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O Dinossauro - Ordem Livre

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104bem explica os motivos de seu sucesso. Conseguiu efetivamente dar forma legal a todas asprofundas alterações que impôs à Inglaterra, na transição do feudalismo para a organizaçãomoderna. Nenhuma de suas esposas infiéis e nenhum de seus ministros foram parar nopatíbulo sem o uso (sincero ou hipócrita, não importa) de todos os recursos legais. Neleencontramos o amor da eficiência e o entusiasmo renascentista pelo progresso e a "virtude"de poder, no meio das veleidades anárquicas que se faziam sentir sob a cobertura deconvicções religiosas contraditórias. É interessante notar que Samuel Huntington atribuiuaos Tudor as instituições que até hoje governam a América do Norte. O fato é que, empleno século XVI, Henrique VIII e sua filha Elizabeth foram os últimos autocratascarismáticos que governaram a Inglaterra. É com eles que se estabelece aquele perfeitoequilíbrio hierárquico entre o rei, os lordes e os comuns o qual, com poucas interrupções ealterações (refiro-me ao período da Revolução Inglesa, de Carlos I a Cromwell) se manteveno arquipélago britânico. Tal regime tornou a Grã-Bretanha, na época de seu maior brilho, opaís mais bem governado do mundo. Em sua obra Political Order in Changing Societies,alega Huntington que os Estados Unidos criaram instituições democráticas tão difíceis decompreender e tão impossíveis de imitar graças aos Tudor. Foi justamente o fenômeno tãoessencial de rápida modernização da sociedade americana que impediu a modernização desuas instituições políticas, de modo que seriam hoje os Estados Unidos, segundoHuntington, "uma das mais antigas policies do mundo". Huntington aponta, em outraspáginas, para o caráter francamente obsoleto das instituições americanas, presididas pormecanismos complicados, de natureza legal, com muito pouca flexibilidade. Com taisinstituições arcaicas estabelecidas por um déspota esclarecido foram os americanos,entretanto, que inovaram e introduziram vários dos expedientes modernos de participaçãopopular. Huntington dá-lhes mesmo o crédito — que creio imerecido — de havereminventado os partidos em princípios do século XIX. Na verdade, os partidos já existiam noParlamento inglês do século XVIII, com seus Whigs liberais e seus Tories conservadores.Na Suécia, enfrentavam-se os Chapéus, civis, partidários de uma política externa pacifista,e os Quépis, favoráveis a uma linha dura na diplomacia. E, na própria França, a Revoluçãointroduziu os partidos dos Jacobinos, dos Montagnards e dos Girondinos. Mas de qualquerforma, foram os anglo-saxões os primeiros que transitaram do feudalismo para ademocracia moderna.As reformas da Idade da Razão não constituíram, todavia, obra exclusiva dos reis.Se considerarmos a evolução política da França para o modernismo, verificamos que olento processo teve início com Henrique IV e seu ministro Sully; depois com Luís XIII e

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