12.07.2015 Views

Seu exemplo vai ser seguido. Dirija com responsabilidade. - Detran

Seu exemplo vai ser seguido. Dirija com responsabilidade. - Detran

Seu exemplo vai ser seguido. Dirija com responsabilidade. - Detran

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DETRÂNSITO<strong>Seu</strong> <strong>exemplo</strong><strong>vai</strong> <strong>ser</strong> <strong>seguido</strong>.<strong>Dirija</strong> <strong>com</strong><strong>responsabilidade</strong>.Revista do <strong>Detran</strong>/PR - ano V/ Número 45Álcool e direçãoMistura que leva a muitos acidentesAs vozes do trânsitoO rádio, aliado e amigo do trânsitoParaná reduz acidentes


CartasQuero cumprimentá-los pela revista Detrânsito, conteúdos <strong>com</strong> qualidade e que meauxiliam até nas aulas teóricas bem <strong>com</strong>o nos cursos de renovação.Artur Roscoche dos SantosSão Mateus do Sul – PRQuero externar minha admiração pela excelente qualidade dos assuntos veiculadosna Detrânsito e pela qualidade do papel e fotos. Com certeza é a melhor publicaçãodas que eu conheço sobre o tema. Tomei conhecimento dela, através da Sra. Érica,que é professora do CIENTEC (Curitiba/PR). É inegável a grande contribuição queela presta para melhorar a Segurança Viária. Solicito, se possível, o recebimentoregular dela, <strong>ser</strong>á de grande valia para mim, pois sou educador de trânsito e trabalhotambém na área de fiscalização de trânsito em Erechim (Sou 2º Sargento doComando Rodoviário da Brigada Militar/RS).Lauro Cesar PedotGetúlio Vargas-RSQuero parabenizar a revista Detrânsito. Como instrutor de trânsito em um CFC atenho utilizado <strong>com</strong> freqüência. Mostro aos meus alunos que, mesmo nos dias dehoje, <strong>com</strong> tanta violência em nosso trânsito, existem Estados que investem naeducação e conscientização de trânsito. Acho que todos os Estados deveriam ter umapublicação <strong>com</strong>o esta. Meu muito obrigado a toda equipe da Detrânsito. Parabéns aoestado do ParanáDjeison de CastilhoRio Negrinho - SCEscreva para a Detrânsito:detransito@pr.gov.brEDITORIALA violência toleradaLer é libertar-se das amarras do tempo. Noslibertemos, pois, até chegarmos ao tempo que deufundo às crônicas de Rubem Braga, Nélson Rodriguese Sérgio Porto, nosso Stanislaw Ponte Preta. Linhaapós linha, o leitor <strong>vai</strong> encontrar, nesses quase esquecidosescritos, um Brasil dos anos 1950 e 60, alegrementeperdido em molduras inocentes de retratos embranco e preto; o Brasil das senhoras que trocavammexericos encostadas nas cercas de suas casas; oBrasil da ingenuidade e onde, pelo que parece, amaldade ainda não tinha nascido.Nas páginas dos jornais desta época dourada,afora o necrológio, a morte se fazia praticamenteausente. Por isso, na escassez das tragédias, paraanimar aqueles dias mansos, restava ao cronista abusarda ficção; inventar personagens; passear pelas praiasvazias e de lá tirar elementos para <strong>com</strong>entários diáriosabusados em humor.Mas havia um momento em que o humor davalugar ao dramático, a histórias verdadeiras. Bastavaalguém morrer de tiro ou acidente para que nossoscronistas vertessem para suas linhas consideraçõessobre a fragilidade da vida e seus significados.Verifique que a morte, a vida, neste tempo, nãoestavam entregues ao descaso e nem freqüentavam oprofundo abismo da banalidade aberto em nossasalmas pela indiferença.Nesses escritos do horror, invariavelmenteapareceriam personagens esticados no asfalto,portando em suas mãos velas que outras mãos piedosasali deixaram. Personagens <strong>com</strong> nome, endereço ebiografia. “Fulano morreu atropelado”. Pronto, estavaaí a notícia na redação, razão para o repórter ir aoenterro e <strong>com</strong>parecer à missa. Para os jornais, estefulano certamente não era apenas um candidato anúmero de estatística. Algarismo sem rosto, nome, semhistória, sem laços <strong>com</strong> a <strong>com</strong>unidade. Ah, sim, oincidente <strong>ser</strong>ia investigado e o povo, informado,pediria providências aos órgãos <strong>com</strong>petentes.Voltemos agora ao nosso tempo. Liguemos orádio e a TV, folhemos os jornais e o que encontraremos?Nada. Nada além do que belas estatísticasapontando o número de pessoas que deixaram estemundo por causa de nossa pressa e descaso.“Morreu fulano”, passemos ao largo. Talvez sejamelhor assim. Ao nos depararmos somente <strong>com</strong>números, isso nos aliviará a alma, nos impedirá daparticipação de tragédias, que devem ficar restritasapenas à família ou aos mais próximos da vítimaindividualizada em dígitos.Neste contraste temporal, há de se ob<strong>ser</strong>var queem algum tempo, e não sabemos <strong>com</strong>o, perdemos acapacidade de nos <strong>com</strong>over. Perdemos a capacidade dever nos números os rostos das pessoas e os dramas nelesrepresentados. A verdade é que crescemos na indiferença,provocada por uma sociedade fundamentada numindividualismo cada vez mais absurdo.Assim, morrer em acidente de trânsito, ou de tiro,seja lá <strong>com</strong> qual idade e sonhos, virou algo tão banalquanto dobrar uma esquina. Nas redações, hoje semcronistas, algum jornalista apanhará esses números e, sehouver espaço, irá publicá-los, <strong>com</strong> os devidos <strong>com</strong>entáriosdos especialistas no assunto, que apontam sempreas mesmas causas para a tragédia anunciada e repetidanesses dias tão ao gosto da loucura.Nesta revista, o leitor encontrará por certonúmeros e estatísticas, mas não queremos que elessejam vistos somente assim. Aqui, cada número tem umnome <strong>com</strong>o nas crônicas antigas. É o João, pai defamília, que perdeu a vida por imprudência de algunsmeninos que faziam um racha. É a Magali que estáparaplégica porque um irresponsável bebeu na balada eprovocou um acidente. É o Jorginho, criança de 4 anos,que foi atropelado quando voltava do culto dominicaljunto <strong>com</strong> seus pais.É possível que tenhamos perdido a ternura ecaminhemos por aí <strong>com</strong> nossas almas de concreto easfalto. Afinal, a violência é tanta. Entretanto, há de sefazer um esforço em busca desta grande capacidadehumana que consiste em revoltar-se <strong>com</strong> as injustiças eabusos.Cremos que a lucidez ainda não deixou de vez estemundo e é por isso que vamos sempre insistir nessecontar contínuo de tragédias. Vamos sempre dizer que épossível um mundo sem elas e que cabe a nós, cronistase leitores, enfim brasileiros, dar fim à violência,qualquer que seja ela.Lendo esta revista deixe o pensamento ir além: aviolência até pode existir, mas jamais deve <strong>ser</strong> tolerada.Expediente:Detrânsito é uma publicação do <strong>Detran</strong>/PR, ano V, nº 45, abril/maio 2007.Editor: jornalista José Fernando da Silva (DRT – 3936)Impressão, Imprensa Oficial/ Tiragem: 30 mil exemplaresProjeto gráfico e editoração – Almir Feijó<strong>Detran</strong>/PR – Diretor Geral: David Antonio Pancotti3


Um grande contribuintedo aquecimento globalCel. David Antônio Pancottié Diretor Geral do <strong>Detran</strong>/PRAquecimento global é o assunto que está em pauta na imprensa epreocupa a população. Refere-se ao aumento excessivo da temperatura devido aoburaco na camada de ozônio. A variação da irradiação solar contribui cerca de45% <strong>com</strong> o aquecimento global.A poluição excessiva é o fator que mais contribui para o aquecimentoglobal. Os veículos são responsáveis por 40% da poluição, o qual é gerado pelogás eliminado, monóxido de carbono (CO). Além disto, os veículos geramenergia que também contribui para o aquecimento global. Quanto mais antigo oveículo for, mais gases poluentes ele <strong>vai</strong> emitir. No Paraná, a frota de veículos<strong>com</strong> mais de dez anos soma 47,46% do total de pouco mais de 3,5 milhões deveículos.Para prevenir a liberação excessiva de CO, é extremamente importanterealizar uma manutenção periódica no veículo. O Código de Trânsito Brasileiro(CTB) prevê a inspeção técnica veicular obrigatória, para fiscalizar as condiçõesde con<strong>ser</strong>vação dos veículos. Esta modalidade infelizmente ainda não estáregulamentada, o que permite que muitos carros circulem <strong>com</strong> a lataria, o motor,os equipamentos de segurança e de controle de poluentes <strong>com</strong>prometidos.O <strong>com</strong>bustível mais poluente é o diesel utilizado principalmente porcaminhões e camionetas. Um meio econômico de diminuir a poluição gerada porestes veículos são os <strong>com</strong>bustíveis alternativos, <strong>com</strong>o os bio<strong>com</strong>bustíveis, feitosde cana-de-açúcar, milho, soja, e o Gás Natural Veicular (GNV), que é utilizadopor apenas 37 veículos em todo o estado do Paraná. Os demais veículos utilizam a<strong>com</strong>binação de GNV <strong>com</strong> outro <strong>com</strong>bustível, que também não deixa de <strong>ser</strong> umamaneira econômica de ajudar, ao menos de vez em quando, o meio ambiente. Ausina de Itaipu desenvolveu um veículo movido a energia que não solta nenhumpoluente atmosférico. É uma maneira barata de pre<strong>ser</strong>var o meio ambiente, sófalta agora este veículo chegar no mercado automobilístico <strong>com</strong> a mesmafacilidade que é oferecida à <strong>com</strong>pra dos carros populares.Outro problema ocasionado pelo excesso de poluição é a inversãotérmica. Ela ocorre quando o sol esquenta o solo e o ar quente, por <strong>ser</strong> menosdenso, sobe e dá espaço para o ar frio, que é mais denso e fica embaixo. O excessode poluição não permite a troca do ar frio <strong>com</strong> o ar quente. O ar quente sobe <strong>com</strong>os poluentes e formam uma névoa de gases poluentes, que são prejudiciais àsaúde. Isto ocorre diariamente nas grandes metrópoles devido a grandequantidade de veículos nas ruas se intensificam ainda mais no inverno.A quantidade de veículos nas ruas da capital do Paraná e de diversasoutras cidades do Brasil é assustadora. Em Curitiba, a frota por habitanterepresenta 54,33%. Este número mostra que para cada dois moradores deCuritiba, um possui veículo. A tendência deste número é aumentar cada vez mais.Com um crescimento de 0,56% ao mês, é previsto que até o final de julho a frotacuritibana alcance a marca de um milhão de veículos, o que preocupa, pois embreve a estrutura viária da capital não irá <strong>com</strong>portar a quantidade de veículoscirculantes nas vias.Uma das possíveis medidas a <strong>ser</strong>em adotadas para evitar um transtorno eum caos maior é o rodízio de carros, já adotado por São Paulo. Outra opção <strong>ser</strong>iaorientar a população a utilizar o transporte coletivo, mas para isto é necessárioaumentar a frota para que o tempo gasto dentro dos ônibus e o conforto de utilizálospossam existir.A carona é outra solução para reduzir o número de carros em circulação.Para isto, basta apenas ter uma rota que se concilie <strong>com</strong> o caminho do vizinho e<strong>com</strong>binar a carona. Com certeza são métodos fáceis, simples e baratos paradiminuir a circulação de carros nas vias, juntamente <strong>com</strong> a poluição emitida porestes veículos.NOTAS DO DETRAN<strong>Detran</strong> realiza leilãoem Foz do IguaçuO <strong>Detran</strong>/PR realizou um leilãode 858 veículos de 38 municípios, no dia13 de junho em Foz do Iguaçu. Foramvendidos todos os lotes e o total daarrecadação foi de R$ 666.754,00, que<strong>ser</strong>viu para pagar os débitos dos veículosleiloados, <strong>com</strong>o impostos atrasados emultas de trânsito.Os veículos leiloados pelo<strong>Detran</strong>/PR são apreendidos em blitze evendidos em condição de sucata paraferro-velho que estejam cadastradosjunto ao <strong>Detran</strong>/PR. Quando o proprietáriotem o veículo apreendido, ele tem até90 dias para regularizar a situação dedébitos do veículo e retirá-lo do pátio.Passado o prazo, o veículo pode ir a leilãoa qualquer momento, mas não sem antesde uma <strong>com</strong>unicação formal ao proprietário<strong>com</strong> uma segunda chance deregularização.Comunidade e TrânsitoO <strong>Detran</strong>/PR realiza váriasreuniões nos diversos municípiosparanaenses para expandir o projeto Comunidadee Trânsito. Essas reuniõespretendem mobilizar a população localpara a criação de uma <strong>com</strong>issão detrânsito.Em duas horas são abordados ostemas Educação para o Trânsito, o que é oprojeto e quais os benefícios que trarãopara a <strong>com</strong>unidade e trânsito locais.Logo após são formadosnúcleos para a discussão de propostaspara reduzir o número de vítimas notrânsito.Treinamento de infraçõesO <strong>Detran</strong> está treinando osfuncionários de todas as Ciretrans paracapacitação e conhecimento sobreinfrações. No total, 200 funcionáriosparticiparão do curso, sendo dois de cadaCiretran. As Ciretrans de Londrina,Cornélio Procópio, Francisco Beltrão eCascavel foram sede dos primeirostreinamentos. Pela manhã os funcionáriosaprendem a parte teórica de <strong>com</strong>o funcionao sistema de multas, o Registro Nacionalde Infrações (Renainf), <strong>com</strong>o identificar oórgão emissor da infração, entre outros. Àtarde a capacitação é prática; os funcionáriosaprendem a cadastrar e a consultar asmultas no sistema, encaminhar e ajudar apreencher recursos, etc.COMPORTAMENTOÁlcool e direção: um crime de trânsitoMisturar bebidas alcoólicas <strong>com</strong> direção pode <strong>ser</strong> a causa de muitos acidentes gravíssimosJoão Kopytowski, desembargadordo Tribunal de Justiça do Paraná,defende que todo causador deacidentes de trânsito, <strong>com</strong> vítimas,deva <strong>ser</strong> julgado no Tribunal doJúriDe acordo <strong>com</strong> o artigo 165 doCódigo de Trânsito Brasileiro (CTB)dirigir sob influência de álcool é crimede trânsito. No ano passado, emCuritiba foram registrados 500 acidentesde trânsito em que ao menosum motorista apresentava sinal deembriaguez. Neste ano, até o mês deabril, este número chegou a 108.Quando o condutor embriagado seenvolve em acidente que resulta emmortes, o processo é encaminhadopara um juiz da Vara de Delitos deTrânsito, que pode concluir o processoou apresentá-lo a um promotorque irá analisar se o caso deve ou não<strong>ser</strong> julgado no Tribunal do Júri (verbox).O primeiro desembargador a defenderos acidentes de trânsito <strong>com</strong>odolo eventual no Brasil foi OctávioCésar Valeixo, no Paraná. Depois dele,muitos desembargadores abraçarama causa, mas <strong>com</strong> o tempo, o ato4 5Foto: Vanussa PopoviczVanussa Popoviczde dirigir embriagado e outros crimesde trânsito deixaram de <strong>ser</strong> levadosa júri popular. “Acredito que só ofato do culpado sentar no banco dosréus perante advogados, juiz, promotores,faz <strong>com</strong> que ele sofra uma puniçãomoral”, diz o desembargador doTribunal de Justiça do Paraná, JoãoKopytowski. Ele defende que todocausador de acidentes de trânsito,<strong>com</strong> vítimas, deva <strong>ser</strong> submetido aoTribunal do Júri.” Pois, ao enfrentaro Tribunal, o culpado tem a possibilidadede receber uma pena maior”, ob<strong>ser</strong>vaKopytowski.Pra tentar coibir a prática de dirigirembriagado, a lei federal11.275/06 permite que o agente detrânsito, verificados os sinais de embriaguez,autue o condutor, mesmoque ele se negue a realizar o teste dobafômetro. Para isto é necessário quehaja testemunhas. Um dos meios de<strong>com</strong>provar a inocência é aceitar ouso do etilômetro (aparelho utilizadopara medir o índice de álcool no sangue).O <strong>com</strong>andante geral doBatalhão da Polícia de Trânsito deCuritiba (BPTran), coronel EduardoTachibana, explica que os efeitos doálcool são relativos. “Depende muitodo tanto que a pessoa está acostumadaa beber e do tamanho da pessoa”,afirma. Um <strong>exemplo</strong> <strong>com</strong>um que ocoronel Tachibana cita é o pai de famíliaque bebe na casa de um amigoou parente nos finais de semana.“Apesar de dirigir embriagado ele<strong>vai</strong> ter mais cautela porque <strong>vai</strong> pensarna família dele, mas nem por istodeixa de <strong>ser</strong> imprudente”, afirma.O médico especialista em tráfegoAlberto Sabag explica que o álcoolage no sistema nervoso central, inibindoo bom funcionamento do cérebro,principalmente nas funções de recebere interpretar os mais simples si-


nais. “A receptação de perceber e reagirno tempo certo fica prejudicada. Oálcool deixa as percepções de tempo,espaço e velocidade distorcidas”, afirma.Além dos reflexos e da coordenação,o álcool também diminui a capacidadeda visão. A pessoa perde a capacidadede ver e <strong>ser</strong> visto no trânsito,que é uma das principais regras daDireção Defensiva.Sabag afirma que o álcool contribuipara um índice maior de mortalidade.“Uma pessoa alcoolizada fica<strong>com</strong> os vasos sanguíneos dilatados.A pessoa não consegue fazer<strong>com</strong> que a pressão arterial se estabilizee fica mais frágil”, explica. Umapesquisa feita pela AssociaçãoBrasileira de Medicina de Tráfego(ABRAMET), cita que “ dados sobrea sobrevivência dos condutores e passageirosembriagados eram desconhecidosaté há pouco tempo. Tratasedo seguinte: para um mesmo impactofísico, todas as outras variáveismantidas constantes, quanto mais oindivíduo tiver bebido, maior suachance de morrer. Isso porque, ummesmo impacto causa mais ferimentosnuma pessoa que bebeu”.Uma das maiores vítimas da perigosamistura de álcool e direção, segundoSabag, são os jovens. “Eles saem paraas baladas, ingerem uma quantidadegrande de bebidas alcoólicas. Depois,muitos ocupam o mesmo carro e <strong>com</strong>um embriagado no volante. Isto se tornaum grande fator de risco”, afirma. Ocel. Tachibana delimita a faixa etária deacordo <strong>com</strong> a quantidade de acidentesatendidos em Curitiba. “São jovens entre18 a 25 anos”, afirma. Outra vítimafrágil da embriagues é o dependente,que já possui grande parte do organismodebilitado.Um dos fatores para o alto consumode álcool <strong>ser</strong>ia a facilidade na<strong>com</strong>pra deste produto. “Não existecontrole de venda no Brasil. A fiscalizaçãofica a critério das pessoas queestão em volta de quem <strong>com</strong>pra a bebida.Em alguns países quem vende abebida também tem <strong>responsabilidade</strong>nas conseqüências”, diz Sabag,que identifica que as mulheres estãoconsumindo cada vez mais bebidasalcoólicas. “As propagandas estãomais focadas nas mulheres”, analisa.Foto: BPtranCoronel Eduardo Tachibana, <strong>com</strong>andantedo BPTran: “A melhor atitude a <strong>ser</strong> tomadaem caso de embriaguez é esperar o efeitopassar ou pedir carona a alguém que nãotenha bebido”A pesquisa da ABRAMET confirmaque as mulheres são mais frágeisaos efeitos do álcool, devido àmassa corpórea, assim <strong>com</strong>o os jovensmenores de 18 anos e as pessoasacima dos 60 anos. A ingestão de bebidasalcoólicas <strong>com</strong> o estômago vaziotambém contribui para que o efeitodo álcool aconteça mais rápido.O coronel Tachibana explicaque a melhor atitude a <strong>ser</strong> tomada emcaso de embriaguez é esperar o efeitopassar ou pedir carona a alguém quenão tenha bebido. “Tomar banhofrio, café amargo ou suco de couvepara cortar os efeitos do álcool sãomitos. O máximo que pode acontecernestas situações é a pessoa ficarmais acordada, nada além disto”, afirma.A eliminação do álcool no corpoé lenta e, assim <strong>com</strong>o na quantidadede consumo, varia de acordo <strong>com</strong>a estrutura e costume do indivíduo. Épossível detectar o álcool no organismoum dia depois da ingestão. A pesquisada ABRAMET mostra que a eliminaçãodo álcool pelo organismo“pode variar de 0,08% a 0,22% porhora, de acordo <strong>com</strong> o funcionamentodo fígado (que é o responsável pelaquase total degradação do álcoolingerido). Admite-se, porém, que amédia de eliminação seja de 0,15%por hora”.Para inibir os acidentes causadospelo consumo excessivo de álcool,Tachibana tem projetos de fiscalizaçãointensa na capital. “Vou trabalharpara o trânsito ficar <strong>com</strong> índicesde acidentes aceitáveis. Os acidentesirão acontecer por acaso e não por im-prudência”, afirma.No ano passado, no Paraná, foramregistrados 3.012 infrações pordirigir sob influência de álcool em nívelsuperior ou entorpecente. “OBPTran <strong>vai</strong> continuar atento paraaplicar as leis <strong>com</strong> rigor, principalmentenas infrações que contribuempara o aumento dos índices de acidentesde trânsito, <strong>com</strong>o é o caso daembriaguez”, diz o coronelTachibana.Outras drogasEm casos de consumo de substânciasilícitas, o condutor é flagrado pelasatitudes e pelo nervosismo. Nestescasos o etilômetro não resolve. O condutoré encaminhado para o InstitutoMédico Legal (IML) e lá realiza oexame de sangue que <strong>vai</strong> ou não <strong>com</strong>provaro uso de entorpecentes. Casoele não efetue o procedimento, pode<strong>ser</strong> autuado pelo agente diante de testemunhas,<strong>com</strong>o no caso da bebida alcoólica.O uso de medicamentos controladosque alteram os sinais de reflexotambém se enquadra no artigo 165.“Mas uma pessoa que toma remédiosfortes tem consciência da sua real situaçãoe geralmente chama alguémpara levá-la a determinado lugar oufica em casa, já <strong>com</strong> o intuito de evitarqualquer possível acidente”, es-clarece Tachibana.“Vários países têm adotado medidasrestritivas <strong>com</strong> relação ao atode dirigir após ingestão de álcool.Desde 1974, os Países Baixos adotam<strong>com</strong>o alcoolemia máxima admissível0,5%, assim <strong>com</strong>o aFinlândia, a Grécia, a Noruega e aBélgica atualmente utilizam esse parâmetro.A Suécia 0,2% e Portugal0,4%, e a Alemanha, em caso de acidente,0,3%. Desde 1989 a UniãoEuropéia sugeriu adotar 0,5%.Alguns países ainda admitem 0,8%,mas a tendência é que essa taxa sejaprogressivamente reduzida,” informaa ABRAMET.O julgamento de crime de trânsitoQuando ocorre um acidente de trânsito, o processo é aberto e encaminhado parao juiz da Vara de Delitos de Trânsito. Se o juiz condenar, o réu pode recorrerao Tribunal de Justiça, onde três desembargadores avaliam se realmente foi homicídioculposo.Em caso de dolo eventual (quando o agente sabe das conseqüências, mas nãose importa <strong>com</strong> os possíveis resultados), há uma denúncia de um promotor, osautos são encaminhados para o Tribunal do Júri e quem avalia a sentença sãoos jurados. O culpado também pode recorrer da sentença junto ao Tribunal deJustiça, que irá rever o caso e confirmar ou alterar a decisão.6 7


INTERNACIONALCarros pretossofrem maisacidentesCarros pretos têm maior probabilidade de seenvolverem em acidentes, enquantoos automóveis de cor branca são os maisseguros, concluiu estudo australianoNOTASAcidentes em carros pequenos matamquatro vezes maisPesquisa realizada na Grã-Bretanhaconcluiu que, apesar de <strong>ser</strong> mais seguropara seu próprio motorista, um carrogrande e moderno é muito mais perigosopara o ocupante do outro carroenvolvido no acidente. Motoristasatingidos por carros grandes têm duasvezes mais chances de morrer do quese o outro carro for menor. A pesquisafoi realizada pelo Laboratório dePesquisa de Transportes (TRL, na siglaem inglês) para o Depar-tamentode Transportes da Grã-Bretanha.Segundo o estudo, motoristas têm46% mais chances de morrer em umacidente se o outro carro for registradoentre 2000 e 2003 do que se forematingidos por um veículo mais antigo,fabricado entre 1988 e 1991.Maiores e mais pesadosOs carros modernos têm mais acessóriospara segurança, <strong>com</strong>o múltiplosairbags, proteção para colisõeslaterais e carrocerias mais fortes. Oproblema é que esses extras tornamos carros atuais cerca de 20% mais pesadosdo que os veículos fabricadoshá dez anos. Os fabricantes tambémaumentaram o tamanho dos veículospara atender a demanda por carrosmaiores e mais possantes. O Golf modernoda Volkswagen, por <strong>exemplo</strong>,é meia tonelada mais pesado do queo modelo original de 1976, além de<strong>ser</strong> 60 centímetros mais longo e 12centímetros mais alto. Isso significaque, no caso de uma colisão lateral,há mais chances de que a estrutura deum veículo moderno esteja localizadaacima da estrutura de um carro menor.Sem a proteção da parte mais forteda estrutura, o motorista do veículomenor tem mais chances de morrerno acidente.Acidentes não diminuem"As melhoras vieram a um custo: umcarro mais moderno tende a <strong>ser</strong> maisagressivo do que um carro mais velhono caso de uma colisão", aponta oestudo britânico.Segundo o TRL, ofato de que os carros mais modernossão mais seguros para seus própriosocupantes e mais perigosos para osoutros ajuda a explicar porque asmortes no trânsito não caíram significativamentenos últimos anos. Em1998, 1.696 ocupantes de veículosmorreram em acidentes na Grã-Bretanha, <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> 1.675 em2005, uma redução de apenas 1.2%.Os carros modernos costumam ter resultadosmelhores em testes de colisãodo que em 1998. Mas esses testesmedem apenas o quanto o veículoprotege seus ocupantes e pedestres,mas não a destruição que causa emoutros veículos. Grupos de segurançano trânsito pediram para que a indústriaautomobilística realize testesextras para medir o risco que um carroapresenta para ocupantes de outrosveículos.O perigo da Sexta-feira 13As incidências de acidentes de carro são maiores nas sextasfeirasque caem no dia 13 do qualquer outro dia do mês, de acordo<strong>com</strong> pesquisa de uma <strong>com</strong>panhia de seguros britânica. O índicede acidentes, curiosamente, é 13% maior quando o dia 13 domês cai numa sexta-feira, tornando o dia o mais azarado paramotoristas de carro. O estudo da Norwich Union foi feito <strong>com</strong>base em estatísticas de acidentes notificados por seus clientes entre2002 e 2006 - período em que foram registradas seis sextasfeirascaindo em dias 13. Quando o dia 13 cai em qualquer outrodia da semana, o número de acidentes notificados à seguradorapor motoristas chega a <strong>ser</strong> inferior à média dos outros dias. "Nossaanálise sobre os dias perigosos para dirigir deu algum créditoàs supertições das pessoas em torno da sexta-feira 13", disseNigel Bartram, da Norwich Union.O centro de pesquisas de acidentesda Universidade Monash deMelbourne examinou a relação entre17 cores de veículos e o risco de batidas.Ao analisar dados da polícia dedois Estados australianos, o relatórioacabou apontando a existência deuma relação estatística significativa.“Comparado <strong>com</strong> os carrosbrancos, diversas cores estão associadasao maior risco de batidas", informouo relatório publicado no sitedo centro.“Estas cores são geralmenteaquelas <strong>com</strong> menor índice de visibilidadee incluem a preta, azul, cinza,verde, vermelha e prata."Os pesquisadores descobriramque há 12 por cento a mais dechance de se ter um acidente em umcarro preto durante as horas do dia doque <strong>com</strong> um veículo branco. Depoisdo preto, a cor de automóvel <strong>com</strong> omaior risco é a cinza, seguida pelaprata, azul e vermelha."Todos os resultados estatisticamentesignificativos são para ascores baixas no espectro de visibilidadeou baixas em contraste em relaçãoàs cores das estradas, <strong>com</strong>o o cinzada superfície de rodovias", escreveuno relatório o líder da equipeStuart Newstead.O estudo foi baseado em dadosdo Estado de Victoria envolvendo102.559 motoristas acidentadosem veículos de modelos fabricadosentre 1982 a 2004 e do Estado daAustrália Ocidental <strong>com</strong> dados decerca de 752.699 motoristas em carrosfeitos entre 1982 e 2004.Comportamento para um dia sem sorte"Embora seja difícil dizer ao certo porque isso ocorre, uma razãopode <strong>ser</strong> que as pessoas mudam sua atuação ao volante emresposta a um dia visto <strong>com</strong>o 'azarado'. Na verdade, mudar o<strong>com</strong>portamento ao volante numa reação ao que é visto <strong>com</strong>o risco- e não a um risco real <strong>com</strong>o neve ou gelo (na pista, que podelevar a derrapagens) - não se traduz necessariamente em direçãomais segura", concluiu Bartram. Ele acredita que ao alterarseu <strong>com</strong>portamento para mudar 'a sorte', os motoristas podemconfirmar a crença de que alguma coisa ruim <strong>vai</strong> acontecer. Odia mais seguro, aparentemente, é o dia 26 do mês. Nesta data, onúmero de notificações de motoristas à seguradora britânicacostuma ficar 8% abaixo da média diária.8 (BBC - organização das notas: Jeniffer Costa Pimenta) 9


Foto: Corpo de Bombeiros do PRSAÚDEQuando a dor mistura-se ao canto dos pássarosAmbulância do Siate deixa o hospital Cajuru para mais uma missão de socorroAnderson Maciel“Doutor, meu filho estábem? Ele está muito machucado?Por favor, diz que ele está bem!”, assimuma mãe aguarda notícias sobreo estado de saúde do filho, que acabarade sofrer um acidente de trânsitoe fora encaminhado para o ProntoSocorro do Hospital Cajuru. Para alívioda mãe, até então muito apreensivae angustiada, na sala de espera doPronto Socorro, seu filho não contava<strong>com</strong> nenhum ferimento grave.Porém, os cortes e arranhões sofridospor ele, após uma queda de motocicleta,refletem um pouco da rotinaem uma emergência de hospital.A revista Detrânsito a<strong>com</strong>panhouum plantão médico para verde perto o que os dados estatísticossobre acidentes de trânsito tentammostrar por meio dos números. NoDetrânsito a<strong>com</strong>panha 12 horas de agitaçãono Pronto Socorro de um Hospital em Curitibadia 28 de abril, um sábado de temperaturasbaixas, às 19h iniciava o turnoda equipe, que pelas 12 horas seguintesestaria incumbida de atenderas emergências do Pronto Socorro doHospital Cajuru. Em respeito às regrasdo hospital e aos pacientes, osnomes das vítimas de acidentes aquirelatadas foram omitidos, assim <strong>com</strong>oas imagens internas do hospital.Nos primeiros 45 minutosde plantão tudo tranqüilo. Apenas oatendimento de rotina aos pacientesque já estavam na emergência. Nadamuito grave. “Estamos na véspera deum feriadão. Sábado gelado. Dia atípico,hoje provavelmente <strong>vai</strong> <strong>ser</strong>light”, previa o médico plantonista,Gleicon Oliveira. Mas, Gleicon já haviadito anteriormente que acidentede trânsito, apesar de alguns picos deincidência, não tem hora nem localmarcado para acontecer.Tão logo <strong>com</strong>eçou a soar assirenes das primeiras ambulâncias, acalmaria prevista deu lugar à correria<strong>com</strong>um de um Pronto Socorro de hospital.Em menos de uma hora registrou-sea entrada de quatro pessoas feridasem decorrência de acidentes detrânsito. Excluindo as eventualidadesdos três acidentes que resultaramestas quatro vítimas, todos apresentamalgumas características em <strong>com</strong>um:desatenção e imprudência.Os primeiros a chegar, ummotociclista e um motorista de carro,envolveram-se em acidentes diferentes,mas os dois <strong>com</strong>eteram errossemelhantes: não utilizavam os equipamentosde segurança da maneiracorreta. O primeiro utilizava o capa-cete sem estar <strong>com</strong>pletamente presoe ajustado na cabeça. Na colisão <strong>com</strong>um carro, o capacete se desprendeu,o que resultou em um corte profundona nuca do motociclista. Já o segundonem ao menos fazia o uso do cintode segurança. Resultado: em uma colisão<strong>com</strong> a traseira de um outro carro,sobrou para o condutor “esquecido”um corte na testa, outro no queixoe o peito marcado pelo volante docarro.No último dos três acidentes,um motorista cansado dormiu aovolante e bateu <strong>com</strong> seu carro na traseirade outro veículo. Para o dorminhocosobrou sorte, já que teveapenas algumas escoriações e empouco tempo já estava liberado pelosmédicos. “Cometi um erro grave.Trabalhei dois turnos <strong>seguido</strong>s, estavamuito cansado e <strong>com</strong> bastante sono.Jamais deveria ter pegado no volante.Pena que tive que aprender a liçãodo pior jeito. Da próxima vez talveza sorte não esteja do meu lado.Melhor não arriscar”, confessou omotorista, já acordado e conscientedo erro <strong>com</strong>etido. Para a vítima docarro da frente, além do azar de terseu carro batido, faltou juízo, pois,mesmo sem culpa direta pelo ocorrido,ela não utilizava o cinto de segurança,contribuindo ainda mais paraque a sorte ficasse apenas <strong>com</strong> o motoristadorminhoco. Mesmo sem ferimentosgraves, ela teve que permanecerem ob<strong>ser</strong>vação no hospital, jáque <strong>com</strong> a colisão ela bateu a cabeçacontra o volante do automóvel.As horas passam, já é madrugada,e mais vítimas chegam aohospital. Depois de passar pela entradado Pronto Socorro e receberemos primeiros cuidados, elas são encaminhadasou para o setor de sutura,ou para o setor de radiografia. Logodepois as vítimas de acidentes detrânsito recebem a visita deLeonardo Caraiola, que trabalha nosetor de atendimento do seguroDPVAT do Hospital Cajuru. “É precisopegar os dados da vítima, paraque se possa dar entrada no seguroobrigatório (DPVAT). Essa parte domeu trabalho tem dois lados muito interessantes.É <strong>com</strong>plicado conversar<strong>com</strong> uma pessoa que acabou de sofrerum acidente de trânsito, muitasvezes é até impossível em razão do escasosem que o motorista embriagado,além de causar o acidente, ainda resistea receber atendimento médico, tumultuandotodo o Pronto Socorro”,<strong>com</strong>pletou Gleicon.Ainda durante o plantão, outroscondutores alcoolizados foramatendidos. Um deles bateu o carrocontra um muro. No acidente, sua filhaque estava no banco traseiro, semo cinto de segurança, foi lançada contrao pára-brisa. Apesar do grave acidente,tanto o pai quanto a filha não tiveramferimentos graves, mas a criançapermaneceu em ob<strong>ser</strong>vação. “Osusto foi grande. Foi uma enorme ir<strong>responsabilidade</strong>colocar em risco avida da minha filha desta maneira”.Outros dois motociclistasembriagados não puderam contar<strong>com</strong> a mesma sorte e chegaram aohospital em estado grave. Um deles,em <strong>com</strong>a, foi direto para UTI e o outro,em razão de ter sofrido fraturasno fêmur, esperava a hora de entrarna sala de cirurgia. Ambos não fugiramdo que Gleicon havia dito e alémdeles próprios, também vitimaramos passageiros das motos que conduziam.“Eu vi que ele estava bêbado,mas acabei aceitando a carona.Talvez se eu tivesse ido a pé já estariaem casa e não aqui no hospital <strong>com</strong> aperna machucada e sentindo muitador”, dizia o passageiro do motociclistaem <strong>com</strong>a. Leonardo semprealerta os passageiros sobre as <strong>responsabilidade</strong>sque eles devem ter<strong>com</strong> o trânsito e zelar pelas própriasvidas. “O passageiro tem que fazer opossível e o impossível para que apessoa alcoolizada não dirija. E jamaisse arriscar <strong>com</strong>o carona de ummotorista embriagado”, re<strong>com</strong>endou.Manhã de domingo, 7h, diaclaro. Equipes do hospital se movimentandopara a troca de turno. Quaseuma hora sem ocorrência alguma deacidente de trânsito. A calma estavatanta que era possível até escutar ospássaros cantando do lado de fora dohospital. Mas aqui a paz é passageira.De repente, soa mais uma vez a sireneda ambulância, que traz duas jovens,vítimas de mais um acidente. Uma delas,a motorista, chegou inconsciente.Sua colega, que estava no banco do10 11


passageiro contou <strong>com</strong>o foi o acidente.“Saímos de uma festa. Eu disse aela para passar a direção a alguém quenão tivesse bebido. Ela é muito teimosae insistiu em dirigir. Eu cochilavano banco do passageiro e quando vi jáestava sendo socorrida pelo Siate”. Amotorista após recuperar a consciência,confessou ter dirigido alcoolizada,e pior, é mais uma que <strong>vai</strong> entrarpara a desagradável lista dos motoristasque não utilizavam o cinto de segurança.As conseqüências de tantos abusosficaram visíveis. A motorista alcoolizadae sem cinto de segurança tevevários ferimentos, quebrou o braço euma costela. A colega que utilizava ocinto de segurança nada sofreu alémdo susto. Mas uma lição ela disse teraprendido. “Se o motorista bebeu equis arriscar sua vida, o problema édele. Vou insistir para que ele não dirija.Mas se não conseguir, eu pego umtáxi. Nunca mais quero passar por isso”.“Como eu havia dito, hojeera um dia atípico. Não é todo dia queescutamos os pássaros cantando aoamanhecer. Final da madrugada coincide<strong>com</strong> o fim da 'balada', e isso significaque ainda há muito trabalho afazer. Infelizmente, sempre tem o acidentede fim de festa”, diz Gleicon.Ao final do plantão em que estavamtrabalhando Gleicon e Leonardo, foramcontabilizadas 18 vítimas de acidentesde trânsito. As duas jovensque se acidentaram na saída da “balada”entraram na contagem do turnoiniciado às 7h do domingo.Dezoito pessoas vítimas deacidentes de trânsito foi consideradoum número baixo para quem estáacostumado <strong>com</strong> os plantões de umsábado à noite. Mas mesmo assimnão deixa de impressionar, aindamais se considerarmos que seispessoas conduziam os veículos apósingerirem bebida alcoólica, sete nãoestavam utilizando o cinto desegurança e dois não estavam <strong>com</strong> ocapacete enquanto transitavam emmotocicletas. Por isso, as re<strong>com</strong>endaçõesde Leonardo caem <strong>com</strong>o umaluva neste momento. “Escutoalgumas pessoas dizerem que cintode segurança é um detalhedispensável. Sempre retruco que éum detalhe que faz muita diferença. Aprincipal é que se ele utilizasse, muitoprovavelmente não estaria aqui naminha frente.”EDUCAÇÃODe volta às salas de aulaRenovação da carteira de motorista requer atualização de conhecimentosAnderson Macielmentos do Departamento de Trânsitodo Paraná (<strong>Detran</strong>/PR), até o dia primeirode maio de 2007, 138.387 condutoresjá haviam realizado a provade renovação.mentos que contribuem para uma melhoriado trânsito, também se possibilitauma maior uniformidade entreos motoristas, já que o atual CTB estabelece,para todos os candidatos àobtenção da 1ª habilitação, aLápis e caneta em mãos. A últimarevisada nas apostilas para conferira matéria. E pronto, agora é sóesperar a hora de entrar na sala, afinal,hoje é dia de prova! Mas não precisaficar nervoso, trata-seapenas de um teste simples,rápido e fácil para a renova-A prova para renovação daobrigatoriedade de freqüentarcurso básico de primeirosção da Carteira Nacional de CNH é uma das determinações socorros e direção defensiva,Habilitação (CNH), e ao contráriodo que muita gente pen-da resolução 168 do Conselho uma prova para testar o<strong>com</strong>o também a realização desa, esta é uma prova teórica, e Nacional de Trânsito (Contran), aprendizado destes temas.não <strong>ser</strong>á preciso exame prático,<strong>com</strong>o o de 1ª habilitação,George Luiz Morsalik (55)e <strong>com</strong>eçou a <strong>ser</strong> aplicada acredita <strong>ser</strong> <strong>responsabilidade</strong>tão temido e motivo de arrepiosnos candidatos.atualizar seus conhecimentosno Paraná em 2006.de todo motorista procurarA prova para renovaçãoda CNH é uma das determina-O objetivo desta prova é fa-do trânsito e por isso a prova não re-e contribuir <strong>com</strong> a melhoriações da resolução 168 do Conselho zer <strong>com</strong> que os motoristas habilitadosantes de 21 de janeiro de 1998, ças. “Foi muito tranqüilo, até maispresentou nenhum bicho de sete cabe-Nacional de Trânsito (Contran), e <strong>com</strong>eçoua <strong>ser</strong> aplicada no Paraná em quando entrou em vigor o atual do que eu esperava. É preciso fazê-la2006. Eram previstos que 2,1 milhõesde motoristas passassem por es-(CTB), atualizem seus conhecimen-outro resultado possível que não sejaCódigo de Trânsito Brasileiro <strong>com</strong> calma e atenção, assim não háte novo método de renovação em todoo estado. De acordo <strong>com</strong> levanta- socorros. Além de oferecer conheciristahabilitado desde 1970 e que, patosde direção defensiva e primeiros a aprovação”, afirma Morsalik, moto-12 Socorristas do Siate atendem mais um motociclistavítima de acidente de trânsito em Curitiba13Foto: Corpo de Bombeiros do PRFoto: Anderson MacielA prova para renovação da CNH <strong>com</strong>eçoua <strong>ser</strong> aplicada no Paraná em 2006


a se preparar para o teste, utilizou asapostilas oferecidas gratuitamentena página do <strong>Detran</strong>/PR na internet(www.detran.pr.gov.br). “O acessoao conteúdo foi muito simples.Entrei no site do <strong>Detran</strong> e pude ler alimesmo, na tela do <strong>com</strong>putador asapostilas, que por sinal são de fácilleitura”. As apostilas também sãovendidas nos postos de atendimentodo <strong>Detran</strong>/PR, e custamR$ 15,36.F e r n a n d a M a y aGomes (29) partilha da mesmaopinião de Morsalik <strong>com</strong>relação à simplicidade e facilidadeem estudar e fazer aprova, porém, antes de ler asapostilas e fazer o teste elanão acreditava na funcionalidadedeste novo método de renovaçãoda CNH. “Achavaque não me <strong>ser</strong>ia útil em nadaesta prova. Depois de ler asapostilas, pude perceber <strong>com</strong>oesquecemos alguns procedimentosimportantes dotrânsito”. Fernanda ainda relembraa importância do papeldo motorista para efetividadedeste processo. “Acreditoque esta prova pode contribuirpara atualizar e relembrarconhecimentos. Mas,mais do que a prova os motoristasprecisam se conscientizarde suas <strong>responsabilidade</strong>s.Não basta ir bem na provae continuar desrespeitandoas leis de trânsito e dirigindode maneira imprudente. É precisoaplicar o que está nas apostilastambém no dia-a-dia”, conclui a motoristaaprovada <strong>com</strong> 28 acertos.No Paraná, a prova é feita nopróprio <strong>Detran</strong>, e não tem custo adicionalpara realizá-la. Ela contém 30questões de múltipla escolha, sendonecessário acertar no mínimo 70%(21 questões) para <strong>ser</strong> aprovado.Mas, para quem não conseguir <strong>ser</strong>aprovado na primeira tentativa, existeuma segunda chance de fazer a prova.Das pessoas que fizeram a provaaté maio de 2007, apenas 17%(23.631) reprovaram e destas,10.456 tiveram êxito na segunda tentativa.Apenas 5,9 %, ou seja, 8.133pessoas reprovaram nas duas tentativas.“Não passei no primeiro teste.Mas não desisti. Preparei-me melhor,estudei um pouco mais, e na segundatentativa fui aprovada”, contaDolores Hass Krelling (61), aluna nota10 e que na segunda prova realizadaacertou as 30 questões.Motoristas <strong>com</strong>o Dolores sãoFernanda Maya: “Depois de ler as apostilas,pude perceber <strong>com</strong>o esquecemos alguns procedimentosimportantes do trânsito”sempre motivos de alegria paraMarinez Bassanello, uma das aplicadorasda prova de renovação do<strong>Detran</strong>/PR. “Às vezes, antes mesmode tentarem a prova, algumas pessoassentem-se incapazes de conseguir passar.Por isso, é muito bom ver a vibraçãodas pessoas depois da aprovação.Já ganhei até beijo no rosto de umacandidata que não se continha de tantaalegria depois de ter passado na prova”,conta Marinez.A prova é agendada <strong>com</strong> antecedência,e dependendo do númerode vagas pode <strong>ser</strong> realizada no mesmodia em que o condutor inicia oprocesso de renovação da CNH.“Algumas vezes vejo as pessoas irritadas<strong>com</strong> o fato de ter que fazer o teste.Porém, depois de feito percebo amudança de <strong>com</strong>portamento das mesmaspessoas, antes descontentes <strong>com</strong>o novo método de renovação. Isso é omais importante, a consciência deque esta medida é em prol de um trânsitomais seguro, <strong>com</strong> menos acidentese mortes”, conclui Marinez.Foto: Anderson MacielAlternativas à provaPara quem não quer fazer aprova no <strong>Detran</strong>, ou reprovounas duas tentativas do teste,existe o curso presencial realiza d o n o s C e n t r o s d eFormação de Condutores(CFC). Nestes cursos, os candidatosterão aulas teóricas deprimeiros socorros e direçãodefensiva, <strong>com</strong> duração totalde 15 horas.A mudança de <strong>com</strong>portamentodos motoristas tambémé nítida nos cursos realizadosnos CFC’s. “Pelo menos umaluno de cada turma inicia ocurso reclamando. Reclamado <strong>Detran</strong>, reclama do CFC, reclamado curso, e lógico, daprofessora também. Mas, noúltimo dia do curso é sempreeste aluno, que antes xingava atudo e a todos, a pessoa quemais reconhece os conhecimentosadquiridos durante otempo que esteve aqui. Issosem contar aqueles que voltampara contar algo queaprenderam no curso e aplicaram emdeterminada situação. Ou seja, é notávela eficácia e importância do curso”,conta Danielle Moro Silveira(30), instrutora de curso presencialem Centro de Formação deCondutores. Ela diz <strong>ser</strong> freqüente achegada de motoristas desatualizados<strong>com</strong> relação ao trânsito atual.“Tem pessoas que não sabem da importânciaem sinalizar bem um acidentee nem <strong>com</strong>o fazer em acidentes<strong>com</strong> vítimas. Não sabem quem chamar,para onde ligar e já ouvi pessoasdizendo que se verem alguém acidentadosaem correndo”, revelaDanielle.Adulce de Souza (53), habi-litada a dirigir desde 1976, preferiufazer o curso por acreditar em <strong>ser</strong>uma maneira mais consistente deaprender e se atualizar sobre primeirossocorros e direção defensiva.“Como tinha tempo para freqüentaras aulas optei pelo curso, pois assima<strong>com</strong>panho passo a passo às explicaçõese se tiver dúvida já pergunto nahora para o professor. Tanto o cursoquanto a prova são válidos. Qual dosdois fazer fica a critério de cada um,o ideal <strong>ser</strong>iam os dois”. Ela ainda confessater sido uma motorista imprudentee acredita que, assim <strong>com</strong>o ela,outras pessoas podem melhorar o<strong>com</strong>portamento no trânsito depoisde realizado o curso. “Eu fui aprendendo<strong>com</strong> o tempo a <strong>ser</strong> uma motoristamais prudente. Mas tem genteque não aprende, nem <strong>com</strong> váriasmultas pesando no bolso. Algumaspessoas transpareciam um <strong>com</strong>portamentonervoso e agressivo antes de<strong>com</strong>eçar o curso. Ficava imaginando<strong>com</strong>o <strong>ser</strong>iam elas no trânsito.Quando terminava o curso, essasmesmas pessoas reconheciam que estavamabusando da sorte no trânsitoe repensavam sobre seu <strong>com</strong>portamento<strong>com</strong>o condutores”, dizAdulce, esperançosa de que seus colegasde curso possam utilizar nodia-a-dia o conteúdo aprendido duranteas aulas.Maria Aparecida Farias, coordenadorado setor de habilitaçãodo <strong>Detran</strong>/PR, explica que os condutoresque já fizeram o curso de primeirossocorros e direção defensivapodem tentar validá-lo junto ao departamento.“Existem motoristas,principalmente os de empresas detransporte, que já realizaram curso similaroferecido pelas próprias empresas.Estes poderão pedir a análisede seus certificados, e caso aceitosnão precisarão fazer a prova”. Nestecaso <strong>ser</strong>á verificada a carga horária, aqual deve <strong>ser</strong> de no mínimo 10 horas/aulade direção defensiva e 5 horas/aulade primeiros socorros, <strong>com</strong>otambém a validade do certificado levando-seem conta a data de realizaçãoe a instituição onde foi realizadoo curso, que deve <strong>ser</strong> reconhecida eautorizada pelas entidades de trânsitobrasileiras.Passo a Passo da RenovaçãoAntes de procurar o <strong>Detran</strong> verifique a data devencimento da sua habilitação. No Paraná só poderá<strong>ser</strong> feita a renovação 30 dias antes de expirar a data devalidade da CNH. Só precisarão fazer a prova ou o curso,os condutores habilitados antes de 21 de janeiro de1998.As questões da prova são baseadas nas apostilasfornecidas gratuitamente no site do <strong>Detran</strong>/PR(www.detran.pr.gov.br), as quais também são vendidasnos postos de atendimento no valor de R$ 15,36.Quem optar em fazer o curso em Centro deFormação de Condutores (CFC) pode iniciar a montagemdo processo pela internet, no <strong>Detran</strong> ou no próprioCFC. As taxas referentes aos <strong>ser</strong>viços do<strong>Detran</strong>/PR podem <strong>ser</strong> pagas pelos próprios motoristasnas agências do Banco do Brasil.Lembre-se que o CFC deve ter autorização do<strong>Detran</strong>/PR para ministrar o curso. Confira a relaçãodos CFC autorizados na página do <strong>Detran</strong>/PR na internet.No site você também terá acesso a outras informações,<strong>com</strong>o, valor de taxas, documentação a <strong>ser</strong> apresentadae demais <strong>ser</strong>viços realizados peloDepartamento.138.387Em 1 anoFIZERAM A PROVA NO <strong>Detran</strong>REPROVARAM 2 VEZES NA PROVAREPROVARAM 1 VEZ E PASSARAMNA SEGUNDA TENTATIVA14 158.13310.456


Foto: SMCSENTREVISTAAs vozes do trânsito em CuritibaJurandir Ambonatti: “Os veículos de <strong>com</strong>unicaçãopoderiam participar mais das campanhas educativas,<strong>com</strong>o parceiros, ou criando campanhas próprias”Anderson MacielAcontece um acidente emum cruzamento bastante movimentadode Curitiba. Para piorar, este cruzamentofaz parte da sua rota diáriade ida e volta do trabalho ou dos estudos.Você ainda não tem conhecimentode que o tráfego se intensificoue que certamente enfrentará umcongestionamento em razão do acidente.E agora quem poderá lhe ajudar?Na capital paranaense,o rádio tornou-se um aliado na buscapor um trânsito melhorA resposta está nas ondas dorádio: Jurandir Ambonatti e FlávioKrüger. Munidos de suas armas, osmicrofones e telefones, os dois <strong>com</strong>unicadoresfazem do rádio um meio capazde auxiliar os motoristas e autoridadesligadas ao trânsito a manteremo tráfego fluindo da melhor maneirapossível. Ambonatti (54), que éradialista há 35 anos, e Krüger (39),jornalista há 16 anos, são as vozesdos boletins de trânsito transmitidosdiariamente por 15 rádios da capitalparanaense.Os dois também são os responsáveispela produção dos boletinse para isso contam <strong>com</strong> o apoio ecolaboração de órgãos de trânsito dacapital e do Batalhão de Polícia deTrânsito (BPTran). A entrevista destaedição da Detrânsito mergulha nasondas do rádio <strong>com</strong> esta dupla de <strong>com</strong>unicadoresdo trânsito.Como surgiu a idéia dos boletinsde trânsito?Jurandir Ambonatti: Emabril de 1997 um ouvinte sugeriu o<strong>ser</strong>viço ao diretor de jornalismo daCBN, José Wille, que repassou aidéia à Prefeitura de Curitiba e estapor sua vez, firmou a parceria <strong>com</strong> oBPTran. Um mês depois, em maio,<strong>com</strong>eçou a transmissão dos boletins.Eu pela manhã e o Flávio Kruger àtarde. O trânsito de Curitiba estavaapresentando os primeiros sinais deproblemas mais sérios, <strong>com</strong> lentidãonas ruas mais movimentadas. No início,os boletins foram ao ar apenas naCBN. Não demorou muito e outrasemissoras se interessaram pelas informações.Como funcionam esses boletins(periodicidade, assuntosabordados, onde são veiculados)?Flávio Krüger: As informaçõessão transmitidas em 15 rádios,entre elas quatro FM, sete AM, duasrádios <strong>com</strong>unitárias, uma rádio universitáriae também a rádio web daprefeitura de Curitiba. São, em média,100 boletins diários, de segundaà sexta-feira. Os alertas são, na maioriadas vezes, de acidentes, obras emudanças de sentido das vias.Quais são as dificuldadesde se trabalhar <strong>com</strong> este tema norádio?Jurandir Ambonatti: Não<strong>ser</strong>ia dificuldade, mas preocupaçãoem transmitir a informação <strong>com</strong> precisão,porque dependemos do que épassado pelos policiais do BPTran,no caso dos acidentes, e pelos agentesda Diretran, em outras situações,<strong>com</strong>o passeatas e <strong>ser</strong>viços de emergência,por <strong>exemplo</strong>. É muito raro,mas às vezes uma informação incorretaatrapalha um pouco nosso trabalho.Mas por outro lado, a satisfaçãode realizar este trabalho é imensa.Tanto que um fato curioso e inusitadorepresenta <strong>com</strong>o é gratificante este<strong>ser</strong>viço por nós realizado. Umavez me ofereci para ajudar um deficientevisual a atravessar a rua. Eu disse:“Quer ajuda?”. Ele respondeu deimediato: “Quero sim, JurandirAmbonatti”. Perguntei então <strong>com</strong>oele sabia quem eu era, e ele disse queme conhecia pela voz, de tanto ouviros boletins de trânsito. Sinceramente,fiquei emocionado.Flávio Krüger: É importanteexplicar para o ouvinte exatamenteonde está o problema, seja eleum acidente, congestionamento,obras, etc. Se ele conhecer a cidade,certamente conseguirá fugir dostranstornos. Nem sempre, o ouvinte/motoristaconsegue entender rapidamentea informação. Por isso, àsvezes, ao final do boletim de trânsitoé importante repetir de forma muitosimples a informação. O boletimtem, aproximadamente, um minutode duração. No final de cada boletim,reforçamos a informação: “... portanto,trânsito <strong>com</strong>plicado naMarechal Deodoro, na região centralda cidade, por causa de um acidente”.Por mais que o ouvinte não tenhaentendido toda a informação, ele saberáonde está a situação.Como surgiu o seu interesse pelo tematrânsito?Flávio Krüger: Bem antesdo nosso <strong>ser</strong>viço, em 1997. Na verdade,quando tirei a CNH, em 1986,já percebia quantos problemas existiamno trânsito, principalmente, porculpa do motorista, muitas vezes imprudentee impaciente. Aquilo sempreme in<strong>com</strong>odava. Como até hojeocorre. Mas felizmente, pelo menosagora, existe alguém que também estápreocupado <strong>com</strong> o seu bem-estarno trânsito. E depois do início do nossotrabalho, o interesse aumentou aindamais.Jurandir Ambonatti:Profissionalmente, <strong>com</strong> o surgimentodos boletins, em 1997. Já trabalhavana CBN e recebi a proposta para fazeros boletins. A partir daí, passei aler sobre o assunto e a ob<strong>ser</strong>var o<strong>com</strong>portamento dos motoristas, paracriar algumas frases. Dois <strong>exemplo</strong>s:“Motorista, seja educado no trânsito.Trate os outros do jeito que você gostade <strong>ser</strong> tratado”; e “Motorista, dirija<strong>com</strong> cuidado.No trânsito, um descuidopode <strong>ser</strong> fatal”. As frases até se tornaramum caso interessante. As pessoasrepetem, em conversas informais,algumas frases usadas nos boletinsde trânsito. A mais <strong>com</strong>um é:“motorista, utilize caminhos alternativos”.Recentemente foi inauguradauma rádio em São Paulo totalmentededicada ao trânsito.Você acredita <strong>ser</strong> possível implantaro mesmo conceito emCuritiba?Jurandir Ambonatti: Entendoque ainda é cedo para a implantaçãode um projeto semelhante. Otrânsito de São Paulo é um caso a parte,<strong>com</strong> longos congestionamentos diários.Para muitas pessoas a maior preocupaçãoé saber <strong>com</strong>o estão as ruas dacidade, principalmente nos horáriosde maior movimento. Algumas rádiosusam helicópteros para transmitir osboletins. Daqui a alguns anos o trânsito<strong>ser</strong>á a principal informação tambémaqui em Curitiba.Flávio Krüger: O trânsitode Curitiba tem ficado cada vez maisdifícil. A frota cresce a cada dia.Além disso, as pessoas têm maior facilidadepara aquisição de um veículo,até pelas facilidades e promoçõesque as lojas oferecem. Atualmente,penso que a capital do estado aindanão tenha a necessidade de uma emissora<strong>com</strong> informações exclusivas sobreo trânsito. Mas se continuar nes<strong>ser</strong>itmo, talvez isso seja necessário.Acho que não dá para <strong>com</strong>parar otrânsito de São Paulo <strong>com</strong> o deCuritiba. Aqui temos trânsito lentoem horários de pico, mas não engarrafamentos.E <strong>com</strong>o você analisa o papeldos meios de <strong>com</strong>unicação emrelação ao trânsito?Jurandir Ambonatti: Osveículos de <strong>com</strong>unicação poderiamparticipar mais das campanhas educativas,<strong>com</strong>o parceiros, ou criandocampanhas próprias. Reportagenspouco ajudam, porque são muito rápidas.Por que não fazer uma campanhapedindo para o pedestre atravessara rua na faixa? Segundo o Corpode Bombeiros, os atropelamentos representam20% do número de aci-16 17


dentes <strong>com</strong> vítimas em Curitiba.Flávio Krüger: É fundamentalo papel dos meios de <strong>com</strong>unicação.E o rádio mais ainda. Tem maisfacilidade de alcance para o motoristaque está no trânsito. O condutor nãopode ler um jornal ou instalar uma televisãono carro e dirigir ao mesmo tempo.Mas <strong>com</strong> o rádio é diferente. Eleestá sintonizado numa determinadaemissora e já recebe a informação.Agora, o papel da mídia não é só informar.Também é fazer <strong>com</strong> que o ouvintereflita, pense na informação epasse a ter uma opinião formada sobreo assunto. Por <strong>exemplo</strong>, quando ocorreum atropelamento <strong>com</strong> morte. Épreciso passar para o ouvinte porqueaquilo ocorreu. De quem foi à culpa?É possível amenizar a situação? O quefazer para não ocorrer novamente, oupelo menos diminuir a incidência des-te tipo de acontecimento? Enfim, analisarum “simples” acidente em diversoscontextos: educacional e social,por <strong>exemplo</strong>.O que é mais eficaz, aplicaçãode multas única e exclusivamente,ou deve existir uma conscientizaçãoe reeducação de trânsitoatuando em conjunto <strong>com</strong> as medidaspunitivas?Jurandir Ambonatti:Apenas campanhas de reeducação ede conscientização não bastam.Infelizmente, muitos motoristas sóaprendem depois de receber umamulta. A partir daí passam a respeitaras leis de trânsito, pensando mais nolado financeiro. O motorista precisater consciência que o carro é uma armapoderosa. Para o bem ou para omal. Prepa-rar os motoristas do futuropode <strong>ser</strong> uma boa saída. Nesta linhaaparecem trabalhos importantes,<strong>com</strong>o as blitze educativas realizadaspelo <strong>Detran</strong>, e as atividades desenvolvidaspelo Núcleo de Educação eCidadania, da Diretran.Flávio Krüger: É muito maisimportante uma campanha de educaçãono trânsito. Só que o brasileiro sórespeita as leis quando pesa no bolso.Quando houve a implantação do radarde velocidade, em Curitiba, as duas primeirasmultas eram apenas educativas.Mesmo assim, a maioria dos motoristasque recebeu multas educativas acabouefetivamente multada, porque pelaterceira vez, acabou excedendo o limitemáximo de velocidade permitido.Além da educação, é preciso uma fiscalizaçãorigorosa. O que falta é maisrespeito as leis de trânsito.PEDESTRESCuidado, eles voam!Flávio Krüger: “É muito mais importante uma campanhade educação no trânsito. Só que o brasileiro só respeita asleis quando pesa no bolso”Foto: Anderson MacielAndréa e Arquimedes: trabalhoe estudo justificam a pressados curitibanosFoto: SMCSCuritibanos ocupam o sexto lugar no ranking da velocidade dos pedestresA correria da vida moderna,marcada pelos horários e inúmeros<strong>com</strong>promissos a cumprir, faz <strong>com</strong>que os pedestres caminhem em ritmocada vez mais acelerado. Os curitibanosnão escapam desta tendênciamundial. Em recente estudo realizado<strong>com</strong> intuito de medir a velocidade<strong>com</strong> que os pedestres transitam,Curitiba foi a sexta colocada entre váriascidades pesquisadas ao redor domundo.A pesquisa contou <strong>com</strong> a participaçãodo Conselho Britânico depromoção cultural e da Universidadede Hertfordshire na Inglaterra, e consistiuna análise da velocidade média<strong>com</strong> que os pedestres percorriam18,3 metros em uma rua movimentada,<strong>com</strong> calçada larga, nivelada, livrede obstáculos, vazia o suficiente, demodo que fosse possível as pessoaspercorrem o trajeto em sua máximavelocidade. Foram analisados apenasos pedestres adultos, sozinhos eque não utilizavam celulares e/ou carregavamsacolas de <strong>com</strong>pras.Ainda <strong>com</strong>o parte desta pesquisa,foi feita a <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> umestudo sobre a velocidade dos pedestresrealizado em 1994, e descobriuseque hoje os pedestres andam, emmédia, 10% mais rápidos. De certaforma a<strong>com</strong>panhando até mesmo ocrescimento de suas economias, aCidade de Cingapura e o municípiochinês, Guangzhou, foram as cidadesque apresentaram o maior crescimento,<strong>com</strong> pedestres caminhando em velocidadessuperiores em 30 e 20 porcento, respectivamente, em <strong>com</strong>paraçãoà década passada. As capitais daDinamarca (Conpenhagen) e daEspanha (Madrid) mostraram que possuemos pedestres mais velozes daEuropa, superando Londres e Paris.CuritibaA capital paranaense foi aúnica cidade sul-americana presentena lista das dez primeiras classificadasna pesquisa. O aposentado Délciode Oliveira (82) também já havia percebidoque nos últimos anos os pedestresestão <strong>com</strong> os passos maisapressados. “Antigamente as pessoasnão andavam tão apressadas.Acredito que nos últimos dez anos oscuritibanos aceleraram o caminhar.“O que é ruim. Sempre procuro viraté a praça Ozório e olhar o movimento.Vejo as pessoas tão apressadasque nem reparam mais ao seu redor.Se mudarem alguma coisa na ruaXV ou na Ozório, tem gente que <strong>vai</strong>demorar meses para reparar nessasmudanças”, afirma o ob<strong>ser</strong>vadorDélcio.Outro ob<strong>ser</strong>vador das ruasde Curitiba é Valdir Alves da Cruz18 19


(35) que trabalha em um hotel localizadono calçadão da rua XV, no centroda cidade. “Eu até entendo a correriadas pessoas. A jornada de trabalhoé longa e temos nossa vida particulartambém. Aí é um corre daqui ecorre de lá. Eu mesmo sempre estouCuritiba foi à única cidade sul-americana presentena lista das dez primeiras classificadas na pesquisados pedestres “apressadinhos”em cima da hora, e também ando rápido”,diz Valdir, que ainda garante estarem Curitiba o mais rápido de todosos pedestres do mundo. “Olha, sefizerem uma pesquisa do pedestremais rápido, tenho certeza que um rapazque trabalha em uma loja aqui daFoto: Anderson MacielXV ganharia. Ele sempre tem que levaralgum produto a outra filial da loja,que fica na XV mesmo. Ele pareceum carro de fórmula 1”.Os inúmeros afazeres do diaa-diatambém foram enumerados pelosamigos Andréa Calgaroto (20) eArquimedes dos Santos (24). “Trabalhoo dia inteiro, estudo a noite, nãomoro tão perto nem da faculdade,nem do meu local de trabalho. Assimnão tem <strong>com</strong>o não estar sempre <strong>com</strong>pressa não é mesmo!”, diz Andréa. JáArquimedes diz que se tivesse umtempo mais extenso durante o almoço,poderia diminuir o ritmo dos passos.“Não são só os passos que ficamacelerados <strong>com</strong> o tempo curto.Almoçar às vezes parece uma provaolímpica de velocidade”, contaArquimedes, que se despede <strong>com</strong>pressa, já que o fim do seu horário dealmoço está se acabando.Anderson Maciele agências internacionais.LEGISLAÇÃOCódigo de Trânsito Brasileiro <strong>com</strong>pleta uma décadaApesar do tempo de existência, a prática e algumas regulamentações precisam de aprimoramentosVoadoresOs tempos, em segundos, cronometrados em 32 cidadesao redor do mundo estão listados abaixo:Foto: Vanussa PopoviczPedro Chalus, membro do sindicatodos taxistas de Curitiba:“Não é por falta de leis que o trânsitoestá assim”1) Cidade de Cingapura (Cingapura): 10,552) Copenhague (Dinamarca): 10,823) Madri (Espanha): 10,894) Guangzhou (China): 10,945) Dublin (Irlanda): 11,036) Curitiba (Brasil): 11,137) Berlim (Alemanha): 11,168) Nova York (Estados Unidos): 12,009) Utrecht (Holanda): 12,0410) Viena (Áustria): 12,0611) Varsóvia (Polonia): 12,0712) Londres (Grã-Bretanha): 12,1713) Zagreb (Croácia): 12,2014) Praga (República Tcheca): 12,3515) Wellington (Nova Zelândia): 12,6216) Paris (França): 12,6517) Estocolmo (Suécia): 12,7518) Liubliana (Eslovênia): 12,7619) Tóquio (Japão): 12,8320) Ottawa (Canadá): 13,72Vanussa PopoviczEm janeiro do próximo ano,o Código de Trânsito Brasileiro(CTB) <strong>com</strong>pleta dez anos. Foi reformulado<strong>com</strong> o objetivo de reduzir osacidentes por meio da educação parao trânsito e da severidade <strong>com</strong> os motoristas.Porém, temos que inferirque estes dois objetivos principaisainda precisam <strong>ser</strong> aprimoradosna prática, mas por outrolado, os sistemas nacionaisde controle de habilitação e deveículos sofreram saltos de qualidadesignificativos nesses anosde história.Como legislação de trânsito,temos apenas pontos positivospara apresentar. “As leis estãomais claras”, diz CíceroPereira da Silva, coordenador daárea de veículos do <strong>Detran</strong>/PR.Os motoristas conhecem as leis detrânsito e se <strong>com</strong>etem alguma infração“é por falta de atenção”, afirma oempresário Davi Francisco deSouza, motorista há 15 anos. Souzaacredita que, <strong>com</strong> a chegada do atualCTB, o trânsito “melhorou muito,O trânsito é um localpúblico e que a éticadeveria estar acimade qualquer<strong>com</strong>portamento<strong>com</strong> exceção de alguns motoristas estressados”.Para Silva, a falta de uma fiscalizaçãomais intensa acabou afrouxandoo cumprimento da lei. “Noprincípio do CTB, os motoristas seadequaram rápido às novas leis, asrespeitavam.”Segundo o especialista emtrânsito Alan Cannell, a poucafiscalização não justifica o descaso<strong>com</strong> a lei. “Comportamentoé uma questão de educação,informação e respeito. O respeitoà velocidade máxima, por<strong>exemplo</strong>, que é um fato em muitascidades; <strong>com</strong>o Brasília, SãoPaulo, Curitiba, etc, é conseqüênciadireta da informação”.A psicóloga especialista emtrânsito Adriane PicchettoMachado sustenta que o trânsitoé um local público e que a éticadeveria estar acima de qualquer <strong>com</strong>-20 21


portamento. “É preciso que cada umtenha a certeza de que está fazendo oseu melhor no trânsito e, assim, terum <strong>com</strong>portamento educado e responsável,mirando a segurança de todosno espaço público”, afirma.Como isto não é visível na atualidade,a fiscalização e o investimentoem educação de trânsito <strong>ser</strong>iam bonscaminhos para mudar a realidade. “Apresença da fiscalização é muito importante,garantindo que o infrator sejapenalizado e sofra sanções por nãoob<strong>ser</strong>var as regras gerais no espaçode circulação. Somente a certeza dapunição poderá controlar os <strong>com</strong>portamentosinadequados e inseguros.Acredito que não avançamos muitonesses dez anos no sentido da educaçãopara o trânsito e nem na fiscalização,infelizmente. Enquanto nãoforem prioridades de toda sociedade,<strong>ser</strong>á difícil qualquer mudança”, argumentaAdriane.Cannell acredita que o <strong>com</strong>portamentodos motoristas em geralestá mais maduro, porém “é uma tragédiaver que alguns jovens motoristasadquiriram o péssimo hábito de'colar' na traseira do veículo na frentee de ultrapassar pela direita na estrada”.A conscientização de queum trânsito mais seguro deve <strong>com</strong>eçardesde cedo é defendida pelo diretorgeral do <strong>Detran</strong>/PR, coronelDavid Antonio Pancotti. “As ações eas resoluções são feitas <strong>com</strong> projeçõesfuturas. Daqui alguns anos otrânsito irá mudar, por isto devemosinvestir agora para ter as respostas positivas”,afirma. Pensando desta maneira,a educação no Paraná <strong>com</strong>eçadesde cedo. “As crianças aprendemmais fácil e cobram o <strong>com</strong>portamentocorreto dos pais. Elas acabam sendoos fiscais dos adultos”, <strong>com</strong>pleta.O Conselho Nacional deTrânsito (Contran), por meio da resolução207, estabeleceu padrões paraas escolas públicas de trânsito. O objetivoprincipal destas escolas é ensinarregras e éticas no trânsito.O <strong>Detran</strong>/PR investe em educaçãode trânsito <strong>com</strong> blitze nas escolase nas ruas. “Desta maneira atingimostodas as faixas etárias dos <strong>com</strong>ponentesdo trânsito”, afirmaPancotti. Além das blitze, a psicologiatambém pode contribuir para aeducação no trânsito. “Creio que ostrabalhos que se voltam à educaçãode trânsito e à fiscalização devemconsiderar firmemente as condiçõespsicológicas e as formas de controlee mudança de <strong>com</strong>portamento, objetosde estudo da psicologia”, afirma apsicóloga Adriane PicchettoMachado.Outra prática que poderiacontribuir para diminuir os acidentesde trânsito, mas que ainda não foiregulamentado, é a inspeção técnicaveicular. Cannell vê neste fato umafalha trágica. “Sem temer as conseqüências,os Sem Freios, SemAmor-tecedores e Sem Faróis podemcircular quase que livremente.A desgraça do processo deu-se justamentena briga, durante o governodo ex-presidente da RepúblicaFernando Henrique Cardoso, entregrupos que enxergaram na InspeçãoTécnica uma maneira fabulosa de ganhardinheiro. Brigaram e o assuntoficou pendurado.”Há outros pontos no CTBque temos que admitir que não estãomuito claros. Os artigos 119 e 260 doCódigo de Trânsito Brasileiro estabelecemque carros estrangeiros nãopodem deixar o País sem que as multassejam pagas. A mesma lei, no entanto,impede que os infratores sejamcobrados no ato da infração.Com isto, muitos motoristas estrangeirostêm saído do país sem quitarsuas dívidas que poderiam contribuirpara investimentos no trânsito.Ainda sobre as falhas na aplicaçãodo CTB, a resolução 182 doContran deixa a desejar em sua práti-ca. Alguns estados não conseguemcumprir corretamente as penalidadesda suspensão do direito de dirigir. Oscrimes de trânsito também não sãojulgados no Tribunal do Júri <strong>com</strong>o deveriam.Em boa parte dos estados, aspenalidades para o ato de dirigir embriagadoe outros crimes dolosos ficampor conta da Varas de Delitos deTrânsito. Nestes casos, o condutor recebeapenas penalidades educativas,<strong>com</strong>o trabalhos sociais, e dificilmentesente o valor da vida que, por negligência,ele tirou.Diante deste balanço doCTB, percebe-se que não é por faltade leis que o trânsito virou uma guerra,mas sim pela deficiência em seucumprimento. “O trânsito já é umaguerra, onde os <strong>com</strong>portamentos maisvisíveis são: a <strong>com</strong>petição, o desrespeito,a opressão, a violência.Para Davi Francisco de Souza, motoristahá 15 anos, o trânsito melhorou muito,<strong>com</strong> exceção de alguns motoristas “estressados”Podemos <strong>com</strong>parar <strong>com</strong> toda a certezao carro e a arma, pois os dois oferecemuma condição de incremento aoego, tornando as pessoas onipotentese <strong>com</strong> pouca condição de crítica razoável.Assim, quando estamos emum carro ou quando estamos <strong>com</strong>uma arma na mão, nosso superego,responsável pelas interdições aprendidasem sociedade, falha, e por meiodeles, se não temos clareza da nossacondição, podemos nos tornar violentose atuar no trânsito de forma imprudentee insegura”, afirma Adriane.Quem vive diariamente notrânsito dá a dica para melhorar a condutados condutores e a fluidez notrânsito, sugerindo dicas para as cidadesque têm o trânsito municipalizado.“Uma das sugestões que dou é defazer uma pista única para os motociclistas.Não me refiro à pista exclusiva<strong>com</strong>o São Paulo estava tentandofazer, mas sim única <strong>com</strong>o, por <strong>exemplo</strong>,destinar a pista da direita para asmotocicletas. Assim os motoristas teriamuma melhor visibilidade, o trânsitoia fluir melhor e não ia existir motocicletacosturando em meio aos carros”,sugere Pedro Chalus, membrodo sindicato dos taxistas de Curitiba.“Não é por falta de leis que o trânsitoestá assim. Leis existem até demais eé tudo perfeito, a questão é que nãohá execução destas leis”, finaliza.22 23


ESTATÍSTICAFoto: Arquivo <strong>Detran</strong>/PRAs motonetas lideraram o ranking do aumentoda frota <strong>com</strong> 24,30% em relação a 2005, seguidaspelas motocicletas que somaram 14,69%Paraná reduz acidentesEm 2006, embora a frota tenha aumentado 7,09%, o total geral de acidentesno estado teve uma queda de 4,59% em relação ao ano anterior24O <strong>Detran</strong>/PR publica anualmenteum <strong>com</strong>pleto estudo sobre otrânsito do Paraná, que reúne as maisdiversas estatísticas sobre o tema,disponíveis no sitewww.detran.pr.gov.br. Ao confrontarmosos dados obtidos em2006 <strong>com</strong> os de 2005, alguns númerosmerecem destaque. Por<strong>exemplo</strong>, a frota paranaenseque, em apenas um ano, cresceu7,09%. As motonetas lideraramo ranking deste aumento <strong>com</strong>24,30%, seguidas pelas motocicletasque somaram 14,69%.Um dos motivos para o aumentodas motocicletas e motonetasse refere à facilidade de aquisiçãodesses veículos. O baixo preço,facilidade para o financiamento, custoda manutenção, economia <strong>com</strong><strong>com</strong>bustível, praticidade e rapidezque permite “costurar” entre os carrossão motivos que levam a populaçãopreferir este tipo de veículo.Mais da metade da frotade veículos no Paraná, 52,54%,possui até dez anos de idade,sendo que esse percentualaumenta para 64,74% nacapital.A frota da capital apresentouum aumento de 6,21% de 2005 para2006. Com a média mensal de crescimentode 0,56%, é possível que atéjulho ou agosto deste ano, a frota curitibanachegue a um milhão de veículos.Dos municípios da RegiãoMetropolitana, Tunas do Paraná continuouem 2006 <strong>com</strong> o percentualmais elevado no crescimento da frota<strong>com</strong> 19,14%, <strong>seguido</strong> deItaperuçu <strong>com</strong> 19,05% e CampoMagro <strong>com</strong> 18,26%. Com o aumentoda frota o número de veículospara cada 100 habitantes noParaná foi de 36,21. EmCuritiba este índice de motorizaçãochegou a 54,33, de ondese conclui que para cada dois habitantesum possui veículo.Assim sendo, os problemas derivadosdo trânsito <strong>com</strong>o, por<strong>exemplo</strong>, poluição, congestionamentoe acidentes se intensificame aparecem <strong>com</strong>o principaisdesafios enfrentados pelacapital paranaense.Na classificação por <strong>com</strong>bustívelos veículos tri<strong>com</strong>bustíveis(álcool/gasolina/gás natural veicular)tiveram um aumento de 183%,enquanto os bi<strong>com</strong>bustíves (álcool/gasolina)aumentaram 100%. Esteaumento derivou da oscilação dospreços dos <strong>com</strong>bustíveis, o que fez25


<strong>com</strong> que os motoristas buscassem alternativasmais econômicas e atémesmo menos poluentes.A procura por carros novostem se destacado no estado, haja vistao crescimento de 6,01% no ano. Maisda metade da frota de veículos noParaná, 52,54%, possui até dez anosde idade, sendo que esse percentualaumenta para 64,74% na capital.AcidentesAo se analisar os acidentes,percebe-se um fato positivo em meioaos números preocupantes do trânsito.O total geral de acidentes noParaná (<strong>com</strong> vítimas e sem vítimas)teve uma queda de 4,59% em relaçãoa 2005, apesar do crescimento da frotater sido de 7,09%. Essa queda se deveà diminuição no número dos acidentessem vítimas.A maior redução aconteceunas rodovias federais <strong>com</strong> 9,19%, seguidada capital <strong>com</strong> –5,15%.Por outro lado, o número deacidentes <strong>com</strong> vítimas aumentou1,54% <strong>com</strong> um acréscimo de 0,19%no número de vítimas não fatais; porém,<strong>com</strong> redução de 5,58% no númerode vítimas fatais em relação aoano de 2005.Curitiba seguiu tendência estaduale contabilizou um aumento de5,84% nos acidentes <strong>com</strong> vítimas eredução de 8,79% no número de vítimasfatais. Com estes dados podemosperceber que os acidentes estãomenos violentos, mas ainda não deixamde preocupar.Os finais de semana revelam<strong>ser</strong> o período <strong>com</strong> maior número deacidentes de trânsito. Em sua maioriaforam registradas na sexta-feira esábado, sendo nas vias municipaisno final da tarde e nas rodovias à noite.Quanto à zona de localização,75,79% dos acidentes <strong>com</strong> vítimasocorrem na área urbana, sendo53,67% durante o dia. Das mortes registradasno local do acidente,75,32% foram em rodovias estaduaise federais, e 68,06% das vítimas nãofatais em vias municipais.A imprudência dos motoristas,nestes casos, pode estar ligada avários fatores desde a falta de atenção,excesso de velocidade até a negligênciade não efetuar a revisão mecânicanecessária no veículo.Os condutores que mais seenvolveram em acidentes <strong>com</strong> vítimasse encontram na faixa etária dos30 aos 59 anos, a maioria habilitada,cabendo ao sexo masculino o maiorpercentual de envolvimento(77,79%).Como vítimas fatais, o condutorde veículo automotor lidera o índice<strong>com</strong> 26,17%, <strong>seguido</strong> do passageiro,enquanto o total de vítimas nãofatais tem nos motociclistas o maiorpercentual, <strong>com</strong> 17,91%, <strong>seguido</strong> tambémpelos passageiros.O maior número de vítimasde acidentes de trânsito continua sendoos motociclistas, <strong>com</strong> um aumentode 9,08% em relação a 2005, representando31% do total de vítimasde 2006. Em cada 100 mil habitantesno Paraná, 529 pessoas foram vítimasde acidentes de trânsito em2006, sendo que 514 ficaram feridase 15 morreram no local.Pedestres são vítimas frágeisdo trânsito, principalmente quando seenvolvem em acidentes. Mesmo assim,o número de atropelamentos nasvias municipais e rodovias estaduaisdiminuíram 4,31% <strong>com</strong>parando <strong>com</strong>o ano de 2005. Apesar da redução,não pode <strong>ser</strong> deixado em segundo planoo foco na prevenção de acidentes<strong>com</strong> pedestres, visto que este tipo deocorrência gera pelo menos uma vítima<strong>com</strong> ferimentos ou fatal, sendo amaioria na faixa etária de 30 aos 59anos.Nos acidentes <strong>com</strong> vítimas, dototal de veículos envolvidos, o maiorpercentual coube aos automóveis do tipocamioneta, <strong>com</strong> 45,50%, <strong>seguido</strong>das motocicletas <strong>com</strong> 30,49%. De2005 para 2006, o número de motocicletasenvolvidas em acidentes cresceu8,77%, seguidas dos ônibus / microônibus<strong>com</strong> 5,34%, enquanto os demaisveículos tiveram redução no percentualde envolvimento. Abaixo relacionamosos dez maiores índices de acidentespor dez mil veículos, em vias municipaisdos municípios do Paraná, noano de 2006.Tabela: Ranking dos dez maiores índices de acidentes por dez mil veículosnos municípios do Paraná, em vias municipaisORDEM MUNICÍPIOANO - 2005ÍNDICEA/F 10.000Comparando os dez municípiosque obtiveram os maiores índicesde acidentes por 10 mil veículosno ano de 2005 <strong>com</strong> o ano de 2006,podemos ob<strong>ser</strong>var que sete deles permaneceramno ranking. Os municípiosde Cornélio Procópio, Arapongase Antonina saíram, dando lugar aGuaraqueçaba, Palmas e Apucarana.Guaraqueçaba ficou <strong>com</strong>um alto índice de acidentes / frota devidoao número elevado de acidentesORDEM MUNICÍPIOANO - 2006ÍNDICEA/F 10.0001º PARANAGUÁ 445,39 1º GUARAQUEÇABA 497,242º MATINHOS 419,26 2º PARANAGUÁ 364,043º ANTONINA 359,25 3º FRANCISCO BELTRÃO 353,824º PATO BRANCO 357,10 4º GUARATUBA 317,015º GUARATUBA 355,35 5º MATINHOS 313,566º MARINGÁ 353,24 6º PATO BRANCO 308,397º CASCAVEL 337,59 7º PALMAS 308,178º FRANCISCO BELTRÃO 335,90 8º MARINGÁ 303,369º CORNÉLIO PROCÓPIO 313,61 9º APUCARANA 302,0410º ARAPONGAS 313,32 10º CASCAVEL 289,78A = Acidentes F = Frotaem relação à sua frota que vem a <strong>ser</strong> amenor de todo o Paraná, <strong>com</strong> 181 veículos.Esse índice representa quasecinco acidentes para cada 100 veículos.O município de FranciscoBeltrão foi o único dos sete que obteveum índice mais alto em relação aoano de 2005, já que o número de acidentessubiu 14,94%, enquanto a frotaaumentou 9,12%.Tabela: Ranking dos dez maiores índices de vítimas por dez mil veículos nosmunicípios do Paraná, em vias municipaisORDEM MUNICÍPIOQuanto ao índice vítimas / frota,seis municípios continuam no ranking,saindo Enéas Marques, Cascavel,Balsa Nova e Sarandi e entrando PatoBragado, Apucarana, Irati e MarechalCândido Rondon.Os seismunicípios quepermaneceram,apenas trocaramde posição, mastodas tiveram seusíndices maisbaixos em númerode acidentes / frota. Cianorte assumeo primeiro lugar <strong>com</strong> 242,93 vítimaspara cada 10.000 veículos, ou seja,2,4 vítimas para cada 100 veículos.Isto corresponde a dizer queapesar do município não apresentar oíndice mais alto de acidentes, estes forammais violentos e <strong>com</strong> maior númerode vítimas.HabilitaçãoO número de condutores quereceberam a Carteira Nacional deHabilitação (CNH) definitiva aumentou56,10% em relação a 2005.O total geral de condutorescadastrados manteve o percentual decrescimento de 2005, 5,94%. Os homensforam responsáveis pelo maiorcrescimento, 7,02%, enquanto as mulheresficaram <strong>com</strong> 3,11%, ao contráriodo ano anterior, quando as mulherestiveram 8,29% e os homens5,07%.A faixa etária <strong>com</strong> o maiorpercentual de aumento, em ambos ossexos, foi de 18 a 24 anos, tendo asmulheres o maior crescimento na categoriaE <strong>com</strong> 60,87% e os homensna categoria A, <strong>com</strong> 49,42%. Esse número,juntamente <strong>com</strong> o crescimentoda frota de motonetase motocicletas,confirmao interessepelo veículode duasou três rodasdevido à praticidadee baixocusto que oferecem.O número de condutores quetiveram o direito de dirigir suspensoem 2006 foi de 26.286, que correspondea 0,76% do total de condutorescadastrados. Esse número foi inferiorao de 2005, quando tivemos29.816 condutores suspensos.Ao contrário do ano de2005, as infrações que geraram suspensãodireta tiveram uma maiorquantidade que as que somam 20 pontos,havendo uma redução de 11,84%no total de suspensões. As do tipo“DIRETA” foram responsáveis por53,35% das suspensões.InfraçõesO número total de infraçãoaumentou 7,98% em relação a 2005.As infrações do tipo média liderameste aumento, tendo um acréscimode 104,13%.Apesar das infrações do tipograve terem reduzido 20,02% em relaçãoao ano de 2005, fora as que maisocorreram neste ano, representando33,86% do total geral das infrações otipo gravíssima ficou <strong>com</strong> o menorpercentual em relação ao total geral,19,08%.Abaixo, as quinze infraçõesde maior incidência no Paraná, cujopercentual corresponde a 81,24% dototal geral:26 27ANO - 2005ÍNDICEA/F 10.000ORDEM MUNICÍPIO1º PARANAGUÁ 242,28 1º CIANORTE 242,932º ARAPONGAS 228,19 2º PARANAGUÁ 219,983º MARINGÁ 217,21 3º ARAPONGAS 210,444º CIANORTE 211,59 4º PATO BRAGADO 208,795º TOLEDO 209,44 5º APUCARANA 201,606º ENÉAS MARQUES 206,02 6º MARINGÁ 200,317º CASCAVEL 201,13 7º IRATI 186,968º CORNÉLIO PROCÓPIO 193,89 8º TOLEDO 185,139º BALSA NOVA 192,84 9º CORNÉLIO PROCÓPIO 176,8810º SARANDI 192,75 10º MAL.CÂND.RONDON 175,03A = Acidentes F = FrotaOs números de atropelamentosnas vias municipais e rodoviasestaduais diminuíram 4,31%CÓDIGO554623745692605736683500518659501691555746621ANO - 2006<strong>com</strong>parando <strong>com</strong> o ano de 2005.INFRAÇÃOÍNDICEA/F 10.000TOTALEstacionar o veículo em desacordo <strong>com</strong> a sinalização 163.217Transitar em velocidade superior à máxima em até 50% 150.891Transitar em velocidade superior à máxima permitida 138.300em até 20%Deixar de efetuar registro de veículo no prazo de 30 dias 83.881Avançar o sinal vermelho do semáforo ou de parada 70.213Dirigir o veículo utilizando-se de fones, telefone celular 48.574Transitar <strong>com</strong> veículo <strong>com</strong> excesso de peso 47.847Multa por não indicação do condutor infrator 41.345Deixar o condutor ou passagem de usar cinto segurança 31.141Conduzir o veículo não registrado e licenciado 27.507Dirigir veículo sem possuir CNH ou Permissão p/Dirigir 24.250Conduzir o veículo sem os documentos de porte obrigat. 18.260Transitar em velocidade superior à máxima permitida emmais de 20% até 50%Estacionar veículo em local/horário proibido - Proibidoestacionar15.99916.699Transitar em velocidade superior à máxima em até 20% 14.888


ARTIGOENTENDENDOA PSICOLOGIADO TRÂNSITOtuda os <strong>com</strong>portamentos e as emoçõesdas pessoas que participam dotrânsito. Desta forma, todos os participantesdo trânsito, direta e/ou indiretamente,são objetos da Psicologiado Trânsito: pedestre, motoristas, ciclistas,passageiros, instrutores de auto-escola,etc.Através da ob<strong>ser</strong>vação, experimentaçãoe avaliação esta ciênciaprocura investigar e entender os fatoresdeterminantes dos <strong>com</strong>portamentosneste ambiente; sob que circunstânciasocorrem; bem <strong>com</strong>o quaisos aspectos psicológicos, sociais,culturais, econômicos e políticos estãoenvolvidos nos <strong>com</strong>portamentosmanifestos neste espaço.O indivíduo leva para o trânsito,de forma consciente ou inconscientemente,cada papel que ele desempenhana sua vida: papéis da vidafamiliar de origem e atual, papéis afetivos,papel profissional, papel no lazer,papel na administração domésticae papel <strong>com</strong> os cuidados pessoais.Portanto, ao <strong>com</strong>partilhar este espaço<strong>com</strong> outras pessoas, faz-se necessáriosaber lidar <strong>com</strong> os aspectos individuais,caso contrário, ocorrerãoconflitos <strong>com</strong> os demais usuários e,consequentemente, surgirão sentimentosdiversos <strong>com</strong>o: raiva, agressividade,ansiedade, medo, etc.Auxiliar as pessoas a <strong>com</strong>preenderque o trânsito é um espaçode respeito e convivência social, tambémfaz parte das atividades desenvolvidaspelo psicólogo de trânsito,uma vez que isto pode minimizar muitosconflitos, diminuir riscos e prepararos indivíduos para enfrentaremas situações estressantes provenientesdeste ambiente.Cabe destacar que, as raízesAtualmente, é difícil imaginara vida diária sem o ambiente dotrânsito, isto porque a maioria das atividadesrealizadas no cotidiano remetea uma situação de deslocamento.Além disso, o tempo gasto no transitaré muito grande, o que exige dasPatrícia Cavichiolo Tortato CRP 08/10653Psicóloga graduada pela PUC-PRPerita de Trânsito atuando no Setor de AvaliaçãoPsicológica convênio PUC-PR/<strong>Detran</strong>PRPsicóloga Clínicapessoas cuidados e atitudes de cooperação.Convém destacar que o trânsito,por se tratar de um ambiente público,<strong>com</strong>plexo e de relações diversificadasnecessita <strong>ser</strong> avaliado e estudadocontinuamente por diversosprofissionais capacitados de formainterdisciplinar. Hoje, estes profissionaisprocuram debater os problemasrelacionados ao trânsito <strong>com</strong>ouma realidade que abrange políticasde saúde e educação.A Psicologia do Trânsito es-Publique seu artigoacadêmico na Detrânsitodetransito@pr.gov.br28 29


PESQUISAVIAGEMViolência custa aoBrasil R$ 92 bilhõesO Velho Continente ensinaPaíses europeus dão total prioridade ao trânsito de pedestresMariele PassosAs informações do estudodo Ipea vão <strong>ser</strong>vir paradirecionar ações e políticaspúblicas de prevenção e<strong>com</strong>bate à violênciaLuana LourençoBrasília - A violência no Brasil geracustos que chegam a cinco por centodo Produto Interno Bruto (PIB). Aconclusão é de um levantamentorealizado pelo Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea), apedido do Ministério da Saúde, quemediu os gastos <strong>com</strong> violência dogoverno e do setor privado em 2004.Os dados revelam que os custos daviolência chegaram a mais de R$ 92bilhões no período, divididos entreos governos e o setor privado. Osetor público gastou cerca de R$ 32bilhões em despesas <strong>com</strong> segurança,sistema prisional e <strong>ser</strong>viços de saúdeprestados às vítimas da violência.Para o setor privado, o custo daviolência estimado na pesquisa éresultado da perda de mão-de-obra<strong>com</strong> as mortes por causas violentas,<strong>com</strong>o assassinatos e acidentes detrânsito, das despesas <strong>com</strong> os setoresformal e informal de segurançaprivada e contratação de seguros,além do valor dos bens roubados efurtados. Somados, os gastoschegaram a R$ 60,3 bilhões em2004.A base de dados da pequisa utilizouinformações da contabilidade dosgovernos federal, estaduais emunicipais, dados da PesquisaPara o setor privado, o custoda violência estimado napesquisa é resultado daperda de mão-de-obra <strong>com</strong> asmortes por causas violentas,c o m o a s s a s s i n a t o s eacidentes de trânsitoNacional por Amostra de Domicílios(Pnad), feita pelo IBGE, e númerosdo Sistema Único de Saúde (SUS).“Utilizamos dados de 1995 a 2005,mas <strong>com</strong>o não havia informações<strong>com</strong>pletas sobre todas as variáveispara período <strong>com</strong>pleto, resolvemosusar o ano de 2004 <strong>com</strong>o referência”,explicou o economista DanielCerqueira, um dos coordenadores dapesquisa.De acordo <strong>com</strong> Cerqueira, asinformações do estudo do Ipea vão<strong>ser</strong>vir para direcionar ações epolíticas públicas de prevenção e<strong>com</strong>bate à violência mais eficientesdo ponto de vista econômico. “Épreciso medir cada uma das açõespara ver se elas estão gerandoresultados e qual o custo para asociedade, para então direcionar osrecursos para onde eles são maisnecessários”, defendeu.No Ministério da Saúde, os resultadosda pesquisa vão orientar a buscade recursos para o setor, que segundoa coordenadora de Informações eAnálises Epidemiológicas doministério, Maria de FátimaMarinho, “é o grande depositário daviolência, porque recebe as vítimasdiretas e as pessoas sofrem o medoda violência, que têm problemas emdecorrência disso”.Segundo Maria de Fátima, o estudo<strong>vai</strong> <strong>ser</strong> utilizado principalmente parasensibilizar os gestores sobre aimportância de investimentos emprevenção da violência. “As pessoassempre dizem que prevenir é melhorque remediar, vamos mostrar oscustos exatos da escolha pelaprevenção”, afirmou.Foto: Arquivo <strong>Detran</strong>Alguns dias na Europa. Umaboa oportunidade para ob<strong>ser</strong>var otrânsito no Velho Continente. Maspara um especialista do setor,ob<strong>ser</strong>var apenas não <strong>ser</strong>ia o suficiente,era preciso <strong>com</strong>partilhar o quefora visto e, principalmente, tentartirar da realidade de alguns países astecnologias que possam ajudar otrânsito das cidades e rodoviasbrasileiras. Com essa perspectiva,em palestra no <strong>Detran</strong>/PR, o capitãoAlexandre Bruel Stange relatou suasimpressões colhidas durante suapassagem por Portugal, Inglaterra eFrança.Stange destaca que aprincipal diferença do trânsitobrasileiro e dos países visitados<strong>com</strong>eça pelo respeito ao pedestre.Emmuitos desses lugares, ospedestres têm preferência nas viaspúblicas: “o cidadão coloca o pé nafaixa e o veículo logo pára. NaInglaterra existe a prioridadeabsoluta ao pedestre. Vários locaisde travessia são muito bem sinalizadospor dois postes em preto e branco<strong>com</strong> um globo amarelo em cima; aFoto: <strong>Detran</strong>/PRStange destaca engenharia de tráfegoeficiente nas estradas européiascordialidade dos motoristas tambémé notável, eles não se fecham ecirculam na cidade em velocidadebaixa, principalmente nas rotatórias,que substituem os semáforos.”A curiosidade do trânsitoinglês não está só na sua famosa mãoinglesa, também usada em outrospaíses, <strong>com</strong>o a África do Sul e aÍndia. De acordo <strong>com</strong> Stange, emalguns lugares existe uma pequenavia para animais. Há ainda espaçopara os ciclistas que possuem suafaixa na própria via, diferente denossa ciclovia. “O ciclista deve usarcapacete e inclusive um colete”.Em relação ao <strong>com</strong>portamentodos motoristas que circulampelos países da União Européia,Stange destaca o uso obrigatório deum colete amarelo, que deve <strong>ser</strong>colocado em situação de falhamecânica, falta de <strong>com</strong>bustível ouacidente. “O veículo parou na via, omotorista já desce vestido <strong>com</strong> ocolete para evitar até mesmo outrosacidentes”.U m a c u r i o s i d a d e e mPortugal são os veículos de doispassageiros, que podem <strong>ser</strong> conduzidospor motoristas que possuemhabilitação da categoria A (moto).Stange destacou ainda asestradas da Europa, que possuem umaengenharia de tráfego muito eficiente.“As estradas possuem um isolamentoacústico e os postos de <strong>com</strong>bustíveis elocais de parada são afastados darodovia por motivo de segurança.”30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!