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E n t r e v i s t aO mentor do desenvolvimentoSocioeconomista afirma que microe pequenas <strong>em</strong>presas têm papel fundamentalna promoção de inclusão social e sustentabilidade ecológicaMárcio Caetano – Fotos: Davi ZocoliMuito antes de o mundo despertar para asconseqüências desastrosas da degradaçãoambiental, o socioeconomista Ignacy Sachsjá alertava para a necessidade de se construirum ecodesenvolvimento, conceito que anosdepois seria chamado de desenvolvimentosustentável. Passadas quatro décadas, essepolonês naturalizado francês, que viveu noBrasil, ampliou a proposta. Agora, para ele, odesenvolvimento precisa ser “socialmenteincludente, ambientalmente sustentável eeconomicamente sustentado”. Esse é o tripédefendido nos países por onde passa.Coordenador do Centro de Pesquisas sobre oBrasil Cont<strong>em</strong>porâneo, na École des HautesÉtudes en Sciences Sociales, <strong>em</strong> Paris, Sachsquestiona as opções de desenvolvimento feitaspor nosso país – onde está novamente atrabalho desde o início do ano.Entre uma reunião e outra, ele recebeu Locusna sede do Sebrae, <strong>em</strong> Brasília, para umaconversa sobre o papel do <strong>em</strong>preendedorismoinovador na execução do tripé.LOCUS – Há várias formas de promover odesenvolvimento, tecnológico inclusive,s<strong>em</strong> perder de vista a inserção social e aecossustentabilidade, amplamentedefendidas pelo senhor. Mas essa aindanão t<strong>em</strong> sido uma prática recorrente.Quais são as maiores barreiras para queesse tipo de avanço se inicie de maneiraefetiva nos países <strong>em</strong> desenvolvimento?Sachs – Eu diria que um ponto de partidadeve ser a afirmação de que o mercadoquando deixado assim, livre, é socialment<strong>em</strong>elhor e ambientalmente insensível. Portanto,não dá para dizer que quer<strong>em</strong>osconstruir um futuro com base no tripé: objetivossociais e éticos, de condicionalidadeecológica – cujo respeito é necessário paranão destruir as perspectivas futuras da humanidade– e viabilidade econômica, que éo terceiro pé do tripé, absolutamente necessáriopara que as coisas aconteçam. Nãobasta dizer que quer<strong>em</strong>os, por um lado, inserçãosocial e ecossustentabilidade e, poroutro lado, dizer que a melhor regulação daeconomia mundial é aquela que oferece omercado irrestrito. Essa é a contradição quepredomina hoje – mas que não começouhoje. Enquanto não aceitarmos claramenteque a pr<strong>em</strong>issa do tripé segue a necessidadeLocus • Abr / Mai 2007


de uma regulação da economia de mercado,não vamos progredir muito e vamos teruma dicotomia crescente entre o discurso ea prática. Quando examinamos as razõespelas quais não houve avanço nas boas resoluçõesda Cúpula da Terra, estipuladas noRio de Janeiro <strong>em</strong> 1992, encontramos o fatode que elas estavam na contramão da reformaneoliberal do fim do século XX.Locus – Nesse contexto, qual éo papel e qual deve ser a expectativade uma micro<strong>em</strong>presa de basetecnológica e inovação na estruturaçãode bases sociais mais justas?Sachs – A economia brasileira ass<strong>em</strong>elhasea um arquipélago de <strong>em</strong>presas de altatecnologia, muitas delas de classe internacional,e um oceano de pequenas atividadesque agregam uma proporção infelizmentegrande da população, que tenta sobrevivernadando nesse oceano de baixíssima produtividade.Por isso, pensar o desenvolvimentos<strong>em</strong> olhar os pequenos é passar aolado da realidade. Por um lado, exist<strong>em</strong> pequenas<strong>em</strong>presas de prestação de serviços ede produção de baixa tecnicidade, entre asquais se inclu<strong>em</strong> as que resultam da agriculturafamiliar, por ex<strong>em</strong>plo. Mas há também– dentro dessa economia que é muitomais complexa do que se admite – <strong>em</strong>presaspequenas, porém de alta tecnologia, e atémicro<strong>em</strong>presas que são geradoras dessa tecnologiamoderna. Todas têm o seu papel nodesenvolvimento. Porém, é preciso que sediga que a pequena <strong>em</strong>presa de baixa produtividadee a de base tecnológica são <strong>completa</strong>mentediferentes e precisam ser tratadascom políticas totalmente distintas. Ambastêm pr<strong>em</strong>issa social. Uma delas é socorreressa multiplicidade de pequenas <strong>em</strong>presas debaixa tecnicidade, ajudando-as não só a sobreviver,mas a aumentar a produtividade,saindo das estratégias de sobrevivência e caminhandopara as estratégias de desenvolvimento.Por outro lado, há de se incentivar efortalecer as pequenas <strong>em</strong>presas de alta tecnologia,que são verdadeiras ‘enzimas’ dentrodo processo de desenvolvimento.Locus – O movimento brasileirode incubadoras de <strong>em</strong>presas t<strong>em</strong>despertado a atenção pela diversidadeNão basta dizer que quer<strong>em</strong>os, por um lado,inserção social e ecossustentabilidade e, poroutro lado, dizer que a melhor regulação da economiamundial é aquela que oferece o mercado irrestritode modelos de geração de alternativaseconômicas e sociais. Qual a suarecomendação para que os atores dess<strong>em</strong>ovimento consigam aumentar o impactode suas iniciativas <strong>em</strong> favor dodesenvolvimento do Brasil?Sachs – A função das incubadoras é servircomo ponte entre universidades, instituiçõesde pesquisa e a economia real, estreitandoessa relação que ainda está longe deser satisfatória. Entre as grandes transformaçõesdo Brasil nas últimas décadas estáa criação de um grande universo de escolassuperiores, que hoje produz<strong>em</strong> um númeroimpressionante de teses de doutorado edissertações de mestrado, inserindo pessoasde alto nível no mercado de trabalho. Aquestão é: como fazer com que a massacinzenta dessa gente, com grande potencialde pesquisa na universidade, não se contenteapenas <strong>em</strong> produzir um saber, a chamadaciência ‘pura’? Como fazer com queele seja aproveitado através da transformaçãodo tecido econômico? Para mim, afunção central das incubadoras é esta: gerarum elo entre a pesquisa e determinadossetores econômicos. É fazer com que essesaber se traduza <strong>em</strong> propostas concretas,seja encampado por <strong>em</strong>preendedores etransformado <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas.Locus – Essas <strong>em</strong>presas quetransformam o conhecimento científico<strong>em</strong> produtos e processos têm geradomuitas inovações. Como o senhor avaliao <strong>em</strong>preendedorismo inovador no Brasil,<strong>em</strong> relação a outros países que obtiveramsucesso com esse modelo, como aCoréia do Sul?Sachs – O ex<strong>em</strong>plo da Coréia do Sul mostraque ainda há muito espaço para o desenvolvimentoda inovação tecnológicapor meio de incubadoras e de parques tecnológicos.Isso porque a interface entre apesquisa e a economia é de extr<strong>em</strong>a importânciana estratégia de desenvolvimento.Locus • Abr / Mai 2007


E n t r e v i s t aIgnacySachsLocus • Abr / Mai 2007Venho discutindo o enorme desafioque constitui para o Brasil omelhor aproveitamento da suabiodiversidade. Nesse sentido, euacredito que o futuro do mundoestá na nossa capacidade de construiruma civilização moderna debiomassa, uma biocivilização, baseadano aproveitamento do trinômiobiodiversidade, biomassa ebiotecnologias – essa última aplicadanas duas pontas do processo para aumentara produtividade da biomassa e paraabrir cada vez mais o leque de produtosdela derivados. Porque biomassa é alimento,ração animal, adubo verde, agroenergia,material de construção, matéria-primaA função das incubadoras é servir comoponte entre universidades, instituiçõesde pesquisa e a economia real, estreitando essarelação que ainda está longe de ser satisfatóriaindustrial, química verde, fármacos e cosméticos.Ou seja, é um novo mundo que seabre. E o Brasil t<strong>em</strong> vantagens comparativasímpares para enfrentar esse desafio:muitos solos agricultáveis, recursos hídricose climas amenos. Mas não bastam asvantagens naturais. É preciso potencializaressas vantagens por meio de pesquisa, parao estudo da biodiversidade. É aí que entramincubadoras e parques tecnológicos, paratransformar essa biodivesidade <strong>em</strong> bioprodutos.Aí está o maior desafio e, ao mesmot<strong>em</strong>po, a maior oportunidade para o Brasil,inclusive para liderar esse processo, passandoà frente dos países industrializados.Locus – Os parques tecnológicospoderiam contribuir nesse processo?Sachs – Depende de como for<strong>em</strong> projetados.Se for<strong>em</strong> desenhados dentro dessa visão,não só poderão como deverão contribuir.Agora, se for<strong>em</strong> simplesmente umacópia de parques tecnológicos de outrospaíses, que têm outras janelas de oportunidade,não vão resolver o assunto. Acho quea questão que se coloca hoje para a ciênciae a tecnologia brasileiras é encarar commaior seriedade e urgência esse desafio decriar uma biocivilização moderna.Locus – O sr defende que a aglomeração<strong>em</strong> redes de pequenos negóciospode ajudar a elevar a competitividade.O Brasil t<strong>em</strong> avançado nesse processo?Sachs – O que eu defendo é que, dentro domodelo da economia mista – na qual o mercadodes<strong>em</strong>penha um papel fundamental,mas não deixa de existir um Estado desenvolvimentistae, ao mesmo t<strong>em</strong>po, atuante –,a solução do probl<strong>em</strong>a de articulação entreas grandes <strong>em</strong>presas e os <strong>em</strong>preendimentosde pequeno porte passa a ser o el<strong>em</strong>entofundamental do modelo de desenvolvimentoe do seu sucesso ou insucesso. No casodo Brasil, entidades como o Sebrae têmcomo uma de suas funções principais aconstrução de sinergias positivas entre asgrandes <strong>em</strong>presas e as de pequeno porte,<strong>em</strong> substituição a relações conflituosas queexist<strong>em</strong> entre esses agentes. Uma estratégiade desenvolvimento das micro e pequenas<strong>em</strong>presas não pode ser definida no vácuo.Não basta jogá-las no mercado, onde atuaum processo forte de darwinismo social. Épreciso articulá-las com os seus mercadospotenciais, que são os grandes, e tambémcom suas fontes de suprimentos.Locus – Essa articulação v<strong>em</strong>ocorrendo no Brasil?Sachs – Vou dar um ex<strong>em</strong>plo: as grandes<strong>em</strong>presas de papel e celulose estão se abrindoatualmente à idéia de, <strong>em</strong> vez de produzira madeira dentro de grandes latifúndiosque a elas pertenc<strong>em</strong>, trabalhar através decontratos de fomento com os pequenosfornecedores de madeira. E isso é um passoimportante, pois cria uma ponte entre aagricultura familiar e a indústria. Acreditoque esses contratos de fomento possam setransformar <strong>em</strong> uma alavanca de desenvolvimentorural integrado, consorciando aprodução da madeira com outras atividadesagropecuárias. Articulação e consorciamentosão dois el<strong>em</strong>entos que me parec<strong>em</strong>fundamentais na definição de ummodelo de desenvolvimento industrial parao Brasil, que tire o maior proveito possíveldos progressos da agricultura e silviculturatropical – setores <strong>em</strong> que o país éuma potência. É assim que se pode construirum segmento importante da indústria.Mas isso t<strong>em</strong> que ser feito de maneira


12Em Mo V i M EntoMato Grosso t<strong>em</strong> incubadora mistampresários e pesquisadoresE com<strong>em</strong>oram a reativação daincubadora da Universidade Federalde Mato Grosso (UFMT),que havia sido fechada <strong>em</strong> 2004por falta de recursos. Depois deuma mudança estrutural, o Centrode Tecnologia de Software deCuiabá foi transformado <strong>em</strong> umaincubadora mista, a Arca, inaugurada<strong>em</strong> fevereiro deste ano. “Nossoobjetivo é abrigar <strong>em</strong>preendimentosconvencionais e de basetecnológica, que inclu<strong>em</strong> agrotecnologia,tecnologia social <strong>em</strong> economiasolidária e cultural”, explicaa coordenadora da Arca, professoraCecília Arlene.Para dar suporte às incubadasfoi criada a Acad<strong>em</strong>ia de Empreen-Locus • Abr / Mai 2007dedores Inovadores, onde cerca de60 professores da UFMT e de outrasinstituições de ensino e pesquisaprestarão consultoria aosnovos <strong>em</strong>preendedores. “As atividadesde assessoria e educaçãocontinuada também serão oferecidasà comunidade, como fonte geradorade receita para a incubadora,para garantir nossa sustentabilidadee manter a meta de ministrardois cursos mensais gratuitos”,afirma Cecília. Segundo ela, a buscapor alternativas para manutençãoda incubadora será constante,a fim de que a situação enfrentadano passado não se repita.O edital para inclusão de novos<strong>em</strong>preendimentos na Arca estáaberto e obedecerá ao sist<strong>em</strong>a deMais incentivo aos pequenosicro e pequenas <strong>em</strong>presas inovadoras de todo o país enviaramM propostas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (Bndes), para participar<strong>em</strong> do programa Capital S<strong>em</strong>ente(Criatec), que oferece suporte financeiro a negócios recém-implantados.O período de inscrições de projetos foi encerrado <strong>em</strong>31 de março. A iniciativa t<strong>em</strong> como foco as áreas de tecnologia dainformação, biotecnologia, novos materiais, mecânica de precisão,nanotecnologia e agronegócios. O orçamento destinado ao Criatecé de R$ 80 milhões, a ser<strong>em</strong> investidos<strong>em</strong> um período de quatro anos. A expectativado Bndes é que o programa permitaa capitalização de até 60 microe pequenas <strong>em</strong>presas inovadoras,com investimento médio entre R$500 mil e R$ 1 milhão, e gere 3 milpostos de trabalho.Regras do Criatec• Poderão ser apoiadas <strong>em</strong>presas com faturamento líquido de, nomáximo, R$ 6 milhões no ano anterior à capitalização do programa.• No mínimo 25% do patrimônio do fundo deverá ser investido <strong>em</strong><strong>em</strong>presas com faturamento de até R$ 1,5 milhão.• No máximo 25% do patrimônio do fundo deverá ser investido <strong>em</strong><strong>em</strong>presas com faturamento entre R$ 4,5 milhões e R$ 6 milhões.D i v u lg aç ão/U F MTInauguração da Arca, <strong>em</strong> fevereiro, reuniu<strong>em</strong>presários, pesquisadores e autoridadesfluxo contínuo até 2008. “A d<strong>em</strong>andapelos editais é crescente,assim como o interesse de outrasinstituições para participar<strong>em</strong> comoparceiros, o que nos anima muito.Entretanto, vamos precisar de reforçofinanceiro nessa jornada,principalmente dos órgãos públicosque apóiam o fortalecimentodas micro e pequenas <strong>em</strong>presasneste país”, diz a professora. A Arcafica no campus da UFMT, no prédiodo Núcleo de Instrumentação.R$ 5 milhõespara pesquisaA Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de Minas Gerais (Fap<strong>em</strong>ig)assinou no mês de março dois termosde outorga que repassam cerca de R$ 5milhões para o desenvolvimento deprojetos de pesquisa. A Rede Mineirade Biotecnologia para Agropecuária(RMBA), que atua nas áreas de genômicafuncional, genética molecular,produção de transgênicos e biossegurança,receberá R$ 3,8 milhões paradesenvolver projetos que vis<strong>em</strong> o crescimentosustentável do setor agropecuáriomineiro. Já a verba de R$ 1,86 milhãoserá destinada à estruturação daRede Mineira de Biotecnologia – Bioensaiose Biotério (Rede Bio). Além daUniversidade Federal de Minas Gerais(UFMG), que coordena o projeto, integrama Rede Bio as universidades federaisde Lavras (UFLA) e Viçosa (UFV),a Universidade Estadual de MontesClaros e a Fundação Ezequiel Dias.


Inscrições abertaspara o Prêmio FinepAs micro e pequenas <strong>em</strong>presas de basetecnológica já pod<strong>em</strong> inscrever seus casesna 10ª edição do Prêmio Finep de InovaçãoTecnológica. As inscrições estãoabertas desde março e se estenderão até16 de julho. As <strong>em</strong>presas dev<strong>em</strong> acessar osite da Finep na internet (www.finep.gov.br), no qual também está disponível o regulamentoda pr<strong>em</strong>iação. O Prêmio Finepfoi criado pela Editora Expressão <strong>em</strong> 1998na Região Sul, sob encomenda para a agência brasileira de financiamentoà inovação. No ano 2000, o evento tornou-se nacional com acriação de cinco etapas regionais e uma para reunir vencedores detodo o Brasil.Em nove edições, o Prêmio Finep somou 3.102 inscrições realizadas<strong>em</strong> todo o país. O prêmio, que este ano t<strong>em</strong> comot<strong>em</strong>a os 40 anos da Finep, é dividido <strong>em</strong> sete categorias:Produto, Processo, PequenaEmpresa, Média/GrandeEmpresa, Inovação Social,Instituição de Ciênciae Tecnologia e Inventor Inovador. Para com<strong>em</strong>orar esses 10anos pr<strong>em</strong>iando a inovação no país, a Finep desenvolveu um regulamentosimples e acessível, novo troféu, selo com<strong>em</strong>orativo e umamarca alusiva a essa década de sucesso. Neste ano, a campanha publicitáriavai ressaltar as características regionais do prêmio, dandodestaque aos projetos vencedores <strong>em</strong> cada estado.Em Mo V i M EntoNovo presidente naAcad<strong>em</strong>ia Brasileirade CiênciasO mat<strong>em</strong>ático JacobPalis foi eleitopresidente da Acad<strong>em</strong>iaBrasileira deCiências (ABC), noúltimo dia 30 d<strong>em</strong>arço. Ele recebeu255 votos, o equivalentea 92% do total.A posse da nova diretoriaestá marcadapara 18 de abril.Jacob Palis assume onovo cargo <strong>em</strong> abrilFormado pela Universidade Federal doRio de Janeiro, <strong>em</strong> 1962, com mestrado,doutorado e pós-doutorado pela Universidadeda Califórnia, Palis desenvolve pesquisasno Instituto Nacional de Mat<strong>em</strong>áticaPura e Aplicada (IMPA/RJ). Ele havia sidovice-presidente da ABC na gestão anterior.A Acad<strong>em</strong>ia Brasileira de Ciências foifundada <strong>em</strong> 1916 e reúne m<strong>em</strong>bros de 10áreas: Ciências Mat<strong>em</strong>áticas, Ciências Físicas,Ciências Químicas, Ciências daTerra, Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas,Ciências da Saúde, CiênciasAgrárias, Ciências da Engenharia e CiênciasHumanas.D i v u lg aç ão/A B CPropriedade intelectualColocar a apropriação das criaçõesintelectuais entre os t<strong>em</strong>asestratégicos das <strong>em</strong>presas. Esse éo objetivo do livro “Bases teóricaspara gestão da propriedade intelectual”,lançado no final de 2006pela Editora da UniversidadeFederal de CampinaGrande (UFCG),da Paraíba. Escrita peloprofessor João Ad<strong>em</strong>arde Andrade Lima, quepesquisa o t<strong>em</strong>a desde2001, a obra busca sintetizarconceitos de diferentesáreas, como economia dainovação, gerência de projetos,estratégia <strong>em</strong>presarial e direito depropriedade. De acordo com o autor,apesar de tratar de um assuntojurídico, o livro é voltado parao público que não pertenceà área do Direito.“Buscamos atingir exatamentequ<strong>em</strong> está àmarg<strong>em</strong> dessa área: administradores,economistas,engenheiros deprodução, enfim, aquelesenvoltos <strong>em</strong> probl<strong>em</strong>asgerenciais relacionados à propriedadeintelectual como um todo,da questão patentária aos direitosautorais”, afirma.O livro com 125 páginas podeser encontrado nas livrarias universitáriasou solicitado à editorapelo telefone (83) 3310-1008. Opreço de capa da obra (s<strong>em</strong> o frete)é R$ 18,00.Locus • Abr / Mai 200713


Em Mo V i M Entoh i g h t e c hD i v u lg aç ãoO telefoneda inclusãoO equipamento desenvolvido pela Koller, graduada noCentro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec-SP),permite que surdos se comuniqu<strong>em</strong> com outras pessoasescrevendo suas mensagens <strong>em</strong> um teclado evisualizando <strong>em</strong> um display as mensagens que lhes sãoenviadas. Uma solução pensada para facilitar a vida decerca de 25 milhões de brasileiros que possu<strong>em</strong>deficiência auditiva.Saiba mais <strong>em</strong> www.koller.com.br14Pulseirinha que vale ouroAcionada por um sist<strong>em</strong>a de radiofreqüência, a pulseira deidentificação criada pela Nibtec Inovações pode evitar a trocae o roubo de bebês <strong>em</strong> maternidades. O produto jáconquistou várias pr<strong>em</strong>iações, entre elas o primeiro lugar no2º Prêmio Werner Von Si<strong>em</strong>ens de Inovação Tecnológica, nacategoria Empresa Incubada. A Nibtec desenvolve suasatividades na incubadora do Instituto Nacional deTelecomunicações (Inatel), de Santa Rita do Sapucaí (MG).Locus • Abr / Mai 2007Saiba mais <strong>em</strong> www.nibtec.com.brInformaçãomais barataAcessar conteúdos via celular poderácustar até 30 vezes menos do que sepaga hoje por serviços como SMS eMMS. Tudo isso graças ao kiminds,software de distribuição deconteúdo criado pela Sthima,<strong>em</strong>presa incubada no ParqueTecnológico da PontifíciaUniversidade Católica do RioGrande do Sul (PUC-RS), <strong>em</strong>parceria com a amazonense SB Software Brasil.Em vez de enviar torpedos para receber notícias,o usuário poderá apenas clicar sobre um ícone na telado aparelho e acessar informações de seu interesse.E o melhor: independe da operadora.D i v u lg aç ãoSaiba mais <strong>em</strong> www.sthima.com.brD i v u lg aç ãoMenos trabalhopara donas de casaO ferro de passar está com os dias contados. A Coll,incubada no Cietec-SP lançará ainda neste ano aAgillisa, primeira alisadoraautomática de peças devestuário. Praticidade,economia de t<strong>em</strong>po e deenergia elétrica são algumasdas vantagens proporcionadaspelo equipamento. Bastaapertar um botão, selecionar aopção desejada para alisarroupas secas ou úmidase deixar que a máquina façatodo o trabalho.Saiba mais <strong>em</strong>www.agillisa.com.brD i v u lg aç ão


N e g c i o sSaúde para dar e venderPromissora e abrangente, a área de medicina e saúde tornou-senicho de atuação para diversas <strong>em</strong>presas incubadas e graduadas,que não têm se queixado de falta de trabalho ou de negóciosJoão Werner Grando16Impulsionada por fatores como o aumento da longevidade dapopulação e as necessidades de <strong>em</strong>presas privadas e governo<strong>em</strong> melhorar e baratear serviços e produtos, a área da saúdetornou-se um dos principais focos para investimentos no desenvolvimentode pesquisa e tecnologia. Acompanhando essa tendência,<strong>em</strong>presas incubadas de diversos segmentos desenvolv<strong>em</strong> projetostendo <strong>em</strong> vista a crescente d<strong>em</strong>anda de hospitais, clínicas,consultórios e consumidores <strong>em</strong> geral.Um indicativo dessa tendência é o que está acontecendo no Cietec(Centro Incubador de Empresas Tecnológicas), de São Paulo.Nos últimos anos, a área de medicina e saúde é a que concentra omaior número de <strong>em</strong>presas instaladas na incubadora – 34 de umtotal de 124 incubadas. “Os projetos vêm naturalmente, não é necessárionenhum esforço para atraí-los”, afirma o gerente executivodo Cietec, Sergio Risola.Os projetos <strong>em</strong> desenvolvimento oferec<strong>em</strong> soluções para diversossegmentos dentro da grande área da saúde e utilizam tecnologiasvariadas, como informática, farmácia e engenharia. De acordo comRisola, os resultados dos trabalhos das incubadas pod<strong>em</strong> ser medidospela repercussão que estão alcançando nas feiras de negócios.Alimentos inovadoresA produção de alimentos nutritivos e que atendam a necessidadesespecíficas do organismo humano é um dos segmentos da área da saúdeque evolui <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas e instituições científicas e tecnológicas. Umdos principais reconhecimentos para produtores de tecnologia, o PrêmioFinep de Inovação Tecnológica, foi entregue no ano passado a uma<strong>em</strong>presa desse nicho, a Nuteral, de Fortaleza, na categoria PequenaEmpresa.Fundada <strong>em</strong> 1992, a Nuteral desenvolve biotecnologia para nutriçãohumana no Padetec, a incubadora de base tecnológica da UniversidadeFederal do Ceará. Os nutrientes e supl<strong>em</strong>entos desenvolvidos pela <strong>em</strong>presaatend<strong>em</strong> o mercado de nutrição clínica, principalmente <strong>em</strong> doençasrelacionadas a oncologia, cardiopatias, desnutrição, obesidade e alergiasalimentares, além de Alzheimer e AIDS. Ao todo, são sete patentesativas e uma linha de 46 produtos <strong>em</strong> comercialização.Outra <strong>em</strong>presa atuante nesse segmento é a Prönatus, do Amazonas,produtora de alimentos funcionais. Vencedora, na região Norte, doPrêmio Finep de Inovação Tecnológica 2005, na categoria Produto, a<strong>em</strong>presa também desenvolve pesquisa com cosméticos elaborados apartir de el<strong>em</strong>entos naturais. Ativa desde 1986, a Prönatus tornou-se,há quatro anos, uma <strong>em</strong>presa incubada no Centro de Incubação e DesenvolvimentoEmpresarial de Manaus.Locus • Abr / Mai 2007Prevençãoe tratamentode doençasque afetamo organismohumanodepend<strong>em</strong> dealta tecnologiaD i v u lg aç ão


F OTO S: D i v u lg aç ãoTecnologia a serviço do pacienteO desenvolvimento tecnológico da área de medicina esaúde t<strong>em</strong> reflexo direto na melhoria do atendimento aospacientes, tanto ao oferecer mais eficiência quanto ao proporcionarmaior conforto <strong>em</strong> diagnósticos e procedimentos.Empresas de várias partes do país desenvolv<strong>em</strong> pesquisasnesse segmento utilizando tecnologias diversas. Uma delas éa BCS Tecnologia, <strong>em</strong>presa direcionada ao desenvolvimentode produtos médico-hospitalares, incubada desde sua fundação,<strong>em</strong> 2002, na Incamp (Incubadora de Empresas deBase Tecnológica da Unicamp), <strong>em</strong> Campinas (SP). A produçãode protótipos de órgãos é um dos serviços <strong>em</strong> desenvolvimentopelos pesquisadores da BCS.Com os protótipos tridimensionais, feitos a partir de imagensde tomografias, os médicos têm <strong>em</strong> suas mãos modeloscom os quais pod<strong>em</strong> simular as cirurgias e mostrar a pacientese familiares os procedimentos que serão realizados. “Umadas principais vantagens desse serviço é a redução do t<strong>em</strong>pode cirurgia e de permanência do paciente no hospital”, explicaCristiane Brasil Ulbrich, uma das sócias da BCS. Essa e outrassoluções estão <strong>em</strong> fase de certificação e dev<strong>em</strong> ser lançadasno mercado até o final do ano.A Medsigns é outra <strong>em</strong>presa produtora de tecnologiaque facilitará o atendimento de pacientes. Incubada desde2004 no Cietec-SP, a <strong>em</strong>presa desenvolve pesquisa <strong>em</strong> tel<strong>em</strong>edicinapara produzir aparelhos destinados ao monitoramentoa distância da saúde das pessoas enquanto praticamexercícios físicos.Em uma das soluções desenvolvidas, o paciente realizaum teste físico portando <strong>em</strong> seu corpo um aparelho comsensores que colh<strong>em</strong> dados para uma avaliação da capacidadecárdio-pulmonar. O teste pode ser feito <strong>em</strong> qualquer lugar,pois as informações são transmitidas a distância peloaparelho para uma central, onde os resultados são analisadospor médicos e por um software que efetua comparaçõescom base <strong>em</strong>um banco de dadoscom padrões mundiaisde saúde.Contrasteelaborado pelaRadiopharmacuspermite visualizaçãode órgãos <strong>em</strong> atividadeEsse e outros produtos dev<strong>em</strong> ser lançados no mercadopela Medsigns até o final de abril. O diretor da <strong>em</strong>presa,Marcelo Regazzini, médico e professor da USP, confianos investimentos no setor. “Na saúde, já há bastante tecnologiadesenvolvida, mas ainda muito cara por ser <strong>em</strong>grande parte importada. Por isso, há muito espaço para desenvolvimentode tecnologia nacional” afirma. No desenvolvimentode seus produtos, a Medsigns t<strong>em</strong> a parceria da<strong>em</strong>presa Ventrix, de engenharia eletrônica, e conta comauxílio do CNPq.Em Porto Alegre, atua a Radiopharmacus, <strong>em</strong>presa quedesenvolve uma modalidade de diagnóstico baseada <strong>em</strong>medicina nuclear. Os procedimentos realizados utilizamuma solução contendofármacos <strong>em</strong>aterial radioativo,injetada no pacientepara servir comoum contraste sobreos órgãos que precisamser visualizados<strong>em</strong> algum exame.A diferença <strong>em</strong>relação às tomografiastradicionais éque o contraste atuasomente nas partesdo corpo que estão<strong>em</strong> atividade, permitindoassim umdiagnóstico sobre ometabolismo dos órgãos.Pesquisadora da BCSmostra protótipo que auxiliana simulação de cirurgiasEm hospitais e clínicas de todo o país, a Radiopharmacusrealiza a produção dos fármacos e faz a mistura dasolução de contraste, além de prestar serviços de avaliaçãoda segurança do processo e das instalações e o treinamentodos funcionários das instituições que irão trabalharcom a técnica. A <strong>em</strong>presa é a responsável, na AméricaLatina, pelo treinamento dos funcionários e clientes daGeneral Electric, uma das maiores fabricantes de máquinaspara medicina nuclear.A Radiopharmacus está instalada na Incubadora Raiarda PUC-RS, desde 2004. A proximidade com a universidadepossibilita um trabalho multidisciplinar, que envolvepesquisadores de Farmácia, Física e Computação .A participação na edição de 2006 da FeiraHospitalar, a maior do setor na América Latina,permitiu às <strong>em</strong>presas alavancar umasérie de negócios. Devido à importância doevento, a diretoria do Cietec, ainda durantea feira, teve que acertar a reserva de estandespara as incubadas voltar<strong>em</strong> a expor esteano. “Marcar presença <strong>em</strong> um evento comessa antecedência nunca aconteceu <strong>em</strong> nenhumoutro setor”, diz Risola.O crescimento da produção de tecnologiapara medicina e saúde se deve ao aumento dad<strong>em</strong>anda por soluções e produtos desse setor.Algumas das razões para essa procura são explicadaspor Eduardo Cruz, presidente daCryopraxis Criobiologia, <strong>em</strong>presa incubada<strong>em</strong> 2001 no Pólo de Biotecnologia do Rio deJaneiro, pioneira na coleta e armazenamentode células-tronco e atual líder do segmento naAmérica Latina (ver quadro na página 20).Locus • Abr / Mai 200717


18N e g c i o sAproximando oferta e d<strong>em</strong>andaSe, de um lado, há diversas <strong>em</strong>presas e instituições desenvolvendotecnologia para produtos da área da saúde e, de outro, existe um amplomercado interessado <strong>em</strong> adquirir essa tecnologia para usá-la ou agregálaa seus produtos, basta promover o encontro entre essas duas partespara que se fech<strong>em</strong> negócios. E é exatamente isso que a Finep (Financiadorade Estudos e Projetos) v<strong>em</strong> fazendo.Por meio de uma rodada anual de negócios, a financiadora reúne<strong>em</strong>presas e instituições científicas e tecnológicas do setor dasaúde que possuam interesses comuns. Os encontros, que no últimoano chegaram a sua terceira edição, ocorr<strong>em</strong> durante a FeiraHospitalar, evento sediado <strong>em</strong> São Paulo, considerado a maior dosetor na América Latina.O objetivo da rodada de negócios é colocar frente a frente <strong>em</strong>presase instituições que ofertam tecnologias com aquelas que as d<strong>em</strong>andam.Para isso, são realizadas reuniões pré-agendadas, com duraçãode 20 minutos, entre as partes interessadas <strong>em</strong> realizar negócio. Dessecontato, pod<strong>em</strong> ser estabelecidas parcerias, fechados contratos ou iniciadaa elaboração de projetos para apreciação da Finep. Em 2006,foram realizados 69 encontros, dos quais participaram 81 <strong>em</strong>presas.Para a organização das rodadas, são cadastradas as instituiçõesde pesquisa, universidades e pesquisadores individuais que tenhamofertas de projetos <strong>em</strong> todo o país. Esse trabalho é feito por um setorda Finep que busca desenvolver os negócios na área, a Rede Associadapara o Setor Médico, Odontológico, Hospitalar e Laboratorial(Rede MOHL). A divulgação junto aos <strong>em</strong>presários que buscam essastecnologias é feita pela Associação dos Fabricantes de ProdutosMédicos e Odontológicos (Abimo).Na última edição do evento, a Anprotec colaborou com a organização,realizando divulgação junto a seus associados. O resultado foia presença de 16 <strong>em</strong>presas incubadas desenvolvedoras de soluções eprodutos na área da saúde, que puderam ofertar sua tecnologia paracompradores de todo o país.Entre as participantes, a Infomobile, incubada no Cietec-SP, foiuma das <strong>em</strong>presas que descobriu uma nova d<strong>em</strong>anda. A <strong>em</strong>presa detecnologia da informação, que atua na área de mobilidade com focono setor da saúde, recebeu a solicitação de um médico para queadaptasse o uso de um produto para o cotidiano de profissionaiscomo ele. Assim, a partir de um módulo de mobilidade utilizado narede s<strong>em</strong> fio de um hospital, está desenvolvendo um software integradoao celular, destinado a médicos que se locomov<strong>em</strong> entre diversoshospitais, clínicas e consultórios.Em 2007, a rodada de negócios da Rede MOHL está marcada para omês de junho, quando ocorrerá a Feira Hospitalar, <strong>em</strong> São Paulo. Nestaedição a Finep apresentaráuma novidade:uma lista com oscontatos das <strong>em</strong>presase instituições interessadasna ofertaou d<strong>em</strong>anda de tecnologiaserá disponibilizada<strong>em</strong> um site.Dessa forma, será formadoum espaço parainteração, a qualquermomento, dos interessados<strong>em</strong> estabelecerparcerias.Locus • Abr / Mai 2007100806040200AÇ ÃO P O S I T I VA2004 2005 2006Instituições de Pesquisa (ofertantes)Empresas (d<strong>em</strong>andantes de tecnologia)Ofertas tecnológicasresultados da rede moHlEncontros - Instituição de Pesquisa - EmpresaProjetos para o setor recebidos pela FINEPProjetos aprovados*não disponívelSist<strong>em</strong>a desenvolvido pela Inpar pode ser utilizado pelosmédicos para acessar imagens produzidas durante examesDe acordo com Cruz há dois motivosprincipais para a d<strong>em</strong>anda, que deverámanter uma curva ascendente nos próximosanos. Um deles é a consolidação deum modelo fragmentado de prestação deserviços e de elaboração de produtos paraa área da saúde. O <strong>em</strong>presário acreditaque, à medida que se intensificar a tendênciade criação de hospitais, clínicas e consultórioscada vez mais especializados,conseqüent<strong>em</strong>ente surgirá uma maior procurapor tecnologia para o setor.A outra condicionante indicada porCruz é o aumento da longevidade da população.“O aumento da expectativa de vidafará com que surja uma ‘quarta idade’,composta por indivíduos que viverão maise que buscarão qualidade de vida”, afirma.Essa população irá constituir um novosegmento, que d<strong>em</strong>andará serviços e produtosde saúde.As patologias decorrentesFonte - FiNePdo desgaste dos órgãos serãoos principais males a atingira “quarta idade”. ConformeCruz, surgirão assim grandesoportunidades de desenvolvimentoda chamada medicinaregenerativa, que se utiliza detécnicas como os enxertos, osnutracêuticos (formulaçõesnutricionais com efeito terapêutico)e a terapia celularcom células-tronco.MA R CO S CO LO M B O/ I N PA R


Médicos, pacientes e hospitais conectadosAparent<strong>em</strong>ente tão distantes, amedicina e a tecnologia de informaçãoestão cada vez mais próximascom o desenvolvimento de soluções<strong>em</strong> plataformas eletrônicas e bancosde dados. Os resultados são inovaçõesque auxiliam a organização dehospitais e clínicas e facilitam a vidade médicos e pacientes.Com o objetivo de resolver o probl<strong>em</strong>ade qu<strong>em</strong> mais sofre com filaspara atendimento médico, os usuáriosdo Sist<strong>em</strong>a Único de Saúde(SUS), a Acone desenvolveu uma centraleletrônica de regulação para gestãodo sist<strong>em</strong>a de saúde pública. A<strong>em</strong>presa foi fundada <strong>em</strong> 2001 e instaladano ano seguinte no Centro Incubadorde Empresas de Sergipe.A solução criada integra hospitais,clínicas e laboratórios com seususuários, que pod<strong>em</strong> estar localizados<strong>em</strong> qualquer lugar. O sist<strong>em</strong>apermite, por ex<strong>em</strong>plo, que moradoresde cidades pequenas agend<strong>em</strong>com antecedência consultas médicasnas cidades <strong>em</strong> que buscam atendimento.Além de agilizar a prestaçãodos serviços, a plataforma servecomo ferramenta para avaliação ded<strong>em</strong>andas e carências do sist<strong>em</strong>a desaúde, assim como para auditoria econtrole.Um dos sócios da <strong>em</strong>presa, JoséRoberto de Oliveira, conta que teve aidéia de produzir o sist<strong>em</strong>a quandoviu a longa fila no posto de saúde doSUS, onde executava um projeto naárea de engenharia civil com a <strong>em</strong>presaque possuía. “Queria apenasresolver o probl<strong>em</strong>a daquela fila, masme disseram que a idéia era boa e entãopassei a investir nela”, explica.Atualmente, a Acone atende a cercade 500 municípios de 10 estados, <strong>em</strong>todas as regiões do país.Também dedicada à produçãode soluções para gestão doatendimento médico, a MakingConsultoria e Sist<strong>em</strong>as, de Florianópolis,está incubada, desde2003, no Celta (Centro Empresarialde Laboração de TecnologiasAvançadas). A <strong>em</strong>presa desenvolvetecnologia para integraçãoentre a administração de planos desaúde e os prestadores de serviçosmédicos. Um dos produtos desenvolvidospermite a <strong>em</strong>issão online deautorizações dos planos para que ospacientes realiz<strong>em</strong> consultas e exames.Outra solução armazena a contado paciente que recebe alta <strong>em</strong> umhospital, para auditoria e envio àoperadora do plano de saúde.As soluções da Making atend<strong>em</strong>atualmente a 750 mil pessoas. Seusclientes são quatro operadoras de planode saúde (as Unimeds Florianópolis,Vitória, Poços de Caldas e Uberlândia)e cerca de 100 prestadores de serviçosmédicos (clínicas, laboratórios e consultórios,entre outros).Aparelhoproduzidopela Infomobilefacilita locomoçãodos médicosdurante o trabalhoDentro dos hospitaisO negócio da Inpar, de Porto Alegre,é desenvolver tecnologia paraservidores de imagens médicas. Emuma das soluções que oferece, um sist<strong>em</strong>aé acoplado à plataforma eletrônicados hospitais para armazenamentode exames médicos <strong>em</strong> formade imag<strong>em</strong>, como radiografias e tomografias.Outra inovação é um sist<strong>em</strong>ade radiologia e imagens quepode ser usado pelos médicos paraacessar e manipular as imagens dospacientes <strong>em</strong> atendimento.Graduada <strong>em</strong> 2006, após dois anosna incubadora Raiar, da PUC-RS, a<strong>em</strong>presa está instalada no ParqueTecnológico Tecnopuc. Graças à proximidadecom a universidade,também desenvolvepesquisas <strong>em</strong> novosprodutos, que contam com pesquisadoresda própria PUC-RS e de outrasinstituições do país.Sist<strong>em</strong>as de informação dentro dehospitais também é o nicho da Infomobile,de São Paulo, que foca namobilidade dos médicos durante seutrabalho. Um dos produtos <strong>em</strong> desenvolvimentoé um módulo móvel,como um Palm Top ou Pocket PC, noqual o médico pode consultar qualquertipo de informação a respeitodo paciente. O sist<strong>em</strong>a é baseado <strong>em</strong>uma rede s<strong>em</strong> fio instalada dentrodo hospital.Essa solução também está sendoadaptada para profissionais da saúdeque não atuam somente <strong>em</strong> uma instituição.Com o novo sist<strong>em</strong>a, médicosque trabalham <strong>em</strong> clínicas, hospitaisou consultórios diferentes <strong>em</strong> um mesmodia pod<strong>em</strong> ficar conectados a seusauxiliares por meio de seu celular e umsoftware operado pelos colegas. A idéiapara criação dessa solução partiu docontato com um médico <strong>em</strong> uma feirade negócios. Como explica o diretorexecutivo da <strong>em</strong>presa, Eduardo Guerra,para desenvolver essas tecnologias épreciso estar alinhado com as necessidadesdo setor da saúde. “Essa é umaárea muito promissora para o desenvolvimentode tecnologia, mas os médicossão clientes exigentes, pois lidamcom vidas e, por isso, não pod<strong>em</strong> trabalharcomo nada que lhes roube t<strong>em</strong>po”,afirma.Apoio governamentalUm estímulo institucional para o desenvolvimentode tecnologias na área de medicinae saúde provém da Finep (Financiadorade Estudos e Projetos). Por meio daRede Associada para o Setor Médico, Odontológico,Hospitalar e Laboratorial (RedeMOHL), a agência promove rodadas denegócios para aproximar instituições quetenham projetos tecnológicos a ofertar e<strong>em</strong>presas que os d<strong>em</strong>and<strong>em</strong> (ver quadro napágina seguinte).As redes associadas, que também estão estruturadas<strong>em</strong> outras áreas do setor produtivo,são instrumentos da Finep para promoçãode áreas estratégicas. De acordo com oanalista de projetos do órgão e responsávelpela Rede MOHL, Oswaldo Cantini, a formaçãode uma ferramenta dessas para o setorda saúde se deve a uma série de motivos.Locus • Abr / Mai 200719


N e g c i o sd i v u lg aç ãoAugusto Guimarães,presidente da Nuteral:é preciso investirna formaçãode cientistasO principal deles é o impacto social alcançadocom o barateamento e a ampliaçãoda oferta dos serviços por meio dodesenvolvimento de tecnologia nacionalque substitua as dispendiosasimportações. Outra razão foi aconstatação de que existe competênciainstalada nas instituiçõesdo país, mas que <strong>em</strong>muitos casos não chegam aomercado. “É necessário aproximarpesquisadores e <strong>em</strong>presários<strong>em</strong> muitas áreasno Brasil, uma delas é asaúde”, afirma Cantini.O presidente da vencedorado Prêmio Finep de Inovação Tecnológica2006, na categoria Pequena Empresa,Augusto Guimarães, da cearenseNuteral, concorda com o potencial deinovação brasileiro na saúde e acreditaque pod<strong>em</strong> ser construídas oportunidadesconcretas de o país obter destaque mundialnessa e <strong>em</strong> outras áreas.O avanço no setor “significa independênciacientífica e tecnológica e, de certaforma, a segurança de um país”, destaca.O <strong>em</strong>presário alerta, no entanto, que oinício de uma caminhada nessa direçãodeve começar com a adoção de políticasobjetivas para formação de pesquisadorese cientistas.Na orig<strong>em</strong> das células-troncoHá seis anos, durante o período deincubação no Pólo de Biotecnologiado Rio de Janeiro (Bio-Rio), a Cryopraxisiniciou projetos para desenvolvimentode tecnologia <strong>em</strong> um campopraticamente inexplorado no Brasil:coleta, armazenamento e terapia comcélulas-tronco, a chamada criobiologia.Hoje a <strong>em</strong>presa destaca-se comoa maior da América Latina no setor ecomeça a consolidar sua atuação noexterior.A Cryopraxis dispõe atualmentede uma estrutura que atende a cercade 50 hospitais <strong>em</strong> todo país. Contacom 20 escritórios, incluindo um naSuíça e outro nos Estados Unidos, ecerca de 100 colaboradores diretos eoutros 500 indiretos. O banco de coletade células-tronco – o primeiroconstruído no país – acumula 10 milamostras. Em 2007, o faturamentoanual da <strong>em</strong>presa atingiu a marca deR$ 10 milhões.Fundada <strong>em</strong> 2001, pelos bioquímicosEduardo Cruz e Silvia Azevedo e aadministradora de <strong>em</strong>presas SimoneAmaral, a Cryopraxis firmou-se comolíder no mercado rapidamente, o queresultou <strong>em</strong> uma incubação de poucosmeses. Desbravando um campo praticamentedesconhecido no Brasil, começarama desenvolver pesquisa paraelaboração de técnicas para lidar com omaterial.O primeiro passo foi encontrar amelhor fonte para obter células-tronco,e, a partir disso, desenvolver técnicaspara realizar o transporte e od i v u lg aç ãoarmazenamento do material, s<strong>em</strong> danificarsuas propriedades. O procedimentoconsiste na coleta do sanguedo cordão umbilical dos recém nascidos– uma rica fonte de células-tronco–, seguida do transporte para tanquesde armazenamento <strong>em</strong> hidrogênio líquido,para congelamento a -190ºC.Guardadas pela <strong>em</strong>presa, as célulastroncoficam à disposição para uso nocaso de futuros probl<strong>em</strong>as de saúde,como complicações cardíacas, leuc<strong>em</strong>iae doenças degenerativas.Outro foco de atuação da <strong>em</strong>presa éo desenvolvimento de pesquisa e tecnologiapara o setor. Seus integrantesestão envolvidos <strong>em</strong> cerca de 10 gruposde pesquisa para desenvolvimento deprotocolos de terapia celular. De acordocom o presidente da Cryopraxis,essa iniciativa está ligada ao entendimentode seus integrantes de que uma<strong>em</strong>presa incubada ou instalada <strong>em</strong> umparque tecnológico t<strong>em</strong> o dever de contribuirpara ciência. “Somos como umaponte entre as instituições de pesquisaC A S Ee as d<strong>em</strong>andas da sociedade por tecnologia”,afirma Cruz. Instalada no PóloBio-Rio, a produção científica da <strong>em</strong>presanos últimos 18 meses deu orig<strong>em</strong>a 50 trabalhos inscritos <strong>em</strong> congressose também dois capítulos de livros publicados.Rumo ao exteriorO desenvolvimento de pesquisas eo aprimoramento de técnicas foram achave para a entrada da <strong>em</strong>presa noexterior. Há quatro anos, os pesquisadoresda Cryopraxis participam degrupos de pesquisa americanos. Alémde aprender, os brasileiros passaram acontribuir com o conhecimento quedetinham, estabelecendo assim umavia de mão-dupla. O resultado foi aintegração desses pesquisadores nodesenvolvimento de três protocolosde terapia celular <strong>em</strong> estudo na Universidadedo Sul da Flórida.Com a projeção alcançada, a <strong>em</strong>presaexpandiu para os Estados Unidosa prestação do serviço de coleta earmazenamento de célulastronco.A d<strong>em</strong>anda veio debrasileiros residentes no paísque queriam armazenar omaterial dos filhos no Brasil.Para realizar o serviço, aCryopraxis solicitou autorizaçãoda agência norte-americanaFood and Drug Administration(FDA), que regulao setor, tornando-se a primeira<strong>em</strong>presa brasileira aobter essa licença.20Locus • Abr / Mai 2007


o p o r t u n i d a d eAposte no 10 -9Pesquisas na área de nanotecnologiaavançam <strong>em</strong> universidades e <strong>em</strong>presasde todos os portes. Com investimento,o Brasil não ficará para trásFrancis Françad i v u lg aç ãoAnálise denanopartículasnecessita desupermicroscópioOmercado de nanotecnologias chegoupara mostrar o valor das pequenascoisas. Componentes que chegam a medira bilionésima parte do metro (10 –9 metros)dev<strong>em</strong> movimentar nos próximos cincoanos cerca de US$ 2 trilhões <strong>em</strong> todo omundo. A nanotecnologia é um campo quereúne química, física, biologia, engenhariae computação para lidar com materiais quevariam entre 1 e 100 nanômetros. Para seter uma idéia, uma célula vermelha donosso sangue t<strong>em</strong> umacircunferência de 2.500nanômetros – gigantescapara os padrões da nanotecnologia.A tecnologia, visívelapenas através de supermicroscópios,movimentapor ano nos Estados Unidosmais de US$ 1 bilhão.No Brasil, os investimentossão menores, mas vêmcrescendo ao longo dosanos. Entre 2001 e 2006 o Programa Nacionalda Nanociência e Nanotecnologia, doMinistério de Ciência e Tecnologia, investiucerca de R$ 140 milhões no desenvolvimentodo setor. Para 2007, a perspectiva éinjetar R$ 16 milhões de recursos orçamentários,mais R$ 30 milhões <strong>em</strong> subvenções,s<strong>em</strong> contar os editais específicos para cadaárea científica.Atualmente, segundo estimativas, produtoscontendo nanotecnologia respond<strong>em</strong>por vendas superiores a US$ 30 bi-lhões anuais <strong>em</strong> todo omundo. As possibilidades dananotecnologia inclu<strong>em</strong> aumentar espetacularmentea capacidade de armazenamentoe processamento de dados dos computadoresou criar materiais mais leves eresistentes do que metais e plásticos paraconstrução de prédios, automóveis e aviões,por ex<strong>em</strong>plo. Parte dos cientistas brasileirosavalia que o desenvolvimento industrialda nanotecnologia causará umarevolução nos mercados comparável ao adventoda microeletrônica.O caminho das grandesPara Rogério Segura, gerente de desenvolvimentoda multinacional Santista Têxtil,mais do que criar novos produtos, é apossibilidade de reformular os processosde produção já existentes que torna a nanotecnologiaum investimento indispensável.“Se você consegue pegar o seu produtoe diminuir etapas de processo, você vai reduzircustos, e é aí que entra a nanotecnologia.Não necessariamente se faz uma coisanova”, diz Segura.As pesquisas sobre nanotecnologia sãorealizadas pela companhia desde 2003, <strong>em</strong>conjunto com instituições acadêmicas e<strong>em</strong>presas nacionais e internacionais. Atualmente,a Santista dispõe do maior Centrode Pesquisa Têxtil do Brasil. O investimentotrouxe um incr<strong>em</strong>ento nas vendas de 10%na linha workwear e 33% da receita líquidade vendas v<strong>em</strong> de novos produtos. “É umbom resultado, além do que você ganha <strong>em</strong>Locus • Abr / Mai 200721


o p o r t u n i d a d eimag<strong>em</strong>, que é um grande diferencial. Algumas<strong>em</strong>presas na área têxtil usam a nanotecnologia,mas não d<strong>em</strong>onstram. É muitoimportante apostar no marketing da nanotecnologia”,defende Segura.Experiente na área, ele alerta que este émomento ideal para investir <strong>em</strong> pesquisa edesenvolvimento. “Esta é a hora, porque asinformações estão disponíveis, os universitáriosestão dispostos e tenho encontradomuitos pesquisadores procurando <strong>em</strong>presas.Exist<strong>em</strong> inclusive muitas <strong>em</strong>presasespecializadas <strong>em</strong> conseguir verbas do governo”,explica.O caminho para investir <strong>em</strong> nanotecnologia,atualmente, passa pela acad<strong>em</strong>ia.Laboratórios e pesquisas já <strong>em</strong> andamentosão as principais vantagens para as <strong>em</strong>presasque estabelec<strong>em</strong> parcerias. “Começardo zero por conta própria é muito difícil,t<strong>em</strong> custo muito alto, os microscópios exig<strong>em</strong>investimentos altíssimos. Por isso, omelhor caminho é fazer parceria com umauniversidade que já tenha os equipamentos”,recomenda Segura.Novos <strong>em</strong>preendimentosA parceria com as universidades tambémabre caminho para que <strong>em</strong>presas de pequenoe médio portes possam investir <strong>em</strong> nanotecnologia.A STQ, <strong>em</strong>presa residente noCentro Incubador de Empresas Tecnológicas(Cietec-SP), atua no segmento químicofarmacêuticodesenvolvendo medicamentosde liberação controlada com a utilização denanotecnologia. De acordo com a sócia da<strong>em</strong>presa, Mariângela Azevedo, chegou-seao estágio de transformar teoria <strong>em</strong> prática.7 raz espara investir <strong>em</strong> nano1 MarketingO uso de tecnologia deponta valoriza a marca e osprodutos da <strong>em</strong>presa;Redu o de2 custosnanotecnologia Com é possívelaeliminar etapas naprodução, economizando<strong>em</strong> energia e insumos;Controle das3 caracter sticasdo materialA nanotecnologia permiteaperfeiçoar produtosjá desenvolvidos pela<strong>em</strong>presa, aprimorandocomponentes;4 ProdutoscompetitivosO Brasil não t<strong>em</strong>defasag<strong>em</strong> tecnológica <strong>em</strong>relação aos outros paísesna área de nanotecnologia;5 da Expans inovaooA nanotecnologia gerauma aproximação s<strong>em</strong>precedentes entre aacad<strong>em</strong>ia e a indústria;6 IncentivoO governo está dispostoa apoiar financeiramenteas iniciativas <strong>em</strong>nanotecnologia;Bases de pesquisa7 j estabelecidasA parceria compesquisadores dispensaa construção de umabase tecnológica própria.Dispositivo desenvolvido pela Ponto Quânticousa nanotecnologia para medir radiação solar“Ainda faz<strong>em</strong>os muita nanociência, maspouca nanotecnologia. Nesse cenário, micro<strong>em</strong>presasde base tecnológica exerc<strong>em</strong>um papel de fundamental importância paraa transferência de tecnologia, do conhecimentogerado primeiramente nas universidades,colocando produtos de alto valoragregado no mercado”, explica.A aplicação terapêutica da nanotecnologiatambém é desenvolvida pela Nanocore,<strong>em</strong>presa incubada na Supera, da USP de RibeirãoPreto. De acordo com José MacielRodrigues Junior, coordenador de desenvolvimentode novas tecnologias da <strong>em</strong>presa,os investimentos têm retorno garantido.“Investimos recursos na ord<strong>em</strong> de 2,5 milhõesde reais e tiv<strong>em</strong>os retorno desse valorjá no terceiro ano. Superamos nossas metase pretend<strong>em</strong>os investir ainda este ano <strong>em</strong>uma nova unidade de produção para desenvolvermedicações mais seletivas e menostóxicas do que as atuais” com<strong>em</strong>ora.Mais do que uma possibilidade de ganho,ingressar na era da nanotecnologiaserá vital para muitas <strong>em</strong>presas. É o quedefende o pesquisador Petrus Santa Cruz,coordenador da Rede de NanotecnologiaMolecular e de Interfaces (Renami) e fundadorda Ponto Quântico, primeira <strong>em</strong>presacriada no Brasil com o objetivo de pesquisarnanotecnologia. “Ou investimos <strong>em</strong>nanotecnologias, ou comprar<strong>em</strong>os nanotecnologiasestrangeiras no futuro”, dizSanta Cruz, que pesquisa as tecnologiasnano desde os anos 80.d i v u lg aç ão22Locus • Abr / Mai 2007Células vermelhasdo sangue são gigantescaspara os padrões da nanotecnologia


A Ponto Quântico ainda está incubadana Positiva, da Universidade Federal dePernambuco (UFPE), funcionando comomodelo de tecnologias estratégicas. A <strong>em</strong>presadesenvolve o n-Domo, equipamentopessoal para medir a exposição à radiaçãoultravioleta. Vários projetos estão na “filade montag<strong>em</strong>”, aguardando propostas de<strong>em</strong>presas de grande porte que se interess<strong>em</strong><strong>em</strong> investir <strong>em</strong> nanotecnologia. “APonto Quântico funciona como uma vitrinede novas tecnologias para licenciamentode inovações desenvolvidas nogrupo”, explica Santa Cruz.Mãos à obraSegundo o pesquisador, a vantag<strong>em</strong> dacorrida nanotecnológica é que os paísescompet<strong>em</strong> de igual para igual. “Havia secriado uma tradição de comprar tecnologiasdo tipo ‘caixas pretas’, que, apesar deretorno financeiro mais fácil para o <strong>em</strong>presário,o torna eternamente dependente. Defendoinvestimentos <strong>em</strong> nanotecnologiasnessa janela de t<strong>em</strong>po imediata porque aindanão se criaram defasagens tecnológicasentre países, já que as pesquisas não têmvínculo com tecnologias anteriores”, diz.Para Santa Cruz, o fato de a nanotecnologiaestar restritaà acad<strong>em</strong>iarepresenta umaetapa <strong>em</strong> transição.A tendênciaé o conhecimentomigrar para aindústria. “Os conhecimentosdev<strong>em</strong> ser transferidospara a indústria, paraque os benefícios chegu<strong>em</strong> à sociedade.As nanotecnologias dev<strong>em</strong>migrar naturalmente da acad<strong>em</strong>iapara a indústria induzidas particularmentepela Lei da Inovação”, explica.De acordo com o coordenador-geral depolíticas e programas de nanotecnologia doMinistério da Ciência e Tecnologia, AlfredoMendes, o mundo encontra-se <strong>em</strong> uma fasede expansão da nanotecnologia que develevar até 50 anos para atingir sua plenitude.“Estamos vendo a ponta do iceberg, t<strong>em</strong>muita coisa ainda por vir. É uma corrida <strong>em</strong>que o Brasil está inserido, pois t<strong>em</strong>os competência,instalações e matéria-prima. Agoraé mãos à obra e trabalhar”, afirma. Pelovisto, os que não apostar<strong>em</strong> nesse novo segmentoda inovação estão fadados a ver seusprodutos tornar<strong>em</strong>-se obsoletos.Nanotubos un<strong>em</strong>partículas qu<strong>em</strong>ed<strong>em</strong> a bilionésimaparte do metroRedes de pesquisa que os investidores pod<strong>em</strong> procurarRede Interdisciplinarde NanotecnologiaÁreas de pesquisa: cerâmicas eletrônicasde alto des<strong>em</strong>penho, filmes finos;revestimentos cerâmicos, refratáriosInstituições: Unesp, UFSCar, FSA, IPEN, USP,UFPB, UFRN e UFS, entre outras.Contato: cmdmc@cmdmc.com.brFones: (16) 3361-5215/ (16) 3351-8214Rede de Nanotecnologia da USPÁreas de pesquisa: aplicações farmacêuticas ecosméticas, biofísica molecular, biotecnologia,cooperação universidade-<strong>em</strong>presa, física, meioambiente, métodos computacionais,nanomateriais, química.Contato: nano@fearp.usp.brFone: (16) 3602 3914Rede Cooperativa paraPesquisa <strong>em</strong> NanodispositivosS<strong>em</strong>icondutores e MateriaisNanoestruturadosÁreas de pesquisa: materiaisnanoestruturados, nano-objetos, s<strong>em</strong>icondutores,nanoestruturas magnéticas, automontag<strong>em</strong>,polímeros, cerâmicas.Instituições: Ufrgs, PUC/RJ, UFMG, UFRJ, UFPE,Fiocruz, Unicamp, UFF, Cetec/MG, Cetuc/RJ, USP,UERJ, UFBA, CDTN/MG, Funrei, LNLS, Unit/SE, UFU,UFSC, UFPR, CBPF, INPE, UFSCar, PUC/RS, UFV.Contato: israel@if.ufrgs.brRede de Nanotecnologia Moleculare de Interfaces (Renami)Áreas de pesquisa: sensores e dosímetros,simulação dinâmica molecular, nanocompósitos,filmes finos, investigação por AFM de filmesmagnetron sputtering, simulação de sist<strong>em</strong>asmoleculares, adsorção superficial seletiva;processos fotônicos <strong>em</strong> materiais nanoestruturados;vidrocerâmicas híbridas.Instituições:UFPE, USP, UFRJ, IMA/UFRJ,Instituto Alberto Luiz Coimbra, PUC-RJ, UFPR,UFPB, UEPG, Unesp, USP-IF/S, CNEN, IPT, CBPF,University of Minnesota (EUA), University ofBourgogne (França), Uersity of Utrecht (Holanda),France Télécom (França), Ponto Quântico Sensorese Dosímetros Ltda., GKSS (Al<strong>em</strong>anha)Contato: renami@npd.ufpe.brFone: (81) 21267459Rede Nacional deNanobiotecnologia (Nanobiotec)Áreas de pesquisa: liberação controlada defármacos; materiais magnéticos nanoestruturados;métodos instrumentais <strong>em</strong> materiaisnanoestruturados; desenvolvimento de drogas evacinas (leishmaniose); imunopatologia detumores; nanopartículas como veículo de drogas.Instituições: Unicamp, Ufrgs, UFSCar, Unesp,UFPE, UFMG, UFRJ, IPT, UnB, UFG, USP, EmbrapaContato: duran@iqm.unicamp.brFone: (019) 37883042Locus • Abr / Mai 200723


I n v e s t i m e n t o s26A hora é agoraBrasil começa a criar instrumentos de subvençãoeconômica à inovação tecnológica. No último edital lançado,sobrou dinheiro porque faltou qualidade aos projetosRodrigo LóssioLocus • Abr / Mai 2007Inovar para garantir competitividade viroumissão obrigatória no Brasil desde osanos 90, tornando “inovação tecnológica” aexpressão da moda neste início de século.Mas a febre inovadora ainda não minimizouas dificuldades enfrentadas por <strong>em</strong>presasbrasileiras, <strong>em</strong> especial por micro epequenas, que buscam avançar na melhoriade processos e produtos. Além da escassezde mão-de-obra especializada e dadistância dos centros de pesquisa, o principalgargalo ainda é mobilizar recursospara financiar o processo. “Desenvolverinovação pressupõe riscos – de determinadoproduto não <strong>em</strong>placar no mercado, deapostar no desenvolvimento de uma solução,muitas vezes até comprometendo o capitalda <strong>em</strong>presa”, afirma Eliane Bahruth,diretora de Inovação para o DesenvolvimentoEconômico e Social da Financiadorade Estudos e Projetos (Finep).Recent<strong>em</strong>ente, a própria Finep e outrasinstituições de fomento, como o BancoNacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (Bndes) e fundações de apoio regionais,ampliaram seus editais de financiamentodestinados especificamente apromover a inovação no setor produtivo. Aoferta desses editais partiu, principalmente,de dispositivos presentes nas leis deInovação (2005) e do B<strong>em</strong> (2006).Números do edital da FinepR$ 510 milhões para ser<strong>em</strong> usados entre 2006 e 2008R$ 300 milhões para a primeira chamada:R$ 210 milhões para áreas prioritáriasR$ 90 milhões para t<strong>em</strong>as gerais1.099 propostas recebidas, no total de R$ 1,9 bilhão pleiteado70 projetos aprovados nas áreas prioritárias, no total de R$ 145 milhõesR$ 68,8 milhões destinados a micro e pequenas <strong>em</strong>presasR$ 22,4 milhões <strong>em</strong> projetos de <strong>em</strong>presas das regiões Norte e NordesteNo ano passado, um dos editais mais esperados,previsto nas duas leis, foi lançadopela Finep: o de subvenção econômica àinovação. Por meio desse instrumento, ogoverno federal concede recursos financeirospara <strong>em</strong>presas que desenvolv<strong>em</strong>projetos de inovação estratégicos para opaís, de acordo com as áreas prioritáriasda Política Industrial, Tecnológica e deComércio Exterior (Pitce). O edital, lançado<strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro de 2006, foi o primeirodessa modalidade no Brasil e pode seraplicado no custeio de atividades de pesquisa,desenvolvimento tecnológico e inovação<strong>em</strong> <strong>em</strong>presas nacionais.Em países como Espanha, França e Chinaesse tipo de instrumento para financiara inovação já é utilizado há anos. O pioneirismofoi dos Estados Unidos, onde o governo,há pelo menos quatro décadas,aporta recursos diretamente nas <strong>em</strong>presasinovadoras.O edital de subvenção econômica da Finepfoi dividido <strong>em</strong> três partes. A primeirapossibilita a contratação de doutores porparte das <strong>em</strong>presas para atuar<strong>em</strong> no desenvolvimentode tecnologias inovadoras, comrecursos da ord<strong>em</strong> de R$ 60 milhões. Até omomento, oito <strong>em</strong>presas já foram selecionadas.A segunda é destinada ao credenciamentode agentes regionais de financiamento,com cerca de R$ 150 milhões disponíveis– 16 estados mais o Distrito Federal foramcont<strong>em</strong>plados com o repasse desses recursos.A terceira parte conta com R$ 300 milhões,para ser<strong>em</strong> aplicados diretamentenas <strong>em</strong>presas inovadoras, sendo R$ 210 milhõespara as áreas prioritárias da Pitce eR$ 90 milhões nos t<strong>em</strong>as gerais.Essa última aprovou <strong>em</strong> fevereiro desteano 70 projetos de subvenção econômicanos t<strong>em</strong>as prioritários. Foram cerca de


R$ 145 milhões <strong>em</strong> recursos não-re<strong>em</strong>bolsáveis– b<strong>em</strong> abaixo dos R$ 210 milhões esperados.Segundo Eliane Bahruth, diretorada Finep, foram 1.099 propostas apresentadas.“A falta de qualificação e de foco daspropostas foram os principais motivos paraa meta não ter sido atingida. Muitas não conhec<strong>em</strong>o instrumento de subvenção, principalmentepor ser uma modalidade novano país. Os critérios são muito mais rigorosos”,explica Eliane. Ela ressalta que namaioria dos casos a rejeição das propostasnão ocorreu por questões burocráticas oufiscais, mas sim pela falta de caracterizaçãodos projetos como ações de inovação.Para as <strong>em</strong>presas incubadas e graduadasdo Instituto Gênesis, da Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a maior dificuldade enfrentada paraparticipar do edital foi uma interpretaçãojurídica do conceito de <strong>em</strong>presa. SegundoPaula Araújo Pereira, assessora da incubadora,as <strong>em</strong>presas foram consideradas inelegíveispelo edital por sua natureza jurídicaser “Sociedade Simples Limitada”. Conformea Finep, somente “sociedades <strong>em</strong>presárias”,previstas no Código Civil de 2002,pod<strong>em</strong> ser consideradas <strong>em</strong>presas – um dospré-requisitos para receber<strong>em</strong> subsídios.Do total de recursos aprovados na primeirafase, cerca de R$ 69 milhões foramdestinados a micro e pequenas <strong>em</strong>presas,setor para o qual a expectativa era distribuirapenas R$ 60 milhões. A catarinense CianetNetworking, graduada da Incubadora Celta,foi uma das cont<strong>em</strong>pladas dessa categoria.O projeto apresentado está enquadradonuma das áreas prioritárias do edital – a deTV Digital. “A subvenção econômica é ummecanismo imprescindível ao processo deintegração entre a iniciativa privada e asinstituições de pesquisa”, aponta NorbertoDias, diretor da Cianet.Empresas ainda instaladas <strong>em</strong> incubadorastambém garantiram investimento. É ocaso da PAM M<strong>em</strong>branas Seletivas, ligadaà Coppe, da Universidade Federal do Riode Janeiro. A <strong>em</strong>presa, formadapor cinco doutores, foiuma das cont<strong>em</strong>pladas no últimoedital com um projetona área de biomassa e energiasalternativas. Há pelo menos30 anos os pesquisadoresque hoje formam a PAM procuravamincentivos no paíspara poder inserir no mercadoa pesquisa desenvolvidana universidade. De acordo com o diretorcomercial da <strong>em</strong>presa, Roberto Bentes, somentecom a subvenção econômica a <strong>em</strong>presaencontrou essa abertura. “A realidadeno Brasil é totalmente distinta dospaíses desenvolvidos quando falamos nestarelação entre mercado e acad<strong>em</strong>ia. Lá98% dos doutores estão nas indústrias eapenas 2% nas universidades. Aqui, é exatamenteo contrário”, explica. Enquanto essaequação não se inverte, resta às <strong>em</strong>presasqualificar suas propostas para que não sepercam as poucas oportunidades de obterfinanciamento para inovação no Brasil.Eliane Bahruth,da Finep: projetosprecisam caracterizarmelhor a inovaçãoS u b v e n ç ã o s e m m i s t é r i o sO que é Subvenção Econômica à InovaçãoConcessão de recursos financeiros de natureza não-re<strong>em</strong>bolsávelpara <strong>em</strong>presas públicas ou privadas que desenvolvamprojetos de inovação estratégicos para o país deacordo com a política governamental. Surgiu no Brasil apósregulamentação da Lei da Inovação (10.903/04) e da Lei doB<strong>em</strong> (11.196/05).Que tipos de despesas pod<strong>em</strong> ser cobertascom a subvenção econômica?A subvenção da Lei da Inovação é destinada à coberturadas despesas de custeio das atividades de inovação, incluindopessoal, matérias-primas, serviços de terceiros, patentes eainda despesas de conservação e adaptação de bens imóveiscom destinação específica para inovação. A subvenção da Leido B<strong>em</strong> é destinada ao ressarcimento de parte do valor dar<strong>em</strong>uneração de pesquisadores, mestres ou doutores, contratadospelas <strong>em</strong>presas.Para receber os recursos, as <strong>em</strong>presasdev<strong>em</strong> dar contrapartidas financeiras?Sim. Variam de 10% a 60% do valor final, dependendo doporte da <strong>em</strong>presa e de sua localização geográfica (<strong>em</strong>presasnas regiões Norte e Nordeste têm contrapartidas menores).Qual é o conceito de inovação tecnológicautilizado para seleção do projeto?O apresentado nas leis 10.903/04 e 11.196/05, que considerainovação tecnológica novo produto ou processo defabricação, b<strong>em</strong> como a agregação de novas funcionalidadesou características ao produto ou processo, que implique<strong>em</strong> melhorias incr<strong>em</strong>entais e efetivo ganho de qualidadeou produtividade, resultando <strong>em</strong> maior competitividadeno mercado.Locus • Abr / Mai 200727


m u l h e r e sA vez dasmulheresElas já representama metade dos<strong>em</strong>preendedores no país.Aos poucos, conquistamlugares de destaque<strong>em</strong> todos os segmentos,estilhaçando preconceitos.E estão prontas paradesbravar novos caminhos.28Locus • Abr / Mai 2007EMÍLIA CHAGASAlessandra era bancária, Maria Olíviaera estudante e Fátima cuidava dosfilhos e da casa. Cada uma delasmora <strong>em</strong> uma região diferente do país, masas três têm algo <strong>em</strong> comum: tiveram a iniciativade transformar suas vidas. Todashoje faz<strong>em</strong> parte de um grupo que reúnecerca de 6,3 milhões de brasileiras. O grupodas mulheres <strong>em</strong>preendedoras.Apesar de tardia, a ascensão do númerode <strong>em</strong>presas comandadas por mulheres noBrasil foi intensa nos primeiros anos doséculo XXI. Segundo dados do GEM (GlobalEntrepreneurship Monitor), <strong>em</strong> 2001elas eram 38% dos cerca de 12 milhões de<strong>em</strong>preendedores brasileiros. Apenas cincoanos depois, passaram a representar metadedos <strong>em</strong>presários principiantes do país.Com essa mudança de cenário, o Brasilpassou a ser um dos três países com maioríndice de <strong>em</strong>preendedorismo f<strong>em</strong>inino nomundo. Em números absolutos, só ficamosatrás da China e dos Estados Unidos, paísesb<strong>em</strong> mais populosos. O Brasil também é osegundo com maior proporção de mulheresà frente de <strong>em</strong>preendimentos novos. Perdeapenas para a Hungria, onde elas são donasde dois terços das <strong>em</strong>presas nascentes.


Motivação para<strong>em</strong>preenderUma forte característica doBrasil é a razão pela qual aspessoas decid<strong>em</strong> abrir uma<strong>em</strong>presa: precisam se sustentar,não consegu<strong>em</strong> um <strong>em</strong>prego,não suportam mais ochefe. Em geral, o motivomaior v<strong>em</strong> de uma necessidade.Apenas uma minoria setorna <strong>em</strong>presária por observaruma oportunidade no mercado.Entre as mulheres, a necessidade motivaainda mais. Um ex<strong>em</strong>plo disso é a UnidadeProdutiva As Marias, de Rio Largo, no estadode Alagoas. A cooperativa foi formadapor um grupo de 30 mulheres, vindasde famílias humildes, que produz<strong>em</strong> epintam camisetas de forma artesanal.Com o incentivo da ONG Maria Mariá,incubada na Universidade Federal de Alagoas(UFAL), cada trabalhadora recebeuma bolsa-salário de R$ 50 por mês, maisos lucros da venda das camisetas. “A técnicaque elas usam é simples de aprender e ascamisetas são vendidas para os universitáriosde Maceió”, conta a assistente socialMaria Olívia da Silva Monteiro, uma dascoordenadoras da ONG.Outro caso de crise que se transformou<strong>em</strong> negócio próprio é o da <strong>em</strong>presáriaAlessandra de Paulo Pereira Gonçalves,dona da Tatakuki, de São Paulo. Ela montoua <strong>em</strong>presa que fabrica objetos de deco-População <strong>em</strong>preendedora por gênero no Brasil29%Fonte: g<strong>em</strong>200371%200046% 54%mulhereshomensD e p o i m e n t oGeanete Dias Morais Batista,gerente da incubadora de<strong>em</strong>presas de base tecnológica deItajubá (Incit-MG).O <strong>em</strong>preendedorismo mudouminha vida. Eu erauma funcionária públicacomo muitas outras, atrás de umaestabilidade profissional. Trabalhavana prefeitura da minha cidade,Santa Rita do Sapucaí, <strong>em</strong> Minas Gerais. Entrava no serviçoàs oito horas da manhã e saía às cinco da tarde. Dedicava-meao trabalho, mas a preocupação e o envolvimento iam <strong>em</strong>borajunto comigo ao final do expediente. Foi assim por mais de 20anos, até que recebi uma proposta que representou um divisorde águas <strong>em</strong> minha vida.O prefeito de Santa Rita convidou-me para assumir a coordenaçãoda incubadora municipal de <strong>em</strong>presas, conhecida comoProintec (Programa Municipal de Incubação Avançada de Empresasde Base Tecnológica). Até então eu não sabia o que eraum estudo de viabilidade e sequer tinha visto um plano de negócios.Confiante <strong>em</strong> minha experiência administrativa, depoisde 16 anos na área financeira da prefeitura, de ter passado pelosrecursos humanos e de outros quatro anos no gabinete do prefeito,aceitei o desafio.Os primeiros dias de trabalho foram muito diferentes de tudoque já havia vivido. Não havia mais aquela rotina à qual tinhame acostumado. Uma idéia latejava <strong>em</strong> minha cabeça: “Issoaqui não t<strong>em</strong> nada a ver comigo!”. Mas, ao invés de entrar <strong>em</strong>desespero, encontrei forças para me dedicar ainda mais. Imagineique, se tinha sido colocada para fazer aquele trabalho, deveriafazer jus a qu<strong>em</strong> tinha confiado <strong>em</strong> mim.A partir daí, foi como se abrisse minha cabeça. Passei a quererentender cada vez mais sobre o assunto. Pesquisei, visitei incubadorasde sucesso, estipulei metas para meu trabalho. Com a dedicação,encontrei engajamento e passei a amar o que faço. Via osprojetos das <strong>em</strong>presas incubadas como se foss<strong>em</strong> meus. Já nãotinha mais hora para entrar n<strong>em</strong> para sair do trabalho – afinal, écurto o prazo para colocar as <strong>em</strong>presas no mercado.Como resultado, depois de três anos de trabalho no Prointec,venc<strong>em</strong>os o Prêmio da Anprotec e lançamos o livro MEI – Manualda Empresa Incubada. Digo “venc<strong>em</strong>os” e “lançamos” (assim,no plural) porque contei com a dedicação de toda umaequipe e sei que sozinha não faço nada.Há um ano e oito meses fui convidada pelo reitor da UniversidadeFederal de Itajubá (Unifei), Renato Nunes, para coordenaras incubadoras Incit e Cegeit, que passavam por uma crise. Itajubáfica a 40 quilômetros de Santa Rita e t<strong>em</strong> boas escolas de Medicinae Engenharia, mas, na época, a cidade carecia do que secostuma chamar de “cultura <strong>em</strong>preendedora”. Eram muitas <strong>em</strong>presasnascentes e a procura pelas incubadoras era mínima.Locus • Abr / Mai 200729


30m u l h e r e sMeu primeiro passo foi diss<strong>em</strong>inar o <strong>em</strong>preendedorismo naUniversidade Federal e nas escolas de segundo grau. Aindahoje, depois que saio do Incit à noite, passo de sala <strong>em</strong> salacom minha equipe explicando para os estudantes que eles nãoprecisam estudar apenas para ter<strong>em</strong> um bom <strong>em</strong>prego. Têmtambém a opção de ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>preendedores.As incubadoras passaram a ocupar um espaço privilegiadodentro da Unifei, o antigo prédio central, onde a universidadecomeçou. O ambiente, depois da recente reforma, é perfeito paraas <strong>em</strong>presas que estão começando – prestamos consultorias,treinamentos e t<strong>em</strong>os também a infra-estrutura de laboratórios.Pela primeira vez, abrimos edital para a seleção de <strong>em</strong>presase nos surpreend<strong>em</strong>os com a procura: seis <strong>em</strong>presas por vaga!Uma verdadeira conquista. Hoje, todas as salas da incubadoraestão ocupadas e só pod<strong>em</strong>os aceitar novos projetos quandouma pequena <strong>em</strong>presa é graduada. T<strong>em</strong>os um plano de criarum parque tecnológico para suprir a d<strong>em</strong>anda e melhorar oatendimento às <strong>em</strong>presas nascentes.Nesses oito anos <strong>em</strong> que me dedico ao <strong>em</strong>preendedorismominha vida mudou bastante. Fiquei viúva, e meu filho caçula,que t<strong>em</strong> 20 anos, costuma dizer que continuo casada – com omeu trabalho. Procuro manter o ambiente da incubadora comouma grande família. Chamo os <strong>em</strong>preendedores das <strong>em</strong>presasincubadas de “meus meninos”, tenho-os como filhos e sintomecomo sócia de cada um deles. Ou, pelo menos, me <strong>em</strong>penhocomo se fosse. Afinal, sei que do meu trabalho dependeo sonho de alguém.Locus • Abr / Mai 2007Taxa de atividade <strong>em</strong>preendedora segundo gênero,por grupos de países (2005) e Brasil (2001 a 2005).%15129630%15129630Empreendedores estabelecidosMulheresHomensPaíses de rendaper capita médiaPaíses de rendaper capita médiaPaíses de rendaper capita altaEmpreendedores iniciaisMulheresHomensPaíses de rendaper capita altaFonte: GEM 2005 eGEM Brasil 2002-2005 (adaptado)BrasilBrasilração para quartos de criança quando omarido foi d<strong>em</strong>itido. Seu filho era aindarecém-nascido e ela também havia perdidoo <strong>em</strong>prego no banco <strong>em</strong> que trabalhava.Com sete anos de fundação, a <strong>em</strong>presa deAlessandra consolidou-se no mercado. Mas,<strong>em</strong> geral, os <strong>em</strong>preendimentos criados apartir de uma oportunidade têm mais chancesde sobreviver. Nos países de maior renda,como os Estados Unidos, a proporção de<strong>em</strong>preendedores que iniciam seus negóciospor esse motivo é substancialmente mais altado que nos países de renda média.A <strong>em</strong>presária paraense Fátima Chammafundou a <strong>em</strong>presa de cosméticos Chammada Amazônia depois de observar o mercadode perfumes de seu estado, maior consumidordo produto no país. Buscou apoio paraas pesquisas e obteve <strong>em</strong> uma incubadora oaporte para o desenvolvimento tecnológicode que precisava. Um típico <strong>em</strong>preendimentocriado a partir de uma oportunidade, fatorfundamental para seu crescimento.


E x e m p l oAlessandra de Paulo Pereira Gonçalves, <strong>em</strong>presária“T<strong>em</strong> gente que nasce para ser sombra. Nós quer<strong>em</strong>os s<strong>em</strong>preser a árvore, a montanha”. Com essa frase, a <strong>em</strong>presáriaAlessandra de Paulo Pereira Gonçalves define a grande viradaque deu <strong>em</strong> sua vida, há sete anos, quando deixou de serbancária para se tornar <strong>em</strong>preendedora.Ela passava por uma gravidez de risco e ficou impossibilitadade trabalhar. Nesse período, virou fã dos programas deartesanato que passam na tevê, do tipo “faça você mesmo”.Sozinha, criou todas as peças do enxoval e da decoração doquarto do seu bebê e do filho de uma amiga. Quando o maridoficou des<strong>em</strong>pregado, após a privatização do banco <strong>em</strong> queambos trabalhavam, Alessandra teve a idéia de fazer do hobbyseu ganha-pão.Com a ajuda do companheiro, criou quadros tridimensionaiscom motivos infantis, feitos com tecido. Patenteou aidéia e passou a fornecer o produto para lojas de decoraçãoda Zona Sul de São Paulo. Em pouco t<strong>em</strong>po, os clientes começarama “driblar” as lojas e ir direto até a artesã para fazera encomenda. Foi quando o casal se deu conta de que haviaencontrado um nicho de mercado, num segmento que jáexistia. Os clientes eram pessoas como eles, de classe média eclasse média baixa, que desejavam montar o quarto dos filhos,mas s<strong>em</strong> precisar pagar os preços altos que as lojas cobravampelos artigos. O kit berço feito pela Tatakuki, porex<strong>em</strong>plo, pode custar R$ 250. Em outras lojas, o mesmo artigonão sai por menos de R$ 850.A <strong>em</strong>presa funcionou na informalidade por um bom t<strong>em</strong>po.Até que o casal resolveu procurar a incubadora do Sebrae.“Não queríamos fazer parte das estatísticas”, afirmaAlessandra, referindo-se ao número de pequenas <strong>em</strong>presasque quebram nos primeiros anos de atividade. Na incubadora,receberam treinamento e orientações dos consultores.O portfólio cresceu – passaram a oferecer também 37 produtosna linha de tecido, como lençóis e mantas. Estão começandoa organizar uma rede de representantes <strong>em</strong> todo opaís e prevê<strong>em</strong> a abertura de lojas franqueadas até o finaldeste ano. Outras inovações foram criadas, como quadrosdecorativos com luzes para cromoterapia e o porta-bebê,acessório feito de pelúcia que é preso à criança e impedeque ela role e caia da cama.Os lay-outs dos produtos e os moldes continuam sendo feitosà mão. “Assim é mais rápido”, diz a <strong>em</strong>presária, l<strong>em</strong>brandoque é preciso muita agilidade para montar cerca de trêsquartos por dia, todos feitos por encomenda no show-roomda <strong>em</strong>presa – 90% deles personalizados. São motivos de basquete,fazenda, Fórmula-1. Seja o que os pais escolher<strong>em</strong>,Alessandra cria. E acerta no primeiro desenho. “Acho que éessa sensibilidade f<strong>em</strong>inina que faz com que eu atinja o clienteno primeiro esboço. Ser mulher só ajuda”, diz.Estilhaçando o vidro do tetoNa opinião de Fátima, são muito poucasas diferenças entre um hom<strong>em</strong> <strong>em</strong>presárioe uma mulher <strong>em</strong>presária. “As mulherestêm capacidade ilimitada, mas poucas têmnoção disso”, diz. Segundo ela, a única vez<strong>em</strong> que sentiu diferença por ser mulher foiao ser escolhida <strong>em</strong>presária do ano pela AssociaçãoComercial do Pará. “Em 50 anos,fui a segunda mulher a receber essa homenag<strong>em</strong>.Isso faz você pensar”, comenta.Se, <strong>em</strong> representatividade, as mulheresganharam espaço entre o número de <strong>em</strong>preendedores,falta a elas ainda ascenderaos postos mais altos de comando dentrodas <strong>em</strong>presas e instituições. A necessidadede <strong>em</strong>poderamento das mulheres é discutidasob o conceito de glass ceiling (teto devidro, <strong>em</strong> inglês).A expressão foi cunhada pelo Wall StreetJournal <strong>em</strong> 1985 e diz respeito aos postosda hierarquia considerados inatingíveis pelasmulheres. “Não t<strong>em</strong> a ver com falta dehabilidade e capacidade das mulheres, mascom o simples fato de que são mulheres”,afirma a pesquisadora do Instituto de Estudosde Gênero da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC), Cristina Rocha.Em sua tese de doutorado, Cristina pesquisoucerca de 30 <strong>em</strong>presas de base tecnológicae incubadoras. Descobriu que dasmulheres que trabalhavam nesses locais,Locus • Abr / Mai 200731


m u l h e r e s32Gina Paladino:indústria não deve serfreqüentada apenaspor qu<strong>em</strong> usa gravataLocus • Abr / Mai 2007um terço havia rompido com o teto de vidro.“Esse número pode não ser representativo<strong>em</strong> termos estatísticos, cuja significânciapode não ser considerada relevantepara alguns. No entanto, <strong>em</strong> termos socioculturaisele é importante, porque sinalizauma ‘tendência do novo’”, ressalta.Abrir caminho pela tecnologiaSegundo a pesquisadora, as mulheresque consegu<strong>em</strong> galgar a postos mais altosdeixam de ser simples cumpridoras de ordens.“Passam a ser sujeitas das suas ações,participando de reuniões, dando sugestõese instruções, superando características d<strong>em</strong>aior passividade que ainda possam serlhespertinentes”, ressalta Cristina.Uma das primeiras mulheres do Brasil apercorrer esse caminho tortuoso e chegar aotopo das instituições de ciência e tecnologiachama-se Gina Gulineli Paladino. No iníciodos anos 90, ela tornou-se a primeira mulhera gerenciar uma incubadora tecnológica nopaís – a de Curitiba – e abriu espaço para outrasexecutivas e <strong>em</strong>presárias da área.F<strong>em</strong>inista durante a formação universitária,a economista especializou-se <strong>em</strong> umterreno até hoje bastante masculino: o dainovação tecnológica. Foi a única mulher aparticipar da diretoria da Associação Nacionalde Entidades Promotoras de EmpreendimentosInovadores (Anprotec). Recent<strong>em</strong>ente,Gina apoiou a edição de umlivro que conta a história de 10 <strong>em</strong>presáriasde sucesso do Paraná.Uma das personagens da obra “Capitãs daindústria paranaense” é a <strong>em</strong>presária KozueImai, que depois da morte do marido se viuobrigada a assumir o comando de duas <strong>em</strong>presas:uma do setor de material de transportee outra do ramo de construções. ParaGina, o sucesso alcançado por Kozue nessa<strong>em</strong>preitada traduz a capacidade das mulheres<strong>em</strong> enfrentar os desafios. “Isso mostraque a indústria não é cinza e masculina en<strong>em</strong> é para ser freqüentada apenas porqu<strong>em</strong> usa gravata”, diz.Antes mesmo da publicação das históriasdas capitãs, Gina havia motivado a edição deum dos mais importantes livros sobre <strong>em</strong>-


E x e m p l oFátima Chamma, <strong>em</strong>presáriaA <strong>em</strong>presária paraense Fátima Chamma venceu odesafio de transformar verdadeiras poções mágicasda sabedoria popular <strong>em</strong> produtos inovadores, comeficácia comprovada. Nascida no estado que é omaior consumidor de perfumes do país e filha de umfarmacêutico autodidata apaixonado pela Amazônia,Fátima deu continuidade ao sonho do pai, de fabricarfragrâncias a partir da matéria-prima local.Filho de libaneses, Oscar Chamma abriu umaperfumaria <strong>em</strong> Belém 50 anos atrás, onde testava einventava perfumes misturando patchuli, alfaz<strong>em</strong>ae priprioca a ingredientes importados da França eda Al<strong>em</strong>anha. Somente há 10 anos, depois que o paifaleceu, Fátima procurou a incubadora da UniversidadeFederal do Pará disposta a profissionalizar etransformar a antiga iniciativa familiar <strong>em</strong> uma fábricade cosméticos.Por meio de muita pesquisa, feita <strong>em</strong> parceriacom institutos e grandes <strong>em</strong>presas, a Chamma daAmazônia conseguiu agregar tecnologia à produção,inovando <strong>em</strong> processo e produto. Foi a primeira indústriaa criar um xampu à base de andiroba. Ospesquisadores da <strong>em</strong>presa descobriram o novo usopara o óleo amarelo extraído das s<strong>em</strong>entes dessa árvore,aplicado há gerações pelos nativos como repelentede mosquitos.A <strong>em</strong>presa venceu <strong>em</strong> 2001 a etapa regional doPrêmio Finep de InovaçãoTecnológica, pelaindustrialização do banho-de-cheiro,ou banho-cheiroso– misturade couro de jibóia, raízese água de maré popularmenteusada no dia deSão João para trazer felicidadee afastar o mauolhado.Tirou da formulação o couro de jibóia e aágua de maré, usando apenas as ervas aromáticas.“Ficou comprovado que, <strong>em</strong> contato com a químicacorporal, o banho-de-cheiro traz uma sensação deb<strong>em</strong>-estar, que pode ser associada inclusive à aromaterapia”,diz Fátima.A Chamma da Amazônia está presente <strong>em</strong> muitascidades do país por meio de franquias e começa aconquistar espaço no mercado externo, inicialmente<strong>em</strong> Portugal. No catálogo da <strong>em</strong>presa, cr<strong>em</strong>es,óleos corporais, esfoliantes e perfumes desenvolvidosa partir de histórias e lendas amazônicas. Entreos mais vendidos estão os produtos da linha Boto eos perfumes Caboclo e Cunhatã. Idéias de uma <strong>em</strong>preendedorafascinada pela cultura do seu estado.“A cada dia que passa, amo mais a minha terra e aminha gente”, declara.preendedorismo no país. O apoio dela foifundamental para que “O Segredo de Luísa”,de Fernando Dolabela, deixasse de ser umprojeto e ganhasse as prateleiras <strong>em</strong> todo opaís. “Quando Dolabela me procurou, com oprojeto desse livro belíssimo, eu disse a ele:se for preciso, eu mesma patrocino”, conta.O livro narra, de forma romanceada, ahistória de Luísa, uma dentista recém-formadaque passa por desafios, comuns a todosos micro<strong>em</strong>presários, para transformaruma simples idéia <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa. Enquantoo leitor acompanha, cena a cena,como a protagonista concretiza o sonho d<strong>em</strong>ontar sua fábrica de goiabadas, vai juntocom ela descobrindo teorias que envolv<strong>em</strong>a criação de uma <strong>em</strong>presa, como, por ex<strong>em</strong>plo,a elaboração de um plano de negócios.O livro, de 320 páginas, tornou-se umbest-seller na área, com mais de 100 milex<strong>em</strong>plares vendidos, e passou a integrar abibliografia básica de cursos de Administração<strong>em</strong> todo o país. “A obra contribuiupara mudar a cabeça dos jovens. E o fatode a personag<strong>em</strong> ser mulher faz toda a diferença”,destaca Gina.%806040200Taxas de ocupação f<strong>em</strong>inina por faixa etária19912000Fonte: tese Cristina Rocha / Censo IBGE (1991 e 2000).10 a 15 15 a 17 18 a 24 25 a 49 50 a 59 60ou maisLocus • Abr / Mai 200733


uma separação conjugal”, justifica Maria Olívia.Em menos de um ano de atividade noprojeto, elas puderam perceber alguns avanços.“A partir das palestras, pud<strong>em</strong>os ver queas mulheres passam a entender que elas pod<strong>em</strong>ser iguais aos homens no que se refere adireitos sociais”, diz.Com direito a assento no Conselho daCondição F<strong>em</strong>inina de Maceió, a ONG propõee intervém <strong>em</strong> políticas de inclusão paraas mulheres. Segundo Maria Olívia, ela e asd<strong>em</strong>ais coordenadoras já estão acostumadascom as reclamações dos “machistas de plantão”.“Muitos diz<strong>em</strong>: ‘Ih, lá vêm elas de novocom esse papo de discriminação’”, diverte-seMaria Olívia. “Mas s<strong>em</strong>pre que alguém lutarpor igualdade, a Maria Mariá estará presente”,<strong>completa</strong>.mas vezes, acho até que fui beneficiada porisso”, comenta. Porém, ela ressalta que omaior espaço para as mulheres no campoda Medicina foi uma conquista recente.Ainda mais recente é a busca pela igualdadef<strong>em</strong>inina no ramo da ciência e tecnologia.Segundo dados noConselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico eTecnológico (CNPq), naárea de engenharia e computaçãoapenas 25% dospesquisadores são mulheres– e há instituições <strong>em</strong> queessa representatividade beiraos 10%. Carla Cabral ressaltaque esse índice é reflexode séculos de construçãosocial e histórica, de oitomil anos <strong>em</strong> que as idéias eo trabalho das mulheresforam desprezados.“Mudar a questãodo gênero, promovendoa igualdade, significatambém mudar asociedade como umtodo”, diz.Artistas multifacetadasEm uma parte de sua tese, Carla discuteo fato de as professoras ligadas à área deEngenharia des<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> vários papéissociais. Além de profissionais, muitas sãotambém mães e esposas. “Elas buscammanter um ‘algo mais de competência’, queacreditam ser necessário para tornar<strong>em</strong>-seb<strong>em</strong>-sucedidas”, comenta Carla.Em geral, essa é uma característica comumà maioria das mulheres <strong>em</strong>preende-Locus • Abr / Mai 200735


m u l h e r e sE x e m p l odoras. A professora da Universidade Federalde Mato Grosso (UFMT) Cecília Arleneenfrenta essa questão desde o início davida profissional. “Sou divorciada, mãe detrês filhas e tive de manter a casa sozinha,há mais de 22 anos”, diz. “Mas sou profissional,portanto não me vejo como sexofrágil”, <strong>em</strong>enda a educadora, que nos últimosanos trabalhou muito para reerguer aincubadora de <strong>em</strong>presas da UFMT, a ArcaMultincubadora. “É uma forma de contribuirpara o desenvolvimento socioeconô-Dra. Íris Ferrari, geneticistaFoi o ex<strong>em</strong>plo da primeira médicabrasileira, Maria Augusta Estrela,que, ainda no século XIX, incentivouD. Pedro II a permitir oacesso das mulheres ao ensino superiorno país. Em 1879, ano <strong>em</strong>que Maria Augusta formou-se nosEstados Unidos, o imperador assinouo decreto que liberava a matrícula de mulheresnas faculdades brasileiras.Oitenta anos depois, outra médica brasileira tambémenveredava pelo caminho do pioneirismo. ÍrisFerrari começava sua carreira como h<strong>em</strong>atologista aoingressar no grupo de pesquisa que desenvolveu, deforma inédita no continente americano, uma técnicapara o diagnóstico de mieloma múltiplo, um tipo decâncer na medula óssea. A técnica, baseada na análisedos cromossomos do paciente, é usada até hoje.Caçula entre os oito filhos de um <strong>em</strong>presário dosetor de máquinas agrícolas, Íris Ferrari logo se acostumariacom a posição de pioneira. Foi a única dafamília que não seguiu a profissão do pai. Preferiusair de sua cidade natal, Jaú, no interior de São Paulo,para estudar na recém-criada Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto, primeiro braço da USP fora da capitalpaulista. Na época, fundou a primeira repúblicaf<strong>em</strong>inina da região – e escandalizou a cidade.Depois de revolucionar o diagnóstico do mielomamúltiplo, Íris escolheu especializar-se <strong>em</strong> Genética epartiu para os Estados Unidos. Lá, a médica pesquisouo efeito da radiação X sobre os cromossomos humanos<strong>em</strong> cultura t<strong>em</strong>porária de linfócitos, estimuladospor uma proteína chamada fito-h<strong>em</strong>aglutinina.De volta ao Brasil, passou a desenvolver a técnicapara extração dessa proteína a partir do feijão preto.“Na época, tratava-se de uma substância muito cara”,comenta. Por isso mesmo, ela distribuía o produtogratuitamente para laboratórios de todo o país queestavam interessados <strong>em</strong> citogenética humana.Em 1978, Íris convenceu os pesquisadores da USPsobre a importância da formação <strong>em</strong> Genética e implantou,na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,a primeira residência médicado Brasil nessa área. Dez anos depois,introduziu a Genética Clínicano Hospital Universitário deBrasília (HUB), da Universidadede Brasília (UnB), onde tambémajudou a criar o curso de pós-graduação<strong>em</strong> Patologia Molecular.Embora tenha se destacado especialmente na áreade pesquisa, sua verdadeira paixão é lecionar. “Fazercom que as pessoas se interess<strong>em</strong> pela técnica, ajudarno desenvolvimento de uma pesquisa, é dissoque gosto mais. Sinto orgulho ao ver que meus exorientandosestão brilhando <strong>em</strong> todo o Brasil e, decerta forma, continuam ligados a mim”, declara. Em50 anos de profissão, foram 98 orientações de mestrado,doutorado e iniciação científica concluídas e112 artigos publicados <strong>em</strong> periódicos.Apesar de aposentada pelas duas instituições <strong>em</strong>que trabalhou (USP e UnB), Íris continua produzindo– e trabalhando muito. Passa cerca de 10 horas pordia entre os laboratórios de genética da UnB e doHospital de Apoio da Secretaria de Saúde do DistritoFederal e o atendimento de pacientes com suspeita dedoença herdada no Hospital Universitário de Brasília(HUB). “Continuo porque tenho a cabeça boa. A idadenão está no corpo”, diz a médica, que costuma fazerplantões nos laboratórios nos fins de s<strong>em</strong>ana.Os exames de citogenética, que Íris trabalhou paradesenvolver e popularizar, hoje permit<strong>em</strong> identificarcada tipo de câncer do sangue, além de Síndromede Down e outras cromossomopatias. Íris se esforçapara fazer os testes gratuitos no laboratório degenética do HUB, uma vez que cada exame chega acustar R$ 600,00 <strong>em</strong> laboratórios particulares.O próximo desafio da cientista é implantar umaárea de transplante de medula óssea no Hospital deApoio da Secretaria de Saúde do Distrito Federal,sobretudo para as crianças com câncer. “Sab<strong>em</strong>osque, no caso das crianças, a cura é muito mais freqüente”,diz Íris, que, otimista, prevê a concretizaçãodo sonho para muito <strong>em</strong> breve.Da i a n e S o u z a/U n B Ag ê n c i a36Locus • Abr / Mai 2007


mico do meu estado. É aprender na prática.A incubadora é um instrumento deeducação”, diz.Driblando as dificuldades de ter queconciliar os papéis de mãe e profissional, aprofessora Cecília ajudou a construir acultura do <strong>em</strong>preendedorismo <strong>em</strong> Cuiabá.Em 1993, quando o movimento das <strong>em</strong>presasjúnior crescia <strong>em</strong> todo o país, Cecíliasolicitou que, como trabalho de conclusãode uma disciplina, seus alunosestruturass<strong>em</strong> o projeto de criação deuma <strong>em</strong>presa. “S<strong>em</strong>pre fiz de minhas aulasum espaço de inovação, tenho sede denovidades”, comenta.O resultado das discussões dos trabalhos<strong>em</strong> sala de aula foi a criação da <strong>em</strong>presajúnior da Faculdade de Administração,Economia e Ciências Contábeis da UFMT.Em 2003, a <strong>em</strong>presa júnior virou a FácilConsultoria, <strong>em</strong>presa de referência na região,com uma vasta carteira de clientes.Com o <strong>em</strong>purrão da professora, os estudantesviraram <strong>em</strong>presários de sucesso.“Essa é a beleza da educação: transformar.Eles [os alunos] ampliam a visão, começama perceber algo que estava o t<strong>em</strong>po todoali, dentro deles, e que até então nãopercebiam. Portanto, eu não faço nada,eles já estão prontos, só falta um pequeno<strong>em</strong>purrão, nada mais”, afirma.Mesmo com os desafios profissionais,Cecília conseguiu alcançar importantesconquistas também <strong>em</strong> casa. Seguindo oex<strong>em</strong>plo da mãe, suas três filhas estão formadase, as duas mais velhas, fizeram tambémpós-graduação. Mas, não raro, as mulheresprecisam criar estratégias paraconciliar a profissão e a família. FátimaChamma, da Chamma daAmazônia, preferiu interrompera carreira para cuidardos filhos e da casa,enquanto as crianças erampequenas. Apesar da dificuldade que enfrentoupara voltar ao mercado, depois queseu filho mais velho completou 18 anos,ela alcançou o sucesso na maturidade e dizque não se arrepende de nada.Qu<strong>em</strong> não teve essa opção foi AlessandraGonçalves, da Tatakuki. Como a idéia decriar a <strong>em</strong>presa veio quando ainda estavagrávida, ela v<strong>em</strong> conciliando os papéis d<strong>em</strong>ãe e <strong>em</strong>presária desde o princípio. Hoje,seu filho t<strong>em</strong> 7 anos e lugar exclusivo na<strong>em</strong>presa – ela e o marido montaram um espaçoequipado com brinquedos. Quandonão está brincando, o herdeiro navega nainternet e vê tevê. “S<strong>em</strong>pre que passaalguma notícia sobre pequenas <strong>em</strong>presasou <strong>em</strong>preendedorismo, elenos chama. Os colegas diz<strong>em</strong> queele é que é o presidente da<strong>em</strong>presa”. O orgulho da mãe<strong>em</strong>presária,tanto do filhoquanto do negócio queconstruiu, d<strong>em</strong>onstra queapesar do preço alto pagopelas mulheres <strong>em</strong>preendedoras,a conquista do espaçovale a pena.Locus • Abr / Mai 200737


s u c e s s oNo princ pio era o telexAs dificuldades iniciais não impediram que a B<strong>em</strong>atech trilhasse o caminhoda liderança e figurasse entre as ex-incubadas mais b<strong>em</strong>-sucedidas do paísMaurício Guedes *38O investimento <strong>em</strong>P&D resultou <strong>em</strong> umasérie de produtoslíderes de mercado* Presidente doConselho Editorialda Revista LocusLocus • Abr / Mai 2007aro leitor, este é um local especial daCnossa Locus. Aqui você vai conhecer históriasde <strong>em</strong>presas especiais, selecionadasentre as milhares nascidas nas incubadorasbrasileiras. Para cada edição, o ConselhoEditorial da revista escolherá uma <strong>em</strong>presaque tenha se destacado por sua trajetória epor suas conquistas, e que, por tudo isso, sejamotivo de orgulho do nosso movimento.Para abrir a série, apresentamos a você aB<strong>em</strong>atech, que está atingindo neste ano asua maioridade. Procure nos seus bolsos,ou na bolsa, um cupom fiscal ou um extratobancário. Se achar algum, existe uma boachance de ele ter sido impresso <strong>em</strong> umequipamento produzido por essa <strong>em</strong>presa,nascida <strong>em</strong> 1989 na incubadora do Tecpar– Instituto de Tecnologia do Paraná.Conheci os jovens <strong>em</strong>presários WolneyBetiol e Marcel Malczewski no início dosanos 90, quando a B<strong>em</strong>atech já dava sinaisde que seguiria uma trajetória especial. Colegasdo curso de pós-graduação <strong>em</strong> Engenhariado Cefet/PR, eles queriam transformaro objeto de suas dissertações <strong>em</strong> umnegócio e procuraram uma das incubadoraspioneiras no país, primeira no estado doParaná. Na minha visita fui ciceroneadopor uma equipe entusiasmada com a sua“cria”, tendo à frente Gina Paladino.A proposta da <strong>em</strong>presa era o fornecimentode impressoras para aparelhos detelex (qu<strong>em</strong> não souber do que se trata,pode procurar no Google ou Wikipedia) euma das vantagens competitivas do negócioera o grande mercado facilmente acessível,uma vez que o maior fabricante d<strong>em</strong>áquinas de telex do país, uma multinacional,estava sediado <strong>em</strong> Curitiba. Logono início dos anos 90, com a chegada dofax, o mercado do telex foi exterminado e atal fábrica multinacional fechada. MasWolney e Marcel souberam aproveitar oque tinham de melhor – o capital intelectuale a capacidade de inovação – e voltaramsuas atenções para o ainda incipient<strong>em</strong>ercado da automação bancária.Assim, a B<strong>em</strong>atech passou a produzir impressoraspara equipamentos utilizados peloscaixas das agências e, algum t<strong>em</strong>po depois,para os terminais de auto-atendimento.Quando saiu da incubadora, <strong>em</strong> 1990, a <strong>em</strong>presajá anunciava uma trajetória vencedora.É Wolney, vice-presidente corporativoda <strong>em</strong>presa, qu<strong>em</strong> diz: “O período que passamosna incubadora foi fundamental paracriar a estrutura e o conhecimento necessáriospara que a B<strong>em</strong>atech pudesse ganharmusculatura própria e crescer”.Naquela época, os produtos criados pelaB<strong>em</strong>atech já representaram uma inovaçãono mercado de automação brasileiro. Mas,convencida de que a tecnologia nesse seg-


mento podia ser facilmente superada, a<strong>em</strong>presa investiu <strong>em</strong> novas pesquisas, queresultaram, no final da década, no lançamentoda chamada impressão térmica –mais rápida e confiável que a antiga impressãomatricial. Como resultado, osnovos equipamentos da B<strong>em</strong>atech conquistaramnão apenas os bancos, mas tambémo mercado de automação comercial.A revoluçãoNo início dos anos 2000, os pequenoscomerciantes brasileiros ainda se encontravamà marg<strong>em</strong> da revolução tecnológica,pois as soluções de automação precisavamser importadas a custos altíssimos eapenas os grandes varejistas tinham condiçõesde adquiri-las. De olho nessa lacunado mercado, a B<strong>em</strong>atech passou a oferecerprodutos para <strong>em</strong>presas de todos os portes,<strong>em</strong> um processo que alterou o modelode gestão de milhares de micro e pequenas<strong>em</strong>presas. Entre as mudanças, estava anova possibilidade de pagamento oferecidaaos clientes: o cartão de débito, que hojepod<strong>em</strong>os utilizar até para pagar comprasfeitas <strong>em</strong> feiras e padarias.A B<strong>em</strong>atech surpreendeu novamente omercado há dois anos, quando lançou umaimpressora térmica com dupla função: facilitara vida de comerciantes e garantir àReceita Federal mais eficiência na fiscalização.O diferencial dessa impressora estána capacidade de armazenar o documentodestinado ao fisco <strong>em</strong> um cartão de m<strong>em</strong>ória.Com isso, será possível dar fim a toneladasde bobinas de papel, guardadas pelosvarejistas por um período de cinco anospara cumprir a legislação – que obriga aapresentação de segunda via das informaçõesfiscais. A solução fez do produto oMatriz: Curitiba (PR)Fábrica: São Josédos Pinhais (PR)Filiais: Goiânia, Manaus, Recife, Belo Horizonte,Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Preto, PortoAlegre, Florianópolis e Salvador.Escritórios internacionais: Argentina (Buenos Aires),Al<strong>em</strong>anha (Berlim), EUA (Atlanta) e Taiwan(Taipei). Atua por meio de parceiros na Austrália.Fundação: 1989vencedor da etapa regional Sul do PrêmioFinep de Inovação Tecnológica <strong>em</strong> 2005,ampliando a coleção de troféus iniciadacom o título de Empresa do Ano, concedidopela Anprotec <strong>em</strong> 1998.A história construída <strong>em</strong> menos de 20anos coloca a B<strong>em</strong>atech entre os principaisdestaques das incubadoras brasileiras. Osnúmeros comprovam a eficiência do sist<strong>em</strong>ade incubação: os R$ 30 mil que a <strong>em</strong>presarecebeu <strong>em</strong> investimentos públicos naincubadora rend<strong>em</strong> aos cofres do governoR$ 15 milhões <strong>em</strong> impostos por ano. Em2005, o faturamento da <strong>em</strong>presa atingiuR$143 milhões, 40% a mais do que o registradono ano anterior. Desse montante,5,5% foi investido <strong>em</strong> pesquisa e desenvolvimento,atividade que envolve 10% doquadro de funcionários. “P&D é um pilarfundamental e a B<strong>em</strong>atech possui equipesalocadas <strong>em</strong> todos os continentes, investigandotendências e tecnologias <strong>em</strong>brionáriaspara estar s<strong>em</strong>pre à frente”, diz Betiol. E<strong>completa</strong>: “No Brasil, existe um movimentoimportante de <strong>em</strong>preendedorismo, percebidopor meio das incubadoras – que são umaforma de criar modelos de negócios e produtosadequados à realidade. Uma idéiacriativa e viável, quando alimentada porcondições tecnológicas e suportada por investimentosadequados, t<strong>em</strong> todo o potencialpara se tornar um grande negócio”.Parabéns a esses grandes <strong>em</strong>preendedores– Betiol e Malczewski – que assimcomo outros históricos precursores dess<strong>em</strong>ovimento no mundo, buscaram <strong>em</strong> seuspróprios nomes as sílabas iniciais para batizaruma pequena <strong>em</strong>presa, iniciando umsonho que <strong>em</strong> duas décadas se transformouno sonho de mais de mil pessoas quehoje trabalham na B<strong>em</strong>atech.Funcionários: 1.064Investimento <strong>em</strong> P&D: 5,5% do faturamentoPatentes: 8Marcas registradas: 19Portfólio: 100 produtos – impressoras fiscais e não-fiscais,térmicas e matriciais, CPUs, microterminais, leitores decódigo de barras, displays e caixas registradoras.Média de lançamentos: 1,6 novo produto ao mês.Website: www.b<strong>em</strong>atech.com.brFontes:B<strong>em</strong>atech e livro“Brasil Inovador”,publicado pela Finep.R a i o XLocus • Abr / Mai 200739


g e s t oAdriane Alice PereiraOsucesso de um negócio começa muitoantes de a idéia sair do papel. É na definiçãoclara de aonde a <strong>em</strong>presa querchegar que está o segredo de uma trajetóriab<strong>em</strong>-sucedida. Nesse caminho, a setaque aponta a direção a ser seguida chamas<strong>em</strong>arca. Por isso, defini-la é um dos principaisdesafios enfrentados pelos <strong>em</strong>preendedoresao abrir o próprio negócio.Mais do que um nome e um logotipo,marca é um conceito que deve estar impregnadocom os atributos e objetivos da<strong>em</strong>presa. “A marca vai além da identificação,trata-se da conexão entre a identificamarca:a direção do sucesso40A responsabilidade pelo reconhecimento da <strong>em</strong>presanão cabe apenas ao departamento de marketing.Cada vez mais, é preciso controlar aspectos subjetivosque envolv<strong>em</strong> o relacionamento com o públicoLocus • Abr / Mai 2007ção e uma coleção de características racionaise <strong>em</strong>ocionais”, aponta Marcos Ikegame,consultor de marketing e inovação tecnológica.“É o que se chama de construçãosocial. Voluntária ou involuntariamente,uma marca será construída. Cabe ao <strong>em</strong>presáriotomar as rédeas desse processo ounão”, <strong>completa</strong> o consultor.Dessa forma, a preocupação com a marcadeve estar presente desde a concepçãodo negócio. “A marca precisa ser trabalhadano nascimento da <strong>em</strong>presa, não apenasquando o produto for para o mercado, poisirá definir o que a <strong>em</strong>presa quer atingircom esse produto”, destaca Ricardo Garcia,coordenador do projeto Empretec, do Sebrae.“Construir a marca é um processodeliberado no qual o <strong>em</strong>presário t<strong>em</strong> a intençãode associar atributos X e Y à suamarca e toma então medidas para mapearesses atributos nas diversas atividades da<strong>em</strong>presa”, acrescenta Ikegame.Planejamento é a palavra-chave para acriação de uma marca. É por meio de umbom plano de negócios que a <strong>em</strong>presa podedefinir as suas metas, estratégias e como amarca deve ser trabalhada para atingir essesobjetivos. “Assim, é possível definir,por ex<strong>em</strong>plo, se a marca da <strong>em</strong>presa irá enfatizara excelência do produto ou a abrangênciade atuação”, afirma Garcia.Mesmo importante, o planejamento não éuma prática das <strong>em</strong>presas brasileiras. “Obrasileiro se preocupa <strong>em</strong> realizar e não <strong>em</strong>planejar”, diz Garcia. O reflexo disso é queas <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> início de atividade se focammuito mais no produto. “Uma <strong>em</strong>presa nãodeve ser voltada para o produto, mas simpara o marketing. Se tiver o produto comofoco, só venderá para qu<strong>em</strong> quiser comprar.Já se focar no marketing, desenvolverá umanecessidade de compra”, ressalta.Redirecionar esse foco é a proposta daincubadora da Coppe/UFRJ. “Inicialmenteas incubadas chegam com uma visão bastant<strong>em</strong>íope, com o foco voltado para aatuação pontual da <strong>em</strong>presa. Nosso traba-


5 passos para CONSTRUIR uma marca1. Entenda qu<strong>em</strong> é seu público-alvo:<strong>em</strong> uma conversa, você fala com alguém.2. Entenda como esse público-alvo toma suas decisões:qual a sua oportunidade de comunicação?Em uma conversa, você precisa falarde algo que de fato interesse ambos.3. Entenda de que maneira seu produto se destaca nessecontexto: qual a sua mensag<strong>em</strong>?4. Entenda a dinâmica do setor: quais as suas competências nolongo prazo? Qual a sua capacidade de manter essa vantag<strong>em</strong>?5. Meça como a sua marca contribui para a criaçãode valor financeiro <strong>em</strong> curto, médio e longo prazos.lho é revisar essa atuação e, a partir daí,trabalhar a identidade visual, o marketinge desenvolver ações mercadológicas”, afirmao coordenador de marketing da incubadora,Marcelo Cunha.De acordo com Cunha, com a assessoria,as incubadas consegu<strong>em</strong> ampliar seus horizontes.“Orientamos as nossas incubadasa trabalhar com a sua expertise”, explica. Oresultado é que as <strong>em</strong>presas se graduammuito mais competitivas. “Ao passar<strong>em</strong>por essa assessoria, as incubadas ganhamt<strong>em</strong>po <strong>em</strong> relação às d<strong>em</strong>ais <strong>em</strong>presas eaceleram o seu processo de amadurecimento”,diz Cunha. A incubadora da Coppeoferece a assessoria de marketing desdea sua criação, <strong>em</strong> 1994, e foi uma dasprimeiras instituições do Brasil a desenvolveresse trabalho.Gestão complicadaMais difícil do que criar uma marca é administrá-la.E a dificuldade está <strong>em</strong> controlaros aspectos subjetivos que envolv<strong>em</strong> aidentificação da <strong>em</strong>presa por parte do público.“A marca é o resultado de um conjuntode experiências do público-alvo. Comcerteza, se a equipe de vendas costuma chegaratrasada repetidas vezes, esse acúmulolevará o cliente a conectar o atributo displicênciaà <strong>em</strong>presa”, ex<strong>em</strong>plifica o consultorMarcos Ikegame.Portanto, trabalhar a marca não pode serfunção apenas do departamento de marketing.“O processo de construção deve seralinhado <strong>em</strong> todos os níveis da <strong>em</strong>presa eter uma perspectiva de manutenção nolongo prazo”, diz Ikegame. O acompanhamentodeve ser feito <strong>em</strong> todas as etapas dociclo de vida da marca, desde a sua concepção,implantação e avaliação. Mas agrande parte das <strong>em</strong>presas brasileiras,principalmente as iniciantes, não possuiexperiência ou profissionais qualificadospara <strong>completa</strong>r esse processo.Com perfis bastante técnicos, os <strong>em</strong>preendedoresbrasileiros acabam cometendoalguns deslizes. O principal deles é replicaras estratégias de outras <strong>em</strong>presas, geralmentegrandes corporações. Investirnessa lógica acaba, <strong>em</strong> muitos casos, setransformando <strong>em</strong> uma grande armadilha.“Essas fórmulas são divulgadas como soluçõesone size fits all (tamanhouniversal) e partiram, geralmente,de grandes corporaçõesde bens de consumo.Aplicar tais experiências <strong>em</strong>uma pequena <strong>em</strong>presa, apenasajustando a escala do investimentonão é uma decisãosábia”, conclui o consultor.Esse investimento normalmenteé feito com a crença deque uma marca sólida podedeslanchar uma <strong>em</strong>presa. “Épreciso saber o que a marcapode fazer e não exigir damarca aquilo que a <strong>em</strong>presanão consegue atingir de outramaneira”, orienta Ikegame.Também é preciso evitarcreditar à marca o papel de diferencial competitivo,quando ela não o pode fazer. “A<strong>em</strong>presa deve construir a marca. Muitas vezes,investir <strong>em</strong> logotipo, nome e identidadevisual pode criar uma hollow brand, ou seja,uma marca vazia, s<strong>em</strong> autenticidade”, apontao consultor.Para os pequenos <strong>em</strong>preendimentos, umamarca b<strong>em</strong> construída é sinônimo de crescimentoda receita. Isso é bastante comumna área de tecnologia, onde a maioria das<strong>em</strong>presas atuantes é de pequeno e médioportes. Apesar de não ser<strong>em</strong> conhecidasdo público <strong>em</strong> geral, essas <strong>em</strong>presas sãoD i v u lg aç ãoMarcos Ikegamealerta: replicarestratégias utilizadaspor grandes <strong>em</strong>presaspode se tornaruma armadilhaLocus • Abr / Mai 200741


42D i v u lg aç ãog e s t A oRicardo Garcia:<strong>em</strong>presas nãodev<strong>em</strong> focarapenas no produtoO que fazerPosicione A <strong>em</strong>presanos mecanismos de buscaTodos os clientes um dia passampela internet pesquisando algo. Esse éo momento propício para expor sua marca.Seja ativoDesenvolva uma comunicação viae-mail com seus clientes. Mas não abusedo e-mail promocional.InoveUtilize os inúmeros recursos disponíveis para criarno internauta a sensação de “presença” da marcade forma inovadora. Pelo diferencial, ela serál<strong>em</strong>brada de forma positiva.Conheça O clienteNão se preocupe <strong>em</strong> obter dados cadastrais, massim <strong>em</strong> descobrir os interesse dele. Sabendo o queele gosta, deseja ou sonha, sua <strong>em</strong>presa terá aoportunidade de criar uma comunicação eficiente.InterajaCrie oportunidades para interagir com seu cliente.Seja através de ações ativas ou passivas.Fonte: Paulo Kendzerski – WBILocus • Abr / Mai 2007consolidadas na sua área eas marcas transmit<strong>em</strong> confiançaaos clientes, o quealtera significativamente adecisão de compra.A <strong>em</strong>presa VoxBlue, incubadado Núcleo Softex, <strong>em</strong>Campinas (SP), é um dosex<strong>em</strong>plos. Há dois anos nomercado, a <strong>em</strong>presa desenvolvesoluções de marketingde relacionamento on-line et<strong>em</strong> na qualidade do sist<strong>em</strong>aa principal forma deconsolidação da sua marca.Os grandes clientes da <strong>em</strong>presacomo Colgate-Palmolive,Panasonic e Intel, porex<strong>em</strong>plo, serv<strong>em</strong> de referênciano momento da prospecção. A indicaçãopelos clientes e a propaganda boca aboca fizeram a <strong>em</strong>presa crescer 255% de2005 para 2006.Apesar de a marca VoxBlue ainda não seramplamente reconhecida, sua concepçãofoi uma preocupação dos sócios ainda now e b m a r k e t i n gO que não fazerEnviar mensagenss<strong>em</strong> testar antes.Enviar mensagenss<strong>em</strong> personalização.Rastrear o recebimentodo e-mail.Impor cadastroslongos ao usuário.Enviar mensagenscom anexos.Confundir anúnciocom e-mail marketing.Não oferecer a opção parao usuário se descadastrar.Fonte: Guilherme Toussaint – VoxBlueplanejamento do negócio. Por ser incubada,a <strong>em</strong>presa recebeu apoio e capacitaçãode marketing, com consultoria na área,pesquisa de mercado, além de um curso detrês meses na Fundação Getulio Vargas(FGV). Uma das pesquisas realizadas pelaVoxBlue sobre a adoção da internet comoferramenta de marketing apontou que apresença das <strong>em</strong>presas on-line influenciaas compras off-line. “Mesmo que a <strong>em</strong>presanão tenha um sist<strong>em</strong>a de e-commerce,deve começar a pensar na internet comouma ferramenta de marketing”, indica GuilhermeToussaint, sócio da VoxBlue.O poder da redeA tendência crescente da utilização dowebmarketing é confirmada pelo consultorPaulo Kendzerski, diretor da WBI Brasil,<strong>em</strong>presa voltada para o marketing digital.“A internet possibilita que <strong>em</strong>presas dequalquer porte ou segmento ampli<strong>em</strong> suaparticipação no mercado, com baixo investimento.”Para aproveitar o potencial darede mundial de computadores, a dica éutilizar ferramentas como blogs e fórunspara ampliar a percepção da marca e criaruma imag<strong>em</strong> forte na web.As ferramentas de marketing disponíveisna internet oferec<strong>em</strong> possibilidadesinéditas para ações que permit<strong>em</strong>, porex<strong>em</strong>plo, a troca de experiência entre osclientes. “A internet é uma mídia interativae segmentada, por isso é fundamentalque os profissionais responsáveis pelomarketing digital conheçam as ferramentase navegu<strong>em</strong> de forma contínua paraacompanhar o que acontece no ambienteweb”, orienta Kendzerski.Segundo ele, nenhuma outra mídia possuivelocidade de execução tão elevada.“Campanhas de marketing boca a boca encontramna web um ambiente extr<strong>em</strong>amentepropício para propagação, pois arede é formada por elos de contatos dinâmicose <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real.” Essa velocidadeexige também mais cuidado com a exposiçãoda marca. “A <strong>em</strong>presa precisa acompanharos comentários <strong>em</strong> todos os ambientes,pois não só os clientes satisfeitos falamda marca, como os descontentes encontramespaços que antes não existiam paradeclarar todos seus probl<strong>em</strong>as”, afirma.


Aventura virtualSite do programa já está no ar, repleto de novidades sobreo reality experience que t<strong>em</strong> agitado o setor de incubação44Em www.anprotec.org.br/<strong>em</strong>preendereshow,o público acompanha asações dos competidoresLocus • Abr / Mai 2007Todo mundo sabe que a interação como público é fundamental para o sucessode qualquer reality show. Seaqueles que estão de fora, “só espiando”,não se interessam por obter mais e maisinformações – na imprensa, na internet ouaté mesmo <strong>em</strong> canais especiais de televisão– sobre a competição e seus participantes,o jogo pode estar condenado ao esquecimento.No primeiro realityexperience brasileiro dosetor de incubação de <strong>em</strong>presas,não poderia serdiferente. Por isso, a Anprotecacaba de lançar osite do programa Empreenderé Show, principalcanal de comunicaçãoentre <strong>em</strong>presas participantes,jurados, especialistase, claro, o públicoque, além de estarde olho <strong>em</strong> cada açãodos competidores, seráo que éO Empreender é Show é um reality experience criado pela Anprotecpara estimular e valorizar o <strong>em</strong>preendedorismo inovador. A primeira ediçãodo programa, que iniciou <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro do ano passado, reúne nove<strong>em</strong>presas, de diferentes setores. A expectativa de cada um dos participantesé ser escolhido pelo público para continuar no programa até a sua finalização,<strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro. “A cada mês o público e a comissão julgadora irãoescolher as histórias que irão passar para as próximas etapas do programa.Com exceção de abril, quando apenas uma <strong>em</strong>presa será eliminada, doisparticipantes deixarão a disputa”, afirma o coordenador Márcio Caetano.O vencedor da disputa será anunciado <strong>em</strong> edição especial da revistaLocus, no 17º S<strong>em</strong>inário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadorasde Empresas, que ocorrerá <strong>em</strong> Belo Horizonte, <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro desteano. Durante o evento, as <strong>em</strong>presas finalistas serão homenageadas e receberãoa pr<strong>em</strong>iação. A <strong>em</strong>presa vencedora ganhará uma viag<strong>em</strong> internacional,para prospecção de negócios, e um ano de anúncio gratuito narevista Locus. Já o segundo colocado será pr<strong>em</strong>iado com um notebook eanúncio gratuito <strong>em</strong> duas edições da revista.responsável pela seleção dos participantesque permanecerão no programa.No site, os participantes inser<strong>em</strong> informaçõessobre o cotidiano das <strong>em</strong>presas,como lançamento de produtos e inovações,consolidação e ampliação de negócios, aumentode faturamento e dados sobre exportação.Além disso, pod<strong>em</strong> compartilhar experiências,apresentando o depoimento dospróprios <strong>em</strong>presários e também o relato do“padrinho da <strong>em</strong>presa” – pessoa responsávelpor defender as atitudes do competidorao longo do programa. “As histórias poderãoser relatadas sob três formas: o que estáPróximas etapasAtividadeDataChat com especialistasConforme comunicação préviaFóruns interativosNo decorrer do ProgramaVotação para escolha dasoito melhores histórias25, 26 e 27 de abril de 2007Divulgação dos oito participantesque permanec<strong>em</strong> no programa10 de maio de 2007Votação para escolha dasseis melhores histórias28, 29 e 30 de maio de 2007Divulgação dos seis participantesque permanec<strong>em</strong> no programa11 de junho de 2007Votação para escolha dasquatro melhores histórias27, 28 e 29 de junho de 2007As etapas seguintes do programa serão divulgadasna próxima edição da Locus.


acontecendo agora, lições e ações futuras epor meio dos depoimentos dos padrinhos eparticipantes, sendo que esses últimos serãoapresentados <strong>em</strong> vídeo”, afirma MárcioCaetano, coordenador do Programa.Da qualidade das informações fornecidasno site depende a sobrevivência dos participantesno jogo. A eleição das <strong>em</strong>presas queavançarão no Empreender é Show se darácom base na votação online, que representaa vontade do público, <strong>em</strong> conjunto com avotação do júri – formado por especialistase representantes de instituições que apóiamo <strong>em</strong>preendedorismo inovador.Também no ambiente virtual os participantestiram dúvidas relacionadas à tomadade decisões. Fóruns e chats serão organizadospela Anprotec para que as <strong>em</strong>presasentr<strong>em</strong> <strong>em</strong> contato com especialistas daárea e discutam formas de transpor os obstáculosque se apresentam no dia-a-dia dequalquer <strong>em</strong>preendedor. Além de servir<strong>em</strong>como apoio aos participantes, as liçõesdeixadas por essas discussões poderão serúteis a outros <strong>em</strong>presários. “No decorrerdo programa serão identificadas as principaisbarreiras enfrentadas pelos <strong>em</strong>preendedoresna atualidade. Com base nessesrelatos, ir<strong>em</strong>os promover fóruns e chatspara checar a opinião dos participantes edo público de forma geral. Além de orientaros <strong>em</strong>preendedores, para a superaçãode desafios, esses debates ainda contribuirãopara que o público tenha mais subsídiosna hora de escolher as <strong>em</strong>presas queirão adiante nas próximas etapas”, diz JoséEduardo Fiates, presidente da Anprotec eum dos idealizadores da iniciativa.P a r t i c i p a n t e sEmpresaB2MLBCSBiológicusConsultFavela ReceptivaHollosKognitusNutriboxSanguine e Hasegawa (TVBus)com a palavra, os padrinhos“Garra, determinação, dinamismo,entre outros adjetivos inerentes aos<strong>em</strong>presários da B2ML Sist<strong>em</strong>asfaz<strong>em</strong> com que a <strong>em</strong>presa conquiste,cada vez mais, espaço no mercadoda Tecnologia da Informação. Os‘meus meninos’ são visionários,buscam realizar seus sonhos etornar a B2ML um <strong>em</strong>preendimentode sucesso consolidado!”Geanete D ias Morais, gestorada incubadora do Incit“O fato de a <strong>em</strong>presa ter nascido daunião de <strong>em</strong>presários com largaexperiência <strong>em</strong> comercialização deprodutos médico-hospitalares, comuma pesquisa focada no uso desist<strong>em</strong>as CAD (Computer AidedDesign – Projeto Assistido porComputador) <strong>em</strong> aplicações médicas,torna a BCS uma <strong>em</strong>presa capaz dedesenvolver inovações voltadaspara o atendimento de necessidadesreais do mercado.”D avi S ales, gestor da Incamp“A Consulti d<strong>em</strong>onstra, com opassar do t<strong>em</strong>po, um aprimoramento<strong>em</strong> suas ações, dignas de <strong>em</strong>presasvencedoras. Essas ações diz<strong>em</strong>respeito à qualidade do produto edo atendimento devidamentereconhecidos por seus clientes esociedade. Aliados à vontade devencer, não medindo esforços parasuperar os obstáculos inerentes àconquista do sucesso”.Joselito Pizzetti,gestor do MidisulIncubadoraIncubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (MG)Incubadora Tecnológica da Unicamp – Incamp (SP)Incubadora de Empresas de Base Tecnológicade Pernambuco – Incubatep (PR)Micro Distrito Industrial de Base Tecnológica do Sul – Midisul (SC)Incubadora Afrobrasileira (RJ) e Incubadora Socialde Comunidades do Instituto Gênesis – PUC/ RJMultincubadora do CDT – UnB (DF)Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ - RJIncubadora de Empresas de Barão de Mauá - SPIncubadora da Universidade Estadual de Mato Grosso (UFMT)“O projeto da Hollos Assessoria <strong>em</strong>Saúde Integral propõe a incorporaçãode um paradigma inovador <strong>em</strong> saúde,orientando gestores para reduzir umônus que atormenta milhares de<strong>em</strong>presas no mundo inteiro. Por issoafirmo que ela poderá ser um dosdestaques do programa.”Higor S antana, gerenteda Multincubadora deEmpresas CTD/UnB“Uma <strong>em</strong>presa que respeita ocliente e a natureza e trabalhapara melhorar a saúde daspessoas. O principal conceito étratar de maneira natural esaudável. Essa é a Biológicus.”Melania Lopes, consultora“É claro que o Empreender é Showjá pode contar com a TVBus nasfinais! Afinal, eles aceitaram odesafio, são inovadores e “ganharo programa” é apenas umaconseqüência do potencial<strong>em</strong>preendedor da Equipe TVBus.”Janete Genetris, gestorada incubadora Fênix“O projeto Favela Receptiva visa oturismo sustentável. O melhor é quetraz benefícios à comunidade local,melhora a auto-estima de Vila Canoase ajuda na inclusão social. São maisprojetos e menos violência”.Renato Cerqueira, consultor“A Kognitus t<strong>em</strong> uma equipe coesa,com tecnologia que pode e fará adiferença <strong>em</strong> muitos mercados,apesar de ser tão nova. Mesmo nãoestando entre as mais reconhecidas,está no nicho das <strong>em</strong>presas que têmpadrões de qualidade.”Eduardo Marinho, gerenteadjunto da incubadora Coppe“A Nutribox t<strong>em</strong> um dos melhoresprojetos de <strong>em</strong>preendedorismodevido a um diferencial: o respeitoàs necessidades individuais para sechegar à saúde. Cada <strong>em</strong>presa <strong>em</strong>que a Nutribox atua é ouvida,entendida e atendida <strong>em</strong> suasnecessidades, gerando novosprodutos e benefícios.”Margô Maier Marques, psicólogaLocus • Abr / Mai 200745


e d u c a oCorag<strong>em</strong>para odesafioCompetição virtual conquista milhares deuniversitários na América Latina. Além do estímuloao <strong>em</strong>preendedorismo, participar do Desafio Sebraepode trazer vantagens na hora de procurar <strong>em</strong>prego46Desafio SebraeInternacional reuniuequipes da AméricaLatina no Rio de JaneiroLocus • Mar / Abr / Mai 2007Há sete anos, a conversa nos corredorese nos bares que rodeiam as universidadesganhou um novo assunto:um jogo virtual que movimenta cada vezmais a rotina de estudantes <strong>em</strong> todo o país.Aos que não participam, resta a curiosidadede saber como funciona, qu<strong>em</strong> sãoas equipes participantes e quais têm maischances de ganhar. Já entre os que aceitam odesafio, há muito mais para discutir: investimentos<strong>em</strong> matéria-prima e infra-estrutura,contratação de mão-de-obra especializada,preços de custo e venda de produtos,além de todas as variantes do mercado.Confiantes no espírito <strong>em</strong>preendedor dojov<strong>em</strong> brasileiro, os organizadores do DesafioSebrae esperam conquistar aindaF oto s: Ag ê n c i a S e b r a e d e N ot í c i a smais adeptos na oitava edição nacional dojogo, lançada <strong>em</strong> 13 de março. Desde 2000,primeiro ano da competição, o número deinscritos registrou crescimento exponencial– de 863 para 60 mil –, revelando o interessedos universitários pelos chamados businessgames, até então conhecidos apenaspor estudantes de pós-graduação das áreasde Administração, Economia e Finanças.Além de proporcionar momentos de adrenalinae noções de competitividade, o jogovirtual consegue mostrar a milhões de universitárioscomo se administra uma <strong>em</strong>presa.“O Desafio Sebrae dá oportunidade paraque o novo <strong>em</strong>preendedor erre pela primeiravez, s<strong>em</strong> que haja prejuízo financeiro ousocial. Nesse caso, o resultado mais evidentedo erro é o aprendizado”, diz o coordenadordo projeto no Sebrae, Ricardo Garcia.Segundo ele, a iniciativa de oferecer ojogo ao público universitário partiu daconstatação de que a maioria dos cursossuperiores ainda prioriza a formação deprofissionais para atuar <strong>em</strong> médias e grandes<strong>em</strong>presas. “O mercado de trabalho mudouprofundamente nos últimos anos enão há como ignorar a d<strong>em</strong>anda crescentepor <strong>em</strong>preendedores, independent<strong>em</strong>enteda área de atuação”, ressalta. Foi para ajudara atender essa d<strong>em</strong>anda que o Sebraedesenvolveu o Desafio, <strong>em</strong> parceria com aCoordenação dos Programas de Pós-Graduação<strong>em</strong> Engenharia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).


As regras da competição são simples. Paraparticipar basta estar cursando o ensino superior,<strong>em</strong> qualquer área, <strong>em</strong> instituições reconhecidaspelo Ministério da Educação(MEC). As equipes pod<strong>em</strong> conter de três acinco integrantes e o regulamento permiteque alunos de diferentes universidades façamparte do mesmo grupo, desde que asinstituições estejam no mesmo estado. Duranteseis meses, os jovens tentam vencer osdesafios simulados por um software, enfrentandosituações comuns no mundo dos negócios– como escassez de matéria-prima enecessidade de contratar funcionários.lições para a vidaDe acordo com Maurício Guedes, coordenador do Desafio naCoppe/UFRJ, a experiência da competição é válida mesmo paraaqueles que não pretend<strong>em</strong> se tornar <strong>em</strong>presários. “O jogo contribuipara reforçar o <strong>em</strong>preendedorismo e isso é importante para opaís, pois precisamos que futuros professores, médicos, juízes, políticose jornalistas, entre outros profissionais, conheçam a realidadeenfrentada pelo <strong>em</strong>preendedor”. Guedes coordena a equipe deorganizadores que fica cara a cara com os participantes durante aetapa presencial da competição. “O depoimento dos jovens é fascinante.Fica claro que a experiência de vida proporcionada pelo Desafiovale mais que qualquer prêmio.”O sucesso da competição no Brasil despertou o interesse de paísesvizinhos e fez do Desafio Sebrae uma forma de integração entre universitários da AméricaLatina. A última edição internacional, que reuniu as equipes vencedoras de cada país, envolveucerca de 60 mil universitários de Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru Uruguai,, movimentando 1,5 mil instituições de ensino. Todos foram desafiados a administrar virtualmenteuma <strong>em</strong>presa do setor de móveis. Com investimento <strong>em</strong> marketing, abertura de créditopara novos clientes e uma estratégia ousada de aumento nos turnos de trabalho da <strong>em</strong>presa,a equipe argentina Yutien Mendoza, da Universidade Tecnológica Nacional de Mendoza, conquistouo primeiro lugar na competição, finalizada <strong>em</strong> 1º de março deste ano.A equipe brasileira, a Homosapiens, do Maranhão, esteve na liderança <strong>em</strong> vários momentosdo jogo, mas cometeu erros estratégicos. A decepção do quarto lugar transformou-se <strong>em</strong> aprendizado.“Nosso produto era muito bom e teve uma grande aceitação. Por isso resolv<strong>em</strong>os aumentaro preço, mas as vendas não corresponderam e ficamos s<strong>em</strong> capital. Não avaliamos corretamenteo mercado”, explicou a estudante Joilma Prazeres.Segundo Garcia, do Sebrae, os participantes do Desafio surpreend<strong>em</strong> a cada ano pela maturidadee, por vezes, genialidade de suas decisões. “O nível dos competidores é muito alto, poisos estudantes que se dispõ<strong>em</strong> a participar desse tipo de atividade já possu<strong>em</strong> um diferencial”. Deolho no potencial dos desafiados, algumas <strong>em</strong>presas já procuram o Sebrae <strong>em</strong> busca dos inscritos.Na Companhia Vale do Rio Doce, por ex<strong>em</strong>plo, participantes do Desafio pulam quatro dascinco etapas para seleção de estagiários. Prova de que nesse jogo todo mundo ganha.A equipe maranhenseHomosapiens foia representantedo Brasil na últimaedição do DesafioInternacionaldesafio sebraei n ternacionalr a n k i n g 2 0 0 61º Argentina2º Uruguai3º Peru4º Brasil5º Colômbia6º Paraguai7º Equadordos móveis aos cosméticosOs vencedores do Desafio Sebrae2006 tiveram pouco t<strong>em</strong>po parasaborear a vitória. Estão abertas, até 27de abril, as inscrições para a oitavaedição do jogo, que neste ano propõe ogerenciamento de uma <strong>em</strong>presa decosméticos. A expectativa dos organizadoresé de que 70 mil vagas sejampreenchidas no Brasil, 20 mil a mais doque no ano passado.Segundo Ricardo Garcia, do Sebrae,a escolha dos cosméticos se deu nãoapenas pela grande expansão do mercado,mas também pela comunicaçãodesse setor com vários públicos. “Acada edição, o jogo se aproxima maisda realidade do mercado e, agora, estar<strong>em</strong>ossimulando um comércio quecresce 10% ao ano”. Ele explica aindaque esta edição do Desafio traz algumasnovidades, como o início da competiçãono primeiro s<strong>em</strong>estre e a realizaçãode três cursos virtuais durante asférias acadêmicas.As inscrições custam R$30,00 porequipe e pod<strong>em</strong> ser feitas no site www.desafio.sebrae.com.br. O início dadisputa, que conta com três fases virtuais,está marcado para maio. Em nov<strong>em</strong>bro,ocorr<strong>em</strong> as etapas presenciais– sendo que a s<strong>em</strong>ifinal será <strong>em</strong> SãoPaulo e a final <strong>em</strong> Brasília. O prêmiopara os vencedores é uma viag<strong>em</strong> internacionalpara conhecer alguns dosmaiores centros de <strong>em</strong>preendedorismo.Locus • Mar / Abr / Mai 200747


c r i a t i v i d a d eUma chance à arteA 500 quilômetros de Curitiba,um centro de pesquisa e desenvolvimento inovaao oferecer espaço para jovens escultores48Peças produzidaspor novos artistas naFundação EducereLocus • Abr / Mai 2007magine uma incubadora de <strong>em</strong>presasI de base tecnológica que não dependede recursos públicos e oferece oportunidadede capacitação a jovens do interior, <strong>em</strong>um projeto social e não assistencialista.Estranho? Agora imagine que, <strong>em</strong> meio acursos como mecânica, eletrônica e desenhoindustrial, esse lugar oferece tambémuma oficina de escultura clássica. Mais estranhoainda?Não para Ater Cristófoli, <strong>em</strong>presário queidealizou a Fundação Educere, um centrode pesquisas e desenvolvimento na área debiotecnologia, com foco <strong>em</strong> incubação denovos <strong>em</strong>preendimentos, localizado na cidadede Campo Mourão (PR). Sócio deuma <strong>em</strong>presa que fabrica máquinas de esterilizaçãopara equipamentos médicos eodontológicos, Cristófoli s<strong>em</strong>pre se preocupoucom a escassez de mão-de-obraqualificada na região. “Em uma cidadecercada de soja por todos os lados, era difícilencontrar pessoas com formação específica.Foi então que aliamos uma necessidadea uma antiga vontade de implantarum projeto social”, explica o <strong>em</strong>presário.Em busca de apoio para implantar a incubadora,Cristófoli bateu à porta do poderpúblico, mas não conseguiu recursos. “Noinício foi frustrante, mas depois isso se tornouum fator positivo, pois s<strong>em</strong> a intervençãode órgãos públicos conseguimosfazer uma escola muitodiferente das outras”, afirma.As diferenças, segundo ele, vãodesde o controle do processoseletivo, que só inclui no projetoadolescentes que realmented<strong>em</strong>onstram vontade de aprender,até a possibilidade de ofereceruma oficina de esculturaclássica – um capítulo à partena história da incubadora.Livres para criarHá três anos, depois de observar que algunsalunos dos cursos de design e desenhoindustrial se destacavam, surgiu a idéia decriar na Educere um espaço onde eles e outrosjovens com vocação artística pudess<strong>em</strong>liberar a criatividade, esculpindo peças decorativas.Como na cidade também faltavamprofessores de Arte, a solução foi ofereceraos alunos inúmeras fontes de pesquisa,principalmente livros ilustrados comtrabalhos de grandes artistas. Esse material,<strong>em</strong> conjunto com aulas de História da Art<strong>em</strong>inistradas por um arquiteta, t<strong>em</strong> sido suficientepara inspirar novos talentos.Para que se dediqu<strong>em</strong> ao aprendizado eacredit<strong>em</strong> no próprio potencial, parte dosjovens escultores recebe uma bolsa de estudoda Fundação, no valor de R$ 260,00 “Amaioria deles estuda à noite. Então, pod<strong>em</strong>passar o dia no ateliê, criando”, conta Cristófoli.A retribuição pelo espaço e infra-estruturaoferecidos pela Educere v<strong>em</strong> <strong>em</strong>forma de Madonnas, Pietás e outras dezenasde peças armazenadas <strong>em</strong> uma galeriaque não pára de crescer – algumas pod<strong>em</strong>ser vistas no site www.educere.com.br.Se na área tecnológica os resultados doprojeto social são animadores – 11 <strong>em</strong>presasjá saíram da incubadora e, juntas, somaramR$ 7,3 milhões de faturamento noano passado –, no campo das artes aindaestá difícil fazer com que os alunos se sustent<strong>em</strong>apenas com a produção de esculturas.“Cultura no Brasil é uma coisa muitocomplicada. Na Europa, esses meninos ganhariamdinheiro. Aqui é preciso que omercado de artes seja mais aberto”, destacaCristófoli. Mas ele garante que isso não émotivo para desacreditar no futuro dos jovensescultores. “Vamos investir aindamais neles, a fim de que alcanc<strong>em</strong> excelentenível técnico e decol<strong>em</strong>.”


O que você faria?(El Método, Argentina/Espanha/Itália),1h55min.Cin<strong>em</strong>a Direção e roteiro de Marcelo Piñeyro. ComEduardo Noriego, Najwa Nimri e EduardFernández. Em DVD.Crítica mordaz dos processos seletivos das grandes<strong>em</strong>presas. No filme, sete candidatos disputam uma vagapara executivo <strong>em</strong> um concurso que l<strong>em</strong>bra mais umBig Brother sadomasoquista. O diretor argentinoMarcelo Piñeyro, mesmo do filme Plata Qu<strong>em</strong>ada,entrevistou diversos executivos para escrever o roteiro egarante que não exagerou n<strong>em</strong> um pouco ao retrataraté que ponto uma pessoa vai para conseguir um <strong>em</strong>prego.Preste atenção: <strong>em</strong> como os personagens se preocupam apenas consigomesmos, enquanto manifestações sociais ocorr<strong>em</strong> nas ruas de Davos.Uma verdade inconveniente(An Inconvenient Truth, 2006), 1h40min. Direção de DavidGuggenheim. Com Al Gore. Nos cin<strong>em</strong>as e <strong>em</strong> DVD.Assistir ao filme é uma obrigação moral de qualquer cidadãoque habita o planeta Terra. O documentário do ex-vicepresidentedos Estados Unidos Al Gore, é d<strong>em</strong>orado, t<strong>em</strong>jeitão de aula chata, mas analisa com profundidade a questãodo aquecimento global, um incômodo que se transformará <strong>em</strong>catástrofe iminente. O filme termina e a dúvida é: como seriao mundo com Al Gore no lugar de George Bush?Preste atenção: na vasta quantidade de dados, capaz de calaraqueles que ainda duvidam dos probl<strong>em</strong>as climáticos.Fitzcarraldo - O preço de um sonhoFitzcarraldo (Al<strong>em</strong>anha/Peru, 1982), 1h58min. Drama. Direção e roteirode Werner Herzog. Com Klaus Kinski, Claudia Cardinale, José Lewgoy eparticipações especiais de Milton Nascimento e Grande Otelo. Em DVD.Pr<strong>em</strong>iado como melhor diretor <strong>em</strong> Cannes, WernerHerzog conta a saga do aventureiro irlandês BrianFitzgerald <strong>em</strong> busca da realização de seu sonho:construir um teatro na Amazônia peruana. Para isso,o protagonista contrata centenas de índios, quearrastam um barco a vapor de 160 toneladas mataadentro. Tanto o diretor quanto o personag<strong>em</strong>constro<strong>em</strong> algo grandioso: um imenso teatro euma obra-prima do cin<strong>em</strong>a.Preste atenção: na lição de perseverançae <strong>em</strong>penho que o filme, s<strong>em</strong> parecer piegas,consegue passar.Escute e assista ao lançamento da EMI com três DVDs qu<strong>em</strong>ostram Elis Regina cantando com Chico Buarque, Tom Jobim eAdoniran Barbosa.Visite a mostra Leonardo da Vinci, na Oca, <strong>em</strong> São Paulo, eImperativocomprove o óbvio: mais do que um genial pintor, o artistatambém foi um gênio da invenção.Não perca a peça My Fair Lady, no Teatro Alfa da capital paulista.A prova de que, cada vez mais, o Brasil sabe fazer musicais tão comerciaise competitivos quanto a Broadway.c u l t u r aBru n o More s c h ileituraCartasa um Jov<strong>em</strong>EmpreendedorAutor: Ozires Silva.Editora Alegro.176 páginas.O <strong>em</strong>presário OziresSilva relata comoconstruiu a Embraer,hoje gigante no seleto mundo daconstrução aeronáutica. O autor, que já foipresidente da Petrobras e Ministro daInfra-estrutura, idealizou na década de1960 uma <strong>em</strong>presa nacional parafabricação de aviões executivos e, nãoconseguindo convencer a iniciativa privada,foi até Brasília para transformar seu projeto<strong>em</strong> uma estatal. O livro é mais uma obra dacoleção Cartas a um Jov<strong>em</strong>..., que reúneensinamentos de nomes como Mario VargasLlosa, Fernando Henrique Cardoso eRoberto Dualini para aqueles que estãocomeçando a vida profissional.Por que ler: a trajetória de Ozires Silvamostra as dificuldades que um<strong>em</strong>preendedor enfrenta no país dosimpostos e da falta de incentivo.Know-How: as8 competênciasque separamos que faz<strong>em</strong>dos quenão faz<strong>em</strong>Autor: Ram Charan.Editora Elsevier/Campus.248 páginas.O ex-professor da Harvard, Ram Charan, éum dos mais famosos consultores do mundo.Entre seus clientes estão o Bank of America,a Dell e a GE. Sua especialidade é escreverlivros <strong>em</strong> que analisa como uma <strong>em</strong>presaconsegue se destacar e crescer. Se você jáleu algo do guru dos negócios, o livro vaiparecer apenas uma revisão de idéias. Seainda não conhece seus ensinamentos, leiacom um bloquinho para anotar as liçõesdidáticas que Charan apresenta.Ideal para: qu<strong>em</strong> é fã do segmento “livros deauto-ajuda <strong>em</strong>presarial” e adora colecionarregras n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre fáceis de ser<strong>em</strong> praticadas.Locus • Abr / Mai 200749


O p i n i oPara além da incubação50André Urani** Diretor Executivodo Instituto deEstudos do Trabalhoe Sociedade (IETS).Locus • Abr / Mai 2007incubação de <strong>em</strong>presas se tornou umaA febre no Brasil. Basta dar uma olhadana lista de associados da Anprotec para vercomo, <strong>em</strong> pouco mais de duas décadas,essa idéia vingou, do Oiapoque ao Chuí.Dev<strong>em</strong>os às incubadoras um s<strong>em</strong>-númerode inovações importantes <strong>em</strong> nossa economiae muitos postos de trabalho de boaqualidade. Mas menos do que poderíamos,pelo simples fato de que, ao ser<strong>em</strong>desincubadas, as <strong>em</strong>presas ainda se defrontamcom um ambiente hostil para odesenvolvimento de seus negócios.Tom<strong>em</strong>os o caso do Riode Janeiro, onde há maisde 30 incubadoras associadasà Anprotec.Abrir uma <strong>em</strong>presa, segundoo Sebrae-RJ, é umavia crucis de 15 obstáculosburocráticos que leva,<strong>em</strong> média, 120 dias. Oque não é nada quandocomparado àquela de fecharuma <strong>em</strong>presa: bastadizer que um ex-Ministrode Estado, muito b<strong>em</strong>relacionado com este ecom outros governos, estáhá oito anos tentando fecharuma <strong>em</strong>presa deconsultoria <strong>em</strong> que nunca <strong>em</strong>pregou ninguém.Imagin<strong>em</strong> o que deve ser para odono da padaria!A carga tributária também não brinca<strong>em</strong> serviço: segundo o relatório Doing business,lançado pelo Banco Mundial <strong>em</strong>2006, o montante de impostos que uma<strong>em</strong>presa deveria, <strong>em</strong> tese, pagar no Rio deJaneiro corresponderia, <strong>em</strong> média, ao dobrode seu lucro bruto estimado. O quesignifica um imenso incentivo à sonegação,à corrupção, à informalidade e à fugade <strong>em</strong>presas. Em outras palavras: um suicídiofiscal.Não é tudo: os dados disponíveis mostramque o acesso aos serviços <strong>em</strong>presariais(os que seriam necessários para permitirque a <strong>em</strong>presa se desenvolva) aindaé muito incipiente para as <strong>em</strong>presas quenão são grandes. Capacitação, assistênciatécnica, jurídica e contábil, crédito eapoio à comercialização ainda são iguariaspara poucos. Não é à toa que a grand<strong>em</strong>aioria dos nossos pobres se encontra <strong>em</strong>famílias chefiadas por pessoas que trabalham,de uma forma ou de outra, <strong>em</strong> microe pequenas <strong>em</strong>presas.O pior é que esse quadrosombrio pode adquirirtintas mais grotescasno Rio de Janeiro, masnão varia de forma muitosignificativa, a não serpontualmente, no restodo território nacional. Hámelhoras dignas de ser<strong>em</strong>registradas, mas nada qu<strong>em</strong>ude o quadro pela raiz.Mudar esse estado decoisas passa, <strong>em</strong> primeirolugar, pela superação daatitude patrimonialista queainda caracteriza nossopoder público, <strong>em</strong> suas diversasinstâncias.Mas é preciso ir além, avançando na d<strong>em</strong>ocratizaçãodo acesso a serviços <strong>em</strong>presariais.O que só será possível por meio deamplas articulações, que só são possíveis noâmbito local, entre diferentes esferas de governo,a sociedade civil e a iniciativa privada(bancos, concessionários de serviços públicosetc.) <strong>em</strong> torno da oferta conjuntadesses serviços. Articulações essas que terãoque ser promovidas por meio de instituiçõesde novo tipo, privadas, mas de interesse público,ancoradas <strong>em</strong> seus territórios e capazesde representar os interesses de todos osque tiver<strong>em</strong> o que ganhar com elas.


www.anprotec.org.br

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