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“Ser voluntário é trabalhar com o coração.” - Município de Barcelos

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RESPONSABILIDADESOCIAL<strong>“Ser</strong> <strong>voluntário</strong> <strong>é</strong> <strong>trabalhar</strong> <strong>com</strong>o <strong>coração</strong>.<strong>”</strong>Miguel Novais


Ficha T<strong>é</strong>cnicaíndiceEditorialEquipa <strong>de</strong> trabalho: Liliana Matos (Associação PerelhalSolidário); Sofia Albuquerque (Centro Zulmira PereiraSimões); Miguel Novais (SOPRO); Carolina Lopes <strong>de</strong> Castro(<strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>)Revisores (Professores Abílio Gomes e Fátima Silva);Tiragem: 1000 exemplaresAno: Setembro 2012Foto da capa: Carlos AraújoDesign Gráfico e Paginação: Intervenção - Soluções <strong>de</strong>Design e Comunicação, Lda. - <strong>Barcelos</strong>Impressão: Passa Mensagem Artes Gráficas, Unipessoal, Lda.Depósito Legal;p4 - Economia Social e Voluntariadop6 - O Envelhecimento Ativo e a Responsabilida<strong>de</strong> Socialp8 - Coração Gigantep10 - Voluntariado no Mundo Atualp12 - Política <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Social e o Desenvolvimento Sustentávelp16 - P&R Têxteis - S.A.p18 - Solidarieda<strong>de</strong> Natural - Marca Socialp20 - Projeto Imagem/<strong>Barcelos</strong> a Sorrirp22 - Habitat For Humanity - Portugalp24 - Medidas Para a Inclusãop30 - Bolsa Solidária <strong>de</strong> Recursosp34 - A Voz do Voluntáriop38 - A História do VoluntariadoVolvidos nove meses da publicação do boletim informativo dare<strong>de</strong> social <strong>de</strong> barcelos e <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> ativar o sistema <strong>de</strong><strong>com</strong>unicação/informação, o Grupo Temático do Voluntariadochama a si este dispositivo e elege <strong>com</strong>o tema central da revista, -A Responsabilida<strong>de</strong> Social, associada à prática do voluntariado eda inovação social.No seguimento, e porque 2012 <strong>é</strong> o ano <strong>de</strong>dicado ao envelhecimentoativo, inclui-se nesta revista uma separata subscritora dolema da solidarieda<strong>de</strong> entre gerações e das cida<strong>de</strong>s amigas daspessoas idosas. Para firmar esta conduta, a coor<strong>de</strong>nadora do AnoEuropeu do Envelhecimento Ativo e Solidarieda<strong>de</strong> entre Gerações,Dra Joaquina Ma<strong>de</strong>ira, congratula-nos <strong>com</strong> a sua opinião.São vários os exemplos ilustrativos da simplicida<strong>de</strong> e da diferença,sempre que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m apropriar-se da parceria <strong>com</strong>o umaplataforma em banda larga, alimentada por “foruns<strong>”</strong> e “sítios<strong>”</strong> <strong>de</strong>interesse múltiplos. Leiam e <strong>com</strong>provem as vantagens do trabalhoem re<strong>de</strong>.voluntariado, o <strong>de</strong>senvolvimento e a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma formaharmoniosa e racional.Estamos certos que este grupo, em particular a equipa coor<strong>de</strong>nadora,se esforçou por proporcionar ao leitor mais anónimo uma oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> conhecer melhor o seu território, atrav<strong>é</strong>s dos agentes einterlocutores locais, <strong>com</strong> relatos que motivam <strong>de</strong>bates e reflexões,possíveis <strong>de</strong> manter vivos os textos. Combater a indiferença <strong>é</strong> darvoz ao outro que não receia revelar a sua semelhança.Do exposto, resta acreditar que este momento <strong>de</strong> partilha vai po<strong>de</strong>rcontribuir para a dinamização do voluntariado, para a implicaçãodas empresas, para o maior envolvimento dos parceiros e para umaparticipação mais efetiva dos cidadãos. Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vereadorado Pelouro da Ação Social e Saú<strong>de</strong> Pública procurarei <strong>de</strong>sempenharo meu papel à altura das expetativas criadas.Ana Maria SilvaVereadora do Pelouro da Ação Social e Saú<strong>de</strong> Públicap42 - <strong>Barcelos</strong> Saudávelp44 - <strong>Barcelos</strong> S<strong>é</strong>niorp46 - Misericórida <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> Combate Isolamento Socialp48 - Animar e Cuidarp50 - Envelhecimento Ativo e a Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uma Arquitetura InclusivaNo alinhamento do Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e da Saú<strong>de</strong>2015 (PDSS), a revista “Responsabilida<strong>de</strong> Social<strong>”</strong> permite <strong>com</strong>binaralguns <strong>com</strong>promissos assumidos nos eixos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoprioritários, incentivados pelas opiniões <strong>de</strong> alguns especialistase responsáveis e pelo testemunho <strong>de</strong> empresas e <strong>de</strong> pessoas quecontribuem ativamente para a diminuição das franjas <strong>de</strong> pobreza e<strong>de</strong> exclusão social.De acordo <strong>com</strong> a estrat<strong>é</strong>gia europeia da responsabilida<strong>de</strong> social2011-2014, o conceito traduz a responsabilida<strong>de</strong> das organizaçõespelo seu impacto na socieda<strong>de</strong>. Parece um lugar <strong>com</strong>um que se<strong>com</strong>plexifica à medida que interpretamos os princípios subjacentesaos <strong>com</strong>promissos. A sua universalida<strong>de</strong> acarreta garantias edireitos singulares. Quando nos centramos na responsabilida<strong>de</strong>social perspetivamos a empregabilida<strong>de</strong>, o empreen<strong>de</strong>dorismo, o02 - Responsabilida<strong>de</strong> Social Responsabilida<strong>de</strong> Social - 03


artigo científicoECONOMIASOCIALEVOLUNTARIADOComecemos pela primeira parte do título para daí chegarmos àsegunda e às relações fortes entre uma e outra. O termo “EconomiaSocial<strong>”</strong> po<strong>de</strong> ser entendido <strong>de</strong> várias maneiras. Para aqui <strong>é</strong> pertinenteconsi<strong>de</strong>rarmos a Economia Social <strong>com</strong>o sendo o setor daativida<strong>de</strong> económica constituído pelas organizações <strong>de</strong> economiasocial.Como andam por aí vários conceitos alusivos a estas organizaçõestais <strong>com</strong>o o <strong>de</strong> “organizações sem fins lucrativos<strong>”</strong> e <strong>de</strong> “TerceiroSetor<strong>”</strong> que enfermam <strong>de</strong> alguns problemas, aqui vai o que entendo<strong>com</strong>o sendo organizações <strong>de</strong> economia social:a) São organizações, ou seja, são coletivos humanos dotados<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> normas sociais (formais e/ou informais) queregulam quem po<strong>de</strong> pertencer à organização e <strong>com</strong>o, <strong>com</strong>o <strong>é</strong> que<strong>de</strong>ve ser o seu funcionamento interno e as suas relações <strong>com</strong> omeio envolvente;b) São privadas no sentido <strong>de</strong> emanarem da iniciativa <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>sda socieda<strong>de</strong> civil;c) São <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são voluntária;O que <strong>é</strong> que isto tem a ver <strong>com</strong> voluntariado? Tem muito a ver.Como se referiu na <strong>de</strong>finição do conceito <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> economiasocial o cumprimento da sua missão tem <strong>com</strong>o resultado aprodução <strong>de</strong> serviços que economicamente têm a natureza <strong>de</strong> benspúblicos. Este tipo <strong>de</strong> bens tem duas caraterísticas:- não existe exclusão no acesso ao seu consumo;- não existe rivalida<strong>de</strong> no seu consumo.O que <strong>é</strong> que isto quer dizer? Não haver exclusão no acesso aoconsumo <strong>de</strong> um bem <strong>com</strong>o, por exemplo, haver menos pobrezae mais coesão social, significa que se existir alguma organizaçãocuja activida<strong>de</strong> contribui para haver menos pobreza e mais coesãosocial, quem vai beneficiar <strong>com</strong> isso não são só as pessoas quecolaboraram <strong>com</strong> essa organização, mas toda a gente.Não haver rivalida<strong>de</strong> no consumo do bem significa que se algu<strong>é</strong>mo consumir, não <strong>é</strong> menos, nem <strong>é</strong> pior qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse bem que ficadisponível para ser consumido por outras pessoas. No exemplo,atrás referido, o facto <strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m usufruir <strong>de</strong> viver numa socieda<strong>de</strong>mais coesa e <strong>com</strong> menos pobreza não faz <strong>com</strong> que as outras pessoasque vivem nessa socieda<strong>de</strong> não possam usufruir do mesmo.O que <strong>é</strong> que tudo isto tem a ver <strong>com</strong> voluntariado? Tem muitoa ver. Se as organizações <strong>de</strong> economia social que cumprem bema sua missão e que, portanto, ao fazerem isso, estão a produzirbens públicos (ex. menos pobreza, mais coesão social, proteçãodo ambiente, etc.), pu<strong>de</strong>rem contar <strong>com</strong> contributos <strong>voluntário</strong>sem bens, em dinheiro ou em trabalho por parte <strong>de</strong> cidadãos quebeneficiam <strong>com</strong> esses bens públicos, isso irá ajudá-las a fazeremface ao problema <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> económica atrás referido.Sendo mais sustentáveis em termos económicos, estarão emmelhores condições para prosseguirem a sua ativida<strong>de</strong> ao serviçoda construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>com</strong> relações mais solidárias dosseres humanos entre si e <strong>com</strong> o meio ambiente em que vivem.Am<strong>é</strong>rico M. S. Carvalho Men<strong>de</strong>s (1)d) Dispõem <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> auto-governo;e) Têm <strong>com</strong>o missão principal organizar a acção coletiva para aconstrução <strong>de</strong> relações mais solidárias dos seres humanos entre sie <strong>com</strong> o meio ambiente em que vivem;f) No cumprimento <strong>de</strong>ssa missão, a globalida<strong>de</strong> da sua ativida<strong>de</strong>resulta na produção <strong>de</strong> serviços que têm a natureza <strong>de</strong> benspúblicos (ex. menos pobreza, mais coesão social, <strong>de</strong>fesa dosdireitos humanos, redução das disparida<strong>de</strong>s regionais, proteção doambiente, proteção civil, proteção do património cultural, melhoriada saú<strong>de</strong> pública, produção e divulgação <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> acessolivre, etc.);Sendo os bens públicos caraterizados por estas duas proprieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> não exclusão no acesso ao seu consumo e <strong>de</strong> não rivalida<strong>de</strong> noseu consumo, o que daqui resulta <strong>é</strong> que po<strong>de</strong> haver consumidores<strong>de</strong>sses bens públicos que usufruem <strong>de</strong>les sem terem contribuídopara a sua produção. Quando isto acontece e as organizações queproduzem esses bens públicos não têm formas <strong>de</strong> fazer <strong>com</strong> queesses consumidores não pagantes contribuam <strong>de</strong> forma direta ouindireta (aqui, por exemplo, recorrendo a financiamentos do Estadoque coleta coercivamente impostos <strong>de</strong>sses consumidores) paraas suas activida<strong>de</strong>s, estas organizações têm que se <strong>de</strong>frontar <strong>com</strong>problemas <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> económica.g) Para prestarem estes serviços mobilizam recursos que geremem regime <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>com</strong>um.1Coor<strong>de</strong>nador da Área Interdisciplinar <strong>de</strong> Economia Social da Católica-Porto. Diretor do Mestrado em EconomiaSocial e da Pós-Graduação em Gestão <strong>de</strong> Organizações <strong>de</strong> Economia Social da Católica-Porto. Co-fundador,dirigente e colaborador <strong>voluntário</strong> <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> economia social há mais <strong>de</strong> 30 anos.04 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 05


artigo <strong>de</strong> opiniãoO ENVELHECIMENTOATIVO E ARESPONSABILIDADESOCIAL“Todos, incluindo cada um <strong>de</strong> nós, somosresponsáveis e isto significa, nomeadamente,envolvimento, criação <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s, cooperação, sinergias, no interiorda socieda<strong>de</strong> civil e entre a socieda<strong>de</strong>civil e outros setores no contexto daUnião Europeia.<strong>”</strong>Está <strong>de</strong> parab<strong>é</strong>ns o Grupo Temático do Voluntariado do ConselhoLocal <strong>de</strong> Ação Social (CLAS) <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> pela iniciativa da edição<strong>de</strong>sta Revista a que chamou “Responsabilida<strong>de</strong> Social<strong>”</strong> e pelatransversalida<strong>de</strong> dos seus conteúdos.De facto, neste Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidarieda<strong>de</strong>entre as Gerações (AEEASG) refletir sobre questões <strong>com</strong>oa economia social, o voluntariado, a responsabilida<strong>de</strong> social nas edas empresas, a inclusão social e a solidarieda<strong>de</strong> <strong>é</strong> <strong>de</strong> importânciavital.Portugal, ao associar-se à Decisão nº 940/2011/EU, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Setembro,do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia,que cria o AAEASG, <strong>com</strong>prometeu-se <strong>com</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>iniciativas que contribuam, <strong>de</strong> forma eficaz e estruturante, para apromoção da cidadania e para a capacitação das <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s pelaconstrução <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa.Tal <strong>de</strong>si<strong>de</strong>rato só será possível atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> um <strong>com</strong>promisso individuale colectivo, envolvendo um vasto conjunto <strong>de</strong> atores sociais,tanto do setor público, <strong>com</strong>o do setor privado, seja ele social ouempresarial, não esquecendo os municípios. Todos, incluindo cadaum <strong>de</strong> nós, somos responsáveis e isto significa, nomeadamente,envolvimento, criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, cooperação, sinergias, no interiorda socieda<strong>de</strong> civil e entre a socieda<strong>de</strong> civil e outros setores nocontexto da União Europeia.A responsabilida<strong>de</strong> social <strong>é</strong> isso mesmo. É cidadania, <strong>é</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentável, <strong>é</strong> filantropia empresarial, <strong>é</strong> marketingsocial, <strong>é</strong> ativismo social. E tudo isto <strong>é</strong> necessário para a criação <strong>de</strong>uma cultura <strong>de</strong> envelhecimento ativo, no sentido em que a OMS o<strong>de</strong>fine e on<strong>de</strong> o conceito <strong>de</strong> PARTICIPAÇÃO surge <strong>com</strong>o imprescindívelquando o objetivo <strong>é</strong> a realização do potencial humano, <strong>de</strong>acordo <strong>com</strong> as necessida<strong>de</strong>s, direitos e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um.Assim, os programas <strong>de</strong> voluntariado e <strong>de</strong> participação cívica, oaprimorar o conceito <strong>de</strong> cultura organizacional nas empresas paraa implementação da responsabilida<strong>de</strong> social <strong>com</strong>o uma ban<strong>de</strong>irainquestionável, o <strong>de</strong>senvolvimento da solidarieda<strong>de</strong> entre as gerações,partilhando e apren<strong>de</strong>ndo formas <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> estar e <strong>de</strong> viver e<strong>de</strong>sconstruindo estereótipos associados à ida<strong>de</strong>, são, reafirmo-o,fatores essenciais <strong>de</strong> inclusão e <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>para todos e todas.Joaquina Ma<strong>de</strong>iraCoor<strong>de</strong>nadora do Ano Europeu Envelhecimento Ativo eSolidarieda<strong>de</strong> entre Gerações-2012Joaquina Ma<strong>de</strong>ira06 - Responsabilida<strong>de</strong> Social


artigo <strong>de</strong> opinião<strong>coração</strong>gigante<strong>“Ser</strong> <strong>voluntário</strong> <strong>é</strong> ser responsável,interessado e corajoso, <strong>é</strong> ter sentimentos,<strong>é</strong> <strong>de</strong>monstrar que se po<strong>de</strong> ter valor e serum diamante nos bolsos dos outros, <strong>é</strong> serbondoso sem receber nada em troca, <strong>é</strong>ter um <strong>coração</strong> GIGANTE, <strong>é</strong> sentir-se útil.<strong>”</strong>Foi <strong>com</strong> imenso prazer que recebi o convite para colaborar <strong>com</strong>esta revista, que tem <strong>com</strong>o principal fundamento a valorizaçãodo capital humano. É uma iniciativa <strong>de</strong> salutar e cujos conteúdosservirão, <strong>com</strong> toda a certeza, para promover as boas práticas e oconhecimento das iniciativas dos vários parceiros.Tamb<strong>é</strong>m por isso mesmo não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r aoconvite que me foi en<strong>de</strong>reçado.E nesta primeira abordagem gostaria <strong>de</strong> me <strong>de</strong>bruçar sobre ovoluntariado e sobre a sua importância nas socieda<strong>de</strong>s atuais.Não <strong>é</strong> <strong>de</strong> hoje o interesse que <strong>de</strong>sperta o voluntariado para as socieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong>senvolvidas. Des<strong>de</strong> logo pela solidarieda<strong>de</strong> e altruísmoque se expressa atrav<strong>é</strong>s da ação <strong>de</strong> cada um dos <strong>voluntário</strong>s <strong>com</strong>oum forte instrumento na <strong>de</strong>teção <strong>de</strong> problemas que carecem <strong>de</strong>resolução e na chamada <strong>de</strong> atenção da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> para eles.Por outro lado, não será <strong>de</strong>mais lembrar que o voluntariado <strong>é</strong>parte da essência do terceiro setor e que à medida que se forfavorecendo o amadurecimento do terceiro setor, maior autonomiaganhará a socieda<strong>de</strong> civil face ao Estado, potenciando-se, por esseaprofundamento, a vitória da liberda<strong>de</strong> individual e <strong>com</strong>unitáriasobre o proverbial paternalismo, <strong>de</strong> raízes tão fundas em muitospaíses, <strong>com</strong>o Portugal.A <strong>de</strong>pendência sistemática do Estado <strong>é</strong> um dos mais perigososatentados à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomarmos nas nossas mãos a conduçãodo nosso próprio <strong>de</strong>stino, pelo que o aumento da participação doesforço solidário no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira economiaalternativa acabará por fortalecer os próprios laços <strong>de</strong> pertença<strong>de</strong> cada uma das pessoas à sua <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, constituindo-se ovoluntariado, nessa medida, <strong>com</strong>o uma marcante e multiplicadoraforça produtiva e genuíno capital.Apesar das potenciais contradições geradas pelo contexto atualda economia, o protagonismo das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> voluntariadoaumentou nos últimos tempos e temos a certeza que a participaçãoem organizações voluntárias fez diminuir ou reverter variadíssimosprocessos <strong>de</strong> exclusão. Muitos dos <strong>voluntário</strong>s encontram a suai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e o reconhecimento pelo seu <strong>de</strong>sempenho coletivo, que<strong>de</strong> outra forma não lhes seria permitido. Mais ainda, assumem<strong>com</strong>promissos, submetem-se a regras coletivas e ficam dotados <strong>de</strong>algumas aptidões pr<strong>é</strong>-laborais. O trabalho <strong>voluntário</strong> surge, assim,não só <strong>com</strong>o espaço <strong>de</strong> cidadania, mas tamb<strong>é</strong>m <strong>com</strong>o recurso paraa inovação.E <strong>é</strong> por isso mesmo que entendo que as razões mobilizadoras,subjacentes ao trabalho <strong>voluntário</strong>, fazem levantar o v<strong>é</strong>u sobre duas<strong>com</strong>ponentes fundamentais:- Pessoal - doação <strong>de</strong> tempo e esforço <strong>com</strong>o resposta a umainquietação interior que <strong>é</strong> levada à prática;- Social - confronto <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong> que leva à luta por um i<strong>de</strong>al eao <strong>com</strong>prometimento por uma causa.Ora, no contexto atual, a ação voluntária ganhou um novo entendimentoe importância, sendo certo que as iniciativas englobamvárias áreas, organizadas pelas mais variadas entida<strong>de</strong>s públicase privadas, e incluem tarefas <strong>de</strong> caráter social, económico epedagógico, que po<strong>de</strong>m ser prestadas por profissionais, <strong>de</strong>sempregados,reformados, estudantes, etc.Mais, se o voluntariado <strong>é</strong> circunscrito, para muitos, à esfera íntimada ação social <strong>de</strong> cada um, conv<strong>é</strong>m que alertemos a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>que o voluntariado <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m um fenómeno que transcen<strong>de</strong> essadimensão estritamente individual, em face das vantagens sociaisque <strong>de</strong>le resultam para a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, tornando-o naturalmentemerecedor <strong>de</strong> uma cuidada e especial atenção pelos benefíciosglobais que o mesmo acarreta para todos.De resto, <strong>é</strong> hoje absolutamente adquirido que o terceiro setor <strong>é</strong>mais forte nos países <strong>de</strong>senvolvidos do que naqueles em vias <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento. E po<strong>de</strong>, aliás, sugerir-se que um terceiro setorforte e ativo representem um po<strong>de</strong>roso fator <strong>de</strong> humanização esolidarieda<strong>de</strong> em economias abertas, prósperas e <strong>com</strong>petitivas.É hora <strong>de</strong> todos termos o <strong>coração</strong> Gigante….E por isso mesmo, nesta fase tão peculiar da socieda<strong>de</strong> portuguesa,que importa valorizar e reforçar o voluntariado, esse trabalhoRui BarreiraDiretor do Centro Distrital da Segurança Social <strong>de</strong> Bragaque tem <strong>com</strong>o caraterística diferenciadora a ausência <strong>de</strong> remuneraçãoe a sua inserção direta na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> local.08 - Responsabilida<strong>de</strong> Social Responsabilida<strong>de</strong> Social - 09


artigo <strong>de</strong> opiniãoVOLUNTARIADONOMUNDOATUALA globalização não po<strong>de</strong> confundir territórios e pessoas. Estai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> tem criado vários movimentos que fundamentaram acriação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> cooperação, <strong>com</strong>intervenção à escala planetária, em diferentes esferas <strong>de</strong> intervençãoambiental, cultural e social.Aquela que a história mais nos habituou pren<strong>de</strong>-se <strong>com</strong> a açãohumanitária e <strong>de</strong> emergência. Ningu<strong>é</strong>m consegue ficar indiferenteaos efeitos da guerra, da fome e das intemp<strong>é</strong>ries, mas na verda<strong>de</strong>só alguns <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m minorar estes prejuízos, estas perdas. Sensibilida<strong>de</strong>e bom senso tem guiado homens e mulheres que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>mapoiar populações e proteger territórios.Esta <strong>é</strong> uma visão transversal e dominante do voluntariado e porvezes esquecemo-nos que num raio muito próximo, o mesmoacontece. Por certo faltou documentar, organizar e valorizar açõessolidárias e altruístas que grupos organizados, anónimos, <strong>de</strong>senvolveramem <strong>de</strong>terminado tempo, em <strong>de</strong>terminado lugar. Acreditamosque a legislação rompeu <strong>com</strong> esta “clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong><strong>”</strong> e abriunovos caminhos para o exercício do voluntariado responsável, <strong>com</strong>nota pública, pelo valor económico e social que traduz.Não se trata <strong>de</strong> um exercício intelectual <strong>de</strong> procurar as primeirascausas ou os fins últimos, limitamo-nos a <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r a açãohumana do ponto <strong>de</strong> vista racional, no reforço da cidadania e dasocieda<strong>de</strong> civil.É nesta linha que o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e da Saú<strong>de</strong>2015 (PDSS) prioriza três eixos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que reconhecemnos vetores traçados para a cidadania e para a criativida<strong>de</strong>as verda<strong>de</strong>iras forças motrizes capazes <strong>de</strong> alavancar o ciclo daparceria.A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e o bem-estar das populações são o garanteda coesão e do progresso. É neste clima que se aproximam asentida<strong>de</strong>s e os cidadãos e somos capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar e construirprojetos sustentáveis e credíveis.Como em qualquer organização, as re<strong>de</strong>s servem para proteger efortalecer as interações, subscritoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões conscientes a favor<strong>de</strong> um coletivo. Tamb<strong>é</strong>m aqui o voluntariado assume um papele uma função primordial na humanização do serviço prestado, noprolongamento da ação, na inovação que introduz aos processos eno respeito ímpar dos valores sociais.O equilíbrio resi<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envolver diferentes intervenientes,tornando multidisciplinar a intervenção. No ano <strong>de</strong>dicadoao envelhecimento ativo, <strong>é</strong> imperioso <strong>de</strong>volver aos s<strong>é</strong>niores avitalida<strong>de</strong> que lhes pertence, atrav<strong>é</strong>s da promoção da autonomiae da valorização dos seus saberes e experiências. A boa práticaresi<strong>de</strong> em criar espaços e tempos <strong>de</strong> participação para aqueles queentendam auto-organizar-se e cooperar, que não excluam aquelesque o mercado <strong>de</strong> trabalho já não absorve e/ou que os traços daida<strong>de</strong> fogem ao padrão dominante, fácil <strong>de</strong> consumir.Ser-se s<strong>é</strong>nior ativo <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m encontrar na ação voluntária umamissão, um objetivo, uma motivação, uma satisfação. A solidarieda<strong>de</strong>entre gerações po<strong>de</strong> sair fortalecida em projetos <strong>de</strong> voluntariadoque mereçam o reconhecimento público, incluindo dasentida<strong>de</strong>s privadas.Ana Maria SilvaVereadora do Pelouro da Ação Social e Saú<strong>de</strong> Pública“Os únicos bens duráveis, imutáveise sem preço, são o afeto e asolidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se sentem pelaspessoas queridas.<strong>”</strong>Isabel Vieira10 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 11


esponsabilida<strong>de</strong> social das e nas empresasRESPONSABILIDADEPolítica DeO GRACE e oSOCIAL NA FRULACTResponsabilida<strong>de</strong>voluntariadoSocial E DoDesenvolvimentoSustentávelempresarialO GRACE assume-se cada vez mais <strong>com</strong>o um espaço <strong>de</strong> intervençãoem áreas que permitem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> iniciativasempresariais <strong>com</strong> impacto em mat<strong>é</strong>ria equida<strong>de</strong> social. Assim, <strong>é</strong>preocupação do GRACE, enquanto representante das largas <strong>de</strong>zenas<strong>de</strong> empresas associadas constituir parte da solução para todauma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> questões que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a área social à ambiental, àcultural ou à <strong>de</strong>sportiva, são abordagem na interação diária <strong>com</strong> asempresas.No âmbito <strong>de</strong> atuação do GRACE surge, pois, o voluntariado <strong>com</strong>omanifestação evi<strong>de</strong>nte da conjugação <strong>de</strong> empenhos <strong>de</strong> todo umsomatório <strong>de</strong> colaboradores <strong>de</strong> empresas, que cada vez mais fazemquestão <strong>de</strong> partilhar a sua capacida<strong>de</strong> e aptidões, mas tamb<strong>é</strong>m emconhecimento e <strong>com</strong>petências <strong>com</strong> tantos outros que <strong>de</strong> tamanhaatitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m beneficiar.O GIRO <strong>é</strong> disso um bom paradigma. A verda<strong>de</strong> <strong>é</strong> que, em 12 anos<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> do GRACE foi já possível levar a efeito 81 ações<strong>de</strong> voluntariado <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 3.000 colaboradores <strong>voluntário</strong>s.Significa isto um impacto em 13 mil beneficiários, resultante <strong>de</strong> 50mil horas <strong>de</strong> voluntariado das nossas empresas.Posto isto, não restam dúvidas. “Voluntariar<strong>”</strong> faz a diferença.Garantem-nos os <strong>voluntário</strong>s das quase 100 empresas associadasdo GRACE que, ação após ação, sentem inequivocamente o verda<strong>de</strong>iroefeito da transformação após um dia <strong>de</strong> voluntariado.Ao longo dos anos, e tamb<strong>é</strong>m porque <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> uma experiência<strong>de</strong> voluntariado, a relativização das dificulda<strong>de</strong>s diárias em contextolaboral <strong>é</strong> um facto real, tem vindo a aumentar o número dosque afirmam que a intervenção daquele dia foi necessariamenteprolongada no espaço e no tempo. Sendo <strong>com</strong>um ouvir-se que as“pessoas se sentem melhores pessoas<strong>”</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tais incursõesvoluntárias, <strong>é</strong> fácil enten<strong>de</strong>r que são sinceras ao partilharem connoscoa sua nova forma <strong>de</strong> encararem o outro… e o mundo…tamb<strong>é</strong>m na <strong>com</strong>ponente <strong>de</strong> interação profissional, neste que <strong>é</strong> ummovimento <strong>de</strong> crescimento pessoal.Conceição Zagalo,Presi<strong>de</strong>nte do GRACEA Politica <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Social e <strong>de</strong> DesenvolvimentoSustentável da Frulact reflete as nossas preocupações segundo ummo<strong>de</strong>lo, que simplificado po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito pelo triângulo “People,Planet, Profit<strong>”</strong>, ou seja, preocupação <strong>com</strong> as pessoas, o ambiente eo crescimento auto-sustentado dos negócios.O Grupo Frulact, está presente <strong>com</strong> unida<strong>de</strong>s industriais em 5países diferentes, e em dois continentes, tem <strong>com</strong>o uma dassuas orientações <strong>de</strong> base, servir e promover o <strong>de</strong>senvolvimentoeconómico e social das regiões on<strong>de</strong> se insere, enten<strong>de</strong>ndo queo acolhimento que nos <strong>é</strong> oferecido para <strong>de</strong>senvolvermos a nossaativida<strong>de</strong> económica, <strong>de</strong>verá sempre merecer, suporte socialatrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> uma estrat<strong>é</strong>gia clara <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Alguns exemplos <strong>de</strong> projetos e ações que levamos àpráticaCom o “focus<strong>”</strong> na Comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixamos aqui alguns projetose ações que vamos <strong>de</strong>senvolvendo <strong>de</strong> forma entusiasta, transformandoa nossa organização, numa família que vai reforçando a suacultura e o seu sentido altruísta e <strong>de</strong> partilha. Com o contributoindividual para o bem coletivo, estaremos todos nós a construiruma socieda<strong>de</strong> mais justa.Em parceria <strong>com</strong> a Universida<strong>de</strong> Católica, e na Escola Superior<strong>de</strong> Biotecnologia, lançamos pela primeira vez em Portugal umaCátedra Acad<strong>é</strong>mica a partir do exterior, à que se <strong>de</strong>u o nome donosso fundador, o Comendador Arm<strong>é</strong>nio Pinheiro Miranda.12 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 13


Este projeto teve <strong>com</strong>o objetivo atrair os jovens para a formaçãoacad<strong>é</strong>mica superior no processamento alimentar, e que tivesseaplicação e utilida<strong>de</strong> práticas na indústria alimentar para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>com</strong>petências e <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s na inovaçãoe para a <strong>com</strong>petitivida<strong>de</strong> da mesma. Esta ação inseriu-se na lógicado mecenato científico, e foi <strong>com</strong>pletada <strong>com</strong> a atribuição <strong>de</strong>bolsas <strong>de</strong> estudo para a investigação em programas <strong>de</strong> mestrado edoutoramento, e ainda a atribuição <strong>de</strong> Pr<strong>é</strong>mios <strong>de</strong> Inovaçãopara os melhores trabalhos realizados por investigadores concorrentesa temas lançados pela Frulact e correspon<strong>de</strong>ntesa necessida<strong>de</strong>s sociais e <strong>com</strong>erciais.Em Roriz, <strong>Barcelos</strong>, local a que estão ligados por nascimento evivência social os fundadores e acionistas do Grupo Frulact, foicriado por diversas pessoas, e <strong>com</strong> o forte contributo do ComendadorAntónio Simões, o Centro Social Zulmira PereiraSimões. Esta IPSS tem merecido, pela nossa empresa, todo osuporte e apoio, no sentido <strong>de</strong> serem <strong>de</strong>senvolvidas dinâmicas<strong>de</strong> apoio social aos mais <strong>de</strong>sprotegidos. Este projeto preten<strong>de</strong>encontrar soluções inovadoras e disruptivas, capazes <strong>de</strong> promoveremas <strong>de</strong>sejáveis eficiências coletivas, e ser consolidado umverda<strong>de</strong>iro projeto social, baseado em crit<strong>é</strong>rios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>e empreen<strong>de</strong>dorismo social.Mas tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> <strong>com</strong> regularida<strong>de</strong> que o Grupo Frulact executa o seuprograma anual <strong>de</strong> donativos, atribuindo verbas e entregando alimentosa variadas instituições <strong>de</strong> proteção e suporte social, <strong>com</strong>o <strong>é</strong>por exemplo o Banco Alimentar contra a Fome, ou então, <strong>de</strong> formamais direcionada, atrav<strong>é</strong>s dos <strong>Município</strong>s e suas Re<strong>de</strong>s Socias, nomeadamenteno Porto, Maia, Covilhã e <strong>Barcelos</strong>. Tamb<strong>é</strong>m no apoioa escolas e jardins-<strong>de</strong>-infância, e at<strong>é</strong> participando na construção <strong>de</strong>infra-estruturas sociais, <strong>com</strong>o <strong>é</strong> exemplo a recente construção emLavra, Matosinhos, <strong>de</strong> uma creche na qual patrocinamos uma sala<strong>de</strong> aulas.Com o “focus<strong>”</strong> no interior da nossaorganizaçãoPromovemos e financiamos programas <strong>de</strong> mestrado e <strong>de</strong> doutoramentoaos nossos colaboradores, bem <strong>com</strong>o em programas <strong>de</strong>formação ao longo da vida, tendo chegado já à fasquia <strong>de</strong> 50% doefetivo total neles envolvidos.Damos cobertura aos programas <strong>de</strong> estágio profissional promovidosjunto do Instituto do Emprego e Formação Profissional, sendouma das empresas em Portugal, que mais tem contribuído parareter sob contrato <strong>de</strong> trabalho os jovens estagiários após o estágio.Incentivamos as experiências socioprofissionais em ambienteinternacional, garantindo as condições ótimas <strong>de</strong> expatriamento <strong>de</strong>colaboradores e suas famílias, promovendo a interculturalida<strong>de</strong>.Damos condições quotidianas para os nossos colaboradorespo<strong>de</strong>rem <strong>de</strong>senvolver a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida familiar e a educação dosseus filhos.Mais alguns outros factos po<strong>de</strong>riam ser relatados, noentanto queremos neste texto dar relevo e distinguir os casos querefletem a importância que damos às Pessoas.Das Pessoas para as Pessoas, numa re<strong>de</strong>scoberta daHumanida<strong>de</strong> e da transcendência do que o ser solidário eresponsável social <strong>com</strong>portam a partir da empresa <strong>com</strong>oorganização <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> Valor que o <strong>é</strong>, e a socieda<strong>de</strong> em geralpo<strong>de</strong>rá confirmar.João MirandaPresi<strong>de</strong>nte Conselho <strong>de</strong> Administração da FrulactEste projeto preten<strong>de</strong> ser uma resposta da socieda<strong>de</strong> civil à situaçãocada vez mais dramática em que vivem hoje as famílias, <strong>com</strong>consequências inevitáveis no correto suporte e apoio às criançase jovens, à população mais idosa ou aos doentes. É <strong>com</strong> gran<strong>de</strong>entusiasmo que vamos <strong>de</strong>senvolvendo este trabalho ao nívelconcelhio, não restringindo a nossa ação a Roriz. É gratificante,sentirmos que o tempo e trabalho que temos <strong>de</strong>dicado às Criançase Jovens em Risco do Concelho <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, sendo um trabalhosilencioso, nos vai <strong>de</strong>monstrando que a vonta<strong>de</strong> e empenho <strong>de</strong>quem quer ajudar, <strong>é</strong> mais importante e eficaz que investimentos eminfra-estruturas que esgotam recursos financeiros que po<strong>de</strong>riamser alocados para ações direcionadas <strong>com</strong>o esta.14 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 15


esponsabilida<strong>de</strong> social das e nas empresasP&R Têxteis - s.a.“Não existe outra via para a solidarieda<strong>de</strong>humana senão o próximo e o respeitoda dignida<strong>de</strong> individual<strong>”</strong>Pierre Leconte Du NouyA Responsabilida<strong>de</strong> Social na P&R Têxteis já tem uma longatradição. Procuramos estabelecer <strong>com</strong> os nossos clientes, fornecedores,entida<strong>de</strong>s oficiais e instituições, um diálogo aberto.Apoiamos diferentes áreas <strong>de</strong> intervenção <strong>com</strong>o projetos humanitários,educativos e <strong>de</strong>sportivos da socieda<strong>de</strong> civil, não só nazona envolvente (em <strong>Barcelos</strong>), mas tamb<strong>é</strong>m ao nível nacional einternacional sob a forma <strong>de</strong> subsídios financeiros, donativos emesp<strong>é</strong>cie e atrav<strong>é</strong>s do trabalho pessoal.É entendimento da empresa que, mais do que o patrocínio <strong>de</strong> ações<strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Social, a P&R Têxteis <strong>de</strong>ve ser um promotordo envolvimento <strong>de</strong> todos os seus colaboradores, clientes eparceiros, para que se tornem melhores cidadãos.DESPORTOA missão da empresa na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> está vocacionada para oapoio ao <strong>de</strong>sporto nacional e à prática <strong>de</strong>sportiva na vertente daformação e <strong>com</strong>petição. Acreditamos que <strong>é</strong> fundamental o apoioao <strong>de</strong>sporto e ao fomento da prática <strong>de</strong> hábitos saudáveis <strong>de</strong> vida,<strong>com</strong>o “Educar para o saber, saber fazer e saber estar no <strong>de</strong>sportoe na vida<strong>”</strong> e tamb<strong>é</strong>m “Motivar os jovens para o sucesso escolar e<strong>de</strong>sportivo<strong>”</strong>.AMBIENTEA P&R Têxteis tem consolidado o processo <strong>de</strong> reciclagem e aspráticas <strong>de</strong> racionalização do consumo <strong>de</strong> energia.EDUCAÇÃOAJUDA HUMANITÁRIAApoio a projetos humanitários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e assistência a doentes.Recentemente a empresa P&R Têxteis tornou-se certificada nanorma SA8000, Responsabilida<strong>de</strong> Social, reforçando <strong>de</strong>sta formaos <strong>com</strong>promissos livremente assumidos junto dos seus colaboradorese parceiros <strong>de</strong> negócio. Acreditamos que <strong>com</strong> o envolvimento<strong>de</strong> toda a equipa cumpriu-se o objetivo traçado pela gestãoda empresa: obter a certificação at<strong>é</strong> ao final <strong>de</strong> 2011.Neste sentido, acreditamos que as empresas po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vemassumir na socieda<strong>de</strong> um papel mais amplo, para al<strong>é</strong>m da sua vocaçãobásica <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> riqueza. O apoio a causas humanitárias,educativas e <strong>de</strong>sportivas são um investimento para a empresa epara a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, sendo tamb<strong>é</strong>m um gesto <strong>de</strong> retribuição.A Administração da EmpresaP&R Texteis - S. A.Atualmente a P&R Têxteis e os seus colaboradores apoiam(apadrinham) 10 crianças em Moçambique, proporcionando-lhescondições essenciais que permitem a sua formação escolar.16 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 17


esponsabilida<strong>de</strong> social das e nas empresasSOLIDARIEDADENATURAL-MARCA SOCIALFazer a diferença<strong>de</strong> maneira diferenteO Centro Zulmira Pereira Simões – Instituição <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>Social <strong>de</strong> Roriz (CZPS), foi fundado a 25 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008.Este projeto <strong>é</strong> uma resposta da socieda<strong>de</strong> civil, atenta aos <strong>de</strong>sequilíbriossociais, e à necessida<strong>de</strong> premente da intervenção juntoda <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, prestando suporte à família, principalmente aosidosos, crianças e pessoas em dificulda<strong>de</strong>.Aten<strong>de</strong>ndo aos propósitos, objetivos e preocupações da socieda<strong>de</strong>civil, o CZPS propôs-se <strong>de</strong>senvolver um projeto Inovador, Estruturantee Socialmente Envolvente, que se transforme num projeto<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração, marcado por novas abordagens e soluçõesnecessárias às carências sociais, baseado em crit<strong>é</strong>rios <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong>.Agrada-nos ser reconhecidos <strong>com</strong>o uma Instituição capaz<strong>de</strong> promover e influenciar as boas práticas <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>projetos na área social e sermos exactamente aquilo que nos vãopedindo: Um projeto exemplar e <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração, que se baseianos três gran<strong>de</strong>s pilares do Desenvolvimento SustentávelComo suporte à sustentabilida<strong>de</strong>, o CZPS <strong>de</strong>cidiu, em 2009, criaruma Marca <strong>com</strong> um forte cariz social mas que simultaneamenteoferecesse algo diferenciador, sem nunca esquecer a questão associadaao “goodwill<strong>”</strong>.Ter uma Marca <strong>com</strong> um forte cariz social mas que simultaneamenteofereça algo diferenciador, promovendo a sustentabilida<strong>de</strong> e apartilha, ancorada na responsabilida<strong>de</strong> social das empresas e dassuas marcas.“Solidarieda<strong>de</strong> Natural<strong>”</strong> são duas palavras que representam todosos valores que dão sentido a este projeto. Duas palavras que têmum cariz <strong>de</strong> preocupação, <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação. Duas palavrasque ao serem associadas uma à outra, criam uma expressãoque representa algo construído, plantado, criado e pacientementeconcretizado… <strong>é</strong> este o percurso que nos propomos trilhar!Com esta Marca, o CZPS iniciou o projeto-piloto em Março <strong>de</strong>2011 numa iniciativa conjunta <strong>com</strong> o Minipreço <strong>de</strong> Roriz. Atrav<strong>é</strong>s<strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong> venda, oferecemos produtos <strong>de</strong> reconhecidaqualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> marcas parceiras que se associaram ao projeto CZPSem co-branding <strong>com</strong> a Marca Social “Solidarieda<strong>de</strong> Natural<strong>”</strong>,oferecendo-nos os seus produtos. As marcas associam-se assim auma iniciativa socialmente responsável. O consumidor reconhece amarca e a importância <strong>de</strong> <strong>com</strong>prar um produto <strong>com</strong> selo “Solidarieda<strong>de</strong>Social<strong>”</strong>. O CZPS tem <strong>com</strong> este projeto, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>obter o suporte financeiro para o seu funcionamento, bem <strong>com</strong>odistribuir gratuitamente bens pelas pessoas mais carenciadas,ou reinvestir na área social todos os proveitos resultantes <strong>de</strong>stainiciativa.Depois da fase <strong>de</strong> teste, hoje o CZPS está numa fase <strong>de</strong> consolidaçãoda relação <strong>com</strong> os seus parceiros.Neste momento este projeto visa ajudar a intervir ativamente na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>por um equilíbrio social, ou seja, ajudar quem necessitaatrav<strong>é</strong>s do Cabaz Solidário e tamb<strong>é</strong>m para Angariação <strong>de</strong> Fundospara o Projeto CZPS.As reacções positivas e a a<strong>de</strong>são dos parceiros fazem-nos pensarque vale a pena continuar a inovar nas abordagens, e motivam-nosa explorar novas alternativas, que enquadradas na responsabilida<strong>de</strong>social das empresas, e no envolvimento da socieda<strong>de</strong> civil,garantam respostas <strong>de</strong> suporte aos mais <strong>de</strong>sprotegidos.O CZPS prepara-se agora para dar mais um passo e vai lançar asua loja online, on<strong>de</strong> serão disponibilizados todos os produtosassociados em co-branding à marca “Solidarieda<strong>de</strong> Natural<strong>”</strong>.A plataforma e-Commerce será a fusão <strong>de</strong> dois conceitos, o dasolidarieda<strong>de</strong> e da responsabilida<strong>de</strong> social.Assim, para al<strong>é</strong>m dos pontos já existentes <strong>de</strong> venda (Minipreço <strong>de</strong>Roriz, CZPS) teremos a Loja Online. Esta estará alocada no Siteinstitucional www.czps.org, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão brevemente registar-se eproce<strong>de</strong>r à en<strong>com</strong>enda dos produtos que <strong>de</strong>sejar.Todo este projeto só <strong>é</strong> possível graças ao forte sentido <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>social das empresas <strong>com</strong> quem vamos trabalhando, quefacilmente se revêem no projeto do CZPS.A Direcção do CZPSEsta foi uma das formas encontradas para irmos apoiando asfamílias carenciadas e suportando os custos <strong>de</strong> funcionamento.18 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 19


esponsabilida<strong>de</strong> social das e nas empresasPROJECTO IMAGEMMiz<strong>é</strong> - CabeleireirosSalão I<strong>de</strong>al - Cabeleireiro <strong>de</strong> HomensRosa Araújo CabeleireiroBARCELOS A SORRIRClínica <strong>de</strong> Medicina Dentária Praça da Matriz, Lda.New-Dente, Clínica Dentária, Unipessoal, Lda.M<strong>é</strong>dico Dentista - João Pimenta, Lda.M<strong>é</strong>dico Dentista - Walter Teixeira da Cunha JúniorPROJETO IMAGEMEu, Maria Martins (Miz<strong>é</strong>) , tomei conhecimento que a Ação Socialda Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> (CMB) <strong>de</strong>senvolve parcerias <strong>com</strong>entida<strong>de</strong>s privadas locais a fim <strong>de</strong> apoiar pessoas carenciadas doconcelho.Como empresária e cabeleireira profissional consi<strong>de</strong>rei um projetointeressante e para o qual senti que po<strong>de</strong>ria contribuir, ajudando amelhorar a imagem e consequentemente a auto-estima das mulheresdo concelho que se encontram em situação <strong>de</strong> carência.Ajudar os outros, em especial aqueles que se encontram emsituação <strong>de</strong> maior vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>é</strong> um <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> todos e eu <strong>com</strong>ocidadã e cabeleireira sinto-me muito feliz em po<strong>de</strong>r contribuir paramelhorar a imagem <strong>de</strong>stas senhoras.A partir do momento que somos empresários ou figuras públicase que temos a capacida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar a divulgar otrabalho dos outros em prol da socieda<strong>de</strong>, na tentativa <strong>de</strong> melhorara vida dos outros, <strong>é</strong> nossa obrigação sermos parte ativa <strong>de</strong>stasocieda<strong>de</strong>.BARCELOS A SORRIRUm dia o meu filho Andr<strong>é</strong>, m<strong>é</strong>dico <strong>de</strong>ntista trabalhando na minhaclínica disse-me:“Chegou a hora <strong>de</strong> sermos solidários na terra on<strong>de</strong> trabalhamos ea quem muito <strong>de</strong>vemos…Já viste quantos <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntados existem nanossa cida<strong>de</strong>? E sem hipóteses económicas <strong>de</strong> colocarem próteses<strong>de</strong>ntárias? Vamos ajudá-las…<strong>”</strong>Pensamos muito sobre qual seria a entida<strong>de</strong> que nos podia ajudarna seleção e triagem dos candidatos. A Igreja? A segurança social?Depois <strong>de</strong> muita reflexão pensamos que <strong>de</strong>veria ser a Câmara Municipal<strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, atrav<strong>é</strong>s do pelouro da ação social. Encontramosna Dra. Ana Maria, vereadora <strong>de</strong>ssa área, a melhor <strong>com</strong>preensãoe disponibilida<strong>de</strong>, assim <strong>com</strong>o em todo o executivo.Pensamos que o projeto <strong>de</strong>veria ser aberto às clínicas que quisessemcolaborar. Algumas (poucas!...) o fizeram, <strong>de</strong>monstrando umaresponsabilida<strong>de</strong> social ímpar.O projeto está em andamento, tendo que ser limadas algumasarestas que a juventu<strong>de</strong> do mesmo ainda não burilou.Parafraseando Madre Teresa <strong>de</strong> Calcutá:“Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.Perdoe-as assim mesmo! Se você <strong>é</strong> gentil, po<strong>de</strong>m acusá-lo <strong>de</strong> egoísta,interesseiro. Seja gentil assim mesmo! Se você <strong>é</strong> um vencedorterá alguns falsos amigos e alguns inimigos verda<strong>de</strong>iros. Vençaassim mesmo! Se você <strong>é</strong> bondoso e franco po<strong>de</strong>rão enganá-lo.Seja bondoso e franco assim mesmo! O que você levou anos paraconstruir, algu<strong>é</strong>m po<strong>de</strong> <strong>de</strong>struir <strong>de</strong> uma hora para a outra. Construaassim mesmo! Se você tem paz e <strong>é</strong> feliz, po<strong>de</strong>rão sentir inveja. Sejafeliz assim mesmo! O bem que você faz hoje, po<strong>de</strong>rão esquecê-loamanhã. Faça o bem assim mesmo! Dê ao mundo o melhor <strong>de</strong>você, mas isso po<strong>de</strong> nunca ser o bastante. Dê o melhor <strong>de</strong> vocêassim mesmo! Veja você que, no final das contas <strong>é</strong> entre você eDeus. Nunca foi entre você e os outros!<strong>”</strong>João PimentaPor isso assinei o protocolo e tenho vindo a <strong>de</strong>senvolvê-lo <strong>com</strong>satisfação. Neste sentido, <strong>de</strong>safio outros empresários a a<strong>de</strong>rir aidênticos projetos e a apadrinhá-los.Muito Obrigada!No entanto, pela nossa parte, achamos que valeu a pena, e <strong>é</strong> <strong>com</strong>muita alegria que partilhamos a alegria <strong>de</strong> alguns que voltarama sorrir e a <strong>com</strong>er. E voltaram tamb<strong>é</strong>m a ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seinserirem na socieda<strong>de</strong>.Miz<strong>é</strong>20 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 21


oas práticas <strong>de</strong> voluntariadoHabitatforhumanity-portugal“Nós construímos mais do que casas.Nós construímos felicida<strong>de</strong>.<strong>”</strong>Estas palavras do fundador da Habitat Internacional, Millard Fuller,tornam-se reais cada vez que entregamos uma casa nova oureparada a uma família. Esses dias <strong>de</strong> festa são sempre repletos <strong>de</strong>lágrimas <strong>de</strong> alegria.Aqui partilhamos alguns <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> famílias beneficiárias daHabitat em todo o mundo, alguns proferidos por famílias portuguesasque apoiámos:“Estou no C<strong>é</strong>u, quando morrer posso ir para qualquer sítio, porquenesta casa nova já vivo no C<strong>é</strong>u<strong>”</strong>.“Sempre que vejo edificar uma nova casa Habitat, os meus olhosenchem-se <strong>de</strong> lágrimas, porque percebo que o sonho <strong>de</strong> outra pessoase está a tornar realida<strong>de</strong>.<strong>”</strong>“Cada azulejo, pedaço <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou marca <strong>de</strong> pincel nas pare<strong>de</strong>s<strong>de</strong>sta casa me farão recordar as pessoas simpáticas, <strong>de</strong>dicadas queaqui <strong>trabalhar</strong>am voluntariamente, porque elas escolheram fazerparte da vida da minha família.<strong>”</strong>“A nossa casa, a nossa própria casa! É impossível <strong>de</strong>screver o quesinto.<strong>”</strong>“Não <strong>é</strong> preciso ter dinheiro para ser feliz e educar crianças saudáveis,mas <strong>é</strong> preciso ter uma casa segura e limpa, uma casa on<strong>de</strong>as crianças po<strong>de</strong>m levar os amigos sem se sentirem embaraçadas<strong>de</strong>vido à sua condição.<strong>”</strong>“É um sentimento fantástico ver uma nova casa Habitat protegeruma família Habitat, mas nada <strong>é</strong> mais gratificante do que ver umacriança <strong>de</strong>senvolver-se <strong>de</strong> modo muito mais harmonioso do queantes era previsível, apenas porque agora vive numa casa Habitat.<strong>”</strong>“A nossa casa nova transformou-nos numa verda<strong>de</strong>ira família.Agora já não existimos apenas: vivemos!<strong>”</strong>“Não recebi apenas uma casa limpa, saudável e bonita, sou umanova pessoa.<strong>”</strong>E todos dizem:“É o dia mais feliz da minha vida<strong>”</strong>Na Associação Humanitária Habitat – Braga, a se<strong>de</strong> nacional <strong>de</strong>staOrganização Não Governamental (ONG), partilhamos os princípios<strong>de</strong>sta organização espalhada por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> países em todo omundo. Todos queremos quebrar o ciclo <strong>de</strong> pobreza, por isso juntamos<strong>voluntário</strong>s que constroem casas, <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s e esperança.Lutamos por um mundo on<strong>de</strong> todas as pessoas tenham um lugar<strong>de</strong>cente on<strong>de</strong> viver.Com a ajuda <strong>de</strong> <strong>voluntário</strong>s, donativos, doações <strong>de</strong> materiais nascemcasas <strong>de</strong> muito baixo custo, cabendo à família beneficiária umpagamento mensal <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> as suas possibilida<strong>de</strong>s, durantevários anos, at<strong>é</strong> que o custo real da casa, sem lucros ou juros, seja<strong>de</strong>volvido à Associação.A Habitat edifica, neste momento, uma habitação, em Vila Boa, paraseis pessoas, mãe viúva e cinco filhos <strong>com</strong> ida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>preendidasentre os 8 e os 24 anos. No concelho <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> o historial daintervenção da Habitat for Humanity <strong>é</strong> o seguinte:Casas construídas <strong>de</strong> raiz: Manhente e Faria;Renovações: Para<strong>de</strong>la e ManhenteReparações <strong>de</strong> menor envergadura: Carapeços, Vila Frescaínha,Bastuço S. JoãoFuturo projeto – Adães, on<strong>de</strong> a nossa ação consiste nosacabamentos interiores e exteriores <strong>de</strong> uma casa para uma família<strong>de</strong> 4 elementos, sendo que os 2 filhos do casal, ambos maiores,são portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.A nossa parceria <strong>com</strong> a Re<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> fará, certamente,aumentar muito a nossa colaboração <strong>com</strong> as famílias <strong>Barcelos</strong>.Queremos passar a palavra para conseguir cada vez mais ajudase donativos, mais <strong>voluntário</strong>s que nos aju<strong>de</strong>m a reduzir a carênciahabitacional em Portugal.Helena Pina VazPresi<strong>de</strong>nte da DireçãoAssociação Humanitária Habitat22 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 23


oas práticas <strong>de</strong> voluntariadomedidas paraa inclusão“Entendo que solidarieda<strong>de</strong> <strong>é</strong> enxergarno próximo as lágrimas nunca choradase as angústias nunca verbalizadas.<strong>”</strong>Augusto Curybanco alimentar<strong>de</strong> bragaA alimentação <strong>é</strong> um recurso fundamental para a sobrevivência doser humano. Des<strong>de</strong> que ocupa a Terra que o homem procura a suaalimentação, <strong>com</strong>eçou por ser caçador e em seguida apren<strong>de</strong>u acultivar a terra.A alimentação esteve no cerne dos processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s coletivas, no plano das civilizações, a nível social oumesmo familiar.O alimento <strong>é</strong> elemento <strong>de</strong> vida. Alimentar-se <strong>é</strong> a primeira necessida<strong>de</strong>tanto para o rico <strong>com</strong>o para o pobre.Para uma gran<strong>de</strong> parte da humanida<strong>de</strong> que vive na mis<strong>é</strong>ria, aprocura <strong>de</strong> <strong>com</strong>ida <strong>é</strong> um <strong>com</strong>bate quotidiano que mobiliza a maiorparte das energias e impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso dapessoa humana e a procura <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> vida na socieda<strong>de</strong>.Todo o ser humano tem o direito a uma alimentação suficiente.Trata-se <strong>de</strong> um direito natural reconhecido em todas as civilizaçõese está consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1948. Concretizar este direito a uma alimentação a<strong>de</strong>quada <strong>é</strong>essencial para a luta contra a pobreza.Portugal <strong>é</strong> um dos países da Europa <strong>com</strong> maior taxa <strong>de</strong> pobreza.Um quinto dos portugueses vive <strong>com</strong> menos <strong>de</strong> 360,00 €/mês e,apesar dos apoios sociais do Estado, há 2 milhões <strong>de</strong> portuguesesno limiar da pobreza.Quando sabemos que existem pessoas ao nosso lado <strong>com</strong> carênciasalimentares gravíssimas, idosos que vivem apenas <strong>com</strong> o quelhes resta das reduzidas pensões <strong>de</strong> reforma <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>com</strong>pra-dos todos os medicamentos <strong>de</strong> que necessitam, crianças que só<strong>com</strong>em o que lhes <strong>é</strong> dado nas creches ou ATL’s, po<strong>de</strong>remos assistirimpávidos?Face a esta realida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>mos cruzar os braços à <strong>de</strong>struiçãodiária <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> quilos <strong>de</strong> alimentos; daí a ação dos BancosAlimentares que têm <strong>com</strong>o principal objetivo tentar minimizar ascarências alimentares daqueles que vivem ao nosso lado, atrav<strong>é</strong>sda recolha dos exce<strong>de</strong>ntes alimentares.Efetivamente, um dos pontos-chave da atuação dos BancosAlimentares assenta numa Logística cuidadosamente estudada eimplementada: numa cooperação eficiente entre um gran<strong>de</strong> número<strong>de</strong> empresas e entida<strong>de</strong>s que fazem parte da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Abastecimentoe reconhecem que se estabelecerem entre si uma re<strong>de</strong>estruturada, po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>sempenhar um papel ativo na luta contra apobreza em Portugal.Os Bancos Alimentares lutam contra a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> alimentosrecolhendo produtos em perfeito estado <strong>de</strong> consumo para osdistribuir atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> instituições a pessoas que têm fome <strong>de</strong> pãoe <strong>de</strong> afeto, para que possam reencontrar a dignida<strong>de</strong> muitas vezesperdida, a auto-estima que as impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> sair do ciclo <strong>de</strong> pobrezaem que muitas vezes nasceram.Esta missão só po<strong>de</strong> ser levada a cabo <strong>com</strong> a atitu<strong>de</strong> responsável<strong>de</strong> numerosas pessoas que, no exercício das suas funções e, preocupados<strong>com</strong> o bem <strong>com</strong>um, <strong>com</strong> a justiça social, incorporam aresponsabilida<strong>de</strong> social, a cidadania empresarial nas suas <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> gestão.Não po<strong>de</strong>remos nunca saber se todas as situações <strong>de</strong> pobrezaserão <strong>de</strong>finitivamente erradicadas um dia. Cada um <strong>de</strong> nós po<strong>de</strong>,no entanto, contribuir para as minorar procurando envidar todos osesforços ao seu alcance para isso.A lógica da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo em que vivemos não po<strong>de</strong>fazer-nos esquecer que a pobreza existe e que cada um <strong>de</strong> nós tema obrigação, <strong>com</strong>o construtores <strong>de</strong>ssa mesma socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> aceitaro <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> inverter a situação atrav<strong>é</strong>s da criação <strong>de</strong> respostasinovadoras, eficazes e solidárias. Ou, em <strong>com</strong>plemento, atrav<strong>é</strong>s daparticipação em ações que existam.Os Bancos Alimentares Contra a Fome são <strong>com</strong>postos por pessoas <strong>de</strong>boa vonta<strong>de</strong> que, juntando os seus esforços <strong>de</strong> uma forma voluntária,preten<strong>de</strong>m minorar o problema da fome numa região <strong>de</strong>finida;A sua missão <strong>é</strong> lutar contra o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> alimentos fazendo aponte entre a abundância e a escassez, indo “buscar on<strong>de</strong> sobrapara entregar on<strong>de</strong> falta<strong>”</strong>;Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do Estado nem da Igreja, o que lhes permite terautonomia <strong>de</strong> expressão e ação, sem a interferência <strong>de</strong> interessesalheios aos que não sejam os princípios pelos quais se rege toda asua atuação: a Carta dos Bancos Alimentares.A Ação dos Bancos Alimentares assenta na gratuida<strong>de</strong>, na dádiva,na partilha, no voluntariado e no mecenato.Os Bancos Alimentares recusam o primado do dinheiro e a suaabordagem inscreve-se numa lógica <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> uma solidarieda<strong>de</strong>ativa e responsável.Conscientes <strong>de</strong> que a pobreza não tem a sua única expressão nasituação <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> alimentos e que esta inclui a não satisfação<strong>de</strong> outras necessida<strong>de</strong>s básicas - <strong>com</strong>o a habitação, a saú<strong>de</strong>, ovestuário, a educação, a qualificação profissional ou outras, osBancos Alimentares Contra a Fome estabelecem parcerias <strong>com</strong>outras instituições <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social que, pelo facto <strong>de</strong> seencontrarem muito próximas da população, conhecem as suasreais necessida<strong>de</strong>s.O objetivo dos Bancos Alimentares não <strong>é</strong> substituir as instituiçõesenquanto agentes ativos na alteração das situações <strong>de</strong> pobreza,mas sim apoiá-las <strong>com</strong> produtos alimentares, otimizando e ampliandoa sua ação, libertando recursos que lhes permitam melhorar aqualida<strong>de</strong> dos serviços prestados à <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> que apoiam, e, porvezes, at<strong>é</strong> criar outras respostas para as necessida<strong>de</strong>s das pessoascarenciadas que assistem.Assim, os produtos alimentares entregues gratuitamente aos BancosAlimentares são distribuídos por instituições <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>24 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 25


social que, por sua vez, os fazem chegar às pessoas <strong>com</strong>provadamentecarenciadas, atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> refeições confecionadas e/oudistribuição <strong>de</strong> cabazes <strong>de</strong> alimentos por confecionar.O crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento dos Bancos Alimentares Contraa Fome <strong>é</strong> consequência direta da credibilida<strong>de</strong> obtida pelo projeto,obtida pela conjugação <strong>de</strong> características e práticas que permitem aprossecução dos seus objetivos – rigor (controlo das instituições),transparência (contas efetuadas por uma empresa idónea, auditoriase distribuição do relatório e contas), disponibilida<strong>de</strong> (portaaberta), inovação (produtos marca própria, programa peixe, campanhavale, campanha “papel por alimentos<strong>”</strong>), eficácia (quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> alimentos distribuídos e nº <strong>de</strong> pessoas apoiadas) soli<strong>de</strong>z (emativida<strong>de</strong> há 16 anos mantêm a tendência <strong>de</strong> crescimento) gratidão(a todos quantos contribuem para o sucesso do projeto).Os Bancos Alimentares são um excelente exemplo <strong>de</strong> <strong>com</strong>o a uniãodas boas vonta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> empresas doadoras, doadores financeiros,<strong>voluntário</strong>s e instituições <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> formacoor<strong>de</strong>nada, gerar resultados muito superiores aos que seriamobtidos se cada um <strong>de</strong>sses agentes da solidarieda<strong>de</strong> resolvesseagir isoladamente.O importante <strong>é</strong> o <strong>com</strong>prometimento e o reconhecimento <strong>de</strong> quecada um <strong>de</strong> nós po<strong>de</strong> fazer a diferença <strong>com</strong> a sua forma <strong>de</strong> estar navida e <strong>com</strong> as suas opções.Graças ao empenho <strong>de</strong> todos quantos <strong>de</strong> facto acreditam que aresposta para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor <strong>com</strong>eça por cadaum <strong>de</strong> nós, foi possível obter os seguintes resultados no BancoAlimentar <strong>de</strong> Braga, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação, em Outubro 2008.O concelho <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> tem participado ativamente nesta “ca<strong>de</strong>ia<strong>”</strong><strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, quer atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> empresas doadoras, doadoresfinanceiros, dádivas <strong>de</strong> particulares, <strong>voluntário</strong>s e instituições <strong>de</strong>solidarieda<strong>de</strong> social.O envolvimento da população do concelho <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> manifestase<strong>de</strong> uma forma mais intensa nas datas da realização das campanhasnacionais <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> alimentos levadas a cabo pelo BancoAlimentar, mas que apenas são possíveis <strong>de</strong>vido à participação dosmilhares <strong>de</strong> <strong>voluntário</strong>s envolvidos e da solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todosquantos contribuem <strong>com</strong> as suas dádivas em alimentos.No concelho <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> e na última campanha realizada, dias26 e 27 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011, foram recolhidas 16.026 kilos <strong>de</strong>alimentos, em 9 superfícies <strong>com</strong>erciais, <strong>com</strong> o envolvimento <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 300 <strong>voluntário</strong>s.A espinha dorsal do funcionamento dos Bancos Alimentares assentano trabalho <strong>de</strong> <strong>voluntário</strong>s que, <strong>com</strong> verda<strong>de</strong>iro espírito <strong>de</strong>missão, <strong>de</strong>sempenham as mais variadas tarefas indispensáveis aobom funcionamento <strong>de</strong> toda esta organização. O seu esforço, empenhamentoe capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega, têm permitido o crescimentoToneladas <strong>de</strong> alimentos Instituições Pessoas ajudadasAno 2008 28 26 1776Ano 2009 296 55 3896Ano 2010 435 90 7407Ano 2011 567,5 93 10017dos Bancos Alimentares e o alargamento da sua ação a um númerocrescente <strong>de</strong> pessoas carenciadas.Ser <strong>voluntário</strong> não <strong>é</strong> só ajudar uma pessoa menos favorecida: <strong>é</strong>querer estar envolvido <strong>com</strong>o participante em ações concretas; <strong>é</strong>um modo <strong>de</strong> estar na vida, por via da qual a participação ativa eresponsável nas diversas estruturas da socieda<strong>de</strong> <strong>é</strong> um imperativo<strong>de</strong> cidadania; <strong>é</strong> exercício <strong>de</strong> civismo e <strong>de</strong> co-responsabilida<strong>de</strong> pelobem <strong>com</strong>um.Todos po<strong>de</strong>mos ser <strong>voluntário</strong>s no exercício das nossas profissões:basta <strong>de</strong>ixar acen<strong>de</strong>r a centelha....A luta contra o <strong>de</strong>sperdício, repito, <strong>é</strong> um elemento motor na açãodos Bancos Alimentares Contra a Fome. Vivemos numa socieda<strong>de</strong>que <strong>de</strong>sperdiça muitas das suas riquezas e dos seus valores jáque a abundância dos seus bens, embora mal distribuído, lhefaz esquecer a importância <strong>de</strong> cada um e a forma <strong>com</strong>o <strong>de</strong>ve serotimizado para o bem <strong>com</strong>um.A nível alimentar registam-se importantes perdas <strong>de</strong> produtos nossetores da produção, da transformação, da distribuição, do consumopessoal e coletivo sem qualquer perturbação das consciências,embora se trate <strong>de</strong> bens indispensáveis à vida <strong>de</strong> cada homeme uma parte da humanida<strong>de</strong> se encontrar <strong>de</strong>la privada.Ora, a alimentação não <strong>é</strong> <strong>com</strong>parável a mais nenhum bem: estáintimamente ligada à existência do ser humano, faz parte integrante<strong>de</strong>le, traz-lhe todos os dias os elementos <strong>de</strong> vida e, por isso mesmo,adquire um valor que nenhum outro bem <strong>de</strong> consumo po<strong>de</strong>ter. Merece o respeito e reveste at<strong>é</strong> um aspeto “sagrado<strong>”</strong> em muitascivilizações. Ao <strong>de</strong>sperdiçamos um bem alimentar em bom estado,fazendo ele falta a um ser humano, <strong>com</strong>etemos uma injustiça.É portanto preciso incutir em cada cidadão o valor e o respeito pelosbens alimentares, a forma <strong>de</strong> lhes dar a utilização mais corretatanto por si próprio <strong>com</strong>o pelas pessoas que <strong>de</strong>les se encontramprivadas. Só <strong>de</strong>ssa forma será possível <strong>de</strong>senvolver o espírito <strong>de</strong>partilha, promover o bem <strong>com</strong>um.Hoje, mais do que nunca, dada a dimensão mundial que a pobrezae a questão social assumiram, há que ter atenção pelas pessoas<strong>com</strong> fome, sem casa, sem assistência m<strong>é</strong>dica e, sobretudo, semesperança <strong>de</strong> um futuro melhor. Os pobres, infelizmente, em vez <strong>de</strong>diminuírem, multiplicam-se, não só nos países em vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,mas, naquilo que pareceria menos provável, tamb<strong>é</strong>mnos países <strong>de</strong>senvolvidos.O <strong>de</strong>senvolvimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bancos Alimentares na Europa<strong>de</strong>monstra a sua utilida<strong>de</strong> <strong>com</strong>o proposta alternativa <strong>de</strong> ação. Sãouma resposta provi<strong>de</strong>ncial a angústias das nossas socieda<strong>de</strong>s noque se refere à perda <strong>de</strong> valores. Mas parece-me necessário refletirum pouco na finalida<strong>de</strong> da sua ação. Intervêm no setor económicoe no setor social, mas objeto final <strong>de</strong> sua missão, <strong>é</strong> o homem26 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 27


pobre, necessitado, excluído, isolado na sua fragilida<strong>de</strong> material,humana e muitas vezes espiritual.As socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais têm um d<strong>é</strong>fice <strong>de</strong> sentido e <strong>de</strong> esperançaporque os homens são avaliados pela sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produçãoe <strong>de</strong> consumo, pelo que os pobres não têm lugar.Os Bancos Alimentares Contra a Fome são uma respostanecessária mas que se preten<strong>de</strong> provisória, porque se ambiciona- naquilo que <strong>é</strong> o seu objetivo mais nobre e exigente, mas tamb<strong>é</strong>mporventura o mais difícil <strong>de</strong> alcançar – quebrar o ciclo da pobreza,procurando que a ajuda que chega aos mais carenciados colmatenão só uma lacuna temporária, mas no essencial permita aos beneficiáriosencontrar um ponto <strong>de</strong> partida para uma nova vida dignae autónoma, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer lógica assistencial.É, pois, um olhar diferente que cada um <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>ve ter sobreos mais <strong>de</strong>sprotegidos. Chegar a cada um <strong>de</strong>les, <strong>com</strong>ungar <strong>com</strong>cada um <strong>de</strong>les e sentir-se solidário: <strong>é</strong> partilhando estes valores,individualmente e em equipa, que encontraremos a força criadoraque tornará a nossa ação forte e credível.Isabel VarandasPresi<strong>de</strong>nte do Banco Alimentar Contra a Fome - BragaSe não consegue fazer o milagre da multiplicação dos pãesFaça o milagre da divisãoBolsa para ainclusãoO Decreto-Lei 115/2006, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Junho, no artigo 21, número2, alínea b) permite a a<strong>de</strong>são ao Conselho Local <strong>de</strong> Ação Social(CLAS) <strong>de</strong> “entida<strong>de</strong>s <strong>com</strong> fins lucrativos e pessoas dispostas acontribuir <strong>de</strong> modo relevante para o <strong>de</strong>senvolvimento social local<strong>”</strong>.Efetivamente, o <strong>com</strong>bate à pobreza e à exclusão social e a promoçãodo <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>com</strong> recurso a processos inovadores,pressupõe criativida<strong>de</strong> na ação e na parceria.O Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e da Saú<strong>de</strong> 2015 (PDSS)<strong>de</strong>finiu a implementação do Programa da Bolsa para a Inclusão,<strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> utilizar, subsidiariamente, os recursosendógenos, elevando a autonomia dos parceiros e a celerida<strong>de</strong>nas respostas, em concreto, no domínio da emergência e doserviço <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>. Por outro lado, os fundos <strong>com</strong>unitáriosobe<strong>de</strong>cem a regulamentos muito específicos, <strong>com</strong> prazos dilatadose sujeitos a formatos universais. É neste sentido, que o CLAS <strong>de</strong><strong>Barcelos</strong> procura organizar-se e antecipar ações que promovamo empreen<strong>de</strong>dorismo inclusivo, subscrito na responsabilida<strong>de</strong>social das e nas empresas. O recurso a “uma montra nacional<strong>”</strong> <strong>de</strong>parceiros estrat<strong>é</strong>gicos po<strong>de</strong> proporcionar o verda<strong>de</strong>iro “impulsopositivo<strong>”</strong> para a prossecução <strong>de</strong> projetos imateriais, transversais elongitudinais.Este exercício salda d<strong>é</strong>fices e contribui para o pleno gozo da cidadania,na medida em que imprime e fortalece os três R’s , - re<strong>de</strong>,responsabilida<strong>de</strong> e rigor na ação social.A qualificação do terceiro setor <strong>é</strong> uma exigência para o <strong>de</strong>senvolvimentoe para a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste segmento, logo, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>traduz-se no código gen<strong>é</strong>tico que cada um dos grupos <strong>de</strong> intervenção<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> ancorar, permeável a uma dose <strong>de</strong> risco calculada entrea motivação <strong>de</strong> uns e a satisfação <strong>de</strong> outros, numa lógica participadae <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> ganhos recíprocos.Num horizonte mais austero e incerto nasce o apelo ao engenho e àcriativida<strong>de</strong>. As verda<strong>de</strong>iras alavancas do efeito diferenciador e <strong>de</strong>tentor<strong>de</strong> uma “marca social <strong>de</strong> excelência<strong>”</strong>, assentam numa malhaanimada e dinâmica. O apego ao instituído cega as entida<strong>de</strong>s. Estavisão parece querer transformar-se numa missão.Fomentar uma cultura dominante viva que não belisque, aqui e ali,a humanização dos serviços e a sua sustentabilida<strong>de</strong>, exige umaatenção redobrada às oportunida<strong>de</strong>s, que muitas vezes são apenasconfundidas <strong>com</strong>o “a linha <strong>de</strong> negócio/financiamento/cr<strong>é</strong>ditoatrativo<strong>”</strong>. Alterar o paradigma passa pela aceitação do diagnósticoe pela predisposição à mudança, promovendo transformaçõesconscientes e consentidas e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, visíveis na estruturae no funcionamento.Carolina Lopes <strong>de</strong> CastroT<strong>é</strong>cnica da Re<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>28 - Responsabilida<strong>de</strong> Social


oas práticas da parceriabolsasolidária<strong>de</strong>recursosNo âmbito da Re<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> foi aprovado o Plano <strong>de</strong>Desenvolvimento Social e da Saú<strong>de</strong> (PDSS) 2015, que inscreveo Eixo 2 – Coesão Social e Capacitação Institucional.O Centro Zulmira Pereira Simões contratualizou a ação-tipo(Bolsa Solidária <strong>de</strong> Recursos) inscrita no Eixo 2, CoesãoSocial e Capacitação Institucional do Plano DesenvolvimentoSocial e da Saú<strong>de</strong> 2015.O Que <strong>é</strong>?A Bolsa Solidária <strong>de</strong> Recursos consiste na criação <strong>de</strong> uma plataformaonline <strong>de</strong> gestão dos recursos existentes na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>.Os recursos estão organizados em bancos e bolsas, geridos porprofissionais das entida<strong>de</strong>s parceiras, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> co-gestores doPrograma.A Plataforma permitirá uma gestão dos bens e serviços disponíveis àescala local, reforçando as respostas <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> emergênciasocial.Este programa respon<strong>de</strong> aos t<strong>é</strong>cnicos/cidadãos <strong>de</strong> uma forma c<strong>é</strong>lere,acessível e <strong>de</strong>sburocratizada.ObjetivosO Programa Bolsa Solidária <strong>de</strong> Recursos visa:Criar, ao nível concelhio, uma plataforma online <strong>de</strong> todos os recursosendógenos: banco local <strong>de</strong> voluntariado, banco das roupas, dosalimentos, das ajudas t<strong>é</strong>cnicas, do material <strong>de</strong> construção civil, bancodo material escolar, farmácia <strong>com</strong>unitária e <strong>de</strong>mais bancos que possamsurgir;Respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma c<strong>é</strong>lere e <strong>de</strong>sburocratizada aos recursosendógenos atrav<strong>é</strong>s da requisição <strong>de</strong> um bem e/ou serviço, privilegiandoa proximida<strong>de</strong> e a emergência social;Fortalecer a articulação e a co-responsabilização dos parceiros;Promover e estimular a Responsabilida<strong>de</strong> Social das empresas eda própria <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, abrindo o espaço para a oferta <strong>de</strong> produtos/serviços;Melhorar a eficiência coletiva dos recursos existentes no concelho<strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>;Preten<strong>de</strong>-se, <strong>de</strong>ste modo, reforçar as condições <strong>de</strong> cidadania, <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia e participação social ativa, <strong>com</strong>preendida nas figurasseguintes:Banco doMaterial EscolarBanco <strong>de</strong> Material <strong>de</strong>Construção CivilFarmáciaComunitária(Parceiro a <strong>de</strong>finir)Banco das RoupasBrinquedos e CalçadoBolsa <strong>de</strong>RecursosSolidáriosBanco <strong>de</strong>AlimentosBanco <strong>de</strong>Ajudas T<strong>é</strong>cnicasBanco Local<strong>de</strong> Voluntariado30 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 31


Banco dos AlimentosAssociação Humanitária dos Bombeiros Voluntários <strong>de</strong> ViatodosTel. 252 960 800bombeiros.viatodos@mail.telepac.ptCentro Social Cultural Recreativo Abel VarzimCristelo - Tel. 253 853 760centro.a.varzim@mail.telepac.ptOutros BancosBanco Local do VoluntariadoAção Social do <strong>Município</strong>Tel. 253 809 600CZPS - Centro Zulmira Pereira SimõesProjecto Solidarieda<strong>de</strong> NaturalRoriz - Tel. 253 887 008geral@czps.orgBanco das Ajudas T<strong>é</strong>cnicasAssociação AVCRua Dr. Manuel Pais, nº 1134750-317 <strong>Barcelos</strong>Telefone / Fax: 253 812 547Associação Humanitária dos BombeirosVoluntários <strong>de</strong> ViatodosRua Bombeiros Voluntários, nº 54775-270 ViatodosTelefone: 252 960 800GASC - Grupo <strong>de</strong> Ação Social CristãArcozelo - Tel. 253 816 196geral@gasc.ptCasa do Povo <strong>de</strong> Alvito S. PedroRua da Al<strong>de</strong>ia, nº 2294750-084 Alvito S. PedroTelefone: 253 880 639Farmácia ComunitáriaACES Cávado IIITel. 253 808 300Banco das Roupas, Calçado e BrinquedosULTRIPLOTel. 253 917 172Banco do Material EscolarSOPRO, ONGDTel. 965 659 916Banco do Material <strong>de</strong> Construção Civil (Parceiro a <strong>de</strong>finir)Centro <strong>de</strong> Apoio e Solidarieda<strong>de</strong> da PousaRua Nossa Senhora da Esperança, nº 14104755-915 PousaTelefone: 253 913 029Centro Social <strong>de</strong> DurrãesLugar <strong>de</strong> Souto Vilar4905-077 DurrãesTelefone: 258 773 894Centro Social e Paroquial <strong>de</strong> BarcelinhosRua Dr. Jos<strong>é</strong> Sá Carneiro4755-055 BarcelinhosTelefone: 253 831 140O Programa da Bolsa Solidária <strong>de</strong> Recursos procura agilizar e melhorar a intervenção social local, ao mesmo tempo que serve <strong>de</strong> referênciaà malha da parceria. A credibilida<strong>de</strong> e a transparência, que resulta <strong>de</strong>ste programa, facilitam a criação da Bolsa para a Inclusão namedida em que aproxima outros agentes, em concreto da re<strong>de</strong> privada.Centro Social e Paroquial <strong>de</strong> FragosoRua Dr. Jos<strong>é</strong> António Vieira, nº824905-084 FragosoTelefone: 258 773 118Centro Social e Paroquial <strong>de</strong> CarreiraPraceta Padre Manuel Vieira Gonçalves, nº 54775-051 CarreiraTelefone: 252 963 310Centro Social Paroquial Imaculado Coração <strong>de</strong> Maria- Vila CovaRua Mosteiro do Banho4750-798 Vila CovaTelefone: 253 862 483Sofia AlbuquerqueDirectora Executiva do CZPSCentro <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong> Social S. VeríssimoR. João Gomes Lourenço4750-747 Tamel S. VeríssimoTelefone: 253 801 420Centro Social Cultural e Recreativo Abel VarzimLargo Padre Abel Varzim4755-174 CristeloTelefone: 253 853 760Centro Social, Cultural e Recreativo da SilvaRua da Igreja, nº 1094750-690 SilvaTelefone: 253 881 990Centro Humanitário da Cruz Vermelha Portuguesa<strong>de</strong> Macieira <strong>de</strong> RatesAv. Central, nº 559 - 1º4755-266 Macieira <strong>de</strong> RatesTelefone: 252 959 000Cruz Vermelha Portuguesa – Núcleo CampoAv. Divino S. Salvador, nº 17924750-413 CampoTelefone: 253 884 242APAC - Associação <strong>de</strong> Pais e Amigos <strong>de</strong> CriançasRua Dr. Aires Duarte - Apartado 50074754-908 Arcozelo BCLTelefone: 253 812 43632 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 33


entrevistaa vozdo<strong>voluntário</strong><strong>“Ser</strong> <strong>voluntário</strong> <strong>é</strong> ter a esperança e acerteza <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos ser melhorespessoas on<strong>de</strong> quer que estejamos<strong>”</strong>Miguel NovaisRosa Nor<strong>de</strong>ste <strong>é</strong> voluntária internacional da SOPRO e está a <strong>de</strong>senvolverum projeto <strong>de</strong> voluntariado <strong>de</strong> longa duração em Moçambique e partilhaconnosco a sua experiência.Com que ida<strong>de</strong> <strong>com</strong>eçou a fazer voluntariado?Durante a adolescência, <strong>com</strong> 13/14 anos, em ações esporádicas<strong>com</strong>o por exemplo o Banco Alimentar contra a Fome e em colaboração<strong>com</strong> o Corpo Nacional <strong>de</strong> Escutas.Que tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolve?Atualmente estou em Moçambique, enquanto voluntária no terreno,dou apoio no laboratório <strong>de</strong> informática da escola João XXIII, algoque surgiu há pouco tempo e um recurso a que muito poucos têmacesso fora da escola, na Manga, perto da cida<strong>de</strong> da Beira: dandoaulas, explicações e discutindo algumas questões <strong>com</strong> o outroprofessor <strong>de</strong> informática da escola, <strong>com</strong>o o planeamento e gestãodas aulas.No Centro Educativo e Assistencial La Salle, <strong>com</strong> crianças queapesar <strong>de</strong> frequentarem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a 4ª à 7ª/8ª Classes mas não sabemler nem escrever, dou apoio no estudo quer ajudando-os a apren<strong>de</strong>ra ler e escrever, quer em outras mat<strong>é</strong>rias das disciplinas em quetenham dúvidas.No terreno temos ainda empreendido outras ações <strong>de</strong> formação sobretudo<strong>com</strong> os professores: formações em informática, formaçãosobre criativida<strong>de</strong>, formação sobre responsabilida<strong>de</strong> e <strong>é</strong>tica notrabalho (público-alvo <strong>com</strong> quem continuaremos a <strong>trabalhar</strong>).Outra <strong>com</strong>ponente bastante importante do trabalho tem sido asensibilização para a importância do estudo junto das famílias dosbolseiros da SOPRO. Esta sensibilização será, ainda, feita junto dascrianças bolseiras.De qualquer forma as ações po<strong>de</strong>m sempre ser ajustadas conformea necessida<strong>de</strong> no terreno – questões que são discutidas em consonância<strong>com</strong> os irmãos La Salle <strong>com</strong> quem colaboramos.O que sente ao fazer voluntariado e ao observar o resultadodas suas ações?Por um lado queremos sentir que po<strong>de</strong>mos chegar a todo o lado,mas sabemos que isso não <strong>é</strong> possível. Então damos sempre omáximo junto daqueles que estão à nossa volta e o que se sente <strong>é</strong>muito forte.Ao empreen<strong>de</strong>r estas ações sinto, sem dúvida, que ter arriscado eter saído da minha área <strong>de</strong> conforto foi uma <strong>de</strong>cisão muito acertada,porque, apesar <strong>de</strong> ter abdicado <strong>de</strong> muita coisa, são mais as coisasque ganho todos os dias: estou contente pelo trabalho que realizo,esperando ser sempre melhor, e as re<strong>com</strong>pensas surgem <strong>de</strong> todosos lados <strong>com</strong>o um simples sorriso <strong>de</strong> uma criança quando se apercebea pouco e pouco do seu progresso. Aqui, ainda mais do queem qualquer parte do Mundo, encontramos nas pequenas coisas afelicida<strong>de</strong> e uma gratidão enorme.Qual a experiência que mais o marcou?Recordo-me por exemplo <strong>de</strong> um abraço bem forte que me foi dadopor uma mãe no HSJ quando colaborava <strong>com</strong>o voluntária <strong>com</strong> aAcreditar. Esta mãe disse-nos o quão importante <strong>é</strong> a nossa presençaali – muitas vezes não temos <strong>de</strong> dizer nada, apenas estarmosdisponíveis <strong>de</strong> alma e <strong>coração</strong> naquele espaço, prontos para ouvire darmos um bocadinho do nosso tempo. É o suficiente para tornaro dia <strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m, que está a passar por uma situação mais difícil,melhor.Aqui, em Moçambique, preenche-me sempre ver, aon<strong>de</strong> quer queestejamos, e sobretudo <strong>com</strong> as crianças mais jovens, o carinhoe gratidão que elas transmitem, isso <strong>é</strong> a forma que elas têm <strong>de</strong>nos agra<strong>de</strong>cer todos os dias. A energia <strong>de</strong>las <strong>é</strong> imensa, por maisdificulda<strong>de</strong>s que tenham na vida, para eles, apesar <strong>de</strong> todas asvicissitu<strong>de</strong>s, tudo corre bem e estão sempre felizes e logo nospõem a dançar e a cantar. E isto <strong>é</strong> mesmo uma gran<strong>de</strong> lição <strong>de</strong>vida, porque, por muito que se diga, não <strong>é</strong> preciso quase nada parasermos felizes. Temos <strong>de</strong> dar valor ao que temos porque às vezesas nossas priorida<strong>de</strong>s estão trocadas. Apetece-nos dar tudo porestas crianças!Na atualida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ra importante a ação dos <strong>voluntário</strong>sna socieda<strong>de</strong>? Porquê?Sim, <strong>é</strong> importantíssima. Em Janeiro <strong>de</strong>ixámos Portugal numcenário <strong>de</strong> autêntica crise, mas tive o privil<strong>é</strong>gio <strong>de</strong> participar, e conheceroutros, núcleos e associações <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, anónimosou não, que nunca esmoreceram e continuam a fazer um excelentetrabalho. Fico feliz por ver que esta não <strong>é</strong> uma crise <strong>de</strong> valores,muito embora quando vejo as notícias do nosso país a maior partedas novida<strong>de</strong>s sejam menos positivas. É, aliás, muitas vezes nestasalturas que a solidarieda<strong>de</strong> mais se faz notar. E estas pequenasações à nossa volta não vem nos noticiários…E numa socieda<strong>de</strong> em crise, ou sem ela, todos nós precisamos<strong>de</strong> nos unir para <strong>com</strong>bater receios e problemas que nos afetam atodos (ou a uma parte <strong>de</strong> nós e <strong>é</strong> bom sermos solidários por estascausas). É o voluntariado que promove essa união voltada para epor uma causa!Consegue <strong>de</strong>screver uma situação em que o seu contributo<strong>voluntário</strong> tenha feito a diferença?Eu acredito que faz a diferença mesmo quando o contributo não setorna muito visível porque uma simples ação po<strong>de</strong> valer por muitas(uma ação po<strong>de</strong> levar a muitas em ca<strong>de</strong>ia, mais pessoas po<strong>de</strong>m sersensibilizadas e atingidas).Para mim já vale imenso ver a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma criança que reparana sua evolução e fica contente quando acerta na resposta <strong>de</strong> umapergunta. A mudança tem mesmo <strong>de</strong> ser feita nestes pequenosnúcleos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora, levando o tempo que levar. Isto fazmeacreditar num futuro melhor para Moçambique, neste caso emconcreto. Temos <strong>de</strong> fazer o que po<strong>de</strong>mos, e o mundo à nossa volta34 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 35


será melhor. E eu gosto <strong>de</strong> pensar que fazer a diferença está todosos dias ao meu alcance e ao alcance <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós.Consi<strong>de</strong>ra que ainda há algo a fazer ao nível do voluntariado?Se sim, o quê concretamente?Na minha opinião, ser <strong>voluntário</strong> <strong>é</strong> algo que <strong>de</strong>ve vir <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>nós. Se à partida não tivermos essa predisposição… tamb<strong>é</strong>m apo<strong>de</strong>mos contrariar um pouco! E não há nada <strong>com</strong>o experimentar epormo-nos ao serviço dos outros, na mais simples ação que seja,pois <strong>é</strong> uma forma <strong>de</strong> conhecermos novas realida<strong>de</strong>s, nos tornarmosmais tolerantes, crescermos enquanto pessoas e melhorarmos omundo que nos ro<strong>de</strong>ia. Quem sabe se at<strong>é</strong> o vizinho que está aonosso lado não precisa <strong>de</strong> nós? Uma simples conversa, um saber<strong>com</strong>o ele está, já <strong>é</strong> um ato <strong>de</strong> voluntariado.Ser <strong>voluntário</strong> acaba por ser isso mesmo, o estar presente, on<strong>de</strong>quer que estejamos, sermos uma presença ativa e participativa nomeio que nos <strong>é</strong> mais próximo.Por isso se há alguma coisa a fazer pelo voluntariado… acho queum passo fundamental po<strong>de</strong> ser a sensibilização junto das criançase jovens para a cidadania e a participação ativa, para que elestenham contacto <strong>com</strong> ações <strong>de</strong> voluntariado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo <strong>de</strong> formaa valorizarem, assim <strong>com</strong>o os seus pais e todas as pessoas <strong>com</strong>quem contactam, estas ações.De que forma po<strong>de</strong>mos promover, divulgar e incentivarao voluntariado?Penso que a melhor forma <strong>de</strong> o fazer será sempre junto dascrianças e dos jovens <strong>com</strong> simples ações voltadas para diferentespúblicos-alvo que são muitas vezes esquecidos pela nossa socieda<strong>de</strong>,sejam eles idosos, <strong>de</strong>ficientes motores e mentais, doentes,sem-abrigo, toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, entre outros.Quer <strong>de</strong>ixar-nos alguma mensagem em relação ao voluntariado?A quem tem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> o fazer que não esmoreça, e se não sabepor on<strong>de</strong> <strong>com</strong>eçar po<strong>de</strong> ser mesmo por quem tem mais perto <strong>de</strong>casa.Mesmo para quem não se sinta inicialmente capaz, não há nada<strong>com</strong>o tentar. Muitas vezes somos surpreendidos pela nossa forçainterior e por tudo aquilo que po<strong>de</strong>mos fazer pelos outros. Todostemos um espírito <strong>voluntário</strong> e todos po<strong>de</strong>mos fazer algo <strong>de</strong> útilque está ao nosso alcance.Rosa Mafalda Azevedo Marrinhas da Silva Nor<strong>de</strong>ste, 25 anosVoluntaria na SOPRO, ONGD“No início do meu voluntariado uma jovem doente oncológicapediu-me chocolate. Hesitei e falei <strong>com</strong> a enfermeira, a qual meautorizou a satisfazer o pedido. Dei-lhe o chocolate, mal o provou.No dia seguinte, tive conhecimento do seu falecimento. Estamenina marcou-me muito.<strong>”</strong>Maria Jos<strong>é</strong> Pimenta, 71 anosVoluntaria no Hospital Santa Maria Maior - <strong>Barcelos</strong>“ O voluntariado <strong>de</strong>veria ser mais valorizado a nível nacional. Éimportante para as entida<strong>de</strong>s. A nível pessoal <strong>é</strong> uma experiênciabastante gratificante.<strong>”</strong>Ana PereiraC.S. P. I. C. Maria“É difícil <strong>de</strong>screver em meras palavras o que <strong>é</strong> ser <strong>voluntário</strong>! Éuma das maiores, melhores e mais enriquecedoras experiênciasque po<strong>de</strong>mos ter na nossa vida.No meu caso em particular falarei acerca do voluntariado <strong>de</strong>senvolvidono Albergue Municipal <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> – a Casa da Recoleta.Des<strong>de</strong> a abertura do albergue que tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participarativamente no projeto, <strong>de</strong> sentir na pele o que <strong>é</strong> ser um <strong>voluntário</strong>.Após os peregrinos estarem instalados, chega a parte maisdivertida; nesse momento a boa disposição e alegria inva<strong>de</strong>mo Albergue. Devido ao espirito que o Caminho transmite àspessoas, todos os peregrinos interagem entre si e em conjunto<strong>com</strong> eles peregrinos, tamb<strong>é</strong>m nós cantamos e tocamos guitarra,conversamos, trocamos i<strong>de</strong>ias e opiniões.É simplesmente fantástico ver <strong>com</strong>o eles nos agra<strong>de</strong>cem toda aajuda que lhes <strong>de</strong>mos; eles simplesmente <strong>de</strong>ixam um sorriso quenos marca.<strong>”</strong>Jorge BarbosaAlbergue <strong>de</strong> Peregrinos Casa da RecoletaTamel S. Pedro Fins“Iniciei a minha ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voluntariado aos 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,pois a minha mãe já era voluntária na instituição e eu a<strong>com</strong>panhavaregularmente.Quando a<strong>com</strong>panhava a minha mãe dirigíamo-nos a um pavilhão(unida<strong>de</strong>) para estar a animar os utentes. Anos mais tar<strong>de</strong>, participeiem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas e teatrais da Casa (pedia dispensano meu emprego para participar nestas ativida<strong>de</strong>s); isto para dizerque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong> at<strong>é</strong> hoje a<strong>com</strong>panhei regularmente a vidainterna <strong>de</strong>sta Casa.Cada dia que estou presente na instituição e consigo apoiaralgum utente nas suas necessida<strong>de</strong>s faz <strong>com</strong> que vá embora maispreenchido <strong>com</strong>o pessoa. Muitas vezes o resultado das minhasações <strong>é</strong> facilitar, em coisas simples, o dia-a-dia das pessoasinternadas; e isso <strong>é</strong> retribuído num muito obrigado ou numabraço do utente.A ação dos <strong>voluntário</strong>s na socieda<strong>de</strong> <strong>é</strong> importante porque sãouma força maior para as várias necessida<strong>de</strong>s que existem nasocieda<strong>de</strong> atual.O voluntariado <strong>é</strong> algo que nos vem do interior, <strong>é</strong> uma forçainterna; uns têm essa força, outros não. Por isso aqueles que ativerem, não <strong>de</strong>sistam nos obstáculos que encontrarem, porque <strong>é</strong>uma ação <strong>de</strong>safiante, mas sem dúvida, muito gratificante.Um gran<strong>de</strong> bem haja a todos os <strong>voluntário</strong>s.<strong>”</strong>Manuel Moreira, 68 anosCasa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> S. João Deus - <strong>Barcelos</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Social - 37


voluntariadoa históriaVoluntários para a vidado voluntariadoContada por umgupo <strong>de</strong> crianças“ De uma forma geral, todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixam marcas. Mas verque os idosos se sentem <strong>com</strong>o se regressassem à vida activa, poisuma gran<strong>de</strong> parte trabalhou e lidou <strong>com</strong> o campo e a agricultura<strong>”</strong>“Muita gente pequena, fazendo muitascoisas pequenas, em muitos lugarespequenos, po<strong>de</strong> mudar o mundo!<strong>”</strong>(Prov<strong>é</strong>rbio africano)Sónia Garrido, 32 anosNuma simpática al<strong>de</strong>ia do Minho, vivia uma família, que tinha doisfilhos, o João e a Joana.Certo dia, João e Joana, dois irmãos inseparáveis, resolveram irfazer um piquenique para o parque da al<strong>de</strong>ia.Estava um lindo dia <strong>de</strong> sol, ouvia-se o chilrear dos passarinhos,corria uma brisa suave no ar e viam-se imensos meninos a brincar.Junto a um lago, uma família <strong>de</strong> palhaços fazia um espetáculo paraas crianças, que estavam muito divertidas, a bater palmas e a rirdaquilo que os palhaços faziam.O João e a Joana repararam que todos riam, menos um meninoque estava sentado <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma árvore, muito triste. Enquantoa Joana se aproximou e foi assistir ao final do espetáculo, o João,a pouco e pouco, foi-se dirigindo para junto do menino e, aindameio envergonhado, perguntou-lhe:- Porque estás triste?- Eu estou triste porque não gosto <strong>de</strong> ser palhaço e <strong>de</strong> todos serirem <strong>de</strong> mim – respon<strong>de</strong>u o menino.- Mas toda a gente gosta <strong>de</strong> palhaços, são engraçados e divertidos.Não percebo porque estás triste - disse o João.- Eu não consigo ter amigos, porque ando sempre <strong>de</strong> terra emterra, <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> em cida<strong>de</strong>, a fazer espetáculos e nunca paro nomesmo sítio - respon<strong>de</strong>u o menino.O João ficou muito triste <strong>com</strong> a história daquele menino e disselhe:- Olha, eu vim fazer um piquenique <strong>com</strong> a minha irmã Joana, elaestá a preparar tudo, queres vir <strong>com</strong>igo? Vai ser divertido!- Sim, quero. Afinal, eu hoje não faço parte do espetáculo – disseo menino.Começaram a caminhar e, <strong>de</strong> repente, o João lembrou-se que aindanão tinha perguntado o nome àquele menino. Então, perguntoulhe:- Como te chamas?- Eu chamo-me Omar – disse o menino.- Eu chamo-me João. O teu nome <strong>é</strong> um nome diferente. De quepaís <strong>é</strong>s? – Perguntou-lhe o João.- Nasci em Marrocos, <strong>é</strong> um país distante <strong>de</strong> Portugal, mas tamb<strong>é</strong>mmuito bonito – respon<strong>de</strong>u o Omar.Enquanto caminhavam e Omar lhe ia contando histórias do seupaís, repararam que estava um pequeno passarinho caído no chão.Aproximaram-se <strong>de</strong>vagarinho e viram que o passarinho chilreavaaflito e não conseguia mexer uma asa. Com todo o cuidado pegaramnele e o Omar at<strong>é</strong> perguntou:- O que se passa passarinho?- Piu-piu-piu… - respondia o pequeno passarinho.João e Omar perceberam logo que o passarinho estava magoado e<strong>com</strong> muita se<strong>de</strong> e levaram-no <strong>com</strong> eles. Entretanto chegaram junto<strong>de</strong> Joana, que já tinha o piquenique preparado. Joana, admiradaquando viu que João vinha a<strong>com</strong>panhado e perguntou:38 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 39


- Quem <strong>é</strong> esse menino?- É Omar, o meu novo amigo – respon<strong>de</strong>u o JoãoOmar sentiu-se muito feliz por o João lhe ter chamado <strong>de</strong> amigoe <strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> sorriso a Joana. Logo se lembraram que tinhamque ajudar o passarinho e não sabiam o que fazer. Mas <strong>com</strong>o aJoana tinha trazido o telemóvel, resolveram ligar à mãe e perguntar-lheo que <strong>de</strong>veriam fazer. A mãe disse-lhes para, <strong>com</strong> muitocuidado, atarem um pauzinho à asa do pequeno pássaro e <strong>de</strong>pois olevarem <strong>com</strong> eles para casa.Estavam eles muito divertidos a contar muitas histórias e a <strong>com</strong>ero saboroso lanche que a Joana tinha preparado para o piqueniquequando, <strong>de</strong> repente, ouviram um gran<strong>de</strong> trovão. Repararam que oc<strong>é</strong>u estava muito escuro e <strong>com</strong>eçava a chover. A Joana muito assustadaagarrou-se ao João e disse-lhe:- Tenho medo da trovoada, quero ir embora!- Não tenhas medo, vamos já para casa. Anda tamb<strong>é</strong>m Omar –convidou o JoãoOmar aceitou e logo os três <strong>com</strong>eçaram a correr o mais rápido queconseguiam! Naquele instante, Omar achou que tinha ouvido umbarulho estranho, parou e disse para o João e a Joana:- Ouviram, parece um gatinho aflito. Ouçam!- Está ali naquela árvore – grita a Joana.Aproximaram-se e lá estava o gatinho, que <strong>com</strong> o medo datrovoada tinha trepado para a árvore e agora não consegui <strong>de</strong>scer.Miava sem parar, porque estava muito assustado. Eles tamb<strong>é</strong>mnão conseguiam subir, porque a árvore era muito alta. Naquelemomento, Omar lembrou-se que junto ao parque da al<strong>de</strong>ia haviaum quartel dos bombeiros e correram at<strong>é</strong> lá para pedir ajuda.Com uma escada gigante, um bombeiro subiu à árvore e pegou nogatinho.Depois disse-lhes que o melhor era entregá-lo à Associação ProjetoAnimais <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, que tomava conta dos animais que nãotinham dono ou andavam perdidos.Logo a Joana se apressou a dizer:-Nós levamo-lo connosco para casa.E assim foi. Correram para casa, levando <strong>com</strong> eles o passarinhoe o gatinho. Ao chegar ao portão da quinta encontraram um cãoabandonado, estava triste, sujo, <strong>com</strong> fome e o rabo entre as pernas<strong>de</strong> tanto medo.-Oh! Que pobre cãozinho - disse a Joana.O Omar disse:-Ele está triste, <strong>de</strong>ve ter sido maltratado.-Vamos levá-lo para casa e tratá-lo - respon<strong>de</strong>u o João.Os dias passaram e o Omar visitava sempre o João e a Joana,o cão Max, o gato Teco e o passarinho Twitty Tornaram-se bonsamigos.Chegou o dia em que o Omar teve que ir para outra terra. No entanto,manteve contacto <strong>com</strong> os amigos atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> e-mail, telefonee ainda conseguia ter notícias pelo site da Associação <strong>de</strong> Animaison<strong>de</strong> entregaram o Max e o Teco.O Twitty era sempre recordado quando viam pássaros a voar.Omar por todas as terras que passava ajudava sempre algu<strong>é</strong>m, poisele tamb<strong>é</strong>m foi ajudado. Des<strong>de</strong> aí <strong>com</strong>eçou a ver o mundo <strong>de</strong> outraforma.Ano Europeu do Envelhecimento Ativoe da Solidarieda<strong>de</strong> entre Gerações 2012“Envelhecer <strong>é</strong> organizar a juventu<strong>de</strong> aolongo dos anos.<strong>”</strong>Paul Eluard40 - Responsabilida<strong>de</strong> Social Responsabilida<strong>de</strong> Social - 41


separatabarcelossaudávelO tema “envelhecimento<strong>”</strong> tem sido alvo <strong>de</strong> estudos e tem <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adoa produção <strong>de</strong> conhecimentos e programas que contribuemsignificativamente para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidados idosos. A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> coloca o envelhecimentono centro das políticas <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> das cida<strong>de</strong>s.O estilo <strong>de</strong> vida surge <strong>com</strong>o um fator importante neste processo,que po<strong>de</strong> influenciar positiva ou negativamente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidados idosos (Fonseca, 2004). Nos dias <strong>de</strong> hoje, existe uma sensívelmudança em relação às atitu<strong>de</strong>s e aos <strong>com</strong>portamentos dos idosos.Este modo <strong>de</strong> envelhecer <strong>é</strong> classificado pelos profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>com</strong>o: “envelhecimento ativo<strong>”</strong>.É importante que os idosos procurem ter <strong>com</strong>o meta um estilo<strong>de</strong> vida ativo. Neste sentido, <strong>é</strong> necessário oferecer ativida<strong>de</strong>s quelhes dêem prazer, divertimento e satisfação. Para al<strong>é</strong>m do mais,existem vários estudos científicos que <strong>com</strong>provam os benefíciosque os idosos adquirem na prática <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> físicaregular e orientada.O Projeto <strong>Barcelos</strong> Saudável, inspira-se nas orientações <strong>de</strong>finidaspela OMS para o movimento das Cida<strong>de</strong>s Saudáveis, on<strong>de</strong> <strong>é</strong>atribuído um papel central á promoção do envelhecimento ativo<strong>com</strong>o uma responsabilida<strong>de</strong> partilhada entre os vários setores dasocieda<strong>de</strong>.Neste sentido, a Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> e a EMDB têmvindo a promover junto da população várias ações e projetos quevisam a promoção <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vida ativo e saudável atrav<strong>é</strong>s daprática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física regular e orientada. O Gabinete <strong>de</strong> Apoioao Utente para a Ativida<strong>de</strong> Física, sediado no Pavilhão Municipal<strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, surge assim para respon<strong>de</strong>r a estas necessida<strong>de</strong>sconcelhias, coor<strong>de</strong>nando o Centro Municipal <strong>de</strong> Marcha e Corrida<strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> e o Projeto Boccia S<strong>é</strong>nior.O Centro Municipal <strong>de</strong> Marcha e Corrida, dá apoio ao nível <strong>de</strong>treino e <strong>de</strong> aulas <strong>de</strong> grupo para todas as ida<strong>de</strong>s no parque dacida<strong>de</strong>, promovendo tamb<strong>é</strong>m, conjuntamente <strong>com</strong> vários parceirosa<strong>de</strong>rentes, caminhadas, corridas e passeios <strong>de</strong> btt por todo oconcelho.O projeto Boccia S<strong>é</strong>nior, surge atrav<strong>é</strong>s da parceria <strong>com</strong> váriasinstituições <strong>de</strong> apoio á terceira ida<strong>de</strong>/juntas <strong>de</strong> freguesia do concelho.O 2.º Campeonato <strong>de</strong> Boccia S<strong>é</strong>nior <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> <strong>é</strong> um bomexemplo disto. Este campeonato, atualmente <strong>com</strong> 20 instituiçõesparticipantes <strong>de</strong>corre ao longo <strong>de</strong> todo ano, atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> jornadasmensais, culminando <strong>com</strong> a realização da Super Taça <strong>de</strong> BocciaS<strong>é</strong>nior <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> inserido no tradicional convívio/festa do diados avós.Mais recentemente, a criação do Projeto S<strong>é</strong>nior Saudável, preten<strong>de</strong>massificar ainda mais a prática regular <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física emdiferentes pontos do concelho. Este projeto, atrav<strong>é</strong>s da criação <strong>de</strong>parcerias, preten<strong>de</strong> estabelecer uma prática regular <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sfísicas diferenciadas 3 vezes por semana, para assim respon<strong>de</strong>reficazmente ao processo <strong>de</strong> envelhecimento ativo.BARCELOS SAUDÁVELProf. Luís Gomes e Prof. Ricardo SáEmail: barcelossaudavel@gmail.<strong>com</strong>42 - Responsabilida<strong>de</strong> Social Responsabilida<strong>de</strong> Social - 43


separataBARCELOSSÉNIORassociação educacional,cultural, sociale recreativa <strong>de</strong> formaçãopermanenteCompreen<strong>de</strong>r o envelhecimento passa por conhecer o ser humanonos seus múltiplos aspectos, ao longo do seu percurso pessoal,sem esquecer a evolução histórica dos homens e das mulheres,nos diversos cantos do mundo.Atualmente <strong>com</strong>o encaramos o envelhecimento? Duas leituras. Porum lado, <strong>é</strong> indiscutível o aumento da esperança m<strong>é</strong>dia <strong>de</strong> vida e aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>com</strong>panhar várias gerações e viver vários ciclos,terceira e quarta ida<strong>de</strong>. Por outro, a longevida<strong>de</strong> nem sempre correspon<strong>de</strong>a uma vida <strong>com</strong> qualida<strong>de</strong> e perdura para alguns <strong>com</strong>ouma verda<strong>de</strong>ira “antecâmara da morte<strong>”</strong>.O acesso à informação, à educação/aprendizagem <strong>é</strong> um direito inabalávele um garante na igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que perpassaqualquer ida<strong>de</strong>.A universida<strong>de</strong> s<strong>é</strong>nior, registada a 14 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2012 <strong>com</strong>o <strong>Barcelos</strong>S<strong>é</strong>nior ergue-se <strong>com</strong>o um novo espaço para aprendizagem<strong>de</strong>dicado a todos e a todas, <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> igual ou superior a 55 anose/ou ida<strong>de</strong> da reforma. Como se afirma na proposta do dossiert<strong>é</strong>cnico-pedagógico, este projecto <strong>de</strong>volve o protagonismo da açãoao aluno(a).De acordo <strong>com</strong> o Dr. Luís Jacob as Universida<strong>de</strong>s S<strong>é</strong>niores são omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> adultos <strong>com</strong> mais sucesso em Portugal eno mundo.O docente <strong>é</strong> mais um cúmplice no quadro <strong>de</strong> ensino não-formal evaloriza as <strong>com</strong>petências adquiridas pelos alunos(as) ao longo davida. O direito a apren<strong>de</strong>r, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> interagir e participar nasaulas <strong>é</strong> uma opção <strong>de</strong> índole privada e merece todo o acolhimentoquando manifesta, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer título honorífico.Esta <strong>de</strong>cisão não implica qualquer “regresso às aulas<strong>”</strong>, mas antes,uma continuida<strong>de</strong> no processo formativo. A aceitação <strong>de</strong> umanova rotina, <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado treino <strong>com</strong>unicacional (racional eemocional) e <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios são ingredientes indispensáveisà vida em socieda<strong>de</strong>, particularmente, quando a informação e oconhecimento circulam “à velocida<strong>de</strong> da luz<strong>”</strong>.Este <strong>é</strong> mais um projeto que procura colocar em <strong>com</strong>um a diversida<strong>de</strong>,a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saberes, experiências e conhecimentos,contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento pessoal, social e cultural dosbarcelenses. A arte do ser emana da magia do saber.Esta <strong>de</strong>terminação motivou o executivo da Câmara Municipal <strong>de</strong><strong>Barcelos</strong> e personalida<strong>de</strong>s <strong>com</strong> papel relevante a <strong>de</strong>dicarem-se aeste projeto, construído na base da auscultação das expetativas doscidadãos e no conhecimento e contacto <strong>com</strong> boas práticas, nestaárea <strong>de</strong> intervenção. Desta forma, nas instalações da antiga escolaprimária <strong>de</strong> Vila Frescaínha <strong>de</strong> S. Martinho, os cidadãos terão aoseu dispor algumas disciplinas no domínio das humanida<strong>de</strong>s, dasciências, das t<strong>é</strong>cnicas, das oficinas e da saú<strong>de</strong> e cultura física. Tamb<strong>é</strong>m,ao longo do ano serão <strong>de</strong>senvolvidas várias activida<strong>de</strong>s extracurriculares,ficando o mês <strong>de</strong> Julho reservado à agenda cultural.Ana Maria Ribeio da SilvaPresi<strong>de</strong>nte da <strong>Barcelos</strong> S<strong>é</strong>nior44 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 45


separataMisericórdia<strong>de</strong> barcelos<strong>com</strong>bateisolamentosocialProjeto Conhecer e Apoiar S<strong>é</strong>niores<strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>A Santa Casa da Misericórdia <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, atrav<strong>é</strong>s do projeto <strong>de</strong>voluntariado Elos, e em parceria <strong>com</strong> a Junta <strong>de</strong> Freguesia <strong>de</strong><strong>Barcelos</strong>, está, neste momento, a levar a cabo um projeto <strong>de</strong> carátersocial, que preten<strong>de</strong> essencialmente <strong>com</strong>bater o isolamento socialdos idosos na freguesia <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, numa altura em que muito setem falado <strong>de</strong> abandono familiar.O Projeto <strong>de</strong>nominado «Conhecer e Apoiar – Seniores <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>»encontra-se numa fase inicial, centrando a sua ação no recenseamento<strong>de</strong>ssa população, por uma equipa cre<strong>de</strong>nciada, junto <strong>de</strong>um grupo já sinalizado, proce<strong>de</strong>ndo a um inqu<strong>é</strong>rito.A equipa, <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificada, <strong>de</strong>sloca-se a casa dos idosos,que já terão sido alertados para esta visita via ctt, <strong>de</strong> modo arecolher informação relevante, atrav<strong>é</strong>s do preenchimento <strong>de</strong> umquestionário simples.Assim, o objetivo <strong>de</strong>ste projeto <strong>é</strong> ter a perceção real da situaçãoem que vivem os idosos da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> e estruturar, <strong>com</strong> oapoio <strong>de</strong> uma equipa <strong>de</strong> <strong>voluntário</strong>s, a intervenção a<strong>de</strong>quada a cadasituação específica.Estando certos <strong>de</strong> que este será um excelente recurso <strong>de</strong> e para a<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, a Santa Casa conta <strong>com</strong> a colaboração <strong>de</strong> todos.A <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> barcelense terá um papel prepon<strong>de</strong>rante e facilitadorneste projeto, sensibilizando os seus seniores e estimulando-osa participar e, por outro lado, ajudando a i<strong>de</strong>ntificar aqueles quepo<strong>de</strong>rão encontrar-se numa situação <strong>de</strong> maior vulnerabilida<strong>de</strong>e, por isso, tratarem-se <strong>de</strong> situações prioritárias. Para tal po<strong>de</strong>rácontatar a Santa Casa da Misericórdia <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> ou a Junta <strong>de</strong>Freguesia <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>.Todos temos um papel ativo enquanto cidadãos, esta <strong>é</strong> uma excelenteoportunida<strong>de</strong> para exercermos esse <strong>de</strong>ver e contribuir parauma socieda<strong>de</strong> melhor e mais justa.A SCMB e a Junta <strong>de</strong> Freguesia <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong> agra<strong>de</strong>cem a colaboração<strong>de</strong> todos.46 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 47


separataanimare cuidar“É tempo<strong>de</strong> reencontrar os recursos das<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s, <strong>é</strong> tempo <strong>de</strong> reforçaras re<strong>de</strong>s sociais e <strong>de</strong> apoio, <strong>é</strong> tempopara valorizar o manancial<strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> vida que cadaidoso encerra em si e <strong>com</strong> elesrecriar o futuro<strong>”</strong>Iniciamos esta reflexão entre “animar e cuidar<strong>”</strong> levantando algumasquestões para que possamos encontrar a perfeita sintonia entreduas palavras que muito significam naquele que <strong>é</strong> consi<strong>de</strong>rado oano Europeu do Envelhecimento Ativo.Comecemos então pela palavra “animar<strong>”</strong>. O que significa “animar<strong>”</strong>?Na sua essência animar significa “dar alma<strong>”</strong>, “dar vida<strong>”</strong>, “daranimação a<strong>”</strong>, “alentar<strong>”</strong>, “encorajar<strong>”</strong>.Por seu turno a palavra “cuidar<strong>”</strong> remete-nos para um ato quediariamente todos exercemos e que diz respeito a cada um <strong>de</strong>nós. Todos assumimos certamente um dos seguintes pap<strong>é</strong>is: <strong>de</strong>pais, irmãos, filhos, profissionais, etc. o que obriga a que diretaou indiretamente acabemos por ter que cuidar <strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m. Cuidar<strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m, no que respeita ao ser humano, implica encara-lo nasua totalida<strong>de</strong> e aten<strong>de</strong>r a todas as suas necessida<strong>de</strong>s, sejam elasbiológicas, psicológicas e sociais. Automaticamente verificamosque o ato <strong>de</strong> cuidar não <strong>é</strong> tarefa fácil, <strong>é</strong> algo que exige muito <strong>de</strong>nós, muita responsabilida<strong>de</strong>, mas que ao mesmo tempo se tornauma experiência muito rica.Ao nível profissional, e sobretudo no que diz respeita às profissõesdo âmbito social “cuidar <strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m<strong>”</strong>, exige <strong>de</strong> quem cuida umaatenção redobrada sobre quem esta a ser cuidado, exige <strong>de</strong>terminadas<strong>com</strong>petências: saber ser, saber saber e saber fazer.•Saber Ser - Do domínio sócio-afectivo, visa um ajustamentopessoal, a <strong>de</strong>scoberta do sentido profundo das ações e dosacontecimentos, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> interesses, aaquisição <strong>de</strong> valores. Tal reflete-se em <strong>com</strong>portamentos e atitu<strong>de</strong>s<strong>com</strong>o saber ser responsável, paciente, meigo, humil<strong>de</strong>, educado,honesto, assíduo, justo, atento, bom ouvinte, simpático, <strong>com</strong>petente,flexível, bem-disposto, <strong>de</strong>dicado, profissional; colocar-seno lugar ou situação dos idosos; prestar-lhes a <strong>de</strong>vida atenção;respeitar o idoso, os colegas e superiores hierárquicos; ter posturae boa apresentação; ter capacida<strong>de</strong>s psicológicas, sociais e <strong>de</strong>relacionamento <strong>com</strong> os outros, especialmente <strong>com</strong> os idosos;•Saber saber – Do domínio cognitivo, visa a aquisição <strong>de</strong> informações,<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s e estrat<strong>é</strong>gias cognitivas ea sua aplicação a situações novas. Isto significa consi<strong>de</strong>rar o idoso<strong>com</strong>o um ser humano <strong>com</strong> todas as suas necessida<strong>de</strong>s; i<strong>de</strong>ntificarem cada idoso um ser diferente do outro; e ajustar os conhecimentosadquiridos a cada situação e a cada idoso, ajudando-o a<strong>de</strong>senvolver as suas aptidões físicas e intelectuais, promovendo aomáximo as suas capacida<strong>de</strong>s, autonomia e envelhecimento ativo.•Saber Fazer - Do domínio psi<strong>com</strong>otor, visa o <strong>de</strong>senvolvimentoe a aplicação <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s psi<strong>com</strong>otoras. Possuir <strong>com</strong>petênciast<strong>é</strong>cnicas, os conhecimentos necessários para cuidar dos idosos emáreas <strong>com</strong>o: alimentação; saú<strong>de</strong>, higiene, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> animação,processo <strong>de</strong> envelhecimento, cultura, hábitos e crenças, etc.Sem dúvida alguma, cuidar <strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m <strong>é</strong> uma tarefa extremamenteexigente que implica simultaneamente um conhecimento teórico ecientifico do processo <strong>de</strong> envelhecimento e uma vocação e motivaçãopessoal para o exercício <strong>de</strong> qualquer ativida<strong>de</strong> profissionalneste âmbito.O processo <strong>de</strong> cuidar não <strong>é</strong> um processo linear. É necessário queo profissional saiba reconhecer e adaptar os cuidados às necessida<strong>de</strong>sindividuais da pessoa. Neste sentido torna-se imprescindívelo papel da família. Que em <strong>de</strong>terminada situação po<strong>de</strong>m fazer todaa diferença na prestação <strong>de</strong> cuidados. O profissional cruza-se <strong>com</strong>o utente no momento da necessida<strong>de</strong>, da “aflição, e na maior partedos casos para resolver uma situação urgente. O familiar, por seuturno, conhece o utente tal <strong>com</strong>o ele <strong>é</strong>, conhece o seu percurso<strong>de</strong> vida, conhece a sua vonta<strong>de</strong> e todas as suas necessida<strong>de</strong>s,sobretudo as que ultrapassam as necessida<strong>de</strong>s básicas…Como sabemos, parte das respostas sociais não permitem aprestação <strong>de</strong> cuidados profissionais 24h por dia o que automaticamenteimplica a prestação <strong>de</strong> cuidados ao utente pelos familiares.Fazendo uma paragem neste ponto. Abrimos aqui um espaçopara uma breve reflexão… Olhando o idoso na sua totalida<strong>de</strong>,<strong>é</strong> importante encontrar a perfeita sintonia entre a prestações <strong>de</strong>cuidados formais e informais… <strong>é</strong> importante que, sempre que sejanecessário, se transmitam conhecimentos aos familiares para que oseu papel <strong>de</strong> cuidadores seja executado em plenitu<strong>de</strong>… É <strong>com</strong>umverificar-se que em muitas situações os familiares assumem opapel <strong>de</strong> cuidadores sem terem qualquer perceção das implicaçõesque tem o real estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do idoso… Assim não po<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>scorar o papel do familiar e cuidar do utente implica tamb<strong>é</strong>m, emmuitas situações cuidar <strong>de</strong> quem cuida e esta <strong>é</strong> uma responsabilida<strong>de</strong>que <strong>de</strong>verá ser uma preocupação <strong>de</strong> todos os profissionais.No entanto, em situações em que os idosos permanecem 24h pordia numa instituição isto não significa que todas as necessida<strong>de</strong>sestão salvaguardadas. Como referíamos anteriormente há necessida<strong>de</strong>sque os profissionais não conseguem satisfazer e que só apresença ativa da família ajuda a colmatar. Mais do que estaremvivos a satisfação <strong>de</strong>ssas necessida<strong>de</strong>s permite que o idoso sesinta vivo. Nada substitui o afeto <strong>de</strong> um filho, o carinho, o miminho<strong>de</strong> algu<strong>é</strong>m que representa muito da nossa vida.Por isso, mais uma vez reiteramos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que <strong>é</strong> extremamenteimportante a conciliação entre a prestação <strong>de</strong> cuidados formaise informais, entre o cuidado <strong>de</strong> profissionais e o cuidado pelosfamiliares.Cuidar tal <strong>com</strong>o se referia inicialmente significa dar vida. Dar vidaimplica muito mais do que apenas manter a pessoa viva. Maisdo que estar viva <strong>é</strong> importante que a pessoa se sinta viva. Nestesentido cuidar <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m um processo que exige criativida<strong>de</strong>.A criativida<strong>de</strong> “… consiste em encontrar m<strong>é</strong>todos ou objetos paraexecutar tarefas <strong>de</strong> uma maneira nova ou diferente do habitual…<strong>”</strong>A criativida<strong>de</strong> “permite cumprir os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> forma mais rápida,fácil, eficiente ou económica<strong>”</strong>. Em tempos tão austeros, esta <strong>é</strong> umadas exigências que se coloca. Fazer tanto ou mais <strong>com</strong> menosrecursos <strong>é</strong> uma habilida<strong>de</strong> que só pessoas criativas conseguemrealizar.Conscientes da fragilida<strong>de</strong> económica que atravessamos, <strong>é</strong> tempo<strong>de</strong> reencontrar os recursos das <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s, <strong>é</strong> tempo <strong>de</strong> reforçaras re<strong>de</strong>s sociais e <strong>de</strong> apoio, <strong>é</strong> tempo para valorizar o manancial<strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> vida que cada idoso encerra em si e <strong>com</strong> elesrecriar o futuro.Ser idoso, não <strong>é</strong> estar no fim <strong>de</strong> linha…Ser idoso não <strong>é</strong> ter mais anos…Ser idoso <strong>é</strong> ser pessoa!Ser idoso <strong>é</strong> valorizar cada experiência vivida em cada ano <strong>de</strong>vida…Ser idoso <strong>é</strong> re<strong>de</strong>senhar o futuro <strong>com</strong> a experiência magnífica dopassado…Liliana do Vale MatosT<strong>é</strong>cnica Superior <strong>de</strong> Serviço Socialna Associação Perelhal Solidário48 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 49


separataO ENVELHECIMENTOATIVO EA NECESSIDADEDE UMAARQUITETURAINCLUSIVAA Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> propõe a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> envelhecimentoativo <strong>com</strong>o “…o processo <strong>de</strong> otimização <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>snos domínios da saú<strong>de</strong>, da participação e da segurança, <strong>com</strong> oobjetivo <strong>de</strong> prolongar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas à medidaque envelhecem<strong>”</strong>. Colocando a tónica menos nas limitações efocalizando-se mais na criação <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> bem-estar aolongo do envelhecimento próprio do ciclo da vida.Uma das condições fundamentais para a manutenção do bem-estar<strong>é</strong> o meio físico envolvente que po<strong>de</strong>, <strong>com</strong> o aumentar da ida<strong>de</strong>,tornar-se cada vez mais agreste.A maior parte das caraterísticas associadas ao envelhecimentoten<strong>de</strong> a limitar a mobilida<strong>de</strong> e <strong>com</strong> o processo <strong>de</strong> envelhecimentofrequentemente há uma <strong>de</strong>terioração geral das capacida<strong>de</strong>s físicas,cognitivas e sensoriais. At<strong>é</strong> há bem pouco tempo o meio físicoedificado em que vivemos era pensado quase exclusivamente parao Homem m<strong>é</strong>dio e “robusto<strong>”</strong> que <strong>é</strong> capaz <strong>de</strong> se adaptar a todasas situações mais ou menos adversas. No entanto a maioria daspessoas não se encontra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse padrão, o que exige porparte dos mesmos uma maior ou menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptaçãoou ajustamento a esse mesmo meio, que muitas vezes po<strong>de</strong> criardificulda<strong>de</strong>s intransponíveis. Este padrão ignorava por <strong>com</strong>pletoo ciclo da vida e as suas vicissitu<strong>de</strong>s. Se por qualquer motivo,provisória ou <strong>de</strong>finitivamente, per<strong>de</strong>mos ou vemos reduzidasalguma <strong>de</strong>ssas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adaptação (auditiva, sensorial,motora, visual, etc) o meio físico surge incómodo, agreste, <strong>de</strong>sagradável,violento… Ao caminhar, por exemplo, pela rua esta pregamúltiplas partidas mesmo a indivíduos <strong>com</strong> capacida<strong>de</strong>s plenas.Um pavimento danificado po<strong>de</strong> provocar um aci<strong>de</strong>nte nomeadamentea indivíduos <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s visuais ou <strong>com</strong> mobilida<strong>de</strong>condicionada. Um <strong>de</strong>grau num local imprevisto, al<strong>é</strong>m do provávelaci<strong>de</strong>nte que po<strong>de</strong> provocar, <strong>é</strong> tamb<strong>é</strong>m um fator <strong>de</strong> exclusão parapessoas <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lo<strong>com</strong>oção ou mobilida<strong>de</strong> condicionada.Sendo claro que os <strong>de</strong>stinatários <strong>de</strong> soluções mais inclusivassão todos os cidadãos e não apenas aqueles que apresentammaiores dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interação <strong>com</strong> o meio.Espaço edificado - habitaçãoCom o envelhecimento a permanência e o uso da habitação <strong>é</strong>cada vez maior mas as pessoas mais velhas continuam a precisar<strong>de</strong> participar no convívio social a que estão habituadas. O seuisolamento sob qualquer que seja a forma <strong>é</strong> pernicioso e al<strong>é</strong>m<strong>de</strong> diminuir a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos mesmos <strong>é</strong> potenciador <strong>de</strong>quadros <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong>pressão e <strong>de</strong>sesperança. Por isso<strong>de</strong>ve-se, atualmente, esperar que a habitação seja um espaço <strong>com</strong>flexibilida<strong>de</strong>, que permita às pessoas adaptarem-se às condiçõesque se alteram <strong>com</strong>o a mudança da estrutura familiar, as limitaçõesdo utilizador, quer sejam temporárias ou permanentes. Daía importância <strong>de</strong> uma arquitetura inclusiva que garanta ambientesapropriados, não só para idosos ou portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, maspara todos. Espaços resi<strong>de</strong>nciais adaptáveis que tenham em contaas mudanças fisiológicas, sensoriais e psíquicas do homem emtodas as fases da vida, <strong>com</strong> boas soluções ambientais, livres <strong>de</strong>estereótipos e capazes <strong>de</strong> aumentar a autonomia e in<strong>de</strong>pendência eque garantem uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todas as pessoas.Em Portugal um fator positivo nesta mat<strong>é</strong>ria, fruto <strong>de</strong> recente legislação,<strong>é</strong> que as novas habitações foram faseadamente incluídasnos espaços em que <strong>é</strong> obrigatório dotar <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>. Apesardas normas previstas para estes espaços merecerem algumareflexão, nomeadamente na sua falta <strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong> relativamenteàs dimensões em fogos exíguos e a as soluções económicas e <strong>de</strong>fácil adaptação, parece-nos ser mais importante focalizarmo-nosno edificado existente que <strong>é</strong> sem dúvida a maioria e nos quais seencontram os grupos etários <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> mais elevada e economicamentemais <strong>de</strong>sfavorecidos. Neste edificado temos uma multiplicida<strong>de</strong><strong>de</strong> variantes que, em termos <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>, levanta umas<strong>é</strong>rie <strong>de</strong> problemas que urge resolver, questões no que diz respeitoao interface <strong>com</strong> o espaço público e consequentemente <strong>com</strong> as“re<strong>de</strong>s sociais (físicas)<strong>”</strong>. Neste campo colocam-se problemasdiferenciados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua localização em espaço urbanoconsolidado, espaço suburbano e espaço rural concentrado oudisperso. Outro fator <strong>é</strong> se se trata <strong>de</strong> habitação coletiva (<strong>com</strong> ousem elevador) ou então se <strong>é</strong> habitação unifamiliar, nas suas múltiplastipologias, e por fim as condições interiores <strong>de</strong> utilização daprópria habitação (se distribuída em vários pisos, num só piso <strong>com</strong>ou sem <strong>de</strong>sníveis, a localização das zonas funcionais essencias,<strong>com</strong>o <strong>é</strong> o caso da cozinha I. Sanitária – as suas dimensões e ados <strong>com</strong>partimentos, largura das portas, dos percursos, dos tipos<strong>de</strong> pavimentos etc.). Mesmo tendo em conta a gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>50 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 51


<strong>de</strong> adaptação do ser humano às condições mais adversas, hásituações intransponíveis ou então que implicam uma precoce<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> terceiros <strong>de</strong> todo in<strong>de</strong>sejável. Dada a imensidão doproblema urge tipificar soluções <strong>com</strong> diversos níveis <strong>de</strong> aproximaçãoa uma solução ótima para que estas sejam economicamenteviáveis e executáveis <strong>de</strong> forma a apoiar a imprescindível resoluçãoparticularizada da maior parte das situações. Concretizando umpouco, por exemplo, o interface <strong>com</strong> o espaço público - haverásituações <strong>de</strong> fácil resolução em que a colocação <strong>de</strong> uma simplesrampa aumenta a acessibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas<strong>com</strong>o <strong>é</strong> o caso <strong>de</strong> um edifício <strong>de</strong> habitação coletiva <strong>com</strong> elevadormas <strong>com</strong> <strong>de</strong>graus entre este e a rua. No entanto haverá tamb<strong>é</strong>moutros casos em que o edifício nem <strong>de</strong> elevador dispõe e então aí asituação <strong>é</strong> mais <strong>com</strong>plexa. O mesmo po<strong>de</strong>rá acontecer no que dizrespeito a habitações unifamiliares em que uma simples reformulação<strong>de</strong> jardins, eliminando <strong>de</strong>graus, po<strong>de</strong>rá resolver a acessibilida<strong>de</strong>.Por<strong>é</strong>m em situações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sníveis só recorrendo ameios mecânicos se po<strong>de</strong>rá garantir a acessibilida<strong>de</strong>.Urge tamb<strong>é</strong>m criar apoios para a resolução <strong>de</strong>ssas situações. Osapoios referidos al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem ser monetários ou <strong>de</strong> incentivosfiscais po<strong>de</strong>riam, tamb<strong>é</strong>m, passar pelo aproveitamento dasestruturas sociais existentes e da dinamização e potenciação dovoluntariado local. Potenciar a reabilitação do parque habitacionalexistente sem megalomanias mas <strong>com</strong> pequenos passos, po<strong>de</strong> serum passo <strong>de</strong> gigante tornado a realida<strong>de</strong> física habitacional mais“amiga<strong>”</strong>, aumentando a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos cidadãos e fomentandoo envelhecimento ativo e autónomo.Espaço público e respostas sociaisEm paralelo <strong>com</strong> o espaço habitacional, o espaço público <strong>de</strong>t<strong>é</strong>mum papel crucial, <strong>com</strong>o se percebe, quando nos referimos à localizaçãodo edificado. É importante valorizar e criar espaços públicosinclusivos pois estes são a continuação do espaço privado po<strong>de</strong>ndopermitir a inclusão e a criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais. Quando sefala <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>senho inclusivo tem-se <strong>de</strong>scorado oespaço rural que <strong>é</strong> cada vez mais discriminatório para os cidadãosque o habitam. Se por um lado os mais longínquos são aparentementemais seguros porque existem poucos veículos a circularpor outro lado existe ten<strong>de</strong>ncialmente gran<strong>de</strong> isolamento e falta <strong>de</strong>convívio social pelo <strong>de</strong>spovoamento nuns casos e pela dispersãohabitacional noutros. A realida<strong>de</strong> rural, na sua pluralida<strong>de</strong>, apesar<strong>de</strong> em algumas situações ser sinónimo <strong>de</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> convivênciae inter<strong>de</strong>pendência entre vizinhos, está ten<strong>de</strong>ncialmentea criar situações <strong>de</strong> isolamento dado que as vias <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicaçãoestão mais adaptadas à circulação <strong>de</strong> veículos automóveis e muitomenos à <strong>de</strong> peões, <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong>s acrescidas para os maisd<strong>é</strong>beis, al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> que, cada vez mais, bens e serviços essenciais seencontram distantes. Nos espaços urbanos consolidados, emborahaja muito a fazer, tem vindo a ser <strong>de</strong>senvolvido um esforço <strong>de</strong>inclusão. As distâncias entre serviços são normalmente curtase existem transportes públicos satisfatórios. No caso das zonasrurais e suburbanas, al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> serem mais esquecidas, levantemtamb<strong>é</strong>m problemas <strong>de</strong> maior difícil resolução. Esta situação carece<strong>de</strong> uma profunda reflexão.É neste contexto que surgem os equipamentos sociais quecolmatam cada vez mais o problema <strong>de</strong> lo<strong>com</strong>oção e <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> convívio social, nomeadamente, os SAD (Serviços <strong>de</strong>Apoio Domiciliário), os Centros <strong>de</strong> Convívio, os Centros <strong>de</strong> Dia eos Equipamentos Sociais Resi<strong>de</strong>nciais. Os SAD representam umapoio <strong>de</strong> retaguarda fundamental, pois permitem que as pessoasse mantenham nas suas habitações <strong>com</strong> as suas próprias re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>convívio. No entanto, quando estas re<strong>de</strong>s <strong>com</strong>eçam a ser escassasou inexistentes, fruto das constantes mudanças sociais, surgem osCentros <strong>de</strong> Convívio e os Centros <strong>de</strong> Dia <strong>com</strong>o alternativa fundamentalna tarefa <strong>de</strong> re-socialização e envolvimento dos idosos emativida<strong>de</strong>s que os mantenham ativos. Os equipamentos resi<strong>de</strong>nciaissurgem <strong>com</strong>o resposta natural em situações em que os espaçoson<strong>de</strong> as pessoas habitam não têm as condições para proporcionaro mínimo <strong>de</strong> bem-estar.Atualmente, nos equipamentos sociais resi<strong>de</strong>nciais, nomeadamenteos mais recentes, as questões <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> e meiospara criar autonomia que permitem apoio físico a indivíduos <strong>com</strong>relativa autonomia estão cada vez mais presentes. No entanto,conv<strong>é</strong>m ter em conta outros fatores <strong>de</strong> inclusão <strong>com</strong> forte impactono bem-estar mental e emocional dos utentes, tendo em conta adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utentes, <strong>com</strong> mais ou menos autonomia e nas suassituações mais diferenciadas. É importante conferir um ambiente<strong>de</strong> maior proximida<strong>de</strong> ao ambiente “caseiro<strong>”</strong>, familiar, evitandoo aspeto “hospitalar<strong>”</strong> que, ten<strong>de</strong>ncialmente, estes equipamentosvão tendo (por exemplo, pelo facto <strong>de</strong> criar pisos <strong>com</strong> aspetouniforme, liso e contínuo, múltiplas barras <strong>de</strong> apoio, etc). A opçãopor pisos <strong>com</strong> as mesmas características higi<strong>é</strong>nicas, mas <strong>com</strong> umaspeto mais próximo do que se teria em casa, <strong>com</strong>o <strong>é</strong> caso <strong>de</strong> umvinil <strong>com</strong> aspeto <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, constitui uma forma <strong>de</strong> ajudar nessaaproximação a ambientes mais familiares. Nestes equipamentos osrecursos humanos, que <strong>com</strong>o <strong>é</strong> evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sempenham um papelfulcral, <strong>de</strong>vem possuir não só uma boa formação t<strong>é</strong>cnica mas tamb<strong>é</strong>m“humana<strong>”</strong> sobretudo no sentido <strong>de</strong> incentivar e promover umenvelhecimento ativo. No entanto, <strong>com</strong>o se tem referido, conv<strong>é</strong>mnão <strong>de</strong>scorar, o espaço físico <strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> permitir e potenciara qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos idosos. Criando espaços que permitam arealização das mais diversas ativida<strong>de</strong>s ocupacionais <strong>de</strong> convíviosocial <strong>com</strong> a restante <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, nomeadamente a população nãoidosa, espaços que tanto po<strong>de</strong>m ser internos <strong>com</strong>o ao ar livre (porexemplo os circuitos <strong>de</strong> manutenção) potencia-se a re<strong>de</strong> social dosindivíduos e tanto quanto possível a sua participação cívica.Equipamentos <strong>de</strong> serviços públicosEstes equipamentos <strong>de</strong>sempenham um papel importante naatuação dos cidadãos na sua vida cívica daí que seja fulcral a suaacessibilida<strong>de</strong>. Os equipamentos <strong>de</strong> serviços públicos criados<strong>de</strong> raiz, at<strong>é</strong> por força da legislação, têm cada vez mais em contaa arquitetura inclusiva criando, em muitos casos, <strong>de</strong>scriminaçãopositiva no atendimento. O problema coloca-se em equipamentosexistentes, nomeadamente os que nunca sofreram obras <strong>de</strong> adaptação,ou mesmo que tenham sido efetuadas, não tiveram em contapequenos <strong>de</strong>talhes que vedam ou dificultam o acesso cómodo eseguro a esses serviços a uma gran<strong>de</strong> parte dos cidadãos. Há espaçosque têm Sanitárias acessíveis mas têm barreiras arquitetónicas,<strong>com</strong>o por exemplo <strong>de</strong>graus que vedam o acesso ao edifício.Outros têm rampas seguidas <strong>de</strong> um <strong>de</strong>grau ou então rampas <strong>com</strong>inclinação muito acentuada. Outro fator que ainda acontece <strong>com</strong>alguma frequência <strong>é</strong> a existência <strong>de</strong> I. Sanitárias acessíveis <strong>com</strong> aspeças sanitárias mal localizadas, que dificultam a sua utilização.Conv<strong>é</strong>m referir que muitas <strong>de</strong>stas situações supra referidas,apesar <strong>de</strong> serem gravosas, nomeadamente quando o espaço físicopermite soluções melhores, têm um fator positivo que não conv<strong>é</strong>m<strong>de</strong>scorar ou seja já têm algum grau <strong>de</strong> inclusão. Uma rampaacentuada, por exemplo, <strong>é</strong> melhor que não ter rampa pois permite,embora <strong>com</strong> mais esforço, a sua utilização por utentes. Caso nãoexistisse eram excluídos ou teriam a vida mais dificultada.Em síntese, para um envelhecimento ativo, entre muitos outrosfatores <strong>de</strong> carácter fundamental, o meio físico <strong>é</strong> um <strong>de</strong>les. Fazer umesforço tornando-o “mais amigo<strong>”</strong> e fomentando uma arquiteturaacessível e inclusiva <strong>é</strong> algo crucial que aumenta a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida <strong>de</strong> todos os cidadãos.J. Lino Matos-arquiteto-52 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 53


separataASSOCIAÇÃODOSPROFISSIONAISDESERVIÇOSOCIALA Associação dos Profissionais <strong>de</strong> Serviço Social, concretamente aDelegação Norte, organizou no passado dia 26 Março <strong>de</strong> 2012, em<strong>Barcelos</strong>, uma tertúlia cujo objetivo visava celebrar o Dia Mundialdo Serviço Social (IFSW) e o Dia do Serviço Social das NaçõesUnidas (ONU.A tertúlia “Nós Assistentes Sociais<strong>”</strong> contou <strong>com</strong> a presença <strong>de</strong> 18Assistentes Sociais que discutiram para al<strong>é</strong>m das questões relativasà constituição da ORDEM das Assistentes Sociais, discutiramtamb<strong>é</strong>m, em torno do ano Ano Europeu do Envelhecimento Ativo eda Solidarieda<strong>de</strong> entre Gerações.Sendo ambos temas <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong> contamos <strong>com</strong> a presença daDra. Ana Maria Silva Vereadora do Pelouro da Açao Social daCamara Municipal <strong>de</strong> <strong>Barcelos</strong>, Fernanda Rodrigues Presi<strong>de</strong>nte daAPSS, Maria Jos<strong>é</strong> Salgadinho e Teresa Alves do Hospital MagalhãesLemos.O espectro <strong>de</strong> investigação e intervenção das Assistentes Sociais <strong>é</strong>abrangente, holístico, em constante mutação e, por isso, apropriadoà utilização e reinvenção <strong>de</strong> novas metodologias <strong>de</strong> intervenção.Daí que a discussão sobre o tema do envelhecimento ativo seja <strong>de</strong>uma forma particular para as Assistentes Sociais e <strong>de</strong>, uma formageral para todas as outras profissionais <strong>de</strong> intervenção socialfundamental, pois visa chamar a atenção para a importância docontributo dos idosos para a socieda<strong>de</strong> e incentivar as responsáveispolíticas e todas partes interessadas a tomarem medidaspara criar as condições necessárias ao envelhecimento ativo e aoreforço da solidarieda<strong>de</strong> entre as gerações.O Ano Europeu 2012 visa promover o envelhecimento ativo em trêsdomínios:Emprego: à medida que a esperança <strong>de</strong> vida aumenta em toda aEuropa, a ida<strong>de</strong> da reforma aumenta tamb<strong>é</strong>m, mas muitos receiamnão conseguir manter o emprego ou não encontrar outro <strong>de</strong> formaa po<strong>de</strong>rem usufruir <strong>de</strong> uma reforma <strong>de</strong>cente. É necessário darmelhores perspetivas <strong>de</strong> emprego aos trabalhadoresmais idosos.Participação na socieda<strong>de</strong>: sair do mercado <strong>de</strong> trabalhonão significa ficar inativo. O contributo dos mais velhos para asocieda<strong>de</strong> <strong>é</strong> muitas vezes ignorado. De facto, esquecemos quesão eles que cuidam frequentemente dos netos e at<strong>é</strong> dos própriospais ou do cônjuge, al<strong>é</strong>m <strong>de</strong> fazerem muitas vezes um trabalho <strong>de</strong>voluntariado. O Ano Europeu preten<strong>de</strong> assegurar um maiorreconhecimento do contributo dos idosos para a socieda<strong>de</strong>e criar condições para lhes dar mais apoio.Autonomia: a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>teriora-se muitas vezes <strong>com</strong> a ida<strong>de</strong>,mas as consequências <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>terioração po<strong>de</strong>m ser atenuadas<strong>de</strong> muitas maneiras. Pequenas mudanças à nossa volta po<strong>de</strong>mmelhorar significativamente a vida das pessoas <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência ouproblemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O envelhecimento ativo significa tamb<strong>é</strong>m<strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> dos idosos para manter aautonomia o máximo <strong>de</strong> tempo possível.<strong>”</strong> (Europa.eu/ey2012)O <strong>de</strong>bate foi frutuoso nesta mat<strong>é</strong>ria: refletimos quanto aos parcosrecursos para garantir respostas a<strong>de</strong>quadas e multifacetadas àpopulação idosa; na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconfigurar os serviços <strong>de</strong>centro <strong>de</strong> dia, apoio domiciliário e lar <strong>de</strong> idosos, no sentido <strong>de</strong> facultaro acesso a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> as suas espectativas e,tamb<strong>é</strong>m, na não concretização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s generalistas uniformizadorasque vêem os idosos <strong>com</strong>o um grupo uniforme e não específico.Quanto aos idosos em situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> psiquiátrica,salientou-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem garantidos cuidados básicosaos doentes e aos cuidadores, para que se possa garantir qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida a uma população que se encontra <strong>de</strong>bilitada, poisconsi<strong>de</strong>ra-se que caso não exista apoio aos cuidadores, os idososcorrem mais riscos <strong>de</strong> verem as suas necessida<strong>de</strong>s insatisfeitas.Apenas analisando, <strong>de</strong>batendo e intervindo na realida<strong>de</strong>, osAssistentes Sociais garantem o respeito pelos princípios <strong>de</strong>ontológicosque regem a profissão, que se pren<strong>de</strong>m entre outros <strong>com</strong>a contribuição para a mudança social, o apoio na resolução <strong>de</strong>problemas nas relações humanas e o reforço da emancipação daspessoas para promoção do seu bem-estar.Raquel BorgesDelegação Norte APSSQuando nos referimos a envelhecimento ativo referimo-nos “àpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envelhecer <strong>com</strong> saú<strong>de</strong> e autonomia, continuandoa participar plenamente na socieda<strong>de</strong> enquanto cidadão ativo. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementeda ida<strong>de</strong>, todos po<strong>de</strong>m continuar a <strong>de</strong>sempenharum papel na socieda<strong>de</strong> e a usufruir <strong>de</strong> uma boa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.46 54 - Responsabilida<strong>de</strong> SocialResponsabilida<strong>de</strong> Social - 55

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