os tempos do sujeito do inconsciente - Internationale des Forums
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V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCL1OS TEMPOS DO SUJEITO DO INCONSCIENTEA psicanálise no seu tempo e o tempo na psicanálise05 e 06 de julho de 2008São Paulo ▪ BrasilANAIS DO ENCONTROANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
2ÍNDICEAPRESENTAÇÃOActualitéColette Soler .................................................................. 06▪ PRELIMINARES1. Os temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>Dominique Fingermann ................................................. 092. Do tempoDaniela Scheinkman Chatelard ..................................... 103. Agora n<strong>os</strong>so tempoRamon Miralpeix .......................................................... 124. Em prelúdioBernard Nomine ............................................................ 145. Perante o sintoma to<strong>do</strong> relógio é moleAntonio Quinet ............................................................. 156. La transferencia es la intromisión del tiempode saber en el <strong>inconsciente</strong>Lydia Gómez Musso ..................................................... 177. El manejo del tiempoGabriel Lombardi .......................................................... 198. L’évasif de l’inconscient et la certitude duparlêtreMarc Strauss ................................................................. 219. A psicanálise em seu tempoChristian Dunker. .................................................... p. 2310. L’inconscient e(s)t le tempsSidi Askofaré ............................................................ p. 2511. Temps: Logique et SentimentSol Aparício .............................................................. p. 2712. El tiempo del AnalistaAna Martinez ........................................................... p. 2913. Après-coupGuy Clastres ............................................................. p. 31▪ PLENÁRIAS1. O TEMPO NA ANÁLISEO “tempo” de uma análiseDominique Fingermann ................................................. 33Le “tempo” d’une analyseDominique Fingermann ................................................. 36La prisa y la salidaLuis Izcovich ................................................................. 40La cita y el encuentroGabriel Lombardi .......................................................... 462. O TEMPO DO ATORepetir, rememorar e decidir: a análise entre oinstante da fantasia e o momento <strong>do</strong> atoAna Laura Prates ......................................................... 51Repetir, recordar y decidir: el análisis entre elinstante del fantasma y el momento del actoAna Laura Prates ......................................................... 56Le temps du désir, les temps de l’interprétation, letemps de l’acteMarc Strauss ................................................................. 613. O TEMPO QUE FALTA (Il faut letemps)O tempo de LaiusarAntonio Quinet ............................................................. 65Le temps, pas logiqueColette Soler ................................................................... 694. EFEITOS DO TEMPOLe temps: um objet logiqueBernard Nominé ............................................................ 73Tempo e entropiaSonia Alberti ................................................................. 775. O TEMPO E O SUJEITOL’etoffe du zero - La topologie et le tempsFrançoise J<strong>os</strong>selin ........................................................... 84Tu/er le tempsMartine Menès .............................................................. 876. TEMPO ATUALIZADOEl sin tiempo de la histeria hipermodernaCarmen Gallano ............................................................ 91La liberté ou le tempsMario Binasco ............................................................... 95ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
37. OS TEMPOS DO INCONSCIENTEL’inconscient: travailleur idéalMaria Vitória Bittencourt ............................................. 101Modulação pulsional <strong>do</strong> tempoAngélia Teixeira ............................................................ 105El aburrimiento, uma forma del tiempoSilvia Migdalek ............................................................. 1098. TEMPORALIDADES PLURAISImmortalityLeonar<strong>do</strong> Rodriguez ....................................................... 113Temps logique et temps arrêté, incidencescliniquesJean-Jacques Gorog ........................................................ 1179. O TEMPO DA NEUROSEUm tempo de espera para o obsessivoAndréa Brunetto ............................................................ 121O tempo da histeria e o fora <strong>do</strong> tempo da “nãotoda”Elizabeth Rocha Miranda ............................................... 124MESAS SIMULTÂNEASO tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoO uso diagnóstico <strong>do</strong> tempo em PsicanáliseChristian Dunker ........................................................ 128O futuro anterior na experiência psicanalíticaSonia Magalhães ......................................................... 132O tempo da entradaGonçalo Galvão ........................................................... 136Os temp<strong>os</strong> de uma práxisRonal<strong>do</strong> Torres .............................................................140L<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> verbales del sujetoPerla Wasserman ..........................................................143A pesar del tiempoTrinidad Sanchez-Biezma de Lander ............................146Subjetivar la muerte: una apuesta a la vidaFlorencia Farias .......................................................... 150O inessencial <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saberSilvia Fontes Franco .................................................... 153O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoAlba Abreu ................................................................ 157O tempo lógico e a duração da sessão analíticaDelma Gonçalves ......................................................... 161Tempo e estruturaEspaço e tempo na experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>Clarice Gatto ............................................................... 165Um novo tempo para o <strong>sujeito</strong> que se dá a partir<strong>do</strong> enfrentamento <strong>do</strong> real existente no interval<strong>os</strong>ignificanteRobson Mello ............................................................... 170Tempo e sintomaAndréa Fernan<strong>des</strong> ....................................................... 173Le pâtir et le bâtir du tempsDiego Mautino ............................................................ 176"Smut" freudiano e a-temporalidade no chisteMaria Teresa Lem<strong>os</strong> .................................................... 179Freud e Lacan – Caminh<strong>os</strong> na rede <strong>des</strong>ignificantesGláucia Nagem ........................................................... 182Do significante que faz tempoPaulo Rona ................................................................. 185Se hâter de l'acte ou dresser constat?Matilde Hurlin-Uribe .................................................. 188A lógica temporal de Charles Peirce: A(<strong>des</strong>)continuidade na clínica psicanalíticaElisabeth Saporiti ........................................................ 192Modalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempoEl tiempo, la discontinuidad y el corteGabriela Haldemann ................................................. 196O tempo de constituição da inibiçãoGloria Justo Martins .................................................. 199O tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> na psicanálise:considerações sobre o objeto e a nominaçãoDaniela Scheinkman Chatelard ................................... 202ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
4Consideraciones sobre el instanteCristina Toro ............................................................... 205Da filiação à nobre bastardia: linhagem real <strong>do</strong><strong>des</strong>ejoBárbara Guatim<strong>os</strong>im ................................................... 208Tempo, repetição no final de análiseÂngela Diniz C<strong>os</strong>ta .................................................... 214Le temps du deuil de l’objet aBernard Lapinalie ....................................................... 217Luto e angústia no fim de análiseSandra Berta ............................................................... 222Acerca de la clínica del fin de análisisEnrique Katz .............................................................. 226O tempo real na experiência analíticaEliane Schermann ....................................................... 229O tempo e estruturas clínicasTempo para fazer se homemIda Freitas ................................................................... 232Acerca de la anticipación en la clínicapsicoanalítica lacaniana con niñ<strong>os</strong>Pablo Peusner .............................................................. 235El tiempo del sujeto niño del <strong>inconsciente</strong>Susy Roizin e Ana Guelman ....................................... 238A repetição e o tempo de saberMaria Luisa Rodriguez Sant’Ana .............................. 241Temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e o <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista naclínicaLenita P. Lem<strong>os</strong> Duarte .............................................. 244O tempo de construção da metáfora deliranteGeorgina Cerquise ....................................................... 247El tiempo cíclico de las psic<strong>os</strong>isGladys Mattalia .......................................................... 250Temporalidad del arrepentimientoPatrícia Muñoz ........................................................... 255A perversão e o tempoVera Pollo ................................................................... 258O seppuku de Mishima: a derradeira erotizaçãoda morteMaria Helena Martinho .............................................. 261Como se analisa “hoje” a perversão?Maria Lucia Araujo ................................................... 265A psicanálise no seu tempoFormação <strong>do</strong> psicanalista e transmissão dapsicanálise: qual articulação p<strong>os</strong>sível?Beatriz Oliveira ........................................................... 269Instituciones Psicoanaliticas (?) en la era de laglobalizaciónViviana Gómez ........................................................... 272Duração e profundidade: algumasconsiderações sobre tempo e espaço a partir dapintura renascentistaLuis Guilherme Mola .................................................. 276A eternidade <strong>do</strong> espaço, ou o que podem<strong>os</strong>aprender com a pintura de Francis Bacon?Sonia Xavier de Almeida Borges ................................. 279Inland Empire - El cine de David Lynch comoacontecimiento para el psicoanálisisLaura Salinas ............................................................. 282Tempo e política na clínica psicanalíticaMarcelo Amorim Checchia ........................................... 287A causa final na psicanálise e na arteSilvana Pessoa ............................................................. 290La sucesion de instantes de tiron en el tiempode las compulsionesAlicia Ines Donghi ...................................................... 293Corpo e histeria na contemporaneidade:consideraçõesMichele Cukiert Csillag ............................................... 296Que tempo para o sexo?Luciana Piza ............................................................... 299A psicanálise e o discurso capitalistaA p<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> no laço totalitário <strong>do</strong>capitalismo contemporâneoRaul Albino Pacheco ................................................... 303Capitalismo, Imperio y Subjetividad: elderecho, la guerra y el tiempoMario Uribe ................................................................ 307Temporalidade contemporânea e depressãoMaria Rita Kehl .......................................................... 311O nó <strong>do</strong> tempo n<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> atuais, vicissitu<strong>des</strong>da memóriaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
5Ângela Mucida ............................................................ 315El psicoanálisis aplica<strong>do</strong> en la enseñanzaoriginaria de LacanAníbal Dreyzin ........................................................... 319A brevidade como princípio da eficiência: aspsicoterapias e a clínica <strong>do</strong> ensurdecimentoConra<strong>do</strong> Ram<strong>os</strong> ........................................................... 323Le couple psychiatrie/psychanalyse: du temps<strong>des</strong> amours au temps du divorce ?Jean-Pierre Drapier ...................................................... 326Mañana el campo lacanianoEduar<strong>do</strong> Fernández Sánchez ....................................... 332Há, ainda, tempo para a Psicanálise?Sergio Marinho de Carvalho ........................................ 336Amor y pressura capitalistaJorge Zanghellini .......................................................... 340TRANSVERSAL DO CAMPO LACANIANOO tempo da matéria, <strong>do</strong> ser vivo, <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>Tempo e ser segun<strong>do</strong> a Ontologia de MartinHeideggerJ<strong>os</strong>é Eduar<strong>do</strong> C<strong>os</strong>ta e Silva .......................................... 344O Conceito de Tempo, <strong>do</strong> Misticismo a<strong>os</strong> diasModern<strong>os</strong>Elcio Abdalla .............................................................. 350ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
6ActualitéColette Solerujourd'hui la question duAtemps propre à lapsychanalyse nous revientdu dehors. Le thème nousest ramené par l'actualité dudiscours capitaliste qui dutemps fait une valeurmarchande comme uneautre, liée évidemment aurégime <strong>des</strong> jouissances contemporaines.Grande différence par rapport à Freudaussi bien qu'à Lacan. Au début de lapsychanalyse c'est au sein de la communauté<strong>des</strong> analystes que la durée de la cure a été enquestion et a fait objet de débat. Quand undemi siècle après, Lacan a voulu faire dutemps, non plus une <strong>do</strong>nnée inerte du cadreanalytique, mais une <strong>do</strong>nnée inhérente à larelation de transfert, maniable à ce titre dansla séance, c'est à l'ortho<strong>do</strong>xie Ipéiste qu'il s'estheurté. L'objet de débat était devenu objet delitige, mais dans le petit monde <strong>des</strong> analystes.Pour nous, l'interpellation estre<strong>do</strong>ublée par celle, beaucoup plus puissante,du discours courant. Les médias se sontemparé du thème, qui diffuse dans le public,et qui informe les deman<strong>des</strong> elles-mêmes.Etre écouté longtemps à chaque séance, etguérir vite, pourrait bien être la nouvelleexigence de notre époque. Logique : dès lorsqu'aujourd'hui le temps s'achète et se vend,comment le consommateur pourrait-il ne pasvouloir acheter la jouissance garantie d'untemps de séance, et demander à l'analyste devendre une analyse courte ?Et comment <strong>des</strong> analystes quis'inscrivent sous le signifiant du Champlacanien, comme champ de régulation <strong>des</strong>jouissances, pourraient-ils y être sourds, etcontinuer indéfiniment à laisser dire ?D'autant que le débat interne entre le courantlacanien et Ipéiste n'est pas cl<strong>os</strong>. Et on vérifietous les jours combien ce dernier, du moinsen France, pour flatter l'esprit du temps nerecule pas à faire valoir comme pseu<strong>do</strong>garantie sa séance longue et à durée fixe — etsans plus d'argumentation. De l'autre côté,n'a-t-on pas vu apparaître dans le Champfreudien le thème, non moins démagogique,de la psychanalyse appliquée produisant enfin,après un siècle de vains efforts, "l'analysecourte" ! On voit combien la tentation estgrande pour les politiques de gribouille de sejeter dans les bras du discours contraire, et parcrainte que la psychanalyse ne disparaisse dumarché, de contribuer activement à sa dilutiondans le champ dit psy., <strong>do</strong>nt la cote est enhausse.Notre question est différente. Elle estprise entre les deux écueils, soit deméconnaître que nous avons changé demonde en quelques décennie et d'ignorersuperbement "la subjectivité de notreépoque", soit de céder sur l'offre proprementanalytique au nom de l'adaptation réaliste,alors qu'il s'agirait plutôt de préciser ce qui dutemps dans la psychanalyse, ne peut pasfluctuer en fonction de l'esprit du temps.L'analyse par exemple, peut-elle n'êtrepas toujours longue, puisque sa longueur semesure par rapport à une attente ? Dèsl'époque <strong>des</strong> premières analyses, forts courtesen réalité, quelques mois, ou quelquessemaines, on déplorait déjà sa longueur, Freuden tête, sans <strong>do</strong>ute parce que le modèle deréférence était la consultation médicale.Autre constatation amusante : lespsychanalystes de diverses obédiences, euxqui généralement ne s'accordent sur rien,s'accordent pourtant sur une duréeincompressible de la cure, et pourraientsouscrire pour l'essentiel à la phrase de Lacan"faut le temps". Force leur est, en effet, deconstater que toutes les tentatives pouréconomiser sur la durée, et il y en a eu dansl'histoire de la psychanalyse, ont échouée1.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
7Pour la durée de la séance par contre,depuis que Lacan a touché à ce tabou, la luttefait rage. N'est-ce pas déjà le signe quel'analyste ne se tient pas vraiment pourresponsable de la durée de la cure, tandis quepour le temps de la séance, il sait qu'il y vad'une option, et qui <strong>do</strong>it être fondée…L'inconscient serait-il le recours ? Maisil faudrait d'abord répondre à la question,lancinante tout au long de l'enseignement deLacan et toujours reprise jusqu'au terme :l'inconscient qu'est-ce que c'est ? De fait dansleurs débats historiques sur le temps lesanalystes en ont fait argument, mais sansqu'aucune conclusion ne s'imp<strong>os</strong>e, car onpeut en dire une ch<strong>os</strong>e et son contraire : quel'inconscient ne connaît pas le temps,insistance in<strong>des</strong>tructible, qu'il se manifestepourtant dans une pulsation temporelle qui luiest propre, (le thème est de freudien) quecependant il veut du temps pour se manifesterdans la séance (thème p<strong>os</strong>t freudien) ou qu'aucontraire, travailleur jamais en grève, tout letemps est à lui car il ne connaît pas les mursde la séance (thème lacanien). C'est que laconception que l'on se fait de l'inconscient estsolidaire de celle du temps analytique.La question ouverte par ce thème n'estpas simplement clinique.Une clinique du temps est p<strong>os</strong>sible certes,mais à vrai dire elle n'est plus à faire, car déjàbien balisée par l'enseignement de Lacan.Temps du sujet qui "s'hystorise" tendu entreanticipation et rétroaction : temps propre àchaque structure clinique, qui marque de sonsceau la temporalité universelle du sujet et<strong>do</strong>nt la typicité est déjà l'index d'un réel, selonqu'elles s'hystorisent ou pas ; "temps logique"de production d'une conclusion à partir "dunon su". production <strong>do</strong>nt la durée,incalculable, est propre à chaque analysant, cequi laisse à penser que pour logique qu'il soit,ce temps, il n'est pas "rien que" logique,participant plutôt d'un réel qui se manifestedans la "texture" du temps.Le point crucial de notre thèmeaujourd'hui est cependant ailleurs, pluséthique que clinique : qu'est-ce qu'une analysetoujours longue peut promettre à l'hommepressé de la civilisation ? Des effetsthérapeutiques parfois et même souventrapi<strong>des</strong> ça ne fait pas de <strong>do</strong>ute, contrairementà ce que l'on croit,. Mais au-delà, "le tempsqu'il faut", selon l'expression de Lacan,permet-il de produire un nouveau sujet ?Freud déjà en p<strong>os</strong>ait la question, interrogeantdans "Analyse finie, analyse infinie", au-delàdu thérapeutique, la p<strong>os</strong>sibilité d'un état dusujet qui ne s'atteindrait que par la cure. Maisil s'est arrête sur ce seuil. Non qu'ilméconnaisse que l'analyse produise <strong>des</strong>surprises, mais pour lui, para<strong>do</strong>xalement, ellesne sont pas le signe du neuf, mais au contrairede la retrouvaille, du retour d'un passéinfantile. Dès lors, ce qu'une analyse peutpromettre de mieux, c'est la réconciliation dusujet avec ce qu'il avait rejeté au départ dans lerefoulement, ou l'admission de ce qui n'avaitpas même été symbolisé et qui insistait dans larépétition. D'où l'extraordinaire formulefreudienne, en son ironie : ramener le malheurnévrotique au malheur banal.Dans l'option de Lacan, au contraire,le temps est un p<strong>os</strong>sible vecteur de nouveauté.C'est qu'il ne peut pas être pensé seulementcomme structuré par la dimension symbolicoimaginairequi assure l'immanence du passédans le présent. La question de ce qu'il engagede réel <strong>do</strong>it être p<strong>os</strong>ée, n'en déplaise àEmmanuel Kant, car avant toute promesseanalytique, il faut répondre à la question <strong>des</strong>avoir comment le temps réel d'une curetouche au réel du parlêtre ?ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
8PRELIMINARESANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
9Os temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>Dominique Fingermann“A psicanálise só dará fundament<strong>os</strong> científic<strong>os</strong> à sua teoria, e à sua técnica, ao formalizar adequadamente as dimensões essenciais <strong>des</strong>ua experiência que são juntamente com a teoria histórica <strong>do</strong> símbolo: a lógica intersubjetiva e a temporalidade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>”.Jacques Lacanom Lacan, orientam<strong>os</strong> aCpsicanálise que sustentam<strong>os</strong>na atualidade, segun<strong>do</strong> umalógica temporal coerentecom a temporalidade d<strong>os</strong>ujeito <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.O V EncontroInternacional da IF-EPFCL propõe um tema de trabalho<strong>des</strong><strong>do</strong>bra<strong>do</strong> em três eix<strong>os</strong> interdependentes.Com efeito, o tempo napsicanálise decorre d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong><strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> e, de seu manejo depende aefetividade da psicanálise no seu tempo.Os temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>:Há o tempo que passa:O tempo passa, é claro, irreversível,segun<strong>do</strong> a sucessão <strong>do</strong> antes ao depois, davida à morte.Para o <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, todavia,<strong>des</strong>de sua constituição pelo significante, opresente se passa na antecipação de umfuturo marca<strong>do</strong> por aquilo que <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>não é mais: um “pode ser” delineia-se apartir de um “poderia ter si<strong>do</strong>”. Wo es warsoll Ich werden. Este tempo é escandi<strong>do</strong> pormoment<strong>os</strong> cruciais de báscula, marcan<strong>do</strong> ocorpo na hora da castração.E há um tempo que não passa: a a-temporalidade, que justifica ain<strong>des</strong>trutibilidade <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, como diziaFreud. Neste tempo, pode ocorrer umaoutra lógica que não aquela <strong>do</strong> Cron<strong>os</strong>: a<strong>do</strong> momento oportuno, o Kair<strong>os</strong>.A fita de Moebius que <strong>os</strong>tenta n<strong>os</strong>so cartaz– em <strong>do</strong>is temp<strong>os</strong>, três moviment<strong>os</strong> -m<strong>os</strong>tra esta dupla temporalidade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong><strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Com efeito:“Em qualquerponto em que se esteja <strong>des</strong>sa sup<strong>os</strong>taviagem, a estrutura, isto é, a relação comum certo saber, a estrutura não larga disso.E este <strong>des</strong>ejo é estritamente, durante a vidainteira, sempre o mesmo... esse fam<strong>os</strong>o<strong>des</strong>ejo in<strong>des</strong>trutível que passeia sobre alinha da viagem” .O tempo na psicanálise:A escansão das sessões, sua freqüência, aduração das análises se referem não àtécnica, mas à ética que comanda aoperação da transferência: “relaçãoessencialmente ligada ao tempo e ao seumanejo” . Em busca <strong>do</strong> tempo perdi<strong>do</strong>, aanálise pode proporcionar “fazer-se ao ser”sen<strong>do</strong> que por isso “precisa tempo” (“àl’étant, faut le temps de se faire à l’être ”),isto é, o tempo de achar por ali seu sintoma(sinthome), “pois é somente depois de umlongo <strong>des</strong>vio que pode advir para o <strong>sujeito</strong>o saber de sua rejeição original” .A psicanálise no seu tempo:Esses long<strong>os</strong> <strong>des</strong>vi<strong>os</strong> não estão em alta nacotação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de n<strong>os</strong>so tempo que secompraz em denegrir a psicanálise ( Time ismoney). Todavia, esta resiste - ainda,sempre - ao avesso <strong>do</strong> plano capitalista.Isso não é uma razão para que <strong>os</strong>psicanalistas, mesmo toman<strong>do</strong>-a nacontracorrente, não se envolvam com essaatualidade e seus excess<strong>os</strong> para, a partir <strong>do</strong>campo lacaniano, fazer subir na cotação ohumano e sua letra.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
10Do tempoDaniela Scheinkman Chatelardempo: é preciso. “É precisoTtempo para fazer-se ser”[1].Se é preciso tempo, é porqueuma psicanálise acontece poruma sup<strong>os</strong>ição. Ela consegue“<strong>des</strong>fazer pela palavra o quese fez pela palavra”: é atransmissão de Jacques Lacanem seu seminário “O momento de concluir”.O tempo interroga a psicanálise, o tempo éinterroga<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> psicanalisand<strong>os</strong>, o tempofaz questão para o ser falante, para o ser <strong>do</strong>tempo, para o ser-para-morte (Heidegger).Em As Confissões[2], Santo Ag<strong>os</strong>tinho serefere à experiência vivida, manifestan<strong>do</strong>-seno entrelaçamento da temporalidade entre opassa<strong>do</strong>, o presente e o futuro. Ao interrogarsobre o ser, é no tempo que Heidegger vaibuscar rep<strong>os</strong>tas sobre o Dasein, o “ser-aí”. Oser-aí é situa<strong>do</strong> numa trama temporal: nopassa<strong>do</strong> sob a forma <strong>do</strong> “ser-si<strong>do</strong>”, isto é, amaneira como o Dasein volta ao passa<strong>do</strong>; o“por vir” ou devir, isto é, uma antecipação nopresente num tempo ainda a advir; e, enfim,o “estar em situação”, refere-se ao presente.Tempo é preciso para que a elaboração <strong>do</strong>traumático se constitua numa psicanálise.Tempo que marca uma ruptura no sertemporal e histórico no a-temporal <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong><strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Marca uma ferida e funda otempo <strong>do</strong> traumático na falácia <strong>do</strong> ser. Odasein, como o ser-aí, se faz presente em si.O trabalho <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> traumático é vivi<strong>do</strong>na experiência, está presente no tempoanalítico e é atualiza<strong>do</strong> na transferência.Em term<strong>os</strong> temporais, sabem<strong>os</strong> oquanto é preci<strong>os</strong>o para a psicanálise areferência ao futuro anterior, no só-depois daelaboração simbólica. O tempo paracompreender implica o tempo para apassagem ao simbólico. Assim sen<strong>do</strong>, essaassunção falada de sua história lhe permite“reordenar as contingências passadas dan<strong>do</strong>lheso senti<strong>do</strong> das necessida<strong>des</strong> por vir”[3]. Épreciso tempo! Lacan já n<strong>os</strong> dizia: é precisotempo para se chegar ao momento deconcluir! É preciso tempo para fazer-seser[4], para habituar-se ao ser, é a transmissãode Jacques Lacan em Radiofonia. Essetrabalho de a-parição <strong>do</strong> ser, de parir o ser, éto<strong>do</strong> um processo de Durchabeitung —perlaboração de uma psicanálise. Os divers<strong>os</strong><strong>des</strong>vi<strong>os</strong> e <strong>os</strong> contorn<strong>os</strong> sucessiv<strong>os</strong> n<strong>os</strong> quais aexperiência da talking cure é vivida pel<strong>os</strong>ujeito permitem que ele progrida rumo aoregistro simbólico, realizan<strong>do</strong> pela fala <strong>os</strong>divers<strong>os</strong> remanejament<strong>os</strong> que chegarão aoregistro <strong>do</strong> real em conseqüência <strong>des</strong>seprocesso de Durchabeitung. Lacan já n<strong>os</strong>dizia: é preciso tempo para se chegar aomomento de concluir! Estam<strong>os</strong> falan<strong>do</strong> d<strong>os</strong>urgimento de uma subjetividade que vaiacontecen<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> futuroanterior e a p<strong>os</strong>teriori.Jacques Lacan intitulou o seuantepenúltimo seminário Momento deConcluir e, depois, seu último seminário, Atopologia e o tempo. Ora, são <strong>do</strong>isseminári<strong>os</strong> que não apenas tocam na questão<strong>do</strong> tempo, mas, sobretu<strong>do</strong> demonstra a<strong>os</strong>seus ouvintes e leitores o tempo daquele queelabora e profere estes seminári<strong>os</strong>: o <strong>sujeito</strong>da enunciação que habita o homem Lacancom seu estilo único. Jacques Lacan inaugurao seu Momento de Concluir dizen<strong>do</strong> a<strong>os</strong> seusouvintes: A psicanálise é uma prática. "Umaprática que durará o que ela durará, é umaprática de palavrório" e mais adiante,pr<strong>os</strong>segue: "Isto não impede que a análisetenha conseqüências: ela diz alguma coisa". Oque quer dizer: 'dizer'? 'Dizer' tem algo havercom o tempo. Este tempo que nodula-se aodizer é o tempo necessário para parir o ser;para que algo <strong>do</strong> ser aceda à fala, ao fala-ser.É preciso tempo para que o "<strong>inconsciente</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
11articula-se daquilo que <strong>do</strong> ser vem ao dizer"[5].Podem<strong>os</strong> assim n<strong>os</strong> remeter à clínica,ao <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista. O <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analistaimplica escutar o que o tempo a-p<strong>os</strong>teriorivivi<strong>do</strong> no presente traz como efeitoretroativo da antecipação que traçou o<strong>des</strong>tino <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> a partir da escrita deixadaem seu ser de objeto <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro.Desejo <strong>do</strong> analista a partir <strong>do</strong> qual ele operasua escuta, p<strong>os</strong>sibilitan<strong>do</strong> que a escrita de seuanalisante torne-se, enfim, sua própria escrita,tornan<strong>do</strong> o tempo <strong>do</strong> futuro anterior queantecipara seu <strong>des</strong>tino num momento deconcluir e transforman<strong>do</strong>, assim, essa escritanum traço <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. A locução futuroanterior significa que, num a-p<strong>os</strong>teriori, umsenti<strong>do</strong> é da<strong>do</strong> ao anterior.--------------------------------------------------------NOTAS[1] Lacan. in Radiophonie (1970). In: Scilicet2/3.Paris:Seuil, (1970, p.78).[2] Santo Ag<strong>os</strong>tinho. As confissões. Livro 11, cap.XIV.Tradução de Frederico Ozanam Pessoa deBarr<strong>os</strong>. Rio de Janeiro: Ed. De Ouro, 1970.[3] Lacan. Função e campo da palavra e dalinguagem…, in: Escrit<strong>os</strong>, p. 257.[4] Lacan, J. in Radiophonie, p. 78 in Scilicet 2/3,Seuil, Paris, 1970.[5] LACAN J. Radiophonie en Scilicet 2, p. 79, Seuil,Paris.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
12Ahora, nuestro tiempoRamon Miralpeixon este título quiero ponerCde relieve algo de lo comúnde este tiempo entren<strong>os</strong>otr<strong>os</strong> —en un círculomás amplio l<strong>os</strong>psicoanalistas, y másestrecho, l<strong>os</strong> del campolacaniano. Por otro la<strong>do</strong>,pienso que las preguntasque puedan servir de punto de partida son unbuen preliminar para el debate. Ahí vanalgunas.1.- Hem<strong>os</strong> escucha<strong>do</strong> en muchas ocasionesque hubo un tiempo en que el psicoanálisispu<strong>do</strong> nacer: Freud estuvo allí para que lohiciera, y le dió un lugar, de entrada, entre lasterapias <strong>des</strong>tinadas a curar algun<strong>os</strong> síntomas yenfermeda<strong>des</strong> con l<strong>os</strong> que l<strong>os</strong> demás saberes(psiquiátric<strong>os</strong>) habían topa<strong>do</strong>. Es decir, huboun momento propicio de la historia, ydurante un tiempo el psicoanálisis tuvo elreconocimiento de l<strong>os</strong> saberes entre l<strong>os</strong> quese había ubica<strong>do</strong>, l<strong>os</strong> de la medicina (¿seríamuy <strong>os</strong>a<strong>do</strong> decir que quizás Lacan no sehubiera interesa<strong>do</strong> por el psicoanálisis comolo hizo, y por tanto ni tan siquierahablaríam<strong>os</strong> de campo lacaniano, de no habersi<strong>do</strong> psiquiatra?). Si aun hay un vínculo entrela psiquiatría, la psicología y el psicoanálisis,éste es bastante distinto a lo que era hacecincuenta añ<strong>os</strong>: ¿dónde están aquellaspsiquiatría y psicología que bebían delpsicoanálisis? Dem<strong>os</strong> por hecho que l<strong>os</strong>psicoanalistas estam<strong>os</strong> empeñad<strong>os</strong> ens<strong>os</strong>tener el psicoanálisis, en su particularidad,como uno más entre l<strong>os</strong> saberes que se<strong>des</strong>arrollan actualmente, pues sabem<strong>os</strong> que,con la excepción de algun<strong>os</strong> camp<strong>os</strong> de lamatemática, cada saber necesita de l<strong>os</strong> otr<strong>os</strong>para poder constituir una red en la ques<strong>os</strong>tenerse y <strong>des</strong>arrollarse. Entonces, lapregunta por el tiempo del psicoanálisis no esvana, pues no está asegura<strong>do</strong>, y no sólo no loestá por el propio hacer de l<strong>os</strong> psicoanalistas:tampoco lo está por l<strong>os</strong> demás discurs<strong>os</strong> enque se ha s<strong>os</strong>teni<strong>do</strong>. Entonces una preguntapertinente es ¿por qué saberes querem<strong>os</strong> ser"reconocid<strong>os</strong>" para hacer con ell<strong>os</strong> esa red?,es decir, ¿de cuáles podem<strong>os</strong> esperar,<strong>des</strong>eán<strong>do</strong>la, una crítica que n<strong>os</strong> dé la medidadel lugar del psicoanálisis en el mun<strong>do</strong>?: ¿laseguim<strong>os</strong> esperan<strong>do</strong> de la clínica?, ¿laesperam<strong>os</strong> de la fil<strong>os</strong>ofía, de la lógica, de lasmatemáticas, de la neurobiología? Másgeneralmente, ¿qué clase de saber querem<strong>os</strong>que sea el del psicoanálisis? Esperem<strong>os</strong> que lacita de Sao Paulo n<strong>os</strong> eche una mano en estasreflexiones.2.- Cuan<strong>do</strong> en la asamblea del 2006 sedecidió que la del 2008 tendría como ejeprincipal un examen en profundidad sobre laadecuación de nuestras estructuras asociativasy organizativas con el objeto con el quefueron creadas, se abrió un tiempo “crónico”limita<strong>do</strong>, concreto, el final del cual deberácoincidir con el de otro tiempo, el tiempológico del momento de concluir. Será unmomento de concluir colectivo forza<strong>do</strong> –si seme permite la expresión-, con tod<strong>os</strong> l<strong>os</strong>peligr<strong>os</strong> de gelificación y/o exclusión quesupone —en el terreno <strong>do</strong>nde se juega laidentificación al rasgo (einziger Zug) común 1 —, pero sobre to<strong>do</strong> con las dificulta<strong>des</strong>estructurales de una conclusión colectiva 2 .Mientras tanto, ahora que aun estam<strong>os</strong> en eltiempo de comprender, podem<strong>os</strong> mirar a nuestro1 Ver en Freud, S. Psicología de las masas y análisis del yo.(1921) Otras apreciaciones de la vida anímicacolectiva. Ammorrortu. Vol XVIII; y en Lacan, J.Seminario VIII La transferencia. Clase 28.El analista y suduelo. 28 de Junio de 19612 “Pero la objetivación temporal es más difícil de concebir amedida que la colectividad crece, y parece obstaculizar una lógicacolectiva con la que pueda completarse la lógica clásica.”Lacan, J. Escrit<strong>os</strong> (I) “El tiempo lógico y el aserto decertidumbre anticipada. Un nuevo sofisma” (p 202)ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
13alrede<strong>do</strong>r para intentar localizar cuáles sonl<strong>os</strong> riesg<strong>os</strong> inmediat<strong>os</strong> de algunas de laselecciones p<strong>os</strong>ibles: en l<strong>os</strong> extrem<strong>os</strong>,podem<strong>os</strong> concluir quedarn<strong>os</strong> como estam<strong>os</strong>,o disolver para volver a empezar de un mo<strong>do</strong>distinto (aun en este último supuesto <strong>do</strong>y porváli<strong>do</strong> que seguim<strong>os</strong>). Creo, sin embargo, quela apuesta más general se encuentra en unlugar intermedio.Las opciones por las que n<strong>os</strong> decidim<strong>os</strong> ennuestr<strong>os</strong> primer<strong>os</strong> tiem<strong>os</strong> —inicio de l<strong>os</strong>for<strong>os</strong> y de la Escuela— estuvieron marcadasentre otras c<strong>os</strong>as por d<strong>os</strong> prejuici<strong>os</strong>: un<strong>os</strong>obre la jerarquía y sobre la asociación queenvenenó la dialéctica sobre l<strong>os</strong> paresjerarquía/gradus y asociación/escuela; y otroque, a falta de otro nombre mejor, llamaré elprejuicio “democrático” o “de igualación”,que ha pesa<strong>do</strong> sobre las estructurasinstitucionales y sobre la Escuela. 3Con to<strong>do</strong>, gracias a ello y a pesar de ello,ahora tenem<strong>os</strong> un campo, el CampoLacaniano, y tenem<strong>os</strong> una Escuela, con susmiembr<strong>os</strong> y sus colegi<strong>os</strong> con sus funcionesbien definidas. También estam<strong>os</strong> en otromomento: creo que, en general, hem<strong>os</strong>“corregi<strong>do</strong>” l<strong>os</strong> prejuici<strong>os</strong> citad<strong>os</strong>, de formaque no vem<strong>os</strong> l<strong>os</strong> element<strong>os</strong> de l<strong>os</strong> binomi<strong>os</strong>mencionad<strong>os</strong> como opuest<strong>os</strong> y en pugna, esdecir, ya no se n<strong>os</strong> erizan l<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> porpensar que nuestra Escuela pueda ser unaasociación, ni por echar en falta una jerarquíaasociativa mejor establecida; del mismomo<strong>do</strong>, podem<strong>os</strong> pensar en un Uno de laorientación –aunque sea un Consejo- no igualen su función a l<strong>os</strong> demás un<strong>os</strong>. La pregunta,en este caso, es: ¿con qué prejuici<strong>os</strong> vam<strong>os</strong> aabordar ahora el paso a otro peldaño ennuestro recorri<strong>do</strong>? Esperem<strong>os</strong> poder estaravisad<strong>os</strong> un poco antes del momento deconcluir.3 PREJUICIO: “Opinión previa y tenaz, por lo general<strong>des</strong>favorable, acerca de algo que se conoce mal”. (Diccionariode la RAEL). En amb<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> esta opinión y malconocimiento estuvieron determinad<strong>os</strong> por laconfusión entre “jerarquía” y “una jerarquía” concreta,y entre dirección asociativa y orientación.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
14Em prelúdio...Bernard Nominéour répondre à la demandePde Dominique Fingrermannet Ramon Miralpeix, jeprends volontiers la plumeet vous livre quelqueséléments de la réflexion quesuscite en moi le thème den<strong>os</strong> prochaines Journées<strong>Internationale</strong>s. Toutd’abord ces journées auront lieu à Sao Pauloet je <strong>do</strong>is dire que l’idée de me retrouver àSao Paulo m’enchante. Cette ville n’est pasune <strong>des</strong>tination touristique, c’est dire aussique quand on y est on ne s’y sent pas touristemais que l’on peut se fondre dans lamultiplicité <strong>des</strong> cultures qui y voisinent et sesentir participer de cette communauté quipalpite de vie. La communauté <strong>des</strong>psychanalystes ne déroge pas à cetteambiance générale et j’ai dans ma mémoire<strong>des</strong> souvenirs inoubliables de moments departage avec n<strong>os</strong> collègues et amis paulistes.Donc n<strong>os</strong> Journées <strong>Internationale</strong>sseront paulistes. Et je ne <strong>do</strong>ute pas que n<strong>os</strong>collègues sauront les préparer avec soin. Maisil appartient à chaque membre de notre Ecolede s’y préparer, d’autant que ce rendez-vousde Sao Paulo sera aussi l’occasion de réfléchirsur l’expérience de notre Ecole.Si le lieu de notre prochainerencontre est pour moi attractif, le thèmel’est également. Le temps est un réel aveclequel la psychanalyse a particulièrementaffaire. C’est au point qu’il me semble qu’ondevrait, comme Lacan nous l’a suggéré à lafin de son enseignement, envisager le tempscomme l’une <strong>des</strong> présences de l’objet a.On pourrait facilement évoquer saversion objet perdu : c’est le temps qui nousmanque, le seul temps que l’on apprécied’ailleurs. Quand on croit avoir tout sontemps, on ne le mesure pas, on est plutôtdans le mirage intemporel de la répétition.L’inconscient participe largement à cetteillusion, lui qui ne prend pas la mesure dutemps qui passe. Et pourtant cette mesure estce qui le conditionne car, comment le définirautrement, cet inconscient, si ce n’est commecelui qui est à la recherche du temps perdu ?On pourrait le considérer, ce temps,comme un objet de l’aliénation. Le temps,c’est toujours celui de l’Autre, qui m’attend,qui me presse de répondre à sa demande. Il ya là toute une clinique à déployer entre ceuxqui s’évertuent à faire comme s’ils ignoraientqu’on puisse les attendre mais <strong>do</strong>nt le désirleur imp<strong>os</strong>e de recourir au stratagème <strong>des</strong>’inventer un Autre pour les harceler jusqu’àla dernière minute. Et puis il y a ceux qui, aucontraire, seraient plutôt toujours prêts pourne pas avoir à affronter l’Autre et sonmanque.Mais le plus nouveau et sans <strong>do</strong>ute leplus fructueux, serait de s’essayer à considérercet objet dans sa version réelle et logique. Ons’apercevra alors qu’au delà de sa versionobjet manquant ou objet de l’Autre, cet objettemps n’est jamais perçu, bien que toujours làà l’œuvre et spécialement dans l’expérience del’analysant comme dans celle de l’acte del’analyste. Il est un peu tôt pour moi d’en direplus pour l’instant mais c’est probablementsur cette piste que j’aurai à me hâter, letemps venu.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
15Perante o sintoma to<strong>do</strong> relógio é moleAntonio Quinetodas as tentativas de FreudTde fixar o tempo de umaanálise fracassaram quan<strong>do</strong>não causaram dano maiorao paciente, como no caso,segun<strong>do</strong> Lacan, <strong>do</strong> Homemd<strong>os</strong> Lob<strong>os</strong>. Tampouco hácomo prever o tempo deduração de entrevista prévia e necessária aessa entrada. E, uma vez estabelecida atransferência analítica duas vertentestemporais estarão em jogo: a vertente semfim, própria à cadeia significante <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>e a vertente disruptiva e atemporal <strong>do</strong> serem sua modalidade de gozo. A primeira é avertente interminável que inclui atemporalidade da sucessão própria àassociação livre com o passa<strong>do</strong>-presentefuturo,a retroação característica daexperiência de significação narememoração e a pr<strong>os</strong>pecção que o futuroinfinito <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo imprime noInconsciente. A segunda é a vertenteterminável conceitualizada como oencontro com o roche<strong>do</strong> da castração e porLacan como "a solução <strong>do</strong> enigma <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista que lhe entrega seu sercujo valor se escreve () ou (a)". (Cf.Prop<strong>os</strong>ição).A teoria d<strong>os</strong> nós e <strong>do</strong> sinthoma naúltima parte <strong>do</strong> ensino de Lacan nãomodificam essas duas vertentes nemeliminam as dimensões <strong>do</strong> simbólico <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> e <strong>do</strong> real <strong>do</strong> gozo. À perguntasobre qual será a duração <strong>do</strong> tratamentoanalítico a única resp<strong>os</strong>ta verdadeiracontinua sen<strong>do</strong> a pronunciada por Freud:“Ande!”.O tema <strong>do</strong> n<strong>os</strong>so Encontroreafirma a p<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> analista quanto aotempo, quan<strong>do</strong> escolas de psicanálise quese reivindicam <strong>do</strong> ensino de Lacanpropõem uma "psicanálise aplicada" a<strong>os</strong>pobres por quatro meses (poden<strong>do</strong> serprorroga<strong>do</strong> para até oito meses)diferencian<strong>do</strong>-a da "psicanálise pura" para<strong>os</strong> ric<strong>os</strong> e <strong>os</strong> psicanalistas. Um tal <strong>des</strong>vio dapsicanálise é incompatível com seusprincípi<strong>os</strong>. Chamar essa terapia depsicanálise é <strong>des</strong>considerar que o <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong>Inconsciente está também presente comseus <strong>des</strong>ej<strong>os</strong> e sintomas nas classes mais<strong>des</strong>favorecidas, oferecen<strong>do</strong> para eles essetipo de tratamento que é um engo<strong>do</strong>. Opreconceito é classificar <strong>os</strong> <strong>inconsciente</strong>ssegun<strong>do</strong> a classe social em nome de umacaridade. O psicanalista pode e deve atuarna urgência e propor o tratamentopsicanalítico para tod<strong>os</strong> que o quiseremsem precisar contrabandear seusfundament<strong>os</strong>. É o que diversas Socieda<strong>des</strong>e Escolas de Psicanálise inclusive a EPFCLe as FCCL, e até mesmo ambulatóri<strong>os</strong> emUniversida<strong>des</strong>, já fazem há muito tempo noBrasil. O analista a partir de seu ato com aoferta cria a demanda de uma análiseindependente <strong>do</strong> bolso <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>.Padronizar uma psicanálise a curto prazo éir contra toda a luta de Lacan contra <strong>os</strong>padrões estabelecid<strong>os</strong> e burocratizad<strong>os</strong> queimpedem a psicanálise de se exercer na suacriatividade e singularidade de cada atoanalítico.Estipular um prazo para otratamento é um empuxo ao furor curandipara fazer <strong>des</strong>aparecer o sintoma. Essaprática leva ao pior, na medida em que <strong>os</strong>intoma é uma manifestação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> queo analista deve antes de tu<strong>do</strong> acolhê-lo efazê-lo falar ao invés de tentar liquidá-lopara engr<strong>os</strong>sar as estatísticas d<strong>os</strong> êxit<strong>os</strong> dapesquisa cientifíca. Diante <strong>do</strong> sintoma to<strong>do</strong>relógio é mole, como o <strong>do</strong> quadro de Dali.Impor um tempo ao sintoma é umaingenuidade se não for uma imp<strong>os</strong>tura. Ealém <strong>do</strong> mais, prometer a reabilitaçãoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
16rápida <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente para que ele volte logo aomerca<strong>do</strong> de trabalho e ao consumo nã<strong>os</strong>eria estar ao serviço <strong>do</strong> discursocapitalista? Não se pode pagar o alto preço<strong>do</strong> assassinato <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> com vistas a nã<strong>os</strong>e perder o trem-bala dacontemporaneidade. Isto não é estar àaltura da subjetividade de sua época e simsubmeter a psicanálise a<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> d<strong>os</strong>mestres.O capitalismo e a tecno-ciência sãoas torres gêmeas que sustentam o mal-estarna civilização contemporânea levan<strong>do</strong>-a ao<strong>des</strong>astre e ao terror. A psicanálise não devese adaptar ao discurso capitalista com oempuxo-à-fama de seu marketing nem securvar ao discurso da ciência que rejeita averdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Ao ceder a elas não hámais lugar para o Inconsciente nem o real<strong>do</strong> sinthoma. A Escola de Lacan é o lugar<strong>do</strong> refúgio e crítica ao mal-estar nacivilização.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
17La Transferencia es la intromisión del tiempo <strong>des</strong>aber en el <strong>inconsciente</strong>Lydia Gómez Mussoe toma<strong>do</strong> el título deHestas líneas de una notaa pie de página, fechadaen 1966, del Escrito deLacan “Variantes de lacura tipo”, cito: “En1966, nadie que siganuestra enseñanza, sinver en ella que latransferencia es la intromisión del tiempo <strong>des</strong>aber”. Nota que se enhebra a un parágrafoque también voy a citar, de “P<strong>os</strong>ición del<strong>inconsciente</strong>” en el cual aborda la cuestión dela transferencia y el tiempo: “La espera deladvenimiento de ese ser en su relación con loque <strong>des</strong>ignam<strong>os</strong> como el <strong>des</strong>eo del analista enlo que tiene de inadverti<strong>do</strong>, por su propiap<strong>os</strong>ición, tal es el resorte y último de lo queconstituye la transferencia. Por eso latransferencia es una relación ligada al tiempoy su manejo”. Entonces leem<strong>os</strong>:transferencia, saber, tiempo, ser, <strong>des</strong>eo delanalista. La cuestión es su articulación, susrelaciones.Puntuaciones:1- El sujeto se constituye en el curso deese tiempo lógico que elaboró Lacan y, <strong>des</strong>deallí no hay sujeto previo a ese tiempo, sinoque hay un sujeto en vías de realización.2- El tiempo es efecto del significante. Yel sujeto debe pasar necesariamente porenunciad<strong>os</strong>, para ser <strong>des</strong>mentid<strong>os</strong>. O sea, poruna sucesión de p<strong>os</strong>iciones, de tesis.3- Si hay sucesión, el tiempo tiene unadirección. Si bien, existe una direcciónretroactiva del efecto de significación. Ya loencontram<strong>os</strong> en el ejemplo de Freud en su“Proyecto...”. Él inaugura la tesis de que el<strong>inconsciente</strong> ignora el tiempo. En suMetapsicología es claro, esa tesis se obtienepor deducción a partir de: la falsa orientaciónde l<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong>, la ausencia de l<strong>os</strong> efect<strong>os</strong> delpaso del tiempo para el neurótico, el excesivoapego a l<strong>os</strong> objet<strong>os</strong>, la tendencia a quedarfija<strong>do</strong>; por ello en la cura el fin es levantar laamnesia que afecta l<strong>os</strong> pensamient<strong>os</strong><strong>inconsciente</strong>s reprimid<strong>os</strong> que, por el hechode la represión obligan al sujeto a unarepetición de las fijaciones infantiles de goce.4- Para Freud el <strong>inconsciente</strong> noconoce el tiempo, porque se trata del<strong>inconsciente</strong> referi<strong>do</strong> a la cuestión del origen,la represión originaria. Sin embargo, ese<strong>inconsciente</strong> a-temporal, n<strong>os</strong> dice que quierecircular y ello implica el tiempo en tanto ellevantamiento de la represión introduce alsujeto en su historia. Para Lacan lo reprimi<strong>do</strong>es nombra<strong>do</strong> como no realiza<strong>do</strong>, quedemanda ser conciente.5- Por último, en relación a la curaanalítica, ésta inserta el <strong>inconsciente</strong> en el<strong>des</strong>ciframiento, o sea al saber <strong>inconsciente</strong>determina<strong>do</strong> para aislar l<strong>os</strong> punt<strong>os</strong> singularesdel sujeto y hacerl<strong>os</strong> advenir como verdad.Es decir que produzca un saber de l<strong>os</strong> efect<strong>os</strong>de verdad.El SsS implica que el efecto de senti<strong>do</strong>transferencial es el que ocupa el lugar delreferente aún latente. El senti<strong>do</strong> ocupa ellugar de la satisfacción de la incidencialibidinal que terminará revelánd<strong>os</strong>e: el objetoa. Esa trayectoria implica, comporta ynecesita del factor tiempo. Este querer ser del<strong>inconsciente</strong>, lo no realiza<strong>do</strong> que quiererealizarse n<strong>os</strong> devela la p<strong>os</strong>ibilidad de captarsu estatuto ético, relativo al <strong>des</strong>eo del analista.En la cura analítica, lo inherente a la mismaes hacer que l<strong>os</strong> efect<strong>os</strong> de sujeto del<strong>inconsciente</strong> –apertura y cierre-, al mismotiempo se acumulen bajo forma de saber. SeANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
18trata de la realización del <strong>inconsciente</strong>s<strong>os</strong>teni<strong>do</strong> por un <strong>des</strong>eo en procura de unmomento de concluir, que no es automáticoy para lo cual se necesita tiempo.En su artículo “El objeto a de Lacan, susus<strong>os</strong>”, cuan<strong>do</strong> hace referencia a la incidenciadel objeto en el tiempo del análisis y de lasesión, Colette Soler subraya que el objeto aes quien comanda el tiempo. Cito: “Esteimpredicable es una causa que estimula..., queopera en la economía del sujeto, hic et nunc.Pasa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> lo que puede decirse, este restoinnombrable de lo elaborable se hace valer enel acto del corte puntual <strong>do</strong>nde la presenciadel analista queda como única a representar oa presentar, lo irrepresentable.”--------------------------------------------------------NOTAS[Lacan J. – Variantes de la cura tipo . Escrit<strong>os</strong> 1 – pag.316 – Edit. Piad<strong>os</strong>.Lacan J. – P<strong>os</strong>ición del <strong>inconsciente</strong>. Escrit<strong>os</strong> 2 – pag.823 – Edit. Piad<strong>os</strong>Soler C.- Revue de Psychanalyse Champ Lacanien –Nº 5/Juin 2007ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
19El manejo del tiempoGabriel LombardiQué es el tiempo? A decir¿verdad, no lo sabem<strong>os</strong>,<strong>des</strong>liza entre l<strong>os</strong> ded<strong>os</strong> denuestra aprehensiónconceptual. ¿Existe? ¿Quiénno ha soña<strong>do</strong> con laeternidad, con permanecersiempre igual, al margen delcambio? ¿Qué analizante no siente a menu<strong>do</strong>que siempre es el mismo, que el tiempo nopasa? “La ausencia de tiempo es un sueño, sellama eternidad. Uno pasa su tiemp<strong>os</strong>oñan<strong>do</strong>, y no soñam<strong>os</strong> solamente cuan<strong>do</strong><strong>do</strong>rmim<strong>os</strong>. El <strong>inconsciente</strong> es exactamenteesa hipótesis: que no soñam<strong>os</strong> solamentecuan<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmim<strong>os</strong>”, dice Lacan en suseminario titula<strong>do</strong> sin embargo El momentode concluir.En las neur<strong>os</strong>is encontram<strong>os</strong> diversasformas de encubrir el tiempo, de perderlohacien<strong>do</strong> como que no existe: la distracción— matar el tiempo -, la programación, elaburrimiento, la anticipación mor<strong>os</strong>a delobsesivo, el demasia<strong>do</strong> pronto histérico, eldemasia<strong>do</strong> tarde melancólico, la cita y el<strong>des</strong>encuentro, la urgencia subjetiva<strong>des</strong>orientada, el tomar la angustia comomotivo de huída.Aunque la finitud del tiempo es untema instala<strong>do</strong>, mediático incluso, elneurótico habla de sí de un mo<strong>do</strong>impersonal, que se opone igualmente a lasorpresa y a la determinación. La muerte llegaseguramente, dice, pero no por ahora. Coneste “pero…”, escribe Heidegger, le quitauno a la muerte toda certeza. Tod<strong>os</strong> l<strong>os</strong>hombres son mortales, sí, pero yo no estoyseguro de nada. A esa forma del unocorresponde la inactividad, el pasatiempo, el<strong>des</strong>interés, incluso el “inactivo pensar en lamuerte”. Es una lástima, dice Heidegger,porque hay en la muerte un irreferente, unabsoluto, un “precursar” que singulariza. Lamuerte no se limita a “pertenecer”indiferentemente al “ser ahí” particular, sinoque reivindica a éste en lo que tiene <strong>des</strong>ingular (Heidegger, Sein und Zeit, §53).Esta lección del filósofo noconmueve al neurótico en su sueño deeternidad. ¿Puede hacerlo un psicoanálisis? Silo hace, si logra promover en el analizante unpasaje de la eternidad a la finitud antes de quese termine su vida, no es por la senda delfilósofo. El psicoanálisis no es un mementomori, no repetim<strong>os</strong> en la oreja del paciente:“recuerda que has de morir”, como se decíaal general romano en su hora de gloria.¿Cómo se introduce, en la clínica y enla práctica psicoanalítica, lo que el tiempotiene de real? Por la renovación de laexperiencia ya vivida de la discontinuidadtemporal, que marca un antes y un <strong>des</strong>pués,revelan<strong>do</strong> el aspecto más real del tiempo: laimp<strong>os</strong>ibilidad de <strong>des</strong>andarlo. Las fantasías dealgun<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> de la física y las lecturasrelativistas de much<strong>os</strong> psicoanalistas nodeberían engañarn<strong>os</strong> sobre este punto: paran<strong>os</strong>otr<strong>os</strong>, en tanto seres capaces de elección,lo real del tiempo es su irreversibilidad. Haypalabras, hay act<strong>os</strong>, hay elecciones queestablecen un antes y un <strong>des</strong>pués. L<strong>os</strong>resultad<strong>os</strong> de Alan Turing son en este puntoconcluyentes: una máquina automática pue<strong>des</strong>er teletransportada, y su tiempo cambia<strong>do</strong>,rebobina<strong>do</strong> por una decisión exterior; perono un ser capaz de elección.Para el parlêtre el tiempo tiene unacoordenada real, la discontinuidad temporalirreversible, y su aproximación conlleva unpresentimiento, un afecto propio que se llamaangustia. La angustia anuncia y prepara larenovación de ese momento; su certeza, sucarácter de pre-acto señala<strong>do</strong> por Freud(“Erganzung zur Angst”, en Hemmung,Symptom und Angst), hacen de ella unindica<strong>do</strong>r temporal fundamental, del que elANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
20neurótico, lamentablemente, ignora elempleo.La experiencia de la discontinuidadtemporal irreversible abarca vari<strong>os</strong> concept<strong>os</strong>en psicoanálisis: el trauma, la castración, laseparación, el acto. De cada uno de ell<strong>os</strong>podem<strong>os</strong> decir diferentemente que n<strong>os</strong>afectan en tanto sujeto, o que en ell<strong>os</strong>nuestro ser juega su partida, su realización, su<strong>des</strong>tino. Esa discontinuidad irreversiblepodem<strong>os</strong> padecerla (bajo la forma de larepetición como síntoma), pero tambiénpodem<strong>os</strong> intervenir en su producción, enacto, sin más dilación. Entre el sujeto a<strong>des</strong>tiempo de la neur<strong>os</strong>is, y el ser en eltiempo — el ser en acto - el psicoanálisis seubica como una invitación y una espera activadel advenimiento de ese ser, que permiteubicar “el resorte verdadero y último de latransferencia en su relación con el <strong>des</strong>eo delpsicoanalista”, como una relaciónesencialmente ligada al tiempo y a su manejo(Lacan, Écrits, p. 844).“Manejar el tiempo”, suenapretenci<strong>os</strong>o. Y sin embargo, mientras haytiempo, su manejo depende de n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong>. Pormás reduci<strong>do</strong> que sea el margen de elecciónque n<strong>os</strong> queda, allí está nuestro <strong>des</strong>eo, en eselapso limita<strong>do</strong> por el acto como renovacióndel trauma original que marca el cuerpo, y lamuerte que borra cuerpo y marca y goce. Poreso en psicoanálisis no tratam<strong>os</strong> tanto alneurótico solamente como “ser relativamentea la muerte”, más bien como “serrelativamente al acto”.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
L’évasif de l'inconscient et la certitude du parlêtre21Marc Strausshère DominiqueCLe temps, c'est réellementce qui me manque, ce quime rend difficile de t'écrirecomme tu me l'as demandéun préliminaire sur ce sujet.Non que j'aie la prétentionde me penser plus occupéque d'autres, que toi parexemple qui as en charge la préparation de ceRendez-vous si important pour l'avenir den<strong>os</strong> <strong>Forums</strong> et Ecole. Mais quand je dis quele temps me manque, c'est qu'il m'échappe etque je n'arrive pas à le ressaisir. Comment àfortiori alors en écrire quelque ch<strong>os</strong>e ?Serait-ce que je l'ai perdu ? Peut-être l'ai-je euun temps et l'ai-je, pour mon horreur, laisséfiler sans m'en rendre compte, ou sansmesurer sa valeur, sinon j'aurais fait bien plusattention… Ah, jeunesse folle, chantaitFrançois Villon ! Mais heureuse jeunesseaussi, où l'urgence n'était pas la même. Al'époque, j'étais pressé d'accumuler lemaximum d'expérience, alors qu'aujourd'huic'est le peu de temps qui me reste qui mepresse ; et tout le temps que je n'ai plus quim'oppresse…Mais sérieusement, l'ai-je jamais eu, ce temps? Quand j'étais jeune, il ne me semblait pasjudicieux de m'attarder sur le fait que j'avaisdéjà raté le coche une première fois. D'autantque ce coche pouvait ressurgir à tout instantet que pour rien au monde je ne voulais lemanquer à nouveau. Ne serrait-ce qu'à causede cette terrible première fois, <strong>do</strong>nt j'avaisbeaucoup de mal à me souvenir, mais <strong>do</strong>nt jesavais que je ne voudrais surtout pas larevivre…Qu'ai-je fait d'ailleurs, pour que les ch<strong>os</strong>es sesoient passées ainsi ? Ai-je failli ou non ?Même s'il est évident aujourd'hui que je n'aipas réussi à saisir cet instant qui passait, celan'a pas été faute de volonté, mais faitd'ignorance, ce qui aurait rendu un nouveléchec inexcusable. Voir là-<strong>des</strong>sus Freud,infatigable à parcourir les subtils méandres<strong>des</strong> romans familiaux qui s'offraient à sonécoute.Lacan : Tout cela ne nous mène pas bien loin.Pas plus loin qu'à alimenter encore et encorele thème de la faute, avec son simulacre deprocès où s'agitent juges et avocats auxordres d'un metteur en scène qui s'attribue lerôle du prévenu, présumé innocent <strong>do</strong>nc, etde surcroît, pour son plus grand confort,maintenu hors du jeu, dans l'attente d'unverdict toujours repoussé. S'il est une thèsequi vaut, c'est celle du défaut. Un défaut <strong>des</strong>tructure, <strong>do</strong>nc de grammaire d'abord.C'est que la question du "Que fais-je ?" nepeut en effet s'interroger qu'à partir du"Qu'ai-je fait ?", où le je qui m'interroge n'estdéjà plus celui qui faisait, sinon dans monsouvenir. Et celui qui me répond n'est pasplus celui qui a fait, mais celui qui s'ensouvient plus ou moins, et de plus tientcompte de ce qu'il veut obtenir - ou éviter, decelui qui l'interroge. Où étais-je alors, quandje faisais ? Et où suis-je maintenant ?Remarquons sans nous attarder que tout celavaut aussi pour le "Qu'ai-je dit ?", puisquedire, c'est aussi bien faire quelque ch<strong>os</strong>e.Ainsi le temps me divise, ou plutôt le tempset ma division sont une seule et même ch<strong>os</strong>e.Disons avec Lacan que je suis divisé entreune pure absence et une pure sensibilité etque le nom de cette division est le temps.Que suis-je alors ? Au-delà bien sûr de ce quel'autre me dit que j'ai été, et qui n'est pas ça…Lacan a formulé une réponse à partir de saréflexion sur le temps, <strong>do</strong>nt il a montré lastructuration logique. Mais il ne s'agit pas làde celle de 1945, développée dans son textebien connu "Le temps logique et l'assertionde la certitude anticipée", où le sujet trouve saréponse encore dans l'autre, non sans avoir laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
22charge de la hâte, et <strong>des</strong> suspensions qu'elleimp<strong>os</strong>e. Il s'agit de celle qu'il reformule le 29janvier 1964, dans la troisième leçon de sonséminaire Les Quatre Conceptsfondamentaux de la Psychanalyse, où il enarrive à : "cerner une structure temporelle,<strong>do</strong>nt on peut dire qu'elle n'a jamais été,jusqu'ici, articulée comme telle."Près de vingt ans après <strong>do</strong>nc, il reprend laquestion, d'une manière qu'il ne signale paspour rien inédite. Lisons-le : "L'apparitionévanouissante se fait entre deux points,l'initial et le terminal, de ce temps logique –entre cet instant de voir où quelque ch<strong>os</strong>e esttoujours élidé, voire perdu, de l'intuitionmême, et ce moment élusif où, précisément,la saisie de l'inconscient ne conclut pas, où ils'agit toujours d'une récupération leurrée." Etil conclut : "Ontiquement <strong>do</strong>nc, l'inconscient,c'est l'évasif."De l'instant de voir la couleur simplementnoire ou blanche du disque <strong>des</strong> deux autresprisonniers à l'instant de voir ce qui est del'élidé, du toujours déjà perdu ; du tempspour comprendre à l'apparition évanouissante; de la hâte à conclure au moment élusif quine conclut pas : la différence est de taille, tuen conviendras, ma chère Dominique.Et quelles en sont les conséquences sur laconception du sujet, du symptôme, de laconduite de la cure, jusqu'à sa conclusion, medemanderas-tu probablement. Mais comme ilne s'agit ici que d'un préliminaire, je te lerappelle, je me contenterai d'ajouter quel'accent mis par Lacan sur l'évasif del'inconscient l'a amené fort loin dans denouvelles élaborations sur le réel de l'objet enjeu dans la psychanalyse, puisqu'il lui fallaitalors fonder la certitude du sujet sur bienautre ch<strong>os</strong>e que sur la chaîne du message del'Autre. Ce qui me permet de te prop<strong>os</strong>er untitre à ce petit mot, si tu en souhaites un :"L'évasif de l'inconscient et la certitude duparlêtre."Si ces quelques remarques confortent tonenvie d'aller plus loin sur cette question sisingulière du temps dans la psychanalyse,nous pourrons le faire bientôt ensemble, àSao Paulo. Et dans l'attente, je nous souhaiteencore d'intéressants travaux préliminaires....MarcANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
23A psicanálise em seu tempoChristian Ingo Lenz Dunkerm grego tem<strong>os</strong> trêsEexpressões que podemigualmente ser traduzidaspor “palavra”: mith<strong>os</strong>, log<strong>os</strong>e ep<strong>os</strong>. Cada uma <strong>des</strong>tasexpressões comporta umatemporalidade diferente. Omith<strong>os</strong> é a palavra semautoria, a palavra das origens imemoriais quepor ser de tod<strong>os</strong> não é de ninguém. Mith<strong>os</strong> éalgo que se diz além <strong>do</strong> dizente, de formacircular de tal forma que o que vem antes po<strong>des</strong>er p<strong>os</strong>terior ao que vem depois. É o ça parle(Isso fala). Log<strong>os</strong> é outro tipo de palavra.Palavra universal, palavra que supera o tempode sua própria enunciação. Palavra que p<strong>os</strong>suiuma lógica que aspira a verdade, em meiodizer.Ep<strong>os</strong>, origem de term<strong>os</strong> como época, épico eepocal, refere-se ao relato e à narrativa. Arecitação <strong>do</strong> ep<strong>os</strong> pode ser feita através de umdiscurso antigo e mesmo em uma línguaarcaica ou estrangeira. Mas é um discursoindireto, entre aspas, que se apresenta nãoapenas para o coro, mas também para <strong>os</strong>especta<strong>do</strong>res. Tradicionalmente o ep<strong>os</strong> refereseà origem de uma pessoa, comunidade ougrupo[1], mas segun<strong>do</strong> aquele que conta. Lacancritica a degradação <strong>des</strong>tas duas formas depalavra na modernidade. Mith<strong>os</strong>, deixa de seruma palavra coletiva e passa ao mito individual<strong>do</strong> neurótico. Log<strong>os</strong> deixa de ser ambição deverdade e passa a ser saber universal. Mith<strong>os</strong> elog<strong>os</strong> parasitam ep<strong>os</strong> de tal maneira que nãopodem<strong>os</strong> mais reconhecer o valor <strong>des</strong>te tipo depalavra. De certa maneira tu<strong>do</strong> virou ep<strong>os</strong>. Porisso pensar a psicanálise em seu tempotornou-se uma tarefa tão simples quantoinexeqüível.Pensar o próprio tempo em que se está é, emprincípio, uma tarefa inexeqüível quan<strong>do</strong> seimagina tomar o ep<strong>os</strong> como uma evidência. Osúnic<strong>os</strong> que são capazes de engendrar umresquício de ep<strong>os</strong> são aqueles que se sabemexilad<strong>os</strong>. São <strong>os</strong> velh<strong>os</strong>, as crianças, <strong>os</strong>estrangeir<strong>os</strong>. São aqueles que praticam o queValéry chamou de profissões delirantes:“aqueles que têm coragem de quererclaramente algo absur<strong>do</strong>”. Sabe-se que se estáenvelhecen<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> de repente começam asair de n<strong>os</strong>sa boca expressões terríveis como:“na minha época ...” ou “no meu tempo...”.Ou seja, uma época se apreendeexcentricamente. Como dizia S. Ag<strong>os</strong>tinho:quan<strong>do</strong> me perguntam o que é o tempo eu nã<strong>os</strong>ei, mas quan<strong>do</strong> não me perguntam eu sei. Osvelh<strong>os</strong> largaram esta estranha obsessão depertencer ao próprio tempo, experimentam otempo à distância. Assim como para ascrianças o tempo, o seu tempo, funciona comoum horizonte. A frase de Lacan diz “Que antesrenuncie a isto, portanto, quem não alcançarem seu horizonte a subjetividade de suaépoca.”, ou seja, alcançar em seu horizonte,não simplesmente pertencer à sua própriaépoca. Esta prudência com relação aoasenhoramento de seu próprio tempo parecedepender <strong>do</strong> reconhecimento da opacidade <strong>do</strong>tempo.Portanto, a psicanálise em seu tempo, não deveresumir-se a saber se ela é filha damodernidade ou da pós modernidade, se elasobrevive ao fim das gran<strong>des</strong> narrativas ou seinclui na sociedade <strong>do</strong> espetáculo. Se ela éherdeira das práticas de confissão edisciplinarização d<strong>os</strong> corp<strong>os</strong> ou se inclui comouma forma de familiarismo repressivo,falocêntrico ou universalista. Se ela é umaforma laica de religião ou uma técnicaterapêutica ineficaz. Se ela fornece as basesbiológicas para uma p<strong>os</strong>sível neurociência ou<strong>os</strong> fundament<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong> de uma teoria dacognição e da linguagem. Se ela é progressistaou conserva<strong>do</strong>ra. Tais debates são importantese caracterizam a p<strong>os</strong>ição da psicanálise em umaépoca. Espera-se que deles se extraia umANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
24diagnóstico: será que a psicanálise cabe nestetempo? Não estaríam<strong>os</strong> nós fora <strong>des</strong>te tempo,como casul<strong>os</strong> ou fósseis sociais de umexperimento científico data<strong>do</strong>.Tais debates presumem uma certa noção <strong>do</strong>que vem a ser uma época e com isso umaeconomia própria <strong>do</strong> que é o tempo. O tempoem que se está ou <strong>do</strong> qual se está excluí<strong>do</strong>. Aopressentir que a psicanálise é vítima de umaobsolescência não programada estam<strong>os</strong> n<strong>os</strong>fazen<strong>do</strong> pertencer à n<strong>os</strong>sa época. Época naqual se vive em atraso e fora <strong>do</strong> tempo, o novoacontecen<strong>do</strong> em outro lugar. Mas ao pertencera esta época, ao pertencer demais a esta época,deixam<strong>os</strong> de n<strong>os</strong> situar à partir de ep<strong>os</strong>. Anarrativa hegemônica <strong>des</strong>ta questão identifican<strong>os</strong>so tempo ao que realmente estáacontecen<strong>do</strong>, ou seja, a tu<strong>do</strong> aquilo que é capazde gerar ou de se apresentar como novo. Mas aobsessão pelo novo, como já se observou,tornou-se uma velha obsessão. Entra em cenaaqui o que chamo de o novo conserva<strong>do</strong>rismopsicanalítico, ou seja, o argumento aqui é deque é preciso cautela com relação às <strong>des</strong>criçõesmais ou men<strong>os</strong> midiáticas de n<strong>os</strong>sa época,prudência diante d<strong>os</strong> gran<strong>des</strong> diagnóstic<strong>os</strong>massiv<strong>os</strong> sobre a cultura, sobre a arte e sobre aciência e sobre a sociedade. Isso é verdade, emuma época marcada pela sensação de que háum grande evento em curso, em algum lugarocorre uma grande festa, da qual estam<strong>os</strong>sempre em atraso ou exclusão. Há duasestratégias mais simples, eu diria reativas diante<strong>des</strong>te mal estar:(a) Dizer que o que há de mais radical napsicanálise é que ela contenta-se empermanecer como é: como uma VelhaSenhora. Ela afirma o valor da experiênciacontra a vivência, a importância <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejocontra a depressão, a importância da lei contrao gozo, a força da ética contra o mun<strong>do</strong> datécnica, <strong>do</strong> tempo longo de uma análise contraa rapidez da cura d<strong>os</strong> homens feit<strong>os</strong> ás pressas.A prova disso é que ela sobreviveu apesar <strong>des</strong>eu anacronismo.(b) Dizer que o que há de mais radical napsicanálise é que ela é atualizável. Ela apareceaqui como uma Infant Terrible, o molequetravesso das ciências humanas, a única prática aaltura da ação comunicativa (Habermas), oreduto de uma estilística da existência(Foucault). Ela é atualizável justamente porqueestava na frente na aurora da modernidade. Elasempre foi profética: a papel da sexualidade, acrítica <strong>do</strong> funcionamento das massas, asegregação inerente à expansão d<strong>os</strong> mercad<strong>os</strong>comuns, o recuo diante das utopias eplanejament<strong>os</strong> sociais.Digo que estas duas p<strong>os</strong>ições representam onovo conserva<strong>do</strong>rismo psicanalitico tanto porironia ao fato de que já fazem cem an<strong>os</strong> queambas as soluções abundam a história dapsicanálise, quanto pelo fato de que ambasaceitam tacitamente a tese de que n<strong>os</strong>sa épocaé tangível, imediatamente tangível: basta abrir<strong>os</strong> jornais. Nisso ela está perfeitamente emacor<strong>do</strong> com n<strong>os</strong>sa época, que se imaginatransparente a si mesma, que as coisasrealmente se conservam apesar de plenas demudanças. Ou seja, tanto uma quanto outraconfiam no retrato que recebem<strong>des</strong>conhecen<strong>do</strong> uma das regras elementares <strong>do</strong>funcionamento narcísico: entre o retrato eaquele que pretende nele se enxergar hásempre um lugar terceiro. Lugar para o qualconcorrem<strong>os</strong> para produzir em soberano<strong>des</strong>conhecimento e ignorância. Enquanto n<strong>os</strong>medim<strong>os</strong> no retrato, procuran<strong>do</strong> o melhorperfil e ajustan<strong>do</strong> n<strong>os</strong>sa p<strong>os</strong>ição esquecem<strong>os</strong>que n<strong>os</strong>sa época foi produzida, como fat<strong>os</strong>imbólico e discursivo, também pelapsicanálise. Portanto a psicanálise estáperfeitamente em acor<strong>do</strong> com esta época,simplesmente porque ela contribuiu paraproduzi-la. A questão é saber se ela poderá sairde sua própria época para poder reencontrá-la.----------------------------------------------------------NOTAS:[1] Lacan, J. – Função e Campo da Fala e da Linguagemem Psicanálise.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
25L’inconscient e(s)t le tempsSidi Askofarée temps manque répète -tonà l’envi. Or, il faut duLtemps, beaucoup de tempspour penser la psychanalysedans son temps et le tempsdans la psychanalyse.Du temps dans lapsychanalyse, il y a, semblet-il,peu à dire aujourd’hui,tant le thème a été arpenté et balisé. Noussommes loin , en effet, du temps où nousnous sentions enfermés dans le para<strong>do</strong>xeapparent qui nous faisait dire d’une part ,avec Freud, que « l’inconscient ne connaît pasle temps, et d’autre part, avec Lacan, qu’il semanifeste selon une « pulsation temporelle ».L’opp<strong>os</strong>ition est d’emblée féconde,puisqu’elle fait apparaître que Freud traite <strong>des</strong>propriétés d’un inconscient-système , là oùLacan convoque principalement sinonexclusivement l’inconscient tel qu’il sedéploie dans le processus de la cureanalytique. Aussi, même à rallier la thèsefreudienne, il est évident que l’ignorance dutemps par l’inconscient n’emporte pas que letemps ne soit l’affaire de la psychanalyse.Or, le temps concerne la psychanalyse à untriple titre.Au plan clinique d’abord. En effet, ce ne futpas le moindre mérite de Freud que d’avoirconçu, pour capturer l’« intemporel » del’inconscient-langage, cet ingénieux disp<strong>os</strong>itiffondé non seulement sur la parole –déploiement et mise en fonction temporelledu langage – mais aussi sur le maniement dutemps comme variable dans le transfert. Passans excès d’ailleurs parfois comme le notaità juste titre Lacan à prop<strong>os</strong> de la cure del’Homme aux loups : « Bien plus avec unehardiesse qui touche à la désinvolture, ildéclare tenir pour légitime d’élider dansl’analyse <strong>des</strong> processus les intervalles detemps où l’évènement reste latent dans lesujet. C’est-à-dire qu’il annule les temps pourcomprendre au profit <strong>des</strong> moments deconclure qui précipitent la méditation dusujet vers le sens à décider de l’évènementoriginel. » ( Ecrits, pp. 256-257)Passons sur ce « qu’à l’étant, faut le tempsde se faire à être », et sur ce qu’il faut detemps pour que Wo es war, soll Ich werden .La psychanalyse est concernée par le tempsaussi en tant que temps historique, ne seraitceque parce que les discours avec lesquelselle fait la ronde – fondamentaux ou non, lesdiscours de la science et du capitaliste ayantleur prix – et surtout les sujets souffrants quis’adressent à elle en portent la marque. Peutonoublier que c’est au moment même oùLacan noue pour la première fois la « fin del’analyse didactique » à « l’engagement dusujet dans sa pratique » qu’il avertit, à prop<strong>os</strong>de la fonction d’analyste : « Qu’y renonce<strong>do</strong>nc plutôt celui qui ne peut rejoindre à sonhorizon la subjectivité de son époque » ?Au plan éthique ensuite.La psychanalyse, nous le savons, <strong>do</strong>itbeaucoup sinon tout à la science qui est à lafois la pourvoyeuse du sujet sur lequel elleopère, sa condition épistémique et, par sesconséquences – Kant -, sa condition éthique.Reste qu’elle ne saurait, sans se dissoudrecomme pratique et comme discours, suivre lascience dans son ravalement de la viehumaine à la pure vie biologique. Qu’une vietienne sa qualification d’humaine de sa priseet de son déploiement dans le langages’accorde aussi fort bien avec la maxime deSocrate : « Une vie non examinée n’est pasdigne d’être vécue ». L’examen socratiquen’est l’examen analytique ; tous deuxrequièrent cependant le langage et le temps,la mise en discours voire la mise en récit.Pour la psychanalyse, ce temps a <strong>os</strong>cillé entredurée et fulgurance . Il a pu être prendre lafigure de cures courtes avec <strong>des</strong> séancesANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
26longues, parce qu’orientées par la recherchedu sens et la quête de la vérité ; il a pu aussiprendre celle de cures longues avec <strong>des</strong>séances courtes parce que visant l’acte etorientées vers le réel.Demeure dans les deux cas qu’il ne s’agitjamais de « vivre pour raconter », selon lebeau titre <strong>des</strong> Mémoires de Gabriel GarciaMarquez, mais d’hystoriser sa vie enl’or<strong>do</strong>nnant non pas au temps de l’univers dela précision – temps de la science et ducapitalisme aussi bien - mais à la « parole quidure », et qui rend raison de l’opérationproprement hystorisante que seule unepsychanalyse rend effective : »Ce qui seréalise dans mon histoire, n’est pas le passédéfini de ce qui a été dans ce que je suis, maisle futur antérieur de ce j’aurai été pour ce queje suis en train de devenir. » ( Ecrits, p. 300)Au plan de la structure enfin, si nous «déstructuralisons » celle-ci pour n’en garderque l’épure : le langage. C’est le principe de lasolution lacanienne à la question du temps, etl’on sait qu’elle est de départ. Elle tientfinalement, cette solution, dans l’opp<strong>os</strong>itionfinalement fort simple entre l’inconscientcomme lieu de l’Autre - synchronie - etl’inconscient comme discours de l’Autre(diachronie), l’inconscient comme histoire.De sorte que l’a-temporalité freudienne del’inconscient ne pouvait vouloir dire qu’uneseule ch<strong>os</strong>e : le caractère non altérable de sescontenus, si l’on s’accorde avec Heideggerpour dire que le « le temps se rencontred’abord dans l’étant qui s’altère. L’altérationest dans le temps. » Ce que, appliqué àl’inconscient, Lacan traduira et réduira en unesobre : « in<strong>des</strong>tructibilité de certains désirs »(Ecrits, p. 575).Et pour une raison évidente : si l’affinité et lacongruence de cette thèse avec l’inconscientfreudien paraissent évidentes, elle devientpour le moins problématique dès lors quel’inconscient devient lacanien, c’est-à-dire réel: « l’inconscient ( qui n’est ce qu’on croit, jedis : l’inconscient, soit réel, qu’à m’en croire)» ( Autres écrits, p. 571).En effet, comment exclure le temps duconcept de l’inconscient alors que ce dernier,y compris chez Freud d’ailleurs, estindissolublement mémoire, programme etprincipe de répétition ? Ne faudrait-il pas, aucontraire, aller jusqu’à dire que l’<strong>inconsciente</strong>st œuvre du temps, voire que l’<strong>inconsciente</strong>st le temps ?ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
27Temps : logique et sentimentSol AparícioJ’ai beaucoup de peine depuis«que ma grand-mère est morte ».Soucieuse de situer l’événementdans le temps, je demandaisquand ce décès avait-il eu lieu,pour aussitôt m’entendrerépondre :" récemment il y alongtemps".Ce bref échange s’étantplusieurs fois répété au cours <strong>des</strong> entretiensqui se poursuivaient, il acquit pour moi lavaleur d¹une véritable petite saynète <strong>do</strong>ntl’effet comique me semblait répondre àl’inadéquation de la question p<strong>os</strong>ée.Sans <strong>do</strong>ute n’avais-je à entendre là riend’autre que ce dire faisant événement de lamort de sa grand-mère pour cette femme.La liberté qu’elle semblait s¹octroyer face auximpératifs de l’ordre logique, auquell’alphabêtisation soumet les êtres parlants dèsleur jeune âge, m’avait laissée perplexe. Plustard seulement, ce « récemment il y alongtemps » - figure de style singulière, à lafois ellipse et antithèse, aussi bienqu’holophrase -, finit enfin par résonner telleune phrase à la Novarina: " récemment (dit lapeine que j’éprouve) il y a longtemps (ditesvous,Vous qui habitez le temps) ".Or, qu’était-ce d’autre cette interventionqu’un appel et un rappel du temps, c¹est-àdire,du discours ?Habiter le temps, n’est-ce pas le propre detout sujet parlant dès lors que le temps,comme le voulait Kant, avant d’être une<strong>do</strong>nnée de l’expérience, est une forme a prioride notre entendement ? Antériorité de lalogique par rapport au vécu. Universalité dela catégorie, à laquelle nul n’échappe.Il n’y aurait <strong>do</strong>nc pas, à proprement parler, de« hors temps » p<strong>os</strong>sible pour les corpsparlants. Et pourtant. L’expérience analytiqueest bien celle de l’insistance toujours présentede ce qui demeure, inchangé, <strong>des</strong>habité dutemps, sur quoi le temps n'aurait pas de prise.On aperçoit alors la pertinence de cetteremarque de Lacan : « La fonction-temps, ditilau sujet de la répétition, est ici d’ordrelogique, et liée à une mise en formesignifiante du réel ». Habiter le temps, c’est seprêter à cette mise en forme. C’est le cas dansl’analyse. Quel que soit le réel auquel le sujeta à faire, la règle analytique le soumet à latâche de sa mise en forme signifiante, de sasoumission au temps du discours.De là les brusques surgissements au cours del’analyse non pas tant d'un sentiment dutemps que d'une conscience soudaine de sonexistence.Le sentiment du temps <strong>do</strong>nt parle le poète estcelui du temps qui passe. Sentiment souventmélancolique, empreint de regrets et dereproches. Parfois, plutôt teinté d’angoisse. Ilsupp<strong>os</strong>e toujours l’anticipation, la rétroaction,la remémoration, autrement dit, la structurede la mémoire freudienne. Il nous faut, <strong>do</strong>nc,distinguer ce sentiment qui rend, certes, letemps présent, <strong>des</strong> occasions de réalisationdu temps <strong>do</strong>nt l’effet de désir est évident.Pensons à ces moments où surgit l’idée d¹unterme, souvent sous la figure de la mort. « Sije <strong>do</strong>is mourir, il vaut mieux que je meréveille », dit un analysant égaré dans sescraintes hypocondriaques. Il lui vient alors,comme un éclair, ceci : « Quelle perte detemps, la névr<strong>os</strong>e ! » Pour un autre, sortantd’une grave maladie, après de longues annéesd’analyse, cela se formule dans le vu pressantde « passer à Autre ch<strong>os</strong>e ». Hâte de passer àl’acte, dirions-nous, de couper court à lajouissance du symptôme. Présence soudainedu désir, pour lequel, comme disait Blanchot,« le faire prime l’être ».Le discours analytique qui, aux yeux duprofane, semble faire fi du temps, introduiten fait le sujet à sa prise en compte. Prise enANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
28compte qui constitue, d’ailleurs, la conditionde p<strong>os</strong>sibilité d’un vivre dans son temps.Comment y parvient-il ? Par le détour de sasoumission au temps du sujet, temps qui seuldétermine l’incompressible durée de sonparcours. Que cette durée ne puisse êtreanticipée ne veut pas dire que l'analystel'ignore. Au contraire, même. S'il est enmesure d'en saisir la structure logique danslaquelle lui-même se trouve pris. C'est-à-dire,de repérer les instants de voir, de respecterles temps pour comprendre et de reconnaîtreles moments de conclure qui n'adviennentpas sans lui.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
29El tiempo del analistaAna Martínez Westerhausenn l<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> que corren,Etan poco proclives alreconocimiento y apreciopor el sujeto del<strong>inconsciente</strong>, me parecenecesario mimar lafunción del analista, paraque dure, para que no semarchite, para que no setransmute en algo in<strong>des</strong>eable o insoportable.Pues, si bien es cierto que Lacan manifestó,explícitamente y con razones fundadas, quepodía pasar de l<strong>os</strong> psicoanalistas pero no delpsicoanálisis, no es men<strong>os</strong> cierto que nopuede haber discurso analítico sin analistasatravesad<strong>os</strong> por el <strong>des</strong>eo del psicoanalista. Espor ello que una reflexión acerca del tiempodel analista parece oportuna.¿A qué no referim<strong>os</strong> con el sintagma “tiempodel analista”?En primera instancia a la administración deltiempo real del que dispone el analista. Entrecolegas se escucha decir a menu<strong>do</strong> “estoyagota<strong>do</strong>…no paro... no me queda ni unminuto para mis asunt<strong>os</strong>…etc”, lo que evocaal analista hiperocupa<strong>do</strong>, que consume casito<strong>do</strong> su tiempo en quehaceres analític<strong>os</strong>:atender pacientes, <strong>do</strong>cencia, tareasinstitucionales, etc, y que sin embargo seresiste a rechazar nuevas demandas u ofertasque le reclaman mas tiempo aún... ¿analistaadicto al psicoanálisis? ¿analista que, toma<strong>do</strong>dentro del discurso capitalista, no puede dejarde producir? ¿analista omnipotente?...Ac<strong>os</strong>tumbram<strong>os</strong> a responder que es la causaanalítica la que determina el uso que dam<strong>os</strong> altiempo de que disponem<strong>os</strong>, como si ellogarantizase mejor la existencia del <strong>des</strong>eo delanalista. Pero no es para nada seguro que ladedicación exclusiva al psicoanálisis sea loque mas convenga al discurso analítico.Ella Sharpe, citada por Lacan en La direcciónde la cura escribe, en El analista. Requisit<strong>os</strong>esenciales para la adquisición de la técnica, l<strong>os</strong>iguiente: “El trabajo del analista es ver el<strong>inconsciente</strong> en acción. Por esta razón, el psicoanalistanecesita a veces apartarse de su tarea y dejar el temadel <strong>inconsciente</strong> en su vida diaria y la de susallegad<strong>os</strong>, <strong>do</strong>nde cuenta la totalidad de lapersonalidad. El pensamiento, el arte, la literatura,las relaciones de amistad, el psicoanalista necesita very vivir la vida como una totalidad, como un correctivodel ángulo especial que exige su trabajo.”En segunda instancia, “el tiempo del analista”puede tomarse <strong>des</strong>de la perspectiva del uso omanejo del tiempo que cada analista hace enla dirección de una cura analítica.Dentro de esta acepción me interesa <strong>des</strong>tacarel contraste que se <strong>des</strong>cubre en la enseñanzade Lacan entre, por una parte, la teorización ypromoción de las sesiones cortas, en base aque la anulación de l<strong>os</strong> “tiemp<strong>os</strong> paracomprender” en provecho de l<strong>os</strong> “moment<strong>os</strong>de concluir” “… precipita la meditación delsujeto hacia el senti<strong>do</strong> que ha de decidirse delacontecimiento original” (1954, Función y campode la palabra y el lenguaje). Y, por otra parte,la capacidad de espera, necesaria al analistapara s<strong>os</strong>tener la dimensión del objeto. Pues,como es sabi<strong>do</strong>, en ocasiones es necesario unlargo silencio para que emerja la presenciadel analista, acompañada a menu<strong>do</strong> delafecto de angustia.Si la sesión corta remite al corte de la sesión,y por tanto a un recorte del tiempo decidi<strong>do</strong>por el analista, favorecer la emergencia de laangustia implica, muchas veces, capacidad deespera y de no intervención, dar tiempo alANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
30sujeto para que se manifiesta la presenciaefectiva del <strong>des</strong>eo en su cara mas real.Parafrasean<strong>do</strong> la expresión de Lacan “El artede escuchar casi equivale al del bien decir”(Seminario XI cap X Presencia del analista),podríam<strong>os</strong> formular que “el arte de esperarequivale casi al bien hacer” , <strong>do</strong>nde se apreciaque el acto puede tener lugarparadójicamente sin acción, así como eldiscurso puede serlo sin palabras.del marco de lo simbólico, el tiempo de laespera surge de la experiencia de la angustia,es decir en la incursión dentro del registro delo real.Así pues, se puede concluir que al analista leconviene tener ritmo y saber bailar tantolento como rápi<strong>do</strong>, acoplánd<strong>os</strong>e a supartenaire-analizante, a rat<strong>os</strong> para conducirloen el baile y a rat<strong>os</strong> para dejarse llevar por él.Por otra parte, si el tiempo lógico surge deltiempo de la rememoración, y por ello dentroANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
31Après-CoupGuy Clastresl faut rendre à César ce quiIappartient à César, et à Dieuce qui est à Dieu.Faisons notre cette parole del’Evangile et sachons re<strong>do</strong>nnerà Lacan ce que nous luidevons et lui reconnaîtrel’immense mérite d’avoir suextraire <strong>des</strong> textes de Freud, le «nachtraglich » et d’en avoir tire lesconséquences <strong>do</strong>ctrinales concernant lesujet et sa topologie.Mais nous n’oublierons pas pour autantl’interprétation de Freud, magistrale, celleportant sur la névr<strong>os</strong>e infantile de «L’homme aux Loups » concernant la placeet la fonction du fameux rêve.Chacun a d’ailleurs le souvenir du <strong>des</strong>sin entête, puisque la reproduction continue à enêtre vendue dans la maison où Freudtermina sa vie à Londrès.Rappelons le après Freud, que c’est le rêvequi dans ce cas a une fonction traumatiquepuisqu’il recèle dans le réseau de saformation signifiante la trace de larencontre originaire avec la jouissance cellede la fameuse scène primitive qui n’estqu’une reconstruction du réel supp<strong>os</strong>é parFreud à partir de son interprétation durêve.su faire émerger et extraire en quelque sortele regard comme objet « petit a ».Ainsi le rêve de « L homme aux loups »c’est le regard de l’homme aux loups luimêmequi reste pour l’éternité, fasciné parle réel sur lequel il se fixe : c’est son plus dejouir.Lacan a su lire Freud dans l’après coup et<strong>do</strong>nner au « nachtraglich » freudien saportée topologique telle qu’elle est mise enacte dans l’écriture du vecteur rétroactif dugraphe du « Subversion du sujet etdialectique du désir».C’est à partir de là, que Lacan matérialiseradans la bande de Mœbius la coupure dusujet lui-même. Il faut le temps pour que sefasse dans l’après coup, la coupuresubjective de la bande. Et chaquepsychanalyse peut retrouver dans cet aprèscoup l’enchaînement signifiant où l’enverset l’endroit de la bande inscrivent le savoiret la vérité selon une structure où le pastoutgarde la main.Donc ce rêve enserre un réel, et ce réelLacan dans l’après coup de sa lecture deFreud va le situer en lui <strong>do</strong>nnant savéritable interprétation, que Freud lui, nepouvait pas produire, question de temps,mais qui était à la portée de Lacan qui avaitANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
32PLENÁRIASANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
33O “tempo” de uma análise.Dominique FingermannO “Tempo” em música é o1.movimento característicocom o qual se executa umaobra musical, é o seu ritmo,o seu “andamento”. Osmoviment<strong>os</strong> [adágio,andante, moderato.] sãodefinid<strong>os</strong> pela duração deuma nota batida certonúmero de vezes por minuto. É essadistribuição de uma duração em umaseqüência de interval<strong>os</strong> regulares, tornad<strong>os</strong>sensíveis pelo retorno periódico de algummarco que produz o ritmo de uma seqüênciamusical.Por extensão o « Tempo » é o ritmo <strong>do</strong><strong>des</strong>enrolamento de uma ação (filme, obraliterária) <strong>do</strong> começo ao fim. Com seqüênciasmelódicas, pausas, arranj<strong>os</strong> harmônic<strong>os</strong>[simultâne<strong>os</strong>], disp<strong>os</strong>ição regular de temp<strong>os</strong>fortes, contratemp<strong>os</strong> e contrapont<strong>os</strong>,repartição d<strong>os</strong> acent<strong>os</strong>, e cesuras, o ritmo faza obra. O “tempo”, o andamento faz a obraao explorar e atravessar as suas p<strong>os</strong>síveismodulações via repartição de<strong>des</strong>continuidade, num fluxo contínuo. Essacadência, repartição da <strong>des</strong>continuidade nofluxo contínuo (de sons, imagens,significantes) recorta instantes, distribuind<strong>os</strong>ilênci<strong>os</strong> e evidencian<strong>do</strong> seqüências, pareceproduzir a efetivação, progressiva eirremediável, <strong>do</strong> ponto de conclusão. Passa<strong>do</strong><strong>des</strong>se ponto, qualquer musica seria litaniafastidi<strong>os</strong>a.Da mesma forma o andamento de umaanálise <strong>do</strong> começo até o fim resulta <strong>do</strong> seu“tempo”, recortan<strong>do</strong> instantes que isolamseqüências, que produzem conseqüências. O“Tempo”, conduzi<strong>do</strong> pela batuta <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong>analista, produz o tempo de uma análise, amedida de sua duração.A cadência da entrada <strong>do</strong> analista – n<strong>os</strong> dit<strong>os</strong><strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> - condiciona uma <strong>des</strong>continuidadeque produz, em ato, no final das contas, olimite, a conclusão, fazen<strong>do</strong> da “sérieinfinita d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong> uma seqüência finita” (C.S.). Por isso “Il faut le temps” um tempo énecessário, para extrair <strong>do</strong> tempo que passa otempo que falta e o transformar no tempoque resta.A temporalidade peculiar e necessária de umaanálise permite passar de um tempo perdi<strong>do</strong>até o tempo encontra<strong>do</strong>. Não o tempo “reencontra<strong>do</strong>”,isto é, o tempo que se encontranuma análise não é o tempo da busca <strong>do</strong>tempo perdi<strong>do</strong>, é o tempo encontra<strong>do</strong>enquanto encontro com o Real, é o tempoacha<strong>do</strong>, com o qual a gente “topa” como“trouvaille”.2-Desde o início, <strong>des</strong>de as entrevistaspreliminares, uma análise revela uma estranhatemporalidade. Embora a fala, que se<strong>des</strong><strong>do</strong>bra e se <strong>des</strong>cobre aí quase queimediatamente, tenha uma estrutura temporaldiacrônica e esteja se <strong>des</strong>envolven<strong>do</strong> naforma linear da sucessividade, <strong>des</strong>de asprimeiras voltas n<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>, abre-se umatemporalidade ator<strong>do</strong>ante para quem chega<strong>des</strong>preveni<strong>do</strong> e fica aturdi<strong>do</strong>. Um tempo“sem pé nem cabeça”, se inaugura aí, já quenessa ficção que artificia a verdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,o presente se anuncia atropela<strong>do</strong> por umfuturo sup<strong>os</strong>to, formata<strong>do</strong> por um passa<strong>do</strong>hipotético que nunca foi. Muitas vezes, nessaestranha temporalidade, reminiscências,novela familiar, sintoma, repetição traumáticaparecem dar notícias de um tempo que nãopassa.O tempo <strong>do</strong> chron<strong>os</strong> – que devora sua cria:<strong>os</strong> instantes evanescentes, à medida em queeles nascem - não é suficiente para explicaressa temporalidade que Freud <strong>des</strong>cobriu nofundamento e no funcionamento d<strong>os</strong>process<strong>os</strong> <strong>inconsciente</strong>s, intemporais -dizele . É que <strong>os</strong> traç<strong>os</strong> mnêmic<strong>os</strong> inscrevemalgo que não tem registro – a vivência real.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
34As “formações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>”, retorno <strong>do</strong>recalca<strong>do</strong>, não cessam de escrever, essa falhana origem que não cessa, de não se inscrever.Em 1932, nas Novas Conferências, Freudaponta para a incidência da clínicapsicanalítica sobre essa, sup<strong>os</strong>tamenteinegável, intemporalidade. O progresso naclínica psicanalítica não pode se reduzir àleitura e à <strong>des</strong>coberta <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo in<strong>des</strong>trutível,mas, como aponta e ap<strong>os</strong>ta Freud nessaconferência, uma análise deve conduzir um<strong>sujeito</strong> a outra vivência <strong>do</strong> tempo que passa.Curi<strong>os</strong>amente, ele lamenta, então não terexplora<strong>do</strong> melhor essa característica <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>, na teoria e, conseqüentemente,na clínica: “Muitíssimas vezes, tive a impressão deque tem<strong>os</strong> feito muito pouco uso teórico <strong>des</strong>se fato,estabeleci<strong>do</strong> além de qualquer dúvida, dainalterabilidade <strong>do</strong> reprimi<strong>do</strong> com o passar <strong>do</strong> tempo.Isto parece oferecer um acesso às mais profundas<strong>des</strong>cobertas. E, infelizmente, eu próprio não fizqualquer progresso nessa parte.”3- Onde Freud <strong>des</strong>cobre a intemporalidade,Lacan produz a a-temporalidade, que ele põeem função na direção da cura como “tempológico”. O <strong>des</strong>envolvimento de seu ensinoexplicita que não é o passa<strong>do</strong> que estorva eatravanca o presente, é o Real, uma falha naorigem que constrange o <strong>sujeito</strong> à repetição eàs declinações infinitas de sua falta a ser. Aestrutura <strong>do</strong> significante precipita o <strong>sujeito</strong> notempo lógico de antecipação/retroação que ofaz se produzir/ se parir/ se causar, a partirda função negativa que sua afirmação pel<strong>os</strong>ignificante <strong>do</strong> Outro inscreve. A estrutura<strong>do</strong> significante inaugura um tempo perdi<strong>do</strong>nunca aconteci<strong>do</strong> – terei si<strong>do</strong> – tempo realque a repetição não cessa de inscrever.Onde isso era - repetição - Lacan faz advir oato como <strong>des</strong>continuidade no senti<strong>do</strong> daneur<strong>os</strong>e. É no ponto mesmo da“inalterabilidade <strong>do</strong> reprimi<strong>do</strong>” que ele insere otempo lógico, produtor <strong>do</strong> momento deconcluir, intrusão <strong>do</strong> analista e de seu naipe(silêncio, voz, presença, corte) que orienta econduz a análise até sua conclusão. É assimque podem<strong>os</strong> apreender como o ato <strong>do</strong>analista produz no final das contas omomento de concluir da análise: o ato <strong>do</strong>analisante.Como? Como o manejo pelo <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong>analista <strong>do</strong> instante <strong>do</strong> corte na sessão,como a produção <strong>do</strong> instante <strong>do</strong> corte causaa duração da análise como finita e nãoinfinita? A medida de uma análise, o seutempo, a sua finitude depende da marcação<strong>do</strong> “tempo” pel<strong>os</strong> cortes das sessões. Umaanálise não se mede em an<strong>os</strong>, nem horas nemminut<strong>os</strong>: a sua medida é o corte. Quant<strong>os</strong>cortes sua análise durou? (<strong>do</strong>nde aimportância da freqüência das sessões queacolhe a alternância sessão –corte- intervalo).O ato “fait d´une pierre deux coups”, causaefeit<strong>os</strong> de <strong>sujeito</strong>: surpreende,evidencia eesvazia a sup<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> no Outro e, aomesmo tempo, surpreende e evidencia <strong>os</strong>ujeito como resp<strong>os</strong>ta <strong>do</strong> real.4- O analista, todas as vezes, corta assessões que sejam de tempo variável ousessão curtas ( tema de n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> debates), éimprevisível: é responsabilidade intempestiva<strong>do</strong> ato analítico. Ao suspender acontinuidade, isola-se uma seqüência na qualpode ser lida uma sup<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Oque se ouviu? O que foi dito? 1,2,3? Ou21.34? Ou 5, 8. 13? Em que ponto eu pareimesmo? 8,13,21!! 144? Não entendi! Não feznenhum senti<strong>do</strong> para mim a sua interrupçãoda minha última sessão! 0,0,1? É isso?Reconhecem<strong>os</strong> nessas seqüências trech<strong>os</strong> deuma série de Fibonacci, uma série matemáticainfinita na qual cada elemento é construí<strong>do</strong> apartir da soma d<strong>os</strong> <strong>do</strong>is númer<strong>os</strong>precedentes, é simples como princípio derecorrência, mas quan<strong>do</strong> se escuta essestrech<strong>os</strong>, é necessário um tempo antes depoder concluir o tempo que falta, o cálculo<strong>do</strong> intervalo entre um e outroUm tempo sempre faz falta para o <strong>sujeito</strong> eele sempre tenta resgatar o tempo perdi<strong>do</strong> nasua demanda, no seu blabla, na sua sup<strong>os</strong>içãode um Outro. A associação livre,aparentemente linear <strong>des</strong>enrola, na diacronia,o que a sincronia <strong>do</strong> instante de verapreendeu: “falta o tempo”. A estruturaprópria da fala <strong>des</strong>enrola n<strong>os</strong> dit<strong>os</strong> asANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
35conseqüências <strong>do</strong> dizer, <strong>des</strong><strong>do</strong>bra, estica,infla, pinça,<strong>des</strong>infla, c<strong>os</strong>tura e recorta oespaço topológico da estrutura <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,tornan<strong>do</strong> patentes suas <strong>des</strong>continuida<strong>des</strong>,seus fur<strong>os</strong>, suas vizinhanças. "A topologia den<strong>os</strong>sa prática <strong>do</strong> dizer". Pouco a pouco, asvoltas d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>, contornan<strong>do</strong> o oco dademanda, configuram e exibem o espaçotopológico da neur<strong>os</strong>e: um toro, logoapreensível como enoda<strong>do</strong> com outro toro<strong>do</strong> qual ele preenche e escamoteia o furoestrutural. Esse toro <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> neuróticoenlaça<strong>do</strong> com o toro <strong>do</strong> Outro é o enre<strong>do</strong>principal da novela familiar, moldada pelafantasia fundamental. A novela familiar giraem torno de uma volta não contada – falhana suas contas d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong> que o étourdi – oavoa<strong>do</strong> – vai atribuir ao Outro, ligan<strong>do</strong> suafalta-a-ser à falta – falha - peca<strong>do</strong> <strong>do</strong> Outro e,daí, sua sup<strong>os</strong>ição de que o seu tempoperdi<strong>do</strong> está no saber <strong>do</strong> Outro. Comodemonstra Lacan no seu texto L´Etourdi”, éo corte <strong>do</strong> analista na série infinita daassociação livre, nas voltas d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>, que fazaparecer o “tempo“ da neur<strong>os</strong>e, e suspendepor um tempo a sua razão fantasmática:”vam<strong>os</strong> suspender!”A interrupção produz o corte mediano dafita de Moebius, realiza o dizer que não están<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>- Que se diga permanece esqueci<strong>do</strong>atrás <strong>do</strong> que se diz no que se ouve. Mas denovo, na seqüência a esse dizer, por definiçãofora <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, será atribuí<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong>,cujo segre<strong>do</strong> está aloja<strong>do</strong> no Outro e sua leis:8,13,21....34! Vam<strong>os</strong> suspender!Quantas vezes se interrompe a sup<strong>os</strong>ição <strong>des</strong>aber no Outro para que caia a ficha da suainconsistência?O <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista que suporta o corte dasessão valida o intervalo, como instância <strong>do</strong>dizer. « C´est parce que le désir de l´analyste susciteen moi la dimension de l´attente que je suis pris dansl´efficace de l´analyse. » 4O analista em ato – actualy- suscitan<strong>do</strong> adimensão da espera faz valer asintermitências – <strong>os</strong> interdit<strong>os</strong> como4 Lacan J. Seminário 10 – p. 180causa<strong>do</strong>res, como causação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Aatualidade <strong>do</strong> analista, o seu a-tempo temuma incidência clínica na intemporalidade d<strong>os</strong>ujeito <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. 5 O ato analíticoproduz, extrai, da repetição, essa outradimensão <strong>do</strong> tempo, conhecida pela fil<strong>os</strong>ofiada Grécia e até na China: o Kair<strong>os</strong>, “omomento oportuno”.No Fim, o Momento de Concluir é ato <strong>do</strong>Analisante. O momento de concluirinterrompe a diacronia da associação livre,interrompe, insuccès de l´une bévue, Ainterrupção da sua sucessão é da ordem <strong>do</strong>ato que se faz sem o saber sup<strong>os</strong>to ao Outroe produz a sua suspensão. “vam<strong>os</strong>suspender!”No fim é momento de concluir que aindecidibilidade da partida se transformanuma carta na mão <strong>do</strong> analisante – não o“mico preto”, carta da impotência queestorva o jogo e impede a partida (separação),mas a carta que chega a seu <strong>des</strong>tino na formade uma letra.Quanto tempo necessário para chegar ao fim!« Ce n´est qu´après un long détour que peut advenirpour le sujet le savoir de son rejet originel »Mas ainda falta um tempo, até que o« tempo » <strong>do</strong> analista produza, à medida <strong>des</strong>eus golpes, a espera, ou seja, a falha notempo <strong>do</strong> Outro onde o <strong>sujeito</strong> é flagra<strong>do</strong>como resp<strong>os</strong>ta <strong>do</strong> real : « Il faut le temps pourfaire trace de ce qui a défailli á s´avérer d´abord. »5 Se o <strong>inconsciente</strong> é intemporal, o analista é actualANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
36Le tempo d’une analyse.Dominique FingermannLe tempo en1.musique c´est lemouvementcaractéristiqueselon lequel uneoeuvre musicaleest executée, c´estson rythme son«andamento ». Les mouvements [adagio,andante, moderato] sont définis parla durée d´une note battue un certainnombre de fois par minute. C´est cettedistribution de la durée dans une séquenced´intervalles réguliers, rendue sensible par leretour périodique d´un certain trait quiproduit le rythme d´une séquence musicale.Par extension, le « tempo » est le rythmedu déroulement d´une action ( film, oeuvrelittéraire) du début á la fin. Avec <strong>des</strong>séquences mélodiques( succession),<strong>des</strong>pauses, <strong>des</strong> harmonies (simultanéité), ladisp<strong>os</strong>ition régulières de temps forts,contretemps e contrepoints, la répartition<strong>des</strong> accents, et <strong>des</strong> césures, le rythme faitl´oeuvre. Le « Tempo » fait l´oeuvre car ilpermet d´explorer et de traverser sesmultiples p<strong>os</strong>sibles modulations, parl´intermédiaire de la répartition de ladiscontinuité dans un flux continu. Lacadence, répartition de la discontinuité dansun flux continu ( de sons, images,signifiants) recoupe <strong>des</strong> instants, distribueles silences, met en évidence <strong>des</strong> séquences,et semble produire l´effectuationprogressive et irrémédiable du point deconclusion. Si l´on dépasse ce point dechute n´importe quelle musique devientlithanie fastidieuse ou ritournelle.De la même manière, le parcours «andamento » d´une analyse du début à la finrésulte du « tempo » qui recoupe lesinstants, isole <strong>des</strong> séquences, et de ce faitproduit <strong>des</strong> conséquences. Le « tempo »conduit para la mesure du désir del´analyste produit le temps d´une analyse,<strong>do</strong>nne la mesure de sa durée.La cadence de l´entrée de l´analyste dansles dits du sujet conditionne unediscontinuité qui produit ,en acte, au boutdu compte, la limite, la conclusion qui fait «de la série infinie <strong>des</strong> dits une séquencefinie »( Colette Soler)C´est pour cela qu´ « il faut le temps, »,un temps est nécessaire pour extraire dutemps qui passe le temps qui manque et yproduire le temps qui reste.La temporalité particulière d´une analysepermet de passer d´un temps perdu, autemps trouvé. Pas le temps re-trouvé, letemps que l´on rencontre dans une analysen´est pas le temps de la recherche du tempsperdu, c´est le temps trouvé en tant querencontre du Réel sur lequel on bute et aveclequel on tope : une trouvaille.2- Dés le début ,dès le entretienspréliminaires une analyse révèle une étrangetemporalité. Bien que la parole qui sedéroule et se découvre là, presqueimmédiatement, ait une structure temporellediachronique et se développe selon la formelinéaire de la succession, dès les premierstours dans les dits, s´inaugure unetemporalité étourdissante pour celui quiarrive désavisé... C´est un temps sans <strong>des</strong>sus<strong>des</strong>sous qui s´inaugure, puisque dans cettefiction qui met en scène l´artifice de lavérité du sujet, le présent s´annoncetoujours bousculé par un futur supp<strong>os</strong>é, etformaté para un passé hypothétique que n´ajamais réellement été. Très souvent danscette étrange temporalité, <strong>des</strong>réminiscences, le roman familial, lesANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
37symptômes, la répétition traumatiquesemblent nous <strong>do</strong>nner <strong>des</strong> nouvelles d´untemps qui ne passe pas. Le temps duchron<strong>os</strong>, qui dévore ses créatures,lesinstants évanescents au fur et à mesurequ´ils naissent n´est pas suffisant pourexpliquer cette temporalité que Freuddécouvrit au pricipe du fonctionnement <strong>des</strong>processus inconscients, intemporels dit-il .De fait les traces mnésiques inscriventquelque ch<strong>os</strong>e que n´a pas de registre – levécu réel. Les formations de l´inconscient,le retour du refoulé, ne cesse pas d´écrire,cette faille à l´origine qui ne cesse pas, de nepas s´écrire. En !932, dans ses « NouvellesConférences » Freud souligne l´incidence dela clinique analytique sur cette soi disantintemporalité. Le progrés dans la cliniqueanalytique ne peut se réduire à la lecture et àla découverte du désir in<strong>des</strong>tructible, maiscomme l´avance Freud dans cetteconférence, une analyse <strong>do</strong>it conduire lesujet á un autre vécu du temps qui passe. Ilregrette alors curieusement de ne pas avoirexploré et exploité davantage cettecaractéristique de l´inconscient, pour lathéorie, et en conséquence pour la clinique :« J´eu très souvent l´impression que nousavons fait très peu fait d´usage théorique dece fait établi de l´inalterabilité du refoulé endépit du passage du temps. Cela semblenous offrir un accés aux plus profon<strong>des</strong>découvertes et malheureusement je n´ai moimême fait aucun progrès à ce sujet ».3- Là où Freud découvre l´intemporalité,Lacan produit l´a- temporalité qu´il met enfonction dans la direction de la cure comme« temps logique ». Le développement <strong>des</strong>on propre enseignement explicite que cen´est pas le passé qui encombre etembarrasse le présent, c´est le Réel, unefaille d´origine qui contraint le sujet à larépétition et à la déclinaison infinie de sonmanque à être. La structure du signifiantprécipite le sujet dans le temps logique del´anticipation/rétroaction qui le fait seproduire, se causer à partir de la fonctionnégative que son affirmation( identification)par le biais du signifiant de l´Autre inscrit.La structure du signifiant inaugure un tempsperdu, qui ne s´est jamais vraiment passé etne passera jamais- j´aurai été- temps réelque la répétition ne cesse jamais d´écrire.Où ça était la répétiiton, Lacan faitadvenir l´acte en tant que discontinuité aucoeur du sens de la névr<strong>os</strong>e. C´est au pointmême de « l´inaltérabilité du refoulé » qu´ilinsère le temps logique, c´est à dire,producteur du temps pour conclure, endépit, du bon sens, intrusion de l´analysteet de ses cartes( silence-voix-présencecoupure)qui oriente et conduit l´analysejusqu´à sa conclusion . C´est ainsi que nouspouvons saisir comment l´acte del´analyste produit au bout du compte lemoment de conclure del´analyse, c´est Àdire l´acte de l´analysantComment ? comment le maniement parle désir de l´analyste de la coupure de laséance, comment la production de l´instantde la coupure, cause la durée de l´analyse entant que finie et non infinie ?La mesure d´une analyse, son temps, safinitude dépend de la cadence, pulsation, du« Tempo » du fait de l´interruption <strong>des</strong>séances. Une analyse ne se mesure pas enannée, ni heure ni minutes : sa mesure c´estla coupure. Combien de suspension <strong>des</strong>éance ton analyse a-t-elle duré? D´oùl´importance cruciale de la fréquence <strong>des</strong>séances qui recueille l´alternance séancecoupure-intervalle. L`acte fait d´une pierredeux coups, il cause <strong>des</strong> effets de sujet :surprend, met en évidence, et vide lasupp<strong>os</strong>ition du sujet suspendu à l´Autre etdans le même temps surprend et met enrelief le sujet comme réponse du réel.4-L´analyste, à chaque fois, coupe laparole, coupe la séance, qu´elle soit detemps variable, ou séance courte( thème den<strong>os</strong> débats), c´est imprévisible, c´est laresponsabilité de l´acte analytique. Quan<strong>do</strong>n suspend la continuité, on isole uneséquence où peut se lire une supp<strong>os</strong>ition dusujet. Qu´est-ce qui a été entendu ? Qu´estANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
38ce qui a été dit ? 1,2,3 ? ou 21,34 ? ou bien5,8,13 ?Sur quel point me suis-je arrété ?8,13,21 !! c´est ça !?J´ai rien compris ! Celaná fait aucun sens pour moi votreinterruption de séance la dernière fois !0,0,1? C´est ça ? O reconnait dans cesséquences, <strong>des</strong> morceaux de suite deFibonacci, une suite mathémathique infinieou chaque élément est construit à partir dela somme <strong>des</strong> deux précédents, c´est simplecomme principe, mais quand on entend cesmorceaux choisit il faut un temps avant deconclure le temps qui manque, le calcul del´intervalle entre l´un et l´autre.Il manque toujours un temps pour lesujet , et il tente toujours de récupeérer cetemps perdu dans sa demande, son bla bla,bref dans sa supp<strong>os</strong>ition d´un Autre.L´association libre apparemment linéaire,déroule dans la diachronie ce que lasynchronie de l´instant de voir a saisi : ilfaut le temps, il manque un temps. Lastructure propre de la parole déroule dansles dits les conséquences du dire, déplie,étire,gonfle, pince, dégonfle, coupe etrecoupe l´espace topologique de la structuredu sujet exhibant ses discontinuités, sestrous, ses voisinages : « La topologie denotre pratique du dire ». Peu à peu, les tours<strong>des</strong> dits qui contournent le creux de lademande façonnent et dé-couvrent l´espacetopologique propre de la névr<strong>os</strong>e : un torequi se saisit très vite comme noué avec unautre tore<strong>do</strong>nt il remplit et escamote le troustructurel. Ce tore du névr<strong>os</strong>é étroitementenlassé avec le tore de l´Autre qu´il supp<strong>os</strong>econstitue l´intrigue principale du romanfamilial, formaté para le fantasmefondamental. Le roman tourne autour dece tour non conté- faille dans ses comptesdu dit que l ´etourdi va atribuer à l´Autre. Illie son manque à être au manque –faille del´autre- pêché de l´Autre , d´où sasupp<strong>os</strong>iiton que son temps perdu est recelédans le savoir de l´Autre. Comme Lacandémontre dans son texte L´Etourdi, c´estla coupure de l´analyste dans la série infiniede l´association libre,dans les tours dits, quifait apparaître le « tempo » de la névr<strong>os</strong>e, etsuspend pour un instant sa raisonfantasmatique « Nous allons suspendre ! ».L´interuption produit la coupure médianed el abande de Moebius, elle réalise le «dire » qui n´est pas dasn les dits. « Qu´ondise reste oublié derrière ce qui se dit dansce qui s´entend ». Mais encore une fois dansla séquence de ce dire en suspend dansl´intervalle, dire par définition hors sens, ilsera attribué un sens, <strong>do</strong>nt le secret se logedans l´autre et ses lois : « 8,13,21...34 !! » Laséance est suspendue !Combien de fois <strong>do</strong>it –on interrompre lasupp<strong>os</strong>ition de savoir dasn l´autre pour quetombe sous le sens son inconsistance ?Le désir de l´analyste qui supporte lacoupure de la séance validel´intervallecomme instance du dire :« C´estparce que le désir de l´analyste suscite en moi ladimension de l´attente que je suis pris dans l´efficacede l´analyse. » 6L´analyste en acte – actualy-en suscitantla dimension de l´attente fait valoir lesintermittences- les interdits commecausatifs, causation du sujet. L´actualité del´analyste, son a-temps a une incidenceclinique sur l´intemporalité du sujet del´inconscient. L´acte analytique produit,extrait de la répétition cette autre dimensiondu temps connue para la phil<strong>os</strong>ophie de laGrèce jusqu´à la Chine comme le Kair<strong>os</strong>,« le moment opportun ». A la fin, lemoment de conclure , c´est l´acte del´analysant. Le moment de conclureinterromp la diachronie de l´associationlibre, cesse, de s´´ecrire, insuccés de l´unebévue. Insuccés, l´interruption de lasuccession est de l´ordre de l´acte quis´execute sans le savoir de l´Autre etproduit sa suspension : « nous allonssuspendre ... »A la fin il est emps de conclure quel´indécidabilité de la partie devient une cartedans la main de l´analysant – pas le mistigri6 Lacan J. Seminário 10 – p. 180ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
39<strong>do</strong>nt le névr<strong>os</strong>é passe son temps à essayerde se défausser , carte de l´impuissance quiencombre le jeu et empêche la partie, etembrouille la partition ( séparation), maiscette carte qui arrive à point en forme delettre.Combien de temps est nécéssaire pourarriver à la fin ! « Ce n´est qu´après un longdétour que peut advenir pour le sujet le savoir <strong>des</strong>on rejet originel »Il faut le temps, le « tempo » de l´analystequi produit au fur et a mesure de ses à-coups l´atttente, la faille dans le temps del´autre <strong>do</strong>nt le sujet est réponse « « Il faut letemps pour faire trace de ce qui a défailli á s´avérerd´abord. »ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
40La prisa y la salidaLuis Izcovichi el <strong>inconsciente</strong> no conoce elStiempo, se puede deducir quela orientacion de un analisis nopuede limitarse al<strong>des</strong>ciframientodel<strong>inconsciente</strong>. Lacan lo formuleexplicitamente en 1972, en eltexto en que resume suseminario : O Peor..En dichotexto luego de evocar el <strong>des</strong>cubrimiento deFreud del <strong>inconsciente</strong> del cual Lacan retomala esencia, ser estructura<strong>do</strong> como un lenguaje,Lacan indica sin embargo un piso superior,otra zona, ya que el acento no esta puesto enel <strong>des</strong>cubrimiento, sino en lo que Lacan llamala creacion del disp<strong>os</strong>itivo analitico, ycontinua, yo lo cito : « <strong>do</strong>nde lo real toca a loreal » y agrega que esto es lo que él articulocomo el discurso analitico.Por lo tanto, la perspectiva del analisis noesta solo dada en como lo simbolico permitecernir el real propio al sujeto, sino deconsiderar en la practica analitica el mo<strong>do</strong> enque la pareja analisante analista esta tomadapor lo real. Que « lo real toque a lo real »,indica la p<strong>os</strong>ibilidad de un efecto analiticoque no se limite a revelar el significantereprimi<strong>do</strong>, pero ademas que lo real delanalizante sea susceptible de modificacion sinpasar por lo simbolico.Esta prop<strong>os</strong>icion de Lacan pone en evidenciaque la perspectiva que él traza para la curaanalitica, esta ligada al <strong>inconsciente</strong> peroesencialmente a lo real del sintoma lo cual esdeterminante para el manejo del tiempo en lacura.Se podria en efecto aplicar en relacion altiempo el tripode avanza<strong>do</strong> por Lacan en ladireccion de la cura, es decir que se trata deuna cuestia de tactica, de strategia y depolitica. Tomem<strong>os</strong> por ejemplo el debatesobre la duracion de la sesion ya que meparece indispensable situarlo en funcion deestas coordenadas. Hay un nivel, puramentetactico en el cual el analista es libre y como enel caso de toda intervencion, el analista estambien libre en elegir el momento del fin dela sesion. Esta p<strong>os</strong>icion constituye unaobjeccion a hacer de la sesion a duracionvariable o de las sesiones cortas una reglatecnica ya que en la tactica el analista es elunico amo a bor<strong>do</strong>.Si el analista es men<strong>os</strong> libre en cuanto a lastrategia del tiempo en la cura es porque eltiempo en el analisis es relativo a la logica queimpone la structura clinica., variable en elcaso por caso, pero con punt<strong>os</strong> constantessegun las estructuras. Ahora bien, vengam<strong>os</strong>a lo que Lacan llamo la politica delpsicoanalisis, ahi <strong>do</strong>nde el analista es men<strong>os</strong>libre ya que su politica esta ligada a su falta enser. Se podria homologar esta falta en ser a lafalta de inscripcion del tiempo en el<strong>inconsciente</strong>. La ausencia de amb<strong>os</strong>, y sinembargo en p<strong>os</strong>icion de ex-sistir, (existir porfuera) l<strong>os</strong> situa en el lugar de un real que guiala experiencia. El tiempo, como la falta en serdel analista, condicionan la politica de la cura.Y, se podria p<strong>os</strong>tular que la sesion corta, es<strong>des</strong>de esta perspectiva politica, la quecorresponde a la orientacion de lo real delsintoma y el tiempo de la cura el quecorresponde a hacerse al sintoma.Repito para disipar malentendid<strong>os</strong>. No setrata de situar una preeminencia de la sesioncorta en la tecnica analitica. Cualquierp<strong>os</strong>tula<strong>do</strong> tecnico en relacion al tiempoimplica una prescripcion y lo transforma enstandard. Asi puede haber un standard de lasesion corta y tambien un standard de laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
41duracion variable. De lo que se trata es deconsiderar que logicamente, la finalidad de lasesion corta, corresponde a la formulacion deLacan de la creacion de un disp<strong>os</strong>itivo <strong>do</strong>nde« lo real toque a lo real ». Esta perspectiva esrelativizada si se concibe la sesion analiticacomo una secuencia unitaria puntuada por laemergencia del <strong>inconsciente</strong> y con el objetivode hacer emeger el senti<strong>do</strong> o la palabra plena.En realidad mas alla de lo que el <strong>inconsciente</strong>dice, se apunta al decir del <strong>inconsciente</strong>, a loindicible que sin embargo determina elconjunto de las asociaciones. Esto nocorresponde a una tecnica activa, ni a unasacralisacion de la escucha. Lo que se meparece es que se puede convenir, es que laidea que un analista se hace del tiempo de lasesion corresponde a la idea que se hace del<strong>inconsciente</strong>. E Independientemente de suuso, la sesion de duracion breve es solidariade la opcion lacaniana en cuanto al<strong>inconsciente</strong> como real y apunta al hueso delas elucubraciones que provienen del<strong>inconsciente</strong>. Esto se traduce en un efectoanalitico mayor : el analista sera massusceptible de ser el tiempo, encarnarlo, paracada analisante en lugar de pensarlo.Tomem<strong>os</strong> la cuestion <strong>des</strong>de la perspectiva dela transferencia. En el transcurso del analisis,ella no esta limitada al tiempo del encuentrocon el analista, y el <strong>inconsciente</strong> trabaja<strong>do</strong>rinfatigable, no se limita a trabajar en la sesion.Mas bien, el <strong>inconsciente</strong>, trabaja<strong>do</strong>r ideal, no<strong>des</strong>cansa nunca y se manifiesta cuan<strong>do</strong> unomen<strong>os</strong> lo espera. Por ello es necesario untiempo para que se <strong>des</strong>pliegue la logicasimbolica, que corresponde a l<strong>os</strong> difrentesmit<strong>os</strong> secretad<strong>os</strong> por el <strong>inconsciente</strong> que hanconduci<strong>do</strong> al impasse sexual del sujeto.Pero porque suponer entonces que la sesiondebe ser ritmada por la emergencia del<strong>inconsciente</strong> ? Mas bien se puede considerarla sesion como el momento en el cual elanalisante concluye una secuencia deelaboracion. Cada sesion, mas que un empujea la asociacion, se podria considerar comouna preparacion al encuentro con lo real delfin de analisis.Ahora bien, porque Lacan cuan<strong>do</strong> se refiere a« lo real que toca lo real » se refiere aldiscurso analitico ? Se puede percibir que eldiscurso analitico tiene une estructurasemejante a de la angustia. Es suficientereferirse a la linea superior de dicho discursoque va de (a) a S tacha<strong>do</strong>, y que indica que elanalista esta en el lugar de la causa del <strong>des</strong>eopara el sujeto que es igualmente el lugar de laangustia.Y es esta perspectiva que Lacan privilegia enrelacion al tiempo, ya en el seminario Laangustia, <strong>do</strong>nde se pone en evidencia que lafuncion de la angustia en introducir al sujetoen la dimension del tiempo. Lacan evoca unarelacion temporal de antecedencia en relacional <strong>des</strong>eo y considera que la dimensiontemporal de la angustia es la dimensiontemporal del analisis. En efecto la angustiaprepara la cita con el <strong>des</strong>eo. Y, no essorprendente que Lacan haya utiliza<strong>do</strong> lamisma formula, « manejo de la angustia »,« como manejo del tiempo ». Uno es solidariodel otro.Situar el tiempo del analisis en funcion de laangustia es una perspectiva que Freud yahabia seniala<strong>do</strong>, hacien<strong>do</strong> de la angustia unpunto nodal en la representacion del tiempo.La angustia, cuya omision es central en laconstitucion del trauma, constituye unamediacion frente a la urgencia pulsional ofrente al <strong>des</strong>eo del Otro. En ese senti<strong>do</strong>Freud frente a la abstraccion del tiempo de laconsciencia, privilegia el tiempo de la angustiaque se opone al tiempo del sintoma. Laangustia introduce une discontinuidad ahi<strong>do</strong>nde el sintoma asegura una permanencia.El sintoma frena al tiempo ya que sutemporalidad esta determinada por suconstitucion que es la de un tiempo que sedetuvo.Es lo que la clinica analitica pone enevidencia. A la falta de certeza del<strong>inconsciente</strong>, el sujeto suple con el fantasmay es en su vacilacion que emerge otratemporalidad propiciada por la angustia. Dehecho en to<strong>do</strong> sujeto, a la entrada del analisise independiemente de la estructura clinica, seANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
42pone de manifiesto, de una manera o de otrala idea de un retraso que es lo propio delsintoma, y el pasaje a otra temporalidad dadapor la angustia.Esta temporalidad, incluye el tiempo marca<strong>do</strong>por l<strong>os</strong> latid<strong>os</strong> del <strong>inconsciente</strong>, es decir susformaciones y la repeticion, pero permitesituar un mas alla y es lo que Lacan articulocon la funcion de la prisa.La prisa no es ni la rapidez resolutiva, ni laurgencia, ni la precipitacion. Comencem<strong>os</strong>con el primero la rapidez resolutiva. Existe<strong>des</strong>de Freud la idea de que un tiempo esnecesario afin a evitar la satisfactioninmediata y sus riesg<strong>os</strong>, ligad<strong>os</strong> a escamotearla pregunta quien se satisface . Es por elloque si preconizo no tomar gran<strong>des</strong> decisionesantes del fin de analisis es porque lasatisfaccion del super-yo, del yo, o del<strong>inconsciente</strong>, no son equivalentes para elpsicoanalisis. Ahora bien, quien se atreveriahoy a sugerir a un analizante que se abstengade tomar decisiones antes del fin de la cura ?La duracion de l<strong>os</strong> analisis en nuestraactualidad hace objecion a este principio deabstinencia. Por otra parte Freud mismoadvirtio frente a l<strong>os</strong> riesg<strong>os</strong> de la solucionterapeutica que interviene demasia<strong>do</strong> pronto.La cuestion es que el tiempo decomprehension, no se puede comprimir..L<strong>os</strong> efect<strong>os</strong> terapeutic<strong>os</strong> que intervienenprematuramente pueden ser un obstaculo a lapr<strong>os</strong>ecucion del analisis y a una resolucionmas consistente.La anticipacion resolutiva del sintoma noimplica consentir a la satisfaction. De ahi queLacan evoque en relacion a la psic<strong>os</strong>is eltermino de solucion prematura que se puedegeneralizar. La solucion prematura es aquellaen la cual el sintoma, si bien es reduci<strong>do</strong>, nologra elevarse al rango de nombre de goce delsujeto. Tomem<strong>os</strong> la cuestion de la urgencia.Lacan se refiere a ella a menu<strong>do</strong> en relacion ala entrada en analisis . Existe en efecto unaurgencia a procurar el partenaire queresponda al sintoma del sujeto. Y esto seconfirma en el momento de la demandaanalitica. Un sintoma puede estar <strong>des</strong>demucho tiempo atras. Es suficente que seconvierta en un signo para el sujeto para queeste solicite una ayuda en lo inmediato.En cuanto a la precipitacion,de lo que se trataes de una aceleracion del tiempo que<strong>des</strong>cuida las coordenadas simbolicas y es porello que su mejor ilustracion es el pasaje alacto. El sujeto concluye saltanto el tiempopara comprender. Y Lacan hace del pasaje alacto melancolico el paradigma de estaequivalencia en la cual el sujeto se haceobjeto. De ahi la necesidad de introducir unsemblante de tiempo cuan<strong>do</strong> esto es p<strong>os</strong>iblepara la psic<strong>os</strong>is. Y si la solucion spontanea deSchreber se revela eficaz es en la medida enque resuelve un impasse subjetivo liga<strong>do</strong> auna solucion prematura. En este caso no setrato de hacer madurar un fantasma sino deintroducir una solucion asymptotica que esotra opcion del sujeto en relacion al tiempoque lo extrae de la precipitacion puesto queimplica la cita en un futuro indefini<strong>do</strong> que nodebe hacerse realidad. Hay que senialar aquiotra forma de saltar el tiempo paracomprender, es cuan<strong>do</strong> se colapsa el instantede ver y el tiempo para concluir . Es el casode la experiencia traumatica que no secristaliza en sintoma analitico.El Hombre del<strong>os</strong> lob<strong>os</strong> lo ejemplica en lo que Lacan llamola anulacion del tiempo para comprender. Elresulta<strong>do</strong> es verificable : toda una vidadedicada a a un eterno recomenzar a explicara la comunidad analitica y mas alla, sobre loincurable en la cura. El sujeto esta fija<strong>do</strong> a ungoce traumatico que excluye la inclusion deltiempo y lo conduce por lo tanto a un dueloimp<strong>os</strong>ible. Si el manejo del tiempo en laclinica de las psic<strong>os</strong>is implica un saber hacercon el semblante del tiempo la respuestaanalitica difiere en cuanto al manejo deltiempo en el caso de la neur<strong>os</strong>is. El tiempoque pasa, digam<strong>os</strong> spontanéamente, nofavorece nada y frente a la division subjetivala respuesta analitica difiere de la respuestapsicoterapeutica. « Dese un tiempo dereflexion » es el mo<strong>do</strong> de dar un tiempo en lapsicoterapia. Y la formula corriente « eltiempo hace bien las c<strong>os</strong>as » conviene aANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
43muchas circunstancias de la vida, salvo a laneur<strong>os</strong>is.. Y si hoy aparece como anacronicala formula de Freud que una mujer luego del<strong>os</strong> 30 ani<strong>os</strong> es inanalizable, lo que es vigentees que la neur<strong>os</strong>is, sin analisis, se agrava conel tiempo.El analisis introuduce el tiempo de otromo<strong>do</strong> que el de darse el tiempo dereflexionar. Es lo que justifica la referencia ala prisa, que tiene su especificidad en suconexion con lo simbolico al cual sinembargo lo trasciende es decir que si l<strong>os</strong>imbolico es condicion de la prisa, no es loque la causa. La causa de la prisa es el (a), locual n<strong>os</strong> remite a la vez a la angustia y aldiscurso analitico.Y, si yo utilizo la distincion entre prisa yurgencia es para indicar que lo que p<strong>os</strong>ibilitala logica de la prisa es que el analista puedadar el tiempo que hace falta. Ya que hay untiempo necesario en la cura y esto estaindica<strong>do</strong> <strong>des</strong>de Freud en texto sobre lacuestion del analisis profano y la formidabledefinicion alli avanzada del analisis como« magia lenta ».La magia por definicion se sirve delsemblante de la sorpresa y la temporalidad esla del instante. Es por ello que el publicopide que le repitan el numero pero esta vezmas lentamente para poder comprender elpunto de ruptura en la ilusion.Y noten bien que Lacan se refiere a estaop<strong>os</strong>icion cuan<strong>do</strong> evoca la distincion en l<strong>os</strong>semblantes de la magia y l<strong>os</strong> semblantes <strong>des</strong>discurso analitico. El analisis exige tiempo,para comprender la escena que se escapo, a lacual el <strong>inconsciente</strong> respondio producien<strong>do</strong>con un embrollo. Un tiempo es necesario al<strong>des</strong>pliegue de la cadena <strong>inconsciente</strong> perofundamentalmente el tiempo que hace falta esaquel que introduzca al sujeto en la funcionde la prisa propia a la causa de su <strong>des</strong>eo.Es lo que justifica que hablem<strong>os</strong> del analisiscomo de una prisa lenta, <strong>do</strong>nde el analisantese hace a su ser, que no es solamentehabituarse a ser lo que se es sino a producirun cambio en el ser. Ya que el real que incideen el real del sujeto (retomo aqui la formula« lo real toca a lo rea »l) tiene comopretencion introuducir un nuevo real.El <strong>inconsciente</strong>, no es solo una operacion derevelacion de lo que ya esta, de traer a la luzl<strong>os</strong> enigmas ocult<strong>os</strong> del sujeto. Mas alla de<strong>des</strong>cifrar lo que el <strong>inconsciente</strong> cifro, se tratade escribir lo que no cesa de no escribirse.Logicamente la cuestion del tiempo en ladireccion de la cura se articula con el objeto(a), causa de <strong>des</strong>eo y de angustia que apuntaal encuentro con un nuevo real. Tomem<strong>os</strong> laperspectiva del <strong>des</strong>eo. En su esencia esmetonimico, metonimia de la falta en ser. Yhay que senialar que Lacan distingue el <strong>des</strong>eo<strong>inconsciente</strong> de un <strong>des</strong>eo centra<strong>do</strong> en elnarcicismo que puede ser el efecto de unanalisis como respuesta a lo efimero de lavida.En ese senti<strong>do</strong>, hay un tiempo necesario en elanalisis para producir un <strong>des</strong>eo, efecto de unaenunciacion singular y que debe distinguirsede un <strong>des</strong>eo funda<strong>do</strong> en el narcisismo. Latemporalidad del après-coup es esencial yaque como efecto de la elaboracion anuda laexperiencia pasada y la conecta con laexperiencia a venir. El <strong>des</strong>eo forja un vectorde direccion alli <strong>do</strong>nde el sin senti<strong>do</strong> reduceal sujeto a ser un perdi<strong>do</strong> en el tiempo.Cuanto mas accede el sujeto a una p<strong>os</strong>icion<strong>des</strong>irante mas se aleja de una relacion altiempo concebi<strong>do</strong> como la suma de instantes.Y como el <strong>inconsciente</strong> es evasivo, de lo quese trata es de captar la metonimia del <strong>des</strong>eo.Cernir el <strong>des</strong>eo, es captarlo a la letra,A travez del <strong>des</strong>eo, el sujeto entra en eltiempo y concomitantemente deja de pensar.Es lo que se traduce en la formule corriente ,cuan<strong>do</strong> un sujeto esta en un mo<strong>do</strong> sintonicocon su <strong>des</strong>eo, « no veo pasar el tiempo ».Estar en el tiempo o pensar el tiempo seoponen como ser y pensar.Ahora bien cabe preguntarse sobre cual es lainterpretacion analitica que propicia estemovimiento.. En la progresion de laensenianza de Lacan se percibe la reduccionde la interpretacion hasta hacerla minimal, yse apunta como horizonte a la produccion delacto. La cuestion que se <strong>des</strong>prendeANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
44netamente no es unicamente la de comoapuntar al gra<strong>do</strong> maximal de simbolizacionsino al mas alla, a la hiancia entre l<strong>os</strong>imbolico y lo real. Se deduce entonces que sila ultima perspectiva de Lacan es de definir el<strong>inconsciente</strong> come un mo<strong>do</strong> de gozar delsintoma, la operacion analitica no tiene sufinalidad ultima en interpretar lo reprimi<strong>do</strong>,sino en modificar el programa de goce delsujeto.Esto impone una revision del tiempo en elanalisis. Es cierto que un analisis dura eltiempo que le es necesario a un sujeto paraapropiarse el objeto a, que previamente habiacoloca<strong>do</strong> del la<strong>do</strong> del analista, y que loencarna para el sujeto.Y, interpretar lo reprimi<strong>do</strong> es ya introducir alsujeto en la actualidad del tiempo ya que loreprimi<strong>do</strong>, y su caracter inalterable al paso deltiempo y a la contingencias que loacompaniana submerge al sujeto en untiempo siempre pasa<strong>do</strong>. Poder <strong>des</strong>pojar lavivacidad actual de la representacion es paraFreud un objetivo terapeutico central. Si elneurotico esta fuera de tiempo es porque estaregula<strong>do</strong> por el tiempo del fantasma cuyoaxioma resiste a la usura y coloca al sujeto ala hora del Otro, con el efecto de unaestereotipia atemporal. Ya Freud indica conprecision que las representaciones reprimidasse comportan luego de decadas con lavivacidad del inicio. Que mejor ilustracionque la de la reminiscencia histerica : l<strong>os</strong> ani<strong>os</strong>han pasa<strong>do</strong> l<strong>os</strong> encant<strong>os</strong> se <strong>des</strong>vanecen peroella sigue sonian<strong>do</strong> en el principe azul comocuan<strong>do</strong> era nina. En este senti<strong>do</strong> laorientacion de lo real, y el <strong>des</strong>eo del analistaque es de <strong>des</strong>pertar, introduce un cambio enla relacion con el tiempo. Sin embargo elanalisis no se limita al tiempo de laproduccion de un <strong>des</strong>eo sino que implicaintegrar el tiempo del circuito pulsional y lamodificacion del goce <strong>inconsciente</strong>.La efectuacion del circuito pulsional hasta suultima vuelta exige tiempo. Es el tiempo n<strong>os</strong>olo del recorri<strong>do</strong> de la pulsion entre el sujetoy su objeto sexual, sino el tiempo liga<strong>do</strong> aconsumir, es el termino de Lacan, al analista.Esta dimension del analista como objeto aconsumir presente durante toda la curaadquiere un valor especifico luego de la caidadel sujeto supuesto saber. Es el tiempo de unduelo dentro del analisis. Yo planteo que esetiempo de duelo, interno al analisis, esfundamental en cuanto a la experiencia queun analisante puede hacer de lo que advieneel analista al final y que Lacan dio el nombrede « <strong>des</strong>er ».Y es en esta zona <strong>do</strong>nde seconjuga la verdadera salida del analisislacaniano que como toda elaboracion de unduelo puede traducirse a la ocasion en unaimp<strong>os</strong>ibilidad a concluir.Esa zona que se abre en el analisis luego de lacaida del sujeto supuesto saber condiciona el<strong>des</strong>eo del analista. Ya que no es lo mismo el« <strong>des</strong>er » del analista como efecto de la caidade la sup<strong>os</strong>icion de saber que como efecto dela elaboracion de un duelo. Ahora bien,existen salidas del analisis fulgurantes, perono es la fulgurance que n<strong>os</strong> indica la justezade la salida. La zona final del analisiscorresponde a la logica que preside alconjunto : magia lenta e instantaneidad delacto, que corresponden a una prisa en lasalida como efecto de la elaboracion delduelo sin lo cual la salida puede confundirsecon el ilusionismo de la magia.Dicho de otro mo<strong>do</strong> yo planteo un beneficioepistemico en la duracion de esta zona finalque opongo a la salida fulgurante por elencuentro con la inconsistencia del Otro.Retomo la cuestion de la prisa, presente encada sesion y que sin embargo no puededisociarse de la temporalidad lenta que es laque exige el analisis. La prisa es un empuje adecir lo que nunca se ha podi<strong>do</strong> decir, hastaencontrar el limite de lo dicible, muro detrasdel cual se aloja el decir propio del sujeto, susingularidad intima, el soporte del conjuntode l<strong>os</strong> dich<strong>os</strong>.La prisa esta articulada al acto, del analistapero en conexion con el acto del sujeto. Yaque existe una prisa conectada a la ilusion dela cual, como dice Lacan, la prisa puede sercomplice. El riesgo es de confundir la prisaconjugada al acto de la prisa en su versionANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
45imaginaria. Esta ultima es la prisa disociadadel acto. Al punto que Lacan aisla la correctafuncion de la prisa que es la de producir elmomento de concluir (1) Y, Lacan n<strong>os</strong>advierte de no hacer un uso imaginario,hacien<strong>do</strong> referencia a una prisa que seconcluye en salida arbitraria, dan<strong>do</strong> lugar eneste caso a una prisa cuyo resulta<strong>do</strong> es laerrancia dan<strong>do</strong> como ejemplo mayor larevolucion. Se impone por lo tanto distinguirdiferentes formas de prisa y por lo tanto eslegitimo afirmar que existen varieda<strong>des</strong> de laprisa en la salida del analisis. Obviamente,dejo fuera de la serie to<strong>do</strong> lo que implican lassoluciones prematuras o las salidas quedependen de una precipitacion.De las salidas por la prisa, cabe distinguiraquella en la cual el sujeto se s<strong>os</strong>tiene de ladeduccion del <strong>inconsciente</strong>. Es una salida porel saber de un <strong>des</strong>ciframiento. Por otro la<strong>do</strong>,y bien diferente es la salida que depende de larelacion del sujeto con un decir singular. Endefinitiva, yo s<strong>os</strong>tengo, que la salidafulgurante por la caida del SSS, no esequivalente a la salida una vez termina<strong>do</strong> enla cura, el duelo del objeto y que puede seruna salida fulgurante o no. La prisa noimaginaria en la salida depende de laefectuacion de esta vuelta de mas en unanalisis y que no se hace sin tiempo.RÉFÉRENCES BIBLIOGRAPHIQUES1- Radiophonie p. 433..ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
46La cita y el encuentroGabriel Lombardixiste para n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong> lo queEno se elige; muchas vecessentim<strong>os</strong>, y con razón, quees muy poco lo quedepende de n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong>, denuestra voluntadconsciente o <strong>inconsciente</strong>;Colette Soler habló de ellohace un<strong>os</strong> añ<strong>os</strong> en Rio deJaneiro. Ahora bien, es sin duda en eseestrecho margen de libertad que n<strong>os</strong> restaa<strong>do</strong>nde reside lo que para cada uno den<strong>os</strong>otr<strong>os</strong> es lo decisivo, el núcleo ético denuestro ser, allí <strong>do</strong>nde lo pulsional puedeconjugarse, o no, con el <strong>des</strong>eo que viene delOtro.Por eso en nuestra vocación, en el amor, ennuestra condición de seres libres, un pocolibres, no elegim<strong>os</strong> lo que ocurre en el mo<strong>do</strong>de lo necesario. En tanto psicoanalistas,tampoco buscam<strong>os</strong> allí la etiología de l<strong>os</strong>síntomas. La historia y la clínica delpsicoanálisis sugieren fuertemente que lo quellamam<strong>os</strong> causa, causa del síntoma, causasubjetiva, no responde al régimen de lonecesario, sino a otras coordenadas lógicotemporales.La causalidad que n<strong>os</strong> interesa, y que n<strong>os</strong>interesa en el goce como punto de engarcedel <strong>des</strong>eo del Otro, es la que ocurre “poraccidente”, decim<strong>os</strong> en términ<strong>os</strong>aproximad<strong>os</strong>, y tal vez sería mejor decir “portrauma”, por discontinuidad, por rupturatemporal que marca un antes y un <strong>des</strong>pués.Ocurre como por azar, de un mo<strong>do</strong> noprograma<strong>do</strong>.Para considerar las causas accidentales, Lacanse inspiró en ese segun<strong>do</strong> libro de la Física enel que Aristóteles explica que la causalidadpor accidente se ordena en d<strong>os</strong> registr<strong>os</strong>diferentes del ser: el accidente que acaece enun ser incapaz de elegir se llama autómaton, elaccidente que ocurre en un ser que sí escapaz de elegir se llama túkhe; término queusualmente se vierte al español como“fortuna”, pero que Lacan, bajo la influenciade Freud, prefiere traducir como rencontre,encuentro o reencuentro.El ejemplo de túkhe que propone Aristóteleses el siguiente: un hombre hubiera podi<strong>do</strong>, dehaberlo sabi<strong>do</strong>, acercarse a tal lugar pararecuperar un dinero, justo cuan<strong>do</strong> su deu<strong>do</strong>rpercibe una suma considerable. Llega al lugarjusto en el momento oportuno, pero no conese fin, sino por azar. Por accidente le sucedeque habien<strong>do</strong> llega<strong>do</strong> hasta allí, llega parareunirse con el deu<strong>do</strong>r y encontrar el dineroque se le adeuda. Y esto, no porque venga aese lugar frecuentemente o necesariamente,sucede por azar algo que él <strong>des</strong>eaba, y seactiva así una elección en un momentoinespera<strong>do</strong>, por un efecto de fortuna, unefecto de encuentro accidental de algo<strong>des</strong>ea<strong>do</strong>.El verbo tukhêin es entonces estar presente enel lugar y el momento oportuno, paraencontrar a alguien o algo que tal vez no seesperaba conscientemente, pero se <strong>des</strong>eabaencontrar. Anticipa la dimensión del<strong>inconsciente</strong>.¿Cuál es la importancia para n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong> de loque acaece por accidente, por trauma? Queextrae de lo necesario, hacien<strong>do</strong> lugar a laelección, que es el acto esencial del serhablante.La cita y el encuentroEl ejemplo de Aristóteles tiene la virtud de<strong>des</strong>cribir un encuentro sin cita previa, sinrendez-vous agenda<strong>do</strong>.La clínica de la neur<strong>os</strong>is n<strong>os</strong> haac<strong>os</strong>tumbra<strong>do</strong>, en cambio, a l<strong>os</strong> ejempl<strong>os</strong> decita sin encuentro; la cita ha si<strong>do</strong> pactada,pero el encuentro no se produce, falla, sep<strong>os</strong>terga, se deja pasar la ocasión. La tensiónesencial que hace de la neur<strong>os</strong>is una patologíaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
47del tiempo, un <strong>des</strong>fasaje entre el <strong>des</strong>eo y elacto, se expresa cotidianamente en la brechalógico-temporal entre cita y encuentro.Una aclaración en este Rendez-vousmultilingüe: l<strong>os</strong> términ<strong>os</strong> “cita” y“encuentro” se recubren parcialmente, peropueden ser distinguid<strong>os</strong> en algunas lenguas,español, francés, inglés, y también se puedeoponer el término latino cito al griego túkhein.CITAENCUENTRORENDEZ-VOUS RENCONTREAPPOINTEMENT MEETING – ENCOUTERCITOTE (imperativo: rendez-vous!) TUNKHANO(encontrar por azar)CITO: llamar, hacer venir. TUKHÊIN: responder al <strong>des</strong>eo ya la espera 7 .En su seminario Problemas cruciales delpsicoanálisis Lacan da un ejemplo de citatoma<strong>do</strong> de la teoría del signo de Peirce,“cinco florer<strong>os</strong> en la ventana con la cortinacorrida hacia la izquierda”, cuyo significad<strong>os</strong>egún el lingüista sería: estaré sola a las cinco.Lacan observa sin embargo que no se trata deun signo que componga un mensaje unívoco.¿Qué quiere decir “sola a las cinco”?Remitim<strong>os</strong> a la clase del 5 de mayo de 1965para el preci<strong>os</strong>o análisis que allí realiza, sola,seule, es también única, para el solo, el únicoque recibe el mensaje ante la mirada ciega delvecindario. Retengam<strong>os</strong> solamente estecomentario n<strong>os</strong>ográfico de Lacan: Quienreciba este signo reaccionará de un mo<strong>do</strong>diferente según su tipo clínico; en el caso delpsicótico la atención recae sobre el mensaje ysu lekton, el perverso se interesa en el <strong>des</strong>eoen juego y el secreto p<strong>os</strong>eí<strong>do</strong>, el neuróticopone el acento en el encontrar, o mejordicho, reencontrar el objeto.El neurótico enfatiza lo que l<strong>os</strong> estoic<strong>os</strong>llamaban tunkhánon, pero con la particularidadsiguiente, que se interesa en el encuentro:para fallarlo. En efecto, las distintas neur<strong>os</strong>ispueden entenderse como formas diversas deevitar el encuentro, de faltar a la cita del7 Un ejemplo de Tucídi<strong>des</strong> en sus Crónicas de la guerradel Peloponeso: Tés hekástou boulése<strong>os</strong> te kaì dóxen tukhêin(responder al <strong>des</strong>eo y la expectativa de cada uno).<strong>des</strong>eo. El hiato por ellas acentua<strong>do</strong> entre citay encuentro las distingue de otr<strong>os</strong> tip<strong>os</strong>clínic<strong>os</strong>, <strong>des</strong>tacan<strong>do</strong> el <strong>des</strong>fasaje temporal quesepara al sujeto de su acto, y revelan<strong>do</strong> eseorden causal <strong>des</strong>cripto por Freud, y antesvislumbra<strong>do</strong> por Aristóteles, en que loperdi<strong>do</strong> y <strong>des</strong>ea<strong>do</strong> ha si<strong>do</strong> olvida<strong>do</strong>, y sólo sereencuentra por accidente.Cuan<strong>do</strong> aun así alguna vez el encuentro seproduce, es por lo general completamente<strong>des</strong>conoci<strong>do</strong> por el sujeto, o bien esconsidera<strong>do</strong> como un mal encuentro, unacontecimiento a <strong>des</strong>tiempo; demasia<strong>do</strong> prontopara el histérico, demasia<strong>do</strong> tarde para elmelancólico, el obsesivo por su parte empleauna estrategia temporal mixta para faltar alencuentro: anticipa tarde. En cualquier caso, setrata de un acontecimiento a <strong>des</strong>tiempo quede tod<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> lleva la marca del<strong>des</strong>conocimiento.L<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong> de <strong>des</strong>encuentro son sueñ<strong>os</strong>típic<strong>os</strong> de la neur<strong>os</strong>is, y es fácil encontrar enell<strong>os</strong> ejempl<strong>os</strong> que ilustran bastante bien esaevitación que es esencial en ese tipo clínico.Una paciente soltera, atractiva aunque ya notan joven, consulta justamente por no poderencontrar un hombre que al mismo tiempo leresulte interesante y que todavía no estécasa<strong>do</strong>. Relata d<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong> reiterad<strong>os</strong> en suvida previa a la consulta. En el primer sueñoestá en su casa, atrincherada, rodeada deindi<strong>os</strong>. “¡Qué susto!” – dice con tonoaniña<strong>do</strong> -. En el segun<strong>do</strong> sueño sale de sucasa, pero como un espíritu, sin que l<strong>os</strong> otr<strong>os</strong>puedan verla, un espíritu sin cuerpo. “¡Meencanta!”, comenta divertida.Las estrategias de <strong>des</strong>encuentro son diversasen la neur<strong>os</strong>is. Es típico de la histeria cedercorporeidad a Otra mujer, así como formaparte de las estrategias del obsesivo realizar el<strong>des</strong>eo sin que se note, de contraban<strong>do</strong>. Per<strong>os</strong>i se presta atención, se puede advertir que lastécnicas de <strong>des</strong>encuentro en las neur<strong>os</strong>isjuegan eminentemente sobre el eje deltiempo. La espera, la programación, elaburrimiento, la anticipación a <strong>des</strong>tiempo, eldemasia<strong>do</strong> tarde y el demasia<strong>do</strong> pronto, elfaltar a la cita sin darse cuenta y por l<strong>os</strong> másANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
48divers<strong>os</strong> motiv<strong>os</strong>, e incluso la urgenciasubjetiva <strong>des</strong>orientada, son algunas de lasmodalida<strong>des</strong> de encubrimiento del tiempo enlas neur<strong>os</strong>is. La intervención analítica habráde reintroducir el tiempo como coordenadaética, como llama<strong>do</strong> a la finitud hecho <strong>des</strong>deel único punto de trascendencia que resta alser hablante: el <strong>des</strong>eo del Otro – <strong>des</strong>eo que alanalista le toca encarnar -.El acto del analistaEsta tensión esencial que hace de la neur<strong>os</strong>isuna patología del tiempo, esta brecha lógicotemporalentre cita y encuentro, se presentatambién en la cura psicoanalítica, ponien<strong>do</strong> aprueba la eficacia del tratamiento. Por ella elpsicoanálisis no se reduce a la aplicación deun méto<strong>do</strong> que se atenga a una cita rutinaria.El psicoanálisis tiene un méto<strong>do</strong>, el queprescribe la regla fundamental freudiana, peroel cumplimiento de ese méto<strong>do</strong> depende de laautorización que confiere al analizante, cadavez, el acto del psicoanalista, acto que ha deresponder a la lógica del encuentro, con loque ella implica de oxímoron. Lacan lo dijomagistralmente en su seminario El <strong>des</strong>eo y suinterpretación.El análisis no es una simple reconstitución delpasa<strong>do</strong>, no es tampoco una reducción a normaspreformadas, no es un ep<strong>os</strong>, no es un eth<strong>os</strong>;yo lo compararía con un relato tal, que el relatomismo sea el lugar del encuentro del que setrata en el relato 8 .Evocaré aquí el ejemplo de otra paciente querelata su interpretación de un síntomaduradero pero ya <strong>des</strong>apareci<strong>do</strong>, la bulimia,como un síntoma de la falta de intervenciónde su padre, 60 añ<strong>os</strong> mayor que ella, enalgunas situaciones precisas de su infancia ya<strong>do</strong>lescencia, situaciones <strong>do</strong>minadas por elcapricho de la madre. Curi<strong>os</strong>amente, lo diceen tono de reproche, como si ese reproche sedirigiera actualmente al analista, por lo queme autorizo a decirle, sin ocultar ciertaincomodidad:8 Lacan, J., “Le désir et son interprétation”, clase del 1ºde julio de 1959.-Usted esperaría que yo intervenga en elpasa<strong>do</strong>, ¡antes de que este análisis comience!- No, ¡no!, yo no diría “esperaría”, yo esperabauna intervención, pero no llegó, y es cierto,ahora ya es tarde, tuve que cortar yo mismaesas situaciones con mi síntoma, y luegotambién tuve que terminar yo sola con misíntoma, cuan<strong>do</strong> me encontré con el límite dela sangre en el vómito. ¡Y bueno, suintervención llega tarde!, añade con rabia, esasí… ¡qué quiere que le haga!. Más adelantelograría matizar: “está to<strong>do</strong> mal, pero detodas formas creo que aquí podré elaborar, ytal vez ya esté elaboran<strong>do</strong> de otra manera esoque no ocurrió, esa falta de intervención queme forzó a tener que arreglar yo por mimisma las c<strong>os</strong>as”.Este viñeta ilustra para mí un encuentroanalítico, en este caso por la reedición delcorte que el analizante debió realizar a faltade intervención del Otro; con la diferencia,en esta reedición, de que el analista encarnaahora una causa más <strong>des</strong>eable que la queanimó la instalación o el cese del síntomaactingbulímico. Las tijeras de lainterpretación analítica mejoran sin duda elinstrumental precario que el sujeto encontróañ<strong>os</strong> antes para cortar: l<strong>os</strong> límites impuest<strong>os</strong>al sujeto por el cuerpo, la angustia ante lasangre. Ahora el analista llega demasia<strong>do</strong>tarde a su vida, es cierto, pero al alojar sureclamo anacrónico aporta alivio alsufrimiento, y dialéctica a las p<strong>os</strong>icioneslibidinales actuales de la analizante. L<strong>os</strong>reclam<strong>os</strong> del neurótico siempre sonanacrónic<strong>os</strong>, lo que tiene de particular estecaso es que ese rasgo temporal en estaoportunidad no fue camufla<strong>do</strong>.Para su concepción del acto psicoanalítico,Lacan se inspiró en On transference 9 , un textoen el que Winnicott s<strong>os</strong>tiene que endeterminad<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> del tratamientoanalítico, el analista debe “(…) permitir que elpasa<strong>do</strong> del paciente sea el presente”, para9 D. Winnicott, On transference. Este texto preci<strong>os</strong>o escita<strong>do</strong> por Lacan en Autres Écrits, Seuil, Paris, 2001, p.275.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
49revivir ese momento en que el niño, en elmomento del corte disruptivo en que hubieradebi<strong>do</strong> experimentar furia, no encontró elOtro ante el cual poder hacerlo. El relatoactual al analista no podría realizarseverdaderamente sin que esa furia semanifieste; sólo si esta vez ella no sólo serevela sino que también se realiza, elanalizante puede encontrar al Otro de unamanera diferente que a través de la asunciónde un falso self – máscara que repite y señalaaquel <strong>des</strong>encuentro primero -.La clínica freudiana del encuentroLa Psicopatología de la vida cotidiana de Freu<strong>do</strong>frece al psicoanalista la p<strong>os</strong>ibilidad <strong>des</strong>ensibilizarse a la clínica del encuentro. Es untexto maravill<strong>os</strong>amente entrama<strong>do</strong> en l<strong>os</strong>golpes de la fortuna, en lo que ocurre comopor azar, en l<strong>os</strong> pequeñ<strong>os</strong> act<strong>os</strong> que seafirman tanto más fuertemente como act<strong>os</strong>cuanto que representan fallas en el hacer.Particularmente la divergencia y la tensióntemporal entre cita y encuentro fue allí objetode observaciones y comentari<strong>os</strong>. Tomem<strong>os</strong>un ejemplo de encuentro milagr<strong>os</strong>o con unapersona en quien justamente uno estabapensan<strong>do</strong>, un ejemplo “simple y de fácilinterpretación”, según el propio autor:Poc<strong>os</strong> días <strong>des</strong>pués que me hubieronconcedi<strong>do</strong> el título de profesor que tantaautoridad confiere en países de organizaciónmonárquica, iba yo dan<strong>do</strong> un paseo por elcentro de la ciudad y de pronto mispensamient<strong>os</strong> se orientaron hacia una puerilfantasía de venganza dirigida contra ciertapareja de cónyuges. Meses antes, ell<strong>os</strong> mehabían llama<strong>do</strong> para examinar a su hijita, aquien le había sobreveni<strong>do</strong> un interesantefenómeno obsesivo <strong>des</strong>pués de un sueño.Presté gran interés al caso, cuya génesis creíaentender; sin embargo, l<strong>os</strong> padres<strong>des</strong>autorizaron mi tratamiento y me dieron aentender su intención de acudir a unaautoridad extranjera, que curaba mediantehipnotismo. Yo fantaseé pues, que tras eltotal fracaso de este intento l<strong>os</strong> padres merogaban que interviniera con mi tratamientodicién<strong>do</strong>me que ahora tenían plena confianzaen mí, etc. Pero yo respondía: «¡Ah... claro!Ahora que yo también soy profesor uste<strong>des</strong>me tienen confianza. Pero el título no hahecho variar en nada mis aptitu<strong>des</strong>; si uste<strong>des</strong>no podían utilizar mis servici<strong>os</strong> sien<strong>do</strong> yoencarga<strong>do</strong> de curs<strong>os</strong>, también puedenprescindir de mí como profesor». En estepunto mi fantasía fue interrumpida por unsalu<strong>do</strong> en voz alta: «¡Adiós, señor profesor!»,y cuan<strong>do</strong> miré de quién provenía vi quepasaba junto a mí la pareja de la que acababade vengarme rechazan<strong>do</strong> su pedi<strong>do</strong>. Unasomera reflexión <strong>des</strong>truyó la apariencia de lomilagr<strong>os</strong>o. Yo marchaba en senti<strong>do</strong> contrarioa la pareja por una calle recta y ancha, casivacía de gente, y a distancia quizá de un<strong>os</strong>veinte pas<strong>os</strong> había distingui<strong>do</strong> con unamirada fugitiva sus importantespersonalida<strong>des</strong>, reconocién<strong>do</strong>l<strong>os</strong>, peroeliminé esa percepción – siguien<strong>do</strong> el modelode una alucinación negativa - por l<strong>os</strong> mism<strong>os</strong>motiv<strong>os</strong> de sentimiento que se hicieron valerluego en esa fantasía de aparente emergenciaespontánea.No se trata en este ejemplo de un encuentrocon alguien en quien Freud estaba pensan<strong>do</strong>conscientemente, l<strong>os</strong> pensamient<strong>os</strong> allí seproducen más bien como consecuencia deuna percepción previa. Este ejemplo muestraotro rasgo que caracteriza l<strong>os</strong> hech<strong>os</strong>fundamentales del psicoanálisis: lascoordenadas del encuentro y del<strong>des</strong>encuentro no necesariamente sonpercibidas por la conciencia, y como en otrasmanifestaciones del <strong>inconsciente</strong>, a menu<strong>do</strong>pueden ser situadas entre percepción yconsciencia, <strong>des</strong>pués de la percepción, peroprecedien<strong>do</strong> la conciencia.La alteración anti-intuitiva del orden causal estípica de est<strong>os</strong> “hech<strong>os</strong>” que en verdad sonact<strong>os</strong>, como también pasa en laspremoniciones oníricas que “se cumplen”; secumplen, explica Freud, solamente porinversión de la secuencia temporal de l<strong>os</strong>hech<strong>os</strong>. Un encuentro sin cita previaresponde a las coordenadas de una elecciónANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
50<strong>inconsciente</strong>, en él el ser hablante se expresapor fuera del <strong>do</strong>minio yoico.Lo voluntario del ser hablante no se reduce ala voluntad consciente.Nuestra política de EscuelaLa distinción entre cita y encuentro puede serrelevante no sólo en la clínica delpsicoanálisis, también en su política.Como <strong>des</strong>ignación de una reunióninternacional, el término “cita”, “rendezvous”,es más prudente que “encuentro” o“rencontre”, porque nadie garantiza queefectivamente en una cita haya encuentro, ymen<strong>os</strong> aún que lo que se encuentra sea loespera<strong>do</strong>. En to<strong>do</strong> caso, el <strong>des</strong>eo que puedeanimar a algun<strong>os</strong> no podría cumplirse en elmo<strong>do</strong> de lo necesario, sin hacer lugar a lo quedel <strong>des</strong>eo, en un ser capaz de elección, serealiza en el mo<strong>do</strong> de la túkhe.Al “Encuentro” de 1998 por ejemplo se lellamó así pero no hubo propiamente unencuentro, no en to<strong>do</strong> caso un buenencuentro. Esto ilustra ese rasgo estructuraldel encuentro, que responde a unatemporalidad que no obedece el programa, eltiempo de la elección.La “cita”, que n<strong>os</strong> convoca en el mo<strong>do</strong> delimperativo, citote o rendez-vous!, es unaconvocatoria que puede facilitar o no elencuentro. Comentan<strong>do</strong> la distinción entre tueres el que me seguirás – tu es celui qui mesuivra(s) -, con o sin “s”, Lacan m<strong>os</strong>tró quehay distintas maneras de citar al Otro, dellamarlo, es distinto invitarlo <strong>des</strong>de el <strong>des</strong>eoque darle instrucciones como a unautómata 10 .La cita ordena a la manera de lo necesario,pero el encuentro sólo se produce en serescapaces de elección, y en el mo<strong>do</strong> de lacontingencia. La ética del psicoanálisis incitaa advertir lo que se encuentra de real, y lo quese encuentra de real, no necesariamente es unbuen encuentro, a veces se presenta bajo laforma de lo que decepciona, del fracaso,incluso de la crisis.¿Habrá en est<strong>os</strong> primer<strong>os</strong> días de julio de2008, en São Paulo, encuentro? No estágarantiza<strong>do</strong> de antemano. ¿Coincidirem<strong>os</strong> enla historia que aquí se elabore, la historia quesegún decía Heine, es la profecía del pasa<strong>do</strong>?¿Qué hem<strong>os</strong> hecho en est<strong>os</strong> diez añ<strong>os</strong>? ¿Quéesperam<strong>os</strong> para l<strong>os</strong> próxim<strong>os</strong>?Quienes acudim<strong>os</strong> a esta Cita enfrentam<strong>os</strong>por ejemplo la pregunta: ¿Cuál es lareglamentación que necesitam<strong>os</strong>? Aprovechopara dejar aquí una opinión, que creocoherente con lo que vengo de explicar. Lareglamentación que necesitam<strong>os</strong> es la mínimanecesaria, para asegurar el acto analítico ensus diferentes incidencias: en la intensión,facilitan<strong>do</strong> el funcionamiento de l<strong>os</strong>disp<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> de la Escuela quehacen lugar a opciones reales <strong>des</strong>de laperspectiva del psicoanálisis; en la extensión,facilitan<strong>do</strong> el acceso del psicoanalista a otr<strong>os</strong>context<strong>os</strong> en l<strong>os</strong> que él tenga la chace dehacer, de sus citas profesionales, ocasiones deencuentro psicoanalítico.10 J. Lacan, Les psych<strong>os</strong>es, Seuil, Paris, clase del 13 dejunio de 1956.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
51Repetir, rememorar e decidir: a análise entre oinstante da fantasia e o momento <strong>do</strong> atoAna Laura Prates PachecoOtítulo <strong>do</strong> meu trabalho é,evidentemente, umahomenagem ao texto deFreud de 1914“Rememorar, repetir eelaborar”, mas inclui oconceito de decisão,introduzi<strong>do</strong> por Lacanprecocemente com a expressão “a insondáveldecisão <strong>do</strong> ser” 11 , e que apresenta inúmer<strong>os</strong><strong>des</strong><strong>do</strong>brament<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> e étic<strong>os</strong> ao longo <strong>des</strong>eu ensino. Tentarei <strong>des</strong>envolver, então, estetema, através de três breves recortes.1-Repetição: O instante da fantasia: Se euf<strong>os</strong>se, quan<strong>do</strong> eu fizer, se tivesse pensa<strong>do</strong>, eu nãoqueria... O <strong>sujeito</strong> neurótico vive suspensonum tempo que projeta sobre o futuro toda apromessa de um presente que “teria si<strong>do</strong>”, senão f<strong>os</strong>se a maldição que determina o álibipara a eterna suspensão <strong>do</strong> ato. Congela<strong>do</strong>no instante da fantasia – cena na qualesboçou sua versão de uma relação sexualp<strong>os</strong>sível – o neurótico almeja o imp<strong>os</strong>sível:parar o tempo que, introduzin<strong>do</strong>contingência na série necessária,<strong>des</strong>mascara a precariedade e a instabilidadede sua montagem.O <strong>sujeito</strong>, tentan<strong>do</strong> tapear o fracassoreal de tal empreitada, alia-se a Cron<strong>os</strong>,pagan<strong>do</strong> o preço de por ele se deixar devorar,em troca da ilusão de uma contabilidade que,se não pára o tempo, ao men<strong>os</strong> o <strong>do</strong>mestica.Há mesmo aqueles que dedicam a vida àtarefa de <strong>do</strong>mesticá-lo. “Na medida em queJúpiter é perfeitamente capaz de castrarCron<strong>os</strong> – diz Lacan –, n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> pequen<strong>os</strong>Júpiteres temem que o próprio Cron<strong>os</strong>comece fazen<strong>do</strong> o trabalho” (Lacan, 199911 Esta expressão é introduzida por Lacan no texto de1946 “Formulações sobre a causalidade psíquica”.[1957/58]): Alguns são atrasad<strong>os</strong> eprocrastina<strong>do</strong>res, já que é sempre p<strong>os</strong>síveladiar ainda um pouco a decisão, à espera demais tempo para pensar. Tempo é o que lhesfalta – presumem – para livrá-l<strong>os</strong> da dúvida eda dívida com seu amo implacável. Emcontrapartida, há aqueles – ou maisfreqüentemente aquelas – que antecipam umaencenação qualquer, tentan<strong>do</strong> furtar-se dapassagem inexorável com uma espécie de “eufaço a hora”, num escape calcula<strong>do</strong> <strong>do</strong>encontro inevitável com a hora marcada. Hátambém <strong>os</strong> que fogem de Cron<strong>os</strong> como odiabo foge da cruz, preven<strong>do</strong> que o relógionão <strong>os</strong> livrará da mordida. Aceleração e/ouatraso, encontram-se na torção que cria a faceúnica da banda de Moebius (ilustrada no cartazde n<strong>os</strong>so Encontro), onde o <strong>sujeito</strong> – comouma formiga operária – corre contra otempo. A diacronia que move a cadeiasignificante é, assim, um eterno “vir a ser”que movimenta o <strong>sujeito</strong>, projetan<strong>do</strong>-o numfuturo incerto, mas consistente – já que nofinal, estava escrito na profecia da fantasia oque ele iria encontrar: “essa cadeia infinita <strong>des</strong>ignificações a que se chama <strong>des</strong>tino.Podem<strong>os</strong> escapar dela indefinidamente, maso que se trataria de encontrar é justamente ocomeço – como é que o <strong>sujeito</strong> entrou nessahistória de significante?” – para usar aspalavras de Lacan no Seminário “AAugústia” (Lacan, 2005 [1962/63], p. 78).Como dizia uma analisante: Não sei oque me espera. Não sabe, mas tem a certeza deque, seja lá o que for, “isso” estaria lá,pronto, esperan<strong>do</strong>, em algum lugar no futuro.Wo es war, soll ich werden – como n<strong>os</strong> ensinouFreud – “lá onde isso estava, o eu deveráadvir”. Cabe ao <strong>sujeito</strong> continuarcaminhan<strong>do</strong> na estrada da vida (a banda), até– como dizia outro analisante – chegar lá! Eis aANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
52sup<strong>os</strong>ição <strong>inconsciente</strong> que o sustenta em suaalienação neurótica: a da existência <strong>do</strong> Outroque sabe, porque está “lá”, no futuro. O<strong>sujeito</strong>, assim, “só se anuncia que terá si<strong>do</strong> nofuturo anterior” – como expressa Lacan emsua célebre frase. Daí sua obsessão pelaprevisão oracular: se soubesse o que o Outr<strong>os</strong>abe, se tivesse acesso à senha,antecipadamente, to<strong>do</strong> o risco, o furo, o erro,o equívoco, o engano, seriam apagad<strong>os</strong> e, aísim, o ato estaria garanti<strong>do</strong>. Enquanto essedia não chega, e o <strong>sujeito</strong> não “chega lá”, oato está suspenso ou simula<strong>do</strong>. O que nãoimplica em ausência de acting out ou mesmode passagens ao ato que, entretanto, apenasreforçam sua alienação.Aí está o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong> neurótico:embora sua relação com o tempo seja daordem <strong>do</strong> “muito ce<strong>do</strong>” ou “muito tarde”, <strong>os</strong>ujeito é bastante pontual no que diz respeitoao encontro com sua fantasia fundamental. Afantasia, que estam<strong>os</strong> ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> a tratarenquanto um lugar – A Outra cena –,também apresenta uma dimensão temporalna vertente sincrônica. A vida vivida na“miséria neurótica” é repleta <strong>des</strong>incronicida<strong>des</strong> – como supôs Jung – (oucoincidências se vocês preferirem).Estam<strong>os</strong> ac<strong>os</strong>tumad<strong>os</strong> a escutarn<strong>os</strong>s<strong>os</strong> analisantes queixarem-se: Comigo ésempre assim, parece que an<strong>do</strong> em círcul<strong>os</strong>, parececarma, de novo a mesma coisa, sempre caio nessa.Vocês devem ter sua própria coleção defrases recortadas da clínica. Elas apontampara o que Freud chamou de “compulsão àrepetição” que, como sabem<strong>os</strong>, vai além <strong>do</strong>princípio <strong>do</strong> prazer. Por esta via, Freudconcluiu em “Além <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer”,o que se convencionou chamar deatemporalidade <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>: “<strong>os</strong>process<strong>os</strong> psíquic<strong>os</strong> <strong>inconsciente</strong>sencontram-se, em si, fora <strong>do</strong> tempo. Istoquer dizer, em primeiro lugar que não podemser ordenad<strong>os</strong> temporalmente, que o temponão muda nada neles e que neles não se podeaplicar a idéia de tempo”. (Freud, 1981 v. III[1920], p. 2520). Essa expressão “fora <strong>do</strong>tempo” Freud articula com algo quepodem<strong>os</strong> formalizar logicamente como “oque não cessa de não se inscrever”: Noanalisante – diz Freud – “a compulsão àrepetição na transferência n<strong>os</strong> m<strong>os</strong>tra que <strong>os</strong>traç<strong>os</strong> mnêmic<strong>os</strong> recalcad<strong>os</strong> de suasexperiências primeiras não se encontram neleem esta<strong>do</strong> de ligação (Bindung)”. (Idem, p.2520). Sabem<strong>os</strong> que para Freud a repetição éatribuída ao “retorno ao inanima<strong>do</strong>”.Com Lacan esse “retorno ao mesmo”– que contém um imp<strong>os</strong>sível na própriafórmula – é chama<strong>do</strong> de real: “o real é aqui oque retorna sempre no mesmo lugar” (Lacan,1962). O que Lacan chamava de retroversion(receber <strong>do</strong> Outro sua própria mensagem deforma invertida) revela a própria estrutura <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>, formalizada mais tarde naescrita <strong>do</strong> Discurso <strong>do</strong> Mestre.S1$/ S2/ aEssa escrita, entretanto, que inclui oque da estrutura está fora da linguagem (oobjeto “mais-de-gozar) contém a fórmula daNachtraglichkeit freudiana nas vertentesdiacrônica (S1 → S2: o que se modifica) esincrônica ($◊a: o que permanece constante).O Outro, enquanto senhor <strong>do</strong> tempo é,portanto, aquele que goza <strong>do</strong> saber sobre ofuturo, enquanto o <strong>sujeito</strong> mantém-se fixa<strong>do</strong>no instante da fantasia – simultaneamenteflexível e inextensível – na eterna expectativada alcançá-lo.2. Rememoração: tempo entre o instantee o momento: A intromissão <strong>do</strong> analista naestrutura da neur<strong>os</strong>e instaura, via associaçãolivre, a lógica da rememoração. Comoarticulava Freud, aquilo que era repetição(Wiederholung) passa a ser lembrança (Erinner),sob transferência. Trata-se de um artifício,um truque – n<strong>os</strong> adverte Lacan. Um truqueatravés <strong>do</strong> qual o analista incita o neuróticoao saber, fazen<strong>do</strong>-se de suporte para o SSS(Lacan, 1969). Eis a histerização <strong>do</strong> discurso,que Lacan sublinha, <strong>des</strong>de o início de seuensino não se tratar de memória histórica,ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
53mas da rememoração, da historisteria (hystoire) 12na qual: “não é o que vem depois que émodifica<strong>do</strong>, porém tu<strong>do</strong> o que está antes” –dizia n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 50. A rememoração –acrescenta em 1976 – “consiste em fazer ascadeias entrarem em alguma coisa que já estálá e que se nomeia como saber” (Lacan, 2007[1975/76]).$ → S1a // S2Falar para ser escuta<strong>do</strong>, falar para servisto, falar para furar o Outro ou para fazê-loexistir. O saber, no disp<strong>os</strong>itivo analítico,passa a ser uma produção, que se retira <strong>do</strong>próprio <strong>sujeito</strong> pelas formações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Evidenciam-se, assim, <strong>os</strong> <strong>do</strong>is aspect<strong>os</strong> datransferência: se, pela inclusão <strong>do</strong> analista nafantasia fundamental, ela é a atualização darealidade sexual <strong>inconsciente</strong> – isto é, darelação sexual imp<strong>os</strong>sível –, ela não é,entretanto, apenas repetição de um passa<strong>do</strong> aser revela<strong>do</strong> à luz da memória. Ao contrário,o que abre a margem para o ato analítico, éjustamente sua vertente de criação.Durante a maior parte <strong>do</strong> tempo quedura uma análise, entretanto, o que se cria – apartir <strong>des</strong>sa aspiração vã chamada neur<strong>os</strong>e detransferência – é uma ficção. Ficção queenquadra e justifica a realidade ao construir,pouco a pouco, o castelo onde iriam habitaro saber e a verdade após consumarem seucasamento imp<strong>os</strong>sível. Aprisiona<strong>do</strong> na torreque ele próprio terá ergui<strong>do</strong>, o <strong>sujeito</strong><strong>des</strong>conhece a servidão voluntária implicadaem sua fixação no objeto parcial da fantasiaque se sustenta num equívoco: o datotalidade <strong>do</strong> gozo. Construir o castelo dafantasia é, logicamente, condição necessária,contanto que o <strong>sujeito</strong> não se contente emhabitá-lo.A produção, ao longo de umaanálise, portanto, porta em seu âmago ocúmulo <strong>do</strong> engano, que Lacan chamou o12 Faço aqui referência ao texto de Lacan de 1976“Prefácio da edição inglesa <strong>do</strong> Seminário 11”. InOutr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong> (2003).equívoco <strong>do</strong> SSS: “Sup<strong>os</strong>to no saber em queele consiste como <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>”(2003 [1973]). Sup<strong>os</strong>ição, ainda demasia<strong>do</strong>neurótica, de que o saber produzi<strong>do</strong> sobtransferência alcançará enfim o objeto dafantasia <strong>inconsciente</strong> localiza<strong>do</strong>, comoverdade, em algum lugar <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.Um analisante testemunhou com umaane<strong>do</strong>ta o momento em que se deu conta <strong>des</strong>ua p<strong>os</strong>ição na fantasia: Dois homens assaltamum banco e cada um foge com uma mala. Apósalguns an<strong>os</strong>, um d<strong>os</strong> assaltantes, que havia fica<strong>do</strong> ricocom o dinheiro rouba<strong>do</strong>, vê pela janela de seu carro,um mendigo que ele reconhece ser seu cúmplice noassalto. Curi<strong>os</strong>o, pára o carro para perguntar por queele estava naquela situação miserável? E o outroresponde: Na minha mala só encontrei papéis comdívidas. Passar a vida pagan<strong>do</strong> a dívidacontraída por outro e, a partir <strong>des</strong>sa escolha,pagar o preço de viver na miséria pela culpade reconhecer-se agente de outro crime. Apiada – que de resto revelava a presença <strong>do</strong>objeto anal articula<strong>do</strong> ao olhar – aludia a umacena de sua infância, reconstruída a partir daintervenção da analista: fora severamenterepreendi<strong>do</strong> por roubar as ferramentas <strong>do</strong> pai nasquais era proibi<strong>do</strong> terminantemente demexer, para emprestá-las a um amigo,obten<strong>do</strong> assim o prestígio de ser visto comoaquele que tem as ferramentas. Caía, assim, suaimagem tão cultivada de “menino bonzinho”.A presença, entretanto, <strong>do</strong> duplo especular,encarna<strong>do</strong> naquele que goza da vida, <strong>do</strong>dinheiro e das mulheres ao roubar a malacerta, ainda permaneceu durante muitotempo, nessa análise, como um ideal a seralcança<strong>do</strong> pelo avesso.3. Decisão: O momento <strong>do</strong> ato/fazeroutra ficção <strong>do</strong> real. Sabem<strong>os</strong>, <strong>des</strong>de Freud,que <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> da construção da fantasia atésua redução a um resíduo <strong>des</strong>subjetiva<strong>do</strong>,dependem das escansões operadas peloanalista. O jogo <strong>do</strong> tratamento analítico,assim, gira em torno <strong>do</strong> corte. É o corte quetornará p<strong>os</strong>sível o salto mais além dasseqüências da construção. Aquele mesmoanalisante, quan<strong>do</strong> se dá conta daconsistência que havia da<strong>do</strong> ao Outro queANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
54não existe, inicia a sessão com o seguintechiste: O português entra num ônibus vazio, com apresença apenas <strong>do</strong> motorista e <strong>do</strong> cobra<strong>do</strong>r e senta-seem um lugar qualquer. Está choven<strong>do</strong> e justo nolugar escolhi<strong>do</strong> tem uma goteira que pinga sobre suacabeça. Após algum tempo circulan<strong>do</strong>, o cobra<strong>do</strong>rpergunta: - Português, não tem ninguém no ônibus evocê fica com essa goteira pingan<strong>do</strong> em cima da suacabeça. Porque não troca de lugar? E o portuguêsresponde: - Trocar com quem? Corte da sessão!Desta vez, terá si<strong>do</strong> enfim suficiente para queultrapasse o horror ao ato?Ten<strong>do</strong> a transferência se reduzi<strong>do</strong> aoextremo da insignificância – este ponto realnão interpretável, quan<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong>analista é quase idêntica ao esquecimento dacoisa sabida – o que ainda a manteria, senão acovardia <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> em <strong>des</strong>abonar-se <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> – as migalhas de saber –enquanto lastro? Mais uma sessão, o saberSn+1, a lembrança encobri<strong>do</strong>ra mais remota,uma volta a mais na demanda, a últimapalavra, o tijolo derradeiro da construção <strong>do</strong>tal castelo de fantasia. Não. Não há últimapalavra. Nenhuma esperança de se terminaruma análise por essa via, que Freud percebeuser infinita. Como n<strong>os</strong> lembra Lacan apropósito <strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo de Zenão – queaponta justamente para o incomensurável –:Aquiles, é bem claro, só pode ultrapassar atartaruga, não pode juntar-se a ela. Ele só se junta aela na infinitude. Se (como vim<strong>os</strong> no início),não há o Outro que detém a senha quedecifra a charada sobre o futuro, tampoucohá o Outro <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> pleno de significaçõescondensadas a serem <strong>des</strong>vendadas. Talcrença, aliás, só pode conduzir o <strong>sujeito</strong> aperpetuar, sob transferência, a busca <strong>do</strong> tempoperdi<strong>do</strong>.Uma vez ten<strong>do</strong> se depara<strong>do</strong> com ohorror da modalidade de gozo eleita, não éem absoluto de mais tempo que o <strong>sujeito</strong>precisa para decidir abrir mão: da fixação <strong>do</strong>objeto na fantasia, <strong>do</strong> acesso ao não sabi<strong>do</strong> quesabe da castração, ao insucesso da relação sexual 13 ,13 Referência ao Seminário de Lacan L´insu que sait del´une-bévue s´aile à mourre.<strong>do</strong> casamento fictício entre saber e verdade.O analista não é o noivo da verdade, adverteLacan. Aqui, é preciso dar um passo além deFreud, um passo que é um salto e que Lacanchamou de passe. O momento <strong>do</strong> passe,portanto, pressupõe justamente atransp<strong>os</strong>ição da lógica d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> parciais dafantasia (a parte pelo to<strong>do</strong>), para a lógicaincompleta <strong>do</strong> não-to<strong>do</strong>. Trata-se, assim, deum esvaziamento: “No fim da operação oanalista aí representa o esvaziamento <strong>do</strong>objeto a, ele cai para se tornar ele mesmo aficção rejeitada” (Lacan, 1969). Rejeitar aficção, se <strong>des</strong>pedir <strong>do</strong> castelo. Não por acaso,Lacan articulou esse momento de pleno passea certa p<strong>os</strong>ição depressiva que correspondelogicamente à queda <strong>do</strong> SSS e à certezaantecipada de que a falta é, realmente, puraperda. Essa p<strong>os</strong>ição deverá, entretanto, seratravessada. Só se termina uma análise,portanto, por um ato que ultrapassa o <strong>sujeito</strong>,pois implica em sua <strong>des</strong>tituição.Sim, é preciso tempo (Il faut le temps);não há curto circuito para o atravessamentoda fantasia: Isso só se obtém – sublinha Lacan(1972/73) – “depois de um tempo muitolongo de extração para fora da linguagem, dealgo que lá está preso”; este “resto da coisasabida” que se chama objeto a. Para umaanalisante; uma mulher, as ferramentas <strong>do</strong> paitambém apresentavam um valor muitoespecial, na medida em que representavam oacesso ao dito paterno toma<strong>do</strong> comoimperativo: Você tem que aprender a se virarsozinha. Na caixa de ferramentas encontrava<strong>os</strong> instrument<strong>os</strong> necessári<strong>os</strong> para fazer tu<strong>do</strong> oque um homem sabe; o que incluiu a fabricação,na infância, de um pênis artificial com o qualpodia urinar em pé. No momento em queconsente com sua clássica e surpreendentepenisneid, tem um sonho: estava andan<strong>do</strong> emParis com o pai, aprecian<strong>do</strong> <strong>os</strong> monument<strong>os</strong>,quan<strong>do</strong> se deparam com um manto no chão,to<strong>do</strong> borda<strong>do</strong> e brilhante. O pai deita-sesobre o manto e ela tenta em vão fotografá-lopor tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> ângul<strong>os</strong>, já que sempre haviauma sombra que impedia a captura daimagem. O pai levanta-se e o mantoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
55transforma-se em trap<strong>os</strong> de mendig<strong>os</strong> erest<strong>os</strong> de comida. Nas associações, se dáconta da inversão pulsional: meu pai sempre fezsombra sobre mim. Explicita-se, assim, suainscrição não-toda fálica na presença <strong>des</strong>teobjeto não capturável pela imagem – própriadefinição de objeto a – essa mancha que,segun<strong>do</strong> Lacan, estrutura o lugar de falta em todavisão (Lacan, 1969). Ao mesmo tempo, revelasea resp<strong>os</strong>ta fantasmática que lhe forneciaconsistência imaginária na identificação como rebotalho <strong>do</strong> outro (“<strong>os</strong> rest<strong>os</strong> de comida”)– marca de sua relação com <strong>os</strong> homens.A extração <strong>do</strong> objeto a <strong>des</strong>taca, assim,a presença na estrutura, <strong>des</strong>sa outra bandanão especularizável, imprimin<strong>do</strong> a pressalógica: a função da pressa 14 – enfatiza Lacan –“é colocada pelo objeto a como causa de<strong>des</strong>ejo”. (Lacan, 1985 [1972/73], p. 67). Aperda pura pode, então, causar outra ficção <strong>do</strong>real 15 . O que exige, entretanto, uma decisão.Ora, a decisão é um ato solitário. Solitário esem lastro, já que suas conseqüências nãopodem ser antecipadas por nenhum cálculo.Entre o antes e o depois, há um indecidívellógico, imp<strong>os</strong>sível de calcular. E isso porrazões tão simples que chegam a ser<strong>des</strong>concertantes: o passa<strong>do</strong> reduz-se apenasao traço que suportou a inscrição primeira, eo futuro só existe enquanto <strong>des</strong>ejo e ap<strong>os</strong>ta.O momento <strong>do</strong> ato, assim, provoca umaprofunda transformação na própria relação<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> com o tempo. Consentin<strong>do</strong> emceder à inexorável mordida de Cron<strong>os</strong>, ép<strong>os</strong>sível, então, experimentar a boa hora que<strong>os</strong> greg<strong>os</strong> chamavam de Kair<strong>os</strong> – tempo quenão pode ser medi<strong>do</strong>, mas que pode servivi<strong>do</strong>. “A miragem da verdade, da qual só sepode esperar a mentira, não terá então outrolimite – n<strong>os</strong> ensina Lacan – senão a satisfaçãoque marca o fim da análise” (2003 [1976], p.568).14 Trata-se de uma referência ao texto de Lacan “Otempo lógico e a asserção da certezaantecipada”(1949), retomada por ele no Seminário 20“Mais Ainda” (1972/73).15 Expressão utilizada por Lacan no Seminário 17 “Oavesso da psicanálise” (1969/70).REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLACAN, J. (1954-55). O Seminário, livro 2: O eu nateoria de Freud e na técnica da psicanálise.Trad. de Marie Christine Lasnik Penot com acolaboração de Antônio Luis Quinet deAndrade. Rio de Janeiro, Zahar, 1985._________. (1956-57). O Seminário, livro 4: Arelação de objeto. Trad. Dulce Duque Estrada.Rio de Janeiro, Zahar, 1995._________. (1957-58). O Seminário, livro 5: Asformações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Trad. VeraRibeiro. Rio de Janeiro, Zahar, 1985._________ . (1962-63). O Seminário, livro 10: Aangústia. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro,Zahar, 2005._________. (1964). O Seminário, livro 11: Os quatroconceit<strong>os</strong> fundamentais de psicanálise. Trad.MD Magno. Rio de Janeiro, Zahar, 1998._________ . (1969 – 70). O Seminário, livro 17: Oavesso da psicanálise. Trad. Ari Roitman. Riode Janeiro, Zahar, 1992._________ . (1972-73). O Seminário, livro 20: Mais,ainda. Trad. M.D.Mag<strong>do</strong>. Rio de Janeiro, Zahar,1982._________ . (1975-76). O Seminário, livro 23: Osinthoma. Trad. Sérgio Laia. Rio de Janeiro,Zahar, 2007.LACAN, J. (1946). Formulações sobre a causalidadepsíquica. In: Escrit<strong>os</strong>. Op.Cit._________. (1945). O tempo lógico e a asserção decerteza antecipada. In: Escrit<strong>os</strong>. Op.Cit._________. (1960). Subversão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e dialética <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo no <strong>inconsciente</strong> freudiano. In: Escrit<strong>os</strong>.Op.Cit.LACAN, J. ________. (1961-62). A Identificação.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente. Trad.Ivan Corrêa e Marc<strong>os</strong> Bagno. Centro de Estud<strong>os</strong>Freudian<strong>os</strong>, Recife, 2003.________. (1966-67). La lógica del fantasma.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. (1967-68). O ato analítico. Seminário nãoestabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. (1968-69). De um Outro ao outro.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. ((1974-75). R.S.I. Seminário nãoestabeleci<strong>do</strong> oficialmente.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
56Repetir, recordar y decidir: el análisis entre elinstante del fantasma y el momento del actoAna Laura Prates Pacheco-Repetición: el instante del1fantasma: Si yo fuera, cuan<strong>do</strong> haga,si hubiera pensa<strong>do</strong>, no querría… Elsujeto neurótico vive suspendi<strong>do</strong>en un tiempo que proyecta en elfuturo toda promesa de unpresente que “habría si<strong>do</strong>” si nofuera por la maldición quedetermina la coartada para laeterna suspensión del acto. Congela<strong>do</strong> en elinstante del fantasma – escena en la cualesbozó su versión de una relación sexualp<strong>os</strong>ible – el neurótico anhela lo imp<strong>os</strong>ible:parar el tiempo que, introducien<strong>do</strong>contingencia en la serie necesaria,<strong>des</strong>enmascara la precariedad e inestabilidadde su montaje. El sujeto, intentan<strong>do</strong> burlar elfracaso real de tal empresa, se alía conCron<strong>os</strong>, pagan<strong>do</strong> el precio de dejarse devorarpor él a cambio de la ilusión de unacontabilidad que a pesar de no parar eltiempo, al men<strong>os</strong> lo <strong>do</strong>mestica. Incluso hayquienes dedican su vida a la tarea de<strong>do</strong>mesticarlo. En la medida en que Júpiter esperfectamente capaz de castrar a Cron<strong>os</strong> – diceLacan – nuestr<strong>os</strong> pequeñ<strong>os</strong> Júpiter temen que Cron<strong>os</strong>comience él mismo a hacer el trabajo (Sem. 5):Algun<strong>os</strong> son atrasad<strong>os</strong> y procastina<strong>do</strong>res, yaque siempre es p<strong>os</strong>ible p<strong>os</strong>tergar un poco ladecisión, a la espera de “más tiempo” parapensar. Tiempo es lo que les falta – presumen– para liberarl<strong>os</strong> de la duda y de la deuda consu amo implacable. En contrapartida, hayalgun<strong>os</strong> que anticipan una puesta en escenacualquiera, intentan<strong>do</strong> sustraerse al pasoinexorable con una especie de “adelantar elreloj”, en un escape calcula<strong>do</strong> del encuentroinevitable con la hora marcada. También hayquienes huyen de Cron<strong>os</strong> como el diablo de lacruz, previen<strong>do</strong> que el reloj no l<strong>os</strong> liberará dela mordida. Aceleración y/o atraso seencuentran en la torsión que crea la caraúnica de la banda de Moebius (ilustrada en elcartel de nuestro Encuentro), en la cual elsujeto – como una hormiga obrera – correcontra el tiempo. La diacronía que mueve lacadena significante es, así, un eterno “llegar aser” que moviliza al sujeto, proyectán<strong>do</strong>lo aun futuro incierto, pero consistente – ya queen el final estaba escrito en la profecía delfantasma lo que encontraría: esa cadenaindefinida de significaciones que se llama <strong>des</strong>tino.Uno puede escapar indefinidamente, pero lo que setratará de reencontrar es: ¿cómo entró el sujeto en esahistoria de significante? ? (Sem 10). Como decíaun analizante: No sé lo que me espera. No sabe,pero tiene la certeza que, sea lo que sea, ‘eso’estaría allí, listo, esperan<strong>do</strong>, en algún lugar enel futuro. Wo es war, soll ich werden – como n<strong>os</strong>enseñó Freud – “<strong>do</strong>nde ello era, el yo debeadvenir”. Cabe al sujeto continuar caminan<strong>do</strong>en el camino de la vida (la banda) hasta –como decía otro analizante – ¡llegar ahí! Estaes la sup<strong>os</strong>ición inconciente que lo s<strong>os</strong>tieneen su alienación neurótica: la existencia delOtro que sabe, porque está ‘ahí’, en el futuro.De ese mo<strong>do</strong>, el sujeto sólo anuncia lo que habrási<strong>do</strong> en el futuro anterior (Escrit<strong>os</strong>). De allí surgesu obsesión por la previsión oracular: sisupiera lo que el Otro sabe, si tuviera accesoa la clave anticipadamente, to<strong>do</strong> riesgo,<strong>des</strong>liz, error, equívoco, engaño sería borra<strong>do</strong>y ahí sí el acto estaría garantiza<strong>do</strong>. Mientrasese día no llega y el sujeto ‘no llega ahí’, elacto está suspendi<strong>do</strong> o simula<strong>do</strong>. Lo que noimplica la ausencia de acting out o incluso depasajes al acto que, sin embargo, refuerzan sualienación. Allí radica la para<strong>do</strong>ja delneurótico: aunque su relación con el tiemp<strong>os</strong>ea del orden del ‘muy temprano’ o ‘muytarde’, el sujeto es bastante puntual en elencuentro con su fantasma fundamental. ElANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
57fantasma, que estam<strong>os</strong> ac<strong>os</strong>tumbrad<strong>os</strong> atratar en tanto lugar – la Otra escena –,también presenta una dimensión temporal enla vertiente sincrónica. La vida vivida en la‘miseria neurótica’ está repleta <strong>des</strong>incronicida<strong>des</strong> – como supuso Jung – (o decoincidencias, si prefieren). Estam<strong>os</strong>habituad<strong>os</strong> a escuchar a nuestr<strong>os</strong> analizantesquejarse: Conmigo siempre es así, parece que caminoen círcul<strong>os</strong>, parece un karma, de nuevo lo mismo,siempre caigo en la misma. (Uste<strong>des</strong> deben tenersus propias frases recortadas de la clínica).Esto indica lo que Freud llamó ‘compulsión ala repetición’, que, como sabem<strong>os</strong>, va másallá del principio del placer. Por este caminoFreud concluyó lo que se llamóconvencionalmente atemporalidad delinconciente: l<strong>os</strong> proces<strong>os</strong> psíquic<strong>os</strong> inconcientes seencuentran fuera del tiempo. Esto significa, en primerlugar, que no se pueden ordenar temporalmente, queel tiempo no altera nada en ell<strong>os</strong> y que no se les puedeaplicar la idea de tiempo (“Más allá”…). Freudarticula esa expresión ‘fuera del tiempo’ conlo ‘que no cesa de no inscribirse’: En elanalizante, la compulsión a la repetición en latransferencia muestra que las huellas mnémicasreprimidas de sus primeras experiencias no seencuentran en él en esta<strong>do</strong> de ligazón (Bindung).Sabem<strong>os</strong> que para Freud la repetición esatribuida al “retorno a lo inanima<strong>do</strong>”. EnLacan ese “retorno a lo mismo” – quecontiene un imp<strong>os</strong>ible en la propia fórmula –es llama<strong>do</strong> real: “lo real es aquí lo que retornasiempre al mismo lugar” (Sem.9). Lo queLacan denominaba retroversion (recibir delOtro su propio mensaje de forma invertida)revela la estructura misma del inconciente,formalizada más tarde en la escritura delDiscurso del Amo. Esa escritura contiene lafórmula del Nachtraglichkeit freudiano en lasvertientes diacrónica (S1 → S2: lo que semodifica) y sincrónica ($◊a: lo que permanececonstante). El Otro, en tanto señor deltiempo es, por lo tanto, aquel que goza delsaber sobre el futuro, mientras el sujetopermanece fijo en el instante del fantasma –simultáneamente flexible e inextensible – enla eterna expectativa de alcanzarlo.2. Recuer<strong>do</strong>: tiempo entre el instante y elmomento. La intromisión del analista en laestructura de la neur<strong>os</strong>is instaura, víaasociación libre, la lógica del recuer<strong>do</strong>. Comolo articulaba Freud, aquello que era repetición(Wiederholung) pasa a ser recuer<strong>do</strong> (Erinner) enla transferencia. Se trata de un artificio, untruco – n<strong>os</strong> advierte Lacan. Un truco a travésdel cual el analista incita al neurótico al saberhaciénd<strong>os</strong>e soporte del SSS (Sem 16). Esta esla histerización del discurso; Lacan subraya<strong>des</strong>de el inicio de su enseñanza que no setrata de memoria histórica, sino de recuer<strong>do</strong>,de historisteria (hystoire), en la cual: lo que semodifica no es lo que viene <strong>des</strong>pués, sino to<strong>do</strong> lo queestá antes (Sem 2). El recordar – agrega en1976 – consiste en hacer que las cadenas entren enalgo que ya está allí y que se nombra como saber.Hablar para ser escucha<strong>do</strong>, hablar para servisto, hablar para <strong>des</strong>completar al Otro opara hacerlo existir. En el disp<strong>os</strong>itivoanalítico el saber deviene una producción, quese retira del propio sujeto por las formaciones delinconciente. Se evidencian así d<strong>os</strong> aspect<strong>os</strong>de la transferencia: si por la inclusión delanalista en el fantasma fundamental ella es laactualización de la realidad sexual inconciente– o sea, de la relación sexual imp<strong>os</strong>ible – noes, sin embargo, sólo repetición de un pasa<strong>do</strong>a ser revela<strong>do</strong> a la luz de la memoria. Alcontrario, lo que deja margen para el actoanalítico es precisamente su vertiente decreación. Lo que se crea durante la mayorparte del tiempo que dura el análisis – a partirde esa aspiración vana llamada neur<strong>os</strong>is detransferencia – es una ficción. Ficción queencuadra y justifica la realidad al construir,poco a poco, el castillo a<strong>do</strong>nde irían a vivir elsaber y la verdad luego de consumar sucasamiento imp<strong>os</strong>ible. Preso en la torre queél mismo habrá erigi<strong>do</strong>, el sujeto <strong>des</strong>conocela servidumbre voluntaria implicada en sufijación al objeto parcial del fantasma que ses<strong>os</strong>tiene en un equívoco: el de la totalidad delgoce. Construir el castillo del fantasma es,lógicamente, condición necesaria, siempre ycuan<strong>do</strong> el sujeto no se contente conhabitarlo. Por lo tanto, la producción a loANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
58largo de un análisis lleva en su núcleo elcolmo del engaño, que Lacan denominó elequívoco del SSS: supuesto no saber en que élconsiste como sujeto del inconciente (Televisión).Sup<strong>os</strong>ición, todavía demasia<strong>do</strong> neurótica, deque el saber produci<strong>do</strong> en transferenciaalcanzará por fin el objeto del fantasmainconciente localiza<strong>do</strong>, como verdad, enalgún lugar del pasa<strong>do</strong>. Un analizantetestimonió con una anéc<strong>do</strong>ta el momento enque se dio cuenta de su p<strong>os</strong>ición en elfantasma: d<strong>os</strong> hombres asaltan un banco y cada unoescapa con una valija. Después de algun<strong>os</strong> añ<strong>os</strong>, unode l<strong>os</strong> asaltantes, enriqueci<strong>do</strong> con el dinero roba<strong>do</strong>, vepor la ventana de su auto un mendigo que reconocecomo su cómplice en el asalto. Curi<strong>os</strong>o, para el autopara preguntarle por qué estaba en esa situación. Elotro responde: en mi valija sólo había papeles condeudas. Pasar la vida pagan<strong>do</strong> la deudacontraída por otro y, a partir de esa elección,pagar el precio de vivir en la miseria por laculpa de reconocerse agente de otro crimen.El chiste – que revelaba además la presenciadel objeto anal articula<strong>do</strong> con la mirada –aludía a una escena de su infanciareconstruida a partir de la intervención de laanalista: había si<strong>do</strong> reprendi<strong>do</strong> severamentepor robar las herramientas del padre – que teníaterminantemente prohibi<strong>do</strong> tocar – paraprestárselas a un amigo, obtenien<strong>do</strong> así elprestigio de ser visto como aquel que tiene lasherramientas. De este mo<strong>do</strong> caía su imagen tancultivada de “nene bueno”. Sin embargo, lapresencia del <strong>do</strong>ble especular, encarna<strong>do</strong> enaquel que goza de la vida, del dinero y de lasmujeres al robar la valija correcta, se mantuvotodavía durante mucho tiempo en ese análisiscomo un ideal a ser alcanza<strong>do</strong> por el revés.3. Decisión: El momento del acto/hacerotra ficción de lo real. Desde Freudsabem<strong>os</strong> que l<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> de la construccióndel fantasma hasta su reducción a un residuo<strong>des</strong>ubjetiva<strong>do</strong> dependen de las escansionesoperadas por el analista. Así, el juego deltratamiento analítico gira en torno al corte.Aquel mismo analizante, cuan<strong>do</strong> se da cuentade la consistencia que le había da<strong>do</strong> al Otroque no existe, inicia la sesión con este chiste:un gallego entra en un ómnibus vacío, con la solapresencia del chofer y del cobra<strong>do</strong>r y se sienta en unlugar cualquiera. Está llovien<strong>do</strong> y justo en el lugarelegi<strong>do</strong> hay una gotera que cae sobre su cabeza.Después de algún tiempo circulan<strong>do</strong> el cobra<strong>do</strong>rpregunta: - Gallego, no hay nadie en el ómnibus yusted se queda con esa gotera encima de la cabeza.¿Por qué no cambia de lugar? Y el gallego responde:¿Cambiar con quién? ¡Corte de la sesión! ¿Habrási<strong>do</strong> suficiente esta vez para que por finsupere el horror al acto? Habiénd<strong>os</strong>ereduci<strong>do</strong> la transferencia al extremo de lainsignificancia – este punto real nointerpretable, cuan<strong>do</strong> la presencia del analistaes casi idéntica al olvi<strong>do</strong> de la c<strong>os</strong>a sabida –,¿qué la mantendría todavía sino la cobardíadel sujeto en <strong>des</strong>abonarse del inconciente –las migajas de saber – como lastre? Unasesión más, el saber Sn+1, el recuer<strong>do</strong>encubri<strong>do</strong>r más remoto, una vuelta más en lademanda, la última palabra, el ladrillo final dela construcción del castillo del fantasma. No.No hay última palabra. No hay esperanzas determinar un análisis por esa vía, Freudpercibió que es infinita. Como n<strong>os</strong> recuerdaLacan a propósito de la para<strong>do</strong>ja de Zenón –que indica justamente lo inconmensurable –:Aquiles, está muy claro, sólo puede sobrepasar a latortuga, no puede alcanzarla. Sólo la alcanza en lainfinitud. Si no hay un Otro que tenga la claveque <strong>des</strong>cifra la charada sobre futuro, tampocohay otro del pasa<strong>do</strong> pleno de significacionescondensadas a ser <strong>des</strong>cubiertas. En efecto, talcreencia sólo puede conducir al sujeto aperpetuar en transferencia la búsqueda deltiempo perdi<strong>do</strong>. Habiénd<strong>os</strong>e enfrenta<strong>do</strong> ya alhorror de la modalidad de goce elegida, no esen absoluto de más tiempo de lo que el sujetonecesita para decidir aban<strong>do</strong>nar la fijación delobjeto en el fantasma, el acceso a lo no sabi<strong>do</strong>que sabe de la castración, el fracaso de la relaciónsexual, el casamiento ficticio entre saber yverdad. El analista no es el novio de laverdad, advierte Lacan. Aquí es necesario darun paso más allá de Freud, un paso que es unsalto y que Lacan llamó pase. Por lo tanto, elmomento del pase presupone precisamente latransp<strong>os</strong>ición de la lógica de l<strong>os</strong> objet<strong>os</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
59parciales del fantasma (la parte por el to<strong>do</strong>) ala lógica incompleta del no-to<strong>do</strong>. Se trata, deese mo<strong>do</strong>, de un vaciamiento: al término de laoperación, el analista representa allí el vaciamientodel objeto a, cae para devenir él mismo ficciónrechazada (Sem 16). Rechazar la ficción,<strong>des</strong>pedirse del castillo. No es casual queLacan articule este momento de pleno pasecon cierta p<strong>os</strong>ición depresiva quecorresponde lógicamente a la caída del SSS ya la certeza anticipada de que la falta esrealmente pura pérdida. Sin embargo, esap<strong>os</strong>ición deberá ser atravesada. Sólo setermina un análisis, por lo tanto, a través deun acto que va más allá del sujeto, puesimplica su <strong>des</strong>titución. Sí, es necesario tiempo(Il faut le temps); no hay cortocircuito para elatravesamiento del fantasma: no se obtiene sino– subraya Lacan (Sem 20) – <strong>des</strong>pués de un largotiempo de extracción a partir del lenguaje, de algo queestá prendi<strong>do</strong> a él; este “resto de c<strong>os</strong>a sabida”que se llama objeto a. Para una analizante,una mujer, las herramientas del padretambién presentaban un valor muy especialen la medida en que representaban el accesoal dicho paterno toma<strong>do</strong> como imperativo:tienes que aprender a arreglártelas sola. En la cajade herramientas encontraba l<strong>os</strong> instrument<strong>os</strong>necesari<strong>os</strong> para hacer to<strong>do</strong> lo que un hombre sabe,lo cual incluyó la fabricación, en la infancia,de un pene artificial con el que podía orinarde pie. En el momento en que acepta suclásico y sorprendente penisneid tiene unsueño: estaba caminan<strong>do</strong> por París con elpadre, contemplan<strong>do</strong> l<strong>os</strong> monument<strong>os</strong>,cuan<strong>do</strong> encontraron una capa en el piso, todabordada y brillante. El padre se acuesta sobrela capa y ella intenta en vano fotografiarlo detod<strong>os</strong> l<strong>os</strong> ángul<strong>os</strong>, ya que siempre había unasombra que impedía la captura de la imagen.El padre se levanta y la capa se transforma entrap<strong>os</strong> de mendig<strong>os</strong> y rest<strong>os</strong> de comida. Enlas asociaciones de da cuenta de la inversiónpulsional: mi padre siempre me hizo sombra. Seexplicita así su inscripción no-toda fálica en lapresencia de este objeto no captable por laimagen – propia definición del objeto a – esamancha que, según Lacan, estructura el lugar de lafalta en toda visión (Sem 16). Al mismo tiemp<strong>os</strong>e revela la respuesta fantasmática que le dabaconsistencia imaginaria en la identificacióncon el las sobras del otro (“l<strong>os</strong> rest<strong>os</strong> decomida”) – marca de su relación con l<strong>os</strong>hombres. La extracción del objeto a <strong>des</strong>taca,de esa manera, la presencia en la estructura deesta otra banda no especularizable,imprimien<strong>do</strong> la prisa lógica: la función de laprisa – enfatiza Lacan – es planteada por el objetoa como causa da <strong>des</strong>eo. La “pura pérdida” puedeentonces causar otra ficción de lo real. Lo cualexige, sin embargo, una decisión. Ahora bien,la decisión es un acto solitario. Solitario y sinlastre, ya que sus consecuencias no puedenser anticipadas por ningún cálculo. Entre elantes y el <strong>des</strong>pués hay un indecidible lógicoimp<strong>os</strong>ible de calcular. Y esto por razones tansimples que llegan a ser <strong>des</strong>concertantes: elpasa<strong>do</strong> se reduce apenas al trazo que soportóla inscripción primera y el futuro sólo existeen tanto <strong>des</strong>eo y apuesta. El momento delacto provoca así una profundatransformación en la propia relación delsujeto con el tiempo. Aceptan<strong>do</strong> ceder a lainexorable mordida de Cron<strong>os</strong> es p<strong>os</strong>ibleentonces experimentar la buena hora que l<strong>os</strong>grieg<strong>os</strong> llamaban Kair<strong>os</strong> – tiempo que nopuede ser medi<strong>do</strong>, pero que puede ser vivi<strong>do</strong>.El espejismo de la verdad, del cual sólo se puedeesperar la mentira, no tendrá entonces otro límite –n<strong>os</strong> enseña Lacan – sino la satisfacción que marcael fin de análisis.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLACAN, J. (1954-55). O Seminário, livro 2: O eu nateoria de Freud e na técnica da psicanálise.Trad. de Marie Christine Lasnik Penot com acolaboração de Antônio Luis Quinet deAndrade. Rio de Janeiro, Zahar, 1985._________. (1956-57). O Seminário, livro 4: Arelação de objeto. Trad. Dulce Duque Estrada.Rio de Janeiro, Zahar, 1995._________. (1957-58). O Seminário, livro 5: Asformações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Trad. VeraRibeiro. Rio de Janeiro, Zahar, 1985._________ . (1962-63). O Seminário, livro 10: Aangústia. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro,Zahar, 2005.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
60_________. (1964). O Seminário, livro 11: Os quatroconceit<strong>os</strong> fundamentais de psicanálise. Trad.MD Magno. Rio de Janeiro, Zahar, 1998._________ . (1969 – 70). O Seminário, livro 17: Oavesso da psicanálise. Trad. Ari Roitman. Riode Janeiro, Zahar, 1992._________ . (1972-73). O Seminário, livro 20: Mais,ainda. Trad. M.D.Mag<strong>do</strong>. Rio de Janeiro, Zahar,1982._________ . (1975-76). O Seminário, livro 23: Osinthoma. Trad. Sérgio Laia. Rio de Janeiro,Zahar, 2007.LACAN, J. (1946). Formulações sobre a causalidadepsíquica. In: Escrit<strong>os</strong>. Op.Cit._________. (1945). O tempo lógico e a asserção decerteza antecipada. In: Escrit<strong>os</strong>. Op.Cit._________. (1960). Subversão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e dialética <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo no <strong>inconsciente</strong> freudiano. In: Escrit<strong>os</strong>.Op.Cit.LACAN, J. ________. (1961-62). A Identificação.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente. Trad.Ivan Corrêa e Marc<strong>os</strong> Bagno. Centro de Estud<strong>os</strong>Freudian<strong>os</strong>, Recife, 2003.________. (1966-67). La lógica del fantasma.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. (1967-68). O ato analítico. Seminário nãoestabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. (1968-69). De um Outro ao outro.Seminário não estabeleci<strong>do</strong> oficialmente.________. ((1974-75). R.S.I. Seminário nãoestabeleci<strong>do</strong> oficialmente.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
Le temps du désir, les temps de l’interprétation, letemps de l’acte61Marc StraussIl s’agit de distinguer trois temps,accessoirement en démultipliantle second. Et de démontrer queces trois temps appartiennent à<strong>des</strong> mo<strong>des</strong> d'existence différentsqui correspondent eux-mêmes àtrois temps dans la cure. Auxtrois temps de la cure d'ailleurs.I/ Ainsi, le premier, le temps du désir, c'estcelui de la parole innocente. Celle qui se dit etne sait pas ce qu'elle dit. Elle a cours dans cequ'on appelle la vie courante, où l'ignoranceest couverte par le masque du moi. C'est elleaussi qui se profère sur le divan, la paroleanalysante, celle de l'association libre, qui, depacto, est placée sous le sceau du savoir enattente de son complément d'interprétation.A ce temps du désir et de la parolecorrespondent <strong>des</strong> temps grammaticaux.Des temps, pas les temps ; pas tous<strong>do</strong>nc, puisqu'à ces temps manquent celui surlequel je ferai porter aujourd'hui ma question: Où est le présent ? Avec l'applicationconcrète, clinique, de cette question, quis'énonce en : Quand puis-je dire que je suisprésent – c'est-à-dire aussi quand puis-je mesentir dans le présent ?Pourquoi à ces temps de la paroleinnocente manquerait le présent ?C'est que le désir n'est pas au présent.En effet, c'est lui qui est innocent,précisément de ce qui le cause, et il est toutoccupé à poursuivre son objet. Un objet <strong>do</strong>ntil veut croire que c'est celui qui lui manque.Et il ne peut le croire que tant qu'il ne l'a pasattrapé. S'il l'attrape, il est obligé d'enchanger, d'en mettre un autre à la même placed'objet escompté. Autre objet, mais mêmeplace.Ainsi, le sujet du désir vit dans le futur. Il seprojette dans le moment où il sera au présent,en présence de l'objet, réuni à lui. Il seprojette même dans un futur où il pourra sevoir avoir été au présent, Lacan a développécette dimension du futur antérieur du désir.Le sujet projette cette rencontre àvenir que parce qu'il a manqué la rencontrepassée. Une méprise première a laissé satrace, sa cicatrice d'insatisfaction qu'il s'agitd'effacer. Le sujet veut répéter de la bonnemanière, sans faute, ce qui a été manqué unepremière fois. Cette réminiscence de la traceest ce qui le projette dans l'avenir attendu dela saisie de l'objet primordialement perdu. Unpassé pour un futur, le présent n'étant que latransition évanescente entre les deuxIl y a à ces temps <strong>des</strong> affects qui sontattachés : l'espoir et la peur.Et une animation particulière du corps : lahâte.C'est que dans le temps du désir, jen'ai pas de temps à perdre.L'objet est là, plus ou moins à portéede regard, de voix, de main, il m'attend.Et je sais que je risque à chaqueinstant d'être dépassé par la mort, quiinterrompra ma course. Ce serait quandmême <strong>do</strong>mmage, tous ces efforts pour rien…Mais au moment de la saisie del'objet, une crainte apparaît. Est-ce le bon ? Ilfaut en être assuré, n'être pas dupe d'uneprécipitation causée par un leurre. Et pourcela suspendre le mouvement, afin qu'ilpuisse être repris en connaissance de cause.En quoi la seconde fois serait-elle enconnaissance de cause ? En tout cas,suspendre leur mouvement est bien aussi ceque font les autres, les autres prisonniers dutemps logique. Donc, puisqu'ils se sontarrêtés aussi, je peux reprendre ma marche.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
62Mais y vont-ils vraiment ? Vérifions encorequ'ils sont assurés de leur décision, que leurdépart précédent était bien volontaire.Arrêtons-nous encore une fois et voyons s'ilsrepartent. Oui, repartir deux fois suffit à fairepreuve que la première suspension n'était pasle fait du hasard. Ce n'est <strong>do</strong>nc pas la mise enmouvement du sujet qui lui <strong>do</strong>nne sacertitude, mais la suspension de cemouvement. Et c'est la deuxième suspensionqui <strong>do</strong>nne le sens de suspension vraie à lapremière.Voici <strong>do</strong>nc l'objet qui s'offre à moi.La porte de la prison est sur le point <strong>des</strong>'ouvrir et je vais enfin en passer le seuil. Mevoilà libre, bientôt ! Mais libre de quoi ? Cequi, passé la porte s'offre, n'est pas l'espaceinfini <strong>des</strong> p<strong>os</strong>sibles. Il y a bien un objet qui làs'offre, mais, déception en même temps quesoulagement, cet objet obtenu n'est pasl'objet attendu. Déception, car il ne me resteque la liberté de consommer éventuellementcet objet-récompense, jusqu'à ce que l'effetde satisfaction en soit passé et qu'il me faillerepartir en quête du véritable objet.Soulagement, car si c'était le bon, c'en seraitcuit de ma quête, et le désir qui me représentes'abolirait en même temps qu'elle. Je puis<strong>do</strong>nc hésiter à me satisfaire de l'objet qui seprésente ; hésitations qui correspondent auxtypes cliniques <strong>des</strong> névr<strong>os</strong>e : soit que tropmenaçant il faille au phobique l'éviter soit quetrop décevant il faille le refuser, à l'hystériqueen s'y soustrayant, anorexie de saconsommation <strong>do</strong>nc, et à l'obsessionnel en lerendant inadéquat et <strong>do</strong>nc imp<strong>os</strong>sible.Je peux aussi être fatigué de la coursepour un temps, le temps de récupérer, <strong>des</strong>omnoler. D'ailleurs, avec le pilotageautomatique de l'appareil psychique, je peuxsomnoler et continuer ma course. Que je<strong>do</strong>rme et rêve, ou que je sois éveillé, c'est lamême course.Mais quoi qu'il en soit de mon énergie àdésirer, le sens du désir, c'est la fuite duprésent, au sens de l'évasion. Si le sens fuit,au sens du tonneau, le sens du désir est lafuite, au sens de la détalade ; désir commedéfense dit Lacan. Ajoutons comme défensecontre le présent.II/ Les temps de l'interprétationLe deuxième temps que nous distinguons estcelui de l'interprétation. Nous avons dit lestemps de l'interprétation, non parce qu'ilssont grammaticalement variés, mais parcequ'ils se répètent, à travers <strong>des</strong> formesdifférentes. C'est le temps du traumatisme.Un temps qui ne se dit pas, il n'est pas untemps grammatical, il n'accède pas àl'existence langagière. Au contraire, temps dumalentendu, lapsus ou équivoque, il coupe leflux du langage, interrompt la <strong>do</strong>ucesomnolence du pilotage automatique. Il faitsurprise, suspend les semblants. Et par làrépète à l'identique le trauma premier, celuide la prise manquée de l'objet. Avec lui, ilfaut se réveiller, il y a urgence. Il faut éteindrel'incendie provoqué par la chute du ciergequi, au lieu de brûler bien à sa place,enflamme le corps entier.Rendre imp<strong>os</strong>sible la chute du cierge, c'est àquoi s'emploie le névr<strong>os</strong>é. Par <strong>des</strong> fixations,auxquelles il arrime le cierge, même si par là ilse fixe un peu trop lui aussi. Jusqu'à se faire leservant du cierge, et lui supp<strong>os</strong>er un vouloirêtre cierge et ainsi à l'a<strong>do</strong>rer pour s'assurerqu'il reste bien cierge bienveillant, c'est-à-direimmobile. Croire savoir tenir le cierge sousson contrôle, par ses rites, c'est rassurant.Mais le démenti de la réalité ne manquejamais. L'accident sous toutes ses formesmontre que ce n'était pas ça ! Autre ch<strong>os</strong>eexiste encore, que pour connaître, c'est-à-diremaîtriser, il aurait fallu appareiller autrement !Par la répétition <strong>des</strong> coupuresinterprétatives se dévoilent au sujet sesmanœuvres pour faire exister à son désir uncierge <strong>do</strong>té d'un vouloir qui le protège del'incendie, qui assure les semblants quiconfèrent une image à l'objet de son désir.Ainsi progressivement le cierge apparaît danssa bêtise de cierge, S1.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
63En effet, il n'y a pas plus de vouloirdu cierge que de directeur de prison, et par làde liberté, d'évasion p<strong>os</strong>sible. Il n'y a pas dedirecteur pour décider d'inscrire sur le corpsde chaque prisonnier sa couleur spécifiée ; ceque nous écrivons S(A)barré. Aucun <strong>des</strong>prisonniers ne peut déduire de la couleur <strong>des</strong>autres la sienne, à savoir la vraie nature <strong>des</strong>on sexe, qui est sa signification au-delà <strong>des</strong>on anatomie. Le temps de S(A)barré, tempsde l'interprétation, ne peut se quantifier, sesérier. Il s'éprouve, dans son ex-sistence.III / L'acteLe troisième temps est celui de l'acte.Un temps qui se distingue de celui du désir,avec sa fuite, comme de celui del'interprétation, qui est suspens, coupure dutemps où le sujet ne s'appréhende que par sadisparition hors de la chaîne de sesreprésentations, dans l'angoisse.Aussi bien le temps du trauma est sans suite,sans suite nouvelle. Après son suspens, çareprend comme avant, répétition vaine ditLacan.Dans l'acte, en revanche, le sujetrépète aussi, mais tout autre ch<strong>os</strong>e. A partirdu constat de la répétition vaine, il peutcourir le risque absolu qu'il y a à opter sansgarantie. Ne pouvant dès lors que soutenir lesconséquences de son affirmation à partir dela réponse que les autres voudront bien<strong>do</strong>nner pour lui attribuer un sens. Le sujet<strong>do</strong>it s'en remettre à l'autre pour deux ch<strong>os</strong>es.Authentifier ce qu'il dit, mais surtoutauthentifier qu'il parle et qu'il a été entenducomme tel, comme parlant.En effet, que veut dire le sujet, en parlant ? Ilveut certainement que l'autre lui confirmequ'il a bien dit ce qu'il pensait avoir dit, cequ'il voulait dire, à savoir par exemple qu'ilétait homme, ou qu'il était femme, ou qu'ilétait ou mort ou vivant. Que l'Autre <strong>do</strong>ncl'assure de ses semblants. Mais le sujet ne saitque trop que les réponses qu'il reçoit de sespartenaires ne font que le décevoir dans sonattente. L'autre ne fait aussi que demander cequi lui manque, n'en sait pas plus que lui.Alors que le sujet veut être aimé pour autrech<strong>os</strong>e qu'un semblant, pour ce qui le faitunique.La parole pour cela est sans espoir, dedevoir ne procéder que du semblant. Resteque le sujet parle, pour se faire, au-delà <strong>des</strong>semblants, se faire reconnaître commeparlant, comme parlêtre.Et il est un autre mode de l'usage dulangage que n'est pas que semblant, et pasque coupure traumatique non plus : l'écriture.L'idée que j'aimerais prop<strong>os</strong>eraujourd'hui est que notre expérience nousrévèle qu'il n'est de temps présent que dans letemps de l'acte, et que ce temps de l'acte estun temps d'écriture. Ce qui m'oblige àpréciser en quoi le dire, puisqu'il n'y a d'acteque du dire, en quoi le dire se fait écriture.Le plus simple est de dire que le direest ce qui <strong>des</strong> dits, qui fluent et qui fuient, faittrace. Une trace qui constitue le sujet ; ou, cequi revient au même, le change.Une trace qui se veut écriture ne peutêtre le fait d'un accident. C'est une trace<strong>des</strong>tinée à faire sens, voulue pour faire senspour un autre, son lecteur, qui peut êtrel'auteur lui-même à l'occasion. Ecrire, ce n'estpas le fait de l'animal qui laisse ses traces sansy penser, par un accident de la nature, maisc'est la marque de la volonté d'un sujet. Elleest <strong>do</strong>nc signe non seulement d'un désir, maisdu fait qu'un sujet a accepté de s'y dép<strong>os</strong>ersans reprise p<strong>os</strong>sible, sans effacementp<strong>os</strong>sible. Ce qui distingue bien l'écriture de laparole, qui peut tourbillonner dans tous lessens, s'annuler - sauf bien sûr la paroleanalysante, où ce qui est dit est dit, en quoielle s'égale bien à l'écrit, ineffaçable sanslaisser de trace résiduelle.Le présent de l'acte est alors le direqui s'écrit, ne cesse pas de s'écrire.Inconsciemment d'abord, dans la parole dedésir et dans le symptôme qui l'accompagneet supplémente. Méthodiquement ensuitedans le parcours d'une analyse, où l'analysteest l'archiviste de droit de la chaîneassociative ainsi que celui qui ponctue cetteANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
64dernière, l'or<strong>do</strong>nne par ses coupuresinterprétatives. Dans le dépôt final d'uneanalyse enfin, quand, au-delà du fantasme etde ses mises en scène, s'isolent <strong>des</strong> bouts delalangue qui, en faisant coïncider <strong>des</strong>signifiants et la jouissance éprouvée du corps,font la seule certitude du sujet.Enfin peut-être ce dire qui s'écrit auprésent est-il présent aussi dans latransmission de l'expérience de l'analyse,<strong>do</strong>nc dans les disp<strong>os</strong>itifs qui se prop<strong>os</strong>ent ànous à cette fin, passe, contrôle, élaborationanalytique enfin.Ainsi, le temps de l'acte réaliserait leprésent, moment non de promesse toujoursdéjà passée comme celui du désir, momentnon de suspens, d'absence du sujet commedans les temps de l'interprétation, mais tempsde présence au contraire, temps d'incarnationdu verbe, de "réélisation" du sujet <strong>do</strong>nc.Ce serait ici le lieu de distinguerl'Histoire, et même l'œuvre d'art, de l'écrit telque nous en parlons avec Lacan. En effet,Histoire comme l'œuvre d'art sont par Lacanépinglés non de l'acte mais du tour de passepasse. Pourquoi ? Certes, l'un comme l'autrene sont pas pensables sans l'acte qui les aconstitués, mais l'un comme l'autre nepeuvent de cet acte rien transmettre, ils nepeuvent qu'enregistrer qu'il a eu lieu.L'historien ne peut qu'y supp<strong>os</strong>er un sens,sans accès p<strong>os</strong>sible au réel du sujet del'histoire, à sa dimension créatrice. L'œuvred'art en revanche fait bien trace de ce quequelque ch<strong>os</strong>e s'est réellement passé, commedit Claude Lévi-Strauss, mais trace seulement,car le sujet dans son œuvre n'y est déjà plus,cette dernière n'est que déchet de son acte.Cela devrait nous amener à distinguer del'œuvre d'art l'écrit, qui ne peut jamais seréduire au déchet, même s'il lui faut en passerpar la "poubellication". Il reste en effettoujours porteur de la singularité de la voixde celui qui l'a commis et, contrairement àl'œuvre d'art, ses interprétations, ses lectures,aussi ouvertes soient-elles, ne peuvent êtreouvertes à tous les sens. De ce point de vue,écrire et lire se rejoignent dans un présenttoujours répétable, d'une répétition qui secaractérise, comme celle du savoir, toujourspremière, c'est-à-dire sans perte. Reste à noussouhaiter à tous d'être de bons lecteurs.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
65Tempo de LaiusarAntonio Quinetstam<strong>os</strong> em temp<strong>os</strong> de PaiEreal. A figurarepresentativa <strong>do</strong> Paisimbólico, aquele que uneo <strong>des</strong>ejo com a lei, quebarra o gozo devasta<strong>do</strong>rda Mãe, o painormativiza<strong>do</strong>r queprotege e apazigua, essepai está <strong>des</strong>aparecen<strong>do</strong> na alet<strong>os</strong>fera espessaproduzi<strong>do</strong> pela fumaça <strong>do</strong> <strong>des</strong>matamento dasubjetividade no mun<strong>do</strong> contemporâneo. Denada adianta lamentar o declínio daautoridade paterna, acusar o pai dehumilha<strong>do</strong>, impotente e <strong>des</strong>denta<strong>do</strong> e recebero que tod<strong>os</strong> já sabem que quem é o escravoda família é o papai.A figura paterna que tem emergi<strong>do</strong> <strong>des</strong>eu obscuro anonimato é o Pai real, o grandefode<strong>do</strong>r, como diz Lacan, o pai sacana forada lei, goza<strong>do</strong>r, que trata <strong>os</strong> filh<strong>os</strong> comoobjeto. Tem<strong>os</strong> como exempl<strong>os</strong> recentes oaustríaco J<strong>os</strong>eph Fritzl manten<strong>do</strong> emcarceragem sua filha por 18 an<strong>os</strong> nelaengendran<strong>do</strong> seus própri<strong>os</strong> filh<strong>os</strong>, e o paiviolento, p<strong>os</strong>suí<strong>do</strong> por uma ignorância ferozcomo o pai de Izabela que auxilia<strong>do</strong> pelamadrasta num ato insano a atirou pela janelaabaixo.N<strong>os</strong>sa sociedade contemporâneaparece viver o mito de Totem e Tabu àsavessas: o <strong>des</strong>moronamento da Lei simbólicadeixa aberto o caminho para o retorno <strong>do</strong>cadáver vivifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> pai morto, o Urvater,figuração <strong>do</strong> Pai real, como pai goza<strong>do</strong>r dahorda primitiva, tirânico abusa<strong>do</strong>r eassassino, que é chama<strong>do</strong> por Lacan de paiOrangotango, O assassinato <strong>do</strong> pai e suasubstituição simbólica por um totem, fezFreud dizer que no inicio era o ato – noinicio da civilização era o ato. Nesses temp<strong>os</strong>de barbárie contemporânea o que fazaparição não é o ato d<strong>os</strong> filh<strong>os</strong> impon<strong>do</strong> aLei e sim <strong>os</strong> at<strong>os</strong> <strong>des</strong>medid<strong>os</strong> <strong>do</strong> Pai real quefaz a sua lei – lei <strong>do</strong> gozo – fora de qualquerLei <strong>do</strong> campo <strong>do</strong> Outro.Retormem<strong>os</strong> o mito de Édipo à luz<strong>do</strong> pai real e de Totem e Tabu. Quem é o paide Édipo? Na verdade ele teve <strong>do</strong>is pais: opai biológico Laio, rei de Tebas, que ele nãoconheceu e sem saber o matou, e Pólibo, queo criou em Corinto. Mas é Laio, que aparececomo Pai real cuja <strong>des</strong>medida constitui a Até,a <strong>des</strong>graça, a maldição d<strong>os</strong> Labdácid<strong>os</strong> e queserá transmitida e paga por três gerações: opróprio Laio, Édipo e seus filh<strong>os</strong> Etéocles,Polinice, Antígona e Ismênia. Laio é filho deLábdaco, rei de Tebas e quan<strong>do</strong> este éassassina<strong>do</strong>, ele é leva<strong>do</strong> a<strong>os</strong> 2 an<strong>os</strong> de idadepara a Frígia sen<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> pelo rei Pélopsque o a<strong>do</strong>ta. Laio tem também <strong>do</strong>is pais.Pélops tem um filho Crísipo o qual, aochegar na a<strong>do</strong>lescência, é entregue a Lai<strong>os</strong>para educá-lo. Este se apaixona pelo meninoe o rapta e Pélops lança, então, a maldição:"se tiveres um filho ele te matará e toda tua<strong>des</strong>cendência <strong>des</strong>graçada será". Daí vem amaldição e toda a história cujo<strong>des</strong><strong>do</strong>bramento está na peça de Sófocles daqual vocês assistirão minha versão após estamesa. A <strong>des</strong>medida de Lai<strong>os</strong> não foi ter ti<strong>do</strong>relações com Crísipo, pois a relaçãopedagógica erastes-erômen<strong>os</strong> era aceita comouma relação pedófila normal de amanteama<strong>do</strong>,professor-aluno na qual o saber não étransmiti<strong>do</strong> sem Er<strong>os</strong>. A hybris de Lai<strong>os</strong> foitê-lo seqüestra<strong>do</strong> e com isso ter rompi<strong>do</strong> asleis da h<strong>os</strong>pitalidade e traí<strong>do</strong> aquele que oacolhera. A maldição de Pelops para Laio é oANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
66que o faz furar <strong>os</strong> pés de seu filho Édipo emandar matá-lo.Na minha interpretação, Édipo nãoquis saber <strong>do</strong> crime <strong>do</strong> pai e nem de suatentativa de assassinato. Ele, em suainvestigação, foi até o ponto em que<strong>des</strong>cobre que ele matou o pai e que a mulhercom quem está é sua mãe. Mas não vai, alémdisso pois não quis saber da maldiçãoherdada e da <strong>des</strong>medida paterna.Se compararm<strong>os</strong> o <strong>des</strong>envolvimento trágicoda investigação de Édipo sobre sua origem,como o fazem Freud e Lacan, com opercurso de uma análise podem<strong>os</strong> dizer comLacan que se Édipo tivesse ti<strong>do</strong> tempo delaiousar ele talvez não teria ti<strong>do</strong> o <strong>des</strong>fechoque teve.Lacan introduz esse comentário sobrea peça de Sófocles Édipo Rei no seminárioRSI quan<strong>do</strong> aponta que o furo <strong>do</strong> simbólico,correspondente ao recalque originário, é amorte. A peste, diz Lacan, é isso: a morte épara tod<strong>os</strong>. "É preciso que a peste sepropague em Tebas para que esse "tod<strong>os</strong>"cesse de ser de puro simbólico e passe a serimaginável. É preciso que cada um se sintaconcerni<strong>do</strong> pela presença da peste". Esta éportanto, o real <strong>do</strong> furo <strong>do</strong> simbólicoimaginariza<strong>do</strong> – peste que é o<strong>des</strong><strong>do</strong>brametno da calamidade provocadapela Esfinge, outra figura da morte e da Até,<strong>des</strong>graça, d<strong>os</strong> Labdácidas. Édipo, continuaLacan, só matou o pai por não ter se da<strong>do</strong> otempo de Laiusar. Se o tivesse feito, o tempoque f<strong>os</strong>se preciso, teria si<strong>do</strong> o tempo de umaanálise, pois era para isso que ele estava naestrada" (Lacan, RSI, lição de 17/12/1974)Laiuser em francês é deriva<strong>do</strong> de lalueque significa discurso, fala, peroração nojargão das Escolas. User em francês significautilizar e também gastar,usar até acabar comouma sola de sapato que de tanto se usar vaigastan<strong>do</strong> e acaba. Na análise é preciso tempopara usar e gastar o pai real. Tempo para se irpara além <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo de salvar o pai,defrontar-se com seu crime e vencer a ordemde ignorância feroz.Passan<strong>do</strong> <strong>do</strong> mito á estrutura: épreciso tempo para se haver com oimp<strong>os</strong>sível <strong>do</strong> furo <strong>do</strong> simbólico lá onde jaz ogozo <strong>do</strong> pai rela imaginariza<strong>do</strong> uma vez quepai real e pai imaginário tendem a ser imiscuirum no outro. É o pai que a parece comoabusa<strong>do</strong>r e crimin<strong>os</strong>o na histeria e na neur<strong>os</strong>eobsessiva cujo gozo se sintomatiza no filho.É o pai de tal paciente <strong>do</strong> h<strong>os</strong>pital que aespancava quan<strong>do</strong> ainda bebê ela chorava eque hoje seu sintoma é um choro sem fim esem razão; ou o pai militar que colaboroucom a ditadura militar de tal outra analisanteque faz de seu corpo um palco de torturas,ou o pai fiscal <strong>do</strong> imp<strong>os</strong>to de renda de umobsessivo que se enriqueceu ilicitamentedeixan<strong>do</strong> para o filho a dívida <strong>do</strong> eterno<strong>des</strong>emprego.O neurótico prefere salvar o pai <strong>do</strong>que se deparar com sua canalhice; ele preferesofrer com seu sintoma <strong>do</strong> que saber <strong>do</strong>crime <strong>do</strong> pai e suas conseqüências. Prefere,como Édipo, se sentir culpa<strong>do</strong> de seus at<strong>os</strong><strong>do</strong> que <strong>des</strong>velar a <strong>des</strong>medida <strong>do</strong> gozopaterno. Deparar-se com o real <strong>do</strong> pai éconfrontar-se com a conseqüência da faltaradical <strong>do</strong> Outro, ou seja, o gozo mortíferopara além <strong>des</strong>amparo. E para isso é precisoLaio-usar – gastar o Laio de cada um.A p<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> pai real, segun<strong>do</strong> Lacan,está articulada em Freud como umimp<strong>os</strong>sível e não é surpreendente, diz ele, queencontrem<strong>os</strong> sem cessar o pai imaginário. Éuma dependência necessária, estrutural. (sem.XVII). É o que vem<strong>os</strong> na figura <strong>do</strong> fantasma<strong>do</strong> pai: o espectro <strong>do</strong> cadáver vivo, como opai <strong>do</strong> Homem d<strong>os</strong> rat<strong>os</strong> que apesar demorto lhe aparece vivo no meio da noite e opai de Hamlet que além de aparecer tem fala.O espectro é o habitante <strong>des</strong>sa zona entreduas-mortes,campo de gozo, <strong>do</strong> Ha<strong>des</strong> aoinferno, onde penam as almas peca<strong>do</strong>ras ecrimin<strong>os</strong>as à espera da segunda morte. "Sou oespírito de teu pai e vivo errante noite e diaaté que a podridão de meus crimes sejaqueimada e purificada" – diz o pai de Hamletno início da peça. As mitologias criaram essehabitat para o pai real. Mas quem queima é oANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
67filho. Ele arde por causa d<strong>os</strong> pecad<strong>os</strong> <strong>do</strong> pai,como diz Lacan (Seminário XI). Pai, não vêsque estou queiman<strong>do</strong> por causa de teuspecad<strong>os</strong>? E o espectro <strong>do</strong> pai de Hamlet lhediz que "a menor de minhas faltas angustiariatua alma, gelaria teu jovem sangue e teusolh<strong>os</strong> saltariam das órbitas como <strong>os</strong> astr<strong>os</strong> <strong>des</strong>uas esferas..."Os crimes <strong>do</strong> pai são de um real quenão cessa de não se dizer para o filho e noentanto insiste e se tornam um sintoma <strong>do</strong>filho – como a dívida <strong>do</strong> pai <strong>do</strong> homem d<strong>os</strong>rat<strong>os</strong> e o gozo oral <strong>do</strong> pai de Dora.O espectro recobre, mascara, vela etambém <strong>des</strong>vela o pai real ou o real <strong>do</strong> Pai. Oespectro é a encenação da articulação entre opai real e o pai imaginário. É o que seencontra, como diz Marc Strauss, na fantasiade Bate-se numa criança em que as cenasvêem ao <strong>sujeito</strong> petrificar, cristalizar umexcesso como um ciframento primeiro, umarepresentação <strong>do</strong> inominável <strong>do</strong> gozo (Tréfle,maio 1999, nº 2, p. 48). Não importa se éefetivamente <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong> Pai que se trata ou<strong>do</strong> gozo imaginariza<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pai e sim <strong>do</strong>disp<strong>os</strong>itivo que o <strong>sujeito</strong> emprega paraend<strong>os</strong>sar um gozo que se apresenta a elacomo exterior, vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Outro.O pai <strong>do</strong> crime não é o pai da lei, oNome-<strong>do</strong>-Pai. O pai estupra<strong>do</strong>r, ladrão,assassino, são figuras <strong>do</strong> pai imaginário que<strong>do</strong> fórum à hybris <strong>do</strong> pai: o gozo <strong>des</strong>medi<strong>do</strong>.A <strong>des</strong>medida <strong>do</strong> pai com seu real é aquilo queo filho, com força, não quer saber. O homemé como Édipo, filho de laio – ele não quissaber da <strong>des</strong>medida paterna. No lugar <strong>do</strong> paireal existe, diz Lacan, a ordem de umaignorância feroz (Seminário XVII, p. 159).Há uma interdição: "Está excluí<strong>do</strong>que se analise o pai real, diz Lacan emTelevisão, o melhor que se pode é o mantode Noé, quan<strong>do</strong> o pai é imaginário"(Télévision, Seuil, p.35). Um dia Noé seembriagou e ficou nu em sua tenda. Um <strong>des</strong>eus filh<strong>os</strong>, Chan, o viu e foi chamar <strong>os</strong>outr<strong>os</strong> <strong>do</strong>is que, ao chegar, taparam <strong>os</strong> olh<strong>os</strong>e o cobriram com um manto para esconder anudez paterna e saíram de c<strong>os</strong>tas. Estes sesalvaram e a toda a <strong>des</strong>cendência de Chan foiamaldiçoada. O que Noé fazia nu na tenda,jamais saberem<strong>os</strong>, mas sem dúvida era algoda ordem de um gozo que filho algumpoderia em tempo algum ver ou saber. Todanudez <strong>do</strong> pai será castigada... no filho.O pai que mata o filho é aborda<strong>do</strong>por Lacan a partir <strong>do</strong> sacrifício de Isaac porseu pai Abraão comenta<strong>do</strong> por Kierkegard<strong>des</strong>crito em temor e tremor em que <strong>des</strong>crevequatro variações <strong>do</strong> mito que se diversificama partir <strong>do</strong> ponto em que Deus diz a Abraão:"sacrifica teu filho, mate-o". É na primeiraque ele <strong>des</strong>creve a tentativa de filicídio..Abraão agarrou Isaac pelo peito, jogou-o nochão e gritou: "Estúpi<strong>do</strong>! Crês tu que sou umpai? Não, não sou teu pai. Sou um idólatra!Crês que estou obedecen<strong>do</strong> a um mandatodivino? Não. Faço isso somente porque medá vontade e porque me inunda de prazer!".Abraão aparece como o pai real que diria:"Vou te matar por puro gozo!". "Então Isaacexclamou angustia<strong>do</strong>: 'Deus de Abraão tendepiedade de mim! Sê meu pai, já não tenhooutro neste mun<strong>do</strong>!'. Abraão se dirigiu a Ele,dizen<strong>do</strong>: Senhor onipotente receba minhahumilde ação de agradecimento, pois é milvezes melhor que meu filho acredite que souum monstro <strong>do</strong> que perca a fé em ti"(Kierkegaard, 2004, p. 22). O pai monstro,capaz de matar o filho nem que seja poramor a Deus, é o que é transmiti<strong>do</strong> ao filhocomo seu peca<strong>do</strong>.É a propósito <strong>des</strong>sa passagem deKierkeggard que Lacan diz no Seminário XIque o que se herda é o peca<strong>do</strong> <strong>do</strong> pai. Isaacherda o crime <strong>do</strong> pai de ter <strong>des</strong>eja<strong>do</strong> matá-lo.Eis a herança de Isaac e também a de Édipo.Diferentemente de Abraão, que no mitojudaico-cristão recebe a ordem de Deus dematar o filho predileto como prova de seuamor, Lai<strong>os</strong> ele mesmo decide matar seufilho Édipo para evitar que este o matesegun<strong>do</strong> a maldição oracular, fura-lhe então<strong>os</strong> pés e o entrega a um pastor para serjoga<strong>do</strong> no lixão <strong>do</strong> monte Citéron.O Urvater de Totem e tabu, Noécom sua nudez, o Deus de Abraão, Yavé comANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
68sua ignorância feroz e Lai<strong>os</strong> são figurasimaginárizadas e míticas <strong>do</strong> pai real.Édipo carrega em seu nome e em seucorpo a marca <strong>do</strong> crime <strong>do</strong> pai. A feridacausada por seu pai ao furar-lhe <strong>os</strong>tornozel<strong>os</strong> para pendurá-lo como um animale expô-lo e o edema que ocasionou foi o quelhe deu o apeli<strong>do</strong> de Oidipous, de oiden,edema n<strong>os</strong> pés. O apeli<strong>do</strong> virou nomepróprio e a ferida deixou-lhe coxo. Seu pécarrega um saber (oida) sobre o crime <strong>do</strong> pai<strong>do</strong> qual Édipo não quis saber. A esfinge,como aponta Jean-Pierre Vernant, enunciavao enigma d<strong>os</strong> pés e equivocava com seunome: "tetrapous, dipois, tripou" disse elapara Óidipous que ao dizer o homem comoresp<strong>os</strong>ta suprimiu, como diz Lacan, <strong>os</strong>uspense da verdade. A verdade sobre acastração e o gozo de lai<strong>os</strong> – o pai real semanifesta em Édipo como aquele quedetermina a Até família d<strong>os</strong> Labdácid<strong>os</strong> <strong>do</strong>qual ele e sua <strong>des</strong>cendência são herdeir<strong>os</strong> etambém se manifesta como ignorância feroz:mandamento superegóico de não-saber. Eisporque para além <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo de saber que oimpulsiona a querer investigar sua origem,Édipo é p<strong>os</strong>suí<strong>do</strong> pela paixão da ignorância.Aliás, não será a força <strong>des</strong>sa paixão que fazLacan dizer que finalmente não existe <strong>des</strong>ejode saber algum?O que Édipo ignora é que seu nome éuma letra que cifra um gozo, o gozo <strong>do</strong>Outro paterno: o "x" da função <strong>do</strong> synthoma,ou seja, uma escrita <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong> Inconsciente.Óidipous, Pé Incha<strong>do</strong> é o signo <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong>Pai que <strong>des</strong>ejou matá-lo e <strong>do</strong> qual ele nãoquis saber; Óidipous, Pé-que-sabe é a letraque confere a marca <strong>do</strong> saber <strong>do</strong> real, saber<strong>do</strong> crime <strong>do</strong> pai da origem da Até d<strong>os</strong>Labdácidas - móvel <strong>do</strong> filicídio que faz deÉdipo o objeto rejeita<strong>do</strong> pelo Outro – é <strong>os</strong>elo de seu ser de dejeto. Rejeita<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> paise, no final da peça de Sófocles, ao se apagarcomo <strong>sujeito</strong>, pelo Outro social, querepresenta Tebas. Óidipous não acredita emseu ser de synthoma, não acredita que ele sejacapaz de um dizer, pois ele não quer saberque se trata aí de uma cifra <strong>do</strong> gozo. Eisporque erra em sua ignorância e ficaescraviza<strong>do</strong> pelo gozo <strong>do</strong> Pai, servo <strong>do</strong><strong>des</strong>tino. Édipo está preso à ignoerrância.O crime <strong>do</strong> pai real como gozo<strong>des</strong>medi<strong>do</strong> é transmiti<strong>do</strong> como erro trágicoque o filho carrega como óidipous com seusintoma no pé.Por um la<strong>do</strong> encontram<strong>os</strong> a herançada castração que se transmite de pai parafilho: Lábdaco , o manco, Laio, o torto, eÉdipo, pé incha<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, há atransmissão da maldição que Édipo herdacomo lote <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong> pai inscrito em seunome e seu corpo. Essa letra é o nome <strong>do</strong>gozo <strong>do</strong> pai real. O nome que condensa ogozo inscrito no enigma da Esfinge queÓidipous não ouviu.O tempo da análise é o tempo delaiusar: tempo de laio-ousar – tempo de ter aousadia de se confrontar com o crime e ogozo <strong>des</strong>medi<strong>do</strong> e ectópico <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, queele localiza no lugar <strong>do</strong> vazio <strong>do</strong> Outro –lugar topológico da <strong>des</strong>medida <strong>do</strong> Pai real. Épreciso tempo de peroração para o <strong>sujeito</strong>gastá-lo o suficiente para que se revele o queé: um nada esvazia<strong>do</strong> de gozo. O tempo delaiusar é o tempo de olhar para <strong>os</strong> pés, ouvir<strong>os</strong> pés e pensar com <strong>os</strong> pés.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
69Temps, pas logiqueColette Soler'essentiel de ce qui a étéLélaboré par Lacan concernantle temps de l'analyse l'a étédans le cadre de son retour àFreud, pour une analyse telleque Freud l'a initiée, ie uneanalyse orientée vers la vérité,la vérité qui parle dans lastructure de lgge, par la bouche de l'analysantmais aussi par les symptôme de son corps.C'est le temps de laiuser comme dit jolimentAntonio. Temps de la chaîne qui assure leretour du refoulé en surprise, tendu entreanticipation et rétroaction, temps du futurantérieur du sujet que commande les pointsde capiton de son discours, et qui dans l'aprèscoup lui feront retrouver les marques <strong>des</strong>premières contingences de sa vie.La perspective que j'ai choisie pouraujourd'hui est fonction de ce que j'aitravailler ces dernières années. C'est lasuivante : comment le réel en jeu dans uneanalyse, le réel vers lequel elle s'oriente pourtrouver sa fin, jette-t-il un jour nouveau sur letemps de l'analyse aussi bien que sur celui dela séance.Je p<strong>os</strong>e en effet la question de savoirsi la séance courte lacanienne et à la duréequ'il faut pour l'analyse ne relèveraient pasd'une même causalité, alors même que dansles faits la durée de l'A, régulièrement longue,semble indépendante de celle <strong>des</strong> séances quivarie de beaucoup selon les courants ?Le réel qui pourrait se faire jour dansla parole et mettre un terme à la dérive infinieaussi bien de la vérité que du déchiffrage,Lacan en a avancée trois élaborations quiengagent trois définitions de la passe finale, etpas une seule. Dans les trois cas, nous avonsun principe de conclusion par un réel : celuide l'imp<strong>os</strong>sible à dire pour la passe à l'objet,(67) celui de l'imp<strong>os</strong>sible à écrire pour lapasse au réel que Lacan dit "propre" à l'ics,(73) celui du hors sens pour la passe au réeltout court (76).Cet ics réel, est autre ch<strong>os</strong>e que le réelpropre à l'ics : il ne se démontre pas mais semanifeste. Il a son gîte dans la llgue, et nerélève pas de l'approche structurale à laquelleil met un terme. On le rencontre dansl'analyse, et dans l'analyse seulement, par <strong>des</strong>effets qui sont d'affects, et par <strong>des</strong> épiphanieslangagières réductibles à l'absurde, hors sens.Cet ics, effet de la llgue est <strong>do</strong>ublement réel :ses Uns sont hors chaîne, <strong>do</strong>nc hors sens, etils sont passés dans le champ de la substancejouissante. Cet ics est irréductible etimprenable, les effets de la llgue dépassanttout ce que le sujet peut en savoir l'ics-llgueest imp<strong>os</strong>sible à savoir, il ex-siste à l'ics-lggeie déchiffré, qui isole certes un essaim de uns,mais il n'est jamais qu'hypothétique et partiel,élucubration dit Lacan.Alors faut-il dire que dans les troiscas, le temps qu'il faut et que l'on trouve silong, c'est le temps d'accès à la conclusionépistémique par le réel. Sûrement pas. Et dès49 avec la notion du "temps pourcomprendre" Lacan avait marqué la place dece que j'appelle aujourd'hui, la variable nonlogique. Elle est parfaitement évidente quandil s'agit de l'ics réel. Je crois avoir montré àprop<strong>os</strong> de la première phrase du texte L'I°XI, que le lapsus ramener à son hors sens<strong>do</strong>nne un modèle réduit de la passe au réel,qui se répète dans une analyse. Mais, sansparler du symptôme, combien de lapsusramenés au réel ne faudra-t-il pas pour arriverà conclure à l'ics réel ?C'est que dans tous les cas, une autrevariable non épistémique est en jeu. C'estd'ailleurs pourquoi les voies d'une conclusionen acte ne sont jamais seulement celle <strong>des</strong>nécessités de la déduction logique. Autrementdit, la conclusion de fin à partir de laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
70conclusion épistémique n'est jamais quep<strong>os</strong>sible.Dit autrement, ce n'est pas l'absenced'un principe de conclusion qui fait l'analyselongue, c'est que dans tous les cas, le principede conclusion est insupportable. De l'aperçusur le bâti du fantasme, en éclair ou pas, à laconclusion d'imp<strong>os</strong>sibilité du rapport, jusqu'àl'ics réel de llgue, comme S2 insu, le savoiracquis est le savoir d'un imp<strong>os</strong>sible,synonyme de castration. Il butte dès lors surun refus, un "je n'en veux rien savoir" quiprotége de "l'horreur du savoir"."Faut le temps de se faire à être",disait Radiophonie. Dans le contexte çavoulait dire à être l'objet qui est en exclusioninterne au sujet. Le "se faire" connote lapatience à supporter, à accepter le réel quel'élaboration de l'ics a fait apparaître.Un indexe de cette variablenon logique, de ce seulement p<strong>os</strong>sible de lafin, je le trouve aussi chez les sujets <strong>do</strong>nt j'aieu l'occasion de parler récemment, qui venusà bout de la relation au savoir qu'est letransfert, s'allègent de leur propre "horreurde savoir", en la convertissant en haine, aussibien haine de l'analyse que de ses suppôts,Freud, Lacan, et bien sûr celui ou celle qui lesa accompagnés dans le parcours. Il y a biend'autres indexes de la variable non logique<strong>do</strong>nt Lacan a toujours marqué la place, etqu'il a inscrite avec le mot "éthique".Autant dire qu'avec cette variable nonlogique, on ne peut pas prévoir le temps qu'ilfaudra à l'analyse. "On" ça n'est pas l'analysteseulement, c'est aussi bien le sujet lui-même.Et combien de fois n'aura-t-on pas constatéavec surprise, que l'analysant décidé <strong>des</strong>débuts, se retrouve le plus récalcitrant à la fin? L'inverse est aussi vrai, et on voit lesceptique d'entrée devenir le très décidé de lafin.Le principe épistémique de la fin parle réel est nécessaire pour clore une analyse,mais il n'est pas suffisant : s'y ajoute uneréponse de l'être qui ne relève pas de lalogique. On est là dans le champ du deuiltransférentiel, de ce deuil <strong>do</strong>nt Lacan aexplicitement indiqué, et dans la Prop<strong>os</strong>itionet dans L'étourdit, qu'il suivait le moment depasse au réel, en repoussant au-delà, le termede l'analyse. Cette réponse de l'être, quiintroduit la marge de liberté sans laquellechacun ne serait que la marionnette de sonics, est non seulement imprévisible, je l'ai dit,mais informulable en énoncé, et dès lors ellene se laisse approcher que par <strong>des</strong> signes.Ces signes Lacan a fini par les situerdu côté de l'affect et lui a fallu le temps.C'est la thèse de la Note italienne etIntro° … XI. Il y a AE, quand le sujet analyséest passer de l'horreur à l'enthousiasme.D'autres cas de figure : j'ai ajoute de l'horreurà la haine, l'expérience le montred'abondance. Il y a d'autres alternatives, laplus fréquente étant de l'horreur à l'oubli.L'éclair de l'éveil quand il a lieu faitgénéralement long feu.En 76, infléchissant un peu les termesil prop<strong>os</strong>e d'évaluer dans la passe, il dit nonpas l'enthousiasme mais la "satisfaction" defin, qui surgit éventuellement quand tombe lasatisfaction prise à la vérité menteuse. C'estun changement de goût au fond, unesatisfaction prise au hors sens de l'ics réel, quivient limiter la satisfaction prise à la vérité, etil précise bien que l'on n'est jamais sûr depouvoir la fournir, la nouvelle satisfaction.Elle n'est que p<strong>os</strong>sible, <strong>do</strong>nc.Autant dire qu'avec ce principed'évaluation qui porte, non sur l'effetdidactique mais sur une réponse de l'être àl'effet didactique de l'analyse, on est très loinde l'idée que toute analyse menée à son pointde finitude produise un analyste, entendez unanalyste qui se plaise au réel. Aucunautomatisme ni de l'enthousiasme, ni de lasatisfaction de fin. Autrement dit la variablenon logique rend l'analyste seulementp<strong>os</strong>sible.Question ici. Il faut mesurer là lechangement de perspective que Lacan aintroduit, avec un <strong>do</strong>uble dévalorisation : dela vérité au profit du réel, de la structurelogique au profit de la p<strong>os</strong>ition de l'être. ElleANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
71ne peut pas être sans conséquencespratiques.C'est la variable non logique quiamène à cette dévalorisation. C'est elle quifait apercevoir que l'analysant travailleur estun analysant qui se plaît à la véritéinconclusive, à son hystorisation avec un Y,et c'est un euphémisme, il faudrait direclairement que s'hystoriser et jouir de son F.c'est la même ch<strong>os</strong>e, ce pourquoi Lacan ditque l'analysant consomme de la jouissancephallique et que l'analyste se fait consommer.Dès lors l'amour de la vérité apparaît pour cequ'il est, symptomatique, et on sait quefoisonnement de bavardage, le dire <strong>des</strong>bêtises à profusion s'entretient de lasatisfaction prélevée, qui ajourne le momentde conclure.D'ou la question <strong>des</strong> moyens que se<strong>do</strong>nne une analyse orientée vers le réel et dela responsabilité de l'analyste dans cette<strong>des</strong>titution de la vérité.Je retrouve là le problème de laséance lacanienne et aussi de l'interprétationproprement lacanienne. De la séance courtej'en ai déjà parlé dans le texte "Une pratiquesans bavardage" j'en dirai aujourd'hui qu'ellecible le réel, que vise l'analyse lacanienne.La question n'est pas d'objecter àLacan que l'inconscient demande du tempspour se dire, il est le premier à l'avoir déclinésous toutes les formes, la question est <strong>des</strong>avoir si le battement ouverture-fermeture del'inconscient qui se produit dans le transfertest isomorphe à l'alternance séance-horsséance, autrement dit à la présence del'analyste. Toute l'expérience montre quenon.En effet elle fait fonctionnerl'interruption, la coupure du temps; commeune interprétation de ce qui habite la véritéque le sujet articule, un <strong>do</strong>igt pointé <strong>do</strong>ncvers le réel qui leste l'hystorisation du sujetdans l'analyse. L'analysante disant que laséance courte c'était comme un coïtinterrompue ne pensait pas si bien dire.Mais en fait je crois ce qui comptedans une séance quelque soit sa durée, c'estsa fin, comme pour l'analyse d'ailleurs. Il y ales fins de séance qui concluent dégageantun point de capiton, qui généralement ilsatisfait ; les fins qui questionnent ensoulignant un terme qui relance la questiontransférentielle, et puis les que j'ai appeléesfins suspensives qui coupent la chaîne pourviser le suspens du sens. La séance courtelacanienne quasi ponctuelle y rajoute de fairepasser en acte le rasoir de la coupure entrel'espace <strong>des</strong> dits, <strong>des</strong> semblants, et le présenceréelle. Les deux premières, conclusives ouquestionnantes sont <strong>des</strong> pousse àl'hystorisation de la vérité.Les deux secon<strong>des</strong> plutôt <strong>des</strong> pousseau réel. Elles ont <strong>des</strong> affinités avecl'interprétation lacanienne apophantique, quicomme l'oracle, je cite, "ni ne révèle ni necache, mais fait signe.". Signe de ce qui exsisteà l'hystorisation du sujet. Dans le DC dela cure Lacan avait avancé l'idée d'uninterprétation silencieuse, <strong>do</strong>igt pointé vers leSa du manque dans l'Autre. Au terme, c'est le<strong>do</strong>igt pointé vers le réel qui vient à cetteplace.L'hystorisation se fait par les temps ditd'ouverture de l'ics. dans lesquels la vérité sedéplie dans la structrure de lgge, le thème estconnu et a fait déplorer les temps defermeture. Mais le réel quelle que soit sadéfinition, se manifeste en temps defermeture de l'ics, voire de rejet de l'icsbavard, Sicut palea. L'ics réel notamment estun ics fermé, fermé sur ses uns de jouissance.Maintenant, entre la vérité et le réel iln'y a pas à choisir dans l'analyse. Pas d'analysesans hystorisation du sujet. Dans ladiachronie, le réel est au terme du processus,aussi bien celui de la séance que de l'analyse,où il fonctionne comme limite, <strong>do</strong>nc pointd'arrêt de la vérité menteuse. Dans lasynchronie réel et vérité sont disons noués,ce qui exclut que de la vérité, malgré toute ladévalorisation que l'on y apporte, on en sortecomplètement. L'ics réel "tripote" avec lavérité. C'est si vrai qu'au moment même oùLacan affirme l'ics réel, Lacan réitère l'idéeque la passe consiste à témoigner de la véritéANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
72menteuse. Ça permet de préciser lasatisfaction de fin. Elle est moins satisfactiondu réel que satisfaction de la façon, acquise àl'usage d'un particulier , de "balancer" cetteembrouille entre vérité et réel. A l'usage veutdire peu à peu, avec le temps. L'usage ce n'estpas à l'usure, si c'était à l'usure ce serait pourtous. L'usage est pour un particulier. Letemps de l'analyse c'est le temps d'acquisitionde cette satisfaction là. Temps imprévisible etpas pour tous : seulement pour <strong>des</strong>particliers. Elle ne s'acquière pas sans <strong>des</strong>passes au réel réitérées au cours de l'analyse,que la séance courte est faite pour servir.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
73Le temps: un objet logiqueBernard Nominée temps est un conceptLdifficile à saisir, tant pour lesphysiciens que pour lesphil<strong>os</strong>ophes. On ne peuts’empêcher de l’imaginercomme un fleuve qui coule dupassé vers le futur. Mais estonsi sûr que le temps passeréellement, n’est-ce pas nous qui l‘imaginonspasser alors que c’est nous qui passons ? «Le temps s’en va, le temps s’en va Madame,las ! le temps non , mais nous nous enallons…. » écrivait le poète Ronsard.Le temps est indissociable del’espace, les distances sont courammentmesurées en temps nécessaire pour lesparcourir, par exemple. Mais le temps estlui-même considéré par les physicienscomme un espace, on parle alors del’espace-temps et tous ne sont pas d’accordsur sa structure ; est-il plat ou courbe,continu ou discontinu ? Pour certainsphysiciens l’espace-temps est un bloc rigidequi n’est nullement orienté à priori, si cen’est par nous, dans la mesure où nousorganisons la suite <strong>des</strong> événements selon unprincipe qui est celui de la causalité. Maisc’est une construction mentale et noussavons même, depuis Freud, quel’inconscient est capable de fabriquer unecausalité psychique qui paraît fonctionner àrebours du temps qui passe. Le temps quipasse n’est <strong>do</strong>nc pas un réel en soi, seul leprésent est réel. On pourrait très bien définirle réel comme présent, toujourséternellement présent. Par contre commentfixer ce réel toujours présent ? En écrivant,c’est à dire en historiant, en l’or<strong>do</strong>nnant enpassé. A ce titre le passé est du côté dusymbolique. Resterait alors l’imaginaire pourle futur, ce qui collerait assez bien. Laperception du cours du temps dépend <strong>do</strong>ncde la conscience qui <strong>do</strong>it pouvoir intégrer cequi est présent, le relier au passé et ledistinguer de ce qui se projette du futur.C’est sans <strong>do</strong>ute ce nœud qui installe le sujetdans une réalité temporelle intelligible. Maisle nouage de ces trois registres laisse malgrétout échapper l’ objet que je cherche àcerner dans ce travail. « Le temps ce n’estpeut-être que ça, les trinités ou l’éternité del’espace, ce qui sort là d’un coincement sansremède. »Cet objet qui échappe aucoincement, je vais essayer de l’approcherpar l’étude de ce genre de rêve répétitif quetout le monde fait où l’on <strong>do</strong>it repasser unexamen que l’on a réussi. Dans le rêve on sepermet la fantaisie de remonter le cours dutemps, on rêve <strong>do</strong>nc que l’on est dansl’époque d’avant le passage de l’examen, ons’y représente mais sans avoir rien préparé.Cela peut tourner au cauchemar, et on estcontent de se réveiller en constatant que cen’était qu’un rêve. Ce que l’on rêve derepasser, c’est toujours une étape décisivequi a marqué un avant et un après, et quel’on s’est efforcé de passer avec succès. Onrêve rarement de repasser un examen quel’on a raté. Souvent le rêveur sait dans lerêve qu’il a déjà passé cette épreuve avecsuccès ; pourquoi <strong>do</strong>nc la repasser ? Lethème du reproche est toujours là, et selonFreud il s’applique à quelque ch<strong>os</strong>e de laveille, une conduite régressive par exemple. «Tu es déjà âgé, tu as beaucoup vécu et tu faisencore <strong>des</strong> bêtises ,<strong>des</strong> enfantillages. »On pourrait aussi évoquer ce genrede rêve où l’on retourne dans une anciennemaison après un déménagement mais on yretourne comme un voleur, car on sait quel’on ne devrait plus être là. Cette atm<strong>os</strong>phèred’illégalité va bien dans le sens del’interprétation freudienne du reproche.Mais je pense qu’on peut aller plus loin queFreud sur ce sujet. Le caractère répétitif deANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
74ce genre de rêve est l’indice d’un effort dusujet pour symboliser un événementimportant qui est un moment de passage :un examen, un déménagement, la disparitiond’un proche. Si l’épreuve se répète dans lerêve, c’est que quelque ch<strong>os</strong>e échappe àcette symbolisation, c’est que quelque ch<strong>os</strong>en’est pas pris dans la représentation del’événement. Il ne s’agit pas de l’événementen soi, car, encore une fois, un examenréussi n’a aucune raison d’être difficile àsymboliser. Alors, pourquoi faire comme sicet événement heureux n’avait pas existé ?En général, si l’on interroge le rêveur, ilnous dit que dans son rêve, il <strong>do</strong>it repasserl’examen et fait comme s’il ne l’avait paspassé tout en sachant confusément que c’estfaux. Ce n’est <strong>do</strong>nc pas la nature del’événement qui p<strong>os</strong>e problème mais sastructure même d’événement, c’est à direune étape signifiante qui trace une frontièreentre un avant et un après. Le reproche quele sujet se fait, c’est peut-être, avant tout, lereproche de vouloir nier le franchissement,de vouloir revenir dans l’avant alors qu’il estdéjà dans l’après. Mais au-delà du caractèreillicite de ce voyage dans le temps quepermet le rêve, la répétition de ce genre derêve nous suggère que le sujet ne renoncepas à saisir dans cette symbolisation quelquech<strong>os</strong>e d’évanescent, quelque ch<strong>os</strong>ed’insaisissable qui se découpe sur lafrontière entre l’avant et l’après.Si les heures de l’horloge défilent defaçon rigoureusement constante, on ne peutpas dire que, pour un sujet <strong>do</strong>nné, le tempspasse de façon continue. La notion mêmed’événement en témoigne. Mais ce qui faitévénement pour l’un ne fera pas forcémentévénement pour son voisin. Cettetemporalité <strong>do</strong>nt il est question dansl’événement n’a <strong>do</strong>nc rien à voir avec letemps qui passe, ni avec le temps del’Histoire, cette temporalité concerne lesujet. Elle est en rapport étroit avec le sujet,au point qu’on pourrait dire qu’elle participeaux attributs du sujet, au sens grammaticaldu terme, car ces évènements sur lequel lesujet s’efforce de revenir dans ses rêves, sont<strong>des</strong> moments qui ont déterminé ce que lesujet a été, ce qu’il est devenu, ce qu’il auraété quand…ce qu’il aurait pu être si…bref, ils’agit d’essayer de symboliser, de serrer auplus près ce moment, ce laps de temps, cetinstant où tout s’est précipité pour faire quele sujet est devenu ce qu’il est.Ce n’est pas pour rien que Lacan autilisé l’apologue <strong>des</strong> trois prisonniers pourcerner ce qu’il a appelé le temps logique, cetinstant de hâte nécessaire pour que le sujetpuisse se présenter tel qu’il est et sortir de laprison de ses identifications aliénantes. Cetemps logique est propre à chacun, il faitpartie de ses attributs, il participe de sonmode d’être, même s’il n’en a lui-mêmeaucune espèce d’idée. C’est ce qui me faitdire que ce temps logique fait partie de lacatégorie de l’objet tel que Lacan en a<strong>des</strong>siné le contour et c’est d’ailleurs ce qu’ilfinira par dire dans les commentaires de sonapologue qu’il fera bien plus tard dans sonenseignement, que ce soit dans sonséminaire Encore où il nous dit que l’objet ajoue sa fonction dans la hâte ou que ce soitdans Les non-dupes errent : quand il ditcarrément que « l’objet a est lié à cettedimension du temps. » Autrement dit, cetobjet que le rêveur essaye d’attraper dansson rêve répétitif qui paraît se résumer enpremière lecture à une recherche du bontemps perdu, en réalité cet objet estinatteignable parce qu’il n’a pas d’être, d’oùla répétition inlassable pour essayer del’approcher.Le temps, comme objet réel, n’a pasd’être, c’est ce qui lui confère sa fonction laplus commune pour représenter notremanque à être. C’est ce que disait déjà Plotindans l’Antiquité grecque : le futur est le lieuoù nous situons ce qui nous manque pourêtre. Si nous courons vers le futur c’est dansl ‘idée d’y trouver plus d’être. Autrement dit,le temps qui nous manque pour être, ceaprès quoi nous courons, n’est rien d’autreque notre manque à être structural.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
75Je pourrais rajouter que cet objetauquel nous confions de représenter notremanque à être et qui se situe en quelquesorte en marge du langage, n’en est pasmoins un produit. Le temps est produit parle sujet qui parle. Ceci n’est pas sans rapportavec la langue qui conjugue. Depuis lesGrecs et les Latins nous distinguons le passéle présent et le futur. « le seul fait deconjuguer suffirait à prouver que le tempsexiste. » Mais certaines langues neconjuguent pas, c’est le cas du chinois <strong>do</strong>ntles verbes ne prennent pas la désinence. Ils’en suit – à en croire François Jullien – qu’iln’y a pas de concept du temps dans lapensée chinoise. La sagesse chinoises’intéresse plus au moment qu’au temps enlui même. Bref, si la phil<strong>os</strong>ophie occidentales’efforce, jusqu’à l’obstination parfois, deconceptualiser ce produit du langage, cen’est pas pour rien.Pour résumer, au point où nous ensommes, j’ai essayé de montrer en quoi letemps est un réel qui personnalise chacun, ilest un attribut du sujet, particulièrementconvoqué dans son acte en tant qu’il faitévénement voire avènement, il estinsaisissable bien qu’imaginable sous lesespèces du temps qui passe , du temps quimanque, du temps perdu, bref, du manque àêtre et il est un produit du langage. Quefaut-il rajouter de plus pour vous convaincrequ’il fait partie de la catégorie de l’objet a ? Ilfaudrait pouvoir dégager sa fonction dansl’aliénation à l’Autre puisque c’est là qu’onpeut saisir au mieux la fonction de l’objet ade Lacan comme reste de l’opération quitente d’inscrire la jouissance du vivant dansl’Autre du signifiant.Dans son séminaire l’AngoisseLacan ébauche cinq sta<strong>des</strong> pour cetteinscription et il les met en relation sur unesorte de graphe à trois niveaux. Il me faut<strong>do</strong>nc voir comment inscrire le temps danscette construction, étant bien entendu que jene compte pas rajouter un sixième stade. Ilsuffit de relire la leçon du 19 juin 1963, pours’apercevoir que ce qui permet à Lacan demettre en relation ces cinq présentations del’objet a, c’est la fonction du temps articuléeau langage puisque ce schématisme est celuidu graphe. C’est un parcours fléché, et cetteflèche, on pourrait la nommer flèche dutemps. Mais ce parcours fléché n’est pasrectiligne, la flèche monte, comme s’ils’agissait d’une progression du stade oral, austade anal pour arriver au stade phallique etlà, la flèche s’inverse comme s’il s’agissaitd’une régression vers le niveau inférieur oùLacan inscrit la fonction du regard, au mêmeniveau que le stade anal, puis vers le niveauencore inférieur où il situe la fonction de lavoix qui se retrouve au même niveau que lestade oral. Cette construction de Lacan m’atoujours paru très importante. Elle articuledemande, désir et plus de jouir et il faut cestrois registres pour saisir la fonction logiquede l’objet a. Sur la branche montante de ceparcours, on peut situer le temps del’aliénation qui se décline à deux niveaux, leniveau oral et le niveau anal. Au niveau oral,le nourrisson totalement dépendant <strong>do</strong>its’adapter à l’exigence de la demande del’Autre qui imp<strong>os</strong>e ses scansions dans lasatisfaction du besoin. C’est là que l’Autre semontre comme le maître du temps : « monheure sera la tienne ». Ceci se renforce auniveau anal où l’Autre imp<strong>os</strong>e encore plusclairement son heure pour la satisfaction <strong>des</strong>besoins. A ceci près qu’à ce niveau le sujetest un peu plus en mesure de s’y opp<strong>os</strong>er,puisqu’il peut se retenir, ce qui lui permetd’inverser le processus et de prétendreimp<strong>os</strong>er à l’Autre son heure en se faisantattendre. Nous sommes là dans le temps del’aliénation et je crois qu’on peut l’assimiler àl’instant de voir du sophisme <strong>des</strong> troisprisonniers puisque c’est la même logiquequi y prévaut : le sujet y mesure ce que sonidentité <strong>do</strong>it à l’Autre. Le troisième niveauoù Lacan inscrit le stade phallique, c’est letemps où le sujet peut saisir le sens de sonaliénation, l’objet oral et l’objet anal enrépondant à la demande de l’Autre y sontmesurés à l’étalon de l’objet du désir del’Autre, c’est à dire au phallus.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
76Ce qui s’opère à ce stade phallique,c’est <strong>do</strong>nc une traduction, c’est pourquoi jepense qu’on peut y situer le temps pourcomprendre, mais cette signification ne peutintervenir qu’à un certain moment, c’esttoute la question de la phase phalliquedécrite par Freud, elle opère dans l’ aprèscoup.Il faut du temps pour comprendre.Mais quand le sujet comprend, il a<strong>do</strong>pte lesens venu de l’Autre et, d’une certaine façon,il est déjà trop tard, il a raté la rencontreavec ce qui le cause, ce qui laisse à désirer,du fait d’un petit rien qui rend les objets dela demande inadéquats au désir de l’Autre.C’est dans cet écart que l’objet a trouve safonction et c’est là aussi que le sujet trouvesa place du fait de l’imp<strong>os</strong>sibilité de faire Unavec l’Autre. Nous entrons là dans une autretemporalité, il ne s’agit plus du temps pourcomprendre mais de la hâte à p<strong>os</strong>er l’actequi sépare, l’acte qui change la perspective,l’acte qui s’imp<strong>os</strong>e du fait de la logique del’objet plus-de-jouir opérant en un éclair,qu’il s’agisse du regard ou de la voix. Noussommes là sur la branche <strong>des</strong>cendante duparcours fléché qui enlace le regard et lavoix, deux objets qui sont l’enjeu de laséparation qui suit le temps de l’aliénation.C’est là qu’il faut situer la fonction de lahâte et cette fonction de la hâte c’est l’affairede cet objet a, objet hâté spécialement sousson aspect de regard ou de voix, rarementvu , rarement entendu si ce n’est de façonextrêmement fugace. Le temps n’est plus dutout le temps de l’Autre, c’est le temps dusujet, le temps comme trait caractéristiquedu sujet , le temps qui le spécifie et le faitexister, disons même qui le cause. Le regardet la voix seraient alors à considérer commeprésentifications de la temporalité du sujet,temporalité particulièrement démontréedans certains actes créatifs, comme dans legeste du peintre par exemple. Lacan repèreainsi dans la touche du peintre la temporalitéoriginale qui caractérise sa relation à l’Autreà qui il <strong>do</strong>nne à voir. Mais cette temporalitéoriginale c’est aussi ce qui <strong>do</strong>it émerger à lafin de la cure analytique. Ce n’est pas pourrien que Lacan a inventé ce disp<strong>os</strong>itif qu’il anommé la passe. Celui qui s’y présente n’yrencontre pas un aîné qui est passé mais unpasseur pour qui est présent ce momentparticulier de l’analyse qui lui permetd’ouvrir les yeux et les oreilles. « D’oùpourrait <strong>do</strong>nc être attendu un témoignagejuste sur celui qui franchit cette passe, sinond’un autre qui, comme lui, l’est encore, cettepasse?» C’est une formulation curieuse.Lacan ne dit pas que le passeur est dans lapasse, mais qu’il l’est. Ce n’est pas un espacedans lequel on peut être, c’est un purmoment et le sujet est assimilé à ce moment.Comment comprendre cette formulation, sice n’est en considérant que la passe estassimilable à la rencontre du sujet avec satemporalité originale, c’est à dire avec l’objetlogique qui le cause ?A bien y réfléchir, c’est quelquech<strong>os</strong>e qui s’éprouve dans tout ce qui a laqualité d’un acte. Le sujet y coïncide avec satemporalité originale, ce qui leur <strong>do</strong>nne – ausujet comme à ce moment – une densitétoute particulière. C’est à ce genre derendez-vous, pas si fréquent dans la vie, quepeut conduire une analyse. Mais pour cela ilfaut du temps . En ce sens, l’expérience del’analyse se situe en marge de l’air du temps,elle ne se préoccupe pas du temps qui passe,du temps perdu, du temps gagné, autant defaçons de concevoir, de <strong>do</strong>nner forme aumanque à être. Cependant Lacan nous amontré que cette pratique est fondée sur lemaniement du temps comme opérateurlogique. Voilà pourquoi une analyse peutconduire l’analysant à faire le deuil du tempsperdu, à ne pas s’obnubiler sur le temps quipasse mais à savoir saisir le moment où ilpeut se réaliser.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
77Tempo e EntropiaSonia Alberti“Não existe tempo no mun<strong>do</strong> não transforma<strong>do</strong>, não medi<strong>do</strong>, não analiza<strong>do</strong>”.Dr. João Luiz Kohl Moreira, físico.omeço com a psicanáliseCem seu tempo para o queisolo n<strong>os</strong>so tempo emrelação à ciência, uma dasmuitas referências nesseamplo tema. Para introduzirdiretamente a questão,digam<strong>os</strong> que na época da criação dapsicanálise com Freud o campo da físicavivia um grande reboliço! Com efeito, em1905, quan<strong>do</strong> Freud publicava a primeiraversão de seus “Três ensai<strong>os</strong> dasexualidade”, Einstein formulava a teoriada relatividade! E qualquer um de nóssabe o quanto aqueles Ensai<strong>os</strong> e essateoria significaram para to<strong>do</strong> novo tempoentão inaugura<strong>do</strong>!A entropia, a neguentropia e ainformação.O termo de entropia – referi<strong>do</strong>por Freud em 1920 para articular a pulsãode morte, como sabem – foi lança<strong>do</strong> nocampo da física em 1862, por Clausius.Num sistema, se ele não está receben<strong>do</strong>nada de fora, como diria Boltzmann(1844-1906), a energia vai se discipan<strong>do</strong> ea entropia vai crescen<strong>do</strong>. Naquele tempo,o alcance da operacionalidade <strong>do</strong> conceitonão foi bem medi<strong>do</strong> porque seriamprecisas – para além da teoria darelatividade – várias outras contribuiçõesque se acrescentaram à sua primeiraformulação. Note-se que Lacanacompanhava <strong>os</strong> <strong>des</strong>envolviment<strong>os</strong> <strong>do</strong>conceito, o que se verifica nas referênciasque a eles fez ao longo de seu ensinomesmo se estas não foram muitas, deacor<strong>do</strong> com as minhas pesquisas.Sublinho particularmente a seguinte,encontrada em seu Seminário 17, O avessoda psicanálise: “[...] não há somente adimensão da entropia no mais-de-gozar.Há outra coisa, que alguém percebeu, éque o saber, isso implica a equivalênciaentre essa entropia e uma informação”(Lacan, 1969-70:94) 16 . Com efeito, asvárias outras contribuições que seacrescentaram à primeira formulação daentropia encontraram seu ápice com acontribuição vinda da teoria dainformação, na década de 1940.Num texto de Michel Bousseyrouxlê-se que a teoria da informação nasceu“graças às pesquisas de Nyquist, Hartleyet sobretu<strong>do</strong> Shannon sobre o telégrafo eo telefone da Companhia Bell” 17 – que oautor identifica como “as primeiraslatusas”. Ao identificarem a informaçãocomo inversa à entropia, <strong>os</strong> teóric<strong>os</strong> dainformação permitiram que se levantassea hipótese de que a entropia é gerada numsistema na proporção inversa <strong>do</strong> acúmulode informação. Se esse sistema é vivo, eleexporta entropia (Schrödinger) o queequivale a dizer que ele é neguentrópicoou, ele importa neguentropia (Brillouin) ea acumula, importa informação e amemoriza, visan<strong>do</strong> a maior duração da16“[...] il n’y a pas que la dimension de l’entropie dans ce qui se passe du côté duplus-de-jouir. Il y a quelque ch<strong>os</strong>e d’autre, <strong>do</strong>nt quelqu’un s’est aperçu, c’est que lesavoir, ça implique l’équivalence entre cette entropie et une information” (p.94).17Question 3 in “Réponses aux questions”www.champlacanienfrance.net/IMG/pdf/mbousseyroux.pdfANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
78vida e sua manutenção. Como apontaLacan (1973) em “L`étourdit”, <strong>os</strong> animaisnisso fazem de nós seus caçulas, pois é“uma função de código que aí se exerceatravés da qual se dá a neguentropia deresultad<strong>os</strong> de observação. Mais que isso,condutas vitais aí se organizam a partir <strong>des</strong>ímbol<strong>os</strong> perfeitamente semelhantes a<strong>os</strong>n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> (ereção de um objeto ao nível <strong>des</strong>ignificante <strong>do</strong> mestre na ordem <strong>do</strong> vôode migração, simbolismo da paradaamor<strong>os</strong>a e <strong>do</strong> combate, sign<strong>os</strong> detrabalho, marcas <strong>do</strong> território), comexceção <strong>do</strong> fato de que esses símbol<strong>os</strong>jamais são equívoc<strong>os</strong>” 18 . Eis porque foip<strong>os</strong>sível a Freud identificar as pulsões devida na contramão da entropia: elas dizemrespeito a<strong>os</strong> investiment<strong>os</strong> dasinformações – <strong>os</strong> traç<strong>os</strong> mnêmic<strong>os</strong> quearmazenam<strong>os</strong> em cadeias associativas. Seentendem<strong>os</strong> o saber como inscrição deinformação, então, como dizBousseyroux, o “reservatório dasinformações” é neguentrópico 19 ,enquanto que o campo d<strong>os</strong> goz<strong>os</strong> éentrópico, já que <strong>os</strong> goz<strong>os</strong> só serecuperam sob a condição de umaentropia. “Se a neguentropia tem <strong>os</strong>enti<strong>do</strong> inverso da entropia física, então,quanto mais o campo das latusas aumenta– e ele ciberaumenta! – mais crescem as18“une fonction de code s'y exerce par ou se fait la néguentropie de résultatsd'observation. Bien plus, <strong>des</strong> conduites vitales s'y organisent de symboles en toutsemblables aux nôtres (érection d'un objet au rang de signifiant du maître dansl'ordre du vol de migration, symbolisme de la parade tant amoureuse que ducombat, signaux de travail, marques du territoire), à ceci près que ces symboles nesont jamais équivoques” (Lacan, L`Étourdit, Scilicet 4, Seuil, Paris,1973: 46).19 Negative entropy or negentropy or syntropy of a living system is the entropy thatit exports to maintain its own entropy low. The concept and phrase were introducedby Erwin Schrödinger in his 1943 popular-science book What is life?.[1] Later, LéonBrillouin shortened the phrase to negentropy, [2][3] to express it in a more"p<strong>os</strong>itive" way: a living system imports negentropy and stores it (Wikipedia). In anote to What is Life? Schrödinger explained his use of this phrase: “[...] if I had beencatering for them [physicists] alone I should have let the discussion turn on freeenergy instead. It is the more familiar notion in this context. But this highlytechnical term seemed linguistically too near to energy for making the average readeralive to the contrast between the two things” (idem).perdas produzidas” 20 (idem). Assim, aomesmo tempo em que o telefone e otelégrafo deram a p<strong>os</strong>sibilidade a<strong>os</strong>teóric<strong>os</strong> da informação de identificar estacom a neguentropia, promoveram oaumento da entropia pois não é p<strong>os</strong>síveltelefonar ou telegrafar sem com issodiscipar mais energia e, portanto,aumentar as perdas produzidas.Três recortes históric<strong>os</strong> <strong>do</strong> tempo, nafísica.Na física clássica, o tempo é umaconsistência. Acreditava-se que existiaalgo chama<strong>do</strong> tempo que fluía e podia sermedi<strong>do</strong>, por fazer parte da estruturafundamental <strong>do</strong> universo como umadimensão na qual <strong>os</strong> aconteciment<strong>os</strong>ocorrem em seqüência. Como sistema dereferência absoluto, o tempo newtonianoé uma base de referência em que se tomatrês dimensões <strong>do</strong> espaço mais o tempo.O tempo seria, no conceito clássico dafísica, um “relógio” com marcha sempreconstante, sem instante inicial nem final.Este é o princípio da uniformidade <strong>do</strong>tempo: as coisas mudam, mas o tempo ésempre o mesmo, constante. Serianecessário aguardar Einstein para que sepu<strong>des</strong>se identificar de que consistência setratava.Dois sécul<strong>os</strong> depois de Newton (4de Janeiro de 1643 — Londres, 31 deMarço de 1727), no século XIX maisprecisamente, muita coisa começou amudar. E para construir a relatividade,Einstein, na esteira <strong>do</strong> trabalho deMaxwell e de Lorentz, passou a situar otempo como uma grandeza relativa.Op<strong>os</strong>ta à concepção realista, “o tempo jánão se refere a nenhuma espécie de20 “La néguentropie que ayant le sens inverse de l'entropie physique, est-ce à direalors que plus le champ <strong>des</strong> lathouses grandit — et il cybergrandit ! — pluss'accroissent les pertes produites[...]” (Bousseyroux, op.cit.).ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
79'continente' atravessa<strong>do</strong> pel<strong>os</strong>aconteciment<strong>os</strong>, nem tampouco [é] umaentidade que 'flui', mas, no lugar disso, éparte de uma estrutura intelectual fundamental(junto com o espaço e o número) através da qual<strong>os</strong> human<strong>os</strong> seqüenciam e comparam <strong>os</strong>aconteciment<strong>os</strong>. Esta segunda acepção, [...]sustenta que o tempo não é nem umacontecimento nem uma coisa, não sen<strong>do</strong>portanto em si mensurável” 21 . De fato, aocontrário das outras grandezas referentesao espaço, e que podem<strong>os</strong> medir comuma régua ou trena, o tempo não seriamensurável. O tempo não se mede, seconta, se cifra, poderíam<strong>os</strong> dizer com aobservação de Lacan (1973-4) de queaquilo que se cifra é da ordem <strong>do</strong> gozo(cf. Seminário XXI, lição de 20 denovembro de 1973). “Não podem<strong>os</strong> usaruma régua para medir o tempo. Usam<strong>os</strong> ochama<strong>do</strong> relógio. Mas o relógio é umdisp<strong>os</strong>itivo de contagem. Sejam <strong>os</strong>badal<strong>os</strong> de um pêndulo, sejam as batidasde uma mola, sejam grã<strong>os</strong> de areia ou afreqüência de transição de elétrons emórbita de um átomo, todas as formas demedir o tempo são de contagem e não demedida” 22 .Isso não é sem relação com aobservação de Lacan na conferência de 1de junho de 1972, no bojo de seu curso“O saber <strong>do</strong> psicanalista”. Nessaconferência, Lacan observa o seguinte:teria havi<strong>do</strong> um dia em que <strong>os</strong> pitagóric<strong>os</strong>– ainda na Grécia antiga – esbarraram na√2. A √2, justamente, é incomensurável 23 .Isso teria si<strong>do</strong> retoma<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> filósof<strong>os</strong> e,se na época ninguém esteve à altura deresponder à questão, nem por issodeixaram de com ela se darem conta de21http://en.wikipedia.org/wiki/Time. Grifo meu.22http://www.daf.on.br/jlkm/Opiniao/O_tempo_na_fisica.html23“cuja relação não pode ser expressa por um número inteiro ou fracionário (diz-sede relação de grandezas)” in Dicionário Houaiss da língua portuguesa.que “o incomensurável existia, e com iss<strong>os</strong>e começava a colocar a questão sobre oque era o número” (Lacan, 1 de junho de1972). Algo no número furava o número!O tempo, com as mudanças que afísica sofreu no início <strong>do</strong> século XX,tornara-se então uma grandeza relativa,não mensurável. Quan<strong>do</strong> se trabalha nafísica e se é força<strong>do</strong> a escrever asgrandezas sem p<strong>os</strong>sibilidade de medida, utilizaseo artifício de anotá-las sempremultiplicadas por i, ou seja, o númeroimaginário, √(-1), como Lacan (1961-2) oretomaria já no Seminário 9, A identificação.Número imaginário porque permite lidar,de alguma forma, com o real que revela –da mesma forma como o falo revela ofuro, ainda no mesmo Seminário 9. E deque real, no contexto? Aquele que fazobjeção ao número inteiro: “Em suma,quanto mais se façam objeções ao Um,quer dizer, ao número inteiro, mais sedemonstra que é justamente <strong>do</strong>imp<strong>os</strong>sível que em matemática seengendra o real” (Lacan, 1971-2, lição de1/6/72).Assim, o tempo passa a ser umagrandeza identificada com o númeroimaginário apesar de não haver “nada demen<strong>os</strong> imaginário <strong>do</strong> que √(-1)” (idem),como muito bem Lacan se refere a issonesse seu Seminário. Articulan<strong>do</strong> isso àprimeira lição <strong>do</strong> Seminário 21, em queLacan (1973-4) associa e equivale <strong>os</strong> trêsregistr<strong>os</strong>, real, simbólico e imaginário,concluím<strong>os</strong>, necessariamente que a ditmansionengendrada pela “parte de umaestrutura intelectual fundamental (juntocom o espaço e o número) através da qual<strong>os</strong> human<strong>os</strong> seqüenciam e comparam <strong>os</strong>aconteciment<strong>os</strong>” (texto já cita<strong>do</strong>), ou seja,o tempo, a partir <strong>do</strong> momento em queEinstein o derruba como referênciaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
80absoluta, é o próprio I da articulação d<strong>os</strong>três registr<strong>os</strong>: real, simbólico e tempo.O fato é que a matemática da qualse serve Einstein, de Poincaré, já é umatopologia em formação. É uma geometriaque introduz senti<strong>do</strong> furan<strong>do</strong> astransformações de Lorenz que auxiliaramEinstein a propor a teoria da relatividade,da mesma forma que observávam<strong>os</strong>Lacan dizer: o imaginário fura o simbólicoporque introduz nele o senti<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong>estudávam<strong>os</strong> o plano projetivo no qual sebaseia a construção <strong>do</strong> Esquema R(Lacan, 1956), não há dúvida que a bandade Moebius já estava presente em suaformulação. O plano projetivo que já seimpusera na época newtoniana implica ofuro, mesmo se é somente com atopologia no século XX que se passará apensar a partir d<strong>os</strong> fur<strong>os</strong>!Informação e tempo.Na realidade, a partir da década de1940, associan<strong>do</strong> as pesquisas físicas comas da teoria da informação, entende-seque a entropia age no senti<strong>do</strong> sempre de<strong>des</strong>truir a informação. Para imaginarizarm<strong>os</strong>tal constatação, basta lembrar que, nãoimporta o que se faça, um disco vaiperden<strong>do</strong> a informação à medida em queo tempo passa – ele arranha, enche depoeira... ou quebra –, e o mesmo se dácom o acha<strong>do</strong> arqueológico, por exemplo.Isso permite levantar a hipótese de que aação <strong>do</strong> tempo não é senão a própria açãoda entropia. O tempo é a manifestação daentropia. Logo, o tempo, como grandezaprimária não existe, ele é deriva<strong>do</strong> da açãoda entropia. O que, evidentemente,provoca a necessidade de se explicar adefinição que conhecem<strong>os</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> por Freud: ele é atemporalmas regi<strong>do</strong>, singularmente, pela pulsão demorte – aquela que Freud associadiretamente à entropia. O <strong>inconsciente</strong>como atemporal é o <strong>inconsciente</strong> d<strong>os</strong>aber, em que traç<strong>os</strong> mnêmic<strong>os</strong> seassociam e se inscrevem sem levar emconta, minimamente, o tempo que separauma lembrança da outra. Tal como, aliás,as coisas ocorrem no mun<strong>do</strong> quântico emque tampouco as coisas ocorrem emqualquer referência ao tempo. Por suavez, a repetição <strong>do</strong> gozo sempre o mesmoé o que faz passar o tempo para um<strong>sujeito</strong>. Se “o tempo tu<strong>do</strong> apaga”, com ofísico Boltzmann e o teórico dainformação Shannon é a entropia que“tu<strong>do</strong> apaga”. O tempo é, portanto,entropia. Ficar jovem, ao contrário, époder armazenar sempre mais informaçãoe manter ocupad<strong>os</strong> <strong>os</strong> estad<strong>os</strong>, o que asabe<strong>do</strong>ria popular conhece muito bemquan<strong>do</strong> se reafirma a necessidade de seocupar no envelhecimento. Na tentativade lentificar o efeito entrópico, opsiquismo se complexifica.Ainda no Seminário 17, Lacan(1969-70) identifica a “energética” com arede de significantes (p. 54). “Vocêsignoram que a energética é a mesma coisa[...] que um aplique da rede d<strong>os</strong>significantes sobre o mun<strong>do</strong>?” (idem, p.54) 24 . Para justificar essa conceituação,Lacan sugere a seguinte experiência:Desçam uma ladeira com 80kg nas c<strong>os</strong>tase depois a subam. Para quem o fizer,duvi<strong>do</strong> que isso não tenha si<strong>do</strong> um grandetrabalho! “Mas se vocês aplicarem sobreisso <strong>os</strong> significantes, quer dizer, se vocêsentrarem na via da energética, é cem porcento certo que não houve nenhumtrabalho” (idem, ibidem) 25 . Por quê?24 “Ignorez-vous que l’énergétique, ce n’est pas autre ch<strong>os</strong>e, [...] que le placage surle monde du réseau <strong>des</strong> signifiants ?” (p.54).25“Mais si vous plaquez là-<strong>des</strong>sus les signifiants, c’est-à-dire si vous entrez dans lavoie de l’énergétique, il est absolument certain qu’il n’y a eu aucun travail” (idem,ibidem).ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
81Porque para o estu<strong>do</strong> da mecânicatrabalho é força vezes a distânciapercorrida. Logo, se você <strong>des</strong>ce 80kg aforça da gravidade exerce um trabalhoequivalente à altura e na volta, a gravidadefaz um trabalho negativo igual. Logo, otrabalho da gravidade foi nulo. Oproblema é que, para a mecânica nessaexperiência, trabalho é da força dagravidade que, no exemplo, se anula. A<strong>os</strong>e inscrever a ação com significantes damecânica, não há nenhuma referência àentropia. No máximo, há neguentropia,aumento de informação. Mas essainscrição também se faz, como vim<strong>os</strong>,sem referência ao tempo. Nem tempo,nem entropia.Qual é o furo <strong>des</strong>sa explicação? Ofuro está no fato de que a ação, elamesma, não é feita com significantes...para <strong>des</strong>cer você fez um esforço que seperdeu para evitar que <strong>os</strong> 80kg seestabacassem lá em baixo e para subirvocê teve que fazer um novo esforço,esforço duplica<strong>do</strong> para vencer agravidade. No conjunto, a entropia sobe!A energia usada se dissipou, mesmo separa a mecânica não houve nenhumtrabalho. Eis onde entrou também amáxima de Taylor: Tempo é dinheiro que,nesse trabalho com <strong>os</strong> 80kg, se perdeupara sempre – tiran<strong>do</strong> qualquer capitalista<strong>do</strong> sério...Tempo é um conceito que apareceporque existe entropia. O que acontecenesse instante implica que o queaconteceu há dez minut<strong>os</strong> atrás édiferente <strong>do</strong> que acontece agora: as coisasaconteceram às expensas <strong>do</strong> crescimentoda entropia, houve um acréscimo deentropia. Por isso criou-se uma escala queacompanha essa mudança, e a essa escalachamou-se tempo.Os limites <strong>do</strong> gozo e o tempo lógico.Se o significante é a energética,conforme Lacan, a inscrição d<strong>os</strong> traç<strong>os</strong>mnêmic<strong>os</strong>, conforme Freud, então, ao sereferir ao significante, não dá paradeterminar o tempo – como vim<strong>os</strong>, o<strong>inconsciente</strong> é atemporal. Isso tambémcoaduna com o princípio da incerteza deHeisenberg que, ao referir-se ao mun<strong>do</strong>micr<strong>os</strong>cópico – campo da física quântica– percebeu que, num par complementar,por exemplo, o par: p<strong>os</strong>ição e velocidade deuma partícula, não é p<strong>os</strong>sível determinarde forma absoluta ambas as grandezascomplementares. Se medim<strong>os</strong> comprecisão absoluta a p<strong>os</strong>ição da partícula,não será p<strong>os</strong>sível determinar suavelocidade, e vice-versa. Outro parcomplementar estuda<strong>do</strong> por Heisenberg éjustamente o par energia e tempo. Semedim<strong>os</strong> a energia de uma partícula nã<strong>os</strong>abem<strong>os</strong> precisar o instante em que ela ap<strong>os</strong>suía. Se precisam<strong>os</strong> o instante em quep<strong>os</strong>suía tal energia, não saberem<strong>os</strong> emque esta<strong>do</strong> energético a partícula estava.Num primeiro momento, o absolutismo<strong>do</strong> tempo é <strong>des</strong>banca<strong>do</strong> pela relatividade,depois veio a teoria quântica, que o<strong>des</strong>bancou definitivamente. “[...] o tempojá não é considera<strong>do</strong> como uma grandezaprimária, isto é, uma grandeza de onde separte para construir ou derivar outras. Hámesmo quem diga que o tempo nãoexiste. Existe sim o movimento, sen<strong>do</strong> otempo uma grandeza derivada <strong>des</strong>te” 26 .Donde é preciso levantar ahipótese de que se estudam<strong>os</strong> o<strong>inconsciente</strong> como atemporal, não sedetermina com precisão o gozo, e quand<strong>os</strong>e determina o gozo – o tempo – entãonão dá para definir o significante.26http://staff.on.br/jlkmANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
82Tive a oportunidade de aprofundara questão <strong>do</strong> gozo como processocíclico 27 quan<strong>do</strong> tentava entender o queLacan (1968-9) articula em seu SeminárioXVI sobre a morte como encontro <strong>do</strong>limite mais baixo <strong>do</strong> ponto supremo como mais alto <strong>do</strong> ponto ínfimo. O processocíclico – que não deixa de implicar arepetição, mas a repetição na qual semprese perde – é sem dúvida o processo quepermite a contagem <strong>do</strong> tempo. Contagem<strong>do</strong> tempo, ciframento e gozo separam-se<strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> pela letra que lhes fazlitoral (Lacan, 1971-2a). O que finalmenten<strong>os</strong> leva à provocação: e o tempo lógico?O tempo lógico e a castração.Minha visada com esse trabalho écontribuir para a discussão da função <strong>do</strong>tempo numa psicanálise, no que tange asessão analítica, levan<strong>do</strong> em conta adisjunção entre a produção d<strong>os</strong> S1 nodiscurso analítico e a correlata perda degozo, no mesmo discurso, ou seja, <strong>os</strong>própri<strong>os</strong> S1 no lugar <strong>do</strong> mais-de-gozar(cf. “O saber <strong>do</strong> psicanalista”, Lacan,1971-2 28 ). Como observa Lydia GomesMusso, nas “Preliminares” de n<strong>os</strong>soEncontro, a partir <strong>do</strong> texto “Variantes <strong>do</strong>tratamento padrão” (Lacan, 1955), <strong>des</strong>dece<strong>do</strong> Lacan imiscui tempo e transferênciae ela cita: “Eis porque a transferência éuma relação essencialmente ligada aotempo e ao seu manejo” 29 . G<strong>os</strong>taria dearticular a conclusão de meu trabalho aessa observação que é aqui também umahomenagem à n<strong>os</strong>sa colega que queria27Alberti, S. “O bem que se extrai <strong>do</strong> gozo” In Stylus, abril 2007, no. 14, p. 71-2.28Cf. o artigo “O bem que se extrai <strong>do</strong> gozo”, no qual se verifica a mudança d<strong>os</strong>lugares n<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> a partir d<strong>os</strong> <strong>des</strong>envolviment<strong>os</strong> na conferência de 3 de fevereirode 1972 sobre “O saber <strong>do</strong> psicanalista” (Alberti, S. In Stylus, abril 2007, no. 14, p.71-2).29Lydia Gómez Musso, Barcelona, novembro de 2007. “A Transferência é aintromissão <strong>do</strong> tempo de saber no <strong>inconsciente</strong>”.http://www.vencontroifepfcl.com.br/text<strong>os</strong>/pre6TransferPT.pdf.estar entre nós nesses dias, mas n<strong>os</strong>deixou, em 9 de janeiro passa<strong>do</strong>.Levanto minha hipótese: o cortena transferência, o corte com<strong>os</strong>ignificante (conforme o Seminário 9 –Lacan, 1961-2), introduzin<strong>do</strong> o tempológico, interrompe o processo cíclicoentrópico, promoven<strong>do</strong>, emconseqüência, a neguentropia.Estratégia <strong>do</strong> psicanalista,conforme a Direção <strong>do</strong> tratamento e <strong>os</strong>princípi<strong>os</strong> de seu poder 30 , a transferência érepetição, mas da tiquê (répétition à la tyché),e é dever <strong>do</strong> analista retificá-la nainterpretação 31 . Lacan lembra, em seuSeminário 11, que a transferência é antes demais nada, conforme Freud,Übertragnungswiderstand – resistência datransferência –, na medida “que o<strong>inconsciente</strong> se fecha por meio datransferência” 32 . Renden<strong>do</strong> homenagem,por sua vez a Freud, Lacan observa nesseSeminário que ele “<strong>des</strong>cobriu <strong>os</strong>mecanism<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Que arelação <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo à linguagem como talnão ficou velada para ele é justamente otraço de sua genialidade, mas isso aindanão é dizer que ele tenha [...] plenamenteelucida<strong>do</strong> [...] a questão datransferência” 33 . Em sua tentativa de fazêloentão, Lacan – que até o final de seuensino articula a transferência ao amor –,propõe que a parte de real <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>“interessada na transferência, que é elaque fecha a porta, ou a janela, ou aveneziana, como queiram, e que a bela30Lacan, J. “La direction de la cure et les principes de son pouvoir” in Écrits.31Lacan, J. Seminaire 11, Les quatre concepts fondamentaux, p.74. “[...] la rectifierc’est le devoir de l’analyste, dans l’interprétation du transfert”.32 “que l’inconscient se referme par le moyen du transfert”. (Lacan, Le Séminaire,livre XI::146)33“a découvert les mécanismes de l’inconscient. Que ce rapport du désir au langagecomme tel ne lui soit pas resté voilé est justement là un trait de son génie, mais cen’est pas encore dire qu’il ait [...] pleinement élucidé [...] la question massive detransfert” (Lacan, Seminaire XI, p.21).ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
83com quem se pode falar está atrás, que elasó demanda reabrir a veneziana. E é bempor isso que nesse momento ainterpretação se torna decisiva pois é a elaque devem<strong>os</strong> n<strong>os</strong> dirigir” 34 . Esta “bela”que podem<strong>os</strong> associar à elaboração deLacan <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> psicanalista aindanesse mesmo Seminário, solicita ainterpretação como ato analítico, aprovocar a reabertura <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> e,por conseguinte, a retomada daatemporalidade.Então, “que o <strong>inconsciente</strong> sefecha por meio da transferência” é aconstatação <strong>do</strong> efeito, ele mesmo,entrópico da própria psicanálise, eintroduzir aí o tempo lógico – e já nãorepetir o cronológico – é transformar talefeito entrópico em ato analítico areinserir a função da atemporalidade eassumin<strong>do</strong>, por sua vez, o lugar de objetoa que o faz cair da idealização, sem o que,a “transferência seria uma pura e simplesobscenidade” 35 . Por quê? Porquereintroduziria, necessariamente, o ciclodas repetições de sempre “o mesmofracasso” 36 .LACAN, J. (1955) “Variantes de la cure type” inÉcrits. Paris, Seuil, 1966.________ (1956) ““D’une questionpréliminaire à tout traitement p<strong>os</strong>sible de la psych<strong>os</strong>e” inÉcrits. Paris, Seuil, 1966.________ (1958) “La direction de la cure etles principes de son pouvoir” in Écrits. aris,Seuil, 1966.________ (1961-2) “Le Séminaire, livre IX,L`identification”. Inédito.________ (1964-5) Le Séminaire, livre XI, Lesquatre concepts fondamentaux de la psychanalyse. Paris,Seuil, 1973.________ (1968-9) “Le Séminaire, livre XVI,D`un Autre à l`autre”. Inédito.________ (1969-70) Le Séminaire, livre XVII,L`envers de la psychanalyse. Paris, Seuil, 1991.________ (1971-2) “O saber <strong>do</strong> psicanalista”.Inédito.________ (1971-2a) Le Séminaire, livre XVIII,D`un discours qui ne serait pas du semblant.Inédito.________ (1973) “L’Etourdit” in Scilicet, no 4,Paris, Seuil.________ (1973-4) “Le Séminaire, livre XXI,Les non dupes errent”. Inédito.MUSSO, L. (2007) A Transferência é a intromissão <strong>do</strong>tempo de saber no <strong>inconsciente</strong>http://www.vencontroifepfcl.com.br/text<strong>os</strong>/pre6TransferPT.pdfREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ALBERTI, S. “O bem que se extrai <strong>do</strong> gozo” inStylus, abril 2007, no. 14.BOUSSEYROUX, M. “Question 3 in 'Réponsesauxquestions'”www.champlacanienfrance.net/IMG/pdf/mbousseyroux.pdfFREUD, S. (1905) “Drei Abhandlungen zurSexualtheorie” in Studienausgabe. Frankfurt a.M.,S.Fischer, 1972. v. V.________ (1920) “Jenseits <strong>des</strong> Lustprinzips”in Studienausgabe. Idem, v. III.34 “intéressée dans le transfert, que c’est elle qui ferme la porte, ou la fenêtre, ou lesvolets, comme vous voudrez, et que la belle avec qui on peut parler, est là derrière,que c’est elle qui ne demande qu’à les rouvrir, les volets. Et c’est bien pour cela quec’est à ce moment que l’interprétation devient décisive, car c’est à elle qu’on a às’adresser” (idem, p.147).35 Le “tranfert serait une pure et simple obscénité” (Lacan, Le Séminaire, livre XV,L`acte psychanalytique:94).36toujours du “même ratage” (Seminaire XI:165).ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
84L’étoffe du zéro : La topologie et le tempsFrançoise J<strong>os</strong>selinhez Freud comme chezCLacan un effort constantpour cerner le réel en causedans la structure, pour enélaborer le mathème, « pourcombler la béance entrel’Imaginaire et leRéel…l’étoffe même d’unepsychanalyse »(1), soit pour imaginer leRéel autrement que par l’imaginaire. Freud,pressentant la dimension du réel dans sadécouverte que l’inconscient ne connaît pasle temps, tente d’en élaborer une Esquissescientifique. Lacan, lui, se sert de l’écrituretopologique pour parer à l’ab-sens durapport sexuel, au trou dans le savoir, à laconfusion du zéro qui n’est pas le vide maisla consistance du trou. Une topologie quis’opp<strong>os</strong>e à la fascination du trouimaginaire, une topologie « qui n’a d’autreétoffe à lui <strong>do</strong>nner que ce langage de purmathème »(2). « Je m’efforce à faire unegéométrie du tissu, du fil, de la maille, c’esttout au moins où me conduit le faitd’analyse »(3). Et pour rendre compte del’épaisseur de ce tissu qu’ est le Réel (4), ilpart du point de serrage du nœud qui «suggère que l’espace implique le temps »(5).Une topologie qui se nécessite de ce que leRéel lui revienne du discours analytique. Letemps fait étoffe au dire. Le temps c’est lacoupure, une coupure qui n’implique nultrou (une coupure circulaire fermée) qui «n’est même pas surface de ne rien séparer,et pourtant ça se défait »(6).« Ma topologie n’est pas théorie.Mais elle <strong>do</strong>it rendre compte de ce que,coupures du discours, il y en a de tellesqu’elles modifient la structure qu’il accueilled’origine »(7). Une Autre dit-mension quijustifie la passe.Cette autre dimension est celle duréel <strong>do</strong>nt Freud a refusé de se faire la dupe,bloquant sur le roc de la castration. Toutl’effort de Lacan a porté sur la désignationdu Réel comme l’imp<strong>os</strong>sible, le tissu mêmede l’inconscient, un Réel tissé par lenombre, un Réel à chercher du côté duzéro absolu. « Désigner la forme du zéroplacé au centre de notre savoir c’est, dit-il,la visée de mon 8 intérieur…ma topologiea réhabilité le tissage »(8). Le zéro c’est letrou. Rien n’existe sans l’existence du trou.Lacan invente <strong>do</strong>nc une nouvelleécriture pour rendre lisible l’irreprésentabledu rapport entre les sexes, l’incurable de ladivision entre le signifiant et l’objet. Il nousintroduit à la dialectique de son nœudborroméen par le truchement du nombre «seul réel reconnu dans le langage »(9).Partant de la dit-mension, équivoqueintroduite par Frege sur le nom du nombre,que 0 et 1 ça fait 2, avec l’équivoque de 2,d’eux (qui pour Lacan va symboliser lesujet-supp<strong>os</strong>é-savoir) : le zéro, c’est le trou,le UN désigne le vide du non-rapportsexuel, son écriture est le UN-dire, soit lenom du nombre zéro. Par ailleurs lemathème du rapport <strong>des</strong> sexes faitsubversion : 2 Uns liés par un 3èmeélément (10), figure même du nœudborroméen à 3 à partir duquel on peutdéplier l’énumérable.Lacan s’est attelé à la manipulationde ses ronds de ficelle jusqu’à l’épuisementpour trouver l’écriture de la consistance dutrou, l’épaisseur de ce tissu qu’est le Réel.Nous n’avons pas, dit-il, la notion duvolume ni de l’épaisseur, nous ne pouvonsnous situer que dans un espace à deuxdimensions (d’où la mise à plat de sesfigures topologiques). Le seul maniementdu volume c’est le nœud borroméen qui al’avantage de suggérer que l’espaceimplique le temps. « Le temps ce n’est peutêtre rien d’autre qu’une succession deANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
85tiraillements (pour le sujet) entre leSymbolique, l’Imaginaire et le Réel. Letemps c’est peut être ça l’éternité del’espace …le nœud ça <strong>do</strong>nne une autre idéede la spatialisation que l’univers ambidextre» (11)Le seul temps pour la psychanalyseest le temps de l’acte, un temps qui n’estpas chronologique, ni même vraimentlogique mais un temps qui peut se saisir duretournement topologique du tore du sujetdans le temps où il se produit.L’effet de sens exigible du discoursanalytique n’est pas imaginaire, il n’est pasnon plus symbolique, il faut qu’il soit réel. «La parole glisse (l’Imaginaire), le dire faitnœud (le Réel) »(12).Le psychanalyste, à partir de latexture de fiction de la vérité, va, de sonêtre faire étoffe à la production d’un « irréel», en se revêtant, en servant, pour sonanalysant, de support à l’objet cause dudésir, à l’objet a,. Il est le gond pourpermettre à la tache analytique, après unnombre impair <strong>des</strong> tours <strong>des</strong> dits de lademande (coupures ouvertes), que, d’unecoupure circulaire fermée, se défasse lecr<strong>os</strong>s-cap (la mise à plat du tore) en labande moebienne du sujet (le S barré) et lea, l’agalma du sujet-supp<strong>os</strong>é-savoir (SSS),<strong>do</strong>nt le psychanalysant peut, s’il l’a décidé,reprendre le flambeau en tant que sujetaverti du <strong>des</strong>tin de déchet de cette cause.L’objet a est lié à la dimension du temps,une dimension à articuler avec la dimensionde l’espace : là où c’était, je <strong>do</strong>is le devenirce déchet.Si la plume de Freud s’estsuspendue sur la Spaltung, la divisionsubjective, celle de Lacan s’est arrêtée sur labéance entre l’Imaginaire et le Réel, entre lareprésentation et l’objet, soit l’inhibition,qui est toujours une affaire de corps, àimaginer le Réel parce qu’il nous échappe,une béance qu’il s’est, dit-il, efforcé decombler. « Il faut se briser, dit-il, à unnouvel imaginaire concernant le sens ». LeRéel est orientable mais forclot le senspuisque il exclut la copulation duSymbolique et de l’Imaginaire. L’effet <strong>des</strong>ens exigible dans la psychanalyse il fautqu’il soit Réel.Le savoir dans le Réel n’est pas decet ordre de savoir qui porte le sens. Lesens de ce Réel est le symptôme. « Le Réel,c’est l’expulsé du sens, c’est l’aversion dusens. C’est aussi la version du sens… LeRéel c’est le sens en blanc, le sens blanc, lesemblant par quoi le corps se fait semblant,semblant <strong>do</strong>nt se fonde tout discours »(13).Le psychanalyste <strong>do</strong>it se fairel’instrument de l’opération de l’extractiondu a en serrant de son dire e) l’effet de sensd’un nœud qui soit le bon (les pointsnœudsde l’équivoque) « pour que leparlêtre ne croit plus à l’être »(14), « là oùl’être fait la lettre »(15). Pour cela il <strong>do</strong>itgarder la corde pour qu’au psychanalysantse révèle la clé du trou de la castration sanslaquelle il n’y pas d’ex-sistence de lajouissance phallique.Le psychanalyste n’est pas un hér<strong>os</strong>comme le hér<strong>os</strong>, le hère, qu’est Joyce selonLacan, même si le psychanalyste, comme lehér<strong>os</strong>, voue sa <strong>des</strong>tinée à être le déchet <strong>des</strong>a propre entreprise. Il n’est que l’étoffe duzéro, soit le semblant de cette trame dudésêtre qui n’est pas la <strong>des</strong>titutionsubjective qui fait plutôt être.L’analyse neconsiste pas à ce qu’on soit libéré de sessinthomes (la <strong>des</strong>titution subjective) maisconsiste à ce qu’on sache pourquoi. Voilàce que la passe peut permet de vérifier.Lacan, dans son dernier séminaire :La topologie et le temps (16), fait retour surle miroir dans la poursuite de sonquestionnement sur ce nouvel Imaginairequi imagine le Réel, qui imagine dans lesens qui reflète le Réel comme uneréflexion dans le miroir, « le plus simple <strong>des</strong>appareils », soit à deux dimensions ; retourà un miroir qui ne ferait pas qu’articulerl’espace mais aussi le temps. « Il nous fautdéfinir ce qui, dans un ensemble dedimensions, fait du même coup surface ettemps »(17). Le Réel du corps y trouve sonANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
86épaisseur et le nombre réel, la vraie pertedans le miroir, le trou autour duquell’imagination peut broder.La corde qui fait la trame de touteétoffe <strong>do</strong>it avoir une consistance réelle etnon imaginaire pour qu’il y aitconstruction. L’expérience de l’espacetempsque l’on construit dans une analyseest d’un autre imaginaire que l’a<strong>do</strong>rationpour le corps que l’on a. Alors que ditLacan dans sa Conférence à la ColumbiaUniversity en Novembre 75, que sil’homme insiste pour avoir un corps, ilserait plus censé de dire qu’il est un corps.C’est même sa seule consistance, savéritable identité (18).Le temps dans une analyse est àarticuler dans sa dit-mension de Réel,l’écriture du nœud même, la père-version,la version du sinthome, le seul intérêt pourla psychanalyse.BIBLIOGRAPHIE1 – Lacan J., Le Séminaire, Livre XXV, Le momentde conclure, 1977-1978, séance du 09/05/19782 – Lacan J., Autres Ecrits, l’Etourdit, p.4583 – Lacan J., Le moment de conclure, op. cit.,séance du 11/04/19784 – Lacan J., Le moment de conclure, op. cit.,séance du 09/05/19785 – Lacan J., Le Séminaire, Livre XXI, Les nondupes-errent,1973/1974, séance du 11/12 /19736 – Lacan J., L’Etourdit, op.cit., p.4617 – Lacan J., L’Etourdit, op. cit. p.4788 – Lacan J., L’Etourdit9 – Lacan J., Autres Ecrits, …Ou pire p.54710 – Lacan J., idem11 – Lacan J., Les non-dupes errent, op. cit., séancedu 11/12/197312 – Lacan J., Le Séminaire, Livre XXII, RSI,Ornicar n°4, séance du 11/02/197513 – idem, RSI, séance du 11/03/197514 – idem, RSI, Ornicar n°5, 08/04/197615 - …Ou pire, op. cit., p.54816 – Lacan J., Le Séminaire, Livre XXVI, Latopologie et le temps, 1978-1979, inédit.17 – Lacan J., Les non-dupes errent, op. cit., séancedu 9 Avril 197418 – Lacan J., Scilicet n°5, Conférence à laColumbia University, p.49, Edition du Seuil, Paris,1976.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
87Tu/er la mortMartine Menès« Si vis vitam, para mortem »e rapport à la temporalitéLrévèle la structure d’un sujetmis au pied du mur du réel,enten<strong>do</strong>ns par là, poursynthétiser, le rapport auvivant, au sexe, à la mort. Letemps ne passe pas, c’estl’être humain qui passe sousses arcanes, qu’il méconnaît dans lapsych<strong>os</strong>e et qu’il construit dans la névr<strong>os</strong>e.Comment traiter l’irruption de réelqui noue vie et sexe à la mort, évènementqui n’existe ni pour celui auquel c’est arrivépuisque le sujet mort ne sait pas qu’il estmort, ni pour celui qui y pense puisqu’il nepeut jamais n’en être que spectateur ? Sanstraces ni mots cernant la ch<strong>os</strong>e, vivre sesachant mortel est une décision quisupp<strong>os</strong>e un consentement non seulement àla castration mais aussi à ce qu’elle échoue àtraduire. Car la fin du voyage de chaquesujet dans le temps, c’est la mort <strong>do</strong>ntaucun grand Autre ne peut protéger. Ainsile rapport à la mort de chacun rencontre laplace du manque dans l’Autre, <strong>des</strong> limitessignifiantes qui le barre, qui le fait pourjamais, pour toujours, solitaire et perdant.Le premier temps de la mort se logepour chacun dans l’originelle perte d’être,ancrée dans l’entame faite à une absoluesatisfaction organique, <strong>do</strong>nt l’objet a est lereste et la pulsion de mort la mémoire. Levide creusé dans le sujet est dans undeuxième temps interprété via l’imaginairepar la différence <strong>des</strong> sexes, et traité par lacastration qui peut transformer cette perteen manque structurant. D’emblée <strong>do</strong>nc lapensée de la mort <strong>os</strong>cille entre deuxinstants, celui de la perte et celui dumanque. Et si comme Freud le relève,l’angoisse de mort (<strong>do</strong>nt il précise qu’elleest angoisse devant la vie) est l’analogon del’angoisse de castration , ce que Lacanpoursuit en les déclarant interprétables defaçon équivalente, elle ne peut entièrements’y réduire.Le temps fait symptômeCelui-ci, que j’appellerai Narcisse,comme l’homme-fleur du même nom,s’abîme dans la contemplation d’un refletqu’il ignore être le sien. En arrêt sur image,aucune date, aucun rendez-vous, aucunsouvenir, ne fait point de capiton. Narcissese meurt éternellement et se transformepeu à peu en objet. Echo s’époumone envain à essayer de le prévenir et de l’arracherà cette lente dévitalisation. Il est vrai quepour elle aussi la pulsion fonctionne enboucle sur elle-même puisque sa voix luirevient indéfiniment sans être entendue.Pour ce patient, il s’agit que lepsychanalyste ne soit pas à cette place.Cet autre, que j’appelleraiAshasvérus , à l’inverse de Narcisse,marche sans rep<strong>os</strong> et « erre seul dans lesimmenses déserts de l’éternité » comme «quelqu’un déguisé en personne ». Ils’ennuie à mourir, mais il ne meurt jamais.Sans projet, confondant mémoire et avenir,il n’attend ni n’espère rien. « Mieux auraitvalu ne pas naître », dit-il comme Œdipedécouvrant l’inceste <strong>do</strong>nt il est coupable.Le voilà <strong>do</strong>nc en deuil perpétuel de luimême,mort dans le temps mort qui enserreson existence.A tuer le temps, le sujet du désir setue aussi .Laissons ces mélancoliques pour<strong>des</strong> personnages moins tragiques, ceux quiplus banalement rusent avec le temps demourir et sont toujours à contretemps.L’un est arrêté dans un passé anticipé perdupour toujours, pour lui c’est désormais tropANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
88tard. L’autre attend dans un futur antérieurinfini, pour elle c’est constamment trop tôt.Le premier, que j’appellerai Henricomme Faust, prévient toute surprise, hélaspour lui même les bonnes. Tout enpréparation, précaution, prévision, il réussitpourtant à tromper sa ponctualité et il luiarrive, plus souvent qu’à son tour, de sefaire attendre. Alors l’angoisse surgit devantle vague désir qu’il pourrait rencontrer enface. Surtout, que l’autre ne lui demanderien ! Ce serait dès lors trop risqué. Car durisque il ne veut plus ; déjà il a été mis aumonde sans son consentement, produitd’une scène primitive à laquelle ilpréfèrerait ne jamais penser mais qui serappelle parfois à lui dans les méandres <strong>des</strong>es rêves. Chacune de ses petites lâchetés,où il pêche de céder sur son désir, souventau détriment de son partenaire, s’inscritnon sur un tableau remisé dans unechambre cl<strong>os</strong>e comme pour Dorian Gray ,mais sur la cire molle d’une culpabilitétoujours fraîche <strong>do</strong>nt il ne veut rien savoirmais qui lui rend la vie insupportable. Ilvégète dans l’après-coup de deman<strong>des</strong>obsolètes, toujours n<strong>os</strong>talgique d’une aprèsmidiéternelle où il avait été l’enfant plusque-parfait, comblant une mère invincible.Ainsi prisonnier d’une répétitionqui le maintient dans un état de léthargie oùla pulsion de mort parle en silence, il ignorel’heure de la fatale visiteuse <strong>do</strong>nt pourtantla simple évocation le plonge dans uneinquiétante angoisse. Il est quasi déjà mortmais ne le sait pas.La seconde, que j’appellerai Belle,ne voit pas le temps passer, parfois courtaprès, mais le plus souvent attend qu’unhomme d’exception lui courre après. Sa vieressemble à celle de l’héroïne condamnéedès sa naissance, par une fée qui ne fut pasinvitée aux festivités, à se piquer avec unfuseau et à en tomber raide morte, ce trèsprécisément à l’âge de 15 ans . Ce n’est pasbanal que ce soit l’âge de ‘l’éveil duprintemps’ , soit le moment de la rencontreavec la sexualité effective, deuxième tempsdu trauma inévitable qu’est la rencontre dusexuel révélateur du manque. Le sort seraa<strong>do</strong>uci par une fée concurrente et la morttransformée en un sommeil de cent ans.Ce que Belle tient à ignorer, c’estqu’il y a escroquerie sur le prince ditcharmant. Rappelons brièvement les faits :le château entier avec tous ses habitants sefige dans le temps et une muraille d’épinesle cerne. Les jeunes hommes tentés parl’objet féminin recelé, but de leur trajetpulsionnel, y restent accrochés jusqu’à ceque mort s’en suive. Celui qui réussit àfranchir l’obstacle le fait totalement parhasard. Tout simplement le temps de lamalédiction est révolu. Il se trouve juste aubon moment, celui du réveil de la princesseau désir en<strong>do</strong>rmi. Pas le moindre exploitdans cette rencontre, juste une question debon/ne heur/e.Belle ne veut pas courir le risque <strong>des</strong>avoir la suite de l’histoire, elle se faitabsence éternelle pour soutenir un désirjamais là au bon moment, toujours attendu,toujours insatisfait. Assassine narcissiquedu désir, elle ne voit pas le temps passer.L’heure de la mort la laisse indifférente, àpeine l’aperçoit-elle quand un proche enreçoit la visite funeste.Se mettre à l’heureIl serait souhaitable que ces patients, qui incarnent particulièrement l’équivoquedu signifiant, ils ne sont que trop patients,trouvent dans l’analyse une mise à l’heurequi ne soit pas tant celle de l’inconscientqui ignore le temps, mais celle du réel,c’est-à-dire celle de la mort. Côtéinconscient, le déroulement de la chaînesignifiante privilégie le mode diachronique,organisé par les bornes signifiantes de lacastration tout en étant sous le contrôled’une représentation consciente, construiteet symbolisée, du temps. Il faut uneintervention particulière pour rompre le filde la répétition et toucher à la synchronieintemporelle du refoulement. C’estpourquoi Lacan a introduit dans laconduite même de la cure un acte affectantANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
89le temps concret, pour que l’analysant lassele hors-temps de la jouissance et entre dansle temps, compté, comptable, du désir.Ainsi il s’agit de viser un bouclage de lasérie <strong>des</strong> signifiants non sur les tours de larépétition mais sur une construction et unetraversée du fantasme qui brise sa fixitépulsionnelle et re/met à jour le rapport dusujet à l’imp<strong>os</strong>sible.Seule la mort est immortelleLa psychanalyse de l’enfant semblesur ce point particulièrement instructive carl’enfant-analysant est d’emblée dans la hâtede conclure sur du réel.La question de la mort se présente àlui en même temps que celle de la vie,instant de voir . Le petit sujet, lorsqu’il sedécouvre seul et limité en entrant dans lapériode de névr<strong>os</strong>e infantile, temps pourcomprendre, explore avec ses théoriessexuelles infantiles toutes les hypothèsessur le sens de l'existence. La conscienced'une origine s'imp<strong>os</strong>e, mais s'il y a undébut alors il y a une fin. Derrière toutes lesquestions sur la naissance <strong>des</strong> bébés, surl’énigme de la différence <strong>des</strong> sexes, seprofilent, le plus souvent muettes, celles surle devenir de chacun. Ainsi d’emblée, sexe,vie et mort se trouvent noués par le désirde savoir et les limites de ses pouvoirs.L'enfant rencontre avec horreur cette facede réel qui reste pour partie hors d’atteinte,hormis par ce que l’assomption symboliquede la castration pourra en métaboliser.Et seul le vivant est mortelCe garçon de huit ans va scander enquelques séances, après de nombreusesrencontres sans conséquence, le passaged’une angoisse de castration quis’exprimera en angoisse de mort à lap<strong>os</strong>sibilité de la castration assumée, vecteurde solitude mais aussi de désir.Un malheureux accident d'arbre luivaut un bras cassé. La ch<strong>os</strong>e reste banalejusqu'au jour où le plâtre est enlevé.L'enfant est saisi d'effroi devant la scie,devient blême et s'effondre. Depuis il est,dit-il, obsédé par la mort, ce qui signifiepour lui « ne plus voir la maison, ni papa, nimaman ». Dans un premier rêve, une imagopaternelle apparaît comme agent de lacastration : « ( ... ) le chef, il faisait peur.Son nom c’est Croque-tout. C'est unmonstre qui mange tout, et tout le monde». Reconnaissons au passage une figured’ogre, ce mangeur d’enfants <strong>do</strong>nt lepremier est Cron<strong>os</strong>, dévoreur de ses<strong>des</strong>cendants jusqu’à ce que Rhéa réussisse àlui cacher Zeus, fils rescapé <strong>do</strong>nt onconnaît la <strong>des</strong>tinée. Mais dans cette famillebien plus mo<strong>des</strong>te que celle de l'Olympe,contentons-nous de relever ce que ditl'enfant : son père parle « entre les dents ».Dans un rêve suivant, toute lafamille se transforme en loups-garous ; ilcommente : « Mon père n'était plus monpère ». Déclaration de la différence radicale,que ce garçon a rencontré d’une façonparticulièrement exp<strong>os</strong>ée, qu'il y a entre lepère partenaire de la mère, avec le réelsexuel qu’il emporte, et le père nourricier.C'est évidemment le premier qui supporteles fantasmes de rétorsion que le petitZeus, protégé par l’amour de sa mère,craint tout de même. Ce garçon très jeune,vers 4 ans, était déjà venu me parler de soneffroi de n'avoir pas reconnu son père. Cedernier s'était rasé la barbe qu’il portaitdepuis toujours et il était apparu comme unautre aux yeux de son fils. Ainsi puis-jefaire l’hypothèse que la coupure opérée parla scie est le deuxième temps du traumainauguré par l’apparition d’un père qui n’estplus le même, révélant dans son apparitiond’homme étranger son statut de partenairede la mère.Après ce rêve, l’angoisse du jeunegarçon devient métaphysique et s'étend à laterre entière : « Le soleil pourrait mourir etalors il n'y aurait plus de vie », même sicette perspective lui paraît bien lointaine etbien invraisemblable. Dans un nouveaurêve, les loups n’apparaissent plus siterribles, ce sont plutôt <strong>des</strong> louveteaux, etson père semble pour la première foisprotecteur ; il chasse avec un marteau <strong>des</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
90bébés loups qui attaquent son fils, mais ceuniquement pour manger ses chaussons.Le dernier rêve <strong>do</strong>nne la clé.L'enfant arrive en me déclarant: « Je n'aiplus peur de la mort, je sais pourquoi ».Puis il raconte : « J'ai fait un rêve, j'étaisdans un grand arbre (comme celui <strong>do</strong>nt ilest tombé), on a fait une cabane ». Et ilcommente : « C'est juste derrière unruisseau, comme ça maman ne pourra paspasser ». Il m’explique alors qu’il aréellement construit une cabane avec sonfrère aîné et son père, dans un lieu supp<strong>os</strong>épeu accessible pour le sexe dit faible. Ilopère ainsi la séparation avec une mèretrop proche en se rangeant côté homme eten mettant entre elle et lui un obstacleinfranchissable. Cette sortie très oedipiennevia l’identification permettra-t-elle à l’enfantde supporter l’imp<strong>os</strong>sible ? Il semble enprendre le chemin lorsque, jouantdistraitement avec quelques petitspersonnages sur le bureau, il déclaresereinement : « Il n'y a que les faux qui nemeurent pas ». Voilà l'enfant devenuphil<strong>os</strong>ophe .ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
91El “sin tiempo” de la histeria hipermodernaCarmen Gallanouestra época experimentaNunaparadójicararefacción del tiempo yuna reducción deltiempo historiza<strong>do</strong> en supropulsión a un presentecontinuo.Es unaconsecuencia de laincidencia de las tecnologías de lainformación y la comunicación en l<strong>os</strong>mercad<strong>os</strong> y en nuestras vidas. La sociedaden red, comprime el tiempo en laaceleración de l<strong>os</strong> proces<strong>os</strong> y hace lasecuencia temporal impredecible yaleatoria. Así, más aprisa se va, men<strong>os</strong>tiempo se tiene, y eliminan<strong>do</strong> l<strong>os</strong> interval<strong>os</strong>como “tiemp<strong>os</strong> muert<strong>os</strong>”, se “mata eltiempo”. Lacan, en 1972, en Milán, ya habíadiagn<strong>os</strong>tica<strong>do</strong> que lo astuci<strong>os</strong>o del discursocapitalista es lo que lo hace ins<strong>os</strong>tenible:“va como sobre ruedas, no puede ir mejor,pero justamente va demasia<strong>do</strong> deprisa, seconsume, se consume tanto que seconsuma”. Ya a partir del 68, Lacan habíatoma<strong>do</strong> muy en cuenta la concepciónmarxista de la plusvalía, que explica el Timeis Money. Marx <strong>des</strong>cubrió como segeneraba la plusvalía que se añade al capital,entre el men<strong>os</strong>-de-tiempo conveniente a laproducción, y el más-de-tiempo extraí<strong>do</strong> altrabajo del proletario. Esa es lacontradicción temporal inherente alcapitalismo, cada día más agudizada. Laangustia crece hoy, toman<strong>do</strong> la forma delapremio de la prisa capitalista. No es elapremio de la vida que pasa al campo del<strong>inconsciente</strong> y mantiene el tiempo delsujeto en el encadenamiento significante.La compresión espacio-temporal deltar<strong>do</strong>capitalismo no es propicia al tiempodel sujeto, pues el sujeto no puedetranscurrir sino en un lapso temporal, en lapulsación temporal intersignificante. En elpresente continuo de la vida de hoy elsujeto está dividi<strong>do</strong> entre el men<strong>os</strong> detiempo que le queda como sujeto, y el másde goce que asedia al cuerpo. Ese impassedel plus-de –goce como pérdida yrecuperación que no alcanza al sujeto, hacesíntoma. Lacan en el seminario XVI, diceque “de lo que se trata en el síntoma es delo más o men<strong>os</strong> <strong>des</strong>ahoga<strong>do</strong> de l<strong>os</strong> andaresdel sujeto en torno del plus-de-goce que éles incapaz de nombrar”. El síntomahistérico se prende, hoy como ayer, a lasmarcas imperdibles del S1, a las marcas delsurgimiento del goce que perturbó elcuerpo. Algunas mujeres histéricas, muysolidarias en su identificación fálica con elUno capitalista, <strong>des</strong>enmascaran en sussíntomas su división subjetiva, bajo laforma de una disociación temporal entresumisión y resistencia al “sin tiempo”capitalista.Citaré aquí d<strong>os</strong> cas<strong>os</strong>, amb<strong>os</strong> demujeres treintañeras que tienen en comúnhaberse volca<strong>do</strong> en la ambición de serconquista<strong>do</strong>ras de mercad<strong>os</strong> y sufrir porsentirse excluídas de las c<strong>os</strong>as del amor. Laprimera se define en su p<strong>os</strong>ición, al iniciocon orgullo y luego con <strong>des</strong>olación, como“el bull<strong>do</strong>zer”; la segunda como “ la queentra a saco” , c<strong>os</strong>a que no cuestionará sinopor lo que le dicen sus amig<strong>os</strong> del alma eslo que la hace intolerable para l<strong>os</strong> hombresy estropea su ser de mujer. La primera,llegó a mi consulta tras haber recorri<strong>do</strong>much<strong>os</strong> médic<strong>os</strong> que no encontraban causaclara a unas infecciones urinariasmantenidas con permanente <strong>do</strong>lor a lamicción. Le dijeron que sería “por stress”y le recomendaron una psicoterapia. Altiempo que venía disciplinadamente a susd<strong>os</strong> sesiones por semana para hablar de l<strong>os</strong>sinsabores de su historia, aceptó sometersea una peculiar técnica de fisioterapia queANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
92consistía en tratar el <strong>do</strong>lor de l<strong>os</strong> “punt<strong>os</strong>gatillo” localizad<strong>os</strong> por la fisioterapeuta,con la introducción de un artilugio por víavaginal. Pero no fue esta extravagantetécnica del cuerpo lo que hizo <strong>des</strong>aparecersu síntoma de conversión, sino el recuer<strong>do</strong>de que el síntoma vino <strong>des</strong>pués de unapenetración con otro cariz que la que lepractica la fisioterapeuta. Ella se prestaba, amenu<strong>do</strong> en noches de alcohol y droga, airse a la cama con hombres por l<strong>os</strong> queluego se sentía <strong>des</strong>echada. Una de esasveces fue peor que otras: el hombre al queella había queri<strong>do</strong> conquistar, la penetró sinpreliminares, en una prisa, me dice: “en laque ni tiempo tuve de saber si lo <strong>des</strong>eaba nide excitarme”. Se dejó hacer, pero se sintióagarrotada en un intenso <strong>do</strong>lor. A partir dela <strong>des</strong>aparición del síntoma de conversión,abordó en su análisis lo problemático de su“ser bull<strong>do</strong>zer”: su vida está tan volcada enlo “pro” , que se queda sin tiempo para lo“perso”. Aclaro con “lo pro” y “lo perso”se refiere a “lo profesional” y “lopersonal”, pues este sujeto moderno hablacon significantes- abreviatura, como en elargot de l<strong>os</strong> SMS. Pero además, la potenciahiperproductiva que surca el campo delOtro, se salda repetitivamente, de unaempresa a otra, en el fracaso de suaspiración de obtener un reconocimientodel “Big B<strong>os</strong>s”, como ella llama a sus Jefes.Una y otra vez, en todas la empresas en lasque ha trabaja<strong>do</strong>, se ha visto expoliada <strong>des</strong>u tiempo de trabajo para solo beneficio delJefe que se traducirá en un men<strong>os</strong> paraella. No recibe del Uno la equivalencia <strong>des</strong>u trabajo vivo como valor da<strong>do</strong> a supersona, que sentirá tratada como <strong>des</strong>echo,objeto caí<strong>do</strong> del discurso. La c<strong>os</strong>a se agravaa partir del momento en que se precipita aaceptar la propuesta del Big B<strong>os</strong>s <strong>des</strong>ubstituir al jefe inmediatamente superior aella, que se acababa de suicidar. Pues n<strong>os</strong>olo no obtiene, tras un año y medio, loque esperaba a cambio – ser admitida comoasociada, para al fin igualarse a l<strong>os</strong> Un<strong>os</strong>que tenían ese status - sino que ni le subenel suel<strong>do</strong> y encima se ha gana<strong>do</strong> lah<strong>os</strong>tilidad de aquell<strong>os</strong> que antes habían sid<strong>os</strong>us iguales en el equipo. Pues eso sí, noto<strong>do</strong> en ella es sumisión, y como era jefe,<strong>des</strong>aparecía de vez en cuan<strong>do</strong> del trabajo,tománd<strong>os</strong>e cortas vacaciones, parapracticar sus activida<strong>des</strong> favoritas, el ski yl<strong>os</strong> deportes náutic<strong>os</strong>. Por unareorganización de la empresa la sacan deese puesto de jefe- suplente y la mutan auna función en la que la potencia de suidentificación fálica se quiebra, pues le faltael saber para realizarla, poniénd<strong>os</strong>e enevidencia su incapacidad para satisfacer al<strong>os</strong> clientes como ella siempre ha hecho.Nadie la ayuda en esa tesitura, pues l<strong>os</strong>colegas expert<strong>os</strong> en el tema no estándispuest<strong>os</strong> a dedicar un poco de tiempo aresponder a sus preguntas. Por mucho quecorra estudian<strong>do</strong> es<strong>os</strong> temas, no llega atiempo y se angustia con cada nuevod<strong>os</strong>sier. Recuerda al Conejo Blanco deAlicia en el País de las Maravillas, que mirasu reloj de gentleman solo para lamentarseen su carrera, de que va perdien<strong>do</strong> susemblemas por el camino, de que se le hacetarde , y ay! de él, le degollarán. A la vistadel fracaso en ese puesto, el Big B<strong>os</strong>s leofrece dedicarse a tareas de marketing, c<strong>os</strong>aque ella la hunde durante un tiempo, pueseso sentencia definitivamente que laexcluyen del status que corresponde a lacarrera que ha estudia<strong>do</strong>, considerada en elmun<strong>do</strong> profesional de nivel superior a la demarketing . Tendrá que rendirse: nuncaserá lo que aspiraba ser. Y paralelamente,cuan<strong>do</strong> se ocupa un poco de lo “perso”, l<strong>os</strong>hombres a l<strong>os</strong> que trata de conquistar consu activismo <strong>des</strong>eante, siempre la <strong>des</strong>echanpara preferir a otra. Es el sal<strong>do</strong> de suatadura histérica al Uno. Por efecto de suanálisis, irá aceptan<strong>do</strong> que el puesto demarketing que le dejarán <strong>des</strong>arrollar a sumanera le va muy bien y se dice curada delstress en el que antes vivía “sin tiempo”,pues ya no se precipita de cabeza segúndicten l<strong>os</strong> significantes del Otro. Pero si sedice curada del stress, y ya no avanza comoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
93un bull<strong>do</strong>zer, no por ello ha aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> loque ella llama su speed, con el que gozacomo algo propio de su persona. Locelebra como éxito : el speed sin stress.Ese goce fálico no será sin contrapartida.Comienza a padecer fuertes <strong>do</strong>lores deespalda, agravad<strong>os</strong> por su gust<strong>os</strong>o ir deaeropuerto en aeropuerto, siempre deprisa,por su trabajo. Y de golpe me anuncia queno puede venir al análisis, pues está clavadaen la cama, por una hernia de disco, que l<strong>os</strong>médic<strong>os</strong> dicen inoperable y que para sutratamiento requiere cotidianas largassesiones de fisioterapia para que puedallegar a volver a moverse sin <strong>do</strong>lor. Al messe incopora al trabajo, pero en su apretadaagenda, no cabe ya el tiempo para lassesiones de análisis, coloniza<strong>do</strong> ahora porlas sesiones de rehabilitación. Así, vem<strong>os</strong>como su presente está dividi<strong>do</strong> entre elgoce del speed, en el que cifra un biensubjetivo, y volver a la escena en la queofrece el mal de su cuerpo a lasmanipulaciones de la técnica. Reduce susvisitas a la analista a una vez cada tresmeses: para <strong>des</strong>plegar su amor detransferencia,ser poco receptiva a misinterpretaciones y proyectar más adelantevolver a su análisis para tratar lo aúninsatisfecho de su <strong>des</strong>eo : su radicalcarencia de vida amor<strong>os</strong>a . La hora de laverdad de su <strong>des</strong>eo, la hace esperar, y lecierra el hueco en su presente.Del segun<strong>do</strong> caso, del sujeto que sedefine como “la que entra a saco”, quetambién lleva como el sujeto anterior,cuatro añ<strong>os</strong> de sesiones conmigo, no darédetalles de las coyunturas en las que laempresa creada por ella con la que se haasocia<strong>do</strong>, a mo<strong>do</strong> de socio industrial, conotra más fuerte de otro país que es el sociocapitalista, para conquistar mercad<strong>os</strong> encomún, se ve amenazada de quiebra. Elasunto se puede resumir a que no lograahora que el “Tipo éste”, como ella lollama, pague a un<strong>os</strong> provee<strong>do</strong>res un<strong>os</strong>gast<strong>os</strong> imprevist<strong>os</strong> en el presupuesto inicialde un proyecto realiza<strong>do</strong> por ella. “Entrarlea saco” para decirle sus 4 verda<strong>des</strong> se lerevela contraproducente y <strong>des</strong>ata sus furiasy angustia en el diván protestan<strong>do</strong> de loinútil que es hablarme de to<strong>do</strong> esto, puessolo ve una causa exterior a su angustia“este mun<strong>do</strong> de lob<strong>os</strong>“en el que <strong>des</strong>cubreque ella para ese socio-jefe , no era sinoalguien “de quien hacerse dinero a suc<strong>os</strong>ta” . Está tentada de dejar el análisis,más ahora que por el agujero en l<strong>os</strong> fond<strong>os</strong>de su empresa, ha teni<strong>do</strong> que buscarse, parallegar a fin de mes, un trabajo de contable,ella que es economista. Se siente “entre lascuerdas”, pues l<strong>os</strong> 40 eur<strong>os</strong> de su sesiónsemanal le escuecen. Pero opta por no<strong>des</strong>perdiciarl<strong>os</strong>, cansada, dirá, de haberorienta<strong>do</strong> su discurso en el diván solo paraser querida, sin disponerse, “a sacar labasura” que es la metáfora, dice, de lo queaún no había hecho en el diván. Hasta esemomento, se presentaba como la histéricaindustri<strong>os</strong>a, febrilmente entregada a suprofesión, reivindican<strong>do</strong> su estilo unisex;como la “enalmorada” gozan<strong>do</strong> de l<strong>os</strong>debates con sus amig<strong>os</strong> masculin<strong>os</strong> y de lasconfidencias con sus amigas idealizadas. Yno se quejaba mucho de no encontrarnovio, o de aislarse en su casa, en sumun<strong>do</strong> personal en una intimidad muysuya, de la que me avisaba no pensabahablarme.Su “sacar la basura” comienza porentregar su saber de que su stress,trabajan<strong>do</strong> a toda velocidad, sin tiempo,resulta de su evitación de l<strong>os</strong> problemasque le conciernen, por sentirse invadida porel mie<strong>do</strong> y luego cuan<strong>do</strong> ya no puedeestirar más el tiempo es cuan<strong>do</strong> ya nopuede seguir escondida, sustrayénd<strong>os</strong>e. Ypasa de golpe a producir mucho en untiempo mínimo, en una impaciencia voraz,que le impide calcular l<strong>os</strong> rest<strong>os</strong> que vadejan<strong>do</strong> por el camino, con lo que suproducción es siempre chapucera y plagadade imprevist<strong>os</strong>. La misma disociacióntemporal la aplica a su cuerpo: vaguea encasa, comien<strong>do</strong> a capricho, y de golpe se vaal gimnasio a machacarse horas y horas. DeANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
94niña, le excitaba mucho girar cada vez másdeprisa alrede<strong>do</strong>r de una mesa hastaalcanzar el vértigo. Y en contrap<strong>os</strong>ición, ensu aislamiento en casa escribe relat<strong>os</strong>,escenas de historias que no logra terminarde un personaje de nombre masculino queencarna “la persona que yo querría ser”. Suanálisis da un giro cuan<strong>do</strong> asocia a laangustia que la invade en forma de terror,otr<strong>os</strong> jueg<strong>os</strong>, est<strong>os</strong> en su a<strong>do</strong>lescencia, l<strong>os</strong>secret<strong>os</strong> jueg<strong>os</strong> sexuales con un primo, y lasamenazas ulteriores de éste de delatarla.Este sujeto, a diferencia del primer caso,ha entra<strong>do</strong> en el tiempo de su <strong>inconsciente</strong>en el que la causa de su división sintomáticaasoma como causa sexual. Eso no sinresistencia, a la hora de de sacar a la luz elser de goce que encierra en su fantasma,del que ha pretendi<strong>do</strong> en vano valga comocausa del <strong>des</strong>eo del Otro. En su reitera<strong>do</strong>mo<strong>do</strong> de decirme que prefiere callar alborde de decir algo de la pasión que lahabita, ¿no hace del tiempo suspendi<strong>do</strong> lahora fija de la espera del Otro? .ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
95La liberté ou le tempsMario Binascoe suis parti, pour cet exp<strong>os</strong>é, deJla conjecture que la question dela liberté ait quelques rapportsavec la question soit du temps dusujet de l’inconscient, soit dutemps de la psychanalyse, et j’aiessayé à vérifier ces rapports.D’autant plus que, en nousinterrogeant sur comment letemps de la psychanalyse se situe dans ce quenous appelons notre temps, nous voyonscombien notre temps semble marqué par laréférence à la liberté, au point qu’on pourraitdire que dans le discours courant le tempsc’est le temps de la liberté, qu’elle est la ch<strong>os</strong>e<strong>do</strong>nt le temps serait le concept. Le temps,dans ce sens, serait toujours le temps dequelques formes de libération: soit négative,soit p<strong>os</strong>itive, selon deux versants de la liberté,le versant expérience et refus d’un manque etd’une limite, et le versant d’expérience d’unsupplément. Versant négatif: commerecherche de libération d’un pouvoir exercépar un Autre supp<strong>os</strong>é réel, dans n’importequelle condition qui définisse, localise oumême identifie l’individu, <strong>do</strong>nc commelibération d’avec ses liens: on rêve <strong>do</strong>nc de selibérer pas seulement <strong>des</strong> autres – <strong>des</strong>autorités et <strong>des</strong> conjoints – mais aussi, biensur, de soi même, que ce soit de son image,de son corps, de son sexe ou gender, de samortalité, de son identité même –diachroniquement par l’amnésie ousynchroniquement par la clonation. Versantp<strong>os</strong>itif: comme réalisation d’une satisfaction,mais <strong>do</strong>nt le modèle unique tout de mêmec’est aujourd’hui l’objet « monté au zénithsocial », le plus de jouir comme Colette Solera bien expliqué dans ses textes, objet qui secroit la méthode, la voie pour réaliser cettelibération coté négatif.En fait, il est vrai que l’on peutvouloir se libérer de presque tout sauf d’unesatisfaction digne de ce nom: parce que d’unecertaine façon la satisfaction aussi est uneréalisation de la liberté, la signification de laliberté est intrinsèque à la satisfaction, y estincluse et en est <strong>do</strong>nc indissociable. On peutvouloir se libérer d’une jouissance, non pasen tant que jouissance attendue, mais si de larépétition de cette attente; ou peut mêmevouloir se libérer d’un désir, sauf quanddésirer c’est déjà vivre une satisfaction.Notons que soit le désir en tant que vecteursoit la jouissance attendue incluent unedimension temporelle, tout comme la liberté.Je vais tout à l’heure signaler d’autres notionsauxquelles me semble intrinsèque lasignification de la liberté.Restons encore un moment sur« notre temps ». Je souligne que la solidaritéentre satisfaction et liberté est orientée, parceque c’est la liberté qui est incluse dans lasatisfaction, et non pas le contraire. Or, ceque fait notre temps c’est d’inciter à obtenirla liberté par l’objet, comme si ça entraînait lasatisfaction : la promotion de l’insatisfactionpar l’usage du plus-de-jouir dans notre temps,la promotion du manque à jouir, n’est-ce pasce qui relance la quête de l’objet précisémentcomme signe de liberté, et au nom de laliberté : on le voit soit par les objets quedeviennent, sur le marché général de lajouissance, les ainsi dits “droits de liberté”(qui étaient jadis personnels et indisponibles);soit par la publicité qui désormais insèretoujours dans ses métonymies la significationde quelque liberté, liberté qu’elle nous faitacheter incluse dans l’objet prop<strong>os</strong>é. On peutbien se demander premièrement si cetteliberté incluse dans l’objet cause le désir duconsommateur ou plutôt est faite pour lerassurer, forme actuelle d’opium <strong>des</strong> peuples ;deuxièmement si cet objet et cette liberté leconsommateur les paye et comment et s’il lesait : ou plutôt s’il est comme le richeANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
96lacanien du Séminaire XVII 37 qui ne payepas: <strong>do</strong>nc si cette liberté, incluse dans un prixqu’on ne paye pas, liberté d’avec le prix, faitpartie de la «qualité de riche» de laquelle onfait participer le consommateur. Cettequestion du prix payé ou pas, on y reviendraà prop<strong>os</strong> de la rectification subjective <strong>do</strong>ntl’analyste se sert pour le démarrage del’analyse : je crois que tout analyste ici présentaura rencontré au moins une fois un patientqui prétendait qu’il ne devait rien parce qu’ilpayait déjà avec le temps qu’il dépensait pourvenir à l’entretien – préliminaire évidemment.À prop<strong>os</strong> du marché du manque àjouir, je me permets une petite remarque.Pour parler du psychanalyste dans notretemps nous sommes souvent revenus, avecraison, sur l’ancienne référence de Lacan à« la subjectivité de son époque » quel’analyste devrait « rejoindre à son horizon »38etc. Cela a un sens, seulement je me suisdemandé si ce n’est justement pour nousl’époque où – nous qui avons pluralisébeaucoup de ch<strong>os</strong>es – nous essayons depluraliser aussi « La » subjectivité de notreépoque, et d’en faire une référence moinsabsolue, depuis que nous avons commencé,avec Lacan, à considérer la subjectivitérelativement aux discours, les quatre discoursplus le discours capitaliste. C’est ce dernier,me semble-t-il, qui soutient, avec sonprogramme de circulation sans restes et sansimp<strong>os</strong>sibilités, ce singulier de « l’époque », quiest le singulier d’une universalisation et nonpas d’une singularité: l’universalisation quiest en même temps « l’idéologie de la liberté,la seule à ce que l’homme de la civilisations’en arme » 39 , avec son idéal duconsommateur parfait, de l’autre coté uneuniversalisation d’objet, telle qu’il faudraitpeut être parler de l’objectivité de notre époque,ou même de l’abjectivité de notre époque37 J.LACAN, Le Séminaire. Livre XVII. L’envers de la psychanalyse,Seuil, p.9438 J.LACAN, Ecrits, Seuil, p.32139 J.LACAN, Discours de cloture du Congrès sur la psych<strong>os</strong>e etl’enfant, dans Autres écrits, Seuil, p.362(dans laquelle l’objet fait objection ou abjectionde conscience, à sa façon, au lien entre lesujet et l’Autre).Comment situer dans notre tempsface à ce type d’universalisation l’analyste etson offre singulière – dans les deux sens :offre de singularité et par la voie d’un acte,singulier, qui produit un marché trèssingulier, où il y a offre et demande, mais nonpas rencontre – au moins rencontre depersonnes 40 (si je lis bien Lacan dans sa Préfaceà l’édition anglaise du 1976). Un marché c’estl’espace de la rencontre (contingente <strong>do</strong>nc)de l’offre et de la demande et du temps del’élaboration de cette rencontre, de sesformes de réussite mais aussi bien de ratage.C’est notre affaire, comment faire vivre cesmarchés singuliers «dans» le contexte del’abjectivité de notre époque : « Donner cettesatisfaction étant l’urgence à quoi présidel’analyse, interrogeons comment quelqu’unpeut se vouer à satisfaire ces cas d’urgence…L’offre est antérieure à la requête d’uneurgence, qu’on n’est pas sur de satisfaire, saufà l’avoir pesée » 41 . « Cas d’urgence », drôle dedéfinition de l’analysant – bien temporelle, ilfaut noter, par la précipitation qu’elleimplique : évoque-t-elle ce que par ailleursLacan appelle « un désir décidé » ?Pas de marché qui n’ait pas à faireavec la satisfaction, (avec sa connotation deliberté), et cela vaut pour la psychanalyseaussi, où se lient l’analyste et l’analysant, etqui fait exister une espace du lien du sujet àl’Autre (court-circuité dans la civilisation),avec sa dissymétrie, en reprop<strong>os</strong>ant sonaliénation constituante: à partir de ce quenous appelons avec Lacan «rectification <strong>des</strong>rapports du sujet avec le réel» 42 : opération quise place au commencement du temps del’analyse.J’ai évoqué à ce prop<strong>os</strong> le termed’acte, singulier : c’est une autre notion qui40 J.LACAN, Préface à l’édition anglaise <strong>des</strong> Ecrits du 1976,dans Autres écrits, Seuil, p. 57341 ibidem, p.57342 J.LACAN, Ecrits, Seuil, p..598ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
97inclut une signification de liberté : c’estévident que s’il n’est pas libre ce n’est pas unacte : et l’acte est un terme essentiel pour cequi est du temps, parce que l’acte réalisetoujours un commencement d’une certainefaçon absolu, outre à produire <strong>des</strong> aprèscoup : voir H.Arendt commentant saintAugustin, où la liberté est définie comme lacapacité de «<strong>do</strong>nner commencement» 43 .Alors, sur cette série, outre qu’à lasatisfaction et à l’acte, j’ajouterai que lasignification de liberté est intrinsèque aussi àl’amour, dans sa définition lacanienne : sil’amour c’est <strong>do</strong>nner ce qu’on n’a pas, et cequ’on n’a pas peut être <strong>do</strong>nné seulement dans<strong>des</strong> signes qui aient justement la significationde ce <strong>do</strong>n, alors là aussi il faut que le <strong>do</strong>n del’amour inclue la liberté pour être signe del’amour. Dans ce cas on voit bien aussi lecaractère de contingence qui est associé à laliberté : parce que si le <strong>do</strong>n répondait à unequelconque nécessité perdrait son caractèrede signe de l’amour – comme la vie conjugalemontre, et l’érotomanie aussi, bien qu’acontrario. Et l’on voit aussi le caractèretemporel de cette contingence du <strong>do</strong>n (signe)de l’amour, que dans le dire — en acte — del’amour fait témoignage et promesse d’unenécessité que para<strong>do</strong>xalement on ne peutqu’attendre.Donc la liberté ça regarde l’ être dusujet, l’ être parlant aussi. Ceci est confirmépar le dernier terme qui inclut, à mon sens, lasignification de liberté, et qui dit le terrainéthique sur lequel se joue cette inclusion, quiest celui de responsabilité. Là aussi c’est laresponsabilité qui inclut la liberté, pas lecontraire : on ne peut pas déduire que noussommes responsables, à partir de l’axiome de« La » liberté (p<strong>os</strong>é comme ça c’estl’indécidable du libre arbitre). C’est aucontraire parce que nous sommesresponsables, que nous ne pouvons que nousretrouver libres dans la mesure ou plutôtdans la manière para<strong>do</strong>xale de notre43 Augustinus, De civitsate Dei : «initium ut esset creatusest homo»responsabilité – manière qui peut changeravec l’analyse, corrélativement au traitementde notre implication de jouissance.Je crois avoir déjà signalé quelquepoint de contact entre la liberté et le temps,mais je vais en rappeler d’autres, suivantLacan.Lacan n’a jamais voulu traiterdirectement de la liberté comme si elle avaitpu être une notion psychanalytique, mais il ena parlé à plusieurs reprises dans sonenseignement, en parlant d’autres ch<strong>os</strong>es, enarticulant ses propres notions, <strong>do</strong>nt certainesfortement liées à la question du temps.D’abord, on sait bien, le tempslogique, avec ses trois prisonniers, leurdirecteur de prison et les supp<strong>os</strong>és disquessur leurs d<strong>os</strong>. Là, en effet, on peut dire quetout se tient dans « la subjectivité de sonépoque » – établie par le directeur avec leproblème qu’il prop<strong>os</strong>e à résoudre et danslequel il lie tout le monde, où les suspensions<strong>des</strong> autres contribuent à l’acte de libérationde chacun. Ici la liberté entre en jeu commeune offre, p<strong>os</strong>sibilité alternative à la mort, oùpas tout est perdu ni joué, encore. Avec cetteoffre, un peu tordue et abusive, s’ouvre untemps, commence et s’oriente un tempsd’action : ce que je voudrais souligner c’estque ça prend son départ d’un trou que ledirecteur ouvre dans la situation réelle, enassignant à chacun un disque : dès lorsl’instant de voir devient le temps de regarderun manque, de voir qu’on ne peut pas voirquelque ch<strong>os</strong>e qui est le signe du sujet. Pas detemps, logique, sans ce trou. C’est déjà «laliberté ou la mort», mais ici elles ne sont passynchroniques, et ne représentent pas le sujet,le sujet en question ce n’est pas divisé luimême,la perte ou le manque ne l’entamentpas en tant que tel. L’apologue montre plutôtla fonction de l’Autre, par la figure dudirecteur, avec ses promesses et son savoirsupp<strong>os</strong>é. Je ne crois pas qu’il s’agisse <strong>des</strong>outenir que le directeur n’existe pas : lesymbolique est là, avec sa dimension depromesse pour le vivant humain. Mais c’estque d’un coté il n’a pas l’autorisation ou laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
98garantie pour la maintenir, puisque l’Autre del’Autre manque, <strong>do</strong>nc il est troué (lesymbolique est un trou, dira Lacan en1975 44 ), deuxièmement lui-même ne peut passavoir, c'est-à-dire décider, que signifie ledisque qu’il a plaqué sur le prisonnier : parceque à ce disque peut s’appliquer la phrased’Encore que nous rappelait Colette Soler, oùLacan dit que la valeur de S1 «reste indécis,entre le phonème, le mot, la phrase, voiretoute la pensée» ou «une vie entière » 45 : si çareste non décidé, <strong>do</strong>nc il y a quelque ch<strong>os</strong>e detroué dans tout savoir de l’identité d’un sujet.Et <strong>do</strong>nc c’est bien par ce trou que peut semontrer dans ses actes, responsabilités,amours, satisfactions quelques libertés dusujet.La liberté est aussi un signifiant queLacan convoque au moment de formuler sacausation <strong>inconsciente</strong> du sujet, dans lalogique de l’aliénation et de la séparation, oùle temps est p<strong>os</strong>é comme facteur décisif decette structure, identique, d’une certainefaçon, au sujet meme : vous connaissez tousces textes, Séminaire XI et P<strong>os</strong>ition del’inconscient. Vous savez comme l’aliénation seconstitue de la synchronie, et la séparationfait intervenir dans cela la diachronie. Ce queje voudrais souligner c’est que le temps,comme temps du sujet, c’est la synchronie.D’abord il n’y aurait pas de temps –symbolisable, bien sur – s’il y avait seulementdu un et il n’y avait pas de deux. Or lasynchronie est p<strong>os</strong>sible parce qu’il y a lesignifiant et le signifiant c’est le deux : sanscela ne se p<strong>os</strong>erait aucune questionsynchronique et le temps ne pourrait êtreinterrogé ni analysé au présent, <strong>do</strong>nc dans sacause réelle, présente et non pas passée. Or,ce que le choix de l’aliénation montre («labourse ou la vie», «la liberté ou la vie», «laliberté ou la mort») c’est que il n’y a pas queles deux signifiants en présencesynchronique, mais il y a un troisième facteur44 J.LACAN, Le Séminaire. Livre XXII. RSI, passim.45 J.LACAN, Le Séminaire. Livre XX. Encore, Seuil, p.131et p.48.qui résulte de leur logique de réunion, facteurqui est d’un autre ordre puisque c’estl’événement et l’avènement de cette perteoriginelle de jouissance où le vivant se prenddans le log<strong>os</strong>. C’est <strong>do</strong>nc l’essentiel de lasynchronie, le trou et l’objet, qui engendre letemps du sujet, mais aussi du vivant : parceque comme Lacan dit dans la conférence deGenève « il n’y a de logique que chez unvivant humain » 46 – parce que, me semble-t-il,seul le vivant humain fait rentrer de la logiqueparmi ses normes vitales, normes, il fautsouligner, singulières. Rappelons nous quel’aliénation se qualifie par le fait que l’être duvivant/sujet y est pris, l’être qui figure soit audépart <strong>des</strong> travaux de Lacan – par exempledans la Causalité psychique – soit à la fin, avecle terme de parletre et les nœuds.Je n’ai pas le temps pour discuter leproblème – qui, me semble, existe –, dustatut <strong>des</strong> deux signifiant qui produisentl’aliénation, si ils sont quelconques ou pas, et<strong>do</strong>nc de quel est leur lien au réel – puisquequand même l’aliénation me semble vouloirrendre compte d’un moment de trouage, oùsymbolique et réel se prennent l’un dans untrou de l’autre ; sinon de souligner queLacan, dans P<strong>os</strong>ition de l’inconscient, les suspendau fait que ces signifiants « s’incarnent pluspersonnellement dans la demande ou dansl’offre » 47 . Seulement je pointe deux ch<strong>os</strong>es :l’une, c’est que pour Lacan, dans l’aliénation,la liberté entre en jeu comme signifiant :signifiant veut dire tout ou rien, <strong>do</strong>nc laliberté de l’aliénation c’est « La » liberté, quin’est pas la signification de liberté <strong>do</strong>nt j’aiparlé avant : et <strong>do</strong>nc ce n’est pas banal quealiénation et séparation l’entament, la rendentsi je puis dire, pas toute.Deuxièmement, quand même, Lacansitue le temps de la liberté comme libération,comme mouvement diachronique, au niveaude la séparation et de la torsion que celle cisupp<strong>os</strong>e et qui <strong>do</strong>nne commencement autemps du désir, et il la situe comme tentative46 J.LACAN, Conférence de Genève sur le symptome,47 J.LACAN, Ecrits, p.841ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
99de « se libérer de l’effet aphanisique dusignifiant binaire » 48 , en tant que celui ci c’estle point du refoulement primordial, <strong>do</strong>nc dutrou.J’ai insisté sur la synchronie et surl’importance de la présence en elle de l’objet,parce que c’est ce qui nous permet de situerpar exemple la manie, avec son vécutemporel, comme « réalisation » de « La »liberté par refus de l’inconscient et de l’objetmanque;et nous permet d’évoquer le cotéplutôt maniaque de l’usage de l’objet-libertédans notre temps, que je mentionnais avant.Par rapport à ça, j’évoque en passantles résonances temporelles d’une notionlacanienne comme celle du sérieux, lu enrapport avec la série : le sérieux fait série,parce qu’il prend au sérieux la série, il opèreavec la série, comme fait l’analyse, il y a del’opération, de l’acte et <strong>do</strong>nc un certain dire :et c’est bien la condition, me semble-t-il,pour pouvoir localiser para<strong>do</strong>xalement, pourtraiter sérieusement, même les éléments quirestent hors série.Avant de conclure je <strong>do</strong>is mentionnerdeux autres types de « synchronie », oud’analyse du temps au présent, qui à monsens sont très importants pour notre questiondu temps du sujet de l’inconscientrelativement à la liberté.Le premier se rattache à l’usage queLacan a fait un moment aux catégories de lalogique modale, (un type de logique quin’implique pas l’universel de la même façonque d’autres logiques) : nécessaire, p<strong>os</strong>sible,contingent, imp<strong>os</strong>sible, traduits par Lacan entermes de « cesser » ou « ne cesser pas » <strong>des</strong>’écrire. C’est évidente l’implicationtemporelle de termes qui disent le rapportavec l’existant en termes de « cesser » ou de«ne cesser pas : le « cesser de… » scande etqualifie le rapport avec l’événement et l’actecomme sortie de deux éternités, l’uned’inclusion – le nécessaire –, l’autre d’exile –l’imp<strong>os</strong>sible – , <strong>do</strong>nt on ne sait pas laquelle48 J.LACAN, Le Séminaire. Livre XI. Les quatres concepts fondamentauxde la psychanalyse, Seuil, p.200peut être la plus infernale : sortie par ce quiexiste comme cessation, ou commep<strong>os</strong>sibilité ou comme contingence. Là aussi, àprop<strong>os</strong> de la subjectivité de notre époquenous pouvons nous demander : quel peutêtre le rapport au temps de quelqu’un quipour aller au-delà du nécessaire voudraitconnaître et pratiquer seulement le p<strong>os</strong>sible(la technique, avec son coté déstructeur :cesser de s’écrire), tandis que par ailleursforclot l’imp<strong>os</strong>sibilité (inhérente aux ch<strong>os</strong>esde l’amour et à l’exile du rapport sexuel) ? Onpeut observer sa tendance à s’assurer :s’assurer de la p<strong>os</strong>sibilité – avec sesconséquences d’angoisse – , et s’assurer contrela contingence. On s’assure contre lacontingence, c'est-à-dire contre la rencontreet contre ce qu’elle implique de toujours raté,perdu, mais qui est la seule voie de réussite etde satisfaction. Et par rapport à l’espoir(notion et affect temporels, s’il y en a), enrappelant que Lacan nous en met en garde,dans Télévision en disant que ça amène lesgens au suicide, il me semble pouvoir direque Lacan parle là de l’espoir qui se voudraitfondé sur la p<strong>os</strong>sibilité, et non pas d’unespoir – qui existe quand même – fondé surune contingence.Pour ce qui est de la nécessité, jereprends plus longuement ma citationprécédente de la Conférence de Genève :«Jusqu’à un certain point, on conclut toujourstrop tôt. Mais ce trop tôt est simplementl’évitement d’un trop tard. Cela est tout à fait liéau fin fond de la logique. L’idée du tout, del’universel, est déjà en quelque sorte préfigurédans le langage. Le refus de l’universalité est esquissépar Aristote, et il le rejette, parce quel’universalité est l’essentiel de sa pensée. Je puisavancer avec une certaine vraisemblance que lefait qu’Aristote le rejette est l’indice du caractèreen fin de compte non nécessité de la logique. Lefait est qu’il n’y a de logique que chez un vivanthumain.»En relation avec l’imp<strong>os</strong>sibilité (durapport sexuel) je cite brièvement :ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
100«N’est vrai que ce qui a un sens.Quelle est la relation du Réel au vrai?Le vrai sur le Réel, si je puism’exprimer ainsi, c’est que le Réel, leRéel du couple ici n’a aucun sens.Ceci joue sur l’équivoque du motsens. Quel est le rapport du sens à cequi, ici, s’écrit comme orientation ?On peut p<strong>os</strong>er la question, et on peutsuggérer une réponse, c’est à savoirque c’est le temps. »Pour terminer : à lire Lacan, le faits’imp<strong>os</strong>e que dans les dernières années il acommencé à utiliser en continuation levocabulaire de la liberté : libérer, libre, etc.,mais non pas appliqué au sujet, ni à l’Autre,ni à l’homme. Appliqué à l’être, si jamais,mais à cette nouvelle manière de rendrecompte de l’être parlant dans l’expérienceanalytique que c’était travailler sur les nœudsborroméens. Là alors la liberté devenait lacondition <strong>des</strong> ronds dénoué, rendus libres,l’un par rapport à l’autre, et retrouvait, ch<strong>os</strong>esurprenante, la même relation avec la foliequ’elle avait eu au début. On peut noter,seulement, que ce type de liberté regardemoins le sujet que l’analyste, son opération decoupure, sa responsabilité à lui.C’est un travail à faire, difficile : maisc’est aussi pour cela qu’il vaut la peine.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
101O <strong>inconsciente</strong>: trabalha<strong>do</strong>r idealMaria Vitória Bittencourtscolher como título « oE<strong>inconsciente</strong>: trabalha<strong>do</strong>rideal » para abordar n<strong>os</strong>sotema é uma forma dequestionar a definição queLacan apresenta emTelevisão: « o <strong>inconsciente</strong>é (…) um saber que nãopensa, nem calcula, nemjulga, o que não o impede de trabalhar, n<strong>os</strong>onho por exemplo. Digam<strong>os</strong> que é otrabalha<strong>do</strong>r ideal 49 ». Como articular essetrabalha<strong>do</strong>r ao tempo <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>?Proponho assim retomar o sonho, parailustrar o trabalho <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, tentan<strong>do</strong>responder à questão da prática dainterpretação, que viria introduzir umatemporalidade ao trabalho <strong>do</strong> sonho. Dissodecorre outra questão, - haveria necessidadede interpretar o sonho?A referência de Lacan ao trabalha<strong>do</strong>rvem de Marx mas esse termo – trabalho – seencontra em Freud a propósito <strong>do</strong> sonho,fenômeno que lhe permitiu lançar <strong>os</strong>fundament<strong>os</strong> d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>do</strong> sistema<strong>inconsciente</strong>. Mesmo que tenha si<strong>do</strong> a partir<strong>do</strong> sintoma histérico que Freud concebeu amensagem cifrada <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, foi <strong>os</strong>onho que abriu ao caminho ao quechamam<strong>os</strong> « via régia». No entanto, Freudnão fez <strong>do</strong> sonho um equivalente <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>. Para ele, a essência <strong>do</strong> sonho seencontra justamente no trabalho <strong>do</strong> sonho –Arbeit – mais importante que seu conteú<strong>do</strong>,manifesto ou latente. A partir da lei <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> e seus mecanism<strong>os</strong> operatóri<strong>os</strong>,se abre toda uma elaboração semântica emtorno da leitura d<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong> e de suainterpretação. O equívoco significante colocaFreud na via da articulação <strong>do</strong> que chama «moção pulsional » *, o <strong>des</strong>ejo <strong>inconsciente</strong>.49 Lacan, J. – Télévision, Seuil, Paris, 1974, p.26.Quanto à interpretação, <strong>des</strong>de oinício, Freud chama a atenção quanto àfascinação que <strong>os</strong> mistéri<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>podem gerar. Em1912, Freud adverte que épreciso uma certa abstinência quanto ao<strong>des</strong>ejo de interpretar pois, como diz, «existem sonh<strong>os</strong> que vão mais rápi<strong>do</strong> que aanálise » e que « ao tentar interpretá-l<strong>os</strong>,pode-se abalar todas as resistências latentes, enão se vê mais nada ». 50 Introduz assim umtempo para interpretar. Com efeito, Freud<strong>des</strong>cobriu na prática que o sonho é umamanifestação de outra coisa, ou seja, é umademanda de interpretação, sen<strong>do</strong> o própri<strong>os</strong>onho um indício da transferência. Um apeloao analista para decifrar o enigma de seu<strong>des</strong>ejo. Pois, em relação às outras formações<strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, o sonho tem essaparticularidade : o <strong>sujeito</strong> acredita que elequer dizer alguma coisa e conta seu sonhopara demandar o senti<strong>do</strong>. Foi o que Lacanconstatou no Seminário II « Numa análise,não intervim<strong>os</strong> somente enquantointerpretam<strong>os</strong> um sonho – se é queinterpretam<strong>os</strong> - mas já estam<strong>os</strong> , enquantoanalista, na vida <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, já estam<strong>os</strong> no seusonho » 51 . Então, o sonho é um produto <strong>do</strong>trabalho analítico, produto <strong>do</strong> trabalho datransferência, <strong>do</strong> encontro <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong>analista com a demanda <strong>do</strong> analisan<strong>do</strong>. «ninguém pode ser morto in absentia n<strong>os</strong> dizFreud a propósito da transferência.Poderíam<strong>os</strong> acrescentar - nada pode sersonha<strong>do</strong> in absentia. Logo, o <strong>inconsciente</strong> d<strong>os</strong>ujeito em análise é um <strong>inconsciente</strong> quetrabalha – arbeiter – cujo <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saberé o pivô em torno <strong>do</strong> qual se articula atransferência – nada ideal esse trabalho datransferência.50 Freud, S . – « Le maniement de l’interprétation <strong>des</strong>rêves » in La technique analytique, PUF , 1953, p.49.51 Lacan, J. – Le Séminaire Livre II, Seuil, Paris, p. 83.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
102Assim, duas operações se encontramno sonho: o trabalho <strong>do</strong> sonho e o relato d<strong>os</strong>onho. De um la<strong>do</strong>, o relato não é o sonho,já é uma interpretação <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, umacolocação ao trabalho <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> embusca <strong>do</strong> saber. Desta maneira, Lacan vaiinverter <strong>os</strong> papéis: aquele que interpreta é <strong>os</strong>onha<strong>do</strong>r, pois o sonho já é umainterpretação. O sonho pode se reduzir auma frase que o <strong>inconsciente</strong> reveste com aajuda da encenação. Assim, como diz Lacan« Através <strong>do</strong> sonho, vem ao <strong>inconsciente</strong>somente o senti<strong>do</strong> incoerente que fabula,para revestir o que articula em term<strong>os</strong> defrase … o que vem já é uma interpretaçãoque podem<strong>os</strong> dizer selvagem e que ainterpretação argumentada que lhe ésubstituída aí, só vale pois faz surgir a falhaque a frase denota » 52 . Introduz assim <strong>do</strong>istemp<strong>os</strong> para a interpretação. O sonho não éo <strong>inconsciente</strong>, ele pode se reduzir a umafrase cortada, um pensamento deforma<strong>do</strong>,toma<strong>do</strong> ao pé da letra e que a interpretaçãovem restituir a ordem, para fazer emergir <strong>os</strong>ujeito.De outro la<strong>do</strong>, o trabalho <strong>do</strong> sonhoimplica a presença <strong>do</strong> analista. Logo o relato<strong>do</strong> sonho é uma colocação ao trabalho <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> que se realiza a partir daimplicação da presença <strong>do</strong> analista, umacolocação em ato da realidade sexual. Afunção <strong>do</strong> sonho é levar o <strong>sujeito</strong> a falar,fazer o <strong>inconsciente</strong> trabalhar para contar aoanalista.Mas, existe uma outra face <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong> sonho. Se for uma mensagemque visa ser interpretada, pois é umademanda de interpretação, tem como funçãotambém de preservar o sono. Assim, oanalisan<strong>do</strong> sonha para contar ao analista econtinuar a <strong>do</strong>rmir tranquilamente, sem tocarno real, em outr<strong>os</strong> term<strong>os</strong>, para gozar datransferência. Como diz Lacan, « passam<strong>os</strong> o52 Lacan, J. – Compte rendu du Séminaire L’éthique dela psychanalyse in Ornicar 28-p.17.tempo a sonhar, não se sonha somentequan<strong>do</strong> se <strong>do</strong>rme. 53Para Freud, o trabalho <strong>do</strong> sonhotestemunha de uma atividade de ciframentoe de elaboração que é <strong>des</strong>tinada a evitar umencontro entre o pensamento <strong>do</strong> sonho e apulsão. O <strong>sujeito</strong> sonha para não <strong>des</strong>pertar o<strong>des</strong>ejo <strong>inconsciente</strong>. N<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 20, Freudindicou uma ligação entre o sonho e a pulsão:« o eu a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, está focaliza<strong>do</strong> no <strong>des</strong>ejode manter o sonho; ele sente essa exigênciapulsional como uma perturbação e procurarlivrar-se dela. “O Eu consegue realizar issoatravés <strong>do</strong> que parece um ato de submissão:ele satisfaz a exigência, com uma realizaçãoinofensiva de um <strong>des</strong>ejo e assim livra-sedela». 54 Portanto, se seguirm<strong>os</strong> essa lógica, otrabalha<strong>do</strong>r ideal pode passar seu tempo to<strong>do</strong>a sonhar. O que pode <strong>des</strong>pertá-lo? Segun<strong>do</strong>Lacan, a angústia vem romper o « sono d<strong>os</strong>ujeito quan<strong>do</strong> o sonho <strong>des</strong>emboca no « real<strong>do</strong> <strong>des</strong>eja<strong>do</strong> » 55 . (Podem<strong>os</strong> encontrar emLacan outras referências a propósito daemergência de um real no sonho). Numcomentário <strong>do</strong> sonho <strong>do</strong> filho morto – painão vê que estou queiman<strong>do</strong> – Lacanconstata que o que vem <strong>des</strong>pertar é uma «outra realidade », aquela <strong>do</strong> « real pulsional ».56O real no sonho surge <strong>do</strong> encontroimp<strong>os</strong>sível entre um pai e um filho, umencontro falt<strong>os</strong>o que marca a impotência d<strong>os</strong>imbólico a inscrever o imp<strong>os</strong>sível. O<strong>des</strong>pertar para a realidade é a fuga de umoutro <strong>des</strong>pertar para o real, aquele que seanuncia no sonho quan<strong>do</strong> o <strong>sujeito</strong> seaproxima daquilo que não quer saber.N<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 70, relen<strong>do</strong> um texto deFreud sobre <strong>os</strong> limites da interpretação 57 ,53 Lacan, J. – « Pratique du bavardage » in Ornicar 19,p.5.54 Freud, S. – Abregé de Psychanalyse Puf, Paris, p.34.55 Lacan, J. – Ibid Nota 4.56 56 Lacan, J. – Le Séminare Livre XI Les quatreconcepts de la psychanalyse, Seuil, Paris, p. 58/9.57 Freud, S. – « Quelques additifs à l’ensemble delinterprétation <strong>des</strong> rêves : les limites del’interprétation » travail du rêve vise « un gainANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
103Lacan acrescenta que o motor <strong>do</strong> sonho,enquanto <strong>des</strong>ejo de <strong>do</strong>rmir, se traduz poraquilo que constitue o essencial <strong>do</strong> trabalho<strong>do</strong> sonho: é um ciframento que contém nelemesmo um gozo, uma satisfação d<strong>os</strong>onha<strong>do</strong>r nesse trabalho. 58 Assim, otrabalha<strong>do</strong>r ideal teria como mestre o gozo:« o que pensa, calcula e julga é o gozo » dizLacan em Ou pior 59 . O sonho teria assimcomo finalidade uma tentativa de dar senti<strong>do</strong>ao não senti<strong>do</strong> da relação sexual, onde o<strong>inconsciente</strong> trabalha sem mestre. Já o <strong>sujeito</strong><strong>do</strong> gozo, que pensa, calcula e julga, estaria nolugar <strong>do</strong> regente (regisseur), ou melhor,regozija<strong>do</strong>r (rejouisseur), o gozo <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>.Se o real pulsional surge no sonho,qual o estatuto de sua interpretação? Em vezde interpretar o sonho, não seria precisopensar em <strong>des</strong>pertar o <strong>sujeito</strong>? Pois « o<strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> sonho não é senão aquele debuscar o senti<strong>do</strong>, e é isso que satisfaz ainterpretação psicanalítica. Mas, será a viapara um verdadeiro <strong>des</strong>pertar para <strong>os</strong>ujeito ? 60 Trata-se então de pensar ainterpretação como um modelo <strong>do</strong> pesadelo?Como conceber um verdadeiro <strong>des</strong>pertar?Se retomarm<strong>os</strong> o sonho de Freud,conheci<strong>do</strong> como o sonho da injeção de Irma,o único que Freud considera como tend<strong>os</strong>i<strong>do</strong> completamente analisa<strong>do</strong>, podem<strong>os</strong>lembrar que Freud não <strong>des</strong>perta <strong>do</strong> pesadelo– « é um duro na queda» diz Lacan. Nomomento que Freud olha para a garganta deIrma, uma espécie de objeto inominável, elese retira <strong>do</strong> sonho e apela para outr<strong>os</strong>personagens que tomam seu lugar. Nessemomento, surge uma voz, que é uma voz deninguém, e aparece a fórmula daimmédiat de plaisir » avec l’intention utilitaire deprévenir le sommeil. « Le rêve peut être décrit commeun morceau d’activité fantasmatique au service de lasauvegarde du sommeil » (p. 142).58 Lacan, J. - Dans le séminaire Les non dupes errent(Novembre 73)59 59 Lacan, J. - … Ou pire in Scilicet 4, Seuil, Paris,p.9.60 Lacan, J. – Compte rendu du Séminaire L’éthique dela psychanalyse in Ornicar 28-p.17.trimetilamina, fórmula química de umasubstância d<strong>os</strong> metabolism<strong>os</strong> sexuais, que lhefoi comunicada por Fliess. Assim, o sonho seconclui com esse termo que não quer dizernada, mas que surge enquanto matéria visual.Lacan acentua que, diante <strong>do</strong> encontro com oreal da castração <strong>do</strong> Outro, Freud atravessouesse momento de angústia porque estavatoma<strong>do</strong> por uma paixão de saber, que é maisforte que seu <strong>des</strong>ejo de <strong>do</strong>rmir. Assim, eletem acesso à revelação <strong>do</strong> que é o<strong>inconsciente</strong>, sua invenção. Freud continua a<strong>do</strong>rmir tranquilamente, fantasian<strong>do</strong> que umdia teria uma placa onde se poderia ler «nessa casa, no dia 24 de julho de 1895, omistério <strong>do</strong> sonho foi revela<strong>do</strong> ao Dr.Sigmund Freud. » Podem<strong>os</strong> considerar essesonho como uma saída da transferência deFreud a Fliess, o verdadeiro <strong>des</strong>pertar deFreud, se livran<strong>do</strong> daquele que ocupava olugar <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber. Um novotempo que se inicia para Freud.Poderíam<strong>os</strong> propor que, nesse sonhode Freud, o « isso fala » <strong>do</strong> significante, queconstitui o relato <strong>do</strong> sonho na sua finalidadede fazer senti<strong>do</strong> – senti<strong>do</strong> sexual – vemrecobrir o « isso m<strong>os</strong>tra » <strong>do</strong> objeto, o nã<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> da relação sexual. M<strong>os</strong>trar sedistingue de fazer senti<strong>do</strong>, pois equivale acolocar em cena um gozo articula<strong>do</strong> às cenasinfantis traumáticas, cria<strong>do</strong>ras e fundament<strong>os</strong>de tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> sonh<strong>os</strong> segun<strong>do</strong> Freud.Fundamento fantasmatico. Assim o sonhoconverte o senti<strong>do</strong> sexual numa formula,letras, uma cifra que contém nela mesma umgozo: um « isso se escreve »Nesse senti<strong>do</strong>, a interpretação vem<strong>des</strong>velar que o mo<strong>do</strong> de falar (relato d<strong>os</strong>onho) vem recobrir o mo<strong>do</strong> de gozar – otrabalho de ciframento <strong>do</strong> sonho. Para isso,Lacan n<strong>os</strong> dá uma indicação quanto àinterpretação: « ler <strong>os</strong> sonh<strong>os</strong>…. como sedecifra uma mensagem cifrada » 61 . Ler supõeuma escritura, colocan<strong>do</strong> em jogo a atividadeda letra, permitin<strong>do</strong> o que Lacan <strong>des</strong>ignoucomo a lisibilidade <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> sexual que se61 Lacan, J. - Televisão – p.22.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
104encontra a partir <strong>do</strong> não senti<strong>do</strong> da relaçã<strong>os</strong>exual que o sonho tenta imaginarisar. Adimensão da escritura sen<strong>do</strong> mais propicia atocar no real da experiência, o « moterialisme »,ou seja, o materialismo da fala.Assim, interpretar o sonho, n<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> freudiano, de via régia, de mensagem,seria alimentar o <strong>inconsciente</strong> e tornar aanálise um processo de tempo interminável.Sen<strong>do</strong> um exercício de letras e não <strong>des</strong>enti<strong>do</strong>, o sonho não tem vocação acomunicar mas a promover um trabalho <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> que não visa a significação maisproduzir o efeito de real. Assim o tempo de<strong>do</strong>rmir, de sonhar requer uma interpretação« justa para esgotar o apelo ao senti<strong>do</strong>, aogozo <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> » 62 O sonho não basta ao<strong>des</strong>pertar, ele não está <strong>des</strong>liga<strong>do</strong> <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>que o sustenta. Ele necessita a presença <strong>do</strong>analista, presença em ato, revela<strong>do</strong>ra daestrutura <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo. Que o <strong>des</strong>pertar ao realseja imp<strong>os</strong>sível, não impede de tomá-lo comofinalidade. Será o <strong>des</strong>pertar a via régia para ofinal da análise?A partir da experiência no cartel <strong>do</strong>passe, pude observar que um sonho,considera<strong>do</strong> muitas vezes como fundamental,ocupa um lugar privilegia<strong>do</strong> no testemunhod<strong>os</strong> passantes. Sonh<strong>os</strong> muitas vezes ligad<strong>os</strong>às experiências infantis, cujo surgimento noinício da análise toma uma outra dimensãono momento de passe. Proponho comohipótese que esse sonh<strong>os</strong> são evocações decenas infantis, uma reconstrução da neur<strong>os</strong>einfantil, o que viria a confirmar a tese deLacan em sua Conferência em Genebra sobreo sintoma : no sonho, tornar a sair « amaneira como alíngua foi falada e tambémescutada em sua particularidade ». O sonhoteria a p<strong>os</strong>sibilidade de transmitir a marca <strong>do</strong>tempo infantil, a marca das primeirasexperiências no encontro com a sexualidade.Mas essa leitura <strong>do</strong> sonho se efetuafora da transferência, trata-se de umainterpretação da saída da transferência,interpretação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> final de suaanálise. Poderíam<strong>os</strong> deduzir que ainterpretação <strong>do</strong> sonho só é completaquan<strong>do</strong> <strong>des</strong>embaraçada da presença <strong>do</strong>analista? Se a interpretação <strong>do</strong> analisan<strong>do</strong>nunca é independente da presença <strong>do</strong>analista, só há interpretação <strong>do</strong> analisan<strong>do</strong>fora da transferência, fora <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>t<strong>os</strong>aber. Assim, essa interpretação viriaconfirmar uma tese de Freud que um sonhopode englobar uma análise, pois equivale ato<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> da neur<strong>os</strong>e, « ainterpretação total de tal sonho coincide coma conclusão da análise ». Será que poderíam<strong>os</strong>verificar essa tese com a experiência <strong>do</strong>passe? Isso n<strong>os</strong> levaria a introduzir um novotrabalho, trabalho de escola. Para isso épreciso um tempo.62 Lacan, J. –« C’est à la lecture de Freud… » in Lettremensuelle n° 102 – p.57.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
105Modulação pulsional <strong>do</strong> tempoAngélia TeixeiraLembra-te que o tempo é um joga<strong>do</strong>r que ganha tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> lances sem roubar.C. Baudelairetempo é condiçãoOnecessária para falar <strong>des</strong>ubjetividade.Regularmente,evocam<strong>os</strong> a dimensãotopográfica <strong>do</strong> aparelhopsíquico na obra deFreud. Entretanto, nãofoi por ele ignorada adimensão temporal da subjetividade e suasincidências clínicas. Desde ce<strong>do</strong>, Freudapresentou suas hipóteses psicanalíticas sobreo tempo, retomadas p<strong>os</strong>teriormente porLacan. Podem<strong>os</strong>, resumidamente, citar cincoreferências importantes em sua obra: 1- o<strong>inconsciente</strong> não conhece o tempo, éatemporal, intemporal, como está p<strong>os</strong>to na‘Interpretação d<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong>’, entre outr<strong>os</strong>text<strong>os</strong>; 2- a concepção de in<strong>des</strong>trutibilidade<strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, - extensivo a<strong>os</strong> process<strong>os</strong><strong>inconsciente</strong>s - que não estão submetid<strong>os</strong> a<strong>os</strong><strong>des</strong>ígni<strong>os</strong> <strong>do</strong> tempo; 3- o tempo dasubjetividade, que só pode ser recupera<strong>do</strong> ap<strong>os</strong>teriori, só depois - nachtraglich, foi <strong>os</strong>ignificante utiliza<strong>do</strong> por Freud, aprés-coup,foi a tradução a<strong>do</strong>tada por Lacan; 4 - aimportância da experiência sexual infantil ouda neur<strong>os</strong>e infantil para a constituição daneur<strong>os</strong>e.A quinta referência traz a relação <strong>do</strong>tempo com a fantasia e merece <strong>des</strong>taque. Freudsitua a fantasia flutuan<strong>do</strong> entre três temp<strong>os</strong>: otrabalho mental vincula-se a uma impressãoatual, no presente, capaz de <strong>des</strong>pertar um d<strong>os</strong>principais <strong>des</strong>ej<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>; dali retrocede auma lembrança de um acontecimento pretéritoque pode criar uma situação referida ao futuro,por representar a realização, a satisfação <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo, a partir das marcas da lembrança. Notexto ‘Escritores criativ<strong>os</strong> e devanei<strong>os</strong>’ conclui“que o pretérito, o presente e o futuroaparecem entrelaçad<strong>os</strong> pelo fio <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, que<strong>os</strong> une”. 63Freud concebeu o registro <strong>do</strong> tempopresente como uma operação fundamentalda consciência, esta, definida como umesta<strong>do</strong> mental operan<strong>do</strong> num determina<strong>do</strong>tempo. Assim, circunscreveu asubjetividade nas três dimensõestemporais que conhecem<strong>os</strong>.De forma única e exaustiva, Lacanexaltou a importância das dimensõestemporais da subjetividade, formulan<strong>do</strong>preci<strong>os</strong>as teorias de máximo valor, queimprimiram gran<strong>des</strong> modificações clínicas: otempo da sessão é lógico, e não cronológico;defende a análise finita, formulan<strong>do</strong> algumasconcepções <strong>do</strong> seu final; a transferência, ouseja, a sup<strong>os</strong>ição e <strong>des</strong>sup<strong>os</strong>ição de saber aoanalista, é o tempo da análise; cria uma novadivisão subjetiva para o tempo, entre outrasprop<strong>os</strong>ições. Constrói, enfim, uma máquina<strong>do</strong> tempo utilizan<strong>do</strong> alguns recurs<strong>os</strong> própri<strong>os</strong>da sua época.Lacan escreve, em 1945, o texto ‘Otempo lógico e a asserção da certezaantecipada: um novo sofisma’ 64 , dividin<strong>do</strong> otempo em <strong>do</strong>is: lógico, e cronológico. Modulao tempo lógico em três escansões: a primeira éo instante de ver, ou de olhar; a segunda, otempo para compreender, a terceira escansão,é o momento de concluir.Modular o primeiro momento <strong>do</strong>tempo como um instante de ver, ou aprimeira escansão temporal, como sen<strong>do</strong> o63 FREUD, S. Escritores criativ<strong>os</strong> e devanei<strong>os</strong>. In:___Edição standard brasileira das obras psicológicascompletas. Rio de Janeiro: Imago, 1987, Volume IX,p. 153.64 LACAN, J. O tempo lógico e a asserção da certezaantecipada. In:______. Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro: JorgeZahar Ed, 1998.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
106olhar, n<strong>os</strong> remete diretamente ao campo dapulsão e n<strong>os</strong> leva a conjecturar que há umatensão temporal própria a cada um d<strong>os</strong> trêsmoment<strong>os</strong>, ou ao men<strong>os</strong> na primeira tensãotemporal, que é o instante de ver, tal qual atensão temporal que atribuiu ao momento deconcluir.O <strong>inconsciente</strong> não conhece o tempo. Dequal dimensão <strong>do</strong> tempo falava Freud, jáque elas podem ser tantas? Do tempocronológico, teoriza Lacan. E a pulsão, emquais dimensões <strong>do</strong> tempo poderia seinscrever? De acor<strong>do</strong> com as prop<strong>os</strong>içõesacima apresentas, poderíam<strong>os</strong>inversamente perguntar se há umadimensão pulsional <strong>do</strong> tempo? Perguntaque me reteve.Neste preci<strong>os</strong>o estu<strong>do</strong> psicanalític<strong>os</strong>obre o tempo que estam<strong>os</strong> empreenden<strong>do</strong>há <strong>do</strong>is an<strong>os</strong>, a relação pulsão / tempo ouo gozo <strong>do</strong> tempo, como quero crer, foicrescen<strong>do</strong> a<strong>os</strong> meus olh<strong>os</strong> como umaimportante questão, que identifico presentena clínica de várias maneiras e que me levou aalgumas reflexões.As considerações teóricas sobre otempo apresentadas por Freud e Lacan sãofundamentais para esclarecer alguns aspect<strong>os</strong>relativ<strong>os</strong> a<strong>os</strong> analisand<strong>os</strong> especialmente esintomaticamente embaraçad<strong>os</strong> com otempo. Estas prop<strong>os</strong>ições favorecem a leituraclínica que reconhece que há dimensões <strong>des</strong>atisfação inerentes ao tempo, ou seja,reconhecem o gozo <strong>do</strong> tempo, que passo aa<strong>do</strong>tar em lugar de pulsão.Esta formulação que estou tentan<strong>do</strong>valorizar e <strong>des</strong>envolver aparece no avesso <strong>do</strong>que usualmente se faz. Tende-seinadvertidamente a limitar a questão, porexemplo, isolan<strong>do</strong>-se o tempo necessáriopara que a pulsão faça seu circuito. Aocontrário, estou tentan<strong>do</strong> identificar asmodalida<strong>des</strong> de gozo <strong>do</strong> tempo e suasescansões, para reconhecer que o tempo nãoestá a serviço da subjetividade, p<strong>os</strong>to que otempo é subjetividade, o tempo produzgozo enquanto atributo da subjetividade.Antes de tu<strong>do</strong>, o tempo é umsignificante. “A paixão <strong>do</strong> significantemanifestan<strong>do</strong>-se como paixão <strong>do</strong> tempo” 65 ,diz Soler. Prescinde <strong>do</strong> espaço, e em lugar <strong>des</strong>er toma<strong>do</strong> como um elemento da naturezadeve ser toma<strong>do</strong> como um significantefundamental da estrutura de linguagem, querequer vári<strong>os</strong> tratament<strong>os</strong> e pode seridentifica<strong>do</strong> em várias dimensões daconstituição da subjetividade. Soberano eimplacável, o tempo vaticina a vida e a morte.Podem<strong>os</strong> também dizer: se o homeminventou o tempo, o tempo inventa ohomem, vejam<strong>os</strong>: apressad<strong>os</strong>, atrasad<strong>os</strong>,fleumátic<strong>os</strong>, seren<strong>os</strong>, agitad<strong>os</strong>, impacientes,entediad<strong>os</strong>. Sabem<strong>os</strong> o peso que <strong>os</strong>significantes, eterno, infinito, imortal,ressurreição, renascimento, anacrônico,velhice, atraso, hora, minuto, prazo, têm nasn<strong>os</strong>sas vidas. Não seria o tempo uma dasmodalida<strong>des</strong> <strong>do</strong> grande Outro? Não poracaso o poeta canta ‘o acaso vai meproteger’...O tempo traz complexidade de todaordem, aparecen<strong>do</strong> n<strong>os</strong> caprich<strong>os</strong> maismarcantes d<strong>os</strong> Deuses das mitologias, daslendas, das religiões, e é tema de estu<strong>do</strong> epesquisa em vári<strong>os</strong> camp<strong>os</strong> <strong>do</strong>conhecimento. Na fil<strong>os</strong>ofia, na literatura, noromance ‘O retrato de Dorian Gray’,especialmente na poesia, o poeta brasileiroVinicius que o diga: “que não seja imortal,p<strong>os</strong>to que é chama, mas que seja infinitoenquanto dure”, o amor..., na música, namatemática, na física, com suas sucessivasteorias. Newton deu ao tempo todaautonomia, emancipan<strong>do</strong>-o <strong>do</strong> espaço;Einstein, questionou o caráter absoluto <strong>do</strong>tempo newtoniano, crian<strong>do</strong> a noção derelatividade.A psicanálise, particularmente emFreud e Lacan, também fez largo uso <strong>do</strong>tempo para entender a constituição dasubjetividade, seu path<strong>os</strong> e seu manejo65 SOLER, C.O tempo que falta. In:_____. Os temp<strong>os</strong><strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Salva<strong>do</strong>r: EPFCL-Brasil,2008.p.129.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
107clínico, dan<strong>do</strong> suas contribuições teóricaspreci<strong>os</strong>as. Se a Topologia é a ciência que seocupa <strong>do</strong> espaço, talvez, a psicanálise estejacontribuin<strong>do</strong> com um futuro campo quevenha, pontualmente, se ocupar <strong>do</strong> tempo.Nada mais real e demasiadamentehumano que a angústia em sua relação com otempo, esse tempo que tem afinida<strong>des</strong> com oobjeto a. É <strong>des</strong>ta perspectiva que podem<strong>os</strong>dizer que o tempo não apenas faz sintoma,mas que ele é sintoma.Trago pequenas observações clínicassobre <strong>os</strong> que padecem <strong>do</strong> tempo param<strong>os</strong>trar que tempo é subjetividade e gozo.Venho conferin<strong>do</strong> certas curi<strong>os</strong>as repetiçõesrelativas ao tempo que alguns analisand<strong>os</strong>apresentam. Vou me deter especialmente emum caso: um homem extremamentedisciplina<strong>do</strong>, organiza<strong>do</strong>, metódico,obediente à sua rígida rotina. Tu<strong>do</strong> pareciaestar sob controle, afora sua imensa angústia.Fala <strong>do</strong> sofrimento que experimenta frenteao temor de ver falhar o seu controlemilimetricamente construí<strong>do</strong> e preserva<strong>do</strong>. Àprimeira vista, ou fenomenicamente, tu<strong>do</strong>poderia simplesmente parecer um ritualobsessivo. Contu<strong>do</strong>, associativamenteaparece na análise o significante acaso,passan<strong>do</strong> o paciente a falar exaspera<strong>do</strong> <strong>do</strong>horror ao imprevisto (kairós). Aparelhava-seele com tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> métod<strong>os</strong> segur<strong>os</strong> para seprevenir <strong>do</strong> acaso e <strong>do</strong> imprevisto.Metonimicamente, entra em jogo no trabalhoanalítico o horror ao futuro, o temor de nãopoder garantir o futuro, finalmente, de nãoter como se proteger da morte. Conjeturei:um homem que tem horror ao acaso, quetem horror à contingência e ao futuro.Estavam em jogo as incidências <strong>do</strong> real,manifestan<strong>do</strong> o imp<strong>os</strong>sível a dizer sobre otempo e sobre a morte.Desta perspectiva, podem<strong>os</strong> dizerque o tempo em si não apenas traz,inevitavelmente, a própria questão da morte,mas que ao mesmo tempo é o elemento quen<strong>os</strong> permite certa aproximação da morte, jáque como o sol, não se pode encará-la defrente.Um homem se aflige demasiadamentecom o futuro porque não pode ter certeza <strong>do</strong>que lhe acontecerá; vive o presente imerso naangústia, por não poder garantir tu<strong>do</strong> queconquistou e que mantém sob controle. Otempo futuro o ameaça. Sofre pelo quepoderá perder. Particular gozo da dúvidaconjugada no futuro. Particular gozo daantecipação de uma p<strong>os</strong>sível ruína. P<strong>os</strong>síveldívida futura.Alguns sofrem de reminiscências:conjugam o gozo no tempo passa<strong>do</strong>,lembran<strong>do</strong> n<strong>os</strong>talgicamente ou conjuran<strong>do</strong> opassa<strong>do</strong>, tornam-se escrav<strong>os</strong> <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Osmelancólic<strong>os</strong> são <strong>os</strong> melhores exempl<strong>os</strong>.Outr<strong>os</strong> gozam com o futuro, naesperança de resolver <strong>os</strong> seus impasses,exultam com o futuro que nunca chega,sempre adia<strong>do</strong>. Aqui se encontra o maiorexemplo <strong>do</strong> jogo com o tempo, aprocrastinação. Tem<strong>os</strong> bons exempl<strong>os</strong> entre<strong>os</strong> obsessiv<strong>os</strong>.Os maníac<strong>os</strong> gozam <strong>do</strong> presente,sofregamente consumin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> hoje. Opresente é também a medida de segurançad<strong>os</strong> fóbic<strong>os</strong>.Entre temer o futuro e nele dep<strong>os</strong>itar asesperanças, vacila-se, báscula <strong>do</strong> serfalante. Alguns pendem mais para umla<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> o homem cogita, quand<strong>os</strong>intomatiza, quan<strong>do</strong> age, seja em que esferafor, goza <strong>do</strong> tempo. Nada existe fora <strong>do</strong>tempo, nada pode parar o tempo. O sujeit<strong>os</strong>e apresenta como um instante de ver, umamodalidade de gozo pontual e evanescente.O gozo <strong>do</strong> objeto a exige outras escansões.Entre o <strong>sujeito</strong> e o objeto a, estão espécies detemporalidade <strong>do</strong> gozo em sua dimensão real.É de grande valor o gozo que éproduzi<strong>do</strong> pela expectativa <strong>do</strong> futuro, o queserei? O gozo de conjeturar a morte comotempo final. O gozo da espera e <strong>do</strong> porvir.Os que sofrem <strong>do</strong> tempo, de atrasar ou deantecipar. O gozo da morte, enfim.Curi<strong>os</strong>amente, entre o passa<strong>do</strong> e ofuturo, o presente não joga o peso maior naANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
108existência <strong>do</strong> indivíduo. Ele acaba se limita<strong>do</strong>a esta contagem de tempo, que não sesustenta senão <strong>do</strong> futuro anterior, <strong>do</strong> quetivera si<strong>do</strong>, conjugan<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e futuro.Vivem<strong>os</strong> entre o passa<strong>do</strong> e o futuro, opresente é sobretu<strong>do</strong> o instante <strong>do</strong> ato. Este éum d<strong>os</strong> gran<strong>des</strong> <strong>des</strong>afi<strong>os</strong> da análise: fazeruma nova equação temporal, presentifican<strong>do</strong>em ato a experiência.Em ‘Subversão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e dialética <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo no <strong>inconsciente</strong> freudiano’, ao construir ografo <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, Lacan volta a <strong>des</strong>tacar aquestão <strong>do</strong> futuro anterior para <strong>os</strong> francesesou o futuro comp<strong>os</strong>to <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> indicativo nagramática brasileira ao se referir ao “efeito deretroversão pelo qual o <strong>sujeito</strong>, em cadaetapa, se transforma naquilo que era, comoantes, e só se anuncia “ele terá si<strong>do</strong>”, nofuturo anterior” 66 .A formulação <strong>do</strong> tempo lógicoprop<strong>os</strong>to por Lacan é uma formulação dasmodalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempo, ou seja,modalida<strong>des</strong> de gozo <strong>do</strong> tempo, que vemesclarecer a função <strong>do</strong> tempo na clínica, que é afunção da pressa: la hâte, <strong>do</strong> verbo hâter, quediz respeito a precipitar o momento deconcluir seja da sessão, seja da análise.Partin<strong>do</strong> <strong>des</strong>ta dimensão subjetiva <strong>do</strong>tempo, explica-se a função da pressa - la hâte- no ato analítico. Isto é, Lacan propõerecorrer a<strong>os</strong> recurs<strong>os</strong> <strong>do</strong> tempo nas formasda pressão/ pressa/ precipitação, para daratualidade ao gozo. Requer pressa, comocondição para produzir efeit<strong>os</strong> analític<strong>os</strong>sobre as escansões <strong>do</strong> gozo. Sabe que tempoé subjetividade e gozo.66 LACAN, Jacques, Subversão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e dialética<strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, In: Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.1998, p. 823ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
109El aburrimiento, una forma del tiempoSilvia Migdaleka elección del tema de esteLEncuentro testimonia lavigencia que tiene para l<strong>os</strong>psicoanalistas la ya clásicaadvertencia ética que Lacanhiciera en 1953, “Mejor puesque renuncie quien no puedaunir a su horizonte lasubjetividad de su época”, Se trataentonces, de estudiar y reconocer lasmáscaras con las que el padecimientopsíquico este se muestra hoy. Elconsultorio de l<strong>os</strong> psicoanalistas es un lugaren el que resuenan l<strong>os</strong> “matices” de unaépoca.Es el aburrimiento un matiz denuestra época?El aburrimiento, como fenómeno,como Stimmung, esta<strong>do</strong> afectivo, tieneuna notable relación con el tiempo, talcomo que tratarem<strong>os</strong> de m<strong>os</strong>trar en elrecorri<strong>do</strong> de este trabajo, repensan<strong>do</strong> einterrogan<strong>do</strong> las grietas por las que se filtrael actual malestar en la cultura.Lo actual: nuestro tiempo, el tiempo en elque transcurrim<strong>os</strong>, hagam<strong>os</strong> algunasconsideraciones acerca del tiempo, menudacuestión!El enigma insondable del tiempo hasi<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> por gran<strong>des</strong> pensa<strong>do</strong>res,escritores, poetas, filósof<strong>os</strong>, científic<strong>os</strong>,psicoanalistas que en distint<strong>os</strong> moment<strong>os</strong>se han ocupa<strong>do</strong> de él. Por nombrarsolamente algun<strong>os</strong> memorables: Borges,Heiddegger, Pascal, Einsten, Auster, Freud,Lacan. Pero también el hombre común,que en lo vivi<strong>do</strong> de cada día, en algúnmomento, es alcanza<strong>do</strong> por la experienciadel tiempo…Desde el comienzo de su historia, elhombre ha trata<strong>do</strong> de hacer “algo” con eltiempo, por ejemplo medirlo, y una de susformas fue la construcción de instrument<strong>os</strong><strong>des</strong>tinad<strong>os</strong> a tal efecto, por ejemplo l<strong>os</strong>relojes.Lacan se refiere a ell<strong>os</strong> en distint<strong>os</strong>context<strong>os</strong>, habla del primer reloj mecánicocrea<strong>do</strong> por un holandés Huygens en el año1658. Evoca ese acontecimiento, parafundamentar el lugar que el psicoanálisispodría tener las ciencias, afirman<strong>do</strong> que n<strong>os</strong>erá al mo<strong>do</strong> de la concepción p<strong>os</strong>itivistade las mismas, sino por la vía de lasciencias conjeturales, de las que Lacansubraya que en ellas la verdad no coincidecon la exactitud, aunque no por ello se tratade una verdad men<strong>os</strong> rigur<strong>os</strong>a, surigur<strong>os</strong>idad es la de la lógica. Acerca deesto me gustaría acentuar un sesgo:“es diverti<strong>do</strong> observar que el aparato (serefiere al reloj instrumento) fue termina<strong>do</strong>antes de que la hipótesis que estaba<strong>des</strong>tina<strong>do</strong> a dem<strong>os</strong>trar, hubiese podi<strong>do</strong> serverificada por la observación, y que poreste hecho la hacía inútil al mismo tiempoque le ofrecía el instrumento de su rigor.”Lo simbólico crea un instrumento paracontabilizar, para medir el tiempo, y comoefecto de estructura lo intemporalatemporal,se vuelve imp<strong>os</strong>ible a latemporalidad de la serie.Después ya sucede como en elconoci<strong>do</strong> bolero de Roberto Cantoral en elque el reloj solo servirá para marcar la<strong>des</strong>olación del amante que le pidevanamente “Reloj no marques las horas,porque voy a enloquecer, ella se irá parasiempre, hasta que amanezca otravez.”…Se abre entonces el tema de laexperiencia del tiempo en la parejaamor<strong>os</strong>a…La ciencia y la técnica aportan en lacreación de l<strong>os</strong> objet<strong>os</strong>-instrument<strong>os</strong>nuevas formas de padecimiento tal comoya lo enseñaba Freud en el Malestar en laCultura.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
110En el siglo III antes de Cristo,Ktesibi<strong>os</strong>, diseña un reloj de agua,conoci<strong>do</strong> también como Clepsydra. Estefunciona por la vía del ritma<strong>do</strong> rui<strong>do</strong> de loque gotea, imp<strong>os</strong>ible no evocar el grifo quegotea, el tic tac del reloj… En la Clepsydra,primer forma de reloj de agua, el tiempo yel rui<strong>do</strong>, aparecen de este mo<strong>do</strong> forman<strong>do</strong>una curi<strong>os</strong>a pareja, que también instituyeuna serie. Borges evoca la Clepsydra, comoel primer “nombre del tiempo” en algun<strong>os</strong>de sus poemas y escrit<strong>os</strong>, y ficcionaliza unrelato por el cual un sultán, quizá nadaaburri<strong>do</strong>, la utilizaba para medir el tiempoque <strong>des</strong>tinaba a cada una de susamantes…No deja de ser interesante lasiguiente definición de este primerinstrumento <strong>des</strong>tina<strong>do</strong> a medir el tiempo, a<strong>do</strong>tarlo de alguna unidad : “forma de unavasija cónica que se llenaba de agua, la cualiba vaciánd<strong>os</strong>e por un pequeño agujero quetenía en el fon<strong>do</strong>”.Gráficamente, el tiemp<strong>os</strong>e va por un agujero. Es decir que eltiempo, irremediablemete se pierde, lo cualno quiere decir, que debam<strong>os</strong> perder eltiempo, y quizá por ello mismo, alcontrario.La referencia al tiempo, esfundamental en el esta<strong>do</strong> del aburrimientoo en su forma extrema, lo que llamam<strong>os</strong> eltedio, ya que en él se tiene una particularpercepción del tiempo que transcurre.Lo primero que podem<strong>os</strong> convenir es queal aburri<strong>do</strong> el tiempo se le vuelve denso,lento, y planteo como pregunta pararetomar en nuestro diálogo, lo denso esvacío o pleno; y lo lento revela l<strong>os</strong> espaci<strong>os</strong>vací<strong>os</strong>, o transcurre lento para ocultar lafinitud? Se podría decir que se aburre quiense piensa inmortal, eterno.El aburrimiento, en términ<strong>os</strong>Spinozian<strong>os</strong> forma parte de las pasionestristes, que nacen del odio y la tristeza.Por cuestiones de “tiempo” no vam<strong>os</strong>profundizar en la historia de la fil<strong>os</strong>ofía delas pasiones. Solo unas apretadasreferencias.En Descartes, con quien se inicia lamodernidad, las pasiones son buenas enprincipio, e involuntarias, es decir el sujetono se siente responsable. Descartes escribeel trata<strong>do</strong> de las pasiones del alma,definién<strong>do</strong>las como “percepciones, <strong>os</strong>entimient<strong>os</strong>, o emociones que serelacionan particularmente a ellas”En el hastío se trataría de que aveces la duración del bien causa el hastío ola saciedad, y esta última es una especie detristeza que proviene de la misma causa queantes n<strong>os</strong> diera satisfacción, es decir queestaríam<strong>os</strong> preparad<strong>os</strong> de tal mo<strong>do</strong>, que lamayor parte de las c<strong>os</strong>as de las quegozam<strong>os</strong>, n<strong>os</strong> gustan solo por un tiempo.Hay una frase de nuestra sabiduría popular,dirigida a calmar la queja recalcitrante dealguno/a que lo ilustra claramente: v<strong>os</strong> tequejás de lleno!Hecha esta introducción, vam<strong>os</strong> aadentrarn<strong>os</strong> en el tema que n<strong>os</strong> ocupa,hacien<strong>do</strong>algunas breves precisiones etimológicas.Aburrir y aborrecer tienen el mismoorigen etimológico: del latín ab horrere“alejarse con horror, tener repugnancia” dellatín ab- “lej<strong>os</strong>” y horrere “erizarse,temblar”.Sinónimo de “aburrir” es“fastidiar”, del latín fastidium “asco,repugnancia”. Otro sinónimo: el tedio. Dellatín taedium “cansancio, repugnancia”l´ennui, en francés, la noia, en italiano, y elinglés spleen. Se han ocupa<strong>do</strong>especialmente del tema, Pascal, Spinoza,Heidegger, y Kierkegard, en el campo de lafil<strong>os</strong>ofía.Freud y Lacan, <strong>des</strong>de elpsicoanálisis se han ocupa<strong>do</strong> del tema,<strong>des</strong>de distintas perspectivas que vam<strong>os</strong> adejar para el final del trabajo.Solo a mo<strong>do</strong> de ilustración recortarem<strong>os</strong>algun<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> de decir de l<strong>os</strong> filósof<strong>os</strong>acerca de este afecto-pasión: Kierkegard: Elaburrimiento es una eternidad sinconteni<strong>do</strong>, una felicidad sin gusto, unaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
111profundidad superficial, un hartazgohambriento”!!Es con Heidegger que L´ennui, setransforma en la tonalidad fundamental deldasein. La angustia y el aburrimientomuestran, sin piedad, nuestra condición <strong>des</strong>eres finit<strong>os</strong>, limitad<strong>os</strong>. El aburrimientocomo visión gris de lo que existe, es unaespecie de <strong>do</strong>lor del alma que causasinsabor y elimina las ganas de vivir. Quiense aburre está asusta<strong>do</strong> de enfrentarse a supropio vacío.Heidegger plantea tres mod<strong>os</strong> o formas delaburrimiento, el tercero, l´ennui profun<strong>do</strong>,como tonalidad fundamental del ser:“Este no es el que sobrevienecuan<strong>do</strong> sólo n<strong>os</strong> aburre este libro o aquelespectáculo, esta ocupación a aquel ocio.Brota cuan<strong>do</strong> "se está aburri<strong>do</strong>". Elaburrimiento profun<strong>do</strong> va rodan<strong>do</strong> por lassimas de la existencia como una silenci<strong>os</strong>aniebla y nivela a todas las c<strong>os</strong>as, a l<strong>os</strong>hombres, y a uno mismo en una extrañaindiferencia”. Su objeto se parece a lo<strong>des</strong>conoci<strong>do</strong>, estoy aburri<strong>do</strong>…tiene latonalidad de lo <strong>des</strong>conoci<strong>do</strong>.Podem<strong>os</strong> escuchar ahí algún eco dela angustia, algún parentesco entreaburrimiento y angustia. En amb<strong>os</strong> se tratade la relación con algo <strong>des</strong>conoci<strong>do</strong>, y laindeterminación también está presente enla angustia, con la consecuente dificultadpara discernir el ante algo de angustia, tantocomo para el objeto del aburrimiento,especialmente en esta versión delaburrimiento heideggeriana.En Freud se puede pesquisar alguna líneaque conecta nuestro tema con lo que seconsidera como su modelo energético.El aburrimiento aparecemenciona<strong>do</strong> en l<strong>os</strong> estudi<strong>os</strong> sobre histeria,como “sobrante” de cantidad o “suma deexcitación”, ni libre ni liga<strong>do</strong>, sobrante.Cabe recordar también la preguntaque se hace Freud, cuan<strong>do</strong> <strong>des</strong>plegan<strong>do</strong> sumetáfora de lo que imagina como el esta<strong>do</strong>originario del viviente, una vesícula viva,flotan<strong>do</strong> en un mun<strong>do</strong> plaga<strong>do</strong> deestímul<strong>os</strong>, mucho antes de cualquierdiferenciación entre un adentro y un afuera,una vesícula de sustancia estimulable.Freud se pregunta ¿qué es lo que lollevaría aban<strong>do</strong>nar ese esta<strong>do</strong> ameboide delque to<strong>do</strong> lo vivo partiría?Si bien hay un resto de energía olibi<strong>do</strong> que persiste inmutable en el interiorde la vesícula, la transferencia al exterior esuna forma de libramiento de la energía. Loexterior aparece así, como genuinoprovee<strong>do</strong>r de estímul<strong>os</strong>, y al la vez, comoel verdadero perturba<strong>do</strong>r de dicha vesícula.“Lo exterior” es lo que antes que“eso” quiera nada, quiere por él, es decir, el<strong>des</strong>eo del Otro, ya está ahí esperan<strong>do</strong>.Pascal en el S.17 afirmaba "nuestroinstinto n<strong>os</strong> hace sentir que debem<strong>os</strong>buscar la felicidad fuera de n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong>.Nuestras pasiones n<strong>os</strong> empujan hacia fuera,y lo harían aunque l<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> no sepresentasen para excitarlas. L<strong>os</strong> objet<strong>os</strong>exteriores n<strong>os</strong> tientan por sí mism<strong>os</strong> y n<strong>os</strong>llaman, aun cuan<strong>do</strong> no pensem<strong>os</strong> enell<strong>os</strong>…"Freud piensa que en el amor semuestra la capacidad de investir algodiverso al sí mismo propio, a la vez que unesta<strong>do</strong> de empobrecimiento libidinal, yaque casi toda la libi<strong>do</strong> está afectada por elesta<strong>do</strong> de enamoramiento. Con estoestaríam<strong>os</strong> rozan<strong>do</strong> el tema de la pasiónamor<strong>os</strong>a. De tod<strong>os</strong> mod<strong>os</strong>, como esfácilmente constatable, hay algo en esaaspiración al UNO del amor, en el que elaburrimiento también se hace presente enla pareja amor<strong>os</strong>a. Otro tema parainterrogar.En el aburrimiento, no se trataríajustamente de esta dimensión del <strong>des</strong>eo ysu articulación con la falta, bien alcontrario. Tod<strong>os</strong> l<strong>os</strong> intent<strong>os</strong> por cancelareste hiato entre lo espera<strong>do</strong> y lo obteni<strong>do</strong>,son un vano intento de volver a un esta<strong>do</strong>que en realidad nunca existió.Lacan define al aburrimiento, comoel afecto del <strong>des</strong>eo de Otra c<strong>os</strong>a, y juegacon l´ennui y lo unien en el anagrama queANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
112permite hacer la lengua francesa,concluyen<strong>do</strong> que el aburrimiento, tiene quever con algo de este Uno, como de larepetición uniana, que clínicamente aparececon ese carácter fatigante y aburri<strong>do</strong> que aveces irrumpe en el relato repeti<strong>do</strong> de algúnsujeto, bajo la forma de ¡ otra vez estoyhablan<strong>do</strong> de lo mismo!Sabem<strong>os</strong> también por el psicoanálisis, queto<strong>do</strong> objeto se recorta sobre un fon<strong>do</strong> defalta constitutiva,. que hem<strong>os</strong> si<strong>do</strong>expulsad<strong>os</strong> del paraíso! Eso no hacambia<strong>do</strong>!Lo que ha cambia<strong>do</strong> son l<strong>os</strong>paraís<strong>os</strong> que n<strong>os</strong> prometen. L<strong>os</strong> jóvenes sepresentan hastiad<strong>os</strong> de to<strong>do</strong>. En elaburrimiento podem<strong>os</strong> reconocer, no lafalta de la falta, sino la presenciainquietante, de la ausencia de límites, delanegamiento del to<strong>do</strong> es p<strong>os</strong>ible, atestad<strong>os</strong>de objet<strong>os</strong> que producen un aplastamient<strong>os</strong>ubjetivo, el abaratamiento de l<strong>os</strong> ideales,transformad<strong>os</strong> en gadgets al alcance de lamano y por ende, el aplastamiento propiodel aburrimiento en la impiad<strong>os</strong>a ymonótona continuidad del to<strong>do</strong> es p<strong>os</strong>ible.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
113ImmortalityLeonar<strong>do</strong> S. Rodríguezn his tale ‘The Immortal’, JorgeILuis Borges tells the adventuresof an explorer who after muchtrouble manages to reach the cityof the Immortals. The place is<strong>des</strong>erted and its disp<strong>os</strong>ition andbuildings m<strong>os</strong>t strange. They <strong>do</strong>not appear to serve any purp<strong>os</strong>e:win<strong>do</strong>ws that are too high; <strong>do</strong>ors that opento empty spaces or holes in the ground;corri<strong>do</strong>rs and staircases that lead nowhere;staircases constructed upside <strong>do</strong>wn;staircases with steps so irregular that it isvery hard to walk on them; constructionswith unintelligible shapes. The race ofimmortals that built the city now liveselsewhere, in caves or in the open. They aretroglodytes: they <strong>do</strong> no practice, as Borgesputs it, ‘the commerce of the word’. Theylive in a state of lethargic apathy, totallyindifferent to the world. The visitor noticesa troglodyte lying on the ground with abird’s nest on his chest built in immemorialtimes. Their bodies are lifeless; theirimmortality has guaranteed them complete,infinite satisfaction and all p<strong>os</strong>sible humanexperiences – and as a result, their <strong>des</strong>irehas died. Borges writes:[…] The republic of immortal menhad achieved the perfection of toleranceand alm<strong>os</strong>t of disdain. They knew thatwhen time is infinite everything happens toevery man. For his past or future virtues,every man has the right to every form ofkindness, but he is also open to every formof treason, for his crimes of the past andfuture. […] In such a world, all our acts arejust, but also indifferent. There is no moralor intellectual merit. Homer created TheOdyssey; if time is infinite, if circumstancesand changes are infinite, then theimp<strong>os</strong>sible thing is not to write TheOdyssey at least once. Nobody issomebody; a single immortal man is everyman. Like Cornelius Agrippa, I am god, Iam hero, I am a phil<strong>os</strong>opher, I am a demonand I am the world, which is a rathertedious way of saying that I am not.(Borges, p. 541)Immortality, the abolition of death,entails the death of <strong>des</strong>ire; but also,according to the poet, a form of radicalinsanity wh<strong>os</strong>e salient feature is a state ofcatatonic autism. Borges’ explorer looks ata palace in the city of the Immortals andthinks: This palace has been built by thegods. Then be reflects further and correctshimself: The gods that erected this palacehave died. And finally he conclu<strong>des</strong>: Thegods that constructed this palace were mad.With the death of <strong>des</strong>ire comes the deathof creativity. Borges writes:The foundation of their city was thelast symbol to which the Immortalsconsented; it signalled a stage when,concluding that all enterprise is futile, theydecided to live only in thought, in purespeculation. They erected the city, forgotabout it and went to live in caves.Permanently in a trance-like state, theybarely perceived the physical world.(Borges, p. 540)Death, which our subjection tolanguage makes it a necessary presence inour being, is the ultimate motor of <strong>des</strong>ire.Our finite condition makes us human,subjects of a restricted temporality, of acircumscribed, singular and necessarilymutilated history, always running out oftime, permanently l<strong>os</strong>ing opportunities.Freud thought that we fear castrationrather than death, and this is so preciselybecause our mortal condition makes ourlacks and l<strong>os</strong>ses truly irreversible within ourlimited allocated time.Freud did not see in our mortalcondition a handicap but rather a fertileincentive. It is our dreaded mortality thatANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
114promotes <strong>des</strong>ire and creativity. In his shortessay, ‘On Transience’, Freud writes:Not long ago I went on a summerwalk through a smiling countryside in thecompany of a taciturn friend and of ayoung but already famous poet. The poetadmired the beauty of the scene around usbut felt no joy in it. He was disturbed bythe thought that all this beauty was fated toextinction, that it would vanish whenwinter came, like all human beauty and allthe beauty and splen<strong>do</strong>ur that men havecreated or may create. All that he woul<strong>do</strong>therwise have loved and admired seemedto him to be shorn of its worth by thetransience which was its <strong>do</strong>om. […] I couldnot see my way to dispute the transience ofall things […]. But I did dispute thepessimistic poet’s view that the transienceof what is beautiful involves any l<strong>os</strong>s of itsworth. On the contrary, an increase!Transience value is scarcity value in time.(Freud 1916a, p. 305)Freud then goes on to say that whatis at stake is our human revolt againstmourning, against the detachment of libi<strong>do</strong>from objects that have been l<strong>os</strong>t, ‘evenwhen a substitute lies ready to hand’(14:306-7).To me this suggests that the act ofcreation <strong>do</strong>es not provide a replacementfor our l<strong>os</strong>ses (as some conceptions ofcreativity affirm). Creation is rather thegestation and birth of things that come toinhabit the world and which, like theircreators and the already existing things, are<strong>des</strong>tined to perish. Freud says in the sameessay:A flower that bl<strong>os</strong>soms only for asingle night <strong>do</strong>es not seem to us on thataccount less lovely. Nor can I understandany better why the beauty and perfection ofa work of art or of an intellectualachievement should l<strong>os</strong>e its worth becauseof its temporal limitation. A time mayindeed come when the pictures and statueswhich we admire today will crumble todust, or a race of men may follow us whono longer understand the works of ourpoets and thinkers, or a geological epochmay even arrive when all animate life uponthe earth ceases; but since the value of allthis beauty and perfection is determine<strong>do</strong>nly by its significance for our ownemotional lives, it has no need to survive usand is therefore independent of absoluteduration. (14:306)Our capacity to sustain our <strong>des</strong>ireand creativity is correlative of our capacityto mourn past, present and future l<strong>os</strong>ses.Lacan’s concept of the object a, the objectcause of <strong>des</strong>ire, owes its originality preciselyto its definition as a circumscribed lackwh<strong>os</strong>e p<strong>os</strong>itive, structuring effects depen<strong>do</strong>n its being assumed by the subject as al<strong>os</strong>s, with the psychical work of mourningthat this assumption requires.The discontents of our civilizationhave affected human creativity in apervasive way. This is not to say thatcreativity has declined – on the contrary.But creativity completes a full circle:propelled by human mortality, it populatesthe human world with its creations andcreatures; and because nothing guaranteesthat it be put to the service of the living, itintroduces what Lacan called the lethalfactor, the mortifying effect of the signifier.In our times, two cases are salient.In the first place, we are allwitnesses to what Giorgio Agamben hascalled the <strong>des</strong>truction of experience. Theuncontrolled and uncontrollable progressof the technological applications of modernscience has resulted in the massiveemergence of experiences that we undergopassively and which are <strong>des</strong>tined to be<strong>des</strong>troyed at the very moment of theirinception; experiences that are not worthregistering, because they involve thesenseless satisfactions provided by theprevalent compulsive consumption ofgoods and gadgets, or because they areexperiences that we actively forecl<strong>os</strong>e, asthey are nothing but a complete waste oftime that, subjects always running out ofANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
115time that we are, we cannot really afford;experiences that <strong>do</strong> not get recorded in ourpersonal or collective histories. (Agamben)Secondly, recent developments inthe biological sciences and biotechnologyhave promoted serious projects that aim atprolonging human life indefinitely – this,through the implantation and replacementof organs that contemporary technologicalcreations are making p<strong>os</strong>sible. Thesedevelopments have led some authors t<strong>os</strong>peak of a ‘p<strong>os</strong>t-human’ era, which in facthas already started: an era that offers adistinct p<strong>os</strong>sibility for the materialrealization of a very extended, if notimmortal, life, and the selective promotionof traits that would make of humans analtogether new species, where <strong>des</strong>ire as weknow it would be out of place. We canimagine the rest: or rather, read it in th<strong>os</strong>epages that Jorge Luis Borges wrote asfiction. Yet our reduction to beingtroglodytes unable to engage in thecommerce of the word, is already a firmp<strong>os</strong>sibility in a culture that promotes silent,inert, uncritical consumption anddiscourages all forms of creative discourse.In his work, Humain p<strong>os</strong>t-humain[Human p<strong>os</strong>thuman] (PUF 2003),Dominique Lecourt discusses the forecastsand prophecies that artificial intelligenceand other scientific disciplines haveproduced concerning this p<strong>os</strong>thuman era.Lecourt argues that there are two groups ofthinkers who have formulated thesepredictions.The thinkers of the first group,which Lecourt calls technoprophets,envisage the creation of robots that will notonly have the intellectual capacity of thehuman brain but will also add new abilitiesin a prodigious scale. Lecourt says that‘they announce the advent of mindswithout constraints, liberated from bodies,free from passions and with access toimmortality.’ (Lecourt 2003, p. 35)The second conception ofp<strong>os</strong>thumanity, prop<strong>os</strong>ed by the authorsthat Lecourt calls biocatastrophists, bestrepresented by the works of FrancisFukuyama (Our P<strong>os</strong>thuman Future), isconcerned with the ethical, social andpolitical effects of the advances inbiological sciences and technologies. Theypredict:The process of procreation will bemastered. The sex of the infant who arrivesin this world will not be aleatoric again.Inherited diseases will never be fatal. Theprocess of aging will be retarded, and deathitself will be p<strong>os</strong>tponed indefinitely.Neither haphazard nor <strong>des</strong>tiny: in applyinghis genius to that living being that he isamong other living beings, the humanbeing will change the conditions of his ownlife; he will trespass the limits of whatconstitutes the essence of its finitude.(Lecourt 2003, p. 36)The selection of the genotypebefore conception, which would makep<strong>os</strong>sible the exclusion of un<strong>des</strong>irable traits,would affect the social structure itself.Another author, Hans Jonas, predicts thatDifferent social groups will try toimprove their <strong>des</strong>cendants; certainly therich, but also religious sects, and someethnic groups. […] The risk of this wouldbe […] the emergence of new forms ofdiscrimination. (Lecourt 2003, p. 36)These are only projections onto thefuture of what are already daily exercises inmegalomaniac jouissance. This is just oneof the symptoms of the discontents, ormalaise, of our culture.In his seminar on the ethics ofpsychoanalysis, Lacan stressed the need toconsider the relationship of the subject of<strong>des</strong>ire to his death as an integral part ofanalysis. He said then:The function of <strong>des</strong>ire must remainin a fundamental relationship to death. Thequestion I ask is this: shouldn’t the truetermination of an analysis – and by that Imean the kind that prepares you to becomeANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
116an analyst – in the end confront the onewho undergoes it with the reality of thehuman condition? It is precisely this, that inconnection with anguish, Freud <strong>des</strong>ignatedas the level at which its signal is produced,namely, Hilfl<strong>os</strong>igkeit or helplessness, thestate in which man is in that relationship tohimself which is his own death […] andcan expect help from no one. (Lacan 1992,pp. 303-4)As one of the few discourses stillviable to us (as Lacan put it thirty-five yearsago), psychoanalysis is therefore engaged inthe acknowledgement of the human mortalcondition in a way that is not anymore theterritory of ontology and theology, but thatof the defence of our time, our time asfinite subjects in this still human era,precarious as our humanity may be.REFERENCES:AGAMBEN, G. (1993) Infancy and History: Onthe Destruction of Experience, Lon<strong>do</strong>n: Verso.BORGES, J.L. (1980) Obras Completas. Buen<strong>os</strong>Aires: Emecé.FREUD, S. (1916a) ‘On Transience’. StandardEdition 14: 303.LACAN, J. (1992) The Seminar, Book VII, TheEthics of Psychoanalysis, 1959-1960. New York:Norton.LECOURT, D. (2003) ‘Tecnoprophètes etbiocatastrophists’. Magazine littéraire 422: 34-7.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
Temps logique et temps arrêté, incidences cliniques117Jean-Jacques Goroge temps logique est celui duLsignifiant dans sa dynamiquepropre, interprétable avecefficacité parce qu’il impliqueune conclusion p<strong>os</strong>sible.Mais il arrive que le tempss’arrête. Il manifeste alors saprésence. Comme le corpsquand il est malade. Cet arrêt peut releverde structures cliniques variées et supp<strong>os</strong>e<strong>des</strong> réponses adaptées. En réalité il imp<strong>os</strong>ede situer à sa place l’objet a lacanienLorsqu’on tente de faire laprésentation d’un exp<strong>os</strong>é, longtemps àl’avance, il se glisse une ambition, légitimesans <strong>do</strong>ute mais fort difficile à satisfairelorsqu’on se trouve au pied du mur.Qu’importe, c’est une façon certes risquéemais souvent efficace de se forcer à agir, àpenser, et comme toujours avec un tempsqui se compte à partir de sa limite, cesjournées.Lacan met l’accent, j’ai tenté de lefaire déjà dans un texte qui a été fourni enpréambule à ces journées, sur lefranchissement opéré dans ce qu’il appellemoment de conclure, et qu’il théoriseraavec l’acte, dans le séminaire du mêmenom.Mon prop<strong>os</strong> est ici de revenir surles franchissements imp<strong>os</strong>sibles que pourl’occasion je traiterai en termes de temps, letemps arrêté.Dans son ouvrage, Le Temps de lapensée, Patrice Loraux considère que c’estun problème général de la phil<strong>os</strong>ophie :« Bref au seuil de l’épreuve de réalité, lapensée, prise d’une fatale inspiration,s’octroie un temps d’arrêt où elle jugedevoir faire le point, en ce lieu critique oùelle assume le risque de rester à jamaisl’ombre d’une opération. » 67On reconnaitra dans cettethématique, et d’ailleurs citée dans ce texte,la procrastination bien connue del’obsessionnel : pas étonnant puisqu’il faitsymptôme de sa pensée. Cela dit celui-cipeut espérer de la psychanalyse qu’elleparvienne à en réduire les effets.Mais il n’y aura pas lieu d’êtresurpris non plus qu’il évoque souvent dansun autre registre Wittgenstein, et critique« présupp<strong>os</strong>ition et tautologie » commeétant les deux formes de ce qui arrête lapensée, cette pensée qui « ignore le tempsbousculé, le temps qui manque detemps » 68 . Il ironise même : « Se mouvoirdans la présupp<strong>os</strong>ition et la tautologie passepour l’indice qu’on pense ».La phrase « Qu’on dise resteoublié… » que vous connaissez impliquel’oubli de ce que Lacan appelle ici, dansl’Etourdit, le dire par opp<strong>os</strong>ition aux dits,notamment de l’inconscient. Autrement ditl’analyste peut bien relever les dits del’inconscient de son analysant, il ne peut enrestituer le dire, soit le temps où ça s’est dit.Pour une part ceci recouvre le fait qu’il n’ya pas de point de vue extérieur quipermette d’observer le langage, qu’il n’y apas de métalangage.Mon hypothèse est que dans lapsych<strong>os</strong>e ce dire là, tout se passe comme siil n’était pas oublié. On le vérifie avecl’hallucination <strong>do</strong>nt la perception s’éternise,et qui justement ne passe pas au dit. C’estd’ailleurs pourquoi il n’y a pas de distanceentre la voix et le dit, je veux dire parexemple que ce que dit la voix estindiscutable. On sait que par l’opération67 O.c., p.24.68 O.c., p.335.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
118analytique, c’est à ne pas mettre en <strong>do</strong>utel’existence même de la voix qu’on obtientque puisse venir au débat ce que dit la voix,que quelque ch<strong>os</strong>e <strong>do</strong>nc se détache entre lavoix et ce qu’elle dit, et témoigne qu’il yavait quelque ch<strong>os</strong>e dans lequel le dit étaitresté englué, c.à.d. que précisément le diren’avait pas pu être oublié et continuait deparasiter le dit. Comme on voit ce dire nonoublié n’est pas véritablement un gain,plutôt un embarras, et qui est, malgré ou àcause de cela, le modèle de l’objet a. 69Il me semble que décrire la ch<strong>os</strong>ede cette façon, un dire qui dans certains casne s’efface pas, présente quelque avantagesi l’on se souvient de l’importance de lapsych<strong>os</strong>e dans l’ensemble <strong>des</strong>développements de Lacan 70 . D’autant plusdans cet Etourdit qui commence avec unrappel de l’adresse de cet Ecrit, lecinquantenaire de l’hôpital Henri Rousselle,service dans lequel il faisait sa présentation.Et il insiste encore sur cette présentation ensa toute fin :« …je salue Henri-Rousselle <strong>do</strong>nt à prendre icioccasion, je n’oublie pas qu’il m’offre lieu à, ce jeu du dit audire, en faire démonstration clinique. Où mieux ai-je faitsentir qu’à l’imp<strong>os</strong>sible à dire se mesure le réel – dans lapratique ? » 71Mais expliquons-nous d’abord surce point : le dire oublié, c’est à proprementparler ce qui constitue le refoulement et passeulement le refoulement originairepuisqu’il se produit chaque fois qu’onprend la parole. Qu’il s’agisse dans l’analysede retrouver le refoulé est une sorted’évidence, mais ce que Lacan évoque estau-delà de ça puisqu’il s’agit d’un théorème<strong>do</strong>nt il fournira la démonstration au cours69 Que penser de ce prop<strong>os</strong> de Wittgenstein, cité par Loraux, p.327 :« Souvenez-vous : la plupart <strong>des</strong> gens disent qu’on ne sent rien sous anesthésie.Cependant il y en a qui disent : il se pourrait bien que l’on sente quelque ch<strong>os</strong>e,mais qu’on oublie complètement qu’on l’a senti… »70 « …mon discours n’est pas stérile, il engendre l’antinomie, et même mieux : ilse démontre pouvoir se soutenir même de la psych<strong>os</strong>e. »du texte, théorème qui est vrai dans tous lescas pour le sujet parlant puisqu’il s’agitd’une propriété du langage. La perte <strong>do</strong>nt ils’agit, du dire, comment la récupérer, outout au moins comment permettre au sujetde s’en approcher, ou de faire valoir cetteperte nécessaire ? On en mesurera lavalidité avec Lacan à l’aune du sujetpsychotique qui y parvient certes mais c’està ses dépens.C’est à cet endroit qu’intervient letemps logique, que Lacan ne cesse derevisiter. La hâte manifeste la présence del’objet et l’équivoque l’instrument dupsychanalyste.Je prendrai pour illustrer le point cefilm de Woody Allen bien connu et qui à lerevoir n’a pas pris une ride : Annie Hall. Ily est question de rapport sexuel imp<strong>os</strong>sible,d’homme et de femme, et de psychanalysepour tenter d’y faire face.Mais d’abord ceci qui nous apprendquelque ch<strong>os</strong>e sur le temps et soninterprétation : celle <strong>des</strong> séances manquéesmais dues, motif, drôle parce que sérieux,pour ne pas se suicider puisqu’il devraitpayer les séances manquées. On voitl’articulation du désir et de la mort queLacan avait souvent repris avec le « il étaitmort et ne le savait pas ».L’autre motif n’inclut pasdirectement le temps mais il s’en déduitaisément. C’est le mot de Groucho Marx :« Comment supporterais-je d’être acceptécomme membre d’un club qui m’admettraitcomme membre ? » Le club serait <strong>do</strong>ncautomatiquement dévalué. L’effet estsensible à <strong>des</strong> degrés divers mais rarementabsent dès qu’on obtient quelquenomination que ce soit. Il vaut bien sûrdans notre Ecole. Poussée dans sa logique,on obtient le type d’exclusion qui est celuique Lacan fait valoir au titre du manque,dans le style de Russel : l’ensemble <strong>des</strong>71 A.E., p.495.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
119ensembles qui ne se contiennent pas euxmêmesse contient-il lui-même ? 72Mais Woody Allen d’abord imagineque la citation provient de Freud et mêmedu « Mot d’esprit… », ce qui accentue ladimension de la logique du Lustgewinn, dugain de plaisir et ensuite il se prop<strong>os</strong>e de lamettre en œuvre pour son office, soit cequi expliquerait, une fois réduit le club audeux du couple, ce pourquoi il ne parvientpas à rester avec une femme et plusprécisément Annie Hall.Quoiqu’il en soit ceci me permetd’insister sur ce franchissement dans letemps de la p<strong>os</strong>ition du sujet qui s’entrouve transformée, dans un éclair. Je vousrappelle les éléments du film que nousadmettrons comme vrai puisqu’ils opèrentainsi dans la fiction mais parce qu’ils sontsusceptibles de nous montrer la réalité dece que nous rencontrons dans l’expérienceanalytique.Donc après la rencontre amoureusequi respecte les normes du genre avec unWoody Allen embarrassé mais sommetoute très efficace dans sa conquête etsurtout parfaitement normal, maniant lemot d’esprit sans tomber dans uneclownerie souvent présente dans d’autresfilms. Sans <strong>do</strong>ute il peine quelque peu às’engager et le manifeste bruyammentlorsqu’elle décide de renoncer à sonappartement ; il n’a pas gain de cause etcède mais ce franchissement produit sanséclairage sur le dire qui devraitl’accompagner ne saurait être sansconséquence dans ses suites.Le symptôme surgit peu après chezelle, de ne pas pouvoir jouir sans l’appointdu haschich. Mais ici la « bonne santémentale » de Lom exige une jouissance nonpartagée avec l’herbe. C’est pourquoi elle72Cf. A.E., p.493 : « Irai-je à parler de la « pulsion génitale » comme du catalogue<strong>des</strong> pulsions pré-génitales en tant qu’elles ne se contiennent pas ellesmêmes,mais qu’elles ont leur cause ailleurs, soit dans cet Autre à quoi la« génitalité » n’a accès qu’à ce qu’il prenne « barre » sur elle de la division quis’effectue de son passage au signifiant majeur, le phallus ? »<strong>do</strong>it se soumettre à cette extraordinaireinvention qu’est la psychanalyse à laquellelui s’est soumis non sans enthousiasmedepuis quinze ans mais comme il le dit sansque ça n’ait apparemment rien changé. Ledire oublié est joué ici par la p<strong>os</strong>ition quiest la sienne à lui, ce qui reste escamoté,son imp<strong>os</strong>sible à lui, là où la mort estconjointe au désir. Ça ne se voit pas parceque, quoi de plus normal que d’exiger unejouissance sans partage avec la drogue ?Ensuite vient la première séance,scène qui mériterait quelques commentairesmais que n<strong>os</strong> laisserons de côté pour nousintéresser à ce qui fait le cœur du film, cettecourte séquence où l’on voit les deuxchacun sur un divan, dire sa vérité sansd’ailleurs qu’il n’y ait d’écart entre les faits,seulement une p<strong>os</strong>ition propre à chacun.On se souvient que les « rapports sexuels »sont avoués au nombre de 3 par semainechiffre pour lui nettement insuffisant etpour elle bien excessif. Puis vient l’aporienon résolue qui m’arrête ici : elle ne peutpas lui refuser ce qu’il demande ni le quitterparce que c’est lui qui paye les séances et luide son côté considère qu’elle progresseavec l’analyse mais contre lui, en somme ilse fait avoir. Moyennant quoi elle parvient àle lâcher puisque comme elle dit elles’affirme et sait ce qu’elle veut, mais ellearrête du même coup son analyse. Lapsychanalyste n’avait rien dit, et a <strong>do</strong>nc étéjetée comme le bébé avec l’eau du bain,sans que rien n’ait été acquis sauf unefausse assurance moïque, la suite montrantune Annie Hall errante d’homme enhomme. Manquait <strong>do</strong>nc l’interprétation quiaurait traité l’impasse logique de telle sorteque le dire ne fût pas complètement oublié,situé à sa place. L’aporie, le piège est aussitrompeur que le para<strong>do</strong>xe du menteur dansle sens que la solution existe à condition <strong>des</strong>aisir cet écart entre l’énonciation etl’énoncé, le sujet de l’énoncé ayant étémodifié depuis et à cause de l’énonciation.La différence que Lacan introduit entrecette version du problème, disons entreANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
120l’époque de « La Ch<strong>os</strong>e freudienne » et cellede « L’Etourdit » consiste dans cetteapproche du réel, de cet oubli en tant que« structural ».Mais de même que l’ensemble del’article insiste sur ceci qu’il n’y a pas demétalangage, il ne cesse de nous fairemiroiter tout ce qui pourrait y ressembler,tout ce qui pourrait situer le sujet commeeffet de son dire. L’interprétation, si elleprétend changer quelque ch<strong>os</strong>e, ne le peutqu’à ce niveau. Celle qui eut été adéquateest <strong>do</strong>nc, Lacan nous l’apprend,l’équivoque, à ceci près qu’on la réduit tropsouvent à l’homophonie, aux jeux de mots,<strong>do</strong>nt Lacan use amplement dans cet écritmais précise qu’ils se jouent de nous :« ce sont eux qui nous jouent. Sauf à ce que les poètesen fassent calcul et que le psychanalyste s’en serve là oùil convient. »N’oublions <strong>do</strong>nc pas la grammairequi vient ensuite plus propice à nous fairesaisir comment situer le temps du sujet etde son dire. Je crois que nous pourrionsretenir pour notre gouverne la critique queLacan adresse aux psychanalystes qui sesont mépris sur le prétenduen<strong>do</strong>ctrinement de Freud s’adressant à sespatients 73 :Et c’est en troisième lieu la logique<strong>do</strong>nt ce n’est pas un hasard qu’on yretrouve plus directement la question dutemps – logique depuis 1945 – opérateurcette fois du moment où le sujet basculevers « Autre ch<strong>os</strong>e » grâce à ce mouvementdu dit au dire.J’y vois une sorte d’avertissement 75et un rappel : le jeu de mots auquel onidentifie un peu vite Lacan en en faisantune exclusivité – il ironise lui-même sur lemot valise – n’est pas le tout del’interprétation, s’il n’est pas resitué dans lecontexte grammatical où se place le sujet nidans celui logique qui supp<strong>os</strong>e unetemporalité et une chute, une fin fût-elleprovisoire. Dans le cas de Annie Hall lafiction nous autorise à imaginer uneréponse au piège. Attraper la conscience del’Autre, de l’homme, qui dans son soucid’oblativité veut tout pour elle… sauf cequ’elle désire.« Freud fait aux sujets « répéter leur leçon », dans leurgrammaire.À ceci près qu’il nous répète que, du dit de chacun d’eux,nous devons être prêts à réviser les « parties du discours »que nous avons cru pouvoir retenir <strong>des</strong> précédents.» 74C’est cette grammaire qui conduitLacan à sa définition de l’interprétation quinous sert de viatique : « je ne te le fais pasdire », équivoque certes mais dans un autreregistre que celui de l’homophonie, qui lacomplète de là où le sujet vient à s’inscrire.73 L’exemple le plus net est le cas de l’Homme aux rats, cité en effetpar Lacan (A.E.p.491).74 A.E., p.492.75 L’avertissement n’exclut pas Lacan lui-même dans cette discrète notation,complétant le reproche fait à Freud de l’obscurantisme de ses élèves d’un :« Certes pas moi qui ai aussi, à cet endroit (de mon envers), quelquesresponsabilités. »(A.E., p.494) Il fait allusion ici une fois de plus à ce momentcrucial qu’a été le colloque de Bonneval, lui révélant comment l’erreur gr<strong>os</strong>sièrede ses élèves est aussi de sa responsabilité et demandait une révision del’ensemble de sa <strong>des</strong>cription de l’inconscient effectuée les années suivantes.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
121Um tempo de espera para o obsessivo: “Estáprova<strong>do</strong>: quem espera nunca alcança”Andréa Brunettoo mun<strong>do</strong> moderno,Ncapitalista, que tempressa e que o tempo édinheiro – algo a servaloriza<strong>do</strong>, uminvestimento – esperar éuma vergonha. Vergonhaque recai sobre aqueleque espera. Zygmunt Bauman, em “Vidas<strong>des</strong>perdiçadas” escreve: “correr atrás dascoisas e capturá-las em pleno vôo, aindafrescas e cheir<strong>os</strong>as – isso é in. Adiar,escolher o que já está lá, é out.É esse ritmo vertigin<strong>os</strong>o, em quetempo é dinheiro, que faz com que a cadadia a avidez d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> – que é humana,demasiada humana, já que nenhum objetopode tamponar a falta – seja diuturnamentereavivada por nov<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> que prometemo imp<strong>os</strong>sível.Então, esse trabalho une o tema<strong>do</strong> tempo com um pequeno extrato clinicoem que m<strong>os</strong>tra a entrada em análise de um<strong>sujeito</strong> obsessivo que “não pode esperar”.Por isso esse trabalho tem estetítulo: frase da música de Chico Buarque deHolanda: “Está prova<strong>do</strong>, quem esperanunca alcança. Faça como eu digo, façacomo eu faço: aja duas vezes antes depensar”.O obsessivo fica meio perdi<strong>do</strong>nesse tempo atual em que tu<strong>do</strong> é rápi<strong>do</strong>. Afaçanha é ser rápi<strong>do</strong>, como na música deChico, não adiar, não procrastinar. E eletem necessidade de um grande tempo decompreender.Lacan alega que é necessárioentender o Eu d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> histéric<strong>os</strong> eobsessiv<strong>os</strong> para saber através de quem e aquem ele formula sua pergunta e, assim,reconhecer seu <strong>des</strong>ejo. Afirma que oobsessivo “arrasta para a jaula de seunarcisismo <strong>os</strong> objet<strong>os</strong> em que sua questã<strong>os</strong>e propaga, no álibi multiplica<strong>do</strong> deimagens mortais e, <strong>do</strong>man<strong>do</strong>-lhes asacrobacias, dirige sua ambígua homenagemao camarote em que ele mesmo se instala, o<strong>do</strong> mestre/senhor que não se pode ver”. Econtinua, afirman<strong>do</strong> que nesse especta<strong>do</strong>rinvisível <strong>do</strong> palco está a figura da morte.A relação entre a preocupaçãocom seu <strong>des</strong>empenho e a morte já estavaapontada por Freud <strong>des</strong>de o Homem d<strong>os</strong>Rat<strong>os</strong>, sustenta Quinet em Zwang und Trieb“quan<strong>do</strong> se exibia tarde da noite, aoespectro paterno, quan<strong>do</strong> se preparava parauma prova e abria a porta para seu faleci<strong>do</strong>pai e, logo em seguida, contemplava seupênis em espelho”.Toman<strong>do</strong> um recorte da minhaclínica, esse <strong>sujeito</strong> obsessivo é umprofissional eficiente e bem sucedi<strong>do</strong> quesabe fazer a ‘boa hora’. É uma análise quese inicia (tem men<strong>os</strong> de um ano) e <strong>des</strong>de aprimeira sessão, ele reclama por eu nãorespeitar exatamente <strong>os</strong> horári<strong>os</strong> marcad<strong>os</strong>e ele fica ten<strong>do</strong> que esperar, esperar. Fazsempre a apologia de que g<strong>os</strong>ta de tu<strong>do</strong>certo, n<strong>os</strong> dias e horári<strong>os</strong> cert<strong>os</strong>.Além da meticul<strong>os</strong>idade própria<strong>do</strong> obsessivo, não poder esperar é um d<strong>os</strong>lemas <strong>do</strong> capitalismo. Consuma e gozeagora! E “o <strong>inconsciente</strong> não éanticapitalista, pelo contrário, ele trabalhaincessantemente para produzir gozo”(Soler, A confusão d<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong>).Um dia é ele que tem de sair darotina e mudar o horário de sua sessão echegar depois das 20hs. Espera fora <strong>do</strong>consultório alguns minut<strong>os</strong>, sem saber seeu estava atenden<strong>do</strong> (a secretária já tinhai<strong>do</strong> embora). Então, abro a porta, umANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
122paciente sai e ele entra. Ao final da sessão,já em pé, me diz que achou que eu tinhaesqueci<strong>do</strong> ele lá fora. Digo que de formaalguma esqueci dele, o que esqueci foi deavisá-lo que nesse horário a secretária játeria i<strong>do</strong> embora e ele talvez tivesse queesperar alguns minut<strong>os</strong>.É isso que constitui sua entradaem análise, enlaçan<strong>do</strong> o sintoma, a fantasiae a intervenção da analista. Na sessã<strong>os</strong>eguinte, vem a lembrança infantil: quan<strong>do</strong>criança, a mãe sofreu um acidente, ele erapequeno e não pode entrar no h<strong>os</strong>pital.Ficou esperan<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora, torcen<strong>do</strong>para a mãe não morrer. Demorou muito eachou que a mãe tivesse esqueci<strong>do</strong> dele oumorri<strong>do</strong>. Não relaciona de forma nenhumaa história com a espera <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora <strong>do</strong>consultório.Em “O seminário, livro 5: asformações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>”, Lacan afirmaque é preciso que para o obsessivo hajaalguém que registre e testemunhe suasproezas. “Não se pratica uma proezasozinho”, alega Lacan. O Outro é diante dequem tu<strong>do</strong> isso se passa, o lugar onde seregistra a façanha. Novamente afirma umlugar de testemunha invisível para o Outro.E como especta<strong>do</strong>r, a morte.Façanha, acrobacia, proeza sãopalavras que Lacan usa para dizer <strong>des</strong>seespetáculo que o obsessivo trava com amorte. Como dizia outro obsessivo queaten<strong>do</strong>: quan<strong>do</strong> sinto que a morte meronda, penso em Epicuro ‘se eu estou aqui,a morte não está; se ela está é porque jáfui’.Com suas façanhas apresentauma heroicidade cada vez mais inútil –estou usan<strong>do</strong> uma frase de CarmemGallano para <strong>des</strong>ignar a solidão paranóica,mas creio que cabe aqui – em um mun<strong>do</strong>em que não há mais ordem que a <strong>do</strong>merca<strong>do</strong> capitalista, o da produçãoextensiva da falta-a-gozar.Esse tempo de compreender tãolongo, que a clínica evidencia, pode serentendi<strong>do</strong> como parte <strong>do</strong> espetáculomortífero, visan<strong>do</strong> a manutenção <strong>do</strong>Outro. Assim, o obsessivo se envolve comseus pensament<strong>os</strong> e adia o ato. E com issoo momento de concluir fica distante,unin<strong>do</strong>-se o infinito <strong>do</strong> tempo com oimp<strong>os</strong>sível em <strong>des</strong>ejar. Procastinar,fingin<strong>do</strong>-se de morto para enganar a morte,é sua forma de manter o Outro sem falta.O ‘bom conselho’ da música de ChicoBuarque é um convite ao ato.A proeza de meu paciente em‘fazer a boa hora’ em seu trabalho é paranegociar com a morte. É por isso que elesabe fazer a “boa hora”.Com a interpretação ‘não esquecide você’ a analista é enlaçada no sintoma<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e, para além de seu lugar deOutro, passa a ser objeto a. No Seminário11, Lacan diz que a presença <strong>do</strong> analista éela própria uma manifestação <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>. E que o <strong>inconsciente</strong> está <strong>do</strong>la<strong>do</strong> de fora, porém pela boca <strong>do</strong> analistaesta porta pode ser aberta.O que tem aconteci<strong>do</strong>recentemente é que ele tem chega<strong>do</strong> bemantes de seu horário e fica esperan<strong>do</strong> nasala de espera. E não diz que chegou antes,não fala sobre isso durante a sessão. Estaespera por vezes de cerca de uma hora nãoo incomoda.No argumento <strong>des</strong>te trabalhocoloquei uma questão: qual o efeito <strong>des</strong>saanálise sobre esse sintoma da espera? Entrea escrita <strong>do</strong> argumento e esta, agora, eledeixou de seu trabalho. Está investin<strong>do</strong> emoutro que envolve a recente e fam<strong>os</strong>aindústria da estética.Isto significa uma mudança? Seutempo de compreender é rápi<strong>do</strong>? Acabei deafirmar que o obsessivo prolonga o tempo,não concluin<strong>do</strong>. Minha resp<strong>os</strong>ta é não. Elecontinua o ‘bom proletário’ que entende asnecessida<strong>des</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e busca o bom<strong>des</strong>empenho. Essa é sua nova versão de‘fazer a boa hora’ com sua verdadeiraproeza que é a manutenção <strong>do</strong> Outro.Alega que agora está na profissão <strong>do</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
123futuro, que atrasa a velhice: agora não émais um tempo para velh<strong>os</strong>.Ele continua na repetição, <strong>do</strong>la<strong>do</strong> de fora <strong>do</strong> h<strong>os</strong>pital à espera de serchama<strong>do</strong>, à espera da morte <strong>do</strong> outro ou dadele, o que dá no mesmo. E esta espera damorte é uma p<strong>os</strong>sibilidade certeira,insuperável e indeterminada <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,como afirma Lacan citan<strong>do</strong> Heidegger em“Função e campo...”.Retoman<strong>do</strong> a música de ChicoBuarque, ele ainda diz “Corro atrás <strong>do</strong>tempo. Vim de não sei onde. Devagar éque não se vai longe”. Assim, Chico inverteo ‘quem espera sempre alcança’ para ‘quemespera nunca alcança’. Mas o analistaespera, porque se não espera é o pior,espera nas avenidas da fala para abrir op<strong>os</strong>tigo.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBAUMAN, Zygmunt. Vidas <strong>des</strong>perdiçadas. Rio deJaneiro: Jorge Zahar Editor, 2005FREUD, Sigmund. Notas sobre um caso deneur<strong>os</strong>e obsessiva (1909). In: ESB. RJ: ImagoEditora, 1976.GALLANO, Carmem. “Não sou paranóico”, in: Osintoma-charlatão. RJ: JZEditor,GAZZOLA, Luiz Renato. Estratégias na neur<strong>os</strong>eobsessiva. RJ: JZEditor, 2002.LACAN, Jacques. “Função e campo da fala e dalinguagem em psicanálise”. In: Escrit<strong>os</strong>. Rio deJaneiro: Jorge Zahar Editor, 1998.LACAN, Jaques. O seminário, livro 5: as formações<strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1998.LACAN, Jaques. O seminário, livro 11: <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong>fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 1998.QUINET, Antonio. Zwang und Trieb, in: Destin<strong>os</strong>da pulsão. RJ: Contracapa, 1997.SALINAS-ROSÉS, Joan. Psicanálise. Psicoterapia.Desejo <strong>do</strong> analista? In: Stylus 16. Revista daAssociação d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano-Brasil.No prelo.SOLER, Colette. A Confusão d<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong>, in: Otempo da psicanálise. Heteridade 3, 2004.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
O tempo na histeria e o fora <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> não-to<strong>do</strong>124Elisabeth da Rocha Mirandae o <strong>inconsciente</strong> freudiano éSatemporal, (FREUD, S.1915p.184), a vida é marcada poruma temporalidade debitaria <strong>do</strong>encontro traumático. Existeentão um <strong>inconsciente</strong> que estáaí, ele o é alheio ao tempo, masele também é suscetível depresentificar-se por meio das ações quedetermina no <strong>sujeito</strong>. Mas, para que esteprocesso ocorra é necessária a função dametáfora paterna, barran<strong>do</strong> o <strong>des</strong>lizamentoinfinito da ação, situan<strong>do</strong> o <strong>sujeito</strong> em umdiscurso. “Não há realidade pré-discursiva,diz Lacan, cada realidade se funda e sedefine por um discurso” (LACAN, J.1972p.45), dan<strong>do</strong> ao <strong>sujeito</strong> uma p<strong>os</strong>içã<strong>os</strong>exuada. Para exercê-la o <strong>sujeito</strong> precisaocupar um lugar que lhe é da<strong>do</strong> pelafantasia, forma como cada um recupera seugozo e sustenta seu <strong>des</strong>ejo. É o <strong>des</strong>ejo quefixa o tempo como sempre o mesmo, masatualiza<strong>do</strong> na viagem da vida, assim“presente, passa<strong>do</strong> e futuro são como ascontas de um colar unidas pelo fio <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo” (FREUD, S.1907-8 p.130).A fantasia rege as relações d<strong>os</strong>ujeito com o tempo, o que implica umaacentuação <strong>do</strong> fading subjetivo: sempremuito tarde ou muito ce<strong>do</strong> para o encontrocom o objeto. O <strong>inconsciente</strong> não conheceo tempo, mas a libi<strong>do</strong> o conhece; existeuma temporalidade de Er<strong>os</strong> tanto no nível<strong>do</strong> amor quanto no <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo e <strong>do</strong> gozo. Épor isso que dizem<strong>os</strong> que o <strong>sujeito</strong> entra notempo na medida em que a partir de suacastração faz a escolha na partilha d<strong>os</strong>sex<strong>os</strong>. Entre o nascimento e a morte otempo é conta<strong>do</strong> e marca<strong>do</strong> pela p<strong>os</strong>içã<strong>os</strong>exuada. A escolha exige um ato deassunção subjetiva <strong>do</strong> sexo, tarefa que faz oneurótico vacilar e especialmente ohistérico que se caracteriza justo por estarsempre um pouco indeciso, manten<strong>do</strong> aquestão clássica; sou homem ou soumulher? Esta vacilação torna a histeriaexemplar na demonstração de que afantasia <strong>inconsciente</strong> determinante darealidade psíquica é infantil e sempreatualizada.A mulher é não-toda fálica o quenão significa que ela o seja de to<strong>do</strong>, emparte o é, em parte não o é. Freud pensainicialmente que o <strong>des</strong>menti<strong>do</strong> da falta nocorpo da mulher seria indício de umpsic<strong>os</strong>e feminina (FREUD S.1925 p.271-272) para logo em seguida <strong>des</strong>cartar essahipótese, no entanto o conceito de<strong>des</strong>menti<strong>do</strong> da falta é a raiz da loucurafeminina.Tem<strong>os</strong> aí a p<strong>os</strong>sibilidade de um<strong>sujeito</strong> na p<strong>os</strong>ição feminina situar-se nafalta <strong>do</strong> Outro no lugar de e cair no fora<strong>do</strong> simbólico, <strong>do</strong> discurso, <strong>do</strong> sexo, <strong>do</strong>tempo, lugar em que Lacan situa o que namulher fica fora <strong>do</strong> fálico, o não-todafálica. A histérica banca o homem natentativa de se colocar toda na norma fálicacomo evitação da experiência <strong>do</strong> não-to<strong>do</strong>fálico, lugar de objeto, de puro real.Quan<strong>do</strong> a fantasia histérica vacila e <strong>os</strong>ujeito é chama<strong>do</strong> a comparecer com acastração ele se experimenta como objeto epode como objeto experimentar-se fora <strong>do</strong>tempo. É o que vem<strong>os</strong> no caso que passo acomentar.Maria, empresária bem sucedida,tem 35 an<strong>os</strong> e um filho de 10, fruto de seucasamento. Filha única, sua infância émarcada pelo convívio com uma mãepsicótica, cujo delírio consistia em que asduas deveriam ir para Saturno, planeta emque eram esperadas como rainhas e para taldeveriam morrer. A<strong>os</strong> cinco an<strong>os</strong> evitouuma primeira tentativa de suicídio da mãeque a incluía, cena que se repete por maistrês vezes até que a<strong>os</strong> dez an<strong>os</strong> a mãe voltaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
125para a cidade natal e a família consegueinterná-la. No h<strong>os</strong>pício a mãe, “sozinhasem a filha” consegue efetivar o suicídio.Essas cenas deixam forte impressão etrazem uma marca temporal. O tempo devida para Maria é sustenta<strong>do</strong> pelo lugar queela ocupa no <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro, lugar regi<strong>do</strong>por sua p<strong>os</strong>ição fantasmática, esta de ser asentinela da vida, de cuidar <strong>do</strong> outro. Mariapassa a viver com a avó paterna, criaturaextremamente religi<strong>os</strong>a que em suasorações pede ao “pai n<strong>os</strong>so que estais nocéu” para per<strong>do</strong>ar a mãe de Maria “essaalma em sofrimento que arde no inferno”.O pai aban<strong>do</strong>na a casa quan<strong>do</strong> Maria temtrês an<strong>os</strong> e morre assassina<strong>do</strong> em uma briga“por causa de mulher” quan<strong>do</strong> ela tinhaquatro an<strong>os</strong>. Essa avó religi<strong>os</strong>a, únicaligação de Maria com o pai, foiseveramente contestada por sua mãe paraquem a religião “era a expressão máxima daignorância”, com o que Maria concordacom exaltada veemência.Com o mari<strong>do</strong> vive uma relaçãopraticamente sem sexo, pois ela “não achamuita graça nestas coisas”, além <strong>do</strong> mais eleé bruto, gritalhão e só fala de si, só olhapara seu umbigo é extremamente autocentra<strong>do</strong>.Não trabalha, passa <strong>os</strong> diasestudan<strong>do</strong>, contesta a priori toda e qualqueropinião. Identifica neste mari<strong>do</strong> muit<strong>os</strong>traç<strong>os</strong> da própria mãe, “ele é assim comoela: intempestivo, imprevisível, inadequad<strong>os</strong>ocialmente, briga com to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é umhomem fora de propósito, alguém que nãopode ficar só porque faz bobagens, precisaser cuida<strong>do</strong>”. Diante dele Maria coloca-seno mesmo lugar que ocupava junto à mãe,“ela precisa salvá-lo” não pode aban<strong>do</strong>nálo,ele não tem vida própria e pode morrerassim como sua mãe que “sozinha, semfilha se mata”. A relação se mantémancorada na infância feliz <strong>do</strong> filho etambém no saber <strong>des</strong>te homem que é tu<strong>do</strong>isso, mas “não me deixa no ar, sempre sabeo que fazer, entende de tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> assunt<strong>os</strong>,é louco, mas muito inteligente. Eu nãotenho paciência para pessoas limitadas,minha mãe era brilhante.” Na viagem davida, ela permanece fixada no espaço e notempo, ao lugar que encontrou junto à mãe.Maria viaja a trabalho e conhece umhomem por quem se encanta de forma<strong>des</strong>medida. Em suas palavras “experimentacom ele uma sensação de intimidade e deestranheza concomitantes que a impede <strong>des</strong>e afastar ao mesmo tempo em que lhecausa me<strong>do</strong>, é a paixão o perder-se nele.”Este homem é pobre como sua família era,e Maria resolve dar-lhe uma chance na vidaoferecen<strong>do</strong> uma representação de suaempresa na cidade dele. A oferta recusadacausa irritação, mas “ela sente-se abraçadapor aquele homem forte que a escuta e lhediz palavras de amor”. Do sexo o melhorsão <strong>os</strong> abraç<strong>os</strong>, mas é estranho “pensei quequeria alguém para me cuidar, mas me sentiinsegura com isso.” É para evitar depararsecom o real da castração, marca<strong>do</strong> pelaprivação no corpo, que a histérica eternizao <strong>des</strong>ejo como insatisfeito. Sua práticaconsiste essencialmente na dissociaçãoentre <strong>des</strong>ejo e gozo, fazen<strong>do</strong> com que aessência temporal seja obter a eternização<strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo pela suspensão <strong>do</strong> gozo.Tantocom mari<strong>do</strong> quanto com namora<strong>do</strong>observa-se a estratégia histérica para lidarcom o tempo. Duas p<strong>os</strong>síveisconseqüências <strong>des</strong>ta estratégia são: ofenômeno da frigidez, no senti<strong>do</strong> daevitação radical <strong>do</strong> gozo sexual e aexacerbação <strong>do</strong> amor, eterniza<strong>do</strong> cominsatisfeito.Voltan<strong>do</strong> ao Rio Maria mantémcom o namora<strong>do</strong> uma correspondência poremail durante um mês e meio até lhecomunicar que decidiu ir vê-lo, a passagemjá estava comprada. É então surpreendidapela reação dele: “ela não deve ir, ele nãoestará na cidade.” Desde então ele seesquiva d<strong>os</strong> encontr<strong>os</strong> e não responde maisa<strong>os</strong> emails de Maria. Ela tenta falar-lhe aotelefone, ele atende, mas ela não ouve suavoz, ele permanece mu<strong>do</strong> e <strong>des</strong>liga. Osilêncio dele é encarna<strong>do</strong> por Maria queemudece e muda, faz de seu corpo - assimANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
126como a mulher de Mausolo que bebe ascinzas <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, para tomar seu lugar - omausoléu de um grande amor. O sintomaconversivo a leva à análise após quatromeses de mutismo e uma vastaperegrinação pel<strong>os</strong> consultóri<strong>os</strong> d<strong>os</strong>otorrin<strong>os</strong>. Com seu sintoma Maria mantéma a<strong>do</strong>ração ao homem, a exacerbação <strong>do</strong>amor eterniza<strong>do</strong> como insatisfeito, nãorealiza<strong>do</strong> e por isso perfeito.O mari<strong>do</strong>, com quem ela se furta aogozo,, mas que a mantém em sua p<strong>os</strong>içãofantasmática, enciuma<strong>do</strong> sai de casa. Mariase vê só. Já não há com quem ocupar olugar de “salvar o outro”, me diz que nãoentende bem como as coisas mudaramtanto. Sente-se perdida, como pode omari<strong>do</strong> nem telefonar? Talvez tenha semeti<strong>do</strong> em confusão, mas, e se ele estiverbem? O namora<strong>do</strong> evaporou <strong>do</strong> nada.Durante a semana sou empresária e mãe,no fim de semana sem filho e mari<strong>do</strong> paracuidar, não sou nada, caio no vazio, mesinto <strong>des</strong>manchan<strong>do</strong>, sem fio terra, noespaço. Não consigo tirar a camisola, nemcomer nem me mexer, passo to<strong>do</strong> o fim <strong>des</strong>emana na cama, com um vazioaterrorizante. É horrível sentir que vocêtoda é um grande e assusta<strong>do</strong>r buraco.“Será que vou ficar louca como minhamãe?” “Nada tem senti<strong>do</strong>, e quan<strong>do</strong>amanhece na segunda--feira precisorecuperar o corpo, começar a vesti-lo acompô-lo, preciso vestir com palavras atéas coisas, saio falan<strong>do</strong> o que estoufazen<strong>do</strong>”. N<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> de maiorangústia em que tem me<strong>do</strong> de <strong>des</strong>integrar,ela começa a repetir automaticamente, “pain<strong>os</strong>so que estais no céu, pai n<strong>os</strong>so queestais no céu” e só assim “volta à vida, aotempo d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>”. Essas palavras pelasquais é tomada são para Maria enigmáticas;“como p<strong>os</strong>so eu rezar? Eu não tenhoreligião, não vivo de crendices e elas meirritam, eu sei que não estou rezan<strong>do</strong>”. Érepetin<strong>do</strong> o significante da avó paterna queMaria volta ao registro <strong>do</strong> fálico. Ela se vêcomo objeto e o objeto é o que <strong>des</strong>regula o<strong>des</strong>enrolar uniforme <strong>do</strong> tempo. Ela sai <strong>do</strong>tempo na medida em que sua p<strong>os</strong>içãofantasmática “salvar a vida <strong>do</strong> outro” vacilano encontro com um homem, onde ela sevê como objeto caí<strong>do</strong> e dejeta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Outro.Identificada com a falta tomada comoobjeto, Maria perde-se na falta <strong>do</strong> Outro ,tornan<strong>do</strong>-se pura ausência, um ser para aeternidade, para o fora <strong>do</strong> tempo, de on<strong>des</strong>ó retorna com o apelo ao significantevin<strong>do</strong> da família paterna.BIBLIOGRAFIA:BORGES, Jorge Luis. (1978) “Le Temps” Em:Conférences. Paris: Gallimard Folio, 1985, p.203-16FREUD, S. -(1915) “Lo inconciente; Laspropieda<strong>des</strong> particulares del sistema ICCEm ObrasCompletas , Buen<strong>os</strong> Aires , Amorrortu editoresvol.14 parte V 2000__________(1907-1908) “El cresa<strong>do</strong>r liter´rio y elfntaseo” Em: Obras Completas, Buen<strong>os</strong> Aires,Amorrortu editores vol.9 2000__________(1925) ”Algunas consecuenciaspsíquicas de la diferencia anatómica entre l<strong>os</strong> sex<strong>os</strong>Em: Obras Completas , Buen<strong>os</strong> Aires , Amorrortueditores vol.XIX 2000LACAN J. - (1972-1973) O Seminário livro 20 MaisAinda…. Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 1983p.45ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
127MESAS SIMULTÂNEASANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
128_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoUso Diagnóstico <strong>do</strong> Tempo em PsicanáliseChristian Ingo Lenz DunkerSentimento <strong>do</strong> Tempo1O caso Aimée pode serconsidera<strong>do</strong> o mais extenso esistemático esforçodiagnóstico que encontram<strong>os</strong>na obra de Lacan. O texto émais conheci<strong>do</strong> pelaprop<strong>os</strong>ição de uma novaforma clínica, representada pela paranóia deautopunição, (op<strong>os</strong>ta à paranóia dereinvindicação), mas ele contém,subsidiariamente, a intuição meto<strong>do</strong>lógicaque levará Lacan, an<strong>os</strong> mais tarde, aconstruir a noção de estrutura clínica. Trataseda tese de que no delírio, em seu esta<strong>do</strong>constituí<strong>do</strong>, na qualidade de um to<strong>do</strong> maisou men<strong>os</strong> organiza<strong>do</strong> temática, formal ediscursivamente, podem<strong>os</strong> encontrar oprolongamento de situações subjetivas maissimples. Situações estas que p<strong>os</strong>suiriamassim um valor constitutivo para o delírio.Tais situações mais simples são <strong>os</strong>fenômen<strong>os</strong> elementares, <strong>des</strong>crit<strong>os</strong> porClérambault. No caso Aimée eles aparecemem quatro sign<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong>: (1) estad<strong>os</strong>onirói<strong>des</strong>, (2) distúrbi<strong>os</strong> de incompletude dapercepção (3) interpretações propriamenteditas e (4) ilusões de memória 76 .As ilusões de memória são o fatoclínico mais difícil de extrair. Aimée declaraque em havia li<strong>do</strong> um artigo de jornal noqual seus persegui<strong>do</strong>res declaravam quematariam seu filho como vingança por suamaledicência. Ela diz que havia visto umafotografia de sua casa natal. Ocorre queAimée não dispunha <strong>do</strong> artigo ele mesmo o76 Lacan, J. – Da Psic<strong>os</strong>e Paranóica em suas Relações com aPersonalidade. Perspectiva, Rio de Janeiro, 1987: 215.que a levava a ir ao jornal constantementepara comprar <strong>os</strong> númer<strong>os</strong> atrasad<strong>os</strong>. Suacasa fica entulhada de jornais e ela mantém acerteza de que havia li<strong>do</strong> o artigo e visto afotografia. A investigação diagnóstica deLacan leva à conclusão de que ela só podiarealmente recordar-se de um fato: em umda<strong>do</strong> instante ela acreditou lembrar-se <strong>do</strong> artigo.Retenham<strong>os</strong> a sutileza da evidência clínica:ela lembrou-se que havia acredita<strong>do</strong> que selembrava. É uma meta-recordação, umarecordação de uma recordação. Ocorre quea segunda recordação baseia-se em umacrença, ou em uma imagem-fantasia quesubstitui uma imagem-recordação, segun<strong>do</strong>a expressão de Lacan. Assim o que se g<strong>os</strong>tariaque tivesse aconteci<strong>do</strong> aparece ao <strong>sujeito</strong> comoten<strong>do</strong> aconteci<strong>do</strong>.O mesmo fenômeno ocorre n<strong>os</strong>sonh<strong>os</strong> que parecem ter uma duraçã<strong>os</strong>ignificativa antes de se interromperem porum ruí<strong>do</strong>. Na verdade o ruí<strong>do</strong> estava lá<strong>des</strong>de o início. O sonho cumpre sua funçãode manter o sono até o ponto limite em queo ruí<strong>do</strong> que estava no início faz acordar.Mas quan<strong>do</strong> isso ocorre o que o <strong>sujeito</strong> selembra é que o ruí<strong>do</strong> estava no fim d<strong>os</strong>onho não em seu início. Ou seja, uma parteda realidade foi suprimida, substituída poruma imagem, sen<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> umainversão temporal.Este efeito de apreensão subjetiva <strong>do</strong>tempo é chama<strong>do</strong> por Lacan, na tese de1932, de sentiment<strong>os</strong> <strong>do</strong> tempo. Osentimento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e o sentimento <strong>do</strong>futuro ligam-se a esta função depresentificação que determina o alcance paraum ato. Tal sentimento <strong>do</strong> tempo éaproxima<strong>do</strong> por Lacan d<strong>os</strong> sentiment<strong>os</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
129sociais: de realidade, de familiaridade e derespeito. Tanto as ilusões de memóriaquanto <strong>os</strong> sonh<strong>os</strong> protetores não sãointerpretações retr<strong>os</strong>pectivas, masargumentam em favor de que o aparelhopsíquico reconhece a presença (um ruí<strong>do</strong>)ou a ausência (uma fotografia) e simultâneaou sucessivamente reconhece seu próprioreconhecimento, conferin<strong>do</strong>-lhe realidade,familiaridade e temporalidade. A função depresentificação nada mais é <strong>do</strong> que aarticulação <strong>des</strong>tas duas formas dereconhecimento. Para que ela p<strong>os</strong>sa operar,induzin<strong>do</strong> a orientação temporal <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,é importante que ela mesma não semanifeste como função de reconhecimento.Daí que a função de presentificação definaseduplamente: (b) por seu alcance para oato e pelo efeito de certeza e (b) por suadimensão de <strong>des</strong>conhecimento e pelo efeitode crença.Espero com isso ter introduzi<strong>do</strong>meu argumento. O texto de 1945 sobre oTempo lógico e a asserção da certeza antecipada 77<strong>des</strong>envolve claramente um problemaaborda<strong>do</strong> na Tese de 1932, a saber umproblema diagnóstico. Lembrem<strong>os</strong> que aprecipitação, o atraso e antecipação sãotip<strong>os</strong> de sentimento <strong>do</strong> tempo. A partir <strong>do</strong>que exp<strong>os</strong>to fica claro que o sentimento <strong>do</strong>tempo não devem ser confundid<strong>os</strong> com aapreensão subjetiva da duração (maisextensa ou mais comprimida), e nem com aapreensão objetiva <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> futuro.O que permite a Lacan falar <strong>do</strong> tempo,como uma experiência, como uma espéciede encontro figura<strong>do</strong> em metáforas <strong>do</strong> tipo“hora da verdade” e “o tempo de concluir”ou por noções como kairós. São hipóstasesde uma experiência imp<strong>os</strong>sível em si mesma:o tempo não é um personagem, nem umacoisa. O tempo equivale, neste senti<strong>do</strong>, àquiloque seria a consciência <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>, ou seja: (a) algo que seapresenta, mas não se representa, (b) algo77 Lacan, J. – O tempo lógico e a asserção da certeza antecipada: umnovo sofisma. In Escrit<strong>os</strong>, Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2000.que é por natureza aberto, mas que seapresenta como um conjunto fecha<strong>do</strong> e (c)algo que qualifica as ligações com <strong>os</strong> objet<strong>os</strong>na medida em que transforma o própri<strong>os</strong>ujeito.2. PerversãoVoltem<strong>os</strong> a<strong>os</strong> term<strong>os</strong> <strong>do</strong> n<strong>os</strong>soproblema agora aplican<strong>do</strong>-<strong>os</strong> ao tema dadiferença entre estruturas clínicas. (1) Há oreconhecimento da presença ou da ausência,(simbólico-real) (2) há o reconhecimento<strong>des</strong>te reconhecimento, que n<strong>os</strong> dá <strong>os</strong>entimento <strong>do</strong> tempo (real-simbólico) e (3)há a função de presentificação que articulaas duas primeiras dimensões (realimaginário).Vem<strong>os</strong> que a primeira condiçãoé inteiramente dependente da espacialização<strong>do</strong> tempo. O reconhecimento da presençaou ausência, acrescida <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> datransição entre um e outro são a condiçãoelementar <strong>do</strong> tempo como alternância.Contu<strong>do</strong> estas são condições <strong>do</strong> tempocomo espacialização <strong>do</strong> objeto. Osexempl<strong>os</strong> de Lacan são muito típic<strong>os</strong> a esterespeito: o dia e a noite, <strong>os</strong> meteor<strong>os</strong>, oretorno n<strong>os</strong> planetas a uma dada p<strong>os</strong>ição.Este tipo de temporalidade apareceem apresentações da transferência nas quaisela polariza-se entre o amor ou o ódio, entrea aceitação e a recusa. São transferências queparecem duplicar a estrutura da demanda.Ela é típica no discurso no qual se acentua aalternância entre a presença e a ausência d<strong>os</strong>intoma. Pacientes que trazem umfenômeno psic<strong>os</strong>somático, certasdepressões, bem como situações próximasda toxicomania ou da erotomania organizamtransferências baseadas nesta alternância.Neste caso a relação de objeto e o próprioobjeto encontram-se em sobrep<strong>os</strong>ição. São,portanto, teoricamente transferências emestrutura de perversão. Não digo que setrate aqui de uma estrutura perversa, mas deuma transferência em estrutura deperversão. Baseio-me, para tanto naafirmação de Lacan:ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
130“O fantasma na perversão é apelável,ele está no espaço, ele suspende, não sei qualrelação essencial; ele não é propriamenteatemporal, ele está fora <strong>do</strong> tempo.” 783. Neur<strong>os</strong>e:A situação seria inteiramentediferente, e portanto, <strong>do</strong>tada de valordiagnóstico diferencial, no caso da neur<strong>os</strong>e:“A relação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> ao tempo, naneur<strong>os</strong>e, é justamente este algo <strong>do</strong> qual sefala muito pouco e que é, entretanto, aprópria base das relações <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> com seuobjeto ao nível <strong>do</strong> fantasma. Na neur<strong>os</strong>e, oobjeto se carrega <strong>des</strong>ta significação, que estápara ser buscada no que chamo de hora daverdade. O objeto aí está sempre na hora <strong>do</strong>antes, ou na hora <strong>do</strong> depois.” 79O obsessivo antecipa sempre tardedemais, o histérico repete sempre o que háde inicial em seu trauma. Tu<strong>do</strong> se passacomo se o neurótico pu<strong>des</strong>se ler umadeterminada temporalidade em seu objeto.A hora <strong>do</strong> um e a hora <strong>do</strong> outro, o ce<strong>do</strong> e otarde, o que poderia ter si<strong>do</strong> e o que seacredita ter si<strong>do</strong>. Ora, estam<strong>os</strong> aqui nasituação de reconhecimento <strong>do</strong>reconhecimento, ou seja, na realização d<strong>os</strong>imbólico. Daí que a fantasia venha a ocuparo lugar daquilo <strong>do</strong> que o <strong>sujeito</strong> encontra-seem priva<strong>do</strong> simbolicamente.Note-se como é uma conseqüência dateoria da temporalidade que a fantasia sejapensada como uma seqüência em trêstemp<strong>os</strong> onde um deles encontra-se aboli<strong>do</strong>o próprio <strong>sujeito</strong> (fading). Na mesma direçãoentende-se porque a diferença entre neur<strong>os</strong>ee perversão seja uma diferença no estatutoda fantasia. Na neur<strong>os</strong>e acentua-se o pólo<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e <strong>do</strong> tempo, na perversãoacentua-se o pólo <strong>do</strong> objeto e <strong>do</strong> espaço.Estes três temp<strong>os</strong> são <strong>des</strong>ignad<strong>os</strong> de78 Lacan, J. – O Seminário Livro VI – O Desejo e sua Interpretação (1958-1959).Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 2002:332.79 Lacan, J. – O Seminário Livro VI – O Desejo e sua Interpretação (1958-1959).Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 2002:332.inúmeras maneiras por Lacan, uma que n<strong>os</strong>parece didática assinala que:(a) No primeiro tempo há estranhamento(estrangement, unhemilich) o que acusa umaperturbação <strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> tempo.Uma separação entre o objeto a e o falo.Ora, esta separação é estrutural, naneur<strong>os</strong>e e na perversão, portanto o queocorre no primeiro tempo da fantasia é apercepção <strong>des</strong>ta separação, é aapresentação <strong>des</strong>ta singularidade sobforma de afânise.(b) No segun<strong>do</strong> tempo trata-se de umaintegração narcísica <strong>des</strong>te objetopara<strong>do</strong>xal. O <strong>sujeito</strong> exterioriza o falocomo símbolo significante. Ele rejeitaseu próprio ser em nome <strong>do</strong> falo. Estáem curso uma identificação, a saber, emterm<strong>os</strong> temporais, uma substituiçãoentre o que se poderia ter si<strong>do</strong> (objeto a)pelo que se poderia vir a ser (falo).(c) No terceiro tempo encontram<strong>os</strong> afunção da presentificação, ou seja, ahora da verdade, na qual o <strong>sujeito</strong>encontra-se aboli<strong>do</strong>, não como fading,nem como afânise, mas como ato.4. Psic<strong>os</strong>e:Esta exp<strong>os</strong>ição sumária d<strong>os</strong> trêstemp<strong>os</strong> da fantasia, <strong>do</strong> qual se poderiam<strong>des</strong><strong>do</strong>brar <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> da transferência e <strong>os</strong>temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> sintoma, n<strong>os</strong> induz a umaimprecisão. Se a fantasia condiciona atemporalidade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, tanto no senti<strong>do</strong><strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> tempo, quanto no senti<strong>do</strong>da sua lógica de aparição e <strong>des</strong>aparição eainda quanto à temporalidade <strong>do</strong> ato, elamesma, a fantasia, não pode ser examinadasegun<strong>do</strong> <strong>os</strong> própri<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> temporaisque deveria explicar. Ou seja, se a fantasiamodela o tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> o que modela otempo da fantasia?Ora, a situação clínica que deve serchamada para explicar este problema éjustamente aquela na qual a fantasia estáausente ou substituída por outra estrutura.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
131Este é exatamente o caso teóricorepresenta<strong>do</strong> pela psic<strong>os</strong>e. Ora, a primeiraconstatação que se pode fazer então é que aexpressão três temp<strong>os</strong> da fantasia é bastanteaproximativa, tanto quanto a expressão <strong>os</strong>três temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> Édipo. Trata-se afinal de trêsmod<strong>os</strong> de relação (constituição de objeto),p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> em uma sucessão baseada em umacondicionalidade lógica, não de três formasdistintas de fazer a experiência <strong>do</strong> tempo.Três temp<strong>os</strong> quer dizer aqui três mod<strong>os</strong>. Emcada um <strong>des</strong>tes mod<strong>os</strong> se poderiareencontrar a temporalidade da fantasia, masisso não significa que o conjunto responda àmesma forma temporal.Por exemplo, quan<strong>do</strong> Lacan argumenta quea demanda p<strong>os</strong>sui uma lógica de ordemmodal ele indica que esta p<strong>os</strong>sui umaarticulação gramatical com o mod<strong>os</strong>ubjuntivo (que eu faça, se eu fizer, quan<strong>do</strong> eufizer). A interpretação e conseqüentemente o<strong>des</strong>ejo expressam-se segun<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong>apofântico, ou indicativo, (eu faço, eu fiz, eufarei). Finalmente o gozo exprime-sesegun<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> imperativo ou gerúndio.Os mod<strong>os</strong> <strong>do</strong> necessário, p<strong>os</strong>sível,imp<strong>os</strong>sível e contingente são mod<strong>os</strong> dademanda que exprimem tambémexperiências temporais.De fato, quan<strong>do</strong> se diz que não háconstituição da demanda na psic<strong>os</strong>e, n<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> de que nela não há p<strong>os</strong>icionamento<strong>do</strong> falo no campo <strong>do</strong> Outro, ou seja, que háuma zerificação da p<strong>os</strong>ição fálica, tu<strong>do</strong> sepassa como uma espécie de dedução damaneira neurótica de articular o tempo. Naneur<strong>os</strong>e e na perversão aplica-se a noção devoltas da demanda, ou seja, a demanda sefecha e se conta em circuit<strong>os</strong> de retorno,reconhecimento e <strong>des</strong>conhecimento. Napsic<strong>os</strong>e a demanda não se fecha, sobrevin<strong>do</strong>assim três fenômen<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong>: (a) o empuxoá mulher (b) a infinitização <strong>do</strong> gozo (c) a<strong>des</strong>crença associada com a certeza.Ora, estes três fenômen<strong>os</strong>encontram-se fixad<strong>os</strong> claramente em mod<strong>os</strong>temporais: (a) a transformação em mulher éum evento gerúndio (está acontecen<strong>do</strong>), (b)a infinitização <strong>do</strong> gozo é um event<strong>os</strong>ubjuntivo (se, que e quan<strong>do</strong> isso aconteça)e (c) a experiência de estranhamento,<strong>des</strong>personalização e <strong>des</strong>crença é um eventoindicativo radical, tão bem expresso pelanoção de epifania. Portanto <strong>os</strong> três temp<strong>os</strong>da fantasia encontram-se claramentepresentes na psic<strong>os</strong>e, uma vez pensad<strong>os</strong>como mod<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong> e gramaticais. O queestaria ausente é a articulação entre eles. Masa pergunta remanesce: esta articulação seriaela mesma temporal ou lógica?5. Conclusão:Quan<strong>do</strong> Joyce relata esta experiênciade ter apanha<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is colegas de talmaneira que ele teria saí<strong>do</strong> de si como umacasca sai de uma fruta madura tem<strong>os</strong> um<strong>des</strong>tes enclaves temporais de valordiagnóstico. Ele diz que nada sentiu, nem<strong>do</strong>r, nem raiva, nem <strong>des</strong>ejo de vingança nemhumilhação. Ou seja, falta o sentiment<strong>os</strong>ocial, a integração subjetiva <strong>des</strong>taexperiência que fica assim indeterminada <strong>do</strong>ponto de vista temporal. Assim como oartigo que Aimée lera sobre <strong>os</strong>persegui<strong>do</strong>res de seu filho, Joyce conseguiadatar o acontecimento. Este fazia parte deuma história capaz de ser narrada. Mas faziaparte como uma espécie de indeterminaçãoexistencial: teria ocorri<strong>do</strong>? teria si<strong>do</strong>imagina<strong>do</strong>? teria acredita<strong>do</strong> ter aconteci<strong>do</strong>?Ele é o nome de um estranhamento, de umaidentificação e de uma ausência de si. É umnome, não um significante.Concluin<strong>do</strong>. Na perversão o tempoaparece espacializa<strong>do</strong> porque se trata dap<strong>os</strong>ição terminal da fantasia. Na neur<strong>os</strong>e otempo está articula<strong>do</strong> ao mo<strong>do</strong> de relação econstituição d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> porque nele atemporalidade equivale a<strong>os</strong> process<strong>os</strong> deidentificação, característic<strong>os</strong> da segunda faseda fantasia. Finalmente na psic<strong>os</strong>e aexperiência intersubjetiva <strong>do</strong> tempo n<strong>os</strong>m<strong>os</strong>tra a temporalidade como ela é, ou seja,um conjunto fragmentário de experiênciascujo efeito e não a causa é a unidade <strong>do</strong>tempo.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
132_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoO futuro anterior na experiência psicanalíticaSonia Camp<strong>os</strong> Magalhãesara iniciar este trabalho,Ptomarei um fragmento de umartigo de Daniela Chatelardno qual ela n<strong>os</strong> diz que “emalguns moment<strong>os</strong>, quasefugazes, de uma psicanálise, <strong>os</strong>ujeito percebe o seu ser degozo pois se confronta com oque ele fora como objeto para o Outro.Assim, deve passar por um <strong>des</strong>vio emtorno da questão de sua existência: o quesou?”A resp<strong>os</strong>ta para esta indagação – oque sou? –, a autora <strong>des</strong>te artigo vai buscarna frase que Lacan toma de empréstimo aPaul Valéry para m<strong>os</strong>trar que o gozo fala:“Sou no lugar de onde se vocifera que ouniverso é uma falha na pureza <strong>do</strong> Nã<strong>os</strong>er”. Ao situar esta frase, Lacan lhe dá umaseqüência. Ele diz que esta resp<strong>os</strong>ta não ésem razão porque “esse lugar, para sepreservar, faz o próprio Ser ansiar comimpaciência. Chama-se o Gozo, e é aquelecuja falta tornaria vão o universo” .Se voltarm<strong>os</strong> ao fragmento <strong>do</strong> text<strong>os</strong>itua<strong>do</strong> no início <strong>des</strong>te trabalho, poderem<strong>os</strong>perceber que o gozo que fora, ali, atribuí<strong>do</strong>ao Outro, seria um gozo encontra<strong>do</strong> nomomento mesmo em que se dá a sua<strong>des</strong>tituição, a <strong>des</strong>tituição <strong>do</strong> Outro,momento também no qual, de forma fugaz,o <strong>sujeito</strong> percebe o seu ser de gozo.Neste artigo de Chatelard, a autorarecorre à literatura para trabalhar o tema“Gozo e p<strong>os</strong>ição subjetiva a partir deconsiderações sobre o romance Oarrebatamento de Lol V. Stein. Ela querm<strong>os</strong>trar que através <strong>des</strong>te texto deMarguerite Duras, se pode perceber não sóas mudanças da p<strong>os</strong>ição da personagem Lolcomo, também, onde estaria situa<strong>do</strong> o seuponto de gozo que, por tratar-se de umromance, fica intocável para ela .Nesse n<strong>os</strong>so trabalho, através <strong>do</strong>relato de um sonho, tentarem<strong>os</strong> levantarquestões a respeito d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>na experiência analítica buscan<strong>do</strong> n<strong>os</strong>aproximar <strong>do</strong> que n<strong>os</strong> diz Lacan a respeito<strong>do</strong> futuro anterior.O SonhoO sonho que escolhem<strong>os</strong> paratrazer neste trabalho é um material situa<strong>do</strong>logo no começo de uma experiênciapsicanalítica. Ao longo <strong>do</strong> percurso <strong>des</strong>taanálise, este sonho será muitas vezesretoma<strong>do</strong> e, a cada vez, embora em sen<strong>do</strong>o mesmo sonho, ele não será mais omesmo, m<strong>os</strong>tran<strong>do</strong> que a experiênciaanalítica avança, em um tempo decompreender, passan<strong>do</strong>, de início, pelavertente <strong>do</strong> mito, pelo romance familiar,mas apontan<strong>do</strong> para o final, lá onde o furoexigirá que o <strong>sujeito</strong> conclua em term<strong>os</strong>estruturais, que o Outro não existe, que há<strong>do</strong> UM mas não há nada <strong>do</strong> Outro.Relato <strong>do</strong> sonho:Bem próxima <strong>do</strong> caixão aberto, depé, ela olhava a sua mãe imóvel, como quea<strong>do</strong>rmecida... Entre as flores disp<strong>os</strong>tas como apuro que ela amara em vida, o corpoencoberto da mãe, agora, quase não se davaa ver. O seu r<strong>os</strong>to, no entanto, lá estava porinteiro. Nele, o nariz afila<strong>do</strong> se <strong>des</strong>tacavaentre as pálpebras cerradas e <strong>os</strong> lábi<strong>os</strong>fin<strong>os</strong>, discret<strong>os</strong>, na palidez da morte.Bem próxima <strong>do</strong> caixão flori<strong>do</strong>,muito tempo ela esteve assim, de pé,olhan<strong>do</strong> a mãe com a estranheza de vê-la,enfim, emudecida...Perdeu-se no tempo...ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
133De repente, dispôs-se a sair.Sempre a olhá-la, <strong>des</strong>lizou num movimentopara trás, em direção à porta. Viu, então,que enquanto recuava, o corpo da mãe,num movimento sutil, se erguia.... e, láestava ela, agora, sentada, de olh<strong>os</strong> abert<strong>os</strong>,a fitá-la...Devagar, reaproximou-se epercebeu que a cada passo que a levava àmãe, esta voltava à p<strong>os</strong>ição de morta emseu caixão flori<strong>do</strong>.Viu-se, então, a viver uma cenaestranha: se saía, a mãe vivia e, se voltava,ela morria... até que, enfim, num gestofinal, decididamente, abriu a porta e partiu.Voltem<strong>os</strong>, mais uma vez, aofragmento <strong>do</strong> texto de Chatelard queescolhem<strong>os</strong> para dar início a este trabalho.Vejam<strong>os</strong>: “em alguns moment<strong>os</strong>, quasefugazes, de uma psicanálise, o <strong>sujeito</strong>percebe o seu ser de gozo pois se confrontacom o que ele fora como objeto para oOutro”. Em term<strong>os</strong> d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong>,trazid<strong>os</strong> por Lacan ao longo de seu ensino,encontram<strong>os</strong> aí, um instante de ver, queremete o <strong>sujeito</strong> à pergunta – o que sou? Éum instante de encontro <strong>do</strong> real, que daráinício a um tempo para compreender queaponta para o futuro, para o momento deconcluir, graças ao trabalho datransferência.Retornan<strong>do</strong> ao sonho acima cita<strong>do</strong>,uma pergunta se n<strong>os</strong> apresenta: será quepodem<strong>os</strong> dizer que há, aí, neste início deuma análise, um vislumbre <strong>do</strong> final, umaantecipação <strong>do</strong> futuro?No seu texto Escritores criativ<strong>os</strong> edevanei<strong>os</strong>, ao se referir á atividade defantasiar <strong>do</strong> ser humano, Freud vai n<strong>os</strong>dizer que <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> <strong>des</strong>ta atividade, (quese pode encontrar n<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong> e n<strong>os</strong>devanei<strong>os</strong>), não são, de mo<strong>do</strong> algum,produt<strong>os</strong> rígid<strong>os</strong> e imutáveis. Para Freud,muito ao contrário, estes produt<strong>os</strong> seadaptam às impressões mutantes da vida,transformam-se com as circunstâncias daexistência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e recebem de cadanova impressão eficiente o que se poderiachamar o “ selo <strong>do</strong> momento”.Neste texto, Freud vai se referir àimportância <strong>do</strong> tempo na sua relação com afantasia. Ele n<strong>os</strong> diz que a fantasia flutuaentre três temp<strong>os</strong>: <strong>os</strong> três fatores temporaisde n<strong>os</strong>sa atividade representativa. Otrabalho anímico se enlaça a uma impressãoatual, a uma ocasião <strong>do</strong> presente,susceptível de <strong>des</strong>pertar um d<strong>os</strong> gran<strong>des</strong><strong>des</strong>ej<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>; a partir <strong>des</strong>te ponto,apreende, regressivamente, a lembrança deum acontecimento pretérito e cria, então,uma situação referida ao futuro, que <strong>os</strong>onho ou a fantasia apresentam com<strong>os</strong>atisfação <strong>do</strong> dito <strong>des</strong>ejo, trazen<strong>do</strong>, então,em si, as marcas de sua procedência daocasião e da lembrança.Partin<strong>do</strong> daí, Freud afirma: É assim,portanto, que o pretérito, o presente e ofuturo aparecem entrelaçad<strong>os</strong> no fio <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo, que passa através deles” .No texto – A temporalidade datransferência –, Sílvia Migdalek, em da<strong>do</strong>momento, n<strong>os</strong> diz que “se um trabalho,como o é o <strong>do</strong> sonho, serve a Freud comoporta de entrada para a delimitação daexperiência <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, nãodeveríam<strong>os</strong> <strong>des</strong>cuidar <strong>do</strong> que há nisto dereferência a um trabalho” . Para esta autora,é “a força pulsional d<strong>os</strong> <strong>des</strong>ej<strong>os</strong><strong>inconsciente</strong>s que coloca a energianecessária para que esse trabalho se realizee, mais precisamente, é seu caráter deimortais e in<strong>des</strong>trutíveis, o que n<strong>os</strong>introduz em uma estranha dimensãotemporal, já que, como <strong>des</strong>ejo tem umadeterminação que provém <strong>do</strong> futuro, noque se põe como testemunha <strong>do</strong> quehaverá de ser, só pelo fato de tê-lo dito”.Em A interpretação d<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong>,Freud n<strong>os</strong> diz que “na medida em que <strong>os</strong>onho n<strong>os</strong> apresenta um <strong>des</strong>ejo comocumpri<strong>do</strong>, n<strong>os</strong> transporta,indubitavelmente ao futuro, mas estefuturo, que ao sonha<strong>do</strong>r lhe parecepresente, é cria<strong>do</strong> à imagem e semelhançaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
134daquele passa<strong>do</strong> pelo <strong>des</strong>ejo in<strong>des</strong>trutível.".A teoria psicanalítica, <strong>des</strong>de <strong>os</strong>primórdi<strong>os</strong> da sua construção, ao trazer aquestão <strong>do</strong> tempo, n<strong>os</strong> situa face a questõesparticularmente difíceis. Sabem<strong>os</strong> queFreud qualifica <strong>os</strong> process<strong>os</strong> <strong>inconsciente</strong>scomo intemporais e o <strong>des</strong>ejo comoin<strong>des</strong>trutível. No entanto, ainda que opresente seja imp<strong>os</strong>sível de apreender, este<strong>des</strong>ejo in<strong>des</strong>trutível que, em sen<strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>, <strong>des</strong>conhece o tempo, podeaparecer no presente, na experiência daanálise, graças à transferência. É o que opróprio Freud n<strong>os</strong> ensina.Migdalek, no texto acima cita<strong>do</strong>,n<strong>os</strong> lembra que Freud em Recordar,Repetir e Elaborar faz uso, como já o haviafeito em A interpretação d<strong>os</strong> Sonh<strong>os</strong>, <strong>do</strong>termo – Arbeit – trabalho. Ela chamaatenção para o fato de que, nesse artigo de1914, Recordar, Repetir e Elaborar, ao falarde trabalho – Arbeit – Freud recorretambém a um outro termo –Durcharbeitung – que conota ummovimento e que, literalmente, se poderiatraduzir como “trabalhar através de”. Estetermo Durcharbeitung vem marcar aimportância da transferência, um d<strong>os</strong>conceit<strong>os</strong> fundamentais na experiênciapsicanalítica, que diferencia o tratamentoanalítico de toda a influência por sugestão.Podem<strong>os</strong> constatar que, ao se falarde transferência, entre outras coisas, se estáa falar <strong>do</strong> tempo, tal como a psicanálise oconcebe.Lacan, em vári<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> de seuensino, como Freud o fez, vai tambémconceder importância à questão <strong>do</strong> tempona experiência psicanalítica. No seu textoFunção e campo da fala e da linguagem empsicanálise, ele inova e chama atenção parao futuro anterior quan<strong>do</strong> n<strong>os</strong> diz:“Identifico-me com a linguagem, porém,somente, ao me perder nela como objeto.O que se realiza em minha história não é opassa<strong>do</strong> simples daquilo que foi, uma vezque já não o é, nem, tampouco, o perfeitocomp<strong>os</strong>to <strong>do</strong> que tem si<strong>do</strong> naquilo quesou, mas o futuro anterior <strong>do</strong> que terei si<strong>do</strong>naquilo que estou me transforman<strong>do</strong>” .Em Subversão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e dialética<strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo no <strong>inconsciente</strong> freudiano, aoconstruir o grafo <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo, Lacan volta a<strong>des</strong>tacar a questão <strong>do</strong> futuro anterior ao sereferir ao “efeito de retroversão pelo qual <strong>os</strong>ujeito, em cada etapa, se transformanaquilo que era, como antes, e só seanuncia “ele terá si<strong>do</strong>”, no futuro anterior”.Nesse senti<strong>do</strong>, podem<strong>os</strong> dizer queo futuro anterior, na experiênciapsicanalítica, consiste em situar, na entradaem análise, um significante <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> quepode anunciar a saída. O futuro anterior vaiexigir, da entrada á saída da experiênciaanalítica, a articulação <strong>do</strong> S1, significante daentrada, a um outro significante, o S2 que,por sua vez, vai fazer cair o a que, semdúvida, é o que está em jogo no final.Enquanto significante <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, estesignificante da entrada anuncia o que seráo <strong>sujeito</strong> na saída da experiência analítica namedida em que ele participa datransformação e é, ele mesmo, o opera<strong>do</strong>rda transformação. Podem<strong>os</strong> observar, noDiscurso <strong>do</strong> Mestre, esta relação d<strong>os</strong>ignificante mestre, S1, significante daentrada que se articula a um outr<strong>os</strong>ignificante, o S2, para que o Sujeito, $ , seencontre, no final, com o objeto a.Assim, quan<strong>do</strong> se fala de regressãotemporal, como na frase – terei si<strong>do</strong>naquilo que estou me transforman<strong>do</strong> –,tem<strong>os</strong> aí um exemplo de futuro anteriorporque nela o <strong>sujeito</strong> não volta ao passa<strong>do</strong>,é o significante <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> que se atualiza.É o que podem<strong>os</strong> constatar emoutro sonho no qual o significante mãe, d<strong>os</strong>onho anterior, reaparece deforma<strong>do</strong>através de um recurso translinguístico –MAR - MER; MÈRE - MÃE e se atualizano trabalho da transferência, num tempode compreender, situan<strong>do</strong> uma pressa parao momento de concluir.O outro sonhoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
135De repente, ela se vê a deixar a casaainda a<strong>do</strong>rmecida e a caminhar <strong>des</strong>calçapela relva orvalhada em direção á praia.Percebe que a conhecida areia da praia,antes tão fina e dócil no contato com <strong>os</strong>pés, apresentava, agora, um aspecto h<strong>os</strong>til.Os ping<strong>os</strong> fortes da chuva da madrugadahaviam deixa<strong>do</strong> sulc<strong>os</strong> na areia forman<strong>do</strong>grum<strong>os</strong> gr<strong>os</strong>s<strong>os</strong> e pontiagud<strong>os</strong> que, comoespinh<strong>os</strong>, tornavam difícil a caminhada.Deteve-se, então, e percebeu que seencontrava frente a três escolhas: oretornar à casa, o adentrar-se em direção aomar perig<strong>os</strong>o, e a terceira ( a que seráescolhida): seguir o caminho difícil aolongo da c<strong>os</strong>ta a se perder de vista.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
136_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoTempo de entrada – Reflexões acerca daentrada em análiseGonçalo Moraes Galvãog<strong>os</strong>tinho é um autorAbastante lembra<strong>do</strong> quand<strong>os</strong>e quer fazer referência aotempo. Enquanto filósofomedieval percorre umavariedade de assunt<strong>os</strong> eentre eles está uma reflexã<strong>os</strong>obre o tempo que merecerespeito e tempo deentendimento. Segun<strong>do</strong> ele por um la<strong>do</strong>podem<strong>os</strong> reconhecer, enquanto human<strong>os</strong>,n<strong>os</strong>sa inserção no tempo como algocorriqueiro e simples:Que assunto mais familiar e mais bati<strong>do</strong> nas n<strong>os</strong>sasconversas <strong>do</strong> que o tempo? Quan<strong>do</strong> dele falam<strong>os</strong>compreendem<strong>os</strong> o que dizem<strong>os</strong>. Compreendem<strong>os</strong>também o que n<strong>os</strong> dizem quan<strong>do</strong> dele n<strong>os</strong> falam.(AGOSTINHO, 1970)Por outro la<strong>do</strong> não escapa ao bispode Hipona o quanto se ignora <strong>des</strong>sa mesmainserção, ou seja, aquilo que parece obviotraz uma série de problemas, quan<strong>do</strong> n<strong>os</strong>propom<strong>os</strong> a trabalhar a questão com maiscuida<strong>do</strong>. É assim que sobre o mesmo assuntoafirma:Se ninguém me perguntar eu sei, porém, se quiserexplicar a quem me perguntar, já não sei.(AGOSTINHO, 1970)Esta ignorância não será umelemento paralisante, mas ao velho estil<strong>os</strong>ocrático levará o filósofo a empreender umárduo trabalho para pensar o que é e quaisseriam as condições <strong>do</strong> tempo para ohumano. Assim parece viável pegarm<strong>os</strong>carona naquilo que <strong>des</strong>taca enquanto questãopara avançar:Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo claro ebrevemente? [...] e que mo<strong>do</strong> existem aqueles <strong>do</strong>istemp<strong>os</strong> – o passa<strong>do</strong> e o futuro – se o passa<strong>do</strong> já nãoexiste e o futuro ainda não veio? Quanto ao presente, sef<strong>os</strong>se sempre presente, e não passasse para o pretérito,como poderíam<strong>os</strong> afirmar que ele existe, se a causa <strong>des</strong>ua existência é a mesma pela qual deixará de existir?(AGOSTINHO, 1970)A partir <strong>des</strong>tes element<strong>os</strong> vai sedelinean<strong>do</strong> para este autor que, pelo men<strong>os</strong>fil<strong>os</strong>oficamente, não é p<strong>os</strong>sível a existênciade um tempo objetivo. Ele irá argumentarlogicamente a favor da não existênciaobjetiva <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e <strong>do</strong> futuro. Um já foi,já passou e assim ‘já não é’ e o outro aindanão veio, ou seja, ‘ainda não é’; <strong>des</strong>ta feita tãofalso quanto afirmar a existência <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>é afirmar a <strong>do</strong> futuro. O presente, por suavez, o único mo<strong>do</strong> de lhe reconhecerm<strong>os</strong>enquanto presente é quan<strong>do</strong> contrasta<strong>do</strong> a<strong>os</strong>outr<strong>os</strong> <strong>do</strong>is temp<strong>os</strong>, passa<strong>do</strong> e futuro, assimsen<strong>do</strong> também não tem existência em simesmo.Depois <strong>des</strong>ta conclusão, deestranhamento frente ao tempo, o bispo deHipona não para por aí. Irá propor a partir<strong>do</strong> já trabalha<strong>do</strong> um segun<strong>do</strong> momento deconclusão:O que agora transparece é que, não há temp<strong>os</strong> futur<strong>os</strong>nem pretérit<strong>os</strong>. É impróprio afirmar: <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> sãotrês: pretérito, presente e futuro. Mas talvez f<strong>os</strong>sepróprio dizer: <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> são três: presentes das coisaspassadas, presente d<strong>os</strong> presentes, presente d<strong>os</strong> futur<strong>os</strong>.Existem, pois estes três temp<strong>os</strong> na minha mente quenão vejo em outra parte: lembrança presente dascoisas passadas, visão presente das coisas presentes eesperança presente das coisas futuras. Se me é lícitoempregar tais expressões, vejo então três temp<strong>os</strong> econfesso que são três. (AGOSTINHO, 1970)ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
137A partir <strong>do</strong> <strong>des</strong>taca<strong>do</strong> fica p<strong>os</strong>sívelperceber <strong>os</strong> esforç<strong>os</strong> para marcar o tempocomo algo que de alguma maneira constituisea partir da relação com o <strong>sujeito</strong> sen<strong>do</strong>que o mesmo é seu corolário – o <strong>sujeito</strong> sedá no tempo – apesar de não ser algo que seapresente claramente, ou seja, não háconsciência declarada <strong>des</strong>tes aspect<strong>os</strong>. SeAg<strong>os</strong>tinho aponta para o aspecto dasubjetividade <strong>do</strong> tempo, ou seja, o tempo emsua teoria não é algo independente <strong>do</strong>homem e objetivo, mas contrário a isso, n<strong>os</strong>dirige também para perceber a relação dereciprocidade entre estes <strong>do</strong>is element<strong>os</strong>. Seo tempo existe por causa de n<strong>os</strong>sasconsciências esta só se dá por conta <strong>do</strong>tempo.Ao fazer uso de Ag<strong>os</strong>tinho, faço aquiuma prop<strong>os</strong>ital digressão, por saber que estefoi li<strong>do</strong> por Heidegger que por sua vez foili<strong>do</strong> por Lacan, para o qual o tempo não équalquer coisa. O tempo é algo caro à teoriae à clínica lacaniana. Além de ser um divisorpolítico, na história da psicanálise, se assimpodem<strong>os</strong> entender, acaba sen<strong>do</strong> norte para acondução d<strong>os</strong> tratament<strong>os</strong>. Se a chamadasubjetividade humana se plasma numa certatemporalidade que se plasma no humano,então a clínica deve incluir como um de seuselement<strong>os</strong> passíveis de manejo o própriotempo – não há clínica lacaniana sem umaséria reflexão sobre a incidência <strong>do</strong> tempo.É <strong>des</strong>ta maneira que entrada e saídanão são term<strong>os</strong> ingênu<strong>os</strong> ou automátic<strong>os</strong> naprop<strong>os</strong>ta de J. Lacan, mas n<strong>os</strong> remete a umapreocupação que passou a ficar mais<strong>des</strong>tacada na psicanálise a partir <strong>des</strong>te autorque acolhe o <strong>des</strong><strong>do</strong>bramento dasconseqüências <strong>do</strong> tempo no tratamentopsicanalítico – não há entrada espontânea emanálise e se assim o é, a mesma pode serpensada como algo que se refere aoanalisan<strong>do</strong>, mas que envolve o analista emtod<strong>os</strong> <strong>os</strong> seus aspect<strong>os</strong> da função que ocupa.Se não há entrada espontânea, então nãobasta um encontro de um <strong>sujeito</strong> que fala eoutro que escuta – aqui estam<strong>os</strong> frente a umadistinção p<strong>os</strong>sível entre a psicanálise e aspsicoterapias. Não basta um ‘encontro’ ondeum se põe a falar e outro a escutar, alguémdeve se dispor a um lugar de escuta queinclua a indecor<strong>os</strong>a prop<strong>os</strong>ta de que o<strong>inconsciente</strong> se apresenta pelas viasinusitadas da linguagem – o <strong>inconsciente</strong> éestrutura<strong>do</strong> como linguagem. Caso isso nãoocorra corre-se o risco de se manter muitofacilmente num registro <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> peloimaginário onde a linguagem é um sistemade sign<strong>os</strong>, que p<strong>os</strong>sibilita a comunicação e oentendimento entre, no mínimo, duas partes.Lacan pauta<strong>do</strong> na prop<strong>os</strong>ta freudiana<strong>do</strong> ‘fale tu<strong>do</strong>’ coloca-n<strong>os</strong> frente a umdisp<strong>os</strong>itivo – nesta relação não espontâneavai se instalan<strong>do</strong> aquilo que pode serrecorta<strong>do</strong> como disp<strong>os</strong>itivo que conta com opróprio analista como recurso, para que o‘fale tu<strong>do</strong>’, o ‘não sugerir’, a outra cena, e atémesmo um outro tempo p<strong>os</strong>sa se instalar.Um tempo onde o <strong>sujeito</strong> p<strong>os</strong>sa se verplasma<strong>do</strong> pelas teias significantes das quaisfizeram dele e que fez uso para ser hoje oque é. Lacan como bom freudiano leva àsúltimas conseqüências a prop<strong>os</strong>ta <strong>do</strong> pai dapsicanálise: implicar o paciente de outramaneira em relação a sua queixa e aoenuncia<strong>do</strong> de seu tormento.Desta feita fica claro que apsicanálise somente poderá se <strong>des</strong>envolverao preço de um constituinte ternário, que é <strong>os</strong>ignificante introduzi<strong>do</strong> no discurso que seinstaura – cabe ao analista dar ouvid<strong>os</strong> a<strong>os</strong>ignificante que se intromete no discurso. Eisso somente é p<strong>os</strong>sível a partir <strong>do</strong> momentoque há qualquer um ocupan<strong>do</strong> o lugar deanalista, mas não um qualquer, poisnecessariamente precisou passar pel<strong>os</strong><strong>des</strong>filadeir<strong>os</strong> daquilo que agora podeoferecer. Escutem<strong>os</strong> Quinet:É o analista com seu ato que dá existência ao<strong>inconsciente</strong>, promoven<strong>do</strong> a psicanálise no particularde cada caso. Autorizar o início de uma análise é umato psicanalítico – eis a condição <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> cujoestatuto não é, portanto, ôntico, mas ético, poisdepende <strong>des</strong>se ato <strong>do</strong> analista. (Quinet, 1995, p.10)ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
138É assim que a questão <strong>des</strong>se autor,em ‘As 4+1 Condições da Análise’, ganha suaextrema coerência: quais condições sãonecessárias para que ocorra uma análise? Oque é a entrada em análise? Talvez p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong>esboçar uma resp<strong>os</strong>ta a partir da personagemclássica de Clarice Lispector em ‘A Hora daEstrela’ – Macabéa – mulher de pouca valiaque além de ser estrangeira na terra em quehabita é também estrangeira de si mesma –parece <strong>des</strong>afetada <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Apresentada econtada por um homem, Rodrigo S. M.,artifício cria<strong>do</strong> pela autora para marcar queuma mulher não suportaria acompanhar-lhea trajetória: “(...) porque escritora mulher podelacrimejar piegas.” (LISPECTOR, 1998)Assim se impõe a esse homemescritor, a p<strong>os</strong>sibilidade de se fazer enquantotal – escritor – acompanhan<strong>do</strong>/contan<strong>do</strong> ahistória de Macabéa, que escreve por motivode ‘força maior’, ou seja, ‘por força de lei’.Algo se impõe a Rodrigo S. M. de forma absoluta eimperi<strong>os</strong>a, como uma lei. Mas trata-se de algo que seimpõe inteiramente, mobilizan<strong>do</strong> as raízes de suaprópria subjetividade. Este vivencia a sua própriaexclusão interior, pelo contato com esse outro‘Macabéa’ que é ‘vida primária, que respira, respira,respira. ’ (PEREIRA, 1998)É assim que a<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong> vam<strong>os</strong>toman<strong>do</strong> contato com essa nor<strong>des</strong>tina,cadela vadia que não se faz perguntas, queapesar da miséria concreta de sua condição;não tem angústia. N<strong>os</strong>so narra<strong>do</strong>r, artifíciode Clarice Lispector, não consegue deixar dedemonstrar seu encantamento e interrogaçãofrente a tamanha simplicidade: “ (...) como elapodia ser simplesmente ela mesma, sem se fazerperguntas?” (LISPECTOR, 1998)Mas isso não basta para dizer deMacabéa, já que por outro la<strong>do</strong> é p<strong>os</strong>sívelpensar que essa <strong>des</strong>afetação em relação aomun<strong>do</strong>, as coisas e a si mesma – profun<strong>do</strong><strong>des</strong>conhecimento de si – marca de suaaparente inocência, é uma forma de <strong>des</strong>viarsede se ver pega enquanto <strong>des</strong>ejante:Quero antes afiançar que essa moça não se conhecesenão através de ir viven<strong>do</strong> à toa. Se tivesse a tolice <strong>des</strong>e perguntar “quem sou eu?” cairia estatelada e emcheio no chão. É que “quem sou eu?” provocanecessidade. E como satisfazer a necessidade? Quemse indaga é incompleto. (LISPECTOR, 1998)Apesar de se manter enquanto aqueleque dá voz à esta história, n<strong>os</strong>so narra<strong>do</strong>r,Rodrigo S. M., não interfereconsistentemente na mesma, ficainconforma<strong>do</strong> com o esta<strong>do</strong> de suapersonagem; esta<strong>do</strong> de absurda resignação epassividade. Frente a isso apenas pode usardaquilo que nomeia de ‘direito ao grito’. Masesse não é um apelo de Macabéa, é apenas oprotesto de um narra<strong>do</strong>r frente à<strong>des</strong>envoltura e força daquilo que narra. Semele seria imp<strong>os</strong>sível perceberm<strong>os</strong> <strong>os</strong>contorn<strong>os</strong> de Macabéa, assim é perceptívelque o que faz funcionar algo da ordem <strong>do</strong>discurso que coloca em questão o lugar <strong>do</strong>outro.Por conta de ser e suportar aquiloque se coloca na ordem da alteridade,Rodrigo S. M., faz girar sobre Macabéa aquestão que lhe permitirá <strong>des</strong>embocar,mesmo que palidamente, n<strong>os</strong> umbrais deMadama Carlota, a cartomante: qual é a parteque lhe cabe, <strong>des</strong>sa história? Desejas? Aoemprestar a essa moça um encadeamentodiscursivo que tece a sua própria história,com metáforas e metonímias, alcançou-sealgo a mais <strong>do</strong> que um simples relato –galgou se através de uma questão ap<strong>os</strong>sibilidade de um novo tempo, que po<strong>des</strong>er conduzi<strong>do</strong> imaginariamente ou sustentara pergunta que se coloca suportan<strong>do</strong> as suasconseqüências:Qual foi a verdade de minha Maca? Basta <strong>des</strong>cobrir averdade que ela logo já não é mais: passou omomento. Pergunto: o que é? Resp<strong>os</strong>ta: não é.(LISPECTOR, 1998)Assim a p<strong>os</strong>ição de Madama Carlotapode ser <strong>des</strong><strong>do</strong>brada em <strong>do</strong>is pont<strong>os</strong> dereflexão: um aonde o imaginário conduz <strong>os</strong>ujeito ao pior e outro aonde a sustentaçãoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
139<strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista p<strong>os</strong>sibilita apareceraquilo que é da ordem <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo daquele quefala; ponto de entrada de uma psicanálise,propriamente dita: ‘Que queres?’ Instauraçãode um novo tempo onde aquilo que é daordem <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> pode ser escuta<strong>do</strong>. Ap<strong>os</strong>sibilidade de escuta <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> abreum novo tempo onde analista e analisand<strong>os</strong>ão convidad<strong>os</strong> a suportar a alteridade,permitida pela intrusão <strong>do</strong> significante, únicocaminho para se alcançar uma verdade,mesmo que não toda:Madama Carlota havia acerta<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>. Macabéa estavaespantada. Só então vira que sua vida era uma miséria.Teve vontade de chorar ao ver o seu la<strong>do</strong> op<strong>os</strong>to, elaque, como eu disse, até então se julgava feliz.Saiu da casa da cartomante a<strong>os</strong> tropeç<strong>os</strong> e parou nobeco esqueci<strong>do</strong> pelo crepúsculo – crepúsculo que éhora de ninguém. Mas ela de olh<strong>os</strong> ofuscad<strong>os</strong> como seo último final de tarde f<strong>os</strong>se mancha de sangue e ouroquase negro. Tanta riqueza de atm<strong>os</strong>fera a recebeu e oprimeiro esgar da noite que, sim, sim, era funda efaust<strong>os</strong>a. Macabéa ficou um pouco aturdida sem saberse atravessaria a rua, pois sua vida já estava mudada. Emudada por palavras – <strong>des</strong>de Moisés se sabe que apalavra é divina. Até para atravessar a rua ela já eraoutra pessoa. Uma pessoa grávida de futuro. Sentia emsi uma esperança tão violenta como jamais sentiratamanho <strong>des</strong>espero. Se ela não era mais ela mesma,isso significava uma perda que valia por um ganho.(LISPECTOR, 1998)REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:AGOSTINHO, Santo. As Confissões. Rio deJaneiro: Edição de Ouro, 1970.LACAN, J. Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro: J.Z.E.,1998.LACAN, J. Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro:J.Z.E., 2003.LACAN, J. O Seminário, Livro 1 – Os Escrit<strong>os</strong>Técnic<strong>os</strong> de Freud. Rio de Janeiro: J.Z.E., 1981.O Seminário, Livro 7 – A Ética daPsicanálise. Rio de Janeiro: J.Z.E., 1991.O Seminário, Livro 8 – ATransferência. Rio de Janeiro: J.Z.E., 191992.LISPECTOR, C. A Hora daEstrela. São Paulo: Martins Fontes, 1998.PEREIRA, M.E.C. Solidão e Alteridade em AHora da Estrela, de Clarice Lispector. In Pereira, M.E.C.(Org.) Leituras da Psicanálise: Estéticas da Exclusão.Campinas, S.P: Merca<strong>do</strong> das Letras, 1998.QUINET, A. As 4+1 Condições da Análise.Rio de Janeiro: JZE, 1991.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
140_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoOs temp<strong>os</strong> de uma práxisRonal<strong>do</strong> Torresuais são <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> deQuma praxis? Para a issoresponder devem<strong>os</strong>recuperar que o ato napraxis, que concerne tantoao campo da ética quantoao da política na Gréciaantiga, apresenta umaconfiguração bem diferente <strong>do</strong> ato presentena natureza (phisis) e na arte (poiesis). Sópara se ater à dimensão <strong>do</strong> tempo, o ato naphisis se <strong>des</strong><strong>do</strong>bra em um tempo de<strong>des</strong>envolvimento necessário de umaordenação <strong>do</strong> log<strong>os</strong>, na passagemdeterminada da potência ao ato; e napoiesis o tempo se coloca no intervaloentre o agente e o produto, onde a techneacha seu lugar. Por seu la<strong>do</strong>, na praxis,devi<strong>do</strong> ao fato de que não há distinçãoentre agente, produto e finalidade no ato(ou seja, o ato, na praxis, é o agente, oproduto e finalidade), o tempo é indexa<strong>do</strong>de forma diferente. Ele é marca<strong>do</strong> tantopelo instante <strong>do</strong> ato, por exemplo, de umato justo, como também traz em si aextensão histórica de seu agente, porexemplo, um homem notadamente injusto.Por essa razão, o tempo <strong>do</strong> ato na praxispode ser tanto um tempo de repetição,quanto pode ser um tempo de reordenação,de irrupção <strong>do</strong> novo.Essa marca <strong>do</strong> ato penetra toda apraxis na medida em que a ética não é umcampo <strong>do</strong> singular. Assim, da mesmaforma, o eth<strong>os</strong>, como campo transindividual,apresenta a mesma pulsaçãoentre repetição e criação. Devem<strong>os</strong> lembrara dupla nomeação <strong>do</strong> eth<strong>os</strong>: por um la<strong>do</strong> o“eth<strong>os</strong> (com eta inicial) <strong>des</strong>igna a morada<strong>do</strong> homem...a metáfora da morada e <strong>do</strong>abrigo indica justamente que, a partir <strong>do</strong>eth<strong>os</strong>, o espaço <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> torna-sehabitável para o homem. O <strong>do</strong>mínio daphisis ou o reino da necessidade é rompi<strong>do</strong>pela abertura <strong>do</strong> espaço humano <strong>do</strong> eth<strong>os</strong>no qual irão se inscrever as ações... Asegunda acepção de eth<strong>os</strong> (com épsiloninicial) diz respeito ao comportamento queresulta de um constante repetir d<strong>os</strong>mesm<strong>os</strong> at<strong>os</strong>” (Lima Vaz, 1993, p. 12).Assim, como hábito, o eth<strong>os</strong> traz em si amarca <strong>do</strong> que se repete e, como c<strong>os</strong>tume ainscrição <strong>do</strong> novo, da criação que escapa ànecessidade natural.No que toca a psicanálise e em particularLacan é importante lembrar que anomeação da experiência analítica pelotermo praxis só acontece a partir <strong>do</strong> sétimoano de seu seminário, justamente em: “AÉtica da Psicanálise”. Até então, Lacannormalmente utilizava a expressão “técnicapsicanalítica”. Fica por saber, então, porquêum seminário em que há um claro esforçopara distanciar a experiência psicanalítica<strong>do</strong> orth<strong>os</strong>log<strong>os</strong> aristotélico, deixa-n<strong>os</strong>também, contraditoriamente, a herança delocalizar a psicanálise no campo da praxis.A resp<strong>os</strong>ta pode estar em certa disjunçãoda “Ética a Nicômano” que se pode operarentre o que seria relativo às proprieda<strong>des</strong><strong>do</strong> eth<strong>os</strong>, nas quais vem<strong>os</strong> element<strong>os</strong>concernentes à psicanálise, e o que toca ateleologia da ética aristotélica, diante daqual Lacan p<strong>os</strong>iciona a experiência analíticacomo uma espécie de antítese.Sobre o que afasta a psicanálise daética aristotélica, isto está bem claro nesteseminário na crítica à noção de “SoberanoBem” e no tratamento da<strong>do</strong> à questão <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo. Esse não será o foco de n<strong>os</strong>saexp<strong>os</strong>ição. Mas pelo la<strong>do</strong> contrário,podem<strong>os</strong> trabalhar a aproximação daANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
141experiência analítica a praxis por algunsvértices, como a questão da alteridade e <strong>do</strong>endereçamento que se coloca no ato ou aquestão da sup<strong>os</strong>ição ao saber tambémpresente nesse ato. Devem<strong>os</strong> recordar quea liberdade implicada no eth<strong>os</strong>, comop<strong>os</strong>sibilidade de criação, está condicionadaa alteridade p<strong>os</strong>ta no eth<strong>os</strong> como repetição.Isso decorre da dialética interna ao próprioeth<strong>os</strong> e refere o conflito ao campo d<strong>os</strong>aber; conflito entre o saber constituí<strong>do</strong> e <strong>os</strong>aber como razão, potência criativa. Assimtal alteridade se manifesta tanto na relaçãodireta d<strong>os</strong> cidadã<strong>os</strong> na Polis, como tambémna relação <strong>do</strong> cidadão ao saber. A questão<strong>do</strong> tempo se insere como um outro vérticepelo qual podem<strong>os</strong> relacionar a psicanálisee a praxis, mas que acaba por incluir essesoutr<strong>os</strong> camp<strong>os</strong>, como verem<strong>os</strong>.O tempo, tal como indicam<strong>os</strong>, emse inscreven<strong>do</strong> duplamente no ato dapraxis, sugere proximida<strong>des</strong> ao tempo d<strong>os</strong>ujeito tal como a psicanálise o concebe. Oato na praxis, como vim<strong>os</strong>, é um ato que éo seu próprio agente. Não é a apresentaçãode uma faceta ou a representação de umpapel, mas sim, no ato está o próprioagente que é também o produto <strong>do</strong> mesmoato. Assim, o que marca o ato como eth<strong>os</strong>é a instauração de um <strong>sujeito</strong>, pelo men<strong>os</strong>,até aqui, <strong>sujeito</strong> da ação. Mas tambémvim<strong>os</strong> como esse ato não está da<strong>do</strong> aoinfinito de p<strong>os</strong>sibilida<strong>des</strong> abstratas, sen<strong>do</strong>,antes, sup<strong>os</strong>to a uma alteridade que lheconvoca a um tempo de repetição, mas quese apresenta, igualmente, como a únicap<strong>os</strong>sibilidade de inscrição de um temponovo. Então, podem<strong>os</strong> ver como o ato é oinstante mesmo em que o <strong>sujeito</strong> surgecomo submeti<strong>do</strong> às coordenadas outras ecomo lugar da criação. Porém o ato é <strong>os</strong>ujeito. Portanto ele, o <strong>sujeito</strong>, é o instante,a sup<strong>os</strong>ição e é o lugar da criação. Daípodem<strong>os</strong> depreender a estrutura <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>em seu tempo.Nessa mesma direção, vem<strong>os</strong> essestemp<strong>os</strong> se colocarem na transferência.Porque esses temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> não n<strong>os</strong>são dad<strong>os</strong> senão pela realidade <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> p<strong>os</strong>ta em ato, uma dasdefinições de transferência dadas porLacan. No disp<strong>os</strong>itivo analítico, é natransferência como atualização da realidade<strong>inconsciente</strong> que a queixa, o sintoma, oacting-out e o delírio se <strong>des</strong><strong>do</strong>bram emrepetições que são, de fato, atualizações dasrelações que o <strong>sujeito</strong> criou com o Outro.Vem<strong>os</strong> assim, em um primeiro plano,como é na transferência que <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> decriação e repetição da relação entre <strong>sujeito</strong>e Outro se inscrevem. Porém, salientem<strong>os</strong>por enquanto, que essa repetição, comon<strong>os</strong> adverte Lacan, é da ordem deautômaton e não de tiquê como verem<strong>os</strong>depois.Seguin<strong>do</strong> n<strong>os</strong>so caminho, devem<strong>os</strong>agora abordar a questão <strong>do</strong> tempo a partirda praxis no que toca não apenas o <strong>sujeito</strong>e a transferência, mas o tempo <strong>des</strong>sestemp<strong>os</strong> na experiência analítica. Porque <strong>os</strong>ujeito na transferência estar entre criação erepetição é condição de p<strong>os</strong>sibilidade, masnão condição suficiente para que suaanálise se inicie. A entrada em análise tem amarca de sua direção e se estabelece porum tempo e por um ato. A isso Lacannomeou retificação subjetiva, mas podem<strong>os</strong>também situar este ponto no primeirotempo d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong>, o “instante dever”. Aqui se fortalece a aproximação coma praxis no senti<strong>do</strong> da finalidade <strong>do</strong> campoda ética e da política entre <strong>os</strong> greg<strong>os</strong>. Ofato da psicanálise não compartilhar damesma direção não a p<strong>os</strong>icionanecessariamente fora <strong>do</strong> campo da ética eda política.Em primeiro lugar, a direção é dada n<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> de que se transforme atransferência imaginária p<strong>os</strong>ta na figura <strong>do</strong>analista em transferência ao saber. O<strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber. Essa é uma operaçãoque será feita pelo <strong>sujeito</strong>, mas nodisp<strong>os</strong>itivo. Aqui é um outro ato se quecoloca como paradigmático: o ato falho.Pois a p<strong>os</strong>ição subjetiva no ato falho estácolocada na determinação de sua relaçãoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
142com o Outro. Porém, não basta surgir oato falho, mas que seja p<strong>os</strong>sível que <strong>os</strong>ujeito se veja neste tipo de p<strong>os</strong>ição em queé o Outro quem nele fala. É essa p<strong>os</strong>içãoretificada por esse “ver” que pode abrir àOutra cena como n<strong>os</strong> apontava Freud.Essa é a primeira escansão, um corte comocriação, mas que redunda na repetição <strong>do</strong>automatismo significante <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>tempo da análise, o tempo decompreender.Todavia, para seguirm<strong>os</strong>, efinalizarm<strong>os</strong>, torna-se necessária aintrodução de um elemento novo. Esseelemento, vem<strong>os</strong> Lacan introduzi-lotambém e curi<strong>os</strong>amente no seminário 7:“Pois bem, coisa curi<strong>os</strong>a para umpensamento sumário que pensaria que todaexploração da ética deve incidir sobre o<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> ideal, senão <strong>do</strong> irreal, irem<strong>os</strong>,pelo contrário, ao inverso, no senti<strong>do</strong> deum aprofundamento da noção de real”(p.21).Os pass<strong>os</strong> dad<strong>os</strong> até aqui: o tempo<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, a transferência como ato e aentrada em análise, poderiam se sustentarsomente em Freud. Mas a abordagem <strong>do</strong>real como direção para a praxis analítica,isto se deve a Lacan. Pois <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> daanálise não se esgotam no tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>e no “instante de ver”. O “tempo decompreender” e a escansão que sedenomina “momento de concluir” sãoimplicações lógicas daqueles temp<strong>os</strong>(embora não necessárias) que devemintroduzir a dimensão, não mais apenas d<strong>os</strong>ujeito, mas também <strong>do</strong> objeto. Objetopequeno a como n<strong>os</strong> indica Lacan.Isso se opera pela transferência,mas agora em se tratan<strong>do</strong> de “sacar como atransferência pode n<strong>os</strong> conduzir ao núcleoda repetição” (Lacan, S11, p. 71). Essenúcleo real da repetição como tiquê, curtocircuita<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> de repetição e criação,pois o tempo da repetição é sempre otempo da primeira vez, porque não háinscrição <strong>do</strong> que se repete na cadeiasignificante. É, portanto, um tempo semprenovo. “O tempo da pulsão é muitodiferente. É um tempo de encontro,estrutura<strong>do</strong> como um instante, que operacomo um corte na continuidade <strong>do</strong> temp<strong>os</strong>ignificativo” (Soller, 1997, p.66). No“tempo de compreender”, trata-se daexperiência <strong>des</strong>sa repetição, as voltas dademanda como n<strong>os</strong> <strong>des</strong>creve Lacan. Tratasede <strong>des</strong>cobrir que a repetição é a criaçãoque se fez a partir <strong>do</strong> objeto como objetocedi<strong>do</strong> ao Outro. Mas isso só encontra ofim por um outro ato com seu tempo; noato da escansão <strong>do</strong> “momento deconcluir”, no ato analítico como passagem,travessia, a praxis grega é subvertida pelapsicanálise. Pois aqui, no momento <strong>do</strong> ato,não há <strong>sujeito</strong>, e na p<strong>os</strong>ição de agente secoloca o objeto. Ato que marca um giro einstaura o psicanalista. Analista que só seautoriza de si mesmo (Lacan, 2003, p.248).REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASLACAN, J. Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>. Jorge Zahar editora.Rio de Janeiro, 2003.LACAN, J. O Seminário - vol VII. Jorge Zahareditora. Rio de Janeiro, 1985.LACAN, J. O Seminário - vol XI. Jorge Zahareditora. Rio de Janeiro, 1985.LIMA VAZ, H.C. Escrit<strong>os</strong> de Fil<strong>os</strong>ofia II – Ética eCultura. São Paulo, 1993.SOLLER. C. O Sujeito e o Outro. In: Para Ler oSeminário 11 de Lacan. Jorge Zahar Editora. Rio deJaneiro, 1997.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
143_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamento“L<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> del sujeto: - <strong>des</strong>eo in<strong>des</strong>tructible: -trieb por venir/-lo actual en la transferenciaPerla Wassermani trabajo está guia<strong>do</strong>Mpor una preguntarespecto del tiempo yes como sigue: si el<strong>des</strong>eo, como lo planteaFreud, es in<strong>des</strong>tructible,lo es en tanto escapa altiempo. Entonces ¿aqué registro de la realidad pertenece el<strong>des</strong>eo?He toma<strong>do</strong> como referencia d<strong>os</strong> citas. Laprimera, escrita por Freud en su libro “Lainterpretación de l<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong>”; la segunda,de Lacan en su seminario “L<strong>os</strong> cuatroconcept<strong>os</strong> fundamentales delPsicoanálisis”.La cita de Freud es la siguiente: “¿Yel valor de l<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong> para el conocimientodel futuro? Ni pensar en ello, naturalmente.Podríam<strong>os</strong> reemplazarlo por esto otro: parael conocimiento del pasa<strong>do</strong>. Pues delpasa<strong>do</strong> trata el sueño, en to<strong>do</strong> senti<strong>do</strong>.Aunque tampoco la vieja creencia de que elsueño n<strong>os</strong> enseña el futuro deja de teneralgún conteni<strong>do</strong> de verdad. En la medidaen que el sueño n<strong>os</strong> presenta un <strong>des</strong>eocomo cumpli<strong>do</strong> n<strong>os</strong> trasladaindudablemente al futuro pero este futuroque al soñante le parece presente es crea<strong>do</strong>a imagen y semejanza de aquel pasa<strong>do</strong> porel <strong>des</strong>eo in<strong>des</strong>tructible.”Hay una preocupación de Freud, a lo largode toda su obra, en ubicar un lugar para elaparato psíquico, un lugar que no seaneurológico. ¿Cuál es el lugar <strong>do</strong>ndetranscurre el sueño? ¿Qué escena es la queel soñante relata? ¿Dónde está esta escenaque se realiza?Toma entonces una hipótesis.Hipótesis que trae de Fechner que dice: ”laescena, en que l<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong> se <strong>des</strong>arrollan esdistinta de aquella en la que se <strong>des</strong>envuelvela vida de representación <strong>des</strong>pierta. Sóloesta hipótesis puede hacern<strong>os</strong> comprenderlas particularida<strong>des</strong> de la vida onírica”.Freud concluye entonces en lo siguiente:“La idea que aquí se n<strong>os</strong> ofrece es la deotra localidad psíquica”.Freud plantea como hipótesis paraque el sueño sea lo que es, unainterpretación -en tanto interpretar es situarest<strong>os</strong> sueñ<strong>os</strong> en relación a un discurso.-toma entonces como hipótesis la existenciade “Otra escena”. Otra escena <strong>do</strong>nde elsueño transcurre, que es siempre en elpresente del conteni<strong>do</strong> manifiesto.Ahora bien, sobre este fon<strong>do</strong> de escenatambién l<strong>os</strong> recuerd<strong>os</strong> infantiles tienen sulugar sien<strong>do</strong> lo que son: <strong>des</strong>e<strong>os</strong> infantilesque toman su impulso del <strong>des</strong>eoinconciente. De este mo<strong>do</strong>, el <strong>des</strong>eo porrealizar en el sueño y l<strong>os</strong> recuer<strong>os</strong> infantilesforman parte de esa “Otra Localidad “ quenombra Freud y que Lacan llama “la OtraRealidad”.Así, esta Otra escena funcionacomo hipótesis en la cual el sujeto puedeverse, ser mira<strong>do</strong> según la p<strong>os</strong>ición en elfantasma. Es decir, además de ser lap<strong>os</strong>ibilidad del presente en el relato delsueño, es la p<strong>os</strong>ibilidad de constitución delsujeto en tanto le es necesario Otro. N<strong>os</strong>ólo Otro como diferente, sino como otrolugar diferente de aquel que el sujeto puedeocupar.Entonces, Otra escena como Otralocalidad que podría plantearse comoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
144secuencia espacial, es a mi entendertambién una secuencia temporal que no esni progresiva ni regresiva, en to<strong>do</strong> caso essobre el fon<strong>do</strong> de esta otra escena que elfantasma tiene lugar en presente.Y ahora traigo la cita de Lacan en“L<strong>os</strong> Cuatro concept<strong>os</strong> fundamentales delPsicoanálisis:”...pero por otro la<strong>do</strong> esarealidad no es poca c<strong>os</strong>a, pues n<strong>os</strong><strong>des</strong>pierta la otra realidad escondida tras lafalta de lo que hace las veces derepresentación, el trieb, n<strong>os</strong> dice Freud... ysi por falta de representación, no está ahí,de qué trieb se trata, tal vez tengam<strong>os</strong> queconsiderar que solo es trieb por venir.”Allí Lacan agrega otras metáforaspara hablar de esa Otra realidad: rupturaentre percepción y conciencia, entre carne yuña, el lugar intemporal. La pregunta acercadel campo de la percepción Lacan la va asituar relevan<strong>do</strong> lo que es del campoescópico, no sin relevar la Otra escena: elsueño como un lugar <strong>do</strong>nde algo se da aver en esa Otra escena y por otra parte lopulsional, articula<strong>do</strong> en el sueño por el<strong>des</strong>eo en relación a una representación quees inexistente.El “quiero ver” de la exigenciapulsional se hace presente en el sueño,presente como tiempo verbal y presentetambién como metáfora de una ausencia.Ausencia que en la experiencia del análisisla soporta la presencia del analista, ausenciadel tiempo anterior borra<strong>do</strong> a la manera enque Freud <strong>des</strong>cribe la pizarra mágica,<strong>do</strong>nde lo que queda es una marca. Tiempoen el que se le demanda al otro y en el“decir” la promesa que la palabra evoca.Tiempo por venir...Y lo por venir entonces, si eltiempo anterior falta ¿dónde se ubica?Si no hay representación de la falta,sino la de una hipótesis que hace las vecesde representación de lo que no hay, lo porvenir y allí objet<strong>os</strong>, satisfacciones,insatisfacciones, penas, goces, <strong>des</strong>e<strong>os</strong> enfin, palabras; lo por venir, entonces, esretroactivo respecto de esta hipótesis quehace las veces de anticipación: hipótesis deuna Otredad necesaria que da la p<strong>os</strong>ibilidadpara ese sujeto de <strong>des</strong>alojar ese lugar, no sinapropiarse de algo que está en el Otro.Hasta aquí, d<strong>os</strong> plan<strong>os</strong> en que se realiza elOtro para el sujeto: uno, el que construye laOtra realidad, lo pulsional por venir; y elotro plano, el de la Otra escena <strong>do</strong>nde el<strong>des</strong>eo tiene lugar.Entonces lugar y tiempo comoequivalentes. Otro y presente comometáfora de esa equivalencia.Ahora lo tercero, que es de lapráctica misma.Liliana una mujer de 45 añ<strong>os</strong>,casada. Tiene tres hij<strong>os</strong>. Llega, y en a lasprimeras entrevistas pronuncia esta frase:“Con mi madre no pue<strong>do</strong> pensar.”.Alrede<strong>do</strong>r de este dicho van a girar susquejas. Habrá otras frases en el mism<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> <strong>do</strong>nde ella queda vacía depensamient<strong>os</strong> frente a su madre. Senti<strong>do</strong> elde sus frases que revela moment<strong>os</strong> deangustia, allí <strong>do</strong>nde no puede pensar.Senti<strong>do</strong> que le da existencia. Su ser está ahícomo objeto entrega<strong>do</strong> al Otro. Se lamenta,se enuncia como culpable del lugar quetiene para su madre. Culpable por no decirlo que piensa, cuan<strong>do</strong> piensa distinto y porsupuesto culpable por pensar distinto.Se plantea colmarla, para callarla,para que la deje tranquila. Necesita creerfervor<strong>os</strong>amente en que es p<strong>os</strong>ible unaidentidad que anule el tiempo, la diferencia.Identidad que sabem<strong>os</strong>, por propiaexperiencia, es la medida de lainsatisfacción es la repetición puesta arepetir. La exigencia de ir a ese lugar, lodice, “es mas fuerte que ella”.Incesantemente va de Martínez a Belgrano(d<strong>os</strong> punt<strong>os</strong> distint<strong>os</strong> de la Ciudad deBuen<strong>os</strong> Aires) cuan<strong>do</strong> algo en la voz de sumadre varía, cuan<strong>do</strong> ella percibe suinsatisfacción y, aclara, la de su madre.Escena de ir y volver que repite unaanterior, anterioridad que en el principio sele anticipa como <strong>des</strong>tino. ¿Qué pide? ¿Dequé insatisfacción se trata? Por supuestoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
145que es la insatisfacción de su madre, perono sin la de ella. Allí, en esto que es loprimero y como segun<strong>do</strong> queda borra<strong>do</strong>,retorna. Retorna, a mi entender, en unasegunda frase que corresponde a unsegun<strong>do</strong> momento en el análisis de Liliana.La frase es: “con mi mama no meentien<strong>do</strong>”, que es dicha en el contexto deuna nueva discusión que tiene con sumadre. La escansión allí es: “no meentien<strong>do</strong>.”Ubiquémon<strong>os</strong> en el texto de Freud“Más allá del principio del placer”. Cuan<strong>do</strong>el niño se separa de la madre es algo de síque pierde a través de esta auto-mutilación.Cuan<strong>do</strong> algo es perdi<strong>do</strong>, en términ<strong>os</strong> deobjeto ama<strong>do</strong>, es algo de sí que el sujetopierde. Podem<strong>os</strong> llamar su ser lo que elsujeto pierde al constituirse esta primeraesquicia. Y que la madre a su vez vaya alsitio de “la c<strong>os</strong>a” no la hace idéntica al DasDing, sino que la eleva por perdida al lugarde lo prohibi<strong>do</strong>.Se trata, entonces, de la repeticiónde la primera esquicia, repetición que eshuella de ese primer tiempo perdi<strong>do</strong>, ¿yluego?: que sea lo mismo en tod<strong>os</strong> susdetalles, eso es lo que Freud remarca, queno haya variación. ¿Y qué es lo que se tratade alcanzar allí sino algo que se pierde en elpropio advenimiento al lenguaje? Esto quese pierde y que llamam<strong>os</strong> significancia .esto que no puede ser significa<strong>do</strong> .Se pierde algo, entonces hay en lademanda el pedi<strong>do</strong> de que esta pérdida seasignificada y así reencontrar al objeto en susignificación.“¿Es que me entendí?” “¿Habrési<strong>do</strong> entendida?”Entonces, podem<strong>os</strong> preguntarn<strong>os</strong>:si lo idéntico escapa al tiempo y larepetición es la de la no variación, ¿quéhace entrar al tiempo que se escapa?La C<strong>os</strong>a, idéntica a sí misma, esa búsquedaincesante de su “principio” que realice el<strong>des</strong>eo; la C<strong>os</strong>a en tanto idéntica lo es entanto idéntica a su pérdida. Pérdida quequeda fuera del tiempo. Por lo tanto loidéntico no escapa el tiempo, lo que escapaal tiempo es lo idéntico de la perdida.Freud, respecto de la pérdida de eseobjeto primero, aquel de la vivencia <strong>des</strong>atisfacción, n<strong>os</strong> dice que cayó sobre él larepresión que nombró primaria. Si esetiempo de pérdida falta por reprimi<strong>do</strong>primordial, falta como falta la c<strong>os</strong>a para elsujeto.Luego, lo que retorna es el <strong>des</strong>pistede l<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> por venir. En cuanto altiempo, retorna en “Men<strong>os</strong> un tiempo inconta<strong>do</strong>”,-1 que el sujeto pondrá en lacuenta in<strong>des</strong>tructible de su <strong>des</strong>eo. Labúsqueda incesante de esa identidad es loque en análisis un sujeto demanda: lapromesa de senti<strong>do</strong>, la promesa, en últimainstancia, del objeto de la representación delo irrepresentable.Para el sujeto, “el no haber esta<strong>do</strong>ahí”, eso que <strong>des</strong>igné como -1, faltar ahí,es la promesa que el analista podrá cumplir“con el tiempo”. Quiero decir “con eltiempo”, no con el sujeto.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
146_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoA pesar del tiempoTrinidad Sanchez-Biezma de Landerl <strong>inconsciente</strong>, señala LacanEen 1967: “no es perder lamemoria, es no acordarsede lo que se sabe”. Es unsaber que si bien se imponeen las repeticiones y en l<strong>os</strong>síntomas no representa alsujeto. Es memoria en laque el sujeto no se reconoce. Una memoriaque no es mera leyenda sino algo vivo queabre el paso al saber de las huellas quequedaron inscritas como determinación deun sujeto. Memoria que no es añoranzasino resorte de vida, memoria del trauma,experiencia misma de subjetividad.El <strong>inconsciente</strong> es esa memoria delorigen: el trauma y su fijación, quepodem<strong>os</strong> entender como tabla de salvacióna la que el niño se agarra con fuerza paraotear la orilla. Tabla que terminaconvirtiénd<strong>os</strong>e en referencia <strong>des</strong>atisfacción. Torpeza de la que estam<strong>os</strong>hech<strong>os</strong> y de la que se guarda un saber,saber oculto del origen, de la vida en suinicio precario.Desde las primeras elaboracionesFreud articula el efecto del trauma altiempo y dice, que la vivencia traumáticaque está en la base de la formación delsíntoma corresponde a una experienciasexual precoz intolerable para el yo.También <strong>des</strong>cubre, que el efecto traumáticono está liga<strong>do</strong> a esta escena de seducción,sino que esa escena es a su vez un productofantasmático; es decir, una elaboraciónaprès-coup: “l<strong>os</strong> traumas consisten enexperiencias somáticas o en percepcionessensoriales, por lo general visuales oauditivas; son, pues vivencias oimpresiones” (Freud, 1939:3285), en unmomento en el que el yo no estaba encapacidad de entender de esas c<strong>os</strong>as oídas ovistas.P<strong>os</strong>teriormente Freud será másradical al decir que el <strong>inconsciente</strong> noconoce el tiempo; es decir, que es tal lahuella que ese encuentro precoz(significa<strong>do</strong> en un segun<strong>do</strong> momento) dejaen el yo, que el sujeto llevará de por vidauna marca erradicada de su conciencia y dela que solo quedará en el <strong>inconsciente</strong> surepresentación après-coup, un recuer<strong>do</strong>.Lo ejemplifica con el caso Emma (Freud,1895:252). Hay que recalcar que en elmomento el suceso no había si<strong>do</strong>traumático para la niña, no lo comprendióentonces, pero sintió una extraña y vagasensación de algo prohibi<strong>do</strong>.María también sabe de lo prohibi<strong>do</strong>cuan<strong>do</strong> a l<strong>os</strong> tres añ<strong>os</strong>, escondida detrás deun<strong>os</strong> arbust<strong>os</strong> escarba tierra en el jardín <strong>des</strong>u casa: “Es como si buscara algo, o abrieraun huequito con mi de<strong>do</strong> índice, encuentrouna pequeña moneda, no estoy segura perome llevo algo a la boca, la moneda o tierra.Oigo la voz de mi mamá que me llama,creo que estoy escondida de ella hacien<strong>do</strong>algo que me gusta pero que está prohibi<strong>do</strong>:¿Hacer pupú de esta manera?”Freud le dio importancia a las escenasinfantiles. Trabajó la escena primaria delhombre de l<strong>os</strong> lob<strong>os</strong> y cinco añ<strong>os</strong> <strong>des</strong>pués,otra escena no men<strong>os</strong> importante que titulópegan a un niño, escena que aparece en l<strong>os</strong>text<strong>os</strong> freudian<strong>os</strong> igual a como asoma en laclínica: aislada, apartada del resto de laselaboraciones del paciente.En el caso del hombre de l<strong>os</strong> lob<strong>os</strong>,Freud habla de d<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> constitutiv<strong>os</strong>de su p<strong>os</strong>ición sexuada en relación a laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
147experiencia de castración. El primer tiempoes, la observación del coito de l<strong>os</strong> padresque alimenta su teoría sexual infantil. Eneste primer tiempo el niño estabaidentifica<strong>do</strong> con su madre, con tod<strong>os</strong> sussíntomas intestinales; Freud estima que esteórgano estaba afecta<strong>do</strong> histéricamente.Después, el sueño de l<strong>os</strong> lob<strong>os</strong> en<strong>do</strong>nde aparece una catatonia, una detenciónfascinada y a la vez horrorizada de laimagen, y que marca una discontinuidad: lamadre está castrada y frente a esto tieneque tomar una p<strong>os</strong>ición; o reconoce laeficacia de la castración y la toma tantopara su madre como para él, o, la repudia ypermanece en su teoría sexual infantil.P<strong>os</strong>terior a este sueño, construye unaimagen de su infancia. Una mujer encuclillas que le recuerda a su madre en laescena primaria, y un hombre que se portaen esta escena como su padre. Aquí hay unniño copian<strong>do</strong> a su padre, lo que n<strong>os</strong> hacesuponer la tendencia a crecer en unadirección, que podríam<strong>os</strong> llamar viril.Este tipo de escena, graba para elsujeto el encuentro con la diferencia de l<strong>os</strong>sex<strong>os</strong>. Sabem<strong>os</strong> <strong>des</strong>de Freud que estaescena adquiere su valor demole<strong>do</strong>r solocuan<strong>do</strong> es referida a la castración de lamadre. Son escenas que confrontan alsujeto con un enigma para el que no hayrespuesta; el sexo está allí presente comodiferencia y no como actividad específicaque daría senti<strong>do</strong> a esa diferencia. Es elencuentro con una hendija, una falta en elsaber.Ana n<strong>os</strong> cuenta una clara construcciónacerca del origen de l<strong>os</strong> niñ<strong>os</strong> en <strong>do</strong>nde senuestra el drama de la niña <strong>des</strong>eante: “eramuy pequeña y estaba sola en unamontañita miran<strong>do</strong> al cielo, había una granluna llena y pensé: ¿qué pasaría si tengo deniño, un gran queso manchego?, como laluna. Tenía mie<strong>do</strong>, el queso manchego erael preferi<strong>do</strong> de mi papá”.Es por amor al padre y la metáforaque él implica, metáfora en la que por suamor, para su amor se con<strong>des</strong>ciende asituarse en la diferencia sexual. El amor alpadre es el eje alrede<strong>do</strong>r del cual gira laorganización del síntoma histérico y por locual su cuerpo siempre se mantiene a puntode <strong>des</strong>fallecer. La escena fija la p<strong>os</strong>iciónfemenina.La identificación previa y la constatación dela falta de la madre que era su propia falta,la orientó al padre sien<strong>do</strong> igual a ella yquerien<strong>do</strong> lo que ella quería. Reconocer lacastración materna y elegir al padre fueelegir el mie<strong>do</strong> y la neur<strong>os</strong>is, pero también,al elegir la falta y el <strong>des</strong>eo, elegía al hijo parataponar la falta. La relación con la madreorienta la elección de sexo, al amor al padrey al hijo están unid<strong>os</strong> al reprochepermanente a esa madre que era laresponsable de su falta de niña.Anteriormente el sujeto habíaconstrui<strong>do</strong> sus teorías, sus hipótesis sobreel nacimiento y el sexo y de repente estashipótesis están en <strong>des</strong>acuer<strong>do</strong> con un saberque se le escapa. Lacan lo dice claramente:“El mal encuentro central está a nivel de l<strong>os</strong>exual. Lo cual no quiere decir que l<strong>os</strong>estadi<strong>os</strong> tomen un tinte sexual que sedifunde a partir de la angustia decastración. Al contrario, se habla de traumay de escena primaria porque esta empatíano de produce” (Lacan, 1964:72)Recordem<strong>os</strong> que la elecciónsexuada no depende de la partida denacimiento que inscribe al sujeto comovarón y hembra, sino de un encuentro y lasignificación que el sujeto le da. Por esohablam<strong>os</strong> de elección del sujeto, ya que es,por una parte, libre de esta significación y,por otra parte, esta satisfacción se deriva dela pulsión; en este caso oral. Es lacastración en su plenitud de verdad queinstituye el <strong>des</strong>eo sexual infantil reprimi<strong>do</strong>,que se sustenta en el fantasma fundamental.En la escena hay un claro <strong>des</strong>eo del hijocomo metáfora del falo, y claro está, comoproducto del amor por el padre.Las otras escenas a manera de se pega aunniño identifican al sujeto en una fórmulaúnica y característica. La frase enuncia d<strong>os</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
148p<strong>os</strong>iciones distintas, del niño pega<strong>do</strong> y deladulto que pega.A diferencia de la primera, estaescena representa una acción precisa y sibien el sujeto puede no haberle da<strong>do</strong> unaimportancia decisiva durante muchotiempo, siempre permaneció nítida en suconciencia. La escena no tiene contenid<strong>os</strong>exual, aparece siempre implica<strong>do</strong> Otro; unpartenaire está siempre presente y el sujetoparticipa activamente, incluso cuan<strong>do</strong> sesitúa en p<strong>os</strong>ición pasiva, como masoquista.La escena tiene un valor paradigmático yejemplifica la p<strong>os</strong>ición del sujeto, queresume l<strong>os</strong> avatares de su historia,presentánd<strong>os</strong>e como matriz originaria eidentificán<strong>do</strong>lo con una fórmula.Tú serás así, y así te aseguraráscomo lo que le falta al Otro. Es la fraseinaugural del orden de un axioma al que elsujeto está someti<strong>do</strong> y le condena alsufrimiento. Ana n<strong>os</strong> comenta de pasadauna escena en la que se encuentra en unaactitud de sometimiento ante la mirada delOtro. “Estaba arrodillada con las man<strong>os</strong>juntas imploran<strong>do</strong>, suplican<strong>do</strong> perdón a mimamá, ella me miraba duramente, sentíamie<strong>do</strong>. Había hecho algo que no debía”.El cuadro de valor paradigmático permitever la p<strong>os</strong>ición inaugural que resume suexistencia, presentánd<strong>os</strong>e como matrizoriginaria de su vida, a la vez que permiteubicar el lugar frente a la demanda delOtro.Esta bella y triste escena contieneun plus-de-goce que esconde esa mirada dela madre. Esa mirada esconde el –phi, lacastración. “La mirada solo se n<strong>os</strong> presentabajo la forma de una extraña contingencia,simbólica de aquello que encontram<strong>os</strong> en elhorizonte y como tope de nuestraexperiencia, a saber, la falta constitutiva dela angustia de castración” (Lacan, 1964:81)“En medio de aquello que se realizala asociación libre, efectivamente, se vevenir, aparecer una imagen por ejemplo,una escena, una imagen sin origen, unaimagen que se presenta, llega<strong>do</strong> el caso,como aquello que Freud llamó recuer<strong>do</strong>encubri<strong>do</strong>r, o incluso como un sueño deinfancia, una imagen surgida no se sabe de<strong>do</strong>nde, como sin razón, que está casi a flordel fenómeno, que resiste al<strong>des</strong>plazamiento, y que el significante hacevolver siempre. Evidentemente, hay quepulsar esa imagen como apresada en elsignificante y preñada de significación.Significación absoluta, que no deriva, queescapa a la relatividad del significante, quees inamovible, que es casi como un quisteen las significaciones, y que Lacan formulócomo axioma, en otras palabras, principiode inteligibilidad del conjunto de la relacióncon el mun<strong>do</strong> de ese sujeto” (Soler,1986:72), y que funda además la seguridaddel sujeto, de lo que no duda, su punto decerteza.Lacan dice que el fantasma es unaventana sobre lo real: “ahora tenem<strong>os</strong> quedetectar el lugar de lo real, que va deltrauma al fantasma –en tanto que elfantasma nunca es sino la pantalla quedisimula algo absolutamente primero,determinante en la función de larepetición” (Lacan, 1964:68).Freud en “El Proyecto …” planteapor primera vez la p<strong>os</strong>ibilidad de articularlas d<strong>os</strong> escenas. Deduce que alguna vezhubo una vivencia que consistió en sumarA y B, y en <strong>do</strong>nde A se convirtió ensímbolo de B, un símbolo <strong>inconsciente</strong>,reprimi<strong>do</strong>: la C<strong>os</strong>a, das Ding fue sustituidapor el símbolo. Añade además que hay<strong>des</strong>plazamiento de cantida<strong>des</strong> de B a A, oque B es sustituto de A, lo que sería tratarloal mo<strong>do</strong> de la represión histérica.Si la primera escena enfrenta alsujeto con un enigma para el que no hayrespuesta, la segunda ejemplifica la p<strong>os</strong>icióndel sujeto y las condiciones de satisfacciónpulsional, una satisfacción quepermanecería ignorada para el sujeto.Representa una acción característica que semantiene viva en la memoria, y a la que n<strong>os</strong>e le había da<strong>do</strong> la importancia que lainterpretación revela. InterpretaciónANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
149ajustada. A tiempo que sorprende, hecha enel cuadro de la transferencia y que permiteavanzar en el análisis, salir del marco delfantasma.El objeto en su caída se lleva elhorror, su condición terrorífica. Horror ytemor <strong>des</strong>aparecen, la angustia cae y en sulugar aparece la verdad antes oculta. Elatravesamiento conlleva una caída de laconsistencia imaginaria del objeto y permiteuna nueva luz sobre la historia, una luz queilumina en el tiempo, a pesar del tiempo.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.Freud, S. (1939). “Moisés y la religión monoteísta”.Obras completas. Madrid. Biblioteca Nueva.Freud, S. (1895). “El proyecto de una psicologíapara neurólog<strong>os</strong>”. Obras completas. Madrid.Biblioteca Nueva.Lacan, J. (1964). Seminario 11. “L<strong>os</strong> cuatroconcept<strong>os</strong> fundamentales del psicoanálisis”. Buen<strong>os</strong>Aires. Paid<strong>os</strong>.Idem, p:81Soler, C. (1986). “Finales de análisis”. Buen<strong>os</strong> Aires.Manatial.Lacan, J. (1964). Seminario 11. “L<strong>os</strong> cuatroconcept<strong>os</strong> fundamentales del psicoanálisis”. Buen<strong>os</strong>Aires. Paid<strong>os</strong>.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
150_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoSubjetivar la muerte: una apuesta a lavidaFlorencia Fariasiempo, muerte y acto seTentrelazan a lo largo de unanálisis.Hablar del tiempo esintroducirn<strong>os</strong> en esa dualidada la que el psicoanálisis n<strong>os</strong>invita: vida- muerte, vida quepara realizarse precisa de lamuerte.“La inclinación a no computar lamuerte en el cálculo de la vida trae comoconsecuencias muchas otras renuncias yexclusiones” n<strong>os</strong> dice Freud. Podríam<strong>os</strong>parafrasear : “Si quieres soportar la vida,prepárate para la muerte”Freud insistió que el inconciente n<strong>os</strong>abe nada de la muerte y que no conoce eltiempo, es atemporal. P<strong>os</strong>tula una tensiónentre el reconocimiento de la muerte como laterminación de la vida y la negación de lamuerte y su reducción a la nada, con la ilusiónde la vida eterna.Las pérdidas son circunstanciasinevitables a lo largo de la vida. Exigenefectuar algo con ellas, requieren un tiempoque permita atravesar una dimensión deagujero en la existencia e instalar allí el lugar<strong>do</strong>nde reconocer y simbolizar la faltaestructural. Falta estructural que remite a lafalta en ser en el sujeto, y su recíproca, lacastración del OtroLa dirección de la cura tiene <strong>des</strong>de elcomienzo, en su horizonte, la dimensión delacto y además el tiempo de la cura estásigna<strong>do</strong> por su fin, puesto que se trata de untiempo limita<strong>do</strong>, que reduplica en acto en elinterior del discurso analítico, el irreversiblepaso del tiempo vital, habitualmente signa<strong>do</strong>por la <strong>des</strong>mentida.Cada análisis tiene un tiempo lógico,para el cual no hay prescripción, será el apréscoupque sancionará si ese análisis transcurrióen un tiempo que le permitió alcanzar el fin.Es el fin del análisis que p<strong>os</strong>ibilita que eltiempo se historice en acto. Desaloja al sujetode la comodidad, de la pasividad.L<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> de la cura¿Qué implica el tiempo en la lógica dela cura? El tiermpo en su constitución mismase localiza en el acto de la palabra, sin ella nopodríam<strong>os</strong> localizarn<strong>os</strong> en el tiempo.En la dialéctica de la articulación entre eltiempo de la repetición y el tiempo paraconcluir el análisis se juega un análisis. Enest<strong>os</strong> d<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> se trata de evitar el vacíodel uno como el infinito del otro. Así, altiempo de la repetición y al de laprecipitación, tenem<strong>os</strong> que oponerle otro, loque llamam<strong>os</strong> tiempo lógico.Tiempo que es escansión, punto dealmohadilla<strong>do</strong>, cortes de sesión einterpretaciones que van en contra delsenti<strong>do</strong>.Podem<strong>os</strong> diferenciar en la cura d<strong>os</strong>gran<strong>des</strong> tiemp<strong>os</strong>: Un primer tiempo deapertura del inconciente, es un tiempo deirrupción en un fon<strong>do</strong> de atemporalidad, y eltiempo del proceso lógico, lo que Lacan llama“certidumbre anticipada” queparadójicamente es capaz de introducir demanera efectiva una dimensión deincertidumbre.Así entre el instante de mirar, eltiempo para comprender y el momento deANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
151concluir, una de las cuestiones fundamentaleses cómo interviene cierto gra<strong>do</strong> deincertidumbre. Sin él no habrá p<strong>os</strong>ibilidad deuna verdadera conclusión.El uso del tiempo lógico, va acontracorriente de la inercia depresiva de larepetición. No es un tiempo que sigue ciertaburocratización, tiempo standariza<strong>do</strong>, sino esel tiempo de la transferencia en la dimensióndel acto. Acto, que como tal es tanincalculable como incontrolable. Por lo cualse encuentra exclui<strong>do</strong> del ámbito del análisisto<strong>do</strong> tipo de previsión, de timing, de fijaciónprevia de plazo.Lacan plantea en el Seminario XV,que un psicoanálisis empieza a partir del actoinaugural del analista que instaura la reglafundamental, y a lo largo del análisis se vandan<strong>do</strong> sucesiv<strong>os</strong> act<strong>os</strong>, que formarían parte delo que es el acto analítico. Largo recorri<strong>do</strong>que va transforman<strong>do</strong> la falta en pérdida, laimpotencia en imp<strong>os</strong>ibilidad.El tiempo en la neur<strong>os</strong>isEl neurótico se instala en un tiempocristaliza<strong>do</strong>, goza en este tiempoimproductivo, hecho de incertidumbres, se<strong>des</strong>vía hacia tareas contingentes, para evitar deese mo<strong>do</strong> la consumación del acto radical, quees aquel en el que se juega en la apuesta de su<strong>des</strong>eo decidi<strong>do</strong> y se hace responsable de él.El sujeto mantiene una paradójica ysintomática relación con el tiempo. La maneraen la cual cada sujeto se las arregla con eltiempo, se reencuentra en su síntoma, searticula a él, m<strong>os</strong>tran<strong>do</strong> la relación del sujetocon lo real.El neurótico realiza to<strong>do</strong> tipo demaniobras dilatorias, ya sea p<strong>os</strong>tergan<strong>do</strong> elacto como lo hace el obsesivo, que en vez derealizarlo, piensa bajo la forma de la duda,considera que nunca llegó el buen momento,no permitien<strong>do</strong> la sorpresa y lo imprevisible.El obsesivo en “la espera de la muerte”, viveesta espera de la muerte como su vida. Intentaque su existencia transcurra en un mun<strong>do</strong>atemporal, la tardanza, están al servicio queno suceda nada, entra en un tiempo que noexiste.El tiempo del inconciente noreconoce un proceso cronológico sino queempuja a la vuelta hacia el mismo lugar, a lairrupción de lo real, al arrasa<strong>do</strong>r goce delOtro, a las fauces del cocodrilo, a men<strong>os</strong> queun saber comience a inscribirse.El análisis supone la liberación deltiempo como categoría vacía y finita en tantola enfermedad, que s<strong>os</strong>tiene la fantasía deinmortalidad, implica el sometimiento a untiempo lineal, cuantifica<strong>do</strong>, sustraí<strong>do</strong> denuestro control y decisiones.Puede advenir, luego del recorri<strong>do</strong> de unanálisis, el tiempo del acto placentero yresponsable, libera<strong>do</strong> ya el sujeto de laperpetua p<strong>os</strong>tergación <strong>des</strong>iderativa, así comode la fantasía de un eterno presente, signa<strong>do</strong>por la influencia de un pasa<strong>do</strong> no resuelto yun futuro que no termina de acontecer.Tiempo ce concluir¿Cuán<strong>do</strong> es el tiempo de concluir unanálisis? El dar por termina<strong>do</strong> un análisis tieneque ver con una decisión. Pero ¿Quiéndecide? No es el analista, tampoco elanalizante, es una decisión acéfala, sin autor,no depende de la voluntad. El analista tienesin embargo, la responsabilidad de escucharesa decisión.Concluir antes de que sea demasia<strong>do</strong>tarde y antes de perder, quizás para siempre,el momento oportuno. Este tiempodemuestra que no hay tiempo. No es que alanálisis le falte tiempo, por el contrario tieneto<strong>do</strong> el tiempo p<strong>os</strong>ible.Se trata de un tiempo lógico, tiempoen que cesan las dudas y adviene una especiede certeza, el acto analítico soportan<strong>do</strong> loincalculable, tram<strong>os</strong> finales en que el saber yano se espera del analista, testigo a vecessilenci<strong>os</strong>o de est<strong>os</strong> encuentr<strong>os</strong>, se preanunciasu caída.Debe hacerse el duelo por el analista ques<strong>os</strong>tuvo la función a lo largo del análisis y elduelo por el objeto “a”, pérdida radical en laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
152estructura, que se inscribe como faltaauspiciante.En “Momento de concluir”, Lacanpropone:” El fin del análisis es cuan<strong>do</strong> se hagira<strong>do</strong> d<strong>os</strong> veces en círculo, es decirreencontra<strong>do</strong> esto de lo cual está prisionero”.Entendem<strong>os</strong> que d<strong>os</strong> son las versiones enque lo real <strong>des</strong>anuda<strong>do</strong> toca el cuerpo: muertey sexo. Girar en torno a ello, arrancar un decira lo real.Del análisis debe surgir un nuevotiempo subjetivo, da<strong>do</strong> que se trata de lograrla transformación cualitativa del mismo, en elsenti<strong>do</strong> de instalar una temporalidad signadapor la liberación del goce.El tiempo de la creación se puede<strong>des</strong>plegar en toda su potencia en tanto seasume, aun con temor, la certeza de la propiafinitud, sien<strong>do</strong> la obra el mo<strong>do</strong> más logra<strong>do</strong>de respuesta sublimatoria al impactotraumático de lo real de la muerte.Solo con el tiempo acota<strong>do</strong> que mediaentre la certidumbre de la propia muerte y suconsumación se puede instalar la creación, yl<strong>os</strong> plaz<strong>os</strong> breves y perentori<strong>os</strong> de todaexistencia amenazada por su extincióninminente, son el motor que acelera yprecipita el apuro y la premura necesari<strong>os</strong>para la realización de toda producción.Se trata de inscribir en la historialibidinal del sujeto un tiempo auténticocorrelativo de la subjetivación de la muerte,que el análisis otorgue al sujeto el tiemponecesario para que pueda temporalizar su ser,concientizan<strong>do</strong> y disolvien<strong>do</strong> sus estátic<strong>os</strong>punt<strong>os</strong> de goce.Toda temporalización del ser se hallasigna<strong>do</strong> por la capacidad de anticipar laeventualidad de la propia muerte. No se tratade estar a la espera de que acontezca lamuerte, ponien<strong>do</strong> así fin a la existencia. Sinoasumir con valor la anticipación de la muerteque opera como “metáfora real” y permiterealizar un proyecto que incluye el carácterrestitutivo del límite temporal, el que abre,paradójicamente, las máximas p<strong>os</strong>ibilida<strong>des</strong>Solo la muerte subjetivada escondición de toda sublimación p<strong>os</strong>ible. Eltiempo subjetivo resulta una categoría ligada ala sublimación y por ende supone la capacidadde asumir valiente y creativamente lap<strong>os</strong>ibilidad cierta de la propia muerte.Entonces la muerte enfrentada sin cobardíapermite la inscripción subjetiva del tiempo.Se trata ni más ni men<strong>os</strong> que de laasunción de la castración. Recorri<strong>do</strong> por l<strong>os</strong>confines de la castración que subjetivan lafalta y propicia un acto, que no es impulsivoni p<strong>os</strong>terga<strong>do</strong>. Que el sujeto, sirviénd<strong>os</strong>e <strong>des</strong>u análisis, pueda alcanzar a penetrar en loreal que le concierne y de esta maneraprescinde de su análisis.Poder acceder a otro goce, a la medidadel <strong>des</strong>eo, el goce de la vida.REFERENCIAS BBIBLIOGRÁFICASAllouch, J. Erotica del duelo en el tiempo de la muerteseca, Ed. Edelp, Bs As, 1996Chamorro, J.”Clínica del fin del análisis” Cap-Identificación al síntoma, y Lo real y laidentificación.EOL: Grama. Bs As, 2005Dreizzen, A. “L<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> del duelo” Homo SapiensEdiciones, 2001Freud, S.“Análisis terminable e interminable“O.C.Tomo XXIII, Bs As, Ed.Amorrortu, 19931915 “De guerra y de muerte”” O.C. Tomo XIV, BsAs, Ed. Amorrortu 19931915, “Duelo y melancolia” OC. Tomo XIV, Bs As ,Ed. Amorrortu , 1993Lacan J. El seminarioo 11 L<strong>os</strong> cuatro concept<strong>os</strong>fundamentales del psicoanálisis. Bs As, Paidós 1987El seminario 15 El acto psicoanalítico. Inédito.El seminario 22.RSI. InéditoEl seminario 24 Línsu que sait de lúne-bévue s´aile amourre- Inédito.López, H. “Lo fundamental de Heidegger en Lacan”Bs. As Ed. Letra Viva. (2004)Milmaniene, J. “El tiempo del sujeto” Bs. As EditorialBibl<strong>os</strong>. (2005)Soler, C. “Finales de análisis” Bs. As. Ed, Manantial(1988)“El plus de tiempo” Revista Uno por Uno Nº 36(1993)ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
153_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoO inessencial <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saberSílvia Fontes Franco“Nesse <strong>des</strong>-ser revela-se o inessencial <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber, <strong>do</strong>nde ofuturo psicanalista entrega-se ao agalma da essência <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo,disp<strong>os</strong>to apagar por ele em se reduzin<strong>do</strong>, ele e seu nome, ao significante qualquer”LACAN, Jacques. Prop<strong>os</strong>ição de 9 de outubro de 1967, p 259. In: Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>.O título <strong>des</strong>te trabalho foi toma<strong>do</strong> de umapassagem <strong>do</strong> texto de Jacques Lacan, a“Prop<strong>os</strong>ição de 9 de outubro de 1967 sobre oanalista da Escola” 80 . Lacan dirá “que foi com oobjetivo de isolar o que é <strong>do</strong> discurso analítico que feza Prop<strong>os</strong>ição”. 81 Ao longo <strong>do</strong> seu ensino ép<strong>os</strong>sível <strong>des</strong>tacar vári<strong>os</strong> pont<strong>os</strong> precis<strong>os</strong> <strong>des</strong>seempenho de Lacan em manter vivo odiscurso analítico, sua “lâmina cortante”.Na “Prop<strong>os</strong>ição” Lacan estabelece umcorte, uma ruptura em relação a tu<strong>do</strong> o quehavia si<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> até então para aformação <strong>do</strong> analista e para a direção <strong>do</strong>tratamento. O inédito, o subversivo nesseescrito é colocar em continuidade aPsicanálise em intensão e a Psicanálise emextensão e é em torno da formalização <strong>do</strong>final de análise que essa articulação ép<strong>os</strong>sível.Neste texto de 1967, que completouquarenta an<strong>os</strong>, Lacan coloca na berlinda, maisuma vez, a análise d<strong>os</strong> analistas. No final <strong>des</strong>eu ensino, expressou, mais uma vez, queesperava que o disp<strong>os</strong>itivo <strong>do</strong> passe dissessealguma coisa sobre o que ocorre no final deuma análise: “como é que pode passar pela cabeça80 LACAN, Jacques. Prop<strong>os</strong>ição de 9 de outubro de1967. In: Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>.81 Lacan, Jacques. Sobre a experiência <strong>do</strong> Passe (1973).In: Document<strong>os</strong> para uma escola. Revista LetraFreudiana. Ano XIV, n.0 p. 54-59.deles – é aí que eu situo a questão – a idéia de seautorizarem a ser analistas 82 ”.Como é p<strong>os</strong>sível manter vivo odiscurso analítico, sem colocar em questão aanálise d<strong>os</strong> analistas? Como é p<strong>os</strong>sível alguémocupar um lugar quan<strong>do</strong> ainda estáembaraça<strong>do</strong> em seu gozo fantasmático? Háuma articulação lógica e indissociável entre oinício e o final de análise, entre a p<strong>os</strong>ição <strong>do</strong>analista e a direção <strong>do</strong> tratamento. O quesustenta essa articulação lógica é atransferência e seu manejo suportada pelo<strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista (um lugar, uma função, umx), p<strong>os</strong>sível resulta<strong>do</strong> de uma análise levadaaté o fim, a partir da passagem de analisante aanalista.No seminário “O avesso dapsicanálise 83 ”, às voltas com a transferência,Lacan pergunta novamente o que define umanalista?, e mais a frente, o que se espera deum psicanalista?E responde: “análise, eis oque se espera de um psicanalista”.Na “Prop<strong>os</strong>ição”, Lacan indica “<strong>os</strong>pont<strong>os</strong> de junção onde devem funcionar n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> órgã<strong>os</strong>de garantia 84 ”, e articula o começo e o fim dapsicanálise. E é a partir da teorização <strong>do</strong> finalde análise e <strong>do</strong> ato psicanalítico - ato em queo analisante se torna analista - que ele propõe82 Lacan, Jacques. Jornadas sobre a experiência <strong>do</strong>Passe(1978). In: Document<strong>os</strong> para uma escola. RevistaLetra Freudiana. Ano XIV, n.0 p. 63.83 Lacan, J. O seminário, livro 17: O avesso dapsicanálise, p.50, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 199184 LACAN, Jacques. Prop<strong>os</strong>ição de 9 de outubro de1967, p 252. In: Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
154o disp<strong>os</strong>itivo <strong>do</strong> passe “onde o ato poderia serapreendi<strong>do</strong> no momento em que se produz 85 ”.Disp<strong>os</strong>itivo inédito, o passe, <strong>des</strong>de o início,teve conseqüências na comunidade analítica,provocan<strong>do</strong> ondas ao subverter a formação<strong>do</strong> analista fundada, até então, numa tentativade “tapeação <strong>do</strong> real”.Lacan, crítico das concepçõesde final de análise que tinham como objetivoa identificação com o eu <strong>do</strong> analista e\ouuma adaptação à realidade, separa <strong>do</strong> sujeit<strong>os</strong>up<strong>os</strong>to saber a pessoa <strong>do</strong> analista, atransferência é com um significante qualquer<strong>do</strong> analista. O <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber é umequivoco, e a psicanálise visa reduzir suafunção até sua <strong>des</strong>tituição ao final de umaanálise: “No começo da psicanálise está atransferência” 86 . “E o <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber é o eixoa partir <strong>do</strong> qual se articula tu<strong>do</strong> o que acontece com atransferência” 87 .Mas o que condiciona a transferência?Embora Lacan diga nesse texto que nãotem<strong>os</strong> que dar conta <strong>do</strong> que a condiciona,não cessou de formalizá-lo (o que acondiciona) e sua p<strong>os</strong>sível resolução, até ofinal <strong>do</strong> seu ensino.A psicanálise não inventou atransferência, ela sempre existiu, é umfenômeno geral, efeito da linguagem. Omérito de Freud, <strong>des</strong>de Anna O., foi não terrecua<strong>do</strong> frente a sua manifestação, isolan<strong>do</strong>-ae incorporan<strong>do</strong>-a ao tratamento analítico.Lacan demonstrou-a, precisou seu manejo eresolução partin<strong>do</strong> da lógica e da topologia.A partir <strong>do</strong> ensino de Lacan, escolhium ponto <strong>do</strong> seminário “De um Outro aooutro 88 ” para tentar articular, inicialmente,aquilo que se verifica na prática em uma85 Lacan, Jacques. Discurso na Escola Freudiana deParis (1967), p. 271. In: Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>. Rio, Zahar,2003.86 Lacan, Jacques. Prop<strong>os</strong>ição de 9 de outubro de1967, p 252. In: Outr<strong>os</strong> Escrit<strong>os</strong>.87 Idem, p.253.88 Lacan, Jacques. O seminário, livro 16: De um Outroao outro. Publicação <strong>do</strong> Centro de Estud<strong>os</strong>Freudian<strong>os</strong> <strong>do</strong> Recife. Publicação não comercialexclusiva.análise levada a seu termo.Minha intenção éfalar disso que ocorre, no momento deconcluir, o <strong>des</strong>fecho final quan<strong>do</strong> o <strong>sujeito</strong>conclui sobre aquilo que ele foi como objetopara o Outro ao mesmo tempo em que surgea sup<strong>os</strong>ição de saber no Outro e sua<strong>des</strong>tituição.No seminário “De um Outro ao outro 89 ”,Lacan, retoma a questão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> na suarelação com o Outro, e precisa a questão d<strong>os</strong>ujeito sup<strong>os</strong>to saber e a função lógica <strong>do</strong>objeto a. A partir da teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>,Lacan, mais uma vez coloca em evidência queo que “condiciona” a transferência, é aestrutura <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>: transferência é atransferência da estrutura, ou seja, suaestrutura de linguagem. Mais uma vez, Lacanrecorre à fórmula: o significante é o querepresenta o <strong>sujeito</strong> para o Outro significantee demonstra a coalescência entre a estrutura<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e o <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber. É aprópria crença <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> no saber<strong>inconsciente</strong> que p<strong>os</strong>sibilita que ele se dirija aum Outro que ocupe essa função. Lacanenfatiza, que o <strong>sujeito</strong> é representa<strong>do</strong> comoum (1) para um outro significante, este umOutro, é o que representa o um (1),unário(marca de um gozo) no Outro.Cadainscrição <strong>do</strong> traço unário no Outro visa arepetição de um gozo enigmático. Lacan n<strong>os</strong>diz que é necessário acrescentar a esse um noOutro, o conjunto vazio (segun<strong>do</strong> a definiçãoda teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>) 1, (1,0).O que estádentro <strong>do</strong> parêntese é o Outro (A), oconjunto vazio, “esse um-a-mais”,representa<strong>do</strong> por círcul<strong>os</strong> que se engendramindefinidamente, transforman<strong>do</strong> o que erainterior em exterior. Essa repetição seorganiza ao re<strong>do</strong>r de uma borda, um buraco,o lugar <strong>do</strong> objeto a: “[...] um buraco sozinhobasta para fixar toda uma conduta subjetiva 90 . Esseconjunto vazio representa a incompletude <strong>do</strong>Outro (ele evoca o para<strong>do</strong>xo de Russel) queo objeto a, em-forma, ou seja, o objeto aenforma A. Este Outro inconsistente, esse89 Idem.90 Ibidem, p.253.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
155vazio, o objeto a (esse falso ser) irá enformar(envolver).Podem<strong>os</strong> afirmar que o <strong>sujeito</strong> buscana transferência, na sup<strong>os</strong>ição de saber, o ser,ser Um. O <strong>sujeito</strong> dividi<strong>do</strong>, falta-a-ser,demanda ao Outro, ser, como explicita Lacanem “P<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> Inconsciente”: “ A espera <strong>do</strong>advento <strong>des</strong>se ser em sua relação com o que<strong>des</strong>ignam<strong>os</strong> <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista,[...] [...]por sua própriap<strong>os</strong>ição, é essa a última e verdadeira mola <strong>do</strong> queconstitui a transferência. Eis porque a transferência éuma relação estritamente ligada ao tempo e ao seumanejo 91 ”.O que “condiciona” a transferência éa “coalescência” entre o toro <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e otoro <strong>do</strong> Outro, estrutura da neur<strong>os</strong>e, algomuito evidente nas análises onde “verda<strong>des</strong>escondidas, as neur<strong>os</strong>es as supõem sabidas. É preciso<strong>des</strong>tacá-las <strong>des</strong>sa sup<strong>os</strong>ição para que eles, <strong>os</strong>neurótic<strong>os</strong>, cessem de representar na carne essaverdade 92 ”. Lacan explica então, que cabe aoanalista efetuar “o corte graças ao que, essasup<strong>os</strong>ição de saber é arrancada 93 ”.Esta estrutura, essa coalescência, queo corte, o ato <strong>do</strong> analista, visa separar. Lacandefine a interpretação como um corte, “[...]cortes que têm efeito de subversão topológica 94 ”; corteno toro <strong>do</strong> neurótico, evidencian<strong>do</strong> o furocentral, o vazio <strong>des</strong>te objeto a, que asup<strong>os</strong>ição de saber visava encobrir.No seminário “Momento de concluir 95 ”,na fam<strong>os</strong>a aula de 10 de janeiro de 1978,Lacan repete mais uma vez que o <strong>sujeito</strong> ésempre sup<strong>os</strong>to, não há <strong>sujeito</strong>, e o sup<strong>os</strong>t<strong>os</strong>aber, é o sup<strong>os</strong>to ler de outro mo<strong>do</strong>, o quese inscreve no <strong>inconsciente</strong>. O analista lê oque se inscreve no <strong>inconsciente</strong>, não comouma cifra, mas como índice <strong>do</strong> real, como91 Lacan, Jacques. P<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, p.858. In:Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro, Zahar, 1998.92 Idem. O seminário, livro 16: De um Outro ao outro,p.375.93 Ibidem, p.375.94 Lacan, Jacques. O aturdi<strong>do</strong>, p. 474. In: Outr<strong>os</strong>Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro, Zahar, 2003.95 Lacan, Jacques. O momento de concluir. Aula de 10de janeiro de 1978. Tradução de Jairo Gerbase. In:www.campopsicanalitico.com.br.S(A barra<strong>do</strong>) que o analista com seu corte emato faz aparecer, operan<strong>do</strong> a separação,fazen<strong>do</strong> surgir essa sup<strong>os</strong>ição de saber noOutro, evidencian<strong>do</strong> sua inconsistência. Asup<strong>os</strong>ição de saber se sustenta por um saberabsoluto. Não existe o <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to.No final da análise, como n<strong>os</strong>prisioneir<strong>os</strong> <strong>do</strong> apólogo, há um salto, umapassagem que se faz no limite (momento deconcluir), um ato <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,“apesar da faltade saber”, uma conclusão que constitui umaasserção sobre si mesmo. Nesse momentoem que o <strong>sujeito</strong> conclui sobre aquilo que elefoi como objeto para o Outro, nessemomento, é que o <strong>sujeito</strong> se dá conta dasup<strong>os</strong>ição de saber, da sup<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> Outroao mesmo tempo em que se revela oinessencial <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber: “A hora<strong>do</strong> encontro é também <strong>des</strong>pedida”. 96OUTRAS BIBLIOGRAFIASDarmon, Marc. Ensai<strong>os</strong> sobre a topologia lacaniana.Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.Nominé, Bernard. O Passe e a análise finita. Buen<strong>os</strong>Aires, julho 2004.Porge, Erik. Jacques Lacan, um psicanalista. EditoraUnB, 2006.Franco,Silvia. O senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sintoma. Textoapresenta<strong>do</strong> nas Jornadas de Formações Clínicas <strong>do</strong>FCL-SP, 2004.Franco, Silvia. Discurso a EFP e o <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> analista.Texto apresenta<strong>do</strong> no Seminário de FormaçãoContinuada <strong>do</strong> FCL- SPFranco, Silvia. S de A (barra<strong>do</strong>) e a produção d<strong>os</strong>discurs<strong>os</strong>. Texto apresenta<strong>do</strong> nas Jornadas deFormações Clínicas <strong>do</strong> FCL-SP, 2005Lacan Seminário Identificação página 199“Se há, vocês sabem, algo a que se pode dizer que,<strong>des</strong>de o início, o neurótico foi pego, é nessa armadilha;ele tentará fazer passar na demanda o que é o objetode seu <strong>des</strong>ejo, de obter <strong>do</strong> Outro não a satisfação <strong>des</strong>ua necessidade, pela qual a demanda é feita, mas asatisfação de seu <strong>des</strong>ejo, isto é, de ter o objeto, isto é,precisamente o que não pode demandar. E isso está naorigem <strong>do</strong> que se chama dependência, nas relações d<strong>os</strong>ujeito com o Outro. Da mesma maneira, ele tentará,96 Milton Nascimento. Música: “Encontr<strong>os</strong> e<strong>des</strong>pedidas”.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
156mais para<strong>do</strong>xalmente ainda, satisfazer pelaconformação de seu <strong>des</strong>ejo à demanda <strong>do</strong> Outro.”Página 201,“[...] que a propriedade <strong>do</strong> anel, enquanto simboliza afunção <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> em suas relações com o Outro, sedeve ao fato de que seu espaço interior e o espaçoexterior são <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>. O <strong>sujeito</strong>, a partir disso,constrói seu espaço exterior sobre o modelo dairredutibilidade de seu espaço interior.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
157________________________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoO tempo na direção <strong>do</strong> tratamento“O passa<strong>do</strong> não reconhece seu lugar: está sempre presente...”Mario Quintanatempo em que vivem<strong>os</strong>Onunca esteve tão satura<strong>do</strong>de produt<strong>os</strong>. Produt<strong>os</strong>cada vez mais excedentese inventad<strong>os</strong> pela força <strong>do</strong>capitalismo paracondicionar <strong>os</strong>consumi<strong>do</strong>res a p<strong>os</strong>suir sempre algo novo,sen<strong>do</strong> esse o mo<strong>do</strong> que legitimaria apersonalização. É chegada a hora da <strong>des</strong>graçasimbólica a que Freud¹ se referia em malestar na civilização: “por mais que seassemelhe a um deus, o homem hoje não sesente feliz”.A psicanálise vislumbra o perigo dassoluções rápidas e das resp<strong>os</strong>tas insuficientesapenas para responder o fluxo da tendênciatanatológica, e o que é pior, n<strong>os</strong> quadr<strong>os</strong> daschamadas instituições psicanalíticas.O tempo sempre foi analisa<strong>do</strong> comoum conceito relaciona<strong>do</strong> à cultura nasociedade a qual pertencem<strong>os</strong>. Na mitologiagrega, Cron<strong>os</strong>, deus <strong>do</strong> tempo, erapersonifica<strong>do</strong> na figura de um velho ala<strong>do</strong>,simbolizan<strong>do</strong> sua rapidez; com uma foice,para representar seu poder <strong>des</strong>trui<strong>do</strong>r e,alguns artistas, colocam-lhe ainda umaampulheta na mão porque <strong>os</strong> antig<strong>os</strong> seserviam <strong>des</strong>te instrumento como relógio,para a medida <strong>do</strong> tempo.Galileu Galilei se preocupou emmedir e utilizar o tempo como uma maneirade compreender a natureza: determinan<strong>do</strong>equações de movimento da queda d<strong>os</strong>corp<strong>os</strong> demonstrou que era p<strong>os</strong>sível prever<strong>os</strong> moviment<strong>os</strong> conforme o tempo passava.P<strong>os</strong>teriormente, Isaac Newton construiu asbases da física clássica, apresentan<strong>do</strong> oconceito de tempo absoluto, como se f<strong>os</strong>seAlba Abreu Limaum rio que fluísse sempre para frente e demaneira uniforme – o tempo simplesmentepassa. Mas foi Albert Einstein quemintroduziu o conceito de que o tempo e oespaço não são coisas distintas. Com a teoriada relatividade, definiu que o mesmointervalo de tempo pode ser diferente paradiferentes observa<strong>do</strong>res: o tempo, portanto,é relativo para quem o está medi<strong>do</strong> e nãoexiste um tempo universal.Freud – tão revolucionário quantoEinstein nas fronteiras <strong>do</strong> imp<strong>os</strong>sível -também inventa sua ‘teoria da relatividade’quan<strong>do</strong> afirma que a realidade psíquica não éa realidade factual, mas depende inteiramente<strong>do</strong> trilhamento significante deixa<strong>do</strong> pelasmarcas <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong>, que esperam umacontecimento que lhe forneça senti<strong>do</strong>,retroativamente (Nachträglich).Ele não abor<strong>do</strong>u diretamente a noção detempo a não ser num sucinto e admirávelensaio de 1915, Sobre a transitoriedade, onderelata a conversa que tivera num passeiopel<strong>os</strong> camp<strong>os</strong> italian<strong>os</strong> na companhia deRainer-Maria Rilke e da amiga Lou-AndreasSalomé. Na ocasião, conversavam sobre ocaráter transitório da beleza das coisas e acaducidade d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> e finitude da vida.O poeta fala <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo de eternidade eFreud responde que é preciso retirar alibi<strong>do</strong> d<strong>os</strong> objet<strong>os</strong> para ligá-la a<strong>os</strong>substitut<strong>os</strong>. Freud não compreendia porquealguma coisa perderia seu valor, única eexclusivamente devi<strong>do</strong> a sua limitação notempo. Para Freud, diferentemente deRilke, a transitoriedade implicaria não emuma perda, mas em um aumento <strong>do</strong> valor<strong>do</strong> objeto em questão, pois a limitação dap<strong>os</strong>sibilidade de uma fruição elevaria ovalor <strong>des</strong>sa fruição. O diálogo ocorreu noverão antes de deflagrada a primeira guerra,como se Freud houvesse previsto <strong>os</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
158aconteciment<strong>os</strong> que se sucederam. Eleescreve²:“O valor da transitoriedade é o valor daescassez no tempo. A limitação dap<strong>os</strong>sibilidade de uma fruição eleva o valor<strong>des</strong>sa fruição... A beleza da forma e da facehumana <strong>des</strong>aparece para sempre nodecorrer de n<strong>os</strong>sas próprias vidas; suaevanescência, porém, apenas lhes emprestarenova<strong>do</strong> encanto”.No entanto, antes disso, em 1899, notexto Lembranças encobri<strong>do</strong>ras³, ele revela queas marcas mnêmicas podem ser reativadas,independentes <strong>do</strong> tempo que tenha passa<strong>do</strong> -são as pegadas da erotização infantil,fundament<strong>os</strong> da fantasia - e que persistemsob uma capa aparentemente insignificante.O que ele n<strong>os</strong> ensina com esse texto é queuma cena esconde uma outra que tem raízesfantasísticas, que recobrem o traumáticoedipiano.Na Interpretação d<strong>os</strong> Sonh<strong>os</strong>(4), eleaborda um <strong>inconsciente</strong> atemporal e nomecanismo de esquecimento d<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong>demonstra a p<strong>os</strong>sibilidade de intervenção <strong>do</strong>analista a partir <strong>do</strong> levantamento <strong>do</strong> recalque,produzin<strong>do</strong> efeit<strong>os</strong> retroativ<strong>os</strong> de articulaçã<strong>os</strong>ignificante.Passan<strong>do</strong> ao tema da duração <strong>do</strong>tratamento, Ele atesta em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong>trabalh<strong>os</strong> sobre a técnica, que na neur<strong>os</strong>e detransferência, moções pulsionais se repetemcom a mesma força da infância, por conta <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo in<strong>des</strong>trutível que não <strong>des</strong>gasta suatessitura com o passar <strong>do</strong> tempo.Concluin<strong>do</strong> seu percurso em Análiseterminável e interminável (5) discuteexaustivamente a duração da análise, o quesobra de imutável no <strong>sujeito</strong> – algo queestaria fora de tempo - apesar <strong>do</strong> longoperío<strong>do</strong> e da efetividade <strong>do</strong> tratamento noesvaziamento de gozo <strong>do</strong> sintoma e <strong>do</strong><strong>des</strong>tino da pulsão.Sabem<strong>os</strong> que Lacan, <strong>des</strong>de o início seinteressa pelo tempo articulan<strong>do</strong>-o àsubjetividade. A partir <strong>do</strong> texto sobre <strong>os</strong>ofisma de 1945, O tempo Lógico(6) elemodula o tempo de acor<strong>do</strong> com umaoperação que se <strong>des</strong>envolve num tempo quenão é cronológico, mas de prop<strong>os</strong>ições,obedecen<strong>do</strong> a uma lógica de circunstâncias:instante de ver, tempo de compreender,momento de concluir. Na relação dealteridade, o <strong>sujeito</strong> adquire uma certezaantecipada sobre sua identidade em funçãode uma operação lógica de afirmaçãoconclusiva. A partir daí, a clínica se aparelhanessa modulação <strong>do</strong> tempo para aconvocação ao saber na direção <strong>do</strong>tratamento: o corte, a suspensão da certeza, apontuação <strong>do</strong> discurso interrompem <strong>os</strong>moment<strong>os</strong> em que o <strong>sujeito</strong> poderia concluir,para levá-lo a um trabalho de elaboração <strong>do</strong>insabi<strong>do</strong>.Em Função e Campo da Fala e daLinguagem (7) Lacan retoma a noção de<strong>sujeito</strong> que se constitui pela alteridade, emfunção <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo e acrescenta, basea<strong>do</strong> notexto de 1945, <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> técnic<strong>os</strong> <strong>do</strong>tempo.De início interroga <strong>os</strong> cas<strong>os</strong>freudian<strong>os</strong> e principalmente o prazo fixa<strong>do</strong>para a duração <strong>do</strong> tratamento <strong>do</strong> Homemd<strong>os</strong> Lob<strong>os</strong> porque no seu ponto de vista aantecipação <strong>do</strong> tempo, só pode serindefinida e, numa perspectiva dialética,buscar a verdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Depois, eleintroduz a questão da duração da sessão: “o<strong>inconsciente</strong> demanda tempo para serevelar... mas qual é sua medida?”. Introduzaqui sua crítica à sessão de tempocronológico, indiferente às tramas <strong>do</strong>discurso. Ele então, se opunha a umaconcepção psicanalítica extraviada ecentrada na teoria <strong>do</strong> Eu, e acentua que,qualquer tratamento que ofereça resp<strong>os</strong>tasà demanda <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, só reforça o sintoma<strong>do</strong> paciente. Simplesmente porque nãoexistem resp<strong>os</strong>tas adequadas, já que o EU éuma miragem, uma ilusão que precisa serdissipada.Carmen Lafuente(8), em Heteridade3: O tempo da psicanálise, recomenda a<strong>os</strong>psicanalistas que quiserem conhecer <strong>os</strong>efeit<strong>os</strong> da estrutura, que se debrucem noANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
159mo<strong>do</strong> como se ordena o tempo na alíngua<strong>do</strong> analisante; assim como, na regressão,que refaz o caminho até o trauma,passan<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> significantes da alienação,para que se p<strong>os</strong>sa produzir uma operaçãode separação. O que significa dizer que, otempo de uma análise depende <strong>do</strong> manejoda transferência e seus avatares, numpercurso que nada tem de linear.Ana inicia suas entrevistas, reticente:não sabe se fica com o analista de muit<strong>os</strong>an<strong>os</strong> por já conhecer toda sua história ou sequer começar “tu<strong>do</strong> de novo” comigo. Fuiindicada pelo colega de trabalho como a quenão dá “significações pessoais no tratamento,não exige que o paciente venha tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> dias,pague adianta<strong>do</strong>, ou que a sessão seja umatortura de 50 minut<strong>os</strong>” (palavras dela)diferente de seu analista. Um dia chega nohorário, senta e espera porque supõe que aplaca na minha porta indicava para aguardar.Depois de um tempo, saio e pergunto porque não bateu, já que a placa indicava quepodia bater. Ela cai em prant<strong>os</strong>, perguntacomo p<strong>os</strong>so ficar sozinha. Ao perceber aincoerência da pergunta diante <strong>do</strong> meusilêncio, única intervenção p<strong>os</strong>sível (!) dizque é assim na vida: acha-se inconvenientecom <strong>os</strong> filh<strong>os</strong> a<strong>do</strong>lescentes, com o mari<strong>do</strong>,com as poucas amigas, no exercício decoman<strong>do</strong> exigi<strong>do</strong> pela profissão. Afirma quefala as coisas erradas, n<strong>os</strong> moment<strong>os</strong> maisimprópri<strong>os</strong> e relata um problema muito graveque está enfrentan<strong>do</strong> no trabalho... Diz queultimamente tem pensa<strong>do</strong> em <strong>des</strong>istir deviver: “se não f<strong>os</strong>se o remédio não levantariada cama”. Diante de uma pergunta sobrelevantar da cama, relaciona que tevevergonha de falar ao analista de muit<strong>os</strong> an<strong>os</strong>com me<strong>do</strong> de ser “mal interpretada”, umfato que não é fala<strong>do</strong> por ninguém da família,pois é motivo de muita vergonha para a mãe:ela nasce quan<strong>do</strong> seu pai já não tinha “comolevantar da cama”.A partir daí relaciona suacena infantil e o lugar enigmático que <strong>des</strong><strong>des</strong>empre respondia ao <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro – an<strong>os</strong>talgia de ocupar um lugar para um paiimobiliza<strong>do</strong> e uma mãe atarefada com <strong>os</strong>outr<strong>os</strong> filh<strong>os</strong>.Lacan (9), em Variantes <strong>do</strong> tratamentopadrão, adverte que o analista quan<strong>do</strong> acreditasaber, converti<strong>do</strong> em quem detém aexperiência, induz a construção de padrões –ten<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> um “tratamento tipo”,excluin<strong>do</strong> aqueles sujeit<strong>os</strong> que nãorespondem à prop<strong>os</strong>ta formalista. Nesseescrito fundamental, ele recoloca o analistaem sua p<strong>os</strong>ição ética: “O analista, com efeito,só pode enveredar por ela (psicanálise <strong>do</strong>particular) ao reconhecer em seu saber <strong>os</strong>intoma de sua ignorância”. De um<strong>inconsciente</strong> como lugar estático e de senti<strong>do</strong>obscuro toma<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> pós-freudian<strong>os</strong>, fazbrotar uma concepção dinâmica, de um<strong>sujeito</strong> representa<strong>do</strong> pelo significante emmovimento a outro significante.Formatar o tratamento, fazer umareeducação emocional, nortea<strong>do</strong> apenas nasugestão, sem lugar para o <strong>des</strong>ejo, que édeixa<strong>do</strong> transparecer na demanda, comoLacan evoca na Direção da Cura(10), a pontode fechar a boca e deixar a paciente no leito,como pudem<strong>os</strong> observar no caso Ana,parece ser a preocupação de Marc Strauss namesma revista Heteridade, no texto: As sessõesbreves (10). Demonstran<strong>do</strong> o avanço da<strong>do</strong> porLacan <strong>des</strong>de A direção da Cura – a passagem<strong>do</strong> imaginário ao simbólico – ao O Aturdito -passagem d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong> ao dizer, ou seja, apalavra como resp<strong>os</strong>ta de gozo à castraçãoque leva o discurso no qual o <strong>sujeito</strong> estátoma<strong>do</strong>, ele também propõe <strong>do</strong>is temp<strong>os</strong>para a análise:1) tempo da elaboração fálica comsessões de tempo variável, onde o <strong>sujeito</strong>ativa seu cenário, elabora, constrói,testemunha sua historia;2) sessões breves como o mo<strong>do</strong> dealcançar o mais além d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>, apontan<strong>do</strong> odizer em sua radicalidade, corresponden<strong>do</strong>ao atravessamento da fantasia.Na pressa n<strong>os</strong>sa de cada dia, assessões breves não podem n<strong>os</strong> servir depadrão, sob o risco de voltarm<strong>os</strong> a umaprática tão inexata quanto aquela denunciadaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
160por Lacan. Desta feita, invocan<strong>do</strong> o tempológico para justificar uma condução detratamento que nada teria de lógica... Melhorseria seguirm<strong>os</strong> Gil:Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo reiTransformai as velhas formas <strong>do</strong> viverEnsinai-me, ó, pai, o que eu ainda não seiMãe Senhora <strong>do</strong> Perpétuo, socorrei...NOTAS BIBLIOGRÁFICAS:FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização (1932). In:Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1977.FREUD, Sigmund. Sobre a transitoriedade (1915). In:Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1977.FREUD, Sigmund. Lembranças encobri<strong>do</strong>ras (1899).In:Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago,1977.Freud S. - A Interpretação d<strong>os</strong> Sonh<strong>os</strong> (1900) – IN:ObrasCompletas de S. Freud – vols. IV e V – Rio deJaneiro: Imago –1977FREUD, S. Análise terminável e interminável. ESB,v.XXIII, p. 241-287, v. XXIII. Rio de Janeiro: Imago,1969LACAN, J. (1945) "O tempo lógico e a asserção deuma certeza antecipada", in Escrit<strong>os</strong>. Rio de Janeiro:Jorge Zahar: 1998Lacan, J. (1953). Função e campo da fala e dalinguagem em psicanálise. Em Escrito. (pp. 238-324).Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998Heteridade 3Lacan, J. (1955/1998) "Variantes <strong>do</strong> tratamentopadrão", in Escrit<strong>os</strong>, Rio de Janeiro, Jorge Zahar.LACAN, J A direção <strong>do</strong> tratamento e <strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> <strong>des</strong>eu poder (1958) in Escrit<strong>os</strong>, Rio de Janeiro, JorgeZahar.Heteridade 3ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
161_________________________________________________▪ O tempo na direção <strong>do</strong> tratamentoO Tempo Lógico e a Duração da Sessão AnalíticaDelma Maria Fonseca GonçalvesHá uma diferença quegera tensão, umaseparação cerradaentre o tempo <strong>do</strong>indivíduo nasociedade e o tempo<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. O 1º mudacom o tempo. Osagentes sociais estão sempre a darcoordenadas sobre como se submeter aotempo. Existem diferenças fundamentaisentre as socieda<strong>des</strong> primitivas e asmodernas. Nas socieda<strong>des</strong> primitivas erurais, o tempo tem uma construçãoc<strong>os</strong>mológica, inscreven<strong>do</strong>-se n<strong>os</strong> ritm<strong>os</strong> danatureza, n<strong>os</strong> rituais que escandem aspráticas sociais. Já nas socieda<strong>des</strong> modernaso tempo entra no registro da quantificação.Para o sistema capitalista no qual estam<strong>os</strong>inserid<strong>os</strong> time is money. É um opera<strong>do</strong>rfundamental d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> sociais deprodução e a rentabilidade da experiência <strong>do</strong>tempo se interpõe ao <strong>sujeito</strong>.Há uma diferença fundamental entreo tempo de todas as logias fil<strong>os</strong>óficas – onto,teo, c<strong>os</strong>mo e também psicologia e o tempo<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>.Há uma diferença fundamental e quegera mal estar entre o manejo <strong>do</strong> tempoentre <strong>os</strong> lacanian<strong>os</strong> e o d<strong>os</strong> pós freudian<strong>os</strong>.Esses últim<strong>os</strong> imaginaram a noção deregressão temporal n<strong>os</strong> tratament<strong>os</strong>,fundamentada sobre a idéia prévia de um<strong>des</strong>envolvimento <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, estabeleci<strong>do</strong>por estádi<strong>os</strong>, suceden<strong>do</strong>-se no tempo, ondefica permiti<strong>do</strong> juntar uma temporalidade dehistoricização e uma temporalidade de<strong>des</strong>envolvimento. Essa noção sustenta umaprática ou um tratamento que deveriaconduzir o analisan<strong>do</strong> a passar de novo pelasopacida<strong>des</strong> ou fixações a sup<strong>os</strong>t<strong>os</strong> estádi<strong>os</strong>em uma pretendida regressão real. E ainda,<strong>os</strong> psicanalistas da IPA, começan<strong>do</strong> porFreud, que se valem de um tempoessencialmente simbólico, o tempo standartdas sessões de 50 minut<strong>os</strong>, fazem tambémuma diferença fundamental com o tempo <strong>des</strong>essão variável estabeleci<strong>do</strong> pela novaconcepção de <strong>inconsciente</strong> que n<strong>os</strong> trás aevolução da teoria lacaniana.Nessas afirmativas feitas acima, asociedade, a psicologia, <strong>os</strong> pós-freudian<strong>os</strong><strong>des</strong>conhecem o significante e seus efeit<strong>os</strong>, <strong>os</strong>ujeito dividi<strong>do</strong>, o lugar <strong>do</strong> Outro, daparticularidade <strong>do</strong> objeto na pulsão, no<strong>des</strong>ejo e no gozo. Excluem também o queLacan pôde formular a respeito da disjunçãoentre saber e verdade de onde procede odiscurso analítico . A ciência esforçou-se,<strong>des</strong>de sempre, para inventar <strong>os</strong> aparelh<strong>os</strong>mais precis<strong>os</strong> que assegurassem amensuralidade <strong>do</strong> tempo, mas parapsicanálise a exatidão nada tem a ver com averdade. Essa aponta a divisão <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>,com a concepção <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> que vaialém daquele estrutura<strong>do</strong> como umalinguagem, vai tocar no <strong>inconsciente</strong> comohiância, fenda, furo.Sabem<strong>os</strong> que só o discurso <strong>do</strong>psicanalista feito de imprevisibilidade,escanções e ato, restaura o poder de tocar oANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
162<strong>inconsciente</strong>. Um tal <strong>des</strong>pertar requer umoutro manejo, inclusive <strong>do</strong> tempo, portrabalhar com uma concepção <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> esvazia<strong>do</strong> de toda concepçãode conteú<strong>do</strong>. Como Lacan n<strong>os</strong> indica n<strong>os</strong>eminário XI: ele é vazio, pura falha, rupturae é o conceito de furo que subjaz a tod<strong>os</strong> <strong>os</strong>efeit<strong>os</strong> e não o <strong>do</strong> UM. Ali onde buscava-se<strong>os</strong> traç<strong>os</strong> equívoc<strong>os</strong> ou apagad<strong>os</strong> em tu<strong>do</strong>que faz retorno <strong>do</strong> recalca<strong>do</strong>, onde reinava ociframento e deciframento que trabalham afavor <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, aqui acentua-se aestrutura de hiância. Em Radiofonia(1968),Lacan diz que o ics se revela ser umsaber, mas um saber sem conhecimentoportant<strong>os</strong>e m<strong>os</strong>tra como uma disjunção d<strong>os</strong>aber e da verdade. A letra está aqui emdetrimento <strong>do</strong> restabelecimento <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>latente. O mestre interessa ao neurótico,mas não o surpreende, porque foraclui averdade. E é em direção da verdade queuma sessão de análise se norteia , onde <strong>os</strong>ujeito é surpreendi<strong>do</strong> em sua divisão. Otempo de uma análise é o de umatransferência que se conta em tempo lógico.Talvez a implicação decisiva de se investigaro tempo em análise seja a determinação demoment<strong>os</strong> de passagem, onde o <strong>sujeito</strong>conclui com o Outro, pela p<strong>os</strong>ição ondeencontra-se só – uma verdade sobre o que ocausa.O compromisso ético <strong>do</strong> analista écom a existência <strong>des</strong>se <strong>inconsciente</strong>, seufuturo depende de ser escuta<strong>do</strong> e o manejo<strong>do</strong> tempo da sessão e a função <strong>do</strong> corteempreendi<strong>do</strong> por ele, longe de serem umartifício técnico, ou uma coordenada decomo se submeter ao tempo, situam-secomo derivação lógica e necessária <strong>des</strong>saestrutura significante de hiância, furo,buraco. É em nome <strong>des</strong>sa <strong>des</strong>coberta queprocuro, nesse breve estu<strong>do</strong>, a sustentaçãoteórica para a prática das sessões de tempovariável. N<strong>os</strong>so colega Marc Straus diz emHeteridade 3 que “uma vez que a sessão temuma duração variável, nenhum fim de sessãoé “inocente”, eles são tod<strong>os</strong> significantes:“por que nesse momento? O que, pois, eleouviu? As escansões são, portanto própriaspara relançar a cadeia associativa na procurada causa”Sabem<strong>os</strong> que Freud anunciou que o<strong>inconsciente</strong> ignora o tempo, mas acentuouo efeito <strong>do</strong> nachtraglich, onde, o que nãopode ser li<strong>do</strong>, mas se inscreveu num 1ºtempo, deixan<strong>do</strong> marcas e impressões, sedecifram à p<strong>os</strong>teriori, por intermédio de umanova inscrição.Lacan, sem jamais aban<strong>do</strong>nar essanoção, vai introduzir o tempo no raciocíniopsicanalítico às custas de um sofisma,obten<strong>do</strong> o que poderíam<strong>os</strong> chamar umaestrutura lógica <strong>do</strong> tempo, que passa a sernão cronológica. Em “O Tempo Lógico e aAsserção da Certeza Antecipada” 1945, háum embaraço que o sofisma d<strong>os</strong> trêsprisioneir<strong>os</strong> produz, e esse, advém daconsideração de que o <strong>sujeito</strong> pode assentiralgo como verdade, a <strong>des</strong>peito da falta <strong>des</strong>aber: - O diretor de um presídio chama 3prisioneir<strong>os</strong> e lhes diz :- Vocês são 3 aquipresentes e tenho 5 disc<strong>os</strong> que só diferempor sua cor:- 3 são branc<strong>os</strong> e 2 são pret<strong>os</strong>.Prenderei um disco nas c<strong>os</strong>tas de cada umde vocês. Vocês não verão a cor <strong>do</strong> própriodisco, mas verão <strong>os</strong> d<strong>os</strong> <strong>do</strong>is companheir<strong>os</strong>.O primeiro que puder deduzir sua própriacor se beneficiará com a medida liberta<strong>do</strong>ra.Será preciso ainda que a conclusão sejafundamentada em motiv<strong>os</strong> de lógica e nãode probabilidade. Depois de se haveremconsidera<strong>do</strong> entre si por um certo tempo, <strong>os</strong>3 sujeit<strong>os</strong> dão junt<strong>os</strong> alguns pass<strong>os</strong>, que <strong>os</strong>levam simultaneamente à porta de saída. Emsepara<strong>do</strong>, cada um fornece então umaresp<strong>os</strong>ta semelhante, que se exprime assim:“Sou branco, e eis como sei disso. Da<strong>do</strong> quemeus companheir<strong>os</strong> eram branc<strong>os</strong> , achei que , se euf<strong>os</strong>se preto,cada um deles poderia ter interferi<strong>do</strong> <strong>os</strong>eguinte: ‘Se eu também f<strong>os</strong>se preto, o outro, deven<strong>do</strong>reconhecer imediatamente que era branco, teria saí<strong>do</strong>na mesma hora,logo não sou preto. E <strong>os</strong> <strong>do</strong>is teriamANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
163saí<strong>do</strong> junt<strong>os</strong>,convencid<strong>os</strong> de ser branc<strong>os</strong>. Se nãoestavam fazen<strong>do</strong> nada, é que eu era branco comoeles. Ao que sai porta afora, para dar a conhecerminha conclusão. Foi assim que tod<strong>os</strong> três saíramsimultaneamente, segur<strong>os</strong> das mesmas razões deconcluir.”Ter êxito em concluir, a <strong>des</strong>peito dafalta de saber, foi este o problema coloca<strong>do</strong>para cada um d<strong>os</strong> prisioneir<strong>os</strong>, onde cadaum deve deduzir sua própria cor, que nã<strong>os</strong>abe qual, embora <strong>os</strong> outr<strong>os</strong> <strong>do</strong>is saibam.“ Cada prisioneiro hesita sobre sua própriaconclusão, ten<strong>do</strong> me<strong>do</strong> de ser supera<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>,caso não o faça rapidamente. Através <strong>des</strong>sa tensão<strong>do</strong> tempo, vê-se que a certeza <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> equivale auma antecipação <strong>do</strong> julgamento assertivo, que seexprime aqui por um ato.”O tempo lógico, n<strong>os</strong> diz C Soler “éo tempo necessário para produzir umaconclusão a partir <strong>do</strong> que não é sabi<strong>do</strong>”Toda a questão é saber como concluir ondehá falta de saber . Então, essa lógica é quesustenta a prática da sessão de tempovariável, e por isso não interessa à direção deuma análise a exatidão <strong>do</strong> tempo, submeti<strong>do</strong>ao relógio, mas o tempo necessário paraproduzir algo, um ato, onde há falta <strong>des</strong>aber.O sofisma trazi<strong>do</strong> por Lacan,permite distinguir três partes, algo queconhecem<strong>os</strong> como o Instante de Ver, oTempo de Compreender e o Momento deConcluir. Primeiro um tempo instantâneo,segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> tempo de compreender, que é deduração indeterminada, mas que tem que seproduzir, e a conclusão, que não é um novoinstante de ver, nem contemplação de umaverdade, é o momento <strong>do</strong> ato, na medida emque a certeza da conclusão se antecipa àrealização. O corte da sessão, longe de estáacomoda<strong>do</strong> ao tempo <strong>do</strong> capitalista, que sópensa em como rentabilizar o tempo, toca oponto em que o senti<strong>do</strong> escapa, como nomomento de concluir, impedin<strong>do</strong> que odiscurso se fixe a<strong>os</strong> significantes, pon<strong>do</strong> emjogo o objeto. No sofisma d<strong>os</strong> prisioneir<strong>os</strong>,a conclusão não depende da intersubjetividade,mas da relação d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong>com o objeto “a”. Essa determina o tempode concluir, momento onde umasubjetivação pode-se realizar.No seminário XX- 27 an<strong>os</strong> depois deter escrito “O Tempo Lógico... Lacan diz:“Se há alguma coisa que, n<strong>os</strong> meus Escrit<strong>os</strong>, m<strong>os</strong>traque minha boa orientação, pois é aquela com quetento convencê-l<strong>os</strong>, não data de ontem, é mesmo que,logo depois de uma guerra, quan<strong>do</strong> nadaevidentemente parecia prometer amanhãs <strong>do</strong>urad<strong>os</strong>,escrevi O Tempo Lógico e a Asserção de CertezaAntecipada. Pode-se ler muito bem ali, se se escreve,e não somente se se tem bom ouvi<strong>do</strong>, que, a funçãoda pressa, já é esse “a” minúsculo que a tetiza. Ali,valorizei o fato de que algo como umaintersubjetividade pode dar com uma saída salutar.Mas o que mereceria ser olha<strong>do</strong> de mais perto é oque suporta cada um d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong>, não em ser umentre <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>, mas em ser, em relação a<strong>os</strong> <strong>do</strong>isoutr<strong>os</strong>, aquele que está em jogo no pensamento deles.Cada qual só intervin<strong>do</strong> nesse termo a título <strong>des</strong>seobjeto “a” que ele é sob o olhar d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong>. (...)Emoutr<strong>os</strong> term<strong>os</strong>, eles são três, mas na realidade, são<strong>do</strong>is mais “a”. Esse <strong>do</strong>is mais “a”, no ponto <strong>do</strong>“a”, se reduz, não a<strong>os</strong> <strong>do</strong>is outr<strong>os</strong>, mas a Um mais“a”.( ...)é que funciona o que pode dar com umasaída na pressa.”Como podem<strong>os</strong> ver não se podepensar o texto “O Tempo Lógico e aCerteza Antecipada” sem se referenciar aoato, que só se dá pela intervenção <strong>do</strong>analista, quan<strong>do</strong> <strong>des</strong>centra a demanda emdireção ao que a causa, fican<strong>do</strong> <strong>do</strong> la<strong>do</strong> darelação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> com o objeto “a”.“Tomad<strong>os</strong> um a um , <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> A,B,C , sãotod<strong>os</strong> iguais e cada um diferente. A é <strong>os</strong>ujeito real que vem concluir sozinho. Ele<strong>des</strong>igna cada um d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> enquanto real,na medida em que é ele mesmo que está emquestão e se decide ou não a concluir por si.B e C são <strong>os</strong> <strong>do</strong>is outr<strong>os</strong>, na medida em quesão objet<strong>os</strong> <strong>do</strong> raciocínio de A” (Erik Porge)ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
164Da mesma forma A é também objeto <strong>do</strong>raciocínio de B e C, que não são apenasobjet<strong>os</strong> de A, são também sujeit<strong>os</strong>,refletid<strong>os</strong>. A, pois, não é idêntico a A. Cadaum é ao mesmo tempo A e B / C. Mais:Cada um só é A se for ao mesmo tempo B eC.” Cada um que decide é A, decisãoadvinda da pressa, de sua própriasubjetividade e não por submissão a umacoordenada simbólica , advinda <strong>do</strong> Outro.Por definição, o objeto “a” não é só o que seperde, mas também é algo que se produz noato de fundação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e no ato deconcluir. Tem<strong>os</strong> a clínica <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>estrutura<strong>do</strong> como uma linguagem que estásubmetida à temporalidade <strong>do</strong> a p<strong>os</strong>teriori etem<strong>os</strong> a clínica <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> estrutura<strong>do</strong>como furo, cuja temporalidade está ligada àantecipação que é o tempo lógico . Esseúltimo se caracteriza pelo Ato, que comovim<strong>os</strong>, antecipa uma conclusão onde faltasaber, ou, produz uma conclusão a partir <strong>do</strong>que não é sabi<strong>do</strong>. Isso está na contra mão<strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> indivíduo na sociedade , comodissem<strong>os</strong> no início <strong>des</strong>se texto. O merca<strong>do</strong>um rompimento ou achatamento <strong>do</strong> tempológico, onde Lacan vai exatamente analisaras condições que tem que se dar para queuma subjetivação seja p<strong>os</strong>sível: Sem tempode compreender , perdi<strong>do</strong> n<strong>os</strong> imperativ<strong>os</strong>da rentabilidade, da produtividade, dacompetitividade, o <strong>sujeito</strong> fracassa como<strong>des</strong>ejante, para atender o que é exigi<strong>do</strong> pel<strong>os</strong>agentes sociais <strong>des</strong>sa época, ao preço daexclusão de sua subjetividade, único lugarde onde pode produzir uma significaçãonova, arriscar uma conclusão antecipada ,advir no exercício <strong>do</strong> seu <strong>des</strong>ejo que otransforma e o coloca como um faze<strong>do</strong>r dehistória. Ou como diz n<strong>os</strong>so colega GabrielLombardi, fazer de sua hora marcada aocasião de um encontro com o <strong>inconsciente</strong>real que o neurótico evita.BIBLIOGRAFIA:1- Lacan, Jacques “O tempo lógico e a asserção dacerteza antecipada” in Escrit<strong>os</strong> JZE RJ 1998.2- Lacan, Jacques “Radiofonia” in Outr<strong>os</strong> escrit<strong>os</strong>JZE –RJ – 20033-Lacan, Jacques “O Seminário – livro XI O quatroconceit<strong>os</strong> fundamentais da psicanálise JZE4-Lacan, Jacques “O Seminário – livro XX Mais,ainda (1972-3)JZE RJ,19855-Freud, Sigmund “O Projeto para uma psicologiacientífica” (1895) ESBRJ Imago 19696-Straus, Marc “O tempo <strong>do</strong> Ato” in Heteridade 3IF/EPCL, 20047Soler, Colette “ Texto Inédito “ in VolumePreparatório para o V Encontro da IF-EPCL- SP8- Porge, Erik Psicanálise e Tempo - 1989 Cia deFreud editoraANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
165____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaEspaço e tempo na experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>Clarice Gatto“A fala avança no escuro. O espaço não se estende, mas se escuta. Pela fala, a matéria estáaberta, crivada de palavras; o real ali se <strong>des</strong><strong>do</strong>bra. O espaço não é o lugar d<strong>os</strong> corp<strong>os</strong>; ele não n<strong>os</strong> serve de apoio. A linguagem ocarrega agora diante de nós e em nós, visível e ofereci<strong>do</strong>, tenso, apresenta<strong>do</strong>, aberto pelo drama <strong>do</strong> tempo no qual estam<strong>os</strong> com elesuspens<strong>os</strong>. O que há de mais bonito na linguagem é que passam<strong>os</strong> com ela. Tu<strong>do</strong> isso não é dito pelas ciências comunicativas, mas nóssabem<strong>os</strong> muito bem disso com n<strong>os</strong>sas mã<strong>os</strong> na noite: que a linguagem é o lugar <strong>do</strong> aparecimento <strong>do</strong> espaço”.(Valère Novarina)ou começar pela dificuldade,Vpremida pelo tempo paraescrever... O título surgiuprimeiro “espaço e tempona experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>” e logoestranhei já que o tema <strong>do</strong>encontro “Os temp<strong>os</strong> d<strong>os</strong>ujeito <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. A psicanálise n<strong>os</strong>eu tempo e o tempo da psicanálise” nãon<strong>os</strong> remete imediatamente a noção deespaço. Ou será que sim?Na apresentação <strong>do</strong> livro preparatório<strong>des</strong>te Encontro J<strong>os</strong>ée Mattei cita de mo<strong>do</strong>interessante o livro Vous qui habitez letemps. Descubro vári<strong>os</strong> livr<strong>os</strong> <strong>des</strong>se autoreditad<strong>os</strong> em português, interessei-meespecialmente por um. Aí, começou umaoutra busca, o livro está esgota<strong>do</strong> no Brasil,depois de alguns dias a editora entregou umexemplar, belíssimo de Valère Novarina.Pronto. Esse era o significante que faltavapara a articulação que eu esperava.Diante da palavra 97 <strong>do</strong> poeta meocorreu a articulação que eu esperava:estava lá o tempo to<strong>do</strong> – <strong>inconsciente</strong> –estampa<strong>do</strong> no cartaz <strong>do</strong> Encontro: a bandade Moebius, figura topológica por ondeLacan demonstra a experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong><strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Já que n<strong>os</strong>so tempo é curtíssimo, fareibreves pontuações a propósito de espaço etempo e em seguida, por meio de umfragmento de um caso de histeria, assinalopara a formação <strong>do</strong> sintoma por meio deum dizer no âmbito da experiência d<strong>os</strong>ujeito <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.O espaço: Kant, Lacan, FreudOs conceit<strong>os</strong> de espaço e temp<strong>os</strong>ão para Kant (1724-1804) “duas formaspuras da intuição sensível” (oriundas dasensibilidade, ou seja, da capacidade deobter representações mediante o mo<strong>do</strong>como som<strong>os</strong> afetad<strong>os</strong> por objet<strong>os</strong>) comoprincípi<strong>os</strong> <strong>do</strong> conhecimento a priori e nãoda “intuição empírica” proveniente daexperiência. Para Kant a p<strong>os</strong>teriori é o quepode ser da<strong>do</strong> na experiência. Espaço etempo são, portanto para ele a priori aqualquer experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Isto querdizer que “o senti<strong>do</strong> interno mediante oqual a mente intui a si mesma ou o seupróprio esta<strong>do</strong> interno, na verdade nãoproporciona nenhuma intuição da própriaalma como um objeto; consiste apenasnuma forma determinada unicamente sob aqual é p<strong>os</strong>sível a intuição <strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong>interno de mo<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> o que pertence às97 Novarina, Valère. Diante da palavra (1999). Rio de Janeiro: SeteLetras, 2003.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
166determinações internas ser representa<strong>do</strong>em relações de tempo” 98 .Aqui Kant lembra Lacan, se é que p<strong>os</strong>sofazer essa articulação, por exemplo, noEstádio <strong>do</strong> espelho como forma<strong>do</strong>r dafunção <strong>do</strong> eu tal qual n<strong>os</strong> é revela<strong>do</strong> naexperiência psicanalítica. Lacan compara oestádio <strong>do</strong> espelho como uma identificação,no pleno senti<strong>do</strong> que a análise lhe confere,ou seja, a transformação produzida quan<strong>do</strong>o <strong>sujeito</strong> assume uma imagem que vai dainsuficiência a antecipação; revelan<strong>do</strong> amatriz simbólica em que o eu se precipitanuma forma primordial antes de seobjetivar na dialética da identificação com ooutro e antes que a linguagem lhe restitua,no universal, sua função de <strong>sujeito</strong>.(Encontram<strong>os</strong> também em Freud “aidentificação como a expressão maisprimitiva de uma ‘ligação sentimental’(Gefühlsbindung) com uma outrapessoa” 99 .) Cerca de onze an<strong>os</strong> depois emObservação sobre o relatório de DanielLagache, de 1960, Lacan retoma o estádio<strong>do</strong> espelho e n<strong>os</strong> propõe uma reformulação<strong>do</strong> Esquema ótico de Bouasse para pensara estrutura <strong>do</strong> eu ideal e <strong>do</strong> ideal de eu.Auxiliada por um professor de física,repetim<strong>os</strong> a experiência prop<strong>os</strong>ta porLacan, e foi p<strong>os</strong>sível verificar que o espaçonecessário para a criação da imagem virtualficou elidi<strong>do</strong> no Esquema prop<strong>os</strong>to porLacan. O esquema abaixo (Fig.1) é umafigura modificada <strong>do</strong> esquema prop<strong>os</strong>topor Lacan. O espaço vazio deixa<strong>do</strong> entre aflor e o apara<strong>do</strong>r, é o espaço da “intuiçã<strong>os</strong>ensível” kantiana para o vaso (ou o corpo),de mo<strong>do</strong> que a imagem <strong>do</strong> vaso (ou <strong>do</strong>corpo) p<strong>os</strong>sa de fato ser formadavirtualmente e vista pelo <strong>sujeito</strong>, por meio<strong>do</strong> “espelho falante” <strong>do</strong> (grande) outro98 Kant, I. Crítica da razão pura. In: Os Pensa<strong>do</strong>res. São Paulo:Abril cultural, 1980.99 Freud, S. Psicologia das massas e análise <strong>do</strong> eu. In: EdiçãoStandard Brasileira das Obras completas psicológicas de S. Freud. Rio deJaneiro: Imago, 1994. Vol. 18.Fig.1: Figura modificada <strong>do</strong> Esquema de Lacan.Len<strong>do</strong> Lacan com Kant talvezp<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> supor que o espaço é mesmo apriori a toda experiência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, ou seja,oriun<strong>do</strong> da “intuição sensível” casocontrário não seria p<strong>os</strong>sível Lacan cometeresse engano e mesmo assim afirmarcorretamente a experiência. Talvez,p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong> aproximar <strong>os</strong> a priori kantiano <strong>do</strong>que Freud denominou uma sup<strong>os</strong>ição“necessária e legítima da existência <strong>do</strong>mental <strong>inconsciente</strong>”. (Ficou essa questãopara outro momento.)Em O <strong>inconsciente</strong> 100 , de 1915,no capítulo “características especiais d<strong>os</strong>istema <strong>inconsciente</strong>” Freud resume: noInconsciente há isenção de contradiçãomútua entre <strong>os</strong> representantes pulsionais,prevalece o processo primário (mobilidaded<strong>os</strong> investiment<strong>os</strong>), não há negação, nemdúvida, nem grau de certeza, <strong>os</strong> process<strong>os</strong><strong>inconsciente</strong>s são intemporais, isto é, não sãoordenad<strong>os</strong> temporalmente, não se alteramcom a passagem <strong>do</strong> tempo; não têmabsolutamente qualquer referência aotempo; e há substituição da realidadeexterna pela psíquica.Com a ajuda <strong>do</strong> Aurélio – o outromais popular <strong>do</strong> significante de n<strong>os</strong>salíngua – encontram<strong>os</strong> tanto intemporalquanto atemporal. Atemporal quer dizer queindepende <strong>do</strong> tempo, enquanto intemporalquer dizer “não temporal ou transitório;eterno, perene”; “não temporal ou profano;100 Freud, S. O <strong>inconsciente</strong>. In: Edição Standard Brasileira dasObras completas psicológicas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1994. Vol.14.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
167espiritual”. Intemporal gr<strong>os</strong>so mo<strong>do</strong> é o quedeixa inscrição, vestígio, como assinalaFreud no Bloco mágico; ou conformeformulou Lacan no Encore “não para de nã<strong>os</strong>e escrever”.O interessante nessa releitura <strong>do</strong>texto O <strong>inconsciente</strong> é a afirmaçãocontundente de Freud: “há ordem <strong>do</strong>tempo” e esta é dada pela censura <strong>do</strong> sistemapré-consciente; quan<strong>do</strong> escapa provoca oriso! Ou seja, o acesso a<strong>os</strong> representantespulsionais, ou significantes como exprimeLacan, passam por uma censura. É a estacensura que se dirige a regra fundamentalda psicanálise da associação livre e asformações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Somente em Achad<strong>os</strong>, idéias eproblemas, de ag<strong>os</strong>to de 1938, Freud serefere a Kant para abordar espaço e tempona relação com <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Ele discorda de Kant. Ele escreve “Oespaço pode ser a projeção da extensão <strong>do</strong>aparelho psíquico. Nenhuma outraderivação é provável. Em vez d<strong>os</strong>determinantes a priori, de Kant, de n<strong>os</strong>soaparelho psíquico. A psique é estendida;nada sabe a respeito”. Esse fragmento éum verdadeiro acha<strong>do</strong> e a banda deMoebius utilizada por Lacan n<strong>os</strong>demonstra esses determinantes a priori.O tempo, o dizer: a banda de MoebiusKant ainda trabalha no espaço daGeometria plana, ainda que ele tenha si<strong>do</strong>assim como Freud e Lacan um“instaura<strong>do</strong>r de discursividade”. O espaçoda Geometria projetiva será <strong>des</strong>crito emmead<strong>os</strong> <strong>do</strong> século XIX. Moebius em 1861<strong>des</strong>cobre a figura que passará para ap<strong>os</strong>teridade, como n<strong>os</strong> informa JeanneGranon-Lafont 101 , a “banda de Moebius” esuas superfícies uniláteras. O que era“estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> lugar” em 1679 com Leibnizpassa quase <strong>do</strong>is sécul<strong>os</strong> depois a se101 A topologia de Jacques Lacan. Rio de Janeiro: Jorge ZaharEditor, 1990.chamar Topologia, estu<strong>do</strong> d<strong>os</strong> espaç<strong>os</strong> e <strong>des</strong>uas proprieda<strong>des</strong>.Lacan na aula de 14 de janeiro de1975 de R.S.I. distingue que o n<strong>os</strong>so corpo– presente no espaço – seja de trêsdimensões, é o que não deixa nenhumadúvida, já que, com esse corpo, a gentepinta e borda; mas isso não querabsolutamente dizer que o que chamam<strong>os</strong>de espaço não seja sempre mais ou men<strong>os</strong>plano. Há até matemátic<strong>os</strong> para o escrevercom todas as letras: to<strong>do</strong> espaço éplano” 102 , 103 . Lacan n<strong>os</strong> lembra tambémque sabem<strong>os</strong> manejar muito mal qualquercoisa <strong>do</strong> Real que escapa esse espaço detrês dimensões.Jeanne Granon-Lafont em seuestu<strong>do</strong> da topologia de Lacan interrogasobre como podem<strong>os</strong> compreender talobservação. Ela responde que o espaço emsi não encerra a dimensão da profundidade,a fam<strong>os</strong>a terceira dimensão. É somentepara aquilo que se encontra mergulha<strong>do</strong> nopróprio espaço que, segun<strong>do</strong> seusmoviment<strong>os</strong> que se <strong>des</strong>enrolam no tempo,vai existir um antes e um depois e, porextensão, um na frente e um atrás. Ostopólog<strong>os</strong>, tentan<strong>do</strong> manipular estapercepção e suas ilusões, recorremclassicamente a “metáfora da formiga”presente na capa <strong>do</strong> seminário d’Angústiade Lacan e <strong>des</strong>enha<strong>do</strong> pelo artista gráficoholandês Mauritus Cornelis Escher (1898-1970).Imaginem<strong>os</strong>, comenta a autora, queno lugar da formiga situa-se o <strong>sujeito</strong> emanálise. Este <strong>sujeito</strong>-formiga ou – <strong>os</strong>homenzinh<strong>os</strong> na fita da primeira divulgação<strong>des</strong>te Encontro – se <strong>des</strong>loca sobre a bandade Moebius, superfície plana com duasdimensões, que assim é definida na relaçãoque mantém com sua vizinhança imediata.102 Lacan, J. O seminário: RSI, aula de 14 de janeiro de 1975, versãopirata brasileira, s/d.103 Cf. Kant em Sobre o primeiro fundamento da distinção dedireções no espaço (1768), [tradução de Rogério Passo Severo], disponível emhttp://www.ufrgs.br/kantcongress/sociedadekant/fundamento.pdfANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
168Por outro la<strong>do</strong>, diz ela, o horizonte, oponto onde a banda revira, pinça suatorção, sempre na relação às vizinhançasimediatas, é percebi<strong>do</strong> como profundidade.Ora essa profundidade – cria o planoprojetivo – tem como medida o tempo quea formiga levará para alcançar este pontode torção, ao qual ela jamais chegará, umavez que tão logo o atinja, um novohorizonte irá sempre se apresentar comoterceira dimensão, como profundidade.O plano é o que se define como asuperfície de um quadro limita<strong>do</strong> por seuscontorn<strong>os</strong>, e o espaço pela percepção daprofundidade. Trata-se <strong>do</strong> horizonte, oqual sabem<strong>os</strong> não ser o limite, mas quetopologicamente, se entende como otempo necessário para alcançá-lo.O que é interessante é que será pormeio da experiência provocada pelomovimento de torções, de cortes, de meiastorções,etc., que se faz surgir “como umvazio” o espaço moebiano ou planoprojetivo. Isto tem, sem dúvida, um valorfundamental para a experiênciapsicanalítica. A experiência <strong>do</strong> vazio, <strong>do</strong>buraco, certamente, pode ser aproximadada experiência da angústia – que é medianaentre gozo e <strong>des</strong>ejo, como assinala Lacan –vivida, pelo <strong>sujeito</strong> na análise. É curi<strong>os</strong>o,dependen<strong>do</strong> da condição econômica den<strong>os</strong>s<strong>os</strong> analisantes, podem<strong>os</strong> ouvir aquelesque dizem parecer estar em uma montanharussa ou aqueles que parecem estar em umtrem <strong>des</strong>carrila<strong>do</strong>! Eis aí a experiênciasubjetiva da banda de Moebius que apsicanálise revela. Como o psicanalistapode se servir dela? Por meio, claro, dapromoção da associação livre <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>analisante e da interpretação e <strong>do</strong> atopsicanalítico <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> analista.Jairo Gerbase na aula de 12 de maiode 2000 de seu seminário Clínicas de nós detor<strong>os</strong> - comentári<strong>os</strong> 104 faz um resumo <strong>do</strong> livroJ.-D. Nasio Monstration et Topologie, de 1983;nesse esquema Nasio propõe estabelecerrelações entre quatro conceit<strong>os</strong> lacanian<strong>os</strong>que definem a realidade e <strong>os</strong> objet<strong>os</strong>topológic<strong>os</strong> respectiv<strong>os</strong>. Das quatroprop<strong>os</strong>ições recolho apenas uma já quen<strong>os</strong>so tempo é curto, mas remeto vocês aotexto de Jairo que é muito interessante.Na primeira a demanda e o <strong>des</strong>ej<strong>os</strong>ão representad<strong>os</strong> pelo toro. Na terceira, <strong>os</strong>ignificante e a cadeia, representad<strong>os</strong> pelagarrafa de Klein. Na quarta, a relação d<strong>os</strong>ujeito e o objeto (a fantasia),representad<strong>os</strong> pelo gorro cruza<strong>do</strong> (oucr<strong>os</strong>s-cap). Na segunda relação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> eo dizer, a que recolhi para comentar pormeio de um fragmento clínico, estárepresentada pela banda de Moebius.Então, indaga Jairo Gerbase, como dizerque som<strong>os</strong> <strong>sujeito</strong> se som<strong>os</strong> dizer? Com<strong>os</strong>er outro ou como haver transformaçãopelo fato de dizer? A banda de Moebius(Fig. 2) m<strong>os</strong>tra o <strong>sujeito</strong>, suas peripécias.Sua propriedade de ter um único la<strong>do</strong> setransforma se nela operam<strong>os</strong> um cortemediano. Não basta representar o <strong>sujeito</strong>no espaço é preciso também o ato decortar. O ato de dizer é da mesma ordem, <strong>os</strong>ignificante fende o <strong>sujeito</strong> em <strong>do</strong>is: <strong>os</strong>ignificante simultaneamente representa <strong>os</strong>ujeito e o faz esvaecer 105 (apagar-se).104 Gerbase, Jairo. Clínicas de nós de tor<strong>os</strong> - comentári<strong>os</strong>, aula de 12de maio de 2000, disponível em www.campopsicanalítico.com.br.105 Lacan, J. Seminário: A topologia e o tempo, aula de 15 de maio de1979. Edição fora de comércio.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
169Fig. 2 – Banda de Moebius inteira e cortada ao meioFragmento de um caso de histeria e aformação <strong>do</strong> sintoma“Hoje estou muito feliz! Escuta só!Fui <strong>des</strong>ignada a conferir <strong>os</strong> micr<strong>os</strong>cópi<strong>os</strong><strong>do</strong> setor de produção para padronizar ocontrole de qualidade d<strong>os</strong> testes de AIDSque o Brasil exporta para divers<strong>os</strong> países.Era muita responsabilidade e eu tremia d<strong>os</strong>pés a cabeça, não pela função para a qualfui <strong>des</strong>ignada porque eu sabia fazer, masporque teria que voltar naquele setor quegerou tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> problemas que metrouxeram aqui há <strong>do</strong>is an<strong>os</strong> atrás...”Essa moça de vinte e pouc<strong>os</strong> an<strong>os</strong>,bonita, pr<strong>os</strong>segue <strong>des</strong>creven<strong>do</strong>-se por meiode uma imagem (significante), aquela queela preparou <strong>des</strong>de a noite anterior paraocupar o lugar que lhe foi <strong>des</strong>igna<strong>do</strong> e aoqual ela temia não saber se poderia ocuparna hora marcada.“Fui bem bonita, coloquei meusalto mais alto, meu melhor terninho, memaquiei, coisa que nunca faço... Eu e umoutro colega começam<strong>os</strong> a tarefa, eu tremiatanto que o colega me sugeriu fazersomente parte <strong>do</strong> experimento. Nesteinstante me senti igual a uma formiguinha,humilhada, diminuída como se f<strong>os</strong>seliteralmente cair... Lembrei-me <strong>do</strong> saltinhofino (ris<strong>os</strong>) e me senti poder<strong>os</strong>a, entãorespondi lentamente a ele: de jeito algum, éminha responsabilidade fazer oexperimento <strong>do</strong> começo ao fim, não temporque não fazer...”Ela se espanta e indaga: “comopode, <strong>do</strong>utora, um dizer modificar o queéram<strong>os</strong>?”Esse dizer, esse mo<strong>do</strong> de bem-dizer <strong>os</strong>intoma – testemunha<strong>do</strong> por meio datransferência na experiência psicanalítica –se chama interpretação, diz Lacan 106 , e temrelação com o <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>.Como diz o poeta: “O que há demais bonito na linguagem é que passam<strong>os</strong>com ela. Tu<strong>do</strong> isso não é dito pelas ciênciascomunicativas, mas nós sabem<strong>os</strong> muitobem disso com n<strong>os</strong>sas mã<strong>os</strong> na noite: que alinguagem é o lugar <strong>do</strong> aparecimento <strong>do</strong>espaço”.106 Lacan, J. L’etourdit. [Tradução de Isi<strong>do</strong>ro Eduar<strong>do</strong> Americano <strong>do</strong>Brasil]. Edição fora de comércio.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
170____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaUm novo tempo para o <strong>sujeito</strong> que se dá a partir <strong>do</strong>enfrentamento <strong>do</strong> real existente no interval<strong>os</strong>ignificanteRobson Melloconceito lacaniano sobreOo <strong>sujeito</strong> n<strong>os</strong> orientaquanto ao fato de que háalgo da ordem dainconsistência e <strong>do</strong> nãoto<strong>do</strong>.Jacques Lacan n<strong>os</strong>remete à linguagem, e àsmarcas que deladecorrem, para n<strong>os</strong> dizer que o <strong>sujeito</strong> é tã<strong>os</strong>omente da ordem da representação. O<strong>sujeito</strong> é representa<strong>do</strong> por um significantepara um outro significante. Desde já há, aí,algo que é da ordem de um tempo que é otempo <strong>do</strong> advir, tempo da castração, tempoda relação imaginária e tempo de umaverdade que se deixa surgir a partir dasup<strong>os</strong>ição de um saber. Ele n<strong>os</strong> remete aofato de que o <strong>sujeito</strong>, mesmo, existe nointervalo existente entre <strong>os</strong> significantes S1e S2 e que, portanto, o registro <strong>do</strong> realsempre aparece e opera como um índice <strong>do</strong>tempo existente no <strong>inconsciente</strong>. O <strong>sujeito</strong>é, logo, o resulta<strong>do</strong> de uma significação quese deu a partir <strong>do</strong> encontro com o indizível<strong>do</strong> real apresenta<strong>do</strong> pelo Outro.Apropriamo-n<strong>os</strong> da teoria freudianapara dizer <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> correlato a umatrama – conten<strong>do</strong> muitas re<strong>des</strong> eentrecruzament<strong>os</strong> por onde, então,encontrarem<strong>os</strong> marcações significantes poronde a libi<strong>do</strong> transita. A rede é tecida apartir da linguagem que vem <strong>do</strong> Outro, eque, por ser assim, marca um tempo para o<strong>des</strong>ejo. O tempo para o <strong>sujeito</strong> começa aser conta<strong>do</strong>, portanto, a partir <strong>do</strong> encontrocom o S1 (mãe), seu marco zero, e ainda nainfância. Tempo que é sempre infantil.Ao se apoderar d<strong>os</strong> seus objet<strong>os</strong>intern<strong>os</strong> ou extern<strong>os</strong>, a libi<strong>do</strong> circula deuma marca simbólica a outra, e percorretoda a cadeia significante presente no<strong>inconsciente</strong>.Quanto mais o tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> foraquele que p<strong>os</strong>sibilite esse trânsito, naassociação livre, tanto mais serão <strong>os</strong>moment<strong>os</strong> oportunizad<strong>os</strong> para <strong>os</strong>urgimento <strong>do</strong> seu <strong>des</strong>ejo e da sua verdade.A verdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> estáintimamente ligada ao recalca<strong>do</strong>. E, <strong>des</strong>saverdade, nada ele quer saber. O recalca<strong>do</strong> –marca significante que guarda consigo otempo <strong>do</strong> real da angústia – existe e insistepor um lugar na consciência. O S1 e S2,agora, podem ser interpretad<strong>os</strong> como otempo <strong>do</strong> antes e o tempo <strong>do</strong> depois paraum ser que se põe a falar sob <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> datransferência analítica. O tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>é, também, o tempo de uma decisão entre avida e a morte.Quanto mais o <strong>sujeito</strong> falar dasmarcas da linguagem da sua históriaamor<strong>os</strong>a, tanto mais serão as suas chancespara um novo tempo, agora já não mais tãoamarradas ao aspecto psicopatológico d<strong>os</strong>intoma. S1 e S2 podem ser identificad<strong>os</strong>,aqui, enquanto tempo <strong>do</strong> sintoma d<strong>os</strong>ujeito num da<strong>do</strong> momento antes daanálise, e tempo em que esse mesm<strong>os</strong>intoma se <strong>des</strong><strong>do</strong>bra em sintoma analíticoque, endereça<strong>do</strong> à figura <strong>do</strong> analista, vaipara muito além dela.Com isso, podem<strong>os</strong> falar, então,que o outro nome da repetição diz respeitoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
171ao fato de não querer aceder às regras daassociação livre sob o vetor transferencial.É a linguagem que p<strong>os</strong>sibilita acodificação <strong>do</strong> sintoma, e é ela, também,que p<strong>os</strong>sibilita a sua decodificação, seudeciframento sob análise. Tem<strong>os</strong>, aqui,portanto, o tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> face a duasp<strong>os</strong>sibilida<strong>des</strong>: o tempo <strong>do</strong> sintoma (S1) e otempo <strong>do</strong> deciframento significante (S2).Esse intervalo diz da passagem <strong>do</strong>não querer saber da verdade <strong>inconsciente</strong>ao ato da livre associação significanteamarra<strong>do</strong> ao <strong>des</strong>ejo de saber. O interrogarsesobre o porquê de um determinad<strong>os</strong>ignificante estar representan<strong>do</strong> o <strong>sujeito</strong>para um outro <strong>sujeito</strong> faz com que ofalasser se <strong>des</strong>cole <strong>do</strong> lugar de submissãofrente à marca significante e, então,poden<strong>do</strong> olhá-la, agora com outr<strong>os</strong> olh<strong>os</strong>,ressignificá-la, oportunizan<strong>do</strong> um lugarpara o seu <strong>des</strong>ejo e para a verdade na suavertente mais radical e singular. Essaretificação subjetiva, que é promovida emanálise, faz alterar a relação <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> como objeto, produzin<strong>do</strong>, assim, uma relaçãode causa de <strong>des</strong>ejo. Revela-se, pois, que oOutro em questão é mesmo, e antes detu<strong>do</strong>, o <strong>inconsciente</strong>. S1 = lugar <strong>do</strong>analisante para o tempo <strong>do</strong> S2 =surgimento <strong>do</strong> analista.A p<strong>os</strong>sibilidade de que o sintoma<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> p<strong>os</strong>sa vir a se estabelecerenquanto sintoma analítico somente poderáocorrer a partir <strong>do</strong> ponto em que o falante,na relação analisante-analista, sob o vetorda transferência e em livre associação,endereçar o seu sintoma para um outr<strong>os</strong>ignificante, que ele cria – o significanteque marca o lugar <strong>do</strong> Outro enquanto lugarde sup<strong>os</strong>ição de um saber: lugar <strong>do</strong> analista.Será essa mesma p<strong>os</strong>ição, enquant<strong>os</strong>ignificante de <strong>sujeito</strong> sup<strong>os</strong>to saber, que,ao instituir o lugar <strong>do</strong> Outro da vidaamor<strong>os</strong>a para o analisante, o faz lançar aoOutro <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. Podem<strong>os</strong>, então,dizer que o outro nome <strong>do</strong> S1 – S2 poderáser analisante-analista! S1 = realidadecotidiana para o tempo <strong>do</strong> S2 = realida<strong>des</strong>ubjetiva.O lugar <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> é mesmo o lugar<strong>do</strong> real. O conceito de <strong>sujeito</strong> se liga àresp<strong>os</strong>ta que o falante dá quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seuencontro com o indizível <strong>do</strong> registro <strong>do</strong>real ampara<strong>do</strong> pel<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> da linguagem.O seu lugar diz <strong>do</strong> intervalo significanteque é marca<strong>do</strong> pela castração em seu viéscom o Édipo. O tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> émarca<strong>do</strong> no vir-a-ser, no vazio e no sódepois significante.O falante inaugura o campo <strong>do</strong>novo a partir <strong>do</strong> ponto em que ele se põedisp<strong>os</strong>to a decifrar o conteú<strong>do</strong> recalca<strong>do</strong>que tanto o assola e o faz padecer. Ocampo <strong>do</strong> novo se encontra enquanto umavirtualidade presente <strong>des</strong>de sempre narelação que se estabelece entre um<strong>inconsciente</strong> para outro <strong>inconsciente</strong>. S1 =<strong>inconsciente</strong> <strong>do</strong> analisante, S2 =<strong>inconsciente</strong> <strong>do</strong> analista constituí<strong>do</strong> a partirda experiência e <strong>do</strong> saber extraíd<strong>os</strong> de suaprópria análise → Sn = cadeia <strong>des</strong>ignificante sob efeito da associação livreconduzida pelo analisante a partir da suafala.Só o tempo próprio à análise – como corte que faz separar o <strong>sujeito</strong> d<strong>os</strong>ignificante <strong>do</strong> seu gozo repeti<strong>do</strong>r – é capazde fazer com que o Outro <strong>do</strong> S2 p<strong>os</strong>sa caire, então, o <strong>sujeito</strong> p<strong>os</strong>sa se <strong>des</strong>cobrir anteao recalca<strong>do</strong> que, agora, se faz novo a partir<strong>do</strong> deciframento <strong>do</strong> sintoma que sempre sefez seu parceiro. Resta tão somente a<strong>os</strong>ujeito, agora ten<strong>do</strong> como parceir<strong>os</strong> o resto<strong>do</strong> seu sintoma, a sua verdade, o seu <strong>des</strong>ejoe a sua castração. No lugar de um Outro,que agora é inexistente, e para o qual elesempre se dirigiu, o <strong>sujeito</strong> põe, com suacapacidade criativa, se quiser, a causaanalítica e a Escola de Psicanálise orientadapor Freud e por Lacan, que p<strong>os</strong>sibilitará <strong>os</strong>urgimento das trocas entre seus pares, dasformulações, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, e também d<strong>os</strong>impasses. S1 = transferência analítica ao S2= transferência de trabalho. Mas, mesm<strong>os</strong>en<strong>do</strong> assim, e exatamente por isso, revelaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
172algo <strong>do</strong> resto significante com o qual tod<strong>os</strong>ujeito tem de lidar em sua vida. O quefazer com o resto no âmbito da solidão quetoca na verdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Para onde<strong>des</strong>tiná-lo ? A Escola o acolhe e o recebesob <strong>os</strong> nomes da verdade de cada <strong>sujeito</strong> ede sua castração, que, agora, se <strong>des</strong><strong>do</strong>bramem produção e trabalho. A Talvez a Escolap<strong>os</strong>sa vir representar, mesmo, o quão difícilé para o <strong>sujeito</strong> lidar com o tempo para quese fique só e, ao mesmo tempo, ratificarseu mais radical tempo de solidão e<strong>des</strong>amparo frente ao outro. Daí verm<strong>os</strong> asolidariedade como fator tão vali<strong>os</strong>o naEscola de Lacan. S1 = solidão <strong>do</strong> sintomaanalítico ao S2 = solidão da sua verdadecom seus pares.O novo que surgiu toca no pontoque diz de um retornar daquilo que alisempre estivera, a saber, o <strong>sujeito</strong> com asua verdade <strong>inconsciente</strong>, e que agoraamb<strong>os</strong> encontram solo para germinar nocampo fértil da Escola, da ComunidadeAnalítica de Escola. Espaço onde o bemdizerda experiência transmitida de um aooutro se dá com alguma sintonia àquilo quese fala e se escuta.O novo tempo virá em função <strong>do</strong>circular da libi<strong>do</strong> de um ponto ao outro, emfunção de um significante que um dia foiestranho recalca<strong>do</strong>, e hoje é da ordem <strong>do</strong>familiar e <strong>do</strong> consciente; da transformação<strong>do</strong> sintoma banal para o sintoma analítico;das verda<strong>des</strong> à verdade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> frente àvida, ao sexo, e à morte e <strong>do</strong> deciframento<strong>do</strong> sintoma. Abre-se para o ser falante umanova relação com o objeto falt<strong>os</strong>o. O nov<strong>os</strong>urge a partir das marcas simbólicas que alisempre estiveram presentes, e que, sob aforça da transferência analítica, e <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejodecidi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>.Novo que diz <strong>do</strong> fato de o <strong>sujeito</strong>ter consegui<strong>do</strong> fazer a reescritura da suavida. S1 = texto sintomático para S2 =texto novinho em folha. Assim sen<strong>do</strong>, <strong>os</strong>ujeito o escreve, reescreve, pontua, resumepara ao final intitulá-lo. Reintitula-o, agora,ao seu mo<strong>do</strong> e estilo própri<strong>os</strong>.A cada ida e vinda de umsignificante a outro significante há umaperda: perda de gozo, perda de parte d<strong>os</strong>intoma que se fixa ao significante. Perdade parte de si mesmo que se <strong>des</strong><strong>do</strong>bra, aofinal, no mais puro ganho.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
173____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaTempo e sintomaAndréa Hortélio Fernan<strong>des</strong>esde Freud, podem<strong>os</strong>Dafirmar que a noção d<strong>os</strong>intoma está associada ànoção de tempo napsicanálise. Lacan retomaa lógica freudiana aoafirmar, no SeminárioR.S.I., haver “consistênciaentre o sintoma e o <strong>inconsciente</strong>” , <strong>do</strong>nde <strong>os</strong>intoma é uma das manifestações d<strong>os</strong>temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>. O tema<strong>do</strong> sintoma leva Freud a declarar que, como passar <strong>do</strong> tempo, o <strong>sujeito</strong> <strong>des</strong>cobre quefez ‘mau negócio’ ao optar pela neur<strong>os</strong>e.Daí surge à questão central que buscam<strong>os</strong>tratar neste artigo: é dentro da lógicatemporal <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> que o <strong>sujeito</strong>pode vir, graças ao manejo da transferência,a lidar com o que persiste <strong>do</strong> real sexual,sempre traumático, no seu sintoma? Pararesponder esta questão vam<strong>os</strong> retomar ocaso Dora tal qual ele é retoma<strong>do</strong> porLacan.N<strong>os</strong> primórdi<strong>os</strong> da psicanálise, ointeresse de Freud pela etiologia dasneur<strong>os</strong>es leva-o a afirmar que “as diferentesneur<strong>os</strong>es têm seus requisit<strong>os</strong> cronológic<strong>os</strong>particulares para suas cenas sexuais”.Estam<strong>os</strong> aí frente ao real sexual sempretraumático, conforme a teoria lacaniana.Ao longo da obra freudiana, Freud vaidan<strong>do</strong>-se conta <strong>do</strong> dispêndio de energiagasto pel<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong>, ao longo d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong>da neur<strong>os</strong>e, na manutenção d<strong>os</strong> sintomas.Defende que o maior dano causa<strong>do</strong> pel<strong>os</strong>sintomas “reside no dispêndio mental queacarretam” . Nesta época, o sintomaentendi<strong>do</strong> como uma satisfação substitutivavai orientar a técnica psicanalítica a lidarcom <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.No texto “Os caminh<strong>os</strong> daformação <strong>do</strong> sintoma” (1916) Freud declaraque “<strong>os</strong> sintomas criam um substituto dasatisfação frustrada, realizan<strong>do</strong> umaregressão da libi<strong>do</strong> a épocas de<strong>des</strong>envolvimento anteriores, regressão aque necessariamente se vincula um retornoa estádi<strong>os</strong> anteriores de escolha objetal” .Esta passagem atesta a transferência,entendida por Lacan, como trazen<strong>do</strong> umareatulização da realidade sexual <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>.As dificulda<strong>des</strong> <strong>do</strong> manejo datransferência vão ser tratadas por Freud em“O esta<strong>do</strong> neurótico comum” (1916).Freud adverte, então, das dificulda<strong>des</strong> queo analista deve encontrar já que o sintoma,como formação substitutiva, traz um ganh<strong>os</strong>ecundário para o <strong>sujeito</strong>. Poderíam<strong>os</strong>dizer, com Lacan, que o sintoma apresentaem si um mais de gozar que se sustenta nafantasia <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>.Nesta evolução da técnicapsicanalítica vem<strong>os</strong> que “o analistaaban<strong>do</strong>na a tentativa de colocar em focoum momento ou um problema específico”, não é esta a lógica temporal <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>. A psicanálise, com Freud, vaibuscar superar <strong>os</strong> empecilh<strong>os</strong> para aassociação livre contan<strong>do</strong> que o sintomaseja p<strong>os</strong>sível de ser traduzi<strong>do</strong>, como sef<strong>os</strong>se p<strong>os</strong>sível pensar que há Outro <strong>do</strong>Outro, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> no manejo datransferência, o matema <strong>do</strong> significante quefalta no Outro. A partir d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> setenta,Lacan vai dar as coordenadas de comotrabalhar a dimensão <strong>do</strong> real e isto abarca otratamento das questões relativas ao tempoe ao sintoma na prática analítica.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
174Freud n<strong>os</strong> ensina que, com o passar<strong>do</strong> tempo, o <strong>sujeito</strong> <strong>des</strong>cobre que fez ummau negócio ao optar pela neur<strong>os</strong>e. Deacor<strong>do</strong> com Lacan, a experiênciapsicanalítica deverá levar o <strong>sujeito</strong> a seconfrontar com o objeto que ele fora parao Outro. Alcançam<strong>os</strong> então uma a-temporalidade <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, na qual oobjeto a será de fundamental importânciapara pensar <strong>os</strong> três temp<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong>envolven<strong>do</strong> o instante de ver, o tempo paracompreender e o momento de concluir. Édentro <strong>des</strong>ta lógica que a psicanálisepassará a tratar o sintoma.Utilizem<strong>os</strong> aqui <strong>do</strong> exemplo de Dora paratratar <strong>des</strong>te tema.Tu<strong>do</strong> funcionava bem na vida dajovem de 18 an<strong>os</strong> até que ela se <strong>des</strong>cobrefazen<strong>do</strong> parte de um agenciamentoamor<strong>os</strong>o no qual ela era oferecida aomari<strong>do</strong> da sup<strong>os</strong>ta amante de seu pai. Doraacredita que o comércio sexualempreendi<strong>do</strong> está na origem <strong>do</strong> seu malestar.Entretanto, seus sintomasdenunciam como ela participa <strong>do</strong> mal-estar<strong>do</strong> qual se queixa. Absorvida pelo enigmada feminilidade que lhe causa horror, Dorafica, durante duas horas, fixada frente a umquadro da Ma<strong>do</strong>na Sistina, de uma galeriade Dresden. O quadro, tal qual a Sra K., acaptura pela brancura da pele ou pelo“a<strong>do</strong>rável corpo alvo”, que segun<strong>do</strong> Freudteria uma “tônica mais apropriada a umaamante <strong>do</strong> que a uma rival” . Freud vaiinsistir em tratar o caso Dora habilitan<strong>do</strong>-aà vida amor<strong>os</strong>a. Com Lacan, podem<strong>os</strong>dizer que Freud estaria aí tamponan<strong>do</strong> afalta-a-ser com objeto de amor.Entretanto, o que n<strong>os</strong> interessa non<strong>os</strong>so esforço de aproximar o tempo e <strong>os</strong>intoma, é em que medida a pulsãoescópica revela estar Dora, enquant<strong>os</strong>ujeito, capturada neste instante de ver. Noepisódio <strong>do</strong> lago com o Sr K. Doraexperimenta algo similar, pois o Sr K. aodeclarar que sua esp<strong>os</strong>a não significa nadapara ele, deixa Dora frente a frente com aSra K. A cena <strong>do</strong> quadro reatualiza o queDora experimenta no lago. Talreatualização evidência “a raiz da pulsãoescópica” que deve ser pega, n<strong>os</strong> diz Lacanno Seminário XI, retoman<strong>do</strong> Freud, “nofato de que o <strong>sujeito</strong> se vê a si mesmo”.Uma ressalva importante, o <strong>sujeito</strong> não sevê no espelho, mas é “a sexualidade comotal faz retorno, [...], por intermédio daspulsões parciais”, no caso de Dora pelapulsão escópica.A circularidade da pulsão aom<strong>os</strong>trar que “a heterogeneidade da ida e davolta m<strong>os</strong>tra no seu intervalo uma hiância”revela como a sexualidade faz retorno n<strong>os</strong>intoma. A hiância aponta para dimensãoda falta tanto para o <strong>sujeito</strong> como para oOutro. Neste percurso, o sintoma surge alionde “a representação <strong>do</strong> Outro falta,precisamente, entre esses <strong>do</strong>is mund<strong>os</strong>op<strong>os</strong>t<strong>os</strong> que a sexualidade n<strong>os</strong> <strong>des</strong>ignacomo masculino e feminino”. Logo, paraalém de uma habilitação ao amor seriapreciso levar Dora a poder lidar com a suadivisão subjetiva, vislumbrada pela hiância,pela falta que se instaura no cerne d<strong>os</strong>ujeito.Como sabem<strong>os</strong> n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 50, Lacanvai enfocar, sobretu<strong>do</strong>, a sua tese <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> estrutura<strong>do</strong> como umalinguagem e vai partir da premissa d<strong>os</strong>ignificante como causa <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>. Mas jáneste perío<strong>do</strong>, Lacan vai construin<strong>do</strong> aelaboração de que o <strong>sujeito</strong> é causa<strong>do</strong> porum objeto. Tanto que em 1960, ele já falaque “a relação <strong>do</strong> objeto com o corpo”revela “que esse objeto é protótipo da<strong>do</strong>tação de senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo como pivô d<strong>os</strong>er”. E em 1975, ele diz que “o <strong>sujeito</strong> écausa<strong>do</strong> por um objeto que só é notávelpor uma escritura e é assim que um passo éda<strong>do</strong> na teoria... objeto que <strong>des</strong>igno, queescrevo com a escritura pequeno a, e daqual nada é pensável, com o senão apenasde que tu<strong>do</strong> que é <strong>sujeito</strong>, <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong>pensamento que se imagina Ser, é por issodetermina<strong>do</strong>.Apoian<strong>do</strong>-n<strong>os</strong> na “consistênciaentre o sintoma e o <strong>inconsciente</strong>” vam<strong>os</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
175tentar dar pr<strong>os</strong>seguimento na n<strong>os</strong>saelaboração acerca <strong>do</strong> sintoma como ummarca<strong>do</strong>r lógico d<strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>. Voltarem<strong>os</strong> ao Seminário XI,na tentativa de articular as duas causas d<strong>os</strong>ujeito: significante e objetal. Nesteseminário, Lacan diz que o fechamento eabertura <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong> m<strong>os</strong>tra que “a suaessência é de marcar esse tempo, pelo qual,por nascer como significante, o <strong>sujeito</strong>nasce dividi<strong>do</strong>”. Com a ressalva de que “<strong>os</strong>ujeito é esse surgimento que, justo, não eranada, mas que, apenas apareci<strong>do</strong>”, pelaextração <strong>do</strong> objeto a, “se coagula emsignificante” .De acor<strong>do</strong> Dominique Fingerman épreciso tempo para se chegar à conclusãode que a falta é causa. Para ela, “é nesseponto a, nesse momento de concluir que sedetém o <strong>sujeito</strong> à deriva, em fading nas leisde combinações significantes, é <strong>des</strong>sareferência ao ponto a que provém apermanência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, sua a-temporalidade”. Ela diz então ser precisotempo para produzir uma conclusão apartir <strong>des</strong>se algo que não está sabi<strong>do</strong>,incógnita, “cálculo sobre o objeto a”,momento de concluir, cálculo de gozo”.O manejo da transferência ensejaráo tempo de compreender e o momento deconcluir. No caso Dora, Freud declara nãoter si<strong>do</strong> “p<strong>os</strong>sível <strong>do</strong>minar a transferência atempo” e termina por antecipar-se com <strong>os</strong>eu saber crian<strong>do</strong> dificulda<strong>des</strong> para manejarcom <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Ele sobrepuja o momento de compreenderao instante de ver, e acaba sem levar emconta a queda <strong>do</strong> objeto a olhar que causa aafonia em Dora.Deste caso podem<strong>os</strong> extrair quepara que uma psicanálise aconteça de fato épreciso levar em consideração que “<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> <strong>do</strong> sintoma depende <strong>do</strong> futuro <strong>do</strong>real. Tu<strong>do</strong> depende que o real persista ” eque haja um analista para manejar com isso.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
176____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaEl pâtir y el bastir del tiempoDiego Mautino«L’eterno orologio a polvere dell’esistenza viene sempre di nuovo capovolto,e tu con esso – granello di polvere dalla polvere venuto» .ace aproximadamenteH2.500 añ<strong>os</strong>, Aristóteleshabía ya analiza<strong>do</strong> elproblema del tiempoadvirtien<strong>do</strong> que eltiempo era la medida delmovimiento en laperspectiva del antes ydel <strong>des</strong>pués. Y es esto lo que todavíahacem<strong>os</strong> hoy:medim<strong>os</strong> el tiempo con relojes que tienenun movimiento periódico. Esto responde ala lógica del péndulo e induce a pensar quesi no hubiese rozamiento, continuaría<strong>os</strong>cilan<strong>do</strong> hasta el infinito. En cambio elmovimiento se atenúa y llega al rep<strong>os</strong>o, sedice: es por efecto de un ‘punto atractor’(en l<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> añ<strong>os</strong> se <strong>des</strong>cubrieron l<strong>os</strong>atractores fractales) . ¿Funcionaría como elpunto en una frase? Pero, ¿qué es lo queseñala el antes y el <strong>des</strong>pués? Aristóteles norespondió a esta cuestión.Lacan dice que dejan<strong>do</strong> el alma comoidentidad supuesta al cuerpo y el intelectocomo agente de la función simbólica,Aristóteles “no había goza<strong>do</strong>” de larevelación cristiana (la encarnación deDi<strong>os</strong> en un cuerpo y la pasión sufrida enuna persona constituyen<strong>do</strong> el goce deOtro), dejan<strong>do</strong> <strong>des</strong>conectada la palabra delgoce. ¿Porqué una frase termina? ¿Porquéalgun<strong>os</strong> sujet<strong>os</strong> son convocad<strong>os</strong> por l<strong>os</strong>efect<strong>os</strong> de ‘frases interrumpidas’? Freudinscribe la deriva [Trieb] del goce en lahiancia de la dit-mension. Decir y medida,en el “cuerpo hablante”, conectan al goceche Lacan condensa en la fórmula: “Dondeeso habla, goza” .El tiempo precipita<strong>do</strong> de la sorpresa“Freud es el primero en articular conaudacia y potencia que el único momentode goce que conoce el hombre está en ellugar mismo <strong>do</strong>nde se producen l<strong>os</strong>fantasmas.”La sorpresa es el efecto de tiempoen la experiencia del sujeto “sobrepasa<strong>do</strong>”por l<strong>os</strong> event<strong>os</strong> que, abrien<strong>do</strong> un más allá,ponen en juego su división. El chiste, ellapsus, el sueño, evitan<strong>do</strong> el encuentro del<strong>inconsciente</strong> con lo real, testimonian una<strong>des</strong>titución del sujeto en su <strong>do</strong>minio ycomparten con el acto, sea su inscripciónen un lazo social que el hecho de respondera una temporalidad de división del sujeto.¿Cómo distinguir esa temporalidad efímerade aquello que, en cambio, se impone porsu constancia y su insistencia: el síntoma?Un sujeto que calcula con elpre<strong>do</strong>minio del <strong>inconsciente</strong> , compete conlavelocidad y converge con la hipótesis que laprisa está implicada tanto en la emergenciade la verdad como en la eficacia de lainterpretación. Eficacia que, respecto alsíntoma [“se interpreta correctamente soloen función de la realidadsexual” ], apunta a la coalescencia entrelalengua y el encuentro con el goce primero– d<strong>os</strong> heterida<strong>des</strong> distintas.Coalescencia en la que precipita unobjeto cuya presencia n<strong>os</strong> ilustra la obra dearte, en lo que el enigma del tiempo escribeen el reloj de arena con la fuerza del estilo –el duro Dürer9 y tant<strong>os</strong> otr<strong>os</strong>… «¿Cóm<strong>os</strong>e imprime el tiempo en la materia? EnANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
177definitiva esto es la vida, es el tiempo quese inscribe en la materia…»10 ¿Cuáles sonl<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> de presencia de ese objeto, confunción de agente en el acto analítico, enlas diferentes versiones del patir y del bastirdel tiempo?a-tiempoEl amor de transferencia demandael saber en cuanto objeto. Lacan nota quela escritura del mathema de la transferenciainscribe el sujeto supuesto saber debajo dela barra, “en el lugar del referente [objeto]aún latente”. Esta frase anuncia unasustitución y un efecto de tiempo: <strong>do</strong>ndeera el SsS advendrá el objeto y esto noimpide que el SsS funcione <strong>des</strong>de el iniciocomo un objeto, no el mismo, sin embargoque el a-venir: lo que el objeto a coordinadi una experiencia de saber. L<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> depresencia de ese objeto en la experienciapasan:1. en l<strong>os</strong> hil<strong>os</strong> de la metonimia que‘hilvana’, embaste [bâtir] un hábito,compone un hábitat, una casa [Heim], unapatria [Heimat], un secreto (familiar)[heimlich], lo siniestro [Unheimlich].2. en la angustia de «este extraño ser queatraviesa el tiempo y que en su lucha con laNada es llama<strong>do</strong> a otras d<strong>os</strong> pruebasinevitables: la duda y el <strong>do</strong>lor».3. el acto que, con la angustia, es el segun<strong>do</strong>mo<strong>do</strong> de la certeza que se presenta en laexperiencia, mientras que lo siniestro[Unheimlich] permanece del la<strong>do</strong> delenigma. Desde el primer tiempo del enigma[pâtir] de no saber, al segun<strong>do</strong> tiempo delbastir [bâtir] incluso del ‘bastar’ de lacerteza – que en la angustia es certeza quesurge frente al <strong>des</strong>eo del Otro: «Il faut,falta… es necesario el acto que produzcaen lo real el significante [del acto]» .Entonces, no podem<strong>os</strong> situar la muertecomo el acto final. Desde la sentencia deNietzsche: “Di<strong>os</strong> ha muerto”, antes dellegar al discurso estableci<strong>do</strong>, “Dieu seretire” y <strong>des</strong>de su reserva un [poeta] serdevora<strong>do</strong> por l<strong>os</strong> vers<strong>os</strong> escribe: “sol<strong>os</strong>ant<strong>os</strong> efímer<strong>os</strong> me protegen”.Nuestra época: L<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> epifánic<strong>os</strong>Termina<strong>do</strong> el tiempo del poetamaldito, nuestra época no cesa de producirla figura del poeta nuevo, solitario,anacrónico, contra corriente del amo. Hoyen día l<strong>os</strong> poetas ya no son maldit<strong>os</strong>, lasingularidad poética es simplementeignorada. Razón para volver a pensar lasubversión, en la que «el sujeto se hiendepor ser a la vez efecto de la marca y soportede su falta». Subversión que no se s<strong>os</strong>tienecuan<strong>do</strong> el significante amo regula l<strong>os</strong> laz<strong>os</strong>establecid<strong>os</strong> <strong>des</strong>de el lugar del agente. Conel declino o la fragmentación delsignificante amo en el capitalismo laexcepción divergente ha cambia<strong>do</strong> valor.Entre l<strong>os</strong> fenómen<strong>os</strong> que aspiran a larestauración, las sectas y las lobbies son elparadigma. El efecto de aburrimientofrente a la homogenización y a estasaspiraciones de restauración, dan hoy unamayor apertura al discurso singular ysingularizante.Cuestión social y clínica (política)estudiar y saber lo que valen en cada caso,l<strong>os</strong> laz<strong>os</strong> fundad<strong>os</strong> sobre suplencias otrasque el padre. Volcar to<strong>do</strong> en la gran caja delas psic<strong>os</strong>is, no hace avanzar la cuestión.«¿Qué es por ejemplo lo que caracteriza ellazo social singular que Joyce ha logra<strong>do</strong>establecer con sus solas fuerzas discursivas?Que la cuestión se ponga para él no n<strong>os</strong>exime de considerar come se plantea paracada discurso no estableci<strong>do</strong>.» Un discursoes un lazo social funda<strong>do</strong> sobre un decir yles affaires d’amour están escindid<strong>os</strong> de l<strong>os</strong>laz<strong>os</strong> sociales establecid<strong>os</strong>. Colette Solerpropone un ternario entre l<strong>os</strong> laz<strong>os</strong>: 1.Discurs<strong>os</strong> establecid<strong>os</strong>, 2. Forcluid<strong>os</strong> o‘fuera discurso’ de la psic<strong>os</strong>is tipo y 3.«Discurs<strong>os</strong> epifánic<strong>os</strong>: laz<strong>os</strong> sociales noestablecid<strong>os</strong>, o sea discurs<strong>os</strong> que seautorizan de un decir contingente paraestablecer durante un tiempo, y paraalgun<strong>os</strong>, un lazo que no está en el programade l<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> establecid<strong>os</strong>.»ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
178Repetición y pretericiónEl Otro produce efect<strong>os</strong> sobre loreal del viviente: como el <strong>des</strong>eo, que generael objeto causa. La elaboración en términ<strong>os</strong>de saber determina la causa, porqué no cesade reproducir el efecto de pérdidasignificante, producien<strong>do</strong> la caída delobjeto – medio de producción que no secierra como saber sobre la causa. En eldiscurso analítico, la temporalidad de laproducción del sujeto en su estructura deimpasse, encuentra en la repetición delimpasse, ocasión para producir un [atiempo]objeto que, por esa hendidura,toma su función de causa para el <strong>des</strong>eo. Elsujeto se encuentra así de nuevo en el nihildel impasse (hendi<strong>do</strong> por ser efecto de lamarca y soporte de su falta) reproduci<strong>do</strong> apartir del supuesto sujeto saber. Sea cualfuere el número y el mo<strong>do</strong> de laselaboraciones «…cada una de estasoperaciones es ya el cero produci<strong>do</strong> por loque insertó en lo real lo que elabora cadauna, a saber, ese tiempo propio del campoque analiza, el que alcanzó Freud al decirque era repetición.» La repetición en actoempasta, anacrónica, la diferencia llevada alsignificante. El acto quiere decir: «Lo quefue, repeti<strong>do</strong>, difiere, y se hace sujeto de lareiteración [devenant sujet à redite].»El patir del tiempo en la subversiónsignificante, convoca el sujeto a una citacon el bastir del tiempo en la repetición delimpasse. «La preterición que contiene esc<strong>os</strong>a muy distinta de ese mandamiento delpasa<strong>do</strong> con que se la vuelve fútil» .La preterición dice que elsignificante que se repite no se hereda de laexperiencia primera y aseguran<strong>do</strong> esapérdida en la repetición… empuja a decir,aún.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
179____________________________________________________________▪ Tempo e estrutura“Smut” freudiano e a-temporalidade no chisteMaria Teresa Guimarães de Lem<strong>os</strong>omeço pelo chiste. AlgunsCamig<strong>os</strong> conversam numamesa de bar. O assunto?Problemas causad<strong>os</strong> pelasmulheres. Por fim, um delesexclama: “Pois é... e sexoque é bom, só uma vez porsemana”. O segun<strong>do</strong> seespanta. “E você ainda reclama? Lá emcasa é uma vez a cada quinze dias!”. Oterceiro suspira: “Vocês têm sorte: comigoé uma vez por mês”. De pé, no balcão, umhomem silenci<strong>os</strong>o acompanha a conversacom um sorriso n<strong>os</strong> lábi<strong>os</strong>. “E você,porque tá rin<strong>do</strong>? Com certeza deve transarto<strong>do</strong> dia”. “Não” responde o <strong>sujeito</strong>, “emabsoluto... é de dez em dez an<strong>os</strong>!”. “Mas,então, porque o sorriso?”. “É hoje!”. Estechiste abre a via pela qual preten<strong>do</strong> retomaro tema da temporalidade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>enquanto determinada pelo sexual, isto é,pelo mau encontro com o sexual.Lembrem<strong>os</strong> que o eixo da análise freudiana<strong>do</strong> chiste é a pergunta sobre sua satisfação:de onde ela vem? É produzida porprocess<strong>os</strong> puramente formais, técnic<strong>os</strong> ouderivada <strong>do</strong> seu propósito, de sua intenção?Como sabem<strong>os</strong>, a análise de Freudcoloca em primeiro lugar o exame datécnica, só depois vin<strong>do</strong> a pergunta pel<strong>os</strong>eu propósito. Entretanto, g<strong>os</strong>taria dem<strong>os</strong>trar que a análise d<strong>os</strong> propósit<strong>os</strong> <strong>do</strong>chiste (parte III, “O propósito <strong>do</strong> chiste”),parte que tem si<strong>do</strong> pouco explorada nasleituras que são feitas <strong>des</strong>ta obra de Freud,não deve ser deixada de fora da questão dasatisfação, tal como ela é interrogada pelochiste como formação <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Do ponto de vista da análiseformal, a técnica <strong>do</strong> n<strong>os</strong>so chiste éfacilmente reconhecível: trata-se daunificação, que faz parte das técnicas de<strong>des</strong>locamento. Há um <strong>des</strong>vio súbito nocurso <strong>do</strong> pensamento: de repente, a ênfasepsíquica é transferida para um outr<strong>os</strong>enti<strong>do</strong> que não o promovi<strong>do</strong> inicialmentemas devi<strong>do</strong> a unificação esse <strong>des</strong>locamentonão se torna imediatamente reconhecível,há uma “falha lógica” que só aparecedepois. E qual é ela? Os term<strong>os</strong> to<strong>do</strong> dia,uma vez por semana, a cada quinze dias,uma vez por mês e hoje aparentementepertenceriam a uma mesma classesemântica, algo como “expressõestemporais”, entretanto, o termo “hoje”produz um corte e um <strong>des</strong>locamento nacadeia, por revelar-se de natureza diversadas expressões anteriores (estasconstituin<strong>do</strong> o que Freud chama defachada, uma aparência lógica). “Hoje” éum tipo de expressão que <strong>os</strong> lingüistasnomeiam de dêitic<strong>os</strong> e o que as caracterizaé que só podem ser referidas à instância <strong>do</strong>ato em que são faladas.Para colocar em questão opropósito <strong>do</strong> chiste, Freud toma comomodelo <strong>os</strong> chistes obscen<strong>os</strong> (chamad<strong>os</strong>também de <strong>des</strong>nuda<strong>do</strong>res), n<strong>os</strong> propon<strong>do</strong> ahipótese de sua origem no “smut”. “Smut”é uma expressão inglesa que literalmentesignifica fuligem, mas também é empregadano senti<strong>do</strong> de pornografia, obscenidade.Freud a define como um tipo de práticadiscursiva popular, na qual uma fala com“intencional proeminência de fat<strong>os</strong>sexuais” serve para provocar o riso,geralmente num grupo de homens. O“smut” não deve ser confundi<strong>do</strong> com ochiste obsceno, pois este último secaracteriza por não ser um dito<strong>os</strong>tensivamente sexual, mas sim alusivo àANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
180sexualidade (através das técnicasidentificadas por Freud).Freud supõe três moment<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong>na derivação da estrutura <strong>do</strong> chiste pelo“smut”. O primeiro, corresponde a umacena de “agressão sexual” na qual aenunciação de palavras obscenas seriadirigida a uma mulher com o propósito detransmitir a excitação sexual <strong>des</strong>pertada porela no homem e assim induzir umaexcitação correspondente, levan<strong>do</strong>-a entãoa um exibicionismo passivo, um<strong>des</strong>nudamento. Mas esse cortejamenteverbal ainda não seria o “smut”.Ora, esse assédio direto, diz Freud,encontrará necessariamente um obstáculo:a mulher, por razões que lhe seriampróprias, não tolera o discurso sexualdireto. A inflexibilidade da mulher é, assim,a primeira condição para o smut, quesurgirá em seguida como produto dasseguintes transformações operadas nessacena original: 1. a tendência sexual alteraseu caráter, como to<strong>do</strong> impulso libidin<strong>os</strong>oque encontra um obstáculo (torna-se h<strong>os</strong>tile cruel), 2. há introdução de um outro, umterceiro/especta<strong>do</strong>r, que passa a ser o<strong>des</strong>tinatário <strong>do</strong> “smut”. Essa segundaetapa ainda supõe a presença da mulher: amulher envergonhada é o objeto daagressividade h<strong>os</strong>til ou sexual enquanto oterceiro, o especta<strong>do</strong>r, figura o lugar on<strong>des</strong>e cumpre o objetivo <strong>do</strong> prazer.Para chegar ao chiste propriamentedito, é preciso que situem<strong>os</strong> agora umoutro obstáculo, diferente <strong>do</strong> anterior.Trata-se de uma operação de que podem<strong>os</strong>chamar de censura, característica decírcul<strong>os</strong> sociais de educação mais refinada,onde o “smut” só é tolera<strong>do</strong> sob a formade um chiste. Esse novo obstáculo, denatureza civilizatória segun<strong>do</strong> Freud,produz novas alterações: 1. a mulher estáagora ausente e 2. <strong>os</strong> at<strong>os</strong> e orgã<strong>os</strong> sexuaisnão são mencionad<strong>os</strong> abertamente, massempre de forma alusiva.Chamo a atenção para o fato de que entrecada uma das etapas encontram<strong>os</strong> umobstáculo, o primeiro sen<strong>do</strong> um obstáculoreal e o segun<strong>do</strong> uma interdição simbólica.“O smut é como que um<strong>des</strong>nudamento das pessoas, sexualmentediferentes, a quem é dirigi<strong>do</strong>. Pelaenunciação de palavras obscenas a pessoaassediada é compelida a imaginar a parte <strong>do</strong>corpo ou o procedimento em questão, aomesmo tempo em que lhe é m<strong>os</strong>tra<strong>do</strong> oque o assediante, ele próprio estáimaginan<strong>do</strong>. Não se pode duvidar de que omotivo original <strong>do</strong> smut seja o <strong>des</strong>ejo dever <strong>des</strong>mascara<strong>do</strong> o que é sexual” (op. Cit.Pag. 98)O primeiro obstáculo é real porqueo <strong>des</strong>ejo de <strong>des</strong>nudamento, de ver o sexofeminino sem máscara, encontrará suaimp<strong>os</strong>sibilidade como necessária. O Outronão co-responde! O segun<strong>do</strong> obstáculo épacificante porque a interdição imp<strong>os</strong>ta aeste <strong>des</strong>ejo “<strong>des</strong>nuda<strong>do</strong>r” realiza um lugarde ausência para a mulher, a partir <strong>do</strong> qualela passa a funcionar como causa de umaabertura, de uma fenda que permite aopróprio <strong>sujeito</strong> produzir a resp<strong>os</strong>ta <strong>do</strong>Outro, pelo chiste. Através <strong>do</strong> chiste, <strong>os</strong>ujeito faz o Outro responder, pelo riso.Reduzir a questão da satisfação <strong>do</strong>chiste a uma op<strong>os</strong>ição entre satisfaçãoestética/formal ou satisfação de tendênciasobscenas ou agressivas, n<strong>os</strong> impediria dereconhecer essa articulação que “liga” <strong>os</strong><strong>do</strong>is: a abertura no senti<strong>do</strong> (o “pouco <strong>des</strong>enti<strong>do</strong>” para Lacan) e a abertura no real<strong>do</strong> corpo, pela abertura d<strong>os</strong> lábi<strong>os</strong> no riso.Voltan<strong>do</strong>, então, ao n<strong>os</strong>so chistepodem<strong>os</strong> dizer que o cálculo da(in)satisfação pelo ritmo de freqüência dasrelações sexuais encobre algo que Freudcoloca como originário no smut, mas que apartir de Lacan podem<strong>os</strong> colocar comonúcleo de real que funciona na a-temporalidade da repetição: o mauencontro com o sexual (Lacan, 1964 ). Se,numa primeira leitura poderíam<strong>os</strong> entendero senti<strong>do</strong> <strong>des</strong>se chiste como “não importaque seja to<strong>do</strong> dia ou uma vez por mês, oque importa é que seja hoje”, num segun<strong>do</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
181momento, advém o sentimento deperplexidade pelo <strong>des</strong>velamento de umponto de angústia. Ora, quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong><strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro, o “é hoje” é sempre“ce<strong>do</strong> demais”! Entretanto, no chiste, ocálculo da satisfação alinha<strong>do</strong> com o caráterhome<strong>os</strong>tático <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer é“engana<strong>do</strong>” por um significante que écapaz de ao mesmo tempo re-introduzir adimensão <strong>do</strong> Outro (ponto de angústia)como produzir esse encontro já comoresp<strong>os</strong>ta, resp<strong>os</strong>ta no real <strong>do</strong> corpo pelaabertura d<strong>os</strong> lábi<strong>os</strong> e resp<strong>os</strong>ta na aberturada cadeia significante, pela imp<strong>os</strong>sibilidadede fechamento numa significação.Finalmente, não poderíam<strong>os</strong>transformar a pergunta pela satisfação <strong>do</strong>chiste em a pergunta <strong>do</strong> chiste sobre asatisfação? Seria mesmo interessante, jáque no que se refere a p<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>no encontro com o real <strong>do</strong> sexo, o chistepoderia demonstrar aquilo que Lacan disseda psicanálise: que tem men<strong>os</strong> a ver com averdade da babaquice, <strong>do</strong> que com ababaquice da verdade (Lacan, 1967). E nã<strong>os</strong>eria essa uma boa razão para Lacan tertoma<strong>do</strong> o Chiste como modelo para opasse?REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:FREUD, S (1905) O chiste e sua relação com o<strong>inconsciente</strong>. ESB, vol.VIII. Rio de Janeiro: Imago,1972.LACAN, J. (1964) O Seminário, livro 11. Os quatroconceit<strong>os</strong> fundamentais da Psicanálise, Rio deJaneiro: Jorge Zahar Editor, 1995.LACAN, J. (1967) Seminário XV: O atopsicanalítico (inédito).ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
182____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaFreud e Lacan: Caminh<strong>os</strong> na rede de significantesGlaucia Nagemer Lacan n<strong>os</strong> remete ao textoLde Freud, e a cada retorno aFreud, tem<strong>os</strong> uma surpresa.É pel<strong>os</strong> caminh<strong>os</strong> de Freudque podem<strong>os</strong> ver o terrenono qual Lacan se apoiou.Façam<strong>os</strong>, então, como Lacaninsiste: ‘Retomem<strong>os</strong> o textode Freud’.(1)A questão <strong>do</strong> tempo foi tratada por Freudcom muito apreço. Sua preocupação ia<strong>des</strong>de o tempo de duração das sessões aotempo <strong>do</strong> tratamento e mesmo o tempo <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>. Em Análise terminável einterminável, ele inicia uma discussão sobreo encurtamento ou não <strong>do</strong> tempo detratamento. Localiza a tentativa de OttoRank como ‘um produto de seu tempo’ auma resp<strong>os</strong>ta à urgência que o pós-guerratrouxe a partir da miséria na Europa epr<strong>os</strong>perity na América. Em seu pós-escritoA questão da análise leiga, isso fica aindamais claro. Ele diz: ‘Certo, time is money,mas não se compreende muito bem porque deve converter-se em dinheiro comtanta pressa [...] Os decurs<strong>os</strong> psíquic<strong>os</strong>entre consciente e <strong>inconsciente</strong> têm, pois,suas condições temporais particulares, queafinam mal com a demanda americana.’(2)Vem<strong>os</strong> ai que o tempo de umaanálise não pode seguir uma lógicacronológica e men<strong>os</strong> ainda merca<strong>do</strong>lógica,tanto que na continuação de Análiseterminável e interminável ele faz umarevisão de seus conceit<strong>os</strong>, as suas primeirasidéias sobre o fim de uma análise, as idéiascomuns sobre alguém analisa<strong>do</strong> e asrelações entre as instâncias psíquicas paradizer, só no fim, o que viria a ser o términode uma análise.N<strong>os</strong> deterem<strong>os</strong> aqui na articulação queFreud faz <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> trauma parapensarm<strong>os</strong> por qual caminho podem<strong>os</strong>seguir o tempo da constituição de um<strong>sujeito</strong>. Para isso, vem<strong>os</strong> a importância <strong>do</strong>conceito de nächtraglich que Freud jáutiliza no ‘Projeto’ quan<strong>do</strong> relata o caso deEmma. Nele, Freud demonstra como otrauma se manifesta no ‘só depois’.No caso Emma, Freud propõe umesquema que pode ser chama<strong>do</strong> de rede ougrafo, conforme define Eidelstein:‘Chamam<strong>os</strong> grafo ou rede à tríade devértices, arestas e função, de mo<strong>do</strong> que acada aresta corresponde a <strong>do</strong>is vértices,assim como à função específica quep<strong>os</strong>suem’.(3) (figura 1 – exemplo de rede)O que Freud <strong>des</strong>enha, no caso de Emma,pode assim ser chama<strong>do</strong> grafo ou rede. Eleescreve neste grafo apenas algunssignificantes depois de relatar o caso <strong>des</strong>tamoça. (figura 2 – rede de Emma)Resumidamente, Freud relata queEmma acha-se <strong>do</strong>minada atualmente pelacompulsão de não poder entrar nas lojassozinha. Como motivo para isso ela citouuma lembrança da época em que tinha<strong>do</strong>ze an<strong>os</strong>, quan<strong>do</strong> ela entrou em uma lojapara comprar algo, viu <strong>do</strong>is vende<strong>do</strong>resrin<strong>do</strong> junt<strong>os</strong> e saiu corren<strong>do</strong>, tomada deuma espécie de susto. Em relação a isso,terminou recordan<strong>do</strong> que <strong>os</strong> <strong>do</strong>is estavamrin<strong>do</strong> de seu vesti<strong>do</strong> e que havia senti<strong>do</strong>atração sexual por um deles. Ressalta aindaque tanto a relação <strong>des</strong>ses fragment<strong>os</strong> entresi quanto o efeito da experiência sãoincompreensíveis. Pr<strong>os</strong>seguin<strong>do</strong> nasANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
183investigações, revelou-se uma segunda cenaem que, a<strong>os</strong> oito an<strong>os</strong> de idade, foi duasvezes comprar <strong>do</strong>ces numa confeitaria,sen<strong>do</strong> que logo na primeira o proprietárioagarrou-lhe as partes genitais por cima <strong>do</strong>vesti<strong>do</strong>. Apesar disso, voltou lá de novo aagora se recrimina por essa segunda vez,como se, com isso, tivesse <strong>des</strong>eja<strong>do</strong>provocar o atenta<strong>do</strong>. E, com efeito, suatorturante má consciência pode seratribuída a essa experiência.O vínculo associativo entre as duascenas é o riso (d<strong>os</strong> vende<strong>do</strong>res e o <strong>do</strong>confeiteiro). A lembrança evocou o que elacertamente não estaria apta a sentir naocasião: uma liberação sexual que setransformou em angústia. Devi<strong>do</strong> a essaangústia, teve me<strong>do</strong> de que <strong>os</strong> vende<strong>do</strong>resda loja pu<strong>des</strong>sem repetir o atenta<strong>do</strong> e saiucorren<strong>do</strong>. Freud conclui que decisão – denão permanecer sozinha na loja devi<strong>do</strong> aorisco <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> – é perfeitamente lógica,levan<strong>do</strong> em conta tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> element<strong>os</strong> <strong>do</strong>processo associativo, e que esse caso étípico <strong>do</strong> recalque que se produz nahisteria. Sempre se comprova que se recalcauma recordação, o qual <strong>do</strong> nächtraglichchega a converter-se em trauma.(4)Em Lacan, podem<strong>os</strong> pensar nesseselement<strong>os</strong> como ‘significantes’, e que foi‘entre’ eles que algo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> em questã<strong>os</strong>urgiu. A segunda cena traz o pesotraumático da primeira, sob o efeito <strong>do</strong>nächtraglich. Emma sente a recriminação –o efeito <strong>do</strong> recalque da primeira cena –somente na recordação que a segunda cenalhe traz e <strong>do</strong> caráter sexual da primeira,fazen<strong>do</strong> uma ponte entre elas.Quan<strong>do</strong> Lacan articula o‘<strong>inconsciente</strong> como uma linguagem’ indicaque Freud, ‘dócil à histérica’, chegou a ler<strong>os</strong> sonh<strong>os</strong>, laps<strong>os</strong> e até mesmo <strong>os</strong> chistescomo se decifra uma mensagem cifrada.(5)Vem<strong>os</strong> que <strong>des</strong>de Emma o tempo estáp<strong>os</strong>to em relação à linguagem, conformen<strong>os</strong> indica o próprio Freud em duasobservações nas quais vem<strong>os</strong> ap<strong>os</strong>sibilidade de leitura <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>pela via da estrutura de linguagem:1. O Vínculo associativo: Ele escreve: ‘Ovínculo associativo entre as duas cenas é oriso.’ Percebem<strong>os</strong> na leitura que o queFreud escuta não são <strong>os</strong> fat<strong>os</strong> em si, mas o‘vínculo associativo’. O riso é li<strong>do</strong> com<strong>os</strong>igno que liga o confeiteiro e <strong>os</strong> rapazes,signo que tem em si a marca de algo sexual.‘Vesti<strong>do</strong>’ como significante que se repetenas cenas e que porta uma incongruêncialógica.2. Sobre a Verdrangung (O Recalque), emsua relação com o tempo ‘só depois’, Freu<strong>des</strong>creve: ‘Sempre se comprova que serecalca uma recordação, o qual <strong>do</strong> ap<strong>os</strong>teriori chega a converter-se em trauma.’O Riso ser um signo n<strong>os</strong> evoca astantas vezes que Lacan recorre à lingüísticapara articular o que é um significante e oque é um signo. Enquanto signo, o ris<strong>os</strong>ignifica algo para alguém, e esse alguém éEmma. Para que houvesse ‘vínculoassociativo’, ele precisou <strong>des</strong>lizar para ocaráter de significante, fazen<strong>do</strong> assim comque o <strong>sujeito</strong> pu<strong>des</strong>se advir em uma cadeia/ rede associativa.O tempo está nesse <strong>des</strong>enrolar dacadeia, pois como puro signo algo paravaEmma em seu próprio movimento, hajavista sua queixa (inibição). Freud a fazvoltar no tempo, recordar para dizer algoque, apesar de ser passa<strong>do</strong>, está sen<strong>do</strong>vivi<strong>do</strong> no agora, em sua ‘agorafobia’. É oque Lacan aponta na retroação da cadeiaassociativa, em seu movimento sincrônico:um significante não se significa por si, eleprecisa de um outro. As marcaçõesfreudianas no valor <strong>do</strong> riso e da palavra‘vesti<strong>do</strong>’ fazem com que essa cadeia serompa e passe a outra, marcan<strong>do</strong> um pontode basta na história relatada, indican<strong>do</strong> suadiacronia, passan<strong>do</strong> a outro patamar.Vem<strong>os</strong>, como indica Lacan, que o instantede ver é a sincronia, que no relato deEmma se localiza nessa mirada d<strong>os</strong>vende<strong>do</strong>res rin<strong>do</strong> para ela e o<strong>des</strong>encadeamento de sua ‘agorafobia’. AANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
184diacronia é o tempo para compreender, queno caso <strong>des</strong>sa paciente se dá pelasescansões que Freud efetua e que a fazvoltar à cena de sua infância. O momentode concluir é a pressa que, pensan<strong>do</strong> nestecaso específico, poderia ser sua liberaçãopara o movimento, sua saída <strong>do</strong> sintoma.(6)Em seu seminário 23, Lacan dizque: ‘A reminiscência é distinta darememoração. As duas funções sãodistintas em Freud, porque ele tinha <strong>os</strong>enso das distinções [...] A idéiatestemunhada por Freud no projeto é defigurar isso através de re<strong>des</strong>, e foi issotalvez o que me incitou a lhes dar umanova forma, mais rigor<strong>os</strong>a, fazen<strong>do</strong> comisso alguma coisa que se encadeia, em vezde simplesmente de trançar’. (7)Se inicialmente as re<strong>des</strong> freudianaspoderiam ser relidas pelo grafo, vem<strong>os</strong> aium passo a mais por onde poderíam<strong>os</strong> leras re<strong>des</strong> pela via <strong>do</strong> nó. A inibição deEmma pode ser localizada pela articulação<strong>do</strong> Simbólico com o Imaginário, e é pelavia <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> (sens) que algo <strong>des</strong>sainibição se dissolve e o <strong>inconsciente</strong> sem<strong>os</strong>tra como um saber, S2. Mas esse S2traz o senti<strong>do</strong> no a p<strong>os</strong>teriori ao retroagirsobre S1, fazen<strong>do</strong> algo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>comparecer entre esses <strong>do</strong>is significantes.Como lem<strong>os</strong> ainda neste seminário: ‘Arememoração consiste em fazer essascadeias entrarem em alguma coisa que jáestá lá e que se nomeia como saber [...] Oque Freud sustenta como o <strong>inconsciente</strong>supõe sempre um saber, e um saber fala<strong>do</strong>[...] Daí minha escrita <strong>do</strong> saber como tend<strong>os</strong>uporte no S com índice pequeno <strong>do</strong>is, S2.A definição que <strong>do</strong>u <strong>do</strong> significante ao qualconfiro o suporte S índice um é representarum <strong>sujeito</strong> como tal e representá-loverdadeiramente’. Através de Emma, umcaso que está tão no início da Psicanálise,acompanham<strong>os</strong> <strong>os</strong> pass<strong>os</strong> dad<strong>os</strong> por Lacanno rastro freudiano, a leitura <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong> estrutura<strong>do</strong> como umalinguagem, as articulações significantes <strong>do</strong>Grafo <strong>do</strong> <strong>des</strong>ejo e ainda <strong>do</strong> Nó Borromeu.Por essas vias, cabe a nós, analistaspensarm<strong>os</strong> por onde colocam<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong>pés.BIBLIOGRAFIA1 – Jacques LACAN, O seminário 2, Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 1985, p. 136.2- Sigmund, FREUD, ‘Fragmento inédito <strong>do</strong> pósescrito‘A questão da psicanálise leiga (1927)’, in Aanálise é leiga (revista), Rio de Janeiro: Escola LetraFreudiana, 2003, p. 15.3- Alfre<strong>do</strong> EIDELSTEIN, Model<strong>os</strong>, Esquemas ygraf<strong>os</strong> en la enseñanza de Lacan, ManantialEstúdi<strong>os</strong> de Psicoanalisis, p. 131.4- Sigmund, FREUD, ‘Projeto’, in ObrasCompletas, Biblioteca Nueva, 4ª edição, 1981, p.252.5- Jacques LACAN, Televisão, Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 1993, p. 22.6- Jacques LACAN, O seminário 12 (inédito), Liçãode 13 de janeiro de 1965.7- Jacques LACAN, O seminário 23, Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 2007, p. 127.8- Op. Cit. p. 127-128.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
185____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaDo significante que faz tempoPaulo Marc<strong>os</strong> Ronabreve análise que aquiAproponho se apóia, de umla<strong>do</strong>, no caso Emma,apresenta<strong>do</strong> no Projeto parauma psicologia científica(Freud, 1895) e, de outro,nas elaborações de AlainBadiou, tanto em L’être etl’événement, quanto em Logique <strong>des</strong>mon<strong>des</strong>, em uma tentativa de m<strong>os</strong>trar umainteração p<strong>os</strong>sível com a teoria d<strong>os</strong>ignificante de Lacan. Trata-se de exercitaruma leitura <strong>do</strong> Projeto a partir da chave damultiplicidade, ou da teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>,tal como Badiou a formula, e daí, dem<strong>os</strong>trar a aparição <strong>do</strong> significante e <strong>do</strong>tempo.Emma, n<strong>os</strong> conta Freud, é umajovem que se acha <strong>do</strong>minada por um me<strong>do</strong>de entrar sozinha em lojas. Inquirida pelasp<strong>os</strong>síveis razões disso, a moça apresentauma lembrança da época em que tinhacerca de <strong>do</strong>ze an<strong>os</strong> e na qual havia entra<strong>do</strong>em uma loja para comprar algo. Ali haviavisto <strong>do</strong>is vende<strong>do</strong>res, d<strong>os</strong> quais ao men<strong>os</strong>de um ainda se lembra, porque a haviaagrada<strong>do</strong>, rin<strong>do</strong> junt<strong>os</strong>. Tomada por umafeto de susto, a garota saíra corren<strong>do</strong>, econsidera que a razão <strong>do</strong> riso – essa é suaassociação – eram as suas roupas. Se omotivo real f<strong>os</strong>sem suas roupas, isso já teriasi<strong>do</strong> remedia<strong>do</strong>, vez que, como adulta, já sevestia de mo<strong>do</strong> diferente; além disso, entrarem um loja sozinha ou acompanhada nadateria a ver com as roupas. E que dizer aindada lembrança de que um d<strong>os</strong> vende<strong>do</strong>res ateria agrada<strong>do</strong>? Não faria diferença seestivesse acompanhada. Incitada por Freud,Emma apresenta uma outra cena: a<strong>os</strong> oitoan<strong>os</strong>, ela havia entra<strong>do</strong> em uma confeitariapara comprar <strong>do</strong>ces, e o proprietário lhehavia agarra<strong>do</strong> as partes genitais por cimadas roupas, expressan<strong>do</strong> um riso. Apesar<strong>des</strong>sa experiência, ela ainda voltara àconfeitaria - recrimina-se por isso –, edepois não fora mais lá.A tese sustentada por Freud é a deque a primeira ocasião, a <strong>do</strong> ataque, sóchegou a ser traumática pelo efeito dasegunda, aquela <strong>do</strong> riso d<strong>os</strong> vende<strong>do</strong>res.Sup<strong>os</strong>tamente, a liberação <strong>do</strong> afeto sexual,presente na puberdade, fez re-significar (ousignificar) a primeira cena. Ficaram retidasem sua memória, o interesse pelo vende<strong>do</strong>rna segunda loja, como representante <strong>do</strong><strong>des</strong>pertar sexual, as roupas, comorepresentante <strong>do</strong> interesse sexual <strong>do</strong>confeiteiro, e o riso, comum à expressãod<strong>os</strong> <strong>do</strong>is homens nas duas cenas. Essaanálise de Freud, aparentemente, provocou<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> <strong>des</strong>ejad<strong>os</strong>, fazen<strong>do</strong> <strong>des</strong>aparecer <strong>os</strong>intoma.N<strong>os</strong>so interesse, obviamente, repousa natemporalidade <strong>des</strong>sas duas situações e nofato de que o sintoma de Emma, a mantevepresa no tempo.To<strong>do</strong> múltiplo é comp<strong>os</strong>to demúltipl<strong>os</strong>, diz Badiou, em umadisseminação múltipla que persiste, seja atéo vazio que <strong>os</strong> constitui, a tod<strong>os</strong>, no caso omais natural, seja até o elemento maisopaco, em que o vazio se escondeinsidi<strong>os</strong>amente. A função de um conjunto éa tentativa de estabelecer uma consistênciadisso que se reúne sob um traço. Essatentativa <strong>do</strong> conjunto é re<strong>do</strong>brada pelaconstituição de um segun<strong>do</strong> conjunto. Se oprimeiro, Badiou chama de uma situação,ao segun<strong>do</strong> denomina esta<strong>do</strong> da situação, esua função é a de estabelecer as partescomponentes da situação, na crença de quese as partes são consistentes, seu conjuntoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
186também o seria. Uma situação apresentaseus element<strong>os</strong> e o esta<strong>do</strong> da situação <strong>os</strong> reapresenta.Ele é o conjunto das partes. Umteorema na teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>, fruto <strong>do</strong>conheci<strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo de Russel ou <strong>do</strong> autopertencimento,entretanto, reza que oconjunto de todas as partes – e,particularmente daquelas de um conjuntoinfinito – excede absolutamente o tamanho<strong>do</strong> conjunto original; tem um tamanho<strong>des</strong>medi<strong>do</strong>. Se, fruto <strong>des</strong>se teorema, não sepode garantir que tu<strong>do</strong> o que se inclui emum conjunto a ele pertença, tenta-se oinverso: o de tentar garantir, ao men<strong>os</strong>, queo que pertence seja incluí<strong>do</strong>, e isso,transitivamente, de multiplicidade amultiplicidade, conforme a constituiçãomúltipla disseminada das situações. Podeocorrer, no entanto, que a uma situaçãopertença um conjunto cuj<strong>os</strong> element<strong>os</strong> nã<strong>os</strong>e apresentem e que, fugin<strong>do</strong> assim àcondição de transitividade, tampouco serepresentem no esta<strong>do</strong> da situação.Emma apresenta duas situações,que são múltipl<strong>os</strong>, ou seja, conjunt<strong>os</strong>, comseus componentes também múltipl<strong>os</strong>. Emambas, alguns múltipl<strong>os</strong> em comum:roupas, riso, loja, vende<strong>do</strong>res, sexo. Naprimeira, no entanto, um d<strong>os</strong> element<strong>os</strong> dasituação apresenta-se de maneiraperfeitamente opaca, não deixan<strong>do</strong>transparecer, quanto à sua comp<strong>os</strong>ição,nenhum elemento particular. Diríam<strong>os</strong>,corriqueiramente, sem senti<strong>do</strong>: nada nele éinteligível. Essa característica, segun<strong>do</strong> ofilósofo, daria a essa situação a propriedadede ser uma singularidade e, ao elementoconsidera<strong>do</strong>, a de ser algo que eledenomina de um sítio eventural (siteévénementielle). A característica básica deum elemento com essa propriedade é queele tem o potencial de ser um evento(événement). No caso de Emma, não foi.Para que pu<strong>des</strong>se ter si<strong>do</strong> um, teria si<strong>do</strong>necessária uma decisão – um ato, diríam<strong>os</strong>– que caracterizasse o evento como evento,fazen<strong>do</strong>-o pertencer à situação. Mais: teriasi<strong>do</strong> necessário que suas conseqüênciastivessem si<strong>do</strong> fielmente acompanhadas emsua disseminação pelo esta<strong>do</strong> da situação.Porém, a situação de um eventocorresponde, segun<strong>do</strong> Badiou, por suaestrutura para<strong>do</strong>xal, a um indecidível, frutomesmo <strong>do</strong> indiscernível d<strong>os</strong> componentesde um sítio. A partir de Logique <strong>des</strong>mon<strong>des</strong>, diríam<strong>os</strong> p<strong>os</strong>sivelmente que aintensidade de aparição <strong>do</strong> inexistentepróprio à situação não teria si<strong>do</strong> suficienteforte, relativamente, para que um eventoencontrasse lugar, ou então, o que seriamais provável, que as condições daquiloque em que consistiria um corpo, capaz detratar o evento, não estavam presentes.Segunda situação: e, num certonível da disseminação múltipla, <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong>element<strong>os</strong> se apresentam, mas agora, oconjunto cujo traço característico é asexualidade não é mais opaco – a menina játem <strong>do</strong>ze an<strong>os</strong>, afinal. Porém, não se podedizer que esse conjunto apresentetampouco tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> seus element<strong>os</strong>. Derivaseda tese freudiana <strong>do</strong> traumatismo dasexualidade que algo sempre permaneceopaco nessa conformação múltipla, o quequer dizer que sempre há algumasingularidade que pode se apresentar aí; e opotencial para um evento. Há que seconsiderar, portanto, que essa segundasituação também configuraria um sítioeventural, mas que, aí, a decisão de que umevento teria ti<strong>do</strong> lugar foi tomada. O pontochave é que, fruto de sua estruturapara<strong>do</strong>xal, como um conjunto que pertencea si mesmo, um evento só pode ascender aessa mesma condição por efeito de umaintervenção cuja p<strong>os</strong>sibilidade lógica são asconseqüências de um outro evento. Dito deoutra maneira, o evento é o que faz tempo.É o que se afiguraria com Emma, amen<strong>os</strong> da redução da distância cronológica,que faz com que o evento anterior, quehabilita a decisão <strong>do</strong> p<strong>os</strong>terior, passa àcondição de evento no mesmo tempológico que esse. De uma certa maneira, sãoo mesmo evento. Do ponto de vista d<strong>os</strong>element<strong>os</strong> múltipl<strong>os</strong> componentes,ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
187realmente o são: é fruto <strong>do</strong> axioma daextensionalidade da teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>.Mas também, toman<strong>do</strong> asformulações de Logique <strong>des</strong> mon<strong>des</strong>,poderíam<strong>os</strong> supor que, mesmo aintensidade de aparição <strong>do</strong> inexistente quecaracteriza o sítio ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> máxima, e,novamente, que não haven<strong>do</strong> condições detratar o evento ou, o que é mais provável ede acor<strong>do</strong> com a tese de Freud, que ap<strong>os</strong>ição subjetiva em questão, e aí, deacor<strong>do</strong> com Badiou, seria a de um <strong>sujeito</strong>reativo, capaz de negar as conseqüências <strong>do</strong>traço <strong>do</strong> evento e, portanto, incapaz deproduzir um novo presente. Em ambasperspectivas, o tempo ficou congela<strong>do</strong>.Na segunda situação, a se supor aocorrência de um evento, teria havi<strong>do</strong>aquilo que propriamente o caracteriza, istoé, a escolha de um nome, colhi<strong>do</strong> na borda<strong>do</strong> vazio (quase) apresenta<strong>do</strong>, um nomecomum, contingente, cuja função, para oevento, seria a de representá-lo, sem terlegitimamente tais poderes. Porque, <strong>do</strong>indiscernível, o que estaria sen<strong>do</strong>discerni<strong>do</strong>? Que isso seja p<strong>os</strong>sível é um d<strong>os</strong>axiomas da teoria d<strong>os</strong> conjunt<strong>os</strong>, o axiomada escolha, e a tese é a de que esse nomecomum, que não representa nada emparticular, entra na comp<strong>os</strong>ição múltipla dasituação e de seu esta<strong>do</strong>, disseminan<strong>do</strong>-se,relacionan<strong>do</strong>-se com outr<strong>os</strong> element<strong>os</strong>. Umsignificante, portanto, como Lacan odefine. Porém, nessas condições, umsignificante que não faz tempo.A terceira situação é a análise comFreud. É necessário supor que aí tenhahavi<strong>do</strong> também um evento; que oinexistente, que seu vazio intrínseco, tenhati<strong>do</strong> a ocasião de se insinuar; e que o tenhafeito com intensidade máxima. Énecessário supor a presença de um corpo(corps) capaz de tratar a singularidade,porque, como diz Lacan “é incorporadaque a estrutura faz efeito” – aí, talvez, apresença necessária e a função <strong>do</strong> analista.Uma análise, nesses term<strong>os</strong>, deveria ter opotencial de constituir evento, ou event<strong>os</strong>,habilitad<strong>os</strong> por event<strong>os</strong> anteriores, e talvez,esses, só chegan<strong>do</strong> a essa condição pelaoperação analítica. Constituir event<strong>os</strong> e,portanto, significantes que, por poderemtratar em um corpo <strong>os</strong> event<strong>os</strong> segund<strong>os</strong>uas conseqüências, esses sim, fariamtempo.REFERENCIASBADIOU, Alain. L’être et l’événement. Paris:Éditions du Seuil, 1988.___________ Logique <strong>des</strong> mon<strong>des</strong>: l’être etl’événement 2. Paris: Éditions du Seuil, 2006.FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira dasObras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.Trad. sob direção geral de Jayme Salomão. Rio deJaneiro: Imago, 1996___________ (1895) Projeto para uma psicologiacientíficaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
188____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaSe hâter de l'acte ou dresser constat?Matilde Hurlin-Uribe’ai appris avec Lacan qu'il n'y aJpas de progrès à attendre devérité et de bien-être, lorsqu'ildit que " le virage del'impuissance imaginaire àl'imp<strong>os</strong>sible qui s'avère d'être leréel à ne se fonder qu'enlogique: soit là où j'avertis quel'inconscient siège, mais pas pour direque la logique de ce virage n'ait pas àse hâter de l'acte" ("Radiophonie","Autres Écrits" p.439)L'indication qui suit sur"l'imp<strong>os</strong>sibilité <strong>do</strong>nt le sexe s'inscritdans l'inconscient, à maintenir commedésirable la loi <strong>do</strong>nt se connotel'impuissance à jouir" et selon laquelle" le psychanalyste n'a pas ici à prendreparti, mais à dresser constat" me guidedans l'écoute de mes patients.M'appuyant sur cette p<strong>os</strong>itiondu discours de l'analyste, je compteapporter un témoignage de ma pratique.Afin de vous faire part de mesquestionnements cliniques, je vais d’abordp<strong>os</strong>er quelques repères théoriques.J’ai appelé cette première partie :I. Le temps logique et la hâteAprès avoir parlé dans ses Écrits,du temps logique et l'assertion de certitudeanticipé (1945 ), Lacan affirme dans lelivre XX que la "fonction de la hâte, c'estdéjà ce petit "a" qui la thètise " ( 1973,pp 46-47). A partir de son dire que " nousne sommes qu'un « a », il reprend sa miseen valeur du fait que quelque ch<strong>os</strong>e commeune intersubjectivité peut aboutir à uneissue salutaire, c'est à dire, d'arriver à"conclure".La logique de Lacan est unelogique de l'action et de la délibérationprenant appui sur trois temps. D'après E.Porge ( "L'apport freudien" Bordas p.567) cette logique <strong>do</strong>nne à la répétition dedeux scansions une valeur qui n'est pascelle de situer l'analysant dans le temps,mais d'engendrer le sujet de l'assertion parles temps de ces scansions, isolant dumême coup la fonction spécifique de lahâte. Dans "La logique du fantasme"(Compte rendu du Séminaire 1966- 1967dans "Autres Écrits" p.326) , Lacan nousrappelle que, je cite : "répétition et hâteayant déjà été par nous articulées aufondement d'un " temps logique", lasublimation les complète pour qu'unnouveau graphe, de leur rapport orienté,satisfasse en re<strong>do</strong>ublant le précédent, àcompléter le groupe de Klein- pour autantque ses quatre sommets s'égalisent derassembler autant de concoursopérationnels". Ce deuxième graphe nousle trouvons dans le cours de Colette Soler"La Politique de l'acte" (cours du 15 mars2000) p. 97. Cela lui permet de présenterles trois opérations de l'impasse du sujet :aliénation, vérité, transfert.Lacan explique ces opérationsdans "L'acte psychanalytique" (livre XV,leçon du 17 janvier 1968). C. Soler ajouteque dans la "Logique du fantasme" (livreXIV, leçon du 22 février 1967 ) Lacanconvoque trois autres opérations: larépétition, la hâte et la sublimation et celaconstitue un autre graphe que celui del’impasse. Dans ce cadre la répétition estacte et la hâte est connectée à l’acting out.C’est dans la hâte qu’on accède à la vérité,le sujet étant agi par la vérité de ses penséesANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
189<strong>inconsciente</strong>s. Dans son aliénation, le sujetne veut rien savoir de ce qui l’agite.Dans la construction lacanienne,les deux graphes se complètent tout enrestant distincts et cette distinction signifieque l’analyste, le Sujet supp<strong>os</strong>é savoir «reste à distance du réel », de même que lesujet peut y accéder, au réel en tant quelogique, seulement par le fantasme.Précisons que, selon Lacan, le fantasmetient la place de ce réel. Les deux mo<strong>des</strong> detraversée sauvage du fantasme peuvent selire, dans le cas du passage à l’acte : « lesujet commande l’objet » et dans celui del’acting out : « l’objet commande le sujet ».L’acting out est analysable, puisqu’il peut<strong>do</strong>nner accès aux pensées inconscients quiont régi l’acte.Au moment de conclure , letemps d'avance p<strong>os</strong>sible de l'autre seconstitue comme objet d'uneconcurrence temporelle; l'analysant seprécipite à conclure pour « rattraper »son retard éventuel , ravir cet objettemporel de concurrence, cet objet h( a)té, comme dit Lacan.À ce moment cet objet h (a ) té sesubstitue à l'objet "a" regard <strong>do</strong>ntdépend le sujet ( Voir Encore P. 47).Chacun n'intervenant dans ce ternairequ'au titre de cet objet "a" qu'il est ,sous le regard <strong>des</strong> autres et qui chutedans la faille entre ce qui estsupp<strong>os</strong>able vu par l'autre et ce que lesujet affirme en se déprenant de cettesupp<strong>os</strong>ition.E. Porge nous éclaire en disantqu'aussi dans l'identification par l'imagedans le miroir, où l'analysant désignecomme moi, et au fond de la réponsefantasmatique , où il y a un rapport dusujet au temps qui s'énonce au futurantérieur (« il aura voulu ») , du lieu del'Autre, la fonction de la hâte estdécisive, <strong>do</strong>nc concluante.II. Le temps qu'il fautLe discours de Patrice, qui vient mevoir depuis trois ans, tourne autour de sonincapacité de satisfaire sexuellement unefemme qu’il arrive très bien à séduire sansgrand effort, juste en se montrant danstoute sa beauté physique et étant un peuintéressé par l’objet de sa conquête.Marié et père d’un fils préa<strong>do</strong>lescent, iltente depuis plusieurs années uneséparation « imp<strong>os</strong>sible » de sa femme qui« l’aime » et c’est justement pour cela qu’ilse sent obligé de la quitter. Il ne comprendpas pourquoi il est obsédé par cette idée.Surtout qu’avec elle, dans » l’hainamoration» qui l’a liée à elle, par ailleurs, il n’a pas depannes sexuelles. Ceci jusqu’au moment dela cure lorsque cette pensée se présente àlui tel un commandement, sinon « monpère ne serait pas content ».Patrice interroge l’énigme de sonsymptôme qui se manifeste avec <strong>des</strong>femmes <strong>do</strong>nt il se dit être amoureux, maisqui sont en p<strong>os</strong>ition de le rejeter, le lâcher.Face à celles-ci, il n’arrive pas à être unhomme, il perd ses moyens, transpirant ettremblant. Il redevient le petit garçon d’unetrès nombreuse fratrie désigné à <strong>do</strong>rmir(surveiller, servir de pare excitant ?) entreses deux parents jusqu’à l’âge de 8 (huit)ans et finalement aban<strong>do</strong>nné par sa mèrepartie avec un autre homme. La fonctionde « bouchon » lui attribuée tacitement estvouée aussi tacitement au ratage par lesdeux adultes qui s’a<strong>do</strong>nnent à <strong>des</strong> ébatssexuels malgré la promiscuité avec leurjeune fils. Lui, l’enfant, il sert les fècessentant derrière le sexe en érection de sonpère.En cure, Patrice se dit dégoûté parses rêves hom<strong>os</strong>exuels à répétition etconstate avec horreur : « mon père a gagné,il m’interdit toutes les femmes. Il nem’interdit pas les hommes – c’est moi !.. »A un autre moment de sa cure,Patrice se rend compte que sonsymptôme qu’il appelle « blocage » était liéau désir inconscient « d’être pris pourtoujours » par sa mère. Il faut préciser qu’ilANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
190la perd définitivement dans un accident peude temps après sa fuite de la maison. Saréaction dans la hâte a été de se rendre aucimetière pour lui parler et lui faire sesadieux. Il a pleuré sur sa tombe et lui araconté son malheur en amour, dans lebut d'accomplir un détachement , et enfinir avec.La nuit suivante il fit le rêve quisuit: " on est dans une voiture , Berthe (femme déjà prise vers laquelle il se sentattiré)...elle n'est pas seule avec moi, il y aun homme avec elle, plus un autre quiconduit la voiture. Après, Berthedisparaît, Patrice se met à crier sonprénom pour la retrouver....Sanssuccès."Dans la séance ultérieure il seplaint d’être dans la merde, il sanglote ...ilse déteste, il décrit sa diarrhée, sa perted’énergie ...il est désespéré : « j’ai deuxmaisons et je n’ai pas où vivre ». Il dit qu'ilcroyait que sa visite sur la tombe de samère et ses prières allaient le fairesurmonter sa souffrance. Pas du tout! "Berthe reste pour moi aussi insaisissableque ma mère. "Malgré sa hâte de guérir, malgréson geste relatif au deuil de sa mère ...ilreste "tiers lésé", dirait Freud. C’estseulement dans une autre séance qu’il vapouvoir faire le lien avec le fait que la scènedu rêve se passe dans un véhicule,signifiant du père, très présent dans sesrêves, en tant que mouvance et instabilité.Sur la scène de son fantasme, derrièrel’assujettissement au désir de sa mère,Patrice s’efforce à s’identifier à l’objet de cedésir de la femme qui a été sa mère.Rivalisant avec l’homme pour lequel samère l’avait quitté, il cherche autant qu’ilrepousse l’amour du père – ainsi son choixamoureux répond à la condition que lafemme fasse déjà couple avec un autre, unhomme. Cette condition est la seule qui luipermet de retrouver l’état dans lequel soncorps entier d’enfant s’érigeait entre samère et son père en lui évitant de choisir lepartenaire incestueux..III. De la logique du fantasme a lapulsionPour Lacan, la place du fantasmeest marquée du "je ne pense pas".Soulignant sa nature essentiellementlangagière, il introduit "S barré poinçonde petit "a". Ce mathème désigne lerapport particulier d'un sujet del'inconscient , barré et irréductiblementdivisé par son entrée dans l'univers <strong>des</strong>signifiants, avec l'objet "a" quiconstitue la cause <strong>inconsciente</strong> de sondésir.Ayant du mal avec son désir,Patrice préfère faire ce qu’on lui demande.Il désire qu’on lui demande quelque ch<strong>os</strong>e.De par son objet anal, l’expérience dufantasme fondamental de Patrice devient lapulsion. L’objet regard y est connectépermettant de rester en relation avecl’Autre à une certaine distance. On peutvoir à cette place l’obsessionnel quis’efforce de faire en sorte que cet Autredevienne un même, un petit autre.Ramenant les ch<strong>os</strong>es au même, Patrice leretrouve dans ses rêves et fantasmeshom<strong>os</strong>exuels, confronté à quelque ch<strong>os</strong>e del’ordre de l’imp<strong>os</strong>sible. Mettant en place unautre semblable, il ne fait que se mettre enscène soi-même, d’être dans ce scénario etde fantasmer avec cet autre qui n’est quelui-même tout ce qui lui permet d’avoir sonassise.Son fantasme le met à l’abri de cequi pourra être le désir de l’Autre, tout enpouvant avoir une jouissance. A lademande de l’Autre, à la demande faite àl’Autre, il met en place la pulsion. Ce quifait que l’objet cause du désir n’aura pas àse conjoindre avec le sujet barré. C’estseulement par le biais de la pulsion analeassociée au regard, par « se faire chier » et «se faire voir » que Patrice peut jouir.L’obsessionnel ne pense pas ladifférence sexuelle, mais se p<strong>os</strong>e laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
191question de son sexe. On entend cela chezmon analysant qui ne sait pas se ranger « nide côté homme, ni femme », la réponse à laquestion peut-être formulée de la façonsuivante : « c’est un enfant ». Lecommandement, l’interdit lui servent dedéfense, c’est une façon d’avoirl’autorisation de l’Autre et la pulsion est làpour le mettre à l’abri du désir de l’Autre.L’objet a du fantasme, cet objet de déchet,ce reste de jouissance, il a du mal àl’accepter en tant qu’objet perdu et il faittout pour récupérer cet objet perdu. C’estun objet qui cause un désir imp<strong>os</strong>siblepuisqu’il est du côté du Réel.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
192____________________________________________________________▪ Tempo e estruturaA lógica temporal de Charles Peirce: a(<strong>des</strong>)continuidade na clínica psicanalíticaElisabeth Saporiti“Time has usually been considered by logicians to be what is called extra logical matter.I have never shared this opinion.” (Peirce: C.P. 4 523) 1.“The reader will note that our entire account of TIME is a semiotic construct.” (Peirce C.P. 4 523)“(...) l´analyst comme tenant-lieu de La continuité.” (Danielle Roulot)ma análise se dá duranteUum certo perío<strong>do</strong> detempo, como um corte nocontinuum de uma vida.Cada sessão, por sua vez,pode ser consideradacomo uma escansão <strong>do</strong>tempo maior <strong>do</strong>tratamento analítico visto como um to<strong>do</strong>.Pensar questões relativas ao tempoe à psicanálise conjuntamente, somentepode ter senti<strong>do</strong> se essas questõesestiverem de alguma forma a serviço datentativa de se encontrar resp<strong>os</strong>tas sempremais apropriadas a esta pergunta ainda maisfundamental : “Qual o tempo para que umaanálise p<strong>os</strong>sa se m<strong>os</strong>trar efetiva, para queuma cura analítica p<strong>os</strong>sa se realizar?” Essasconsiderações, por sua vez, teriam seu<strong>des</strong><strong>do</strong>bramento natural em outras, nãomen<strong>os</strong> significativas e importantes, comopor exemplo: “Mas, afinal, de onde parteum tratamento analítico? Quais as fasespelas quais ele passa? O que seria uma curaanalítica bem sucedida?”.... Como se podeobservar, já a primeira vista, tratar <strong>des</strong>sasquestões todas extrapolaria o tempo (ah! Otempo...) que n<strong>os</strong> cabe aqui e n<strong>os</strong> afastaria<strong>do</strong> tema enuncia<strong>do</strong> no título. Assim,partirei de algumas afirmações de Freud, deLacan e de outr<strong>os</strong> psicanalistas toman<strong>do</strong>-ascomo pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong>, como a priori ,tentan<strong>do</strong> <strong>des</strong>ta forma “cortar caminho” egerenciar o tempo disponível.A lógica de Peirce por incluirtempo, transformação e movimento podeiluminar e fundamentar questões dapsicanálise. Esta é a ap<strong>os</strong>ta <strong>des</strong>te trabalho.Conhecem<strong>os</strong> a afirmação de Freudsegun<strong>do</strong> a qual o <strong>inconsciente</strong> não conheceo tempo. É “zeitl<strong>os</strong>”.(1) Conhecem<strong>os</strong>também sua fam<strong>os</strong>a frase: WO ES WAR,SOLL ICH WERDEN (2), geralmentetraduzida como “Lá onde o Isso era, deveo eu advir”. Diante <strong>des</strong>sas duas afirmaçõesaparentemente antagônicas e inconciliáveis“como dar conta de estabelecer um nexoentre uma prop<strong>os</strong>ição que n<strong>os</strong> fala de algoa-temporal, o <strong>inconsciente</strong> e, de outro la<strong>do</strong>,uma outra prop<strong>os</strong>ição que,imperativamente, faz alusão de formanecessária à idéia de tempo?” Diante <strong>des</strong>teaparente impasse vejam<strong>os</strong> como pode sedar esta articulação com a lógica peirceana.Charles Peirce é um autor aindahoje muito pouco conheci<strong>do</strong>comparativamente com outr<strong>os</strong> lógic<strong>os</strong>. Suavasta produção teórica, projetada para sereditada em mais de 30 volumes, tem apenasseis deles publicad<strong>os</strong> por enquanto. Orestante deve ser consulta<strong>do</strong> emmanuscrit<strong>os</strong> de difícil acesso. Entretanto, ofato realmente surpreendente e que n<strong>os</strong>interessa de perto, é que Lacan, já n<strong>os</strong> an<strong>os</strong>60 (3) entrou em contato com as idéias dePeirce, bebeu nesta fonte e deixou marcassuficientes em sua obra para que p<strong>os</strong>sam<strong>os</strong>ter a evidência da importância que eleANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
193soube reconhecer da lógica de Peirce parapsicanálise.É importante <strong>des</strong>tacar, combastante ênfase, que quan<strong>do</strong> se fala dalógica peirceana estam<strong>os</strong> sempre n<strong>os</strong>referin<strong>do</strong> a uma concepção de lógica queultrapassa, vai muito além, <strong>do</strong> enquadre dalógica formal ou da lógica clássica (4): comPeirce assumim<strong>os</strong> que a lógica é um outronome da semiótica geral. Uma vez queto<strong>do</strong> pensamento somente se dá através <strong>des</strong>ign<strong>os</strong>, sua lógica/semiótica é definidacomo “a quase necessária ou formal<strong>do</strong>utrina d<strong>os</strong> sign<strong>os</strong>” (C.P. 2.227) (5), ou “apura teoria d<strong>os</strong> sign<strong>os</strong> em geral” (MS L107), ou seja, é a tentativa de considerartoda experiência como um sistemaestrutura<strong>do</strong> de sign<strong>os</strong> em interação unscom <strong>os</strong> outr<strong>os</strong>. Essa teoria, por sua vez, sebaseia nas categorias universais peirceanas:Primeiridade, Secundidade e Terceiridadeque vêem a ser uma combinação, commuitas nuances p<strong>os</strong>síveis, <strong>do</strong> geral com oparticular. Sem me deter na <strong>des</strong>crição<strong>des</strong>sas categorias, g<strong>os</strong>taria de enfatizar comPeirce que “O começo (de qualquerprocesso) é Primeiro, o término é Segun<strong>do</strong>e a mediação é Terceiro” (C.P.1.337) APrimeiridade e a Terceiridade são ascategorias que n<strong>os</strong> falam deCONTINUIDADE. A Secundidaderepresenta o CORTE, a(DES)continuidade.Assim, além <strong>do</strong> atual,essa lógica inclui o p<strong>os</strong>sível e o potencial.Lacan vai propor que a noção de“<strong>des</strong>tituição subjetiva” pode serconsiderada como a sua interpretação dafrase de Freud WO ES WAR, SOLL ICHWERDEN. (6) Tomar esta afirmaçãocomo um pressup<strong>os</strong>to será aqui tambémum artifício para se abreviar caminh<strong>os</strong>naturalmente mais long<strong>os</strong>. A partir daípodem<strong>os</strong> dizer que o processo analíticoque se dá no tempo vem a ser justamenteeste movimento para se chegar à“<strong>des</strong>tituição subjetiva”, logicamente sepressupon<strong>do</strong> que no início haveria, então,um <strong>sujeito</strong> instituí<strong>do</strong> (7). Se essa passagemse deu de fato ou não, isso é algo a serverifica<strong>do</strong> no Passe e deve ser <strong>des</strong>vincula<strong>do</strong>de um final de análise que implica sempreoutras considerações. Estabeleçam<strong>os</strong>,portanto aqui uma equivalência entre a“<strong>des</strong>tituição subjetiva” e a “<strong>des</strong>tituiçãoverificada no Passe”. Sem entrarm<strong>os</strong> nainteressante questão de se fundamentar adiferença entre “<strong>des</strong>tituição” e “<strong>des</strong>-ser”que esta, sim n<strong>os</strong> fala de uma finitude daanálise, marquem<strong>os</strong> que a “<strong>des</strong>tituiçã<strong>os</strong>ubjetiva” enquanto algo que tem a vercom o processo analítico é sempre uma<strong>des</strong>tituição programada, diferentemente deoutras <strong>des</strong>tituições que acontecem fora daanálise. Essa <strong>des</strong>tituição programada só ép<strong>os</strong>sível se estiver presente a transferência,o analista coloca<strong>do</strong> no lugar <strong>do</strong> sup<strong>os</strong>t<strong>os</strong>aber. Daí ser evidente a afirmação deLacan que uma análise está vinculada àtransferência e ao seu manejo no tempo.(8)É uma arte <strong>do</strong> analista saber colocar emprática essa programação da <strong>des</strong>tituiçã<strong>os</strong>ubjetiva para que o analisante p<strong>os</strong>sa iraban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> sua fixação ou ficção de gozoque o prende ao tempo <strong>do</strong> OUTRO,assim, assumir-se como <strong>sujeito</strong> <strong>des</strong>ejante.Em term<strong>os</strong> da lógica acima referida, essamudança é factível porque existe comocoluna <strong>do</strong>rsal comum tanto ao processológico como ao analítico: a idéia muitoproeminente de que deve haver umaCONTINUIDADE. O <strong>sujeito</strong> <strong>des</strong>ejante,contrariamente aquele paralisa<strong>do</strong> pelogozo, é um <strong>sujeito</strong> que pode <strong>des</strong>lizar pelacadeia metonímica. A lógica peirceanailumina o “como” se dá essa continuidade.O que a torna p<strong>os</strong>sível são as noções devagueza e de generalidade que acaracterizam. A vagueza, própria daPrimeiridade, se explicita pelo fato de quehá um tempo em que o princípio dacontradição pode ser aqui derroga<strong>do</strong>: ummomento caótico em que ser algo e não seresse algo podem coexistir- o que naslógicas clássicas e formais é inconcebível.Somente por esse meio é que asidentificações podem ser trabalhadas numaANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
194análise, bem como as insígnias recebidas <strong>do</strong>Outro. A continuidade também encontranesta lógica um outro ponto de apoio.Refiro-me agora à generalidade que Peircediz ser a característica da categoria daTerceiridade. Haveria aqui um princípiogeral, uma força viva, capaz de geraratualizações através <strong>do</strong> tempo. É somente<strong>des</strong>ta forma que no transcorrer de umaanálise vão se presentifican<strong>do</strong> porçõesesgarçadas de uma formação fantasmática aque se chegará “por dedução” no final:aquilo que poderíam<strong>os</strong> chamar sua matriz,outro nome para o fantasma fundamental.É da lógica peirceana essa terminologia deque na Terceiridade existiria esse princípioformal, organizacional, funcionan<strong>do</strong> comouma lei. Aqui Peirce faz uma distinçãochaman<strong>do</strong> de TIPO (type) o principioformal que vai gerar várias Réplicas(tokens). No processo analítico, através dasinterpretações vam<strong>os</strong> ten<strong>do</strong> acesso a essaspresentificações ou réplicas e pelas“construções” poderem<strong>os</strong>, num segun<strong>do</strong>momento, chegar a<strong>os</strong> princípi<strong>os</strong> gerais. Asinterpretações funcionam sempre comocortes, <strong>des</strong>continuida<strong>des</strong> de um continuum.Assim, é muito interessante a observaçãode Colette Soler de que a angústia n<strong>os</strong> falasempre de <strong>des</strong>tituição.(9) E, nesta<strong>des</strong>tituição programada que é constitutivade uma análise, o analista deve saber usar ocorte – corte que é sempre Secundidade,enquanto categoria, é interpretação etambém supõe se levar em conta a angústiapara que o <strong>sujeito</strong> instituí<strong>do</strong> <strong>do</strong> início p<strong>os</strong>sair se <strong>des</strong>fazen<strong>do</strong> de suas insígnias eidentificações, dan<strong>do</strong> lugar ao vazioessencial, vazio não <strong>do</strong> apenas oco, mas ovazio em volta <strong>do</strong> qual o oleiro faz nascerum vaso.. Ainda outro ponto, este bemelabora<strong>do</strong> pelo psicanalista Michel Balat(10) é o fato de que ao dar autonomia aoSignificante, inverten<strong>do</strong> a ordem <strong>do</strong>algoritmo de Saussure (de s/S, em LacanS/s) a teoria lacaniana se imbricou com alinguística, mas ao dizer que não era dalingüística que se tratava, e sim de umalinguisteria, Lacan, conforme suas própriaspalavras passa para uma outra lógica, nãomais binária, mas agora ternária e é quan<strong>do</strong>ele cita mesmo a lógica/semiótica de Peirce(11). Balat vai chamar a atenção para o fatode que o “significante” lacaniano, não éuma palavra qualquer (como poderia ser seestivéssem<strong>os</strong> na lingüística). Numalinguisteria, pensan<strong>do</strong>-se na lógica triádicade Peirce, aqui sempre um significante seránecessáriamente um legissigno, ou seja umsigno que traz em si uma lei, é apresentificação dela. Essa lei tem a ver comalgo da história particular <strong>des</strong>se <strong>sujeito</strong>, queo levou, por uma “insondável decisão d<strong>os</strong>er”, a ligar este significante a algo,estabelecen<strong>do</strong>-se aí uma cristalização, umalei determinante de como essesignificante/legissigno irá funcionar. Éclaro que aqui está implicada a idéia detrauma e a forma como esse <strong>sujeito</strong> li<strong>do</strong>ucom ele. “A experiência analítica n<strong>os</strong>obriga, sem mais, a supor que algumasvivências puramente contingentes dainfância são capazes de deixar com<strong>os</strong>equela fixações da libi<strong>do</strong>”, n<strong>os</strong> diz Freud(..)” (12) Ou seja, o contingente se tornou,aí, necessário. Duramente o tratamento, nochama<strong>do</strong> “tempo para compreender”, otempo se espacializa dan<strong>do</strong> lugar a<strong>os</strong>significantes mestres (S1) cujo conjuntomarca a história <strong>des</strong>se <strong>sujeito</strong> como única.Fica, então, a pergunta que n<strong>os</strong> interessa:“Mas quan<strong>do</strong>, então, essa série infinitam<strong>os</strong>tra seu ponto de basta?” Freud n<strong>os</strong> falade uma análise finita e infinita. Peirce n<strong>os</strong>fala de um “interpretante final”.(C.P.8.315) Esse fim n<strong>os</strong> assinala o término deum processo de <strong>des</strong>lisamento e secaracteriza, então por se presentificaratravés de uma mudança de habito. Tenhome pergunta<strong>do</strong> se isto não seria o mesmoque acontece numa análise quan<strong>do</strong> <strong>os</strong>ujeito, depois de esgotar todas as suascadeias de significantes/legisign<strong>os</strong>, depoisda construção <strong>do</strong> fantasma, ao atravessá-lo,ao se p<strong>os</strong>icionar frente aquilo a que chegou,não estaria num mesmo registro ao mudarANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
195sua p<strong>os</strong>ição frente ao gozo? O significantenovo <strong>do</strong> qual n<strong>os</strong> fala Lacan,(13) não teria aver com essa mudança de hábito de Peirce,quan<strong>do</strong> se tem um novo princípio deorganização d<strong>os</strong> dit<strong>os</strong>, mais de acor<strong>do</strong> comum “bem-dizer” quan<strong>do</strong> se trata da análise?G<strong>os</strong>taria de terminar com umaobservação de Colette Soler sobre a<strong>des</strong>tituição subjetiva e a angústia. Secompreendi bem sua prop<strong>os</strong>ta, no final,não é mais a angústia que pre<strong>do</strong>mina. Aangústia serviu durante o processo parapropiciar <strong>os</strong> <strong>des</strong>locament<strong>os</strong> necessári<strong>os</strong>.Mas depois, existiria então um <strong>sujeito</strong>“pret-à-supporter”, um <strong>sujeito</strong> comprontidão para dar continuidade à sua vidaenfrentan<strong>do</strong> o que der e vier, até a morte,n<strong>os</strong> diz ela(14). Então, assim comoacontece na lógica temporal de Peirce,também no processo analítico o que devepre<strong>do</strong>minar é a CONTINUIDADE(enquanto terceiridade). As(DES)continuida<strong>des</strong>, (secundida<strong>des</strong>)representadas pel<strong>os</strong> cortes necessári<strong>os</strong> nassessões e depois pelo próprio ATO,estariam a serviço <strong>des</strong>taCONTINUIDADE.NOTAS:1.Freud, S. “Obras Completas de Sigmund Freud”.Tradução de Luis Ballester<strong>os</strong> y de Torres. 3 vol..Madri Biblioteca Nuova. 1981. O Inconsciente(1915).2. idem, (1931) Conferência 313. Lacan fala pela primeira vez de Peirce noSeminário 7, da Ética da Psicanálise, na lição de 13de janeiro de 1960.4. Haack, Susan, “Fil<strong>os</strong>ofia das Lógicas”, São Paulo.Unesp. 2002.5..A norma usual nas citações de Peirce é aindicação d<strong>os</strong> Collected Paper, por C.P. seguida <strong>do</strong>número <strong>do</strong> volume, ponto, parágrafo.6.Soler, Colette. Clinica de a <strong>des</strong>titución subjetiva in“Qué se espera Del psicoanálisis y Delpsicoanalista?” Buen<strong>os</strong> Aires. Letra Viva. 2007pp.51-82.7. Idem8. Lacan, Jacques: P<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> Inconsciente, in“Escrit<strong>os</strong>”, Rio de Janeiro. Jorge Zahar. 1998.9. Soler, Colette, idem10. Balat, Michel. “Des fondements sémiotiques deLa psychanalyse: Peirce après Freud et Lacan” Paris.L´Harmattan. 2000.11. Lacan, J Seminário 23. OSintoma. Lição de 16 de março de 1976.12. Freud, S apud Silvia Bleichmar in Repetición ytemporalidad. “Temporalidad, Determinación yAzar”, Buen<strong>os</strong> Aires. Paidós 1994, nota11, p.58.13. Lacan, J. lição de 17 de maio de 1977.14. Soler, Colette, idemANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
196__________________________________________________▪ Modalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempoEl tiempo, la discontinuidad y el corteGabriela HaldemannLa particularidad del tiempo en laangustiae interesa especialmenteMla temática del tiempoen la angustia ya queéste presenta unaparticularidad que esdigna de detenern<strong>os</strong> ensu diferencia. Laangustia se presentacomo un compás de espera, cercana a laperplejidad y puede involucrar coordenadassubjetivas o no, como sea, n<strong>os</strong> presentagran<strong>des</strong> dificulta<strong>des</strong> a la hora de sudialectización. Se trata de un tiempo dedetención, de corte, que generalmente semuestra como discontinuidad, unmomento de pérdida de coordenadassubjetivas. Esta abrupta pérdida dereferentes, ya sean: subjetiv<strong>os</strong>, imaginari<strong>os</strong>,o bien en el caso en que observam<strong>os</strong> unareducción del sujeto a su cuerpo, le permitea Colette Soler definir la angustia como uncaso salvaje de <strong>des</strong>titución subjetiva.Destitución que se produce por encuentro,y que no tiene nada de didáctico, porqueretorna, pero sin que el sujeto puedaobtener un efecto didáctico de estarepetición.Querría trabajar especialmente laangustia en tanto afecto que irrumpe,momento crítico y puntual y no aquello queconceptualiza Freud como “angustia señal”que es el punto de anclaje, de amarre; laprimera emergencia que permite al sujetoorientarse.Quiero <strong>des</strong>arrollar y <strong>des</strong>tacar elsesgo clínico con el cual Lacan distinguióeste afecto de entre l<strong>os</strong> otr<strong>os</strong>. Es un afectoexcepcional porque está amarra<strong>do</strong>, y esexactamente el punto de amarre el que lepermite a Lacan afirmar que es “un afectoque no engaña”.Detengámon<strong>os</strong> por un momento en estaexpresión; para ser precis<strong>os</strong> la angustia “noengaña” al analista, porque en lo querespecta a quien la padece se trata de uncaso de certidumbre que incluye unapara<strong>do</strong>ja, ya que siempre se liga a un matizde perplejidad, de <strong>des</strong>conocimiento. Laexperiencia de la angustia dista mucho de laidealización clínica que confunde “certezade lo real” con la p<strong>os</strong>ibilidad de un efectodidáctico de la angustia.Una de las definiciones de lo realque n<strong>os</strong> da Lacan en El Seminario 11 esque se trata de lo imp<strong>os</strong>ible.Solidariamente con esta idea, en “Laapertura de la Sección Clínica” define a laclínica psicoanalítica como “lo imp<strong>os</strong>ible <strong>des</strong>oportar”.La angustia tiene una cercanía<strong>os</strong>tensible con lo real por eso muestra unaparticularidad respecto de su aparición; sutemporalidad está ligada al momento, nadiepuede habitar allí, algo en la experienciamisma eyecta al sujeto, Lacan juega en ElSeminario 10 con el término ejecter,arrojar el je.La angustia me evoca laimp<strong>os</strong>ibilidad de habitar en un medio sinoxígeno. Experiencia que hem<strong>os</strong> realiza<strong>do</strong>tod<strong>os</strong> al sumergir la cabeza en el aguaintentan<strong>do</strong> permanecer abajo para luego deun<strong>os</strong> segund<strong>os</strong> salir boquean<strong>do</strong> a lasuperficie.Lacan define a la angustia como un“momento de inmovilidad”. Siempreresulta útil detenern<strong>os</strong> cuan<strong>do</strong> n<strong>os</strong>tropezam<strong>os</strong> con un oxímoron, figuraretórica que intenta conjugar d<strong>os</strong> concept<strong>os</strong>opuest<strong>os</strong> en una sola expresión. En laANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
197violencia de esa conjugación asistim<strong>os</strong> alesfuerzo que realiza el lenguaje por apresarlo real. Del la<strong>do</strong> del oyente esaimp<strong>os</strong>ibilidad lo obliga, a su vez, por sucarácter de absur<strong>do</strong>, a buscar un senti<strong>do</strong>metafórico.“Momento”, del latín momentumcuri<strong>os</strong>amente tiene d<strong>os</strong> significad<strong>os</strong> enapariencia, contrapuest<strong>os</strong>. La primeraacepción proviene de movere, denota unmovimiento continuo y la segunda n<strong>os</strong>conduce a instante, temporis puctum, queacarrea un matiz sincrónico, de corte.Otras expresiones que Lacan utilizapara referirse a la angustia son las de“abismo” y “mutis¬mo aterra<strong>do</strong>”. Cadauno de n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong> tendrá numer<strong>os</strong><strong>os</strong>ejempl<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong> de cómo l<strong>os</strong> pacientesenuncian esta detención temporal, mod<strong>os</strong>de recortar ese momento en el que<strong>des</strong>aparece el sujeto de la palabra, <strong>do</strong>nde laperplejidad impide incluso la p<strong>os</strong>ibilidad dedirigirse al Otro.Tomem<strong>os</strong> como ejemploparadigmático la “alucinación del de<strong>do</strong>corta<strong>do</strong>” del Hombre de l<strong>os</strong> Lob<strong>os</strong>. Esteepisodio acaeci<strong>do</strong> en la infancia delpaciente es relata<strong>do</strong> a Freud del siguientemo<strong>do</strong>:“De pronto noté con indecibleterror que me había secciona<strong>do</strong> el de<strong>do</strong>meñique de la mano (¿derecha oizquierda?), de tal suerte que sólo colgabade la piel. No sentí ningún <strong>do</strong>lor sólo unagran angustia. No me atreví a decir nada alaya, distante un<strong>os</strong> poc<strong>os</strong> pas<strong>os</strong>; me<strong>des</strong>moroné sobre el banco inmediato ypermanecí allí senta<strong>do</strong>, incapaz de arrojarotra mirada al de<strong>do</strong>…”.Como vem<strong>os</strong> se trata de unaangustia tal que el niño, durante unins¬tante, no puede siquiera dirigirse a suamada niñera, es realmente un momento deexclusión del sujeto supuesto a la palabra.El relato n<strong>os</strong> ilustra también otraparticularidad del tiempo en l<strong>os</strong> fenómen<strong>os</strong>de angustia es que se presentan como un“momento fuera de serie” que no puedeencadenarse.Es por esta vía que se asemeja a laperplejidad propia de la pre-psic<strong>os</strong>is en l<strong>os</strong>bor<strong>des</strong> del <strong>des</strong>encadenamiento.Como <strong>des</strong>taca Soler "volver en loreal", tiene para Lacan una definición muyprecisa, explícita y quiere decir volver fuerade la cadena significante. Algo retorna deun mo<strong>do</strong> tan cru<strong>do</strong> cuan<strong>do</strong> la cadena se haroto. El sujeto capta que pasa algo pero nopuede definirlo. Es por eso que n<strong>os</strong>referim<strong>os</strong> al abismo o al vértigo al evocar laangustia, to<strong>do</strong> ello condensa<strong>do</strong> en uninstante.“Instante” etimológicamente derivade la expresión “estar en pie”, “estarinmóvil”. Si tuviera que elegir otrooxímoron éste sería “instante atemporal”.La angustia es un momento en suspensoque deja al serhablante sin movimiento, sintiempo y sin voz.Su carácter trans-estructural borralas gran<strong>des</strong> distinciones entre las formas derespuesta neuróticas y psicóticas. El sujet<strong>os</strong>e contenta con: huir, reprimir y evitar. Susmanifestaciones clínicas suelen ser pasajesal acto, actings out y síntomas, en el mejorde l<strong>os</strong> cas<strong>os</strong>; tod<strong>os</strong> est<strong>os</strong> recurs<strong>os</strong>, aun l<strong>os</strong>más <strong>des</strong>esperad<strong>os</strong>, permiten metonimizar laangustia, es decir reducirla.Pero el momento propio de la angustia esla petrificación frente al peligro, allí elsujeto no se mueve; su evitación ya es unresulta<strong>do</strong>.Sabem<strong>os</strong> que el objeto a es causa de<strong>des</strong>eo, cuan<strong>do</strong> este objeto se encuentra enfunción de causa del <strong>des</strong>eo, es más bienuna solución a la angustia. Cuan<strong>do</strong> elsujeto se mantiene como <strong>des</strong>eante, no hayangustia. Esto implica que una solución nopatológica para la angustia se divisa entorno al <strong>des</strong>eo.El corte interpretativoEl <strong>des</strong>cubrimiento freudianoverifica en la experiencia clínica que existeun saber articula<strong>do</strong> que determina al sujetoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
198pero que por la extrañeza que produce aquien lo profiere hace que nadie se sientapor completo responsable del mismo.Cuan<strong>do</strong> un sujeto se encuentra conese saber, y esto sólo es p<strong>os</strong>ible por la víade ponerlo a hablar y de silenciar el senti<strong>do</strong>común que n<strong>os</strong> habita, se <strong>des</strong>conoce enaquello que dice, bien puede seguir esapista o elegir <strong>des</strong>conocerla por poco grata.Es la aplicación del disp<strong>os</strong>itivo analítico locondujo a Freud al “más allá del principiodel placer”.Lacan n<strong>os</strong> dice en “La dirección de la curay l<strong>os</strong> principi<strong>os</strong> de su poder”:“…porque es como en derivación de lacadena significante como corre el arroyodel <strong>des</strong>eo y el sujeto debe aprovechar unavía de tirante para asir en ella su propiofeedback (…) Porque el <strong>des</strong>eo, si Freuddice la verdad del <strong>inconsciente</strong> y si elanálisis es necesario, no se capta sino en lainterpretación”.La repetición no implica un eternoretorno de comienz<strong>os</strong> y finales, recae en unrasgo, un elemento de escritura, queconmemora una irrupción del goce.Ahora bien, cómo es p<strong>os</strong>ible que elserhablante registre el efecto de larepetición para hacer de ella algo que depaso a una escritura nueva.Es por la presencia del analista, laaplicación de la regla y la interpretación quese podrá hacer del instante serie. N<strong>os</strong>inclinam<strong>os</strong> a pensar entonces que el actoanalítico mismo supone la reducción de laangustia. Como Lacan dice en El Seminario11 será necesario “…canalizarla d<strong>os</strong>ificarla,para que no n<strong>os</strong> abrume e implica ladificultad que es correlativa de la que existeen conjugar el sujeto con lo real”.La interpretación siempre implicaun corte, se trate o no de un corte de sesióny será esa operación la que retome eseelemento que se repite y le otorgue otrovalor. El corte interpretativo permite de esemo<strong>do</strong> que el sujeto pueda percatarse de supropia ubicación en lo real.El medio decir de la interpretaciónatañe a la causa del <strong>des</strong>eo pero no predicanada acerca del objeto. En su medio decirintroduce bruscamente un elementofaltante y transmuta la repetición en lap<strong>os</strong>ición fantasmática del sujeto. La ficcióndel sujeto supuesto saber permite que elanalista, con su <strong>des</strong>eo articula<strong>do</strong> en el decira medias de la interpretación, puede dar unsenti<strong>do</strong> a algo que para el sujeto no lo tenía.No va en la dirección de eternizar el“instante atemporal” ni de suturarlo.Para finalizar, en el mismo textoLacan define la interpretación de lasiguiente manera:“La interpretación, para <strong>des</strong>cifrar ladiacronía de las repeticiones <strong>inconsciente</strong>s,debe introducir en la sincronía de l<strong>os</strong>significantes que allí se componen algo quebruscamente haga p<strong>os</strong>ible su traducción –precisamente lo que permite la función delOtro en la ocultación del código – ya quees a propósito de él como aparece suelemento faltante”.Esta cita retoma las d<strong>os</strong>dimensiones que condensa “momento”,una diacrónica y otra de orden sincrónico,introduci<strong>do</strong> por el analista. Se trata de unarespuesta nueva que por una vía diferente ala “política del avestruz” propicia unasolución a la angustia.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
199__________________________________________________▪ Modalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempoO tempo de constituição da inibiçãoGlória Justo Martinsclínica psicanalítica revela asAdiferentes formas darealidade <strong>do</strong> tempo,vivenciadas por cada <strong>sujeito</strong>,dependen<strong>do</strong> das fases davida e da estrutura psíquica.A prop<strong>os</strong>ta <strong>des</strong>te trabalho éestabelecer uma relaçãoentre o efeito <strong>do</strong> tempo e a suaconseqüência no estu<strong>do</strong> da inibiçãoneurótica, a partir de fragment<strong>os</strong> de umcaso clínico.O termo inibição, numa abordagemmédica, diz respeito à “suspensão,diminuição ou retardamento transitório daatividade de uma parte <strong>do</strong> organismo, porefeito de excitação nerv<strong>os</strong>a”1. N<strong>os</strong>primórdi<strong>os</strong> da Psicanálise, no perío<strong>do</strong> dassuas correspondências a Fliess, Freudutiliza, pela primeira vez, no ManuscritoA2, o termo inibição (Hemmung), cujasreferências p<strong>os</strong>teriores vêm associadas àdefesa <strong>do</strong> aparelho psíquico, devi<strong>do</strong> aoexcesso de sexualidade psíquica que gera<strong>des</strong>prazer.No estu<strong>do</strong> sobre Uma lembrançada infância de Leonar<strong>do</strong> da Vinci3, porexemplo, Freud associa o tema da inibiçãoà questão da pesquisa sexual. Enfoca, emparticular, a pulsão escópica, ou o <strong>des</strong>ejo dever o corpo nu da mãe, geran<strong>do</strong> o impulsode saber - Wissensdrang. A hipótesefreudiana é que a acentuada curi<strong>os</strong>idade deLeonar<strong>do</strong> está relacionada com <strong>os</strong>primeir<strong>os</strong> an<strong>os</strong> de vida em que ficouentregue à carinh<strong>os</strong>a sedução materna e àprivação total da autoridade <strong>do</strong> Outropaterno. Naquele perío<strong>do</strong>, <strong>des</strong>pertou-senele uma comprovada intensificação daatividade sexual infantil e,conseqüentemente, de suas pesquisasinfantis. A pulsão escópica e o <strong>des</strong>ejo <strong>des</strong>aber foram fortemente excitad<strong>os</strong> pelasimpressões mais remotas da infância. Suatendência para a curi<strong>os</strong>idade sexual foisublimada numa ânsia geral de busca d<strong>os</strong>aber. A outra parte da sua libi<strong>do</strong>, muitomenor, representa a vida sexual adulta, comtraç<strong>os</strong> hom<strong>os</strong>sexuais.A partir daí, verificou-se que oimpulso de saber vai ter três <strong>des</strong>tin<strong>os</strong>diferentes: 1) inibição neurótica, em que apesquisa participa <strong>do</strong> <strong>des</strong>tino dasexualidade – a curi<strong>os</strong>idade intelectualpermanece inibida e a liberdade daatividade intelectual poderá ficar limitada;2) <strong>des</strong>envolvimento intelectual,suficientemente forte para resistir aorecalque sexual que o <strong>do</strong>mina – a pesquisatorna-se uma atividade sexual e, por muitasvezes, a substitui, visan<strong>do</strong>,compulsivamente, a encontrar o goz<strong>os</strong>exual das primeiras investigações; 3)impulso de saber, o qual escaparia àinibição <strong>do</strong> pensamento neuróticocompulsivo – a atividade sexual é recalcadae substituída pela pesquisa compulsiva.Freud <strong>des</strong>taca que Leonar<strong>do</strong> estaria noterceiro caso, em que a libi<strong>do</strong> se junta àcuri<strong>os</strong>idade sexual: <strong>des</strong>via seu alvo através<strong>do</strong> mecanismo da sublimação, e a pesquisaintelectual torna-se libidinal, sem tratar d<strong>os</strong>aber sexual. Esse algo que escapa pela viada sublimação é o que faz Leonar<strong>do</strong> criar –por excelência, a arte de driblar o recalque.An<strong>os</strong> mais tarde, em 1926, emInibição, sintoma e angústia4, Freudarticula o conceito de inibição com outr<strong>os</strong><strong>do</strong>is conceit<strong>os</strong> presentes na clínica: <strong>os</strong>intoma e a angústia, forman<strong>do</strong> uma tríadede relevante importância na teoria analítica.Assinala que <strong>os</strong> conceit<strong>os</strong> de inibição e deANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
200sintoma não se encontram no mesmoplano. A inibição é um processo queocorre, exclusivamente, na dimensão <strong>do</strong> eue se expressa como redução funcionalnormal, não sen<strong>do</strong>, necessariamente, algoda ordem <strong>do</strong> patológico. Contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong>essa função apresentar-se modificada, ousurgir nova manifestação patológica dela,poderá tornar-se um sintoma, nomea<strong>do</strong> deinibição neurótica.A inibição é exclusiva <strong>do</strong> eu, ocorrede forma imp<strong>os</strong>ta, seja por conseqüência demedida de precaução, seja porempobrecimento energético. O eu éapresenta<strong>do</strong> como algo que tem de servir a<strong>do</strong>is senhores: o isso e o supereu. Paraimpedir o recalque e o conflito, o eurestringe as suas funções como forma deprecaução contra o supereu. Por isso, ainibição está freqüentemente relacionada àangústia e ao recalque5.A importância da inibição para ateoria psicanalítica vai além <strong>do</strong> fato derepresentar a restrição de uma função <strong>do</strong>eu. Freud a explicou como função motora.Lacan retoma o estu<strong>do</strong> de tais conceit<strong>os</strong>,representan<strong>do</strong>-<strong>os</strong> na topologia <strong>do</strong> nóborromeano através d<strong>os</strong> registr<strong>os</strong>“imaginário, simbólico e real”6. A inibiçãoestá localizada num falso buraco,produzi<strong>do</strong> pela invasão <strong>do</strong> imaginário n<strong>os</strong>imbólico, o qual fica reduzi<strong>do</strong> e, comoconseqüência, restringe-se a ambigüidade,característica própria <strong>do</strong> significante.“Estar impedi<strong>do</strong> é um sintoma; einibi<strong>do</strong> é um sintoma p<strong>os</strong>to no museu”7. Oque Lacan queria dizer com tal prop<strong>os</strong>ição,já que não <strong>des</strong>envolve seu significa<strong>do</strong>?Uma hipótese pode ser levantada: Existem,num museu, várias coleções de objet<strong>os</strong>exp<strong>os</strong>tas ao olhar, mas não ao toque; sãopeças de arte, <strong>des</strong>cobertas científicas, entreinúmeras outras, que compõem umahistória localizada no passa<strong>do</strong>. É como se <strong>os</strong>ujeito inibi<strong>do</strong> estivesse paralisa<strong>do</strong> nummuseu, evidencian<strong>do</strong>-se aí um simbólicoempobreci<strong>do</strong> na cadeia associativa.Cabe o recorte de um caso eminício de análise. Um homem de 40 an<strong>os</strong> deidade relata uma inibição de falar e deexpor-se em público – p<strong>os</strong>sibilidade quelhe <strong>des</strong>encadeia expectativa angustiante euma série de sintomas físic<strong>os</strong> (su<strong>do</strong>rese,taquicardia, pressão no peito, bolo nagarganta e angústia). O paciente pertence aum grupo religi<strong>os</strong>o no qual c<strong>os</strong>tumavarealizar tarefas que lhe demandam dirigir eorganizar encontr<strong>os</strong>, falar, cantar e tocarnuma banda para determinadas platéias.Atualmente, sente-se incapaz, paralisa<strong>do</strong>,aterroriza<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> às mesmasativida<strong>des</strong> que antes lhe davam prazer.Freqüentemente, é escolhi<strong>do</strong> para realizarcertas tarefas por apresentar as melhoresidéias, porém cede seu lugar ao Outro. O<strong>sujeito</strong> inibi<strong>do</strong>, em geral, m<strong>os</strong>tra-seimpedi<strong>do</strong> de executar o ato, não arrisca e,efetivamente, não expõe seu <strong>des</strong>ejo, quefica estagna<strong>do</strong>.Numa sessão, o paciente associatais sensações físicas com a lembrança quelhe remete a<strong>os</strong> 12 an<strong>os</strong> de idade, ao ganharbolsa de estu<strong>do</strong> e trocar a escola públicapela particular, onde sua mãe erafuncionária. Não se sentia à vontade com<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> colegas, pois não compartilhavamas mesmas vivências, com exceção <strong>do</strong> jogode futebol, quan<strong>do</strong> era escolhi<strong>do</strong> por suashabilida<strong>des</strong>. A lembrança mais marcanterelaciona-se a um professor que não usavalivro didático; suas aulas eram ditadas e,“de repente”, ele apontava para um aluno efazia perguntas sobre a matéria. O pacienterecorda que ficava apavora<strong>do</strong> com ap<strong>os</strong>sibilidade de ser o escolhi<strong>do</strong>; por isso,estrategicamente, sentava no final da sala,esconden<strong>do</strong>-se atrás d<strong>os</strong> colegas, longe <strong>do</strong>olhar <strong>do</strong> professor.Na verdade, tal professor nunca lhedirigiu uma pergunta, porém, há <strong>do</strong>is an<strong>os</strong><strong>des</strong>te relato à analista, a situação se repete:ele apresenta um sofrimento angustiante,semelhante ao senti<strong>do</strong> na escola. Durante<strong>os</strong> cult<strong>os</strong> religi<strong>os</strong><strong>os</strong>, procura ficar no fun<strong>do</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
201da igreja, perto da porta de saída, longedaqueles que lhe poderiam pedir algo.Num segun<strong>do</strong> momento, associa afigura <strong>do</strong> professor à <strong>do</strong> pastor. A<strong>os</strong> 20an<strong>os</strong>, engravi<strong>do</strong>u a namorada e foichama<strong>do</strong> pelo pastor para conversar sobrecasamento. Como o jovem decidiu não secasar antes <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> bebê, o casalfoi excluí<strong>do</strong> <strong>do</strong> quadro de membr<strong>os</strong> daigreja, para, só mais tarde, tornar a seradmiti<strong>do</strong>. Tal situação fez com que opaciente se sentisse ainda preso a<strong>os</strong>ignificante “de repente”, esconden<strong>do</strong>-seatrás <strong>do</strong> Outro, a fim de evitar ser, “derepente”, chama<strong>do</strong> em público. Em outrasituação na sala de espera <strong>do</strong> analista, dizque levou um susto quan<strong>do</strong> “de repente”abriu-se a porta.Na inibição, o Outro se apresentaassusta<strong>do</strong>r – o professor, o pastor... Nahisteria masculina, o paciente supõe quetais representantes <strong>do</strong> Outro homemsaberiam responder: o que é ser umhomem? O <strong>sujeito</strong> inibi<strong>do</strong> evita a questão<strong>do</strong> Che vuoi? O que o Outro quer de mim?Lacan assinala que o <strong>sujeito</strong> não sabe sobreo <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro: é aí que a angústia semanifesta de forma complexa, porque “<strong>os</strong>ujeito não consegue saber qual o objeto aque ele é para o Outro”8.Dessa forma, o paciente mantém o<strong>des</strong>ejo insatisfeito: o sofrimento de serchama<strong>do</strong> em público na escola ou na igrejaassemelha-se ao sofrimento <strong>do</strong> nãoaconteci<strong>do</strong>,<strong>do</strong> não ser chama<strong>do</strong>, namedida em que, solicita<strong>do</strong> ou não, <strong>os</strong>mesm<strong>os</strong> sintomas físic<strong>os</strong> aparecem. Éinteressante <strong>des</strong>tacar que o significante “derepente” não <strong>des</strong>liza na cadeia significante,pois que, para o <strong>sujeito</strong>, ele remete a umaantecipação temporal da hora derradeira,como uma declinação <strong>do</strong> tempo da neur<strong>os</strong>ehistérica, “o ce<strong>do</strong> demais”, trazen<strong>do</strong>consigo um afeto próprio – a angústia.A direção <strong>do</strong> tratamento seria tiraro sintoma <strong>do</strong> museu, promoven<strong>do</strong> o<strong>des</strong>lizamento <strong>do</strong> significante “de repente”na cadeia associativa, instauran<strong>do</strong>-se umanova temporalidade que não seria,necessariamente, de susto, de surpresa, demomento antecipa<strong>do</strong>.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1. HOLANDA, Aurélio Buarque. Novo dicionárioda língua portuguesa. Rio de Janeiro: NovaFronteira, 1979, p. 767.2. FREUD, Sigmund. Manuscrito A (1892). In:Obras completas. Buen<strong>os</strong> Aires: Amorrortu, Vol. I1993.3. FREUD, Sigmund. Un recuer<strong>do</strong> infantil deLeonar<strong>do</strong> da Vinci. (1910). In: Obras Completas.Ob.cit., Vol. XI.4. FREUD, Sigmund. Inhibición, sintoma yangustia. (1926). In: Obras completas. . Op.cit.,Vol.XX.5. Ibid. p. 84-86.6. LACAN, Jacques. O Seminário, livro 21: RSI.(1974-75). Inédito.7. LACAN, Jacques. O Seminário, livro 10: Aangústia (1962-63). Inédito.8. Ibid.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
202__________________________________________________▪ Modalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempoO tempo <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> na psicanálise: consideraçõessobre o objeto e a nominaçãoDaniela Scheinkman Chatelarda clínica psicanalítica,Ntrabalham<strong>os</strong> com atemporalidade <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong><strong>inconsciente</strong> em suarelação com a estruturada linguagem. Emterm<strong>os</strong> temporais,sabem<strong>os</strong> o quanto épreci<strong>os</strong>o para a psicanálise a referência aofuturo anterior, no só-depois da elaboraçã<strong>os</strong>imbólica. O tempo para compreenderimplica o tempo para a passagem a<strong>os</strong>imbólico. Assim sen<strong>do</strong>, essa assunçãofalada de sua história lhe permite“reordenar as contingências passadasdan<strong>do</strong>-lhes o senti<strong>do</strong> das necessida<strong>des</strong> porvir” . Esse trabalho de a-parição <strong>do</strong> ser, deparir o ser, é to<strong>do</strong> um processo deDurchabeitung — perlaboração de umapsicanálise. Nesta mesma veia, Lacansublinha a importância da relaçã<strong>os</strong>imbólica, no seu poder de nomear <strong>os</strong>objet<strong>os</strong>, estruturan<strong>do</strong> a percepção. Éatravés da nominação que o ser fazsubsistir a consistência num objeto. Aqui sefaz uma menção à dimensão temporal <strong>do</strong>objeto: "O objeto num instante constituí<strong>do</strong>como uma aparência <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> humano,apresenta, entretanto, uma certapermanência de aspecto através <strong>do</strong> tempo.Essa aparência, que perdura um certotempo, só é estritamente reconhecível porintermédio <strong>do</strong> nome. O nome é o tempo<strong>do</strong> objeto". Sabem<strong>os</strong>, que tempo: é preciso.Se é preciso tempo, é porque umapsicanálise acontece por uma sup<strong>os</strong>ição.Wo es war,soll Ich werden, o <strong>sujeito</strong> deveadvir. Por detrás <strong>do</strong> advir é a verdade d<strong>os</strong>ujeito que está em causa. Verdade d<strong>os</strong>ujeito como ficção a partir da qual umahistória começa a ser contada.Para <strong>des</strong><strong>do</strong>brar tal temática, Frege,diversas vezes cita<strong>do</strong> por Lacan, durante <strong>os</strong>eu ensino, sobretu<strong>do</strong> em seu últim<strong>os</strong>eminário de 1971/72 (O Saber <strong>do</strong>Psicanalista) é exemplar. O que é essencialpara nós na lógica de Frege, são as duasrelações: conceito/objeto; e,denotação/senti<strong>do</strong>. Frege, foi uma dasgran<strong>des</strong> referências que permitiu Lacanformular sua teoria <strong>do</strong> Um e da contagemna repetição vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo <strong>do</strong> Outro.Para Frege, com efeito, «o número (...)deduz-se <strong>do</strong> conceito, ele é (...) um traço <strong>do</strong>conceito» . Existe uma transição <strong>do</strong> puroconceito ao número que é a extensão <strong>do</strong>conceito. Este primeiro conceito, então,funcionaria como um ponto de referênciaque daria em seguida sentid<strong>os</strong> diferentes.Ora, este conceito fundamental seria umconceito vazio, daí seguiria uma série, umaextensão <strong>do</strong> conceito, conforme aexpressão de Frege, mas neste conceitovazio permanece, no entanto, um elemento:o conjunto vazio, o elemento dainexistência, que ex-siste e funda a extensão<strong>do</strong> conceito. Se n<strong>os</strong> reportarm<strong>os</strong> àpsicanálise, nela encontrarem<strong>os</strong> a função<strong>do</strong> traço unário, que é bem a função <strong>do</strong> umcomo funda<strong>do</strong>r, o um da inexistência comoinscrição <strong>do</strong> significante. O Um vai aomesmo tempo ex-sistir, inaugurar e dar àcadeia significante seu tom de repetição: oUm, a série d<strong>os</strong> SI — significantes mestres<strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> — o enxame, vai dar asmodulações da repetição. O número é umpredica<strong>do</strong>, «ele é» e sua essência é ser umpuro múltiplo, um múltiplo portan<strong>do</strong>ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
203predicad<strong>os</strong>. O que n<strong>os</strong> interessa nessateoria é a abertura que ela n<strong>os</strong> dá parapoderm<strong>os</strong> falar <strong>do</strong> lugar ausente, vazio, dainexistência que permite fundar o Um. Maso Um em sua singularidade é o que ex-sistee funda de um la<strong>do</strong> o lugar vazio e, <strong>do</strong>outro, é o que se inscreve na série d<strong>os</strong>significantes.Para Lacan, a lógica <strong>do</strong> númerointroduz o contável. No que concerne aolimite <strong>do</strong> contável, articula<strong>do</strong> ao limite dalinguagem, Frege trata o «númeroindependentemente <strong>do</strong> ato de contar». Onúmero pode ser considera<strong>do</strong> como umaseqüência serial e como o limite de umafunção. Ora, o próprio Frege era um lógicoda linguagem e, como tal, era sensível aesse ponto de limite conti<strong>do</strong> pelo univers<strong>os</strong>imbólico, o universo da linguagem. ComLacan, esse limite da linguagem é o pontode obstáculo que indica o real. Frege tomao conceito de conjunto vazio cujaatribuição de número é o zero a partir <strong>do</strong>qual a proliferação d<strong>os</strong> númer<strong>os</strong> semultiplica sem limite, manifestan<strong>do</strong> sobforma serial uma infinitude. O que permiteo vínculo entre o <strong>sujeito</strong> e o complementode objeto é «a instauração <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>».Assim, como demonstra Frege, «o número2 cai sob o conceito número primeiro»; épreciso o encadeamento das palavras caisob para que uma frase p<strong>os</strong>sa denotar umarelação e ter um senti<strong>do</strong>, ao passo que aspalavras à relação de subsunção de umobjeto sob um conceito, longe de<strong>des</strong>ignarem uma relação, <strong>des</strong>ignam bemmais um objeto, contanto que esse objetotenha valor de verdade. Em outras palavras,de acor<strong>do</strong> com essa lógica, o objeto existese a denotação <strong>do</strong> signo (ou de umconceito) que exprime um senti<strong>do</strong> tivervalor de «verdade verdadeira», e o objetonão existe se a denotação <strong>do</strong> signo tivervalor de «verdade falsa». Em outraspalavras, existe em Frege a passagem <strong>do</strong>conceito como signo à existência <strong>do</strong> objeto;essa passagem sofre o processo dasubsunção. Assim, não se trata mais derelação, mas bem mais <strong>do</strong> objeto, de suaexistência que cai sob um conceito. Emsuma, «um objeto cai sob o conceito se forbem um caso de verdade», em outraspalavras se «o objeto validar o conceito.Tu<strong>do</strong> (...) se origina <strong>do</strong> valor deverdade d<strong>os</strong> enunciad<strong>os</strong>, que é a denotaçãodeles, o verdadeiro ou o falso» . Se emFrege encontram<strong>os</strong> a dualidadeverdadeiro/falso referente ao valor <strong>do</strong>objeto, na psicanálise, por outro la<strong>do</strong>,encontram<strong>os</strong> apenas um único objeto,aquele que de imediato está perdi<strong>do</strong>, quedeixa um lugar vazio: um objeto que caisob o falso-ser <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> e que seráconstruí<strong>do</strong> em sua diacronia. Com efeito,não é <strong>do</strong> valor de verdade que se trata, masbem mais da verdade criada de uma causa<strong>do</strong>ravante perdida, de uma verdade que caisob o falso-ser. É pelo fato de causar umobjeto que o <strong>des</strong>ejo vai afigurar-se onde eletinha no início uma foice* <strong>do</strong> tempo, umafalha e ao mesmo tempo é preciso tempo:«Assim é que o <strong>inconsciente</strong> articula-sedaquilo que <strong>do</strong> ser vem ao dizer» . É, comefeito, sobre essa perspectiva e estruturafundamental que a fala <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> <strong>des</strong>liza econta sua singular história, apesar d<strong>os</strong>caminh<strong>os</strong> turbulent<strong>os</strong>, a <strong>des</strong>peito de tod<strong>os</strong><strong>os</strong> <strong>des</strong>vi<strong>os</strong> e contorn<strong>os</strong> atravessad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong>aconteciment<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, esse <strong>sujeito</strong> <strong>do</strong><strong>inconsciente</strong>, como leitor de nada men<strong>os</strong>que sua própria história <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>.Trata-se de ler <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> de um dizer: «Napsicanálise, a história é outra dimensão quea <strong>do</strong> <strong>des</strong>envolvimento, a história sópr<strong>os</strong>segue em contratempo <strong>do</strong><strong>des</strong>envolvimento» . É preciso tempo paraparir o ser.Como m<strong>os</strong>tra Lacan em seuSeminário XIX — Ou pior — O saber <strong>do</strong>psicanalista: o Um, o S1 e o zero fazemapenas um Esse S1 que é o significante dainexistência é igualmente aquele que fundaa cadeia significante; é a unicidade quepermite a seqüência das unida<strong>des</strong>, aunicidade como traço único. Mas foipreciso seu precedente, o zero; o um sóANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
204existe a partir <strong>do</strong> «fun<strong>do</strong> de inexistência».Esse traço, embora estan<strong>do</strong> excluí<strong>do</strong> deuma série a vir, concerne ao <strong>sujeito</strong> a advir.A esse traço único, a esse Einziger Zug,não se pode atribuir o estatuto <strong>des</strong>ignificante, como diz Lacan no SeminárioVIII — A Transferência, mas bem antes ode signo, signo como função da unidade,de uma referência, de uma baliza queindiquem ao mesmo tempo uma presença,um <strong>des</strong>ejo, o <strong>des</strong>ejo <strong>do</strong> Outro. «O Umcomo tal é o Outro, (...) profunda eenigmática estrutura <strong>do</strong> Um comodiferença (...) de onde se pode ver <strong>os</strong>ignificante se constituir (...) é no O(utro)» .O significante tem como suporte esse traçotoma<strong>do</strong> em sua unicidade e que <strong>do</strong>ravanteescreve sua diferença. Eis a identificaçãoinaugural que «nada tem a ver com aunificação». Esse signo tem como«referência originária o outro», ao qualbasta o olhar <strong>do</strong> Outro «interiorizan<strong>do</strong>-sepor um signo» , esse signo de onde seguiráo significante que, diferentemente <strong>do</strong> signo,«representa o <strong>sujeito</strong> para outr<strong>os</strong>ignificante». É o signo, como função d<strong>os</strong>ignificante, uma vez que ele é o ponto deamarra de algo de onde o <strong>sujeito</strong> secontinua» . O objeto a, o objeto dapsicanálise, é o único que ex-siste e insisteem dar a volta em torno da faltaestruturante.O <strong>sujeito</strong> deve advir sob <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong><strong>do</strong> significante, sob <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> dasformações <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>, <strong>do</strong> <strong>inconsciente</strong>estrutura<strong>do</strong> no campo da linguagem onde afala está como função, como elementovariável. Será nessa estrutura lógica,diacrônica e sincrônica, que o <strong>sujeito</strong> e oobjeto tomarão seus lugares.ANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
205__________________________________________________▪ Modalida<strong>des</strong> subjetivas <strong>do</strong> tempoConsideraciones sobre el instanteCristina Toroe interesaron l<strong>os</strong>Maportes de Kierkegaarden relación al tema quetrabajaríam<strong>os</strong> ennuestra cita, porqueeste autor al tratar eltema del tiempo seocupó particularmentede la noción de instante.En “El concepto de la angustia”Kierkegaard lo define como unatemporalidad arrancada a la eternidad. N<strong>os</strong>dice que en el instante la eternidad penetraal tiempo, lo que permite pensarinversamente que, aun estan<strong>do</strong> en eltiempo, es un fuera de tiempo a la vez. Enel instante se produce la para<strong>do</strong>ja temporalen que lo eterno permite subjetivar lofinito. Se trata, para este autor, de unaradicalización de la contradicción, en la cualse ubica al tiempo en una dimensión queanuda lo eterno y el devenir.Esta noción de instante tal como laplantea Kierkegaard, que articula al instantecomo la bisagra misma, como el corte queensambla pensamiento y ser , tiene susresonancias en la particularidad de lamodulación del tiempo en la clínicaanalítica, en la que el <strong>inconsciente</strong> es elcorte en acto entre sujeto y el OtroPara Kierkegaard el tiempo esdiscontinuidad de instantes, el instanteubica<strong>do</strong> como una ruptura en lacontinuidad es el punto de máxima tensiónde la existencia. Es la categoría temporal enla que se produce lo que él llama el salto, laruptura de la continuidad, el corte. Es en elinstante que el sujeto se enfrenta a la puradiferencia en la que se afirma a sí mismo.Kierkegaard, que es el pensa<strong>do</strong>r de ladiferencia absoluta, a la que plantea entérmin<strong>os</strong> de existencia, tal como lo haceLacan en el seminario “La identificación” ,va a considerar como instante ético alinstante en que se produce la elección de símismo. Cabe señalar que para este autorhay distint<strong>os</strong> instantes, el de la creaciónartística, el del enamoramiento, el de la fe.El pensamiento de Lacan sedistancia de Hegel, y se aproxima aKierkegaard, cuan<strong>do</strong> plantea a la cura nocomo el devenir de las transformacionessubjetivas en una continuación lanzadahacia el infinito, en la construcción de unsaber absoluto, sino introducien<strong>do</strong> la ideade este salto que la mediación dialéctica nopuede anular, salto en la cadena significante, más allá del partenaire Otro, <strong>do</strong>nde seatrapa al objeto partenaire del goce, <strong>do</strong>n<strong>des</strong>e hace lugar, a eso que se es, a la elecciónde la absoluta diferencia, que cabe agregar,no es sin que opere el <strong>des</strong>eo del analistaEl tiempo en la clínicapsicoanalítica lacaniana es tiempo pensa<strong>do</strong>en tres tiemp<strong>os</strong>: instante de ver, tiempo decomprender y momento de concluir. Elinstante de ver no es simultaneidad deelement<strong>os</strong>, sino que ya implicó unaelección, que es una selección en lasimultaneidad, por eso podem<strong>os</strong> decir queel instante de ver es una operación de corte,de localización, sin sujeto, mientras que eltiempo de comprender es la aprehensión deuna forma, que da lugar a que se precipiteel momento de concluir. Instante, tiempoy momento anudan la anticipación y laretr<strong>os</strong>pección significante, pero el instanteen tanto corte es el tiempo eterno, real, quesólo puede subjetivarse como ruptura de lacontinuidad.D<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> electiv<strong>os</strong> diferentes, eldel instante de la mirada y el del momentoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
206de concluir. Este último coincide con lanoción de separación planteada en elseminario XI, y que se puede articular altiempo del acto como el de reunión lógica.Por eso la certidumbre es anticipada, laexperiencia de concluir, <strong>des</strong>de el punto devista lógico, afirma la primera. Mientras queel segun<strong>do</strong> tiempo lógico es de suspensión,en relación a la subjetivación. Ya que elsegun<strong>do</strong> tiempo, el de la duda en el senti<strong>do</strong>cartesiano, es el tiempo, la hora del Otro.El tercer tiempo es el de la determinaciónsubjetiva.L<strong>os</strong> tiemp<strong>os</strong> son lógic<strong>os</strong> y no hayuno sin el otro, se sumerge uno en otro,son moment<strong>os</strong> de la evidencia, dice Lacan,pero en su modulación l<strong>os</strong> tip<strong>os</strong> clínic<strong>os</strong>muestran su particularidadEncuentro que la idea con la queplantea Lacan la temporalidad del instanteen su obra, si bien es un momento de laobra de Lacan profundamente hegeliano ,puede ser articulada con lo que <strong>des</strong>arrollóKierkegaard. Ya que el tiempo de lo real,sin objetivación ni subjetivación, respondecuri<strong>os</strong>amente a la lógica del instantekierkiergaariana. Kierkegaard dice que lavoz de Di<strong>os</strong> cuan<strong>do</strong> ordena a Adán, ordenaalgo que Adán no puede entender porqueno dispone del lenguaje y por lo tanto n<strong>os</strong>abe de la ley. Voz equivalente a una nadainicial inasimilable. Como dice Lacan enAun sobre el Génesis, será el verbo el queopere sobre la nada.Argumentación que <strong>des</strong>pliegaKierkegaard para introducir su idea depeca<strong>do</strong> y que a n<strong>os</strong>otr<strong>os</strong>, psicoanalistas,n<strong>os</strong> permite pensar la temporalidad de loreal en la clínica como lo que se subjetivacomo angustia cuan<strong>do</strong> el sujeto se veafecta<strong>do</strong> por el <strong>des</strong>eo del Otro, de unamanera inmediata, no dialectizable.Freud, cuan<strong>do</strong> habló del tiempodel <strong>inconsciente</strong>, situó lo que llamó laatemporalidad, Lacan toma lo deatemporalidad/ temporalidad del<strong>inconsciente</strong> para ubicarlo en su lecturacomo pulsación temporal , dicien<strong>do</strong> que setrata de lo que sale a luz un instante,tiempo en apertura y cierre. , En elseminario de l<strong>os</strong> concept<strong>os</strong> fundamentalesdice “el <strong>inconsciente</strong> es lo evasivo, peroconseguim<strong>os</strong> circunscribirlo en unaestructura, una estructura temporal, de laque podem<strong>os</strong> decir que, hasta aquí, nuncaha si<strong>do</strong> articulada como tal”En este párrafo, aparece la fórmulaestructura temporal, fórmula queaparentemente junta d<strong>os</strong> opuest<strong>os</strong>, ya quemanejam<strong>os</strong> por un la<strong>do</strong> el términoestructura, cuya naturaleza es consideradaatemporal y el término temporalidad, quees toma<strong>do</strong> en tanto tiempo sensible que seaprehende como un devenir. Pienso queLacan presenta su noción de estructuratemporal para metaforizar el lugar <strong>do</strong>ndeestalla la op<strong>os</strong>ición entre atemporalidad ytemporalidad, es decir que es unaop<strong>os</strong>ición que conceptualmente no semantiene, y que estalla cuan<strong>do</strong> haceirrupción lo real, articula<strong>do</strong> a la noción deinstante.Ya que se trata de temporalizar, ahora enesta argumentación, lo que es capta<strong>do</strong> enun instante, lo que sale a la luz un instantepara volver a perderse, “dispuesto aescabullirse de nuevo” . El <strong>inconsciente</strong>Eurídice que en su pulsación tratamalogradamente de hallar una inscripciónen el tiempo.El tratamiento que fue concebi<strong>do</strong>por Freud en términ<strong>os</strong> de sesiones deduración determinada es un procedimientoque como n<strong>os</strong> dice, construye a su medida,a la medida de su teoría y de su práctica, yque es solidario de su mo<strong>do</strong> deintervención , da lugar al nacimiento deuna escanción temporal que es la sesiónanalítica, artificio original crea<strong>do</strong> por elpsicoanálisis como recorte de un tiempoque corresponde al encuentro entreanalizante y analista, que se constituye enuna serie, y que se inscribe y responde a lalógica de la cura. Cura que se da en unproceso que abreva de la noción de <strong>des</strong>eoin<strong>des</strong>tructible, ya que el <strong>des</strong>eo cuyoANAIS DO V ENCONTRO INTERNACIONAL DA IF-EPFCLInternacional d<strong>os</strong> Fóruns-Escola de Psicanálise d<strong>os</strong> Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano05 e 06 de julho de 2008 ▪ São Paulo (Brasil)
207vehículo es la metonimia parte de una faltay apunta a una falta, pero <strong>do</strong>nde el sujetoen su intervalo ataca a la cadena, expresiónen la que queda subraya<strong>do</strong> entonces que setrata de ubicar la discontinuidad, que elsujeto del que se trata se aloja en esadiscontinuidad.A la temporalidad y a laatemporalidad las captam<strong>os</strong> anudadas en lasesión, tiempo necesario para el deciranalizante, tiempo que se imaginariza en