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Parte 1 - Fundação Museu do Homem Americano

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Relatório Anual de AtividadesFundação <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong>2010Vol.I2


A Fundação <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> (FUMDHAM), criada em 1986 em SãoRaimun<strong>do</strong> Nonato, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí é uma entidade científica, filantrópica, uma sociedadecivil, sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública estadual e federal e cadastradano Conselho Nacional de Assistência Social.Hoje, a FUMDHAM procura retornar à sociedade os resulta<strong>do</strong>s das pesquisas, tanto noplano cultural, ecológico, como no <strong>do</strong> desenvolvimento sócio-econômico da Área deProteção Ambiental que circunda o Parque Nacional Serra da Capivara.A FUMDHAM também é responsável, perante o IPHAN, o Instituto Chico Mendes e aUNESCO, da preservação desse patrimônio.Permanentes ações de monitoramento, recuperação e manutenção da infra-estruturapermitem que o Parque desempenhe suas funções de unidade de conservação, deproteção integral.Este relatório está subdividi<strong>do</strong> por atividades, da seguinte forma:· Proteção e conservação <strong>do</strong> Parque Nacional Serra da Capivara· Pesquisas e Desenvolvimento· Outras atividades3


Página 4 - Proteção e conservação <strong>do</strong> Parque NacionalSerra da Capivara Lei RouanetPágina 8 - Proteção e conservação <strong>do</strong> Parque NacionalSerra da CapivaraICMBioPágina 9 - Pesquisa e DesenvolvimentoPágina 10 - Parque Nacional Serra da Capivara, Patrimônio Mundial(UNESCO): “Registro Fotogramétrico de Sítios Arqueológicos” - FINEP-FUMDHAMPágina 11 - Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente.CNPqPágina 12 - Projeto a água e o berço <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> – ProgramaPetrobrás AmbientalPágina 28 - Salvamento arqueológico realiza<strong>do</strong> nas áreas <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong>Mel, Morro da Tromba, Morro <strong>do</strong> Café e suas adjacênciasPágina 32 - Pro-arte FUMDHAMPágina 42 - Festival Acordais4


Proteção, manutenção econservação<strong>do</strong>Parque NacionalSerra da CapivaraLei Rouanet5


Proteção, manutenção e conservação <strong>do</strong> Parque NacionalSerra da CapivaraLei RouanetDesde 2001, a FUMDHAM conta com o apoio de diversos patrocina<strong>do</strong>res, principalmentea PETROBRAS. Os trabalhos foram consagra<strong>do</strong>s a: limpeza e conservação de sítios dearte rupestre, manutenção de edificações, instalações, equipamentos, estradas e trilhas,bem como a verificação constante <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de conservação, limpeza e manutenção.Paralelamente to<strong>do</strong> o acervo arqueológico continuou a ser conserva<strong>do</strong>, cataloga<strong>do</strong> eanalisa<strong>do</strong>.Em 2010, especificamente, recebemos tardiamente o sal<strong>do</strong> disponível da autorizaçãode captação de recursos número 0725 22, que foi utiliza<strong>do</strong> para cobrir despesas járealizadas.Os primeiros recursos da autorização núnero 098678 somente foram libera<strong>do</strong>s nomês de dezembro.MetasInformações gerais sobre o projetoA meta principal <strong>do</strong> projeto é a de prosseguir com os trabalhos de manejo,preservação, manutenção, proteção e divulgação <strong>do</strong> patrimônio cultural <strong>do</strong>s sítiosarqueológicos localiza<strong>do</strong>s nessa área, apoia<strong>do</strong>s pela Petrobrás desde 1999. Estefinanciamento torna possível a continuidade das ações.A partir <strong>do</strong> momento em que todas estas atividades são mantidas e a infraestruturaativa, é possível desenvolver outras em paralelo, não menosimportantes como pesquisa, educação e desenvolvimento.Objetivos• Manejo e conservação <strong>do</strong>s patrimônios cultural e natural• Recuperação <strong>do</strong> patrimônio natural• Proteção <strong>do</strong>s patrimônios cultural e natural• Manutenção da infra-estrutura• Conservação e análise das coleções obtidas pelas pesquisas• Desenvolvimento econômico da região através da criação de emprego diretoe indireto com o aumento <strong>do</strong> número de visitantes.6


Resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s• Criação de mais de 100 empregos permanentes• Criação de mais de 100 empregos sazonais• Movimentação da economia da região com o desenvolvimento sócioeconomicodecorrente• Manutenção <strong>do</strong> Parque Nacional e <strong>do</strong> Patrimônio Cultural, permitin<strong>do</strong> odesenvolvimento <strong>do</strong> turismo e suas positivas conseqüências sócioeconômicas.De janeiro a março de 2010Os numerosos atrasos burocráticos levaram a FUMDHAM a uma situação difícil nacontinuidade <strong>do</strong> projeto. Até a liberação da primeira parcela deste contrato, nenhumaverba, de nenhuma fonte havia si<strong>do</strong> recebida.Nos primeiros 5 meses de 2010 foi possível manter somente os serviços mínimos paranão fechar o Parque Nacional.Infelizmente este ano também houve fortes chuvas que requereram algumas intervençõesde urgência.Um pequeno sal<strong>do</strong> remanente de 2009 e o aporte de empréstimos permitiram manter ummínimo de atividades, a saber:Atividades realizadasMantivemos o número de pessoal permanente nas guaritas e um mínimo nas equipes demanutenção e conservação.Manutenção <strong>do</strong> Parque NacionalSomente foram executadas ações de urgência para recuperar locais seriamente atingi<strong>do</strong>spelas chuvas e nos quais os trabalhos definitivos ainda não tinham si<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong>s.PessoalPor falta de recursos fomos obriga<strong>do</strong>s a reduzir o número de pessoas empregadas.O quadro de pessoal da FUMDHAM foi diminuí<strong>do</strong> para somente 91 pessoas fixas.Conservação e manutenção de sítios arqueológicosNesta área também foram consideravelmente reduzidas as atividades que ficaram limitadasa intervenções de urgência como, em caso de proliferação de insetos, nas áreas compinturas rupestres.7


Conservação e manutenção <strong>do</strong> acervoA maioria das atividades foi mantida graças a recursos de projetos de pesquisa.Digitalização de informaçõesArmazenamento de imagensAlimentação <strong>do</strong> SIG (Sistema Integra<strong>do</strong> de Geo-referenciamento).Manutenção e atualização da página www.fumdham.org.brClassificação e armazenagem de material arqueológicoResulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>sEspera<strong>do</strong>: Criação de mais de 100 empregos permanentesObti<strong>do</strong>: fomos obriga<strong>do</strong>s a diminuir a quantidadeEspera<strong>do</strong>: Criação de mais de 100 empregos sazonaisObti<strong>do</strong>: Ficou reduzi<strong>do</strong> a um mínimoEspera<strong>do</strong>: Movimentação da economia da região com o correspondentedesenvolvimento sócio-cultural decorrenteObti<strong>do</strong>: Cada vez que a FUMDHAM está sem recursos a economia local se ressentenotavelmente.Espera<strong>do</strong>: Manutenção <strong>do</strong> Parque Nacional e <strong>do</strong> Patrimônio Cultural, permitin<strong>do</strong> odesenvolvimento <strong>do</strong> turismo e suas positivas conseqüências sócio-econômicas.Obti<strong>do</strong>: Os meses que nos ocupam neste relatório não foram suficientes para queos visitantes pudessem perceber diferenças. Se a situação continuar, inevitavelmente,as excelentes condições de conservação não poderão ser mantidas.8


Proteção e conservação <strong>do</strong> Parque NacionalSerra da CapivaraCompensação Ambiental - ICMBioICMBio – Assinamos um termo de parceria com o ICMBio destina<strong>do</strong> à co-gestão <strong>do</strong>gerenciamento <strong>do</strong> Parque Nacional Serra da Capivara.O ICMBio destinou para o projeto verbas de Compensação Ambiental.Título <strong>do</strong> projeto: Manutenção e Manejo, Pesquisa, Uso Público, Proteção e EducaçãoAmbiental no Parque Nacional Serra da Capivara e sua zona de amortecimento.Justificativa: O Parque Nacional da Serra da Capivara foi cria<strong>do</strong> em 1979, a pedi<strong>do</strong> daMissão Franco – Brasileira, composta por pesquisa<strong>do</strong>res vincula<strong>do</strong>s à UFPI, paraproteger a maior concentração de sítios arqueológicos encontra<strong>do</strong>s no Brasil, ondeforam feitas as mais antigas datações que atestam a presença da passagem <strong>do</strong>homem pré-histórico pelo continente americano, há mais de 50.000 anos. Tem si<strong>do</strong>objeto de pesquisas desde 1970,pela sua importância cultural e ambiental foi inscrito,em 1991, pela UNESCO na lista <strong>do</strong> Patrimônio Mundial. É um importante pólo turístico,motor <strong>do</strong> desenvolvimento na região onde estão sen<strong>do</strong> investi<strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong>sgovernos federal e estadual, inclusive na construção de um aeroporto internacional.As metas <strong>do</strong> projeto são:Gestão e Administração da UCProteçãoManutenção de infraestruturaEducação Ambiental e integração <strong>do</strong> entornoOs recursos foram libera<strong>do</strong>s no mês de junho e permitiram dar continuidade a todas asatividades. O projeto deve continuar em 2011.9


Pesquisa eDesenvolvimento10


Parque Nacional Serra da Capivara, Patrimônio Mundial (UNESCO):“Registro Fotogramétrico de Sítios Arqueológicos” - FINEP-FUMDHAMEste projeto foi finaliza<strong>do</strong> em 2010, incluímos um resumo <strong>do</strong> relatório finalOs procedimentos de fotogrametria digital tridimensional através de varredura a laserque apresentamos no relatório foram aplica<strong>do</strong>s a sítios com grafismos rupestres pelaprimeira vez no Brasil. As metas formuladas na encomenda vertical foram atingidas:O registro georreferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sítios arqueológicos e das manchas gráficas realizadassobre as paredes <strong>do</strong>s sítios escolhi<strong>do</strong>s foram <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s por procedimentos devarredura a laser obten<strong>do</strong> a reconstrução <strong>do</strong> espaço-objeto a partir <strong>do</strong> espaço da imagem.Foi também realiza<strong>do</strong> o processamento imagético de maneira a criar uma referência <strong>do</strong>produto final que pôde ser obti<strong>do</strong> e se traduzir eventualmente em uma construção deréplicas. Principalmente importa ter um produto que é de alta precisão micrométrica quevai muito alem da percepção visual e fotográfica no seu georreferenciamento. O objetivoda aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> é a realização de uma <strong>do</strong>cumentação que deverá ficar armazenadaem discos rígi<strong>do</strong>s.Nas atividades de conservação patrimonial a <strong>do</strong>cumentação gráfica com precisãomicrométrica pode ser utilizada como instrumento de avaliação <strong>do</strong>s impactos <strong>do</strong>sprocedimentos de conservação e planejamento. Foi analisada a <strong>do</strong>cumentação imagéticaanalógica relativa às atividades de conservação de sítios de pinturas <strong>do</strong> ParqueNacional em comparação como a <strong>do</strong>cumentação digital <strong>do</strong>s sítios georreferencia<strong>do</strong>s.Ficou evidencia<strong>do</strong> o interesse em digitalizar as áreas das paredes rochosas queapresentam patologias geológicas, hidrológicas e microbiológicas, viabilizan<strong>do</strong> um novosistema de monitoramento que permitirá estabelecer a evolução das patologias e <strong>do</strong>impacto das intervenções de preservação.Foi feito o diagnóstico microbiológico e geoquímico <strong>do</strong>s processos de degradaçãodas pinturas e <strong>do</strong>s sítios escolhi<strong>do</strong>s. A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foi formulada uma série deprocedimentos de intervenção para a preservação e possível recuperação das patologiasdetectadas. Foram também formula<strong>do</strong>s protocolos de registro de da<strong>do</strong>s que serãoutiliza<strong>do</strong>s para dar seguimento à evolução <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de conservação <strong>do</strong>s sítios.O problema de multiplicação das fissuras nas superfícies das paredes <strong>do</strong>s sítios dearenito, de composição heterogênea foi também estuda<strong>do</strong> com vistas a identificar ocomportamento estrutural geoarqueológico <strong>do</strong>s sítios através da aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> deelementos finitos. Conclui-se que, para simulações geológicas dinâmicas, são necessáriosprocedimentos robustos capazes de representar a consistência topológica e geométrica.Assim, as malhas volumétricas puderam ser geradas internamente às regiões delimitadaspelas superfícies apenas através de um algoritmo para geração de tetraedros em <strong>do</strong>míniosarbitrários, o que nos permitiu tratar consistentemente as restrições internas.A criação <strong>do</strong> portal “Parque Nacional Serra da Capivara, Patrimônio Mundial (UNESCO):Registros Fotogramétricos de Sítios Arqueológicos”, disponibiliza ao público a<strong>do</strong>cumentação imagética bidimensional e tridimensional produzida durante a pesquisa.Os da<strong>do</strong>s e imagens processadas durante a execução <strong>do</strong> projeto interagem em linguagemacessível para o público com o objetivo maior de divulgar e gerar conhecimento sobre osavanços no campo da <strong>do</strong>cumentação de sítios com grafismos rupestres. Está disponívelno Portal em forma interativa as imagens panorâmicas <strong>do</strong>s seis sítios escanea<strong>do</strong>s.11


O desafio da continuidade da análise das imagens digitais é descompor as descriçõescomplexas ou simbólicas em descrições geométricas ou icônicas em que os componentesfiquem hierarquiza<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> o grau de representatividade simbólica que lhe é da<strong>do</strong>pela hipótese. Para um corpus rupestre que foi sempre estuda<strong>do</strong> sob uma óticaaproximativa e com um considerável peso de uma abordagem subjetiva a possibilidadede trabalhar com variáveis quantitativas representa uma opção promissória para a pesquisadas pinturas rupestres pre-históricas.Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente. CNPqIniciou suas atividades, coordena<strong>do</strong> por Anne-Marie Pessis e sedia<strong>do</strong> na Fundação <strong>Museu</strong><strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> o Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente,instituição aprovada pelo CNPq no âmbito <strong>do</strong>s Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.Participam <strong>do</strong> projeto as seguintes Instituições, em rede: UFPE, FIOCRUZ e URCA ÚnicoInstituto Nacional na área de Arqueologia aprova<strong>do</strong> pelo CNPq, no Brasil.Objetivo <strong>do</strong> InstitutoReunir em uma rede o conhecimento arqueológico e paleontológico e as instituiçõesconsolidadas dedicadas ao estu<strong>do</strong> da arqueologia, da paleontologia e suas disciplinaspropedêuticas. A partir de ações concretas e numa coalescência de interesses se integramas instituições participantes e os pesquisa<strong>do</strong>res de outras instituições brasileiras eestrangeiras que realizam pesquisas na região Nordeste <strong>do</strong> Brasil.12


Projeto a água e o berço <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> – Programa PetrobrásAmbientalEste projeto procurou promover ações integradas visan<strong>do</strong> melhorar a gestão de recursoshídricos na região <strong>do</strong>s parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusõese nas áreas circunvizinhas (região <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Berço <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> – TBHA),no semiári<strong>do</strong> nordestino. Um conjunto de iniciativas foi programa<strong>do</strong> para o aproveitamento<strong>do</strong>s recursos naturais, ecológicos, turísticos e culturais.O Projeto foi realiza<strong>do</strong> pela Fundação <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> – Fumdham, emconjunto com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM. Foramdesenvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s socioeconômicos de infraestrutura para o turismo ecológico ecultural, pesquisas sobre as águas superficiais e subterrâneas, além de programas deeducação ambiental nos municípios da região. De forma articulada com as açõessocioeconômicas, foram desenvolvidas atividades com resulta<strong>do</strong> direto, que se traduziramem uma maior oferta de água através da locação e perfuração de novos poços, reparaçãode poços já existentes e seus respectivos equipamentos e de reservatórios naturais — oschama<strong>do</strong>s caldeirões —, além da recuperação das lagoas São Vítor e <strong>do</strong>s Porcos e daproteção das nascentes <strong>do</strong> Rio Piauí.JUSTIFICATIVAO problema ambiental enfrenta<strong>do</strong> pelo Projeto correlaciona a escassez da oferta de águacom a preservação de sítios arqueológicos e paleontológicos, levan<strong>do</strong> em conta asprecárias condições de vida da população.A região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> nordestino caracteriza-se por uma escassez <strong>do</strong>s recursos hídri­cossuperficiais em consequência das baixas taxas de precipitações pluviométricas que, muitasvezes, pela sua distribuição irregular, são responsáveis por secas periódicas.O Piauí é o único esta<strong>do</strong> brasileiro litorâneo que foi coloniza<strong>do</strong> de “dentro para fora”, nochama<strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> couro (entre os séculos XVII e XVIII). O nome <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> vem de um riocom muitos peixes chama<strong>do</strong> Piauí — que significa rio que tem piaus. Este nasce naregião <strong>do</strong> TBHA, precisamente na Serra das Confusões, e é afluente <strong>do</strong> Rio Parnaíba.As comunidades que foram se forman<strong>do</strong> às margens desse rio ficaram isoladas eesquecidas, desprovidas de qualquer investimento e sofren<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> às difíceis condiçõesclimáticas <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Polígono das Secas.O TBHA localiza-se a sudeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí, faz parte da sub-bacia <strong>do</strong> Rio Piauí ecorresponde a cerca de 3,4% da área total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os municípios seleciona<strong>do</strong>s têmforte ligação com a Serra das Confusões e/ou com a Serra da Capi­vara e/ou com ocorre<strong>do</strong>r ecológico que as une. Ambas as serras apresentam áreas deli­mitadas queconstituem unidades de conservação permanente. O TBHA está localiza<strong>do</strong> em uma áreade transição entre os biomas cerra<strong>do</strong> e caatinga, onde a floresta estacional é a vegetaçãopre<strong>do</strong>minante.13


A caatinga é considerada, entre os principais <strong>do</strong> Brasil, o único bioma exclusiva­mentebrasileiro, o que significa que grande parte <strong>do</strong> patrimônio biológico dessa região não éencontrada em outro lugar <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> além <strong>do</strong> Nordeste brasileiro. Embora estejasubme­tida a um grande “estresse hídrico”, a sua vegetação é bem adaptada ao solo ebastante biodiversificada. A caatinga é composta, pre<strong>do</strong>minantemente, por plantasxerófilas, como árvores e arbustos — frequentemente <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de espinhos —, que perdemsuas folhas durante a estação seca, além de cactáceas, bromeliáceas e ervas de ciclosanuais. Se­gun<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> mais atual acerca desse bioma, realiza<strong>do</strong> pela equipe <strong>do</strong>Projeto Avaliação e Identificação de Ações Prioritárias para a Biodiversidade da Caatinga(MMA 2002), 68% de sua área encontra-se alterada.O Rio Piauí, que era perene até pouco tempo (1973) e chegava normalmente a SãoRaimun<strong>do</strong> Nonato, atualmente está assorea<strong>do</strong> e corre no corre<strong>do</strong>r ecológico que liga aSerra da Capivara à Serra das Confusões.O entorno <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is grandes parques nacionais — da Capivara e das Confusões — é umare­gião com uma sinergia entre a fauna as pessoas desde a Pré-História.As ações ambientais na bacia desse rio são imprescindíveis no tocante às águassuperficiais. No que diz respeito à gestão das águas subterrâneas, ocorre umadesor­denada perfuração de poços nos municípios da região. Entende-se que a pura esimples abertura de poços não é suficiente para solucionar a questão, mas que informaçõesprecisas sobre a dimensão <strong>do</strong>s aquíferos, suas taxas de recarga, a avaliação da qualidadeda água desses poços, o uso racional (alcança<strong>do</strong> através de um processo de educaçãoambiental) e o incentivo a atividades econômicas com tecnologias poupa<strong>do</strong>ras de águasão fundamentais na efetividade da solução <strong>do</strong> problema.O uso de águas subterrâneas com múltiplas utilidades (de consumo, agrícola e industrial)é de responsabilidade <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s. Infelizmente, tanto as companhias de águas estaduais— res­ponsáveis pela oferta de água — como os órgãos ambientais — encarrega<strong>do</strong>s dafiscalização <strong>do</strong> uso dessa água — não têm capacidade financeira nem gerencial paraagir de forma abran­gente. A atuação <strong>do</strong> Poder Público, tanto municipal como estadual,nessa matéria é pontual. Não existem planos estaduais de gestão de recursos hídricossubterrâneos construí<strong>do</strong>s com informações, metas e limites defini<strong>do</strong>s. O que se tem hojeé uma situação que, em certos casos, se torna caótica, com o desperdício de água nospoços jorrantes (situa<strong>do</strong>s numa região ao norte da Serra das Confusões) e a contaminação<strong>do</strong>s aquíferos, o que degra­da o meio ambiente.A água no Nordeste é de importância estratégica e representa um fator vital para o seudesenvolvimento. Como a ocorrência de água subterrânea depende das característicasgeológicas e das condições climáticas, bastante variáveis na Região, a sua distribuiçãoespacial nessa região é feita de maneira extremamente heterogênea. O <strong>do</strong>mínio dasrochas cristalinas, que pre<strong>do</strong>minam no semiári<strong>do</strong>, resulta em sistemas aquíferos <strong>do</strong> tipofratura<strong>do</strong> — de baixa produtividade — em que os poços apresentam, geralmente, vazõesinferiores a 3 m3/h. Nos aquíferos fratura<strong>do</strong>s de áreas desprovidas de cobertura, a recargaé ineficiente, e a falta de energia <strong>do</strong> sistema é responsável pelo teor eleva<strong>do</strong> de sais; issofaz com que seja necessário submeter a água a um processo de dessalinização.No semiári<strong>do</strong> brasileiro, localizam-se as áreas com menor índice de desenvolvimentohumano, que têm geralmente, como carência principal, um acentua<strong>do</strong> déficit hídrico e14


uma forte dependência de poços e cacimbas para o aproveitamento das águassubterrâneas <strong>do</strong> cristalino e das chuvas, respectivamente.A gestão <strong>do</strong>s aquíferos pode, então, proporcionar a utilização racional das águassub­terrâneas no senti<strong>do</strong> da regularização da oferta em perío<strong>do</strong>s de excedentes hídricos,evi­tan<strong>do</strong>, assim, a sua super exploração. De forma resumida, a utilização das águassubterrâ­neas pode ser considerada como sen<strong>do</strong> a mais social e flexível das fontespermanentes de água, pois estas podem ser captadas onde se fazem necessárias eestão naturalmente protegidas da evaporação. Entretanto, os poços devem ser loca<strong>do</strong>s,construí<strong>do</strong>s e opera<strong>do</strong>s com o máximo de qualidade e eficiência técnica.Nos municípios da área de abrangência <strong>do</strong> TBHA, os principais problemas relaciona­<strong>do</strong>sàs águas são:• Escassez de água para abastecimento público.• Falta de alternativas econômicas possíveis para garantir a sobrevivência dascomuni­dades.• Instalação de poços sem considerar estu<strong>do</strong>s geofísicos já realiza<strong>do</strong>s.• Falta de monitoramento da qualidade da água de abastecimento.• Necessidade de um processo de educação/conscientização ambiental alia<strong>do</strong>ao uso da água.• Dificuldade de acesso aos mananciais superficiais.• Falta de planejamento na adequação das águas que possam provir de poçosloca<strong>do</strong>s e perfura<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s municípios encontra<strong>do</strong>s na borda sul da Bacia <strong>do</strong> Parnaíba— cujo preenchimento se­dimentar favorece a formação de aquíferos profun<strong>do</strong>s dealta produtividade e portabilidade.• Falta de condições ou de meios que possam suprir o abastecimento de águapara as comunidades.Como pode-se perceber, somente com uma gestão integrada de to<strong>do</strong> o processo poderse-ápensar numa solução adequada e sustentável para o problema da escassez deágua na região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> nordestino, que abriga o maior patrimônio arqueológico daAmé­rica. A Fumdham tem demonstra<strong>do</strong>, no Parque Nacional Serra da Capivara, apossibilidade de ampliar os recursos hídricos com captação em antigas quedas-d’água,quan<strong>do</strong>, durante as chuvas, podem-se acumular quantidades importantes rapidamente.Essa capta­ção exige somente que sejam retira<strong>do</strong>s os sedimentos que se acumularamnas bases des­sas quedas desde 9 mil anos, quan<strong>do</strong> a região sofreu uma diminuição nasprecipita­ções. Os trabalhos na área <strong>do</strong> Parque e nas propriedades da Fumdham permitemacumular 12 milhões de litros.Dentre as várias transformações sociais, econômicas, ambientais e culturais positi­vasadvindas da realização deste projeto, podem-se destacar:• Conscientização e comprometimento das comunidades através <strong>do</strong>s programasde educa­ção, com uma prática sócio ambiental mais solidária, acreditan<strong>do</strong> nacapacidade e necessidade de mudança de atitude em relação ao tratamento <strong>do</strong>srecur­sos hídricos e <strong>do</strong> meio ambiente.• Melhorias na qualidade de vida da comunidade através da dissemina­ção <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s da aplicação <strong>do</strong> princípio de Responsabilidade Social aos em­presárioslocais.15


• Apoio à organização comunitária para sua efetiva participação nos pla­nos derecursos hídricos.• Valorização <strong>do</strong>s patrimônios cultural e artístico herda<strong>do</strong> da Pré-História para ascomunidades envolvidas.A seguir, são descritos sucintamente as principais características socioeconômicas,ambientais, culturais e políticas da população rural <strong>do</strong>s municípios escolhi<strong>do</strong>s.Os municípios que compõem o que denominamos de TBHA, no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Piauí, não possuem condições de de­senvolver uma agenda ambiental endereçada aosproblemas considera<strong>do</strong>s anteriormente. Os recursos municipais dependem principalmentedas transferências federais — Fun<strong>do</strong> de Participação <strong>do</strong>s Municípios – FPM — ou daassistência social. A renda média per capita da região é de meio salário-mínimo.Os tipos pre<strong>do</strong>minantes de esgotamento sanitário são fossas rudimentares e fos­sassépticas. A rede de esgoto geral é praticamente inexistente, e a coleta de lixo alcança, naregião, somente 10% da população, com exceção de São Raimun<strong>do</strong> No­nato — municípioque apresenta os melhores índices sociais e ambientais. Os conselhos municipais queexistem são das áreas de saúde e assistencial; e a política ambiental não é explícita.Dentro dessa precária infraestrutura, que afeta a saúde e a educação, existem os parquesnacionais da Serra das Confusões e da Serra da Capivara, com os tesouros arqueológicose paleontológicos descobertos e ainda a descobrir.Aponta<strong>do</strong> nos relatórios governamentais e por especialistas, o turismo é a atividade demaior potencial para desenvolver a região. Para preservar seus atrativos, é necessárioinvestir na infraestrutura e na educação, a fim de melhorar a prestação de serviços egerenciar os recursos naturais e culturais.OBJETIVO GERALO objetivo geral <strong>do</strong> Projeto foi de melhorar a gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos na região <strong>do</strong>sparques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões (região <strong>do</strong> TBHA)para promover o aproveitamento <strong>do</strong>s recursos naturais, ecológicos, turísticos e culturais.As ações de cunho social foram pautadas em processos de educação ambiental para ouso <strong>do</strong>s recursos hídricos <strong>do</strong> TBHA.O programa de Educação Ambiental desenvolveu diversas atividades para ascomunidades. Estas atravessam um perío<strong>do</strong> de grande desenvolvimento tecnológico semnunca ter ti<strong>do</strong> um ensinamento <strong>do</strong> que é um ecossistema. Ao mesmo tempo, a degradaçãoda região tem si<strong>do</strong> intensa com um aumento notável da erosão; <strong>do</strong> assoreamento; <strong>do</strong>desaparecimento de rios e lagoas; da dispersão <strong>do</strong> lixo para to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, causan<strong>do</strong>problemas principalmente de higiene e de saúde pública. Jovens cria<strong>do</strong>s num ambienteonde não existe respeito para com a natureza poderão assumir atitudes responsáveisapenas se receberem ensinamentos que venham demonstrar a grande importância dapreservação ambiental.16


O Programa de utilizou a arte como motor para o desenvolvimento humano, auxilian<strong>do</strong>na descoberta de potencialidades e transforman<strong>do</strong>-as em competências em quatro níveis:o ser, o conviver, o aprender e o fazer. O tema gera<strong>do</strong>r de todas as atividades foi a água.OBJETIVOS ESPECÍFICOS1.Mapeamento geológico estrutural e geofísico regional e detalhamento das áreasde estu<strong>do</strong>. Levantamentos arqueogeofísicos de áreas com potencial para encontrarvestígios arqueológicos e paleontológicos.2.Gestão das águas superficiais e subterrâneas <strong>do</strong> TBHA.3.Estu<strong>do</strong> da dinâmica relacional entre a água e a presença <strong>do</strong> homem, da Pré-História aos dias atuais, no TBHA.4.Educação ambiental.5.Organização <strong>do</strong> banco de da<strong>do</strong>s georreferencia<strong>do</strong>s sobre as informaçõesambientais, arqueológicas, paleontológicas e socioeconômicas <strong>do</strong> TBHA.6.Divulgação das ações <strong>do</strong> Projeto e de seus resulta<strong>do</strong>s.Objetivo 1:Essas atividades foram desenvolvidas pelo laboratório de geoprocessamento da Fumdhame tiveram como objetivo principal a pesquisa e melhoria da gestão de recursos hídricosna região <strong>do</strong>s parques nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões e nasáreas circunvizinhas (TBHA).Concomitantemente, foi também focalizada a delimitação de novos sítios arqueológicose paleontológicos que contribuíram para aumentar o potencial cultural e turístico da região.A construção <strong>do</strong> Sistema de Informações Geográficas foi feita de mo<strong>do</strong> a abarcar oscontextos arqueológico, paleontológico e socioeconômico <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Berço <strong>do</strong> <strong>Homem</strong><strong>Americano</strong>.Esses da<strong>do</strong>s geoprocessa<strong>do</strong>s servem como base para uma macroanálise <strong>do</strong> TBHA erepresentam um momento importante dentro <strong>do</strong> levantamento <strong>do</strong>cumental <strong>do</strong> Projeto,sen<strong>do</strong> atualiza<strong>do</strong>s constantemente.Objetivo 2Aumento da oferta de poços de águas subterrâneas em municípios <strong>do</strong> TBHAUma pesquisa feita em quatro municípios da área <strong>do</strong> Projeto mostrou que a maioria <strong>do</strong>spoços existentes está sem funcionar. Bombas queimadas e poços perfura<strong>do</strong>s, mas nãoequipa<strong>do</strong>s. Além disso, a maioria deles tem a água salgada.Nossas pesquisas sobre a evolução climática mostraram que, há cerca de 10 mil anos,as chuvas diminuíram, e a região, até então de clima tropical úmi<strong>do</strong>, passou a ter cadavez menos chuvas, chegan<strong>do</strong> à situação atual. Desmatamentos desregra<strong>do</strong>s que tiveraminício na década de 1980, deixan<strong>do</strong> a terra nua — sofren<strong>do</strong> violentos processos erosivos—, também contribuem para uma situação de difícil recarga <strong>do</strong>s lençóis subterrâneos.Quan<strong>do</strong> a água da chuva começa a se infiltrar, o sol volta “violento”, e a água evapora-se.17


Captação de Água de Lagoas e FontesForam localiza<strong>do</strong>s 523 poços escava<strong>do</strong>s manualmente, lagoas e barragens no territóriocoberto pelo Projeto.Instalação de poçosNa realidade, existem muitos poços (somente em quatro municípios, Caracol, Jurema,Anísio de Abreu e São Braz, existem 84 poços, <strong>do</strong>s quais 31, ou seja, 36,90%, não estãoequipa<strong>do</strong>s). Na cidade de Caracol, foram perfura<strong>do</strong>s 23 poços, to<strong>do</strong>s de água potável,mas somente sete estão equipa<strong>do</strong>s. Desses 84 poços, 56 são de água salobra e 28 deágua potável. Essa realidade demonstra que não é necessário continuar perfuran<strong>do</strong> poços,melhor seria equipar to<strong>do</strong>s os de água potável que ainda não dispõem de bomba. Ousomente perfurar em cidades e povoa<strong>do</strong>s realmente desprovi<strong>do</strong>s de qualquer fonte deágua potável.Há cidades e povoa<strong>do</strong>s próximos a olhos-d’água; bastaria cercá-los — para evitar quepessoas e animais entrassem na água e que vasilhas sujas a contaminassem — e equipáloscom reservatório e bomba.To<strong>do</strong> o trabalho de prospecção proposto no Projeto inicial já foi realiza<strong>do</strong> pela CPRM, oque torna inútil a compra de equipamentos custosos. O trabalho de locação de poçostambém não é necessário, porque a CPRM já tem todas as locações, indican<strong>do</strong> inclusivea qualidade e quantidade da água.ExecuçãoFoi realiza<strong>do</strong> o levantamento das comunidades que poderiam ser beneficiadas pelo Projeto,inicialmente nos municípios de: São Braz , Anísio de Abreu, Jurema, Caracol e Guaribas.Equipamos poços já existentes com sistema de bombeamento através de energia solar econstrução de um chafariz em local público nas seguintes comunidades:Fósforo – Município de JuremaCapim – Município de GuaribasLagoa Funda no Município de Várzea BrancaBarreiro – Município de GuaribasBarreirinho – Município de Cel. José DiasRecuperação e Preservação <strong>do</strong> sistema hídrico da Lagoa São Vítor (São Raimun<strong>do</strong>Nonato, PI)Em 2008, a Lagoa São Vítor (município de São Raimun<strong>do</strong> Nonato) ficou completamentecheia com as chuvas de março e abril. Segun<strong>do</strong> os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> povoa<strong>do</strong>, eles nuncahaviam visto tanta água e calculam que ela não secará nem com cinco anos de seca.18


O material arqueológico retira<strong>do</strong> da Lagoa já está cataloga<strong>do</strong> e classifica<strong>do</strong>, trabalhorealiza<strong>do</strong> pelos técnicos da Fumdham. O resulta<strong>do</strong> preliminar dessa análise foi um totalde 3.331 peças líticas divididas nas classes preliminares.Foram também coleta<strong>do</strong>s 5.030 ossos (inteiros e fragmenta<strong>do</strong>s) da fauna fóssil.Uma peça excepcional foi encontrada; ela tem o formato de uma machadinha, mas émuito pequena. Foi feita utilizan<strong>do</strong> hematita — puro óxi<strong>do</strong> de ferro. Do la<strong>do</strong> <strong>do</strong> gume,mostra traços de ter si<strong>do</strong> utilizada para riscar; <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, as marcas mostram que foipassada sobre uma superfície rugosa.Foi instalada uma caixa-d’água para o consumo humano; uma segunda que alimenta umbebe<strong>do</strong>uro para os animais; e outra ligada a um local com tanques para lavar roupa.Cumpre lembrar que antes os mora<strong>do</strong>res lavavam roupa dentro da Lagoa, onde tambémbebiam os animais e onde to<strong>do</strong>s entravam com vasilhames sujos para buscar água.Proteção das nascentes <strong>do</strong> Rio PiauíO reflorestamento das nascentes <strong>do</strong> Rio Piauí, incluí<strong>do</strong> no Projeto, criou um outro problema.Logo no início <strong>do</strong> Projeto, a Fumdham iniciou o cultivo de mudas.Após situar em nossos mapas as nascentes <strong>do</strong> Rio, procuramos saber quem era oproprietário <strong>do</strong> lugar e descobrimos que se tratava da Minera<strong>do</strong>ra Galvani, <strong>do</strong>na da FazendaPimenteiras. Fomos fazer uma verificação no local e constatamos que ele sofreu umaforte ação de desmatamento e erosão. Hoje, o solo é muito raso e as rochas “afloram”frequentemente.Falamos com os responsáveis pela empresa que inicialmente pretendia reflorestar comeucaliptos. Retrucamos que a Fumdham não utiliza eucaliptos, porque se trata de umaplanta —como a algaroba —, que seca o solo e transforma pântanos em terreno seco.Os itens que discutimos foram:• A necessidade de que a área replantada seja cercada, caso contrário os animais<strong>do</strong>mésticos, cria<strong>do</strong>s completamente soltos, destroem tu<strong>do</strong>. A resposta que nos foidada é que nessa fazenda não há animais nem bovinos nem caprinos.• A necessidade de que o solo estivesse úmi<strong>do</strong> e de que as chuvas tivessemcomeça<strong>do</strong>. Esse problema perdurou até a última semana de novembro de 2008,com uma seca que se prolongou durante meses.Chegamos a um consenso:• A Fumdham forneceria as mudas.• A Galvani faria o plantio e cuidaria das mudas.• A Fumdham faria visitas periódicas à plantação.Assim, foram levadas para a Fazenda Pimenteiras 5 mil mudas de plantas da caatinga.19


Objetivo 3:Os estu<strong>do</strong>s arqueológicos desenvolvi<strong>do</strong>s pelo projeto Abha e suas novas descobertascorroboraram as teses defendidas pela Fumdham.Enquanto hoje a região é a mais pobre e atrasada <strong>do</strong> Brasil, na Pré-História, como oclima era tropical úmi<strong>do</strong>, com grandes rios, fauna abundante e variada, biomas diferentes,no planalto e na planície, a riqueza ambiental possibilitou o surgimento de sociedadesdesenvolvidas, com uma cultura avançada, como demonstram a arte rupestre, a indústrialítica, o aparecimento da pedra polida e cerâmica em datas equivalentes às que seencontraram na África.Escavação de uma lagoa fóssil de fertilidade arqueológicaLAGOA DOS PORCOSLocalizada nas coordenadas -42.6497448 W e -09.153039 S, a Lagoa <strong>do</strong>s Porcos fazparte de um conjunto de lagoas existentes entre os municípios de São Raimun<strong>do</strong> Nonatoe São Lourenço, no sudeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí.A Lagoa encontrava-se assoreada, completamente seca e com várias áreas perturbadaspela escavação de cacimbas, pela população local, em busca de água. As zonas externasao revolvimento <strong>do</strong> solo para realização de cacimbas estavam cobertas por uma vegetaçãotipo capoeira, conhecida localmente como canu<strong>do</strong>. Os fragmentos ósseos estavam nasuperfície, claramente associa<strong>do</strong>s às áreas de descarte de sedimento das cacimbascavadas. A água, apesar de salobra, servia anteriormente para atividades <strong>do</strong>mésticas epara os animais.A Lagoa <strong>do</strong>s Porcos tem uma profundidade de cerca de 2 m, e sua dimensão máxima éde 240 m x 390 m.A estrutura geológica da área da Lagoa é a Faixa de Dobramentos Riacho <strong>do</strong> Pontal,porção que apresenta as rochas mais antigas da região, como os gnaisses, que “afloram”forman<strong>do</strong> várias áreas de laje<strong>do</strong>s que bordejam e servem de base para as lagoas,manten<strong>do</strong> a água aprisionada nas suas porções mais deprimidas.Nos ambientes de clima semiári<strong>do</strong>, como o da Lagoa <strong>do</strong>s Porcos, as amplitudes térmicassão geralmente altas. Para o sudeste <strong>do</strong> Piauí, os meses mais quentes podem atingirmédias de 38 ºC, e os meses mais frios, médias de 10 ºC.A permanência da lâmina-d’água nas lagoas depende de um perío<strong>do</strong> de chuvas com altoíndice pluviométrico, sen<strong>do</strong> muito raras as lagoas em que a lâmina-d’água consegueresistir durante toda a estação seca. Normalmente ocorre a progressiva diminuição daágua até seu desaparecimento total na superfície. Por esse motivo, as comunidades <strong>do</strong>entorno das lagoas escavam cacimbas para buscar a água armazenada no subsolo, nolençol freático.20


A EscavaçãoO primeiro trabalho realiza<strong>do</strong> para o início das escavações foi o levantamento topográficoda área da Lagoa. Após esse levantamento, foi realizada a coleta superficial <strong>do</strong>s vestígioslíticos encontra<strong>do</strong>s. Esses vestígios foram identifica<strong>do</strong>s, etiqueta<strong>do</strong>s, ensaca<strong>do</strong>s erecolhi<strong>do</strong>s.Os sedimentos extraí<strong>do</strong>s durante a escavação foram deposita<strong>do</strong>s estrategicamente naárea de drenagem das águas, ao norte da Lagoa, forman<strong>do</strong> um muro de contenção paraque a água não vaze durante chuvas intensas e para que não haja retorno <strong>do</strong> sedimentoem direção à área escavada, entupin<strong>do</strong> a Lagoa novamente.Durante as escavações, foram encontra<strong>do</strong>s exemplares muito importantes para aspesquisas paleontológicas e arqueológicas, pois estas eram peças que, até então, nãoexistiam no acervo da Fundação, como presas de masto<strong>do</strong>ntes, incluin<strong>do</strong> uma de umindivíduo infante; chifres de cervídeos; dentes com desgastes bem defini<strong>do</strong>s, além dessesfósseis apresentarem diferentes tipos de conservação e fossilização, o que possibilita acompreensão de to<strong>do</strong>s, ou parte, <strong>do</strong>s processos tafonômicos que ocorreram na área.De maneira geral, a estratigrafia pode ser caracterizada por sedimentos argilosos, e,conforme a profundidade aumenta, a presença de areia também aumenta. Muitas vezes,a rocha da base está bastante alterada.Resulta<strong>do</strong>s PreliminaresTo<strong>do</strong> o material arqueológico e paleontológico coleta<strong>do</strong> durante o desenvolvimento <strong>do</strong>strabalhos foi acondiciona<strong>do</strong> e encaminha<strong>do</strong> para os laboratórios da Fumdham (fieldepositária), dan<strong>do</strong> cumprimento às exigências <strong>do</strong> Iphan em relação à conservação esalvaguarda desse patrimônio arqueológico e paleontológico (Portaria nº 007, de 1° dedezembro de 1988, Art. 5, Item VII).Como ainda não foi possível identificar to<strong>do</strong> o material encontra<strong>do</strong>, realizou-se uma análisequantitativa e qualitativa sobre parte <strong>do</strong> material fóssil coleta<strong>do</strong> no sítio.As escavações da campanha de 2010, realizada no Sítio Lagoa <strong>do</strong>s Porcos, geraram umtotal de 5.934 pacotes com ossos, que se encontram, hoje, no laboratório de Paleontologiada Fumdham.As escavações da Lagoa <strong>do</strong>s Porcos forneceram grande quantidade de ossos e fragmentosde ossos da paleofauna, que estão em processo de limpeza, numeração, cadastramentoe identificação e deverão ser submeti<strong>do</strong>s a estu<strong>do</strong>s específicos. Além <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>srelaciona<strong>do</strong>s à paleofauna, estão sen<strong>do</strong> iniciadas as análises sedimentológicas e osestu<strong>do</strong>s paleoambientais.21


Objetivo 4:To<strong>do</strong>s os vestígios encontra<strong>do</strong>s durante os trabalhos arqueológicos e paleontológicossão estuda<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s nos laboratórios da Fumdham, no Centro Cultural SérgioMotta.A exposição permanente <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> é baseada nos resulta<strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s em mais de três décadas de pesquisas realizadas na região. Atualiza<strong>do</strong>sregularmente nela, integram-se as novas descobertas locais e os da<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>scom a origem <strong>do</strong> homem e o povoamento das Américas, provenientes de pesquisas emnível mundial.As contribuições das pesquisas interdisciplinares realizadas em torno <strong>do</strong> tema da interaçãohumana com o ambiente, da Pré-História aos dias atuais, complementam as informações,permitin<strong>do</strong> assim um detalhamento maior sobre o modus vivendi <strong>do</strong>s grupos pré-históricosda Serra da Capivara.O objetivo da exposição é resgatar as identidades culturais indígenas na sua diversidade,nos diferentes momentos da Pré-História, através <strong>do</strong>s diferentes vestígios descobertos,para reconstituir sua cultura material e imaterial.O projeto Abha permitiu ampliar as coleções e o conhecimento geral da área. Também apartir dele é possível pensar na criação <strong>do</strong> <strong>Museu</strong> da Natureza, por cuja construção oBNDES já se mostrou interessa<strong>do</strong>.Educação Ambiental e PatrimonialDesenvolvimento das atividadesAs diversas atividades foram realizadas por integrantes <strong>do</strong> grupo de bolsistas; porpesquisa<strong>do</strong>res da Fumdham e da Univasf; por funcionários; e consultores.Inicialmente, foram realizadas reuniões, apresentações e discussões em diversospovoa<strong>do</strong>s; palestras foram ministradas na sede <strong>do</strong> Pró-Arte Fumdham, programa socialda Fumdham, situada na cidade de São Raimun<strong>do</strong> Nonato.O trabalho de educação ambiental expandiu-se em várias atividades que aconteceramnas seguintes localidades: comunidade Lagoa São Vítor, em São Raimun<strong>do</strong> Nonato,Coronel José Dias, São Braz, Jurema, Anísio de Abreu, Caracol, Guaribas. Bonfim <strong>do</strong>Piauí e Várzea Branca.Os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho constituem um referencial para as comunidades <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong>.A experiência nos municípios <strong>do</strong> TBHA apontou a necessidade de ensinar às comunidadeso conhecimento e a valorização da diversidade <strong>do</strong>s elementos ambientais, sociais eculturais, partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> contexto local <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> numa visão crítica e transforma<strong>do</strong>ra darealidade, na perspectiva de uma sociedade inclusiva, justa, democrática e sustentável.22


Durante mais de <strong>do</strong>is anos, foram realizadas várias visitas monitoradas ao Parque NacionalSerra da Capivara e ao <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> com o objetivo de fazer com que apopulação local conheça e compreenda a importância <strong>do</strong> patrimônio da região.Em média, foram realizadas três visitas semanais, cada uma com 20 pessoas. Assim,mais de 8 mil pessoas — estudantes, jovens, membros de associações —tiveram aoportunidade de conhecer seu patrimônio.Foi montada uma peça, interpretada pelos alunos <strong>do</strong> Pró-Arte Fumdham, intitulada ODiscurso da Megafauna, cujo texto é um incentivo à preservação <strong>do</strong> meio ambiente. Apeça tem o objetivo de transmitir uma mensagem de preservação e conservação <strong>do</strong> meioambiente através <strong>do</strong> contato <strong>do</strong>s animais com o homem.Apresentamos também, com a participação <strong>do</strong> Pró-Arte Fumdham, a peça “Capoeira” eo Balé – “As Flores <strong>do</strong> Divã”.Locais das intervenções:• Povoa<strong>do</strong> São Vítor – Município de São Raimun<strong>do</strong> Nonato.• Assentamento Novo Zabelê – Município de São Raimun<strong>do</strong> Nonato – EscolaElzair Rodrigues.• Praça pública no município de São Braz.• Unidade Escolar Franklin José da Silva – Bairro Tanque Velho – Município deSão Braz.• Bomfim <strong>do</strong> Piauí. ,• Comunidade Fósforo na Jurema. .• Jurema.• Centro de São Raimun<strong>do</strong> Nonato.• Caracol.• Comunidade Barreiro/Capim em Guaribas.• Várzea Branca.• Anísio de Abreu.• Coronel José Dias• Comunidade Garrincho – São Raimun<strong>do</strong> Nonato.A inauguração <strong>do</strong>s poços instala<strong>do</strong>s foi sempre marcada por um evento comemorativo.23


Eventos especiaisColetivo Urubus em São Raimun<strong>do</strong> NonatoO evento aconteceu na praça principal, no horário matutino, quan<strong>do</strong> as pessoas de todaa região iam à cidade para fazer compras ou resolver problemas administrativos, atingin<strong>do</strong>assim um eleva<strong>do</strong> número de pessoas.O próprio grupo define sua atividade da seguinte forma:“A performance art Corpos/..., que utiliza também da linguagem da body art para suarealização”.Essa apresentação artística propõe a construção de um ritual público de celebração <strong>do</strong>instante presente e de ressignificação <strong>do</strong> estar. Ten<strong>do</strong> como objeto de ação e intervençãoos corpos <strong>do</strong>s performers, os corpos <strong>do</strong>s transeuntes-interatores, os espaços-abrigos emquestão e as dinâmicas de interação e integração entre to<strong>do</strong>s esses objetos.Sugere ainda outras percepções possíveis à forma de situar-se, seja essa noção agregadaao “lugar por onde olhamos” — nosso ponto de referência (cultural, geográfico, social,econômico, etc.) — seja nossa dinâmica de interação com o contexto ou nossa relaçãocom a mídia corpo. Imprime provocações sobre as formas de interação e integração <strong>do</strong>homem com o espaço, o tempo e o corpo habita<strong>do</strong>. Consagração da experiência <strong>do</strong>corpo, dilatação <strong>do</strong>s limites da potência vital, revisão de paradigmas sobre a ideia <strong>do</strong>existir e <strong>do</strong> coexistir.Objetivo 5:Para poder fazer um levantamento correto da situação <strong>do</strong> abastecimento de água potávelnos municípios abrangi<strong>do</strong>s pelo Projeto, foi feito um levantamento <strong>do</strong>s povoa<strong>do</strong>s nelesexistentes e <strong>do</strong>s recursos hídricos disponíveis.Em cada um <strong>do</strong>s povoa<strong>do</strong>s, foi estabeleci<strong>do</strong> um diálogo a fim de explicar o Projeto. Foipreenchida uma ficha cadastral para cada povoa<strong>do</strong> visita<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>scom fotos e registra<strong>do</strong>s com pontos de localização (GPS).Destacamos que, na maioria <strong>do</strong>s municípios visita<strong>do</strong>s, existe uma grande quantidade depoços artesianos perfura<strong>do</strong>s, a maioria de água salgada. Não existe, em nenhum deles,equipamentos para tratamento que torne a água adequada ao consumo humano. Grandeparte das localidades é beneficiada por esses poços, mas, na época da seca, falta águapara beber. A população fica então dependen<strong>do</strong> da boa vontade <strong>do</strong>s governantes locais,que disponibilizam água em caminhões-cisterna. Segun<strong>do</strong> os informantes, às vezes équase impossível conseguir água para beber. Grande parte das pessoas é obrigada acomprar um tambor de 200 litros por R$ 10,00 (dez reais).Em algumas comunidades onde existem barragens, lagoas ou barreiros com água<strong>do</strong>ce, usa-se ainda a perfuração de cacimbas de minação para obter o líqui<strong>do</strong>.Verificou-se, em to<strong>do</strong>s os povoa<strong>do</strong>s visita<strong>do</strong>s, que há uma grande quantidade de famíliasbeneficiadas com cisternas financiadas pelos projetos de Caritas, Pronaf e outros24


programas <strong>do</strong> Governo. Essas cisternas são, em muitos locais, as únicas fontes de águapotável, utilizável para o consumo humano, e grande parte das famílias sobrevive apenascom a água desses reservatórios.Foi feito um levantamento <strong>do</strong>s poços e das fontes naturais de água existentes nasáreas <strong>do</strong> Projeto.O levantamento socioambiental foi realiza<strong>do</strong> através da aplicação de um questionárioespecialmente elabora<strong>do</strong> pela socióloga Luiza Alonso. Foi proposto o seguinte:JustificativaO Projeto pretende definir, por meio de um processo de planejamento participativoconduzi<strong>do</strong> pelo Programa Petrobras Ambiental, um modelo de desenvolvimento deEducação Ambiental através da recuperação de lagoas nas comunidades abrangidas porele: São Raimun<strong>do</strong> Nonato, São Lourenço, Coronel José Dias, São Braz, Anísio de Abreu,Jurema e Caracol.Para tanto, foi desenvolvi<strong>do</strong> um processo de mobilização de atores regionais para acomposição de grupos de trabalhos a partir da divulgação <strong>do</strong> Projeto nos municípios e daarticulação com instituições potencialmente parceiras.O envolvimento das escolas terá um momento especial durante a realização <strong>do</strong>s trabalhosatravés de oficinas de Educação Ambiental, Patrimonial e Corre<strong>do</strong>r Ecológico entre osparques nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões.Com o apoio de profissionais e parceiros (Pró-Arte Fumdham, Univasf, prefeituras locais),será realiza<strong>do</strong> um conjunto de oficinas para a elaboração de diagnósticos participativos.As oficinas serão executadas em cada município e terão seus conteú<strong>do</strong>s sistematiza<strong>do</strong>spara depois serem submeti<strong>do</strong>s à discussão, juntamente com as comunidades locais.A realização das oficinas é a principal estratégia para a mobilização das comunidades, afim de conscientizar a população sobre a proteção e o uso correto <strong>do</strong>s recursos hídricosda região. É necessário promover debates, com o apoio da Secretaria de Saúde e <strong>do</strong>Ministério Público, para que sejam demonstradas a toda a população abrangida peloprojeto Abha não só as questões <strong>do</strong>s recursos hídricos, como também a parte latifundiáriadas lagoas a serem recuperadas. O comportamento atual da população sempre gerouconsequências negativas para a preservação das lagoas e também dificultou odesenvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos já realiza<strong>do</strong>s pelo Projeto. Essas comunidades pobres,em geral, exploram roças no interior <strong>do</strong>s limites das atuais lagoas e aterram-nas para terum local úmi<strong>do</strong> onde plantar pasto para o ga<strong>do</strong>. Essas populações dificilmentecompreendem a necessidade de proteger as lagoas, uma vez que os seres humanosapenas logram sobreviver. Assim, a população local cerca as lagoas, joga lixo dentro eem seu entorno, deixa os animais <strong>do</strong>mésticos beberem sua água, lava roupa diretamentenelas, além de outros costumes que resultam na poluição das águas.A região apresenta muitas dificuldades, carecen<strong>do</strong> de políticas públicas sociais em to<strong>do</strong>sos setores. Os municípios não contam com planejamento, o que agrava a situação social,tampouco praticam uma cultura de participação.25


Para tanto, é plenamente justificável a implantação de trabalhos educacionais e ambientaispara esses municípios, pois trata-se de um planejamento participativo para a construçãode um modelo de desenvolvimento que atue na recuperação das fontes de água dessasregiões.ObjetivoEstimular e fortalecer a participação social em sete municípios da região <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>TBHA através de ações que visem mobilizar e capacitar atores sociais e governamentaise a consolidação de um espaço democrático de pactuação política que seja legítimo,capaz de conduzir a um processo de planejamento, diagnóstico de problemas epotencialidades locais para a realização da recuperação das fontes de água.AtividadesProdutos• Organizar e coordenar oficinas de trabalho com os atores sociais envolvi<strong>do</strong>sna perspectiva da elaboração de um programa de recuperação de lagoas nosmunicípios envolvi<strong>do</strong>s.• Identificar e capacitar técnicos e entidades presta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s serviçosnecessários para a execução desse trabalho.• Apoiar a sistematização das informações relativas às atividades desenvolvidas.• Apoiar a formulação de uma meto<strong>do</strong>logia para desenvolvimento de um sistemade monitoramento das atividades de recuperação das lagoas como também dasdemais metas a serem realizadas pelo projeto Abha.Produto 1 – Mobilização das equipes e apresentação de programa de trabalho detalha<strong>do</strong>.Produto 2 – Levantamento das possibilidades de negócio e de geração de emprego pelodesenvolvimento da atividade de recuperação das lagoas para a população local no TBHA.Produto 3 – Confecção de material informativo (cartilha, fôlder, cartazes) com os trabalhosdesenvolvi<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os municípios abrangi<strong>do</strong>s pelo projeto Abha.Trabalhos de campoOs entrevista<strong>do</strong>res foram de porta em porta. As equipes percorreram to<strong>do</strong>s os povoa<strong>do</strong>sda região <strong>do</strong> TBHA fazen<strong>do</strong> o levantamento em cada residência dessas comunidades.As equipes enfrentaram diversas dificuldades: muitas residências fechadas; pessoas quese recusaram a dar informações; e difícil acesso aos povoa<strong>do</strong>s, pois as estradas estãoem esta<strong>do</strong> muito precário. Também numerosas pessoas não conseguiram perceber ointeresse da pesquisa, e surgiu a falsa ideia de que o Projeto resultaria num “benefício”<strong>do</strong> Governo.26


Trabalhos de LaboratórioPara facilitar as tarefas de análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, foi adquiri<strong>do</strong> um software específico, oSphinx. Graças a esse software, to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s são digitaliza<strong>do</strong>s de forma dirigida paraa obtenção final de resulta<strong>do</strong>s.Objetivo 6:Divulgação das Ações <strong>do</strong> Projeto e <strong>do</strong>s seus Resulta<strong>do</strong>s.Site Abha – O site foi desenvolvi<strong>do</strong> com o objetivo de apresentar o Projeto a um númeromaior de pessoas, além de possibilitar aos internautas de to<strong>do</strong> o Brasil o acesso àsinformações.Divulgação na grande mídia –.Calendários Abha 2009, 2010 e 2011.Elaboração de um VT sobre o projeto e um outro sobre a performance <strong>do</strong> ColetivoUrubu.As escavações da Lagoa <strong>do</strong>s Porcos tiveram ampla divulgação na imprensa tanto digital,como escrita e televisada, com uma inclusão no jornal televisa<strong>do</strong> Bom Dia Brasil.A região foi também tema <strong>do</strong> Jornal Nacional – JN no Ar no mês de outubro de 2010.Folha <strong>do</strong> Meio Ambiente – Brasília – edição outubro/novembro 2010National Geographic Brasil – Janeiro de 2011O SBT filmou o programa SBT Repórter.Produtos finaisProdução de um atlas – Mais de quatrocentas páginas de textos, gráficos, mapas e fotos,sistematizam os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto.Produção de um livro – Mais de duzentas páginas amplamente ilustradas, o livro apresenta,na primeira parte, as opções de turismo arqueológico na região que estão prontas paraserem exploradas e contribuírem rapidamente para o desenvolvimento. Na segunda parte,incluímos o potencial da região descoberto pelo Projeto.ConclusãoO objetivo impulsiona<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Projeto era o de contribuir para o estabelecimento de umainfraestrutura para o turismo ecológico e ambiental numa região com o patrimônioarqueológico <strong>do</strong> TBHA, através <strong>do</strong> aumento da oferta de águas subterrâneas e superficiais.Uma equipe multidisciplinar sistematizou tanto o conhecimento arqueológico como a gestãodas águas superficiais e subterrâneas no semiári<strong>do</strong>. Toda a informação consta <strong>do</strong> atlas,produto final <strong>do</strong> Projeto.27


Especificamente nos locais onde as populações foram beneficiadas diretamente peloacesso imediato à água, é possível avaliar o impacto <strong>do</strong> Projeto. A melhoria das condiçõesde vida <strong>do</strong>s habitantes foi imediata. Isso disponibilizou condições de infraestrutura, crian<strong>do</strong>assim alternativas econômicas viáveis capazes de promover o desenvolvimento sustentável<strong>do</strong>s municípios da região. Agora depende de cada uma das comunidades progredir.A vasta <strong>do</strong>cumentação que o Projeto recolheu e a finalização <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s científicos numprazo maior darão bases, se existir intenção política, para um desenvolvimento constantee dura<strong>do</strong>uro.As ações <strong>do</strong> Projeto somadas a outras em paralelo já se manifestam no número devisitantes à região.Quan<strong>do</strong> o Projeto foi elabora<strong>do</strong>, o número de visitantes no Parque Nacional da Serra daCapivara era de aproximadamente cinco mil pessoas por ano.Conseguimos provar que o desenvolvimento de ações de conscientização e deenvolvimento das comunidades aumenta o número de visitantes, e também aumenta avenda de produtos e de serviços. Em 2010, o número de visitantes foi de 17 mil.A replicação de um Projeto desse porte e dessa natureza em outra região <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong>nordestino deveria ser examinada. Lembran<strong>do</strong> que seu objetivo impulsiona<strong>do</strong>r foi o decontribuir para estabelecimento de uma infraestrutura para o turismo ecológico e ambientalnuma região com o patrimônio arqueológico <strong>do</strong> TBHA através <strong>do</strong> aumento da oferta deáguas subterrâneas e superficiais.Existem regiões <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> nordestino onde as experiências deste projeto podem serreplicadas. Essas áreas e instituições merecem iniciativas semelhantes.28


Salvamento arqueológicorealiza<strong>do</strong> nas áreas <strong>do</strong> Morro<strong>do</strong> Mel, Morro da Tromba,Morro <strong>do</strong> Café e suasadjacências29


Salvamento arqueológico realiza<strong>do</strong> nas áreas <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Mel, Morro da Tromba, Morro<strong>do</strong> Café e suas adjacênciasOs especialistas da FUMDHAM realizaram o salvamento arqueológico das áreas <strong>do</strong> Morro<strong>do</strong> Mel, Morro da Tromba, Morro <strong>do</strong> Café e suas adjacências; to<strong>do</strong>s inseri<strong>do</strong>s nasPoligonais de pesquisa mineral estipuladas pela Minera<strong>do</strong>ra São Camilo para realização<strong>do</strong> Projeto Minério de Ferro e Manganês <strong>do</strong> Piauí.A área total de pesquisa arqueológica foi delimitada contratualmente com a Minera<strong>do</strong>raSão Camilo a partir das poligonais de pesquisa mineral cadastradas no DepartamentoNacional de Pesquisas Minerais (DNPM) sob os processos de números: 803.233/2.004(1000 ha. de área), 803.234/2.004 (961,53 ha. de área), 803.235/2.004 (766,48 ha. deárea) e 803.236/2.004 (1000 ha. de área). Toda a área (3728,01 ha.) está localizada nosudeste <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Piauí, no município de São Raimun<strong>do</strong> Nonato.O resgate arqueológico foi realiza<strong>do</strong> a fim de dar cumprimento às leis queregulamentam a utilização de áreas detentoras de patrimônios culturais que estãosob impacto ou na iminência de sofrer impacto que resulte na destruição total ouparcial <strong>do</strong> patrimônio, de acor<strong>do</strong> com a Portaria n o 230/2002 <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong> PatrimônioHistórico e Artístico Nacional (IPHAN, Portaria 230, de 17 de dezembro de 2002) e daresolução CONAMA n o 001, de 23 de janeiro de 1986 (Conselho Nacional <strong>do</strong> MeioAmbiente - Artigo 6º - Inciso I – alínea C).CONTEXTO ARQUEOLÓGICO E ETNO-HISTÓRICOA área estipulada pela minera<strong>do</strong>ra por meio das Poligonais de pesquisa está localizadaem uma das mais importantes áreas arqueológicas das Américas. A mesma, se encontrano entorno <strong>do</strong> Parque Nacional Serra da Capivara, entre duas unidades de conservação,pois a oitenta quilômetros deste parque, na direção oeste, localiza-se o Parque Nacionalda Serra das Confusões.Esta área, chamada de “Corre<strong>do</strong>r ecológico” (legaliza<strong>do</strong> pela Portaria 76, de 11 de Marçode 2005), foi incluída no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong> Meio Ambiente, sen<strong>do</strong> criada para funcionar como uma “estrada verde”ligan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is Parques, em razão de sua biodiversidade e <strong>do</strong> seu alto valor histórico,cultural e científico.CONSIDERAÇÕES FINAISOs antecedentes pesquisa<strong>do</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s das prospecções arqueológicas realizadasna área que será, tanto direta quanto indiretamente, afetada pela extração mineral (casodas poligonais de pesquisa) demonstraram um grande potencial arqueológico indicativoda utilização e presença pretérita de diverso (s) grupo (s) na área.Dentre os sítios e ocorrências identifica<strong>do</strong>s serão necessárias medidas de interdição eintervenção patrimonial junto ao IPHAN <strong>do</strong>s sítios de caráter irremovível caso da Toca <strong>do</strong>Córrego I, da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Estevo I, da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Estevo II, da Toca<strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Estevo III, da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Estevo IV, da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong>Estevo V, da Toca <strong>do</strong> Vea<strong>do</strong> <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Estevo, da Toca da Rancharia <strong>do</strong> Expedito,30


da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Zé Curinga I, da Toca <strong>do</strong> Boqueirão <strong>do</strong> Zé Curinga II, da Toca <strong>do</strong>Boqueirão <strong>do</strong> Zé Curinga III, da Toca <strong>do</strong> Baixão da Urtiga, da Toca <strong>do</strong> Baixão das UrtigasI, da Toca <strong>do</strong> Baixão das Urtigas II e da Toca <strong>do</strong> Baixão das Urtigas III, devi<strong>do</strong> à suasignificância e risco imediato de desaparecimento ou destruição em função de sualocalização perante ao empreendimento.As medidas de intervenção arqueológica de salvamento constaram de todas as etapasnecessárias, desde prospecção e a elaboração de planta topográfica <strong>do</strong>s terrenos comdelimitação da extensão superficial <strong>do</strong>s sítios, coleta e posicionamento espacial <strong>do</strong>svestígios, sondagens para verificação da continuidade arqueológica e da formaçãoestratigráfica de sub-superfície, escavações arqueológicas no caso de ocorrência demateriais arqueológicos em sub-superfície e como etapa final a análise laboratorial <strong>do</strong>svestígios arqueológicos e <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s em campo, bem como a criação de umbanco de da<strong>do</strong>s com as informações a serem integradas na carta arqueológica da região.Nos Morros <strong>do</strong> Mel e da Tromba os sítios encontra<strong>do</strong>s foram to<strong>do</strong>s caracteriza<strong>do</strong>s pelagrande quantidade de material lítico em superfície e quanto a matéria prima utilizada paraa produção de ferramentas, verificou-se uma relação intrínseca entre os afloramentosrochosos de sílex, silexito, quartzo e quartzito, locais e os vestígios encontra<strong>do</strong>s.Os abrigos sob rocha encontra<strong>do</strong>s apresentaram grafismos similares àqueles já conheci<strong>do</strong>spara as áreas <strong>do</strong>s Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões e deveriamser protegi<strong>do</strong>s para que não fiquem sujeitos à destruição antrópica e possam futuramente,através de investigações científicas, gerar novas informações quanto ao trânsito <strong>do</strong>s gruposque possivelmente passaram e/ou habitaram na área.Medidas recomendadasTen<strong>do</strong> como base os antecedentes entno-históricos e biológicos conheci<strong>do</strong>s e,principalmente, a quantidade de conhecimentos que ainda possam ser gera<strong>do</strong>s nas áreas<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is Parques Nacionais, que se situam na zona entorno <strong>do</strong> Projeto Minério de Ferroe Manganês <strong>do</strong> Piauí, e consideran<strong>do</strong> o tipo de empreendimento a ser executa<strong>do</strong>,recomendam-se as seguintes medidas mitiga<strong>do</strong>ras em relação à uma maior destruição<strong>do</strong> patrimônio existente na área:- Divulgação da localização <strong>do</strong>s sítios e ocorrências arqueológicas existentes aolongo da área para os trabalha<strong>do</strong>res, técnicos e coordena<strong>do</strong>res da empresa envolvida naimplantação <strong>do</strong> empreendimento (seja ela a contratante ou não);- Divulgação junto aos proprietários e mora<strong>do</strong>res das localidades a serem atingidaspelo Projeto da presença e importância da preservação <strong>do</strong>s sítios arqueológicos existentesnas áreas de influência indireta <strong>do</strong> empreendimento;- Instalação de placas de advertência identifican<strong>do</strong> os sítios arqueológicos situa<strong>do</strong>sna área e naqueles próximos aos seus limites, informan<strong>do</strong> sua extensão e sua importânciacomo patrimônio cultural;E ainda,- No caso de descoberta imprevista de quaisquer elementos de interessearqueológico ou paleontológico, em qualquer das fases de implementação <strong>do</strong>empreendimento ou atividade, o responsável deverá comunicar o acha<strong>do</strong> à FUMDHAM eao IPHAN, em cumprimento ao disposto no Art.18 da Lei Federal de n o 3.924, de 26 dejulho de 1961, seguin<strong>do</strong> a Resolução SMA, n o 34, de 27 de agosto de 2003 (Art.5º).31


Uma vez que já se tem o conhecimento da presença de sítios arqueológicos na área a serimpactada, verifica-se a necessidade, durante a fase de execução da obra, de uma maioratenção nas áreas onde foram localiza<strong>do</strong>s sítios ou ocorrências arqueológicas, mesmoque os mesmos tenham si<strong>do</strong> salvos.Do ponto de vista arqueológico, o empreendimento poderá seguir a sua execução desdeque se protejam as áreas onde foram localiza<strong>do</strong>s sítios de caráter irremovível comoparedões e abrigos nos quais se identificaram pinturas e gravuras rupestres dentro daárea estabelecida pela minera<strong>do</strong>ra (e mesmo aqueles próximos aos seus limites).Salienta-se ainda, que caso haja necessidade de ampliação da área prevista para açõesimpactantes da obra, como abertura de estradas e vias de passagem, ser indispensávela presença e acompanhamento de um arqueólogo na área durante os trabalhos(realizan<strong>do</strong>-se novos contratos), haven<strong>do</strong> ainda a necessidade de uma prospecçãocomplementar com o propósito de verificar a existência de material arqueológico epromover as medidas mitiga<strong>do</strong>ras necessárias antes da realização da ampliação.32


Pro-arte FUMDHAM33


PRO-ARTE FUMDHAM - PROJETO CRIANÇA ESPERANÇARádio ZabelêO Projeto Rádio Zabelê deu início a sua primeira etapa em 08/07/2009 e constou naconfiguração de <strong>do</strong>is espaços das instalações <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM em salas ambientes(Sala Multimídia e Estúdio de Som), para a recepção qualitativa das ações <strong>do</strong> ProjetoRádio Zabelê.Na segunda etapa <strong>do</strong> projeto, realizou-se a convocação <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes: <strong>do</strong>s 60 inscritos,primeiramente foram convoca<strong>do</strong>s 30 que declararam textualmente na ficha de inscriçãoo desejo de trabalhar em Rádio, o de cursar jornalismo ou comunicação social, ou avontade de exercer um papel ativo na melhoria das condições de vida <strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong>território.Assim, foram realizadas pelo jornalista Carlos Eduar<strong>do</strong> Sousa Silva oficinas e atividadesde capacitação para a turma de Rádio Jornalismo: rotinas de estúdio de som; grade deprogramação, locução, reportagem, edição de som, etc.Após estas atividades, os 30 a<strong>do</strong>lescentes foram dividi<strong>do</strong>s em turmas, segun<strong>do</strong> suasopções e afinidades para cada atividade <strong>do</strong> universo “Rádio Jornalismo”, assim, teveinício oficinas específicas para cada turma: locução e reportagem, e edição de som eestúdio.A partir de janeiro de 2010, durante 3 meses, os a<strong>do</strong>lescentes foram acompanha<strong>do</strong>s porprofissional jornalista, a fim de montarem o que seria a participação <strong>do</strong> Projeto RádioZabelê na grade de programação da Rádio Educativa Cultura FM de São Raimun<strong>do</strong>Nonato. Ao final <strong>do</strong> acompanhamento, foi idealiza<strong>do</strong> pelos a<strong>do</strong>lescentes o ProgramaInterativo: à veiculação de conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> universo juvenil nas tardes de sába<strong>do</strong>, foramaderi<strong>do</strong>s ao projeto mídias sociais: perfis no Facebook e Orkut; Microsoft Messenger online durante a veiculação <strong>do</strong> programa; Twitter; utilização da linha telefônica fixa da RádioEducativa Cultura FM e telefone celular para chamadas <strong>do</strong>s ouvintes e envio demensagens SMS.Para as Oficinas de Cultura e Rádio Drama, foram convoca<strong>do</strong>s aqueles 30 a<strong>do</strong>lescentesque declararam o desejo de fazer novos amigos. O profissional da área de Artes Cênicasseleciona<strong>do</strong> para conduzir as atividades foi o ator e diretor Fabiano Amigucci. Devi<strong>do</strong> àinexperiência <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes em atividades teatrais, a primeira oficina proposta teve oobjetivo de fornecer noções básicas sobre expressão corporal e vocal e representação.A partir daí, deu-se início às atividades específicas de Rádio Drama: oficina de adaptaçãoradiofônica de texto teatral e, após a leitura de vários textos, foi escolhi<strong>do</strong> pelosa<strong>do</strong>lescentes “Aquele que diz sim, Aquele que diz Não”, iniciou-se o processo permissãode uso edição radiofônica da peça de Bertolt Brecht junto à editora Paz e Terra, detentora<strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> texto em português e, após uma sinalização positiva por telefone porparte da representante da editora, iniciou-se o processo de ensaios, gravação em estúdioe edição radiofônica da peça, sob direção de Fabiano Amigucci.34


Foram necessárias duas atividades sobre Voz ministradas por profissional Fonoaudióloga:uma palestra específica para saúde vocal destinada à locução para a turma de RádioJornalismo; e para a turma de Rádio Drama, por sugestão de Fabiano Amigucci, umapalestra acompanhada de avaliação vocal de cada a<strong>do</strong>lescente com diagnóstico dedistúrbios vocais e proposição de exercícios específicos.A Rádio Zabelê teve estreia nos espaços <strong>do</strong> Pro-Arte FUMDHAM na noite de 05 demarço de 2010. Contou com a presença <strong>do</strong>s familiares <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes, <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>rese diretores de suas escolas, <strong>do</strong> vice-prefeito <strong>do</strong> município, verea<strong>do</strong>res e responsáveispelos portais de internet da região. Após a abertura formal com as falas <strong>do</strong> vice-prefeito,da coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> projeto e de um representante <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes participantes foiveiculada uma Rádio Difusora no Pró-Arte FUMDHAM, com entrevistas ao vivo,programação musical e notícias, ações que anteciparam a estreia <strong>do</strong> Programa Interativona Rádio Educativa Cultura FM, a partir daí veicula<strong>do</strong> sempre aos sába<strong>do</strong>s das 14h às15h.Em maio de 2010 recebemos 280 alunos e alunas da 8ª série <strong>do</strong> ensino fundamental <strong>do</strong>Colégio Santa Cruz de São Paulo/SP que estiveram na região para realizar as atividadesde Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Meio – Bioma Caatinga, dentro das atividades curriculares <strong>do</strong> Colégio. Osa<strong>do</strong>lescentes da Rádio Zabelê ministraram oficinas de Rádio Jornalismo para osa<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> Colégio Santa Cruz e propuseram a realização de programas radiofônicosde cunho livre para os a<strong>do</strong>lescentes paulistas, programas estes que foram veicula<strong>do</strong>sdurante o Programa Interativo. Os a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> Colégio Santa Cruz tambémparticiparam ao vivo <strong>do</strong> Programa Interativo, ten<strong>do</strong> a oportunidade de vivenciar a rotina<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes participantes <strong>do</strong> Projeto Rádio Zabelê.Após 3 meses de veiculação <strong>do</strong> Programa Interativo, realizou-se a primeira avaliação <strong>do</strong>projeto, quan<strong>do</strong> pudemos verificar a necessidade de aprofundar os conhecimentos <strong>do</strong>sjovens sobre Rádio, Edição de áudio, Informática e Rádio Drama.Para a turma de Rádio Drama, foi necessária a contratação de outro profissional deArtes Cênicas (já que Fabiano Amigucci estava comprometi<strong>do</strong> com outro projetoprofissional em São Paulo). Assim, foram ministradas em parceria a oficina de edição deáudio por um técnico de som e a oficina de edição de rádio drama pela profissional deartes cênicas Carolina Pinzan, ambas as oficinas baseadas na dramatização de textosdas publicações “Causos <strong>do</strong> ECA”, editadas e <strong>do</strong>adas pela Fundação Telefônica e PortalPró-Menino ao acervo da Biblioteca O Casulo <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM.Para to<strong>do</strong>s os a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> projeto, foram propostas atividades de compreensãoda História <strong>do</strong> Rádio: contexto geral e <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> (formato palestra e formato oficina,com atividades dramatizadas); para os a<strong>do</strong>lescentes da turma de Rádio Jornalismofoi realizada palestra específica sobre a importância histórica <strong>do</strong> Rádio na veiculaçãode notícias e oficina de Técnicas de Entrevista, necessidade apontada pelos própriosa<strong>do</strong>lescentes. Foi oferecida palestra sobre a diferenciação entre Rádio Comunitária,Rádio Educativa e Rádio Comercial e as modulações possíveis (AM e FM),acompanhadas de visitas técnicas às Rádios locais: Educativa Cultura FM; RádioComunitária Alternativa FM e Rádio Serra da Capivara AM (comercial), comapresentação de seminários pelos a<strong>do</strong>lescentes. Para a equipe técnica da turma deRádio Jornalismo, foi ministrada a oficina de Edição de Áudio.35


Como última atividade formativa <strong>do</strong> projeto, foi ministrada uma oficina de web designpara 20 a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> projeto, destinada a <strong>do</strong>tar o site <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM comuma web rádio.1.OBJETIVO GERAL DO PROJETO:Criar uma rádio de conteú<strong>do</strong> educativo, onde educa<strong>do</strong>res e educan<strong>do</strong>s trabalhem emcooperação geran<strong>do</strong> programas atraentes aos interesses <strong>do</strong>s jovens, motivan<strong>do</strong> novasações que aperfeiçoem as competências desenvolvidas pelos jovens <strong>do</strong> Pró-ArteFUMDHAM.Contemplar a necessidade de dar seqüência às atividades existentes no Pró-ArteFUMDHAM: programação desenvolvida com apoio financeiro <strong>do</strong> Criança Esperança/2007 nas diversas linguagens artísticas e que, após <strong>do</strong>is anos de desenvolvimento, estãoprontos para gerar conteú<strong>do</strong> para a Rádio Zabelê.Difundir o prazer da Arte, a Memória da Cultura e o respeito pelo Patrimônio CulturalNacional em programas musicais, rádio drama e entrevistas de teores varia<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>spela comunidade jovem local forman<strong>do</strong> um acervo que será disponibiliza<strong>do</strong> de duasformas: veiculação pela Rádio Educativa Cultura FM de São Raimun<strong>do</strong> Nonato e pelaweb ao vivo e em formato podcast.36


Objetivo Específico 04:Atividade prevista 1 Resulta<strong>do</strong> previsto Da<strong>do</strong>s QuantitativosAlcança<strong>do</strong>sDa<strong>do</strong>s QualitativosAlcança<strong>do</strong>sTrabalhar conteú<strong>do</strong>svincula<strong>do</strong>s a EducaçãoPatrimonial eAmbientalDifundir o respeitopelo PatrimônioCultural e Ambientalda região para apopulação.Realização de 3 sériesde reportagens sobre otema e intercâmbio comColégio Santa Cruz/SP-SP.Inclusão de temasliga<strong>do</strong>s à cultura local, àhistória de vida daspessoas e dascomunidades <strong>do</strong>entorno <strong>do</strong> ParqueNacional Serra daCapivara.Objetivo Específico 05:Atividade prevista Resulta<strong>do</strong> previsto Da<strong>do</strong>s QuantitativosAlcança<strong>do</strong>sDa<strong>do</strong>s QualitativosAlcança<strong>do</strong>sElaborar programasdramatiza<strong>do</strong>s deconteú<strong>do</strong>s educativosDifundir mensagenseducativas e de cunhoedificanteRealização de uma peçaradiofônica;A escolha <strong>do</strong> texto“Aquele que diz sim,Aquele que diz Não”, deBertolt Brecht foirealizada pelosa<strong>do</strong>lescentes.Objetivo Específico 06:Atividade prevista Resulta<strong>do</strong> previsto Da<strong>do</strong>s QuantitativosAlcança<strong>do</strong>sDa<strong>do</strong>s QualitativosAlcança<strong>do</strong>sIncentivar a atuação<strong>do</strong>s jovens no projetopara formardesenvolve<strong>do</strong>respessoais de conteú<strong>do</strong>Debate e conversaçãoentre os a<strong>do</strong>lescentessobre as temáticaspertinentes aouniverso juvenil.Um ano de existência<strong>do</strong> Programa Interativo,veicula<strong>do</strong> na RádioEducativa Cultura FM.Atividades baseadas naunião deconhecimentos <strong>do</strong>sa<strong>do</strong>lescentes aosvalores, atitudes ehabilidades paraconcretizar açõesObjetivo Específico 07:Atividade prevista Resulta<strong>do</strong> previsto Da<strong>do</strong>s QuantitativosAlcança<strong>do</strong>sDa<strong>do</strong>s QualitativosAlcança<strong>do</strong>sProgramação quedisponibilize conteú<strong>do</strong>ssobre as ações daFUMDHAM e Pró-ArteFUMDHAM e sobre oParque Nacional Serrada CapivaraRealização dereportagens especiaissobre ações realizadasno Parque NacionalSerra da Capivara.Acompanhamento daspesquisas da MissãoFranco-Brasileira nacampanha realizada emMaio/2010 no ParqueNacional Serra daCapivara. Palestra <strong>do</strong>ornitólogo Fábio Olmos.Cobertura <strong>do</strong> FestivalDivulgação <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s prévios daspesquisas da MissãoFranco-Brasileira;Divulgação das Ações<strong>do</strong> Cineclube Arte 7 <strong>do</strong>Pró-Arte FUMDHAMvincula<strong>do</strong> a rede CineMais Cultura <strong>do</strong> MinC.37


1. PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS:• A incompreensão das Editoras detentoras de direitos autorais sobre obrasliterárias e teatrais que poderiam ser utilizadas no projeto, mas que não nos foidada autorização para utilização de textos. A primeira obra que escolhemos foi“Aquele que diz sim, Aquele que diz não” de Bertolt Brecht, sen<strong>do</strong> a versão emportuguês de propriedade da Editora Paz e Terra, não pode ser veiculada poreste motivo.• Ficou evidente que para o Rádio Drama é necessário um profissional da áreateatral para condução de todas as etapas das atividades.• Outro desafio é a sazonalidade da frequência <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong> projeto. OProjeto Rádio Zabelê é um espaço de garantia de direitos e não atividadeobrigatória. To<strong>do</strong>s têm liberdade de frequentar o espaço e se engajar ematividades pelas quais tenham realmente interesse. Esta característica daa<strong>do</strong>lescência gera a flutuação da frequência. Quan<strong>do</strong> há necessidade, ospróprios a<strong>do</strong>lescentes convocam a equipe para reuniões, o que é considera<strong>do</strong>positivo, pois assim a assunção das responsabilidades é conquistada de formaespontânea.• A comunicação entre as equipes no momento de realizar reportagens fora <strong>do</strong>espaço das instalações <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM, a escassez de telefonespúblicos no município e poucos <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes possuírem condições paraum telefone celular, fez com que a Rádio Zabelê provesse as equipes dereportagem externa de um aparelho de telefone celular.• A população de São Raimun<strong>do</strong> Nonato se mostrou descrente sobre apossibilidade de a<strong>do</strong>lescentes conduzirem um programa de rádio e estaremrealizan<strong>do</strong> entrevistas na rua, por exemplo. Por sugestão <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes,foi confeccionada uma camiseta com os logotipos da Rádio Zabelê e <strong>do</strong> CriançaEsperança, o que deu credibilidade às ações externas realizadas pelosa<strong>do</strong>lescentes.• A partir de novembro de 2009 a Fundação <strong>Museu</strong> <strong>do</strong> <strong>Homem</strong> <strong>Americano</strong> passougrave crise financeira pelo não repasse de verba provinda da Lei de Incentivoa Cultura/MinC, fato que atingiu as atividades <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM: tivemosuma redução de equipe 13 para 3 profissionais.• Em janeiro de 2010 o Instituto Ayrton Senna deixou de repassar verbas para oPró-Arte FUMDHAM contribuin<strong>do</strong> para a descontinuidade de várias atividadesdesenvolvidas junto às crianças e comunidade.•2. ELEMENTOS AGREGADOS Ação em rede pela formação de redes sociais,envolven<strong>do</strong> processos criativos e colaborativos para produção, registro edivulgação de conteú<strong>do</strong>s culturais. A Rádio Zabelê entende as redes sociais comofontes para relacionamentos construí<strong>do</strong>s entre os sujeitos e entre sujeitos e gruposcom interesses comuns, de forma mediada pela internet e telefonia móvel.• A Rádio Zabelê integrou 60 a<strong>do</strong>lescentes às atividades <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM.40


• 280 a<strong>do</strong>lescentes da 8° Série <strong>do</strong> Colégio Santa Cruz/SP realizaram atividadesde intercâmbio com as Equipes da Rádio.• O Rádio no semi-ári<strong>do</strong> nordestino, especificamente no sudeste <strong>do</strong> Piauí, é amídia vital e preponderante da geração de conteú<strong>do</strong>s locais. A Rádio Zabelêentende os a<strong>do</strong>lescentes participantes da iniciativa como produtores deconteú<strong>do</strong>, sujeitos enuncia<strong>do</strong>res de valores e crenças, mo<strong>do</strong>s de pensar e agir,garantin<strong>do</strong> que este mecanismo de comunicação seja instrumento efetivo daformação cultural, da criação e disseminação da cultura e <strong>do</strong> comportamentojovem local, coaduna<strong>do</strong>s com a juventude em geral, expressan<strong>do</strong> a diversidadecultural, proporcionan<strong>do</strong> o encontro geracional e interações sociais com acomunidade.• Nossos programas radiofônicos são produção cultural rica e diversa em diálogoaberto pratica<strong>do</strong> em conjunto com a sociedade ao utilizar as mídias sociaispara gerar interação com a comunidade. A juventude <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> nordestinopor ela e para o mun<strong>do</strong>: os jovens <strong>do</strong> semiári<strong>do</strong> nordestino estabelecem paraleloscom a juventude de to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> proporciona<strong>do</strong> pelo acesso via internet.• A Rádio Zabelê se conduz baseada na união de conhecimentos aos valores,às atitudes e às habilidades para concretizar ações. O a<strong>do</strong>lescente realiza seupotencial de conduzir-se com crescente autonomia em sua vida pessoal, social,cognitiva e produtiva, enfrentan<strong>do</strong> os desafios <strong>do</strong> tempo e da sociedade emque vive. O jovem imprime o seu mo<strong>do</strong> de ver, pensar, sentir, decidir e agir nomun<strong>do</strong>, em sua existência diante de si mesmo, <strong>do</strong>s outros, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ao seure<strong>do</strong>r e daquilo que provê significa<strong>do</strong> a sua existência.Maior exposição <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM, suas ações e <strong>do</strong> Projeto Rádio ZabelêCriança Esperança TV Globo UNESCO nas mídias radiofônicas locais.41


FESTIVAL ACORDAIS43


O intuito <strong>do</strong> Festival Acordais, como de outras atividades desenvolvidas pela FUMDHAM,foi potencializar o afluxo de turistas à região incrementan<strong>do</strong> a agenda cultural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Piauí ao reinvestir no foco de apresentações artístico-culturais no Anfiteatro da PedraFurada, dan<strong>do</strong> continuidade ao já tradicional Festival Interartes, tão aguarda<strong>do</strong> pelapopulação local por sua importância cultural e econômica para a região.Após um longo intervalo das três edições <strong>do</strong> Festival Internacional Interartes, o FestivalAcordais, em sua primeira edição, foi um sucesso de público e teve uma ampla divulgaçãona mídia, tanto eletrônica como impressa.DesenvolvimentoO Festival Acordais ofereceu três noites de rica programação artística no deslumbrantecenário pre-histórico <strong>do</strong> Anfiteatro da Pedra Furada. Lotou todas as noites e numerosaspessoas ficaram sem poder aceder.A programação artística <strong>do</strong> Festival Acordais apresentou 16 espetáculos com diferentesconteú<strong>do</strong>s estéticos e linguagens, artísticas tradicionais – música popular, músicatradicional, dança popular, dança tradicional, capoeira – valorizan<strong>do</strong> a pluralidade esingularidade, reforçan<strong>do</strong> a cultura <strong>do</strong> sudeste <strong>do</strong> Piauí no cenário artístico e cultural <strong>do</strong>país. Também participaram renoma<strong>do</strong>s artistas de outras regiões <strong>do</strong> Brasil.ProduçãoA primeira etapa foi o contato e a negociação de cachês, ensaios e deslocamentos comos artistas.Paralelamente• Foi prepara<strong>do</strong> o palco da Pedra Furada, que precisou de certos consertos.• O cenário foi cria<strong>do</strong> e instala<strong>do</strong>.• Foram contrata<strong>do</strong>s os serviços de banheiros, iluminação e som.• Foi solicita<strong>do</strong> o apoio da Secretária de Turismo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, da Polícia Militare <strong>do</strong> Corpo de BombeirosRealizaçãoDe 14 a 16 de novembro de 2010, a partir das 18:00 foram permiti<strong>do</strong>s os ingressos,totalmente gratuitos. O sistema de “pulseirinhas” numeradas foi utiliza<strong>do</strong> como controle.As apresentações se desenvolveram das 19:30 até aproximadamente as 22:30.Com a finalidade de enriquecer ainda mais o Festival convidamos o humorista piauienseJoão Cláudio Moreno como Mestre de Cerimônias.44


Os espetáculos na ordem de apresentação:14 de novembro de 2010 – 19:30 horasAberturaCARLOS DAITSCHMAN - PRSEU BRUNO DA RABECA - Bonfim <strong>do</strong> PiauíGRUPO HERÓI DO SERTÃO - “Canção <strong>do</strong> Valente” - São Raimun<strong>do</strong> Nonato – SEDUCAUTO DO BOI DE REIS – São João <strong>do</strong> PiauíGRUPO ORGULHO DO SERTÃO “A Escrava de Santo Inácio” – Simplício Mendes –SEDUCRAÍZES DO BRASIL – São Raimun<strong>do</strong> Nonato15 de novembro de 2010 – 19:30 horasJULIMAR DO PIFE - São João <strong>do</strong> PiauíREISADO CIGANO NOVO ZABELÊ - São Raimun<strong>do</strong> NonatoARRAIÁ DO VELHO GALO – São Raimun<strong>do</strong> NonatoGRUPO AFRO VERMELHO – São Raimun<strong>do</strong> NonatoSILVIA WY´A POTI “Telúrica”– PR16 de novembro de 2010 – 19:30 horasBUMBA TRIO - “Música Instrumental: um direito de to<strong>do</strong>s” - TeresinaSANDRINHO DO ACORDEOM - Dom InocêncioMARCELLO AIROLDI - “Café com Torradas” –SPMARCELLO AIROLDI - “Um Segun<strong>do</strong> e Meio” - SPDetalhes <strong>do</strong>s espetáculos:Conta<strong>do</strong>r de Histórias Indígenas Carlos DaitschmanCom a participação de crianças <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM, Carlos Daitschman, reconheci<strong>do</strong>conta<strong>do</strong>r de histórias contará histórias indígenas selecionadas pela Etnóloga, Dra. VilmaChiara.45


Seu Bruno da Rabeca - Bonfim <strong>do</strong> PiauíSeu Bruno é agricultor de Bonfim <strong>do</strong> Piauí e, como grande parte <strong>do</strong>s nordestinos, percorreucidades como Goiânia/GO e São Paulo/SP. Foi nessas andanças que aprendeu a tocarrabeca. Este autodidata da música tem hoje seu talento revela<strong>do</strong> ao grande público comsua participação no Festival Acordais, quan<strong>do</strong> se apresenta acompanha<strong>do</strong> por Valdemarda Sanfona.Grupo Herói <strong>do</strong> Sertão “Canção <strong>do</strong> Valente” - São Raimun<strong>do</strong> NonatoO grupo de dança, integra<strong>do</strong> por alunos estudantes <strong>do</strong> ensino fundamental e médio,conta a história de uma única batalha pela independência <strong>do</strong> Brasil, ocorrida nas terraspiauienses, a Batalha de Jenipapo. Tem como personagem um vaqueiro que dá seusangue pelo seu esta<strong>do</strong> e seus filhos.Auto <strong>do</strong> Boi de Reis - São João <strong>do</strong> Piauí -Composto por brincantes que são, em sua ampla maioria, pessoas simples <strong>do</strong> povo, oGrupo <strong>do</strong> Mestre de Boi de Reis é capitanea<strong>do</strong> pelo Mestre Luizinho <strong>do</strong> Xubéu. Em suasapresentações, o grupo diverte o público com os “caretas” e outras figuras quetradicionalmente compõem o folgue<strong>do</strong>: o Babau, a Burrinha, o Caipora, o Lobisomem e oJaraguá.Grupo Orgulho <strong>do</strong> Sertão - Simplício MendesO grupo de dança relata a lenda de uma escrava “A Escrava de Santo Inácio”, que dizque há muitos anos atrás na fazenda Palmeirais vivia uma linda escrava, por ondepasseava com uma longa saia rodada, deixan<strong>do</strong> os homens escandaliza<strong>do</strong>s.Grupo Raízes <strong>do</strong> Brasil - São Raimun<strong>do</strong> NonatoA Associação Raízes <strong>do</strong> Brasil é uma entidade sem fins lucrativos de Teresina que tempor objetivo difundir a cultura brasileira através da capoeira e outras manifestações deorigem negra, como o Afoxé e o Maculelê. O grupo é conduzi<strong>do</strong> por Jack Voa<strong>do</strong>r.Julimar <strong>do</strong> Pife - São João <strong>do</strong> PiauíJulimar <strong>do</strong> Pife sempre mesclou a rotina <strong>do</strong> trabalho na roça com o talento para a música.Um <strong>do</strong>s últimos toca<strong>do</strong>res de pife da região, este artista <strong>do</strong> sertão, descendente deindígenas, além de tocar e ensinar a tocar, fabrica o instrumento.Reisa<strong>do</strong> Cigano Novo Zabelê - São Raimun<strong>do</strong> NonatoEste reisa<strong>do</strong> se diferencia de outros por agregar a cultura cigana tanto nas vestimentasquanto no ato de ler a mão das pessoas <strong>do</strong> público.Arraiá <strong>do</strong> Velho Galo - São Raimun<strong>do</strong> NonatoRepresentante de uma das mais populares festas brasileiras, o tradicional Arraiá <strong>do</strong> VelhoGalo, em seus mais de 10 anos de atividades foi várias vezes campeão <strong>do</strong>s FestejosJuninos locais. Para o Festival Acordais, os jovens <strong>do</strong> grupo serão mais uma vezconduzi<strong>do</strong>s pelo “grita<strong>do</strong>r” Luizinho.Grupo Afro Vermelho - São Raimun<strong>do</strong> Nonato- Comunidade afro descendente BarroVermelho –Desde 2003, o Grupo Afro Vermelho é forma<strong>do</strong> por jovens com características identitáriassingulares que carrega em suas raízes manifestações e mo<strong>do</strong>s de expressão de tradiçõesnegras. Seu objetivo é promover a diversidade cultural e o diálogo intercultural, valorizar46


a variedade, a comunhão de contrários, a intersecção de diferenças, a aceitação mútua ea convivência de ideias, de crenças, de comportamentos e de valores.Sílvia Wy”a Poti – “Telúrica”A partir de um cenário composto pela conjunção de recursos naturais (água, terra, fogo ear), e recursos tecnológicos (música e projeção de imagens), a artista estabelece umaconexão entre o ambiente físico e a experiência sensorial, entre a dança e os elementosda natureza, transforman<strong>do</strong> sua corporalidade em movimentos essenciais. Assim, oespetáculo propõe uma reflexão sobre conectar a Ancestralidade (consciência tribal,ecológica e espiritual) e a Tecnologia Contemporânea (recursos que estimulam asensibilidade por meio de sons e imagens dissolven<strong>do</strong>-se no corpo que dança), numaatmosfera de grande expressão artística.Bumba Trio - TeresinaO grupo existe desde 2004. Volta<strong>do</strong> ao resgate e a valorização da música brasileira,utiliza-se de composições instrumentais com forte sotaque jazzístico, reunin<strong>do</strong> os maisvaria<strong>do</strong>s padrões musicais genuinamente nacionais: samba, baião, afoxé, bossa novaentre outros; procuran<strong>do</strong> retratar – por meio de sonoridades – a sensibilidade e adiversidade cultural <strong>do</strong> país.Sandrinho <strong>do</strong> Acordeom - Dom InocêncioSandrinho foi aluno <strong>do</strong> Pró-Arte FUMDHAM e é ganha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> 1º lugar no Concurso deSanfoneiros em Petrolina-PE, edições 2009 e 2010, sempre apresentan<strong>do</strong> um repertóriotradicional <strong>do</strong> nosso sertão. Com seu talento, qualidade, carisma e autenticidade, o jovemartista de 17 anos já tem uma carreira de destaque e se apresenta em festivais musicaise culturais.Marcello Airoldi - São PauloMarcello Airoldi nasceu em São Paulo, em 1971. Ele é ator, autor, diretor e professor deteatro. È forma<strong>do</strong> pela Escola de Arte Dramática da USP. Estu<strong>do</strong>u teatro físico, mímica einterpretação no Birkbeck College -University of Lon<strong>do</strong>n e Cit Lit of Lon<strong>do</strong>n.No Festival Acordais apresentará duas peças teatrais: “Café com Torradas”, de GeroCamilo e “Um Segun<strong>do</strong> e Meio”, de Marcelo Airoldi.Estava prevista a apresentação da Cia. Calunga de Teatro de Bonecos “As Aventurasde Cassimiro Coco”.A Companhia, que existe desde 1991, utiliza a técnica <strong>do</strong> teatro popular de bonecos,sempre com grande empatia com o público. Além de utilizar bonecos de ventriloquia,vara e Marrote, ultimamente a Cia Calunga realiza um trabalho de pesquisa emmanipulação direta, baseada na técnica de teatro de bonecos japonês (bunraku).Infelizmente um acidente de trânsito não permitiu a vinda <strong>do</strong>s artistas.Atividades paralelasDurante as noites de Festival contribuímos para que a comunidade <strong>do</strong> Sítio <strong>do</strong> Mocóorganizasse uma festa popular, com sanfoneiros, venda de artesanato, comida e bebidas.Estas festas não somente permitiram movimentar a economia da comunidade, mastambém serviram para aprofundar os contatos entre as pessoas da comunidade e osvisitantes. Inclusive aquelas pessoas que não conseguiram ver os espetáculos, quan<strong>do</strong>ficavam lota<strong>do</strong>s, conseguiram participar destas festas.47


OficinasParalelamente as apresentações no Palco da Pedra Furada foram realizadas diversasOficinas, todas no local onde funciona o Pro-arte FUMDHAM.Carlos Daitschman – As oficinas <strong>do</strong> artista foram anteriores à sua apresentação, deforma tal que as crianças participaram depois se apresentan<strong>do</strong> junto ao artista.Silvia Wy´a Poti - Durante três dias, o balé foi tema desta oficina. Anexamos cópiadas opiniões <strong>do</strong>s participantes.Marcello Airoldi – Para a grande maioria <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res e especialmente daquelesque participaram da oficina deste ator teatral, foi o primeiro contato com esta forma derepresentação artística. No Youtube foi publica<strong>do</strong> um filme sobre o trabalho <strong>do</strong> ator esobre sua oficina.http://www.youtube.com/watch?v=koBclwIfSWkEspetáculo extra .O ator Marcello Airoldi reapresentou a peça “Um Segun<strong>do</strong> e Meio”, no dia 17 denovembro, no pequeno teatro <strong>do</strong> Pro-arte FUMDHAM, o público alvo foram as pessoasque trabalharam no Festival e não tinham podi<strong>do</strong> assistirDestaques de presençaDestacamos a presença da Sra. Sônia Terra, Presidente da FUNDAC e <strong>do</strong> SIEC, assimcomo <strong>do</strong> Sr. José Alencar Pereira, Prefeito de Cel. José Dias, <strong>do</strong> Sr. Luís Alberto CostaMace<strong>do</strong>, Vice-Prefeito de São Raimun<strong>do</strong> Nonato, Sr. Delson Rubens Pereira,Secretário de Cultura de São João <strong>do</strong> Piauí, que acompanhou a apresentação <strong>do</strong>sartistas desse Município e vários Secretários Municipais <strong>do</strong>s diferentes Municípios daregião. Ana Stella Negreiros, Chefe <strong>do</strong> Escritório Regional <strong>do</strong> IPHAN, Ítalo RobertTrindade de Carvalho, Chefe <strong>do</strong> Parque Nacional Serra da Capivara.O Sr. Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva enviou um telegrama queanexamos.Enviaram mensagens eletrônicas de desculpas as seguintes autoridades:• Prof. Eduar<strong>do</strong> Mattedi, Chefe de Gabinete - Ministério da Cultura• Débora Peters – Assessora - Secretaria Executiva - Ministério da Cultura• Henilton Menezes - Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura Ministérioda Cultura• Silvana Canuto - Diretora de Administração,Planejamento e Logística InstitutoChico Mendes de Conservação da Biodiversidade• Marcelo Marcelino - Diretor de Conservação da Biodiversidade - InstitutoChico Mendes de Conservação da Biodiversidade• Ricar<strong>do</strong> J Soavinski - Diretor de Unidades de Conservação de Proteção Integral- DIREP - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade• Paulo Maier - DIUSP - Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade• O Deputa<strong>do</strong> Federal José Francisco Paes Landim48


PessoalA organização e a recepção de um evento desta envergadura requereram um númeroconsiderável de pessoas trabalhan<strong>do</strong>.Além das pessoas contratadas especialmente para o evento, contamos com o apoio <strong>do</strong>sguardas <strong>do</strong> ICMBio, <strong>do</strong> Corpo de Bombeiros que enviou um caminhão com oito efetivos,a Policia Militar e um grupo de alunos da UNIVASF.O Detran enviou uma equipe que durante o evento fez um trabalho de educação notrânsito.DivulgaçãoMaterial gráfico – anexamos o material produzi<strong>do</strong> tanto pelo Festival, como por alguns<strong>do</strong>s artistas.Assessoria de imprensaA assessoria de imprensa realizou um vasto trabalho de divulgação, antes, durante edepois <strong>do</strong> evento.Foi organiza<strong>do</strong> um Press-trip, a companhia aérea Gol <strong>do</strong>ou as passagens aéreas erecebemos os seguintes jornalistas <strong>do</strong>s correspondentes órgãos de imprensa:- Sérgio Adeodato Filho- José Wanderley Car<strong>do</strong>so- Gabriela <strong>do</strong>s Santos Lima- Fabíola Musarra- Tiago Queiroz Luciano- Augusto César Cunha Pessoa- Daniel Castellano- Wilson Viana Lopes- Gazeta <strong>do</strong> Povo (PR)- Jornal Valor Econômico (SP)- Jornal O Esta<strong>do</strong> de São Paulo (SP)- Diário <strong>do</strong> Grande ABC (SP)- Correio Braziliense (DF)- Revista Continente Multicultural (PE)- Revista Planeta (SP)- Revista Viaje Mais (SP)- Revista Host & Travel (SP)Cláudio Oliva da ASSIMPTUR coordenou a visita.O evento foi filma<strong>do</strong> e um DVD foi produzi<strong>do</strong>.49

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