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Prêmio Sen. José Ermírio de Moraes - Academia Brasileira de Letras

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Discurso do escritor Manif Zacharias<br />

Outro motivo que me levou a este trabalho foi o meu amor à língua portuguesa.<br />

Eu sempre gostei <strong>de</strong> ler e, igualmente, <strong>de</strong> estudar o nosso idioma. Procuro<br />

cultivá-lo, aprofundando-me no seu conhecimento. Não para ensiná-lo, difundi-lo,<br />

propagá-lo, que isto eu não sei, nunca soube fazer; mas para meu <strong>de</strong>leite,<br />

para meu uso próprio, para bem me expressar nas vezes em que tenho <strong>de</strong> fazê-lo.<br />

Porque eu sempre achei que o bom falar é um dos componentes mais importantes<br />

na formação da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada indivíduo. E a cada vez mais me convenço<br />

do acerto <strong>de</strong> tal modo <strong>de</strong> pensar.<br />

Ainda com respeito à obra: ela foi elaborada há anos e durante anos. Na<br />

apresentação que <strong>de</strong>la faço há um rápido histórico <strong>de</strong>ste particular. Mas já não<br />

me lembro com precisão da época em que isso ocorreu. É interessante assinalar<br />

aqui um fato curioso, que se verifica com as pessoas idosas: o tempo, para elas,<br />

adquire dimensões imprecisas, tem uma duração muito vaga, <strong>de</strong> modo que se<br />

torna difícil ou impossível <strong>de</strong>limitá-lo em função <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado fato ou<br />

acontecimento. Ele ora se disten<strong>de</strong> na lembrança, para além da realida<strong>de</strong>, ora se<br />

retrai, gerando confusão na mente <strong>de</strong> quem o avalia. Mas, no caso presente, um<br />

dado é certo, porque registrado: nos originais da obra, datilografados e enca<strong>de</strong>rnados,<br />

consta o ano <strong>de</strong> sua conclusão como sendo o <strong>de</strong> 1993. De lá para cá<br />

já <strong>de</strong>correram, portanto, nove anos.<br />

Não a editei antes por escassez <strong>de</strong> recursos pessoais e por não haver encontrado<br />

quem patrocinasse ou subsidiasse sua edição. Inúmeras vezes, com esse<br />

objetivo, recorri aos po<strong>de</strong>res públicos, a entida<strong>de</strong>s culturais, à classe empresarial,<br />

porém em vão. Em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> meu propósito, a alegação mais comum<br />

foi a costumeira e exasperante “falta <strong>de</strong> verba”. Procurei também, com idêntico<br />

propósito, diversas editoras, as quais, entretanto, pon<strong>de</strong>raram que ela, a<br />

obra, muito embora sua reconhecida importância, não era interessante do ponto<br />

<strong>de</strong> vista comercial, por atrair um mercado muito restrito e tornando, por <strong>de</strong>corrência,<br />

difícil e <strong>de</strong>morado o retorno do capital que porventura investissem<br />

em sua publicação.<br />

E tive, assim, <strong>de</strong> amargar o meu <strong>de</strong>sapontamento, o meu <strong>de</strong>salento, até meados<br />

do ano passado, quando feliz acaso fez com que me reencontrasse com um<br />

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