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CNTC, uma necessidade imperiosa - Tribunal de Contas do ...

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30 anosMissão:Exercer o controleexterno da gestão <strong>do</strong>srecursos públicos, aserviço da socieda<strong>de</strong>carioca.Visão:Ser referência comoórgão <strong>de</strong> controle,reconheci<strong>do</strong> pelasocieda<strong>de</strong> comoindispensável àmelhoria da gestãopública e à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>interesse social.


Sumário3 ... O controle <strong>do</strong> ControleQuem controla os controla<strong>do</strong>res? Longe <strong>de</strong> chegar aum consenso, o tema é explora<strong>do</strong>, em suas vertentes, pelosarticulistas convida<strong>do</strong>s Cezar Miola, conselheiro presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> TCE/RS (<strong>CNTC</strong> – <strong>uma</strong> <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>imperiosa</strong>); Maria daGloria Gohn, professora da Unicamp (A atuação <strong>do</strong>s conselhosna gestão pública); Val<strong>de</strong>cir Fernan<strong>de</strong>s Pascoal, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>Colégio <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>res e Ouvi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>(O papel das ouvi<strong>do</strong>rias <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas); Jorge Eduar<strong>do</strong>Elias Romão, ouvi<strong>do</strong>r-geral da Controla<strong>do</strong>ria Geral da União-CGU (As ouvi<strong>do</strong>rias públicas na efetivação <strong>do</strong> controle social);Antonio Cesar Lins Cavalcanti, controla<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> Município<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (A controla<strong>do</strong>ria na administração públicamunicipal); Rubens Naves e Guilherme Amorim Campos daSilva, advoga<strong>do</strong>s (Quem controla o controla<strong>do</strong>r?) e o professorLino Martins da Silva, ex-controla<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro (Consi<strong>de</strong>rações sobre o controle <strong>do</strong> Controle:reflexões sobre <strong>uma</strong> ciência <strong>de</strong>sconhecida).41... A nova cara <strong>do</strong> RioO Rio vive um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> mudanças. Impulsionada pelosgran<strong>de</strong>s eventos internacionais que sediará, a cida<strong>de</strong> vê sairdas gavetas ousa<strong>do</strong>s projetos que prometem fazer surgir,nos próximos anos, <strong>uma</strong> metrópole mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.A Revista TCMRJ convi<strong>do</strong>u, para falar sobre o assunto, ogoverna<strong>do</strong>r Sergio Cabral, o Secretário Municipal <strong>de</strong> Turismo,Antonio Pedro Figueira <strong>de</strong> Mello, o Secretário Municipal<strong>de</strong> Urbanismo, Sergio Dias, o presi<strong>de</strong>nte da Companhia <strong>de</strong>Desenvolvimento Urbano da Região <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro– CDURP, Jorge Luiz <strong>de</strong> Souza Arraes, o presi<strong>de</strong>nte da Supervia,Carlos José Cunha, o presi<strong>de</strong>nte da Empresa <strong>de</strong> Obras Públicas– EMOP, Ícaro Moreno Junior, o chefe executivo <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong>Operações Rio, Savio Franco, o Secretário Municipal da CasaCivil, Pedro Paulo Carvalho Teixeira e alguns mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Rio,que falam sobre suas expectativas em relação às intervençõespor quais o Rio vem passan<strong>do</strong>. Confira.67 ... Gente que faz a diferençaSueli Pontes Gaspar – Diretora <strong>do</strong> CIEP 1º <strong>de</strong> Maio, emSanta Cruz, é um exemplo <strong>de</strong> superação: começou a carreiracomo meren<strong>de</strong>ira, passou por diversas ativida<strong>de</strong>s e hojedirige <strong>uma</strong> das melhores escolas da re<strong>de</strong> pública <strong>do</strong> Rio.69 ... Retrato <strong>do</strong>s BairrosPenha, bairro que teve origem a partir <strong>de</strong> <strong>uma</strong> igrejinha, ea Gamboa, “centro velho <strong>do</strong> Rio, abrigo da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Samba”,são os bairros visita<strong>do</strong>s nesta edição.ARTIGOS73 ... Po<strong>de</strong>r, Direito e Esta<strong>do</strong>: O direitoadministrativo em tempos <strong>de</strong> globalizaçãoPalestra proferida pelo professor Diogo <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong>Moreira Neto no encerramento <strong>do</strong> VII Fórum <strong>de</strong> controle daAdministração Pública, realiza<strong>do</strong> em homenagem ao juristaMarcos Juruena Villela Souto, precocemente faleci<strong>do</strong>.82 ... Amazonas: Patrimônio Ver<strong>de</strong> da H<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>requer maior controle ambientalJulio Pinheiro, Conselheiro Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, escreve sobre a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasassumirem vertente ambiental.86 ... A repartição <strong>de</strong> riscos nos contratosadministrativos e a lógica econômica <strong>do</strong>scontratosPara o advoga<strong>do</strong> e professor Rafael Veras <strong>de</strong> Freitas, épreciso que o tema seja equaciona<strong>do</strong> na seara técnica daregulação (jurídica ou contratual), levan<strong>do</strong>-se em conta aspeculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada objeto contratual.90 ... Para o Brasil ser gran<strong>de</strong>O advoga<strong>do</strong> Sergio Tostes propõe que seja discutidaa ampliação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas, para que possamacompanhar, pari passu, e em tempo real, a legitimida<strong>de</strong> ea<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s gastos públicos.Personalida<strong>de</strong>s92 ... Conselheiro Humberto BragaO conselheiro Humberto Braga recorda sua trajetória navida pública, afirman<strong>do</strong> que nunca se furtou ao cumprimento<strong>do</strong> <strong>de</strong>ver, “mesmo quan<strong>do</strong> este se afigurava penoso,<strong>de</strong>sagradável ou arrisca<strong>do</strong>”.94 ... Ministro Marcos Vinicios VilaçaEnsaísta e professor universitário, o Ministro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União e membro da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong>Letras, Marcos Vilaça, fala da sua vida profissional e <strong>do</strong>svalores que sempre nortearam a sua atuação.96 ... Vale a pena ler <strong>de</strong> novoMatérias publicadas na imprensa que, por seu interessee atualida<strong>de</strong>, merecem ser relidas.100 ... SAÚDE – Rinite AlérgicaA médica alergista, Dra. Fátima Emerson, diferencia gripee resfria<strong>do</strong> <strong>de</strong> rinite, dá dicas e informa os cuida<strong>do</strong>s que se<strong>de</strong>ve ter com relação à <strong>do</strong>ença.101 ... TCMRJ Em PautaO Programa <strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>rnização que está sen<strong>do</strong>implanta<strong>do</strong> pelo TCMRJ e oII Encontro <strong>de</strong> ConselheirosMunicipais <strong>de</strong> Políticas Públicasestão entre as ativida<strong>de</strong>s eeventos que o TCMRJ realizouou <strong>de</strong> que participou, no perío<strong>do</strong><strong>de</strong> junho a setembro <strong>de</strong> 2011.123 ... Visitas127 ... Por <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> TCMRJ – Secretaria Geral <strong>de</strong>Controle Externo (SGCE)Livros130 ... Cartas132 ... Expediente


O controle<strong>do</strong> ControleControle é afaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vigilância,orientação ecorreção queum po<strong>de</strong>r, órgãoou autorida<strong>de</strong> exerce sobrea conduta <strong>de</strong> outro, visan<strong>do</strong>à consecução <strong>do</strong>s interessescoletivos e transparência dagestão, entre outros objetivos.Mas...Quem controla o controla<strong>do</strong>r?Juristas, professores econtrola<strong>do</strong>res, a pedi<strong>do</strong> daRevista TCMRJ, abordam oassunto.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ n. 48 - outubro 201133


O CONTROLE DO CONTROLE<strong>CNTC</strong>, <strong>uma</strong><strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>imperiosa</strong>“Afinal, quem controla o controla<strong>do</strong>r?” Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul,conselheiro Cezar Miola <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a criação <strong>do</strong> ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> – <strong>CNTC</strong>, órgão capaz <strong>de</strong>estabelecer “parâmetros mínimos <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong>” àsestruturas <strong>de</strong> controle e fiscalizar a atuação <strong>do</strong>s agentescontrola<strong>do</strong>res.Segun<strong>do</strong> Cezar Miola, a constituição <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>“representa louvável, meritória e indispensável iniciativa,verda<strong>de</strong>iramente sintonizada com o princípio republicano”.Conselheiro Cezar MiolaPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> SulComo outras já centenárias– ou quase lá – instituiçõesbrasileiras <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> que,nos últimos anos, saíram<strong>do</strong> seu recôndito e semostraram à socieda<strong>de</strong>, por imperativosrepublicanos e <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong>,transparência e até sobrevivência, ostribunais <strong>de</strong> contas convivem também,hoje – a exemplo <strong>do</strong>s congêneresorganismos típicos da afirmação estatalque seguiram esse caminho (casos <strong>do</strong>Judiciário e <strong>do</strong> Ministério Público) –, comos efeitos <strong>de</strong>ssa maior exposição pública.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>s problemasintrínsecos que se possa apontar – aquie ali – na estrutura <strong>de</strong>sses organismos,verda<strong>de</strong> é que, a par <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>sem prol da socieda<strong>de</strong> – que vêm sen<strong>do</strong>reconheci<strong>do</strong>s, aos poucos, muitasvezes a duras penas –, transparecem,com facilida<strong>de</strong>, as suas imperfeições,as suas mazelas. Mas ouso afirmarque não há um crescimento <strong>de</strong>las, nomomento presente. Há, sim, mais acessoàs informações, anteriormente nãodisponibilizadas à socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>tão can<strong>de</strong>nte como nos dias atuais.Neste momento, <strong>de</strong> maior aberturadas instituições para a socieda<strong>de</strong> e,portanto, <strong>de</strong> maior visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas“fraturas” – se assim se po<strong>de</strong> dizer –, osmeios <strong>de</strong> comunicação (em diferentesplataformas, com <strong>de</strong>staque para ainternet), que massificam a notícia(no regular exercício <strong>de</strong> seu papelinformativo), trataram <strong>de</strong> dar ênfaseàs anomalias encontradas nessesorganismos. A razão é lógica e coerente:n<strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> que luta cada vez maisincisivamente contra a corrupção e outros<strong>de</strong>litos “irmãos”, não se po<strong>de</strong> convivercom a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que os “controla<strong>do</strong>respúblicos por excelência”, ou seja, osagentes principais <strong>de</strong>sses entes estatais,enfraqueçam, <strong>de</strong>ponham as armas oucedam aos apelos e, eventualmente,mu<strong>de</strong>m <strong>de</strong> la<strong>do</strong>.Vivencia-se, assim, contexto emque, expostas as instituições maisrepresentativas da Nação ao olhar<strong>do</strong> cidadão, são apontadas, caso acaso, as situações em que os agentes<strong>de</strong>sses organismos essenciais ao Esta<strong>do</strong><strong>de</strong>liberadamente violam as regras queimpõem a legalida<strong>de</strong>, a moralida<strong>de</strong>,a publicida<strong>de</strong>, a impessoalida<strong>de</strong>, aeficiência e tantos outros postula<strong>do</strong>s <strong>de</strong>extração constitucional e até <strong>de</strong> direitonatural. E, da<strong>do</strong> que isso acontece,sobrevêm a aparência <strong>do</strong> caos e asensação <strong>de</strong> corrosão social.Daí em diante, natural se mostrao bra<strong>do</strong> <strong>de</strong> inquietu<strong>de</strong> que a to<strong>do</strong>satormenta e impele à indagação geral:“Afinal, quem controla o controla<strong>do</strong>r?”ou, se quisermos, quis custodiet ipsoscusto<strong>de</strong>s?, expressão <strong>de</strong> aplicaçãomo<strong>de</strong>rna, mas que, em essência, foievocada já por Platão, em “A República”,sua obra <strong>de</strong>dicada às coisas <strong>do</strong> governoe da moral, com postura crítica à<strong>de</strong>mocracia da época.Em linhas gerais, po<strong>de</strong>-se dizerque a manifestação <strong>de</strong>ssa inquietu<strong>de</strong>generalizada é – ou foi – o movimentoembrião da instituição <strong>do</strong>s ConselhosNacionais <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong> MinistérioPúblico (arts. 103-B e 130-A da LeiFundamental). Da mesma forma,impulsiona a proposição (vertidaem mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong> proposta), ora emtramitação, da criação <strong>do</strong> ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>.4 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


A bem da verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve seresclareci<strong>do</strong> que, embora o mote para ainstitucionalização <strong>de</strong>sses aparatos, pelomenos para efeito <strong>de</strong> apelo público geral,seja i<strong>de</strong>ntificar, estancar e punir a prática<strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s verificadas no seio<strong>de</strong>sses “entes <strong>de</strong> ponta” da administraçãobrasileira, a função <strong>do</strong>s organismos <strong>de</strong>“controle <strong>do</strong> controle” revela-se bemmais abrangente, relevante e significativapara cada <strong>uma</strong> <strong>de</strong>ssas instituições.Valho-me, aqui, da preciosa alocução<strong>do</strong> ministro Benjamin Zymler, proferidaquan<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua posse como Presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, em 8 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, enfatizan<strong>do</strong>, naquelaoportunida<strong>de</strong>: “A socieda<strong>de</strong> brasileiraanseia e é merece<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, umórgão que, ao meu ver, <strong>de</strong>ve plasmar-seem mo<strong>de</strong>lo simples, enxuto, dinâmico eque permita não só enfrentar os <strong>de</strong>safiosvincula<strong>do</strong>s ao comportamento disciplinar<strong>do</strong>s membros das Cortes <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>,mas, fundamentalmente, incrementara eficiência e a efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controleexterno”.O apoio que <strong>de</strong>claro, já há algumtempo, à criação <strong>do</strong> Conselho Nacionald o s Tr i b u n a i s d e C o n t a s p a r te<strong>de</strong>ssa premissa <strong>de</strong> que sua utilida<strong>de</strong>transcen<strong>de</strong>, em muito, a funçãomeramente sanciona<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> eventuaisirregularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tectadas. Aliás, se amissão <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong> <strong>CNTC</strong> fosse apenasesta, embora ainda assim o apoiasse,provavelmente não contaria com o meuentusiasmo tão irrestrito.Explico. Em verda<strong>de</strong>, ainda quetransite <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais ou menos pacíficoo argumento <strong>de</strong> que os órgãos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rJudiciário e <strong>do</strong> Ministério Público eos tribunais <strong>de</strong> contas são refratáriosou imunes a quaisquer espécies <strong>de</strong>controle, não é essa, rigorosamente, averda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos. Afirmar isso seria<strong>de</strong>sconhecer, pura e simplesmente,alguns <strong>do</strong>s postula<strong>do</strong>s fundamentaisda República, na repartição das funções<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e no “controle <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r pelopo<strong>de</strong>r”. Mais concretamente, apenaspara ilustrar: a existência das correições(no plano interno <strong>de</strong> cada <strong>uma</strong> dasinstituições focadas), a função <strong>de</strong>guardião da lei exercida pelo Ministério“ hoje, são esforços isola<strong>do</strong>s.O que se vê, infelizmente, nos dias <strong>de</strong>”Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 485


O CONTROLE DO CONTROLEPúblico (exercitável, também, por óbvio,no caso da <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> abusos e <strong>de</strong>irregularida<strong>de</strong>s pratica<strong>do</strong>s no âmbitoda administração pública), assim comoa regra <strong>de</strong> submissão <strong>de</strong> matérias daespécie à esfera judicial (art. 5º, inc. XXXV,da Constituição) e a própria atuação <strong>do</strong>controle externo (concretiza<strong>do</strong> pelostribunais <strong>de</strong> contas).Nessa circunstância, se houvessecogitação <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiente atuação corretivaou funcional <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssesorganismos, por razões as mais variadas(corporativismo, por exemplo, <strong>uma</strong> dasmais citadas facetas da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>controles, quan<strong>do</strong> reportada), melhorse faria buscan<strong>do</strong> formas <strong>de</strong> aprimoraressa atuação através <strong>de</strong> mecanismosoutros, como, por exemplo, crian<strong>do</strong> entescom composição in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mas <strong>de</strong>âmbito setoriza<strong>do</strong> ou regionaliza<strong>do</strong>, enão pela instituição <strong>de</strong> Conselhos comoos já instala<strong>do</strong>s CNJ e CNMP, concebi<strong>do</strong>spara ter atuação em nível nacional.Veja-se que, no caso <strong>do</strong>s Conselhosno âmbito <strong>do</strong> Judiciário e <strong>do</strong> MinistérioPúblico, a par <strong>de</strong>ssa propalada função<strong>de</strong> correição, há previsão expressa <strong>de</strong>atuação <strong>do</strong>s colegia<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>fesa dasprerrogativas funcionais das respectivasinstituições (arts. 103-B, § 4º, inc. I, e130-A, § 2º, inc. I, da CF) e na proposição<strong>de</strong> novos rumos às mesmas, <strong>uma</strong> vezque conheci<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s globaisacerca <strong>de</strong> sua operacionalida<strong>de</strong> no País(arts. 103-B, § 4º, incs. VI e VII, e 130-A,§ 2º, inc. VI, da CF).No caso <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas,por igual, os benefícios da atuaçãoinstitucional propositiva <strong>de</strong> um colegia<strong>do</strong><strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le nacional com competênciapara tanto po<strong>de</strong>rão ser ainda maissignificativos <strong>do</strong> que aqueles que vêm<strong>de</strong>corren<strong>do</strong> e ainda resultarão da açãopositiva, já perceptível, <strong>do</strong> CNJ e <strong>do</strong>CNMP nessa mesma direção.Convém, também aqui, justificar aposição.Diferentemente <strong>do</strong> que suce<strong>de</strong> como Judiciário e o Ministério Público, cujosmembros ou órgãos, não importan<strong>do</strong> aesfera a que pertençam, compõem <strong>uma</strong>estrutura <strong>de</strong> caráter nacional (arts. 92e 128 da CF), no caso <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong>contas não se evi<strong>de</strong>nciam as mesmas“O MinistérioPúblico <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>é, sim, MinistérioPúblico (vi<strong>de</strong>art. 130 da CF) e,<strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, seusmembros haverão<strong>de</strong> se sujeitar a umjulgamento porseus próprios”pares.características, isto é, nem os seusmembros integram <strong>uma</strong> carreira <strong>de</strong>âmbito nacional, tampouco há qualquertraço <strong>de</strong> hierarquização entre as CortesEstaduais e o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> daUnião.A respeito <strong>do</strong> tema, que concerneao relacionamento entre o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> da União e os <strong>de</strong> outras esferas(estadual e, eventualmente, municipal),apenas tem-se a lacônica referênciadisposta no artigo 75 <strong>de</strong> nossa Carta:“As normas estabelecidas nesta Seçãoaplicam-se, no que couber, à organização,composição e fiscalização <strong>do</strong>s Tribunais<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> DistritoFe<strong>de</strong>ral, bem como <strong>do</strong>s Tribunais eConselhos <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>s Municípios”. Nomais, apenas dispôs a Lei Maior que sete(7) serão os conselheiros das Cortes <strong>de</strong><strong>Contas</strong> estaduais e que tu<strong>do</strong> o mais arespeito <strong>de</strong>las <strong>de</strong>verá vir estatuí<strong>do</strong> narespectiva constituição (parágrafo único<strong>do</strong> mesmo art. 75).Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ssa certa margem<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> que a Constituição dá aosentes fe<strong>de</strong>rativos para regrar acerca <strong>de</strong>seus tribunais <strong>de</strong> contas, sem nada disporsobre sistema nacional <strong>de</strong> fiscalização<strong>de</strong> contas, i<strong>de</strong>ntifica-se com clareza,e sem muita dificulda<strong>de</strong>, certa perda<strong>de</strong> eficiência e <strong>de</strong> eficácia na atuação<strong>de</strong>stes, em vista, inclusive, da falta <strong>de</strong><strong>uma</strong> ação coor<strong>de</strong>nada e aglutina<strong>do</strong>ra,que propiciasse, p. ex., o aproveitamento,pelo to<strong>do</strong>, das experiências <strong>de</strong> cada um. Oque se vê, infelizmente, nos dias <strong>de</strong> hoje,são esforços isola<strong>do</strong>s, em <strong>uma</strong> ou outradireção, muitas vezes <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>scontínuos e até improdutivos, seleva<strong>do</strong> em conta o benefício para acoletivida<strong>de</strong> nacional.Idêntica visão recolho <strong>do</strong> externa<strong>do</strong>pelo conselheiro Salomão Ribas Júniorna audiência pública realizada naCâmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, em junho <strong>de</strong>2010, reportan<strong>do</strong>-se à <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>instauração <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> controle<strong>de</strong> contas públicas no País e revelan<strong>do</strong>sua expectativa <strong>de</strong> que “<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> daforma como será composto e como vier aatuar é possível que esse futuro ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> venhaa suprir essa carência na operação<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> brasileiros”.Manifesto idêntica convicção.Impulsiona<strong>do</strong> pela hegemônica visão<strong>de</strong> barrar escândalos – um meritórioobjetivo, sem dúvida –, o ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong>verá,isto sim, com maior ênfase, cumpriresse papel <strong>de</strong> avalista da instauração <strong>de</strong>um sistema nacional <strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong>contas, <strong>de</strong> estrutura<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sse mesmosistema, <strong>de</strong> aglutina<strong>do</strong>r <strong>de</strong> esforços e <strong>de</strong><strong>de</strong>fensor das prerrogativas funcionais<strong>do</strong>s fiscaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> contas públicasno País. Certamente será um indutor, nalinha <strong>de</strong> um eixo básico que pelo menoscompatibilize as tantas assimetrias hojeverificadas.E xe m p l o s d e a ç õ e s a s e re mempreendidas por esse ConselhoNacional em benefício <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, temosinúmeros. A par <strong>de</strong> sua atuação comomóvel da operação efetiva <strong>de</strong> um sistemanacional <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contas, <strong>de</strong>lepo<strong>de</strong>rá ser a iniciativa <strong>de</strong> propor a6 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


edição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Lei Orgânica Nacional <strong>do</strong>sTCs, capaz <strong>de</strong> estabelecer parâmetrosmínimos <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> a essasestruturas <strong>de</strong> controle. Da mesmaforma, <strong>de</strong>verá colaborar, <strong>de</strong>cisivamente,para que se promulgue <strong>uma</strong> regulaçãoprocessual uniforme para os tribunais<strong>de</strong> contas.No campo <strong>do</strong> zelo para coma integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema nacional<strong>de</strong> fiscalização <strong>de</strong> contas e dasprerrogativas <strong>de</strong> seus atores (integrantese colabora<strong>do</strong>res), também <strong>de</strong>verápostar-se em <strong>de</strong>fesa da posição <strong>de</strong>compartilhamento, pelos tribunais <strong>de</strong>contas, das informações protegidas pelossigilos bancário e fiscal, obstáculo quevem sen<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> à frente <strong>do</strong>s órgãos<strong>de</strong> controle externo e que tem impedi<strong>do</strong>– ou, pelo menos, dificulta<strong>do</strong> – o maisacura<strong>do</strong> exame da receita pública e aa<strong>de</strong>quada avaliação da legalida<strong>de</strong> e daexação <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “gasto tributário”,principalmente.Nessa linha, em muito colaboraráo <strong>CNTC</strong> ao posicionar-se em temas<strong>de</strong>cisivos para a sorte da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>controle externo, tal como o <strong>de</strong>bateposto presentemente no Supremo<strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral, em se<strong>de</strong> <strong>do</strong> RecursoExtraordinário n.º 597.362, timbra<strong>do</strong>como <strong>de</strong> repercussão geral, em que sequestiona a competência <strong>do</strong>s tribunais<strong>de</strong> contas para exercer a dúplice função<strong>de</strong> julgar e emitir parecer prévio emrelação a um mesmo gestor, embora hajanítida dicção constitucional a respeito,extraída <strong>do</strong> texto <strong>do</strong> artigo 71, incisos Ie II, da Constituição da República.Estabeleci<strong>do</strong> que o <strong>CNTC</strong> se impõe,por todas essas razões, e <strong>de</strong>clinan<strong>do</strong>que não há, a rigor, opositores ài<strong>de</strong>ia, à vista das manifestações <strong>do</strong>sdiversos envolvi<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong>consulta acerca da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suainstituição, reportan<strong>do</strong>-me, aqui, a tu<strong>do</strong>o que tenho li<strong>do</strong> e ouvi<strong>do</strong> a respeito,advin<strong>do</strong> das entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> representaçãoem encontros técnicos, e também nosmeios <strong>de</strong> comunicação, não posso mefurtar <strong>de</strong> algo situar a respeito dasPropostas <strong>de</strong> Emenda Constitucionaln. os 28 e 30/2007, principais iniciativaslegislativas, ora em tramitação noCongresso Nacional, ten<strong>de</strong>ntes à criação<strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>.Nesse diapasão, tenho comosatisfatório o elenco <strong>de</strong> competências<strong>de</strong>stinadas ao novo organismo, tal como<strong>de</strong>linea<strong>do</strong> nas respectivas PECs, com oque se permitirá a execução, em toda aplenitu<strong>de</strong>, das medidas sobre as quaisdiscorri anteriormente.Os principais <strong>de</strong>bates a respeito <strong>do</strong><strong>CNTC</strong> centram-se, então, na natureza<strong>de</strong> sua composição, no número <strong>de</strong>seus integrantes e no alcance da sua“jurisdição”.Objetivamente, enten<strong>do</strong> que arepresentação no <strong>CNTC</strong> <strong>de</strong>va prestigiara maior abrangência possível, críticaconstrutiva que teço a respeito da PECn.º 28, com o substitutivo lança<strong>do</strong>em 2009, que reduz a composição <strong>do</strong>organismo a nove (9) membros, o quenão me parece o mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>. Naverda<strong>de</strong>, essa formulação po<strong>de</strong> vir alimitar a imprescindível pluralida<strong>de</strong>,a qual <strong>de</strong>ve ser assegurada para aparticipação <strong>de</strong> outros atores, inclusive<strong>do</strong>s quadros técnicos <strong>do</strong>s tribunais,mas não exclusivamente os <strong>do</strong> próprioambiente <strong>do</strong> controle externo. Há<strong>de</strong> se contar com <strong>uma</strong> formulaçãoque contemple, mo<strong>do</strong> mais amplo, asrepresentações político-institucionaiscapazes <strong>de</strong> lhe conferir <strong>uma</strong> dimensãoindubitavelmente <strong>de</strong>mocrática erepublicana.De outra banda, no tocante à PEC n.º30, que prevê a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>zessete(17) vagas, não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> registrar apertinente manifestação <strong>do</strong> representante<strong>do</strong> TCU em audiência pública realizada noplenário <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral, em junho<strong>de</strong> 2010, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> possível conflito<strong>de</strong> interesses na indicação, para integraro organismo, <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong>autarquias fe<strong>de</strong>rais que integram o rol<strong>de</strong> entes audita<strong>do</strong>s pela Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>Fe<strong>de</strong>ral, as quais, a<strong>de</strong>mais, em boa parte,ora rejeitam a tese <strong>de</strong> serem submetidasà fiscalização <strong>do</strong> TCU.Por outro la<strong>do</strong>, para que o ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>seja também o “Conselho Nacional<strong>do</strong> Ministério Público <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>”(perspectiva que se coloca a partir daspropostas em exame no Parlamento), énecessário que contemple <strong>uma</strong> “parida<strong>de</strong><strong>de</strong> forças”, o que não se viabiliza naredação até aqui posta, p. ex., na PECn. o 28, na qual se prevê o assento <strong>de</strong> umprocura<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> seis magistra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>contas.Mesmo reconhecen<strong>do</strong> a relaçãoverda<strong>de</strong>iramente umbilical entreum e outro (TC/MPC), enten<strong>do</strong>,respeitosamente, que não po<strong>de</strong> umcolegia<strong>do</strong> assim composto exercerfunções <strong>de</strong> controle, fiscalização,correição em relação a membros <strong>do</strong>Ministério Público <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. Trata-se<strong>de</strong> <strong>uma</strong> formulação a ser repensada,isso porque, nos mol<strong>de</strong>s como concebi<strong>do</strong>pela referida PEC, o <strong>CNTC</strong>, em relaçãoaos procura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Ministério Públicojunto aos tribunais <strong>de</strong> contas, acabapor abrigar inconstitucionalida<strong>de</strong> queafeta a autonomia e in<strong>de</strong>pendênciafuncional <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> Parquet. Estesefetivamente <strong>de</strong>vem estar presentesno novel Colegia<strong>do</strong>, mas na mesmadimensão pela qual o MP tem assento noConselho Nacional <strong>de</strong> Justiça.Entretanto, se o <strong>CNTC</strong> não vier acontemplar <strong>uma</strong> composição paritáriaentre juízes <strong>de</strong> contas e procura<strong>do</strong>res,outra opção que se coloca é a explicitação,no âmbito da EC n.º 45/2004, dasujeição <strong>do</strong> Ministério Público juntoaos tribunais <strong>de</strong> contas ao CNMP(embora, pessoalmente, entenda que,por interpretação sistemática da LeiMaior, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já se po<strong>de</strong> assim concluir).O Ministério Público <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> é, sim,Ministério Público (vi<strong>de</strong> art. 130 da CF)e, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, seus membros haverão<strong>de</strong> se sujeitar a um julgamento por seuspróprios pares (tal qual se dá com oCNMP e com o CNJ).Mas estas e outras questões aindapo<strong>de</strong>m ser solvidas no ambientecongressual, foro a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para o<strong>de</strong>bate e construção <strong>de</strong> um <strong>CNTC</strong> afina<strong>do</strong>com to<strong>do</strong>s os balizamentos dita<strong>do</strong>s peloTexto Constitucional.O certo, por tu<strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> anteversobre o proveito que <strong>de</strong>correrá paraas contas públicas no Brasil, é que oadvento <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> representa louvável,meritória e indispensável iniciativa,verda<strong>de</strong>iramente sintonizada com oprincípio republicano.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 487


mais os indivíduos participam, melhorcapacita<strong>do</strong>s eles se tornam para fazê-lo”(Pateman, 1992:61).Na <strong>de</strong>mocracia participativa há,portanto, <strong>uma</strong> exigência da participação<strong>do</strong>s cidadãos no processo <strong>de</strong> tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, porque ela tem um caráterpedagógico no aprendiza<strong>do</strong> dasrelações <strong>de</strong>mocráticas, contribuin<strong>do</strong>para a politização <strong>do</strong>s cidadãos, o queé importante para eles exerceremum controle sobre os governantes. A<strong>de</strong>mocracia participativa é um mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia que incorpora e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>a participação da socieda<strong>de</strong> civil nointerior <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mocráticos;que busca restabelecer o vínculo entre<strong>de</strong>mocracia e cidadania ativa.Políticas Públicas, Esta<strong>do</strong> e Movimentos Sociais e outras formas <strong>de</strong> associativismo na atualida<strong>de</strong>Opapel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> se alterou<strong>de</strong> diferentes formas noBrasil, como em outrospaíses da América Latina,n a p r i m e i ra d é c a d a<strong>do</strong> século XXI, segun<strong>do</strong> os diferentesprojetos políticos em cena: neoliberais,<strong>de</strong>mocrático/participativo ou autoritário(ver Dagnino, Olvera y Panfichi, 2006).Em geral, a atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na oferta<strong>do</strong>s serviços públicos foi flexibilizadae/ou <strong>de</strong>sregulamentada a partir <strong>do</strong>sanos 1990, fican<strong>do</strong> como gestor econtrola<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s recursos, transferin<strong>do</strong>responsabilida<strong>de</strong>s para organizações dasocieda<strong>de</strong> civil organizada, via programas<strong>de</strong> parcerias em projetos e programassociais com as ONGs. Na primeira década<strong>de</strong>ste milênio, as ONGs e entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Terceiro Setor, que antes eram apenasapoios aos movimentos sociais populares,se fortaleceram. Os movimentos sociaistiveram <strong>de</strong> alterar suas práticas, ser maispropositivos (participan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s projetosNo Brasil, a temática dainstitucionalização nãoé nova. Já no perío<strong>do</strong>d o a s s o c i a t i v i s m omovimentalista <strong>de</strong> base,<strong>do</strong> final da década <strong>de</strong> 1970 e anos 1980,pautava-se esta questão. Mas a tônica eramanter a organização fora <strong>de</strong> estruturasgovernamentais, porque estas eramcontroladas pelo esta<strong>do</strong> militar ou porpolíticas her<strong>de</strong>iras da fase clientelística,<strong>do</strong> regime populista que existiu até1964. A não institucionalização era<strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> “estar <strong>de</strong> costas para oEsta<strong>do</strong>”, mais como ato <strong>de</strong>fensivo <strong>do</strong>que fundamento i<strong>de</strong>ológico ou filosófico<strong>do</strong> comunitarismo/basismo - ou algopareci<strong>do</strong>. Até porque eram <strong>de</strong>mandadasdas ONGs) e menos reivindicativos, assimcomo per<strong>de</strong>ram em parte sua autonomia.No Brasil, o número <strong>de</strong> manifestações nasruas diminuiu e se inverteu a relação: asONGs tomaram a dianteira na organizaçãoda população, no lugar <strong>do</strong>s movimentos.Este processo aprofun<strong>do</strong>u-se quan<strong>do</strong>surgiu outro ator social relevante nocenário <strong>do</strong> associativismo nacional: asfundações e organizações <strong>do</strong> TerceiroSetor, articuladas por empresas, bancos,re<strong>de</strong>s <strong>do</strong> comércio e da indústria, oupor artistas famosos, que passaram arealizar os projetos junto à população,nas parcerias com o Esta<strong>do</strong>. Apoia<strong>do</strong>spor recursos financeiros, priva<strong>do</strong>s epúblicos (oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> inúmeros fun<strong>do</strong>spúblicos que foram cria<strong>do</strong>s), e porequipes <strong>de</strong> profissionais competentespreviamente escolhi<strong>do</strong>s, não por suasi<strong>de</strong>ologias, mas por suas experiências <strong>de</strong>trabalho, essas organizações passarama trabalhar <strong>de</strong> forma diferente daquelacomo os movimentos sociais atuavamA Questão da Institucionalizaçãooutras formas <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>para <strong>de</strong>mocratizá-lo; <strong>de</strong>mandava-se aparticipação popular nas estruturasestatais, o que foi parcialmente obti<strong>do</strong>via alguns canais inscritos na CartaMagna <strong>de</strong> 1988.O tema da institucionalização, naatualida<strong>de</strong>, tem outra face. Po<strong>de</strong>mosdividi-lo em <strong>do</strong>is momentos: o primeiro,nos anos 1990, resulta <strong>de</strong> <strong>uma</strong> trajetória<strong>de</strong> luta para implementar as conquistasinstitucionais, enfocan<strong>do</strong> os conselhosgestores e outros espaços institucionais,com <strong>de</strong>staque para o OP – OrçamentoParticipativo. O segun<strong>do</strong>, a partir <strong>do</strong> ano2000, aprofun<strong>do</strong>u as formas <strong>de</strong> gestão<strong>de</strong>liberativas, promoveu inúmerasinovações no campo da participaçãoaté então. O Terceiro Setor passoua atuar com populações tidas comovulneráveis, focalizadas, com grupospequenos, por projetos, e com prazos<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. Este cenário resultaem inúmeras ações cidadãs, como aspresentes nas cooperativas <strong>de</strong> materialreciclável no Brasil (o país é um <strong>do</strong>scampeões na reciclagem <strong>de</strong> latas, papele papelão no mun<strong>do</strong>). Projetos sociaisorganizam cooperativas <strong>de</strong> recicla<strong>do</strong>res,e gran<strong>de</strong>s eventos, como o Festival Lixoe Cidadania (Belo Horizonte, 2007,2009), apresentam os “resulta<strong>do</strong>s” <strong>de</strong>tais ações.A análise <strong>do</strong> novo cenário nos remeteao tema da institucionalização daspráticas e organizações populares, naprópria socieda<strong>de</strong> civil ou por meio <strong>de</strong>políticas públicas, conferências nacionaiscopatrocinadas por órgãos públicos/estatais, ou estruturas organizativascriadas no próprio corpo estatal, aexemplo <strong>do</strong>s conselhos.p o p u l a r d e m o c r á t i c a , c o m o aparticipação via eletrônica, e re<strong>de</strong>senhouo formato <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> váriaspolíticas sociais, com a generalização<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> conferências (um ciclo, queculmina com propostas para dar suporte,por exemplo, a um novo plano <strong>de</strong>cenalou à criação <strong>de</strong> um órgão que cui<strong>de</strong> <strong>de</strong>tema ainda não contempla<strong>do</strong> em suaespecificida<strong>de</strong>, como a alimentação).Pontuaremos a seguir as principaiscaracterísticas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is momentos.Os conselhos foram inscritos naConstituição <strong>de</strong> 1988 na qualida<strong>de</strong>d e i n s t r u m e n tos d e ex p re s s ã o ,representação e participação dapopulação. Estas estruturas inserem-se,portanto, na esfera pública e, por força <strong>de</strong>Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 489


O CONTROLE DO CONTROLE“Com o passar <strong>do</strong> tempo, inúmeras avaliações foram sen<strong>do</strong>feitas sobre os conselhos, e as otimistas expectativas iniciais não seconfirmaram.”lei, integram-se com os órgãos públicosvincula<strong>do</strong>s ao Po<strong>de</strong>r Executivo, volta<strong>do</strong>spara políticas públicas específicas,responsáveis pela assessoria e suporteao funcionamento das áreas em queatuam.Os conselhos gestores inauguraramnovida<strong>de</strong>s no campo da políticaporque eram diferentes <strong>do</strong>s conselhospre<strong>do</strong>minantes até 1988, os conselhoscomunitários, populares ou <strong>do</strong>s fórunscivis não governamentais, porque esteseram compostos exclusivamente <strong>de</strong>representantes da socieda<strong>de</strong> civil, cujopo<strong>de</strong>r residia na força da mobilizaçãoe da pressão, e não possuíam assentoinstitucional junto ao po<strong>de</strong>r público.Os conselhos gestores são diferentestambém <strong>do</strong>s conselhos <strong>de</strong> “notáveis”,que já existiam nas esferas públicas nopassa<strong>do</strong>, compostos exclusivamentepor especialistas que atuavam em áreastemáticas, a exemplo <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong>Educação e outros.Os conselhos gestores, no início, foramaclama<strong>do</strong>s como novos instrumentos <strong>de</strong>expressão, representação e participaçãoporque, em tese, eles são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>potencial <strong>de</strong> transformação política. Seefetivamente representativos, avaliavaseque eles po<strong>de</strong>riam imprimir um novoformato às políticas sociais, pois serelacionariam ao processo <strong>de</strong> formaçãodas políticas e <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.Com os conselhos, gerou-se <strong>uma</strong> novainstitucionalida<strong>de</strong> pública, pois elescriaram <strong>uma</strong> nova esfera social-públicaou pública não estatal. Trata-se <strong>de</strong> umnovo padrão <strong>de</strong> relações entre Esta<strong>do</strong> esocieda<strong>de</strong>, viabilizan<strong>do</strong> a participação<strong>de</strong> segmentos sociais na formulação<strong>de</strong> políticas sociais e permitin<strong>do</strong> àpopulação o acesso aos espaços em quese tomam as <strong>de</strong>cisões políticas, ten<strong>do</strong>a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer controlesocial sobre o Esta<strong>do</strong>. Com o passar <strong>do</strong>tempo, inúmeras avaliações foram sen<strong>do</strong>feitas sobre os conselhos, e as otimistasexpectativas iniciais não se confirmaram.Em gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos, eles setornaram órgãos burocratiza<strong>do</strong>s, comparticipação <strong>de</strong> cidadãos já incluí<strong>do</strong>ssocialmente por escolarida<strong>de</strong> e outros,presos a re<strong>de</strong>s neoclientelistas. Aalmejada participação popular aindanão teria si<strong>do</strong> conquistada.Cumpre registrar que não é possívelenten<strong>de</strong>r o papel <strong>do</strong>s diferentes tipos<strong>de</strong> conselhos que existem no Brasil,atualmente, se não enten<strong>de</strong>rmos areforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ao final <strong>do</strong>s anos1990, e as novas figuras jurídicas queesta reforma contempla. OrganizaçõesSociais (OS) e Organizações da Socieda<strong>de</strong>Civil <strong>de</strong> Interesse Público (OSCIP) sãoexemplos <strong>de</strong>stas formas. As OrganizaçõesSociais foram criadas por lei, em maio <strong>de</strong>1998, para restruturarem o aparelho<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os níveis. No nívelFe<strong>de</strong>ral, a lei previu que parcelas <strong>do</strong>próprio Esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazerparte <strong>do</strong> aparelho estatal e se tornarpresta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços públicos, ouativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> passarem a serrealizadas em parcerias com entida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Terceiro Setor (leia-se:ONGs, organizações e associaçõescomunitárias ou filantrópicas, e outrasentida<strong>de</strong>s sem fins lucrativos). Nãosão todas ou quaisquer ONGs quepo<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas parte <strong>do</strong>Terceiro Setor, mas sim aquelas como perfil <strong>do</strong> novo associativismo civil<strong>do</strong>s anos 90; um perfil diferente das10 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


antigas ONGs <strong>do</strong>s anos 80, que tinhamfortes características reivindicativas,participativas e militantes. O novo perfil<strong>de</strong>senha um tipo <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> maisvoltada para a prestação <strong>de</strong> serviços,atuan<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> projetos, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>planejamentos estratégicos, e buscan<strong>do</strong>parcerias com o Esta<strong>do</strong> e empresas dasocieda<strong>de</strong> civil.A legislação em vigor no Brasilpreconiza, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, que, para orecebimento <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sàs áreas sociais, os municípios <strong>de</strong>vemcriar seus conselhos. Isso explica porque a maioria <strong>do</strong>s conselhos municipaissurgiu após esta data. Nos municípios,as áreas básicas <strong>do</strong>s conselhos gestores,entre outras, são: educação, assistênciasocial, saú<strong>de</strong>, habitação, criançase a<strong>do</strong>lescentes, e i<strong>do</strong>sos. Na esferamunicipal, estes conselhos <strong>de</strong>vem tercaráter <strong>de</strong>liberativo.Apesar <strong>de</strong> a legislação incluir osconselhos como parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>gestão <strong>de</strong>scentralizada e participativa,e constituí-los como novos atores<strong>de</strong>liberativos e paritários, váriospareceres oficiais assinalaram o caráterapenas consultivo <strong>do</strong>s conselhos,restringin<strong>do</strong> suas ações ao campo daopinião, da consulta e <strong>do</strong> aconselhamento,sem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ou <strong>de</strong>liberação. Alei vinculou-os ao Po<strong>de</strong>r Executivo <strong>do</strong>município, como órgãos auxiliares dagestão pública. Nos municípios semtradição organizativa-associativa, osconselhos passaram a ser apenas <strong>uma</strong>realida<strong>de</strong> jurídico-formal e, muitasvezes, um instrumento a mais nasmãos <strong>do</strong>s prefeitos e das elites, falan<strong>do</strong>em nome da comunida<strong>de</strong>, como seusrepresentantes oficiais, não aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>minimamente ao objetivo <strong>de</strong> seremmecanismos <strong>de</strong> controle e fiscalização<strong>do</strong>s negócios públicos.Atualmente, alguns administra<strong>do</strong>respúblicos ainda ten<strong>de</strong>m a conduzir aspolíticas sociais no campo da filantropia,da carida<strong>de</strong>, esvazian<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>público, <strong>do</strong> caráter <strong>de</strong> política pública.Há o esvaziamento da responsabilida<strong>de</strong>pública, um apelo à moral conserva<strong>do</strong>ra,tradicional, remeten<strong>do</strong> as ações ao campodas políticas sociais compensatórias,<strong>do</strong> burocratismo, e até mesmo <strong>do</strong>velho clientelismo. Os direitos setransformam em benefícios concedi<strong>do</strong>s.Os administra<strong>do</strong>res pouco inovam. Ainovação advém das novas práticasgeradas pela socieda<strong>de</strong> civil. Defato, são inúmeras as novas práticassociais expressas em novos formatosinstitucionais da participação, taiscomo as re<strong>de</strong>s, os fóruns e as parcerias.Os fóruns são frutos das re<strong>de</strong>s tecidasnos anos 70/80 e eles possibilitaramaos grupos organiza<strong>do</strong>s olharem paraalém da dimensão <strong>do</strong> local. Eles têmabrangência nacional e são fontes<strong>de</strong> referências e comparações paraos próprios participantes. As novaspráticas constituem novo teci<strong>do</strong> social<strong>de</strong>nso e diversifica<strong>do</strong>, que tencionam asvelhas formas <strong>de</strong> fazer política e criamnovas possibilida<strong>de</strong>s concretas parao futuro, em termos <strong>de</strong> alternativas<strong>de</strong>mocráticas.O Segun<strong>do</strong> Momento na Institucionalização das Políticas PúblicasAprimeira década <strong>de</strong> 2000 cidadão e o governo, incorporan<strong>do</strong> limpa. Ele apoiou também a criação <strong>de</strong>é o segun<strong>do</strong> momento da o uso das novas tecnologias (Smith, mais <strong>de</strong> 300 comitês (Comitê 9840),configuração da questão 2009). Muitas <strong>de</strong>las foram acopladas a para fiscalizar e <strong>de</strong>nunciar a venda <strong>de</strong>da institucionalização. estruturas já existentes, a exemplo da votos e a publicida<strong>de</strong> irregular duranteP r o g r e s s i v a m e n t e , a implantação das consultas, votações o perío<strong>do</strong> eleitoral. O MCCE articulasenova conjuntura econômica (quealterou o papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, comoassinalamos acima) configurou <strong>uma</strong>nova correlação <strong>de</strong> forças nas políticas<strong>do</strong> governo e seus projetos políticoculturaispara a socieda<strong>de</strong>. O novoséculo trouxe inovações no campo<strong>do</strong> associativismo brasileiro, comoações coletivas impulsionadas pormobilizações que são articuladasa partir <strong>de</strong> políticas públicas, oup a r c e r i a s e n t r e a c o m u n i d a d e“ o r g a n i z a d a”, O N G s , f u n d a ç õ e setc. e setores <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público. Naatualida<strong>de</strong>, não se trata apenas <strong>de</strong>construir ou implementar os canaisinstitucionais, trata-se da gestão <strong>de</strong>stescanais. Várias inovações <strong>de</strong>mocráticasforam implementadas para realizaras mediações necessárias entre oe manifestações online no município<strong>de</strong> Belo Horizonte, <strong>de</strong>ntro da política<strong>do</strong> OP, iniciativa que chegou a ganharprêmio internacional como prática<strong>de</strong> inovação <strong>de</strong>mocrática. Registreseainda a constituição <strong>de</strong> novosmovimentos sociais, cria<strong>do</strong>s a partirda conjuntura atual, articula<strong>do</strong>scom ONGs, volta<strong>do</strong>s para questõesrelativas à <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>ou das políticas públicas, a exemplo <strong>do</strong>Movimento <strong>de</strong> Combate à CorrupçãoEleitoral - MCCE, no Brasil. Utilizan<strong>do</strong><strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s constitucionais, nocaso os projetos <strong>de</strong> iniciativa popular,o MCCE elaborou o projeto <strong>de</strong> lei FichaLimpa, aprova<strong>do</strong> em junho <strong>de</strong> 2010. OMCCE conseguiu a assinatura <strong>de</strong> 20%<strong>do</strong>s eleitores brasileiros (30 mil, <strong>do</strong>total <strong>de</strong> 150 mil) para a ação pró-ficha<strong>de</strong> forma mo<strong>de</strong>rna – como <strong>uma</strong>re<strong>de</strong> – e, como tal, não tem diretoriaou registro em cartório. Ele conta como apoio da Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Brasil e da Conferência Nacional <strong>do</strong>sBispos <strong>do</strong> Brasil - CNBB.Projetos sociais passam a tercentralida<strong>de</strong> na forma <strong>de</strong> organizaçãod a p o p u l a ç ã o p o r d i f e r e n t e sagentes media<strong>do</strong>res, da socieda<strong>de</strong>civil ou política. Novos tempos,novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são criadas ouimpulsionadas. Fala-se em cidadaniamas, na maioria das vezes, os sujeitosdas ações são trata<strong>do</strong>s como usuários,consumi<strong>do</strong>res, e não cidadãos <strong>de</strong>direitos. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cidadãos,<strong>de</strong>senvolvida anteriormente pelosmovimentos sociais, assentada sobredireitos universais <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>sRevista TCMRJ setembro 2011 - n. 4811


O CONTROLE DO CONTROLE<strong>de</strong>mandantes <strong>de</strong> um bem ou serviçopúblico, passou a ser restruturadaprogressivamente, em termos <strong>de</strong> <strong>uma</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> fracionada, segun<strong>do</strong> trêscritérios básicos: 1º – econômico;selecionam-se apenas os vulneráveis,os miseráveis, os que estavam emsituação <strong>de</strong> risco, e não to<strong>do</strong>s ospobres; 2º – fracionamento; osvulneráveis passaram a ser dividi<strong>do</strong>s,para atendimento nos programaselabora<strong>do</strong>s, segun<strong>do</strong> critérios <strong>de</strong>raça, etnia, gênero, ida<strong>de</strong> etc.; 3º – o<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>, ochama<strong>do</strong> “protagonismo social”. Alguns<strong>do</strong>s militantes <strong>do</strong>s antigos movimentossociais foram sen<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>scomo mão <strong>de</strong> obra nos projetos,programas e conselhos cria<strong>do</strong>s; <strong>uma</strong>nova forma <strong>de</strong> ativismo social foi<strong>de</strong>senvolvida, não mais para organizaro protesto mas para fazer, laborar,atuar junto às camadas <strong>de</strong>sfavorecidas,previamente selecionadas com a ajuda<strong>de</strong>stes mesmos ativistas. O campo<strong>do</strong> social passou a ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>por comunida<strong>de</strong>s organizadas emprojetos sociais com crianças, jovens,a<strong>do</strong>lescentes, mulheres; cooperativas<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> produtos e serviços,to<strong>do</strong>s atuan<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável, nosmarcos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova economia socialque tem como pressuposto a criação<strong>de</strong> “capital social” para a solução <strong>do</strong>sproblemas socioeconômicos. O apeloà solidarieda<strong>de</strong> em nome da cidadaniapassa a ser <strong>uma</strong> constante, nos mol<strong>de</strong>s jábastante antigos, formula<strong>do</strong>s no séculoXIX por León Bourgeois, anteriores àsformulações <strong>de</strong> Durkheim.O u t ro a s p e c to d a s p o l í t i c a sinstitucionais na atualida<strong>de</strong>, noatendimento às <strong>de</strong>mandas sociais,especialmente <strong>do</strong>s setores populares,diz respeito a <strong>uma</strong> reengenhariana organização popular e ao nãoatendimento à universalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s diretosnas regras <strong>de</strong> inclusão em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>sbenefícios. No primeiro caso, po<strong>de</strong>moscitar, em gran<strong>de</strong>s metrópoles como SãoPaulo, as associações ou entida<strong>de</strong>s quepassaram a ser agentes media<strong>do</strong>rasna distribuição <strong>de</strong> benefícios sociais,como os tíquetes, vales, cartões etc.“ Devem seracrescentadas,neste cenário, asinúmeras ações ere<strong>de</strong>s cidadãs quese apresentamcomo movimentossociais <strong>de</strong>fiscalização econtrole daspolíticas públicas.”Usualmente, não são pessoas comtrajetórias <strong>de</strong> vida articuladas aprocessos educativos <strong>de</strong> formação eeducação popular, mas encontramospessoas articuladas a políticos locais,que passam a ser os “organiza<strong>do</strong>res dacomunida<strong>de</strong>”, retoman<strong>do</strong>-se práticasclientelísticas. Associações são formadase funcionam nas casas <strong>do</strong>s próprios“presi<strong>de</strong>ntes”, práticas usuais <strong>do</strong> velhoesquema das Socieda<strong>de</strong>s Amigos <strong>de</strong>Bairro <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> populista.Devem ser acrescentadas, nestecenário, as inúmeras ações e re<strong>de</strong>scidadãs que se apresentam comomovimentos sociais <strong>de</strong> fiscalizaçãoe controle das políticas públicas,a t u a n d o e m fó r u n s , c o n s e l h o s ,câmaras, consórcios etc., em escalalocal, regional e nacional. Os novosativistas <strong>de</strong>stas re<strong>de</strong>s conectamsevia internet, e usualmente seusc o m p r o m i s s o s p r i n c i p a i s s ã ocom as ONGs ou entida<strong>de</strong>s que ossuportam. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> voluntaria<strong>do</strong>também existem, principalmente nocampo da assistência e prestação <strong>de</strong>serviços aos mais pobres, conectadasa grupos religiosos entre os quais se<strong>de</strong>stacam os espíritas, ao contrário <strong>do</strong>movimentalismo <strong>do</strong>s anos 1970-80 noBrasil, quan<strong>do</strong> eram os cristãos, liga<strong>do</strong>sou não às <strong>do</strong>utrinas da Teologia daLibertação, os que mais participavam.As formas institucionalizadas,<strong>do</strong> tipo conselho ou câmara <strong>de</strong>r e p r e s e n t a ç ã o , a u m e n t a r a msignificativamente em número etemáticas. No campo da alimentação,por exemplo, foi cria<strong>do</strong> o ConselhoNacional <strong>de</strong> Segurança Alimentar -CONSEA. Este Conselho, juntamentecom o Conselho <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so e o dasCrianças e A<strong>do</strong>lescentes, tem exerci<strong>do</strong>vigilância no repasse <strong>do</strong>s recursoso rç a m e n t á r i o s d e s e u s ó r gãos,conforme <strong>de</strong>termina a Constituição.Nos esta<strong>do</strong>s da fe<strong>de</strong>ração, criaramse<strong>de</strong>fensorias públicas, previstas naConstituição <strong>de</strong> 1988, para aten<strong>de</strong>r,jurídica e processualmente, à parcela dapopulação sem condições <strong>de</strong> contratarum advoga<strong>do</strong>, garantin<strong>do</strong>-lhes o acessoà justiça. Concursos públicos foramrealiza<strong>do</strong>s para compor o corpojurídico <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensores públicos (quetêm carreira especial como o juiz, nãopo<strong>de</strong>m exercer a advocacia individualetc.), prédios públicos foram <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sao exercício <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s, assimcomo cursos preparatórios para os<strong>de</strong>fensores públicos também foramministra<strong>do</strong>s. A Defensoria passoua organizar o Curso <strong>de</strong> DefensoresPopulares para formação e articulação<strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças junto à população, naorganização e encaminhamento <strong>de</strong>suas <strong>de</strong>mandas. Segun<strong>do</strong> a DefensoriaPública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, “atarefa <strong>do</strong>s participantes, enquantofuturos <strong>de</strong>fensores populares, serácontribuir para o processo <strong>de</strong> mudançada socieda<strong>de</strong>, transforman<strong>do</strong> os saberesapreendi<strong>do</strong>s em ações práticas para aefetivação <strong>de</strong>ssa mudança” (fol<strong>de</strong>r <strong>do</strong> IICurso <strong>de</strong> Defensores Populares, 22 <strong>de</strong>maio a 27 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010).Em s<strong>uma</strong>, na atualida<strong>de</strong> temosavanços <strong>de</strong>mocráticos que contamcom o suporte governamental viapolíticas públicas, mas os resulta<strong>do</strong>ssão contraditórios: <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, as<strong>de</strong>mandas sociais são postas comodireitos (ainda que limita<strong>do</strong>s), abrin<strong>do</strong>12 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


espaço à participação cidadã via açõescidadãs e novos direitos assegura<strong>do</strong>spor novas políticas públicas. De outrola<strong>do</strong>, há perdas, principalmente <strong>de</strong>autonomia <strong>do</strong>s movimentos, e oestabelecimento <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong>controle social <strong>de</strong> cima para baixo,Agestão compartilhada emsuas diferentes formas <strong>de</strong>conselhos, colegia<strong>do</strong>s etc.precisa <strong>de</strong>senvolver <strong>uma</strong>cultura participativa nova,que altere as mentalida<strong>de</strong>s, os valores,a forma <strong>de</strong> conceber a gestão públicaem nome <strong>do</strong>s direitos da maioria, enão <strong>de</strong> “grupos lobistas” – um coletivoque <strong>de</strong>senvolva saberes não apenasnormativos (legislações, como aplicarverbas etc), mas que discuta e participetambém <strong>de</strong> outras importantes questões,tais como o papel <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s públicos nocampo <strong>de</strong> disputa política e a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> novas políticas na gestão <strong>de</strong>ssesfun<strong>do</strong>s públicos. É preciso <strong>de</strong>senvolversaberes que orientem as práticas sociais,que construam valores, aqui entendi<strong>do</strong>scomo: participar <strong>de</strong> coletivos <strong>de</strong> pessoasque são diferentes mas <strong>de</strong>vem ter metasiguais (vi<strong>de</strong> Santos, 2006).Vários setores relativos às áreassociais, a exemplo <strong>do</strong>s sistemaseducacionais, estão cada vez mais<strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>s e abertos; estão assimnão por dádiva mas por trabalho, fruto<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas e pressões da socieda<strong>de</strong>civil, conquista <strong>do</strong>s movimentos sociaisorganiza<strong>do</strong>s. Mas o espaço apenas nãobasta; ele tem <strong>de</strong> ser qualifica<strong>do</strong>. Senão houver senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> emancipação,Há um novo momentoe mo<strong>de</strong>lo na trajetóriadas relações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>com a socieda<strong>de</strong> civil, nagran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s paísesda América Latina. O associativismolatino-americano alterou-se, assim comoa forma <strong>de</strong> os governos relacionaremsecom os grupos e movimentosorganiza<strong>do</strong>s. Participação e controlenas políticas governamentais paraos movimentos sociais. O controlesocial se instaura, mas com senti<strong>do</strong>da<strong>do</strong> por interesses <strong>de</strong> grupos quecontrolam o senti<strong>do</strong> das políticas;ainda que haja a participação cidadãno estabelecimento das normativas.Os Dilemas da Participaçãocom projetos que objetivem mudançassubstantivas e não instrumentais, correseo risco <strong>de</strong> se ter espaços ainda maisautoritários <strong>do</strong> que já eram quan<strong>do</strong>centraliza<strong>do</strong>s.Participar <strong>do</strong>s conselhos e colegia<strong>do</strong>sé <strong>uma</strong> das urgências e <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>imperiosa</strong>. Mas é <strong>uma</strong> preparaçãocontínua, permanente, <strong>de</strong> ação ereflexão. Não basta um programa, umplano, ou um cursinho, ou conselho.Construir cidadãos éticos, ativos,participativos, com responsabilida<strong>de</strong>com o universal, é retomar as utopias epriorizar a participação na construção<strong>de</strong> agendas que contemplem projetosemancipatórios, projetos que coloquem,como priorida<strong>de</strong>, a mudança social equalifiquem seu senti<strong>do</strong> e significa<strong>do</strong>.Mais <strong>do</strong> que nunca, temos <strong>de</strong> rediscutir oque é um projeto político emancipatório,retornar à reflexão sobre <strong>de</strong>mocraciacomo soberania popular, <strong>do</strong> povo e parao povo. Pautar o <strong>de</strong>bate na soberaniada comunida<strong>de</strong> significa dizer não àinclusão exclu<strong>de</strong>nte, à mo<strong>de</strong>rnizaçãoconserva<strong>do</strong>ra que busca resolverproblemas econômicos utilizan<strong>do</strong>se<strong>de</strong> formas <strong>do</strong> assistencialismo ecarida<strong>de</strong>. Ao se discutir a soberania dacomunida<strong>de</strong> local, e <strong>do</strong> povo, estaremosfornecen<strong>do</strong> pistas para analisarmosConclusõessocial passaram a ser diretrizese normativas, regulamentadas porleis e programas sociais; tornaram-sepolíticas públicas, em alguns casos, ebuscam transformar-se em políticas <strong>de</strong>esta<strong>do</strong>. Uma intrincada arquitetura foi<strong>de</strong>senhada para redirecionar ou pautarformas <strong>de</strong> tratamento às questões sociais;estrutura-se nos gabinetes, sai para aslocalida<strong>de</strong>s e lugares organizativos; temAs gran<strong>de</strong>s conferências nacionaistemáticas po<strong>de</strong>rão ser <strong>uma</strong> dasestratégias básicas <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>controle, caso não haja a participaçãoplena, articulada ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> interesses<strong>do</strong>s cidadãos (e não a interesses <strong>de</strong>grupos político-partidários).a metamorfose que atualmente seopera nos discursos sobre a realida<strong>de</strong>brasileira, tão fragmentada, mas, aomesmo tempo, tão cheia <strong>de</strong> esperançano senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> mudanças qualitativas.Temos <strong>de</strong> politizar áreas <strong>do</strong> social,como a assistência e a educação – nosenti<strong>do</strong> <strong>de</strong> inseri-las <strong>de</strong> fato comopriorida<strong>de</strong> política nacional, e nãoapenas discurso estratégico <strong>de</strong>plataformas eleitorais; e, com elas, osseus conselhos. Há <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> seatingir a mídia, para que a educaçãoganhe legitimida<strong>de</strong> junto à socieda<strong>de</strong>.Afinal, os conselhos e colegia<strong>do</strong>s sãopartes <strong>de</strong> <strong>uma</strong> gestão compartilhada, egovernar é oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construirespaços <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvera igualda<strong>de</strong> e, em s<strong>uma</strong>, construir oprojeto da emancipação com senti<strong>do</strong>se significa<strong>do</strong>s, com marcos referenciaissubstantivos, e não participar <strong>de</strong>cenários arma<strong>do</strong>s estrategicamente.A participação da socieda<strong>de</strong> civil naesfera pública, via conselhos e outrasformas institucionalizadas, não preten<strong>de</strong>substituir o Esta<strong>do</strong>, mas <strong>de</strong>ve lutar paraque este cumpra seu <strong>de</strong>ver: propiciarassistência, educação, saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>maisserviços sociais, com qualida<strong>de</strong>, epara to<strong>do</strong>s, em direção ao projeto <strong>de</strong>emancipação <strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s.agenda e calendário <strong>de</strong> discussões queculminam com gran<strong>de</strong>s conferênciasnacionais, realizadas usualmente nacapital fe<strong>de</strong>ral, em lugares simbólicos.Demandam acesso às informações,po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>liberativo e formação paraenten<strong>de</strong>r as linguagens da burocracia.Mas o caminhar <strong>do</strong>s processos e <strong>de</strong>bates,as estruturas <strong>de</strong>senhadas para exercercontrole e vigilância, usualmenteRevista TCMRJ setembro 2011 - n. 4813


O CONTROLE DO CONTROLEtem resulta<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los: um,controla<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>; o outro, comestruturas fluidas, fincadas mais nasorganizações sociais. Resulta que háparticipação <strong>do</strong>s cidadãos, mas nãoautonomia <strong>de</strong> suas organizações. Háeventos e manifestações, mas sempreao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> questões periféricas. Asquestões centrais, relativas à direçãoe senti<strong>do</strong> das políticas, as verbas eorçamentos, etc. usualmente nãosão pauta <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates. Registre-se,entretanto, que estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong>processos sociais, interações e relaçõessociais contínuas que geram mudança<strong>de</strong> posições <strong>do</strong>s sujeitos em cena,possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>spolíticas. Portanto, nada é fixo, congela<strong>do</strong>,pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>. Relembramos asobservações <strong>de</strong> Pateman, feitas noinício <strong>de</strong>ste texto, relativas ao caráterpedagógico da participação.A participação popular nosconselhos <strong>de</strong>ve ser para fiscalizar ecogestionar as políticas, exercen<strong>do</strong> umcontrole social <strong>de</strong>mocrático. Por isso, aimportância <strong>do</strong> caráter <strong>de</strong>liberativo <strong>do</strong>sdiferentes tipos <strong>de</strong> conselhos. A cogestãoé importante porque só fiscalizarpo<strong>de</strong>rá se transformar em práticas daconcepção neoliberal <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong>sconsumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s.É preciso enten<strong>de</strong>r o que é <strong>uma</strong> esferapública <strong>de</strong> gestão compartilhada. Aindaque possam parecer um tanto quantonormativas, concluímos com as seguintesobservações: os conselhos <strong>de</strong>vem ser<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> recursos,não se <strong>de</strong>ve diferenciar os conselhosgestores, das áreas sociais, <strong>do</strong>s conselhos<strong>de</strong> direitos (culturais e outros), assimcomo os conselheiros <strong>de</strong>vem ser eleitospor perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s e ter cursos<strong>de</strong> formação, e não sessões ou oficinas<strong>de</strong> informações. São espaços políticos,<strong>de</strong> surgimento, visibilida<strong>de</strong> e clarificação<strong>do</strong>s cidadãos(ãs) organiza<strong>do</strong>s(as), atuamcomo atores políticos, interagem comos po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s. Não são merosusuários. Têm direito à fala, e não só o <strong>de</strong>ouvir. É <strong>uma</strong> interlocução pública, quese supõe transparente. Pressupõe-se,também, que sejam qualifica<strong>do</strong>s. Têmque ter legitimida<strong>de</strong> e autorida<strong>de</strong> moralna representativida<strong>de</strong>. As competênciase atribuições <strong>do</strong>s conselhos <strong>de</strong>vem serclaras. Deve-se ter também instrumentosjurídicos <strong>de</strong> apoio para implementarassim como para fiscalizar o cumprimento<strong>de</strong> suas <strong>de</strong>cisões.Bibliografia <strong>de</strong> ReferênciaBOURGEOIS, Léon. Solidarité. L´ ídée <strong>de</strong>solidarité & ses conséquences sociales.Paris, Le Bord <strong>de</strong> L´ÉAU. 2008.CASTELLS, Manuel. A socieda<strong>de</strong> emre<strong>de</strong>. São Paulo: Paz e Terra, 1999.DAGNINO, Evelina; OLVERA, Alberto;PANFICHI, Al<strong>do</strong> (Orgs). A disputa pelaconstrução <strong>de</strong>mocrática na AméricaLatina. São Paulo/Campinas: Paz eTerra/ Unicamp, 2006.GOHN, Maria da Glória. Conselhosgestores e participação sociopolítica.4ª Ed, São Paulo, Cortez Ed, 2011._________ .O Protagonismo da socieda<strong>de</strong>civil: movimentos sociais, ONGS ere<strong>de</strong>s solidárias. 2ª Ed. São Paulo:Cortez, 2008.____________. Movimentos e lutas sociaisna História <strong>do</strong> Brasil. 6 a Ed. São Paulo:Loyola. 2011.___________. N ova s te o r i a s d o smovimentos sociais. 3ª Ed. São Paulo:Loyola, 2010._________ . Movimentos sociais e re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> mobilizações civis no Brasilcontemporâneo. 2ª Ed. Petrópolis,Vozes, 2010 .____________. Educação Não Formal e aoEduca<strong>do</strong>r Social. São Paulo, Cortez, 2010.___________. Teorias <strong>do</strong>s movimentossociais. Paradigmas clássicos econtemporâneos. 9ª Ed. São Paulo. Ed.Loyola, 2011.HONNETH, Axel. L u t a p o rreconhecimento. A gramática moral<strong>do</strong>s conflitos sociais. São Paulo: Editora34, 2003.PATEMAN, C. 1992.Participação eteoria <strong>de</strong>mocrática. Rio <strong>de</strong> Janeiro,Paz e Terra.POUPEAU, Franck. Dominación yMovilizaciones. Cor<strong>do</strong>ba, FerreyraEditor, 2007.REDEPE - Revista da DefensoriaPública. Edição Especial - Infância eJuventu<strong>de</strong>. 2008.SANTOS, Boaventura <strong>de</strong> S. SANTOS. Agramática <strong>do</strong> tempo. Para <strong>uma</strong> novacultura política. São Paulo: Cortez,2006.__________As vozes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Rio <strong>de</strong>Janeiro, Civiliz. Brasileira, 2009.SASSEN, Saskia. Territory, authority,rights. From medieval to globalassemblages. Princeton, PrincetonUm.Press, 2006.SIRVENT, Maria Tereza. Educación <strong>de</strong>adultos: investigación, participación,<strong>de</strong>safios y contradicciones. 2ª Ed,Buenos Aires, Minõ Dávila, 2008.SMITH, Graham. Democratic inovations- Designing institutions for citizenparticipation. Cambridge, CambridgeUn. Press, 2009.Tarrow, Sidney. Power in movement.Cambridge, Cambridge Press, 1994._______________. New TransnationalActivism. Cambridge: Cambridge Press,2005.Touraine, Alain. U n n o uve a uparadigme. Paris: Fayard, 2005._______________. Penser autrement. Paris:Fayard, 2007, b.14 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


O papel das correge<strong>do</strong>rias<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasVal<strong>de</strong>cir Fernan<strong>de</strong>s PascoalConselheiro <strong>do</strong> TCE-PEPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>rese Ouvi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Brasil (CCOR)Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>res e Ouvi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil - CCOR, Val<strong>de</strong>cir Fernan<strong>de</strong>sPascoal <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que ninguém <strong>de</strong>ve estar imune à ativida<strong>de</strong>correcional e que “a busca por maior celerida<strong>de</strong> processualnão <strong>de</strong>ve comprometer a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s relatórios ejulgamentos” <strong>do</strong>s órgãos fiscaliza<strong>do</strong>res.Em artigo sobre os novos <strong>de</strong>safios das Correge<strong>do</strong>rias,Val<strong>de</strong>cir Pascoal <strong>de</strong>staca a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> estabelecimento<strong>de</strong> padrões nacionais <strong>de</strong> estruturação e atuação, queenfoquem mecanismos eficazes <strong>de</strong> comunicação com oscidadãos e <strong>de</strong> interação das instituições <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>controle da gestão pública. “Encontrar o tempo <strong>de</strong> equilíbrioque permita sincronizar, <strong>de</strong> maneira razoável, responsável eefetiva, celerida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> processual, representa hoje omaior <strong>de</strong>safio das correge<strong>do</strong>rias e – por que não dizer? – um<strong>do</strong>s maiores <strong>de</strong>safios <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas brasileiros”,afirma.Assistimos, nos últimosanos, especialmente apóso início <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Sistema<strong>de</strong> Controle Externo <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e MunicípiosBrasileiros (Promoex), a <strong>uma</strong> crescentepreocupação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas <strong>do</strong>Brasil com a profissionalização <strong>de</strong> suagestão, instituin<strong>do</strong> ou aperfeiçoan<strong>do</strong>o planejamento estratégico, com a<strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s objetivos, indica<strong>do</strong>res emetas institucionais, controlan<strong>do</strong> osprocessos finalísticos e monitoran<strong>do</strong>e avalian<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s.Nesse mesmo senti<strong>do</strong> tem evoluí<strong>do</strong> opapel das correge<strong>do</strong>rias <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong>contas. Com efeito, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>do</strong>a sua importante e fundamental funçãoético-disciplinar, as correge<strong>do</strong>rias vêmassumin<strong>do</strong> um novo papel e atuan<strong>do</strong>, cadavez mais, em sintonia com os <strong>de</strong>safios maisestratégicos <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas.Neste artigo, o enfoque principalse dará justamente sobre este novopapel das correge<strong>do</strong>rias. Mas, antes<strong>de</strong> tratarmos diretamente <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>squestões específicas sobre o tema,apresentamos <strong>uma</strong> breve reflexão sobreo atual momento vivi<strong>do</strong> pelos tribunais<strong>de</strong> contas. Esta análise preambularajudará a compreen<strong>de</strong>r melhor osaspectos que julgamos fundamentaispara o funcionamento efetivo <strong>de</strong> umórgão correcional, especialmente nessenovo contexto <strong>de</strong> seu alinhamento com asestratégias da organização.Para não nos cingirmos ao planoteórico, apresentamos <strong>uma</strong> vertente<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>ria a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>pelo <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Pernambuco (TCE-PE). Decerto que aapresentação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo pernambucanonão tem a pretensão <strong>de</strong> qualificá-locomo “o melhor” ou “o i<strong>de</strong>al”, mas sim <strong>de</strong>compartilhar objetivamente com to<strong>do</strong>sos membros e servi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> tribunais <strong>de</strong>contas brasileiros a nossa experiência,cujos resulta<strong>do</strong>s têm contribuí<strong>do</strong>diretamente para o alcance <strong>do</strong>s objetivosestratégicos <strong>do</strong> TCE-PE.A p ro p ó s i to, o re g i s t ro e ocompartilhamento <strong>de</strong> práticas exitosasé um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong>Correge<strong>do</strong>res e Ouvi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil (CCOR). Se, por um la<strong>do</strong>,é notória a existência <strong>de</strong> tribunais que jápossuem correge<strong>do</strong>rias estruturadas eefetivas, é forçoso reconhecer que outrostantos ainda trilham os primeiros passosnesse caminho. Isso ficou evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>em recente pesquisa realizada peloCCOR – apresentada, em junho <strong>de</strong> 2011,durante o X ECCOR, em Cuiabá – quan<strong>do</strong>,por exemplo, constatou-se que a maioria<strong>de</strong> nossas correge<strong>do</strong>rias não dispõe <strong>de</strong>quadros <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res permanentesem sua estrutura funcional, o que seria<strong>de</strong>sejável. O CCOR tem atua<strong>do</strong>, por meio<strong>de</strong> seus encontros e pela sua página nainternet, com vistas a facilitar e catalisara produção <strong>de</strong> conhecimento e a troca <strong>de</strong>Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4815


O CONTROLE DO CONTROLEexperiências entre os tribunais, visan<strong>do</strong> aofortalecimento das correge<strong>do</strong>rias.Tratamos, por fim, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> questãoque requer a reflexão <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Com olhosvolta<strong>do</strong>s a um porvir não muito distante, jáse vislumbra o incremento da importânciadas correge<strong>do</strong>rias no provável cenário<strong>de</strong> criação <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (<strong>CNTC</strong>). Desta forma,sem querer exaurir o assunto, <strong>de</strong>stacamosalguns pontos das propostas apresentadasno Congresso Nacional que merecem <strong>uma</strong>reflexão mais cuida<strong>do</strong>sa e, principalmente,analisamos os seus possíveis impactossobre o papel das correge<strong>do</strong>rias.1. O atual momento <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> e o papel <strong>de</strong> suas Correge<strong>do</strong>riasPassa<strong>do</strong>s 22 anos <strong>de</strong> vigência<strong>do</strong> atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> controleexterno instituí<strong>do</strong> pelaConstituição <strong>de</strong> 1988, 10 anos<strong>do</strong>s avanços trazi<strong>do</strong>s pela Lei<strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal e 5 anos <strong>do</strong>PROMOEX, a instituição “<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> (TC)” parece mais próxima <strong>de</strong>conseguir o reconhecimento <strong>de</strong>finitivo dasocieda<strong>de</strong> brasileira.Alguns <strong>de</strong>safios, porém, ainda estãopresentes. Nesta breve reflexão, <strong>de</strong>staco<strong>do</strong>is <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>safios: (1) disseminar boaspráticas <strong>de</strong> forma a estabelecer um padrãonacional <strong>de</strong> estruturação e <strong>de</strong> atuação e(2) comunicar-se mais, e melhor, com asocieda<strong>de</strong>, explican<strong>do</strong> com clareza seupapel e os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sua atuação, bemcomo interagir melhor com as <strong>de</strong>maisinstituições que integram o sistema <strong>de</strong>controle da gestão pública.Há que se reconhecer que existemexperiências exitosas no Brasil. Essasexperiências e posturas precisam sercompartilhadas com to<strong>do</strong>s os TCs. Nesses22 anos <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> atual mo<strong>de</strong>lo,alg<strong>uma</strong>s conclusões sobre os atributos <strong>do</strong>que seria um “<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> i<strong>de</strong>al” eem sintonia com os valores <strong>de</strong>mocráticose republicanos parecem incontroversas:• não terá futuro aquele TC que seomitir na profissionalização <strong>do</strong> seuquadro <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res, a partir darealização <strong>de</strong> concursos públicos parato<strong>do</strong> o quadro técnico, inclusive paraAuditores Substitutos e Procura<strong>do</strong>res<strong>do</strong> Ministério Público <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, nemaquele que olvidar a permanente<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> seusmembros e <strong>de</strong> seus servi<strong>do</strong>res, quepo<strong>de</strong>rá ser incentivada e facilitada pelacriação <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> contas;• não terá futuro aquele TC que nãoinstituir um planejamento estratégico,discuti<strong>do</strong> pelos seus membros com to<strong>do</strong>o corpo gerencial, por meio <strong>do</strong> qualserão estabeleci<strong>do</strong>s os objetivos e aspriorida<strong>de</strong>s, embasadas em indica<strong>do</strong>resconsistentes, metas realisticamenteousadas e permanente monitoramentoe reavaliação;• não terá futuro aquele TC que não seesforçar para aperfeiçoar a sua relaçãocom o controle social, especialmentepor meio da instituição <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>rias,que facilitem o acesso <strong>do</strong> cidadão aotribunal <strong>de</strong> contas;• não terá futuro aquele TC que nãoestiver em sintonia com as facilida<strong>de</strong>sadvindas <strong>do</strong> progresso tecnológico– especialmente da informática – aplican<strong>do</strong>-asaos seus processos internose, sobretu<strong>do</strong>, aos seus processos <strong>de</strong>fiscalização e julgamento;• não terá futuro aquele TC que nãodiscutir em fóruns competentes a<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> aperfeiçoamentospontuais no atual mo<strong>de</strong>lo constitucional<strong>de</strong> controle externo, a exemplo da<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um ConselhoNacional para os Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>e da <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> assumir <strong>uma</strong>postura mais ativa com vistas a cobrar<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res competentes mais rigor noexame <strong>do</strong>s requisitos constitucionaisexigi<strong>do</strong>s para a nomeação <strong>de</strong> seusmembros, notadamente conhecimento,i<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> moral e reputação ilibada;• não terá futuro aquele TC que não seestruturar para <strong>uma</strong> atuação maisfocada, inteligente e, em muitassituações, preventiva da gestão,especialmente no controle cautelar<strong>do</strong>s editais <strong>de</strong> licitações e concursospúblicos, atentan<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, paraa fixação <strong>de</strong> critérios objetivos e <strong>de</strong>relevância e, ainda, para a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> que essa atuação profilática ocorraem tempo razoável, <strong>de</strong> sorte a se evitara interrupção inútil ou <strong>de</strong>sproporcional<strong>do</strong> regular fluxo da gestão.É também nesse futuro que seavizinha que insiro o importante papeldas correge<strong>do</strong>rias <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong>contas; <strong>uma</strong> Correge<strong>do</strong>ria que estejasempre atenta à preservação da ética e dadisciplina <strong>do</strong>s seus membros e servi<strong>do</strong>res.Mas não só isso: <strong>uma</strong> Correge<strong>do</strong>riaque planeje e execute sua ativida<strong>de</strong>correcional com o objetivo <strong>de</strong> asseguraro melhor <strong>de</strong>sempenho técnico <strong>de</strong> seusservi<strong>do</strong>res e a maior efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seusprocedimentos. A preocupação com oestoque, com o tempo <strong>de</strong> instrução ejulgamento <strong>do</strong>s processos, são balizasfundamentais para <strong>uma</strong> efetiva ativida<strong>de</strong>correcional. Nada obstante, faço brevespon<strong>de</strong>rações a propósito <strong>do</strong>s temas“alcance das correições” e “celerida<strong>de</strong> dafiscalização e <strong>do</strong> julgamento”.A primeira é que ninguém – nemmesmo a alta administração – <strong>de</strong>ve ficarimune à ativida<strong>de</strong> correcional; e a segunda,a busca por maior celerida<strong>de</strong> processualnão <strong>de</strong>ve comprometer a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>srelatórios e julgamentos. Se é verda<strong>de</strong>que a agilida<strong>de</strong> processual permitirá <strong>uma</strong>integração mais efetiva, por exemplo, como Ministério Público, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evitar asprescrições <strong>de</strong> possíveis ações penais e <strong>de</strong>improbida<strong>de</strong>; se é verda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vemos<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer arqueologia <strong>de</strong> contaspúblicas e primar pela realização <strong>de</strong>auditorias em tempo real (concomitantes)julgan<strong>do</strong> as contas finais <strong>de</strong> cada exercíciofinanceiro no menor tempo possível; não émenos verda<strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos cair nosingelo e, muitas vezes, cômo<strong>do</strong> conto dapura numerologia processual.A busca da verda<strong>de</strong> material, daconsistência, da profundida<strong>de</strong> e daefetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossas <strong>de</strong>liberações, assimcomo da fiel observância das garantias <strong>do</strong><strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, não permite quenos transformemos em controla<strong>do</strong>resrobôs,mais afeitos aos méto<strong>do</strong>s das linhas<strong>de</strong> produção i<strong>de</strong>alizadas pelo fordismo.Portanto, encontrar o tempo <strong>de</strong> equilíbrioque permita sincronizar, <strong>de</strong> maneirarazoável, responsável e efetiva, celerida<strong>de</strong>e qualida<strong>de</strong> processual representa hoje omaior <strong>de</strong>safio das Correge<strong>do</strong>rias e – porque não dizer? – um <strong>do</strong>s maiores <strong>de</strong>safios<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas brasileiros.16 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


2. A atuação da Correge<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pernambuco (TCE-PE)com vistas a aumentar a qualida<strong>de</strong> e a celerida<strong>de</strong> processualO<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong>Pernambuco, em seuprocesso contínuo <strong>de</strong>gestão estratégica, vem<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> ações parase aproximar <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> órgão<strong>de</strong> controle externo. É fato que muitoainda precisa ser feito, mas é forçosodizer que avanços já foram alcança<strong>do</strong>s. ACorrege<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> TCE-PE é <strong>uma</strong> das áreason<strong>de</strong> esse avanço é evi<strong>de</strong>nte. Além da suafunção disciplinar (que, como já dito, nãoserá objeto <strong>de</strong>ste artigo), a Correge<strong>do</strong>ria<strong>do</strong> TCE-PE tem atua<strong>do</strong> em três frentes<strong>de</strong> ação, todas alinhadas com o objetivoestratégico <strong>de</strong> “aumentar a qualida<strong>de</strong> ea celerida<strong>de</strong> nos processos finalísticos”,quais sejam:-- Estímulo à gestão sobre os processosfinalísticos;-- Correições focadas na melhoria <strong>do</strong>sprocessos finalísticos;-- Projetos estrutura<strong>do</strong>res para a fase <strong>de</strong>julgamento.2.1. Estímulo à gestão sobre osprocessos finalísticosO <strong>de</strong>sejo <strong>do</strong> TCE-PE <strong>de</strong> melhorar aperformance <strong>do</strong> seu processo finalístico,externaliza<strong>do</strong> no já cita<strong>do</strong> objetivoestratégico, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> sobremaneira daqualida<strong>de</strong> da gestão e <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenhoindividual <strong>de</strong> cada <strong>uma</strong> das unida<strong>de</strong>sorganizacionais que estão envolvidasnesse processo. A Correge<strong>do</strong>ria tem<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> um papel fundamentalno estímulo à gestão <strong>de</strong>sses processos,tanto (1) na geração <strong>de</strong> informaçõesestratégicas, como (2) na ação <strong>de</strong>monitoramento.2.1.1. Relatório GerencialProcessual (RGP)Trata-se <strong>de</strong> um relatório que apresenta<strong>de</strong> forma didática e <strong>de</strong>talhada a situaçãoprocessual <strong>do</strong> TCE-PE e <strong>de</strong> cada relatorem específico, oferecen<strong>do</strong> subsídios quefacilitam o gerenciamento <strong>do</strong> estoqueprocessual pelos Gabinetes. Este relatório éelabora<strong>do</strong> mensalmente pela Correge<strong>do</strong>riaGeral (CORG), em parceria com o Núcleo<strong>de</strong> Planejamento e Controle (NPC) e com oDepartamento <strong>de</strong> Expediente e Protocolo(DEP).O seu principal objetivo é facilitar agestão <strong>do</strong>s relatores sobre os respectivosestoques processuais, tanto <strong>do</strong>s quese encontram em seu gabinete, comotambém <strong>do</strong>s processos que estão sobsua relatoria e localiza<strong>do</strong>s em outrasunida<strong>de</strong>s organizacionais. Para tanto, sãodisponibiliza<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da movimentaçãoprocessual consolidada e, por relator,com <strong>de</strong>talhamento por modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>processos, as medidas cautelares emitidase gráficos comparativos <strong>do</strong>s processosjulga<strong>do</strong>s versus metas planejadas versusestoque. Por fim, o estoque <strong>de</strong> processos<strong>do</strong> TCE-PE e por relator é discrimina<strong>do</strong>por local e perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> formalização. Além<strong>de</strong>ssas, também são disponibilizadas outrasinformações específicas por relator, comopedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vistas cedi<strong>do</strong>s e solicita<strong>do</strong>s,afastamentos <strong>do</strong> relator durante o perío<strong>do</strong>e relação <strong>do</strong>s processos com relatoriasdiversas no gabinete.Os quadros e gráficos, com o<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> cada relator e ocomparativo com as metas planejadas,permitem <strong>uma</strong> rápida visualização <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s e o comparativo <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho entre os relatores. Ressalte-seque, no início, percebiam-se disparida<strong>de</strong>sentre o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s relatores, mas,com a contínua emissão <strong>do</strong> RGP, constatase<strong>uma</strong> tendência ao cumprimento dasmetas previstas no planejamento e a <strong>uma</strong>maior uniformida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>srelatores, resultan<strong>do</strong>, no final, em ummelhor <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> TCE-PE.Des<strong>de</strong> o início da implantação<strong>do</strong> RGP, em 2009, constata-se <strong>uma</strong>tendência <strong>de</strong> melhoria na gestão <strong>do</strong>estoque <strong>de</strong> processos <strong>do</strong> TCE-PE e, emespecial, <strong>do</strong>s gabinetes <strong>do</strong>s relatores.Verifica-se <strong>uma</strong> redução nos estoques<strong>de</strong> processo em to<strong>do</strong>s os indica<strong>do</strong>resentre junho <strong>de</strong> 2009 e junho <strong>de</strong> 2011.Vale <strong>de</strong>stacar a relevante redução<strong>de</strong> 40% <strong>do</strong> estoque <strong>de</strong> processosnos gabinetes <strong>de</strong> relatores, <strong>de</strong> 71%<strong>de</strong> processos <strong>de</strong> outras relatorias,<strong>de</strong> 89% <strong>de</strong> processos localiza<strong>do</strong>sno órgão <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong> 71% <strong>de</strong>processos extravia<strong>do</strong>s. Confira osda<strong>do</strong>s a seguir:INDICADORESJUNHORelação2009 2010 2011 2011 X 2009Estoque <strong>de</strong> processos <strong>do</strong> TCE-PE 12.300 11.563 9.270 -25%Estoque <strong>de</strong> processos nos Gabinetes 2.198 1.747 1.314 - 40%Relatorias diversas 52 43 15 - 71%Processos na Origem 487 213 52 - 89%Processos Extravia<strong>do</strong>s 34 37 10 - 71%Estoque <strong>de</strong> processos por ano <strong>de</strong> formalização: 2011 X 20101991 a 2000 265 56 -79%2001 a 2005 637 246 -61%2006 a 2010 10.662 8.957* -16%*Processos formaliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2006 a 2011Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4817


O CONTROLE DO CONTROLEGlossário <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res:Estoque <strong>de</strong> processos <strong>do</strong> TCE-PE - To<strong>do</strong>sos processos <strong>do</strong> TCE-PE não julga<strong>do</strong>s,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> local atual.Estoque <strong>de</strong> processos no Gabinete - To<strong>do</strong>sos processos não julga<strong>do</strong>s vincula<strong>do</strong>s a umrelator e localiza<strong>do</strong>s no seu gabinete.Relatorias Diversas - Processos nãojulga<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> outras relatorias, localiza<strong>do</strong>sno gabinete <strong>de</strong> um relator.Processos na Origem - Processos nãojulga<strong>do</strong>s, envia<strong>do</strong>s à origem paracumprimento <strong>de</strong> diligências e que aindanão retornaram.Processos Extravia<strong>do</strong>s - Processos nãolocaliza<strong>do</strong>s nas unida<strong>de</strong>s organizacionais<strong>do</strong> TCE-PE.2.1.2 – Monitoramento <strong>de</strong> processosO monitoramento <strong>de</strong> processosé <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida pelaCorrege<strong>do</strong>ria para alertar o relatore solicitar posicionamento sobre asituação <strong>de</strong> alguns processos, quese enquadram em pelo menos um<strong>do</strong>s critérios <strong>de</strong> acompanhamento<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s com fundamento em questõesrelevantes para a organização, a exemplo<strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong>s prazos legais eregimentais, das metas <strong>de</strong>finidas noplanejamento estratégico e outrosaspectos relevantes para a socieda<strong>de</strong> epara a imagem da instituição.A Correge<strong>do</strong>ria emite mensalmente<strong>uma</strong> Circular Interna (CI), i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>,em cada unida<strong>de</strong> organizacional <strong>do</strong>TCE-PE, quais processos se enquadramnos critérios <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, e solicitaposicionamento sobre a previsão <strong>de</strong>conclusão <strong>do</strong>s trabalhos. Em algunscasos, o próprio sistema informatiza<strong>do</strong><strong>de</strong> acompanhamento <strong>de</strong> processosjá emite um alerta automático parao responsável pela área, on<strong>de</strong> seencontra o processo, e para o respectivorelator.Essa vigilância sobre os processostem se mostra<strong>do</strong> um meio eficazpara responsabilizar e impulsionaras diversas unida<strong>de</strong>s organizacionais<strong>do</strong> TCE-PE para o alcance<strong>do</strong>s focos estratégicos traça<strong>do</strong>s pelagestão.Não bastai<strong>de</strong>ntificar oproblema chave;a análise daspossíveis soluçõese, principalmente,a implementaçãodas ações acordadas<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>msobremaneira <strong>do</strong>comprometimentodas áreasenvolvidas.“”2.2. Correições focadas na melhoria<strong>do</strong>s processos finalísticosA correição consiste em <strong>uma</strong> funçãoinvestigatória e <strong>de</strong> análise crítica, sobreos problemas existentes na instituição, ena proposição <strong>de</strong> soluções e ações viáveis,a serem <strong>de</strong>senvolvidas e implantadas.Em sintonia com o objetivo <strong>de</strong>promover a celerida<strong>de</strong> processual, aCorrege<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> TCE-PE tem foca<strong>do</strong>as suas correições em problemasi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no fluxo processual. Aseleção das áreas e <strong>do</strong>s temas queserão aborda<strong>do</strong>s é realizada com baseem indica<strong>do</strong>res que <strong>de</strong>monstramon<strong>de</strong> existem gargalos e riscos <strong>de</strong>comprometimento da eficiênciaprocessual.D o i s a s p e c t o s d e v e m s e rconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s fundamentais para osucesso da correição. O primeiro é a<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar o problemachave <strong>de</strong> forma consistente. O problemachave é aquele principal causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>comprometimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho. Asua i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ve ser feita, sempreque possível, com base em evidências<strong>do</strong>cumentais que não <strong>de</strong>ixem margem acontestações. Dessa forma, a discussãosobre as possíveis soluções será muitomais produtiva e eficaz.O segun<strong>do</strong> aspecto a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>é o comprometimento das unida<strong>de</strong>sorganizacionais envolvidas na correição.Não basta i<strong>de</strong>ntificar o problema chave;a análise das possíveis soluções e,principalmente, a implementaçãodas ações acordadas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>msobremaneira <strong>do</strong> comprometimento dasáreas envolvidas. Esse comprometimentoé maior quan<strong>do</strong> estas unida<strong>de</strong>s acreditamna qualida<strong>de</strong> e na importância <strong>do</strong>trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na correiçãoe nos resulta<strong>do</strong>s positivos que serãogera<strong>do</strong>s. Vale salientar também que éfundamental que a Correge<strong>do</strong>ria realizeum trabalho <strong>de</strong> monitoramento sobreo cumprimento das ações acordadas e<strong>de</strong>finidas na correição.Para maior clareza, apresentamoso exemplo da correição realizada emalg<strong>uma</strong>s Inspetorias Regionais queapresentavam, à época, os pioresindica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> celerida<strong>de</strong> processual,ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> como umproblema chave “o processo <strong>de</strong>notificação realiza<strong>do</strong> pela EmpresaBrasileiro <strong>de</strong> Correios e Telégrafos(EBCT)”. Como solução, ficaramacordadas e estabelecidas em Provimentoexara<strong>do</strong> pela Correge<strong>do</strong>ria as seguintesmedidas:“I) Ao Departamento <strong>de</strong> ControleMunicipal:(...)c) A<strong>do</strong>tar providências no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar que as secretariasdas Inspetorias realizem controle <strong>do</strong>retorno <strong>do</strong> Aviso <strong>de</strong> Recebimento e,quan<strong>do</strong> ocorrer atraso, a sua cobrançatempestiva junto às agências <strong>do</strong>s Correios<strong>de</strong> sua localida<strong>de</strong> com o consequenteregistro das falhas constatadas paraque o Departamento <strong>de</strong> Expediente eProtocolo (DEP) possa a<strong>do</strong>tar as medidasnecessárias quanto ao saneamento <strong>do</strong>sproblemas encontra<strong>do</strong>s.(...)III) Ao Departamento <strong>de</strong> Expedientee Protocolo:A<strong>do</strong>tar medidas junto à EmpresaBrasileira <strong>de</strong> Correios e Telégrafos (EBCT),com base nas informações fornecidas peloDepartamento <strong>de</strong> Controle Municipalprevistas no inciso I <strong>de</strong>ste Provimento,18 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


para que as falhas <strong>de</strong> notificação relatadasno item 3.2.1.2 <strong>do</strong> relatório <strong>de</strong> correiçãosejam sanadas.IV) À Gerência <strong>de</strong> Desenvolvimento<strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> Informação,juntamente com o gestor <strong>do</strong> sistema<strong>de</strong> Acompanhamento <strong>de</strong> Processos(AP):A<strong>do</strong>tar providências no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> permitir o registro no sistema AP,no módulo <strong>de</strong> notificação, campopara registro <strong>do</strong> retorno <strong>do</strong> Aviso <strong>de</strong>Recebimento, para que as secretariaspossam anotar falhas na notificação, porparte <strong>do</strong>s Correios, controlar as datas<strong>de</strong> retorno <strong>do</strong> Aviso <strong>de</strong> Recebimento,prazo <strong>de</strong> prorrogação e, posteriormente,possibilitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> consultasinformatizadas e o aperfeiçoamento dafiscalização realizada pelo Departamento<strong>de</strong> Expediente e Protocolo sobre o contratocom os Correios (item 3.2.1.2 <strong>do</strong> relatório<strong>de</strong> correição).”2.3. Projetos estrutura<strong>do</strong>respara a fase <strong>de</strong> julgamentoAnalisan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sempenho e osproblemas i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no fluxoprocessual e, principalmente, naconstrução <strong>do</strong> planejamento anual <strong>do</strong>TCE-PE, a Correge<strong>do</strong>ria percebeu quepoucos projetos estrutura<strong>do</strong>res erampropostos para a fase <strong>de</strong> julgamento<strong>do</strong>s processos. Não existia <strong>uma</strong> unida<strong>de</strong>responsável por pensar essa fase <strong>de</strong>forma sistêmica e estruturada. Contu<strong>do</strong>, a<strong>necessida<strong>de</strong></strong> por projetos estrutura<strong>do</strong>resera latente na organização. Dessaforma, a CORG preencheu esse vácuoorganizacional e passou a propor eexecutar projetos que visam à melhoriada fase <strong>de</strong> julgamento <strong>de</strong> processos.Assim, a cada planejamento anual,novas i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>mandas surgem eprojetos estrutura<strong>do</strong>res são propostose <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, como os exemplos aseguir apresenta<strong>do</strong>s:2.3.1. “Relatório GerencialProcessual” (já explicita<strong>do</strong> no item2.1.1);2.3.2. “Motivo da tramitaçãoestrutura<strong>do</strong>” – por meio <strong>de</strong>sse projeto,todas as tramitações passaram a serrealizadas com base em <strong>uma</strong> estruturapre<strong>de</strong>finida <strong>de</strong> motivos. Como resulta<strong>do</strong>,o TCE-PE passou a dispor <strong>de</strong> informaçõesgerenciais <strong>de</strong>talhadas, amplian<strong>do</strong>as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>indica<strong>do</strong>res que <strong>de</strong>monstrarão novosaspectos <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> TCE-PE.Essa estruturação permitirá obtermosinformações, por exemplo, <strong>do</strong>s motivos<strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> processos da área <strong>de</strong>julgamento para a área <strong>de</strong> instrução,inclusive <strong>de</strong>talhada por unida<strong>de</strong>organizacional, <strong>do</strong> número <strong>de</strong> processose <strong>do</strong> tempo médio para a realização dasativida<strong>de</strong>s solicitadas. Ativida<strong>de</strong>s que,amiú<strong>de</strong>, dizem respeito: à análise <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa, complementação da notificaçãoem virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> novo(s) interessa<strong>do</strong>(s),complementação da notificação emvirtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> falha, realização <strong>de</strong> diligência,esclarecimento <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> relatório,entre outras.2.3.3. “ R e l a t ó r i o d o Vo t oEstrutura<strong>do</strong>” – Existia <strong>uma</strong> crítica <strong>de</strong>que as <strong>de</strong>cisões emitidas pelo TCE-PE não respeitavam <strong>uma</strong> estruturapadrão e, <strong>de</strong>sta forma, a imagem daorganização po<strong>de</strong>ria ser prejudicada<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à incompletu<strong>de</strong> <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s<strong>de</strong>cisões e <strong>de</strong> diferentes entendimentosquanto aos elementos que <strong>de</strong>veriamestar presentes no Inteiro Teor daDeliberação (ITD). Assim, a CORG<strong>de</strong>senvolveu esse projeto, em parceriacom outras unida<strong>de</strong>s organizacionais,que estabeleceu um mo<strong>de</strong>lo padrão parao Relatório <strong>do</strong> Voto e, ao mesmo tempo,ofereceu alg<strong>uma</strong>s ferramentas quefacilitam a recuperação <strong>de</strong> informaçõessobre o processo e o uso <strong>de</strong> diferentespossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> textos padroniza<strong>do</strong>spara o conteú<strong>do</strong> da <strong>de</strong>cisão.3. Os <strong>de</strong>safios <strong>do</strong> Colégio <strong>de</strong> Correge<strong>do</strong>res e Ouvi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (CCOR)Visite o site <strong>do</strong> CCOR: www.ccortc.com.brDecerto que muitas teorias,i<strong>de</strong>ias e reflexões sobreos objetivos e os papéisdas correge<strong>do</strong>rias <strong>de</strong>tribunais <strong>de</strong> contas aindapo<strong>de</strong>m vir a lume, especialmente no quediz respeito ao que chamo <strong>de</strong> “topografiainstitucional”. As correge<strong>do</strong>riase ouvi<strong>do</strong>rias <strong>de</strong>vem ser estruturas<strong>de</strong>partamentais autônomas e integradasou, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da história institucional<strong>de</strong> cada TC, <strong>de</strong>vem atuar em um únicoórgão? As correge<strong>do</strong>rias <strong>de</strong>vem estarinseridas num sistema maior <strong>de</strong> ControleInterno e Planejamento ou tão somenteinteragir <strong>de</strong> forma mais efetiva comestas instâncias? Não há dúvidas <strong>de</strong> quesão reflexões da mais alta relevância, aRevista TCMRJ setembro 2011 - n. 4819


O CONTROLE DO CONTROLEmerecer estu<strong>do</strong>s e aprofundamentos.Nada obstante, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>mo<strong>de</strong>lo a ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, o fato é que emrelação a correge<strong>do</strong>rias e ouvi<strong>do</strong>riasjá existem experiências avançadas e <strong>de</strong>referência em muitos TCs. Qual o <strong>de</strong>safiono CCOR? Estimular a produção teórica,especialmente por meio <strong>de</strong> parceriacom o IRB, ATRICON, ABRACON, mas,sobretu<strong>do</strong>, compartilhar e disseminaressas experiências pelo Brasil, ou seja,azeitar o canal <strong>de</strong> comunicação entreos próprios TCs. Se estamos diante<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> dialogar, mais emelhor, com a própria socieda<strong>de</strong>, nãoé diferente em relação à comunicaçãoentre nós mesmos, não obstante to<strong>do</strong>sos esforços já feitos até hoje.Mesmo diante das dificulda<strong>de</strong>sestruturais que lhe são imanentes, oCCOR vem se esforçan<strong>do</strong> com vistas aaperfeiçoar a troca <strong>de</strong> informações eexperiências, seja por meio <strong>de</strong> encontros,seja por meio da realização <strong>de</strong> pesquisase enquetes, seja, principalmente, pormeio <strong>do</strong> estímulo ao acesso e uso <strong>do</strong>“Portal <strong>do</strong> CCOR” na internet (www.ccortc.com.br). O Portal, entre outrasimportantes informações, possui umespaço <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à exposição <strong>de</strong>talhadadas “boas práticas” <strong>de</strong>senvolvidas pelostribunais <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Brasil,no âmbito <strong>de</strong> suas correge<strong>do</strong>rias eouvi<strong>do</strong>rias. Num país <strong>de</strong> dimensõescontinentais, como o nosso, e comtribunais <strong>de</strong> contas sempre submeti<strong>do</strong>sa severas limitações orçamentárias,é forçoso reconhecer que o uso, cadavez mais intenso e produtivo, <strong>do</strong>sespaços virtuais se revela <strong>uma</strong> dasformas mais eficientes <strong>de</strong> promover ocompartilhamento <strong>de</strong> conhecimentos.4. O papel das Correge<strong>do</strong>rias diante da criação <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (<strong>CNTC</strong>)Asocieda<strong>de</strong> e a esmaga<strong>do</strong>ra“<strong>do</strong> Parquet Especial teria assentomaioria <strong>do</strong>s membrosEis a palavrapermanente) não conflita, a meue servi<strong>do</strong>res quejuízo, com a garantia constitucionalfazem os tribunais <strong>de</strong> <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, parad a i n d e p e n d ê n c i a f u n c i o n a l d econtas posicionam-seseus membros. A rigor, os agentesfavoravelmente à criação <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>. to<strong>do</strong>s nós quepúblicos que passam a integrar oNos mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> que já ocorre no Po<strong>de</strong>r<strong>CNTC</strong> assumem, sob o amparo da LeiJudiciário, com a criação <strong>do</strong> CNJ, em 2004, fazemos parte <strong>do</strong>s Maior, um novo plexo <strong>de</strong> atribuiçõeso nosso Conselho, legitima<strong>do</strong> pela sua<strong>de</strong>svencilhadas daquelas que pororigem constitucional e <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>: ofício exercem em seus respectivoscogente <strong>de</strong> abrangência nacional, servirá,tribunais <strong>de</strong> origem.entre muitos misteres, para conferir coragem!”Mas, o ponto a merecer atençãomais uniformida<strong>de</strong> e padronizaçãoespecial diz respeito ao papel dasà s e s t r u t u ra s o r g a n i z a c i o n a i s ,correge<strong>do</strong>rias nesse cenário <strong>de</strong> criaçãonormativas e processuais <strong>do</strong>s TCs; Congresso Nacional, nomeadamente <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>. Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> queestabelecer estratégias nacionais <strong>de</strong>atuação eficiente e eficaz, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>metas, indica<strong>do</strong>res e monitoramento<strong>de</strong> processos, além <strong>de</strong> zelar pela éticae pela probida<strong>de</strong> da atuação <strong>de</strong> seusmembros.C o m p a r a n d o e s t e m o m e n t opresente ao contexto vivi<strong>do</strong> há <strong>de</strong>zanos, em que, diante <strong>de</strong> problemas e<strong>de</strong>sacertos na atuação <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>nossos órgãos e integrantes, haviaquem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse a pura e simplesextinção <strong>do</strong>s TCs, a proposta <strong>de</strong> criação<strong>do</strong> <strong>CNTC</strong> há que ser encarada como umreconhecimento <strong>de</strong> nossa crescenteimportância institucional, expressan<strong>do</strong>ainda um <strong>de</strong>sejo legítimo da socieda<strong>de</strong><strong>de</strong> que a nossa atuação, enquantoguardiães-mor da probida<strong>de</strong> da gestãopública, seja referência nos quesitoslegalida<strong>de</strong>, moralida<strong>de</strong>, transparênciae eficiência.As propostas que ora tramitam noas PECs 28/07 e 30/07, seusconteú<strong>do</strong>s, suas diferenças e a questãoda composição <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong> têm si<strong>do</strong>objeto <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>bates e discussões.Ressalvan<strong>do</strong> e respeitan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s osmelhores juízos, enten<strong>do</strong> que a proposta<strong>de</strong> um <strong>CNTC</strong> mais enxuto, composto nostermos <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> na PEC28/07, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong> então <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>fe<strong>de</strong>ral, hoje sena<strong>do</strong>r, Vital <strong>do</strong> RêgoFilho, revela-se a mais consentânea comos propósitos que direcionam a atuação<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas.Ainda sobre a questão, emborareconheça a boa intenção <strong>do</strong>s seus<strong>de</strong>fensores, não me parece razoávele proporcional a proposta <strong>de</strong> criação<strong>de</strong> um conselho nacional específicopara membros <strong>do</strong> Ministério Público<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (MPCO). A sujeição <strong>do</strong>smembros <strong>do</strong> MPCO ao controle externo<strong>de</strong> natureza administrativa <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>(instituição esta em que um membrodisponham <strong>de</strong> estruturas correcionaispermanentes e efetivas; correge<strong>do</strong>riasque fujam <strong>do</strong> corporativismo e não seomitam no cumprimento <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>verlegal, inclusive <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> apurar<strong>de</strong>núncias contra seus membros eservi<strong>do</strong>res; correge<strong>do</strong>rias que atuem naaferição da qualida<strong>de</strong>, no controle e nomonitoramento <strong>do</strong> estoque e <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong>processos; são tribunais <strong>de</strong> contas comesses atributos que estarão prepara<strong>do</strong>spara enfrentar o novo cenário após aimplantação <strong>do</strong> <strong>CNTC</strong>.Estou certo <strong>de</strong> que os cenários quese avizinham são promissores para ofortalecimento <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>.Como disse Victor Hugo: “O futurotem muitos nomes. Para os incapazes,o inalcançável, para os medrosos, o<strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, para os corajosos, aoportunida<strong>de</strong>”. Eis a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m,para to<strong>do</strong>s nós que fazemos parte <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>: coragem!20 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


As ouvi<strong>do</strong>rias públicas naefetivação <strong>do</strong> controle socialSegun<strong>do</strong> José Eduar<strong>do</strong> Elias Romão, Ouvi<strong>do</strong>r-Geralda CGU, as ouvi<strong>do</strong>rias públicas acolhem os cidadãosque já recorreram, sem êxito, a outros órgãos. “Destaforma, o controle social para o qual as ouvi<strong>do</strong>riasconcorrem não po<strong>de</strong> apenas significar ‘vigilância’ ou‘pretensão punitiva’. A efetivação <strong>do</strong> controle social(...) consiste em alçar o cidadão à condição <strong>de</strong> coautordas soluções e resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong>gestão”, afirma José Elias Romão.José Eduar<strong>do</strong> Elias Romão 1Ouvi<strong>do</strong>r-Geral da Controla<strong>do</strong>ria Geral da UniãoMestre e <strong>do</strong>utor em Direito Público pela UnB1. Breve contextualizaçãoConvém esclarecer, antes<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, que a presenteargumentação pressupõea existência (ou a vigência)d e u m d e t e r m i n a d ocontexto normativo, no âmbito <strong>do</strong> qual<strong>de</strong>vem atuar os órgãos públicos, que, por<strong>de</strong>finição constitucional, <strong>de</strong>nomina-seEsta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direito.Na perspectiva teórico-meto<strong>do</strong>lógica(HABERMAS, 1997, v. 2) aqui utilizadapara compreensão <strong>do</strong> Direito e, porconsequência, das instituições brasileirasjuridicamente conformadas por normascogentes, o Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direitopo<strong>de</strong> ser, resumidamente, <strong>de</strong>scrito comoo terceiro paradigma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno— que suce<strong>de</strong>u, imediatamente, o Esta<strong>do</strong>Providência (segun<strong>do</strong>) e também oEsta<strong>do</strong> Liberal (primeiro paradigmaem or<strong>de</strong>m cronológica) — nos termos<strong>do</strong> qual a participação social é tantometa quanto méto<strong>do</strong>, por excelência,<strong>de</strong> realização <strong>do</strong>s direitos.Na verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se afirmar que aparticipação social lastreia a realização<strong>do</strong> Direito no Brasil, caracterizan<strong>do</strong>o contexto normativo claramenteexpresso na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>1988. Desta forma é possível asseverarcategoricamente que: sem participação,não po<strong>de</strong>ria haver Esta<strong>do</strong> Democráticoe, ao mesmo tempo, sem <strong>de</strong>mocracia,não haveria Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Direito. Porconseguinte, pela primeira vez <strong>uma</strong>Constituição brasileira registraexpressamente em seu texto (parágrafoúnico <strong>do</strong> art. 1º) que “To<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>remana <strong>do</strong> povo” e que <strong>de</strong>ve, por essemesmo povo, ser exerci<strong>do</strong> diretamente.As Constituições republicanas anterioresigualmente atribuíam ao povo atitularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r soberano, masafirmavam, em seguida, que “em seunome [esse po<strong>de</strong>r] é exerci<strong>do</strong>”.A participação social está aindacontemplada especialmente no artigo37, § 3º:§ 3º A lei disciplinará as formas<strong>de</strong> participação <strong>do</strong> usuário naadministração pública direta e indireta,regulan<strong>do</strong> especialmente: (Redaçãodada pela Emenda Constitucionalnº 19, <strong>de</strong> 1998)I - as reclamações relativas àprestação <strong>do</strong>s serviços públicos emgeral, asseguradas a manutenção <strong>de</strong>serviços <strong>de</strong> atendimento ao usuárioe a avaliação periódica, externa einterna, da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços;(Incluí<strong>do</strong> pela Emenda Constitucionalnº 19, <strong>de</strong> 1998)II - o acesso <strong>do</strong>s usuários a registrosadministrativos e a informações sobreatos <strong>de</strong> governo, observa<strong>do</strong> o dispostono art. 5º, X e XXXIII; (Incluí<strong>do</strong> pelaEmenda Constitucional nº 19, <strong>de</strong>1998)III - a disciplina da representaçãocontra o exercício negligente ouabusivo <strong>de</strong> cargo, emprego ou funçãona administração pública. (Incluí<strong>do</strong>pela Emenda Constitucional nº 19, <strong>de</strong>1998)Com base nesses dispositivoscita<strong>do</strong>s, o Esta<strong>do</strong> tem promovi<strong>do</strong> ainstitucionalização <strong>de</strong> diversosinstrumentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a viabilizar aparticipação e o controle social; entreoutros se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar os seguintes: (a)as ouvi<strong>do</strong>rias públicas; (b) as cartas <strong>de</strong>O Autor é gradua<strong>do</strong> em Direito pela UFMG, especialista em Direitos H<strong>uma</strong>nos, mestre e <strong>do</strong>utor em Direito Público pela UnB. Atualmente, é o Ouvi<strong>do</strong>r-Geral da União daControla<strong>do</strong>ria Geral da União (CGU) da Presidência da República.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4821


O CONTROLE DO CONTROLEserviços ao cidadão, (c) os planejamentosparticipativos (PPA, por exemplo); (d) osConselhos gestores e fiscaliza<strong>do</strong>res <strong>de</strong>políticas públicas; (e) as audiências e asconsultas públicas; e, (f) as conferências.To<strong>do</strong> esse instrumental, à disposição dasocieda<strong>de</strong>, preten<strong>de</strong> atribuir concretu<strong>de</strong>ao mandamento constitucional, queconfere ao cidadão a titularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Embora, nos limites <strong>de</strong>steartigo, não seja possível e,provavelmente, necessáriotratar <strong>de</strong>tidamente dasvantagens <strong>de</strong>ssa referidac ompreensão para digmática daevolução (que significa “aumento <strong>de</strong>complexida<strong>de</strong>”) <strong>do</strong> Direito, no Brasil e,também, noutros países, faz-se necessárioregistrar que a noção <strong>de</strong> paradigma 1permite racionalizar (conhecer comodiscursos racionais) os interesses eos <strong>de</strong>sejos que caracterizam as maisdiversas pretensões <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> sobre“a socieda<strong>de</strong> em que <strong>de</strong>sejamos viver”;noutras palavras, permite equilibrar —sob constante tensão — legalida<strong>de</strong> elegitimida<strong>de</strong>.po<strong>de</strong>r político.Nesse contexto, a criação e ofuncionamento <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>rias públicastêm si<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importânciapara o fortalecimento da <strong>de</strong>mocraciaparticipativa, sobretu<strong>do</strong>, porque,por um la<strong>do</strong>, oferecem ao cidadãoum “novo canal” para resolução <strong>de</strong>problemas vivencia<strong>do</strong>s, rotineiramente,Com efeito, Cittadino (2000, p. 206)explica que o objetivo <strong>de</strong> se trabalhar com<strong>uma</strong> concepção paradigmática <strong>do</strong> Direito“é estabelecer <strong>uma</strong> íntima conexãoentre hermenêutica constitucionale processo histórico, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>como as proposições e exigências <strong>do</strong>paradigma <strong>de</strong> direito vigente conformama <strong>do</strong>utrina jurídica” e influenciam aaplicação <strong>do</strong> Direito. Por isso, não po<strong>de</strong>ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> mera coincidência ofato <strong>de</strong> KUHN (2006, p. 271) usar comosinônimo <strong>de</strong> paradigma a expressão“base hermenêutica”.Desta forma, compreen<strong>de</strong>r o “papeldas ouvi<strong>do</strong>rias públicas na efetivação <strong>do</strong>controle social”, no quadro paradigmático<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direito, acabana prestação <strong>de</strong> serviços públicos e,por outro, oferecem ao Esta<strong>do</strong> <strong>uma</strong>oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualificar a prestação<strong>de</strong>sses mesmos serviços públicos, apartir das manifestações recebidas.Noutros termos, as ouvi<strong>do</strong>rias públicasse constituem, em regra, como elo entrelegitimida<strong>de</strong> e legalida<strong>de</strong>.2. Limites e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> compreensão paradigmática <strong>do</strong> direitopor encerrar, como consequência, duasgran<strong>de</strong>s possibilida<strong>de</strong>s: a primeirapossibilida<strong>de</strong> é a <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir Direitocomo o processo legal <strong>de</strong> estabilização <strong>de</strong>expectativas sociais legítimas, acolhen<strong>do</strong>a proposta <strong>de</strong> Niklas Luhmann; 2reconhecen<strong>do</strong> os cidadãos como sujeitos<strong>de</strong> direito capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir quais direitosestão, <strong>de</strong> fato, inscritos na Constituição;a segunda consiste na possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se reconhecer institucionalmente<strong>uma</strong> “zona fronteiriça” entre Esta<strong>do</strong> esocieda<strong>de</strong> civil, na qual <strong>de</strong>vem atuarórgãos especializa<strong>do</strong>s na mediação entre“códigos” distintos, que <strong>de</strong>terminam aorganização da administração pública,em geral, e a organização da vida emsocieda<strong>de</strong>.3. Papel das ouvi<strong>do</strong>rias públicas no BrasilPa re c e c o r re t o a f i r m a r,portanto, que as ouvi<strong>do</strong>riasp ú b l i c a s s u rgem c o m oexpressões institucionais<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong>Direito, com a finalida<strong>de</strong> precípua <strong>de</strong>realizar a mediação indispensável entreexpectativas e direitos, legitimida<strong>de</strong>e legalida<strong>de</strong>, enfim, Democracia eDireito, em cumprimento ao dispostono inciso I, <strong>do</strong> § 3º, <strong>do</strong> art. 37 da CF.É, <strong>de</strong>finitivamente, esse o papelreserva<strong>do</strong> às ouvi<strong>do</strong>rias públicas noBrasil.Não à toa, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Decretonº 5.683/2006, a Ouvi<strong>do</strong>ria Geralda União (OGU), órgão integrante daControla<strong>do</strong>ria Geral da União (CGU) daPresidência da República, <strong>de</strong>ve ser:• O elo entre o cidadão e a AdministraçãoPública Fe<strong>de</strong>ral, entre expectativassociais e direitos, entre legitimida<strong>de</strong>e legalida<strong>de</strong>, entre Democracia eDireito;• Instância <strong>de</strong> generalização (oucoletivização) das soluções produzidasnos casos específicos (mesmonão sen<strong>do</strong> instância recursal <strong>do</strong>sencaminhamentos produzi<strong>do</strong>s noâmbito das ouvi<strong>do</strong>rias especializadas),e, por conseguinte, <strong>de</strong> prevenção;• Órgão responsável pela verificaçãoda efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços públicospresta<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>rExecutivo Fe<strong>de</strong>ral (<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “pósatendimento”)e pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>1. De acor<strong>do</strong> com a filosofia da ciência <strong>de</strong> Thomas Kuhn (2000), tal noção apresenta um duplo aspecto. Por um la<strong>do</strong>, possibilita explicar o <strong>de</strong>senvolvimento científico comoum processo que se verifica mediante rupturas, através da tematização e explicitação <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s “senti<strong>do</strong>s” estabiliza<strong>do</strong>s e constituí<strong>do</strong>s em pré-compreensões evisões <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>, naturaliza<strong>do</strong>s como pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> práticas sociais, que, a um só tempo, tornam possível a resolução <strong>de</strong> problemas cotidianos, por meio <strong>de</strong> <strong>uma</strong>linguagem igualmente cotidiana, e limitam ou condicionam o agir e a percepção <strong>de</strong> cada um e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Por outro, a noção <strong>de</strong> paradigma acarreta reduções e simplificações,constrangen<strong>do</strong> a valida<strong>de</strong> das soluções aos problemas práticos ao espaço <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada visão <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> ten<strong>de</strong>ncialmente hegemônica em <strong>de</strong>terminadassocieda<strong>de</strong>s por certo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo; assim <strong>de</strong>ve ser entendida a seguinte afirmação <strong>de</strong> Kuhn (2000, p. 148): “O que um homem vê <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto daquilo que eleolha como daquilo que sua experiência visual-conceitual prévia o ensinou a ver”. Assim, paradigma é o conjunto <strong>de</strong> noções práticas forjadas e normalizadas naativida<strong>de</strong> cotidiana <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas e largamente disseminadas em socieda<strong>de</strong>. Paradigma é também a <strong>de</strong>scrição cientificamente normaliza<strong>do</strong>ra que<strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res e teóricos faz <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> noções com a finalida<strong>de</strong> precípua <strong>de</strong> torná-lo matriz disciplinar <strong>de</strong> processosreprodutíveis, verificáveis e sistêmicos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> respostas.2. A este respeito, Luhmann (1985, p. 9) afirma: “O direito vige enquanto direito positivo não apenas pela lembrança <strong>de</strong> um ato legislativo histórico – historicida<strong>de</strong> essaque para o pensamento jurídico tradicional constitui o símbolo da irrevogabilida<strong>de</strong> – mas só quan<strong>do</strong> sua própria vigência é referida a essa <strong>de</strong>cisão enquanto escolha entreoutras possibilida<strong>de</strong>s, sen<strong>do</strong>, portanto, revogável e modificável”.22 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


padrões <strong>de</strong> excelência;• Órgão integrante <strong>do</strong> “sistema” <strong>de</strong>participação social <strong>do</strong> GovernoFe<strong>de</strong>ral.Contu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que amediação é <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>conflitos, forçoso perguntar: “Comoexercer esse papel?” Ou: “comoatuar como via <strong>de</strong> mão dupla noreconhecimento <strong>de</strong> expectativas sociais<strong>de</strong> justiça e na disseminação <strong>de</strong> normasconstitucionais?” 3Sem dúvida alg<strong>uma</strong>, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ouvi<strong>do</strong>rias, ouvin<strong>do</strong> e compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>as diferentes formas <strong>de</strong> manifestaçãocomo pretensões normativas legítimas,dirigidas à realização da Constituição,e, sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong> seus princípios gerais.Na prática, <strong>uma</strong> ouvi<strong>do</strong>ria pública <strong>de</strong>ve“presumir”, <strong>de</strong> antemão, que qualquer<strong>de</strong>manda relacionada à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>políticas e serviços públicos contém, nomínimo, um interesse particular cujoregistro e conhecimento são <strong>do</strong> interesse<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cidadãos.Em segun<strong>do</strong> lugar, as ouvi<strong>do</strong>riasexercem seu quan<strong>do</strong>, simplesmente,reconhecen<strong>do</strong> os cidadãos, semqualquer distinção, como sujeitos <strong>de</strong>um sistema <strong>de</strong> direitos e, apenas porisso, capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandar o Esta<strong>do</strong>.Vale registrar que as ouvi<strong>do</strong>rias públicasconfiguram, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s organismos(estatais ou não) <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>sdireitos h<strong>uma</strong>nos, quase sempre a últimaopção disponível <strong>de</strong> atendimento, istoé, são as ouvi<strong>do</strong>rias que finalmenteacolhem o cidadão que recorreu adiversos órgãos públicos buscan<strong>do</strong>auxílio para a solução <strong>do</strong>s problemasque vivencia; principalmente, se essecidadão for consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> “louco” ou sesua história <strong>de</strong> exclusão social não lhepermitir <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntificação satisfatóriapela burocracia.“Não se po<strong>de</strong> admitir que as<strong>de</strong>mandas dirigidas a <strong>uma</strong> ouvi<strong>do</strong>riapública fiquem sem resposta.Em terceiro, as ouvi<strong>do</strong>rias públicasexercem o papel <strong>de</strong> mediação,qualifican<strong>do</strong> as diferentes expectativasa c o l h i d a s c o m o p r e t e n s õ e sconstitucionalmente a<strong>de</strong>quadas,sobretu<strong>do</strong>, para que a administraçãopública possa <strong>de</strong>codificá-las comooportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria. De voltaao exemplo muito frequente, diga-se<strong>de</strong> passagem, <strong>do</strong> cidadão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>“louco”, po<strong>de</strong> (e <strong>de</strong>ve) a ouvi<strong>do</strong>riapública <strong>de</strong>screver sua <strong>de</strong>manda como<strong>uma</strong> pretensão <strong>de</strong> reconhecimento sob oprincípio da dignida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na, ao qualto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem observância.Em quarto lugar e <strong>de</strong> formamais operacional, o papel se exercerespon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos cidadãos, <strong>de</strong>forma transparente e em linguagemacessível, sobre as manifestações e,também, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>sproduzi<strong>do</strong>s em razão da participaçãoorganizada (no âmbito da ouvi<strong>do</strong>ria).”Assim, não se po<strong>de</strong> admitir que as<strong>de</strong>mandas dirigidas a <strong>uma</strong> ouvi<strong>do</strong>riapública fiquem sem resposta, aindaque se responda ao cidadão que nãohá, no momento, resposta específicapara sua questão. Mas, mesmo nessescasos em que não se po<strong>de</strong> produzirsolução <strong>de</strong>terminada para o problema, érecomendável que o cidadão receba, emúltima hipótese, o relatório da ouvi<strong>do</strong>ria<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> claramente que sua<strong>de</strong>manda foi consi<strong>de</strong>rada para efeito <strong>de</strong>avaliação e aprimoramento <strong>do</strong>s serviçospúblicos. Pois cabe às ouvi<strong>do</strong>riaspúblicas, por um la<strong>do</strong>, buscar a melhoriada qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços públicos,atuan<strong>do</strong> como “instrumento <strong>de</strong> gestão”,ao produzir recomendações e relatórios<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos gestores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e, poroutro, fortalecer a institucionalização<strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> participação dasocieda<strong>de</strong> junto aos órgãos públicos.3. Parece oportuno consignar que a OGU tem exerci<strong>do</strong>, nos últimos seis meses, o “seu” papel <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>ria pública nos seguintes termos:• instituin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nacional que disponibilize informações (em formato <strong>de</strong> “da<strong>do</strong>s abertos”) em tempo real e crian<strong>do</strong> novos mecanismos para a integração<strong>do</strong>s órgãos estaduais e municipais, ao estabelecer a base tecnológica necessária para a elaboração <strong>de</strong> cadastros <strong>de</strong> manifestações fundamentadas;• propician<strong>do</strong> um ambiente <strong>de</strong> transparência e <strong>de</strong> interlocução benéfica e construtiva com o Esta<strong>do</strong> e com a socieda<strong>de</strong>, lançan<strong>do</strong> mão <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res para a melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços públicos basea<strong>do</strong>s nos registros feitos pelas ouvi<strong>do</strong>rias e evitan<strong>do</strong> duplicações <strong>de</strong> ações;• priorizan<strong>do</strong> o enfrentamento <strong>do</strong>s problemas que mais afligem os cidadãos e <strong>de</strong> maior relevância social, com gran<strong>de</strong>s impactos sobre as políticas e os serviços públicosessenciais;• garantin<strong>do</strong> a interoperabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procedimentos e fluxos <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que alterações governamentais não comprometam a continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong>mediação;• propician<strong>do</strong> <strong>uma</strong> gestão colegiada <strong>do</strong> próprio Sistema, baseada em vínculos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e parceria – e não <strong>de</strong> subordinação.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4823


O CONTROLE DO CONTROLEComo visto, as ouvi<strong>do</strong>riaspúblicas fazem, essencialmente,mediação <strong>de</strong>conflitos para produzirsoluções ao cidadão e àadministração pública. Ten<strong>do</strong> foco nabusca <strong>de</strong> soluções, as ouvi<strong>do</strong>rias estão“obrigadas ao futuro”, e não vinculadasao passa<strong>do</strong>. Ou melhor, as ouvi<strong>do</strong>riaspúblicas não estão voltadas à apuração <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong>s, à apuração <strong>de</strong> ilícitose à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> “culpa<strong>do</strong>s”, tal comoestão as correge<strong>do</strong>rias e as auditorias.Desta forma, o controle socialpara o qual as ouvi<strong>do</strong>rias concorremnão po<strong>de</strong> apenas significar “vigilância”ou “pretensão punitiva”. Por isso, sese compreen<strong>de</strong> “efetivida<strong>de</strong>” comoconsonância das ações (necessariamenteeficientes e eficazes 4 ) <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> comas <strong>de</strong>mandas e <strong>necessida<strong>de</strong></strong>s dapopulação, não se po<strong>de</strong> afirmar aqui4. Controle social efetivoque a “efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controle social temcume quan<strong>do</strong> da aplicação das correições– para sanear situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito àsnormas estabelecidas, à moral, à ética [...]”(Secchin, 2008, p. 31).A efetivação <strong>do</strong> controle socialrealiza<strong>do</strong> pelas ouvi<strong>do</strong>rias públicasconsiste em alçar o cidadão à condição<strong>de</strong> coautor das soluções e resulta<strong>do</strong>sproduzi<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong> gestão,integran<strong>do</strong>-o ao trabalho políticoadministrativo<strong>de</strong> evitar ilegalida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong> implementar melhorias que garantama efetivida<strong>de</strong> das políticas e <strong>do</strong>s serviçospúblicos; razão pela qual o controleda socieda<strong>de</strong>, instrumentaliza<strong>do</strong> peloamplo e irrestrito acesso às informaçõespúblicas, tem por objetivo maior aprevenção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>svios, <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sman<strong>do</strong>s e,sobremaneira, da inefetivida<strong>de</strong> da atuação<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Assim, as ouvi<strong>do</strong>rias públicascontribuem <strong>de</strong>masiadamente para aefetivação <strong>do</strong> controle social, quan<strong>do</strong>conseguem fazer com que <strong>uma</strong>“simples”manifestação a respeito da“péssima qualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>serviço público — que dificilmente terásolução imediata — venha ensejar, pelomenos, duas oportunida<strong>de</strong>s: <strong>uma</strong>, queo cidadão sinta-se parte, ou melhor,participante <strong>de</strong>cisivo no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>mocratização da administração pública;e, duas, que os gestores responsáveispelo aprimoramento <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong>realização <strong>de</strong> direitos compreendamque somente a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>correnteda participação cidadã po<strong>de</strong> atribuirefetivida<strong>de</strong> à atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Enfim, o controle social nasouvi<strong>do</strong>rias públicas con<strong>de</strong>na to<strong>do</strong>s ao“futuro <strong>do</strong> presente” e, como pugnavaSartre, con<strong>de</strong>na à liberda<strong>de</strong>.5. Referências BibliográficasBUCCI, Maria Paula Dallari. Oconceito <strong>de</strong> política pública em direito.In: BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.).Políticas públicas: reflexões sobre oconceito jurídico. São Paulo: Saraiva,2006. p.01-49.CITTADINO, Gisele. Pluralismo,direito e justiça distributiva:elementos da filosofia constitucionalcontemporânea. Rio <strong>de</strong> Janeiro: LumenJuris, 2000.HABERMAS, Jürgen. D i re i toe <strong>de</strong>mocracia entre facticida<strong>de</strong> evalida<strong>de</strong>. Trad. Flávio BenoSiebeneichler.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.2v.KUHN, T. S. A estrutura dasrevoluções científicas. Trad. BeatrizVianna Boeira e Nelson Boeira. SãoPaulo: Editora Perspectiva, 2000.______.O caminho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> A estrutura:ensaios filosóficos, 1970-1993, com<strong>uma</strong> entrevista autobiográfica. Trad.César Mortari. São Paulo: Ed. UNESP,2006.LYRA, Rubens Pinto (Org.). 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Ocontrôle <strong>do</strong>s atos administrativospelo po<strong>de</strong>r judiciário. 3 ed. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Revista Forense, 1957.SECCHIN, Lenise Barcellos <strong>de</strong> Mello.Controle social: transparência daspolíticas públicas e o fomento ao exercícioda cidadania. Revista CGU (Presidênciada República, Controla<strong>do</strong>ria Geral daUnião), Ano III, nº 5. Brasília: CGU, 2008.P. 28-45.4. Em complemento e <strong>de</strong> forma bastante sintética, po<strong>de</strong>-se dizer que: (a) eficiência correspon<strong>de</strong> à regularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos, ao cumprimento <strong>do</strong>s prazos, à harmonia <strong>de</strong>relações organizacionais e, por consequência, ao funcionamento ótimo (menor custo e maior benefício) <strong>de</strong> setores e <strong>de</strong> toda a organização; (b) eficácia correspon<strong>de</strong> àconsecução precisa <strong>do</strong>s objetivos previamente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s; isto é, <strong>uma</strong> ação eficaz é aquela que aten<strong>de</strong> às metas e produz os efeitos planeja<strong>do</strong>s; e, reitera-se, (c) efetivida<strong>de</strong>é a consonância das ações (eficientes e eficazes) <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> com as <strong>de</strong>mandas e <strong>necessida<strong>de</strong></strong>s da população ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s estratos populacionais.24 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Foto: AF RodriguesA Controla<strong>do</strong>ria naadministração públicamunicipal“Afinal, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, quem gosta <strong>de</strong> ser controla<strong>do</strong>?”Em artigo sobre a atuação da Controla<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong>Município – CGM, o Controla<strong>do</strong>r-Geral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,Antonio Cesar Lins Cavalcanti, <strong>de</strong>lineou o perfil <strong>do</strong>novo gestor municipal, atento à efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controlesocial. “Por muitas vezes os gestores ainda encaramo controle interno como um entrave, pois enxergamerroneamente que o administra<strong>do</strong>r é o objeto a sercontrola<strong>do</strong>. Entretanto, o controle interno <strong>de</strong>ve ser vistocomo parceiro, ou seja, o controle não é exerci<strong>do</strong> sobreo administra<strong>do</strong>r ou servi<strong>do</strong>r, mas para o administra<strong>do</strong>r,servi<strong>do</strong>r e cidadão”.Antonio Cesar Lins CavalcantiControla<strong>do</strong>r-Geral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroMestre em Ciências Contábeis pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ)Oc o n t ro l e re p re s e n t a<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>pouco simpática. Osp r o f i s s i o n a i s q u etrabalham nesta áreanormalmente não cost<strong>uma</strong>m encontrarum clima muito favorável por ocasião<strong>de</strong> suas auditorias e inspeções. Afinal,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, quem gosta <strong>de</strong> sercontrola<strong>do</strong>? Entretanto, o controleinterno é ativida<strong>de</strong> fundamental paraqualquer organização, pois zela pelapreservação <strong>do</strong> patrimônio da entida<strong>de</strong>,pela aplicação correta <strong>do</strong>s recursos epelo alcance <strong>do</strong>s seus objetivos.No ambiente da AdministraçãoPública, a função <strong>de</strong> controle ganhacontornos ainda mais relevantes, porabrigar <strong>uma</strong> enorme e valiosa gama<strong>de</strong> interessa<strong>do</strong>s – os cidadãos – e,consequentemente, carregar o viés datransparência.D e a c o rd o c o m a I n s t r u ç ã oNormativa n.º 16, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 1991, <strong>do</strong> então Departamento<strong>do</strong> Tesouro Nacional, que, emborarevogada, apresenta conceituaçãobastante didática e atual, “controleinterno é o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s,planos, méto<strong>do</strong>s e procedimentosinterliga<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong> com vistas aassegurar que os objetivos <strong>do</strong>s órgãose entida<strong>de</strong>s da administração públicasejam alcança<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma confiávele concreta, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> eventuais<strong>de</strong>svios ao longo da gestão, até aconsecução <strong>do</strong>s objetivos fixa<strong>do</strong>s peloPo<strong>de</strong>r Público”.Por este conceito fica evi<strong>de</strong>nteque o controle interno permeia todaa organização, estan<strong>do</strong> presente emto<strong>do</strong>s os órgãos e ativida<strong>de</strong>s, aindaque <strong>de</strong> maneira não formalizada.Desta forma, no Po<strong>de</strong>r Executivo, ocontrole interno torna-se ainda maiscomplexo, ten<strong>do</strong> em vista a gran<strong>de</strong>varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas e negócios comque lida, como saú<strong>de</strong>, educação, cultura,assistência, previdência etc; fora osingredientes políticos sempre presentesneste ambiente.A Administração Pública temoferta<strong>do</strong> quantida<strong>de</strong>s e níveis cadavez maiores <strong>de</strong> serviços aos cidadãos.Ainda assim, a <strong>de</strong>manda da socieda<strong>de</strong>por serviços e qualida<strong>de</strong> é crescente. Nomesmo senti<strong>do</strong>, a gestão das políticaspúblicas acontece <strong>de</strong> forma cada vezmais <strong>de</strong>sconcentrada, e a execução <strong>do</strong>sserviços e projetos tem evoluí<strong>do</strong> paradiferentes formas; como exemplos,po<strong>de</strong>mos citar as parcerias públicoprivadas(PPP), os contratos <strong>de</strong> gestão,os acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s etc.Este ambiente, mais dinâmicoque outrora, faz com que os <strong>de</strong>safiosenfrenta<strong>do</strong>s pelo controle interno naAdministração Pública sejam aindamaiores.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4825


O CONTROLE DO CONTROLEEm que pese a ampliação <strong>de</strong> suaatuação, o controle interno, por ser<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>-meio, tem crescimentolimita<strong>do</strong>. Afinal, o controle não po<strong>de</strong>ser mais caro que o objeto controla<strong>do</strong>.Neste senti<strong>do</strong>, precisamos procuraralternativas para atuar <strong>de</strong> maneira maiseficiente, eficaz e abrangente.O controle interno é responsabilida<strong>de</strong>em 1º grau <strong>de</strong> cada órgão e entida<strong>de</strong>,por intermédio, principalmente, <strong>do</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, comissões<strong>de</strong> licitação, fiscais <strong>de</strong> contratos,responsáveis pela administraçãofinanceira e orçamentária, conta<strong>do</strong>res,entre outros servi<strong>do</strong>res públicos. Estecontrole <strong>de</strong> 1º grau é fundamental epressupõe zelo na aplicação a<strong>de</strong>quada<strong>do</strong>s recursos públicos e respeito àsnormas legais.Em 2º grau, o controle interno <strong>de</strong>veser executa<strong>do</strong> por órgão específico paraesta finalida<strong>de</strong>. Entre as ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>ste órgão, está a verificação daa<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> exercício <strong>do</strong> controle<strong>de</strong> 1º grau e, por conseguinte, a a<strong>de</strong>rência<strong>do</strong>s procedimentos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s às normaslegais e princípios <strong>de</strong> controle.Na Prefeitura da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro, o órgão central <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>controle interno é a Controla<strong>do</strong>ria Geral<strong>do</strong> Município – CGM, que foi criada em1993, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> pioneira neste mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> controle interno na AdministraçãoPública brasileira.Entre as funções da Controla<strong>do</strong>riaGeral <strong>do</strong> Município, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar:elaborar a Prestação <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> daGestão; apoiar o controle externoexerci<strong>do</strong> pelo <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município; gerar informações para aAdministração; garantir a transparênciadas contas da Prefeitura; oferecer maiorsegurança ao prefeito e aos or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas por ocasião <strong>de</strong> seus atos e,consequentemente, à socieda<strong>de</strong>; entreoutras.Assim, a CGM executa a contabilida<strong>de</strong>da Administração Direta; consolida asinformações contábeis das entida<strong>de</strong>sda Administração Indireta; <strong>de</strong>fine osprocedimentos contábeis no âmbito daPrefeitura; elabora os balanços e <strong>de</strong>mais<strong>de</strong>monstrativos obrigatórios; gerencia osistema informatiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>26 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ“A CGM necessita se “reinventar” a cadamomento, a fim <strong>de</strong> exercer um controleefetivo, embora não seja possível estarpresente em to<strong>do</strong>s os atos da AdministraçãoMunicipal.”


e execução orçamentária; efetua aanálise contábil das liquidações <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas; realiza inspeções físicas sobreentregas <strong>de</strong> materiais e prestações <strong>de</strong>serviços; analisa a conformida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas; realiza diversasauditorias (contábeis, operacionais, <strong>de</strong>sistemas, <strong>de</strong> folha <strong>de</strong> pagamento, <strong>de</strong>contratos, <strong>de</strong> receita, <strong>de</strong> metas, etc.);certifica as contas <strong>do</strong>s or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas e responsáveis poralmoxarifa<strong>do</strong>s, previamente ao seuencaminhamento ao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município; gerencia o RioTransparente, portal <strong>de</strong> divulgaçãoe promoção da transparência das<strong>de</strong>spesas, receitas, contratos e contas daPrefeitura; gera informações gerenciaispara a Administração Municipal; entreoutras ativida<strong>de</strong>s.Entretanto, num contexto <strong>de</strong>crescimento <strong>de</strong> serviços públicos eampliação das formas <strong>de</strong> atuação daAdministração Pública, a CGM necessitase “reinventar” a cada momento, a fim <strong>de</strong>exercer um controle efetivo, embora nãoseja possível estar presente em to<strong>do</strong>s osatos da Administração Municipal, muitomenos examinar todas as <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong>orçamento da Prefeitura, que, em 2011,ultrapassa R$ 19 bilhões. Então, comootimizar a atuação <strong>de</strong> controle nesteambiente?Entre os caminhos que a CGMtem trilha<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo, estáa avaliação <strong>de</strong> risco <strong>do</strong>s órgãos eentida<strong>de</strong>s da Prefeitura. De acor<strong>do</strong>com o nível <strong>de</strong> risco alcança<strong>do</strong>, sãodistribuí<strong>do</strong>s os recursos para realização<strong>de</strong> auditorias e exames <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong><strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa. Para escolha<strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalho, projetose contratos a serem examina<strong>do</strong>s, sãoi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s os principais negócios<strong>do</strong>s órgãos e entida<strong>de</strong>s com maior nível<strong>de</strong> risco; em seguida, são agrupa<strong>do</strong>sos processos <strong>de</strong> trabalho e projetosmais importantes, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cadanegócio. Por fim, quan<strong>do</strong> for o caso, sãorelaciona<strong>do</strong>s os contratos vincula<strong>do</strong>s aestes projetos e processos <strong>de</strong> trabalho.Procura-se, <strong>de</strong>sta forma, ampliar asabrangências das auditorias alcançan<strong>do</strong><strong>uma</strong> gama mais representativa <strong>de</strong>negócios e os respectivos processos <strong>de</strong>trabalho e projetos.Ainda no campo da auditoria, outraalternativa para somar aos objetivos daAdministração Municipal e colaborarcom o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s serviçospresta<strong>do</strong>s aos cidadãos cariocas é auditara aferição das metas pactuadas pelosórgãos e entida<strong>de</strong>s com a Prefeitura,em acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s e contratos<strong>de</strong> gestão, que têm como objetivoprincipal a melhoria e ampliação naprestação <strong>de</strong> serviços. Estas metas sãoa<strong>de</strong>rentes ao planejamento estratégicoda Prefeitura e, via <strong>de</strong> regra, estãocompreendidas entre os principaisprojetos e processos <strong>de</strong> trabalho<strong>do</strong>s órgãos e entida<strong>de</strong>s municipais.Desta forma, é mantida a vinculação àmeto<strong>do</strong>logia para escolha <strong>de</strong> trabalhos,além <strong>de</strong> contribuir para o alcance <strong>do</strong>sobjetivos traça<strong>do</strong>s no planejamentoestratégico da Prefeitura.Também importante para ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>atuação, a CGM tem investi<strong>do</strong> emcruzamentos <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s quepo<strong>de</strong>m apontar indícios <strong>de</strong> falhasou problemas a serem examina<strong>do</strong>s.Estas análises <strong>de</strong> múltiplos bancos <strong>de</strong>da<strong>do</strong>s, ainda incipientes na CGM, gerammonitoramento à distância. Para esteprojeto, são escolhi<strong>do</strong>s temas paraacompanhamento conforme os bancos<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s disponíveis para análise. Aseguir, são i<strong>de</strong>ntificadas situações <strong>de</strong>controle a partir <strong>do</strong>s cruzamentosrealiza<strong>do</strong>s. Para cada situação <strong>de</strong>controle, são elabora<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>rese padrões <strong>de</strong> comportamento. Assim,sempre que forem verifica<strong>do</strong>s índicesmuito díspares <strong>do</strong> comportamentopadrão estabeleci<strong>do</strong> para as situações<strong>de</strong> controle eleitas para monitoramento,a CGM <strong>de</strong>verá a<strong>do</strong>tar <strong>uma</strong> açãopreviamente <strong>de</strong>finida, que po<strong>de</strong> ir danotificação por intermédio <strong>de</strong> ofício atéo encaminhamento à Auditoria Geral,para apreciação quanto à realização ounão <strong>de</strong> auditoria.Como forma <strong>de</strong> atuação preventiva econcomitante <strong>do</strong> controle, a CGM tambémutiliza a tecnologia da informação.Como os sistemas informatiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>contabilida<strong>de</strong> e execução orçamentáriae <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contratos da Prefeiturasão <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> da CGM, éparametriza<strong>do</strong> o máximo <strong>de</strong> regrase críticas possíveis, <strong>de</strong> maneira acontemplar os parâmetros previstos nalegislação e nos princípios <strong>de</strong> controle.Entre as regras estabelecidas no sistema,po<strong>de</strong>mos citar: as verificações <strong>de</strong>valores <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> licitação; fundamentação legalpara licitação; incompatibilida<strong>de</strong>sflagrantes entre objetos das <strong>de</strong>spesase sua classificação orçamentária;a<strong>de</strong>quação aos créditos orçamentáriose à programação <strong>do</strong>s seus duodécimos;compatibilida<strong>de</strong> entre execuçãoorçamentária e os contratos celebra<strong>do</strong>s;entre outras.Assim, embora muitas vezes estascríticas e parâmetros estabeleci<strong>do</strong>ssejam encara<strong>do</strong>s como entraves paraa máquina administrativa e, porconsequência, para a execução <strong>de</strong>seus programas, nada mais são <strong>do</strong>que o exercício <strong>do</strong> controle preventivoe c o n c o m i t a n t e p a r a g a r a n t i rminimamente o cumprimento dalegislação e os princípios <strong>de</strong> controle.O controle interno também éexerci<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma prévia por intermédioda elaboração e manutenção <strong>de</strong> manuaise orientações e o estabelecimento <strong>de</strong>parâmetros <strong>de</strong> preços para comprase contratações. Neste último caso, aCGM disponibiliza tabelas com preçospesquisa<strong>do</strong>s pela Fundação GetulioVargas para a Prefeitura <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro para serviços <strong>de</strong> limpeza,insumos para obras, aquisição <strong>de</strong>gêneros alimentícios e materiais <strong>de</strong>uso geral e informática. Esses preços<strong>de</strong>vem ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s como referêncianas compras e contratações <strong>do</strong>s órgãose entida<strong>de</strong>s da Prefeitura.Em complemento a essas tabelas,e buscan<strong>do</strong> oferecer informaçõesoportunas e importantes para aorientação nas aquisições <strong>de</strong> produtose serviços a serem realizadas pelosórgãos e entida<strong>de</strong>s da AdministraçãoDireta e Indireta da Prefeitura da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, a CGM, pautan<strong>do</strong>-seem suas prerrogativas institucionais,entre elas, a <strong>de</strong> controlar os custose preços <strong>do</strong>s serviços e materiais <strong>de</strong>qualquer natureza manti<strong>do</strong>s pelaRevista TCMRJ setembro 2011 - n. 4827


O CONTROLE DO CONTROLEAdministração Municipal, disponibilizao Sistema <strong>de</strong> Preços Máximos e Mínimos– SPMM. Este sistema oferece aosservi<strong>do</strong>res responsáveis pelas comprase contratações informações sobre assolicitações <strong>de</strong> compras realizadaspor to<strong>do</strong>s os órgãos e entida<strong>de</strong>s daPrefeitura, principalmente quanto aquantida<strong>de</strong>s, preços, fornece<strong>do</strong>rese formas <strong>de</strong> contratação, conformeinformações inseridas no sistemainformatiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> eexecução orçamentária.Os órgãos <strong>de</strong> controle internopossuem importante papel <strong>de</strong> orientaçãocomo <strong>uma</strong> das formas mais eficientes <strong>de</strong>controle preventivo, principalmente,nos casos <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res responsáveispelos procedimentos <strong>de</strong> contratação,acompanhamento e fiscalização <strong>do</strong>scontratos. Neste aspecto, a CGMmantém sempre atualiza<strong>do</strong> o Manual <strong>de</strong>Normas e Procedimentos <strong>de</strong> Controle,que traz <strong>de</strong> forma simples e claraos procedimentos a serem segui<strong>do</strong>spelos órgãos e entida<strong>de</strong>s municipaisna execução <strong>de</strong> diversas rotinasadministrativas, objetivan<strong>do</strong> que estassejam realizadas <strong>de</strong> forma otimizada,<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites legais existentes eaten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos parâmetros <strong>de</strong> controleinterno <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s.Seguin<strong>do</strong> o mesmo conceito, foielaborada e disponibilizada a Cartilha<strong>do</strong> Exame da Liquidação <strong>de</strong> Despesa,com o objetivo <strong>de</strong> padronizar e<strong>do</strong>cumentar os procedimentos daliquidação administrativa, para reduzira incidência <strong>de</strong> erros e evitar retrabalhona elaboração e análise <strong>do</strong>s processos<strong>de</strong> fatura. Em complemento, a CGMrealiza reuniões orienta<strong>do</strong>ras com ostécnicos <strong>de</strong> cada órgão e entida<strong>de</strong> daPrefeitura responsáveis pelo exame daliquidação da <strong>de</strong>spesa.Todas as ações em conjuntocontribuem para a construção <strong>do</strong>ambiente <strong>de</strong> controle da organização. Apercepção da ação <strong>do</strong> controle internoé <strong>de</strong> fundamental importância, <strong>uma</strong> vezque influencia o comportamento <strong>do</strong>sagentes envolvi<strong>do</strong>s nas contrataçõese fiscalização das <strong>de</strong>spesas. Nestesenti<strong>do</strong>, merece <strong>de</strong>staque a realização<strong>de</strong> inspeções físicas sobre os“Os órgãos <strong>de</strong> controle interno possuemimportante papel <strong>de</strong> orientação como <strong>uma</strong>das formas mais eficientes <strong>de</strong> controlepreventivo, principalmente, nos casos <strong>do</strong>sservi<strong>do</strong>res responsáveis pelos procedimentos<strong>de</strong> contratação, acompanhamento efiscalização <strong>do</strong>s contratos.serviços e materiais contrata<strong>do</strong>s pelaAdministração, <strong>uma</strong> vez que o órgãoou entida<strong>de</strong> contratante percebemvisualmente a ação <strong>do</strong> controle, além<strong>de</strong> permitirem relatórios ágeis paraque os or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res conheçam se osmateriais foram entregues e os serviçospresta<strong>do</strong>s, conforme as condiçõescontratadas, e os fiscais <strong>do</strong>s contratosa<strong>do</strong>tem as providências para correção,nos casos em que forem necessárias.Nos últimos tempos, a socieda<strong>de</strong>tem contribuí<strong>do</strong> bastante com os órgãos<strong>de</strong> controle, exercen<strong>do</strong> diretamente estafunção, o que passou a ser <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>controle social. Seguin<strong>do</strong> este rastro,foi editada a Lei Complementar n.º131, em 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009, que buscaassegurar a transparência das contaspúblicas e o incentivo à participaçãopopular no processo orçamentário.Ainda antes da edição <strong>de</strong>sta lei,a CGM já havia cria<strong>do</strong> o aplicativoRio Transparente, que permiteao cidadão acompanhar to<strong>do</strong>s osp a g a m e n t o s o r ç a m e n t á r i o s eextraorçamentários realiza<strong>do</strong>s peloPo<strong>de</strong>r Executivo Municipal, bem comoa execução da receita. Este aplicativofica disponibiliza<strong>do</strong> na homepage daPrefeitura da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(www.rio.rj.gov.br), com atualizaçõesdiárias das informações <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osórgãos e entida<strong>de</strong>s da AdministraçãoMunicipal. O aplicativo vem sen<strong>do</strong>aperfeiçoa<strong>do</strong> a cada dia, ten<strong>do</strong>incorpora<strong>do</strong> inclusive consulta a to<strong>do</strong>sos contratos da Prefeitura.Também como forma <strong>de</strong> promovero controle social e dar transparênciaàs contas municipais, a CGM editou a”Prestação <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> Carioca, que é umfolheto para que o cidadão veja <strong>de</strong> formasimples e objetiva como foi arrecada<strong>do</strong>e utiliza<strong>do</strong> o dinheiro <strong>do</strong> Município. Este<strong>do</strong>cumento é <strong>uma</strong> versão resumida queapresenta as receitas arrecadadas eas <strong>de</strong>spesas classificadas segun<strong>do</strong> suanatureza e função <strong>de</strong> governo. O folhetoapresenta, ainda, um glossário paramelhor entendimento pelo cidadão,e é distribuí<strong>do</strong> em eventos públicosrelaciona<strong>do</strong>s a controle social.Infelizmente, em que pese a to<strong>do</strong>o esforço <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> controleinterno, tanto no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>suas funções quanto na divulgação<strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> bom exercício <strong>do</strong>controle, por muitas vezes os gestoresainda encaram o controle internocomo um entrave, pois enxergamerroneamente que o administra<strong>do</strong>r éo objeto a ser controla<strong>do</strong>. Entretanto,o controle interno <strong>de</strong>ve ser visto comoparceiro, ou seja, o controle não éexerci<strong>do</strong> sobre o administra<strong>do</strong>r ouservi<strong>do</strong>r, mas para o administra<strong>do</strong>r,servi<strong>do</strong>r e cidadão.Na linha <strong>de</strong>ste entendimento, aAssociação <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Brasil – ATRICON é extremamentefeliz ao afirmar que “o controleinterno se constitui na longa manus<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r, que nele tem seualia<strong>do</strong>, porquanto, se bem estrutura<strong>do</strong>e ativo, certamente auxiliará o gestor,possibilitan<strong>do</strong>-lhe <strong>uma</strong> visão das maisvariadas situações que envolvem aadministração, oportunizan<strong>do</strong> quesejam realiza<strong>do</strong>s ajustes e correçõesque venham evitar o <strong>de</strong>sperdício <strong>do</strong>dinheiro público”.28 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Quem controla o controla<strong>do</strong>r?Para os advoga<strong>do</strong>s Rubens Naves e Guilherme Amorim Campos da Silva, da PontifíciaUniversida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> São Paulo – PUC/SP, o cidadão <strong>de</strong>verá assumir a competência<strong>de</strong> “controla<strong>do</strong>r último <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s da República e, em <strong>de</strong>staque, daprópria atuação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas”. Neste artigo, escrito em parceria, Rubens Naves eGuilherme Amorim sugerem que a iniciativa <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>s Tribunais<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong>ve evitar reproduzir erros <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça e <strong>do</strong> ConselhoNacional <strong>do</strong> Ministério Público.Rubens NavesAdvoga<strong>do</strong>/Professor licencia<strong>do</strong> <strong>de</strong>Teoria Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da PUC/SPGuilherme Amorim Campos da SilvaAdvoga<strong>do</strong> / Doutor e Mestre emDireito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> pela PUC/SPA função <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>Apartir da previsão contidanos artigos 70 e seguintesda Constituição <strong>do</strong> Brasil,verifica-se que o constituintepátrio atribuiu aos tribunais<strong>de</strong> contas competência contenciosaadministrativa para o conhecimento <strong>de</strong>certas questões atinentes ao <strong>de</strong>sempenho<strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> administrar, integra<strong>do</strong> nasativida<strong>de</strong>s administrativas.D e s e m p e n h a - s e , a s s i m , u m acompetência ampla <strong>do</strong> controle <strong>de</strong>legalida<strong>de</strong>, economicida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong><strong>do</strong>s atos, que alcança matérias <strong>de</strong> execuçãoorçamentária, gestão <strong>de</strong> pessoal e <strong>de</strong>relações patrimoniais com terceiros,presentes na verificação <strong>de</strong> execuçãocontratual.Esta competência, que po<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> contenciosa administrativa,interage com a garantia constitucional<strong>de</strong> ampla <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>s,exacerban<strong>do</strong>, portanto, a atuação apenasadministrativa <strong>do</strong> órgão contencioso.A Constituição conferiu ao <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> o papel <strong>de</strong> auxiliar o CongressoNacional no controle <strong>do</strong> Executivo. Éfunção <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União(TCU) apreciar e fiscalizar as contas <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Executivo e <strong>do</strong>s órgãos e empresasligadas à Administração Pública, entreoutras atribuições. 1Interessante anotar que a Súmula 347<strong>do</strong> Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral estabeleceque “O <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, no exercício<strong>de</strong> suas atribuições, po<strong>de</strong> apreciar a1. O Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral já <strong>de</strong>cidiu, acerca da competência <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas que: “A atuação <strong>do</strong> TCU no exercício da fiscalização contábil, financeira, orçamentária,operacional e patrimonial das entida<strong>de</strong>s administrativas não se confun<strong>de</strong> com aquela ativida<strong>de</strong> fiscalizatória realizada pelo próprio órgão administrativo, <strong>uma</strong> vez que estaatribuição <strong>de</strong>corre da <strong>de</strong> controle interno ínsito a cada Po<strong>de</strong>r e aquela, <strong>do</strong> controle externo a cargo <strong>do</strong> Congresso Nacional (CF, art. 70). O po<strong>de</strong>r outorga<strong>do</strong> pelo legisla<strong>do</strong>rao TCU, <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar, verificada a ocorrência <strong>de</strong> frau<strong>de</strong> comprovada à licitação, a ini<strong>do</strong>neida<strong>de</strong> <strong>do</strong> licitante frauda<strong>do</strong>r para participar, por até cinco anos, <strong>de</strong> licitação naAdministração Pública Fe<strong>de</strong>ral (art. 46 da Lei n. 8.443/1992), não se confun<strong>de</strong> com o dispositivo da Lei das Licitações (art. 87) que – dirigi<strong>do</strong> apenas aos altos cargos <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Executivo <strong>do</strong>s entes fe<strong>de</strong>rativos (§3º) – é restrito ao controle interno da Administração Pública e <strong>de</strong> aplicação mais abrangente. Não se exime, sob essa perspectiva,a autorida<strong>de</strong> administrativa sujeita ao controle externo <strong>de</strong> cumprir as <strong>de</strong>terminações <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, sob pena <strong>de</strong> submeter-se às sanções cabíveis”. Pet. 3.606-AgR, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, julgamento em 21.06.2006, Plenário, DJ <strong>de</strong> 27.10.2006.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4829


O CONTROLE DO CONTROLEconstitucionalida<strong>de</strong> das leis e <strong>do</strong>s atos <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Público”.Contu<strong>do</strong>, o limite <strong>de</strong>sta competênciarelaciona-se ao objeto <strong>de</strong> sua atuação:o controle <strong>do</strong>s atos pratica<strong>do</strong>s pelaadministração, ainda que com autorizativoslegais, se estes pu<strong>de</strong>rem sofrer questionamentoacerca <strong>de</strong> sua inconstitucionalida<strong>de</strong>. Aqui,contu<strong>do</strong>, o controle <strong>de</strong> constitucionalida<strong>de</strong>é um controle difuso, inci<strong>de</strong>ntal e limita<strong>do</strong> àesfera administrativa.A atuação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasnão po<strong>de</strong>, tampouco, constituir-se emexame prévio <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atos oucontratos administrativos firma<strong>do</strong>s com oPo<strong>de</strong>r Público. Nesta direção, o Supremo<strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral, ao dispensar interpretaçãoconforme o artigo 71 da Constituição<strong>do</strong> Brasil, já dispôs que: “O artigo 71 daConstituição não insere na competência <strong>do</strong>TCU a aptidão para examinar, previamente,a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratos administrativoscelebra<strong>do</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público. Ativida<strong>de</strong>que se insere no acervo <strong>de</strong> competênciada função executiva. É inconstitucional“O controle da ação<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong>contas resi<strong>de</strong> nasoberania popular.”norma local que estabeleça a competência<strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> contas para realizar exameprévio <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contratos firma<strong>do</strong>scom o Po<strong>de</strong>r Público.” 2A razão para este limite é que po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua atuação, para o particular,consequências patrimoniais e <strong>de</strong> exercícios<strong>de</strong> direitos, como inscrição no cadastro<strong>de</strong> inadimplentes <strong>do</strong> governo ou, ainda,<strong>de</strong>terminação para averiguação <strong>de</strong> condutainfracional. Isto sem mencionar o <strong>de</strong>sequilíbrioque referida atuação traz à separação <strong>do</strong>spo<strong>de</strong>res, haven<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seautorizar in<strong>de</strong>vida ingerência em atribuiçãoexclusivamente executiva.Esta característica reforça o entendimentoda jurisdição contenciosa administrativacomo ativida<strong>de</strong> repressiva, no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>controle a posteriori, e nunca preventiva.Esse fato não significa, como veremosadiante, que a postura das cortes <strong>de</strong> contashá <strong>de</strong> ser, necessariamente, sancionatória;não há nada na Constituição que autorize esseatalho <strong>de</strong> raciocínio.Aliás, a regra geral é a d aacionabilida<strong>de</strong> das próprias <strong>de</strong>cisões<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas perante oPo<strong>de</strong>r Judiciário 3 , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que plausívela <strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> <strong>de</strong>srespeito, porexemplo, à ampla garantia <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong>julgamento objetivo e racional e, ainda,da observância <strong>do</strong>s limites impostos pelaConstituição Fe<strong>de</strong>ral ao <strong>de</strong>sempenho dafunção <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contas.Quem controla o controla<strong>do</strong>r?Uma das questões maistormentosas acerca dafunção <strong>de</strong>sempenhadapelos tribunais <strong>de</strong> contasdiz respeito à sua atuaçãocomo cura<strong>do</strong>r da legitimida<strong>de</strong> e legalida<strong>de</strong><strong>do</strong>s atos pratica<strong>do</strong>s pela AdministraçãoPública em geral.Aqui nos cabe indagar: quem guarda ocontrola<strong>do</strong>r? Existe algum órgão que po<strong>de</strong>ráfiscalizar sua atuação?O problema teleológico em torno <strong>de</strong>staindagação diz respeito a <strong>uma</strong> falsa premissa:a <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ríamos estipular <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>iainfinita <strong>de</strong> fiscaliza<strong>do</strong>res.Este não é, contu<strong>do</strong>, o mo<strong>de</strong>lo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>pela Constituição <strong>do</strong> Brasil, o qual <strong>de</strong>veser interpreta<strong>do</strong> com vistas a <strong>de</strong>le extrair amáxima funcionalida<strong>de</strong> e racionalida<strong>de</strong>.O controle sobre a ação <strong>do</strong>s órgãospúblicos não implica apenas avaliar aaplicação <strong>de</strong> recursos, ainda que esta seja<strong>uma</strong> questão fundamental. Quan<strong>do</strong> sefiscaliza <strong>uma</strong> licitação, por exemplo, estáem jogo o interesse da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> zelarpelo bom uso da coisa pública.Isto nos remete à constatação <strong>de</strong> queo controle da ação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasresi<strong>de</strong> na soberania popular. O princípiorepublicano, insculpi<strong>do</strong> no artigo 1º,parágrafo único, da Constituição <strong>do</strong> Brasil,<strong>de</strong>ixa claro que to<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r emana <strong>do</strong> povo,que o exerce diretamente ou por meio <strong>de</strong>representantes eleitos.A leitura <strong>do</strong> texto sugere a existência<strong>de</strong> inúmeros dispositivos que assegurama necessária força normativa e eficácia <strong>do</strong>princípio republicano. São instrumentosindispensáveis ao controle da própriaativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> e, porvia finalística, <strong>do</strong> controle e disciplina dasrelações entre os entes públicos e entre aadministração e a esfera privada.O que queremos afirmar, exatamente?Em primeiro lugar, que a Constituição<strong>do</strong> Brasil não tem palavras e locuções inúteis,ainda mais quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> explícitoprincípio republicano. O intérprete <strong>do</strong>or<strong>de</strong>namento tem, necessariamente, <strong>de</strong> extrair<strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> todas as consequênciaspossíveis e constitucionalmente admitidas.A atribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res explícitos àsoberania popular coloca o cidadão, naqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduo apto a participar2. ADI 916, Rel. Ministro Joaquim Barbosa, julgamento em 2.2.2009, Plenário DJ <strong>de</strong> 6.3.2009.3. Por exemplo, <strong>de</strong>cisão em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Manda<strong>do</strong> <strong>de</strong> Segurança, proferida pelo Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral no exercício <strong>de</strong> sua competência recursal em controle difuso <strong>de</strong>constitucionalida<strong>de</strong>, ao <strong>de</strong>terminar que falecem competências às instâncias administrativas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quebras <strong>de</strong> sigilo bancário, atribuição exclusiva <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Judiciário: “A LC 105, <strong>de</strong> 10.1.2001, não conferiu ao TCU po<strong>de</strong>res para <strong>de</strong>terminar a quebra <strong>do</strong> sigilo bancário <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s constantes <strong>do</strong> Banco Central <strong>do</strong> Brasil. Olegisla<strong>do</strong>r conferiu esses po<strong>de</strong>res ao Po<strong>de</strong>r Judiciário (artigo 3º), ao Po<strong>de</strong>r Legislativo Fe<strong>de</strong>ral (artigo 4º), bem como às CPIs, após prévia aprovação <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> pelo Plenárioda Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral ou <strong>do</strong> Plenário <strong>de</strong> suas respectivas CPIs (§1º e §2º <strong>do</strong> artigo 4º). Embora as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> TCU, por sua natureza, verificação<strong>de</strong> contas e até mesmo o julgamento das contas das pessoas enumeradas no art. 71, II, da CF, justifiquem a eventual quebra <strong>de</strong> sigilo, não houve essa <strong>de</strong>terminação na leiespecífica que tratou <strong>do</strong> tema, não caben<strong>do</strong> a interpretação extensiva, mormente porque há princípio constitucional que protege a intimida<strong>de</strong> e a vida privada, art. 5º, X,da CF, no qual está inserida a garantia ao sigilo bancário.” (MS 22.801, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 17.12.2007, Plenário, DJ <strong>de</strong> 14.3.2008).30 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


ativamente <strong>do</strong>s negócios jurídicos e políticos<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, como centro irradia<strong>do</strong>r <strong>de</strong>legitimida<strong>de</strong> normativa e jurídica <strong>do</strong> projetorepublicano.Logo, <strong>de</strong>ve-se reconhecer a titularida<strong>de</strong>, ato<strong>do</strong> e qualquer cidadão, <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sa viabilizar o projeto republicano: participação,fiscalização <strong>do</strong>s atos públicos e cobrança <strong>de</strong>realização <strong>do</strong>s objetivos fundamentais daRepública Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil.Logo, o cidadão é o controla<strong>do</strong>rúltimo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>sda República e, em <strong>de</strong>staque, da própriaatuação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas.Em segun<strong>do</strong> lugar, ele dispõe <strong>de</strong> meios<strong>de</strong> atuação no limite e no âmbito dain<strong>de</strong>pendência e harmonia prolatada noartigo 2º <strong>do</strong> Texto, com relação aos po<strong>de</strong>resconstituí<strong>do</strong>s. Ou seja: po<strong>de</strong>, no trânsito <strong>do</strong>sinstrumentos que permitam a política <strong>de</strong>checks and balances, legitimar e provocara atuação <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s nadimensão <strong>de</strong> sua atuação fiscalizatória e <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong>s eventuais excessos <strong>do</strong> outropo<strong>de</strong>r consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.A outorga <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res explícitos aopovo soberano importa em <strong>de</strong>ferimentoexplícito e implícito <strong>do</strong>s meios necessáriosao fiel cumprimento <strong>do</strong>s fins que lheforam atribuí<strong>do</strong>s.Instrumentos políticos e jurídicos à disposição <strong>do</strong> controla<strong>do</strong>r popularBasta <strong>de</strong>stacarmos a amplapossibilida<strong>de</strong>, disposta aocidadão, <strong>de</strong> exercício <strong>do</strong>direito <strong>de</strong> petição previstono artigo 5º, inciso XXXIV, “a”,ao dispor que “são a to<strong>do</strong>s assegura<strong>do</strong>s,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> pagamento <strong>de</strong>taxas: a) o direito <strong>de</strong> petição aos Po<strong>de</strong>resPúblicos em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> direitos ou contrailegalida<strong>de</strong> ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r”.O direito <strong>de</strong> petição qualifica-se,portanto, como prerrogativa <strong>de</strong> extraçãoconstitucional assegurada à generalida<strong>de</strong>das pessoas, traduzin<strong>do</strong> direito públicosubjetivo <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le essencialmente<strong>de</strong>mocrática e republicana.O Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral, aoanalisar a ADIn 1247-9/PA, <strong>de</strong>lineou anatureza <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> petição:“O direito <strong>de</strong> petição, presente emtodas as Constituições brasileiras,qualifica-se como importanteprerrogativa <strong>de</strong> caráter <strong>de</strong>mocrático.Trata-se <strong>de</strong> instrumento jurídico –constitucional posto à disposição <strong>de</strong>qualquer interessa<strong>do</strong> – mesmo daqueles<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> jurídica –com a explícita finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viabilizara <strong>de</strong>fesa, perante as instituições estatais,<strong>de</strong> direitos ou valores revesti<strong>do</strong>s tanto <strong>de</strong>natureza pessoal quanto <strong>de</strong> significaçãocoletiva.” 4É dizer: o cidadão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciarqualquer conduta ou ato abusivo perantequaisquer órgãos da AdministraçãoPública ou Ministério Público. De igualforma, po<strong>de</strong> apresentar qualquer<strong>de</strong>núncia aos tribunais <strong>de</strong> contas,inclusive sobre sua própria atuação,se cujo resulta<strong>do</strong> for insatisfatório ousobre ele recaírem suspeitas. Po<strong>de</strong> atuar,assim, como controla<strong>do</strong>r 5 <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>das ações empreendidas pelas cortes<strong>de</strong> contas, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> lhes abalizar oresulta<strong>do</strong>, verificar a motivação <strong>de</strong> suascondutas e a publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus atos e,mais importante, a eficácia <strong>de</strong> suas ações,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> resguardar ou restaurar ointeresse público.Esta possibilida<strong>de</strong> tem especialdimensão quan<strong>do</strong> se constata que,<strong>do</strong>s julgamentos <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong> emcontratações firmadas pelo Po<strong>de</strong>r Público,frau<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursos, o grau <strong>de</strong>restituição aos cofres públicos obti<strong>do</strong> pelasações <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas gira, comomédia nacional, em torno <strong>de</strong> 1% 6 .Isto sugere que o próprio sistema <strong>de</strong>fiscalização e controle <strong>de</strong> contas pa<strong>de</strong>ce<strong>de</strong> <strong>uma</strong> verificação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s, o que<strong>de</strong>ve nos remeter à lógica, como veremosa seguir, <strong>de</strong> um controle pauta<strong>do</strong> nosresulta<strong>do</strong>s e não, como se tradicionalmenterealiza, na forma burocrática <strong>de</strong> gestão.O cidadão está autoriza<strong>do</strong>, também, aapresentar petição com <strong>de</strong>núncias perantequalquer Comissão Parlamentar constituídano âmbito <strong>do</strong> Congresso Nacional, conformepermissivo constituí<strong>do</strong> no artigo 58, § 2º,IV, da Constituição <strong>do</strong> Brasil, ao dispor quecabe às comissões parlamentares, em razãoda matéria <strong>de</strong> sua competência, receberpetições, reclamações, representações ouqueixas <strong>de</strong> qualquer pessoa contra atosou omissões das autorida<strong>de</strong>s ou entida<strong>de</strong>spúblicas.Aliás, não se <strong>de</strong>scura que o <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, apesar <strong>de</strong> sua autonomia emrelação ao Po<strong>de</strong>r Legislativo, o auxilia noseu mister constitucional <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong>s<strong>de</strong>mais po<strong>de</strong>res, em especial, em relação àexecução orçamentária e aprovação <strong>de</strong>contas <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo.Isto significa que os parlamentarestambém têm condição <strong>de</strong> referendar ou<strong>de</strong>sautorizar relatórios ou conclusõesobtidas por órgãos técnicos e chanceladasjurisdicionalmente pela instituição <strong>de</strong>controle.A competência constitucional estáexpressamente disposta no artigo 49,IX, da Constituição <strong>do</strong> Brasil, ao disporque se trata <strong>de</strong> competência exclusiva <strong>do</strong>Congresso Nacional “julgar anualmenteas contas prestadas pelo Presi<strong>de</strong>nte daRepública e apreciar os relatórios sobre aexecução <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> governo”.O esquema constitucional é observa<strong>do</strong>nos <strong>de</strong>mais entes políticos autônomosestatais, em que os tribunais <strong>de</strong> contasestaduais fiscalizam as contas estaduaise municipais, envian<strong>do</strong> relatórios aosespecíficos po<strong>de</strong>res legislativos para quereferen<strong>de</strong>m seu julgamento, os recusemexpressamente ou <strong>de</strong>terminem outrasprovidências.E aqui resi<strong>de</strong> <strong>uma</strong> possibilida<strong>de</strong>constitucional pouco exercida pelos4. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, DJ <strong>de</strong> 8.9.1995, Ementário 1.799-01.5. Ou, se preferirmos, como provoca<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> controle.6. Ainda que os tribunais <strong>de</strong> contas não executem diretamente suas <strong>de</strong>cisões, a Constituição <strong>do</strong> Brasil as proveu <strong>de</strong> eficácia executiva. Ou seja, sua exequibilida<strong>de</strong> é <strong>do</strong>tada<strong>de</strong> força constrange<strong>do</strong>ra direta sobre patrimônios ou rendas <strong>de</strong> agentes públicos ou <strong>de</strong> terceiros.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4831


O CONTROLE DO CONTROLErepresentantes populares: a <strong>de</strong> avaliar oresulta<strong>do</strong> da ação das cortes <strong>de</strong> contas.Neste aspecto, verifica-se que não hádiálogo institucional, limitan<strong>do</strong>-se o po<strong>de</strong>rlegislativo a agir politicamente sobrerelatórios e julgamentos <strong>de</strong> contas anuais,haven<strong>do</strong> pouco ou nenhum <strong>de</strong>bate sobre umcontrole <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s da ação <strong>de</strong> execuçãoorçamentária, <strong>de</strong> políticas públicas ou<strong>de</strong> programas consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s estratégicose relevantes para o <strong>de</strong>senvolvimentonacional, regional e local.Até porque o artigo 74 da Constituição<strong>do</strong> Brasil dispõe que os Po<strong>de</strong>res Legislativo,Executivo e Judiciário manterão controleinterno, <strong>de</strong> forma integrada com ostribunais <strong>de</strong> contas. Logo, o diálogoinstitucional não é mera possibilida<strong>de</strong>, massim <strong>de</strong>ver constitucionalmente previsto.Deve-se <strong>de</strong>stacar, também, apossibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controle jurisdicionalda função contenciosa administrativa<strong>de</strong>sempenhada pelos tribunais <strong>de</strong> contas,passível <strong>de</strong> exame pelas Cortes estaduaise, em última instância, naquilo que disserrespeito à aplicação da Constituição e àverificação <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sempenho funcionalnos estritos limites da Constituição <strong>do</strong>Brasil, <strong>do</strong> Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral.Além <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo, <strong>do</strong> próprioPo<strong>de</strong>r Judiciário e das iniciativas provocadaspelos cidadãos, como o exercício <strong>do</strong> direito<strong>de</strong> petição ou impetração <strong>de</strong> ação popularconstitucional, as ações <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong>contas ficam sujeitas, também, ao crivo<strong>do</strong> Ministério Público. Isto porque há forteinteração entre as condutas apuradas pelosórgãos técnicos <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas ea função constitucional <strong>de</strong> zelar pela coisapública atribuída pela Constituição aoMinistério Público.Daí porque to<strong>do</strong>s os regimentosinternos e leis orgânicas <strong>de</strong> tribunais <strong>de</strong>contas <strong>do</strong> país preveem a <strong>de</strong>terminação<strong>de</strong> expedição <strong>de</strong> ofício ao MinistérioPúblico, para que este promova asações <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> seus julgamentos,c o m o r e c u p e r a ç ã o d e r e c u r s o sinapropriadamente aplica<strong>do</strong>s; in<strong>de</strong>nizaçãopor atos fraudulentos; apuração <strong>de</strong> atos<strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> administrativa; e aobtenção da chancela judicial para que oscontrata<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>ram causas a prejuízospúblicos fiquem impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> contratarcom a Administração e possam vir a ter,até mesmo, direitos políticos suspensos,entre outras possibilida<strong>de</strong>s.Nesta direção, o Ministério Público,ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> prestigiar as <strong>de</strong>cisões <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> lhe dar asconsequências previstas no or<strong>de</strong>namentojurídico, também está atuan<strong>do</strong> n<strong>uma</strong>perspectiva <strong>de</strong> avaliar aquela <strong>de</strong>cisãocontenciosa administrativa.Ainda que o exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong>petição sirva para provocar o funcionamentodas instâncias constituídas, fica evi<strong>de</strong>nteque o cidadão po<strong>de</strong> se valer <strong>de</strong>ste direitoilimitadamente. É importante frisar que aConstituição <strong>do</strong> Brasil não o limitou comrelação à sua extensão e possibilida<strong>de</strong>fática, sempre que presente a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>direitos ou o combate a ilegalida<strong>de</strong> ouabuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.Assim, se os po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s,<strong>de</strong>vidamente provoca<strong>do</strong>s pelo cidadão,também <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> cumprir com suasrespectivas funções, po<strong>de</strong>rão ser alvo <strong>de</strong>novas investidas e <strong>de</strong>núncias.O exercício <strong>de</strong>mocrático nuncase pressupôs sereno ou virtuoso. Pelocontrário, a limitação <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>saos órgãos republicanos constituí<strong>do</strong>s éresulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> lutas históricas e da construção<strong>de</strong> instrumentos e instituições que sejamcapazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>svestir o po<strong>de</strong>r da tentação<strong>do</strong> exercício pessoal.A busca <strong>de</strong> um novo paradigma <strong>de</strong> controleIsto tu<strong>do</strong> remete a um problema <strong>de</strong>eficiência e eficácia das ações <strong>do</strong>stribunais <strong>de</strong> contas.Hoje, o controle sobre os atosadministrativos está basea<strong>do</strong>, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> geral, na verificação <strong>de</strong> se foramou não cumpri<strong>do</strong>s os procedimentosestabeleci<strong>do</strong>s em lei ou regulamento.Em realida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista técnico,ainda são poucas as análises <strong>do</strong> ato em vista<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, o que não ocorre nem sobo prisma <strong>de</strong> sua conexão com as políticaspúblicas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A<strong>de</strong>mais, a fiscalizaçãoe o acompanhamento da execução contratualpelos tribunais <strong>de</strong> contas ainda é ativida<strong>de</strong>prepon<strong>de</strong>rantemente sanciona<strong>do</strong>ra: aplicamulta ou rejeita as contas <strong>do</strong> agentepúblico. 7Os tribunais <strong>de</strong> contas são <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s<strong>de</strong> autonomia. Isto não significa queestejam acima <strong>do</strong> texto constitucional,<strong>uma</strong> vez que sua atuação está vinculadaaos objetivos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> brasileiro e, entreestes, os princípios que <strong>de</strong>vem nortear todaa ativida<strong>de</strong> pública.Ressalte-se a importância, portanto, <strong>de</strong>se a<strong>do</strong>tar a ótica <strong>do</strong> controle <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s,com o aperfeiçoamento da sistemática <strong>de</strong>fiscalização e controle para <strong>uma</strong> meto<strong>do</strong>logiaque privilegie, efetivamente, a eficiência naexecução orçamentária; é dizer, a a<strong>do</strong>ção<strong>de</strong> <strong>uma</strong> prática que objetiva o controlefinalístico pela produção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>resulta<strong>do</strong>s, grau <strong>de</strong> conexão com a execuçãoorçamentária e priorida<strong>de</strong>s institucionaisdirecionadas pelas políticas públicas estataisem consonância com a Constituição <strong>do</strong>Brasil.Aliás, não é por outra razão que ostribunais <strong>de</strong> contas estão autoriza<strong>do</strong>s a criarunida<strong>de</strong>s técnicas e <strong>de</strong> fiscalização a partirda i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> matérias específicas.E isto por <strong>uma</strong> razão constitucionalmenteautorizada: a verificação <strong>do</strong> cumprimentoda vonta<strong>de</strong> da Constituição, algo positivo,e não por <strong>uma</strong> atuação sanciona<strong>do</strong>ra, queapenas enfoca a estrita legalida<strong>de</strong> em<strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s; o apego à formaem <strong>de</strong>trimento da instrumentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mecanismos para ver realiza<strong>do</strong>, na prática,o princípio da eficiência.7. Faz-se menção à prática jurisdicional <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União que, em processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> contas, entre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprová-las ou rejeitá-lasdiretamente, po<strong>de</strong> aprová-las com ressalvas. A prática é saudável e po<strong>de</strong>ria ser estendida a outros tribunais <strong>de</strong> contas na exata medida em que propicia às instituições eagentes públicos a conformação <strong>de</strong> suas ações às orientações expendidas pelo TCU, antes <strong>de</strong> <strong>uma</strong> rejeição completa e cabal <strong>de</strong> suas contas pelo <strong>Tribunal</strong>.32 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Os tribunais <strong>de</strong> contas são,em tese, órgãos técnicos,e não políticos. Sua ação,que tem implicaçõesnormativas, <strong>de</strong>ve preservarum ambiente <strong>de</strong> segurança jurídica. Daíporque seu <strong>de</strong>sempenho institucional nãopo<strong>de</strong> ser examina<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma isolada e<strong>de</strong>svinculada <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais órgãos estataisincumbi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> executar a lei e <strong>de</strong> fiscalizarsua aplicação.I s t o f i c a e v i d e n t e q u a n d o oadministra<strong>do</strong>r, mesmo atuan<strong>do</strong> emcumprimento à lei, vê-se à volta comquestionamentos <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasque têm entendimentos contrários àconstitucionalida<strong>de</strong> ou legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>próprio dispositivo legal autorizativo.Neste diapasão, fica evi<strong>de</strong>nte a urgente<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> se rever a Súmula 347<strong>do</strong> Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral, acimamencionada, que é <strong>de</strong> 1963. Hoje, aharmonização instrumental que <strong>de</strong>terminaa Constituição, a partir <strong>do</strong> artigo 2º <strong>de</strong> seuTexto, impõe <strong>uma</strong> ação orquestrada entreos po<strong>de</strong>res constituí<strong>do</strong>s que, preservan<strong>do</strong> osmecanismos <strong>de</strong> autonomia, in<strong>de</strong>pendênciae <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, eleve o grau <strong>de</strong>segurança jurídica da socieda<strong>de</strong>, e não ocontrário.Neste contexto, vale a pena <strong>de</strong>stacar aproposta <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> Conselho Nacional<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (<strong>CNTC</strong>), quemodifica o artigo 73-A da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> semelhante às reformas<strong>de</strong>correntes da Emenda ConstitucionalAguillar, Fernan<strong>do</strong> Herren. Controlesocial <strong>de</strong> serviços públicos. São Paulo:Max Limonad, 1999.Enterría, Eduar<strong>do</strong> García <strong>de</strong> eFernán<strong>de</strong>z, Tomás-Ramón. Curso <strong>de</strong>Derecho Administrativo. Tomos I e II.Madrir: Civitas, 2000. Séptima edición.ISBN: 84-470-1492-4 (obra completa).Fernan<strong>de</strong>s, Jorge Ulisses Jacoby.Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil –A ótica constitucional da eficiência“Os tribunais <strong>de</strong>contas são, em tese,órgãos técnicos,e não políticos.Sua ação, quetem implicaçõesnormativas,<strong>de</strong>ve preservarum ambiente <strong>de</strong>segurança jurídica.”nº. 45, que criou o Conselho Nacional <strong>de</strong>Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional <strong>do</strong>Ministério Público (CNMP). Além <strong>de</strong>ssaalteração, propõe também o acréscimo<strong>de</strong> dispositivo ao art. 102 da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, atribuin<strong>do</strong> competência aoSupremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral para processare julgar ações contra o Conselho Nacional<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, como ocorreBibliografiaJurisdição e Competência. BeloHorizonte: Fórum, 2006. p. 230.Malberg, R. Carré <strong>de</strong>. Teoría General<strong>de</strong>l Esta<strong>do</strong>. México: Efe, 2001.Naves, Rubens. Advocacia em <strong>de</strong>fesa<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. São Paulo: Méto<strong>do</strong>, 2008.Revista <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong>Janeiro: s.e. n. 43 - janeiro 2010.com o Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça ecom o Conselho Nacional <strong>do</strong> MinistérioPúblico.Esta proposta merece ser <strong>de</strong>batidano senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> possibilitar a avaliação daintegração <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong> controle<strong>de</strong> contas, avançan<strong>do</strong> nos quesitos datransparência e <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> suasações.A iniciativa <strong>de</strong>ve evitar reproduzir, nacriação <strong>de</strong> um Conselho Nacional, os erroscometi<strong>do</strong>s pelos atuais Conselho Nacional<strong>do</strong> Ministério Público e Conselho Nacional<strong>de</strong> Justiça, ao se tornarem instânciassancionatórias, burocratizan<strong>do</strong> aindamais a avaliação <strong>do</strong> serviço e per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> achance real <strong>de</strong> propiciar <strong>uma</strong> interlocução<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res e melhores práticas entre osdiversos tribunais <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> país.Finalmente, como <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong><strong>uma</strong> função constitucionalmente regrada,os tribunais <strong>de</strong> contas também não estãopoupa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> zelar pela observância<strong>do</strong>s princípios da administração, entre eleso da obtenção <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> sua açãoinstitucional.Assim, como órgãos vincula<strong>do</strong>sinstitucional e normativamente àConstituição <strong>do</strong> Brasil, os tribunais <strong>de</strong>contas <strong>de</strong>vem se submeter ao controlesocial exerci<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong> geral,lembran<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s instrumentos normativos<strong>de</strong>correntes aqui menciona<strong>do</strong>s, por meio <strong>de</strong>seus representantes eleitos, organizaçõesda socieda<strong>de</strong> civil ou quaisquer <strong>de</strong> seuscidadãos.Silva, Guilherme Amorim Campos da.Direito ao <strong>de</strong>senvolvimento. São Paulo:Méto<strong>do</strong>, 2004.Speck, Bruno Willheim. Inovação no<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União: o papelda instituição superior <strong>de</strong> controlefinanceiro no sistema políticoadministrativo<strong>do</strong> Brasil. São Paulo:Konrad-A<strong>de</strong>nauer, 2000.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4833


O CONTROLE DO CONTROLEConsi<strong>de</strong>rações sobre o controle<strong>do</strong> Controle: reflexões sobre<strong>uma</strong> ciência <strong>de</strong>sconhecidaContrário à criação <strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>s Tribunais<strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, o professor <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> emCiências Contábeis da UERJ, Lino Martins da Silva,observa que o enfoque legalista da<strong>do</strong> ao sistema <strong>de</strong>controle tem si<strong>do</strong> insuficiente para evitar a ocorrência<strong>de</strong> práticas ina<strong>de</strong>quadas, frau<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> conduta.“A tentativa <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r à questão <strong>de</strong> quem controlao controle tem leva<strong>do</strong> a alguns equívocos, como acriação <strong>de</strong> um órgão para fazer o controle externo<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, com a função <strong>de</strong> julgar asirregularida<strong>de</strong>s cometidas por ministros, conselheiros,procura<strong>do</strong>res e servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas daUnião, <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s municípios”.Lino Martins da SilvaProfessor Voluntário <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Ciências Contábeis/UERJEx-Controla<strong>do</strong>r Geral <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroOcontrole é um aspectofundamental da vida <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> e da socieda<strong>de</strong>.On<strong>de</strong> quer que hajao b j e t i v o s a s e r e mobe<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>s e condições a seremsatisfeitas, existe a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> umfluxo permanente e sistemático <strong>de</strong>controle.Os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> mostram aexistência <strong>de</strong> três funções prepon<strong>de</strong>rantese principais (legislativa, executiva ejudiciária), que estão relacionadas acada <strong>uma</strong> <strong>de</strong>stas funções. Assim, nafunção legislativa, temos a funçãonormativa, que faz referência à ativida<strong>de</strong>or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra ou legislativa; na funçãoexecutiva, encontramos como funçãoprincipal a ativida<strong>de</strong> administrativa,que envolve o cumprimento das leis e aadministração <strong>do</strong>s interesses coletivos;finalmente, na função judiciária, vamosencontrar a função judicativa, que seINTRODUÇÃOrefere ao cumprimento das normas eà resolução <strong>do</strong>s conflitos <strong>de</strong> interessesentre os cidadãos, entre estes e o Esta<strong>do</strong>e entre agentes <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong>.A função <strong>de</strong> controle, assim como afunção administrativa, perpassa todas asfunções prepon<strong>de</strong>rantes e, certamente,é a que está mais ligada ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>gerenciamento das ações <strong>de</strong>senvolvidasnos diversos setores, em cada um <strong>do</strong>sPo<strong>de</strong>res.Ao tratar <strong>de</strong>ste assunto, não nosreferimos, apenas, ao controle financeiroexerci<strong>do</strong> pelos tribunais <strong>de</strong> contas, masprincipalmente ao controle interno <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s os Po<strong>de</strong>res, relativo à forma <strong>de</strong>atuação <strong>de</strong> cada <strong>uma</strong> das instituiçõespolíticas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.O objetivo <strong>de</strong>ste artigo, portanto, émostrar que a função <strong>de</strong> controle tem<strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> própria, que não po<strong>de</strong>ser confundida com o enfoque que lhevem sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong> por juristas, a partirdas obras <strong>de</strong> Duguit, Hauriou e Jèze,que valorizaram e aprofundaram oenfoque jurídico <strong>do</strong> controle, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong><strong>de</strong> la<strong>do</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controle enquantoinstrumento <strong>de</strong> planejamento e <strong>de</strong>gestão administrativa, financeira epatrimonial.Os referi<strong>do</strong>s autores clássicos, bemcomo autores pátrios, não foram capazes<strong>de</strong> perceber que a função <strong>de</strong> controleconstitui <strong>uma</strong> função autônoma ein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das <strong>de</strong>mais funções, como<strong>de</strong>monstram os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> OLIVEIRA 1(1983). Esta reflexão bastante antigapassou a ter senti<strong>do</strong> e finalida<strong>de</strong> apartir <strong>do</strong>s dispositivos inseri<strong>do</strong>s naConstituição <strong>de</strong> 1988, relativos à avaliaçãoda administração pública pelo principioda eficiência que, juntamente com o dalegalida<strong>de</strong>, impessoalida<strong>de</strong>, moralida<strong>de</strong>e publicida<strong>de</strong>, estão inseri<strong>do</strong>s no artigo37 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.1. OLIVEIRA, Marques. O Controle, esse <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>. Editoras: Resenha Tributária e Revista <strong>do</strong>s Tribunais: São Paulo, 1983.34 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Não é difícil encontraradministra<strong>do</strong>res quese referem ao controlesob o aspecto legalistae formal, mediante ofalso entendimento <strong>de</strong> que o controlediminui sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação e constituiinterferência no po<strong>de</strong>r discricionário quelhe foi outorga<strong>do</strong> pelo voto popular. Nãopercebem que o objetivo <strong>do</strong> controle nãoé diminuir a liberda<strong>de</strong>, mas apenas fazervaler os limites <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s quais cadaum exerce a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sfruta,vez que os limites são as normas legaise constitucionais.Por sua vez, a perspectiva jurídica naavaliação das políticas públicas constitui<strong>uma</strong> verda<strong>de</strong>ira camisa <strong>de</strong> força, que levaà formulação da clássica pergunta-tema<strong>de</strong>ste artigo: “on<strong>de</strong> está o controle?” ou“quem controla o controle?”Neste senti<strong>do</strong>, um <strong>de</strong>safio que<strong>de</strong>ve merecer a reflexão <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osestudiosos que estejam envolvi<strong>do</strong>sna melhoria contínua da função <strong>de</strong>controle no setor público é o fato <strong>de</strong>que, tradicionalmente, os diferentesmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avaliação da eficiência,eficácia e economicida<strong>de</strong> das políticaspúblicas e seus indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vemignorar a perspectiva jurídica, <strong>do</strong>Existirá <strong>uma</strong> teoria <strong>do</strong> controle?mesmo mo<strong>do</strong> que os opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong>direito permanecem alheios às questõesda produtivida<strong>de</strong> administrativa esocial.Um juízo <strong>de</strong> valor positivo sobrea eficácia da regulamentação jurídica<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> que for consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> “umequilíbrio aceitável entre a realização <strong>do</strong>sseus objetivos, por um la<strong>do</strong>, e a quantida<strong>de</strong>e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consequências não<strong>de</strong>sejadas, por outro la<strong>do</strong>” (MIERS ePAGE: 1990). Na realida<strong>de</strong>, “se a lei é <strong>uma</strong>to finalístico, também interessa saberse os efeitos queri<strong>do</strong>s pelo legisla<strong>do</strong>rcorrespon<strong>de</strong>m àqueles que os resulta<strong>do</strong>s<strong>de</strong>ixam entrever” ( C A N OT I L H O :1987[2]).Para isso, é fundamental que osadministra<strong>do</strong>res, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os níveis,<strong>de</strong>terminem estu<strong>do</strong>s com o fito <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar claramente os objetivos daregulação, o que, como é óbvio, se tornadifícil em muitos casos. Tais estu<strong>do</strong>steriam como foco a avaliação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong>afastamento entre a “Law in the books”e a “Law in action”, pon<strong>do</strong> em relevo ocomplexo problema da interpretação<strong>do</strong> pensamento legislativo, que <strong>de</strong>ve serobjeto <strong>de</strong> análise rigorosa.Os estu<strong>do</strong>s acadêmicos realiza<strong>do</strong>s,bem como os relatórios expedi<strong>do</strong>spelo COSO, indicam que a avaliação <strong>de</strong>sistema <strong>de</strong> controle é <strong>uma</strong> das tarefasmais difíceis a serem realizadas e queultrapassa, em muito, os aspectosjurídicos, pois, ao tratar <strong>de</strong> controle,temos que ter presente não só a sua<strong>de</strong>finição como um processo <strong>de</strong> trabalho,como também que este constitui <strong>uma</strong>ferramenta <strong>de</strong> avaliação estruturadacom pontos <strong>de</strong> checagem, cujo objetivoé oferecer <strong>uma</strong> orientação e apoio parao processo <strong>de</strong> avaliação a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>sriscos <strong>de</strong> não atendimento aos objetivosinstitucionais.Tratan<strong>do</strong> da teoria <strong>do</strong> controle,FLORENTINO 2 (1975) esclarece que ateoria <strong>do</strong> controle constitui <strong>uma</strong> daspreocupações h<strong>uma</strong>nas com vistas aeliminar total ou parcialmente os fatoresadversos, naturais, ou cria<strong>do</strong>s pelopróprio homem, que afetam o seu bemestar,o seu equilíbrio. Seus propósitospo<strong>de</strong>m ter gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>,principalmente, no caso <strong>de</strong> aptidãopara frau<strong>de</strong>s, isto é, tendência parafazer variar o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fatores emproveito próprio.Essa teoria <strong>do</strong> controle indica aexistência <strong>do</strong> seguinte processo, tantonas organizações públicas como nasorganizações privadas:Figura 1. Estrutura <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> controle.2FLORENTINO, Américo Matheus. Auditoria Contábil. Fundação Getulio Vargas: RJ, 1975.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4835


O CONTROLE DO CONTROLEA figura acima mostra que ao agentecorretivo cabe medir e comparar osresulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ação, e,em seguida, corrigir essa ação para fazervariar seus resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limitesestabeleci<strong>do</strong>s, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a saída<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> um sistema é chamada <strong>de</strong>referência. A questão <strong>do</strong> controle <strong>do</strong>controle, tema <strong>de</strong>ste artigo, surge apartir <strong>de</strong> três constatações, sen<strong>do</strong> duasnegativas e <strong>uma</strong> positiva:I. Constatação negativa <strong>do</strong> controle:a) A ênfase exagerada aos aspectosArt. 75. O controle da execuçãoorçamentária compreen<strong>de</strong>rá:I - a legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos <strong>de</strong> que resultema arrecadação da receita ou a realizaçãoda <strong>de</strong>spesa, o nascimento ou a extinção<strong>de</strong> direitos e obrigações;II - a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> funcional <strong>do</strong>s agentes daadministração, responsáveis por bens evalores públicos;III - o cumprimento <strong>do</strong> programa<strong>de</strong> trabalho expresso em termosmonetários e em termos <strong>de</strong> realização<strong>de</strong> obras e prestação <strong>de</strong> serviços.Estabelece, ainda no artigo 77, quea verificação da legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos <strong>de</strong>execução orçamentária será prévia,concomitante e subsequente, e queo único controle verda<strong>de</strong>iro e eficaz,inseri<strong>do</strong> no inciso III <strong>do</strong> artigo 75,ficou limita<strong>do</strong> ao órgão incumbi<strong>do</strong> daelaboração da proposta orçamentária,ou outro indica<strong>do</strong> na legislação,conforme artigo 79. Tal fato mostra quejurídicos formais n<strong>uma</strong> dialética difusaque permite fazer variar os resulta<strong>do</strong>s,segun<strong>do</strong> os <strong>de</strong>sejos <strong>do</strong>s responsáveis.b) A ênfase aos valores <strong>de</strong> entrada nosistema (projetos básicos, licitações,etc.) cujas variáveis possibilitam queo responsável pelo controle procuremanipular essas entradas <strong>do</strong> sistema,para obter o efeito <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> nas saídas<strong>do</strong> sistema.II. Constatação positiva <strong>do</strong> controle:a) Quan<strong>do</strong> o agente corretivo(controle) é implementa<strong>do</strong> <strong>de</strong> formaO controle na Constituição Fe<strong>de</strong>ralOsistema <strong>de</strong> controle no setor a preocupação <strong>do</strong> legisla<strong>do</strong>r <strong>de</strong> 1964 erapúblico sempre esteve na com os ciclos políticos <strong>de</strong> curto prazo,pauta das discussões da o que, sem dúvida, é impeditivo daadministração. Entretanto, implementação <strong>de</strong> um controle eficaz.a opção brasileira até 1988 Os estu<strong>do</strong>s da legislação anteriorfoi pela ênfase ao aspecto jurídico. Tal a 1988 mostram que os controlesafirmativa é comprovada pela leitura eram <strong>de</strong>ficientes, com o formalismoda Lei n.º 4.320/64 que, em seu titulo prevalecen<strong>do</strong> sobre a essência e a ênfaseVIII, artigo 75, trata <strong>do</strong> controle da nos aspectos da legalida<strong>de</strong> formal que,execução orçamentária, reduzin<strong>do</strong> a por certo, foi gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> controlesação controla<strong>do</strong>ra da seguinte forma: burocráticos e funções não segregadasque impediam um senti<strong>do</strong> gerencial aosistema <strong>de</strong> controle no setor público.Nesta fase, po<strong>de</strong>mos dizer sem erro queo controle não era controla<strong>do</strong>.A i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> controle interno volta<strong>do</strong>para os ciclos <strong>de</strong> curto prazo fica evi<strong>de</strong>ntequan<strong>do</strong> verificamos que, na Lei n.º4.320/64, o controle era prerrogativa<strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo, que exercia os trêstipos referi<strong>do</strong>s no artigo 75, sem prejuízodas atribuições <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> ouórgão equivalente.A partir da Constituição <strong>de</strong> 1988, ocontrole <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser prerrogativa <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Executivo por força <strong>do</strong> disposto noartigo 70, que estabeleceu a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> controle interno em cada po<strong>de</strong>r, nosseguintes termos:Art. 70. A fiscalização contábil,financeira, orçamentária, operacionale patrimonial da União e das entida<strong>de</strong>sda administração direta e indireta,quanto à legalida<strong>de</strong>, legitimida<strong>de</strong>,automática e sem interferência(autocontrole) <strong>do</strong> fator h<strong>uma</strong>no.Assim, quan<strong>do</strong> o agente corretivo émitiga<strong>do</strong> com a ação correspon<strong>de</strong>nte,fica sistematicamente vincula<strong>do</strong> à açãoe, nesse caso, o agente corretivo seconfun<strong>de</strong> com o padrão, não haven<strong>do</strong><strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> comparação da ação.b) A ênfase aos valores <strong>de</strong> saída <strong>do</strong>sistema (produtos, projetos etc.), queimplicam estabelecimento <strong>do</strong>s limites<strong>de</strong> variação nos resulta<strong>do</strong>s.economicida<strong>de</strong>, aplicação dassubvenções e renúncia <strong>de</strong> receitas,será exercida pelo Congresso Nacional,mediante controle externo, e pelosistema <strong>de</strong> controle interno <strong>de</strong> cadaPo<strong>de</strong>r. (grifo nosso)Entretanto, além <strong>do</strong> controleinterno <strong>de</strong> cada po<strong>de</strong>r, como previstono dispositivo acima, verifica-se que, noartigo 74, o Constituinte <strong>de</strong>u um passoimportante sem aban<strong>do</strong>nar as referênciasà legalida<strong>de</strong> e aos ciclos políticos <strong>de</strong> curtoprazo e, consequentemente, passou a darênfase à entida<strong>de</strong> 3 , vale dizer, ao Esta<strong>do</strong>como pessoa jurídica <strong>de</strong> direito públicocom existência que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cadaum <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res que o formam, comoa seguir:Art. 74. Os Po<strong>de</strong>res Legislativo,Executivo e Judiciário manterão, <strong>de</strong>forma integrada, sistema <strong>de</strong> controleinterno com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>:I - avaliar o cumprimento das metasprevistas no plano plurianual, aexecução <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> governo e<strong>do</strong>s orçamentos da União;II - comprovar a legalida<strong>de</strong> e avaliaros resulta<strong>do</strong>s, quanto à eficácia eeficiência, da gestão orçamentária,financeira e patrimonial nos órgãose entida<strong>de</strong>s da administração fe<strong>de</strong>ral,bem como da aplicação <strong>de</strong> recursospúblicos por entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> direitopriva<strong>do</strong>;3Entida<strong>de</strong> é um <strong>do</strong>s princípios contábeis <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a resolução n. 750/1993 <strong>do</strong> CFC, como o que reconhece o Patrimônio como objeto da contabilida<strong>de</strong> e afirmaa autonomia patrimonial, a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> da diferenciação <strong>de</strong> um Patrimônio particular, no universo <strong>do</strong>s patrimônios existentes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> pertencer a <strong>uma</strong>pessoa, um conjunto <strong>de</strong> pessoas, <strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> ou instituição <strong>de</strong> qualquer natureza ou finalida<strong>de</strong>, com ou sem fins lucrativos.36 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


III - exercer o controle das operações<strong>de</strong> crédito, avais e garantias, bem como<strong>do</strong>s direitos e haveres da União;IV - apoiar o controle externo noexercício <strong>de</strong> sua missão institucional.Por tal dispositivo, além <strong>do</strong> controleinterno <strong>de</strong> cada Po<strong>de</strong>r, <strong>do</strong> controle internointegra<strong>do</strong> volta<strong>do</strong> para a evi<strong>de</strong>nciaçãopatrimonial da entida<strong>de</strong>, a Constituiçãotambém tratou, no artigo 71, <strong>do</strong> controleexterno, a cargo <strong>do</strong> Congresso Nacional,exerci<strong>do</strong> com o auxílio <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> da União, ao qual compete, entreoutras questões, a apreciação das contasprestadas anualmente pelo Presi<strong>de</strong>nte daRepública, mediante parecer prévio que<strong>de</strong>verá ser elabora<strong>do</strong> em sessenta dias, acontar <strong>de</strong> seu recebimento, e o julgamentodas contas <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res e <strong>de</strong>maisresponsáveis por dinheiros, bens evalores públicos da administração diretae indireta, incluídas as fundações esocieda<strong>de</strong>s instituídas e mantidaspelo Po<strong>de</strong>r Público fe<strong>de</strong>ral, e as contasdaqueles que <strong>de</strong>rem causa a perda,extravio ou outra irregularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> queresulte prejuízo ao erário público.No estu<strong>do</strong> das consi<strong>de</strong>rações sobreo controle <strong>do</strong> controle, é significativoobservar que a redação original daConstituição <strong>de</strong> 1988 somente incluíaa palavra eficiência no artigo 74, valedizer, ao tratar <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> controleinterno a ser manti<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma integradapelos Po<strong>de</strong>res Legislativo, Executivoe Judiciário. Não tratou, naquelaoportunida<strong>de</strong>, da eficiência comoprincípio da administração pública.Isto só ocorreu 10 anos após, em 1998,quan<strong>do</strong> da Emenda Constitucional n.º19 colocan<strong>do</strong> a eficiência no mesmopatamar <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais princípios dalegalida<strong>de</strong>, impessoalida<strong>de</strong>, moralida<strong>de</strong>e publicida<strong>de</strong>.O quadro 1, a seguir, mostra asprincipais diferenças entre as normasda Lei n. o 4.320/64 e as constantes daConstituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988:LEI N.º 4.320/64 CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988Po<strong>de</strong>r Executivo• Controle da execução orçamentária.• Legalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos (receita, <strong>de</strong>spesa, passivos).• Fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> funcional.• Cumprimento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> trabalho expresso em termosmonetários.To<strong>do</strong>s os Po<strong>de</strong>res• Controle integra<strong>do</strong>.• Avaliar o cumprimento das metas previstas e a execução <strong>do</strong>s programas.• Comprovar a legalida<strong>de</strong>.• Avaliar resulta<strong>do</strong>s quanto à eficácia e eficiência da gestão.• Avaliar resulta<strong>do</strong>s da aplicação <strong>de</strong> recursos públicos por entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> DireitoPriva<strong>do</strong>.• Controle das operações <strong>de</strong> crédito, avais e garantias.• Apoiar o controle externo.Cumprimento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> trabalho em termos<strong>de</strong> realização <strong>de</strong> obras e prestação <strong>de</strong> serviço – órgãoincumbi<strong>do</strong> da elaboração da proposta orçamentária.Controle prévio, concomitante e subsequente.Avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s quanto à eficácia e eficiência da gestão.Controle prévio, concomitante e subsequente.Em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> exposto, emboraainda exista um forte apego aos critériosda legalida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos verificar queo verda<strong>de</strong>iro controle é o que darásenti<strong>do</strong> e finalida<strong>de</strong> aos dispositivosconstitucionais, pois seria incoerenteo estabelecimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> hierarquia<strong>do</strong>s princípios na lição <strong>de</strong> BARROSO 4(2009), ao tratar <strong>do</strong> impacto que aconstitucionalização <strong>do</strong> Direito produziuem to<strong>do</strong>s os ramos jurídicos, em especialno direito administrativo:“No direito administrativo, aconstitucionalização produziumudanças <strong>do</strong>utrinárias ejurispru<strong>de</strong>nciais importantes, queincluíram a re<strong>de</strong>finição da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>supremacia <strong>do</strong> interesse público sobreo interesse priva<strong>do</strong>, a vinculação <strong>do</strong>administra<strong>do</strong>r à noção mais ampla<strong>de</strong> juridicida<strong>de</strong> e não apenas à lei e apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> mérito,<strong>do</strong> ato administrativo, com baseem princípios como razoabilida<strong>de</strong>,moralida<strong>de</strong> e eficiência.”O controle <strong>do</strong> controle: a questão essencialUma das questões, que sempreaflora nas discussõese palestras das quaistemos participa<strong>do</strong>, é quemcontrola o controla<strong>do</strong>r.Todas as vezes que me fazem tal perguntareflito sobre <strong>do</strong>is textos que utilizo nasaulas <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> Pública.O primeiro intitula-se “Por quebons conta<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>m fazer auditoriasruins?”, <strong>de</strong> autoria <strong>do</strong>s professores MaxH. Bazerman, da Harvard Business School,George Loewenstein, da Carnegie MellonUniversity, e Don A. Moore, professorda Graduate School of IndustrialAdministration <strong>de</strong> Carnegie Mellon.O segun<strong>do</strong> é intitula<strong>do</strong> “Gamesgovernment accountants play”(Governos jogam, conta<strong>do</strong>res brincam),<strong>de</strong> Robert N. Anthony, publica<strong>do</strong> naHarvard Business Review.A questão relacionada ao controle<strong>do</strong> controle afigura-se, para nós, como<strong>uma</strong> falsa questão colocada por pessoascom <strong>de</strong>sconhecimento da forma <strong>de</strong>funcionamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s princípios<strong>de</strong> pesos e contrapesos, que estãoinseri<strong>do</strong>s nas normas constitucionaisque preveem as seguintes formas <strong>de</strong>controle:4BARROSO, Luis Roberto. O direito constitucional e a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas normas – limites e possibilida<strong>de</strong>s da Constituição brasileira. 9ª. Ed. – Rio <strong>de</strong> Janeiro:Renovar, 2009, p. 360.Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4837


O CONTROLE DO CONTROLE(a) Controle da socieda<strong>de</strong> sobre o Esta<strong>do</strong>;(b) Controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sobre asocieda<strong>de</strong>;(c) Controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sobre o Esta<strong>do</strong>.Para constatar a primeira forma,basta <strong>uma</strong> leitura atenta da Constituição<strong>de</strong> 1988 que encontraremos diversasformas <strong>de</strong> a socieda<strong>de</strong> controlar o Esta<strong>do</strong>;e, entre elas, po<strong>de</strong>m ser referidas:• Po<strong>de</strong>r Judiciário, artigo 92.• Congresso Nacional, artigo 44.• Assembleias Legislativas, artigo 27,§ 3º.• Câmaras Municipais, artigo 29.• Sistema Eleitoral e Soberania Popular,artigo 14, § 9º, redação dada pelaEmenda Constitucional <strong>de</strong> revisão n.º4, <strong>de</strong> 1994.• Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, artigo 75.• Sistema <strong>de</strong> Controle Interno, artigo70.• Auditorias, artigo 71, incisos IV e VII.• Legitimida<strong>de</strong> cidadã, artigo 5º, incisoLXXIII.No que se refere ao controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>sobre a socieda<strong>de</strong>, também é possívelencontrar na Constituição importantesreferências aos direitos e <strong>de</strong>veresindividuais e coletivos, especialmente osconstantes no artigo 5º e seus incisos.A terceira forma <strong>de</strong> controle refere-seao controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> sobre si mesmo eenvolve diversas situações, entre as quaispo<strong>de</strong>mos referir as seguintes:• Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>nível superior supervisionarem osórgãos e funcionários que lhes sãohierarquicamente subordina<strong>do</strong>s(fiscalização hierárquica).• O exercício <strong>do</strong> controle nos seus trêsmomentos: prévio, concomitante esubsequente.“A gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong>controle ainda mantém o foco nos aspectosda legalida<strong>de</strong> e, consequentemente, nãoatentou para as mudanças surgidas a partirda Constituição <strong>de</strong> 1988.• O controle exerci<strong>do</strong> em função danatureza jurídica <strong>do</strong> controla<strong>do</strong>r:administrativo, jurisdicional epolítico.Em que pese a to<strong>do</strong>s os controlesacima referi<strong>do</strong>s, é preciso consi<strong>de</strong>rar quea gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> controleainda mantém o foco nos aspectos dalegalida<strong>de</strong> e, consequentemente, nãoatentou para as mudanças surgidas apartir da Constituição <strong>de</strong> 1988 no quese refere ao princípio da eficiência,”incluí<strong>do</strong> no artigo 37 por força da EmendaConstitucional n°. 19.Não será ousadia dizer que a visãolegalista é que permite perguntasrelacionadas com as características<strong>do</strong> controle <strong>do</strong> controle, vez que o não<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> marcos lógicos sobrea eficiência indicam, sobretu<strong>do</strong>, <strong>uma</strong> falta<strong>de</strong> controles <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que temcomo consequência a conclusão <strong>de</strong> que oEsta<strong>do</strong> está sen<strong>do</strong> incapaz <strong>de</strong> controlar asocieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> se controlar.A governança corporativa no setor públicoAênfase na legalida<strong>de</strong>, natransparência e nos ciclospolíticos <strong>de</strong> curto prazotem ofusca<strong>do</strong> a visão <strong>do</strong>saspectos relaciona<strong>do</strong>s coma continuida<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> pública, queestá mais relacionada com ciclos políticos<strong>de</strong> longo prazo, vale dizer, com a ênfase naevi<strong>de</strong>nciação <strong>do</strong> patrimônio como objeto<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s da Contabilida<strong>de</strong>, nos precisostermos <strong>do</strong> artigo 83 da Lei n.º 4.320/64.Estamos convenci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> que, emtermos <strong>de</strong> controle, o que falta naadministração pública é a visão <strong>de</strong>governança corporativa, <strong>de</strong>finida comoo sistema pelo qual as organizações sãodirigidas e controladas 5 e apoiada por trêsprincípios fundamentais:Openness (Abertura) - esta dimensãobusca assegurar que os stakehol<strong>de</strong>rstenham confiança no processo <strong>de</strong> tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões da entida<strong>de</strong> <strong>do</strong> setor público,na gestão propriamente dita, bem comonas pessoas (servi<strong>do</strong>res públicos).5The Report of the Committee on the Financial Aspects of Corporate Governance (the Cadbury report).38 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Pressupõe, também, a abertura paraconsultas relevantes entre as partesinteressadas, com base em um processo<strong>de</strong> comunicação efetivo, <strong>de</strong> forma queas medidas <strong>de</strong> gestão a<strong>do</strong>tadas sejamrápidas, eficazes e disponíveis para umexame sistemático e tempestivo.Integrity (Integrida<strong>de</strong>) - englobatanto as operações mais simples comoas mais complexas. É baseada emhonestida<strong>de</strong> e objetivida<strong>de</strong> e em eleva<strong>do</strong>spadrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>coro e probida<strong>de</strong> na gestão<strong>do</strong>s recursos públicos a cargo <strong>de</strong> <strong>uma</strong>entida<strong>de</strong>. É <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da eficácia <strong>do</strong>controle sobre as normas <strong>de</strong> pessoal;mas, especialmente, é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>profissionalismo das pessoas no âmbitoda repartição pública. Reflete-se noprocesso <strong>de</strong>cisório da entida<strong>de</strong>, bem comona qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>monstraçõescontábeis e <strong>de</strong>mais relatórios <strong>de</strong> gestão.Accountability (Prestação <strong>de</strong><strong>Contas</strong>/ Responsabilização) - é oprocesso pelo qual as entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> setorpúblico e os indivíduos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>las sãoresponsáveis por suas <strong>de</strong>cisões e ações,incluin<strong>do</strong> a forma como são geri<strong>do</strong>s osrecursos públicos, bem como to<strong>do</strong>s osaspectos relaciona<strong>do</strong>s ao <strong>de</strong>sempenho eresulta<strong>do</strong>s. A accountability é a obrigação<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r por <strong>uma</strong> responsabilida<strong>de</strong>assumida.Dentre as características da governançacorporativa po<strong>de</strong>m ser citadas:-- A distribuição <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r entre osagentes (pesos e contrapesos);-- A forma <strong>de</strong> apropriação <strong>do</strong> valoradiciona<strong>do</strong> à entida<strong>de</strong>;-- O controle da gestão.As reflexões sobre governançacorporativa levam à distinção entregovernança no setor priva<strong>do</strong> e governançaPadrões <strong>de</strong> comportamentono setor público, conforme estu<strong>do</strong>13 realiza<strong>do</strong> pelo IFAC – Fe<strong>de</strong>raçãoInternacional <strong>de</strong> Conta<strong>do</strong>res 6 , que alertapara o seguinte:• O foco <strong>de</strong> governança no setor priva<strong>do</strong>é o conselho <strong>de</strong> administração. Nosetor público (...) não é possível<strong>de</strong>senvolver <strong>uma</strong> estrutura únicaou um conjunto <strong>de</strong> recomendaçõessobre governança aplicada a todas asentida<strong>de</strong>s governamentais.• Os stakehol<strong>de</strong>rs no setor públicoincluem Ministros, eleitora<strong>do</strong>,Parlamento, clientes e o público emgeral, cada qual com um interesselegítimo, mas não necessariamente comqualquer “direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>”.O quadro 2, a seguir, mostra um resumodas recomendações para governança nosetor público, estabelecidas no estu<strong>do</strong> 13<strong>do</strong> IFAC já referi<strong>do</strong>:Li<strong>de</strong>rançaCódigos <strong>de</strong> conduta:Probida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>coroIntegrida<strong>de</strong>, objetivida<strong>de</strong> e honestida<strong>de</strong>RelaçõesEstrutura e processo organizacional Controle Relatórios externosResponsabilida<strong>de</strong> legal <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas.Accountability <strong>do</strong> dinheiro público.Comunicação entre partes interessadas.Papéis e responsabilida<strong>de</strong>s:• Equilíbrio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e autorida<strong>de</strong>• Órgão dirigente• Executivo principal• Membros não executivos• Gestão executiva• Política <strong>de</strong> remuneraçãoGerenciamento <strong>de</strong> riscosAuditoria internaComitês <strong>de</strong> auditoriaControle internoOrçamentoAdministração financeiraTreinamento <strong>de</strong> pessoalRelatórios anuaisUso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong>contabilida<strong>de</strong>Medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhoAuditoria externaPor sua vez, os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>spelo COSO 7 e pela INTOSAI 8 mostramque a visão <strong>de</strong> governança corporativapressupõe que o controle interno seja umprocesso integra<strong>do</strong>, efetua<strong>do</strong> pela direçãoe corpo <strong>de</strong> funcionários, e estrutura<strong>do</strong>para enfrentar os riscos e fornecerrazoável segurança <strong>de</strong> que, na consecuçãoda missão da entida<strong>de</strong>, os seguintesobjetivos gerais serão alcança<strong>do</strong>s:-- execução or<strong>de</strong>nada, ética, econômica,eficiente e eficaz das operações;-- cumprimento das obrigações <strong>de</strong>accountability;-- cumprimento das leis e regulamentosaplicáveis;-- salvaguarda <strong>do</strong>s recursos para evitarperdas, mau uso e dano.O controle interno, portanto, é umprocesso integra<strong>do</strong> e dinâmico que seadapta continuamente às mudançasenfrentadas pela organização. A direçãoe o corpo <strong>de</strong> funcionários, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s osníveis, <strong>de</strong>vem estar envolvi<strong>do</strong>s nesseprocesso, para enfrentar os riscose oferecer razoável segurança <strong>do</strong>alcance da missão institucional e <strong>do</strong>sobjetivos gerais. Ao tratar <strong>do</strong> temacontrola<strong>do</strong>ria, HECKERT e WILSON 9(1955) afirmaram:“À Controla<strong>do</strong>ria não compete o coman<strong>do</strong><strong>do</strong> navio, pois esta tarefa é <strong>do</strong> primeiroexecutivo; representa, entretanto, onavega<strong>do</strong>r, que cuida <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong>navegação. É sua finalida<strong>de</strong> manterinforma<strong>do</strong> o comandante quanto àdistância percorrida, ao local em que seencontra, e à velocida<strong>de</strong> da embarcação,à resistência encontrada, aos <strong>de</strong>sviosda rota, aos [roche<strong>do</strong>s] perigosos e aoscaminhos traça<strong>do</strong>s nos mapas, para queo navio chegue ao <strong>de</strong>stino.”6Study 13 – Governance in the Public Sector: A Governing Body Perspective. International Fe<strong>de</strong>ration Of Accountants – IFAC (2001).7The Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) http://www.coso.org/<strong>de</strong>fault.htm8INTOSAI - Organización Internacional <strong>de</strong> las Entida<strong>de</strong>s Fiscaliza<strong>do</strong>ras Superiores http://www.intosai.org/es/portal/9Heckert e Wilson, “Business Budgeting and Control” (Ronald Press. New York, 1955)Revista TCMRJ setembro 2011 - n. 4839


O CONTROLE DO CONTROLEEste artigo procurou mostrara existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controles,seja na Constituição Fe<strong>de</strong>ralou em legislação específica,e, portanto, constitui um contrassensoacreditar na ausência <strong>de</strong> controle.O estu<strong>do</strong> bibliográfico revela queo enfoque legalista da<strong>do</strong> ao sistema <strong>de</strong>controle tem si<strong>do</strong> insuficiente para evitara ocorrência <strong>de</strong> práticas ina<strong>de</strong>quadas,frau<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>svios, principalmente em faceda não aplicação plena <strong>do</strong>s instrumentosestabeleci<strong>do</strong>s pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral eque estão relaciona<strong>do</strong>s com os processos<strong>de</strong> trabalho, que transformam insumosem produtos ou serviços, e com aaplicação <strong>do</strong>s princípios <strong>de</strong> governançacorporativa.A tentativa <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r à questão<strong>de</strong> quem controla o controle tem leva<strong>do</strong>a alguns equívocos, como a criação <strong>de</strong>Conclusãoum órgão para fazer o controle externo<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas com a função <strong>de</strong>julgar as irregularida<strong>de</strong>s cometidas porministros, conselheiros, procura<strong>do</strong>rese servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas daUnião, <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s municípios.Com o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> respeito às opiniõescontrárias, a criação <strong>de</strong> um ConselhoNacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>representa bem a forma como osetor público brasileiro resolve seusproblemas. Quan<strong>do</strong> encontra alg<strong>uma</strong>prática ina<strong>de</strong>quada, produz <strong>uma</strong> novaestrutura burocrática sem ir fun<strong>do</strong> naraiz <strong>do</strong>s problemas que estão no “chãoda fábrica”, ou seja, na ineficiência <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> controle e gerenciamentodas ações governamentais.Antes <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> questõesrelacionadas com a ação <strong>do</strong>s tribunais<strong>de</strong> contas, seria fundamental resolverquestões <strong>de</strong> ineficiência por quaisas pessoas são responsáveis, porobe<strong>de</strong>cerem a regras, quan<strong>do</strong> melhorseria responsabilizá-las para alcançarresulta<strong>do</strong>s; ensiná-las a olhar os produtos(outputs) na mesma intensida<strong>de</strong> com quese <strong>de</strong>dicam aos insumos (inputs).Pa ra i s to, s e rá n e c e s s á r i a aimplementação integral da função<strong>de</strong> controle interno, não no senti<strong>do</strong>jurídico, como atualmente ocorre,mas no senti<strong>do</strong> cientifico, com oestabelecimento nos instrumentos<strong>de</strong> planejamento (PPA e LOA) <strong>de</strong><strong>de</strong>terminantes estruturais (escala,escopo, tecnologia, complexida<strong>de</strong> emo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão) e operacionais(capacida<strong>de</strong> instalada, configuração <strong>do</strong>sprodutos, ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor, competênciase habilida<strong>de</strong>s necessárias), <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> queo sistema <strong>de</strong> governança corporativapossa atuar sobre os recursos, asativida<strong>de</strong>s e os produtos.BIBLIOGRAFIABARROSO, Luis Roberto. O direitoconstitucional e a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suasnormas – limites e possibilida<strong>de</strong>s daConstituição brasileira. 9ª. Ed. – Rio <strong>de</strong>Janeiro: Renovar, 2009, p. 360.BIOLCHINI, Alberto . Codificação daContabilida<strong>de</strong> Pública Brasileira. Rio<strong>de</strong> Janeiro, Imprensa Nacional, 1930,vol. I.COSO - The Committee of SponsoringO rganizations o f the TreadwayCommission http://www.coso.org/<strong>de</strong>fault.htmFLORENTINO, Américo Matheus.Auditoria Contábil. Fundação GetulioVargas: RJ, 1975.GILSON, Iberê. Do ControleFinanceiro e Orçamentário. Rio <strong>de</strong>Janeiro, Revista da Inspetoria Geral <strong>de</strong>Finanças, mar/abril <strong>de</strong> 1974.HECKERT e WILSON. BusinessBudgeting and Control . Ronald Press.New York, 1955.HINRICHS, Harley H. e TAYLOR,Graeme M.. Orçamento Programa eanálise <strong>de</strong> custo benefício: casos,textos e leituras. Tradução <strong>de</strong> CarlosKronauer. Rio <strong>de</strong> Janeiro, FundaçãoGetúlio Vargas, 1974.IFAC - Study 13 – Governance inthe Public Sector: A Governing BodyPerspective. International Fe<strong>de</strong>rationOf Accountants – IFAC (2001)INTOSAI - Organización Internacional<strong>de</strong> las Entida<strong>de</strong>s Fiscaliza<strong>do</strong>rasSuperiores http://www.intosai.org/es/portal/NAO – National Audit Office – UK.Measuring the Performance ofGovernment Departments. March 2001.OLIVEIRA, Marques. O Controle,esse <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>. Editoras: ResenhaTributária e Revista <strong>do</strong>s Tribunais: SãoPaulo, 1983.SILVA, Lino Martins da. O controleinterno no setor público: situação,reforma e constituinte. Rio <strong>de</strong> Janeiro,NUSEF-UERJ, 2ª ed. 1987.SILVA, Lino Martins da. Contribuiçãoao estu<strong>do</strong> para implantação <strong>de</strong> sistema<strong>de</strong> custos na administração pública.Artigo premia<strong>do</strong> com o 2º lugar noconcurso <strong>de</strong> monografias da Secretaria<strong>do</strong> Tesouro Nacional e que teve por basea tese <strong>de</strong> Livre Docência <strong>de</strong>fendida naUniversida<strong>de</strong> Gama Filho._____________________ Contabilida<strong>de</strong>G o v e n a m e n t a l u m e n f o q u eadministrativo, 9ª Ed. São Paulo, Atlas,2011.40 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


A nova cara <strong>do</strong> RioAcida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro está passan<strong>do</strong> por gran<strong>de</strong>stransformações. Impulsionada pelos eventos internacionaisque sediará nos próximos anos, como a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> eos Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016, entre outros, a cida<strong>de</strong> recebeinvestimentos recor<strong>de</strong>s, comemora a queda <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> violênciae assiste, a cada dia, a <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> intervenções que prometemfazer surgir, nos próximos cinco anos, <strong>uma</strong> metrópole mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.Com a autoestima elevada, o carioca acompanha, <strong>de</strong> Leste a Oeste,a construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova cida<strong>de</strong>, totalmente integrada, não só pelamobilida<strong>de</strong> urbana, assegurada pelas vias expressas, linhas <strong>de</strong> metrôe ponte estaiada, como o resgate da cidadania <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 300 milmora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s carentes, com a criação das UPPs, projetossociais e valorização <strong>de</strong> imóveis.A união <strong>de</strong> forças, participação <strong>do</strong>s governos municipal, estaduale fe<strong>de</strong>ral, e a confiança e colaboração <strong>do</strong> povo certamente tornarão aCida<strong>de</strong> Maravilhosa ainda mais maravilhosa!RevistaRevistaTCMRJTCMRJn.n.4848--setembrosetembro201120114141


A NOVA CARA DO RIOFoto: Shana ReisE N T R E V I S T ATeleférico <strong>do</strong> Alemão,novo cartão postal <strong>do</strong> RioFoto: Marino Azeve<strong>do</strong>/Governo RJPresi<strong>de</strong>nta Dilma Rousseff e autorida<strong>de</strong>s na inauguração <strong>do</strong> TeleféricoSérgio CabralGoverna<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroCom custo aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong> R$ 210,9 milhões, oteleférico <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Alemão, novo cartãopostal <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, levou “paz, cidadaniae acessibilida<strong>de</strong> à população que mais precisa”,afirmou Sérgio Cabral. “Sem dúvida, o teleférico émais <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> unir ainda mais a ‘cida<strong>de</strong> partida’,integran<strong>do</strong> diferentes áreas <strong>do</strong> Rio”.“O nosso governo tem a parceria como marcaregistrada. A nossa integração com o governo fe<strong>de</strong>ral,no Alemão e em outras áreas, é muito gran<strong>de</strong>, felizmente. Acabou o isolamento em que oRio <strong>de</strong> Janeiro vivia, sem recursos, sem projetos. Com muito trabalho e parceria, nós temosconsegui<strong>do</strong> mudar a história <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro”.Confira a entrevista em que o governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Sérgio Cabral Filho, discute políticas<strong>de</strong> governo, projetos e resulta<strong>do</strong>s já aferi<strong>do</strong>s.Governa<strong>do</strong>r Sérgio Cabral42 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Teleférico <strong>do</strong> Alemão com abaía da Guanabara, ao fun<strong>do</strong>Como o senhor afirmouna Revista TCMRJ n o 46, “a pacificaçãodas comunida<strong>de</strong>s é <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong>”. Ainauguração <strong>do</strong> teleférico <strong>do</strong> Complexo<strong>do</strong> Alemão se insere na perspectiva <strong>de</strong>segurança para as comunida<strong>de</strong>s?Sérgio Cabral – Sem dúvida. Tu<strong>do</strong>começou quan<strong>do</strong>, logo no início <strong>do</strong> meuprimeiro mandato, em 2007, fui a Me<strong>de</strong>lín,na Colômbia, acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> Secretário<strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, José MarianoBeltrame, para conhecer o processo <strong>de</strong>pacificação nas comunida<strong>de</strong>s daquelacida<strong>de</strong>. Visitei o teleférico <strong>de</strong> lá e pensei:“como po<strong>de</strong> <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> como Me<strong>de</strong>lín, comproblemas <strong>de</strong> segurança semelhantes aos<strong>do</strong> Rio e até mais graves, ter um teleféricocom urbanização e paz e o Rio <strong>de</strong> Janeironão ter?”. A partir daí, tomamos a <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong> incluir a implantação <strong>do</strong> teleférico nosprojetos para o Complexo <strong>do</strong> Alemão. Comele, estamos dan<strong>do</strong> dignida<strong>de</strong> e mobilida<strong>de</strong>às pessoas que gastavam, muitas vezes,mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong> hora para se locomover nacomunida<strong>de</strong>. Muitos mora<strong>do</strong>res são i<strong>do</strong>sosou com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção, que nãoconseguiam sair mais <strong>de</strong> suas casas pordificulda<strong>de</strong> para subir e <strong>de</strong>scer as la<strong>de</strong>irase escadas. Vamos continuar com o trabalho<strong>de</strong> respeito aos direitos h<strong>uma</strong>nos e tambémo <strong>de</strong> garantia da lei e da or<strong>de</strong>m. Porque apacificação é um processo <strong>de</strong> educaçãorecíproca entre a força pacifica<strong>do</strong>ra e acomunida<strong>de</strong>. É um aprendiza<strong>do</strong> diário.Temos ainda um longo caminho pela frente,mas estamos mudan<strong>do</strong> a história <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. O Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2011 não é maiso <strong>de</strong> 2007 e chegará a 2014 ainda muitomelhor <strong>do</strong> que hoje.Po<strong>de</strong>mos afirmar que o teleféricoajuda a integrar à Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro os cerca <strong>de</strong> 120 mil habitantes <strong>do</strong>conjunto <strong>de</strong> favelas <strong>do</strong> Alemão. Como ogoverno <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> tem trabalha<strong>do</strong> paraauxiliar na mudança <strong>de</strong> perspectivas <strong>do</strong>smora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa área da cida<strong>de</strong>?Trinta anos <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no não serevertem no curto prazo. Infelizmente,aquela região sofreu muito, em to<strong>do</strong>s ossenti<strong>do</strong>s. O que estamos fazen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2007, é garantir a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir e virdas pessoas, <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> o território paraaquela população e abrin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> janela<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s para as comunida<strong>de</strong>s.O processo <strong>de</strong> pacificação é contínuo evamos trabalhar incansavelmente paraque as pessoas daquela região tenhamcada vez mais qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Alémda parceria com a prefeitura e o governofe<strong>de</strong>ral, que tem si<strong>do</strong> fundamental nessaretomada, é muito importante a parceriaque temos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com as empresasnos territórios pacifica<strong>do</strong>s, levan<strong>do</strong>oportunida<strong>de</strong>s e cidadania aos mora<strong>do</strong>resdas comunida<strong>de</strong>s, em especial aos jovens.Assim, consolidamos a presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>e o envolvimento da socieda<strong>de</strong> nessas áreas,evitan<strong>do</strong> a volta da criminalida<strong>de</strong>. Criamoso Comitê Executivo <strong>de</strong> Políticas Sociaisnas comunida<strong>de</strong>s pacificadas para que apopulação tenha acesso a equipamentos<strong>de</strong> cultura e a serviços públicos.Como está funcionan<strong>do</strong> a parceria<strong>do</strong> governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> com o governofe<strong>de</strong>ral no Alemão? O Teleférico <strong>do</strong>Alemão é um símbolo <strong>do</strong> Programa<strong>de</strong> Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC),como a presi<strong>de</strong>nte Dilma afirmou nainauguração? Quais outras obras estãoRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201143


A NOVA CARA DO RIOprevistas para o Complexo <strong>do</strong> Alemão?Com um custo em torno <strong>de</strong> R$ 210,9milhões, o teleférico é realmente umsímbolo <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Aceleração <strong>do</strong>Crescimento (PAC) e um novo cartão <strong>de</strong>visita <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Alemão, trazen<strong>do</strong>paz, cidadania e acessibilida<strong>de</strong> à populaçãoque mais precisa. O teleférico está integra<strong>do</strong>aos trens da SuperVia, por meio da estação<strong>de</strong> Bonsucesso. Estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> umprojeto para esten<strong>de</strong>r a linha <strong>do</strong> teleféricoaté a Igreja da Penha e ao Estádio JoãoHavelange, o Engenhão, a partir da estaçãoFazendinha.O nosso governo tem a parceriacomo marca registrada. Com o governofe<strong>de</strong>ral, essa parceria, que começou como presi<strong>de</strong>nte Lula, se consolida a cada diacom a presi<strong>de</strong>nta Dilma. Além da gran<strong>de</strong> ebonita obra que é o teleférico, em <strong>uma</strong> <strong>de</strong>suas estações, a <strong>do</strong> Alemão, a presi<strong>de</strong>ntaentregou à população, em julho, um posto<strong>do</strong> Instituto Nacional <strong>de</strong> Segurida<strong>de</strong> Social(INSS) e <strong>uma</strong> agência <strong>do</strong>s Correios. Anossa integração com o governo fe<strong>de</strong>ral,no Alemão e em outras áreas, é muitogran<strong>de</strong>, felizmente. Acabou o isolamentoem que o Rio <strong>de</strong> Janeiro vivia, sem recursos,sem projetos. Apenas no Complexo <strong>do</strong>Alemão, o PAC já entregou 728 unida<strong>de</strong>shabitacionais; o Colégio Estadual JornalistaTim Lopes; um complexo esportivo;um Centro Educacional <strong>de</strong> EducaçãoTecnológica e Profissionalizante; <strong>uma</strong>UPA 24 horas; áreas <strong>de</strong> lazer e esportiva;mais <strong>de</strong> 24.000 metros <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgoto;15.400 metros <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> drenagem;e a pavimentação <strong>de</strong> 30 quilômetros <strong>de</strong>rua. Famílias que moravam em áreas <strong>de</strong>risco foram retiradas e realocadas em 592apartamentos nos con<strong>do</strong>mínios JardimAcácias e Jardim Palmeiras, construí<strong>do</strong>spelo programa Minha Casa, Minha Vida.Estão em construção ainda cerca <strong>de</strong> 200imóveis. Todas as obras foram realizadascom recursos <strong>do</strong>s governos fe<strong>de</strong>ral eestadual, totalizan<strong>do</strong> R$ 725 milhões.Existem projetos <strong>de</strong> obras para outrascomunida<strong>de</strong>s pacificadas? A Mangueira,por exemplo?Existem. Três comunida<strong>de</strong>s serãocontempladas na primeira fase <strong>do</strong> PAC2: as <strong>do</strong> Complexo da Tijuca, o JardimBatan, em Realengo, e a Mangueira, comrecursos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> R$ 400 milhões jágaranti<strong>do</strong>s pela Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral.Os investimentos vão se concentrar eminfraestrutura e construção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>shabitacionais. Um da<strong>do</strong> importante éque os projetos estão sen<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong>scom as intervenções necessárias a cadacomunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o diagnósticosocial elabora<strong>do</strong> por técnicos e mora<strong>do</strong>res<strong>de</strong> cada área. O nosso governo vai investirRS 180 milhões na Mangueira, emparceria com o governo fe<strong>de</strong>ral. Estãoprevistas, entre outras intervenções:construção <strong>de</strong> 600 unida<strong>de</strong>s habitacionais;melhorias habitacionais em 497 moradias;regularização fundiária <strong>de</strong> 4.970 unida<strong>de</strong>s;reforma e complementação das re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> infraestrutura e saneamento básico;construção <strong>de</strong> equipamentos comunitários,<strong>de</strong> <strong>uma</strong> escola profissionalizante, <strong>de</strong> <strong>uma</strong>creche, <strong>de</strong> um equipamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>um centro cultural; reforma e ampliaçãoda quadra da escola <strong>de</strong> samba e <strong>do</strong> CentroCultural Cartola; e construção <strong>do</strong> planoinclina<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> isso porque, a reboque dapacificação, têm que vir os investimentosem infraestrutura e na área social. Esse éo caminho.O senhor acredita que o teleféricopo<strong>de</strong> se tornar mais um ponto turísticoda cida<strong>de</strong>?O teleférico já transportou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> asua inauguração em julho <strong>de</strong>ste ano, mais<strong>de</strong> 300 mil passageiros, entre mora<strong>do</strong>res evisitantes. Cerca <strong>de</strong> 20% <strong>do</strong>s passageirosforam visitantes, a gran<strong>de</strong> maioria vinda<strong>de</strong> outros lugares da cida<strong>de</strong> e até <strong>de</strong> outrosesta<strong>do</strong>s. Cria<strong>do</strong> para facilitar o ir e vir <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>res das comunida<strong>de</strong>s carentes<strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> Alemão, esse meio <strong>de</strong>transporte por cabo aéreo, com uso <strong>de</strong>alta tecnologia, também po<strong>de</strong> ser <strong>uma</strong>alternativa <strong>de</strong> turismo, sim. Esse novocartão postal da cida<strong>de</strong> é <strong>uma</strong> atração paraquem está na parte baixa, admiran<strong>do</strong> ovaivém das gôn<strong>do</strong>las, e também para quemestá, lá em cima, passan<strong>do</strong> pelas mo<strong>de</strong>rnase coloridas estações, aprecian<strong>do</strong> <strong>do</strong> alto, <strong>de</strong>um la<strong>do</strong>, o Engenhão e, mais distante, o Pão<strong>de</strong> Açúcar, e, <strong>do</strong> outro, a Igreja da Penha ea Baía <strong>de</strong> Guanabara. A viagem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><strong>uma</strong> gôn<strong>do</strong>la envidraçada permite visão <strong>de</strong>360 graus e a estrutura <strong>do</strong> equipamento éfantástica. Sem dúvida, o teleférico é mais<strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> unir ainda mais a “cida<strong>de</strong>partida”, integran<strong>do</strong> diferentes áreas <strong>do</strong>Rio.A representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> teleférico,associada à imagem <strong>de</strong> segurança queo Rio <strong>de</strong> Janeiro começa a projetar,po<strong>de</strong> ajudar a aumentar a confiança e aautoestima <strong>do</strong> carioca? Em que outrasações o Esta<strong>do</strong> está contribuin<strong>do</strong> paraisso?No segun<strong>do</strong> turno das eleições <strong>de</strong>2006, o presi<strong>de</strong>nte Lula e eu fizemos <strong>uma</strong>aliança que tinha como objetivo mudar oRio <strong>de</strong> Janeiro, recuperar o nosso esta<strong>do</strong><strong>do</strong> isolamento político e da estagnaçãoeconômica em que ele se encontrava háanos. O Brasil já vivia um gran<strong>de</strong> momentonaquela ocasião, <strong>de</strong> mudança econômica,<strong>de</strong> inclusão social, e, infelizmente, o Rio <strong>de</strong>Janeiro não acompanhava esse crescimentoe perdia oportunida<strong>de</strong>s e investimentos.Com muito trabalho e parceria, nós temosconsegui<strong>do</strong> mudar a história <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Demos início ao nosso projeto<strong>de</strong> intervenção nas comunida<strong>de</strong>s, comas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacifica<strong>do</strong>ras(UPPs) e as obras <strong>do</strong> PAC. O presi<strong>de</strong>nteLula e a presi<strong>de</strong>nta Dilma, que antes eraministra da Casa Civil, acreditaram nesseprojeto, saben<strong>do</strong> o que iríamos fazer, quenós seríamos capazes <strong>de</strong> realizar essegran<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> transformação para oRio <strong>de</strong> Janeiro. O que estamos fazen<strong>do</strong> emvárias comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Rio é algo que eraimpensável há alguns anos. A mudança,que já é <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> nas comunida<strong>de</strong>spacificadas, vai chegar a outras também.Isso sem falar na agenda extraordinária <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s eventos internacionais que o Riotem para os próximos anos e que <strong>de</strong>ixarálega<strong>do</strong>s essenciais para a população,lega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> infraestrutura, segurança,mobilida<strong>de</strong> urbana.Tu<strong>do</strong> isso contribuiu para essarecuperação da autoestima <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Com a confirmação como se<strong>de</strong><strong>do</strong>s Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016, o Rio coroouum calendário que tem hoje a conferênciaambiental Rio+20, que reunirá mais <strong>de</strong>cem chefes <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiroem 2011; a Jornada Mundial da Juventu<strong>de</strong>,o Campeonato Mundial <strong>de</strong> Judô e a Copadas Confe<strong>de</strong>rações, em 2013; e a Copa <strong>do</strong>Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Futebol, em 2014.44 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Um Rio que não para!Antonio Pedro Figueira <strong>de</strong> MelloSecretário Municipal <strong>de</strong> TurismoA cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro está no centro <strong>de</strong>atenções. Segun<strong>do</strong> o Secretário Municipal <strong>de</strong>Turismo, Antonio Pedro Figueira <strong>de</strong> Mello, “apolítica <strong>de</strong> segurança, com a implementação<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Polícia Pacifica<strong>do</strong>ra, as UPPs,vem crian<strong>do</strong> novos polos turísticos na cida<strong>de</strong>,ajudan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento e a economia <strong>de</strong>comunida<strong>de</strong>s”. Assim, “a cida<strong>de</strong> se integra efica melhor para os turistas e cariocas”, conclui.ORio <strong>de</strong> Janeiro jamais per<strong>de</strong>o papel <strong>de</strong> protagonista <strong>do</strong>turismo nacional. A cadaano, bate recor<strong>de</strong>s comocida<strong>de</strong> preferida <strong>do</strong>s turistas brasileirose estrangeiros, como palco preferencial<strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s shows internacionais,promotora <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais atraentes ealegres carnavais <strong>do</strong> país, polo <strong>de</strong> atraçãoda temporada <strong>do</strong>s transatlânticos,organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> mais ilumina<strong>do</strong> réveillon<strong>do</strong> país. E, a partir <strong>do</strong> ano que vem e peloscinco anos seguintes, ganhará projeçãono cenário internacional como a CapitalMundial <strong>do</strong>s Esportes. Os recor<strong>de</strong>s sesuce<strong>de</strong>m e, neste ano, as projeçõesindicam que as marcas serão novamentesuperadas.A cida<strong>de</strong> está no centro dasatenções. A política <strong>de</strong> segurança, coma implementação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> PolíciaPacifica<strong>do</strong>ra, as UPPs, vem crian<strong>do</strong> novospolos turísticos na cida<strong>de</strong>, ajudan<strong>do</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento e a economia<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s, até então isoladas<strong>do</strong> convívio externo. Hoje, projetosturísticos estão levan<strong>do</strong> visitantes a sehospedarem em comunida<strong>de</strong>s comoChapéu Mangueira e Pavão – Pavãozinho,on<strong>de</strong> essa ativida<strong>de</strong> já virou fonte <strong>de</strong>renda <strong>de</strong> muitos mora<strong>do</strong>res. É assim quea cida<strong>de</strong> se integra e fica melhor para osturistas e para os cariocas.Com a integração maior das regiõesda cida<strong>de</strong> e a realização <strong>de</strong> um calendário<strong>de</strong> eventos nacionais e internacionais<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, a re<strong>de</strong> hoteleira vemregistran<strong>do</strong> números impressionantes.Celebramos neste ano o fim da baixatemporada. Para se ter <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia,normalmente no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> setembroe outubro os hotéis registravam <strong>uma</strong>média <strong>de</strong> 68% <strong>de</strong> ocupação. Neste ano,esta média subiu para 89%.Durante o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rock inRio, chegamos ao recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100%<strong>de</strong> ocupação, o que não acontecenem mesmo no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> réveillone carnaval. Toda a movimentação emtorno <strong>do</strong> festival gera receita <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>US$ 419 milhões para a economia local,<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com pesquisa realizada pelaprópria organização <strong>do</strong> Rock in Rio, emparceria com a Riotur.Com tu<strong>do</strong> isso, o verão promete ser<strong>de</strong> recor<strong>de</strong>s. No ano passa<strong>do</strong>, registramosa presença <strong>de</strong> 2,6 milhões <strong>de</strong> turistas nacida<strong>de</strong>. Para este ano, a expectativa é<strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> pelo menos 10% emrelação a 2010.O último verão atraiu cerca <strong>de</strong>2,6 milhões <strong>de</strong> turistas para a cida<strong>de</strong>.No réveillon, 620 mil brasileiros eestrangeiros vão ocupar o Rio, comdireito a um show <strong>de</strong> nosso maiorintérprete, Roberto Carlos. No carnaval,cerca <strong>de</strong> 800 mil visitantes estiveramna cida<strong>de</strong> curtin<strong>do</strong> os blocos <strong>de</strong> rua e os<strong>de</strong>sfiles da Marquês <strong>de</strong> Sapucaí.Para acompanhar to<strong>do</strong> essecrescimento, estamos amplian<strong>do</strong> onúmero <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> informaçõesturísticas na cida<strong>de</strong>, aumentan<strong>do</strong>a presença da Riotur em eventos edivulgan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong> através da internet,das re<strong>de</strong>s sociais e <strong>do</strong> contato com aimprensa nacional e internacional.Também estamos trabalhan<strong>do</strong> naqualificação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra para aten<strong>de</strong>rmelhor aos turistas que visitam acida<strong>de</strong>.A agenda é cheia nos próximosanos. Além da tradicional festa <strong>de</strong>réveillon em Copacabana, e o carnaval,cada dia mais cobiça<strong>do</strong>s pelos turistas,já temos na agenda eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte, como a Rio +20, em 2012, a Copadas Confe<strong>de</strong>rações, em 2013, a Copa<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>, em 2014, e as Olimpíadas<strong>de</strong> 2016. Com tu<strong>do</strong> isso, a cida<strong>de</strong> seconsolida como um <strong>do</strong>s maiores <strong>de</strong>stinosturísticos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e a Capital Mundial<strong>do</strong>s Esportes. E, com certeza, não vamosmedir esforços para fazer jus ao título <strong>de</strong>Cida<strong>de</strong> Maravilhosa e cordial com seusvisitantes.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201145


A NOVA CARA DO RIOPorto MaravilhaPorta <strong>de</strong> entrada da Cida<strong>de</strong> MaravilhosaSergio Rabaça Moreira DiasSecretário Municipal <strong>de</strong> UrbanismoO Secretário Municipal <strong>de</strong> Urbanismo,Sergio Rabaça Moreira Dias, em entrevistaà Revista TCMRJ, falou <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong>requalificação urbanística sustentávelda Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e daimportância da integração <strong>de</strong> todas assecretarias para o andamento e sucesso<strong>do</strong> programa. “No governo <strong>do</strong> prefeitoEduar<strong>do</strong> Paes, não existe estrelismo. Umnão é mais <strong>do</strong> que o outro; e todas asfunções são tão importantes quanto. Esteé o ambiente que o prefeito conseguiu”,elogiou Sergio Dias.As obras e projetosda Secretaria visam a aten<strong>de</strong>r oprograma <strong>de</strong> preparação da Cida<strong>de</strong>para a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> e os JogosOlímpicos?O importante é saber aproveitar aoportunida<strong>de</strong> das Olimpíadas; usar osJogos para a cida<strong>de</strong>, e não que a cida<strong>de</strong>seja somente usada para os Jogos.Outra característica <strong>do</strong> momento atual:resgatamos e implementamos diversosprojetos, que até já estavam prontos,mas engaveta<strong>do</strong>s, como a revolução<strong>do</strong> transporte coletivo. Toda a cida<strong>de</strong>está sen<strong>do</strong> “rasgada” por este sistemanovo <strong>de</strong> BRT - Bus Rapid Transit;transporte <strong>de</strong> massa, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>senha<strong>do</strong> para o cidadão, que fará aligação mais importante com a zonaoeste: a Transcarioca, a Transolímpicae a Transoeste, todas interligadas, comlógicas <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>, e a estação <strong>do</strong>metrô da Barra da Tijuca.A cida<strong>de</strong> toda passa a ser um anel<strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> transporte coletivo <strong>de</strong>massa. Mas o ambiente urbano e oambiente natural têm <strong>de</strong> estar emharmonia. E tu<strong>do</strong> ficará pronto até 2016,cronograma totalmente cumpri<strong>do</strong>;passou a ser compromisso olímpico,fato que nos ajuda, por ser analisa<strong>do</strong> evistoria<strong>do</strong>, em completa transparência.O projeto também contempla induçãoao crescimento e resgate das tradiçõesda zona norte carioca, outra regiãotambém aban<strong>do</strong>nada, menosprezada;bairros que, no passa<strong>do</strong>, foram <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> valor, inclusive patrimonial,com qualida<strong>de</strong> urbanística. O subúrbiocarioca está aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> e é <strong>uma</strong>das gran<strong>de</strong>s priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Prefeito;temos elabora<strong>do</strong> legislações e ações <strong>de</strong>projetos que estão transforman<strong>do</strong> essaparte da cida<strong>de</strong>, tornan<strong>do</strong>-a âncora <strong>de</strong>valorização h<strong>uma</strong>na, sobretu<strong>do</strong> coma releitura da legislação urbanística,através <strong>do</strong>s PEUS.Que são os PEUS?Plano <strong>de</strong> Estruturação Urbana –para permitir construções compatíveiscom o investimento que está sen<strong>do</strong> feito.Se você for ouvir, é exatamente o que apopulação quer; as casas não têm valorporque a cida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixa ter ou impõelegislação restritiva. Todas estas regiõescontempladas por projeto estruturanteterão a legislação revista, que trará<strong>uma</strong> modificação total no ranking <strong>de</strong>investimentos na cida<strong>de</strong>; é a socialização<strong>do</strong> investimento. Hoje, já percebemosque a zona norte <strong>do</strong> Rio é a segundaregião em investimentos imobiliáriosda cida<strong>de</strong>. Uma das principaiscaracterísticas <strong>do</strong> projeto <strong>do</strong> Porto é arenovação urbanística, exatamente parase dar valor ao predial e ao potencialconstrutivo e, em consequência, seobter mais receita que se invista,novamente, em infraestrutura. Novasavenidas, conceitos <strong>de</strong> praças, conceito<strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres, <strong>de</strong> ciclovias. O VLT –veículo leve sobre trilhos – permearáto<strong>do</strong> o Porto, interligan<strong>do</strong>-se ao metrô,ao trem; à outra cida<strong>de</strong>.E o Porto Maravilha? É tambémprojeto <strong>de</strong> “compromisso olímpico”?O Porto é o projeto mais emblemáticoe mais importante da Prefeitura; não é<strong>uma</strong> consequência <strong>do</strong>s Jogos Olímpicosou da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. A revitalização<strong>do</strong> Porto é <strong>uma</strong> <strong>de</strong>cisão política daPrefeitura em recuperar a Cida<strong>de</strong>.46 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Esta <strong>de</strong>cisão foi tomada, me lembro,nos primeiros dias <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>governo, prévia inclusive à escolha<strong>do</strong> Rio para sediar as Olimpíadas. Emqualquer cida<strong>de</strong>, o centro é o lugarmais importante; é o “coração dacida<strong>de</strong>”, referência histórica e cultural– normalmente, a origem da cida<strong>de</strong>.O nosso Centro ficou aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>por muitos anos. Nunca se teve <strong>uma</strong>política pública tão forte no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>recuperar e manter o Centro <strong>do</strong> Rio.Nós sabemos que recuperar to<strong>do</strong> oCentro será tarefa bastante difícil, longa,que <strong>de</strong>verá levar alg<strong>uma</strong>s décadas; masa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciar pelo Porto é muitointeligente e tem um reflexo bastantepotente, como se fosse <strong>uma</strong> “bomba<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> efeito. São osmínimos <strong>de</strong>talhes, as pequenas <strong>de</strong>cisões;tu<strong>do</strong> um gran<strong>de</strong> trabalho minucioso.A última <strong>de</strong>cisão, por exemplo, <strong>de</strong>trazer a avenida Francisco Bicalhopara o projeto Porto Maravilha – comcanal poluente, rio poluí<strong>do</strong> e terrenos<strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes – revela nossa proposta:<strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> transformação não po<strong>de</strong>riaser tímida, mo<strong>de</strong>sta; tem <strong>de</strong> contaminarpositivamente as áreas limeiras, ouseja, to<strong>do</strong> o centro da cida<strong>de</strong>, visan<strong>do</strong> àrecuperação <strong>do</strong> restante <strong>do</strong> Rio.Já estamos pensan<strong>do</strong> na Cida<strong>de</strong>Nova: já temos novo metrô e nova região<strong>do</strong> Sambódromo; tu<strong>do</strong> por consequência<strong>do</strong> lega<strong>do</strong> das Olimpíadas. E outrasreformas virão, também por conta darevitalização <strong>do</strong> Porto: recuperação daLapa, da Glória, <strong>do</strong> Hotel Glória; e daMarina da Glória, que será ampliada erestaurada.E qual tem si<strong>do</strong> ou será o maior<strong>de</strong>safio para implementar o ProjetoPorto Maravilha?Realmente sempre há dificulda<strong>de</strong>muito gran<strong>de</strong> em conjugar ações com aativida<strong>de</strong> portuária em funcionamento:não se trata <strong>de</strong> porto aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>,mas <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais ativos <strong>do</strong> Brasil.Nós convivemos com a constanteentrada <strong>de</strong> diversos produtos. Mastu<strong>do</strong> se resolve com a conjugação <strong>de</strong>esforços e alinhamento político <strong>do</strong>sgovernos fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal,Perimetral e armazéns“É lei: sai governo, entra governo,quem vier vai ter <strong>de</strong> continuarinvestin<strong>do</strong> nisso.”Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201147


A NOVA CARA DO RIOto<strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s e empenha<strong>do</strong>s emacompanhar a <strong>de</strong>cisão histórica <strong>de</strong> sefazer a reforma <strong>do</strong> Porto – e tu<strong>do</strong> issoalia<strong>do</strong> à expectativa e esperança <strong>do</strong>carioca.A renovação se fazia necessária:cria-se espaço para as empresas quequeriam se instalar no centro da cida<strong>de</strong>,e não tinham oportunida<strong>de</strong>, ou porqueo centro já estava to<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong>, ouporque as áreas que po<strong>de</strong>riam recebêlasnão tinham legislação ou ambienteurbano, segurança e infraestrutura.As empresas estavam até ameaçan<strong>do</strong>a Cida<strong>de</strong>, invadin<strong>do</strong> a zona sul, bairroresi<strong>de</strong>ncial, transforman<strong>do</strong> residênciasem prédios comerciais, como tambémna Barra da Tijuca.De on<strong>de</strong> vem toda a verba?O prefeito Eduar<strong>do</strong> Paes convocoua Secretaria <strong>de</strong> Urbanismo e nósapresentamos o trabalho que se traduziaem novo projeto viário e nova legislação<strong>de</strong> suporte, inclusive amparada emoutras legislações <strong>do</strong> Brasil que tiveramresulta<strong>do</strong> positivo, <strong>de</strong> sucesso, como amo<strong>de</strong>lagem das Cepacs, da operaçãourbana consorciada, aliada muito maisà vonta<strong>de</strong> política <strong>de</strong> fazer.A legislação municipal, embasadano Plano Diretor e no Estatuto daCida<strong>de</strong>, que permitiam a operaçãourbana consorciada, ou seja, pagamento<strong>de</strong> outorga através <strong>de</strong> Cepacs, espelhadaespecialmente em São Paulo, experiência<strong>de</strong> sucesso, <strong>de</strong>u embasamento legalpara a operação <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong>econômico e urbanístico que casavaos <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da balança: quanto maisvocê investe no bairro, mais vale obairro e mais vale o patrimônio. Quantomais vale o patrimônio, mais valorvocê cobra da Cepac; e, quanto maisvocê cobra da Cepac, mais dinheiroentra no caixa <strong>do</strong> Tesouro e mais vocêreinveste no urbano, círculo virtuosoque é exemplo <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>.Deixa-se <strong>de</strong> gastar recursos públicosnesta região, que era a mais <strong>de</strong>gradada,difícil <strong>de</strong> se resolver, e que passou a seautossustentar. A Prefeitura investee o proprietário se beneficia; é <strong>uma</strong>mudança <strong>de</strong> lógica bastante inteligente:quanto mais confiante for o projeto,mais ele cresce, porque na verda<strong>de</strong> aCepac é um título, papel. E, para que aCepac tenha credibilida<strong>de</strong> e transmitaconfiança a ponto <strong>de</strong> o investi<strong>do</strong>rcomprá-la, é necessário ter um governosério, trabalho <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> e projetocompetente. As Cepacs foram criadas eaprovadas por lei.Estamos trabalhan<strong>do</strong> n<strong>uma</strong> áreamuito <strong>de</strong>licada, <strong>de</strong> história riquíssima,que não po<strong>de</strong>mos aban<strong>do</strong>nar. Há, ali,moradias <strong>de</strong> pessoas que não po<strong>de</strong>mser expulsas <strong>de</strong> suas casas porque vai“passar um projeto”; são áreas nãopassíveis <strong>de</strong> cobrança das Cepacs. Pelocontrário, o projeto é <strong>de</strong> inclusão social;é feito to<strong>do</strong> o trabalho para que oscidadãos se sintam parte <strong>do</strong> projeto.O projeto <strong>de</strong> revitalização <strong>do</strong>Centro prevê também a <strong>de</strong>molição<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> da Perimetral. Por que seoptou por acabar com o viaduto?O Porto <strong>do</strong> Rio recebeu o traça<strong>do</strong><strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>, que só visava o escoamentomais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> transporte individual,<strong>do</strong> carro. A cida<strong>de</strong> “parou” muitotambém por falta <strong>de</strong> investimentoem t ra n sporte p ú b l ico, sempreprivilegian<strong>do</strong> o automóvel, a indústriaautomobilística e a filosofia da indústriaautomobilística. Com isso, acompanhousea concepção <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>s e viadutos,bons para os carros mas péssimospara o ambiente, para a valorizaçãopatrimonial e para a paisagem.Temos exemplos negativos <strong>de</strong> on<strong>de</strong>eleva<strong>do</strong>s prejudicaram sobremaneirabairros importantes da cida<strong>de</strong>: no RioCompri<strong>do</strong>, a construção <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>Paulo <strong>de</strong> Frontin <strong>de</strong>svalorizou imóveise gerou insegurança no bairro, antesestritamente resi<strong>de</strong>ncial, com árvoresfron<strong>do</strong>sas e lugares sombrea<strong>do</strong>s. EmSão Cristóvão, ocorreu o mesmo com aconstrução da Linha Amarela.No Porto, também, só que lá nãomorava ninguém; o eleva<strong>do</strong> acabou“rasgan<strong>do</strong>” partes importantes danossa cida<strong>de</strong>, da nossa paisagem e danossa história. Os problemas têm <strong>de</strong>ser resolvi<strong>do</strong>s com transporte <strong>de</strong> massa<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e não com o individual.Quan<strong>do</strong> eliminarmos a Perimetral,criaremos vias alternativas: a primeiraserá um túnel subterrâneo, que sairáda Praça XV e se bifurcará em duas“pernas”; <strong>uma</strong>, por baixo <strong>do</strong> atualtraça<strong>do</strong> da Avenida Rodrigues Alves,e outra, que passará por baixo daPolícia Fe<strong>de</strong>ral e será alinhada à antigaferrovia.Não vamos atrapalhar o trânsito<strong>do</strong> automóvel. Fizemos estu<strong>do</strong>s paracontinuar com toda a flui<strong>de</strong>z. Esseprojeto é muito inteligente porqueaproveitou áreas públicas ociosas emáreas <strong>de</strong> novas ativida<strong>de</strong>s, crian<strong>do</strong>sistema viário muito maior <strong>do</strong> que oexistente.Que ações <strong>de</strong> inclusão socialtêm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas na regiãoalcançada por este projeto?O Porto teve poucas <strong>de</strong>sapropriações,somente nos traça<strong>do</strong>s mais importantes.A Secretaria <strong>de</strong> Habitação reconstrói asmoradias existentes, aban<strong>do</strong>nadas e<strong>de</strong>svalorizadas, e ven<strong>de</strong> para a populaçãolocal, com financiamento <strong>do</strong> Programa“Minha Casa Minha Vida”. Existem outrosprojetos <strong>de</strong> requalificação e urbanização<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os morros, que preveem ainstalação <strong>de</strong> teleféricos, por exemplo,que vão permitir melhor condição <strong>de</strong>mobilida<strong>de</strong>. A obrigação <strong>de</strong> recuperare salvaguardar o patrimônio históricoe cultural <strong>do</strong> Rio prevê o investimento<strong>de</strong> três por cento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o faturamentodas Cepacs <strong>do</strong> Porto; ou seja, é lei: saigoverno, entra governo, quem viervai ter <strong>de</strong> continuar investin<strong>do</strong> nisso.E o principal privilegia<strong>do</strong> é a cida<strong>de</strong>,o coração da cida<strong>de</strong>, e a inclusãosocial <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, em diálogopermanente. To<strong>do</strong>s os projetos foramsempre extremamente conversa<strong>do</strong>s e<strong>de</strong>bati<strong>do</strong>s.E o turismo? O projeto prevêiniciativas <strong>de</strong> fomento ao turismona região?O turismo é consequência e,também, gran<strong>de</strong> gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> receitapara a Cida<strong>de</strong>. Mas não estamos olhan<strong>do</strong>para o turismo como principal motivoda reforma; estamos olhan<strong>do</strong> para48 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Sergio explica que a obrigação <strong>de</strong> recuperar e salvaguardar o patrimônio histórico e cultural <strong>do</strong> Rio prevê um vultoso investimentoo mora<strong>do</strong>r e para a Cida<strong>de</strong>. O PortoMaravilha não é projeto turístico, mas<strong>de</strong> importância fundamental para aCida<strong>de</strong>, pois traz a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocidadão carioca morar perto <strong>do</strong> trabalho– que é <strong>uma</strong> filosofia extremamentesaudável <strong>de</strong> planejamento urbano e <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento: ganha-se mais tempopara a família e o lazer, a poluição diminuie há menos gastos em estradas.Mas, evi<strong>de</strong>ntemente, to<strong>do</strong>s os portos<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> são visita<strong>do</strong>s por turistas.É claro que a Cida<strong>de</strong> também estáinvestin<strong>do</strong> em atrações turísticas, como,por exemplo, o Museu <strong>do</strong> Amanhã,que apresenta tema inédito e plásticabelíssima: a sustentabilida<strong>de</strong>. Valemencionar a proximida<strong>de</strong> com o Museu<strong>de</strong> Arte <strong>do</strong> Rio, com a arte da cida<strong>de</strong>, e oaproveitamento <strong>de</strong> prédios aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s,além <strong>do</strong>s próprios armazéns, que vãovirar centro gastronômico. A populaçãoterá novo espaço <strong>de</strong> lazer, novo calendário<strong>de</strong> peças culturais e eventos, que serãotambém opção inesquecível para osturistas. Além <strong>de</strong>ssas intervenções,novos pieres estão sen<strong>do</strong> planeja<strong>do</strong>s,no intuito <strong>de</strong> prover mais segurança,“O ProjetoPorto Maravilhacontempla arevitalização<strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong>metros quadra<strong>do</strong>s,área maior <strong>do</strong>que o bairro <strong>de</strong>Copacabana.”conforto e facilida<strong>de</strong> para os navios. Ehá planejamento para a construção <strong>de</strong>hotéis, na região <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Rio, queé fabuloso.Enfim, o Projeto Porto Maravilhacontempla a revitalização <strong>de</strong> 5 milhões<strong>de</strong> metros quadra<strong>do</strong>s, área maior <strong>do</strong> queo bairro <strong>de</strong> Copacabana – requalificaçãonão somente <strong>de</strong> uso, mas também <strong>de</strong>estrutura urbana e viária. O Centro <strong>do</strong>Rio é o nosso “novo coração” que recebeuvitaminas, passou a fazer exercícios paradiminuir a gordura e o colesterol, e hojeestá “bomban<strong>do</strong>”. Nós imaginávamosque o Porto ganharia outra expressãosomente daqui a 15 anos; mas, comcerteza, nos próximos anos já vamosvê-lo totalmente diferencia<strong>do</strong>: Museu <strong>de</strong>Arte <strong>do</strong> Rio, Museu <strong>do</strong> Amanhã, diversasvendas <strong>de</strong> terrenos para particulares, eas Cepacs – num lance só, ven<strong>de</strong>mos to<strong>do</strong>o potencial construtivo da região e, hoje,temos dinheiro em caixa, garantia danova cida<strong>de</strong>, através <strong>do</strong> Porto Maravilha.Nova paisagem sem eleva<strong>do</strong>s, semsombreamento, sem sujeira, sem lixo,sem o aspecto <strong>de</strong>sagradável; com novasavenidas arborizadas, ciclovias, pessoasandan<strong>do</strong>, a indução <strong>do</strong> pe<strong>de</strong>stre <strong>de</strong>ocupar novamente o espaço público, aconvivência com os armazéns tomba<strong>do</strong>s,restaura<strong>do</strong>s – alguns serão retira<strong>do</strong>spara permitir a nova perspectiva <strong>de</strong>janela para o mar – o skyline da cida<strong>de</strong>,que é fantástico: se vê o De<strong>do</strong> <strong>de</strong> Deus,a Serra <strong>do</strong> Mar inteira, Niterói, a Baía<strong>de</strong> Guanabara, os barcos, os aviõeschegan<strong>do</strong>... <strong>uma</strong> paisagem em eternomovimento.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201149


A NOVA CARA DO RIOPorto Maravilha:a operaçãoJorge Luiz <strong>de</strong> Souza ArraesPresi<strong>de</strong>nte da Companhia <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbanoda Região <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroDemolição <strong>do</strong> Eleva<strong>do</strong> daPerimetral, reurbanização <strong>de</strong> 70 km<strong>de</strong> vias públicas e reconstrução <strong>de</strong>700 km <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infraestruturaurbana. Presi<strong>de</strong>nte da Companhia<strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano daRegião <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(Cdurp), Jorge Luiz <strong>de</strong> Souza Arraesaponta os principais <strong>de</strong>safios <strong>do</strong>projeto Porto Maravilha, obrainova<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> revitalização daregião portuária <strong>do</strong> município.“A gran<strong>de</strong> reurbanização planejadaaté 2015 representa a introdução<strong>de</strong> novo padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sserviços urbanos”.OBrasil vem apresentan<strong>do</strong>crescimento consistenten o s ú l t i m o s a n o s .O Rio <strong>de</strong> Janeiro dáclaros sinais <strong>de</strong> novadinâmica econômica, impulsionadapelos gran<strong>de</strong>s eventos na cida<strong>de</strong> nospróximos anos. A Operação UrbanaPorto Maravilha prepara a regiãoportuária, há muitos anos relegadaa segun<strong>do</strong> plano, para integrar esseprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.A Lei Municipal n.˚ 101/2009 crioua Operação Urbana Consorciada daÁrea <strong>de</strong> Especial Interesse Urbanísticoda Região Portuária <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(AEIU), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promoveressa reestruturação local, por meio daampliação, articulação e requalificação<strong>do</strong>s espaços públicos da região, com focona qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus atuais efuturos mora<strong>do</strong>res e na sustentabilida<strong>de</strong>ambiental e socioeconômica da área. Oprojeto abrange área <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong>metros quadra<strong>do</strong>s (m²), que tem comolimites as avenidas Presi<strong>de</strong>nte Vargas,Rodrigues Alves, Rio Branco e FranciscoBicalho.A operação urbana é <strong>uma</strong> açãoestratégica e inova<strong>do</strong>ra da Prefeitura <strong>do</strong>Rio com apoio <strong>do</strong>s governos estadual efe<strong>de</strong>ral. Além <strong>de</strong> criar novas condições<strong>de</strong> trabalho, moradia, transporte,cultura e lazer para a população queali vive, fomenta expressivamenteo <strong>de</strong>senvolvimento econômico daregião. Já estão adiantadas as obras daprimeira fase, que incluem a construção<strong>de</strong> novas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, esgoto edrenagem, nas avenidas Barão <strong>de</strong> Tefée Venezuela, e a urbanização <strong>do</strong> Morroda Conceição, além da restauração<strong>do</strong>s Jardins Suspensos <strong>do</strong> Valongo.A conclusão <strong>de</strong>sta fase, ainda sob acoor<strong>de</strong>nação da prefeitura, que investiuR$ 350 milhões nas obras iniciais, seráem <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2012. A segundafase, com a atuação plena da parceriapúblico-privada, começou em junho. Aconcessionária Porto Novo, que venceu alicitação da operação, assumiu serviçospúblicos e as obras <strong>de</strong> infraestrutura. Osinvestimentos começam com previsão<strong>de</strong> R$ 8 bilhões.50 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Foto: Bruno <strong>de</strong> LimaDia da HarmonizAção: Prefeito participa <strong>do</strong> plantio <strong>de</strong> árvorePara coor<strong>de</strong>nar o processo <strong>de</strong>implantação <strong>do</strong> Porto Maravilha,foi criada a Companhia<strong>de</strong> Desenvolvimento Urbanoda Região <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro (Cdurp), empresa <strong>de</strong> economiamista controlada pela prefeitura. A Cdurptem como função implementar e gerir aconcessão <strong>de</strong> obras e serviços públicos naregião, além da administrar os recursospatrimoniais e financeiros referentes aoprojeto.Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair ointeresse <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res e conseguirfinanciamento para as obras <strong>de</strong>renovação urbana <strong>do</strong> Porto Maravilha,a Lei Municipal Complementar n.˚101/2009 autorizou o aumento <strong>do</strong>potencial construtivo na região, ouseja, permitiu a construção além <strong>do</strong>slimites atuais, com exceção das áreas <strong>de</strong>preservação, <strong>de</strong> patrimônio cultural eUm novo padrão instala<strong>do</strong> até 2015arquitetônico e <strong>do</strong>s prédios <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>sao serviço público. Para explorar estenovo potencial construtivo, interessa<strong>do</strong>s<strong>de</strong>verão comprar os Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Potencial Adicional Construtivo (Cepacs)diretamente <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> InvestimentoImobiliário Porto Maravilha. To<strong>do</strong> ovalor arrecada<strong>do</strong> com a venda <strong>do</strong>sCepacs será obrigatoriamente investi<strong>do</strong>na infraestrutura urbana e em serviçosna região.Em junho, após a operação <strong>de</strong> vendas<strong>do</strong>s Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Potencial Adicional<strong>de</strong> Construção (Cepacs) da região<strong>do</strong> porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, quan<strong>do</strong>foram arrecada<strong>do</strong>s R$ 3,5 bilhões (R$3.508.013.490,00), em lote único, arevitalização foi garantida. Saímos daprimeira fase e chegamos à segunda,quan<strong>do</strong> as gran<strong>de</strong>s obras entram emcena. A compra foi feita pela CaixaEconômica Fe<strong>de</strong>ral, que administra oRegião que sempre fez história“Toda ainfraestruturaurbana seráreconstruída emo<strong>de</strong>rnizadae, paralelamente,novos edifícios,ambientalmentea<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, serãoconstruí<strong>do</strong>s.”Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Investimento Imobiliário PortoMaravilha (FIIPM) com recursos <strong>do</strong>Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Garantia <strong>de</strong> Tempo <strong>de</strong> Serviço(FGTS). Os R$ 3,5 bilhões iniciais <strong>de</strong>ramo sinal ver<strong>de</strong> para a concessionária PortoNovo assumir serviços <strong>de</strong> conservaçãoe manutenção urbana, como limpezapública, coleta <strong>de</strong> lixo e sinalização <strong>de</strong>trânsito.A gran<strong>de</strong> reurbanização planejadaaté 2015 representa a introdução<strong>de</strong> novo padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sserviços urbanos: coleta seletiva <strong>de</strong>lixo e iluminação pública eficiente eeconômica. Como complemento àsintervenções, importantes mudançasviárias: a <strong>de</strong>molição <strong>do</strong> Eleva<strong>do</strong> daPerimetral, a transformação da AvenidaRodrigues Alves em via expressa, acriação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova rota, chamadaprovisoriamente <strong>de</strong> Binário <strong>do</strong> Porto, ea reurbanização <strong>de</strong> 70 km <strong>de</strong> vias.Nossos estu<strong>do</strong>s preveemque o crescimento dapopulação dê um salto<strong>do</strong>s atuais 28 mil para 100mil pessoas nos próximos10 anos. Isso tem <strong>de</strong> ser planeja<strong>do</strong>.E será. Toda a infraestrutura urbanaserá reconstruída e mo<strong>de</strong>rnizada e,paralelamente, novos edifícios,ambientalmente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, serãoconstruí<strong>do</strong>s. Entretanto, <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong>não é somente sua infraestrutura. Osedifícios têm sua importância na medidaem que representam a memória <strong>de</strong> umlugar. A cida<strong>de</strong> é, sobretu<strong>do</strong>, o espaçoRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201151


A NOVA CARA DO RIOon<strong>de</strong> o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seu povoacontece; on<strong>de</strong> as pessoas fazem a suahistória. A região portuária é um lugarparticular pela diversida<strong>de</strong> que abriga.Seus bairros, ao mesmo tempo, têm vidaprópria e são marca<strong>do</strong>s pela dinâmicasocial, econômica e política <strong>do</strong> Rio e <strong>do</strong>Brasil. Lugares que marcam a história <strong>do</strong>nosso povo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da colonização,até os dias <strong>de</strong> hoje. Ela guarda exemplosmarcantes da evolução econômica <strong>do</strong> Rioe <strong>do</strong> País, berço <strong>de</strong> elementos símbolos<strong>de</strong> nossa cultura e palco <strong>de</strong> importanteslutas por direitos sociais e liberda<strong>de</strong>.Ao transformar a região portuária,o Porto Maravilha traz os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnizar e preservar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>da área; <strong>de</strong> construir edifícios novosque se integrem ao seu rico patrimônioarquitetônico; <strong>de</strong> promover mudançasque beneficiem mora<strong>do</strong>res e usuários daregião. Para dar conta <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>safios, aLei Complementar n.º 101/2009 <strong>de</strong>finiuque o po<strong>de</strong>r público <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolverações que integrem e promovam o<strong>de</strong>senvolvimento social e econômicoda população que hoje vive na região. Amesma lei estabelece que o patrimônio- histórico, artístico e cultural, material eimaterial da região - <strong>de</strong>ve ser recupera<strong>do</strong>e valoriza<strong>do</strong>.Ações para a valorização <strong>do</strong>patrimônio histórico, por meio <strong>do</strong>Programa Porto Maravilha Cultural,receberão 3% da venda <strong>do</strong>s Cepacs,<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a projetos <strong>de</strong> preservação. Játemos <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s exemplos: a reforma<strong>do</strong>s galpões ferroviários da Gamboa, quealtera o perfil <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s culturaislocais; e o restauro <strong>do</strong> Centro CulturalJosé Bonifácio, também na Gamboa. SãoR$ 105 milhões, pelo menos, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aesse tipo <strong>de</strong> recuperação <strong>do</strong> patrimônio.Projetos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto cultural,como o Museu <strong>de</strong> Arte <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(MAR), na Praça Mauá, e o Museu <strong>do</strong>Amanhã, no Píer Mauá, ambos emparceria com a Fundação RobertoMarinho (FRM), darão nova cara àentrada <strong>do</strong> porto.OP r o g r a m a P o r t oMaravilha Cidadão,cria<strong>do</strong> para promover o<strong>de</strong>senvolvimento social eeconômico da população,apoiará ações sociais para alterarsignificativamente, para melhor, avida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa área hoje<strong>de</strong>gradada, mas que passará por umprocesso <strong>de</strong> crescimento extraordinário.Cursos <strong>de</strong> qualificação profissional,ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e integração com opo<strong>de</strong>r público e a iniciativa privadafazem parte <strong>do</strong> escopo <strong>de</strong>sse trabalho.Sua primeira programação foi o dia<strong>de</strong> “HarmonizAção”, em 27 <strong>de</strong> agosto,na Praça da Harmonia. Mais <strong>de</strong> 40instituições ofereceram serviços ediversão para os mora<strong>do</strong>res, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aretirada <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos à inscrição emprogramas sociais, como Bolsa Família,Cartão da Família Carioca e Minha Casa,Minha Vida.Neste evento, no fim <strong>de</strong> agosto, aPrefeitura <strong>do</strong> Rio lançou um programaespecial para estimular a participação<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res na requalificaçãourbana e garantir a atração <strong>de</strong> novosnegócios e resi<strong>de</strong>ntes para a região.A Cartilha “Contribuinte Cidadão”,lançada no dia <strong>do</strong> evento, mostra comoobter isenção <strong>de</strong> IPTU e ITBI, além<strong>de</strong> como obter o perdão <strong>de</strong> dívidaspassadas, em caso <strong>de</strong> comprovação<strong>de</strong> reforma e manutenção <strong>do</strong>s imóveisBraço cultural e social<strong>de</strong> interesse histórico, cultural ouambiental. O programa permite oparcelamento <strong>de</strong> dívidas em até 84vezes.Porto DigitalO projeto é <strong>de</strong>safiante e inova<strong>do</strong>rem to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s. Nós estamoscolocan<strong>do</strong> na praça <strong>uma</strong> nova forma <strong>de</strong>tornar real o projeto <strong>de</strong> requalificaçãourbana espera<strong>do</strong> há tantos anos peloRio <strong>de</strong> Janeiro. Exemplo disso é ochamamento público para interessa<strong>do</strong>sna instalação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova re<strong>de</strong> <strong>de</strong>telecomunicações na região portuária,que colocará o Rio na vanguarda <strong>do</strong>setor. Em outubro, já teremos estu<strong>do</strong> quetraçará diagnóstico, projeto funcional emo<strong>de</strong>lagem econômica <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>sseserviço <strong>de</strong> telecomunicações. O nossomo<strong>de</strong>lo exige a instalação <strong>de</strong> <strong>uma</strong> re<strong>de</strong>física <strong>de</strong> fibra ótica que extingue as re<strong>de</strong>saéreas, reorganizan<strong>do</strong> o subterrâneo dacida<strong>de</strong> – tornan<strong>do</strong>-se referência. Essaestrutura vai tornar a área bastanteatraente, especialmente para empresas,por conta da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> transporte<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e voz em um distrito <strong>de</strong> altaconectivida<strong>de</strong>. Hoje, a capacida<strong>de</strong> média<strong>de</strong> transmissão é <strong>de</strong> 100 MB. Para se teri<strong>de</strong>ia, ela chegará a 1 GB.O investimento na re<strong>de</strong> física seráobrigação da concessionária escolhidapara assumir o serviço. A conversão dare<strong>de</strong> em subterrânea tem <strong>de</strong> dar acessoa todas as opera<strong>do</strong>ras e presta<strong>do</strong>res<strong>de</strong> serviços já licencia<strong>do</strong>s pela AgênciaNacional <strong>de</strong> Telecomunicações (Anatel)para atuar na telefonia fixa e móvel,internet banda larga e conteú<strong>do</strong>multimídia. Para as opera<strong>do</strong>ras quehoje estão na região, a vantagem é quepo<strong>de</strong>rão prestar serviço <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>muito acima <strong>do</strong> atual sem investir eminfraestrutura, arcan<strong>do</strong> apenas comas <strong>de</strong>spesas operacionais da ativida<strong>de</strong>a partir <strong>do</strong> ano que vem, quan<strong>do</strong>o novo mo<strong>de</strong>lo já <strong>de</strong>verá estar emfuncionamento.Os custos para to<strong>do</strong>s os opera<strong>do</strong>rese presta<strong>do</strong>res nesse novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>gestão e uso serão iguais e transparentes.Isso significa mais concorrência.Usuários terão um serviço conheci<strong>do</strong>como G-Pon (Gigabit Passive OpticalNetwork) por meio <strong>de</strong> fibra na casaou no escritório. O mo<strong>de</strong>lo já existe naInglaterra, Dinamarca, Coreia <strong>do</strong> Sul eAlemanha. No País, o Rio <strong>de</strong> Janeiro seráo primeiro a a<strong>do</strong>tá-lo.ParceriasA Cdurp entrou na Adit Brasil,associação para o <strong>de</strong>senvolvimentoimobiliário e turístico <strong>do</strong> país. Asinstituições vão trabalhar em parceriapara atrair investi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong>exterior para a região portuária <strong>do</strong> Rio.A empresa responsável pela implantação<strong>do</strong> Porto Maravilha foi convidada a52 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Obras <strong>do</strong> Porto Maravilha e maquete da Nova Praça Mauá (<strong>de</strong>talhe)apresentar e <strong>de</strong>bater a operação urbanaem diversos eventos, entre eles, oEncontro Nacional da Adit (Associaçãopara o Desenvolvimento Imobiliário eTurístico <strong>do</strong> Brasil), em Fortaleza (CE),e a Reunião <strong>do</strong> Conselho Empresarial <strong>de</strong>Turismo Pró-Rio. Outra participação <strong>de</strong>peso foi no evento Portos e Navios, sobreo merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> cruzeiros marítimos.O processo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> terrenos,que representa elo fundamental damo<strong>de</strong>lagem da operação urbana, tem<strong>de</strong>manda<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s esforços em termos<strong>de</strong> negociação e coor<strong>de</strong>nação com aSecretaria <strong>de</strong> Patrimônio da União,da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Fazenda eda Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>do</strong> Município.O gran<strong>de</strong> avanço foi a aquisição <strong>do</strong>primeiro imóvel, conheci<strong>do</strong> como Pátioda Marítima, com 23.809 m², pelovalor <strong>de</strong> R$ 23.350.000.00, que está emprocesso <strong>de</strong> registro para ser transferi<strong>do</strong>“É possívelintegrar o po<strong>de</strong>rpúblico, o setorpriva<strong>do</strong> e asorganizações sociaispara construir <strong>uma</strong>cida<strong>de</strong> que respeita asua história e o meioambiente, cada vezmais justa para to<strong>do</strong>sos seus cidadãos.ao Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Investimento Imobiliário daRegião Portuária.Fomentar a reflexão sobre aconstrução <strong>do</strong> futuro da região é tambémtarefa fundamental. O ponto <strong>de</strong> partida éa i<strong>de</strong>ntificação das iniciativas existentesna região. Estamos também inician<strong>do</strong>contatos com instituições e empresasque atuam ou têm interesse na área,por intermédio <strong>de</strong> seus programas<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social. O PortoMaravilha Cidadão e o Porto MaravilhaCultural são os elos que complementama Operação Urbana Porto Maravilha,mostran<strong>do</strong> que é possível recuperarespaços urbanos <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s. E é possívelintegrar o po<strong>de</strong>r público, o setor priva<strong>do</strong>e as organizações sociais para construir<strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> que respeita a sua históriae o meio ambiente, cada vez mais justa”para to<strong>do</strong>s os seus cidadãos.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201153


A NOVA CARA DO RIOPanorama geral da Operação Urbana Porto MaravilhaPrincipais obras:• Construção <strong>de</strong> 4 km <strong>de</strong> túneis;• Reurbanização <strong>de</strong> 70 km <strong>de</strong> vias e 650.000 m² <strong>de</strong>calçadas;• Reconstrução <strong>de</strong> 700 km <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infraestrutura urbana(água, esgoto, drenagem);• Implantação <strong>de</strong> 17 km <strong>de</strong> ciclovias;• Plantio <strong>de</strong> 15.000 árvores;• Demolição <strong>do</strong> Eleva<strong>do</strong> da Perimetral (4 km);• Construção <strong>de</strong> três novas estações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>esgoto.Principais serviços:• Conservação e manutenção <strong>do</strong> sistema viário;• Conservação e manutenção <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s e praças;• Manutenção e reparo <strong>de</strong> iluminação pública e calçadas;• Execução <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> limpeza urbana;• Implantação <strong>de</strong> coleta seletiva <strong>de</strong> lixo;• Manutenção da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem e <strong>de</strong> galeriasuniversais;• Manutenção da sinalização <strong>de</strong> trânsito;• Instalação e conservação <strong>de</strong> bicicletários;• Manutenção e conservação <strong>de</strong> pontos e monumentosturísticos, históricos e geográficos;• Atendimento ao cidadão.Regras Urbanísticas e Ambientais:• Para promover um ambiente urbano saudável e sustentável,as novas edificações da região <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer aparâmetros urbanísticos e ambientais específicos:• Afastamento e recuo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s entre as novasconstruções;• Economia <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> água e reaproveitamento <strong>de</strong>águas pluviais e servidas;• Economia e/ou geração local <strong>de</strong> energias limpas;• Uso <strong>de</strong> aquecimento solar;• Uso <strong>de</strong> telha<strong>do</strong>s ver<strong>de</strong>s e/ou reflexivos <strong>do</strong> aquecimentosolar;• Maximização da ventilação e iluminação natural;• Uso <strong>de</strong> materiais com certificação ambiental;• Facilitação <strong>de</strong> acesso e uso <strong>de</strong> bicicletas.Para isso, são ofereci<strong>do</strong>s vários estímulos, tais como:• Criação <strong>de</strong> habitações <strong>de</strong> interesse social;• Instalação <strong>de</strong> creches, UPAs e escolas que atendam a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional prevista;• Integração entre os diversos modais <strong>de</strong> transportepúblico, facilitan<strong>do</strong> a acessibilida<strong>de</strong> e a comunicaçãocom outras áreas;• Recuperação da qualida<strong>de</strong> ambiental da área;• Geração <strong>de</strong> empregos diretos e permanentes naregião;• Regularização e formalização das ativida<strong>de</strong>seconômicas;• Formação profissional;• Criação <strong>do</strong>s Programas Porto Cultural e PortoCidadão;• Apoio a iniciativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento comunitário.Principais Impactos:• Aumento da população <strong>de</strong> 30 mil para 100 milhabitantes em 10 anos;• Aumento da área ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2,46 % para 10,96%, cerca<strong>de</strong> 15 mil árvores;• Aumento <strong>de</strong> 50% na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> tráfegona região;• Redução da poluição <strong>do</strong> ar e sonora, com a retiradada Perimetral e a redução <strong>do</strong> transporte pesa<strong>do</strong> naregião;• Aumento da permeabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo;• Aumento e melhoria da qualida<strong>de</strong> da oferta <strong>de</strong> serviçospúblicos;• Transformação da região em referência para acida<strong>de</strong>.Compromissos Sociais:A Operação Urbana Porto Maravilha parte <strong>do</strong> pressuposto<strong>de</strong> que os atuais mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vem permanecer na regiãoportuária. Pelo menos 3% <strong>do</strong>s recursos da venda <strong>do</strong>sCepacs serão obrigatoriamente investi<strong>do</strong>s na valorização <strong>do</strong>patrimônio material e imaterial da área e em programas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento social para mora<strong>do</strong>res e trabalha<strong>do</strong>res.Nova Av. Rodrigues Alves54 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


SuperVia investe bilhões nosistema ferroviário <strong>do</strong> RioCarlos José CunhaPresi<strong>de</strong>nte da SuperViaPara reduzir os intervalos entre trens e garantir conforto esegurança aos passageiros, o presi<strong>de</strong>nte da SuperVia, CarlosJosé Cunha, afirma que serão investi<strong>do</strong>s, até 2016, R$ 2,4bilhões em projetos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> sistema ferroviário<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Fruto <strong>de</strong> parceria <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>com a SuperVia, os investimentos preveem a aquisição<strong>de</strong> novos trens climatiza<strong>do</strong>s e a reforma <strong>de</strong> composiçõesseminovas, em que serão instala<strong>do</strong>s aparelhos <strong>de</strong> arcondiciona<strong>do</strong>.“Com isso, também estamos preparan<strong>do</strong>o sistema para os eventos esportivos que acontecerão nacida<strong>de</strong> nos próximos anos”, apontou Carlos José Cunha.As metrópoles brasileirascresceram muito rápi<strong>do</strong>nas últimas décadas, reflexoda intensa mudança pelaqual passou a economia<strong>do</strong> Brasil. A adaptação <strong>do</strong>s transportespúblicos não acompanhou essecrescimento e, hoje, o que vemos é <strong>uma</strong><strong>de</strong>manda muito gran<strong>de</strong> e um histórico<strong>de</strong> pouco investimento no segmentopara aten<strong>de</strong>r as <strong>necessida<strong>de</strong></strong>s dapopulação. No entanto, já po<strong>de</strong>mosperceber <strong>uma</strong> mudança <strong>de</strong>stecenário, principalmente no Rio<strong>de</strong> Janeiro, que <strong>de</strong>ve receber <strong>uma</strong> série<strong>de</strong> investimentos priva<strong>do</strong>s e públicospara mudar a logística da cida<strong>de</strong> nospróximos anos.O transporte ferroviário, que liga abaixada fluminense, zonas norte e oeste,ao centro carioca, receberá um aporte<strong>de</strong> R$ 2,4 bilhões, para a melhoria <strong>do</strong>sistema. O investimento permitirá que,até 2014, a ida<strong>de</strong> média da frota passe<strong>de</strong> 35 para 16 anos. A iniciativa é <strong>uma</strong>parceria <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro com a SuperVia e marca ocomeço da nova formação societáriada concessionária: 60% sob controle daO<strong>de</strong>brecht TransPort e 40%, <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>investimentos estrangeiros. O contrato <strong>de</strong>concessão da SuperVia foi prorroga<strong>do</strong> pormais 25 anos, sen<strong>do</strong> váli<strong>do</strong> até 2048.A O<strong>de</strong>brecht TransPort assumiu ocontrole da SuperVia em novembro <strong>de</strong>2010 e a sua chegada acontece em ummomento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para acida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Nossa missãoé ampliar o conforto, a segurança e apontualida<strong>de</strong> na condução <strong>de</strong> milhares<strong>de</strong> pessoas que usam os trens da SuperViadiariamente, permitin<strong>do</strong> <strong>de</strong>slocamentos55 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201155


A NOVA CARA DO RIOeficientes na região metropolitana. Comisso, também estamos preparan<strong>do</strong> osistema para os eventos esportivos queacontecerão na cida<strong>de</strong> nos próximosanos – Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> (2014) e JogosOlímpicos (2016). A SuperVia já estarácom sua frota ampliada, respectivamente,para 191 e 211 trens nestes perío<strong>do</strong>s.De acor<strong>do</strong> com o novo contratoestabeleci<strong>do</strong>, o governo <strong>de</strong>verá fazeraporte <strong>de</strong> R$ 1,2 bilhão na aquisição<strong>de</strong> 90 novos trens, to<strong>do</strong>s com arcondiciona<strong>do</strong>.Destes, 34 já foramadquiri<strong>do</strong>s – o primeiro começa aoperar até o fim <strong>do</strong> ano. O investimentoda SuperVia, também <strong>de</strong> R$ 1,2 bilhão,inclui a aquisição <strong>de</strong> outros 30 novostrens climatiza<strong>do</strong>s, mo<strong>de</strong>rnização einstalação <strong>de</strong> refrigeração em 73 trens<strong>de</strong> aço inox, novo sistema <strong>de</strong> sinalização,intervenções nas 94 estações e outrasações <strong>de</strong> infraestrutura. Sen<strong>do</strong> assim,a renovação da frota inclui 120 novascomposições com ar-condiciona<strong>do</strong> ecompartimento para guardar volumes,reforma <strong>de</strong> outros 73 trens, que receberãoar-condiciona<strong>do</strong>, e retirada <strong>de</strong> operação<strong>de</strong> 49 composições <strong>de</strong> aço-carbono, afim <strong>de</strong> minimizar ainda mais o indíce <strong>de</strong>problemas operacionais.Em maio <strong>de</strong> 2011, assinamosum acor<strong>do</strong> com a Bombardier parao fornecimento <strong>de</strong> um sistema quereduzirá para a meta<strong>de</strong> o intervalo <strong>de</strong>circulação entre trens, garantin<strong>do</strong> totalsegurança nos cinco ramais. Com onovo sistema, será possível oferecer aospassageiros trens a cada três minutosno trecho entre as estações Central <strong>do</strong>Brasil e Deo<strong>do</strong>ro. A previsão é <strong>de</strong> queo sistema entre em funcionamento emnovembro <strong>de</strong> 2012, no ramal Deo<strong>do</strong>ro.Até julho <strong>de</strong> 2013, to<strong>do</strong>s os ramaisestarão operan<strong>do</strong> com o equipamento:ramal Japeri (janeiro/2013), ramal SantaCruz (março/2013), ramal Saracuruna(maio/2013) e ramal Belford Roxo(julho/2013).Como a reformulação <strong>de</strong>sse sistema<strong>de</strong>manda algum tempo, iniciamosum projeto <strong>de</strong> melhorias <strong>de</strong> curtoprazo, no valor <strong>de</strong> R$ 50 milhões.Estão sen<strong>do</strong> realizadas obras paraampliação da acessibilida<strong>de</strong>, instalação<strong>de</strong> banheiros gratuitos, a<strong>de</strong>quação erevitalização das plataformas, novospadrões <strong>de</strong> bilheteria, equipamentourbano, comunicação visual e piso tátil.Ainda estão previstas coberturas paraas plataformas, mobiliário <strong>de</strong> eco wood(ma<strong>de</strong>ira plástica originada <strong>de</strong> objetos100% recicla<strong>do</strong>s), lixeiras <strong>de</strong> coletaseletiva e posicionamento <strong>de</strong> placas etotens com informações que facilitemo embarque e o <strong>de</strong>sembarque <strong>do</strong>spassageiros.As seguintes estações já sofrerãointervenções em 2011: Oswal<strong>do</strong> Cruz(conclusão em novembro), Méier,Madureira, Cascadura, Praça da Ban<strong>de</strong>irae São Francisco Xavier (todas comprevisão <strong>de</strong> conclusão em <strong>de</strong>zembro).Para as Olimpíadas 2016, <strong>de</strong>z estaçõesaten<strong>de</strong>rão ao evento e seguirão ospadrões internacionais <strong>de</strong> excelência <strong>do</strong>setor. São elas: Deo<strong>do</strong>ro, São Cristóvão,Maracanã, Engenho <strong>de</strong> Dentro, Madureira,Vila Militar, Magalhães Bastos, Mercadão<strong>de</strong> Madureira, Penha e Olaria.Nossa expectativa é garantir amelhoria contínua <strong>de</strong> nossos serviços,sempre focan<strong>do</strong> no bem-estar, confortoe segurança <strong>de</strong> nossos passageiros.Desta forma, estaremos garantin<strong>do</strong> aexcelência <strong>de</strong> nossa gestão e satisfação<strong>de</strong> nossos clientes diários.56 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


E N T R E V I S T AMaracanã se enfeitapara a CopaÍcaro Moreno JuniorPresi<strong>de</strong>nte da Empresa <strong>de</strong> ObrasPúblicas - EMOPEm entrevista à RevistaTCMRJ, o engenheiroÍcaro Moreno Junior,presi<strong>de</strong>nte da EMOP,conta <strong>de</strong>talhes dareforma que preten<strong>de</strong>tornar o Maracanã oestádio mais seguro,confortável e mo<strong>de</strong>rno<strong>do</strong> Brasil.Qual a responsabilida<strong>de</strong>da Empresa <strong>de</strong> Obras Públicas emrelação às obras <strong>do</strong> Maracanã?A Emop é a empresa que fiscalizae gerencia as obras <strong>de</strong> reforma <strong>do</strong>Maracanã. Estamos com um <strong>de</strong>safio etanto pela frente, pois somos responsáveispela reforma <strong>de</strong> um bem público que éo templo <strong>do</strong> futebol mundial. Vamosreformar este palco <strong>de</strong> paixão para queele fique pronto para receber eventosrelativos à Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>.Quanto <strong>de</strong>ve custar a reforma? OMaracanã será, como dizem, a maiscara das obras <strong>do</strong>s 12 estádios queservirão <strong>de</strong> palco para os jogos daCopa?O custo total da reforma será <strong>de</strong>R$ 859.946.874,32.Essa obra garantirá segurança,alta tecnologia, sustentabilida<strong>de</strong> emo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> ao estádio. Hoje, as pessoasquerem assistir à partida <strong>de</strong> futebol em<strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ira confortável, com segurançapara entrar e sair <strong>do</strong> estádio, com boainfraestrutura.A nova arquibancada garantirámaior visibilida<strong>de</strong> para to<strong>do</strong>s os 78mil assentos que, além <strong>de</strong> mais bemposiciona<strong>do</strong>s, serão retráteis e ganharãomaior espaço entre as ca<strong>de</strong>iras.As obras também vão permitir aotorce<strong>do</strong>r assistir aos jogos em <strong>uma</strong>posição privilegiada e, como nos estádiosamericanos e europeus, ficar mais perto<strong>do</strong> campo. A parte inferior, on<strong>de</strong> ficavamas ca<strong>de</strong>iras azuis, será elevada em cerca <strong>de</strong>cinco metros. A parte superior vai avançar12 metros em direção ao campo.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201157


A NOVA CARA DO RIOO p a d r ã o d e v i s i b i l i d a d e<strong>de</strong>termina que to<strong>do</strong>s os especta<strong>do</strong>respossam enxergar sobre a cabeça<strong>do</strong> torce<strong>do</strong>r senta<strong>do</strong> duas fileirasà frente, em <strong>uma</strong> linha reta.O torce<strong>do</strong>r que chegar ao Maracanã, apósa reforma, se <strong>de</strong>parará com alg<strong>uma</strong>smudanças, como:• Bares: <strong>de</strong> 24, o número <strong>de</strong> baressaltará para 60.• Banheiros: <strong>de</strong> 228, haverá 231.• Vaso sanitário: <strong>de</strong> 761, para 927.• Mictórios: <strong>de</strong> 542, para 747.O cronograma da obra está sen<strong>do</strong>cumpri<strong>do</strong>? Quais serão as próximasetapas? A preocupação <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>que o estádio <strong>do</strong> Maracanã não estarátotalmente pronto até a Copa dasConfe<strong>de</strong>rações, em 2013, proce<strong>de</strong>?A reforma <strong>do</strong> Estádio JornalistaMário Filho está <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> cronogramae ele estará totalmente pronto parareceber a Copa das Confe<strong>de</strong>rações.Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ste ano, as novasarquibancadas começarão a serconstruídas e as quatro novas rampas <strong>de</strong>acesso, que terão o intuito <strong>de</strong> diminuir otempo <strong>de</strong> evacuação <strong>do</strong> estádio, para nomáximo oito minutos, estarão prontas.No momento, estamos no meio daparte <strong>de</strong> <strong>de</strong>molição da marquise, poisela estava comprometida.Por que a antiga cobertura <strong>do</strong>estádio foi <strong>de</strong>molida?Foi constata<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>stécnicos, que a estrutura da atualcobertura estava comprometida eapresentava risco para os torce<strong>do</strong>resque se colocassem abaixo <strong>de</strong>la. Optouse,então, pela substituição <strong>de</strong>stacobertura atual por outra <strong>de</strong> membranatensionada <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> vidro e teflon <strong>de</strong>alta tecnologia, que terá durabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais <strong>de</strong> 50 anos.E o grama<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maracanã, quefoi palco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s momentos <strong>do</strong>futebol brasileiro e mundial, comoserá prepara<strong>do</strong> para a Copa dasConfe<strong>de</strong>rações em 2013 e Copa <strong>de</strong>2014?O grama<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maracanã seráprepara<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> todas as exigênciasda FIFA, como os <strong>de</strong>mais 11 grama<strong>do</strong>sdas cida<strong>de</strong>s-se<strong>de</strong> da Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>2014. Serão contempladas as seguintesetapas:1. Preparo da base.2. Sistema <strong>de</strong> drenagem superficial esubterrânea, esta possivelmente comsistema <strong>de</strong> drenagem a vácuo, paramaior velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escoamento daágua <strong>de</strong> chuva a ser drenada.3. Sistema <strong>de</strong> irrigação escamoteávele computa<strong>do</strong>riza<strong>do</strong>, com reaproveitamentoda água <strong>de</strong> chuva.4. Camada <strong>de</strong> “Topsoil”, com 30 cm <strong>de</strong>altura, e reforço com fibras sintéticas(polietileno), para estruturação enivelamento da área <strong>de</strong> plantio <strong>de</strong>grama.5. Plantio <strong>de</strong> grama <strong>do</strong> tipo “Bermuda”em sementes ou mudas6. Tratos culturais pós-plantio.Após as obras, que recursostecnológicos serão instala<strong>do</strong>s noMaracanã visan<strong>do</strong> à durabilida<strong>de</strong> esegurança <strong>do</strong> estádio e, sobretu<strong>do</strong>, aoconforto <strong>do</strong>s torce<strong>do</strong>res?O estádio contará com 3.860 altofalantes,314 câmeras <strong>de</strong> segurança,360 monitores <strong>de</strong> TV, quatro telõese 36 mil metros quadra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> árearefrigerada.Transformar o Maracanã emum estádio ecologicamente corretotambém está entre as priorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Oprojeto, prepara<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o sistemaLear<strong>de</strong>rship In Energy and EnvironmentalDesign (LEED), prevê a utilização <strong>de</strong>dispositivos economiza<strong>do</strong>res <strong>de</strong> águae a implantação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>captação <strong>de</strong> água <strong>de</strong> chuva, resultan<strong>do</strong>em economia <strong>de</strong> 50%, no que se refereà irrigação <strong>do</strong> grama<strong>do</strong>. Além disso,um mo<strong>de</strong>rno sistema <strong>de</strong> iluminaçãoajudará a reduzir o consumo <strong>de</strong> energiaem 6%. Serão 23.500 lumináriaseconômicas <strong>de</strong> LED.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 20115858 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


O mais mo<strong>de</strong>rno centro<strong>de</strong> operações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>Vigiar e prevenir. Para evitar catástrofes eauxiliar no controle <strong>do</strong> tráfego e organizaçãoda cida<strong>de</strong>, a Prefeitura <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroconstruiu o mais mo<strong>de</strong>rno Centro <strong>de</strong> Operações<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, capaz <strong>de</strong> realizar monitoramentoininterrupto e acompanhar a aproximação <strong>de</strong>tempesta<strong>de</strong>s. Chefe executivo <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong>Operações Rio, Savio Franco comemora osresulta<strong>do</strong>s da atuação <strong>do</strong> órgão: “A cada dia,vamos nos preparan<strong>do</strong> para receber os maioreseventos esportivos <strong>do</strong> planeta: a Copa <strong>do</strong>Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2014 e os Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 2016”.Savio FrancoChefe executivo <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Operações RioORio tem <strong>uma</strong> cara nova. Hoje, aCida<strong>de</strong> Maravilhosa se ama e secuida mais. E eu me orgulho <strong>de</strong>fazer parte <strong>de</strong>ssa nova fase <strong>do</strong>Município. Do Centro <strong>de</strong> OperaçõesRio, prova <strong>de</strong> que o Rio <strong>de</strong> Janeiro está maiscuida<strong>do</strong>, posso ver que realmente os cariocasestão sen<strong>do</strong> mais bem observa<strong>do</strong>s, protegi<strong>do</strong>se alerta<strong>do</strong>s.Em abril <strong>de</strong> 2010, <strong>uma</strong> forte chuva caiu sobreto<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> e causou muitos estragos. Vidasforam perdidas. To<strong>do</strong>s ficamos sensibiliza<strong>do</strong>s.Para evitar que <strong>uma</strong> tragédia daquele tamanhose repetisse na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio, o prefeito Eduar<strong>do</strong>Paes i<strong>de</strong>alizou o Centro <strong>de</strong> Operações. Um quartelgeneralda chuva, a postos 24 horas por dia, setedias por semana, pronto para prever um temporal,agir preventivamente, avisar a população e, o maisimportante, salvar vidas.Hoje, o Rio é a única cida<strong>de</strong> da América Latinaa ter um Centro <strong>de</strong> Operações, que é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>o mais mo<strong>de</strong>rno <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Construí<strong>do</strong> em temporecor<strong>de</strong>, quatro meses, o órgão reúne cerca <strong>de</strong>30 instituições, entre secretarias municipais,concessionárias e corporações estaduais.Para evitar nova catástrofe, a prefeitura adquiriutambém um radar meteorológico, com raio <strong>de</strong>alcance <strong>de</strong> 250 quilômetros, maior <strong>do</strong> que omunicípio. E, mais <strong>uma</strong> vez, foi pioneira, pois o RioFotos: Raphael LimaPrédio <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Operações, na Cida<strong>de</strong> NovaRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201159


A NOVA CARA DO RIOInterior <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Operações“O Rio é a única cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil a ter um radar meteorológicopróprio. Com o aparelho, os meteorologistas po<strong>de</strong>m acompanhar amovimentação da chuva e alertar os cariocas sobre quaisquer riscos.é a única cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil a ter um radarmeteorológico próprio. Com o aparelho,os meteorologistas po<strong>de</strong>m acompanhara movimentação da chuva e alertar oscariocas sobre quaisquer riscos.O PMAR, Programa <strong>de</strong> PrevisãoMeteorológica <strong>de</strong> Alta Resolução queestá sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> especialmentepara a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio, vai usar da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>radar, além <strong>de</strong> informações topográficase <strong>do</strong>s níveis <strong>do</strong>s rios e lagos, e prometefazer previsões com até 48 horas <strong>de</strong>antecedência. Mora<strong>do</strong>res po<strong>de</strong>rãoser avisa<strong>do</strong>s a tempo sobre riscos <strong>de</strong><strong>de</strong>slizamentos e enchentes.Nas comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> há maiorrisco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento, sirenes <strong>de</strong> alerta60 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJjá foram instaladas pela Defesa Civilmunicipal. Quan<strong>do</strong> a chuva é forte osuficiente para pôr os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>regiões críticas em perigo, o aviso sonoroé aciona<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Operações.Assim, as pessoas sabem que precisam<strong>de</strong>ixar suas casas e procurar um ponto<strong>de</strong> apoio, em segurança. Exercíciossimula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação já têmsi<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s e a população estácolaboran<strong>do</strong>, em especial as crianças.Por isso, as escolas também já estãoparticipan<strong>do</strong> das simulações. Até o final<strong>de</strong> 2012, o sistema <strong>de</strong> sirenes estará em60 comunida<strong>de</strong>s.Durante os dias <strong>de</strong> sol, no dia adia da cida<strong>de</strong>, o Centro <strong>de</strong> Operações”também está presente, atuan<strong>do</strong>no tráfego, organizan<strong>do</strong> eventos etrabalhan<strong>do</strong> para que a cida<strong>de</strong> funcionebem e durma tranquila. Se <strong>uma</strong> árvorecai, um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>rruba um poste ouse um gran<strong>de</strong> show vai agitar o Rio, oCentro <strong>de</strong> Operações atua, com a ajuda<strong>de</strong> 400 funcionários e 450 câmeras,para que as vias estejam prontamenteliberadas, o <strong>de</strong>slocamento das pessoasseja eficiente e que não haja impactopara os <strong>de</strong>mais cariocas. A cada dia,vamos nos preparan<strong>do</strong> para receber osmaiores eventos esportivos <strong>do</strong> planeta:a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2014 e os JogosOlímpicos <strong>de</strong> 2016.


De olho no futuroO Secretário Municipalda Casa Civil, Pedro PauloCarvalho Teixeira, ementrevista à Revista TCMRJ,<strong>de</strong>monstra confiança eentusiasmo nas intervençõesque estão sen<strong>do</strong> realizadasna cida<strong>de</strong>, e afirma queos investimentos feitospela Prefeitura certamentetornarão o Rio “a melhorcida<strong>de</strong> <strong>do</strong> hemisfério sulpara se viver.”Pedro Paulo Carvalho TeixeiraSecretário Municipal da Casa CivilEm recente entrevista, oPrefeito Eduar<strong>do</strong> Paes <strong>de</strong>clarou suapreocupação em <strong>de</strong>ixar um lega<strong>do</strong>positivo para a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Que projetos e intervençõesvêm sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s para garantiresse lega<strong>do</strong>? Qual o orçamentoprevisto e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm os recursos?Encontramos a Prefeitura a ponto <strong>de</strong>quebrar. Existiam gastos ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>se tínhamos o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> colocar a casaem or<strong>de</strong>m. O primeiro passo foi <strong>uma</strong>revisão total da administração pública.Conseguimos, em 2009, reduzir os gastosem R$ 400 milhões, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>sa 2008. A arrecadação cresceu e, logo noprimeiro ano <strong>de</strong> governo, a Prefeitura <strong>do</strong>Rio teve o maior superávit em termosreais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999: R$ 1,6 bilhão. Assim,conseguimos iniciar a série <strong>de</strong> melhoriasque esperávamos para a cida<strong>de</strong>. Emsaú<strong>de</strong>, praticamente <strong>do</strong>bramos osinvestimentos visan<strong>do</strong> tanto às unida<strong>de</strong>sjá existentes como a criação <strong>de</strong> novasunida<strong>de</strong>s, como as UPAs e as Clínicas daFamília. Em atenção básica, saltamos <strong>de</strong>um orçamento <strong>de</strong> R$ 1,9 bilhão, em 2008,para R$ 4 bilhões, em 2012. Também<strong>de</strong> olho no futuro, estamos investin<strong>do</strong>em educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Foramcria<strong>do</strong>s projetos inova<strong>do</strong>res, como o‘Escolas <strong>do</strong> Amanhã’, em comunida<strong>de</strong>scarentes, e o ‘Ginásio Carioca’, reforçan<strong>do</strong>o ensino <strong>do</strong> 6º ao 9º ano. E um <strong>do</strong>slega<strong>do</strong>s mais significativos é o gran<strong>de</strong>investimento em obras. Hoje, temosR$ 5,5 bilhões em obras contratadas,forman<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 1.500 pontos <strong>de</strong> obrasespalhadas por todas as regiões <strong>do</strong> Rio.São investimentos fundamentais, comoa instalação <strong>do</strong>s BRTs e as novas viasTransoeste, Transcarioca e Transolímpica.Apenas 12% da população utilizam ostransportes <strong>de</strong> alta capacida<strong>de</strong>. Com osBRTs, estimamos que mais da meta<strong>de</strong><strong>do</strong>s cariocas utilizará os transportes <strong>de</strong>massa, em 2016, melhoran<strong>do</strong> o tráfego ediminuin<strong>do</strong> o impacto ambiental.Qual a previsão <strong>do</strong> impacto <strong>de</strong>ssasobras na economia da cida<strong>de</strong>?A cida<strong>de</strong> vive, nesses próximos cincoanos. um volume <strong>de</strong> investimentos quepoucas vezes se viu na sua história. Porvários motivos: pelo entendimento entreos governos e pelos eventos que estãoprograma<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong>, como Copa<strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> e Olimpíadas. Estimamosque nesses cinco anos a cida<strong>de</strong> viva oequivalente a 30 anos <strong>de</strong> investimentospúblicos. Esse investimento estatalpuxará o crescimento da cida<strong>de</strong> e já dáa ela <strong>uma</strong> nova dinâmica e a chance <strong>de</strong>outras oportunida<strong>de</strong>s econômicas. Esseé um <strong>do</strong>s principais lega<strong>do</strong>s: fortalecernossas vocações atuais, como turismo,esporte, energia, economia criativa... E<strong>de</strong>scobrir outras. E que todas elas semantenham fortes após 2016.Em que consiste o Projeto PortoMaravilha, aponta<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>sinvestimentos mais representativospara a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro(objetivo, custo, previsão <strong>de</strong> conclusão,benefícios etc)? Qual a importânciaestratégica para o futuro da cida<strong>de</strong>?Este será o maior projeto <strong>de</strong>revitalização portuária <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Algojamais visto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pereira Passos, noinício <strong>do</strong> século XX. Essa região <strong>do</strong> portoestava completamente aban<strong>do</strong>nada,apartada <strong>do</strong> resto da cida<strong>de</strong>. Hoje,temos um projeto em ritmo acelera<strong>do</strong>para a revitalização <strong>de</strong>ssa área, comum investimento inicial <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>R$ 350 milhões da Prefeitura. Viaspúblicas serão recuperadas, túneis serãoconstruí<strong>do</strong>s, árvores serão plantadas.Vamos criar novas condições <strong>de</strong> trabalho,Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201161


A NOVA CARA DO RIOCentral <strong>do</strong> Brasil e arre<strong>do</strong>resmoradia, transporte, cultura e lazerpara a população que vive ali. Já estãoadiantadas as obras da primeira fase,que incluem a construção <strong>de</strong> novasre<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, esgoto e drenagem nasavenidas Barão <strong>de</strong> Tefé e Venezuela e aurbanização <strong>do</strong> Morro da Conceição, alémda restauração <strong>do</strong>s Jardins Suspensos <strong>do</strong>Valongo. Toda a região será reurbanizadaaté 2015 e um novo padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><strong>do</strong>s serviços urbanos será introduzi<strong>do</strong>,como, por exemplo, como, por exemplo,com a implementação da coleta seletiva<strong>de</strong> lixo e iluminação pública eficiente eeconômica. Esperamos que a populaçãoda região, que hoje é <strong>de</strong> 22 mil pessoas,chegue a 100 mil habitantes em 10anos.Quais os incentivos fiscais propostospelo governo para acelerar a ocupaçãoda área portuária?Começamos, em setembro, adistribuir a cartilha “ContribuinteCidadão” para divulgar os programas<strong>de</strong> isenção <strong>de</strong> IPTU, por até 10 anos, paranovas construções na área. Essa isençãoé válida para construções com “Habitese”concedi<strong>do</strong> até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2012.Além disso, imóveis com importânciahistórica, cultural, ecológica ou <strong>de</strong>preservação paisagística e ambientalterão o perdão <strong>de</strong> todas as dívidas <strong>de</strong>IPTU caso os proprietários façam obras<strong>de</strong> restauração. Mas, além das novasconstruções, também queremos que apopulação da região permaneça nessesbairros. Por isso, nossa preocupação emque eles estejam bem informa<strong>do</strong>s sobreas oportunida<strong>de</strong>s. Nessa cartilha, porexemplo, também explicamos sobre oparcelamento social para quem quiseracertar dívidas <strong>de</strong> IPTU com a Prefeitura<strong>do</strong> Rio. Esse programa permite a quitaçãoda dívida em até 84 prestações, comparcelas mínimas <strong>de</strong> R$ 10. Todas asdúvidas po<strong>de</strong>m ser tiradas através <strong>do</strong>1746.Quantos imóveis estão previstospara <strong>de</strong>sapropriação na área? Paraon<strong>de</strong> esses mora<strong>do</strong>res e comerciantesserão encaminha<strong>do</strong>s? Qual a verbaprevista para essas in<strong>de</strong>nizações?São cinco imóveis. Ainda estamosestudan<strong>do</strong> o valor das in<strong>de</strong>nizações.Mas será um preço justo. Nossapriorida<strong>de</strong> é reassentar essas famíliasna mesma região. Tu<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong><strong>de</strong> perto pelas secretarias municipais62 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


<strong>de</strong> Assistência Social e Habitação, que<strong>de</strong>ve produzir novas moradias através<strong>do</strong> Programa Minha Casa Minha Vida.Durante o perío<strong>do</strong> entre a saída <strong>do</strong>imóvel até a entrega da nova casa, asfamílias terão direito ao Aluguel Social.Alg<strong>uma</strong>s já estão receben<strong>do</strong> o benefícioe foram inscritas no empreendimentoBairro Carioca. To<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>resreassenta<strong>do</strong>s também serão incluí<strong>do</strong>snos programas sociais <strong>do</strong> governo,caso ainda não estejam, e nas ações <strong>do</strong>Programa Porto Maravilha Cidadão.A reurbanização e valorizaçãodas áreas <strong>do</strong> Porto não acabarãopor afastar as classes sociais menosfavorecidas?De maneira nenh<strong>uma</strong>. A OperaçãoUrbana Porto Maravilha já parte <strong>do</strong>pressuposto <strong>de</strong> que os atuais mora<strong>do</strong>res<strong>de</strong>vem permanecer na região portuária.Pelo menos 3% <strong>do</strong>s recursos davenda <strong>do</strong>s CEPACs (Certifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Potencial Adicional Construtivo) estãosen<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>s em programas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento social para mora<strong>do</strong>rese trabalha<strong>do</strong>res, como está previsto nocontrato. Isso inclui formação profissionalprincipalmente para a população jovem,ações <strong>de</strong> requalificação profissional paramora<strong>do</strong>res e integração da população aomerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho que vai surgir ali.Vamos manter essas pessoas no lugaron<strong>de</strong> moram e melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida <strong>de</strong>las.Como será feita a revitalização <strong>do</strong>Morro da Conceição? E <strong>do</strong> Morro daProvidência?O Morro da Conceição, na entradada cida<strong>de</strong>, presenciou os 445 anos<strong>de</strong> histórias <strong>do</strong> Rio. É <strong>uma</strong> região <strong>de</strong>valor cultural e histórico <strong>de</strong> extremaimportância para a cida<strong>de</strong> e queestava esquecida. Nos inspiramos nomo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Paraty, que recuperou seucentro histórico, e vamos melhoraro calçamento, a iluminação públicae a pavimentação, dan<strong>do</strong> ainda maisqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida para os quatromil habitantes da região. Tambémqueremos movimentar a economialocal, transforman<strong>do</strong> o morro em umnovo polo turístico. Para isso, estamosrecuperan<strong>do</strong> o Jardim <strong>do</strong> Valongo, aCasa da Guarda, o sanitário público, a“Queremos <strong>uma</strong>cida<strong>de</strong> integrada.Nossa meta éfazer <strong>do</strong> Rio amelhor cida<strong>de</strong><strong>do</strong> hemisfério sulpara se viver.”Pedra <strong>do</strong> Sal e a Igreja <strong>de</strong> São Franciscoda Prainha. Já no Morro da Providência,estamos investin<strong>do</strong> R$ 131 milhões peloprograma Morar Carioca. E não estamosfalan<strong>do</strong> só <strong>de</strong> obras. Esse investimentotambém inclui conservação, manutenção<strong>de</strong> equipamentos e atenção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rpúblico. Talvez, essa seja a intervençãomais simbólica <strong>do</strong> Morar Carioca, porquea Providência foi a primeira favela <strong>do</strong>Rio. Por isso, além da implantação <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, esgoto e drenagem, daconstrução <strong>de</strong> um teleférico e <strong>de</strong> umplano inclina<strong>do</strong> para melhorar o acesso<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res às suas casas, tambémestá prevista a criação <strong>de</strong> um museuque traduza a história <strong>do</strong> Morro daProvidência.Que importantes relíquias <strong>do</strong>Rio Antigo estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobertasdurante as escavações nas áreas?E n c o n t r a m o s u m t e s o u r oarqueológico durante as escavaçõesna Avenida Barão <strong>de</strong> Tefé: o Cais daImperatriz e o Cais <strong>do</strong> Valongo, ambos<strong>do</strong> século XIX. O Cais da Imperatriz foiconstruí<strong>do</strong> sobre o Cais <strong>do</strong> Valongo parareceber a imperatriz Teresa Cristina, quese casaria com Dom Pedro II. O projetofoi realiza<strong>do</strong>, à época, pelo paisagistaGrandjean <strong>de</strong> Montigny. É <strong>uma</strong> relíquiahistórica e queremos restaurá-la. Vamosfazer <strong>uma</strong> praça entre o Hotel Barão<strong>de</strong> Tefé e o Hospital <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, valorizan<strong>do</strong> essa <strong>de</strong>scoberta.Quais são as instalações olímpicasna área <strong>do</strong> Porto e quan<strong>do</strong> as obrasserão iniciadas? Quais os planosda Prefeitura para obter recursosnecessários à realização <strong>de</strong>ssasinstalações?Será um complexo <strong>de</strong> 850 mil metrosquadra<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> ficarão as vilas <strong>de</strong> Mídiae Árbitros, um centro <strong>de</strong> convenções,além <strong>de</strong> um hotel e áreas comerciais. Asobras começam ainda esse ano e ficamprontas em 2015. O investimento será100% priva<strong>do</strong>. Aquela área é central epassará por <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> revitalização.Queremos agregar valor à área e atrair<strong>uma</strong> população que <strong>de</strong>ve trabalhar naregião. O merca<strong>do</strong> imobiliário vê isso combons olhos. Por isso, já existe um enormeinteresse <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s incorpora<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>país e é possível que administra<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>shoppings e ca<strong>de</strong>ias hoteleiras entrem naformação <strong>de</strong> um pool <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res. Aobrigação <strong>de</strong>les é aproveitar pelo menos40% <strong>do</strong> projeto vence<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> arquitetoJoão Pedro Backheuser. Depois dasOlimpíadas, esses incorpora<strong>do</strong>res vãoconverter os apartamentos em unida<strong>de</strong>sresi<strong>de</strong>nciais ou comerciais.Há quanto tempo o Rio nãopassava por tantas e tão significativasintervenções como essas que estãosen<strong>do</strong> realizadas?Como disse antes, a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro não vê tantas mudançaspositivas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> século XX,com as gran<strong>de</strong>s intervenções <strong>de</strong> PereiraPassos. Nosso objetivo é revitalizaráreas importantes da cida<strong>de</strong>, como aszonas Norte, Oeste e Portuária, queforam esvaziadas e <strong>de</strong>gradadas nasgestões anteriores e são regiões vitaispara o crescimento econômico <strong>do</strong> Rio.Queremos <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> integrada. Nossameta é fazer <strong>do</strong> Rio a melhor cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>hemisfério sul para se viver.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201163


A NOVA CARA DO RIOENQUETEUma nova cida<strong>de</strong>Quem, no Rio, nãofoi surpreendi<strong>do</strong>por <strong>uma</strong> mudança notrânsito, um tapume nocaminho, <strong>uma</strong> obra inician<strong>do</strong>?Ou não se entusiasmou com oTeleférico <strong>do</strong> Alemão, o início daTransoeste ou <strong>do</strong> Porto Maravilha?A cada dia, intervenções prometemrepaginar a cida<strong>de</strong>, oferecen<strong>do</strong> novose melhores serviços.Que a cida<strong>de</strong> está mudan<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s percebem.Mas, o que o carioca acha disso?A Revista TCMRJ registra a opinião <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>spessoas que moram ou trabalham no Rio.Quais são suas expectativas em relação àsintervenções que prometem transformar o Rio namelhor cida<strong>de</strong> para se viver nos próximos anos?64 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201164


Momento ímpar para a cida<strong>de</strong>Marcos Barbosa <strong>de</strong> Abreu46 anos – Educa<strong>do</strong>r Cristão e Acadêmico em Fisioterapia – Mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> InhaúmaComo cidadão nasci<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong>na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,aos 46 anos <strong>de</strong> vida, estouten<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verobras <strong>de</strong> projetos que há muito tempoesperavam sair <strong>do</strong> papel.O Rio <strong>de</strong> Janeiro, cida<strong>de</strong> que a cadadia mais cresce, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,e recebe imigrantes <strong>de</strong> outros esta<strong>do</strong>se <strong>de</strong> outros países, tem prova<strong>do</strong> odissabor <strong>do</strong> caos urbano. São muitosos <strong>de</strong>safios a vencer e um <strong>de</strong>les é,exatamente, o <strong>de</strong> criar e/ou expandiro sistema <strong>de</strong> transporte e as vias <strong>de</strong>acesso, sejam elas da malha ro<strong>do</strong>viária,metroviária ou ferroviária, sem falarda mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> aeroportos e <strong>do</strong>serviço <strong>de</strong> embarcação.O prefeito <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>, Eduar<strong>do</strong>Paes, está marcan<strong>do</strong> forte presença coma Operação “Asfalto Liso”, na medida emque, concluída, dará um aspecto novopor on<strong>de</strong> passa, reorganizan<strong>do</strong> meio-fioe calçadas, coisa que muitos prefeitosnão fizeram e que dava a impressão<strong>de</strong> que a zona Norte só merecia asfamigeradas operações “Tapa Buraco”.A pintura e recuperação <strong>de</strong> fachadas <strong>do</strong>scon<strong>do</strong>mínios resi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio daprefeitura é outra ação muito bem-vindapara os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>.Em parceria com o governo fe<strong>de</strong>ral,o município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>u inícioà construção da via Transoeste que, comsua primeira parte pronta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril,já é realida<strong>de</strong>; da Transcarioca, que serápara muitos a porta <strong>de</strong> entrada no Brasil;da Transolímpica, que traz em si o nome<strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> transformação <strong>do</strong> Rioem Cida<strong>de</strong> Olímpica; e da Transbrasil,engenharia organiza<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> estaçõesao longo da avenida Brasil, superimportante com a aproximação <strong>do</strong>seventos <strong>do</strong> Rock in Rio, Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>e Olimpíadas. No mesmo senti<strong>do</strong>,a implantação <strong>do</strong>s BRS (Bus RapidService) tem melhora<strong>do</strong> <strong>de</strong> fato a flui<strong>de</strong>z<strong>do</strong> transporte em pontos críticos dacida<strong>de</strong>. Outra excelente criação foi a <strong>do</strong>Bilhete Único Carioca, com integraçãointermodal, que agiliza, facilita e éeconomicamente mais atraente aosusuários. Agora estou aguardan<strong>do</strong>a expansão da linha <strong>do</strong> metrô nosenti<strong>do</strong> Barra, com vagões mais leves,e as novida<strong>de</strong>s em transporte BRT, VLT,MAGLEV, Monotrilhos, Aeromóveis enovas composições da SuperVia.Realmente, este é um momentoímpar para o governo em nossa cida<strong>de</strong> e,como cidadão carioca e mora<strong>do</strong>r, queroainda po<strong>de</strong>r cantar o inesquecível refrão:“O Rio <strong>de</strong> Janeiro continua lin<strong>do</strong>...”Entusiasmo e confiança na gestão atualMarissol Pinheiro27 anos – Advogada – Mora<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> MadureiraMinhas expectativas sãoas mais positivas! Semclichês, sem exageros, jámoramos na cida<strong>de</strong> maislinda <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>! Diversida<strong>de</strong> na veia.Musical, geográfica, antropológica. Umpovo feliz que faz festa por tu<strong>do</strong> e aindatem a carida<strong>de</strong> no coração. Confiançano sistema e na mudança <strong>de</strong>ste povo.Povo que lota <strong>uma</strong> Bienal, que passoua frequentar teatros, que faz o melhorcarnaval <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e ainda tem bomhumor pra rir <strong>de</strong> si mesmo e ajudar opróximo. Resta evi<strong>de</strong>nte que faz parte<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> aquela história <strong>de</strong> povo semcultura.Para os pessimistas? Respon<strong>do</strong>.Transtorno? Toda mudança, até navida particular, exige algum transtorno.Mora<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Madureira e viven<strong>do</strong> aconstrução da Transcarioca <strong>de</strong> perto.Como boa carioca, reclamo, saio atrasadae coloco a culpa no trânsito provenientedas obras. Mas é necessário. Imóveisvalorizan<strong>do</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro crescen<strong>do</strong>,investin<strong>do</strong>. A Terra <strong>do</strong> Samba estácaminhan<strong>do</strong> junto.Gestão? Confio plenamente nagestão atual. Começan<strong>do</strong> pelo governofe<strong>de</strong>ral. Nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia,tão ovaciona<strong>do</strong> no exterior, colocou umoperário; <strong>de</strong>pois, <strong>uma</strong> mulher no po<strong>de</strong>r.Criticar é fácil. Difícil é dar a cara à tapa.Fazer e alcançar os níveis <strong>de</strong> aprovaçãoatingi<strong>do</strong>s.Violência? Precisa ter <strong>uma</strong> completa<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> percepção para nãoconstatar, no dia a dia, que, <strong>de</strong> fato, estámelhoran<strong>do</strong>. Andamos mais calmos.Atentos, cautelosos, entretanto, maiscalmos. Eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> públicocada vez mais tranquilos. Já não sãotantos assaltos, tantas mortes. Existem?Claro! Infelizmente é da essência <strong>do</strong>ser h<strong>uma</strong>no errar, respon<strong>de</strong>r com atosinsanos àquilo que não agrada, nãosatisfaz sua torpe vonta<strong>de</strong>. Mas é tempo<strong>de</strong> Paz! De UPP´s, <strong>de</strong> manifestos pelacoação à violência!Acreditar é preciso! Com to<strong>do</strong> ocoração, com a mesma boa vonta<strong>de</strong> queRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201165


A NOVA CARA DO RIObrincamos o carnaval e participamos<strong>de</strong> eventos beneficentes. Se já temosas belezas naturais e essa populaçãomagnífica, só posso dizer que o céu éMais <strong>do</strong> que expectativas,eu acredito que osprincipais responsáveispela transformaçãoda cida<strong>de</strong> seremos nós mesmos,mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.A gran<strong>de</strong> revolução <strong>de</strong>ve começaragora, no exato momento em que acida<strong>de</strong> vivencia as dúvidas <strong>de</strong> se teráou não condições <strong>de</strong> receber gran<strong>de</strong>seventos, como a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> e asOlimpíadas. São inúmeros cidadãosque estão nas comunida<strong>de</strong>s menoso limite. Teremos os maiores eventos<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> acontecen<strong>do</strong> aqui, no nossoquintal. Demos provas no Pan-americanoda capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recepcionar um eventoInício <strong>de</strong> <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> revoluçãoSuely Guimarães41 anos – Empresária – Mora<strong>do</strong>ra da Tijucafavorecidas, nas escolas esquecidase nas esquinas aban<strong>do</strong>nadas,realizan<strong>do</strong> trabalho voluntário.Estes cidadãos não esperam nada,eles realizam e produzem um bairromelhor, <strong>uma</strong> vizinhança melhore, é claro, <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> melhor. Asintervenções que vierem a ocorrerpor parte <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res e políticosterão que acontecer para somar,<strong>de</strong> forma positiva, a este esforçoindividual. Toda vez que o apoioformal <strong>de</strong> legisla<strong>do</strong>res e políticosesportivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Vamos confiarno sucesso <strong>do</strong> planejamento e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Democrático <strong>de</strong> Direito! Ter a mesma fé<strong>de</strong> sempre e fazer nossa parte!não correspon<strong>de</strong>r a esta energiasincera, originária da alma e <strong>do</strong> suor<strong>de</strong> cidadãos conscientes, haverá<strong>uma</strong> expulsão natural. A cida<strong>de</strong> temse<strong>de</strong> <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong>, honestida<strong>de</strong> eprogresso e, como to<strong>do</strong> órgão vivoe pulsante, ela está na direção <strong>de</strong>staevolução. Não há mais espaço paraesforços vãos e simplórios. É a vezdaqueles que habitam na cida<strong>de</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro assumirem, parasi, a criação e realização, da um diaprometida Cida<strong>de</strong> Maravilhosa.É preciso muito maisFernanda PredrosaJornalista – Mora<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Niterói – Trabalha no RioAcho que ainda falta muito parao Rio <strong>de</strong> Janeiro se tornar “amelhor cida<strong>de</strong> para se viver”.A cida<strong>de</strong>, sem dúvida, é linda,principalmente por suanatureza, por sua localização geográficae a alegria <strong>de</strong> quem mora aqui. Mas issonão basta quan<strong>do</strong> se fala em qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida. É preciso muito mais.Espera-se que os megaeventosprograma<strong>do</strong>s para os próximos anosna cida<strong>de</strong> tragam obras grandiosas e<strong>de</strong> infraestrutura. Nessas intervenções,estão previstas melhorias substanciaisnos transportes e nas instalaçõesesportivas e turísticas. Nesses quesitos,minha maior expectativa é em relaçãoao Metrô: já passou da hora <strong>de</strong> termosum sistema <strong>de</strong> transporte metroviárioeficiente como, por exemplo, o da nossavizinha Santiago <strong>do</strong> Chile. Eficiente eintegra<strong>do</strong> aos trens <strong>do</strong> subúrbio. Alémdisso, <strong>uma</strong> cida<strong>de</strong> edificada em torno<strong>de</strong> <strong>uma</strong> baía, como a Baía <strong>de</strong> Guanabara,não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> explorar, <strong>de</strong> formainteligente e sustentável, o transporteaquaviário. Um sistema <strong>de</strong> transportes<strong>de</strong> massa que funcione <strong>de</strong> maneiraracional certamente irá aliviar o trânsito<strong>do</strong>s engarrafamentos e diminuir otempo <strong>de</strong> locomoção e o estresse geralna cida<strong>de</strong>.Minha expectativa direciona-setambém para pequenos <strong>de</strong>talhes, quefazem toda a diferença, quan<strong>do</strong> se pensa namelhor cida<strong>de</strong> para se viver. A melhor cida<strong>de</strong><strong>do</strong> mun<strong>do</strong> será aquela em que o espaçopúblico não seja lotea<strong>do</strong> por flanelinhas;as calçadas não sejam irregulares etenham rampas para carrinhos <strong>de</strong> bebê eca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> rodas; as ruas sejam limpas esem buracos; a população, bem-educada,não urine nem jogue lixo nas ruas; ascrianças, em vez <strong>de</strong> estarem pedin<strong>do</strong>nos sinais ou cheiran<strong>do</strong> cola nas praças,estejam na escola em horário integral;os hospitais públicos tenham vagas,médicos, equipamentos e remédios; oscarros parem quan<strong>do</strong> o pe<strong>de</strong>stre colocaro pé na faixa; e, principalmente, on<strong>de</strong>se tenha <strong>uma</strong> sensação <strong>de</strong> segurança erelaxamento, mesmo ao caminhar pelarua <strong>de</strong> madrugada.É claro que isso tu<strong>do</strong> não seráconstruí<strong>do</strong> nos próximos três ouquatro anos, nem haverá essa enormetransformação apenas em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>seventos que estão por vir. Mas, se houverpelo menos a conscientização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>spara essas priorida<strong>de</strong>s, é possível queo Rio comece a construir seu caminhopara se tornar a melhor cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>para se viver.66 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Sueli Pontes Gaspar“Quan<strong>do</strong> sonhamosjuntos, tu<strong>do</strong> setorna realida<strong>de</strong>”Sueli Pontes Gaspar, diretora <strong>do</strong> Ciep 1º <strong>de</strong>Maio, localiza<strong>do</strong> entre as favelas <strong>do</strong> Rola eAntares, em Santa Cruz, que ficou em primeirolugar na Provinha Brasil – exame <strong>do</strong> MEC queavalia o nível <strong>de</strong> alfabetização <strong>do</strong>s alunos –, éum exemplo <strong>de</strong> superação. Filha <strong>de</strong> lava<strong>de</strong>irae guarda noturno, Sueli começou a carreiracomo meren<strong>de</strong>ira, foi porteira, inspetora <strong>de</strong>alunos, agente <strong>de</strong> administração, agente <strong>de</strong>pessoal e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra pedagógica, e hojeensina: “vale a pena acreditar no ser h<strong>uma</strong>no”.On<strong>de</strong> a senhora nasceu?Como foi sua infância?Nasci em Sepetiba, Zona Oeste <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro. Fui criada em SantaCruz, on<strong>de</strong> resi<strong>do</strong> até hoje. Minhainfância foi maravilhosa, embora tenhati<strong>do</strong> que ajudar na busca e entrega <strong>de</strong>roupas que minha mãe lavava, o que emnada atrapalhou minha criativida<strong>de</strong>,curiosida<strong>de</strong>s e peraltices. Fui <strong>uma</strong>criança muito levada, brincalhona echeia <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>s.Como a senhora começou atrabalhar na área da educação?Meu contato com a educação éantigo. Des<strong>de</strong> menina, gostava <strong>de</strong> ajudaros filhos das vizinhas nas tarefas <strong>de</strong> casa.Não recebia nada, mas gostava <strong>de</strong> ajudar.Depois, foi no concurso <strong>de</strong> meren<strong>de</strong>ira,em 1985, o meu primeiro cargo naSecretaria <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro;mais tar<strong>de</strong>, fui porteira, inspetora <strong>de</strong>alunos, agente <strong>de</strong> administração, agente<strong>de</strong> pessoal e, em todas estas funções,sempre me interessei pela vida <strong>do</strong>salunos, tinha um envolvimento simplescom eles e os aconselhava a estudarsempre e a criar <strong>uma</strong> perspectiva <strong>de</strong> umfuturo melhor.E como professora?Fui aprovada em mais um concursona Secretaria <strong>de</strong> Educação e tomeiposse com lotação na E. M. 10.19.012E, Tenente Renato César, em 1999. E,como professora, parece que recebi <strong>uma</strong>licença para me envolver <strong>de</strong> vez na vida<strong>do</strong>s alunos. Acreditei muito em cadacriança que passou por minhas mãos,atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma positiva em suasvidas. Meu trabalho sempre foi substituiratitu<strong>de</strong>s negativas por positivas; mostreia cada criança o po<strong>de</strong>r da transformação,alegan<strong>do</strong> que não se po<strong>de</strong> apenas vivera vida como ela é, mas que po<strong>de</strong>mos tera vida que construirmos para cada um<strong>de</strong> nós. Minhas palavras sempre foramrecheadas <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> superação;na verda<strong>de</strong>, eu era a própria superaçãoem pessoa.O trabalho nessa época era muitodifícil? Como a senhora enfrentouto<strong>do</strong>s os problemas?Para mim nunca foi difícil gerenciarensinamentos e semear mudanças.Sempre tive o objetivo claro <strong>de</strong>transformar tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s por on<strong>de</strong>passei. As marcas <strong>de</strong> mudanças foramclaras, o meu interpessoal é fácil, soualegre, brincalhona e a<strong>do</strong>ro gente.Quantos alunos o CIEP 1º <strong>de</strong> Maiotem hoje?Seiscentos e vinte e três alunos,<strong>do</strong> maternal II ao 5º ano, distribuí<strong>do</strong>sem 22 turmas <strong>de</strong> horário integral, compermanência das 7h30 às 16h30.Qual foi a sua maior vitória à frente<strong>do</strong> colégio?Revista TCMRJ n. 48 - Setembro 201167


RIOvaleu a pena. E ainda, ganhar um beijinhoda presi<strong>de</strong>nta e o carinho <strong>do</strong> prefeito, <strong>do</strong>governa<strong>do</strong>r e o 14º salário e meio, isso é<strong>de</strong>mais! Sem falar na querida Secretária<strong>de</strong> Educação, Claudia Costin.A minha melhor vitória foi a mudançada comunida<strong>de</strong>. Conseguimos mudartrês comunida<strong>de</strong>s sem UPP, da aparênciacuida<strong>do</strong>sa ao comportamento cheio <strong>de</strong>charme e gentileza. É visível tambémo cuida<strong>do</strong> que prestam ao ambienteescolar, que era <strong>de</strong> muitas pichações apapel no chão. O cuida<strong>do</strong> é <strong>de</strong>z. Os furtos,antes da nossa gestão, chegavam a 23 aoano; hoje é zero. A violência entre alunosna escola e na comunida<strong>de</strong> tambémé zero. Então, tu<strong>do</strong> isso nos dá muitoprazer e alegria, pois não precisamoslembrar em to<strong>do</strong>s os momentos asnormas da u.e.; to<strong>do</strong>s já conhecem eestão prontos a segui-las.De que mo<strong>do</strong> a senhora imagina ofuturo <strong>do</strong> CIEP 1º <strong>de</strong> Maio e <strong>do</strong> seutrabalho?Como instituição <strong>de</strong> educação, o Cieprealmente oferece <strong>uma</strong> educação <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>, isto é fato, e, como os seresh<strong>uma</strong>nos ten<strong>de</strong>m a progredir, acreditoque to<strong>do</strong>s darão prosseguimento, atéporquê as estruturas básicas foramplantadas em solo seguro, isto é, nasalmas h<strong>uma</strong>nas e nos corações <strong>de</strong> cadaum.Quanto ao meu trabalho, gosto <strong>de</strong><strong>de</strong>safios. E, quan<strong>do</strong> a coisa fica mais oumenos pronta, é hora <strong>de</strong> seguir para<strong>de</strong>safios maiores.O que representa, atualmente,em termos <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> oreconhecimento público <strong>do</strong> trabalho<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela senhora?Gratificante. É muito bom ter oreconhecimento <strong>do</strong> que fazemos comamor. Foram muitos anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação,perseverança, lágrimas, noites não<strong>do</strong>rmidas e, hoje, to<strong>do</strong>s reconhecem queQuais comunida<strong>de</strong>s são atendidaspelo CIEP 1º <strong>de</strong> Maio?Rollas I E II, Antares e Pedrinhas.De que maneira o trabalho naeducação influiu na sua vida?De todas as maneiras, a educaçãomu<strong>do</strong>u minha vida por inteiro; e agra<strong>de</strong>çoto<strong>do</strong>s os dias pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r ter realiza<strong>do</strong> este trabalho. É claroque fiz o que tinha que fazer, porémcom prazer, <strong>de</strong>dicação, compromisso emuita generosida<strong>de</strong>. Criei oportunida<strong>de</strong>spara que to<strong>do</strong>s mostrassem suascapacida<strong>de</strong>s.Que mensagem a senhora po<strong>de</strong><strong>de</strong>ixar com base na sua experiência?Que vale a pena acreditar no serh<strong>uma</strong>no. Eliminar barreiras, ultrapassarlimites, sem ferir, sem exigir, e levar to<strong>do</strong>sa sonharem juntos. E, quan<strong>do</strong> sonhamosjuntos, tu<strong>do</strong> se torna realida<strong>de</strong>.68 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Retrato<strong>do</strong>sBairrosGran<strong>de</strong> PedraOrigem da palavra PenhaRIOIgreja da PenhaBairro <strong>de</strong> classe média e médiabaixa da Zona Norte <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro, a Penha abrigacerca <strong>de</strong> 80 mil habitantesque, há até pouco tempo,sofriam com confrontos entre policiais etraficantes radica<strong>do</strong>s nas diversas favelascircunvizinhas, em especial o Complexo<strong>do</strong> Alemão. Graças ao recente Programa<strong>de</strong> Pacificação <strong>do</strong>s Morros – parceriaentre os governos fe<strong>de</strong>ral e estadual ea Prefeitura <strong>do</strong> Rio –, os mora<strong>do</strong>res daPenha <strong>de</strong>sfrutam, hoje, <strong>de</strong> ambiente maistranquilo e seguro. E pensar que estebairro, ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong> <strong>de</strong> tanta violência, teveorigem em <strong>uma</strong> igreja!Osmora<strong>do</strong>resda Penha<strong>de</strong>sfrutam, hoje,<strong>de</strong> ambientemais tranquiloe seguro.“”O SantuárioProprietário <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quinta queabrangia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Outeiro <strong>de</strong> Pedra atéa Freguesia <strong>de</strong> Irajá, o capitão Baltazar<strong>de</strong> Abreu Car<strong>do</strong>so man<strong>do</strong>u construir, em1635, <strong>uma</strong> capela, no mais alto morro<strong>de</strong> suas terras, em agra<strong>de</strong>cimento aNossa Senhora, por ter sobrevivi<strong>do</strong>ao ataque <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cobra. A igrejinhachamou a atenção <strong>de</strong> inúmeros fiéis, quepassaram a subir a “Gran<strong>de</strong> Pedra” parapedir e agra<strong>de</strong>cer as graças concedidas.A <strong>de</strong>voção a Nossa Senhora da Penhase espalhou, e cada vez mais pessoaspassaram a visitar o lugar, dan<strong>do</strong> início,então, à ocupação <strong>do</strong> bairro.Revista TCMRJ n. 48 - Setembro 201169


RIOEm 1900, após três intervençõesna capela, foram construídas duasnovas torres que receberam, em1925, um carrilhão com 25 sinos <strong>de</strong>origem portuguesa, adquiri<strong>do</strong>s naExposição Nacional <strong>do</strong> 1º Centenárioda In<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> Brasil. Assim, opequeno santuário se transformou,dan<strong>do</strong> origem à Igreja da Penha, que,posteriormente, veio a dar nome aobairro. O acesso ao templo é feito por<strong>uma</strong> escadaria, talhada na pedra, com382 <strong>de</strong>graus, que correspon<strong>de</strong>m a 111metros <strong>de</strong> altura. Em junho <strong>de</strong> 1990,a Igreja da Penha foi tombada, emreconhecimento a seu valor histórico ecultural para a cida<strong>de</strong>.A urbanização <strong>do</strong> bairroMuito em função <strong>do</strong>s romeiros quebuscavam benção e acalanto <strong>de</strong> NossaSenhora, foi criada, em 1886, a Estaçãoda Penha, ligada à Estrada <strong>de</strong> Ferro<strong>do</strong> Norte, mais tar<strong>de</strong> Estrada <strong>de</strong> FerroLeopoldina, implantan<strong>do</strong> o trem naregião. No início <strong>do</strong> século XX, foi a vez<strong>de</strong> o bon<strong>de</strong> elétrico chegar ao bairro. Aoferta <strong>de</strong> transporte facilitou o acesso eo crescimento da região.A Festa <strong>de</strong> Nossa Senhora da Penha,celebrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1713 no mês <strong>de</strong> outubro,continua sen<strong>do</strong> <strong>uma</strong> solenida<strong>de</strong> religiosatradicional e popular da Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro. Inúmeros <strong>de</strong>votos, vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong>várias partes <strong>do</strong> Brasil, sobem em romariaos <strong>de</strong>graus da Igreja em homenagem àSanta Padroeira. Folgue<strong>do</strong>s populares,músicas e barracas com comidas típicasanimam a festa.N<strong>uma</strong> época em que o rádio aindanão existia, a Festa da Penha servia <strong>de</strong>palco para lançamento <strong>de</strong> composições,como foi o caso <strong>de</strong> “Pelo Telefone”,primeiro samba grava<strong>do</strong> <strong>de</strong> Donga.Outros expoentes da música popularbrasileira, também sempre presentes,prestigiavam a festa com obras inéditas,que, por diversas vezes, se transformaramem sucessos nacionais.Praia da PenhaOn<strong>de</strong> hoje estão as pistas da AvenidaBrasil e o Complexo da Marinha, noinício <strong>do</strong> século XX era a região praianada Penha. O prefeito Pereira Passos,à época, instalou o Porto Maria Angu(“MARIANGU” – nome indígena <strong>de</strong> <strong>uma</strong>ave abundante no litoral da Baía <strong>de</strong>Guanabara), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partiam barcas daCantareira, ligan<strong>do</strong> a Penha à Praça XV,com conexão para a Ilha <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r.Os gran<strong>de</strong>s aterros realiza<strong>do</strong>s na áreafizeram <strong>de</strong>saparecer toda esta orlamarítima.Mirante da Penha70 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Retrato<strong>do</strong>sBairrosGamboa“Centro Velho” <strong>do</strong> Rio, abrigoda Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> SambaCida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Samba e Vila OlímpicaLocaliza<strong>do</strong> na zona portuáriada Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,o bairro da Gamboa somentefoi reconheci<strong>do</strong> oficialmenteem 1981, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>smembra<strong>do</strong><strong>do</strong> bairro da Saú<strong>de</strong> por <strong>de</strong>creto<strong>do</strong> então prefeito Marcos Tamoyo.Sobre pitoresca colina e próximo aomar, a Gamboa era o local escolhi<strong>do</strong>p a ra c o n s t r u ç ã o d e c h á c a ra s epalacetes da aristocracia cariocae, também, a região favorita <strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s negociantes ingleses que seestabeleceram na capital <strong>do</strong> Império<strong>do</strong> Brasil.No final <strong>do</strong> século XIX, o crescimento<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> da área afastou aaristocracia, que passou a ocupar osbairros <strong>do</strong> Catete, Glória, Flamengo,Botafogo e Laranjeiras. A Gamboaper<strong>de</strong>u, então, status e mergulhou emlongo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência, quedurou até o início <strong>do</strong> século XXI, quan<strong>do</strong>a Prefeitura <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro construiua Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Samba e a Vila Olímpica;começava, assim, o processo <strong>de</strong> recriaçãoda área.História e origem <strong>do</strong> nomeNa enseada e Praia da Gamboa,em tempos coloniais e <strong>do</strong> Império,p e s c a d o r e s q u e m o r a v a m n a sproximida<strong>de</strong>s armavam “gamboas” -pequenas represas usadas para capturarpeixes que ficavam presos quan<strong>do</strong> amaré baixava -, daí a origem <strong>do</strong> nome,que se esten<strong>de</strong>ria por to<strong>do</strong> o local.M a s , a e x e m p l o d e o u t r o sbairros cariocas, sucessivas obras <strong>de</strong>aterramento e intervenções afastarama Gamboa <strong>do</strong> mar. O cenário natural eas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca <strong>de</strong>sapareceram,transforman<strong>do</strong> <strong>de</strong> vez as característicassocioeconômicas da região. Enormesarmazéns e <strong>de</strong>pósitos foram construí<strong>do</strong>ssobre as praias, como também a amplaAvenida Rodrigues Alves.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201171


RIOTúnel João Ricar<strong>do</strong>E m 1 8 1 5 , p o r i n i c i a t iva d oembaixa<strong>do</strong>r britânico no Brasil, Lor<strong>de</strong>Strangford, foi funda<strong>do</strong> o Cemitério<strong>do</strong>s Ingleses – o mais antigo <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro – para sepultar protestantesque falecessem no Brasil. Já no princípio<strong>do</strong> século XX, foi construí<strong>do</strong>, no bairroda Gamboa, o primeiro túnel urbanoda Cida<strong>de</strong> – Túnel João Ricar<strong>do</strong> –, obraconsi<strong>de</strong>rada marco <strong>de</strong> engenharia earquitetura, à época.De gran<strong>de</strong> e importante acervoartístico, cultural e arquitetônico, aGamboa reúne casarões e sobra<strong>do</strong>shistóricos, que datam <strong>de</strong> 250 anos, comfachadas construídas em azulejariaportuguesa e serralheria francesa.O Moinho Fluminense, por exemplo,construção em estilo eclético queocupa três quarteirões <strong>do</strong> bairro, éconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> a maior preciosida<strong>de</strong>arquitetônica <strong>de</strong> caráter industrialda cida<strong>de</strong>. Merecem ainda <strong>de</strong>staque oCemitério <strong>do</strong>s Pretos Novos, os JardinsSuspensos <strong>do</strong> Valongo, o ObservatórioAstronômico <strong>do</strong> Valongo, a Fortaleza“As obras einvestimentosna Gamboa têmsi<strong>do</strong> exemplo<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>revitalização.”Militar da Conceição e a Fundação DarcyVargas – Casa <strong>do</strong> Pequeno Jornaleiro,entre outros.RevitalizaçãoAs obras e investimentos naGamboa têm si<strong>do</strong> exemplo <strong>de</strong> projetos<strong>de</strong> revitalização da área portuária <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro. A pacificação <strong>do</strong> Morroda Providência também provocou oaumento <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> empresários eminvestir e se instalar no bairro.Misto <strong>de</strong> parque temático e local<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> fantasias e alegoriasutilizadas em <strong>de</strong>sfiles <strong>de</strong> carnaval,a Cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Samba abriga váriasedificações <strong>de</strong>stinadas à realização dafesta popular que mais divulga a culturanacional: o carnaval carioca.Mais recentemente, em 2004, foiconstruída a Vila Olímpica da Gamboa,que oferece infraestrutura para a prática<strong>de</strong> muitas modalida<strong>de</strong>s esportivas, em25 mil metros quadra<strong>do</strong>s. Há, ainda,o projeto <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> AquárioMunicipal, em um <strong>do</strong>s antigos armazénsaban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s.Tra t a - s e d e m e gapro j e to d ereor<strong>de</strong>namento urbanístico e socioeconômicorealiza<strong>do</strong> pela Prefeitura daCida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro em parceriacom os governos fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro.72 Setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Po<strong>de</strong>r, Direito e Esta<strong>do</strong>:O direito administrativoem tempos <strong>de</strong> globalizaçãoEm homenagem ao jurista Marcos Juruena VillelaSouto, precocemente faleci<strong>do</strong>, o professor Diogo <strong>de</strong>Figueire<strong>do</strong> Moreira Neto proferiu, no encerramento<strong>do</strong> VII Fórum <strong>de</strong> Controle da Administração Pública,no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011, a palestratranscrita abaixo, assunto <strong>do</strong>s últimos interessesacadêmicos <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.ARTIGODiogo <strong>de</strong> Figueire<strong>do</strong> Moreira NetoPós-<strong>do</strong>utor em Direito Administrativo pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> Lisboa, PortugalProfessor titular <strong>de</strong> Direito Administrativo da Universida<strong>de</strong> Cândi<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>sProfessor da Escola da Magistratura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro – EMERJUma introdução explicativa na primeira pessoaAintenção inicial era trazerlhes,neste congresso, alg<strong>uma</strong>snotas sobre o fenômenoemergente <strong>do</strong>s contrapo<strong>de</strong>res,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a sua provocativa interfacecontemporânea com a <strong>de</strong>mocracia,quan<strong>do</strong>, mais recentemente, por oportunasugestão <strong>de</strong> Luís Cláudio RodriguesFerreira - nosso ubíquo empresário dacultura, a quem nós, cultores <strong>do</strong> direitopúblico no Brasil, <strong>de</strong>vemos, entre tantosempreendimentos, as sete exitosasreedições <strong>de</strong>ste Fórum, sobre este temacentral, que é o controle da administraçãopública –, minha preferência recaiusobre o tema <strong>de</strong> meu último livro, <strong>de</strong>sua publicação – Po<strong>de</strong>r, Direito e Esta<strong>do</strong>– O Direito Administrativo em tempos <strong>de</strong>globalização.Foi sugestão aceita, não apenas peloconteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> atualização que procureidivulgar, como pelo fato <strong>de</strong> os temascentrais <strong>do</strong> livro – po<strong>de</strong>r e globalização– estarem entre os últimos interessesacadêmicos sobre os quais MarcosJuruena Villela Souto, em memória <strong>de</strong>quem veio à luz, e eu havíamos troca<strong>do</strong>muitas i<strong>de</strong>ias e até planeja<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolveralguns <strong>de</strong>sses estu<strong>do</strong>s em conjunto.O interesse comum acerca <strong>do</strong> impactoda globalização sobre o po<strong>de</strong>r e o Direito,enfrenta<strong>do</strong> sob seus três aspectoscontemporâneos – o internacional,o comunitário e o global – nos haviafascina<strong>do</strong>, pois nele vislumbrávamos osurgimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova e promissoradimensão ecumênica <strong>do</strong> direito público, talcomo se prenuncia nas obras <strong>de</strong> SabinoCassese (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma), como,entre outras, Oltre lo Stato (Roma-Bari:Laterza, 2006); <strong>de</strong> Luís Filipe ColaçoAntunes (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra), ODireito Administrativo sem Esta<strong>do</strong>– Crise ou fim <strong>de</strong> um paradigma?(Coimbra: Coimbra Editora, 2008) e,ainda, mais recentemente, <strong>de</strong> VascoPereira da Silva (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa)e Ingo Wolfgang Sarlet (Universida<strong>de</strong>Católica <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul), O DireitoPúblico sem fronteiras (Lisboa: Instituto<strong>de</strong> Ciências Jurídico-Políticas, e-book <strong>de</strong>junho <strong>de</strong> 2011).A razão <strong>de</strong> apressar a publicação <strong>de</strong>ssaobra foi prestar homenagem a um <strong>do</strong>smais promissores juristas <strong>de</strong> sua geraçãoe discípulo brilhante: Marcos JuruenaVillela Souto. Colhi<strong>do</strong> que fui, como to<strong>do</strong>sos administrativistas brasileiros <strong>de</strong> restoo foram, por seu precoce falecimento,com apenas 47 anos <strong>de</strong> fulgurantecarreira <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>, procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, professor e <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r, semprecom atuação elegante, amável, culta e,sobretu<strong>do</strong>, ética, valorizan<strong>do</strong> o diálogo eo exemplo e dan<strong>do</strong> em sua reta condutanotável profissão <strong>de</strong> fé nesses valores,tenho sobejas razões para lhe haver<strong>de</strong>dica<strong>do</strong> esse livro e esta palestra à suamemória, que sei in<strong>de</strong>lével no coração<strong>do</strong>s incontáveis discípulos e amigos que<strong>de</strong>ixou.Dada esta indispensável explicaçãoque, como po<strong>de</strong>m enten<strong>de</strong>r, pediaaquela aura <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> que maisse coaduna com o emprego da primeirapessoa, posso passar ao tema: Po<strong>de</strong>r,Direito e Esta<strong>do</strong> – O Direito Administrativoem tempos <strong>de</strong> globalização, s<strong>uma</strong>rian<strong>do</strong>-opara caber nos aperta<strong>do</strong>s sessentaminutos <strong>de</strong> exposição que me foramfranquea<strong>do</strong>s.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201173


I – Disposição <strong>do</strong>s temasARTIGOOassunto <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> é o po<strong>de</strong>r,cujas múltiplas expressõesno espaço e no tempocobrem <strong>uma</strong> ampla extensãohistórica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as mais primitivasformas <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s h<strong>uma</strong>nas às maiselaboradas, hoje existentes. É <strong>de</strong>ssessucessivos tempos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r que trata abreve introdução <strong>do</strong> livro, que preferi<strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> Prelúdio, porque, talcomo na música, seu propósito é apenassugerir, mas sem <strong>de</strong>senvolver, os temasda obra.Seguem-se, porque o livro épequeno, quatro capítulos, em queo po<strong>de</strong>r e três, <strong>de</strong>ntre suas gran<strong>de</strong>smanifestações – o Direito, como a maisantiga; o Esta<strong>do</strong>, expressão mo<strong>de</strong>rna;e o Direito Administrativo, como amais recente – são aprecia<strong>do</strong>s sobângulos contemporâneos, referi<strong>do</strong>s,sucessivamente, aos fenômenos daglobalização, <strong>do</strong> consenso, da <strong>de</strong>mocraciae <strong>do</strong> policentrismo. Assim é que o Po<strong>de</strong>ré examina<strong>do</strong> em tempos <strong>de</strong> globalização;o Direito, em tempos <strong>de</strong> consenso; oEsta<strong>do</strong>, em tempos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia; e oDireito Administrativo, em tempos <strong>de</strong>policentrismo.Já na introdução se afirma a intenção<strong>de</strong> reposicionar O Direito Administrativono quadro da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: nasci<strong>do</strong>como dádiva da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, comoum produto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e reverentea seu po<strong>de</strong>r absoluto, aos poucosper<strong>de</strong>u o seu caráter autoritário <strong>de</strong>origem para submeter-se a valores, preeminentementeaos direitos h<strong>uma</strong>nos.Mas, ao mesmo tempo, no processo,perdia o seu exclusivo caráter estatal, <strong>de</strong>seu berço, para ganhar, sucessivamente,as dimensões interestatais – como ramo<strong>do</strong> Direito Internacional, multiestatais –como um ramo <strong>do</strong> Direito Comunitário, eextraestatais – como um ramo <strong>do</strong> DireitoGlobal.Este percurso da disciplina vemhistoricamente resumi<strong>do</strong>, na obraque foi acima citada – O DireitoPúblico sem fronteiras –, constan<strong>do</strong><strong>de</strong> terso, mas <strong>de</strong>nso capítulo da lavra<strong>de</strong> Vasco Pereira da Silva, que apontano clássico Otto Mayer <strong>uma</strong> primeirae tímida tentativa <strong>de</strong> expansão <strong>do</strong>Direito Administrativo francês por viacomparativista, pois que nele já via “umnovo direito perfeito, tal como resultouda fornalha da Revolução” (apud op. cit.,p. 212); tema que, para Sabino Cassese,já prenunciava sua vocação global (op.cit., p. 214).Ao cabo <strong>de</strong>ste percurso, o DireitoAdministrativo não mais se restringiriaàs relações estatutariamenteassimétricas, entre Esta<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>re cidadão administra<strong>do</strong>, parase tornar um direito expandi<strong>do</strong> aquaisquer relações cratologicamenteassimétricas, entre pessoas e quaisquercentros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, não importan<strong>do</strong>quais sejam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que administreminteresses públicos em setores davida econômica e social, mas, aí a suamarca contemporânea, cada vez maisa serviço da pessoa h<strong>uma</strong>na e <strong>de</strong> seusvalores universais, priman<strong>do</strong> sobrequalquer outra instituição que hajacria<strong>do</strong> ou se possa vir a criar.ii – O Po<strong>de</strong>r em Tempos <strong>de</strong> GlobalizaçãoOpo<strong>de</strong>r, fenômeno conaturale exclusivo <strong>do</strong> Homem, comele surgiu, <strong>de</strong>senvolveusee presidiu toda a suatrajetória cultural, transforman<strong>do</strong>, àsua vonta<strong>de</strong>, o seu ambiente físico eo social. É neste senti<strong>do</strong> que toda aHistória po<strong>de</strong> ser representada porsucessivos tempos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, nos quaisproduziu as diversificadas formas <strong>de</strong>organização gregária <strong>de</strong>stinadas àsatisfação das <strong>necessida<strong>de</strong></strong>s grupais – oque representaria o interesse público <strong>de</strong>cada cultura e <strong>de</strong> cada Era – daí a suaimportância central em to<strong>do</strong> o processocivilizatório.Para tanto, o po<strong>de</strong>r, c o m oinstrumento coletivo, essencialmenteproteiforme, apresentou-se, <strong>de</strong> início,na imposição exercida sobre os grupos,conforme fossem pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a forçabruta ou a reverência aos patriarcas, àautorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sacer<strong>do</strong>tes, à <strong>de</strong> chefese, mais recentemente, na medida emque se foi tornan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> expressão dapresumida vonta<strong>de</strong> geral <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong>senvolvidas, cristalizan<strong>do</strong>-se na lei.Assim, ao assumir tão polimórficasexpressões e sob tão diversificadasinfluências, como instrumento dasculturas, e, como tal, marca<strong>do</strong> por suaneutralida<strong>de</strong> ética – o po<strong>de</strong>r se apresentouora construtivo, ora <strong>de</strong>strutivo, oraegoísta, ora altruísta, ora benéfico, oramaléfico, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que as conquistas<strong>de</strong> seu lento progresso técnico e moralsó se afirmaram muito recentementenas civilizações que historicamenteproduziu, e na medida em que se <strong>de</strong>u oseu paulatino compartilhamento e a suasubmissão a controles.Esse estádio atual, <strong>de</strong> juridicização<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r – <strong>de</strong>mocratiza<strong>do</strong> e controla<strong>do</strong>– sempre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u da interaçãoativa entre as pessoas, os grupos eas organizações sociais e políticas<strong>de</strong> toda natureza, proporcionada por<strong>uma</strong> livre e intensa comunicação entreto<strong>do</strong>s esses agentes sociais. Assim éque, com o fenômeno da globalização,aqui entendi<strong>do</strong> como um resulta<strong>do</strong>histórico e recorrente <strong>do</strong> progressoda comunicação – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tradicionalcomunicação oral e escrita aos meioseletrônicos <strong>de</strong> hoje – levou ao atualestádio <strong>de</strong> interativida<strong>de</strong>, que se esten<strong>de</strong>a todas as expressões da convivênciah<strong>uma</strong>na – sociais, econômicas, políticase jurídicas – produzin<strong>do</strong>, como um <strong>de</strong>seus epifenômenos mais recentes, amultiplicação e difusão <strong>de</strong> centros <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r.Com efeito, os centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rjá não mais se encontram limita<strong>do</strong>snem à expansão <strong>de</strong> grupos, nem porfronteiras traçadas entre esta<strong>do</strong>s, nempela renitente xenofobia, senão que sedifun<strong>de</strong>m em razão da <strong>necessida<strong>de</strong></strong>, maise mais sentida, <strong>do</strong> estabelecimento <strong>de</strong>sempre novos paradigmas ecumênicos <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m, ou seja: para lançar bases <strong>de</strong> um74 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


Direito que não é mais apenas estatal,nem tampouco interestatal, nem mesmosupraestatal, mas essencialmenteextraestatal.Esta nova realida<strong>de</strong> – <strong>uma</strong> distintaconfiguração <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, pois que se apoiano alor fertiliza<strong>do</strong>r da comunicação –requer e estimula a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atores, <strong>de</strong> foros e <strong>de</strong> soluções, o quevale dizer – <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s abertas – emque o clássico conceito <strong>de</strong> soberania, daísua <strong>de</strong>nominação, migrou <strong>do</strong> soberanoabsoluto para o Esta<strong>do</strong>, passou <strong>de</strong>stepara a Nação e finalmente para o Povo,caracterizan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> Era <strong>de</strong> Pluralismo.Como o mais importante para o povo- o novo <strong>de</strong>tentor da soberania - não sãoos processos em que esta se expressa,mas os resulta<strong>do</strong>s que são alcança<strong>do</strong>spelo po<strong>de</strong>r, fácil é enten<strong>de</strong>r por que nassocieda<strong>de</strong>s contemporâneas, no cursoda globalização, impôs-se a lógica daeficiência em sua atuação.Institui-se <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ia causal, naqual as socieda<strong>de</strong>s mais informadastornam-se, por isso, progressivamentemais exigentes e <strong>de</strong>mandantes <strong>de</strong>soluções para os seus problemas anteseus centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r disponíveis,sem que lhes importe tanto qualseja o centro que as aten<strong>de</strong>rá, masse o faz efetiva e satisfatoriamente,instalan<strong>do</strong>-se, assim, um policentrismocratológico, como expressão saudávelda competição, que se estabelece nãomais para o exercício <strong>do</strong> <strong>do</strong>míniosobre as pessoas, mas para o empregoconstrutivo <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r.Desse mo<strong>do</strong>, Po<strong>de</strong>r e Direito,assim pluraliza<strong>do</strong>s para aten<strong>de</strong>raos interesses públicos a que se<strong>de</strong>stinam, necessariamente passama <strong>de</strong>senvolver novos paradigmas emsubstituição aos que se vão tornan<strong>do</strong>ineficientes e, portanto, obsoletos. Estepluralismo, com o ingresso <strong>de</strong> distintosparadigmas na política e no direito,embora, compreensivelmente, possasurpreen<strong>de</strong>r e até assustar aqueles maisradicalmente conserva<strong>do</strong>res, comoabundantemente mostra a História,é, não obstante, <strong>uma</strong> conquista semregresso, ainda que consi<strong>de</strong>rada nacíclica concepção spengleriana.O mais importante é escoimar osmitos que secularmente se acumularam, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a resgatar a supremacia da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,da integrida<strong>de</strong> e da liberda<strong>de</strong> inatas aohomem, hoje sintetizadas na expressão,constitucionalizada e universalizada, dadignida<strong>de</strong> da pessoa h<strong>uma</strong>na.“”Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201175


ARTIGOAcompreensão <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> ealcance das mutações <strong>do</strong>Direito contemporâneo exigeum perpassar multidisciplinar<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s contemporâneos, tais comoofereci<strong>do</strong>s pela Filosofia, pela História epela Antropologia. O mais importante é,com ajuda <strong>de</strong>sses instrumentos, escoimaros mitos que secularmente se acumularam,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a resgatar a supremacia dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, da integrida<strong>de</strong> e da liberda<strong>de</strong>inatas ao homem, hoje sintetizadasna expressão, constitucionalizada euniversalizada, da dignida<strong>de</strong> da pessoah<strong>uma</strong>na.E são lições contemporâneas – comoas proferidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, ao início <strong>do</strong>scursos <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Florença, por seu ilustre catedrático <strong>de</strong>História <strong>do</strong> Direito Medieval e Mo<strong>de</strong>rno,Paolo Grossi - que resgatam o Direitoda velha subserviência aos <strong>de</strong>tentores<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e manipula<strong>do</strong>res da políticapara <strong>de</strong>volvê-lo à sua prístina fonte nasocieda<strong>de</strong>, marcan<strong>do</strong>, com isso, aqui ditoem síntese, a passagem <strong>do</strong> prima<strong>do</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> para o prima<strong>do</strong> <strong>do</strong> cidadão.Assim, após a substituição <strong>do</strong>direito romano pretoriano, que era umdireito <strong>de</strong> jurisconsultos, por um direitoromano cesáreo, que passou a ser umdireito <strong>de</strong> legisla<strong>do</strong>res, prevaleceu porlongos séculos, em vez <strong>do</strong> consensoespontâneo, o voluntarismo autocrático– sucessivamente, o <strong>de</strong> impera<strong>do</strong>res,o <strong>de</strong> reis, o <strong>de</strong> régulos, o <strong>de</strong> dita<strong>do</strong>rese até, mais tar<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> assembleias e<strong>de</strong> parlamentos – que consolidaram oconceito <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong> como se esta foraum tosco sinônimo <strong>de</strong> justiça.Portanto, após <strong>do</strong>is milênios emeio, veio a Antropologia a <strong>de</strong>monstrarclaramente a relevante diferenciaçãodisciplinar que apresenta o direitoquanto à sua gênese: ou se seria, apenas,<strong>uma</strong> or<strong>de</strong>m imposta, como um produtoda imposição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> vonta<strong>de</strong> sobre as<strong>de</strong>mais, ou, ao revés e fundamentalmente,se seria <strong>uma</strong> or<strong>de</strong>m consensual, como umproduto espontâneo da interação social.A lição da Antropologia Social,recolhida da observação e da interpretação<strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> diversos gruposIii – O Direito em Tempos <strong>de</strong> ConsensoCom efeito,garantin<strong>do</strong>-seacesso universala <strong>uma</strong> justiçarápida e barata,a socieda<strong>de</strong> veráno juiz um <strong>de</strong>seus membros –outro cidadão,um par –comprometi<strong>do</strong>com seusmesmos valores,e não apenasum distante eálgi<strong>do</strong> agente <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>.“”h<strong>uma</strong>nos, hoje aponta a gênese <strong>do</strong> direitonão mais na imposição e na coerção, mas nasociabilida<strong>de</strong>, entendida como a instintivainclinação da espécie à or<strong>de</strong>m, que po<strong>de</strong>ser constatada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o gregarismofamiliar elementar, conforma<strong>do</strong> porvínculos biológicos, passan<strong>do</strong> porsucessivas expansões gregárias, <strong>de</strong> queresultaram diversos vínculos sociológicos,como os <strong>de</strong> localização, os <strong>de</strong> cooperaçãoe os <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa mútua, solidariza<strong>do</strong>s pelacomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses.A síntese <strong>de</strong>ssa evolução, que nosé oferecida por Paolo Grossi, vale porsua poética beleza e, por isso, valereproduzi-la:“Em resumo, o Direito não está inscriton<strong>uma</strong> paisagem física à espera <strong>de</strong> <strong>uma</strong>ingerência h<strong>uma</strong>na: está inscrito naHistória, gran<strong>de</strong> ou pequena, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>as ida<strong>de</strong>s primordiais até hoje, têm teci<strong>do</strong>os homens com sua inteligência e seussentimentos, com sua i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong> e seusinteresses, com seus amores e seus ódios.É no seio <strong>de</strong>sta História construída peloshomens, e somente ali, on<strong>de</strong> se encontrao Direito.”A passagem <strong>de</strong> um originárioDireito-or<strong>de</strong>m para um Direitoman<strong>do</strong>foi responsável pela produção<strong>de</strong> incontáveis mitos, que se foramincorporan<strong>do</strong> às culturas e geran<strong>do</strong>seus próprios paradigmas convivenciais,filosóficos e científicos, os quais, na liçãosempre oportunamente lembrada daThomas Kuhn (A estrutura das revoluçõescientíficas), necessitam <strong>de</strong> revoluçõestransforma<strong>do</strong>ras, para que produzam<strong>uma</strong> periódica substituição histórica <strong>do</strong>sparadigmas que se tornaram obsoletospelos novos, que surgem a cada tempocomo os mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, não apenaspara explicar o passa<strong>do</strong>, mas para orientara ação futura.A sucessão <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>ssesparadigmas mostra a difusão, na Ida<strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>rna, <strong>do</strong>s conceitos construí<strong>do</strong>s sobrea premissa da presumida <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> exaltar, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, a concentração<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, tais como os <strong>de</strong> soberania, <strong>de</strong>absolutismo, <strong>de</strong> razões <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e tantosoutros afins, e, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, a estatização<strong>do</strong> Direito. São fenômenos xifópagos, queditaram quinhentos anos <strong>de</strong> hegemonia <strong>de</strong>paradigmas que levaram à entronização dalegalida<strong>de</strong> e ao aban<strong>do</strong>no da legitimida<strong>de</strong>,conduzin<strong>do</strong> a conceitos ainda maisradicais, como, emblematicamente, o queapresentava o Esta<strong>do</strong> como <strong>uma</strong> figuramítica – como sen<strong>do</strong> a própria naçãotransfigurada... e não como hoje quase semdiscrepância se reconhece: apenas como<strong>uma</strong> <strong>de</strong> suas criações.A revolução em curso, reven<strong>do</strong> essese outros paradigmas e geran<strong>do</strong> novos,sob influxo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias força, como direitosh<strong>uma</strong>nos e <strong>de</strong>mocracia, revaloriza ohomem como fonte e <strong>de</strong>stinatário <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r: individualmente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>,como pessoa, e coletivamente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>,como socieda<strong>de</strong>.Em s<strong>uma</strong>, a revolução pós-mo<strong>de</strong>rna,reentronizan<strong>do</strong> no direito o papelconstrutivo <strong>do</strong> consenso, a prepon<strong>de</strong>rarsobre o da coerção, aponta <strong>uma</strong> visão76 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


<strong>de</strong> futuro mais digna para o homem,na qual as instituições jurídicas nãoestarão mais exclusivamente atreladas àlegalida<strong>de</strong>, mas se abrem à legitimida<strong>de</strong> eà licitu<strong>de</strong>, e, por outro la<strong>do</strong>, as instituições<strong>de</strong>mocráticas não estarão mais limitadasao mero valor adjetivo das eleiçõesperiódicas <strong>de</strong> governantes – a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>quem governará – mas se abrem a valoressubstantivos e à participação cidadã – a<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> como se governará.iV – O Esta<strong>do</strong> em Tempos <strong>de</strong> DemocraciaApercepção juspolítica datransformação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>Mo<strong>de</strong>rno para o Esta<strong>do</strong> Pós-Mo<strong>de</strong>rno, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> asuperação <strong>do</strong>s mitos renascentistas,foi examinada com mestria por JacquesChevallier (O Esta<strong>do</strong> Pós-Mo<strong>de</strong>rno), comtrês promissoras indicações <strong>de</strong> rumos.A primeira indicação vem a sera afirmação da subsidiarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> em relação à socieda<strong>de</strong>, com oconsequente reconhecimento e garantiada ampliação <strong>de</strong> um espaço público nãoestatal, dan<strong>do</strong>-se, em consequência,o reconhecimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> autonomiapolítica da vonta<strong>de</strong> coletiva como aautêntica geratriz <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>.Uma segunda indicação se i<strong>de</strong>ntificacom o paulatino <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> onímo<strong>do</strong> egeneraliza<strong>do</strong> intervencionismo estatalpratica<strong>do</strong> na Era <strong>do</strong>s Mega-Esta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> quevem resultan<strong>do</strong> um redimensionamentosubsidiário da intensida<strong>de</strong> aplicativa <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r político sobre as relações sociais eeconômicas, dan<strong>do</strong>-se <strong>uma</strong> consequentesubstituição da antiga intervenção durae imperativa, até então a praticadageneralizadamente, por novos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong>intervenção branda e interativa, como,exemplarmente, a que passou a serexercida através da regulação, sob todasas suas modalida<strong>de</strong>s: a autorregulação,a heterorregulação e a autorregulaçãoregulada.A terceira indicação se constatana ascensão da cidadania proativa,amplian<strong>do</strong> o papel das pessoas, que estãopassan<strong>do</strong>, assim, <strong>de</strong> súditos <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>sdistantes e <strong>de</strong>mandantes, quan<strong>do</strong> nãosenhores <strong>de</strong> suas próprias vidas, paracidadãos <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s instrumentais,presentes, prestantes e vocaciona<strong>do</strong>sà proteção e promoção <strong>de</strong> seus direitosh<strong>uma</strong>nos, formaliza<strong>do</strong>s como direitosfundamentais.Essas três indicações tu<strong>do</strong> têmpara serem consi<strong>de</strong>radas realmentepromissoras, justamente em razão <strong>de</strong> seuimenso potencial <strong>de</strong> mudança, o que sefaz sentir em cada vez mais constantesatitu<strong>de</strong>s e ações públicas <strong>do</strong>tadas <strong>de</strong>eleva<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> ético transforma<strong>do</strong>r,tais como, entre tantas outras: as queconduzem ao acesso universal à Justiça, àpromoção da boa governança e ao efetivocontrole juspolítico <strong>do</strong>s processos que<strong>de</strong>finem e aplicam as políticas públicas,bem como o controle <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s.Com efeito, garantin<strong>do</strong>-se acessouniversal a <strong>uma</strong> justiça rápida e barata,a socieda<strong>de</strong> verá no juiz um <strong>de</strong> seusmembros – outro cidadão, um par -comprometi<strong>do</strong> com seus mesmos valores,e não apenas um distante e álgi<strong>do</strong> agente<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e um irresponsável aplica<strong>do</strong>r<strong>de</strong> sua lei.Pela promoção da boa governança,a socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá exigir <strong>do</strong>s políticose <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res públicos<strong>uma</strong> atuação eficiente e não apenascom referência aos agentes estataisisoladamente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, masextensivo a um conceito <strong>de</strong> governançaglobal, que se torna cada vez maisnecessária, indican<strong>do</strong> a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>explorar as vias participativas próprias<strong>de</strong> <strong>uma</strong> autorregulação regulada: <strong>uma</strong>solução presente em um cada vezmaior número <strong>de</strong> setores críticos dasativida<strong>de</strong>s econômicas e sociais, atémesmo em escala global.Pelo controle amplo das políticaspúblicas e <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s, sejamo difuso, o <strong>de</strong> promoção, o político,o administrativo e o judicial <strong>de</strong> seusresulta<strong>do</strong>s; ou, preparatoriamente, pelavigilância da socieda<strong>de</strong> organizada,<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se o da imprensa, oupela atuação prestante <strong>de</strong> cada <strong>uma</strong>das funções essenciais à justiça, seja,<strong>de</strong>cisoriamente, a praticada pelasexpressões competentes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, o certo é que a socieda<strong>de</strong> sesentirá cada vez mais responsável eparticipante e consciente <strong>do</strong>s valoresrepublicanos.Enfim, as transformações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,inevitáveis como o são, passam a atuarcircularmente, retroalimentan<strong>do</strong>-sereciprocamente, como efeito e comocausa, em benefício <strong>do</strong> progresso geral,o que recorda Léon Tolstoi, que escreveu,certa vez, que “to<strong>do</strong>s pensam em mudaro mun<strong>do</strong>, mas ninguém pensa em mudara si mesmo”.O que Tolstoi não po<strong>de</strong>ria ou quiçáousaria em seu tempo prever é que,na saga afirmativa <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong>cidadania pós-mo<strong>de</strong>rna, que ten<strong>de</strong> a seexpandir além <strong>do</strong>s atuais Esta<strong>do</strong>s, talcomo auspiciosamente <strong>de</strong>lineada nesteséculo, os cidadãos se transformam parase tornarem, simultaneamente, agentese beneficiários das mudanças.V – O Direito Administrativo em Tempos <strong>de</strong> PolicentrismoO5º e último capítulo aborda<strong>do</strong>is temas conexos aofenômeno <strong>do</strong> policentrismo,que envolve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a diásporadas fontes <strong>do</strong> Direito, à multiplicação <strong>de</strong>centros administrativos, à diversificação<strong>de</strong> jurisdições contenciosas e – quiçácomo a mais importante – a ampliaçãoe sofisticação das instituições voltadasao controle das ações <strong>do</strong>s entes e órgãos<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.O primeiro tema aborda a abertura<strong>de</strong> um novo horizonte para o DireitoAdministrativo, com sua próxima missão:o controle das políticas públicas. O segun<strong>do</strong>tema contém reflexões específicas sobreo policentrismo das fontes <strong>do</strong> DireitoAdministrativo em escala global.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201177


ARTIGOControle das políticas públicasQuanto ao primeiro tema, fixou-sea premissa central na missão própria<strong>do</strong> Direito Administrativo, que é a <strong>de</strong>avançar na proscrição <strong>do</strong> arbítrio <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r. Este objetivo geral se concretizapelo aperfeiçoamento constante <strong>do</strong>sinstrumentos que conduzam à efetivasujeição da administração <strong>de</strong> interessespúblicos a parâmetros jurídicos, ou seja,em última análise, pelo controle daadministração pública – que é o tema<strong>de</strong>ste exitoso Fórum, já em sua sétimaedição.Ora, inclui-se no controle o cuida<strong>do</strong>a ser toma<strong>do</strong> ante a fácil e irresponsávelcumplicida<strong>de</strong> da tolerância: a perigosainércia acomodada diante <strong>de</strong>ssamodalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arbítrio, que vem aser a ineficiência administrativa, tãocriminosa e corruptora quanto as<strong>de</strong>mais, e agravada pela frustração dasocieda<strong>de</strong> ao ver-se enganada pelo maugestor público.Por isso, atitu<strong>de</strong>s corajosas semprefarão falta ao Direito Administrativo, aseus cultores e a seus aplica<strong>do</strong>res, e elassempre os sustentarão, como a to<strong>do</strong>saqueles, das gerações que travaram,no século XX, o que García <strong>de</strong> Enterríaimortalizou, em momentosa Aula Magnae, mais tar<strong>de</strong>, em um best seller jurídico,como a “luta contra as imunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r”, <strong>uma</strong> pugna que assume diferentesfeições e próprias batalhas.Esta parte da exposição preten<strong>de</strong>enfocar, portanto, o novo campo <strong>de</strong>enfrentamento da velha guerra, quepassa a ser – agora parafrasean<strong>do</strong> oMestre <strong>de</strong> Dois Mun<strong>do</strong>s – <strong>uma</strong> lutacontra as ineficiências <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>uma</strong> vezque, nas <strong>de</strong>mocracias contemporâneas,a tolerada ineficiência se dá tanto na<strong>de</strong>stinação como no emprego <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r,apresentan<strong>do</strong>-se como <strong>uma</strong> renitentereminiscência absolutista, <strong>uma</strong> incômodae anacrônica forma <strong>de</strong> arbítrio, que nãomais po<strong>de</strong> nem <strong>de</strong>ve ser tolerada nossistemas <strong>de</strong> administração pública <strong>de</strong>interesses da socieda<strong>de</strong>, hoje posta sobos signos não apenas da responsabilida<strong>de</strong>pela ilegalida<strong>de</strong>, mas, igualmente, daresponsivida<strong>de</strong> pela ilegitimida<strong>de</strong>.Assim é que se sustenta a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar-se esta zona cinzenta,in<strong>de</strong>finida, volúvel e <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>ra, entrepolítica e administração, um espaçoem que se entrelaçam e se confun<strong>de</strong>m,conforman<strong>do</strong> um circuito híbri<strong>do</strong> dasduas ativida<strong>de</strong>s: um ciclo <strong>de</strong> políticaspúblicas.Para tanto, faz-se mister, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>logo, reconsi<strong>de</strong>rar a missão <strong>do</strong> DireitoAdministrativo a partir <strong>de</strong> suas própriasconquistas, para repensar essa sua novaextensão, bem como o instrumentalnecessário para, dan<strong>do</strong> mais um saltoqualitativo, abranger o controle integra<strong>do</strong><strong>de</strong>ste ciclo <strong>de</strong> políticas públicas.Trata-se <strong>de</strong> um conceito, por certo,ainda em formação, mas que oferece <strong>uma</strong>berto <strong>de</strong>safio ao Direito, já que ostentaum histórico núcleo duro <strong>de</strong> escolhaspolíticas, tidas como impérvias ao judicialreview, mas que, não obstante, aospoucos se vem abrin<strong>do</strong> à sindicabilida<strong>de</strong>,graças às po<strong>de</strong>rosas contribuiçõesvalorativas incorporadas no quadro <strong>do</strong>direito pós-mo<strong>de</strong>rno.Esta é, pois, a questão: nada mais sepreten<strong>de</strong> que progredir na investigação<strong>do</strong>s limites da discricionarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r público no trato das políticaspúblicas, para <strong>de</strong>finir os correspon<strong>de</strong>nteslimites <strong>de</strong> sua submissão ao controlejudicial, a partir <strong>do</strong> emprego <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>stécnicas <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> har<strong>de</strong>r look control,<strong>de</strong>senvolvidas na vertente jurídicaanglo-saxônica da assim <strong>de</strong>nominadagovernança pública (EDLEY, JR.,Christopher F. Administrative Law –Rethinking Judicial Control of Burocracy,New Haven and Lon<strong>do</strong>n, Yale UniversityPress, 1990).I<strong>de</strong>ntificam-se, entre outros, trêsvícios neste <strong>de</strong>safio <strong>do</strong> combate àineficiência: <strong>de</strong>sperdício, corrupção einépcia, como mazelas para as quaisos controles políticos tradicionais da<strong>de</strong>mocracia representativa parlamentarse mostram cada vez mais insuficientes,representan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, o gran<strong>de</strong><strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ste início <strong>de</strong> século ao DireitoAdministrativo: <strong>de</strong>senvolver novassoluções <strong>de</strong> controle juspolítico, quesuperem esse embaraçoso impasse.No mesmo diapasão, e não menosgrave, é, também, a inoperância, ligada aostrês vícios aponta<strong>do</strong>s – o <strong>do</strong> <strong>de</strong>sperdício,da corrupção e da inércia – como tem<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> o ilustre jurista gaúchoJuarez Freitas em seus estu<strong>do</strong>s sobre o<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> e o controleda omissão inconstitucional por parte<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r público, pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong>logo se impõem, em seu entendimento,<strong>de</strong> que compartilho, nas atuaçõesadministrativas constitucionalmentemandatórias, para as quais inexistequalquer sorte <strong>de</strong> discricionarieda<strong>de</strong>,quer para o legisla<strong>do</strong>r, quer para oadministra<strong>do</strong>r público, como é o casodas políticas públicas nacionais (enão apenas, como erroneamente sepo<strong>de</strong>ria sustentar, das políticas públicasgovernamentais), tais como o são asda educação, da saú<strong>de</strong> e da segurançapública.Dois passos são propostos: <strong>uma</strong>revisão da presunção <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong> e anecessária afirmação <strong>de</strong> um resulta<strong>do</strong><strong>de</strong>terminante.Quanto à presunção <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong>,tida como um suposto e incontestávelatendimento ao princípio da finalida<strong>de</strong>,e l a s u b s i s t i u c o m o u m l e g a d oabsolutista, sustentan<strong>do</strong> a confortável<strong>de</strong>s<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> se explicitar nosatos administrativos, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> claro eracional, a sua conformida<strong>de</strong> finalísticanão apenas com coman<strong>do</strong>s legaisdirigi<strong>do</strong>s à burocracia <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, mascom to<strong>do</strong> o Direito.Como se sabe, um primeiro abalo<strong>de</strong>ssa presunção e, como <strong>de</strong>corrência,a primeira afirmação vigorosa da<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> um controle finalístico <strong>do</strong>agir administrativo, ainda que, a princípio,apenas em microescala, ou seja, a partir<strong>de</strong> <strong>uma</strong> análise <strong>de</strong> ato por ato, viria aresultar da evolução, que se suce<strong>de</strong>ria,com a entronização <strong>do</strong>s princípios damotivação e da transparência, <strong>uma</strong> vezque passaram a exigir <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r<strong>uma</strong> cabal <strong>de</strong>monstração da vinculação<strong>do</strong> agir da administração ao motivoe ao objeto <strong>de</strong> seus atos, <strong>do</strong>is <strong>de</strong> seuselementos constitutivos, que conformamo seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminante.Porém, um novo avanço só adviriacom o ressurgimento contemporâneo<strong>de</strong> mais <strong>do</strong>is princípios <strong>de</strong> reforço: o dalegitimida<strong>de</strong> e o da eficiência; ambosformula<strong>do</strong>s já com vistas ao exercício <strong>de</strong>um controle finalístico em macroescala78 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


Vivemos um século trepidante <strong>de</strong> inovações, aberto sob osigno <strong>de</strong> impressionantes mudanças <strong>de</strong> paradigmas.“”<strong>do</strong> agir administrativo, assim superan<strong>do</strong>a tradicional microescala, até entãopraticada, da análise <strong>de</strong> ato por ato.Inaugurava-se um procedimento quepermitia alcançar um novo patamar <strong>de</strong>vinculação jurídica da administração,agora, à realização efetiva <strong>de</strong> umresulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminante.Porém, mais <strong>do</strong>is passos adianteainda faltariam para superar olimita<strong>do</strong> microcontrole analítico, coma implantação <strong>de</strong> um macrocontroleintegra<strong>do</strong> da ação administrativa: primo,a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conteú<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>re, secun<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> formaintegrativa.Começan<strong>do</strong> com a forma integrativa,este mo<strong>de</strong>lo surgiria com a instituição,embora com certo atraso no Brasil,<strong>do</strong> processo administrativo, como onecessário condutor sequencial formaldas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e, por isso, asolução a<strong>de</strong>quada para tornar explícitae sindicável a referência da ativida<strong>de</strong>administrativa.Desse mo<strong>do</strong>, possibilitava-se aevolução <strong>do</strong> controle <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>isola<strong>do</strong> <strong>do</strong> ato administrativo para ocontrole <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> integra<strong>do</strong> <strong>do</strong>processo administrativo, entendi<strong>do</strong>plenamente como instrumento <strong>de</strong> ação,e não apenas como instrumento <strong>de</strong>controle, como era antes entendi<strong>do</strong>.O segun<strong>do</strong> passo é o que parted a i n s t i t u i ç ã o f o r m a l d e u m apolítica pública, caracterizada comoinstituição jurídica, e não apenas comoum fenômeno político, portan<strong>do</strong> onecessário conteú<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>r, queé exatamente a substância da <strong>de</strong>cisãoprocessualizada, da qual se espera adireta satisfação <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s já quevinculantes da ação administrativa.Avança<strong>do</strong>s esses <strong>do</strong>is passos, tornousepossível formular os <strong>do</strong>is elementosfundamentais para estruturar-se <strong>uma</strong>teoria <strong>do</strong> controle das políticas públicas,quais sejam:1° - o conceito jurídico <strong>de</strong> política pública,como um complexo <strong>de</strong> processos<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à formulação e execução <strong>de</strong>ações, que implementem a realizaçãoefetiva e concreta <strong>do</strong>s cometimentosconstitucionalmente atribuí<strong>do</strong>s aoEsta<strong>do</strong>, sejam estes tanto os explícitae implicitamente obrigatórios,como os apenas dispositivos para osistema <strong>de</strong>cisório juspolítico governoadministração,e2° - <strong>uma</strong> consequente <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>que se enten<strong>de</strong> como o conteú<strong>do</strong>jurídico <strong>de</strong> <strong>uma</strong> política pública, ouseja, os motivos e os parâmetros <strong>de</strong>ação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, que <strong>de</strong>verãoorientar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua formulação àsua execução.E i s c o m o e n t e n d e r - s e , e m<strong>do</strong>is tempos e assim ampliada, areferência <strong>do</strong> Direito Administrativo,<strong>do</strong> micro ao macro, em termos <strong>de</strong>manifestação <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>: 1° tempo– <strong>do</strong> ato administrativo ao processoadministrativo; e 2° tempo – <strong>do</strong>processo administrativo ao complexoadministrativo da política pública.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201179


ARTIGOEstavam dadas as condições técnicasnecessárias para consi<strong>de</strong>rar-se que ajuridificação <strong>do</strong> instituto das políticaspúblicas certamente as situarão, muitoem breve, no núcleo constitucional <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> governança <strong>de</strong>mocrática <strong>do</strong>sinteresses públicos primários confia<strong>do</strong>sao Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong>-se, com isso, aser a tônica <strong>de</strong> <strong>uma</strong> renovada missão<strong>do</strong> Direito Administrativo, que ora secomete à operosida<strong>de</strong> construtiva dacomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus cultores.Policentrismo e globalizaçãoVivemos um século trepidante<strong>de</strong> inovações, aberto sob o signo<strong>de</strong> impressionantes mudanças <strong>de</strong>paradigmas, muitos <strong>do</strong>s quais vigentesna Política e na Economia, refletin<strong>do</strong>seno Direito, como, por exemplo, nopolicentrismo das fontes jurídicas,este último trata<strong>do</strong> no livro e nestasíntese.Essas mudanças se encontram <strong>de</strong>tal forma imbricadas na complexida<strong>de</strong>da vida contemporânea que, porvezes, se torna problemático <strong>de</strong>finirnexos lineares <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong>preferível consi<strong>de</strong>rá-las como dispostasem re<strong>de</strong> e, portanto, como sen<strong>do</strong>intercausais.Assim, entre essas concausas, nocampo político, estão a transformaçãoda soberania, que sofre <strong>do</strong>is <strong>de</strong>sgastes:a perda da exclusivida<strong>de</strong> em funçõestípicas <strong>de</strong> governo e a passagemda tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões públicas acentros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r transestatais, nãoapenas os interestatais, como, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong>mais supreen<strong>de</strong>nte, os extraetatais,ambos apontan<strong>do</strong> para o fim <strong>do</strong>monopólio estatal da coerção legítima eo esbatimento das fronteiras políticas.P o r o u t r o l a d o , e n t r e a sconcausas não menos relevantesno campo econômico, i<strong>de</strong>ntificamsea inter<strong>de</strong>pendência entre osmerca<strong>do</strong>s produtores e consumi<strong>do</strong>rese a <strong>de</strong>ep integration das economias,escapan<strong>do</strong> não apenas ao controle,como, por vezes, à simples influência<strong>do</strong>s governos, apontan<strong>do</strong> também aemergência <strong>de</strong> novos centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>reconômico, que prescin<strong>de</strong>m <strong>de</strong> basesfísicas nacionais para <strong>de</strong>sempenharemO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> queemergirá (...)terá comomarcas ainstrumentalida<strong>de</strong>,aabertura<strong>de</strong>mocráticasubstantiva,o diálogo, aargumentação, aconsensualida<strong>de</strong>e a motivação.“”funções globais.Nesse contexto, cabe ao Direito,ciência e arte da convivência civilizada,re s p o n d e r a o s d e s a f i o s d e s s a smudanças para continuar a garantirsua inestimável dádiva <strong>de</strong> segurança,não mais apenas em níveis nacionale internacional, tal como no passa<strong>do</strong>,mas em níveis transnacional e global.Para<strong>do</strong>xalmente, neste cenário, ovelho Esta<strong>do</strong>-Nação, se, por um la<strong>do</strong>,per<strong>de</strong> certas funções tradicionais, poroutro, se mostra ainda indispensávelpara exercer as novas modalida<strong>de</strong>sfuncionais requeridas pelo revisto<strong>de</strong>senho <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r global, atuan<strong>do</strong> naarticulação com os novos centros emsurgimento, para assegurar a execuçãointerna, em cada país, através <strong>de</strong> seusmeios <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r tradicionais, dasmultiplicadas <strong>de</strong>cisões globais.André-Jean Arnaud (O Direito entreMo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e Globalização: LiçõesFilosóficas <strong>do</strong> Direito e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Trad. Patrice Charles Guillaume. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Renovar, 1999, p. 3), em jáclássica monografia sobre globalização,entre muitas das conclusões <strong>de</strong> suaspesquisas, s<strong>uma</strong>riza o problema emtrês tópicos, que convergem no mesmosenti<strong>do</strong> aqui da<strong>do</strong>, da importância <strong>do</strong>tema: 1º – o Direito se globaliza; 2º– a globalização é, em si mesma, umparadigma da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; e 3º– este paradigma <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>pelos juristas, para equacionar esolucionar problemas, para superar ascrises em curso e as que se seguirão.É sobre este admirável temada pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> que o últimoensaio se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra nos seguintes seistópicos:(1) <strong>uma</strong> introdução à Era <strong>do</strong>s direitosfundamentais;(2) as transformações <strong>do</strong> or<strong>de</strong>namentojurídico;(3) as transformações <strong>do</strong> constitucionalismo;(4) as transformações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>;(5) as transformações <strong>do</strong> DireitoAdministrativo; e(6) com <strong>uma</strong> conclusão sobre a <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se prospectivamente aexpansão da dimensão extranacionale mundializada que vem ganhan<strong>do</strong>o Direito Administrativo contemporâneo.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> que emergirád e s s a s r e f o r m a s a p r e s e n t a r ácaracterísticas distintas das quehabitualmente lhe são conotadas;tu<strong>do</strong> indica, terá como marcas ainstrumentalida<strong>de</strong>, a a b e r t u r a<strong>de</strong>mocrática substantiva, o diálogo, aargumentação, a consensualida<strong>de</strong> e amotivação. Portanto, será um Esta<strong>do</strong>instrumental, <strong>de</strong>mocrático, aberto aodiálogo construtivo, à argumentaçãoe ao consenso e, sempre, motiva<strong>do</strong>r<strong>de</strong> seus atos.Em s<strong>uma</strong>, com a globalização, oDireito Administrativo se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra,tornan<strong>do</strong>-se tão complexo como oserá o próprio mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> amanhã,<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a aten<strong>de</strong>r to<strong>do</strong> o espectrod e d e m a n d a s d e a d m i n i s t ra ç ã o<strong>de</strong> interesses públicos: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> asexigências jusgerenciais referidasàs menores circunscrições político-80 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


administrativas – como um DireitoAdministrativo Municipal, cada vez maispujante, passan<strong>do</strong> pelas circunscriçõespolítico-administrativas intermédias– como um Direito AdministrativoEstadual ou Provincial, sobre oqual já começam a surgir obras <strong>de</strong>importância, notadamente <strong>de</strong>pois <strong>do</strong>surgimento das autonomias europeias,ascen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às circunscriçõesterritoriais político-administrativas<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – comou m b i c e n t e n á r i o e t r a d i c i o n a lDireito Administrativo Nacional,para se esten<strong>de</strong>r às circunscriçõesterritoriais político-administrativasplurinacionais – como um DireitoAdministrativo Internacional, e, emseu último estádio, abarcan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>sos centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r administrativoextraestatais – ascen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> comoum Direito Administrativo Global,hoje ainda difuso e <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>,m a s , s e g u ra m e n t e , e m v i a s d eafirmação, pois a disciplina da gestão<strong>do</strong>s interesses públicos, quaisquerque sejam ou como quer que se os<strong>de</strong>finam, será sempre <strong>uma</strong> <strong>necessida<strong>de</strong></strong><strong>imperiosa</strong> <strong>do</strong> processo civilizatório,qualquer que seja o <strong>de</strong>senho político<strong>do</strong> planeta, especialmente parasuperar, pelo controle <strong>de</strong> juridicida<strong>de</strong>, orisco <strong>do</strong> arbítrio que imemorialmenteacompanha o po<strong>de</strong>r.Como consequência, o DireitoAdministrativo, <strong>de</strong> u m ra mo <strong>de</strong>direito exclusivamente subordina<strong>do</strong>às Constituições <strong>do</strong>s respectivosEsta<strong>do</strong>s, se amplia enormementecom a aplicação extraestatal <strong>de</strong> seusinstitutos, mas manten<strong>do</strong>, no processo,as características <strong>de</strong> um ramo <strong>de</strong> direitoque se sujeita a valores expressos comoprincípios e com vigência globalizada.Sabino Cassese, que examina estefenômeno, sob o subtítulo “Umaadministração sem base constitucional”,com relação a ele anota a emergência <strong>de</strong><strong>uma</strong> cidadania incipiente na seguintepassagem:“O direito administrativo se põe,assim, fora <strong>de</strong> sua área natural, aestatal, em um espaço no qual senegava que se pu<strong>de</strong>sse exercer acidadania. Desenvolve-se rapidamente,logo per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o caráter embrionárioinicial e assumin<strong>do</strong> <strong>de</strong> repente <strong>uma</strong>fisionomia peculiar que o distingue<strong>do</strong> direito administrativo estatal.Mas na or<strong>de</strong>m jurídica global, comdiferença <strong>do</strong> que ocorre na interna, odireito administrativo não tem <strong>uma</strong>base constitucional.” (CASSESE, Sabino.Op. cit., p. 62 - n/ tradução).Nesse novo espaço – embora aindalhe falte <strong>uma</strong> moldura constitucional– são os princípios, tais como aquelesque <strong>de</strong>rivam <strong>do</strong> reconhecimentouniversal <strong>do</strong>s direitos h<strong>uma</strong>nos eoutros <strong>do</strong> mesmo jaez estabiliza<strong>do</strong>s<strong>de</strong> longa data no direito priva<strong>do</strong>em relações não estatais, o quetem sugeri<strong>do</strong> a certos estudiososa existência <strong>de</strong> um “quadro geral<strong>de</strong> direito priva<strong>do</strong>”, que orientam epautam essas instituições, que <strong>de</strong>vemser consi<strong>de</strong>radas públicas, em razãoda natureza pública <strong>do</strong>s interessespostos sob seus cuida<strong>do</strong>s.Conclusões parciais <strong>do</strong> últimoensaioA globalização, para<strong>do</strong>xalmente,tanto enfraquece como fortaleceo E s t a d o . M a s , n o b a l a n ç o d a sduas tendências, há um ganho emimportância que em muito supera asperdas. Com efeito, tão certo que omonopólio legislativo estatal já nãomais existe, hoje se apresentam comoexemplos o fato <strong>de</strong> que a regulaçãointernacional suplanta a nacional eminúmeros setores e a segurança externa<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, muitas vezes, mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong>situação <strong>de</strong> equilíbrio negociada <strong>do</strong>que da força bruta.Não obstante, essas perdas estãocompensadas pelas acrescidas funçõesestatais <strong>de</strong> planeja<strong>do</strong>r <strong>de</strong> políticaspúblicas econômicas e sociais, <strong>de</strong>estrategista e <strong>de</strong> prove<strong>do</strong>r da or<strong>de</strong>m eda <strong>de</strong>fesa armada interna e externa emseus respectivos espaços territoriais.Mesmo assim, a perda que possarepresentar essa redução <strong>de</strong> importância<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong> direitos, emúltima análise, não é <strong>de</strong> monta tãoapreciável, pois a legislação apenas<strong>de</strong>fine os papéis internos para provera governança e para <strong>uma</strong> ação direta eemergencial, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a fonte estatalainda é <strong>de</strong>terminante para a formulação,planejamento, execução e garantia <strong>de</strong>cumprimento das políticas públicas porparte <strong>do</strong>s governos em benefício <strong>do</strong>srespectivos cidadãos, e, ainda, em razão<strong>de</strong> nossa tradição cultural, tambémpara a resolução <strong>de</strong> um sem número <strong>de</strong>conflitos não patrimoniais através <strong>de</strong>seus órgãos jurisdicionais.VI – Alg<strong>uma</strong>s Breves Conclusões GeraisDesta exposição, na qual sepreten<strong>de</strong>u oferecer <strong>uma</strong>apertada síntese <strong>de</strong> umlivro, ainda cabe ofereceralg<strong>uma</strong>s conclusões gerais.O Direito Administrativo, emsua evolução, exibe tendênciasauspiciosas, ao passar da prevalênciada imperativida<strong>de</strong> à prevalência <strong>do</strong>consenso; e da preferência pela sançãoconstritiva à da sanção exclu<strong>de</strong>nte.Os seus ramos nacional, internacional,supranacional e global não sesuperpõem, senão que se articulamem re<strong>de</strong>.Cada um <strong>de</strong>sses ramos exibe,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, como seus elementoscomuns: (1) <strong>uma</strong> principiologia e <strong>uma</strong>meto<strong>do</strong>logia jurídicas mundializadas;(2) um <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> centro no interessepúblico; (3) um especial cuida<strong>do</strong> coma assimetria cratológica das partes;e (4) a preferência pela negociação epela concertação <strong>de</strong> interesses comoinstrumentos <strong>de</strong> ação.Essas características, ainda quenão muito nítidas em alguns casos, jáautorizam a manter <strong>uma</strong> esperançosaapreciação prospectiva da emergência<strong>de</strong> um Direito Administrativo em tempos<strong>de</strong> globalização.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201181


ARTIGOAmazonasPatrimônio Ver<strong>de</strong> da H<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>requer maior controle ambientalConselheiro Júlio PinheiroPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> AmazonasEm artigo sobre a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>controle <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas assumirem vertentetambém ambiental, o Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, conselheiro JúlioPinheiro, afirmou que <strong>de</strong>seja transformar a Corte<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> “num exemplo <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong> VERDE”.“Enten<strong>de</strong>mos que é preciso avançar e, portanto,já se preparar para, futuramente, atuar em outrasfrentes, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as ações preventivas contraa <strong>de</strong>vastação, as queimadas, a poluição <strong>do</strong> ar econtra a contaminação das águas, pois, por sermosamazônidas, temos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rar, ser linha <strong>de</strong> frente<strong>de</strong>ssa campanha pela preservação e conservação <strong>do</strong>maior patrimônio da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>”, garantiu.Além <strong>de</strong> ser a maior extensãoterritorial <strong>do</strong> Brasil, comárea <strong>de</strong> 1.570.745.680km², o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonaspossui t a m b é m amaior área preservada da regiãoAmazônica, manten<strong>do</strong> 97,4% <strong>de</strong> todaa sua cobertura vegetal intactos. OEsta<strong>do</strong> conseguiu, entre 2003 e 2010,frear 70% <strong>do</strong>s <strong>de</strong>smatamentos graçasàs ações embrionárias das políticasambientais, fortalecidas em 2007 coma criação da Lei Estadual <strong>de</strong> MudançasClimáticas, Conservação Ambientale Desenvolvimento Sustentável <strong>do</strong>Amazonas, a primeira em to<strong>do</strong> o paísa se preocupar com a preservação dasflorestas.No Amazonas, tu<strong>do</strong> é superlativo.O seu território é maior que o daFrança, o da Espanha, o da Suécia e oda Grécia soma<strong>do</strong>s. O Esta<strong>do</strong> superatambém a área da região Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>País, com seus nove esta<strong>do</strong>s, e equivalePor-<strong>do</strong>-sol em frente <strong>de</strong> Manaus82 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


Teatro Amazonasainda a 2,25 vezes a área <strong>do</strong> Texas, quepossui 696.200.000 km², o segun<strong>do</strong>maior esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s daAmérica.O Amazonas possui dimensõescontinentais e está localiza<strong>do</strong> na regiãoNorte <strong>do</strong> Brasil, fazen<strong>do</strong> limite a lestecom o Pará; a su<strong>de</strong>ste, com o MatoGrosso; a sul e su<strong>do</strong>este, com Rondôniae Acre; ao norte, com Roraima e comos países da Venezuela, Colômbia ePeru. É a segunda unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rativamais populosa <strong>de</strong>sta macrorregião,c o n c e n t r a n d o 3 , 4 m i l h õ e s d ehabitantes, fican<strong>do</strong> atrás apenas <strong>do</strong>vizinho Pará. Dos seus 62 municípios,somente Manaus, a capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,e Parintins (terra <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s maisbelos espetáculos culturais, o FestivalFolclórico <strong>do</strong>s Bois Bumbas Caprichosoe Garanti<strong>do</strong>) têm mais <strong>de</strong> 100 milhabitantes.O Amazonas possui um potencialcultural e peculiarida<strong>de</strong>s imensuráveisque o diferenciam <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais esta<strong>do</strong>sbrasileiros. Esses diferenciais estãona exuberância da fauna, da flora,nos biomas, ecossistemas, santuáriosnaturais e na sua gente que dá lições aomun<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong> que é possível viverem harmonia com a natureza. Esseselementos reuni<strong>do</strong>s representam amais rica e importante biodiversida<strong>de</strong><strong>do</strong> planeta, abrigada aqui, na FlorestaAmazônica, a maior floresta tropical<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com mais <strong>de</strong> 6 milhões<strong>de</strong> quilômetros quadra<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> seconcentram 20% <strong>do</strong> total das espéciesplanetárias.Abrigamos o maior rio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>em extensão e volume <strong>de</strong> água, o RioAmazonas, e a maior bacia <strong>de</strong> água<strong>do</strong>ce da terra, a Bacia Amazônica,concentran<strong>do</strong> populações ribeirinhasque vivem <strong>de</strong> forma simples, mas quecarregam na alma <strong>uma</strong> riqueza <strong>de</strong>valores, como a ín<strong>do</strong>le preservacionistae a hospitalida<strong>de</strong>.A c a p i t a l M a n a u s é a m a i spopulosa da Amazônia, com 1.802.525habitantes e reconhecida como a maiorregião metropolitana, com populaçãosuperior aos 2,2 milhões <strong>de</strong> pessoas.A cida<strong>de</strong> fica na margem esquerda<strong>do</strong> rio Negro e oferece um <strong>do</strong>s maisexuberantes pores <strong>do</strong> sol, além <strong>de</strong>ostentar a fama <strong>de</strong> ser acolhe<strong>do</strong>ra eatrativa. São alguns <strong>do</strong>s méritos que aelegeram a metrópole e a capital ver<strong>de</strong>da Amazônia. Manaus possui um ricopatrimônio arquitetônico, relíquias<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> áureo da borracha, ten<strong>do</strong>,no Teatro Amazonas, o símbolo <strong>do</strong>império da extração <strong>do</strong> látex.Depois <strong>do</strong> extrativismo, teve inícioa era da tecnologia, com o adventoRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201183


ARTIGO<strong>do</strong> Polo Industrial <strong>de</strong> Manaus (PIM).Seu parque fabril gera, atualmente,mais <strong>de</strong> 100 mil postos <strong>de</strong> empregos,ten<strong>do</strong> estimula<strong>do</strong>, nos últimos 40anos, um crescimento assusta<strong>do</strong>rda população. A nova era garantiuao Amazonas índices econômicosconfortáveis: é o 2º. esta<strong>do</strong> mais ricoda região Norte, responsável por 32%<strong>do</strong> PIB da região. Em âmbito nacional,ocupa a 15ª. posição. Possui o maiorÍndice <strong>de</strong> Desenvolvimento H<strong>uma</strong>no(empata<strong>do</strong> com o Amapá), o maiorPIB per capita, a 4ª. menor taxa <strong>de</strong>mortalida<strong>de</strong> infantil, além da 3ª. menortaxa <strong>de</strong> analfabetismo entre to<strong>do</strong>s osesta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Brasil, segun<strong>do</strong> osinstitutos <strong>de</strong> pesquisa.Com o reconhecimento da regiãocomo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, com geração<strong>de</strong> emprego e renda, estimulou-se oprocesso migratório. No Amazonas,registrou-se um crescimento dasativida<strong>de</strong>s econômicas, instalan<strong>do</strong>-seem Manaus um boom na construçãocivil, com as edificações <strong>de</strong> inúmerosprédios. O aquecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>imobiliário promoveu o crescimentovertical da cida<strong>de</strong>, fortalecen<strong>do</strong> a fama<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>-metrópole. Essa condiçãotrouxe para Manaus, cida<strong>de</strong> totalmenterecortada por igarapés e córregosque <strong>de</strong>ságuam no rio Negro, todas asconsequências <strong>do</strong> progresso.O m o d e l o e c o n ô m i c o Z o n aF r a n c a d e M a n a u s ( i n d ú s t r i alimpa), implementa<strong>do</strong> para gerar o<strong>de</strong>senvolvimento da região, aju<strong>do</strong>u oAmazonas a garantir a condição <strong>de</strong> sero esta<strong>do</strong> mais preserva<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil,diferentemente <strong>do</strong> Pará, Rondônia,Mato Grosso e Tocantins, que optarampor um mo<strong>de</strong>lo agropecuário, ten<strong>do</strong>,como consequências principais, o<strong>de</strong>smatamento e o conflito agrário,com índices assusta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> violênciano campo.O a u m e n t o d a p o p u l a ç ã o ,crescimento econômico <strong>do</strong> Amazonas,tornou-se um quadro que geroupreocupações, o que levou o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (TCE/AM) a percebera <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> a<strong>do</strong>tar e implantarmedidas <strong>de</strong> natureza preventiva,capazes <strong>de</strong> gerar resulta<strong>do</strong>s eficientese eficazes no combate ao dano ao meioambiente e, assim, contribuir para oprocesso <strong>de</strong> conservação e preservação<strong>de</strong>ste patrimônio que é a AmazôniaBrasileira, <strong>do</strong> qual o Amazonas fazparte.Foi com essa visão futurista querealizamos, no ano passa<strong>do</strong>, emManaus, o I Simpósio Internacionalsobre Gestão Ambiental e Controle<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> Públicas, envolven<strong>do</strong>autorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro no<strong>de</strong>bate sobre a questão ambiental,trazen<strong>do</strong> para o centro da regiãoa discussão <strong>de</strong>ssa problemática ea a d o ç ã o d e m e c a n i s m o s q u evisassem a um controle mais eficaze preventivo. Foram três dias <strong>de</strong>discussão, com apresentação <strong>de</strong>temáticas extremamente importantespara a elaboração <strong>de</strong> propostas esugestões que culminaram com aCarta da Amazônia, <strong>do</strong>cumento queapontou as diretrizes e os rumos ea forma que os tribunais <strong>de</strong> contasbrasileiros passariam a seguir paragarantir progresso econômico e social,compatibiliza<strong>do</strong> com o equilíbrio <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento ecologicamentesustentável.A discussão foi um divisor <strong>de</strong> águaspara que os TCEs e TCMs brasileirosamadurecessem a i<strong>de</strong>ia da <strong>necessida<strong>de</strong></strong>premente <strong>de</strong> aprofundar suas atuaçõeso p e ra c i o n a i s , a g r e g a n d o va l o rprincipalmente no campo ambiental,setor forma<strong>do</strong> <strong>de</strong> várias vertentes,todas com <strong>de</strong>mandas preocupantes,especialmente no Amazonas.A partir <strong>de</strong>ssa premissa, o <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Amazonas colocou apalavra “prevenção” nas priorida<strong>de</strong>sda Corte, fazen<strong>do</strong> investimentosem estruturas física e <strong>de</strong> pessoal.Ponte sobre o Rio Negro84 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJRevista TCMRJ n. 48 - setembro 201184


Com a criação <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong>Auditoria Ambiental, as vistoriasforam intensificadas, fortalecen<strong>do</strong>as ações operacionais e ambientais,que passaram a ser executadas emconjunto, com abrangência em to<strong>do</strong>sos 62 municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.A atuação <strong>do</strong> TCE/AM, nessa área,abriu um leque <strong>de</strong> outras opções <strong>de</strong>atuação sobre temas como controle<strong>de</strong> queimadas, água, florestas, lixõese poluição <strong>do</strong> ar. Com o advento daLei n.º 12.305 (que dispõe sobre osresíduos sóli<strong>do</strong>s), em vigor, o nosso<strong>Tribunal</strong> optou por realizar vistoriasnos lixões a céu aberto, <strong>uma</strong> situaçãopreocupante principalmente pelasameaças que o problema po<strong>de</strong> causarà saú<strong>de</strong> pública.A p a rtir d e s te m a p e a m e n to,os Departamentos Operacional eAmbiental <strong>de</strong>ram-se as mãos e passarama realizar os trabalhos no programaSaú<strong>de</strong> da Família e na área <strong>de</strong> resíduossóli<strong>do</strong>s (ten<strong>do</strong> como campo as lixeirasmunicipais), concomitantemente.Além <strong>de</strong> em Manaus, esse trabalhojá foi executa<strong>do</strong> em Parintins, FonteBoa, Tabatinga, Benjamin Constant,Iranduba e Itacoatiara, e ainda <strong>de</strong>veráaten<strong>de</strong>r a mais 20 cida<strong>de</strong>s amazonensesaté o final <strong>de</strong> 2011 e, posteriormente, ato<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais municípios.A s v i s t o r i a s , n u m p r i m e i r omomento, não têm caráter punitivo. Otrabalho técnico faz um reconhecimentoda situação, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> sugestões,solicitan<strong>do</strong> que sejam efetuadas asa<strong>de</strong>quações <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> que propõe oPlano Nacional <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s(PNRS), que <strong>de</strong>termina a elaboração,até 2012, <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> ação para a<strong>de</strong>stinação <strong>do</strong> lixo e a construção <strong>de</strong>aterros sanitários em todas as cida<strong>de</strong>saté 2014.No Amazonas, <strong>do</strong>s 62 municípios,apenas um possui um projeto com esseperfil. Para contribuir com um <strong>do</strong>sprincípios <strong>do</strong> PNRS, que é a prevenção,o TCE <strong>do</strong> Amazonas vem realizan<strong>do</strong>esse trabalho pioneiro, que temrecebi<strong>do</strong> o apoio da população e <strong>do</strong>sórgãos e instituições <strong>de</strong> fiscalizaçãoestadual e municipal, que veem no<strong>Tribunal</strong> um alia<strong>do</strong> para fazer valer oLixão a céu aberto em IrandubaLixões a céu aberto no município <strong>de</strong> Iranduba, AM“O aumento da população,crescimento econômico <strong>do</strong> Amazonas,(...) levou o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> a perceber a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>a<strong>do</strong>tar e implantar medidas <strong>de</strong> naturezapreventiva, capazes <strong>de</strong> gerar resulta<strong>do</strong>seficientes e eficazes no combate ao danoao meio ambiente.”cumprimento da legislação.Exemplo disso é a ação que tramitouna Vara <strong>de</strong> Meio Ambiente da JustiçaFe<strong>de</strong>ral, que inseriu, nos autos dasentença, o relatório técnico <strong>do</strong> TCEcomo peça para <strong>de</strong>terminar restriçõesaos pousos e <strong>de</strong>colagens <strong>do</strong>s voos noaeroporto Júlio Belém, <strong>de</strong> Parintins(AM). O relatório apontou riscos paraas aeronaves, sen<strong>do</strong> o mais agravante apresença <strong>de</strong> urubus nas <strong>de</strong>pendências<strong>do</strong> aeroporto, atraí<strong>do</strong>s pela proximida<strong>de</strong>da lixeira municipal.Enten<strong>de</strong>mos que é preciso avançare, portanto, já se preparar para,futuramente, atuar em outras frentes,esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as ações preventivas contraa <strong>de</strong>vastação, as queimadas, a poluição<strong>do</strong> ar e contra a contaminação daságuas, pois, por sermos amazônidas,temos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rar, ser linha <strong>de</strong> frente<strong>de</strong>ssa campanha pela preservação econservação <strong>do</strong> maior patrimônio dah<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, investin<strong>do</strong> nas medidaspreventivas, para que possamos darexemplos e garantir <strong>uma</strong> vida saudávelàs futuras gerações e transformaro <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Amazonas num exemplo <strong>de</strong> <strong>Tribunal</strong>VERDE.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201185


ARTIGOA repartição <strong>de</strong> riscos noscontratos administrativos e alógica econômica <strong>do</strong>s contratosPara o professor Rafael Véras <strong>de</strong> Freitas, o <strong>de</strong>bateacerca da “repartição <strong>de</strong> riscos” nos contratosadministrativos mostra-se bastante atual nocenário jurídico e político brasileiro. Por se tratar<strong>de</strong> matéria atinente à economia <strong>do</strong>s contratos,não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>limitada, a priori, pelo Po<strong>de</strong>rLegislativo. É preciso que o tema seja equaciona<strong>do</strong>na seara técnica da regulação (jurídica oucontratual), levan<strong>do</strong>-se em conta as peculiarida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada objeto contratual.Rafael Véras <strong>de</strong> Freitas 1Especialista em Direito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da Regulação pela Escola <strong>de</strong> Direitoda Fundação Getulio Vargas - FGVProfessor da Pós-Graduação em Direito Administrativo Empresarial daUniversida<strong>de</strong> Candi<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>sIntroduçãoNão é novo o <strong>de</strong>bate acercada repartição <strong>de</strong> riscos noscontratos administrativos.A discussão sempre sebaseou no fato <strong>de</strong> que,nos contratos administrativos típicos(regi<strong>do</strong>s pela Lei n o 8.666/1993),caberia à Administração arcar com amaior parcela <strong>do</strong>s riscos contratuais(<strong>de</strong>correntes, sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong> eventosimprevisíveis, ou previsíveis <strong>de</strong>consequências incalculáveis).Tal formatação contratual, <strong>de</strong> formaapriorística, faz com que a Administraçãoass<strong>uma</strong> os riscos <strong>de</strong>correntes daálea extraordinária, com incidênciaimediata da Teoria da Imprevisão. Nãoé difícil enten<strong>de</strong>r a lógica por trás <strong>de</strong>ssadistribuição <strong>de</strong> riscos: prosseguir emum contrato já firma<strong>do</strong>, mesmo queem novas bases econômicas, mostra-se,por vezes, menos dispendioso <strong>do</strong> quea realização <strong>de</strong> outro procedimentolicitatório para formalização <strong>de</strong> novocontrato administrativo. Em tese, estariase homenagean<strong>do</strong> os princípios daeconomicida<strong>de</strong> e da eficiência.No entanto, nem sempre esta préviadistribuição <strong>de</strong> riscos se mostra amais a<strong>de</strong>quada para todas as espéciescontratuais. Por vezes, o contrata<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ter melhores condições <strong>de</strong> assumir osriscos <strong>de</strong> eventos imprevisíveis <strong>do</strong> quea Administração Pública contratante,razão pela qual a a<strong>do</strong>ção pela lei <strong>de</strong>um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> riscosem contratos administrativos não seapresenta como o mais apropria<strong>do</strong> ànova realida<strong>de</strong> econômica.E s s a m o d e l a g e m c o n t ra t u a l ,a t o d a e v i d ê n c i a , c o n t r i b u i upara o engessamento da ativida<strong>de</strong>administrativa, fomentan<strong>do</strong> a realização<strong>de</strong> contratações antieconômicas. Daíporque o presente ensaio ocupar-se-á <strong>do</strong>tema da repartição <strong>de</strong> riscos em espécies<strong>de</strong> contratos administrativos que sofremos influxos da regulação jurídica.O c o n c e i t o d e “ r i s c o” e s t árelaciona<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, à possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> suportar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminadarelação jurídica, efeitos in<strong>de</strong>sejáveis,inespera<strong>do</strong>s, e, <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong> nãoexperimentar acréscimos planeja<strong>do</strong>s.1. Especialista em Direito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da Regulação pela Escola <strong>de</strong> Direito da Fundação Getulio Vargas - FGV. Pesquisa<strong>do</strong>r da Fundação Getulio Vargas - FGV.Professor da Pós-Graduação em Direito Administrativo Empresarial da Universida<strong>de</strong> Candi<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>s - UCAM. Membro <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Direito Administrativo<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro - IDAERJ. Sócio <strong>do</strong> Escritório Juruena & Associa<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s.Texto elabora<strong>do</strong> com o auxílio <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> Thiago Bittencourt Alves Rosadas, pesquisa<strong>do</strong>r da Pós-Graduação da Fundação Getulio Vargas - FGV e Advoga<strong>do</strong>Júnior <strong>do</strong> Escritório Juruena & Associa<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s.86 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


Na disciplina <strong>do</strong>s contratos, é evi<strong>de</strong>nteque o preço (traduzi<strong>do</strong> em valoreseconomicamente apreciáveis para aremuneração <strong>do</strong> contrata<strong>do</strong>) englobaos riscos que incidirão sobre o pacto.Em outras palavras, a “precificação” <strong>de</strong>um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contrato é <strong>de</strong>lineadaconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se os riscos que po<strong>de</strong>rãoincidir sobre o seu objeto 2 .A repartição <strong>de</strong> riscos é, portanto,matéria contratual. Contu<strong>do</strong>, não foi essaa lógica que orientou a celebração <strong>do</strong>scontratos administrativos regi<strong>do</strong>s pelaLei n o 8.666/1993.Como é <strong>de</strong> conhecimento convencional,nos contratos administrativosregi<strong>do</strong>s pela Lei n o 8.666/93, aoparticular foram atribuí<strong>do</strong>s os riscosatinentes à álea ordinária, empresarial,que representam os riscos <strong>do</strong> negócio.À Administração, por outro la<strong>do</strong>, foramconferi<strong>do</strong>s os riscos relaciona<strong>do</strong>s aoseventos extraordinários (materializa<strong>do</strong>spela álea administrativa e econômica), aexemplo <strong>do</strong> caso fortuito, força maior, fato<strong>do</strong> príncipe e fato da administração 3 .Ocorren<strong>do</strong> tais eventos, cabe àAdministração tomar as seguintesprovidências: (I) resolver o contrato,caso <strong>de</strong>vidamente comprovada aimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua execução (artigo78, inciso XVII, da Lei nº 8.666/1993), ou,sen<strong>do</strong> possível, (II) dar prosseguimentoao ajuste, recompon<strong>do</strong> o seu equilíbrioeconômico-financeiro (consoante odisposto no artigo 65, inciso II, “d”, daLei n o 8.666/1993).Diante <strong>de</strong>ssa sistemática, que,previamente, <strong>de</strong>limita a repartição <strong>de</strong>riscos nos contratos administrativos,po<strong>de</strong>-se afirmar que tais contratos sóserão vantajosos para o Po<strong>de</strong>r Públicose, e somente se, não ocorrerem eventosimprevisíveis, ou previsíveis queacarretem consequências incalculáveis 4 .“ Deve haverum sistemadinâmico<strong>de</strong> alocação<strong>de</strong> riscosentre Po<strong>de</strong>rConce<strong>de</strong>nte eConcessionária.”Contu<strong>do</strong>, não é esse o entendimentoque, atualmente, se apresenta maisconsentâneo com a realida<strong>de</strong> econômica<strong>do</strong>s contratos administrativos 5 .Isto porque nada impe<strong>de</strong> que, em<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contrato administrativo, ocontrata<strong>do</strong> tenha interesse em assumiros riscos por eventos extraordinários,seja por conta <strong>de</strong> sua eficiente gestãoempresarial, seja pela possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> antever as consequências <strong>de</strong> umevento imprevisível em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>contrato administrativo – em virtu<strong>de</strong>,por exemplo, da natural assimetria<strong>de</strong> informações entre contratante econtrata<strong>do</strong> 6 .Daí sustentar-se que, sen<strong>do</strong> o contratoo instrumento que, por excelência, <strong>de</strong>verealizar a distribuição <strong>do</strong>s riscos entre aspartes, não há qualquer razão a justificara repartição realizada, a priori, pela Lein o 8.666/1993 7 ; afinal, não cabe à lei<strong>de</strong>limitar as peculiarida<strong>de</strong>s econômicas<strong>de</strong> cada contrato.O i<strong>de</strong>al seria que a Administraçãoficasse responsável pelos riscos<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> seus atos, seja pelautilização <strong>de</strong> cláusulas exorbitantes(quan<strong>do</strong> da alteração unilateral <strong>de</strong>cláusulas regulamentares <strong>do</strong> contrato),seja pela prática <strong>de</strong> atos que impeçam asua execução (fatos da administração oufatos <strong>do</strong> príncipe). As <strong>de</strong>mais situações,diversamente, <strong>de</strong>vem ser disciplinadas,casuisticamente, em cada contrato.O tema da “repartição <strong>de</strong> riscosnos contratos administrativos” estáem crescente evolução. A principalmanifestação <strong>de</strong>sses avanços po<strong>de</strong> serilustrada pela sua releitura no âmbito<strong>do</strong>s contratos <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> serviçopúblico.Os contratos <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> serviçopúblico serviram como importanteinstrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>spara a iniciativa privada, num contexto<strong>de</strong> reposicionamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 8 naOr<strong>de</strong>m Econômica.Os serviços, que antes erampresta<strong>do</strong>s diretamente pelo Esta<strong>do</strong> (sobo regime da publicatio) e subsidia<strong>do</strong>spor infraestruturas e recursos públicos(oriun<strong>do</strong>s, primordialmente, da cobrança<strong>de</strong> tributos) passaram, a partir <strong>de</strong>então, a ser remunera<strong>do</strong>s por tarifas(pagas, diretamente, pelos usuáriosindividualiza<strong>do</strong>s).Apesar <strong>de</strong> tal mudança <strong>de</strong> formataçãonunca ter pretendi<strong>do</strong> transferir to<strong>do</strong>sos riscos <strong>do</strong> negócio para a iniciativaprivada, <strong>uma</strong> leitura apressada <strong>do</strong> artigo2º, II, da Lei n o 8.987/95 (que disciplinaos contratos <strong>de</strong> concessão) po<strong>de</strong>riaapontar neste senti<strong>do</strong>, especialmenteten<strong>do</strong> em vista a expressão “por suaconta e risco”.Esse não parece ser o melhorentendimento. Ora, se a aplicaçãoda Teoria das Áleas, da forma como2. Nesse senti<strong>do</strong>, V. ABECASSIS, Fernan<strong>do</strong>. Análise económica. Lisboa. Serviços <strong>de</strong> Educação e Bolsas: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001, p.179.3. Nesse senti<strong>do</strong>, cf. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. pp. 277/278).4. ALMEIDA, Aline Paola Correa Braga Câmara <strong>de</strong>. Compartilhamento <strong>de</strong> riscos nas parcerias público-privadas. In: GARCIA, Flavio Amaral (Coord.). Revista<strong>de</strong> direito da Associação <strong>do</strong>s Procura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> novo Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. Parcerias público-privadas. Vol. XVII. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Lumen Juris, p. 245.5. POSNER, Richard A. El análisis económico <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho. Traducción <strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong> L. Suárez. Fon<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cultura, México, 2000, p.175.6. Zylbersztajn Decio, Stzanjn, Rachel. Direito e economia: análise econômica <strong>do</strong> direito e das organizações. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Elsevier, 2005, p.121.7. Nesse senti<strong>do</strong>, Maurício Portugal Ribeiro e Lucas Navarro (RIBEIRO, Maurício Portugal; PRADO, Lucas Navarro. Comentários à lei <strong>de</strong> PPP – Parceria públicoprivada: fundamentos econômico-jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 122). Da mesma forma, GARCIA, Flavio Amaral. Licitações e contratos: casos epolêmicas. 3ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 79.8. Nesse senti<strong>do</strong>, confira-se a lição <strong>de</strong> Marcos Juruena Villela Souto (SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito administrativo das concessões. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Lumen Juris, 2004, p. 11)Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201187


ARTIGOfoi concebida, já não se apresentaa<strong>de</strong>quada aos contratos regi<strong>do</strong>s pelaLei n o 8.666/1993, como visto acima,com muito mais razão não po<strong>de</strong>rá seraplicada aos contratos <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong>serviços públicos.Os contratos <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong>serviços públicos caracterizam-se pela<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>do</strong> aporte <strong>de</strong> vultososinvestimentos pelos concessionários(basea<strong>do</strong>s nos projetos básicosapresenta<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r conce<strong>de</strong>nte),que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> prazos dilata<strong>do</strong>spara a sua amortização. Por esta razão,durante o seu prazo <strong>de</strong> vigência, estepacto está sujeito à incidência <strong>do</strong>s maisvaria<strong>do</strong>s riscos (políticos, regulatórios,judiciais, tecnológicos, <strong>de</strong> financiamento,<strong>de</strong>ntre outros).Daí o porquê <strong>de</strong> se sustentar, diante dacomplexida<strong>de</strong> que envolve um contrato<strong>de</strong> concessão, que <strong>de</strong>ve haver um sistemadinâmico <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong> riscos entrePo<strong>de</strong>r Conce<strong>de</strong>nte e Concessionária. Istoporque é evi<strong>de</strong>nte que a repartição <strong>de</strong>riscos realizada pela Lei nº 8.987/1995não prevê, com presteza e eficácia, osacontecimentos que po<strong>de</strong>m surgir no<strong>de</strong>correr <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> concessão.Mais que isso: quem acaba arcan<strong>do</strong>,<strong>de</strong> fato, com esta alocação apriorística<strong>do</strong>s riscos nos contratos <strong>de</strong> concessãosão os usuários <strong>de</strong>sses serviços que,por consequência, acabam pagan<strong>do</strong>altas tarifas (em violação ao princípioda modicida<strong>de</strong> tarifária) e, não rarasvezes, se <strong>de</strong>param com a má execução<strong>do</strong> serviço (em violação ao princípio daa<strong>de</strong>quação – previsto no artigo 6º da Leinº. 8.987/1995).Uma vez mais, para os fins <strong>do</strong>presente ensaio, é importe frisar: ocontrato é o instrumento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> paradistribuição <strong>do</strong>s riscos entre as partes,e não a lei, mormente os contratos <strong>de</strong>concessão <strong>de</strong> serviço público 9 .Toda essa lógica – em boa hora, é bomque se registre – foi acolhida pela Lei n o11.079/2004, que disciplina as parceriaspúblico–privadas. Nestes contratos, alei explicitou que <strong>de</strong>verá ser feita <strong>uma</strong>repartição objetiva <strong>de</strong> riscos, inclusivepara hipóteses <strong>de</strong> caso fortuito, forçamaior, fato <strong>do</strong> príncipe e álea econômicaextraordinária (artigo 4º, inciso IV, da Leinº 11.079/2004).Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que essasformatações contratuais, sejam asconcessões patrocinadas, sejam asconcessões administrativas, se <strong>de</strong>stinama viabilizar a exploração <strong>de</strong> serviços quenão são autossustentáveis.Afinal, não há dúvidas <strong>de</strong> que osobjetivos <strong>de</strong> entabular parcerias com ainiciativa privada estariam seriamentecomprometi<strong>do</strong>s se não coubesse aocontrato a repartição <strong>de</strong> ricos entre aspartes.Portanto, se faz necessária <strong>uma</strong>clara previsão <strong>de</strong> quais são os riscosque envolvem <strong>uma</strong> concessão <strong>de</strong> serviçopúblico, buscan<strong>do</strong>-se os meios concretospara sua atenuação, já que tais riscospo<strong>de</strong>m acarretar reflexos nos valoresdas tarifas, na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviçospresta<strong>do</strong>s e, até mesmo, na viabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> tais contratos 10 .O tema em análise, especialmenteno tocante aos contratos <strong>de</strong> concessão,voltou à agenda <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates jurídicos epolíticos, notadamente na formatação<strong>de</strong> contratos em setores regula<strong>do</strong>s,conforme será visto nos próximositens.Após a <strong>de</strong>scoberta das áreaslocalizadas no pré-sal (que se esten<strong>de</strong>por aproximadamente 800 quilômetrosao longo da margem continental, entreo Espírito Santo e Santa Catarina, n<strong>uma</strong>faixa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 200 quilômetros <strong>de</strong>largura), a repartição <strong>de</strong> riscos <strong>do</strong>scontratos <strong>de</strong> concessão motivou os<strong>de</strong>bates acerca da modificação ou não <strong>do</strong>regime exploratório <strong>do</strong> petróleo.Alegou-se, à época, que o atualmo<strong>de</strong>lo das “concessões” – que seconfiguram como Contratos <strong>de</strong> DireitoEconômico 11 – para a exploração <strong>de</strong>petróleo (previsto no artigo 26 da Lei nº9.478/1997), que envolve a <strong>de</strong>legação <strong>de</strong>um negócio, <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,para exploração por um particular, porsua “conta e risco”, não se mostrava maisa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para disciplinar a exploração<strong>do</strong>s novos poços <strong>de</strong>scobertos nestaárea.Isto porque, diante <strong>do</strong> novo cenário,haveria <strong>uma</strong> razoável certeza daexistência <strong>de</strong> vultosas jazidas nas áreas<strong>do</strong> pré-sal, o que, em tese, diminuiria osriscos <strong>do</strong>s concessionários na exploração<strong>de</strong>sse recurso natural.Aduziu-se, ainda, que as consi<strong>de</strong>ráveisreceitas advindas da exploração <strong>de</strong>stesnovos poços <strong>de</strong>veriam ser repartidascom toda a socieda<strong>de</strong> (ten<strong>do</strong> em vistaque tais <strong>de</strong>scobertas po<strong>de</strong>rão colocaro país entre os maiores produtores <strong>de</strong>petróleo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>).Toda essa lógica foi encampada pelaLei n o 12.351, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>2010, que dispõe sobre a exploração ea produção <strong>de</strong> petróleo, <strong>de</strong> gás natural e<strong>de</strong> outros hidrocarbonetos flui<strong>do</strong>s, sobo regime <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> produção, emáreas <strong>do</strong> pré-sal.Como se po<strong>de</strong> observar, a equalização<strong>do</strong>s riscos nos contratos administrativos(nesse particular, <strong>de</strong> concessão)fomentou, inclusive, a proposta <strong>de</strong> umnovo mo<strong>de</strong>lo contratual.Nessa espécie <strong>de</strong> contrato, oconcessionário exerce, por sua contae risco, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração,avaliação, <strong>de</strong>senvolvimento e produçãoe, em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta comercial,adquire o direito à apropriação <strong>do</strong>custo em óleo, <strong>do</strong> volume da produçãocorrespon<strong>de</strong>nte aos royalties <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s,bem como <strong>de</strong> parcela <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte emóleo, na proporção, condições e prazosestabeleci<strong>do</strong>s em contrato.O principal ponto <strong>de</strong>ste novo mo<strong>de</strong>loé a repartição <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte em óleoentre a União e o contrata<strong>do</strong>, resultanteda diferença entre o volume total daprodução e as parcelas relativas ao custo9. Nesse senti<strong>do</strong>, SUNDFELD, Carlos Ari. Guia jurídico das parcerias público-privadas. In: SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.). Parcerias público-privadas. SãoPaulo: Malheiros, 2005. p. 39.10. É como leciona Rafael Carvalho Rezen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oliveira em OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezen<strong>de</strong>. Administração Pública, concessões e terceiro setor, Rio <strong>de</strong>Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 260-26111. Nesse senti<strong>do</strong>, cf. SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito Administrativo das Concessões. 5ª Ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 97. De outro mo<strong>do</strong>,ARAGÃO <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que os contratos <strong>de</strong> concessão petrolífera têm natureza <strong>de</strong> Contratos <strong>de</strong> Direito Priva<strong>do</strong> e são caracteriza<strong>do</strong>s como verda<strong>de</strong>iros Acor<strong>do</strong>s88 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


em óleo, a ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> critériosprevistos em contrato.Como se po<strong>de</strong> perceber, o legisla<strong>do</strong>rfe<strong>de</strong>ral optou pela alteração <strong>do</strong> regimeexploratório <strong>do</strong> petróleo (da concessãopara o regime <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> produção),pela razoável certeza da existência <strong>de</strong>sserecurso mineral nas áreas <strong>do</strong> pré-sal.Ao estabelecer este novo regimecontratual, o legisla<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rouo fato <strong>de</strong> que eventual ausência <strong>de</strong>risco exploratório (<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>recurso mineral) não afasta outros riscosinci<strong>de</strong>ntes sobre tal operação, tais comoa incerteza acerca da: (I) existência<strong>de</strong> tecnologia hábil à realização dasperfurações na profundida<strong>de</strong> necessáriapara a extração <strong>de</strong> petróleo; (II)quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> petróleo que será extraídana novas jazidas. 12Daí porque se enten<strong>de</strong> que essaalteração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo exploratório,calcada na modificação da repartição<strong>de</strong> ricos contratuais, não se apresentavacomo necessária.Tal <strong>de</strong>cisão envolve questõestécnicas e econômicas que melhorseriam equacionadas no âmbitotécnico da regulação. Isto porquecabe à seara técnica, equidistante eespecializada da regulação, por meio<strong>de</strong> um procedimento <strong>de</strong> composição<strong>do</strong>s interesses envolvi<strong>do</strong>s (neste caso,<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>nte, <strong>do</strong> concessionário e <strong>do</strong>susuários), atingir um “ponto ótimo” naequalização da economia <strong>do</strong>s contratos<strong>de</strong> concessão.Trata-se, pois, <strong>de</strong> tema afeto àspolíticas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, e não <strong>de</strong> Governo.Em conclusão ao exposto, po<strong>de</strong>-seafirmar que o <strong>de</strong>bate acerca da “repartição<strong>de</strong> riscos” nos contratos administrativosmostra-se bastante atual no cenário jurídicoe político brasileiro. Após as gran<strong>de</strong>sinovações trazidas pela Lei das ParceirasPúblico-Privadas, o tema continua emevolução, ten<strong>do</strong> ganha<strong>do</strong> novos contornos,notadamente pela modificação <strong>do</strong> MarcoRegulatório <strong>do</strong> Pré-sal.O objetivo <strong>de</strong>ste ensaio foi <strong>de</strong>ixarassenta<strong>do</strong> que a distribuição <strong>de</strong> riscosnos contratos administrativos, por setratar <strong>de</strong> matéria atinente à economia<strong>do</strong>s contratos, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>limitada,a priori, pelo Po<strong>de</strong>r Legislativo. Épreciso que o tema seja equaciona<strong>do</strong>na seara técnica da regulação (jurídicaou contratual), levan<strong>do</strong>-se em contaas peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada objetocontratual.BibliografiaABECASSIS, Fernan<strong>do</strong>. A n á l i s eeconómica. Lisboa. Serviços <strong>de</strong>Educação e Bolsas: Fundação CalousteGulbenkian, 2001.ALMEIDA, Aline Paola Correa BragaCâmara <strong>de</strong>. Compartilhamento <strong>de</strong>riscos nas parcerias público-privadas.In: GARCIA, Flavio Amaral (Coord.).Revista <strong>de</strong> direito da Associação <strong>do</strong>sProcura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> novo Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong>Janeiro. Parcerias público-privadas. Vol.XVII. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Lumen Juris.ARAGÃO, Alexandre Santos <strong>de</strong>. OContrato <strong>de</strong> Concessão <strong>de</strong> exploração<strong>de</strong> petróleo e gás. Revista Eletrônica<strong>de</strong> Direito Administrativo Econômico,Salva<strong>do</strong>r, Instituto <strong>de</strong> Direito Públicoda Bahia, nº 5 fev/mar/abr <strong>de</strong> 2006.Disponível na internet em http://www.direito<strong>do</strong>esta<strong>do</strong>.com.br. Acesso em 15 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2011.DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direitoadministrativo. 23ª ed. São Paulo: Atlas,2010.GARCIA, Flavio Amaral. Licitações econtratos: casos e polêmicas : 3ed. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Lumen Juris, 2010.OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezen<strong>de</strong>.Administração Pública, concessões eterceiro setor, Rio <strong>de</strong> Janeiro: LumenJuris, 2009.POSNER, Richard A. El análisiseconómico <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho. Traducción<strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong> L. Suárez. Fon<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cultura,México, 2000.RIBEIRO, Maurício Portugal; PRADO,Lucas Navarro. Comentários à lei<strong>de</strong> PPP – Parceria público-privada:fundamentos econômico-jurídicos.São Paulo: Malheiros, 2007.SUNDFELD, Carlos Ari. Guia jurídicodas parcerias público-privadas. In:SUNDFELD, Carlos Ari (Coord.).Parcerias público-privadas. São Paulo:Malheiros, 2005.SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direitoadministrativo das concessões. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Lumen Juris, 2004.SOUTO, Marcos Juruena Villela.Propostas legislativas <strong>de</strong> novo marcoregulatório <strong>do</strong> Pré-Sal. Disponível nosite: www.juruena.adv.br/artigos.html.Acesso em 15/08/2011.Zylbersztajn Decio, Stzanjn, Rachel.Direito e economia: análise econômica<strong>do</strong> direito e das organizações. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Elsevier, 2005.<strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico (ARAGÃO, Alexandre Santos <strong>de</strong>. O Contrato <strong>de</strong> Concessão <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo e gás. Revista Eletrônica <strong>de</strong> DireitoAdministrativo Econômico, Salva<strong>do</strong>r, Instituto <strong>de</strong> Direito Público da Bahia, nº 5 fev/mar/abr <strong>de</strong> 2006. Disponível na internet em http://www.direito<strong>do</strong>esta<strong>do</strong>.com.br. Acesso em 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011).12. SOUTO, Marcos Juruena Villela. Propostas legislativas <strong>de</strong> novo marco regulatório <strong>do</strong> Pré-Sal. Disponível no site: www.juruena.adv.br/artigos.html. Acessoem 15/08/2011.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201189


ARTIGOPara o Brasil ser gran<strong>de</strong>Para o advoga<strong>do</strong> Sergio Tostes, os tribunais<strong>de</strong> contas já <strong>de</strong>ram ampla <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>capacitação técnica <strong>de</strong> análise das contas públicas.“O que ora proponho é que seja discutida aampliação <strong>do</strong> campo <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>sses tribunais,<strong>de</strong> forma que possam acompanhar pari passu eem tempo real a legitimida<strong>de</strong> e a a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>sgastos públicos”.Sergio TostesAdvoga<strong>do</strong>Mestre em Jurisprudência Comparada pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova York eem Direito pela Harvard Law SchoolOmun<strong>do</strong> parece estar<strong>de</strong> pernas para o ar. OsEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, anteo s e u i n i m a g i n á v e lendividamento interno,estão sen<strong>do</strong> rebaixa<strong>do</strong>s por agências <strong>de</strong>avaliação <strong>de</strong> risco. Países <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong>estão à beira <strong>de</strong> colapso financeiro eassistin<strong>do</strong> à quebra-quebra nas ruas.O Oriente Médio está enfrentan<strong>do</strong>crises e revoltas internas. E por aívai. Enquanto isto, países que atérecentemente estavam fora da órbitada hegemonia americana, como China,Índia, Brasil, África <strong>do</strong> Sul e outros, seapresentam como sustentáculos <strong>de</strong> umfuturo <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>. Mu<strong>do</strong>u o mun<strong>do</strong>to<strong>do</strong> ou mudaram alguns países?Um <strong>do</strong>s maiores equívocos <strong>do</strong>sanalistas políticos oci<strong>de</strong>ntais resi<strong>de</strong> naprevisão <strong>do</strong> futuro, basea<strong>do</strong>s unicamentena observação e experiência <strong>de</strong> fatoshistóricos referenciais, como a RevoluçãoIndustrial, a in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>sUni<strong>do</strong>s ou a Revolução Francesa, asduas Guerras Mundiais e outros eventosemblemáticos para a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. O fatoé que, nos últimos anos, especialmentecom a disseminação das re<strong>de</strong>s sociais, oque antes era mera força <strong>de</strong> expressão - aal<strong>de</strong>ia global - tornou-se a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nossos diasHá alguns anos, causou perplexida<strong>de</strong>a resposta <strong>do</strong> primeiro ministro daChina quan<strong>do</strong>, indaga<strong>do</strong> sobre asconsequências da Revolução Francesa,disse que era ainda muito ce<strong>do</strong> paraanalisar.Aí fica <strong>de</strong>monstrada a diferença<strong>de</strong> enfoque entre a cultura oci<strong>de</strong>ntal,medida em séculos, e a cultura oriental,medida em milênios. O mun<strong>do</strong> atualaproximou essas duas culturas tãodíspares, como nunca antes na históriada h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. Em resumo, estamosviven<strong>do</strong> <strong>uma</strong> nova era, num mun<strong>do</strong>globaliza<strong>do</strong> não só em termos <strong>de</strong> espaçocomo <strong>de</strong> tempo. O que acontece naTailândia ou na Grécia po<strong>de</strong> afetarimediatamente as gran<strong>de</strong>s potências,até há pouco imunes às turbulências <strong>do</strong>spaíses em <strong>de</strong>senvolvimento.É nesse quadro que temos <strong>de</strong> nossituar. Por sua dimensão continental, suapopulação, sua diversida<strong>de</strong> cultural, seuvasto potencial energético e suas gran<strong>de</strong>sriquezas naturais e, principalmente, pelofato <strong>de</strong> sermos <strong>uma</strong> nação unida quefala a mesma língua sem rivalida<strong>de</strong>sinternas relevantes, nosso país tem tu<strong>do</strong>para assumir <strong>uma</strong> posição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rançano mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno. Nossa vantagemcompetitiva, para usar um jargão atual,é imensa. O Brasil é bem visto porto<strong>do</strong>s. Somos <strong>uma</strong> nação jovem, compouco mais <strong>de</strong> 500 anos, formada porrepresentantes <strong>de</strong> todas as raças ecre<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> não só os estrangeirosse adaptam com facilida<strong>de</strong>, como ospróprios brasileiros se incumbem <strong>de</strong>assimilar os hábitos <strong>do</strong>s imigrantes.O reflexo <strong>de</strong>ste comportamento <strong>de</strong>integração é nota<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.E o que falta para o Brasil ser umgigante? Vários elementos po<strong>de</strong>m ser<strong>de</strong>scritos, mas me aterei ao aspectomais relevante, sem o qual to<strong>do</strong>s os<strong>de</strong>mais se mostram inalcançáveis: épreciso se enten<strong>de</strong>r que o Esta<strong>do</strong> temcompromissos com to<strong>do</strong>s os segmentosda população brasileira. Infelizmenteainda vivemos resquícios <strong>do</strong>s princípios<strong>do</strong> Brasil Colônia, quan<strong>do</strong> por Esta<strong>do</strong>se entendia o interesse da Família Reale os cortesãos à sua volta. Ainda hojeo interesse <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e o interesse <strong>do</strong>Governo ten<strong>de</strong>m a se confundir.O processo <strong>de</strong>mocrático, plenamenteexerci<strong>do</strong> no Brasil, possibilita aalternância daqueles que exercem opo<strong>de</strong>r. Concentra-se no Po<strong>de</strong>r Executivo,por ditame constitucional, o po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> receber recursos e <strong>de</strong>terminar asua <strong>de</strong>stinação. Desta forma, po<strong>de</strong>-sedizer que os componentes <strong>de</strong>sse Po<strong>de</strong>rconstituem propriamente o “Governo”.90 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


O sistema <strong>de</strong>mocrático permiteque, <strong>de</strong> quatro em quatro anos, ocidadão aprove o mandato daquelesque escolheu para governá-lo. Opróprio processo eleitoral oferecesalvaguardas aos cidadãos. Ocorre quea a<strong>de</strong>quada representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>smandatários é questionada por muitos.Este, no entanto, não é o objeto daspresentes consi<strong>de</strong>rações. Tratamos aquiexclusivamente <strong>de</strong> examinar a função<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na obtenção <strong>de</strong> recursos e aforma como eles são gastos.O s d i a s d e h o j e vê m s e n d omarca<strong>do</strong>s por ampla discussão acercada ina<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> alguns gastos,consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s inapropria<strong>do</strong>s pelostrês po<strong>de</strong>res. Não tenho capacida<strong>de</strong>para apresentar soluções para tãorelevante questão, que está na essência<strong>do</strong> bom funcionamento das instituições.Mas, os longos anos <strong>de</strong> meu exercícioprofissional na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interessespúblicos e priva<strong>do</strong>s me capacitam apropor temas para avivar a discussão.Nos últimos tempos, até mesmo porforça <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômicoexperimenta<strong>do</strong> por nosso país, boa parteda elite ignorou o <strong>de</strong>bate <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>stemas institucionais. É hora <strong>de</strong> voltarmosnossa atenção para os interesses <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m pública. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> gastos,é inteiramente acadêmico discutir-seconceitos. A questão se restringe a saberse os gastos foram necessários, atuaise a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, e se foram <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong>sno melhor interesse da maior parte dapopulação.A estrutura constitucional brasileiraprevê as funções <strong>do</strong>s diversos tribunais<strong>de</strong> contas nas distintas esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.Ocorre que, tal como hoje é feito, essasentida<strong>de</strong>s analisam fatos já pretéritos,portanto irreversíveis, aptos a ensejaremapenas as punições àqueles que tenhamefetua<strong>do</strong> gastos in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s.O que ora proponho é que sejadiscutida a ampliação <strong>do</strong> campo <strong>de</strong>atuação <strong>de</strong>sses tribunais, <strong>de</strong> forma quepossam acompanhar pari passu e emtempo real a legitimida<strong>de</strong> e a a<strong>de</strong>quação<strong>do</strong>s gastos públicos. Os tribunais <strong>de</strong>contas já <strong>de</strong>ram ampla <strong>de</strong>monstração<strong>de</strong> sua capacitação técnica <strong>de</strong> análisedas contas públicas. Por que não conferirTo<strong>do</strong>s os elementos indispensáveispara o Brasil ser o lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s paísesemergentes e quiçá <strong>uma</strong> potênciainternacional estão presentes.“”a esses tribunais <strong>uma</strong> atuação próativapara o exercício permanente davigilância na ativida<strong>de</strong> operacional <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>?Ressalte-se que tal proposição nãoimplica qualquer diminuição <strong>do</strong> sistema<strong>de</strong> freios e contrapesos que os trêspo<strong>de</strong>res da República exercem entre si. Aproposição a ser amplamente discutidasé a atuação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas noexame da operacionalida<strong>de</strong> das funçõesadministrativas <strong>do</strong>s três po<strong>de</strong>res.O Brasil já é gran<strong>de</strong>. Para ser olí<strong>de</strong>r inconteste <strong>de</strong>ssa parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>oci<strong>de</strong>ntal, é preciso que o Esta<strong>do</strong>funcione em plena harmonia com osagentes da produção econômica. A<strong>de</strong>finição da função <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> passarápelo controle <strong>do</strong>s seus gastos comofonte <strong>de</strong> partida.To<strong>do</strong>s os elementos indispensáveispara o Brasil ser o lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s paísesemergentes e quiçá <strong>uma</strong> potênciainternacional estão presentes. A tarefaé or<strong>de</strong>ná-los, e essa é <strong>uma</strong> atribuiçãopara a qual a nossa geração, com vivênciana história recente, po<strong>de</strong> dar <strong>de</strong>cisivacontribuição.A proposição está apresentada.Vamos aprofundar sua discussão?Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201191


PERSONALIDADEHumberto BragaConselheiro aposenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e professor aposenta<strong>do</strong> da UERJ“Nuncame <strong>de</strong>ixeitrilhar porsimpatias eantipatias.”Titula<strong>do</strong> “guerreiro” noInformativo <strong>do</strong> TCERJ quereproduziu seu discursod e a p o s e n t a d o r i a , oconselheiro HumbertoBraga fez jus à homenagem duranteos 28 anos, 5 meses e 15 dias emque atuou naquela Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>.Durante o tempo em que esteve no<strong>Tribunal</strong>, Humberto Braga não sefurtou ao cumprimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ver,“mesmo quan<strong>do</strong> este se afiguravapenoso, <strong>de</strong>sagradável ou arrisca<strong>do</strong>”,afirmou. Houve ocasião em queHumberto Braga se envolveu em<strong>de</strong>bates que tiveram gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staquena imprensa, como a oposição <strong>do</strong>conselheiro, na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>1973, à Lei n.º 2.203/73, <strong>de</strong> iniciativa<strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, que criava novocaso <strong>de</strong> dispensa <strong>de</strong> licitação, em<strong>de</strong>sobediência à legislação fe<strong>de</strong>ral.Humberto Braga sustentou a teseda não aplicação da lei em face <strong>de</strong>manifesta inconstitucionalida<strong>de</strong>.Quan<strong>do</strong> venci<strong>do</strong> no Plenário por 4votos a 3, o conselheiro representouao Procura<strong>do</strong>r-Geral da Repúblicae a representação acabou vitoriosano Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral que,por unanimida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>clarou a leiinconstitucional.92 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


Humberto Braga também é médico,psiquiatra, classifica<strong>do</strong> em primeirolugar no curso <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mentalministra<strong>do</strong> pela Escola Nacionald e S a ú d e P ú b l i c a . B a c h a re l e mDireito e escritor, é autor <strong>do</strong>s livros“O Oriente é Vermelho” e “Juízo eCircunstância”. Professor aposenta<strong>do</strong>da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro, Humberto Braga exerceuvários cargos públicos, entre osquais se <strong>de</strong>staca o <strong>de</strong> Secretário <strong>de</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Planejamento, <strong>de</strong> Finançase <strong>de</strong> Serviços Sociais, <strong>do</strong> antigoEsta<strong>do</strong> da Guanabara, durante ogoverno <strong>de</strong> Francisco Negrão <strong>de</strong> Lima.Em consequência da <strong>de</strong>dicação aoserviço público, foi agracia<strong>do</strong> comdiversas medalhas, inclusive com ada Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> Rio Branco, no Grau <strong>de</strong>Oficial, con<strong>de</strong>cora<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nteda República, em abril <strong>de</strong> 1998.Nomea<strong>do</strong> para o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro em 24<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1969, Humberto Bragapresidiu a Corte no biênio 1993/1994e aposentou-se em 09 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong>1997.Em 21 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006, foiinaugura<strong>do</strong>, no edifício-anexo <strong>do</strong>TCERJ, o Espaço Cultural HumbertoBraga.Como foi a trajetória <strong>do</strong>senhor na vida pública até a idapara o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro?Não houve trajetória política, poiseu jamais pertenci a algum parti<strong>do</strong>político. Eu gravitei em torno <strong>de</strong>eminentes figuras; cito JuscelinoKubitschek e Negrão <strong>de</strong> Lima. Masnão fui um militante político. Fuisecretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, como está naminha biografia, mas <strong>de</strong> carátereminentemente <strong>de</strong> administração, não<strong>de</strong> caráter político.O senhor foi conselheiro <strong>do</strong> TCEdurante muitos anos. Que valoresnortearam sua atuação na Corte <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>?Em primeiro lugar, a lei. E aisenção. Nunca me <strong>de</strong>ixei trilhar porsimpatias e antipatias. A objetivida<strong>de</strong>e isenção <strong>de</strong>vem ser os critériosbaliza<strong>do</strong>res da ação <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong>. Ele não hostiliza nem favorece,não persegue nem patrocina, não<strong>de</strong>prime nem corteja as pessoas ouatos or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas. Aimoralida<strong>de</strong> por ele reprimível é aque se patentear na esfera <strong>de</strong> suacompetência fiscaliza<strong>do</strong>ra. E as suas<strong>de</strong>cisões não po<strong>de</strong>m submeter-sea pressões <strong>de</strong> qualquer natureza,inclusive à hoje quase avassala<strong>do</strong>rapressão midiática.Portanto, a melhor contribuiçãoque as cortes <strong>de</strong> contas po<strong>de</strong>m darpara a moralida<strong>de</strong> da vida pública écontinuar velan<strong>do</strong>, com os po<strong>de</strong>resconstituí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, pela estritaobservância da lei. Assim, estarãocumprin<strong>do</strong> o mais alto <strong>de</strong>ver cívicoq u e é o d e d e f e n d e r o re g i m e<strong>de</strong>mocrático.Para o senhor, qual é a importância<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas no exercício<strong>do</strong> controle externo?B a s i c a m e n t e , o Tr i b u n a l d eC o n t a s n ã o é a p e n a s o ó r g ã oque zela pela correção, pela boaaplicação <strong>do</strong>s recursos públicos.É, também, o órgão limita<strong>do</strong>r <strong>do</strong>po<strong>de</strong>r. Esse é o gran<strong>de</strong> problemada <strong>de</strong>mocracia: não <strong>de</strong>ixar o po<strong>de</strong>rilimita<strong>do</strong>. Porque o po<strong>de</strong>r absoluto,como disse Lord Acton, “corrompeabsolutamente”. É t o t a l m e n t ecorruptor. Ninguém po<strong>de</strong> fiscalizar opo<strong>de</strong>r absoluto. E não há <strong>de</strong>mocraciaon<strong>de</strong> não houver limitação <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r. O <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, órgãofiscaliza<strong>do</strong>r consagra<strong>do</strong> em nossopaís pela tradição jurídica e pelaexperiência administrativa, na suafunção limita<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, é peçabasilar <strong>do</strong> regime <strong>de</strong>mocrático esomente nele po<strong>de</strong>rá engran<strong>de</strong>cerse.O po<strong>de</strong>r absoluto, pela próprianatureza, jamais será fiscalizável.Qual é a opinão <strong>do</strong> senhor sobrea atuação <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contasnos dias <strong>de</strong> hoje?Não posso fazer juízo <strong>de</strong> valor.Estou afasta<strong>do</strong> há muito tempo.Não tenho os elementos, os da<strong>do</strong>s<strong>de</strong> aferição para po<strong>de</strong>r fazer <strong>uma</strong>crítica com louvor. (...) Certo é que ainstituição sobrevive. Ninguém falaem extinguir. Não há um mecanismo<strong>de</strong> substituição. E é sempre oportunolembrar que alguns <strong>do</strong>s alega<strong>do</strong>sd e fe i tos d o s t r i b u n a i s n ã o s ã oinerentes a eles, e sim oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>legislação imperfeita, burocratismoadministrativo, insuficiência <strong>de</strong> meiosmateriais, ou escassez <strong>de</strong> recursosh<strong>uma</strong>nos qualifica<strong>do</strong>s. Todavia, seno futuro algum verda<strong>de</strong>iro perigopara a sobrevivência <strong>do</strong>s tribunais<strong>de</strong> contas vier a materializar-se, elesó po<strong>de</strong>rá resultar <strong>de</strong> um fato: se, poriniciativa ou omissão <strong>do</strong>s própriosmembros <strong>do</strong> Corpo Deliberativo,<strong>de</strong>saparecer a in<strong>de</strong>pendência visadapela Constituição, nas garantias quelhes dá.O s e n h o r f i c o u c o n h e c i d ocomo um homem combativo e ético,não por acaso titula<strong>do</strong> “guerreiro”por colegas e admira<strong>do</strong>res. Oque o senhor pensa sobre o atualmomento político <strong>do</strong> Brasil?De algum tempo para cá temcresci<strong>do</strong> o clamor contra as violações daética na política. Pelo teor <strong>de</strong> <strong>de</strong>núnciase protestos, a indignação se concentranum tipo específico <strong>de</strong> imoralida<strong>de</strong>:a corrupção. Mas esta não é apenasinfração moral e sim transgressão à lei.É crime e como tal tem que serrigorosamente punida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> queprovada.Crime não se presume. Presunçãoé <strong>de</strong> inocência segun<strong>do</strong> a Constituição<strong>do</strong> Brasil e a Carta da Organizaçãodas Nações Unidas. O certo, contu<strong>do</strong>,é que a torrente <strong>de</strong> acusações produzem muitos a impressão <strong>de</strong> que nossospolíticos, na maioria, são <strong>de</strong>sonestos. Seisso fosse verda<strong>de</strong>, estaríamos diante<strong>de</strong> um trágico dilema; ou a ativida<strong>de</strong>política neste país é intrinsecamentecorruptora ou a socieda<strong>de</strong> brasileira<strong>de</strong> hoje é essencialmente corrupta.A consciência nacional repele essaalternativa aterra<strong>do</strong>ra.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201193


PERSONALIDADEMarcos Vinicios VilaçaMinistro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da UniãoMembro da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras“Nos armários da memória,não guar<strong>do</strong> amarguras, aocontrário: tenho a sensação<strong>do</strong> <strong>de</strong>ver cumpri<strong>do</strong>.”Ensaísta e professor universitário,Marcos ViniciosRodrigues Vilaça nasceu emNazaré da Mata, Pernambuco,exerceu relevantes funçõespúblicas e ocupou os principais postos daárea pública cultural <strong>do</strong> Brasil.Sétimo ocupante da Ca<strong>de</strong>ira n.º 26da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras, eleitoem 11 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1985, Marcos Vilaçatem obras traduzidas para inglês, francês,italiano, espanhol, japonês e alemão.Em 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005, assumiu apresidência da ABL, que <strong>de</strong>sempenhoupor <strong>do</strong>is anos, ricos em eventos abertosao público e <strong>de</strong> produção cultural.Marcos Vilaça foi ministro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União, <strong>do</strong> qual foi presi<strong>de</strong>ntereeleito, e atualmente integra a diretoriae conselhos <strong>de</strong> inúmeras instituiçõesculturais e esportivas. É <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong>inúmeras honrarias e con<strong>de</strong>coraçõesnacionais e estrangeiras.Ministro, o senhor é forma<strong>do</strong>em Ciências Jurídicas e Sociais pelaFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco-PE (1962).Como foi a trajetória profissional<strong>do</strong> senhor até chegar ao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> da União?São mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sjá computa<strong>do</strong>s. Passei por assessoriajurídica <strong>do</strong> Legislativo da minha província,pela <strong>do</strong>cência na mais antiga Escola<strong>de</strong> Ciências Jurídicas <strong>do</strong> Brasil, a <strong>do</strong>Recife; pela coor<strong>de</strong>nação nacional <strong>de</strong>programas inova<strong>do</strong>res no plano <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento social; presidi a LegiãoBrasileira <strong>de</strong> Assistência – à época, amaior agência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosocial da América Latina – e <strong>de</strong>ixei belasmarcas digitais <strong>de</strong>sse trabalho. Passeipelo corpo diretivo <strong>do</strong> também, àqueletempo, maior banco social da AméricaLatina, a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral; pelasecretaria particular da Presidênciada República, com José Sarney, e pelo<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União. Fui um“barnabé”. Ganha-se pouco, trabalha-semuito, é gratificante e, <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong>,diverti<strong>do</strong>. Como se vê, situações bemdiversificadas, nessas ativida<strong>de</strong>s, mas há<strong>uma</strong> constante <strong>de</strong> cultura e ação social emtu<strong>do</strong> que me tocou fazer. Nos armáriosda memória, não guar<strong>do</strong> amarguras, aocontrário: tenho a sensação <strong>do</strong> <strong>de</strong>vercumpri<strong>do</strong>.Como Ministro e Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCU,quais foram as principais metas <strong>do</strong>senhor?No TCU, busquei a mo<strong>de</strong>rnizaçãoadministrativa e tentei estabelecer <strong>uma</strong>maior articulação internacional cominstituições americanas e inglesas. Crieia Associação <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>sPaíses <strong>de</strong> Língua Portuguesa. Também fizalianças internas com a Fundação GetulioVargas e alg<strong>uma</strong>s universida<strong>de</strong>s, para94 setembro 2011 - n. 48Revista TCMRJ


qualificação profissional <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res.Como é possível auditar, por exemplo,questões ligadas ao meio ambientesem conhecimento técnico <strong>do</strong> assunto?Consi<strong>de</strong>ro que este foi o meu melhorserviço à frente <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>.Como o senhor analisa a atuação<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas nos diasatuais?Devemos resistir a muita coisapor gosto pessoal e por fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aoinstitucional TCU. Resistir aos vesgose <strong>de</strong>forma<strong>do</strong>s por i<strong>de</strong>ologia, que nãosuportam a natureza essencialmente<strong>de</strong>mocrática <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>. Não toleram ooutro. Resistir com os que se incomodamcom a visão <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, indispensávelao <strong>Tribunal</strong>, porque preferem quenos limitemos às viseiras meramenteregimentais, como se não fosse da<strong>do</strong>o direito <strong>de</strong> ver além, <strong>de</strong> insistir n<strong>uma</strong><strong>do</strong>utrina da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço público.O Esta<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser a apoteose <strong>de</strong>nada. Não há o bom público se não hácarnação social. Vivo convenci<strong>do</strong> atéhoje <strong>de</strong> que o certo é ter esperança.Esperança militante, que é to<strong>do</strong> ocontrário da futurologia predatória.A esperança militante dá espessurahistórica à Corte.Para o senhor, qual a importância<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas no exercício<strong>do</strong> controle externo?Nunca será <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> insistir emque a <strong>de</strong>mocracia somente prosperano pluralismo. Eleição, periodicida<strong>de</strong><strong>de</strong> mandatos, mediação e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>imprensa, in<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res,garantia <strong>do</strong>s direitos políticos e sociaissão alg<strong>uma</strong>s das suas característicasfundamentais. Claros <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> cidadaniatambém têm sua essencialida<strong>de</strong>. Não sódireitos, mas direitos e <strong>de</strong>veres. Nada maisforte como expressão <strong>de</strong>mocrática que arepartição <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r. Po<strong>de</strong>r político, sociale econômico. No meu mo<strong>do</strong> pessoal <strong>de</strong>ver, acredito que é assim o entendimento<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia a prevalecer no <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União.O senhor é autor <strong>de</strong> vários livros,ocupante da ca<strong>de</strong>ira n.º 26 daAca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras, ten<strong>do</strong>,ainda, exerci<strong>do</strong> diversas funçõespúblicas. De que maneira o senhorconseguiu conciliar ativida<strong>de</strong>s tãodiversas?Qual a fórmula para o exercíciosimultâneo <strong>de</strong> tantas ativida<strong>de</strong>s?Desconfie <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa que não temtempo. Tempo a gente faz.O que a literatura representa emsua vida?Desembarquei muito novo nosclássicos da literatura brasileira. Masum livro que me marcou muito foi Avigésima quinta hora, <strong>do</strong> escritor romenoVirgil Gheorghiu, muito interessante.E fui por essa gente, pela poesia <strong>de</strong>Manuel Ban<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> Carlos Drummond<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Mauro Mota. Mas noplano da literatura era mesmo Macha<strong>do</strong>,Graciliano e José Lins <strong>do</strong> Rego. E, noensaísmo, a influência marcante em mim,básica, <strong>do</strong>minante, absoluta, é GilbertoFreyre, <strong>uma</strong> verda<strong>de</strong>ira obsessão. Eusabia que não tinha talento para serromancista, por isso passei para oensaio. Meu amigo Roberto Cavalcanti <strong>de</strong>Albuquerque po<strong>de</strong> confirmar essa minhavocação. Diz que sou assim e que minhaobra, quan<strong>do</strong> trata <strong>de</strong> qualquer tema, éassim. Até mesmo, segun<strong>do</strong> ele, quan<strong>do</strong>eu estava no <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União.No momento <strong>de</strong> emitir um parecer, eufazia, a meu mo<strong>do</strong>, um pequeno ensaio.Como autor escrevi, juntamente commeu amigo Roberto Cavalcanti, Coronel,coronéis, que foi um marco para nós<strong>do</strong>is. É um livro <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importânciahoje para os pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tema, aola<strong>do</strong> <strong>do</strong> espetacular Coronelismo, enxadae voto, <strong>do</strong> Victor Nunes Leal. Antes <strong>do</strong>Coronel, coronéis, publiquei Conceitoda verda<strong>de</strong>, ensaios, em 1958. Depoisvieram A escola e Limoeiro (1960);Em torno da sociologia <strong>do</strong> caminhão(1961); Presença na faculda<strong>de</strong> (1962); eCooperação, cultura e ruralismo (1964).O que mais me agrada é Em torno dasociologia <strong>do</strong> caminhão, que recebeu oPrêmio Joaquim Nabuco da Aca<strong>de</strong>miaPernambucana <strong>de</strong> Letras, on<strong>de</strong> metornei Acadêmico com apenas 26 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Que ações à frente da Aca<strong>de</strong>miaBrasileira <strong>de</strong> Letras proporcionarammaior satisfação ao senhor?Não sei se minha vinda para aAca<strong>de</strong>mia foi <strong>uma</strong> questão <strong>de</strong> motivaçãoou aconteceu naturalmente. Prefiroacreditar na segunda hipótese. Fui eleitopara a Ca<strong>de</strong>ira n.º 26, na sucessão <strong>do</strong>meu amigo e conterrâneo Mauro Mota.O que me honrou muito. Assumi em 2 <strong>de</strong>julho <strong>do</strong> mesmo ano. Tenho orgulho <strong>de</strong>,com meus pares, ter torna<strong>do</strong> a Aca<strong>de</strong>miaum movimenta<strong>do</strong> centro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sculturais, estu<strong>do</strong>s e entretenimento.Hoje ela é frequentada por jovens<strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s que lotam o PetitTrianon, a Galeria Manuel Ban<strong>de</strong>ira eo Teatro R. Magalhães Jr., locais on<strong>de</strong>realizamos nossos principais eventos. Opapel da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letrasé o <strong>de</strong> preservar e valorizar a memórianacional: a língua como instrumento<strong>do</strong> conhecimento e da convivência; asletras como revela<strong>do</strong>ras e forma<strong>do</strong>rasda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>fora nada <strong>do</strong> que é h<strong>uma</strong>no: a ciência,que resi<strong>de</strong> no espírito, que observa eexplica; e a poesia, que habita a alma,que sente e compreen<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mosafirmar, sem me<strong>do</strong> <strong>de</strong> errar, que aAca<strong>de</strong>mia é outra bem diferente daquela<strong>do</strong> fim <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>. Desejamos, eue meus pares, que fique cada vez maisevi<strong>de</strong>nte que a Aca<strong>de</strong>mia não existe paraentesourar cultura, mas para socializála.Em 2006 criamos o Seminário Brasil,brasis e, por intermédio <strong>de</strong>le, abrimos asportas da Casa também para discussõessobre temas atuais que têm <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong>a curiosida<strong>de</strong>, o interesse e, acima<strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> reflexãopor parte da socieda<strong>de</strong>. Mas não foiapenas isto. Temos semanalmente ciclosacadêmicos, com <strong>de</strong>bates sobre temasatuais ou em memória <strong>do</strong>s nossos quejá se foram. Toda semana temos teatro,cinema, música popular brasileira.Uma vez por mês, concertos <strong>de</strong> músicaclássica, com a participação <strong>de</strong> músicos<strong>de</strong> primeira gran<strong>de</strong>za no universoerudito brasileiro. Nossas exposiçõeslembram nossos confra<strong>de</strong>s ou exibemtelas ou esculturas <strong>de</strong> importantesartistas nossos. Tu<strong>do</strong> aberto ao público,com entrada grátis. Talvez seja tu<strong>do</strong>isso.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201195


CLIPPINGVale a pena ler <strong>de</strong> novoMatérias publicadas na imprensa que, porsua atualida<strong>de</strong>, não per<strong>de</strong>ram o interesse.Jornal A Tar<strong>de</strong>15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 201196 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Jornal O GLobo18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201197


CLIPPINGJornal O Globo30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 201198 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Jornal O Globo20 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011Revista TCMRJ n. 48 - setembro 201199


SAÚDERinite AlérgicaDra. Fátima EmersonMédica AlergistaProfessora <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong>Pós-Graduação em Alergiada Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<strong>de</strong> PetropólisEspirros, nariz entupi<strong>do</strong>, escorren<strong>do</strong>, voz fanhosa,olhos lacrimejan<strong>do</strong>. Coçam os olhos, o nariz, osouvi<strong>do</strong>s e a garganta... Gripe? Resfria<strong>do</strong>? Não, éa rinite alérgica! Doença pouco valorizada, masque po<strong>de</strong> incomodar bastante, com suas crisesrepetidas. A rinite não mata e não é <strong>uma</strong> <strong>do</strong>ença incapacitante,mas po<strong>de</strong> trazer sérias consequências para a saú<strong>de</strong>.A rinite é hereditária, ou seja, tem origem genética. Mas,para que a <strong>do</strong>ença apareça, a genética interage com o ambiente,resultan<strong>do</strong> na <strong>do</strong>ença. Os casos <strong>de</strong> rinite aumentaram muitonos últimos anos, no Brasil e no mun<strong>do</strong>, em função <strong>de</strong> váriosfatores, tais como: poluição, modificação das residências,alimentação, estilo <strong>de</strong> vida, entre outros. No Brasil, cerca <strong>de</strong> 30%da população têm rinite alérgica, constituin<strong>do</strong> um problema <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> pública.A base da <strong>do</strong>ença é a inflamação repetida e persistenteda mucosa nasal. Com o passar <strong>do</strong> tempo, a <strong>do</strong>ença passa aacometer também as estruturas vizinhas: seios da face, olhos,ouvi<strong>do</strong>s, garganta, pulmões, resultan<strong>do</strong> em outras <strong>do</strong>enças,chamadas <strong>de</strong> “comorbida<strong>de</strong>s da rinite alérgica”.A complicação mais comum da rinite é a sinusite, que seacompanha comumente <strong>de</strong> gotejamento <strong>de</strong> secreção pós nasale acessos <strong>de</strong> tosse, com piora noturna. A rinite também po<strong>de</strong>acarretar distúrbios <strong>do</strong> sono como, por exemplo, roncos, insôniae apneia <strong>do</strong> sono. O <strong>de</strong>scanso prejudica<strong>do</strong> po<strong>de</strong> gerar sonolênciadiurna e dificulda<strong>de</strong> em se concentrar nas ativida<strong>de</strong>s diárias.A rinite po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar ou agravar crises<strong>de</strong> asma. É comprova<strong>do</strong> que o tratamento da rinitemelhora a asma, diminui a hiperreativida<strong>de</strong> brônquica eproporciona redução das crises e internações por asma.O tratamento da rinite visa a controlar a inflamação da mucosanasal, conquistar o bem-estar <strong>do</strong> paciente e melhorar suaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Os medicamentos são fortes alia<strong>do</strong>s nestecombate. Mas, tratar não se resume ao uso <strong>de</strong> remédios, sen<strong>do</strong>importante que o paciente seja orienta<strong>do</strong> sobre a <strong>do</strong>ença e sobreas medidas <strong>de</strong> prevenção.O tratamento <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma permanente e nãoapenas nas crises.Tratar a rinite engloba vários cuida<strong>do</strong>s:1) Medicamentos <strong>de</strong> ação alivia<strong>do</strong>ra, para resgate<strong>do</strong>s sintomas já instala<strong>do</strong>s. Anti-histamínicos estãoindica<strong>do</strong>s, preferin<strong>do</strong>-se os mo<strong>de</strong>rnos, não sedantes.2) Medicamentos controla<strong>do</strong>res, que atuam nainflamação nasal, proporcionan<strong>do</strong> condições paraevitar crises. Corticói<strong>de</strong>s inala<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong> spraynasal são indica<strong>do</strong>s para este fim. Estes medicamentossão formula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira especial em <strong>do</strong>ses mínimas(microgramas), permitin<strong>do</strong> o uso seguro à longo prazo,com poucos efeitos colaterais.3) Imunoterapia específica com aeroalérgenos (vacinapara alergia): indicada nos casos on<strong>de</strong> a alergia forcomprovada.4) Controle ambiental e higienização contra ácaros,poeiras, fungos e outros fatores agravantes que possampiorar a <strong>do</strong>ença.Dicas:• Crie <strong>uma</strong> rotina <strong>de</strong> limpeza diária em sua casa,utilizan<strong>do</strong> pano ume<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>. Evite produtos <strong>de</strong> limpezacom o<strong>do</strong>r ativo: água, sabão e álcool são alternativasseguras.• No quarto <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir, encape travesseiros e colchões etroque lençóis e fronhas duas vezes na semana. Casotenha almofadas, utilize capas laváveis. Evite guardarobjetos em baixo <strong>de</strong> camas ou em cima <strong>de</strong> armários.• Animais <strong>de</strong> estimação <strong>de</strong>vem ser manti<strong>do</strong>s afasta<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s <strong>do</strong>rmitórios.• Não fume e não <strong>de</strong>ixe que fumem em sua casa.• Caminhe, pratique exercícios e alimente-se bem.Caso queira receber a cópia emPDF <strong>do</strong> livro “É mais feliz quem respirapelo nariz”, escrito pela Dra. FátimaEmerson e pelo Dr. Nelson GuilhermeCor<strong>de</strong>iro, envie um e-mail para:blogdalergia@gmail.com100 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


em pautaTCMRJ implementaPrograma <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização


EM PAUTASeminário <strong>de</strong> Partidaapresenta Plano <strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> TCMRJPresi<strong>de</strong>nte Thiers Montebello solicita o envolvimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sAapresentação <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização institucional<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroreuniu a to<strong>do</strong>s os servi<strong>do</strong>res da Casa,no Auditório Luiz Alberto Bahia, em19 <strong>de</strong> julho. Por ocasião <strong>do</strong> Seminário<strong>de</strong> Partida <strong>do</strong> Projeto, os participantespu<strong>de</strong>ram conhecer o Plano Estratégico<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> TCMRJ e a empresaMBS Consulting, que irá conduzi-lo.Com conclusão prevista para final <strong>de</strong>julho <strong>de</strong> 2012, o projeto está dividi<strong>do</strong> emnove fases, entre as quais: mapeamentoe análise da situação atual, <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> nova estrutura organizacional,m a p e a m e n t o d e c o m p e t ê n c i a s ,elaboração da política <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>pessoas, e revisão <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> cargos ecarreiras. O projeto trata, também, dasAuditório atento assiste à apresentação <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> TCMRJ102 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


possíveis reações h<strong>uma</strong>nas diante daimplementação das mudanças previstas:temor, negação, crise <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e,por fim, busca <strong>de</strong> soluções.Ciente da <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> integração<strong>de</strong> esforços <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res, o presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> TCMRJ, Thiers Montebello, pediua ajuda <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. “Se envolvam nesseprocesso, colaborem, se empenhem;<strong>de</strong>em opiniões, mas sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vistaas peculiarida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> nosso <strong>Tribunal</strong>:nossa realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle externo,diferente <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais tribunais <strong>do</strong> Brasil.O projeto só terá resulta<strong>do</strong> positivo seto<strong>do</strong>s participarem”.O projeto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizaçãoinstitucional <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> inúmerasdiretrizes <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização<strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Controle Externo <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s e Municípios Brasileiros –Promoex, cria<strong>do</strong> em 2004, com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer o sistema <strong>de</strong>controle externo como instrumento dacidadania e da efetiva, transparente eregular gestão <strong>do</strong>s recursos públicos.Villi Longhi, consultor da MBS, que implementará o PlanoNovo servi<strong>do</strong>r expõe experiênciaIngresso através <strong>do</strong> último concursopúblico para Técnico <strong>de</strong> ControleExterno, Rodrigo Eugênio da Silvatrabalhou durante 16 anos naempresa <strong>de</strong> consultoria Accenture. Lá,<strong>de</strong>senvolveu junto a clientes <strong>do</strong> setorpúblico programas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizaçãosemelhantes aos que o TCMRJ inicia agora.Após assistir ao seminário <strong>de</strong> partidaapresenta<strong>do</strong> por Villi Longhi, consultorda MBS, o novo funcionário se candidatoupara apresentar sua experiência na área.Em sua exposição, feita para ogrupo <strong>de</strong> suporte e assessoramento,Rodrigo falou sobre um ponto crucial<strong>do</strong> processo, que é a execução damudançaa. “Não é <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong>, é umprograma <strong>de</strong> transformação”, disse ele,alertan<strong>do</strong> para a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> açõesestratégicas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> evitar queo programa estacione num “eternoesta<strong>do</strong> intermediário”. Segun<strong>do</strong> Rodrigo,é fundamental arquitetar a mudança.“Quan<strong>do</strong> termina a discussão interna ese conclui o novo <strong>de</strong>senho organizacionalé que surge o impasse: como sair <strong>do</strong>Rodrigo Eugênio da Silva, lota<strong>do</strong> na 1ª IGE, em sua exposição para o grupo <strong>de</strong>suporte e assessoramentopapel para a realida<strong>de</strong>?”, questionou onovo técnico. Alguns órgãos, contou ele,optam por contratar ajuda externa paraconduzir o processo <strong>de</strong> mudança, como osbancos <strong>de</strong> fomento BNDES e BRDE. “Seja<strong>de</strong> que forma for, há que se criar um plano<strong>de</strong> implantação das soluções”, insistiuRodrigo, sugerin<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> umescritório <strong>de</strong> projeto, para acompanhara implementação e a implantação <strong>do</strong>programa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, composto porassessorias específicas para mo<strong>de</strong>lagem<strong>de</strong> processos, análise e projeto <strong>de</strong> sistemase tecnologia da informação, entre outras.Por fim, Rodrigo apresentou pesquisarealizada pela Accenture, que verificouque a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização<strong>do</strong>s benefícios aumenta quan<strong>do</strong> aorganização investe significativamenteno projeto <strong>de</strong> implantação da soluçãoe busca utilizar extensivamente asolução em suas áreas. Outro aspectopercebi<strong>do</strong> foi o fato <strong>de</strong> os benefícioslevarem um certo tempo para se realizar.“As organizações precisam <strong>de</strong> tempopara absorver o impacto da mudançarepresentada pelo novo sistema antes <strong>de</strong>partir para novas ações”, concluiu ele.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011103


EM PAUTAMo<strong>de</strong>rnização institucional:nova realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> TCMRJApresentação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da fase <strong>de</strong> mapeamento <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> RHO<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,nos seus trinta anos <strong>de</strong>existência, vem alargan<strong>do</strong>seus passos no cumprimento <strong>de</strong> suamissão constitucional como órgão <strong>de</strong>controle, visan<strong>do</strong> a melhoria da gestãopública e a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s interesses dasocieda<strong>de</strong> da segunda maior cida<strong>de</strong>brasileira, o Rio <strong>de</strong> Janeiro.Nesse senti<strong>do</strong>, foi constituí<strong>do</strong> umgrupo <strong>de</strong> trabalho, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> peloNúcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Planejamento(NEP), que intensificou as participaçõesem reuniões promovidas pelo Programa<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Controle Externo(PROMOEX) e a busca <strong>de</strong> parcerias.Como fruto <strong>de</strong>sses esforços, foi traça<strong>do</strong>o Plano Estratégico <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>, com acolaboração <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sos setores da Instituição.Logo em seguida, em consonânciacom as diretrizes <strong>do</strong> PROMOEX e <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> Plano Estratégico, oTCMRJ, através <strong>de</strong> concorrência <strong>do</strong> tipotécnica e preço, contratou consultoriapara conduzir o Projeto <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnizaçãoInstitucional. Esta consultoria objetivamo<strong>de</strong>rnizar os Processos <strong>de</strong> Trabalho,re<strong>de</strong>senhar a Estrutura Organizacional ea<strong>de</strong>quar a Política <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Pessoas<strong>do</strong> TCMRJ <strong>de</strong> forma alinhada com amissão, visão e os objetivos estratégicosinstitucionais. Conforme <strong>de</strong>fine opróprio Edital, <strong>de</strong>verão ser analisa<strong>do</strong>sos principais aspectos relaciona<strong>do</strong>s àrotina da Instituição para mapeamento,i<strong>de</strong>ntificação e re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s,técnicas e procedimentos <strong>do</strong>s processos<strong>de</strong> trabalho, levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração asferramentas tecnológicas disponíveis,para i<strong>de</strong>ntificar os processos comunse avaliar o nível <strong>de</strong> integração einter<strong>de</strong>pendência, classificá-los porrelevância e apresentar soluções paraque possam ser operacionalizadas<strong>de</strong> forma eficiente, contemplan<strong>do</strong> ore<strong>de</strong>senho da estrutura organizacional<strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong>.No que se refere à área <strong>de</strong> Gestão<strong>de</strong> Pessoas <strong>do</strong> TCMRJ, a re<strong>de</strong>finição<strong>de</strong> políticas inclui treinamento etransferência <strong>de</strong> tecnologia, a a<strong>de</strong>quadadistribuição pelos diversos setores, com ainstituição <strong>de</strong> mecanismos promotores davalorização e motivação <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res,buscan<strong>do</strong> o cumprimento <strong>do</strong>s objetivosestratégicos da Instituição.O Seminário <strong>de</strong> Partida, que foirealiza<strong>do</strong> em 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011,teve como objetivo sensibilizar osfuncionários <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>. Nessa mesmadata, a Resolução nº 708 <strong>de</strong>finiu o grupo104 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


O responsável pelo NEP, Carlos Augusto Werneck, explica o mapeamento <strong>de</strong> processosque estará em permanente contato coma consultoria, ao longo <strong>do</strong> contrato, como objetivo <strong>de</strong> dar o suporte necessário ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos.É fundamental mencionar que cerca<strong>de</strong> 70 funcionários, representantes dasáreas fim e administrativa, participarãodas nove fases <strong>do</strong> projeto, que se esten<strong>de</strong>até junho <strong>de</strong> 2012.Através <strong>de</strong> 180 questionáriosrespondi<strong>do</strong>s, foi i<strong>de</strong>ntificada a visãoque os funcionários <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> têm arespeito <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnizaçãoInstitucional, sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>sos riscos que <strong>de</strong>vem ser leva<strong>do</strong>sem consi<strong>de</strong>ração na condução e naimplementação <strong>do</strong> projeto. As conclusõesda pesquisa serão utilizadas para gerarações preventivas quan<strong>do</strong> da efetivaçãodas mudanças propostas.O mês <strong>de</strong> agosto foi rico em ações.Foi realiza<strong>do</strong> o curso <strong>de</strong> capacitação paramapeamento e re<strong>de</strong>senho <strong>do</strong>s processos<strong>de</strong> trabalho e, a partir das ativida<strong>de</strong>s,o mapeamento da situação atual e aprojeção <strong>de</strong> novos processos, envolven<strong>do</strong>os <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> controle externo,financeiro, <strong>de</strong> pessoal, informática eserviços gerais, buscan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar oque po<strong>de</strong> ser melhora<strong>do</strong>.Servi<strong>do</strong>res durante a validação <strong>do</strong> mapeamento <strong>de</strong> processos da SGCEA participação entusiasmada dasequipes técnicas, constatada pela visitafeita pelo Presi<strong>de</strong>nte, Conselheiros eProcura<strong>do</strong>r-Chefe <strong>do</strong> TCMRJ às salas<strong>de</strong> discussão, vem ren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> frutos aoantecipar ações que não precisam esperara etapa <strong>de</strong> re<strong>de</strong>senho <strong>do</strong> processo. Umexemplo é a questão da cobrança <strong>de</strong>diligências não cumpridas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>prazo, que é objeto <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentojá prepara<strong>do</strong>, conten<strong>do</strong> sugestões <strong>de</strong>novos procedimentos.O mês <strong>de</strong> setembro foi <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>às últimas validações da fase <strong>de</strong>mapeamento <strong>do</strong>s processos internosatuais com muito sucesso, abrin<strong>do</strong> <strong>uma</strong>nova perspectiva <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s diversossetores <strong>do</strong> TCMRJ e nos <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentospara as diversas etapas programadaspara os próximos meses.Um ponto fundamental <strong>de</strong>veser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> neste Programa <strong>de</strong>Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro que é o dainteração entre as pessoas da organização,possibilitan<strong>do</strong> o conhecimento sobre aatuação <strong>de</strong> cada um e da Instituição comoum to<strong>do</strong>.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011105


EM PAUTAPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCMRJ dáboas-vindas aos novos servi<strong>do</strong>resNovos servi<strong>do</strong>res durante a palestra <strong>de</strong> boas vindasEm 8 <strong>de</strong> junho, o Presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> TCMRJ, conselheiro ThiersMontebello, <strong>de</strong>sejou boasvindasaos novos servi<strong>do</strong>resda Casa, aprova<strong>do</strong>s no concurso públicoque selecionou analistas <strong>de</strong> informação,engenheiros e técnicos <strong>de</strong> controleexterno. Na ocasião, Thiers afirmou que osnovos servi<strong>do</strong>res são muito bem-vin<strong>do</strong>se que o TCMRJ representa a gran<strong>de</strong>za<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Brasil:“Os tribunais <strong>de</strong> contas evoluíram,avançaram, cresceram; se agigantaramnão somente em competência, mas emtermos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua gente”.A cerimônia <strong>de</strong> recebimento <strong>do</strong>snovos servi<strong>do</strong>res, realizada no AuditórioLuiz Alberto Bahia, contou também coma presença <strong>do</strong> Chefe <strong>de</strong> Gabinete daPresidência, Sérgio Domingues Aranha; <strong>do</strong>Assessor Especial da Presidência, SérgioTa<strong>de</strong>u Sampaio Lopes; <strong>do</strong> Secretário-Geral <strong>de</strong> Controle Externo, MarcoAntonio Scovino; <strong>do</strong> Secretário-Geral <strong>de</strong>Administração, Heleno Chaves Monteiro;<strong>do</strong> responsável pelo Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s ePesquisas - NEP, Carlos Augusto Werneck;e <strong>do</strong> Assessor <strong>de</strong> Segurança Institucional,José Renato Torres Nascimento, entreoutros servi<strong>do</strong>res.Thiers Montebello disse estarsatisfeito com o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste concurso,terceiro da gestão: “A cada concurso, emque chega gente nova, é <strong>uma</strong> alegriamuito gran<strong>de</strong>. (...) Vocês vêm com ofulgor <strong>de</strong> quem está chegan<strong>do</strong>, com ointeresse <strong>de</strong> quem quer se integrar;e quem se integra ao <strong>Tribunal</strong>, vive o<strong>Tribunal</strong>. Quem quer ver o <strong>Tribunal</strong>crescer, quem veste a camisa, para usarexpressão muito usual, é meu amigo”.Para o presi<strong>de</strong>nte, os aprova<strong>do</strong>sneste concurso são <strong>de</strong> “alto nível” evão encontrar corpo técnico tambémmuito qualifica<strong>do</strong>. Thiers prometeuestar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s que vêm dispostos aauxiliar o <strong>Tribunal</strong>, “aos que chegamqueren<strong>do</strong> participar, oferecen<strong>do</strong> omelhor para a Administração, queren<strong>do</strong>exercer o controle, sérios e interessa<strong>do</strong>sem valorizar e aprimorar o serviçopúblico; esses são to<strong>do</strong>s meus amigosqueri<strong>do</strong>s, vão po<strong>de</strong>r contar sempre como presi<strong>de</strong>nte”.Sobre o sistema tribunais <strong>de</strong> contas,Thiers afirmou que, apesar <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>scríticas, a composição da Corte <strong>de</strong><strong>Contas</strong> foi feita <strong>de</strong> maneira acertadapelo Constituinte: “Se a sua aplicaçãoe materialização é <strong>de</strong>formada, eu creioque o tempo corrigirá. Nós temostambém a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutarThiers Montebello fala aos novos sevi<strong>do</strong>respara que aprimoremos isso. Eu cumproa minha parte. Tenho um pedacinho<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> nessa mudança.Sou Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>do</strong>sMembros <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Brasil (Atricon) e participo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> esseprocesso <strong>de</strong> emolduração <strong>de</strong> um novosistema <strong>de</strong> composição mais i<strong>de</strong>al”.Após as palavras <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte,os novos servi<strong>do</strong>res se apresentaram,informan<strong>do</strong> a formação, ocupaçãoanterior e expectativas frente aosnovos <strong>de</strong>safios como servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro.106 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Novos concursa<strong>do</strong>sAlejandro Daniel BatistaGonzálesTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Direito –Universida<strong>de</strong> Gama FilhoÚltimo emprego: assistentetécnico administrativoda Secretaria da ReceitaFe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> BrasilAlessandro Rafael BlenkTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: O<strong>do</strong>ntologia –Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> MaringáÚltimo emprego: cirurgião<strong>de</strong>ntista – profissional liberalAlexandre <strong>de</strong> LunaSodré LealTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Direito – Faculda<strong>de</strong>Cândi<strong>do</strong> Men<strong>de</strong>sÚltimo emprego: agente <strong>de</strong>Fazenda da Secretaria Municipal<strong>de</strong> FazendaAlexandre e Mota PintoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Navais –Escola NavalÚltimo emprego: oficial daMarinha <strong>do</strong> BrasilAlvaro Augusto CouriBarbosaEngenheiroFormação: Engenharia Civil -UENFÚltimo emprego: engenheirocivil na área <strong>de</strong> projetos econsultoria <strong>de</strong> engenhariaAntonio Francisco GioiaSoares JuniorTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração <strong>de</strong>Empresas - UFRRJÚltimo emprego: AeronáuticaAssad Salim Saker JuniorTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Veterinária - UFFÚltimo emprego: analista<strong>de</strong> planejamento, gestão einfraestrutura em informaçõesgeográficas <strong>do</strong> IBGEAugusto Cesar PiresSpinelliAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: Ciências daComputação – UFPEÚltimo emprego: lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong>projetos e gestor <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><strong>do</strong> SERPRO/FlorianópolisBeatriz Dianin Ribeiro <strong>de</strong>SousaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração <strong>de</strong>Empresas – UFRJÚltimo emprego: assessoratécnica <strong>de</strong> planejamentoe orçamento da SecretariaMunicipal <strong>de</strong> FazendaCarlos Eduar<strong>do</strong> Jun FutidaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Engenharia Civil– USPPrimeiro empregoCarlos Fernan<strong>do</strong> dasChagasTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Pós-gradua<strong>do</strong> emAnálise e Projeto e Gerência <strong>de</strong>Sistemas – PUCÚltimo emprego: especialista emtelecomunicações da OIDaniel Araújo RibeiroTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Direito – Universida<strong>de</strong>Presbiteriana MackenzieÚltimo emprego: analista <strong>de</strong>planejamento e orçamento <strong>de</strong>finanças públicas da Secretaria<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fazenda/SPDanielle Chiaretti <strong>do</strong>sSantosTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: MBA em Finanças– UFRJÚltimo emprego: analista<strong>de</strong> planejamento, gestão einfraestrutura em informaçõesgeográficas <strong>do</strong> IBGEEliza Chaves FrançaAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: Mestranda emEngenharia <strong>de</strong> Sistemas eComputação – COPPE/UFRJÚltimo emprego: analista <strong>de</strong>tecnologia da informação <strong>do</strong>DATAPREVEmil Leite IbrahimTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração <strong>de</strong>Empresas – UERJÚltimo emprego: técnico <strong>de</strong>controle interno da CGM/RJFelipe Galvão PuccioniTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Pós-graduan<strong>do</strong> emPolíticas Públicas – UFRJÚltimo emprego: analista <strong>de</strong>planejamento e orçamentoda Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Planejamento e Gestão/RJFlávio Luiz Assis <strong>de</strong> AlmeidaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Contábeis –Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Gran<strong>de</strong> RioÚltimo emprego: conta<strong>do</strong>r daAdvocacia-Geral da UniãoFrancisco André BalieiroAnastácio da CostaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Filosofia – PontifíciaUniversida<strong>de</strong> Gregoriana/RomaPrimeiro empregoRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011107


EM PAUTAGiovana Espola<strong>do</strong>rChavesEngenheiroFormação: EngenhariaCivil – USPÚltimo emprego: engenheiracivil da Caixa EconômicaFe<strong>de</strong>ralGustavo Henrique <strong>de</strong> MouraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Relações Internacionais– UNESPÚltimo emprego: traineecorporativo <strong>do</strong> Grupo Pão <strong>de</strong>Açúcar/SPGustavo Luiz Macha<strong>do</strong>Técnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração <strong>de</strong>Empresas – Universida<strong>de</strong> GamaFilhoÚltimo emprego: administra<strong>do</strong>rda Advocacia-Geral da UniãoHumberto FelbingerCossu <strong>de</strong> VasconcelosTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Navais– Escola NavalÚltimo emprego: auditorfiscal tributário municipal<strong>de</strong> São José <strong>do</strong> Rio Preto/SPIvo Hochleitner JuniorEngenheiroFormação: Engenharia Civil– UFRJÚltimo emprego: técnicosuperior <strong>de</strong> perícias e avaliaçõesimobiliárias da Procura<strong>do</strong>riaGeral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>/RJJanice Garcia Alves GalvãoD’império TeixeiraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Engenharia Civil– UERJÚltimo emprego: fiscal <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s econômicas daSecretaria Municipal <strong>de</strong>Fazenda/RJJorge Luís CampinhoPereira da MotaEngenheiroFormação: Mestra<strong>do</strong> emEngenharia Civil – COPPE/UFRJÚltimo emprego: engenheirocivil da Son<strong>do</strong>técnicaEngenharia <strong>de</strong> Solos S.A.José Renato Moreira daSilva <strong>de</strong> OliveiraEngenheiroFormação: Pós-<strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> emEngenharia Civil – UFRJÚltimo emprego: engenheiromilitar <strong>do</strong> IMELeandro Borges VazBrancoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Navais –Escola NavalÚltimo emprego: oficial daMarinha <strong>do</strong> BrasilLeandro Monteiro <strong>de</strong> FariaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: O<strong>do</strong>ntologia – UERJÚltimo emprego: cirurgião<strong>de</strong>ntista – profissional liberalLeonar<strong>do</strong> Franklin FornelosEngenheiroFormação: Engenharia Civil – UFRJÚltimo emprego: engenheiro civilda Enel Brasil Participações Ltda.Leonar<strong>do</strong> RibeiroFernan<strong>de</strong>sEngenheiroFormação: Engenharia <strong>de</strong>Fortificação e Construção– IMEÚltimo emprego: engenheiromilitar <strong>do</strong> IMELivia Maria <strong>de</strong> OliveiraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Biológicas– UFRJÚltimo emprego: analistajudiciário <strong>do</strong> TJ/RJLuciana SilvaRodrigues SantosEngenheiroFormação: Engenharia –UERJÚltimo emprego: engenheirocivil da Prefeitura da Cida<strong>de</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroLucien Cristian <strong>de</strong>CamposAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: Cursan<strong>do</strong> MBA emEngenharia da ComputaçãoAvançada – UFRJÚltimo emprego: técnicosuperior <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> sistemase méto<strong>do</strong>s da PGE/RJLuis Fernan<strong>do</strong> CosentinoDonatoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: MBA em Marketing– FGVÚltimo emprego: técnicojudiciário <strong>do</strong> TRF/2ª RegiãoLuiz Carlos TeixeiraCoelho FilhoEngenheiroFormação: Mestra<strong>do</strong> emInformática – UFAMÚltimo emprego: consultor juntoao projeto e-foto - profissionalliberalLuiz Fernan<strong>do</strong> Fernan<strong>de</strong>s<strong>de</strong> AlbuquerqueAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: Doutora<strong>do</strong> emInformática – PUC/RJÚltimo emprego: ConselhoNacional <strong>de</strong> DesenvolvimentoCientífico e TecnológicoLuizimar Feliciano <strong>de</strong>Araújo JuniorEngenheiroFormação: Engenharia Civil– UERJÚltimo emprego: técnico<strong>de</strong> projetos, construção emontagem da Refinaria <strong>de</strong>Duque <strong>de</strong> Caxias – PetrobrasMagna Regina Regis <strong>de</strong>AndradaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Matemática – UFRRJPrimeiro empregoMarcelo Merenda PereiraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração <strong>de</strong>Empresas – UFRJÚltimo emprego: assistentetécnico administrativo <strong>do</strong>Ministério da Fazenda108 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Márcia Cristina <strong>de</strong>Albuquerque WendlingTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Mestra<strong>do</strong> em Ciênciasem Administração – COPPEADÚltimo emprego: auxiliar <strong>de</strong>controle externo <strong>do</strong> TCMRJMarco Antonio FerreiraGavarraEngenheiroFormação: Mestra<strong>do</strong> emEngenharia Civil – UFFÚltimo emprego: engenheiro civilda CEDAEMaria Luiza Sfair daSilveiraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Sociais– UFRJÚltimo emprego: guia turísticoMarne Sérvulo <strong>de</strong>AlvarengaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Engenharia Elétrica -UNICAMPÚltimo emprego: analistatributário da Receita Fe<strong>de</strong>ral<strong>do</strong> BrasilMelissa Garri<strong>do</strong> CabralTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Mestra<strong>do</strong> emMatemática Aplicada à Finanças– IMPAÚltimo emprego: analista<strong>de</strong> planejamento, gestão einfraestrutura em informaçõesgeográficas <strong>do</strong> IBGENatasha Escher CarvalhoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Farmácia – UFPÚltimo emprego: Farmacêuticada Drogaria CatarinenseOtto Louro StutzAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: MBA TI em Gestão <strong>de</strong>Negócios – UERJÚltimo emprego: especialista naárea <strong>de</strong> inovação tecnológica/infraestrutura da TIM CelularRafael Lima <strong>do</strong> AmaralTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Administração –Universida<strong>de</strong> Estácio <strong>de</strong> SáÚltimo emprego: agente <strong>de</strong>inspeção <strong>do</strong> controle urbano daSecretaria <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m PúblicaRafael Sorosini OliveiraTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Navais –Escola NavalÚltimo emprego: técnicojudiciário <strong>do</strong> TRT/ 1ª RegiãoRenata Teixeira BaptistaEngenheiroFormação: Engenharia Civil– UFRJÚltimo emprego: engenheiracivil da EletrobrásTermonuclear S.A.Ricar<strong>do</strong> Fernan<strong>de</strong>s NetoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Engenharia <strong>de</strong>Produção – UFMGPrimeiro empregoRoberson Fernan<strong>de</strong>sLoriatoAnalista <strong>de</strong> InformaçãoFormação: Mestra<strong>do</strong> emEngenharia Nuclear – IMEÚltimo emprego: analista <strong>de</strong>informação da SchlumbergerServiços <strong>de</strong> PetróleoRoberto Mauro ChapiroTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Contábeis –Faculda<strong>de</strong> Moraes JúniorÚltimo emprego: conta<strong>do</strong>r daAdvocacia-Geral da UniãoRodrigo Eugenio da SilvaTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: MBA Executivo emGestão <strong>de</strong> Negócios – IBMECÚltimo emprego: executivo daVertical <strong>de</strong> Serviços PúblicosAccenture <strong>do</strong> Brasil Ltda.Rômulo Ferreira daSilvaEngenheiroFormação: Engenharia Civil– UFRJPrimeiro empregoRondiney Bonin FerreiraEngenheiroFormação: Mestra<strong>do</strong> emEngenharia Civil – UFFÚltimo emprego: SecretariaMunicipal <strong>de</strong> Habitação/RJSergio Ricar<strong>do</strong> GomesMarquesTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Pós-gradua<strong>do</strong> emAnálise, Gerência e Projeto <strong>de</strong>Sistemas – PUC/RJÚltimo emprego: analista <strong>de</strong>sistemas da DATAPREVSergio WaldmanTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Direito – UFRJÚltimo emprego: advoga<strong>do</strong> –profissional liberalThiago Caldas FrancoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Direito – PUC/RJÚltimo emprego: advoga<strong>do</strong> –profissional liberalThiago Correia <strong>do</strong>NascimentoTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Navais -Escola NavalÚltimo emprego: oficial daMarinha <strong>do</strong> BrasilThiago Ruas RamosTécnico <strong>de</strong> Controle ExternoFormação: Ciências Contábeis- UFRJ Último emprego:assessor <strong>do</strong> or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas <strong>do</strong> Ministério PúblicoFe<strong>de</strong>ralRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011109


EM PAUTAFoto: Alziro XavierConbrascom 2011 <strong>de</strong>batedireitos da comunicaçãoMesa <strong>de</strong> abertura: Thiers Montebello, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCMRJ, Jonas Lopes <strong>de</strong> Carvalho Junior, presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCE/RJ, Eliana Calmon,Cláudio Soares Lopes, Moacir Maia, Nelson Tomaz Braga, José Antonio Vieira <strong>de</strong> Freitas FIlho, procura<strong>do</strong>r-chefe <strong>do</strong> MP/RJ e juíza CléaMaria Carvalho <strong>do</strong> CoutoPa ra d e b a t e r o s d i r e i t o sfundamentais <strong>do</strong>s profissionaisda imprensa, o Fórum Nacional<strong>de</strong> Comunicação e Justiça -Conbrascom realizou, <strong>de</strong> 20 a 22 <strong>de</strong>junho, na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ministério Público<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, o VIICongresso Nacional <strong>de</strong> Assessores <strong>de</strong>Comunicação e Justiça, cuja aberturacoube ao procura<strong>do</strong>r-geral <strong>de</strong> justiça,Claudio Soares Lopes, e ao presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Conbrascom, Moacir Maia.A Ministra <strong>do</strong> Superior <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong>Justiça (STJ) e Correge<strong>do</strong>ra Nacional <strong>de</strong>Justiça, Eliana Calmon Alves, proferiua palestra inaugural <strong>do</strong> Congresso,sobre “Direitos Fundamentais daComunicação”. Eliana Calmon <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a<strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> melhor entrosamento <strong>do</strong>Po<strong>de</strong>r Judiciário com os profissionais <strong>de</strong>imprensa, por intermédio <strong>de</strong> assessorias<strong>de</strong> comunicação, como forma <strong>de</strong> oJudiciário se aproximar da socieda<strong>de</strong> eprover publicida<strong>de</strong> aos atos públicos.“É importante abrir as informações <strong>do</strong>Judiciário brasileiro para merecer acredibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cidadão. E isso jamaisserá possível sem a comunicação”,afirmou. O painel <strong>de</strong> abertura contoutambém com a participação <strong>do</strong>conselheiro Nelson Tomaz Braga, <strong>do</strong>Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça (CNJ).No primeiro dia <strong>do</strong> Congresso,quatro painéis apresentaram <strong>de</strong>batesentre integrantes <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciárioe da imprensa nacional. No primeiropainel, “A Justiça na pauta <strong>de</strong> notícias”,os jornalistas Ana Paula Araújo (TVGlobo), Cristina Grillo (jornal Folha<strong>de</strong> São Paulo), Ancelmo Góis (jornal OGlobo) e Alexandre Freeland (jornalO Dia) apontaram aos assessores <strong>de</strong>imprensa as principais dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> relacionamento commembros <strong>do</strong> Judiciário: <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong>uso <strong>de</strong> linguagem mais clara e objetiva,fornecimento <strong>de</strong> informações em tempoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e a indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>magistra<strong>do</strong>s para entrevistas.“A comunicação como princípio <strong>de</strong>transparência na administração públicabrasileira” foi tema central <strong>do</strong> segun<strong>do</strong>painel, com João Carlos Souto, presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Fórum Nacional da Advocacia PúblicaFe<strong>de</strong>ral; Jorge Hélio Chaves, conselheiro<strong>do</strong> CNJ; Chico Otávio, jornalista <strong>de</strong> “OGlobo”; e Anna Ramalho, colunista <strong>do</strong>“Jornal <strong>do</strong> Brasil”. O <strong>de</strong>bate dividiu opiniõessobre a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> o juiz conce<strong>de</strong>rentrevistas para explicar <strong>de</strong>cisão judicialou apenas falar por via <strong>do</strong>s autos.No terceiro painel, Jorge Duarte,da Secretaria <strong>de</strong> Comunicação Socialda Presidência da República, abor<strong>do</strong>uaspectos da gestão da comunicação, aoapresentar o diagnóstico padrão dasferramentas <strong>de</strong> comunicação no serviçopúblico e quais aspectos precisam seraprimora<strong>do</strong>s.O último painel <strong>do</strong> dia tratou da“nova assessoria <strong>de</strong> imprensa” na Erada Web 2.0. Flávio Damiani, assessortécnico da Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e MeioAmbiente da Câmara Municipal <strong>de</strong> PortoAlegre, e Sérgio Ama<strong>de</strong>u, professor daFaculda<strong>de</strong> Casper Líbero, falaram sobre arevolução da divulgação <strong>de</strong> informaçõescom o advento das re<strong>de</strong>s sociais.Mesas-re<strong>do</strong>ndasO segun<strong>do</strong> dia <strong>do</strong> Congresso foiaberto com a mesa-re<strong>do</strong>nda em quese discutiu a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> criação eatualização das normas regula<strong>do</strong>ras dacomunicação no país. Os <strong>de</strong>bate<strong>do</strong>resRo<strong>do</strong>lfo Macha<strong>do</strong> Moura, diretor daAssociação Brasileira <strong>de</strong> Emissoras<strong>de</strong> Rádio e Televisão (Abert), CelsoSchroe<strong>de</strong>r, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>raçãoNacional <strong>do</strong>s Jornalistas, e Venício <strong>de</strong>Lima, professor da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> Brasília, criticaram a inexistência <strong>de</strong>legislação específica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a revogaçãoda Lei <strong>de</strong> Imprensa, e concordaramem afirmar que a normatização seráimportante instrumento para se colocar110 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


fim no merca<strong>do</strong> concentra<strong>do</strong> existente.Composta pelo correge<strong>do</strong>r nacional<strong>do</strong> Ministério Público, Sandro Reis; pelosecretário <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>Superior <strong>do</strong> Trabalho, Renato Parente;e pela coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> comunicação<strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong> MinistérioPúblico, Juliana Garcia, a segunda mesare<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> dia enfocou as resoluçõespublicadas pelo CNJ e pelo CNMP, quedispõem sobre a comunicação socialnos órgãos <strong>de</strong> Justiça. O objetivo <strong>de</strong>ambas as resoluções é dar aos gestores<strong>do</strong> setor subsídios para <strong>de</strong>senvolveremtrabalhos que atendam às <strong>necessida<strong>de</strong></strong>sdas instituições e da socieda<strong>de</strong>, atémesmo sobre a questão financeira,exigin<strong>do</strong> <strong>do</strong>tação orçamentária por parte<strong>do</strong>s órgãos para contemplar as ações <strong>de</strong>comunicação.No perío<strong>do</strong> da tar<strong>de</strong>, os congressistaspu<strong>de</strong>ram acompanhar duas oficinasque <strong>de</strong>ram dicas sobre a linguagema<strong>de</strong>quada para cada tipo <strong>de</strong> veículo<strong>de</strong> comunicação. José Vieira Neto, <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> Regional <strong>do</strong> Trabalho (TRT)da Paraíba, falou sobre reportagem paratelevisão e Ciro Pedroza, <strong>do</strong> TRT <strong>do</strong> RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, para rádio.Apresentada por Lorena Vieira eSilvana Ribeiro, da Oficina da Palavra,a terceira oficina abor<strong>do</strong>u aspectos dagestão <strong>de</strong> crise focada no planejamentoestratégico. Para exemplificar o assunto,as palestrantes apresentaram o projetoque está em andamento no <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong>Justiça <strong>de</strong> Pernambuco, com o objetivo<strong>de</strong> melhorar o atendimento ao públicoe fortalecer a reputação da Justiça noesta<strong>do</strong>. A empresa fez o diagnóstico daimagem da instituição para i<strong>de</strong>ntificara percepção <strong>do</strong>s diversos públicos(jurisdiciona<strong>do</strong>, servi<strong>do</strong>res, magistra<strong>do</strong>s eoutras instituições ligadas ao Judiciário) eapresentou o atual plano <strong>de</strong> comunicaçãoentrelaça<strong>do</strong> à gestão <strong>do</strong> TJPE.Reuniões setoriais marcam oterceiro dia <strong>do</strong> CongressoA realização <strong>de</strong> reuniões setoriaissimultâneas com os membros <strong>do</strong>Ministério Público Estadual, MinistérioPúblico Fe<strong>de</strong>ral, Ministério Público <strong>do</strong>Trabalho, Defensorias, Tribunais <strong>de</strong><strong>Contas</strong>, Tribunais Regionais <strong>do</strong> Trabalho,Tribunais Regionais Eleitorais, Tribunais<strong>de</strong> Justiça e Justiça Fe<strong>de</strong>ral ocuparam amanhã <strong>do</strong> terceiro dia <strong>do</strong> Congresso. Apósa Plenária Final, na parte da tar<strong>de</strong>, foi feitaa leitura da Carta <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, com aconsolidação <strong>do</strong> que foi aprova<strong>do</strong>.Os assessores <strong>de</strong> comunicação<strong>de</strong> tribunais <strong>de</strong> contas participaramda elaboração da Carta <strong>do</strong> Rio,<strong>do</strong>cumento firma<strong>do</strong> ao final <strong>do</strong> VIICongresso Brasileiro <strong>do</strong>s Assessores <strong>de</strong>Comunicação da Justiça (Conbrascom).Diversas sugestões, inclusive parao aprimoramento <strong>do</strong> trabalho daspróprias assessorias, foram efetivadasdurante o evento. Estiveram presentesrepresentantes <strong>do</strong> IRB, TCMRJ, TCE/RJ, TCE/RR, TCE/RS, TCE/MG, TCE/MS,TCE/AM e TCE/TO.Entre os pontos levanta<strong>do</strong>s, osassessores <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas<strong>de</strong>stacaram a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>sos tribunais <strong>de</strong> contas elaborarem eaprovarem, em Plenário, as própriaspolíticas <strong>de</strong> comunicação. “É <strong>uma</strong> forma<strong>de</strong> perenizar as ações <strong>de</strong> comunicação”,argumentou o assessor <strong>de</strong> Comunicação<strong>do</strong> Instituto Rui Barbosa, Sandro Petrilli,relator <strong>do</strong> relatório setorial <strong>do</strong>s TCsna plenária. “É fundamental que aComunicação seja vista como baliza<strong>de</strong> gestão e não como um a<strong>de</strong>n<strong>do</strong>”,completou.A Carta <strong>do</strong> Rio será enviada apresi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> órgãos públicos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>o Brasil, inclusive <strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contase <strong>de</strong> instituições representativas, comoAtricon e IRB.TCE <strong>de</strong> Tocantins ganha prêmioNo dia 22, à noite, realizou-se asolenida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega <strong>do</strong> Prêmio NacionalComunicação e Justiça – momento muitoespera<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que, nesteano, o número <strong>de</strong> inscritos nas diversascategorias <strong>do</strong> Prêmio ultrapassou muitoo espera<strong>do</strong>.O <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Tocantinsfoi um <strong>do</strong>s vence<strong>do</strong>res da edição 2011<strong>do</strong> Prêmio Nacional <strong>de</strong> Comunicaçãoe Justiça, com 1º e 2º lugares <strong>do</strong> júripopular. Das categorias em que concorreu,recebeu 1º lugar em duas, 2º lugartambém em duas e 3º lugar em <strong>uma</strong>.O telejornal “TCE Notícia” conquistouFoto: Maria <strong>de</strong> La GalaJorge Duarte abor<strong>do</strong>u a comunicação <strong>do</strong>serviço públicoa primeira colocação na categoria júripopular e a segunda colocação nacategoria programa <strong>de</strong> TV regional. Já oradiojornal “Minuto TCE” ficou com o 2ºlugar na categoria Júri Popular e 3º comoprograma <strong>de</strong> rádio. O TCE/TO tambémarrebatou o 1º lugar na categoria projetoInstitucional. O programa “Agenda Cidadã“foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, pela comissão técnicajulga<strong>do</strong>ra, a melhor iniciativa nesta área.Na categoria Júri Popular, votaramos congressistas <strong>do</strong> Conbrascom,representa<strong>do</strong>s por assessores <strong>de</strong>imprensa <strong>de</strong> órgãos públicos liga<strong>do</strong>sao Po<strong>de</strong>r Judiciário, como MinistérioPúblico, Tribunais <strong>de</strong> Justiça, <strong>do</strong> Trabalhoe Eleitorais, Defensorias, além <strong>do</strong>sTribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o país.Os assessores <strong>de</strong> imprensa LauriMeyer, Sandro Petrilli e VilmaraBianchi representaram o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> no Conbrascom e receberamos troféus. “Uma gran<strong>de</strong> conquistada comunicação tocantinense, já queconcorremos com gran<strong>de</strong>s esta<strong>do</strong>s, comgran<strong>de</strong>s orçamentos, como SP, RJ e MG.Prova <strong>de</strong> que investir em planejamento<strong>de</strong> Comunicação Organizacionalgera resulta<strong>do</strong>s”, <strong>de</strong>stacou Petrilli.Lauri lembrou que a premiação é oresulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> gestão e<strong>do</strong> esforço e <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> toda a equipeda Assessoria <strong>de</strong> Comunicação. “Sem<strong>uma</strong> política <strong>de</strong> comunicação, estrutura,apoio e comprometimento <strong>de</strong> toda aequipe não chegaríamos a lugar nenhum”,completou.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011111


Parte <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> assessores <strong>de</strong> imprensa e comunicação participantes <strong>do</strong> encontroevento <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a importância datransparência nas ações <strong>do</strong>s tribunais<strong>de</strong> contas, e o cumprimento <strong>de</strong> meta dasua administração <strong>de</strong> integrar o TCE-RJao Sistema <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> brasileiro.Após a abertura <strong>do</strong> evento opresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Paraná, Fernan<strong>do</strong> Guimarães, que écoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> ComunicaçãoInstitucional (GCI) <strong>do</strong> Promoex,apresentou pesquisa realizada peloGCI junto a trinta e três tribunais <strong>de</strong>contas relativa à área <strong>de</strong> comunicação.A pesquisa ressaltou a importância dacomunicação para as cortes <strong>de</strong> contas,já que <strong>do</strong>s tribunais consulta<strong>do</strong>s,trinta e <strong>do</strong>is possuem assessorias <strong>de</strong>comunicação e em trinta e um <strong>de</strong>les,elas estão ligadas à presidência <strong>do</strong>órgão.Logo após, em mesa-re<strong>do</strong>nda quecontou com as presenças <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> TCE-RJ, Jonas Lopes <strong>de</strong> CarvalhoJunior, e <strong>do</strong> vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCE-MT,e presi<strong>de</strong>nte em exercício da Associação<strong>do</strong>s Membros <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong> Brasil (Atricon), Antonio Joaquim,o tema “Transparência/Divulgação daSessão Plenária”, foi <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> com apresença <strong>do</strong> jornalista Merval Pereira,<strong>do</strong> jornal “O Globo” e da rádio CBN.O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCE-PR, Fernan<strong>do</strong>Guimarães, mediou os <strong>de</strong>bates.Na parte da tar<strong>de</strong> foi discuti<strong>do</strong>o tema “Transparência/Divulgação<strong>de</strong> Decisões”, com a participação daapresenta<strong>do</strong>ra da TV Globo, Ana PaulaConselheiro Marco Peixoto, <strong>do</strong> TCE/RS, jornalista Merval Pereira e conselheiro AntonioJoaquim, <strong>do</strong> TCE/MTAraújo. Também foram <strong>de</strong>bate<strong>do</strong>resda mesa o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> InstitutoRui Barbosa e presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantis,Severiano Costandra<strong>de</strong>; o presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Paraná, Fernan<strong>do</strong> Guimarães; oconselheiro <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><strong>do</strong>s Municípios <strong>do</strong> Ceará, Luiz SérgioGa<strong>de</strong>lha Vieira; o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Amazonas, Júlio Assis Corrêa Pinheiro;e o procura<strong>do</strong>r-geral <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,Sérgio Cavalieri Filho.No dia 4, Jorge Duarte, assessorespecial <strong>de</strong> Comunicação da Presidênciada República, ministrou palestra sobre“Comunicação na Área Pública”, emque fez um painel sobre a evolução dacomunicação organizacional no Brasil.Para Duarte, a Constituição <strong>de</strong> 1988foi um marco para a transparência dasinstituições públicas. Segun<strong>do</strong> JorgeDuarte, a comunicação estratégica,entre outros, “alinha objetivos dacomunicação aos da organização; é<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rada essencial;influencia <strong>de</strong>cisões corporativas, e temque ser assumida como responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> to<strong>do</strong>s”, conclui.N a p a l e s t r a a s e g u i r, C i r oMarcon<strong>de</strong>s Filho, professor da Escola<strong>de</strong> Comunicação e Arte da USP, discorreusobre “O Segun<strong>do</strong> Iluminismo”, que é,segun<strong>do</strong> o professor Ciro, o momentoatual, com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentotecnológico, que po<strong>de</strong> ser compara<strong>do</strong>Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011113


EM PAUTAao movimento iluminista <strong>do</strong> século XVIIIna Europa. Hoje a internet e as mídiassociais quebram o po<strong>de</strong>r absoluto e suasestruturas: “Há <strong>uma</strong> exposição maior <strong>do</strong>spolíticos e a sua popularida<strong>de</strong> é medidapelo twitter”, acredita Ciro Marcon<strong>de</strong>sFilho. Segun<strong>do</strong> Ciro, “Os tribunais <strong>de</strong>contas passam <strong>de</strong> instituições discretasa agentes da moralização”.Ao final <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> dia <strong>do</strong> semináriofoi formada mesa <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação como presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCE-PR e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<strong>do</strong> GCI/Promoex, Fernan<strong>do</strong> Guimarães;a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Comunicação <strong>do</strong>TCE-RJ, Célia Abend; a assessora <strong>de</strong>Comunicação da Atricon, Tricia Munari; eo secretário-executivo <strong>do</strong> GCI/Promoex,Sandro Petrilli, para o recolhimento<strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates que integrarão aCarta <strong>do</strong> Rio, a ser divulgada no Portal<strong>de</strong> Controle Público para sugestões eposterior encaminhamento aos tribunais<strong>de</strong> contas <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Brasil para suaimplantação.Assembleia Geral <strong>do</strong> IRB é realizada no RioParalelo à programação <strong>do</strong>III Seminário Nacional <strong>de</strong>Comunicação <strong>do</strong>s Tribunais<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> foi realiza<strong>do</strong> noTCE/RJ, Assembleia Geral <strong>do</strong> IRB,que contou com a participação <strong>de</strong>conselheiros representan<strong>do</strong> 23Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> brasileiros.Na Assembléia, foi aprovada acontribuição anual <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong><strong>Contas</strong> para o Instituto Rui Barbosa(IRB), visan<strong>do</strong> a manutenção <strong>do</strong>sgrupos e produtos Promoex. A proposta– que já havia si<strong>do</strong> aprovada emreunião <strong>de</strong> diretoria em setembro noTCE/PB - apresentada pelo presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> IRB, Severiano Costandra<strong>de</strong>, foipossibilitar a continuida<strong>de</strong> das ações,eventos, produtos e grupos temáticos<strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização<strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Controle Externono Esta<strong>do</strong>s, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e nosMunicípios Brasileiros (Promoex)por meio <strong>de</strong> um valor que serárepassa<strong>do</strong> pelos TCs ao IRB. “Serãofirma<strong>do</strong>s convênios com os tribunaispara viabilizar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssaintegração entre membros e técnicosque tem si<strong>do</strong> tão importante para oControle Externo brasileiro”, afirmouCostandra<strong>de</strong>.Atualmente o Promoex é umprograma realiza<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> umconvênio entre TCs, Ministério <strong>do</strong>Planejamento, Orçamento e Gestão(MPOG) e Banco Interamericano <strong>de</strong>Desenvolvimento (BID). Existente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006, o Promoex foi prorroga<strong>do</strong>por duas vezes, mas será finaliza<strong>do</strong> emjunho <strong>de</strong> 2012. São 14 grupos temáticosFoto: Jorge CamposAlguns <strong>do</strong>s conselheiros presentes ao eventoque auxiliam operacionalmente oInstituto Rui Barbosa no alcance dasmetas estabelecidas em contrato.O valor mínimo fixa<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong>por unanimida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> R$ 50 mil anuaispor Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. Quantias maiorespo<strong>de</strong>rão ser repassadas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>das condições orçamentárias <strong>de</strong> cada<strong>Tribunal</strong>. Também ficou acorda<strong>do</strong>que <strong>uma</strong> parcela <strong>do</strong> total <strong>de</strong>ve serrepassada à Associação <strong>do</strong>s Membros<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil(Atricon).Relatório <strong>de</strong> GestãoSeveriano Costandra<strong>de</strong> tambémapresentou aos conselheiros presenteso Relatório <strong>de</strong> Gestão 2010/11 <strong>do</strong> IRB.Entre as principais ações, a realização<strong>do</strong> I Seminário Internacional sobreGestão Ambiental e Controle <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>Públicas, em novembro <strong>de</strong> 2010, emManaus (AM), em parceria com oTCE/AM, além <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os produtos<strong>do</strong> Promoex. Entre eles, <strong>de</strong>stacamsea consolidação das Normas <strong>de</strong>Auditoria Governamental (NAGs),já aprovadas em plenário por trêstribunais <strong>de</strong> contas, as AuditoriasOperacionais, que chegam ao quartoano, a harmonização <strong>de</strong> pontos da Lei<strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal (LRF), oPlanejamento Estratégico - a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>por 100% <strong>do</strong>s TCs integrantes <strong>do</strong>Promoex - e a capacitação em Educaçãoa Distância, oferecida para to<strong>do</strong>s ostribunais.EleiçõesNa parte final da Assembleia Geral,foi <strong>de</strong>bati<strong>do</strong> o processo eleitoral paraIRB e Atricon, que será realiza<strong>do</strong> emnovembro em Belém (PA), durante oCongresso Nacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong><strong>Contas</strong>. A maioria <strong>do</strong>s conselheirospresentes manifestou seu apoio àreeleição <strong>de</strong> Salomão Ribas Júnior(TCE/SC) na Atricon e <strong>de</strong> SeverianoCostandra<strong>de</strong> (TCE/TO) no InstitutoRui Barbosa.114 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


TCMRJ sedia II Encontro<strong>de</strong> Políticas PúblicasMesa <strong>de</strong> abertura: Antonio César Cavalcanti, Controla<strong>do</strong>r-Geral da CGM, Marco AntonioScovino, Secretário-Geral da SGCE, <strong>do</strong> TCMRJ e Marisa Pignataro, Chefe da CGU-RJOs técnicos <strong>de</strong> TCMRJ Marcus Vinícius da Silva, Marcelo Simas Ribeiro e Ricar<strong>do</strong>Levorato, media<strong>do</strong>s por Lidienio Menezes, ao centroEm p a r c e r i a c o m aControla<strong>do</strong>ria Geral daUnião e a Controla<strong>do</strong>riaGeral <strong>do</strong> Município, o<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro realizou,em 27 e 28 <strong>de</strong> junho, no AuditórioLuiz Alberto Bahia, o II Encontro <strong>de</strong>Conselheiros Municipais <strong>de</strong> PolíticasPúblicas <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,que reuniu representantes das áreas <strong>de</strong>Assistência Social, Educação e Saú<strong>de</strong>.Os Conselhos Municipais <strong>de</strong> PolíticasPúblicas constituem o principal canal<strong>de</strong> participação popular na fiscalizaçãoda administração da Cida<strong>de</strong>, ferramentainstitucional <strong>de</strong> incentivo ao controlesocial.Durante o Encontro, foi instituí<strong>do</strong>oficialmente o Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>do</strong>Controle Social <strong>do</strong> TCMRJ, conformeprevisão da Resolução n.º 701, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong>junho <strong>de</strong> 2011, composto por MarcosMayo Simões, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, CarlosAugusto Pereira Werneck <strong>de</strong> Carvalho,Ro<strong>do</strong>lfo Luis Par<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos, MarcusVinícius Pinto da Silva e Maria da GraçaPaes Leme Saldanha. A missão <strong>do</strong> Grupo<strong>de</strong> Trabalho consiste em estimular efortalecer a participação social nosatos <strong>de</strong> fiscalização da administraçãocarioca e divulgar ações <strong>do</strong> TCMRJ, quejá disponibiliza informações relevantesacerca das ativida<strong>de</strong>s da gestão públicada cida<strong>de</strong>.Para Marcos Mayo, “o objetivo <strong>do</strong>GTCS é consolidar ações coletivas, comlinguagem própria”, pois “o TCMRJ jávinha isoladamente, não através <strong>do</strong>Grupo, promoven<strong>do</strong> diversas ativida<strong>de</strong>scom características <strong>de</strong> controle social,como o concurso <strong>de</strong> monografias <strong>de</strong>2010 e a edição da Revista TCMRJ <strong>de</strong>n.º 47, publicação em que diversosarticulistas falaram sobre o assunto”.Logo após a abertura <strong>do</strong> Encontro,o Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Comunicação eInformação da Unesco no Brasil,Guilherme Canela Go<strong>do</strong>i, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>uque garantir o direito <strong>de</strong> acesso àinformação constitui instrumentofundamental para o exercício <strong>do</strong>controle social. Guilherme Go<strong>do</strong>iobservou que, somente com “aRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011115


EM PAUTAGuilherme Canela Go<strong>do</strong>i, da UnescoMarcos Mayo Simões, Marcus Vinícius Pinto da Silva, Maria da Graça PaesLeme Saldanha, Carlos Augusto Werneck <strong>de</strong> Carvalho e Ro<strong>do</strong>lfo Luis Par<strong>do</strong><strong>do</strong>s Santos, membros <strong>do</strong> Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>do</strong> Controle Social <strong>do</strong> TCMRJJaqueline Dias <strong>de</strong> Mello, Vinícius Cavalleiro, Cibeli Reynaud, Marcelo Ambrózio Pal<strong>uma</strong> e Gustavo Bramiligarantia <strong>de</strong> acesso à informação, queleva à participação social qualificadana vida da cida<strong>de</strong>, nós po<strong>de</strong>remoster direitos h<strong>uma</strong>nos promovi<strong>do</strong>s eprotegi<strong>do</strong>s”. “Tu<strong>do</strong> que tiver pontogov [.gov] no final <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong><strong>do</strong>mínio público, preserva<strong>do</strong>s osassuntos <strong>de</strong> segurança nacional”,disse.A tar<strong>de</strong> <strong>do</strong> primeiro dia <strong>do</strong>Encontro foi <strong>de</strong>dicada ao tema“Legitimida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>sda atuação <strong>do</strong>s conselhos comoinstâncias <strong>de</strong> controle social”,<strong>de</strong>bati<strong>do</strong> por Promotores <strong>de</strong> Justiça<strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.Os promotores Vinícius LealCavalleiro, Carla Carrubba, LucianaCaia<strong>do</strong>, Cristiane Branquinhoe Sidney Rosa da Silva Juniorministraram palestras sobreo “I<strong>do</strong>so”, “Assistência Social”,“CMDCA e Fun<strong>do</strong> da Infância”, e“Saú<strong>de</strong>”. Logo após as palestras,houve <strong>de</strong>bates com a participação<strong>do</strong>s conselheiros municipais.No dia 28, <strong>de</strong> manhã, os técnicos<strong>do</strong> TCMRJ Marcus Vinícius da Silva,Ricar<strong>do</strong> Levorato, Marcelo SimasRibeiro e Cássio Monteiro, media<strong>do</strong>spelo representante da CGU, LidienioMenezes, apontaram os principaisproblemas <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s pelo controleexterno, na área <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> cadaconselho. Na ocasião, a atuação <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> foi apresentada como fonte<strong>de</strong> informação em prol <strong>do</strong> controlesocial.Na programação da tar<strong>de</strong>, opromotor <strong>do</strong> Ministério Público,Vinícius Cavalleiro, a coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rada Ouvi<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> TCMRJ, JaquelineDias <strong>de</strong> Mello, e os representantesda CGU e da CGM, respectivamenteMarcelo Ambrózio Pal<strong>uma</strong> e GustavoBramili, em mesa conduzida pelaprofessora titular da UniRio, CibeliReynaud, explicaram os trâmitesdas <strong>de</strong>núncias nesses órgãos, aslimitações e competências <strong>de</strong>cada um e, especialmente, comoapresentar corretamente a <strong>de</strong>núncia,para que seja possível a apuração <strong>do</strong>fato relata<strong>do</strong>.116 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


II Encontro <strong>de</strong> IntegraçãoOrgãos <strong>de</strong> controle público trocam experiênciasMesa <strong>de</strong> abertura, composta por Lenilda Braga, Marisa Pignataro, Antonio Cesar Lins Cavalcanti, Marco Antonio Scovino e Diva Maria GesualdiResponsáveis por 19 Controla<strong>do</strong>rias<strong>de</strong> prefeituras <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiroreceberam, em 29 e 30<strong>de</strong> junho, no Centro <strong>de</strong>Convenções Sul América, representantes<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal,para <strong>de</strong>bater experiências <strong>de</strong> diversosórgãos nacionais <strong>de</strong> Controle Público.Fruto <strong>de</strong> parceria realizada entre aControla<strong>do</strong>ria Geral da União - CGU, aControla<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong> Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro – CGM-RJ e o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro– TCMRJ, o II Encontro <strong>de</strong> Integração– Eninte contou com palestras <strong>de</strong>procura<strong>do</strong>res, promotores e outrasautorida<strong>de</strong>s.A mesa <strong>de</strong> abertura foi compostapor Marisa Pignataro, Chefe da CGU-RJ; Antonio Cesar Lins Cavalcanti,Controla<strong>do</strong>r da CGM-RJ; Marco AntonioScovino, Secretário-Geral <strong>de</strong> ControleExterno <strong>do</strong> TCM-RJ; Lenilda Braga,Controla<strong>do</strong>ra-Geral <strong>do</strong> Município <strong>de</strong>Piraí; e Diva Maria Gesualdi, Presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> Conselho Regional <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong>(CRC-RJ).O s temas d i s c u t i d o s fo ra m :“Transparência e Participação Socialcomo Ferramentas <strong>de</strong> Prevenção daCorrupção”, por Marisa Pignataro; “AImportância da Integração entre oNo auditório, em primeiro plano: Marisa Pignataro, Marcelo Ambrózio Pal<strong>uma</strong>, da CGU,Marco Antonio Scovino, Carlos Augusto Werneck <strong>de</strong> Carvalho, <strong>do</strong> TCMRJ, e MarcosMayo Simões, <strong>do</strong> TCMRJMinistério Público e os Órgãos <strong>de</strong> Controle- Visão <strong>do</strong> Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral”,por Vinícius Panetto <strong>do</strong> Nascimento -Procura<strong>do</strong>r da República - MinistérioPúblico Fe<strong>de</strong>ral no Rio <strong>de</strong> Janeiro; “AImportância da Integração entre oMinistério Público e os Órgãos <strong>de</strong> Controle- Visão <strong>do</strong> Ministério Público Estadual”,por Sávio Bittencourt - Promotor <strong>de</strong>Justiça e Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Integração eArticulação Institucional <strong>do</strong> MinistérioPúblico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro;“Consi<strong>de</strong>rações acerca da FormataçãoInstitucional da Procura<strong>do</strong>ria-Geralda Fazenda Nacional ”, por ViníciusBrandão <strong>de</strong> Queiroz - Subprocura<strong>do</strong>r-Regional da Fazenda Nacional da 2ªRegião (RJ/ES); “Procura<strong>do</strong>ria-Geral<strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (PGM)”,por Fernan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Dionísio -Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro; “Programa <strong>de</strong> Visitas àsEscolas Municipais”, por Marcus ViníciusPinto da Silva - Inspetor Setorial - 3ª IGEda Secretaria <strong>de</strong> Controle Externo <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro; e “Informações Estratégicaspara o Controle Interno”, por MaurícioCabreira Esquer<strong>do</strong> - Assistente daCoo<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria Geral <strong>de</strong> Análise daDespesa da Controla<strong>do</strong>ria Geral <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.A Orquestra <strong>de</strong> Vozes Meninos <strong>do</strong>Rio, da Escola Municipal Grandjean <strong>de</strong>Montigny, se apresentou para finalizaro Encontro.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011117


REGISTROInvestimento em segurançaServi<strong>do</strong>res aprimoram técnicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesaParticipantes <strong>do</strong> curso duramte exercício <strong>de</strong> tiroVisan<strong>do</strong> ao aprimoramento<strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> noTCMRJ, os servi<strong>do</strong>res MarceloFilizolla Assunção e MarceloNunes Paschoalinho, da Assessoria<strong>de</strong> Segurança Institucional – ASEG,participaram <strong>do</strong> Estágio <strong>de</strong> Segurança eProteção <strong>de</strong> Autorida<strong>de</strong>s – ESPA 2011,realiza<strong>do</strong> entre os dias 21 <strong>de</strong> maio e 22<strong>de</strong> junho, em Brasília. Marcelo Filizollae Marcelo Nunes atuarão como agentesmultiplica<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s conhecimentosadquiri<strong>do</strong>s no ESPA 2011 para os <strong>de</strong>maisservi<strong>do</strong>res lota<strong>do</strong>s na ASEG.O curso foi ministra<strong>do</strong> no Batalhão <strong>de</strong>Polícia <strong>do</strong> Exército <strong>de</strong> Brasília, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>Batalhão Brasília, em homenagem àcida<strong>de</strong>. O Batalhão Brasília está presenteem to<strong>do</strong>s os gran<strong>de</strong>s eventos na área <strong>do</strong>Coman<strong>do</strong> Militar <strong>do</strong> Planalto e atua emmissões <strong>de</strong> policiamento <strong>de</strong> trânsito e<strong>de</strong> pessoal, <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong> períciacriminal, <strong>de</strong> operações com cães, <strong>de</strong>segurança <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> escolta.Além das ações rotineiras, o Estágio surgiucomo forma <strong>de</strong> ambientar os agentes emsituações incomuns e extraordinárias, <strong>de</strong>pressões simuladas, para educar e testaros participantes.O primeiro turno <strong>do</strong> Estágio 2011contou com 32 candidatos, reduzi<strong>do</strong>s,após seleção física, a 25 estagiários.Ao final <strong>do</strong> curso, <strong>de</strong> cinco semanas, osagentes são submeti<strong>do</strong>s à verificação <strong>de</strong>aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> setenta e duas horas <strong>de</strong>duração, que objetiva testar e fixar osconhecimentos adquiri<strong>do</strong>s em situação<strong>de</strong> crise simulada constante.O ESPA 2011 foi ministra<strong>do</strong> em309 horas aulas, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se osseguintes assuntos: Ações contraEmboscada; Armamento e Tiro;Aparições em Público; Atenta<strong>do</strong>s;Bombas e Explosivos; CompetênciaLegal; Controle e Prevenção <strong>de</strong> Incêndio;Defesa Pessoal; Gerenciamento <strong>de</strong>Crise e Negociação; Observação,Memorização e Descrição; SegurançaFísica <strong>de</strong> Instalações; Terrorismo eAntiterrorismo; e Varreduras, entreoutros. O curso apresenta visão geral <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s os temas, tornan<strong>do</strong> cada agenteapto a agir como chefe <strong>de</strong> segurança,capaz <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar os ensinamentosao ambiente <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> instruiroutros agentes para as ativida<strong>de</strong>s queirão <strong>de</strong>sempenhar.118 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Instalações mo<strong>de</strong>rnas econfortáveis para servi<strong>do</strong>resOTCMRJ tem realiza<strong>do</strong>reformas em to<strong>do</strong>s ossetores da Casa, da fachada<strong>do</strong> prédio ao mobiliário.Segun<strong>do</strong> o Secretário-Geral <strong>de</strong> Administração, Heleno ChavesMonteiro, a proposta <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nteThiers Montebello <strong>de</strong> “mo<strong>de</strong>rnizar aCasa” se torna realida<strong>de</strong> a cada dia.“Des<strong>de</strong> 2003, temos feito diversasmodificações no <strong>Tribunal</strong>, estamosinvestin<strong>do</strong> forte. Começamos com asobras nos gabinetes; a reforma dagaragem, que era totalmente insalubree hoje tem até sala <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso para osmotoristas; a implantação da sala-cofreon<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os processos, pareceres,enfim, to<strong>do</strong> o trabalho <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> seencontra informatiza<strong>do</strong>, protegi<strong>do</strong> <strong>de</strong>qualquer sinistro que possa ocorrer;a ampliação <strong>do</strong>s Centros Cultural eMédico – há, inclusive, a intenção <strong>de</strong> secolocar mais <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntista econtratar um profissional para aten<strong>de</strong>r à<strong>de</strong>manda. Paralelo a isso, foi ampliada asegurança institucional, com a instalação<strong>de</strong> câmeras <strong>de</strong> vigilância em to<strong>do</strong>sos andares, e <strong>de</strong> portas antichamas,tornan<strong>do</strong> a escada social também rota<strong>de</strong> fuga em caso <strong>de</strong> incêndio”, afirmouHeleno Monteiro.Recentemente, com a chegada <strong>do</strong>snovos técnicos <strong>de</strong> controle externo,houve a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> redistribuição <strong>do</strong>espaço da Se<strong>de</strong>: como a loja e a sobreloja<strong>do</strong> prédio estavam praticamente vazias,os setores <strong>de</strong> Protocolo, Almoxarifa<strong>do</strong>,Biblioteca, Legislação, Diretoria <strong>de</strong>Publicações e Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s ePlanejamento foram transferi<strong>do</strong>s ealoca<strong>do</strong>s nas novas instalações aliconstruídas, após a realização <strong>de</strong>obras <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e criação <strong>de</strong>infraestrutura, antes inexistente nolocal.Esta fase inicial <strong>de</strong> redistribuição<strong>do</strong> espaço <strong>do</strong> TCMRJ já está em vias <strong>de</strong>conclusão. As próximas obras, entretanto,têm duração prevista <strong>de</strong> 12 meses, cerca<strong>de</strong> <strong>do</strong>is meses por andar. “A partir daqui,vai ser um pouco mais complica<strong>do</strong>porque, até então, a reforma foi feita emespaço <strong>de</strong>socupa<strong>do</strong>; agora, vamos fazerem áreas com pessoas trabalhan<strong>do</strong>, queterão <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>slocadas. Vai ter barulho,poeira, mas é preciso enten<strong>de</strong>rmosque, quan<strong>do</strong> acabarem as obras, vamosestar num ambiente melhor <strong>de</strong> trabalho,Heleno <strong>de</strong>staca as mudanças que estãoocorren<strong>do</strong> no TCMRJcom espaços mo<strong>de</strong>rnos, areja<strong>do</strong>s econfortáveis. Este é o principal objetivo<strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Thiers Montebello”,observou Heleno.Mas as mudanças se esten<strong>de</strong>ram,também, à capacitação técnica <strong>do</strong>sservi<strong>do</strong>res, que po<strong>de</strong>m se beneficiar<strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> especialização e mestra<strong>do</strong>ofereci<strong>do</strong>s no <strong>Tribunal</strong>. E mais: osservi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> TCMRJ já contam comreajuste <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s vencimentos e<strong>do</strong>s tíquetes-refeição, que estavam<strong>de</strong>fasa<strong>do</strong>s.Detalhes das obrasRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011119


REGISTROBiblioteca em novoespaço físico e virtualABiblioteca <strong>do</strong> TCMRJ ganhourecentemente <strong>do</strong>is novosespaços: um físico e umvirtual. O físico são as novasinstalações na sobreloja e o virtual, aBVCE, Biblioteca Virtual em ControleExterno.As novas instalações, na sobreloja,estão mais amplas e confortáveis.Os usuários contam agora com seismesas individuais <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e trêscomputa<strong>do</strong>res com acesso à Internet.Em outro ambiente, <strong>uma</strong> mesa <strong>de</strong> usocoletivo po<strong>de</strong> ser utilizada para trabalhosem equipe ou pequenas reuniões.Uma sala <strong>de</strong> televisão está disponívelpara utilização local da coleção <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> trezentos dvds, que cobrem váriosramos <strong>do</strong> Direito e ainda Português,Matemática, Matemática Financeira eContabilida<strong>de</strong>.O cantinho especial é <strong>uma</strong> sala <strong>de</strong>leitura com convidativas poltronas, on<strong>de</strong>os usuários po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sfrutar, em seusmomentos <strong>de</strong> lazer, <strong>do</strong> prazer da leitura,estan<strong>do</strong> sempre expostas as últimasaquisições <strong>de</strong> livros e revistas e ainda<strong>uma</strong> seleção <strong>de</strong> obras sobre a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro.Os contagia<strong>do</strong>s pela paixão <strong>de</strong> lerTCMRJ e UERJ oferecem cursos <strong>de</strong>aperfeiçoamento ao servi<strong>do</strong>rOTCMRJ, no intuito <strong>de</strong> elevaro grau <strong>de</strong> excelência dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controleexterno, selou acor<strong>do</strong> com aFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Administração e Finançasda UERJ – FAF/UERJ, para realizaro Projeto Acadêmico-Científico emControla<strong>do</strong>ria Pública, que capacitará osservi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> com as principaisfundamentações técnicas, instrumentose componentes necessários ao exercícioda fiscalização da gestão pública.contam ainda com o acervo especial daseção <strong>de</strong> literatura e com o Leitura &Cultura, o clube <strong>de</strong> leitura <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res<strong>do</strong> TCMRJ, que formam hoje um conjunto<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> seiscentos títulos.C o m a c e r v o c o n t i n u a m e n t eatualiza<strong>do</strong>, a Biblioteca oferece tambémo serviço <strong>de</strong> pesquisa bibliográficaespecializada, <strong>de</strong> suporte ao controleexterno e às ativida<strong>de</strong>s administrativas.O levantamento inclui livros, artigos <strong>de</strong>periódicos, <strong>do</strong>cumentos publica<strong>do</strong>s naInternet e muitas outras bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s.O empréstimo entre bibliotecas é tambémutiliza<strong>do</strong>, o que amplia sobremaneiranossos recursos informacionais.Em outra vertente, exploran<strong>do</strong> asnovas ferramentas proporcionadas pelatecnologia e o universo <strong>de</strong> informaçõesdisponíveis na Internet, está sen<strong>do</strong>finalizada a construção da BVCE –Biblioteca Virtual em Controle Externo.Este projeto foi concebi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro<strong>do</strong> Grupo Bibliocontas, que reúnebibliotecas <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong>to<strong>do</strong> Brasil e ainda Argentina, Uruguaie Moçambique.Já está disponível na Internet (http://bvce.tcm.rj.gov.br/) a versão inicial <strong>de</strong>staBiblioteca, <strong>de</strong>senvolvida com o softwareA carga horária total <strong>do</strong> curso será<strong>de</strong> 360 horas, divididas em aulas sobre12 temas, como Auditoria Pública,Controle Interno e Controle Externo,Contabilida<strong>de</strong> Governamental e PráticasGerenciais nas Organizações, entreoutros. O curso será ministra<strong>do</strong> nas<strong>de</strong>pendências <strong>do</strong> TCMRJ.O Projeto também oferecerá ao alunoa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> pesquisa científica, tanto sobreaspectos técnicos como sobre aspectosDSpace, que permitirá a construçãocoletiva, por acesso remoto, <strong>do</strong> acervovirtual especializa<strong>do</strong> no tema ControleExterno.É a Biblioteca trabalhan<strong>do</strong> paraa excelência <strong>do</strong> corpo técnico, ocompartilhamento <strong>de</strong> informaçõese <strong>uma</strong> melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>sservi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> TCMRJ.práticos da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle. Coma elaboração da pesquisa, o servi<strong>do</strong>r <strong>do</strong>TCMRJ acumulará conteú<strong>do</strong> científicoe informações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m prática quepo<strong>de</strong>rão ser utilizadas no cotidiano <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong>.A UERJ ficará encarregada <strong>de</strong>acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>stemas propostos, bem como <strong>do</strong> projetofinal, além <strong>de</strong> fornecer os certifica<strong>do</strong>s<strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso aos alunosaprova<strong>do</strong>s.120 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011120


Súmulas consolidam<strong>de</strong>cisões plenáriasOPlenário <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro aprovou,p o r u n a n i m i d a d e ,em sessão ordinária<strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> maio, o anteprojeto queestabelece cinco súmulas elaboradaspela Comissão <strong>de</strong> Jurisprudência. Otrabalho foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Comissão<strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s coor<strong>de</strong>nada pela Secretáriadas Sessões, Elizabete Maria <strong>de</strong> Souza,composta pelo Procura<strong>do</strong>r José Ricar<strong>do</strong>Parreira <strong>de</strong> Castro, da Procura<strong>do</strong>riaEspecial, Carlos Augusto WerneckCarvalho, Diretor <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>se Projetos, Paula Cisne Cid Zylbert,da Secretaria das Sessões, JaquelineDias <strong>de</strong> Mello, da Secretaria-Geral<strong>de</strong> Controle Externo, e Ro<strong>do</strong>lfo LuizPar<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos, Assessor Chefe daAssessoria <strong>de</strong> Informática. Participou,ainda, o Inspetor-Geral da 5ª IGE, HeronAlexandre Moraes, das reuniões quetrataram <strong>de</strong> assuntos da competênciadaquela IGE.Segun<strong>do</strong> a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra, ospressupostos para a elaboração <strong>de</strong>anteprojeto <strong>de</strong> súmulas são: as teses ouentendimentos <strong>de</strong>vem consubstanciarjurisprudência (<strong>de</strong>cisões uniformese constantes <strong>do</strong>s conselheiros <strong>do</strong>TCMRJ); a legislação que fundamentao assunto <strong>de</strong>ve estar em vigência; <strong>de</strong>vehaver, no mínimo, três prece<strong>de</strong>ntessobre o assunto; são exigi<strong>do</strong>s, tambémno mínimo, votos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is relatoresdistintos; e o conteú<strong>do</strong> das súmulasnão po<strong>de</strong>rá constar <strong>de</strong> dispositivolegal, regimental, ou <strong>de</strong> norma interna<strong>do</strong> TCMRJ. As súmulas, esclareceuElizabete, “são <strong>de</strong>cisões reiteradasproferidas pelo Colegia<strong>do</strong> sobreas matérias tratadas em Plenário;um único prece<strong>de</strong>nte conflitantenão permite que a tese jurídica sejacompendiada em súmula”.Elizabete relatou os <strong>de</strong>safiosenfrenta<strong>do</strong>s até que se chegasseà efetivação da primeira súmula.“Inicialmente, analisei o trabalho <strong>de</strong>vários tribunais <strong>de</strong> contas e, por fim,me baseei no mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> TCU, ten<strong>do</strong><strong>de</strong> fazer, é claro, alg<strong>uma</strong>s adaptaçõespara a realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> TCMRJ. Foram,aproximadamente, seis meses <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>s e pesquisas. Fomos buscar,lá atrás, votos muito antigos, daépoca em que a informática aindanão havia si<strong>do</strong> implementada aquino <strong>Tribunal</strong>. Tivemos <strong>de</strong> recorrer alivros <strong>de</strong> atas e reunir pareceres, atéconsolidarmos a primeira súmula.Hoje, com o sistema <strong>de</strong> organização evisualização <strong>de</strong> processos, implanta<strong>do</strong>pela informática, e o conhecimentoque adquirimos, acredito que estaempreitada fique mais fácil”.Elizabeth Souza, Secretária das SessõesAs cinco súmulas firmadas pelo TCMRJ, publicadas no D.O. <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> maio, queservirão <strong>de</strong> parâmetro para to<strong>do</strong>s os futuros exames <strong>de</strong>ssas matérias, são:• Súmula n.° 001: É inexigível licitação para contratação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>advocacia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os profissionais sejam pré-qualifica<strong>do</strong>s pelo órgãocontratante, comprovan<strong>do</strong> junto ao órgão <strong>de</strong> controle externo, pelomenos, os seguintes requisitos: qualificação técnica e econômica, notóriaespecialização e pré-fixação <strong>de</strong> valores.• Súmula n.° 002: Nos casos em que a contratação por inexigibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>licitação se fundamentar na inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> competição, esta <strong>de</strong>monstradapor Certidão <strong>de</strong> Exclusivida<strong>de</strong>, caberá à jurisdicionada proce<strong>de</strong>r averificações adicionais no referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, promoven<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong>necessário, o certame licitatório, no intuito <strong>de</strong> primar pela transparêncianas contratações.• Súmula n.° 003: Para fins <strong>de</strong> aplicação das Emendas Constitucionais n.°41/03 e 47/05, <strong>de</strong>fine-se carreira como o escalonamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>cargo em classe.• Súmula n.° 004: Após o registro inicial <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>rias e pensões,somente <strong>de</strong>vem ser remeti<strong>do</strong>s ao TCMRJ processos nos quais tenhaocorri<strong>do</strong> mudança <strong>de</strong> fundamento legal <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> concessão ou das parcelasremuneratórias.• Súmula n.° 005: É vedada a inclusão <strong>de</strong> cláusula que preveja taxa <strong>de</strong>administração em convênios firma<strong>do</strong>s pelo Município.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011121


REGISTROTCMRJ apoia combate à corrupçãoNo dia 11 <strong>de</strong> agosto, oPromotor <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong>Santa Catarina, AffonsoGhizzo Neto, lançou, noAuditório Luiz AlbertoBahia, <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, o livro“Corrupção, Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong>Direito e Educação”, pela Lumen JurisEditora.O presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> TCMRJ, conselheiroThiers Montebello, fez a apresentação <strong>do</strong>promotor, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> sua <strong>de</strong>terminaçãoe a implementação, agora em nívelnacional, da campanha “O que você tema ver com a corrupção?”, da qual AffonsoGhizzo Neto é autor e coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r-geralestadual e nacional.Affonso Ghizzo agra<strong>de</strong>ceu o apoio<strong>do</strong> TCMRJ e ao conselheiro SalomãoRibas, que expandiu o projeto através<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Santa Catarina. Ghizzo fez, ainda, <strong>uma</strong>associação <strong>do</strong> fim da corrupção como término da fome, no Brasil; “sim,tem jeito e tem esperança”,afirmou.Além <strong>de</strong> promotor <strong>de</strong>Justiça em Joinville, SantaCatarina ,e i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>r dacampanha “O que você tema ver com a corrupção?”,Affonso Ghizzo Neto foivence<strong>do</strong>r <strong>do</strong> II PrêmioInnovare – O Judiciário <strong>do</strong>Século XXI e <strong>do</strong> PrêmioUNODC 2008, <strong>do</strong> Escritóriodas Nações Unidas sobreDrogas e Crimes – Brasile Cone Sul ONU. Recebeutambém a Medalha <strong>do</strong> Mérito<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>de</strong> SantaCatarina, a Comenda Medalha <strong>de</strong> Mérito<strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong> Espírito Santoe a Comenda <strong>do</strong> Legislativo <strong>de</strong> SantaCatarina.O promotor é autor das obras “CartilhaLegal”, “Improbida<strong>de</strong> administrativa e Lei<strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal – conexões”e “A nova lei eleitoral – anotações àNovida<strong>de</strong>s no PortalLei n. 9504, <strong>de</strong> 30.9.1997”. É membrofunda<strong>do</strong>rda Associação Brasileira <strong>de</strong>Magistra<strong>do</strong>s, Procura<strong>do</strong>res e PromotoresEleitorais - ABMPE. Mestre em Filosofia<strong>do</strong> Direito pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Santa Catarina - UFSC, Affonso GhizzoNeto atualmente é também professor daEscola <strong>do</strong> Ministério Público.Entrou no ar, em 4 <strong>de</strong> abril, a nova versão <strong>do</strong>Portal Nacional <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> (www.controlepublico.org.br). Na nova versão, as notícias<strong>do</strong>s tribunais <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> Brasil estão reunidasno mesmo site, que conecta em re<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>8.600 servi<strong>do</strong>res, que trocam informações e <strong>do</strong>cumentos, além<strong>de</strong> prover acesso aos principais eventos e ativida<strong>de</strong>s ligadasao controle externo. Mais mo<strong>de</strong>rno e dinâmico, e com novasferramentas, o Portal reforça a integração entre os tribunais<strong>de</strong> contas e <strong>de</strong>stes, com a socieda<strong>de</strong>, divulgan<strong>do</strong> as ações dasCortes e como o cidadão po<strong>de</strong> ajudar a fiscalizar a aplicação<strong>do</strong> dinheiro público. Além das notícias das próprias cortes, sãopublica<strong>do</strong>s assuntos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> seus membros, servi<strong>do</strong>res,e da própria comunida<strong>de</strong>, como ações, <strong>de</strong>cisões e boas práticas;<strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> divulgar o papel <strong>do</strong>s tribunais, aproximan<strong>do</strong>-osda socieda<strong>de</strong>.Na nova versão, as matérias recebem mais <strong>de</strong>staque na página e aparecem tanto na versão “sli<strong>de</strong>” quanto na forma tradicional,na opção “veja também”. Além disso, o site permite a postagem <strong>de</strong> áudio, em alg<strong>uma</strong>s reportagens, e o internauta po<strong>de</strong> se cadastrarpara receber a newsletter <strong>do</strong> Portal.O Portal surgiu com a implantação <strong>do</strong> PROMOEX - Programa <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Controle Externo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s,Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Municípios Brasileiros. O PROMOEX tem por objetivo geral fortalecer o sistema <strong>de</strong> controle externo comoinstrumento <strong>de</strong> cidadania, incluin<strong>do</strong> o aperfeiçoamento das relações intergovernamentais e interinstitucionais, com vistas,inclusive, ao controle <strong>do</strong> cumprimento da Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal (LC nº101/2000).122 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011122


Visitas ao TCMRJJunho.2011Dia 13 - Sérgio Aranha, Chefe <strong>de</strong> Gabinete da Presidência <strong>do</strong> TCMRJ, e Thiers Montebello, com os representantesda Extelia Invest S.A., da Espanha, Pablo Mencía Cuerva, Alfonso Sousa Vasquez, Pablo Mencía Comesanã eDavid Cima<strong>de</strong>vila Cea.Dia 14 - Carlos Antonio da SilvaNavega, ex-Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> Justiça<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e Bruno Silva Navega,Procura<strong>do</strong>r-Geral <strong>de</strong> NiteróiDia 16 - José Renato Torres Nascimento, Assessor <strong>de</strong> Segurança Institucional <strong>do</strong> TCMRJ, Marco Antonio Scovino,Secretário-Geral <strong>de</strong> Controle Externo, Sergio Ta<strong>de</strong>u Sampaio Lopes, Assessor Especial da Presidência, PromotorDavi Faria, Capitão <strong>de</strong> Mar e Guerra, Barreto Rodrigues, David Anthony, Correge<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Detran, Marcelo Viana,Assessor <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Planejamento, Thiers Montebello, Desembarga<strong>do</strong>r Esteves Torres, Capitão <strong>de</strong> Mar eGuerra, Paulo César Busoli, Procura<strong>do</strong>r Fe<strong>de</strong>ral Marcelo Aquino, Capitão <strong>de</strong> Mar e Guerra Campos, Coronel daPolicia Militar Carlos Milan e o Chefe <strong>de</strong> Gabinete <strong>do</strong> TCMRJ, Sérgio AranhaRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011123


Dia 27 - Ministro Arol<strong>do</strong>Cedraz, <strong>do</strong> TCUJulho.2011Foto: Sergio Ta<strong>de</strong>u Sampaio LopesDia 7 – Conselheiro ManoelBezerra Veras, Presi<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>sMunicípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> CearáDia 8 - Conselheiro Nestor Rocha, <strong>do</strong> TCMRJ, Ari Bergher, Jackson Vianna, Sergio Coelho, Desembarga<strong>do</strong>rManoel Alberto Rebelo <strong>do</strong>s Santos, Thiers Montebello, Delega<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral Paulo Lacerda, Ministro Luis FelipeSalomão, Valmar Paes, Ministra Ellen Gracie, Ministro Benedito Gonçalves, Sena<strong>do</strong>r Bernar<strong>do</strong> Cabral e <strong>do</strong>Desembarga<strong>do</strong>r Sérgio Feltrin124 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Dia 28 - Conselheiros Thiers Montebello e José <strong>de</strong> Moraes, os Delega<strong>do</strong>s Fe<strong>de</strong>rais da ADPFRJ, Eziel Ferreira Santos,Waldir S. Zacarias, Giovani Azeve<strong>do</strong>, Sergio Weekes Brandão, Matheus Casa<strong>do</strong> Martins e Antonio RayolAgosto.2011Dia 4 - Georgette Vi<strong>do</strong>r,Secretária Municipal daPessoa com DeficiênciaFoto: Bráulio FerrazDia 9 – Deputa<strong>do</strong> EstadualZaqueu TeixeiraRevista TCMRJ n. 48 - setembro 2011125


Dia 17 - Hugo Pain eLeleco Barbosa comThiers MontebelloDia 25 – Vice-presi<strong>de</strong>nte da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques e assessoresFoto: Bráulio FerrazDia 26 – Javier B. Fernan<strong>de</strong>z e senhora, Lucia LopesTomé e Manolo Rieiro Romar, com Thiers MontebelloDia 29 – Thiers Montebello com o Conselheiro SergioCabral, Lucia Lopes Tomé e Manolo R. Romar126 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


Secretaria Geral <strong>de</strong> Controle ExternoFiscalização rigorosa em benefício <strong>do</strong> cidadãoSobretu<strong>do</strong> com a realização daCopa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s JogosOlímpicos no Rio <strong>de</strong> Janeiro, aSecretaria <strong>de</strong> Controle Externotem assumi<strong>do</strong> o compromisso<strong>de</strong> fiscalizar obras e licitações em volumenunca antes aprecia<strong>do</strong>. “Nós temos<strong>de</strong> estar prepara<strong>do</strong>s para dar conta.Nossa agenda perseguirá a agenda <strong>do</strong>Município até 2016. E o <strong>Tribunal</strong> estásen<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, acata<strong>do</strong> e respeita<strong>do</strong> emtodas as áreas. Esta Administração temsi<strong>do</strong> bastante criteriosa”, afirmou MarcoAntonio Scovino, Secretário-Geral <strong>de</strong>Controle Externo.A Secretaria Geral <strong>de</strong> Controle Externoanalisa cerca <strong>de</strong> 13 mil processos porano e coor<strong>de</strong>na centenas <strong>de</strong> inspeçõese auditorias, realizadas por seteInspetorias-Gerais e pela Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria<strong>de</strong> Auditoria e Desenvolvimento - CAD.“To<strong>do</strong>s os processos relativos ao controleexterno são examina<strong>do</strong>s; a SecretariaGeral funciona como filtro, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>tentar uniformizar o entendimento dasinspetorias, para que não haja <strong>de</strong>cisõesdiferentes ou conflitantes”, observou.Não raro, segun<strong>do</strong> Scovino, a Secretariatambém presta consulta: “Sempre quesurge alg<strong>uma</strong> dúvida, vêm em busca <strong>de</strong>ajuda. Se nós indicamos alg<strong>uma</strong> alteração,alteram; já perceberam que estamos nomesmo time. E isso é bom, porque se evitaque nós tenhamos <strong>de</strong> penalizar alguém:antes da execução <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>projeto, corrige-se o planejamento, paraque a execução possa prosperar”.Outra atribuição da Secretaria temsi<strong>do</strong> coor<strong>de</strong>nar ações <strong>de</strong> controle externoem atendimento às exigências e metas <strong>do</strong>Promoex – Programa <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização<strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. Scovinoacumula a função <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r-geral<strong>do</strong> grupo que representa o TCMRJ, frenteao Programa, e também participa <strong>do</strong>grupo técnico <strong>de</strong> Brasília, para fomentara troca <strong>de</strong> experiências entre órgãos <strong>de</strong>diferentes esferas e regiões.Gradua<strong>do</strong> em Economia, MarcoMarlucia <strong>de</strong> Paiva Menezes, Marcus Guerreiro <strong>de</strong> Souza Ventura, Marco AntonioScovino, Wal<strong>de</strong>ck Pereira <strong>de</strong> Brito, Jaqueline Dias <strong>de</strong> Mello, Fabio Furta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>,Cláudia Regina Sarmento Alves, Márcio Sérgio Fernan<strong>de</strong>s, Maria Helena Bacha, Alfre<strong>do</strong>Lobo Borges, Marcelo Marinho <strong>de</strong> Araújo e João Gomes da Silva FilhoAntonio Scovino ingressou no TCMRJ em1981, para elaborar o orçamento da Casa.Depois <strong>de</strong> ocupar os cargos <strong>de</strong> AssessorEspecial e Diretor <strong>do</strong> Controle Externo,Scovino assumiu a Secretaria que,atualmente, conta com 11 servi<strong>do</strong>res,<strong>de</strong> diferentes formações. “O grupo épequeno, mas <strong>de</strong> nível excelente. Agora,com as obras que estão sen<strong>do</strong> feitaspor toda a Cida<strong>de</strong>, tu<strong>do</strong> é ‘pra ontem’.Chegam editais <strong>de</strong> bilhões <strong>de</strong> reais, comofoi o caso da Transcarioca. To<strong>do</strong>s compressa; e nós, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong> ‘tourear’ paradizer e acompanhar tu<strong>do</strong> que teve <strong>de</strong> sermodifica<strong>do</strong>”, contou.Segun<strong>do</strong> Scovino, a Secretariatambém se encarrega <strong>de</strong> entrevistar elotar os servi<strong>do</strong>res recém-chega<strong>do</strong>s aoTCMRJ, conforme os perfis e preferênciasprofissionais <strong>de</strong> cada novo servi<strong>do</strong>r.Por i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> Secretário-Geral, os55 servi<strong>do</strong>res aprova<strong>do</strong>s no últimoconcurso foram recebi<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong>sos diretores da Casa, em cerimônia <strong>de</strong>“boas-vindas” iniciada com discurso <strong>do</strong>presi<strong>de</strong>nte Thiers Montebello. “Eu fizesse exercício em casa: como eu gostaria<strong>de</strong> ser recebi<strong>do</strong> no meu novo local <strong>de</strong>trabalho”, lembrou.Durante 14 dias <strong>de</strong> exposição, osdiretores da Casa apresentaram ascompetências e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada setor<strong>do</strong> Órgão. Ao final, foram distribuí<strong>do</strong>squestionários para que os novosservi<strong>do</strong>res apontassem os setores emque gostariam <strong>de</strong> ser lota<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong>Scovino, i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>r também <strong>de</strong>steprograma, 96% <strong>do</strong>s recém-chega<strong>do</strong>sconseguiram ser <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à área <strong>de</strong>primeira escolha.“E, quan<strong>do</strong> se trabalha feliz, tu<strong>do</strong>dá certo! Sou apaixona<strong>do</strong> pelo que faço.Acor<strong>do</strong> to<strong>do</strong> dia pensan<strong>do</strong> no que possofazer para melhorar a Secretaria e aatuação <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong>”, confessou.Servi<strong>do</strong>res lota<strong>do</strong>s na SecretariaGeral <strong>de</strong> Controle Externo:Alfre<strong>do</strong> Lobo BorgesCláudia Regina Sarmento AlvesFabio Furta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>Jaqueline Dias <strong>de</strong> MelloJoão Gomes da Silva FilhoMarcelo Marinho <strong>de</strong> AraujoMárcio Sérgio Fernan<strong>de</strong>sMarcus Guerreiro <strong>de</strong> Souza VenturaMaria Helena BachaMarlucia <strong>de</strong> Paiva MenezesWal<strong>de</strong>ck Pereira <strong>de</strong> BritoPOR DENTRO DO TCMRJ


LIVROSADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Usan<strong>do</strong> osinstrumentos HP – 12C e ExcelAobra que ora se apresenta,“ A d m i n i s t r a ç ã oFinanceira – Usan<strong>do</strong> osinstrumentos HP – 12Ce Excel” foi elaboradaem conjunto por Rogério Gomes <strong>de</strong>Faria, engenheiro pós-gradua<strong>do</strong> emEngenharia Econômica e Mestre emEconomia Empresarial, e por RobertaM o n tello A m a ra l , g ra d u a d a e mEconomia e Estatística, pós-graduadaem Finanças e Controle Externo,Mestre em Economia Empresarial eEngenharia <strong>de</strong> Produção e Doutoraem Engenharia <strong>de</strong> Produção.O tema da obra visa à qualificação<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r individual e <strong>do</strong>s gestoresfinanceiros para o processo <strong>de</strong> tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quanto a investimentos efinanciamentos, visan<strong>do</strong> a obter osmelhores resulta<strong>do</strong>s possíveis. Sen<strong>do</strong>assim, o tema escolhi<strong>do</strong> pelos autoresnão po<strong>de</strong>ria ser mais oportuno,Autores: Rogério Gomes <strong>de</strong> Fariae Roberta Montello AmaralEditora Nova Razão Culturalnessa época <strong>de</strong> crises econômicase financeiras que assombram aeconomia mundial e brasileira.A árdua tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>linear osinstrumentos <strong>de</strong> tal análise estáespalhada ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o textod a o b ra . D ive r s o s m é t o d o s d eanálise <strong>de</strong> investimentos, tais comoVPL (Valor Presente Líqui<strong>do</strong>), TIR(Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno), paracitar os mais conheci<strong>do</strong>s, e outros,mais sofistica<strong>do</strong>s, como anuida<strong>de</strong>equivalente, Índice Custo-Benefício,Custo Periódico Equivalente e o PayBack, também são exaustivamente<strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s no livro.No <strong>de</strong>correr da leitura, a <strong>de</strong>dução<strong>de</strong> fórmulas e funções é feita <strong>de</strong> formaclara e objetiva, facilitan<strong>do</strong> a suacompreensão. Some-se a isso o fato<strong>de</strong> que, n<strong>uma</strong> salutar e pragmática<strong>de</strong>cisão <strong>do</strong>s autores, to<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong>e os cálculos apresenta<strong>do</strong>s na obraJairo Saldanha RimesAssessor da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>Auditoria e Desenvolvimento/SCEsão acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> explicaçõespasso a passo, <strong>de</strong> forma minuciosa,<strong>de</strong> como <strong>de</strong>vem ser elabora<strong>do</strong>s,tanto na calcula<strong>do</strong>ra HP 12C, a maisusual no merca<strong>do</strong> financeiro, comona planilha eletrônica MS Excel,aplicativo amplamente difundi<strong>do</strong> nosmicrocomputa<strong>do</strong>res pessoais.D e v e - s e a i n d a r e s s a l t a r aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exemplos e exercíciosresolvi<strong>do</strong>s na obra, fruto certamenteda experiência <strong>do</strong>s autores com o tema,não somente na sua vida acadêmicamas, também, profissional.Em s<strong>uma</strong>, <strong>uma</strong> obra que à primeiravista po<strong>de</strong> ser afeta apenas àquelesinsertos no merca<strong>do</strong> financeiro, masque, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua clareza e didática,po<strong>de</strong>rá ser utilizada por estudantes,professores e por to<strong>do</strong>s aqueles que<strong>de</strong>sejarem compreen<strong>de</strong>r a dinâmica<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> escolha da melhoropção <strong>de</strong> investimento.ANTONIO EVARISTO DE MORAES FILHOpor seus amigosEditora RenovarSara Jane Leite <strong>de</strong> FariasAssessora da AssessoriaJurídica <strong>do</strong> TCMRJAo b r a q u e o r a s eapresenta consiste em<strong>uma</strong> homenagem ao Dr.Antonio Evaristo <strong>de</strong>Moraes Filho, eminentecriminalista e professor <strong>de</strong> DireitoPenal da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, faleci<strong>do</strong> em 28 <strong>de</strong> março<strong>de</strong> 1997, às vésperas <strong>de</strong> completar 64anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Trata-se <strong>de</strong> um tributo ao ilustremestre sob a forma <strong>de</strong> <strong>uma</strong> obracoletiva. Nela estão conti<strong>do</strong>s textos – epor que não dizer “afáveis e sau<strong>do</strong>sas<strong>de</strong>clarações” – <strong>de</strong> também ilustrespersonalida<strong>de</strong>s 1 que tiveram o privilégio<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar da presença e amiza<strong>de</strong> <strong>do</strong>homenagea<strong>do</strong>.Possui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um admirávelCurriculum Vitae, inserto resumidamentena obra em comento, <strong>de</strong>staque-se suaparticipação, durante o regime militar,na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> processa<strong>do</strong>sp o l í t i c o s , c o m o t a m b é m s u aparticipação, em sucessivos anos, <strong>de</strong>poisda re<strong>de</strong>mocratização, <strong>de</strong> Comissõeselabora<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s anteprojetos <strong>de</strong> leireferentes às matérias relacionadasao abuso <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r econômico, <strong>de</strong>fesa<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direito128 128 setembro 2011 -- n. n. 48 48 Revista Revista TCMRJ TCMRJ


(em substituição à Lei <strong>de</strong> SegurançaNacional), <strong>de</strong>ntre outras.“Evaristinho”, como o chamavamos amigos mais íntimos, é retrata<strong>do</strong>pelos coautores como um brilhante eaguerri<strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>, como tambémum incansável <strong>de</strong>fensor <strong>do</strong>s oprimi<strong>do</strong>s.É <strong>de</strong>le a frase reproduzida pelo Dr.Marcello Cerqueira: “Triste o Esta<strong>do</strong> emque os advoga<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser heróis paraexecutar seu labor!” 2Dr. Evaristo, apaixona<strong>do</strong> torce<strong>do</strong>r<strong>do</strong> Fluminense Football Club, assimcomo seu sobrinho, o nobre conselheiro<strong>de</strong>sta Corte <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, Dr. AntonioCarlos Flores <strong>de</strong> Moraes, teve seu amorrelata<strong>do</strong> pelo ilustre Dr. Francisco Horta,ex-presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Fluminense: “Ele nunca<strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> frequentar o Fluminense, nemque fosse para colocar a ‘conversa em dia’(...). Frases <strong>do</strong> tipo ‘eu te amo, Fluminense,eu te amo’ eram comuns. E só falávamos<strong>do</strong> tricolor, nada <strong>de</strong> tribunal, <strong>de</strong>sportivoou não, nada <strong>de</strong> lei. Só interessava,naqueles momentos, falar <strong>do</strong> gloriosopó-<strong>de</strong>-arroz.”Complexa, <strong>de</strong>certo, é a escolhada melhor passagem que retratassea pessoa <strong>do</strong> Dr. Evaristo. Por to<strong>do</strong>s,peço vênia para reproduzir as palavrasintrodutórias <strong>do</strong> texto produzi<strong>do</strong>pelo <strong>do</strong> Dr. Arthur Lavigne, intitula<strong>do</strong>“A Última Parceria com Evaristo <strong>de</strong>Moraes”: “A personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Evaristosempre me intrigou. Afinal <strong>de</strong> contas porque exercia tanta influência na vonta<strong>de</strong>e no entendimento <strong>do</strong> outro? Certo quese tratava <strong>de</strong> pessoa boa, dócil, amávele que a to<strong>do</strong>s cativava. Também ainteligência e clareza <strong>de</strong> raciocínio erampatentes e ele as utilizava com absolutamaestria. Tinha nítida consciência<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r eadaptar-se facilmente.”Enfim, em to<strong>do</strong>s os textos queintegram a obra, restou <strong>uma</strong> certeza: asauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus amigos e a perenida<strong>de</strong><strong>de</strong> seus ensinamentos.1.Prefácio: Evandro Lins e Silva. Apresentação: Luís Guilherme Vieira e Ricar<strong>do</strong> Pereira Lira. Mensagem <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da República, Fernan<strong>do</strong> Henrique Car<strong>do</strong>so.Colabora<strong>do</strong>res: Antonio Carlos Barandier, Antonio Celso Alves Pereira, Arnal<strong>do</strong> Malheiros Filho, Artur Lavigne, Augusto Thompson, Carlos Eugênio Lopes,Eduar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Moraes, Elio Gaspari, Evandro Carneiro, Evaristo <strong>de</strong> Moraes Filho, Francisco Horta, George Tavares, Hans Henningsen, Helio Fernan<strong>de</strong>s, HélioSaboya, Hugo Ibeas, José Muiños Piñero, José Serra, Luís Guilherme Vieira, Luis Carlos Miele, Luís Inácio Lula da Silva, Marcello Allencar, Marcello Cerqueira,Marcio Thomaz Bastos, Nélio Roberto Seidl Macha<strong>do</strong>, Reginal<strong>do</strong> Oscar <strong>de</strong> Castro, René Ariel Dotti, Ricar<strong>do</strong> Pereira Lira, Roberto Amaral/Jamil Haddad, SergioBermu<strong>de</strong>s, Técio Lins e Silva e Valedy Perry.2.Destaque-se ainda a frase relatada pelo Dr. Luís Guilherme Vieira, segun<strong>do</strong> o qual <strong>uma</strong> das gran<strong>de</strong>s mágoas <strong>do</strong> Dr. Antonio Evaristo <strong>de</strong> Moraes Filhoera a <strong>de</strong> nunca ter consegui<strong>do</strong> retirar o nome <strong>de</strong> seu pai, Evaristo <strong>de</strong> Moraes, <strong>do</strong> presídio localiza<strong>do</strong> na Quinta da Boa Vista, a ex-residência <strong>de</strong> nossoimpera<strong>do</strong>r, cognomina<strong>do</strong> Galpão da Quinta. Dizia o Dr. Evaristo que “ca<strong>de</strong>ia não po<strong>de</strong> levar nome <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>, <strong>uma</strong> vez que este tem por missão sacrossanta<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a liberda<strong>de</strong> <strong>do</strong> homem, evitan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> todas as maneiras, que o recolham às pare<strong>de</strong>s frias <strong>do</strong> cárcere, símbolo maior da incompetênciah<strong>uma</strong>na (p. 222).Licitação eletrônicaAutor: Gustavo Rodrigues AmorimEditora AnhangueraMaria Goreti Fernan<strong>de</strong>s MoçaDiretora da Divisão <strong>de</strong> Bibliotecae DocumentaçãoEs t e t r a b a l h o t r a t a d odireito aplicável ao uso <strong>de</strong>tecnologias da informaçãon o s p r o c e d i m e n t o slicitatórios, entre eles, o pregãoeletrônico. É a versão em portuguêsda tese <strong>de</strong>fendida na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Salamanca “O uso <strong>de</strong> ferramentasda informação e comunicação nosprocedimentos <strong>de</strong> adjudicação <strong>de</strong>contratos públicos”, sob orientação<strong>do</strong>s professores <strong>do</strong>utores MarcosFernan<strong>do</strong> Pablo e Ricar<strong>do</strong> Ortega.As bases da tese são a crescenteutilização <strong>de</strong> tecnologias da informaçãonos procedimentos administrativos,especificamente na contratação pública.O tema é o reflexo <strong>de</strong>ssa utilizaçãono Direito, especialmente no DireitoAdministrativo e Direito <strong>do</strong>s ContratosPúblicos. Aborda, além <strong>de</strong> outros,os seguintes tópicos: AdministraçãoEletrônica e Direito Administrativo.Privacida<strong>de</strong>: Proteção <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s Pessoais.Participação Cidadã. ProcedimentoAdministrativo Eletrônico na Espanha.Assinatura Eletrônica e AdministraçãoPública. Eficácia Probatória <strong>do</strong><strong>do</strong>cumento eletrônico assina<strong>do</strong>. Oregime jurídico da contratação públicaeletrônica nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s daAmérica: a regra básica e regulação<strong>do</strong> leilão eletrônico. Novas tecnologiasnos contratos públicos: Brasil. O pregãocomum e eletrônico como parte daLei <strong>de</strong> Licitações. Os atos pratica<strong>do</strong>satravés da internet e sua a<strong>de</strong>quaçãoaos princípios da contratação pública.O controle <strong>do</strong>s atos pratica<strong>do</strong>s nopregão eletrônico. A jurisprudência <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União. Sistema<strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Preços através <strong>do</strong>pregão eletrônico. Cotação Eletrônicae <strong>de</strong> contração direta sem licitação.Ferramentas eletrônicas auxiliares dacontratação pública. O projeto <strong>de</strong> Leisobre Gestão Eletrônica <strong>de</strong> Contratosda Administração Pública.Revista Revista TCMRJ TCMRJ n. 48 n. - setembro 48 - setembro 2011 2011129


CARTASAgra<strong>de</strong>ço a gentileza, mais <strong>uma</strong> vez, <strong>do</strong> envio da RevistaTCMRJ, que em muito tem contribuí<strong>do</strong> para melhoria <strong>do</strong>conhecimento em questões profissionais, funcionais, políticas,culturais, <strong>de</strong>ntre outras. Espero continuar a receber taldistinção.Teresa Cristina CosentinoPresi<strong>de</strong>nte da Fundação para Infância e A<strong>do</strong>lescênciaA Associação Nacional <strong>do</strong> MinistérioPúblico <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> – AMPCON, entida<strong>de</strong>representativa <strong>do</strong>s Procura<strong>do</strong>res<strong>de</strong> <strong>Contas</strong> que atuam perante to<strong>do</strong>sos Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil,congratula e manifesta seu apoiopúblico ao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, emespecial ao Conselheiro-Presi<strong>de</strong>nte,Thiers Montebello, pelo editorialconstante na edição nº 47, <strong>do</strong> mês <strong>de</strong>maio/2011, da Revista TCMRJ.O fo r t a l e c i m e n to d o m o d e l oconstitucional <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong><strong>Contas</strong>, com a presença <strong>de</strong> membrosoriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s quadros <strong>de</strong> auditores eprocura<strong>do</strong>res, além <strong>de</strong> instrumentoa serviço da cidadania, como bemlembrou o <strong>de</strong> Conselheiro, é <strong>uma</strong>garantia constitucional imprescindívelao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Direito.A c o n t í n u a b u s c a p e l oaprimoramento da instituição <strong>Tribunal</strong><strong>de</strong> <strong>Contas</strong> e da carreira <strong>do</strong> MinistérioPúblico <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> constitui <strong>uma</strong>das metas mais caras perseguidaspela AMPCON. Com esse foco, estaAssociação enaltece medidas e açõesque visam garantir o respeito ao Esta<strong>do</strong>Democrático <strong>de</strong> Direito e à observânciaao balizamento constitucional.Evelyn Freire <strong>de</strong> CarvalhoLangaro ParejaPresi<strong>de</strong>nte da AMPCONCom seu amável cartão, <strong>de</strong> 04 <strong>do</strong>corrente, tive a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber emmeu escritório a Revista TCMRJ, editadaem maio pp., conten<strong>do</strong> às páginas 90e 91 a entrevista que concedi à suaequipe, retratan<strong>do</strong> com fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> asminhas <strong>de</strong>clarações às questões queme foram postuladas.Meu caro Presi<strong>de</strong>nte, se alguémtem o que agra<strong>de</strong>cer sou eu, pela suaatenção e <strong>de</strong>ferência à minha pessoa.João HavelangePresi<strong>de</strong>nte da FIFACumprimentan<strong>do</strong>-o cordialmente,acuso recebimento da Revista TCMRJnº 47, Maio 2011, Ano XXVIII.Aproveito a oportunida<strong>de</strong> paraparabenizá-lo pelo artigo que discorresobre a <strong>necessida<strong>de</strong></strong> <strong>do</strong> SistemaTr i b u n a i s d e C o n t a s , re l a t ivo à<strong>necessida<strong>de</strong></strong> premente <strong>de</strong> obediênciaaos mandamentos relativos ao mo<strong>de</strong>lonormativo, instituí<strong>do</strong>s na Lei Maior.Edson SilvaDeputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral PSB/CEAgra<strong>de</strong>ço pelo envio da RevistaTCMRJ. Gostaria <strong>de</strong> parabenizar pelaalta qualida<strong>de</strong> das matérias veiculadascomo, por exemplo, “Cidadania eDireitos H<strong>uma</strong>nos”, pelo professorDalmo Dallari.O texto nos faz refletir e pensarsobre aspectos importantes da nossasocieda<strong>de</strong> e país. Quem <strong>de</strong>ra todas asrevistas no Brasil tivessem a qualida<strong>de</strong>da revista <strong>do</strong> TCMRJ.Jones A. B. SoaresGerente <strong>de</strong> Transportes Marítimo – 2TRANSPETRO / DTM / TM / OP/GETRAM2Acuso o recebimento <strong>do</strong> bemelabora<strong>do</strong> exemplar da Revista <strong>do</strong><strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> Janeiro, tradicional revista, comtemas importantes da gestão pública.Comunico a Vossa Excelência queencaminhei o exemplar para fazer parte<strong>do</strong> acervo da Biblioteca da Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong>sta Casa Legislativa.Verea<strong>do</strong>r Jorge FelippePresi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal <strong>do</strong>Rio <strong>de</strong> JaneiroPelo presente, acuso o recebimentoda Revista nº 47 <strong>do</strong> TCMRJ, que tem comomissão exercer o controle externo dagestão <strong>do</strong>s recursos públicos, a serviçoda socieda<strong>de</strong> carioca. Informamos130 setembro 2011 - n. 48 Revista TCMRJ


ainda que esta associação se senteextremamente gratificada em recebero exemplar consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a relevância<strong>do</strong>s temas em <strong>de</strong>bate.Marcello Souza QueirozPresi<strong>de</strong>nte da Associação EspíritoSantense <strong>do</strong> Ministério PúblicoCom meus cumprimentos, agra<strong>de</strong>çoo envio da Revista TCMRJ – <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong><strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio e Janeiro –nº 47 – Maio – Ano XXVIII.Parabenizo o Excelentíssimo SenhorPresi<strong>de</strong>nte e toda sua equipe envolvidanesta publicação pela excelência <strong>do</strong>trabalho realiza<strong>do</strong>.Wan<strong>de</strong>rley ÁvilaConselheiro <strong>do</strong> TCE / MGAcuso e agra<strong>de</strong>ço o envio da revista<strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, nº 47, maio 2011,ano XXVIII.Os Tribunais, como órgão auxiliar<strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, suas funçõessão hauridas diretamente <strong>do</strong> TextoConstitucional como manifesta oeditorial <strong>de</strong> Vossa Excelência. Esperoque sua preocupação quanto aomo<strong>de</strong>lo normativo das Instituiçõesganhe acentuada importância noc e n á r i o n a c i o n a l fa z e n d o va l e ros direitos <strong>do</strong> cidadão, mais queisso, fazer os anseios sociais dacoletivida<strong>de</strong>.Francisco JúniorDeputada Estadual - AssembléiaLegislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> GoiásVa l e m o - n o s d o e n s e j o p a r acumprimentar ao Ilustre amigo e, aomesmo tempo, acusar o recebimentoda Revista TCMRJ, nº 47 – maio/2011,às instituições que presidimos, peloque muito agra<strong>de</strong>cemos.A cada exemplar essa Revista sesupera em primorosa apresentaçãográfica e excelente conteú<strong>do</strong>, sempre<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse em razão <strong>do</strong>sassuntos diversifica<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>atualida<strong>de</strong>, pelo que expressamosas nossas felicitações, extensivas àDiretoria <strong>de</strong> Publicações.Elizabeth Santos CupelloPresi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>miaValenciana <strong>de</strong> Letras – AVLMario Pellegrini CupelloPresi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Instituto CulturalViscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio PretoAgra<strong>de</strong>ço o envio da publicação“TCMRJ – <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong>Município <strong>do</strong> Ro <strong>de</strong> Janeiro”, nº 47 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2011, que explana, <strong>de</strong>ntreoutros, os temas “Cidadania: o direito<strong>de</strong> ter direitos” e “Novos rumos parao Rio”.Lázaro BotelhoDeputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral - PP/TOTem o presente a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>acusar o recebimento e agra<strong>de</strong>cer oexemplar da Revista TCMRJ – nº 47– maio/ 2011.Cumprimento Vossa Excelênciae equipe pela iniciativa e excelentetrabalho apresenta<strong>do</strong>, o que constituiimportante fonte <strong>de</strong> consulta eaprimoramento na fiscalização dagestão da coisa pública. Informo,ainda que a edição foi encaminhada ànossa Biblioteca para conhecimentodivulgação.Antonio Carlos CarusoConselheiro <strong>do</strong> TCM/SPA c u s a m o s e a g ra d e c e m o s oenvio <strong>do</strong> exemplar <strong>do</strong> seguinte título“REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTASDO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO”, afim <strong>de</strong> compor o acervo da biblioteca <strong>do</strong>IAB, enriquecen<strong>do</strong>-a sobremaneira.Outrossim, informamos que asupracitada obra estará, por 30 dias, apartir <strong>do</strong> mês subsequente da <strong>do</strong>ação,na página inicial <strong>do</strong> Instituto.J. Campello <strong>de</strong> Oliveira Jr.Diretor da Biblioteca <strong>do</strong> Instituto<strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil – IABEm nome <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os integrantes<strong>do</strong> Colégio Militar <strong>de</strong> Fortaleza –Casa <strong>de</strong> Eu<strong>do</strong>ro Corrêa – agra<strong>de</strong>çoao distinto companheiro o envio daRevista TCMRJ.Aproveito a oportunida<strong>de</strong> paraparabenizá-lo pela excelência <strong>do</strong>trabalho realiza<strong>do</strong>.Luciano José Penna – Cel. QmbComandante e Diretor <strong>de</strong> Ensino<strong>do</strong> Colégio Militar <strong>de</strong> Fortaleza - CMFMais <strong>uma</strong> vez manifesto-lhe osmeus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos pelaremessa da magnífica Revista TCMRJque o senhor, com tanta dignida<strong>de</strong> eoperosida<strong>de</strong>, presi<strong>de</strong>.Como sempre, a revista abordaimportantes temas da atualida<strong>de</strong> enesta, em particular, muito apreciei oartigo sobre novos rumos para o Rio.Auguro-lhe contínuos sucessos nasua gestão.Gen Ex Luiz Gonzaga Schroe<strong>de</strong>rLessaObriga<strong>do</strong> por enviar-me a publicaçãosobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> TCMRJ. Interessanosmuito estar ao dia sobre o queacontece em vossa preciosa cida<strong>de</strong>, àque espero voltar ce<strong>do</strong>.Rafael SimónGainza Partners, S. L.Revista TCMRJ n. 48 - setembro 2011131


EXPEDIENTER E V I S T A<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroAno XXVIII– Nº 48– Setembro <strong>de</strong> 2011 - ISSN 2176-7181Rua Santa Luzia , 732/sobreloja - Centro - Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJCEP 20.030-042Tel: (0XX21) 3824.3690 - Fax: (0XX21) 2262.7940Internet: www.tcm.rj.gov.brE-mail: tcmrj_publicacao@rio.rj.gov.brPedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong>sta Revista pelo telefone 3824-3690Diretoria <strong>de</strong> PublicaçõesEditora: Vera Mary PassosRedatores: Denise Cook, José Luciano <strong>do</strong>s Santos Clemente e VeraMary PassosRevisora: Denise CookEquipe: Andréa Mace<strong>do</strong>, Carla Rosana Ditadi, Denise Losso, MeriSilva e Rose Pereira <strong>de</strong> OliveiraIlustrações: Tatiana MartinsFotografia: Ivan Gorito MaurityProjeto gráfico/Edição <strong>de</strong> arte: Carlos DImpressão: Duo Print - Tiragem: 5.500 exemplaresCapa: Teleférico <strong>do</strong> Complexo <strong>do</strong> AlemãoOs artigos assina<strong>do</strong>s são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus autores.TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIROPresi<strong>de</strong>nte: Thiers Vianna MontebelloVice-Presi<strong>de</strong>nte: José <strong>de</strong> Moraes Correia NetoCorrege<strong>do</strong>r: Jair Lins NettoGabinetes:GCS-1 - Jair Lins NettoGCS-2 - Fernan<strong>do</strong> Bueno GuimarãesGCS-3 - Antonio Carlos Flores <strong>de</strong> MoraesGCS-4 - Thiers Vianna MontebelloGCS-5 - Nestor Guimarães Martins da RochaGCS-6 - José <strong>de</strong> Moraes Correia NetoGCS-7 - Ivan MoreiraProcura<strong>do</strong>ria Especial:Procura<strong>do</strong>r-Chefe: Carlos Henrique Amorim CostaProcura<strong>do</strong>res: Antonio Augusto Teixeira Neto, Armandina<strong>do</strong>s Anjos Carvalho, Edilza da Silva Camargo, FranciscoDomingues Lopes e José Ricar<strong>do</strong> Parreira <strong>de</strong> CastroSecretaria Geral <strong>de</strong> Administração - SGA:Heleno Chaves MonteiroSecretaria Geral <strong>de</strong> Controle Externo - SGCE:Marco Antonio Scovino1ª IGE - Responsável: Maria Cecília A. <strong>de</strong> S. Cantinho2ª IGE - Responsável: Simone <strong>de</strong> Souza Azeve<strong>do</strong>3ª IGE - Responsável: Elizabeth <strong>de</strong> Souza Men<strong>de</strong>s Arraes4ª IGE - Responsável: Lucia Knoplech5ª IGE - Responsável: Heron Alexandre Moraes Rodrigues6ª IGE - Responsável: Marta Varela Silva7ª IGE - Responsável: Marcos Mayo SimõesCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Auditoria e Desenvolvimento - CADCláudio Sancho MônicaDepartamento Geral <strong>de</strong> Finanças - DGFJosé Netto Leal JúniorDepartamento Geral <strong>de</strong> Pessoal - DGPAlexandre Angeli CosmeDepartamento Geral <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> Apoio - DGSSérgio Freitas SundinGabinete da PresidênciaChefe <strong>de</strong> Gabinete: Sérgio AranhaAssessor Especial da PresidênciaSérgio Ta<strong>de</strong>u Sampaio LopesAssessoria <strong>de</strong> Áudio-visualBráulio FerrazAssessoria <strong>de</strong> Comunicação SocialElba BoechatAssessoria <strong>de</strong> Informática - ASIRo<strong>do</strong>lfo Luiz Par<strong>do</strong> <strong>do</strong>s SantosAssessoria Jurídica - AJULuiz Antonio <strong>de</strong> Freitas JúniorAssessoria <strong>de</strong> Legislação - ALEMaria Cecília Drummond <strong>de</strong> PaulaAssessor <strong>de</strong> Segurança InstitucionalJosé Renato Torres NascimentoCentro Cultural - CCMaria Bethania VillelaDiretoria <strong>de</strong> Publicações - DIPVera Mary PassosDivisão <strong>de</strong> Biblioteca e Documentação - DBDMaria Goreti Fernan<strong>de</strong>s MoçaNúcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e PlanejamentoCarlos Augusto Werneck <strong>de</strong> CarvalhoSecretaria das Sessões – SESElizabete Maria <strong>de</strong> SouzaCentro Médico <strong>de</strong> Urgência – CMUMaria Rita VerissimoRevista <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Município <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> JaneiroAno I , n.1 (set/1981) .- Rio <strong>de</strong> Janeiro: TCMRJ, 1981ISSN 2176-71811. Administração Pública - Controle - Periódicos - Rio <strong>de</strong>Janeiro (RJ)CDU 35.078.3(815.3)(05)

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