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O Dinossauro - Ordem Livre

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310formação de elites administrativas tecnicamente preparadas segundo critérios racionais deseleção. O mito da "sociedade de massas" constitui, na realidade, uma vasta operação deburla, talvez parcialmente inconsciente, para esconder com uma cortina de fumaçademagógica e, com isso, coibir o ímpeto natural que seleciona as elites numa sociedadeindividualista livre.* * *Quais são as novas elites que estão surgindo em nosso país, qual o seu papel e oque delas podemos esperar?Podemos, inicialmente, registrar a presença atuante de três grupos ou classes deelite na conduta do país, não apenas dentro do governo como classe dirigente, masexercendo o seu poder influente de modo indireto. Temos, em primeiro lugar, os militares.Estes constituem uma elite que sob muitos aspectos, parece configurar a velha tradição dopoder aristocrático, do que antigamente se chamava a noblesse d'épée, a nobreza de espada,especializada no uso do poder armado, de defesa, agressão e coerção; e organizada segundoritos e princípios tradicionais de hierarquia e disciplina. No Brasil, essa elite militar setransforma rapidamente, mercê de seu recrutamento democrático na classe média e deconformidade com os ideais e interesses da classe média, em uma elite simplesmenteburocrática e tecnocrática. Diz-se, frequentemente, que o Brasil foi governado entre 1964 e1984 por um "sistema" tecnocrático, civil e militar. Se isso é verdade, tal sistemacorresponde, corretamente, ao anunciado tipo de domínio racional-legal, proposto porWeber como resultado do desenvolvimento da democracia.Temos, em segundo lugar, o clero. Este nunca desempenhou em nossa terra umpapel relevante como classe. Sempre manteve a Igreja, no Brasil, um comportamentopolítico passavelmente secundário. A situação evidentemente mudou nos últimos vinte etantos anos com a crescente intervenção, direta e indireta, de sacerdotes na política. Valeaqui chamar a atenção para a obra de Nicolas Boer, Militarismo e clericalismo emmudança, com prefácio de Roque Spencer Maciel de Barros (São Paulo, 1980). O trabalho,que infelizmente não recebeu a divulgação que merecia, cobre de maneira exaustiva odesenvolvimento que tomou a elite militar e a elite clerical, frequentemente em conflito emnosso meio. Boer critica os aspectos positivos e negativos de sua respectiva atuação. Poucoteríamos a acrescentar a essa análise, tanto mais interessante quanto traça um confrontohistórico com o ocorrido em outras épocas e outras nações. Podemos simplesmente apontar

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