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Recursos digitais no ensino da Química - Nautilus - Universidade de ...

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“+ Química Digital”<strong>Recursos</strong> <strong>digitais</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química: umaexperiência <strong>no</strong> 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>Carla Susana Lopes MoraisDissertação <strong>de</strong> Mestrado em Educação MultimédiaOrientador: Professor Doutor João Carlos <strong>de</strong> Matos Paiva


“+ Química Digital”<strong>Recursos</strong> <strong>digitais</strong> <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química: umaexperiência <strong>no</strong> 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>Carla Susana Lopes MoraisDissertação submeti<strong>da</strong> para obtenção do grau <strong>de</strong> mestre em Educação Multimédia pelaFacul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> do PortoMaio <strong>de</strong> 2006Orientador: Professor Doutor João Carlos <strong>de</strong> Matos Paiva


RESUMOO século XXI caracteriza‐se pelo ritmo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> alucinante, pela imensaquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação que flúi continuamente e pela expansão <strong>da</strong> informática e <strong>da</strong>tec<strong>no</strong>logia que saiu <strong>da</strong>s empresas e entrou nas <strong>no</strong>ssas casas, cultura e escolas. Os jovensadolescentes que frequentam as <strong>no</strong>ssas escolas nasceram e cresceram na era digital enão concebem o mundo sem tec<strong>no</strong>logia. A sua vi<strong>da</strong> é um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro zapping, sendofrequentemente <strong>de</strong>signados por zap generation.A escola ain<strong>da</strong> não conseguiu integrar to<strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,afastando‐se ca<strong>da</strong> vez mais dos <strong>no</strong>ssos jovens. Ao professor, também se pe<strong>de</strong> umesforço <strong>de</strong> rea<strong>da</strong>ptação. O seu papel <strong>de</strong>verá ser activo e responsável <strong>no</strong> enquadramentope<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias, para que estas possam tornar‐se um meio <strong>de</strong> re<strong>no</strong>vação doensi<strong>no</strong> e não apenas um mero reforço <strong>de</strong> práticas tradicionais.Neste cenário impõem‐se a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informar e motivar os alu<strong>no</strong>s para aaprendizagem dos conteúdos programáticos <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong>do o crescente “divórcio” <strong>da</strong>zap generation com a Ciência. Assim, é fun<strong>da</strong>mental tornar o seu ensi<strong>no</strong> mais atractivo,<strong>de</strong>safiante e actualizado, o que em parte po<strong>de</strong> ser mediado pelas tec<strong>no</strong>logiasemergentes. Produzir e vali<strong>da</strong>r <strong>no</strong>vos recursos <strong>digitais</strong> capazes <strong>de</strong> constituir uma ofertacom quali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, pe<strong>da</strong>gógica, técnica e estética, passíveis <strong>de</strong> serem utilizadospor professores e alu<strong>no</strong>s na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas do 7º a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong>básico; fazer a experiência <strong>de</strong> utilização dos recursos produzidos avaliando o seuimpacto e recolher o feedback dos alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> modo a obter sugestões <strong>de</strong> enriquecimentoe reformulação dos mesmos, foram os objectivos que impulsionaram a construção dosrecursos “+ Química Digital”. De modo a atingir os objectivos referidos anteriormente,utilizou‐se uma metodologia <strong>de</strong> investigação científica <strong>de</strong> cariz qualitativo – o Estudo <strong>de</strong>Caso. Os <strong>da</strong>dos foram recolhidos através dos registos <strong>de</strong> observação <strong>da</strong>s aulas, <strong>da</strong>análise <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> resposta e <strong>de</strong> entrevistas individuais realiza<strong>da</strong>s aos alu<strong>no</strong>s.Após o estudo <strong>de</strong> impacto verifica‐se que, em termos globais, parece havervantagem na utilização <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> com a zap generation. Eles reconhecem teraprendido mais e sentem um gosto especial por esta <strong>no</strong>va Ciência – a Química.A etapa final do trabalho centrou‐se numa análise autocrítica dos recursos<strong>digitais</strong> produzidos, <strong>da</strong> metodologia utiliza<strong>da</strong> e dos resultados obtidos. Também sereflectiu sobre a existência <strong>de</strong> alguns constrangimentos inerentes à <strong>de</strong>sejável mas difícilgeneralização <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>stes recursos. Ain<strong>da</strong>, nesta etapa final, avançaram‐sealgumas sugestões para projectos futuros.+ QUÍMICA DIGITAL V


ABSTRACTThe 21st century is characterized by the hallucinating rhythm of life, by theimmense amount of information that continually flows and by the expansion ofcomputer science and tech<strong>no</strong>logy that came out of companies directly in to our houses,culture and schools. The young teenagers that attend to our schools were born andbrought up in the digital age and a world without tech<strong>no</strong>logy is unconceivable to them.Their lives are a real zapping, therefore being frequently called as the Zap generation.School hasn’t yet been able to absorb all of societies’ changes, so instead ofcoming closer to young people, it keeps distancing itself from them. Also, the teacher isonce more required to make effort to a<strong>da</strong>pt. His part should be active and responsiblein fitting tech<strong>no</strong>logies into the educational process, so that these tech<strong>no</strong>logies canbecome a way to renew teaching and <strong>no</strong>t just to reinforce traditional practices.In this scenery it is imperative that stu<strong>de</strong>nts are informed and motivated to learnthe pragmatic contents of science in or<strong>de</strong>r to contradict the growing “divorce” betweenthe zap generation and Science. Therefore, their learning sessions must be ma<strong>de</strong> moreappealing, challenging and up<strong>da</strong>ted which can be helped by emerging tech<strong>no</strong>logies. Newdigital resources must be produced and vali<strong>da</strong>ted and able to constitute an offer withscientific, educational, technical and aesthetical quality. These resources must be userfriendly, so to be used by teachers and stu<strong>de</strong>nts of the Physics and Chemistry Science’ssubject of the 7th year of Primary school. These resources should be experimented andimproved based on its impact and on the feedback that comes from them “+ QuímicaDigital”. In or<strong>de</strong>r to achieve the previously mentioned objectives, it was used ascientific research method of qualitative aspects – The Case Study. The <strong>da</strong>ta wascollected through records of class observation, analysis of answer sheets, individualinterviews ma<strong>de</strong> to the stu<strong>de</strong>nts.Upon an impact study, it is conclu<strong>de</strong>d that, in global terms, there seems to besome advantage in using digital resources with the zap generation. They recognize tohave learned more and that earn a special like for this new science – Chemistry.The final step of the work was focused on a self‐critical analysis of the produceddigital resources and the methodology used and from the gained results. There was alsosome consi<strong>de</strong>ring about the existence of any type of constraints inherent to the<strong>de</strong>sirable, although difficult, generalization of these resources. In this final step therewere also put forward some suggestions for future projects.+ QUÍMICA DIGITAL VI


ÍNDICE GERALAgra<strong>de</strong>cimentos ...................................................................................................IVResumo ............................................................................................................. VAbstract.............................................................................................................VIÍndice <strong>da</strong>s figuras .................................................................................................XIÍndice dos Gráficos .............................................................................................. XIIÍndice dos organigramas ....................................................................................... XIIIÍndice <strong>da</strong>s tabelas............................................................................................... XIVINTRODUÇÃO ...................................................................................................... 171. Problema ............................................................................................. 181.1. Os <strong>de</strong>safios na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação ................................................. 181.2. As TIC potenciando o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química ................................................. 202. Investigação ......................................................................................... 222.1. Objectivos...................................................................................... 222.2. Relevância <strong>da</strong> investigação ................................................................. 232.3. Produtos finais ................................................................................ 232.4. Metodologia <strong>de</strong> investigação utiliza<strong>da</strong> .................................................... 243. Estrutura <strong>da</strong> dissertação .......................................................................... 25CAPÍTULO 1‐ (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ECOMUNICAÇÃO..................................................................................................... 281. Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação – a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> “Em Formação".................................... 291.1 A educação e o papel <strong>da</strong> escola num mundo em mu<strong>da</strong>nça............................. 341.2. O papel do professor na escola do século XXI ........................................... 361.3 Perspectivas actuais para a formação contínua <strong>de</strong> professores....................... 392. A zap generation ................................................................................... 422.1 O zapping contínuo............................................................................ 432.2. A zap generation na escola ................................................................. 433. As TIC <strong>no</strong> currículo do Ensi<strong>no</strong> Básico e Secundário ........................................... 443.1. Introdução <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>: breve percurso histórico ............................... 453.2. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico....................................................... 483.3. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Secundário................................................. 524. Potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e limitações pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong>s TIC na re<strong>no</strong>vação <strong>da</strong> paisagem educativa............................................................................................................ 53+ QUÍMICA DIGITAL VII


5. Perspectivas <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências – síntese do contributo <strong>da</strong> Psicologia <strong>da</strong>Aprendizagem .......................................................................................... 565.1. Ensi<strong>no</strong> por transmissão....................................................................... 645.2. Ensi<strong>no</strong> por <strong>de</strong>scoberta ....................................................................... 655.3. Ensi<strong>no</strong> por mu<strong>da</strong>nça conceptual ........................................................... 655.4. Ensi<strong>no</strong> por pesquisa .......................................................................... 665.5 Das Teorias <strong>de</strong> Aprendizagem às TIC ....................................................... 68CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO...................... 741. Caracterização do ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências Físico‐Químicas ..................................... 751.1 Os professores.................................................................................. 791.2 Os alu<strong>no</strong>s ........................................................................................ 821.3. As aulas......................................................................................... 871.4. O trabalho experimental e laboratorial em Ciências................................... 881.5. A avaliação..................................................................................... 941.6. Perspectivas dos professores e dos alu<strong>no</strong>s sobre os programas ...................... 961.7. <strong>Recursos</strong> materiais existentes nas escolas ............................................... 981.8. A utilização <strong>da</strong>s TIC pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas ................1021.9. A utilização <strong>da</strong>s TIC pela zap generation................................................1092. Concepções alternativas em Química..........................................................1133. <strong>Recursos</strong> <strong>digitais</strong> para o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química...................................................1173.1 A Internet – um espaço <strong>de</strong> comunicação .................................................1273.2. Sistemas hipertexto/hipermédia..........................................................1304. Roteiros <strong>de</strong> exploração – elos <strong>de</strong> ligação entre o software educativo e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>pe<strong>da</strong>gógica..........................................................................................132CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃO .........................................1351. Fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> investigação................................................................1362. I<strong>de</strong>ntificação do objecto .........................................................................1363. Objectivos <strong>da</strong> investigação ......................................................................1374. Características <strong>da</strong> investigação qualitativa em educação..................................1385. Estudo <strong>de</strong> Caso.....................................................................................1406. Instrumentos usados na investigação ..........................................................1436.1. Notas <strong>de</strong> campo..............................................................................1436.2. Entrevista .....................................................................................1456.3. Questionário ..................................................................................150CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL” .......................................1561. Algumas consi<strong>de</strong>rações iniciais..................................................................1572. A escolha do conteúdo programático ..........................................................157+ QUÍMICA DIGITAL VIII


3. Planificação e concepção dos recursos ”+ Química Digital” ...............................1603.1. Planificação dos recursos ”+ Química Digital” .........................................1613.2. Procedimentos adoptados para a concepção dos recursos ”+ Química Digital”..1644. Aspectos técnicos atendidos na concepção dos recursos “+ Química Digital”..........1664.1. As ferramentas e os programas usados ..................................................1664.1.1. Câmara <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o ....................................................................1664.1.2. Scanner HP...........................................................................1674.1.3. Breve referência ao Macromedia FreeHand ...................................1674.1.4. Breve referência ao Adobe Photoshop..........................................1684.1.5. Breve referência ao Macromedia Flash .........................................1684.1.6. Breve referência ao Adobe Premíere............................................1704.1.7. Breve referência ao Pro‐Tools – HD7 ............................................1715. Aspectos visuais relacionados com a concepção dos recursos “+ Química Digital”....1715.1. A imagem......................................................................................1725.2. A cor ...........................................................................................1735.3. O texto e o tipo <strong>de</strong> letra ...................................................................1765.4. O áudio ........................................................................................1775.5. A composição espacial dos ecrãs..........................................................1785.6. O interface....................................................................................1785.7. A animação ...................................................................................179CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL” COM ALUNOS DO 7.º ANODE ESCOLARIDADE ...............................................................................................1831. A amostra do estudo ..............................................................................1841.1 Caracterização geral <strong>da</strong> amostra ..........................................................1841. Sequência <strong>de</strong> aplicação/avaliação dos recursos <strong>digitais</strong> usados ..........................1882.1. Planificação e preparação <strong>da</strong>s aulas .....................................................1902.2. Produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio aos recursos “+ Química Digital”. ...............1932.3. Registo <strong>de</strong> observações efectua<strong>da</strong>s ......................................................2012.4. Avaliação <strong>de</strong> software educativo .........................................................211CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOS ......................................................................2151. Efeitos <strong>da</strong> utilização dos recursos ”+ Química Digital” <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s .......................2161.1. Análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> resposta.............................................................2161.1.1 Associa<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong> visualização dos ví<strong>de</strong>os efichas <strong>de</strong> trabalho..............................................................................2171.2. Análise <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s......................................................2201.3. Análise <strong>da</strong>s entrevistas .....................................................................2242. Avaliação dos recursos ”+ Química Digital”...................................................2342.1 Análise <strong>da</strong>s entrevistas dos alu<strong>no</strong>s.........................................................234+ QUÍMICA DIGITAL IX


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS..........................2381. Conclusões finais ..................................................................................2391.1. Impressões dos participantes <strong>no</strong> estudo .................................................2411.2. Consi<strong>de</strong>rações sobre o estudo realizado.................................................2431.3. Sugestões <strong>de</strong> melhoramento e enriquecimento dos recursos <strong>de</strong>senvolvidos......2452. Propostas para projectos futuros ...............................................................2463. Autocrítica e reflexão ............................................................................247CAPÍTULO 8 ‐ BIBLIOGRAFIA ...................................................................................249ANEXO I – GUIÃO DA ENTREVISTA E ENTREVISTAS REALIZADAS............................................257ANEXO II – PLANIFICAÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL” .........................................262ANEXO III – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DA CÂMARA DE VÍDEO USADA....................................268ANEXO IV – PLANIFICAÇÃO DAS AULAS PARA APLICAÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”.....270ANEXO V – MATERIAL DE APOIO ...............................................................................273ANEXO VI – GRELHA PARA AVALIAÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL” ..........................284ANEXO VII – ALGUMAS OPINIÕES DOS ALUNOS SOBRE AS AULAS E OS RECURSOS.......................290+ QUÍMICA DIGITAL X


ÍNDICE DAS FIGURASFigura 1. 1 - Níveis para a integração curricular <strong>da</strong>s TIC em função do tempo ...................... 48Figura 2. 1 - Advertências <strong>no</strong> uso <strong>da</strong> Internet para fins educacionais ................................130Figura 4.1 - Esquema organizador dos quatro temas a abor<strong>da</strong>r na área <strong>da</strong>s Ciências Físicas eNaturais <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico .....................................................................................158Figura 4.2 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Macromedia FreeHand ........................................167Figura 4.3 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Adobe Photoshop. ...............................................168Figura 4.4 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Macromedia Flash. ..............................................170Figura 4.5 - Adobe Premíere. ................................................................................170Figura 4.6 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Pro‐Tools – HD7..................................................171Figura 4.7 - Écran inicial <strong>da</strong> simulação “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”. ....................180Figura 4.8 - Finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> simulação “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”........................180Figura 4.9 - Ecrãs <strong>de</strong> alguns recursos que integram o conjunto “+ Química Digital”. .............182+ QUÍMICA DIGITAL XI


ÍNDICE DOS GRÁFICOSGráfico 2.1 – Tipo <strong>de</strong> habilitações para a docência........................................................ 80Gráfico 2.2 – Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação em Química..................................................... 81Gráfico 2.3 – Práticas <strong>de</strong> preparação <strong>da</strong>s aulas............................................................. 81Gráfico 2.4 – Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> trabalho com os alu<strong>no</strong>s nas aulas.............................................. 88Gráfico 2.5 – Gosto pela realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais .................................... 90Gráfico 2.6 – Percentagem <strong>de</strong> aprendizagem perante diversas situações ...........................121+ QUÍMICA DIGITAL XII


ÍNDICE DOS ORGANIGRAMASOrganigrama I.1 – Esquema do estudo efectuado .......................................................... 24Organigrama 4.1 - Etapas que antece<strong>de</strong>ram a fase <strong>de</strong> planificação dos recursos“+ Química Digital”.............................................................................................162Organigrama 4.2 - Etapas segui<strong>da</strong>s na concepção dos recursos “+ Química Digital”...............165+ QUÍMICA DIGITAL XIII


ÍNDICE DAS TABELASTabela I.1 - Estrutura <strong>da</strong> dissertação ........................................................................ 25Tabela 1.1 - Perfil do professor <strong>de</strong>finido <strong>no</strong> âmbito do projecto europeu Profiles in ICT forteachers education (2000) ..................................................................................... 38Tabela 1.2 - Novas formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o papel do professor........................................... 39Tabela 1.3 - Principais linhas orientadoras para a formação contínua <strong>de</strong> professores ............. 40Tabela 1.4 - Integração curricular <strong>da</strong>s TIC.................................................................. 47Tabela 1.5 - Níveis que permitem a integração curricular <strong>da</strong>s TIC..................................... 47Tabela 1.6 - Reforma do Ensi<strong>no</strong> Básico face às TIC ....................................................... 51Tabela 1.7 - Potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong>s TIC ............................................... 54Tabela 1.8 - Algumas limitações pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong>s TIC ........................................... 55Tabela 1.9 - Ensi<strong>no</strong> tradicional versus Ensi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong> .................................................. 56Tabela 1.10 - O Conhecedor versus o Apren<strong>de</strong>dor ........................................................ 70Tabela 1.11 - Princípios para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> aprendizagem construtivistas segundoCunningham....................................................................................................... 71Tabela 1.12 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s “tipo” com vista a integração <strong>da</strong>s TIC em contexto educativo......... 72Tabela 2.1 - Objectivos <strong>da</strong> Educação através <strong>da</strong> Ciência e <strong>da</strong> Educação em Ciência............... 76Tabela 2.2 - Diferenças entre Educação em Ciência e Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências........................... 77Tabela 2.3 - Materiais <strong>de</strong> apoio utilizados na preparação <strong>da</strong>s aulas ................................... 82Tabela 2.4 - Aproveitamento dos alu<strong>no</strong>s na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong>Básico .............................................................................................................. 83Tabela 2.5 - Cursos que os alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> preten<strong>de</strong>m seguir <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Superior................ 83Tabela 2.6 - Organização do estudo <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química pelos alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico e Ensi<strong>no</strong>Secundário ........................................................................................................ 84Tabela 2.7 - Horas semanais <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extracurriculares(%) .................................................................................................................. 84Tabela 2.8 - Motivação para o estudo <strong>da</strong>s disciplinas <strong>de</strong> Ciências dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> (%)...... 85Tabela 2.9 - Razões <strong>de</strong> <strong>de</strong>smotivação dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> (%) ....................................... 86Tabela 2.10 - Metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula com que os alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> consi<strong>de</strong>ramapren<strong>de</strong>r melhor (%)............................................................................................. 86Tabela 2.11 - Materiais utilizados nas aulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas............................. 87Tabela 2.12 - Objectivos que se preten<strong>de</strong>m atingir com a realização <strong>de</strong> trabalho experimental 89Tabela 2.13 - Situações <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula ........................................................ 91+ QUÍMICA DIGITAL XIV


Tabela 2.14 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais realiza<strong>da</strong>s <strong>no</strong> 8.º a<strong>no</strong> ........................................ 92Tabela 2.15 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e metodologias <strong>de</strong> trabalho utiliza<strong>da</strong>s nas aulas experimentais ....... 92Tabela 2.16 - Forma <strong>de</strong> ocupação lectiva dos tur<strong>no</strong>s experimentais .................................. 93Tabela 2.17 - Problemas na realização <strong>de</strong> trabalho experimental ..................................... 93Tabela 2.18 - Percentagem com que os diferentes processos <strong>de</strong> avaliação entram na avaliaçãofinal dos alu<strong>no</strong>s................................................................................................... 95Tabela 2.19 - Processos <strong>de</strong> avaliação do trabalho experimental ....................................... 95Tabela 2.20 - Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na avaliação do trabalho experimental .................................... 96Tabela 2.21 - Opinião dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> sobre os assuntos dos programas do 8.º e 9.º a<strong>no</strong>s(%) .................................................................................................................. 97Tabela 2.22 - Inexistência <strong>de</strong> condições específicas <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong>s laboratórios <strong>de</strong> Física eQuímica (%) ....................................................................................................... 99Tabela 2.23 - tabela comparativa professores em geral versus professores Ciências Físico‐Químicas..........................................................................................................104Tabela 2.24 - Síntese <strong>da</strong>s principais i<strong>de</strong>ias ................................................................109Tabela 2.25 - Algumas estratégias para diag<strong>no</strong>sticar concepções alternativas .....................114Tabela 2.26 - Algumas concepções alternativas em Química ..........................................116Tabela 2.27 - Competências que os jogos permitem <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s .......................120Tabela 2.28 - Vantagens <strong>da</strong> utilização do ví<strong>de</strong>o em contexto educativo.............................122Tabela 2.29 - Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização didáctica do ví<strong>de</strong>o e respectivas características .......123Tabela 2.30 - Vantagens <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> simulações computacionais ...............................126Tabela 2.31 - Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> simulações computacionais.............................126Tabela 2.32 - Razões que levam os professores a utilizar a Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>aprendizagem...................................................................................................128Tabela 2.33 - Vantagens pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong> Internet em contexto educativo .................129Tabela 2.34 - Características gerais dos roteiros <strong>de</strong> exploração.......................................133Tabela 2.35 - Atitu<strong>de</strong>s do professor durante a utilização dos roteiros <strong>de</strong> exploração.............134Tabela 3.1 - Características essenciais <strong>da</strong> investigação qualitativa...................................139Tabela 3.2 - Etapas <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Caso ................................................................141Tabela 3.3 - Vantagens <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigação...........................145Tabela 3.4 - Limitações <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigação ..........................146Tabela 3.5 - Tipos <strong>de</strong> entrevistas............................................................................146Tabela 3.6 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens dos diferentes tipos <strong>de</strong> questões...........................152Tabela 3.7 - Tipos <strong>de</strong> escalas usa<strong>da</strong>s em questionários .................................................153Tabela 3.8 - Vantagens do questionário como metodologia <strong>de</strong> investigação........................155Tabela 3.9 - Desvantagens do questionário como metodologia <strong>de</strong> investigação....................155+ QUÍMICA DIGITAL XV


Tabela 4.1 - Distribuição dos recursos <strong>digitais</strong> pelos tópicos que constituem a temática Materiais.....................................................................................................................163Tabela 4.2 - Número <strong>de</strong> recursos que constituem o conjunto “+ Química Digital”.................163Tabela 4.3 - Funções didácticas <strong>da</strong> imagem...............................................................172Tabela 5.1 - Sujeitos que exploraram os recursos “+ Química Digital”...............................184Tabela 5.2 - Sujeitos que foram submetidos à entrevista ..............................................186Tabela 5.3 - Comparação entre os jovens portugueses e os alu<strong>no</strong>s sujeitos a entrevista.........187Tabela 5.4 - Registo <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s nas aulas durante as quais se proce<strong>de</strong>u àimplementação dos recursos..................................................................................202Tabela 6.1 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s roteiros, guiões e fichas <strong>de</strong> trabalho..............217Tabela 6.2 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s na primeira parte <strong>da</strong> entrevista ........................226Tabela 6.3 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s na segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> entrevista.........................235+ QUÍMICA DIGITAL XVI


INTRODUÇÃO"O COMEÇO É A METADE DO TODO. ."( (P PL LATA TÃ ÃO)O)1. Problema1.1. Os <strong>de</strong>safios na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação1.2. As TIC potenciando o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química2. Investigação2.1. Objectivos2.2. Relevância <strong>da</strong> investigação2.3. Produtos finais2.4. Metodologia <strong>de</strong> investigação utiliza<strong>da</strong>3. Estrutura <strong>da</strong> dissertação+ QUÍMICA DIGITAL 17


INTRODUÇÃO1. PROBLEMA1.1. Os <strong>de</strong>safios na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação“A mu<strong>da</strong>nça não assegura necessariamente o progresso, mas o progressoimplacavelmente requer a mu<strong>da</strong>nça."(HENRY S. COMMAGER)Uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> altamente tec<strong>no</strong>lógica on<strong>de</strong> tudo acontece a um ritmoalucinante, on<strong>de</strong> distâncias e fronteiras foram <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> indivíduo tem àsua disposição uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> informação – é a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> vivemos actualmente.Passou‐se <strong>de</strong> uma era em que o essencial era obter informação e memorizarconhecimento para outra, on<strong>de</strong> o essencial passa a ser seleccionar informação,actualizar e mesmo reformular o conhecimento.Nesta sequência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, já muito se escreveu sobre a distinção entre duassocie<strong>da</strong><strong>de</strong>s separa<strong>da</strong>s <strong>no</strong> tempo: <strong>no</strong> passado, uma Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial on<strong>de</strong> havia lugarpara profissionais capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar <strong>de</strong> forma expedita funções específicas numprocesso repetitivo <strong>de</strong> aplicação dos mesmos conhecimentos; <strong>no</strong> presente, a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Informação, cujo elevadíssimo ritmo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça, implica uma actualizaçãoconstante dos conhecimentos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, <strong>de</strong> forma a a<strong>da</strong>ptar‐se à frequentere<strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s funções a <strong>de</strong>sempenhar.Simultaneamente, estando na origem <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e sendo fruto<strong>de</strong>sta mesma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, os jovens que frequentam as <strong>no</strong>ssas escolas básicas esecundárias do século XXI – a zap generation – sentem‐se ain<strong>da</strong> pouco motivados pelaescola, <strong>da</strong> qual se “divorciam”, frequentemente, porque não se revêem nela.É tanto o que os jovens po<strong>de</strong>m apren<strong>de</strong>r (e que apren<strong>de</strong>m) através <strong>da</strong> imensaquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e visualmente agradável, que circula pelosmedia em geral, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os programas televisivos, científicos e culturais, às enciclopédiasem suporte multimédia, aos jogos, à Internet, que resulta quase impossível convencêlosa a<strong>de</strong>rir à “escola cinzenta”. Esta i<strong>de</strong>ia é resumi<strong>da</strong> por CARRIER (1998), citado porROSA (2000): " As Tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> Informação e Comunicação trazem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si uma<strong>no</strong>va possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>: a <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r confiar realmente a todos os alu<strong>no</strong>s a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 18


INTRODUÇÃO<strong>da</strong>s suas aprendizagens". FIGUEIREDO (1995) afirma que a "gran<strong>de</strong> importância do acessoa ciberespaços é o facto <strong>de</strong> aí os alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>rem apren<strong>de</strong>r fazendo coisas, em vez <strong>de</strong>apren<strong>de</strong>rem ouvindo dizer como é que as coisas <strong>de</strong>vem ser feitas".As escolas não têm mais o papel <strong>de</strong> fornecer a bagagem do conhecimento, masantes <strong>de</strong>senvolver activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a que os jovens se tornem capazes, criativos,competitivos e i<strong>no</strong>vadores. É o fim <strong>da</strong> inércia e <strong>da</strong>s aulas teóricas intermináveis, em queo professor assumia o papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>tentor <strong>da</strong> sabedoria. É então necessário um ensi<strong>no</strong> quenão se limite a um conjunto <strong>de</strong> factos e conceitos, mais ao me<strong>no</strong>s relacionados entre si,mas que provoque alterações do comportamento dos alu<strong>no</strong>s, que os leve a reconheceras potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Ciência e que os prepare <strong>de</strong> uma forma mais eficaz para asexigências <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual.A implementação <strong>da</strong>s Tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> Informação e Comunicação (adiante TIC)nas escolas representa um dos maiores <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação pe<strong>da</strong>gógica e tec<strong>no</strong>lógicaenfrentado pelos sistemas <strong>de</strong> educação em todo o mundo. A sua integração é um meioauxiliar bastante po<strong>de</strong>roso para ensinar e apren<strong>de</strong>r Ciência e po<strong>de</strong>rá mo<strong>de</strong>rnizar oprocesso <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a escola acompanhe as transformaçõessociais. Contudo, verifica‐se ain<strong>da</strong> alguma resistência a essa mu<strong>da</strong>nça e existe um certo"nevoeiro" em tor<strong>no</strong> do modo como a mo<strong>de</strong>rnização <strong>da</strong> escola <strong>de</strong>verá ser conduzi<strong>da</strong>.PAPERT e CAPERTON (1999) afirmam: "A resistência à mu<strong>da</strong>nça é muitas vezes atribuí<strong>da</strong>a falta <strong>de</strong> dinheiro, tec<strong>no</strong>logias, ou formação <strong>de</strong> professores; obviamente seránecessário melhorar em to<strong>da</strong>s estas áreas, mas a principal falta é muito diferente: umconjunto <strong>de</strong> visões coerentes, inspiradoras e contudo realistas sobre como a educaçãopo<strong>de</strong>rá ser <strong>da</strong>qui a <strong>de</strong>z ou vinte a<strong>no</strong>s". Tal como afirmou, há cerca <strong>de</strong> uma déca<strong>da</strong>,PONTE (1997), "a gran<strong>de</strong> questão é saber como as <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias serãocompreendi<strong>da</strong>s pelos professores e aproveita<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s".A responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela mu<strong>da</strong>nça pertence a todos, mas o professor sóconseguirá evoluir se for ao mesmo tempo professor e aprendiz, criador <strong>de</strong> ambientes<strong>de</strong> aprendizagem que permitam a produção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conhecimentos. Sendo o alu<strong>no</strong> ocentro <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas, as mesmas <strong>de</strong>vem ser diversifica<strong>da</strong>s,potenciando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagens significativas,auto<strong>no</strong>mia e auto‐confiança. Assim, o professor na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação já não <strong>de</strong>vepreten<strong>de</strong>r transmitir os <strong>da</strong>dos mas tornar os seus alu<strong>no</strong>s capazes <strong>de</strong> navegar <strong>no</strong> meio<strong>de</strong>sse mar <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos; <strong>de</strong>ve animar o processo <strong>de</strong> selecção e organização <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos,pelos seus alu<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>spertando‐lhes a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, fomentando a análise e o espíritocrítico, auxiliando a síntese e a reflexão, em suma, estimulando‐os a construir o seupróprio conhecimento.+ QUÍMICA DIGITAL 19


INTRODUÇÃOO uso <strong>da</strong>s TIC na educação não passa apenas pela sua exploração e domínio, poisestas tec<strong>no</strong>logias po<strong>de</strong>m influenciar também o modo <strong>de</strong> ensinar e constituir recursoseducativos.O computador possibilita integrar numa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> aplicação um conjunto <strong>de</strong>diferentes media (texto, imagem fixa e anima<strong>da</strong>, som, ví<strong>de</strong>o), numa única tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong>apresentação. Esta integração é o que se <strong>de</strong><strong>no</strong>mina por multimédia. Assim, "as <strong>no</strong>vastec<strong>no</strong>logias po<strong>de</strong>rão constituir ferramentas <strong>de</strong> trabalho, meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta eformação <strong>de</strong> conceitos, e instrumentos <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas" (PONTE, 1997).Conclui‐se que "a mu<strong>da</strong>nça do computador como meio educacional acontececonjuntamente com o questionamento <strong>da</strong> função <strong>da</strong> escola e do papel do professor"(VALENTE, 1993). Apesar <strong>de</strong>ste optimismo associado ao uso <strong>da</strong>s TIC, pois "oscomputadores expan<strong>de</strong>m as pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula e os horizontes dos estu<strong>da</strong>ntes!"(BARBARA KANTROWITZ, 1994, cita<strong>da</strong> por SILVA, 1997) é necessário ter em conta que as<strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias não implicam a diminuição <strong>da</strong> importância do professor, apenasapontam para uma re<strong>de</strong>finição do seu papel, pois estes jamais serão prescindíveis, comos seus talentos, a sua competência e o seu entusiasmo" (PAIVA, 1997).1.2. As TIC potenciando o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química"Despertar interesse e inflamar o entusiasmo é o caminho certo para ensinarfacilmente e com sucesso."(TRYON EDWARDS)As TIC têm reconheci<strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências em geral epara o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química em particular.Estas tec<strong>no</strong>logias revelam‐se extremamente úteis na obtenção <strong>de</strong> informaçãoactualiza<strong>da</strong> e <strong>da</strong>do que a Química é uma Ciência em constante evolução, talpotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> revela‐se vantajosa para um ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Descobertas recentes ou estudos pe<strong>da</strong>gógicos que até há poucas déca<strong>da</strong>s atráseram apenas divulgados em revistas científicas, são hoje muitas vezes anunciados oumesmo publicados na Internet dispensando uma pesquisa exaustiva em diversos locais epublicações. O acesso à informação integra<strong>da</strong> auxilia o professor para uma melhorplanificação <strong>da</strong>s suas aulas, e permite ao alu<strong>no</strong> efectuar pesquisas sobre as <strong>de</strong>scobertas+ QUÍMICA DIGITAL 20


INTRODUÇÃOrecentes, aplicações ou implicações relaciona<strong>da</strong>s com os conteúdos curriculares,envolvendo‐o activamente na compreensão do modo como a Ciência evolui.A facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação com pessoas em to<strong>da</strong>s as partes do mundo é outroaspecto em que o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências po<strong>de</strong> tirar benefícios. "A comunicação com outrosprofessores <strong>de</strong> Ciências e com os seus alu<strong>no</strong>s é um modo óbvio <strong>de</strong> usar a Internet; outroé comunicar com cientistas" (Mintzes et al., 2000).Para além <strong>de</strong>stes aspectos relacionados com a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação, as<strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias possibilitam ain<strong>da</strong> o uso <strong>de</strong> software comum, assim como aconstrução <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s aplicações multimédia directamente concebi<strong>da</strong>s para oensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química.A componente prática é essencial a uma ciência experimental, como é o caso <strong>da</strong>Química. Contudo, para que uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental possibilite a aprendizagem,<strong>de</strong>ve ser correctamente explora<strong>da</strong>. Tal implica que a sua execução seja precedi<strong>da</strong> <strong>de</strong>uma discussão e planificação, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir os objectivos que sepreten<strong>de</strong>m atingir. Após a realização <strong>da</strong> experiência é também necessário passar por umcui<strong>da</strong>do processo <strong>de</strong> tratamento, análise e discussão dos resultados, pois só <strong>de</strong>ste modoos alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>rão compreen<strong>de</strong>r o fenóme<strong>no</strong> a ser investigado e retirar conclusões <strong>de</strong>forma autó<strong>no</strong>ma. A utilização <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os que retratam activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais,interpretam os fenóme<strong>no</strong>s observados e os resultados obtidos, po<strong>de</strong>rá apresentar‐secomo um importante recurso complementar usado a jusante e a montante <strong>da</strong>s aulason<strong>de</strong> se realizam essas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais.O recurso a simulações computacionais, salvaguar<strong>da</strong><strong>da</strong>s as <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s limitações e<strong>de</strong>scritas as diferenças com o real, po<strong>de</strong> ser um modo <strong>de</strong> representar os sistemas e a suaevolução e, assim, diminuir a abstracção necessária para a compreensão dos conteúdos."À medi<strong>da</strong> que o software e o hardware se tornam mais sofisticados, as simulaçõesestão a tornar‐se mais realistas com muito mais opções para o utilizador controlar adinâmica dos fenóme<strong>no</strong>s representa<strong>da</strong> <strong>no</strong> ecrã. Parece inevitável que as simulações bemesquematiza<strong>da</strong>s se tornem um modo <strong>de</strong> ensinar Ciência mais importante e penetrante eum mecanismo <strong>de</strong> aprendizagem para o século XXI" (MINTZES et al., 2000).Os jogos didácticos apresentam‐se como um recurso igualmente importante <strong>no</strong>ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química. Para além do aspecto motivacional, treinam o raciocínio lógico econstituem uma espécie <strong>de</strong> material <strong>de</strong> apoio interactivo diversificado, pelo qual a zapgeneration <strong>de</strong>monstra ter gran<strong>de</strong> apreço.Não se preten<strong>de</strong> esgotar aqui to<strong>da</strong>s a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação doscomputadores <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Ciência, mas sim referir alguns dos recursos que a Química+ QUÍMICA DIGITAL 21


INTRODUÇÃOtem ao seu dispor, <strong>de</strong>ixando este estudo mais abrangente para capítulos subsequentes<strong>de</strong>sta dissertação.Em suma, po<strong>de</strong> afirmar‐se que <strong>de</strong> um modo geral, com uma utilização<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente conduzi<strong>da</strong> o computador constitui uma po<strong>de</strong>rosa ferramenta intelectual aoserviço dos professores e alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem <strong>da</strong> Química.2. INVESTIGAÇÃO"A criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> consiste <strong>no</strong> total rearranjo do que sabemos com o objectivo <strong>de</strong><strong>de</strong>scobrir o que não sabemos."(GEORGE KNELLER)2.1. ObjectivosOs objectivos <strong>da</strong> investigação que se apresenta foram:• Produzir e vali<strong>da</strong>r <strong>no</strong>vos recursos <strong>digitais</strong> capazes <strong>de</strong> constituir uma ofertacom quali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, pe<strong>da</strong>gógica, técnica e estética, passíveis <strong>de</strong> seremutilizados por professores e alu<strong>no</strong>s na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas<strong>no</strong> âmbito do ensi<strong>no</strong> e <strong>da</strong> aprendizagem do tema Terra em Transformação,<strong>no</strong> 3º ciclo do Ensi<strong>no</strong> Básico;• Fazer a experiência <strong>de</strong> utilização dos recursos produzidos com alu<strong>no</strong>s do 7ºa<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e avaliar o seu impacto;• Recolher o feedback dos alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> modo a obter sugestões <strong>de</strong>enriquecimento e reformulação dos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos.+ QUÍMICA DIGITAL 22


INTRODUÇÃO2.2. Relevância <strong>da</strong> investigaçãoPerante o crescente afastamento <strong>da</strong> zap generation com a Ciência, surge o<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> tornar o seu ensi<strong>no</strong> mais atractivo, <strong>de</strong>safiante e actualizado, o que em partepo<strong>de</strong> ser mediado pela integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> processo educativo.Contribuir com sugestões <strong>de</strong> estratégias para a resolução <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong>integração, <strong>de</strong>sinteresse e consequente insucesso, foi a i<strong>de</strong>ia impulsionadora <strong>da</strong>construção dos recursos “+ Química Digital”. Utilizando programas educativos queabor<strong>da</strong>m conceitos científicos aos quais se po<strong>de</strong>rão associar materiais <strong>de</strong> apoio à suaexploração, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o interesse dos alu<strong>no</strong>s, motivá‐los e proporcionar‐lhes aobtenção <strong>de</strong> melhores resultados escolares.2.3. Produtos finais• Conjunto <strong>de</strong> recursos “+ Química Digital” – 6 ví<strong>de</strong>os, 6 jogos, 2 animações e2 simulações.• Materiais <strong>de</strong> apoio à exploração dos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos (roteiros<strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong> visualização, textos <strong>de</strong> apoio e fichas <strong>de</strong> trabalho).• Planificação <strong>de</strong> aulas que incluem propostas <strong>de</strong> integração dos recursos“+ Química Digital” <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem <strong>de</strong> parte dosub‐tema “Materiais” <strong>da</strong> componente <strong>de</strong> Química do 7ºa<strong>no</strong>.• Implementação em terre<strong>no</strong> pe<strong>da</strong>gógico dos recursos <strong>de</strong>senvolvidos e análisecrítica <strong>da</strong> aplicação.• Disponibilização dos recursos através do site “+ QUÍMICA DIGITAL”,http://www.recursoscfq7.pt<strong>de</strong>veloper.net/ criado para esse efeito.• Algumas propostas para projectos futuros.+ QUÍMICA DIGITAL 23


INTRODUÇÃO2.4. Metodologia <strong>de</strong> investigação utiliza<strong>da</strong>De modo a atingir os objectivos referidos anteriormente, utilizou‐se umametodologia <strong>de</strong> investigação científica <strong>de</strong> cariz qualitativo – o Estudo <strong>de</strong> Caso – ecolocaram‐se as seguintes hipóteses:• Será que a utilização dos recursos “+ Química Digital” leva os alu<strong>no</strong>s aapren<strong>de</strong>r melhor Química?• Po<strong>de</strong>rão os recursos “+ Química Digital” contribuir para que os alu<strong>no</strong>sgostem mais <strong>de</strong> Química?realizado:O trabalho <strong>de</strong> dissertação <strong>de</strong>senvolveu‐se em três fases distintas.Apresenta‐se, <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, o organigrama I.1 que preten<strong>de</strong> ilustrar o estudo1ª FaseRevisão <strong>de</strong> literatura:- Apresentação <strong>de</strong> algumasgenerali<strong>da</strong><strong>de</strong>s sobre a introdução <strong>da</strong>sTIC na educação.- Destaque para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>motivar os alu<strong>no</strong>s para aaprendizagem dos conteúdosprogramáticos <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong>do ocrescente “divórcio” <strong>da</strong> zapgeneration com a Ciência.2ª FaseProdução e vali<strong>da</strong>ção dos recursos“+ Química Digital”.3ª Fase- Análise dos resultados obtidos<strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> aplicação dos recursos<strong>de</strong>senvolvidos junto dos alu<strong>no</strong>s.- Propostas para projectos futuros1º MomentoDesenvolvimento dos recursos “+ QuímicaDigital”. Planificação <strong>da</strong>s aulas <strong>de</strong>implementação dos recursos <strong>de</strong>senvolvidose elaboração dos materiais <strong>de</strong> apoio àexploração dos mesmos.2º MomentoImplementação dos recursos “+ QuímicaDigital” em terre<strong>no</strong> pe<strong>da</strong>gógico com umaturma do 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>.3º MomentoRecolha do feedback dos alu<strong>no</strong>srelativamente às aulas e aos recursos<strong>digitais</strong> usados.Recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos sobre:- Reacção dos alu<strong>no</strong>s;- Aprendizagens realiza<strong>da</strong>s pelosalu<strong>no</strong>s;- Sugestões dos alu<strong>no</strong>s para oenriquecimento e reformulaçãodos recursos <strong>de</strong>senvolvidos.Com base em:- Observação <strong>da</strong>s aulas;- Análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> resposta;- Realização <strong>de</strong> entrevistas.Organigrama I.1 – Esquema do estudo efectuado+ QUÍMICA DIGITAL 24


INTRODUÇÃO3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃONos dois primeiros capítulos, apresenta‐se uma referência sintética <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>iasmais importantes <strong>no</strong> triângulo Química‐Educação‐Tec<strong>no</strong>logia. Preten<strong>de</strong>u‐se nesta fasedo projecto fazer uma apresentação do Estado <strong>da</strong> Arte. Nos restantes capítulosapresentam‐se as razões que fun<strong>da</strong>mentaram o <strong>no</strong>sso estudo, os recursos <strong>digitais</strong><strong>de</strong>senvolvidos, os resultados <strong>da</strong> sua implementação em terre<strong>no</strong> pe<strong>da</strong>gógico, algumassugestões <strong>de</strong> enriquecimentos e/ou reformulações, assim como algumas propostas para<strong>de</strong>senvolver em projectos futuros.Apresentamos, <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, uma <strong>de</strong>scrição mais específica dos vários capítulosque integram a presente dissertação (tabela I.1).Tabela I.1 - Estrutura <strong>da</strong> dissertaçãoCapítulosBreve <strong>de</strong>scriçãoINTRODUÇÃO• Nesta parte, contextualiza‐se o problema que <strong>no</strong>rteou o estudorealizado, apresentam‐se os objectivos, a relevância <strong>da</strong> investigação,os produtos finais obtidos e a metodologia <strong>de</strong> investigação utiliza<strong>da</strong>.A estrutura <strong>da</strong> dissertação também é apresenta<strong>da</strong>.• Neste capítulo, focamo‐<strong>no</strong>s essencialmente na educação e <strong>no</strong> papelCAPÍTULO 1(RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DAINFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO<strong>da</strong> escola num mundo em mu<strong>da</strong>nça, o papel do professor na escola doséculo XXI e as perspectivas actuais para a formação contínua <strong>de</strong>professores. A caracterização dos jovens que, actualmente,frequentam as <strong>no</strong>ssas escolas e que vivem uma relação “poucoafectuosa” com a Ciência, é uma temática que também integra estecapítulo pois a cruciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s é óbvia na investigação <strong>de</strong>qualquer i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química. Algumas generali<strong>da</strong><strong>de</strong>ssobre a introdução <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias na educação e o seucruzamento operacional com os currículos do Ensi<strong>no</strong> Básico eSecundário, assim como as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas e asdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s/constrangimentos <strong>da</strong>s TIC na educação são discuti<strong>da</strong>s.O capítulo termina com uma pequena síntese do contributo <strong>da</strong>Psicologia <strong>da</strong> Aprendizagem <strong>no</strong> que se refere às perspectivas <strong>no</strong>ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências.+ QUÍMICA DIGITAL 25


INTRODUÇÃOCapítulosBreve <strong>de</strong>scrição• Neste capítulo, procura‐se conhecer e compreen<strong>de</strong>r o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>CAPÍTULO 2AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EMCONTEXTO EDUCATIVOdisciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas realizado em Portugal e arelação dos seus professores e alu<strong>no</strong>s com as TIC. A partir <strong>da</strong> revisãobibliográfica, organizam‐se concepções alternativas apresenta<strong>da</strong>spelos alu<strong>no</strong>s em algumas <strong>da</strong>s temáticas subjacentes aos recursos<strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos (os recursos <strong>digitais</strong> produzidos, <strong>de</strong> algumaforma, po<strong>de</strong>rão contribuir para minimizar estas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s).Abor<strong>da</strong>m‐se, ain<strong>da</strong>, utilizações educativas do computador <strong>no</strong> âmbitodo ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química e fun<strong>da</strong>mentam‐se as vantagens <strong>da</strong> utilização<strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio que sirvam <strong>de</strong> elos <strong>de</strong> ligação entre o softwareeducativo e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> pe<strong>da</strong>gógica.• Descreve‐se nesta parte, a fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> investigação,CAPÍTULO 3OBJECTIVOS EMETODOLOGIAS DAINVESTIGAÇÃOi<strong>de</strong>ntifica‐se o objecto e os objectivos <strong>da</strong> investigação. Apresenta‐seas características <strong>da</strong> investigação qualitativa em educação e algumasi<strong>de</strong>ias sobre a metodologia usa<strong>da</strong> – Estudo <strong>de</strong> Caso. A referência ainstrumentos <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos como as <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo, aentrevista e o questionário integra também este capítulo.• Este capítulo apresenta uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong> todos osCAPÍTULO 4CONCEPÇÃO DOS RECURSOS“+ QUÍMICA DIGITAL”porme<strong>no</strong>res técnicos e pe<strong>da</strong>gógicos a que se aten<strong>de</strong>u na planificaçãoe concepção dos recursos “+ Química Digital”. Assim, nesta parteavançaram‐se explicações sobre a produção <strong>de</strong>stes recursos, sobre aescolha do conteúdo programático, sobre os aspectos tidos em conta<strong>no</strong> procedimento efectuado durante a concepção dos recursos,incluindo uma sucinta referência aos programas informáticosutilizados.CAPÍTULO 5ESTUDO DE IMPACTO DOSRECURSOS ”+ QUÍMICADIGITAL” COM ALUNOS DO7º ANO DE ESCOLARIDADE• Este capítulo inicia‐se com a caracterização geral dos alu<strong>no</strong>s queparticiparam <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso estudo e dos alu<strong>no</strong>s aos quais foi ministra<strong>da</strong> aentrevista. A sequência <strong>da</strong>s etapas <strong>de</strong> aplicação/avaliação dosrecursos <strong>digitais</strong> usados e a importância <strong>da</strong> avaliação <strong>de</strong> softwareeducativo são também referi<strong>da</strong>s neste capítulo.+ QUÍMICA DIGITAL 26


INTRODUÇÃOCapítulosBreve <strong>de</strong>scriçãoCAPÍTULO 6ANÁLISE E DISCUSSAO DE RESULTADOS• Os resultados são o que o investigador mais anseia obter. Com elescomeça uma <strong>no</strong>va etapa <strong>no</strong> seu estudo. Neste capítulo sãoapresentados os efeitos <strong>da</strong> utilização dos recursos”+ Química Digital” <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s, obtidos com base na análise <strong>da</strong>sfolhas <strong>de</strong> resposta (associa<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong>visualização dos ví<strong>de</strong>os e fichas <strong>de</strong> trabalho) análise <strong>da</strong>s observaçõesefectua<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>s. Ain<strong>da</strong>, neste capítulo, sãoapresenta<strong>da</strong>s as impressões globais dos alu<strong>no</strong>s relativamente aosrecursos “+ Química Digital” e à sua aplicação.CAPÍTULO 7CONCLUSÕES FINAIS EPROPOSTAS PARAPROJECTOS FUTUROS• Apresentam‐se as principais conclusões que se retiraram <strong>da</strong>investigação realiza<strong>da</strong> e avançam‐se algumas autocríticas e propostaspara projectos futuros.CAPÍTULO 8BIBLIOGRAFIA• Neste capítulo, apresentam‐se as referências bibliográficasconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s relevantes para a elaboração <strong>da</strong> presente dissertação eque permitem aprofun<strong>da</strong>r algumas <strong>da</strong>s temáticas abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s.CAPÍTULO 9ANEXOS• Para complementar e/ou fun<strong>da</strong>mentar a exposição ao longo dosvários capítulos são apresentados alguns anexos.Acompanha este trabalho um CD‐ROM que contém o site “+ QUÍMICA DIGITAL” ea própria dissertação em formato digital.+ QUÍMICA DIGITAL 27


CAPÍTULO 1(RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIASDA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO1. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação – a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> “Em Formação”1.1. A educação e o papel <strong>da</strong> escola num mundo em mu<strong>da</strong>nça1.2. O papel do professor na escola do século XXI1.3. Perspectivas actuais para a formação contínua <strong>de</strong> professores2. A zap generation2.1. O zapping contínuo2.2. Os zap generation na escola3. As TIC <strong>no</strong> currículo do Ensi<strong>no</strong> Básico e Secundário3.1. Introdução <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>: breve percurso histórico3.2. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico3.3. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Secundário4. Potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e limitações pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong>s TIC na re<strong>no</strong>vação <strong>da</strong>paisagem educativa5. Perspectivas <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências – síntese do contributo <strong>da</strong> Psicologia <strong>da</strong>Aprendizagem5.1. Ensi<strong>no</strong> por transmissão5.2. Ensi<strong>no</strong> por <strong>de</strong>scoberta5.3. Ensi<strong>no</strong> por mu<strong>da</strong>nça conceptual5.4. Ensi<strong>no</strong> por pesquisa5.5 Das Teorias <strong>de</strong> Aprendizagem às TIC+ QUÍMICA DIGITAL 28


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOEste primeiro capítulo do <strong>no</strong>sso trabalho não preten<strong>de</strong> ser uma reflexãoaprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> sobre temas marca<strong>da</strong>mente interessantes e actuais, tendo‐se optado poruma referência sintética <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias mais importantes.1. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – A SOCIEDADE “ EMFORMAÇÃO"“Ace<strong>de</strong>r à informação disponível constituirá uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> básica para osci<strong>da</strong>dãos e compete às diversas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s garantir que esse acesso se efectue <strong>de</strong>forma rápi<strong>da</strong> e eficaz e numa base equitativa. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> do primado do saber.”(LIVRO VERDE, 1997)Em ple<strong>no</strong> século XXI, não há margem para dúvi<strong>da</strong>s, finalmente <strong>de</strong>ixamos aSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial e habitamos a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação – uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que semove à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> do pensamento 1 e on<strong>de</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formação constante dosindivíduos é uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.O surgir <strong>da</strong> máquina a vapor em meados do século. XVIII trouxe o primado <strong>da</strong>máquina – o tear mecânico, a locomotiva a vapor, o automóvel. O movimento e atransformação <strong>de</strong> bens foram facilitados e acelerados. Diminuiu‐se o esforço físico.Foram os tempos <strong>da</strong> linha <strong>de</strong> montagem, <strong>da</strong> produção em série, <strong>da</strong> uniformização.O surgir do microchip cerca <strong>de</strong> 200 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois, em meados do século XX, trouxeo primado <strong>da</strong> informação – o computador, as re<strong>de</strong>s informáticas. O movimento e atransformação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias foram facilitados e acelerados. São os tempos <strong>da</strong> informação,<strong>da</strong> comunicação, <strong>da</strong> interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> originali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Durante estes 200 a<strong>no</strong>s surgiram meios <strong>de</strong> comunicação como o telégrafo, otelefone, a rádio e a televisão – que fomentaram a comunicação <strong>de</strong> massas, pré‐fabrica<strong>da</strong>, igual para todos, um produto típico <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial. Só com oaparecimento <strong>da</strong> Internet a informação passaria realmente a fluir livremente, <strong>de</strong> forma"rápi<strong>da</strong>" 2 , personaliza<strong>da</strong> e interactiva.O mundo <strong>de</strong> hoje confronta‐se com um universo <strong>de</strong> linguagens e códigossemióticos, em que o paradigma analógico per<strong>de</strong>u, face ao digital. Graças à conjugação<strong>de</strong> apenas dois algarismos, o 0 (zero) e o 1 (um), é possível pôr a circular na Internet um1Parafraseando Bill Gates e o título do seu livro “Business @ the Speed of Thought” (GATES, 1999).2As aspas salvaguar<strong>da</strong>m as questões <strong>de</strong> largura <strong>de</strong> ban<strong>da</strong>, um problema <strong>no</strong> passado e em alguns contextospresentes, me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>senvolvidos tec<strong>no</strong>logicamente+ QUÍMICA DIGITAL 29


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOnúmero sem fim <strong>de</strong> informações. O mundo digital transformou a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> econstituiu a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Esta mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong>spertou a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>provocar alterações <strong>no</strong> conhecimento do Homem. É urgente o acesso e actualização <strong>de</strong>informações que percorrem todo o mundo.Contudo, <strong>de</strong>finir o que é a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação traz divergências e geraalguma confusão com <strong>no</strong>mes. Várias metáforas foram utiliza<strong>da</strong>s para explicar aconfiguração <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contemporânea a partir <strong>da</strong>s TIC: “Al<strong>de</strong>ia Global” (McLuhan),“Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Pós‐Industrial” (Bell), “Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Pós‐Capitalista” (Drucker), “Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação” (Toffler), “Teia Global” (Reich), “Infoera” (Zuffo) (QUARTEIRO, 2005)(Talvez... “Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> do Homem”, com todos os seus constrangimentos e virtu<strong>de</strong>s...).MATOS (2002) consi<strong>de</strong>ra que Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é "uma expressãocomummente usa<strong>da</strong> para <strong>de</strong>signar uma forma <strong>de</strong> organização social, económica ecultural que tem como base, tanto material, como simbólica, a informação." Estamosperante uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se caracteriza pelo facto dos indivíduos <strong>de</strong> todo o mundoserem capazes <strong>de</strong> trocar informações entre si.No Livro Ver<strong>de</strong> para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação em Portugal (LIVRO VERDE, 1997)po<strong>de</strong> ler‐se o seguinte: "A expressão "Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação" refere‐se a um modo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento social e económico em que a aquisição, armazenamento,processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação <strong>de</strong> informaçãoconducente à criação <strong>de</strong> conhecimento e à satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos ci<strong>da</strong>dãos e<strong>da</strong>s empresas, <strong>de</strong>sempenham um papel central na activi<strong>da</strong><strong>de</strong> económica, na criação <strong>de</strong>riqueza, na <strong>de</strong>finição <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos ci<strong>da</strong>dãos e <strong>da</strong>s suas práticas culturais."O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ixa então <strong>de</strong> estar ligado à força muscular ou a recursos energéticosou a quaisquer bens materiais, e passa a pertencer a quem <strong>de</strong>tiver mais informação, <strong>de</strong>melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> forma mais organiza<strong>da</strong>.Des<strong>de</strong> os primeiros computadores, que eram máquinas <strong>de</strong> dimensão consi<strong>de</strong>rável,só encontra<strong>da</strong>s em ambientes governamentais ou académicos, que ocupavam salasinteiras <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente climatiza<strong>da</strong>s, até às agradáveis interfaces visíveis <strong>no</strong> ecrã a cores<strong>de</strong> alta resolução e à imensidão <strong>de</strong> outros dispositivos que temos ao <strong>no</strong>sso dispor – foi aimensa evolução técnica ocorri<strong>da</strong> durante estes cerca <strong>de</strong> 60 a<strong>no</strong>s que permitiu que oci<strong>da</strong>dão comum, a partir <strong>da</strong> sua própria casa, pu<strong>de</strong>sse ace<strong>de</strong>r ao imenso po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>informação. Hoje, através dos computadores portáteis e <strong>da</strong> tec<strong>no</strong>logia wireless ainformação está disponível em qualquer lugar, em qualquer altura.Perante isto, po<strong>de</strong> colocar‐se uma questão pertinente: “O que se seguirá?”+ QUÍMICA DIGITAL 30


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃONas palavras <strong>de</strong> NEGROPONTE (1996): "No início do próximo milénio será possívelque os seus botões <strong>de</strong> punho ou os seus brincos esquerdo e direito comuniquem entre siatravés <strong>de</strong> satélites <strong>de</strong> órbita baixa e que possuam uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> computaçãomaior que o seu PC actual. O seu telefone não tocará indiscrimina<strong>da</strong>mente; receberá,escolherá, e talvez respon<strong>da</strong> às chama<strong>da</strong>s que lhe fizerem do mesmo modo que ummordomo inglês bem treinado o faria. (…) Conviveremos em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>digitais</strong> paraas quais o espaço físico será irrelevante e o tempo <strong>de</strong>sempenhará um papel diferente."A revolução <strong>da</strong> informática e <strong>da</strong>s telecomunicações instalou‐se <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso planetae o seu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento provocou profun<strong>da</strong>s transformações ao níveleconómico, social e cultural.É na <strong>no</strong>ssa percepção do tempo e do espaço que as TIC fazem sentir <strong>de</strong> formamais profun<strong>da</strong> a sua influência. O tempo, individual e colectivo, sofreu uma aceleraçãoconsi<strong>de</strong>rável; tudo acontece agora a um ritmo alucinante. Na comunicação entre ospovos, as distâncias físicas foram ultrapassa<strong>da</strong>s, assim como as fronteiras políticas,geográficas ou culturais. Desta forma ca<strong>da</strong> indivíduo tem à sua disposição,instantaneamente, uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> informação sobre uma vasta panóplia <strong>de</strong>assuntos.O Livro Ver<strong>de</strong> para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação em Portugal (LIVRO VERDE, 1997)refere a <strong>da</strong><strong>da</strong> altura: " A vi<strong>da</strong> nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> hoje exige <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, umacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> captar, transmitir e processar <strong>da</strong>dos, disseminados num espaço ca<strong>da</strong> vezmais global e mais facilmente acessível, transformando‐os em informação e em saberespertinentes, capazes <strong>de</strong> tornar inteligíveis os diversos cenários e trajectórias <strong>de</strong>evolução possível <strong>no</strong>s percursos pessoais e colectivos. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação exige<strong>no</strong>vos conhecimentos e <strong>no</strong>vas práticas, obriga a um esforço <strong>de</strong> aprendizagempermanente."RANGEL in MARQUES et al. (1998) enumerou vários aspectos que caracterizam asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual. De entre estes, <strong>de</strong>staca‐se os que <strong>no</strong>s dão rapi<strong>da</strong>mente uma visão <strong>da</strong>mesma:• O mundo transformado numa "al<strong>de</strong>ia global";• Controlo <strong>da</strong> Ciência e Tec<strong>no</strong>logia pelos países mais industrializados;• Alteração profun<strong>da</strong> na natureza e organização do trabalho e do emprego;• Deslocação massiva <strong>da</strong>s populações para os gran<strong>de</strong>s centros urba<strong>no</strong>s;• Aumento <strong>de</strong>senfreado do consumismo <strong>no</strong>s países mais <strong>de</strong>senvolvidos;• Diminuição <strong>da</strong> convivência familiar e social.+ QUÍMICA DIGITAL 31


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOO exposto anteriormente caracteriza aspectos que afectam uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Daí<strong>de</strong>correrão, para to<strong>da</strong>s as vertentes que a compõem consequências claramentepositivas, algumas que já começamos a sentir, outras <strong>de</strong> que só <strong>de</strong>sconfiamos, pois nãosão conheci<strong>da</strong>s na sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>:• A facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação com outras culturas aju<strong>da</strong>rá àconsciencialização <strong>de</strong> como somos apenas uma pequena parte <strong>de</strong> um todomuito diversificado, fomentando a tolerância e o respeito pela diferença;• Será ca<strong>da</strong> vez mais intensa e espontânea a colaboração entre pessoas, etambém a consciência <strong>de</strong> que o sucesso <strong>de</strong> todos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> contribuição<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um;• A criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a originali<strong>da</strong><strong>de</strong> serão privilegia<strong>da</strong>s; apesar <strong>de</strong> tudo sepropagar <strong>de</strong>masiado rápido, não existirá uniformização, pelo contrário,saber‐se‐á ouvir, tal como se saberá contribuir;• A relação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um com o meio ambiente será reformula<strong>da</strong>; estaremosmais informados também sobre os perigos e agressões ambientais, eseremos mais sensíveis a que "o ser huma<strong>no</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> simultaneamente <strong>da</strong>cultura e <strong>da</strong> Natureza" (MORIN, 2001);• Estaremos mais alerta em relação às gran<strong>de</strong>s questões globais queultrapassam fronteiras – direitos huma<strong>no</strong>s, pobreza, paz, etc. Existiráuma "consciência global" ou, como lhe chama o filósofo LÉVY (1994), uma"inteligência colectiva", "globalmente distribuí<strong>da</strong>, incessantementevaloriza<strong>da</strong>, coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> em tempo real, que conduz a uma mobilizaçãoefectiva <strong>da</strong>s competências”;• E num futuro ain<strong>da</strong> in<strong>de</strong>finido, provavelmente as "nações", tal como asenten<strong>de</strong>mos hoje, ten<strong>de</strong>rão a <strong>de</strong>saparecer <strong>da</strong>ndo origem a um planetaunido. As comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s organizar‐se‐ão espontaneamente por i<strong>de</strong>iascomuns e não por fronteiras <strong>de</strong> qualquer espécie (NEGROPONTE, 1998);Mas, obviamente, haverá também consequências me<strong>no</strong>s boas, que importaconhecer para tentar evitar ou atenuar:• Esse acesso instantâneo ao mundo amplifica a angústia e o stress, que sãojá característicos <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s frenéticas – tanto para fazer etão pouco tempo;• Corre‐se ca<strong>da</strong> vez mais o risco <strong>da</strong> superficiali<strong>da</strong><strong>de</strong> e do facilitismo; maisuma vez o factor tempo, que é pouco, para permitir o aprofun<strong>da</strong>r <strong>de</strong>pesquisas, para ir ao fundo <strong>da</strong>s questões;+ QUÍMICA DIGITAL 32


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO• A mole <strong>de</strong> informação a que temos acesso exige um elevado espíritocrítico e experiência, sem os quais não seremos capazes <strong>de</strong> distinguirentre o essencial e o acessório. Como afirma MOREIRA (2000):"A emergência <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias tem implicações a nível intelectual,pois se, por um lado, é uma fonte <strong>de</strong> mais fácil acesso e permite a troca<strong>de</strong> experiências mais célere, por outro lado, embora com o risco <strong>de</strong>alguma inactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> mental, exige uma contínua atenção às possíveis econtínuas alterações <strong>de</strong> convicções e certezas";• Existe o perigo muito real do plágio, <strong>de</strong>sonesto ou ingénuo, consciente ouinconsciente. E a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> acresci<strong>da</strong> em evitá‐lo perante o acesso àsi<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> tantos, quase em simultâneo com o nascer <strong>da</strong>s próprias i<strong>de</strong>ias;• A info‐exclusão – esta <strong>no</strong>va socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, por estar assente em avançostec<strong>no</strong>lógicos e na evolução <strong>da</strong>s mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>rá não ser igualmenteacessível a todos os indivíduos. Cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> população me<strong>no</strong>s favoreci<strong>da</strong>s,culturalmente ou eco<strong>no</strong>micamente, ou habitantes <strong>de</strong> regiões pouco<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s e pobres, po<strong>de</strong>rão ter mais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em ace<strong>de</strong>r às <strong>no</strong>vastec<strong>no</strong>logias, ficando assim "info‐excluídos", excluídos <strong>da</strong> revolução digital.É certo que a solução para as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre afligirama humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, não está em <strong>da</strong>r‐lhes computadores e ligá‐los à re<strong>de</strong>.A tec<strong>no</strong>logia por si só nunca eliminará <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Mas a sua ausência aju<strong>da</strong>ráa aumentá‐las e, ao contrário <strong>de</strong> outras i<strong>no</strong>vações técnicas que surgiram <strong>no</strong> passado,mesmo ao nível <strong>da</strong>s comunicações, como o telefone e a TV, não se po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ixar a suadisseminação ao sabor do mercado. O estado tem <strong>de</strong> se responsabilizar por garantir oacesso à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação <strong>de</strong> todos os seus ci<strong>da</strong>dãos.Em Portugal existe, pelo me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996, uma consciência a nível <strong>de</strong>organismos oficiais em relação à importância do acesso em ple<strong>no</strong>, do país e <strong>de</strong> todos osseus ci<strong>da</strong>dãos, à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Como se po<strong>de</strong> ler neste excerto <strong>da</strong> autoria<strong>da</strong> Iniciativa Nacional para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (LIVRO VERDE, 1997):"A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação tem <strong>de</strong> ser uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> para todos. Na <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> política para a construção <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação <strong>de</strong>vem‐seestabelecer condições para que todos os ci<strong>da</strong>dãos tenham oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> nelaparticipar e <strong>de</strong>sse modo beneficiar <strong>da</strong>s vantagens que este <strong>no</strong>vo estádio <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento tem para oferecer. Para isso, é indispensável que todos possam obteras qualificações necessárias ao estabelecimento <strong>de</strong> uma relação natural e convivial comas tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> informação e que seja possível o acesso em locais públicos sem+ QUÍMICA DIGITAL 33


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃObarreiras <strong>de</strong> natureza económica que contribuam para acentuar a estratificação socialexistente."Informação?”Parece oportu<strong>no</strong> perguntar: “Qual é a função <strong>da</strong> educação nesta Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Segundo MARQUES (1998) é" (...) contribuir para traçar objectivos, estabelecermo<strong>de</strong>los e estimular participações. Numa palavra, ser pró‐activo, em vez <strong>de</strong> ficar aassistir, <strong>de</strong> longe".Assistimos à expansão <strong>da</strong> informática que influencia a comunicação e ainformação. Não sabemos prever com exactidão o futuro <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informaçãomas a sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem vindo a crescer <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. Saindo <strong>da</strong>s empresas, ainformática entrou nas <strong>no</strong>ssas casas, cultura e escolas.Com o advento <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é preciso fazer uma reflexão sobre oacto educativo, o papel <strong>da</strong> escola, do professor e do alu<strong>no</strong>, como <strong>no</strong>s alerta PINTO(2002): "Se uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminantemente influencia<strong>da</strong> pelas questõescomunicacionais como é aquela em que vivemos, naturalmente que os comportamentos,todos os comportamentos e sobretudo os que se encontram mais directamente ligadosàs questões <strong>da</strong> aprendizagem são sujeitos a mutações profun<strong>da</strong>s. "Nos pontos seguintes <strong>de</strong>ste capítulo, reflecte‐se sobre o papel <strong>da</strong> escola, doprofessor e do alu<strong>no</strong> na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (secções 1.1, 1.2, 2.1 e 2.2).1.1 A educação e o papel <strong>da</strong> escola num mundo em mu<strong>da</strong>nça“Encontramo‐<strong>no</strong>s perante uma situação inteiramente <strong>no</strong>va em que o objectivo <strong>da</strong>educação, se queremos sobreviver, é a promoção <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça e <strong>da</strong>aprendizagem.”(CARL ROGERS)Fácil será perceber que as TIC apresentam e<strong>no</strong>rmes potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s para aaquisição <strong>de</strong> conhecimentos.A educação <strong>de</strong>ve apostar na i<strong>no</strong>vação e na mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, abrir as suas portas aoprogresso pois as <strong>no</strong>vi<strong>da</strong><strong>de</strong>s tec<strong>no</strong>lógicas não param <strong>de</strong> <strong>no</strong>s surpreen<strong>de</strong>r. Hoje, o mundo+ QUÍMICA DIGITAL 34


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOconfronta‐se com uma "invasão" <strong>da</strong> informática. Todos os dias são inventados melhorescomputadores e <strong>no</strong>vos suportes para facilitar ou i<strong>no</strong>var a comunicação. Ao professor écolocado o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rar um processo que evite a info‐exclusão mas que permita acompatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seus alu<strong>no</strong>s com o resto do mundo. A introdução <strong>da</strong>s TIC na esferaeducativa é uma exigência imposta pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual e um <strong>de</strong>safio colocado àescola, aos professores e aos alu<strong>no</strong>s.Perante isto: “Como <strong>de</strong>ve a escola respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>safio colocado pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação?”SKILBECK in MARQUES et al. (1998) respon<strong>de</strong> a isto, afirmando que: "A melhorresposta que os sistemas educativos po<strong>de</strong>m <strong>da</strong>r à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é garantiruma educação relevante e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> para todos os estu<strong>da</strong>ntes".Numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em plena mu<strong>da</strong>nça a aprendizagem será a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> principaldos indivíduos e <strong>da</strong>s organizações. Apren<strong>de</strong>r outras formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>vascompetências, <strong>no</strong>vos processos para criar <strong>no</strong>vos produtos, apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>scobrir <strong>no</strong>vasnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s; apren<strong>de</strong>r a equacionar <strong>no</strong>vos problemas e a procurar <strong>no</strong>vas respostas,investindo continuamente na formação dos membros <strong>da</strong> organização – será umimperativo.É urgente e necessária uma profun<strong>da</strong> viragem <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>aprendizagem.Isto significa, efectivamente, que o papel <strong>da</strong>s escolas tem que mu<strong>da</strong>r(PROFESSOR APRENDIZ, 1995).As escolas não ficaram alheias às mu<strong>da</strong>nças que ocorreram na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, tendosido invadi<strong>da</strong>s pelas <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias. Mas, apesar <strong>de</strong> todos os avanços tec<strong>no</strong>lógicos, éna dinâmica pe<strong>da</strong>gógica que a estrutura escolar tem dificultado as i<strong>no</strong>vações, uma vezque a sua dimensão ain<strong>da</strong> é tradicional. A implementação <strong>de</strong> um trabalho colectivo e acriação <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> gerir tempos, espaços e conteúdos é, por isso, muitodificulta<strong>da</strong>, reforçando a imagem <strong>de</strong> que a escola está ultrapassa<strong>da</strong> em relação aosespaços e tempos exteriores a ela.Actualmente, reflecte‐se sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> preparar os estu<strong>da</strong>ntes para avi<strong>da</strong> activa numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em permanente mu<strong>da</strong>nça, on<strong>de</strong> as TIC estão presentes, esobre estratégias pe<strong>da</strong>gógicas, que privilegiem o trabalho <strong>de</strong> grupo como uni<strong>da</strong><strong>de</strong> básica<strong>de</strong> aprendizagem. É preciso aju<strong>da</strong>r os alu<strong>no</strong>s a apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r e incutir‐lhes ogosto pela procura e pela troca <strong>de</strong> informações.A sobrevivência <strong>da</strong>s escolas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> em se tornarem ocoração <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aprendiz e <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> consegui<strong>da</strong> para proporcionarem a+ QUÍMICA DIGITAL 35


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOtodos entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s que se a<strong>da</strong>ptem às alternâncias dos tempos <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong>produção.Como se verá <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, neste contexto a escola do século XXI cria <strong>no</strong>vos<strong>de</strong>safios aos professores: estes são confrontados diariamente com múltiplas tarefas etêm <strong>de</strong> ser capazes <strong>de</strong> tornar a experiência <strong>da</strong> escola relevante para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação.1.2. O papel do professor na escola do século XXI"O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever,mas aquele que não consegue apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r e reapren<strong>de</strong>r."(ALVIN TOFLER)Uma pergunta que se po<strong>de</strong> colocar a nós próprios é: “Que tipo <strong>de</strong> professornecessitamos <strong>de</strong> vir a ser para <strong>de</strong>sempenhar um papel global na <strong>no</strong>va socie<strong>da</strong><strong>de</strong>emergente?”Os professores reconhecem que a escola está <strong>de</strong>sactualiza<strong>da</strong> em relação àsocie<strong>da</strong><strong>de</strong> e que os alu<strong>no</strong>s estão ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong>sinteressados pelas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sescolares tradicionais. Por estes motivos, tentam introduzir as tec<strong>no</strong>logias nas práticaseducativas, embora não tenham conhecimento profundo do seu potencial pe<strong>da</strong>gógico.Assim, a inserção <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias limita‐se, em muitos casos, a evi<strong>de</strong>nciar o seucarácter atractivo, sem que se toquem questões‐chave dos processos pe<strong>da</strong>gógicos, comoo currículo, a avaliação, a relação professor‐ alu<strong>no</strong>, as <strong>no</strong>vas formas <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>construção do conhecimento (CORREIA, 2003), (PAIVA, 2002).Uma vez que o tipo <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s está centrado <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> e <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>da</strong>s suas competências, o papel do professor altera‐se, sendo necessários professorescom um perfil diferente do tradicional.O professor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter o habitual papel <strong>de</strong> (re)transmissor <strong>de</strong> conhecimentospara passar a ser aquele que coloca <strong>de</strong>safios, oferece suporte personalizado e orienta oalu<strong>no</strong> que apren<strong>de</strong> activamente, ou seja, o professor passa a ser o mentor que aju<strong>da</strong> nabusca do saber. Esta acção do professor também passa por ser (co)apren<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> formapermanente com os seus alu<strong>no</strong>s, colegas e outros agentes <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 36


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOO <strong>no</strong>vo professor assume funções pe<strong>da</strong>gógicas, necessariamente, mas <strong>de</strong>verá sertambém coor<strong>de</strong>nador e gestor <strong>de</strong> recursos e preparador <strong>de</strong> equipamentos. Assim, énecessária a formação técnica ao nível <strong>da</strong>s ferramentas e instrumentos – competênciatécnica – mas também a aquisição e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas competências didácticase pe<strong>da</strong>gógicas (BRÁS, 2003).Mas, a transformação dos pressupostos sobre a prática docente não se efectuaautomaticamente através <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> formação, como se <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong>osmose se tratasse. Assim, passar a integrar o computador na prática lectiva, nãogarante só por si, um processo transformativo: ele tem <strong>de</strong> implicar uma mu<strong>da</strong>nça napercepção do próprio professor sobre a sua prática profissional (PONTE, 1997), (PAIS,1999). "A formação não se constrói por acumulação (<strong>de</strong> cursos, <strong>de</strong> conhecimentos ou <strong>de</strong>técnicas), mas sim através <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> crítica sobre as práticas e <strong>de</strong>(re) construção permanente <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal." (NÓVOA, 1997).Consi<strong>de</strong>rando o domínio crescente <strong>da</strong> hipermédia e <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logiaspo<strong>de</strong>mos ser levados a pensar que o professor passa a <strong>de</strong>sempenhar um papel <strong>de</strong> me<strong>no</strong>rrelevância po<strong>de</strong>ndo mesmo vir a ser substituído pelas máquinas. No entanto, analisandoo ambiente <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual, verifica‐se que se passa precisamenteo oposto. No meio <strong>da</strong> e<strong>no</strong>rme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação com que o alu<strong>no</strong> ébombar<strong>de</strong>ado e que lhe chega <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sorganiza<strong>da</strong>, o professor tem agora um papelessencial <strong>de</strong> organizador e facilitador <strong>da</strong> aprendizagem, conduzindo e <strong>da</strong>ndo maiorsentido a esta informação. A informação massiva, existente nas bases <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, exigeuma maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> problemas e <strong>de</strong> espírito crítico, para que aescolha <strong>da</strong> informação seja pertinente. Deste modo, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do professoraumenta em vez <strong>de</strong> diminuir, uma vez que, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> agir num pla<strong>no</strong> disciplinar bem<strong>de</strong>finido e limitado a um conhecimento que adquiriu na sua formação inicial.Das mãos <strong>de</strong> professores competentes e confiantes esperam‐se <strong>no</strong>vas dimensões<strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula. Estes <strong>de</strong>vem ser capazes <strong>de</strong> ultrapassar o paradoxo aparenteque existe entre o ensi<strong>no</strong> tradicional e o ensi<strong>no</strong> recorrendo às TIC, encontrando o justoequilíbrio. Par tal, têm que compreen<strong>de</strong>r que as <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias potenciam osmétodos que o professor há muito conhece e que não se trata <strong>de</strong> alterar tudo à custa<strong>da</strong>s TIC, mas <strong>de</strong> i<strong>no</strong>var as formas <strong>de</strong> concretizar os objectivos estabelecidos (PAIVA,2002).Na tabela 1.1 apresenta‐se o perfil do professor <strong>de</strong>finido <strong>no</strong> âmbito do projectoeuropeu Profiles in ICT for teachers education (2000)+ QUÍMICA DIGITAL 37


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTabela 1.1 - Perfil do professor <strong>de</strong>finido <strong>no</strong> âmbito do projecto europeu Profiles in ICT forteachers education (2000)Perfil do professorAtitu<strong>de</strong>s• Abertura è i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica;• Aceitação <strong>da</strong> tec<strong>no</strong>logia;• Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação/Mu<strong>da</strong>nça do papel do professor;• Ensi<strong>no</strong> centrado <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>, aberto à participação do alu<strong>no</strong>;• Professor como mediador e facilitador <strong>da</strong> comunicação.Ensi<strong>no</strong> geral• Metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> com as TIC;• Planeamento <strong>da</strong>s aulas com as TIC;• Integração dos media;• Monitorização/Avaliação;• Avaliação <strong>de</strong> conteúdos TIC;• Questões <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong> ética e legais na utilização <strong>da</strong>s TIC;• Actualização científica.CompetênciasEnsi<strong>no</strong> <strong>da</strong> disciplina• Investigação;• Avaliação <strong>de</strong> recursos;• Integração na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica;• Ligação a possíveis parceiros;• Utilização do material em outras línguas;• Participação em newsgroups.Competências TIC• Actualização <strong>de</strong> conhecimentos em TIC/plataformas e ferramentasTIC;• Familiarização com ferramentas que sirvam para:- Comunicar;- Colaborar;- Pesquisar;- Explorar;- Coligir <strong>da</strong>dos;- Processar <strong>da</strong>dos;- Expandir conhecimentos;• Integrar ferramentas.+ QUÍMICA DIGITAL 38


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOSer professor não é certamente um produto acabado, um estado final, mas seráum permanente tornar‐se professor, um processo evolutivo, ao longo do qual asexperiências vão ganhando mais significado, o que geralmente se faz acompanhar <strong>de</strong> ummaior envolvimento pessoal por parte do professor.Assim, a tabela 1.2 sintetiza as <strong>no</strong>vas formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o papel do professor.Tabela 1.2 - Novas formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o papel do professorO papel do professorDe um professor <strong>de</strong>tentorexclusivo do saberDe um professor “sabetudo”De um professor “obstáculo”De um professor que “dá “ oprograma todoàa um professor que reconhece que oconhecimento é partilhado e distribuído.à a um professor aprendiz.à a um professor “agente <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça”.a um professor que interpreta, gere e a<strong>da</strong>ptar ocurrículo às características e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dosà seus alu<strong>no</strong>s, criando contextos <strong>de</strong> aprendizagemtão fecundos quanto possível.De um professor que selimita a seguir o livro <strong>de</strong>texto e a usar o quadro e ogizDe um professor quemo<strong>no</strong>poliza o discurso nasala <strong>de</strong> aulaààa um professor que usa materiais diversificados eestimular os alu<strong>no</strong>s a consultar diversas fontes <strong>de</strong>informação.a um professor que é capaz <strong>de</strong> transformar a aulanuma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagemem que os alu<strong>no</strong>s tenham um papel <strong>de</strong> relevo.Nunca o futuro foi tão enigmático e imprevisível, mas também jamais aconstrução do futuro se apresentou como um <strong>de</strong>safio tão irrecusável.1.3 Perspectivas actuais para a formação contínua <strong>de</strong>professoresHoje, mais do que nunca, a profissão <strong>de</strong> professor tem <strong>de</strong> ser realimenta<strong>da</strong>permanentemente para que os professores <strong>de</strong>senvolvam capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> respostaa situações sempre diferentes com que se vão <strong>de</strong>parando.No mundo dos computadores, <strong>da</strong> Internet e do universo multimédia o professor échamado à mu<strong>da</strong>nça, vendo‐se obrigado a repensar a sua profissão, as estratégias queutiliza e a lutar pela melhoria <strong>da</strong>s práticas educativas.+ QUÍMICA DIGITAL 39


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOPerante a rápi<strong>da</strong> evolução e o aparecimento acelerado <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas e mais flexíveisferramentas computacionais para a educação, a formação contínua assume, sem dúvi<strong>da</strong>um papel central na carreira <strong>de</strong> um professor. Tem que se investir neste campo paraencorajar a utilização <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> quotidia<strong>no</strong> escolar.Segundo as orientações actuais a formação contínua <strong>de</strong> professores <strong>de</strong>ve tercomo principais linhas orientadoras (BRITO et al, 2004) as sistematiza<strong>da</strong>s na tabela 1.3:Tabela 1.3 - Principais linhas orientadoras para a formação contínua <strong>de</strong> professoresOrientações actuais para a formação contínua <strong>de</strong> professores• Aproximar‐se <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s escolas e <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> prática profissional;• Valorizar a auto‐formação e o trabalho <strong>de</strong> grupo;• Privilegiar mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s como projectos <strong>de</strong> investigação‐acção e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentocurricular, oficinas <strong>de</strong> formação e círculos <strong>de</strong> estudos;• Articular a formação estrutura<strong>da</strong> com o apoio aos professores que nas escolas se encontramenvolvidos em projectos relacionados com a utilização <strong>da</strong>s TIC na educação;• Complementar as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s presenciais com experiências <strong>de</strong> formação à distância;• Conceber dispositivos <strong>de</strong> apoio numa lógica <strong>de</strong> formação à distância que facilitem o trabalho<strong>de</strong> equipa e a reflexão conjunta;• Mobilizar os professores para a aquisição <strong>de</strong> competências que lhes permitam associar autilização <strong>da</strong>s TIC ao processo pe<strong>da</strong>gógico‐didáctico <strong>de</strong> forma natural;• Utilizar aplicações on‐line às quais os professores possam recorrer como materiaisdidácticos, que os incentivem a partilhar experiências, i<strong>de</strong>ias e instrumentos;• Estimular a divulgação dos materiais produzidos.De um modo geral, as duas principais linhas <strong>de</strong> força são a formaçãocontextualiza<strong>da</strong> curricularmente e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação quepropiciem uma maior implicação dos formandos na <strong>de</strong>finição do seu próprio percursoformativo, aproveitando as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s plataformas <strong>de</strong> apoio à formação àdistância.No estudo As TIC na Formação Contínua dos Professores (BRITO et al, 2004)regista‐se um crescimento mais acentuado (taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> 45%) nas formaçõesque incluem as aplicações dos programas utilitários <strong>de</strong> uso genérico, <strong>da</strong> Internet e <strong>de</strong>software <strong>de</strong> concepção <strong>de</strong> produtos multimédia para a educação, em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong>sacções que se centram na aprendizagem <strong>da</strong>s ferramentas computacionais, na ausência<strong>de</strong> qualquer contexto educativo. Este aspecto é um indicativo <strong>de</strong> que só agora os+ QUÍMICA DIGITAL 40


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOprofessores começaram a sentir necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e apren<strong>de</strong>r mais sobre as TICpara as po<strong>de</strong>rem utilizar eficazmente.Preparar futuros ci<strong>da</strong>dãos para a utilização dos meios tec<strong>no</strong>lógicos não significaapenas adquirir mestria na sua utilização: implica também a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretarcriticamente a sua utilização. "Para isto torna‐se necessário preparar o professor parautilizar pe<strong>da</strong>gogicamente as tec<strong>no</strong>logias na formação <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos que <strong>de</strong>verão produzire interpretar as <strong>no</strong>vas linguagens do mundo actual e futuro." (SAMPAIO et al, 2000)A formação <strong>de</strong> professores <strong>no</strong> domínio <strong>da</strong>s TIC, revela‐se um imperativo, mesmosem a certeza <strong>de</strong> que a correspon<strong>de</strong>nte frequência equivalha a maior entusiasmo dosprofessores, ou que venha a revelar‐se na melhoria <strong>da</strong>s práticas pe<strong>da</strong>gógicas emcontexto educativo. É preciso apostar nela e oferecer um leque variado <strong>de</strong> opções aosprofessores, visando facilitar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento profissional dos mesmos.A formação <strong>de</strong> professores <strong>de</strong>ve ter como pressuposto um processo dinâmico <strong>de</strong>evolução do professor, durante e após a formação. E, porque se trata <strong>de</strong> um processodinâmico e porque a formação não consiste em indicar um caminho mas sim em reflectirsobre caminhos possíveis, na<strong>da</strong> melhor do que terminar citando José Régio,“Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!Ninguém me peça <strong>de</strong>finições!Ninguém me diga; "vem por aqui"!A minha vi<strong>da</strong> é um ven<strong>da</strong>val que se soltou.É uma on<strong>da</strong> que se alevantou.É um átomo a mais que se animou...Não sei por on<strong>de</strong> vou.Não sei para on<strong>de</strong> vou.‐Sei que não vou por aí!”In "Cântico Final", Régio, J., in Andra<strong>de</strong>, E. (2001), Antologia Pessoal <strong>da</strong> Poesia Portuguesa,Campo <strong>da</strong>s Letras+ QUÍMICA DIGITAL 41


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO2. A ZAP GENERATIONIf you want to see the future of education, don’t watch children in the averageclassroom. Watch children play a vi<strong>de</strong>o game. You’ll see them engaged; excited;interacting, and learning ‐ even if it's only about how to get to the next level ofthe game.(SMITH, 1996)Nas páginas anteriores tentou‐se fun<strong>da</strong>mentar que educar na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação é um <strong>de</strong>safio <strong>no</strong>vo e diferente pelos objectivos, pelos recursos, pelasestratégias, e por tantos outros factores envolventes <strong>de</strong>sta socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Há um factor <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nça particularmente importante - os <strong>de</strong>stinatários do processo, os alu<strong>no</strong>s.A cruciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s é óbvia porque é a eles que todo o esforço educativo se dirigeem primeira instância e sobretudo, porque serão eles a força motriz <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a mu<strong>da</strong>nça.Os sociólogos, particularmente aqueles ligados ao marketing empresarial, têmvindo a estu<strong>da</strong>r e a classificar as gerações mais jovens, tentando com isso <strong>de</strong>finirmercados e a evolução <strong>da</strong>s suas tendências. Apesar <strong>de</strong> ser sempre arriscadocompartimentar, po<strong>de</strong>rá fazer algum sentido usar as perspectivas do marketing parareferir a população escolar. Assim, os alu<strong>no</strong>s que se encontram actualmente afrequentar as escolas básicas e secundárias do século XXI são frequentementealcunhados por zap generation. Para eles existem também na literatura anglo‐saxónicaoutras <strong>de</strong>signações curiosas e bem sugestivas como e‐generation, generation Z, geraçãonet, homo zappiens e geração Nintendo 3 (FINO, 2005), (PAIVA, 2005). Os zap generationsão jovens adolescentes, nascidos a partir <strong>de</strong> meados dos a<strong>no</strong>s 80. A característicaprincipal dos jovens <strong>de</strong>sta geração é terem nascido e crescido na era digital. Para eles,o telemóvel, o computador, a Internet, a TV por cabo e as consolas <strong>de</strong> jogos sãoutensílios comuns <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nasceram. Não conseguiriam passar sem eles e nem sequerconcebem a sua inexistência.3Nintendo é uma marca <strong>de</strong> jogos electrónicos baseados em microprocessadores, uma espécie <strong>de</strong>computadores "<strong>de</strong>dicados" especialmente à tarefa <strong>de</strong> correr jogos.+ QUÍMICA DIGITAL 42


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO2.1 O zapping contínuoA zap generation está habitua<strong>da</strong> à “acção”, isto é, programam o seu tempo paraas mais diversas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, algumas <strong>da</strong>s quais simultâneas. A sua vi<strong>da</strong> é um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>irozapping – percorrem, com o respectivo telecomando, as <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> TV porcabo <strong>no</strong>s quais “navegam”, saltam para o computador, on<strong>de</strong> ace<strong>de</strong>m ao e‐mail, surfamna net recolhendo <strong>da</strong>dos para os trabalhos e comunicam em salas <strong>de</strong> chat. Entretanto,trocam mensagens SMS a confirmar a saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> sábado à <strong>no</strong>ite e têm a MTV a passar oseu vi<strong>de</strong>o‐clip preferido (PAIVA, 2005). Para estes jovens é prioritário comunicar, emqualquer momento e on<strong>de</strong> quer que se encontrem.A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação que atinge estes alu<strong>no</strong>s é e<strong>no</strong>rme, mas po<strong>de</strong> não serproporcionalmente <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Impõem‐se como objectivo educacional, levar osalu<strong>no</strong>s a proce<strong>de</strong>r a uma análise crítica <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a informação pe<strong>da</strong>gógico‐científica aque têm acesso. Mais do que ensinar é necessário educar para a auto‐aprendizagem,contribuindo para a formação <strong>de</strong> indivíduos capazes <strong>de</strong> efectuarem um inserção criativa<strong>no</strong> mundo actual.2.2. A zap generation na escolaTech<strong>no</strong>logy is tech<strong>no</strong>logy only for people who are born before it was invented.(ALAN KAY)A zap generation é hiperactiva também <strong>no</strong> trabalho. Como referimos, raramenteestão inactivos e, <strong>de</strong> preferência, não se <strong>de</strong>dicam a uma só activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez, masa várias. Dificilmente se conseguem concentrar durante muito tempo numa activi<strong>da</strong><strong>de</strong>,sobretudo se essa activi<strong>da</strong><strong>de</strong> for unívoca, isto é, se implicar principalmente receber –ouvir, ver, observar. Aplicam‐se mais se estiverem a "fazer" algo em troca. É a evoluçãodo "broadcast learning" para "interactive learning" como <strong>de</strong>signa TAPSCOTT (1998).Pensam sobre um assunto estabelecendo ligações a vários outros assuntosinterligados, em vez <strong>de</strong> estabelecerem uma sequência linear <strong>de</strong> raciocínio, do princípioao fim. Ou seja, pensam em "hipertexto".A leitura e a escrita não são <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s preferi<strong>da</strong>s a não ser que envolvamalguma forma <strong>de</strong> interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O comportamento frenético que os caracteriza émuitas vezes causa <strong>de</strong> conflitos na escola, on<strong>de</strong> são muitas vezes acusados <strong>de</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 43


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO<strong>de</strong>sinteressados, distraídos, <strong>de</strong> não acatarem or<strong>de</strong>ns e até <strong>de</strong> terem atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> falta <strong>de</strong>respeito.Gostam especialmente <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios em que tenham que investigar para chegar arespostas <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r pela <strong>de</strong>scoberta. Em geral, aplicam‐se mais seforem <strong>de</strong>safiados para além <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s medianas.Para a zap generation a escola é um ponto <strong>de</strong> encontro com os colegas que poracaso é também o lugar on<strong>de</strong> vão apren<strong>de</strong>r. Eles gostam especialmente <strong>da</strong> escola porlhes proporcionar a convivência com os seus pares.Mas também gostam <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e são naturalmente curiosos. Contudo exigemdivertir‐se <strong>no</strong> processo. Não concebem fazer o que quer que seja se não acreditaremdivertir‐se com isso (COSTA, 2003).Esta geração é uma geração substancialmente diferente <strong>da</strong>s gerações que aprece<strong>de</strong>ram. Com características me<strong>no</strong>s boas, como a hiperactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou a buscaconstante do lúdico, e características bem positivas, como a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o espíritocolaborativo e a procura <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios. E, sendo diferente, coloca <strong>no</strong>vos <strong>de</strong>safios a todosos intervenientes <strong>no</strong> processo educativo.3. AS TIC NO CURRÍCULO DO ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO“As tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> informação e comunicação não são mais uma ferramentadidáctica ao serviço dos professores e alu<strong>no</strong>s… elas são e estão <strong>no</strong> mundo on<strong>de</strong>crescem os jovens que ensinamos”(ADELL, 1997)A integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> é encara<strong>da</strong> como essencial para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um país através <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos mais e melhor preparadospara um mundo em constante mu<strong>da</strong>nça. São necessários indivíduos com educaçãoabrangente em diversas áreas, que <strong>de</strong>monstrem flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>comunicação. As TIC prometem <strong>de</strong>sempenhar um papel significativo potenciandoprofessores e alu<strong>no</strong>s. Melhor acesso, eficiência <strong>da</strong> educação e <strong>da</strong> formação sãoessenciais para o <strong>de</strong>senvolvimento.Embora, geralmente, se aceite que as TIC po<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo a facilitara educação e a formação, existe um gran<strong>de</strong> fosso entre os potenciais usos <strong>da</strong>s TIC e oconcretizado. Dificilmente se encontra outra área <strong>de</strong> aplicação on<strong>de</strong> o fosso entre os+ QUÍMICA DIGITAL 44


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOimagináveis benefícios e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> seja tão gran<strong>de</strong> como na educação e formação(BRÁS, 2003).Conheçamos um pouco melhor as políticas <strong>de</strong> introdução <strong>da</strong>s TIC na Europa, e <strong>de</strong>forma mais específica <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> em Portugal.3.1. Introdução <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>: breve percurso históricoNos finais <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 iniciou‐se o que agora é conhecido por revoluçãotec<strong>no</strong>lógica <strong>no</strong> domínio <strong>da</strong>s TIC. Um importante passo foi <strong>da</strong>do ao encontro com aSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação com o Livro Branco sobre a educação e a formação – Enseigneret Apprendre vers Ia Société Cognitive, elaborado em 1995, aponta para atransformação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> europeia que assim procura contribuir com as políticas <strong>de</strong>educação e formação dos estados membros para colocar a Europa na via <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação, basea<strong>da</strong> na aquisição <strong>de</strong> conhecimentos, on<strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r sãoum processo contínuo ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.No relatório Educação, um tesouro a <strong>de</strong>scobrir, recomen<strong>da</strong>‐se “que os sistemaseducativos <strong>de</strong>vem <strong>da</strong>r resposta aos múltiplos <strong>de</strong>safios <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, naperspectiva dum enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício duma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>niaa<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> às exigências do <strong>no</strong>sso tempo” (UNESCO, 1996).Em Portugal, nasceu o Projecto Minerva (Meios Informáticos No Ensi<strong>no</strong>:Racionalização, Valorização, Actualização) que <strong>de</strong>correu entre 1985 e 1994 com oobjectivo <strong>de</strong> introduzir os meios informáticos <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>. Este projecto constituiu aprimeira gran<strong>de</strong> iniciativa neste domínio. O Projecto Minerva esteve longe <strong>de</strong> solucionartodos os problemas inerentes à introdução <strong>da</strong>s TIC na educação mas lançou as basespara <strong>no</strong>vos <strong>de</strong>senvolvimentos <strong>da</strong>s escolas <strong>no</strong> domínio <strong>da</strong>s TIC (SILVA, 2001). A evolução<strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong>u‐se igualmente <strong>de</strong> forma surpreen<strong>de</strong>nte tendo surgido em 1996 oPrograma Nónio – Século XXI. A aposta era <strong>no</strong> domínio <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias multimédia e <strong>da</strong>sre<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação.Do Conselho Europeu realizado em 23 e 24 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2000, nasce o programaeEurope – uma Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação para todos e que propõe colocar ao alcance <strong>de</strong>todos os ci<strong>da</strong>dãos europeus as vantagens <strong>de</strong>ssa mesma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Em 22 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2000 4 por resolução do Concelho <strong>de</strong> Ministros foi lança<strong>da</strong> aIniciativa Internet, um programa para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação a <strong>de</strong>correr entre 2000‐4Resolução do conselho <strong>de</strong> Ministros n.º 110/2000, publicado <strong>no</strong> Diário <strong>da</strong> Republica n.º 193, Série I‐B em22/08/2000+ QUÍMICA DIGITAL 45


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO2006, com os objectivos semelhantes ao eEurope incluindo formar dois milhões <strong>de</strong>pessoas em competências básicas em TIC ate 2006.Também foi lançado pela Comissão Europeia <strong>no</strong> âmbito do eEurope, o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong>Acção eLearning – Pensar o futuro <strong>da</strong> Educação que <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 2000‐2004 visava apromoção <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s TIC para melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aprendizagens facilitandoo acesso a recursos educacionais e serviços bem como a re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração àdistância.No contexto <strong>da</strong> iniciativa eEurope, o Gover<strong>no</strong> Português <strong>no</strong> sector <strong>da</strong> Educaçãocriou um Grupo Coor<strong>de</strong>nador dos programas <strong>de</strong> introdução, difusão e formação em TIC,encarregado <strong>de</strong> produzir um Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Acção para a Educação <strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong>s TIC para <strong>da</strong>rcontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> ao Programa Nónio. O documento <strong>de</strong> referência (ESTRATÉGICAS, 2001)projecta para um horizonte até 2006. O formato do documento é um misto <strong>de</strong>documento <strong>de</strong> estratégias e <strong>de</strong> documento para a acção.Destaca‐se ain<strong>da</strong> o Programa PRODEP III (2000‐2006) que tem o propósito <strong>de</strong>apetrechar a escola em termos informáticos e com produtos multimédia, assim como,apoiar a formação contínua <strong>de</strong> professores em TIC.A forma como as TIC são integra<strong>da</strong>s nas escolas po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve variar: o importanteé que hajam objectivos bem <strong>de</strong>finidos e coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> modo que to<strong>da</strong>s as iniciativasestejam subordina<strong>da</strong>s a um Projecto Educativo. Uma pe<strong>da</strong>gogia <strong>de</strong> projecto é muitomais eficaz porque em vez <strong>de</strong> uma aprendizagem técnica utilizam‐se as tec<strong>no</strong>logiastendo em vista um objectivo.De facto, para o total aproveitamento <strong>da</strong>s suas vantagens (referi<strong>da</strong>s em maiorporme<strong>no</strong>r na secção 4 <strong>de</strong>ste capítulo), as TIC necessitam <strong>de</strong> planeamento a<strong>de</strong>quado, <strong>de</strong>uma estratégia educativa centra<strong>da</strong> <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>, <strong>de</strong> professores correctamente formados eactualizados e <strong>de</strong> uma escola receptiva às i<strong>no</strong>vações (ALMEIDA, 2004).Valorizar as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s didácticas <strong>da</strong>s TIC com objectivos e fins educativos;ao integrá‐las <strong>no</strong> currículo 5 significa apren<strong>de</strong>r através <strong>de</strong>las mais do que aprendê‐las.De uma forma global, integrar as TIC significa fazer parte <strong>de</strong> um currículo, englobá‐lasharmoniosamente com os restantes componentes <strong>de</strong>sse currículo, ou seja, é utilizá‐lascomo parte integral com o objectivo <strong>de</strong> apoiar uma disciplina ou conteúdo e não comoum apêndice ou recurso periférico.Na tabela 1.4 apresenta‐se o que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar como integração curricular<strong>da</strong>s TIC.5Currículo é tudo o que se consi<strong>de</strong>ra conveniente <strong>de</strong>senvolver na prática educativa e implica todos osaspectos relativos ao ensi<strong>no</strong> e aprendizagem; um conjunto <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> aprendizagem, princípios econcepções didácticas que se implementam na prática.+ QUÍMICA DIGITAL 46


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTabela 1.4 - Integração curricular <strong>da</strong>s TICÉ integração curricular <strong>da</strong>s TIC…• O seu uso para planificar estratégias quefacilitem a aprendizagem;• O seu uso nas aulas;• O seu <strong>no</strong> apoio às turmas;• O seu uso como parte do currículo;• O seu uso para facilitar a aprendizagem<strong>de</strong> conteúdos;• O uso <strong>de</strong> software educativo emcontexto sala <strong>de</strong> aula.Não é integração curricular <strong>da</strong>s TIC…• Colocar computadores na sala <strong>de</strong> aula sempreparar os professores para a sua integração;• Levar os alu<strong>no</strong>s à sala <strong>de</strong> informática sem umpropósito curricular claro;• Substituir tempo <strong>de</strong> leitura por trabalho com ocomputador em temas <strong>de</strong> leitura;• Proporcionar trabalho com enciclopédias,folhas <strong>de</strong> cálculo ou processadores <strong>de</strong> texto,sem qualquer objectivo <strong>de</strong>finido.Reconhecem‐se três níveis para a integração curricular <strong>da</strong>s TIC (SÁNCHEZ, 2002):Tabela 1.5 - Níveis que permitem a integração curricular <strong>da</strong>s TICNíveis para a integração curricular <strong>da</strong>s TICAprendizagemUsoIntegração• Conhecer, apren<strong>de</strong>r e <strong>da</strong>r os primeiros passos na aprendizagem<strong>da</strong>s TIC. O objectivo é vencer o medo e <strong>de</strong>scobrir aspotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Uma vez que é uma fase <strong>de</strong> iniciação, o seuuso não implica fins educativos.• Implica o conhecimento e utilização nas mais diversas tarefas,sem um propósito curricular <strong>de</strong>finido. Professores e alu<strong>no</strong>sadquirem cultura informática e usam as tec<strong>no</strong>logias parapreparar aulas, apoiar tarefas administrativas. Usam‐se astec<strong>no</strong>logias mas o propósito não é o mais relevante pois nãoservem para uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem, embora sejacerto que apoiam as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas.• Consiste em integrá‐las <strong>no</strong> currículo para um fim educativoespecífico e um propósito explícito na aprendizagem. Os alu<strong>no</strong>susam software educativo que simula diversos cenários,manipulam uma série <strong>de</strong> variáveis. As TIC são incorpora<strong>da</strong>s eintegra<strong>da</strong>s pe<strong>da</strong>gogicamente na aula. No entanto, o objectivoprincipal é a aprendizagem e assim a tec<strong>no</strong>logia em si <strong>de</strong>vepassar <strong>de</strong>spercebi<strong>da</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 47


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOA complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes três níveis po<strong>de</strong> ser representa<strong>da</strong> graficamente, emfunção do tempo, <strong>da</strong> seguinte forma (figura 1.1):Figura 1.1 - Níveis para a integração curricular <strong>da</strong>s TIC em função do tempoMais adiante neste capítulo (secção 5.5) retomamos, <strong>de</strong> forma oportuna, estatemática. Apresentam‐se algumas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s “tipo” com vista à integração <strong>da</strong>stec<strong>no</strong>logias em contexto educativo, basea<strong>da</strong> em mo<strong>de</strong>los construtivistas (tabela 1.12).Em termos legislativos, neste contexto <strong>de</strong> integração <strong>da</strong>s TIC, publicam‐se osDecretos‐Lei n.º 6 e 7/2001 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Janeiro, que se referem à reorganização curriculardo Ensi<strong>no</strong> Básico e Secundário respectivamente. Estes apontam para a exploração eintegração <strong>da</strong>s TIC na sala <strong>de</strong> aula, como se refere em mais porme<strong>no</strong>r nas secçõesseguintes (3.2 e 3.3 <strong>de</strong>ste capítulo).3.2. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> BásicoA reorganização curricular do Ensi<strong>no</strong> Básico, nas escolas do 1º e 2º ciclos a partir<strong>de</strong> 2001 e do 3º ciclo a partir <strong>de</strong> 2002, assume plenamente a importância estratégica <strong>de</strong>que se reveste a integração curricular <strong>da</strong>s TIC. O Decreto‐Lei 6/2001, que enquadra esteprocesso, esclarece <strong>no</strong> seu preâmbulo que a utilização <strong>da</strong>s TIC constitui uma formaçãotransdisciplinar, a par do domínio <strong>da</strong> língua e <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong> dimensão humana dotrabalho. Tal significa que, <strong>no</strong> currículo <strong>de</strong>ste nível <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, as TIC passam a terpresença inequívoca na acção pe<strong>da</strong>gógica em to<strong>da</strong>s as disciplinas e áreas disciplinares,bem como nas áreas curriculares não disciplinares, a saber: “Área <strong>de</strong> Projecto”, “EstudoAcompanhado” e “Formação Cívica”. No que se refere ao enquadramento <strong>de</strong>stas áreas oDecreto‐Lei 6/2001 indica ain<strong>da</strong> que estas «<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em articulação+ QUÍMICA DIGITAL 48


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOentre si e com as áreas disciplinares, incluindo uma componente <strong>de</strong> trabalho dos alu<strong>no</strong>scom as Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e <strong>da</strong> Comunicação a constar explicitamente doprojecto curricular <strong>de</strong> turma».O artº. 3º, que explicita os princípios orientadores do currículo, consagra a«valorização <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> metodologias e estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>aprendizagem, em particular com recurso a tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> informação e comunicação».No Decreto‐Lei n.º 6/2001 encontramos, <strong>no</strong> seu anexo III, o <strong>no</strong>vo pla<strong>no</strong> curricularque integra um conjunto <strong>de</strong> áreas e disciplinas do 3° ciclo. De acordo com este Decreto‐Lei, as TIC assumem‐se como formação transdisciplinar, como se po<strong>de</strong> ler <strong>no</strong> seu artigo6°, "(...) 2 ‐ Constitui ain<strong>da</strong> formação transdisciplinar <strong>de</strong> carácter instrumental autilização <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> informação e <strong>da</strong> comunicação, a qual <strong>de</strong>verá conduzir, <strong>no</strong>âmbito <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> obrigatória, numa certificação <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong>s competênciasbásicas neste domínio".Na reunião <strong>de</strong> Conselho <strong>de</strong> Ministros, a 11 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2003, foi aprovado oDecreto‐Lei que altera o Decreto‐Lei n.º 6/2001 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Janeiro. As alteraçõesestabelecem três objectivos, cujas linhas gerais se po<strong>de</strong>m sintetizar <strong>no</strong>s seguintespontos:"1. A introdução <strong>de</strong> uma disciplina obrigatória <strong>no</strong> 9° A<strong>no</strong> <strong>de</strong> Escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>,Introdução às Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e Comunicação (ITIC), para que qualquer alu<strong>no</strong>que conclua a escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> obrigatória possa adquirir as competências mínimas <strong>no</strong>domínio <strong>da</strong>s TIC. A prossecução <strong>de</strong>ste objectivo pressupõe que até ao início do a<strong>no</strong>lectivo <strong>de</strong> 2004‐2005, o Ministério <strong>da</strong> Educação implementará:a. As infra‐estruturas educativas necessárias a esta alteração que serãoinstala<strong>da</strong>s nas escolas, durante os próximos dois a<strong>no</strong>s. O ME irámobilizar os recursos financeiros necessários à instalação <strong>de</strong> 1.000<strong>no</strong>vas salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente apetrecha<strong>da</strong>s e especialmentevocaciona<strong>da</strong>s para o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>stas matérias. Este programa <strong>de</strong>apetrechamento cobrirá to<strong>da</strong>s as escolas básicas <strong>no</strong> 3° Ciclo e asescolas secundárias que ain<strong>da</strong> não disponham <strong>da</strong>s condições exigi<strong>da</strong>s.Ca<strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula disporá <strong>de</strong> 15 postos <strong>de</strong> trabalho ligados em re<strong>de</strong>,um projector (DataShow), ligação à Internet, bem como as aplicaçõescom ferramentas <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais utiliza<strong>da</strong>s. Este programaenvolverá um investimento estimado em 10 milhões <strong>de</strong> euros.+ QUÍMICA DIGITAL 49


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOb. A formação <strong>de</strong> professores necessários a respon<strong>de</strong>r a este <strong>de</strong>safio queenvolverá prioritariamente os professores profissionalizados do 39. ºGrupo, e os professores sem funções lectivas atribuí<strong>da</strong>s que sedisponham a adquirir as competências necessárias a assegurar estadisciplina."Ao mesmo tempo, em ca<strong>da</strong> um dos três ciclos do Ensi<strong>no</strong> Básico, estabelece‐seque as TIC <strong>de</strong>vem ter uma presença saliente nas áreas curriculares não disciplinares.Assim, as orientações traça<strong>da</strong>s neste Decreto convergem na criação <strong>da</strong>scondições para que os alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico realizem as suas aprendizagens com asTIC e sobre as TIC. No final <strong>de</strong>sse percurso <strong>da</strong> escolarização, os alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong>verão ter, <strong>no</strong>mínimo, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as utilizar <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. O perfil <strong>de</strong> competências gerais a<strong>de</strong>senvolver pelos alu<strong>no</strong>s ao longo do Ensi<strong>no</strong> Básico contempla esta competência.Ao preconizar um utilizador tec<strong>no</strong>logicamente competente, a escola po<strong>de</strong> evitaruma possível exclusão social do alu<strong>no</strong>, estando ao mesmo tempo a contribuir para o seusucesso na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação.A argumentação por uma utilização educativa <strong>da</strong>s TIC integra<strong>da</strong> em contextocurricular inci<strong>de</strong> na versatili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>no</strong> significado que po<strong>de</strong>m adquirir as aprendizagensnestas condições.Ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r‐se a transversali<strong>da</strong><strong>de</strong> todos os professores são professores <strong>de</strong> TIC.Desenvolveu‐se paralelamente um vasto consenso em tor<strong>no</strong> do facto <strong>de</strong> que asTIC po<strong>de</strong>m favorecer aprendizagens basea<strong>da</strong>s na curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na <strong>de</strong>scoberta e naexperimentação (RELATÓRIO, 2000).De modo a compreen<strong>de</strong>r melhor as linhas <strong>de</strong> força que orientam a reformainicialmente prevista atente‐se <strong>no</strong> quadro que se segue (ESE, 2001):+ QUÍMICA DIGITAL 50


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTabela 1.6 - Reforma do Ensi<strong>no</strong> Básico face às TICAlgumas <strong>no</strong>tas sobre a reforma do Ensi<strong>no</strong> Básico face às TICPrincípiosorientadoresNovas áreascurricularesDesenvolvimento doCurrículoEscolaFormaçõestransdisciplinaresEducação para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,domínio <strong>da</strong> língua portuguesa evalorização <strong>da</strong> dimensãohumana do trabalho eutilização <strong>da</strong>s TICActivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>enriquecimento docurrículoAvaliaçãoProvas nacionais <strong>de</strong>aferiçãoFormação <strong>de</strong>ProfessoresRealização <strong>de</strong> aprendizagens significativas (contextualização dos saberes),diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> metodologias e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem com recurso às TIC.Três <strong>no</strong>vas áreas curriculares não disciplinares, articula<strong>da</strong>s entre si e com asáreas disciplinares, incluindo uma componente <strong>de</strong> trabalho dos alu<strong>no</strong>s com as TIC(Área <strong>de</strong> projecto, Estudo Acompanhado, Formação Cívica)... e ensi<strong>no</strong>experimental <strong>da</strong>s Ciências. Da responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do professor <strong>da</strong> turma (1º ciclo)e Conselho <strong>de</strong> Turma (2º e 3º ciclos).Novas práticas <strong>de</strong> gestão curricular (flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> face aos contextos projectocurricular <strong>de</strong> escola e <strong>de</strong> turma).Espaço <strong>de</strong> educação para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia... oferecendo espaços <strong>de</strong> efectivoenvolvimento dos alu<strong>no</strong>s e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio ao estudo.Área <strong>de</strong> ProjectoEstudoAcompanhadoFormação CívicaFormação para autilização <strong>da</strong>s TICConcepção, realização e avaliação <strong>de</strong> projectos(articulando saberes <strong>da</strong>s diversas áreas em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong>problemas ou temas <strong>de</strong> pesquisa/intervenção <strong>de</strong> acordocom necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e interesses dos alu<strong>no</strong>s).Apropriação <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> estudo e trabalho com vista auma maior auto<strong>no</strong>mia na realização <strong>da</strong>s aprendizagens.Desenvolvimento <strong>da</strong> consciência cívica com recurso aointercâmbio <strong>de</strong> experiências vivi<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s e à suaparticipação na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> turma, escola e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Conduz a uma certificação <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong>s competênciasbásicas neste domínio.Facultativas, <strong>de</strong> carácter lúdico e cultural (<strong>no</strong> domínio <strong>de</strong>sportivo, artístico,científico e tec<strong>no</strong>lógico).Diagnóstico (articula<strong>da</strong> com estratégias <strong>de</strong> diferenciação pe<strong>da</strong>gógica), Formativa(regulação do ensi<strong>no</strong> e <strong>da</strong> aprendizagem) e Sumativa.Avaliação do <strong>de</strong>senvolvimento do currículo, não produzindo efeitos na progressãoescolar dos alu<strong>no</strong>s.Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s centra<strong>da</strong>s na escola e nas práticas profissionais, com atençãoespecial às áreas curriculares não disciplinares.Nas alterações realiza<strong>da</strong>s (introdução <strong>de</strong> uma disciplina específica <strong>de</strong> TIC <strong>no</strong> 9.ºa<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>) não se invali<strong>da</strong> a utilização <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias nas outras disciplinas.A sua aplicação <strong>de</strong>corre naturalmente como uma a<strong>da</strong>ptação às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong>s orientações curriculares do Ensi<strong>no</strong> Básico que não foram altera<strong>da</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 51


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO3.3. Integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> SecundárioCom a revisão curricular do Ensi<strong>no</strong> Secundário procura‐se integrar saberes ecompetências <strong>no</strong> domínio <strong>da</strong>s TIC que permitam oferecer aos jovens a formaçãonecessária e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, um dos objectivos <strong>de</strong>stenível <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> é, precisamente, promover o domínio <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> informação ecomunicação, que facilitem e promovam essa integração, razão pela qual esses saberese competências <strong>de</strong>vem cruzar transversalmente todo o currículo.A integração <strong>da</strong>s TIC assume diferentes configurações, conforme as disciplinas:• Utilização <strong>de</strong> software genérico (processador <strong>de</strong> texto, folha <strong>de</strong> cálculo, base<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, correio electrónico, etc);• Utilização <strong>de</strong> software específico <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> disciplina;• Utilização <strong>de</strong> ambos em trabalhos <strong>de</strong> projecto individuais ou <strong>de</strong> grupo;• Utilização dos meios <strong>de</strong> comunicação (envio e recepção <strong>de</strong> correio, acesso are<strong>de</strong>s locais e Internet, criação <strong>de</strong> páginas, etc)Em qualquer dos ensi<strong>no</strong>s, propõe‐se uma abor<strong>da</strong>gem instrumental e transversaldo uso <strong>da</strong>s TIC, que permitam a consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> competências básicas.A esse propósito po<strong>de</strong> ler‐se em documentação do Ministério <strong>da</strong> Educação:“A transversali<strong>da</strong><strong>de</strong> potencia a <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento educativo,beneficiando os que usufruem <strong>de</strong> um ambiente familiar com maior capital cultural, masrelegando para a iliteracia digital os social e culturalmente <strong>de</strong>sfavorecidos. O ensi<strong>no</strong>obrigatório <strong>da</strong>s TIC é um imperativo educativo, mas também social e cultural. Não bastasaber ace<strong>de</strong>r à Internet, substituir a máquina <strong>de</strong> escrever por um processador <strong>de</strong> textoou construir um gráfico a partir <strong>de</strong> uma folha <strong>de</strong> cálculo. As técnicas e o domínio dosprocessos <strong>de</strong> sistematização e tratamento <strong>de</strong> informação, <strong>da</strong>s aplicações liga<strong>da</strong>s ao<strong>de</strong>senho assistido por computador, ou a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir conteúdos paraInternet, são domínios estratégicos do conhecimento a que não po<strong>de</strong>remos ficar alheios.Não <strong>no</strong>s po<strong>de</strong>mos circunscrever à formação <strong>de</strong> potenciais consumidores <strong>de</strong>informação. Pelo contrário, o <strong>de</strong>safio <strong>da</strong> escola do futuro está na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formarpara a produção, tratamento e difusão <strong>de</strong> informação.”(REFORMA ES, 2003)+ QUÍMICA DIGITAL 52


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO4. POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES PEDAGÓGICAS DAS TIC NARENOVAÇÃO DA PAISAGEM EDUCATIVA(…) <strong>no</strong>thing is changed, <strong>no</strong>thing is re<strong>no</strong>vated; computers are being introducedinto classrooms and everyone waits for the tech<strong>no</strong>logical miracle to happen.(SALOMON, 2002)Segundo ROSA (1999) para melhorar a integração <strong>da</strong>s TIC na educação énecessário ter em consi<strong>de</strong>ração várias condições:• uma utilização <strong>da</strong>s TIC <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente planea<strong>da</strong>, inseri<strong>da</strong> numa amplaestratégia educativa centra<strong>da</strong> <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>;• uma transformação <strong>da</strong> atitu<strong>de</strong> <strong>da</strong> escola e dos professores;• uma correcta e actualiza<strong>da</strong> formação dos professores.Citando PAIVA (2002): “Será pelos professores e em tor<strong>no</strong> dos professores, quelenta e seguramente as TIC irão modificar, <strong>de</strong> forma visível e sensível, os métodos <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong> praticados na escola...”As práticas pe<strong>da</strong>gógicas que utilizam as TIC duma forma planea<strong>da</strong> e sistemáticaapresentam diversas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Apresentam‐se na tabela 1.7 algumas <strong>da</strong>sreconheci<strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong>s TIC (ALMEIDA, 2004), (WILD, 1996).+ QUÍMICA DIGITAL 53


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTabela 1.7 - Potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong>s TICAlgumas potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s TICP1. Aju<strong>da</strong> o alu<strong>no</strong> a <strong>de</strong>scobrir o conhecimento por si: é uma forma <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> activo em que oprofessor ocupa um lugar intermédio ente a informação e os alu<strong>no</strong>s, apontando caminhos eavivando a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a auto<strong>no</strong>mia (pois é gran<strong>de</strong> a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> informação etêm que escolher) e o pensamento crítico. Existe uma gran<strong>de</strong> relação reflectiva einterventiva entre o alu<strong>no</strong> e o mundo que o ro<strong>de</strong>ia.P2. Promove o pensamento sobre si mesmo (metacognição), a organização <strong>de</strong>sse pensamento eo <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo e intelectual, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente o raciocínio formal.P3. Impulsiona a utilização, por parte <strong>de</strong> professores e alu<strong>no</strong>s, <strong>de</strong> diversas ferramentasintelectuais.P4. Enriquece as próprias aulas pois diversifica as metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem.P5. Aumenta a motivação <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s e professores.P6. Amplia o volume <strong>de</strong> informação acessível aos alu<strong>no</strong>s, que está disponível <strong>de</strong> forma rápi<strong>da</strong> esimples.P7. Proporciona a interdisciplinarie<strong>da</strong><strong>de</strong>.P8. Permite formular hipóteses, testá‐las, analisar resultados e reformular conceitos, estandoassim <strong>de</strong> acordo com a investigação científica.P9. Possibilita o trabalho em simultâneo com outras pessoas geograficamente distantes.P10. Propicia o recurso a medi<strong>da</strong>s rigorosas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas físicas e químicas e o controlo <strong>de</strong>equipamento laboratorial (sensores e interfaces).P11. Cria micromundos <strong>de</strong> aprendizagem: é capaz <strong>de</strong> simular experiências que na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> sãorápi<strong>da</strong>s ou lentas <strong>de</strong>mais, que utilizam materiais perigosos e em condições impossíveis <strong>de</strong>conseguir.P12. A aprendizagem torna‐se <strong>de</strong> facto significativa, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as inúmeras potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>sgráficas.P13. Aju<strong>da</strong> a <strong>de</strong>tectar as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos alu<strong>no</strong>s.P14. Permite ensinar através <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> jogos didácticos.Mas as TIC apresentam igualmente algumas limitações na sua utilização (tabela 1.8):+ QUÍMICA DIGITAL 54


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTabela 1.8 - Algumas limitações pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong>s TICAlgumas limitações na utilização <strong>da</strong>s TICL1. As barreiras às i<strong>no</strong>vações tec<strong>no</strong>lógicas que naturalmente surgem nas escolas, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iama necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> sensibilização para essas i<strong>no</strong>vações. A escola terá <strong>de</strong> seconsciencializar <strong>de</strong> que já não é o único meio <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> conhecimentoL2. Escassez <strong>de</strong> software <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica e pe<strong>da</strong>gógica. A produção <strong>de</strong>ste materialimplica um trabalho colaborativo <strong>de</strong> pe<strong>da</strong>gogos e programadores.L3. O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s, que por dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s económicas, não possuem computador.L4. A falta <strong>de</strong> formação inicial e contínua dos professores para o uso <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias erespectivo aproveitamento pe<strong>da</strong>gógico. Muitas vezes os professores não gostam <strong>da</strong>stec<strong>no</strong>logias, não se sentem confortáveis a empregá‐las, pelo que não as usam nemincentivam a usá‐las (encontram‐se mais alguns <strong>da</strong>dos, sobre esta reali<strong>da</strong><strong>de</strong> na secção 1.8do capítulo 2).L5. A falta <strong>de</strong> conhecimento sobre o impacto do uso <strong>da</strong>s TIC em contexto educativo.L6. A escassez <strong>de</strong> tempo, que é indispensável na aprendizagem <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias e na preparação<strong>da</strong>s aulas.L7. A utilização ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> muito material tec<strong>no</strong>lógico, tido como pe<strong>da</strong>gogicamenteenriquecedor.L8. A ausência <strong>de</strong> sites específicos para todos os conteúdos, promovendo a navegação livre pelaInternet, o que não sendo <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente orienta<strong>da</strong> po<strong>de</strong>rá tornar‐se dispersivo.Apesar <strong>de</strong>stes constrangimentos, <strong>de</strong> uma forma geral, é possível afirmar que aintegração <strong>da</strong>s TIC são um meio auxiliar bastante po<strong>de</strong>roso para ensinar e apren<strong>de</strong>rCiência e po<strong>de</strong>rão i<strong>no</strong>var o processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem. Contudo, estastec<strong>no</strong>logias não são o elixir <strong>da</strong> re<strong>no</strong>vação necessária na Educação. São um bom pretextopara a mu<strong>da</strong>nça, mas não são mais do que isso. A re<strong>no</strong>vação terá <strong>de</strong> estar sempre paraalém <strong>de</strong> uma máquina!+ QUÍMICA DIGITAL 55


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO5. PERSPECTIVAS NO ENSINO DAS CIÊNCIAS – SÍNTESE DOCONTRIBUTO DA PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM“Reflectir sobre o papel dos computadores na Educação não significa reflectirsobre os computadores significa reflectir sobre a Educação”(ALLAN ELLIS)Durante este primeiro capítulo viu‐se em traços gerais o que caracteriza umaescola <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e viu‐se também que a <strong>no</strong>ssa escola ain<strong>da</strong> não éassim (secção 1 e 1.1). Mas po<strong>de</strong> afirmar‐se com algum risco que a maior parte <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças que <strong>de</strong>veriam ocorrer nas escolas do século XXI têm sobretudo a ver com a"educação" e não com "computadores".Vejamos a tabela 1.9 que coloca lado a lado os chamados "ensi<strong>no</strong> tradicional" e"ensi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>" (VALADARES e COSTA PEREIRA, 1991).Tabela 1.9 - Ensi<strong>no</strong> tradicional versus Ensi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>Ensi<strong>no</strong> tradicionalEnsi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>O professorO alu<strong>no</strong>• Está convencido que <strong>de</strong>tém todo osaber;• Contenta‐se em discursar bem duranteto<strong>da</strong> a aula;• Exige atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo com ummo<strong>de</strong>lo que ele próprio se esforça porimpor.• Limita‐se a usar rotineiramente opatrimónio científico;• Exige‐se‐lhe obediência e querespon<strong>da</strong> bem <strong>no</strong>s raros momentos emque é avaliado;• É penalizado se o seu raciocínio sobrequalquer questão difere do raciocíniodo professor.• Reconhece a relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos conhecimentose procura actualizar‐se;• Tem consciência <strong>de</strong> que o saber resulta <strong>de</strong>um processo activo, comunicativo, <strong>de</strong>análise <strong>de</strong> situações e não <strong>de</strong> umaacumulação <strong>de</strong> conhecimentos;• Mantém os alu<strong>no</strong>s em constante activi<strong>da</strong><strong>de</strong>,aju<strong>da</strong>ndo ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les e coor<strong>de</strong>nando otrabalho <strong>de</strong> todos.• Procura re<strong>de</strong>scobrir a Ciência e as suasmaravilhas;• Exige‐se‐lhes responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e respeito porsi e por todos os outros elementos <strong>da</strong> aula;• É estimulado a <strong>de</strong>senvolver raciocíniopessoal sobre questões e a discutir esseraciocínio com os colegas.+ QUÍMICA DIGITAL 56


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOEnsi<strong>no</strong> tradicionalEnsi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>A aula• Tipo lição magistral;• Distribuição dos alu<strong>no</strong>s em colunas efilas;• A avaliação é pontual e tem umcarácter meramente sumativo (emuitas vezes punitivo).• Os alu<strong>no</strong>s pesquisam e o professororienta‐os;• Distribuição em módulos <strong>de</strong> trabalho;• A avaliação é permanente e tem um carácterpredominantemente formativo (e muitasvezes remediativo).Certamente reconhecemos muito mais a <strong>no</strong>ssa escola, a escola do século XXI, na<strong>de</strong>scrição “tradicional” do que na “mo<strong>de</strong>rna”. Falamos em “ensi<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>” que játem 100 a<strong>no</strong>s, uma vez que retrata as teorias do então <strong>de</strong><strong>no</strong>minado movimento <strong>da</strong>"Escola Nova" que se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou <strong>no</strong> final do século XIX por oposição ao ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>época, que <strong>de</strong>signavam já <strong>de</strong> tradicional. Apesar <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as reformas ocorri<strong>da</strong>s aolongo <strong>de</strong> um século, as práticas diárias mais frequentes nas <strong>no</strong>ssas escolas continuam areproduzir os mo<strong>de</strong>los mais rígidos do passado, apesar <strong>de</strong> muitas vezes o discurso serfalsamente mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>.As mu<strong>da</strong>nças que <strong>de</strong>vem ocorrer são bastante mais profun<strong>da</strong>s do quesimplesmente a<strong>da</strong>ptar a educação à "<strong>no</strong>va máquina", contudo po<strong>de</strong>m ser feitas apretexto <strong>de</strong>la. Talvez a introdução <strong>de</strong> algo <strong>no</strong>vo como as TIC possa, <strong>de</strong> alguma forma,revolucionar as formas clássicas <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r, ultrapassando os vícios e asinércias que as caracterizam.Segundo SENGE (2001) é impossível realmente modificar qualquer sistemaeducativo, <strong>de</strong> forma irreversível, se não se modificar primeiro o modo como as pessoaspensam e se relacionam. Caso contrário as <strong>no</strong>vas regras irão sendo pouco a poucoesqueci<strong>da</strong>s e tudo volta a funcionar como antes.Tanto as ferramentas computacionais emergentes como os <strong>de</strong>senvolvimentosmais recentes <strong>da</strong>s teorias <strong>de</strong> aprendizagem têm contribuído para viabilizar algumasmu<strong>da</strong>nças na educação. A aprendizagem é um processo complexo, que vai muito além<strong>da</strong> simples aquisição <strong>de</strong> informação e envolve muitas vezes interacções entre tarefasespecíficas, características particulares dos alu<strong>no</strong>s, e várias influências do medium e dométodo. A aprendizagem implica a construção <strong>de</strong> estruturas mentais e compreen<strong>de</strong>diversas vertentes que tecem entre si uma estreita malha <strong>de</strong> relações.Para PAPERT (1980) <strong>de</strong>verão ser disponibiliza<strong>da</strong>s aos alu<strong>no</strong>s “ferramentas queviabilizem a exploração dos nutrientes cognitivos ou seja os elementos que compõem oconhecimento”.+ QUÍMICA DIGITAL 57


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOTor<strong>no</strong>u‐se consensual que é “a partir dos contributos <strong>da</strong> Psicologia doDesenvolvimento e <strong>da</strong> Psicologia <strong>da</strong> Aprendizagem que é preciso partir para umentendimento com o computador tornando‐o um parceiro que provi<strong>de</strong>nciaoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem” (MORGADO, 1996).De facto, se o papel do computador não for contribuir para um ensi<strong>no</strong> maisdirigido ao alu<strong>no</strong> (tendo em conta as diferenças entre os processos e ritmos <strong>de</strong>aprendizagem individuais, a a<strong>de</strong>quação dos conteúdos às diversas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s pessoais,a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apetrechar os jovens com ferramentas que <strong>de</strong>senvolvam as suascapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cognitivas, etc.), <strong>de</strong>pressa caímos num mero prolongamento do ensi<strong>no</strong>tradicional.O ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências fez eco, ao longo dos tempos, <strong>da</strong>s diferentes teorias para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> aprendizagem. Estas teorias marcaram a educação eacompanharam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias e <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. As teorias <strong>de</strong>aprendizagem foram evoluindo, por um lado em função <strong>da</strong> <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> conhecimento, poroutro em resposta às teorias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo. É assim que inicialmente seacredita que o ser huma<strong>no</strong> adquire conhecimento <strong>de</strong> um modo objectivo, através dossentidos; apren<strong>de</strong>r é adquirir ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s absolutas e permanentes. E mais tar<strong>de</strong> se passa a<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que o ser huma<strong>no</strong> constrói o conhecimento subjectivamente com base emexperiências anteriores e na reflexão; apren<strong>de</strong>r é construir concepções do mundo,opiniões, estratégias, tentando continuamente ajustar os mo<strong>de</strong>los mentais <strong>de</strong> modo aacomo<strong>da</strong>r as <strong>no</strong>vas experiências.Em termos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los educativos, ain<strong>da</strong> hoje permanecem mais nítidos doispólos que se inspiram em teorias <strong>da</strong> aprendizagem geralmente ti<strong>da</strong>s como opostas –Behaviorista versus Construtivista – sendo enfatizados geralmente os <strong>de</strong>feitos <strong>da</strong>primeira e as quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> segun<strong>da</strong>.Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, os dois pólos não se excluem. Como em tudo, ambos têm os seusprós e contras e para ambos existirão situações em que serão mais ou me<strong>no</strong>s indicados.Da mesma forma para os dois se <strong>de</strong>verá ter a prudência <strong>de</strong> não cair em exageros.O Behaviorismo ou Comportamentalismo centra a aprendizagem <strong>no</strong>comportamento efectivamente observável. De acordo com John Watson, é apenas esteque po<strong>de</strong> ser estu<strong>da</strong>do. A aprendizagem watsoniana ocorre quando há a aquisição <strong>de</strong> um<strong>no</strong>vo comportamento por condicionamento, o qual <strong>de</strong>termina as reacções do indivíduoassocia<strong>da</strong>s a certos estímulos, Nesta óptica o alu<strong>no</strong> é uma "tábua rasa". É aos trabalhosdo russo Ivan Pavlov que Watson recorre, pois "acreditava que a aprendizagem podia serintegralmente explica<strong>da</strong> com base <strong>no</strong>s princípios <strong>de</strong> Condicionamento Clássico <strong>de</strong>Pavlov" (SPRINTHALL e SPRINTHALL, 1993).+ QUÍMICA DIGITAL 58


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃODescobriu que "através do condicionamento, uma associação treina<strong>da</strong> entreestímulos e uma resposta" (SPRINTHALL e SPRINTHALL, 1993) é possível a aprendizagem.Watson influenciou Skinner quando concor<strong>da</strong> que "as respostas e não a experiênciaconsciente, é que <strong>de</strong>viam ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s e analisa<strong>da</strong>s" (SPRINTHALL e SPRINTHALL,1993). Skinner <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> parte o interior do indivíduo e enaltece o meio comoresponsável pelo comportamento. A aprendizagem, para este america<strong>no</strong>, incluiestímulos reforçadores e respostas operantes. Refere‐se ao Condicionamento Operante 6que "ocorre quando a uma resposta se segue um estímulo reforçador aumentando a taxa<strong>de</strong> resposta" (SPRINTHALL e SPRINTHALL, 1993). Porque sempre que a resposta éreforça<strong>da</strong>, "a recompensa reforça, entusiasma e funciona ela própria como estímulo,aumentando as probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso" (TAVARES e ALARCÃO, 1992).Na visão behaviorista, a aprendizagem assume‐se como, "do tipo meramenteassociacionista em que o conhecimento proce<strong>de</strong> dos sentidos. Estreitamente marca<strong>da</strong>,portanto, com concepções epislemológicas empiristas". (CACHAPUZ e JORGE, 2000)O condicionamento é o resultado <strong>da</strong> associação estabeleci<strong>da</strong> entre os estímulosespecíficos e reacções específicas. Para os behavioristas, o indivíduo respon<strong>de</strong> aosestímulos do meio. Existem assim, estímulos "input" e comportamentos "output" ourespostas condiciona<strong>da</strong>s mediante uma associação <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo estímulo com um jáconhecido. Neste contexto MESQUITA (2002) escreve que: "Nesta linha <strong>de</strong> pensamento,<strong>de</strong>ve‐se a Skinner a construção dos "ambientes computacionais" a<strong>de</strong>quados àaprendizagem. As "máquinas" <strong>de</strong> ensinar colocarão as perguntas, se o utilizadorrespon<strong>de</strong>r certo recebe um certo estímulo para continuar, caso contrário recebe umamensagem <strong>de</strong> erro e é encorajado a começar <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo".Segundo este mesmo investigador, "gran<strong>de</strong> parte do software educativo baseia‐senestes princípios do jogo e do entretenimento, proporcionando uma experiênciainteractiva que encoraja a aprendizagem através <strong>da</strong> exploração".Também MOREIRA (2000), <strong>de</strong>staca <strong>no</strong> seu livro que Skinner "(...) <strong>no</strong> seu artigoThe Science of Learning and the Art of Teaching (1954) consi<strong>de</strong>ra que a eficiência <strong>da</strong>aprendizagem exige envolvimento activo, sequências curtas, progressão gra<strong>da</strong>tiva <strong>da</strong>aprendizagem conforme o ritmo do alu<strong>no</strong>, verificação imediata e resposta certa àquestão coloca<strong>da</strong>".Logo nesta visão, a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter uma resposta correcta só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>dos reforços sucessivos colocados ao comportamento <strong>de</strong>sejado.6Já não é o reflexo condicionado <strong>de</strong> Pavlov, é algo mais complexo do que isto, que inclui o reforço+ QUÍMICA DIGITAL 59


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOAs Teorias Cognitivas <strong>de</strong>senvolveram‐se na Europa, que po<strong>de</strong>mos localizar,temporalmente, com alguma precisão, entre as duas gran<strong>de</strong>s guerras mundiais. Váriossão os autores com visão cognitivista que "ao aten<strong>de</strong>rem aos processos mentaisenvolvidos na aprendizagem, são um avanço em relação aos behavioristas." (TAVARES eALARCÃO, 1992)Nos pressupostos cognitivistas <strong>de</strong>stacam‐se <strong>no</strong>mes como Vygotsky, Bruner, Piagete Ausubel. Vygotsky na sua Teoria do Desenvolvimento Social <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que aaprendizagem é um processo eminentemente social. Segundo este autor, o<strong>de</strong>senvolvimento huma<strong>no</strong> está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> cultura, tendo a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> um papelfun<strong>da</strong>mental. Assim, as construções <strong>da</strong>s funções intelectuais superiores provêm doexterior. O sujeito é activo e adquire um <strong>de</strong>terminado comportamento quando este temimportância social. Na perspectiva <strong>de</strong> Vygotsky, o alu<strong>no</strong> <strong>de</strong>ixa a passivi<strong>da</strong><strong>de</strong> passando aassumir um outro papel, "porque realiza a construção do saber a partir <strong>de</strong> relações intrae interpessoais" (PINTO, 2002).Um dos conceitos fun<strong>da</strong>mentais na Teoria <strong>de</strong> Desenvolvimento Social propostapor Vygotsky é a Zona <strong>de</strong> Desenvolvimento Potencial ou Zona <strong>de</strong> DesenvolvimentoPróximal (adiante ZDP). Esta indica‐<strong>no</strong>s a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem do indivíduo.A criança, em interacção com o mundo, faz experiências, observa<strong>da</strong>s por outros,po<strong>de</strong>ndo estas mais tar<strong>de</strong>, serem realiza<strong>da</strong>s por ele sozinho. O que hoje uma criança écapaz <strong>de</strong> fazer com a aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> adultos é o ZDP. Amanhã po<strong>de</strong>rá fazê‐lo por si só.É possível a partir <strong>da</strong> leitura <strong>de</strong> Mind in Society (1978) retirar três implicaçõespe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong> ZDP:1. É necessário garantir aos alu<strong>no</strong>s, activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e conteúdos diversos quepermitam tornar pessoais as suas aprendizagens;2. O professor é o orientador do processo <strong>de</strong> aprendizagem, levando o alu<strong>no</strong> aconcluir a tarefa ou resolver o problema, ou seja, até este atingir o controlometacognitivo e, por isso, <strong>de</strong>ve facultar aos seus alu<strong>no</strong>s recursos qualificadose cui<strong>da</strong>dosamente seleccionados, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> promover o seu<strong>de</strong>senvolvimento;3. A aprendizagem ocorre num contexto social on<strong>de</strong> o(s) mais apto(s) guia(m) osme<strong>no</strong>s apto(s).Para PINTO (2002), "esta teoria tem sido utiliza<strong>da</strong> com alguma frequência naconcepção <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> software educativo", o que <strong>de</strong>monstra a atençãoque é <strong>da</strong><strong>da</strong> na produção <strong>de</strong>sta ferramenta e o valor que é <strong>da</strong>do aos enunciados <strong>de</strong>ste+ QUÍMICA DIGITAL 60


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOautor. Jerome Bruner, um dos maiores divulgadores <strong>de</strong> Vygotsky, criou uma Teoria <strong>de</strong>Instrução que assenta <strong>no</strong>s princípios <strong>da</strong> motivação, estrutura, sequência e reforço.Vejamos um pouco melhor ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes princípios:• A motivação, refere‐se às "condições que predispõem um indivíduo para aaprendizagem" (SPRINTHALL e SPRINTHALL, 1993). Esta tem <strong>de</strong> serintrínseca já que é, por exemplo, a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>no</strong>s <strong>de</strong>sperta paraapren<strong>de</strong>r. Bruner <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um ensi<strong>no</strong> que pressupõe, <strong>da</strong> parte doprofessor, uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lançar perguntas que <strong>de</strong>spertem acuriosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mantenham o interesse, provoquem e <strong>de</strong>senvolvam opensamento;• O segundo princípio, a estrutura, indica‐<strong>no</strong>s que uma i<strong>de</strong>ia ou problema<strong>de</strong>ve ser estrutura<strong>da</strong> ou organiza<strong>da</strong> para que qualquer alu<strong>no</strong> a possacompreen<strong>de</strong>r;• Ensinar é levar o alu<strong>no</strong> através <strong>de</strong> uma sequência. O professor <strong>de</strong>verácomeçar por ensinar qualquer matéria, começando com a suarepresentação motora, passando em segui<strong>da</strong> para a representação icónicae só <strong>de</strong>pois a mensagem <strong>de</strong>verá ser comunica<strong>da</strong> simbolicamente porpalavras;• A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> reforço enquadra‐se aqui como uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> para aaprendizagem porque o alu<strong>no</strong> tem <strong>de</strong> receber o feedback sobre o queestá a fazer. O sucesso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do timing em que o reforço é <strong>da</strong>do e este<strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong>do <strong>de</strong> uma forma compreensível para o alu<strong>no</strong>.Para Bruner, o saber é construído e não adquirido. A aprendizagem para esteautor, significa requerer que o alu<strong>no</strong> procure activamente as soluções. É necessáriofazer uma <strong>de</strong>scoberta que é protagoniza<strong>da</strong> pelo alu<strong>no</strong> e, por isso, é muito maisduradoura e útil para este, do que a basea<strong>da</strong> na memorização ou <strong>no</strong> condicionamento.O ensi<strong>no</strong> por <strong>de</strong>scoberta, como se verá em mais porme<strong>no</strong>r (secção 5.2), assenta os seusalicerces <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo bruneria<strong>no</strong>. Este pressupõe activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, exploração,análise <strong>de</strong> problemas e resultados, integração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos <strong>da</strong>dos, socorrendo‐se <strong>da</strong> suaestrutura cognitiva e princípios mais gerais, explicações <strong>de</strong> causa‐efeito ou outras queaju<strong>de</strong>m a estabelecer relações.Bruner, também, <strong>de</strong>dicou o seu tempo ao estudo do currículo e como ele <strong>de</strong>veriaser organizado para o sucesso. RICLING (1980) citado por PINTO (2002), apresenta a suai<strong>de</strong>alização do currículo em espiral na perspectiva bruneriana, construído " <strong>de</strong> modo a+ QUÍMICA DIGITAL 61


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOque as construções que o sujeito realiza se façam continuamente sobre aprendizagensjá realiza<strong>da</strong>s, construindo <strong>no</strong>vas aprendizagens".Consi<strong>de</strong>rado o mais eminente psicólogo dos <strong>no</strong>ssos tempos, Piaget fez incidir assuas investigações, essencialmente, sobre o domínio <strong>da</strong>s funções cognitivas e lógicas doindivíduo. A criança, à medi<strong>da</strong> que evolui, vai‐se ajustando à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> circun<strong>da</strong>nte esuperando, <strong>de</strong> modo ca<strong>da</strong> vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta.Para Jean PIAGET (1983) "(...) o <strong>de</strong>senvolvimento mental é uma construçãocontínua, comparável ao levantamento <strong>de</strong> um vasto edifício que, a ca<strong>da</strong> acrescento, setoma mais sólido (...) o <strong>de</strong>senvolvimento mental surge, assim, na sua organizaçãoprogressiva, como uma a<strong>da</strong>ptação ca<strong>da</strong> vez mais precisa à reali<strong>da</strong><strong>de</strong>".Para Piaget, ao longo do crescimento, o ser huma<strong>no</strong> vai passando por<strong>de</strong>terminados períodos que se vão diferenciando em função do seu conteúdo e <strong>da</strong> suaforma. A estes períodos o autor <strong>de</strong>u o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> estádios que enquadrou em diferentesfaixas etárias. O estádio insere‐se <strong>no</strong> tempo como uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> fase do<strong>de</strong>senvolvimento huma<strong>no</strong>, mas não assenta, necessariamente, <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os quatro estádios piagetia<strong>no</strong>s são os seguintes:• Estádio sensório‐motor (dos 0 aos 2 a<strong>no</strong>s)• Estádio pré‐operatório (dos 2 aos 7 a<strong>no</strong>s)• Estádio <strong>da</strong>s operações concretas (dos 7 aos 11 a<strong>no</strong>s)• Estádio <strong>da</strong>s operações formais (dos 11 aos 16 a<strong>no</strong>s)Destacamos, ain<strong>da</strong> na teoria <strong>de</strong> Piaget, que ele consi<strong>de</strong>rava a aprendizagemcomo um processo biológico caracterizado por períodos <strong>de</strong> assimilação, acomo<strong>da</strong>ção eequilibração. Piaget partilha com Vygotsky, a visão sistémica do <strong>de</strong>senvolvimento, masafasta‐se <strong>de</strong>le quando Vygotsky se preocupa "essencialmente com a aprendizagem e ainfluência do ambiente social e cultural <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> aprendizagem" (CACHAPUZ eJORGE, 2002).Para Piaget, "( ...) o pensamento é uma forma <strong>de</strong> acção, só que realiza<strong>da</strong>interiormente, e o <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo um processo que radica em conflitos eperturbações epistemológicas, provoca<strong>da</strong>s pela interacção do sujeito com o mundo, comos objectos do conhecimento”. (CACHAPUZ e JORGE, 2002)Vejamos, segui<strong>da</strong>mente, as principais linhas com que David Ausubel traçou a suateoria para a aprendizagem. Citam‐se algumas palavras proferi<strong>da</strong>s por este investigador,que se po<strong>de</strong>m encontrar em Educacional Psychology <strong>de</strong> 1968, que <strong>de</strong>monstram,claramente, a importância dos seus trabalhos: “ (...) o factor mais importante que+ QUÍMICA DIGITAL 62


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOinfluencia a aprendizagem é o que o alu<strong>no</strong> já sabe. Averigúem o que ele sabe e ensinemem conformi<strong>da</strong><strong>de</strong>".Este construtivista apostou na aprendizagem significativa. A Teoria <strong>da</strong>Aprendizagem Significativa também conheci<strong>da</strong> por Teoria <strong>da</strong> Assimilação foi propostapor Ausubel, <strong>no</strong> seu livro The Psychology of Meaningful verbal learning (1963). Segundoeste autor, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira aprendizagem ocorre quando o alu<strong>no</strong> enten<strong>de</strong> o quememorizou. A aprendizagem por memorização po<strong>de</strong> ser útil em algumas ocasiões masnão é suficiente para permitir a mu<strong>da</strong>nça conceptual <strong>no</strong> alu<strong>no</strong>.Na perspectiva <strong>de</strong> Ausubel (AUSUBEL, 2003) "a aquisição <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conceitos écoextensiva à aprendizagem significativa, um processo consi<strong>de</strong>rado qualitativamentediferente <strong>da</strong> aprendizagem por memorização, em termos <strong>da</strong> relação não arbitrária e nãoliteral do conteúdo a ser aprendido com as i<strong>de</strong>ias existentes na estrutura cognitiva."Este investigador chama a atenção para o facto <strong>da</strong> aprendizagem por <strong>de</strong>scobertapo<strong>de</strong>r ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> natureza memorística, o que é bastante frequente nas salas<strong>de</strong> aula e que na<strong>da</strong> tem a ver com a aprendizagem que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, a aprendizagemsignificativa. Consi<strong>de</strong>ra a aprendizagem significativa mais produtiva, pois esta exigeuma tarefa com significado potencial.Segundo ele, o que é memorizado não interage com os conhecimentos que oalu<strong>no</strong> já possui, "apenas se po<strong>de</strong>m incorporar na estrutura cognitiva sob a forma <strong>de</strong>associações arbitrárias, ou seja, como enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s discretas e reserva<strong>da</strong>s, isola<strong>da</strong>s <strong>de</strong>forma organizacional, para todos os fins práticos, dos sistemas i<strong>de</strong>ários estabelecidos doaprendiz o que tem um armazenamento curto e não a longo prazo (AUSUBEL, 2003).Já por outro lado, na aprendizagem significativa, os <strong>no</strong>vos conhecimentos interagemcom os seus pré‐requisitos, ou seja, aquilo que o alu<strong>no</strong> já sabe, que funcionam como“âncoras” para o <strong>no</strong>vo conhecimento, o que permite um armazenamento a longo prazo.Ausubel explica assim a aprendizagem por um processo a que chamou subsunção,"<strong>no</strong> qual o <strong>no</strong>vo conhecimento, composto por conceitos mais específicos, me<strong>no</strong>sinclusivos e as proposições que sejam, já fazem parte <strong>da</strong> estrutura cognitiva do alu<strong>no</strong> "(MINTZES e WANDERSEE, 2000).Quando os alu<strong>no</strong>s apren<strong>de</strong>m significativamente conseguem relacionar conceitos econfrontá‐los, o que <strong>de</strong>monstra o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estruturas cognitivas sóli<strong>da</strong>s, "quelhes permitem fazer o tipo <strong>de</strong> raciocínio inferencial e analógico, exigido para ter êxitonas Ciências" (MINTZES e WANDERSEE, 2000). Para Ausubel, um alu<strong>no</strong> tem <strong>de</strong> apresentarprontidão e motivação para realizar a aprendizagem significativa, ou seja, ele tem <strong>de</strong>estar apto e com vonta<strong>de</strong> para apren<strong>de</strong>r. Não basta ter as correctas i<strong>de</strong>ias prévias, é+ QUÍMICA DIGITAL 63


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOnecessário que ele esteja motivado para a tarefa. O mo<strong>de</strong>lo Ausubelia<strong>no</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> umametodologia <strong>de</strong>dutiva, do geral para o específico que o professor <strong>de</strong>ve adoptar.The Ausubel mo<strong>de</strong>l advocates a <strong>de</strong>ductive strategy to teach interrelated contentwith general i<strong>de</strong>as presented initially, followed by specific points. This mo<strong>de</strong>l requiresthat teachers help stu<strong>de</strong>nts break i<strong>de</strong>as into smaller, related points and relate newi<strong>de</strong>as to similar content in memory (SCHUNK, 1996).Esta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ausubel não é partilha<strong>da</strong> com Bruner, pois este acreditava numaestratégia <strong>de</strong> carácter indutivo, do específico para o geral, "empleando el sujeito loespecífico para <strong>de</strong>scubrir generalizaciones" (WOOLFOLK e McCUNE, 1989).5.1. Ensi<strong>no</strong> por transmissãoO ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências mostrou ao longo dos tempos algumas alteraçõesmetodológicas que tiveram por base formulações <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas perspectivas que bebem asua fun<strong>da</strong>mentação em diferentes correntes <strong>da</strong> Psicologia.A perspectiva que aqui se <strong>de</strong>senvolve enquadra‐se perfeitamente numaexpressão muito utiliza<strong>da</strong> pelos professores: "vou <strong>da</strong>r uma aula sobre...", o que<strong>de</strong>monstra uma lamentável reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que ain<strong>da</strong> hoje ocorre, com bastante frequêncianas <strong>no</strong>ssas escolas. Os professores que adoptam para as suas aulas um ensi<strong>no</strong> portransmissão tomam a posição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tentores do saber. O que fazem nas suasaulas é apenas comunicar estes saberes aos seus alu<strong>no</strong>s, "pressupõe‐se que o professorpo<strong>de</strong> transmitir i<strong>de</strong>ias pensa<strong>da</strong>s por si próprio ou por outros (conteúdos) ao alu<strong>no</strong> que asarmazena sequencialmente <strong>no</strong> seu cérebro (receptáculo)" (CACHAPUZ e JORGE, 2000).O ensi<strong>no</strong> por transmissão não respeita as diferenças <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong>, a todos sãotransmitidos os mesmos conteúdos <strong>da</strong> mesma forma, privilegiando‐se a exposição oraldos conceitos. O professor apresenta as "matérias" que são ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s absolutas <strong>de</strong> formaunilateral e "quando utiliza recursos audiovisuais, quase sempre com excesso <strong>de</strong>informação fá‐lo numa óptica <strong>de</strong>monstrativa" (CACHAPUZ e JORGE, 2000). Estes têm afinali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir o manual escolar. Os trabalhos experimentais têm uma funçãoilustrativa ou <strong>de</strong>monstrativa dos factos e <strong>da</strong>dos a reter pelos alu<strong>no</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 64


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO5.2. Ensi<strong>no</strong> por <strong>de</strong>scobertaPor volta dos a<strong>no</strong>s 70, surge uma <strong>no</strong>va perspectiva para o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências – aaprendizagem por <strong>de</strong>scoberta.Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> foi <strong>de</strong>senvolvido pelo construtivista Jerome Bruner(BRUNER et al., 1960; BRUNER, 1966). Este autor encorajou a aplicação <strong>da</strong>aprendizagem pela <strong>de</strong>scoberta, por consi<strong>de</strong>rar que esta é a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira e a única formaeficaz <strong>de</strong> aprendizagem. De acordo com MORAIS et al., (1989), "há uma regrafun<strong>da</strong>mental na aprendizagem por <strong>de</strong>scoberta: o alu<strong>no</strong> constrói o seu próprioconhecimento". Assim, o alu<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula faz Ciência e não lhe são transmitidos osprodutos <strong>da</strong> Ciência. Continua a não se consi<strong>de</strong>rar o que o alu<strong>no</strong> já sabe, o queacontece é que ele vai apren<strong>de</strong>r por sua conta, qualquer conteúdo científico. Parte <strong>da</strong>observação <strong>de</strong> factos que falam por si e com eles apren<strong>de</strong>: "(...) A activi<strong>da</strong><strong>de</strong> do alu<strong>no</strong>limita‐se, muitas vezes, à constatação <strong>de</strong> factos, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>scobertos, <strong>da</strong>í aimagem recorrente em manuais escolares <strong>de</strong> um alu<strong>no</strong> <strong>de</strong>tective, cujos factos apenasnecessitariam <strong>de</strong> esforço e concentração para serem encontrados" (CACHAPUZ e JORGE,2000). O alu<strong>no</strong>, segundo estes mesmos autores, assume um outro papel naaprendizagem, "( ...) passou a ser não apenas valorizado, mas tratou‐se <strong>de</strong> o colocar <strong>no</strong>centro do processo <strong>da</strong> aprendizagem, tratou‐se <strong>de</strong> o chamar a participar activamente,mesmo através <strong>da</strong>s suas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> uma forma guia<strong>da</strong> e conduzi<strong>da</strong>,tantas vezes habilmente pelos professores" (CACHAPUZ e JORGE, 2000).O professor <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter um papel tão prepon<strong>de</strong>rante, favorecendo‐se oprotagonismo do alu<strong>no</strong>, que se assume como investigador activo, apesar <strong>de</strong> serorientado nas suas acções pelo professor.Trata‐se <strong>de</strong> uma prática indutiva (do específico para o geral) que leva à<strong>de</strong>scoberta ou à sua ilusão, partindo <strong>de</strong> factos observáveis e não <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias soltas.5.3. Ensi<strong>no</strong> por mu<strong>da</strong>nça conceptualDepois <strong>de</strong> reconheci<strong>da</strong>s, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, algumas limitações <strong>da</strong> aprendizagempor <strong>de</strong>scoberta, valorizou‐se, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, o paradigma <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça conceptual. Jáfun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em visões pós‐positivistas <strong>da</strong> Ciência, admite que o alu<strong>no</strong> tem um papelactivo, <strong>de</strong>terminado pelas suas i<strong>de</strong>ias prévias, <strong>no</strong> processamento do seu conhecimento.+ QUÍMICA DIGITAL 65


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOMais do que adquirir <strong>no</strong>vos conceitos, o alu<strong>no</strong> tem <strong>de</strong> saber construí‐los etransformá‐los, para provocar a mu<strong>da</strong>nça na sua estrutura conceptual. Os erroscometidos são vistos como algo positivo, como um factor <strong>de</strong> progresso <strong>no</strong> conhecimentocientífico. O alu<strong>no</strong> não é consi<strong>de</strong>rado uma "tábua rasa", pois já possui i<strong>de</strong>ias que sãoimportantes para a aprendizagem em Ciências, porque seleccionam e <strong>de</strong>slin<strong>da</strong>m asinformações que este recebe do professor. É nisto que se distingue este paradigma dosmo<strong>de</strong>los tradicionais <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> em que se verifica apenas a aquisição <strong>de</strong> conceitos.Na aprendizagem por mu<strong>da</strong>nça conceptual, a função do professor é " aju<strong>da</strong>r atransformar estruturas conceptuais e, assim sendo, contribuir para que os alu<strong>no</strong>sreorganizem os seus conceitos <strong>de</strong> uma outra maneira, <strong>de</strong> forma qualitativamentediferente" (CACHAPUZ e JORGE, 2000).Esta mu<strong>da</strong>nça conceptual po<strong>de</strong> ocorrer por:• captura conceptual ‐ quando as i<strong>de</strong>ias que os alu<strong>no</strong>s possuem sãocompatíveis com os conceitos científicos a apren<strong>de</strong>r;• troca conceptual ‐ se os alu<strong>no</strong>s apresentam concepções alternativas, ouseja, representações pessoais que possuem antes <strong>da</strong> aprendizagem e quesão incompatíveis com os conceitos científicos a apren<strong>de</strong>r.Assim, é necessário fazer um levantamento <strong>da</strong>s concepções alternativas dosalu<strong>no</strong>s (algumas concepções alternativas em Química são apresenta<strong>da</strong>s na secção 2 docapítulo 2) e promover uma rectificação do seu próprio pensamento para acolher um<strong>no</strong>vo conceito. Ao professor <strong>de</strong> Ciências cabe a tarefa <strong>de</strong> proporcionar intencionalmenteestratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, bem como instrumentos que permitam ao alu<strong>no</strong> a mu<strong>da</strong>nçaconceptual em Ciências. Interessa que o professor <strong>de</strong> Ciências consiga diag<strong>no</strong>sticar emu<strong>da</strong>r as concepções alternativas para o que é cientificamente a<strong>de</strong>quado. O professorpo<strong>de</strong> recorrer a mapas <strong>de</strong> conceitos (NOVAK, GOWIN e JOHANSEN, 1983), ao "V" <strong>de</strong>Gowin (NOVAK e GOWIN, 1999) e ao trabalho experimental que aqui tem uma funçãodiferente <strong>da</strong> que possui <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> por transmissão e por <strong>de</strong>scoberta quando fomentam adiscussão e a controvérsia entre os alu<strong>no</strong>s proporcionando uma aprendizagemsignificativa.5.4. Ensi<strong>no</strong> por pesquisaO ensi<strong>no</strong> por mu<strong>da</strong>nça conceptual mostrou‐se a <strong>da</strong><strong>da</strong> altura, insuficiente para apreparação dos alu<strong>no</strong>s que vivem na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Hoje, possuir umesquema conceptual bem organizado, não garante que a zap generation, ao sair <strong>da</strong>s+ QUÍMICA DIGITAL 66


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO<strong>no</strong>ssas escolas, esteja bem prepara<strong>da</strong> para tomar <strong>de</strong>cisões fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s e fazeropções conscientemente pensa<strong>da</strong>s. Isto levou a uma reflexão cui<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> alguns dosaspectos pelos investigadores em Didáctica <strong>da</strong>s Ciências.Neste sentido, CACHAPUZ e JORGE (2000), apresentam‐<strong>no</strong>s uma <strong>no</strong>va perspectivapara o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências chamado ensi<strong>no</strong> por pesquisa. Justificam esta opção,referindo que: "( ...) importa questionar o papel dos conteúdos do ensi<strong>no</strong>, colocando‐osao serviço <strong>da</strong> Educação em Ciência e não meramente <strong>da</strong> instrução. Recor<strong>de</strong>mos que asobrevalorização dos conteúdos científicos consi<strong>de</strong>rados como fins <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e nãoenquanto meios instrucionais, para, a partir <strong>de</strong>les, se atingirem metas educacionais esocialmente relevantes foi um dos pontos‐chave <strong>da</strong> crítica que fizemos à perspectiva <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nça conceptual."Neste sentido, a escola muito para além <strong>de</strong> instruir, terá sobretudo <strong>de</strong> sabereducar os seus alu<strong>no</strong>s. Eles continuam a necessitar dos conteúdos científicos, que em sinão constituem um fim, mas que servem antes, para preparar os alu<strong>no</strong>s para a sua vi<strong>da</strong>futura. É preciso que a Ciência que se ensina seja útil para o seu quotidia<strong>no</strong>. De acordocom esta perspectiva <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, existe a preocupação <strong>de</strong> valorizar os contextos reaisdos alu<strong>no</strong>s, "(...) para a disciplina e não o invés, i.e., explorando o conhecimentocientífico para <strong>da</strong>r um <strong>no</strong>vo sentido ao que 'já sabe" (conhecimento comum). ( ...) Disso<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em boa parte que os jovens portugueses, <strong>no</strong> final do século XXI, não sejamvirtualmente ig<strong>no</strong>rantes (excepto provavelmente através <strong>da</strong> TV) sobre questões centrais<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tec<strong>no</strong>lógica actual" (CACHAPUZ e JORGE, 2002).A perspectiva <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> por mu<strong>da</strong>nça conceptual reporta a aprendizagem dosconceitos <strong>no</strong>s conteúdos disciplinares. Manteve encerrado o ensi<strong>no</strong> e aprendizagem dosprodutos <strong>da</strong> Ciência, minimizando a importância <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Ciência que apenas erautiliza<strong>da</strong> como recurso didáctico e para se conseguir a troca conceptual. O ensi<strong>no</strong> porpesquisa assume aqui uma maior importância.O ensi<strong>no</strong> CTSA (Ciência-Tec<strong>no</strong>logia-Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>-Ambiente), enquanto mobilizador<strong>de</strong> um ensi<strong>no</strong> por pesquisa, levanta ao alu<strong>no</strong> a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar <strong>no</strong> seu dia‐adiaa resposta para os vários problemas com que se <strong>de</strong>fronta. O alu<strong>no</strong> tem aqui umpapel activo na pesquisa <strong>da</strong> solução para o problema que ele próprio formulou e, porisso, manter‐se‐á motivado para apren<strong>de</strong>r. O professor, por sua vez, é problematizadordos saberes, organizador <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> partilha, interacção e reflexão crítica,promotor <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates sobre as situações‐problema do quotidia<strong>no</strong>, sobre situaçõesclarificadoras <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong>ve estimular o envolvimento dos alu<strong>no</strong>s, o que exige mais<strong>de</strong>le cientificamente.+ QUÍMICA DIGITAL 67


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOA utilização do computador como “tutor” começou por se <strong>de</strong>senvolver numaforma <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> conheci<strong>da</strong> por “Aprendizagem Assisti<strong>da</strong> por Computador” CAI 7(Computer Assisted Instruction).Em CAI os programas são escritos por especialistas (peritos) nas matérias emquestão. Tipicamente, o computador apresenta perguntas a que o alu<strong>no</strong> é convi<strong>da</strong>do arespon<strong>de</strong>r. O programa foi concebido <strong>de</strong> modo a avaliar as respostas e a <strong>de</strong>terminar,face a ca<strong>da</strong> resposta o tipo <strong>de</strong> saí<strong>da</strong> para o monitor: a repetição <strong>da</strong> questão, a respostacorrecta, uma <strong>no</strong>va questão ou qualquer outro tipo <strong>de</strong> mensagem. A máquina não sóapresenta os conteúdos que o alu<strong>no</strong> <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r, como, também, exerce um controlosobre a sua aprendizagem, proporcionando‐lhe diagnóstico, avaliação contínua eprescrição. Assim, vai colocando questões apropria<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> passo e avaliando oentendimento do alu<strong>no</strong> pela verificação <strong>da</strong>s suas respostas antes <strong>de</strong> prosseguir paraassuntos mais complexos.Utilizado como “tutor” o computador auxilia a apresentação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conteúdos,usando para tal a repetição‐e‐prática (drill‐and‐practice) e aplicações tutoriais(tutorial). O computador <strong>de</strong>sempenha a função <strong>de</strong> professor e fornece o conhecimentoao alu<strong>no</strong>.Quando o computador é usado como “tool” (ferramenta) ele po<strong>de</strong> constituir uminstrumento po<strong>de</strong>roso ao serviço do alu<strong>no</strong> e do professor. O computador funciona comoum instrumento para auxiliar e para executar tarefas, como processamento <strong>de</strong> texto,folhas <strong>de</strong> cálculo, elaboração <strong>de</strong> estatísticas, bases <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, programas <strong>de</strong> gráficospara representação e exploração dos mais variados tipos <strong>de</strong> fenóme<strong>no</strong>s (físicos;químicos, biológicos, etc.), programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho e <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> imagens, etc.Finalmente, quando o computador é usado como “tuttee”, os alu<strong>no</strong>s programamo computador. São eles que controlam a máquina em vez <strong>de</strong> serem controlados por ela.Apren<strong>de</strong>m as matérias curriculares e <strong>de</strong>senvolvem as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cognitivas manejandodirectamente os computadores.Neste tipo <strong>de</strong> aplicação o computador é o alu<strong>no</strong>, e o alu<strong>no</strong> torna‐se o professor,pois é ele que ensina ao computador como este <strong>de</strong>verá executar uma <strong>da</strong><strong>da</strong> tarefa. Parafazer isto, o alu<strong>no</strong> necessita <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a comunicar com o computador, utilizandouma linguagem que o computador enten<strong>da</strong>, isto é, o alu<strong>no</strong> precisa <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r aprogramar o computador. Quando o computador é utilizado <strong>de</strong>sta forma o alu<strong>no</strong> temoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ensinando. O processo <strong>de</strong> ensinar o computador a fazer algorequer que o alu<strong>no</strong> (<strong>de</strong>sempenhando a função <strong>de</strong> professor) analise e enten<strong>da</strong> a tarefa7 As primeiras contribuições importantes em CAI <strong>de</strong>vem­se a P. Suppes, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Standorf, naCalifórnia, e a D.L. Bitzert, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Illi<strong>no</strong>is, <strong>no</strong> início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60.+ QUÍMICA DIGITAL 69


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO<strong>de</strong> uma forma mais profun<strong>da</strong> e efectiva do que <strong>no</strong>rmalmente seria necessário, já que ocomputador necessita <strong>de</strong> uma lista precisa e logicamente coerente <strong>de</strong> instruções paraexecutar ou resolver qualquer tarefa. Existe uma interacção constante e uma completaliber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acção por parte do aprendiz. O ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> linguagens <strong>de</strong> programação aosalu<strong>no</strong>s é, em geral, <strong>de</strong>fendido não com o intuito <strong>de</strong> os tornar programadoresprofissionais, mas sim com o objectivo <strong>de</strong> melhorar o entendimento <strong>de</strong> como ocomputador funciona. Isto reforçaria a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver problemas e forneceriaum sentido <strong>de</strong> controlo, aumentando, <strong>de</strong>sta forma, a compreensão <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>sferramentas computacionais. Simon PAPERT enfatizava que a programação é um dosmelhores recursos disponíveis para ensinar as crianças a apren<strong>de</strong>r fazendo, e emsimultâneo a pensar <strong>no</strong> que estão a fazer. Estão nesta situação, por exemplo asaprendizagens <strong>da</strong> geometria, com a linguagem <strong>de</strong> programação LOGO, em que ascrianças vão apren<strong>de</strong>ndo a movimentar a tartaruga e <strong>de</strong>senhando com ela várias figurasgeométricas.Po<strong>de</strong> então afirmar‐se que como “tutor” o computador tenta <strong>de</strong>sempenhar opapel <strong>de</strong> professor, como “tutee” a <strong>de</strong> alu<strong>no</strong> e como “tool” a <strong>de</strong> auxiliar, ferramenta.Porém o computador po<strong>de</strong> funcionar como "tutor", "tool", e "tutee" em váriascombinações, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo muito <strong>da</strong> forma como é implementa<strong>da</strong> a estratégia emterre<strong>no</strong> pe<strong>da</strong>gógico.Como se referiu na secção 1.3 <strong>de</strong>ste capítulo, o conhecimento, em rápi<strong>da</strong><strong>de</strong>sactualização, implica o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias metacognitivas e a aposta naformação ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Trata‐se <strong>de</strong> formar pessoas prepara<strong>da</strong>s para esta <strong>no</strong>vasocie<strong>da</strong><strong>de</strong>: a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Trata‐se <strong>de</strong> formar não conhecedores masapren<strong>de</strong>dores. Vejamos na tabela 1.10 o que caracteriza ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les:Tabela 1.10 - O Conhecedor versus o Apren<strong>de</strong>dorConhecedorApren<strong>de</strong>dor• Projecta a informação <strong>no</strong> futuro;• Consulta a informação do passado;• Aplica e experimenta o conhecimento;• Armazena a informação sem a relacionar;• Cria e elabora re<strong>de</strong>s conceptuais;• Aplica os conhecimentos a problemas• Cria soluções específicas para ca<strong>da</strong>específicos;problema;• Modifica os estímulos exter<strong>no</strong>s para se• Modifica a compreensão para explicar osa<strong>da</strong>ptarem à compreensão;estímulos;• É passivo, espera que lhe chegue a• É pró‐activo, procura avi<strong>da</strong>mente <strong>no</strong>vasinformação.experiências.fonte: Joana 2005+ QUÍMICA DIGITAL 70


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOPara que a zap generation seja uma geração apren<strong>de</strong>dora é necessárioproporcionar‐lhes experiências <strong>de</strong> aprendizagem on<strong>de</strong> possam experimentar e aplicar oconhecimento por eles construído.Interagindo com o mundo que os ro<strong>de</strong>ia, constroem, testam e refinamrepresentações cognitivas <strong>de</strong> modo a compreen<strong>de</strong>rem esse universo. Trata‐se <strong>de</strong>“ensinar construtivamente uma Ciência construtivista” (PEREIRA, 2001).Para muitos educadores (ROBLYER et al, 1996) não é possível construir umcurrículo que reflicta características construtivistas sem as tec<strong>no</strong>logias. As metodologiasconstrutivistas assentam em alguns preceitos fun<strong>da</strong>mentais:• Dar relevo a competências ancorando‐as em experiências <strong>de</strong> aprendizagemsignificativa, autênticas, motivadoras e altamente visuais;• Desempenho <strong>de</strong> um papel activo por parte dos alu<strong>no</strong>s em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s interactivas eproblemas motivantes;• Ensinar os alu<strong>no</strong>s a trabalhar em conjunto na resolução <strong>de</strong> problemas quer emgrupo quer em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> colaboração.Os sete princípios <strong>de</strong> Cunningham (BOYLE, 1997) formam uma re<strong>de</strong> muito útilpara o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> aprendizagem construtivistas (tabela 1.11):Tabela 1.11 - Princípios para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> aprendizagem construtivistassegundo CunninghamPrincípios para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> aprendizagem construtivistas1. Proporcionar experiências <strong>de</strong> aprendizagem <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> construção do conhecimento;2. Proporcionar a experimentação e as apreciações <strong>de</strong> perspectivas múltiplas;3. Aprendizagem realiza<strong>da</strong> em contexto real e relevante. Realização <strong>de</strong> tarefas autênticas ecom significado, tarefas basea<strong>da</strong>s na resolução <strong>de</strong> problemas relevantes para o mundo real;4. Encorajar os alu<strong>no</strong>s a escolher os problemas a abor<strong>da</strong>r, assumindo maior responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,apropriação e participação <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> aprendizagem;5. Aprendizagem realiza<strong>da</strong> em contexto social. Configurações colaborativas diversas, como arelação do tipo mestre‐aprendiz ou entre pares. Na primeira o professor <strong>de</strong>sempenha umpapel <strong>de</strong> facilitador, provi<strong>de</strong>nciando pistas, comentários e levando a cabo as tarefas que osalu<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong> não conseguem realizar sozinhos. Gradualmente o professor vai retirando oseu apoio proporcionando maior in<strong>de</strong>pendência do alu<strong>no</strong>. No segundo tipo <strong>de</strong> colaboração+ QUÍMICA DIGITAL 71


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOPrincípios para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong> aprendizagem construtivistassupõe‐se que os indivíduos apreen<strong>de</strong>m bastante melhor os processos <strong>de</strong> construção doconhecimento, negociação e refinamento numa comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pares;6. Encorajar modos <strong>de</strong> representação múltiplos;7. Encorajar a consciencialização sobre o processo <strong>de</strong> construção do conhecimento –metacognição.Assente nestes princípios apresentam‐se algumas propostas <strong>de</strong> estratégias para aintegração <strong>da</strong>s TIC basea<strong>da</strong> em mo<strong>de</strong>los construtivistas:• Integração para gerar motivação na aprendizagem;• Integração para promoção <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Integração para facilitar a auto analise e a meta cognição;• Integração para aumentar a transferência <strong>de</strong> conhecimento na resolução<strong>de</strong> problemas;• Integração para promover a cooperação em grupo.Várias activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s “tipo” com vista a integração <strong>da</strong>s TIC em contexto educativo(tabela 1.12), são possíveis <strong>de</strong> modo a implementar as estratégias menciona<strong>da</strong>s(ROERDEN, 1997):Tabela 1.12 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s “tipo” com vista a integração <strong>da</strong>s TIC em contexto educativoActivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s “tipo” para a integração <strong>da</strong>s TIC na escola• Promover a comunicação por e‐mail com outros alu<strong>no</strong>s mais velhos; listas temáticas(newsletters), listas <strong>de</strong> grupos;• Colaboração em re<strong>de</strong> – com outras escolas em projecto;• Consulta <strong>de</strong> opinião – votações, fóruns;• Desafio cooperativo – os alu<strong>no</strong>s vão procurar resolver um problema <strong>de</strong> formacooperativa;• Acção Social – os alu<strong>no</strong>s i<strong>de</strong>ntificam um problema e procuram soluciona‐lo através dosserviços disponíveis;• Ligação à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> – <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> jornais on‐line, clubes;• Simulação – recurso a simulações na recriação <strong>de</strong> situações;• Publicação na Internet <strong>de</strong> sites (<strong>da</strong> turma por exemplo, <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong>);• Multimédia – activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com recurso a ferramentas multimédia.+ QUÍMICA DIGITAL 72


CAPÍTULO 1 – (RE) PENSANDO A ESCOLA COM AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃOClaro que o uso do computador se esten<strong>de</strong> para além <strong>de</strong>stas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente como ferramenta <strong>de</strong> trei<strong>no</strong>. No entanto a sua utilização não integra<strong>da</strong>numa activi<strong>da</strong><strong>de</strong> real po<strong>de</strong>rá remeter a aprendizagem para outros mo<strong>de</strong>loseducacionais.Mo<strong>de</strong>los diferentes <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> implicam diferentes abor<strong>da</strong>gens também <strong>no</strong> que dizrespeito à avaliação. Uma visão radical <strong>da</strong> avaliação é apresenta<strong>da</strong> por Cunningham,que rejeita a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma avaliação objectiva. Defen<strong>de</strong> que a avaliação é inerente àconclusão <strong>da</strong> tarefa: “… quando o ensi<strong>no</strong> é envolto <strong>de</strong> situações on<strong>de</strong> os estu<strong>da</strong>ntes seenvolvem em tarefas reais, a avaliação surge naturalmente <strong>de</strong>ssas situações”(CUNNINGHAM, 1991). As importantes competências a <strong>de</strong>senvolver não se reflectem emtestes realizados fora do contexto <strong>de</strong> aprendizagem. No entanto, torna‐se necessárioque quer os objectivos traçados quer a avaliação sejam aceitáveis pelas partesinteressa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> educativa (pais, alu<strong>no</strong>s, professores, etc.). Um dosprincipais problemas <strong>de</strong>sta avaliação resi<strong>de</strong> na ênfase <strong>da</strong><strong>da</strong> ao trabalho em grupo etarefas colaborativas.Assim po<strong>de</strong>rá surgir a questão: “Como saber que os indivíduos que constituem umgrupo apren<strong>de</strong>ram?”Alguns instrumentos <strong>de</strong> avaliação po<strong>de</strong>m ser implementados <strong>de</strong> modo aultrapassar em parte algumas <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A nível <strong>da</strong> avaliação formativa arealização <strong>de</strong> testes on‐line sempre disponíveis para os alu<strong>no</strong>s assim como jogosproporcionam o feedback necessário quer ao professor quer ao alu<strong>no</strong>.Outros instrumentos como portfólios e realização <strong>de</strong> uma “avaliação <strong>da</strong> performance”proporcionam uma avaliação do processo <strong>de</strong> construção realizado pelo alu<strong>no</strong>.Na “avaliação <strong>da</strong> performance” os alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong>monstram o que sabem aplicando oconhecimento, numa exposição, <strong>de</strong>monstração, projectos etc. A sua implementaçãoassenta fun<strong>da</strong>mentalmente em dois princípios (ROERDEN, 1997):• Definição clara dos critérios <strong>de</strong> sucesso.• Que os estu<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong>monstrem o que apren<strong>de</strong>ram em contexto real.Na “avaliação <strong>da</strong> performance” <strong>de</strong>ver‐se‐á procurar que to<strong>da</strong>s as partesenvolvi<strong>da</strong>s participem na avaliação. Assim num projecto realizado em grupo o alu<strong>no</strong> nãosó realiza a avaliação global do <strong>de</strong>sempenho e resultado final como faz a auto‐avaliaçãoe hetero‐avaliação <strong>de</strong> todos os participantes, contribui igualmente com a sua apreciaçãopara a avaliação dos trabalhos apresentados por outros grupos. O conhecimento portodos dos critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong>s competências do trabalho em grupo (ouvir, aju<strong>da</strong>r,respeitar, questionar, partilhar, participar, persuadir) funciona como elementoorientador do <strong>de</strong>sempenho.+ QUÍMICA DIGITAL 73


CAPÍTULO 2AS CIÊNCIAS FÍSICO­QUÍMICAS E AS TIC EMCONTEXTO EDUCATIVO1. Caracterização do ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências Físico‐Químicas1.1 Os professores1.2 Os alu<strong>no</strong>s1.3 As aulas1.4 O trabalho experimental e laboratorial em Ciências1.5 A avaliação1.6 Perspectivas dos professores e dos alu<strong>no</strong>s sobre os programas1.7 <strong>Recursos</strong> materiais existentes nas escolas1.8 A utilização <strong>da</strong>s TIC pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas1.9 A utilização <strong>da</strong>s TIC pela zap generation2. Concepções alternativas em Química3. <strong>Recursos</strong> <strong>digitais</strong> para o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química3.1. A Internet – um espaço <strong>de</strong> comunicação3.2. Sistemas hipertexto/hipermédia4. Roteiros <strong>de</strong> exploração – elos <strong>de</strong> ligação entre o software educativo e areali<strong>da</strong><strong>de</strong> pe<strong>da</strong>gógica+ QUÍMICA DIGITAL 74


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO1. CARACTERIZAÇÃO DO ENSINO DAS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS"A aprendizagem em Ciência não se caracteriza nem pela aprendizagem <strong>de</strong>conteúdo nem pela aprendizagem <strong>de</strong> processos, mas por uma interacçãodinâmica em que os alu<strong>no</strong>s continuamente e <strong>de</strong> forma progressiva constroem ereconstroem a sua compreensão do mundo"(BROOK et al.1989)É inegável a importância <strong>da</strong> educação científica <strong>no</strong> mundo <strong>de</strong> hoje. A socie<strong>da</strong><strong>de</strong>actual procura na educação científica a formação <strong>de</strong> especialistas, mas também, <strong>de</strong>ci<strong>da</strong>dãos cientificamente cultos. A escola assume, assim, uma responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>acresci<strong>da</strong> na preparação dos seus alu<strong>no</strong>s – a zap generation.Preten<strong>de</strong>‐se que a Educação em Ciência atinja um vasto conjunto <strong>de</strong> objectivos.JORGE (1991), apresenta um resumo dos propostos por várias instituições einvestigadores.A Educação em Ciência terá que permitir ao alu<strong>no</strong>:• Usar o saber científico, particularmente alguns conceitos básicos quefuncionam como ângulos <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e como instrumentospara resolver problemas <strong>de</strong> teor não meramente académico;• Organizar a massa <strong>de</strong> informações com que é confrontado, fazendo a suatriagem, estruturando‐a e construindo assim o conhecimento;• Desenvolver atitu<strong>de</strong>s tais como, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,abertura <strong>de</strong> espírito, reflexão critica, auto<strong>no</strong>mia, respeito pela vi<strong>da</strong> epela Natureza;• Desenvolver capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s como, por exemplo, testar i<strong>de</strong>ias, formularhipóteses, observar, planear e realizar experiências, problematizar,controlar variáveis, interpretar informação, conceptualizar;• Compreen<strong>de</strong>r‐se a si próprio e ao mundo que o ro<strong>de</strong>ia, particularmente<strong>no</strong> que toca aos papéis <strong>da</strong> Ciência e <strong>da</strong> Tec<strong>no</strong>logia na promoção <strong>de</strong> um<strong>de</strong>senvolvimento em equilíbrio com o meio ambiente;• Conceber a Ciência como uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana e contextualiza<strong>da</strong>,<strong>de</strong>senvolvendo para com ela atitu<strong>de</strong>s positivas, facilitadoras quer <strong>da</strong>inserção na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual, <strong>de</strong> cariz marca<strong>da</strong>mente científico etec<strong>no</strong>lógico, quer <strong>no</strong> prosseguimento <strong>de</strong> carreiras profissionais nestesdomínios;+ QUÍMICA DIGITAL 75


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• Tornar‐se apto a beneficiar <strong>da</strong>s aplicações pessoais e sociais <strong>da</strong> Ciênciaenten<strong>de</strong>ndo as relações entre esta e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Desenvolver valores em função <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações éticas acerca dosproblemas e finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, habituando‐se aparticipar, <strong>de</strong> um modo esclarecido, na torna<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.Se para uns autores importam objectivos dirigidos ao <strong>de</strong>senvolvimento pessoal,para outros importam objectivos para respon<strong>de</strong>r às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>(WOOLNOUGH, 1994). Este mesmo autor afirma que é útil pensar em termos <strong>de</strong>Educação através <strong>da</strong> Ciência e Educação em Ciência, e verificar o que po<strong>de</strong> ser maisapropriado para diferentes alu<strong>no</strong>s.Na tabela 2.1, referem‐se os vários objectivos a atingir (WOOLNOUGH, 1994):Tabela 2.1 - Objectivos <strong>da</strong> Educação através <strong>da</strong> Ciência e <strong>da</strong> Educação em CiênciaEducação através <strong>da</strong>CiênciaEducação em CiênciaAtitu<strong>de</strong>sCompetênciasConhecimentoAtitu<strong>de</strong>sCompetênciasConhecimento• Autoconfiança, orgulho <strong>no</strong> trabalho;• Automia e compromisso;• Integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> pensamento, na apresentação e <strong>de</strong>bate.• De comunicação: literacia, argumentação e numeracia;• Gerais <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas;• Interpessoais como cooperação.• Factos científicos úteis;• Conhecimentos, compreensão e apreciação do mundo.• Entusiasmo pela Ciência, admiração pelo mundo físico ebiológico;• Humil<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> que respeita às limitações <strong>da</strong> Ciência.• Uso <strong>de</strong> equipamento científico;• Resolução <strong>de</strong> problemas em contextos científicos;• Análise e comunicação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos científicos.• Conhecimento dos factos e teorias importantes <strong>da</strong>s CiênciasFísicas, Biológicas e <strong>da</strong> Terra;• Compreensão e apreciação dos factos, teorias e mo<strong>de</strong>loscientíficos.Para este autor, a Educação através <strong>da</strong> Ciência permite ao professor o uso <strong>da</strong>saulas <strong>de</strong> Ciências para atingir objectivos <strong>de</strong> educação geral, como as competênciasinterpessoais, autoconfiança, toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência para o significado <strong>da</strong> Ciência emsocie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A Educação em Ciência preocupa‐se com a aprendizagem sobre o conteúdoespecífico e processos <strong>da</strong> própria Ciência.+ QUÍMICA DIGITAL 76


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVONo passado consi<strong>de</strong>rava‐se a Educação através <strong>da</strong> Ciência mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> paraalu<strong>no</strong>s me<strong>no</strong>s motivados e Educação em Ciência para os mais motivados. ParaWOOLNOUGH (1994), ambas são aplicáveis em maior ou me<strong>no</strong>r grau,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> carreira que os alu<strong>no</strong>s optem, sendo estas apropria<strong>da</strong>s, querpara o ci<strong>da</strong>dão comum, quer para os cientistas. Segundo o mesmo autor, é <strong>no</strong>sobjectivos educacionais gerais que melhor se vai ao encontro <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e dos indivíduos <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente respon<strong>de</strong>ndo às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> indústria edo ci<strong>da</strong>dão. BLACK (1993) consi<strong>de</strong>ra igualmente como objectivo para a Educação emCiência a aprendizagem from Ciência e só <strong>de</strong>pois a aprendizagem about Ciência.Somente uma pequena mi<strong>no</strong>ria dos alu<strong>no</strong>s que estu<strong>da</strong> Ciências na escola irá prosseguiruma carreira com ela relaciona<strong>da</strong> e para os restantes, essa aprendizagem fazsimplesmente parte <strong>da</strong> educação geral. É <strong>da</strong> máxima importância, quer para oindivíduo, quer para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que as pessoas tenham uma compreensão a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>da</strong>Ciência. São características <strong>de</strong> excelência <strong>da</strong> literacia científica (MILLAR, 1993):• A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para usar compreensão científica, ao tomar <strong>de</strong>cisões <strong>no</strong> diaa dia;• A capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r assuntos correntes que envolvam Ciência;• A compreensão ou pelo me<strong>no</strong>s o feeling <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias gerais <strong>da</strong> Ciência que<strong>no</strong>s aju<strong>da</strong>m a ver‐<strong>no</strong>s a nós próprios e ao <strong>no</strong>sso lugar <strong>no</strong> Universo;Para TRINDADE (1996), Educação em Ciências difere <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências.Apresenta‐se na tabela 2.2, um esboço dos diferentes objectivos para a Educaçãoem Ciências e Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências segundo este autor.Tabela 2.2 - Diferenças entre Educação em Ciência e Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s CiênciasEducação em Ciência• Reconhecimento <strong>da</strong> natureza e finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>Ciência e <strong>da</strong> Tec<strong>no</strong>logia;• Conhecimento dos processos <strong>da</strong> Ciência;• Compreensão (interpretação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong>experiências simples (a nível elementar);• Conhecimento <strong>de</strong> domínios científicos básicos;• Consi<strong>de</strong>ração pelas relações CTSA;• Desenvolvimento <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s positivas para com aCiência e para com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica;• Contributos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> valores,como: tolerância, rigor, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cepticismoinformado, etc.Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências• Aquisição <strong>de</strong> informação específica eespecializa<strong>da</strong>;• Compreensão do formalismocientífico;• Aquisição e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e aplicarconhecimento e processos;• Aquisição <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> críticafun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 77


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOAparecem, mais uma vez, os objectivos mais relacionados com a formação <strong>de</strong>todo e qualquer ci<strong>da</strong>dão, <strong>no</strong> que é aqui <strong>de</strong><strong>no</strong>minado Educação em Ciências, e por outrolado, objectivo mais relacionados com os indivíduos que prosseguem estudos numa áreacientífica, na <strong>de</strong><strong>no</strong>minação Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências.HODSON (1994) refere que é por vezes conveniente consi<strong>de</strong>rar que o Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>sCiências consta <strong>de</strong> três aspectos principais:• Aprendizagem <strong>da</strong> Ciência – adquirindo e <strong>de</strong>senvolvendo conhecimentosteóricos e conceptuais;• Aprendizagem sobre a natureza <strong>da</strong> Ciência – <strong>de</strong>senvolvendo umentendimento <strong>da</strong> natureza e métodos <strong>da</strong> Ciência, sendo conscientes <strong>da</strong>interacção Ciência e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;• A prática <strong>da</strong> Ciência – <strong>de</strong>senvolvendo os conhecimentos técnicos sobre aInvestigação Científica e a resolução <strong>de</strong> problemas.Estas três dimensões são separa<strong>da</strong>s, mas estão relaciona<strong>da</strong>s, sendo necessáriasmas não suficientes, e ca<strong>da</strong> uma contribui para a compreensão <strong>da</strong>s restantes. Contudo,é a investigação científica (prática <strong>da</strong> Ciência) que proporciona ao alu<strong>no</strong> o estímulo parareconhecer e compreen<strong>de</strong>r a inter‐relação <strong>de</strong>ssas dimensões. A prática <strong>da</strong> Ciência dálugar a três tipos <strong>de</strong> aprendizagem:• a compreensão conceptual intensifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer tema estu<strong>da</strong>do ouinvestigado;• o aumento do conhecimento relativo ao procedimento <strong>da</strong> Ciência(apren<strong>de</strong>r mais sobre as relações entre observação, experiência e teoria,se existir tempo para a reflexão);• o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> investigativa que po<strong>de</strong>rá tornar‐se em mestria.Assim, a prática <strong>da</strong> Ciência incorpora as outras activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na aprendizagem <strong>da</strong>Ciência. A prática <strong>da</strong> Ciência é o único meio <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a fazer Ciência e aexperimentar a Ciência como um acto <strong>de</strong> investigação. Ca<strong>da</strong> experiência <strong>de</strong>aprendizagem <strong>de</strong>ve ser bem planea<strong>da</strong> e ter objectivos bem <strong>de</strong>finidos.No que se refere à compreensão conceptual dos alu<strong>no</strong>s em Ciência, verifica‐seque, quando o alu<strong>no</strong> chega à escola, já possui experiência dos fenóme<strong>no</strong>s naturais e dosacontecimentos do mundo que o ro<strong>de</strong>ia. Faz também parte do seu <strong>de</strong>senvolvimento, aobservação pessoal, as experiências, as conversas com colegas e adultos, a influênciados livros e <strong>da</strong> televisão. A compreensão conceptual <strong>da</strong> Ciência parece <strong>de</strong>senvolver‐sequando os conceitos são trocados, modificados ou apurados em relação aos conceitosiniciais que possuíam, é o binómio ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem por mu<strong>da</strong>nça conceptual que sereferiu na secção 5.3 do capítulo 1.+ QUÍMICA DIGITAL 78


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOConhecer e compreen<strong>de</strong>r a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> envolvente ao ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências Físico‐Químicas numa perspectiva <strong>da</strong> integração <strong>da</strong>s TIC, pressupõe compreen<strong>de</strong>r e conhecertodo o universo que circunscreve o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>sta disciplina lecciona<strong>da</strong> pelos professores,e a sua aprendizagem por parte dos alu<strong>no</strong>s. Torna‐se por isso importante conhecer, porexemplo, quais os métodos <strong>de</strong> trabalho dos professores, as condições e recursos maisutilizados, os métodos <strong>de</strong> avaliação, como implementam o trabalho experimental e comque objectivos. Da mesma forma importa referir por parte dos alu<strong>no</strong>s os índices <strong>de</strong>aproveitamento na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, os cursos que os alu<strong>no</strong>spreten<strong>de</strong>m seguir, a tipologia <strong>de</strong> estudo em Física e Química, o tempo ocupado comactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extracurriculares, os factores <strong>de</strong> motivação, as razões <strong>da</strong> <strong>de</strong>smotivação e asperspectivas sobre os processos <strong>de</strong> aprendizagem.Ao mesmo tempo é fun<strong>da</strong>mental perceber que tipo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> se faz, quem o faz,como se ensina Ciência e como se faz Ciência nas escolas na esperança <strong>de</strong> obterindicadores que permitam uma integração <strong>da</strong>s TIC eficaz e assimilável pelas escolas <strong>no</strong>Ensi<strong>no</strong> Básico. O Livro Branco <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química – Diagnóstico 2000, Recomen<strong>da</strong>ções2002 (MARTINS et al. 2002) consiste <strong>no</strong> primeiro estudo <strong>de</strong>ste tipo e foi realizado em2000, tendo em vista a elaboração <strong>de</strong> um diagnóstico e <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong>recomen<strong>da</strong>ções <strong>no</strong> âmbito <strong>da</strong>s reformas que se avizinhavam. Este estudo é por issoincontornável para a compreensão do actual ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências Físico‐Químicas emPortugal.Nas páginas seguintes proce<strong>de</strong>‐se a uma análise <strong>da</strong>s conclusões mais importantese relevantes.1.1 Os professores“A tarefa essencial do professor é <strong>de</strong>spertar a alegria <strong>de</strong> trabalhar e <strong>de</strong>conhecer.”(ALBERT EISNTEIN)Caracterização <strong>da</strong> amostraA caracterização <strong>da</strong> amostra apresenta<strong>da</strong> é feita com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos obtidos <strong>no</strong>estudo As Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e <strong>da</strong> Comunicação: Utilização pelos professores(PAIVA 2002).+ QUÍMICA DIGITAL 79


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOA média <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> é 38 a<strong>no</strong>s e são fun<strong>da</strong>mentalmente professores do sexofemini<strong>no</strong> (76%);A maioria dos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas pertence ao quadro <strong>de</strong><strong>no</strong>meação <strong>de</strong>finitiva (74%);Do total <strong>da</strong> amostra <strong>de</strong> professores do estudo, cerca <strong>de</strong> 69% têm formação emáreas científicas e apenas 30% provêm dos Ramos Educacionais ou cursosprofissionalizantes/integrados <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>.Tipo <strong>de</strong> habilitações para a docênciaGráfico 2.1 – Tipo <strong>de</strong> habilitações para a docênciafonte: Martins et al. 2002Apenas um terço dos professores inquiridos <strong>no</strong> estudo tem habilitação dos Ramoseducacionais (via <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>) (gráfico 2.1) e <strong>de</strong>stes, cerca <strong>de</strong> dois terços tem formaçãobásica em Química. Leccionavam <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico 34%; leccionavam 10º/11ºa<strong>no</strong> 39%12ºa<strong>no</strong> (misto) 36% só 12ºa<strong>no</strong> 19%; misto (básico e secundário) 6%.Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Formação em áreas científicas <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> QuímicaPo<strong>de</strong> estabelecer‐se uma correlação entre a apreciação que os professores fazem<strong>da</strong> sua formação inicial e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação nas áreas científicas <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong>Química. O estudo revela opiniões me<strong>no</strong>s favoráveis sobre a formação científica inicialem Física do que em Química. Contudo, a nível <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação emQuímica verifica‐se que a Química e Saú<strong>de</strong>, Indústria e ambiente ocupa um lugar <strong>de</strong><strong>de</strong>staque para os professores do Ensi<strong>no</strong> Básico (16%) e Ensi<strong>no</strong> Secundário (38%) (gráfico2.2).+ QUÍMICA DIGITAL 80


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOGráfico 2.2 – Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação em Químicafonte: Martins et al. 2002Preparação <strong>de</strong> aulas e materiais utilizadosOs professores planificam as suas aulas muitas vezes ou quase sempre, aula aaula (65%), ou por uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s/temas (75%) e individualmente (84%). Raramente o fazemcom colegas <strong>de</strong> outras escolas ou <strong>da</strong> mesma escola. Estes resultados revelam umaprática pouco colaborativa entre professores (gráfico 2.3). É também algo pobre poissocorrem‐se fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>de</strong> manuais escolares <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente do manualadoptado (o que não é necessariamente mau) e do programa em vigor, não recorrendo<strong>de</strong> forma significativa a outros materiais <strong>de</strong> apoio (tabela 2.3).Gráfico 2.3 – Práticas <strong>de</strong> preparação <strong>da</strong>s aulasfonte: Martins et al. 2002+ QUÍMICA DIGITAL 81


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.3 - Materiais <strong>de</strong> apoio utilizados na preparação <strong>da</strong>s aulasfonte: Martins et al. 20021.2 Os alu<strong>no</strong>s“Ensinar não é uma função vital, porque não tem o fim em si mesma; a funçãovital é apren<strong>de</strong>r.”(ARISTÓTELES)Na sequência <strong>da</strong> publicação do Livro Branco <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química – Diagnóstico2000, Recomen<strong>da</strong>ções 2002 (MARTINS et al. 2002), em que se apresentaram as opiniõesdos professores sobre a situação do ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química, os autores <strong>de</strong>cidiramampliar e prosseguir este estudo, publicando o Livro Branco <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química –Opiniões dos alu<strong>no</strong>s 2003 (MARTINS et al. 2005), on<strong>de</strong> apresentam as opiniões <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>ssobre a aprendizagem <strong>da</strong>quelas disciplinas durante os ensi<strong>no</strong>s básico e secundário.Faremos uma análise mais cui<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong>s opiniões dos alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico por ser opúblico que tem mais interesse <strong>no</strong> âmbito do <strong>no</strong>sso estudo.Caracterização <strong>da</strong> amostraRespon<strong>de</strong>ram aos questionários enviados para as escolas 7119 alu<strong>no</strong>s (71%),sendo 3068 do 9ºa<strong>no</strong> e 4051 do 11º a<strong>no</strong>. Os alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico 55% eram do sexofemini<strong>no</strong> e 45% do sexo masculi<strong>no</strong> e tinham uma média <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 15 a<strong>no</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 82


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOAproveitamento na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐QuímicasA taxa <strong>de</strong> aprovação dos alu<strong>no</strong>s do 7°, 8° e 9º a<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico, nadisciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> lectivo 2002/2003, não apresentadiferenças significativas entre os três a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, embora seja ligeiramentesuperior <strong>no</strong> 8° a<strong>no</strong> (tabela 2.4) e superior à taxa <strong>de</strong> aprovação dos alu<strong>no</strong>s quefrequentavam o Ensi<strong>no</strong> Básico em 1999 (<strong>da</strong>ta em que foi realizado o estudo com osprofessores, MARTINS et al. 2002).Tabela 2.4 - Aproveitamento dos alu<strong>no</strong>s na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong>Básicofonte: Martins et al. 2005Curso que os alu<strong>no</strong>s preten<strong>de</strong>m seguirDos 147 alu<strong>no</strong>s que respon<strong>de</strong>ram, 105 (71%) preferem seguir cursos <strong>de</strong> algummodo relacionados com as Ciências e apenas 42 (29%) preten<strong>de</strong>m seguir outros cursosnão relacionados com as Ciências, como por exemplo, Ensi<strong>no</strong> (não especificado),Eco<strong>no</strong>mia e Gestão, Direito, Música, Psicologia, e Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>s (tabela 2.5).De salientar que <strong>no</strong> final do Ensi<strong>no</strong> Básico uma esmagadora maioria <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s(95%) não sabe que curso irá frequentar <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior.Tabela 2.5 - Cursos que os alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> preten<strong>de</strong>m seguir <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Superiorfonte: Martins et al. 2005+ QUÍMICA DIGITAL 83


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTipologia <strong>de</strong> estudo em Física e QuímicaTabela 2.6 - Organização do estudo <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química pelos alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico eEnsi<strong>no</strong> Secundáriofonte: Martins et al. 2005A maioria dos alu<strong>no</strong>s quer do 9° a<strong>no</strong> (67%), quer do 11° a<strong>no</strong> (67%) estu<strong>da</strong>preferencialmente nas vésperas dos testes <strong>de</strong> avaliação e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> doassunto (tabela 2.6). Apenas uma média <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 23% dos alu<strong>no</strong>s estu<strong>da</strong>m comregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, à medi<strong>da</strong> que a matéria é lecciona<strong>da</strong>. O padrão <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> estudo émuito semelhante entre os alu<strong>no</strong>s dos dois níveis <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, <strong>no</strong>tando‐se apenas umligeiro aumento <strong>no</strong> padrão <strong>de</strong> estudo com regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Secundário.Tempo ocupado com activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extracurricularesTabela 2.7 - Horas semanais <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sextracurriculares (%)fonte: Martins et al. 2005Os resultados evi<strong>de</strong>nciam a falta <strong>de</strong> uma cultura científica pratica<strong>da</strong> nas escolas,fora do horário lectivo, sobressaindo a fraca participação dos alu<strong>no</strong>s nas Olimpía<strong>da</strong>s <strong>de</strong>Física e <strong>da</strong> Química (me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 5%!) (tabela 2.7).Factores <strong>de</strong> motivaçãoAs Ciências <strong>da</strong> Natureza são a disciplina que mais motiva os alu<strong>no</strong>s do 9° a<strong>no</strong>(57%), seguindo‐se a Matemática (44%) e a Química (44%). A Física (36%) aparece como aCiência me<strong>no</strong>s motivadora para os alu<strong>no</strong>s do EB. No entanto, uma percentagem <strong>de</strong>alu<strong>no</strong>s do 9° a<strong>no</strong> (superior à percentagem <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s não motivados) manifesta‐se+ QUÍMICA DIGITAL 84


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOin<strong>de</strong>cisa (assim‐assim) relativamente à motivação para o estudo <strong>da</strong>s 4 disciplinas <strong>de</strong>Ciências, sobretudo a Física (35%) (tabela 2.8).Tabela 2.8 - Motivação para o estudo <strong>da</strong>s disciplinas <strong>de</strong> Ciências dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> (%)fonte: Martins et al. 2005Há diferenças significativas entre os rapazes e as raparigas, estando estas maismotiva<strong>da</strong>s para o estudo <strong>da</strong>s Ciências <strong>da</strong> Natureza, <strong>da</strong> Química e <strong>da</strong> Matemática do queos rapazes e estes mais motivados para o estudo <strong>da</strong> Física.Razões <strong>da</strong> <strong>de</strong>smotivaçãoOs alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 9º a<strong>no</strong> apontam como razões para a sua falta <strong>de</strong> motivação <strong>no</strong>estudo <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química, os seguintes factores, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong>importância:• A matéria ser difícil;• O livro adoptado não entusiasmar para o estudo <strong>da</strong> disciplina;• Ter dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em Matemática, razão significativamente mais relevante<strong>no</strong> caso <strong>da</strong> Física (27%) do que na Química (17%);• Não ser capaz <strong>de</strong> aplicar os conhecimentos teóricos na resolução <strong>de</strong>exercícios, factor que continua a ser mais significativo na Física (24%) doque na Química (19%);• Os assuntos tratados serem muito <strong>de</strong>sligados <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e poucointeressantes, sobretudo <strong>no</strong> caso <strong>da</strong> Física.A Física apresenta maiores índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>smotivação do que a Química, excepto<strong>no</strong> que se refere às razões:• Os professores só fazerem <strong>de</strong>monstrações e não <strong>da</strong>rem oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aosalu<strong>no</strong>s para participarem na realização <strong>de</strong> experiências;• Não compreen<strong>de</strong>rem as experiências.Outras razões aponta<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s são apresenta<strong>da</strong>s na tabela 2.9.+ QUÍMICA DIGITAL 85


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.9 - Razões <strong>de</strong> <strong>de</strong>smotivação dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> (%)fonte: Martins et al. 2005Perspectivas sobre os processos <strong>de</strong> aprendizagemTabela 2.10 - Metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula com que os alu<strong>no</strong>sdo 9.º a<strong>no</strong> consi<strong>de</strong>ram apren<strong>de</strong>r melhor (%)fonte: Martins et al. 2005Para a aprendizagem <strong>da</strong> Química, a maioria dos alu<strong>no</strong>s do 9° a<strong>no</strong> consi<strong>de</strong>ra maiseficazes as seguintes metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> eficácia:• Revisão <strong>da</strong> matéria <strong>da</strong><strong>da</strong> na véspera do teste;• Resolução exercícios;• Fazer experiências em grupos <strong>de</strong> 2/3 alu<strong>no</strong>s;• Ouvir a explicação do professor e complementar com estudo em casa;• Ouvir a explicação do professor acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>monstraçãoexperimental e questões.+ QUÍMICA DIGITAL 86


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVODestaca‐se que a metodologia <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> que os alu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram me<strong>no</strong>s eficazpara a aprendizagem <strong>da</strong> Química é a exploração <strong>de</strong> software <strong>de</strong> natureza científica(21%) (tabela 2.10).Perante esta reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m levantar‐se algumas questões:• Será esta metodologia consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> ineficaz porque os alu<strong>no</strong>s diante <strong>da</strong>peça <strong>de</strong> software educativo “clicam aqui e ali” e não se <strong>de</strong>têm fazendouma exploração mais atenta dos recursos?• Estará o professor sensibilizado para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>roteiros <strong>de</strong> exploração como pontes fun<strong>da</strong>mentais entre o softwareeducativo e os objectivos <strong>de</strong> aprendizagem que se preten<strong>de</strong>m atingir?Falaremos em mais porme<strong>no</strong>r <strong>da</strong> valorização <strong>de</strong> software educativo através douso <strong>de</strong> roteiros <strong>de</strong> exploração, na secção 4 <strong>de</strong>ste capítulo.1.3. As aulasRelativamente a materiais utilizados nas aulas, apesar <strong>de</strong> referidos, a exploração<strong>de</strong> materiais multimédia (filmes, diapositivos, transparências, software científico,pesquisas na Internet) correspon<strong>de</strong>m a apenas 2% dos respon<strong>de</strong>ntes. O “quadro e giz” éo material dominante e mesmo o retroprojector é mencionado por apenas 17% dosrespon<strong>de</strong>ntes (tabela 2.11).Tabela 2.11 - Materiais utilizados nas aulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicasfonte: Martins et al. 2002+ QUÍMICA DIGITAL 87


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOVerifica‐se que o trabalho com to<strong>da</strong> a turma é dominante e utilizado por cerca<strong>de</strong> 60% dos professores, em muitas aulas, ou quase sempre. Cerca <strong>de</strong> 51%, a 30%respectivamente utiliza trabalho individual e trabalho em grupo com os alu<strong>no</strong>s, tambémem muitas aulas ou quase sempre (gráfico 2.4).Gráfico 2.4 – Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> trabalho com os alu<strong>no</strong>s nas aulasfonte: Martins et al. 20021.4. O trabalho experimental e laboratorial em Ciências“Diz‐me, e eu esquecerei; ensina‐me e eu lembrar‐me‐ei; envolve‐me, e euapren<strong>de</strong>rei.”(CONFÚCIO)Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas ou trabalho prático são dois termos que po<strong>de</strong>m serutilizados com idêntico significado: trabalho realizado pelos alu<strong>no</strong>s, interagindo commateriais e equipamento, para observar fenóme<strong>no</strong>s, na aula ou em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>campo. HODSON em 1994, cita um seu anterior trabalho <strong>de</strong> 1988, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que otrabalho prático não é só o que é realizado com experiências <strong>no</strong> laboratório. Qualquermétodo <strong>de</strong> aprendizagem que exija que os alu<strong>no</strong>s sejam activos, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito comotrabalho prático. Ca<strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> prática po<strong>de</strong> ter maior ou me<strong>no</strong>r intervenção doprofessor e, enquanto estratégia <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem, po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong> paraatingir diferentes objectivos.Trabalho experimental é aquele que é baseado na experiência, <strong>no</strong> acto ou efeito<strong>de</strong> experimentar, ou <strong>no</strong> conhecimento adquirido pela prática. Experimentar é pôr emprática, ensaiar, avaliar ou apreciar por experiência própria. Assim, como nem todo otrabalho prático é trabalho <strong>de</strong> laboratório, nem todo o trabalho laboratorial éexperimental.+ QUÍMICA DIGITAL 88


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOOLIVEIRA (1999) explica que, ao falar <strong>de</strong> trabalho experimental, não se refere amo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho prático como <strong>de</strong>monstrações ou simulações, mas a"investigações em que os alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver, recorrendo a recursos variados,experiências significativas, construindo, <strong>no</strong> seio <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem,significados <strong>de</strong> conceitos próximos dos que são aceites pela comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> científica".Os objectivos que se preten<strong>de</strong>m atingir com a realização <strong>de</strong> trabalhoexperimental são segundo LOPES (1994):Tabela 2.12 - Objectivos que se preten<strong>de</strong>m atingir com a realização <strong>de</strong> trabalhoexperimentalObjectivos a atingir com a realização <strong>de</strong> trabalho experimental1. Desenvolver <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e atitu<strong>de</strong>s associa<strong>da</strong>s à resolução <strong>de</strong> problemas em Ciência,transferíveis para a vi<strong>da</strong> quotidiana, tais como:• espírito criativo, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente a formulação <strong>de</strong> hipóteses;• observação;• toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão acerca <strong>de</strong>: material; variáveis a controlar; procedimento, técnicase segurança; organização e tratamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, etc;• espírito crítico e curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>;• auto<strong>no</strong>mia e persistência.2. Familiarizar os alu<strong>no</strong>s com as teorias, natureza e metodologia <strong>da</strong> Ciência e ain<strong>da</strong> com a relaçãoCTSA3. Levantar concepções alternativas do alu<strong>no</strong> e promover o conflito cognitivo com vista à suamu<strong>da</strong>nça conceptual.4. Desenvolver <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> o gosto pela Ciência, em geral, e pela disciplina e/ou conteúdos emparticular.5. Desenvolver <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s psicomotoras, com vista à eficácia <strong>de</strong> execução e rigortécnico nas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s realiza<strong>da</strong>s.6. Promover <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança na execução <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> risco, transferíveispara a vi<strong>da</strong> quotidiana.7. Promover o conhecimento do alu<strong>no</strong> sobre material existente <strong>no</strong> laboratório e associá‐lo às suasfunções.8. Proporcionar ao alu<strong>no</strong> a vivência <strong>de</strong> factos e fenóme<strong>no</strong>s naturais.+ QUÍMICA DIGITAL 89


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOObjectivos a atingir com a realização <strong>de</strong> trabalho experimental9. Consciencializar o alu<strong>no</strong> para intervir, esclareci<strong>da</strong>mente, na resolução <strong>de</strong> problemasecológicos/ambientais.10. Promover a sociabilização do alu<strong>no</strong> (participação, comunicação, cooperação, respeito, entreoutras) com vista à sua integração social.Apresentam‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> alguns <strong>da</strong>dos que <strong>no</strong>s dão conta do ponto <strong>de</strong> situaçãorelativamente à realização <strong>de</strong> trabalho experimental e laboratorial pelos alu<strong>no</strong>s nasaulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas.Gráfico 2.5 – Gosto pela realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentaisfonte: Martins et al. 2005Pela análise do gráfico 2.5 po<strong>de</strong> verificar‐se que uma maioria significativa dosalu<strong>no</strong>s (82% do 9° a<strong>no</strong>) gosta <strong>de</strong> realizar activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong>Química.No entanto, em Física, os alu<strong>no</strong>s acham que a relação entre a teoria e a práticaé uma razão ligeiramente me<strong>no</strong>s relevante do que em Química e, relativamente a estaCiência, prevalece o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manuseamento <strong>de</strong> equipamentoe material. Se se compararem as diferenças percentuais entre a Física e a Química,po<strong>de</strong> afirmar‐se que, os alu<strong>no</strong>s gostam mais <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais <strong>de</strong> Químicaporque:1° Motivam /interessam mais os alu<strong>no</strong>s para os assuntos científicos;2° Tornam as aulas mais diverti<strong>da</strong>s;3º Desenvolvem capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> manuseamento <strong>de</strong> equipamento laboratorial;4° Tornam as aulas mais interessantes.+ QUÍMICA DIGITAL 90


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOMas infelizmente apenas uma mi<strong>no</strong>ria, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 27% <strong>de</strong> professores, realizaregularmente activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais <strong>de</strong> Física e Química, <strong>de</strong>dicando‐lhes, emmédia, me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 20 horas por a<strong>no</strong> lectivo (tabela 2.13).Tabela 2.13 - Situações <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aulafonte: Martins et al.2002A Resolução <strong>de</strong> exercícios é a metodologia <strong>de</strong> trabalho mais frequentementeutiliza<strong>da</strong> nas aulas, em todos os níveis <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, logo segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Resolução <strong>de</strong>problemas e Exposição pelo professor. A Exposição acompanha<strong>da</strong> com Demonstrações eQuestões coloca<strong>da</strong>s aos alu<strong>no</strong>s e a Correcção <strong>de</strong> testes e/ou Trabalhos <strong>de</strong> casa (TPC) sãotambém estratégias <strong>de</strong> trabalho utiliza<strong>da</strong>s com frequência significativa nas aulas.A Realização <strong>de</strong> trabalhos experimentais não é uma prática frequente entre osprofessores <strong>de</strong> Física e Química.De uma maneira geral, po<strong>de</strong> dizer‐se que os professores do Ensi<strong>no</strong> Básicorealizam mais activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Física do que <strong>de</strong> Química e que, quer em Física, quer emQuímica, as experiências mais realiza<strong>da</strong>s são essencialmente as mais clássicas.Na Química o grupo <strong>de</strong> experiências mais realiza<strong>da</strong>s são: Processos <strong>de</strong> separação<strong>de</strong> misturas; Reacções ácido‐base; os indicadores; escala <strong>de</strong> pH. No grupo <strong>da</strong>sexperiências me<strong>no</strong>s realiza<strong>da</strong>s encontra‐se a Determinação dos pontos <strong>de</strong> fusão e <strong>de</strong>solidificação (tabela 2.14).+ QUÍMICA DIGITAL 91


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.14 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais realiza<strong>da</strong>s <strong>no</strong> 8.º a<strong>no</strong>fonte: Martins et al. 2002As activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s prático‐experimentais utiliza<strong>da</strong>s têm carácter eminentementefechado e essencialmente virado para a verificação <strong>de</strong> leis, fenóme<strong>no</strong>s e teorias, poucocentra<strong>da</strong>s na formulação e verificação <strong>de</strong> hipóteses e na resolução <strong>de</strong> problemas abertos(tabela 2.15).Tabela 2.15 - Activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e metodologias <strong>de</strong> trabalho utiliza<strong>da</strong>s nas aulas experimentaisfonte: Martins et al. 2002Quando uma turma tem mais <strong>de</strong> 22 alu<strong>no</strong>s é comum nas escolas fazer‐se o<strong>de</strong>sdobramento <strong>da</strong> turma em dois tur<strong>no</strong>s <strong>de</strong> modo a permitir aos professoresimplementar activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s laboratoriais e experimentais. Contudo, verifica‐se que os+ QUÍMICA DIGITAL 92


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOprofessores utilizam estes tempos lectivos com o objectivo <strong>de</strong> reforçar um ensi<strong>no</strong> maisfocado na sistematização e resolução <strong>de</strong> exercícios e me<strong>no</strong>s na prática laboratorial e <strong>no</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências. Apenas 26% dos professores inquiridos utiliza ostur<strong>no</strong>s sempre ou quase sempre para realizar trabalho experimental em oposição a 51%que utiliza muitas vezes os tur<strong>no</strong>s para resolver exercícios (tabela 2.16).Tabela 2.16 - Forma <strong>de</strong> ocupação lectiva dos tur<strong>no</strong>s experimentaisfonte: Martins et al. 2002A falta <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> um técnico <strong>no</strong> laboratório, a falta <strong>de</strong> tempo para apreparação do trabalho experimental e sua avaliação são os problemas apontados pelosprofessores do Ensi<strong>no</strong> Básico para a realização <strong>de</strong> um ensi<strong>no</strong> experimental(tabela 2.17).Tabela 2.17 - Problemas na realização <strong>de</strong> trabalho experimentalfonte: Martins et al. 2002Na secção seguinte abor<strong>da</strong>‐se com mais porme<strong>no</strong>r a temática <strong>da</strong> avaliação.+ QUÍMICA DIGITAL 93


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO1.5. A avaliaçãoDe acordo com SACRISTÁN (1995), o professor quando avalia tem por base as suasconcepções, os seus valores, expectativas e também as <strong>de</strong>terminações do contextoinstitucional, sendo que muitas vezes nem ele próprio tem muita clareza ou mesmo sabeexplicitar os parâmetros consi<strong>de</strong>rados na avaliação dos alu<strong>no</strong>s.As avaliações realiza<strong>da</strong>s nas escolas <strong>de</strong>correm, portanto, <strong>de</strong> concepções diversas,<strong>da</strong>s quais nem sempre se tem clareza <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> sobre os seus fun<strong>da</strong>mentos. O sistemaeducacional apoia‐se na “avaliação classificatória” com a pretensão <strong>de</strong> verificar aocorrência <strong>de</strong> aprendizagem ou a aquisição <strong>de</strong> competências através <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s ouquantificações. Este tipo <strong>de</strong> avaliação pressupõe que todos os alu<strong>no</strong>s apren<strong>de</strong>m domesmo modo, <strong>no</strong>s mesmos momentos e tenta evi<strong>de</strong>nciar competências isola<strong>da</strong>s.Ou seja, alguns alu<strong>no</strong>s, que por diversas razões têm maiores condições <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r,apren<strong>de</strong>m mais e melhor. Outros, com outras características, que não têm um<strong>de</strong>sempenho tão positivo, apren<strong>de</strong>m ca<strong>da</strong> vez me<strong>no</strong>s e são muitas vezes excluídos doprocesso <strong>de</strong> escolarização.A avaliação não é um processo parcial nem linear. Ain<strong>da</strong> que se trate <strong>de</strong> umprocesso, está inseri<strong>da</strong> <strong>no</strong>utro muito maior que é o processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagemque também não é linear porque <strong>de</strong>ve ter reajustes permanentes.Transformar a prática <strong>de</strong> avaliação significa questionar a educação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suasconcepções, fun<strong>da</strong>mentos, organização e <strong>no</strong>rmas burocráticas. Significa mu<strong>da</strong>nçasconceptuais, re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conteúdos, <strong>da</strong>s funções do professor, entre outras.Necessita‐se, sobretudo, <strong>de</strong> uma avaliação contínua, formativa, na perspectiva do<strong>de</strong>senvolvimento integral do alu<strong>no</strong>. O importante é estabelecer um diagnóstico correctopara ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong> e i<strong>de</strong>ntificar as possíveis causas dos seus fracassos e/ou dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>svisando uma maior qualificação e não somente uma quantificação <strong>da</strong> aprendizagem.Segundo HOFFMANN (2000), avaliar nesse <strong>no</strong>vo paradigma é dinamizaroportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acção‐reflexão, num acompanhamento permanente pelo professor que<strong>de</strong>ve propiciar ao alu<strong>no</strong> durante o seu processo <strong>de</strong> aprendizagem, reflexões acerca domundo, formando ci<strong>da</strong>dãos críticos e participativos na construção <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>sformula<strong>da</strong>s e reformula<strong>da</strong>s.De acordo com o Livro Branco <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química – Diagnóstico 2000,Recomen<strong>da</strong>ções 2002 (MARTINS et al. 2002), a avaliação que se pratica nas <strong>no</strong>ssasescolas está muito centra<strong>da</strong> em trabalhos escritos, mais concretamente em testesescritos com um peso centrado <strong>no</strong>s 68% na classificação final. Para as atitu<strong>de</strong>s e valores+ QUÍMICA DIGITAL 94


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOsobra um peso variável entre 5% e 15%. A realização <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> projecto econsequentemente a sua avaliação raramente entram na avaliação final dos alu<strong>no</strong>s.A tabela 2.18 dá‐<strong>no</strong>s uma i<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> percentagem com que os diferentesparâmetros contribuem para a avaliação final dos alu<strong>no</strong>s.Tabela 2.18 - Percentagem com que os diferentes processos <strong>de</strong> avaliação entram naavaliação final dos alu<strong>no</strong>sfonte: Martins et al. 2002Verifica‐se que a avaliação do trabalho experimental realiza<strong>da</strong> pelos professoresse fica fun<strong>da</strong>mentalmente pelas questões orais e observação <strong>da</strong>s aulas na maioria <strong>da</strong>svezes. Apenas algumas vezes são solicitados aos alu<strong>no</strong>s a elaboração <strong>de</strong> relatórios ouprovas escritas (tabela 2.19).Tabela 2.19 - Processos <strong>de</strong> avaliação do trabalho experimentalfonte: Martins et al. 2002Na avaliação do trabalho experimental os problemas relacionados durante apreparação e realização <strong>de</strong> trabalho experimental parece representar para a maioria umobstáculo (tabela 2.20). O número <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s e a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> na construção e utilização<strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> avaliação são i<strong>de</strong>ntificados como principais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o que écurioso <strong>da</strong>do que na maioria <strong>da</strong>s escolas as turmas encontram‐se dividi<strong>da</strong>s para arealização <strong>de</strong> trabalho experimental, como já foi mencionado anteriormente.+ QUÍMICA DIGITAL 95


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.20 - Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na avaliação do trabalho experimentalfonte: Martins et al. 2002Se avaliar é sinónimo <strong>de</strong> melhorar, esta melhoria refere‐se ao alu<strong>no</strong>, aocurrículo, ao professor e, em <strong>de</strong>finitivo...à escola.1.6. Perspectivas dos professores e dos alu<strong>no</strong>s sobre osprogramasPerspectiva dos professoresPara os professores as finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais importantes dos programas <strong>de</strong> Física eQuímica do Ensi<strong>no</strong> Básico são por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente (MARTINS et al, 2002):• Estimular <strong>no</strong>s jovens o interesse, a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e o apreço pelo estudo dosfenóme<strong>no</strong>s naturais e pela interpretação do meio físico on<strong>de</strong> estãointegrados;• Proporcionar aos jovens a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos básicos que ostornem capazes <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e resolver problemas científicos etec<strong>no</strong>lógicos importantes para o indivíduo e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Familiarizar os jovens com métodos e processos <strong>de</strong> trabalho científico eformas <strong>de</strong> pensar em Física e Química, bem como o tratamento a<strong>de</strong>quado<strong>da</strong> informação em geral;+ QUÍMICA DIGITAL 96


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• Contribuir para a reflexão sobre a inter‐relação CTSA e para oreconhecimento <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química como importantes ramos do saber;• Incentivar a realização pessoal mediante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s evalores <strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia, rigor, objectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, tolerância, cooperação esoli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong>.De uma maneira geral os professores do Ensi<strong>no</strong> Básico privilegiam a aquisição <strong>de</strong>conhecimentos e factos em <strong>de</strong>trimento do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas,criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, espírito crítico, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e auto<strong>no</strong>mia <strong>da</strong> aprendizagem dos alu<strong>no</strong>s.Perspectiva dos alu<strong>no</strong>sRelativamente aos assuntos dos programas <strong>de</strong> que os alu<strong>no</strong>s gostam mais, osresultados mostram que a percentagem dos alu<strong>no</strong>s do Ensi<strong>no</strong> Básico que <strong>de</strong>clararam nãoter gostado dos assuntos estu<strong>da</strong>dos nas aulas <strong>de</strong> Física e Química não é muito eleva<strong>da</strong>,(ca. 7%).Tabela 2.21 - Opinião dos alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> sobre os assuntos dosprogramas do 8.º e 9.º a<strong>no</strong>s (%)fonte: Martins et al. 2005Os assuntos <strong>da</strong> Física me<strong>no</strong>s leccionados são os seguintes: acústica, óptica,radiação e ambiente, atmosfera e mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> tempo, electrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e electrónica.Saliente‐se que entre as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s didácticas <strong>de</strong> Física lecciona<strong>da</strong>s, aquela que os alu<strong>no</strong>smais gostaram (65%) foi Nós e o Universo, que na anterior organização curricular era+ QUÍMICA DIGITAL 97


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOlecciona<strong>da</strong> <strong>no</strong> 8° a<strong>no</strong>. Também a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica Transferências <strong>de</strong> energia do 9°a<strong>no</strong>, componente <strong>de</strong> Física, foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por aproxima<strong>da</strong>mente 60% dos alu<strong>no</strong>s comoa que mais gostaram <strong>no</strong> EB.Na Química, a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica que mereceu o maior interesse por parte dosalu<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> EB, foi Misturas e Soluções (85% dos alu<strong>no</strong>s), segui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tabelaPeriódica (59%) e Ácidos e Bases (57%). A uni<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica <strong>de</strong> Química indica<strong>da</strong> pelosalu<strong>no</strong>s como tendo sido a me<strong>no</strong>s lecciona<strong>da</strong> foi a <strong>de</strong> Química Orgânica do 9° a<strong>no</strong>(tabela 2.21).1.7. <strong>Recursos</strong> materiais existentes nas escolasA educação é uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> comunicação por excelência – educar écomunicar. Então, numa era que revolucio<strong>no</strong>u as comunicações, educar énecessariamente diferente. Os <strong>no</strong>vos objectivos que se impõem nesta Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação são possíveis <strong>de</strong> atingir também graças aos <strong>no</strong>vos recursos e ferramentas quesurgem e vão sendo disponibilizados – o correio electrónico, os fóruns <strong>de</strong> mensagens, oschats, os web sites, o software educativo.Assim, educar na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação pressupõe ter em conta que:• O fluxo <strong>de</strong> informação entre educador e educandos passa a serbidireccional, favorece‐se a interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a comunicação <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> serdirigi<strong>da</strong> a interlocutores passivos; todos têm responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> construção do saber;• A comunicação educador‐educando <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser igual para todos, dirigi<strong>da</strong>a um publico médio, totalitarista, passando a ser individualiza<strong>da</strong> e po<strong>de</strong><strong>da</strong>r‐se sem a existência <strong>de</strong> presença física simultânea, po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r‐se <strong>no</strong>utroespaço, <strong>no</strong>utro tempo;• A comunicação entre indivíduos com os mesmos interesses profissionaisou académicos, é incentiva<strong>da</strong> e facilita<strong>da</strong>, proporcionando aaprendizagem colaborativa;• Torna‐se possível o acesso a experiências <strong>de</strong> difícil ou até impossívelobservação.Esta é contudo uma visão ain<strong>da</strong> optimista <strong>de</strong> como <strong>de</strong>ve ser educar na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação, que talvez não seja o reflexo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 98


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVONeste contexto po<strong>de</strong>rá ser oportu<strong>no</strong> colocar a seguinte questão: “Até que pontoa escola do século XXI terá já integrado to<strong>da</strong>s estas mu<strong>da</strong>nças?“A ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que a escola parece não ter acompanhado as mu<strong>da</strong>nças trazi<strong>da</strong>s pelaSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, ou pelo me<strong>no</strong>s não o fez ao ritmo <strong>de</strong> outros sectores, e istoquer a nível dos recursos técnicos, como se <strong>da</strong>rá conta a seguir, quer a nível dosrecursos huma<strong>no</strong>s (recor<strong>da</strong>r capítulo 1, secção 1.1).No que diz respeito aos recursos materiais existentes nas escolas, convémsalientar que este levantamento reflecte apenas a opinião dos professores respon<strong>de</strong>ntes(MARTINS, et all 2002). Assim, verifica‐se que:• Os computadores <strong>de</strong>stinados ao ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Química sãoconsi<strong>de</strong>rados inexistentes por cerca <strong>de</strong> 21% dos professores do Ensi<strong>no</strong>Básico;• Software educativo e sensores com interfaces para obtenção <strong>de</strong>resultados experimentais, são recursos consi<strong>de</strong>rados não existentes, mause fracos por cerca <strong>de</strong> 87% dos professores <strong>de</strong> todos os níveis <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>;• Mais <strong>de</strong> 95% <strong>da</strong>s escolas possui retroprojector.•Os recursos informáticos são consi<strong>de</strong>rados fracos e <strong>de</strong>ficientes pelos professores,mas também o são as condições <strong>de</strong> trabalho específicas, segurança <strong>no</strong>s laboratórios,oficinas e técnicos <strong>de</strong> apoio e manutenção <strong>de</strong> equipamentos (tabela 2.22).Tabela 2.22 - Inexistência <strong>de</strong> condições específicas <strong>de</strong> trabalho<strong>no</strong>s laboratórios <strong>de</strong> Física e Química (%)fonte: Martins et all 2002fonte: Martins et al. 2002+ QUÍMICA DIGITAL 99


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOAin<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com um estudo do Ministério <strong>da</strong> Educação 8 (ESCOLAS, 2002),referente ao a<strong>no</strong> lectivo <strong>de</strong> 2001/2002, existiria 1 computador para cerca <strong>de</strong> 23 alu<strong>no</strong>s,na maior parte <strong>da</strong>s escolas secundárias portuguesas (ES/EB3). Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> acordo com esseestudo, esse valor correspon<strong>de</strong>ria a valores médios <strong>de</strong> 58 computadores/escola e a 1computador/sala.Mas, ain<strong>da</strong> o mesmo estudo <strong>no</strong>s <strong>de</strong>ixa saber que do total <strong>de</strong> computadoresexistentes apenas 47% têm ligação à Internet; <strong>de</strong>sses computadores ligados à Internet20% estão atribuídos a áreas administrativas <strong>da</strong>s escolas; e 47% <strong>de</strong>sses computadoresligados à Internet e disponibilizados aos professores e alu<strong>no</strong>s, estão nas salas <strong>de</strong>Informática.Assim, aquele valor aceitável <strong>de</strong> 23 alu<strong>no</strong>s/computador <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter significado.A reali<strong>da</strong><strong>de</strong> é que a maior parte <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas escolas é <strong>de</strong>ficitária em termos <strong>de</strong>equipamento informático disponível para utilização <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s e professores; e o queexiste está predominantemente atribuído à área específica <strong>de</strong> Informática – as Línguas,as Ciências, e restantes áreas disciplinares, vêem‐se na obrigação <strong>de</strong> procurar os temposlivres <strong>da</strong>s salas <strong>de</strong> Informática. 9Não só a escola não acompanha a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação a nível dos recursostécnicos, como parece existir um subaproveitamento ao nível <strong>da</strong> utilização dos recursosexistentes nas escolas. Quando, por exemplo, se refere que mais <strong>de</strong> 95% <strong>da</strong>s escolaspossui retroprojector, o facto é que este é utilizado por apenas 17% dos professores doEnsi<strong>no</strong> Básico (tabela 2.11). E esse subaproveitamento é culpa do "sistema" mas tambémdos recursos huma<strong>no</strong>s – os professores – que, na sua maior parte, mantêm os recursosmateriais em geral, e particularmente os computadores à distância, por inércia, porfalta <strong>de</strong> formação, por insegurança. Receiam per<strong>de</strong>r autori<strong>da</strong><strong>de</strong> e prestígio numa áreaque não dominam e preferem ig<strong>no</strong>rá‐la, arriscando‐se a ser, pouco a pouco,substituídos; como diz Faramarz Amiri 10 :Computers may never replace (...) teachers but teachers who are computer ‐literate may replace those who are <strong>no</strong>t.E o que é pior, os poucos professores que se arriscam a usar estes <strong>no</strong>vos recursosmantêm, na sua maior parte, as estratégias tradicionais. Passam a usar a <strong>no</strong>va8Estudo <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do “Departamento <strong>de</strong> Avaliação Prospectiva e Planeamento” (DAPP) umserviço do “Ministério <strong>da</strong> Educação”. Trata­se <strong>de</strong> estatísticas preliminares <strong>de</strong> 2001/2002. Os <strong>da</strong>dosapresentados referem­se a estabelecimentos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> não superior do sector público, <strong>de</strong> PortugalContinental.9A título comparativo, <strong>no</strong>s EUA em 2001, 99% <strong>da</strong>s escolas públicas tinha acesso à Internet, 87% <strong>da</strong>s salasatribuí<strong>da</strong>s a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s não administrativas estavam liga<strong>da</strong>s à re<strong>de</strong> e nessas salas verificava­se um rácio5,4 alu<strong>no</strong>s/computador (PUBLIC SCHOOLS, 2002)10 Faramarz Amiri, conferencista e autor <strong>de</strong> vários artigos sobre a aplicação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias para o ensi<strong>no</strong> e professorna “Wolverhampton University”, <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong> Unido.+ QUÍMICA DIGITAL 100


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOferramenta para executar o que faziam antes sem ela e não como um substancial factor<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça na forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e ensinar.ConclusõesAs principais i<strong>de</strong>ias a reter do que foi exposto nas secções 1.1 a 1.6 <strong>de</strong>stecapítulo são:• A maioria dos professores não adquiriu qualquer formação pe<strong>da</strong>gógicadurante a sua formação inicial. Sendo originários <strong>de</strong> cursos não vocacionadospara o ensi<strong>no</strong>, este não foi provavelmente a primeira opção profissional masa alternativa já que à <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua formação existiam cursos com ramoseducacionais.• Apesar <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80% dos professores afirmar estar motivado para oexercício <strong>da</strong> sua profissão é <strong>no</strong> básico que surge um me<strong>no</strong>r índice <strong>de</strong>motivação. Dos inquiridos cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos professores do Ensi<strong>no</strong> Básicopensam às vezes em mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> profissão. As razões aponta<strong>da</strong>s, pela maioriados professores, incluem a falta <strong>de</strong> condições gerais e <strong>de</strong> apoio científico epe<strong>da</strong>gógico para além <strong>de</strong> uma gestão e organização curricular <strong>de</strong>ficientes.Por outro quando os professores estão mais envolvidos na escola,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente em projectos, alargam o seu papel como professores paraalém <strong>da</strong> preparação e execução <strong>da</strong>s aulas procurando melhorar as condições<strong>de</strong> trabalho. Os professores envolvidos <strong>no</strong> Programa Ciência Viva, porexemplo, apontam como vantagens:‣ Abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas perspectivas na abor<strong>da</strong>gem do ensi<strong>no</strong>experimental;‣ Contribuição para uma formação contínua informal e “reciclagem”<strong>de</strong> professores.• Dos alu<strong>no</strong>s que já têm uma i<strong>de</strong>ia do curso que preten<strong>de</strong> frequentar <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong>Superior, 71% tencionam seguir cursos, <strong>de</strong> algum modo, relacionados com asCiências.• Existe uma falta <strong>de</strong> cultura científica nas escolas, pelo que a maioria dosalu<strong>no</strong>s praticamente não <strong>de</strong>spen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhum tempo em activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s extracurriculares.• As Ciências <strong>da</strong> Natureza é a disciplina que mais motiva os alu<strong>no</strong>s seguindo‐sea Matemática e a Química.+ QUÍMICA DIGITAL 101


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• Apesar <strong>de</strong> os alu<strong>no</strong>s terem gran<strong>de</strong> apreço pela realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sexperimentais, a falta <strong>de</strong> equipamento ou materiais aparece i<strong>de</strong>ntificadocomo o quarto maior problema na realização <strong>de</strong>stas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. As maioresdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s relativas à implementação <strong>de</strong> trabalho experimental pren<strong>de</strong>m‐sesobretudo com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> preparar esse mesmo trabalho. Talvez porisso os professores apontem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> um técnico, espaço etempo <strong>no</strong> horário para a sua preparação. A falta <strong>de</strong> aproveitamento dosalu<strong>no</strong>s, o esforço dispendido pelos professores e o facto <strong>de</strong> este não serreconhecido “nem sob a forma material (pagamento <strong>de</strong> horasextraordinárias), nem pe<strong>da</strong>gógica (não dá créditos)“ (MARTINS et al. 2002)<strong>de</strong>smobiliza a maioria dos professores – apenas 27% realiza trabalhoexperimental regularmente. Quando os professores realizam trabalhoexperimental são fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>de</strong>monstrações e revelam dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>em construir instrumentos <strong>de</strong> avaliação.• As estratégias são pobres, fun<strong>da</strong>mentalmente à base <strong>da</strong> exposição eresolução <strong>de</strong> exercícios, assim como os recursos usados quer na preparaçãoquer na execução <strong>da</strong>s aulas. Faz‐se um ensi<strong>no</strong> mais virado para a aquisição <strong>de</strong>conhecimentos, do que para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências.“Os processos <strong>de</strong> avaliação utilizados nas aulas <strong>de</strong> Física e Química, coerentescom as metodologias, materiais <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e tipologia <strong>de</strong> interacção dos alu<strong>no</strong>snas aulas, revelam uma prática pe<strong>da</strong>gógica do ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> Químicapouco apelativa ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competências/capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas, <strong>da</strong>curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> um espírito crítico e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e sobretudo <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>resolução <strong>de</strong> problemas abertos por oposição ao automatismo sugerido pelaresolução <strong>de</strong> exercícios numéricos.”(MARTINS ET AL, 2002)1.8. A utilização <strong>da</strong>s TIC pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐QuímicasEm 2002 foi apresentado o resultado <strong>de</strong> um estudo a nível nacional realizadopelo Departamento <strong>de</strong> Avaliação Prospectiva e Planeamento (DAPP) do Ministério <strong>da</strong>Educação <strong>de</strong><strong>no</strong>minado As Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e Comunicação: Utilização pelos+ QUÍMICA DIGITAL 102


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOprofessores, <strong>no</strong> âmbito do Programa Nónio Século XXI. A existência <strong>de</strong>ste estudopermitiu estu<strong>da</strong>r a amostra relativa apenas aos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas.(BRÁS, 2003):Acerca do estudo apresentado <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> <strong>de</strong>ver‐se‐á ter em conta o seguinte• O estudo que se apresenta tem como base as respostas aos inquéritos do estudoAs Tec<strong>no</strong>logias <strong>da</strong> Informação e Comunicação: Utilização pelos professores(PAIVA, 2002) <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas. Assim aamostra inicial <strong>de</strong> 19337 professores <strong>de</strong> todos os graus <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> à excepção doensi<strong>no</strong> superior, ficou reduzi<strong>da</strong> aos 718 professores <strong>da</strong> disciplina inquiridos;• Partindo do pressuposto que se o estudo anteriormente referido é representativodo universo <strong>de</strong> todos os professores <strong>de</strong> Portugal Continental, <strong>de</strong> todos os níveis<strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> à excepção do superior, colocados em estabelecimentos <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>spública e priva<strong>da</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> lectivo <strong>de</strong> 2001\2002 também a amostra relativa aosprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas será generalizável;• Como objectivo <strong>de</strong> comparar os resultados obtidos pelos professores <strong>de</strong> CiênciasFísico‐Químicas com os resultados obtidos <strong>no</strong> estudo que serviu <strong>de</strong> referência, foiusa<strong>da</strong> a mesma metodologia e o mesmo programa <strong>de</strong> análise estatística 11 .Comparando resultadosNa tabela 2.23 encontra‐se um sumário <strong>da</strong> caracterização obti<strong>da</strong> do estudo paratodos os professores e para os professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, assim comoalgumas <strong>da</strong>s principais variáveis.11SPSS versão 11.00 <strong>de</strong> 19 Setembro 2001+ QUÍMICA DIGITAL 103


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.23 - tabela comparativa professores em geral versusprofessores Ciências Físico‐Químicas+ QUÍMICA DIGITAL 104


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO+ QUÍMICA DIGITAL 105


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOfonte: Brás, 2003ConclusõesAs principais conclusões a retirar <strong>de</strong>ste estudo são (BRÁS, 2003):• Os professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas estão melhorequipados, em termos <strong>de</strong> recursos materiais, que a generali<strong>da</strong><strong>de</strong>dos outros professores;• A formação em informática adquiri<strong>da</strong> <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Superior é maisindica<strong>da</strong> pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas que pelosoutros professores em geral. Po<strong>de</strong> verificar‐se, pela análise <strong>da</strong>tabela 2.23, que a maioria sente necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formação emsoftware <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos;• Os professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas usam mais ocomputador, a Internet e o e‐mail do que a generali<strong>da</strong><strong>de</strong> dosprofessores. Usam o computador essencialmente para preparação<strong>da</strong>s aulas e para realizar múltiplas tarefas, mas junto dos alu<strong>no</strong>s eem contexto disciplinar utilizam‐<strong>no</strong> significativamente me<strong>no</strong>s queos outros professores. A preparação <strong>de</strong> fichas e testes constitui aprincipal finali<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso do computador;• Estes professores, tal como os colegas, apontam como os maioresobstáculos para a integração <strong>da</strong>s TIC a ausência <strong>de</strong> meios técnicos,a falta <strong>de</strong> recursos huma<strong>no</strong>s e <strong>de</strong>ficiente formação específica e+ QUÍMICA DIGITAL 106


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOpe<strong>da</strong>gógica. Ousaríamos acrescentar ain<strong>da</strong> a não existência <strong>de</strong>software e recursos <strong>digitais</strong> apropriados, os programas extensos eas turmas <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong>s característicos do <strong>no</strong>sso sistemaeducativo, como obstáculos adicionais à utilização em ple<strong>no</strong> <strong>da</strong>sTIC nas <strong>no</strong>ssas escolas e ao surgir <strong>da</strong> interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>,originali<strong>da</strong><strong>de</strong>, espírito <strong>de</strong> colaboração que <strong>de</strong>vem prevalecer naeducação <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação;• Mas nem tudo é negativo, e como tal reforça‐se um indicadorpositivo. Mais <strong>de</strong> 90% dos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicasgostaria <strong>de</strong> saber mais sobre as TIC e nega a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que oscomputadores os assustam. Sentem‐se motivados para o uso <strong>da</strong>sTIC e assumem mesmo que dominam melhor as TIC que os seusalu<strong>no</strong>s embora mostrem mais receios que os outros professores emgeral.• Perspectivam a utilização <strong>da</strong>s TIC centra<strong>da</strong>s na aquisição <strong>de</strong>conhecimentos e <strong>no</strong> acesso à informação. Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong>concor<strong>da</strong> que as TIC fomentam o trabalho colaborativo <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s,mas reconhecem que o seu uso em sala <strong>de</strong> aula lhes exige <strong>no</strong>vascompetências como professores.Na maioria <strong>da</strong>s investigações sobre as atitu<strong>de</strong>s negativas dos professores face às<strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias são cita<strong>da</strong>s entre as causas, a resistência à mu<strong>da</strong>nça, o facto <strong>de</strong> nãohaver provas acerca <strong>da</strong> eficácia real do uso dos computadores na aprendizagem, oescasso conhecimento do hardware e do software e a falta <strong>de</strong> tempo, <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação e <strong>de</strong>meios. As mesmas investigações costumam <strong>de</strong>stacar que a formação é um dos aspectosa ter em conta para se conseguir uma mu<strong>da</strong>nça significativa <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s entre osprofessores face aos computadores. Neste sentido, aquilo que produz tec<strong>no</strong>fobia é,portanto, a falta <strong>de</strong> experiência. Outros estudos mostram que a experiência não eliminaa recusa; relacionam este aspecto com a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o grau <strong>de</strong> frustração e o medo docomputador po<strong>de</strong>r substituir o professor.De segui<strong>da</strong>, irão comentar‐se algumas <strong>da</strong>s causas aponta<strong>da</strong>s, consi<strong>de</strong>rando asmais relevantes.• Resistência à mu<strong>da</strong>nça – é importante ter presente que quando se julga ocolectivo <strong>de</strong> professores, não se está a falar <strong>de</strong> uma empresa com um númeroreduzido <strong>de</strong> trabalhadores aos quais se po<strong>de</strong> dizer que máquina utilizar ecomo fazê‐lo a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado momento. Qualquer trabalhador exerce+ QUÍMICA DIGITAL 107


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOuma pequena resistência à mu<strong>da</strong>nça, se não forem claros os meios, as razõese as finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e se, à parti<strong>da</strong>, não dominar a <strong>no</strong>va tarefa com a segurançanecessária.• Deficiências <strong>de</strong> formação – em termos <strong>de</strong> exploração didáctica, o queimporta conhecer é a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aplicações dos programas e não osprincípios <strong>de</strong> funcionamento dos mesmos, a não ser duma forma muitoesquemática. Neste sentido, a formação requer, por um lado, que segarantam capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas mínimas para se dominar a ferramenta e, poroutro, que se complemente com a vertente didáctica, ou seja, que sedisponha <strong>da</strong>s orientações suficientes para organizar activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordocom os diferentes níveis e com o tempo <strong>de</strong> que se necessita para as executar,entre outras questões. A formação <strong>da</strong><strong>da</strong> aos professores <strong>de</strong>ve contribuir para<strong>de</strong>senvolver um espírito <strong>de</strong> receptivi<strong>da</strong><strong>de</strong> à mu<strong>da</strong>nça permanente, <strong>de</strong> gostopela aprendizagem contínua, <strong>de</strong> abertura à i<strong>no</strong>vação e à re<strong>no</strong>vaçãope<strong>da</strong>gógica (recor<strong>da</strong>r secção 1.3 do capítulo 1).• A auto‐estima e o grau <strong>de</strong> frustração – embora, o papel do educador tenhapassado para uma pe<strong>da</strong>gogia mais activa, em que a sua função é mais a <strong>de</strong>gerir e facilitar os processos <strong>de</strong> aprendizagem, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que não é fácilpara o professor iniciar uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> em que alguns alu<strong>no</strong>s ultrapassem assuas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A mu<strong>da</strong>nça do papel do professor não é apenas umaquestão teórica a aplicar na prática, é também uma questão emocional, vistoque a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao mesmo tempo que os alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong>ixa‐osmuito mais expostos do que quando transmitiam um conhecimentopreviamente organizado (recor<strong>da</strong>r secção 1.2 do capítulo 1).• O computador como substituto do professor – nesta temática, éconveniente distinguir as tarefas meramente instrutivas, <strong>da</strong>s formativas eeducativas. Em tarefas meramente instrutivas, o computador tem e terá umpapel importante, po<strong>de</strong>ndo substituir a figura do professor. Esta substituiçãonão é possível <strong>no</strong> que diz respeito à função formativa, <strong>de</strong> mediação e <strong>de</strong>orientação, que apenas o professor po<strong>de</strong> levar a cabo, sendo a sua presença,neste caso, imprescindível.Na tabela 2.24 <strong>de</strong>stacam‐se as principais i<strong>de</strong>ias sobre a utilização <strong>da</strong>s TIC e osprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas.+ QUÍMICA DIGITAL 108


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.24 - Síntese <strong>da</strong>s principais i<strong>de</strong>iasSíntese <strong>da</strong>s principais i<strong>de</strong>ias:As TIC e os professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas• A maioria dos professores não possui formação pe<strong>da</strong>gógica inicial para a utilização <strong>da</strong>sTIC;• São aponta<strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao nível dos recursos, espaços, assim como <strong>de</strong> tempo paraa preparação <strong>de</strong> trabalho experimental;• Possuem práticas pe<strong>da</strong>gógicas expositivas vira<strong>da</strong>s para a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos;• Pouco trabalho experimental é realizado;• A utilização <strong>da</strong>s TIC pelos professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas não difere muito <strong>da</strong>utilização que é feita pelos restantes professores. De <strong>no</strong>tar que os questionários dosprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas <strong>no</strong> estudo sobre a utilização <strong>da</strong>s TICrepresentam apenas 3,7% do total dos questionários;• Centram a utilização <strong>da</strong>s TIC na aquisição <strong>de</strong> conhecimento e me<strong>no</strong>s na comunicaçãoe colaboração;• Revelam uma utilização em contexto disciplinar significativamente me<strong>no</strong>r que os seuscolegas.1.9. A utilização <strong>da</strong>s TIC pela zap generationUm outro estudo 12 , <strong>de</strong>sta vez ao outro extremo <strong>da</strong> questão – os alu<strong>no</strong>s – Os jovense a Internet (JOVENS E INTERNET, 2002) po<strong>de</strong>rá <strong>da</strong>r‐<strong>no</strong>s algumas pistas sobre autilização <strong>da</strong>s TIC pela zap generation. Os jovens que integraram a amostra tinhamentre 13 e 17 a<strong>no</strong>s em Janeiro <strong>de</strong> 2000 (nascidos entre 1983 e 1987), frequentando naescola entre o 7º a<strong>no</strong> e o 11º a<strong>no</strong>. Destacamos, pois, algumas características que <strong>no</strong>sparecem mais significativas.A utilização <strong>da</strong> Internet pelos jovens parece ter‐se vindo a generalizar:• Cerca <strong>de</strong> 85% dos jovens inquiridos já tinha utilizado a Internet <strong>no</strong>momento <strong>da</strong> investigação;12 Investigação realiza<strong>da</strong> pelo “Instituto <strong>de</strong> Estudos Jornalísticos” <strong>da</strong> “Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras”, <strong>da</strong> “Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Coimbra”, financia<strong>da</strong> pelo “Serviço <strong>de</strong> Educação” <strong>da</strong> “Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian” e pelo “Instituto<strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação Educacional”, em colaboração com outras instituições internacionais. O objectivo foi traçar umretrato dos jovens face ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> Internet, numa componente nacional e numa componenteinternacional, comparativa. As entrevistas tiveram lugar em Janeiro <strong>de</strong> 2000.+ QUÍMICA DIGITAL 109


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• 45% dos jovens inquiridos afirma ter acesso à Internet em casa; esão eles quem mais se serve <strong>da</strong> Internet (62%), apenas 9% respon<strong>de</strong>que são prioritariamente os pais a utilizar a Re<strong>de</strong>.Parece também que essa utilização se faz naturalmente e sobretudo paracomunicar:• 87% concor<strong>da</strong> que a Internet po<strong>de</strong> ser um contributo para melhorara comunicação entre as pessoas e 60% acha que o uso <strong>da</strong> Internetnão implica que falemos me<strong>no</strong>s com os outros;• 71% dos inquiridos diz já ter feito <strong>no</strong>vos amigos através <strong>da</strong>Internet.Internet:Mas parece ain<strong>da</strong> não se terem apercebido <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>• 50% dos inquiridos concor<strong>da</strong> que os livros sejam mais eficazes parafazer pesquisas do que a Internet e 63 % que é mais agradávelapren<strong>de</strong>r com os livros;• 87% acredita que a Internet se tornará, <strong>no</strong> futuro, tão naturalcomo a televisão mas 53% não pensa que a Internet vá substituir atelevisão;• 71% discor<strong>da</strong> que a Internet possa vir a substituir a escola, <strong>no</strong>futuro.Apesar disso afirmam que é uma mais‐valia em termos profissionais:• 86% discor<strong>da</strong> que a Internet seja um per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tempo;• 73% acredita que dominar a Internet será essencial para o sucesso<strong>no</strong> trabalho.Parece que a encaram sobretudo como um bom recurso para o lazer:• 73% consi<strong>de</strong>ra a Internet como um meio <strong>de</strong> diversão;• 42% dos inquiridos menciona tanto o lazer como os trabalhosescolares, na utilização que fazem <strong>da</strong> Internet; 42% indica apenaso lazer e uma mi<strong>no</strong>ria <strong>de</strong> 4% apenas os trabalhos escolares;+ QUÍMICA DIGITAL 110


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOUm trabalho mais recente As Tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> Informação e Comunicação:Utilização pelos Alu<strong>no</strong>s, (PAIVA, 2003), realizado em complemento ao já referido estudosobre os professores portugueses e as TIC, investigou também a forma e os objectivoscom que os alu<strong>no</strong>s portugueses usam as <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias na escola:• apenas 45% dos alu<strong>no</strong>s usou o computador em contexto educativo<strong>no</strong> a<strong>no</strong> lectivo anterior ao do inquérito;• a frequência <strong>de</strong> utilização do computador em contexto educativoé 14% para "uma vez por semana" e <strong>de</strong> 8% para "utilizaçõesinferiores a uma vez por mês";• só 39% dos alu<strong>no</strong>s usa e‐mail; usa‐o essencialmente paracomunicar com amigos sendo quase nula a sua utilização com osprofessores;• os alu<strong>no</strong>s referem como principal razão para os professores nãousarem muito os computadores na escola, a falta <strong>de</strong> computadores(61%) logo segui<strong>da</strong> <strong>de</strong> "os professores têm que <strong>da</strong>r as matérias"com 36%;• Quando usam o computador na escola, usam‐<strong>no</strong> essencialmentepara escrever texto e “navegar na Internet;• Em casa o que os alu<strong>no</strong>s mais fazem com o computador é jogar.O jogo indicado pelos alu<strong>no</strong>s é tipicamente não educativo e isso é um problemapara os pais e para os professores na relação dos alu<strong>no</strong>s com o computador, que comalguma legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, têm o computador como inimigo do estudo e não como aliado doconhecimento e <strong>da</strong> aprendizagem. Não é ingénua esta versão, pois muitas vezes osalu<strong>no</strong>s utilizam mal o computador. Mas então cabe à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, às Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, àsempresas interessa<strong>da</strong>s nas questões <strong>de</strong> educação, promover, <strong>de</strong>senvolver e fazer chegaràs famílias produtos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente educativos, porque também parece insustentávela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ter o computador como inimigo <strong>da</strong> aprendizagem e do conhecimento.Na escola, o grosso <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s an<strong>da</strong> à volta <strong>de</strong> escrever textos e <strong>da</strong>spesquisas na Internet, que às vezes são um pouco dispersivas e <strong>de</strong> aprendizagemduvidosa.O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica e pe<strong>da</strong>gógica,po<strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r a uma melhor utilização <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias na escola e <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> estudodos alu<strong>no</strong>s, <strong>de</strong> modo a conduzir a uma aprendizagem mais efectiva.+ QUÍMICA DIGITAL 111


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOO estudo referido anteriormente <strong>de</strong>ixa‐<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong> outros <strong>da</strong>dos, aparentementesurpreen<strong>de</strong>ntes:• a frequência <strong>de</strong> utilização do computador em contexto educativo<strong>de</strong>cresce quanto mais elevado é o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosócio‐económico (IDS);• a frequência <strong>de</strong> utilização do computador em contexto educativo<strong>de</strong>cresce quanto mais elevado é o nível <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>;• a utilização do computador na "aula" ou fora <strong>de</strong>la relaciona‐sesobretudo com áreas não disciplinares do currículo como a ÁreaProjecto, o Estudo Acompanhado e a Formação Cívica, sendodiminutas as percentagens <strong>de</strong> utilização nas disciplinasespecíficas.Estes aspectos são, <strong>no</strong> entanto, compreensíveis, à luz <strong>da</strong>s pressões sociaisgera<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> IDS mais elevado, e que conferem especial importância ao bomcumprimento <strong>de</strong> programas e à obtenção <strong>de</strong> classificações eleva<strong>da</strong>s, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong>utilização <strong>de</strong> estratégias i<strong>no</strong>vadoras; pressões tanto mais intensas quanto mais próximodo acesso ao Ensi<strong>no</strong> Superior estiverem os alu<strong>no</strong>s.Fica mais uma vez uma referência ao afastamento <strong>da</strong>s raparigas em relação aestas <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias, citando PAIVA (2003): "Há traços evi<strong>de</strong>ntes neste estudo queapontam para uma utilização mais masculina: há que empreen<strong>de</strong>r estratégias <strong>de</strong>utilização <strong>da</strong>s TIC mais dirigi<strong>da</strong>s a raparigas."Como <strong>no</strong>ta final, reforça‐se a i<strong>de</strong>ia que, do mesmo modo que as TIC não sãoresposta mágica para os problemas sociais, também não serão resposta mágica para osproblemas <strong>da</strong> educação e não serão resposta alguma se não forem acompanhados <strong>de</strong>uma <strong>no</strong>va atitu<strong>de</strong>.In<strong>no</strong>vative tech<strong>no</strong>logies can<strong>no</strong>t make up for educational professionals who lackin<strong>no</strong>vative methods and merely replicate learning mo<strong>de</strong>ls that don't work.(TAPSCOTT, 1998).+ QUÍMICA DIGITAL 112


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO2. CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS EM QUÍMICA“O que ca<strong>da</strong> um é capaz <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r num <strong>da</strong>do momento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong>parte <strong>da</strong>quilo que ele já sabe”(DOOLITTLE, 2002)À medi<strong>da</strong> que uma criança começa a explorar o seu mundo, constróiinterpretações para os fenóme<strong>no</strong>s que observa. A <strong>da</strong><strong>da</strong> altura, o número <strong>de</strong>conhecimentos organizados internamente e integrados em esquemas <strong>de</strong> raciocínio émuito gran<strong>de</strong>. DRIVER et al. (1985), referem que os esquemas são dotados <strong>de</strong> uma certacoerência interna. Assim, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as concepções que o indivíduo possui po<strong>de</strong>mconstituir uma base para a construção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias, visto que as primeiras se revelampara ele coerentes e lógicas.As concepções alternativas, frequentemente, têm origem na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> que oser huma<strong>no</strong> tem <strong>de</strong> construir explicações para compreen<strong>de</strong>r o mundo em que vive e como qual interage em to<strong>da</strong>s as suas esferas: sensorial, social e cultural. As experiênciasvivi<strong>da</strong>s pelo alu<strong>no</strong> <strong>no</strong> ambiente <strong>da</strong> escola e <strong>da</strong>s aulas têm igual contribuição para aformação <strong>de</strong> concepções alternativas.Po<strong>de</strong>m categorizar‐se algumas características <strong>da</strong>s concepções alternativas(SANTOS, 1991):• Concepção – porque se refere a representações pessoais, <strong>de</strong> raizafectiva, mais ou me<strong>no</strong>s espontâneas, mais ou me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesdo contexto, mais ou me<strong>no</strong>s solidárias <strong>de</strong> uma estrutura e que sãocompartilha<strong>da</strong>s por grupos <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s;• Alternativa – para reforçar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que tais concepções nãotêm estatuto <strong>de</strong> conceitos científicos, que diferemsignificativamente <strong>de</strong>stes, quer a nível do produto, quer doprocesso <strong>de</strong> construção, e que funcionam para o alu<strong>no</strong>, comoalternativa aos conceitos correspon<strong>de</strong>ntes;• Têm uma natureza estrutura<strong>da</strong> – como são interpretações do meiocircun<strong>da</strong>nte, as concepções <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser simples e isola<strong>da</strong>s, parase tornarem progressivamente gerais e complexas. Desta formaelas esclarecem muitas mais experiências;+ QUÍMICA DIGITAL 113


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• As concepções são sensatas e úteis para quem as constrói porquesão significativas <strong>de</strong> acordo com os seus mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> pensamento;• Mesmo com o ensi<strong>no</strong> formal, algumas concepções alternativaspersistem. Na mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> do alu<strong>no</strong> elas fazem sentido e osmétodos tradicionais <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> não são suficientes para as alterar.Sendo o alu<strong>no</strong> um sujeito com um papel activo na sua aprendizagem e comvivências próprias, as concepções alternativas assumem um papel central <strong>no</strong> processo<strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem.Todos os alu<strong>no</strong>s, quando chegam à escola já têm i<strong>de</strong>ias pré‐concebi<strong>da</strong>s sobre oscomportamentos e fenóme<strong>no</strong>s naturais que observam <strong>no</strong> seu dia‐a‐dia. Os professorestêm que encarar essas concepções alternativas como facilitadoras <strong>da</strong> aprendizagem enão como uma barreira à mesma, apren<strong>de</strong>ndo a conhecê‐las e a valorizá‐las.A investigação relativa a concepções alternativas realça a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> osprofessores, antes <strong>de</strong> iniciarem um tema ou uni<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica, diag<strong>no</strong>sticaremconcepções e pontos <strong>de</strong> vista dos alu<strong>no</strong>s para mo<strong>no</strong>torizarem aprendizagens ea<strong>de</strong>quarem as estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, tendo em vista <strong>de</strong>seja<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasepistemológicas.Isto po<strong>de</strong> ser conseguido <strong>de</strong> várias formas segundo FREITAS e RUIVO (1991):Tabela 2.25 - Algumas estratégias para diag<strong>no</strong>sticar concepções alternativasEstratégias para diag<strong>no</strong>sticar concepções alternativas• Formulação <strong>de</strong> perguntas e questões (pedir aos alu<strong>no</strong>s que sugiram explicação <strong>de</strong>factores e fenóme<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>finam termos, comentem frases, etc.);• Elaboração <strong>de</strong> esquemas e re<strong>de</strong>s conceptuais;• Elaboração, acabamento e legen<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos (pedir aos alu<strong>no</strong>s que elaborem<strong>de</strong>senhos legen<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> estruturas e fenóme<strong>no</strong>s em situações reais ou imagina<strong>da</strong>s, quecompletem ou legen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senhos já elaborados, etc.);• Exploração <strong>de</strong> metáforas e analogias (pedir aos alu<strong>no</strong>s que inventem ou escolham uma<strong>de</strong> várias metáforas e analogias e justifiquem as suas opções);• Organização <strong>de</strong> dramatizações e teatralizações (pedir aos alu<strong>no</strong>s que dramatizemfenóme<strong>no</strong>s ou situações).<strong>Recursos</strong> heurísticos, como Vês <strong>de</strong> Gowin e mapas <strong>de</strong> conceitos po<strong>de</strong>m, por umlado, auxiliar os professores a <strong>de</strong>linear estratégias e organizar material <strong>de</strong>aprendizagem e, por outro, contribuir para i<strong>de</strong>ntificar concepções dos alu<strong>no</strong>s e as suas+ QUÍMICA DIGITAL 114


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOinterrelações para, interagindo com elas, estimular a reflexão e a discussão, tendo emvista facilitar mu<strong>da</strong>nças conceptuais necessárias, aju<strong>da</strong>ndo‐os a apren<strong>de</strong>r (recor<strong>da</strong>rsecção 5.3 do capítulo 1).É curioso <strong>no</strong>tar o paralelismo que existe, por vezes, entre as concepçõesalternativas dos alu<strong>no</strong>s e os mo<strong>de</strong>los históricos <strong>da</strong> Ciência.Alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> várias i<strong>da</strong><strong>de</strong>s revelam concepções alternativas que correspon<strong>de</strong>m amo<strong>de</strong>los que já foram aceites pela Ciência, e que foram, posteriormente, refutados oualterados. PEREZ e CARRASCOSA (1985) sustentam que este paralelismo com as i<strong>de</strong>iashistóricas se <strong>de</strong>ve à semelhança <strong>da</strong> metodologia usa<strong>da</strong> pelas crianças e pelos cientistasdo passado. Por outro lado, WANDERSEE (1986) sustenta a hipótese <strong>de</strong> que a História <strong>da</strong>Ciência po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> pelos alu<strong>no</strong>s como instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta e transposição <strong>da</strong>ssuas concepções alternativas.De acordo com a opinião <strong>de</strong> SANTOS (1991) “(...) o Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências não é tãoefectivo quanto o professor pensa. O ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong> certos conceitos não tem impacto sobreconcepções alternativas fun<strong>da</strong>mentais. Estas são mascara<strong>da</strong>s pela memorização <strong>de</strong>ssesconceitos. (...) Conhecimentos que à primeira vista parecem rigorosos, lógicos e bemestruturados (mas que apenas resultam <strong>de</strong> uma colagem <strong>de</strong> conceitos) são, na primeiraoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, substituídos por concepções alternativas que continuam latentes e com asua lógica própria.” Esta visão reflecte que, <strong>de</strong> certo modo, os alu<strong>no</strong>s estão habituadosa aplicar os conceitos científicos só em contexto escolar, pelo que facilmente osesquecem e voltam a utilizar as concepções alternativas primitivas para explicar<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> situação.Especificamente <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong> Química, a maior parte dos professores já se<strong>de</strong>parou com alu<strong>no</strong>s com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em enten<strong>de</strong>r conceitos químicos, e na suatransposição do abstracto para o concreto. Esta resistência po<strong>de</strong> ser, <strong>no</strong> entanto,extremamente motivadora e aliciante para o professor. Também as próprias concepçõesalternativas que os alu<strong>no</strong>s trazem para a sala <strong>de</strong> aula po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>safiadoras e motivo<strong>de</strong> exploração. De facto, alguns alu<strong>no</strong>s não conseguem incrementar os seus estudos<strong>de</strong>vido aos conceitos errados que carregam dos a<strong>no</strong>s anteriores ou até <strong>da</strong>s suas vivênciasextra‐escolares.NAKHLEH, (1992) refere que a concepção alternativa central <strong>da</strong> Químicaencontra<strong>da</strong> na maioria dos alu<strong>no</strong>s é a <strong>de</strong> que a “matéria é um meio contínuo estático eque preenche todo o espaço”.Reúnem‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> mais algumas i<strong>de</strong>ias apresenta<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s sobre aQuímica. As concepções alternativas apresenta<strong>da</strong>s estão categoriza<strong>da</strong>s por tópicos.+ QUÍMICA DIGITAL 115


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOOs tópicos escolhidos são os que apresentam uma relação mais estreita com astemáticas subjacentes aos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos e utilizados <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso estudo.Na tabela 2.26 apresenta‐se uma lista que inclui concepções alternativasapresenta<strong>da</strong>s <strong>no</strong> mínimo por 8 a 10% dos alu<strong>no</strong>s, com i<strong>da</strong><strong>de</strong>s acima dos 12 a<strong>no</strong>s(HORTON, 2001):Tabela 2.26 - Algumas concepções alternativas em QuímicaAlgumas concepções alternativas em QuímicaA temperaturaTransformaçõesFísicas eQuímicasDissoluçãoMu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> fase• A temperatura é uma proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> do material do qual um corpo é feito;• A temperatura é uma medi<strong>da</strong> do calor <strong>de</strong> um corpo;• A temperatura é algo que po<strong>de</strong> ser transferido;• A temperatura a que a água ferve é a uma temperatura máxima a que po<strong>de</strong> ser eleva<strong>da</strong>;• Uma mu<strong>da</strong>nça na temperatura é a mesma coisa que um fluxo do calor;• Um copo <strong>de</strong> café e o quarto em que se encontra têm o mesmo nível do calor.• Congelar e ferver são exemplos <strong>de</strong> reacções químicas;• Transformações físicas são reversíveis quando as transformações químicas não forem;• A substância original <strong>de</strong>saparece "completamente e para sempre" numa reacção química;• Quando a reversibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reacção química é observa<strong>da</strong>, po<strong>de</strong> ser explica<strong>da</strong> comas mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> fase que ocorrem enquanto a temperatura varia;• A massa é conserva<strong>da</strong>, mas não o número ou a espécie dos átomos.• As coisas dissolvem‐se misturando‐se com a água;• O sal não é duro (ou <strong>de</strong>nso) bastante para resistir a dissolução;• O giz não se dissolverá porque é <strong>de</strong>masiado pesado (ou duro);• A água tem força para dissolver o sal;• Derreter e dissolver são a mesma coisa;• O sal transforma‐se em sal líquido quando se dissolve;• O açúcar quando se dissolve fica <strong>de</strong>rretido;• Quando o açúcar é dissolvido na água a água recebe as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s do açúcar;• Quando o açúcar é dissolvido na água o açúcar recebe proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> água;• O peso é perdido na dissolução;• Uma solução forte <strong>de</strong> um sal contem mais <strong>de</strong>sse sal do que uma solução fraca, semconsi<strong>de</strong>ração à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> solução.• A água <strong>de</strong>saparece enquanto evapora.• O peso <strong>de</strong> uma substância mu<strong>da</strong> enquanto esta <strong>de</strong>rrete ou evapora.• A água "é modifica<strong>da</strong>" em vapor.• O vapor é algo diferente <strong>da</strong> água.• As bolhas <strong>da</strong> água quando fervem originam ar.• As bolhas <strong>da</strong> água quando fervem originam ar e oxigénio.• As bolhas <strong>da</strong> água quando fervem originam hidrogénio.• As bolhas <strong>da</strong> água quando fervem são cria<strong>da</strong>s pelo calor.• A água quando ferve transforma‐se em fumo.• As gotas <strong>da</strong> água na parte externa <strong>de</strong> uma garrafa são cria<strong>da</strong>s pelo frio.• Na evaporação, a água necessita <strong>de</strong> uma força, calor, para a puxar para cima.• Congelar é como secar.• Quando a manteiga <strong>de</strong>rrete forma‐se agua.• A água do gelo <strong>de</strong>rretido é diferente <strong>de</strong> água corrente.• Se o gelo for <strong>de</strong>rretido a água resultante pesará me<strong>no</strong>s.• O sólido, o líquido e o gás são três tipos <strong>da</strong> mesma substância. Um <strong>de</strong>saparece enquantoo outro aparece.+ QUÍMICA DIGITAL 116


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO3. RECURSOS DIGITAIS PARA O ENSINO DA QUÍMICAPara pôr em marcha um Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências que propõe uma aprendizagemassente na construção humana é necessário uma escolha criteriosa, por parte doprofessor, dos recursos a utilizar.Quando se pensa na utilização <strong>da</strong>s TIC nas aulas, importa referir que se trata <strong>de</strong>um recurso didáctico como tantos outros, <strong>de</strong> que o professor dispõe para o <strong>de</strong>safio quelhe é colocado todos os dias. No Ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências, as TIC assumem uma particularimportância pois a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica é‐lhe intrínseca: "Trata‐se <strong>da</strong> utilizaçãoparticularmente a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para explorar aspectos como simulação, mo<strong>de</strong>lação,interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, movimento, perspectiva tridimensional, todos eles com lugar próprio <strong>no</strong>âmbito do ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem <strong>da</strong>s Ciências” (CACHAPUZ e JORGE, 2002).Nomea<strong>da</strong>mente nas Ciências Físico‐Químicas, o uso do computador tem sofridoalgumas evoluções. Se os primeiros eram usados <strong>no</strong>s cálculos científicos (simulações,análise numérica, etc.) e como auxiliares <strong>de</strong> elaborações teóricas, hoje eles são usadosem tempo real na aquisição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e como controladores <strong>de</strong> experiências.Destacando, as animações, os jogos, o ví<strong>de</strong>o e as simulações computacionais,<strong>da</strong>do que são os recursos que integram o conjunto “+ Química Digital” (<strong>de</strong>screvem‐seestes recursos em mais porme<strong>no</strong>r <strong>no</strong> capítulo 4), apresentam‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> algumas <strong>da</strong>sfuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos computadores, em Ciências Físico‐Químicas:• Aquisição <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e controlo experimental: permite utilizar ocomputador <strong>no</strong> controlo <strong>de</strong> experiências com eleva<strong>da</strong> precisão e <strong>de</strong> on<strong>de</strong>se tira partido <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do computador (rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cálculo,grafismo, etc).• Resolução <strong>de</strong> Problemas: existem programas importantes para aeluci<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> estruturas e síntese <strong>de</strong> compostos complexos.• Representação gráfica <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e estruturas: a importância dos gráficosestá na possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos químicos e dos físicos os po<strong>de</strong>rem manipular(mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> escala, por várias estruturas complexas em contacto,rotação, etc.) e po<strong>de</strong>rem fazer uma tratamento interactivo dosresultados.+ QUÍMICA DIGITAL 117


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO• Cálculos numéricos: a facili<strong>da</strong><strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cálculos dos computadoresé aproveita<strong>da</strong> quer na Física (Física Nuclear, por exemplo), quer naQuímica (cálculos quânticos, simulação do comportamento <strong>de</strong> sólidos elíquidos, dinâmica <strong>da</strong>s reacções químicas, etc) (CORREIA, 2003).• Exercícios e prática: é uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> programa que possibilita oexercício <strong>de</strong> certas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Quando bem elaborado e a<strong>de</strong>quado, po<strong>de</strong>ser um óptimo auxilio <strong>de</strong> trei<strong>no</strong>.• Aplicativos: são programas voltados para aplicações específicas(processadores <strong>de</strong> texto, folhas <strong>de</strong> cálculo, bases <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos) que, emboranão tenham sido <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s com fim educacional po<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s emdiversas disciplinas.• Tutoriais: transmitem a informação <strong>de</strong> uma forma pe<strong>da</strong>gogicamenteorganiza<strong>da</strong>, como um livro animado ou um ví<strong>de</strong>o interactivo.Os conteúdos divi<strong>de</strong>m‐se segundo um tema central e várias ramificações,planea<strong>da</strong>s para proporcionar uma instrução mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> e acessível.O sistema é gerador <strong>de</strong> uma lógica específica a ser usa<strong>da</strong> pelo alu<strong>no</strong>;além disso, é capaz <strong>de</strong> acumular informação sobre o alu<strong>no</strong> e <strong>de</strong>cidir,automaticamente, se o alu<strong>no</strong>, ao cometer um erro, <strong>de</strong>ve passar por umasequência instrucional. Estes sistemas não permitem uma intervençãoprofun<strong>da</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem. Por outro lado, permiteque o alu<strong>no</strong> apren<strong>da</strong> com o seu próprio ritmo e através <strong>de</strong> métodos maisapelativos do que o papel: animação, som e interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.• Animações: são uma opção que permite a visualização <strong>de</strong> fenóme<strong>no</strong>s <strong>de</strong>diferentes processos que ocorrem na Natureza e que são <strong>de</strong> difícil ouimpossível contacto.• Jogos: po<strong>de</strong>m apresentar‐se em diferentes suportes, como, por exemplo,em máquinas <strong>de</strong> salas recreativas, em consolas e em computadorespessoais. Os jogos são, por isso, uma boa maneira <strong>de</strong> cativar o interesse<strong>de</strong> todos, dos mais peque<strong>no</strong>s aos mais crescidos, para o mundo <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vastec<strong>no</strong>logias. A evolução dos jogos <strong>de</strong>u‐se paralelamente ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> informática. Os avanços mais significativos <strong>de</strong>ram‐se+ QUÍMICA DIGITAL 118


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOcom o aparecimento <strong>da</strong>s consolas, <strong>da</strong> multimédia, <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> virtual e<strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação. Neste processo, a Internet <strong>de</strong>sempenhou umpapel importante, pois criaram‐se espaços que oferecem <strong>de</strong>monstrações<strong>de</strong> jogos e que possibilitam a troca <strong>de</strong> opiniões. Embora todos os jogostenham esquemas semelhantes entre si, as características próprias <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>terminam diferentes tipos <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> jogo emodos <strong>de</strong> utilização específica. Os quatro gran<strong>de</strong>s tipos <strong>de</strong> jogos são: osjogos <strong>de</strong> árca<strong>de</strong>, os jogos <strong>de</strong> mesa, os <strong>de</strong> estratégia e os <strong>de</strong> simulação.De um modo geral, os jogos permitem adquirir <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>se ensinam, muitas vezes, a assumir o comando <strong>de</strong> uma situação concreta.Quando eles se focam explicitamente num <strong>da</strong>do conteúdo, constituem umsoftware útil a nível didáctico. To<strong>da</strong>via “... o jogo por si só não <strong>de</strong>ve serconsi<strong>de</strong>rado um transmissor <strong>de</strong> conhecimento, mas quando levado para aescola, proporciona melhor aprendizagem.” (SMOLE, 2003).Neste sentido, é importante que o professor conheça to<strong>da</strong>s aspotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do jogo que preten<strong>de</strong> usar para planificar, <strong>de</strong> formarigorosa, a sua incorporação na sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong> modo a contribuir parauma aprendizagem significativa. Por outro lado, tem que consciencializaros alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> que a brincar também se apren<strong>de</strong>. Não po<strong>de</strong> cair <strong>no</strong> erro <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar que o jogo não <strong>de</strong>ve ser divertido e que os alu<strong>no</strong>s o têm <strong>de</strong> oexplorar em silêncio. É preciso encontrar o equilíbrio saudável entre abrinca<strong>de</strong>ira e o processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem: o professor <strong>de</strong>veintervir durante a aula para que o jogo possa ser um meio para aaprendizagem e não um fim em si mesmo; tem que aliar as intervençõesmais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar conflitos cognitivos. No final, énecessário que o professor avalie o trabalho que <strong>de</strong>senvolveu para ir, elepróprio, <strong>de</strong> modo progressivo, construindo uma metodologia que semostre ca<strong>da</strong> vez mais eficaz perante a utilização <strong>de</strong> jogos nas aulas.O “bom jogo” é aquele que propõe ao alu<strong>no</strong> um <strong>de</strong>safio ou uma situaçãoproblemasobre a qual ele tem que reflectir, estabelecer relações,coor<strong>de</strong>nar pontos <strong>de</strong> vistas, enfim, trabalhar as suas estruturas mentais,transformando‐as e ampliando os seus conhecimentos (TORRES, 2003).Os alu<strong>no</strong>s ficam muito motivados quando sabem que uma aula vai incluiruma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> lúdica, mas, raramente, lhe associam uma funçãoeducativa. Contudo, os professores <strong>de</strong>vem aproveitar o entusiasmo e ogran<strong>de</strong> apreço que os alu<strong>no</strong>s têm pelos jogos (recor<strong>da</strong>r secção 1.9),+ QUÍMICA DIGITAL 119


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOutilizando‐os com criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e apostando na construção doconhecimento.Na tabela 2.27, apresentam‐se as competências que os jogospermitem <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s:Tabela 2.27 - Competências que os jogos permitem <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>sCompetências que os jogos permitem <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>sC 1 . Desenvolver e melhorar o trabalho <strong>de</strong> grupo;C 2 . Melhorar as relações interpessoais;C 3 . Aceitar regras <strong>de</strong> convivência em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>;C 4 . Crescer em atitu<strong>de</strong>s e valores;C 5 . Desenvolver capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão;C 6 . Discutir e gerir diferentes pontos <strong>de</strong> vista;C 7 . Treinar a atenção/concentração e a memória (principalmente comjogos <strong>de</strong> árca<strong>de</strong>);C 8 . Desenvolver diversas formas <strong>de</strong> raciocínio;C 9 . Compreen<strong>de</strong>r fenóme<strong>no</strong>s complexos (principalmente com jogos <strong>de</strong>simulação);C 10 . Analisar estratégias <strong>de</strong> acção;C 11 . Resolver problemas;C 12 . Construir conceitos e gerar <strong>no</strong>vas aprendizagens.TORRES (2003), adianta‐se e refere que seria bom que os própriosalu<strong>no</strong>s também fizessem jogos, porque “... esta experiência permiteexplorar outros aspectos <strong>da</strong>s suas operações mentais, contribuindo muitopara a aquisição <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas aprendizagens.”A escola tem oferecido alguma resistência à introdução dos jogosnas suas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Os factores mais prováveis para tal situação são:• Está associa<strong>da</strong> ao jogo uma co<strong>no</strong>tação negativa;• No ensi<strong>no</strong> mais tradicional não existiam espaços para brincar,falar ou jogar; o alu<strong>no</strong> assumia um comportamento passivo emsilêncio absoluto (visão comportamentalista);• Os especialistas, por muito tempo, apenas se preocuparam com osmétodos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, relevando o estudo dos processos através dosquais a criança apren<strong>de</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 120


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOA escola, <strong>no</strong>s dias que correm, já arrisca um pouco mais na criação<strong>de</strong> espaços permanentes <strong>de</strong>dicados ao jogo. Este gesto reflecte que estainstituição está aberta a i<strong>no</strong>vações e que os professores já utilizam osjogos como material didáctico, pois jogar implica observar, pensar,interpretar, avaliar, relacionar, analisar e comparar.• Ví<strong>de</strong>o:“Os ví<strong>de</strong>os po<strong>de</strong>m contribuir fortemente para a autentici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um ambientecomputacional <strong>de</strong> suporte à aprendizagem.”(BOYLE, 1997)De acordo com NORBIS (1971) 50% do que apren<strong>de</strong>mos é através <strong>da</strong>visão e <strong>da</strong> audição, dois sentidos perfeitamente contemplados nasaplicações ví<strong>de</strong>o.Ví<strong>de</strong>oGráfico 2.6 – Percentagem <strong>de</strong> aprendizagem perante diversas situaçõesfonte: Norbis 1971Apesar <strong>de</strong> reconhecido o potencial educativo do ví<strong>de</strong>o, asrestrições <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m tec<strong>no</strong>lógica (custo/quali<strong>da</strong><strong>de</strong>); restrições <strong>de</strong>utilização <strong>de</strong> equipamentos; e a forma como a tec<strong>no</strong>logia era utiliza<strong>da</strong>,limitaram a utilização do ví<strong>de</strong>o em contexto educativo. Contudo, algumasmelhorias <strong>no</strong> acesso, armazenamento e transmissão <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente <strong>no</strong> que respeita a: re<strong>de</strong>s e protocolos que permitemmaior largura <strong>de</strong> ban<strong>da</strong>; co<strong>de</strong>cs – codificação/<strong>de</strong>scodificação <strong>de</strong> áudio eví<strong>de</strong>o; streaming – tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> compressão/<strong>de</strong>scompressão em temporeal; disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> processadores <strong>de</strong> áudio e ví<strong>de</strong>o especializados;equipamentos gráficos (taxas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> imagem mais eleva<strong>da</strong>s);vi<strong>de</strong>oconferência, televisão interactiva e ví<strong>de</strong>o on‐<strong>de</strong>mand, potenciarama utilização do ví<strong>de</strong>o em educação.+ QUÍMICA DIGITAL 121


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOCom o ví<strong>de</strong>o educativo o professor e o alu<strong>no</strong> estão perante um<strong>no</strong>vo modo <strong>de</strong> conhecer e um <strong>no</strong>vo modo <strong>de</strong> comunicar. Mas, estãotambém perante um modo familiar <strong>de</strong> conhecer e comunicar.O ví<strong>de</strong>o é um recurso importante <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>aprendizagemcuja aplicação apresenta algumas vantagens (tabela 2.28).Tabela 2.28 - Vantagens <strong>da</strong> utilização do ví<strong>de</strong>o em contexto educativoVantagens <strong>da</strong> utilização do ví<strong>de</strong>o em contexto educativo• Estimula o gosto <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r;• Favorece o rigor intelectual;• Reduz a componente teórica <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> disciplina;• Melhora a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s exposições teóricasdo professor;• Facilita a comunicação e relação Professor/Alu<strong>no</strong>;• Permite o acesso a um vasto manancial <strong>de</strong> informação econhecimento• Combina o entretenimento com a aprendizagem;• Combina o lazer com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>smentais e <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>strezas;• Combina a imaginação com a partilha <strong>de</strong> experiências comoutros grupos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> qualquer parte do mundo.Há que tirar proveito <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do ví<strong>de</strong>o e minimizar asdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que possam <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> sua utilização.“O ví<strong>de</strong>o é talvez o mais flexível, versátil e motivador <strong>de</strong> todos os media <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>. A questão mais importante é on<strong>de</strong>, como e com quesignificado o ví<strong>de</strong>o educacional <strong>de</strong>ve ser incluído nas estratégias doseducadores.”(WALT DISNEY)Tentando respon<strong>de</strong>r à questão presente <strong>no</strong> excerto anterior,apresentam‐se na tabela 2.29 as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização didáctica doví<strong>de</strong>o (FERRÉS, 1994):+ QUÍMICA DIGITAL 122


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.29 - Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização didáctica do ví<strong>de</strong>o e respectivascaracterísticasMo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização didáctica do ví<strong>de</strong>o e respectivascaracterísticasVí<strong>de</strong>o‐lição(Ví<strong>de</strong>o Documentário)• Ví<strong>de</strong>o transmissor <strong>de</strong> informações;• Estrutura linear, com ritmo e duração fixa;• Útil para o trabalho em grupo e individual;• O objectivo do alu<strong>no</strong> é assimilar e compreen<strong>de</strong>r o seuconteúdo;• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmenteinformativa e <strong>de</strong> investigação;• Exemplos <strong>de</strong> Ví<strong>de</strong>o‐lição são os ví<strong>de</strong>os apresentados natelevisão.In Jornal PúblicoVí<strong>de</strong>o‐apoioVí<strong>de</strong>o‐processo(Ví<strong>de</strong>o ilustra discurso verbal)(Ví<strong>de</strong>o‐espelho)• Função análoga à dos acetatos (embora mais rica e expressiva –imagem em movimento);• Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> ilustrativa do discurso verbal;• Estrutura com sequências <strong>de</strong> imagens isola<strong>da</strong>s o que permite aoprofessor ser criativo;• Permite uma maior eficácia didáctica;• Ritmo <strong>da</strong> aula é gerido pelo professor (interacção entreimagens e discurso verbal);• Deve ser testado com um grupo <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s;• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmenteexpressiva.• O alu<strong>no</strong> assume um papel activo;• Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> análise <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> do alu<strong>no</strong> (resultado doprocesso <strong>de</strong> aprendizagem);• O alu<strong>no</strong> é actor (ví<strong>de</strong>o‐espelho) ou realizador: aquando <strong>da</strong>concepção do ví<strong>de</strong>o; <strong>da</strong>ndo largas à sua criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>;apren<strong>de</strong>ndo a trabalhar em grupo. Motiva a aprendizagembrincando;• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmente<strong>de</strong> avaliação e lúdica.+ QUÍMICA DIGITAL 123


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOMo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização didáctica do ví<strong>de</strong>o e respectivascaracterísticasVí<strong>de</strong>o‐programamotivador• Produto acabado com vista a introduzir e motivar o alu<strong>no</strong> parauma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> didáctica;• Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> em que a expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> advém <strong>da</strong> integração dosdiversos media;• Estrutura que respon<strong>de</strong> aos critérios <strong>da</strong> Pe<strong>da</strong>gogia Activa,estimulando a participação, discussão, investigação e trabalhodos alu<strong>no</strong>s (expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> audiovisual);• Adquirido ou elaborado pelo professor <strong>de</strong> forma a garantir aaprendizagem à posteriori;• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmentemotivadora e <strong>de</strong> animação.Programa mo<strong>no</strong>conceptual(Ví<strong>de</strong>o como complemento)• Ví<strong>de</strong>o mudo muito breve (<strong>no</strong>rmalmente me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 5 minutos)abor<strong>da</strong>ndo um conceito ou <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> um conteúdo ou tema;• Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> que se refere a conhecimentos, hábitos ou <strong>de</strong>strezasconcretas <strong>de</strong> um tema muito específico;• Estrutura simples que se situa entre o ví<strong>de</strong>o‐apoio e o ví<strong>de</strong>oprogramamotivador;• Utilizado para cobrir uma lacuna ou completar o processo <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong>/aprendizagem.• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmenteexpressiva.Ví<strong>de</strong>o‐ interactivo /Programa interactivo• Resulta <strong>da</strong> convergência entre a tec<strong>no</strong>logia do ví<strong>de</strong>o e atec<strong>no</strong>logia informática;• Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> áudio‐scripto‐visual;• Estrutura não linear;• Navegação controla<strong>da</strong> pelo utilizador <strong>de</strong> acordo com o seu nível<strong>de</strong> conhecimento;• O encontro entre ví<strong>de</strong>o e computador permitiu a criação <strong>de</strong>melhores programas <strong>de</strong> EAC.• Este tipo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>sempenha uma função fun<strong>da</strong>mentalmente<strong>de</strong> investigação.O ví<strong>de</strong>o educacional não substituirá o professor.... mas, impõemu<strong>da</strong>nças significativas na sua função pe<strong>da</strong>gógica.O uso do ví<strong>de</strong>o não substitui os restantes media... mas, modificaas suas funções, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente em ambientes <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>.A utilização didáctica do ví<strong>de</strong>o não <strong>de</strong>verá anular a componenteprática ou experimental a realizar pelos alu<strong>no</strong>s, mas antes servir comoum complemento a esta prática experimental (FERRÉS, 1994). Foijustamente com este objectivo – ví<strong>de</strong>os como complemento àsactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas experimentais – que se <strong>de</strong>senvolveram alguns dosví<strong>de</strong>os que integram os recursos “+ Química Digital”. Po<strong>de</strong> classificar‐se oconjunto <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong> acordo com as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>utilização didáctica (FERRÉS, 1994) como ví<strong>de</strong>o‐lição, ví<strong>de</strong>o‐apoio e+ QUÍMICA DIGITAL 124


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOví<strong>de</strong>o‐programa motivador (na secção 3.1 do capítulo 4 apresenta‐se emmais porme<strong>no</strong>r os ví<strong>de</strong>os elaborados).• Simulações computacionais: são programas que apresentam um mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> um sistema real ou imaginário. Actualmente, os computadores já têma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> simular sistemas razoavelmente complexos.Consequentemente, simulações computacionais pe<strong>da</strong>gogicamenterelevantes po<strong>de</strong>m ser programa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira a envolver gran<strong>de</strong>complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e realismo e, <strong>de</strong>ssa forma, gerar consi<strong>de</strong>rável interesse.GOOD e BERGER in MINTZES, WANDERSEE e NOVAK, (2000) têmconsciência <strong>da</strong> evolução verifica<strong>da</strong> nas simulações construí<strong>da</strong>s para oensi<strong>no</strong>:" A medi<strong>da</strong> que o software e hardware se tornaram mais sofistica<strong>da</strong>s <strong>no</strong>final do século XX; as simulações estão a tornar‐se mais realistas, commuito mais opções para o utilizador controlar a dinâmica do fenóme<strong>no</strong>representa<strong>da</strong> <strong>no</strong> écran." Também KAHN (1991) consi<strong>de</strong>rou que "assimulações são Ciência váli<strong>da</strong>" e com elas é possível obter respostas <strong>no</strong>estudo <strong>da</strong>s Ciências experimentais. Estas permitem manipularexperiências <strong>de</strong> diversos tipos, como por exemplo, experiências difíceis,morosas e até perigosas <strong>de</strong> serem reproduzi<strong>da</strong>s na sala aula. O alu<strong>no</strong> po<strong>de</strong>testar as suas hipóteses sobre os problemas que surgem <strong>no</strong> ambientesimulado, manipular variáveis e verificar como o comportamento domo<strong>de</strong>lo se altera numa varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> situações e condições. Neste caso,em que existe um maior grau <strong>de</strong> intervenção do alu<strong>no</strong>, o computadorpassa a ser usado mais como ferramenta do que como “máquina <strong>de</strong>ensinar” (recor<strong>da</strong>r secção 5.5 do capítulo 1). As simulaçõescomputacionais <strong>de</strong>vem ser utiliza<strong>da</strong>s como um complemento e não parasubstituírem o contacto directo com os fenóme<strong>no</strong>s naturais nem otrabalho experimental, pois não faz sentido simular um processo quepo<strong>de</strong> ser facilmente observado. A utilização <strong>da</strong>s simulaçõescomputacionais apresenta algumas vantagens, que <strong>da</strong>mos conta natabela 2.30:+ QUÍMICA DIGITAL 125


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOTabela 2.30 - Vantagens <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> simulações computacionaisAlgumas vantagens <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s simulações computacionaisV 1 As simulações computacionais po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>spertar ou aumentar o interessedos alu<strong>no</strong>s, pois estes po<strong>de</strong>m variar parâmetros e observar o efeito <strong>de</strong>ssasvariações em diversas situações e condições, tendo oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>reflectir e tomar <strong>no</strong>vas <strong>de</strong>cisões.V 2 As simulações oferecem a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao alu<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver hipóteses,testá‐las, analisar resultados e aperfeiçoar os conceitos. Esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> uso do computador na educação é muito útil para fomentar o trabalhoem grupo. Os diferentes grupos po<strong>de</strong>m testar diferentes hipóteses, eassim, ter um contacto mais “real” com os conceitos envolvidos <strong>no</strong>problema em estudo.V 3 É coerente com a própria prática <strong>de</strong> investigação científica, que, ca<strong>da</strong> vezmais, utiliza as simulações computacionais.V 4As simulações computacionais criam um ambiente interactivo <strong>de</strong>“apren<strong>de</strong>r fazendo”, <strong>de</strong>sta forma o alu<strong>no</strong> está mais envolvido e tem umaparticipação mais activa na elaboração <strong>de</strong> conhecimento (KAMTHAN,1999).V 5 As simulações computacionais propiciam a interdisciplinarie<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vezque o ambiente representado po<strong>de</strong> ser transdisciplinar.Contudo, a utilização <strong>da</strong>s simulações computacionais também apresentaalgumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como se expõe na tabela 2.31:Tabela 2.31 - Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> simulações computacionaisAlgumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s simulações computacionaisD 1 . As boas simulações computacionais requerem gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r computacionale bons recursos gráficos e so<strong>no</strong>ros, <strong>de</strong> modo a tornar a situação problemao mais próxima do real possível.D 2 . O uso <strong>da</strong> simulação, por si só, não cria a melhor situação <strong>de</strong>aprendizagem. A simulação <strong>de</strong>ve ser vista como um complemento <strong>de</strong>outras estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>. Caso contrário, não existe garantia <strong>de</strong> que aaprendizagem ocorra e <strong>de</strong> que o conhecimento possa ser aplicado à vi<strong>da</strong>real.+ QUÍMICA DIGITAL 126


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOAlgumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s simulações computacionaisD 3 . O alu<strong>no</strong> po<strong>de</strong> formar uma visão distorci<strong>da</strong> a respeito do mundo, porexemplo, ser levado a pensar que o mundo real po<strong>de</strong> ser simplificado econtrolado <strong>da</strong> mesma maneira que <strong>no</strong>s programas <strong>de</strong> simulação. Portanto,é necessário criar condições para o alu<strong>no</strong> fazer a transição entre asimulação e o fenóme<strong>no</strong> <strong>no</strong> mundo real. Esta transição não ocorreautomaticamente e <strong>de</strong>ve ser trabalha<strong>da</strong>.Um dos papéis do computador que actualmente é muito difundidoé o computador como comunicador – a Internet. As vantagens e<strong>de</strong>svantagens <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>aprendizagemsão discuti<strong>da</strong>s a seguir.3.1 A Internet – um espaço <strong>de</strong> comunicação“A comunicação interactiva e colectiva é a principal atracão do ciberespaço”.(LÉVY, 2000)Os computadores po<strong>de</strong>m ser interligados entre si e formarem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>computadores através <strong>da</strong> qual circula a maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação.Através <strong>da</strong> Internet é possível obter, trocar e publicitar diversas informações eproce<strong>de</strong>r a diversas acções. É um meio <strong>de</strong> comunicação impar que permite enviarmensagens <strong>de</strong> um computador para outro através <strong>de</strong> software que controla a passagem<strong>da</strong> informação entre os computadores, criando um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro correio electrónico maisconhecido como electronic mail ou e‐mail. Um outro uso <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> computadores é aconsulta <strong>de</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, ou mesmo a construção compartilha<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong><strong>da</strong>dos, assim como os serviços <strong>de</strong> IRC (Internet Relay Chat), que proporcionam conversaem tempo real e po<strong>de</strong>m servir para a troca <strong>de</strong> experiências.A liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, a gran<strong>de</strong>za do sistema e a partilha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que aInternet permite contribuíram para o seu sucesso e consequente crescimento nasocie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Verifica‐se um aumento <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem (tabela 2.32), porque é uma tec<strong>no</strong>logia que oferece uma gama+ QUÍMICA DIGITAL 127


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOmuito gran<strong>de</strong> e varia<strong>da</strong> <strong>de</strong> recursos que, se bem utiliza<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>rá auxiliar na reformados actuais sistemas e mo<strong>de</strong>los educacionais.As razões que levam os professores a apostar na utilização <strong>da</strong> Internet <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem po<strong>de</strong>m ser organiza<strong>da</strong>s em três grupos: razões <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m epistemológica, razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pe<strong>da</strong>gógica e razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m sociológica(BETTENCOURT, 1997).Tabela 2.32 - Razões que levam os professores a utilizar a Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagemRazões para o uso <strong>da</strong> Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagemRazões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mepistemológica• A Internet vai ao encontro <strong>da</strong> forma como as pessoas processam a informação,como elaboram as i<strong>de</strong>ias e como resolvem os problemas. Baseia‐se <strong>no</strong> conceito<strong>de</strong> hipertexto. O hipertexto forma associações (links) entre corpos <strong>de</strong>informação (nódulos) constituindo uma re<strong>de</strong> semântica, não linear, comdiversos caminhos a percorrer e em que ca<strong>da</strong> pessoa fará aquele que melhor sea<strong>de</strong>qua ao seu raciocínio.Razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pe<strong>da</strong>gógica• Os professores e alu<strong>no</strong>s ao utilizarem a Internet, po<strong>de</strong>m tornar o processo <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem mais interactivo e pessoal. Ao pesquisar na World Wi<strong>de</strong>Web (adiante WWW) e ao criar páginas HTML po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>senvolver ascapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização e estruturação do pensamento, comunicação,escrita, pesquisa, pensamento crítico e a expressão artística. Além disso,fomenta <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s um maior sentido <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, na medi<strong>da</strong> em quepublicar para a WWW significa publicar para o mundo, exigindo aos alu<strong>no</strong>s umaanálise cui<strong>da</strong><strong>da</strong> do que é criado. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informaçãodisponíveis na Internet e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar informações sempreactualiza<strong>da</strong>s são pontos importantes para o processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem.O professor <strong>de</strong>verá aju<strong>da</strong>r o alu<strong>no</strong> a procurar e seleccionar a informaçãorelevante do vasto leque <strong>de</strong> informação que está disponível na Internet.Po<strong>de</strong>rá também, recorrendo a esta “mega Re<strong>de</strong>” <strong>de</strong> informação que é e aInternet, planificar aulas mais estimulantes e actuais como resultado <strong>da</strong>recolha <strong>de</strong> textos informativos, divulgação <strong>de</strong> pesquisas, imagens, relatos <strong>de</strong>cientistas e troca <strong>de</strong> experiências com outros professores. É <strong>de</strong>sta forma, comodiz BETTENCOURT, (1997). que “… o micromundo <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula alarga‐se erompe fronteiras”.+ QUÍMICA DIGITAL 128


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVORazões para o uso <strong>da</strong> Internet <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagemRazões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>msociológica• Na presente socie<strong>da</strong><strong>de</strong> acredita‐se e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>‐se que a utilização dos meiosdisponíveis na Internet é fun<strong>da</strong>mental para que as pessoas se apresentemactualiza<strong>da</strong>s nas diferentes profissões. A tarefa <strong>da</strong> escola é preparar ci<strong>da</strong>dãospara o trabalho e para a vi<strong>da</strong>, por isso, é importante que as escolasportuguesas tenham um bom acesso à Internet.Assim, po<strong>de</strong>m apontar‐se como principais vantagens pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong>Internet em contexto educativo, as sistematiza<strong>da</strong>s na tabela 2.33:Tabela 2.33 - Vantagens pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong> Internet em contexto educativoVantagens pe<strong>da</strong>gógicas do uso <strong>da</strong> Internet• Desenvolver o espírito crítico;• Praticar o raciocínio;• Assimilar melhor o conhecimento;• Maior colaboração;• Maior interacção <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem;• Desperta o interesse em apren<strong>de</strong>r: factor essencial para o sucesso;• Facilita a troca <strong>de</strong> informação entre professores <strong>de</strong> diferentes escolas possibilitandoaperfeiçoar estratégias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>;• Alu<strong>no</strong>s e professores po<strong>de</strong>rão mais facilmente cooperar uns com os outros – aju<strong>da</strong> a<strong>de</strong>senvolver capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho e fomenta as relações sociais entre alu<strong>no</strong>s eprofessores.Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e advertências <strong>no</strong> uso <strong>da</strong> Internet para fins educacionaisContudo, a utilização <strong>da</strong> Internet apresenta também algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Para os alu<strong>no</strong>s a maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> uso <strong>da</strong> Internet, como ferramentape<strong>da</strong>gógica, está na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso que ain<strong>da</strong> não é tão alta como seria <strong>de</strong>sejávele na falta <strong>de</strong> incentivo por parte dos professores.Os professores, por sua vez, referem a ausência <strong>de</strong> sites específicos para<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s áreas, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> do alu<strong>no</strong> relacionar as informações obti<strong>da</strong>s na Re<strong>de</strong>com outras fontes <strong>de</strong> pesquisa, principalmente a pesquisa bibliográfica tradicional e a+ QUÍMICA DIGITAL 129


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOfacili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersão durante a navegação, como algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s relativamenteao uso <strong>de</strong>ste “mega” recurso que é a Internet.O teu irmão tembrinca<strong>de</strong>iras bemmais <strong>no</strong>rmais!Figura 2. 1 - Advertências <strong>no</strong> uso <strong>da</strong> Internet para fins educacionaisfonte: http://stu<strong>de</strong>nt.<strong>de</strong>i.uc.pt/~jaco/apres_sf/sld018.htmApesar <strong>da</strong>s inúmeras vantagens que, sem dúvi<strong>da</strong>, advêm do uso <strong>da</strong> Internet, énecessário ter também presente algumas advertências:• A facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso e a inexistência <strong>de</strong> controlo sobre a informaçãodisponível;• O acesso a informação controversa: material <strong>de</strong> carácter nãorecomendável para a i<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s, grupos <strong>de</strong> discussão com temasfúteis;• Questões relaciona<strong>da</strong>s com a segurança dos mais jovens.Uma <strong>da</strong>s aplicações <strong>da</strong> Internet são os sistemas hipertexto/hipermédia, como seapresenta <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>.3.2. Sistemas hipertexto/hipermédiaO espaço e o tempo do saber baseado <strong>no</strong> impresso é diferente do espaço e dotempo a que os utilizadores <strong>da</strong> Internet ca<strong>da</strong> vez mais se habituam: “as metáforascentrais <strong>da</strong> relação com o saber são (...) hoje a navegação e o surfe, que implicam umacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar as vagas, os re<strong>de</strong>moinhos, as correntes e os ventos contráriossobre uma extensão plana, sem fronteiras e sempre variável'' (LÉVY, 2000).+ QUÍMICA DIGITAL 130


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOA memória apelativa e compartimenta<strong>da</strong> vai, aos poucos, <strong>da</strong>ndo espaço àinteractivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> i<strong>no</strong>vação, do fazer contínuo <strong>de</strong> textos que se (re) escrevem <strong>de</strong>acordo com as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos indivíduos.Para LÉVY (2000), a construção do conhecimento não se dá como um processoenciclopédico, “totalizável e adicionável. É uma viagem <strong>de</strong> contínuos movimentos <strong>de</strong>avanços e recuos, <strong>de</strong> construção e reconstrução, <strong>de</strong> elaboração e selecção <strong>de</strong>informação, <strong>de</strong> interacção com os outros. Para mover‐se entre esse imenso arquivo <strong>de</strong>informação que é a Internet, o utilizador utiliza <strong>de</strong> percursos pessoais advindos <strong>da</strong>scaracterísticas intrínsecas ao hipertexto. “LÉVY (2000) <strong>de</strong>fine o hipertexto como “um texto estruturado em re<strong>de</strong> (...)constituído por nós (os elementos <strong>de</strong> informação, parágrafos, páginas, imagens,sequências musicais, etc.) e por ligações entre esses nós, referências, <strong>no</strong>tas,apontadores, botões que sinalizam a passagem <strong>de</strong> um nó ao outro”.O hipertexto possui características que permitem a exploração e induzem outilizador numa sucessão <strong>de</strong> processos associativos e argumentativos que o conduzirão àelaboração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas ferramentas cognitivas.Para LÉVY (1994) se o livro impresso trouxe a “possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> folhear, <strong>de</strong>acesso não linear e selectivo ao texto, <strong>de</strong> segmentação do saber em módulos, <strong>de</strong>ramificações múltiplas a uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outros livros graças às <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> pé <strong>de</strong> páginae às bibliografias”, o hipertexto vai proce<strong>de</strong>r alterações importantes nessa relaçãoreflecti<strong>da</strong>s imediatamente <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> aprendizagem, <strong>de</strong> apreensão e representação<strong>de</strong> mundo. Este processo <strong>de</strong> aprendizagem, mais próximo do <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> real, afasta‐se do“saber <strong>de</strong> cor'' e aproxima‐se <strong>da</strong> “memorização a longo prazo”. (LÉVY, 1994).O hipertexto surgiu como um <strong>no</strong>vo modo <strong>de</strong> organizar, controlar e ace<strong>de</strong>r àinformação, <strong>de</strong> acordo com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> funcionamento <strong>da</strong> mente humana, quefunciona mediante associação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. O utilizador ao analisar o texto exibido <strong>no</strong> ecrãdo computador, ao contrário do que acontece num livro, po<strong>de</strong> percorrê‐lo <strong>de</strong> forma nãolinear e ace<strong>de</strong>r, quase instantaneamente, a outras partes do texto.Em servidores WWW, os hipertextos além <strong>de</strong> relacionarem informações,permitem a navegação entre vários servidores espalhados pela Internet, possibilitando oacesso a uma e<strong>no</strong>rme quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.O hipermédia resulta <strong>da</strong> junção <strong>da</strong>s características do hipertexto com omultimédia. A utilização do termo multimédia não é consensual. Esse termo é utilizado,frequentemente, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> “multi‐medias”, “multi‐suporte” ou ain<strong>da</strong> “pluri‐media”(CHENET, 1992). Uma <strong>de</strong>finição razoavelmente consensual relaciona o “multimedia”com a utilização do computador para integrar e controlar uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> meios+ QUÍMICA DIGITAL 131


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVO(media), como o texto, ví<strong>de</strong>o, sons, gráficos, imagens, etc. O lema subjacente é “umaimagem vale por mil palavras”, pelo que a informação <strong>de</strong>ve ser tão visual quantopossível. As características essenciais do multimédia são a interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e aflexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na escolha do caminho a percorrer.O hipermédia é um documento que integra texto e imagens e que contémligações a outros documentos. O WWW é o sistema hipermédia mais conhecido naactuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os sistemas hipertexto/hipermédia po<strong>de</strong>m revelar‐se úteis na educação, porquea liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, a interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> que é <strong>da</strong><strong>da</strong> ao alu<strong>no</strong> apela para a suaactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e conduz a um maior controlo do próprio processo <strong>de</strong> aprendizagem, emfunção do seu ritmo.Neste trabalho elaborou‐se um sistema hipertexto/hipermédia, “+ QUÍMICADIGITAL”, on<strong>de</strong> se disponibilizaram os recursos <strong>digitais</strong> utilizados <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso estudo(www.recursoscfq7.pt<strong>de</strong>veloper.net).4. ROTEIROS DE EXPLORAÇÃO – ELOS DE LIGAÇÃO ENTRE OSOFTWARE EDUCATIVO E A REALIDADE PEDAGÓGICARecor<strong>da</strong>ndo o que se referiu na secção 2 do capítulo 1, os alu<strong>no</strong>s que seencontram actualmente a frequentar as escolas básicas e secundárias do século XXI sãofrequentemente alcunhados por zap generation. A zap generation está habitua<strong>da</strong> à“acção”, isto é, a sua vi<strong>da</strong> é um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro zapping – fazem zapping entre as <strong>de</strong>zenas<strong>de</strong> canais <strong>de</strong> televisão <strong>de</strong> modo a assistirem ao seu programa favorito, trocam SMSconstantemente, saltam para o computador, on<strong>de</strong> ace<strong>de</strong>m ao e‐mail, surfam na netrecolhendo <strong>da</strong>dos para os trabalhos e comunicam em salas <strong>de</strong> chat. Programam o seutempo para as mais diversas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, algumas <strong>da</strong>s quais simultâneas “clicando aquie ali sem parar”.Quando estão perante uma peça <strong>de</strong> software educativo a sua atitu<strong>de</strong> não édiferente. Assim, é apresentado ao professor mais um <strong>de</strong>safio pe<strong>da</strong>gógico – travar os“cliques” sucessivos dos alu<strong>no</strong>s perante os programas educativos. Além do papel que oprofessor já tem, o <strong>de</strong> integrar em termos didácticos <strong>da</strong>s TIC, adquire também aresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> sob a forma como os alu<strong>no</strong>s exploram os programas educativos quelhes são apresentados. É neste contexto que os roteiros <strong>de</strong> exploração se po<strong>de</strong>m revelarum instrumento muito valioso, senão mesmo indispensável, pois po<strong>de</strong>m ser entendidos+ QUÍMICA DIGITAL 132


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOcomo uma ferramenta que enriquece e muito a aplicação pe<strong>da</strong>gógica <strong>da</strong>s TIC junto dosalu<strong>no</strong>s.Os roteiros <strong>de</strong> exploração têm como principal objectivo estreitar a relação entreas peças <strong>de</strong> software educativo e os objectivos <strong>de</strong> aprendizagem que se preten<strong>de</strong>m<strong>de</strong>senvolver. Desta forma, <strong>de</strong>verão ser meios para fomentar <strong>no</strong> alu<strong>no</strong> o gosto pelapesquisa, pela reflexão, pela participação activa na construção do conhecimento eacima <strong>de</strong> tudo, pelo acto <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.Estabeleci<strong>da</strong>s as premissas que justificam a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> roteiros<strong>de</strong> exploração, apresentam‐se, na tabela 2.34, um conjunto <strong>de</strong> características geraisque estes roteiros <strong>de</strong>vem ou po<strong>de</strong>m ter (COSTA e PAIVA, 2003):Tabela 2.34 - Características gerais dos roteiros <strong>de</strong> exploraçãoCaracterísticas gerais dos roteiros <strong>de</strong> exploração• Conseguir o justo equilíbrio entre a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> construtivista e a mínima orientação;• Misturar “dicas” <strong>de</strong> natureza operacional com outras reflexivas;• Incluir, principalmente para alu<strong>no</strong>s mais <strong>no</strong>vos, print‐screens que aju<strong>de</strong>m na transiçãosoftware educativo – roteiro <strong>de</strong> exploração;• Encorajar a discussão;• Ter complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente;• Ser em papel ou em formato digital;• Ser flexíveis, a<strong>da</strong>ptando‐se a vários perfis <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s (ter várias perguntas opcionais einstruções “<strong>de</strong> salto”, por exemplo);• Sugerir que os alu<strong>no</strong>s acompanhem a exploração com registos pessoais, em papel ou <strong>no</strong>computador.A estas características já referi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem adicionar‐se outras características,também comuns à generali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais didácticos, como sendo:• A utilização <strong>de</strong> uma linguagem simples e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> aos alu<strong>no</strong>s,tendo sempre presente o rigor científico;• A referência constante aos objectivos que regem o trabalho.As características referi<strong>da</strong>s <strong>de</strong><strong>no</strong>tam uma visível, embora aparente, contradiçãoentre o Comportamentalismo e o Construtivismo. Citando PAIVA, (2004) “mais uma vez,cabe ao professor a tarefa difícil, mas <strong>de</strong>safiante, <strong>de</strong> conseguir a fusão feliz entre osdois pólos, isto é, ele <strong>de</strong>ve conseguir o justo equilíbrio entre correntes “tradicionais” ecorrentes “mo<strong>de</strong>rnas” <strong>de</strong> educação”.+ QUÍMICA DIGITAL 133


CAPÍTULO 2 – AS CIÊNCIAS FÍSICO‐QUÍMICAS E AS TIC EM CONTEXTO EDUCATIVOPo<strong>de</strong> então afirmar‐se que o “segredo” po<strong>de</strong>rá estar em conseguir encontrar omeio‐termo entre a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> construtivista e a mínima orientação, permitindo ao alu<strong>no</strong>usufruir <strong>de</strong> forma enriquecedora <strong>da</strong>s TIC, travando os “cliques” frenéticos e fomentandouma exploração mais atenta dos recursos.Sendo o professor um dos elementos fun<strong>da</strong>mentais em todo este processo, éfun<strong>da</strong>mental que adopte algumas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência (tabela 2.35) durante autilização dos roteiros <strong>de</strong> exploração pelos alu<strong>no</strong>s (FERREIRA e PAIVA, 2005):Tabela 2.35 - Atitu<strong>de</strong>s do professor durante a utilização dos roteiros <strong>de</strong> exploraçãoO professor <strong>de</strong>verá…• Ser o me<strong>no</strong>s interventivo possível, mas é bom que esteja presente e aju<strong>de</strong> os alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>que for <strong>de</strong>sejável;• Estar atento a grupos me<strong>no</strong>s activos, proce<strong>de</strong>ndo a algum estímulo ou questão queimpulsione o trabalho. Regra <strong>de</strong> ouro é não manipular o rato. Se existirem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>soperacionais, man<strong>da</strong> a boa <strong>no</strong>rma pe<strong>da</strong>gógica que, <strong>no</strong> máximo, se coloque a mão em cima<strong>da</strong> mão do alu<strong>no</strong>, sobre o rato (ca<strong>da</strong> vez me<strong>no</strong>s, porém, aparecem alu<strong>no</strong>s com francosproblemas operacionais com o software);• “Vigiar” se há alu<strong>no</strong>s a correr o programa rápido <strong>de</strong> mais (a bibliografia aponta para estaatitu<strong>de</strong> ser mais frequente <strong>no</strong>s rapazes do que nas raparigas);• Estar à vonta<strong>de</strong> na “navegação <strong>no</strong> software” (é bom que o professor explore intensamentea aplicação antes <strong>da</strong> interacção com os alu<strong>no</strong>s) e po<strong>de</strong>rá disponibilizar esta informação aosalu<strong>no</strong>s, se achar conveniente, <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong> exploração do roteiro;• Tomar esta activi<strong>da</strong><strong>de</strong> como uma iniciativa a contemplar na avaliação, pois po<strong>de</strong> fomentara quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> aprendizagem.Em jeito <strong>de</strong> remete, reforça‐se <strong>no</strong>vamente a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a utilização docomputador nas aulas não é uma questão técnica, mas sim uma questão pe<strong>da</strong>gógica: opapel do professor consiste em aju<strong>da</strong>r, conduzir, <strong>da</strong>r o exemplo, incentivar, facilitar eintegrar aprendizagens assisti<strong>da</strong>s e autó<strong>no</strong>mas, recorrendo à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> meios <strong>de</strong>acesso à informação e ao conhecimento (DES, 1995).+ QUÍMICA DIGITAL 134


CAPÍTULO 3OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃO1. Fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> investigação2. I<strong>de</strong>ntificação do objecto3. Objectivos <strong>da</strong> investigação4. Características <strong>da</strong> investigação qualitativa em educação5. Estudo <strong>de</strong> Caso6. Instrumentos <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos6.1. Notas <strong>de</strong> campo6.2. Entrevista6.3. Questionário+ QUÍMICA DIGITAL 135


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOOs aspectos versados neste trabalho são algo ousados, <strong>no</strong> que concerne àextensão dos assuntos e à produção <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong>. Nesse sentido, privilegiandoaqueles recursos, não fomos <strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente exaustivos <strong>no</strong> enquadramentometodológico, pese embora a necessária contextualização dos objectivos e <strong>da</strong>sabor<strong>da</strong>gens efectua<strong>da</strong>s, que apresentaremos ao longo <strong>de</strong>ste capítulo(ver secções 3, 4 e 5).1. FUNDAMENTAÇÃO DA INVESTIGAÇÃOPreten<strong>de</strong>u‐se <strong>no</strong> âmbito do <strong>no</strong>sso curso <strong>de</strong> mestrado realizar uma investigaçãoque abarcasse o que para nós, enquanto professores, é fun<strong>da</strong>mental para as <strong>no</strong>ssasaulas: melhorar e enriquecer a <strong>no</strong>ssa prática lectiva. Os alu<strong>no</strong>s merecem to<strong>da</strong> a <strong>no</strong>ssadisposição para lhes proporcionar um ensi<strong>no</strong> interessante, <strong>de</strong>safiante e actualizado, queaposta <strong>no</strong> seu sucesso.Apren<strong>de</strong>r não é o resultado do <strong>de</strong>senvolvimento, apren<strong>de</strong>r é <strong>de</strong>senvolvimento.A escola, enquanto estrutura educativa, não po<strong>de</strong> ficar indiferente à evoluçãotec<strong>no</strong>lógica que o mundo atravessa. Assim, <strong>de</strong>verá criar espaços para que os alu<strong>no</strong>scoloquem as suas próprias questões, façam a gestão <strong>da</strong>s suas hipóteses e mo<strong>de</strong>los etestem a sua vali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os recursos “+ Química Digital” (<strong>de</strong> que se falará em maisporme<strong>no</strong>r <strong>no</strong> capítulo 4) po<strong>de</strong>rão ter um papel importante para motivar os alu<strong>no</strong>s para aCiência, usando ferramentas pelas quais a geração mais jovem se sente bastanteatraí<strong>da</strong>.Preten<strong>de</strong>‐se com esta investigação <strong>da</strong>r o <strong>no</strong>sso contributo para incentivar osprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas a utilizarem software educativo nas suas aulas epromover o sucesso dos seus alu<strong>no</strong>s.2. IDENTIFICAÇÃO DO OBJECTONo que diz respeito ao objecto do estudo, isto é, o ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências Físico‐Químicas, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m‐se aqui a concepção e aplicação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> recursos<strong>digitais</strong> como uma alternativa váli<strong>da</strong> e prática para o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>sta Ciência.Aten<strong>de</strong>ram‐se a vários aspectos (que se <strong>de</strong>screverá <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>mente nas secções3, 4 e 5 do capítulo 4) inerentes à concepção dos recursos “+ Química Digital” e à sua+ QUÍMICA DIGITAL 136


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOutilização <strong>no</strong> espaço sala <strong>de</strong> aula e fora <strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> modo a perceber se proporciona umaaprendizagem com sucesso nas Ciências Físico‐Químicas <strong>no</strong> 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>.3. OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃOO objectivo central <strong>da</strong> investigação que se apresenta foi produzir e vali<strong>da</strong>r <strong>no</strong>vosrecursos <strong>digitais</strong> capazes <strong>de</strong> constituir uma oferta com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica, pe<strong>da</strong>gógica,técnica e estética utilizáveis por professores e alu<strong>no</strong>s na disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, <strong>no</strong> âmbito do ensi<strong>no</strong> e <strong>da</strong> aprendizagem do tema Terra em Transformação, <strong>no</strong>3º ciclo do Ensi<strong>no</strong> Básico.De forma mais <strong>de</strong>talha, po<strong>de</strong> dizer‐se que os objectivos parcelares que<strong>no</strong>rtearam a <strong>no</strong>ssa investigação foram os seguintes:• Fun<strong>da</strong>mentar a pertinência <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong>,como uma ferramenta educativa váli<strong>da</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem nas aulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas;• I<strong>de</strong>ntificar diferentes aspectos a ter em conta quando se preten<strong>de</strong>construir recursos <strong>digitais</strong> para o ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>sta Ciência;• Promover a literacia científica e digital, fornecendo um conjunto<strong>de</strong> recursos científico‐pe<strong>da</strong>gógicos, acompanhados <strong>de</strong> sugestões <strong>de</strong>utilização e exploração;• Perceber se os recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos satisfazem asfunções para as quais foram concebidos;• Fazer a experiência <strong>de</strong> utilização dos recursos produzidos comalu<strong>no</strong>s do 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e avaliar o seu impacto;• Recolher a opinião dos alu<strong>no</strong>s sobre os recursos <strong>digitais</strong><strong>de</strong>senvolvidos e a sua utilização nas aulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas;• Incentivar os professores a usarem, <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> eenriquecedora, recursos <strong>digitais</strong> nas suas aulas;• Divulgar a Química e a cultura científica, contribuindo para ocrescimento em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos <strong>digitais</strong>científico‐pe<strong>da</strong>gógicos <strong>de</strong> Química em língua portuguesa à+ QUÍMICA DIGITAL 137


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOdisposição dos alu<strong>no</strong>s, professores e <strong>de</strong>mais intervenientes <strong>no</strong>processo educativo.De modo a atingir os objectivos referidos anteriormente, colocaram‐se asseguintes hipóteses:• Será que a utilização dos recursos “+ Química Digital” leva osalu<strong>no</strong>s a apren<strong>de</strong>r melhor Química?• Po<strong>de</strong>rão os recursos “+ Química Digital” contribuir para que osalu<strong>no</strong>s gostem mais <strong>de</strong> Química?Para permitir <strong>da</strong>r uma resposta às hipóteses apresenta<strong>da</strong>s proce<strong>de</strong>u‐se a umEstudo <strong>de</strong> Caso com uma abor<strong>da</strong>gem essencialmente qualitativa. No futuro terá todo ointeresse proce<strong>de</strong>r‐se também a uma investigação quantitativa tendo em conta ashipóteses apresenta<strong>da</strong>s. Contudo, consi<strong>de</strong>rou‐se que esta metodologia seria a maisindica<strong>da</strong> para esta fase do estudo.Veremos <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> as principais características <strong>de</strong> uma investigação <strong>de</strong> carizqualitativo.4. CARACTERÍSTICAS DA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA EMEDUCAÇÃOUtiliza‐se a expressão “investigação qualitativa” como um termo genérico queagrupa diversas estratégias <strong>de</strong> investigação que partilham <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s características.Os <strong>da</strong>dos recolhidos são <strong>de</strong>signados por qualitativos, o que significa ricos em porme<strong>no</strong>res<strong>de</strong>scritivos relativamente a pessoas, locais, e conversas. As questões a investigar não seestabelecem mediante a operacionalização <strong>de</strong> variáveis, são formula<strong>da</strong>s com oobjectivo <strong>de</strong> investigar os fenóme<strong>no</strong>s em to<strong>da</strong> a sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e em contextonatural.As estratégias mais representativas <strong>da</strong> investigação qualitativa são a observaçãoparticipante e a entrevista em profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>.O investigador introduz‐se <strong>no</strong> mundo <strong>da</strong>s pessoas que preten<strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r, tentaconhecê‐las, <strong>da</strong>r‐se a conhecer e ganhar a sua confiança, elaborando um registo escritoe sistemático <strong>de</strong> tudo aquilo que ouve e observa. O material assim recolhido écomplementado com outro tipo <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, como os obtidos através <strong>da</strong> realização <strong>de</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 138


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOentrevistas (veremos na secção 6 <strong>de</strong>ste capítulo as características dos instrumentosusados na realização <strong>da</strong> investigação que integra este trabalho).Tal como a <strong>de</strong>finimos, a investigação qualitativa possui cinco característicasessenciais (BOGDAN e BIKLEN 1994):Tabela 3.1 - Características essenciais <strong>da</strong> investigação qualitativaCaracterísticas essenciais <strong>da</strong> investigação qualitativa1. Na investigação qualitativa a fonte directa <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos é o ambiente natural, sendo oinvestigador o instrumento principal – quer os <strong>da</strong>dos sejam recolhidos sobre interacçõesna sala <strong>de</strong> aula, utilizando equipamento ví<strong>de</strong>o (FLORIO, 1978; MEHAN, 1979), sobreeducação científica, recorrendo à entrevista (DENNY, 1978), ou ain<strong>da</strong> sobre a<strong>de</strong>sagregação, mediante observação participante (METZ, 1978), os investigadoresqualitativos assumem que o comportamento huma<strong>no</strong> é significativamente influenciado pelocontexto em que ocorre, <strong>de</strong>slocando‐se, sempre que possível, ao local <strong>de</strong> estudo.2. A investigação qualitativa é <strong>de</strong>scritiva – os <strong>da</strong>dos recolhidos são em forma <strong>de</strong> palavras ouimagens e não <strong>de</strong> números. Os resultados escritos <strong>da</strong> investigação contêm citações feitas combase <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos para ilustrar e substanciar a apresentação. A sua primeira preocupação é<strong>de</strong>screver e só secun<strong>da</strong>riamente analisar os <strong>da</strong>dos.3. Os investigadores qualitativos interessam‐se mais pelo processo do que simplesmentepelos resultados ou produtos – este tipo <strong>de</strong> estudo foca‐se <strong>no</strong> modo como as <strong>de</strong>finições (as<strong>de</strong>finições que os professores têm dos alu<strong>no</strong>s, as <strong>de</strong>finições que os alu<strong>no</strong>s têm <strong>de</strong> si próprios edos outros) se formam.4. Os investigadores qualitativos ten<strong>de</strong>m a analisar os seus <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> forma indutiva – nãorecolhem <strong>da</strong>dos ou provas com o objectivo <strong>de</strong> confirmar ou infirmar hipóteses construí<strong>da</strong>spreviamente; ao invés disso, as abstracções são construí<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que os <strong>da</strong>dosparticulares que foram recolhidos se vão agrupando. Os <strong>da</strong>dos são analisados indutivamente,como se se reunissem em conjunto to<strong>da</strong>s as partes <strong>de</strong> um puzzle;5. O significado é <strong>de</strong> importância vital na abor<strong>da</strong>gem qualitativa – os investigadoresqualitativos em educação estão continuamente a questionar os sujeitos <strong>de</strong> investigação, como objectivo <strong>de</strong> perceber “aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam assuas experiências e o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem”(PSATHAS, 1973). A preocupação resi<strong>de</strong> essencialmente ao significado <strong>da</strong>s coisas, ou seja, ao“porquê” e ao “o quê”.+ QUÍMICA DIGITAL 139


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOVejamos <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> algumas concepções teóricas sobre o Estudo <strong>de</strong> Caso, nassuas diferentes perspectivas: situações em que se aplica, objectivos a que se propõe,tipos <strong>de</strong> estudos, metodologia <strong>de</strong> trabalho e problemas relacionados com a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>ssuas conclusões.5. ESTUDO DE CASOO Estudo <strong>de</strong> Caso é uma metodologia <strong>de</strong> investigação científica <strong>de</strong> carizqualitativo. A crescente importância <strong>da</strong>s metodologias qualitativas na investigaçãocientifica, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente na área <strong>da</strong> Educação em Ciências, <strong>de</strong>ve‐se, por um lado, auma certa <strong>de</strong>svalorização <strong>da</strong> investigação <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> à luz do paradigma positivista,e, por outro, à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>vas abor<strong>da</strong>gens metodológicas quepermitam <strong>da</strong>r resposta a problemáticas emergentes.A característica que melhor distingue esta metodologia é o facto <strong>de</strong> ser um pla<strong>no</strong><strong>de</strong> investigação que se concentra <strong>no</strong> estudo porme<strong>no</strong>rizado e aprofun<strong>da</strong>do, <strong>de</strong> umaenti<strong>da</strong><strong>de</strong> bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> – o “caso”, <strong>no</strong> seu contexto natural.Um “caso” po<strong>de</strong> ser quase tudo: um indivíduo, um peque<strong>no</strong> grupo, umaorganização, uma comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, um processo, um inci<strong>de</strong>nte ou acontecimentoimprevisto, etc. Obe<strong>de</strong>cendo a uma perspectiva <strong>da</strong> pesquisa holística (sistémica, ampla,integra<strong>da</strong>), o Estudo <strong>de</strong> Caso tem como objectivo compreen<strong>de</strong>r o “caso” <strong>no</strong> seu todo ena sua unici<strong>da</strong><strong>de</strong>.Da<strong>da</strong> a sua natureza qualitativa, são compreensíveis as diferentesconceptualizações que se encontram na literatura <strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Vejamos apenasalguns exemplos <strong>da</strong>s <strong>de</strong>finições forneci<strong>da</strong>s por alguns autores <strong>de</strong> referência:• “O Estudo <strong>de</strong> Caso é uma investigação empírica que investiga umfenóme<strong>no</strong> <strong>no</strong> seu ambiente natural, quando as fronteiras entre ofenóme<strong>no</strong> e o contexto não são bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s (...) em que múltiplasfontes <strong>de</strong> evidência são usa<strong>da</strong>s” (YIN, 1994).• “O Estudo <strong>de</strong> Caso é a exploração <strong>de</strong> um “sistema limitado”, <strong>no</strong> tempo eem profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, através <strong>de</strong> uma recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos profun<strong>da</strong> envolvendofontes múltiplas <strong>de</strong> informação ricas <strong>no</strong> contexto” (CRESWELL, 1994).• “É a estratégia <strong>de</strong> investigação mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> quando queremos saber o“como” e o “porquê” <strong>de</strong> acontecimentos actuais sobre os quais oinvestigador tem pouco ou nenhum controlo” (YIN, 1994).+ QUÍMICA DIGITAL 140


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOO Estudo <strong>de</strong> Caso é uma investigação empírica (YIN, 1994) que se baseia <strong>no</strong>raciocínio indutivo (BRAVO, 1998; GOMEZ et al, 1996) que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente dotrabalho <strong>de</strong> campo (PUNCH, 1998) e que se baseia em fontes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos múltiplas evaria<strong>da</strong>s (YIN, 1994).O pla<strong>no</strong> geral <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Caso po<strong>de</strong> ser representado como um funil. Numestudo qualitativo, o tipo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> perguntas nunca é muito específico.O início do estudo é representado pela extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais larga do funil: osinvestigadores procuram locais ou pessoas que possam ser objecto do estudo ou fontes<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e, ao encontrar aquilo que pensam interessar‐lhes, organizam então umamalha larga, tentando avaliar o interesse do terre<strong>no</strong> ou <strong>da</strong>s fontes <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos para os seusobjectivos. Começam pela recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, revendo‐os e explorando‐os, e vãotomando <strong>de</strong>cisões acerca do objectivo do trabalho. De uma fase <strong>de</strong> exploração alarga<strong>da</strong>passam para uma área mais restrita <strong>de</strong> análise dos <strong>da</strong>dos recolhidos (tabela 3.2).Tabela 3.2 - Etapas <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> CasoEtapas <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Caso• Definir o problema <strong>da</strong> investigação (que po<strong>de</strong> nascer a partir <strong>da</strong> experiência do investigador,<strong>de</strong> situações <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> prática, <strong>de</strong> questões sociais e/ou políticas ou até a partir <strong>da</strong>revisão <strong>de</strong> literatura);• Recolher <strong>da</strong>dos;• Analisar os <strong>da</strong>dos;• Formular conclusões.O Estudo <strong>de</strong> Caso po<strong>de</strong> ser igualmente uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação mista.Por vezes, e <strong>de</strong> forma a proporcionar uma melhor compreensão sobre o caso a estu<strong>da</strong>r,combinam‐se métodos quantitativos e qualitativos.Objectivos do Estudo <strong>de</strong> CasoPara YIN (1994) o Estudo <strong>de</strong> Caso po<strong>de</strong> ser conduzido para um dos três propósitosbásicos: explorar, <strong>de</strong>screver e explicar. BOGDAN e BILKEN (1994) sublinham aimportância do enfoque na análise dos processos em vez dos resultados. Numa tentativa<strong>de</strong> síntese GOMEZ, FLORES e JIMENEZ (1996) concluem que, bem vistas as coisas, osobjectivos que orientam um Estudo <strong>de</strong> Caso po<strong>de</strong>m ser em tudo coinci<strong>de</strong>ntes com os <strong>da</strong>investigação educativa em geral: “explorar, <strong>de</strong>screver, explicar, avaliar e/outransformar”+ QUÍMICA DIGITAL 141


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOTipos <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> CasoExistem várias propostas <strong>de</strong> tipificação dos Estudos <strong>de</strong> Caso. Vamos apenas exporo <strong>da</strong> autoria <strong>de</strong> STAKE (1995), referência clássica na literatura <strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que fazalusão a três tipos <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Caso:1. Estudo <strong>de</strong> Caso intrínseco – quando o investigador preten<strong>de</strong> uma melhorcompreensão <strong>de</strong> um caso particular que contém em si mesmo o interesse <strong>da</strong>investigação;2. Estudo <strong>de</strong> Caso instrumental – quando um caso é examinado para fornecerintrospecção sobre um assunto, para refinar uma teoria, para proporcionarconhecimento sobre algo que não é exclusivamente o caso em si; o estudo docaso funciona como um instrumento para compreen<strong>de</strong>r outro(s)fenóme<strong>no</strong>(s);3. Estudo <strong>de</strong> Caso colectivo – quando o caso instrumental se esten<strong>de</strong> a várioscasos, para possibilitar, pela comparação, conhecimento mais profundo sobreo fenóme<strong>no</strong>, população ou condição.Preparação e condução do Estudo <strong>de</strong> Caso(YIN, 1994):Na preparação do estudo <strong>de</strong>ve‐se ter em conta os seguintes aspectos• O k<strong>no</strong>w‐how e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do investigador;• O seu trei<strong>no</strong>;• A preparação para a realização do Estudo <strong>de</strong> Caso;• O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um protocolo e a condução <strong>de</strong> um estudo piloto.Para a condução do Estudo <strong>de</strong> Caso, é <strong>de</strong> sublinhar a importância <strong>da</strong>s fontes <strong>de</strong>recolha dos <strong>da</strong>dos: análise documental, as entrevistas, a observação e os artefactosfísicos.+ QUÍMICA DIGITAL 142


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOCredibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do métodoEm qualquer tipo <strong>de</strong> investigação científica, é necessário <strong>de</strong>finir critérios paraaferir a sua credibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é um conceito genérico, mas encerra em si ostrês critérios “clássicos” <strong>de</strong> aferição <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> investigação, quetambém <strong>de</strong>vem ser satisfeitos <strong>no</strong> Estudo <strong>de</strong> Caso.São eles:1. A vali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna – estabelece o relacionamento causal que explica que<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s condições levam a outras situações. A coerência interna entreas proposições iniciais, <strong>de</strong>senvolvimento e resultados encontrados <strong>de</strong>ve sertesta<strong>da</strong>. Na vali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna está em causa a legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s conclusões(BRUYNE et al, 1991).2. A vali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa – estabelece o domínio sobre o qual as <strong>de</strong>scobertaspo<strong>de</strong>m ser generaliza<strong>da</strong>s. A coerência entre os resultados do estudo e osresultados <strong>de</strong> outras investigações semelhantes <strong>de</strong>ve ser testa<strong>da</strong>. Está emcausa a generalização <strong>da</strong>s conclusões (BRUYNE et al, 1991).3. A fiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que está directamente relaciona<strong>da</strong> com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>replicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> recolha e análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos;A utilização <strong>da</strong> metodologia <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Caso permite que o investigadorobserve, enten<strong>da</strong>, analise e <strong>de</strong>screva uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> situação real, adquirindoconhecimento e experiência que po<strong>de</strong>m ser úteis na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão frente a outrassituações.É um método <strong>de</strong> investigação <strong>no</strong> qual o investigador tem um gran<strong>de</strong>envolvimento nas suas diferentes etapas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a recolha <strong>de</strong> informações até àformulação <strong>de</strong> conclusões.6. INSTRUMENTOS USADOS NA INVESTIGAÇÃO6.1. Notas <strong>de</strong> campoO investigador registará i<strong>de</strong>ias, estratégias, reflexões e palpites, bem como ospadrões que vão emergindo <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> sua observação. Isto são as <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo:+ QUÍMICA DIGITAL 143


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOo relato escrito <strong>da</strong>quilo que o investigador ouve, vê, experiência e pensa <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso <strong>da</strong>recolha, assim como a reflexão sobre os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> um estudo qualitativo.As <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo são fun<strong>da</strong>mentais para a observação participante, econstituem em si um suplemento importante a outros métodos <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.Tal como a <strong>de</strong>finição apresenta<strong>da</strong> sugere, as <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo consistem em doistipos <strong>de</strong> materiais:• A parte <strong>de</strong>scritiva <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo – em que a preocupação é a <strong>de</strong>captar uma imagem por palavras, do local, <strong>de</strong> pessoas, <strong>de</strong> acções econversas observa<strong>da</strong>s, etc. Esta é a parte mais extensa, representa omelhor esforço do investigador para registar objectivamente os <strong>de</strong>talhesdo que ocorreu <strong>no</strong> campo. Consciente <strong>de</strong> que qualquer <strong>de</strong>scrição até umcerto grau representa escolhas e juízos ‐ <strong>de</strong>cisões acerca do que a<strong>no</strong>tar,sobre a utilização exacta <strong>de</strong> palavras ‐ o investigador qualitativo emeducação procura ser preciso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes limites. Sabendo que o meionunca po<strong>de</strong> ser completamente capturado, o investigador procuratransmitir o máximo possível para o papel, <strong>de</strong>ntro dos parâmetros dosobjectivos do projecto.• A parte reflexiva <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo – juntamente com o material<strong>de</strong>scrito, as <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo incluem frases e parágrafos que reflectemum relato mais pessoal por parte do investigador. A ênfase é coloca<strong>da</strong> naespeculação, sentimentos, problemas, i<strong>de</strong>ias, palpites, impressões epreconceitos. Também se inclui aqui o material em que o investigador fazpla<strong>no</strong>s para investigação futura bem como classificações e correcções doserros e incompreensões <strong>da</strong>s suas <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo. Espera‐se que oinvestigador <strong>de</strong>ixe sair tudo: confesse os seus erros, as suasina<strong>de</strong>quações, aos seus preconceitos, os seus gostos e aversões. Especuleacerca <strong>da</strong>quilo que pensa que está a apren<strong>de</strong>r, aquilo que vai fazer aseguir, e qual será o resultado do estudo que está a empreen<strong>de</strong>r. Oobjectivo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> esta reflexão é melhorar as <strong>no</strong>tas regista<strong>da</strong>s. A partereflexiva <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo insiste que a investigação, como todo ocomportamento huma<strong>no</strong>, é um processo subjectivo.Na secção 2.3 do capítulo 5 encontram‐se algumas <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo que traduzemobservações efectua<strong>da</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do estudo realizado.+ QUÍMICA DIGITAL 144


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃO6.2. EntrevistaA entrevista é uma forma <strong>de</strong> comunicação entre duas pessoas inicia<strong>da</strong> peloentrevistador, com o objectivo específico <strong>de</strong> obter informação relevante. Estametodologia <strong>de</strong> investigação permite <strong>de</strong>scobrir as causas <strong>de</strong> algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s,<strong>de</strong>terminar pontos <strong>de</strong> vista, valores, preferências e crenças. Po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> para testarhipóteses existentes ou para sugerir <strong>no</strong>vas hipóteses e constitui o principal meio ouprocedimento para a recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos e <strong>de</strong> informações na pesquisa qualitativa.Vantagens <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoA entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigação apresenta algumas vantagensrelativamente a outras formas <strong>de</strong> investigação (tabela 3.3).Tabela 3.3 - Vantagens <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoVantagens <strong>da</strong> entrevista• Possibilita uma relação interactiva entre o entrevistador e o entrevistado, criando umaatmosfera <strong>de</strong> influência recíproca entre quem pergunta e quem respon<strong>de</strong>(LUDKE e ANDRÉ, 1986);• Permite captar, <strong>de</strong> forma imediata, a informação <strong>de</strong>seja<strong>da</strong> e efectuar correcções,esclarecimentos <strong>de</strong> questões ou dúvi<strong>da</strong>s e a<strong>da</strong>ptações em tempo útil;• Apresenta uma vasta aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo ser utiliza<strong>da</strong> com qualquer pessoa e sobrequalquer assunto;• É possível registar observações sobre o comportamento e sobre as atitu<strong>de</strong>s do entrevistado<strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> entrevista;• A entrevista não é apenas um método <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, mas também um processo <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem para os alu<strong>no</strong>s, <strong>de</strong> modo mais ao me<strong>no</strong>s consciente, pois po<strong>de</strong>ráconstituir uma forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor uma <strong>da</strong><strong>da</strong> situação(ALTRICHETER et al, 1993).Limitações <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoNo entanto, tal como qualquer outra metodologia <strong>de</strong> investigação, a entrevistatambém apresenta algumas limitações (tabela 3.4).+ QUÍMICA DIGITAL 145


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOTabela 3.4 - Limitações <strong>da</strong> entrevista como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoLimitações <strong>da</strong> entrevista• A interacção directa com entrevistado conduz a alguma subjectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e parciali<strong>da</strong><strong>de</strong> porparte do entrevistador (Cohen e Manion, 1994);• As eventuais i<strong>de</strong>ias pré‐concebi<strong>da</strong>s do entrevistador po<strong>de</strong>m condicionar a análise dosresultados <strong>da</strong> entrevista;• É restrita a peque<strong>no</strong>s universos;• É dispendiosa em termos <strong>de</strong> tempo (Ludke e André, 1986);• O entrevistado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> concedido pelo entrevistador, po<strong>de</strong>distorcer as respostas exagerando ou salientando aspectos me<strong>no</strong>s importantes ou omitindofactos;• É uma metodologia que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s doentrevistador.Tipos <strong>de</strong> entrevistasDe acordo com as múltiplas situações em que po<strong>de</strong>m ocorrer, as entrevistasassumem diversos formatos <strong>de</strong> modo a a<strong>de</strong>quar‐se convenientemente às contingênciasdo ambiente e aos objectivos que o investigador se propõe atingir. Assim, em função dograu <strong>de</strong> sistematização, as entrevistas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> três tipos (tabela 3.5):Tabela 3.5 - Tipos <strong>de</strong> entrevistasTipos <strong>de</strong> entrevistasEstrutura<strong>da</strong>s• Os conteúdos e os procedimentos são organizados comantecedência, isto é, <strong>de</strong>senvolve‐se a partir <strong>de</strong> um conjunto fixo eestruturado <strong>de</strong> perguntas precisas cuja or<strong>de</strong>m e re<strong>da</strong>cçãopermanece a mesma para todos os entrevistados. Apresentamperguntas pré‐formula<strong>da</strong>s com respostas fecha<strong>da</strong>s como se <strong>de</strong> umquestionário falado se tratasse. A entrevista estrutura<strong>da</strong> apresenta,contudo, algumas limitações, tais como a não abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong>conceitos relevantes não previstos pelo entrevistador e uma fracacompreensão do conhecimento processual do entrevistado.+ QUÍMICA DIGITAL 146


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOTipos <strong>de</strong> entrevistasNão estrutura<strong>da</strong>sSemi‐estrutura<strong>da</strong>s• Este tipo <strong>de</strong> entrevista fornece uma compreensão geral do problema,auxilia na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> conceitos e objectivos e fornece ascondições necessárias para compreen<strong>de</strong>r os métodos a<strong>de</strong>quados àresolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados problemas. Contudo, as informações quese obtêm são, na sua maioria, fragmenta<strong>da</strong>s e pobres em <strong>de</strong>talhes.Baseiam‐se na conversação do dia‐a‐dia, sem perguntas directas esempre que a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aparece o entrevistador investiga um<strong>de</strong>terminado tema <strong>de</strong> interesse, para extrair factos e opiniões.• Apresentam perguntas previamente formula<strong>da</strong>s, suficientementeabertas e cuja or<strong>de</strong>m po<strong>de</strong>ria, eventualmente, ser altera<strong>da</strong> <strong>de</strong>acordo com a sequência <strong>da</strong> entrevista, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente tendo emconta as respostas dos entrevistados. Assim, o entrevistador vaiseguindo as respostas dos entrevistados, po<strong>de</strong>ndo surgir aspectos nãoconsi<strong>de</strong>rados à parti<strong>da</strong>. O entrevistador po<strong>de</strong> também clarificar osentido <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo entrevistado ou colocar questõesnão consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s previamente. Os objectivos <strong>da</strong> entrevista estãosempre presentes, pelo que, <strong>no</strong> caso <strong>da</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos conteúdosnão surgirem naturalmente durante a mesma, o entrevistador po<strong>de</strong>rácolocar questões <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> estes serem abor<strong>da</strong>dos.A escolha do tipo <strong>de</strong> entrevista <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> questão <strong>de</strong> investigação. Contudo,aten<strong>de</strong>ndo ao exposto na tabela 3.5, é compreensível o crescente uso <strong>da</strong>s entrevistassemi‐estrutura<strong>da</strong>s como ferramenta <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos em investigação em educação,já que combina algumas <strong>da</strong>s principais vantagens <strong>da</strong>s entrevistas estrutura<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>sentrevistas não estrutura<strong>da</strong>s.Também neste trabalho se utilizou a entrevista semi‐estrutura<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>rou‐seque <strong>de</strong>sta forma é possível avaliar o impacto do conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong><strong>de</strong>senvolvidos – “+ Química Digital”. Preten<strong>de</strong>u‐se recolher opiniões, perceber se osalu<strong>no</strong>s se sentem mais motivados para o estudo <strong>da</strong> Química, gostando mais <strong>de</strong>staCiência e apren<strong>de</strong>ndo melhor, assim como, obter sugestões <strong>de</strong> reformulação doconjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos.O pressuposto fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> entrevista <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>, é <strong>de</strong> que o acto<strong>de</strong> ensinar comporta e reivindica tanto um processo <strong>de</strong> diálogo quanto um processo <strong>de</strong>investigação e pesquisa. Isto é, o ambiente <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> aula e os conteúdosprogramáticos <strong>da</strong> disciplina fornecem as pistas necessárias para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 147


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOum processo mínimo <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação, sistematização, reflexão, captação, crítica,discussão e conclusão por parte do alu<strong>no</strong>, o qual po<strong>de</strong> ser operacionalizado eestabelecido na direcção <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> entrevista (ALTRICHETER et al,1993).Na entrevista, o investigador é necessariamente envolvido na vi<strong>da</strong> dos alu<strong>no</strong>svisto que os seus procedimentos <strong>de</strong> investigação se baseiam em conversar, ouvir epermitir a sua expressão livre. Tais procedimentos acabam por resultar num certo clima<strong>de</strong> informali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o simples facto dos alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>rem falar livremente a respeito <strong>de</strong>um tema sem que lhes tenham sido impostas questões fecha<strong>da</strong>s, colabora para diminuiro distanciamento entre o investigador e o investigado e influencia positivamente naobtenção <strong>de</strong> informação. Contudo, esta proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> exige que o investigador tenhasempre presente o sentido inicial <strong>da</strong> pesquisa para que consiga conduzir os encontroscom os entrevistados <strong>no</strong> sentido dos objectivos <strong>da</strong> entrevista.Entrevista – planeamento, realização e análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dosComo qualquer outra etapa <strong>de</strong> uma investigação, a entrevista exige umplaneamento cui<strong>da</strong>doso, do qual <strong>de</strong>vem constar a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objectivos, a construção<strong>de</strong> um guião e a escolha dos entrevistados.O planeamento <strong>de</strong> uma entrevista <strong>de</strong>ve iniciar‐se com a <strong>de</strong>finição clara dosobjectivos <strong>de</strong> pesquisa, ou seja, com o esboço <strong>da</strong> base teórica do estudo. De segui<strong>da</strong>,partindo dos objectivos gerais <strong>da</strong> pesquisa, <strong>de</strong>vem enumeram‐se objectivos mais<strong>de</strong>talhados e específicos. Esta etapa reveste‐se <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> importância, uma vez queapenas uma formulação cui<strong>da</strong>dosa dos objectivos po<strong>de</strong>rá produzir o tipo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong><strong>da</strong>dos necessários para uma resposta satisfatória à pergunta <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>.Após esta etapa <strong>de</strong>ve seguir‐se a planificação <strong>da</strong> entrevista propriamente dita,ao longo <strong>da</strong> qual se formulam as questões que constituirão o corpo <strong>da</strong> entrevista.As questões formula<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vem expressar, <strong>de</strong> uma forma clara e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, aquiloque o investigador preten<strong>de</strong> averiguar, sendo aconselhável <strong>de</strong>dicar alguma atenção aoformato <strong>da</strong>s questões e ao modo <strong>de</strong> resposta. A selecção do formato <strong>da</strong>s questões<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos factores, tais como: o objectivo <strong>da</strong> entrevista; a natureza doconteúdo; o nível <strong>de</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> pretendido; o tipo <strong>de</strong>informação que o entrevistador espera obter; a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a sua reflexão ser ounão estrutura<strong>da</strong>; a avaliação do nível <strong>de</strong> motivação; a extensão do conhecimentoprofundo <strong>da</strong> situação do entrevistado, por parte do entrevistador; entre outros.Saliente‐se ain<strong>da</strong> que o guião preparado para a entrevista po<strong>de</strong> incluir diferentesformatos <strong>de</strong> questões e diferentes modos <strong>de</strong> resposta.+ QUÍMICA DIGITAL 148


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOA etapa seguinte <strong>da</strong> preparação <strong>de</strong> uma entrevista, após a escolha dosentrevistados, <strong>de</strong>ve consistir na sua realização propriamente dita.Uma vez realiza<strong>da</strong> a entrevista, é sempre útil para o entrevistador registar asobservações sobre o comportamento verbal e não verbal do entrevistado, bem como oambiente em que a mesma <strong>de</strong>correu. Tal registo permitirá levantar hipóteses maisseguras sobre a autentici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s e sobre o grau <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> comque estas foram <strong>da</strong><strong>da</strong>s.Posteriormente, o entrevistador <strong>de</strong>ve analisar os <strong>da</strong>dos obtidos na entrevista como intuito <strong>de</strong> os interpretar.A título <strong>de</strong> síntese, po<strong>de</strong> afirmar‐se que para o correcto emprego <strong>de</strong>stametodologia <strong>de</strong> investigação é necessário que o investigador tenha em conta trêsmomentos: antes, durante e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> entrevista.Credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> entrevistaA análise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos subjectivos como os <strong>da</strong> entrevista é muitas vezes percebi<strong>da</strong>como problemática, trabalhosa e o investigador <strong>de</strong>ve estar atento, a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rcriticar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> parciali<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> comprometer a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> do estudo.Qualquer que seja o tipo <strong>de</strong> pesquisa e sua dimensão, as conclusões e generalizaçõesque <strong>de</strong>la se po<strong>de</strong>m extrair estão sempre condiciona<strong>da</strong>s em termos <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong>, querinterna quer externa (COHEN e MANION, 1994).Neste estudo a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna está relaciona<strong>da</strong> com o facto <strong>de</strong> se averiguar seos resultados obtidos são atribuíveis ao efeito <strong>da</strong> utilização do conjunto <strong>de</strong> recursos<strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos.A forma <strong>de</strong> aumentar a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa do estudo na entrevista é diminuindo asfontes <strong>de</strong> subjectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e parciali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As principais fontes são: as características doentrevistador e do entrevistado; o conteúdo <strong>da</strong>s questões; as atitu<strong>de</strong>s e opiniões doentrevistado; a tendência do entrevistador procurar respostas que vão ao encontro <strong>da</strong>ssuas <strong>no</strong>ções pré‐concebi<strong>da</strong>s e a incompreensão por parte do entrevistador pelo o que érespondido e por parte do entrevistado em relação ao que é questionado.No anexo I encontram‐se o guião <strong>da</strong> entrevista utiliza<strong>da</strong> <strong>no</strong> estudo e a transcrição<strong>da</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>s, que, por sua vez, estão disponíveis emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 149


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃO6.3. QuestionárioEmbora nem todos os projectos <strong>de</strong> pesquisa utilizem o questionário comoinstrumento <strong>de</strong> recolha e avaliação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos, este é muito importante na pesquisacientífica, especialmente nas Ciências <strong>da</strong> Educação.Um questionário é um instrumento <strong>de</strong> investigação que visa recolher informaçõesbaseando‐se, geralmente, na inquisição <strong>de</strong> um grupo representativo <strong>da</strong> população emestudo. Para tal, coloca‐se uma série <strong>de</strong> questões que abrangem um tema <strong>de</strong> interessepara os investigadores, não havendo interacção directa entre estes e os inquiridos.A importância dos questionários passa também pela facili<strong>da</strong><strong>de</strong> com que seinterroga um elevado número <strong>de</strong> pessoas, num espaço <strong>de</strong> tempo relativamente curto.Estes po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> natureza social, económica, familiar, profissional, relativosàs suas opiniões, à atitu<strong>de</strong> em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suasexpectativas, ao seu nível <strong>de</strong> conhecimentos ou <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> um acontecimento ou<strong>de</strong> um problema, etc.Não existe um método‐padrão para se formular um questionário. Porém, existemalgumas recomen<strong>da</strong>ções, bem como factores a ter em conta relativamente a essaimportante tarefa num processo <strong>de</strong> pesquisa.Tentaremos segui<strong>da</strong>mente discutir a construção <strong>de</strong> um questionário <strong>de</strong>stacandoas tarefas e cui<strong>da</strong>dos a serem tomados, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma sequência lógica, <strong>de</strong> modo a queeste instrumento tenha eficácia para a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> a que se <strong>de</strong>stina.Construção <strong>da</strong>s questõesSempre que um investigador elabora e administra um inquérito por questionário,e não esquecendo a interacção indirecta que existe entre ele e os inquiridos, verifica‐seque a linguagem e o tom <strong>da</strong>s questões que constituem esse mesmo questionário, são <strong>de</strong>eleva<strong>da</strong> importância.Assim, é necessário ser cui<strong>da</strong>doso na forma como se formula as questões, bemcomo na apresentação do questionário.Na elaboração <strong>de</strong> um questionário é importante, antes <strong>de</strong> mais, ter em conta ashabilitações do público‐alvo a quem ele vai ser administrado. É <strong>de</strong> salientar que oconjunto <strong>de</strong> questões <strong>de</strong>ve ser muito bem organizado e conter uma forma lógica para oinquirido, evitando formatos <strong>de</strong>masiado confusos e complexos, ou ain<strong>da</strong> questões<strong>de</strong>masiado longas.+ QUÍMICA DIGITAL 150


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃODeve, o investigador, ter o cui<strong>da</strong>do <strong>de</strong> não utilizar questões ambíguas quepossam, por isso, ter mais do que um significado, que por sua vez, levem a terdiferentes interpretações. Não <strong>de</strong>ve incluir duas questões numa só (double‐barrelledquestions), pois po<strong>de</strong> levar a respostas induzi<strong>da</strong>s ou nem sempre relevantes, além <strong>de</strong>não ser possível <strong>de</strong>terminar qual <strong>da</strong>s “questões” foi respondi<strong>da</strong>, aquando o tratamento<strong>da</strong> informação.O investigador <strong>de</strong>ve ain<strong>da</strong> evitar questões basea<strong>da</strong>s em pressuposições, poisparte‐se do princípio que o inquirido encaixa numa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> categoria e procurainformação basea<strong>da</strong> nesse pressuposto.As questões <strong>de</strong>vem ser reduzi<strong>da</strong>s e a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s à pesquisa em questão. Assim, elas<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s tendo em conta três princípios básicos:• Princípios <strong>da</strong> clareza – as questões <strong>de</strong>vem ser claras, concisas e unívocas;• Princípio <strong>da</strong> coerência – as questões <strong>de</strong>vem correspon<strong>de</strong>r à intenção <strong>da</strong>própria pergunta;• Princípio <strong>da</strong> neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong> – as questões não <strong>de</strong>vem induzir uma <strong>da</strong><strong>da</strong>resposta mas sim libertar o inquirido do referencial <strong>de</strong> juízos <strong>de</strong> valor oudo preconceito do próprio autor.Tipos <strong>de</strong> questõesExistem dois tipos <strong>de</strong> questões:• As questões <strong>de</strong> resposta aberta – permitem ao inquirido construir aresposta com as suas próprias palavras, permitindo <strong>de</strong>ste modo aliber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão;• As questões <strong>de</strong> resposta fecha<strong>da</strong> – são aquelas nas quais o inquiridoapenas selecciona a opção (<strong>de</strong> entre as apresenta<strong>da</strong>s), que mais sea<strong>de</strong>qua à sua opinião.Também é usual aparecerem questões dos dois tipos <strong>no</strong> mesmo questionário,sendo este consi<strong>de</strong>rado misto. Na tabela 3.6 po<strong>de</strong>m encontrar‐se algumas vantagens e<strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos tipos <strong>de</strong> questões.+ QUÍMICA DIGITAL 151


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOTabela 3.6 - Vantagens e <strong>de</strong>svantagens dos diferentes tipos <strong>de</strong> questões.Tipos <strong>de</strong>questõesResposta abertaVantagens• Preza o pensamento livre e aoriginali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Surgem respostas maisvaria<strong>da</strong>s;• Respostas maisrepresentativas e fiéis <strong>da</strong>opinião do inquirido;• O inquirido concentra‐se maissobre a questão;• Vantajoso para oinvestigador, pois permite‐lherecolher varia<strong>da</strong> informaçãosobre o tema em questão.Desvantagens• Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em organizar e categorizaras respostas;• Requer mais tempo para respon<strong>de</strong>r àsquestões;• Muitas vezes a caligrafia é ilegível;• Em caso <strong>de</strong> baixo nível <strong>de</strong> instrução dosinquiridos, as respostas po<strong>de</strong>m nãorepresentar a opinião real do próprio.Resposta fecha<strong>da</strong>• Rapi<strong>de</strong>z e facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>resposta;• Maior uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong>, rapi<strong>de</strong>z esimplificação na análise <strong>da</strong>srespostas;• Facilita a categorização <strong>da</strong>srespostas para posterior análise;• Permite contextualizar melhor aquestão• Dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em elaborar as respostaspossíveis a uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> questão;• Não estimula a originali<strong>da</strong><strong>de</strong> e avarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta;• Não preza uma eleva<strong>da</strong> concentração doinquirido sobre o assunto em questão;• O inquirido po<strong>de</strong> optar por uma respostaque se aproxima mais <strong>da</strong> sua opinião nãosendo esta uma representação fiel <strong>da</strong>reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Tipos <strong>de</strong> questionáriosA aplicação <strong>de</strong> um questionário permite recolher uma amostra dosconhecimentos, atitu<strong>de</strong>s, valores e comportamentos. Deste modo é importante ter emconta o que se quer e como se vai avaliar, <strong>de</strong>vendo haver rigor na selecção do tipo <strong>de</strong>questionário a aplicar <strong>de</strong> modo a aumentar a credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do mesmo.Existem três tipos <strong>de</strong> questionários:• Questionário do tipo aberto – é aquele que utiliza questões <strong>de</strong> respostaaberta. Este tipo <strong>de</strong> questionário proporciona respostas <strong>de</strong> maior+ QUÍMICA DIGITAL 152


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOprofundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou seja dá ao sujeito uma maior liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta,po<strong>de</strong>ndo esta ser redigi<strong>da</strong> pelo próprio. No entanto a interpretação e oresumo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> questionário é mais difícil <strong>da</strong>do que se po<strong>de</strong> obterum variado tipo <strong>de</strong> respostas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> pessoa que respon<strong>de</strong> aoquestionário.• Questionário do tipo fechado – tem na sua construção questões <strong>de</strong>resposta fecha<strong>da</strong>, permitindo obter respostas que possibilitam acomparação com outros instrumentos <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos. Este tipo <strong>de</strong>questionário facilita o tratamento e análise <strong>da</strong> informação, exigindome<strong>no</strong>s tempo. Por outro lado a aplicação <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> questionáriospo<strong>de</strong> não ser vantajoso, pois facilita a resposta para um sujeito que nãosaberia ou que po<strong>de</strong>ria ter dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> acresci<strong>da</strong> em respon<strong>de</strong>r a uma<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> questão. Os questionários fechados são bastante objectivose requerem um me<strong>no</strong>r esforço por parte dos sujeitos aos quais é aplicado.• Questionário do tipo misto – tal como o <strong>no</strong>me indica são questionáriosque apresentam questões <strong>de</strong> diferentes tipos: resposta aberta e respostafecha<strong>da</strong>.EscalaQuando se aplica um questionário preten<strong>de</strong>‐se medir aspectos como atitu<strong>de</strong>s ouopiniões do público‐alvo, e tal só é possível com a utilização <strong>de</strong> escalas.As escalas que se utilizam po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> quatro tipos, como indicado na tabela 3.7:Tabela 3.7 - Tipos <strong>de</strong> escalas usa<strong>da</strong>s em questionáriosTipos <strong>de</strong> escalasEscala <strong>de</strong> Likert• Apresenta uma série <strong>de</strong> cinco proposições, <strong>da</strong>s quais o inquirido <strong>de</strong>ve seleccionaruma, po<strong>de</strong>ndo estas ser: concor<strong>da</strong> totalmente, concor<strong>da</strong>, sem opinião, discor<strong>da</strong>,discor<strong>da</strong> totalmente. É efectua<strong>da</strong> uma cotação <strong>da</strong>s respostas que varia <strong>de</strong> modoconsecutivo: +2, +1, 0, ‐1, ‐2 ou utilizando pontuações <strong>de</strong> 1 a 5. É necessário terem atenção quando a proposição é negativa. Nestes casos a pontuação atribuí<strong>da</strong><strong>de</strong>verá ser inverti<strong>da</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 153


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOTipos <strong>de</strong> escalasVAS (Visual AnalogueScales)• É um tipo <strong>de</strong> escala que advém <strong>da</strong> escala <strong>de</strong> Likert apresentando os mesmosobjectivos mas um formato diferente. Este tipo <strong>de</strong> escala baseia‐se numa linhahorizontal com 10 cm <strong>de</strong> comprimento apresentando nas extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>s duasproposições contrárias:ÚtilInútilO inquirido <strong>de</strong>ve respon<strong>de</strong>r à questão assinalando na linha a posição quecorrespon<strong>de</strong> à sua opinião.EscalaNuméricaEscala Guttman• A Escala Numérica <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> escala anterior na qual a linha se apresenta dividi<strong>da</strong>em intervalos regulares.• Apresenta um conjunto <strong>de</strong> respostas que estão hierarquiza<strong>da</strong>s. Deste modo se uminquirido concor<strong>da</strong>r com uma <strong>da</strong>s opções está a concor<strong>da</strong>r com to<strong>da</strong>s as que seencontram numa posição inferior na escala. Se o inquirido concor<strong>da</strong>r com umaopção mas não concor<strong>da</strong>r com as anteriores, tal significará que a escala está malconstruí<strong>da</strong>. A ca<strong>da</strong> item é atribuído cotação que se inicia em zero caso não sejaescolhi<strong>da</strong> nenhuma opção, um se for escolhi<strong>da</strong> a primeira opção, dois se forescolhi<strong>da</strong> a segun<strong>da</strong> opção e assim sucessivamente. Este tipo <strong>de</strong> escala apresentadiferenças relativamente às anteriores, pois preten<strong>de</strong> fazer uma apreciaçãoquantitativa relativamente à atitu<strong>de</strong> do inquirido; as restantes escalas me<strong>de</strong>m ograu <strong>de</strong> concordância ou discordância relativamente às proposições <strong>de</strong> opinião.Preparação do questionárioO investigador <strong>de</strong>ve ter em consi<strong>de</strong>ração, e como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong>, o tema emestudo, o qual <strong>de</strong>ve ser apresentado <strong>de</strong> uma forma clara e simplista, assim como adisposição gráfica do questionário, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e cor do papel, que <strong>de</strong>vem ser, tambémeles, a<strong>de</strong>quados ao público‐alvo.Deve ain<strong>da</strong>, o investigador, reduzir o número <strong>de</strong> folhas constituintes doquestionário, tanto quanto possível, uma vez que este facto po<strong>de</strong>, eventualmente,provocar algum tipo <strong>de</strong> reacção prévia negativa por parte do inquirido.Antes <strong>de</strong> administrar o questionário, o investigador <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r a uma revisãográfica porme<strong>no</strong>riza<strong>da</strong> <strong>da</strong>quele, <strong>de</strong> modo a evitar erros ortográficos, gramaticais ou <strong>de</strong>sintaxe, que tanto po<strong>de</strong> provocar erros ou induções nas respostas dos inquiridos, comopo<strong>de</strong> fazer baixar a credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do questionário por parte <strong>de</strong>stes.+ QUÍMICA DIGITAL 154


CAPÍTULO 3 – OBJECTIVOS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃOVantagens e <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> um inquérito por questionárioA escolha do questionário como instrumento <strong>de</strong> inquisição a um <strong>de</strong>terminadonúmero <strong>de</strong> pessoas apresenta vantagens e <strong>de</strong>svantagens relativas à sua aplicação.Na 3.8 apresentam‐se algumas <strong>de</strong>ssas vantagens:tabela 3.8 - Vantagens do questionário como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoVantagens do questionário• A aplicação <strong>de</strong> um inquérito por questionário possibilita uma maior sistematização dosresultados fornecidos;• Permite uma maior facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, bem como, reduz o tempo que é necessário<strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r para recolher e analisar os <strong>da</strong>dos;• Este método <strong>de</strong> inquirir apresenta ain<strong>da</strong> vantagens relaciona<strong>da</strong>s com o custo, sendo esteme<strong>no</strong>r.Se por um lado a aplicação <strong>de</strong> questionários é vantajosa, esta aplicaçãoapresenta também <strong>de</strong>svantagens. Na 3.9 apresentam‐se algumas <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>svantagens:tabela 3.9 - Desvantagens do questionário como metodologia <strong>de</strong> investigaçãoDesvantagens do questionário• Ao nível <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concepção, pois é necessário ter em conta vários parâmetrostais como: a quem se vai aplicar, o tipo <strong>de</strong> questões a incluir, o tipo <strong>de</strong> respostas que sepreten<strong>de</strong> e o tema abor<strong>da</strong>do;• Os questionários fornecem respostas escritas a questões previamente forneci<strong>da</strong>s e como talexiste uma eleva<strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> não‐respostas. Esta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> clareza <strong>da</strong>s perguntas,natureza <strong>da</strong>s pesquisas e <strong>da</strong>s habilitações literárias dos inquiridos. Relativamente ànatureza <strong>da</strong> pesquisa verifica‐se que se aquela não for <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> para o indivíduo, a taxa<strong>de</strong> não–resposta aumentará.Na sequência do estudo realizado construiu‐se um questionário do tipo misto,com questões <strong>de</strong> resposta aberta e resposta fecha<strong>da</strong>, usando a escala <strong>de</strong> Likert.Preten<strong>de</strong>‐se aplicar este questionário num projecto futuro envolvendo algunsprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas. (No capítulo 8 apresenta‐se em mais porme<strong>no</strong>ros objectivos <strong>de</strong>sse projecto).+ QUÍMICA DIGITAL 155


CAPÍTULO 4CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “ + QUÍMICA DIGITAL”1. Algumas consi<strong>de</strong>rações iniciais2. A escolha do conteúdo programático3. Planificação e concepção dos recursos “ + Química Digital”3.1. Planificação dos recursos ”+ Química Digital”3.2. Procedimentos adoptados para a concepção dos recursos ”+ Química Digital”4. Aspectos técnicos atendidos na concepção dos recursos “ + Química Digital”4.1. As ferramentas e os programas usados4.1.1. Câmara <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o4.1.2. Scanner HP4.1.3. Breve referência ao Macromedia FreeHand4.1.4. Breve referência ao Adobe Photoshop4.1.5. Breve referência ao Macromedia Flash4.1.6. Breve referência ao Adobe Premíere4.1.7. Breve referência ao Pro­Tools – HD75. Aspectos visuais relacionados com a concepção dos recursos “ + QuímicaDigital”5.1. A imagem5.2. A cor5.3. O texto e o tipo <strong>de</strong> letra5.4. O áudio5.5. A composição espacial dos ecrãs5.6. O interface5.7. A animação+ QUÍMICA DIGITAL 156


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”1. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES INICIAISOs recursos <strong>digitais</strong> produzidos <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong>sta dissertação integram um manualmultimédia <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas produzido <strong>no</strong> a<strong>no</strong> lectivo <strong>de</strong> 2005/2006(FIOLHAIS et al. 2006).No que respeita à produção <strong>de</strong> software educativo, vários po<strong>de</strong>m ser os caminhose os conselhos que po<strong>de</strong>m ser seguidos. Nesta perspectiva COSTA (2004), <strong>de</strong>ixa‐<strong>no</strong>s trêsrecomen<strong>da</strong>ções:• A concepção e realização <strong>de</strong> um software multimédia <strong>de</strong> caráctereducativo <strong>de</strong>ve ser ancora<strong>da</strong> em princípios sólidos sobre o processo <strong>de</strong>aprendizagem;• A produção <strong>de</strong> software educativo <strong>de</strong>ve privilegiar a construção <strong>de</strong>recursos e materiais que favoreçam o pensamento crítico e a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>cognitiva <strong>de</strong> nível superior;• A produção <strong>de</strong> software <strong>de</strong>ve ter em especial atenção a realização <strong>de</strong>recursos em Língua Portuguesa, nas áreas e níveis disciplinares mais<strong>de</strong>ficitários e que vão ao encontro dos interesses e motivações específicosdos jovens a quem se <strong>de</strong>stinam.2. A ESCOLHA DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICOCom a publicação do Decreto‐Lei n.º 06/2001, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Janeiro, entrou em vigora Reorganização Curricular do Ensi<strong>no</strong> Básico, que procura, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a Lei<strong>de</strong> Bases do Sistema Educativo, contribuir para a articulação entre os 1°, 2° e 3° ciclosdo Ensi<strong>no</strong> Básico. O Decreto‐Lei n.º 6/2001 introduziu alterações <strong>no</strong> <strong>de</strong>senho curricular<strong>da</strong> disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, que conjuntamente com as Ciências Naturaisformam a área <strong>da</strong>s Ciências Físicas e Naturais, com uma carga horária global <strong>de</strong> 6,5blocos <strong>de</strong> 90 minutos. A distribuição dos blocos entre as duas disciplinas e entre os trêsa<strong>no</strong>s (7°, 8° e 9° a<strong>no</strong>s) é flexível e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>cidido pela escola.As Orientações Curriculares para as Ciências Físicas e Naturais <strong>no</strong> 3° cicloapontam para um ensi<strong>no</strong> dos conteúdos numa perspectiva não por a<strong>no</strong>s mas sim porciclo, <strong>de</strong> forma a dotar os alu<strong>no</strong>s com um conjunto <strong>de</strong> competências essenciais que eles<strong>de</strong>vem adquirir até ao final <strong>de</strong>ste ciclo com o estudo <strong>de</strong> quatro temas organizadores(figura 4.1):+ QUÍMICA DIGITAL 157


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”• Terra <strong>no</strong> espaço;• Terra em transformação;• Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Terra;• Viver melhor na Terra.Figura 4.1 - Esquema organizador dos quatro temas a abor<strong>da</strong>r na área <strong>da</strong>s Ciências Físicas eNaturais <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> BásicoFonte: Currículo Nacional do Ensi<strong>no</strong> Básico – Competências EssenciaisO tema organizador – Terra em transformação – foi o tema que serviu <strong>de</strong> base àprodução dos recursos “+ Química Digital”.De acordo com o Currículo Nacional do Ensi<strong>no</strong> Básico – Competências Essenciaiscom este tema organizador “(…) preten<strong>de</strong>‐se que os alu<strong>no</strong>s adquiram conhecimentosrelacionados com os elementos constituintes <strong>da</strong> Terra e com os fenóme<strong>no</strong>s que nelaocorrem”. No âmbito <strong>de</strong>ste tema é essencial que as experiências <strong>de</strong> aprendizagempossibilitem aos alu<strong>no</strong>s do 3.º ciclo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s seguintes competências:• Reconhecimento <strong>de</strong> que na Terra ocorrem transformações <strong>de</strong> materiaispor acção física, química, biológica e geológica, indispensáveis para amanutenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> na Terra;• Classificação dos materiais existentes na Terra, utilizando critériosdiversificados;+ QUÍMICA DIGITAL 158


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”• Compreensão <strong>de</strong> que, apesar <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais e <strong>de</strong> seresvivos, existem uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s estruturais;• Utilização <strong>de</strong> símbolos e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los na representação <strong>de</strong> estruturas,sistemas e suas transformações;• Explicação <strong>de</strong> alguns fenóme<strong>no</strong>s biológicos e geológicos, aten<strong>de</strong>ndo aprocessos físicos e químicos;• Apresentação <strong>de</strong> explicações científicas que vão para além dos <strong>da</strong>dos,não emergindo simplesmente a partir <strong>de</strong>les, mas envolvendo pensamentocriativo;• I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los subjacentes a explicações científicascorrespon<strong>de</strong>ndo ao que pensamos que po<strong>de</strong> estar a acontecer <strong>no</strong> nívelnão observado directamente.A escolha do tema Terra em transformação <strong>de</strong>veu‐se ao facto <strong>de</strong> este ser o temaque introduz o estudo <strong>da</strong> Química <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico.Dado que as hipóteses que se colocaram <strong>no</strong> inicio do estudo foram (recor<strong>da</strong>rsecção 3 do capítulo 3):• Será que a utilização dos recursos “+ Química Digital” leva os alu<strong>no</strong>s aapren<strong>de</strong>r melhor Química?• Po<strong>de</strong>rão os recursos “+ Química Digital” contribuir para que os alu<strong>no</strong>sgostem mais <strong>de</strong> Química?Preten<strong>de</strong>u‐se criar um conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> com intuito <strong>de</strong> tornar esteprimeiro contacto dos alu<strong>no</strong>s com a Química uma experiência enriquecedora emotivante. Contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento do gosto por esta Ciência, assim como,proporcionar aos alu<strong>no</strong>s experiências <strong>de</strong> aprendizagem que lhes permitam apren<strong>de</strong>rmais, apren<strong>de</strong>r melhor e <strong>de</strong> forma mais significativa, foi também a <strong>no</strong>ssa intenção.O tema Terra em transformação <strong>de</strong>dica‐se essencialmente ao estudo dosMateriais. Nas Orientações Curriculares para as Ciências Físico‐Químicas po<strong>de</strong> ler‐se:“(…) Preten<strong>de</strong>‐se que os alu<strong>no</strong>s compreen<strong>da</strong>m que na Terra existem diferentesmateriais, com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s distintas e usos diversificados. (…) É importante discutirque materiais que já foram usados na sua forma natural – como é o caso <strong>da</strong> água – hojeem dia frequentemente têm <strong>de</strong> ser sujeitos a processos físicos e químicos <strong>de</strong>tratamento, para garantir graus <strong>de</strong> pureza ou potabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> aos seus usos. (…)No mundo à <strong>no</strong>ssa volta ocorrem transformações – físicas e químicas – que é importanteque os alu<strong>no</strong>s distingam”.+ QUÍMICA DIGITAL 159


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Não sendo esse o objectivo fun<strong>da</strong>mental que <strong>no</strong>rteia a <strong>no</strong>ssa investigação, o<strong>de</strong>senvolvimento dos recursos “+ Química Digital” po<strong>de</strong>rá também proporcionar aosalu<strong>no</strong>s o abando<strong>no</strong> <strong>de</strong> concepções alternativas associa<strong>da</strong>s à temática Materiais,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente: temperatura, dissolução, transformações físicas e químicas e mu<strong>da</strong>nças<strong>de</strong> fase (recor<strong>da</strong>r secção 2 do capítulo 2).Para o estudo <strong>da</strong> maioria dos conteúdos <strong>da</strong>s Ciências Físicas e Naturais é exigidoaos alu<strong>no</strong>s alguma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> abstracção. A abstracção é um nível cognitivo queexige um maior cui<strong>da</strong>do porque po<strong>de</strong> levantar dúvi<strong>da</strong>s e angústias aos professores quequerem obter o sucesso com os seus alu<strong>no</strong>s. Para os aju<strong>da</strong>r nesta tarefa, os professorestêm ao seu dispor as TIC, em geral, e os recursos <strong>digitais</strong> em particular.3. PLANIFICAÇÃO E CONCEPÇÃO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICADIGITAL”"A melhor aprendizagem é a que se compreen<strong>de</strong> e dá prazer".(PAPERT)As potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas do computador <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> estão bem <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>se envolvem diversas dimensões. No entanto, o software disponível é, na maioria doscasos, muito <strong>de</strong>ficiente e limitado embora se tenham registado alguns progressos.Uma <strong>da</strong>s tendências recentes do <strong>de</strong>senvolvimento do software educativo é a criação <strong>de</strong>micromundos <strong>de</strong> aprendizagem que oferecem perspectivas aliciantes para <strong>de</strong>senvolvercompetências cognitivas. Para PAPERT (1997) o software <strong>de</strong>ve favorecer reacçõesrápi<strong>da</strong>s, em <strong>de</strong>trimento do raciocínio, <strong>de</strong>ve permitir a quem apren<strong>de</strong> encarregar‐se <strong>da</strong>ssuas próprias explorações, construções e criações; <strong>de</strong>ve procurar‐se software quepermita que os raciocínios mais complexos e a aprendizagem <strong>de</strong> factos possam sertreinados e reforçados durante a construção do mundo simulado.Os professores, e outros técnicos <strong>de</strong> educação, po<strong>de</strong>m ser os principaisfacilitadores <strong>da</strong> integração dos recursos <strong>digitais</strong> na educação formal. Para que talaconteça, torna‐se necessário <strong>da</strong>r‐lhe conhecimento e se possível envolvê‐los <strong>no</strong> ciclo<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos recursos <strong>digitais</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a concepção à produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio aosreferidos recursos. Nas secções seguintes <strong>de</strong>ste capítulo (3.1 e 3.2) apresenta‐se aplanificação e as várias etapas pelas quais passou a concepção dos recursos “+ Química+ QUÍMICA DIGITAL 160


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Digital”. Mais adiante (secção 3.2 do capítulo 5) abor<strong>da</strong>‐se a produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong>apoio aos recursos produzidos.3.1. Planificação dos recursos ”+ Química Digital”Sempre que se inicia um empreendimento mais ou me<strong>no</strong>s complexo, tendo emvista alcançar <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s metas, torna‐se importante fazer uma previsão <strong>da</strong> acção aser realiza<strong>da</strong>. Esta previsão servirá como vector director que orienta a acção. No que serefere ao domínio <strong>da</strong> educação, esta necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> torna‐se ca<strong>da</strong> vez mais importante.Quando temos <strong>de</strong> realizar uma tarefa e estamos entusiasmados com ela, ficamos compressa <strong>de</strong> chegar ao fim. É importante não fazer as coisas <strong>de</strong> qualquer maneira. Ca<strong>da</strong>momento na execução <strong>da</strong> tarefa exige cui<strong>da</strong>dos próprios e uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação <strong>da</strong><strong>no</strong>ssa parte. De acordo com este propósito, organizou‐se e planificou‐se a concepçãodos recursos “+ Química Digital”. O organigrama 4.1 ilustra as etapas que antece<strong>de</strong>rama fase <strong>de</strong> planificação, dos recursos, propriamente dita.+ QUÍMICA DIGITAL 161


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Análise <strong>da</strong>s OrientaçõesCurriculares para adisciplina <strong>de</strong> CiênciasFísico‐Químicas do 3º ciclodo Ensi<strong>no</strong> Básico.Escolha do tema organizador– Terra em transformação e<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste <strong>da</strong> temáticaMateriais – temática queintroduz o estudo <strong>da</strong> Química<strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico.Consulta <strong>de</strong> diferentesmanuais escolares eanálise <strong>de</strong> diferentesestratégias <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>gem àtemática escolhi<strong>da</strong>.Dentro <strong>da</strong> temáticaMateriai selecção dostópicos a contemplar <strong>no</strong>srecursos“+ Química Digital”.Esboço dos recursos queconstituíssem em si umamais‐valia e queenriquecessem aabor<strong>da</strong>gem dos tópicosseleccionados.Organigrama 4.1 - Etapas que antece<strong>de</strong>ram a fase <strong>de</strong> planificação dos recursos“+ Química Digital”Tendo já um esboço dos recursos que, <strong>de</strong> acordo com a <strong>no</strong>ssa perspectiva <strong>de</strong>análise dos programas e dos manuais, constituíam uma mais‐valia <strong>no</strong> que diz respeito aoenriquecimento <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem dos diferentes tópicos e ao <strong>de</strong>spertar do factormotivacional para o estudo e para o gosto pela Química, avançou‐se para umaplanificação mais especifica <strong>de</strong>sses mesmos recursos.+ QUÍMICA DIGITAL 162


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Na tabela 4.1 po<strong>de</strong> ver‐se em mais porme<strong>no</strong>r a distribuição dos recursos <strong>digitais</strong>pelos seis primeiros tópicos que constituem a temática Materiais.Tabela 4.1 - Distribuição dos recursos <strong>digitais</strong> pelos tópicos que constituem a temáticaMateriaisTEMARECURSOS1. Introdução à Química · Animação – Introdução à Química2. Regras <strong>de</strong> segurança,símbolos <strong>de</strong> segurança ematerial <strong>de</strong> laboratório· Ví<strong>de</strong>o – Símbolos <strong>de</strong> segurança· Ví<strong>de</strong>o – Regras gerais <strong>de</strong> segurança· Ví<strong>de</strong>o – Manuseamento e aquecimento <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> ensaio usandoa lamparina <strong>de</strong> álcool· Ví<strong>de</strong>o – Transferência e <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> produtos químicos· Jogo – Certo ou Errado· Jogo – Fazer os pares3. A gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>materiais4. Substâncias e misturas <strong>de</strong>substâncias4.1 Tipos <strong>de</strong> misturas6. Transformações físicas etransformações químicas<strong>da</strong> matéria7. Distinguir substânciasrecorrendo aproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas· Jogo – Crucigramas – Materiais· Jogo – Sopa <strong>de</strong> letras – Materiais· Jogo – Crucigramas – Química, mistura <strong>de</strong> substâncias e soluções· Jogo – Sopa <strong>de</strong> letras – Mistura <strong>de</strong> substâncias· Animação – Misturas coloi<strong>da</strong>is· Ví<strong>de</strong>o – Preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre· Simulação – Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado· Ví<strong>de</strong>o – Determinar a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sólidos· Simulação – Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebuliçãoO conjunto “+ Química Digital” é composto por um total <strong>de</strong> 16 recursos,distribuídos como se indica na tabela 4.2.Tabela 4.2 - Número <strong>de</strong> recursos que constituem o conjunto “+ Química Digital”“+ Química Digital”Animações Ví<strong>de</strong>os Jogos SimulaçõesTOTAL 2 6 6 2A escolha <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> diversificados, como animações, jogos, ví<strong>de</strong>os esimulações computacionais <strong>de</strong>veu‐se ao facto <strong>da</strong> utilização didáctica, <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente+ QUÍMICA DIGITAL 163


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”integra<strong>da</strong>, <strong>de</strong>stes recursos apresentar diversas e reconheci<strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como sereferiu na secção 3 do capítulo 2.To<strong>da</strong>s as informações que se po<strong>de</strong>m ler e ouvir <strong>no</strong>s diferentes recursosresultaram <strong>de</strong> uma pesquisa aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> em livros científicos <strong>de</strong> Física e Química. Dadoo nível etário dos alu<strong>no</strong>s a quem se <strong>de</strong>stinam os recursos <strong>digitais</strong>, <strong>de</strong>cidiu‐se fazer textoscurtos e <strong>de</strong> fácil leitura ou audição para aju<strong>da</strong>r na compreensão dos conteúdos e aomesmo tempo evitar a <strong>de</strong>smotivação e a saturação dos alu<strong>no</strong>s aquando <strong>da</strong> exploraçãodos recursos.No anexo II encontra‐se a planificação dos recursos “+ Química Digital”, que,por sua vez, está disponível http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.3.2. Procedimentos adoptados para a concepção dosrecursos ”+ Química Digital”Uma fez planificados os diferentes recursos que integram o conjunto“+ Química Digital”, avançou‐se para a fase <strong>de</strong> concepção. A concepção dos recursos<strong>digitais</strong> passou por um conjunto <strong>de</strong> etapas que se <strong>de</strong>screvem <strong>no</strong> organigrama 4.2:+ QUÍMICA DIGITAL 164


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Reunião com o Designer on<strong>de</strong> seapresentou a planificação geral eforam <strong>da</strong><strong>da</strong>s informaçõesespecíficas sobre ca<strong>da</strong> recurso,<strong>de</strong> modo a a<strong>de</strong>quar o melhorpossível o <strong>de</strong>sign ao objectivo quese pretendia atingir.Reunião <strong>de</strong> preparação<strong>da</strong>s filmagens para arealização dos ví<strong>de</strong>os.Acompanhamento<strong>da</strong> realização <strong>da</strong>pós‐produção.Pós‐produção dosví<strong>de</strong>os, incluindo aadição <strong>de</strong> áudio elettering.Realização <strong>da</strong>sfilmagens.Verificação <strong>da</strong>a<strong>de</strong>quação do <strong>de</strong>sign<strong>de</strong>senvolvido aosobjectivos iniciais.Acompanhamento <strong>da</strong>realização <strong>da</strong> programaçãodos recursos.Reunião com o Programadoron<strong>de</strong> se apresentou aplanificação geral jáacompanha<strong>da</strong> do <strong>de</strong>sign<strong>de</strong>senvolvido e <strong>da</strong>s gravações <strong>de</strong>áudio a integrar <strong>no</strong>s recursos.Foram <strong>da</strong><strong>da</strong>s tambéminformações específicas sobreca<strong>da</strong> recurso, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente asfuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pretendi<strong>da</strong>s.Verificação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>quação dosprotótipos <strong>de</strong>senvolvidos aosobjectos <strong>de</strong>finidos.Organigrama 4.2 - Etapas segui<strong>da</strong>s na concepção dos recursos “+ Química Digital”Na secção seguinte dá‐se conta, <strong>de</strong> forma breve, <strong>de</strong> alguns aspectos técnicosatendidos na concepção dos recursos “+ Química Digital”.+ QUÍMICA DIGITAL 165


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”4. ASPECTOS TÉCNICOS ATENDIDOS NA CONCEPÇÃO DOSRECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”A concepção <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> para introduzir e motivar osalu<strong>no</strong>s para o estudo <strong>da</strong> Química tem necessariamente inerente uma escolha cui<strong>da</strong><strong>da</strong>dos programas e/ou ferramentas informáticas a serem utiliza<strong>da</strong>s na sua concepção.Existe actualmente <strong>no</strong> mercado uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> opções com diversas funções eque permitem alcançar resultados diferentes.Para além do conteúdo apresentado por um recurso digital, o seu aspecto visualé muito importante. O aspecto visual <strong>de</strong> um recurso é um elemento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impactopois tem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair, fascinar e motivar o utilizador para a sua exploração.O grafismo apresentado é muitas vezes o gran<strong>de</strong> responsável pelo seu sucesso. É a arteliga<strong>da</strong> à tec<strong>no</strong>logia.Os grafismos em informática eram, até há pouco tempo, inacessíveis e difíceis,para uma pessoa sem muitos conhecimentos nesta área. Segundo KINDERSLEY (1996) "há<strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, os grafismos <strong>de</strong> computador eram mais uma ciência que uma arte, osgrafismos para jogos <strong>de</strong> computador eram, em gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong>ixados aosprogramadores."Actualmente, a situação é diferente. Verifica‐se um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>programas mais simples que permitem uma utilização mais fácil e, com estes, surgiramvárias ferramentas que po<strong>de</strong>m aju<strong>da</strong>r <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projectos, mesmo paraquem não tenha conhecimentos muito profundos na área.4.1. As ferramentas e os programas usados4.1.1. Câmara <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>oPara a captura <strong>de</strong> imagens para a realização dos ví<strong>de</strong>os usou‐se a câmara <strong>de</strong>marca IKEGAMI, com a referência HC 400 e o formato <strong>da</strong> captura foi em DV CAM, DigitalBroadcast. No anexo III disponibilizam‐se, em mais porme<strong>no</strong>r, as especificações técnicas<strong>de</strong>sta ferramenta.+ QUÍMICA DIGITAL 166


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”4.1.2. Scanner HPSendo o <strong>de</strong>senho uma representação gráfica <strong>de</strong> uma forma real ou imaginária, talcomo a escrita, é uma forma <strong>de</strong> comunicação. Através <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logiasinformamos, divertimos e persuadimos.Todos os <strong>de</strong>senhos que integram os recursos “+ Química Digital” primeiro foram<strong>de</strong>senhados à mão com lápis <strong>de</strong> carvão, em papel branco formato A4, <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> foramdigitalizados usando um scanner HP e por fim foram pintados utilizando os programas <strong>de</strong>edição <strong>de</strong> imagem Macromedia FreeHand e/ou Adobe Photoshop.As vantagens <strong>de</strong> pintar digitalmente são propostas por KINDERSLEY (1996): "(...)qualquer i<strong>de</strong>ia po<strong>de</strong> ser ensaia<strong>da</strong>, pois os erros po<strong>de</strong>m ser corrigidos instantaneamente;e muitas são automatiza<strong>da</strong>s (...)".4.1.3. Breve referência ao Macromedia FreeHandO Macromedia FreeHand é uma aplicação <strong>de</strong> computador para criar gráficosvectoriais bidimensionais, principalmente orientados ao mercado profissional. Estádisponível em versões para o sistema operativo <strong>da</strong> Microsoft e <strong>da</strong> Apple.O Macromedia FreeHand é muito similar, <strong>no</strong> mercado pretendido, e nafuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao Illustrator do Adobe.Na figura seguinte apresenta‐se o ambiente <strong>de</strong> trabalho do MacromediaFreeHand, usado para produzir o grafismo dos vários recursos “+ Química Digital”.Figura 4.2 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Macromedia FreeHand.+ QUÍMICA DIGITAL 167


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”4.1.4. Breve referência ao Adobe PhotoshopO Adobe Photoshop é um editor gráfico (com algumas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> texto egráficos vectoriais) <strong>de</strong>senvolvido e publicado pela Adobe Systems. É o lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercadopara a manipulação bitmap comercial <strong>da</strong> imagem, e provavelmente o software maisconhecido produzido pela Adobe Systems. É geralmente reconhecido simplesmentecomo Photoshop. O Photoshop está actualmente disponível para o Sistema Operativo <strong>da</strong>Apple e <strong>da</strong> Microsoft.É possível escolher, na sua palete <strong>de</strong> cores, aquela que mais se a<strong>de</strong>qua, tambémentre texturas e superfícies on<strong>de</strong> pintar, po<strong>de</strong>ndo usar vários utensílios <strong>de</strong> pintura(lápis, caneta, pincel, borracha, etc.). O preenchimento com cor dos <strong>de</strong>senhos aten<strong>de</strong>ua diferentes aspectos como o gosto pessoal mas também a aspectos científicos epe<strong>da</strong>gógicos importantes que não podíamos ig<strong>no</strong>rar, assunto que <strong>de</strong>senvolveremos maisadiante na secção 5.2 <strong>de</strong>ste capítulo. Depois <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>senhos estarem pintados,sofreram um processo <strong>de</strong> montagem em que foi utilizado o programa Flash.Na figura 4.3 apresenta‐se o ambiente <strong>de</strong> trabalho do Adobe Photoshop.Figura 4.3 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Adobe Photoshop.4.1.5. Breve referência ao Macromedia FlashUm recurso digital multimédia, para obter o êxito pretendido, tem <strong>de</strong> atrair outilizador, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> principalmente do impacto que este cause. Tendo emconsi<strong>de</strong>ração este aspecto, a escolha <strong>de</strong> qual seria o melhor programa para a criaçãodos diferentes recursos recaiu sobre o Flash.+ QUÍMICA DIGITAL 168


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Todos os programas registam uma história que lhe é própria e <strong>de</strong> acordo comFEREIRA e AZEVEDO (2001): "Semelhante à história <strong>de</strong> muitos outros programas, o Flashcomeçou por ser Future Splash Animator, um peque<strong>no</strong> programa <strong>de</strong> criação e <strong>de</strong>animação vectorial. "Mais tar<strong>de</strong> (1997) a Macromedia modifica o <strong>no</strong>me <strong>de</strong>ste programa para Flashpromovendo‐o como ferramenta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> interfaces <strong>de</strong> navegação para a WWW.Tratando‐se o Flash <strong>de</strong> um programa simples e fácil, logo conquistou a suaimportância. É capaz <strong>de</strong> integrar e compatibilizar tudo o que é necessário para se po<strong>de</strong>rcriar as imagens e as animações. Neste programa, "(...) tudo isto é possível manipular<strong>de</strong> maneira simples e consistente, obtendo‐se em contraparti<strong>da</strong>, um resultadoprofissional e atractivo." (FEREIRA e AZEVEDO, 2001)Com ca<strong>da</strong> vez mais a<strong>de</strong>ptos, foi ganhando impulso e mercado, sendo hojelargamente utilizado. Contam‐se <strong>de</strong> entre os utilizadores do Flash, os profissionaisligados à Internet, alu<strong>no</strong>s, formadores e formandos <strong>de</strong> cursos nas áreas <strong>da</strong> Internet,multimédia ou ferramentas gráficas. Apesar <strong>de</strong> urna certa complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica, esteprograma não impe<strong>de</strong> a sua utilização por não profissionais para a concepção <strong>de</strong> sites,animações, etc. A principal finali<strong>da</strong><strong>de</strong> do Flash é realizar a edição e animação <strong>de</strong>imagens em sites na Internet (JORGE et al, 2001).Focado inicialmente para animações, as versões mais antigas do Flash ofereciampoucas características <strong>de</strong> interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e tinham consequentemente a potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> scripting muito limita<strong>da</strong>. As versões mais recentes incluem ActionScript, umalinguagem que tem uma sintaxe similar ao Javascript, mas um framework muitodiferente e diferentes bibliotecas <strong>de</strong> classes. O ActionScript, é usado para criar quaseto<strong>da</strong> a interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> (teclas, campos <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> do texto, listas) vistas em muitasaplicações flash. As versões mais recentes do Flash Player e a ferramenta <strong>de</strong> edição,têm procurado melhorar as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> scripting. O Flash MX 2004 introduziu oActionScript 2.0, uma língua <strong>de</strong> programação mais indica<strong>da</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>aplicações flash.O Flash 8, pelas suas características, pareceu‐<strong>no</strong>s reunir to<strong>da</strong>s as condiçõesnecessárias para o <strong>no</strong>sso projecto.Na figura 4.4 apresenta‐se o ambiente <strong>de</strong> trabalho do Flash 8 com o qual seproduziram os diversos recursos.+ QUÍMICA DIGITAL 169


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Figura 4.4 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Macromedia Flash.Esta versão foi aprimora<strong>da</strong> com <strong>no</strong>vos recursos, comparativamente às anteriorese é incontestável <strong>no</strong> profissionalismo dos seus resultados. Apresenta um alto<strong>de</strong>sempenho em todo o écran, com uma animação e interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> mais real quenunca, fazendo‐o crescer em populari<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que também <strong>no</strong>s contagiou <strong>de</strong> imediato.4.1.6. Breve referência ao Adobe PremíereO Adobe Premíere, produzido pela Adobe é um software <strong>de</strong> edição <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>outilizado largamente por profissionais <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o. Foi o software utilizado para realizar após‐produção dos ví<strong>de</strong>os que integram os recursos “+ Química Digital”. O ambiente <strong>de</strong>trabalho <strong>de</strong>ste software é apresentado na figura 4.5.Figura 4.5 - Adobe Premíere.+ QUÍMICA DIGITAL 170


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”4.1.7. Breve referência ao Pro‐Tools – HD7O software Pro‐Tools – HD7 foi usado para a gravação e edição <strong>de</strong> áudioassociado a alguns dos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos.Este software representa um avanço importante <strong>no</strong> po<strong>de</strong>r criativo <strong>da</strong>indústria do áudio. Com <strong>no</strong>vas características e funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, o Pro‐Tools – HD7oferece capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s alarga<strong>da</strong>s para gravação e edição <strong>de</strong> áudio e o MIDI, um po<strong>de</strong>relevado <strong>de</strong> mistura e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> eficiência realça<strong>da</strong>, e facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizaçãomelhora<strong>da</strong>. Na figura 4.6 apresentam‐se alguns ecrãs <strong>de</strong> trabalho do Pro‐Tools‐HD7.Figura 4.6 - Ambiente <strong>de</strong> trabalho do Pro‐Tools – HD7.5. ASPECTOS VISUAIS RELACIONADOS COM A CONCEPÇÃO DOSRECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”“Quase todo o ensi<strong>no</strong> é multimédia”(SCHRAMM, 1977)O aspecto visual é, como referimos anteriormente, importante na apresentação<strong>da</strong> informação num conjunto <strong>de</strong> recursos digitas <strong>de</strong> carácter educativo. Quando se criaum ambiente amigável <strong>de</strong> utilização este po<strong>de</strong> motivar o alu<strong>no</strong> a explorar software.+ QUÍMICA DIGITAL 171


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Passa‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> a fun<strong>da</strong>mentar as <strong>no</strong>ssas opções <strong>de</strong> cor, texto, tipo <strong>de</strong> letra,composição espacial do écran, interface e ain<strong>da</strong> o uso <strong>de</strong> animação.5.1. A imagemA imagem é uma forma <strong>de</strong> apresentação visual <strong>da</strong> informação que permite, entreoutras coisas, transmitir inúmeras informações ou i<strong>de</strong>ias; estabelecer relações entre asinformações e mostrar as relações com o tempo e or<strong>de</strong>m necessárias.Uma imagem po<strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> com diferentes finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como por exemplo:• Representar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Informar;• Comunicar i<strong>de</strong>ias;• Apelar;• Enriquecer ou <strong>de</strong>screver um texto;• Explicar relações complexas;• Contar histórias;• Entusiasmar e divertir;• Despertar paixões ou expressar sentimentos;• Outras utilizações...Uma imagem usa<strong>da</strong> em contexto educativo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar diferentesfunções. Na tabela 4.3 apresentam‐se algumas funções didácticas <strong>da</strong> imagem.Tabela 4.3 - Funções didácticas <strong>da</strong> imagemFunções didácticas <strong>da</strong> imagemFunçãoRepresentativa• Representa uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>;• A ilustração representativa substitui a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> original;• Retratos <strong>de</strong> pessoas, reprodução fiel <strong>de</strong> objectos, constatação <strong>de</strong> acontecimentos ou<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> fenóme<strong>no</strong>s.FunçãoAlusiva• A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> uma ilustração a uma mensagem escrita;• Imagem que orienta a leitura do texto;• Imagem que “alegra” o texto (expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong>), que se relaciona com ele e o ilustra <strong>de</strong>alguma forma;+ QUÍMICA DIGITAL 172


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Funções didácticas <strong>da</strong> imagemFunçãoEnunciadora• A imagem apresenta um enunciado;• Predica algo <strong>de</strong> um objecto <strong>de</strong> um lugar ou situação;• São exemplos os sinais <strong>de</strong> trânsito, sinal <strong>de</strong> proibido fumar, ícones <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> dosprogramas informáticos.FunçãoAtributiva• A imagem adjectiva uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Pictogramas ou curvas <strong>de</strong> evolução que não dispensam a apresentação <strong>de</strong> informaçãoquantitativa;• Explicação <strong>de</strong> fenóme<strong>no</strong>s ou processos.Função <strong>de</strong>Catalisação <strong>de</strong>Experiências• Organização do real já conhecido através <strong>da</strong> imagem;• A imagem não preten<strong>de</strong> transmitir informações <strong>no</strong>vas, mas sim facilitar a sistematização<strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Acumulação <strong>de</strong> experiências e contraposição <strong>de</strong> elementos.Função <strong>de</strong>Operação• A imagem informa <strong>de</strong> como realizar uma tarefa ou activi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• Imagem frequentemente orienta<strong>da</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>strezas e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s;• São exemplos os álbuns <strong>de</strong> colecções ou os manuais <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> equipamentoinformático ou electrodomésticosOs recursos “+ Química Digital” incluem imagens plásticas, isto é, imagens queforam sintetiza<strong>da</strong>s/cria<strong>da</strong>s assim como imagens técnicas, imagens que foramregista<strong>da</strong>s/captura<strong>da</strong>s.Quanto à temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>m encontrar‐se imagens fixas ou estáticas, porexemplo <strong>no</strong>s jogos e simulações e imagens anima<strong>da</strong>s ou em movimento, nas animações e<strong>no</strong>s ví<strong>de</strong>os.5.2. A corUma <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pela qual tomamos conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>no</strong>sro<strong>de</strong>ia é a percepção. Ela inicia‐se através dos sentidos que <strong>no</strong>s dão as sensações ecompleta‐se pela activi<strong>da</strong><strong>de</strong> crescente do <strong>no</strong>sso cérebro que ao receber as sensações,analisa‐as baseando‐se em experiências anteriores e fixa<strong>da</strong>s na memória.Na Psicologia, o estudo <strong>da</strong> percepção é <strong>de</strong> extrema importância porque ocomportamento <strong>da</strong>s pessoas é baseado na interpretação que fazem <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e nãosobre a própria reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para ca<strong>da</strong>um <strong>de</strong> nós, ca<strong>da</strong> pessoa percebe um objecto ou uma situação <strong>de</strong> acordo com os aspectosque têm especial importância para si própria.+ QUÍMICA DIGITAL 173


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”O processo <strong>de</strong> percepção tem início com a atenção que não é mais do que oprocesso <strong>de</strong> observação selectiva, ou seja, <strong>da</strong>s observações por nós efectua<strong>da</strong>s.Este processo faz com que nós percepcionemos alguns elementos em <strong>de</strong>sfavor <strong>de</strong>outros. Deste modo, são vários os factores que influenciam a atenção e que seencontram agrupados em duas categorias:• A dos factores exter<strong>no</strong>s (próprios do meio ambiente)• A dos factores inter<strong>no</strong>s (próprios do <strong>no</strong>sso organismo)Os factores exter<strong>no</strong>s mais importantes <strong>da</strong> atenção são:• A intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> – a <strong>no</strong>ssa atenção é particularmente <strong>de</strong>sperta<strong>da</strong> porestímulos que se apresentam com gran<strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>, por isso, as sirenes<strong>da</strong>s ambulâncias possuem um som alto e insistente;• O contraste – a atenção será muito mais <strong>de</strong>sperta<strong>da</strong> quanto maiscontraste existir entre as estimulações, tal como acontece com os sinais<strong>de</strong> trânsito pintados em cores vivas e contrastantes;• O movimento – constitui um elemento principal <strong>no</strong> <strong>de</strong>spertar <strong>da</strong> atenção,por exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedosque se movem;• A incongruência – prestamos mais atenção às coisas absur<strong>da</strong>s e bizarrasdo que ao que consi<strong>de</strong>ramos <strong>no</strong>rmal, por exemplo, na praia num dia <strong>de</strong>Verão prestamos mais atenção a uma pessoa que apanhe Sol usandocachecol do que a uma pessoa usando um fato <strong>de</strong> banho <strong>no</strong>rmal.Os factores inter<strong>no</strong>s que mais influenciam a atenção são:• A motivação – prestamos mais atenção a tudo o que <strong>no</strong>s motiva e <strong>no</strong>s dáprazer do que às coisas que não <strong>no</strong>s interessam;• A experiência anterior – a força do hábito faz com que prestemos maisatenção ao que já conhecemos e enten<strong>de</strong>mos;• O fenóme<strong>no</strong> social – a natureza social faz com que pessoas <strong>de</strong> contextossociais diferentes não prestem igual atenção aos mesmos objectos, porexemplo, os livros e os filmes a que se dá mais importância em Portugalnão <strong>de</strong>spertam a mesma atenção <strong>no</strong> Japão.+ QUÍMICA DIGITAL 174


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”O sentido mais importante para a percepção é a visão. Há que distinguir entre aPsicologia e a Física quando <strong>no</strong>s preocupamos com a percepção <strong>da</strong> cor pelos <strong>no</strong>ssosolhos.Sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> Física, a existência <strong>da</strong> cor está directamente relaciona<strong>da</strong>com a existência <strong>de</strong> luz. A difusão <strong>da</strong> luz <strong>no</strong> interior do globo ocular conduz à percepção<strong>da</strong> cor que tem um <strong>de</strong>terminado comprimento <strong>de</strong> on<strong>da</strong>. A luz solar apresenta várioscomprimentos <strong>de</strong> on<strong>da</strong> que <strong>no</strong> seu conjunto formam o espectro electromagnético.Apenas uma pequena faixa <strong>de</strong> radiação, situa<strong>da</strong> entre os 400 e os 700 nanómetros, ochamado Espectro Visível, é capta<strong>da</strong> pelas células receptoras – os cones e osbastonetes.Estas células enviam a mensagem ao cérebro permitindo criar a sensação <strong>da</strong> cor.O mecanismo <strong>da</strong> visão é semelhante ao <strong>da</strong> máquina fotográfica. A captação domovimento é consegui<strong>da</strong> por persistência <strong>da</strong> imagem na retina.Escolher a cor apropria<strong>da</strong> para um recurso digital torna‐se uma tarefa difícil eneste caso mereceu um estudo aprofun<strong>da</strong>do. A cor que o monitor <strong>no</strong>s apresenta po<strong>de</strong>ser entendi<strong>da</strong> pelo <strong>no</strong>sso cérebro <strong>de</strong> um modo diferente do que se estivéssemos aobservar um objecto real: "(...) o que se percebe com laranja <strong>no</strong> monitor <strong>de</strong> umcomputador é a combinação <strong>de</strong> duas frequências <strong>de</strong> luz ver<strong>de</strong> e vermelha, não afrequência do espectro real que você vê quando olha aquela fruta homónima, umalaranja, na luz do Sol." (KINDERSLEY, 1996).É preciso saber escolher a cor ou a textura que <strong>da</strong>rá <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> aparência a umobjecto. Estu<strong>da</strong>mos os objectos para os conhecer, para saber como as coisas existem efuncionam. Também é preciso saber ver. Saber ver é saber apreciar. É distinguir ca<strong>da</strong>coisa entre to<strong>da</strong>s as outras e <strong>de</strong>dicar algum tempo, <strong>da</strong>r‐lhe atenção. Se se quertransmitir uma mensagem ou uma i<strong>de</strong>ia, po<strong>de</strong>m utilizar‐se imagens colori<strong>da</strong>s queaju<strong>da</strong>m na comunicação. Estas <strong>de</strong>vem ser escolhi<strong>da</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente para não se correro risco <strong>de</strong> sofrer as consequências <strong>da</strong> sua má utilização.Quando se quer <strong>de</strong>senhar aquilo que se vê <strong>de</strong> modo a que fique o mais parecidopossível, tem que se ter em consi<strong>de</strong>ração como as diferentes formas e cores do <strong>de</strong>senhose relacionam entre si. Para que seja um bom <strong>de</strong>senho é preciso ter cui<strong>da</strong>do com acomposição dos seus elementos – os espaços, as letras e a cor. É importante escolher umforte contraste entre a cor do fundo e <strong>da</strong>s formas, mas não se <strong>de</strong>ve abusar do número<strong>de</strong> cores utiliza<strong>da</strong>s, tem <strong>de</strong> haver uma harmonia cromática. Desta forma limitámos o uso<strong>da</strong> cor aos aspectos e situações que aju<strong>da</strong>m na percepção e processamento <strong>da</strong>informação o que está <strong>de</strong> acordo com as orientações <strong>de</strong> MACDONALD (1991),SHNEIDERMAN (1992), CHAPMAN (1993) e PREECE (1993) citados por MORGADO (1993): "(+ QUÍMICA DIGITAL 175


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”...) o número <strong>de</strong> cores a utilizar <strong>de</strong>verá situar‐se entre quatro e sete, porque para além<strong>de</strong>ste número, e a não ser <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> utilizadores muito experimentados, po<strong>de</strong> registarsealguma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> processamento <strong>da</strong> informação e até confusão do utilizador".As várias cores escolhi<strong>da</strong>s tiveram como objectivo tornar os recursos <strong>digitais</strong>,motivantes e atractivos para os alu<strong>no</strong>s. Tivemos a preocupação <strong>de</strong> procurar respeitar ascores que <strong>no</strong>rmalmente se encontram <strong>no</strong>s objectos que ro<strong>de</strong>iam os alu<strong>no</strong>s numa sala <strong>de</strong>aula e fora <strong>de</strong>sta. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, aten<strong>de</strong>ndo a vários estudos efectuados e orientaçõessobre a utilização <strong>da</strong> cor em software educativo não podíamos <strong>de</strong>scurar questõestécnicas e pe<strong>da</strong>gógicas durante a concepção dos recursos “+ Química Digital”.5.3. O texto e o tipo <strong>de</strong> letraO homem sempre comunicou à distância, dos sinais <strong>de</strong> fumo até aos satélites,muitos foram os <strong>de</strong>safios.Como se sabe, na comunicação visual utilizam‐se frequentemente textos, quereforçam as mensagens visuais.Todos os recursos que integram o conjunto “+ Química Digital” apresentam textointegrado. Esse texto tem como principal objectivo fornecer informação essencial àcompreensão dos conteúdos subjacentes.De acordo com KINDERLEY (1996) o texto: "(...) é o elemento mais incisivo <strong>de</strong>que se po<strong>de</strong> dispor para produzir obras multimédia (...)". A maioria dos textos que sepo<strong>de</strong>m visualizar <strong>no</strong>s recursos <strong>digitais</strong> produzidos têm um carácter estático para que oalu<strong>no</strong> tenha oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> todo o tempo necessário para a leitura, comexcepção do texto que acompanha os ví<strong>de</strong>os e as animações, que aparece <strong>no</strong> ecrã <strong>de</strong>visualização, durante algum tempo (o tempo que <strong>no</strong>s pareceu razoável para a sualeitura) e <strong>de</strong>saparece, após alguns segundos, <strong>de</strong> modo a acompanhar a acção.Segundo VAUGHAN (1994), "Mesmo uma única palavra po<strong>de</strong> ser coberta <strong>de</strong> muitossignificados; então, à medi<strong>da</strong> que você começa a trabalhar em qualquer meio <strong>de</strong>comunicação, é importante cultivar a exactidão e clareza escolhendo bem as palavras".Conscientes <strong>de</strong> que as palavras po<strong>de</strong>m ter diferentes significados é preciso aten<strong>de</strong>r acertas regras para que estas causem o efeito pretendido.A informação escrita <strong>de</strong>ve estar conti<strong>da</strong> em poucas palavras e frases curtas, <strong>de</strong>modo a minimizar ou mesmo evitar a ambigui<strong>da</strong><strong>de</strong> e permitir a transmissão e captação<strong>de</strong> mensagens. O texto <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r ser lido rápi<strong>da</strong> e facilmente para promover aaprendizagem. Um aspecto importante que se teve em consi<strong>de</strong>ração é que um tipo <strong>de</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 176


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”letra a<strong>de</strong>quado para a apresentação <strong>de</strong> um texto em papel po<strong>de</strong> não ser o maisa<strong>de</strong>quado para uma apresentação <strong>de</strong> um texto em computador. Segundo osespecialistas, para leitura em ecrã <strong>de</strong>verão usar‐se tipos <strong>de</strong> letra não serifados 13 .Assim tendo à <strong>no</strong>ssa disposição uma varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> letra procurou‐seescolher os mais a<strong>de</strong>quados aos recursos em causa. A escolha do tipo <strong>de</strong> letra maisa<strong>de</strong>quado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> parte do tipo <strong>de</strong> mensagem a focar na composição. Emalguns casos necessita‐se <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> letra mais refina<strong>da</strong>, elegante ou <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>, <strong>no</strong>entanto haverá casos em que as letras <strong>de</strong>verão ser sóbrias. O tipo <strong>de</strong> letra <strong>de</strong>ve serescolhi<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma que seja agradável <strong>de</strong> ler e que esteja intimamente relaciona<strong>da</strong> como objectivo <strong>da</strong> mensagem e com o público a que é dirigido.Nos recursos <strong>digitais</strong> produzidos usou‐se um tipo <strong>de</strong> letra mais elegante einformal, que se espera sinónimo <strong>de</strong> motivação e interesse na exploração dos recursospelos alu<strong>no</strong>s.Relativamente aos títulos dos vários recursos, estes foram <strong>de</strong>stacados com umaespessura e um tamanho <strong>de</strong> letra maior.5.4. O áudioO áudio é um recurso importante ao serviço <strong>da</strong> educação. Tendo isso emconsi<strong>de</strong>ração, alguns dos recursos “+ Química Digital” apresentam áudio integrado,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente os ví<strong>de</strong>os e as animações.As razões que motivaram a integração <strong>de</strong>ste media <strong>no</strong>s recursos produzidosforam essencialmente:• A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir para uma literacia so<strong>no</strong>ra, disponibilizandorecursos que integram sons. É necessária uma familiarização com aspalavras e os conceitos científicos assim como com os ícones sobre sons;• Desenvolver a motivação <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s e <strong>de</strong>stacar i<strong>de</strong>ias fun<strong>da</strong>mentaisatravés <strong>da</strong> consistência entre som e texto e entre som e imagemvisualiza<strong>da</strong>s;13 Serifa é um peque<strong>no</strong> arredon<strong>da</strong>mento ou <strong>de</strong>coração <strong>no</strong> final <strong>de</strong> uma letra retoca<strong>da</strong>. Por exemplo, aleitura “Arial” é um tipo <strong>de</strong> letra não serifado.+ QUÍMICA DIGITAL 177


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”• O facto <strong>de</strong> o so<strong>no</strong>ro constituir uma via <strong>de</strong> repensar o fun factor, um dosingredientes responsáveis pelo sucesso <strong>de</strong> muitos dos materiais educativos<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.5.5. A composição espacial dos ecrãsA composição espacial <strong>de</strong> um écran <strong>de</strong> um recurso digital multimédia <strong>de</strong>veobe<strong>de</strong>cer a uma certa coerência entre to<strong>da</strong>s as variáveis, evitando cair <strong>no</strong> "espectáculovisual”. Esta consistência é fun<strong>da</strong>mental, e, por isso, procurou‐se manter uma certaconsistência em alguns elementos para que o alu<strong>no</strong> saiba que os botões que permitemrealizar uma tarefa comum aos vários recursos, se localizam em locais semelhantes. Porexemplo, os botões que permitem continuar ou terminar uma <strong>da</strong><strong>da</strong> acção localizam‐sesempre na parte inferior do ecrã. Isto constitui uma vantagem porque "as variáveis <strong>de</strong>repetição e consistência <strong>da</strong> localização do écran têm um efeito positivo <strong>no</strong> <strong>de</strong>sempenhodos utilizadores" (MORGADO, 1993).5.6. O interfaceConsi<strong>de</strong>ra‐se um interface <strong>de</strong> um computador, tudo o que constitui os elementosgráficos e integra o seu sistema <strong>de</strong> movimentação. Se as mensagens envia<strong>da</strong>s pelocomputador forem difíceis ou <strong>de</strong>sorganiza<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar a frustração <strong>no</strong>utilizador e consequente levar à sua <strong>de</strong>sistência.Por outro lado, tendo que po<strong>de</strong>mos ter utilizadores com diferentes níveis <strong>de</strong>familiari<strong>da</strong><strong>de</strong> com as TIC, a solução é tentar encontrar um compromisso que vá aoencontro do <strong>de</strong>safio que se coloca a qualquer que seja a pessoa. Segundo osprogramadores, o interface <strong>de</strong>ve ser simples.Quando se clica num botão alguma acção se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia, o que <strong>de</strong>monstra ainteractivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que é possível num recurso digital multimédia.Para facilitar a compreensão dos ícones resolvemos rotulá‐los com algumaspalavras que indicam aquilo a que dão acesso.+ QUÍMICA DIGITAL 178


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”5.7. A animaçãoA animação é mais do que um conjunto <strong>de</strong> efeitos especiais e é um dos principaisresponsáveis pelo dinamismo <strong>de</strong> um recurso multimédia.Privilegiou‐se a integração <strong>de</strong> animações <strong>no</strong>s vários recursos que compõe oconjunto “+ Química Digital”, enquanto:• Forma <strong>de</strong> atrair a atenção ou efeito <strong>de</strong>corativo;• Resposta à interacção do utilizador;• Forma <strong>de</strong> explicar a dinâmica <strong>de</strong> processos ou tarefas;• Simulação <strong>de</strong> processos físicos;• Elemento adicional <strong>de</strong> conteúdos escritos ou verbais;• Efeito <strong>de</strong> transição: autoplay ou durante a reprodução <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os.A Walt Disney produziu em 1927 a sua primeira combinação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho animadoe <strong>da</strong> figura viva 14 . Este filme resultou <strong>da</strong> elaboração <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos que foramsequenciados segundo uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m e cuja montagem provocou uma ilusãovisual <strong>de</strong> movimento. Recentemente, foi anunciado pela mesma instituição que o últimofilme animado em que foi usado o lápis e o papel, foi o "Paraíso <strong>da</strong> Barafun<strong>da</strong>" e que apartir <strong>de</strong>ste, tudo será produzido só com o auxílio do computador. Em informática, "osprogramas <strong>de</strong> animação <strong>no</strong> computador geralmente empregam os mesmos conceitos,procedimentos e lógica que a animação em papel" (KINDERSLEY, 1996).Para fazer as animações presentes <strong>no</strong>s recursos <strong>digitais</strong> usamos o Flash 8 como jáfoi referido anteriormente.Apresentamos <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> print screens <strong>de</strong> ecrãs <strong>de</strong> alguns dos recursos queintegram o conjunto “+ Química Digital” (figura 4.7, figura 4.8 e figura 4.9).Estes recursos, como foi dito atrás, foram posteriormente adquiridos por uma editora <strong>de</strong>manuais escolares e integram um projecto totalmente i<strong>no</strong>vador, que conjuga <strong>de</strong> formaintegra<strong>da</strong> um manual em versão digital com múltiplos recursos multimédia, quecomplementam e explicitam os conteúdos ao longo do manual – Manual Multimédia7CFQ.Todos os recursos têm um écran inicial semelhante ao indicado na figura 4.7.14Alice Cartoonland+ QUÍMICA DIGITAL 179


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Figura 4.7 - Écran inicial <strong>da</strong> simulação “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”.No segundo écran apresentado faz‐se a contextualização do recurso eexplica‐se a sua finali<strong>da</strong><strong>de</strong> (figura 4.8). Em alguns recursos <strong>no</strong> segundo écran, poropção, é apresenta<strong>da</strong> a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> do recurso já acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong> parte interactiva domesmo. Po<strong>de</strong>m também ser visualizados, na parte inferior do ecrã, os botões associadosà palavra que indica a sua função.Figura 4.8 - Finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> simulação “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”.+ QUÍMICA DIGITAL 180


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Simulação “ Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”Jogo “ Fazer os pares”Jogo “ Certo ou Errado”+ QUÍMICA DIGITAL 181


CAPÍTULO 4 – CONCEPÇÃO DOS RECURSOS “+ QUÍMICA DIGITAL”Jogo “ Crucigrama ‐ Materiais”Jogo “ Sopa <strong>de</strong> letras ‐ Materiais”Animação “ Química”Figura 4.9 - Ecrãs <strong>de</strong> alguns recursos que integram o conjunto “+ Química Digital”.+ QUÍMICA DIGITAL 182


CAPÍTULO 5ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS” + QUÍMICA DIGITAL” COM ALUNOS DO7º ANO DE ESCOLARIDADE1. A amostra do estudo1.1. Caracterização geral <strong>da</strong> amostra2. Sequência <strong>de</strong> aplicação/avaliação dos recursos <strong>digitais</strong> usados2.1. Planificação e preparação <strong>da</strong>s aulas2.2. Produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio aos recursos “+ Química Digital”.2.3. Registo <strong>de</strong> observações efectua<strong>da</strong>s2.4. Avaliação <strong>de</strong> software educativo+ QUÍMICA DIGITAL 183


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”1. A AMOSTRA DO ESTUDO1.1 Caracterização geral <strong>da</strong> amostraNuma tentativa <strong>de</strong> testar o impacto dos recursos “+ Química Digital”, realizou‐seum estudo numa turma <strong>de</strong> 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> Escola Ensi<strong>no</strong> Básico 2,3 <strong>de</strong> MariaLamas, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> lectivo <strong>de</strong> 2005/2006. Para tomar conhecimento <strong>da</strong>s característicasparticulares dos alu<strong>no</strong>s que exploraram os recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos, os mesmosrespon<strong>de</strong>ram a um inquérito na aula <strong>de</strong> apresentação. Perante as informações obti<strong>da</strong>s,elaborou‐se a tabela 5.1 com os <strong>da</strong>dos mais significativos para a caracterização geral <strong>da</strong>amostra.Tabela 5.1 - Sujeitos que exploraram os recursos “+ Química Digital”Caracterização dos sujeitos que exploraram os recursos “+ Química Digital”N.º total <strong>de</strong> sujeitos 21 Média <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>s 12 a<strong>no</strong>sN.º <strong>de</strong> raparigas 6 (29%) N.º alu<strong>no</strong>s que transitou sempre 11 (52%)N.º <strong>de</strong> rapazes 15 (71%)N.º <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s repetentes <strong>no</strong>7º a<strong>no</strong>4 (19%)RESIDÊNCIAIRMÃOSPorto 76% 0 irmãos 19% 2 irmãos 24%Arredores 24% 1 irmãos 43% 3 irmãos 14%PROFISSÃO DA MÃEPROFISSÃO DO PAIDoméstica 19% Desempregado 19%Cozinheira 19% Ven<strong>de</strong>dor 10%Desemprega<strong>da</strong> 14% Gestor <strong>de</strong> stocks 10%Emprega<strong>da</strong> <strong>de</strong> limpeza 10% Serralheiro 10%Outras(por exemplo,costureira, funcionáriapública, cabeleireira,operadora <strong>de</strong> caixa)38%Outras (por exemplo,reformado, talhante, motorista,empregado <strong>de</strong> mesa, auxiliar <strong>de</strong>acção educativa)52%+ QUÍMICA DIGITAL 184


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”EM CASANO FUTURO PRETENDEMTêm computador 76% Terminar o 9º a<strong>no</strong> 14%Têm Internet(dos que têm computador)31% Terminar o 12º a<strong>no</strong> 14%Ingressar num curso superior 67%Não sabem 5%RECURSOS QUE GOSTARIAM DE USAR PARA O DESENVOLVIMENTO DOS SEUS CONHECIMENTOSInternet 48%<strong>Recursos</strong> <strong>digitais</strong> educativos 33%Outros livros 14%Nenhuns 5%Analisando a tabela 5.1 verifica‐se que a maioria dos alu<strong>no</strong>s têm obtido sucessoao longo do seu percurso escolar (52%), talvez porque muitos <strong>de</strong>les preten<strong>de</strong>m ingressarnum curso superior (67%).A maioria dos pais <strong>de</strong>stes alu<strong>no</strong>s tem profissões liga<strong>da</strong>s ao sector secundário outerciário. Po<strong>de</strong> mesmo afirmar‐se que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s famílias, dos elementos <strong>da</strong>turma em causa, pertencem a um padrão sócio‐económico‐cultural médio/baixo.Contudo verifica‐se que a gran<strong>de</strong> maioria (76%) possui computador em casa, mas umapequena percentagem <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s possui ligação à Internet (31%).Quando questionados sobre que recursos que gostariam <strong>de</strong> usar para o<strong>de</strong>senvolvimento dos seus conhecimentos a maioria respon<strong>de</strong>u a Internet (48%),seguindo‐se a exploração <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> (33%).Do conjunto <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s aqui apresentados, apenas 8 foram sujeitos a entrevista.Na tabela 5.2 estão compila<strong>da</strong>s as suas principais características.+ QUÍMICA DIGITAL 185


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Tabela 5.2 - Sujeitos que foram submetidos à entrevistaCaracterização dos sujeitos que foram submetidos à entrevistaN.º total <strong>de</strong> sujeitos 8 Média <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>s 13N.º <strong>de</strong> raparigas 2 (25%) N.º alu<strong>no</strong>s que transitou sempre 5 (62,5%)N.º <strong>de</strong> rapazes 6 (75%)N.º <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s repetentes <strong>no</strong>7º a<strong>no</strong>1 (12,5%)RESIDÊNCIAIRMÃOSPorto 87,5% 0 irmãos 37,5% 2 irmãos 50%Arredores 12,5% 1 irmãos 0% 3 irmãos 12,5%HABILITAÇÕES DA MÃEHABILITAÇÕES DO PAI4º a<strong>no</strong> 37,5% 4º a<strong>no</strong> 37,5%6º a<strong>no</strong> 37,5% 6º a<strong>no</strong> 37,5%9º a<strong>no</strong> 25% 12º a<strong>no</strong> 25%PROFISSÃO DA MÃEPROFISSÃO DO PAIDesemprega<strong>da</strong> 25% Operário <strong>da</strong> construção civil 25%Cozinheira 12,5% Desempregado 12,5%Engoma<strong>de</strong>ira 12,5% Ven<strong>de</strong>dor 12,5%Emprega<strong>da</strong> <strong>de</strong> limpeza 12,5% Gestor <strong>de</strong> stocks 12,5%Florista 12,5% Serralheiro 12,5%Costureira 12,5% Motorista 12,5%Operadora <strong>de</strong> caixa 12,5% Reformado 12,5%EM CASANO FUTURO PRETENDEMTêm computador 87,5% Terminar o 12º a<strong>no</strong> 12,5%Têm Internet(dos que têm computador)25% Ingressar num curso superior 87,5%ACTIVIDADES REALIZADAS COM MAIS FREQUÊNCIA NO COMPUTADORUtilizar recursos <strong>digitais</strong> educativos 12,5%Navegar na Internet 100%Fazer trabalhos escolares(Textos e apresentações em PowerPoint)37,5%Jogar na Internet 62,5%Comunicar com outras pessoas(tipo chat)62,5%Outras coisas (download e e‐mail) 37,5%+ QUÍMICA DIGITAL 186


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Como era <strong>de</strong> esperar, esta amostra não é representativa <strong>da</strong> população em que seinsere, nem <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> portuguesa. Para estabelecer uma comparação entre os jovens<strong>da</strong> segun<strong>da</strong> amostragem e os jovens portugueses, recorreu‐se ao estudo As Tec<strong>no</strong>logias<strong>de</strong> Informação e Comunicação: Utilização pelos Alu<strong>no</strong>s, (PAIVA, 2003) e ao estudo Osjovens e a Internet (JOVENS E INTERNET, 2002), que se julga reflectirem bem a facetanacional (tabela 5.3). (Recor<strong>da</strong>r também a secção 1.9 do capítulo 2 on<strong>de</strong> se apresentamalguns <strong>da</strong>dos e conclusões <strong>de</strong>stes estudos).Tabela 5.3 - Comparação entre os jovens portugueses e os alu<strong>no</strong>s sujeitos a entrevistaJovens portuguesesJovens <strong>da</strong> amostraIRMÃOSHABILITAÇÕESEM CASAACTIVIDADESREALIZADAS COMMAIOR FREQUÊNCIANO COMPUTADORPAIMÃE0 17% 37,5%1 53% 0%2 19% 50%3 6% 12%4º 35% 37,5%6º 12% 37,5%9º 8 % 0 %12º 6 % 25%4º 32% 37,5%6º 15% 37,5%9º 8 % 25%12º 7% 0%Têm computador 64% 87,5%Têm Internet(dos que têm computador)36% 25%Navegar na Internet 30% 100%Fazer trabalhos escolares(Textos e apresentações emPowerPoint)75% 37,5%Jogar na Internet 43% 62,5%Comunicar com outraspessoas(tipo chat)Outras coisas (download ee‐mail)23% 62,5%15% 37,5%Apesar <strong>de</strong> se <strong>no</strong>tarem várias discrepâncias entre os jovens portugueses e osjovens <strong>da</strong> amostra sujeita a entrevista, é possível, após se terem ministrado umconjunto <strong>de</strong> aulas on<strong>de</strong> se aplicaram recursos <strong>digitais</strong> e muito se falou sobre as TIC e asua utilização, referir sobre os alu<strong>no</strong>s que:• Todos gostam <strong>de</strong> usar o computador;+ QUÍMICA DIGITAL 187


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”• A maioria possui meios informáticos em casa;• Em casa, utilizam o computador, essencialmente, para activi<strong>da</strong><strong>de</strong>slúdicas e conversação;• Na escola, utilizam o computador, principalmente, para pesquisar naInternet e para realizar os trabalhos escolares em grupo;• Os rapazes gostam mais <strong>de</strong> jogar, <strong>de</strong> navegar na Internet e <strong>de</strong> fazerdownload’s do que as raparigas;• As raparigas preferem usar o computador para o processamento <strong>de</strong> texto;• Quanto maior o índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social <strong>da</strong> família, mais meiosinformáticos os jovens têm em casa, mais tempo gastam a realizartrabalhos escolares, mais navegam na Internet, mais utilizam os chats eme<strong>no</strong>s recorrem aos computadores na escola.1. SEQUÊNCIA DE APLICAÇÃO/AVALIAÇÃO DOS RECURSOSDIGITAIS USADOSAo iniciar um a<strong>no</strong> lectivo, é importante que o professor tenha uma perspectivaabrangente sobre o processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem a <strong>de</strong>senvolver ao longo do a<strong>no</strong>,tanto <strong>no</strong> que diz respeito especificamente à sua disciplina como, <strong>de</strong> uma forma geral, àacção <strong>da</strong>s várias disciplinas consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como um todo na acção educativa.Para isso, antes do início <strong>da</strong>s aulas a primeira preocupação do professor <strong>de</strong>veconsistir em <strong>de</strong>limitar globalmente a acção a ser empreendi<strong>da</strong> ao longo <strong>de</strong> todo o a<strong>no</strong>escolar, isto é, em elaborar a planificação a longo prazo.De acordo com a planificação a longo prazo para a disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, estava previsto terminar o tema organizador – Terra <strong>no</strong> espaço – em meadosdo mês <strong>de</strong> Fevereiro, altura em que se <strong>da</strong>ria inicio ao estudo do tema – Terra emtransformação, e consequentemente à introdução <strong>da</strong> Química <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico.Assim, <strong>no</strong> início do segundo período (inicio <strong>de</strong> Janeiro) solicitou‐se a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>sala <strong>de</strong> aula <strong>no</strong>rmal para a sala <strong>de</strong> informática, tendo‐se reservado esta sala para asaulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas durante as semanas <strong>de</strong> aplicação dos recursos.Na semana que antece<strong>de</strong>u a aplicação dos recursos “+ Química Digital” fizeramsealguns ajustes em termos <strong>de</strong> programas <strong>no</strong>s computadores, testou‐se o DataShow e aquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> projecção, assim como os equipamentos <strong>de</strong> som. Tentou prepara‐se tudoem termos <strong>de</strong> recursos técnicos para os dias que se seguiam.+ QUÍMICA DIGITAL 188


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Os alu<strong>no</strong>s já sabiam que iriam participar neste projecto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a aula <strong>de</strong>apresentação. Porém, em muitas ocasiões voltou‐se a referir a aplicação dos recursos<strong>digitais</strong> logo que se iniciasse o estudo <strong>da</strong> Química, <strong>de</strong> forma a motiva‐los ca<strong>da</strong> vez mais.Na aula que antece<strong>de</strong>u o início <strong>da</strong> aplicação dos recursos “+ Química Digital”,conversou‐se com os alu<strong>no</strong>s e <strong>de</strong>stacaram‐se os seguintes aspectos:• As aulas <strong>da</strong>s próximas semanas irão integrar sempre a presença <strong>de</strong> umrecurso digital, que po<strong>de</strong>rá ser um ví<strong>de</strong>o, uma animação um jogo ou umasimulação computacional, havendo mesmo aulas em que serão convi<strong>da</strong>dosa explorar mais do que um recurso digital;• Nas aulas em que a proposta for a exploração <strong>de</strong> um jogo, não a encaremcomo uma aula meramente lúdica, pois esta terá sempre como objectivoprincipal a evolução do conhecimento;• O comportamento e o empenho observado nas aulas até aqui <strong>de</strong>vemmanter‐se;• Não haverá oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> repetir estas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que se vão realizar,pelo que <strong>de</strong>vem aproveitar ao máximo estas aulas diferentes;• Sejam responsáveis e mostrem‐se interessados, pois nesse caso as aulas<strong>de</strong>ste tipo po<strong>de</strong>rão repetir‐se para outros conteúdos;• Sempre que tiverem alguma dúvi<strong>da</strong>, à semelhança do que temacontecido, <strong>de</strong>vem solicitar aju<strong>da</strong>;• To<strong>da</strong>s as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a <strong>de</strong>senvolver durante as próximas semanas serãoti<strong>da</strong>s em conta na avaliação;• Um dos pilares <strong>de</strong>sta investigação é a vossa contribuição, por issopreocupem‐se em <strong>da</strong>r uma prestação positiva;• Na próxima aula dirijam‐se à sala <strong>de</strong> informática.Nas secções seguintes (2.1 e 2.2) apresenta‐se a planificação <strong>da</strong>s aulas nas quaisforam aplicados os recursos “+ Química Digital”, assim como os materiais <strong>de</strong> apoio àexploração dos mesmos.+ QUÍMICA DIGITAL 189


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”2.1. Planificação e preparação <strong>da</strong>s aulas" A eficiência do ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado em relação a um professor<strong>de</strong>terminado li<strong>da</strong>ndo com <strong>de</strong>terminados alu<strong>no</strong>s, num <strong>de</strong>terminado ambiente,enquanto procura alcançar <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s metas <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>. "(IN POPHAN E BAKER)Durante o a<strong>no</strong> lectivo e focalizando a acção que se <strong>de</strong>senrola <strong>no</strong> contexto <strong>da</strong>turma, é necessário elaborar pla<strong>no</strong>s a curto prazo <strong>de</strong> pequena amplitu<strong>de</strong>correspon<strong>de</strong>ntes às acções que <strong>no</strong> dia‐a‐dia vão concretizar os diferentes conteúdos dospla<strong>no</strong>s a longo e a médio prazo.É necessário salientar que o facto <strong>de</strong> se elaborar um pla<strong>no</strong> é tão importantequanto é importante ser‐se capaz <strong>de</strong> o pôr <strong>de</strong> parte. Uma aula <strong>de</strong>ve "acontecer", serviva e dinâmica, on<strong>de</strong> a trama complexa <strong>de</strong> inter‐relacções humanas, a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>interesses e características dos alu<strong>no</strong>s não preten<strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>calque do que está <strong>no</strong>papel. Mas isto não significa <strong>de</strong> modo algum que se perca o fio condutor que existenuma planificação. Significa é que ele não po<strong>de</strong> ser rígido, mas sim flexível ao ponto <strong>de</strong>permitir ao professor inserir <strong>no</strong>vos elementos, mu<strong>da</strong>r <strong>de</strong> rumo, se o exigirem asnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e/ou interesses do momento.Apresenta‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, a título <strong>de</strong> exemplo, a planificação <strong>da</strong> primeira aula,do conjunto <strong>de</strong> aulas nas quais foram aplicados os recursos “+ Química Digital”.As aulas foram planifica<strong>da</strong>s para blocos <strong>de</strong> 45 minutos. Em ca<strong>da</strong> aula apresenta‐se, pelome<strong>no</strong>s, uma questão motivadora para o estudo <strong>da</strong> temática proposta.No anexo IV po<strong>de</strong> encontrar‐se a lista <strong>da</strong>s planificações restantes, que, por suavez, está disponível em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 190


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Sub­tema – Materiais1ª Aula‐ Como é que a Química aju<strong>da</strong> a compreen<strong>de</strong>r o mundo material?Conteúdos· Introdução àQuímica.CompetênciasO alu<strong>no</strong> <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong>:· Relacionar aspectos do quotidia<strong>no</strong> com a Química.Desenvolvimento <strong>da</strong> AulaSumario· Introdução ao estudo do temaTerra em transformação.Apresentação <strong>da</strong> Química como aciência que se <strong>de</strong>dica ao estudo<strong>da</strong> matéria e <strong>da</strong>s suastransformações.<strong>Recursos</strong>· Computador.· DataShow.· Animação – "Química”.· Guião <strong>de</strong> visualização <strong>da</strong> animação.· Uma vez escrito o sumário e feita a chama<strong>da</strong>, iniciar a aula propriamente dita recor<strong>da</strong>ndo os alu<strong>no</strong>s que tal como tínhamos combinado vamos iniciar o estudo do tema Terra emtransformação e consequentemente o estudo <strong>da</strong> Química.· De modo a estimular a participação dos alu<strong>no</strong>s colocar‐lhe a seguinte questão motivadora: O que é a Química?· Solicitar que os alu<strong>no</strong>s verbalizem e partilhem as suas i<strong>de</strong>ias em gran<strong>de</strong> grupo.· Uma vez expostas algumas i<strong>de</strong>ias <strong>da</strong>r‐lhes a conhecer que a palavra Química vem <strong>de</strong> Alquimia, que significa “dos metais”. Fazendo alusão a filmes ou mesmo <strong>de</strong>senhos animados,referir que certamente eles já sabem que a Alquimia era a antiga prática <strong>de</strong> procurar transformar metais correntes em metais raros e valiosos, e que actualmente a Químicasignifica o conhecimento <strong>da</strong>s várias substâncias e <strong>da</strong>s suas transformações, sendo assim uma Ciência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>no</strong> mundo actual.· Para levar os alu<strong>no</strong>s a enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, a importância <strong>da</strong> Química <strong>no</strong>s mais diversos sectores do quotidia<strong>no</strong> apresentar‐lhes o seguinte conjunto <strong>de</strong> questões:‐ O que é, quimicamente, uma aspirina?‐ Como separar o ar <strong>no</strong>s seus vários componentes?‐ Que substâncias existem num sumo <strong>de</strong> laranja?‐ Porque está a diminuir a cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ozo<strong>no</strong>?· Segui<strong>da</strong>mente explicar‐lhes que estes são apenas alguns exemplos <strong>de</strong> questões respondi<strong>da</strong>s pela Química, pois esta Ciência aju<strong>da</strong> a compreen<strong>de</strong>r o mundo material.· Sensibilizando os alu<strong>no</strong>s para a constante evolução <strong>da</strong> ciência <strong>de</strong>stacar que apesar do e<strong>no</strong>rme conhecimento <strong>de</strong> que já dispomos sobre nós próprios e sobre o mundo que <strong>no</strong>s ro<strong>de</strong>ia,as respostas que temos hoje po<strong>de</strong>m revelar‐se imperfeitas amanhã. A Ciência não está to<strong>da</strong> feita e, provavelmente, nunca o estará!· Para estimular a motivação informar os alu<strong>no</strong>s que o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para as aulas seguintes será <strong>de</strong>scobrir como é que a Química aju<strong>da</strong> a compreen<strong>de</strong>r o mundo material.· Após este diálogo inicial on<strong>de</strong> se falou um pouco sobre o que é a Química, distribuir o guião <strong>de</strong> visualização e apresentar aos alu<strong>no</strong>s a animação “Química”.+ QUÍMICA DIGITAL 191


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”· Uma vez apresenta<strong>da</strong> a animação “Química” sem qualquer interrupção, repetir a sua apresentação fazendo as pausas a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>stacando os seguintes aspectos:‐ Os químicos i<strong>de</strong>ntificam, caracterizam e estu<strong>da</strong>m as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s materiais especialmente as transformações <strong>de</strong> uns materiais <strong>no</strong>utros.‐ Lavoisier, um químico francês que viveu <strong>no</strong> século XVIII é consi<strong>de</strong>rado o “pai <strong>da</strong> Química”. No século XIX outro químico muito famoso foi o russoMen<strong>de</strong>leïev, que lançou as bases <strong>da</strong> principal sistematização em Química, a chama<strong>da</strong> tabela periódica, como estu<strong>da</strong>rão em mais porme<strong>no</strong>r <strong>no</strong> 8º e 9º a<strong>no</strong>.‐ A Química tem imensas aplicações <strong>no</strong> dia‐a‐dia. Uma <strong>da</strong>s aplicações mais significativas <strong>da</strong> Química relaciona‐se com a chama<strong>da</strong> indústria química.‐ A Química é uma Ciência que tem relações muito importantes com outras Ciências e por isso os químicos <strong>de</strong> hoje trabalham em vários domínios,<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente na indústria química; na protecção do ambiente; em laboratórios <strong>de</strong> análises químicas e clínicas; em escolas e em centros <strong>de</strong> investigaçãocientífica.· Corrigir as questões presentes <strong>no</strong> guião e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> questionar os alu<strong>no</strong>s sobre a existência <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s e estimula‐los a colocar alguma questão que lhes tenha surgido e quegostassem <strong>de</strong> ver respondi<strong>da</strong>.· Para terminar esta primeira abor<strong>da</strong>gem ao estudo <strong>da</strong> Química sensibiliza‐los para a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que certas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rna (transportes, indústrias, etc.), embora úteis eindispensáveis têm consequências graves <strong>no</strong> clima do <strong>no</strong>sso planeta, com grave prejuízo para a <strong>no</strong>ssa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Assim a protecção <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do <strong>no</strong>sso planeta éuma obrigação <strong>de</strong> todos, e que os conhecimentos <strong>de</strong> Ciência, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente os <strong>de</strong> Química, contribuem para aju<strong>da</strong>r todos os ci<strong>da</strong>dãos nesse objectivo.Final <strong>da</strong> Aula· Solicitar aos alu<strong>no</strong>s que registem a seguinte questão <strong>no</strong> seu ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong> e que a realizem como trabalho <strong>de</strong> casa (TPC), cuja correcção faremos na aula seguinte.‐ Das activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e questões seguintes, quais dizem, directa ou indirectamente, respeito à Química?a) Cirurgia médica.b) Produção industrial <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> papel.c) Descontaminação <strong>da</strong>s águas para consumo.d) Formação <strong>da</strong>s rochas.e) Crescimento <strong>da</strong>s plantas.f) Qual é a constituição do petróleo bruto?g) Porque an<strong>da</strong> a Lua em volta <strong>da</strong> Terra?h) Quanto é a soma dos ângulos inter<strong>no</strong>s <strong>de</strong> um triângulo, qualquer que ele seja?i) Porque aze<strong>da</strong> o leite quando exposto ao ar muito tempo?· Informar os alu<strong>no</strong>s que a aula seguinte <strong>de</strong>correrá <strong>no</strong> laboratório, e que vamos conhecer algum do material mais comum num laboratório <strong>de</strong> Química.Observações:+ QUÍMICA DIGITAL 192


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”2.2. Produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio aos recursos“+ Química Digital”.O envolvimento dos professores na produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio aos recursos<strong>digitais</strong> é fun<strong>da</strong>mental, uma vez que serão solicitados com frequência a esclarecer osseus alu<strong>no</strong>s. A função do professor é uma função <strong>de</strong> criação e <strong>de</strong> recriação sistemática,que tem em conta o contexto em que se <strong>de</strong>senvolve a sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a população‐alvo<strong>de</strong>ssa activi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por este motivo, o professor precisa <strong>de</strong> conhecer o software, criarguiões técnicos e pe<strong>da</strong>gógicos <strong>de</strong> modo a ver facilita<strong>da</strong> a sua tarefa <strong>de</strong> ensinar eestimular a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a aprendizagem do alu<strong>no</strong> (recor<strong>da</strong>r secção 4 do capítulo 1).Apresentam‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> um exemplo <strong>de</strong> um roteiro <strong>de</strong> exploração que serviu<strong>de</strong> apoio à exploração <strong>de</strong> uma simulação computacional, assim como um guião para avisualização <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os. Desenvolveram‐se também algumas fichas <strong>de</strong> trabalho paraverificar se os alu<strong>no</strong>s estavam a adquirir os conhecimentos subjacentes à exploração dosrecursos “+ Química Digital”.No anexo V apresenta‐se o restante material <strong>de</strong>senvolvido, que, por sua vez,está disponível em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 193


Roteiro <strong>de</strong> exploração <strong>da</strong> simulação“ Ponto <strong>de</strong> fusão e Ponto <strong>de</strong> ebulição”Nome: ___________________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________________A temperatura a que uma substância sóli<strong>da</strong> fun<strong>de</strong>, é <strong>de</strong>signa<strong>da</strong> por ponto <strong>de</strong> fusão. Porexemplo, o alumínio fun<strong>de</strong> a 660 °C, ao passo que o ferro fun<strong>de</strong> a 1540 °C.A distinção entre substâncias líqui<strong>da</strong>s po<strong>de</strong> fazer­se não só pela temperatura a quesolidificam, chamado ponto <strong>de</strong> solidificação, como também pela temperatura a quefervem, chama<strong>da</strong> ponto <strong>de</strong> ebulição.Nesta simulação po<strong>de</strong>rás escolher substâncias e <strong>de</strong>terminar o seu ponto <strong>de</strong> fusão ouponto <strong>de</strong> ebulição a partir <strong>da</strong> representação gráfica <strong>da</strong> temperatura em função do tempo.1. No ecrã com as tabelas <strong>da</strong>s substâncias, selecciona a água para <strong>de</strong>terminar oponto <strong>de</strong> fusão, e <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> <strong>no</strong> botão seguinte.+ QUÍMICA DIGITAL 194


2. No ecrã seguinte são apresentados: um recipiente com a substância selecciona<strong>da</strong><strong>no</strong> estado sólido, um termómetro e um gráfico <strong>da</strong> temperatura em função dotempo <strong>de</strong> aquecimento. Clica sobre botão iniciar e po<strong>de</strong>rás ver a simulação doinício do aquecimento <strong>de</strong>sse substância. No final po<strong>de</strong>s recomeçar a simulação.a. Uma vez iniciado o aquecimento, o que observas <strong>no</strong> recipiente?_______________________________________________________b. Qual a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> fase que ocorre na substância?_______________________________________________________c. No <strong>de</strong>correr do aquecimento, o que acontece ao valor <strong>da</strong> temperaturaregista<strong>da</strong> <strong>no</strong> termómetro?_______________________________________________________d. A<strong>no</strong>ta o que observas <strong>no</strong> gráfico.______________________________________________________________________________________________________________e. A que correspon<strong>de</strong> o patamar constante do gráfico?_______________________________________________________f. Qual o valor do ponto <strong>de</strong> fusão <strong>de</strong>ssa substância?_______________________________________________________+ QUÍMICA DIGITAL 195


3. Repete agora para as outras duas substâncias e indica quais os seus pontos <strong>de</strong>fusão.SubstânciaPonto <strong>de</strong> fusãoÁguaEnxofreChumbo4. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados os pontos <strong>de</strong> fusão, é altura <strong>de</strong> seleccionar umasubstância <strong>da</strong> tabela do ponto <strong>de</strong> ebulição, proce<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> modo análogo ao <strong>da</strong><strong>de</strong>terminação do ponto <strong>de</strong> fusão.5. No ecrã seguinte são apresentados: um balão com a substância selecciona<strong>da</strong> <strong>no</strong>estado líquido, um termómetro e um gráfico <strong>da</strong> temperatura em função do tempo<strong>de</strong> aquecimento. Clica sobre botão iniciar e po<strong>de</strong>rás ver a simulação do início doaquecimento <strong>de</strong>sse substância. No final po<strong>de</strong>s recomeçar a simulação.+ QUÍMICA DIGITAL 196


a. Uma vez iniciado o aquecimento, o que observas <strong>no</strong> balão?_______________________________________________________b. Qual a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> fase que ocorre na substância?_______________________________________________________c. No <strong>de</strong>correr do aquecimento, o que acontece ao valor <strong>da</strong> temperaturaregista<strong>da</strong> <strong>no</strong> termómetro?_______________________________________________________d. A<strong>no</strong>ta o que observas <strong>no</strong> gráfico.______________________________________________________________________________________________________________e. A que correspon<strong>de</strong> o patamar constante do gráfico?_______________________________________________________f. Qual o valor do ponto <strong>de</strong> ebulição <strong>de</strong>ssa substância?_______________________________________________________6. Repete agora para as outras duas substâncias e indica quais os seus pontos <strong>de</strong>ebulição.SubstânciaPonto <strong>de</strong> ebuliçãoÁguaAcetonaChumbo7. Com base <strong>no</strong>s gráficos que observaste, comenta a seguinte afirmação: “ O ponto<strong>de</strong> fusão e o ponto <strong>de</strong> ebulição são uma característica que permite distinguir ei<strong>de</strong>ntificar substâncias”.+ QUÍMICA DIGITAL 197


Guião <strong>de</strong> visualizaçãoVí<strong>de</strong>o “ Regras gerais <strong>de</strong> segurança”Nome: ___________________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________________Visualiza atentamente o ví<strong>de</strong>o e procura respon<strong>de</strong>r às questões apresenta<strong>da</strong>s.1. Imagina que um colega teu entra <strong>no</strong> laboratório a correr. Ele está a proce<strong>de</strong>r correctamente?Se não, como <strong>de</strong>veria proce<strong>de</strong>r?2. Por que é que durante a realização <strong>de</strong> experiências num laboratório <strong>de</strong>ves usar bata?3. Depois <strong>de</strong> vestires a bata, o que <strong>de</strong>ves fazer antes <strong>de</strong> iniciares qualquer experiência?4. Indica dois acessórios que <strong>de</strong>ves usar para realizar qualquer experiência em segurança.5. Porque se <strong>de</strong>ve amarrar o cabelo comprido?6. Porque se <strong>de</strong>vem ler SEMPRE os rótulos dos frascos que contêm substâncias químicas?7. Como proce<strong>de</strong>r para reconhecer, via olfacto, uma substância química?8. Como <strong>de</strong>ves <strong>de</strong>ixar o laboratório quando terminares a realização <strong>da</strong>s tuas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sexperimentais?NOTAS:+ QUÍMICA DIGITAL 198


Ficha <strong>de</strong> trabalho n.º 1Nome: ___________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________Temática:Material <strong>de</strong>laboratório1. Faz a legen<strong>da</strong> <strong>da</strong> figura 1 i<strong>de</strong>ntificando algum material <strong>de</strong> uso comum num laboratório <strong>de</strong>Química.Fig. 1+ QUÍMICA DIGITAL 199


2. A figura 2 representa parte <strong>da</strong> escala <strong>de</strong> uma proveta na qual estão esquematiza<strong>da</strong>s trêsposições <strong>de</strong> leitura (1), (2) e (3)2.1. Qual é a posição correcta?2.2. Indica a me<strong>no</strong>r divisão <strong>da</strong> escala.2.3. Indica o volume <strong>de</strong> líquido contido na proveta.3. Indica alguns cui<strong>da</strong>dos a ter <strong>no</strong> manuseamento do material <strong>de</strong> vidro existente <strong>no</strong> laboratório.Fig. 23. Indica os cui<strong>da</strong>dos a ter <strong>no</strong> manuseamento do material <strong>de</strong> vidro existente <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong>Química.4. Indica, por or<strong>de</strong>m, quais os procedimentos a ter com o material utilizado quando se termina arealização <strong>de</strong> uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental.+ QUÍMICA DIGITAL 200


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”2.3. Registo <strong>de</strong> observações efectua<strong>da</strong>sTal como já se referiu na secção 6.1 do capítulo 3, as <strong>no</strong>tas <strong>de</strong> campo preten<strong>de</strong>mser um registo <strong>da</strong>s i<strong>de</strong>ias, estratégias, reflexões e palpites, bem como os padrões quevão emergindo <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma observação. Assim, o <strong>no</strong>sso principal objectivo foirecolher <strong>da</strong>dos sobre o ambiente vivido nas aulas durante as quais se proce<strong>de</strong>u àimplementação dos recursos “+ Química Digital” junto <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa amostra <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s.Alguns dos aspectos gerais que se procuraram observar e registar foram:• Entusiasmo ao entrarem na sala <strong>de</strong> aula;• A<strong>da</strong>ptação a um ambiente diferente, do vivido até ao momento, <strong>no</strong>contexto <strong>da</strong>s aulas <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas;• Comentários e reacções à apresentação e exploração dos vários recursos;• Entusiasmo e facili<strong>da</strong><strong>de</strong> na procura <strong>da</strong>s respostas para as questõespresentes <strong>no</strong>s roteiros, guiões e fichas <strong>de</strong> trabalho;• Comportamento face à contínua e progressiva exploração dos recursos;• Facili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s para explorarem os recursos;• Entusiasmo perante os jogos;• Organização do trabalho <strong>de</strong> grupo;• Relações entre os vários elementos dos diferentes grupos;• Frequência <strong>de</strong> solicitações à professora.Na tabela 5.4 apresenta‐se o registo <strong>de</strong> algumas observações mais relevantesefectua<strong>da</strong>s nas aulas durante as quais se proce<strong>de</strong>u à aplicação dos recursos “+ QuímicaDigital”.+ QUÍMICA DIGITAL 201


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Tabela 5.4 - Registo <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s nas aulas durante as quais se proce<strong>de</strong>u àimplementação dos recursosAulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s1ª AulaAnimação:"Química”Guião <strong>de</strong> visualização<strong>da</strong> animação• Na <strong>no</strong>ite que antece<strong>de</strong>u esta primeira aula sonhei que oscomputadores tinham bloqueado todos e não haviacondições técnicas para ter aula. Acor<strong>de</strong>i com a sensaçãoque estava <strong>de</strong>masiado stressa<strong>da</strong> com esta primeira aula,talvez estivesse com receio <strong>de</strong> que o impacto <strong>de</strong>steprimeiro recurso não tivesse os efeitos que eu esperava e<strong>de</strong>sejava <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s.• Foi um dia atribulado, almocei muito à pressa e atécheguei atrasa<strong>da</strong> ao Centro <strong>de</strong> <strong>Recursos</strong> Educativos (CRE).A dona Conceição, a funcionária que está lá comigo, atédisse que pensava que eu ia faltar, pois não costumochegar atrasa<strong>da</strong>!• Pela primeira vez não fiquei <strong>no</strong> CRE <strong>no</strong> intervalo. Sai às15h40m e fui para a sala <strong>de</strong> informática pois ain<strong>da</strong> tinha <strong>de</strong>ligar as colunas e o DataShow, testar as últimas coisas paraa aula.• Encontrei alguns alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> intervalo que fizeram questão<strong>de</strong> me aju<strong>da</strong>r na preparação <strong>da</strong> sala e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> perceberque não tinha a password um alu<strong>no</strong>, muito prestavelmentefoi chamar a funcionária.• A senhora com muito boa vonta<strong>de</strong> tentou colocar umapassword mas não era aquela! Tive <strong>de</strong> esperar mais <strong>de</strong> 5minutos até chegar a dona Ana que sabia a password.• Acho que o facto <strong>de</strong> a aula ser na sala <strong>de</strong> informática osmotivou especialmente. Estavam muito interessados ereceptivos às minhas questões e solicitações <strong>de</strong>participação.• Recor<strong>de</strong>i‐lhes o propósito <strong>da</strong>s próximas aulas e aimportância <strong>da</strong> sua participação.• Foi muito gratificante ver as suas expressões <strong>de</strong> entusiasmoe atenção. Não se fez qualquer ruído durante avisualização <strong>da</strong> animação.• Termina<strong>da</strong> a visualização, um dos alu<strong>no</strong>s comentou: “Estámuito fixe, foi a “stôra” que fez? Assim apren<strong>de</strong>‐semelhor!”+ QUÍMICA DIGITAL 202


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s• Os comentários foram muito positivos, até os maisdistraídos e <strong>de</strong>sinteressados referiram: “ Assim apren<strong>de</strong>ssemelhor.”; “Já percebi o que é a Química”.• Os alu<strong>no</strong>s respon<strong>de</strong>ram sem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> às questõespresentes <strong>no</strong> guião <strong>de</strong> visualização <strong>da</strong> animação.• Lembro‐me que senti uma gran<strong>de</strong> alegria interior porque ossentia motivados e por ver “os meus meni<strong>no</strong>s” a assistirema algo que eu tinha elaborado. Foi muito gratificante,senti‐me feliz!• Um dos alu<strong>no</strong>s que é <strong>no</strong>rmalmente distraído perguntou <strong>no</strong>fim <strong>da</strong> aula: “ Oh “Stôra” qual é o <strong>no</strong>me do pai <strong>da</strong> Químicae do outro senhor <strong>da</strong> tabela periódica?”• Um outro alu<strong>no</strong> comentou: “ Eu vi ali uma imagem <strong>de</strong> umbolo e percebi logo que a Química está relaciona<strong>da</strong> com astransformações <strong>da</strong>s “coisas”, também sabia porque aminha mãe é cozinheira”.2ª Aula3ª AulaFicha <strong>de</strong> trabalhonº 1Ví<strong>de</strong>o – “Símbolos <strong>de</strong>segurança”Guião <strong>de</strong> visualizaçãodo ví<strong>de</strong>o• A segun<strong>da</strong> aula <strong>de</strong>correu <strong>no</strong> laboratório. Nesta aula àsemelhança <strong>da</strong> primeira, todos os alu<strong>no</strong>s se encontravam àporta <strong>da</strong> sala na hora do toque. Estavam bastanteentusiasmados e entraram na sala dizendo: “ Hoje vamosconhecer o material para <strong>de</strong>pois fazermos experiências”.• A aula foi bastante produtiva, tendo conseguido alcançar osobjectivos a que me propus na planificação <strong>da</strong> mesma.• Todos os alu<strong>no</strong>s realizaram, sem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a ficha <strong>de</strong>trabalho e mostraram‐se muito atentos e participativos.• Esta aula <strong>de</strong>correu na sala <strong>de</strong> informática e foi <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> aoestudo <strong>da</strong>s regras e procedimentos <strong>de</strong> saberestar/trabalhar num laboratório <strong>de</strong> Química.• O entusiasmo e a pontuali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s foram <strong>no</strong>tórios.• Distribuídos os guiões <strong>de</strong> visualização, <strong>de</strong>u‐se início àapresentação dos ví<strong>de</strong>os, tempo durante o qual os alu<strong>no</strong>spermaneceram em silêncio total e absoluta concentração(confesso que nem eu esperava tanta concentração!).Mostraram‐se bastante entusiasmados na procura <strong>da</strong>srespostas para as questões presentes <strong>no</strong> guião.• Termina<strong>da</strong> a primeira apresentação do ví<strong>de</strong>o, oscomentários foram bastantes e diversos: “ Eu já conhecia+ QUÍMICA DIGITAL 203


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>sestes símbolos <strong>de</strong> segurança, mas não sabia que existiamem tantos produtos e que era preciso tanto cui<strong>da</strong>do!”;“”Stôra”, assim sim, eu nem tenho <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r porquefecho os olhos e lembro‐me dos símbolos e dos produtoson<strong>de</strong> eles aparecem!”; “ Devíamos usar mais ví<strong>de</strong>os assimaprendíamos melhor e ficávamos com os conhecimentospara sempre!”.• Tão empenhados que estavam na procura <strong>da</strong>s respostas àsquestões presentes <strong>no</strong> guião, solicitaram <strong>no</strong>vamente avisionamento do ví<strong>de</strong>o.4ª AulaVí<strong>de</strong>o – “Regras gerais<strong>de</strong> segurança”Ví<strong>de</strong>o – “Manuseamentoe aquecimento <strong>de</strong>tubos <strong>de</strong> ensaio usandoa lamparina <strong>de</strong> álcool”Ví<strong>de</strong>o – “Transferênciae <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong>produtos químicos”Guiões <strong>de</strong> visualizaçãodos ví<strong>de</strong>os• A quarta aula, <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> ao estudo <strong>da</strong> segurança <strong>no</strong>laboratório, <strong>de</strong>correu <strong>de</strong> modo muito semelhante àanterior.• Foi uma animação geral quando se aperceberam que apessoa que aparecia <strong>no</strong>s ví<strong>de</strong>os era eu, a professora <strong>de</strong>les(e autora <strong>de</strong>sta dissertação).• Fizeram comentários como: “ Eu disse logo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inícioque era a “Stôra” que aprecia ali”; “ Além <strong>de</strong> usarmosestas “coisas” que a “Stôra” fez e estes guiões que nuncatínhamos visto, ain<strong>da</strong> é a “Stôra” que aparece <strong>no</strong>s ví<strong>de</strong>os”;“ Eu gosto muito mais <strong>de</strong> Química, assim!”.• Na sequência <strong>de</strong>sta animação, um alu<strong>no</strong> repetente, (aquem eu tinha <strong>da</strong>do negativa <strong>no</strong> primeiro período), disse: “Eu vou ser sincero, já tinha pensado <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong>stadisciplina porque não conseguia “pescar” na<strong>da</strong>, mas agoraestou com força e vou tirar boas <strong>no</strong>tas. Isto não é difícil eaté tem a ver com a <strong>no</strong>ssa vi<strong>da</strong>!”.• Os guiões foram respondidos sem qualquer dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>.Registou‐se alguma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m <strong>no</strong> momento <strong>da</strong> correcção,pois o entusiasmo e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar era tal quetiveram <strong>de</strong> ser chamados à atenção para que nãoesquecessem as regras <strong>de</strong> participação or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, pedindoa palavra antes <strong>de</strong> começarem a falar.+ QUÍMICA DIGITAL 204


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s5ª AulaJogo – “Certo ouErrado”Jogo – “Fazer os pares”Ficha <strong>de</strong> trabalhonº 2• Esta aula foi <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à consoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> conhecimentos,tendo‐se proporcionado aos alu<strong>no</strong>s a exploração <strong>de</strong> doisjogos didácticos – “Certo ou Errado” e “Fazer os pares”.• Foram inicialmente explicados os objectivos, ofuncionamento dos jogos (que por serem simples eintuitivos julgamos dispensar roteiros <strong>de</strong> exploração), e omodo como se pretendia que os grupos trabalhassem.Recordou‐se que os jogos não <strong>de</strong>veriam ser encaradoscomo recursos meramente lúdicos, mas explorados com ointuito <strong>de</strong> retirar <strong>de</strong>les partido pe<strong>da</strong>gógico.• A exploração dos jogos foi o auge <strong>da</strong> aula. Os alu<strong>no</strong>sestavam perante o que mais gostavam <strong>de</strong> fazer, colocar as“maõs‐na‐massa” <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ser eles aexplorar os recursos, situação à qual acrescia o factormotivação por estes recursos serem jogos.• No <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> exploração dos jogos foi interessanteobservar as discussões construtivas que <strong>de</strong>corriam <strong>no</strong>interior dos grupos, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> encontrar a opçãocorrecta. Todos os grupos exploraram correctamente ecom bastante facili<strong>da</strong><strong>de</strong> os jogos.• Questionados sobre o facto <strong>de</strong> os jogos serem intuitivos,respon<strong>de</strong>ram: “ Nem era necessário a “Stôra” ter ditona<strong>da</strong>, percebe‐se bem o que se preten<strong>de</strong> com os jogos ecomo se joga!”.• Termina<strong>da</strong> a aula e a exploração que tinha sido solicita<strong>da</strong>,alguns alu<strong>no</strong>s pediram para ficar mais um pouco paraexplorarem <strong>no</strong>vamente os jogos (tal foi‐lhes permitido pois<strong>de</strong> segui<strong>da</strong> não tinham mais aulas e a sala estavadisponível). Manifestaram um apreço particular pelo jogo“Fazer os pares”.• Quando estávamos a terminar <strong>de</strong> arrumar a sala para sair,um dos alu<strong>no</strong>s disse: “ Agora é que eu entendo aquilo quese diz <strong>de</strong> que a brincar também se apren<strong>de</strong>. Eu sinto quecom os jogos aprendi além <strong>de</strong> me ter divertido!”.• Esta aula foi particularmente gratificante. Vê‐los felizes ea apren<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> uma forma que para eles é significativa(pois até quiseram ficar fora do tempo <strong>de</strong> aula), fez‐mesentir que certamente estes recursos po<strong>de</strong>riam aju<strong>da</strong>r amotivá‐los para a Ciência.+ QUÍMICA DIGITAL 205


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s6ª AulaTexto <strong>de</strong> apoio nº1Jogo – “Crucigrama ‐Materiais”Jogo – “Sopa <strong>de</strong> letras ‐Materiais”Ficha <strong>de</strong> trabalhonº 3• Alguns alu<strong>no</strong>s foram ter comigo ao CRE e disseram que játinham falado com a funcionária para preparar a sala <strong>de</strong>informática porque a aula ia <strong>de</strong>correr lá.• O entusiasmo ao entrar na sala era geral.• Sentaram‐se <strong>no</strong>s locais habituais e solicitaram que seescrevesse rapi<strong>da</strong>mente o sumário, para <strong>da</strong>r início à aula e<strong>de</strong>pois à exploração dos jogos.• Foi curioso observar que os alu<strong>no</strong>s que até então eramrepreendidos pelo seu mau comportamento e porperturbarem a aula, eram agora os que chamavam àatenção dos colegas e lhes diziam que se mantivessem emsilencio para que a aula pu<strong>de</strong>sse avançar, porque elesqueriam ouvir e perceber tudo.• Todos os alu<strong>no</strong>s <strong>da</strong> turma fizeram os trabalhos <strong>de</strong> casa(facto que se começou a verificar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio <strong>da</strong>aplicação dos recursos “+ Química Digital”) e disseram quenão tiveram qualquer dúvi<strong>da</strong> durante a sua execução, oque se comprovou <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> correcção.• À semelhança do que aconteceu na aula anterior oentusiasmo na exploração dos jogos foi gran<strong>de</strong>.• As opiniões dividiram‐se entre os que preferiram a “Sopa<strong>de</strong> letras” e o “Crucigrama – Materiais”.• Os grupos funcionaram harmoniosamente e trabalharam <strong>de</strong>forma colaborativa. Todos alcançaram os objectivospropostos e a solicitação <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> professora foipraticamente nula.• No final <strong>da</strong> aula, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter distribuído a ficha <strong>de</strong>trabalho para resolverem em casa, um alu<strong>no</strong> referiu:“A “stôra” podia <strong>da</strong>r um CD com estas “coisas” que nósusamos aqui na aula para nós mexermos em casa”.• Nesse dia, ao chegar à sala dos professores encontrei aDirectora <strong>de</strong> Turma que me disse que os alu<strong>no</strong>s falavammuito <strong>da</strong> aula <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas e dos recursosque estávamos a usar. Referiu também que os alu<strong>no</strong>sdisseram que estavam a comportar‐se bem, porquegostavam <strong>da</strong>s aulas e a matéria até se aprendia melhor.• Estes factos vieram a ser confirmados aquando <strong>da</strong>realização do teste <strong>de</strong> avaliação, cuja média <strong>da</strong> turmarondou os 75%.+ QUÍMICA DIGITAL 206


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s7ª AulaTexto <strong>de</strong> apoio nº 2• Nesta aula manteve‐se o interesse e o entusiasmo <strong>da</strong>turma, apesar <strong>de</strong> não se terem utilizado recursos <strong>digitais</strong>.8ª AulaAnimação – “Misturascoloi<strong>da</strong>is”Guião <strong>de</strong> visualização<strong>da</strong> animaçãoJogo – “Crucigrama –Química, mistura <strong>de</strong>substâncias e soluções”Jogo – “Sopa <strong>de</strong> letras –Mistura <strong>de</strong> substâncias”• Nesta aula a apresentação <strong>da</strong> animação “Misturascoloi<strong>da</strong>is” foi o ponto alto <strong>da</strong> aula.• Os alu<strong>no</strong>s tinham aprendido a distinguir substâncias <strong>de</strong>misturas <strong>de</strong> substâncias e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas a distinguir asmisturas homogéneas <strong>da</strong>s heterogéneas.• Depois <strong>de</strong> lhes ter solicitado a classificação <strong>da</strong>s misturas:leite, sangue, maionese e ketchup e <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong> turmaafirmar categoricamente tratarem‐se <strong>de</strong> misturashomogéneas (o que era legítimo, pois os alu<strong>no</strong>s não têmmicroscópio incorporado), era ver a expressão <strong>de</strong>les <strong>de</strong><strong>de</strong>silusão e <strong>de</strong> frustração quando lhes disse que estavaerrado. Afinal aquelas misturas que pareciam homogéneasnão o eram <strong>de</strong> facto. Todos indignados questionavam oporque, afinal não se conseguiam distinguir os seuscomponentes, como diziam.• Uma vez apresenta<strong>da</strong> a animação seguiram‐se algunscomentários dos alu<strong>no</strong>s: “ A “Stôra” nem precisa <strong>de</strong>explicar o porquê, com aquelas imagens o microscópio e osom já explicaram tudo e eu entendi bem a diferença”; “Já estava a ficar preocupado, pois pensei que afinal nãoestava a perceber a matéria”; “ Eu gostei muito <strong>de</strong>staanimação, as misturas “ a entrarem” para o microscópiomostra mesmo o que tem <strong>de</strong> se fazer”.• A exploração dos jogos que se seguiram, foram <strong>no</strong>vamenteum factor <strong>de</strong> motivação.9ª Aula Ficha <strong>de</strong> trabalhonº 410ª AulaProtocolo experimental• A <strong>no</strong>na e décima aulas foram <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s ao estudo <strong>da</strong>composição quantitativa <strong>de</strong> uma solução e à preparação <strong>de</strong>soluções, por parte dos alu<strong>no</strong>s.• Foram <strong>no</strong>táveis algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> cálculo, talvez porfalta <strong>de</strong> bases matemáticas dos alu<strong>no</strong>s e dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s comas proporcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.• Na aula prática todos os grupos realizaram a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>experimental, tendo sido solicita<strong>da</strong> a minha aju<strong>da</strong> para aconfirmação <strong>de</strong> alguns procedimentos.+ QUÍMICA DIGITAL 207


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s• A motivação <strong>de</strong> estarem com as “maõs‐na‐massa” a fazerCiência numa aula laboratorial foi <strong>no</strong>tória pelo entusiasmocom que realizaram a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>.11ª AulaVí<strong>de</strong>o – “Preparação <strong>de</strong>uma solução <strong>de</strong> sulfato<strong>de</strong> cobre”Guião <strong>de</strong> visualizaçãodo ví<strong>de</strong>o• Nesta aula mostrou‐se aos alu<strong>no</strong>s a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> em ví<strong>de</strong>oque tinha sido realiza<strong>da</strong> por eles na aula anterior, poissendo a aula apenas <strong>de</strong> 45 minutos só houve tempo para asua realização mas não para analisar as técnicas utiliza<strong>da</strong>s,interpretar <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente os resultados obtidos assim comorealizar os cálculos para <strong>de</strong>terminar a concentração.• Durante a visualização do ví<strong>de</strong>o os alu<strong>no</strong>s fizeramcomentários como: “ Nós também fizemos assim”; “ A cor<strong>de</strong>u‐<strong>no</strong>s igualzinha”; “ Com a pipeta também “puxamos” olíquido, como a “Stôra” está a fazer <strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o”.• O <strong>de</strong>staque dos procedimentos correctos foi enfatizadopelos próprios alu<strong>no</strong>s quando diziam ter feito como semostrava <strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o ou quando em pequenas acusações <strong>no</strong>interior do grupo diziam:” Eu não te dizia para agitares obalão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pores a tampa, mas tu dizias que a tampaera <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> agitar e só ro<strong>da</strong>vas o balão”.• Em geral, to<strong>da</strong> a turma associou a cor <strong>da</strong>s soluções à suaconcentração e o cálculo <strong>da</strong> concentração <strong>da</strong>s mesmas foimais fácil e contou com maior participação dos alu<strong>no</strong>s.12ª AulaSimulação – “Mu<strong>da</strong>nças<strong>de</strong> estado”• A chega<strong>da</strong> pontual à sala <strong>de</strong> aula (para um grupo <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>sbastante antes do toque) era um procedimento que semanteve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira aula.• O bom comportamento e a participação, às vezes algo<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, (tal era a vonta<strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> mostrar quetinham aprendido e que estavam a acompanhar a matéria)continuava a verificar‐se doze aulas após a aplicação dosrecursos <strong>digitais</strong> produzidos.• Nesta aula os alu<strong>no</strong>s exploraram a simulação “Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong>estado” <strong>no</strong> âmbito do estudo <strong>da</strong>s transformações físicas etransformações química <strong>da</strong> matéria.• Os alu<strong>no</strong>s foram informados dos objectivos <strong>da</strong> mesma e foidistribuído o roteiro <strong>de</strong> exploração que todos preencheramsem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois raras foram as solicitações e/ou+ QUÍMICA DIGITAL 208


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>sRoteiro <strong>de</strong> exploração<strong>da</strong> simulaçãoFicha <strong>de</strong> trabalhonº 5questões coloca<strong>da</strong>s.• Durante a exploração <strong>da</strong> simulação fui percorrendo a sala equestionando os alu<strong>no</strong>s sobre o que estavam a fazer e aapren<strong>de</strong>r. Obtive reacções como:”Antes eu tinha que<strong>de</strong>corar estes <strong>no</strong>mes <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado, agora não, ésó associar as imagens”; “Quando queremos um estado emque a água está mais ”solta” aumenta‐se a temperatura”;”A temperatura diminui numa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> fase em que aágua fica com uma forma mais <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como o gelo”;”As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado são transformações físicas porquea água é a mesma, está é num estado diferente, mas nãohá na<strong>da</strong> <strong>no</strong>vo se não era uma transformação química”. Osobjectivos que se pretendiam atingir com a exploração<strong>de</strong>sta simulação (conseguir associar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>aumentar ou diminuir a temperatura <strong>de</strong> acordo com oestado físico que se preten<strong>de</strong> obter; conhecer as<strong>de</strong>signações dos estados físico; encontrar resposta para aquestão: “As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado são exemplos <strong>de</strong>transformações físicas ou transformações químicas <strong>da</strong>matéria?”) foram atingidos a julgar pelas respostas obti<strong>da</strong>s<strong>no</strong> roteiro e durante a exploração na aula.+ QUÍMICA DIGITAL 209


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s13ª AulaGuião <strong>da</strong> <strong>de</strong>monstraçãoVí<strong>de</strong>o – “Determinação<strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>materiais sólidos”Guião <strong>de</strong> visualizaçãodo ví<strong>de</strong>o• Verificou‐se <strong>no</strong>vamente que todos os alu<strong>no</strong>s fizeram otrabalho <strong>de</strong> casa e não houve dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis nai<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s transformações físicas e transformaçõesquímicas.• Durante a realização <strong>da</strong> <strong>de</strong>monstração experimentalsolicitou‐se a participação dos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> prever,entre a chapa e o fio <strong>de</strong> cobre qual teria maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>.• As opiniões foram unânimes, alegando que <strong>de</strong> acordo coma expressão <strong>da</strong> massa volúmica ou <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> a chapa <strong>de</strong>cobre seria a que tinha maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>do que é a quepossui maior massa. E entre a chapa <strong>de</strong> cobre e a chapa <strong>de</strong>alumínio a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> seria semelhante.• Observaram e participaram <strong>de</strong> forma atenta na<strong>de</strong>monstração, lendo na proveta o volume inicial e ovolume final e registando as massas dos corpos.• Dando continui<strong>da</strong><strong>de</strong> à estratégia Prever‐Observar‐Explicar(P.O.E.) e uma vez distribuído o guião iniciou‐se avisualização do ví<strong>de</strong>o, tendo‐se solicitado aos alu<strong>no</strong>s queprestassem especial atenção à explicação dos fenóme<strong>no</strong>sobservados.• Após a confrontação <strong>da</strong>s previsões que os alu<strong>no</strong>s tinhamfeito com a observação e explicação apresenta<strong>da</strong> <strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o,os alu<strong>no</strong>s enten<strong>de</strong>ram que, ao contrário do queinicialmente eles tinham pensado, a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> umasubstância não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tamanho nem <strong>da</strong> forma <strong>da</strong>amostra: é uma característica <strong>da</strong> substância.• Alguns alu<strong>no</strong>s referiram que: ”Ver o ví<strong>de</strong>o e <strong>de</strong>pois ouvir aexplicação aju<strong>da</strong> a perceber e a interpretar o queacontece”; “Se fizéssemos a experiência e <strong>de</strong>pois <strong>no</strong>utraaula tivéssemos <strong>de</strong> falar <strong>de</strong>la, sem o ví<strong>de</strong>o, podiam havercoisas que já não <strong>no</strong>s lembrássemos”.+ QUÍMICA DIGITAL 210


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Aulas <strong>Recursos</strong> Observações efectua<strong>da</strong>s14ª AulaSimulação –“ Ponto <strong>de</strong> fusão eponto <strong>de</strong> ebulição”Roteiro <strong>de</strong> exploração<strong>da</strong> simulação• Esta foi a última aula <strong>de</strong> aplicação dos recursos“+ Química Digital”. Confesso que eu própria senti alguma<strong>no</strong>stalgia por estar a terminar este estudo, mas ao mesmotempo uma agradável motivação para analisar einterpretar, o que segundo a minha sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e os<strong>da</strong>dos que tinha recolhido, tinha sido positivo e contribuídosignificativamente para a melhor e maior aprendizagem <strong>da</strong>Química pelos meus alu<strong>no</strong>s.• Nesta aula os alu<strong>no</strong>s exploraram a simulação com a aju<strong>da</strong>do respectivo roteiro.• Excepcionalmente, os grupos em geral, solicitaram maisvezes a minha aju<strong>da</strong>, talvez porque não tenham prestado a<strong>de</strong>vi<strong>da</strong> atenção às indicações <strong>de</strong> exploração presentes <strong>no</strong>roteiro e tivessem iniciado a exploração <strong>da</strong> simulação <strong>de</strong>modo impulsivo.• Uma vez valorizado o roteiro e as suas indicações, osgrupos respon<strong>de</strong>ram a to<strong>da</strong>s as questões nele presentes.• No contacto com os grupos foram obtidos comentárioscomo: “Esta simulação é gira, vê‐se o gráfico à medi<strong>da</strong> quea temperatura aumenta”; ”O ponto <strong>de</strong> fusão e o ponto <strong>de</strong>ebulição têm um só valor para ca<strong>da</strong> substâncias”;”O patamar constante do gráfico diz‐<strong>no</strong>s a temperatura àqual uma substância passa ao estado líquido ou gasoso”;”Na fusão ou ebulição temos <strong>de</strong> aumentar a temperatura”;“Nunca percebi na<strong>da</strong> <strong>de</strong> gráficos, mas estes até são fáceisporque se vê o que acontece com a temperatura e aomesmo tempo vê‐se o computador a <strong>de</strong>senhar o gráfico”.2.4. Avaliação <strong>de</strong> software educativoOs programas computacionais multiplicam‐se todos os dias e são ca<strong>da</strong> vez maisos que existem voltados para a educação. Estas ferramentas educacionais precisam <strong>de</strong>ser reconheci<strong>da</strong>s como opção atractiva e <strong>de</strong> fácil manuseamento.+ QUÍMICA DIGITAL 211


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”A educação e a comunicação geram mu<strong>da</strong>nças na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e por isso, <strong>de</strong>ve‐sepromover a literacia digital, criar ambientes <strong>de</strong> aprendizagem a<strong>de</strong>quados e apostar nai<strong>no</strong>vação, criação e avaliação <strong>de</strong> software.Po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar‐se como software educativo todo o recurso que po<strong>de</strong> serutilizado como apoio à educação, quer como material <strong>de</strong> consulta, quer comoinstrumento especialmente concebido com o objecto explícito <strong>de</strong> ensinar conteúdosprogramáticos.Há, <strong>no</strong> entanto, alguns aspectos a ter em conta <strong>no</strong> uso <strong>de</strong> software educativo edo próprio computador como ferramenta didáctica (ALARCÓN, 2002):• O computador e o software educativo são ferramentas, pelo que as suasvantagens <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas do uso que se faz <strong>de</strong>les;• Nem um nem outro resolvem os problemas <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>da</strong> aprendizagem:o professor tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> os utilizar <strong>da</strong> maneira que for maisconveniente;• Da<strong>da</strong> a gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> software educativo que existe <strong>no</strong> mercado, épreciso saber seleccioná‐lo <strong>de</strong> acordo com as próprias necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Segundo PAPERT (1997), "A maioria dos programas educativos reforça os aspectosmais pobres <strong>da</strong> educação pré‐computador (...)" porque a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns recursospo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> "duvidosa" do ponto <strong>de</strong> vista educativo.Em Portugal, há falta <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> bons projectos que visam a avaliação <strong>de</strong>software educativo. Não há prática comum <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> software e neste campo<strong>de</strong>stacamos dois projectos: o Minerva e o Pe<strong>da</strong>ctice que neste âmbito tiveram uma vozactiva.O Projecto Minerva teve início em 1985 para promover a introdução <strong>da</strong>s TIC nasescolas, e termi<strong>no</strong>u em 1994. Foi importante e continua a ser o último "bastião" sobre<strong>de</strong>senvolvimento e avaliação <strong>de</strong> software educativo em Portugal.O Projecto Pe<strong>da</strong>ctice (Educacional Multimédia in Compulsory School: FromPe<strong>da</strong>gogical Assessment to Product Assessment) foi um projecto concluído em 2001 e foi<strong>de</strong>senvolvido com os principais objectivos:• Incrementar a utilização <strong>de</strong> recursos multimédia <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐‐aprendizagem;• Promover uma melhor preparação dos professores para a análise crítica,avaliação e utilização <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> recursos;+ QUÍMICA DIGITAL 212


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”• Aumentar as exigências <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> na concepção e produção <strong>de</strong>software educativo.Os pressupostos e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação proposto pelo projecto "(...)caracteriza‐se por sugerir o envolvimento dos próprios professores na avaliação ereflexão sobre o potencial pe<strong>da</strong>gógico do software e outras aplicações disponíveis, emvez <strong>de</strong> lhes fornecer apenas os resultados <strong>da</strong> avaliação enquanto produto acabado."(COSTA, 2004).No âmbito <strong>de</strong>ste projecto e sobre a avaliação <strong>de</strong> software educativo, COSTA(2004) <strong>de</strong>ixa ain<strong>da</strong> um conjunto <strong>de</strong> sugestões e recomen<strong>da</strong>ções importantes:• A avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> software educativo <strong>de</strong>ve ter como base umaperspectiva multidimensional, conjugando diferentes vertentes<strong>no</strong>rmalmente associa<strong>da</strong>s ao processo educativo;• A avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes recursos <strong>de</strong>ve incidir em três pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong>análise distintos, isto é, sobre o recurso propriamente dito, sobre a suautilização em contextos concretos e sobre os resultados <strong>da</strong> aprendizagempor eles mediatiza<strong>da</strong>;• A avaliação <strong>de</strong>ve valorizar, sobretudo, a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar osprofessores <strong>no</strong> conhecimento e possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> usos do software queestá à sua disposição, proporcionando a sua integração <strong>no</strong> currículo, como sentido pe<strong>da</strong>gógico e ajusta<strong>da</strong> a projectos educativos concretos.Destacamos ain<strong>da</strong> nesta altura, um <strong>no</strong>vo trabalho que está a ser <strong>de</strong>senvolvidocom a colaboração <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora, o projecto Sacausef (Sistema <strong>de</strong>Avaliação, Certificação e Apoio à Utilização <strong>de</strong> Software para a Educação e aFormação). Surge segundo José Luís Ramos 15 , para "estimular a emergência <strong>de</strong> umacultura <strong>de</strong> informação e comunicação entre os diversos interesses em presença:produtores, editores, distribuidores, professores, educadores, etc. "e ain<strong>da</strong> para"respon<strong>de</strong>r à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> avaliação que tenha como missão,a recolha, tratamento e disseminação <strong>de</strong> informação relativa à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos programaseducativos em Portugal”. Trata‐se <strong>de</strong> um projecto ain<strong>da</strong> em construção, já com algunsinstrumentos <strong>de</strong> avaliação concebidos e cuja implementação ain<strong>da</strong> não tem <strong>da</strong>ta certa.Espera‐se que seja o mais rápido possível, já que se preten<strong>de</strong> que cheguem às escolas,recursos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e com certificação por escrito.15No Seminário sobre Utilização e Avaliação <strong>de</strong> Software Educativo, Lisboa, Dezembro <strong>de</strong> 2004, Torre doTombo, promovido pela DGIDC – Ministério <strong>da</strong> Educação e organização com a colaboração <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Évora.+ QUÍMICA DIGITAL 213


CAPÍTULO 5 – ESTUDO DE IMPACTO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”Pelo exposto anteriormente, o contributo <strong>de</strong> professores na avaliação <strong>de</strong> umsoftware torna‐se indispensável, quer por incentivar estes a conhecerem o produto,quer por proporcionar uma reflexão individual sobre a i<strong>de</strong>ntificação dos contextoseducativos favoráveis para a utilização <strong>de</strong>sse mesmo produto. Preten<strong>de</strong>‐se que osrecursos que cheguem à escola sejam <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem <strong>de</strong> serassegura<strong>da</strong> e por isso, os recursos têm <strong>de</strong> ser sujeitos a uma análise criteriosa, <strong>de</strong> modoque se saiba se satisfazem to<strong>da</strong>s as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Nesta perspectiva, preten<strong>de</strong>‐se num futuro próximo solicitar a participação <strong>de</strong>alguns professores afectos à área disciplinar <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas do 4.º grupo A,para uma análise dos recursos “+ Química Digital” e <strong>de</strong>sta forma obter o seu feedback esugestões <strong>de</strong> melhoramentos e/ou enriquecimentos (intenções futuras <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>smais adiante <strong>no</strong> capítulo 8).Sendo os alu<strong>no</strong>s os últimos consumidores também fize‐se questão <strong>de</strong> ouvir assuas opiniões (adiante na secção 2.1 do capítulo 6). Assim, após a conclusão do conjunto<strong>de</strong> aulas on<strong>de</strong> se explorara, os recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos, os alu<strong>no</strong>s foramconvi<strong>da</strong>dos a <strong>da</strong>r as suas opiniões, cuja compilação está em anexo a esta dissertação(anexo I – que, por sua vez, está disponível emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam).+ QUÍMICA DIGITAL 214


CAPÍTULO 6ANÁLISE DE RESULTADOS1. Efeitos <strong>da</strong> utilização dos recursos ”+ Química Digital” <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s1.1. Análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> resposta1.1.1. Associa<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong> visualização dosví<strong>de</strong>os e fichas <strong>de</strong> trabalho1.2. Análise <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s1.3. Análise <strong>da</strong>s entrevistas2. Avaliação dos recursos ”+ Química Digital”2.1. Análise <strong>da</strong>s entrevistas dos alu<strong>no</strong>s+ QUÍMICA DIGITAL 215


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOS1. EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICADIGITAL” NOS ALUNOSComo foi dito na secção 3 do capítulo 3, o estudo efectuado preten<strong>de</strong>u <strong>da</strong>rresposta às seguintes hipóteses:• Será que a utilização dos recursos “+ Química Digital” leva os alu<strong>no</strong>s aapren<strong>de</strong>r melhor Química?• Po<strong>de</strong>rão os recursos “+ Química Digital” contribuir para que os alu<strong>no</strong>sgostem mais <strong>de</strong> Química?Durante a investigação preten<strong>de</strong>u‐se também analisar o impacto dos recursos“+ Química Digital” em alu<strong>no</strong>s do 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas. O impacto <strong>da</strong>aplicação do conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem foiavaliado através <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s nas folhas <strong>de</strong> resposta associa<strong>da</strong>s aosroteiros <strong>de</strong> exploração e às fichas <strong>de</strong> trabalho (secção 1.1 <strong>de</strong>ste capítulo), análise <strong>da</strong>sobservações efectua<strong>da</strong>s (secção 1.2 <strong>de</strong>ste capítulo) e análise <strong>da</strong>s entrevistas (secção 1.3<strong>de</strong>ste capítulo). A análise dos resultados assenta numa abor<strong>da</strong>gem qualitativa.Apresenta‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong> a análise <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s nas folhas <strong>de</strong> respostaassocia<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong> visualização dos ví<strong>de</strong>os e fichas <strong>de</strong>trabalho.1.1. Análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> respostaAs folhas <strong>de</strong> respostas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> grupo <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s foram recolhi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> final <strong>da</strong>saulas. Na tabela 6.1 apresenta‐se uma análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 216


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOS1.1.1 Associa<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões <strong>de</strong>visualização dos ví<strong>de</strong>os e fichas <strong>de</strong> trabalhoTabela 6.1 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s roteiros, guiões e fichas <strong>de</strong> trabalhoRecurso digitalAnimação – “Química”Material <strong>de</strong>apoioGuião <strong>de</strong>visualização<strong>da</strong> animaçãoAnálise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s• Relativamente a esta primeira animaçãoutiliza<strong>da</strong> com os alu<strong>no</strong>s para introduzir oestudo <strong>da</strong> Química <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico, não seregistaram dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na compreensão<strong>de</strong>ste recurso digital sendo consi<strong>de</strong>rado pormuitos o mais simples. Os alu<strong>no</strong>s na suatotali<strong>da</strong><strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ram correctamente àsquestões que surgiam <strong>no</strong> guião <strong>de</strong>visualização.• Destacam‐se as seguintes respostasapresenta<strong>da</strong>s: “Os químicos estu<strong>da</strong>m asproprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos materiais e astransformações <strong>de</strong> uns materiais <strong>no</strong>utros”;“A Química aplica‐se na indústria química.”;“A Química está muito presente <strong>no</strong> <strong>no</strong>ssodia‐a‐dia e surgiu a partir <strong>da</strong> Alquimia”.Ví<strong>de</strong>os –“Símbolos <strong>de</strong> segurança”“Regras gerais <strong>de</strong>segurança”“Manuseamento eaquecimento <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong>ensaio usando a lamparina <strong>de</strong>álcool”“Transferência e<strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> produtosquímicos”“Preparação <strong>de</strong> uma solução<strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre”“Determinação <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> materiais sólidos”Guiões <strong>de</strong>visualizaçãodos ví<strong>de</strong>os• Os alu<strong>no</strong>s em geral encontraram sozinhos asrespostas para to<strong>da</strong>s as questões presentes<strong>no</strong>s guiões e poucas foram as vezes querecorreram à aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> professora. Algunsalu<strong>no</strong>s solicitaram a repetição <strong>de</strong> partes dosví<strong>de</strong>os on<strong>de</strong> julgavam estar as respostas emfalta.• Analisados os guiões verificou‐se que estesforam completamente respondidos por todosos alu<strong>no</strong>s e que as respostas apresenta<strong>da</strong>seram completas e algumas <strong>de</strong>las escritas comas próprias palavras dos alu<strong>no</strong>s e não umatranscrição do que era dito <strong>no</strong>s ví<strong>de</strong>os. Isto<strong>de</strong>monstra alguma compreensão <strong>da</strong>stemáticas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 217


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSRecurso digitalAnimação –“Misturas coloi<strong>da</strong>is”Simulação –“Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado”Simulação –“ Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto<strong>de</strong> ebulição”Material <strong>de</strong>apoioGuião <strong>de</strong>visualização<strong>da</strong> animaçãoRoteiro <strong>de</strong>exploração<strong>da</strong> simulaçãoAnálise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s• Analogamente ao que já tinha acontecido,também aqui foi <strong>no</strong>tória a compreensão <strong>da</strong>temática associa<strong>da</strong> a este recurso pois osalu<strong>no</strong>s além <strong>de</strong> terem respondidocorrectamente às questões apresenta<strong>da</strong>s, efizeram‐<strong>no</strong> logo após a primeira visualização<strong>de</strong>ste recurso, verbalizaram por palavraspróprias o conceito <strong>de</strong> mistura coloi<strong>da</strong>l.• Um alu<strong>no</strong> referiu que: “Uma mistura coloi<strong>da</strong>l,que parece homogénea mas não é, po<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> usando um microscópio como oque utilizamos na aula <strong>de</strong> Ciências Naturais.Por exemplo o sangue.”• Esta simulação foi explora<strong>da</strong> com bastantefacili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A tabela presente <strong>no</strong> roteiro foipreenchi<strong>da</strong> na totali<strong>da</strong><strong>de</strong> pela maioria dosalu<strong>no</strong>s. Inclusivamente alguns alu<strong>no</strong>squestionaram o facto <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado implicarem um aumentoe outras uma diminuição <strong>de</strong> temperatura eeles próprios avançaram para a teoriacorpuscular <strong>da</strong> matéria e para a associação<strong>da</strong> temperatura com a energia cinética <strong>da</strong>spartículas.• Ficou clara a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong>estado são transformações físicas:“As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado são transformaçõesfísicas, porque a água não se altera, não seforma na<strong>da</strong> <strong>no</strong>vo, a água apenas altera o seuestado físico. Passa <strong>de</strong> sólido, a líquido e<strong>de</strong>pois a gás e ao contrário.”• A exploração <strong>de</strong>sta simulação foi a queinicialmente se mostrou mais complica<strong>da</strong>para os alu<strong>no</strong>s. Os que começaram a explorarsentiram dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em compreen<strong>de</strong>r o queera necessário analisar e solicitaram aju<strong>da</strong>+ QUÍMICA DIGITAL 218


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSRecurso digitalSimulação –“ Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto<strong>de</strong> ebulição”Fichas <strong>de</strong> trabalhoMaterial <strong>de</strong>apoioRoteiro <strong>de</strong>exploração<strong>da</strong> simulaçãoAnálise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>spois não estavam a acompanharcui<strong>da</strong>dosamente os passos presentes <strong>no</strong>roteiro <strong>de</strong> exploração, porque queriam vertudo rapi<strong>da</strong>mente. Alguns grupospermaneceram na aula mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estater terminado. Esta limitação do tempo po<strong>de</strong><strong>de</strong>ver‐se a vários aspectos: ca<strong>da</strong> alu<strong>no</strong> tem oseu ritmo próprio <strong>de</strong> aprendizagem e até àdinâmica e organização do grupo.• Uma resposta <strong>da</strong><strong>da</strong> por um dos grupos àquestão 2 alínea e) foi: “ A linha vermelha dográfico sobe até 0 ºC e <strong>de</strong>pois mantém‐seconstante porque a agua está a fundir. Essaparte constante do gráfico correspon<strong>de</strong> aoponto <strong>de</strong> fusão <strong>da</strong> água.”• Em geral, verificou‐se que a maioria dosalu<strong>no</strong>s chegou à conclusão que o ponto <strong>de</strong>fusão e o ponto <strong>de</strong> ebulição são proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sfísicas que permitem i<strong>de</strong>ntificar umasubstância e que o patamar constante dográfico correspon<strong>de</strong> à temperatura à qualuma <strong>da</strong><strong>da</strong> substância pura fun<strong>de</strong> ou entra emebulição.• As fichas <strong>de</strong> trabalho quando recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>spara trabalho <strong>de</strong> casa, foram semprerealiza<strong>da</strong>s por todos os alu<strong>no</strong>s <strong>da</strong> turma. Nacorrecção <strong>da</strong>s mesmas os alu<strong>no</strong>s respondiam<strong>de</strong> forma completa e correcta às questões,evocando inclusivamente exemplos ouexplicações que estavam presentes <strong>no</strong>srecursos <strong>digitais</strong> que tinham sido exploradospreviamente. As dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s foram mais<strong>no</strong>tórias <strong>no</strong>s cálculos <strong>da</strong> composiçãoquantitativa e <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>da</strong>s asdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos alu<strong>no</strong>s nas operações básicas<strong>de</strong> matemática.+ QUÍMICA DIGITAL 219


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSA partir <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> tabela 6.1 é possível concluir que a maioria dos alu<strong>no</strong>sgostou <strong>da</strong> exploração dos recursos <strong>digitais</strong> e que compreen<strong>de</strong>ram os conceitosenvolvidos. Durante as aulas foi evi<strong>de</strong>nte o entusiasmo e a preocupação dos alu<strong>no</strong>s emrespon<strong>de</strong>rem às questões coloca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s roteiros <strong>de</strong> exploração, guiões e fichas <strong>de</strong>trabalho. As <strong>no</strong>tas obti<strong>da</strong>s na ficha <strong>de</strong> avaliação foram substancialmente melhores doque as obti<strong>da</strong>s anteriormente (a média <strong>da</strong> turma rondou os 75% e não se registounenhuma <strong>no</strong>ta negativa) o que confirma o que se antevia pelo <strong>de</strong>sempenho dos alu<strong>no</strong>s<strong>no</strong>s restantes registos escritos.Na secção seguinte far‐se‐á uma análise <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s nas aulasdurante as quais se proce<strong>de</strong>u à aplicação dos recursos “+ Química Digital”.1.2. Análise <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>sO entusiasmo ao entrarem na sala era <strong>no</strong>tório, não se tendo registado até aofinal <strong>da</strong> aplicação dos recursos “+ Química Digital” o atraso <strong>de</strong> nenhum alu<strong>no</strong> à aula.É <strong>de</strong> salientar que os alu<strong>no</strong>s habitualmente mais <strong>de</strong>sinteressados, e muitas vezesbastante perturbadores, se mostraram gradualmente mais empenhados e participativos.O trabalho <strong>de</strong> casa foi realizado sempre que era recomen<strong>da</strong>do, por todos os alu<strong>no</strong>s semexcepção.O facto <strong>de</strong> as aulas terem <strong>de</strong>corrido, na sua maioria, na sala <strong>de</strong> informáticamotivou especialmente os alu<strong>no</strong>s. O entusiasmo e a atenção dos alu<strong>no</strong>s foramconstantes ao longo <strong>da</strong> apresentação e exploração dos vários recursos. Tal como sereferiu na secção 2 do capítulo 1 a zap generation nasceu e cresceu na era digital e têmparticular apreço e interesse pelas TIC e por tudo que esteja relacionado com elas.Ao proporcionar aos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vas experiências é possível criar micromundos <strong>de</strong>aprendizagem, evi<strong>de</strong>nciando as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong> integração <strong>da</strong>s TIC naeducação (<strong>da</strong>s quais se <strong>de</strong>stacam P 1 , P 4 , P 5 , P 6 , P 8 , P 12 , P 13 e P 14 <strong>da</strong> tabela 1.7).As questões presentes <strong>no</strong>s guiões <strong>de</strong> visualização, roteiros <strong>de</strong> exploração e fichas<strong>de</strong> trabalho foram respondi<strong>da</strong>s sem qualquer dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. Registou‐se alguma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>maquando <strong>da</strong> correcção <strong>da</strong>s questões, pois o entusiasmo e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar era talque os alu<strong>no</strong>s tiveram <strong>de</strong> ser chamados à atenção para que não esquecessem as regras<strong>de</strong> participação or<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, pedindo a palavra antes <strong>de</strong> começarem a falar.A utilização <strong>da</strong> animação “Química” em contexto educativo (usa<strong>da</strong> na 1ª aula do<strong>no</strong>sso estudo) teve <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s o efeito pretendido: apresentar‐lhes uma <strong>no</strong>va Ciência – aQuímica – e motiva‐los para o seu estudo. Destaca‐se um comentário particularmente+ QUÍMICA DIGITAL 220


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOS“<strong>de</strong>licioso” que surgiu na sequência <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong>ste recurso: “ Eu vi ali uma imagem<strong>de</strong> um bolo e percebi logo que a Química está relaciona<strong>da</strong> com as transformações <strong>da</strong>s“coisas”, também sabia porque a minha mãe é cozinheira”.O estudo <strong>da</strong> segurança <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> Química, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente dos símbolos<strong>de</strong> segurança e <strong>da</strong>s regras <strong>de</strong> saber estar/trabalhar num laboratório foi uma temáticaabor<strong>da</strong><strong>da</strong> com o auxílio <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os. As vantagens <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>ste recursodidáctico (recor<strong>da</strong>r a tabela 2.28) foram <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong>s pelo bom <strong>de</strong>sempenho dosalu<strong>no</strong>s na resposta às questões presentes <strong>no</strong>s guiões <strong>de</strong> exploração e <strong>no</strong>s comentáriosque fizeram, dos quais se <strong>de</strong>staca: “Stôra, assim sim, eu nem tenho <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r porquefecho os olhos e lembro‐me dos símbolos e dos produtos on<strong>de</strong> eles aparecem!”;“Devíamos usar mais ví<strong>de</strong>os assim aprendíamos melhor e ficávamos com osconhecimentos para sempre!”.Nas aulas em que foi proposto aos alu<strong>no</strong>s a exploração <strong>de</strong> jogos (5ª, 6ª e 8ª aulas)o momento <strong>da</strong> interacção dos alu<strong>no</strong>s com estes recursos era o ponto mais alto <strong>da</strong> aula.Os jogos, ao contrário do que tantas vezes se pensa, permitem adquirir <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>scapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e quando se focam particularmente num <strong>da</strong>do conteúdo constituem umsoftware útil a nível didáctico. Os jogos <strong>de</strong>senvolvidos são pe<strong>da</strong>gógicos porque não se<strong>de</strong>sviam dos conceitos centrais para a aprendizagem do alu<strong>no</strong>. O alu<strong>no</strong> sente‐seestimulado a resolve‐los e nessa tentativa <strong>de</strong> resolução vai consoli<strong>da</strong>ndo os seusconhecimentos, vai reconhecendo que já adquiriu, já assimilou <strong>de</strong>terminados conceitosou o contrário, vai reconhecendo que precisa <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r mais para compreen<strong>de</strong>r melhora temática abor<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>no</strong> jogo.Os alu<strong>no</strong>s ficavam sempre muito motivados quando sabiam que as aulas incluíamactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s lúdicas e, ao contrário do que se podia esperar, associaram‐lhe, em geral,uma função educativa: “ Agora é que eu entendo aquilo que se diz <strong>de</strong> que a brincartambém se apren<strong>de</strong>. Eu sinto que com os jogos aprendi além <strong>de</strong> me ter divertido!”.Os jogos utilizados (“Certo ou Errado”, “Fazer os pares”, “Crucigrama” e “Sopa<strong>de</strong> letras”) permitiram <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s algumas <strong>da</strong>s competências indica<strong>da</strong>s natabela 2.27 (<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente C 1 , C 2 , C 5 , C 6 , C 7 , C 8 e C 12 ). É importante aproveitar oentusiasmo dos alu<strong>no</strong>s, utilizando os jogos com criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e apostando na construçãodo conhecimento.O conjunto <strong>de</strong> recursos “+ Química Digital” era constituído também por duassimulações computacionais. A simulação “ Mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> estado”, foi explora<strong>da</strong> pelosalu<strong>no</strong>s na 12ª aula e as questões presentes <strong>no</strong> roteiro <strong>de</strong> exploração foram respondi<strong>da</strong>ssem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois raras foram as solicitações e/ou questões coloca<strong>da</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 221


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSApós a análise <strong>de</strong> alguns comentários proferidos pelos alu<strong>no</strong>s, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente:”Antes eu tinha que <strong>de</strong>corar estes <strong>no</strong>mes <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado, agora não, é sóassociar as imagens”; ” A temperatura diminui numa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> estado em que a águafica com uma forma mais <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como o gelo”;” As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado sãotransformações físicas porque a água é a mesma, está é num estado diferente, mas nãohá na<strong>da</strong> <strong>no</strong>vo se não era uma transformação química”, po<strong>de</strong> afirmar‐se que a simulaçãoserviu os propósitos para os quais foi concebi<strong>da</strong> e, apesar <strong>de</strong> não se ter feito um estudoaprofun<strong>da</strong>do nessa área (pois não era o “coração” do <strong>no</strong>sso projecto) avança‐se com ai<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que esta simulação também terá contribuído para contrariar algumasconcepções alternativas que po<strong>de</strong>riam estar presentes <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s (recor<strong>da</strong>r atabela 2.26).A animação “Misturas coloi<strong>da</strong>is” (usa<strong>da</strong> na 8ª aula) foi um dos recursos quetambém reuniu a preferência dos alu<strong>no</strong>s, pois segundo eles este recurso ajudou‐osbastante na compreensão do conceito <strong>de</strong> mistura coloi<strong>da</strong>l, tal como se po<strong>de</strong> inferir combase em algumas reacções: “A “Stôra” nem precisa <strong>de</strong> explicar o porquê, com aquelasimagens o microscópio e o som já explicaram tudo e eu entendi bem a diferença”, “ Eugostei muito <strong>de</strong>sta animação, as misturas “ a entrarem” para o microscópio mostramesmo o que tem <strong>de</strong> se fazer”.Os ví<strong>de</strong>os “Preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre” e “Determinação <strong>da</strong><strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sólidos” (apresentados respectivamente na 11ª e 13ª aulas), aocontrário dos ví<strong>de</strong>os apresentados inicialmente sobre a temática <strong>da</strong> segurança emlaboratórios <strong>de</strong> Química, além <strong>de</strong> serem transmissores <strong>de</strong> informações, foram usadoscomo complemento à realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais. A parte inicial do ví<strong>de</strong>o“Preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre” foi visualizado pelos alu<strong>no</strong>s antes <strong>da</strong>realização <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental para ilustrar particularmente a técnica <strong>de</strong>pipetar usando uma pipeta e uma pompete e para recor<strong>da</strong>r a <strong>de</strong>signação do materialutilizado assim como os cui<strong>da</strong>dos a ter <strong>no</strong> seu manuseamento. Apresentou‐se o mesmoví<strong>de</strong>o aos alu<strong>no</strong>s após a realização <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental. Sendo as aulas <strong>de</strong> 45minutos apenas há tempo para a realização <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mas não para interpretar<strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente os resultados obtidos assim como realizar os cálculos para <strong>de</strong>terminargran<strong>de</strong>zas como a concentração ou a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um alu<strong>no</strong> chegou a comentar que: ” Sefizéssemos a experiência e <strong>de</strong>pois <strong>no</strong>utra aula tivéssemos <strong>de</strong> falar <strong>de</strong>la, sem o ví<strong>de</strong>o,podiam haver coisas que já não <strong>no</strong>s lembrássemos”.Na aula <strong>de</strong> apresentação do ví<strong>de</strong>o “Determinação <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiaissólidos” usou‐se a estratégia Prever‐Observar‐Explicar (P.O.E.) (ver a planificação <strong>da</strong>saulas <strong>no</strong> anexo IV – que, por sua vez, está disponível em+ QUÍMICA DIGITAL 222


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOShttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam). Após a explicação do conceito <strong>de</strong><strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma vez apresentados os materiais cuja <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> se pretendia <strong>de</strong>terminar– chapa <strong>de</strong> cobre, fio <strong>de</strong> cobre e chapa <strong>de</strong> alumínio – os alu<strong>no</strong>s foram convi<strong>da</strong>dos aprever qual <strong>de</strong>stes materiais apresentaria maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Feitas as previsões avançousepara a <strong>de</strong>monstração experimental que possibilitava a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> eos alu<strong>no</strong>s numa atitu<strong>de</strong> participativa também observaram e fizeram os seus registos.Chegados à última etapa <strong>da</strong> estratégia utilizou‐se o recurso ví<strong>de</strong>o para confrontar asprevisões feitas pelos alu<strong>no</strong>s com a explicação <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta<strong>da</strong> <strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o, oque levou os alu<strong>no</strong>s a enten<strong>de</strong>r que, ao contrário do que inicialmente eles tinhampensado, a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma substância não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tamanho nem <strong>da</strong> forma <strong>da</strong>amostra: é uma característica <strong>da</strong> substância.Os ví<strong>de</strong>os “Preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre” e “Determinação <strong>da</strong><strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sólidos” utilizados oportunamente com os alu<strong>no</strong>s antes e/ou<strong>de</strong>pois <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais realiza<strong>da</strong>s e participa<strong>da</strong>s por eles, julga‐sepo<strong>de</strong>rem também contribuir para contrariar algumas <strong>da</strong>s razões <strong>de</strong> <strong>de</strong>smotivaçãoapresentados pelos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> estudo <strong>da</strong> Química (recor<strong>da</strong>r “Razões <strong>da</strong> <strong>de</strong>smotivação”,secção 1.2 do capítulo 2) <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente quando apontam para a sua <strong>de</strong>smotivaçãorazões como: “os professores só fazerem <strong>de</strong>monstrações e não <strong>da</strong>rem oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> aosalu<strong>no</strong>s para participarem na realização <strong>de</strong> experiências”; “não compreen<strong>de</strong>rem asexperiências”.Sendo a Química uma Ciência essencialmente experimental, não se preten<strong>de</strong> queestes, ou quaisquer outros ví<strong>de</strong>os, sejam usados para substituir as aulas experimentais,mas como complemento <strong>de</strong>stas aulas. A jusante para prevenir questões <strong>de</strong> segurança,para <strong>de</strong>stacar <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> técnica ou procedimento experimental que mereça atençãoespecial, entre outros aspectos que seja importante referir <strong>de</strong> modo a preparar a i<strong>da</strong>para o laboratório. Usados a montante revelam‐se um recurso muito útil parainterpretar e concluir sobre activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais realiza<strong>da</strong>s.A exploração <strong>da</strong> simulação computacional “Ponto <strong>de</strong> fusão e Ponto <strong>de</strong> ebulição”foi o último recurso aplicado com os alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> âmbito do <strong>no</strong>sso estudo.Excepcionalmente os alu<strong>no</strong>s exploraram a simulação <strong>de</strong> forma mais impulsiva não <strong>da</strong>ndoa <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> atenção ao roteiro distribuído. Talvez por terem consi<strong>de</strong>rado a simulaçãoapelativa isso aumentou o seu interesse, pois podiam seleccionar a substância,seleccionar se pretendiam observar a fusão ou a ebulição <strong>da</strong> mesma, assim como ver aconstrução do gráfico temperatura em função do tempo à medi<strong>da</strong> que o aquecimentoestava a <strong>de</strong>correr.+ QUÍMICA DIGITAL 223


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSA criação <strong>de</strong>sta simulação po<strong>de</strong>rá contribuir para o aprofun<strong>da</strong>mento dosconceitos <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição assim como eluci<strong>da</strong>r os alu<strong>no</strong>srelativamente ao procedimento experimental associado à sua <strong>de</strong>terminação uma vezque a “Determinação dos pontos <strong>de</strong> fusão e <strong>de</strong> ebulição” está <strong>no</strong> grupo <strong>da</strong>s experiênciasme<strong>no</strong>s realiza<strong>da</strong>s em Química (recor<strong>da</strong>r a tabela 2.14, secção 1.4 do capítulo 2).A utilização <strong>de</strong> simulações computacionais, em geral, apresenta vantagens parao processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>‐aprendizagem (recor<strong>da</strong>r a tabela 2.30) e a sua exploração<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s reacções muito positivas, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente: “Esta simulação égira, vê‐se o gráfico à medi<strong>da</strong> que a temperatura aumenta”; “Nunca percebi na<strong>da</strong> <strong>de</strong>gráficos, mas estes até são fáceis porque se vê o que acontece com a temperatura e aomesmo tempo vê‐se o computador a <strong>de</strong>senhar o gráfico”.Apesar <strong>da</strong>s vantagens que existem associa<strong>da</strong>s à utilização <strong>de</strong> simulaçõescomputacionais, convém também não per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que existem algumas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s(recor<strong>da</strong>r a tabela 2.31 do capítulo 2). O mesmo se po<strong>de</strong> dizer relativamente às TIC emgeral, que apresentam potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s reconheci<strong>da</strong>s, (recor<strong>da</strong>r tabela 1.7 do capítulo 1)mas também limitações na sua utilização (recor<strong>da</strong>r tabela 1.8 do capítulo 1).Na secção seguinte apresenta‐se a análise <strong>da</strong> 1ª aparte <strong>da</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>saos alu<strong>no</strong>s, entrevistas estas que corroboram a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas hipóteses.1.3. Análise <strong>da</strong>s entrevistasNa aula que antece<strong>de</strong>u a aplicação dos recursos “+ Química Digital”, os alu<strong>no</strong>sforam informados <strong>de</strong> que terminado o conjunto <strong>de</strong> aulas on<strong>de</strong> se usariam os recursospara apren<strong>de</strong>r os primeiros conteúdos <strong>de</strong> Química, alguns <strong>de</strong>les (os que sevoluntariassem para tal) iriam ser sujeitos a uma entrevista. Neste sentido, começoupor se apresentar aos alu<strong>no</strong>s:• as hipóteses que se pretendiam verificar <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> investigação e osobjectivos inerentes à mesma;• anunciar as expectativas que se tinham em relação ao estudo;• <strong>de</strong>stacar a importância <strong>da</strong> participação em projectos <strong>no</strong>vos e i<strong>no</strong>vadores;• reforçar a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o valor <strong>da</strong>s informações a recolher.Os alu<strong>no</strong>s foram, igualmente, informados <strong>de</strong> que a colaboração na entrevista nãoteria influência na avaliação <strong>da</strong> disciplina <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas.+ QUÍMICA DIGITAL 224


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSApós um número razoável <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s se ter voluntariado, combi<strong>no</strong>u‐se uma <strong>da</strong>ta,uma hora e um local para a realização <strong>da</strong> entrevista.Na realização <strong>da</strong>s várias entrevistas manteve‐se a mesma metodologia.Quando o alu<strong>no</strong> chegava ao local marcado, <strong>da</strong>va‐se início a todo o processoimplícito <strong>no</strong> guião <strong>da</strong> entrevista (ver anexo I). Recor<strong>da</strong>ram‐se os objectivos, recapitulouseo que se pretendia (<strong>de</strong> modo a preparar melhor os entrevistados),fez‐se o respectivo enquadramento, visualizaram‐se os recursos utilizados e, por fim,avançou‐se com as questões propriamente ditas. No <strong>de</strong>correr <strong>da</strong> entrevista ouviram‐seos alu<strong>no</strong>s e <strong>de</strong>u‐se tempo para respon<strong>de</strong>rem, tendo‐se cui<strong>da</strong>do com a entoação <strong>da</strong><strong>da</strong> nacolocação <strong>da</strong>s questões. Procurou‐se contornar a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s questões sempreque se verificavam dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s na sua compreensão por parte dos alu<strong>no</strong>s. Informaramsetambém os alu<strong>no</strong>s que po<strong>de</strong>riam fazer qualquer questão e que não <strong>de</strong>veriam ficarpreocupados quando não soubessem respon<strong>de</strong>r (<strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>ixá‐los à vonta<strong>de</strong>, numaatitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> perfeita <strong>de</strong>scontracção e confiança).A entrevista foi estrutura<strong>da</strong> em duas partes distintas. Os objectivos e resultados<strong>da</strong> primeira parte <strong>da</strong> entrevista apresentam‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, a segun<strong>da</strong> parte será trata<strong>da</strong>na secção 2.1 <strong>de</strong>ste capítulo.Com a realização <strong>da</strong> primeira parte <strong>da</strong> entrevista preten<strong>de</strong>u‐se:• Compreen<strong>de</strong>r se os recursos “+ Química Digital” cativaram e contribuírampara <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s o gosto pela Química;• Investigar se a utilização dos recursos “+ Química Digital” contribuiu paraque os alu<strong>no</strong>s apren<strong>de</strong>ssem melhor os conteúdos <strong>de</strong> Química que foramabor<strong>da</strong>dos;• Procurar aspectos que suscitassem dúvi<strong>da</strong>s ou que apresentassemdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s aos alu<strong>no</strong>s.As entrevistas foram grava<strong>da</strong>s e orienta<strong>da</strong>s pela professora em direcção aosobjectivos <strong>da</strong> investigação. Após a realização <strong>da</strong>s entrevistas, proce<strong>de</strong>u‐se à transcrição<strong>da</strong>s mesmas (anexo I ‐ que, por sua vez, estão disponíveis emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam). Tendo em conta a metodologia <strong>de</strong>investigação utiliza<strong>da</strong> (entrevista), a análise dos resultados será apenas <strong>de</strong> naturezaqualitativa.Apresentam‐se, na tabela 6.2, algumas <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong><strong>de</strong>correr <strong>da</strong> primeira parte <strong>da</strong> entrevista e a respectiva análise.+ QUÍMICA DIGITAL 225


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSTabela 6.2 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s na primeira parte <strong>da</strong> entrevistaAnálise <strong>da</strong>s respostasExemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>s• Nenhum dos alu<strong>no</strong>s entrevistados tinhaalguma vez pensado em estu<strong>da</strong>r Químicautilizando recursos <strong>digitais</strong>.• Conseguiram i<strong>de</strong>ntificar os tipos <strong>de</strong> recursosque foram usados nas aulas: ví<strong>de</strong>os,animações, simulações e jogos.• Consi<strong>de</strong>ram que o que <strong>de</strong> mais positivo temo estudo <strong>da</strong> Química usando recursos<strong>digitais</strong> é:- ser mais simples e me<strong>no</strong>s trabalhosopara apren<strong>de</strong>r;- perceberem‐se melhor os conteúdos,pois po<strong>de</strong>m visualizar‐se e explorar<strong>no</strong>vamente os recursos;- a presença <strong>de</strong> imagens e áudio aju<strong>da</strong> nacompreensão;- conseguirem prestar mais atenção pelofacto <strong>de</strong> se sentirem mais cativados.Prof. – O que tem <strong>de</strong> mais positivo o estudo<strong>de</strong>ssa forma?Alu<strong>no</strong> 2 – Percebia‐se melhor e se tivéssemosdúvi<strong>da</strong>s a “stôra” punha <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo o recurso <strong>de</strong>forma a explicar outra vez. E mostrava‐<strong>no</strong>simagens e símbolos… e também víamos comose proce<strong>de</strong> em laboratório.Alu<strong>no</strong> 4 – O facto <strong>de</strong> cativar mais os alu<strong>no</strong>s.Alu<strong>no</strong> 6 – Percebi melhor a matéria e acheimais giro.• A maioria dos alu<strong>no</strong>s referiu não existiremaspectos negativos <strong>no</strong> estudo <strong>da</strong> Químicautilizando recursos <strong>digitais</strong>. Apenas um dosalu<strong>no</strong>s refere a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> os ví<strong>de</strong>ospassarem mais <strong>de</strong>vagar.Prof. – E o que tem <strong>de</strong> mais negativo?Alu<strong>no</strong> 1 – Na<strong>da</strong>…não gosto <strong>de</strong> estar a passar ascoisas para o ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>…é uma trabalheira eassim é muito melhor!Alu<strong>no</strong> 4 – Eu acho que é tudo bom.Alu<strong>no</strong> 7 – É que às vezes precisava que osví<strong>de</strong>os passassem mais <strong>de</strong>vagar, para euenten<strong>de</strong>r melhor.• Os alu<strong>no</strong>s são unânimes em reconhecer quea apresentação dos ví<strong>de</strong>os sobre asegurança <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> Química osajudou a apren<strong>de</strong>rem melhor esta temática.Prof. – A apresentação dos ví<strong>de</strong>os sobre asegurança <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> Química fez‐teapren<strong>de</strong>r melhor este tema?Alu<strong>no</strong> 4 – Percebi melhor assim, porque mesentia mais motiva<strong>da</strong> e era bom ver as pessoasa fazerem as coisas <strong>no</strong> laboratório.Alu<strong>no</strong> 7 – Ajudou‐me a perceber melhor,+ QUÍMICA DIGITAL 226


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasExemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sporque o facto <strong>de</strong> estarmos a ver e a ouvir, fazcom que percebamos mais rapi<strong>da</strong>mente.Alu<strong>no</strong> 8 – Ajudou e muito. Porque se fosse umaficha informativa, não percebíamos tão bempois <strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o explicava e víamos pessoas afazerem as coisas como se <strong>de</strong>vem fazer, eentão ficava melhor a informação na <strong>no</strong>ssacabeça.• Todos os alu<strong>no</strong>s entrevistados consi<strong>de</strong>ramque após a realização <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>sexperimentais a visualização dos ví<strong>de</strong>oson<strong>de</strong> se retratam e explicam essasactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s os aju<strong>da</strong> na análise einterpretação do que acontece nas mesmas.Prof. – Após a realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou<strong>de</strong>monstrações experimentais, avisualização dos ví<strong>de</strong>os respectivos ajudoutea analisar e interpretar o que aconteceunas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s?Alu<strong>no</strong> 1 – Sim, aju<strong>da</strong> a perceber melhor aexperiência porque po<strong>de</strong>mos ver aquilo que jáfizemos e ouvir a sua explicação.Alu<strong>no</strong> 3 – Sim, porque às vezes nós nãofazemos as coisas direitas e quando a “stôra”mostra o ví<strong>de</strong>o, passamos a enten<strong>de</strong>r muitomelhor.Alu<strong>no</strong> 8 – É muito melhor mostrar o ví<strong>de</strong>o pararelembrarmos o que <strong>de</strong>mos na aula anterior.Eu aposto que há colegas meus que às vezesnão ficam a perceber na<strong>da</strong>, mas <strong>de</strong>pois quandovimos <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo o ví<strong>de</strong>o e falamos todos na aulaacerca <strong>de</strong>le com a “stôra”, eles já passam aperceber. E até comentamos quem fez <strong>da</strong>quelaforma ou não.• Os alu<strong>no</strong>s, sem excepção, reconhecem queos guiões <strong>de</strong> visualização dos ví<strong>de</strong>os osaju<strong>da</strong>ram na retenção <strong>da</strong>s informações maisimportantes, porque:- só a visualização do ví<strong>de</strong>o levaria àretenção <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>informação;- aju<strong>da</strong>m a perceber qual é a informaçãoProf. – Consi<strong>de</strong>ras que os guiões <strong>de</strong>visualização dos ví<strong>de</strong>os te aju<strong>da</strong>ram naretenção <strong>da</strong>s informações mais importantes?Alu<strong>no</strong> 3 – Eu acho que os guiões são muitoúteis para nós, porque ficamos a perceber oque é mais importante. Ajudou‐<strong>no</strong>s bastante!Alu<strong>no</strong> 4 – Sim, porque assim treinávamos e jávíamos o que tínhamos aprendido.+ QUÍMICA DIGITAL 227


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasmais importante;- eram encarados como meio <strong>de</strong>aplicação/verificação <strong>de</strong>conhecimentos;- permitiam o registo <strong>da</strong> informaçãoevitando o seu esquecimento;- eram um elemento <strong>de</strong> estudoimportante.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sAlu<strong>no</strong> 5 – Ajudou a perceber o que eraimportante e não permitia que <strong>no</strong>sesquecêssemos porque ficava registado.Alu<strong>no</strong> 7 – Ajudou a perceber melhor ainformação do ví<strong>de</strong>o e a estu<strong>da</strong>r.• Todos os alu<strong>no</strong>s reconhecem vantagem emexplorar uma simulação computacional como auxilio <strong>de</strong> um roteiro <strong>de</strong> exploração,porque:- sabem qual o objectivo do trabalho a<strong>de</strong>senvolver;- explica as principais funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>s dorecurso digital a explorar;- favorece o empenho na procura <strong>da</strong>srespostas pretendi<strong>da</strong>s;- evita a dispersão para aspectos me<strong>no</strong>srelevantes para a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>;- impe<strong>de</strong> os cliques indiscriminados ecompulsivos;- permite tirar conclusões e apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>forma significativa;- rentabiliza o tempo.• Na tabela 2.10 (recor<strong>da</strong>r secção 1.2 docapítulo 2) apresentaram‐se asmetodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> na sala <strong>de</strong> aula comque os alu<strong>no</strong>s do 9.º a<strong>no</strong> consi<strong>de</strong>ramapren<strong>de</strong>r melhor (em %) e verificou‐se que ametodologia <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> que os alu<strong>no</strong>sconsi<strong>de</strong>ram me<strong>no</strong>s eficaz para aaprendizagem <strong>da</strong> Química é a exploração <strong>de</strong>software <strong>de</strong> natureza científica (21%).Perante esta reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> <strong>no</strong> capítulo 2,levantamos duas questões: “Será estametodologia consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> ineficaz porque osProf. – Consi<strong>de</strong>ras que os roteiros <strong>de</strong>exploração são fun<strong>da</strong>mentais para explorarconvenientemente as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>ssimulações?Alu<strong>no</strong> 1 – Sim, porque o roteiro aju<strong>da</strong>‐<strong>no</strong>s <strong>no</strong>trabalho pois indica‐<strong>no</strong>s o que é que temos quefazer.Alu<strong>no</strong> 2 – Sim e muito, porque o roteiroexplica as opções que a simulação tem e aju<strong>da</strong>a encontrar as respostas às perguntas queestão lá.Alu<strong>no</strong> 3 – Acho que com o roteiro foimelhor…por exemplo, quando alguns colegasmeus estavam a clicar em tudo é porque nãoperceberam o que tinham que fazer, a “stôra”explicou o que estava <strong>no</strong> roteiro e todospercebemos.Alu<strong>no</strong> 6 – Ajudou a perceber o que realmenteera importante e a concluir sobre o quefazemos. Apren<strong>de</strong>mos mais assim, acho eu!+ QUÍMICA DIGITAL 228


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasalu<strong>no</strong>s diante <strong>da</strong> peça <strong>de</strong> softwareeducativo “clicam aqui e ali” e não se<strong>de</strong>têm fazendo uma exploração mais atentados recursos?”; “Estará o professorsensibilizado para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>utilização <strong>de</strong> roteiros <strong>de</strong> exploração comopontes fun<strong>da</strong>mentais entre o softwareeducativo e os objectivos <strong>de</strong> aprendizagemque se preten<strong>de</strong>m atingir?”. Julga‐se que asrespostas que se obtiveram dos alu<strong>no</strong>s àquestão: “Consi<strong>de</strong>ras que os roteiros <strong>de</strong>exploração são fun<strong>da</strong>mentais para explorarconvenientemente as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>ssimulações?” po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>ixar antever asrespostas às questões anteriormentecoloca<strong>da</strong>s.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>s• As respostas às questões coloca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>sguiões e roteiros foram encontra<strong>da</strong>s pelosalu<strong>no</strong>s, não se registando dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> na suaobtenção.Prof. – De forma directa ou indirecta,encontraste resposta para to<strong>da</strong>s as questõescoloca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s guiões e <strong>no</strong>s roteiros?Alu<strong>no</strong> 2 – Sim, porque as respostas estavamto<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s recursos que a “Stôra” mostrava, erasó estar com atenção e pensar.• A maioria dos alu<strong>no</strong>s entrevistados diz terrecorrido raramente, ou mesmo nunca, àaju<strong>da</strong> <strong>da</strong> professora para o esclarecimento<strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>s aulas on<strong>de</strong> seexploraram os diferentes recursos.Prof. – Recorreste muito à aju<strong>da</strong> <strong>da</strong>professora?Alu<strong>no</strong> 1 – Não. Nem perguntei na<strong>da</strong>!Alu<strong>no</strong> 7 – Muito raramente.• Cinco dos oito alu<strong>no</strong>s entrevistados diz quea simulação que mais gostaram <strong>de</strong> explorarfoi a “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong> ebulição”,porque:- gostaram particularmente dos gráficos edo termómetro;- apren<strong>de</strong>ram a interpretar melhor umgráfico;Prof. – Qual a simulação que gostaste mais<strong>de</strong> explorar? Porquê?Alu<strong>no</strong> 1 – “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong>ebulição”, porque gostei muito dos gráficos edo termómetro.Alu<strong>no</strong> 2 – A “Ponto <strong>de</strong> fusão e Ponto <strong>de</strong>ebulição”, porque aprendi a interpretarmelhor os gráficos.+ QUÍMICA DIGITAL 229


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostas- ocorreu a assimilação <strong>de</strong> conhecimentosassociados a esta simulação levando aaprendizagens significativas.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sAlu<strong>no</strong> 4 – A “Ponto <strong>de</strong> fusão e ponto <strong>de</strong>ebulição”, porque aprendi que durante a fusãoou ebulição <strong>de</strong> uma substância pura atemperatura não varia. Os gráficos aju<strong>da</strong>rammuito.• A simulação “Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado” foiaponta<strong>da</strong> por três alu<strong>no</strong>s como sendo a quemais gostaram <strong>de</strong> explorar, essencialmenteporque conduziu a aprendizagens maissóli<strong>da</strong>s sobre esta temática.Prof. – Qual a simulação que gostaste mais<strong>de</strong> explorar? Porquê?Alu<strong>no</strong> 3 – Foi a “Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado”, porqueconsegui apren<strong>de</strong>r os <strong>no</strong>mes dos estados semter <strong>de</strong> os <strong>de</strong>corar. Agora lembro‐me <strong>da</strong>simagens!Alu<strong>no</strong> 6 – A “Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado”, porque eragira e percebi em que mu<strong>da</strong>nças é que tem <strong>de</strong>se aumentar e diminuir a temperatura.• A animação “Química” foi a animação quereuniu mais preferências por parte dosalu<strong>no</strong>s entrevistados, porque:- sendo o primeiro recurso cativou mais aatenção e motivou‐os para os seguintes;- ajudou a perceber o que é a Química eo que estu<strong>da</strong>;- perceberam que a Química teminúmeras aplicações <strong>no</strong> dia‐a‐dia.Prof. – Qual a animação que gostaste mais<strong>de</strong> explorar? Porquê?Alu<strong>no</strong> 1 – A animação “Química” porqueatravés do som e <strong>da</strong>s imagens, percebi que aQuímica tem muita utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> dia‐a‐dia.Alu<strong>no</strong> 3 – A animação “Química”, porque foiquando a “Stôra” começou a mostrar estesrecursos e nós ficamos mais atentos emotivados para os outros, portanto foi o que gosteimais.Alu<strong>no</strong> 8 – A animação “Química”, porque percebibem o que era a Química e o que estu<strong>da</strong>.• Contudo, alguns alu<strong>no</strong>s dizem ter preferidoa animação “ Misturas coloi<strong>da</strong>is”.Alu<strong>no</strong> 2 – “Misturas coloi<strong>da</strong>is”, porque percebibem aquilo do microscópio.Alu<strong>no</strong> 7 – A <strong>da</strong>s “Misturas coloi<strong>da</strong>is”, porque játinha aprendido a distinguir as misturashomogéneas <strong>da</strong>s heterogéneas e só faltavam ascoloi<strong>da</strong>is, e com isto percebi muito bem.+ QUÍMICA DIGITAL 230


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasExemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>s• Dos jogos que os alu<strong>no</strong>s tiveramoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar, o “Fazer ospares” foi o que reuniu maior número <strong>de</strong>preferências, seguindo‐se a “ Sopa <strong>de</strong>letras” e finalmente o “Crucigrama” e ojogo “Certo ou Errado” com igual número<strong>de</strong> “a<strong>de</strong>ptos”. Apresentam‐se na coluna <strong>da</strong>direita algumas razões justificativas <strong>de</strong>staspreferências:Prof. – Quanto aos jogos, qual <strong>de</strong>les maisgostaste <strong>de</strong> jogar? Porquê?Alu<strong>no</strong> 7 – O jogo “Fazer os pares” porque <strong>da</strong>vapara brincar, mas também para apren<strong>de</strong>rbastante!Alu<strong>no</strong> 8 – O jogo “ Fazer os pares” porque <strong>no</strong>sfazia relembrar o material aprendido e o“Certo ou Errado” porque <strong>no</strong>s fazia lembrar asregras que apren<strong>de</strong>mos.Alu<strong>no</strong> 1 – O “Crucigrama” e a “Sopa <strong>de</strong>letras”, mas mais a “Sopa <strong>de</strong> letras”, porqueera engraçado procurar as palavras.Alu<strong>no</strong> 4 – Foi o “Crucigrama” e o “Certo ouErrado”, porque aprendi melhor com este tipo<strong>de</strong> jogos.• Os alu<strong>no</strong>s entrevistados manifestam umaopinião consensual <strong>no</strong> reconhecimento <strong>de</strong>que os jogos os aju<strong>da</strong>ram a memorizareminformação acerca <strong>da</strong>s temáticas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.Prof. – Os jogos aju<strong>da</strong>ram‐te a memorizaralgumas informações acerca <strong>da</strong>s temáticasestu<strong>da</strong><strong>da</strong>s?Alu<strong>no</strong> 1 – Sim, por exemplo aprendi melhor omaterial graças ao jogo “Fazer os pares”.Alu<strong>no</strong> 3 – Sim ajudou, porque <strong>no</strong>s lembrávamosdos jogos e muita <strong>da</strong> informação já <strong>no</strong>s tinhaficado na cabeça.Alu<strong>no</strong> 4 – Sim, porque apesar <strong>de</strong> serem jogosaprendíamos muito e até <strong>no</strong>s lembrávamos <strong>de</strong>coisas que fizemos, que <strong>de</strong>pois iam serimportantes para os testes. E era uma maneiramais leve <strong>de</strong> aplicar a matéria.• Explorar os recursos individualmente foi aforma preferi<strong>da</strong> dos alu<strong>no</strong>s, referindo que:- <strong>de</strong>sta forma po<strong>de</strong>riam explorar orecurso durante mais tempo, não tendo<strong>de</strong> passar a vez ao(s) colega(s) <strong>de</strong>grupo;Prof. – A exploração dos recursos <strong>digitais</strong>fez‐se em grupo e também individualmente.O que te pareceu mais a<strong>de</strong>quado? Porquê?Alu<strong>no</strong> 1 – Individualmente, porque não acheitanta confusão <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> passar a vez aoscolegas e aprendi melhor.+ QUÍMICA DIGITAL 231


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostas- consi<strong>de</strong>ram que apren<strong>de</strong>ram mais emelhor.• Todos os alu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram que osobjectivos associados à utilização dos váriosrecursos <strong>digitais</strong> estavam claros.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sAlu<strong>no</strong> 5 – Individualmente, porque temos maistempo para explorar os recursos e apren<strong>de</strong>mosmais.Prof. – Ao utilizar os recursos <strong>digitais</strong> osobjectivos estavam claros?Alu<strong>no</strong> 6 – Sim, porque eu percebi o objectivodos recursos todos.• Relativamente ao tempo disponibilizadopara a exploração dos vários recursos, osalu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram que o tempo erasuficiente, mas que às vezes gostariam <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r ter mais um pouco.Prof. – O tempo disponibilizado foisuficiente?Alu<strong>no</strong> 1 – Sim, mas às vezes gostávamos <strong>de</strong>mais um bocadinho <strong>de</strong> tempo para “mexer”<strong>no</strong>s <strong>no</strong>ssos recursos preferidos.Alu<strong>no</strong> 7 – Sim, mas às vezes queríamos maisporque estávamos entusiasmados.• Não existe nenhum recurso em particularon<strong>de</strong> a maioria dos alu<strong>no</strong>s revele ter sentidodúvi<strong>da</strong>s na sua exploração e/oucompreensão. A animação “Misturascoloi<strong>da</strong>is”, os jogos e os ví<strong>de</strong>os sobre atemática <strong>da</strong> segurança foram os maisapontados pelos alu<strong>no</strong>s como sendo osrecursos que suscitaram me<strong>no</strong>s dúvi<strong>da</strong>s.Prof. – Qual o recurso digital em que tivestemais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou que te suscitou maisdúvi<strong>da</strong>s? E o que tiveste me<strong>no</strong>s? Porquê?Alu<strong>no</strong> 1 – Nenhum. Na animação “Misturascoloi<strong>da</strong>is”, porque explicaram como é que sei<strong>de</strong>ntificam estas misturas, e eu percebi bem.Alu<strong>no</strong> 4 – No geral, não senti dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Gostei <strong>de</strong> todos os jogos, especialmente o“Crucigrama”, porque não senti dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>quase nenhuma.Alu<strong>no</strong> 8 – Gostei <strong>de</strong> todos e não senti gran<strong>de</strong>dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>. Gostei especialmente dos ví<strong>de</strong>os<strong>de</strong> segurança.• Todos os alu<strong>no</strong>s reconhecem ter aprendidomais sobre Química com a utilização dosrecursos “+ Química Digital”, porque:- com os recursos <strong>digitais</strong> percebem‐semelhor os conteúdos;- a informação é apresenta<strong>da</strong> <strong>de</strong> umaProf. – Achas que apren<strong>de</strong>ste mais sobreQuímica com a utilização dos recursos“+ Química Digital” do que terias aprendidosem a sua utilização? Porquê?Alu<strong>no</strong> 3 – Sim, aprendi mais porque com os+ QUÍMICA DIGITAL 232


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasforma diferente do habitual e motivamais para os seu estudo;- os recursos <strong>digitais</strong> cativaram mais aatenção levando a uma aprendizagemmais efectiva.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sví<strong>de</strong>os e os outros recursos percebíamosmelhor a matéria e ficávamos mais atentos.Alu<strong>no</strong> 7 – Sim. Fez com que eu apren<strong>de</strong>ssemais e tivesse mais vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir para aula, epor isso eu até chegava muito antes do toque.Alu<strong>no</strong> 8 – Com os ví<strong>de</strong>os é melhor porque“metemos” a matéria mais facilmente nacabeça e, por exemplo, <strong>no</strong> teste lembramo‐<strong>no</strong>sdo que vimos e dos jogos que fizemos, e atéapren<strong>de</strong>mos a gostar mais <strong>de</strong> Química.• Os alu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram que os professores<strong>de</strong>veriam utilizar mais recursos <strong>digitais</strong> nasua prática lectiva. Segundo os alu<strong>no</strong>s, asrazões para que tal não aconteça são:- porque não têm i<strong>de</strong>ias ou possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> o fazer;- porque consi<strong>de</strong>ram que o “quadro egiz” são recursos mais eficientes;- porque os professores não são a<strong>de</strong>ptos<strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>stes recursos;- por comodismo e/ou falta <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>.Prof. – Os professores <strong>de</strong>veriam usar maisrecursos <strong>digitais</strong>? Porque não o farão?Alu<strong>no</strong> 1 – Sim. Porque não têm as suas i<strong>de</strong>iasou não têm possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e também conformea matéria que estão a <strong>da</strong>r.Alu<strong>no</strong> 2 – Sim… não fazem porque achammelhor o “quadro e o giz”.Alu<strong>no</strong> 4 – Eu acho que sim, porque assim osalu<strong>no</strong>s ficam mais motivados. Talvez não ofaçam por gostarem mais dos outros métodosou também por comodismo.Alu<strong>no</strong> 7 – Sim, porque assim os alu<strong>no</strong>s atépo<strong>de</strong>riam subir mais as <strong>no</strong>tas porque sesentiam mais entusiasmados para apren<strong>de</strong>r.Talvez não o façam por preguiça e por sesentirem simplesmente obrigados a cumprir afunção <strong>de</strong> professor sem esforços extra.• Todos os alu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram queconseguiriam trabalhar com os recursos“+ Química Digital” em casa, sozinhos oucom aju<strong>da</strong> dos pais.Prof. – Achas que <strong>da</strong>ria para trabalharescom estes recursos em casa, sozinho? E aaju<strong>da</strong> dos teus pais, teria sentido?Alu<strong>no</strong> 3 – Acho que era fácil trabalhar em casae certamente que os meus pais me aju<strong>da</strong>riam.+ QUÍMICA DIGITAL 233


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOS2. AVALIAÇÃO DOS RECURSOS ”+ QUÍMICA DIGITAL”2.1 Análise <strong>da</strong>s entrevistas dos alu<strong>no</strong>sComo já se referiu na secção 1.3 <strong>de</strong>ste capítulo, a entrevista realiza<strong>da</strong> aosalu<strong>no</strong>s foi estrutura<strong>da</strong> em duas partes distintas. Os objectivos e resultados <strong>da</strong> segun<strong>da</strong>parte <strong>da</strong> entrevista apresentam‐se <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>.Com a realização <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> entrevista preten<strong>de</strong>u‐se:• Recolher as i<strong>de</strong>ias e sugestões dos alu<strong>no</strong>s para o enriquecimento eaperfeiçoamento dos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos;• Avaliar a originali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s reformulações sugeri<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s.De uma forma geral, os alu<strong>no</strong>s reagiram naturalmente perante a situação <strong>da</strong>entrevista.Sempre que se recorreu à visualização dos recursos, (para os recor<strong>da</strong>r e maisfacilmente recolher sugestões <strong>de</strong> reformulação), os alu<strong>no</strong>s manifestaram‐se receptivose, <strong>de</strong> certo modo, sere<strong>no</strong>s, visto que recor<strong>da</strong>vam o que tinham feito e mais facilmenteconseguiam respon<strong>de</strong>r.Um aspecto importante é a opinião dos entrevistados acerca do conjunto <strong>de</strong>recursos <strong>digitais</strong> <strong>no</strong> que se refere a alterações <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> os melhorar.Na tabela 6.3 apresentam‐se algumas <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> entrevista e a respectiva análise.+ QUÍMICA DIGITAL 234


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSTabela 6.3 - Análise <strong>da</strong>s respostas obti<strong>da</strong>s na segun<strong>da</strong> parte <strong>da</strong> entrevistaAnálise <strong>da</strong>s respostasExemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>s• Quando os alu<strong>no</strong>s foram questionados sobreo que na sua opinião <strong>de</strong>veria ser alterado<strong>no</strong>s recursos “+ Química Digital”, <strong>de</strong> modo atorná‐los mais motivadores, a maioria dosalu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ra que os recursos estão bem<strong>da</strong> forma que foram apresentados e nãotêm sugestões <strong>de</strong> alterações a fazer.Prof. – Na tua opinião, o que é que <strong>de</strong>ve seralterado <strong>no</strong>s recursos “+ Química Digital”para os tornar mais motivadores e<strong>de</strong>safiadores <strong>de</strong> aprendizagenssignificativas?Alu<strong>no</strong> 3 – Na<strong>da</strong>. Está tudo bem.Alu<strong>no</strong> 5 – Eu acho que na<strong>da</strong>. Já estão muitobons, gostei muito.• Contudo, três alu<strong>no</strong>s referem que <strong>no</strong>sví<strong>de</strong>os, relativos à temática <strong>da</strong> segurança ena animação “Química” as imagens e oáudio <strong>de</strong>veriam passar um pouco mais<strong>de</strong>vagar para se ler e/ou visualizar melhor.Alu<strong>no</strong> 2 – Os “ví<strong>de</strong>os <strong>da</strong> segurança” e aanimação “Química” <strong>de</strong>veriam passar umpouco mais <strong>de</strong>vagar para conseguir ler melhor.• Um dos alu<strong>no</strong>s sugere ain<strong>da</strong> que <strong>no</strong> jogo“Fazer os pares” e na animação “Misturascoloi<strong>da</strong>is” se po<strong>de</strong>riam associar questõespara verificar os conhecimentos adquiridose <strong>no</strong> jogo “ Sopa <strong>de</strong> letras” aumentar mais onúmero <strong>de</strong> palavras a encontrar.• Uma vez explicado o significado do conceito<strong>de</strong> “interface”, procurou‐se saber se osalu<strong>no</strong>s alteravam algum aspecto <strong>no</strong> ditointerface dos vários recursos <strong>digitais</strong>, aoque todos os alu<strong>no</strong>s, à excepção <strong>de</strong> um,respon<strong>de</strong>ram que não alteravam na<strong>da</strong> poisconsi<strong>de</strong>ram estar bem assim.• O alu<strong>no</strong> que sugeriu a alteração dointerface dos recursos avança com aAlu<strong>no</strong> 1 – Nos “ví<strong>de</strong>os do laboratório” asimagens e o áudio podiam passar mais<strong>de</strong>vagarinho, para as pessoas enten<strong>de</strong>remmelhor. No jogo “Fazer os pares” associarperguntas às imagens do materialapresentado. Nas “Misturas coloi<strong>da</strong>is” tambémassociar perguntas para ver se apren<strong>de</strong>mos. Na“Sopa <strong>de</strong> letras” e <strong>no</strong> “Crucigrama” não hána<strong>da</strong> a alterar. No “Ponto <strong>de</strong> fusão e Ponto <strong>de</strong>ebulição” também está tudo bem. E <strong>no</strong> “Certoou Errado” também está tudo bem.Prof. – Alteravas algum aspecto nasinterfaces? (explicar o significado <strong>de</strong>steconceito)Alu<strong>no</strong> 1 – Não. Gosto <strong>de</strong> ver como está.Alu<strong>no</strong> 7 – Não, acho que está bem.Alu<strong>no</strong> 8 – Cores um pouco mais claras.+ QUÍMICA DIGITAL 235


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostassugestão <strong>de</strong> que se po<strong>de</strong>ria utilizar coresum pouco mais claras.• Quando questionados sobre o facto <strong>de</strong>retirar ou acrescentar alguma opção <strong>de</strong>escolha presente <strong>no</strong>s recursos explorados,os alu<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram, na sua maioria, queos que existem são suficientes para aexploração clara e bem sucedi<strong>da</strong> dosmesmos.• Contudo, dois alu<strong>no</strong>s avançam com asugestão <strong>de</strong> incluir em todos os recursos umbotão <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>, para auxiliar as pessoas,caso estas se sintam perdi<strong>da</strong>s na exploraçãodos recursos.Exemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>sProf. – Retiravas ou acrescentavas algumaopção <strong>de</strong> escolha?Alu<strong>no</strong> 2 – Acho que está bem como está.Alu<strong>no</strong> 7 – Não, os que tem são suficientes.Alu<strong>no</strong> 3 – Acho que acrescentava um botão <strong>de</strong>aju<strong>da</strong> para quando as pessoas não sabem bemo que fazer.Alu<strong>no</strong> 5 – Acrescentava um botão <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>.• Os alu<strong>no</strong>s são unânimes em afirmar que nãomu<strong>da</strong>vam na<strong>da</strong> na forma como estáorganiza<strong>da</strong> e disposta a informação dosvários recursos porque consi<strong>de</strong>ram que estátudo bem organizado e se percebeconvenientemente.Prof. – Mu<strong>da</strong>vas a forma como estáorganiza<strong>da</strong> a informação?Alu<strong>no</strong> 2 – Está tudo bem… e muito bemorganizado… percebe‐se bem!Alu<strong>no</strong> 7 – Não, porque está tudo muito claro.• Contudo, alguns alu<strong>no</strong>s fazem pequenassugestões, algumas <strong>da</strong>s quais não implicamuma reformulação directa <strong>no</strong>s recursos emsi.Prof. – Queres apresentar algumassugestões para a melhoria do conjunto <strong>de</strong>recursos <strong>digitais</strong>?Alu<strong>no</strong> 4 – Que os ví<strong>de</strong>os e algumas animaçõespassassem mais <strong>de</strong>vagar.Alu<strong>no</strong> 7 – Colocar grupos <strong>de</strong> 2 a trabalhar emvez <strong>de</strong> grupos maiores, porque se conseguetrabalhar melhor.Alu<strong>no</strong> 8 – Não. Acho que se a “stôra”continuar a <strong>da</strong>r a matéria aos alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong>stamaneira, eles vão perceber muito bem.+ QUÍMICA DIGITAL 236


CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DE RESULTADOSAnálise <strong>da</strong>s respostasExemplos <strong>de</strong> respostas obti<strong>da</strong>s• Na última questão <strong>da</strong> entrevista eraperguntado aos alu<strong>no</strong>s se queriamacrescentar alguma informação queconsi<strong>de</strong>rassem relevante e sobre a qual nãotivessem sido questionados. Alguns alu<strong>no</strong>sconsi<strong>de</strong>raram não ter na<strong>da</strong> a acrescentar,outros porém fizeram algumas partilhasrelativas ao que sentiam e foram sentido <strong>no</strong><strong>de</strong>correr <strong>da</strong> aplicação dos recursos“+ Química Digital”.Prof. – Queres acrescentar algumainformação sobre a qual não tenhas sidoquestionado(a)?Alu<strong>no</strong> 3 – Não… sinto é que com estes recursosestamos mais motivados… até vimos mais cedoe tudo.Alu<strong>no</strong> 7 – Não. Apenas dizer que acho que aatitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos colegas meus se alterou emesmo a minha, e que as <strong>no</strong>tas foram muitoboas, melhores do que algum diaimaginaríamos. Apesar <strong>de</strong> ain<strong>da</strong> estar algumbarulho, a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> quase todos melhoroumuito, principalmente na aula <strong>de</strong> Química.Alu<strong>no</strong> 8 – Há alu<strong>no</strong>s que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a “Stôra”começou a utilizar os ví<strong>de</strong>os os jogos e asoutras “coisas” se tornaram muito maisatentos e <strong>no</strong>tou‐se muita diferença na turmaem geral, mesmo na participação na aula.E eu, a nível pessoal, sinto‐me muito melhornas aulas <strong>de</strong> Química e mais motivado. E comtudo isto aprendi a gostar mais <strong>de</strong> Química.A partir <strong>da</strong>s sugestões apresenta<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s (apesar <strong>de</strong> não terem sidomuitas) po<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já alimentar‐se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criar uma <strong>no</strong>va versão do conjunto <strong>de</strong>recursos <strong>de</strong>senvolvidos. O objectivo será <strong>de</strong> os tornar mais interactivos e capazes <strong>de</strong>proporcionar aos alu<strong>no</strong>s um gosto maior e uma compreensão mais profun<strong>da</strong> <strong>de</strong> algunsconteúdos <strong>de</strong> Química.Além dos alu<strong>no</strong>s a quem foi ministra<strong>da</strong> a entrevista, também foi pedido aosalu<strong>no</strong>s <strong>da</strong> turma que registassem a sua opinião acerca dos recursos <strong>digitais</strong>, à medi<strong>da</strong>que eles iam sendo implementados. As opiniões mais relevantes encontram‐se <strong>no</strong> anexoVII.+ QUÍMICA DIGITAL 237


CAPÍTULO 7CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARAPROJECTOS FUTUROS1. Conclusões finais1.1. Impressões dos participantes <strong>no</strong> estudo1.2. Consi<strong>de</strong>rações sobre o estudo realizado1.3. Sugestões <strong>de</strong> melhoramento e enriquecimento dos recursos <strong>de</strong>senvolvidos2. Propostas para projectos futuros3. Autocrítica e reflexão+ QUÍMICA DIGITAL 238


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS1. CONCLUSÕES FINAIS“ (…) Ao que resta, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartado o erro mais óbvio, po<strong>de</strong>mos,provisoriamente, chamar ver<strong>da</strong><strong>de</strong>."(CARLOS FIOLHAIS)Em relação às hipóteses que se levantaram com esta investigação:• Será que a utilização dos recursos “+ Química Digital” leva os alu<strong>no</strong>s aapren<strong>de</strong>r melhor Química?• Po<strong>de</strong>rão os recursos “+ Química Digital” contribuir para que os alu<strong>no</strong>sgostem mais <strong>de</strong> Química?É importante que neste momento se teste a sua vali<strong>da</strong><strong>de</strong> e se avalie se os alu<strong>no</strong>sapren<strong>de</strong>ram a gostar mais <strong>de</strong> Química e se realizaram aprendizagens mais significativassobre os conteúdos subjacentes aos recursos digitas utilizados.Chegou‐se a algumas respostas, necessariamente provisórias e já a pedir outrosestudos futuros, que se resumem e comentam a seguir.Através <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> resposta (associa<strong>da</strong>s aos roteiros <strong>de</strong> exploração,guiões <strong>de</strong> visualização dos ví<strong>de</strong>os e fichas <strong>de</strong> trabalho) <strong>da</strong>s observações efectua<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>sentrevistas foi possível recolher informações que permitem testar as hipótesesapresenta<strong>da</strong>s.A análise <strong>da</strong>s folhas <strong>de</strong> resposta permitiu concluir que a maioria dos alu<strong>no</strong>sgostou <strong>da</strong> exploração dos recursos <strong>digitais</strong> e que compreen<strong>de</strong>ram os conceitosenvolvidos. Durante as aulas foram evi<strong>de</strong>ntes o entusiasmo e a preocupação dos alu<strong>no</strong>sem respon<strong>de</strong>rem às várias questões coloca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s materiais <strong>de</strong> apoio utilizados.Registou‐se uma diferença acentua<strong>da</strong> quanto ao nível <strong>de</strong> compreensão dos alu<strong>no</strong>s<strong>de</strong>sta turma e os alu<strong>no</strong>s <strong>da</strong> outra turma (recor<strong>de</strong>‐se que a professora e também a autora<strong>de</strong>sta dissertação teve durante o a<strong>no</strong> lectivo em que <strong>de</strong>correu o estudo, duas turmas <strong>de</strong>7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo que uma foi sujeita à aplicação dos recursos “+ QuímicaDigital” e outra foi sujeita a uma abor<strong>da</strong>gem tradicional, basea<strong>da</strong> essencialmente <strong>no</strong>manual e em exemplos apresentados <strong>no</strong> quadro). Estes últimos tiveram maisdificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em perceber os conceitos. Este melhor <strong>de</strong>sempenho dos alu<strong>no</strong>s sujeitos aoestudo mostra que os recursos “+ Química Digital” são recursos pe<strong>da</strong>gógicos que po<strong>de</strong>maumentar a atractiva<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s aulas e estimular a aprendizagem dos alu<strong>no</strong>s.+ QUÍMICA DIGITAL 239


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROSO entusiasmo ao entrarem na sala era <strong>no</strong>tório, não se tendo registado até aofinal <strong>da</strong> aplicação dos recursos “+ Química Digital” o atraso <strong>de</strong> nenhum alu<strong>no</strong> à aula.É <strong>de</strong> salientar que os alu<strong>no</strong>s habitualmente mais <strong>de</strong>sinteressados, e muitas vezesbastante perturbadores, se mostraram gradualmente mais empenhados e participativos.O trabalho <strong>de</strong> casa foi realizado sempre que era recomen<strong>da</strong>do, por todos os alu<strong>no</strong>s semexcepção.Ao proporcionar aos alu<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vas experiências é possível criar micromundos <strong>de</strong>aprendizagem, evi<strong>de</strong>nciando as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong> integração <strong>da</strong>stec<strong>no</strong>logias na educação.Os alu<strong>no</strong>s ficavam sempre muito motivados quando sabiam que as aulas incluíamjogos e, ao contrário do que se podia esperar, associaram‐lhe, em geral, uma funçãoeducativa: “ Agora é que eu entendo aquilo que se diz <strong>de</strong> que a brincar também seapren<strong>de</strong>. Eu sinto que com os jogos aprendi além <strong>de</strong> me ter divertido!”.A animação “Química” e “Misturas coloi<strong>da</strong>is” foram recursos que tiveram opareço dos alu<strong>no</strong>s. Dizem ter percebido melhor o que é a Química e as suas inúmerasaplicações <strong>no</strong> quotidia<strong>no</strong>. A animação “Misturas coloi<strong>da</strong>is” ajudou bastante nacompreensão do conceito subjacente.Os ví<strong>de</strong>os “Preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre” e “Determinação <strong>da</strong><strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sólidos” ao contrário dos ví<strong>de</strong>os apresentados inicialmente sobrea temática <strong>da</strong> segurança em laboratórios <strong>de</strong> Química, além <strong>de</strong> serem transmissores <strong>de</strong>informações, foram usados, a jusante e a montante, como complemento à realização <strong>de</strong>activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais.Os alu<strong>no</strong>s não emanaram contribuições significativas para a melhoria dosrecursos por eles explorados, tendo a maioria consi<strong>de</strong>rado que estavam bem assim ecomo tal não avançaram sugestões.De salientar que a utilização dos recursos “+ Química Digital” parece ser umfactor extra <strong>de</strong> motivação, também pelo factor <strong>no</strong>vi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois os alu<strong>no</strong>s interagiramcom os recursos <strong>de</strong> forma entusiasta e empenha<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong>s catorze aulas em que<strong>de</strong>correu a sua aplicação. Foram unânimes em reconhecer o proveito pe<strong>da</strong>gógico dosrecursos e a vantagem na utilização <strong>de</strong> roteiros <strong>de</strong> exploração para a aprendizagem dosconteúdos.Reconhecem ter aprendido mais e sentem um gosto especial por esta <strong>no</strong>vaCiência – a Química.+ QUÍMICA DIGITAL 240


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS1.1. Impressões dos participantes <strong>no</strong> estudoNo final <strong>da</strong> aplicação dos recursos entrevistou‐se um grupo <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s recolhendoseassim as respostas que se apresentam a seguir, sem quaisquer comentáriosadicionais, e apenas como exemplificativas <strong>da</strong>s opiniões que se manifestaram com maisfrequência.“Ajudou e muito. Porque se fosse uma ficha informativa, não percebíamos tão bem pois<strong>no</strong> ví<strong>de</strong>o explicava e víamos pessoas a fazerem as coisas como se <strong>de</strong>vem fazer, e então ficavamelhor a informação na <strong>no</strong>ssa cabeça.”“É muito melhor mostrar o ví<strong>de</strong>o para relembrarmos o que <strong>de</strong>mos na aula anterior.Eu aposto que há colegas meus que às vezes não ficam a perceber na<strong>da</strong>, mas <strong>de</strong>pois quandovimos <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo o ví<strong>de</strong>o e falamos todos na aula acerca <strong>de</strong>le com a “stôra”, eles já passam aperceber. E até comentamos quem fez <strong>da</strong>quela forma ou não.”“Eu acho que os guiões são muito úteis para nós, porque ficamos a perceber o que émais importante. Ajudou‐<strong>no</strong>s bastante!”“Sim, porque as respostas estavam to<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s recursos que a “Stôra” mostrava, era sóestar com atenção e pensar.”“A animação “Química” porque através do som e <strong>da</strong>s imagens, percebi que a Químicatem muita utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>no</strong> dia‐a‐dia.”“A <strong>da</strong>s “Misturas coloi<strong>da</strong>is”, porque já tinha aprendido a distinguir as misturashomogéneas <strong>da</strong>s heterogéneas e só faltavam as coloi<strong>da</strong>is, e com isto percebi muito bem.”“O jogo “ Fazer os pares” porque <strong>no</strong>s fazia relembrar o material aprendido e o “Certoou Errado” porque <strong>no</strong>s fazia lembrar as regras que apren<strong>de</strong>mos.”“Sim, porque apesar <strong>de</strong> serem jogos aprendíamos muito e até <strong>no</strong>s lembrávamos <strong>de</strong> coisasque fizemos, que <strong>de</strong>pois iam ser importantes para os testes. E era uma maneira mais leve <strong>de</strong>aplicar a matéria.”“Sim. Fez com que eu apren<strong>de</strong>sse mais e tivesse mais vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir para aula, e por issoeu até chegava muito antes do toque.”+ QUÍMICA DIGITAL 241


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS“Com os ví<strong>de</strong>os é melhor porque “metemos” a matéria mais facilmente na cabeça e, porexemplo, <strong>no</strong> teste lembramo‐<strong>no</strong>s do que vimos e dos jogos que fizemos, e até apren<strong>de</strong>mos agostar mais <strong>de</strong> Química.”“Sim, porque assim os alu<strong>no</strong>s até po<strong>de</strong>riam subir mais as <strong>no</strong>tas porque se sentiam maisentusiasmados para apren<strong>de</strong>r. Talvez não o façam por preguiça e por se sentirem simplesmenteobrigados a cumprir a função <strong>de</strong> professor sem esforços extra. ““Acho que era fácil trabalhar em casa e certamente que os meus pais me aju<strong>da</strong>riam.Em conclusão:A generali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alu<strong>no</strong>s apreciou as aulas <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s à exploração do conjunto<strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong>. De salientar que a utilização <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> recursos parece ser umfactor extra <strong>de</strong> motivação <strong>da</strong>do que se tratava <strong>de</strong> algo i<strong>no</strong>vador. O uso do computadornas aulas era até então quase inexistente, o que <strong>de</strong> certa forma ajudou a um melhor<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho pois os alu<strong>no</strong>s interagiram com os recursos <strong>de</strong> formaentusiasta e empenha<strong>da</strong> ao longo <strong>da</strong>s catorze aulas em que estes se aplicaram. Foramunânimes em reconhecer o proveito pe<strong>da</strong>gógico dos recursos e a vantagem na utilização<strong>de</strong> roteiros <strong>de</strong> exploração para a aprendizagem dos conteúdos.Após o estudo <strong>de</strong> impacto verifica‐se que, em termos globais, parece havervantagem na utilização <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> com a zap generation. Mas, para que essavantagem se manifeste <strong>de</strong> modo significativo é necessário que se modifiquemmentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s e perspectivas dos intervenientes <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>ensi<strong>no</strong>/aprendizagem, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente:• A abor<strong>da</strong>gem à disciplina seja feita privilegiando a pesquisa, a discussão,a curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a colaboração entre os alu<strong>no</strong>s, mais do que um simplesvarrer <strong>de</strong> conteúdos;• A motivação para o trabalho dos alu<strong>no</strong>s passe a ser o saber mais, ocompreen<strong>de</strong>r, e o divertirem‐se <strong>no</strong> processo, em vez <strong>da</strong> <strong>no</strong>ta <strong>no</strong> fim doperíodo;• Os professores, pais e encarregados <strong>de</strong> educação olhem para as <strong>no</strong>vastec<strong>no</strong>logias como uma mais‐valia <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>/aprendizagem enão uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempos livres;+ QUÍMICA DIGITAL 242


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS• A resistência à mu<strong>da</strong>nça é surpreen<strong>de</strong>nte, e vin<strong>da</strong> por vezes <strong>de</strong> on<strong>de</strong>me<strong>no</strong>s se espera, como os professores mais jovens. Daí que aimplementação <strong>de</strong>stes recursos <strong>digitais</strong> na rotina <strong>da</strong>s <strong>no</strong>ssas escolas sepreveja algo difícil e longínqua.Há vantagem em que a utilização <strong>de</strong> software educativo seja guia<strong>da</strong> por roteiros<strong>de</strong> exploração. O perfil dos roteiros <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos objectivos do professor, <strong>da</strong>complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos temas, e do estilo ou experiência dos alu<strong>no</strong>s, mas parecem revelar‐sesempre úteis.1.2. Consi<strong>de</strong>rações sobre o estudo realizadoExiste um sem número <strong>de</strong> vantagens conferi<strong>da</strong>s pela utilização <strong>de</strong>stes recursos<strong>digitais</strong>, mas que não são passíveis <strong>de</strong> medição pelos instrumentos utilizados e por issonão se terão revelado niti<strong>da</strong>mente; são evoluções a nível <strong>da</strong>s atitu<strong>de</strong>s e competências,hábitos colaborativos, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, espírito crítico, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese e reflexão ‐evoluções que influenciam a aprendizagem <strong>de</strong> um modo mais profundo e não <strong>de</strong>tectável<strong>de</strong> imediato.Devido às limitações nas conclusões e generalizações inerentes ao estudo não sepo<strong>de</strong>rá tomar os resultados obtidos para além <strong>de</strong> um simples indicador positivo a favor<strong>da</strong>s hipóteses <strong>de</strong> que o conjunto <strong>de</strong> recursos “+ Química Digital” contribui para amelhoria do gosto e <strong>da</strong> aprendizagem <strong>da</strong> Química.Este estudo, como seria <strong>de</strong> esperar, apresenta ameaças à:• Vali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna.• Vali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa.As ameaças à vali<strong>da</strong><strong>de</strong> interna dizem respeito à <strong>de</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s conclusões pelofacto <strong>da</strong> amostra não estar perfeitamente aleatoriza<strong>da</strong>. Como já se verificou a amostrasujeita a entrevista é maioritariamente masculina (75%) e apresenta característicasparticularmente distintas quando compara<strong>da</strong> com a amostra dos jovens portugueses(recor<strong>da</strong>r tabela 5.3), além <strong>de</strong> ser mais pequena do que seria <strong>de</strong>sejável, pois apenas seentrevistaram os alu<strong>no</strong>s que se voluntariaram para tal.+ QUÍMICA DIGITAL 243


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROSRelativamente à vali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa, que se pren<strong>de</strong> com a generalização dosresultados, po<strong>de</strong> ser ameaça<strong>da</strong> por factores como:• O impacto do conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> po<strong>de</strong> variar bastante, <strong>da</strong>doque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do alu<strong>no</strong>, <strong>da</strong> sua motivação, do seu entusiasmo, etc.;• O <strong>de</strong>sempenho dos alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong> ser influenciado pelo empenho,motivação e expectativa <strong>de</strong>monstrados pela investigadora, que po<strong>de</strong>ráinfluenciar os resultados, <strong>de</strong> forma a não se po<strong>de</strong>rem generalizar;• Por outro lado, a <strong>no</strong>vi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o processo po<strong>de</strong> ter provocado umamotivação excessiva aos alu<strong>no</strong>s em causa, po<strong>de</strong>ndo os resultados não seratribuíveis apenas ao efeito do uso dos recursos <strong>digitais</strong> mas também à<strong>no</strong>vi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O uso continuado dos mesmos po<strong>de</strong>ria levar a que os alu<strong>no</strong>sbaixassem os seus índices <strong>de</strong> entusiasmo com resultados eventualmentemais mo<strong>de</strong>stos.Os aspectos acabados <strong>de</strong> referir limitam a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> externa, pelo que énecessário alertar para a especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste estudo e evitar a generalização <strong>da</strong>conclusão. To<strong>da</strong>via, acredita‐se que o facto <strong>de</strong> os recursos “+ Química Digital” aju<strong>da</strong>remos alu<strong>no</strong>s a apren<strong>de</strong>rem e a gostarem mais <strong>de</strong> Química é válido para os jovensestu<strong>da</strong>ntes portugueses, pois em contexto <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula a maioria apresenta pouca oumesmo nenhuma experiência <strong>no</strong> que diz respeito à exploração <strong>de</strong> software educativo eà sua análise, e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interagir com este tipo <strong>de</strong> recursos motiva e atrai azap generation que nasceu e cresceu na era digital e tem gran<strong>de</strong> apreço pelas TIC, talcomo os alu<strong>no</strong>s que participaram <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso estudo.Acrescenta‐se que as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que mais influenciaram os resultados obtidosforam a exploração dos jogos e <strong>da</strong>s simulações computacionais.Este estudo <strong>de</strong> impacto evi<strong>de</strong>nciou algumas <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong>sTIC na educação, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente o facto <strong>de</strong> possibilitarem um ensi<strong>no</strong> activo,propiciarem uma diversificação na metodologia, motivarem os alu<strong>no</strong>s, criaremmicromundos <strong>de</strong> aprendizagem e permitirem ace<strong>de</strong>r a explorações lúdicas. Contudo,também se evi<strong>de</strong>nciaram dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s/constrangimentos na integração <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias<strong>no</strong> processo educativo, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente a exigência <strong>de</strong> algum tempo para a sua aplicaçãoe a sua pouca utilização, que se po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>ver a diversas situações que estãointerrelaciona<strong>da</strong>s: falta <strong>de</strong> formação dos professores, o stress do professor ao ter queli<strong>da</strong>r com o <strong>de</strong>sconhecido, ou então a falta <strong>de</strong> apreço pelas <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias.+ QUÍMICA DIGITAL 244


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROSÉ <strong>de</strong> referir que, apesar do relevo <strong>da</strong>do à utilização <strong>da</strong>s TIC neste trabalho, avivência <strong>de</strong> outras situações diferencia<strong>da</strong>s na sala <strong>de</strong> aula é igualmente relevante (aactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental, a discussão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, a condução <strong>de</strong> investigação pelos alu<strong>no</strong>se o envolvimento em projectos interdisciplinares) conduzindo <strong>de</strong> uma forma maiscompleta, à compreensão do que é a Ciência em geral e do fascínio <strong>da</strong> Química, emparticular.1.3. Sugestões <strong>de</strong> melhoramento e enriquecimento dosrecursos <strong>de</strong>senvolvidosTendo como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> os resultados do estudo <strong>de</strong>senvolvido e algumassugestões apresenta<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s (as imagens e o áudio passarem mais <strong>de</strong>vagar;associar questões aos jogos e às animações para verificar a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos;usar cores um pouco mais claras para o écran base dos recursos; acrescentar um botão<strong>de</strong> aju<strong>da</strong>), nós próprios consi<strong>de</strong>ramos a existência <strong>de</strong> alguns aspectos que po<strong>de</strong>rão sermelhorados e adicionados, <strong>de</strong> modo a tornar os recursos <strong>de</strong>senvolvidos mais atractivos emotivadores para os alu<strong>no</strong>s, levando‐os a uma compreensão mais profun<strong>da</strong> e genuínados conceitos químicos abor<strong>da</strong>dos.Assim, avançam‐se algumas sugestões que se preten<strong>de</strong>m implementar numfuturo próximo:• Opção <strong>de</strong> parar os ví<strong>de</strong>os em qualquer momento <strong>da</strong> sua visualização;• Mais jogos educativos, pois foi por estes recursos que os alu<strong>no</strong>smanifestaram maior apreço, sendo os que mais influenciaram osresultados positivos obtidos <strong>no</strong> estudo realizado;• Introduzir mais interactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> nas animações;• Realizar ví<strong>de</strong>os mais profissionais, enriquecendo‐os com maior número <strong>de</strong>pla<strong>no</strong>s em câmara lenta, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>stacar os aspectos mais relevantes;• Opção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r parar as animações em qualquer momento <strong>da</strong> suavisualização;• Introduzir um botão <strong>de</strong> “Aju<strong>da</strong>” para auxiliar a exploração dos recursos.Na secção seguinte apresentam‐se algumas propostas para projectos futuros.+ QUÍMICA DIGITAL 245


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROS2. PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROSA investigação <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> não termina aqui o seu impacto; procuram‐se <strong>no</strong>voshorizontes <strong>no</strong> seguimento do que foi feito. Projectam‐se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, <strong>no</strong>vas fases <strong>de</strong> testedo protótipo construído, intervindo directamente junto dos professores com o intuito <strong>de</strong>melhorar ca<strong>da</strong> vez mais estes recursos, a<strong>da</strong>ptando‐os à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> pe<strong>da</strong>gógica.A intenção <strong>de</strong> submeter os recursos “+ Química Digital” à análise e avaliação porprofessores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas, assim como <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> a este trabalhomelhorando os recursos <strong>de</strong>senvolvidos e produzindo <strong>no</strong>vos recursos <strong>digitais</strong> para níveis<strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> superiores, capazes <strong>de</strong> constituir uma oferta com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> científica,pe<strong>da</strong>gógica, técnica e estética, <strong>no</strong> domínio do ensi<strong>no</strong> <strong>da</strong>s Ciências, particularmente <strong>da</strong>Química <strong>no</strong> Ensi<strong>no</strong> Básico, são dois propósitos para o futuro que se colocam fin<strong>da</strong> estadissertação.O primeiro projecto que se propõe parece‐<strong>no</strong>s relevante <strong>da</strong>do que é importanteque os professores conheçam e sejam capazes <strong>de</strong> avaliar as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pe<strong>da</strong>gógicasdo software educativo, contribuindo activamente com sugestões para o enriquecimentoe reformulação do protótipo <strong>de</strong>senvolvido. Para este efeito, o professor po<strong>de</strong>rásocorrer‐se <strong>de</strong> várias grelhas que po<strong>de</strong> encontrar por exemplo, na Internet ou que po<strong>de</strong>ele próprio construir. Não é fácil elaborar uma grelha <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> um softwareeducativo, existem vários aspectos a ter em conta: "A concepção <strong>de</strong> uma grelha <strong>de</strong>análise é sempre uma tarefa difícil. Implica, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente, uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>categorias pertinentes para a análise, uma selecção <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> situação paraca<strong>da</strong> categoria, a articulação tanto <strong>de</strong> categorias como <strong>de</strong> indicadores numa estruturaglobal coerente, como a dos vários elementos <strong>da</strong> estrutura, isto sob a forma <strong>de</strong> suportefacilmente registável." (GONÇALVES, 1993).Na grelha (anexo VI), já produzi<strong>da</strong> para uma futura avaliação dos recursos“+ Química Digital” incluem‐se alguns aspectos sobre os quais se consi<strong>de</strong>rou importantesolicitar a opinião <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> Ciências Físico‐Químicas. De entre os diferentesaspectos possíveis <strong>de</strong> serem analisados, escolheram‐se aqueles que se pensou serem osque mais se enquadram nas exigências mínimas para se classificar um software <strong>de</strong>stanatureza. Consi<strong>de</strong>raram‐se para análise, os seguintes domínios: técnico; pe<strong>da</strong>gógico,científico, linguístico e do interface gráfico.O segundo projecto que se referiu parece‐<strong>no</strong>s igualmente pertinente pois urge anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> promover a literacia científica e digital, fornecendo um conjunto <strong>de</strong>recursos científico‐pe<strong>da</strong>gógicos, acompanhados <strong>de</strong> sugestões <strong>de</strong> utilização e exploração,que possam ser uma mais‐valia para as várias pessoas envolvi<strong>da</strong>s, directa ou+ QUÍMICA DIGITAL 246


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROSindirectamente, na educação – alu<strong>no</strong>s, professores e encarregados <strong>de</strong> educação.Por esta via po<strong>de</strong> contribuir‐se para auxiliar os alu<strong>no</strong>s, promovendo a melhoria do seu<strong>de</strong>sempenho na aprendizagem, interesse e motivação pela Química, assim como,sensibilizá‐los para as questões <strong>da</strong> Ciência e Tec<strong>no</strong>logia. Preten<strong>de</strong>‐se que estes recursossejam uma forma interactiva e cativante <strong>de</strong> fomentar <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s formas <strong>de</strong>auto‐aprendizagem e <strong>de</strong> aprendizagem colaborativa. Os professores e os encarregados<strong>de</strong> educação po<strong>de</strong>rão incrementar também, por via <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong>stes recursos, umaaproximação à Ciência Química.Divulgar a Química e a cultura científica, contribuindo para o crescimento emquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos <strong>digitais</strong> científico‐pe<strong>da</strong>gógicos <strong>de</strong> Química é <strong>no</strong>ssaintenção futura. Prevê‐se ain<strong>da</strong>, a curto prazo, implementar alguns enriquecimentos erealizar acções <strong>de</strong> divulgação do protótipo já <strong>de</strong>senvolvido.Este projecto, a utilização <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>aprendizagem<strong>da</strong> Química <strong>no</strong> 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, é algo em que a autora jáacreditava ain<strong>da</strong> antes <strong>de</strong>sta investigação e dos seus resultados, e que agora olha comconvicção redobra<strong>da</strong>. Os recursos <strong>digitais</strong> farão parte, <strong>da</strong>qui para a frente, <strong>da</strong> suaactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> docente, ca<strong>da</strong> vez mais integrados e ca<strong>da</strong> vez com maior número <strong>de</strong>activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, acompanhando sempre a evolução <strong>da</strong>s <strong>no</strong>vas metodologias <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> nestaárea.3. AUTOCRÍTICA E REFLEXÃOÉ com ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira satisfação, que chegando ao fim <strong>de</strong>sta etapa, se sente quemuitos dos <strong>de</strong>safios a que <strong>no</strong>s propusemos foram concretizados com sucesso.Parte‐se, pela resposta afirmativa que se obteve para as <strong>no</strong>ssas hipóteses, com asuposição <strong>de</strong> que os alu<strong>no</strong>s teriam algo a ganhar com a utilização dos recursos <strong>digitais</strong>,<strong>no</strong> que diz respeito à aprendizagem dos conteúdos, ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um maiorgosto pela Química, e também à valorização <strong>da</strong>quelas atitu<strong>de</strong>s que realmente importamnesta era digital e que influenciam a aprendizagem <strong>de</strong> um modo mais profundo – hábitoscolaborativos, curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, espírito crítico, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese e reflexão e respeitopela diferença.Foi muito o que se apren<strong>de</strong>u com a realização <strong>de</strong>ste trabalho, quer a nível <strong>de</strong>competências técnicas na área do multimédia, quer <strong>no</strong> campo pe<strong>da</strong>gógico. A nívelpessoal e profissional foi uma experiência gran<strong>de</strong>mente enriquecedora pelo que muitossão os factores endóge<strong>no</strong>s e exóge<strong>no</strong>s que dão força à intenção <strong>de</strong> continuar a+ QUÍMICA DIGITAL 247


CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSTAS PARA PROJECTOS FUTUROScontribuir para a integração <strong>da</strong>s TIC <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong>, alertando professores me<strong>no</strong>sconhecedores <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> recursos para a sua existência e potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Desenvolver recursos <strong>digitais</strong> capazes <strong>de</strong> promover a literacia científica e digital,aprendizagens mais significativas, assim como o gosto ca<strong>da</strong> vez maior pela Ciência, emgeral, e pela Química, em particular é <strong>no</strong>ssa intenção.Contudo, existem várias pontas soltas relativas à temática central <strong>de</strong>stadissertação, que dão a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar a melhorar e a <strong>de</strong>senvolver otrabalho. Deste modo, mais uma série <strong>de</strong> proposta futuras foram projecta<strong>da</strong>s. Sãorespostas como esta que se obteve à questão:“Achas que apren<strong>de</strong>ste mais sobre Química com a utilização dos recursos“+ Química Digital” do que terias aprendido sem a sua utilização? Porquê?”“Sim. Fez com que eu apren<strong>de</strong>sse mais e tivesse mais vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir para aula, e por issoeu até chegava muito antes do toque.”que <strong>no</strong>s dão a certeza que não se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar fugir, pelo me<strong>no</strong>s, algumas <strong>de</strong>ssaspropostas!+ QUÍMICA DIGITAL 248


CAPÍTULO 8BIBLIOGRAFIA+ QUÍMICA DIGITAL 249


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ANEXO IGUIÃO DA ENTREVISTAE ENTREVISTAS REALIZADAS+ QUÍMICA DIGITAL 257


GUIÃO DA ENTREVISTA<strong>Recursos</strong> “ + Química Digital”Preparação dos entrevistados:Os entrevistados irão ser alu<strong>no</strong>s que frequentam o 7º a<strong>no</strong> <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> na Escola EB 2,3<strong>de</strong> Maria Lamas. Todos eles integram a turma F.Terminado o conjunto <strong>de</strong> aulas on<strong>de</strong> se exploraram os recursos “+ Química Digital” os alu<strong>no</strong>s, aosquais se preten<strong>de</strong> realizar a entrevista, serão informados dos principais objectivos <strong>da</strong> mesma, assimcomo, a <strong>da</strong>ta, a hora e o local para a realizar.Na sequência do diálogo ser­lhe­ão apresenta<strong>da</strong>s as expectativas <strong>da</strong> investigação e osresultados que se preten<strong>de</strong>m atingir. O entusiasmo com que o estudo está a ser levado a cabo<strong>de</strong>ixar­se­á transparecer, salientando­se a importância que as respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s po<strong>de</strong>m trazer àinvestigação em curso.1ª PARTEObjectivos:• Compreen<strong>de</strong>r se os recursos “+ Química Digital” cativaram e contribuíram para <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>salu<strong>no</strong>s o gosto pela Química;• Investigar se a utilização dos recursos “+ Química Digital” contribuiu para que os alu<strong>no</strong>sapren<strong>de</strong>ssem melhor os conteúdos <strong>de</strong> Química que foram abor<strong>da</strong>dos;• Procurar aspectos que suscitassem dúvi<strong>da</strong>s ou que apresentassem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s aos alu<strong>no</strong>s.Questões:1. Já alguma vez tinhas pensado em estu<strong>da</strong>r Química utilizando recursos <strong>digitais</strong>?2. Que tipos <strong>de</strong> recursos foram utilizados nas aulas?3. O que tem <strong>de</strong> mais positivo o estudo <strong>de</strong>ssa forma?4. E o que tem <strong>de</strong> mais negativo?5. A apresentação dos ví<strong>de</strong>os sobre a segurança <strong>no</strong> laboratório <strong>de</strong> Química fez­teapren<strong>de</strong>r melhor este tema?+ QUÍMICA DIGITAL 258


6. Após a realização <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>monstrações experimentais, avisualização dos ví<strong>de</strong>os respectivos ajudou­te a analisar e interpretar o queaconteceu nas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s?7. Consi<strong>de</strong>ras que os guiões <strong>de</strong> visualização dos ví<strong>de</strong>os te aju<strong>da</strong>ram na retenção<strong>da</strong>s informações mais importantes?8. Consi<strong>de</strong>ras que os roteiros <strong>de</strong> exploração são fun<strong>da</strong>mentais para explorarconvenientemente as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s simulações?9. De forma directa ou indirecta, encontraste resposta para to<strong>da</strong>s as questõescoloca<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s guiões e <strong>no</strong>s roteiros?10. Recorreste muito à aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> professora?11. Qual a simulação que gostaste mais <strong>de</strong> explorar? Porquê?12. Qual a animação que gostaste mais <strong>de</strong> explorar? Porquê?13. Quanto aos jogos, qual <strong>de</strong>les mais gostaste <strong>de</strong> jogar? Porquê?14. Os jogos aju<strong>da</strong>ram­te a memorizar algumas informações acerca <strong>da</strong>s temáticasestu<strong>da</strong><strong>da</strong>s?15. A exploração dos recursos <strong>digitais</strong> fez­se em grupo e também individualmente.O que te pareceu mais a<strong>de</strong>quado? Porquê?16. Ao utilizar os recursos <strong>digitais</strong> os objectivos estavam claros?17. O tempo disponibilizado foi suficiente?18. Qual o recurso digital em que tiveste mais dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou que te suscitou maisdúvi<strong>da</strong>s? E o que tiveste me<strong>no</strong>s? Porquê?19. Achas que apren<strong>de</strong>ste mais sobre Química com a utilização dos recursos“+ Química Digital” do que terias aprendido sem a sua utilização? Porquê?20. Os professores <strong>de</strong>veriam usar mais recursos <strong>digitais</strong>? Porque não o farão?21. Achas que <strong>da</strong>ria para trabalhares com estes recursos em casa, sozinho? E aaju<strong>da</strong> dos teus pais, teria sentido?+ QUÍMICA DIGITAL 259


2ª PARTEObjectivos:• Recolher as i<strong>de</strong>ias e sugestões dos alu<strong>no</strong>s para o enriquecimento e aperfeiçoamento dosrecursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos;• Avaliar a originali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s reformulações sugeri<strong>da</strong>s pelos alu<strong>no</strong>s.Questões:(Estas questões apresentar­se­ão aos alu<strong>no</strong>s em conjunto com as imagens <strong>da</strong>s interfacesdos vários recursos <strong>digitais</strong> utilizados.)1. Na tua opinião, o que é que <strong>de</strong>ve ser alterado <strong>no</strong>s recursos “+ Química Digital”para os tornar mais motivadores e <strong>de</strong>safiadores <strong>de</strong> aprendizagenssignificativas?(estas questões só serão utiliza<strong>da</strong>s em caso e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> silêncio)1.1. Alteravas algum aspecto nas interfaces? (explicar o significado <strong>de</strong>steconceito)1.2. Retiravas ou acrescentavas alguma opção <strong>de</strong> escolha?1.3. Mu<strong>da</strong>vas a forma como está organiza<strong>da</strong> a informação?2. Queres apresentar algumas sugestões para a melhoria do conjunto <strong>de</strong> recursos<strong>digitais</strong>?3. Queres acrescentar alguma informação sobre a qual não tenhas sidoquestionado(a)?Muito obrigado pela tua colaboração!+ QUÍMICA DIGITAL 260


TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS<strong>Recursos</strong> “ + Química Digital”Neste trabalho utilizou­se a técnica <strong>da</strong> entrevista semi­estrutura<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>rou­seque <strong>de</strong>sta forma é possível avaliar o impacto do conjunto <strong>de</strong> recursos “+ Química Digital”.Preten<strong>de</strong>u­se recolher opiniões, perceber se os alu<strong>no</strong>s se sentem mais motivados para oestudo <strong>da</strong> Química, gostando mais <strong>de</strong>sta Ciência e apren<strong>de</strong>ndo melhor, assim como,obter sugestões <strong>de</strong> reformulação do conjunto <strong>de</strong> recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos.Transcrevem­se na integra as respostas obti<strong>da</strong>s <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>da</strong>s entrevistasrealiza<strong>da</strong>s, que, por sua vez, se encontram disponíveis emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam/ .+ QUÍMICA DIGITAL 261


ANEXO IIPLANIFICAÇÃO DOS RECURSOS“ + QUÍMICA DIGITAL”+ QUÍMICA DIGITAL 262


Animação Introdução à QuímicaDiagrama animado,acompanhado <strong>de</strong> áudio, paraintroduzir o estudo <strong>da</strong> Química.+ QUÍMICA DIGITAL 263


A palavra Química vem <strong>de</strong> Alquimia, que significa “dos metais”. Alquimia era a antiga prática <strong>de</strong>procurar transformar metais correntes em metais mais raros e valiosos. A Química significa hoje oconhecimento <strong>da</strong>s várias substâncias e <strong>da</strong>s suas transformações.Os químicos i<strong>de</strong>ntificam e caracterizam materiais e estu<strong>da</strong>m as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes e, emespecial, as transformações <strong>de</strong> uns materiais <strong>no</strong>utros — as transformações ou reacçõesquímicas.O francês Lavoisier que viveu <strong>no</strong> século XVIII, é consi<strong>de</strong>rado o «pai <strong>da</strong> Química ». No século XIXoutro químico muito famoso foi o russo Men<strong>de</strong>leïev, que lançou as bases <strong>da</strong> principalsistematização em Química , a chama<strong>da</strong> tabela periódica.A Química evoluiu muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Lavoisier e Men<strong>de</strong>leïev. As aplicações <strong>da</strong> Química <strong>de</strong>­senvolveram­­se fortemente, existindo hoje <strong>no</strong>vos materiais, como vários tipos <strong>de</strong> plásticos, e até<strong>no</strong>vas moléculas, como as que entram na constituição <strong>de</strong> alguns medicamentos.Uma <strong>da</strong>s aplicações mais significativas <strong>da</strong> Química relaciona­se com a chama<strong>da</strong> indústriaquímica . Na indústria química incluem­se as indústrias alimentar, farmacêutica, têxtil, metalúrgicae cerâmica e ain<strong>da</strong> as indústrias <strong>de</strong> papel, <strong>de</strong> plásticos, <strong>de</strong> tintas, <strong>de</strong> combustíveis, <strong>de</strong> pestici<strong>da</strong>s,<strong>de</strong> cosméticos, <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> higiene, etc. A engenharia química é o ramo <strong>da</strong> engenharia maispróximo <strong>da</strong> Química e que serve essa indústria.Os químicos <strong>de</strong> hoje trabalham em vários domínios, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente na indústria química ; naprotecção do ambiente; em laboratórios <strong>de</strong> análises químicas e clínicas; em escolas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> onível básico até ao ensi<strong>no</strong> superior, e em centros <strong>de</strong> investigação científica.+ QUÍMICA DIGITAL 264


Ví<strong>de</strong>o – Símbolos <strong>de</strong> segurançaSe observarmos uma embalagem <strong>de</strong> álcool que se ven<strong>de</strong> nas farmácias,encontramos lá um símbolo que significa que se trata <strong>de</strong> um produto inflamável.É também este símbolo que aparece <strong>de</strong>senhado em muitos camiões que fazem otransporte <strong>de</strong> gasolina ou <strong>de</strong> gasóleo. Os vapores <strong>de</strong>stes produtos inflamam­se empresença <strong>de</strong> uma chama ou <strong>de</strong> uma outra fonte <strong>de</strong> calor.Geralmente, <strong>no</strong>s locais on<strong>de</strong> estão armazenados produtos inflamáveis são colocadossinais que indicam a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do máximo cui<strong>da</strong>do. É por isso que, nas bombas<strong>de</strong> gasolina e <strong>no</strong>utros locais on<strong>de</strong> se trabalha com produtos inflamáveis, aparece osímbolo <strong>de</strong> «Proibido Fumar».Os principais cui<strong>da</strong>dos a ter na presença <strong>de</strong> produtos que apresentem o símbolo <strong>de</strong>inflamável é colocá­los longe <strong>de</strong> chamas ou <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> calor.InflamávelOs vapores <strong>de</strong>stes produtos inflamam­se em presença <strong>de</strong> uma chama ou <strong>de</strong>uma fonte <strong>de</strong> calor.Principais cui<strong>da</strong>dos: coloca­los longe <strong>de</strong> chamas ou <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> calor.Olhando para uma embalagem <strong>de</strong> lixívia, <strong>de</strong> cera para encerar o chão ou para umtubo <strong>de</strong> corrector líquido encontramos um símbolo que significa <strong>no</strong>civo ou irritante.Os produtos com este símbolo provocam ardor <strong>no</strong>s olhos, nariz e pele e atéqueimaduras, po<strong>de</strong>m ain<strong>da</strong> conter substâncias tóxicas, embora em pequenaspercentagens. Por isso, <strong>de</strong>ve evitar­se o contacto com a pele e os olhos e nãorespirar os seus vapores.Quem trabalha com materiais <strong>no</strong>civos <strong>de</strong>ve usar máscara protectora, para proteger onariz e a boca.O símbolo <strong>de</strong> tóxico aparece quase sempre em embalagens <strong>de</strong> insectici<strong>da</strong>s,pestici<strong>da</strong>s e produtos <strong>de</strong>stinados a matar espécies animais cuja acção sejaprejudicial ao homem.Os produtos com este símbolo actuam como vene<strong>no</strong>s. Assim, estes materiais nunca<strong>de</strong>vem ser ingeridos, inalados ou tocados directamente. Deve­se evitarcompletamente o contacto com a pele e os olhos e nunca respirar os vapores.Quando se manipulam estes materiais <strong>de</strong>vem usar­se luvas protectoras e, após asua utilização, as mãos <strong>de</strong>vem ser muito bem lava<strong>da</strong>s com sabão.Irritante ou NocivoOs produtos com este símbolo provocam ardência <strong>no</strong>s olhos, <strong>no</strong> nariz e napele. Po<strong>de</strong>m também provocar queimaduras.Principais cui<strong>da</strong>dos: evitar o contacto com a pele e os olhos e não respiraros vapores provenientes do seu interior.TóxicoOs produtos com este símbolo actuam como vene<strong>no</strong>s, sendo muito perigosospara o Homem.Principais cui<strong>da</strong>dos: evitar o contacto com a pele e os olhos e nuncarespirar os vapores provenientes do seu interior.+ QUÍMICA DIGITAL 265


Alguns dos materiais utilizados <strong>no</strong>s laboratórios escolares, como os ácidos clorídricoe sulfúrico, são corrosivos. Também alguns materiais <strong>de</strong> limpeza são corrosivos.Os produtos com este símbolo corroem a pele, os olhos e as mucosas do nariz e <strong>da</strong>garganta, quando respirados directamente. Também corroem os tecidos do vestuárioA manipulação <strong>de</strong> materiais corrosivos <strong>de</strong>ve ser feita com muito cui<strong>da</strong>do. Nunca ummaterial com estas características <strong>de</strong>ve entrar em contacto com a pele.CorrosivoOs produtos com este símbolo corroem a pele, os olhos e as mucosas donariz e <strong>da</strong> garganta, quando respirados directamente. Também corroem ostecidos do vestuário.Principais cui<strong>da</strong>dos: a sua manipulação <strong>de</strong>ve ser muito cui<strong>da</strong>dosa <strong>de</strong> modoa evitar contacto com a pele.Os produtos que facilitam a combustão <strong>de</strong> produtos inflamáveis dizem­se produtoscomburentes. Na presença <strong>de</strong>stes produtos <strong>de</strong>ve evitar­se que ocorra qualquercontacto com materiais inflamáveis.ComburenteEstes produtos facilitam a combustão <strong>de</strong> produtos inflamáveis.Principais cui<strong>da</strong>dos: evitar que ocorra qualquer contacto com materiaisinflamáveis.Certamente já ouviste falar <strong>de</strong> dinamite. É um material que já foi muito usado paraprovocar explosões em minas e em prédios.Os produtos com este símbolo explo<strong>de</strong>m em presença <strong>de</strong> uma chama ou através dochoque. É por isso, necessário muito cui<strong>da</strong>do <strong>no</strong> seu transporte.Sempre que trabalhamos com produtos químicos <strong>de</strong>vemos ter em atenção os sinais<strong>de</strong> perigo que são indicados <strong>no</strong>s respectivos rótulos. Não esquecer que os <strong>de</strong>vemosusar <strong>de</strong> acordo com as suas características.ExplosivoEstes produtos explo<strong>de</strong>m em presença <strong>de</strong> uma chama ou através do choque.Principais cui<strong>da</strong>dos: evitar a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> chamas ou a ocorrência <strong>de</strong>choques.+ QUÍMICA DIGITAL 266


A planificação dos restantes recursos que integram o conjunto “+ QuímicaDigital” encontra‐se disponível em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 267


ANEXO IIIESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DACÂMARA DE VÍDEO USADA268


Especificações técnicas <strong>da</strong> câmara <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o IKEGAMI HC 400Optical System RGB Prism type f1.4Image Sensor 2/3" 3 IT CCDsEffective Number of HC­400 PAL:PixelsTotal Number ofPixelsScanning SystemSync SystemInput SignalOutput SignalHC­400 PAL:Approx. 440,000 pixels (H752 xV582)Approx. 470,000 pixels (H795 xV596)PAL: 2:1 interlaced, 625 lines, 50 fields, 25 frames/secInternal/External sync (genlock)External sync signal:(genlock)RET. vi<strong>de</strong>o signal:Microphone input:Compopsite signal:Y/C signal:Component signal:RGB signal:Audio signal:VBS 1.0Vp­p­ 75 ohms orBBS 0.45Vp­p, 75ohms1 channelVBS 1.0Vp­p 75ohms(26pin connector)1 channel­60dB balance high impe<strong>da</strong>nce(XLR type, 3pin connector)1 channel1.0Vp­p 75 ohms 2channels(BNC connector, 26pinconnector)Y: 1.0Vp­p 75ohmsC: 0.286Vp­p 75 ohms(Y/C connector, 26pinconnector) 2chY: 1.0Vp­p 75 ohmsPb/Pr: 0.700Vp­p (NTSC) 75ohmsPb/Pr: 0.525Vp­p (PAL) 75ohms(26pin connector) 1 channelV 0.7Vp­p 75 ohms 1 channel(26pin connector)­20dBm/­60dBm 600 ohmsbalance(26 pin connector) 1 channelLens Mount 2/3" B4 bayonetOptical Filter 3200K, 5600K + 1/16ND, 5600K, 5600K + 1/64NDGain Selection ­3.0, +6, +9, +18, +30, +36dBShutter 1/100, 1/120, 1/250, 1/500, 1/1000, 1/2000PAL: Variable in 1/50.3 ­ 1/200Auto Function Auto White Balance, Auto Black Balance, Auto Iris, Auto Shading,Auto KneeHorizontalHC­400: 800TV Lines or moreResolutionVertical Resolution PAL: 450TV Lines/570TV Lines(SuperV)S/No.PAL: 61dBSensitivityStan<strong>da</strong>rd: f11.0 at 2000 lx(3200K)Minimum: f1.4 at 0.5 lx (with +36dB gain)269


ANEXO IVPLANIFICAÇÃO DAS AULAS PARA APLICAÇÃO DOSRECURSOS “ + QUÍMICA DIGITAL”270


Sub­tema – Materiais2ª Aula­ Que material se po<strong>de</strong> encontrar num laboratório <strong>de</strong> Química?ConteúdosCompetênciasO alu<strong>no</strong> <strong>de</strong>ve ser capaz <strong>de</strong>:Sumario<strong>Recursos</strong>· Regras <strong>de</strong>segurança,símbolos <strong>de</strong>segurança ematerial <strong>de</strong>· I<strong>de</strong>ntificar material <strong>de</strong> laboratório mais comum.· Manusear a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente o material <strong>de</strong> laboratório.· Conhecer algumas regras para a utilização, em segurança, do material <strong>de</strong>laboratório.· Correcção do TPC. I<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> material <strong>de</strong> uso comum numlaboratório químico. Realização<strong>de</strong> uma ficha <strong>de</strong> trabalho.· Material <strong>de</strong> laboratório.· Ficha <strong>de</strong> trabalho nº 1.laboratório.Desenvolvimento <strong>da</strong> Aula· Depois <strong>de</strong> escrever o sumário e realizar a chama<strong>da</strong>, <strong>da</strong>r inicio à aula fazendo uma pequena revisão <strong>da</strong> matéria <strong>da</strong><strong>da</strong> anteriormente.· Verificar a realização do TPC e solicitar a participação dos alu<strong>no</strong>s para a correcção do mesmo.· Questionar os alu<strong>no</strong>s sobre a existência <strong>de</strong> dúvi<strong>da</strong>s ou questões que gostassem <strong>de</strong> ver respondi<strong>da</strong>s.· Informar os alu<strong>no</strong>s que num laboratório <strong>de</strong> Química, à semelhança do que acontece na <strong>no</strong>ssa cozinha, existe uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> material e utensílios que <strong>de</strong>vemos saberi<strong>de</strong>ntificar e manusear correctamente para realizar as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com sucesso.· Referir que na <strong>no</strong>ssa cozinha po<strong>de</strong>mos encontrar colheres, garfos, facas, copos, pratos, panelas, entre outro material. Com base nisto e <strong>de</strong> modo a estimular a participação dosalu<strong>no</strong>s colocar­lhe a seguinte questão motivadora:­ E num laboratório <strong>de</strong> Química que material se po<strong>de</strong> encontrar?· Solicitar que os alu<strong>no</strong>s verbalizem e partilhem as suas i<strong>de</strong>ias em gran<strong>de</strong> grupo.· Distribuir aos alu<strong>no</strong>s a ficha <strong>de</strong> trabalho nº 1.· Mostrar aos alu<strong>no</strong>s o material <strong>de</strong> laboratório, explicar­lhes a sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e alguns cui<strong>da</strong>dos a ter <strong>no</strong> seu manuseamento.· Solicitar­lhes que à medi<strong>da</strong> que vamos conhecendo o material, façam a legen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s figuras <strong>da</strong> questão nº 1 <strong>da</strong> ficha <strong>de</strong> trabalho.· Dar particular <strong>de</strong>staque à leitura <strong>de</strong> volumes e realizar com os alu<strong>no</strong>s algumas leituras <strong>de</strong> volume usando a proveta.+ QUÍMICA DIGITAL 271


· Solicitar­lhes que resolvam a questão nº 2, <strong>de</strong> modo a consoli<strong>da</strong>r a leitura correcta <strong>de</strong> volumes na proveta.Final <strong>da</strong> Aula· Terminar a aula <strong>de</strong>stacando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>:­ Manusear cui<strong>da</strong>dosamente o material <strong>de</strong> vidro.­ Transporta­lo com cui<strong>da</strong>do e coloca­lo na banca em locais seguros <strong>de</strong> modo a evitar a sua quebra.­ Garantir que após a realização <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais o material fica <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente limpo e arrumado <strong>no</strong> local a<strong>de</strong>quado.· Solicitar­lhes que para TPC realizem as questões nº 3 e 4 <strong>da</strong> ficha <strong>de</strong> trabalho.· Informar os alu<strong>no</strong>s que a aula seguinte <strong>de</strong>correrá na sala <strong>de</strong> informática e que vamos conhecer os símbolos <strong>de</strong> segurança presentes em muitos produtos químicos, bem como oscui<strong>da</strong>dos a ter <strong>no</strong> seu manuseamento.Observações:A planificação <strong>da</strong>s restantes aulas on<strong>de</strong> se aplicaram os recursos “+ Química Digital” encontra‐se disponível emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 272


ANEXO VMATERIAL DE APOIO:FICHAS DE TRABALHOTEXTOS DE APOIOGUIÕES DE VISUALIZAÇÃO DOS VÍDEOSGUIÕES DE VISUALIZAÇÃO DAS ANIMAÇÕESROTEIROS DE EXPLORAÇÃOPROTOCOLOS EXPERIMENTAIS+ QUÍMICA DIGITAL 273


Ficha <strong>de</strong> trabalho n.º 2Nome: ___________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________Temática:Regras e símbolos<strong>de</strong> segurança1. Lê atentamente o texto que se segue e assinala todos os procedimentos incorrectosque encontrares."A Beatriz entrou a correr <strong>no</strong> laboratório, pousou a pasta sobre a mesa <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong>bruçou­se para veros materiais <strong>de</strong> que dispunha, enquanto terminava o seu lanche. Arrastou os cabelos longos pela mesa eabriu um dos frascos, que continha um líquido incolor, cheirou para ver se era acetona. Mediu para umaproveta 50 ml <strong>de</strong>sse líquido junto <strong>da</strong> chama <strong>de</strong> uma lamparina. Para não per<strong>de</strong>r tempo, não tapou ofrasco <strong>de</strong> acetona e prosseguiu a realização do trabalho experimental."2. Classifica como ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras ou falsas ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s seguintes afirmações:a) Para colocar uma substância sóli<strong>da</strong> num tubo <strong>de</strong> ensaio, quando pulveriza<strong>da</strong> ou em peque<strong>no</strong>sfragmentos, po<strong>de</strong> usar­se a mãob) Não pegar directamente com as mãos em material que tenha sido aquecido;c) Não colocar substâncias incolores perto <strong>de</strong> qualquer chama;d) Deve tentar colar­se, <strong>da</strong> forma mais perfeita possível, o material <strong>de</strong> vidro partidoe) Quando se aquecer um material num tubo <strong>de</strong> ensaio, imprimir ao tubo um movimento <strong>de</strong> rotaçãosobre a chama; nunca ter a boca do tubo vira<strong>da</strong> para as pessoas circun<strong>da</strong>ntef) Usar uma vareta para verter um líquido <strong>de</strong> um recipiente para outrog) Po<strong>de</strong>m provar­se as substâncias químicas que tenham um aspecto semelhante à águah) Para apagar uma lamparina <strong>de</strong>ve soprar­se e nunca usar a tampai) Ler sempre com muita atenção os rótulos dos frascos e respeitar quaisquer indicações nelesconti<strong>da</strong>sj) Para diluir um ácido, <strong>de</strong>ve­se <strong>de</strong>itar sempre progressivamente a água sobre o ácido e nunca oinverso, agitando continuamentek) É indispensável que o laboratório e as banca<strong>da</strong>s estejam bem limpos e arrumadosl) Lavar bem as mãos <strong>no</strong> final do trabalho laboratorial.3. To<strong>da</strong>s as embalagens que contêm produtos perigosos têm obrigatoriamente <strong>no</strong>rótulo um ou mais símbolos que <strong>no</strong>s informam do tipo <strong>de</strong> perigo e uma <strong>de</strong>scrição doscui<strong>da</strong>dos a ter para utilizar esse produto com segurança.Recolhe informações sobre alguns <strong>de</strong>sses produtos e completa a tabela seguinte.+ QUÍMICA DIGITAL 274


Texto <strong>de</strong> apoio n.º 1A gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> materiaisMesmo <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a e<strong>no</strong>rme varie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seres vivos, quando olhamos à <strong>no</strong>ssa volta ficamosmaravilhados com a gran<strong>de</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coisas que há <strong>no</strong> mundo. Umas existem naturalmente, como,por exemplo, os ocea<strong>no</strong>s, as rochas e o ar.Outras <strong>de</strong>vem­se à criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do homem, capaz <strong>de</strong> transformar o que aNatureza lhe oferece. Uma gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos químicos nasúltimas déca<strong>da</strong>s tem sido o fabrico <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos materiais <strong>no</strong> domínio dosmedicamentos, <strong>no</strong>vas fibras têxteis, <strong>no</strong>vos plásticos, <strong>no</strong>vos materiais <strong>de</strong>construção, materiais cerâmicos, <strong>no</strong>vos produtos agrícolas, etc. (Fig.1).Fig. 1 ­ MedicamentosNo processo <strong>de</strong> transformação dos materiais existentes <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso planeta parte­se <strong>da</strong>s matériasprimas,quer dizer, as matérias que servem para obter energia ou substâncias essenciais. O esquemaseguinte mostra exemplos <strong>de</strong> matérias­primas que temos ao <strong>no</strong>sso dispor. Em itálico indicam­se algumassubstâncias extraí<strong>da</strong>s <strong>de</strong>las.Poço <strong>de</strong>petróleoDo petróleo bruto extraem­se combustíveis, como agasolina e o gás propa<strong>no</strong>, que serve para aquecimento,e ain<strong>da</strong> outras substâncias utiliza<strong>da</strong>s, por exemplo, <strong>no</strong>fabrico <strong>de</strong> plásticos.O gás natural, constituído principalmente por meta<strong>no</strong>,é um combustível barato e pouco poluente.Poço <strong>de</strong> petróleoMina <strong>de</strong>carvãoO carvão é uma importante matéria­prima,utiliza<strong>da</strong> sobretudo como fonte <strong>de</strong> energia.GásnaturalOs minérios constituem outra classe <strong>de</strong> matériasprimasdon<strong>de</strong> se extraem muitos metais.Minérios (pirite)To<strong>da</strong>s estas matérias­primas são recursos limitados <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso planeta. Por outro lado, uma vezutiliza<strong>da</strong>s, isto é, transforma<strong>da</strong>s, já não po<strong>de</strong>m ser usa<strong>da</strong>s <strong>no</strong>vamente. São recursos não re<strong>no</strong>váveis.Alguns estão a esgotar­se rapi<strong>da</strong>mente e um dia acabarão mesmo. Este facto cria­<strong>no</strong>s uma gran<strong>de</strong>responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> quanto ao não <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong>stes recursos. Daí a importância <strong>da</strong> reciclagem ereutilização <strong>de</strong> materiais. A reciclagem também se traduz, em vários casos, na melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> doambiente. Por exemplo, a reciclagem do papel implica me<strong>no</strong>r número <strong>de</strong> árvores corta<strong>da</strong>s e, portanto, umaatmosfera mais rica em oxigénio.+ QUÍMICA DIGITAL 275


Guião <strong>de</strong> visualizaçãoVí<strong>de</strong>o “ Símbolos <strong>de</strong> segurança”Nome: ___________________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________________Visualiza atentamente o ví<strong>de</strong>o e procura respon<strong>de</strong>r às questões apresenta<strong>da</strong>s.1. Qual ou quais os principais cui<strong>da</strong>dos a ter com produtos inflamáveis?2. Além dos rótulos, on<strong>de</strong> mais se po<strong>de</strong>m encontrar sinais relacionados com produtosinflamáveis? Porquê?3. O que significa este símbolo?4. Qual ou quais os principais cui<strong>da</strong>dos a ter com estes produtos?5. Dá dois exemplos <strong>de</strong> produtos que apresentem este símbolo na suaembalagem.6. Que precauções <strong>de</strong>vemos ter quando trabalhamos com este tipo <strong>de</strong>produtos?7. Indica um exemplo <strong>de</strong> um produto tóxico.8. Que cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong>vemos ter após a utilização <strong>de</strong> produtos tóxicos?+ QUÍMICA DIGITAL 276


9. O que significa este símbolo?10. Indica um exemplo <strong>de</strong> um material corrosivo.11. Quais os principais cui<strong>da</strong>dos a ter com este tipo <strong>de</strong> produtos?12. Por que motivo os materiais comburentes são perigosos?13. Indica um cui<strong>da</strong>do a ter com este tipo <strong>de</strong> materiais.14. Qual a principal característica dos materiais explosivos?15. Indica um exemplo <strong>de</strong> um material <strong>de</strong>ste tipo.NOTAS:+ QUÍMICA DIGITAL 277


Guião <strong>de</strong> visualizaçãoAnimação “ Misturais coloi<strong>da</strong>is”Nome: ___________________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________________Visualiza atentamente a animação e procura respon<strong>de</strong>r às questões apresenta<strong>da</strong>s.1. O que se forma quando agitamos um recipiente contendoazeite e água?2. Como po<strong>de</strong>mos verificar que se trata <strong>de</strong> uma mistura coloi<strong>da</strong>l?3. Indica outros exemplos <strong>de</strong> misturas coloi<strong>da</strong>is.+ QUÍMICA DIGITAL 278


Roteiro <strong>de</strong> exploração <strong>da</strong> simulação“ Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado”Nome: ___________________________________________________________N.º_____________ Turma: _____________ Data: ________________________Esta simulação “ Mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> estado” permite escolher os estados físicos inicial e final<strong>da</strong> água e, posteriormente, variar a temperatura num termómetro obtendo­se assim a<strong>de</strong>signação <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> estado correspon<strong>de</strong>nte.1. Primeiro selecciona o estado físico inicial.+ QUÍMICA DIGITAL 279


2. De segui<strong>da</strong> selecciona o estado físico final.3. Aumenta ou diminui a temperatura <strong>de</strong> modo a que ocorra a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> estadopretendi<strong>da</strong>.+ QUÍMICA DIGITAL 280


4. Completa a tabela seguinte:Estado físicoinicialEstado físicofinalDesignação <strong>da</strong>mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong>estadoComo variou a temperatura domeio para que ocorra a mu<strong>da</strong>nça<strong>de</strong> estado?LíquidoSólidoSólidoSólidoSólidoLíquidoLíquidoLíquidoLíquidoGasosoGasosoLíquidoGasosoGasoso5. “As mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> fase são transformações físicas”. Justifica esta afirmação.+ QUÍMICA DIGITAL 281


Protocolo ExperimentalComo preparar soluções <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre?A preparação <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> composição preestabeleci<strong>da</strong> é uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> frequente emQuímica. Na activi<strong>da</strong><strong>de</strong> que se segue vais preparar duas soluções aquosas com diferenteconcentração <strong>de</strong> uma substância chama<strong>da</strong> sulfato <strong>de</strong> cobre.Material:Sulfato <strong>de</strong> cobre (penta­hidratado), água, copo <strong>de</strong> 150 mL, dois balões volumétricos, um <strong>de</strong> 100 mL eoutro <strong>de</strong> 200 mL, pipeta volumétrica <strong>de</strong> 25 mL, pêra <strong>de</strong> borracha, conta­gotas, vareta, espátula ebalança.Proce<strong>de</strong> <strong>da</strong> seguinte forma:Parte A (Fig. 1):· Num copo limpo e seco, pesa 40,0 g <strong>de</strong>sulfato <strong>de</strong> cobre penta­hidratado.· Junta água e agita para dissolver todo osólido.· Transfere a solução obti<strong>da</strong> para um balãovolumétrico <strong>de</strong> 200 mL.· Lava o copo com água e transfere <strong>de</strong><strong>no</strong>vo para o balão.Fig. 1 ­ Preparação <strong>de</strong> uma solução a partir <strong>de</strong> umsoluto sólido· Junta água até à marca do balão,agitando para homogeneizar a solução(solução A).Parte B (Fig. 2):· Com a pipeta volumétrica equipa<strong>da</strong> compêra <strong>de</strong> borracha, transfere 25 cm 3 <strong>da</strong>solução prepara<strong>da</strong> para um balãovolumétrico <strong>de</strong> 100 mL. (Não fazer sucçãocom a boca para enchimento <strong>da</strong> pipeta.)· Junta água até à marca, agitando parahomogeneizar a solução (solução B)Fig. 2­ Preparação <strong>de</strong> uma solução a partir <strong>de</strong> outramais concentra<strong>da</strong>No teu ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>:Regista <strong>no</strong> teu ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>, por palavras tuas, o que fizeste na parte A e a variação <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cor naparte BDescobre mais:Qual é a relação entre a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cor <strong>de</strong> uma solução e a sua concentração?+ QUÍMICA DIGITAL 282


O restante material <strong>de</strong> apoio encontra‐se disponível emhttp://nautilus.fis.uc.pt/cec/teses/carlam.+ QUÍMICA DIGITAL 283


ANEXO VIGRELHA PARA AVALIAÇÃO DOSRECURSOS “ + QUÍMICA DIGITAL”+ QUÍMICA DIGITAL 284


Grelha <strong>de</strong>GRELHA DE AVALIAÇÃO<strong>Recursos</strong> “ + Química Digital”Algumas consi<strong>de</strong>rações:Este instrumento tem como objectivo proce<strong>de</strong>r a uma avaliação acerca do potencialeducativo dos recursos <strong>digitais</strong> <strong>de</strong>senvolvidos e não inclui resultados <strong>da</strong> sua utilização emcontexto educativo.É composto por duas partes:· a primeira parte é uma “grelha <strong>de</strong> avaliação”, propriamente dita, que se <strong>de</strong>stina aquantificar a sua análise e apreciação dos recursos <strong>de</strong> forma sistemática e<strong>de</strong>talha<strong>da</strong> em relação a ca<strong>da</strong> item e a ca<strong>da</strong> um dos domínios em apreciação;· uma segun<strong>da</strong> parte em que lhe é solicita<strong>da</strong> uma avaliação global/<strong>de</strong>scritiva <strong>da</strong>ssuas percepções.Instruções:Assinalar com um [X] a coluna que melhor correspon<strong>de</strong> à sua opinião. No final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>domínio, <strong>de</strong>ve realizar uma apreciação global sobre esse domínio. Utilize o espaço <strong>de</strong>observações para registar erros ou omissões dos recursos, quando aplicável. Utilize, paraapreciar ca<strong>da</strong> item, a seguinte escala:NA – Não avaliado; 1 – Mau; 2 ­ Suficiente; 3 – Bom; 4 – Excelente+ QUÍMICA DIGITAL 285


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ANEXO VIIALGUMAS OPINIÕES DOS ALUNOS SOBREAS AULAS E OS RECURSOS+ QUÍMICA DIGITAL 290


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+ QUÍMICA DIGITAL 293

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