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Anormalidades sensoriais: Olfato e paladar

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Artigo de Revisão<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: <strong>Olfato</strong> e <strong>paladar</strong>Sensorial abnormalities: Smell and tasteFrancisco Xavier Palheta Neto 1 , Mauricio Neres Targino 2 , Victor Soares Peixoto 2 , Flávia Barata Alcântara 3 ,Camila Corrêa de Jesus 3 , Dalila Costa de Araújo 3 , Eduardo Flávio de Lacerda Marçal Filho 3 .1) Mestrado em Otorrinolaringologia. Doutor em Neurociências. Preceptor da Residência Médica em Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Betina Ferro de Souzada Universidade Federal do Pará. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Pará e da Universidade Federal do Pará.2) Aluno do Quinto Ano do Curso de Medicina. Universidade do Estado do Pará.3) Aluna do Quarto Ano do Curso de Medicina. Universidade do Estado do Pará.Instituição: Centro de Otorrinolaringologia do Pará – COP.Belém / PA - Brasil.Endereço para correspondência: Francisco Xavier Palheta Neto - Centro de Otorrinolaringologia do Pará - Avenida Conselheiro Furtado, 2391, salas 1508 e 1608 - EdifícioBelém Metropolitan - Bairro: Cremação - Belém / PA - Brasil – CEP 66040-100 - Telefone: (+55 91) 3249-9977 / 3249-7161 / 9116-0508 - E-mail: franciscopalheta@hotmail.comArtigo recebido em 26 de Outubro de 2009. Artigo aprovado em 17 de Novembro de 2009.RESUMOIntrodução: <strong>Anormalidades</strong> do <strong>paladar</strong> e do olfato comprovaramser um tema bem mais complexo do que se reconheciaanteriormente. Diversas entidades nosológicas cursam comalterações olfatórias e gustatórias, podendo ser congênitas ouadquiridas.Objetivo: Analisar os principais aspectos das disfunçõesolfatórias e gustatórias.Método: Foram utilizadas as bases de dados informatizadospara a coleta de dados, tendo como palavras-chave “alteração”,“olfato” e “<strong>paladar</strong>”. Realizou-se também busca nãosistemáticaem publicações científicas e livros médicos.Revisão da Literatura: Disfunções olfatórias e gustatóriaspossuem etiologia variada, destacando-se as doenças nasaise sinusais obstrutivas, infecções do trato respiratório superior,traumatismo cranioencefálico, envelhecimento, exposição atóxicos e algumas medicações, neoplasias nasais ouintracranianas, patologias psiquiátricas e neurológicas,iatrogenia, causas idiopáticas e congênitas. Anamnese detalhada,exame físico atencioso e exames complementaresadequados são importantes para o diagnóstico dessas alterações.Conclusão: Disfunções olfatórias e gustatórias frequentementeocorrem juntas. A detecção precoce de tais disfunções podelevar a um tratamento mais efetivo, retardando a progressãodas doenças que as ocasionam e atenuando a severidade dossintomas. Em muitos casos o tratamento dessas alterações nãoé fácil e é necessária uma cooperação interdisciplinar entreo otorrinolaringologista, endocrinologista, neurologista, psiquiatraentre outros.Palavras-chave: olfato, transtornos do olfato, <strong>paladar</strong>, distúrbiosdo <strong>paladar</strong>, modalidades <strong>sensoriais</strong>, otolaringologia.SUMMARYIntroduction: Taste and smell abnormalities have proven tobe an extremely more complex subject than previouslyregarded. Wide-ranging nosologic entities arise along with smelland taste alterations, and they can be congenital or acquired.Objective: Analyze the main features of smell and tastedysfunctions.Method: Automated databases were used to collect data, bysearching keywords like ‘alteration’, ‘smell’, and ‘taste’. A nonsystematicsearch was also made in scientific printings andmedical books.Literature Review: Smell and taste dysfunctions have a vastetiology, the most significant of which are obstructive nasaland sinusal disease, infections of the upper respiratory tract,cranioencephalic trauma, aging, exposure to toxics and somedrugs, nasal or intracranial neoplasias, psychiatric andneurological pathologies, iatrogenic disease, idiopathic andcongenital causes. A detailed anamnesis, a careful physicalexamination and supplementary evaluations are important forthe diagnosis of these alterations.Conclusion: As a rule, smell and taste dysfunctions occur ina combined way. The early discovery of such dysfunctionscan lead to a more efficient treatment, making the progress ofdiseases causing them retard and the symptoms less severe.In many cases, treating these alterations is not easy and thereneeds to be a multidisciplinary cooperation among theotorhinolaryngologist, endocrinologist, neurologist,psychiatrist, among others.Keywords: smell, smell disorders, taste, taste disorders, sensorymodalities, otorhinolaryngology.Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.15, n.3, p. 350-358, Jul/Ago/Setembro - 2011.350


<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: olfato e <strong>paladar</strong>.Palheta Neto et al.INTRODUÇÃOO olfato e o <strong>paladar</strong> são sentidos químicos. Ossistemas neurais que intermedeiam estas sensações, ossistemas gustatório e olfatório, estão entre aquelesfilogeneticamente mais antigos do encéfalo e ao perceberemsubstâncias químicas na cavidade oral e nasal trabalhamconjuntamente (1,2).As sensações surgem pela interação de moléculascom os receptores da olfação e gustação. Como os impulsosse propagam para o sistema límbico (bem como paraas áreas corticais superiores), certos odores e gostos podemdesencadear intensas respostas emocionais ou afluxode memórias (1).A importância do <strong>paladar</strong> reside no fato de que elepermite a um indivíduo selecionar substâncias específicas deacordo com os seus desejos e, frequentemente, de acordocom as necessidades metabólicas dos tecidos corpóreos (3).A olfação, mais ainda que a gustação, tem a qualidadeafetiva de ser agradável ou desagradável. Por isso, aolfação é, provavelmente, mais importante do que agustação para a seleção de alimentos (3).Sabe-se que a gustação é sobretudo uma função doscorpúsculos gustativos da boca, mas é experiência comumque o sentido do olfato contribui fortemente para apercepção do gosto (2). É imprescindível ressaltar a suarelação com a gustação, pois sem o olfato não sentimos deforma adequada o sabor dos alimentos, perdendo assim oapetite e o prazer com a alimentação (4).Os botões gustativos diminuem com a idade e aspapilas gustativas, que atingem seu clímax de desenvolvimentona puberdade, começam a atrofiar na mulher entre40-45 anos e no homem aos 50 anos (5).Quanto à olfação, o declínio da sensibilidade olfativacom a idade pode ser resultante de degeneração de célulascentrais e ser independente de modificações periféricas doaparelho olfativo. Porém, a capacidade regenerativa doepitélio olfatório declina com a idade (5). A qualidade eintensidade da percepção olfatória dependem do estadoanatômico e funcional do epitélio nasal e dos sistemasnervosos central e periférico. Rinites e resfriados prolongadospodem causar hiposmia (perda moderada da sensibilidadeolfativa) (4,6).As alterações do olfato e do <strong>paladar</strong> podem estarrelacionadas com deformidades nasosseptais, poliposenasal e congestão nasal crônica decorrente de rinitesalérgicas e não-alérgicas (7).Um dano ao sistema olfatório, como resultado de umtraumatismo craniano, ou mesmo, um resfriado comum, oqual impede a condução de moléculas transportadas peloar nas cavidades nasais, pode atenuar a percepção dosabor, ainda que as sensações básicas do gosto doce, ácido,salgado e amargo estejam preservadas (2).O olfato pode ajudar, também, no diagnósticoprecoce de algumas doenças neurodegenerativas, como adoença de Parkinson. O resultado indica que o comprometimentodo olfato, e, consequentemente, do <strong>paladar</strong>, é umindicativo importante para o diagnóstico precoce da doença,em uma fase na qual os sintomas motores típicos (comotremores, rigidez e lentidão na execução dos movimentos)ainda não se manifestaram (8).Sendo assim, torna-se importante a realização deestudos das alterações do olfato e <strong>paladar</strong> para detecçãoprecoce, e assim um tratamento mais efetivo, no intuito deretardar a progressão das doenças e possíveis complicaçõesque possam levar a perda olfatória e gustatória e,desta forma, atenuar a severidade dos sintomas.O objetivo é realizar uma revisão de literatura sobreos diversos aspectos relacionados às alterações do olfato e<strong>paladar</strong>.MÉTODOForam utilizadas as bases de dados informatizadospara a coleta de dados, tendo como palavras-chave “alteração”,“olfato” e “<strong>paladar</strong>”. Realizou-se também busca nãosistemáticaem publicações científicas e livros médicos.MorfofisiologiaOs sentidos de olfação e gustação fornecem ummeio de avaliar moléculas voláteis no ambiente e oscomponentes voláteis e não-voláteis dos alimentos. Dessemodo, os humanos e outros mamíferos são capazes dediscriminar uma grande variedade de odores e sabores.Apesar de a capacidade olfatória dos humanos ser limitada,se comparada com a capacidade de outros mamíferos, ohomem é capaz de perceber uma grande variedade dediferentes moléculas odoríferas. A sensação de saboresresulta da combinação de informações gustativas, olfatóriase somatossensórias (9,10).OlfaçãoNo homem, o sentido da olfação é, provavelmente,o menos compreendido, pois, em grande parte, pode serArq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.15, n.3, p. 350-358, Jul/Ago/Setembro - 2011.351


<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: olfato e <strong>paladar</strong>.Palheta Neto et al.um fenômeno subjetivo. A superfície receptora para agentesodoríferos localiza-se na parte superior da cavidadenasal e, tipicamente, tem área de superfície de apenas 2,4cm 2 . As células olfatórias são neurônios bipolares derivadosdo sistema nervoso central. De seu pólo apical, cadaneurônio estende um único dendrito para a superfícieepitelial, onde o dendrito se expande em um grande botão,do qual 5-20 cílios finos projetam-se na camada de mucoque cobre o epitélio. De seu pólo basal, cada neurônioprojeta um único axônio através da placa cribiforme ósseaacima da cavidade nasal para o bulbo olfatório (10).Há especialização dos cílios dos neurônios olfatóriosna detecção de odores, pois eles têm receptores específicospara agentes odoríferos, bem como a maquinaria detransdução necessária à amplificação de sinais sensórios eà geração de potenciais de ação no axônio do neurônio. Omuco que banha os cílios é secretado pelas células desuporte do epitélio olfatório e pelas glândulas de Bowman,que ficam sob o epitélio e possuem dutos que se abrem emsua superfície. Acredita-se que o muco forneça o ambientemolecular e iônico apropriado para a detecção de odores(9-11).A resposta normal do neurônio a um agente odoríferoconsiste na despolarização e na produção de potenciaisde ação. O número de neurônios que respondem variade acordo com a concentração do agente (9,10).A informação sensória do nariz é transmitida aocérebro através dos bulbos olfatórios. Os nervos do olfatopassam pelas perfurações da placa cribiforme e entram nobulbo olfatório, que são estruturas pareadas localizadasacima e atrás das cavidades nasais e consiste em um nóemaranhado de dendritos das células mitrais e em tufo efibras nervosas olfatórias. Os axônios mitrais e das célulasem tufo deixam o bulbo pelo trato olfatório e entram emregiões especializadas do córtex, sem passar, primeiro,pelo tálamo (9,10).GustaçãoCélulas gustativas agrupadas em botões gustativosna língua, palato, faringe, epiglote e terço superior doesôfago podem detectar alguns tipos de moléculas. Nalíngua, os botões gustativos estão localizados principalmentenas papilas, que estão no epitélio (9-11).Três tipos morfológicos de papilas são encontradosem regiões diferentes da língua. Várias centenas de papilasfungiformes, que têm uma estrutura parecida com pino,estão localizadas nos dois terços anteriores da língua. Noterço posterior, estão as grandes papilas circunvaladas,cada uma delas sendo circundada por um sulco. As papilasfoliadas, situadas na borda posterior da língua, são estruturasparecidas com folhas, e cada uma delas também écircundada por um sulco. Cada papila fungiforme contémde um a cinco botões gustativos, enquanto cada papilacircunvalada ou foliada contém centenas de botõesgustativos (9,11).Há quatro tipos de morfologicamente distinguíveisde células que são encontradas em cada botão gustativo:células basais, células escuras, células claras e célulasintermediárias. Acredita-se que as células basais sejam ascélulas germinativas, das quais as outras células são derivadas.O botão gustativo tem uma abertura pequena nasuperfície do epitélio, chamada de poro gustativo. As cemou mais células gustativas em cada botão estendemmicrovilosidades, onde a transdução sensória ocorre. Acélula gustativa é inervada por neurônios sensórios (fibrasaferentes gustativas primárias) no seu pólo basal. Alémdisso, células gustativas, como os neurônios, são célulaseletricamente excitáveis, com canais de sódio, potássio ecálcio dependentes de voltagem e capazes de gerarpotenciais de ação (9).Para fins práticos, considera-se que o sistema gustativodistingue quatro qualidades de estímulos básicos: amargo,salgado, azedo e doce. O glutamato monossódico poderepresentar uma quinta categoria de estímulo, chamada“umami”. Cada tipo de estímulo gustativo é detectado porum mecanismo diferente. Essas interações tipicamentedespolarizam a célula, diretamente ou pela ação de segundosmensageiros. O potencial receptor resultante gerapotenciais de ação na célula gustativa, que, por sua vez levaa um influxo de cálcio dependente de voltagem e à liberaçãode neurotransmissor nas sinapses formadas com fibras sensórias.Outro mecanismo alternativo pode envolver a liberaçãode cálcio dos estoques intracelulares (9).Os sabores azedo e salgado envolvem permeação,ou bloqueio, de canais iônicos por íons sódio (saborsalgado) ou íons hidrogênio (sabor azedo), enquanto saboresdoce e amargo parecem ser mediados em alguns casospor receptores específicos (mas em alguns casos elespodem resultar de efeitos diretos em canais iônicos) (9).As fibras gustatórias dos dois terços anteriores dalíngua trafegam, primeiro, por ramos do nervo trigêmeo e,depois, pela corda do tímpano, um ramo do nervo facial.A sensação gustação do terço posterior da língua é conduzidapor fibras do nervo glossofaríngeo, enquanto outras fibrasda epiglote e de outras áreas cursam por ramos do nervovago. A partir de sua entrada no troco cerebral, todas asfibras gustatórias são afuniladas para o trato solitário e,finalmente fazem sinapse na porção rostral do núcleo doArq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.15, n.3, p. 350-358, Jul/Ago/Setembro - 2011.352


<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: olfato e <strong>paladar</strong>.Palheta Neto et al.trato solitário. Desse ponto, os axônios passam rostralmente,por vias mal definidas, para o núcleo ventromedial dotálamo e, depois, para o córtex cerebral, na região centraldo giro pós-central, que se enrola para dentro da fissuralateral (10).EtiologiaDiversas entidades nosológicas cursam com alteraçõesolfatórias e gustativas, podendo ser congênitas ouadquiridas, sendo as mais citadas na literatura: doença nasale sinusal obstrutiva, infecções de vias aéreas superiores,traumatismo cranioencefálico, envelhecimento, causa congênita,exposição a tóxicos, algumas medicações, neoplasiasnasais ou intracranianas, alterações psiquiátricas, doençasneurológicas, iatrogenia e idiopática. As anormalidades do<strong>paladar</strong> e do olfato comprovaram ser um tema bem maiscomplexo do que se reconhecia anteriormente e tambémestão presentes em situações como deficiência de vitaminas(B6, B12, A) e de zinco ou de cobre, tabagismo,gravidez, anestesia geral, traumas dentários, arrinencefaliae desvios do septo nasal (12-18).A obstrução é a causa mais comum de distúrbioolfatório. Se a obstrução é total, o indivíduo apresentaanosmia (moléculas odoríferas não atingem o epitélioolfatório), liberando a obstrução a habilidade olfatóriaretorna. A porção ântero-medial da parte inferior do cornetomédio funciona como reguladora do fluxo aéreo para aregião olfatória. Obstrução nesta área crítica por edema damucosa, pólipos, tumores, deformidades ósseas, cirurgiasentre corneto médio e septo nasal ou trauma podemdiminuir ou eliminar a habilidade olfatória. Isto podeacontecer mesmo quando a cavidade inferior parece normal.Podem ocorrer em qualquer faixa etária, com predominânciaem mulheres. Os pacientes geralmente referemperda progressiva e gradual da olfação, flutuante, podendoocorrer perdas agudas com infecções agudas e exposiçãoa alérgenos (12,13).As infecções de vias aéreas superiores tambémconstituem uma das principais causas de perda olfatória. Amaioria em indivíduos entre 40 e 60 anos de idade, dosquais 70-80% são mulheres, geralmente por obstrução dofluxo aéreo e se resolve em um período de um a três dias.Em alguns poucos casos a olfação não retorna ao normal.À biópsia, pode haver metaplasia, com diminuição ouausência de receptores olfatórios e com substituição porepitélio respiratório em alguns casos. A perda olfatória éproporcional à perda neuronal e o prognóstico é pobre.Um terço recupera-se espontaneamente com ou semtratamento, ocorrendo mais frequentemente hiposmia queanosmia. Raramente ocorre fantosmia (percepção de umodor que não é real) (16, 17, 19).Traumatismos cranioencefálicos podem ocasionardanos aos nervos olfativos na lâmina cribiforme devido asforças de golpe ou contragolpe. Em adultos a perda daolfação é de 5-10%, já em crianças é de 1,3-3,2%. É maisprevalente no sexo masculino, com cerca de 60% doscasos. Em geral o grau de perda está associado à severidadedo trauma, o que não significa dizer que um trauma mínimonão possa estar associado à anosmia. O início da perdageralmente é imediato, mas alguns pacientes só percebemapós alguns meses. Parosmias são comuns. Amnésia nasprimeiras 24 horas está associada à anosmia permanenteem mais de 90% dos casos. Quando há preservação parcialda olfação tem-se observado diminuição da discriminaçãodos odores (17).A causa exata ainda não foi estabelecida. A teoriamais popular presume uma lesão dos nervos quando estesdeixam o topo da lâmina cribiforme. A lesão pode ser nocórtex frontal, pois alguns pacientes além de anosmia pósTCE também apresentam alterações psicossociais. Atomografia computadorizada é geralmente normal, podendoem alguns casos revelar fratura da lâmina cribiforme. Ahiposmia ocorre mais em lesão frontal; a anosmia em lesãooccipital, cinco vezes mais frequente. Cerca de 8 a 39% dospacientes recuperam a função, dos quais 75% nos trêsprimeiros meses (17).O limiar olfatório diminui com a idade (1% ao ano),sendo esse efeito menor nas mulheres que nos homens. Osidosos têm uma taxa maior de declínio da olfação para unsodores do que para outros, com diminuição da habilidadepara discriminar o sabor na comida do cotidiano. Estadiminuição olfatória se deve ao processo fisiológico deenvelhecimento (presbiosmia), ocorrendo na sexta ou sétimadécada, ou às doenças de Alzheimer e Parkinson (18).A disfunção olfatória é um dos sinais mais prevalentesna Doença de Parkinson. Observam-se alterações de discriminação,identificação e limiar olfatório. A hiposmia é umdos sinais que pode anteceder os sintomas motores dapatologia. Em uma pesquisa recente foi encontrado que80% dos pacientes com esta patologia apresentaram anormalidadeda identificação olfatória, comparados aos controles(20- 23).Na anosmia congênita, a possível fisiopatologia seriaa degeneração ou atrofia do epitélio e/ou bulbo olfatório noprocesso de desenvolvimento. Geralmente é um achadoisolado, mas há anosmia familiar associada a calvície prematurae cefaleia vascular, sendo hereditária, dominante, compenetrância variável. A Síndrome de Kallmann é a causamais comum de disfunção olfatória congênita, 1/10000-50000), com anosmia (agenesia do bulbo olfatório) ehipogonadismo hipogonadotrófico, além de anormalidadesrenais, criptorquidismo, surdez, deformidades médio-Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.15, n.3, p. 350-358, Jul/Ago/Setembro - 2011.353


<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: olfato e <strong>paladar</strong>.Palheta Neto et al.faciais e diabetes. É causada por um defeito na migraçãodos neurônios que produzem o hormônio de liberação degonadotrofinas (GnRH) e dos neurônios que formam osnervos olfatórios. A anosmia está relacionada à deficiênciade GnRH porque a migração e diferenciação dos neurôniossecretores de GnRH dependem da formação do bulboolfatório. Os indivíduos acometidos não entendem o conceitode odor, portanto não sentem a sua falta. Pelo fato degeralmente ainda persistirem alguns quimiorreceptoresintactos, odores acres, irritantes e gustação podem serdetectados normalmente (24,25).Quando há exposição do sistema olfatório a substânciastóxicas, a perda olfatória pode ocorrer em dias ou anos,podendo ser reversível ou permanente. O grau de lesãoparece estar relacionado ao tempo de exposição e àconcentração e toxicidade do agente, comumente associadoao tabaco. São exemplos de drogas que afetam aolfação: anfetaminas, antibióticos (aminoglicosídeos,tetraciclina), cocaína, derivados de petróleo, dióxido sulfúrico,etanol, formaldeido, metais pesados, metanol,monóxido de carbono, nicotina, solventes orgânicos, sulfatode zinco (tópico) e tetracloreto de carbono (12, 13).Os medicamentos costumam afetar mais a gustaçãoque a olfação. Na maior parte das vezes a olfação retornacom a suspensão da medicação, mas existem relatos delesão permanente. Drogas que afetam a composição domuco podem alterar a olfação, como os beta-adrenérgicos,colinérgicos e agentes peptidérgicos (12, 13).Os processos neoplásicos também merecem atenção,destacando-se os de localização intranasal, comopólipos nasais, papiloma, carcinoma epidermoide, adenoma,estesioneuroblastoma (tumor neuroolfativo raro), pois bloqueiamo fluxo aéreo para fenda olfatória ou por destruiçãolocal do aparelho olfatório (26).As neoplasias intracranianas que envolvem a superfícieorbital do cérebro podem causar anosmia unilateral.Meningiomas da crista esfenoidal ou do sulco olfatório egliomas do lobo frontal podem lesar os bulbos ou os tratosolfatórios. Anosmia pode também ocorrer em associação aoutros tumores do lobo frontal e a lesões parasselares ehipofisárias. Em meningiomas do sulco olfatório ou da áreada lâmina cribiforme, anosmia unilateral ocorre precocemente,evoluindo para anosmia bilateral, acompanhadacom frequência de neuropatia óptica. A síndrome de FosterKennedy consiste em anosmia acompanhada de atrofiaóptica ipsilateral unilateral e papiledema contralateral,oriunda classicamente de um grande tumor envolvendo aregião orbitofrontal (26).Certas patologias psiquiátricas cursam com distúrbiosda olfação. A esquizofrenia pode cursar com alucinaçõesolfatórias em 15% a 30% das vezes. Pacientes com depressãomaior podem apresentar mesmo sintoma, mas geralmentepossui habilidade olfatória preservada. A fantosmiapode se apresentar como aura em pacientes com epilepsiado lobo temporal (15,18).A iatrogenia não pode deixar de ser mencionadacomo fator etiológico relevante. Em procedimentos cirúrgicospode ocorrer dano neural e estreitamento do fluxonasal por alterações anatômicas ou tecido cicatricial. Alteraçõesno olfato e no <strong>paladar</strong> ocorrem após laringectomiatotal, pois o paciente passa a respirar diretamente pelatraqueia e o ar não passa através do nariz para os órgãosolfativos terminais. Como o olfato e o <strong>paladar</strong> estãointimamente ligados, as sensações de <strong>paladar</strong> são alteradas.Mas, com o passar do tempo, o paciente comumente seacomoda a este problema, o que pode justificar o fato denem todos os pacientes referirem alteração olfatória (27-29).Em cirurgias da fossa anterior e pós neurocirurgiatransesfenoidal pode ocorrer lesão de lâmina cribiforme. Aradioterapia também está inclusa no conjunto de condiçõesque levam a disfunções do olfato e <strong>paladar</strong>, assim como asde causas idiopáticas, geralmente em adultos jovens, nameia idade e saudáveis (12, 26).Na Hanseníase, as alterações de olfato podem serencontradas em qualquer forma clínica da doença. Alémdisso, é uma queixa muito comum nessa patologia e podeser encontrada mais frequentemente na forma lepromatosa,sendo referido que este acometimento estivesse relacionadocom a severidade das alterações clínicas na mucosanasal. Em estudo realizado em 2005, os achados dealterações de olfato foram encontrados em quatro formasdiferentes de hanseníase, porém em pacientes em estágioavançado ou em reação. Encontrou-se hiposmia em 7,5%dos pacientes, cacosmia em 2,3% e anosmia em 0,6% (16,30, 31).Poucos casos de distúrbio do olfato têm origemneurológica. Esclerose múltipla pode causar alterações doolfato devido a envolvimento das vias olfatórias. Condiçõesneurológicas diversas que causam anosmia incluemhidrocefalia, acometimento da artéria cerebral anteriorpróximo à sua origem, meningite basilar, abscessos do lobofrontal e doença de Refsum. Lobectomias temporais queincluam o córtex piriforme podem causar déficits naidentificação de odores (26).A hiperosmia geralmente é funcional, mas podeocorrer em certos tipos de abuso de drogas e enxaqueca.Alucinações olfativas se devem mais frequentemente apsicose, mas podem decorrer de uma lesão do sistemaolfativo central, geralmente neoplásica ou vascular, ouArq. Int. 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<strong>Anormalidades</strong> <strong>sensoriais</strong>: olfato e <strong>paladar</strong>.Palheta Neto et al.como manifestação de crise convulsiva. As assim chamadascrises uncinadas são crises parciais complexas ou do lobotemporal precedidas de uma aura olfativa ou gustativa,geralmente desagradável, e frequentemente acompanhadas,enquanto o paciente perde a consciência, de movimentosde estalar os lábios e ou de mastigação. Essesataques são tipicamente oriundos de um foco convulsivoenvolvendo estruturas do lobo temporal medial (26).O <strong>paladar</strong> pode ser afetado em casos de lesões donervo facial proximais à saída da corda timpânica. Já no casode distúrbios gustativos permanentes, estes podem sobrevirapós paralisia facial de Bell. Disfunções do <strong>paladar</strong> e doolfato frequentemente ocorrem juntas, pois as anormalidadesdo <strong>paladar</strong> se devem geralmente a disfunção olfativa.Disgeusia pode ser um efeito direto ou indireto de condiçõesmalignas. Hipergeusia e parageusias podem ocorrerem psicoses e no transtorno de conversão (32).Alucinações gustativas podem ocorrer em crisesparciais complexas e nos tumores envolvendo o uncus ouo opérculo parietal e frequentemente ocorrem em conjuntocom as alucinações olfatórias. Pacientes idosos desenvolvempor vezes disgeusia de origem obscura que pode ocasionaranorexia e perda de peso. A sensibilidade gustativa aumentadaocorre em pacientes com doença de Addison, deficiênciada hipófise e fibrose cística. Lesões do nervo lingualpodem causar perda do <strong>paladar</strong> juntamente com perda dasensação exteroceptiva do lado da língua afetado (32).Métodos DiagnósticosA avaliação das alterações do olfato pode ser feitaatravés da apresentação de odores (canela, aguarrás, limão,fumaça, chocolate, rosa, solvente de tinta, banana, abacaxi,gasolina, sabonete, cebola). Cada narina deve ser exploradaseparadamente, e o paciente é interrogado sobre o tipode odor (21, 33).Uma anamnese detalhada deve ser realizada, esclarecendosobre doenças na família, cirurgias anteriores,traumas cranianos, exposição e/ou uso de drogas.Microscopia ou endoscopia pode definir alterações dofluxo aéreo como causa de anosmia (33).A endoscopia nasal é útil no acesso à fenda olfatória,sendo em conjunto com a tomografia computadorizada osmeios mais sensíveis para o diagnóstico de patologiasderivadas da cavidade nasal, seios paranasais e encéfalo. Arinometria apresenta pouco valor diagnóstico, servindoapenas para ilustrar diminuições do fluxo respiratório. Aressonância nuclear magnética é útil para avaliação dobulbo olfatório, tratos olfatórios e causas intracranianas dedistúrbios da olfação (34).TSUKATANI et al em 2005 demonstrou que diferentestestes são concordantes em avaliar se há ou não disfunçãono olfato, mas os testes não são concordantes em avaliar osníveis de hiposmia (34).Nos testes de detecção busca-se a menor concentraçãodo odorífero capaz de ser detectado. São realizadosoferecendo ao paciente dois ou mais estímulos, sendo queapenas um possui substância com odor. Esse tipo deinvestigação mostrou-se mais efetiva que simplesmenteperguntar se um odor pode ou não ser sentido (35).Nos testes de reconhecimento busca-se a menorconcentração do odor capaz de ser reconhecido, sendomais utilizado o método ascendente de limiar. Nesse teste,os odores são apresentados sequencialmente da menorpara a maior concentração e assim estima-se o ponto dereconhecimento do odor (35).Ressalta-se que tanto o teste de detecção como o dereconhecimento são métodos subjetivos e dependem defatores como idade, cooperação do examinado e graus decompreensão do mesmo, com duração média de 20 a 30minutos para sua correta execução (35).BRINER & SIMMEN em 1999 descreveram um teste descreening da olfação utilizando oito disquetes contendodiferentes odores (5), que são abertos para liberar o odore fechados após o teste, sendo atribuído um (01) pontopara cada acerto do paciente. Considera-se como normal osvalores de 6,2 ± 1,0 para o grupo etário entre 18 e 50 anose de 6,0 ± 0,9 para o grupo entre 51 e 80 anos. É ummétodo simples, de rápida execução e elimina o risco decontaminação das mãos do examinador e do paciente peloodor. No entanto, ocorre uma intensa liberação do odor aose abrir o disquete, sendo portanto um teste supralimiar,servindo-se como screnning (36).O “University of Pennsylvania Smell IdentificationTest” (UPSIT) é um teste psicofísico (subjetivo), comampla utilização. São oferecidos 50 odores diferentes aopaciente através de uma cartela que, ao ser riscada, exalaum odor. A seguir são analisadas: intensidade, irritação, frio,familiaridade e agradabilidade (37).O “Modular Smell Identification Test” (MODSIT) éuma variante do método UPSIT, porém com menor custoe tempo de realização do exame, pois são oferecidos 12odores para o paciente que necessita ser alfabetizado paraleitura da cartela (38).São descritos na literatura aparelhos para a medidasubjetiva da olfação como o T&T olfatômetro, que consistede pequenos frascos contendo diluições de 5 diferentesodores, sendo utilizado para determinar o limiar de detecçãoArq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.15, n.3, p. 350-358, Jul/Ago/Setembro - 2011.355


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