avaliação e ações prioritárias para a conservação da ...
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Ministério do Meio AmbienteConservation International do Brasil • Fun<strong>da</strong>ção SOS Mata Atlântica • Fun<strong>da</strong>ção BiodiversitasInstituto de Pesquisas Ecológicas • Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São PauloSEMAD / Instituto Estadual de Florestas-MGAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARAA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DAMATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS
República Federativa do BrasilPresidente: Fernando Henrique CardosoVice-Presidente: Marco Antônio de Oliveira MacielMinistério do Meio AmbienteMinistro: José Sarney FilhoSecretário-Executivo: José Carlos CarvalhoSecretaria de Biodiversi<strong>da</strong>de e FlorestasSecretário: José Pedro de Oliveira CostaDiretor do Programa Nacional de Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de: Bráulio Ferreira de Souza DiasMinistério do Meio Ambiente - MMACentro de Informação e Documentação Luiz Eduardo Magalhães / CID AmbientalEsplana<strong>da</strong> dos Ministérios - Bloco B - térreo70068-900 Brasília-DFTel: (61) 317-1235 - Fax: (61) 224-5222e-mail: cid@mma.gov.br - homepage: http://www.mma.gov.br/AVALIAÇÃO e ações prioritárias <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos/por:Conservation International do Brasil, Fun<strong>da</strong>ção SOS MataAtlântica, Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas,Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,SEMAD/Instituto Estadual de Florestas-MG. Brasília: MMA/SBF, 2000. 40p.ISBN: 85-87166-09-31. Meio ambiente. 2. Biodiversi<strong>da</strong>de. 3. Mata Atlântica. 4. CamposSulinos. 5. Política ambiental. I. Brasil. Ministério do MeioAmbiente.CDU(1997) 504.7Texto: Conservation International do BrasilEdição: Heleine Heringer e Mag<strong>da</strong> Maciel MontenegroFotos cedi<strong>da</strong>s: Andy Young, Anthony Rylands, Célio Had<strong>da</strong>d,Haroldo Castro, Haroldo Palo Jr., Russell Mittermeier, Zig Koch.Foto Capa: Bromélia, Floresta Atlântica, PR - Zig KochFoto Contra-capa: Campos Sulinos - Zig KochApoio: Aliança <strong>para</strong> a Conservação <strong>da</strong> Mata AtlânticaBrasília, 2000
100. Camocim / Jericoacoara (CE)101. Foz do Acaraú (CE)102. Serra de Uruburetama (CE)103. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)104. Foz do Rio Ceará (CE)105. Serra de Maranguape / Aratanha (CE)106. Chapa<strong>da</strong> Ibiapaba (CE)107. Serra de Baturité (CE)108. Baixo Jaguaribe (CE)109. Litoral Norte do Rio Grande do Norte (RN)110. Quixadá / Estevão (CE)111. Natal / Tibau do Sul (RN)112. Serra de São Miguel (RN)113. Mamanguape / Baía Formosa (RN, PB)114. Areia (PB)115. Mata de Santa Rita / Sapé (PB)116. Pico do Jabre (PB)Grupo Integrador I117. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE)118. Timbaúba / Mata do Estado (PB, PE)119. Abiaí / Goiana (PB, PE)120. Brejo de Triunfo (PE)121. Brejo de Taquaritinga (PE)122. Serra Negra / Bezerros (PE)123. Brejo de Madre de Deus (PE)124. Gurjaú / Camaçari (PE)125. Brejo dos Cavalos (PE)126. Serra Negra / Floresta (PE)127. Saltinho / Barreiro (PE)128. Serra <strong>da</strong>s Confusões (PI)129. Complexo Catende (PE)130. Garanhuns (PE)131. Quipapá / Água Preta (PE)132. Novo Lino (AL)133. Inajá (PE)134. Murici (AL)135. Região de Camaragibe (AL)136. Quebrângulo / Bom Conselho (PE, AL)137. Água Branca (AL)138. Catolé (AL)139. Jequiá / Fazen<strong>da</strong> Matão (AL)140. Corrente (PI, BA)141. Piaçabuçu / Penedo (AL)142. Jacobina (BA)143. Bonito (BA)144. Lençóis / An<strong>da</strong>raí (BA)145. Caetités (BA)146. Maracás (BA)147. Pico do Barbado (BA)148. Palmas do Monte Alto (BA)149. Coribe (BA, MG)150. Peruaçu (MG)priori<strong>da</strong>des <strong>para</strong> conservação <strong>da</strong> mata atlântica e campos sulinos200. Reserva de Santa Isabel / Ponta dosMangues (SE)201. Santo Amaro <strong>da</strong>s Brotas / Ja<strong>para</strong>tuba (SE)202. Serra de Itabaiana / Matas de AreiaBranca (SE)203. Restingas de Itaporanga / Estância (SE)204. Litoral Norte - Linha verde (BA)205. Mata do Joanes ao Pojuca (BA)206. Recôncavo Baiano e Baía de Todosos Santos (BA)207. Serra <strong>da</strong> Jibóia (BA)208. Wenceslau Guimarães (BA)209. Jequié (BA)210. Ilhéus / Camamu /Valença (BA)211. Boa Nova (BA)212. Una / Canavieiras (BA)213. Vitória <strong>da</strong> Conquista / Jordânia (BA, MG)214. Remanescentes <strong>da</strong> Região de Camacã (BA)215. Jordânia (MG)Grupo Integrador III300. Rio Paranaíba (GO, MG)301. Paulo de Faria (SP)302. Furnas do Bom Jesus (SP)303. Orlândia / Morro Agudo (SP)304. Serra dos Rosas (SP)305. Serra <strong>da</strong> Bodoquena (MS)306. Barretos (SP)307. Val<strong>para</strong>íso (SP)308. Aguapeí (SP)309. Novo Horizonte (SP)310. Poços de Cal<strong>da</strong>s (MG)311. Matão (SP)312. Caetetus (SP)313. Jacaré / Pepira (SP)314. Ivinhema (MS)315. Pontal do Paranapanema (SP)316. Barreiro Rico / Serra de Botucatu (SP)317. Mata do Mosquito (SP)318. Lençóis Paulista (SP)319. Ilha Grande (MS, PR)320. Ipanema (SP)321. Mata do Godoy (PR)322. Vila Rica (PR)323. Iguaçu (PR)324. Rio Guarani (PR)325. Giacometti (PR)326. Turvo (RS)327. Guarita (RS)328. Nonoai (RS)329. Rolante / Riozinho (RS)330. Quarta Colônia (RS)Grupo Integrador II216. Porto Seguro / Belmonte (BA)233. Faz. Pindobas IV / Afonso Cláudio (ES)217. Salto <strong>da</strong> Divisa (MG)234. Restinga de Setiba (ES)218. Almenara (MG)235. Serra do Ca<strong>para</strong>ó (MG / ES)219. Parque Nacional de Monte Pascoal /236. Pedra Azul / Forno Grande (ES)Parque Nacional do Descobrimento (BA)237. Região de Domingos Martins / Alfredo220. Caravelas (BA)Chaves (ES)221. Remanescentes na Região de Teófilo238. Carangola (MG)Otoni (MG)239. Cafundó / Bananal Norte (ES)222. Mucuri Médio e Baixo (BA)240. Região de Viçosa (MG)223. Itaúnas (ES)241. Serra <strong>da</strong>s Cangalhas (ES)224. Sooretama (ES)242. Serra do Brigadeiro (MG)225. Alto Rio Santo Antônio (MG)243. Usina Paineiras (ES)226. Região de Aimorés / Itueta (MG)244. Serra <strong>da</strong>s Torres (ES)227. Delta do Rio Doce (ES)245. Serra de São José (MG)228. Parque Estadual do Rio Doce (MG)246. Praia <strong>da</strong>s Neves / Maroba (ES)229. Caratinga (MG)247. Porciúncula / Raposo / Miracema (RJ)230. Região de Santa Teresa / Duas Bocas (ES)248. Mata do Carvão (RJ)231. Mata do Sossego (MG)249. Serra de Carrancas (MG)232. Região de Ouro Preto / Serra do Caraça (MG)250. Ibitipoca (MG)Grupo Integrador IVGrupo Integrador V400. Vale do Médio Rio Paraíba do Sul (RJ)500. Médio Rio Tibagi (PR)401. Jurubatiba (RJ)501. Alto Médio Rio Tibagi / Alto Rio Iguaçu402. Serra dos Órgãos (RJ)(PR)403. Poço <strong>da</strong>s Antas (RJ)502. Campos Gerais (PR)404. Serra <strong>da</strong> Mantiqueira (SP, RJ, MG)503. Nascentes do Rio Piquiri (PR)405. Niterói / Saquarema (RJ)504. Várzeas e Cabeceiras do Rio Iguaçu e406. Cabo Frio (RJ)Vila Velha (PR)407. Tijuca (RJ)505. São Mateus do Sul II (PR)408. Marambaia (RJ)506. São Mateus do Sul I (SC, PR)409. Serra <strong>da</strong> Bocaina (SP, RJ)507. Médio Rio Iguaçu e Guarapuava (PR,410. Ilha Grande (RJ)SC)411. Serra <strong>da</strong> Cantareira (SP)508. Planalto Leste (SC, PR)412. Serra do Japi (SP)509. Chapecó (SC)413. Morro Grande (SP)510. Campos de Lages (SC)414. Ilha de São Sebastião (SP)511. Rio Pelotas (RS)415. Baixa<strong>da</strong> Santista (SP)512. Barracão (RS, SC)416. Alto do Paranapanema (SP)513. Rio Pelotas / São Mateus (SC, RS)417. Ilha de Alcatrazes (SP)514. Grande Região dos A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Ser-418. Ilha <strong>da</strong> Queima<strong>da</strong> Grande (SP) ra (SC, RS)419. Juréia / Paranaguá (PR, SP)515. Zona Tampão de A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra420. Ilha de Figueira (PR)(SC, RS)421. Ilha do Mel (PR)422. Tijucas do Sul (PR)423. Grupo Integrador VIIlha de Currais (PR)424. Itapoá / Guaratuba (SC, PR)600. Campos do Planalto (RS)425. Alto Itajaí (SC)601. Campanha Gaúcha (RS)426. Serra do Tabuleiro e Ilhas Catarinenses (SC)602. Serra do Sudeste (RS)427. Floresta de Planície Costeira (SC, RS)603. Campo de Baixa<strong>da</strong> de Bagé (RS)604. Planície Costeira (RS)Ecorregiões abrangi<strong>da</strong>s pelos grupos integradores - vide página 04.
Figura 1 - Mapa de Áreas Prioritárias <strong>para</strong>a Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>Mata Atlântica e Campos Sulinos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ApresentaçãoSão José dos Ausentes, RS - Zig KochO Brasil é o principal país entre aqueles detentores de megadiversi<strong>da</strong>de, possuindoentre 15 e 20% do número total de espécies <strong>da</strong> Terra. Gerir essa formidável riquezademan<strong>da</strong> ação urgente, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em consciência conservacionista e espelha<strong>da</strong> empolíticas públicas que representem as aspirações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.Em busca desses objetivos, o Ministério do Meio Ambiente tem empreendido esforços queenvolvem, além do fortalecimento do controle ambiental e do estímulo à adoção de práticassustentáveis pela socie<strong>da</strong>de, a criação e consoli<strong>da</strong>ção de uma rede de áreas protegi<strong>da</strong>s, comvistas à conservação in situ <strong>da</strong> nossa riqueza biológica.Para evitar, no entanto, a criação desordena<strong>da</strong> desses espaços, o Ministério vem fazendouso de critérios científicos <strong>para</strong> a identificação de áreas prioritárias nos ecossistemas maisameaçados.Esse novo <strong>para</strong>digma que orienta as ações do MMA encontra na Mata Atlântica umasituação emblemática.A Mata Atlântica e seus ecossistemas associados cobriam, à época do descobrimento,1.360.000km 2 . Atualmente, apenas 8% <strong>da</strong> área do bioma preserva suas características bióticasoriginais. Apesar <strong>da</strong> devastação a que foi submetido, abriga ain<strong>da</strong> altíssimos níveis de riquezabiológica e de endemismos, como é exemplo o recorde mundial de diversi<strong>da</strong>de de plantaslenhosas encontra<strong>da</strong>s – 458 espécies – em um único hectare no sul <strong>da</strong> Bahia.Diante do estado atual de degra<strong>da</strong>ção do bioma Mata Atlântica, o Ministério do MeioAmbiente desenvolveu o subprojeto Avaliação e Ações Prioritárias <strong>para</strong> a Conservação <strong>da</strong>Biodiversi<strong>da</strong>de nos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos, no âmbito do Projeto deConservação e Utilização Sustentável <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica Brasileira - PROBIO.O subprojeto teve por objetivo a avaliação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dos condicionantessocioeconômicos <strong>para</strong> sua utilização, identificando áreas prioritárias e estratégias <strong>para</strong> a conservaçãodos biomas. Para sua execução, o subprojeto contou com a parceria <strong>da</strong>Conservation International do Brasil; <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>çãoBiodiversitas; <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção SOS Mata Atlântica;do Instituto de Pesquisas Ecológicas; <strong>da</strong> Secretariade Meio Ambiente do Estado de São Paulo;<strong>da</strong> Secretaria de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável de Minas Gerais por intermédio doInstituto Estadual de Florestas.Após dois anos de trabalho, esse esforço foi coroadocom a realização de um workshop, em agostode 1999, na ci<strong>da</strong>de de Atibaia, SP. O evento reuniu198 especialistas de todo o país e resultou naidentificação de 182 áreas prioritárias <strong>para</strong> a conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de na região e na proposiçãode sugestões que vêm constituir o objeto dessapublicação.A relevância deste estudo <strong>para</strong> a ‘política nacionalde biodiversi<strong>da</strong>de’ leva-nos a incorporar suasrecomen<strong>da</strong>ções às metas institucionais do Ministériodo Meio Ambiente, devendo as mesmas, porextensão, balizar ain<strong>da</strong> as ações dos demais órgãosgovernamentais e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de na busca <strong>da</strong> conservaçãoe utilização sustentável <strong>da</strong> Mata Atlântica.José Sarney FilhoMinistro do Meio AmbienteAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 1apresentação
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○IntroduçãoOs esforços <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong> Mata Atlântica eCampos Sulinos enfrentam grandes desafios. Os doisbiomas apresentam altos índices de biodiversi<strong>da</strong>de e deendemismo, mas encontram-se em situação crítica de alteraçãode seus ecossistemas naturais; seus domínios abrigam70% <strong>da</strong> população, além <strong>da</strong>s maiores ci<strong>da</strong>des e osmais importantes pólos industriais do Brasil. O resultadodessa concentração pode ser evidenciado, porexemplo, pelo fato de a Mata Atlântica estar reduzi<strong>da</strong>a 8% de sua cobertura original e figurar entre os 25hotspots mundiais, as regiões mais ricas e ameaça<strong>da</strong>s doplaneta. Da mesma forma, os Campos Sulinos, que seestendem desde o sul de São Paulo até o sul do RioGrande do Sul, estão sob forte pressão antrópica.Outra barreira <strong>para</strong> a conservação é a lacuna de conhecimentossobre essas regiões. A ca<strong>da</strong> ano são descritas inú-Muriqui, Brachyteles hypoxanthus - Andy Youngmeras novas espécies, porém ain<strong>da</strong> existem áreas pouco conheci<strong>da</strong>s, e os recursoshumanos e investimentos continuam limitados. Além disso, faltam políticas clarasque definam priori<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s ações e, no que se refere à aplicação dos recursos humanose financeiros, que aten<strong>da</strong>m à urgência de reverter o processo de degra<strong>da</strong>ção.A identificação de ações e áreas prioritárias <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>detem-se mostrado importante instrumento de proteção no Brasil e no mundo. E, justamente<strong>para</strong> construir essa estratégia, foi promovido o subprojeto Avaliação e AçõesPrioritárias <strong>para</strong> Conservação dos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos, partedo projeto de Conservação e Utilização Sustentável <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica Brasileira-PROBIOdo Ministério do Meio Ambiente. Todos os biomas brasileiros estão sendocontemplados por esses estudos, em cumprimento às obrigações do país junto à Convençãosobre Diversi<strong>da</strong>de Biológica, firma<strong>da</strong> durante a Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>ssobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (Rio-92).As metas específicas desse subprojeto são: 1. consoli<strong>da</strong>r as informações sobre a diversi<strong>da</strong>debiológica <strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos, e identificar as lacunas de conhecimento;2. identificar áreas e ações prioritárias <strong>para</strong> a conservação, com base em critérios deimportância biológica, integri<strong>da</strong>de dos ecossistemas e oportuni<strong>da</strong>des <strong>para</strong> ações de conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de; 3. identificar e avaliar a utilização e as alternativas <strong>para</strong> uso dosrecursos naturais, compatíveis com a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de; e 4. promover maiorconscientização e participação efetiva <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de na conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de dessesbiomas.Essa iniciativa fornece um dos mais completos diagnósticos sobre a Mata Atlântica eCampos Sulinos, e direciona as políticas ambientais <strong>para</strong> níveis regionais, agilizando aimplementação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s considera<strong>da</strong>s necessárias <strong>para</strong> garantir a conservação a longoprazo dos biomas brasileiros.introduçãoAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 2
Metodologia○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○A metodologia utiliza<strong>da</strong> é basea<strong>da</strong> no programa deworkshops regionais <strong>da</strong> Conservation International, e ofereceextensa base de <strong>da</strong>dos e mapas, sobre os quais especialistasde diversas disciplinas podem, de maneiraparticipativa, definir áreas prioritárias <strong>para</strong> conservação.Para esse subprojeto considerou-se o conceito sensulato do bioma Mata Atlântica, ou seja, aquele compostode uma série de tipologias ou uni<strong>da</strong>des fitogeográficas,constituindo um mosaico vegetacional, em concordânciacom o Decreto federal n o 750/93. Campos Sulinos foramconsiderados to<strong>da</strong>s as formações campestres nãosavânicas ocorrentes no sul do país, incluindo aquelasentremea<strong>da</strong>s à região <strong>da</strong> floresta ombrófila mista (florestacom araucária), até os campos do sul do Rio Grandedo Sul, na região conheci<strong>da</strong> como Campanha gaúcha.O subprojeto foi planejado em quatro fases:1. Pre<strong>para</strong>tória;2. Decisória (realização do workshop);3. Processamento e síntese dos resultados;4. Divulgação dos resultados e acompanhamento desua implementação.Fase Pre<strong>para</strong>tóriaA fase pre<strong>para</strong>tória consistiu no levantamento, sistematizaçãoe diagnóstico <strong>da</strong>s informações biológicas e nãobiológicasrelativas à conservação e utilização sustentável<strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos. O componente debiodiversi<strong>da</strong>de foi subdividido em estudos dos seguintesgrupos taxonômicos: aves, mamíferos, anfíbios e répteis,peixes, invertebrados, e flora. Enfatizou-se a distribuiçãode espécies endêmicas, raras ou ameaça<strong>da</strong>s de extinção, ea análise do conhecimento atual de ca<strong>da</strong> grupo e seu estadode conservação nos biomas.Estratégias e priori<strong>da</strong>des de ação foram traça<strong>da</strong>s, preliminarmente,por consultores em função <strong>da</strong> importânciabiológica sobreposta à análise <strong>da</strong>s pressões demográficase vulnerabili<strong>da</strong>de diante <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas <strong>da</strong>sdiferentes regiões. Para complementar essa análise, tambémas oportuni<strong>da</strong>des e alternativas de conservação passarampor uma avaliação por meio do diagnóstico dosistema de uni<strong>da</strong>des de conservação, experiências de planejamentoregional, e <strong>da</strong>s características dos elementosfísicos determinantes de biodiversi<strong>da</strong>de (clima, rios, solosetc). Foram realizados os seguintes estudos temáticos nãobióticos:pressão antrópica, fatores abióticos, planejamentoregional, áreas protegi<strong>da</strong>s, estratégias de conservação eeducação ambiental.Os conhecimentos gerados nesta fase, organizados emrelatórios técnicos e mapas, serviram de base <strong>para</strong> ostrabalhos do workshop, a fase seguinte do subprojeto.Realização do WorkshopA fase decisória <strong>para</strong> definição de priori<strong>da</strong>des aconteceuno workshop realizado entre os dias 10 e 14 deagosto de 1999, em Atibaia, a 60 km <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de SãoPaulo. O evento contou com a participação de 198especialistas, representando oitenta organizações governamentaise não-governamentais, instituições de ensinoe pesquisa e empresas. Na primeira etapa do workshop,os participantes formaram grupos temáticos <strong>para</strong> discutiras áreas prioritárias dentro de sua especiali<strong>da</strong>de(flora; invertebrados; répteis e anfíbios; aves; mamíferos;peixes; fatores abióticos; pressão antrópica; planejamentoregional; áreas protegi<strong>da</strong>s; estratégias de conservaçãoe educação ambiental).As áreas defini<strong>da</strong>s como prioritárias foram classifica<strong>da</strong>sem quatro níveis de importância biológica nosgrupos temáticos:Categoria A - área de extrema importância biológica;Categoria B - área de muito alta importância biológica;Categoria C - área de alta importância biológica;Categoria D - área insuficientemente conheci<strong>da</strong> masde provável importância biológica.Para ca<strong>da</strong> área prioritária indica<strong>da</strong> preencheu-se formuláriocontendo to<strong>da</strong>s as informações como sua caracterizaçãogeral e a justificativa de inclusão no mapade priori<strong>da</strong>des.Na segun<strong>da</strong> etapa do workshop, as propostas foramintegra<strong>da</strong>s no âmbito dos grupos multidisciplinares,ocasião em que se procede à análise <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des<strong>para</strong> conservação, por sub-regiões biogeográficas préestabeleci<strong>da</strong>s.As ecorregiões foram adota<strong>da</strong>s comouni<strong>da</strong>des geográficas de análise, tal como proposta porDinerstein et al. (1995). Segundo os autores, umaecorregião é defini<strong>da</strong> como “conjunto de comuni<strong>da</strong>desnaturais geograficamente distintas que compartilhama grande maioria de suas espécies, dinâmica ecológica,e condições ambientais similares e que cujasinterações ecológicas são essenciais <strong>para</strong> a sua persistênciaa longo prazo”. Desde a proposta original, omapa <strong>da</strong>s ecorregiões sul-americanas vem sendo constantementeaperfeiçoado pelo World Wildlife Fund.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 3metodologia
A Mata Atlântica e os Campos Sulinos incluem, juntos, 13 ecorregiões (a Mata Atlântica com 12 os Campos Sulinoscom uma). Por motivos operacionais, as ecorregiões foram reagrupa<strong>da</strong>s em seis grupos integradores, além de um grupointegrador de políticas ambientais, a saber:GrupoIntegrador IFlorestas costeiras e interioranas <strong>da</strong> região Nordeste entre o Piauí e Alagoas,brejos nordestinos e florestas secas do Nordeste e do Estado de Minas Gerais;GrupoIntegrador IIFlorestas de Sergipe, floresta semidecidual <strong>da</strong> Bahia, floresta costeira <strong>da</strong> Bahia,Estado do Espírito Santo, norte do Estado do Rio de Janeiro, parte <strong>da</strong> florestasemidecidual de Minas Gerais;GrupoIntegradorIIIFlorestas estacionais semideciduais do sul de Minas Gerais, divisa dos Estadosde Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso do Sul (incluindoa serra <strong>da</strong> Bodoquena), florestas estacionais semideciduais dos Estados deSão Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;GrupoIntegrador IVFlorestas <strong>da</strong> serra do Mar e costeiras nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo,Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do Sul, e florestas do sudeste do Estado deMinas Gerais (serra <strong>da</strong> Mantiqueira);GrupoIntegrador VFlorestas de araucária e campos sulinos abrangendo o sul do Estado de SãoPaulo, e os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;GrupoIntegrador VICampos sulinos abrangendo o Estado do Rio Grande do Sul;GrupoIntegrador VIIO Grupo de Políticas Ambientais foi formado pelos integrantes do GrupoTemático Estratégias de Conservação acrescido de membros dos demaisgrupos <strong>da</strong> primeira etapa do workshop.metodologiaA identificação <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des nos gruposintegradores foi feita a partir <strong>da</strong> sobreposição dos mapastemáticos, de forma consensual entre os especialistas,ilustrando a importância, em termos de biodiversi<strong>da</strong>de,e dos principais elementos condicionantesde decisão sobre a base territorial <strong>para</strong> as ações deconservação. A recomen<strong>da</strong>ção de áreas prioritárias nãosignifica que as restantes não mereçam ser conserva<strong>da</strong>s,mas indica apenas uma priorização <strong>para</strong> maximizaros esforços, recursos humanos e financeiros. O resultadodo workshop deriva de processo decisório, por meio<strong>da</strong> consulta dirigi<strong>da</strong> a uma amostra representativa deespecialistas.Finalmente, na reunião plenária, última etapa doworkshop, foram apresentados os trabalhos-sínteses, discuti<strong>da</strong>sas estratégias de conservação fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> nasexperiências regionais e o mapa geral de priori<strong>da</strong>des.Processamento e Síntese dos Resultadosdo WorkshopEssa etapa do processo compreendeu a revisão detodos os mapas e documentos produzidos antes edurante o workshop de Atibaia. Foram conferidos e refinadosos mapas resultantes do trabalho dos grupostemáticos e regionais, e os bancos de <strong>da</strong>dos com asinformações de ca<strong>da</strong> área prioritária. Foram consoli<strong>da</strong>dostambém todos os documentos e relatórios técnicosproduzidos durante o subprojeto. Fazem partedos produtos do subprojeto o mapa na forma depôster, contendo o mapa síntese e os temáticos; umrelatório técnico com todos os documentos e resultadosproduzidos durante a execução do subprojeto;e essa publicação, apresentando os mapas de priori<strong>da</strong>dese as principais ações e recomen<strong>da</strong>ções <strong>para</strong> aconservação <strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos.Divulgação dos Resultados eAcompanhamento de sua ImplementaçãoOs resultados estão sendo amplamente disponibilizados<strong>para</strong> os diferentes setores do governo, setor privado,acadêmico e socie<strong>da</strong>de em geral. A divulgação doan<strong>da</strong>mento e resultados do subprojeto, a íntegra dosdocumentos resultantes do workshop de Atibaia e outrasinformações, estão também disponibilizados <strong>para</strong> consultaatravés <strong>da</strong> Internet (Conservation International doBrasil - www.conservation.org.br/ma; Fun<strong>da</strong>ção AndréTosello/Base de Dados Tropical - www.bdt.org.br/workshop/mata.atlantica/br). Para o desenvolvimentodos trabalhos de divulgação dos resultados e a manutenção<strong>da</strong> interlocução técnica entre o Governo e osdiferentes setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de interessados, foi forma<strong>da</strong>uma Comissão de Acompanhamento. Busca-se, destamaneira, garantir a disseminação de informações e aplicação<strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções resultantes do subprojeto, como envolvimento maior de pessoas, comuni<strong>da</strong>des e enti<strong>da</strong>desatuantes nesses biomas.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 4
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Mapa Geral de Priori<strong>da</strong>desForam identifica<strong>da</strong>s 182 áreas prioritárias <strong>para</strong> aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de na Mata Atlântica eCampos Sulinos; dessas, 99 foram classifica<strong>da</strong>s comoáreas de extrema importância biológica, 35 áreas demuito alta importância, 26 áreas de alta importânciae 22 áreas insuficientemente conheci<strong>da</strong>s mas de provávelimportância biológica. Aproxima<strong>da</strong>mente 33%<strong>da</strong> Mata Atlântica foi resguar<strong>da</strong><strong>da</strong> por áreasprioritárias, sendo a maioria dessas, 55%, indica<strong>da</strong>scomo de extrema importância biológica.Das 17 áreas prioritárias com maior sobreposiçãode indicações dos grupos temáticos (igual ou maiorque seis indicações), 12 estão na região Nordeste. Issoconfirma informações anteriores, que indicavam agrande riqueza de espécies e endemismos de algumaslocali<strong>da</strong>des nessa região, como no estudo <strong>da</strong> CEPLAC eJardim Botânico de Nova Iorque, que registraram, aonorte de Ilhéus, BA, um dos maiores índices de diversi<strong>da</strong>dede plantas lenhosas no mundo.Esse subprojeto também reforça os resultados do“Workshop Priori<strong>da</strong>des <strong>para</strong> Conservação <strong>da</strong> Mata Atlânticado Nordeste”, realizado em 1993, em Recife, PE.Entre as 12 áreas <strong>da</strong> região Nordeste destaca-se Murici,AL, um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica aonorte do rio São Francisco, caracteriza<strong>da</strong> por endemismosde répteis e anfíbios. Essa também sobressai pela altaconcentração de espécies de aves endêmicas e ameaça<strong>da</strong>sde extinção, como por exemplo, Philydor novaesi (limpafolha-do-nordeste),Iodopleura pipra (anambezinho),Carpornis melanocephalus (sabiá-pimenta), Phylloscartes ceciliae(cara-pinta<strong>da</strong>). A região de Murici vem sofrendo fortepressão antrópica, devido ao plantio de bananeiras e canade-açúcare recomen<strong>da</strong>-se a implantação urgente de umaárea protegi<strong>da</strong>.Outros dois destaques na região Nordeste são as áreasentre Valença e Ilhéus, e Una a Canavieiras, ambaslocaliza<strong>da</strong>s no sul <strong>da</strong> Bahia. Nessas áreas ocorrem espéciesde primatas ameaça<strong>da</strong>s de extinção e endêmicas do sul<strong>da</strong> Bahia (Leontopithecus chrysomelas – mico-leão-<strong>da</strong>-caradoura<strong>da</strong>,Callicebus personatus melanochir – guigó e Cebusxanthosternos – macaco-prego-do-peito-amarelo) e outrasespécies endêmicas de mamíferos <strong>da</strong> Mata Atlântica (Bradypustorquatus – preguiça-de-coleira, Chaetomys subspinosus – ouriço-pretoe Echimys pictus – rato-do-cacau).Na região Sudeste, uma <strong>da</strong>s áreas que sobressai é aserra dos Órgãos, RJ, indica<strong>da</strong> pela sobreposição deseis grupos temáticos. A serra dos Órgãos constituiuma área contínua de floresta montana e altomontana,compreendendo uni<strong>da</strong>des de conservaçãode uso sustentável e proteção integral, mas que, noentanto, necessitam implementação efetiva. A áreaapresenta expressiva riqueza de invertebrados,endemismos e espécies ameaça<strong>da</strong>s de mamíferos, anfíbiose répteis. Somente em Tinguá, são encontra<strong>da</strong>sseis espécies de aves ameaça<strong>da</strong>s de extinção, comoCalyptura cristata (tietê-de-coroa).Os resultados valorizam também a serra do Marcomo área de extrema importância biológica, em quaseto<strong>da</strong> sua extensão, mostrando a relevância de seconservar o maior trecho contínuo de mata atlânticae com alto nível de integri<strong>da</strong>de ambiental. A regiãoapresenta ecossistemas de campos de altitude, florestasub-montana, floresta montana, afloramentoscalcários, restingas e manguezais, e a confluência <strong>da</strong>smaiores formações florestais <strong>da</strong> Mata Atlântica:ombrófila densa, ombrófila mista e estacionalsemidecidual. Verifica-se a ocorrência de espécies endêmicase grande riqueza biótica e uma rede importantede uni<strong>da</strong>des de conservação (ex.: Parque Nacional<strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Bocaina, Parque Estadual <strong>da</strong> Serra doMar, Estação Ecológica Estadual Juréia-Itatins, ParqueNacional dos A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra, Parque Nacional<strong>da</strong> Serra Geral e outros), com potencial <strong>para</strong> aimplementação de corredores de biodiversi<strong>da</strong>de.Nos Campos Sulinos vale ressaltar duas áreas de máximapriori<strong>da</strong>de: a Campanha gaúcha e a Planície costeira.A primeira área, indica<strong>da</strong> por cinco grupos temáticos,caracteriza-se pela grande diversi<strong>da</strong>de de hábitats (banhados,várzeas, matas ripárias e areais), flora peculiar e elementosfaunísticos provenientes do Uruguai e Argentina.As principais ameaças são o gado ovino, a lavoura dearroz com drenagens dos banhados, construção determelétrica e gasoduto, e o processo de urbanização.A Planície costeira ocupa extensa área de vegetaçãode restinga, com a ocorrência de banhados salinos noestuário <strong>da</strong> laguna dos Patos, ambientes únicos no Brasil.A região apresenta grande número de espécies endêmicas(ex.: Ctenomys flamarioni, o ratão do banhado) e ameaça<strong>da</strong>sde extinção, além de populações numerosas de aves aquáticase migratórias. A área vem sofrendo acentua<strong>da</strong> pressãoantrópica, especialmente pela especulação imobiliáriano litoral e na laguna dos Patos, e pela cultura extensivade arroz irrigado, que ameaça diversas áreas de banhadoe campos de várzea.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 5mapa geral de priori<strong>da</strong>des
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Cobertura <strong>da</strong> Vegetação Nativa <strong>da</strong> Mata Atlântica eCampos Sulinoscobertura <strong>da</strong> vegetação nativaEsse subprojeto identificou, mapeou e organizou adocumentação cartográfica temática dos remanescentesflorestais e ecossistemas associados <strong>da</strong> Mata Atlânticae iniciou o mapeamento dos Campos Sulinos. Omapa completo dos remanescentes <strong>da</strong> Mata Atlânticautilizou as informações do Atlas de Evolução dos RemanescentesFlorestais e Ecossistemas Associados no Domínio <strong>da</strong> MataAtlântica, produzido pela Fun<strong>da</strong>ção SOS Mata Atlânticaem parceria com o Instituto Nacional de PesquisasEspaciais - INPE 1 , e os <strong>da</strong>dos organizados <strong>para</strong> o workshop“Áreas Prioritárias <strong>para</strong> Conservação <strong>da</strong> Mata Atlânticado Nordeste” (Figura 2). Também foram produzidosmapeamento temático <strong>da</strong> mata atlântica do RioGrande do Sul e de Mato Grosso do Sul.O mapeamento do bioma Campos Sulinos foi fun<strong>da</strong>mentadona geomorfologia <strong>da</strong> região e em <strong>da</strong>dos agregadosdo Projeto Ra<strong>da</strong>mbrasil. Os limites do domínioFragmentação, Estado do Rio de Janeiro - Russell Mittermeierforam interpretados a partir <strong>da</strong>s imagensde satélite na escala 1:50.000. As tipologiasvegetais adota<strong>da</strong>s como sendo de CamposSulinos foram: estepe (Campanha gaúcha)e savana estépica (Campanha).O processo de ocupação do Brasil levoua Mata Atlântica e os Campos Sulinosa uma drástica redução de sua coberturavegetal primitiva. Os dois biomas abrigamos maiores pólos industriais e silviculturaisdo Brasil, além dos mais importantes aglomeradosurbanos. A Mata Atlântica e seus ecossistemasassociados envolviam, originalmente, área de 1.360.000km 2 , correspondente a cerca de 16% do território brasileiro,distribuídos por 17 Estados: Rio Grande do Sul,Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grossodo Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia,Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande doNorte, Ceará e Piauí.Os levantamentos indicaram 2.528 municípios totalmenteinseridos na Mata Atlântica, ou seja, 46% do totalde municípios do Brasil. Além desses, 270 têm mais de70% de seus territórios na Mata Atlântica e 130, mais de50% <strong>da</strong> área, dentro do bioma. A limitação <strong>da</strong> escalaimpossibilitou maior precisão, em particular no entornodesses limites. A exatidão quanto ao total de municípiosserá possível só após verificação e análise mais detalha<strong>da</strong>se, nesse sentido, esforços estão sendo feitos.Atualmente, o bioma está reduzido a menos de 8%de sua extensão original, dispostos de modo esparso, aolongo <strong>da</strong> costa brasileira e no interior <strong>da</strong>s regiões Sul eSudeste, além de fragmentos no sul dos Estados de Goiáse Mato Grosso do Sul e no interior dos estados do Nordeste.A dinâmica <strong>da</strong> destruição foi mais acentua<strong>da</strong> duranteas últimas três déca<strong>da</strong>s, resultando em sérias alterações<strong>para</strong> os ecossistemas que compõem o bioma, devido,em particular, à alta fragmentação do hábitat e per<strong>da</strong>de sua biodiversi<strong>da</strong>de.Cruzamentos digitais dos remanescentes com <strong>da</strong>dosestatísticos temáticos por uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> federação,uni<strong>da</strong>des de conservação e fisionomia vegetal tambémcontribuíram <strong>para</strong> análises sobre a situação <strong>da</strong> MataAtlântica, permitindo uma abor<strong>da</strong>gem geopolítica ehistórica (Tabela 1). Estudos revelam que houve intensaaceleração do processo de destruição <strong>da</strong> Mata Atlânticaem período recente. O Atlas de Remanescentes mostra que,1 Desde 1985, a Fun<strong>da</strong>ção SOS Mata Atlântica coordena um projeto de avaliação e monitoramento <strong>da</strong> cobertura <strong>da</strong> Mata Atlântica, por meio <strong>da</strong>interpretação visual de imagens de satélite do sistema Landsat TM, incluindo, além <strong>da</strong>s fisionomias florestais, os ecossistemas associados, mangues e restingas.Deve-se ressaltar, entretanto, que este mapeamento não considerou as manchas de vegetação com área inferior a 25 ha.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 6
Mata Atlântica - Haroldo Palo Jr.de 1985 a 1995, mais de 1 milhão de hectares foramdesmatados em dez estados dentro do domínio do bioma.Esse total significou o desflorestamento de mais de 11%dos remanescentes <strong>da</strong> Mata Atlântica, comprometendo,regiões onde estão localizados importantes centros deendemismo. Um exemplo é o Estado do Rio de Janeiro,que entre 1985 e 1990 perdeu 30.579ha e entre 1990 e1995 mais 140.372ha, ou seja, 170.951ha em dez anos.Mais ao sul, o Estado do Paraná perdeu nesse mesmoperíodo 228.849ha, sendo 144.240ha entre 1985 e 1990e 84.609ha entre 1990 e 1995. Nesse e nos demais estados<strong>da</strong> região Sul, as florestas de araucária são as áreasmais atingi<strong>da</strong>s e estão seriamente ameaça<strong>da</strong>s.O estado de conservação do bioma Campos Sulinosé pouco conhecido, já que a avaliação <strong>da</strong> coberturados remanescentes mais importantes permaneceincipiente. O Estado do Rio Grande do Sul, onde seconcentra a maior extensão de Campos Sulinos, possuimais de 13.000.000 ha de áreas relativas a esse biomaem diferentes estágios de conservação e antropização.Por ser uma formação campestre, é necessário o aperfeiçoamento<strong>da</strong> tecnologia de reconhecimento dos diferentesusos <strong>da</strong> terra na região. Outro fator influenteé a pouca representantivi<strong>da</strong>de de Campos Sulinos nosistema de uni<strong>da</strong>des de conservação e a forte pressãosobre seus ecossistemas, em particular a incidênciado fogo, a introdução de espécies forrageiras e a ativi<strong>da</strong>depecuária, que tem levado algumas áreas ao processode desertificação.O mapeamento e monitoramento <strong>da</strong> cobertura <strong>da</strong> vegetaçãonativa <strong>da</strong> Mata Atlântica e de Campos Sulinos éprocesso contínuo de análise. É importante ressaltar queaté o momento, as análises permitiram apenas uma avaliaçãoquantitativa em termos de área remanescente dosbiomas; isso possibilitou significativa contribuição <strong>para</strong> aimplementação <strong>da</strong>s estratégias e políticas de conservaçãoidentifica<strong>da</strong>s no âmbito desse subprojeto. Entretanto, umaavaliação qualitativa faz-se necessária <strong>para</strong> verificar a situação<strong>da</strong>s áreas identifica<strong>da</strong>s no mapeamento, fun<strong>da</strong>mental<strong>para</strong> que se obtenha uma análise adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> real situação<strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos.Tabela 1 - Área <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des federativas e <strong>da</strong> cobertura original e dos remanescentes do Domínio <strong>da</strong>Mata Atlântica no período de 1990-1995.UFÁrea UF(ha)Área DMA*(ha)% DMAno EstadoRemanescentesflorestaisDMA (ha)% RemanescentesflorestaisDMAALBA**CEESGOMS**MGPBPEPI***PRRJRNRSSCSESP2.793.34956.644.39414.634.8094.618.39734.128.61435.815.50358.838.3445.658.3409.893.95025.237.93419.970.9944.391.0075.330.80128.206.1509.544.4562.204.92324.880.9341.449.35720.354.548486.6524.618.3971.151.2696.280.10128.966.381672.4321.776.9712.291.83019.443.0544.391.007328.77113.219.1299.544.456788.84520.543.45251,8935,933,331003,3717,5349,2311,8817,969,0897,361006,1746,8710035,7882,5771.8111.263.17586.598408.9243.16131.296813.63546.28090.667-1.800.048946.87547.833649.7801.723.51388.5411.815.7454,956,2117,798,850,270,502,816,885,10-9,2621,5614,554,9218,0611,228,84Obs.: *DMA – Domínio <strong>da</strong> Mata Atlântica; ** Parcialmente avaliado; *** Sem avaliação. Áreas calcula<strong>da</strong>s a partirdos <strong>da</strong>dos digitais do IBGE e do Atlas de Evolução do Remanescentes <strong>da</strong> Mata Atlântica, na projeção sinusoi<strong>da</strong>l.Fonte: Fun<strong>da</strong>ção S.O.S. Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 7cobertura <strong>da</strong> vegetação nativa
cobertura <strong>da</strong> vegetação nativaFigura 2 – Mapa de cobertura <strong>da</strong> vegetaçãonativa <strong>da</strong> Mata Atlântica. Fonte: Fun<strong>da</strong>ção SOSMata Atlântica, Instituto Nacional de PesquisasEspaciais e Instituto Socioambiental.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 8
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Biodiversi<strong>da</strong>deApesar <strong>da</strong> devastação acentua<strong>da</strong>, a Mata Atlânticaain<strong>da</strong> abriga parcela significativa de diversi<strong>da</strong>debiológica do Brasil, com altíssimos níveis de riquezae endemismo. A riqueza pontual é tão significativaque o segundo maior recorde mundial de diversi<strong>da</strong>de<strong>para</strong> plantas lenhosas foi registrado nesse bioma(458 espécies em um único hectare do sul <strong>da</strong> Bahia),em estudo realizado pelo Jardim Botânico de NovaIorque e o Herbário <strong>da</strong> Comissão Executiva do Plano<strong>da</strong> Lavoura Cacaueira-CEPLAC.As estimativas obti<strong>da</strong>s a partir dos estudos realizados<strong>para</strong> esse subprojeto, apesar <strong>da</strong> carência deinformações <strong>para</strong> alguns grupos taxonômicos, tambémindicam uma diversi<strong>da</strong>de faunística bastanteeleva<strong>da</strong>. Para grupos como os primatas, mais de 2/3 <strong>da</strong>s formas presentes no biomasão endêmicas. Segundo estudocoordenado pela ConservationInternational sobre os 25 hotspotsmundiais, a Mata Atlântica estáentre as cinco regiões que apresentamos maiores índices deendemismo de plantas vascularese vertebrados (excluindo peixes).Em conjunto, os mamíferos,aves, répteis e anfíbios que ocorremna Mata Atlântica, somam1.810 espécies, sendo 389 endêmicas(Tabela 2). Isso significa que aMata Atlântica abriga, aproxima<strong>da</strong>mente7% <strong>da</strong>s espécies conheci<strong>da</strong>sno mundo nesses grupos devertebrados. Nesse cenário de riquezae endemismo observa-se,por outro lado, elevado númerode espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção.Em certos grupos, como as aves,10% <strong>da</strong>s espécies encontra<strong>da</strong>s nobioma se enquadram em algumacategoria de ameaça. No caso demamíferos, o número de espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção atinge aproxima<strong>da</strong>mente14%.Os Campos Sulinos, mesmosendo menos conhecidos do pontode vista de sua diversi<strong>da</strong>de biológica,apresentam também faunaSaíra-de-sete-cores, Tangara seledon - Zig Kochvaria<strong>da</strong>, onde várias espécies são compartilha<strong>da</strong>s coma Mata Atlântica. Suas formações abrigam pelo menos102 espécies de mamíferos (cinco delas endêmicas),476 espécies de aves (duas endêmicas, a saber,Scytalopus iraiensis e Cinclodes pabsti - pedreiro) e 50 espéciesde peixes (12 endêmicas). Dados preliminares,indicam que cerca de 89 espécies de mamíferos (17%<strong>da</strong>s espécies com ocorrência no Brasil) têm suas distribuiçõesgeográficas restritas aos biomas MataAtlântica e Campos Sulinos considerados em conjunto.Além disso, mesmo com uma fisionomia aparentementehomogênea, o bioma caracteriza-se pelagrande riqueza de espécies herbáceas e váriastipologias campestres, compondo em algumas regiõesambientes integrados com a floresta de araucária.Tabela 2 - Diversi<strong>da</strong>de, Endemismos e Espécies Ameaça<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Mata Atlântica(MA) e Campos Sulinos (CS).GrupoTaxaxonômicoPlantas VascularesMamíferosAvesRépteisAnfíbiosPeixesTotal deEspéciesEspéciesEndêmicasFontes: Relatórios Técnicos Temáticos de Biodiversi<strong>da</strong>de do Subprojeto “AvaliaçãoAvaliação e Ações Prioritárias <strong>para</strong> Conservação dos Biomas Floresta Atlântica e CamposSulinos”, PROBIO / PRONABIO / MMA; Myers et al. (2000); * De acordo comRosa & Menezes (1996).AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 9MA20.0002501023197340350CS10247650MA8.000551886090133CS5212EspéciesAmeaça<strong>da</strong>sMA351043112*CS13102*biodiversi<strong>da</strong>de
mamíferosMamíferos○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○Mata Atlântica e Campos Sulinos juntosapresentam 264 espécies de mamíferos,sessenta formas endêmicas; são 250 espéciespresentes na Mata Atlântica, sendo 55endêmicas, e 102 espécies registra<strong>da</strong>s nosCampos Sulinos, cinco endêmicas a essebioma. A caça e a fragmentação <strong>da</strong> MataAtlântica e Campos Sulinos tem produzidograves conseqüências <strong>para</strong> as espécies demamíferos, em particular aquelas de maiorporte, verificando-se o desaparecimentototal de algumas espécies em certas regiõese locali<strong>da</strong>des. Esses fatores conjugadoscontribuem <strong>para</strong> que 38 espécies de mamíferosdesses biomas estejam atualmente relaciona<strong>da</strong>sna lista oficial de espécies <strong>da</strong>fauna brasileira ameaça<strong>da</strong>s de extinção.Apesar dos mamíferos <strong>da</strong> Mata Atlânticae Campos Sulinos serem relativamenteconhecidos se com<strong>para</strong>dos com outrosgrupos taxonômicos, poucas locali<strong>da</strong>desforam inventaria<strong>da</strong>s de modo satisfatório,havendo consideráveis lacunas no conhecimentotaxonômico e biogeográfico <strong>da</strong> maioriados gêneros e espécies, de forma quenovas espécies e novas locali<strong>da</strong>des de ocorrênciasão registra<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> novo estudo.Mesmo entre os primatas, mamíferos relativamenteconspícuos, descobertas têm sidofeitas, como o caso <strong>da</strong> descrição deLeontopithecus caissara (mico-leão-de-carapreta)do nordeste do Paraná e de Callicebuscoimbrai (guigó) do Estado de Sergipe.A distribuição dos endêmicos, a riquezageral de espécies, assim como os acidentesgeográficos, foram os critérios utilizadospelo grupo no estabelecimento de zonasfaunísticas. Dessa forma, 11 zonas ou subregiõesbiogeográficas foram determina<strong>da</strong>sdentro dos biomas e, posteriormente, indicou-seem ca<strong>da</strong> uma as áreas prioritárias<strong>para</strong> conservação. Esse processo de análisepermitiu o estabelecimento de 84 áreasprioritárias, sendo 36 de extrema importânciabiológica, 19 de muito alta importânciabiológica, 21 de alta importância biológicae oito áreas insuficientemente conheci<strong>da</strong>smas de provável importância biológica(Figura 3). Além disso, o grupo sugeriuo estabelecimento de três corredoresecológicos interligando alguns agrupamentosde áreas prioritárias.Jaguatirica, Felis par<strong>da</strong>lis - Haroldo CastroAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 10
Entre as áreas indica<strong>da</strong>s prioritárias <strong>para</strong>a conservação <strong>da</strong> mastofauna <strong>da</strong> MataAtlântica e Campos Sulinos pode-se destacara região <strong>da</strong> Reserva Biológica de Una,que possui remanescentes importantes defloresta pluvial tropical de baixa<strong>da</strong>,conecta<strong>da</strong> a matas de restinga e formaçõespaludosas, com ocorrência de espéciesendêmicas e ameaça<strong>da</strong>s como Bradypustorquatus (preguiça-de-coleira), Leontopithecuschrysomelas (mico-leão-<strong>da</strong>-cara-doura<strong>da</strong>),Chaetomys subspinosus (ouriço-preto) e Echimyspictus (rato-do-cacau). O centro-norte doEstado do Espírito Santo é um dos principaistrechos de floresta ombrófila densa,na tipologia de floresta de tabuleiros, representadospela conexão <strong>da</strong> Reserva Biológicade Sooretama (IBAMA) com a ReservaFlorestal de Linhares, <strong>da</strong> CVRD,totalizando cerca de 44.000ha. Nessa áreapodem-se encontrar espécies de mamíferosde médio a grande porte, inclusive detopo de cadeia alimentar como Panthera oncaMico-leão-de-cara-preta, Leontopithecus caissara - Zig KochOuriço-preto, Chaetomys subspinosus - Arquivo CI - Brasil(onça-pinta<strong>da</strong>) e Puma concolor (onça-par<strong>da</strong>),além de espécies raras ou ameaça<strong>da</strong>s comoCebus apella robustus (macaco-prego),Leopardus par<strong>da</strong>lis (jaguatirica), Tayassu pecari(queixa<strong>da</strong>), Tapirus terrestris (anta), Lontralongicaudis (lontra), entre outras. A região doPontal do Paranapanema foi uma <strong>da</strong>s áreasde floresta estacional semidecídua indica<strong>da</strong>prioritária e abrange os mais importantesremanescentes de mata atlântica do interiorde São Paulo, incluindo o Parque Estadualdo Morro do Diabo, com 35.000ha e cercade 10.000ha de fragmentos florestaiscircunvizinhos. Nessa área estão registra<strong>da</strong>sespécies raras, endêmicas e ameaça<strong>da</strong>scomo Panthera onca (onça-pinta<strong>da</strong>),Leontopithecus chrysopygus (mico-leão-preto),Tapirus terrestris (anta), Tayassu pecari (queixa<strong>da</strong>)e Pecari tajacu (cateto). Nos CamposSulinos vale destacar a região leste, onde seencontram o Parque Nacional <strong>da</strong> Lagoa doPeixe e a Estação Ecológica do Taim, compostaspor dunas, lagunas e campos arenosos,e onde ocorre o roedor endêmico aoRio Grande do Sul, Ctenomys flamarioni, conhecidocomo ratão-do-banhado.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 11mamíferos
mamíferosFigura 3 - Mapa de áreas prioritárias <strong>para</strong>a conservação de mamíferos na MataAtlântica e Campos SulinosAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 12
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○AvesÁreas Prioritárias - Mamíferos1. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)2. Uruburetama (CE)3. Serra de Maranguape /Aratanha (CE)4. Serra de Ibiapaba (CE)5. Serra de Baturité (CE)6. Estação Ecológica Aiuaba(CE)7. Floresta Nacional do Araripe(CE)8. Litoral Norte <strong>da</strong> Paraíba (PB)9. Goiana (PE)10. Conjunto Murici (AL)11. Lagoa Jequiá / Lagoa Escura(AL)12. Nordeste de Sergipe (SE)13. Rio Real (SE)14. Dunas do São Francisco(BA)15. Remanescentes Florestaisdo Recôncavo Baiano (BA)16. Recôncavo Baiano ao Suldo Rio Paraguaçu (BA)17. Região de Wenceslau Guimarães(BA)18. Remanescentes Florestaisde Valença até o Rio de Contas(BA)19. Serra Grande (BA)20. Reserva Biológica de Unae Florestas Adjacentes (BA)21. Fragmentos ao Norte do RioJequitinhonha (BA)22. Parque Nacional de MontePascoal (BA)23. Florestas <strong>da</strong> Brasil Holan<strong>da</strong>S.A. (BA)24. Restingas e Manguezaisentre Nova Viçosa e Caravelas(BA)25. Florestas de Interior <strong>da</strong>Bahia e Minas Gerais (BA, MG)26. Mata de Cipó (MG)27. Salto <strong>da</strong> Divisa (MG)28. Jequitinhonha (MG)29. Jacinto (MG)30. Teófilo Otoni (MG)31. Vertente Leste do Espinhaço(MG)32. Complexo do Parque Estadualdo Rio Doce (MG)33. Complexo Caratinga /Simonésia (MG)34. Complexo Caraça / Peti (MG)35. Região de Viçosa (MG)36. Serra do Brigadeiro (MG)44. Baixo Rio Doce / Litoral Norte(ES)45. Sooretama / Linhares (ES)46. Vale do Rio Pancas (ES)47. Rio Bananal (ES)48. Baixo Rio Doce / Comboiose Nova Almei<strong>da</strong> (ES)49. Santa Teresa / Duas Bocas(ES)50. Afonso Cláudio / Laranja<strong>da</strong> Terra e Sobreiro (ES)51. Serra do Ca<strong>para</strong>ó (ES, MG)52. Complexo Forno Grande /Pedra Azul (ES)53. Litoral Sul do Espírito Santo(ES)54. Serra <strong>da</strong>s Torres / UsinaPaineiras (ES)55. Porciúncula / Raposo (RJ,MG)56. Serra dos Órgãos / Desenganoe Restingas do NorteFluminense (RJ)57. Men<strong>da</strong>nha / Pedra Branca /Tijuca e Marambaia (RJ)58. Cajuru / Fazen<strong>da</strong> SantaCarlota (SP)59. Vale do Rio do Peixe (SP)60. Poços de Cal<strong>da</strong>s (MG, SP)61. Serra <strong>da</strong> Mantiqueira (SP,MG)62. Pontal do Paranapanema /Morro do Diabo (SP)63. Gália / Garça (SP)64. Mosquito (SP)65. Barreiro Rico / LençóisPaulistas (SP)66. Itanhaém / Itaguaí (SP, RJ)67. Peruíbe / Guaraqueçaba eIntervales (SP, PR)68. Parque Nacional do Iguaçu(PR)69. Joinville (SC)70. Chapecó / Terra IndígenaXapecó (SC)71. Tabuleiro / Parque NacionalSão Joaquim / Ilha de SantaCatarina (SC)72. Plánície Costeira de SantaCatarina (SC)73. Parque Estadual do Turvo(RS)74. Alto Uruguai (RS)75. Estação Ecológica deAracuri (RS)76. Campos de Planalto (RS)37. Parque Estadual do77. A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra / CanelaIbitipoca e Entorno (MG)38. Camanducaia (MG)39. Reserva Biológica CórregoGrande (ES)40. Reserva Biológica Córregodo Veado (ES)41. Parque Estadual de Itaúnas(ES)42. Floresta Nacional do Rio Preto(ES)43. Água Doce do Norte (ES)/ São Francisco de Paula (RS)78. Depressão Central (RS)79. Coxilha <strong>da</strong>s Lombas (RS)80. Região <strong>da</strong> Campanha Gaú-cha (RS)81. Parque Nacional <strong>da</strong> Lagoado Peixe (RS)82. Planície Costeria (RS)83. Estação Ecológica do Taim(RS)84. Serra <strong>da</strong> Bodoquena (MS).A Mata Atlântica possui uma <strong>da</strong>s mais eleva<strong>da</strong>s riquezasde aves do planeta, que soma<strong>da</strong> às espécies de CamposSulinos atingem o total de 1.050 espécies. O número deespécies endêmicas é bastante expressivo; considerandoos dois biomas chega a duzentas. Outra informação quenorteou o trabalho do grupo temático de aves foi o númerode espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção: 104 <strong>para</strong> a MataAtlântica e dez <strong>para</strong> Campos Sulinos.Os critérios adotados <strong>para</strong> a indicação de áreasprioritárias foram, num primeiro momento, a representativi<strong>da</strong>dedos inventários existentes e a presença de espéciesendêmicas. Numa segun<strong>da</strong> etapa, considerou-se tambéma riqueza de espécies em geral, os graus de conservaçãoe de ameaça <strong>para</strong> o estabelecimento <strong>da</strong> ordem final depriori<strong>da</strong>des. Essas análises permitiram a indicação de 187áreas prioritárias <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong> avifauna dosbiomas Mata Atlântica e Campos Sulinos (Figura 4).Entre as 187 áreas, 42 foram aponta<strong>da</strong>s de extrema importânciabiológica, grau mais alto de priori<strong>da</strong>de de conservação.Essas áreas reúnem conjunto bastante heterogêneo,e algumas delas correspondem a uni<strong>da</strong>des de conservaçãoexistentes; outras contemplam regiões onde a recomen<strong>da</strong>çãoespecífica demonstra a necessi<strong>da</strong>de e propõe acriação de uni<strong>da</strong>de de conservação, e outras onde a reali<strong>da</strong>delocal sugere diversas medi<strong>da</strong>s, como a implantaçãode zonas-tampão e corredores de vegetação nativa, áreasde recuperação e manejo. Merece destaque a área deMurici, AL, locali<strong>da</strong>de de ocorrência de duas espécies(Philydor novaesi - limpa-folha-do-nordeste e Myrmotherula snowi- choquinha-de-alagoas) descobertas em 1979 e populaçõesde outras 11 globalmente ameaça<strong>da</strong>s. Houve indicação dealgumas áreas no Estado <strong>da</strong> Bahia, o qual, em termos deornitologia, é, possivelmente, o mais complexo e diversificadodos estados brasileiros extra-amazônicos, com trêsespécies (abrigando um novo gênero inclusive) há poucodescritas <strong>da</strong> região montanhosa e cacaueira do centro-suldo estado. A área <strong>da</strong> Mata Atlântica de maior conhecimento,quanto à informação ornitológica, situa-se entre oEstado de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Essas áreaspossuem alta diversi<strong>da</strong>de biológica e sofrem constantespressões antrópicas, como a especulação imobiliária e aocupação irregular <strong>da</strong> terra. Entre as nove áreas indica<strong>da</strong>s<strong>para</strong> Campos Sulinos, duas foram considera<strong>da</strong>s no maisalto nível de priori<strong>da</strong>de: o planalto <strong>da</strong>s Araucárias e ovale de Camaquã, por serem áreas de invernagem e reproduçãode Amazona pretrei (charão), respectivamente.A avifauna é um dos grupos mais bem conhecidos noBrasil e a maioria <strong>da</strong>s espécies ocorrentes possui a distribuiçãogeográfica já delinea<strong>da</strong> de forma razoável. Entretanto,um melhor detalhamento ain<strong>da</strong> se faz necessário, o que levoua indicação de quarenta áreas como insuficientementeconheci<strong>da</strong>s mas de provável importância biológica.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 13aves
Áreas Prioritárias - Aves:Charão, Amazona petrei - Zig Koch1. Delta do Parnaíba (MA)2. Foz do Ubatuba (PI)3. Parque Nacional de Sete Ci<strong>da</strong>des (PI)4. Camocim / Jericoacoara (CE)5. Foz do Acarau (CE)6. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)7. Uruburetama (CE)8. Foz do Ceará (CE)9. Serra de Maranguape / Aratanha (CE)10. Chapa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ibiapaba (CE)11. Serra de Baturité (CE)12. Baixo do Jaguaribe (CE)13. Mora<strong>da</strong> Nova (CE)14. Quixadá (CE)15. Estação Ecológica Aiuaba (CE)16. Chapa<strong>da</strong> do Araripe(CE)17. Mata <strong>da</strong> Estrela (RN)18. Complexo de Mamanguape (PB)19. Mata do Buraquinho (PB)20. Usina Santa Rita (PB)21. Pau Ferro (PB)22. Jacuípe / Pacatuba (PB)23. Mata do Além (PB)24. Açude dos Reis / Cafundó (PB)25. Abiaí (PB)26. Goiana - Mangue / Goiana - Mata (PE)27. Timbaúba (Engenho Água Azul) (PE)28. Itamaracá (PE)29. Caetés (PE)30. Brejo de Taquaritinga (PE)31. Tapacurá (PE)32. Mata dos Dois Irmãos (PE)33. Serra Negra / Bezerros (PE)34. Manaçu (PE)35. Brejo <strong>da</strong> Madre de Deus (PE)36. Brejo dos Cavalos (PE)37. Camaçari (PE)38. Complexo Gurjaú (PE)39. Sirinhaém (PE)40. Serra Negra / Floresta (PE)41. Barreiros (PE)42. Complexo Catende (PE)43. Saltinho (PE)44. Garanhuns (PE)45. Quipapá / Água Preta (PE)46. Bom Conselho (PE)47. Novo Lino (AL)48. Murici (AL)49. Quebrângulo (AL)50. Camaragibe (AL)51. Água Branca (AL)52. Foz do Meirim / Prataji (AL)53. Catolé (AL)54. Lagoa Jequiá / Lagoa Escura (AL)55. Fazen<strong>da</strong> Matão (AL)56. Piaçabuçu (AL)57. Reserva do Pirambu / Ponta dos Mangues(SE)58. Serra de Itabaiana e Matas de AreiaBranca (SE)59. Região Metropolitana de Aracaju e SantoAmaro <strong>da</strong>s Brotas (SE)60. Mata do Crasto / Restingas de Itaporangae Estância (SE)61. Fragmentos entre Avelino Lopes e Corrente(BA, PI)62. Matas de Conde e Jan<strong>da</strong>íra (BA)63. Santa Maria <strong>da</strong> Vitória (BA)64. Santo Amaro (BA)65. Chapa<strong>da</strong> Diamantina (BA)66. Fragmentos entre Macaúbas e Palmasde Monte Alto (BA)67. Marau / Camamu (BA)68. Parque Estadual Wenceslau Guimarães(BA)69. Jequié (BA)70. Boa Nova (BA)71. Parque Estadual do Conduru (BA)72. Una (BA)73. Reseva Gregório Bon<strong>da</strong>r (BA)74. Porto Seguro (BA)75. Cabruca de Pindorama (BA)76. Parque Nacional do Pau Brasil (BA)77. Itamaraju (BA)78. Parque Nacional de Monte Pascoal (BA)79. Parque Nacional do Descobrimento (BA)80. Helvécia (Rio Peruíbe) (BA)81. Fazen<strong>da</strong> Lagoinha (BA)82. Rio Mucuri (BA)83. Vale do Rio Peruaçu (MG)84. Divisópolis / Almenara (MG)85. Leste <strong>da</strong> Serra do Espinhaço (MG)86. Norte do Triângulo Mineiro (MG)87. Caraça / Ouro Preto (MG)88. Parque Estadual do Rio Doce (MG)89. Remanescentes de Brás Pires e Viçosa(MG)90. Serra do Brigadeiro (MG)91. Floresta Nacional do Rio Preto (ES)92. Reserva Biológica Córrego do Veado(ES)93. Reserva Biológica de Sooretama e Reserva<strong>da</strong> Companhia Vale do Rio Doce -Linhares (ES)94. Santa Teresa (ES)95. Fazen<strong>da</strong> Pindobas IV (ES)96. Encostas <strong>da</strong> Região de Domingos Martins(ES)97. Parque Nacional do Ca<strong>para</strong>ó (ES, MG)98. Pedra Azul e Adjacências (ES)99. Parque Estadual Paulo César Vinha (ES)100. Cafundó / Bananal do Norte (ES)101. Serra <strong>da</strong>s Cangalhas / Fazen<strong>da</strong> do Castelo(ES)102. Usina Paineiras (ES)103. Serra <strong>da</strong>s Torres (ES)104. Fragmentos de Itaperuna (RJ)105. Foz do Rio Itaboana e Praia <strong>da</strong>s Neves(ES, RJ)106. Mata do Carvão (RJ)107. Parque Estadual do Desengano (RJ)108. Parque Nacional do Itatiaia (RJ, MG)109. Parque Nacional de Jurubatiba (RJ)110. Reserva Biológica União (RJ)111. Serra dos Órgãos e Adjacências (RJ)112. Morro de São João (RJ)113. Reserva Biológica Tinguá (RJ)114. Poço <strong>da</strong>s Antas (RJ)115. Ilha de Cabo Frio (RJ)116. Parque Estadual Pedra Branca / Tijuca(RJ)117. Restinga de Maricá (RJ)118. Restinga de Marambaia (RJ)119. Parque Estadual <strong>da</strong> Ilha Grande (RJ)120. Mata do Limoeiro (SP)121. Paulo de Faria (SP)122. Pedregulho / Buritizal (SP)123. Suzanópolis / Fazen<strong>da</strong> Tapira e Fazen<strong>da</strong>Brasil (SP)124. Nova Grana<strong>da</strong> (Fazen<strong>da</strong> São João) (SP)125. Mata Chica e Região (SP)126. Matas <strong>da</strong> Região de Barretos (SP)127. Mata de Santo Antônio do Aracanguá(SP)128. Fazen<strong>da</strong> Anhangaí (SP)129. Fragmentos de Franca a Poços de Cal<strong>da</strong>s(SP, MG)130. Novo Horizonte / Sabino (SP)131. Baixo Rio Aguapeí (SP)132. Área de Matão (SP)133. Lençóis Paulista (SP)134. Bor<strong>da</strong> do Planalto – Área de ProteçãoAmbiental de Corumbataí (SP)135. Morro do Diabo / Pontal doParanapanema (SP)136. Caetetus e Fragmentos (SP)137. Mata do Mosquito (SP)138. Campos do Jordão e Serra <strong>da</strong>Mantiqueira (SP)139. Barreiro Rico (SP)140. Serra <strong>da</strong> Bocaina e Adjacências (SP,RJ)141. Fazen<strong>da</strong> Domiciana (SP)142. Caraguatatuba até Picinguaba (SP)143. Serra <strong>da</strong> Cantareira / Jaraguá / ParqueEstadual Alberto Loefgren (SP)144. Floresta Nacional Ipanema (SP)145. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Mar (partecentral incluindo Ilha de São Sebastião) (SP)146. Mangues de Santos / Bertioga (SP)147. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Mar (SP)148. Alto do Ribeira / Intervales / CarlosBotelho (SP)149. Ilha Compri<strong>da</strong> / Juréia (SP)150. Foz do Paranapanema / Ivaí (PR)151. Mata de São Francisco (PR)152. Parque Estadual Mata do Godoy (PR)153. Cianorte (PR)154. Parque Estadual de Vila Rica (PR)155. Médio Rio Tibagi (PR)156. Itapirapuã / Jaguariaíva (PR, SP)157. Lauráceas (Alto do Ribeira) (PR)158. Nascentes do Rio Piquiri (PR)159. Guaraqueçaba / Jacupiranga / Cananéia(PR,SP)160. Campos de Ponta Grossa (PR)161. Parque Nacional do Iguaçu (PR)162. Região Metropolitana de Curitiba (PR)163. Várzeas do Rio Iguaçu (PR)164. Acrescido de Marinha em Pontal doParaná (PR)165. APA – Guaratuba (PR)166. Serra <strong>da</strong> Prata / Lagoa do Parado (PR)167. Campos <strong>da</strong> Lapa (PR)168. Nascentes do Rio Chopim (PR)169. Fundo <strong>da</strong> Baia <strong>da</strong> Babitonga (SC)170. Baixo Vale do Itajaí (SC)171. São Cristovão do Sul (SC)172. Ilha de Santa Catarina (SC)173. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Tabuleiro(SC)174. Parque Estadual do Turvo (RS)175. Parque Estadual de Nonoaí (RS)176. Planalto <strong>da</strong> Araucárias (RS, SC)177. Campos de São Borja (RS)178. Maciço Florestal de A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra(RS)179. Mata do Faxinal e Remanescentes Adjacentesde Floresta Costeira (RS)180. Escarpa Meridional <strong>da</strong> Serra Geral (RS)181. Parque Espinilho (RS)182. Vale do Camaquã (RS)183. Lagoa do Peixe e Áreas Úmi<strong>da</strong>s Adjacentes(RS)184. Campos de Bagé e Candiota (RS)185. Banhados e Marismas entre a LagoaMangueira e o Estuário <strong>da</strong> Laguna dos Patos(RS)186. Bodoquena (MS)187. Parque Nacional de Ilha Grande e Áreasdo Entorno (PR, MS).avesAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 14
Figura 4 - Mapa de áreas prioritárias <strong>para</strong> aconservação de aves na Mata Atlântica eCampos SulinosAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 15aves
Peixes○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○Os ecossistemas aquáticos <strong>da</strong>Mata Atlântica brasileira possuemfauna de peixes rica e varia<strong>da</strong>, associa<strong>da</strong>,de forma íntima, à floresta quelhe proporciona proteção e alimento.O traço marcante dessa fauna éseu grau de endemismo, resultantedo processo de evolução histórica<strong>da</strong>s espécies em área geomorfologicamente isola<strong>da</strong><strong>da</strong>s demais bacias hidrográficas brasileiras. Osecossistemas aquáticos de Campos Sulinos fazemparte de grandes drenagens que atravessam varia<strong>da</strong>sformações vegetais, inclusive de Mata Atlântica. Asprincipais são: parte <strong>da</strong> bacia do rio Paranapanema,SP, rio Ribeira, PR, alto rio Iguaçu (incluindo seusafluentes no Paraná e Santa Catarina), alto rio Uruguai(com seus afluentes formadores em SantaCatarina e Rio Grande do Sul) e afluentes que desembocamnas bacias dos rios Jacuí e Guaíba, RS.Assim, a ictiofauna dos ecossistemas aquáticos dobioma Campos Sulinos é bastante heterogênea, poiscompreende elementos de drenagens distintas quantoà geomorfologia (alto Paraná, alto Iguaçu, alto Uruguaipor exemplo), que se mantiveram historicamenteisola<strong>da</strong>s de outras bacias hidrográficas.A indicação de áreas prioritárias <strong>para</strong> peixes foi feitadentro de grandes ecorregiões aquáticas, considera<strong>da</strong>suni<strong>da</strong>des biogeográficas básicas, agregando comuni<strong>da</strong>desque têm em comum a maioria <strong>da</strong>s espécies, amesma dinâmica e condições ambientais idênticas. Assim,dentro dos biomas Mata Atlântica e CamposSulinos foram defini<strong>da</strong>s e delinea<strong>da</strong>s 22 ecorregiões principais,e concluiu-se que, idealmente seria importanteindicar pelo menos uma área prioritária em ca<strong>da</strong>ecorregião (Figura 5).Com base na aplicação dos elementos de diagnósticose de recomen<strong>da</strong>ções dos <strong>da</strong>dos oriundos <strong>da</strong> compilaçãopreliminar e do conhecimento individual dosparticipantes do grupo, foram indica<strong>da</strong>s 29 áreasprioritárias na Mata Atlântica, cinco nos Campos Sulinos,e uma parcialmente incluí<strong>da</strong> nos dois biomas (Figura 6).Na Mata Atlântica, 23 áreas foram enquadra<strong>da</strong>s emuma <strong>da</strong>s categorias de importância biológica, e seis áreasdiagnostica<strong>da</strong>s como insuficientemente conheci<strong>da</strong>s.A área com taxa mais eleva<strong>da</strong> de endemismo nesseMata Atlântica - Haroldo Palo Jr.bioma é a dos riachos litorâneos do Estado do Riode Janeiro. Um exemplo é a área prioritária Bacia dorio São João, que possui como hábitats mais representativosos rios de baixa<strong>da</strong> e riachos de encosta, sendoconsidera<strong>da</strong> de extrema importância biológica em conseqüência<strong>da</strong> altíssima diversi<strong>da</strong>de, elevado grau deendemismo e presença de comuni<strong>da</strong>des especiais.Nos Campos Sulinos, três áreas foramdiagnostica<strong>da</strong>s de muito alta importância biológica.Somente a região <strong>da</strong>s cabeceiras do rio Iguaçu foiindica<strong>da</strong> como de extrema importância. Essa áreaprioritária possui elevados índices de diversi<strong>da</strong>de,endemismo, além de número bastante representativode espécies raras e ameaça<strong>da</strong>s e comuni<strong>da</strong>des especiais.Esses <strong>da</strong>dos biológicos, aliados à grande fragili<strong>da</strong>dedo ecossistema e ao grau de ameaça existente, justificama indicação dessa área como de alta priori<strong>da</strong>de<strong>para</strong> conservação. As cabeceiras do rio Paranapanema,parcialmente incluí<strong>da</strong>s tanto na Mata Atlântica comonos Campos Sulinos, foram diagnostica<strong>da</strong>s comoprioritárias <strong>para</strong> inventário <strong>da</strong> ictiofauna.Vale ressaltar que <strong>da</strong>s 35 áreas prioritárias indica<strong>da</strong>s,oito foram considera<strong>da</strong>s insuficientemente conheci<strong>da</strong>s,mas de provável importância biológica. Mesmo nasáreas designa<strong>da</strong>s <strong>para</strong> outras categorias, o conhecimentoain<strong>da</strong> é incipiente, sobretudo nas regiões de cabeceirasde rios e riachos, onde é elevado o grau deendemismo. Fica portanto evidenciado que, além <strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s de proteção, são necessárias medi<strong>da</strong>s urgentesde apoio e incentivo a projetos de inventário e estudosde taxonomia e sistemática. A situação é ain<strong>da</strong> maispreocupante pois algumas dessas áreas são alvo de projetosde construção de reservatórios e usinas hidréletricas,mineração, ativi<strong>da</strong>des agrícolas e outros tipos de degra<strong>da</strong>çãoambiental, e é possível que muitas espéciestenham deixado de existir antes mesmo de se tornaremconheci<strong>da</strong>s.peixesAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 16
Figura 5 – Mapa de ecorregiões de águadoce como uni<strong>da</strong>des biogeográficas <strong>para</strong>reconhecimento e indicação de áreasprioritárias <strong>para</strong> conservação de peixes.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 17peixes
Figura 6 - Mapa de ÁreasPrioritárias <strong>para</strong> a conservação depeixes na Mata Atlântica eCampos SulinospeixesÁreas Prioritárias - Peixes1. Bacia do Rio Mamanguape (PB, RN)2. Brejos de Altitude do Rio Natuba (PB)3. Brejos de Altitude do Rio Ipojuca (PE)4. Várzeas do Rio São Francisco (AL, SE)5. Bacia do Rio Itapicuru (BA)6. Bacia do Rio Paraguaçu (BA)7. Bacia do Rio de Contas (BA)8. Bacia do Rio Una (BA)9. Bacia do Rio Pardo (BA)10. Bacia do Rio João de Tiba (BA)11. Bacia do Rio Peruaçu (MG)12. Bacia do Rio Jequitinhonha (BA, MG)13. Bacia do Rio Mucuri (BA, MG)14. Alto Rio Santo Antônio (MG)15. Lagos do Médio Rio Doce (MG)16. Cabeceiras dos Rios Pará e Paraopebas(MG)17. Calha do Alto Rio Grande entre Represasde Furnas e Itutinga (MG)18. Bacia do Rio Itapemirim (ES, MG)19. Bacia do Rio São João (RJ)20. Parque Nacional <strong>da</strong> Tijuca (RJ)21. Rio Parati - Mirim (RJ)22. Bacia do Rio Paraíba do Sul (SP, RJ)23. Cabeceiras do Rio Tietê (SP)24. Cabeceiras do Rio Paranapanema (PR)25. Alto Rio Ribeira (PR, SP)26. Bacia do Rio Nhundiaquara (PR)27. Cabeceiras do Rio Iguaçu (PR)28. Bacia do Rio Itajaí (SC)29. Cabeceiras do Rio Uruguai (Bacias dosRios Pelotas e Canoas) (RS, SC)30. Alto Rio <strong>da</strong>s Antas (RS)31. Cabeceiras do Rio Mampituba (RS, SC)32. Cabeceiras dos Afluentes <strong>da</strong> MargemDireita do Rio Ibicuí (RS)33. Bacia do Rio Maquiné (RS)34. Alto Rio Quaraí (RS)35. Várzea do Rio Paraná (MS, PR)AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 18
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Répteis e AnfíbiosA Mata Atlântica concentra340 espécies de anfíbios, o quecorresponde a cerca de 65% <strong>da</strong>s espéciesbrasileiras conheci<strong>da</strong>s. Maisde oitenta espécies de anfíbiosanuros (sapos, rãs e pererecas) sãoendêmicas, podendo incluir famíliasinteiras, como é o caso dos sapos<strong>da</strong> família Brachycephali<strong>da</strong>e.No caso dos répteis, há 470 espéciesno Brasil: 197 representa<strong>da</strong>s naMata Atlântica, o que equivale a42% de to<strong>da</strong>s as espécies conheci<strong>da</strong>sno país.Como resultado do trabalho dogrupo temático foram designa<strong>da</strong>s101 áreas, de tamanhos variáveis,prioritárias <strong>para</strong> a conservação derépteis e anfíbios na Mata Atlânticae Campos Sulinos (Figura 7).A definição de áreas prioritárias<strong>para</strong> o grupo de anfíbios fun<strong>da</strong>mentou-sena dependência de ambientesúmidos e pela baixa capaci<strong>da</strong>dede deslocamento, o que explica aocorrência de espécies endêmicas,principalmente em ambientes dealtitude ou com barreiras geográficas.Ambientes montanhosos e acidentadospropiciam barreiras à dispersãode diversos grupos filogenéticosde anuros, ocasionandoespeciação em topos de montanhas.O levantamento anurofaunísticonesse tipo de ambientetem demonstrado a existênciade diversas espécies novas,raras e endêmicas. Portanto,<strong>para</strong> os anfíbios é necessáriomaior empenho na proteçãode regiões como, por exemplo,as matas <strong>da</strong> serra do Mar,serra <strong>da</strong> Mantiqueira, serra Geral,brejos de altitude do Nordeste,bem como a MataAtlântica úmi<strong>da</strong> de baixa<strong>da</strong>.Grande parte <strong>da</strong> fauna derépteis é de ampla distribuiçãogeográfica, ocorrendo emoutras formações, como naAmazônia, Cerrado e mesmoLagarto, Enyalius iheringii - Célio Had<strong>da</strong>dna Caatinga. No entanto, são conheci<strong>da</strong>svárias espécies endêmicas derépteis <strong>da</strong> Mata Atlântica, comoHydromedusa maximiliani (cágado) eCaiman latirostris (jacaré-do-papo-amarelo),e aquelas ameaça<strong>da</strong>s pela ocupaçãoantrópica, como a Liolaemuslutzae (lagartixa-<strong>da</strong>-areia) e asubespécie <strong>da</strong> serpente surucucu(Lachesis muta rhombeata). Assim, além<strong>da</strong>s florestas úmi<strong>da</strong>s, é prioritária tambéma preservação de florestas maissecas ou sazonais, bem como deáreas abertas como Campos Sulinos.Analisando as diferentes regiõesdo Brasil inseri<strong>da</strong>s no bioma <strong>da</strong>Mata Atlântica, verifica-se que osbrejos nordestinos estão entre osambientes menos estu<strong>da</strong>dos. Asmatas mais costeiras do Nordeste,proporcionalmente mais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s,são, porém, ain<strong>da</strong> pouco conheci<strong>da</strong>s.Ambas as formações apresentamelevado grau de endemismo<strong>para</strong> répteis e anfíbios, e estão muitopressiona<strong>da</strong>s por ação antrópica.Particularmente ricas em espéciese com elevado grau de endemismosão as matas do sul <strong>da</strong> Bahia e nortedo Espírito Santo. Os remanescentesdessa região continuam asofrer forte pressão antrópica. Áreasflorestais dos Estados de MinasGerais, Paraná, Santa Catarina eRio Grande do Sul foram proporcionalmentemais estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s queaquelas do Nordeste, sendo que asflorestas do Sul do Brasil tendem aapresentar menor riqueza de espéciesem relação às florestas tropicaismais ao Norte, com exceçãode certas áreas, como São Bento doSul, SC, com eleva<strong>da</strong> riqueza eendemismos. Também as matas dosul do Espírito Santo, Rio de Janeiroe São Paulo têm alta riquezade espécies e endemismo; são melhorconheci<strong>da</strong>s, porém ain<strong>da</strong> carentesde estudos, visto que novasespécies são descritas todos os anos.Para os Campos Sulinos, emborapouco estu<strong>da</strong>dos, são indica<strong>da</strong>sáreas prioritárias que representama fauna de anfíbios e répteis típicasdesse tipo de formação: o ParqueEstadual do Espinilho, as savanas<strong>da</strong> região de Alegrete; restingas,campos e banhados <strong>da</strong> região de Tapes,Arambaré, Santa Rita do Sul,Pacheca e São Lourenço do Sul;restingas e banhados do Taim e Cassino;restingas e lagoas costeiras domunicípio de Torres até o de RioGrande.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 19répteis e anfíbios
Áreas Prioritárias - Répteis e Anfíbios1. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)2. Serra Uruburetama (CE)3. Região Metropolitana de Fortaleza (CE)4. Chapa<strong>da</strong> do Ibiapaba (CE)5. Serra de Maranguape e Aratanha (CE)6. Serra do Baturité (CE)7. Serra do Estevão (CE)8. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE)9. Litoral Sul do Rio Grande do Norte (RN)10. Serra de São Miguel (RN)11. João Pessoa / Mamanguape (PB)12. Pau Ferro (Borborema) (PB)13. Pico do Jabre (PB)14. Litoral Norte de Pernambuco (PE)15. Brejo de Triunfo (PB, PE)16. Brejo dos Cavalos (PE)17. Brejo de Madre de Deus (PE)18. Serra Negra (PE)19. Murici (AL)20. Quebrângulo / Bom Conselho (AL, PE)21. Passo de Camaragibe (AL)22. Penedo (AL)23. Região Metropolitana de Aracaju (SE)24. Rio Real / Abais (SE)25. Região <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong> Diamantina (BA)26. Baía de Todos os Santos (BA)27. Serra do Ramalho (BA)28. Região de Valença (Camamu) (BA)29. Ilhéus / Itabuna (BA)30. Região de Una (BA)31. Monte Pascoal / Porto Seguro (BA)32. Extremo Sul do Litoral Baiano / Complexo Estuarino deCaravelas (BA)33. Bom Jesus <strong>da</strong> Lapa / Jaiba (BA, MG)34. Região de Almenara (MG)35. Serra dos Aimorés (MG)36. Região de Teófilo Otoni (MG)37. Região do Alto Rio Doce (MG)38. Região de Caratinga (MG)39. Complexo Belo Horizonte / Caraça / Itacolomi (MG)40. Serra do Brigadeiro (MG)41. Serra do Ibitipoca (MG)42. Região de Poços de Cal<strong>da</strong>s (MG)43. Córrego do Veado / Rio Preto / Itaúnas (ES)44. Sooretama/Rio Doce (ES)45. Região de Santa Teresa (ES)46. Duas Bocas (ES)47. Região de Ca<strong>para</strong>ó (ES, MG)48. Região de Domingos Martins (ES)49. Restingas de Setiba (ES)50. Região de Desengano (RJ)51. Região de Carapebus (RJ)52. Região <strong>da</strong> Serra do Órgãos (RJ)53. Tinguá (RJ)54. Restingas de Maricá, Araruama e Cabo Frio (RJ)55. Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RJ)56. Região <strong>da</strong> Bocaina e Paraty (RJ)57. Ilha Grande (RJ)58. Parque Catetus (SP)59. Complexo <strong>da</strong> Mantiqueira (RJ, SP, MG)60. Parque Estadual Morro do Diabo (SP)61. Região de Botucatu (SP)62. Serra do Japi (SP)63. Paranapiacaba / Boraceia (SP)64. Morro Grande (SP)65. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Mar (SP)66. Ilha de São Sebastião (SP)67. Ilha de Alcatrazes (SP)68. Parques Estaduais: PETAR, Intervales e Carlos Botelho (SP)69. Ilha <strong>da</strong> Queima<strong>da</strong> Grande (SP)70. Parque Estadual de Jacupiranga (SP)71. Terço Final do Rio Tibagi (PR)72. Parque Nacional de Ilha Grande até a Foz do Rio Ivaí (PR)73. Bacia do Rio Ivaí (PR)74. Turvo / Bacia do Ivaí / Nascentes (PR)75. Parque Estadual Lauráceas (PR)76. Guaraqueçaba / Iguape / Jórgia (PR, SP)77. Campos Gerais (Parque Estadual Vila Velha, Palmeira) (PR)78. Parque Nacional do Iguaçu (PR)79. Mananciais <strong>da</strong> Serra (Vertente Ocidental <strong>da</strong> Serra do Mar)(PR)80. Rio Guarani (PR)81. Rio Jordão (PR)82. Litoral Sul do Paraná / Serra do Mar (PR)83. Várzeas de Tijuca do Sul (PR)84. Nascentes do Rio Chopim (Campos de Palmas, Matas doSul do Paraná) (SC, PR)85. Serra do Mar Santa Catarina (SC)86. Vale do Itajaí / Vale do Rio Tijucas (SC)87. Ilhas de Santa Catarina (SC)88. Serra <strong>da</strong> Boa Vista (SC)89. Serra do Tabuleiro (SC)90. Parque Nacional de São Joaquim (SC)91. Região do Parque do Turvo (RS)92. Parque Florestal de Nonoai (RS)93. Parque Espigão Alto (RS)94. Encosta e Canions <strong>da</strong> Serra Geral (RS, SC)95. Planalto Central do Rio Grande do Sul (RS)96. Parque de Ibirapuitã (RS)97. Planície Costeira do Sul do Brasil (RS,SC)98. Serra do Sudeste (RS)99. Litoral Interno <strong>da</strong>s Lagunas dos Patos (RS)100. Banhados do Taim (RS)101. Serra <strong>da</strong> Bodoquena (MS).répteis e anfíbiosPerereca, Brachycephalus ephippium - Célio Had<strong>da</strong>dAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 20
Figura 7 - Mapa de áreas prioritárias <strong>para</strong> aconservação de répteis e anfíbios na MataAtlântica e Campos SulinosAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 21répteis e anfíbios
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○InvertebradosA grande maioria <strong>da</strong>s coleçõesde invertebrados não está cataloga<strong>da</strong>nem informatiza<strong>da</strong>; isso se devea razões históricas, ao tamanho dosacervos, ao grau ain<strong>da</strong> insatisfatóriode conhecimento sobre muitos grupose à carência de pessoal e equipamento.Os trabalhos de priorização deáreas <strong>para</strong> conservação do grupoinvertebrados baseou-se na distribuiçãode espécies de formigas, opiliões,aranhas e borboletas. Esses gruposforam selecionados por incluíremespécies importantes no manejo deecossistemas (pragas agrícolas, <strong>para</strong>sitasou pre<strong>da</strong>dores de outras pragas),animais peçonhentos ou venenososou bons indicadores de impactoambiental. Além disso, os organismosescolhidos representamdiversas categorias tróficas e podem,em conjunto, oferecer subsídios interessantes<strong>para</strong> a análise pretendi<strong>da</strong>.As análises realiza<strong>da</strong>s permitirama identificação de áreas de similari<strong>da</strong>defaunística, as quais pudessemgerar hipóteses sobre a divisão <strong>da</strong>Mata Atlântica em oito sub-regiões,representando a porção sul-sudestedo bioma: 1. Capixaba-sul; 2. Serrado Mar; 3. Catarinense; 4. Leste deMinas; 5 Mantiqueira; 6. Sul paulista;7. Planalto meridional; e 8.Bodoquena. Para o Nordeste, foramanalisa<strong>da</strong>s também as priori<strong>da</strong>desestabeleci<strong>da</strong>s no workshop sobre aMata Atlântica dessa região, realizadoem 1993, com o objetivo de aprimorardecisões estabeleci<strong>da</strong>s naqueleevento mediante incorporação denovos conhecimentos.Dentro <strong>da</strong>s sub-regiões, foramdefini<strong>da</strong>s as áreas de importância biológica,levando em consideração aexistência de remanescentes de vegetação,levantamentos <strong>da</strong>entomofauna existentes e grau deconservação. Indicou-se 146 áreasprioritárias <strong>para</strong> a conservação deinvertebrados na Mata Atlântica eCampos Sulinos: 60 de extrema importânciabiológica, 24 de muito altaimportância biológica, 23 de altaimportância biológica e 39 áreas insuficientementeconheci<strong>da</strong>s mas deprovável importância biológica (Figura8).Devido ao conhecimento escassodos invertebrados desses biomas,torna-se necessário um esforço conjunto<strong>para</strong> inventariar áreas remanescentes,avaliar a possibili<strong>da</strong>de de proteçãoe manejo, e fun<strong>da</strong>mentar aconservação efetiva <strong>da</strong>quelas demaior valor biológico.invertebradosBorboleta, Morpho sp. -Russell MittermeierAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 22
Figura 8 - Mapa de áreas prioritárias<strong>para</strong> a conservação de invertebradosna Mata Atlântica e Campos SulinosAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 23invertebrados
invertebradosÁreas Prioritárias - Invertebrados1. Delta do Parnaíba (PI, MA)2. Foz do Ubatuba (PI)3. Parque Nacional de Sete Ci<strong>da</strong>des (PI)4. Rio Grande do Piauí (PI)5. Avelino Lopes / Encosta <strong>da</strong> Serra do Bom Jesusdo Gurguéia (PI, BA)6. Camocim / Jericoacoara (CE)7. Foz do Acarau (CE)8. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)9. Uruburetama (CE)10. Foz do Ceará (CE)11. Serra de Maranguape / Aratanha (CE)12. Chapa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ibiapaba (CE)13. Serra de Baturité (CE)14. Baixo do Jaguaribe (CE)15. Mora<strong>da</strong> Nova (CE)16. Quixadá (CE)17. Estação Ecológica Aiuaba (CE)18. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE)19. Litoral do Rio Grande do Norte (RN)20. Serra de São Miguel (RN)21. Mata <strong>da</strong> Estrela (RN)22. Grupiúna / Mata <strong>da</strong>s Pratas (PB)23. Mata do Buraquinho (PB)24. Usina Santa Rita (PB)25. Pau Ferro (PB)26. Jacuípe / Pacatuba (PB)27. Mata do Além (PB)28. Açude dos Reis / Cafundó (PB)29. Pico do Jabre (PB)30. Abiaí (PB)31. Timbaúba (Engenho Água Azul) (PE)32. Goiana - Mangue (PE)33. Goiana - Mata (PE)34. Água Azul (PB, PE)35. Itamaracá (PE)36. Brejo de Triunfo (PE)37. Caetés (PE)38. Brejo de Taquaritinga (PE)39. Tapacurá (PE)40. Mata dos Dois Irmãos (PE)41. Serra Negra - Bezerros (PE)42. Manaçu (PE)43. Brejo Madre de Deus / Pesqueira (PE)44. Brejo dos Cavalos (PE)45. Camaçari (PE)46. Complexo Gurjaú (PE)47. Sirinhaém (PE)48. Serra Negra - Floresta (PE)49. Barreiros (PE)50. Complexo Catende (PE)51. Saltinho (PE)52. Garanhuns (PE)53. Serra Talha<strong>da</strong> (PE)54. Bom Conselho (PE)55. Quipapá / Água Preta (AL, PE)56. Novo Lino (AL)57. Murici (AL)58. Quebrângulo (AL, PE)59. Camaragibe (AL)60. Água Branca (AL)61. Foz do Meirim / Prataji (AL)62. Catolé (AL)63. Lagoa Jequiá / Lagoa Escura (AL)64. São Miguel dos Campos (AL)65. Piaçabuçu (AL)66. Trancoso (BA)67. Crastos / Santa Luzia (SE)68. Restingas ao Norte de Salvador (BA)69. Chapa<strong>da</strong> Diamantina - Contrafortes Leste (BA)70. Recôncavo Baiano e Região Metropolitana deSalvador (BA)71. Ilha de Itaparica (BA)72. Wenceslau Guimarães (BA)73. Jequié (BA)74. Serra do Ramalho (BA)75. Camamú (BA)76. Boa Nova (BA)77. Serra Grande (BA)78. Itajuipe (BA)79. Corredor <strong>da</strong> Área Cacaueira <strong>da</strong> Bahia (BA)80. Una (BA)81. Vitória <strong>da</strong> Conquista (BA)82. Itapetinga (BA)83. Camacã (BA)84. Belmonte / Canavieiras (BA)85. Barrolândia (Reserva Gregório Bon<strong>da</strong>r) (BA)86. Porto Seguro (BA)87. Salto <strong>da</strong> Divisa (BA)88. Guaratinga (BA)89. Parque Nacional de Monte Pascoal (BA)90. Reserva Florestal Bralan<strong>da</strong> (BA)91. Alcobaça (Arcel) (BA)92. Complexo Estuarino de Caravelas (Prado -Mucuri) (BA)93. Medeiros Neto / Itanhem (BA)94. Nova Viçosa (Arcel) (BA)95. Mucuri (Arcel) (BA)96. Remanescentes de Janaúba (MG)97. Rio Mucuri (MG, BA)98. Poços de Cal<strong>da</strong>s (MG)99. Juiz de Fora (MG)100. Corredor do Extremo Sul <strong>da</strong> Bahia / Norte doEspírito Santo (ES, BA)101. Reserva Biológica Córrego Grande (ES)102. Reserva Biológica Córrego do Veado (ES)103. Floresta Nacional do Rio Preto (ES)104. Parque Estadual de Itaúnas / Grotas <strong>da</strong> Arcel (ES)105. Água Doce do Norte (ES)106. Região <strong>da</strong> Barra de São Francisco (ES)107. São Mateus. Grotas (ES)108. Ilha de Guriri (ES)109. Reserva Biológica Sooretama (ES)110. Reserva Florestal de Linhares (ES)111. Lagoa Ju<strong>para</strong>nã (ES)112. Rio Bananal (ES)113. Vale do Rio Pancas (ES)114. Delta do Rio Doce (ES)115. Linhares / Jacupemba (ES)116. Santa Teresa (ES)117. Ca<strong>para</strong>ó e Vale do Itapemirim (ES, MG)118. Miracema (RJ)119. Serra dos Órgãos (RJ)120. Barra de São João (RJ)121. Angra dos Reis / Barra do Piraí / Ilha Grande(RJ)122. Saquarema (RJ)123. Cajuru (SP)124. Morro do Diabo (SP)125. Itatiaia a Campos do Jordão (SP, RJ, MG)126. Serra <strong>da</strong> Bocaina (SP, RJ)127. Serra do Mar - SP (SP)128. Mata do Godoy (PR)129. Vila Velha (PR)130. Parque Nacional do Iguaçu (PR)131. Guarapuava (PR)132. Médio Rio Iguaçu (PR)133. Cananéia a Joinville / Blumenau (SP, PR, SC)134. Monte Castelo / Santa Cecília (SC)135. Palmas (SC, PR)136. Lages (SC)137. Jaraguá do Sul / Alfredo Wagner (SC)138. Turvo (RS)139. Cambará / Vacaria / A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra / SãoJoaquim / São José dos Ausentes (RS, SC)140. Santa Maria / Mata / São Vicente do Sul / SãoPedro do Sul (RS)141. Barra do Quaraí (RS)142. Restinga e encosta dos A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra (RS)143. Banhados do Forte de Santa Tecla (RS)144. Feixe Litorâneo Lagoas dos Patos e Mangueiras(RS)145. Serra <strong>da</strong> Bodoquena (MS)146. Inhandui Guaçu (MS).AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 24
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○FloraMata Atlântica - Haroldo Palo Jr.Considerando a grande diversi<strong>da</strong>de de formaçõesvegetais presentes nos biomas em questão, foram indica<strong>da</strong>s147 áreas prioritárias <strong>para</strong> conservação, sendo 79de extrema importância biológica (Figura 9). Cerca de48% <strong>da</strong>s áreas propostas estão na região Nordeste, principalmentenos Estados <strong>da</strong> Bahia, Ceará, Alagoas ePernambuco, a maioria de extrema importância biológica.De um modo geral, as áreas são de pequena extensão,o que reflete a fragmentação existente na MataAtlântica <strong>da</strong> região, em parte decorrente de causas naturais(formações florestais em meio ao semi-árido como‘brejos’ e ‘encraves’), por outra devido à ocupação humanae seu conseqüente impacto sobre a vegetação.Algumas dessas áreas merecem destaque, como os‘brejos do Nordeste’, tendo em vista o grande potencial<strong>para</strong> ocorrência de endemismos e de espécies ain<strong>da</strong>desconheci<strong>da</strong>s. As áreas de ‘mata seca’ (florestaestacional decidual) localiza<strong>da</strong>s em porções mais interiores<strong>da</strong> região também sobressaem, uma vez que, alémde constituírem áreas de valor biológico, estão sob pressão,por causa <strong>da</strong> extração de madeira, <strong>da</strong> mineração e<strong>da</strong> ampliação de áreas agrícolas. As florestas situa<strong>da</strong>sno sul <strong>da</strong> Bahia e norte do Espírito Santo são formaçõesmuito interessantes, sob o aspecto fitogeográfico,com ocorrência de vários táxons amazônicos em meioa outros tipicamente atlânticos, além <strong>da</strong> presença degrande diversi<strong>da</strong>de de espécies.Na região Sudeste, extensas áreas foram indica<strong>da</strong>scomo prioritárias. Começam no litoral norte do Paranáe acompanham a costa até a divisa dos Estados do Riode Janeiro e Espírito Santo, incluindo algumas <strong>da</strong>s áreasmelhor conserva<strong>da</strong>s de floresta ombrófila densa atlânticado Brasil: trechos <strong>da</strong> conheci<strong>da</strong> serra do Mar, comvárias denominações regionais, e serras mais interiores,onde essa formação constitui amplas áreas de transição(ecótonos), com a floresta estacional semidecidual.Nas porções mais interiores do Estado de São Paulo eem Minas Gerais várias áreas propostas incluem remanescentesmais ou menos extensos de floresta estacionalsemidecidual, representados por fragmentos cujo potencialde conectivi<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> carece de maiores investigações,mas que nem por isso deixam de ser importantescomo bancos <strong>para</strong> conservação in situ degermoplasma de espécies nativas.Embora a região Sudeste concentre um conjuntosubstancial <strong>da</strong>s mais renoma<strong>da</strong>s instituições de pesquisana área ambiental, nela foram plota<strong>da</strong>s a maioria<strong>da</strong>s áreas considera<strong>da</strong>s de provável importância biológicamas insuficientemente conheci<strong>da</strong>s. Grande parte dessasáreas representa justamente remanescentes de florestaestacional semidecidual, sendo, por isso necessário ummaior esforço <strong>para</strong> analisar o efeito <strong>da</strong> fragmentação florestalna composição quali-quantitativa e dinâmica <strong>da</strong> vegetação.Na região Sul do Brasil destaca-se a floresta ombrófilamista, mais conheci<strong>da</strong> como floresta com araucária.Trata-se de vegetação com ocorrência praticamente restritaa essa região, cujo ritmo de desmatamento provocouuma diminuição de sua área de distribuição a menosde 5% <strong>da</strong> superfície originalmente ocupa<strong>da</strong>.A escolha de áreas prioritárias <strong>para</strong> conservação deCampos Sulinos considerou, em especial, a naturezafragmenta<strong>da</strong> <strong>da</strong> área de ocorrência dos campos,acentua<strong>da</strong> pelas ativi<strong>da</strong>des antrópicas, pois existemalguns indícios de variação entre ‘manchas’ de camposcom tamanhos e localização diferentes. Dessaforma, procurou-se abranger as diferentes formaçõesinseri<strong>da</strong>s no bioma.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 25flora
Áreas Prioritárias - Flora1. Delta do Parnaíba (PI, MA)2. Foz do Ubatuba (PI)3. Serra <strong>da</strong> Capivara (PI)4. Camocim / Jericoacoara (CE)5. Foz do Acaraú (CE)6. Serra <strong>da</strong> Meruoca (CE)7. Uruburetama (CE)8. Foz do Ceará (CE)9. Serra de Maranguape (CE)10. Chapa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ibiapaba (CE)11. Serra do Baturité (CE)12. Baixo Jaguaribe (CE)13. Quixadá-Estevão (CE)14. Estação Ecológica Aiuaba (CE)15. Litoral Norte do Rio Grande do Norte (RN)16. Litoral Sul do Rio Grande do Norte (RN)17. Serra de São Miguel (RN)18. Mata <strong>da</strong> Estrela (RN)19. Complexo de Mamanguape (PB)20. Mata do Buraquinho (PB)21. Pau Ferro (PB)22. Jacuípe / Pacatuba (PB)23. Usina Santa Rita / Mata do Além (PB)24. Açude dos Reis / Cafundó (PB)25. Pico do Jabre (PB)26. Timbaúba (PB)27. Abiaí (PB)28. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (PE, CE)29. Vicência / Aliança (PE)30. Brejo do Triunfo (PE, PB)31. Goiana - Mangue / Mata de Dois Irmãos/ Itamaracá (PE)32. Brejo de Taquaritinga (PE)33. Tapacurá (PE)34. Serra Negra / Bezerros (PE)35. Brejo <strong>da</strong> Madre Deus (PE)36. Manaçu / Camaçari (PE)37. Brejo dos Cavalos (PE)38. Serra Negra (PE)39. Complexo Catende (PE)40. Saltinho / Complexo de Gurjaú /Sirinhaém / Barreiros (PE, AL)41. Itaparica (PE)42. Garanhuns (PE)43. Quipapá / Água Preta (AL, PE)44. Novo Lino (AL)45. Murici (AL)46. Bom Conselho (AL, PE)47. Camaragibe (AL)48. Quebrângulo (AL, PE)49. Barra de Santo Antônio / Fazen<strong>da</strong> Matão/ Catolé / Foz do Meirim (AL)50. Lagoa do Jequiá (AL)51. Piaçabuçu (AL)52. Reserva Biológica Santa Isabel / Pirambú/ Ponta dos Mangues (SE)53. Região Metropolitana de Aracajú (SE)54. Serra de Itabaiana (SE)55. Rio Real / Abais (SE)56. Formosa do Rio Preto / Mansidão (BA, PI)57. Barra (BA)58. Miguel Calmon / Jacobina (BA)59. Bonito (BA)60. Área Metropolitana de Salvador / Áreade Proteção Ambiental Litoral Norte <strong>da</strong> Bahiae Matas Circuvizinhas (BA)61. Serra <strong>da</strong> Chapadinha / Lençóis (BA)62. Matas a Oeste <strong>da</strong> Baia de Todos os Santos(BA)63. Matas de Encosta <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong> Diamantina(BA)64. Serra <strong>da</strong> Jibóia (BA)65. Maracás (BA)66. Serra do Ramalho (BA)67. Pico <strong>da</strong>s Almas / Pico do Barbado (BA)68. Wenceslau Guimarães (BA)69. Jequié (BA)70. Boa Nova (BA)71. Itajuipe / Serra Grande (BA)72. Vitória <strong>da</strong> Conquista73. Belmonte / Canavieiras / Una /Camacã / Itapetinga (BA)74. Trancoso / Porto Seguro (BA)75. Salto <strong>da</strong> Divisa (MG, BA)76. Reserva Florestal Bralan<strong>da</strong> (BA)77. Complexo Estuarino de Caravelas(BA)78. Bandeira (MG)79. Teófilo Otoni (MG)80. Rio Vermelho (MG)81. Macedônia (MG)82. Resplendor (MG)83. Rio Doce (MG)84. Caratinga (MG)85. Mata do Sossego (MG)86. Ouro Preto (MG)87. Zona <strong>da</strong> Mata 1 (MG)88. Serra do Brigadeiro (MG)89. Pedra Doura<strong>da</strong> (MG)90. Ibitipoca (MG)91. Andra<strong>da</strong>s (MG)92. Reserva Biológica Córrego Grande(ES, BA)93. Reserva Biológica Córrego do Veado/ Floresta Nacional Rio Preto94. Remanescentes Florestais <strong>da</strong> Baciado Rio São Mateus (ES)95. Remanescente entre Ecoporangae Barra de São Francisco (ES)96. Reserva Biológica de Sooretamae Reserva Florestal <strong>da</strong> CVRD (ES)97. Remanescentes Florestais do Vale doRio Pancas (ES)98. Delta do Rio Doce e Remanescente naLagoa do Ju<strong>para</strong>nã (ES)99. Santa Teresa / Santa Leopoldina / SantaRita do Jequitibá (ES)100. Remanescentes entre Cariacica e DomingosMartins, incluindo a Reserva BiológicaDuas Bocas (ES)101. Serra dos Fornos (Pedra Azul e Entornode Marechal Floriano) (ES)102. Ca<strong>para</strong>ó (MG, ES)103. Remanescentes <strong>da</strong> Bacia do RioItapemirim (ES)104. Remanescentes na Serra <strong>da</strong>s Torres (ES)105. Remanescentes Florestais de Terras Baixasno Norte do Estado do Rio de Janeiro (RJ)106. Remanescentes Florestais do Vale doParaíba no Estado do Rio de Janeiro (RJ)107. Maciços <strong>da</strong> Serra do Mar no Trecho <strong>da</strong>Serra do Desengano até Serra dos Órgãos (RJ)108. Remanescentes Florestais sobre MorrosMamelonares e Baixa<strong>da</strong>s de Silva Jardime Casemiro de Abreu (RJ)109. Remanescente Florestais <strong>da</strong> Regiãodo Lagos (RJ)110. Maciços Litorâneos entre Niterói eSaquarema (RJ)111. Maciços Litorâneos do Município doRio de Janeiro (RJ)112. Rifaina (SP)113. Olímpia (Rio Grande) (SP)114. Orlândia / Morro Agudo (SP)115. Val<strong>para</strong>íso / Baixo Tietê (SP)116. Aguapeí (SP)117. Novo Horizonte (SP)118. São José do Rio Pardo (SP, MG)119. Matão (SP)120. Jacaré / Pepira (SP)121. Serra de Marília (SP)122. Barreiro Rico (SP)123. Serra <strong>da</strong> Mantiqueira (SP, RJ)124. Mosquito (SP)125. Maciços <strong>da</strong> Serra do Mar entre Sepetibae Paratí (SP, RJ)126. Serra do Japi (SP)127. Serra <strong>da</strong> Cantareira (SP)128. Serra do Mar - Norte (SP)129. Morro Grande / Ibiúna (SP)130. Serra do Mar - Centro (SP)131. Remanescentes <strong>da</strong> Bacia do Ivaí (PR)132. Serra de Paranapiacaba (SP, PR)133. Ponta Grossa / Castro (PR)134. Lagamar (SP, PR)135. Parque Nacional do Iguaçu (PR)136. Região Centro Sul do Paraná / SãoMateus do Sul / Canoinhas (PR, SC)137. Nordeste de Santa Catarina e LitoralSul do Paraná (PR, SC)138. Centro - Sul do Paraná / Norte de SantaCatarina (PR, SC)139. Vale do Itajaí / Tijucas (SC)140. Serra do Tabuleiro e Campos de Altitude(SC)141. Região de Nonoai (RS)142. A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra / Rio Pelotas / Valedo Rio <strong>da</strong>s Antas (SC, RS)143. Campos e Matas <strong>da</strong> Região Central (RS)144. Campanha Oeste (RS)145. Rio Camaquã (RS)146. Bodoquena (MS)147. Pontal do Paranapanema (MS, SP, PR)floraHeliconia sp. - Zig KochAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 26
Figura 9 - Mapa de áreasprioritárias <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong>flora na Mata Atlântica e CamposSulinosAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 27flora
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Fatores Abióticosfatores abióticosSob as manchas de presença eausência de fragmentos de vegetaçãoforam considerados alguns elementosabióticos como classes desolos, sistemas hídricos, geomorfológicose formações geológicas e, emalguns casos, características climáticasespeciais. A fragili<strong>da</strong>de dosfatores abióticos à ação antrópicaaparece principalmente na suscetibili<strong>da</strong>deerosiva de certas classes desolo, na instabili<strong>da</strong>de do sistemahídrico e na instabili<strong>da</strong>de geológica,embora situações de microclimapossam estar sujeitas às gravesconseqüências <strong>da</strong> antropização.Apesar <strong>da</strong> carência de informaçõesbásicas, foram propostas trêsformas de identificação <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>desde conservação:1. regiões com mais variabili<strong>da</strong>dede fatores e que potencializamuma maior biodiversi<strong>da</strong>de local, poroferecerem à biota condições energéticasamplamente diferencia<strong>da</strong>sem pequeno espaço relativo. É ocaso de regiões com mosaicos de tiposde solos, com características químicase físicas bem distintas, associadosà confluência de condiçõesclimáticas e geomorfológicas díspares,que podem ocorrer em áreas decontato entre formações geológicas;2. regiões onde aparecem fatoresabióticos frágeis à ação antrópica,como áreas formadoras de microclimas,mananciais e recarga deaqüíferos, solos com alta suscetibili<strong>da</strong>deà erosão, cuja seleção podeestar associa<strong>da</strong> às estratégias de preservaçãode corredores ecológicosnaturais ou legais;3. regiões cuja associação de fatoresabióticos propicia maior fluxoenergético e biológico, sendo responsávelpelas trocas genéticas entreregiões. É o caso <strong>da</strong> área de contribuiçãode grandes corpos hídricosque conectam os biomas <strong>da</strong>Mata Atlântica e de CamposSulinos entre si, ou esses a outrosecossistemas sul-americanos.Com base nesses critérios, foramidentifica<strong>da</strong>s 18 áreas prioritárias<strong>para</strong> ações de conservação, sendo13 de extrema importância, umade muito alta importância e quatrode alta importância (Figura 10).Destaca-se a região dos tabuleiroscosteiros, especialmente nas áreasíngremes. Esses solos, mesmo nascondições naturais, apresentamdensi<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong> com baixa capaci<strong>da</strong>dede infiltração de água, e comisso há nas áreas mais íngremes aretira<strong>da</strong> do horizonte A. Deve-se<strong>da</strong>r também atenção às áreas dechapa<strong>da</strong>s, como a do Araripe,Ibiapaba e a serra do Machado, CE,a região <strong>da</strong>s encostas <strong>da</strong> chapa<strong>da</strong>Diamantina, BA, e serra Negra,PE, importantes na proteção dosmananciais e na recarga dosSerra do Mar, SP - Russell Mittermeieraqüíferos. Convém ressaltar as áreasque apresentam alta biodiversi<strong>da</strong>de,onde há mosaicos com maior númerode classes de solos articula<strong>da</strong>s,como por exemplo, nas áreas de contatoentre as formações serra Geralcom as do Arenito (Botucatu e Rosáriodo Sul) e a dos siltitos (rio doRastro).Recomen<strong>da</strong>-se ain<strong>da</strong> a obtençãode mais informações sobre ocorrênciasde outras áreas e formações,que permitam mapeamento completodo componente abiótico dessesbiomas. Um exemplo é a região<strong>da</strong> província de São Pedro, RS, comárea de árvores petrifica<strong>da</strong>s e regiõesde importância paleontológica earqueológica. São valiosas tambémas áreas de interesse espeleológicoque incluem a ocorrência de cavernasem regiões de arenito, prioriza<strong>da</strong>sinicialmente pela preservação dosaqüíferos e pela suscetibili<strong>da</strong>deerosiva dos solos.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 28
Figura 10 - Mapa de áreas prioritárias <strong>para</strong>ações de conservação considerando osfatores abióticos <strong>da</strong> Mata Atlântica eCampos SulinosÁreas Prioritárias - Fatores Abióticos1. Região <strong>da</strong> Serra de Ibiapaba (CE)2. Serra do Machado (CE)3. Região <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE, PE, PI)4. Vale do São Francisco (BA)5. Planície Costeira6. Podzóis Hidromórficos (ES)7. Região de São Gabriel <strong>da</strong> Palha (ES)8. Deltas do Rio Doce e Paraíba do Sul (ES,RJ)9. Marília e Lins (SP)10. Cabo Frio (RJ)11. Vale do Ribeira (SP)12. Ponta Grossa (PR)13. Serras Geral, do Mar e <strong>da</strong> Mantiqueira(RS, SC, PR, SP, RJ, ES)14. Nascentes dos Rios <strong>da</strong>s Antas e Pelotas(RS, SC)15. Região do Deserto de Alegrete (RS)16. Vale do rio Jacuí (RS)17. Campos <strong>da</strong> Campanha Gaúcha18. Lagunas Costeiras do Litoral Sul do RioGrande do Sul.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 29fatores abióticos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Pressão Antrópicapressão antrópicaA região que compreende a MataAtlântica e Campos Sulinos caracteriza-sepor forte ocupação populacional.Aproxima<strong>da</strong>mente 112 milhõesde habitantes residem em municípiosexistentes no domínio dosdois biomas, correspondendo a71,3% <strong>da</strong> população total do Brasil.Os <strong>da</strong>dos demográficos indicam densi<strong>da</strong>deeleva<strong>da</strong>, superior à média brasileira.No período 1991 a 1996, ataxa de crescimento populacional foide 1,26% ao ano. O grau de urbanizaçãotambém é alto, cerca de83,41%, também superior à médiabrasileira (70,59%).A economia <strong>da</strong> região é muitodiversifica<strong>da</strong>. As ativi<strong>da</strong>des agropecuáriasapresentam grande concentraçãono interior de São Paulo e nos estados<strong>da</strong> região Sul. As zonas industriais,concentra<strong>da</strong>s basicamente em torno<strong>da</strong>s principais regiões metropolitanase dos eixos de desenvolvimento, gerampressões sobre a biodiversi<strong>da</strong>de àmedi<strong>da</strong> que necessitam de recursosnaturais e energia <strong>para</strong> suprimento <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des. A extração de madeira, asilvicultura, a pesca e o turismo tambémocorrem na região, e são importantes<strong>para</strong> a avaliação dos impactossobre a biodiversi<strong>da</strong>de.Os níveis de pressão antrópicaforam determinados mediante asuperposição dos <strong>da</strong>dos provenientesdo Índice de Pressão Antrópica-IPA com o mapa de remanescentes,identificando e agrupando municípiosem áreas de pressão alta ou média-alta.O IPA consiste emmetodologia do tipo estoque-fluxo,basea<strong>da</strong> em <strong>da</strong>dos municipais sobredensi<strong>da</strong>de e crescimento <strong>da</strong> populaçãourbana e rural, grãos (arroz, milho,feijão, soja e trigo) e bovinos. Os<strong>da</strong>dos em questão existem <strong>para</strong> todosos municípios, oferecendo umavisão geral <strong>da</strong> situação. Para auxiliara análise, foram debatidos também,em uma visão prospectiva, os novosprojetos governamentais, como oAvança Brasil e os eixos de desenvolvimentocapazes de gerar pressãoSul <strong>da</strong> Bahia - Haroldo Castrosobre os recursos naturais (Mercosul,gasoduto, rodovias etc.).Como resultado final, foram defini<strong>da</strong>s36 áreas (Figura 11), dividi<strong>da</strong>sem dois grupos distintos: 1. áreasde pressão alta, que correspondemàs proximi<strong>da</strong>des de regiões metropolitanas,algumas ci<strong>da</strong>des de médio porte,como São José dos Campos, Juizde Fora e Dourados, ao longo <strong>da</strong> BR-101 no Nordeste; e pontos dispersosno interior de São Paulo, oeste doParaná e Santa Catarina; e 2. áreasde pressão antrópica média-alta, compressões específicas e que merecemcui<strong>da</strong>dos especiais: vale do Jequitinhonhae oeste <strong>da</strong> Bahia, vale domédio Paraíba, vale do Ribeira e litoralde São Paulo.Uma estratégia comum a to<strong>da</strong>sessa áreas é a abor<strong>da</strong>gem integra<strong>da</strong>água, biodiversi<strong>da</strong>de e carbono, a repartiçãoeqüitativa dos custos e dosbenefícios <strong>para</strong> as comuni<strong>da</strong>des locais,e a valorização <strong>da</strong> sociobiodiversi<strong>da</strong>deassocia<strong>da</strong> à biodiversi<strong>da</strong>de.Recomen<strong>da</strong>ções específicas foramestabeleci<strong>da</strong>s <strong>para</strong> diversos setores:planejamento – é importantea retoma<strong>da</strong> do gerenciamento costeiro,GERCO, assim como garantirque o saneamento financeiro de bancospúblicos não agrave a conversãode matas em áreas agrícolas; agricultura- garantir que aimplementação dos assentamentos ea expansão agrícola ocorram em áreasjá desmata<strong>da</strong>s, como também incorporara sustentabili<strong>da</strong>de ambientalnos mesmos, e estu<strong>da</strong>r a possibili<strong>da</strong>dede negociação <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s agrícolasem troca de benefícios ambientais;manejo florestal – enfatizou-se aimportância de não permitir a exploraçãomadeireira em floresta primáriaou secundária avança<strong>da</strong>, e tambéma reavaliação dos planos demanejo, visando uma estratégia deconsorciamento entre a extração demadeira e produtos não-madeireiros(plantas medicinais e frutos, entreoutros); incentivos econômicos –incorporação de cobrança por serviçosambientais prestados, promoçãodo uso <strong>da</strong> taxa de reposição florestalpor associações e incentivosfiscais <strong>para</strong> estímulo <strong>da</strong> conservaçãoe uso sustentável dos recursos naturais;municipalização – disciplinamento<strong>da</strong> expansão urbana, desenvolvimentode programas de educaçãoambiental, e a aplicação mais adequa<strong>da</strong><strong>da</strong>s leis existentes, como a Leide Crimes Ambientais.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 30
Figura 11 – Mapa <strong>da</strong>s principais áreasde pressão antrópica na Mata Atlânticae Campos SulinosÁreas de Pressão Antrópica1. BR - 222 Ceará (CE)2. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE)3. Zona <strong>da</strong> Mata do Nordeste (BA,PE, AL,SE, PB, RN)4. Oeste <strong>da</strong> Bahia e Chapa<strong>da</strong> Diamantina(BA)5. Sebastião Laranjeiras (BA)6. Vitória <strong>da</strong> Conquista (BA)7. Sul <strong>da</strong> Bahia (BA)8. Matas do Jaíba (MG)9. Jequitinhonha (MG)10. Triângulo Mineiro (MG)11. Vale do Aço (MG)12. Belo Horizonte (MG)24. Norte do Paraná (PR)13. Zona <strong>da</strong> Mata de Minas Gerais (MG)25. Curitiba / Castro (PR)14. Sul de Minas (MG)26. Oeste do Paraná (PR)15. Litoral do Espírito Santo (ES)27. Abelardo Luz (PR, SC)16. Macaé / Campos (RJ)28. Curitibanos / Caçador (SC)17. Médio Paraíba (Fluminense) (RJ, MG)29. Extremo Oeste de Santa Catarina (SC)18. Região dos Lagos (RJ)30. Florianópolis / Vale do Itajaí / Joinville19. Lagos e Serra dos Órgãos (RJ)(SC)20. Estado de São Paulo (exceto Vale do31. Serra Gaúcha (RS)Ribeira e extremo oeste) (SP)32. Pontal / Mercosul (RS)21. Litoral Norte do Estado de São Paulo e33. Porto Alegre (RS)Sul do Rio de Janeiro (SP, RJ)34. Pelotas / Rio Grande (RS)22. Vale do Ribeira (SP)35. Bodoquena (MS)23. Vale do Paraná (PR)36. Dourados (MS)AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 31pressão antrópica
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Áreas Protegi<strong>da</strong>sDois critérios direcionaram os trabalhos do grupotemático de áreas protegi<strong>da</strong>s: a necessi<strong>da</strong>de de ampliara representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s tipologias vegetais no sistemade uni<strong>da</strong>des de conservação e a urgência de promover aconectivi<strong>da</strong>de entre essas mesmas uni<strong>da</strong>des. Não restadúvi<strong>da</strong> que a área coberta por uni<strong>da</strong>des de conservaçãofederais de proteção integral na Mata Atlântica e CamposSulinos é insuficiente <strong>para</strong> conservar parcela significativa<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de que abrangem. A grande maioria<strong>da</strong>s ecorregiões apresenta menos de 1% de suas áreasocupa<strong>da</strong>s por uni<strong>da</strong>des de conservação. Mais ain<strong>da</strong>, asexistentes protegem apenas pequena parte dos conjuntosespaciais formados pela combinação de tipos de vegetaçãox ecorregião. A porcentagem de tipos de vegetaçãorepresentados nas uni<strong>da</strong>des de conservação por ecorregiãovariou de 17 (manguezais e Campos Sulinos) a 62,5%(florestas de araucária). Somente quatro ecorregiões (Camposde altitude, florestas secas do Nordeste, florestas <strong>da</strong>serra do Mar e florestas de araucária) tiveram 50% oumais dos seus tipos de vegetação representados em uni<strong>da</strong>desde conservação. Por isso, deve-se buscar estratégias<strong>para</strong> ampliar as áreas existentes e criar novas uni<strong>da</strong>des,especialmente aquelas de proteção integral, já que essasconstituem o núcleo dos sistemas de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de,funcionando como fonte de populações devárias espécies <strong>para</strong> as áreas adjacentes sob outras formasde manejo.Quatro categorias de ação foram defini<strong>da</strong>s <strong>para</strong> as 80áreas indica<strong>da</strong>s no mapa de priori<strong>da</strong>des (Figura 12): 1.<strong>para</strong> o maior número (40) sugeriu-se a criação de novasuni<strong>da</strong>des de conservação, visando a complementação dosistema de áreas protegi<strong>da</strong>s dos biomas; 2. 19 áreas foramindica<strong>da</strong>s <strong>para</strong> a implementação e regularizaçãofundiária de uni<strong>da</strong>des de conservação existentes; 3. em 7áreas, indicou-se a ampliação de uni<strong>da</strong>des de conservaçãoexistentes; e 4. 14 tiveram propostas <strong>para</strong> o estabelecimentode corredores ecológicos e manejo <strong>da</strong>s áreas en-Parque Nacional A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong> Serra, RS - Zig Kochtre as uni<strong>da</strong>des de conservação.Várias recomen<strong>da</strong>ções foram apresenta<strong>da</strong>s <strong>para</strong> auxiliarna consoli<strong>da</strong>ção de uma rede de áreas protegi<strong>da</strong>s <strong>para</strong>a Mata Atlântica e Campos Sulinos: 1. integrar e disponibilizarinformações básicas sobre as uni<strong>da</strong>des de conservação;2. estabelecer programa especial de apoio a pesquisasem áreas protegi<strong>da</strong>s; 3. estabelecer sistema de avaliaçãoe monitoramento <strong>da</strong> eficácia <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação;4. utilizar o planejamento biorregional comoinstrumento básico <strong>para</strong> definir paisagens sustentáveis <strong>para</strong>a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, que exigem grandes áreasnucleares compostas por uni<strong>da</strong>des de conservação de proteçãointegral; 5. conservar as maiores áreas de remanescentesem ca<strong>da</strong> estado como uni<strong>da</strong>des de conservaçãopúblicas, de proteção integral; 6. ampliar e implementaras uni<strong>da</strong>des de conservação existentes; 7. garantir quepelo menos 60% dos remanescentes atuais de mata atlânticaestejam oficialmente protegidos como uni<strong>da</strong>des deconservação públicas de proteção integral até o ano de2004; 8. identificar e fomentar tecnologias ambientais noentorno <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação de proteção integral,consoli<strong>da</strong>ndo zonas de amortecimento; 9. incorporarto<strong>da</strong> a terra devoluta à União, de interesse ambiental,ao sistema de uni<strong>da</strong>des de conservação; 10. promover acooperação com o INCRA e institutos estaduais de terra<strong>para</strong> solucionar as invasões e ocupações de populaçõeshumanas em uni<strong>da</strong>des de conservação de proteção integral;11. priorizar a solução <strong>da</strong> questão fundiária <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>desde conservação nas agen<strong>da</strong>s governamentais; 12.aumentar os recursos humanos que atuam na gestão <strong>da</strong>suni<strong>da</strong>des de conservação, bem como realizar capacitaçãoespecífica.áreas protegi<strong>da</strong>sÁreas Prioritárias - Áreas Protegi<strong>da</strong>s1. Parque Nacional <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong>sConfusões (PI)2. Uruburetama (CE)3. Meruoca (CE)4. Maranguape (CE)5. Parque Nacional de Ubajara (CE)6. Baturité (CE)7. Chapa<strong>da</strong> do Araripe (CE)8. São Miguel (RN)9. Mata <strong>da</strong> Estrela (RN)10. Reserva Biológica Guaribas/ Área de Proteção Ambiental <strong>da</strong>Barra do Mamanguape (PB)11. Reserva Ecológica EstadualPau - Ferro (PB)12. Jacuipe / Pacatuba (PB)13. Goiana (PE)14. Taquaritinga (PE)15. Madre de Deus (PE)16. Brejo dos Cavalos (PE)17. Reserva Biológica Saltinho (PE)18. Reserva Biológica SerraNegra (PE)19. Murici (AL)20. Reserva Biológica PedraTalha<strong>da</strong> (AL, PE)21. Lagoa de Jequiá (AL)22. Área de Proteção AmbientalPiaçabuçu (AL)23. Aracajú (SE)24. Rio Real (SE)25. Avelino Lopes (BA, PI)26. Rui Barbosa (BA)27. Litoral Norte <strong>da</strong> Bahia (BA)28. Parque Nacional <strong>da</strong> Chapa<strong>da</strong>Diamantina (BA)29. Recôncavo (BA)30. Estação Ecológica EstadualWenceslau Guimarães (BA)31. Santa Maria <strong>da</strong> Vitória (BA)32. Macaúbas (BA)33. Camamu (BA)34. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra doConduru (BA)35. Reserva Biológica de Una (BA)36. Belmonte / Canavieiras (BA)37. Parque Nacional do PauBrasil (BA)38. Parque Nacional de MontePascoal (BA)39. Caravelas (BA)40. Peruaçú (MG)41. Salto <strong>da</strong> Divisa (MG)42. Rio Mucuri (MG)43. Matas de Itumbiara /Araguari (MG)44. Zona <strong>da</strong> Mata Mineira (MG)45. Campos de Altitude <strong>da</strong> Serra<strong>da</strong> Mantiqueira (MG)46. Itaúnas (ES)AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 32
Figura 12 - Mapa de áreas prioritárias<strong>para</strong> ações em uni<strong>da</strong>des de conservaçãona Mata Atlântica e CamposSulinos47. Reserva Biológica deSooretama (ES)48. Linhares (ES)49. Cabruca (ES)50. Santa Teresa (ES)51. Parque Nacional do Ca<strong>para</strong>ó(ES, MG)52. Jacarenema (ES)53. Cachoeira <strong>da</strong> Fumaça (ES)54. Parque Estadual Vila Rica (PR)55. Reserva Biológica de Poço<strong>da</strong>s Antas (RJ)56. Parque Estadual <strong>da</strong> Serra doMar / Parque Nacional <strong>da</strong> Serrados Órgãos / Intervales e PETAR(RJ, SP)57. Paulo Faria / Sertãozinho /Pindorama / Furnas de BomJesus / Vassununga / Mogi -Guaçú / Águas <strong>da</strong> Prata (SP)58. Caetetus / Bauru / Andradina/ Rio do Peixe (SP)59. Campos do Jordão / Mananciaisde Campos do Jordão /Itatiaia / Usina do Fogo e Áreade Proteção Ambiental <strong>da</strong>Mantiqueira (SP, RJ)60. Alberto Luefgren / FontesIpiranga / Cantareira / Jaraguá /Juqueri e Jurupará (SP)61. Paranapanema / Itaberá (SP)62. Ilha do Cardoso / Juréia -Itatins / Chavãs / Campina doEncantado (SP)63. Área Núcleo do Parque EstadualGuartecá (PR)64. Floresta Nacional de Iraty /Reserva Biológica de Iraty (PR)65. Serra do Mar / ParqueNacional de Superagui / ParqueEstadual do Marumbi (PR, SP)66. Araucária (PR, SC)67. Vale do Itajaí (SC)68. Parque Estadual <strong>da</strong> Serrado Tabuleiro (PR)69. Turvo (RS, SC)70. Parque Nacional do Iguaçu (PR)71. Rio Pelotas (RS, SC)72. São Joaquim / A<strong>para</strong>dos <strong>da</strong>Serra (RS, SC)73. Quarta Colônia (RS)74. Espinilho (RS)75. Ibirapuitã (RS)76. Lagoa do Peixe (RS)77. Rio Camaquã (RS)78. Taim (RS)79. Serra <strong>da</strong> Bodoquena (MS)80. Área Núcleo Morro do Diabo/ Ilha Grande (PR, SP, MS).AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 33áreas protegi<strong>da</strong>s
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Planejamento Regionalplanejamento regionalO planejamento regional no Brasilsempre esteve ligado ao desenvolvimentoeconômico e social, enquantoas questões ambientais eramtrata<strong>da</strong>s de maneira setorial em planosespecíficos, relaciona<strong>da</strong>s em gerala uma área legalmente protegi<strong>da</strong>.A primeira abor<strong>da</strong>gem um poucomais integra<strong>da</strong> surgiu em 1981com a publicação <strong>da</strong> Política Nacionaldo Meio Ambiente, que tementre seus objetivos a “compatibilizaçãodo desenvolvimento econômico-socialcom a preservação <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de do meio ambiente e doequilíbrio ecológico”. Dessa maneira,mesmo que de modo indireto,o componente ambientalpassou a ser considerado nos planosde desenvolvimento, umavez que se tornou obrigatório olicenciamento ambiental <strong>para</strong>qualquer “construção, instalação,ampliação e funcionamento de estabelecimentose ativi<strong>da</strong>des utilizadorasde recursos ambientais,considerados efetiva e potencialmentepoluidores, bem como oscapazes, sob qualquer forma, decausar degra<strong>da</strong>ção ambiental”.Desde então, várias ações deplanejamento e ordenamento territorialforam implementa<strong>da</strong>s ouestão em curso, em particular naMata Atlântica. Como exemplosde experiências em an<strong>da</strong>mento;podem ser cita<strong>da</strong>s as áreas de proteçãoambiental - APAs (categoriade uni<strong>da</strong>de de conservação deuso sustentável) e, numa escalamaior, a Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong>Mata Atlântica (Figura 13). Maisrecentemente, foi introduzidooutro mecanismo de planejamento,os corredores ecológicos doProjeto Parques e Reservas propostos<strong>para</strong> a Amazônia e MataAtlântica (Corredores Ecológicosdo Descobrimento e <strong>da</strong> Serra doMar), no âmbito do Programa Piloto<strong>para</strong> a Proteção <strong>da</strong>s FlorestasTropicais do Brasil, conhecidocomo PPG-7. Por meio desseenfoque, em vez de se perpetuaro planejamento pontual, as necessi<strong>da</strong>des<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de são examina<strong>da</strong>sem maior escala, desenvolvendoestratégias conjuntas<strong>para</strong> as uni<strong>da</strong>des de conservaçãoe <strong>para</strong> os espaços não estritamenteprotegidos, com a meta finalde incrementar a real extensãodisponível <strong>para</strong> a conservação.O planejamento regional <strong>da</strong>Mata Atlântica e Campos Sulinossó terá sentido quando se tornarparte integrante do planejamentodo desenvolvimento <strong>da</strong> região,o que significaria a adoção de ummodelo de desenvolvimento sustentávelnesses biomas. A construçãodesse modelo passa obrigatoriamentepela mu<strong>da</strong>nça de culturae <strong>para</strong>digmas, que só poderá ser alcança<strong>da</strong>a longo prazo com a participação<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de na toma<strong>da</strong>Sul <strong>da</strong> Bahia - Anthony Rylandsde decisões. Para isso, é precisoprestar informações sobre os problemasinstitucionais, técnicos epolíticos enfrentados <strong>para</strong> mantera quali<strong>da</strong>de ambiental, tanto em termosde conservação de biodiversi<strong>da</strong>decomo de recursos naturais,como água e solo.O setor ambiental, que na déca<strong>da</strong>de 90 consolidou uma visão maisabrangente e integra<strong>da</strong> sobre as questõesde conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de,agora deverá centrar esforços<strong>para</strong> encontrar caminhos que garantama efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações propostas(reserva <strong>da</strong> biosfera, corredoresde biodiversi<strong>da</strong>de etc.). Grandespossibili<strong>da</strong>des já foram cria<strong>da</strong>s <strong>para</strong>a consoli<strong>da</strong>ção de um desenvolvimentomais sustentável em termosambientais, sociais e econômicos. Asperspectivas futuras tornam-se maisfavoráveis se considerados os avançosna discussão em torno <strong>da</strong>temática ambiental, conseguidoscom o incremento de fóruns de participaçãoe o aumento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,premissas fun<strong>da</strong>mentais às profun<strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças sociais.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 34
Figura 13 – Mapa <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong>Mata Atlântica e corredores ecológicos do ProjetoParques e Reservas do PPG-7. Fonte: InstitutoSocioambiental.AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 35planejamento regional
estratégias de conservação○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Estratégias de ConservaçãoPara a Mata Atlântica, o conjunto derecomen<strong>da</strong>ções lista<strong>da</strong>s pelo workshop deve ser umacontribuição à Política de Conservação eDesenvolvimento Sustentável <strong>da</strong> Mata Atlântica, cujasdiretrizes foram aprova<strong>da</strong>s pelo CONAMA, em dezembrode 1998. Para os Campos Sulinos, as recomen<strong>da</strong>çõesapresenta<strong>da</strong>s aqui significam um passo inicial nadefinição de políticas específicas <strong>para</strong> a proteção dessebioma. Uma estratégia similar à adota<strong>da</strong> <strong>para</strong> a MataAtlântica deve ser toma<strong>da</strong> como ‘modelo’ <strong>para</strong> defesado bioma.Estão agrupa<strong>da</strong>s em cinco principais linhas de ação asrecomen<strong>da</strong>ções finais sobre as priori<strong>da</strong>des de conservação<strong>da</strong> Mata Atlântica.1. Política de Áreas Protegi<strong>da</strong>s eOrdenamento Territoriala) Criação e implantação efetiva <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>desde conservação, em especial as de proteção integral,<strong>para</strong> assegurar a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de; e as deuso sustentável, <strong>para</strong> um trabalho integrado com ascomuni<strong>da</strong>des tradicionais. Para tanto, é imprescindível aregularização fundiária, o fortalecimento e integração <strong>da</strong>sinstituições gestoras, as parcerias com a socie<strong>da</strong>de civil ea busca <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de financeira dessas uni<strong>da</strong>des;b) definição de áreas e ações prioritárias <strong>para</strong>conservação e recuperação, aprimorando a metodologiae realizando revisões periódicas; c) integração regional<strong>da</strong>s áreas protegi<strong>da</strong>s, com especial atenção <strong>para</strong> aformação de corredores de biodiversi<strong>da</strong>de e mosaicosecológicos, <strong>para</strong> as reservas <strong>da</strong> biosfera, integração <strong>da</strong>gestão <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação e sua zona tampãocom os sistemas de planejamento regionais, baciashidrográficas, gerenciamento costeiro e outros; d)conservação de fragmentos florestais, priorizando suaconectivi<strong>da</strong>de, a proteção de mananciais e sistemasagroflorestais na zona tampão; e) associação entreconservação <strong>da</strong> Mata Atlântica e proteção dosrecursos hídricos, integrando as respectivas políticasnacionais e estaduais, e assegurando o cumprimento <strong>da</strong>sleis de proteção <strong>da</strong>s matas ciliares e mananciais.2. Política de Fortalecimento e IntegraçãoInstitucionala) Compatibilização entre política ambiental epolíticas setoriais (transporte, agricultura, reformaagrária, turismo etc.), especialmente em relação à políticaeconômica e aos grandes planos governamentais como oAvança Brasil; b) capacitação e fortalecimento dosetor jurídico, sensibilizando e habilitando membrosdo Ministério Público, <strong>da</strong> Magistratura e de ONGsambientalistas; c) fortalecimento e integraçãoinstitucional, com destaque <strong>para</strong> a capacitação derecursos humanos nas instituições (governamentais ounão), especialmente no âmbito local, assegurandoparticipação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil nos órgãos colegiados, epromovendo parcerias e redes volta<strong>da</strong>s à conservação<strong>da</strong> Mata Atlântica.3. Política de Recuperação,Monitoramento e Controlea) Licenciamento ambiental, aprimorando osprocessos referentes às audiências públicas, aos estudosde capaci<strong>da</strong>de de suporte regional, e disponibilizandona Internet as informações gera<strong>da</strong>s nos procedimentosde licenciamento e monitoramento; b) denúncias deagressões ambientais, promovendo a criação deouvidorias, de disque-denúncias, de mecanismos demonitoramento e de divulgação <strong>da</strong>s ações adota<strong>da</strong>s emdecorrência de acusações; c) recuperação erecomposição de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, com destaque<strong>para</strong> o uso do instrumento do ‘termo de compromisso deajustamento de conduta’ pelo Ministério Público e outrosórgãos públicos, obrigando a recuperação <strong>da</strong> áreadegra<strong>da</strong><strong>da</strong>, bem como incentivos <strong>para</strong> o enriquecimentode formações vegetais em regeneração; d) controle efiscalização, priorizando a ampliação <strong>da</strong> estrutura ecapacitação dos recursos humanos dos órgãosfiscalizadores, a incorporação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil ecomuni<strong>da</strong>des locais no controle e integração de açõesrepressivas com as de educação ambiental, além docombate ostensivo ao tráfico nacional e internacional deespécies <strong>da</strong> fauna e flora silvestres.4. Política de Educação Ambiental, Geração eDifusão de Conhecimentoa) Educação ambiental permanente, embasa<strong>da</strong>em informações cientificamente corretas, apoia<strong>da</strong>s emabor<strong>da</strong>gens participativas, priorizando ações de médio elongo prazo e o trabalho <strong>para</strong> formação de agentesmultiplicadores; b) exigência de componentes deeducação ambiental nos projetos com financiamentopúblico; c) sensibilização popular <strong>para</strong> aconservação, utilizando espécies-símbolo, e a conexãoentre os elementos floresta-água e outros mecanismos;d) difusão e reprodução de projetos-piloto de caráterexperimental e demonstrativo; e) difusão deresultados de pesquisas, em especial <strong>da</strong>s técnicas <strong>para</strong>manejo de recursos naturais, além <strong>da</strong> publicação deinventários biológicos <strong>da</strong> Mata Atlântica e divulgaçãoAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 36
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Educação Ambientaldo monitoramento do estado dos ecossistemas; f)informação e comunicação, priorizando apopularização <strong>da</strong>s redes virtuais de discussão, integraçãode bancos de <strong>da</strong>dos, divulgação permanente <strong>da</strong>s açõespromovi<strong>da</strong>s <strong>para</strong> a conservação de biodiversi<strong>da</strong>de; g)divulgação <strong>da</strong> legislação ambiental, ampliando canaisde participação na elaboração e regulamentação <strong>da</strong>s leis,em linguagem acessível <strong>para</strong> proprietários rurais e técnicosligados ao crédito rural, reforma agrária, fiscalizaçãoambiental, entre outros.5. Política de Incentivos Econômicose Financeirosa) Leis de ICMS ecológico, aprimorando as leisexistentes e incentivando sua implementação em todosos estados; b) criação de mecanismos que asseguremrecursos financeiros <strong>para</strong> conservação, em especialos orçamentos governamentais, linhas de financiamento<strong>para</strong> fortalecimento institucional de ONGs e cooperativas,e linhas de crédito especiais <strong>para</strong> recomposição florestal,projetos de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, manejoflorestal sustentável, sistemas agroflorestais e ecoturismo.É preciso aumentar a abrangência dos mecanismos decompensação ambiental e fortalecer e efetivar os fundosambientais federais e estaduais. E ain<strong>da</strong>, estabelecer leisde incentivos fiscais <strong>para</strong> projetos ambientais, aprimoraro marketing ecológico e efetivar a adoção do ProtocoloVerde por to<strong>da</strong>s as instituições financeiras do país; c)incentivos à conservação, por intermédio de processosde certificação de produtos e orientação do consumidor,instituição de prêmios <strong>para</strong> projetos ambientais,garantia de participação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des locais nosbenefícios advindos <strong>da</strong>conservação e desenvolvimentosustentável, e realização deestudos de formas de valoraçãoeconômica e compensação pelosserviços ambientais prestadospelas áreas priva<strong>da</strong>s.O diagnóstico dos projetos e programas de educaçãoambiental na Mata Atlântica e Campos Sulinosfoi feito a partir de questionários enviados aosórgãos governamentais e instituições não-governamentais.O público-alvo <strong>da</strong> maioria desses programascorresponde a estu<strong>da</strong>ntes e professores, principalmentedos ensinos fun<strong>da</strong>mental e médio. Porém,observa-se a diversificação ca<strong>da</strong> vez maior de públicos,tais como: proprietários rurais; turistas, visitantese comuni<strong>da</strong>des do entorno de uni<strong>da</strong>des deconservação; comuni<strong>da</strong>des tradicionais; assentamentos;posseiros; artistas e associação indígena. Notase,pelos resultados do estudo, um aprofun<strong>da</strong>mentosignificativo nas abor<strong>da</strong>gens e abrangência dos projetosde educação ambiental desenvolvidos nessesbiomas, que têm utilizado diferentes estratégias, envolvendodesde a mobilização comunitária, a difusãode informações, a implementação de alternativasde desenvolvimento e manejo sustentável, planejamentorural até a capacitação em vários níveis.A integração entre educação ambiental e as demaisciências foi considera<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> a eficáciana conservação dos biomas. As informaçõescientíficas que vão subsidiar os projetos de educaçãodevem ser consistentes e repassa<strong>da</strong>s em linguagemacessível, pois servem <strong>para</strong> valorizar os biomas,enfocar os aspectos regionais e aumentar a auto-estima,favorecendo o engajamento e maior participação<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Nesse contexto, a comuni<strong>da</strong>de científicatem uma grande responsabili<strong>da</strong>de em divulgaras informações às comuni<strong>da</strong>des locais e, prefe-To<strong>da</strong>s essas linhasestratégicas, incorpora<strong>da</strong>s àspolíticas públicas ambientais edevi<strong>da</strong>mente implementa<strong>da</strong>s,poderão ampliar a proteção <strong>da</strong>Mata Atlântica e dos CamposSulinos, estancando, ou talvezaté mesmo revertendo o quadrode degra<strong>da</strong>ção observado hoje.Pescador na Ilha do Cardoso, SP - Haroldo CastroAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 37educação ambiental
educação ambientalCaratinga, MG - Russell Mittermeiere Campos Sulinos são: 1. realização deprojetos e programas em áreas protegi<strong>da</strong>s,ameaça<strong>da</strong>s, ou onde existam deman<strong>da</strong>sespecíficas, incluindo acapacitação em todos os níveis, divulgaçãode metodologias e troca de experiências;2. criação de grupo de trabalho<strong>para</strong> atuar como facilitador naelaboração de produtos desse subprojetoe sua divulgação diferencia<strong>da</strong> <strong>para</strong>os setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, usando princípiosde comunicação e marketing, ecom caráter didático; 3. implementaçãoe disponibilização de banco de <strong>da</strong>dospermanente dos projetos/programasde educação ambiental a partir do levantamentoefetuado <strong>para</strong> o workshop,que deverá incluir estudos de casos demonstrandoa eficácia <strong>da</strong> educação ambientalna conservação dos biomas; 4.exigência de inserção <strong>da</strong> educação ambientalem projetos e financiamentospúblicos na Mata Atlântica e CamposSulinos, em articulação com escolas <strong>da</strong>região e instituições envolvi<strong>da</strong>s comeducação ambiental; 5. efetivar projetose programas que usem espécies-símbolo,com a valorização <strong>da</strong> cultura lo-cal, interpretação <strong>da</strong> produção científica e incentivosà participação social; 6. realização de workshops<strong>para</strong> a sistematização de metodologias de educaçãoambiental mais eficientes; e 7. efetivação de um diagnósticode projetos e programas de educação ambientalnas áreas prioritárias indica<strong>da</strong>s no workshop.Como as regiões defini<strong>da</strong>s pelos biomas avaliadosconcentram a maior parte <strong>da</strong> população brasileira,e esse é um dos principais fatores de destruiçãode hábitats e per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, a inclusão <strong>da</strong>educação ambiental no workshop foi de fun<strong>da</strong>mentalimportância. É só com mu<strong>da</strong>nças de posturas basea<strong>da</strong>sem novos valores e novos <strong>para</strong>digmas que se poderáchegar a inovações que favoreçam a proteção <strong>da</strong>riquíssima biodiversi<strong>da</strong>de brasileira.rencialmente, aos educadores ambientais, não só naconclusão dos estudos mas durante sua realização.A educação ambiental é, portanto, aglutinadora<strong>da</strong>s demais áreas temáticas, e pode alavancar processosparticipativos que favoreçam à conservação. Paracumprir esse papel, deve basear-se em metodologiasque contribuam <strong>para</strong> planos consistentes, incluindomecanismos de monitoramento e avaliação em todosos projetos e programas. É importante ressaltar:a educação ambiental exige tempo, e ações a longoprazo que devem levar em conta as condiçõesdos biomas e o contexto local, respeitar as diversi<strong>da</strong>dese adotar abor<strong>da</strong>gens participativas.As recomen<strong>da</strong>ções de ações prioritárias <strong>para</strong> umaestratégia de educação ambiental na Mata AtlânticaAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 38
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Ações PrioritáriasInventários biológicos e ações relaciona<strong>da</strong>s às uni<strong>da</strong>desde conservação (criação, implementação, ampliaçãoe mu<strong>da</strong>nça de categoria) foram as recomen<strong>da</strong>ções maissugeri<strong>da</strong>s <strong>para</strong> as áreas prioritárias. Os estudos temáticosdos componentes bióticos do subprojeto indicam ain<strong>da</strong>enorme lacuna de conhecimento sobre a biodiversi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos, apesar de dentrodos limites desses biomas existir as maiores universi<strong>da</strong>dese centros de pesquisa do país. Uma <strong>da</strong>s ações mais recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>sem todo o processo desse subprojeto foi acriação de mecanismos que possam tornar viáveis a realizaçãode inventários biológicos e pesquisas sobre a faunae flora, seja mediante a capacitação de recursos humanosou proporcionando programas de financiamento nas regiõesabrangi<strong>da</strong>s pelos dois biomas. Para esse fim, as agênciasde fomento nacionais e estaduais deveriam estabelecerlinhas especiais de financiamento.A criação de uni<strong>da</strong>des de conservação foi a ação específicamais recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pelos especialistas, representandoquase metade <strong>da</strong>s indicações de ações nas áreasprioritárias. Esse resultado reflete a necessi<strong>da</strong>de urgentede proteção dos últimos remanescentes <strong>da</strong> MataAtlântica e Campos Sulinos, e o reconhecimento <strong>da</strong>sáreas protegi<strong>da</strong>s como o mais importante instrumento<strong>para</strong> conservação de biodiversi<strong>da</strong>de. A Mata Atlânticapossui hoje mais de trezentas uni<strong>da</strong>des de conservação,federais e estaduais, totalizando cerca de nove milhõesde hectares. Considerando só as uni<strong>da</strong>des de conservaçãode proteção integral, as de maior relevância <strong>para</strong>Zig Kocha conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de em virtude <strong>da</strong>s restriçõesde uso, menos de 2% <strong>da</strong> Mata Atlântica encontra-sededicado oficialmente a esse objetivo, isso sem estimar osproblemas específicos de ca<strong>da</strong> uma. Salienta-se que essapequena fração territorial não está distribuí<strong>da</strong> segundocritérios de representativi<strong>da</strong>de ao longo <strong>da</strong>s diferentessub-regiões biogeográficas, como demonstrado pelo estudofeito nesse subprojeto, o que resulta em grandeslacunas e reduz a efetivi<strong>da</strong>de do sistema em preservar abiodiversi<strong>da</strong>de. Esse fato pode ser parcialmente atribuídoao histórico de uso e ocupação territorial e, por conseqüência,às pressões antrópicas internas e externas diferencia<strong>da</strong>s,ao longo <strong>da</strong> rede de áreas protegi<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong>bioma.Mesmo constituindo elos vitais de um sistema maiorde proteção à biodiversi<strong>da</strong>de, as uni<strong>da</strong>des de conservaçãosão e serão sempre insuficientes em número e extensão,e só poderão manter a integri<strong>da</strong>de dos componentes<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de com a incorporação <strong>da</strong>s áreasinfluencia<strong>da</strong>s, de forma direta, pelo homem. A matriz<strong>da</strong> paisagem é pois complemento essencial <strong>para</strong> assegurara proteção <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica. Nesse contexto,sugeriu-se a implementação de corredores ecológicosem vários trechos <strong>da</strong> Mata Atlântica, visando examinaras necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de em maior escala, desenvolvendo-seestratégias conjuntas <strong>para</strong> as uni<strong>da</strong>des deconservação e <strong>para</strong> os espaços não estritamente protegidos;procedendo assim, a real extensão disponível <strong>para</strong> aconservação. A implementação de corredores ecológicosfoi indica<strong>da</strong>, por exemplo, como ação prioritária na regiãocacaueira tradicional, no sul <strong>da</strong> Bahia (Valença-Ilhéuse Una-Canavieiras), antes seleciona<strong>da</strong> como um dosnúcleos do Corredor Ecológico do Descobrimento doProjeto Parques e Reservas do Programa Piloto <strong>para</strong> aProteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais do Brasil – PPG-7. Mesmocom a crise cacaueira, a região possui ampla coberturaflorestal propicia<strong>da</strong> pelos remanescentes de Mata Atlânticaentremeados pelas cabrucas (plantio tradicional docacau que utiliza parte <strong>da</strong> vegetação nativa). O documentoPlanejamento regional, elaborado <strong>para</strong> esse subprojeto,analisa o projeto de Corredores Ecológicos do PPG-7 eoutras iniciativas dessa natureza (áreas de proteçãoambiental e reserva <strong>da</strong> biosfera), mostrando sua importânciacomo estratégia de conservação, sugerindo, ao mesmotempo, maior agili<strong>da</strong>de na execução dos projetos, assimcomo o entendimento e participação comunitária noprocesso, fatores essenciais <strong>para</strong> o sucesso desses empreendimentos.O planejamento regional voltado <strong>para</strong> a conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e o sistema regional de uni<strong>da</strong>des deAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 39ações prioritárias
ações prioritáriasconservação foram os principais temas abor<strong>da</strong>dos pelogrupo integrador de políticas ambientais do workshop. Ogrupo indicou cinco políticas estratégicas considera<strong>da</strong>sprioritárias <strong>para</strong> a conservação dos dois biomas: 1. políticade áreas protegi<strong>da</strong>s e ordenamento territorial; 2. políticade fortalecimento e integração institucional; 3. políticade recuperação, monitoramento e controle; 4. política deeducação ambiental, geração e difusão de informações; e5. política de incentivos econômicos voltados <strong>para</strong> a conservaçãode biodiversi<strong>da</strong>de. As ações recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s refletemanos de discussões em diversos fóruns sobre asmaiores necessi<strong>da</strong>des e melhores estratégias <strong>para</strong> a conservação<strong>da</strong> Mata Atlântica e Campos Sulinos. No caso<strong>da</strong> Mata Atlântica, em um estágio mais avançado, os resultadosdesse subprojeto contribuirão ain<strong>da</strong> mais <strong>para</strong> ofortalecimento <strong>da</strong>s diretrizes aprova<strong>da</strong>s pelo CONAMA em1998, com vistas à conservação e ao desenvolvimentosustentável do bioma, além de subsidiar o plano de ação,ora desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente.Outro tema fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> a Mata Atlântica e CamposSulinos, foi o reconhecimento <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de investimentosem projetos e programas de recuperação e recomposiçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s em regiões chaves <strong>para</strong> incrementaro grau de conectivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> paisagem nesses biomas. Os recursosvoltados <strong>para</strong> a redução do desmatamento e <strong>para</strong> arecuperação <strong>da</strong> cobertura <strong>da</strong> vegetação nativa estão em níveismuito inferiores ao necessário. É preciso desenvolvertecnologias de baixo custo e fácil disseminação entre os produtoresrurais, além de utilizar as propostas <strong>da</strong> revisão doCódigo Florestal <strong>para</strong> garantir maior proteção e recuperação<strong>da</strong> reserva legal e áreas de preservação permanente <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des.Pela primeira vez discutiu-se uma estratégia de educaçãoe conscientização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de <strong>para</strong> a conservação <strong>da</strong>Mata Atlântica e Campos Sulinos. O aumento <strong>da</strong>interface entre educador ambiental e o pesquisador e oestabelecimento de projetos com metodologias adequa<strong>da</strong>sde avaliação periódica, são dois aspectos apontadoscomo essenciais <strong>para</strong> que a educação ambiental se torneinstrumento efetivo <strong>para</strong> a conscientização pública.To<strong>da</strong>s essas ações têm um custo, o que nos remete aoutro tema prioritário: criação de mecanismos e incentivosque assegurem recursos financeiros <strong>para</strong> a conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. Nos últimos anos, o país temverificado o aumento gra<strong>da</strong>tivo de fundos de financiamentona área ambiental (ex.: FUNBIO, PPG-7) e desenvolvimentode novos mecanismos econômicos depromoção de ações <strong>para</strong> conservação. Entretanto, apesar<strong>da</strong> diversificação <strong>da</strong>s fontes de financiamentos, osrecursos ain<strong>da</strong> são limitados e insuficientes, o que temgerado a deman<strong>da</strong> de formas inovadoras e criativas<strong>para</strong> ampliar as ações de conservação (Lei de IncentivoFiscal direcionado <strong>para</strong> a área ambiental, seqüestro decarbono, por exemplo), assim como a aplicação de mecanismosexistentes (ICMS Ecológico e Protocolo Verde).Um dos aspectos mais importantes a ser mencionadorefere-se aos resultados desse subprojeto, que deverãocatalisar outras iniciativas locais, regionais e nacionaisde conservação junto ao setor público, à socie<strong>da</strong>decivil organiza<strong>da</strong> e ao setor privado. Além disso,vão contribuir <strong>para</strong> a determinação de uma políticanacional <strong>para</strong> os dois biomas, estabelecendo as regras<strong>para</strong> o uso <strong>da</strong> terra nas diferentes regiões. Entretanto,é preciso ressaltar que a busca de instrumentos e condutasque propiciem maior sustentabili<strong>da</strong>de ao uso <strong>da</strong>terra e possam permitir a conservação do meio ambientee a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população na MataAtlântica e Campos Sulinos, só terá sucesso quando governo,setor privado, setor acadêmico e socie<strong>da</strong>de civilorganiza<strong>da</strong> estiverem juntos, engajados em um trabalhode colaboração e parcerias.Estado do Paraná - Russell MittermeierAVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS • 40
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Participantes do WorkshopCoordenação GeralLuiz Paulo Pinto- CI do BrasilCoordenaçãoAdriano Paglia - UFMGHeloísa Oliveira - CI do BrasilLuiz Paulo Pinto- CI do BrasilMônica Fonseca - CI do BrasilRoberto Cavalcanti - UnB/CI doBrasilFloraCoord.: Waldir Mantovani - USPCoord.: Sandro Menezes Silva -UFPRAna Maria Giulietti - UFFSAriane Luna Peixoto - UFRRJCarlos Alfredo Joly - UNICAMPEliana Nogueira - CNPqFabiana M. Andrade - Baldo S/AGisel<strong>da</strong> Durigan - InstitutoFlorestal-SPHaroldo Lima - JBRJIlio Montanari Jr - UNICAMPIlsi Iob Boldrini - UFRGSJoão Vicente C. Nunes - USPJosé Jaime V. Cavalcanti -Embrapa/CELuis Rios Baptista - UFRGSMarcelo Tabarelli - UFPEMaria M. Barra<strong>da</strong>s - Soc. Bras. deBotânicaMarinez F. de Siqueira - BDTMaurício Sedrez dos Reis - UFSCSônia Aragaki - USPAnfíbios e RépteisCoord.: Célio Fernando B.Had<strong>da</strong>d - UNESPCarlos Frederico Rocha - UERJDiva Maria Borges Nojosa - UFCEJosé Perez Pombal Junior - MNRJJúlio Cesar Moura Leite - MHNCIMárcio Martins - USPOtávio Marques - Instituto ButantãPaulo C. A. Garcia - UNESPRenato Feio - UFVThales de Lema - PUC-RSInvertebradosCoord.: Carlos R.F. Brandão -MZUSPCecília V. Ribeiro - Fund.Zoobotânica do RSChristiane I. Yamamoto - MZUSPJacques Delabie - UESCKeith Brown Jr. - UNICAMPOlaf Milke - UFPRPedro Marcos Linardi - UFMGRicardo Pinto <strong>da</strong> Rocha - MZUSPThomas Lewinshon - UNICAMPPeixesCoord.: Naércio A. Menezes -MZUSPAlexandre Godinho - UFMGFábio Vieira - UFMGPaulo A. Buckup - MNRJRenato Silvano - UNICAMPRicardo Rosa - UFPBRoberto Reis - PUC-RSAvesCoord.: José Fernando Pacheco -UFRRJBianca Luiza Reinert - UFPRCláudia Bauer Cesar - UFRJCláudia T. Schaalmann - SMA/SPClinton Jenkins - ColumbiaUniversityEdwin Willis - UNESPFernando Straube - Soc. Fritz MüllerGlayson Bencke - Fund. Zoobotânica- RSJaqueline Goerck - BirdlifeInternationalLívia Vanucci Lins - Fun<strong>da</strong>çãoBiodiversitasLuis Fábio Silveira - USPMarcelo Cardoso de Souza -UFPEMarcos Rodrigues - UFMGMaria Alice S. Alves - UERJMauro Galetti - UNESPPaulo Cordeiro - UFMGPedro Scherer Neto - MHNCIStuart Pimm - ColumbiaUniversityMamíferosCoord.: Sérgio Mendes - MBML/UFESAdriano Chiarello - MBMLAnthony Rylands - UFMGCecília Alves Costa - UNICAMPHelena Bergallo - UERJJader S. Marinho Filho - UnBLaury Cullen Jr. - IPÊThales de Freitas - UFRSFatores AbióticosJoão Luiz Lani - UFVAlexandre Diehl Krob - ProjetoCuricacaAntônio Paulo Farias - UFRJEstratégias de ConservaçãoCoord.: Clayton F. Lino - CNRBMABeatriz de Bulhões Mossri -CEBDSCláudia Costa - Fun<strong>da</strong>çãoBiodiversitasDenise Rambaldi - Ass. Mico-Leão-DouradoEnrique Svirsky - SMA/SPÉrika Bechara - Fund. SOS MataAtlânticaFrancisco Mourão - IEF/MGGerardo Bressan - Governo doEstado <strong>da</strong> BahiaIbsen de Gusmão Câmara - FBCNJoão Paulo Capobianco - ISAMaria <strong>da</strong>s Dores Melo - SNEMaria Iolita Bampi - IBAMAMaria Luiza Gastal - MMAMarília Britto de Moraes -CNRBMAPaulo Roberto Castella - IAP/PRRenato Cunha - Rede de ONGs <strong>da</strong>Mata AtlânticaRui Rocha - IESBSérgio Coutinho - EMBRAPATeresa Urban - SPVSTereza Muricy Abreu - CRA/BAWeber Amaral - ESALQ/USPÁreasProtegi<strong>da</strong>sCoord.: José Maria Cardoso -UFPEAlceo Magnanini - IEF/RJDaniela América Oliveira - MMAGerson Jacobs - IAP/PRGuillermo Placci - Fun<strong>da</strong>cion Vi<strong>da</strong>Silvestre ArgentinaHelverton Luiz Corino - IAP/PRIvan Carlos Baptiston - FBPNJoão Regis Guilaumon - InstitutoFlorestal-SPKarla Canuto - DDF/BAKathia Vanconcellos Monteiro -Núcleo dos Amigos <strong>da</strong> TerraLeandro Ferreira - WWF/BrasilMarcelo M. Oliveira - IBAMAMaria Cecília de Brito - SMA/SPMaria <strong>da</strong> Penha Padovan -SEAMA/ESMaurício Savi - IAP/PRRoberto Frossard Filho - Pró-NaturaSérgio Rocha Brant - IBAMAWhitson Costa Junior - IBAMAPressãoAntrópicaCoord.: Donald Sawyer - ISPNCarlos Eduardo F. Young - UFRJCristina Azevedo - SMA/PROBIO/SPJosilene Ferrer - CPLA/SMA/SPKeith Alger - IESBMário Mantovani - Fund. SOSMata AtlânticaMaurício Pontes - ISPNPaulo Gustavo P. Pereira - CI doBrasilTasso Azevedo - IMAFLORAPlanejamentoRegionalCoord.:Gisela Herrmann -Fun<strong>da</strong>ção BiodiversitasAdriana Citrinovitz - Reserva <strong>da</strong>Biosfera Binacional AG/CHAna Fernandes Xavier - SMA/SPCláudio Pádua - IPÊ/UnBDanilo Sette - Veracruz FlorestalFábio Sanson - NUPAUB/USPJean Paul Metzger - USPJosé Augusto Tosato - CepedesKátia Lemos Costa - WWF/BrasilMario Rojas - Rede Ibero-Americana de Reservas <strong>da</strong>BiosferaMarussia Whately - ISAMiguel Angel Lopez - Facultad deCiencias Forestales/ArgentinaMoacir Arru<strong>da</strong> - IBAMANeli<strong>da</strong> Rivorola - WWFRob Clay - WWFRonaldo Cavalcanti - SECTMA/PERonaldo Vieira Almei<strong>da</strong> - IEF/MGEducação AmbientalCoord.: Suzana Pádua - IPÊLazara Gazzetta - Fund. SOS MataAtlânticaLúcia Helena Manzochi - BDTLucila Pinsard Vianna - MECLuiz Eduardo Fontes - UFVMarlene Tabanez - InstitutoFlorestal-SPMiriam Ester Soares - Ministério<strong>da</strong> AgriculturaMiriam Prochnow - Rede ONGs<strong>da</strong> Mata Atlântica/APREMAVIBanco de Dados e TécnicasdeMonitoramentoAmbientalCoord.: Sílvio Olivieri - CIAlexandre Dinnouti - CI do BrasilCarly Vynne - CICássio Soares - Fun<strong>da</strong>çãoBiodiversitasEduardo Ditt - IPÊMárcia Hirota - Fund. SOS MataAtlânticaPaulo Inácio Prado - UNICAMPRenata Mendonça - PROBIO/SPWalter Kudo Maejima - Fund.SOS Mata AtlânticaPlenáriaAdnéa Ali Fakih - Fun<strong>da</strong>çãoFlorestal-SPAdriana Mattoso - PPMA-KfWAndré Victor Freitas - UNICAMPBeloyanes Bueno Monteiro -Fund. SOS Mata AtlânticaBráulio Dias - MMAClaudia Linhares de Sousa - INPEClodoaldo Gazzetta - ISACristiane Fontes - Fund. SOSMata AtlânticaElci Camargo - Fund. SOS MataAtlânticaEli Serenza - CETESB/SPFábio Feldmann - Fábio FeldmannConsultores SC Lt<strong>da</strong>Fabrízio G. Violini - Fund. SOSMata AtlânticaFlavio Ponzoni - INPEGuilherme Dutra - CI do BrasilJosé Pedro Costa - MMALuciana Honigman - TNCLuiz Carlos Ros Filho - BancoMundialMarcelo Cardoso - Vitae CivilisMário Soares - UERJMartinus Filet - SMA/SPMiguel Rodrigues - MZUSPPaulo de Tarso Antas - FUNATURAPaulo Nogueira Neto - USPRicardo Tripoli - SMA/SPRoberto Fernandes - Fun<strong>da</strong>çãoFlorestal-SPRoberto L. Leme Klabin - Fund.SOS Mata AtlânticaSamuel Roiphe Barreto - Fund.SOS Mata AtlânticaSílvio Jablonski - UERJSuzana Soares - Fund. SOS MataAtlânticaApoioAlícia Rolla - ISACicero Cardoso Augusto - ISADaniel Rosário - SMA/SPMarcos Reis Rosa - ArcPlanGeoprocessamentoNúbia Jaqueline Dias - SMA/SPRosemeire Sacó - ISAProjeto Gráfico eEdição de Arte:Traço e Letra Comunicação &MarketingFotolito:BetelImpressão:DelRey - Gráfica e EditoraRua Geraldo Antônio de Oliveira,88 - Inconfidentes - BeloHorizonte/MGTiragem:4.000 exemplares
Fun<strong>da</strong>ção SOSMata Atlântica