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o estágio supervisionado no curso de licenciatura em ciências ...

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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA EMCIÊNCIAS BIOLÓGICAS DO CESUPA: CONTRIBUIÇÕES PARAFORMAÇÃO DO PROFESSOR-REFLEXIVOResumoCASTRO, Sinaida Maria Vasconcelos <strong>de</strong> – UEPA/ CESUPAadianis41@hotmail.comREIS JÚNIOR, Leandro Passarinho - UFPAlpassarinho@hotmail.comEixo T<strong>em</strong>ático: Didática: Práticas e Estágios nas LicenciaturasAgência Financiadora: não contou com financiamentoO presente trabalho propõe-se a refletir sobre a experiência que v<strong>em</strong> sendo <strong>de</strong>senvolvida <strong>no</strong>Curso <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> Ciências Biológicas do Centro Universitário do Pará – CESUPA,<strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> ressignificar o Estágio Supervisionado <strong>de</strong>senvolvido pelos alu<strong>no</strong>s-estagiários<strong>de</strong>sse Curso, por meio da inserção dos licenciandos <strong>em</strong> diferentes espaços <strong>de</strong> educaçãoformal, além do exercício <strong>de</strong> práticas que preten<strong>de</strong>m ir além dos formatos tradicionais <strong>de</strong><strong>estágio</strong>. Nesse artigo serão apresentados os el<strong>em</strong>entos que <strong>no</strong>rteiam a realização do EstágioSupervisionado e a reflexão sobre algumas das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelos alu<strong>no</strong>sestagiários.Dentre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas serão <strong>de</strong>stacadas as experiências vivenciadasdurante a realização dos S<strong>em</strong>inários Integrados e a elaboração dos Diários <strong>de</strong> Aulas. OsS<strong>em</strong>inários Integrados constitu<strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>áticas analisadas sob a óptica<strong>de</strong> diversas disciplinas do <strong>curso</strong>, buscando articular–se com seu contexto <strong>de</strong> produção epromovendo uma constante reflexão ao longo das etapas <strong>de</strong>sse processo. Os Diários <strong>de</strong> Aulasse apresentam como um meio dos alu<strong>no</strong>s-estagiários registrar<strong>em</strong> suas experiências com avivência diária do <strong>estágio</strong>, e refletir sobre elas, constituindo-se <strong>em</strong> um instrumento quepreten<strong>de</strong> oportunizar o registro e a análise constante <strong>de</strong> seu próprio aprendizado. O relato dasexperiências vivenciadas colocadas <strong>em</strong> diálogo com autores que discut<strong>em</strong> as questõesrelativas ao papel do <strong>estágio</strong> <strong>supervisionado</strong> na formação <strong>de</strong> professores, numa perspectiva doprofesor-reflexivo <strong>no</strong>s leva a concluir que o redimensionamento do <strong>estágio</strong> t<strong>em</strong> levado aoenfrentamento <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s como a resistência <strong>de</strong> alguns alu<strong>no</strong>s-estagiários e professorestitularesdas turmas <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senvolve o <strong>estágio</strong>. Entretanto, como resultado final po<strong>de</strong>-seperceber que, esta situação que ora se impõe como <strong>de</strong>safio, ora como possibilida<strong>de</strong>s, t<strong>em</strong>favorecido um <strong>de</strong>bate que v<strong>em</strong> propiciando uma melhoria na qualida<strong>de</strong> da formação dosprofessores, ao lhes possibilitar ainda na formação inicial o exercício <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sintegradoras entre as disciplinas e vivência <strong>de</strong> uma prática reflexiva.Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação <strong>de</strong> Professores. Licenciatura <strong>em</strong>Biologia.


10433IntroduçãoAo longo do século XX a lógica da estruturação dos <strong>curso</strong>s <strong>de</strong> Licenciatura estavafundamentada na concepção epist<strong>em</strong>ológica da racionalida<strong>de</strong> técnica, <strong>de</strong> acordo com a qual ateoria é colocada <strong>de</strong> um lado e a prática <strong>de</strong> outro, configurando-se uma relação <strong>de</strong>subordinação das disciplinas pedagógicas – consi<strong>de</strong>radas as disciplinas práticas, <strong>em</strong><strong>de</strong>trimento das teóricas – consi<strong>de</strong>radas as disciplinas científicas. Esse formato que ficouconhecido como 3 + 1, significando os três a<strong>no</strong>s iniciais do <strong>curso</strong> que correspondiam aformação teórica e 1 a<strong>no</strong>, final, <strong>de</strong> prática, representado pelas disciplinas pedagógicas,incluindo o Estágio Supervisionado.Esse mo<strong>de</strong>lo, 3 + 1, foi bastante discutido e criticado <strong>no</strong> final do século XX por váriosestudiosos da área, como Pérez Gomes (1992, p.98), que <strong>de</strong>screve essa visão curriculardicotômica da seguinte maneira:Os currículos são <strong>no</strong>rmativos, com a seqüência <strong>de</strong> conhecimentos dos princípioscientíficos relevantes, seguidos da aplicação <strong>de</strong>stes princípios e <strong>de</strong> um practicum,cujo objetivo é aplicar na prática cotidiana os princípios da ciência estudada. Dentroda racionalida<strong>de</strong> técnica o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências profissionais <strong>de</strong>vecolocar-se, portanto após o conhecimento científico básico e aplicado, pois não épossível apren<strong>de</strong>r competências e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação antes do conhecimentoaplicável.Piconez (1998) corrobora o posicionamento <strong>de</strong> Pérez Gomes ao consi<strong>de</strong>rar aconcepção, t<strong>em</strong>poral e funcional, que configura a disciplina Estágio Supervisionado <strong>no</strong>scurrículos dos <strong>curso</strong>s <strong>de</strong> <strong>licenciatura</strong> como: uma disciplina <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entação, ou seja, a serrealizada <strong>no</strong> final do <strong>curso</strong> com a função <strong>de</strong> oportunizar que o licenciando colocasse <strong>em</strong>prática o que foi aprendido anteriormente, ou seja, para “compl<strong>em</strong>entar” a sua formação.Os reflexos <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>bates rebateram na elaboração da <strong>no</strong>va Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Basesda Educação Brasileira - LDB 9394/96, que aten<strong>de</strong>ndo aos anseios dos sujeitos envolvidos <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> pesquisa e formação <strong>de</strong> professores, propõe <strong>no</strong>vas diretrizes para o EstágioSupervisionado, concebendo-o como componente curricular articulado e orientado pelosprincípios da relação teoria e prática, e caracterizado pela relação entre as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>discussão dos aspectos básicos dos conteúdos específicos (<strong>de</strong> cada <strong>curso</strong>: Biologia, Química,Física, etc.) e das teorias da aprendizag<strong>em</strong> aplicadas <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, pesquisa e extensão.


10434A obrigatorieda<strong>de</strong> do <strong>estágio</strong> curricular na formação profissional está <strong>de</strong>finida nalegislação fe<strong>de</strong>ral LDB 9394/96 e <strong>no</strong>s atos <strong>no</strong>rmativos dali originados. Mais especificamentei<strong>de</strong>ntifica-se sua <strong>no</strong>rmatização <strong>no</strong> Parecer CNE/CP 27/2001, que estabelece que o <strong>estágio</strong>curricular <strong>supervisionado</strong> <strong>de</strong>ve ser realizado <strong>em</strong> escolas <strong>de</strong> educação básica, e <strong>no</strong> ParecerCNE/CP 28/2001, que prevê que o Estágio Supervisionado <strong>de</strong>ve ser vivenciado durante o<strong>curso</strong> <strong>de</strong> formação e com t<strong>em</strong>po suficiente para abordar as diferentes dimensões da atuaçãoprofissional.No presente artigo apresentar<strong>em</strong>os a proposta <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>senvolvida porprofessores <strong>de</strong> Estágio e <strong>de</strong> outras disciplinas do Curso <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> <strong>ciências</strong>Biológicas do CESUPA (Centro Universitário do Pará), refletindo sobre as dificulda<strong>de</strong>senfrentadas, b<strong>em</strong> como sobre a superação <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s e os aspectos positivos <strong>no</strong> quese refere a construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> docente a partir <strong>de</strong> uma formação inicial pautada navivência <strong>de</strong> práticas reflexivas e interdisciplinares.O Estágio Supervisionado <strong>no</strong> Curso <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> Ciências Biológicas – CESUPA:princípios e objetivosO Estágio Supervisionado visa inserir o alu<strong>no</strong> do <strong>curso</strong> <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> CiênciasBiológicas <strong>no</strong> contexto <strong>de</strong> espaços educativos, para que através <strong>de</strong>ssa vivência, possampercebê-los como espaços múltiplos <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong>senvolvimento do trabalhopedagógico.As ações do <strong>estágio</strong> <strong>supervisionado</strong> são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> quatro momentos distintos(5 o , 6 o , 7 o e 8 o s<strong>em</strong>estres), <strong>em</strong> espaços educativos diversos, <strong>de</strong> maneira a possibilitar aosalu<strong>no</strong>s-estagiários o contato com diferentes realida<strong>de</strong>s pedagógicas (CASTRO, 2006). Assimsendo as ativida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>senvolvidas da seguinte maneira:a) Estágio Supervisionado I (5 o s<strong>em</strong>.)– Escola pública – ensi<strong>no</strong> fundamental(Ciências – 6º. ao 9º. a<strong>no</strong>)b) Estágio Supervisionado II (6 o s<strong>em</strong>.) – Escola particular – ensi<strong>no</strong> fundamental(Ciências – 6º. ao 9º. a<strong>no</strong>)c) Estágio Supervisionado III (7 o s<strong>em</strong>.) – Escola pública – ensi<strong>no</strong> médio (Biologia –1 o ao 3 o a<strong>no</strong>)d) Estágio Supervisionado IV (8 o s<strong>em</strong>.) – Escola particular – ensi<strong>no</strong> médio (Biologia– 1 o ao 3 o a<strong>no</strong>)


10435O Estágio Supervisionado t<strong>em</strong> como objetivos:a) Proporcionar ao alu<strong>no</strong>-estagiário as vivências inerentes ao contexto dos espaçoseducativos (relação professor-alu<strong>no</strong>; organização do espaço <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>de</strong>aprendizag<strong>em</strong>; currículo; atendimento às diferenças; estratégias e procedimentos<strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>; avaliação da aprendizag<strong>em</strong>);b) Promover uma reflexão critica sobre o fazer pedagógico;c) Desenvolver regências <strong>de</strong> aulas como preparação teórico-metodológica parafutura atuação profissional;d) Estimular e promover a reflexão e a vivência <strong>de</strong> procedimentos metodológicos <strong>no</strong>processo ensi<strong>no</strong>-aprendizag<strong>em</strong> que propici<strong>em</strong> uma prática dinâmica e i<strong>no</strong>vadora;e) Realizar intercâmbio e parcerias com instituições escolares públicas e privadaspara conhecimento <strong>de</strong> projetos educativos <strong>de</strong>senvolvidas pelas mesmas.Visando alcançar os objetivos propostos os diferentes períodos do Estágio têm umameta <strong>em</strong> comum que é: observação e participação do contexto educativo a partir <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entoscomo: o projeto político-pedagógico, o planejamento da ação didática, as estratégias eprocedimentos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>-aprendizag<strong>em</strong>, a relação professor-alu<strong>no</strong> e a questão da ética <strong>no</strong>trabalho docente, <strong>no</strong>s diferentes níveis e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>. Mas, possu<strong>em</strong> também metasespecíficas para cada período que são:a) Estágio Supervisionado I – Elabora e impl<strong>em</strong>enta um projeto <strong>de</strong> pesquisa sobre oensi<strong>no</strong> e a aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Ciências Naturais;b) Estágio Supervisionado II - Contextualiza a prática docente por meio <strong>de</strong> regências<strong>de</strong> classe;c) Estágio Supervisionado III- Elabora e aplica projetos para o ensi<strong>no</strong> e aaprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Biologia;d) Estágio Supervisionado IV - Elabora e executa <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> intervenção.O Estágio Supervisionado <strong>no</strong> Curso <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> Ciências Biológicas – CESUPA:experiências e reflexõesNesta sessão abordar<strong>em</strong>os duas experiências executadas ao longo da realização do<strong>estágio</strong> <strong>supervisionado</strong> do Curso abordando suas naturezas, aplicações, dificulda<strong>de</strong>s e êxitos,b<strong>em</strong> como sua colaboração <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> docente dos licenciandos<strong>em</strong> Biologia.


10436Os S<strong>em</strong>inários Integrados: uma experiência interdisciplinarOs S<strong>em</strong>inários Integrados apresentam-se como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma vivênciainterdisciplinar, contextualizada e reflexiva, na medida <strong>em</strong> que permit<strong>em</strong> a realização <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>áticas analisadas sob a óptica <strong>de</strong> diversas disciplinas do <strong>curso</strong>,buscando articular–se com seu contexto <strong>de</strong> produção e promovendo uma constante reflexãoao longo das etapas <strong>de</strong>sse processo. Os trabalhos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser estruturados <strong>de</strong> modo que o alu<strong>no</strong><strong>de</strong>monstre ser capaz <strong>de</strong> abordar os t<strong>em</strong>as sob o enfoque das diversas disciplinas, integrandoas.O S<strong>em</strong>inário Integrado III, <strong>de</strong> acordo com o que está previsto <strong>no</strong> Projeto do Curso, porse realizar <strong>no</strong> 5º. Período, <strong>no</strong> qual se dá o ingresso efetivo dos licenciandos nas escolasatravés do Estágio Supervisionado I, <strong>de</strong>ve ter como produto ativida<strong>de</strong>s nas escolas. E foinessa perspectiva que o S<strong>em</strong>inário Integrado III, trabalhou a Produção <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>los Didáticos,a ser<strong>em</strong> confeccionados a partir da T<strong>em</strong>ática: Briófitas como Habitat para Invertebrados.A realização <strong>de</strong>sse s<strong>em</strong>inário envolveu as seguintes disciplinas: EstágioSupervisionado I, Prática Docente V: I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos Seres Vivos, Prática <strong>em</strong> EducaçãoAmbiental, Seres Vivos III: Plantas Criptógamas e Seres Vivos IV: Parazoa, Radiata eProtostomados. E teve como objetivos: exercitar o método <strong>de</strong> pesquisa científica, assim comoa prática docente; <strong>de</strong>senvolver uma prática docente voltada para integração entre asdisciplinas; promover articulação entre os conteúdos trabalhados <strong>em</strong> sala e o contexto <strong>em</strong> queocorr<strong>em</strong>; estimular a reflexão e análise dos assuntos abordados; estimular a interação dosalu<strong>no</strong>s através do trabalho <strong>de</strong> equipe, assim como dos alu<strong>no</strong>s e professores através daorientação acadêmica; conceber, construir e administrar situações <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> e <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong> a<strong>de</strong>quadas à diss<strong>em</strong>inação do saber científico produzido.Os trabalhos foram <strong>de</strong>senvolvidos por equipes estruturadas <strong>de</strong> acordo com o campo <strong>de</strong><strong>estágio</strong> <strong>em</strong> que estavam lotados os alu<strong>no</strong>s, portanto, sendo 05 (cinco) as escolas para o estagioI resultaram <strong>em</strong> 05 (cinco) grupos. A partir da t<strong>em</strong>ática Briófitas como Habitat paraInvertebrados, foram <strong>de</strong>finidos os 05 (cinco) sub-t<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> trabalhados por cada umadas equipes. Os sub-t<strong>em</strong>as foram os seguintes: Briófitas como habitat para Rotífera;Briófitas como habitat para N<strong>em</strong>atoda; Briófitas como habitat para Annelida; Briófitas comohabitat para Insecta (Arthropoda); e Briófitas como habitat para Arachnida (Arthropoda).O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido pelas equipes obe<strong>de</strong>cendo às seguintes etapas:


10437a) Elaboração <strong>de</strong> um mini-projeto para confecção do Mo<strong>de</strong>lo, <strong>em</strong> que <strong>de</strong>veria conterinformações como: t<strong>em</strong>a, sub-t<strong>em</strong>a, objetivos, material utilizado e instruções paraconfecção e aplicação. Foi recomendado aos alu<strong>no</strong>s que utilizass<strong>em</strong>prioritariamente material reciclável e/ou reutilizável;b) Confecção dos Mo<strong>de</strong>los Didáticos;c) Apresentação Prévia para as professoras responsáveis pelo S<strong>em</strong>inário e para aturma;d) Aplicação dos Mo<strong>de</strong>los Didáticos, <strong>em</strong> aulas ministradas pelos estagiários, nasturmas <strong>de</strong> 6ª. Série das Escolas – Campos <strong>de</strong> Estágio, versando sobre oT<strong>em</strong>a/Sub-t<strong>em</strong>a;e) Elaboração <strong>de</strong> Relatório contendo basicamente: introdução, revisão bibliográfica,relato das ativida<strong>de</strong>s realizadas e análise crítica da ativida<strong>de</strong>;f) Exposição Interativa dos Mo<strong>de</strong>los Didáticos e Relato da Experiência <strong>no</strong>CESUPA.Os materiais produzidos variaram não só <strong>em</strong> função da (sub)t<strong>em</strong>ática, mas também domaterial utilizado, da sua estrutura, tamanho, representativida<strong>de</strong> e etc. Em todas as etapas doprocesso <strong>de</strong> construção e aplicação do material, assim como <strong>no</strong> momento <strong>de</strong> socialização dasexperiências, os alu<strong>no</strong>s foram assessorados pela equipe <strong>de</strong> professoras responsáveis peloS<strong>em</strong>inário. Esse assessoramento se <strong>de</strong>u a partir dos encontros periódicos para orientaçãoacadêmica, on<strong>de</strong> foram apresentados e discutidos: os mini-projetos, as versões preliminaresdos mo<strong>de</strong>los, os relatórios, etc. As professoras orientadoras dos s<strong>em</strong>inários também sealternaram nas escolas para acompanhar a apresentação do material durante as aulas eacompanharam <strong>em</strong> conjunto o momento <strong>de</strong> socialização <strong>no</strong> CESUPA.De uma maneira geral os S<strong>em</strong>inários Integrados <strong>de</strong> que t<strong>em</strong>os participado (orientado),ou que t<strong>em</strong>os acompanhado (assistido), t<strong>em</strong> tido uma avaliação positiva por parte da maioriados atores envolvidos, porque se revelam como momento <strong>de</strong> criação e integração, quepermit<strong>em</strong> experiências <strong>de</strong> interdisciplinarida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando que “A interdisciplinarida<strong>de</strong>está <strong>no</strong> âmago <strong>de</strong> cada disciplina. As disciplinas não são fatias do conhecimento, mas arealização da unida<strong>de</strong> do saber nas particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada uma.(GADOTTI-BARCELLOS,1993, p.31)O caso particular do S<strong>em</strong>inário Integrado III, aqui apresentado, <strong>no</strong>s permitiu vivenciarcom <strong>no</strong>ssas colegas professoras e com <strong>no</strong>ssos alu<strong>no</strong>s-estagiários inúmeras experiências e


10438situações, que transitaram entre o conflito, a perplexida<strong>de</strong> e a satisfação. Dentre todos osmomentos vividos <strong>de</strong>stacamos como os mais ricos, sob o <strong>no</strong>sso ponto <strong>de</strong> vista: a apresentaçãodos mo<strong>de</strong>los nas escolas e a exposição interativa <strong>no</strong> CESUPA.O momento <strong>de</strong> apresentação do material para as turmas nas escolas representouinicialmente um momento <strong>de</strong> tensão para muitos dos alu<strong>no</strong>s-estagiários que estavam pelaprimeira vez assumindo uma turma na condução <strong>de</strong> uma aula, entretanto passado ess<strong>em</strong>omento <strong>de</strong> tensão inicial, o que po<strong>de</strong> se constatar, pela observação direta ou pelos relatosapresentados, foi o sentimento <strong>de</strong> entusiasmo e realização que predomi<strong>no</strong>u <strong>no</strong> momento daanálise crítica <strong>no</strong>s relatórios, e que po<strong>de</strong> ser ilustrada por manifestações como:Ao <strong>de</strong>senvolver-se a ativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula com os alu<strong>no</strong>s, po<strong>de</strong>-se perceber queeles não estavam buscando respostas fáceis ou receitas, mas estavam <strong>de</strong>sejandoser<strong>em</strong> <strong>de</strong>safiados intelectualmente e reconhecidos pelo que sab<strong>em</strong> e o que sãocapazes <strong>de</strong> fazer. (Grupo <strong>de</strong> Briófitas como habitat para Arachnida) As criançasna segunda ativida<strong>de</strong>, que era construir os personagens da história com massa <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>lar, na maioria cooperou positivamente, já que ficaram fascinados com adinâmica [...] muitos surpreen<strong>de</strong>ram criando seus próprios mo<strong>de</strong>los. (Grupo <strong>de</strong>Briófitas como habitat para Rotífera)Essas manifestações que parec<strong>em</strong> revelar uma aprendizag<strong>em</strong> dos conhecimentoscientíficos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula como um <strong>de</strong>safio prazeroso, significativo para todos, tanto para oprofessor quanto para o conjunto <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s que compõ<strong>em</strong> a turma (DELIZOICOV, 2002,p.153)A Exposição Interativa, momento <strong>de</strong> apresentação para comunida<strong>de</strong> acadêmica <strong>em</strong>geral, <strong>no</strong> CESUPA, também representou momento <strong>de</strong> partilha e construção <strong>de</strong> conhecimentopara todos, na medida <strong>em</strong> que permitiu além da divulgação do material produzido, a reflexão<strong>de</strong> todo processo <strong>de</strong> construção e aplicação dos Mo<strong>de</strong>los, contribuindo significativamentepara formação <strong>de</strong>sses futuros professores, ao lhes oportunizar uma ação reflexiva sobre suaprópria prática.Os S<strong>em</strong>inários Integrados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua orig<strong>em</strong> v<strong>em</strong> representando um momento <strong>de</strong>encontro e reflexão para os professores e alu<strong>no</strong>s do Curso, já tendo sofrido ajustes <strong>no</strong> sentido<strong>de</strong> se adaptar as exigências e necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> acadêmica, consolidando-se cadavez mais como ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>safiadora e por isso mesmo enriquecedora para ação educativa dosprofessores formadores e dos professores <strong>em</strong> formação.


10439Os Diários <strong>de</strong> AulasOs Diários <strong>de</strong> Aulas representam mais uma das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelos alu<strong>no</strong>sdo Curso <strong>de</strong> Licenciatura <strong>em</strong> Ciências Biológicas durante a realização do EstágioSupervisionado. E se apresenta como um meio dos alu<strong>no</strong>s-estagiários registrar<strong>em</strong> suasexperiências com a vivência diária do <strong>estágio</strong>, e refletir sobre elas, constituindo-se <strong>em</strong> uminstrumento que preten<strong>de</strong> oportunizar o registro e a análise constante <strong>de</strong> seu próprioaprendizado. Como o <strong>no</strong>me diz, trata-se <strong>de</strong> um diário, a ser preenchido ao longo do trabalhodo s<strong>em</strong>estre, com riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que caracterizam cada um dos momentos vividos, istoinclui: datas, locais, ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>scobertas, dúvidas, idéias <strong>no</strong>vas que tenham lhe ocorrido esuas reflexões.O diários <strong>de</strong> aulas ao constituír<strong>em</strong> um conjunto <strong>de</strong> narrações que reflet<strong>em</strong> asperspectivas do professor, nas dimensões objetiva e subjetiva, sobre os processos maissignificativos da sua ação, possibilita uma perspectiva diacrônica das situações vividas peloprofessor e, portanto, da sua evolução e <strong>de</strong>senvolvimento profissional num <strong>de</strong>terminadoperíodo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po (ZABALZA, 2004). Além disso, o diário <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado umadas estratégias com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuir significativamente para a formação <strong>de</strong>professores, na medida <strong>em</strong> que ao associar a escrita a ativida<strong>de</strong> reflexiva, permite ao professoruma observação mais profunda dos acontecimentos da prática.A construção dos diários <strong>de</strong> aula se processa <strong>de</strong> maneira individual, <strong>de</strong>vendo cada umdos alu<strong>no</strong>s-estagiários efetuar o registro <strong>de</strong>talhado <strong>de</strong> fatos, práticas, experiências vivenciadas,condições estruturais e pedagógicas, relações interpessoais, e todos os <strong>de</strong>mais el<strong>em</strong>entos quepermeiam o contexto escolar <strong>em</strong> que os estagiários se encontram inseridos. A cada um dosaspectos apresentados <strong>de</strong>ve-se associar uma reflexão, que <strong>de</strong>verá inclusive estar ancorada auma referência bibliográfica que possa lhe dar suporte.Os diários elaborados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser discutidos <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, na faculda<strong>de</strong>, com oprofessor-supervisor do <strong>estágio</strong>, e <strong>em</strong> algumas situações socializados com a turma para <strong>de</strong>batee reflexões. Esses momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate têm se mostrado bastante frutíferos na medida <strong>em</strong> quepromov<strong>em</strong> um intercâmbio <strong>de</strong> experiências capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar pontos <strong>em</strong> comum, quepermit<strong>em</strong> que os sujeitos <strong>de</strong>sconstruam impressões <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong> da situação vivenciada,passando a encará-las com maior naturalida<strong>de</strong>, e conseqüent<strong>em</strong>ente, aumentando a segurançapara seu enfrentamento. Percebe-se, também, que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate e reflexão <strong>em</strong> grupopropicia um avanço <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> reflexão dos diários elaborados subseqüentes.


10440É nessa perspectiva que a equipe <strong>de</strong> professores do Estágio Supervisionado v<strong>em</strong>trabalhando junto aos alu<strong>no</strong>s-estagiários a proposta <strong>de</strong> elaboração dos diários, por entendê-loscomo estratégia capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar o processo a que Schon (1995) <strong>de</strong>sig<strong>no</strong>u como"reflexão sobre a reflexão na ação", que seria o olhar retrospectivamente para a ação e refletirsobre o momento da reflexão na ação: o que aconteceu, o que o professor observou, quesignificados atribuiu e que outros significados po<strong>de</strong> atribuir ao que aconteceu.Alguns alu<strong>no</strong>s têm apresentado dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> construir diários que express<strong>em</strong> essenível <strong>de</strong> reflexão, mas o que se po<strong>de</strong> perceber é que com o avanço dos períodos, e aconseqüente vivência <strong>de</strong>ssa prática, ocorre um amadurecimento <strong>de</strong>sses profissionais <strong>em</strong>formação, como po<strong>de</strong>mos observar ao analisar os diários <strong>de</strong> um mesmo estagiário <strong>em</strong>diferentes momentos do <strong>estágio</strong>, conforme ilustra os trechos extraídos dos diários da alunaestagiáriaN:A professora (J) utiliza basicamente o quadro e o livro-texto. O livro-texto ébasicamente a única fonte <strong>de</strong> informação utilizada; trechos são selecionados ecopiados <strong>no</strong> quadro; a explicação utiliza as próprias palavras do livro. A aula épuramente expositiva e com poucas interações. (Estagiária N, Estágio I, 5o.período) Não é que o ensi<strong>no</strong> tradicional não tenha seu valor e suas vantagens; oprobl<strong>em</strong>a é ele ser o único utilizado. Qualquer método, por mais inusitado epromissor que seja, apresenta falhas se for o único apresentado aos alu<strong>no</strong>s. Variar éimportante para manter o interesse não só dos discentes, mas dos próprios docentes,que repet<strong>em</strong> a mesma rotina por décadas. (Estagiária N, Estágio IV, 8o. período)O que se po<strong>de</strong> perceber <strong>no</strong>s trechos apresentados é uma evolução na abordag<strong>em</strong> daaluna-estagiária ao discutir questões relativas às metodologias adotadas <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula, umavez que <strong>no</strong> fragmento do Diário do Estágio I (5o. período) a mesma restringe-se a <strong>de</strong>screveras aulas observadas, enquanto que <strong>no</strong>s escritos referentes ao Estágio IV (8o. período) épossível i<strong>de</strong>ntificar uma ação mais reflexiva, <strong>no</strong> momento <strong>em</strong> que questiona o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>uma única metodologia e infere sobre suas conseqüências na ação docente.Outro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado na análise dos diários diz respeito as reflexões feitaspelos estagiários acerca da sua futura atuação profissional, como po<strong>de</strong> ser observado <strong>no</strong>sfragmentos que segu<strong>em</strong>:


10442O <strong>estágio</strong> proposto e <strong>de</strong>senvolvido a partir das práticas ora relatadas, além <strong>de</strong> outras<strong>de</strong>senvolvidas ao longo dos diferentes períodos e campos <strong>em</strong> que o mesmo se <strong>de</strong>senvolve,busca a superação da concepção do <strong>estágio</strong> como uma ação pragmática e tecnicista, tentandotransformá-lo diante do olhar do alu<strong>no</strong>-estagiário e do professor-titular das turmas <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>fundamental e médio <strong>em</strong> uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício da criativida<strong>de</strong>, da i<strong>no</strong>vação e dareflexão sobre a ação docente.Nesse sentido, ações que promov<strong>em</strong> a integração das ativida<strong>de</strong>s do Estágio com outrasdisciplinas do <strong>curso</strong>, como é o caso dos s<strong>em</strong>inários integrados, são fundamentais para aformação <strong>de</strong>sses futuros professores, pois representam além da otimização do t<strong>em</strong>po, doexercício da interdisciplinarida<strong>de</strong> a superação da dicotomia entre disciplinas da prática – aspedagógicas – e disciplinas da teoria – as cientificas, atuando <strong>em</strong> um continuum possível eaplicável.REFERÊNCIASBRASIL. Lei nº 9394 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1996 - Estabelece as Diretrizes e Bases daEducação Nacional. Brasília, 1996.BUSATO, Zelir Salete Lago. Avaliação nas práticas <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>estágio</strong>s: a importânciados registros na reflexão sobre a ação docente. PortoAlegre: Mediação, 2005.CASTRO, Sinaida Maria Vasconcelos. Manual <strong>de</strong> <strong>estágio</strong> <strong>supervisionado</strong>. [Belém]: CentroUniversitário do Pará, 2006. Não paginado.DELIZOICOV, D<strong>em</strong>étrio et all. Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo:Cortez, 2002 (Coleção Docência <strong>em</strong> Formação)GADOTTI, Moacir e BARCELLOS, Eronita Silva. Construindo a escola cidadã <strong>no</strong>Paraná. Brasília, MEC, 1993 (Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s Educação Básica).PÉREZ GÓMEZ, Angel. O pensamento Prático do Professor - A formação do professor comoprofissional reflexivo. In: NÓVOA, Antonio (coord.). Os Professores e a sua Formação.Lisboa: Publicações D. Quixote, 1992.PICONEZ, Stela C.Bertolo (Coord.) A Prática <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> Estágio Supervisionado. 10ed. Campinas, SP: Papirus, 2004 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos. In: Nóvoa, Antonio.(coord.). Os professores e a sua formação. 2º ed. Lisboa: D. Quixote,1995.


10443ZABALZA, Miguel. Diários <strong>de</strong> aula. Contributo para o estudo dos dil<strong>em</strong>as práticos dosprofessores. Porto Alegre: ArtMed, 2004.

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