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AS MULHERES E O MERCADO DE TRABALHO – UMA ANÁLISE ...

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<strong>AS</strong> <strong>MULHERES</strong> E O <strong>MERCADO</strong> <strong>DE</strong> <strong>TRABALHO</strong> – <strong>UMA</strong> ANÁLISE DAREALIDA<strong>DE</strong> D<strong>AS</strong> MELHORES EMPRES<strong>AS</strong> PARA EL<strong>AS</strong> TRABALHAREMSoraia Veloso Cintra/Unesp 1Claudia Maria Daher Cosac/Unesp 2IntroduçãoAs estatísticas oficiais demonstram que, entre 1976 e 2002, 25 milhões demulheres ingressaram no mercado de trabalho. Esse novo “mundo feminino” nãoalterou sua estrutura e as organizações se viram diante de exigências para as quaismuitas vezes não estavam preparadas. O que se via era um quadro desolador: funçõesmal remuneradas e de difícil mobilidade, reprodução do ambiente doméstico, difícilacesso a cargos de chefia, situações discriminatórias. Na atualidade, ou seja, em plenoséculo XXI, muitas conquistas foram alcançadas, mas ainda há muita coisa para serfeita.Segundo dados oficiais da Fundação Seade com Dieese (2008), a taxa dedesemprego caiu para ambos os sexos em 2007, mas os postos de trabalho que foramabertos privilegiaram a contratação de homens. Além disso, apesar de alguns avanços, orendimento delas continua menor.[...] o rendimento médio por hora das trabalhadoras corresponde a 74,6% doque ganham os homens no Distrito Federal (a maior diferença) e a 84,3% noRecife, a menor desigualdade apontada pelo estudo. A diferença também épreocupante em outras quatro regiões metropolitanas do País - em São Paulo,Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador – onde o salário da mulher equivalea 77,83%, 83,75%, 77,62% e 83,78%, respectivamente, do atribuído aoshomens.1 Soraia Veloso Cintra é doutoranda no Programa de pós-graduação em Serviço Social pela Faculdade deHistória, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista, sob a orientação da professoradoutoraClaudia Maria Daher Cosac. Bolsista Capes. Endereço para contato: Rua dos Cedrinhos, 4659,Parque dos Pinhais, Franca (SP); telefone (16) 3727-4293; email: sol@francanet.com.br2 Professora-doutora Claudia Maria Daher Cosac da graduação e pós-graduação do Programa de pósgraduaçãoem Serviço Social pela Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UniversidadeEstadual Paulista, campus de Franca (SP).


Em março de 2008, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) tambémavaliou a presença feminina no mercado de trabalho e concluiu que o ingresso dasmulheres no mercado de trabalho formal, em 2006, teve um aumento de 6,59%,superando o crescimento das vagas ocupadas por homens (5,21%) no mesmo ano. Omesmo documento mostra que, levantamentos da Relação Anual de InformaçõesSociais (Rais) – 2006, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam que, “oBrasil registrou um crescimento recorde de 1,9 milhão de empregos”.Muitas são as empresas que ainda tentam burlar a lei que garante saláriosiguais para funções iguais. Uma das alternativas é modificar a nomenclatura das funçõese, dessa forma, pagar salários menores às mulheres. Ao mesmo tempo, são muitos osexemplos que demonstram que essa é uma realidade cada vez mais distante, pois aspróprias trabalhadoras têm lutado para garantir a igualdade. Algo que também tem dealguma forma contribuído é a divulgação de pesquisas que apontam as boas práticascorporativas das empresas e as tornam boas referências para homens e mulherestrabalharem.Neste artigo, trabalhou-se com as empresas que integram o ranking de umagrande publicação nacional. De 1997 a 2005, a Revista Exame, do Grupo Abril, emparceria com a consultoria internacional Great Place to Work Institute, publicou umarelação das melhores empresas para trabalhar. E, de 2003 a 2005, relacionou um rankingque levava em consideração as melhores empresas para as mulheres trabalharem. Em2006 e 2007, a consultoria internacional continuou fazendo sua pesquisa, mas apublicação foi feita na Revista Época, da Editora Globo. A Revista Exame, por sua vez,contratou uma nova consultoria, modificando, inclusive a metodologia de pesquisa,incluindo até, um índice de felicidade 3 .3 O Índice de Felicidade no Trabalho (IFT) está relacionado primordialmente à percepção positiva daspessoas sobre o seu ambiente de trabalho. O cargo de diretor apresenta a melhor percepção (92% deconcordância com as afirmações da pesquisa de clima organizacional), quando comparada em relação aosdemais níveis hierárquicos das empresas. O IFT é composto por 70% da nota do IQAT (Índice deQualidade no Ambiente de Trabalho, obtido a partir da percepção das pessoas sobre o ambiente detrabalho), 25% da nota do IQGP (Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas, obtido a partir do que aempresa oferece aos seus empregados) e 5% da nota da visita feita pelo jornalista (para análise qualitativados resultados obtidos anteriormente).


E por que são consideradas as melhores? Segundo as publicações, por queinvestem em programas, propostas e políticas que buscam reduzir as diferenças entrehomens e mulheres. Uma dos exemplos citados é uma empresa de cosméticos nacionalcujas políticas servem de referência para outras empresas, por seu pioneirismo naaplicação das mesmas. Mas será que a realidade é exatamente essa? O presente artigobusca entender o comportamento dessas empresas diante das novas exigências domercado: a busca pela eqüidade e o respeito à diversidade.ObjetivosAo se levantar os dados a seguir, levou-se em consideração algunsquestionamentos: por que as empresas se submetem a avaliações externas? O que seusfuncionários (homens e mulheres) ganham a partir da classificação? Estratégia demarketing? Ação social? Conquista de novos mercados? Existe igualdade de gênerocom relação às oportunidades, tanto no que diz respeito à seleção quanto à ascensão detrabalho nas organizações empresarias? Há equilíbrio numérico na contratação? Asempresas brasileiras e multinacionais mantêm programas de eqüidade que prezam pelasaplicações das políticas? Conseguem diferenciar direitos constitucionais, como ocumprimento da função social, com o desenvolvimento da responsabilidade social, dasustentabilidade? Quais os motivos que impulsionam a organização do trabalho nosentido da eqüidade entre homens e mulheres?A partir desses questionamentos, as autoras do presente artigo objetivamcompreender o mundo laboral feminino na atualidade para explicar as formas queorganizam, elaboram, coordenam, controlam e avaliam a gestão do trabalho.É bem possível que as respostas a essas indagações estejam entrelaçadasentre si, pois as empresas só se submetem a essas avaliações para que, posteriormente,possam utilizar esse título em benefício próprio 4 .4 Muitas empresas apontam que, depois da publicação chegar à grande mídia, o resultado é que o número deinteressados em trabalhar nessas organizações praticamente dobra. Outros meios de comunicação social tambémfazem matérias espontâneas a partir da publicação desses rankings. Propagandas em diversos tipos de mídia (rádio,televisão, outdoors, entre outros) também são utilizadas para dar visibilidade ao título conquistado. Do ponto de vistaestratégico-pessoal, que jovem recém-formado não gostaria de trabalhar nessas empresas?


MetodologiaEm cinco anos de divulgação (2003-2007), 111 empresas apareceramcomo modelos para as mulheres trabalharem. Dessas, 12 estiveram presentes em quatroanos consecutivos: quatro do setor financeiro, duas do setor farmácia, higiene ecosméticos, duas prestadoras de serviços de saúde, e uma dos ramos de hotelaria,comércio varejista, metalurgia e tecnologia, conforme demonstra a tabela 1.Tabela 1 - Melhores empresas para as mulheres trabalharem – presençaconsecutiva durante quatro vezes nos cinco anos da publicaçãoEMPRESA FUNCIONÁRIOS <strong>MULHERES</strong> <strong>MULHERES</strong> ESTADO RAMOCHEFES01 30.345 14.262 1.204 São FinanceiroPaulo02 7.785 3.991 623 São HotelariaPaulo03 526 284 35 São FarmacêuticaPaulo04 63.065 29.640 5.813 São FinanceiroPaulo05 3.659 2.012 44 São FinanceiroPaulo06 336 109 15 Paraná Metalúrgica07 9.372 4.498 295 SãoPaulo08 4.544 2.908 313 SãoPauloComércioVarejistaFarmácia,higiene ecosméticosTecnologia09 2.893 1.465 129 SãoPaulo10 207 146 17 Espírito Serviços deSanto Saúde11 2.371 1.217 157 São FinanceiroPaulo12 251 167 11 Rio Serviços deGrande Saúdedo SulFonte: Tabela elaborada pela autora do presente artigo com base nos dados publicados pelas RevistasÉpoca e Exame nos anos 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007. Apesar de o ranking ser de domínio público,optou-se por não citar as empresas neste artigo.


Das empresas da tabela 1, as 12 se destacaram quatro vezes napublicação do ranking “As melhores empresas para as mulheres trabalharem” entre osanos de 2003 e 2007. Esse número foi selecionado dentro do universo de 108 empresaspara comporem a amostra do presente artigo e do projeto de pesquisa ora emdesenvolvimento. Para chegar a essa quantidade, entendida como representativa,utilizou-se a amostra não-probabilística intencional, porque, segundo Gil, esse tipo deamostra[...] consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nasinformações disponíveis, possa ser considerado representativo de todapopulação [...] requer considerável conhecimento da população e dosubgrupo selecionado. (Gil, 1999, p.104)Das 12 empresas selecionadas, nove estão localizadas no Estado de SãoPaulo, sendo que mantém suas sedes no interior; duas estão no Sul do país (Paraná e RioGrande do Sul) e outra no Espírito Santo. Interessante notar que todas as empresas estãolocalizadas nas regiões Sul e Sudeste do país, não entrando nessa amostra qualquerempresa das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste.Juntas, elas empregam 125.354 pessoas, sendo 60.699 mulheres(aproximadamente 48,5% do total). Interessante salientar que quando se pensa noconjunto deste universo a diferença entre homens e mulheres é sutil. Os reflexostambém são positivos na avaliação individual, onde, em alguns casos, a presençafeminina é maior do que a masculina, como é o caso da empresa 08 (2.908 mulheres dototal de 4.544) e da empresa 05 (2.012 mulheres do total de 3.659). Bancos e serviçosfinanceiros lideram com quatro instituições algo bastante curioso a ser estudado.As empresas listadas entre as 150 este ano (2007), em sua maioria, jáentenderam que as mulheres não querem ser vistas como “diferentes”. Tantoque estão promovendo um movimento ao contrário: de inclusão dos homensno que antes era privilégio feminino. (Revista Exame, 2007, p.56-7)A empresa 01 tem um grande desafio em 2008: manter viva a cultura dainstituição financeira mesmo depois de concluída a fusão com outra grande instituiçãodo mercado. Isso incluiu, por exemplo, o comitê que orienta as mulheres. Hoje elas são47% de um total de 30.345 pessoas. A organização mantém uma política de respeito à


diversidade e igualdade de oportunidade às minorias (o que inclui os negros, deficientese as próprias mulheres). Um dos cargos mais importantes da instituição, a diretoria deRecursos Humanos, está nas mãos de uma mulher.Em 2006, a empresa 02 completou 30 anos no Brasil. A empresa deorigem francesa atua em duas divisões de negócios: serviços, com emissão de voucherspara alimentação, gestão de frotas, marketing de relacionamento e administração deRecursos Humanos, e hotelaria, com um total de 132 hotéis no Brasil e 4 mil no mundo– de supereconômicos a cinco estrelas. Ao todo, 7.287 funcionários trabalhavam nogrupo em 2006, sendo que 90% na hotelaria. Em 2007, esse número aumentou para7.785. Nessa empresa, a paridade entre homens e mulheres é bastante explícita: entre os7.287 funcionários de 2006, metade eram mulheres. Nos cargos de comando de um totalde 901 executivos, 550 eram exercidos por mulheres. Apenas um ano depois, os cargosde chefia exercidos por elas aumentaram em 13% saltando para 623.Elas são muito bem-vindas no grupo – 61% das funções de gestão sãodesempenhadas por colaboradoras. Hotelaria, aliás, é uma atividade que temmuito a ver com o espírito feminino. Com o espírito feminino só, não. Com ojeito de ser dos brasileiros também. [...]. (Revista Exame, 2006, p. 85)Também na empresa 03, as mulheres são maioria. Dados de 2007mostraram que elas eram 54% do total de 526 funcionários. A diversidade é apontadacomo fator positivo nessa empresa do setor farmacêutico.A presença do presidente é tida como um diferencial pelo carinho que temcom todos e pelo cuidado com o meio ambiente e incentivo às ações sociais eà diversidade dentro da empresa, onde estão empregados um ex-catador depapel, um menino que vendia balas no farol e uma pessoa com síndrome deDown. (Revista Exame, 2007, p. 169).Levantamentos preliminares sobre a empresa 04 apontam que aorganização demitia todas as suas funcionárias que se casavam em um passado não tãodistante. Uma realidade apontada por muitas ex-funcionárias da instituição que selembram bem como eram (mal)tratadas pela empresa. O que teria mudado para que essa


instituição financeira integrasse um ranking destacando-se como uma boa empresa paraa mulher trabalhar? De acordo com a Revista Exame, as mulheres em 2006 somavam28.200 de um total de 61.348 funcionários, estando em cargos de comando 5.813 de umtotal de 17.478 executivos. “O número de mulheres vem crescendo ano a ano e elas járepresentam quase a metade da sua força de trabalho”, (Revista Exame, 2006, p. 103).Atualmente, elas têm prioridade na hora de matricular os filhos na fundação dessaempresa e, aparentemente, não são demitidas quando se casam. Em 2007, elas tambémaumentaram sua presença passando de 28.200 para 29.640, um acréscimo de quase1.500 mulheres em todo país.Do setor financeiro vem a empresa 05 que pertence a um dos maioresgrupos empresariais do país. Entre 2006 e 2007, a empresa contratou mais de milpessoas, mantendo 55% de mulheres. Apesar de não ter política específica para ela, seusdiretores avaliam periodicamente se as mulheres estão tendo as mesmas oportunidadesque os homens.A empresa 06, do setor de metalurgia, nunca fez diferenciação entre ossexos. Pelo menos isso é o que apontam as publicações. O auxílio-educação, porexemplo, beneficia mulheres e homens. É, porém, uma empresa onde a maioria dosfuncionários é homem (68%). Multinacional, distribuiu em 2006, R$ 2.100 a cadafuncionário como participação nos lucros.Em 2003, a empresa 07, do setor de varejo, foi escolhida como “Amelhor empresa para você trabalhar” no Brasil. No mesmo ano, integrou o ranking dasmelhores para as mulheres estando entre as dez primeiras colocadas em 2003, 2004,2005 e 2006. De acordo com dados levantados a empresa se preocupa com o bem-estarde seus funcionários. Nascida na década de 1950 está em sete estados brasileiros com350 lojas. “As mulheres estão especialmente satisfeitas com o cheque-mãe, no valor deR$ 200 mensais, para ajudar nos cuidados com os filhos até 11 anos”. (Revista Exame,2006, p. 131). Em 2007, uma outra publicação, elegeu a empresa como “a melhor para amulher trabalhar”. E elas são destaque na diretoria da empresa: superintendente, diretorade recursos humanos, entre outros cargos.


Desde que o ranking das melhores empresas para as mulheres foiinstituído, a empresa 08 foi eleita durante três anos consecutivos como a melhor. Em2006, ela deixou o ranking das dez primeiras, mas se manteve entre as 50 eleitas. Em2006, a empresa contava com 3.575 funcionários, sendo que 63% eram mulheres. Econtinua em crescimento 5 . Um dos destaques da empresa é a creche mantida nasinstalações de Cajamar(SP) e as bolsas de estudos que cobrem gastos de 30 a 50% paracursos técnicos, de idiomas, pré-vestibular, graduação e pós-graduação. A empresa,brasileira, está exportando seus produtos. Os primeiros países foram Argentina, Peru eChile. Em 2005, ela chegou a Paris e recentemente entrou no México. “É citada porespecialistas no assunto como exemplo de instituição que adota políticas facilitadoraspara as funcionárias”. (Revista Exame, 2006, p.50).A empresa 09, da área de tecnologia, tinha em 2005, 2.953 funcionários,sendo 51% mulheres. Esse número diminuiu um pouco em 2006 e as mulherespassaram a representar 49% do total. Em 2007, ela não aparece em nenhum dos doisrankings das revistas Época e Exame. Aqui há duas hipóteses: ela pode não ter seinscrito ou não ter sido classificada. Como empresa de tecnologia foi incorporada a umgrande conglomerado financeiro. Teve presença nos rankings de 2003 a 2006 e era tidacomo uma boa empresa para trabalhar, inclusive, premiando os funcionários emdinheiro (de R$ 100,00 a R$ 10.000,00).As empresas 10 e 12 são prestadoras de serviços da área de saúde e asmenores empresas da tabela 1. Na primeira, porém, os benefícios destacados pelaspublicações apontam os pacotes de beleza como cirurgia plástica subsidiada e descontoem salões de cabeleireiro. Em 2008, está classificada entre as 100 melhores empresas daAmérica Latina. Já a número 12, localizada na região Sul, não tinha em 2003 nenhumamulher em cargo de chefia, apesar de elas serem maioria na empresa. Em 2007, esta5 A empresa 08 registrou em 2006 uma receita bruta da ordem de R$ 3,9 bilhões, o que representa umcrescimento de 19,9% em relação ao ano anterior. Fechou 2007, com um quadro de mais de 5 mil pessoase 700 mil consultoras no Brasil. Nas operações internacionais, a receita bruta aumentou 44,3% e onúmero de consultoras ultrapassou 67 mil. A empresa opera, no sistema de venda direta, na Argentina,Peru, Chile, México, Venezuela, Colômbia e França, onde mantém sua única loja mundial e um centrosatélite de pesquisa e tecnologia. Na Bolívia, a marca está presente por intermédio de um distribuidor.(Dados divulgados pela empresa através de mailing de assessoria de imprensa)


situação se modificou totalmente: dos 22 executivos, 73% são mulheres. O auxíliocrechee o horário-flexível são apontados como diferenciais.Em 2007, a empresa 11, ficou em primeiro lugar na lista das melhoresempresas para as mulheres e elas ocupavam quase a metade dos cargos de liderança (sãotambém maioria na empresa, 55%). Participa da pesquisa desde 1999 e é considerada amaior empresa da América Latina em pesquisas, informações e análises econômicofinanceirona concessão de crédito. As mulheres se sentem valorizadas pela empresa eas gestantes têm atenção especial, com médico a disposição no próprio local detrabalho.Para que mantivessem essas posições, as empresas se submetemvoluntariamente ano a ano às avaliações citadas. Seja por uma metodologia ou outra,todas passam meses sendo investigadas. Os dados levantados e divulgados pelasrevistas são superficiais e futuramente precisarão de um estudo muito maisaprofundado. No entanto, é possível compreender que a busca pela eficiência e porbaixos custos movem essas empresas, independente do ramo de atuação. A maneiracomo o fazem é variável e vão desde o cumprimento das leis, como creches eparticipação nos lucros, até cuidados com a saúde.ResultadosÉ preciso ressaltar que, alguns dos itens destacados pelas publicaçõesestão sendo cumpridos pelas empresas do ponto de vista legal, enquanto outros sãorealizados a partir das políticas organizacionais mais avançadas quando comparadascom outras empresas. É o caso, por exemplo, do item Educação. Das 12 empresasselecionadas, apenas uma não distribui bolsas de estudos. As demais apresentamprogramas que cobrem custos com a educação do próprio funcionário(a) e/ou dos filhos.Efetivamente, os programas voltados para as mulheres e destacados pelaimprensa escrita levam em consideração, principalmente, questões sobre a saúde. Osprogramas específicos sobre carreira e remuneração, aparentemente ficam em segundoplano. Da amostra selecionada somente duas empresas têm planos efetivos de incentivo


à carreira com comitês femininos que ajudam às mulheres a pensarem sobre seu futuroprofissional.Interessante destacar a empresa 07 que incentiva suas funcionárias aassumirem cargos gerenciais mesmo que para isso precisem mudar de cidade. Aempresa oferece um pacote de benefícios extensivo aos familiares para que todas asfuncionárias possam almejar o cargo de gerente, inclusive emprego ao marido se fornecessário.ConclusõesPelas análises iniciais das empresas que são consideradas as melhorespara as mulheres trabalharem todas têm o mesmo objetivo: serem eficientes, garantindolucros cada vez maiores com custos cada vez menores; com o trabalho realizado emmenor tempo possível e realizado da forma mais correta para evitar desperdício detempo e de material.A presença neste tipo de ranking garante às organizações visibilidade nomercado, pois é utilizada em massa pelos departamentos de marketing paraapresentação em revistas especializadas, propagandas em sites, faculdades (utilizadaspara divulgação nas chamadas para contratar estagiários, trainees) e muito mais. O quese percebe, porém, é que muitas apenas cumprem as leis estabelecidas e avançam pouconas políticas de gestão.A partir do momento em que se submetem a essas avaliações essasempresas estão dispostas a mudar suas estratégias na forma como organizam o trabalho?Estariam dispostas a mudar a cultura que organiza o trabalho? Seriam esses rankingscriados apenas para atender aos interesses dos meios de comunicação de massa e domarketing dessas empresas?São perguntas que ainda estão sendo buscadas, levando-se emconsideração que entender esse contraditório e complexo mundo do trabalho leva muitotempo. O que se pode perceber desde já é que as empresas, ao longo da última década,buscaram avanços nas políticas organizacionais, principalmente quando os dados de umano e outro são confrontados. Manter essa visibilidade, esse valor agregado à marca não


é tarefa fácil. Fica claro que as empresas que não mudaram ou pelo menos nãoavançaram nas discussões também não conseguiram manter-se em destaque no rankingestudado. Este é o caso da empresa 08. Seu pacote de benefícios é um dos melhores dasempresas avaliadas, a organização tornou-se referência no mercado quando o assunto éprograma de eqüidade, preservação do meio ambiente, cultura organizacional. Aomesmo tempo, teve um crescimento vertiginoso, muito rápido e despreparadointernamente, o que ocasionou insatisfação entre seus funcionários e a presença noranking de 2006 foi diretamente afetada (levando-se em consideração a própriamudança de metodologia).O que todas as empresas precisam levar em consideração é que o fatorhumano é o mais importante em qualquer instituição. Ele recebe diretamente asinformações e se estas não forem divulgadas da maneira correta, as empresas sofrerãosérias conseqüências. Isso acontece independentemente do porte da empresa e éavaliado desde a maneira de fazer o produto até sua distribuição e propaganda. Sãoinvestidos milhões em anúncios publicitários, mas não investem no homem, na mulher,nos operários(as) que conferem “vida” às máquinas, a produção, a empresa.As relações capital-trabalho ainda precisam de avanços significativospara que empregados e empregadores realmente lucrem na mesma proporção.Aparentemente muitas empresas estão preocupadas com isso, mas ainda é precisocontinuar avançando. Mas ao mesmo tempo é preciso perguntar – será que isso épossível?ReferênciasANDRA<strong>DE</strong>. M.M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação –noções práticas. São Paulo: Atlas, 2002ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade domundo do trabalho. Campinas: Cortes/Editora da Unicamp, 1997.BLAY, E.A. Trabalho domesticado: a mulher na indústria paulista. São Paulo:Editora Ática. 1978.BRAGA FILHO, H. A reorganização da indústria de calçado de Franca. RevistaServiço e Realidade, FHDSS/UNESP/Franca, v. 9, nº 1, p.97-119, 2000.


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