O Dinossauro - Ordem Livre
129hoje se colocam entre os mais ricos, desenvolvidos e bem governados do mundo. Isso,quaisquer que sejam as peripécias históricas mais recentes, de contestação antipuritana,tendentes a confundir este quadro simplificado.A história da Europa nos séculos XVIII e XIX demonstra que as nações nórdicastomaram facilmente a dianteira em seu desenvolvimento material e cultural. A Inglaterrainaugura a revolução industrial em plena luta contra o imperialismo napoleônico. OsEstados Unidos, que se expandem rapidamente para o oeste, superam a crise provocada pelaGuerra de Secessão e avançam com tal presteza que, no limiar da Primeira Guerra Mundial,há setenta anos, já constituem a mais importante economia industrial do mundo. A França,que não é só um país latino mas, em sua formação psicossocial, encerra muitos elementosgermânicos, cresce mais lentamente, não obstante as crises políticas sucessivas, reveladorasde um profundo mal-estar no embate entre o Racionalismo e o Romantismo sob o podercrescente do Estado. Prospera a Alemanha através de uma Revolução pelo Alto que impõeo prussianismo a toda a nação. Do mesmo modo, pequenos países protestantes como aSuíça, os Países Baixos e as monarquias escandinavas contribuem para o desabrochar dacivilização industrial-científica. Fora da Europa, países de língua inglesa como o Canadá e aAustrália, embora de colonização tardia, também tomam economicamente a dianteira,salientando o contraste com o Brasil mais nitidamente ainda do que o que nos separa dosEUA.Nessa mesma época, no entanto, a Itália e sobretudo a Ibéria, mergulhadas namiserável decadência que se seguiu ao Renascimento e à Contra-Reforma, procuram amuito custo sair da estagnação. Na América Latina, são a Argentina e o Chile que, emprincípios deste século, revelam condições relativas de progresso de que, aliás, não sedeixam de vangloriar. O caso da Argentina é interessante quando posto em confronto com oda Austrália. A Argentina possui território, população, disponibilidade de recursos naturais,homogeneidade racial e nível cultural que a coloca no mesmo patamar da Austrália. Aocontrário da Austrália, contudo, tem sido mal governada, na realidade tão mal governadaque, de país plenamente desenvolvido no princípio do século, decaiu para osubdesenvolvimento na atualidade. O atraso "latino" é geral. É necessário esperar o fim dasegunda guerra mundial para que ocorra o mirácolo italiano; para que a Espanha entre emprocesso de modernização e para que, em todo o continente sul-americano, se notem enfimos sinais alvissareiros de uma possível transformação. De um modo geral, a defasagementre nosso progresso e o daquelas áreas nórdicas pode ser em parte explicado, senãoweberianamente pela ausência de uma educação calvinista ou, historicamente, pela nossa
130omissão de quase dois séculos em participar do grande movimento de transformaçãointelectual ocorrido desde o início da Idade da Razão, pelo menos, psicologicamente, pelamíngua em nosso caráter nacional das virtudes racionais de operosidade, organização,poupança, seriedade, obediência à lei, disciplina intelectual e moral, e "boa consciência"econômica que, na oportunidade, impulsionaram aqueles para a frente.Insistamos sobre esses aspectos psicológicos e culturais do problema. OCalvinismo associou-se a uma filosofia francamente racionalista, associação que é evidenteno caso de Zwingli, o reformador de Zurique. Mas não é apenas o Racionalismo como tal, éo racionalismo aplicado à profissão. A profissão começa sendo uma "profissão de fé" etermina como uma atividade econômica específica. O processo de santificação da vidaadquire, aos poucos, o caráter de uma empresa comercial. A companhia não é mais umgrupo de amigos mas um grupo de sócios, empenhados em ganhar dinheiro. Elimina-se,progressivamente, o sentimento e a emoção (que encontram outras formas de expressão ou,mais comumente, são recalcados no Inconsciente). O comportamento torna-se mais frio eobjetivo. Weber acentua que "o homo politicus, tanto quanto o homo economicus,desempenha melhor seu dever quando age sem consideração à pessoa interessada, sine iraet studio, sem cólera e sem amor, sem predileções pessoais e, portanto, sem graça maspuramente de acordo com a responsabilidade fatual e material imposta por sua vocação, enão como resultado de qualquer relação pessoal concreta". Em poucas palavras, o homemmoderno, segundo o modelo típico do businessman anglo-saxônico, desobriga-se de suasresponsabilidades da melhor maneira possível quando age tão próximo quanto convém dosregulamentos racionais do moderno sistema de poder. Weber assinala que a racionalizaçãoda economia acarreta um processo, quase mecânico, que não pode ser mais controlado porapelos sentimentais, românticos e caritativos aos indivíduos. A ética da Grande Famíliacatólica e patriarcal, que é ainda a nossa, confronta-se assim com um mundo de relaçõesdespersonalizadas que, por razões filosóficas fundamentais, não se pode submeter a suasnormas afetivas. Cria, sobretudo, um conflito crescente com o puro sentimento de Justiça:as preferências familiares são, por essência, injustas.É fácil de compreender a seriedade do problema moral que assim se coloca. Se osprincípios acima apresentados, da sociedade industrial capitalista, são verdadeiros, eles seapresentam então como inteiramente incompatíveis com uma sociedade tradicional de tipopatrimonialista. Dentro da estrutura nuclear da Grande Família, o comportamento de nossasociedade — que gosto de qualificar como "erótica", usando o termo Eros no sentidoplatônico — é dominado pelos impulsos afetivos personalistas e os lampejos da intuição. O
JOSÉ OSVALDO DE MEIRA PENNAO DINOS
Coniugi Dilectissimae
NOTA(Indicação sobre a edição o
1IntroduçãoO mundo evolui e a hum
4A esquerda é crítica por defini
6todos três, exaltavam contraditor
8Os liberais sentem, de certo modo,
10Reagan: uma série enorme de tend
12exata em que estamos oprimidos pe
151RACIONALISMO E ROMANTISMO,duas d
17anos. Meu propósito é tentar de
19literária alemã. Certo. Na medi
21Para facilitar o caso no âmbito
23visava salientar o culto da perso
25consistiam apenas em "ornamentos"
27conduziram inexoravelmente os aco
293HOBBES E O INSTINTO DE SEGURANÇ
31esperava na KGB como desertor e t
33Renascimento e atinge o pináculo
35Diabo, sendo corolário do Pecado
37Deduziu-se daí uma declaração
39condição que eles, também, me
41obrigação de respeitá-lo e sus
43"entretanto o homem que não este
45científico. Era filho de um vig
47e eternamente" nesta terra. Hobbe
49terra, que se considere positivis
514INTELECTO E PAIXÃONa presente s
53Uma observação interessante pod
55balouçado pelo vento quando não
57imediatamente sensíveis. É na c
59executivos autoritários e demago
61têm sido propostas. Trata-se cer
63revolução..." O desejo de revol
65Na literatura, como notou Denis d
67admitiu, inicialmente, a bondade
69um mito detestável. Diderot acon
71história do pensamento humano em
73pela introspecção austera do pu
75revolução da juventude, no esti
77Afirma Gaston Morin (em La révol
179pouco generosa pelo dinossauro s
181dificultar, enganar, adiar, abor
183as associações ou agrupamentos
185* * *Na Suíça, existe um únic
187psicológicas, culturais, religi
189Vou contar uma anedota tirada de
191peculiar da santidade da lei. Pa
193ao relacionamento com o exterior
195segundo corria, nem era mesmo br
197tem pai-padrinho-patrão-patrono
199chateiro, colante, compensador,
201décadas o IBC, que dispunha de
203com propaganda. Para quê? Não
205petronautas, porque andam pelo e
207privatização. A companhia teri
209Nacional de Desburocratização,
211O mal, infelizmente, não é ape
213"No Ceará não tem disso não,
215trabalho de equipe, cálculo dur
217heroica iniciativa privada, na t
219incapaz de corrigir esse mal.Sem
221ausência de uma verdadeira moti
223estavam isentos; o nepotismo dos
225cherchez la femme, mas de procur
227muito menor ênfase os aspectos
229Peyrefitte nota que a "inversão
231Crozier insiste aí nas diferen
233com a permanência de um forte n
235França é o país mais anti-sov
237atravessa hoje um dos seus mais
239ibérica, senão latina. O autor
241produtiva. É fácil de compreen
243subsequentes do Tzarismo. Este a
245é a sociedade hispano-azteca.
247com o que ocorreu na Rússia na
249tecnoburocracia mexicana que nã
251Pouco a pouco reduzida pela infl
253ambas habitadas por descendentes
25515O BOM GOVERNO PODE SER ENSINAD
257Peter denomina "automatismo prof
259conduzir o desenvolvimento. Prec
261já foi notado, por exemplo, no
263suficientes da nacionalidade.Ora
265treino profissional. A filosofia
267que carecem de pesquisa exaustiv
269CAPÍTULO IIIA velha nova classe
27116BUROCRATAS OU INTELECTUAIS?A e
273considerações.Burocratas e int
275com os efeitos indiretamente nef
277salientada, como devendo aumenta
279uma "nova classe" de intelectuai
281Consequentemente, a classe capit
283revolução, foram os intelectua
285reflete no uso do termo egghead,
287complexos e inexoráveis mecanis
289que devemos a tese em A Repúbli
291trabalho da escolástica medieva
293prática: sua experiência em Si
295Espírito Santo, o qual também
297do líder no sentido de manter s
299intelectual burguês procura as
301problema da sociologia é o da o
303ele chama a "ética de pura conv
305diversos dos que orientam os bur
307sociedades, desde as mais avanç
309Romênia é a família do ditado
311para os ímpetos hobbesianos que
313da burocracia estatal. Quando fa
31520O GENTLEMANO termo inglês gen
317tentativa frustrada para estende
319verdadeiro gentleman, impregnado
321CONCLUSÃOBrasil,sociedade liber
323daqueles que o controlam. Por qu
325confiança no presidente da Rep
327Muito claramente, durante a Revo
329empirismo do bom senso que prosp
331pensamento sustentado na velha o
333BibliografiaActon, Lord John Eme
_, Çomment les démocratiesfinisse
337Queremos, portanto, dar início
339III — PROGRAMA DE ATUAÇÃOA S
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