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TOPOFILIA, ECOLOGIA E IMAGINÁRIO: OS VELHOS CARIRIS DA ...

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espinhos estrelados e os cachos do meu sangueiluminado. (...) Mas eu enfrentarei o sol divino, o olharsagrado em que a pantera arde. Saberei por que a teiado destino não houve quem cortasse ou desatasse. (...)Ela virá a mulher aflando as asas, com os dentes decristal feitos de brasas e há de sagrar-me a vista ogavião. Mas sei também que só assim verei a coroa dachama e Deus meu rei assentado em seu trono doSertão. (Suassuna, Poesia Viva, 1998, CD:14 e 15 )Estes fragmentos de sonetos, carregados de signos, enigmas e imagensúnicas são o elementos do semi-árido, percebidos por Ariano Suassuna. Nesteimaginário, as figuras da morte, vestida com adereços de elementos da naturezasertaneja, nos fazem viajar pelas palavras para na morte a sublimação da carne,onde o sol é um testemunho vivo de tal sede. Assim, símbolos da natureza semiáridasão ressaltados como poderosos e sagrados, ao ponto de o divino centralizarsua força nestas terras. Em outras partes do soneto, Suassuna ressalta a mortecomo um toque inapelável do divino, maciez, vida e obscuro, toque de um Deus nohomem. O lugar e seus elementos como o gavião, a cascavel, a coral, a vida e amorte como figura feminina, que em suas palavras ganham um profundo significado.O destino, outro elemento muito forte na cultura nordestina, que em sua “tristepartida” pode estar traçado, e diante da morte é preferível vagar pelas terrasalheias, na espera de um dia voltar. Pois o destino traçado em suas mãos vai alémde seus poderes terrenais.Nos anos que fazem boas safras trazem na lembrança as imagens da mesafarta. Enquanto isso, os grandes fazendeiros beneficiados da seca pilham em seumontante do já possuído as pequenas riquezas de vidas a fio.Ao sair, tendo como destino o desconhecido, o sertanejo carrega consigo aslembranças, as imagens, e os mapas mentais do já construído. A única certezaagora é vagar mundo na esperança de um dia retornar, como retornam a asa brancae outros pássaros de arribação. Um pensar com as asas cortadas pois odesconhecido e a incerteza amedrontam até o mais forte e bravo dessa terra depedra e espinho, que em seu lugar enfrenta a morte com a certeza de estar diantedo sol divino.4. Imaginário percebidoFica claro que estes últimos recursos apresentados sobreimagem/imaginação, fortalecem nossas argumentações em favor do imagináriocomo parâmetro conceitual e metodológico aplicados à ecologia enquanto ciência.Isso tudo a partir de situações vividas, onde estas formas de relacionar e concebernos permitem um olhar ecológico do fazer científico.Nosso objetivo não é propor um modelo para possíveis leituras einterpretações do ambiente, pois sabendo dos limites de nossos óculos,pretendemos apenas olhar ecologicamente a natureza das coisas naturais ehumanas no delimitado espaço, a partir de uma pesquisa empírica.Para tanto, nos prenderemos às apreensões que o homem faz do mundoatravés dos seus sentidos: nas formas, nas cores, nos sons, nos odores, nos seusmovimentos corporais, nos sabores do comer e beber, e nos sentidos de reflexão ereação dessa construção que imaginamos ser o real.

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