Tipos de Asma - Sociedade Clemente Ferreira
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<strong>Tipos</strong> <strong>de</strong> <strong>Asma</strong> - Fatores <strong>de</strong> Risco para oDesenvolvimento ou Exacerbação da <strong>Asma</strong>O TIPOS DE ASMA — CLASSIFICAÇÃOo ALÉRGENOS COMO CAUSA DE ASMA SAZONALE PERENE.o ASMA POR SULFITOS.o POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E ASMA URBANA.o ASMA NOTURNA.o ASMA E REFLUXO GASTRESOFAGIANO.o ASMA POR ASPIRINA.o ASMA DE EXERCÍCIO — BRONCOCONSTRIÇÃOESFORÇO-INDUZIDA.o ASMA QUASE-FATAL.o INFECÇÃO VIRAL E ASMA.o ASMA PRÉ-MENSTRUAL.
TIPOS DE ASMA – CLASSIFICAÇÃOForam muitas as tentativas para se <strong>de</strong>senvolver uma classificação apropriada para aasma, levando-se em consi<strong>de</strong>ração os fatores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes, a fisiopatologia, as respostasà terapia e ao grau <strong>de</strong> responsivida<strong>de</strong> brônquica, como a provocada pelo exercício, ar frio,metacolina, histamina etc. Nenhuma classificação tornou-se até hoje completamente aceita.Talvez a mais antiga, e certamente a mais durável, seja aquela <strong>de</strong>scrita após o relato <strong>de</strong>Meltzer, em 1910 (1), <strong>de</strong> que a asma estaria associada à sensibilização anafilática. Aindanesta década, tornou-se clara a correlação entre os aspectos clínicos da doença e apositivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testes cutâneos, utilizando antígenos ambientais. A importância dasensibilização específica foi corroborada mais adiante pelo relato em 1919 <strong>de</strong> asma<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada passivamente em paciente que recebera uma transfusão <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> umdoador sensibilizado por antígenos do pêlo <strong>de</strong> cavalo (2). Estes pacientes,que<strong>de</strong>monstravam uma reação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> a uma série <strong>de</strong> estímulos externos, foramclassificados por Rackemann (3) como portadores <strong>de</strong> asma extrínseca, enquanto queaqueles que não apresentassem uma causa <strong>de</strong>finida eram rotulados como portadores <strong>de</strong>asma intrínseca. No consenso quase unânime dos especialistas o termo asma extrínseca éplenamente aceito, enquanto que o termo asma intrínseca sofre certa rejeição em<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua aplicação a um grupo heterogêneo <strong>de</strong> pacientes. As características <strong>de</strong>cada tipo <strong>de</strong> asma são <strong>de</strong>scritas na Tabela 1.A asma extrínseca está relacionada à predisposição genética para uma resposta dotipo I, ou resposta <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> imediata, contra uma extensa gama <strong>de</strong> estímulosexternos ambientais. Os pacientes que produzem anticorpos IgE para mais <strong>de</strong> um antígenosão rotulados <strong>de</strong> atópicos. A asma extrínseca po<strong>de</strong> também resultar <strong>de</strong> uma exposição auma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos químicos orgânicos ou inorgânicos, como osdiisocianatos, e etilenodiamina, os quais po<strong>de</strong>m se manifestar como asma ocupacional, semque haja participação mediada pela IgE (asma não-atópica).Um tipo menos comum <strong>de</strong> asma extrínseca po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada ou exacerbadapela presença <strong>de</strong> anticorpos precipitantes IgG, contra poeiras orgânicas como, por exemplo,as do fungo Aspergillus. Em pacientes previamente sensibilizados, a exposição a estapoeira po<strong>de</strong> causar uma reação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> tipo III, <strong>de</strong>terminando a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>
imunocomplexos nas vias aéreas, causando sibilos e aumento da resistência das vias aéreasalgumas horas após.A asma intrínseca, também <strong>de</strong>nominada asma criptogenética ocorre em pessoas semevidências <strong>de</strong> atopia. Os testes cutâneos são negativos para alérgenos específicos, sendo osníveis séricos da IgE total normal ou mesmo baixos. A asma intrínseca tem seu início naida<strong>de</strong> adulta, e se caracteriza por respon<strong>de</strong>r mal aos broncodilatadores, necessitar <strong>de</strong> usoprolongado <strong>de</strong> corticói<strong>de</strong>s e apresentar um <strong>de</strong>clínio mais rápido nos parâmetros das provas<strong>de</strong> função pulmonar. As células T <strong>de</strong>stes pacientes secretam IL-5, porém, em comparaçãoaos portadores <strong>de</strong> asma alérgica, produzem reduzidas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> IL-4. A asmaintrínseca está associada a uma ativação anormal T 2 H po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rada como umareação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> tardia.O estudo imunopatológico através <strong>de</strong> biópsias brônquicas é semelhante em ambas,tanto na asma extrínseca como intrínseca, e é caracterizado por infiltrado eosinofílico, pelapresença <strong>de</strong> células com receptores IgE <strong>de</strong> alta afinida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> elevada expressão <strong>de</strong>citocinas T 2 H (4).Humbert et al (4) sugerem que na asma intrínseca ocorra uma produção local <strong>de</strong>IgE contra antígenos <strong>de</strong>sconhecidos, possivelmente <strong>de</strong> origem viral ou mesmo autoantígenos,enquanto que na asma extrínseca a resposta é direcionada contra alérgenosambientais.
Tabela 1 – Características da <strong>Asma</strong> extrínseca e Intrínseca.ASMA EXTRÍNSECA<strong>Asma</strong>IntrínsecaAtópicaNão-AtópicaInício dos SintomasGeralmente nainfânciaAdultoApós 25 anosSintomasCondiçõesAssociadasHistória Familiar<strong>de</strong> Doença AtópicaTestes CutâneosVariável com oambiente e estaçãodo anoRinite alérgica,<strong>de</strong>rmatite atópicaAssociada aotrabalhoNenhumaFlutuações semprece<strong>de</strong>nte,geralmente crônicaPólipo nasal,bronquite, sinusiteForte Menor <strong>Asma</strong> apenas?Vários positivos,relacionados ahistóriaNegativos ou umareação somenteGeralmentenegativoIgE Total Alta Geralmente normal NormalEosinofiliaAlta durante aexposição aoalérgenoEsporadicamentealta durante aexposição aoalérgenoAltaPrognósticoBom, especialmenteevitando-se oalérgeno<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>anteBom, especialmenteevitando-se oalérgeno<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>anteRemissões sãoincomunsPara fins meramente ilustrativos e ao mesmo tempo <strong>de</strong>monstrar o quanto é difícilclassificar a asma, listamos vários fatores causais e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>antes, sendo que nospróximos capítulos abordaremos os principais tipos da doença.
1. AlérgenosPolens, poeira domiciliar, ácaros, esporos fúngicos, <strong>de</strong>scamação <strong>de</strong> pêlos animais(gato, cão, cavalo), emanações e escamas <strong>de</strong> insetos, alimentos (incluindo produtosinalados), drogas (penicilina), vacinas, parasitos etc. Estes são geralmentei<strong>de</strong>ntificados por história clínica, aspectos sazonais e testes cutâneos.2. OcupacionalPoeiras orgânicas, al<strong>de</strong>ídos, isocianatos, anidridos, corantes, antibióticos(fabricação), farinhas e grãos, ma<strong>de</strong>iras, solda, resinas, pesticidas, plásticos, tintas,animais <strong>de</strong> laboratório, enzimas, látex, algodão, metais, aminas etc.3. Drogas (efeito farmacológico ou mecanismo <strong>de</strong>sconhecido)Propranolol e outros beta-bloqueadores, metacolina, metabólitos do isoproterenol,reserpina, narcóticos, aspirina e outros antiinflamatórios não-hormonais, agentesanestésicos locais (bupivacaína, lidocaína), opiáceos, inibidores da ECA, aditivosalimentares (metabissulfito, tartrazina, glutamato monossódico).4. ExercícioEsportes, ativida<strong>de</strong>s relacionadas ao exercício, asma induzida por hiperventilação,inalação <strong>de</strong> aerossóis não-isotônicos (asma osmoticamente induzida).5. IrritantesOdores e fumaças químicas, poluentes da atmosfera (ozônio, NO X , SO 2 ...), fumaça<strong>de</strong> cigarro, ar frio, cosméticos, perfumes, mudanças climáticas (pressão barométricae umida<strong>de</strong>), poeiras irritantes, refluxo esofagiano e aspiração, reflexo (vagal) porcorpo estranho.6. InfecçãoViral (rinovírus, sincicial respiratório, influenza...)7. PsicogênicaFadiga, ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pressão, estresse, riso franco e estrepitoso.8. Circadiano9. Condições simultâneasPré-menstrual, sinusite, pólipos nasais, hipertireoidismo, reflexo vagal.
BIBLIOGRAFIA1.Meltzer SJ. Bronchial asthma as a phenomenon of anaphylaxis. JAMA 1910; 55:1021.2.Ramirez MA. Horse asthma following blood transfusion. JAMA 1919; 73:984.3.Rackemann FM. A clinical study of one hundred fifty cases of bronchial asthma. Arch Intern Med1918; 22:517.4.Humbert M, Menz G, Ying S et al. The immunopathology of extrinsic (atopic) and intrinsic (nonatopic)asthma: more similarities than differences. Immunol Today 1999; 20:528.