Foto: Corpo de Bombeiros do PRSAÚDEQuando a dor mistura-se ao canto dos pássarosAmbulância do Siate deixa o hospital Cajuru para mais uma missão de socorroAnderson Maciel“Doutor, meu filho estábem? Ele está muito machucado?Por favor, diz que ele está bem!”, assimuma mãe aguarda notícias sobreo estado de saúde do filho, que acabarade sofrer um acidente de trânsitoe fora encaminhado para o ProntoSocorro do Hospital Cajuru. Para alívioda mãe, até então muito apreensivae angustiada, na sala de espera doPronto Socorro, seu filho não contava<strong>com</strong> nenhum ferimento grave.Porém, os cortes e arranhões sofridospor ele, após uma queda de motocicleta,refletem um pouco da rotinaem uma emergência de hospital.A revista Detrânsito a<strong>com</strong>panhouum plantão médico para verde perto o que os dados estatísticossobre acidentes de trânsito tentammostrar por meio dos números. NoDetrânsito a<strong>com</strong>panha 12 horas de agitaçãono Pronto Socorro de um Hospital em Curitibadia 28 de abril, um sábado de temperaturasbaixas, às 19h iniciava o turnoda equipe, que pelas 12 horas seguintesestaria incumbida de atenderas emergências do Pronto Socorro doHospital Cajuru. Em respeito às regrasdo hospital e aos pacientes, osnomes das vítimas de acidentes aquirelatadas foram omitidos, assim <strong>com</strong>oas imagens internas do hospital.Nos primeiros 45 minutosde plantão tudo tranqüilo. Apenas oatendimento de rotina aos pacientesque já estavam na emergência. Nadamuito grave. “Estamos na véspera deum feriadão. Sábado gelado. Dia atípico,hoje provavelmente <strong>vai</strong> <strong>ser</strong>light”, previa o médico plantonista,Gleicon Oliveira. Mas, Gleicon já haviadito anteriormente que acidentede trânsito, apesar de alguns picos deincidência, não tem hora nem localmarcado para acontecer.Tão logo <strong>com</strong>eçou a soar assirenes das primeiras ambulâncias, acalmaria prevista deu lugar à correria<strong>com</strong>um de um Pronto Socorro de hospital.Em menos de uma hora registrou-sea entrada de quatro pessoas feridasem decorrência de acidentes detrânsito. Excluindo as eventualidadesdos três acidentes que resultaramestas quatro vítimas, todos apresentamalgumas características em <strong>com</strong>um:desatenção e imprudência.Os primeiros a chegar, ummotociclista e um motorista de carro,envolveram-se em acidentes diferentes,mas os dois <strong>com</strong>eteram errossemelhantes: não utilizavam os equipamentosde segurança da maneiracorreta. O primeiro utilizava o capa-cete sem estar <strong>com</strong>pletamente presoe ajustado na cabeça. Na colisão <strong>com</strong>um carro, o capacete se desprendeu,o que resultou em um corte profundona nuca do motociclista. Já o segundonem ao menos fazia o uso do cintode segurança. Resultado: em uma colisão<strong>com</strong> a traseira de um outro carro,sobrou para o condutor “esquecido”um corte na testa, outro no queixoe o peito marcado pelo volante docarro.No último dos três acidentes,um motorista cansado dormiu aovolante e bateu <strong>com</strong> seu carro na traseirade outro veículo. Para o dorminhocosobrou sorte, já que teveapenas algumas escoriações e empouco tempo já estava liberado pelosmédicos. “Cometi um erro grave.Trabalhei dois turnos <strong>seguido</strong>s, estavamuito cansado e <strong>com</strong> bastante sono.Jamais deveria ter pegado no volante.Pena que tive que aprender a liçãodo pior jeito. Da próxima vez talveza sorte não esteja do meu lado.Melhor não arriscar”, confessou omotorista, já acordado e conscientedo erro <strong>com</strong>etido. Para a vítima docarro da frente, além do azar de terseu carro batido, faltou juízo, pois,mesmo sem culpa direta pelo ocorrido,ela não utilizava o cinto de segurança,contribuindo ainda mais paraque a sorte ficasse apenas <strong>com</strong> o motoristadorminhoco. Mesmo sem ferimentosgraves, ela teve que permanecerem ob<strong>ser</strong>vação no hospital, jáque <strong>com</strong> a colisão ela bateu a cabeçacontra o volante do automóvel.As horas passam, já é madrugada,e mais vítimas chegam aohospital. Depois de passar pela entradado Pronto Socorro e receberemos primeiros cuidados, elas são encaminhadasou para o setor de sutura,ou para o setor de radiografia. Logodepois as vítimas de acidentes detrânsito recebem a visita deLeonardo Caraiola, que trabalha nosetor de atendimento do seguroDPVAT do Hospital Cajuru. “É precisopegar os dados da vítima, paraque se possa dar entrada no seguroobrigatório (DPVAT). Essa parte domeu trabalho tem dois lados muito interessantes.É <strong>com</strong>plicado conversar<strong>com</strong> uma pessoa que acabou de sofrerum acidente de trânsito, muitasvezes é até impossível em razão do escasosem que o motorista embriagado,além de causar o acidente, ainda resistea receber atendimento médico, tumultuandotodo o Pronto Socorro”,<strong>com</strong>pletou Gleicon.Ainda durante o plantão, outroscondutores alcoolizados foramatendidos. Um deles bateu o carrocontra um muro. No acidente, sua filhaque estava no banco traseiro, semo cinto de segurança, foi lançada contrao pára-brisa. Apesar do grave acidente,tanto o pai quanto a filha não tiveramferimentos graves, mas a criançapermaneceu em ob<strong>ser</strong>vação. “Osusto foi grande. Foi uma enorme ir<strong>responsabilidade</strong>colocar em risco avida da minha filha desta maneira”.Outros dois motociclistasembriagados não puderam contar<strong>com</strong> a mesma sorte e chegaram aohospital em estado grave. Um deles,em <strong>com</strong>a, foi direto para UTI e o outro,em razão de ter sofrido fraturasno fêmur, esperava a hora de entrarna sala de cirurgia. Ambos não fugiramdo que Gleicon havia dito e alémdeles próprios, também vitimaramos passageiros das motos que conduziam.“Eu vi que ele estava bêbado,mas acabei aceitando a carona.Talvez se eu tivesse ido a pé já estariaem casa e não aqui no hospital <strong>com</strong> aperna machucada e sentindo muitador”, dizia o passageiro do motociclistaem <strong>com</strong>a. Leonardo semprealerta os passageiros sobre as <strong>responsabilidade</strong>sque eles devem ter<strong>com</strong> o trânsito e zelar pelas própriasvidas. “O passageiro tem que fazer opossível e o impossível para que apessoa alcoolizada não dirija. E jamaisse arriscar <strong>com</strong>o carona de ummotorista embriagado”, re<strong>com</strong>endou.Manhã de domingo, 7h, diaclaro. Equipes do hospital se movimentandopara a troca de turno. Quaseuma hora sem ocorrência alguma deacidente de trânsito. A calma estavatanta que era possível até escutar ospássaros cantando do lado de fora dohospital. Mas aqui a paz é passageira.De repente, soa mais uma vez a sireneda ambulância, que traz duas jovens,vítimas de mais um acidente. Uma delas,a motorista, chegou inconsciente.Sua colega, que estava no banco do10 11
passageiro contou <strong>com</strong>o foi o acidente.“Saímos de uma festa. Eu disse aela para passar a direção a alguém quenão tivesse bebido. Ela é muito teimosae insistiu em dirigir. Eu cochilavano banco do passageiro e quando vi jáestava sendo socorrida pelo Siate”. Amotorista após recuperar a consciência,confessou ter dirigido alcoolizada,e pior, é mais uma que <strong>vai</strong> entrarpara a desagradável lista dos motoristasque não utilizavam o cinto de segurança.As conseqüências de tantos abusosficaram visíveis. A motorista alcoolizadae sem cinto de segurança tevevários ferimentos, quebrou o braço euma costela. A colega que utilizava ocinto de segurança nada sofreu alémdo susto. Mas uma lição ela disse teraprendido. “Se o motorista bebeu equis arriscar sua vida, o problema édele. Vou insistir para que ele não dirija.Mas se não conseguir, eu pego umtáxi. Nunca mais quero passar por isso”.“Como eu havia dito, hojeera um dia atípico. Não é todo dia queescutamos os pássaros cantando aoamanhecer. Final da madrugada coincide<strong>com</strong> o fim da 'balada', e isso significaque ainda há muito trabalho afazer. Infelizmente, sempre tem o acidentede fim de festa”, diz Gleicon.Ao final do plantão em que estavamtrabalhando Gleicon e Leonardo, foramcontabilizadas 18 vítimas de acidentesde trânsito. As duas jovensque se acidentaram na saída da “balada”entraram na contagem do turnoiniciado às 7h do domingo.Dezoito pessoas vítimas deacidentes de trânsito foi consideradoum número baixo para quem estáacostumado <strong>com</strong> os plantões de umsábado à noite. Mas mesmo assimnão deixa de impressionar, aindamais se considerarmos que seispessoas conduziam os veículos apósingerirem bebida alcoólica, sete nãoestavam utilizando o cinto desegurança e dois não estavam <strong>com</strong> ocapacete enquanto transitavam emmotocicletas. Por isso, as re<strong>com</strong>endaçõesde Leonardo caem <strong>com</strong>o umaluva neste momento. “Escutoalgumas pessoas dizerem que cintode segurança é um detalhedispensável. Sempre retruco que éum detalhe que faz muita diferença. Aprincipal é que se ele utilizasse, muitoprovavelmente não estaria aqui naminha frente.”EDUCAÇÃODe volta às salas de aulaRenovação da carteira de motorista requer atualização de conhecimentosAnderson Macielmentos do Departamento de Trânsitodo Paraná (<strong>Detran</strong>/PR), até o dia primeirode maio de 2007, 138.387 condutoresjá haviam realizado a provade renovação.mentos que contribuem para uma melhoriado trânsito, também se possibilitauma maior uniformidade entreos motoristas, já que o atual CTB estabelece,para todos os candidatos àobtenção da 1ª habilitação, aLápis e caneta em mãos. A últimarevisada nas apostilas para conferira matéria. E pronto, agora é sóesperar a hora de entrar na sala, afinal,hoje é dia de prova! Mas não precisaficar nervoso, trata-seapenas de um teste simples,rápido e fácil para a renova-A prova para renovação daobrigatoriedade de freqüentarcurso básico de primeirosção da Carteira Nacional de CNH é uma das determinações socorros e direção defensiva,Habilitação (CNH), e ao contráriodo que muita gente pen-da resolução 168 do Conselho uma prova para testar o<strong>com</strong>o também a realização desa, esta é uma prova teórica, e Nacional de Trânsito (Contran), aprendizado destes temas.não <strong>ser</strong>á preciso exame prático,<strong>com</strong>o o de 1ª habilitação,George Luiz Morsalik (55)e <strong>com</strong>eçou a <strong>ser</strong> aplicada acredita <strong>ser</strong> <strong>responsabilidade</strong>tão temido e motivo de arrepiosnos candidatos.atualizar seus conhecimentosno Paraná em 2006.de todo motorista procurarA prova para renovaçãoda CNH é uma das determina-O objetivo desta prova é fa-do trânsito e por isso a prova não re-e contribuir <strong>com</strong> a melhoriações da resolução 168 do Conselho zer <strong>com</strong> que os motoristas habilitadosantes de 21 de janeiro de 1998, ças. “Foi muito tranqüilo, até maispresentou nenhum bicho de sete cabe-Nacional de Trânsito (Contran), e <strong>com</strong>eçoua <strong>ser</strong> aplicada no Paraná em quando entrou em vigor o atual do que eu esperava. É preciso fazê-la2006. Eram previstos que 2,1 milhõesde motoristas passassem por es-(CTB), atualizem seus conhecimen-outro resultado possível que não sejaCódigo de Trânsito Brasileiro <strong>com</strong> calma e atenção, assim não háte novo método de renovação em todoo estado. De acordo <strong>com</strong> levanta- socorros. Além de oferecer conheciristahabilitado desde 1970 e que, patosde direção defensiva e primeiros a aprovação”, afirma Morsalik, moto-12 Socorristas do Siate atendem mais um motociclistavítima de acidente de trânsito em Curitiba13Foto: Corpo de Bombeiros do PRFoto: Anderson MacielA prova para renovação da CNH <strong>com</strong>eçoua <strong>ser</strong> aplicada no Paraná em 2006