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Remanescentes ósseos humanos da Toca do Serrote das Moendas ...

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<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong><strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:cura, inventário e descrição sumária.Tatiana F. de Almei<strong>da</strong>, Walter A. Neves<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII86cura, inventário e descrição sumária 86


<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:cura, inventário e descrição sumária.Tatiana F. de Almei<strong>da</strong> 1 , Walter A. Neves 2IntroduçãoAs escavações até o momento conduzi<strong>da</strong>s pela equipe <strong>da</strong> FUMDHAM na <strong>Toca</strong> <strong>do</strong><strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s evidenciaram três sepultamentos, numera<strong>do</strong>s sequencialmentepelos responsáveis pela pesquisa de campo ali conduzi<strong>da</strong>. Os ossos desses trêssepultamentos foram envia<strong>do</strong>s pela instituição ao Laboratório de Estu<strong>do</strong>s EvolutivosHumanos-USP (LEEH-USP) para cura, inventário e análise. Ten<strong>do</strong> em vista o pequenotamanho <strong>da</strong> amostra e o esta<strong>do</strong> original precário de preservação <strong>do</strong>s ossos, essaúltima ficou restrita a uma descrição sumária apenas. Na diagnose <strong>do</strong> sexo e <strong>da</strong> i<strong>da</strong>debiológica os critérios utiliza<strong>do</strong>s foram aqueles preconiza<strong>do</strong>s por Ubelaker (1980), White& Folkens (2005) e Scheuer & Black (2000). Na diagnose patológica foram especialmenteúteis as obras de Ortner & Putschar (1985) e Larsen (1997).Sepultamento 1Pré-curaA impressão original era a de que se tratava de ossos deuma criança, cujo esqueleto estava completo ou quasecompleto e de um fêmur intrusivo de adulto. Os ossosnão se apresentavam numera<strong>do</strong>s. Porém,aparentemente, foram pré-cura<strong>do</strong>s antes de chegaremao LEEH-USP, pois alguns apresentavam sinais delimpeza e de reconstituição. Os ossos <strong>da</strong> criançaestavam cobertos por um sedimento muito fino e solto eo osso de adulto, por um sedimento mais grosso e váriospontos de concreção carbonata<strong>da</strong>. Alguns ossospareciam não terem si<strong>do</strong> limpos e se encontravamencobertos por uma cama<strong>da</strong> mais espessa de sedimento.Aparentemente, os ossos não apresentavam sinais depigmentação ou queima. Os ossos de criança erammuito frágeis e friáveis. Fragmentos <strong>do</strong> fêmur de adultoe de costelas <strong>da</strong> criança foram envia<strong>do</strong>s para <strong>da</strong>tação.CuraOs ossos que aparentavam não terem si<strong>do</strong> limpos o foramno LEEH-USP, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se o protocolo padrãoemprega<strong>do</strong> pelo Laboratório, modifica<strong>do</strong> de Neves (1988).Mesmo com limpeza a úmi<strong>do</strong> não foi possível removercompletamente o sedimento <strong>do</strong> fêmur adulto, ten<strong>do</strong> emvista a aplicação, em campo, por parte <strong>da</strong> FUMDHAM, dealgum tipo de consoli<strong>da</strong>nte. Pelo mesmo motivo, fragmentosdesse fêmur não puderam ser libera<strong>do</strong>s e remonta<strong>do</strong>s.Antes <strong>da</strong> limpeza a úmi<strong>do</strong>, a coloração <strong>do</strong>s sedimentosque cobriam to<strong>do</strong>s os ossos foi caracteriza<strong>da</strong> pela tabelaMünsell. No caso <strong>da</strong> criança a coloração variou entre 6/4 e 5/6 7,5YR. Os ossos de adulto apresentavamcoloração 6/6 7,5YR <strong>da</strong> mesma escala. É possível quea diferença sutil em termos de coloração entre os ossosde adulto e <strong>da</strong> criança deva-se à aplicação <strong>do</strong>consoli<strong>da</strong>nte em campo. Após a limpeza <strong>do</strong>s ossos foiefetua<strong>da</strong> a remontagem <strong>do</strong>s fragmentos e a identificaçãode to<strong>da</strong>s as peças presentes, mesmo <strong>da</strong>s que não foramlimpas segun<strong>do</strong> o protocolo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo LEEH. Algunsfragmentos haviam si<strong>do</strong> cola<strong>do</strong>s previamente naFUMDHAM, utilizan<strong>do</strong>-se para tanto cola não solúvel emágua. Após a identificação <strong>do</strong>s ossos, percebeu-se apresença de um fragmento intrusivo de um coxal deadulto. Devi<strong>do</strong> ao pequeno tamanho <strong>do</strong> fragmento nãofoi possível determinar sua compatibili<strong>da</strong>de com o fêmuradulto, acima menciona<strong>do</strong>.O diagnóstico de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança foi efetua<strong>do</strong> a partir<strong>da</strong> dentição, ten<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> entre 2 e 4 anos. O sexonão pôde ser diagnostica<strong>do</strong> por se tratar de um subadulto1 . Nem o sexo, nem a i<strong>da</strong>de puderam serdiagnostica<strong>do</strong>s para os ossos intrusivos de adulto.1Na última déca<strong>da</strong>, vários especialistas vêm divulgan<strong>do</strong> técnicas de sexagem de esqueletos sub-adultos. Entretanto, na prática, os critérios sugeri<strong>do</strong>s não têm apresenta<strong>do</strong> rendimentosuficiente que justifique sua a<strong>do</strong>ção por parte <strong>do</strong> LEEH-USP (para uma discussão ampla <strong>do</strong> assunto ver Hunt 1990, Sutter 2003).<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII87cura, inventário e descrição sumária 87


Inventário (Fig.1)CriançaCrânio1.Uma hemi-calota parcial direita com 11,3 cm decomprimento e 10,5 cm de largura com os seguintesossos representa<strong>do</strong>s em esta<strong>do</strong>s de integri<strong>da</strong>devariáveis: occipital, temporal e parietal direitos.2.Oito fragmentos medin<strong>do</strong> entre 0,5 e 4,9 cm.3.Um côndilo occipital esquer<strong>do</strong> parcial, com 1,3 cm decomprimento e 1,4 cm de largura.4.Vinte fragmentos não classifica<strong>do</strong>s pequenos menoresque 2,0 cm.5.Uma hemi-mandíbula parcial, corresponden<strong>do</strong> à porção<strong>do</strong> corpo mandibular entre o gônio e aproxima<strong>da</strong>mentea sínfise com 5,4 cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre1,4 e 1,9 cm de altura.6.Três fragmentos avulsos <strong>da</strong> porção alveolar <strong>da</strong> mesmamandíbula, menores que 0,5 cm.Dentes1.Incisivo lateral superior direito decíduo.2.Um incisivo inferior decíduo fragmenta<strong>do</strong>.3.Canino superior direito decíduo fragmenta<strong>do</strong>.4.Primeiro molar superior direito decíduo fragmenta<strong>do</strong>.5.Segun<strong>do</strong> molar superior direito decíduo fragmenta<strong>do</strong>.6.Primeiro molar inferior direito decíduo fragmenta<strong>do</strong>.7.Segun<strong>do</strong> molar inferior direito decíduo fragmenta<strong>do</strong>.8.Segun<strong>do</strong> molar inferior esquer<strong>do</strong> decíduo fragmenta<strong>do</strong>.9.Incisivo central superior direito permanente completo.10.Incisivo lateral superior direito permanente completo.11.Dois incisivos inferiores permanentes completos12.Um canino permanente fragmenta<strong>do</strong>.13.Primeiro molar superior direito permanente completo.14.Primeiro molar superior esquer<strong>do</strong> permanentecompleto.15.Primeiro molar inferior direito permanente completo.16.Primeiro molar inferior esquer<strong>do</strong> permanentecompleto.Escápula sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1.Um fragmento com 2,8 cm de comprimento pertencenteà bor<strong>da</strong> medial ou lateral.2.Um fragmento com 1,6 cm de comprimento pertencenteao ângulo inferior.Úmero direito1.Um fragmento de 7,3 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise distal, com diâmetro varian<strong>do</strong>entre 0,9 e 2,6 cm.Úmero esquer<strong>do</strong>1.Um fragmento de 11,3 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise distal, com diâmetro varian<strong>do</strong>entre 0,9 e 2,1 cm.Ulna direita1.Um fragmento diafisário com 8,0 cm de comprimento,com diâmetro varian<strong>do</strong> entre 0,5 e 1,4 cm.Ulna esquer<strong>da</strong>1.Um fragmento com 9,3 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise proximal, e com diâmetrovarian<strong>do</strong> entre 0,5 e 1,5 cm.Rádio direito1.Um fragmento com 8,0 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise proximal, e com diâmetrovarian<strong>do</strong> entre 0,5 e 1,0 cmRádio esquer<strong>do</strong>1.Um fragmento diafisário com 7,5 cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 0,5 e 1,0 cm de diâmetro.Metacarpos1.Um osso completo com 2,3 cm de comprimento.2.Um fragmento com 2,1 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise distal.3.Dois fragmentos com 2,0 e 2,2 cm de comprimento apartir <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise proximal.4.Um fragmento diafisário com 1,6 cm de comprimento.Falanges intermediárias ou proximais de mão1.Dois ossos completos com 1,2 cm de comprimento.Fêmur esquer<strong>do</strong>1.Um fragmento diafisário com 12,0 cm de comprimentoe com diâmetro varian<strong>do</strong> entre 1,1 e 1,6 cm.Fêmur direito1.Um fragmento diafisário com 3,3 cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 1,2 e 1,4 cm de diâmetro.2.Um fragmento diafisário com 4,3 cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 1,0 e 1,4 cm de diâmetro.Fíbula esquer<strong>da</strong>1.Fragmento diafisário com 8,5 cm de comprimento e0,5 cm de diâmetro.Fíbula direita1.Dois fragmentos diafisários com 11,0 cm decomprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,5 e 0,8 cm dediâmetro, quan<strong>do</strong> soma<strong>do</strong>s. Os <strong>do</strong>is fragmentos nãopuderam ser remonta<strong>do</strong>s de forma permanente, ten<strong>do</strong>em vista a pouca superfície de contato entre ambos.Tíbia esquer<strong>da</strong>1.Um fragmento diafisário com 10,0 cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 1,2 e 1,5 cm de diâmetro.Tíbia direita1.Um fragmento diafisário mediano, com aproxima<strong>da</strong>mente3,0 cm de comprimento e 1,1 cm de diâmetro.Falanges intermediárias ou proximais <strong>do</strong> pé1.Dois ossos completos com 0,8 cm de comprimento.2.Dois fragmentos diafisários com 0,7 e 0,8 cm decomprimento<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII88cura, inventário e descrição sumária 88


Fragmentos de ossos longos não classifica<strong>do</strong>s1.Quarenta e nove fragmentos varian<strong>do</strong> entre 0,5 e 4,8 cm.Vértebras cervicais1.Oito fragmentos de arco varian<strong>do</strong> entre 1,9 e 2,8 cm.2.Um fragmento de arco de axis, com 2,4 cm.3.Um fragmento de arco de atlas, com 2,4 cm.Vértebras torácicas1.Seis fragmentos de arco varian<strong>do</strong> entre 0,7 e 1,9 cm.Vértebras lombares1.Três fragmentos de corpo, varian<strong>do</strong> entre 1,3 e 2,1 cm.Fragmentos de vértebras não classifica<strong>do</strong>s1.Vinte e um fragmentos de corpo, varian<strong>do</strong> entre 0,5 e1,5 cm.2.Sessenta e quatro fragmentos de arco, varian<strong>do</strong> entre0,5 e 1,5 cm.2.Um fragmento diafisário distal com 11,6 cm decomprimento e 3,1 cm de diâmetro.Fragmentos não classifica<strong>do</strong>s1.Um fragmento de epífise de aproxima<strong>da</strong>mente 4,0 cmde comprimento e 3,0 cm de largura.2.Três fragmentos entre 2,8 e 4,0 cm de comprimento.3.Quarenta e cinco fragmentos menores que 2,0 cm.Análise Patológica:Não foi observa<strong>da</strong> qualquer patologia óssea nos ossospertencentes à criança e ao adulto intrusivo.Costelas esquer<strong>da</strong>s1.Doze fragmentos comcomprimento varian<strong>do</strong>entre 1,5 e 7,0 cm.Costelas direitas1.Dezoito fragmentos comcomprimento varian<strong>do</strong> entre1,1 e 5,0 cm.Fragmentos de costelas semla<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1.Cinqüenta e um fragmentoscom comprimento varian<strong>do</strong>entre 1,0 e 5,0 cm.2.Cento e sete fragmentoscom comprimento menorque 1,0 cm.Fragmentos não classifica<strong>do</strong>s1.Cento e sessenta e umfragmentos varian<strong>do</strong> entre0,2 e 1,8 cm.DireitoEsquer<strong>do</strong>Ossos intrusivos de adultoCoxal sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1.Um fragmento de ílio com3,5 cm de comprimento e4,6 cm de largura.2.Um fragmento não classifica<strong>do</strong>de 1,5 cm decomprimento e 1,0 cm delargura.Fêmur adulto intrusivoFêmur direito1.Um fragmento diafisárioproximal com 24,5 cm decomprimento e varian<strong>do</strong>entre 2,6 e 4,0 cm dediâmetroFigura 1: Ossos presentes no Sepultamento 1 (apenas aqueles identifica<strong>do</strong>s quanto à categoriae laterali<strong>da</strong>de estão aqui representa<strong>do</strong>s).<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII89cura, inventário e descrição sumária 89


Sepultamento 2Pré-curaA impressão original era de que se tratava de ossos deapenas uma criança. Num primeiro momento foramidentifica<strong>do</strong>s fragmentos de crânio, úmero, vértebras,costelas, além de outros ossos não identifica<strong>do</strong>s. Osossos foram pré-cura<strong>do</strong>s antes de chegarem ao LEEH-USP e estavam em sua maioria numera<strong>do</strong>s com a série113.123791. Aparentemente to<strong>do</strong>s os ossos foramlimpos, porém alguns ain<strong>da</strong> se mostravam cobertos comum sedimento concreciona<strong>do</strong>. Aparentemente, os ossosnão apresentavam sinais de pigmentos nem de queima.Dois fragmentos de crânio foram envia<strong>do</strong>s para <strong>da</strong>tação.CuraOs ossos foram manti<strong>do</strong>s com suas identificaçõesoriginais e não foram limpos novamente. No LEEH-USPfoi feita apenas a remontagem <strong>do</strong>s fragmentos e aidentificação <strong>da</strong>s peças ósseas. Alguns fragmentos <strong>do</strong>crânio haviam si<strong>do</strong> cola<strong>do</strong>s previamente na FUMDHAMo que prejudicou de certa forma a nova reconstrução.A coloração <strong>do</strong> sedimento concreciona<strong>do</strong> presente ain<strong>da</strong>nas peças foi caracteriza<strong>da</strong> conforme a tabela de Münsell,varian<strong>do</strong> entre 5/4 5YR para as cama<strong>da</strong>s mais finas desedimento e 6/6 7,5 YR para as cama<strong>da</strong>s mais grossas.2. Um fragmento de arco com 1,4 cm de comprimentoe 0,7 cm de larguraVértebra lombar1. Um fragmento de arco com 2,5 cm de comprimento e1,5 cm de largura.Fragmentos de vértebras não classifica<strong>do</strong>s1. Dois fragmentos de corpo com 2,0 cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 1,5 e 1,8 cm de largura.2. Um fragmento de processo espinhoso ou transversocom 0,8 de comprimento e 0,7 cm de largura.Costela direita1. Um fragmento com 5,0 cm de comprimento.Fragmentos de costelas sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1. Cinco fragmentos com comprimento varian<strong>do</strong> entre1,0 e 4,5 cm.Fragmentos não classifica<strong>do</strong>s1. Cinco fragmentos menores que 1,0 cmAnálise patológica:Os ossos não apresentam qualquer tipo de lesãocompatível com patologias ósseas conheci<strong>da</strong>s.A i<strong>da</strong>de foi estima<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s proporções <strong>do</strong> crânio e<strong>do</strong> tamanho <strong>do</strong> úmero entre 3 e 7 anos. O sexo não foidetermina<strong>do</strong> por se tratar de sub-adulto..DireitoEsquer<strong>do</strong>Inventário ósseo (Fig.2)Crânio1. Uma hemi-calota parcial com 14,4 cm de comprimentoe 11,4 cm de largura, com os seguintes ossosrepresenta<strong>do</strong>s em esta<strong>do</strong>s de integri<strong>da</strong>de variável:parietal direito e esquer<strong>do</strong> e occipital.2. Um fragmento de temporal direito com 8,2 cm decomprimento e 4,4 cm de largura, forma<strong>do</strong>, emdiferentes graus de integri<strong>da</strong>de, pelo condutotimpânico, processo mastóide, fossa mandibular eosso petroso.3. Cinqüenta e seis fragmentos de crânio nãoclassifica<strong>do</strong>s varian<strong>do</strong> entre 0,4 e 2,9 cm.Dentes1. Incisivo lateral superior esquer<strong>do</strong> decíduo completo.Úmero esquer<strong>do</strong>1. Um fragmento com 7,6 cm de comprimento a partir <strong>da</strong>extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífise distal, e diâmetro varian<strong>do</strong>entre 1,0 e 2,0 cm.Vértebras cervicais1. Três fragmentos de arco varian<strong>do</strong> entre 2,0 e 2,2 cm.Vértebras torácicas1. Dois arcos completos com 3,2 cm de comprimento e2,1 cm de largura.Figura 2: Ossos presentes no Sepultamento 2 (apenas aquelesidentifica<strong>do</strong>s quanto à categoria e laterali<strong>da</strong>de estão aquirepresenta<strong>do</strong>s).<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII90cura, inventário e descrição sumária 90


Sepultamento 3Pré-curaEste sepultamento chegou ao LEEH-USP em duasremessas distintas. A primeira mostrou-se, num primeiromomento, composta por ossos de crânio, úmeroesquer<strong>do</strong> e ossos <strong>da</strong> mão. A segun<strong>da</strong>, por vértebras,costelas e ossos longos. Ambos os conjuntosapresentavam-se identifica<strong>do</strong>s com a série 113-123780.Antes de chegarem ao LEEH-USP to<strong>do</strong>s os ossos foramaparentemente limpos. Entretanto, estavam ain<strong>da</strong>cobertos por sedimentos concreciona<strong>do</strong>s e soltos.Aparentemente, não apresentavam sinais de pigmentoou queima. Três fragmentos de ossos longos e umfragmento de crânio de cervídeo associa<strong>do</strong> foramenvia<strong>do</strong>s para <strong>da</strong>tação.CuraOs ossos foram manti<strong>do</strong>s com suas identificaçõesoriginais e não foram limpos novamente. No LEEH-USPfoi feita apenas a remontagem <strong>do</strong>s fragmentos e aidentificação <strong>da</strong>s peças ósseas.A coloração tanto <strong>do</strong> sedimento concreciona<strong>do</strong> quanto<strong>do</strong> solto ain<strong>da</strong> presente nos ossos foi caracteriza<strong>da</strong>conforme a tabela de Münsell em 5/4 5YR.Per<strong>da</strong> de dentes in vivo e uma osteo-artrose no côndilomandibular esquer<strong>do</strong> permitiu estimar a i<strong>da</strong>de biológica<strong>do</strong> indivíduo como adulto, muito provavelmente acima de30 anos. O sexo, masculino, foi diagnostica<strong>do</strong> pelasseguintes características cranianas (Fig.3): robustez emgeral, saliência para-glabelar medianamente marca<strong>da</strong>,crista supramastoidea marca<strong>da</strong>mente desenvolvi<strong>da</strong>, faceorbital <strong>do</strong> osso frontal espessa<strong>da</strong> e ligeira eversão <strong>do</strong>gônio esquer<strong>do</strong> <strong>da</strong> mandíbula, associa<strong>da</strong> a marcasacentua<strong>da</strong>s na região de inserção <strong>do</strong> masseter.Escápula sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1. Um fragmento com 5,2 cm de comprimento e 1,0 cmde largura.Esterno1. Um fragmento <strong>do</strong> processo xifóide com 3,0 cm decomprimento e 2,2 cm de largura.Úmero esquer<strong>do</strong>1. Um fragmento diafisário com 22,5cm de comprimentoe varian<strong>do</strong> entre 1,5 e 2,5 cm de diâmetro.Trapezóide direito1. Osso completo com 1,7 cm de comprimento e 1,0 cmde largura.Hamato direito1. Osso completo com 2,4 cm de comprimento e 1,8 cmde largura.Escafóide direito1. Osso completo com 2,2 cm de comprimento e 1,3 cmde largura.Metacarpos1. Um fragmento de primeiro metacarpo direito com 3,4cm de comprimento a partir <strong>da</strong> epífise proximal e 1,3cm de largura.2. Osso completo de segun<strong>do</strong> metacarpo direito com5,9 cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,7 e 1,5 cmde largura.3. Osso completo de terceiro metacarpo direito com 6,1cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,7 e 1,4 cm delargura.4. Osso completo de quarto metacarpo direito com 5,1cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,6 e 1,2 cmde largura.5. Osso completo de quinto metacarpo direito com 4,6cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,7 e 1,2 cmde largura.Inventário ósseo (Fig.4)Crânio1.Uma hemi-calota esquer<strong>da</strong> com 17,6 cm decomprimento e 12,7 cm de largura, com os seguintesossos representa<strong>do</strong>s em esta<strong>do</strong>s de integri<strong>da</strong>devariável: frontal, parietal esquer<strong>do</strong>, temporal esquer<strong>do</strong>e occipital.2. Um fragmento de maxilar e zigomático esquer<strong>do</strong>, com4,5 cm de comprimento e varian<strong>do</strong> entre 0,5 e 4,2 cmde largura, apresentan<strong>do</strong> parte inferior <strong>da</strong> órbita eparte <strong>do</strong> arco zigomático.3. Um fragmento de occipital representa<strong>do</strong> pelo côndilodireito, com 4,0 cm de comprimento e 2,2 cm delargura.4. Nove fragmentos não classifica<strong>do</strong>s, menores que 2,2 cm.5. Uma hemi-mandíbula esquer<strong>da</strong> parcial, forma<strong>da</strong> porparte <strong>do</strong> corpo e <strong>do</strong> ramo mandibular completo, esteúltimo com 6,3 cm de altura e varian<strong>do</strong> entre 3,4 e4,4 cm de largura.Figura 3: Hemi-calota esquer<strong>da</strong> pertencente ao Sepultamento 3.Visão lateral esquer<strong>da</strong>.<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII91cura, inventário e descrição sumária 91


Falanges proximais <strong>da</strong> mão1. Duas falanges completas (1ª e 2ª) com 2,6 e 4,0 cmde comprimento.2. Um fragmento <strong>da</strong> 5ª falange com 2,7 cm decomprimento a partir <strong>da</strong> extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> epífiseproximal.Falanges intermediárias <strong>da</strong> mão1. Uma 2ª ou 5ª falange completa com 2,0 cm decomprimento.2. Uma 3ª ou 4ª falange completa com 2,5 cm decomprimento.Coxal sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1. Um fragmento com 3,6 cm de comprimento e varian<strong>do</strong>entre 0,6 e 2,6 cm de largura.Fragmentos de costela sem la<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>1. Três fragmentos com comprimentos de 4,2; 6,7 e11,1 cm.2. Trinta e quatro fragmentos menores que 2,0 cm.Fragmentos não classifica<strong>do</strong>s1. Oitenta e três fragmentos menores que 2,2 cm.Análise Patológica:Per<strong>da</strong> de dentes in vivo na altura <strong>do</strong>s molares esquer<strong>do</strong>s<strong>da</strong> mandíbula, com conseqüente per<strong>da</strong> alveolar eremodelação <strong>do</strong> corpo. Sinais discretos de um processode osteo-artrose no côndilo mandibular esquer<strong>do</strong>.Fêmur direito1. Um fragmento <strong>da</strong> porçãomediana anterior <strong>da</strong> diáfisecom 7,2 cm de comprimentoe 2,3 cm de larguraDireitoEsquer<strong>do</strong>Fragmentos de ossos longosnão classifica<strong>do</strong>s1. Um fragmento diafisário com3,5 cm de comprimento e1,5 cm de largura.2. Oito fragmentos de epífisescom comprimento varian<strong>do</strong>entre 2,8 cm e 0,5 cm.Vértebras cervicais1. Dois fragmentos de atlascom 4,4 e 5,0 cm de comprimentoca<strong>da</strong> e varian<strong>do</strong>entre 0,5 e 2,6 cm de largura.2. Um fragmento de processotransverso de atlas com 1,4cm de comprimento e 1,5cm de largura.Vértebras torácicas1. Três fragmentos de arcovarian<strong>do</strong> entre 1,4 e 2,5 cmde comprimento.Fragmentos de vértebras semclassificação1. Um fragmento de processotransverso com 2,4 cm decomprimento e 1,4 cm delargura.2.Cinco fragmentos de processostransversos e facetasarticulares varian<strong>do</strong> entre1,3 e 1,5 cm.Costelas esquer<strong>da</strong>s1. Dois fragmentos com 4,0 e6,4 cm de comprimento.Figura 4: Ossos presentes no Sepultamento 3 (apenas aqueles identifica<strong>do</strong>s quanto à categoriae laterali<strong>da</strong>de estão aqui representa<strong>do</strong>s).<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII92cura, inventário e descrição sumária 92


Considerações finaisEmbora a amostra esqueletal humana <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> seja inexpressiva, chama a atençãoo fato de que os ossos encontra<strong>do</strong>s não apresentam patologias dignas de nota. À exceção de um discreto processoartrítico no côndilo mandibular esquer<strong>do</strong> e uma per<strong>da</strong> de dentes posteriores segui<strong>da</strong> por remodelação óssea tambémna mandíbula <strong>do</strong> Sepultamento 3, outras patologias infecciosas ou degenerativas não foram constata<strong>da</strong>s.Ten<strong>do</strong> em vista o grau de fragmentação <strong>do</strong>s ossos, a baixa representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s peças ósseas por esqueleto(pelo menos no caso <strong>do</strong>s Sepultamentos 2 e 3), bem como a associação intrinca<strong>da</strong> entre ossos de fauna e ossos<strong>humanos</strong>, não é totalmente impossível que os corpos que deram origem aos três sepultamentos evidencia<strong>do</strong>s na<strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s tenham si<strong>do</strong> ali deposita<strong>do</strong>s por agentes não-antrópicos.Entretanto, não se pode afastar completamente uma outra possibili<strong>da</strong>de: a de que os agentes não-antrópicos,sobretu<strong>do</strong> fluxo de água e/ou bioturbação, tenham agi<strong>do</strong> sobre inumações antrópicas primárias e/ou secundárias.Fala a favor desta hipótese o fato <strong>do</strong> fêmur adulto direito intrusivo <strong>do</strong> Sepultamento 1 ser, em princípio, compatívelcom o indivíduo <strong>do</strong> Sepultamento 3. Entretanto, foi identifica<strong>do</strong> entre os ossos desse último um fragmento quasecertamente pertencente a um fêmur direito, fragmento esse não complementar ao fêmur intrusivo <strong>do</strong> Sepultamento 1.De qualquer forma, o fato <strong>do</strong> fêmur intrusivo <strong>do</strong> Sepultamento 1 apresentar extensa região com marcas inequívocasde dentes de roe<strong>do</strong>res sugere fortemente que pelo menos alguns ossos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>sficaram expostos à superfície por um certo perío<strong>do</strong> de tempo, antes de serem protegi<strong>do</strong>s por sedimento.1, 2Laboratório de Estu<strong>do</strong>s Evolutivos HumanosDepartamento de Genética e Biologia Evolutiva, Instituto de Biociências-USP, C.P. 1146105422.970 São Paulo – SP-BrasilE-mail (primeira autora): tuevos@yahoo.com.brAgradecimentosOs autores agradecem Niéde Guidón pelo convite para estu<strong>da</strong>r os ossos <strong>do</strong>s sepultamentos encontra<strong>do</strong>s na <strong>Toca</strong><strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s. Agradecem também a FAPESP pelo auxílio financeiro através de Projeto Temático (processo2004/01321-6 para WAN) e bolsa de mestra<strong>do</strong> (processo 2008/51637-0 para TFA), Danilo Bernar<strong>do</strong> pelo auxílio nasfases iniciais <strong>do</strong> processo de cura e Rodrigo Oliveira pelo auxílio com a descrição <strong>do</strong>s dentes.Referências BibliográficasHUNT, D.R. 1990 Sex determination in the subadult ilia: an indirect test of Weaver’s nonmetric sexing method.Journal of Forensic Science, 35:881-5.LARSEN, C.S. 1997 Bioarchaeology: Interpreting behavior from the human skeleton. Cambridge UniversityPress, Cambridge.NEVES, W.A. 1988 Uma proposta pragmática para a cura e recuperação de coleções de esqueletos <strong>humanos</strong>de origem arqueológica. Boletim Paraense Emílio Goeldi – Série Antropológica, 4:3-27.ORTNER, D.J., PUTSCHAR, W.G.J. 1985 Identification of pathologic conditions in human skeletal remains.Smithsonian Institution Press, Washington.SCHEUER, L., BLACK, S. 2000 Developmental juvenile osteology. Academic Press, Lon<strong>do</strong>n.SUTTER, R.C. 2003 Nonmetric subadult skeletal sexing traits: I. A blind test of the accuracy of eightpreviously proposed methods using prehistoric known-sex mummies from northern Chile. Journal of ForensicScience, 48:927-35.UBELAKER, D.H. 1980 Human skeletal remains, excavation, analysis, interpretation. Taraxacum, Washington.WHITE T.D., FOLKENS, P.A. 2005 The human bone manual. Elsevier Academic Press, San Diego.<strong>Remanescentes</strong> ósseos <strong>humanos</strong> <strong>da</strong> <strong>Toca</strong> <strong>do</strong> <strong>Serrote</strong> <strong>da</strong>s Moen<strong>da</strong>s:FUMDHAMentos VIII93cura, inventário e descrição sumária 93

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