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a escala em fotografia - Nautilus

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AMPLIAÇÕES:A ESCALA EM FOTOGRAFIAInventada oficialmente <strong>em</strong> 1839 (na realidade, mais deuma década antes), a <strong>fotografia</strong> logo apontou para ascoisas próximas e pequenas, tal como para as coisasgrandes e distantes. Por ex<strong>em</strong>plo, o tecido das asas deuma borboleta nocturna (fotografado por Fox Talbot <strong>em</strong>1839) e a Lua (fotografada por Rutherford <strong>em</strong> 1865 -Fig. 6). Isto é, onze das 42 "Potências de Dez".Há três participantes na observação de uma <strong>fotografia</strong>: oobjecto <strong>em</strong> si, a <strong>fotografia</strong> desse objecto e o observador.Repare-se que esta <strong>fotografia</strong> da Lua é uma ampliação<strong>em</strong> relação ao que se vê a olho nu, mas é uma redução<strong>em</strong> relação ao tamanho real do planeta (ninguém esperaver uma <strong>fotografia</strong> da Lua inteira <strong>em</strong> tamanho natural!).No caso da asa da borboleta nocturna, a <strong>fotografia</strong> éuma ampliação <strong>em</strong> relação a ambos os referentes:objecto e observador. Nas micro<strong>fotografia</strong>s, é uma redução<strong>em</strong> relação aos dois. Este probl<strong>em</strong>a é particularmenteimportante nas palestras de história de arte, <strong>em</strong>que a obra real t<strong>em</strong> dimensões fixas, muito diferentes dasque são vistas projectadas no ecrã.o objectivo da <strong>fotografia</strong> é - disse Gérard Castello-Lopes- "desencadear uma <strong>em</strong>oção estética". A apreciação da <strong>fotografia</strong>está no prazer da evocação. Essa evocação e a<strong>em</strong>oção que ela provoca depend<strong>em</strong> da (isto é, variamcom a) ampliação, como se pode verificar com o seguinteex<strong>em</strong>plo duma <strong>fotografia</strong> de Helmut Newton (Fig. 7).O título é "Sapato", mas isto não é um sapato, tal comoo que está no célebre quadro de Magritte não é um cachimbo!A <strong>fotografia</strong> de Newton é uma afirmação depoder f<strong>em</strong>inino, e quanto mais ampliada, maior é o poderprojectado! Este não é, definitivamente, o sapatinhoda Gata Borralheira! O que Jean-Luc Godard dizia <strong>em</strong>relação ao cin<strong>em</strong>a aplica-se também aqui: a <strong>fotografia</strong>não é o reflexo do real, mas a realidade do reflexo.Notar ainda que mesmo na <strong>fotografia</strong> comercial as dimensõestêm variado ao longo dos t<strong>em</strong>pos: as "cartes--de-visite" (1850s) tinham 10 x 6 cm; os cartões de gabinete,15 x 10 cm; as primeiras provas Kodak eram circulares,com cerca de 9 cm de diâmetro; hoje voltámos aoformato dos cartões de gabinete, 15 x 10 cm, ou aos18 x 24 cm dos que têm pretensões a ser Fotógrafoscom F grande. Claro que tudo isto é função das dimensõesdo filme, isto é, do tamanho do negativo (<strong>em</strong> geral,um rectângulo de 24 x 36 mm).GAZETA DE FÍSICA 8Fig. 6 - Lewis Rutherford, “Lua”, (1865) Fig. 7 - Helmut Newton, “Sapato”, (1983)Será que o significado da <strong>fotografia</strong> depende da sua relaçãocom os outros dois participantes? Excepto no casoda <strong>fotografia</strong> documental (e talvez n<strong>em</strong> mesmo nesse caso),

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