UNDERGROUND ROCK REPORT - 3
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<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 1
PRÓXIMOS RELANÇAMENTOS<br />
Death Trabalhado - Imp. USA<br />
Thrash Punk<br />
C R O W N O F S C O R N<br />
Agenda 21<br />
Heavy Metal Black Metal<br />
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2 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
ÍNDICE<br />
Anthares<br />
Págs. 4, 5, 6, 7 e 8<br />
DNR<br />
Págs. 9<br />
Devil´s Punch<br />
Págs. 10,11, 12 e 13<br />
Statik Magik<br />
Págs. 14 e 15<br />
Lacerated and Carbonized<br />
Págs. 16 , 17 e 18<br />
Chaotic System<br />
Págs. 19<br />
Silent Cry<br />
Págs. 20,21, 22, 23, 24 e 25<br />
NoWrong<br />
Págs. 26, 27 e 28<br />
O Olho da Carranca Baiana<br />
Págs. 30<br />
Beast Food<br />
Págs. 31<br />
...ao caos...<br />
Págs. 32<br />
Daniele Corpse<br />
Págs. 34 e 35<br />
A história Sobre Duas Rodas<br />
Págs. 36 e 37<br />
Ratas Rabiosas<br />
Págs. 38, 39, 40 e 41<br />
Releases<br />
Págs. 42 e 43<br />
Labirinto<br />
Págs. 44, 45 e 46<br />
Genicídio<br />
Págs. 48 e 49<br />
Metalizer<br />
Págs. 50 e 51<br />
Memest<br />
Págs. 52, 53 e 54<br />
EDITORIAL<br />
EDITORIAL<br />
D<br />
esde o final dos anos 60 alguma coisa mudou as vida de<br />
muitos jovens pelo mundo, claro, não foi um boom que<br />
assolou o mundo, mas o foi comendo pelas beiradas.<br />
Aquela música baseada no Blues-Rock emanava uma<br />
energia diferente para os padrões musicais da época, cresceu<br />
e se tornou gigantesco, com a sua consolidação e pico<br />
de popularidade nos anos 80, um apanhado de notas e vocalizações,<br />
representava uma parcela significativa da humanidade,<br />
sendo a bandeira de pessoas que se sentiam excluídas,<br />
e que com esse rock, se amontoavam, se conheciam e criavam<br />
assim uma realidade e uma vida diferente dos padrões<br />
impostos pela dita “sociedade normal”.<br />
Ídolos nasceram e se tornaram imortais nos corações de<br />
muitos, outros angariavam a adoração daquela juventude,<br />
que se dispunham, pelo menos, em ouvir o que esse alguém<br />
tinha a dizer, e com isso criou-se todo um comercio paralelo,<br />
onde as trocas de produtos e informações eram moedas<br />
de troca e de muito valor para aquelas comunidades<br />
que angariavam tudo que podiam, iam conferir “in loco”<br />
tudo que pudessem, e claro, dentro da realidade monetária<br />
de cada país e de cada um, uns tinham mais outros menos,<br />
mas sempre havia uma confraternização, onde os que pertenciam<br />
ao mesmo grupo estavam juntos e dividiam cada<br />
coisa com seus parceiros, amigos e até mesmo com novas<br />
caras que surgissem.<br />
Aquilo que se convencionou chamar de Heavy Metal<br />
dava sentido à vida de alguns e se tornara vida de outros,<br />
mas todos em sua forma mais pura nutriam amor incondicional<br />
pela sua música. Nem mesmo com o restante da sociedade<br />
empunhando a bandeira do anti-Rock pesado, como<br />
mostram histórias espalhadas pelo mundo todo, quem havia<br />
sido “contaminado” pelo Rock Pesado, jamais o deixaria, não<br />
por imposição, talvez por um motivo ou outro, relativo a vida<br />
de cada, uma, mas o Heavy Metal sempre teve os fãs mais<br />
fieis e os defensores mais empenhados na causa, mesmo que<br />
espalhados pelos muitos subgêneros criados, ao meu ver, para<br />
identificar muito mais os grupos que a música em si.<br />
Hoje, já passados os cataclismos que extinguiriam a humanidade,<br />
“nossa música”, ainda perpetua nos corações e<br />
revelou muito mais talentos e clássicos gravados do que<br />
qualquer outro estilo musical deste planeta.<br />
Triste é perceber que hoje, o Heavy Metal, em muitos<br />
casos, se atém a ser apenas uma bandeira esticada na varanda<br />
da casa para grande parte desta nação, que incorporou as<br />
modernidades e facilidades da tecnologia, e associou isso a<br />
ser o mais presente na arte de ser ausente.<br />
Mas, quem sabe um dia isso mude...<br />
JP Carvalho<br />
CAPA<br />
ANTHARES<br />
Estrela de primeira<br />
grandeza<br />
que podemos dizer de uma<br />
O banda que sempre levantou<br />
a bandeira do Heavy Metal brasileiro,<br />
de uma formação que<br />
encabeçou os primórdios do<br />
que se convencionou chamar de<br />
Thrash Metal, que foi relevante<br />
em suas apresentações e deixou<br />
marcas profundas em toda uma<br />
geração com o lançamento do<br />
seu, até então, único registro?<br />
Nesse papo abordamos a carreira<br />
do Anthares em vários aspectos,<br />
bem como a gravação e<br />
o lançamento de sua nova obra:<br />
“O Caos da Razão” que encerra<br />
um jejum de 28 anos e inaugura<br />
uma nova realidade deste ícone<br />
do Thrash Metal nacional.<br />
E nesta edição ainda temos o<br />
espanhol Memest, uma banda em<br />
franca ascensão, além de Devil´s<br />
Punch, Statik Magic, Lacerated<br />
and Carbonized, NoWrong, Genocídio,<br />
Laritinto, Silent Cry,<br />
Ratas Rabiosas, Metalizer e<br />
um papo interessantíssimo com<br />
Dani Corpse.<br />
Além de novos colunistas<br />
como: Panda Reis, Alan Cavalcanti,<br />
Daniel Ávila, cada<br />
um deles demostrando um lado<br />
diferente do cenário da música<br />
pesada brasileira, seja abordando<br />
temas gastronomicos,<br />
políticos ou pessoais, mas colaboranco<br />
com a URR e trazendo<br />
mis diversidade aos temas<br />
abordados por cada um. Espero<br />
que se divirtam. Boa leitura!<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 3
RRock Report<br />
Estrela de primeira grandeza<br />
Por: JP Carvalho<br />
que podemos dizer de uma banda que sempre levantou<br />
a bandeira do Heavy Metal brasileiro, de uma<br />
O<br />
formação que encabeçou os primórdios do que se convencionou<br />
chamar de Thrash Metal, que foi relevante em suas<br />
apresentações e deixou marcas profundas em toda uma geração<br />
com o lançamento do seu, até então, único registro?<br />
Falar do Anthares e tentar compreender o sentimento<br />
que permeava por toda uma “família” de Headbangers<br />
espalhada por nosso país, e resgatar parte<br />
de uma história cheia de altos e baixos, mas que jamais<br />
deixou de ser expressivo em sua proposta. Hoje<br />
com o lançamento de um novo material, a banda traça<br />
novos rumos, novas aspirações e mostra que depois<br />
de trinta anos, continua sendo fiel a sua proposta<br />
e verdadeiro em sua música.<br />
4 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Underground Rock Report: Antes de começarmos, gostaria<br />
de agradecer pela oportunidade de ter o Anthares em<br />
nossas páginas. Primeiramente gostaria que vocês falassem<br />
sobre o novo trabalho, “O Caos da Razão”.<br />
Evandro Jr.: Definitivamente acredito que “O Caos da<br />
Razão” seja tão ou mais importante que o “No Limite da Força”<br />
de 1987. 28 anos se passaram até que nós reuníssemos<br />
forças e pudéssemos nos concentrar na produção deste novo<br />
álbum, que representa o divisor de águas entre o presente e<br />
o passado. Foi um desafio para nós, mas é um álbum feito<br />
com muita dedicação e atenção aos detalhes, produzido com<br />
a intenção de homenagear todos aqueles que nos apoiaram<br />
ao longo de 03 décadas, a todos aqueles que continuam nos<br />
apoiando. A banda viveu caminhos tortuosos ao longo da sua<br />
história, o fim, o recomeço, mudanças de formação, centenas<br />
de shows pelo país, demo-tapes lançadas nos anos 90, mas<br />
faltava esse álbum, e estamos realizados e na ansiedade pelo<br />
lançamento dele. “O Caos da Razão” trará 10 composições,<br />
algumas inéditas, algumas regravações de musicas de nossas<br />
demos anteriores, porém repaginadas, enfim uma mescla de<br />
toda a carreira musical da banda. A arte da capa foi feita pelo<br />
Thomas Pinheiro, o mesmo artista responsável pela capa do<br />
“No Limite da Força”, e a produção é do Beto Toledo do Estúdio<br />
44 que fez um trabalho excelente!<br />
URR: Desde 1985, ano de formação da banda, o Anthares<br />
sempre teve um grande apoio do público e da mídia especializada,<br />
porque, então, houve esses hiatos em toda sua<br />
carreira?<br />
Mauricio Amaral: Cada período que o Anthares parou as<br />
atividades teve um motivo diferente.<br />
Entre 89 e 91 foi devido à mudança na formação e necessidade<br />
de recriar a banda com a minha entrada e a do Topera<br />
(Topperman) nas guitarras, e do Renato Higa como vocalista.<br />
Entre 96 e 2004 a banda havia realmente encerrado as atividades,<br />
que foram retomadas a partir de 2005.<br />
Entre 2007 e 2008 ficamos parados, pois a volta em 2005<br />
com o Frank Gasparotto no vocal estava sem foco, ou seja,<br />
havíamos voltado, mas não estávamos com metas definidas.<br />
No fim de 2008, com a entrada do Diego Nogueira, nós<br />
começamos a pensar na gravação de um novo álbum.<br />
Evandro Jr.: Sim, foram várias mudanças na formação,<br />
e é importante ressaltar que a mais profunda delas aconteceu<br />
em 1990 quando o Henrique “Poço” saiu da banda, e no<br />
ano seguinte o Aranha (guitarrista original) também. Talvez o<br />
Anthares tivesse acabado ali, mas a gente queria mais, queria<br />
seguir em frente, gravar material novo, mas para isso enfrentamos<br />
uma barra que não tinha fim até conseguir estabilizar<br />
uma nova formação.<br />
URR: A saída do vocalista Henrique “Poço” foi tida na<br />
época, como irreparável, mas hoje, com a entrada de Diego<br />
Nogueira, o Anthares não apenas deu continuidade ao<br />
trabalho, como finalmente nos brindou com um novo CD,<br />
como foi a entrada e a adaptação do Diego a banda?<br />
Mauricio Amaral: A entrada do Diego na banda ocorreu<br />
após eu assistir a um show do Infected onde o Diego deu<br />
uma canja cantando muito bem uma música, o que me chamou<br />
bastante a atenção. Naquele momento, último trimestre<br />
de 2008, o Anthares havia marcado o seu retorno aos palcos,<br />
mas o Frank havia anunciado sua saída da banda, portanto<br />
nós convidamos o Diego para se integrar à banda. O período<br />
de adaptação do Diego foi desafiador, pois ele precisava se<br />
acostumar a não tocar baixo, seu instrumento de origem, e<br />
ainda teve que enfrentar a responsabilidade de substituir o<br />
Poço. Com o passar do tempo, cada vez mais o Diego foi se<br />
soltando e melhorando tecnicamente.<br />
Diego Nogueira: Com certeza foi muito desafiador. Con-<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 5
forme o Mauricio citou, foi diferente para mim, pois eu nunca<br />
tinha atuado efetivamente como vocalista. Até desenvolver<br />
uma postura de palco, trabalhar melhor a voz, e afins, foi somente<br />
com a ajuda dos caras da banda, e com a vivencia no<br />
palco. Confesso, que até hoje ainda tremo, antes de cada apresentação,<br />
pois para mim, continuo sendo o moleque que era<br />
fã da banda. Fui (e ainda sou) muito criticado até hoje, por alguns<br />
fãs da banda, que não aceitam a formação sem o “Poço”<br />
nos vocais. E justamente esse desafio, que me fez ter mais<br />
vontade de melhorar, e não querer ser uma Copia do “Poço”,<br />
e sim poder criar uma identidade própria, para agradar os fãs<br />
da banda. Fico feliz, com a aceitação da maioria da galera.<br />
URR: Em um show de vocês no Dymano, juntamente<br />
com o Desaster, tivemos o privilégio de ver Diego e Henrique<br />
“Poço” dividindo o palco e os vocais, em seguida em<br />
uma entrevista que fiz com o Henrique, questionei sobre ele<br />
ter passado o bastão para o Diego, já que “para sempre” ele<br />
será o vocalista do Anthares e ele disse que teve mesmo esse<br />
sentimento e ficava feliz de ter feito isso em vida. Como foi<br />
para vocês na banda esse acontecimento?<br />
Evandro Jr.: Para mim foi um acontecimento bem marcante<br />
aquele show no Dynamite Pub, especialmente no final<br />
quando alguns ex-membros da banda subiram ao palco prá<br />
cantar o refrão da “Chacina”, foi sensacional! Mas é sempre<br />
bom lembrar que o “Poço” é considerado ainda como o vocalista<br />
do Anthares não só pela performance extraordinária<br />
dele no disco de 87, bem como nos palcos e na sua atitude,<br />
mas também pelo fato da banda nunca mais ter gravado outro<br />
álbum, com outro vocalista, mesmo tendo passado 03 outros<br />
vocalistas pela formação antes da chegada do Diego, que está<br />
no Anthares desde 2008, portanto a 07 anos, e agora vai ter<br />
seu trabalho reconhecido com o lançamento do álbum novo.<br />
Diego: Com certeza, esse dia no Dynamite, foi memorável,<br />
assim como a Participação dele no Show de Caruarú,<br />
em 2012, serão para sempre marcos na minha vida, pois querendo<br />
ou não, mesmo sendo o Atual vocalista do Anthares,<br />
sinto-me como um dos Moleques que ouvia o “No limite da<br />
força”, e Simplesmente, subi ao palco, para estar com eles.<br />
Nesse dia, no Dynamite, o Poço disse que nunca mais faria<br />
Jams conosco, pois o ciclo dele, havia se encerrado. Mas nós<br />
sempre faremos questão da presença dele.<br />
URR: Costumo dizer que o Diego foi o cara que mais se<br />
dedicou ao Anthares, sem desmerecer os vocalistas anteriores,<br />
Vocês acham certo afirmar que a entrada dele na banda<br />
foi fundamental para o momento que vocês vivem hoje?<br />
Evandro Jr.: Concordo totalmente, e já complemento a<br />
minha resposta da pergunta anterior: O Diego é o vocalista<br />
com mais “longevidade” entre todas as formações da banda<br />
ao longo desses 30 anos de Anthares, e é responsável direto<br />
pela trajetória extremamente ativa da banda que se iniciou<br />
após a sua chegada.<br />
Diego: Agradeço pelas palavras. Acho que o meu papel,<br />
foi simplesmente, empurrar os caras, para voltarem a criar,<br />
pois além de ótimas pessoas, são músicos espetaculares, então,<br />
quando eles me chamaram para entrar na banda, disse<br />
que entraria desde que fizéssemos algo novo. Trabalhamos na<br />
reestruturação de músicas antigas, e compusemos outras novas,<br />
dando essa cara mais bruta ao Anthares. Além também,<br />
de direciona-los, ao momento atual da cena. Acho o mais legal<br />
de tudo, é que eles sempre me escutaram muito, E nunca<br />
me trataram como “um moleque”. O que facilitou no meu<br />
trabalho com eles.<br />
URR: Conte-nos como foi a gravação de “O Caos da Razão”?<br />
Evandro Jr.: Iniciamos as sessões de bateria no Estúdio<br />
44 em São Paulo em Abril/2013 e a partir daí fomos gravando<br />
pausadamente, de acordo com os intervalos na agenda<br />
de shows e com verba disponível para as despesas com<br />
a produção do disco. Algumas ideias surgiram no decorrer<br />
do processo de gravação, mas basicamente já tínhamos em<br />
mente o que fazer. Houve muito cuidado e atenção em cada<br />
detalhe da produção e isso também contribuiu para alguns<br />
atrasos porque toda vez que a gente ouvia as sessões em casa,<br />
voltávamos para o estúdio para corrigir algo, e isso dependia<br />
também de disponibilidade de datas no estúdio. Foi um<br />
processo longo e carregado de uma aura de responsabilidade<br />
geral, mas no final cada um fez o melhor que podia, e quando<br />
ouvimos o disco finalmente pronto, tivemos essa sensação de<br />
dever cumprido e trabalho bem feito.<br />
6 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Machado Pinheiro, o mesmo que desenhou a capa de No<br />
Limite da Força, o que vocês podem nos contar sobre o conceito<br />
desta capa? E porque trabalhar com o mesmo artista?<br />
Evandro Jr.: O Thomas é nosso camarada e fã da banda<br />
a muitos anos, e também um grande artista plástico, responsável<br />
não só pela arte do primeiro disco, mas também por<br />
todos os banners de shows da banda e estampas de camisetas<br />
nos anos 80. Quando decidimos gravar o novo álbum, uma<br />
das prioridades iniciais era que a arte do novo disco também<br />
fosse feita por ele, que prontamente aceitou o convite e nos<br />
apresentou esse trabalho surrealista, bem ao estilo Salvador<br />
Dali, que representa o Caos, tanto numa visão global (guerras,<br />
fome, desespero, violência social) como também numa<br />
visão intimista do ser humano (ódio, preconceito, loucura).<br />
Portanto, essa arte pode ser interpretada como o caos da razão<br />
numa visão surrealista.<br />
URR: Como está sendo a parceria com a Mutilation Recods?<br />
Diego: Até o momento bem positiva, mas ainda não podemos<br />
dar um respaldo geral, pois o disco ainda não saiu. Mas<br />
espero que seja uma parceria, longa e duradoura. Meu contato<br />
com o Selo vem paralelo com a parceria da Mutilation com<br />
minha outra banda, o Blasthrash, que faz parte do cast do<br />
Selo desde 2007, o que facilitou para as coisas acontecessem<br />
para o Anthares também. Vamos aguardar!<br />
URR: Vocês pretendem fazer algo especial para este<br />
lançamento já que ele meio que comemora três décadas da<br />
banda?<br />
Evandro Jr.: Só o lançamento deste novo álbum em si já<br />
representa algo muito especial para nós! Ele é o motivo prin-<br />
URR: Comparado a “No Limite da Força” você acham<br />
que o avanço das tecnologias de gravação, conferiu ao Anthares<br />
a sua verdadeira sonoridade?<br />
Evandro Jr.: Não dá para pensar dessa forma, são épocas<br />
e tecnologias diferentes. Depende do ponto de vista de cada<br />
um, para alguns, discos gravados naquela época dos anos 80<br />
- como é o caso do “No Limite da Força” - soam toscos, mal<br />
gravados em relação ao que se pode fazer hoje. Para outras<br />
pessoas, aqueles álbuns soam verdadeiros, orgânicos. O que<br />
realmente importa é a música, a arte, é isso que transcende as<br />
eras e faz um disco se tornar um clássico.<br />
Diego: O Único cuidado que tivemos, é que a gravação<br />
não soasse plástica, mas que soasse contemporânea. Hoje em<br />
dia, é muito difícil você conseguir colocar na cabeça de um<br />
produtor que, muitas vezes, o excesso de tecnologia, joga<br />
contra o som da banda. Principalmente no Heavy Metal, e<br />
seus derivados.<br />
URR: O lançamento será feiro agora em Março, conte-<br />
-nos como estão os preparativos para isso.<br />
Evandro Jr.: Estamos começando a traçar planos com a<br />
Mutilation na questão da divulgação do lançamento nas diversas<br />
mídias, mas a banda vem fazendo também esse trabalho<br />
desde 2013. Certamente hoje tem muita gente ciente<br />
de que o Anthares está lançando um novo álbum, e a gente<br />
já sabe que há muita expectativa pelo lançamento. Também<br />
faremos um show especial de lançamento do disco, ao lado<br />
de bandas bem legais como convidadas e estamos elaborando<br />
um merchandise focado na arte da capa.<br />
URR: Por falar nisso a arte da capa foi feita por Thomas<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 7
cipal desta comemoração de 30 anos de existência do Anthares.<br />
E nesta parceria com a Mutilation, isso foi levado muito em consideração,<br />
tanto que o lançamento virá no formato digipack de<br />
luxo, com livreto de 16 páginas, numa edição prá lá de especial,<br />
principalmente para colecionadores. Também está nos planos do<br />
selo uma versão em vinil do álbum, e o relançamento do “No<br />
Limite da Força” em vinil e em CD ainda em 2015! E temos<br />
outro desafio pela frente que é a produção do nosso DVD comemorativo.<br />
Nós temos muitas imagens arquivadas, de diferentes<br />
épocas, e um esboço de como deverá ser esse DVD. Deve levar<br />
ainda algum tempo para finalizar, mas ele virá!<br />
URR: Deixe uma mensagem aos nossos leitores.<br />
Evandro Jr.: Nós gostaríamos de agradecer a todos que<br />
nos apoiaram ao longo desses 30 anos, que nos incentivaram,<br />
que nos deram força prá continuar. A todos que continuam<br />
nos apoiando! Este novo album é dedicado a vocês, e ficaremos<br />
na esperança de que o aprovem e de que curtam o trabalho.<br />
Ele representa a razão de estarmos na ativa, fazendo shows<br />
em todos os lugares possíveis e compondo material. Nos<br />
veremos na estrada em 2015! Obrigado JP e Underground<br />
Rock Report pela oportunidade.<br />
8 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
RRock Report<br />
Do Not Resuscitate<br />
Esses caras aqui gostam de infernizar quando o<br />
assunto é música pesada. Soltaram em 2013 o<br />
elogiado “Do Not Resuscitate” e agora, invocam o<br />
caos por onde passam. Confiram aí!<br />
Por: Christiano K.O.D.A<br />
Underground Rock Report: De<br />
onde surgiu a ideia de usar o nome<br />
D.N.R. (Do Not Resuscitate)?<br />
Quando formamos a banda em fevereiro<br />
de 2000, tinha acabado de sair o ‘The<br />
Gathering’, do Testament (1999). Antes,<br />
porém, tínhamos colocado vários nomes<br />
que não estavam ficando legais, foi aí<br />
então que nosso primeiro baixista (Paulo<br />
Felipe) deu a ideia de batizar a banda<br />
com o nome da primeira faixa do CD, que<br />
por sinal é uma das melhores músicas de<br />
Thrash Metal, em nossa opinião.<br />
URR: Apesar de a banda ter sido<br />
formada em 2000, apenas em 2013 foi<br />
lançado o primeiro álbum. Qual o motivo<br />
deste intervalo?<br />
Ahhh, foram vários (risos)... Primeiro,<br />
foi a constante mudança de formação:<br />
antes do meu irmão (Raphael Zavatti)<br />
assumir os vocais, passaram pela<br />
banda Flavio Ribeiro (ex- Corporate<br />
Death) e Guto Terue.,No baixo, não<br />
foi diferente, porém, com nosso grande<br />
amigo Luciano Fraga nas cinco cordas,<br />
chegamos à nossa primeira demo<br />
(“Dope Head”) em 2002, e finalizando,<br />
em 2007 tivemos a entrada de Zé Cantelli<br />
no baixo, completando a formação<br />
que está até hoje.<br />
Outro lance que influencia, e muito, é<br />
o fato de que, com o decorrer dos anos,<br />
nós começamos a aprimorar muito nosso<br />
som, tentando achar a nossa “cara”,<br />
procurando sempre deixar as músicas<br />
com o máximo de peso e agressividade<br />
possível. Nós nos cobramos muito, e<br />
finalmente em 2010, quando estávamos<br />
satisfeitos com nossa sonoridade, decidimos<br />
que era a hora de entrar no estúdio<br />
e dar vida ao nosso trabalho.<br />
URR: O álbum ‘D.N.R.’ foi lançado<br />
em 2013. Como tem sido a aceitações<br />
dele até o momento?<br />
Foda demais!!! Estávamos confiantes<br />
de que seria bem aceito, mas não<br />
tanto, afinal se trata de uma música que<br />
não segue nenhuma tendência e não é<br />
tão fácil de ser digerida. De uma forma<br />
geral, todos os blogs e sites especializados<br />
falaram muito bem até agora e o<br />
principal são as pessoas que compraram<br />
ou baixaram pela net, foram centenas de<br />
pessoas de vários lugares do país e pelo<br />
mundo vindo nos elogiar pessoalmente<br />
ou por meio de e-mails e redes sociais.<br />
Consequentemente, nosso público nos<br />
shows tem aumentado consideravelmente<br />
e conseguimos uma interação<br />
muito maior com eles.<br />
URR: O estilo do grupo percorre o<br />
Thrash, Hardcore e mesmo o Death.<br />
Essa mistura é intencional na hora de<br />
compor?<br />
Eu diria que é natural, ouvimos muitas<br />
coisas diferentes, desde Punk até<br />
Death Metal. Não temos problema algum<br />
em ouvir e saber curtir o que cada<br />
estilo sonoro tem a nos oferecer, isso só<br />
nos faz crescer como músicos. Como já<br />
temos nossa linha de raciocínio musical,<br />
colocamos todas essas influências<br />
no liquidificador e as deixamos sair de<br />
maneira com que nossa música soe orgânica<br />
e não seguindo fórmulas.<br />
URR: As letras são em português.<br />
Nunca pensaram em trabalhar em inglês?<br />
Sim, antigamente cantávamos em inglês,<br />
mas a partir de 2004 começamos<br />
a berrar em português, e acredite se<br />
quiser, é muito mais difícil. Passamos<br />
pra português, pois queríamos expor<br />
nossas ideias com nossa língua, com a<br />
nossa forma de expressão. Com isso,<br />
nosso conteúdo lírico melhorou muito<br />
e a agressividade transmitida também.<br />
URR: Como é a cena na região de<br />
Jundiaí?<br />
Gosto de dizer que é algo cíclico: nos<br />
anos 90 até meados de 2005, isso aqui<br />
era um inferno na terra, qualquer show<br />
underground lotava. Após isso, tivemos<br />
um inverno meio sombrio, que durou<br />
alguns anos, casas fechando, galera desinteressada<br />
por bandas de som próprio e<br />
por aí vai. Não é diferente do que vemos<br />
acontecendo em outras regiões, temos<br />
amigos de banda em todos os cantos e o<br />
discurso é sempre o mesmo. Porém, da<br />
metade do ano passado pra cá, a coisa<br />
se ergueu de uma forma surpreendente,<br />
novas bandas boas surgindo, muitas casas<br />
pra tocar com qualidade de primeira,<br />
shows com bandas de grande porte<br />
vindo direto - até o Warrel Dane passou<br />
por aqui -, e o principal, a galera voltou a<br />
encher os picos e abrir uns mosh pits de<br />
arregaçar! Não podemos reclamar!!!!!<br />
URR: Fale-nos um pouco dos planos<br />
futuros.<br />
Estamos trabalhando em novas composições<br />
e assim que terminarmos, iremos<br />
gravar mais um ou dois singles pra<br />
sentir como essas novas músicas vão<br />
soar gravadas antes de fazermos um<br />
novo ‘full’. Também vamos continuar<br />
tentando tocar o máximo possível, tanto<br />
aqui na região, quanto em outros estados.<br />
Entrevista concedida e originalmente<br />
publicada no site Som Extremo -<br />
http://somextremo.blogspot.com.br/<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 9
RRock Report<br />
Crawling in your veins<br />
Por: JP Carvalho<br />
Banda Devil´s Punch foi formada na cidade de Avaré no<br />
A final de 2013, em agosto para ser mais exato, por Jony<br />
Rock, Henrique Lex, Daniel Jr e Hiago Rubio com o intuito<br />
de ter uma banda focada em tocar músicas de sua autoria.<br />
A banda foi idealizada inicialmente por Jony Roque quando<br />
em meados de 2013 sua antiga banda entrou em hiato. Jony<br />
convidou Rick, Daniel e Hiago para montar uma banda cuja<br />
sonoridade tivesse o peso do Heavy Metal, mas que não perdesse<br />
a pegada livre do Rock n’ Roll, assim nascia a Devil’s<br />
Punch.<br />
Antes de começarem a ensaiar Jony e Rick se reuniram<br />
algumas vezes para trabalhar em algumas ideias que os dois<br />
tinham para a composição de algumas músicas, gravaram algumas<br />
demos e passaram para Daniel e Hiago. Assim em Setembro<br />
de 2013 a Devil’s Punch começa a ensaiar.<br />
No inicio de novembro a banda vai para o estúdio Chapeira<br />
Som na Cidade de Botucatu e sob a produção de Bruno<br />
Nogueira gravam seu primeiro single, a música “Crawling in<br />
your veins” que foi muito bem recebida pelo público tendo<br />
mais de 3 mil audições em apenas um mês no soundcloud.<br />
A banda inicia 2014 fazendo alguns shows em sua cidade<br />
e se preparando para entrar novamente em estúdio para gravar<br />
seu primeiro EP. Porém em março de 2014 por questões pessoais<br />
Hiago deixa o posto de baixista da banda atrasando os<br />
planos da Devil’s Punch.<br />
Com a saída de Hiago, Jony assume também o baixo fixando<br />
a formação da Devil’s Punch como um Power Trio, Jony<br />
Roque (Vocal e Baixo), Rick Lex (Guitarra e Backing Vocal)<br />
e Daniel Jr (bateria).<br />
O trio adia a gravação do EP para retrabalhar as músicas e<br />
volta a se apresentar em festivais na sua cidade. Em Julho de<br />
2014 a Devil’s Punch faz suas duas maiores apresentações tocando<br />
ao lado de Periferia S/A, banda com os membros originais<br />
do Ratos de Porão em Botucatu no festival “Dia mundial<br />
do Rock” e com o Ultraje a Rigor no Festival “Rock in Rio<br />
Pardo” em Santa Cruz do Rio Pardo, festival que contou com<br />
Ultraje a Rigor e Raimundos tendo um publico estimado de<br />
25 mil pessoas nos dois dias de realização do evento.<br />
Em setembro de 2014 a banda entra no estúdio SIOD na<br />
cidade de Avaré e começa a tão esperada gravação do seu primeiro<br />
EP com a produção de Umberto Buldrini e Fabiano Gil.<br />
Ainda em setembro Jony Roque decide se dedicar somente<br />
aos vocais da Devil’s Punch chamando seu irmão mais novo,<br />
Gill Roque que já tocava com os músicos da banda em outros<br />
projetos, para assumir o baixo fixando a formação da banda<br />
em um quarteto novamente.<br />
Neste caso aqui, eu confesso! Entrevistar uma pessoa que<br />
você admira, não apenas pela qualidade de seus trabalhos artísticos,<br />
mas por também, existir uma amizade muito forte, é<br />
difícil. Mas, falar com Jony Roque sempre foi uma experiência<br />
agradável, o cara nasceu municiado com muito talento,<br />
bom humor, bom senso e humildade. Então, para não ficar<br />
aqui jogando confete, confiram tudo nessa conversa prá lá de<br />
descontraída.<br />
Underground Rock Report: Olá Jony, obrigado pelo seu<br />
tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora, nos<br />
fale sobre você e suas atividades.<br />
Jony Roque: Boa noite galera da Underground Rock Report,<br />
primeiramente muito obrigado por me procurar e com<br />
certeza vai ser um prazer bater esse papo, estou acompanhando<br />
o trabalho de vocês e está excelente.<br />
10 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Bem, o que eu posso dizer sobre mim (risos), meu nome<br />
é Jony Roque e sou um músico de Heavy Metal e Rock n’<br />
Roll do interior paulista, mais precisamente Avaré, sou fã de<br />
Heavy/Rock desde a adolescência e além de tocar em algumas<br />
bandas tenho alguns outros projetos dentro do mundo do<br />
Rock/Metal.<br />
Atualmente participo de alguns projetos que são:<br />
Radio88: Eu sou vocalista dessa banda que é voltada para<br />
o Rock n’ Roll clássico e a usamos pra satisfazer nosso desejo<br />
de tocar alguns cover das bandas que nos influenciam e que<br />
tanto amamos (risos).<br />
Devil’s Punch: Sou Vocalista dessa banda de som autoral<br />
fundada no final de 2013, lançamos até agora um single,<br />
“Crawling in your veins”, que teve uma aceitação muito boa<br />
até o momento e estamos preparando nosso primeiro EP que<br />
começará a ser gravado em dois meses, o som dessa banda é<br />
mais voltado para o Stoner com uma pegada forte de Heavy<br />
Metal e Southern Metal, nossas influências são: Down, Texas<br />
Hippie Coalition, Kill Devil Hills, Pantera e por ai vai.<br />
D.I.E.: Juntei-me há pouco tempo a essa banda sensacional<br />
que é a D.I.E., já era amigo dos caras há anos e acompanhava<br />
o trabalho deles desde o início, fazemos um Hardcore<br />
Crossover bem raivoso por assim dizer, com letras de cunho<br />
social, politico e (anti) religioso e também é uma banda autoral,<br />
sensacional tocar com esses caras, nela eu sou baixista.<br />
On The Rock: O On The Rock é um programa de rádio<br />
apresentado por mim todas as quintas feiras das 20 às 22 horas<br />
pela Radio Cidadania e que também pode ser ouvida on-<br />
-line pelo link: www.radiocidadania.com.br, como tenho carta<br />
branca nessa emissora rolam todas vertentes do Rock/Metal<br />
desde Punk até Black Metal, sem exagero é isso mesmo (risos).<br />
E também procuro rolar muito som de bandas independentes.<br />
Anti-Heroi Recordz: O Anti-Heroi Recordz é um blog que<br />
eu fundei há algum tempo com o intuito de divulgar as bandas<br />
Undergrounds do Brasil, mas estamos começando a abrir<br />
espaço para bandas gringas também, desde que sejam independentes,<br />
estamos abrindo esse espaço porque ajuda na visualização<br />
das bandas nacionais fora do país. Faço esse blog<br />
junto com o meu grande brother JP Carvalho da banda Yekun<br />
de São Paulo e minha amiga Camila Moreira, uma grande fã e<br />
conhecedora de Heavy Metal. O mais legal de trabalhar com<br />
esse blog é ter possibilidade de conhecer inúmeras bandas<br />
excelentes e ter um contato mais próximo com elas.<br />
URR: Como você organiza seu tempo para tantas atividades?<br />
Jony: Complicado responder está pergunta (risos), às vezes<br />
nem eu mesmo sei como arranjo tempo pra tanta coisa.<br />
Mas eu acho que consigo principalmente por definir as prioridades<br />
e vou encaixando cada coisa conforme eu tenho tempo.<br />
As minhas prioridades são as atividades exercidas com as<br />
bandas, até porque tenho que adequar as agendas de shows<br />
para não prejudicar nenhuma, primeiro defino em qual dia<br />
farei cada coisa e vou encaixando o restante conforme tenho<br />
tempo, o On The Rock eu apresento toda quinta, já é uma data<br />
fixa então não tem como correr disso, e vou alocando o tempo<br />
entre as bandas e no espaço que sobra, encaixo as atividades<br />
do Anti-Herói Recordz. Acho que funciona mais ou menos<br />
assim (risos).<br />
URR: Como você vê a cena da música pesada brasileira?<br />
Jony: Musicalmente falando a cena da música pesada Brasileira<br />
é ótima, temos milhares de bandas que vem fazendo<br />
um excelente trabalho, eu perderia o restante do dia listando<br />
essas bandas. Por outro lado temos ainda uma estrutura precária<br />
que não corresponde à qualidade dos nossos músicos.<br />
Creio que as bandas nacionais não devem em nada para as<br />
bandas estrangeiras, já a nossa cena perde muito comparada,<br />
principalmente, com Europa e Estados Unidos, basta você<br />
ver as entrevistas das bandas brasileiras logo após retornarem<br />
de turnês nos Estados Unidos ou Europa, não estou dizendo<br />
que lá fora tudo é perfeito, isso seria utopia só estou dizendo<br />
que estão um pouco à nossa frente. Não conseguimos, infe-<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11
lizmente, oferecer às nossas bandas uma estrutura boa para<br />
desempenharem seu trabalho. Ainda hoje é difícil para nós<br />
músicos de Heavy Metal termos acesso a instrumentos e equipamentos<br />
profissionais, tudo é muito caro no Brasil, gravar e<br />
lançar nossos trabalhos de forma independente também, tudo<br />
dispende muito dinheiro: gravar, prensar, fazer a arte gráfica,<br />
divulgar, gravar um clipe, fazer uma turnê etc. Ou seja, nada<br />
é fácil e o apoio e retorno financeiro praticamente zero, só<br />
continua na cena quem verdadeiramente faz por amor, que<br />
acho que seja até um diferencial brasileiro: passar por cima<br />
das dificuldades e fazer não importa como, somos muito bons<br />
nisso (risos).<br />
URR: Realmente somos! Partindo do que você disse, será<br />
que uma reformulação tributária não facilitaria, em muito,<br />
o acesso a instrumentos e serviços? E a partir disso, você<br />
acha que, a própria cena mudaria, visto que com mais facilidades,<br />
haveria mais investimentos?<br />
Jony: Bem, na questão dos equipamentos com certeza,<br />
pois bandas, casas de shows e estúdio teriam condições para<br />
adquirir equipamentos melhores e serviços com um preço<br />
mais acessível.<br />
Quanto à parte de investimentos creio que isso não dependa<br />
de uma reforma tributaria ou de preços menores, depende<br />
sim da mudança cultural de quem está inserido nessa cena,<br />
principalmente por parte do publico, empresários e produtores<br />
do ramo acreditarem nas bandas brasileiras e dar o devido<br />
valor a elas. Veja bem, há uma discussão enorme sobre o<br />
publico valorizar muito mais as bandas de fora do que às daqui<br />
e essa discussão vai perdurar por muitos anos, vindo uma<br />
reforma tributária ou não. Uma das formas de mudar isso é<br />
comparecer aos eventos e pagar a entrada sem ficar chorando<br />
por R$5,00 que é o que os eventos do Underground cobram<br />
na sua maioria. A matemática é simples: se o publico comparece<br />
aumentam os eventos bem estruturados e com bandas de<br />
qualidade, se o publico não comparece aumentam os eventos<br />
precários feitos por produtores pilantras que só querem explorar<br />
bandas e publico. É o que eu penso.<br />
URR: Ou seja, basta quem está na cena, dar valor ao que tem?<br />
Jony: Basicamente isso, são muitos fatores a serem analisados,<br />
ficaríamos o dia discutindo isso, mas basicamente é<br />
isso mesmo!<br />
URR: Como você vê a atuação da OMB (Ordem dos Músicos<br />
do Brasil)? Acredita que esta seja uma instituição séria?<br />
Jony: Até hoje não vi a OMB fazer nada de útil para o<br />
músico brasileiro, seja de qualquer estilo, então não consigo<br />
opinar firmemente sobre isso, mas a impressão que eu tenho é<br />
que se trata de mais uma organização inútil.<br />
URR: Como andam os trabalhos com o Devil´s Punch?<br />
Jony: A Devil’s Punch agora está a todo vapor, ficamos<br />
parados por alguns meses devido a alguns problemas, mas<br />
agora nos firmamos com um quarteto e estamos pré produzindo<br />
o EP que será lançado até o meio do ano.<br />
URR: Quais as perspectivas para este lançamento?<br />
Jony: O plano é gravar quatro músicas novas e lançar de<br />
duas maneiras, como um web-EP que poderá ser baixado gratuitamente<br />
e também em formato físico, além disso, uma das<br />
musicas ganhara um clipe que será lançado junto com este EP.<br />
URR: Que tipo de mídia vocês usam para a divulgação<br />
do seu trabalho?<br />
Jony: Usamos tudo disponível para a divulgação do trabalho,<br />
Internet, correio, e também trabalhamos desde o início<br />
da banda com a Metal Media Management dos meus grandes<br />
brothers Rodrigo Balan e Débora Brandão, fazem um excelente<br />
trabalho e ajudam muito na administração da banda.<br />
12 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
URR: Visto que você atua em diferentes estilos, você tem<br />
algum preparo especial para sua voz e para seu condicionamento<br />
físico?<br />
Jony: Bem eu estudo técnica vocal desde a adolescência,<br />
quando comecei pra valer em bandas de rock, então sempre<br />
me preocupei com saúde vocal, em cantar corretamente e isso<br />
segue até hoje. Engraçado que quando você começa a estudar<br />
técnicas vocais você fica neurótico com tantas lendas que<br />
rondam por ai como: o que comer ou o que beber, chás milagrosos<br />
e toda essas historias mirabolantes, mas depois que<br />
você pega um pouco de experiência você percebe que o melhor<br />
é sempre o básico: exercitar respiração, aquecimento e<br />
afinação, você fazendo isso frequentemente e de maneira correta<br />
sua evolução vem naturalmente. Quanto a atuar em vários<br />
estilos isso é algo que todo vocalista deveria fazer, pois cada<br />
estilo tem algo novo a acrescentar e quanto mais confortável<br />
você se sente cantando estilos diferentes mais você consegue<br />
adicionar no seu jeito próprio de cantar.<br />
URR: Você cantava em uma banda que eu, particularmente,<br />
achava sensacional! Porque o Steps of Silence acabou?<br />
E porque resolveu formar o Devil´s Punch?<br />
Jony: Eu não diria que a Steps of Silence acabou, diria<br />
que entramos em um hiato. As muitas mudanças de formação<br />
acabaram nos desgastando e chegou a um ponto que precisávamos<br />
de uma pausa disso tudo. Foi difícil trocar de formação<br />
quando começamos a gravar o EP, foi difícil terminar a gravação<br />
com mais uma mudança e foi mais difícil ainda tentar<br />
fazer shows com as mudanças acontecendo. Mas esses dias<br />
mesmo eu e o Ricardo (Fusco, guitarrista e letrista) conversamos<br />
e levantamos a hipótese de gravar as músicas que estão<br />
prontas e eu creio que isso possa acontecer até o fim do ano,<br />
mesmo com esse hiato o Ricardo é um dos meus melhores<br />
amigos e com certeza faz falta tocar na Steps of Silence com<br />
ele e com o restante da banda, principalmente do início que<br />
são Gabriel e o Rodrigo, mas quem sabe né, veremos (risos).<br />
Já a Devil’s Punch veio naturalmente, com esse hiato da Steps<br />
of Silence eu precisava de uma válvula de escape e precisava<br />
estar em ação compondo, gravando e tocando e era algo que<br />
eu já tinha em mente a algum tempo que era fazer um som<br />
diferente da Steps of Silence com uma pegada mais Southern/<br />
Rocker/Stoner e por ai vai, tive a sorte de encontrar os caras<br />
certos pra fazer esse som. O Rick e o Dani encaixaram perfeitamente<br />
na banda e estamos trabalhando duro para lançar<br />
o próximo trabalho.<br />
URR: Algum conselho aos cantores iniciantes?<br />
Jony: Que estudem e treinem o máximo que puderem, que<br />
tenham a mente aberta para sempre aprender mais e que independente<br />
de técnica que cantem com feeling a cima de tudo.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Jony: Gravar e lançar os próximos trabalhos da D.I.E. e<br />
Devil´s Punch e estar no palco o máximo que eu puder e ter<br />
mais tempo para o Anti-Heroi Recordz também.<br />
URR: Resuma Jony Roque em uma frase.<br />
Jony: “Stand up and FIGHT” (risos).<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar<br />
este belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos<br />
leitores.<br />
Jony: Eu que agradeço a oportunidade de poder falar um<br />
pouco sobre meu trabalho e gostaria de dar meus parabéns<br />
a URR que está a cada dia melhor e mais forte, que tenham<br />
sucesso nessa empreitada. Acho que a única mensagem que<br />
poderia deixar para os leitores da URR é que apoiem as bandas<br />
locais, que compareçam aos eventos e que deem valor ao<br />
que temos, no mais é isso, abraços.<br />
Matéria originalmente publicada no<br />
site Heavy Metal Breakdown<br />
http://hmbreakdown.blogspot.com.br<br />
Devil’s Punch<br />
Damn Road (EP)<br />
Independente<br />
Há algum tempo, a mistura<br />
entre o Metal tradicional<br />
e aspectos do Southern Rock<br />
americano nos concede alguns<br />
trabalhos muito bons. Bandas<br />
como Black Label Society ganharam<br />
uma enorme expressão<br />
e servem como modelos para as<br />
mais novas gerações. E um dos<br />
nomes mais interessantes dessa<br />
turma aqui no Brasil é o do<br />
grupo Devil’s Punch, de Avaré<br />
(SP), que lançou há pouco tempo<br />
seu primeiro trabalho, o EP<br />
digital “Damn Road”.<br />
Antes de tudo, a banda não<br />
nega de um lado a influência<br />
clara do Metal tradicional, sensível<br />
devido ao peso e mesmo<br />
ao som das guitarras, mas no<br />
meio da estruturação harmônica<br />
de suas músicas, o jeitão<br />
Southern/Country Rock é bem<br />
claro, dando aquele toque de<br />
“Whiskey Feeling” muito raçudo,<br />
tornando o trabalho muito<br />
interessante e cheio de energia.<br />
Os vocais são em timbres normais,<br />
sabendo casar melodia e<br />
agressividade na dose certa; os<br />
riffs são econômicos do ponto<br />
de vista técnico, mas muito<br />
ganchudos, enquanto os solos<br />
usam e abusam do feeling Southern<br />
Rock; a base baixo/bateria<br />
é até comportada, mas nada de<br />
soar simplista. A banda consegue,<br />
assim, criar algo que não<br />
é extremamente inovador, mas<br />
que tem muitos méritos.<br />
Devil’s Punch<br />
A produção ficou bem seca<br />
e direta, faltando um pouco<br />
daquele clima “esfumaçado”<br />
e “gorduroso”, aquela famosa<br />
sujeira intencional necessária,<br />
que poderia ajudar ainda mais<br />
o trabalho do grupo. Mas temos<br />
qualidade e clareza em bom<br />
nível, nos permitindo compreender<br />
o que eles estão tocando,<br />
logo, o saldo é bem positivo<br />
nesse quesito.<br />
Em termos musicais, podemos<br />
perceber que o grupo é<br />
uma ótima promessa. Sim, apesar<br />
de “Damn Road” ter um nível<br />
muito bom, percebe-se que<br />
o trio ainda não gastou todo<br />
seu potencial, que ainda possui<br />
uns ases na manga para usar na<br />
hora certa.<br />
As quatro composições do<br />
EP são muito boas. “Lost My<br />
Pride” começa bem calma,<br />
para depois virar uma pancada<br />
com forte dose de Southern<br />
Rock, com riffs que entram pelos<br />
ouvidos e não saem mais,<br />
fora um trabalho bem legal<br />
da bateria. Mais acessível,a<br />
música “The End of the Line”<br />
mostra um lado mais voltado<br />
ao Hard Rock clássico, com<br />
bons vocais, com ótimos coros<br />
e um solo bem carregado<br />
de wah-wah. Pesada e com<br />
um jeitão de Metal tradicional,<br />
temos “Waste My Time”,<br />
uma pancada bem pesada com<br />
o andamento em meio tempo,<br />
baixo presente e firme na marcação.<br />
Fechando o EP, temos<br />
a climática “Damn Road”,<br />
que inicia mais introspectiva e<br />
com belos arranjos no baixo,<br />
mas depois vira uma tijolada<br />
à lá Down e Black Label Society,<br />
com peso e técnica equilibrados,<br />
e vocais azedos bem<br />
postados.<br />
Como dito acima, o Devil’s<br />
Punch ainda tende a evoluir<br />
bastante, fica claro ao ouvir<br />
“Damn Road”, mas mesmo<br />
agora, a banda mostra um trabalho<br />
muito bom e agradável.<br />
Logo, aproveitem, baixem o<br />
EP aqui porque é de graça, ou<br />
ouçam por streaming abaixo. E<br />
boa diversão!<br />
Por Marcos “Big Daddy”<br />
Garcia<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 13
RRock Report<br />
Por: JP Carvalho<br />
Statik Majik começou suas atividades em 2002<br />
A quando na época, Luis Carlos (baterista) desestimulado<br />
com suas bandas atuais, resolveu fazer um som que<br />
mais o inspirava musicalmente, e já batizada de Statik<br />
Majik, gravou sua primeira demo em 2003 com apenas<br />
6 meses de trabalho, intitulada: “Be Magic!”. A repercussão<br />
na mídia especializada foi boa e assim como o<br />
trabalho foi bem recebido entre os amantes do gênero<br />
musical assim como boas resenhas em revistas especializadas.<br />
A repercussão fez com que a banda participasse<br />
de 2 coletâneas: “Locos Gringos have a Party” que contava<br />
com Bandas da Argentina, Chile e Peru, e “Extreme<br />
Underground 2”, com Bandas brasileiras.<br />
Diante da boa receptividade, a Banda entra em estúdio<br />
em 2004 para gravação de um novo trabalho em formato<br />
demo, chamado: “Utopia Sunrise”. Este trabalho<br />
trazia 6 músicas, e contrário do trabalho anterior, vinha<br />
mais diversificado em suas influências, inclusive com a<br />
adição de teclados. Novamente as resenhas foram muito<br />
positivas, e no ano seguinte a Banda ainda participou<br />
de mais uma coletânea, que lançada em vinil e chamada<br />
“Warriors of Dark Sun”, que teve uma ótima repercussão<br />
no exterior, porém, nem tudo estava indo bem com<br />
a Banda já que havia conflitos internos entre alguns integrantes<br />
e a banda acabou por encerrar suas atividades<br />
por um curto período.<br />
Em 2006 era hora de dar a volta por cima, então, Luis<br />
Carlos resolveu retornar suas atividades com a banda,<br />
reformulando toda formação e trazendo pra Statik Majik,<br />
o baixista Evandro de Souza, que já estava em sua<br />
formação anterior, adicionando o vocalista Rafael Tavares<br />
e o guitarrista Marlon Guedes. Assim a Banda iniciou<br />
o projeto de lançar um Ep, com músicas novas e<br />
regravações, e assim saiu em 2007: “Redemption”, um<br />
trabalho que, se musicalmente não mostrava uma evolução<br />
sonora da banda, estava concentrado ali uma fúria<br />
contida em 4 músicas e no desejo incomum de seguir<br />
em frente. A Statik Majik começou a fazer shows de divulgação,<br />
tendo feito apresentações fora do RJ (capital)<br />
pela primeira vez, tocando em Macaé, Minas Gerais (no<br />
roça and roll pra um público de 5 mil pessoas e com<br />
Bandas importantes como Sepultura), Uberlândia, etc.<br />
Mas, apesar de todas as conquistas, os problemas internos<br />
continuaram e nas gravações do seu primeiro Cd<br />
eles vieram à tona, e mesmo com o lançamento do single<br />
“Shadows of Hope”, mudar a formação foi a solução<br />
ideal para que a banda continuasse com seu trabalho, então,<br />
com a saída de Rafael e Marlon, a banda prosseguiu<br />
e que no momento que já contava com Thiago Velásquez<br />
14 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
no baixo, agora assumia também o posto de vocalista,<br />
fazendo com que a Banda se tornasse definitivamente<br />
um trio. Isso acarretou uma demora na na gravação, mas<br />
também, que a banda alcançasse um melhor resultado<br />
e uma identidade maior em sua sonoridade. O trabalho<br />
intitulado “Stoned on Musik” continha 9 músicas e a<br />
produção ficou a cargo de Flavio Pascarillo (baterista da<br />
banda Nordheim e Tribuzy), além da supervisão e apoio<br />
que teve de pessoas importantes do rock pesado Brasileiro<br />
como Carlos Lopes (Dorsal Atlântica / Mustang).<br />
Em 2010, o primeiro Cd foi lançado e com isso uma<br />
tour com bastantes shows pelo Brasil, e com a adição de<br />
Thiago D`Lopes na Guitarra. Os shows da turnê tiveram<br />
divulgação durante todo anos de 2011 e 2012, além da<br />
divulgação do primeiro clipe da Banda, da música “Statik<br />
Majik”, que obteve excelente aceitação.<br />
Em 2013, focaram na gravação do segundo CD intitulado<br />
“Wrath of Mind” e dessa vez, contando com a<br />
excelente produção de Renato Tribuzy, mas mesmo com<br />
todo trabalho de uma gravação, a Banda não parou e<br />
fizeram turnês que passaram pelo Equador, Peru, Alemanha,<br />
França, Italia, Espanha, Holanda e Belgica, além<br />
de um turnê Brasileira pelo Norte/Nordeste do Brasil,<br />
que passou pelo Ceará, Maranhão, Tocantins, Para, Rio<br />
Grande do Norte, além de apresentações por outros estados,<br />
com destaque para abertura da Banda Canadense<br />
Anvil. No meio de todo esse trabalho, a Banda lançou<br />
um single virtual e um clipe da música “Drowning in<br />
Despair”. Em Novembro, o segundo CD foi lançado e<br />
assim, a Banda vem divulgando o trabalho em todas as<br />
mídias possíveis, encerrando o ano de 2013 com 2 excelentes<br />
shows pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais, e<br />
estreando Leonardo Cintra na Guitarra. Para este ano, a<br />
Banda já tem programada novas turnês, que deverá passar<br />
pela Colombia, Bolivia, Equador e Peru, e também<br />
alguns estados do Brasil como Para, Minas Gerais, etc.<br />
Neste ano, a Statik Majik tem feito divulgação em veículos<br />
importantes da mídia, como entrevistas na Revista<br />
Roadie Crew, Jornal Extra, Músicas veiculadas em<br />
importantes Rádios do Brasil como a Kiss FM, Rádio<br />
Corsário, Programa Metal Heart, Clipe novo “Paradox<br />
of Self-Existence” sendo veiculado na no Canal NGT<br />
e na PLAY TV, além da continuação da turnê que estará<br />
passando por vários estados do Brasil como SP, MG,<br />
BA, ES. Mais recentemente a Banda fez abertura dos<br />
shows do Black Label Society no RJ e SP tocando para<br />
um público estimado entre 2 e 3 mil pessoas, obtendo<br />
excelente receptividade do público.<br />
www.statikmajik.com.br<br />
smajik@hotmail.com<br />
Luciana Pires<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 15
RRock Report<br />
Por: JP Carvalho<br />
Lacerated And Carbonized foi formado em 2006 por<br />
O Jonathan Cruz (vocal), Caio Mendonça (guitarra),<br />
Paulo Doc (baixo) e Victor Mendonça (bateria).<br />
A banda vem do Rio de Janeiro, uma cidade que comporta<br />
ao mesmo tempo maravilhas naturais mundialmente<br />
conhecidas e um submundo de violência e degradação quase<br />
nunca visto por estrangeiros. Essa atmosfera é refletida<br />
em todos os aspectos do Death Metal visceral e implacável<br />
trazido pelo grupo.<br />
“Homicidal Rapture”, seu álbum de estréia lançado em<br />
2011, recebeu elogios da mídia especializada brasileira e<br />
apresentou a banda ao mundo, conquistando também resenhas<br />
positivas ao redor do planeta. O disco foi seguido de<br />
uma bem-sucedida turnê Sul-Americana que passou por<br />
Chile, Equador, Colômbia, Bolívia e Peru, além de levar a<br />
banda a tocar em grandes festivais pelo Brasil ao lado de<br />
grupos como Sepultura, Mayhem, Belphegor E Immolation.<br />
2012 foi um ano marcante para o Lacerated And Carbonized.<br />
Com seu single “Third World Slavery” (que contou<br />
com o renomado Andy Classen - Destruction/ Krisiun/<br />
Tankard/ Legion Of The Damned - Na mixagem e masterização),<br />
lançado no Brasil pelo selo Eternal Hatred Records,<br />
a banda passou a integrar o cast da Flaming Arts<br />
Agency, em uma parceria que promoveu esse trabalho e<br />
uma extensa turnê européia ao lado dos americanos do<br />
Vile tocando em festivais junto a bandas como Grave, Malignant<br />
Tumour, ProPain e muitas outras.<br />
Em junho de 2013 a banda lançou seu novo álbum, “The<br />
Core Of Disruption”, contendo onze faixas de um Death<br />
Metal inovador e implacável. O lançamento foi realizado<br />
no Brasil através da Eternal Hatred Records e na América<br />
do Norte pela Mulligore Records. Abordando a realidade<br />
violenta da cidade em que vive, Rio de Janeiro, o Lacerated<br />
And Carbonized mistura ao seu som extremo toda<br />
sua visão crua de um submundo marcado por tráfico de<br />
drogas, abuso policial, corrupção e domínio de milícias armadas.<br />
Além disso, para enriquecer mais ainda o material,<br />
o álbum trouxe participações mais do que especiais: Felipe<br />
Chehuan & Max Moraes (Confronto), Eregion (Unearthly)<br />
e Guilherme Sevens (Painside). Mixagem e Masterização<br />
ficaram também por conta do renomado produtor Andy<br />
Classen.<br />
www.laceratedandcarbonized.com<br />
contact@laceratedandcarbonized.com<br />
Underground Rock Report: Obrigado pelo seu tempo<br />
16 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
e por este bate papo, fale-nos sobre o inicio do Lacerated<br />
And Carbonized?<br />
Victor Mendonça - Caio, Jonathan e Paulo são amigos<br />
de longa data e já tocavam juntos em outros projetos.<br />
Como eles sempre tiveram vontade de tocar Death Metal,<br />
a formação do Lacerated And Carbonized foi muito natural.<br />
Eles começaram a compor as primeiras músicas e,<br />
antes de gravá-las, me convidaram para entrar na banda.<br />
Nossa intenção já era fazer um Death Metal violento, e a<br />
consequência disso foi o lançamento da demo “Chainsaw<br />
Deflesher”.<br />
URR: O álbum de estréia da banda, Homicidal Rapture,<br />
foi lançado em 2010, o que mudou de lá para cá?<br />
Victor - Em 2010, fizemos nossa primeira turnê internacional.<br />
De lá para cá, caímos de cabeça na estrada e já<br />
tocamos em mais de vinte países. Somos uma banda muito<br />
mais madura e sabemos o que fazer para ter o resultado<br />
mais efetivo e brutal, tanto ao vivo quanto em estúdio.<br />
URR: Como foi para vocês fazer uma turnê sul-americana<br />
para promover Homicidal Rapture?<br />
Victor - A “Homicidal South American Tour” foi feita<br />
em suporte ao álbum, que foi lançado por uma gravadora<br />
peruana. Fizemos cerca de vinte shows entre Bolívia,<br />
Peru, Chile, Equador e Colômbia. O feedback que tivemos<br />
foi extremamente positivo e pudemos ter uma ideia de<br />
quanto o Metal brasileiro é respeitado no continente. Em<br />
todos os lugares o público é insano, caloroso e possui uma<br />
maneira muito intensa de demonstrar que está curtindo o<br />
show. Vendemos todo o nosso merchandising antes do fim<br />
da tour e tocamos com excelentes bandas locais, além de<br />
participar de festivais junto ao Monstrosity, que também<br />
estava passando pelos países latinos na mesma época.<br />
URR: Em 2012, vocês partiram para o Velho Mundo<br />
ao lado do Vile e conseguiram impor o nome da banda<br />
tanto lá, como trazer o interesse para vocês dentro da<br />
sua própria casa, quais foram as maiores conquistas da<br />
banda nesse período?<br />
Victor - Primeiramente, banda que é banda vive de estrada.<br />
É sempre importante mostrar seu som para o maior<br />
número de pessoas possível, pois a resposta que você tem<br />
com uma turnê é impressionante. Tivemos ótimos momentos<br />
e aprendemos muito em cada país que passamos. Uma<br />
das maiores conquistas provenientes desta turnê de 2012<br />
foi ter tocado em festivais ao lado de grandes bandas como<br />
Grave, Malignant Tumour, ProPain e muitas outras. Destes<br />
festivais, destaco o “NRW Death Fest”, que foi muito<br />
marcante para mim. Lembro que na noite anterior tocamos<br />
em Bern, na Suíça, e viajamos para o festival em Wermelskirchen,<br />
Alemanha. A receptividade foi 100%, fizemos<br />
amigos e tivemos a oportunidade de mostrar nosso som<br />
para um público com casa cheia e que pirou no LAC. Diversos<br />
headbangers se espancando, cantando e aplaudindo<br />
nossa música. As vezes, passa um filme na cabeça, pois<br />
banda sempre tem dificuldades (ainda mais se tratando de<br />
Heavy Metal), e o LAC, apesar de tudo, sempre enfrentou<br />
as dificuldades com sangue nos olhos e nunca deixou a<br />
peteca cair.<br />
URR: O mais recente trabalho “The Core Of Disruption”<br />
aborda a realidade de quem vive em um Rio de Janeiro<br />
muito diferente do vendido pela mídia e pelas agencias<br />
de turismo. Qual foi a reação das pessoas a este tema<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 17
e ao trabalho em geral?<br />
Victor - Posso informar que nossa real intenção era<br />
destacar esse contraste que existe entre as classes culturais<br />
cativas no RJ. A nossa vivência nos deu um know-<br />
-how para abordar o assunto, que é natural e concreto para<br />
nós, pois vivenciamos todos os dias a violência contínua,<br />
descaso político, domínio das milícias e o tráfico de drogas.<br />
O nosso público elogiou<br />
bastante esta iniciativa, justamente<br />
pela naturalidade com<br />
que esse tema foi executado.<br />
URR: Como foi contar<br />
com Andy Classen na mixagem<br />
e masterização?<br />
Victor - Já conversávamos<br />
há um tempo sobre trabalharmos<br />
juntos nesse álbum<br />
e acabou que conseguímos<br />
conciliar a agenda de todos<br />
os envolvidos. O Andy Classen<br />
é um excelente profissional<br />
e trabalha muito bem.<br />
Gravamos o álbum no HR<br />
Studios, no RJ, e lá tivemos<br />
as ferramentas necessárias<br />
para extrair o nosso melhor e<br />
ter uma matéria-prima de alta<br />
qualidade para que o Andy<br />
pudesse executar o seu trabalho sem dificuldades. O resultado<br />
ficou excelente e todos podem conferi-lo no álbum<br />
“The Core of Disruption”.<br />
URR: O CD também conta com participações mais<br />
que especiais, conte-nos como surgiu a ideia e como foram<br />
essas participações.<br />
Victor - Tivemos a participação de Felipe Chehuan & Max<br />
Moraes (Confronto), Eregion (Unearthly) e Guilherme Sevens<br />
(Painside). Nós queríamos incluir participações que realmente<br />
pudessem agregar ao trabalho. Além de amigos, todos eles<br />
são extremamente talentosos<br />
e fazem parte de algumas das<br />
melhores bandas de nosso cenário.<br />
O ponto crucial de todo<br />
esse processo foi que todos eles<br />
são moradores do RJ e possuem<br />
essa visão raio-x do nosso estado.<br />
O resultado ficou matador!<br />
URR: Deixem uma mensagem<br />
aos nossos leitores.<br />
Victor - Primeiramente,<br />
agradeço aos redatores da Underground<br />
Rock Report pelo<br />
apoio e por esta entrevista.<br />
Neste momento, estamos em<br />
processo de composição do<br />
nosso novo trabalho, que será<br />
gravado no primeiro semestre<br />
de 2015. Fiquem atentos nas<br />
novidades, pois vem pedrada<br />
pela frente. Esperamos ver<br />
todos na estrada, que é o lugar natural do Lacerated And<br />
Carbonized. Um forte abraço a todos que curtem o LAC e<br />
que apoiam o Undeground nacional em geral.<br />
18 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
RRock Report<br />
CHAOTIC SYSTEM<br />
Por: JP Carvalho<br />
Após o fim da banda Thrash Metal, Mastery em 2008, no<br />
mesmo ano Magno Vieira (vocal e guitarra) fundou o<br />
Chaotic System. O primeiro integrante a ser convidado para<br />
fazer parte do line up foi o baixista Adans Bethke, logo em<br />
seguida o baterista Luiz “vulgo” Mazzaropi e por ultimo para<br />
assumir a segunda guitarra, Thiago Assis. Essa formação durou<br />
pouco tempo, ensaiaram alguns meses que se resultou em<br />
uma pausa precoce, ficando parados por longos quatro anos.<br />
Em agosto de 2012 a banda volta com quase o mesmo line<br />
up, já que Thiago Assis opetou em não participar do retorno.<br />
Então, como power trio pegam pesado nos ensaios e nas composições<br />
e em outubro do mesmo ano a banda opta por não<br />
trabalhar mais com Luiz na bateria e o subtituiem por Thiago<br />
Splatter.<br />
No final de de 2012 com o line up completo e cheios de planos<br />
para o ano seguinte, a banda segue ensaiando e participam de uma<br />
série de shows em 2013 em eventos e lugares interessantes como<br />
Cordeiro RJ, Curitiba PR, Presidente Prudente SP e outros.<br />
Em 2013 gravaram seu primeiro registro um EP com quatro<br />
músicas próprias e uma versão para “The Possibility Of<br />
Life’s Destruction” do Discharge, o EP foi relançado em formato<br />
Split CD com a banda SxFxD pelos selos Danger Productinos<br />
(Brasil) e Dissident Noize Records (Austrália).<br />
O ano de 2014 não foi muito produtivo, o vocalista e guitarrista<br />
Magno Vieira se muda para Curitiba, fixando 50% da<br />
banda por lá, não sendo possível a continuidade do trabalho e<br />
dos planos que envolviam a banda. Com o passar do tempo, o<br />
baterista Thiago Splatter, perde o interesse pelo Chaotic System,<br />
e em junho de 2014 sai oficialmente da banda.<br />
Atualmente o Chaotic System se encontra fixo em sua nova<br />
cidade Curitiba, em busca de um novo baterista para dar continuidade<br />
as suas atividades, mesmo assim a banda continua<br />
a compor novas músicas e em breve nova formação promete<br />
o restabelecimento de uma formação<br />
Contatos:<br />
magno_vieira84@hotmail.com<br />
www.facebook.com/chaoticsystemcrustgrindc<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 19
RRock Report<br />
Por: Gisela Cardoso<br />
Após alguns anos em hiato, a banda mineira Silent Cry<br />
anunciou o seu retorno em meados de 2013, e não demorou<br />
muito para mostrar que não é à toa que sempre foi considerada<br />
um dos ícones do Gothic/Doom Metal brasileiro. Já<br />
em seus primeiros shows de retorno, o grupo reencontrou um<br />
público fiel e faminto por novidades, dando as “boas vindas<br />
de volta” pra lá de receptivas e calorosas.<br />
Formada em 1994, em Governador Valadares, o Silent<br />
Cry chamou a atenção de todo o cenário nacional já com o<br />
seu primeiro álbum, “Remembrance” (1999). Tratando-se de<br />
uma um trabalho diferenciado e autêntico dentro do Metal,<br />
mesclando o Doom Metal e Atmosferic Gothic, a banda expressa<br />
o sentimento em forma de música, o que certamente<br />
colaborou para sua posição de reconhecimento na cena brasileira.<br />
De lá pra cá, o Silent Cry foi servindo de inspiração<br />
para outras bandas de Metal Gótico, na medida em que mais<br />
sucessos foram vindo, como “Goddess Of Tears” (2000),<br />
“Dance Of Shadows” (2002) e o “Darklife” (2005). No entanto,<br />
depois de seu último lançamento, o Silent Cry entrou<br />
em um período de hibernação, principalmente em relação a<br />
shows e turnês, devido ao desgaste das sucessivas alterações<br />
em sua lineup, além dos prejuízos com a reviravolta no mercado<br />
fonográfico nos primeiros anos da década 2000.<br />
Porém, apesar das inúmeras mudanças em sua formação<br />
e outras turbulências passadas, o Silent Cry reergueu a sua<br />
bandeira firme, decidindo que já estava mais do que na hora<br />
de voltar à ativa. Com um novo gás, o Silent Cry agora conta<br />
com Joyce Vasconcelos (vocal), Peterson Camargos (guitarra),<br />
Wagner Oliveira (bateria), e os membros originais Dilpho Castro<br />
(guitarra/vocal) e Roberto Freitas (baixo). Aliás, quando foi<br />
anunciado o seu retorno, a banda não só prometeu shows e aparições<br />
em festivais: como também um novo álbum a caminho!<br />
Intitulado “Hypnosis”, o primeiro álbum do Silent Cry em<br />
quase dez anos se encontra em fase de produção, e promete<br />
trazer o que faz o som do Silent Cry ser único em meio à<br />
diversidade: a sua essência original, a qual sempre esteve presente<br />
ao longo dos anos. E, pela primeira vez em sua história,<br />
a banda lança um álbum temático, com a abordagem de um<br />
personagem lidando com a hipnose para enfrentar seus desejos<br />
e desafios diários.<br />
Em entrevista à Undergroud <strong>ROCK</strong> Report, o guitarrista<br />
Dilpho Castro fala mais a respeito de “Hypnosis” e sua respectiva<br />
abordagem, os desafios ao longo de sua carreira e,<br />
claro, sobre a nova era do Silent Cry.<br />
Underground Rock Report: O Silent Cry anunciou seu<br />
retorno no fim de 2013, já com muitos shows e um trabalho<br />
em estúdio programados na agenda. Quando e como foi<br />
decidido que era hora de voltar? Aliás, como foi subir aos<br />
palcos com a banda novamente?<br />
20 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Dilpho Castro: Sofremos uma pausa que durou quase<br />
quatro anos, o MP3 e a queda nas vendas de CDs do mercado<br />
fonográfico nos afetaram bastante, além de mudanças na formação.<br />
Tudo isso freiava nosso retorno, mas os apreciadores<br />
de nossa música nunca nos “deixaram em paz”, só tenho a<br />
agradecer essa galera, pois com certeza esse foi o combustível<br />
que não deixou a chama se apagar. Durante todo esse<br />
tempo, as pessoas não paravam de mandar recado e continuar<br />
consumindo CDs mesmo diante toda crise neste sentido.<br />
Todos os álbuns do Silent Cry se esgotaram, e tudo isso deu<br />
“start” a uma nova fase. Voltar ao palco está sendo maravilhoso!<br />
As novas canções estão soando muito bem ao vivo e<br />
a resposta da galera não poderia ser melhor. Devemos tudo a<br />
quem absorve nossa música, muito obrigado sempre!<br />
URR: Desde então, vocês têm se apresentado em muitos<br />
festivais, inclusive no Roça’n’Roll 2014, em Varginha.<br />
Como tem sido o retorno do público para esta nova fase do<br />
Silent Cry?<br />
Dilpho: Não poderia ser melhor! A banda está mais madura<br />
e com muita vontade. Estar na estrada é como reviver os<br />
melhores momentos do passado. Agora, estamos finalizando<br />
os últimos arranjos do novo álbum e a ideia circula muito.<br />
URR: Além de você e o Roberto Freitas (baixo), o Silent<br />
Cry agora conta com a Joyce Vasconcelos (vocal), Peterson<br />
Camargos (guitarra) e o Wagner Oliveira (baterista). Como<br />
se deu a escolha desses novos integrantes, e quais têm sido<br />
as suas maiores contribuições ao Silent Cry?<br />
Dilpho: Já eram pessoas próximas à banda, e 100% capacitadas<br />
para os devidos cargos. Estamos trabalhando da seguinte<br />
forma: apresento a caveira da música e todos somam<br />
ideias, cada um explorando e jogando pela música em primeiro<br />
plano. Na música do Silent Cry, não há espaço para o individualismo<br />
e a galera entendeu bem isso. O mais importante<br />
é a obra inteira, e por enquanto tudo caminha bem.<br />
URR: O Silent Cry passou por muitas mudanças em sua<br />
formação no passado. Alguma vez você encarou isso como<br />
um desafio difícil para ser superado?<br />
Dilpho: Todas as vezes encarei como desafio, a prova disso<br />
foi em 1998, que me vi sozinho no Silent Cry. E, após a boa<br />
aceitação da demo ‘Tears Of Serenity”, com certeza as pessoas<br />
não esperavam um debut como o “Remembrance” - me lembro<br />
que muitos não gostaram das mudanças, o que é natural. Mas<br />
ao ouvir o álbum, eles viram que a essência estava ali e mais<br />
apurada mesmo com outra formação. Acredito que agora está<br />
se repetindo esse episódio, só que ao vivo a banda já foi aprovada<br />
e temos recebido muito apoio. As pessoas demonstram<br />
muito afeto pela nossa música, são 20 anos e o Silent Cry já faz<br />
parte de mim, e desistir no momento não é uma opção.<br />
URR: Cada álbum do Silent Cry soa de uma forma diferente,<br />
mas a identidade musical da banda sempre esteve<br />
ali presente. Podemos dizer que as particularidades de cada<br />
disco podem ser reflexos das mudanças que o grupo sofreu<br />
em sua formação ao longo do tempo?<br />
Dilpho: Com certeza se refletiu, porém a cúpula compositora<br />
sempre foi eu e mais um - exceto no novo álbum, em<br />
que eu estou compondo o álbum todo, mas a pré produção<br />
está fazendo uma grande diferença. Desta vez, estamos vendo<br />
todos os detalhes antes de entrar em estúdio, assim teremos<br />
menos surpresas com o resultado final do álbum. Enquanto a<br />
música não soar 100% ao vivo, não a consideramos pronta.<br />
URR: Mesmo com o tempo em hiato, a banda Silent Cry<br />
sempre foi lembrada como um dos maiores ícones do Gothic/Doom<br />
Metal nacional. Quando começou, lá em meados<br />
da década de 1990, você imaginou que conseguiria alcançar<br />
um status como esse?<br />
Dilpho: Me lembro que, após as gravações do primeiro álbum,<br />
sentia que tínhamos algo realmente diferente e especial<br />
em mãos, simplesmente porque era 100% honesto, mas não<br />
achei que marcaria e seria lembrado por tantos anos. Sinto<br />
também que ainda temos muito o que oferecer, essa é a energia<br />
que nos move neste momento.<br />
URR: Ainda sobre a questão de seu gênero, o Brasil tem<br />
um grande público apreciador do Gótico e Doom Metal. E,<br />
além da Silent Cry, também temos outras excelentes bandas,<br />
como Imago Mortis, Ravenland e Noturna, por exemplo.<br />
Em sua visão, qual é o diferencial da Silent Cry, que a<br />
faz se destacar em seu cenário?<br />
Dilpho: O celeiro brasileiro, de uma forma geral, é bem<br />
autêntico. Para a gente e para as outras bandas, geralmente<br />
o que falta á produção e recurso financeiro para se igualar a<br />
grandes nomes estrangeiros. O Silent Cry sempre teve a preocupação<br />
de não copiar ninguém, a autenticidade é uma latente<br />
em nossa música, acho que muitos já identificaram isso.<br />
URR: Sobre o seu novo álbum, “Hypnosis”, como foi a<br />
sua concepção?<br />
Dilpho: Mesmo com a banda parada, eu estava constantemente<br />
compondo e registrando coisas. Ao voltar, entendemos<br />
que precisaríamos de um CD forte de impacto. Muitas<br />
músicas foram compostas em total contato com a natureza<br />
- me lembro de ter me isolado em uma montanha por quatro<br />
dias, apenas eu, a Joyce e uma câmera para registrar. A única<br />
finalidade é deixar fluir naturalmente, isso tem feito uma boa<br />
diferença. A música está sendo calmamente planejada, estou<br />
fazendo o que mais amo e, apesar de estar ansioso para ouvir<br />
o álbum pronto, também estou curtindo trabalhar nele.<br />
URR: Em “Hypnosis”, a banda, pela primeira vez, abordará<br />
um tema lírico específico, o qual se refere à hipnose,<br />
em que um personagem busca o controle de suas ações, independente<br />
de vontades e desejos na intenção de encontrar<br />
a plenitude em seu bem estar e paz interior. Quais foram as<br />
suas maiores inspirações para chegar a este conceito lírico?<br />
Dilpho: Sou um praticante apaixonado pela meditação,<br />
com certeza isso me inspirou. A meditação é basicamente treinar<br />
nossa mente para termos o controle de nossas emoções e,<br />
como consequência, vencer vontades indesejadas, e obtemos<br />
o máximo de controle possível. É a maior busca do ser humano,<br />
alto controle e bem estar. No CD, temos um personagem<br />
que passou por diversos ‘perrenges’. Em cada letra, ele passa<br />
por uma dificuldade profunda específica e precisa continuar.<br />
Uma pessoa que viveu diversos problemas provavelmente se<br />
sairá melhor em situações difíceis de nosso cotidiano, assim<br />
nosso personagem passa por tanta coisa, e como consequên-<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 21
cia absorve e aprende sempre, até adquirir o discernimento<br />
para administrar os problemas e o sofrimento que os trágicos<br />
acontecimentos acarretam. É a primeira vez que trabalho em<br />
um álbum temático, nem precisa falar o quanto estou feliz em<br />
escrever sobre este assunto tão íntimo para mim.<br />
URR: O novo álbum também conta com uma regravação<br />
da “Tragic Memory”, de seu álbum de estreia, “Remembrance”.<br />
Nessa nova versão para “Tragic Memory”, é possível<br />
notar “o novo Silent Cry”, mas também mesclado à<br />
sua essência inicial?<br />
Dilpho: Esta versão, em particular, vai ser bem fiel à original.<br />
As mudanças serão mais a produção da gravação e o<br />
fato que trocamos os teclados por orquestra de verdade -o<br />
‘Hypnosis’ vem todo orquestral. O Silent Cry é novo, a essência<br />
não.<br />
URR: Em um depoimento em vídeo, você declarou que a<br />
banda explora um novo direcionamento musical em “Hypnosis”.<br />
Atualmente, há certa preocupação dos fãs, e até mesmo<br />
da mídia especializada, pelas bandas preservarem os seus<br />
elementos originais, provenientes de sua “época de ouro”, de<br />
forma minuciosa. Você sentiu essa espécie de preocupação<br />
em querer inovar, mas trazendo algo do início da carreira?<br />
Dilpho: A maturidade musical tem feito essa inovação em<br />
nossa música, todos têm somado em prol da música. No momento,<br />
a música é a única prioridade. Após a gravação, a turnê<br />
é a prioridade e assim sucessivamente - e isto, de alguma<br />
forma, está lembrando o nosso passado, talvez pelo meu jeito<br />
de compor o novo está soando como antigo, e a pré produção<br />
em grupo vem trazendo a maturidade musical que toda banda<br />
busca conquistar. Porém, os gritos de lamento e doçura da<br />
leveza musical, características do Silent Cry, estão mais latentes<br />
que nunca.<br />
URR: Vocês lançaram em agosto a faixa “Hypnotized By<br />
Love”, que está presente no novo álbum, e nela, é realmente<br />
possível notar a nova pegada da banda, mas também possui<br />
os elementos que constituíram o Silent Cry no passado.<br />
Como foi o retorno para este single, tanto a faixa em estúdio<br />
como ao vivo?<br />
Dilpho: Ela é uma música de difícil execução por ser bem<br />
“clean” e atmosférica. Ela lembra o passado, apesar do CD estar<br />
bem pesado como um todo. Queríamos mostrar como naturalmente<br />
nossa música está soando diferente, mas com a mesma<br />
atmosfera antiga. Por isso, a escolhemos para o single online.<br />
22 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
URR: O selo Secret Service Records é o responsável<br />
pelo lançamento do “Hypnosis” no Reino Unido. Além disso,<br />
o álbum “Dark Life”, originalmente lançado em 2005,<br />
será disponibilizado no exterior por esta mesma gravadora.<br />
Como aconteceu esta parceria?<br />
Dilpho: Eles estão em busca de bandas brasileiras que se<br />
destacaram. Então, a parceria foi feita para esse lançamento<br />
e está atrasado, pois tivemos alguns problemas de data para<br />
entrega dos bônus track de duas músicas que saem juntas ao<br />
“Dark Life”. Estaremos entregando o material para lançamento<br />
mês que vem - regra vamos as músicas “Ilusions Of<br />
Perfection”, do “Goddess Of Tears”, e uma versão acústica<br />
para a “Celestial Tears”, do Remembrance, e ambas saem<br />
como bônus exclusivos à Secret Service.<br />
URR: Mais uma vez, o Silent Cry é um dos maiores expoentes<br />
de seu estilo no Brasil, sendo até reconhecido internacionalmente,<br />
que sempre viveu no underground. Em<br />
sua opinião, quais são os maiores desafios das bandas que<br />
vivem no underground brasileiro?<br />
Dilpho: Acho que os maiores desafios são encontrar um<br />
grupo estável e compromissado com a música, e a perseverança.<br />
Tendo isso, a vontade de produzir vem a todo instante.<br />
URR: Algumas bandas do underground preferem lançar<br />
seus trabalhos de maneira independente, ao invés de investir<br />
em selos para a divulgação. Também, em sua opinião, o<br />
que incentiva a esses grupos recorrerem aos seus próprios<br />
métodos de lançamento?<br />
Dilpho: A gente mesmo vai cuidar de nossa carreira apenas<br />
licenciando o álbum em parcerias de distribuição exclusiva<br />
territorial, assim a banda não fica presa. E se uma grande<br />
oportunidade aparecer estaremos prontos para tal, o mercado<br />
musical mudou e estamos nos adaptando a ele.<br />
URR: Muito obrigada pela entrevista! Agora deixo o espaço<br />
para você!<br />
Dilpho: Eu que agradeço pela entrevista! É notável como<br />
você conhece bem o trabalho da banda, quero também agradecer<br />
a todos que, de alguma forma, se identificam com a atmosfera<br />
do Silent Cry e divulgam o som, espalhando-o como<br />
um orgulho do metal nacional. São essas pessoas que mantêm<br />
a banda viva! Quero que o fã de Death, Black, Doom, Gothic,<br />
Heavy e todas vertentes do Metal dêem uma oportunidade ao<br />
“Hypnosis”. A recepção nos shows está muito bacana e estamos<br />
ansiosos para sentir o feedback do álbum devidamente<br />
lançado. Muito obrigado pela entrevista e ótimas perguntas!<br />
Wagner Oliveira, o homem por trás do praticável<br />
Por: JP Carvalho<br />
responsável pela sessão<br />
O rítmica do Silent Cry, sua<br />
história começa aos 13 anos<br />
de idade quando ouviu seu primeiro<br />
álbum de Rock’n Roll,<br />
a banda era o Nirvana, a partir<br />
daí não saiu mais do meio musical.<br />
Aos 15 anos de idade,<br />
em um evento realizado pela<br />
prefeitura de sua cidade, pôde<br />
ver de perto uma banda, quando<br />
surgiu uma imensa curiosidade<br />
e um grande interesse<br />
pela bateria. Esta vontade se<br />
estendeu por muito tempo. Por<br />
não ter acesso a professores e<br />
nem a condições de estudo,<br />
mas com uma força de vontade<br />
imensa, Wagner começou<br />
a estudar sozinho, buscando<br />
se aperfeiçoar a cada dia. Sua<br />
carreira teve início quando ele<br />
e três amigos, Rugel Lacerda,<br />
Sergio Paes e Caleb Meirelles,<br />
montaram sua primeira<br />
banda de Heavy Metal melódico,<br />
em 1998, dando início<br />
à sua trajetória no mundo do<br />
metal. Após pouco menos de<br />
um ano, Wagner teve o prazer<br />
de também participar de uma<br />
das bandas que hoje faz parte,<br />
Silent Cry. O pouco conhecimento<br />
na bateria e a falta de<br />
experiência fizeram com que<br />
ele não se mantivesse na banda.<br />
Com isso, não tendo parado<br />
no tempo, estudou música<br />
no Brasil e nos Estados Uni-<br />
dos, onde morou por quatro<br />
anos, tendo se aperfeiçoado<br />
em vários estilos do metal.<br />
Nessa trajetória teve a<br />
oportunidade de participar de<br />
grandes workshops de bateristas<br />
renomados, como Mike<br />
Portnoy (Dream Theater),<br />
Neil Peart (Rush). De volta<br />
ao Brasil pode retornar ao Silent<br />
Cry, e também assumiu as<br />
baquetas de outras bandas de<br />
estilos diferenciados.<br />
Atualmente com 18 anos<br />
de bateria, Wagner Oliveira<br />
faz parte das bandas: Silent<br />
Cry, Atheistc, Demolition e<br />
Matchbox, esta última uma<br />
banda cover de clássicos do<br />
Heavy Rock internacional,<br />
como Iron Maiden, Metallica,<br />
Dio, Ozzy, Deep Purple, Motorhead<br />
e Black Sabbath.<br />
Patrocinado pela Stagg<br />
Cymbals e também endorser<br />
da marca Sport Made, responsável<br />
pela fabricação de cases<br />
personalizados e cuidando das<br />
customizações de baterias,<br />
pratos e manutenção de instrumentos,<br />
além da fabricação<br />
com a mais alta qualidade.<br />
Tem como influências desde<br />
bandas nacionais, como<br />
Sepultura, Torture Squad, Krisium,<br />
Korzus, até banda internacionais<br />
como, Destruction,<br />
Rotting Crist, Rush, Katatonia,<br />
My dying Bride, Slayer,<br />
Led Zeppelin e várias outras<br />
bandas. Sem se esquecer de<br />
alguns mestres bateristas que<br />
foram um pontapé inicial para<br />
sua jornada, como Igor cavalera<br />
(ex-Sepultura), Amilca<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 23
Cristófaro (Torture Squad),<br />
John Bonham (Led Zeppelin),<br />
Neil Peart (Rush), Tomas Haake<br />
(Meshuggah), Dave Lombardo<br />
(ex-Slayer) e outros.<br />
Tivemos uma rápida conversa<br />
com Wagner por e-mail, confira<br />
a seguir<br />
Underground Rock Report:<br />
Antes de começarmos<br />
gostaria de agradecer pelo<br />
seu tempo. O que você pode<br />
nos dizer sobre o começo do<br />
Silent Cry?<br />
Wagner Oliveira: A ideia<br />
do Silent Cry sempre foi em<br />
primeiro plano a satisfação<br />
pessoal, por isso a música é<br />
tão particular. Basicamente foi<br />
um grupo de amigos tentando<br />
expressar sentimento em forma<br />
de música, a banda foi formada<br />
em 94 por Dilpho Castro<br />
e Jeferson Brito. E mesmo com<br />
todas as mudanças o bom ouvinte<br />
ainda pode perceber essa<br />
essência em nossa música.<br />
URR: Pesquisando na<br />
Internet, percebi que houve<br />
diversas mudanças de formação<br />
e que também existe<br />
muita informação desencontrada,<br />
o que deixa a história<br />
da banda um tanto confusa,<br />
qual seria o caminho para<br />
quem busca informações<br />
concretas sobre o Silent Cry?<br />
Wagner: Estamos no interior<br />
de Minas Gerais, é muito<br />
complicado manter uma<br />
formação devido a inúmeros<br />
fatores, mas foram justamente<br />
estas mudanças que mantiveram<br />
a banda viva, muitas<br />
vezes em pause, uma vez que<br />
muitos traçaram outros planos<br />
fora da música. No momento a<br />
banda se encontra em um foco<br />
único em prol do novo álbum.<br />
As pessoas devem buscar<br />
informações em nossa pagina<br />
oficial no facebook, lá se encontra<br />
o realize atualizado e todas<br />
as informações sobre a formação<br />
atual do Silent Cry, contatos<br />
de todos os músicos da banda,<br />
por onde também mantemos<br />
uma relação muito estreita com<br />
os fãs que sempre demonstra<br />
extremo carinho à banda.<br />
URR: Eu soube que você<br />
começou tocando Metal melódico,<br />
você acha que um instrumentista<br />
deve ser capaz de<br />
tocar estilos bem diferentes<br />
dos que o tornam conhecido?<br />
Wagner: Sim, comecei<br />
em uma idade razoavelmente<br />
nova, aprendendo sozinho<br />
24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
entrei em uma banda de metal<br />
melódico, foi uma experiência<br />
bacana pra se iniciar uma carreira<br />
na música tendo em vista que<br />
eu nunca tinha tido oportunidade<br />
de tocar em nenhuma banda e já<br />
de inicio pegar um estilo bem<br />
complicado de se tocar, mas foi<br />
um aprendizado legal.<br />
E com respeito a outros<br />
estilos, com certeza pra se tornar<br />
um músico versátil, você<br />
tem que entender sobre outros<br />
estilos musicais, por exemplo,<br />
os ritmos brasileiros, que<br />
abrem um leque de possibilidades<br />
para que você possa<br />
utilizar técnicas e variações,<br />
mesmo que seja um conhecimento<br />
superficial, isso já vai<br />
ajudar muito a não ficar preso<br />
somente naquele estilo que a<br />
banda toca, ate porque se um<br />
dia precisar fazer algo fora<br />
da banda, você não terá muitos<br />
problemas e dificuldades,<br />
então acredito que mesmo<br />
não sendo o que você gosta e<br />
sempre bom ter uma base de<br />
outras estilos musicais, afinal<br />
de contas a música não tem<br />
limites, quanto mais se aprender<br />
melhor...<br />
URR: Atualmente você<br />
toca em outras bandas, ou se<br />
dedica exclusivamente ao Silent<br />
Cry?<br />
Wagner: Todas as bandas<br />
que toco são prioridades, não<br />
é porque uma tem mais tempo<br />
ou e mais conhecida que<br />
dou mais atenção, hoje o Silent<br />
Cry e a Demolition estão<br />
dando mais gasto de tempo e<br />
pedem uma atenção maior,<br />
por causa da pré-produção do<br />
novo álbum do Silent e do primeiro<br />
EP da Demolition que<br />
será lançado nesse primeiro<br />
semestre de 2015, quem me<br />
conhece sabe que nunca verá<br />
falta de interesse ou dar mais<br />
atenção para uma do que para<br />
outra banda, e meu trabalho<br />
que está em jogo, quero que<br />
seja perfeito.<br />
A Demolition, que foi criada<br />
este ano, partindo de uma<br />
antiga vontade de ter uma<br />
banda de Thrash Metal tradicional.<br />
Então chamei o guitarrista<br />
Filipe Brian, integrante<br />
da banda Misbeliever (Black<br />
metal), que também sempre<br />
teve essa vontade e com isso<br />
rolou e esse semestre também<br />
terá o lançamento do primeiro<br />
EP da banda. Estamos em fase<br />
de pré-produção, as músicas<br />
que estão apenas com guitarra<br />
e bateria que estamos postando<br />
é para galera já ir conhecendo<br />
o trabalho, e esta sendo<br />
muito bem aceito, e as críticas<br />
estão sendo as melhores possíveis,<br />
tanto da parte de amigos<br />
e pessoas que já seguem<br />
a banda, como por parte de<br />
pessoas da mídia, no mês de<br />
abril, gravaremos uma música<br />
para um single no Estúdio<br />
Simil aqui mesmo de Governador<br />
Valadares, é um ótimo<br />
estúdio, com uma qualidade<br />
muito boa, e para galera que<br />
quiser curtir a banda completa<br />
e conferir o vídeo clipe,podem<br />
acessar nossa página no facebook:<br />
www.facebook.com/<br />
pages/Demolition-Thrash-<br />
-Metal/440623046086715<br />
URR: Você é baterista desde<br />
novo, quais foram às dificuldades<br />
que você encontrou,<br />
ou encontra, no Brasil, para se<br />
atualizar em seu instrumento?<br />
Wagner: Essa dificuldade<br />
era mais no início quando me<br />
apaixonei pela bateria, não era<br />
como hoje que um cara entra<br />
no Youtube e tem várias vídeo<br />
aulas, e ótimas explicações,<br />
antigamente, eu particularmente,<br />
não tinha condição de pagar<br />
uma aula de bateria, então o<br />
jeito era entrar nas igrejas (risos),<br />
ver os bateras tocando e<br />
tentar gravar aquilo na mente,<br />
bater no sofá em casa ou em<br />
almofadas, porque os shows<br />
também eram muito raros.<br />
Hoje as coisas já estão<br />
mais fáceis, e é claro que eu<br />
sempre vou ser a favor da pessoa<br />
ter um professor pra tirar<br />
duvidas, pegar técnicas corretas,<br />
mas mesmo assim a internet<br />
ajuda demais hoje em dia.<br />
URR: Qual a sua visão<br />
da indústria de instrumentos<br />
musicais em nosso país?<br />
Wagner: Cara, a indústria<br />
sempre foi muito boa, tanto na<br />
parte de instrumentos de qualidade,<br />
quanto de variedades,<br />
marcas e modelos e a cada<br />
ano que passa se nota melhoria,<br />
isto é fato, mas penso que<br />
deveriam criar algo inovador<br />
se tratando de incentivo aos<br />
músicos. Porque hoje em dia<br />
para se conseguir um apoio de<br />
alguma marca mesmo que seja<br />
pequena, é quase impossível.<br />
Se você não esta na mídia, as<br />
marcas não olham pra você,<br />
claro que a marca quer um<br />
batera que venda o nome dela<br />
em vários lugares e várias pessoas,<br />
mas penso que as grandes<br />
indústrias de instrumentos<br />
musicais deveriam criar um<br />
projeto de incentivo aos bateras<br />
que não tem condições<br />
muitas vezes de comprar um<br />
par de baquetas, mas que são<br />
donos de um talento incrível.<br />
Outro dia assisti a um vídeo<br />
que um amigo batera postou, de<br />
um garoto tocando em baldes<br />
de tinta e suas baquetas eram<br />
barrinhas de alumínio, hi-hat<br />
era coroa de bicicleta, o garoto<br />
fez vários ritmos e com uma<br />
precisão que muitos bateras<br />
ralam pra conseguir, eu fiquei<br />
emocionado de ver que até em<br />
lugares precários existem talentos<br />
com grandes chances de se<br />
tornarem um musico reconhecido,<br />
só que a falta de condição<br />
e incentivo, pode acabar fazendo<br />
com que esse talento morra<br />
pelo caminho.<br />
Minha visão sempre será<br />
ótima em relação às grandes<br />
fabricas de instrumentos, só<br />
penso que deveriam ter um<br />
projeto como esse intuito, pois<br />
a acessibilidade a um instrumento<br />
no Brasil e muito difícil,<br />
tudo muito caro, falo porque<br />
morei nos Estados Unidos<br />
por cinco anos, estudei musica<br />
lá e qualquer pessoa consegue<br />
um instrumento de qualidade,<br />
já aqui no Brasil nunca foi assim,<br />
e acho que nunca será! Se<br />
não houver essa boa vontade!<br />
Eu particularmente fui conseguir<br />
meus primeiros patrocínios,<br />
depois de 17 anos! Ok,<br />
consegui alguma coisa, bacana;<br />
mas e quem passa a vida<br />
toda tentando e não consegue?<br />
URR: E a sua visão do cenário<br />
Heavy Metal nacional?<br />
Wagner: Cara! vou falar<br />
num modo geral do Metal nacional<br />
que na minha opnião<br />
sempre teve força, desde o<br />
inicio com Sarcófago, Sepultura,<br />
Krisiun. Teve sua época<br />
de estagnação, por bons anos<br />
a cena esteve meio morta, mas<br />
não por culpa das bandas ou<br />
dos músicos, porque sempre<br />
foi um cenário de respeito,<br />
os caras levantaram o nome<br />
do Brasil lá fora, hoje a cena<br />
voltou a crescer e evoluir de<br />
uma forma assustadora, tanto<br />
as bandas como os músicos<br />
que surgem hoje, os moleques<br />
estão agressivos e tocando<br />
muito, isso e ótimo para o Metal<br />
brasileiro. Essa evolução<br />
musical até nos estilos mais<br />
extremos com esses músicos<br />
mais virtuosos, claro que<br />
quem vem das antigas, podem
achar que estão mudando<br />
coisa que não se pode mudar,<br />
mas o bacana da música<br />
e isso, sempre vai haver publico<br />
que vai gostar e outros<br />
que não, a mÚsica não tem<br />
limites, e tenho certeza que<br />
qualquer banda hoje que for<br />
pra fora em um fest, ou tocar<br />
com os gringos aqui no Brasil,<br />
será de mesmo nível, se<br />
não mais alto.<br />
URR: Deixe uma mensagem<br />
aos nossos leitores.<br />
Wagner: Queria deixar três<br />
recados. O primeiro é pra galerinha<br />
que esta iniciando no<br />
mundo da batera ou outro instrumento,<br />
não desistam, vão<br />
aparecer pessoas para tentar te<br />
desanimar, tentar de derrubar,<br />
mas vai atrás, corra atrás e tenha<br />
dedicação total e muito amor ao<br />
que você escolher fazer, que<br />
uma hora sua vez vai chegar.<br />
O outro recado e para os<br />
fãs do Silent Cry, que esse<br />
ano, o novo álbum “hypnosis”<br />
será lançado com muitas<br />
surpresas; para os amantes do<br />
Metal de todas as áreas, tanto<br />
Doom Metal quando as pessoas<br />
que gostam de sons mais<br />
extremos. E para a galera que<br />
curte Thrash Metal de qualidade,<br />
a Demolition Thrash,<br />
estará lançando o EP, com um<br />
Thrash diferente, onde a galera<br />
verá uma banda com uma<br />
identidade diferente de tudo<br />
aquilo que já viu no meio do<br />
Thrash Metal, podem esperar<br />
que esse EP será muito foda<br />
e com uma qualidade sonora,<br />
musical e técnica muito boa.<br />
Saudações e muito obrigado<br />
a Underground Rock Report<br />
pela força.<br />
Contatos:<br />
Facebook: www.facebook.com/wagnersilentcry - Fanpage: www.facebook.com/WagnerOliveira01<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 25
RRock Report<br />
Por: JP Carvalho<br />
Formado em meados de 2010 na cidade de Osasco (SP),<br />
o Nowrong é uma junção de sonhos, experiências e pensamentos<br />
de quatro amigos, Dio Madlock - guitarra e vocal,<br />
John Wolf - baixo, Arth - bateria e Rafael Bread - guitarra. No<br />
início se tratava apenas uma brincadeira, de um projeto paralelo,<br />
mas com o passar do tempo o Nowrong foi se tornando<br />
prioridade na vida de seus integrantes.<br />
Com uma sonoridade áspera, pesada e visceral mesclada<br />
com letras que vão muito além da crítica à sociedade moderna<br />
demonstrando argumentos e pontos de vista diferentes<br />
para cada situação tratada, e algumas pitadas das coisas boas<br />
da vida como mulheres, bebida e Rock N Roll.<br />
O Nowrong apresenta uma proposta fora dos padrões do<br />
Heavy Metal tradicional, uma proposta mais próxima da realidade,<br />
realidade que pode ser defrontada diariamente por<br />
qualquer um dos componentes de uma sociedade urbana subdesenvolvida<br />
do século XXI.<br />
A banda mantém a mesma formação desde seus primórdios,<br />
fator este que mantém a banda entrosada e explica a<br />
qualidade de seus shows, sempre positivamente criticados.<br />
O grupo realizou performances em tradicionais casas noturnas<br />
da grande São Paulo e em todos os extremos do estado de<br />
São Paulo, sempre com apresentações energéticas e explosivas.<br />
Atualmente a banda promove seu primeiro álbum, ‘Prognostic<br />
of a Great Disaster’, lançado no primeiro semestre de<br />
2014 pelo renomado selo brasileiro Shinigami Records. Batemos<br />
um papo rápido com o guitarrista Dio Madlock, confiram.<br />
Underground Rock Report: Antes de começarmos, gostaria<br />
de agradecer pelo tempo e por aceitarem conversar<br />
conosco. Por favor, fale sobre a No Wrong.<br />
Dio Madlock: Em primeiro lugar, nós que agradecemos<br />
pelo espaço! Adoramos poder compartilhar nossas bobagens<br />
com o pessoal! O Nowrong começou numa brincadeira e acabou<br />
vingando (para nossa surpresa). Viemos todos de escolas<br />
muito diferentes dentro do rock, no começo nosso set list era<br />
uma salada mista, a maior zona do mundo. Daí resolvemos<br />
que queríamos pegar firme com esse negócio de banda e<br />
quem sabe ficar mundialmente famosos e ricos e tudo o mais.<br />
Obviamente com o tempo percebemos que não daria certo<br />
(risos), mas esse na verdade nunca foi nosso foco. Tudo o que<br />
queríamos era escrever nossas músicas para colocar para fora<br />
tudo o que a gente sente (apesar de parecer meio clichê). O<br />
Nowrong, mais do que uma banda, é nossa válvula de escape<br />
do mundo, e esse mesmo mundo serve de cenário pras nossas<br />
aventuras musicais.<br />
URR: Mesmo sendo a No Wrong uma banda relativamente<br />
nova, percebemos que existe um forte conhecimento<br />
26 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
e um aprofundamento de cada integrante em seu instrumento,<br />
Quais são as motivações para o desenvolvimento do<br />
trabalho?<br />
Dio Madlock: Antigamente as motivações eram “Quero<br />
ser o melhor guitarrista do mundo!”, “quero ser reconhecido<br />
por dominar a técnica X!” e toda essa coisa. Hoje, acho que a<br />
maior motivação é não passar vergonha (risos). A quantidade<br />
de bons músicos que temos no Underground é quase infinita!<br />
A cada show de banda nacional que eu frequento eu fico mais<br />
abismado com a qualidade dos músicos. O Nowrong nunca<br />
foi muito dessa de “vamos fazer músicas complexas e difíceis,<br />
mostrar toda nossa técnica numa música só!” nem nada<br />
disso. Na real, estudamos muito nossos instrumentos porque<br />
dessa forma fica mais fácil de passar nossas ideias para o<br />
âmbito “Sônico” da coisa. Todos nós trabalhamos e estudamos,<br />
ficamos as vezes muito tempo sem poder tocar nossos<br />
instrumentos, o que nos incentiva a estudar ao máximo os<br />
mesmos para aproveitar o pouco tempo que temos com eles.<br />
Isso também ajuda muito a banda a se entender e a compor<br />
juntos. Não que seja um requisito para fazer boas músicas,<br />
bem longe disso, mas eu creio que fica mais fácil escrever<br />
uma linha melódica ou harmônica quando você domina seu<br />
instrumento. Não que algum de nós domine e toque horrores,<br />
mas fazemos o possível pra melhorar sempre (risos)!<br />
URR: Recentemente vocês lançaram o CD “Prognostic<br />
of a Great Disaster” pela Shinigami Records, como se deu<br />
essa parceria?<br />
Dio Madlock: Chegamos até a Shinigami Records por indicação<br />
da Metal Media. Queríamos lançar o CD, mas estava<br />
difícil para fazer a prensagem, então a Shinigami acabou entrando,<br />
fizemos a prensagem com eles e o CD saiu pelo selo<br />
deles também. Foi muito bom para nós pois, tivemos uma boa<br />
visibilidade por conta disso.<br />
URR: o CD foi gravado no Lau Studuio, em Osasco, com<br />
produção da banda e de Lau Andrade, como foi o processo<br />
de gravação?<br />
Dio Madlock: Foi o inferno na terra (risos)! Ter banda é<br />
como ter uma segunda familia! Tem muitas coisas boas, mas<br />
a parte de gravação é muito estressante para todos nós. Divergências<br />
de opiniões, problemas financeiros e parece que tudo<br />
de errado acontece quando a gente se propõe a fazer algo dessa<br />
magnitude (Inclusive, estamos tentando gravar o clipe por<br />
esses meses, nem preciso dizer que tudo de errado que pode<br />
acontecer já está nos rondando né (risos)? Mas tirando os atritos<br />
e os problemas, foi uma experiência maravilhosa! Fizemos<br />
uma pré-produção detalhada, tentando acertar cada detalhe antes<br />
de apertar o REC. O Lau Andrade nos ajudou muito com<br />
relação a busca da sonoridade e para tentar obter o máximo<br />
do nosso Equipamento, que nunca foi aquela maravilha toda.<br />
Aliás, posso dizer que ele conseguiu tirar leite de pedra, o cara<br />
é muito competente quando o assunto é Gravação, pena que é<br />
um mau elemento e perdido na vida, mas faz parte do Rock!<br />
Demoramos quase um ano com as gravações porquê sempre<br />
queríamos mudar alguma coisa, sempre queríamos fazer<br />
algo diferentes, fizemos muitas sessões de “recall” para que<br />
tudo soasse como queríamos, e posso garantir ainda assim<br />
que não está 100%. Acho que esse é o problema da música:<br />
Nunca estamos satisfeitos!<br />
URR: A arte da capa e o encarte do CD são muito boni-<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 27
tos em seu conceito, o que você pode nos falar sobre ele?<br />
Dio Madlock: Prognostic of a Great Disaster é um album<br />
“semi-conceitual”. Ele segue uma linha de raciocínio e uma<br />
ordem cronológica, mas não necessariamente uma música<br />
depende da outra para que o contexto do álbum seja entendido.<br />
Na capa queríamos retratar o nascimento de uma pessoa<br />
normal (claro que de uma forma mais dramática), e a influência<br />
que ela já sofre desde o nascimento (de forma a, com<br />
o tempo, deixar de ser uma pessoa e se tornar um produto).<br />
Se o encarte for visto do começo ao vim, é possível perceber<br />
a transição da vida na capa, contra capa e no lado traseiro do<br />
CD (nascer, crescer e morrer). O Artista que fez nossa capa,<br />
o Michell da Designations, é craque em passar nossas ideias<br />
para imagens! Fora que o cara é muito bom para sugerir as<br />
coisas. Ele fez tudo muito rápido, nós pensávamos que iria<br />
demorar muito para que ficasse pronto, e no final agradou a<br />
todos!<br />
URR: Ao vivo a No Wrong é muito entrosada e faz um<br />
show muito empolgante, já tive o privilégio de vê-los ao vivo<br />
e percebi que a banda tem muita interação e emana uma<br />
felicidade imensa por estarem no palco. Como é para vocês<br />
tocar ao vivo?<br />
Dio Madlock: A gente se esforça muito pra fazer um show<br />
legal! Sempre que vamos em um show, além de curtir e agitar<br />
os sons, queremos ver a banda gostando do que está fazendo,<br />
não prezamos muito por esse lance de fazer cara de mal ou<br />
aquela frieza técnica que as vezes vemos por aí. Gostamos<br />
muito de tocar ao vivo, nunca escolhemos set list para show,<br />
vai tudo no improviso mesmo! Então, dependendo da vibe<br />
que estamos, se estamos mais deprimidos, mais felizes e tal,<br />
a performance vai ser afetada! Tentamos nos divertir ao máximo<br />
nesse momento porque, como eu disse antes, além de<br />
um projeto de vida, o Nowrong é nossa válvula de escape do<br />
mundo real!<br />
URR: Deixe uma mensagem aos nossso leitores?<br />
Dio Madlock: Agradeço muito pelo tempo que vocês perderam<br />
lendo as bobagens que eu disse. Agradeço por todos<br />
que ouviram nosso som e nos apoiam e também agradeço a<br />
todos que não gostaram, que odeiam e que nos xingam, que<br />
nos cobram, que querem bater em nós, enfim, agradecemos<br />
a todos e principalmente ao Underground Rock Report pelo<br />
espaço cedido e pelo apoio incrível que vocês tem dado para<br />
o precário cenário do Metal Underground! HAIL!<br />
28 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
No Wrong<br />
Prognostic of a<br />
Great Disaster<br />
Shinigami Records<br />
muito legal quando as<br />
É bandas jovens que rebuscam<br />
o Thrash Metal dos anos<br />
80 conseguem dar um gás na<br />
música, pois é justamente isso<br />
que difere os grupos de agora<br />
daqueles que eram daquela<br />
década. E isso torna o trabalho<br />
atual, já que boa música<br />
não tem época. E o quarteto<br />
Nowrong de Osasco (SP) sabe<br />
o que faz, já com seu primeiro<br />
Full Length “Prognostic of a<br />
Great Disaster” soa atual e poderoso,<br />
mesmo fazendo um<br />
estilo mais retrô. E que belo<br />
lançamento da Shinigami Records,<br />
diga-se de passagem.<br />
Aqui vemos o Thrash<br />
Metal anos 80 pré-1986, ou<br />
seja, quando o estilo ainda<br />
não tinha suas fronteiras tão<br />
bem definidas, permitindo-se<br />
ter grandes doses de melodias<br />
muito bem sacadas, grandes<br />
coros, ótimos refrões e riffs<br />
poderosos. Está na linha de<br />
bandas como Testament, Metallica<br />
e Megadeth de seus<br />
primeiros discos, onde as<br />
melodias eram muito mais<br />
evidentes, fora algumas belas<br />
doses de Hard’n’Heavy aqui e<br />
ali, e pitadas de Motorhead.<br />
Ótimo vocais em timbres<br />
agressivos normais (nada de<br />
rasgado ou gutural), riffs de<br />
guitarra inspirados (e solos<br />
bem melodiosos), base rítmica<br />
baixo/bateria bem coesa<br />
e pesada, com boa técnica e<br />
peso exacerbado. E apesar de<br />
não soar nada novo (e precisa<br />
disso para ser bom?), é<br />
honesto e muito, muito bom.<br />
NoWrong<br />
Tendo a produção do<br />
próprio grupo em parceria<br />
com Lau Andrade, e isso<br />
acabou dando ao grupo um<br />
belo equilíbrio entre a clareza<br />
necessária para se ouvir os<br />
instrumentos separadamente<br />
e o peso que a banda precisa<br />
ter (isso é um disco de Metal,<br />
oras!), mas que poderia<br />
ser um pouco melhor, pois<br />
apesar do bom nível, há momentos<br />
em que o som soa um<br />
pouco “oco”, mas não chega a<br />
ser danoso ao trabalho. Já o<br />
trabalho artístico é simples e<br />
bem feito, mas brilhante, em<br />
um trabalho ótimo de Jean<br />
Michel, da Designation Artwork.<br />
Em termos de composição,<br />
o que mais salta os olhos não<br />
é apenas o equilíbrio entre<br />
agressividade e melodia que<br />
eles atingiram, mas a espontaneidade<br />
musical do grupo.<br />
Nenhuma canção soa forçada<br />
a ser algo longe do que eles<br />
almejam fazer. E acreditem:<br />
é bem claro isso, bem como a<br />
qualidade musical se distribui<br />
pelas 13 faixas do CD.<br />
Melhores momentos: a<br />
ótima “Psycho Violence (Proletarian)”<br />
(percebam como a<br />
adrenalina atinge níveis bem<br />
altos devido aos ótimos riffs<br />
sobre um andamento moderado<br />
muito bem conduzido<br />
pela bateria), “End of Question”<br />
(aquela pegada bem<br />
ganchuda, com um ótimo<br />
trabalho de bateria), a trabalhada<br />
e empolgante “Discourse<br />
of the Wicked” (belos<br />
vocais e riffs muito encorpados),<br />
a abrasiva “Taste the<br />
Hate” (com um andamento<br />
não tão veloz, e belos coros),<br />
a ganchuda “Angels in Hell”<br />
(chega a ter uns toques de<br />
Hard’n’Roll à lá NWOBHM<br />
aqui e ali, com um forte odor<br />
de Motorhead, com o baixo<br />
mostrando serviço), a mais<br />
refreada “The Morals”, a forte<br />
e trampada “Cyborg”, a ótima<br />
“Epic Fail” (mais uma com<br />
boas doses de Rock’n’Metal,<br />
bem empolgante e a ótima<br />
versão para “Trem do Inferno”<br />
do grupo de Rock’n’Roll<br />
Cretinos e Canalhas de SP,<br />
que ganhou uma roupagem à<br />
lá AC/DC e Motorhead.<br />
Ótimo trabalho, sem sombra<br />
de dúvidas, e esses caras<br />
podem almejar objetivos bem<br />
elevados se continuarem a<br />
fazer música nesse nível!<br />
Por: Marcos “Big Daddy”<br />
Garcia
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 29
OO Olho da Carranca Baiana<br />
A era do Rádio. A importância<br />
das rádios no underground<br />
Por Alan Cavalcanti<br />
Eu, morador de uma cidade<br />
do interior baiano, no<br />
tempo de minha adolescência<br />
só o que rolava na época<br />
era o vinil (graças a Deus),<br />
mas imaginem as chances<br />
que tinha pra se escutar um<br />
rock novo, os lançamentos<br />
da época eram muitos, a<br />
transição do hard rock para<br />
o grunje estava acontecendo<br />
em pleno vapor, mas a minha<br />
geração tinha três opções pra<br />
escutar lançamento de alguma<br />
banda de rock. Primeiro,<br />
se compra o vinil, que era<br />
bem caro. A segunda opção<br />
era ter um amigo riquinho e<br />
gente boa (duas qualidades<br />
que na época, dificilmente<br />
aconteciam em uma pessoa<br />
só) e esse também, teria que<br />
ter bom gosto (aí é querer demais),<br />
pra comprar um bom<br />
disco e gravar aquela K7, pra<br />
se escutar até quebrar a fita.<br />
E por último esperar sair nas<br />
rádios locais, aí meus amigos<br />
era mais fácil ter um amigo<br />
rico, gente boa e de bom gosto<br />
musical. Era foda!<br />
As rádios da minha cidade<br />
eram péssimas quando se<br />
tratava de rock n’roll, cidade<br />
que consumia o axé baiano,<br />
depois veio à época do dan-<br />
30 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
ce, lambada, funk carioca,<br />
axé de novo, pagode carioca,<br />
axé mais uma vez e por<br />
último e não melhor o ziriguidum<br />
do pagode baiano<br />
(também conhecido de “risca<br />
faca”), era difícil escutar<br />
um pop, quem dera um rock<br />
em nossas rádios.<br />
Do meio pro fim da década<br />
de 90, surgiram os primeiros<br />
vestígios que o rock poderia<br />
preencher um pequeno<br />
espaço das ondas sonoras,<br />
entre a porcaria das músicas<br />
ruins que eram a minoria e<br />
as propagandas que eram a<br />
grande maioria das programações<br />
da minha região. Os<br />
primeiros a abrir um espaço<br />
underground aqui na região<br />
foram a Cultura FM com o<br />
“Usina do Rock e o Reggae<br />
Nighit” e a Del FM com o<br />
“Alta Tensão” que disponibilizaram<br />
algumas horas<br />
de suas programações com<br />
o rock e o reggae, não nos<br />
traziam novidades, mas pelo<br />
menos escutávamos som de<br />
boa qualidade naqueles horários,<br />
época dos grandes<br />
clássicos, lembrando que<br />
esses programas existem até<br />
hoje. Depois surgiu a “Independente<br />
FM” rádio alternativa<br />
e meio piratesca, que<br />
só tocava rock e reggae aos<br />
sons ainda de vinis e cd’s,<br />
computador era coisa de burguês.<br />
No começo dos anos<br />
2000, surgiu uma das coisas<br />
mais importantes da nossa<br />
cena underground, uma<br />
rádio de amigos chamada<br />
“Phala Sério FM”, meio run<br />
montila (salve o pirata), essa<br />
galera misturou boa música<br />
e irreverência, colocando<br />
somente rock, reggae, rap e<br />
suas vertentes como opção<br />
musical em suas 24 horas<br />
de programação, misturando<br />
o clássico e o alternativo, a<br />
rádio conseguiu empolgar<br />
os músicos da região a saírem<br />
das garagens para os<br />
palcos, mais que isso, os artistas<br />
entraram nos estúdios,<br />
saindo assim do papel clássicos<br />
como “Velho Chico”,<br />
“Bardiei” e “Barrados no<br />
CC”, entre acústicos, ao vivos<br />
e entrevistas tivemos a<br />
visita ilustre do ex-baixista<br />
da banda Charlie Brown Jr,<br />
Champignon. Depois vieram<br />
alguns outros espaços, mas<br />
o que mais se destaca é o<br />
programa dominical “Pedras<br />
Que Rolam” da rádio Xingó<br />
FM apresentando pelo amigo<br />
Beto Feitosa, que há cinco<br />
anos nos alegra durante 3<br />
horas de muito rock nas ondas<br />
do rádio e na web.<br />
As rádios são de grande<br />
importância no cotidiano das<br />
novas bandas e também para<br />
as antigas já que o mercado<br />
é cada vez menor para o<br />
alternativo ou para o underground.<br />
No caso das bandas<br />
novas é a melhor forma de se<br />
divulgar seus sons sem que<br />
seja por download, já que<br />
músico também come, paga<br />
aluguel, tem família e sonhos<br />
a realizar. Cd’s ou vinis<br />
tem que ser comprados e não<br />
só baixados, não to dizendo<br />
que não faço download, mas<br />
faço questão de comprar os<br />
discos das bandas que estão<br />
começando. Não valorizo a<br />
galera que paga R$ 200,00<br />
pra ir num show gringo e não<br />
pagam R$ 10 contos pra ir no<br />
show da banda de um amigo<br />
e ainda pedem o cd do amigo<br />
pra tirar uma cópia, isso<br />
não é incentivo. Se continuar<br />
assim, o rock vai morrer e viveremos<br />
só dos fantasmas do<br />
passado.<br />
“As Web rádios”<br />
Uma das mais fáceis<br />
ferramentas de comunicação<br />
dos últimos tempos,<br />
em minha opinião nunca irá<br />
suprir as ondas sonoras das<br />
rádios tradicionais, mas são<br />
de muita importância, principalmente<br />
pras cenas locais,<br />
pois se em cada cidade<br />
pequena existisse uma<br />
web rádio e essa desse o<br />
espaço merecido às bandas<br />
locais, não só as bandas receberiam<br />
um bom incentivo,<br />
mas a própria rádio ganharia<br />
maior apoio público<br />
e privado por divulgar a<br />
cena local, gerando assim<br />
um ciclo entre artistas, público<br />
e a rádio.
BBeast Food<br />
“Cannibal Burger”<br />
Por: Daniel Ávila<br />
Hail Bangers, como vai<br />
essa força?!<br />
Como esse é o primeiro<br />
momento culinário do “Beast<br />
Food”, não sei bem como<br />
começar o texto, então vamos<br />
nessa. A primeira coisa<br />
que eu proponho é, sempre<br />
que cozinhar coloque o som<br />
que você curta, bem já que<br />
aqui a proposta é ogronizar,<br />
claro que com o som não<br />
será diferente!<br />
Bem, como a primeira receita<br />
escolhi um prato que é<br />
muito significativo e foi elaborado<br />
por mim e pelo meu<br />
grande amigo e co-piloto<br />
Uesllen, que é o “Cannibal<br />
Burger”, esse (que com este<br />
apelidinho carinhoso), se tornou<br />
a marca registrada das<br />
festas de final de ano que eu e<br />
meus amigos fazemos, o Dezembro<br />
Negro. Esse ano será<br />
a IV edição, e a terceira consecutiva<br />
do nosso pequenino<br />
monstro.<br />
Então, vamos parar de<br />
enrolação e bora para a receita...<br />
Pensando bem, antes<br />
a set list;<br />
Torture Squad – Hellbound<br />
Brujeria – Brujerismo<br />
Brujeria – Matando Gueros<br />
Dio – Holy Diver<br />
Rainbow – Ritchie<br />
Blackmore’s Rainbow<br />
AC/DC – Back in Black<br />
Jethro Tull – Aqualung<br />
Definido isso, dá para começarmos<br />
a pensar em cozinhar.<br />
Cara, para este burgão<br />
vamos precisar de:<br />
5kg de carne moída<br />
5 pct de creme de cebola<br />
1 cabeça de alho<br />
3 cebolas<br />
1 ramo de tomilho fresco<br />
1 galo pequeno de alecrim<br />
Pimenta calabresa a gosto<br />
3 dúzias de ovos<br />
1kg de queijo<br />
1 peça fechada de bacon<br />
Pão (bem, aqui onde eu<br />
moro só conseguimos achar<br />
o pão certo encomendando<br />
na padoca).<br />
Vamos dividir a receita<br />
em duas partes. A primeira no<br />
processo de feitura da carne e<br />
o segundo o bônus da receita,<br />
a nossa BACONESE.<br />
Para fazer a carne não<br />
tem muito mistério, basta<br />
misturar a carne, os cremes<br />
de cebola, o alho e as cebolas<br />
cortados em cubinhos,<br />
o tomilho, o alecrim e a pimenta<br />
calabresa cortados<br />
bem pequenos quase como<br />
se triturados. Confere o sal,<br />
e deixa descansar por pelo<br />
menos umas cinco horas na<br />
geladeira. Ah, na hora de<br />
cozinhar eu recomendo que<br />
asse a carne, ou grelhe na<br />
churrasqueira porque a ela<br />
fica muito alta para fazer na<br />
frigideira.<br />
Agora para a Baconese:<br />
Primeiramente deve-se<br />
cortar a peça de bacon em<br />
quadradinhos, para que na<br />
hora da fritura ele solte bastante<br />
óleo. O bacon deve ser<br />
frito também em bastante<br />
óleo, mas porquê? Somos<br />
bangers, porra!! E porque<br />
vamos precisar de bastante<br />
óleo para a maionese, fica<br />
essa dica ai. (risos).<br />
Frito toda a peça de bacon,<br />
junta-se todo o óleo que<br />
sair em garrafas, não jogue<br />
nem uma gota fora, esse é o<br />
elixir da parada toda. Recolhido<br />
todo o óleo, não lave<br />
a panela, raspe aquele fundo<br />
de panela, com os pedaços de<br />
bacon que estão ali e por fim,<br />
comece o preparo da maionese.<br />
Eu gosto de fazer devagar,<br />
então começo batendo<br />
dois ovos, uma pitada de sal,<br />
vinagre, ligo o liquidificador<br />
e vou jogando o óleo de bacon.<br />
Quando encorpa e dá o<br />
ponto de maionese, guardo a<br />
pronta, lavo o copo do liquidificador<br />
e começo de novo.<br />
Até acabar o óleo.<br />
Pronto, agora é só montar.<br />
Bem provavelmente<br />
vocês vão ter ai uns 4kg de<br />
bacon já fritos, deve sobrar<br />
umas 2 dúzias de ovos mais<br />
ou menos, o queijo e com<br />
essa receita da para fazer uns<br />
3 hambugers sendo generoso<br />
na quantidade de carne.<br />
E ai curtiram? Não?! Foda-se<br />
e até a próxima!!!<br />
Set list (em random):<br />
Slayer – Reign Blood<br />
Slayer – Divine Intervention<br />
Slayer – World Painted<br />
Blood<br />
Deicide – Legion<br />
Deicide- Scars of the Crucifi<br />
x<br />
Cannibal Corpse – Vile<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 31
C ...ao caos...<br />
Por: Panda Reis<br />
Um homem vende abacates na<br />
calçada próximo ao metro<br />
Jabaquara, aqui em São Paulo,<br />
todos passam e ninguém se quer<br />
notam as frutas para ver se elas<br />
estão boas, pouco importa se<br />
aquele homem de mais de 50 anos<br />
esta tentando não ser excluído da<br />
sociedade por não ter trabalho<br />
formal, pouco importa quantos<br />
o esperam retornar com algum<br />
dinheiro para comprar arroz e<br />
feijão. Aquele homem sempre<br />
percebeu sua exclusão na sociedade,<br />
mas ele não quis roubar ou<br />
mendigar, quis trabalhar, mas na<br />
sua idade e sua condição social,<br />
não consegue mais um trabalho,<br />
digamos digno, mas acredita no<br />
neoliberalismo puro, da direita<br />
brasileira, e acreditou no neoliberalismo<br />
mascarado de esquerda,<br />
ambos... situação e oposição os<br />
traíram, e também não o notaram<br />
na calçada vendendo abacates.<br />
Não perceberam as condições<br />
de uma maioria periférica,<br />
que tem o mínimo da riqueza<br />
produzida pelo País, perceberam<br />
seus votos e como podem ser<br />
usados como massa de manobra.<br />
A dita situação seja ela qual<br />
for, nos momentos ou período<br />
histórico, ou a oposição, seja<br />
ela qual for, não agem de maneira<br />
que se espera em uma democracia,<br />
um estado de direito<br />
democrático. Mas por quê? Se,<br />
basta às eleições acabarem e<br />
horas depois já existe uma oposição<br />
ferrenha dos partidos que<br />
perderam? Eles seriam oposição<br />
apenas por que perderam?<br />
A oposição serve apenas para<br />
ser adversário ou pior, inimigo<br />
da situação? Ignorando sistematicamente<br />
tudo que venha<br />
do governo democraticamente<br />
constituído? E isso no congresso?<br />
No senado? Continua apenas<br />
ser rasteiramente brigas de ego e<br />
briga política? Um enorme jogo<br />
de damas com peças vermelhas<br />
( que cá entre nós nem são mais<br />
tão vermelhas assim ) e azuis.<br />
Vemos um exemplo claro<br />
disso na nossa política, que de<br />
tão nova, às vezes se faz con-<br />
32 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
Oposição da Oposição<br />
fusa, contraditória e atrasada. A<br />
dita situação conseguiu isso nas<br />
últimas eleições com um discurso<br />
político baseado nos últimos<br />
governos da atual presidenta e<br />
de seu antecessor, porém ao se<br />
eleger se afastou ou foi afastada<br />
da plataforma política, e a<br />
oposição por sua vez, tomou um<br />
caminho vingativo e de ataques<br />
sistemáticos e baseados em motivos<br />
meramente políticos, e não<br />
sociais. Não vou entrar nos méritos<br />
de cada lado ou inclinação<br />
política, se esquerda esta certa<br />
ou direita errada ou vise versa,<br />
mas no ponto mais importante,<br />
a meu ver, enquanto eles brigam<br />
por poderes, dinheiro e visibilidade<br />
política e o velho e pré-<br />
-neoliberalismo: O Poder.<br />
Aquele senhor continua tentando<br />
vender abacates, continua<br />
tentando o mínimo para sobreviver,<br />
a situação e oposição brigam<br />
por aprovações de CPI de<br />
uns e não aprovação de outras,<br />
uma verdadeira lição ao mundo<br />
de como a democracia não deve<br />
ser feita. Se partidos aliados do<br />
governo tem membros em determinada<br />
fraude, todo esforço da<br />
bancada de oposição se empenha<br />
nisso, e em blindar aliados<br />
de outras CPIs e vise e versa. O<br />
mais contraditório na nossa política<br />
são as alianças políticas,<br />
efetuadas para se ganhar eleições,<br />
manobras políticas para<br />
conseguir votos de partidários<br />
políticos, antigos rivais, opositores,<br />
situação e oposição, se tornam<br />
aliados, base de um governo,<br />
tudo pela partilha de cargos<br />
e ministérios, uma verdadeira<br />
carnificina contra a democracia (<br />
democracias que a meu ver são<br />
todas neoliberais ou até mesmo<br />
quase ditatoriais, ainda tenho<br />
uma crítica muito forte sobre o<br />
que “se tornou” a democracia )<br />
O que tem me chamado ainda<br />
mais a atenção nesses últimos<br />
dias é uma manifestação orquestrada<br />
da classe média e da classe<br />
abastada da sociedade brasileira,<br />
clamando por impeachment,<br />
clamando por uma intervenção<br />
militar, berrando em alto e bom<br />
som, por um país mais neoliberal,<br />
por um país de menos<br />
igualdade e por um país aonde<br />
a divisão de riquezas não venha<br />
acontecer, isso tudo orquestrado<br />
e subsidiado por nossa mídia elitista,<br />
seja ela virtual, de papel,<br />
televisiva ou nas ondas do rádio.<br />
Muitos revoltosos (ou ditos que<br />
assim estão), por causa de problemas<br />
com a economia, alguns<br />
ataques até fora do contexto, a<br />
quem não compactua com esse<br />
pensamento, que a meu ver beira<br />
o golpista, ou se não o é, tem lideres<br />
e bases políticas que assim<br />
pensam. A derrubada do governo<br />
democraticamente eleito, seria a<br />
saída da crise, para os neoliberais...<br />
mas e depois? O que fazer<br />
quando o poder cair no colo da<br />
oposição (hoje ela o é... por interesses,<br />
que te garanto, não são os<br />
mesmos interesses da maioria da<br />
população espremida nas periferias<br />
das cidades)??<br />
Eis a questão, manobras políticas<br />
são feitas o dia inteiro entre<br />
os parlamentares, a nossa democracia<br />
é uma dança frenética,<br />
aonde alianças são feitas, desfeitas<br />
para aprovar ou não CPI,<br />
para aprovar ou não leis que só<br />
os favorecem... mas quando o assunto<br />
em pauta são os benefícios<br />
de todos, situação e oposição, ai<br />
eles se unem e aprovam em pouco<br />
mais de uma hora, o aumento<br />
salarial deles próprios, nesse<br />
momento se alinham e pensam<br />
todos da mesma maneira, para<br />
depois voltarem com o teatro<br />
de situação e oposição, que o<br />
povo não percebe, como massa<br />
de manobra alienada por anos,<br />
não percebem as anomalias,<br />
que a catarata ideológica brasileira,<br />
a manipulação feita por<br />
todos esses anos, fizeram todos<br />
os absurdos políticos e sociais,<br />
se tornarem normais, a classe<br />
média ( de verdade, e não a<br />
“promovida pelo governo” ) não<br />
se preocupam com isso, então<br />
imitam outras burguesias com<br />
panelas e barulho, então imitam<br />
outras burguesias demonstrando<br />
repúdio não com os milhares que<br />
morrem nas periferias, a falta de<br />
moradia para milhares de pessoas,<br />
a fome passada por milhares<br />
nas ruas, nos campos, a falta ou<br />
a precariedade dos hospitais, assassinatos<br />
injustos (como se um<br />
assassinado se justificasse) pela<br />
PM, não estão preocupados com<br />
a divisão semi-escravista do trabalho,<br />
do sucateamento que esta<br />
nossa educação... não. A elite<br />
não se interessa por isso, o capitalismo<br />
selvagem, a mais valia,<br />
esta tão enraizada em nossa<br />
cultura, que acham normal um<br />
político envolvido no lava a jato,<br />
ser mais corrupto do que outro<br />
envolvido da “farra” dos convênios<br />
médicos, simplesmente por<br />
causa das siglas... simplesmente<br />
por causa das cores.<br />
A oposição brasileira é uma<br />
farsa, ridiculamente retrógrada,<br />
elitista, egocêntrica, que não<br />
brigam pelo povo, mas por interesses<br />
partidários e interesses<br />
monetários. Mesmo sabendo que<br />
nenhum governo, governou, governa<br />
ou governará para o povo,<br />
visando seus interesses, mas alguns<br />
governos no exterior disfarçam<br />
bem melhor.<br />
A política brasileira precisava<br />
ter uma oposição verdadeiramente<br />
de oposição, seja<br />
ela qual for, em qual momento<br />
político seja, e com qualquer<br />
partido político no poder, pois<br />
se a oposição tem como dever<br />
fiscalizar , deveriam ser os primeiros<br />
a apoiarem a entrega das<br />
listas de seus parlamentares envolvidos<br />
em escândalos, serem<br />
os primeiros a realmente buscarem<br />
a verdade e ajudar , eu disse<br />
AJUDAR, a situação governar o<br />
País. Não somente nesse caso do<br />
lava a jato, não somente nesse<br />
caso da Petrobrás, não somente<br />
no caso dos convênios médicos<br />
... mas em todos, em tudo.<br />
Todos sabem que sou crítico<br />
a democracia neoliberal em que<br />
estamos, todos sabem que penso<br />
além do socialismo praticado no<br />
mundo e todos sabem que para<br />
mim, a evolução política será<br />
sim a auto gestão. Mas enquanto<br />
isso não ocorre ( e m pergunto da<br />
possibilidade de um dia vir acontecer<br />
!?), brigo por uma situação<br />
que pense na parte mais pobre da<br />
população e não nos que detém<br />
a maior parte da riqueza , não<br />
aqueles que lutam para tirar e<br />
sugar mais ainda do povo, nos<br />
fazendo retornar a um pseudo<br />
feudalismo, de tão austera que<br />
é. Enquanto isso não acontece,<br />
brigo por uma oposição que realmente<br />
lute , fiscalize o governo<br />
para que esse, governe para o<br />
povo e não para banqueiros , não<br />
para milionários internacionais e<br />
nem monopólios capitalistas.<br />
A oposição atual grita por um<br />
impeachment que traria de volta de<br />
governantes que olhem para cima<br />
e não para baixo , apesar de que até<br />
agora nenhum deles , desde que José<br />
Sarney assumiu, no lugar do Tancredo<br />
Neves (que ironia do destino ...) ,<br />
olhou realmente aqui pra baixo.<br />
Oposição e Situação , são<br />
fases da mesma moeda, talvez<br />
esteja na hora de trocar a moeda.<br />
pandadrums@hotmail.com
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 33
RRock Report<br />
34 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por Julie Sousa<br />
Daniele Corpse, é uma verdadeira sumidade quando se<br />
trata de maquiagem Dark. Inspirada nop Rock e no Heavy<br />
Metal, hoje tem mais de 50 mil seguidores no YouTube<br />
e outros 100 mil em sua página no Facebook. Tivemos essa<br />
conversa descontraída e Dani se mostrou uma pessoa gentil e<br />
muito antenada, e você confere a segui.<br />
Underground Rock Report: Oi, Dani! Muitas meninas<br />
do meio Heavy Metal acompanham seu trabalho e te seguem<br />
em suas redes sociais. Conte um pouco sobre como<br />
surgiu a ideia do blog e canal.<br />
Daniele Corpse: Primeiramente, obrigada pela oportunidade!<br />
Eu sempre gostei muito de produtos de beleza e quando<br />
descobri vídeos de maquiagem no Youtube, achei muito legal<br />
todos àqueles tutoriais ensinando como se maquiar, mas não<br />
me identificava com nenhuma daquelas maquiagens coloridas<br />
estilo pavão e batom rosa. Na época que criei meu canal<br />
no Youtube (em 2009) não havia ninguém aqui no Brasil que<br />
fazia maquiagens voltadas para o Rock´n Roll, então eu pensei:<br />
“porque eu mesma não crio meu próprio canal?”. Mesmo<br />
não sabendo muita coisa na época, criei coragem e fiz minha<br />
conta. Alguns anos depois veio o blog, que é uma extensão do<br />
canal do Youtube!)<br />
URR: Como é o processo de criação das suas makes e<br />
cabelos? Você se inspira em alguma banda, musicista, personagem<br />
ou cria sozinha, seus próprios visuais?<br />
Dani Corpse: Tento sempre pegar inspiração de algo relacionado<br />
ao Heavy Metal ou ao universo geek. Na maioria das<br />
vezes eu me inspiro em alguma cantora (como Tarja Turunen<br />
e Simone Simmons), personagens (Tanya do Mortal Kombat,<br />
Lightning do Final Fantasy) e até capas de álbuns (como a do<br />
“The Laws of Scourge” do Sarcófago).<br />
URR: Como é ser referência para assuntos de beleza<br />
Dark para várias meninas que se identificam com o seu trabalho?<br />
Dani Corpse: Eu acho isso fantástico e eu fico muito feliz<br />
quando alguém fala que curte e acompanha meu trabalho.<br />
Quando resolvi criar meu canal no Youtube e o blog, eu fiz<br />
sem pretensão alguma. Jamais imaginaria que eu alcançaria<br />
um público tão grande, e isso é muito bacana!<br />
URR: A Tracta lançou recentemente um batom com o<br />
nome do blog, que por sinal é muito lindo (risos). Como<br />
surgiu esse convite e como tem sido o retorno das leitoras?<br />
Dani Corpse: Essa parceria com a Tracta foi uma das coisas<br />
mais legais que aconteceram comigo.<br />
O convite rolou através de uma votação entre as outras<br />
blogueiras participantes do Projeto Tracta Blogs. Foi unânime!<br />
Todas gostaram de um post no Beauty and Brains que<br />
falava sobre um produto da marca, e a Tracta me convidou<br />
para fazer meu próprio batom.<br />
Eu participei de todo processo e ele saiu do jeito que eu tinha<br />
imaginado: um roxo escuro maravilhoso! Roxo é uma das<br />
minhas cores favoritas e eu sempre sonhei em ter um batom<br />
dessa cor. Na época que ele foi lançado era muito difícil encontrar<br />
marcas nacionais que fabricassem batom roxo, ele foi um<br />
dos primeiros. E o feedback foi melhor do que eu esperava: as<br />
vendas estão muito boas e o público alternativo amou!<br />
URR: Por vezes o meio da moda e beleza é considerado<br />
um ambiente fútil e desnecessário, embora saibamos que não<br />
é bem assim. Qual a sua opinião sobre esse tipo de crítica?<br />
Dani Corpse: Eu pensava exatamente dessa forma antes de<br />
me apaixonar por maquiagem. Visitava alguns blogs e a única<br />
coisa que eu via era um incentivo ao consumismo desenfreado<br />
e a superficialidade, mas logo vi que não era bem assim.<br />
Recebo muitos recados de meninas me agradecendo por<br />
tê-las ajudado a se sentirem mais confiantes, mais bonitas e<br />
até de ter transformado a vida delas de alguma forma, como<br />
saírem de problemas como a depressão. Muitas pessoas buscam<br />
nos blogs um refúgio. Gostar de se maquiar, de se vestir<br />
bem, de cuidar do corpo, da saúde, do cabelo, da pele. Pra<br />
mim não é futilidade. Futilidade pra mim é não saber olhar<br />
além do que nos aparece em frente aos olhos.<br />
URR: Através do blog, muitas meninas ligadas à música<br />
extrema passaram a se interessar por maquiagem e afins.<br />
Como você vê esse fato?<br />
Dani Corpse: Acho demais! Quem disse que as meninas<br />
tr00 não são vaidosas (risos)? Muita gente ainda acha que<br />
grande parte das mulheres do Metal usam camisetas largas de<br />
banda e maquiagem borrada, e hoje em dia sabemos que não<br />
é mais assim.<br />
As maquiagens para o público extremo é as que eu mais<br />
gosto de fazer, e fico extremamente feliz quando os vejo se<br />
reproduzindo e quando vem trocar uma ideia comigo, falando<br />
que começou a se interessar por essas coisas através de mim.<br />
URR: Com essa quantidade enorme de views e acessos<br />
no blog, você ainda mantém boa interação com suas leitoras<br />
no grupo do facebook e whatsApp. Como conciliar vida<br />
particular e os trabalhos com o blog?<br />
Dani Corpse: Ás vezes eu acho que não consigo dar conta,<br />
porque realmente é muita gente. São muitas pessoas, muitos<br />
e-mails, muitas mensagens todos os dias e nem se eu ficasse o<br />
dia todo no computador, eu conseguiria responder todo mundo.<br />
Mas eu faço o possível! Gosto muito de ter contato com<br />
as leitoras (vide o grupo no facebook e whatsapp). É bem<br />
gostoso. Além de aprender muito com elas, já fiz amizades<br />
incríveis que vou levar para o resto da vida!<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 35
CComportamento<br />
36 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
Tudo começou em 1869<br />
A motocicleta foi inventada simultaneamente por um americano<br />
e um francês, sem se conhecerem e pesquisando em<br />
seus países de origem. Sylvester Roper nos Estados Unidos e<br />
Louis Perreaux, do outro lado do atlântico, fabricaram um tipo<br />
de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869. Nessa época<br />
os navios e locomotivas movidas a vapor já eram comuns,<br />
tanto na Europa como nos EUA, e na França e na Inglaterra<br />
os ônibus a vapor já estavam circulando normalmente. As<br />
experiências para se adaptar um motor a vapor em veículos<br />
leves foram se sucedendo, e mesmo com o advento do motor a<br />
gasolina, continuou até 1920, quando foram abandonadas definitivamente.<br />
O inventor da motocicleta com motor de combustão interna<br />
foi o alemão Gottlieb Daimler, que, ajudado por Wilhelm Maybach,<br />
em 1885, instalou um motor a gasolina de um cilindro,<br />
leve e rápido, numa bicicleta de madeira adaptada, com o objetivo<br />
de testar a praticidade do novo propulsor. A glória de ser o<br />
primeiro piloto de uma moto acionada por um motor (combustão<br />
interna) foi de Paul Daimler, um garoto de 16 anos filho de<br />
Gottlieb. O curioso nessa história é que Daimler, um dos pais<br />
do automóvel, não teve a menor intenção de fabricar veículos<br />
motorizados sobre duas rodas. O fato é que, depois dessa máquina<br />
pioneira, nunca mais ele construiu outra, dedicando-se<br />
exclusivamente ao automóvel.<br />
Onde colocar o motor?<br />
O motor de combustão interna possibilitou a fabricação<br />
de motocicletas em escala industrial, mas o motor de Daimler<br />
e Maybach, que funcionava pelo ciclo Otto e tinha quatro<br />
tempos, dividia a preferência com os motores de dois tempos,<br />
que eram menores, mais leves e mais baratos. No entanto, o<br />
problema maior dos fabricantes de ciclomotores - veículos intermediários<br />
entre a bicicleta e a motocicleta - era onde instalar<br />
o propulsor: se atrás do selim ou na frente do guidão,<br />
dentro ou sob o quadro da bicicleta, no cubo da roda dianteira<br />
ou da traseira? Como de início não houve um consenso, todas<br />
essas alternativas foram adotadas e ainda existem exemplares<br />
de vários modelos. Só no início do século XX os fabricantes<br />
chegaram a um consenso sobre o melhor local para se instalar<br />
o motor, ou seja, a parte interna do triângulo formado pelo quadro,<br />
norma seguida até os dias atuais.<br />
A primeira fábrica<br />
A primeira fábrica de motocicletas surgiu em 1894, na Alemanha,<br />
e se chamava Hildebrandt & Wolfmüller. No ano seguinte<br />
construíram a fábrica Stern e em 1896 apareceram a<br />
Bougery, na França, e a Excelsior, na Inglaterra. No início do
século XX já existiam cerca de 43 fábricas espalhadas pela<br />
Europa. Muitas indústrias pequenas surgiram desde então e, já<br />
em 1910, existiam 394 empresas do ramo no mundo, 208 delas<br />
na Inglaterra. A maioria fechou por não resistir à concorrência.<br />
Nos Estados Unidos as primeiras fábricas - Columbia, Orient<br />
e Minneapolis - surgiram em 1900, chegando a 20 empresas<br />
em 1910.<br />
Tamanha era a concorrência que fabricantes do mundo inteiro<br />
começaram a introduzir inovações e aperfeiçoamentos,<br />
cada um deles tentando ser mais original. Estavam disponíveis<br />
motores de um a cinco cilindros, de dois a quatro tempos. As<br />
suspensões foram aperfeiçoadas para oferecer maior conforto<br />
e segurança. A fábrica alemã NSU já oferecia, em 1914, a suspensão<br />
traseira do tipo monochoque (usado até hoje). A Minneapollis<br />
inventou um sistema de suspensão dianteira que se<br />
generalizou na década de 50 e continua sendo usada, hoje mais<br />
aperfeiçoada. Mas a moto mais confortável existente em 1914<br />
e durante toda a década era a Indian de 998cm3 que possuía<br />
braços oscilantes na suspensão traseira e partida elétrica, um<br />
requinte que só foi adotado pelas outras marcas recentemente.<br />
Em 1923 a motocicleta inglesa Douglas já utilizava os freios<br />
a disco em provas de velocidade. Porém, foi nos motores que<br />
se observou a maior evolução, a tecnologia alcançando níveis<br />
jamais imaginados. Apenas como comparação, seriam necessários<br />
mais de 260 motores iguais ao da primeira motocicleta<br />
para se obter uma potência equivalente a uma moto moderna<br />
de mil cilindradas. Após a Segunda Grande Guerra, observou-<br />
-se a invasão progressiva das máquina japonesas no mercado<br />
mundial. Fabricando motos com alta tecnologia, design moderno,<br />
motor potente e leve, confortáveis e baratas, o Japão<br />
causou o fechamento de fábricas no mundo inteiro. Nos EUA<br />
só restou a tradicional Harley-Davidson. Mas hoje o mercado<br />
está equilibrado e com espaço para todo mundo.<br />
A Motocicleta no Brasil<br />
A história da motocicleta no Brasil começa no início do<br />
século passado com a importação de muitas motos européias<br />
e algumas de fabricação americana, juntamente com veículos<br />
similares como sidecars e triciclos com motores. No final da<br />
década de 10 já existiam cerca de 19 marcas rodando no país,<br />
entre elas as americanas Indian e Harley-Davidson, a belga FN<br />
de 4 cilindros, a inglesa Henderson e a alemã NSU. A grande<br />
diversidade de modelos de motos provocou o aparecimento de<br />
diversos clubes e de competições, como o raid do Rio de Janeiro<br />
a São Paulo, numa época em que não existia nem a antiga<br />
estrada Rio-São Paulo.<br />
No final da década de 30 começaram a chegar ao Brasil<br />
as máquinas japonesas, a primeira da marca Asahi. Durante a<br />
guerra as importações de motos foram suspensas, mas retornaram<br />
com força após o final do conflito. Chegaram NSU, BMW,<br />
Zündapp (alemãs), Triumph, Norton, Vincent, Royal-Enfield,<br />
Matchless (inglesas), Indian e Harley-Davidson (americanas),<br />
Guzzi (italiana), Jawa (tcheca), entre outras.<br />
A primeira motocicleta fabricada no Brasil foi a Monark<br />
(ainda com motor inglês BSA de 125cm3), em 1951. Depois<br />
a fábrica lançou três modelos maiores com propulsores CZ e<br />
Jawa, da Tchecoslováquia e um ciclomotor (Monareta) equipado<br />
com motor NSU alemão. Nesta mesma década apareceram<br />
em São Paulo as motonetas Lambreta, Saci e Moskito<br />
e no Rio de Janeiro começaram a fabricar a Iso, que vinha<br />
com um motor italiano de 150cm3, a Vespa e o Gulliver, um<br />
ciclomotor.<br />
O crescimento da indústria automobilística no Brasil, juntamente<br />
com a facilidade de compra dos carros, a partir da<br />
década de 60, praticamente paralisou a indústria de motocicletas.<br />
Somente na década de 70 o motociclismo ressurgiu<br />
com força, verificando-se a importação de motos japonesas<br />
(Honda,Yamaha, Susuki) e italianas. Surgiram também as brasileiras<br />
FBM e a AVL. No final dos anos 70, início dos 80,<br />
surgiram várias montadoras, como a Honda, Yamaha, Piaggio,<br />
Brumana, Motovi (nome usado pela Harley-Davidson na fábrica<br />
do Brasil), Alpina, etc. Nos anos 80 observou-se outra<br />
retração no mercado de motocicletas, quando várias montadoras<br />
fecharam as portas. Foi quando apareceu a maior motocicleta<br />
do mundo, a Amazonas, que tinha motor Volkswagen de<br />
1600cm3. Atualmente a Honda e a Yamaha dominam o mercado<br />
brasileiro, mas aí já deixou de ser história.<br />
Texto extraído com autorização do site : www.motoesporte.<br />
com.br<br />
A Origem da Harley-Davidson<br />
Milwaukee é uma sossegada cidade no estado de Wisconsin,<br />
onde em 1901 dois amigos decidiram deslocar-se mais<br />
rápida e confortavelmente, sobretudo nas subidas. Para atingirem<br />
esse objectivo pensaram em aplicar um motor ao quadro<br />
das suas bicicletas. Esses dois jovens eram Arthur Davidson,<br />
de 2o anos, e William S. Harley de 21 anos. Sem saberem,<br />
durante os três anos seguintes iriam fazer nascer a marca de<br />
motos mais célebre de sempre.<br />
O primeiro protótipo construído tinha, entre outras características,<br />
uma lata de conservas como carburador. Apesar de ter<br />
sido construído já com a ajuda de Walter Davidson, irmão de<br />
Arthur, os resultados foram medíocres. O motor era demasiado<br />
fraco para conseguir subir a mais pequena elevação sem a<br />
ajuda dos pedais.<br />
Não desistindo, começaram de imediato a trabalhar num segundo<br />
protótipo, usando desta vez um motor de 405 cm³, bem<br />
mais poderoso que o inicial. Nesta segunda versão receberam<br />
também a ajuda do inventor norueguês Ole Evinrude, cuja experiência<br />
em motores foi muito útil.<br />
Na sua minúscula oficina de 8 metros quadrados situada no<br />
quintal da casa dos Davidson’s, entre avanços animadores e algumas<br />
desilusões, finalmente conseguiram obter a sua primeira<br />
criação, a lendária Silent Grey Fellow, com uma potência de<br />
3 cavalos, válvula de admissão automática e transmissão com<br />
correia. Produziram 3 modelos em cinzento, a cor da marca.<br />
Estávamos em Setembro de 1904 e esta primeira versão seria<br />
vendida até 1912.<br />
Harley-Davidson Silent Grey Fellow de 1905<br />
O teste a esta primeira Harley foi feito quando participou<br />
numa corrida de motos no State Fair Park em Milwaukee, tendo<br />
ficado em quarto lugar. Este é o primeiro registo histórico<br />
documentado de uma Harley-Davidson.<br />
Em 1905 foram vendidas três Harley através do primeiro<br />
revendedor oficial da marca, Carl H. Lang, de Chicago. Nesse<br />
ano foram construídas cerca de 12 Harley’s na mesma oficina<br />
do seu nascimento.<br />
A primeira fábrica da Harley-Davidson nasceu em 1906.<br />
Tinha 216 metros quadrados e permitiu uma produção de 50<br />
motos nesse ano.<br />
O ano seguinte foi um excelente ano para a empresa. Harley<br />
terminou a faculdade como engenheiro mecânico, a fabrica<br />
expandiu-se e a polícia americana tomou a decisão de se equipar<br />
com motos Harley-Davidson, lançando definitivamente a<br />
marca. Foi também neste ano que uma importante inovação<br />
técnica surgiu: o primeiro modelo com motor a 45º V Twin<br />
com 880cc, com 7 cavalos de potência e atingia os 100km/h,<br />
algo sensacional para a época. Apesar disso poucos modelos V<br />
Twin foram produzidos até 1910.<br />
Em 1911 um motor V Twin melhorado deu o empurrão necessário<br />
para que as vendas subissem e levou a que a Harley-<br />
-Davidson dominasse as corridas de motos até 1914, ano em<br />
que já eram produzidas mais de 14 mil motos Harley por ano.<br />
Apesar de ainda estar longe do mito em que haveria de tornar,<br />
o caminho para lá chegar já estava a ser percorrido.<br />
Actualmente a Harley-Davidson é reconhecida em todo o<br />
mundo como a marca mais mítica relacionada com motos.<br />
Curiosidades:<br />
- A Harley-Davidson é uma moto para quem quer força mas<br />
não exige altas velocidades. A velocidade máxima ronda os<br />
180km/h, porém o ideal é conduzi-la a um ritmo bem mais<br />
lento, como que a saborear a viagem.<br />
- As motos da Harley-Davidson são usadas em vários filmes<br />
e vídeos de músicas, pois resumem com precisão o sentido da<br />
liberdade e da subversão.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 37
RRock Report<br />
38 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por: JP Carvalho<br />
Ratas Rabiosas é uma banda de Punk Rock feminista, que se formou<br />
na cidade de São Paulo em 2013, com ideais anarquistas e<br />
uma linguagem clara e objetiva suas letras são compostas de mensagens<br />
anti-governo, militarismo, machismo, racismo, fascismo e<br />
homofobia. As levadas variam entre o clássico Punk até levadas<br />
mais pesadas do Hardcore, tudo bem misturado, e característico.<br />
Formada por Oxy - vocal, Angelita -baixo e backing vocals, Ju<br />
Malvina - guitarra e Lary - batera e backing vocals, a banda disponibilizou<br />
no soundcloud sua primeira demo, gravada no estúdio<br />
“Sem Frescura” de forma experimental e que conta com quatro faixas,<br />
A banda também participou de uma coletânea de bandas com<br />
vocais femininos chamada “ Mulheres em Perigo”, que tem como<br />
principal objetivo divulgar a mulherada do rock, e também trabalhar<br />
assuntos como machismo na sociedade atual, violência contra a<br />
mulher, discriminação. Onde gravaram duas musicas inéditas, Essa<br />
coletânea está prevista para ser lançada em outubro.<br />
A banda edita um fanzines, o Ratazine, que contém algumas letras<br />
com resenhas sobre as mesmas, e textos explorando temas da atualidade<br />
aplicando o ponto de vista da banda e sua distribuição é gratuita.<br />
Conversamos com a baterista Lary Durante, que também é colaboradora<br />
da Hi Hat Magazine e uma apaixonada por música e arte.<br />
Num bate papo muito inteligente, Lary se mostrou antenada com<br />
a nossa realidade e muito mais que isso, nos mostrou, novamente,<br />
que as pessoas que ficam, lá atrás do praticável, tem muito, mas<br />
muito mesmo a dizer. Confiram!<br />
Underground Rock Report: Antes de começarmos, obrigado<br />
pelo seu tempo e por nos dar o privilégio dessa conversa. Agora,<br />
fale-nos sobre você e suas atividades.<br />
Lary Durante: Imagine, eu é quem agradeço a oportunidade<br />
deste bate papo. Bem, me chamo Larissa, mais conhecida como<br />
Lary ou Larys, tenho 24 anos e moro na cidade de São Paulo.<br />
Sou baterista da banda de Punk Rock / Hardcore, Ratas Rabiosas,<br />
colaboradora da revista eletrônica Hi Hat Girls Magazine que<br />
é uma revista totalmente voltada para bateristas mulheres, e essas<br />
são as atividades (não remuneradas, risos) que eu exerço com muito<br />
amor e carinho!<br />
Além disso, sou formada em Comunicação e Marketing, mas infelizmente<br />
não atuo profissionalmente na área. Sou apaixonada por<br />
música, comunicação, arte de rua, e movimentos culturais. Adoro<br />
conhecer gente nova e bandas, fazer amizades, bater um papo legal<br />
e frequentar shows de rock pesadão (risos)!<br />
compartilha, mas na vida real o que te define são as suas atitudes.<br />
HMB: Qual é a sua visão do cenário da música pesada hoje?<br />
Lary: Em relação às bandas, acho muito bom! Temos excelentes<br />
bandas, excelentes músicos, e alguns espaços bem legais para tocar.<br />
Agora em relação à organização de eventos e ao pensamento do<br />
público no geral, eu acho que ainda há muito que se melhorar sim!<br />
Sair de casa e ir tocar para mim é sempre um desafio, pois eu nunca<br />
sei o que vou encontrar (risos)! Já cheguei para tocar em lugares que<br />
não tinha bateria, não tinha equipamento de som, ( “Era um showzinho<br />
muito engraçado, não tinha batera não tinha nada!”, risos), tive<br />
que mostrar meu lado Punk (D.I.Y.) e improvisar uma bateria com<br />
caixote, cadeira, e uma “estante humana” pra fazer um som porque<br />
colou uma galera de longe para assistir nosso show. Já improvisei<br />
ferragens com pneus também. Sou quase uma Macgyver (risos)!<br />
Fora as baterias tortas, quebradas, caindo aos pedaços, emendadas<br />
com fita, que destrói a coluna do peão né?! Mas tamô aí, né?<br />
No geral, não ter um equipamento decente, atrasos de horas nos<br />
shows, entre outras, são coisas que eu acho broxante, considero<br />
uma falta de respeito com a banda. Não estou dizendo que eu quero<br />
cachê, camarim com frutas da época, Chandon, toalhas brancas felpudas<br />
(risos), e sim o mínimo que uma banda precisa ter para tocar.<br />
Afinal, antes de a banda subir no palco, ela gastou uma grana com<br />
ensaios, transporte e é tudo muito caro.<br />
Fora a galera que fica na porta do show enchendo a cara (risos),<br />
não entra para ver as bandas, e ainda reclama, fica cornetando,<br />
sabe?! Reclama que não tem show, mas quando tem não vai, e<br />
quando vai ao invés de entrar no show para ver as bandas, fica na<br />
porta. Vai entender...<br />
Acredito que essas observações que fiz, são observações bem<br />
recorrentes né?! Todos que tem o já tiveram banda sabem como<br />
é, ou tem alguma história do tipo para contar. Não dá pra viver do<br />
underground no Brasil. O que a gente faz, fazemos porque amamos<br />
mesmo! Não há lucros, só prejú (risos).<br />
URR: Sim, são observações bem recorrentes, pelo menos aqui no<br />
HMB! Como você se decidiu pela bateria, já era uma paixão antiga?<br />
Lary: Então, meu primeiro contato com um instrumento foi aos<br />
10 anos quando entrei na Fanfarra da escola, eu tocava pratos, adorava<br />
aquilo, depois passei para a caixa, e quando ia para bateria, a<br />
fanfarra estava precisando de trompetista então eu resolvi passar<br />
URR: Como é ser baterista de uma banda de Hardcore feminina?<br />
Já que este é um mundo masculino e extremamente machista?<br />
Lary: Bem, desde quando comecei a tocar bateria até hoje nunca<br />
rolou algo que fosse ofensivo, desagradável em relação ao machismo.<br />
Pelo contrário, sempre fui tratada com respeito e amizade, de<br />
igual pra igual, nunca tive e nem quero ter privilégios por ser uma<br />
mulher baterista. Carrego meus equipamentos pesados, monto e<br />
desmonto tudo sozinha, sem fazer doce, sem reclamar, pois essa foi<br />
minha escolha. É claro que para quem não conhece muitas mulheres<br />
que tocam bateria é um tanto quanto curioso né, mas ninguém<br />
nunca chegou até a mim de forma desrespeitosa não.<br />
Mas que o machismo é presente no Hardcore, punk, metal,<br />
grind, Rock n’ Roll , no underground no geral isso é fato, porém<br />
hoje em dia tento encarar essa questão com um pouco mais de “leveza”,<br />
apesar do machismo ser um assunto sério! Por exemplo, eu<br />
acredito que a melhor maneira de responder a um cara que cria um<br />
grupo no Whats App titulado de “KINGS” para expor a intimidade<br />
das mulheres “pagando de comedor”, é ironizando, fazendo uma<br />
letra que exponha a sua opinião a respeito disso, de repente com a<br />
sua letra, sua música você atinja a mais pessoas e as coloque para<br />
pensar um pouco a respeito do assunto. Ficar se fazendo de vitima,<br />
coitadinha, não é a melhor forma de se impor e combater o que lhe<br />
incomoda, o que lhe faz mal.<br />
URR: Mas você não acha que muitos desses detratores e engraçadinho<br />
do cenário, se escondem por trás do anonimato que a rede permite?<br />
Lary: Ah sim, sem dúvida! É fácil pra caramba ser machista,<br />
ou “Hater” atrás de um computador né. Na rede você é o que você<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 39
para os instrumentos de sopro. Toquei trompete dois anos, trompa<br />
dois anos. Mais tarde surgiu a oportunidade de aprender a tocar violoncelo<br />
em um projeto da orquestra do Pão de Açúcar, esse estudo<br />
durou dois anos também. Foram experiências bem maneiras, pois<br />
tive a oportunidade de conhecer, e estudar música erudita, aprender<br />
teoria musical, partitura, história da música e etc, tudo isso era fascinante.<br />
Os anos passaram eu fui ficando grandinha e tive que me<br />
afastar um pouco da música para trabalhar (risos). Quando tudo já<br />
estava mais ou menos encaminhado, estava terminando a escola,<br />
e já tinha me adaptado à rotina de trabalhar e estudar, eu percebi<br />
que ainda estava faltando alguma coisa na minha vida, pois eu não<br />
estava feliz. Faltava uma peça para o quebra cabeças. Então decidi<br />
voltar a estudar música. Como tinha um grupo de “amigas” que<br />
estavam a fim de montar uma banda de punk rock, talvez tenha<br />
me motivado a voltar a tocar. Optei pela batera porque era algo<br />
“pendente” na minha vida, algo que com 10 anos de idade eu quis<br />
aprender, mas não dei muita atenção na época. Entrei para um conservatório<br />
musical, e fui estudar bateria, a banda nunca vingou (risos),<br />
se quer teve seu primeiro ensaio, mas eu estava decidida a<br />
resolver essa pendência, e desde então não parei mais, e estou tentando<br />
resolvê-la até hoje (risos)!<br />
URR: Você acha que o ensino musical nas escolas públicas,<br />
seria um grande incentivador para o crescimento cultural do país,<br />
que apesar de rico neste aspecto, sofre de uma desvalorização<br />
pelo próprio povo?<br />
Lary: Sem sombras de dúvidas! Afirmo com propriedade, pois<br />
sou fruto disso. Estudei a vida toda em escola pública e sempre participei<br />
dos projetos da escola, hoje eu sei o diferencial que isso me<br />
trouxe como pessoa. A bagagem cultural que carrego, devo a todo<br />
o aprendizado que adquiri com esses projetos. Estudei tudo o que<br />
pude e achava um barato! Fiz música, teatro, dança, programa de<br />
rádio, tudo isso me agregou muito. Um dia espero poder retribuir<br />
a tudo de alguma forma. Gostaria muito que em todas as escolas<br />
publicas, sem exceção, tivessem projetos iguais aos que eu participei,<br />
pois sei o diferencial que isso traz para a criança/adolescente,<br />
sei o quanto agrega. Uma criança que aprende música, ou qualquer<br />
outra forma de arte, tem um universo de possibilidades a sua frente.<br />
Através da música que aprendi na escola tive a oportunidade de conhecer<br />
lugares diferentes, fazer amizades, entre outras coisas. Essa<br />
convivência toda, com um universo de possibilidades me deixou<br />
desinibida, e isso me ajudou bastante a enfrentar as dificuldades<br />
acadêmicas, a ter disciplina, pois se eu fosse mal, nas aulas corria<br />
o risco de não poder mais participar dos projetos, coisa que eu<br />
não queria, pois eu gostava muito. Sempre detestei matemática, a<br />
música conseguiu me ajudar até nisso, pois para tocar eu precisava<br />
contar os tempos (risos)! Acredito que a música traz essa leveza ao<br />
aprendizado no geral, além de aprender a contar o tempo (risos), eu<br />
aprendia a analisar as letras das músicas, aprendi a desenvolver o<br />
senso crítico, analisar, formar opinião, e expressá-las abertamente.<br />
Por esse motivo que eu acredito e defendo essa tese.<br />
URR: O ensino musical foi banido em 1970, desde então vem<br />
ensaiando uma volta, e só existem aulas de música em algumas<br />
escolas públicas por iniciativa das pessoas de lá. Qual seria o caminho<br />
para que o ensino musical voltasse a fazer parte do currículo<br />
normal?<br />
Lary: O caminho seria investir forte nos três “I’s”: Informação,<br />
Iniciativa, e Interesse. Acredito que se as pessoas soubessem a importância<br />
e os benefícios que a música proporciona na questão do<br />
aprendizado acadêmico e desenvolvimento social, cultural e talvez<br />
acreditassem mais nessa tese, com isso apareceriam mais projetos<br />
que aguçariam a curiosidade e o interesse da molecada, e então todos<br />
abraçariam a causa com certeza.<br />
URR: E como você vê o ensino público de uma forma geral?<br />
Lary: Calamidade!<br />
Mas o que se esperar de um país, onde um jogador de futebol<br />
ganha milhões por mês e é visto como “rei”, e um professor que<br />
tem papel fundamental na educação e formação dos cidadãos, ganha<br />
uma mixaria e é visto como um nada? O professor vive de migalhas,<br />
é humilhado, maltratado, ofendido, desrespeitado e muitas<br />
40 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
vezes agredido dentro da sala de aula, e isso é muito triste, é lamentável<br />
mesmo! Admiro muito essa profissão. Acho que os professores<br />
que dão aula na rede pública são verdadeiros guerreiros, são<br />
heróis, e dão aula, pois realmente amam o que fazem, porque não<br />
e fácil. E tudo isso tudo é reflexo de um povo sem cultura e desse<br />
grande descaso do governo.<br />
URR: E na verdade, não existe interesse no bem estar da população.<br />
Você consegue visualizar um futuro melhor para este<br />
país, ainda dentro das próximas três ou quatro gerações?<br />
Lary: Poxa, por mais que eu tente, não consigo ver ou acreditar<br />
nessa melhora, isso pra mim é uma grande utopia. Cada dia que<br />
passa, vejo mais retrocesso.<br />
URR: E de onde vem essa visão tão pessimista da nossa realidade?<br />
Lary: (risos) Na verdade é uma visão realista. É que a nossa<br />
realidade é péssima (risos), por isso soa como pessimismo.<br />
Não dá para acreditar num futuro melhor de um país onde os governantes<br />
abandonam seu povo, e os deixam “viver” em situações<br />
desumanas. E o povo covarde, de certa forma se adaptou, e aprendeu<br />
a conviver e sobreviver na desgraça sabe?! É cultural isso, e faz<br />
parte do famoso “Jeitinho Brasileiro de ser”, de se adaptar rápido,<br />
se adequar as diversas situações, de dar um jeito de se virar mesmo<br />
em situações extremas. Tem um lado positivo nisso? Tem claro!<br />
As pessoas aprendem a se virar logo cedo, e isso é bom, porem se<br />
acomodam, e aceitam facilmente até aquilo que lhes prejudicam,<br />
que lhes fazem mal, e isso não é bom. Querer levar vantagem em<br />
tudo, ser mais esperto que os outros também é um agravante, para<br />
mim uma pessoa que fura uma fila, que embolsa um troco que veio<br />
a mais, é tão corrupta quando o político que rouba a grana do povo.<br />
Especular e acreditar, em uma melhora, é como dar soco em<br />
ponta de faca. A massa vive em tempos de apatia, de agonia, com<br />
cérebros atrofiados, e um povo assim é mais fácil de ser manipulado,<br />
e acredito que, seja exatamente isso que os governantes querem,<br />
um povo sem informação, sem cultura, doente, jogado as traças.<br />
Por mais que tenham Brasileiros iludidos, que pregam e acreditam<br />
em uma melhora, no fundo, no fundo até eles já sabem que a<br />
“merda” já está feita. E que não! Não haverá progresso, não haverá<br />
futuro. A banda Olho Seco já propagava isso nos anos 80: “Mãos<br />
estendidas, mãos trêmulas, de um corpo fraco, mostrando sempre a<br />
palma da mão”.<br />
URR: Você crê que a conscientização das massas seria um primeiro<br />
passo para uma reorganização do Estado, ou isso também<br />
é utopia?<br />
Lary: Sim, apesar de acreditar que esse trabalho de conscientização<br />
das massas seria um trabalho de formiguinha. Mas de fato<br />
seria um primeiro e memorável passo.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Lary: Bem, tenho alguns planos e projetos pendentes (risos).<br />
Vou entrar em processo de gravação nos próximos meses, para<br />
lançar o primeiro trabalho da minha banda, participaremos também<br />
de uma coletânea. Pretendo dedicar um tempo aos estudos baterísticos,<br />
e mais para frente produzir uns vídeos fazendo play along e<br />
postar no youtube, um dos vídeos que pretendo produzir será em<br />
parceria com um guitarrista muito supimpa da cena do “Hardcorepunkmetalgrind-crust666motherfuck”<br />
(risos), o Fábio da banda<br />
Sistema Sangria, penso em fazer algo com a mulherada da batera<br />
também. Fora a revista, Hi Hat Girls Magazine, né? Continuar divulgando<br />
o trabalho da mulherada baterista, incentivar, apoiar, e<br />
buscar novas parcerias para quem sabe um dia realizar nosso sonho<br />
de torna lá física, real.<br />
URR: Resuma Lary Durante em uma frase.<br />
Lary: Batatinha quando nasce (risos), brincadeira.<br />
Uma das frases que me define é “Quem tem vontade, tem metade”.<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este<br />
belo bate-papo, deixe aqui uma mensagem para nossos leitores.<br />
Lary: Ahhh, já acabouuuuu (risos)? Poxa, eu é quem agradeço à<br />
você JP e a Underground Rock Report pelo espaço e oportunidade<br />
cedida a mim, muito maneira mesmo a sua iniciativa. Eu adorei,<br />
nosso bate papo, foi bem divertido. Aos leitores da Underground<br />
Rock Report, um grande abraço! Espero que tenham curtido, e<br />
aproveitem esse espaço, aproveitem as oportunidades de adicionar<br />
com quem está a fim de fazer a cena do Rock Pesado se movimentar,<br />
sem por a frente interesses pessoais. Vamos fortalecer o Underground,<br />
usar todos os espaços e ferramentas disponíveis a nosso<br />
favor. União, Igualdade e Respeito acima de tudo!<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 41
RReleases<br />
Sweet Storm<br />
Collectors of Souls<br />
Independente - Nacional<br />
Esse trio vindo de Uberaba (MG)<br />
pratica o que costumamos chamar de<br />
Death Metal old school, se bem que<br />
existem melodias muito bonitas espalhadas<br />
por todo o CD, o que dá um ar<br />
mais moderno e atual ao som praticado<br />
pela banda.<br />
Composto por seis faixas e um<br />
bônus, este Collector of Souls foi<br />
totalmente gravado e produzido pela<br />
banda, numa empreitada 100% independente<br />
e auto-suficiente, os instrumentos<br />
estão bem timbrados e é<br />
possível ouvir tudo aqui. Aos meus<br />
ouvidos, apenas uma ou outra guitarra<br />
com mais saturação não agrada,<br />
mas de uma forma geral o Sweet<br />
Storm não faz feio.<br />
O vocal de Camilla Porto tem<br />
personalidade, com um gutural soturno<br />
que aliado aos timbres graves<br />
e afinações baixas, mas de muita<br />
personalidade do baixista Peterson<br />
“Jarrão” e do guitarrista Raphael Tanaka,<br />
que conferem ao trabalho, que<br />
é baseado na obra a Divina Comédia<br />
de Dante Alighieri, uma carga pesadíssima<br />
e um clima de fim do mundo<br />
permeia por todo o CD.<br />
O uso de bateria programada é de<br />
bom gosto, e não chega a assustar, já<br />
que o Sweet Storm não faz uso de velocidades<br />
alucinantes em seu som.<br />
Claro, os puristas dirão: o CD poderia<br />
ser mais cristalino e essas coisas, mas<br />
a paixão com que este disco foi feito,<br />
supera todos os melindres técnicos, bem<br />
como a falta deles. Mas, pode apostar<br />
que no meu player ele ainda vai ficar por<br />
um longo tempo.<br />
JP Carvalho<br />
Realidade Encoberta<br />
Momentos Antes do Caos<br />
Independente - Nacional<br />
Crossover de responsa esse praticado<br />
pela banda pernambucana<br />
Realidade Encoberta. Sendo este o<br />
primeiro CD completo da banda que<br />
foi formada em 1987, a banda mostra<br />
maturidade e criatividade, além de<br />
doses cavalares de peso, riffs bonitos<br />
e velozes, batera e baixo pesados e<br />
bem timbrados e os típicos vocais e<br />
backings na linha do Hardcore.<br />
Ainda podemos encontrar muitos<br />
traços de Heavy Metal em várias<br />
vertentes espalhados ao longo do CD,<br />
mas a crueza com que o Realidade<br />
Encoberta pratica sua música associada<br />
a letras de protesto muito bem<br />
sacadas que são a tônica de todo o<br />
trabalho.<br />
O trabalho conta com as participações<br />
especiais de Jorge Picasso<br />
(do Oddium) e de Henrique “Poço”<br />
Soares (ex-vocalista do Anthares) na<br />
faixa Mergulhado em Poças de Sangue,<br />
que tem andamento mais levado<br />
e acaba sendo, para mim, o destaque<br />
do trabalho.<br />
Enfim, o Realidade Encoberta<br />
tem conhecimento de causa e sabe<br />
muito bem como fazer sua música,<br />
deixando Momentos Antes do Caos<br />
um trampo primoroso e cheio de<br />
energia. Corra atrás deste CD.<br />
JP Carvalho<br />
Hatend<br />
Unloading 13 Live<br />
Independente- Nacional<br />
Dois full leight, diversos shows<br />
na bagagem e eis que o monstro, denominado<br />
Hatend de Paulo Afonso<br />
na Bahia nos mostra que está mais<br />
vivo que nunca!<br />
Tudo que se pode esperar de<br />
um disco ao vivo está aqui neste<br />
Hatend - Unloading 13 Live, já que<br />
se trata de um disco 100% ao vivo,<br />
sem nenhum tipo de tratamento<br />
pós-show, e isso é o que mais impressiona<br />
neste live.<br />
A pegada, a sintonia dos músicos<br />
e a energia que emana do palco,<br />
sem firulas ou malabarismos, o Hatend<br />
é a verdadeira força do metal<br />
nacional, calcando seu Thrash/Death<br />
Metal com toques modernos,<br />
acrescido de guitarras melodiosas,<br />
teclados na medida certa e a cozinha<br />
aliada ao vocal feroz de Jurandir<br />
Roque Lima, perpetuam o cataclismo<br />
sonoro.<br />
Ao longo das 12 faixas que<br />
compõem esse lançamento, a banda<br />
mostra que tem identidade, proposito<br />
e sabe muito bem lidar com as<br />
características e particularidades de<br />
sua música, já que além da ferocidade<br />
já citada o Hatend nos brinda<br />
com momentos de pura introspecção,<br />
que somam melodias belíssimas<br />
e climas viajantes, mas a carga<br />
emocional se rende mesmo ao peso<br />
e o andamento down-tempo.<br />
Definitivamente o Hatend, vai<br />
galgar vários degraus no cenário da<br />
música pesada brasileira com este<br />
Unloading 13 Live. Ao vivo como<br />
deve ser.<br />
JP Carvalho<br />
Esgoto<br />
Maldição<br />
Independente - Nacional<br />
A banda Esgoto vem desde o final<br />
dos anos 80, bradando a indignação<br />
e o descontentamento das massas<br />
através da sua música. E possui em<br />
sua discografia muitos dos clássicos<br />
do Punk Rock nacional. E para<br />
nossa felicidade soltaram agora, em<br />
2015 o CD Maldição, que novamente<br />
nos traz uma banda coesa, limpa,<br />
cheia de garra e vontade. Destaque<br />
absoluto para os vocais potentes e<br />
característicos de Godzilla, que dá a<br />
característica marcante no som por<br />
eles praticado.<br />
As guitarras de Ledis associados<br />
ao baixo pesadíssimo de Neno, criam<br />
o clima perfeito para as voziferações<br />
de Godzila e o batera Batata conduz<br />
tudo com conhecimento de causa e<br />
bom gosto.<br />
O CD foi produzido no Estúdio<br />
Noise Terror e a miagem e masterização<br />
ficaram por conta do guitarrista<br />
da banda Phobia, Demente, que deixou<br />
o som cristalino e equilibrado<br />
onde podemos ouvir todos os instrumentos,<br />
mas sem perder aquela sujeira<br />
caratérística do estilo, que dá um<br />
molho todo especial a gravação.<br />
Se você gosta de música sincera,<br />
simples e cheia de atitude, Maldição<br />
será o próximo CD que você vai comprar.<br />
Recomendadíssimo!<br />
JP Carvalho<br />
Memest<br />
Bastards and Liars<br />
Discos Macarras - Importado<br />
Formado por Carlos Matheu<br />
(guitarra e vocal), Daniel Audí (bateria),<br />
Jaume Estupiñà (guitarra) e Anselm<br />
Horta (baixo), este quarteto de<br />
Tortosa faz um som que caminha pelo<br />
Heavy Metal, Rock´n Roll, Stoner e<br />
mais alem na minha opinião. Na verdade<br />
é o tipo de banda que tem vida<br />
propria, personalidade no que faz e<br />
simplesmente não dá para colocar um<br />
rotulo em sua musica.<br />
Depois do grande “Lucky Dead<br />
Man” , seu album de estreia, Memest<br />
nos presenteia com “Bastards and<br />
Liars” . É, este album é um presente<br />
para os ouvidos. Gravado no Axtudios,<br />
com a excelente produção de<br />
Óscar ‘AX’ Davi, apresenta a evolução<br />
de seu predecessor. Peso, agressividade,<br />
musicas mais elaboradas,<br />
porem não menos impactantes. É um<br />
album poderoso. Quando voce começa<br />
a escuta-lo tem a impressão que se<br />
não sair correndo vai ser atropelado.<br />
Alias é daqueles sons que te dão vontade<br />
de correr, estar numa estrada,<br />
voando baixo. Força, peso, potencia,<br />
grande trabalho vocal, guitarras com<br />
riffs e solos cortantes, poderosos e<br />
ainda assim swingados, aliados a um<br />
trabalho de bateria e baixo fortes,<br />
precisos, criativos. Musica feita com<br />
atenção, com vontade...<br />
Se voce gosta de Rock´n Roll,<br />
Heavy, Sludge, Stoner tem que ouvir.<br />
Gosta de Motorhead? Então corra<br />
para garantir seu Bastards and Liars.<br />
Rockin Memest!<br />
Vlademir Gonzales<br />
Marasme<br />
De Ilums I Ombres<br />
Discos Macarras - Importado<br />
Marasme é uma banda de<br />
Maiorca, nas Ilhas Baleares, Espanha.<br />
Formada em 2008, por Jeroni<br />
Sancho, vocal; Tomeu Canyelles,<br />
guitarra; Manel Oriol, guitarra;<br />
Chús Ponce, baixo e David ‘ Dubi’<br />
Álvarez, bateria. Sua sonoridade<br />
passeia pelo post-metal, black metal,<br />
post-hardcore e experimental<br />
Trata-se do segundo album<br />
deste quinteto, que já tem em sua<br />
trajetoria um ep, “Marasme”, em<br />
2008, o full, “Mirror” em 2010 e<br />
o single,”Aqui les ombres mai no<br />
arribaran” em 2013. “De Ilums I<br />
Ombres” lançado em 2014, foi gravado<br />
no estudio La Porta Cosmica<br />
de Palam, em Palma de Maiorca,<br />
produzido por Toni Toledo.<br />
Trata-se de um trabalho inquietante,<br />
introspectivo, onde a<br />
atmosfera fria e acida, extremamente<br />
intensa deste grupo, criam<br />
um clima introspectivo e emocional,<br />
levando o ouvinte atento a um<br />
mergulho pessoal, uma viagem<br />
poetica, tal qual um vislumbre da<br />
luz, um extase perdido em meio ao<br />
caos.<br />
A estrutura das musicas, produção<br />
impecavel, peso, melodias<br />
intensas, riffs massivos e solos<br />
gelidos, ritmo desolado e pulsante,<br />
vocais rascantes, tudo contribui<br />
ao clima de desolação, onde<br />
voce é levado do abismo ao topo<br />
em segundos. É uma grande e grata<br />
experiencia.<br />
Se voce curte sons pesados<br />
e experimentais terá otimos momentos<br />
ao som de Marasme.<br />
Vlademir Gonzales<br />
42 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Aathma<br />
Deadly Lake<br />
Discos Macarras - Importado<br />
Trio madrilenho que trilha a vertente<br />
do doom/sludgemetal, surgido<br />
em 2007 e formado por Juan, vocal,<br />
guitarras e sintes; Mario, baixo e<br />
Álex, bateria. “Deadly Lake” é um<br />
ep, terceiro lançamento do grupo, antecedido<br />
por “ The Call of Shiva” e “<br />
Decline..Towers of Silence”.<br />
Na musica do Aathma há muita<br />
personalidade, muita alma. “Deadly<br />
Lake” é uma perola, uma peça<br />
de arte. Foi gravado e mixado no<br />
Sadman Studios (Madri) por Carlos<br />
Santos e masterizado no Fascination<br />
Street Studios (Suecia) por Jens Bogren.<br />
E que produção maravilhosa...<br />
São camadas de peso, distorção,<br />
riffs monstruosos, climas, noise, estrutura<br />
ritmica marcante, poderosa.<br />
Vocais interpretativos que te conduzem<br />
tal qual um maestro, a uma<br />
viagem epica e obscura, repleta de<br />
sensações.<br />
Há muitos pequenos detalhes e<br />
elementos musicais mais experimentais,<br />
noise e post rock, que voce pode<br />
perceber e sentir, alem daqueles caracteristicos<br />
do doom, sludge e stoner<br />
nesta musica criativa. Não dá para<br />
destacar uma musica. Deadly Lake,<br />
Valpur, In the Deep Dark Woods e<br />
G.O.D., todas as quatro faixas deste<br />
ep são incriveis e a sensação ao final<br />
é de querer mais...Deadly Lake<br />
é daqueles albuns que se voce não<br />
ouvir, estará perdendo algo grandioso.<br />
Recomendo muito...valera cada<br />
segundo.<br />
Vlademir Gonzales<br />
Ain Sof Aur<br />
Ophis Christos<br />
Sulphur Records<br />
O Planalto Central do nosso país<br />
já deu muitas bandas à cena nacional,<br />
indo do Metal mais melodioso até o<br />
extremo, com trabalhos excelentes de<br />
ambos os lados. E algumas contribuições<br />
são muito importantes para nossa<br />
história. Desd que bandas como o<br />
P.U.S., Abhorrent, Volkana E Valhala<br />
ajudaram a criar o nome da cena<br />
extreme de Brasília, permitindo que<br />
bandas e mais bandas de Metal extremo<br />
surjam naquelas terras. E é com<br />
imenso prazer que ouvimos o trabalho<br />
do quarteto Ain Sof AuR, que chega ao<br />
Metal Samsara com seu segundo trabalho,<br />
“Ophis Christos”, que a Sulphur<br />
Records colocou no mercado.<br />
O trabalho da banda é focado no<br />
Black Metal, mas longe de ser pura<br />
e simplesmente isso. Apesar de usar<br />
de um formato mais bruto e bem<br />
agressivo, a banda lança mão de elementos<br />
mais atmosféricos e soturnos,<br />
ao mesmo tempo em que a tônica<br />
de seu trabalho não é velocidade<br />
sem sentido ou mesmo brutalidade<br />
apenas por si mesma. Não, antes de<br />
tudo, percebe-se vida inteligente sob<br />
a colcha de vocais urrados em tons<br />
mais guturais, riffs de guitarra fortes<br />
e mesmo inserindo melodias soturnas<br />
aqui e ali, base rítmica muito pesada<br />
e esbanjando técnica. E como<br />
dito antes, tem uma personalidade<br />
forte, uma vontade de ser diferente e<br />
de fugir dos modelos padrões muito<br />
clara. E meus caros, isso faz a diferença<br />
em prol deles.<br />
A produção sonora está bruta e<br />
soando um pouco esfumaçada. Mas<br />
não chega a tornar o trabalho deles<br />
incompreensível ou que as nuances<br />
musicais sejam perdidas. Longe disso,<br />
no meio dessa gravação mais suja<br />
é que o trabalho do grupo consegue<br />
sair do ponto comum e ser criativo.<br />
A arte, verdade seja dita, ficou em<br />
um padrão muito elevado, com um<br />
Digipack em três páginas, encarte<br />
usando de muitas citações filosóficas<br />
entre as letras.<br />
Ouçam, comprem e curtam a<br />
viagem, pois o Ain Sof Aur é uma<br />
banda que merece não só respeito e<br />
atenção, mas uma apreciação demorada<br />
e com vagar.<br />
Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
Mortifera<br />
IV: Sanctii Tristhess<br />
Drakkar Productions Brasil<br />
A simplicidade musical pode ser<br />
uma das maiores aliadas de bandas de<br />
quase todas as vertentes musicais no<br />
Metal. Sempre, já que quanto mais<br />
uma banda procurar colocar notas em<br />
uma canção, na maioria dos casos,<br />
ela acaba soando artificial, mecânica<br />
e sem vida. Nada contra a técnica<br />
instrumental, longe disso, mas ela<br />
não deve ser a tônica de um trabalho.<br />
A tônica deve vir, antes de tudo, do<br />
que o coração do músico está dizendo.<br />
Somente assim existe a sinergia<br />
entre banda e fãs. E um ótimo exemplo<br />
é do grupo francês Mortifera, que<br />
mais uma vez abrilhanta as páginas<br />
do Metal Samsara com seu mais recente<br />
trabalho, intitulado “IV: Sanctii<br />
Tristhess” e que a Drakkar Brasil colocou<br />
no mercado nacional, tornando<br />
o acesso ao disco mais fácil.<br />
Antes de tudo, é preciso dizer<br />
que Noktu (vocalista/guitarrista/líder<br />
da banda, que já foi músico ao vivo<br />
do Mütiilation e membro do celestia,<br />
entre outros trabalhos) realmente<br />
sabe o que quer de seu trabalho. Em<br />
“IV: Sanctii Tristhess”, vemos a banda<br />
dando um passo adiante de “Bleüu de<br />
Morte”, mas sem fugir daquele Black<br />
Metal climático e opressivo de antes.<br />
Sim, por ser francês, vemos que o<br />
CD tem aquela forte aura das bandas<br />
da LLN, mas não se precipitem: o<br />
Mortifera tem muito a oferecer aqui,<br />
já que o trabalho soa mais limpo e<br />
pesado que antes, com o acréscimo<br />
de arranjos mais melodiosos (só um<br />
pouco, nada exagerado), o que reforça<br />
ainda mais a aura sinistra do álbum.<br />
De resto, ótimos vocais rasgados, riffs<br />
excelentes, baixo e bateria em uma<br />
cozinha rítmica mais simples, mas pesada<br />
e aparecendo nas horas devidas.<br />
Resultado: um CD excelente!<br />
Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
Syren<br />
Motordevil<br />
Shinigami Records<br />
E eis que a máquina mortífera do<br />
Metal carioca volta, detonando tudo e<br />
todos que tentarem ficar em sua frente,<br />
desembestada como uma carruagem<br />
de peso que desce morro abaixo!<br />
Sim, o quarteto Syren volta à<br />
carga com seu mais novo trabalho, o<br />
álbum “Motordevil”, que a Shinigami<br />
Records acaba de pôr no mercado<br />
nacional.<br />
Antes de tudo, que se fale que os<br />
“Brazilian Metal Bastards” tiveram<br />
mudanças de formação enormes entre<br />
“Heavy Metal”, seu álbum anterior,<br />
e “Motordevil”: a banda virou<br />
um quarteto, usando apenas uma<br />
guitarra, deixando o som um pouco<br />
mais seco, um pouco simples e pesado<br />
que antes, mas ainda melodioso e<br />
forte. Maurício Martins (baixo) e Julio<br />
Martins (bateria) formam uma cozinha<br />
rítmica pesada e com ótimo nível<br />
técnico, ao passo que o guitarrista<br />
Guilherme De Siervi mostra habilidade<br />
nas seis cordas, com bases ótimas e<br />
solos melodiosos com refinamento. E<br />
o veterano, fundador e único membro<br />
que restou da formação que gravou o<br />
disco anterior, o vocalista Luiz Syren,<br />
mostra o porquê de ser uma das melhores<br />
vozes do Metal do Brasil: uma<br />
voz forte, vigorosa, bela, bem postada,<br />
cheia de melodia e leve agressividade,<br />
além de uma interpretação que só os<br />
grandes possuem. E o resultado dessa<br />
mistura é um Heavy Metal tradicional<br />
atualizado, melodioso e agressivo nas<br />
medidas certas, com uma banda que<br />
soube dar uma boa evoluída em si<br />
mesma, sem perder sua identidade.<br />
Em termos de sonoridade, não se<br />
pode negar que o produto é bem caprichado.<br />
Todos os instrumentos estão<br />
extremamente claros e com bons<br />
timbres, os vocais bem encaixados, e<br />
soando com peso e coesão, e o que se<br />
houve no CD é o que realmente ouvirá<br />
ao vivo. E o trabalho artístico de<br />
Antonio Cesar da Not.A.Pipe é ótima,<br />
apresentando bem a banda e sua<br />
proposta sonora.<br />
Ao ouvir as músicas, fica clara<br />
a competência e espontaneidade da<br />
banda na composição de seu trabalho.<br />
Os arranjos são caprichados, mas sem<br />
exageros técnicos que tirariam o foco<br />
do que é mais importante na música<br />
do Syren: a unidade como grupo.<br />
Aula de Metal tradicional em<br />
todos os sentidos, um dos melhores<br />
lançamentos do ano, e que todo bom<br />
Headbanger que se preza precisa ouvir<br />
e adquirir. Em tempo: o guitarrista<br />
Guilherme De Siervi se desligou da<br />
banda no início deste ano.<br />
Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
U.D.O.<br />
Decadent<br />
Shinigami Records<br />
Quando bandas clássicas sofrem<br />
processos de ruptura, ou seja, um<br />
membro icônico sai, são postos em<br />
xeque, de uma única vez, a carreira<br />
do grupo e daquele que saiu. Há casos<br />
onde tudo deu errado para ambos os<br />
lados, outros em que um dos lados se<br />
prejudicou (ou a banda ou o músico),<br />
ou mesmo em que ambos os lados se<br />
deram muito bem. Neste último, podemos<br />
encaixar o vocalista Udo Dirkschneider,<br />
que após sair do Accept<br />
(várias vezes, diga-se de passagem),<br />
formou o U.D.O. Ótimos discos como<br />
“Animal House” e “Mean Machine”<br />
são mostras que o baixinho poderia ir<br />
adiante sem seus colegas, seu novo álbum,<br />
“Decadent”, mostra que ele e sua<br />
banda ainda possuem muita lenha para<br />
queimar. E a Shinigami Records nos<br />
deu mais uma vez de conseguir uma<br />
versão nacional com qualidade, já que<br />
a atual crise econômica no Brasil está<br />
tornando os importados, mais uma<br />
vez, inacessíveis a grande parte do<br />
público. E com duas músicas a mais!<br />
Uma das maiores qualidade de<br />
“Decadent” é justamente a personalidade<br />
do grupo, pois a única coisa<br />
que lembra o Accept é mesmo a voz<br />
de Udo, sem os famosos corais característicos.<br />
Aqui, temos um Metal<br />
tradicional híbrido entre o tradicional<br />
clássico e o moderno, com ótimos refrões<br />
e ótimas melodias, seja nos momentos<br />
agressivos, outros mais amenos<br />
ou mesmo em alguns soturnos.<br />
O trabalho do U.D.O. não soa datado<br />
ou como quem vive da fama de<br />
seu vocalista, mas tem uma sonoridade<br />
viva e bem atual. Uma mostra de<br />
que a energia e juventude dos membros<br />
mais novatos (que nasceram<br />
quando Udo já era bem famoso) com<br />
a experiência de Udo e Fitty resulta<br />
em música bem arranjadas. E além<br />
do quinteto, ainda temos a presença<br />
de Ingmar Viertel e Claus Rettkowski<br />
nos backing vocals.<br />
E não, Udo e sua banda não estão<br />
decadente, muito longe disso, como<br />
“Decadent” mostra explicitamente,<br />
logo, adquira logo o seu sem medo.<br />
Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 43
RRock Report<br />
44 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por: JP carvalho<br />
grupo instrumental Labirinto chega aos dez anos de trajetória,<br />
e celebra 2015 com uma extensa turnê europeia<br />
O<br />
e o segundo álbum de estúdio, com lançamento agendado<br />
para o segundo semestre do ano. Ao longo de sua carreira,<br />
seus discos têm sido lançados pelos selos estrangeiros Con-<br />
Souling Sounds (Bélgica), Oxide Tones (Alemanha), Pirate<br />
Ship Records (Eua), e o brasileiro Dissenso Records, responsável<br />
pelo mais recente single Masao, após sete discos<br />
anteriores - entre eles seu aclamado álbum de estreia Anatema,<br />
em 2010, e o split Labirinto & Thisquietarmy, indicado<br />
pelo jornalista Fabio Massari como um dos cinco melhores<br />
lançamentos de 2013.<br />
Após mais de 50 apresentações realizadas em 13 países<br />
estrangeiros, participações em festivais de relevância,<br />
e shows muito bem qualificados pela mídia especializada<br />
nacional, o Labirinto é hoje um dos principais nomes da<br />
música experimental brasileira.<br />
Com o seu som experimental repleto de texturas, o sexteto<br />
instrumental Labirinto não deve nada para os artistas de<br />
vanguarda com os quais costuma se apresentar no exterior,<br />
como I Like Trains, Syndrome e Stephen O’Malley - com<br />
quem tocaram no belga Dunk!festival, em 2013, o maior<br />
evento de pós-rock do mundo - e nem para o Godspeed You!<br />
Black Emperor ou Isis, duas das principais referências do<br />
grupo.<br />
Dito isto, é natural que o Labirinto, que está completando<br />
dez anos de estrada, tenha construído uma sólida carreira<br />
no exterior, com turnês muito bem-sucedidas na Europa, na<br />
América do Norte e em seu país, o Brasil.<br />
Em 2010, a banda lançou seu primeiro álbum, “Anatema”,<br />
após quatro EPs e participação em coletâneas. Gravado<br />
em São Paulo, no Dissenso Studio, mixado e materizado<br />
em Chicago, EUA, por Greg Norman (Neurosis, Russian<br />
Circles) e Bob Weston (Mission of Burma, Shellac), o disco<br />
representou um marco no trajeto da banda; foi responsável<br />
por grande repercussão em território nacional e estrangeiro.<br />
O lançamento de “Anatema” rendeu ao grupo sua primeira<br />
turnê ao exterior, em 2011, durante o lançamento de sua<br />
versão em vinil duplo, e muitas matérias na mídia especializada<br />
brasileira - Rolling Stone, Destak, Correio Braziliense,<br />
Diário de Guarulhos, entre diversos outros - e internacional,<br />
incluindo uma matéria no blog do jornal britânico The<br />
Guardian, indicando o Labirinto como uma das melhores<br />
bandas de 2010, representando o Brasil.<br />
Kadjwynh foi o álbum lançado no ano seguinte, em 2012:<br />
um EP com quatro composições, totalizando 22 minutos, e<br />
uma animação da terceira faixa, “Piam Ket”, dirigida por<br />
Ricardo Sasaki (Peixonauta).<br />
O video teve lançamento exclusivo pelo Canal Brasil, na<br />
programação do canal e na web, e foi selecionado e exibido<br />
no festival Animamundi. As cópias físicas do EP sairam em<br />
vinil picture disc, com as minusciosas e detalhadas ilustrações<br />
de Sasaki nos dois lados da bolacha, cd e álbum digital.<br />
Novamente, a banda teve a oportunidade de trabalhar<br />
com ouvidos mais experientes no estilo musical que desenvolve;<br />
em 2013, o produtor Tony Doogan (Arcade Fire, Mogwai)<br />
trabalhou na mixagem e masterização de três faixas<br />
inéditas, para o disco “Labirinto & Thisquietarmy”. O split<br />
com o músico canadense Thsiquietarmy foi lançado na Europa<br />
pelo selo ConSouling Sound, nos EUA pelo Pirate Ship<br />
Records, e no Brasil pelo Dissenso Records, com ampla distribuição<br />
e venda em todos os continentes.<br />
O disco foi indicado pelo jornalista Fabio Massari como<br />
um dos cinco melhores lançamentos do ano, na edição especial<br />
da Revista Bizz. O disco resultou em uma turnê com<br />
22 apresentações do Thisquietarmy pelo Brasil, em parceria<br />
com o Labirinto.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 45
Em 2014, após sete lançamentos físicos, o grupo finalizou<br />
as gravações do single Masao no Dissenso Studio,<br />
em São Paulo. A faixa, com 25 minutos de duração, teve<br />
mixagem de Greg Norman (Electrical Audio, Chicago), e<br />
Muriel Curi, baterista e produtora da banda. O selo Dissenso<br />
Records, com apoio do inglês The Sirens Sound e do<br />
alemão Oxide Tones, foi responsável pela produção física<br />
em Masao, em apenas 300 cópias limitadas em embalagem<br />
digipak. O lançamento foi marcado por uma apresentação<br />
no Teatro Municipal Paiol, de Curitiba e em São Paulo, no<br />
Sesc Vila Mariana, com ingressos esgotados.<br />
Ao longo dos últimos anos, a banda vem realizando<br />
apresentações em São Paulo e outras cidades, tendo passado<br />
por algumas unidades do SESC - Choperia do Sesc<br />
Pompeia, Belenzinho, Vila Mariana, Sorocaba, Araraquara<br />
-, Virada Cultural, Teatro Municipal de Cabo Frio, Centro<br />
Cultural São Paulo, e shows no exterior, com passagens por<br />
festivais de relevância como South by Southwest, Heart of<br />
Texas Rockfest, North by Northeast, Dunk! Festival e Canadian<br />
Music Fest.<br />
Ao longo de 2014, a banda se apresentou em dois grandes<br />
festivais no Brasil; A Música Muda - ao lado dos japoneses<br />
do Mouse on the Keys, Dub Trio e duas atrações<br />
brasileiras - e o Overload Music Fest, dividindo o palco com<br />
o grande nome do pós-rock europeu God Is An Astronaut,<br />
Alcest e mais duas bandas internacionais. Labirinto ainda<br />
realizou shows com o projeto solo Syndrome, do guitarrista<br />
do Amenra, em sua vinda ao Brasil, e também viajou para<br />
Belo Horizonte, onde realizou um show com ingressos esgotados<br />
no SESC Palladium. A banda encerrou o ano com<br />
o anúncio do início das gravações do próximo álbum e da<br />
próxima turnê internacional.<br />
Contatos<br />
www.facebook.com/labirintoband<br />
www.labirinto.bandcamp.com<br />
www.labirinto.mus.br<br />
Dissenso - email@dissensorecords.com<br />
Telefone - (11) 7755-9563<br />
46 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Arte<br />
Fotografia<br />
Design Gráfico e Digital<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 47
RRock Report<br />
Por: Leonardo Moraes<br />
Mesmo que na década de 1940 a palavra GENOCIDIO não tivesse<br />
sido criada, seria impossível batizar de outra forma o<br />
grupo formado nos anos 80 por Wanderley Perna (Guitarra) e Marcão<br />
(Baixo e Vocal), pois a sonoridade criada pela dupla – acrescida<br />
à época por Zé Galinha (Bateria) – já poderia figurar na trilha sonora<br />
do Armagedom. Para a nossa sorte a música e integridade deles<br />
continua intacta mesmo após tanto tempo e diversas mudanças na<br />
formação. Os shows começaram pouco após os primeiros ensaios,<br />
inicialmente em São Paulo e imediações. Não demorou a assinarem<br />
com o selo Ultra Violence para o registro de seu primeiro EP, batizado<br />
com o nome do grupo, seguido de uma expressiva discografia<br />
com álbuns relevantes.<br />
O seu mais recente trabalho In Love With Hatred sairá em versão<br />
CD pela Urubuz Records dia 25 de novembro. O Genocidio,<br />
inovador nato, está apaixonado pela raiva, e é por ela que se expressará<br />
daqui em diante. Confiram o bate papo com a banda.<br />
URR: O álbum Hoctaedrom virou uma espécie de referência<br />
entre os fãs quando se fala na banda Genocídio. Até que ponto<br />
isso incomoda vocês?<br />
Murillo Leite: O Hoctaedrom é o nosso terceiro álbum e o fato<br />
de ele ser referência não nos incomoda de jeito nenhum, pelo contrário,<br />
nos orgulhamos muito de ter gravado esse álbum, pois foi<br />
nele que o Genocídio definiu seu estilo, mesclando Death Metal<br />
com elementos de música gótica. Além disso, foi o primeiro registro<br />
da banda como quarteto e particularmente tenho um apreço<br />
especial por este trabalho, pelo fato de ter sido o primeiro disco que<br />
gravei na vida.<br />
URR: O álbum Rebellion de 2001 foi relançado no ano passado<br />
pela Mafer Records em LP, gostaria que você comentasse<br />
o porque da escolha desse álbum para o relançamento e se você<br />
acha que na época do lançamento original ele não teve uma grande<br />
repercussão?<br />
Wanderley Perna: Foi uma escolha da Mafer Records. O fato<br />
do álbum não ter sido divulgado na época e logo ficou fora de catálogo,<br />
pelo fato da banda ter parado logo após o lançamento, ajudou<br />
bastante na escolha, pois é um disco que os fãs procuram bastante!<br />
URR: O Genocídio nunca tocou fora do país nesses anos todos<br />
de estrada, o que você acha que está faltando para isso acontecer?<br />
Wanderley Perna: Tivemos alguns convites, mas nada concretizado,<br />
hoje temos que pensar duas vezes antes de aceitar, temos<br />
trabalho, família, e precisa ser bem feito, tocar por tocar apenas não<br />
é compensador!<br />
Murillo Leite: O que está faltando? Hum... Talvez um convite<br />
(risos). Falando sério, creio que em breve faremos shows fora do<br />
Brasil, pois há contatos sendo realizados e estamos ansiosos para<br />
que uma oportunidade como esta aconteça para o Genocídio.<br />
URR: Sobre o ultimo álbum do grupo In Love With Hatred,<br />
você consideraria o trabalho mais Death Metal do Genocídio?<br />
Murillo Leite: Difícil falar se é o mais Death Metal, que ele contém<br />
muita pegada desse estilo é inegável, mas temos que considerar<br />
que nosso primeiro EP, Hoctaedrom e Rebellion são fortemente calcados<br />
no Death Metal, ainda que cada um deles encaixado em seu<br />
devido contexto de época e formação.<br />
Wanderley Perna: É um disco mais agressivo que o anterior sem<br />
dúvida, mas não diria que é o disco mais Death Metal do Genocídio.<br />
Rafael Orsi: Talvez por ter menos elementos de Doom/Gothic<br />
dê essa impressão.<br />
URR: Ainda sobre In Love withHatred, como foi que rolaram<br />
as participações de Manu Joker (ex-Sarcofago) na faixa “I Deny”<br />
48 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
e de Vitor Rodrigues (Voodoopriest) na faixa “Unseendeath”?<br />
Murillo Leite: Ambas as participações somaram muito às composições<br />
em que foram inseridas, o Manu por ser um amigo de muito<br />
tempo e que fez parte de uma importantíssima banda brasileira, o<br />
Sarcófago. O dueto de “I Deny” ficou muito interessante, com muito<br />
punch! O Vitinho foi um escolha óbvia pelo alcance vocal que<br />
possui, ele gravou diversos tipos de vozes para serem sobrepostas<br />
e o resultado comprova a versatilidade que ele imprimiu à música.<br />
URR: O Genocídio sempre fez versões fantásticas de outras<br />
bandas que influenciaram o grupo nos álbuns anteriores, dessa<br />
vez a banda escolhida foi Mercyful Fate para o último álbum.<br />
Comente sobre a escolha de “Come to the Sabbath”.<br />
Wanderley Perna: Essa é a parte mais difícil nas gravações do Genocídio,<br />
qual banda faremos uma versão? Sentimos que o momento era<br />
tocar Mercyful Fate, fazer uma homenagem ao mestre King Diamond!<br />
Murillo Leite: Mercyful Fate é um ponto comum entre todos os<br />
integrantes da banda, somos muito fãs e fomos influenciados por<br />
eles, então, quando surgiu a ideia de tocarmos “Come to the Sabbath”<br />
veio junto uma grande responsabilidade para fazermos uma<br />
versão que mantivesse o esqueleto original da música e ao mesmo<br />
tempo trouxesse a característica do Genocídio. Em minha opinião,<br />
conseguimos nosso objetivo e a aceitação foi excelente, tanto nos<br />
shows como nas visualizações do clipe via Youtube.<br />
URR: Quais diferenças que você pontuaria entre os álbuns In<br />
Love with Hatred e o anterior The Clan?<br />
Murillo Leite: Não conseguiríamos fazer In Love With Hatred<br />
sem termos feito The Clan, foi uma sequência natural. Tivemos o<br />
mesmo produtor em ambos os álbuns, porém, compomos e gravamos<br />
de maneira diferente. A sonoridade de In Love With Hatred é<br />
mais baseada no Death Metal enquanto The Clan eu enxergo como<br />
um disco de Heavy Metal, apesar das diversas nuances sonoras que<br />
este álbum apresentou.<br />
Rafael Orsi: In Love With Hatred definitivamente é mais direto,<br />
não que seja menos trabalhado, apenas foi feito de outra forma.<br />
URR: Você consideraria que a formação do Genocídio atualmente<br />
está mais estabilizada se comparada as anteriores?<br />
Murillo Leite: Comparar formações é uma tarefa que não compete<br />
a nós da banda, pois cada uma teve sua importância dentro da<br />
época em que esteve ativa, mas seguramente esta formação está<br />
entre as melhores que tivemos, seja por talentos individuais bem<br />
como por entrosamento musical e pessoal.<br />
Rafael Orsi: Acredito que todos estão dando seu melhor nessa<br />
formação, apesar de eu participar apenas dessa, temos orgulho de<br />
tudo que estamos fazendo nos shows e no disco.<br />
URR: Uma pergunta que eu sempre faço para as bandas nacionais<br />
e que não deve faltar é como você vê a cena metal brasileira<br />
atualmente, englobando ai ofertas de shows, gravadoras,<br />
reconhecimento<br />
Murillo Leite: Do ponto de vista de bandas a safra está excelente,<br />
temos bandas de mais de três décadas ainda ativas, fazendo obras<br />
pertinentes e temos também uma leva mais recente que faz jus à história<br />
do Metal brasileiro. Com relação às gravadoras nossa relação<br />
com elas sempre foi limitada, portanto se mudou algo durante esses<br />
anos não sentiríamos o impacto. Em termos de shows temos o fato<br />
de bandas estrangeiras estarem tocando frequentemente no Brasil<br />
e isso pode ser positivo ou negativo. Para nós, tocarmos com essa<br />
infra é excelente, atingimos um número maior de pessoas e nosso<br />
merchandise gera um retorno maior. Os locais onde a música autoral<br />
é praticada precisam passar por uma reciclagem para oferecer ao<br />
público e às bandas mais qualidade no evento. Finalmente, sobre o<br />
reconhecimento tenho a dizer que é extremamente importante ter o<br />
feedback das pessoas sobre o trabalho, ainda mais quando ele é elogioso...de<br />
todos os aspectos da cena este é o mais recompensador.<br />
Wanderley Perna: Muita coisa mudou deste os primeiros anos<br />
da banda, hoje temos a comodidade da internet para divulgar o trabalho<br />
da banda, temos muitos shows gringos nos quais as bandas<br />
nacionais estão tendo uma oportunidade de tocar e assim continuar<br />
mostrando seu trabalho, as pessoas só precisam entender que a cena<br />
metal nacional sempre existiu, mesmo antes do Brasil ser rota de<br />
tour das bandas europeias e americanas.<br />
Rafael Orsi: Temos boas ofertas de show fora da capital, e acredito<br />
que em pouco tempo, será fora das capitais que a cena realmente<br />
pagará fogo! Faltando apenas investir em infraestrutura para termos<br />
condições de mostrar nossa música do jeito que gostaríamos.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 49
RRock Report<br />
Por: JP Carvalho<br />
Metalizer iniciou suas atividades na cidade de Nova<br />
A odessa (SP), no começo de 2004 e a banda entra em estúdio<br />
em junho/julho de 2005 para gravar sua primeira demo<br />
Electric homicide. A banda segue compondo e fazendo shows<br />
até o final de 2006, quando entram em estúdio novamente<br />
para gravar uma nova demo. Esse novo trabalho agora é lançado<br />
sob o nome de Weapons of Metalization,como uma homenagem<br />
a persistência, a superação e ao apoio de pessoas.<br />
Após uma sucessão de mudanças de formação, estabilizou<br />
o line-ip com Sandro Maués - Vocal, Douglas Lima - Guitarra,<br />
Nilao - Baixo e Thiago Agressor - Bateria e Vocal.<br />
Em junho de 2012 a banda entra em estúdio para gravar<br />
seu novo trabalho. Weapons of Metalization foi bem recebido<br />
pelo publico na época e rendeu uma boa repercussão para<br />
a banda, boas resenhas, entrevistas e rendeu apresentações<br />
da banda por São Paulo e interior, com diversas bandas do<br />
Underground paulistano e do restante do País. Atualmente a<br />
banda esta em trabalho de divulgação de seu debut intitulado<br />
The Thrashing Force conta com nove petardos, sendo que<br />
algumas são regravações de faixas ja registradas nas demos<br />
anteriores e foi lançado de forma independente.<br />
https://soundcloud.com/metalizer-thrash<br />
Conversamos com a banda num bate papo rápido e descontraído<br />
que você confere a seguir<br />
Underground Rock Report: Olá, para começar, nos fale<br />
como foi o início do Metalizer?<br />
Thiago Cruz: Olá, antes de tudo quero agradecer a Underground<br />
Rock Report pelo espaço cedido ao Metalizer e<br />
aos leitores por estarem dando um pouco de sua atenção ao<br />
nosso trabalho. Bom o Metalizer propriamente dito surgiu em<br />
2004, mas desde meados dos ano 90 eu sonhava em ter uma<br />
banda de Thrash, somente precisava de um tempo pra aprender<br />
algum instrumento musical e encontrar alguns amigos pra<br />
formar uma banda. Tudo levou um tempo mas o Metalizer<br />
surgiu comigo, o primeiro guitarrista Leandro Psicopata, Carlão<br />
no baixo. Ai o Carlão se mudou da cidade, e eu fui para<br />
o baixo e chamamos o Mateus pro vocal e o Luciano “Lars”<br />
Completou a formação na batera. O Mateus logo saiu e eu<br />
fiquei no baixo e vocal, e essa formação gravou a primeira<br />
demo: Electric Homicide (2005).<br />
URR: Porque houveram tantas trocas de formação ao<br />
longo dos anos?<br />
Thiago: Por diversas razões, cada caso é um caso. Uma<br />
mudança chave foi quando o Douglas substituiu o Leandro<br />
na guitarra, ele disse que não tava mais afim de tocar Thrash,<br />
mas acho que as ideias de composição entre mim e ele não<br />
estavam muito sintonizadas, mas enfim, o Douglas entrou em<br />
2005 e já vai fazer 10 anos de banda, então acredito que aca-<br />
50 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
ou dando mais do que certo (risos). Outra perca que atrasou<br />
muito o lado foi quando o Luciano saiu da batera, ele é um<br />
grande brother e um batera muito inteligente, mas teve complicações<br />
com o tempo, trampo, família e etc. Foi difícil achar<br />
outro batera, tivemos o Erik e o Tiaguinho, ambos legais e<br />
bons bateristas, mas não estavam tão afim de tocar Thrash<br />
Metal, ai como vi que ia ser difícil achar alguém e perderíamos<br />
muito tempo, resolvi aprender tocar essa bagaça, puta<br />
instrumento difícil de conseguir alguém pra tocar (risos). O<br />
Nilão foi na época que eu era ainda baixo e vocal, e estava<br />
me sentindo limitado na hora de colocar o vocal nas músicas<br />
e resolvi chama-lo, pois ele é meu irmão, baixista e desde<br />
sempre deu muita força pra banda. Depois dessa loucura toda<br />
de acontecimentos, me vi na batera e sem conseguir continuar<br />
no vocal, ai precisávamos de alguém, tivemos o Wesley<br />
por 1 ano, mas ele tinha um vocal mais pro Hardcore, Crossover<br />
e tal, e não tava ficando como imaginávamos, acabou<br />
não rolando e pensamos no Sandrão, que sempre cantou mais<br />
Heavy Metal, só que sempre percebi que ele tinha uma boa<br />
dose de agressividade em seu vocal, e que se tentasse fazer<br />
um Thrash rolaria perfeito. Dito e feito, encaixou como uma<br />
luva (risos).<br />
URR: The Thrashing Force recebeu ótimas criticas da<br />
mídia especializada, você acha que este trabalho superou as<br />
suas expectativas?<br />
Thiago: Ficamos muito felizes com a recepção tanto da<br />
mídia especializada, quanto dos bangers que adquiriram o<br />
material e fizeram comentários positivos pra gente, foi muito<br />
foda, mas não por vaidade ou ego, e sim por sabermos de<br />
toda a luta que foi pra manter a banda viva e trabalhando, por<br />
lembrar de quando eu e o Douglas caminhávamos por horas<br />
no fim de semana com baixo e guitarra nas costas pra ir até a<br />
casa do Luciano ensaiar nosso som, pois ele morava em outra<br />
cidade, então enfim, é um trabalho de muito valor pra gente.<br />
URR: Como foram as gravações do debut, e a parceria<br />
entre vocês e Studio Radioative?<br />
Thiago: Foram no mínimo inusitadas (risos). A idéia inicial<br />
era gravar uma demo, ou um EP, com cinco músicas,<br />
separei uma grana para 4 horas de gravação, por que achava<br />
que a banda tinha que fazer alguma coisa, pra compensar o<br />
tempo sem lançar nada. Fomos ao estúdio gravar, eu era um<br />
batera muito iniciante ainda, e resolvemos gravar direto sem<br />
metrônomo e nada do tipo, o Douglas ligou a guitarra e eu<br />
fui tocando com ele. Só que em 1 hora e meia já tínhamos<br />
gravado a bateria desses 5 sons, ai conversamos entre nós e<br />
falamos “pelo andar da carruagem da para gravar todos que<br />
pensávamos pra um debut” e foi o que fizemos, a partir daí<br />
fomos gravando o resto do play. Já havíamos gravado nossas<br />
demos lá, e eu pessoalmente tenho algumas ressalvas quanto<br />
a gravação do disco, mas foi o que deu pra fazer com a grana<br />
que tínhamos no momento e nos abriu muitas portas, então o<br />
saldo foi muito positivo.<br />
Fernando fez a capa do disco Following the Funeral, e a gente<br />
achou excelente. Daí entramos em contato e passamos a ideia<br />
pra ele. Acredito que tenha sido um desafio novo pra ele ter<br />
feito essa capa, pela temática Thrash em si, mas com certeza<br />
ele fez mais um grande trampo. Gostamos muito e ele já fez<br />
também a capa que estará em nosso segundo disco.<br />
URR: Quais as expectativas para um próximo trabalho<br />
de estúdio?<br />
Thiago: São as melhores, o disco já está gravado, e dia 4<br />
de Abril vamos no estúdio terminar a mixagem e masterização.<br />
O nosso segundo álbum se chamará Your Nightmare e<br />
produzimos ele no Estúdio Mix Music na cidade de Amparo,<br />
junto com o Fábio, que também é guitarrista da banda Sangrena.<br />
Um produtor muito profissinal, dedicado e com um<br />
ouvido biônico (risos). Ele nos mandou uma prévia da mix/<br />
master, feita em uma das músicas e gostamos muito e não<br />
vemos a hora de ter nosso play em mãos.<br />
URR: Deixe uma mensagem aos nosso leitores<br />
Thiago: Queria agradecer todos vocês que estão lendo<br />
esta entrevista e doando um pouco do seu tempo ao nosso<br />
trabalho. Queria agradecer mais uma vez ao Underground<br />
Rock Report por esse espaço, é muito valioso pra gente poder<br />
divulgar nosso som aqui. Também queria agradecer ao Alex<br />
Chagas pelo contato e pela força que nos dá com a Black<br />
Legion. Mais uma vez obrigado, quem quiser pode entrar em<br />
contato conosco pelo Email: metalizer_thrash@hotmail.com,<br />
ou pela nossa no Facebook: www.facebook.com/metalizermetal.<br />
Um forte abraço e aguardem novidades.<br />
URR: A capa de The Thrashing Force já nos remete ao<br />
cenário Thrash Metal, e foi elabora pelo artista Fernando<br />
Lima, do Drowned, como foi o contato e a escolha dele para<br />
este trabalho?<br />
Thiago: Foi muito natural, pois o Sandro é baterista do<br />
Zênite (e eu atualmente sou um dos guitarristas também) e o<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 51
RRock Report<br />
Por: Vlademir Gonzales<br />
banda Memest foi formado na cidade Tortosa, na provincia<br />
de Tarragona, Espanha em 2002. Seus mem-<br />
A<br />
bros já vinham de uma trajetoria na cena underground<br />
catalã, sendo alguns inclusive parte remanescente do Human<br />
Waste, banda notoria na cena death local.<br />
Já em 2004 lançam um mini CD , “A wall between our<br />
love and yours”, produzido e editado de forma independente,<br />
por eles mesmos.<br />
E vem algumas mudanças de formação, e a banda se<br />
estabiliza em 2007, adotando um estilo mais agressivo,<br />
primitivo, forte, tendo como principal caracteristica as<br />
bases e sonoridade nas bases do Heavy Metal, com pitadas<br />
de Doom e Stoner.<br />
Em 2009 lançam uma demo, novamente produzida independentemente,<br />
buscando apresentar a cena seu trabalho<br />
e funcionando como um preparativo ao lançamento<br />
de seu primeiro álbum.<br />
“Lucky Dead Man “ sai em 2010. Gravado no Moontower<br />
Studios em Barcelona, com a produçaõ de Javier<br />
Félez e lançado pelo selo Discos Macarras, apresenta um<br />
Heavy Rock vigoroso, pesado, e solidificou a presença<br />
do Memest na cena Underground espanhola, levando-os<br />
a dividir os palcos com bandas da cena local, alem de<br />
americanas e portuguesas, como Santo Rostro, Cementerio,<br />
Looking for a An Answer, Windhand , Pilgrim e<br />
Miss Lava.<br />
Apos um período de quatro anos lançam em 2014, “<br />
Bastards and Liars”. Gravado no AXTudios de Barcelona<br />
, contando com a grande produção de Óscar ‘AX’ David,<br />
“Bastards and Liars” mantem a veia Rock/Heavy Metal/<br />
Stoner apresentanda anteriormente, com peso, agressividade,<br />
sonoridade setentista aliada a produção moderna e<br />
muita personalidade.<br />
Conversamos com Anselm , baixista do Memest, para<br />
entender um pouco mais sobre o processo de produção de<br />
“Bastards and Liars”, a historia e trajetoria da banda no<br />
decorrer destes anos e a cena na Espanha. Confira como<br />
foi essa conversa com estes hermanos do outro lado do<br />
Atlantico. Com voces Memest.<br />
Underground Rock Report: Sejam benvindos a Underground<br />
Rock Report. Antes de tudo, meus parabéns<br />
pelo seu trabalho. Para quem não conhece o Memest<br />
poderiam se apresentar?<br />
Anselm Horta: Olá, muito obrigado por suas felici-<br />
52 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
tações. Aqui Anselm, o baixista da banda. Em Memest<br />
somos Carlos Matheu (vocal e guitarra), Jaume Estupiña<br />
(guitarra), Daniel Audi (bateria) e eu. A nossa onda se<br />
enquadra no rock pesado dos anos 70, nós bebemos dos<br />
ancestrais do gênero, mas com um som e produção contemporâneos.<br />
URR: O Memest esta ai desde 2002 e teve suas origens<br />
no Human Waste, banda representativa no cenário<br />
Death Metal espanhol. Hoje o Memest, apresenta<br />
um som pesado, agressivo, raivoso e muito Rock´n roll<br />
. Como vocês analisam as mudanças ocorridas desde<br />
seu inicio ate o momento? Foi um processo natural que<br />
transcorreu ao longo do tempo?<br />
Anselm: Eu não fazia parte do tempo do Human Waste,<br />
ainda assim, te respondo. Human Waste foi evoluindo<br />
em sua carreira, a um tal ponto que eram grandes as diferenças<br />
entre o seu último trabalho e o estilo de sua criação.<br />
A Human Waste esteve um par de anos totalmente<br />
inativo, e então retornando para retomar ensaios e objetivos<br />
musicais, tanto Charles e Daniel (ambos fundadores<br />
da Human Waste), consideraram que o estilo pouco tinha<br />
a ver com o que Human Waste havia sido, dai a razão pela<br />
qual eles decidiram diferenciar claramente uma banda da<br />
outra banda, renomeando, adicionando novos membros<br />
para o projeto, daí surgiu a Memest em 2002. A mudança<br />
de um projeto para outro não foi premeditado, apenas<br />
aconteceu, naturalmente.<br />
URR: O que a musica representa em suas vidas?<br />
Anselm: Os quatro membros da Memest são muito<br />
diferentes entre si, em termos de personalidade. Vamos<br />
dizer que a música é o elo comum que nos une! Vivemos<br />
e sentimos o Rock e Metal, desde sua vertente mais clássica,<br />
ate os sons mais imundos, macabros e extremas.<br />
URR: Noto algumas diferenças entre o seu primeiro<br />
álbum Lucky Dead Man e o ultimo Bastards and Liars.<br />
No primeiro percebe-se certa urgência, aliado a agressividade,<br />
algo típico em bandas hardcore. Já no segundo,<br />
a agressividade esta presente, porém a sonoridade é<br />
mais rocker, mais fluida e pesada. Este processo se deu<br />
de forma natural ou era algo que a banda já buscava?<br />
Anselm: No Memest sofremos de transtorno de dupla<br />
personalidade, para colocarmos de alguma forma (risos).<br />
Passamos de escrever temas Rock`n Roll primitivo e rasgado<br />
a la Motörhead, e logo em seguida, mergulhamos<br />
nos terrenos pantanosos do Metal primitivo com ritmos<br />
lentos, que emanam dos primeiros do Black Sabbath. Em<br />
nosso primeiro trabalho, a veia mais rápida talvez esteja<br />
mais presente: em geral, temas curtos, diretos, com uma<br />
clara base de Rock´n Roll e um som mais garagem-Punk.<br />
Bastards and Liars também tem ambas as extremidades,<br />
ainda assim, depois de ouvir o álbum como um todo,<br />
o sentimento não é de tanta selvageria e urgência, podemos<br />
constatar que as músicas são mais pensadas e trabalhadas.<br />
O álbum se identifica mais como um disco de<br />
Heavy Metal das antigas do que com esta veia hardcore<br />
punk que comentou.<br />
URR: Há diferenças sensíveis na produção de seus<br />
dois álbuns. Gosto muito de Lucky Dead Man, mas Bastards<br />
and Liars soa para mim muito mais claro, nítido<br />
e alto. Como foi o processo de produção e composição<br />
deste álbum? Alguma técnica especifica em mixagem e<br />
gravação?<br />
Anselm: Depois de editar Lucky Dead Man em 2010,<br />
percebemos que havia muitos aspectos a melhorar; um,<br />
muito importante e básico era a produção do disco. Os<br />
temas do nosso novo álbum, Bastards and Liars, têm mais<br />
profundidade, mais nuances, estão mais amadurecidos,<br />
tanto a nível de composição, como de vozes e coros. Talvez<br />
em Lucky Dead Man se perceba mais espontaneidade<br />
e crueza, como eu comentei na pergunta anterior, mas<br />
pelo nosso conhecimento hoje, talvez falte alguma precisão,<br />
definição e som equilibrado. Focarmos neste aspecto<br />
tem sido um objetivo consciente e acreditamos que bem<br />
sucedido. A nível de composição, a forma de trabalhar<br />
os temas foi a mesma que no álbum anterior, mas temos<br />
feito com mais calma, sem pressa. Porra, tivemos quatro<br />
anos! Em termos de produção, é verdade que, desta vez,<br />
como uma banda, tenhamos tido mais preocupação com o<br />
resultado final e nós aproveitamos de que Carlos viva em<br />
Barcelona e esta relativamente próximo ao estúdio para<br />
acompanhar mais de perto os detalhes da mixagem, masterização,<br />
som, etc. Oscar “AX” David, o guru do AXTudios,<br />
foi muito paciente conosco e com nossas manias,<br />
até encontrar o som e o equilibrio que esperávamos. Nós<br />
sabíamos onde queríamos ir e não nos preocupava ter que<br />
retroceder para voltar a avançar na direção certa se não<br />
estivéssemos seguros com o resultado obtido.<br />
URR: Quais reações tem obtido, após o lançamento<br />
deste ultimo trabalho?<br />
Anselm: As resenhas que vieram a nós têm sido muito<br />
positivas, tanto as que foram feitas em fóruns e publicações<br />
espanholas como os que nos vêm de fora das<br />
nossas fronteiras. Muitos foram aqueles que avaliaram<br />
posititivamente a melhoria em termos de produção e de<br />
som que tem Bastards and Liars em comparação com o<br />
seu antecessor.<br />
URR: Quais suas principais influencias? Pelo que<br />
ouvimos em Bastards and Liars, Stoner, Doom, Hardcore,<br />
Rock’n Roll e evidentemente Motorhead, Black Sabbath<br />
estão ai. Mas além deles, o que ouvem? O que os<br />
emociona musicalmente?<br />
Anselm: No Memest ouvimos bandas de todo o espectro<br />
de Hard Rock e Metal, e em todas as suas variantes.<br />
Há muitos anos somos metalheads, e, em algum momento<br />
ou outro seguimos bandas muito diferentes. Obviamente,<br />
como já discutido, Sabbath e Motorhead estão presentes,<br />
e os primórdios do AC/DC, Maiden, Priest, Saint Vituse<br />
também Rainbow. Mas o Thrash e o Death Metal primitivos<br />
também deixaram sua marca no nosso subconsciente<br />
através de bandas como Morbid Angel, Slayer, Entombed,<br />
Dismember, Kreator, Exodus. É complicado orientar<br />
a resposta em uma só direção! No meu caso particular,<br />
por exemplo, algumas compras recentes que fiz foram<br />
materiais do Katatonia, Bathory, Pentagram, Godflesh ou<br />
Darkthrone. A priori, essas bandas têm muito pouco a ver<br />
com Memest, não é? É um mistério.<br />
URR: Ainda pensando nas composição , letras, o que<br />
os inspira? E qual o primeiro passo para uma musica<br />
nova do Memest?<br />
Anselm: A maioria das letras giram em torno de um<br />
mesmo conceito, muito ligado à solidão, a falta de ajuste,<br />
aos falsos dogmas. O que nos leva a mais miserável das<br />
existências. São letras pouco explícitas, mais muito metafóricas.<br />
Começamos com alguns riffs que vêm à mente<br />
e esmagam nossos cérebros até que os capturemos nas<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 53
guitarras e os libertamos de nossas mentes, deixando-os<br />
fluir. Às vezes, Carlos vem com alguma melodia cantada<br />
e gravada em seu celular e nos baseamos nela para compor<br />
uma nova canção (risos). Eu acho que em seu celular,<br />
podem já estar gravados os próximos dois ou três álbuns<br />
do Memest!<br />
URR: Gostei muito da foto da contracapa. Para mim<br />
é bastante evidente a referencia que vocês fizeram. Foi<br />
uma homenagem, um toque de humor ou ambos?<br />
Anselm: Tinhamos bem claro que queríamos uma contracapa<br />
diferente das atuais. Ocorreu-nos a idéia de tomar<br />
como referencia a contracapa de “Reign In Blood ‘ do<br />
Slayer, um disco para nós, clássico e que cultuamos. Nós<br />
pensamos que seria uma boa homenagem, obviamente,<br />
com humor, como você bem disse, a uma das maiores<br />
influências do Metal extremo. A foto ficou muito boa e<br />
decidimos aproveitar para fazer nossa versão livre, com<br />
o sabor dos back-covers dos anos 80.<br />
URR: Como vocês veem a indústria musical hoje em dia?<br />
Anselm: Vemo-la com desconfiança, há muitas bandas<br />
boas, a internet desempenha um grande papel: a qualquer<br />
momento podes ouvir o que você quiser com apenas<br />
um clique. Ainda assim, acreditamos que muitas bandas<br />
baseiam a sua proposta em uma grande qualidade técnica<br />
ou numa imagem de banda comercial, mas achamos,<br />
sinceramente, que há pobreza de alma e gênio ruim nisso.<br />
Antigamente, para ter acesso a bandas underground,<br />
era muito complexo se você não vivesse em uma cidade<br />
grande, onde havia uma loja especializada. Ou tinha que<br />
comprar a partir de um catálogo, ou obter os vinis por<br />
importação. E com todas essas facilidades e campanhas<br />
de marketing, acreditamos que hoje não se valorize tanto<br />
o acesso a boas bandas. É uma vergonha!<br />
URR: O que podem dizer nos sobre o cenário Underground<br />
na Espanha ? Há um nicho especifico, ou<br />
nichos de acordo com as regiões do pais? Espaço para<br />
shows, rádios, clubes, etc?<br />
Anselm: A cena underground em Espanha é principalmente<br />
centralizada em três áreas: Madrid, Barcelona e<br />
Euskalherria. Fora deste triângulo, uma programação de<br />
shows de bandas underground é bastante escassa, não há<br />
nenhum circuito consolidado.<br />
URR: E shows? Como tem sido após o ultimo lançamento?<br />
Planos para shows fora da Europa? Quem sabe Brasil?<br />
Anselm: No momento, estamos apresentado o álbum<br />
ao vivo, nacionalmente. Fizemo-lo em novembro em casa<br />
em Tortosa, e mais tarde, no País Basco, especificamente<br />
em Gorliz e Gasteiz. Em janeiro, Valência, em conjunto<br />
com os nossos irmãos de selo Santo Rostro e esperamos<br />
fechar novas datas para Madrid, Lleida e Tarragona em<br />
breve. Quanto a sair fora, por enquanto não recebemos<br />
muitas propostas. Algum comentário feito a nos através<br />
do facebook, em plano, “por que não vêm para tocar?”<br />
A vontade existe, mas o problema são sempre os custos.<br />
URR: Como vocês veem o papel das bandas, assessorias,<br />
blogs, revistas, pages através das redes sociais e<br />
internet atualmente ? Consideram valido para a divulgação,<br />
promoção dos trabalhos?<br />
Anselm: Vemos como o mais correto. Você pode ouvir o<br />
que quiser na net e obter todas as informações disponíveis<br />
sobre as bandas. Nós pensamos que a internet favorece a<br />
propagação da cena underground. Prova disso é que, do nosso<br />
bandcamp (www.thememest.bandcamp.com) pode baixar<br />
gratuitamente o nosso primeiro trabalho, “Lucky Dead<br />
Man” na íntegra. Você também pode ouvir as novas músicas<br />
via streaming ou comprar o download digital de “Bastards<br />
and Liars” por apenas 3 euros. Nós pensamos que é melhor<br />
que a banda lhe ofereça a opção de baixar as suas gravações<br />
com a maior qualidade possível.<br />
URR: O que conhecem sobre o Brasil e o cenário<br />
Underground daqui ? Gostam de alguma banda brasileira?<br />
Anselm: Nós não sabemos muito do atual cenário brasileiro,<br />
desculpe. Nossas influências brasileiras já são de<br />
alguns anos atrás, Sepultura, Sarcófago ou Ratos de Porão,<br />
para citar algumas bandas.<br />
URR: Muito obrigado por sua disponibilidade e atenção.<br />
Gostaria de desejar tudo de bom para o Memest . Algum<br />
recado para os leitores do Underground Rock Report ?<br />
Anselm: Apenas agradecer seu interesse e lembrá-<br />
-los que pode contatar-nosiretamente através do nosso<br />
facebook (www.facebook.com/memest). Somos pessoas<br />
compreensivas e responderemos a todos que nos escrevem.<br />
Stay Macarra!<br />
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