18 alcooldutos - Canal : O jornal da bioenergia
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Cartado editorMirian Toméeditor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br<strong>18</strong> ALCOOLDUTOSEmpresas de logística e infra-estrutura seguem com investimentos em dutos para o etanol.Avanços e dificul<strong>da</strong>des fazem parte <strong>da</strong> rotina <strong>da</strong>s operadoras na realização dos projetos.rentank25 AÇÚCARInovação tecnológica permite utilização doozônio, no lugar do enxofre, no processo declarificação do açúcar. Técnica agrega valor epode ampliar mercados para o produto.unicaO sucesso em nosso caminhoAs riquezas naturais e a capaci<strong>da</strong>de inventiva doscientistas brasileiros são os grandes trunfos que temospara virar o jogo <strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> dependência deimportação de fertilizantes, o que coloca a agriculturabrasileira em situação de inadmissível vulnerabili<strong>da</strong>de.O leitor poderá se informar na matéria de capa destaedição sobre algumas <strong>da</strong>s principais iniciativas quemarcam o esforço por um maior equilíbrio entre aprodução e a deman<strong>da</strong> por esses insumos.Poderá, também, conferir o avanço do setorsucroenergético no Estado do Mato Grosso do Sul,um exemplo de como é possível conciliar aprodução de etanol, açúcar e energia compreservação ambiental. O assunto é um dosdestaques <strong>da</strong> entrevista exclusiva concendi<strong>da</strong> aoCANAL pelo presidente <strong>da</strong> Associação dosProdutores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul(BioSul), Roberto Hollan<strong>da</strong> Filho.A logística de escoamento é também o tema dereportagem que apresenta um panorama sobre asprinciais iniciativas de construção de <strong>alcooldutos</strong>no País. E não é só. Além de diversas outrasmatérias de interesse do setor, lançamos nestaedição a seção Mais Brasil, um espaço onde vamosdestacar personagens, aspectos de nossa cultura e<strong>da</strong> geografia de um País continental, que nosenche de orgulho e <strong>da</strong> certeza de que o sucessoestá em nosso caminho.22nielsandreas/unicafotos: divulgaçãoConfira Mais Brasil, a novaseção do CANAL concebi<strong>da</strong>para valorizar a multiplici<strong>da</strong>decultural e as riquezas naturaisdo nosso País.10 DEFENSIVOSCana-de-açúcar é exemplo de racionalizaçãodo uso de defensivos. Uso do manejointegrado e controle biológico de pragas jáestão bem difundidos na cultura.12 PLÁSTICO VERDEPlanta industrial <strong>da</strong> Braskem para afabricação do eteno a partir de etanol, emTriunfo, no Rio Grande do Sul, deve estarpronta até o quarto trimestre de 2010.deman<strong>da</strong> potencial já mapea<strong>da</strong> para o produto éde 600 mil tonela<strong>da</strong>s/anoman<strong>da</strong> potencial já mapea<strong>da</strong>de 600 mil tonela<strong>da</strong>s/ano para o produtoBoa leitura e até a próxima ediçãoCANAL, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia, é uma publicação <strong>da</strong>MAC Editora e Jornalismo Lt<strong>da</strong>. - CNPJ 05.751.593/0001-41DIRETOR EXECUTIVO: César Rezendediretor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brGERENTE ADMINISTRATIVO: Fernan<strong>da</strong> Oianofinanceiro@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brGERENTE DE ATENDIMENTO COMERCIAL:Beth Ramos comercial@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brEXECUTIVOS DE ATENDIMENTO:Anderson Minarécanal.goiania@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brMarcos Vazatendimento@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brDIRETORA EDITORIAL: Mirian Tomé DRT-GO - 629editor@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brEDITOR: Evandro Bittencourt DRT-GO - 00694re<strong>da</strong>cao@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brREPORTAGEM: Evandro Bittencourt,Fernando Dantas, Luisa Dias,Mirian ToméESTAGIÁRIA: Maiara Dourado<strong>jornal</strong>ismo@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brDIREÇÃO DE ARTE: Fábio Santosarte@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brREPRESENTANTESRIBEIRÃO PRETO E SERTÃOZINHO/SPFabiana Belentini Pierro representante@canal<strong>bioenergia</strong>.com.br(16) 3945-1916/8121-0585/7811-35<strong>18</strong>RIO DE JANEIRO E BRASILIAFaster Representações fasterrepresentacoes@terra.com.brSRTVS Qd. 701 Edf. Assis Chateaubriand - Bloco 1 - Sala 321 Bairro AsaSul - 70340-00 - Brasilia/DFContato: Wisley Damião (61) 3701 1796/9982 6731Banco de Imagens: UNICA - União <strong>da</strong> Agroindústria Canavieira deSão Paulo - www.unica.com.br, SIFAEG - Sindicato <strong>da</strong> Indústria deFabricação de Álcool do Estado de Goiás - www.sifaeg.com.br,<strong>Canal</strong> On Line www.canal<strong>bioenergia</strong>.com.brREDAÇÃO: Av. T-63, 984 - Conj. 215 - Ed. Monte Líbano Center, Setor Bueno - Goiânia - GO- Cep74 230-100 Fone (62) 3093 4082 - Fax (62) 3093 4084email: canal@canal<strong>bioenergia</strong>.com.brTIRAGEM: 12.000 exemplaresIMPRESSÃO: Ellite Gráfica – ellitegrafica2003@yahoo.com.brCANAL, o Jornal <strong>da</strong> Bioenergia não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos nasreportagens e artigos assinados. Eles representam, literalmente, a opinião de seus autores. 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Windows Media Player.lnkENTREVISTA - Roberto Hollan<strong>da</strong> Filho, presidente <strong>da</strong> BioSulVocação canavieiraCONHECIDO PELA NATUREZA EXUBERANTE E VASTO POTENCIAL AGRÍCOLA, MATO GROSSO DOSUL DESTACA-SE TAMBÉM PELO RÁPIDO CRESCIMENTO DA ATIVIDADE SUCROENERGÉTICAEVANDRO BITTENCOURTRoberto Hollan<strong>da</strong> Filho é pernambucanodo Recife, tem45 anos e formou-se emAdministração pela Universi<strong>da</strong>deFederal de Pernambuco em1986. Na Espanha, cursou o Masterem Marketing no Centro de EstudiosEmpresariales, em Madrid, e, ao longode sua carreira, acumulou experiêncianos setores de comércio, publici<strong>da</strong>dee consultoria para, em 1998,ingressar no setor sucroenergético,como secretário-geral <strong>da</strong> AssociaçãoBrasileira <strong>da</strong> Indústria de Álcool(Alco). Após 4 anos, foi eleito Presidente<strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de, sendo reconduzidoao cargo até 2008. À frente <strong>da</strong> Alco- uma <strong>da</strong>s primeiras enti<strong>da</strong>des dosetor sucroenergético que teve agestão profissionaliza<strong>da</strong>, tambémconferiu à enti<strong>da</strong>de um caráter comercial,consoli<strong>da</strong>ndo operações decomercialização de álcool no mercadointerno e em pools de exportação.Em setembro de 2008 aceitou o convitepara conduzir a profissionalização<strong>da</strong> representação institucionaldo setor sucroenergético do Estadodo Mato Grosso do Sul e a criação<strong>da</strong> Associação dos Produtores de Bioenergiado Estado de Mato Grossodo Sul (BioSul), enti<strong>da</strong>de que atualmentepreside.Nossa produção, de pouco mais de 1 bilhãode litros de etanol na safra anterior, devechegar a 1,7 bilhão de litrosA Biosul é uma enti<strong>da</strong>de nova, masque já nasce com expressiva forçade representação. Qual o objetivo<strong>da</strong> sua criação?A ativi<strong>da</strong>de sindical no Mato Grossodo Sul sempre foi muito bemtoca<strong>da</strong>, mas o Estado teve o seuperfil de produção mu<strong>da</strong>do, pois osetor cresceu muito. Com isso, osprodutores entenderam que erapreciso mu<strong>da</strong>r a gestão institucionaldo setor, profissionalizando aenti<strong>da</strong>de, e resolveram contrataruma pessoa com dedicação exclusiva.Fui incumbido de coordenaresse processo, o que para mim éuma honra. A BioSul, oficialmentecria<strong>da</strong> em dezembro de 2008, éuma associação que congrega ossindicatos de açúcar, álcool e <strong>bioenergia</strong>do Estado, ou seja, as trêsenti<strong>da</strong>des estão agora sob o mesmoguar<strong>da</strong>-chuvas.Qual a sua opinião em relação aodesafio que representa a adequação<strong>da</strong> logística de transporte aorápido crescimento do setor sucroenergéticono Estado do MatoGrosso do Sul?Entendo que esse é um desafiomuito importante. Há duas safras, aprodução era de 14 milhões de tonela<strong>da</strong>sde cana, passou para <strong>18</strong>milhões na safra passa<strong>da</strong>, nesta safravai crescer muito e continuaráaumentando substancialmente. Oescoamento <strong>da</strong> nossa produção,evidentemente, é muito importante,até porque o perfil do Estado éexportador, seja para o mercado internoou externo, propriamente dito.A logística é um dos principaisdesafios institucionais aqui na Bio-Sul. Criamos comitês de trabalhoespecíficos para analisar este assuntoe temos debatido com o Governodo Estado, que está fazendoum projeto logístico, pois o Estadotem se desenvolvido bastante. Acana é um importante vetor, mashá outros produtos que tambémdeman<strong>da</strong>m escoamento.Quais são as possibili<strong>da</strong>des maisconcretas em relação a novos mo<strong>da</strong>ispara transporte <strong>da</strong> produção?Temos a questão do alcoolduto, emque se fala muito, e há várias iniciativassendo estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Outro canalmuito importante é a HidroviaTietê-Paraná. Hoje, estamos estu<strong>da</strong>ndoa integração dos diferentesmo<strong>da</strong>is e isso tem sido feito commuita intensi<strong>da</strong>de aqui na BioSul.Nossa produção, de pouco mais debiosul/divulgação1 bilhão de litros de etanol na safraanterior, deve chegar a 1,7 bilhãonesta safra, ou seja, a deman<strong>da</strong>aumenta de forma significativae com veloci<strong>da</strong>de. Já existe umaestrutura à disposição - ferrovia erodovias - e estamos analisandoessas ofertas de novos mo<strong>da</strong>is. Paraisso, inclusive, criamos um comitêespecífico. Acredito que a necessi<strong>da</strong>deexiste, mas ela própria é omaior motor para que as coisasaconteçam. Acho que serão soluçõesdiferentes ao longo <strong>da</strong> história<strong>da</strong> linha do tempo, pois o alcooldutorealmente demora mais aacontecer, mas teremos evoluçõesimportantes para reduzirmos oporcentual de utilização do mo<strong>da</strong>lrodoviário. Penso que, em curtíssimoprazo, vamos usar mais ferroviae também teremos uma participaçãoimportante no transporte hidroviário,até chegarmos ao duto.O Estado já utiliza a Hidrovia Tietê-Paraná para o escoamento de parte<strong>da</strong> produção de etanol e açúcar?Por enquanto, apenas um poucode açúcar, mas está previsto noPAC que sejam feitos investimentosem portos e eclusas, o que tornaráa hidrovia um importante canalde escoamento.Qual é a experiência do setor sucroenergéticono Estado do MatoGrosso do Sul no que se refere àsustentabili<strong>da</strong>de ambiental?O Mato Grosso do Sul é um Estadoque tem uma marca importanteno que se refere à produção dealimentos. Produzimos muita soja,gado e milho. Temos um patrimônioecológico exuberante, um setorsucroenergético com potencialpara grande expansão e que jácresce muito, de forma sustentável,sem causar nenhum tipo de<strong>da</strong>no ao meio ambiente e sem afetara produção de alimentos.Qual é, atualmente, a situação dozoneamento agroecológico <strong>da</strong> cana-de-açúcarno Estado do MatoGrosso do Sul?O governo do Estado já concluiu o04 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
estudo, que vai agora para a AssembléiaLegislativa, para ser referen<strong>da</strong>doe implantado. Ele tem recebidoavaliações bastante positivas. É umdocumento construído sobre umabase técnica sóli<strong>da</strong> e um exemplode debate com a socie<strong>da</strong>de, pois foramrealizados mais de 70 encontroscom diferentes segmentos emtodo o Estado. Quando foi apresentadoao governo federal, para aju<strong>da</strong>rno zoneamento em nível nacional,teve uma acolhi<strong>da</strong> muito positiva.Quantas uni<strong>da</strong>des de produção sucroenergéticaestão em ativi<strong>da</strong>deno Estado do Mato Grosso do Sule quantas devem entrar em produçãoeste ano?Atualmente, temos 14 indústrias,mas, ao longo dessa safra, devementrar outras 7 ou 8 uni<strong>da</strong>des.O Estado passou por um salto significativona produção canavieira nosúltimos anos. A que o senhor atribuiesse crescimento tão rápido?O Estado oferece condições muitopositivas de clima, solo e topografia.Por outro lado, existe uma boaoferta de terras, por ser um Estadotradicionalmente de agropecuáriae, evidentemente, com a modernização<strong>da</strong>s técnicas de manejo dogado, existe uma oferta muitogrande de áreas de pastagens queestão subaproveita<strong>da</strong>s. Com isso, agente consegue no Estado ter umaboa oferta de terras a preços razoáveise a uma boa distância dosprincipais centros consumidoresdo País. Além disso, contamos comum bom ambiente institucional. Ogoverno está muito comprometidocom o desenvolvimento do Estadoe isso aju<strong>da</strong> muito.Nossa primeira estimativa é chegar a 31milhões de tonel<strong>da</strong>s de cana, já considerandoa instalação de novas uni<strong>da</strong>desQual a estimativa de safra de canade-açúcar,este ano, no Estado doMato Grosso do Sul?Nossa primeira estimativa é chegara 31 milhões de tonela<strong>da</strong>s decana, já considerando a instalação<strong>da</strong>s novas uni<strong>da</strong>des e que muitasindústrias ampliaram a capaci<strong>da</strong>dede moagem.Há algum imprevisto relacionado àscondições de clima que possa levara uma reavaliação?Estamos com uma seca na Regiãode Dourados, no Sudeste doEstado, onde se concentra cerca de80% <strong>da</strong> produção. Esse é um problemagrave, que pode vir a causaruma redução na estimativa, masestamos esperando o desenrolar <strong>da</strong>safra para fazer uma avaliação melhordesse impacto.E quais são as estimativas em relaçãoà produção de açúcar?Devemos produzir, aproxima<strong>da</strong>mente,1,3 milhão de tonela<strong>da</strong>s deaçúcar nesta safraQual é a atual situação do Estadono que se refere à produção deenergia elétrica a partir do bagaço<strong>da</strong> cana-de-açúcar?O Estado tem uma perspectivabem interessante de produção deenergia. Com as novas uni<strong>da</strong>des, acapaci<strong>da</strong>de de produção instala<strong>da</strong>é de 2,5 mil megawatts-hora. Paraaproveitarmos esse potencial, dependemos<strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>susinas, o que está acontecendo. Aconstrução <strong>da</strong>s linhas de transmissãoestá autoriza<strong>da</strong> e algumasobras já estão sendo realiza<strong>da</strong>spara interligar essas uni<strong>da</strong>des narede. Este é um <strong>da</strong>do importanteporque, no Estado, todo o consumoé de aproxima<strong>da</strong>mente 600megawatts/hora. As uni<strong>da</strong>des queestão se instalado já vem com amais moderna tecnologia disponível,com caldeiras de alta pressão.Considerando o início <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<strong>da</strong>s novas indústrias, qual seráo número de empregos gerados pelosetor no Estado?Esperamos atingir entre 55 mil a60 mil empregos diretos geradospelo setor até o final desta safra.Quais são os porcentuais de consumode etanol e gasolina no Estado?Consumimos cerca de 166 mil metroscúbicos de álcool hidratadoem 2008, contra 105 mil metroscúbicos no ano anterior e o ritmode crescimento continua importante.Em pouco tempo deve seigualar ao <strong>da</strong> gasolina, que registrapequeno crescimento. Em 2008, oconsumo de gasolina C no estadofoi de 356 mil metros cúbicos.Qual é a área disponível para a expansãoagrícola no Estado?Temos entre 7 e 10 milhões dehectares disponíveis para novoscultivos. No Final desta safra,teremos ocupados 400 mil hectarescultivados com cana, ouseja, temos mais de 10 vezes aárea atual disponível para novasculturas. O setor pode crescerde forma geométrica, sem nenhumproblema.E se consideramos os demais projetosde indústrias sucroenergéticasque se encontram em diferentesfases de licenciamento?Se somarmos todos esses projetos,mais as usinas que já existeme as que efetivamente estãosendo implanta<strong>da</strong>s, são mais de1 milhão de hectares. Ain<strong>da</strong> assim,há uma grande oferta deterra boa para a agricultura.Como o senhor vê o atual momentovivido pelo setor sucroenergéticoe as perspectivas de superação<strong>da</strong> atual crise financeiramundial?A crise atingiu o setor em cheio,por ser um forte consumidor decapital. A escassez de dinheirocria uma bola de neve e os preçosvão para baixo. A dificul<strong>da</strong>de, infelizmente,é generaliza<strong>da</strong>, mastemos a expectativa de que embreve teremos novos paradigmas.Nesse contexto, o setor sucroenergéticoemerge com uma novaforça, pois esse capital que erainvestido em títulos podres e nosubprime vai buscar destinosmais nobres. E não há destinomais nobre do que a produção de<strong>bioenergia</strong> nesse momento denecessi<strong>da</strong>de de substituição defontes não-renováveis.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 05
Fenasucro &AgrocanaSerá realiza<strong>da</strong>, entre os dias31 de agosto e 03 de setembro,no Centro de Eventos Zanini(Sertãozinho-SP), a nonaedição do Brasil Cana Show2009, com participantes detécnicos <strong>da</strong> América Latina eCaribe que buscam no Brasilconhecimentos sobretecnologia sucroenergética. Oevento será realizado pelaSTAB - Socie<strong>da</strong>de dos TécnicosAçucareiros e Alcooleiros doBrasil, simultaneamente àFenasucro & Agrocana. Agrande aposta desta edição é asetorização e maiorparticipação <strong>da</strong>s empresasapoiadoras na oferta deinformações qualifica<strong>da</strong>s paraos participantes. O Brasil CanaShow é um programa de apoioaos profissionais e técnicos dosetor sucroenergético deoutros países que vem para oBrasil visitar aFenasucro&Agrocana.fotos: unica/divulgaçãoOeste Paulista e MS se unem para vender etanolUsinas e destilarias <strong>da</strong> regiãoOeste do Estado de São Paulo e doMato Grosso do Sul criaram omais novo canal decomercialização de etanol do País,a Brasil Etanol Business Center(Brasil EBC), com sede emAraçatuba/SP.A iniciativa partiu<strong>da</strong>s próprias usinas, que decidiramse unir e com o novo canal decomercialização, estreitar asrelações com o mercado e assimgerar mais oportuni<strong>da</strong>des denegócios tanto dentro quanto forado Brasil. O objetivo é organizar osistema de informação sobreofertas e deman<strong>da</strong>s de etanol,oferecendo informações para oprocesso decisório de ca<strong>da</strong>associado na comercialização,colaborando também no processode negociação. “A origem <strong>da</strong>Brasil EBC se dá por váriosfatores, como a desorganização eforte expansão <strong>da</strong> produção doOeste Paulista e do MS no que serefere à comercialização de etanol,e os baixos preços dobiocombustível no mercadointerno, que há duas safras nãoremuneram sequer os custos deprodução de forma satisfatória”,diz o coordenador <strong>da</strong> Brasil EBC,Fernando Perri.“Trata-se de umaunião importante para o setor, afim de melhor atender aosinteresses <strong>da</strong>s usinas e domercado ca<strong>da</strong> vez mais crescentede etanol nos mercados interno eexterno”, destacou PasqualMicali, representante <strong>da</strong>s usinasdo Oeste de São Paulo no grupo.Grupo Otávio Lage recebe financiamentoO Grupo Otávio Lage reberá doBNDES um total de R$ 256milhões para investimento nosprojetos agrícola e industrial <strong>da</strong>nova destilaria de açúcar e etanoldo grupo, em Goianésia. Segundoo diretor-técnico <strong>da</strong> empresa,Henrique Penna, o investimentona nova usina será de R$ 332,46Fernando Perri, coordenador <strong>da</strong>Brasil Etanol Business Centermilhões. O BNDES vai financiar77% do total e o Grupo OtávioLage desembolsará os outros23%.As obras civis deverão serinicia<strong>da</strong>s em agosto.A produçãode cana-de-açúcar já começou.“Queremos começar a produzirálcool na nova usina já na próximasafra”, afirma Henrique Penna.A SCA-Socie<strong>da</strong>deCorretora de Álcool colocouno ar seu novo site:www.scalcool.com.brCentro Energia do SaberO Grupo Cerradinhoinaugurou o Centro deAprendizagem eDesenvolvimento - Energia doSaber. O CAD tem o objetivo deestimular e oferecerdesenvolvimento profissional enovos conhecimentos a todos oscolaboradores do Grupo atravésde cursos e açõescomportamentais, técnicas e dequali<strong>da</strong>de. Segundo a gerente dedesenvolvimento de pessoas,Josiane Renata Moraes, as açõesacontecerão periodicamente e oscursos serão abertos a todos oscolaboradores que seinteressarem e se inscreveremantecipa<strong>da</strong>mente . O CADoferece laboratório deinformática, sala de estudos,sala de leitura, biblioteca,videoteca e apoio ao colaboradorcom relação a dúvi<strong>da</strong>s de cursos,entre outros serviços.06 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
OPINIÃOUso racional dos insumosACom a Revolução Verde, aagricultura partiu de um estadoprimitivo até chegaraos patamares tecnológicos atuais,tendo como suporte o aumento nademan<strong>da</strong> de energia fóssil, fazendocom que o cultivo deixasse de ser a"arte de colher o sol", para se tornarum processo de transformação depetróleo, gás natural e eletrici<strong>da</strong>deem alimento, fibra e energia. NoBrasil, o aumento de produtivi<strong>da</strong>dese deu em uma taxa menor que oaumento do uso de insumos, poishá certos limites para a intensificaçãodos sistemas de produção.Assim, políticas quanto ao desenvolvimento<strong>da</strong> produção agrícolasão necessárias para reduzir o consumopelos sistemas de produção,promovendo um grau maior de sustentabili<strong>da</strong>de.Com o aumento douso de insumos, aumenta a deman<strong>da</strong>de energia nos processos de produçãodesses produtos agrícolas (defensivos,máquinas, fertilizantes). Aenergia gasta é vital para determinarse uma cultura é fonte ou dreno deenergia e qual a energia líqui<strong>da</strong> eladisponibiliza ao ser utiliza<strong>da</strong> comomatéria-prima energética.O Brasil obtém mais de 46% <strong>da</strong>energia consumi<strong>da</strong> a partir de fontesrenováveis, muito acima <strong>da</strong> médiaglobal (12,7%) e <strong>da</strong> média dospaíses desenvolvidos (6,2%). E, em2007, pela primeira vez, a hidroeletrici<strong>da</strong>de(14,7%) perdeu o papelde principal fonte de energia renovávelpara a cana-de-açúcar(16,0%). Ressalta-se o potencialque a produção de biodiesel, e, consequentemente,as culturas oleaginosasdevem passar a ter na matrizenergética nacional. De to<strong>da</strong> a energiaconsumi<strong>da</strong>, os setores industrial(40,6%) e de transportes(28,3%), são os principais consumidores.No setor de transportes, oóleo diesel é o principal combustível,o que propicia o grande potencialpara a utilização de biodieselcomo substituto. Além disso, o biodieselapresenta um grande potencialambiental, pela possibili<strong>da</strong>dede utilizá-lo em transportes públicos,o que pode lhe conferir índicesde emissão de gases por quilômetroro<strong>da</strong>do per capita mais favoráveisque o do etanol, que é utilizadoem transportes individuais.O conhecimento de como a agriculturagasta e produz energia éfun<strong>da</strong>mental para a definição depolíticas de estímulo à produção,ou de restrição do consumo, emfunção <strong>da</strong> importância estratégicaque ocupa como potencial produtorade excedentes para outros setores<strong>da</strong> economia.A análise de fluxos de energia deculturas com fim energético é fatorde fun<strong>da</strong>mental importância para aeleição de uma matéria-prima comofonte de energia. Na determinaçãodesses fluxos são identificados equantificados todos os insumos utilizados.Os fluxos de energia consideramnão somente o combustível empregadopor tratores, mas também afabricação dos insumos.Com a corri<strong>da</strong> pelas fontes deenergia alternativas às fósseis, algumasculturas oleaginosas têm recebidoincentivos ao aumento de produtivi<strong>da</strong>dee de produção. Porém são trata<strong>da</strong>scomo se a produção fosse destina<strong>da</strong>à produção de alimentos. Entretanto,por se tratar de uma fonte deenergia, a produção no nível do ótimoeconômico pode não atender apremissa de que uma fonte deve fornecerum recurso em maior quanti<strong>da</strong>deque a deman<strong>da</strong><strong>da</strong> para a sua obtenção,determinado pela razão entrea energia obti<strong>da</strong> e a energia investi<strong>da</strong>.Quando diferentes culturas foramavalia<strong>da</strong>s para a produção deetanol, na déca<strong>da</strong> de 1970, observou-seque para a cultura do milho,o melhor retorno sobre a energiaaplica<strong>da</strong> via fertilizante nitrogenadose <strong>da</strong>va com a aplicação de 60% doque se aplicava para atingir a produtivi<strong>da</strong>deótima (5,8 t ha-1 usando135 kg N ha-1 contra 7,0 t ha-1 usando225 kg N ha-1). Isso ressalta a importânciado manejo cultural, pois ogasto energético é o mesmo em umaoperação bem ou mal feita, porémcom efeitos diversos.Um aspecto muito importante éque não há incentivo econômico paraprodutores que adotem práticasagrícolas com menores impactosambientais, o que pode prejudicar aelegibili<strong>da</strong>de de algumas culturasou sistemas de produção como legítimasfontes de energia. Políticas deincentivo ao aumento na produçãode biocombustíveis deveriam buscara racionalização do uso de insumos.Assim implanta<strong>da</strong>s, promoveriamum grau maior de sustentabili<strong>da</strong>de,no que se refere ao desenvolvimentode recursos energéticosadicionais e tecnologias para reduziro consumo de energia pelos sistemasde produção.THIAGO LIBÓRIO ROMANELLI,Professor Doutor do Departamento deEngenharia Rural, ESALQ/USP.romanelli@usp.brdivulgaçãoCANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 07
RESPONSABILIDADE SOCIALJalles Machado ampliainvestimentos sociaisRECURSOS DESTINADOSÀS AÇÕES SOCIAISCHEGAM A 2% DOFATURAMENTO COM OALCOOL ANIDRO EHIDRATADO E 1% DARECEITA OBTIDA COM APRODUÇÃO DE AÇÚCARCom previsão de investimentos <strong>da</strong> ordem deR$ 3,9 milhões para a área social neste ano,a empresa demonstra, na prática, um dos diferenciaisque a tornou reconheci<strong>da</strong> no setor sucroenergéticono País e até no exteriorA Jalles sempre investiu de forma planeja<strong>da</strong>e organiza<strong>da</strong> em ações de responsabili<strong>da</strong>de social.Foi praticando esta política arroja<strong>da</strong> que aempresa saiu na frente e foi a primeira do setorsucroalcooleiro na região Centro-Oeste a publicaro Balanço Social Anual, tornando públicasas suas ações e os investimentos nesta área.Atualmente, os programas desenvolvidospela Jalles Machado geram um reflexo diretonão apenas para os mais de 2.600 colaboradoresdiretos <strong>da</strong> empresa, mas também,para os seus familiares e a comuni<strong>da</strong>de deGoianésia - município localizado a 170 quilômetrosde Goiânia.São iniciativas diversas como: doação de alimentosproduzidos na horta orgânica para enti<strong>da</strong>desque assistem pessoas carentes; projetode educação de jovens e adultos; cursos dequalificação técnica que a empresa viabilizaatravés de uma rede de parcerias e, ain<strong>da</strong>, oensino regular, oferecido por meio <strong>da</strong> EscolaLuiz César, onde os filhos dos acionistas, diretores,funcionários e também de pessoas <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de (quando há disponibili<strong>da</strong>de de vagas)têm acesso à formação <strong>da</strong> primeira até asegun<strong>da</strong> fase do ensino fun<strong>da</strong>mental.O diretor comercial <strong>da</strong> Jalles Machado, SegundoBraoios Martinez, destaca que, atualmente,os recursos destinados às ações sociaisalcançam patamares de 1% <strong>da</strong> receita do faturamentodo açúcar, 2% <strong>da</strong> receita do álcoolanidro e 2% <strong>da</strong> receita do álcool hidratado. Emvalores, no ano passado, isso correspondeu a08 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
um orçamento de na<strong>da</strong> menos que R$3.6<strong>18</strong>.079,22. Para 2009, o valor está estimadoem R$ 3.979.113,16. É uma receita maior, porexemplo, que o total do IPTU arreca<strong>da</strong>do em Goianésia,no exercício de 2008 - cerca de R$ 2,8milhões.O diretor presidente Otávio Lage de SiqueiraFilho, observa que os investimentos sociais nãosão decorrentes de imposição legal. Mas, sim, umdesafio e um compromisso permanente <strong>da</strong> empresa.“A responsabili<strong>da</strong>de sócio-ambiental tornou-seuma marca registra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Jalles Machadoe fez com que ela se tornasse, efetivamente, umaempresa de referência no setor sucroalcooleiro,reconheci<strong>da</strong> no País e no exterior”, ressalta.Conforme lembra, o compromisso social <strong>da</strong>Jalles Machado está na sua origem. O seu pai,Otávio Lage de Siqueira, que foi prefeito de Goianésiae governador de Goiás, quando fundou aempresa teve como objetivo criar uma alternativapara a geração de empregos e ren<strong>da</strong> no município.“Nosso foco é ter uma empresa humana,valorizando o trabalhador e colaborando paracom a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias<strong>da</strong> nossa região”, sublinha Otávio Lage Filho,o Otavinho, que recentemente concluiu o segundoman<strong>da</strong>to como prefeito <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e retornouao comando <strong>da</strong> empresa.fotos: jalles machadoUsina Jalles Machado,localiza<strong>da</strong> no município deGoianésia (GO). Acima, fotosde exame clínico emfuncionário <strong>da</strong> empresa e<strong>da</strong> horta orgânica, cujaprodução é doa<strong>da</strong> aenti<strong>da</strong>des beneficientes.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 09
AGRÍCOLAUSO SEGUROA Associação Nacional de DefesaVegetal (Andef) estabelece algumasrecomen<strong>da</strong>ções para o uso seguro dedefensivos agrícolas:Aquisição Produtos fitossanitários sódevem ser adquiridos mediantereceita agronômica emiti<strong>da</strong> porprofissional habilitado Certifique-se de que a quanti<strong>da</strong>dede produto que está sendo adquiri<strong>da</strong>é suficiente para tratar apenas aárea deseja<strong>da</strong>. Evite comprarproduto em excesso Verifique o prazo de vali<strong>da</strong>de naembalagem do produto Verifique se o produto indicadopossui registro no Ministério <strong>da</strong>Agricultura e o ca<strong>da</strong>stro estadual Verifique se a embalagem estálacra<strong>da</strong>, para evitar falsificações O rótulo e a bula devem estarem perfeitas condições parapermitir a leitura Certifique-se de que oequipamento de aplicação quevocê possui é apropriado paraaplicar o produtoDestinação correta <strong>da</strong>s embalagensde agrotóxicos: cui<strong>da</strong>do indispensávelCana é modelo em usoracional de defensivosMANEJO ADEQUADO DO SOLO E MAIOR EMPREGO DE MÉTODOSNATURAIS REDUZ NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOSMaiara DouradoOuso e aplicação de defensivos agrícolas pareceser inevitável. No entanto, em um País ondese criou a cultura de que só se pode praticaragricultura baseando-se no uso intensivode insumos, o cultivo de cana tem se revelado umaexemplar exceção à regra.Entre culturas de uso racional e culturas de uso exagerado,a cana-de-açúcar se mostra econômica nademan<strong>da</strong> por agroquímicos. Tradicionalmente, o cultivode cana faz uso do controle biológico e utiliza poucoagrotóxico. Em geral, só um pouco de herbici<strong>da</strong>, quenormalmente é menos tóxico aos animais, e quase na<strong>da</strong>de insetici<strong>da</strong> e fungici<strong>da</strong>. Para o professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deFederal de Goiás, Paulo Marçal, a cultura <strong>da</strong>cana é modelo e uma <strong>da</strong>s mais seguras e interessantesdo País. Além dos impactos ambientais mínimos, o seucultivo promove a proteção do solo, pois incorpora palhae matéria orgânica.Marçal explica que as empresas de agrotóxicos têmdificul<strong>da</strong>de em inserir produtos químicos na cultura decana, já que ela se desenvolve a partir <strong>da</strong> aplicação docontrole biológico e, principalmente, pelo fato <strong>da</strong> maisimportante praga <strong>da</strong> cana-de-açúcar, a broca <strong>da</strong> cana,inpevse localizar em local de difícil acesso na planta. "Essalagarta não pode ser atingi<strong>da</strong> por aplicação de insetici<strong>da</strong>squímicos. A única saí<strong>da</strong> foi a introdução de inimigosnaturais que entram na galeria <strong>da</strong> cana, localizama lagarta, parasitam e a matam" , esclarece o professor.Em razão dessa dificul<strong>da</strong>de, a cana caminhou nosentido contrário <strong>da</strong>s outras culturas, ou seja, <strong>da</strong> nãoutilização preferencial do controle químico. Marçal entendeque o uso racional de agrotóxicos pode ser viávela qualquer cultura. Para isso, recomen<strong>da</strong> que o produtoresteja atento ao manejo do solo, o que inclui rotaçãode culturas, conservação do solo, adubação corretae ajuste de nutrientes. A ideia é equilibrar solo eplanta, pois afirma que, com uma planta equilibra<strong>da</strong>, asuscetibili<strong>da</strong>de a pragas será menor."Temos que pararde fazer uma agricultura sustenta<strong>da</strong> por insumos eprodutos milagrosos. Para isso é necessário manejo eequilíbrio. Esse é o uso correto e é para esse rumo quea agricultura deve caminhar", alerta o professor.No entanto, há casos em que a aplicação de produtosdefensivos pode ser imprescindível e, quando issoocorrer, os cui<strong>da</strong>dos devem ser redobrados. Os defensivossão tóxicos e, na maior parte <strong>da</strong>s vezes, de efeitodesconhecido. Para isso, o alerta é um só. Nunca negligencieos riscos ao manusear agrotóxicos!Armazenamento Produtos fitossanitários devem serarmazenados em local próprio,devi<strong>da</strong>mente identificados O local deve ser ventilado, cobertoe com piso impermeável A construção deve ser de alvenariaou de material não carburante Os produtos devem ficar com osrótulos voltados para fora <strong>da</strong> pilha,para facilitar a identificação Se o produto for guar<strong>da</strong>do numgalpão de máquinas, a área deve serisola<strong>da</strong> com telas ou paredes Não faça estoques de produtosalém <strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong>des previstas parauso a curto prazo Os produtos devem serseparados por classe (fungici<strong>da</strong>,insetici<strong>da</strong>, herbici<strong>da</strong>, acarici<strong>da</strong> eoutros) para evitar confusões econtaminação cruza<strong>da</strong> Mantenha sempre o produto naembalagem original Para manusear embalagens que játenham sido abertas, use luvas No caso de rompimento deembalagem, vista os EPI's e use umrecipiente para conter o vazamentoManuseio e Aplicação Leia cui<strong>da</strong>dosamente as instruçõesdo rótulo e/ou bula do produto antes<strong>da</strong> aplicação Vista os equipamentos de proteçãoindividual recomen<strong>da</strong>dos Verifique a calibragem doequipamento aplicador usandoapenas água Verifique se o equipamentoaplicador possui vazamentos eelimine-os antes de preparar a cal<strong>da</strong> Misture a quanti<strong>da</strong>de certa deproduto para preparar a cal<strong>da</strong> queserá usa<strong>da</strong> no tratamento Faça a tríplice lavagem oulavagem sobre pressão <strong>da</strong>sembalagens vazias enquanto estiverpreparando a cal<strong>da</strong> Escolha as horas mais frescas dodia para realizar a pulverização Não aplique o produtona presença de ventos fortes,evite a deriva.10 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
IMPOSTOSGoiás reduzICMS doetanolPresidente executivo do Sifaeg, AndréRocha, governador Alcides Rodrigues,secretário <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, Jorcelino Braga e opresidente do Sindiposto, Luiz PuccisifaegLuisa DiasCom 29 uni<strong>da</strong>des produtoras de etanol em funcionamento,o Estado de Goiás passa a contar coma terceira menor alíquota do Imposto sobre Circulaçãode Mercadorias e Serviços (ICMS) do País sobre oetanol. O tributo caiu de 26% para 20% e motivou aque<strong>da</strong> do preço do litro do álcool hidratado de R$1,59 para até R$ 1,47, valor ain<strong>da</strong> muito superior aospraticados em São Paulo, onde vigora a menoralíquota do País (12%), o que permite preços ain<strong>da</strong>mais competitivos. Mesmo ain<strong>da</strong> não tendo alcançadoa primeira posição, produtores e revendedores deetanol comemoraram a decisão que tirou o Estado <strong>da</strong>última posição no ranking do ICMS.O decreto autorizando a diminuição do tributofoi assinado no início do mês de maio pelo governadorAlcides Rodrigues, durante evento realizadono Sindicato <strong>da</strong>s Indústrias de Fabricação de Álcool(Sifaeg) e segue uma tendência nacional de diminuição<strong>da</strong> carga tributária, aumento <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>çãoe redução <strong>da</strong> sonegação. De acordo com o advogadotributarista Flávio Rodovalho, os governantesbrasileiros, depois de muito tempo, perceberamque, quanto menor a alíquota, menor é a sonegação."Este é um raciocínio que deve sempre ser feitoquando se é aplicado um tributo, porque a taxaalta pode gerar uma forte sonegação. No caso doetanol, acredito que a arreca<strong>da</strong>ção do Estado irá facilmenteaumentar, porque estimula o consumo".A expectativa é que haja um aumento <strong>da</strong>arreca<strong>da</strong>ção em Goiás de até 40%. Na última redução,entre 2004 e 2008, o consumo do etanol cresceu35%. O aumento é prerrogativa para a manutençãodo decreto, que não tem <strong>da</strong>ta de vencimento.O governador do Estado, Alcides Rodrigues, afirmouque confia na cadeia do setor sucroenergético."Acreditamos no aumento <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção, <strong>da</strong> geraçãode ren<strong>da</strong> e <strong>da</strong> manutenção dos empregos nas indústriase nos postos. Todos serão beneficiados e, emespecial, os consumidores", disse o governador.Atualmente, de acordo com <strong>da</strong>dos do Sindicatodo Comércio Varejista dos Derivados do Petróleo doEstado de Goiás (Sindiposto), a proporção de ven<strong>da</strong>para o consumidor é de 60% para a gasolina e 40%para o etanol. "Acredito que, com a que<strong>da</strong> do preço,esta situação irá se reverter e o etanol será omaior responsável pelas ven<strong>da</strong>s nos postos", afirmouo presidente <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de, Luiz Pucci.O presidente do Sifaeg, André Luiz Lins Rocha,comemora a decisão conquista<strong>da</strong> pelo setor juntoao governo. Para ele, as indústrias terão preços maiscompetitivos e poderão ampliar a atuação no mercado.Atualmente, 85% <strong>da</strong> produção de etanol doEstado são consumidos em Goiás. Outra meta é ampliaro consumo no Distrito Federal, onde o ICMSain<strong>da</strong> é um entrave, e as indústrias goianas são responsáveispor 50% do abastecimento.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 11
TECNOLOGIAPlástico àbase de etanolPLÁSTICO DE POLIETILENO VERDE ESTARÁÀ DISPOSIÇÃO DO MERCADO EM BREVEMaiara DouradoOplástico de polietileno verde sai dos laboratórios de pesquisa epassa para a produção em escala industrial. A novi<strong>da</strong>de é que aBraskem já deu início as obras <strong>da</strong> primeira indústria do mundo autilizar etanol de cana-de-açúcar para a produção em escala comercialde eteno e polietileno de origem 100% renovável.A indústria, com sede em Triunfo, no Rio Grande do Sul, investiu cerca deR$500 milhões no projeto e calcula uma produção de 200 mil tonela<strong>da</strong>s porano de eteno (matéria-prima para o polietileno). A empresa pretende construiruma planta industrial para a fabricação do eteno a partir de etanol, quedeve estar pronta até o quarto trimestre de 2010. A operação comercial estáprevista para começo de 2011.O projeto de produção do plástico verde deve utilizar cerca de 470 milhõesde litros de etanol por ano. O volume será adquirido de outras regiões e serátransportado por cabotagem até o terminal de Santa Clara, em Triunfo, edepois transferido via duto para a fábrica de polietileno.Em entrevista exclusiva ao CANAL, João Freire, gerente de relaçõesinstitucionais <strong>da</strong> Braskem, no Rio Grande do Sul, fala <strong>da</strong>s perspectivaspara o novo empreendimento <strong>da</strong> empresa e <strong>da</strong>s expectativas do produtofrente ao mercado.João Freire, gerentede relações institucionais<strong>da</strong> BraskemQual a expectativa de mercado para o produto?A uni<strong>da</strong>de terá capaci<strong>da</strong>de para produzir 200 mil tonela<strong>da</strong>s/anode eteno verde, a partir do etanol, que serãotransforma<strong>da</strong>s em volume equivalente de polietileno emuni<strong>da</strong>des industriais já existentes, no próprio Polo de Triunfo.A parti<strong>da</strong> <strong>da</strong> nova planta está prevista para o quartotrimestre de 2010 e o início <strong>da</strong> operação comercial parao começo de 2011. Estima-se uma deman<strong>da</strong> potencialjá mapea<strong>da</strong> de 600 mil tonela<strong>da</strong>s/ano para o produto, portanto,três vezes maior do que a capaci<strong>da</strong>de inicialmenteinstala<strong>da</strong>.Qual será o destino <strong>da</strong> produção do biopolietileno?A Braskem vem estabelecendo, desde o ano passado, umasérie de parcerias com renomados clientes nacionais e internacionais,principalmente <strong>da</strong> Europa, Estados Unidos eJapão, interessados em reforçar a associação de suas marcasao conceito de sustentabili<strong>da</strong>de. Cabe ressaltar osacordos firmados e já passíveis de comunicar ao mercado,com o Grupo Toyota, e Shiseido, renomado fabricante decosméticos voltados ao segmento de alto padrão, além <strong>da</strong>Brinquedos Estrela e Cromex (fabricante de pigmentos).Há a intenção de se exportar a tecnologia?A Braskem desenvolveu tecnologia para seu uso próprio.De qualquer forma, já fomos procurados por várias empresaspara poder desenvolver associações ou mesmo vendera tecnologia. Atualmente, estamos focando as competências<strong>da</strong> Braskem na construção deste primeiro empreendimentopara, posteriormente, avaliar outras oportuni<strong>da</strong>desde negócios.Quais as vantagens e desvantagens do plástico verde?As características de aplicação e proprie<strong>da</strong>des do polímeroverde são idênticas às do plástico tradicional, o quepermite às indústrias de transformação aproveitar todo oseu parque fabril atual para processar a resina de fonte renovável.A vantagem é que o polietileno verde retira CO2<strong>da</strong> atmosfera ao longo do seu ciclo de vi<strong>da</strong>, do cultivo <strong>da</strong>cana à reciclagem do produto após seu uso. Ele ain<strong>da</strong> temaplicação em mercados como o automobilístico, indústriade brinquedos, embalagens sopra<strong>da</strong>s para alimentos eprodutos de higiene e embalagens injeta<strong>da</strong>s para utili<strong>da</strong>desdomésticas.Tendo em vista o início <strong>da</strong>s obras no Polo Petroquímico deTriunfo e a perspectriva de comercialização do produto,qual o próximo passo <strong>da</strong> empresa?Firmar novas parcerias para fornecimento do polietilenoverde a empresas comprometi<strong>da</strong>s com a sustentabili<strong>da</strong>dee <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de aos estudos de viabili<strong>da</strong>de de produçãoem escala comercial do polipropileno verde.fotos: divulgação12 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
BIOCOMBUSTÍVELProduto tipo exportaçãoBRASIL TENTA, A CADA ANO, MELHORAR A PERFORMANCE DO ETANOL DE CANA NO MERCADOEXTERNO. ESTIMATIVAS REVELAM QUE A TENDÊNCIA É DE CRESCIMENTO NAS EXPORTAÇÕESRhudy CrysthianOetanol tem ganhado destaque no cenáriomundial em meio a discussões sobremu<strong>da</strong>nças climáticas, perante a crescentedeman<strong>da</strong> internacional por fontesde energia limpas e a preocupação dos paísesem reduzir sua dependência de petróleo. Este cenáriomelhora a imagem do País como fornecedormundial, pois também usa como matériaprimaum produto considerado mais eficiente aca<strong>da</strong> dia e com maior poder de redução de emissõesde gases causadores do efeito estufa.Estados Unidos e União Europeia, por exemplo,têm programas para promover o consumode biocombustíveis e deverão aumentar a misturade etanol nos próximos anos. Além disso,avanços tecnológicos a médio prazo, como oetanol de segun<strong>da</strong> geração, produzido a partirde materiais hoje descartados, como sobras decolheita ou palha e bagaço de cana, deverãopermitir aumentar a produção sem necessi<strong>da</strong>dede ampliação de área.De acordo com cálculos <strong>da</strong> consultoria Ernst& Young, as exportações brasileiras do etanoldeverão crescer 8,9% ao ano. As barreiras enfrenta<strong>da</strong>spelo produto no mercado internacional,como tarifas de importação, tendem a serreduzi<strong>da</strong>s gradualmente. Já a previsão do governobrasileiro é de aumentar a produção deetanol em 150% até 2020.Segundo o diretor técnico <strong>da</strong> União <strong>da</strong> Indústriade Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio dePadua Rodrigues, imaginar que o crescimentodo etanol significa uma substituição do petróleoé ilusão. A enti<strong>da</strong>de é pondera<strong>da</strong> em suasestimativas, para não causar grandes expectativasno setor, mas Padua afirma que há umgrande caminho para o etanol ganhar maisdestaque no mercado nacional. "O etanoltem primeiro o desafio de se tornar umacommodity global".MERCADOSPadua diz que uma estratégiapara atingir mercados maisfechados é utilizar barreiras tarifárias de outrospaíses. Com o objetivo de isentar o etanol deuma tarifa de importação norte-americana,grandes quanti<strong>da</strong>des do produto brasileiro exportadopara os Estados Unidos passam, porexemplo, pelo Caribe. Os Estados Unidos fecharamuma brecha que permitia que empresas petrolíferasimportassem etanol sem tarifas.Segundo o diretor <strong>da</strong> Unica, a abertura de umescritório <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de em Bruxelas também temaju<strong>da</strong>do o etanol brasileiro a ganhar mais forçalá fora. Ele afirma que a enti<strong>da</strong>de entende a realnecessi<strong>da</strong>de de abrir novos mercados, de melhoraro diálogo e as negociações para aumentar aexportação com base na argumentação de que oetanol é uma solução ecológica.A possibili<strong>da</strong>de de a Europa cortar as emissõesde CO2, o que provocará uma maior utilização deetanol, também é um passo vigiado a ca<strong>da</strong> instantepela Unica, pois também representa umaoportuni<strong>da</strong>de de ampliar o mercado.A Petrobras também pretende expandir suasfronteiras bioenergéticas. A empresa quer transformaro Brasil no maior fornecedor de combustívelrenovável do mundo. Segundo a estatal, omercado mais promissor é o Japão, mas a empresatambém negocia com outras praças, como aasiática, a africana e a norte-americana.Há quase dois anos, em parceria com a JapanAlcohol Trading, a Petrobras criou a CompanhiaBrasil Japão Etanol para promover o uso do combustívelem veículos e seu emprego na geraçãode energia. Para garantir o fornecimento, a estatalanalisa 40 projetos com empreendedores nacionaispara a construção de usinas de etanol.Acesso aos mercadosO etanol ain<strong>da</strong> enfrentará uma longa caminha<strong>da</strong>até se tornar uma commodity mundial. AUnião <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU), por exemplo, jápropôs a criação de uma série de critérios paraque os biocombustíveis tenham acesso a grandesmercados internacionais.Os critérios de produção e investimentodevem incluir garantias de acesso a alimentos,de que pequenos agricultores não serão expulsosde suas terras e casas, de remuneração justa aostrabalhadores e de proteção dos direitos de indígenase mulheres. O acesso aos mercados internacionaissó poderia ocorrer se o etanol fosseproduzido nessas bases.A ONU sugere até mesmo uma reforma nasleis <strong>da</strong> Organização Mundial do Comércio (OMC)para <strong>da</strong>r fim a todos os esquemas de subsídios eincentivos fiscais nos países ricos para a produçãode etanol, o que estaria gerando uma distorçãonos mercados e um comércio artificial.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - ABRIL 2009 13
FERTILIZANTESCaminhos para aautossuficiênciaGOVERNOBRASILEIRO TOMAA DECISÃOPOLÍTICA DE LIVRARO PAÍS DA FORTEDEPENDÊNCIA PORFERTILIZANTESIMPORTADOSnew holland/abr/divulgaçãoEvandro BittencourtAexpressiva elevação dos preços dos fertilizantesem 2008 impactou fortemente aativi<strong>da</strong>de canavieira e a produção de soja,entre várias outras culturas. A reali<strong>da</strong>de levouprodutores, autori<strong>da</strong>des e grande parcela <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>deà preocupante constatação de que o Brasil,a despeito de ser um dos maiores produtores agrícolasdo mundo, é altamente dependente dos fertilizantesproduzidos a partir de matérias-primas obti<strong>da</strong>em jazi<strong>da</strong>s de outros países. E mais, que a comercializaçãodesses produtos no País está na mãode, basicamente, três grandes empresas multinacionais,uma situação de alta vulnerabili<strong>da</strong>de que levouo governo federal a reagir e tentar reverter ou,pelo menos, reduzir a concentração do mercado e odesequilíbrio entre produção e deman<strong>da</strong> desses insumos,imprescindíveis para a ativi<strong>da</strong>de agrícola.Em recente participação no Congresso Brasileirode soja, realizado em Goiânia, no mês de maio, o Ministro<strong>da</strong> Agricultura, Reinhold Sthepanes, revelouao público presente os motivos que levaram o governoa elaborar o Plano Nacional de Fertilizantes. Otrabalho é desenvolvido pelo Mapa, em conjuntocom outros ministérios e instituições, para reduzir adependência do Brasil <strong>da</strong>s importações de insumos,sobretudo do nitrogênio, fósforo e potássio.Como exemplo, o ministro destaca que há, basicamente,quatro países no mundo que produzeme dominam as reservas de potássio e três empresasque controlam a comercialização. “Por isso,a gente já pode ver o tamanho do problemaque temos e vamos ter pela frente. Numa situaçãoassim, essas empresas têm to<strong>da</strong> uma condiçãode regular o mercado. Precisamos achar uma soluçãopara conviver de uma forma mais equilibra<strong>da</strong>com essa reali<strong>da</strong>de”, defende o ministro.O detalhamento do Plano Nacional de Fertilizantesestá previsto para ser apresentado no final domês de junho, mas Reinhold Stephanes, em suaapresentação no Congresso Brasileiro de Soja, dissecouaos quase 2 mil participantes do evento o perfil<strong>da</strong> dependência do Brasil, destacando que as importaçõesrespondem por 73% do consumo nacional defertilizantes. Garantiu, ain<strong>da</strong>, que o Brasil tem jazi<strong>da</strong>sain<strong>da</strong> não explora<strong>da</strong>s suficientes para tornar oPaís auto-suficiente em um prazo de 10 anos.PÓ DE ROCHAParalelamente ao esforço do governo, instituiçõesde ensino e de pesquisa, com destaque para aEmbrapa e Universi<strong>da</strong>de de Brasília, buscam soluçõesalternativas de fertilizantes cuja matéria-primaseja abun<strong>da</strong>nte e barata e, o que é mais importante,esteja disponível aqui mesmo, no Brasil.Pesquisadora associa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Brasíliae funcionária <strong>da</strong> Petrobras, Suzi Huff Theodoro,que há vários anos desenvolve pesquisas sobreo uso de pós de rochas na agricultura, destaca queo Brasil é um País extremamente geodiverso. Trata-sede uma riqueza inexplora<strong>da</strong>, que pode aju<strong>da</strong>ra diminuir a dependência por fertilizantes.As rochas que podem ser utiliza<strong>da</strong>s para adubar,explica a pesquisadora, são aquelas que, por sua naturezagenética, apresentam quanti<strong>da</strong>des significativasdos principais macro e micronutrientes requeridospelas plantas, a exemplo <strong>da</strong>s rochas ultra-potássicas,fonte de potássio. “Quando consideramos que 91% dopotássio consumido no Brasil é importado, percebe-14 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
mos o quanto é importante encontrarfontes alternativas.”Outros tipos de rocha, prossegueSuzi Huff Theodoro, sãofonte de cálcio, magnésio e fósforo.“Consideramos que a presençadesses nutrientes é umaparte <strong>da</strong> razão do sucesso deprodutivi<strong>da</strong>de. Além deles, osmicronutrientes desempenhamuma função muito especial”.Segundo a pesquisadora, aagricultura moderna convencionaldeixou de lado grandeparte dos micronutrientes. Deuma lista de muitos, usam-se,basicamente, apenas 10 deles e,ain<strong>da</strong> assim, eventualmente.“Com isso, os alimentos deixamde ter esses nutrientes, porqueeles já se exauriram no solo. Oalimento consumido não temesses elementos e, portanto, oorganismo deixa de assimilar asquanti<strong>da</strong>des necessárias de molibdênioe vanádio, por exemplo,o que acaba acaba acarretandoproblemas à saúde.”Bactérias fixadoras de nitrogênioA consistência dos resultadosobtidos em uma pesquisa sobreinoculantes com bactérias fixadorasde nitrogênio para aplicaçãoem cana-de-açúcar, lidera<strong>da</strong> porVerônica Massena Reis, <strong>da</strong> EmbrapaAgrobiologia, promete revolucionara aplicação de fertilizantesnitrogenados na cultura.Ensaios em larga escala <strong>da</strong> aplicação<strong>da</strong>s bactérias já estão sendorealizados em várias usinas parceiras<strong>da</strong> Embrapa no desenvolvimento<strong>da</strong> tecnologia. “Estamosfazendo testes de campo em canaplanta e já tentando aplicar abactéria na cana soca”.Segundo a líder <strong>da</strong> pesquisa, háum grande esforço sendo realizado,no momento, para desenvolverprocessos de aplicação em largaescala do inoculante, de umaforma fácil e que reduza a necessi<strong>da</strong>dede adubação nitrogena<strong>da</strong>convencional em 100% na canade primeiro ano. Na cana soca,provavelmente, essa redução deveficar em torno de 50%. Esse é oporcentual que estamos preconizando,embora tenhamos trabalhadocom até 100% de redução,sem per<strong>da</strong> de produtivi<strong>da</strong>de.”A tecnologia já foi repassa<strong>da</strong> àindústria, informa Verônica MassenaReis. “Fizemos um editalaberto à indústria nacional e quatrocompanhias se habilitaram,receberam as estirpes e agora elastêm até dois anos para lançar oproduto final, pois serão as responsáveispelo inoculante que serácomercializado no mercado.”A princípio, segundo VerônicaMassena, o produto deverá ser recomen<strong>da</strong>dopara to<strong>da</strong>s as regiõesdo País. “Estamos trabalhandocom várias usinas do Nordeste, deSão Paulo e vamos começar noParaná e no Rio Grande do Sul,regiões mais frias, mas onde a canatambém está avançando, e naregião do Cerrado.”Reinhold Stephanes diz que oBrasil tem condições de se tornarauto-suficiente em fertilizantesCANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 15
Origem do trabalhoA pesquisa sobre inoculantes combactérias fixadoras de nitrogênio paraaplicação em cana-de-açúcar nasceucom a utilização de bactérias que possuemuma enzima denomina<strong>da</strong> nitrogenase.Essas bactérias são capazes de fixarnitrogênio atmosférico de uma formaassimilável para as plantas.Um exemplo é o rizóbio <strong>da</strong> soja, jámuito conhecido e usado no Brasil. VerônicaMassena Reis, pesquisadora <strong>da</strong>Embrapa Agrobiologia, explica que aTecnologia consiste em não aplicar o nitrogênioconvencional e sim o inoculante,com bactérias vivas. Esses microrganismos,numa relação de simbiose,fazem com que a deman<strong>da</strong> de nitrogênio<strong>da</strong> planta seja retira<strong>da</strong> do ar, alémde uma parte que é absorvi<strong>da</strong> pelo solo,eliminando a necessi<strong>da</strong>de do fertilizanteconvencional.O trabalho de fixação biológica denitrogênio em cana-de-açúcar teveinício na déca<strong>da</strong> de 1950, com a pesquisadoraJoana Dobëreiner, descobridora<strong>da</strong> bactéria Beijenrinckia fluminensis,que vive associa<strong>da</strong> às plantas.O feito lhe rendeu especial distinçãono meio científico mundial.Desde aquela época, conta VerônicaMassena, o grupo de pesquisadorescresceu e novas bactérias foram descobertas,formando-se uma coleção commais de 8 mil microrganismos identificadose testados nas plantas de interesseagronômico, como o milho, o trigo, oarroz e a soja, além <strong>da</strong> cana-de-açúcar.A cana teve uma grande ênfase, segundoa pesquisadora, a partir de1992, quando os pesquisadores <strong>da</strong> Embrapaconseguiram desenvolver umametodologia que quantificava a contribuiçãodessas bactérias em plantasnão leguminosas. “Foi constatado queaté 70% do nitrogênio que a cana acumulavavinha <strong>da</strong> fixação aérea de nitrogênio,o que só as bactérias são capazesde fazer. Isso representou diferençana pesquisa, pois até então nãose acreditava que plantas que não tivessemnódulos eram capazes de tertanto nitrogênio acumulado por meio<strong>da</strong> fixação biológica.”A partir dessa descoberta, os pesquisadorescomeçaram a fazer um estudointensivo de seleção de estirpes de bactériaspara aplicação como inoculantes.Depois de vários anos de trabalho, chegarama uma mistura de cinco espéciesde bactérias, to<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>s <strong>da</strong> cana-deaçúcarplanta<strong>da</strong> no Brasil, ou seja, quejá estão na natureza.Apoio às pesquisas com o pó de rochaO governo federal está convencido de quevale a pena apostar em alternativas para aprodução de fertilizantes naturais, afirma apesquisadora associa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de deBrasília, Suzi Huff Theodoro, que no Brasil liderapesquisas com o pó de rocha na agricultura,tecnologia denomina<strong>da</strong> rochagem. Segundoela, já existe um grupo de trabalho coordenadopelo ministério de Minas e Energiae outros grupos, em várias uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Embrapa,que formam uma rede denomina<strong>da</strong>AgriRocha.A Petrobras, exemplifica a pesquisadora, temuma área de exploração de petróleo a partir deuma rocha chama<strong>da</strong> xisto, pertencente à formaçãoIrati, que está distribuí<strong>da</strong> desde SantaCatarina até o Sul de Goiás. “O subproduto dessaexploração é um material de excelente quali<strong>da</strong>depara utilizar como fertilizante. A Embrapavem colaborando nessa pesquisa e achandoresultados bem interessantes do ponto de vista<strong>da</strong> alteração dos níveis de fertili<strong>da</strong>de no solo.”Suzi Huff Theodoro explica que o trabalhoestá no nascedouro. Existem <strong>da</strong>dos de pesquisa,mas ain<strong>da</strong> há uma restrição para a comercializaçãodo pó de rocha, pois esse produtonão está inserido em nenhuma <strong>da</strong>s categoriasem que a comercialização é permiti<strong>da</strong> peloMinistério <strong>da</strong> Agricultura. “É preciso definircomo viabilizar a comercialização de rochasque sejam interessantes. Estamos trabalhandojunto com o Mapa para criar uma categoria eviabilizar esse tipo de ativi<strong>da</strong>de comercial. Acriação de uma categoria para o produto e deuma licença de comercialização é importante,segundo a pesquisadora, para evitar que sejamintroduzidos no mercado pós de rocha quenão sejam ricos em nutrientes interessantes,mas vendidos como produtos de eficácia, ouque tenham algum tipo de contaminante.A produção de biocombustíveis, um doscarros-chefe do governo e a mais concretaalternativa para o país diversificar sua matrizenergética, poderia ser muita beneficia<strong>da</strong>com o uso do pó de rocha no cultivo <strong>da</strong>s matérias-primas,acredita Suzi Huff. “Do pontode vista <strong>da</strong> fertili<strong>da</strong>de do solo, a cana-deaçúcaré uma consumidora voraz de nutrientese temos experimentos com a cultura quemostram que o pó de rocha aplicado, desdeque o manejo não seja superintensivo, permaneceno solo por mais de cinco anos.”É níti<strong>da</strong> a mu<strong>da</strong>nça visual verifica<strong>da</strong> no solo após a aplicação do pó de rocha e do manejoagroecológico. Níveis de fertili<strong>da</strong>de melhoram significativamente nos experimentosfotos: suzi huff theodoro16 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
CANA-DE-AÇÚCARPara a pesquisadora, a rochagempode ser uma alternativa importantepara viabilizar o setor de biocombustíveiscom custos menores,ain<strong>da</strong> que o fertilizante natural fosseutilizado em apenas parte <strong>da</strong>sáreas de cultivo, devido às grandesdimensões <strong>da</strong>s áreas de lavoura.“Além disso, haveria ganhos ambientaisao deixar de acrescentar aosolo fertilizantes solúveis, que podemcontaminar o meio ambiente.Nos experimentros em que seutilizou o pó de rocha no cultivo <strong>da</strong>cana, os pesquisadores observarammelhor perfilhamento <strong>da</strong>s plantas emaior quanti<strong>da</strong>de de massa verde –o que é especialmente interessantepara a produção canavieira. “Constatamosque o enraizamento <strong>da</strong>splantas é bem maior (foto à esquer<strong>da</strong>)e, quando se tem plantascom sistema radicular mais estruturado,evita-se a formação de erosões,”diz a pesquisadora.A primeira conferência internacionalsobre o uso do pó de rochana agricultura foi realiza<strong>da</strong> em2004 e contou com representantesdos cinco continentes. O eventoofereceu uma perspectiva do queestava sendo realizado no mundoem relação ao tema. “Verificamosque, especialmente no Brasil e emalguns países <strong>da</strong> África, as pesquisasestavam bem adianta<strong>da</strong>s.”CONGRESSOO 1º Congresso Brasileiro de Rochagem,informa Suzi, será realizadoem Brasília (DF), de 21 a 25 desetembro de 2009. O evento, umarealização dos ministérios de Minase Energia, Ciência e Tecnologia, Petrobrase Embrapa, contará com oapoio de diversas instituições brasileirasliga<strong>da</strong>s à pesquisa, à regulamentação,à produção mineral eaproveitamento de resíduos mínero-industriaise à comercializaçãode seus produtos.Outra apoiadora do congresso éa Fun<strong>da</strong>ção Internacional Rocks forCrops, representante de uma redeinternacional que busca as informaçõese as divulga por meio detrabalhos científicos. Dela participamBrasil, Portugal, China Japão ecinco países africanos.verônica massena reisCana-de-açúcar trata<strong>da</strong> com o inoculante e pronta para ser planta<strong>da</strong> no campoBIODIESELDiversificação <strong>da</strong>smatérias-primasEstudos para a diversificação <strong>da</strong>smatérias-primas para a produçãode óleo a ser misturado ao dieselmineral foram debatidos nareunião <strong>da</strong> Câmara Setorial de Oleaginosase Biodiesel no último mês.De acordo com o presidente <strong>da</strong>Câmara e coordenador-geral deAgroenergia <strong>da</strong> Secretaria de Produçãoe Agroenergia do Ministério<strong>da</strong> Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa), Denílson Ferreira,todos os segmentos <strong>da</strong> cadeia dobiodiesel voltaram a se reunir após19 meses e discutiram culturas alternativas,como pinhão manso,dendê e mamona. Atualmente, asoja é a principal matéria-primana composição do biodiesel.O Ministério de Minas e Energiavai aumentar de 3 para 4% a misturado óleo ao diesel (B4), em julhodeste ano. A frota brasileiraconsumiu cerca de um bilhão delitros de biodiesel em 2008. Cercade 36 mil agricultores familiarestrabalharam, em 2008, nas lavourasde mamona (Estados do Nordeste),dendê (Estados do Norte) esoja e canola (RS).A expectativa é de que este númeroavance para 82 mil agricultores.O Programa Nacional de Produçãoe Uso do Biodiesel leva emconsideração a sustentabili<strong>da</strong>deambiental, o balanço energético e aquestão social. Estão autoriza<strong>da</strong>s afuncionar 46 usinas de biodiesel.rogério reis/petrobrasCANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 17
LOGÍSTICAAlcooldutos à vistaMaior parte <strong>da</strong> produção de etanolain<strong>da</strong> é transporta<strong>da</strong> emcaminhões-tanqueMaiara DouradoRecessões e crises à parte, empresas delogística, algumas cria<strong>da</strong>s pelas própriasusinas, enxergam no setor sucroenergéticoboas oportuni<strong>da</strong>des de absorveras deman<strong>da</strong>s de transporte do etanol.Para isso elas projetam a construção de dutoscomo forma alternativa, rápi<strong>da</strong> e eficiente paraotimização do serviço de escoamento do combustível.A introdução desse mo<strong>da</strong>l pode vir arepresentar a possibili<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>decompetitiva e de sustentabili<strong>da</strong>de doetanol fora do País.De acordo com a pesquisadora do Centro deCiência de Tecnologia do Bioetanol (CTBE), MirnaIvonne Gaya Scantidiffio, cerca de 90% dotransporte de etanol, atualmente, é feito porcaminhões-tanque. O sistema rodoviário é escolhidocomo principal via de escoamento nãopela sua eficiência, mas por falta de alternativascapazes de realizar o transbordo do etanolpor ferrovia ou hidrovia.O alcoolduto, sem dúvi<strong>da</strong>, é a melhor opçãopara o transporte do etanol. "Tanto do ponto devista econômico, como ambiental", completaMirna. No entanto, o setor pode vir a enfrentaralguns desafios. "Para viabilizar o custo <strong>da</strong> construçãode dutos dedicados ao transporte de etanol,é necessário garantir um volume mínimo deescoamento do combustível renovável, seja paraos pontos de distribuição no mercado interno oupara exportação", explica a pesquisadora.Atualmente, o transporte de etanol atravésde dutos no País é praticamente insignificante.Segundo estatísticas do Centro de Gestão e EstudosEstratégicos (CGEE), o número não chegaa 2%. Porém, em 1981, no auge do Proálcool, otransporte rodoviário representava apenas 37%do transporte de álcool e as dutovias, 13%. "Ainfra-estrutura atual do País para o escoamentode etanol não apresenta grandes mu<strong>da</strong>nçasquando compara<strong>da</strong> à <strong>da</strong> época <strong>da</strong> criação doProálcool, na déca<strong>da</strong> de setenta, embora o Programativesse como objetivo o abastecimentodo mercado interno", relata Mirna.O cenário, no entanto, está mu<strong>da</strong>ndo. Éperceptível o interesse de empresas de logísticae infra-estrutura no investimento de dutoviáriosexclusivos para álcool. Por essemotivo, a reportagem do CANAL escolheu ostrês projetos de <strong>alcooldutos</strong> que estão emmaior evidência no País, a fim de levantar osavanços e as dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s pelasoperadoras para implantação dos projetos.São elas a Centro-Sul/Brenco, Uniduto eTranspetro/Petrobrás. Para isso, conversamoscom diretores <strong>da</strong>s empresas em questão nointuito de buscar informações sobre o an<strong>da</strong>mentodos projetos. Somente a Petrobrásnão forneceu informações quanto ao an<strong>da</strong>mentode seu projeto.UNIDUTOEm março desse ano, a recém-cria<strong>da</strong> Uniduto,empresa de logística volta<strong>da</strong> para o escoamentode etanol, anunciou a primeira fase de seu projeto,que irá contemplar a região paulista, ligandoSertãozinho (interior de São Paulo) ao Portode Santos. O projeto ain<strong>da</strong> prevê uma segun<strong>da</strong>fase, na qual serão construídos pontos coletoresno Estado de Goiás, na região de Itumbiara, e emMinas Gerais, na região de Uberlândia.A etapa que liga Sertãozinho ao Porto deSantos conta com uma rede de dutos de 6<strong>18</strong>km. De Itumbiara até Sertãozinho, a rede chegaa 400 km, ou seja, mais de mil quilômetros ligandoo centro do País ao litoral. Na primeiraetapa, estão previstos três pontos coletores,localizados em Juqueritiba, Conchas e Sertãozinho,todos no interior de São Paulo. Há,ain<strong>da</strong>, duas bases de distribuição, uma em Paulíniae a outra em local ain<strong>da</strong> não definido, mascom grandes chances de ser na região metropolitanade São Paulo.O projeto vai muito além <strong>da</strong> construção doduto para escoamento de etanol, isso porque aUniduto pretende sanar outro grande problemalogístico do setor, o portuário. Para isso,consta em seu projeto a construção de um portopróprio, em Guarujá (SP).De acordo com o presidente <strong>da</strong> Uniduto,Sérgio van Klaveren, já foi compra<strong>da</strong> a área parao início <strong>da</strong>s obras do porto, em 2010. O investimento<strong>da</strong> fase paulista do projeto deve chegara R$1,8 bilhão. O projeto segue em fase de licenciamentoambiental, de engenharia básica ede levantamento de recursos financeiros. "Começamoso licenciamento em setembro de 2008e a perspectiva é de ter as licenças a partir do finaldesse ano ou início de 2010", relata Sérgio.As extensões de Goiás e Minas Gerais ain<strong>da</strong> estãosem previsão de início, pois dependem deestudos de viabili<strong>da</strong>de e produção.<strong>18</strong> CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
OBRAS DO PRIMEIRO ALCOOLDUTO DO PAÍS ESTÃO PROGRAMADAS PARA COMEÇAR EM 2011.TRÊS PROJETOS, DA INICIATIVA PÚBLICA E PRIVADA, ESTÃO EM FASE MAIS ADIANTADAfotos: stock.schng/unica/dir oper centrosul/paulo venturiniInvestimentos contemplam diversas possibili<strong>da</strong>des comerciaisA Uniduto tem em seu projeto possibili<strong>da</strong>desdiferencia<strong>da</strong>s. O porto não vai servir somentepara exportação, servirá também para cabotagem,para man<strong>da</strong>r etanol para regiões comoNorte, Nordeste e Sul do país, além <strong>da</strong> criaçãode bases de distribuição em outras regiões,explica Sérgio van Klaveren.A dinâmica de um sistema de transporte seamplia ao compor com outros mo<strong>da</strong>is. É o casodo alcoolduto <strong>da</strong> Uniduto, que se liga a outrostipos de sistema de transporte, como o hidroviárioe o ferroviário. Isso porque as localizaçõesde seus pontos coletores são estratégicas, jáque o ponto de Juqueritiba estabelece conexãocom uma ferrovia, o de Conchas desemboca noporto do rio Tietê e o de Sertãozinho está na direçãodo Triângulo Mineiro e Goiás.A Uniduto tem se apresentado no mercadocomo uma empresa que visa melhorar a infra-estruturalogística do setor sucroenergético.A ideia pode parecer um tanto idealista,mas não para um grupo de produtoresde etanol, composto por mais de 80 uni<strong>da</strong>desprodutoras, que entendem a construção deum alcoolduto como uma necessi<strong>da</strong>de realde otimizar o serviço de transporte de seuproduto.Implantação de alcoolduto deman<strong>da</strong> grandesvolumes para viabilizar investimentoMoacir Megiolaro, diretor de Operações<strong>da</strong> Centro Sul Transportadora DutoviáriaBRENCOA Centro Sul Transportadora Dutoviária foi cria<strong>da</strong>pela Brenco Companhia Brasileira de EnergiaRenovável. Na mesma lógica comercial que a Uniduto,a empresa não pretende atender somente aassociados, mas também a outros produtores deetanol interessados no escoamento via dutos. A escolhado trajeto contempla o primeiro polo de produçãode biocombustível <strong>da</strong> Brenco, localizado emAlto Taquari (MT), se estendendo até o porto deSantos (SP). A opção pelo porto paulista se deve aofato de o sudeste de São Paulo ser uma importanteregião de produção de etanol e de alto consumodo biocombustível.A implantação de um sistema dutoviário exigedo empreendedor investimentos altos e, principalmente,um volume de escoamento, no mínimo, razoávelpara garantir investimentos. De fato, essa jánão é mais uma preocupação <strong>da</strong> Brenco. O projetojá prevê a participação de 90 produtores e capaci<strong>da</strong>dede escoamento de 8 milhões de metroscúbicos por ano.O diretor de operações <strong>da</strong> Centro Sul TransportadoraDutoviária, Moacyr Megiolaro, garante que"o projeto é de alta atrativi<strong>da</strong>de". Ele explica que,dos 90 produtores, 14 representam 70% <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>dede escoamento do alcoolduto. "Só a Brencoproduz 4 milhões de metros cúbicos por ano".São mais de mil quilômetros de extensão, cincopontos coletores e três bases de distribuição. Dentreos pontos coletores estão Alto Taquari (MT), Caçu(GO), Paranaíba (MS); Noroeste I, ain<strong>da</strong> em negociação,mas que deve se instalar entre Fernandópolise Votuporanga e Noroeste II, com possibili<strong>da</strong>desde se implantar entre Uchôa e Catanduva.Já os terminais de distribuição estão previstos emPaulínia, mediações de Santo André e Baixa<strong>da</strong>Paulista, que pode ser na margem esquer<strong>da</strong> doporto de Santos - Ilha Bernabé ou Cubatão.Um dos grandes diferenciais do projeto está noterminal de distribuição na região de Santo André.De acordo com Megiolaro, ele é o único próximo<strong>da</strong> região de maior produção de etanol do País, aregião de São Paulo. Além disso, o terminal ofereceto<strong>da</strong> a tecnologia necessária para um serviçorápido de carregamento de caminhões. "Normalmente,os terminais possuem poucas ilhas de carregamentode caminhão e este novo terminal estápreparado para atendê-los simultaneamente" explicao diretor <strong>da</strong> Centro Sul.Competitivi<strong>da</strong>de do etanol dependede escoamento eficiente e de baixo custoCUSTOSO custo <strong>da</strong> obra, cerca de R$ 2,7 bilhões, deveser dividido entre Brenco, fornecedores e bancos.Cerca de 30% do valor do projeto será custeadocom recursos próprios e os outros 70% financiadosjunto a instituições financeiras. O diretor <strong>da</strong>empresa diz que a Centro Sul está aberta a parceriase que, atualmente, estão sendo feitas negociaçõescom produtores de etanol.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 19
Estudos geológico e de impacto ambientalEm processo de licenciamento ambiental,a Centro Sul TransportadoraDutoviária, <strong>da</strong> Brenco, aguar<strong>da</strong> conclusãodos estudos geológicos e deimpacto ambiental na área onde oduto será construído. Megiolaroacredita que até novembro o grupoterá a licença prévia para operaçãodo alcoolduto. No entanto, esse nemsempre é um percurso fácil, já que oacesso às terras para o início <strong>da</strong>sobras exige negociação com quasecinco mil proprietários de cerca de70 municípios.O curioso é que o projeto está sendolicenciado como poliduto, mas vaitransportar só etanol. O diretor explicaque no Brasil não existe órgão que regule<strong>alcooldutos</strong>. Por isso, a Centro Sulfez o licenciamento via Agência Nacionalde Petróleo, como duto polivalente.Oito milhões de metros cúbicos de escoamentoanual. Essa é a expectativa <strong>da</strong>Centro Sul para um período de até seteanos. "Acredito que até o quinto ano defuncionamento se atinja os oito milhõesde metros cúbicos", confia Megiolaro.PETROBRASPrevisto dentro do projeto Corredorde Exportação de Etanol, o alcoolduto<strong>da</strong> Petrobras caminha a passos lentos.Desde 2006, a instituição negocia o início<strong>da</strong>s obras do duto, que deverá ligarSenador Canedo (GO) a São Paulo, totalizandouma extensão de duto de 1056km. Há duas possibili<strong>da</strong>des de saí<strong>da</strong> parao mar, Ilha D'água (RJ) ou São Sebastião(SP). Atualmente, a conclusão está previstapara 2012.O projeto conta com enti<strong>da</strong>des parceiras,como Mitsui e Camargo Côrrea,que devem garantir a estrutura de produçãoe logística do alcoolduto. O investimentototal é estimado em US$ 2 bilhões,e a capaci<strong>da</strong>de de escoamento de12 milhões de metros cúbicos por ano.Em reunião em Goiânia, o presidentedo consórcio Petrobras, Mitsui e CamargoCorrêa (PMCC), Alberto Guimarães, afirmouque o trecho em Goiás é incerto, jáque depende de viabilização econômica.No entanto, o trajeto de Uberaba ao Portode São Sebastião (RJ) tem previsão detérmino em setembro de 2012.Com mais de três anos de negociação,o alcoolduto <strong>da</strong> Petrobras está estacionadoe tem incitado iniciativaspriva<strong>da</strong>s a movimentar o setor de infra-estruturavoltado para a produçãoalcooleira. No entanto, o antigo jogo deforças entre iniciativa publica e priva<strong>da</strong>não se aplica nesse cenário. O objetivo,segundo Moacyr Megiolaro, não é aconcorrência entre os empreendimentosde infra-estrutura. Isso porque háabertura para sinergia com outros projetos.Mesmo porque não existe umchoque entre os trajetos que irão percorrerca<strong>da</strong> projeto. Além do mais, "nãohá concorrência, porque são clientesdiferentes", explica Megiolaro.Haveria uma exceção no caso do percursorealizado pela Centro Sul/Brenco eUniduto, já que se chocariam no trajetode Paulínia até porto de Santos. No entanto,Megiolaro diz que, a partir dePaulínia, existe interesse em parcerias."A parceria com a Uniduto é um desejo.Só há uma dificul<strong>da</strong>de temporal, já queo projeto <strong>da</strong> Brenco está mais avançado",revela o diretor <strong>da</strong> Centro Sul.20 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
2° Encontro deComunicação<strong>da</strong> UnicaRibeirão Preto sediou,no dia 13 de maio, o 2°Encontro Unica deComunicação. O eventoteve o objetivo de alinhar asiniciativas <strong>da</strong>s equipes decomunicação de empresasassocia<strong>da</strong>s à Unica aotrabalho desenvolvido pelaenti<strong>da</strong>de, particularmente nasáreas ambiental e trabalhista.O evento reuniurepresentantes deimportantes grupos eenti<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s ao setorsucroenergético nacional emarcou também olançamento, em RibeirãoPreto, <strong>da</strong> versão em inglêsdo Relatório deSustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Unica,além <strong>da</strong> apresentação dolivro “Imagens do EtanolBrasileiro” para amídia local.Cresce colheita mecaniza<strong>da</strong> em São PauloA colheita mecaniza<strong>da</strong> naslavouras de cana em São Pauloalcançou 49,1% <strong>da</strong> área colhi<strong>da</strong> nasafra 2008/09. A informação é doInstituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe). Na safra2008/09, que teve 3,9 milhões dehectares (ha) de área colhi<strong>da</strong> noEstado, a mecanização avançou em157 mil ha, em comparação aoB4 passará a vigorarno mês de julhoO governo vai adicionar, apartir de julho, 4% de biodieselno diesel comercializado nasbombas, o chamado B4. Oanúncio foi feito pelo ministrode Minas e Energia, EdisonLobão.A mistura atual prevê3% de biodiesel no diesel. Lobãodisse também que, a partir de2010, o acréscimo será de 5%.ciclo 2007/08, equivalendo a maisde 2 milhões de hectares.Ven<strong>da</strong>s de carros flexAs ven<strong>da</strong>sde carros flexfuel atingiram197.981uni<strong>da</strong>des nomês de abril,recuo de 8,7% sobre o mesmomês de 2008, segundolevantamento <strong>da</strong> AssociaçãoNacional dos Fabricantes deVeículos Automotores (Anfavea).No acumulado do ano, as ven<strong>da</strong>satingiram 760.301 uni<strong>da</strong>desMesmo com crise,houve crescimento derenováveis em 2008Mesmo com a criseeconômica, a capaci<strong>da</strong>de deenergia global vin<strong>da</strong> de fontesrenováveis cresceu 16% em2008, alcançando 280 milmegawatts (MW), aponta orelatório “REN21 –Renewables Global Status”,divulgado pela Rede dePolíticas de EnergiaRenovável para o século 21(REN21). “O crescimentorecente do setor ultrapassouto<strong>da</strong>s as previsões, mesmoaquelas feitas pela própriaindústria”, afirmou opresidente <strong>da</strong> REN21,Mohamed El-Ashry. Osbiocombustíveis tiveramdestaque com a produção debiodiesel e de etanol, subindo34%. Em segui<strong>da</strong>, o melhordesempenho veio do setoreólico, o qual teve umincremento de 29%.CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 21
Clarissa BezerraCom almade Cerrado"Era meio de tarde e euestava com muita fome naporta de um supermercadode Goiânia, tentandovender um picolé. Passouum senhor que eu nuncatinha visto antes e disse: 'Você ain<strong>da</strong> seráreconhecido meu rapaz. Asdificul<strong>da</strong>des passarão' ". Alembrança, que mais tardese revelou uma profecia, édo empresário Clóvis Joséde Almei<strong>da</strong>, 56 anos,proprietário <strong>da</strong> marcaFrutos do Cerrado, que hápouco tempo contava parauma equipe decorrespondentes do NewYork Times comoaproveitar o Cerrado parafabricar sorvetes comsabores desconhecidos <strong>da</strong>maioria <strong>da</strong>s pessoas.Cagaita: fruta do Cerrado de sabor exóticoNa composição dos sorvetes, na<strong>da</strong> de chocolate,flocos ou até frutas mais comuns, comomorango e limão. Os sabores são exóticos. Resultam,por exemplo, <strong>da</strong> combinação do pequibatido ao leite e congelado em um palitinho.Diariamente, são fabrica<strong>da</strong>s mais de 10 miluni<strong>da</strong>des na Sorveteria Frutos do Cerrado.Assim como arroz e feijão, a combinaçãoClóvis e os frutos <strong>da</strong> vegetação nativa que cobrea maior parte do Planalto Central brasileirodeu mais do que certo. A ideia de usar mangaba,murici, cagaita, entre outros frutos típicosdo Cerrado, veio <strong>da</strong> experiência de infância."Sou de um tempo que não existiam médicos àdisposição, e muito menos remédios. Na minhaterra, para se ter uma ideia, curava-se anemiade mulher, que tinha <strong>da</strong>do a luz, com cascas dejatobá e macaúba fervi<strong>da</strong>s no leite", diz, referindo-sea plantas medicinais de ocorrência comumno Cerrado.Clóvis sabe bem do que está falando, já queexistia uma espécie de curandeiro na família,aju<strong>da</strong>ndo a todos na região com seus remédiosextraídos do Cerrado. O atual empresário era ofiel companheiro do seu avô raizeiro, nas matasdo então distrito de Bom Jesus - hoje municípioemancipado <strong>da</strong> região Sul do Estado deGoiás. Nessas an<strong>da</strong>nças, aos seis anos de i<strong>da</strong>de,ele aprendeu uma lição fun<strong>da</strong>mental que é abase do seu presente e o horizonte do futuro."Meu avô dizia que fruto que passarinho comepode alimentar o ser humano." E, claro, o bolsotambém. Atualmente, a marca Frutos doCerrado tem instalações industriais em três Estadosbrasileiros, sendo uma em Goiás (Goiânia),e as outras duas em São Paulo (Limeira) eMina Gerais (Uberlândia), além <strong>da</strong>s lojas-modelo,onde o sorvete é comercializado.Em 1956, quando tinha apenas três anos devi<strong>da</strong>, o pai de Clóvis resolveu mu<strong>da</strong>r-se com a22 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
família para a ci<strong>da</strong>de de Morrinhos. "Foi uma viagem de doisdias em caminhão e mais um em carro de boi", lembra o empresárioque, junto com mais outros nove irmãos, se alimentavamde frutos do mato. "Hoje, tudo isso acabou, o Cerradopraticamente virou lavoura e são poucas as reservas. Masacredito que essa reali<strong>da</strong>de mude, pois, pra mim, o Cerrado émais importante do que a Floresta Amazônica."SUOR E PACIÊNCIAEm 1996, após um negócio mal sucedido em São Luiz deMontes Belos, Clóvis veio com a família para Goiânia, commuitas dívi<strong>da</strong>s e sem emprego. "Era preciso tentar a sorte acusta de muito suor e paciência", afirma Clóvis, que primeirofoi limpar lotes particulares, já que tinha como ferramentaapenas uma enxa<strong>da</strong>. Depois, chegou a vender picolés nas ruas,quando ouviu do senhor desconhecido as palavras quetanto o intrigaram.Dias depois do comentário de incentivo, o telefone tocou.Do outro lado <strong>da</strong> linha, o representante de uma fábrica demáquinas de fazer picolés propunha a Clóvis que experimentasseum de seus equipamentos, sem compromisso. "Eu nãotinha na<strong>da</strong> a perder. Eu e minha mulher pegamos a máquinae começamos a fabricar picolés por conta própria. A ideia foiboa e no primeiro dia ganhamos 40 reais. "An<strong>da</strong>ndo pelas ruas de Goiânia, Clóvis decidiu comprar cincofrutas de cupuaçu para tentar fazer picolés. "Fui vendê-losnas ruas e não sobrou um", relembra. Foi aí que surgiu a ideiade utilizar os frutos de plantas típicas do Cerrado e a experiênciade to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong> na roça foi determinante. Durante umaviagem, Clóvis pegou frutos na região de Israelândia, Iporá eArenópolis. "Fui para a rua com os picolés de murici, mangaba,pequi e outros. Não sobrou um", recor<strong>da</strong>.Vender picolés do Cerrado nas ruas de Goiânia não faziaparte dos planos do atual empresário, mas estava muito bom,até que o repórter de uma emissora de televisão de Goiânia viuele anunciando aqueles sabores estranhos, até então, e resolveufazer uma matéria com a curiosi<strong>da</strong>de. "Foi a vira<strong>da</strong> de páginana minha vi<strong>da</strong>. Daí para o reconhecimento, foi um pulo ",explica Clóvis, ain<strong>da</strong> citando: " Fantástico, Globo Rural, além devários outros, quiseram saber esta relação entre sorvete e Cerrado.Agora, até o New York Times ", fala sorridente.Mesmo sem ter tido a oportuni<strong>da</strong>de de fazer um curso superior,atualmente Clóvis dá palestras para públicos diversosBrasil afora, inclusive para estu<strong>da</strong>ntes de doutorado na áreade meio ambiente. Até mesmo corretores de imóveis ruraisque participaram de um simpósio realizado recentemente emGoiânia quiseram saber um pouco mais sobre as riquezas epotencial produtivo do Cerrado preservado.Clóvis, ao lado de placaque indica a diversi<strong>da</strong>dedos sabores obtidos comos frutos nativos <strong>da</strong> regiãocentral do Brasil, comoaraticum e mangaba(fotos)fotos: divulgaçãoCANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 23
Pequifotos: fábio rodrigues/marcelo a. h. penna/divulgaçãoEncontrar matéria-prima é desafio constante“Convenciproprietários ruraisa deixarem dedesmatar para mefornecerem os frutos<strong>da</strong> reserva, em trocade uma compensaçãofinanceira”.Clóvis José de Almei<strong>da</strong>proprietário <strong>da</strong> marca Frutos do CerradoFabricar milhares de picolés a ca<strong>da</strong> dia comfrutos do Cerrado não é tarefa fácil. Mesmoem Goiás, não se encontra gabiroba, murici eburiti, por exemplo, nos supermercados ou naCentral de Abastecimento. O jeito é ir para omato. "Não há fornecedor que dê conta de entregaro que precisamos. É aí que entra a paciênciapara encontrarmos tudo o que é necessário.Às vezes, ro<strong>da</strong>mos centenas de quilômetros",declara. Atualmente, o proprietário<strong>da</strong> Frutos do Cerrado já conta com alguns fornecedores."Convenci proprietários rurais adeixarem de desmatar para me fornecerem osfrutos <strong>da</strong> reserva, em troca de uma compensaçãofinanceira".Colher o fruto também não é tarefa fácil,afinal, o Cerrado não é um pomar com a organização<strong>da</strong>s frutas em espécies e sabores. Otempo de colheita de ca<strong>da</strong> uma também é variado,o que faz necessário voltar ao mato diversasvezes, em algumas situações, para fazeruma pequena colheita. Além do mais, seu Clóvislembra que não se pode colher todos osfrutos de um pé: " E o que comeriam os passarinhos,por exemplo, se eu colhesse tudo ".Situação resolvi<strong>da</strong> junto à fauna, Clóvis ain<strong>da</strong>ressalta a necessi<strong>da</strong>de de um trabalho dereplantio <strong>da</strong>s árvores do Cerrado. "A minhaparte foi comprar uma área de três alqueiresna região de Arenópolis, onde cultivo 98 espéciesfrutíferas. E digo que é simples, além decrescerem muito rápido." E não é apenas emsua área particular que Clóvis atua comoagente recuperador do Cerrado. As sementesextraí<strong>da</strong>s dos frutos para a fabricação de polpasseguem para viveiros e até escolas agrotécnicas.Para Clóvis, a doação é importantepara que se multipliquem as pesquisas e o cultivode mu<strong>da</strong>s para posterior plantio nas proprie<strong>da</strong>desrurais. "Quem ain<strong>da</strong> tem o Cerradoem sua proprie<strong>da</strong>de, tem uma mina de diamantes",finaliza.Fruto de mamacadelaClóvis de Almei<strong>da</strong> no processamento do sorveteGabiroba24 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009
AÇÚCARNova tecnologiade processamentoUSO DO OZÔNIO NO PROCESSO DE CLARIFICAÇÃO AGREGAVALOR AO PRODUTO E PODE ABRIR NOVOS MERCADOSLuisa DiasOaçúcar processado sem enxofre é anovi<strong>da</strong>de para o consumidor brasileiro.O produto, que é consideradomais saudável, já é produzido emquatro usinas brasileiras – na Paraíba, Pernambuco,São Paulo e Paraná – e está sendo vendidono mercado interno com ampla aceitação.Além <strong>da</strong> melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de do açúcar,a retira<strong>da</strong> do enxofre do processo de clarificaçãoé considera<strong>da</strong> pelos especialistas um diferencialpara o mercado internacional. O atualaçúcar cristal brasileiro não é comercializadopara alguns países <strong>da</strong> Europa e dos EstadosUnidos, onde a adição do produto é proibi<strong>da</strong>.A regra segue as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS). No Brasil, o usode até 20 miligramas de enxofre por quilo deaçúcar é permitido pela Anvisa.Também nomeado de sulfito, o dióxido deenxofre adicionado na produção do açúcarcristal serve para deixá-lo mais branco. O produtoé usado há cerca de 500 anos e tem restriçãoem vários países por ser consideradonocivo à saúde. Com a inovação tecnológica,no lugar do enxofre é utilizado o ozônio, obtidopela própria usina com máquinas desenvolvi<strong>da</strong>spara este fim (foto). O processo consisteem transformar o oxigênio em ozônioque, em segui<strong>da</strong>, é adicionado ao caldo de canapor meio de catalisadores, promovendo aoxi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> matéria orgânica. Entre as vantagensdo novo processo destacam-se a melhoriade quali<strong>da</strong>de nas condições de trabalho, aredução do custo de produção, a melhoria dosabor do açúcar e a abertura de novos mercados.De acordo com o engenheiro Raimundo Silton,proprietário <strong>da</strong> empresa Gasil Gases eequipamentos, a principal motivação que o levoua criar o equipamento foi a melhoria <strong>da</strong>scondições de segurança dos trabalhadores queaplicam o enxofre no açúcar. "Sempre procureioutras fontes de oxi<strong>da</strong>ção, porque o enxofreé muito agressivo para quem trabalha comele. Desta forma, agilizamos o processo e melhoramosa vi<strong>da</strong> destas pessoas", afirma. Ostrabalhadores que li<strong>da</strong>m diretamente com ocomposto, explica, são expostos a gases nocivosà saúde. Além disso, a nova tecnologia temum custo até 10% menor que a tradicional.A Gasil pesquisou o processo durante 10 anose investiu cerca de R$ 2 milhões para o desenvolvimento<strong>da</strong> tecnologia que substitui o enxofrepor ozônio. O gás é produzido na própria indústriaem um equipamento instalado pela Gasil,em regime de como<strong>da</strong>to. Atualmente, quatrousinas brasileiras já utilizam a tecnologia."O custo para as usinas é o equivalente ao queera gasto com insumos para o branqueamentocom enxofre. Apenas trocamos o processo antigopor outro mais adequado", explica Silton.Raimundo Silton acredita que, com o crescimentodo mercado, outras usinas que ain<strong>da</strong>não aderiram à tecnologia devem planejar amu<strong>da</strong>nça e padronizar o açúcar brasileiro. "Porcausa <strong>da</strong> crise, as negociações se tornarammais lentas, mas, com a reação do mercado,acredito que várias usinas irão aderir".Pioneirismo gerouaumentos <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>sA primeira empresa a implantar a técnicade clarificação de açúcar com o ozônio foi aUsina Monte Alegre, na Paraíba, que há quatrosafras tem to<strong>da</strong> a sua produção de açúcarprocessado sem enxofre. Segundo a gerenteindustrial <strong>da</strong> empresa, Marlene Oliveira, naúltima safra 922 mil sacos de 50 quilos foramproduzidos e distribuídos nos Estados de Pernambuco,Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará,Maranhão e Piauí, em parceria com oCarrefour. O produto foi embalado em sacosde 1 quilo com embalagem diferencia<strong>da</strong>, queressalta a ausência do composto químico.A mu<strong>da</strong>nça acarretou em aumento <strong>da</strong>sven<strong>da</strong>s e melhoria do valor agregado do produto."Fizemos uma ampla divulgação donosso açúcar com destaque para a ausênciado enxofre, a adição <strong>da</strong> vitamina A e o sabormais adocicado", afirma Marlene. Ela explicaque, somente com a saí<strong>da</strong> do sulfito de enxofre,foi possível enriquecer o açúcar. Outroproblema causado pelo composto químicoera o sabor amargo, que deu lugar a um açúcarain<strong>da</strong> mais adocicado.MERCADO EXTERIORCom a alteração no processo de produção,o açúcar cristal brasileiro poderá finalmenteser exportado para países <strong>da</strong> Europa e dos EstadosUnidos que, atualmente, não compramo nosso açúcar embranquecido com enxofre.A mu<strong>da</strong>nça na composição do açúcaratende exigências internacionais, incluindoas do FDA, departamento responsável pelaquali<strong>da</strong>de dos alimentos e medicamentosdistribuídos nos EUA.Para o analista de mercado Miguel Biegai,<strong>da</strong> Safras e Mercados, a renovação tecnológicaabrirá portas para a exportação do produto."Atualmente, no Brasil, a ven<strong>da</strong> de açúcarbruto representa o dobro do açúcar processado.No ano passado atingiram 10,6 mil tonela<strong>da</strong>se 5,7 mil tonela<strong>da</strong>s, respectivamente. Parao nosso País, é importante investir na exportaçãode produtos com valor agregado.”fotos: divulgaçãoCANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009 25
Mercotubos diversifica negóciosGrupo Novatrac anuncia nova estruturaA Mercotubos, empresadistribuidora de tubos de açocarbono, comercializa osprodutos <strong>da</strong> V&M do Brasil e<strong>da</strong> TenarisConfab, entreoutros. Já bem posiciona<strong>da</strong>nesta operação, a empresaquer ser reconheci<strong>da</strong> tambémpor seus negócios emEquipamentos e Engenharia."Tratam-se de operações ain<strong>da</strong>pouco explora<strong>da</strong>s no mercado,nas quais podemos nosdestacar oferecendo umsuporte único aos nossosclientes" - afirma FernandoDel Roy, novo DiretorComercial e de Marketing <strong>da</strong>Mercotubos. Recém-chegado àempresa, Del Roy é formadoem administração, com pósgraduaçãoem marketing e jápossui grande experiência naárea comercial do mercado dedistribuição de tubos de aço.Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 2000, aNovatrac, sedia<strong>da</strong> emPiracicaba/SP, consolidou-se nomercado como empresaespecializa<strong>da</strong> em peças dereposição para tratoresCaterpillar. Agora, a Novatracdá um passo à frente e investeem novas estratégicas paraampliar a estrutura e apotenciali<strong>da</strong>de de atendimento<strong>da</strong> empresa. Assim, surge oGrupo Novatrac. A primeiraação foi incorporar a AGFEquipamentos Hidráulicos,empresa especializa<strong>da</strong> emfabricação, reforma, usinagem ecromação de cilindros. Outroinvestimento importante foi naimplantação <strong>da</strong> NovatracService, uma oficina completa,cuja finali<strong>da</strong>de é suprir to<strong>da</strong>s asnecessi<strong>da</strong>des do cliente durantea manutenção de sua máquinaCaterpillar. Todos os produtos eserviços diferenciados forampotencializados em trêsempresas que atuam nocomércio, indústria e serviço. Oobjetivo dessa estratégia épromover uma aproximaçãoca<strong>da</strong> vez maior do GrupoNovatrac com as necessi<strong>da</strong>desprioritárias de seus clientes.GMEC se reúne na NardiniA Nardini Agroindustrial Lt<strong>da</strong> sediou dia28/04, a reunião do GMEC, Grupo deMotomecanização do setor sucroalcooleiro. Areunião do grupo acontece todo mês com oobjetivo de discutir e trocar informações sobreserviços, peças e equipamentos que melhoremos problemas enfrentados em função <strong>da</strong>sespecifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong> agroindústria canavieira. Areunião teve a participação de cerca de 30 usinase dois convi<strong>da</strong>dos: Fredolino Pfeiffer, <strong>da</strong>Cleanfix Brasil, e Flavio Roberto Finger, <strong>da</strong>Finger do Brasil. A Cleanfix apresentou erealizou uma demonstração de modelo deventilador reversível para limpeza deradiadores. A Finger também apresentou seuúltimo lançamento, o avançômetro, ummedidor dos índices de avanço, patinagem,lastreamento e indicação <strong>da</strong> pressão de ar dospneus em função <strong>da</strong> operação, veloci<strong>da</strong>de e pesoem tratores agrícolas.26 CANAL, Jornal <strong>da</strong> Bioenergia - MAIO 2009