consolidado.<br />

URR: E shows? Como tem sido após o ultimo lançamento?<br />

Planos para shows fora da Europa? Quem sabe Brasil?<br />

Anselm: No momento, estamos apresentado o álbum<br />

ao vivo, nacionalmente. Fizemo-lo em novembro em casa<br />

em Tortosa, e mais tarde, no País Basco, especificamente<br />

em Gorliz e Gasteiz. Em janeiro, Valência, em conjunto<br />

com os nossos irmãos de selo Santo Rostro e esperamos<br />

fechar novas datas para Madrid, Lleida e Tarragona em<br />

breve. Quanto a sair fora, por enquanto não recebemos<br />

muitas propostas. Algum comentário feito a nos através<br />

do facebook, em plano, “por que não vêm para tocar?”<br />

A vontade existe, mas o problema são sempre os custos.<br />

URR: Como vocês veem o papel das bandas, assessorias,<br />

blogs, revistas, pages através das redes sociais e<br />

internet atualmente ? Consideram valido para a divulgação,<br />

promoção dos trabalhos?<br />

Anselm: Vemos como o mais correto. Você pode ouvir o<br />

que quiser na net e obter todas as informações disponíveis<br />

sobre as bandas. Nós pensamos que a internet favorece a<br />

propagação da cena underground. Prova disso é que, do nosso<br />

bandcamp (www.thememest.bandcamp.com) pode baixar<br />

gratuitamente o nosso primeiro trabalho, “Lucky Dead<br />

Man” na íntegra. Você também pode ouvir as novas músicas<br />

via streaming ou comprar o download digital de “Bastards<br />

and Liars” por apenas 3 euros. Nós pensamos que é melhor<br />

que a banda lhe ofereça a opção de baixar as suas gravações<br />

com a maior qualidade possível.<br />

URR: O que conhecem sobre o Brasil e o cenário<br />

Underground daqui ? Gostam de alguma banda brasileira?<br />

Anselm: Nós não sabemos muito do atual cenário brasileiro,<br />

desculpe. Nossas influências brasileiras já são de<br />

alguns anos atrás, Sepultura, Sarcófago ou Ratos de Porão,<br />

para citar algumas bandas.<br />

URR: Muito obrigado por sua disponibilidade e atenção.<br />

Gostaria de desejar tudo de bom para o Memest . Algum<br />

recado para os leitores do Underground Rock Report ?<br />

Anselm: Apenas agradecer seu interesse e lembrá-<br />

-los que pode contatar-nosiretamente através do nosso<br />

facebook (www.facebook.com/memest). Somos pessoas<br />

compreensivas e responderemos a todos que nos escrevem.<br />

Stay Macarra!<br />

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